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Indaial – 2021
Tópicos EspEciais 
Em BiomEdicina
Prof. Carlos Rafael Vaz
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof. Carlos Rafael Vaz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
V393t
Vaz, Carlos Rafael
Tópicos especiais em biomedicina. / Carlos Rafael Vaz – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
245 p.; il.
ISBN 978-65-5663-988-8 
ISBN Digital 978-65-5663-985-7 
1. Medicina. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 610
aprEsEnTação
Olá, acadêmico! Vamos iniciar os estudos do Livro Didático de 
Tópicos Especiais. Este livro está dividido em três unidades e tem o intuito de 
apresentar e reforçar temas no componente de Formação Geral e específica 
para o curso de Biomedicina, conforme orientação do INEP. 
A partir das orientações, queremos que você compreenda que 
aprender a questionar é tão importante quanto buscar o saber, e que, ao 
final do estudo deste livro, você seja capaz de formular novas perguntas 
sobre a realidade humana e consiga propor soluções responsáveis para os 
desafios profissionais que surgirem. Assim, este livro traz conteúdos gerais 
e específicos para você estar bem preparado para o ENADE e também para 
o que a vida lhe apresentar. São temas pertinentes, atuais, abrangentes e que 
fazem parte da vida de todos nós. Vamos começar?!
Na primeira unidade, iremos abordar os principais tópicos do 
questionário de formação geral do ENADE, tendo como base a Portaria n° 
517, de 31 de maio de 2019, que dispõe:
[...] no componente de Formação Geral, tomará como referência 
do perfil do concluinte as seguintes características: I - ético e 
comprometido com questões sociais, culturais e ambientais; II 
- comprometido com o exercício da cidadania; III - humanista 
e crítico, apoiado em conhecimentos científico, social e cultural 
historicamente construídos, que transcendam a área de sua 
formação; IV - proativo e solidário na tomada de decisões; e V 
- colaborativo e propositivo no trabalho em equipes e/ou redes 
que integrem diferentes áreas do conhecimento, atuando com 
responsabilidade socioambiental (BRASIL, 2019b). 
Iremos tratar também sobre cidadania e sociedade, seremos 
conduzidos por um mundo intrínseco do comportamento humano em 
sociedade e suas regras de conduta e participação social, política e econômica, 
na qual trabalharemos a questão da formação dos princípios morais e éticos 
dos homens que vivem e convivem em sociedade, além de abordarmos 
questões pertinentes à democracia, à ética e à cidadania. Dessa forma, 
abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores da 
democracia, ética e cidadania, além de realizar uma reflexão e uma discussão 
sobre as questões ético-morais na relação indivíduo e sociedade.
Para as Unidades 2 e 3 utilizamos como base no artigo 7° da Portaria 
n° 491, de 31 de maio de 2019, em que se dispõem os componentes específicos 
para a área do curso de biomedicina.
[...] no componente específico da área de Biomedicina, tomará 
como referencial os conteúdos que contemplam: I. Ciências 
exatas aplicadas à Biomedicina: abordagens, processos e métodos 
físicos, químicos, matemáticos, estatísticos e de bioinformática 
como suporte à Biomedicina; II. Ciências biológicas e da 
Saúde: bases estruturais, moleculares e celulares dos processos 
fisiológicos e patológicos, bem como processos bioquímicos, 
farmacológicos, parasitológicos, microbiológicos, imunológicos 
e genéticos no processo saúde-doença; III. Ciências humanas e 
sociais aplicadas à Biomedicina: as diversas dimensões da relação 
indivíduo/sociedade, envolvendo ética e bioética, filosofia, 
sociologia, antropologia, políticas públicas, gestão e deontologia; 
IV. Ciências da Biomedicina: processos relacionados a saúde, 
doença e meio ambiente, com ênfase nos processos laboratoriais 
(análises clínicas, toxicológicas, citopatológicas, histoquímicas, 
moleculares e genéticas, hemoterápicas, bromatológicas e 
ambientais) (BRASIL, 2019a).
Também trataremos dos principais processos envolvidos o 
profissional biomédico, desde a recapitulação da formação do curso, áreas 
de atuação e código de ética, até os principais processos relacionados à 
saúde que está presente no dia a dia do profissional biomédico. Desse modo, 
abordaremos a compreensão dos significados dos princípios norteadores 
pelas as normativas associadas às Diretrizes Curriculares Nacionais e à 
legislação profissional, e as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de 
Graduação em Biomedicina, Resolução CNE/CES n° 2, de 18 de fevereiro de 2003.
Esperamos que este estudo possa auxiliá-lo na dos temas que 
compõem este Livro Didático, preparar-se bem para o ENADE e levar para a 
vida as abordagens aqui feitas.
Bons estudos!
Prof. Carlos Rafael Vaz
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
sumário
UNIDADE 1 —FORMAÇÃO GERAL ................................................................................................ 1
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA ................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA .......................................................................................................... 4
3 A QUESTÃO DA ÉTICA .................................................................................................................... 9
4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA ............................................................ 15
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................19
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, 
TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO ........................ 23
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23
2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO ............................................................................ 23
3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO........................................................................... 25
4 ÁREAS DE CONHECIMENTO QUE ABRIGAM O MULTICULTURALISMO .................. 26
5 MOVIMENTO FEMINISTA ............................................................................................................ 27
5.1 FEMINISMO .................................................................................................................................. 27
5.2 A PRIMEIRA ONDA FEMINISTA ............................................................................................. 28
5.3 A SEGUNDA ONDA FEMINISTA ............................................................................................. 28
5.4 A TERCEIRA ONDA FEMINISTA E O SURGIMENTO DOS ESTUDOS DE GÊNERO ...... 29
6 CONCEITUANDO GÊNERO.......................................................................................................... 30
7 ESTUDOS DE GÊNERO .................................................................................................................. 33
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 40
TÓPICO 3 — RELAÇÕES DE TRABALHO .................................................................................... 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45
2 ORIGEM/SIGNIFICADO DA PALAVRA TRABALHO ............................................................ 45
3 AS MULHERES NO CONTEXTO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .................................... 50
4 O TRABALHO NOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS ............................................................ 51
4.1 AS POSSIBILIDADES DO TRABALHO INFORMAL ............................................................. 52
4.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E OS PROCESSOS LEGAIS NO BRASIL .............................. 53
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 55
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 57
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 58
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE ............................................................................ 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 CONCEITO DE SAÚDE ................................................................................................................... 63
3 SAÚDE: DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO .......................................................... 65
4 AS REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE ......................................................................................... 67
5 DIVERSOS ATENDIMENTOS EM SAÚDE ................................................................................ 70
5.1 POLÍTICAS DE SAÚDE E PROGRAMAS ESPECÍFICOS ...................................................... 71
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 74
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 75
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 77
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I ........................................... 81
TÓPICO 1 —O PROFISSIONAL BIOMÉDICO ............................................................................. 83
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 83
2 CONSELHOS DE BIOMEDICINA ................................................................................................ 84
2.1 CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA ........................................................................... 84
2.2 CONSELHO REGIONAL DE BIOMEDICINA ........................................................................ 84
3 HABILITAÇÕES ................................................................................................................................ 85
3.1 BIOMÉDICO PATOLOGISTA CLÍNICO ................................................................................... 87
3.2 BIOMÉDICO ESTETA .................................................................................................................. 88
4 CÓDIGO DE ÉTICA DO BIOMÉDICO ........................................................................................ 89
4.1 DEVERES DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO ......................................................................... 89
4.2 DIREITOS DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO ......................................................................... 91
4.3 LIMITES PARA PROPAGANDA, PUBLICIDADE E ANÚNCIO DA ATIVIDADE 
BIOMÉDICA .................................................................................................................................. 92
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 95
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 96
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE ..... 99
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 99
2 LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS ............................................................................ 100
2.1 PROCESSOS OPERACIONAIS ................................................................................................ 101
2.1.1 Fase Pré-analítica .............................................................................................................. 102
2.1.2 Fase Analítica...................................................................................................................... 103
2.1.3 Fase Pós-analítica .............................................................................................................. 107
3 CONTROLE DE QUALIDADE ..................................................................................................... 109
3.1 CONTROLE INTERNO DE QUALIDADE ............................................................................ 109
3.2 CONTROLE EXTERNO DE QUALIDADE ............................................................................ 110
3.3 REGRAS DE CONTROLE DE QUALIDADE ......................................................................... 110
3.3.1 Ciclo PDCA ......................................................................................................................... 110
3.3.2 Gráfico de Levey-Jennings................................................................................................ 111
3.3.3 Regras de Westgard ........................................................................................................... 111
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................116
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 117
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS ................................................................................ 121
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 121
2 MACROMOLÉCULAS ................................................................................................................... 121
3 CARBOIDRATOS ............................................................................................................................ 122
3.1 DIABETES MELLITUS (DM) ..................................................................................................... 124
3.2 DIAGNÓSTICO DA D. M. ........................................................................................................ 125
4 PROTEÍNAS ..................................................................................................................................... 126
4.1 ENZIMAS ..................................................................................................................................... 126
4.1.1 Enzimas Cardíacas ............................................................................................................. 127
4.1.2 Enzimas hepáticas ............................................................................................................ 129
5 LIPÍDEOS ......................................................................................................................................... 129
5.1 PERFIL LIPÍDICO ....................................................................................................................... 130
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 133
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 139
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 147
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II ....................................... 153
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS ........................................................................ 155
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 155
2 HEMATOPOIESE ............................................................................................................................ 156
2.1 LEUCOPOIESE ........................................................................................................................... 156
2.2 ERITROPOIESE ........................................................................................................................... 157
3 HEMOGRAMA ................................................................................................................................ 157
4 ANEMIAS ......................................................................................................................................... 158
4.1 ANEMIA FERROPRIVA ............................................................................................................ 159
4.2 ANEMIA FALCIFORME .......................................................................................................... 159
5 LEUCEMIAS .................................................................................................................................... 160
5.1 NEOPLASIAS DAS CÉLULAS MIELOIDES .......................................................................... 161
5.1.1 LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) ....................................................................... 161
5.1.2 LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) ................................................................... 163
5.2 NEOPLASIAS DAS CÉLULAS LINFOIDES .......................................................................... 163
5.2.1 LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) ......................................................................... 164
5.2.2 LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC) ..................................................................... 166
6 HEMOSTASIA ................................................................................................................................. 166
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 168
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 169
TÓPICO 2 — PROCESSOS IMUNOLÓGICOS ........................................................................... 175
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 175
2 ANTÍGENO E ANTICORPO ......................................................................................................... 176
3 IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADAPTATIVA ........................................................... 177
4 HIPERSENSIBILIDADES ............................................................................................................. 178
5 DOENÇAS AUTOIMUNES ........................................................................................................... 179
6 IMUNOENSAIOS ............................................................................................................................ 179
6.1 TÉCNICA EM AGLUTINAÇÃO EM LÁTEX ......................................................................... 179
6.2 NEFLOMETRIA E TURBIDIMETRIA ..................................................................................... 180
6.3 IMUNOCROMATOGRAFIA .................................................................................................... 181
6.4 ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA) ............................................................................... 181
6.5 ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO DE MICROPARTÍCULAS ............................................... 183
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 184
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 185
TÓPICO 3 — PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS .................................................................... 191
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 191
2 BACTERIOLOGIA CLÍNICA ........................................................................................................ 192
2.1 IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA .......................................................................................... 194
2.1.1 Morfologia bacteriana ....................................................................................................... 195
2.1.2 Parede Celular .................................................................................................................... 196
2.1.3 Meios de cultura ................................................................................................................ 198
2.2 TESTES DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS .................................................. 198
3 PARASITOLOGIA........................................................................................................................... 199
3.1 HELMINTOS NEMATÓDEOS .................................................................................................200
3.2 HELMINTOS PLATYHELMINTHES ...................................................................................... 200
3.3 PROTOZOÁRIOS ....................................................................................................................... 200
3.4 DIAGNÓSTICO ......................................................................................................................... 201
3.4.1 Método direto .................................................................................................................... 201
3.4.2 Sedimentação espontânea ................................................................................................ 202
3.4.3 Baermann e Rugai .............................................................................................................. 203
3.4.4 Centrifugação-flutuação ................................................................................................... 203
4 VÍRUS ................................................................................................................................................ 205
4.1 VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA ..................................................................... 205
4.2 HEPATITES ................................................................................................................................. 208
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 211
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 212
TÓPICO 4 — PROCESSOS GENÉTICOS ..................................................................................... 221
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 221
2 HEREDOGRAMAS ......................................................................................................................... 224
3 REAÇÃO EM CADEIRA DA POLIMERASE (PCR) ................................................................. 225
4 SEQUENCIAMENTO ..................................................................................................................... 227
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 229
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 236
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 237
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 243
1
UNIDADE 1 — 
FORMAÇÃO GERAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender diferentes conceitos de democracia, ética, cidadania e 
sociodiversidade;
•	 identificar	 a	 importância	 da	 responsabilidade	 social	 e	 os	 três	 setores:	
público,	privado	e	terceiro	setor	para	uma	sociedade	equânime;
•	 refletir	sobre	relações	de	trabalho;
•	 conhecer	e	analisar	as	principais	características	das	políticas	públicas	de	
saúde	do	Brasil.
Esta	 unidade	 está	 dividida	 em	 quatro	 tópicos.	 No	 decorrer	 da	
unidade,	 você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	
conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	 DEMOCRACIA,	ÉTICA	E	CIDADANIA
TÓPICO	2	–	 MULTICULTURALISMO:	VIOLÊNCIA,	 
TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA	E	RELAÇÕES	 
DE	GÊNERO
TÓPICO	3	–	 RELAÇÕES	DE	TRABALHO
TÓPICO 4 – POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
1 INTRODUÇÃO
Entraremos	 no	 mundo	 do	 comportamento	 humano	 em	 sociedade	 e	
suas	 regras	 de	 conduta	 e	 participação	 social,	 política	 e	 econômica,	 no	 qual	
trabalharemos	a	questão	da	formação	dos	princípios	morais	e	éticos	dos	homens	
que	vivem	e	convivem	em	sociedade,	além	de	abordarmos	questões	pertinentes	à	
democracia	e	à	cidadania.	Esses	conceitos	estão	previstos	na	Portaria	INEP	n°	493	
de	6	de	junho	de	2017,	em	seu	Art.	1°,	que	destaca:
O	Exame	Nacional	de	Desempenho	dos	Estudantes	 (ENADE),	parte	
integrante	do	 Sistema	Nacional	 de	Avaliação	da	Educação	 Superior	
(SINAES),	 tem	 como	 objetivo	 geral	 avaliar	 o	 desempenho	 dos	
estudantes	 em	 relação	 aos	 conteúdos	 programáticos	 previstos	 nas	
diretrizes	 curriculares,	às habilidades e competências para atuação 
profissional e aos conhecimentos sobre a realidade brasileira e 
mundial,	 bem	 como	 sobre	 outras	 áreas	 do	 conhecimento	 (BRASIL,	
2017,	grifos	nossos).
A	mesma	portaria,	 em	 seu	Art.	 5°,	 indica	 como	 referência	do	perfil	do	
concluinte,	no	âmbito	da	Formação	Geral,	as	seguintes	características:
I-	 ético	 e	 comprometido	 com	 as	 questões	 sociais,	 culturais	 e	
ambientais;	
II-	 humanista	e	crítico,	apoiado	em	conhecimentos	científico,	social	e	
cultural,	historicamente	construídos,	que	transcendam	o	ambiente	
próprio	de	sua	formação;
III-	protagonista	do	saber,	com	visão	do	mundo	em	sua	diversidade	
para	 práticas	 de	 letramento,	 voltadas	 para	 o	 exercício	 pleno	 de	
cidadania; 
IV-	proativo,	solidário,	autônomo	e	consciente	na	tomada	de	decisões	
pautadas	pela	análise	contextualizada	das	evidências	disponíveis;	
V-	 colaborativo	e	propositivo	no	trabalho	em	equipes,	grupos	e	redes,	
atuando	 com	 respeito,	 cooperação,	 iniciativa	 e	 responsabilidade	
social	(BRASIL,	2017).	
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
4
E	 no	Art.	 6°	 é	 indicado	 que	 a	 prova	 ENADE	 avaliará	 se	 o	 concluinte	
desenvolveu,	no	processo	de	formação,	competências	para:
I-	 fazer	escolhas	éticas,	responsabilizando-se	por	suas	consequências;
II-	 ler,	interpretar	e	produzir	textos	com	clareza	e	coerência;
III-	 compreender	 as	 linguagens	 como	 veículos	 de	 comunicação	
e	 expressão,	 respeitando	 as	 diferentes	 manifestações	 étnico-
culturais	e	a	variação	linguística;
IV-	 interpretar	 diferentes	 representações	 simbólicas,	 gráficas	 e	
numéricas	de	um	mesmo	conceito;
V-	 formular	 e	 articular	 argumentos	 consistentes	 em	 situações	
sociocomunicativas,	 expressando-se	 com	 clareza,	 coerência	 e	
precisão;
VI-	 organizar,	 interpretar	 e	 sintetizar	 informações	para	 tomada	de	
decisões;
VII-	 planejar	 e	 elaborar	 projetos	 de	 ação	 e	 intervenção	 a	 partir	 da	
análise	 de	 necessidades,	 de	 forma	 coerente,	 em	 diferentes	
contextos;
VIII-	buscar	 soluções	 viáveis	 e	 inovadoras	 na	 resolução	 de	 situações	
problema;
IX-	 trabalhar	 em	 equipe,	 promovendo	 a	 troca	 de	 informações	 e	 a	
participação	coletiva,	com	autocontrole	e	flexibilidade;
X-	 promover,	 em	situações	de	conflito,	diálogo	e	 regras	 coletivas	de	
convivência,	integrando	saberes	e	conhecimentos,	compartilhando	
metas	e	objetivos	coletivos	(BRASIL,	2017).
Para	 tanto,	 abordaremos	 a	 compreensão	 dos	 significados	 dos	 princípios	
norteadores	da	democracia,	ética	e	cidadania,	além	de	realizar	uma	reflexão	e	uma	
discussão	sobre	as	questões	ético-morais,	na	relação	indivíduo	e	sociedade.
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA
Estamos	 vivendo	 em	 um	 país	 apresentado	 como	 democrático!	 Será	
que	todos	nós	compreendemos	o	sentido	real	da	democracia	e	seus	reflexos	na	
sociedade	brasileira?	Em	outros	termos,	o	que	realmente	é	este	Estado	Democrático	 
de	Direito	em	que	vivemos?
Neste	sentido,	Moisés	(2010,	p.	277)	expõe	que	“o	significado	mais	usual	
da democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de 
escolha	de	governos	através	de	eleições”,	ou	seja,	a	democracia	é	compreendida	
habitualmente	somente	como	um	processo	de	escolha	dos	nossos	representantes	
legaisem	 todas	 as	 esferas,	 tanto	 local,	municipal,	 estadual	 quanto	 federal,	 no	
qual	a	população	dessas	esferas,	por	meio	de	seu	voto,	seleciona	e	elege	o	seu	
representante	para	legislar	em	nome	dessa	mesma	população.	Assim,	“podemos	
considerar	que	 a	democracia	nada	mais	 é	do	que	um	sistema de governo, no 
qual	o	povo	governa	para	sua	própria	sociedade”	(PIERITZ,	2013,	p.	133,	grifos	
do	original).
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
5
Deste	modo,	 pode-se	 observar	 que	 a	 democracia	 pode	 ser	 exercida	 de	
duas	formas	distintas,	pois	ela	pode	ser	direta	ou	indireta	(Quadro	1).	O	conceito	
de	 democracia	 é	 notoriamente	 o	 entendimento	 de	 toda	 massa	 populacional	
brasileira	 nos	 dias	 de	 hoje,	 pois	 quando	 se	 indaga	 às	 pessoas	 com	 relação	 ao	
conceito	 de	 democracia,	 é	 este	 conceito	 de	 escolha	 de	 nossos	 representantes	
legais,	por	intermédio	do	voto	popular,	que	aparece	nos	discursos	da	população	
de	nosso	país.
QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)
Democracia
direta
Na	qual	o	povo	decide	diretamente,	por	meio	de	referendo/	plebiscito,	se	aceita	
ou	não	determinadas	questões	políticas	e	administrativas	de	sua	localidade,	
Estado	ou	país.
Democracia
indireta
Nesta,	o	povo	participa	democraticamente,	por	meio	do	voto,	elegendo	seu	
representante	político,	ou	seja,	uma	pessoa	que	o	represente	nas	diversas	esferas	
governamentais,	para	tomar	decisões	cabíveis	em	nome	do	povo	que	o	elegeu.
Cunha	 (2011,	 p.	 105)	 expõe	 que	 a	 democracia	 pode	 ser	 compreendida	
como	“método	de	organização	social	e	política	 tendente	à	maior	 realização	da	
liberdade	 e	 da	 igualdade.	 [é	 um]	 Sistema	 político	 em	 que	 o	 povo	 constitui	 e	
controla	o	governo,	no	interesse	de	todos”.	
Outro	 fator	 que	 não	 podemos	 esquecer	 é	 que,	 quando	 falamos	 em	
democracia,	 também	 falamos	 de	 Estado	 Democrático	 de	 Direito.	 Segundo	
Cunha	 (2011,	 p.	 138),	 o	 “Estado	de	direito	 [é	 aquele]	 que	 se	 organiza	 e	 opera	
democraticamente”.	Nossa	Carta	Magna	de	1988,	já	em	seu	preâmbulo,	instituiu	
um	 Estado Democrático de Direito,	 ou	 seja,	 a	 Constituição	 da	 República	
Federativa	do	Brasil	se	organizou	e	definiu	suas	normativas	em	prol	de	um	Estado 
Democrático,	no	qual	a	democracia	deverá	ser	a	base	fundamental	da	República	
Federativa	 do	 Brasil.	 Assim,	 segundo	 Pieritz	 (2013,	 p.	 133),	 “este	 sistema	 de	
governo	democrático	possui	 formatos	diferentes	nas	diversas	 sociedades,	 pois	
em	cada	uma	existem	regras	e	normas	diferentes,	e	 isto	acontece	por	causa	da	
constituição	dos	princípios	ético-morais	de	cada	localidade”.
Vale	salientar	que	a	democracia	vai	muito	além	desse	discurso	sintético	de	
representação	e	de	voto,	pois	Moisés	(2010,	p.	277,	grifos	nossos)	coloca-nos	que:
existem	outras	perspectivas	que	ampliam	a	compreensão	do	conceito,	
incluindo	 tanto	 as	 dimensões	 que	 se	 referem	 aos	 conteúdos	 da	
democracia,	como	também	os	seus	resultados	práticos	esperados	no	
terreno	da	economia	e	da	sociedade.	Por	uma	parte,	acompanhando	
a	abordagem	minimalista	de	Schumpeter	(1950)	e	a	procedimentalista	
de	Dahl	(1971),	vários	autores	definiram	a	democracia	em	termos	de	
competição, participação e contestação pacífica do poder.
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
6
Neste	 sentido,	 no	 que	 tange	 à	 conotação	 que	 a	 democracia	 tem	 de	
competição,	 participação	 e	 contestação	 pacífica	 do	 poder,	 pode-se	 expor	 que	
falar	 de	 democracia	 também	 está	 atrelado	 ao	 conceito	 do	 “jogo de poderes”,	
principalmente	 a	 disputa	 e	 concorrência	 de	 cargos	 em	 todas	 as	 esferas	
governamentais	 ou	 não,	 além	da	 competição	 entre	 partidos	 políticos	 e	 outros	
grupos	econômicos,	políticos,	culturais	e	sociais.
Além	 disso,	 não	 podemos	 esquecer	 um	 elemento	 fundamental	 da	
democracia,	que	é	a	questão	da	“participação do povo”,	em	que	cada	cidadão	
brasileiro	é	elemento	fundamental	no	processo	democrático	do	Brasil,	pois	direta	
ou	indiretamente	é	parte	do	processo	democrático	instaurado	neste	país.	
Ao	proferir	sua	escolha,	independentemente	do	que	for	ou	de	que	escolha	
fora	 feita,	 torna-se	automaticamente	parte	do	Estado	Democrático	de	Direito	e	
integra-se	ao	sistema	vigente	de	democracia	daquele	determinado	Estado.
Resumidamente,	 a	 Figura	 1	 apresenta	 o	 primeiro	 entendimento	 da	
definição	e	o	significado	da	democracia	e	o	Estado	Democrático	de	Direito.
FIGURA 1 – DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
FONTE: Os autores
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
7
Maciel	 (2012,	 p.	 73,	 grifos	 do	 original)	 complementa	 expondo	 que	 a	
democracia	“tornou-se	uma	aspiração	universal,	por	ser	o	regime	de	governo	mais	
propenso	a	garantir	os	direitos	individuais,	porém	não	se	resume	simplesmente	
ao	 ato	 de	 votar,	 sendo	 que	 o	direito à participação se	 tornou	 uma	 atividade	
importante	diante	da	constituição	da	cidadania”.
Por	 conseguinte,	 pode-se	 expor	 que	 democracia	 denota	 participação	
direta	ou	indireta	da	população	em	todos	os	espaços	que	necessitem	do	veredito	
do	povo	em	prol	de	objetivos	comuns	a	ele	mesmo.	Assim,	Beethan	(2003,	p.	110	
apud	MACIEL,	2012,	p.	73,	grifos	nossos)	complementa	expondo	que:
O	direito	à	participação	pode	ser	 tanto	reativo	quanto	proativo.	Em	
sua	 forma	 reativa,	 a	 participação	 consiste	 na	 articulação coletiva 
de	 respostas	 a	 políticas	 de	 desenvolvimento.	 Na	 forma	 proativa,	
ela	 invoca	 a	 responsabilidade popular no desencadeamento da 
articulação	 de	 políticas	 de	 desenvolvimento.	 No	 primeiro	 caso,	 os	
governos	 propõem	 e	 os	 cidadãos	 reagem;	 no	 segundo,	 os	 cidadãos	
propõem	 e	 os	 governos	 reagem.	 Em	 ambas	 as	 formas,	 o	direito de 
participação assume a lógica de colaborar com o desenvolvimento. 
“No	coração	da	democracia	repousa,	assim,	o	direito	do	cidadão	de	
opinar	nos	assuntos	públicos	e	de	exercer	controle	sobre	o	governo,	
em	pé	de	igualdade	com	os	demais”.
Deste	modo,	 pode-se	 expor	 que	 um	 dos	 elementos	 da	 democracia	 é	 a	
articulação	 coletiva	 do	 povo	 em	 prol	 de	 uma	 determinada	 demanda	 social,	
política,	cultural	ou	econômica.	
Para	que	se	possa	debater	coletivamente	os	prós	e	contras,	no	que	tange	
aos	 assuntos	 pertinentes	 ao	 interesse	 coletivo,	 dando	 assim	 respostas	 a	 esta	
mesma	demanda.
Vale	salientar,	acadêmico,	que	a	não	participação	e	a	omissão	também	são	
formas	de	participação,	pois	retratam	a	sua	alienação,	indiferença,	contestação	ou	
o	seu	descontentamento	em	relação	ao	sistema	vigente.	
Então,	isto	não	quer	dizer	que	aquele	cidadão	que	se	omitiu	ou	apenas	não	
quis	participar	não	fez	parte	do	processo	democrático	de	um	país,	pelo	contrário,	
todo	cidadão	tem	o	direito	de	participar	ou	não,	mesmo	que	o	voto	no	Brasil	seja	
obrigatório,	pois	ao	votar	ele	exprime	a	sua	vontade,	ou	o	seu	desejo.
Aqui	fica	 claro	que	a	população,	 ao	exercer	 seu	direito	de	participação	
de	 forma	proativa,	demonstra	seus	direitos	e	responsabilidades	perante	os	efeitos	
da	decisão	coletiva.	Entretanto,	também	existem	quatro	condições	necessárias	para	 
que	se	possa	instaurar	um	regime	governamental	pautado	na	democracia.
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
8
QUADRO 2 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO
FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277)
FONTE: <https://bit.ly/3DdjYyW>. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
Direito	dos	cidadãos	de	ESCOLHEREM GOVERNOS por 
meio de eleições com	a	participação	de	todos	os	membros	
adultos	da	 comunidade	política.	A	 isso	 se	dá	o	nome	de	
sufrágio universal (direito	ao	voto).
ELEIÇÕES regulares,	 livres,	 competitivas,	 abertas	 e	
significativas.
GARANTIA DE DIREITOS de	 expressão,	 reunião	 e	
organização,	em	especial,	de	partidos	políticos	para	competir	
pelo	poder.
Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO sobre	a	ação	
de	governos	e	a	política	em	geral.
Essas	 quatro	 condições	 mínimas	 para	 implantar	 um	 regime	 democrático	 
são	de	fundamental	importância	para	que	haja	a	participação	democráticade	um	
povo	em	prol	dos	objetivos	comuns	do	próprio	povo,	uma	vez	que	a	democracia	
vai	muito	além	da	simples	representação	e	de	voto,	ela	se	efetiva	e	concretiza-se	
com	a	participação,	com	a	competição	e	a	contestação	dos	processos	pacíficos	da	
busca	do	poder	no	Estado	Democrático	de	Direito.
Sucintamente,	 a	 Figura	 2	 apresenta	 a	 ampliação	 da	 compreensão	 do	
entendimento	do	significado	da	democracia,	ou	seja,	o	seu	conceito	ampliado:
FIGURA 2 – CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA
FONTE: Os autores
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
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Caro acadêmico, para colaborar com seus estudos, veja que a junção das 
Figuras 1 e 2 proporciona o entendimento global do que é democracia.
ATENCAO
3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O	tema	que	abordaremos	neste	momento	é	 relativo	à	questão	da	ética,	
a	qual	permeia	constantemente	nosso	dia	a	dia,	 seja	no	âmbito	 familiar,	 social	
ou	profissional.	Acadêmico,	aparentemente,	compreendemos	o	seu	significado	e	
seus	efeitos,	mas	será	que	realmente	compreendemos	o	seu	sentido	real?	Será	que	
sabemos	o	que	é	certo	ou	errado	para	nós	na	sociedade	em	que	vivemos?
Neste	sentido,	Tomelin	e	Tomelin	(2002,	p.	89)	expõem	que	“a	ética	é	uma	
das	áreas	da	filosofia	que	investiga	sobre	o	agir	humano	na	convivência	com	os	
outros	[...]”.	
Em	outros	termos,	as	nossas	ações	perante	a	sociedade	em	que	vivemos	
são	orientadas	por	princípios	éticos	e	morais,	e	esses	princípios	são	norteadores	
de	consciência	moral	do	certo	e	do	errado,	do	bem	e	do	mal.
De	modo	mais	abrangente,	a	ética	pode	ser	conceituada	como	a	área	da	
filosofia	 que	 investiga	 o	 agir	 humano,	 tanto	 aqueles	 com	 repercussão	 social,	
quanto	aqueles	sem	maiores	impactos	na	sociedade,	ou	seja,	não	somente	os	atos	
relativos	à	convivência	com	os	outros,	mas	também	consigo	mesmo.
Assim,	no	que	tange	a	esta	problemática	relativa	à	ética,	Pieritz	(2013,	p.	
3)	expõe	que	“a	ética	não	é	facilmente	explicável,	mas	todos	nós	sabemos	o	que	é,	
pois	está	diretamente	relacionada	aos	nossos	costumes	e	às	ações	em	sociedade,	
ou	seja,	ao	nosso	comportamento,	ao	nosso	modo	de	vida	e	de	convivência	com	
os	outros	integrantes	da	sociedade”.	E	que	esses	valores	éticos	são	construídos	
historicamente	pelos	povos,	de	geração	em	geração.
O	que	 são	valores?	Pedro	 (2014,	p.	 490)	 faz	um	 resgate	 etimológico	da	
palavra	Axiologia,	de	origem	grega,	que	significa	estudo	dos	valores	ou	ciência	do	
valor,	e	aponta	para	um	significado,	o	da	vivência	do	valor,	independentemente	
do	valor	que	for,	pois	este	é	experienciado	como	um	fenômeno	que	se	apresenta	
à	consciência	como	tal	e	como	um	acontecimento	que	nos	é	imediatamente	dado.
Para	a	filósofa	húngara	Agnes	Heller	(1972,	p.	4),	“valor	é	tudo	aquilo	que	
faz	parte	do	ser	genérico	do	homem	e	contribui,	direta	ou	mediatamente	para	a	
explicação	desse	ser	genérico”.	Vejamos	no	Quadro	3	quais	são	os	atributos	dos	
valores	humanos	na	perspectiva	de	Heller:
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
10
QUADRO 3 – ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (2010, p. 23)
OBJETIVAÇÃO • que	se	expressa	prioritariamente	por	intermédio	do	trabalho;• que	proporciona	sair	do	subjetivo	e	passar	para	o	real	e	concreto.
SOCIALIDADE
• que	se	expressa	com	a	convivência	com	o	outro,	em	grupo;
• aprendizagem	com	o	outro;
• assimilação	de	normas	sociais.
CONSCIÊNCIA
• tomar	ciência	dos	fatos	ou	de	alguma	coisa;
• reconhecimento	da	realidade;
• descoberta	de	algo;
• capacidade	de	perceber	as	coisas.
UNIVERSALIDADE
• universal;
• o todo;
• fazer	parte	de	um	determinado	grupo.
LIBERDADE • livre-arbítrio.
Portanto,	 os	 atributos	dos	valores	humanos	apresentados	no	Quadro	3	 são	
os	elementos	constitutivos	do	ser	humano,	do	ser	social,	que	formam	os	nossos	
valores	morais.	
Complementando,	no	Quadro	4	apresentamos	mais	exemplos	dos	valores	 
e	virtudes	do	ser	humano,	que	vive	e	convive	em	sociedade.
QUADRO 4 – EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS
FONTE: Os autores
Amizade Justiça Compreensão Respeito Simplicidade
Lealdade Compreensão Sinceridade Pudor Generosidade
Paciência Ordem Humildade Autoestima Liberdade
Deste	 modo	 acadêmico,	 podemos	 expor	 que	 “todos	 nós	 possuímos	
princípios	e	valores	que	 foram	e	são	constituídos	por	nossa	sociedade.	E,	 com	
relação	a	esses	valores,	cada	um	de	nós	possui	uma	visão	do	que	é	certo	e	errado,	
do	que	é	o	bem	e	o	mal”	(PIERITZ,	2012,	p.	57).
Não	podemos	nos	esquecer	de	que	“esta	consciência	moral	é	determinada	
por	um	consenso	coletivo	e	social,	ou	seja,	o	conjunto	da	sociedade	é	que	formula	
e	 compõe	 as	normas	de	 conduta	que	o	 regem.	Como	exemplo,	 temos	 a	nossa	
Constituição	 Federal	 e	 outras	 regras	 e	 normas	de	 nossa	 sociedade”	 (PIERITZ,	
2013,	p.	4).
São	estas	regras	e	normativas	jurídicas	e	sociais	que	determinam	o	nosso	
agir	em	sociedade,	e	cada	grupo	social	possui	suas	características,	ou	seja,	não	
se	pode	dizer	 que	 todos	nós	 somos	 iguais,	 que	 todas	 as	nações	 e	Estados	 são	
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
11
iguais,	porque	não	somos,	pois,	independentemente	do	Estado,	do	país	ou	grupo	
social,	fomos	moldando	nossos	valores	e	princípios	de	forma	diferente	ao	longo	
de	nossa	existência.
Agora,	acadêmico,	raciocine	o	seguinte:	se	é	um	fato	que	nossa	consciência	
moral	é	construída	no	seio	de	uma	sociedade	e	com	a	influência	do	meio	e	das	
pessoas	com	as	quais	convivemos,	há ainda outros fatores que concorrem para 
a constituição da consciência moral, e esse elemento é chamado de Lei natural 
– pelos jusnaturalistas – e tem caráter universal, pois perpassa as sociedades 
políticas,	é	algo	mais	profundo	que	elas,	constitui-se	na	própria	natureza	humana	 
em	sua	universalidade	(ROHLING,	2012).	Segundo	Valls	(2003,	p.	8):
costuma-se	 separar	os	problemas	 teóricos	da	 ética	 em	dois	 campos:	
num,	os	problemas	gerais	e	 fundamentais	 (como	 liberdade,	consciência,	
bem,	valor,	 lei	e	outros);	e	no	segundo,	os	problemas	específicos,	de	
aplicação	concreta,	como	os	problemas	da	ética	profissional,	de	ética	
política,	de	ética	sexual,	de	ética	matrimonial,	de	bioética	etc.
Em	outros	termos,	os	problemas	éticos	permeiam	todas	as	nossas	ações	em	
sociedade.	Neste	sentido,	vale	salientar	que	“cada	sociedade	possui	suas	normas	
de	conduta	comportamental	e	seus	princípios	morais,	ou	seja,	cada	grupo	social	
constitui	o	que	é	certo	e	errado,	o	que	é	o	bem	e	o	mal	para	o	seu	povo,	portanto,	
nem	sempre	o	que	é	certo	para	nós	pode	ser	certo	para	um	outro	grupo	social	e	
vice-versa”	(PIERITZ,	2013,	p.	4).
Então,	como	desvelar	esta	situação?	Como	saber	se	estamos	no	caminho	
certo?	Se	estamos	fazendo	certo	ou	errado?	Ou	se	realmente	estamos	fazendo	o	
bem	ou	o	mal	a	alguém?	São	muitas	indagações!
Para	 auxiliar	 a	 reflexão	 sobre	 essas	 questões,	 Finnis	 (filósofo	 e	 jurista	
australiano)	identifica	sete	valores	básicos,	os	quais	são	os	seguintes:
I)	vida;	 II)	o	conhecimento;	 III)	o	 jogo;	 IV)	a	experiência	estética;	V)	
a	 sociabilidade;	VI)	 a	 razoabilidade	 prática;	 e,	 VII)	 a	 religião.	 Esses	
valores,	 contudo,	 não	 são	 os	 únicos,	 pois	 existem,	 evidentemente,	
muitos	 outros,	 os	 quais,	 segundo	 propõe	 o	 autor,	 são	 modos	 ou	
combinações	de	modos	de	buscar	–	embora	nem	sempre	com	sensatez	
–	 e	 de	 realizar	 –	 nem	 sempre	 exitosamente	 –	 uma	 das	 sete	 formas	
básicas	de	bem,	ou	alguma	combinação	delas	(ROHLING,	2012,	p.	163).
Neste	sentido,	podemos	observar	ainda	que:
os	 problemas	 éticos	 se	 distinguem	 da	moral	 pela	 sua	 característica	
genérica,	 enquanto	 que	 a	 moral	 se	 caracteriza	 pelos	 problemas	 da	
vida	cotidiana.	O	que	há	de	comum	entre	elas	é	fazer	o	homem	pensar	
sobre	a	responsabilidade	das	consequências	de	suas	ações.	A	ética	faz	
pensar	sobre	as	consequências	universais,	sempre	priorizando	a	vida	
presente	e	futura,	local	e	global.	A	moral	faz	pensar	as	consequências	
grupais,	adverte	para	normas	culturalmente	formuladas	ou	pode	estar	
fundamentada	num	princípio	ético.	A	ética	pode,	desta	forma,	pautar	
o	comportamento	moral	(TOMELIN;TOMELIN,	2002,	p.	90).
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
12
Podemos	expor	que,	deste	ponto	de	vista,	existem	diferenças	nítidas	entre	
ética	e	moral,	sendo	que	a	ética	é	generalista	e	a	moral	reflete	o	comportamento	
socialmente	construído	e	legitimado	pelo	seu	povo.	
Enfim,	Tomelin	e	Tomelin	(2002,	p.	89,	grifos	do	original)	complementam	
expondo	que	“a	palavra	ética	provém	do	grego	ethos	e	significa	hábitos,	costumes,	
e	se	refere	à	morada	de	um	povo	ou	sociedade.	
A	palavra	moral provém	do	 latim	moralis	e	significa	costume,	conduta.	
Logo,	conforme	Pieritz	(2012,	p.	58,	grifos	nosso):
A	principal	 função	da	ética	é	sugerir	qual	o	melhor	comportamento	
que	cada	pessoa	ou	grupo	social	tem	ou	venha	a	ter.	Indicando	o	que	
é	certo	ou	errado,	o	que	é	bom	ou	mal.	Porém,	este	comportamento	
sempre	 partirá	 do	 ponto	 de	 vista	 dos	 princípios	 morais	 de	 cada	
sociedade,	ou	seja,	seu	grupo	social.	A	ética	auxilia	no	esclarecimento	e	
na	explicação	da	realidade	cotidiana	de	cada	povo,	procurando	sempre	
elaborar	 seus	 conceitos	 conforme	 o	 comportamento	 correspondente	
de	cada	grupo	social.
Por	conseguinte,	“o	ético	transforma-se	assim	numa	espécie	de	legislador	
do	comportamento	moral	dos	indivíduos	ou	da	comunidade”	(VÁZQUEZ,	2005,	
p.	20),	ou	seja,	a	ética	está	para	regular	o	nosso	comportamento	em	sociedade.
Complementando,	Vázquez	(2005,	p.	21)	coloca-nos	que	“a	ética	é	teoria,	
investigação	 ou	 explicação	 de	 um	 tipo	 de	 experiência	 humana	 ou	 forma	 de	
comportamento	dos	homens	[...]”,	ou	seja,	“o	valor	de	ética	está	naquilo	que	ela	
explica	–	o	fato	real	daquilo	que	foi	ou	é	–,	e	não	no	fato	de	recomendar	uma	ação	
ou	uma	atitude	moral”	(PIERITZ,	2013,	p.	7,	grifo	nosso).
Devemos	 compreender	 as	 diferenças	 conceituais	 de	 ética	 e	moral,	 pois	
“podemos	 afirmar	 que	 a	 ética	 estuda	 e	 investiga	 o	 comportamento	moral	 dos	
seres	humanos.	E	esta	moral	é	constituída	pelos	diferentes	modos	de	viver	e	agir	
dos	 homens	 em	 sociedade,	 que	 é	 formada	 por	 suas	 diretrizes	morais	 da	 vida	
cotidiana,	transformando-se	no	decorrer	dos	tempos”	(PIERITZ,	2013,	p.	19).
Todavia, o que é a moral?
Segundo	Aranha	 e	 Martins	 (2003,	 p.	 301,	 grifos	 do	 original),	 “a MORAL 
vem	do	latim	mos, moris,	que	significa	‘costume’,	‘maneira	de	se	comportar	regulada	 
pelo	uso’,	e	de	moralis, morale,	adjetivo	referente	ao	que	é	‘relativo	aos	costumes’”.	
Assim,	a	moral	é	compreendida	como	um	conjunto	de	regras	de	condutas	
socialmente	admitidas	em	determinadas	épocas	ou	por	um	grupo	de	pessoas,	ou	
seja,	“a	moralidade	dos	homens	é	um	reflexo	direto	do	modo	de	ser	e	conviver	
em	 sociedade,	 no	 qual	 o	 caráter,	 os	 sentimentos	 e	 os	 costumes	determinam	o	
seu	comportamento	individual	e	social,	que	foi	ou	está	sendo	perpetuado	num	
espaço	de	tempo”	(PIERITZ,	2013,	p.	35).	
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
13
Ainda	de	acordo	com	Pieritz	(2013,	p.	38):
A	moral	sugere,	constantemente,	a	valorização	de	nossas	ações	e	de	
nossos	comportamentos	em	sociedade,	mas	é	a	moral	que	determina	
quais	 são	 os	 nossos	 direitos	 e	 deveres	 perante	 a	 sociedade	 em	 que	
vivemos.	 Estes	 deveres	 são	 conectados	 ao	 nosso	 modo	 de	 ser	 e	
conviver	em	sociedade,	gerando	certas	responsabilidades	com	relação	
a	si	próprio	e	aos	outros,	tais	como:
• sentimentos;
•	 escolhas;
•	 desejos;
•	 atitudes;
•	 posicionamentos	diante	da	realidade;
•	 juízo	de	valor;
•	 senso	moral;
•	 consciência	moral.
Sob	estas	concepções	de	ética	e	moral,	apresentamos	as	suas	principais	
diferenças	na	Figura	3:
FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)
Nasce da necessidade 
de ajudar cada membro 
aos interesses coletivos 
do grupo.
É a CIÊNCIA que 
estuda a moral.
É o MODO DE 
VIVER e agir de 
cada povo, em cada 
cultura.
É a REFLEXÃO 
SISTEMÁTICA sobre o 
comportamento moral.
É O CONJUNTO DE 
NORMAS, prescrição e 
valores reguladores da 
ação cotidiana.
É a parte da filosofia que 
trata da REFLEXÃO DOS 
PRINCÍPIOS universais 
da humanidade.
VARIA no tempo 
e no espaço.
São os VALORES 
HUMANOS 
universais e 
fundamentais.
São valores concernentes 
ao BEM e ao MAL, 
permitindo ou proibindo.
É a TEORIA do 
comportamento 
moral.
Conjunto de normas e 
regras reguladoras da 
relação entre os homens 
de uma determinada 
comunidade.
É a COMPREENSÃO 
SUBJETIVA do ato 
moral.
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
14
Assim,	 podemos	 observar	 que	 existem	diferenças	 concretas	 entre	 estes	
dois	conceitos,	no	entanto,	ainda	devemos	compreender	que:
FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
FONTE: Paulo Netto (2010, p. 23)
Assim,	concluímos	que	a	moral:
Vem	se	 constituindo	historicamente,	mudando	no	decorrer	da	própria	
evolução	do	homem	em	sociedade.	Em	que	seus	hábitos	e	costumes	
são	constituídos	por	esta	relação	social,	em	que	a	essência	humana	é	
pautada	por	estes	princípios	morais.	E	estes,	por	sua	vez,	constituem	o	
ser	social	que	somos.	E	a	ética	nesta	questão	chega	para	simplesmente	
regular	e	analisar	estes	preceitos	morais	(PIERITZ,	2013,	p.	21).
Por	 conseguinte,	 segundo	 Pieritz	 (2013,	 p.	 21,	 grifo	 nosso),	 “a	 ética	
é	 precursora	 da	 TRANSFORMAÇÃO SOCIAL	 dos	 diversos	 sistemas	 ou	
estruturas	 sociais.	 Sistemas	 estes	 que	 imprimiam	 suas	 mudanças	 sociais,	 tais	
como:	Capitalismo	e	Socialismo”.
Por	fim,	Pieritz	(2013,	p.	21)	expõe	que	“quando	é	constituída	uma	nova	
estrutura	 social,	 a	 ética,	 os	 valores	 e	 princípios	 morais	 são	 modificados	 para	
constituir	assim	esta	nova	concepção	de	sociedade”.	Ou	seja,	historicamente,	com	
as	transformações	sociais,	políticas	e	econômicas	de	um	povo,	automaticamente	
o	sistema	de	valores	morais	e	éticos	se	transforma,	para	que	assim	seja	possível	
constituir	um	novo	padrão	sócio-histórico	daquele	determinado	grupo.
E a ANÁLISE dos 
FUNDAMENTOS DA
MORAL.
É um sistema MUTÁVEL.
HISTORICAMENTE determinado 
pela própria sociedade.
MORAL
ÉTICA
De COSTUMES e IMPERATIVOS 
que propiciam a vinculação de 
cada indivíduo em sociedade.
Com a ESSÊNCIA HUMANA 
historicamente constituída.
Com o SER SOCIAL tomado na 
sua UNIVERSALIDADE.
Tomando na sua 
SINGULARIDADE.
TÓPICO 1 — DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
15
Salientando	ainda	que	nesse	processo	de	transformação	social	devemos	
respeitar	 a	 permanência	 de	 alguns	 valores	 socialmente	 construídos,	 como	 a	
solidariedade,	a	igualdade	e	a	fraternidade,	para	que	todos	possamos	construir	
uma	sociedade	mais	justa,	ética,	democrática	e	cidadã.
4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA
No	 que	 tange	 às	 questões	 pertinentes	 à	 cidadania,	 partiremos	 de	 sua	
concepção	advinda	do	Título	I	–	“Dos	Princípios	Fundamentais”	da	Constituição	
da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988,	a	qual	assim	expressa:
Art.	1°	A	República	Federativa	do	Brasil,	 formada	pela	união	
indissolúvel	 dos	 Estados	 e	Municípios	 e	 do	Distrito	 Federal,	
constitui-se	 em	 Estado	 democrático	 de	 direito	 e	 tem	 como	
fundamentos:
I-	 a	soberania;
II- a cidadania;
III-	a	dignidade	da	pessoa	humana;
IV-	os	valores	sociais	do	trabalho	e	da	livre	iniciativa;
V-	 o	pluralismo	político.
Parágrafo	único.	Todo	o	poder	emana	do	povo,	que	o	exerce	
por	meio	de	representantes	eleitos	ou	diretamente,	nos	termos	
desta	Constituição	(BRASIL,	[2016],	p.	11).
Neste	sentido,	podemos	observar	que	um	dos	princípios	fundamentais	da	
Carta	Magna	brasileira	é	a	cidadania,	mas	você	sabe	o	seu	significado?
Vejamos:	cidadania	“é	um	conjunto	de	direitos	e	deveres	que	denotam	e	
fundamentam	as	condições	do	comportamento	de	cada	indivíduo	em	relação	à	
sociedade,	ou	seja,	a	cidadania	designa	normas	de	conduta	para	o	convívio	social,	
determinando	nossas	obrigações	e	direitos	perante	os	outros	 integrantes	da	nossa	
sociedade”	(PIERITZ,	2013,	p.	132).	Neste	sentido:
Ser	 cidadão	é	 respeitar	 e	participar	das	decisões	da	 sociedade,	para	
melhorar	 suas	 vidas	 e	 a	 de	 outras	 pessoas.	 Ser	 cidadão	 é	 nunca	
esquecer	 das	 pessoas	 que	 mais	 necessitam.A	 cidadania	 deve	 ser	
divulgada	através	de	instituições	de	ensino	e	meios	de	comunicação,	
para	o	bem-estar	e	desenvolvimento	da	nação.	A	cidadania	consiste	
desde	o	gesto	de	não	jogar	papel	na	rua,	não	pichar	os	muros,	respeitar	
os	 sinais	 e	 placas,	 respeitar	 os	 mais	 velhos	 (assim	 como	 todas	 as	
outras	pessoas),	não	destruir	telefones	públicos,	saber	dizer	obrigado,	
desculpe,	por	favor	e	bom	dia	quando	necessário	[...],	até	saber	lidar	
com	o	abandono	e	a	exclusão	das	pessoas	necessitadas,	o	direito	das	
crianças	 carentes	 e	 outros	 grandes	 problemas	 que	 enfrentamos	 em	
nosso	país.	‘A	revolta	é	o	último	dos	direitos	a	que	deve	um	povo	livre	
para	garantir	os	interesses	coletivos:	mas	é	também	o	mais	imperioso	
dos	deveres	impostos	aos	cidadãos’.	Juarez	Távora	-	Militar	e	político	
brasileiro	(WEB	CIÊNCIA,	2009	apud	PIERITZ,	2013,	p.	132).
Portanto,	podemos	observar	que	a	cidadania	possui	três	dimensões.
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
16
QUADRO 5 – DIMENSÕES DA CIDADANIA
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133)
DIMENSÕES DA CIDADANIA
Cidadania 
civil
São	aqueles	direitos	advindos	da	LIBERDADE de cada indivíduo,	por	exemplo:
• o	livre-arbítrio	para	expressar	nossos	pensamentos;
• o	direito	de	propriedade	(venda	e	compra	de	um	imóvel,	um	bem	ou	serviço);	
entre	outros.
Cidadania 
política
Podemos	considerar	que	a	cidadania	política	se	legitima	quando	os	homens	exercem 
seu poder político de ELEGER e SER ELEITOS para	o	exercício	do	poder	político,	
independentemente	da	instituição	pública	ou	privada	na	qual	venham	exercer	suas	
atribuições.
Cidadania 
social
Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao CONFORTO de cada 
cidadão,	no	que	tange	à	sua	vida	econômica	e	social,	ou	seja,	do	seu	bem-estar	social.
A	cidadania	expressa	os	direitos	e	deveres	de	todas	as	pessoas	que	vivem	
e	 convivem	em	sociedade,	 seja	na	esfera	 social,	política	ou	 civil,	no	que	 tange	
ao	respeito	a	si,	ao	próximo	e	ao	patrimônio	público	e	privado.	Além	de	que	a	
cidadania	é	participação	nos	espaços	públicos	de	discussão,	a	qual	permeia	as	
questões	de	democracia	e	ética	de	toda	a	população	daquele	determinado	grupo	
social,	político	ou	econômico.
Nesse	sentido,	tem-se	a	participação	como	um	mecanismo	do	exercício	da	
cidadania,	ou	seja,	“O	conceito	contemporâneo	de	cidadania	transcende	a	simples	
lógica	da	garantia	de	direitos	legais.	Segundo	a	concepção	de	Dallari	(2004	apud 
MACIEL,	 2012,	p.	 31),	 a	 cidadania	 expressa	um	conjunto	de	direitos	que	dá	à	
pessoa	a	possibilidade	de	participar	da	vida	e	do	governo	de	seu	povo”.	Portanto,	
a	palavra	de	ordem	é	“participar”,	fazer	parte	do	processo	democrático,	pois,	de	
acordo	com	Maciel	(2012,	p.	32),	quem	não	exerce	sua	cidadania	“está	excluído	da	
vida	social	e	da	tomada	de	decisões.	
A	cidadania	não	significa	apenas	uma	conquista	legal	de	alguns	direitos,	
mas	sim	a	realização	destes	direitos.	Ela	é	construída	e	conquistada	a	partir	da	
nossa	capacidade	de	organização,	participação	e	intervenção	social”.
Vale	salientar	que	a	cidadania	é	conquistada	pela	nossa	participação	nos	
momentos	das	discussões	e	decisões	coletivas,	portanto	a	cidadania	se	dá	pela	
participação	ativa	de	nossa	vida	em	sociedade	e	na	vida	pública.
17
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	 compreensão	 do	 significado	 mais	 usual	 da	 democracia	 denota	 que	 a	
democracia	 é	 compreendida	 como	um	 sistema	de	 governo,	 no	 qual	 o	 povo	
governa	para	sua	própria	sociedade.
•	 A	democracia	pode	ser	exercida	de	duas	 formas	distintas,	pois	ela	pode	ser	
direta	ou	indireta.
•	 A	 democracia	 é	 compreendida	 popularmente	 como	 a	 escolha	 de	 nossos	
representantes	legais,	por	intermédio	do	voto	popular.
•	 O	 Estado	 Democrático	 de	 direito	 é	 aquele	 que	 se	 organiza	 e	 opera	
democraticamente.
•	 A	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	se	organizou	e	definiu	suas	
normativas	em	prol	de	um	Estado	Democrático,	no	qual	a	democracia	deverá	
ser	a	base	fundamental	da	República	Federativa	do	Brasil.
•	 A	 democracia	 também	 está	 atrelada	 ao	 conceito	 do	 “jogo	 de	 poderes”,	
principalmente	 a	 disputa	 e	 concorrência	 de	 cargos	 em	 todas	 as	 esferas	
governamentais	ou	não.
•	 É	 importante	 relembrar	 que	 o	 elemento	 fundamental	 da	 democracia	 é	 a	
“participação	do	povo”.
•	 A	ética	é	uma	das	áreas	da	filosofia	que	investiga	o	agir	humano	na	convivência	
com	os	outros.
•	 A	 ética	 está	 diretamente	 relacionada	 aos	 nossos	 costumes	 e	 às	 ações	 em	
sociedade,	 ou	 seja,	 ao	 nosso	 comportamento,	 ao	 nosso	modo	 de	 vida	 e	 de	
convivência	com	os	outros	integrantes	da	sociedade.
•	 Todos	nós	possuímos	princípios	e	valores	que	 foram	e	 são	 constituídos	por	
nossa	sociedade.	E,	com	relação	a	estes	valores,	cada	um	de	nós	possui	uma	
visão	do	que	é	certo	e	errado,	do	que	é	o	bem	e	o	mal.
•	 A	consciência	moral	é	determinada	por	um	consenso	coletivo	e	social,	ou	seja,	
o	conjunto	da	sociedade	é	que	formula	e	compõe	as	normas	de	conduta	que	 
o	regem.
•	 Os	problemas	éticos	permeiam	todas	as	nossas	ações	em	sociedade.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
•	 Existem	diferenças	nítidas	entre	ética	e	moral,	sendo	que	a	ética	regula	a	moral,	
a	ética	é	generalista	e	a	moral	reflete	o	comportamento	socialmente	construído	e	
legitimado	pelo	seu	povo.
•	 A	principal	função	da	ética	é	sugerir	qual	o	melhor	comportamento	que	cada	
pessoa	ou	grupo	social	tem	ou	venha	a	ter.	Indicando	o	que	é	certo	ou	errado,	
o	que	é	bom	ou	mal.
•	 O	valor	da	ética	está	naquilo	que	ela	explica,	o	fato	real	daquilo	que	foi	ou	é,	e	
não	no	fato	de	recomendar	uma	ação	ou	uma	atitude	moral.	
•	 Um	dos	princípios	fundamentais	da	Carta	Magna	brasileira	é	a	cidadania.	
•	 A	cidadania	designa	normas	de	 conduta	para	o	 convívio	 social,	determinando	
nossas	obrigações	e	direitos	perante	os	outros	integrantes	da	nossa	sociedade.
•	 A	cidadania	expressa	os	direitos	e	deveres	de	 todas	as	pessoas	que	vivem	e	
convivem	em	sociedade,	seja	na	esfera	social,	política	ou	civil,	no	que	tange	ao	
respeito	a	si,	ao	próximo	e	ao	patrimônio	público	e	privado.
•	 Cada	 cidadão	 tem	 o	 dever	 e	 o	 direito	 de	 participar	 de	 todos	 os	 espaços	
democráticos	 do	 seu	 município,	 Estado	 ou	 Federação.	 A	 participação	 é	
compreendida	como	um	mecanismo	do	exercício	da	cidadania.
19
AUTOATIVIDADE
1	 (ENADE,	2010)	As	seguintes	acepções	dos	termos	democracia	e	ética	foram	
extraídas	do	Dicionário	Houaiss	da	Língua	Portuguesa.	
democracia.	 POL.	 1	 governo	 do	 povo;	 governo	 em	 que	 o	 povo	
exerce	 a	 soberania	 2	 sistema	 político	 cujas	 ações	 atendem	 aos	
interesses	populares	3	governo	no	qual	o	povo	toma	as	decisões	
importantes	 a	 respeito	 das	 políticas	 públicas,	 não	 de	 forma	
ocasional	ou	circunstancial,	mas	segundo	princípios	permanentes	
de	legalidade	4	sistema	político	comprometido	com	a	igualdade	
ou	com	a	distribuição	equitativa	de	poder	entre	todos	os	cidadãos	
5	governo	que	acata	a	vontade	da	maioria	da	população,	embora	
respeitando	os	direitos	e	a	 livre	expressão	das	minorias.	ética.	1	
parte	da	filosofia	responsável	pela	investigação	dos	princípios	que	
motivam,	distorcem,	disciplinam	ou	orientam	o	comportamento	
humano,	 refletindo	 especialmente	 a	 respeito	 da	 essência	 das	
normas,	valores,	prescrições	e	exortações	presentes	em	qualquer	
realidade	social.	2	p.ext.	conjunto	de	regras	e	preceitos	de	ordem	
valorativa	 e	moral	de	um	 indivíduo,	de	um	grupo	 social	 ou	de	
uma	sociedade.	
Dicionário	 Houaiss	 da	 Língua	 Portuguesa.	 Rio	 de	 Janeiro:	
Objetiva,	2001.
Considerando	 as	 acepções	 anteriores,	 elabore	 um	 texto	 dissertativo,	 com	
até	15	linhas,	acerca	do	seguinte	tema:	Comportamento	ético	nas	sociedades	
democráticas.	Em	seu	texto,	aborde	os	seguintes	aspectos:
FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2010/
padrao_respostas_discursivas_FORMACAO_GERAL_2010.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021.
a)	conceito	de	sociedade	democrática;
b)	evidências	de	um	comportamento	nãoético	de	um	indivíduo;
c)	exemplo	 de	 um	 comportamento	 ético	 de	 um	 futuro	 profissional	
comprometido	com	a	cidadania.
2	 (ENADE,	2010)
20
A	charge	anterior	 representa	um	grupo	de	cidadãos	pensando	e	agindo	de	
modo	diferenciado,	frente	a	uma	decisão	cujo	caminho	exige	um	percurso	ético.	
Considerando	a	imagem	e	as	ideias	que	ela	transmite,	avalie	as	alternativas	
que	seguem.
I-	 A	ética	não	se	impõe	imperativamente	nem	universalmente	a	cada	cidadão;	
cada	um	terá	que	escolher	por	si	mesmo	os	seus	valores	e	ideias,	 isto	é,	
praticar	a	autoética.
II-	 A	ética	política	supõe	sujeito	responsável	por	suas	ações	e	pelo	seu	modo	
de	agir	na	sociedade.
III-	A	ética	pode	se	reduzir	ao	político,	do	mesmo	modo	que	o	político	pode	se	
reduzir	à	ética,	em	um	processo	a	serviço	do	sujeito	responsável.
IV-	A	 ética	 prescinde	 de	 condições	 históricas	 e	 sociais,	 pois	 é	 no	 homem	
que	se	situa	a	decisão	ética,	quando	ele	escolhe	os	seus	valores	e	as	suas	
afinidades.
V-	 A	 ética	 se	 dá	 de	 fora	 para	 dentro,	 como	 compreensão	 do	 mundo,	 na	
perspectiva	do	fortalecimento	dos	valores	pessoais.
Estão	CORRETAS:
FONTE: <https://respostas-br.com/sociologia/enade-2010-a-charge-acima-
represent-24131334>. Acesso em: 23 ago. 2021.
a)	(			)	I	e	II.
b)	(			)	I	e	V.
c)	 (			)	II	e	IV.
d)	(			)	III	e	IV.
e)	 (			)	III	e	V.
3	 (ENADE,	 2006)	A	 formação	 da	 consciência	 ética,	 baseada	 na	 promoção	
dos	 valores	 éticos,	 envolve	 a	 identificação	 de	 alguns	 conceitos	 como:	
“consciência	moral”,	“senso	moral”,	“juízo	de	fato”	e	“juízo	de	valor”.	A	
esse	respeito,	leia	os	quadros	a	seguir.
Quadro I - Situação
Helena	está	na	fila	de	um	banco,	quando,	de	repente,	um	indivíduo,	atrás	na	fila,	se	
sente	mal.	Devido	à	experiência	com	seu	marido	cardíaco,	tem	a	impressão	de	que	o	homem	
está	tendo	um	infarto.	Em	sua	bolsa	há	uma	cartela	com	medicamento	que	poderia	evitar	o	
perigo	de	acontecer	o	pior.
Helena	pensa:	"Não	sou	médica	-	devo	ou	não	devo	medicar	o	doente?	Caso	não	seja	
problema	cardíaco	-	o	que	acho	difícil	-,	ele	poderia	piorar?	Piorando,	alguém	poderá	dizer	
que	foi	por	minha	causa	-	uma	curiosa	que	tem	a	pretensão	de	agir	como	médica.	Dou	ou	não	
dou	o	remédio?	O	que	fazer?"
Quadro II - Afirmativas
1-	O	 “senso	moral"	 relaciona-se	 à	maneira	 como	 avaliamos	 nossa	 situação	 e	 a	 de	 nossos	
semelhantes,	nosso	comportamento,	a	conduta	e	a	ação	de	outras	pessoas	segundo	idéias	
como	as	de	justiça	e	injustiça,	certo	e	errado.	
2-	A	"consciência	moral"	refere-se	a	avaliações	de	conduta	que	nos	levam	a	tomar	decisões	por	
nós	mesmos,	a	agir	em	conformidade	com	elas	e	a	responder	por	elas	perante	os	outros.
21
Qual	afirmativa	e	respectiva	razão	fazem	uma	associação	mais	adequada	com	 
a	situação	apresentada?
FONTE: <https://enem.estuda.com/questoes/?id=111412>. Acesso em: 23 ago. 2021.
a)	(			)	Afirmativa	1	–	porque	o	“senso	moral”	se	manifesta	como	consequência	
da	“consciência	moral”,	que	revela	sentimentos	associados	às	situações	
da	vida.
b)	(			)	Afirmativa	1	–	porque	o	“senso	moral”	pressupõe	um	“juízo	de	fato”,	
que	é	um	ato	normativo	enunciador	de	normas	segundo	critérios	de	
correto	e	incorreto.
c)	 (			)	Afirmativa	1	–	porque	o	“senso	moral”	revela	a	indignação	diante	de	
fatos	que	julgamos	ter	feito	errado	provocando	sofrimento	alheio.
d)	(			)	Afirmativa	2	–	porque	a	“consciência	moral”	se	manifesta	na	capacidade	
de	deliberar	diante	de	alternativas	possíveis	que	são	avaliadas	segundo	
valores	éticos.
e)	 (			)	Afirmativa	2	–	porque	a	“consciência	moral”	indica	um	“juízo	de	valor”	
que	define	o	que	as	coisas	são,	como	são	e	por	que	são.
4	 Cidadania	é	a	prática	dos	direitos	e	deveres	de	um	indivíduo	em	um	Estado,	
e	ela	possui	três	dimensões,	disserte	sobre	a	diferença	entre	elas.	
5	 Segundo	Pieritz	(2013)	“[...]a	moral	determina	quais	são	os	nossos	direitos	e	
deveres	perante	a	sociedade	[...]”.	Descreva	quais	são	as	responsabilidades	
que	esses	deveres	geram	em	relação	a	si	mesmo	e	aos	outros.
FONTE: PIERITZ, V. L. H. Ética profissional em serviço social. Indaial: UNIASSELVI, 2013.
22
23
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/
INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
1 INTRODUÇÃO
Neste	 tópico,	vamos	 trabalhar	o	 conceito	de	multiculturalismo,	enfatizando	
as	 origens	 do	 surgimento	 do	 movimento	 e	 os	 campos	 de	 conhecimento	 que	
acolhem	os	estudos	multiculturais.	Nesse	sentido,	temos	como	objetivo	situar	o	
multiculturalismo	do	ponto	de	vista	político	(movimentos	sociais	multiculturais	
e	 políticas	 públicas)	 e	 teórico	 (ciências	 multiculturalistas),	 visando	 oferecer	
conteúdo	de	base	para	a	interpretação	desse	campo	de	estudos.
No	 desenvolvimento	 deste	 tópico,	 também	 será	 abordado	 os	 temas	
tolerância/intolerância	 e	 relações	 de	 gênero,	 discutindo	 de	 modo	 reflexivo	 os	
conceitos	de	feminismo	e	ideologia	de	gênero.	O	objetivo	é	apresentar	diferentes	
pontos	de	vista	para	os	referidos	conceitos,	e	conduzir	o	acadêmico	a	uma	reflexão	
crítica	da	realidade,	de	modo	que	possa	–	com	embasamento	crítico	e	sempre	que	
possível	científico	–	compreender	melhor	esses	temas.
2 CONCEITUANDO MULTICULTURALISMO
Como	 a	 própria	 etimologia	 da	 palavra	 nos	 sugere,	 o	 termo	 “multi”	
significa	 vários;	 o	 termo	 “culturalismo”	 refere-se	 à	 cultura;	 e	 o	 sufixo	 “ismo”	
está	 associado	 às	 posições	 assumidas	 ou	 ideias	 aceitas	 sobre	 a	 possibilidade	
do	conhecimento,	ou	 seja,	no	caso	do	multiculturalismo	significa	uma	posição	
assumida	sobre	as	diferentes	relações	entre	as	várias	culturas.
O	‘multiculturalismo’	é	um	termo	polissêmico	e	existem,	pelo	menos,	
dois	sentidos	diferentes	em	que	este	pode	ser	utilizado.	Um	primeiro	
sentido é descritivo	e	reporta	a	um	fato	da	vida	humana	e	social,	que	
é	 a	 diversidade	 cultural	 étnica,	 religiosa	 que	 se	 pode	 observar	 no	
tecido	 social,	 ou	 seja,	 um	 certo	 cosmopolitismo	 que	 atualmente	 é	
fácil	de	ver	em	qualquer	grande	cidade	da	Europa	e	da	América	do	
Norte.	Um	segundo	sentido	é	prescritivo	e	está	associado	às	chamadas	
políticas	de	reconhecimento	da	 identidade	e/ou	da	diferença	que	os	
poderes	 públicos	 prosseguem,	 ou	deveriam	prosseguir,	 segundo	 os	
seus	defensores,	em	nome	dos	grupos	minoritários	e/ou	‘subalternos’	
(FERNANDES,	2011,	p.	2,	grifos	do	original).
24
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
Acadêmico,	 dizendo	 de	 outra	 forma,	 multiculturalismo	 significa	 a	
existência	 de	 grupos	 de	 diversas	 culturas,	 assim	 como	 o	 embate	 político,	
econômico	e	social	travado	pelos	diferentes	grupos	sociais	na	luta	pelo	respeito	
à	diversidade.	
Por	isso,	além	de	estudos	teóricos	e	empíricos,	o	termo	implica	na	conquista	
de	 reivindicações	das	 chamadas	minorias	 ou	grupos	marginalizados,	 como	os	
negros,	 índios,	mulheres,	homossexuais	 e	outros	 tantos	que	buscam	assegurar	
seus	direitos	sociais	através	de	políticas	públicas	de	ação	afirmativa.
FIGURA 5 – MULTICULTURALISMO, DIVERSIDADE E DESAFIO DO HOMEM PARA O SÉCULO XXI
FONTE: <http://3.bp.blogspot.com/-JGK5TSr7cvo/TY5Jrp-kBYI/AAAAAAAAAE8/59-aSOEc0lI/
s748/000489140.jpg>. Acesso em: 7 dez. 2017.
O	multiculturalismo	 é	 pluralista,	 porque	 as	 diferenças	 coexistem	 em	 um	
mesmo	 país	 ou	 região.	 Ali	 convivem	 diferentes	 culturas,	 valores	 e	 tradições.	
Há	o	diálogo	e	convivência	pacífica	entre	as	culturas	diversas.	No	entanto,	esta	
coexistência	pacífica	não	significa	negar	as	diferenças	entre	as	culturas,	nem	as	
homogeneizar,	 mas	 compreendê-las	 a	 partir	 de	 uma	 visão	 dialética	 sobre	 os	
termos	igualdade	e	diferença,	na	medida	em	que	não	se	pode	falar	em	igualdade	
sem	levar	em	conta	as	diferenças	culturais,	e	não	se	pode	relacionar	a	diferença	
como	medida	de	valor.
De	acordo	com	o	que	vimos	podemos	entender	que	igualdade	e	diferença	
não	 são	 termos	 opostos.	 Na	 verdade,	 a	 igualdade	 opõe-se	 à	 desigualdade,	
enquanto	diferença	opõe-se	à	padronização,	à	homogeneização,	à	produção	em	
série.	O	que	o	multiculturalismo	quer	é	lutar	pelaigualdade	e	pelo	reconhecimento	
das	diferenças.
Por	 esse	motivo,	 um	dos	 temas	 centrais	 do	multiculturalismo	 tem	 sido	 o	
Direito	à	Diferença	e	à	Diminuição	das	Desigualdades,	bandeira	de	luta	de	vários	
movimentos	sociais	contemporâneos	espalhados	pelo	mundo	inteiro.
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
25
3 SURGIMENTO DO MULTICULTURALISMO
O	termo	multiculturalismo	é	 relativamente	 recente	e	 sua	utilização	ocorreu	
pela	primeira	vez	na	Inglaterra,	entre	as	décadas	de	1960	e	1970.	De	acordo	com	
Fernandes	(2006),	o	multiculturalismo	surgiu	na	linguagem	oficial	do	Canadá	e	
na	Austrália,	para	designar	as	políticas	públicas	com	o	objetivo	de	valorizar	e/ou	
promover	a	diversidade	cultural.	Ainda	nesse	período,	o	autor	destaca	que	outros	
países	anglo-saxônicos,	como	o	Reino	Unido,	a	Nova	Zelândia	e	os	EUA,	também	
iniciam	políticas	públicas	qualificadas	como	multiculturais.
Países anglo-saxônicos são países cujos descendentes são provenientes de 
povos germânicos (anglos, saxões e jutos). Esta denominação é resultado da fusão desses 
povos que se fixaram ao sul e leste da Grã-Bretanha, no século V.
NOTA
Tomando	 como	 base	 o	 caso	 dos	 Estados	 Unidos,	 o	 multiculturalismo	
surge	 como	movimento	organizado	na	década	de	1960,	 a	partir	dos	primeiros	
movimentos	sociais,	como:	o	negro,	feminista,	hippie,	ambientalista,	entre	outros.	
No	 entanto,	 para	 entender	 o	 motivo	 pelo	 qual	 esses	 movimentos	 surgiram,	
devemos	 resgatar	 o	 aspecto	 da	 constituição	 histórica	 dos	 Estados	 Unidos,	
marcada	por	um	longo	processo	de	colonização,	que	teve	como	base	a	eliminação	
e	a	opressão	das	diversas	tribos	indígenas	que	ali	estavam.	Além	disso,	prezado	
acadêmico,	devemos	 levar	 em	 conta	 o	processo	de	 escravidão	que	ocorreu	no	
país,	no	qual	os	negros	serviram	como	base	para	o	desenvolvimento	da	nação.
Essas	posturas	dos	colonizadores	norte-americanos	foram	influenciadas	
pelos	valores	 religiosos	de	 igrejas	protestantes,	 comuns	 à	maioria	dos	 colonos	
de	origem	anglo-saxã.	Esta	influência	permeou	o	pensamento	e	as	atitudes	dos	
colonizadores	norte-americanos	em	relação	aos	demais	grupos,	desencadeando,	
mais	tarde,	uma	série	de	movimentos	pela	busca	de	justiça	social.
O	que	queremos	destacar	neste	momento	é	que,	a	exemplo	do	caso	dos	
EUA,	o	movimento	multiculturalista	surgiu	em	grande	escala	nas	sociedades	nas	
quais	o	direito	à	diversidade	cultural	foi	historicamente	negado.
Segundo	 Silva	 (2000),	 o	 multiculturalismo	 teve	 início	 em	 países	 em	
que	 a	diversidade	 cultural	 era	 vista	 como	um	problema	para	 a	 construção	da	
unidade	nacional.	Muitas	nações	construíram	suas	 identidades	por	 intermédio	
de	processos	autoritários,	pela	imposição	de	uma	cultura,	dita	superior,	a	todos	
os	membros	da	sociedade.
26
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
4 ÁREAS DE CONHECIMENTO QUE ABRIGAM O 
MULTICULTURALISMO
Já	 entendemos	 que	 o	 multiculturalismo	 é,	 ao	 mesmo	 tempo,	 uma	
rede	 de	 movimentos	 sociais	 em	 prol	 da	 afirmação	 dos	 grupos	 minoritários,	
historicamente	excluídos	pela	sociedade.	Neste	sentido,	podemos	compreender	
que	o	multiculturalismo	é	um	campo	de	estudos	que	aborda	a	problemática	dos	
grupos	de	forma	multidisciplinar.	Portanto,	vamos	tratar	agora	de	alguns	aspectos	
sobre	o	caráter	científico	do	multiculturalismo,	que	são	os	estudos	multiculturais.
Prezados	 acadêmicos,	 vocês	 sabiam	 que	 os	 estudos	multiculturais	 são	
provenientes	 de	 várias	 áreas	 do	 conhecimento?	 Pois	 bem,	 entre	 as	 áreas	 de	
conhecimento	podemos	destacar	os	campos	da	Antropologia	Cultural,	Psicologia	
Social,	 História	 e	 Sociologia,	 que	 abordam	 diferentes	 problemas	 relativos	 ao	
multiculturalismo.	 Algumas	 áreas	 se	 ocupam	 do	 ponto	 de	 vista	 histórico	 do	
movimento,	outras	 se	ocupam	da	genealogia,	outras	 se	ocupam	dos	processos	
políticos	 e	 sociais	 que	 os	 movimentos	 promovem,	 e	 ainda,	 outras	 áreas	 se	
ocupam	de	aspectos	epistemológicos	do	estudo	dos	movimentos.	Enfim,	há	uma	
variedade	de	estudos	sobre	o	tema	nas	mais	diferentes	áreas	disciplinares.
• GENEALOGIA: estudo da origem das famílias.
• EPISTEMOLOGIA: estudo do grau de certeza do conhecimento científico em seus 
diversos ramos.
NOTA
Portanto,	 o	 estudo	 do	 multiculturalismo	 requer	 uma	 compreensão	
interdisciplinar	do	 contexto	histórico,	 socioeconômico	 e	 cultural	desses	diferentes	
grupos	sociais	e	da	sua	diversidade	cultural	construída	conforme	seu	 tempo	e	
suas	condições	humanas	e	geográficas.
Abordagem interdisciplinar: refere-se ao trabalho e estudo de profissionais de 
diversas áreas do conhecimento ou especialidades sobre um determinado tema ou área 
de atuação, implicando necessariamente em sua integração para uma compreensão mais 
ampla do assunto.
NOTA
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
27
Daí	a	complexidade	em	se	abordar	a	temática	do	multiculturalismo	em	
todas	as	regiões	do	planeta,	levando	em	consideração	a	diversidade	e	a	história	
dos	 seus	 diversos	 povos	 em	 cada	 um	 dos	 cinco	 continentes	 e	 seus	 diferentes	
países.	No	entanto,	o	multiculturalismo	já	alcançou	um	elevado	nível	na	discussão	
acadêmica.	De	acordo	com	Sidekum	(2003,	p.	9),	“esse	alcance	é	a	marca	principal	
das	últimas	décadas	do	século	XX,	consolidando-se,	especialmente,	pelos	estudos	
comparados	da	cultura,	desenvolvidos	pela	antropologia	cultural	e	pela	psicologia	
aplicada,	também	conhecida	por	psicologia	social	intercultural”.
5 MOVIMENTO FEMINISTA
O	 surgimento	 dos	 estudos	 atuais	 sobre	 a	 condição	 feminina,	 o	 Estudo	
de	Gênero	 só	 foi	possível	porque,	 ao	 longo	do	 tempo,	 o	movimento	 social	de	
mulheres	“fez	muito	barulho”,	denunciando	as	situações	de	opressão,	preconceito	
e	dominação	que	sofreram.	A	amplitude	do	movimento	feminista	não	pode	e	não	
deve	ser	 reconhecida	apenas	como	um	dos	movimentos	de	 luta	das	mulheres,	
porque	muitas	mulheres	com	perfis	e	histórias	diferentes	participaram.	Se	hoje	
o	 gênero	 representa	 uma	 categoria	 de	 análise	 tão	 importante	 para	 as	 ciências	
humanas	e	sociais,	é	porque	se	fez	legítimo	pelas	tantas	batalhas	dos	movimentos	
feministas,	tornando-se	fundamental	para	a	compreensão	das	relações	humanas.	
5.1 FEMINISMO
O	feminismo	é	um	conceito	múltiplo,	ele	possui	uma	dimensão	política,	
que	se	refere	aos	movimentos	de	luta	por	direitos,	e	uma	dimensão	acadêmica,	
que	se	refere	aos	estudos	da	condição	feminina.	A	dimensão	acadêmica,	ou	seja,	
o	campo	de	pesquisa	e	de	conhecimento	sobre	as	mulheres,	pode	ser	considerada	
multidisciplinar,	 porque	 ocorre	 em	 diferentes	 campos	 disciplinares,	 como:	
Antropologia,	História,	Educação,	Sociologia,	Direito	e	vários	outros.	O	principal	
objetivo	do	movimento	 feminista	não	 foi	alcançar	a	 igualdade	entre	homens	e	
mulheres,	mas	sim	a	equidade	entre	eles.	Para	assegurar	a	igualdade	não	deve	
ser	 necessário	 que	 as	 mulheres	 assumam	 posturas	 “masculinas”.	 Elas	 devem	
preservar	 suas	 identidades.	 Por	 isso	 a	 ideia	 de	 “equidade”	 e	 não	 igualdade.	
Com	 relação	 ao	Movimento	Feminista,	 ele	 surgiu	no	 século	XVIII,	 na	Europa,	
especialmente	na	Inglaterra	e	França,	mas	logo	repercutiu	em	outros	países	e	se	
desenvolveu	de	diferentes	formas	e	expressões	até	os	dias	atuais.	Para	dar	uma	
ideia	de	totalidade	ao	movimento,	ele	foi	dividido	em	três	grandes	momentos,	
que	explicam	as	diferentes	concepções	e	lutas	do	movimento.
28
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
5.2 A PRIMEIRA ONDA FEMINISTA
Esse	 primeiro	 momento	 do	 feminismo,	 chamado	 “Primeira	 Onda	
Feminista”,	 refere-se	 a	um	período	 extenso	de	 atividade	 feminista	ocorrido	
durante	 o	 século	 XIX	 e	 início	 do	 século	 XX,	 no	 Reino	 Unido,	 na	 França	 e	
Estados	Unidos,	que	tinha	o	foco	originalmente	na	promoção	da	igualdade	nos	
direitos	contratuais	e	de	propriedade	para	homens	e	mulheres,	e	na	oposição	
de	casamentos	arranjados	e	da	propriedade	de	mulheres	casadas	(e	seus	filhos)por	seus	maridos.	No	entanto,	no	fim	do	século	XIX,	o	ativismo	passou	a	se	
focar,	principalmente,	na	conquista	de	poder	político,	especialmente	o	direito	
ao	sufrágio	(voto)	por	parte	das	mulheres.
FONTE: <https://www.justificando.com/2017/09/14/historia-da-primeira-onda-feminista/>. 
Acesso em: 19 set. 2017.
Ainda	 assim,	 muitas	 feministas	 já	 faziam	 campanhas	 pelos	 direitos	
sexuais,	reprodutivos	e	econômicos	das	mulheres.
Na	 França	 do	 século	 XVIII,	 envolvidas	 pelo	 ideal	 de	 “Liberdade,	
Igualdade	e	Fraternidade”	da	Revolução	Francesa,	mulheres	de	todas	as	classes	
sociais	 juntaram-se	 ao	movimento	 revolucionário.	 Elas	 acreditavam	 que,	 uma	
vez	estabelecida	a	democracia,	seus	direitos	ao	voto,	à	vida	pública,	ao	divórcio	
e	 à	 emancipação	 social	 (já	 que	 eram	 subordinadas	 ao	 pai	 ou	marido)	 seriam	
assegurados.	 Muitas	 mulheres	 lutaram	 nos	 fronts de	 batalha	 na	 revolução,	 e	
algumas	morreram	guilhotinadas,	por	defenderem	suas	convicções	depois	que	a	
Revolução	se	consolidou	e	lhes	negou,	de	forma	desleal,	seus	direitos.
5.3 A SEGUNDA ONDA FEMINISTA
A	 Segunda	 Onda	 Feminista	 culminou	 com	 os	 movimentos	 sociais	 em	
andamento	nos	Estados	Unidos,	e	o	país	foi,	desta	vez,	a	referência	do	movimento	
para	o	restante	do	mundo.	A	segunda	onda	se	refere	a	um	período	da	atividade	
feminista	que	teve	início	na	década	de	60	e	durou	até	o	fim	da	década	de	80.
As	 ativistas	 femininas	 fizeram	 campanhas	 pelos	 direitos	 legais	 das	
mulheres	(direitos	de	contrato,	direitos	de	propriedade,	direitos	ao	voto),	pelo	
direito	da	mulher	à	sua	autonomia	e	à	integridade	de	seu	corpo,	pelos	direitos	
ao	aborto	e	pelos	direitos	reprodutivos	(incluindo	o	acesso	à	contracepção	e	
a	cuidados	pré-natais	de	qualidade),	pela	proteção	de	mulheres	e	garotas	contra	
a	violência	doméstica,	o	assédio	 sexual	e	o	estupro,	pelos	direitos	 trabalhistas,	
incluindo	a	licença-maternidade	e	salários	iguais,	e	todas	as	outras	formas	de	
discriminação.
FONTE: <http://igualdadedegeneroeraca.blogspot.com/2011/09/movimentofeminista>. 
Acesso em: 20 out. 2011.
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
29
Uma	das	autoras	mais	importantes	da	segunda	onda	é	Betty	Friedan,	
com	seu	famoso	livro	A Mística Feminina	(The Feminine Mystique,	1963).	No	
livro,	Friedan	 levanta	a	hipótese	de	que	as	mulheres	 seriam	vítimas	de	um	
sistema	falso	de	crenças,	que	exige	que	elas	encontrem	identidade	e	significado	
em	suas	vidas	através	de	seus	maridos	e	filhos;	esse	sistema	faz	com	que	a	
mulher	perca	completamente	a	sua	identidade	para	a	de	sua	família.
FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/d9/dc/e1/d9dce14f905f7e67dca88a70d05d9003.jpg>. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
Friedan,	 especificamente,	 localiza	 esse	 sistema	 nas	 comunidades	
suburbanas	de	classe	média	pós-Segunda	Guerra	Mundial;	ao	mesmo	tempo,	
o	boom	econômico	pós-guerra	nos	Estados	Unidos	levou	ao	desenvolvimento	
de	novas	tecnologias	que	tornaram	o	trabalho	das	donas	de	casa	menos	difícil,	
mas	que	frequentemente	tinham	o	resultado	de	tornar	o	trabalho	das	mulheres	
menos	significante	e	menos	valorizado.
FONTE:  FRIEDAN, B. A Mística feminina. Petrópolis: Vozes Limitada, 1963.
5.4 A TERCEIRA ONDA FEMINISTA E O SURGIMENTO DOS 
ESTUDOS DE GÊNERO
De	 acordo	 com	 Grossi	 (2010),	 o	 movimento	 feminista	 e	 o	 movimento	
gay merecem	 destaque	 como	 aqueles	 que	 de	 fato	 questionaram	 as	 relações	
“afetivosexuais” no	 espaço	 privado.	A	 partir	 de	 então,	 esses	 questionamentos	
começaram a	 adentrar	 o	 espaço	 universitário	 e	 pesquisas	 passaram	 a	 ser	
desenvolvidas	no	interior	de	várias	disciplinas.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
No	Brasil,	a	partir	dos	anos	1970/80	começam	a	se	desenvolver	estudos	
sobre	 a	 condição	 feminina,	 em	 que	 basicamente	 se	 discutia	 a	 opressão	 das	
mulheres	em	uma	sociedade	patriarcal.	
Já	a	partir	dos	anos	1980,	surgem	os	estudos	sobre	as	mulheres,	pois:	“[...]	
se	percebe	que	não	é	possível	 falar	de	uma	única	condição	feminina	no	Brasil,	
uma	vez	que	existem	 inúmeras	diferenças,	não	apenas	de	classe,	mas	 também	
regionais,	 de	 classes	 etárias,	 de	 ethos,	 entre	 as	mulheres	 brasileiras”	 (GROSSI,	
2010,	p.	3-4).
Nesse	 período,	 várias	 teses	 são	 desenvolvidas,	 porém,	 segundo	Grossi	
(2010,	p.	 4),	 a	 referência	utilizada	para	o	 reconhecimento	das	mulheres	 enquanto	
grupo	está	ainda	associada	a	uma	“unidade	biológica	(vagina,	útero,	seios)”.
6 CONCEITUANDO GÊNERO
O	 conceito	 de	 gênero	 surge	 no	 Brasil	 através	 de	 pesquisadoras	 norte-
americanas,	que	vão	tratar	as	relações	entre	homens	e	mulheres	de	forma	a	negar	
as	diferenças	biológicas	como	constituidoras	das	identidades	dos	seres	humanos,	
e	 introduzir	a	perspectiva	de	que	somos	construídos	a	partir	de	determinados	
mecanismos	sociais.	
Uma	das	pensadoras	responsáveis	por	essa	nova	perspectiva	é	a	autora	
Joan	Scott.	No	artigo	intitulado	“Gênero:	uma	categoria	útil	de	análise	histórica”,	
ela	diz	que:
O	gênero	 torna-se	uma	maneira	de	 indicar	 ‘construções	 sociais’	 –	 a	
criação	 inteiramente	 social	 de	 ideias	 sobre	 os	 papéis	 adequados	
aos	 homens	 e	 às	mulheres.	 É	 uma	maneira	 de	 se	 referir	 às	 origens	
exclusivamente	sociais	das	 identidades	subjetivas	dos	homens	e	das	
mulheres.	O	gênero	 é,	 segundo	 esta	definição,	 uma	 categoria	 social	
imposta	sobre	um	corpo	sexuado	(SCOTT,	1990,	p.	7).
Para	a	estudiosa	Françoise	Héritier	(1996),	o	conceito	de	gênero	é	relacional,	
ou	seja,	se	constrói	na	relação	entre	homens	e	mulheres,	haja	visto	que	ninguém	vive	
só,	 pois	 todas	 as	 pessoas	 se	 relacionam	desde	 que	 nascem,	 independente	 das	
regras	sociais	e	culturais.
Segundo	Grossi	(2010),	papéis	de	gênero	são	as	representações	(tomadas	
como	representações	de	uma	personagem	no	teatro)	de	cada	sexo,	ou	seja,	papéis	
sexuais	são	as	características	atribuídas	a	cada	sexo,	de	acordo	com	sua	cultura.
São	modelos	do	que	é	próprio	e	concernente	a	cada	sexo.	Sabe-se,	através	
de	relatos	de	historiadores,	que	os	papéis	de	gênero	podem	ser	alterados	dentro	
de	uma	mesma	sociedade,	dependendo	das	situações.
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
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Com	relação	à	identidade	de	gênero,	ela	se	forma,	segundo	Grossi	(2010),	
a	partir	da	socialização	de	valores	e	comportamentos	que	são	internalizados	logo	
nas	primeiras	fases	da	infância.	
Esses	valores	e	comportamentos	que	são	repassados	são	diferentes	para	
cada	sexo	e	também	variam	de	uma	cultura	para	outra.
Um	 dos	 estudos	 da	 autora	 clássica	 de	 Antropologia,	 Margaret	 Mead	
(1979),	 poderá	 ilustrar	 o	 que	 procuramos	 dizer	 até	 aqui.	 Essa	 autora	 procura	
nos	 fazer	 refletir	 como,	 nas	diferentes	 sociedades,	 são	 construídos	padrões	de	
conduta,	 comportamento,	 culturas,	 atribuindo-se	 valores	 a	 algumas	 coisas	 e	
a	outras	não,	 como	 idade	e	 sexo,	 ritmo	de	nascimento,	maturação	e	velhice,	 a	
estrutura	do	parentesco	consanguíneo.
Em	 seu	 livro	 “Sexo e Temperamento”,	 essa	 antropóloga	 aborda	 três	
grupos	 diferentes	 em	 uma	 ilha	 da	 Nova	 Guiné:	 os	 montanheses	Arapesh,	 os	
canibais	Mundugumor	e	os	caçadores	de	cabeças	de	Tchambuli.	
A	autora	faz	o	estudo	com	estes	três	grupos	porque	as	diferenças	de	sexo	
fazem	parte	da	organização	sociocultural	deles,	ainda	que	estas	diferenças	sejam	
percebidas	e	dramatizadas	de	formas	diferentes.
A	partir	dessa	observação,	a	autora	constata:	ainda	que,	de	uma	 forma	
geral,	as	sociedades	se	organizem	levando	em	conta	as	diferenças	entre	os	sexos,	
não	significa	dizer	que	essa	organização	esteja	baseada	em	sistemas	de	oposição	
ou	dominação.
Na	visão	do	 escritor	 argentino	 Jorge	 Scala,	 especialmente	 em	 seu	 livro	
intitulado	“Ideologia	de	Gênero:	o	neototalitarismo	e	a	morte	da	família”	(2011),	
bem	como	em	uma	entrevista	sobre	o	tema	(2012),	o	termo	gênero	é	associado	a	
uma	ideologia	e	não	a	uma	teoria	ou	hipótese,	pelo	seguinte	motivo:
Uma	 teoria	 é	 uma	 hipóteseverificada	 experimentalmente.	 Uma	
ideologia	é	um	corpo	fechado	de	ideias,	que	parte	de	um	pressuposto	
básico	falso	–	que	por	isto	deve	impor-se	evitando	toda	análise	racional	
–,	e	então	vão	surgindo	as	consequências	lógicas	desse	princípio	falso.	
As	 ideologias	 se	 impõem	 utilizando	 o	 sistema	 educacional	 formal	
(escola	 e	 universidade)	 e	 não	 formal	 (meios	 de	 propaganda),	 como	
fizeram	os	nazistas	e	os	marxistas	(SCALA,	2012,	s.	p.).
O	autor	argumenta	ainda	que	o	fundamento	da	ideologia	de	gênero	é	falso.
Seu	fundamento	principal	e	falso	é	este:	o	sexo	seria	o	aspecto	biológico	
do	ser	humano,	e	o	gênero	seria	a	construção	social	ou	cultural	do	sexo.	
Ou	seja,	que	cada	um	seria	absolutamente	livre,	sem	condicionamento	
algum,	nem	sequer	o	biológico	-,	para	determinar	seu	próprio	gênero,	
dando-lhe	o	conteúdo	que	quiser	e	mudando	de	gênero	quantas	vezes	
32
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
quiser.	 Agora,	 se	 isso	 fosse	 verdade,	 não	 haveria	 diferenças	 entre	
homem	e	mulher	–	exceto	as	biológicas	-;	qualquer	tipo	de	união	entre	
os	sexos	seria	social	e	moralmente	bom,	e	todas	seriam	matrimônio;	
cada	tipo	de	matrimônio	levaria	a	um	novo	tipo	de	família;	o	aborto	
seria	um	direito	humano	inalienável	da	mulher,	já	que	somente	ela	é	
que	fica	grávida;	etc.	Tudo	isso	é	tão	absurdo,	que	só	pode	ser	imposto	
com	uma	espécie	de	“lavagem	cerebral”	global	(SCALA,	2012,	s.	p.).
Vejamos	o	que	nos	apresenta	o	autor	Dale	O’Leary	(1997,	p.		2),	em	sua	
obra	“A	agenda	de	gênero”.
Sem	 alarde	 ou	 debate,	 a	 palavra	 ‘sexo’	 foi	 substituída	 pela	 palavra	
‘gênero’.	 Nós	 costumávamos	 falar	 de	 ‘discriminação	 de	 sexo’,	 mas	
agora	 é	 ‘discriminação	 de	 gênero’.	 Com	 certeza	 parece	 bastante	
inocente.	 ‘Sexo’	 possui	 um	 significado	 secundário,	 subentendendo	
relação	 sexual	 ou	 atividade	 sexual.	 ‘Gênero’	 parece	 mais	 delicado	
e	 refinado.	 As	 militantes	 feministas	 aprenderam	 a	 partir	 de	 suas	
derrotas.	Quando	elas	não	puderam	vender	sua	ideologia	radical	para	
as	mulheres	em	geral,	elas	lhe	deram	uma	nova	roupagem.	Agora	elas	
são	bastante	 cuidadosas	em	revelar	 seus	verdadeiros	objetivos.	Elas	
pretendem	alcançar	seus	fins	não	por	uma	confrontação	direta,	mas	
através	de	uma	mudança	no	significado	das	palavras.
No	decorrer	de	 seu	 texto,	O’Leary	 (1997)	 faz	menção	à	Conferência	da	
ONU	 sobre	 População,	 realizada	 no	Cairo,	 em	 1994,	 e	 a	Conferência	 sobre	 as	
Mulheres,	realizada	em	Pequim,	em	1995,	em	que	foi	incluída	na	plataforma	de	
ação	destas	conferências	a	“perspectiva	de	gênero”.	Sobre	este	tema,	o	autor	faz	
os	seguintes	questionamentos:
Qual	é	a	relação	entre	a	“perspectiva	de	gênero”	e	o	fato	de	que	os	seus	
proponentes	 possuem	 uma	 extrema	 aversão	 a	 palavras	 como	mãe,	
pai,	marido	 e	 esposa?	Por	que	os	defensores	da	Agenda	de	Gênero	
referem-se	 ao	 casamento	 e	 à	 família	 em	 termos	 negativos?	 Por	 que	
um	documento	da	ONU	sobre	as	mulheres	não	 tem	quase	nada	de	
positivo	a	dizer	sobre	as	mulheres	que	são	mães	de	tempo	integral?	
Por	 que	 a	 ONU	 não	 promove	 mais	 a	 “perspectiva	 da	 mulher”?	 
(O’LEARY,	1997,	p.	4).
Caro	acadêmico,	agora	é	com	você.	Diante	das	discussões	apresentadas	
até	o	momento,	como	você	define	gênero?	O	que	você	pensa	sobre	o	assunto?	
Você	considera	que	o	objetivo	da	 ideologia	de	gênero	é	promover	a	defesa	da	
mulher?	Promover	a	defesa	do	homem?	Defender	a	vida	humana	e	as	crianças?	
Lutar	pela	equidade	entre	homens	e	mulheres?	
São	 muitas	 as	 indagações	 que	 precisam	 ser	 feitas	 para	 elucidar	 seu	
pensamento,	 e	para	que	de	modo	 crítico	 e	 racional	 você	possa	 chegar	 às	 suas	
próprias	conclusões.
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
33
Para complementar nossa conversa, leia atentamente a introdução do 
livro de Marilena Chauí sobre “O que é ideologia” e tire suas próprias conclusões sobre 
os fundamentos da “ideologia de gênero”. Frequentemente, ouvimos expressões do tipo 
“partido político ideológico”, é preciso ter uma “ideologia”, “falsidade ideológica”. Essas 
expressões tomam a palavra ideologia para com ela significar “conjunto sistemático e 
encadeado de ideias”. Ou seja, confundem ideologia com ideário. Nossa tarefa, aqui, será 
desfazer a suposição de que a ideologia é um ideário qualquer ou qualquer conjunto 
encadeado de ideias e, ao contrário, mostrar que a ideologia é um ideário histórico, social e 
político que oculta a realidade, e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a 
exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política.
FONTE: CHAUÍ, M. O que é ideologia. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2001. Disponível em: 
<https://goo.gl/VMihTF>. Acesso em: 23 ago. 2021.
DICAS
7 ESTUDOS DE GÊNERO
Especialmente	nas	três	últimas	décadas,	os	estudos	de	gênero	passaram	
a	 se	preocupar	 com	várias	 questões	 relativas	 ao	universo	das	 relações	 sociais.	
Observar	a	realidade	a	partir	da	análise	de	gênero	possibilitou	novas	interpretações	
sobre	o	comportamento	humano	e	a	observação	das	desigualdades	de	gênero.	
Vejamos,	a	seguir,	alguns	estudos	de	gênero	e	suas	principais	contribuições.
A construção social da desigualdade de Gênero (Educação Diferenciada): 
os	 estudos	 compreendem	 que	 há	 uma	 educação	 diferenciada	 para	meninos	 e	
meninas	desde	o	seu	nascimento.	Nessa	educação,	reproduzem-se	idealizações	e	
modelos	de	papéis	destinados	a	homens	e	mulheres	na	sociedade.	Por	exemplo,	
os	meninos	brincam	de	bola	e	carrinho,	enquanto	as	meninas	brincam	de	boneca	
e	casinha,	deixando	claro	o	espaço	que	cada	um	ocupará	dentro	da	sociedade.	Por	
este	motivo	é	que	se	organizam	papéis	diferenciados	para	homens	e	mulheres.	
Papéis femininos ou Feminilidades:	de	acordo	com	os	estudos,	os	modelos	
de	feminino	em	nossa	sociedade	são	criados	a	partir	de	símbolos	antagônicos:	Eva	e	
Maria,	bruxa	e	fada,	mãe	e	madrasta.	Sendo	que	essas	definições	propõem	o	que	
é	bom	para	as	mulheres	e	culpam-nas	quando	não	correspondem	a	este	padrão.	
A	sociedade	espera	que	as	mulheres	cuidem	da	casa,	dos	filhos	e	do	marido,	que	
sejam	as	guardiãs	da	moral	da	família,	que	sejam	meigas,	atenciosas,	maternais	e	
frágeis.	Outras	expressões	de	feminino	são	marginalizadas.
Papéis masculinos ou Masculinidades:	os	estudos	sobre	masculinidade	
tratam	da	construção	da	identidade	masculina	e	das	diferentes	masculinidades.	
Além	 disso,	 tratam	 do	 discurso	 sobre	 o	 masculino,	 a	 idealização	 dele	 e	 os	
34
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
padrões	de	masculinidade.	O	que	a	sociedade	espera	do	papel	desempenhado	
pelos	 homens	 é	 que	 sejam	 provedores,	 fortes	 e	 viris.	 Outras	 expressões	 de	
masculinidade	também	são	consideradas	desviantes.
Violência de gênero:	 os	 estudos	 apontam	que	 a	 violência	 de	 gênero	 é	
demonstrada	no	exercício	de	poder	dos	homens	 (na	 forma	de	espancamentos,	
insultos,	ameaças,	estupros,	assédio,	assassinatos	e	outros)	sobre	as	mulheres	e	
demais	pessoas	 consideradas	 "inferiores"	 (homossexuais,	 crianças,	 idosos	 etc.).	
Esses	estudos	demonstram	uma	série	de	situações	em	que	as	mulheres	têm	sido	
historicamente	 violentadas	 em	 seus	 direitos,	 tanto	 no	 aspecto	 físico,	 quanto	
psicológico.
Famílias:	muitos	 estudos	 reconhecem	que	há	uma	visão	 tradicional	de	
família	que	não	reconhece	a	existência	de	núcleos	familiares	chefiados	somente	
por	mulheres	 ou	 a	 constituição	de	 famílias	 compostas	por	 "agrupamento".	De	
igual	 forma,	 são	 abordadas	 aqui	 as	 questões	 relativas	 aos	 papéis	 tradicionais	
desempenhados	por	homens	e	mulheres	dentro	das	estruturas	familiares.	
A imagem das mulheres nos meios de comunicação:	 os	 estudos	
demonstram	que	os	meios	de	comunicação	parecem	dar	às	mulheres	"visibilidade"	
e	"espaço	para	discussão",	mas	que	reforçam	constantemente	o	seu	papel	de	"objeto	
de	consumo",	de	"utilidade	pública"	e	"sexual".	Por	exemplo,	nas	propagandas	de	
bebidas	alcoólicas.
A educação escolar:	 os	 estudos	 reforçam	 que	 a	 educação	 escolar	 étransmissora	de	valores,	atitudes	e	preconceitos,	reprodutora	das	desigualdades	
de	gênero	e	homofobia.	Isso	porque,	no	universo	das	instituições	de	ensino	do	
nosso	país,	assuntos	como	Gênero	e	Sexualidade	têm	sido	tratados	historicamente	
como	tabus.	Quando	se	permite	falar	sobre	esses	temas,	a	escola	tende	a	tratar	
a	questão	como	uma	dimensão	da	vida	adulta,	ligada	à	constituição	da	família	
e	 da	 reprodução,	 através	 de	 uma	 perspectiva	 biológica.	 Desta	 forma,	 tanto	 o	
exercício	da	sexualidade	por	si,	quanto	as	orientações	homoafetivas,	neste	espaço	
disciplinar,	são	negadas.	A	escola	tem	assumido,	entre	outros,	o	papel	de	vigiar	
os	 limites	entre	as	 identidades	e	os	papéis	de	gênero.	Nesta	função,	de	acordo	
com	Louro	(1997),	a	norma	a	ser	mantida	e	reafirmada	pela	instituição	valoriza,	
prioritariamente,	o	modelo	tradicional	dos	papéis	de	gênero	e	o	comportamento	
heterossexual,	reafirmando	os	padrões	da	moral	dominante	vigente	na	sociedade,	
tomando	 por	 modelo	 as	 relações	 hierárquicas	 e	 desiguais	 entre	 os	 sexos	 e	 o	
homem	e	a	mulher	branca	heterossexual	de	classe	média	urbana	e	cristã.	Os	que	
são	diferentes	deste	modelo	são	considerados	como	tendo	um	comportamento	
"desviante".	Louro	(1997,	p.	36)	destaca	que	“ninguém	é	essencialmente	diferente,	
ninguém	é	essencialmente	o	outro;	a	diferença	é	sempre	constituída	a	partir	de	
um	dado	lugar	que	se	toma	como	centro".
No	Brasil,	os	Parâmetros	Curriculares	Nacionais	(PCN)	e	a	Secretaria	de	
Educação	Continuada	 (SECAD/MEC)	possuem	a	perspectiva	de	 que	 os	 temas	
gênero,	 identidade	de	gênero	e	orientação	sexual	devem	ser	considerados	pela	
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
35
política	 educacional	 como	uma	questão	de	direitos	 humanos.	 Por	 este	motivo	
é	 que	 existe	no	Brasil	 uma	agenda	de	 enfrentamento	 ao	 sexismo	e	homofobia	
através	do	Plano	Nacional	de	Políticas	para	as	Mulheres	(PNPM)	e	do	Programa	
Brasil	sem	Homofobia	(BSH).
Por	 outro	 lado,	 a	 questão	 tornou-se	 tão	 polêmica	 a	 ponto	 de	 gerar	 a	
elaboração	 de	 um	 projeto	 de	 lei	 (Projeto	 de	 Lei	 n°	 7.382/2010),	 que	 prevê	 a	
penalização	pela	discriminação	contra	heterossexuais	e	determina	que	as	medidas	
e	políticas	públicas	antidiscriminatórias	atentem	para	essa	possibilidade,	ou	seja,	
pune	a	 “heterofobia”.	No	momento,	 o	projeto	 encontra-se	 em	pedido	de	vista	
pela	Comissão	de	Direitos	Humanos	e	Minorias	(CDHM).
Público e Privado:	os	estudos	demonstram	que,	a	partir	da	consolidação	
do	capitalismo,	consolida-se	também	a	ideologia	de	que	existe	uma	esfera	pública	
e	outra	privada.	Esfera	privada:	Lugar	próprio	das	mulheres,	do	doméstico,	da	
subjetividade,	 do	 cuidado,	 da	 honra.	 Esfera	 pública:	 Espaço	 dos	 homens,	 da	
objetividade,	dos	iguais,	da	liberdade	e	do	direito.	Desta	maneira,	convencionou-se	
nas	sociedades	ocidentais	o	espaço	privado	para	a	mulher,	a	casa,	o	cuidado	com	
os	filhos	e	marido;	e	o	espaço	público	ao	homem,	relações	sociais,	políticas	e	de	
trabalho.	Essa	“ordem”	social	criou	diferenças	e	justificou	desigualdades	sexuais	
ao	longo	da	história,	sendo	que	muitas	ainda	permanecem	nos	dias	de	hoje.
A divisão sexual do trabalho:	os	estudos	demonstram	que	historicamente	 
a	divisão	sexual	do	trabalho	enfatiza	para	os	homens	a	produção	e	a	subsistência	 
da	família	e	para	as	mulheres	a	reprodução	e	a	educação	das	crianças.
Acadêmico,	sobre	esses	temas,	reflita	as	seguintes	perguntas:	O	que	você	
entende	por	viver	sem	preconceito	de	gênero?	E	sem	preconceito	de	sexo?	Existe	
diferença	entre	essas	perguntas?	Como	você	responderia	cada	uma	delas?
Você	deve	 ter	percebido	que	nos	últimos	 cinco	ou	dez	 anos	houve,	no	
Brasil,	uma	evidente	tendência	ao	uso	do	termo	gênero	–	em	referência	aos	papéis	
masculinos	e	femininos	das	pessoas	–	em	substituição	ao	termo	sexo	–	referente	
ao	 sexo	 biológico	 –	 em	 muitos	 sites governamentais	 e	 não	 governamentais,	
quando	da	necessidade	de	informar	dados	pessoais	para	cadastros.	Já	se	deparou	 
com	isso?
Apesar	 de	 serem	 conceitos	 diferentes	 (sexo	 e	 gênero),	 observe	 que	 são	
perguntas	semelhantes,	que	nos	remetem	ao	reconhecimento	das	diferenças	entre	
homens	e	mulheres	e	ao	respeito	para	com	ambos.	No	entanto,	até	pouco	tempo	
não	 se	 fazia	 esse	questionamento,	mesmo	 reconhecendo	que	há	manifestações	
de	comportamento	afetivo	ou	sexual	diferente	do	sexo	de	nascimento.	Contudo,	
o	momento	delicado	em	que	a	sociedade	vivencia	esse	debate	não	pode	motivar	
violência	e	intolerância	e,	muito	menos,	a	adoção	do	relativismo,	teoria	filosófica	
que	admite	que	todo	conhecimento	é	relativo.	Pois	se	assim	o	fosse,	perguntas	
como	“de	onde	vim?”,	“o	que	sou?”	e	“para	onde	vou?”	não	seriam	tão	intrigantes	
quanto	são	para	a	única	espécie	capaz	de	raciocinar	sobre	si	mesma,	o	Homo sapiens.
36
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
Assim,	o	modo	como	o	termo	gênero	vem	sendo	utilizado	nos	diversos	
meios	 de	 comunicação	 apresenta	 uma	 fragilidade.	 Por	 exemplo,	 se	 o	 gênero	
representa	o	comportamento	social	da	pessoa	e	o	sexo	a	determinação	biológica,	
as	duas	perguntas	deveriam	ser	feitas.	Agora,	se	só	existe	uma	espécie	humana	e	
nesta	se	manifestam	apenas	dois	sexos	(ou	dois	gêneros),	estaria	coerente	discutir	
relações	de	gênero?
O	debate	acerca	do	assunto	é	amplo,	e	para	nós,	brasileiros,	a	Constituição	
prevê,	no	Art.	3°,	inciso	IV,	que	constituem	objetivos	fundamentais	da	República	
Federativa	do	Brasil,	dentre	outros,	promover	o	bem	de	todos,	sem	preconceitos	de	
origem,	raça,	sexo,	cor,	religião,	idade	e	quaisquer	outras	formas	de	discriminação	
(BRASIL,	[2016]).	Portanto,	 já	estaria	respaldado	o	reconhecimento	da	diversidade	
humana	e	o	combate	à	discriminação	de	qualquer	origem.
A	produção	foi	sempre	mais	valorizada	do	que	a	reprodução,	por	este	
motivo	é	que	as	atividades	ditas	reprodutivas,	como	as	funções	domésticas,	
são	desvalorizadas.	De	acordo	com	Faria	(1997),	referindo-se	ao	trabalho	das	
mulheres	rurais	no	Brasil:
Carpir	 no	 sertão	 nordestino	 era	 uma	 tarefa	 dos	 homens	 e	 era	
considerado	um	 trabalho	pesado.	Carpir	 no	 brejo	paraibano	 era	
tarefa	das	mulheres	e	era	considerado	trabalho	leve.	Como	se	vê,	
no	cultivo	da	cana	o	que	caracterizava	um	trabalho	como	leve	ou	
pesado	não	era	a	força	física	necessária	para	realizá-lo,	mas	o	valor	
social	de	quem	o	fazia	(FARIA,	1997,	p.	14).
Nesse	 sentido,	 a	 desigualdade	 sexual	 não	 é	 refletida	 como	 um	
problema	de	gênero,	ela	é	naturalizada.	Essa	postura	é	que	mantém	o	padrão	de	
desvalorização	do	trabalho	feminino,	e	é	o	que	explica	porque	muitas	mulheres	
ainda	ganham	menos	que	os	homens,	mesmo	ocupando	cargos	iguais.
Por	outro	lado,	após	a	expansão	do	capitalismo,	quando	as	mulheres	
entram	 no	 mercado	 de	 trabalho	 permanecem	 ainda	 com	 as	 atividades	
domésticas,	o	cuidado	com	a	casa	e	com	os	filhos.	De	acordo	com	o	IBGE	(2005):
O	 IBGE	 mostra	 que	 a	 crescente	 participação	 das	 mulheres	 no	
mercado	de	trabalho	não	reduziu	a	jornada	delas	com	os	afazeres	
domésticos.	 Pelo	 contrário,	 na	 faixa	 etária	 de	 25	 a	 49	 anos	 de	
idade,	onde	a	inserção	das	mulheres	nas	atividades	remuneradas	é	
maior	e	que	coincide	com	a	presença	de	filhos	menores,	o	trabalho	
doméstico	 ocupa	 94%	 das	 mulheres.	 Aumentando	 o	 tempo	 de	
trabalho	da	mulher	em	função	da	dupla	jornada	de	trabalho.
FONTE: <http://www.abed.org.br/congresso2012/anais/122f.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021.
TÓPICO 2 — MULTICULTURALISMO: VIOLÊNCIA, TOLERÂNCIA/INTOLERÂNCIA E RELAÇÕES DE GÊNERO
37
Dupla Jornada de Trabalho
A	 partir	 da	 segunda	 metade	 do	 século	 XX,	 com	 a	 expansão	 do	
capitalismo,	as	mulheres	entraram	definitivamente	no	mercado	de	trabalho.	
Fato	que,	por	um	lado,	possibilitou	a	inserção	da	mulher	no	mundo	do	trabalho	
“produtivo”	 e	 no	 espaço	 público,	 e	 por	 outro,	 lhe	manteve	 a	 condição	 de	
trabalhadora	doméstica,	pois	ela	continuou	com	a	integralidade	das	atividades	
do	 lar.	Ocorre,	assim,	o	acúmulo	de	funções,chamado	de	dupla	 jornada	de	
trabalho.	Além	disso,	do	ponto	de	vista	do	desenvolvimento	do	capitalismo,	a	
contratação	de	mulheres	foi	estrategicamente	conveniente,	pois	a	remuneração	
do	trabalho	feminino	era	mais	baixa	do	que	a	masculina,	dada	a	sua	condição	
histórica	de	inferioridade.	Por	esse	motivo,	ainda	nos	dias	de	hoje,	em	alguns	
setores,	o	trabalho	feminino	é	menos	valorizado	do	que	o	masculino.
FONTE: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/20320175.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021.
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 O	multiculturalismo	significa	a	existência	de	grupos	de	diversas	culturas,	assim	
como:	o	embate	político,	econômico	e	social	travado	pelos	diferentes	grupos	
sociais	na	luta	pelo	respeito	à	diversidade.
•	 O	termo	“multiculturalismo”	é	recente,	e	sua	utilização	ocorreu	pela	primeira	
vez	na	Inglaterra,	entre	as	décadas	de	1960	e	1970.
•	 A	ideia	de	que	os	estudos	multiculturais	são	multidisciplinares,	na	medida	em	
que	são	provenientes	de	diversos	campos	de	conhecimento,	como:	Antropologia	
Cultural,	Psicologia	Social,	História,	Sociologia,	entre	outros.
•	 O	 direito	 à	 diferença	 e	 a	 diminuição	 das	 desigualdades	 são	 temas	 centrais	
para	 o	 multiculturalismo,	 bandeira	 de	 luta	 de	 vários	 movimentos	 sociais	
contemporâneos	espalhados	pelo	mundo	inteiro.
•	 O	conceito	de	cultura	corresponde	ao	conjunto	das	regras	sociais	aceitas	como	
normas	pela	sociedade	ou	grupo	que	as	compõe.
•	 O	etnocentrismo	é	a	maneira	de	ver	os	“outros”	com	base	nos	nossos	padrões	
culturais,	com	os	nossos	valores	sociais,	morais	e	éticos,	e	não	os	valores	do	
outro.
•	 O	 relativismo	 cultural	 significa	 uma	perspectiva	mais	 ampla	 sobre	 o	 outro,	
uma	perspectiva	que	vê	e	compreende	o	outro	a	partir	dos	parâmetros	e	regras	
sociais	do	outro.
•	 O	feminismo	como	conceito	múltiplo.	Ele	possui	uma	dimensão	política,	que	
se	refere	aos	movimentos	de	luta	por	direitos,	e	uma	dimensão	acadêmica,	que	
se	refere	aos	estudos	da	condição	feminina.
•	 O	Movimento	Feminista	surgiu	no	século	XVIII,	na	Europa,	e	foi	dividido	em	
três	grandes	momentos,	sendo	a	1ª,	a	2ª	e	a	3ª	ondas	feministas.
•	 A	primeira	onda	feminista	se	refere	a	um	período	extenso	de	atividade	feminista,	
ocorrido	durante	o	 século	XIX	e	 início	do	século	XX,	na	Europa.	Sendo	que	
o	foco	original	do	movimento	se	concentrou	na	promoção	da	igualdade,	nos	
direitos	contratuais	e	de	propriedade	para	homens	e	mulheres.
39
•	 A	 segunda	 onda	 feminista	 tem	 como	 cenário	 de	 surgimento	 os	 Estados	
Unidos	já	no	século	XX,	na	década	de	1960,	na	medida	em	que	o	processo	de	
industrialização	se	acelera.	O	movimento	feminista,	neste	momento	histórico,	
luta	por	melhores	condições	de	trabalho	e	renda,	além	de	questionar	as	relações	
na	família.
•	 Com	a	terceira	onda	feminista	–	a	partir	da	década	de	1980	–,	vem	a	introdução	
da	discussão	da	desigualdade	de	gênero	no	meio	acadêmico,	momento	em	que	
surge	o	conceito	de	gênero.
•	 O	 conceito	 de	 gênero	 surge	 no	 Brasil	 através	 de	 pesquisadoras	 norte-
americanas,	que	vão	 tratar	as	 relações	entre	homens	e	mulheres	de	 forma	a	
negar	as	diferenças	biológicas	como	constituidoras	das	identidades	dos	seres	
humanos,	 e	 introduzir	 a	 perspectiva	 de	 que	 somos	 construídos	 a	 partir	 de	
determinados	mecanismos	sociais.
•	 Existem	pensamentos	contrários	à	ideologia	de	gênero	e	outros	favoráveis,	a	
depender	do	autor	que	se	leva	em	consideração.	
•	 Questionar	é	tão	importante	quanto	buscar	o	saber,	e	que	é	preciso	estimular	o	
pensamento	crítico	diante	dos	problemas	cotidianos,	de	modo	a	desenvolver	a	
capacidade	de	propor	soluções	viáveis	e	sustentáveis.
•	 Avaliar	criticamente	a	realidade	à	luz	dos	conhecimentos	científicos,	éticos	e	
morais	contribui	para	o	reconhecimento	da	diversidade	e	o	respeito	à	dignidade	
humana.
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1	 (ENADE,	2014)	As	mulheres	frequentam	mais	os	bancos	escolares	que	os	
homens,	dividem	 seu	 tempo	 entre	 o	 trabalho	 e	 os	 cuidados	 com	a	 casa,	
geram	renda	familiar,	porém,	continuam	ganhando	menos	e	trabalhando	
mais	 que	 os	 homens.	 As	 políticas	 de	 benefícios	 implementadas	 por	
empresas	preocupadas	em	facilitar	a	vida	das	funcionárias	que	têm	criança	
pequena	em	casa	já	estão	chegando	ao	Brasil.	Acordos	de	horários	flexíveis,	
programas	 como	auxílio-creche,	 auxílio-babá	 e	 auxílio-amamentação	 são	
alguns	dos	benefícios	oferecidos.
FONTE: Adaptado de <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 30 jul. 2013.
JORNADA MÉDIA DE TRABALHO POR SEMANA NO BRASIL (EM HORAS)
FONTE: <https://4.bp.blogspot.com/-J8LesPEgHEg/VWoYS-eg7fI/AAAAAAAAAQE/
ZQBSsqSUKZE/s1600/Lista%2B-%2B7%2B-%2B1.jpg>. Acesso em: 23 ago. 2021.
Considerando	o	texto	e	o	gráfico,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
I-	 O	somatório	do	tempo	dedicado	pelas	mulheres	aos	afazeres	domésticos	
e	 ao	 trabalho	 remunerado	 é	 superior	 ao	 dedicado	 pelos	 homens,	
independentemente	do	formato	da	família.
II-	 O	fragmento	do	texto	e	dos	dados	do	gráfico	apontam	para	a	necessidade	
de	criação	de	políticas	que	promovam	a	igualdade	entre	os	gêneros	no	que	
concerne	a	tempo	médio	dedicado	ao	trabalho	e	remuneração	recebida.
AUTOATIVIDADE
41
III-	No	 fragmento	de	 reportagem	apresentado,	 ressalta-se	 a	diferença	 entre	
o	tempo	dedicado	por	mulheres	e	homens	ao	trabalho	remunerado,	sem	
alusão	aos	afazeres	domésticos.
É	CORRETO	o	que	se	afirmar	em:
FONTE: <http://bancodasrespostas.blogspot.com/2015/05/mulheres-frequentam-mais-os.html>. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
a)	(			)	I,	apenas.
b)	(			)	III,	apenas.
c)	 (			)	I	e	II,	apenas.
d)	(			)	II	e	III	apenas.
e)	 (			)	I,	II	e	III.	
2	 O	conceito	de	feminismo	possui	uma	perspectiva	política,	que	se	refere	ao	
movimento	social	em	prol	de	políticas	de	reconhecimento	e	uma	perspectiva	
acadêmica,	que	se	refere	aos	estudos	feministas.	Com	relação	ao	conceito	
de	 feminismo	e	à	atuação	do	movimento	feminista,	classifique	V	para	as	
sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	O	feminismo	é	um	movimento	social	e	um	campo	de	conhecimento	que	
tem	como	objetivo	defender	a	igualdade	entre	homens	e	mulheres,	seja	do	
ponto	de	vista	jurídico,	político	ou	econômico.
(			)	O	 movimento	 feminista	 está	 dividido	 historicamente	 em	 três	 "ondas",	
sendo	que	a	primeira	onda	refere-se	ao	feminismo	do	século	XVIII,	e	tem	
como	referências	países	como	França	e	Inglaterra.
(			)	Os	 estudos	 feministas	 têm	 como	 objetivo	 denunciar	 as	 desigualdades	
biológicas	 entre	 homens	 e	 mulheres,	 no	 sentido	 de	 garantir	 direitos	
apenas	para	as	mulheres.
(			)	Os	estudos	 feministas	podem	ser	classificados	como	multidisciplinares,	
pois	são	desenvolvidos	a	partir	de	várias	áreas	de	estudos.	
Agora,	assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	(			)	V	–	V	–	F	–	V.
b)	(			)	F	–	V	–	F	–	F.
c)	 (			)	F	–	F	–	V	–	F.
d)	(			)	F	–	V	–	F	–	V.
3	 O	feminismo	é	um	movimento	social	e	um	campo	de	estudos	cujo	objetivo	é	
defender	a	igualdade	entre	os	sexos.	Na	história	do	feminismo,	convencionou-
se	dividir	o	movimento	em	três	momentos:	primeira,	segunda	e	terceira	onda	
feminista.	Classifique	V	para	as	sentenças	verdadeiras	e	F	para	as	falsas:
(			)	Uma	das	autoras	mais	importantes	da	Segunda	Onda	Feminista	é	Betty	
Friedan.	Ela	ficou	conhecida	por	escrever	o	 livro	"A	Mística	Feminina".	
Nele,	a	autora	enobrece	a	vida	vazia	das	donas	de	casa	de	classe	média	
nos	 Estados	Unidos,	 destacando	 que	 a	 identidade	 da	mulher	 deve	 ser	
exclusiva	da	família.
42
(			)	Na	Segunda	Onda,	a	revolucionária	Olímpia	de	Gouges,	em	1791,	escreveu	
uma	 declaração	 muito	 importante,	 argumentando	 que	 as	 mulheres	
deveriam	ter	os	mesmos	direitos	que	os	homens,	podendo	participar	da	
vida	política,	governando	e	formulando	leis.
(			)	A	 Segunda	 Onda	 Feminista	 culminou	 com	 os	movimentos	 sociais	 em	
andamento	nos	Estados	Unidos.	Esse	momento	do	feminismo	começa	na	
década	de	1960	e	dura	até	o	fim	da	década	de	1980.
(			)	A	Terceira	Onda	Feminista	inicia	na	década	de	1990,	como	objetivo	de	
compreender	os	problemas	femininos	de	um	ponto	de	vista	mais	amplo,	
e	não	apenas	do	ponto	de	vista	das	"mulheres	brancas	de	classe	média-
alta",	como	fez	a	segunda	onda.
Agora,	assinale	a	alternativa	que	apresenta	a	sequência	CORRETA:
a)	(			)	F	–	F	–	V	–	V.
b)	(			)	F	–	V	–	F	–	F.
c)	 (			)	V	–	F	–	V	–	F.
d)	(			)	V	–	V	–	F	–	V.
4	 (ENADE,	2017)
TEXTO 1
Em	 2001,	 a	 incidência	 da	 sífilis	 congênita	 –	 transmitida	 da	mulher	 para	 o	
feto	durante	a	gravidez	–	era	de	um	caso	a	 cada	mil	bebês	nascidos	vivos.	
Havia	uma	meta	da	Organização	Pan-Americana	de	 Saúde	 e	da	Unicef	de	
essa	 ocorrência	 diminuir	 no	 Brasil,	 chegando,	 em	 2015,	 a	 cinco	 casos	 de	
sífilis	congênita	por	10	mil	nascidos	vivos.	O	país	não	atingiu	esse	objetivo,	
tendo	se	distanciado	ainda	mais	dele,	 embora	o	 tratamento	para	 sífilis	 seja	
relativamente	simples,	à	base	de	antibióticos.	Trata-se	de	uma	doença	para	a	
qual	a	medicina	já	encontrou	a	solução,	mas	a	sociedade	ainda	não.
FONTE: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 23 jul. 2017 (adaptado).
TEXTO 2
O	Ministério	da	Saúde	anunciou	que	há	uma	epidemia	de	sífilis	no	Brasil.	Nos	
últimos	cinco	anos,	 foram	230	mil	novos	casos,	um	aumento	de	32%	somente	
entre	2014	e	2015.	Por	que	isso	aconteceu?	Primeiro,	ampliou-se	o	diagnóstico	
com	o	 teste	 rápido	para	sífilis	 realizado	na	unidade	básica	de	saúde	e	cujo	
resultado	sai	em	30	minutos.	Aí	vem	o	segundo	ponto,	um	dos	mais	negativos,	
que	 foi	o	desabastecimento,	no	país,	da	matéria-prima	para	a	penicilina.	O	
Ministério	da	Saúde	importou	essa	penicilina,	mas,	por	um	bom	tempo,	não	
esteve	disponível,	e	isso	fez	com	que	mais	pessoas	se	infectassem.	O	terceiro	
ponto	é	a	prevenção.	Houve,	nos	últimos	dez	anos,	uma	redução	do	uso	do	
preservativo,	o	que	aumentou,	e	muito,	a	transmissão.	A	incidência	de	casos	
de	sífilis,	que,	em	2010,	era	maior	entre	homens,	hoje	recai	sobre	as	mulheres.	
43
Por	que	a	vulnerabilidade	neste	grupo	está	aumentando?	As	mulheres	ainda	
são	 as	mais	 vulneráveis	 a	doenças	 sexualmente	 transmissíveis	 (DST),	de	uma	
forma	geral.	Elas	têm	dificuldade	de	negociar	o	preservativo	com	o	parceiro,	
por	exemplo.	Mas	o	acesso	da	mulher	ao	diagnóstico	 também	é	maior,	por	
isso,	é	mais	fácil	contabilizar	essa	população.	Quando	um	homem	faz	exame	
para	a	 sífilis?	Somente	quando	 tem	sintoma	aparente	ou	outra	doença.	E	a	
sífilis	pode	ser	uma	doença	silenciosa.	A	mulher,	por	outro	lado,	vai	fazer	o	
pré-natal	e,	automaticamente,	faz	o	teste	para	a	sífilis.	No	Brasil,	estima-se	que	
apenas	12%	dos	parceiros	sexuais	recebam	tratamento	para	sífilis.
FONTE: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br>. Acesso em: 25 jul. 2017 (adaptado).
TEXTO 3
Vários	 estudos	 constatam	 que	 os	 homens,	 em	 geral,	 padecem	 mais	 de	
condições	severas	e	crônicas	de	saúde	que	as	mulheres	e	morrem	mais	que	
elas	em	razão	de	doenças	que	levam	a	óbito.	Entretanto,	apesar	de	as	taxas	de	
morbimortalidade	masculinas	 assumirem	um	peso	 significativo,	 observa-se	
que	a	presença	de	homens	nos	serviços	de	atenção	primária	à	saúde	é	muito	
menor	que	a	de	mulheres.
FONTE: GOMES, R.; NASCIMENTO, E.; ARAUJO, F. Por que os homens buscam menos os 
serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e 
homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública, Rio De Janeiro, v. 23, n. 3, 2007 (adaptado).
A	 partir	 das	 informações	 apresentadas,	 redija	 um	 texto	 acerca	 do	 tema:	
Epidemia	de	 sífilis	 congênita	no	Brasil	 e	 relações	de	gênero.	Em	 seu	 texto,	
aborde	os	seguintes	aspectos:
•	 A	vulnerabilidade	das	mulheres	às	DSTs	e	o	papel	 social	do	homem	em	
relação	à	prevenção	dessas	doenças.
•	 Duas	 ações,	 especificamente	voltadas	para	o	público	masculino,	 a	 serem	
adotadas	no	âmbito	das	políticas	públicas	de	saúde	ou	de	educação,	para	
reduzir	o	problema.
FONTE: <http://www.sacod.ufpr.br/portal/artes/wp-content/uploads/sites/8/2011/05/36_
MUSICA_LICENCIATURA_2017.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021
5	 (ENADE,	2017)	
A pessoa trans	precisa	que	alguém	ateste,	confirme	e	comprove	que	ela	pode	
ser	 reconhecida	 pelo	 nome	 que	 escolheu.	 Não	 aceita	 que	 se	 autodeclare	
mulher	ou	homem.	Exige	que	um	profissional	de	saúde	diga	quem	ela	é.	Sua	
declaração	é	o	que	menos	conta	na	hora	de	solicitar,	judicialmente,	a	mudança	
dos	documentos.
FONTE: <http://www.ebc.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2017 (adaptado).
44
No	chão,	a	travesti	morre
Ninguém	jamais	saberá	seu	nome
Nos	jornais,	fala-se	de	outra	morte
De	tal	homem	que	ninguém	conheceu
FONTE: <http://www.aminoapps.com>. Acesso em 31 ago. 2017 (adaptado).
Usava	meu	nome	oficial,	feminino,	no	currículo	porque	diziam	que	eu	estava	
cometendo	um	crime,	que	era	 falsidade	 ideológica	se	eu	usasse	outro	nome.	
Depois	 fui	pesquisar	e	descobri	que	não	é	assim.	 Infelizmente,	ainda	existe	
muita	desinformação	sobre	os	direitos	das	pessoas	trans.
FONTE: <http://www.brasil.elpais.com>. Acesso em: 31 ago. 2017 (adaptado).
Uma	vez	o	segurança	da	balada	achou	que	eu	tinha,	por	engano,	mostrado	
o	RG	do	meu	namorado.	Isso	quando	insistem	em	não	colocar	meu	nome	social	 
na	minha	ficha	de	consumação.
FONTE: <http://www.brasil.elpais.com>. Acesso em: 31 ago. 2017 (adaptado).
Com	base	nessas	 falas,	discorra	sobre	a	 importância	do	nome	para	as	pessoas	
transgêneras	e,	nesse	contexto,	proponha	uma	medida,	no	âmbito	das	políticas	
públicas,	que	tenha	como	objetivo	facilitar	o	acesso	dessas	pessoas	à	cidadania.
FONTE: <https://respostasava.com/resposta/13004#:~:text=A%20pessoa%20trans%20
precisa%20que,juridicamente%2C%20a%20mudan%C3%A7a%20dos%20documentos.>. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
6	 (ENADE,	2016)	Para	a	Organização	das	Nações	Unidas	(ONU),	a	violência	
contra	 mulheres	 é	 uma	 grave	 violação	 dos	 direitos	 humanos	 que	 gera	
impactos	físicos	e	psicológicos.	A	Central	de	Atendimento	à	Mulher	(Ligue	
180)	aponta	que,	no	Brasil,	de	janeiro	a	outubro	de	2015,	38,72%	das	mulheres	
em	 situação	 de	 violência	 sofreram	 agressões	 diárias	 e	 33,86%,	 agressões	
semanais.	A	violência	doméstica	é	o	tipo	mais	comum	de	violência	contra	
a	mulher	 e,	 para	 se	 tipificar	 essa	 violência	 como	 crime,	 foi	 promulgada,	
em	agosto	de	 2006,	 a	Lei	Maria	da	Penha	 (Lei	 n.	 11.340/2006),	 resultado	
de	mobilizações	para	 garantir	 justiça	 às	 vítimas	 e	 reduzir	 a	 impunidade	
de	 crimes	 cometidos	 contra	 as	 mulheres.	 A	 partir	 dessas	 informações,	
redija	 um	 texto	 dissertativo	 sobre	 o	 impacto	 da	 Lei	Maria	 da	 Penha	 no	
quadro	de	 violência	 contra	 a	mulher	 no	 Brasil.	 Em	 seu	 texto,	 aborde	 os	 
seguintes	aspectos:
•	 impacto	da	violência	doméstica	na	vida	da	mulher,	na	família	e	na	sociedade;
•	 mudanças	nos	mecanismos	de	proteção	à	mulher	decorrentes	da	Lei	Maria	 
da	Penha.
FONTE: <https://assessoritec.emdesenvolvimento.net/wp-content/uploads/
sites/641/2017/07/ENADINHO-SGQ-DISCURSIVA-2017-1.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021.
45
TÓPICO 3 — 
UNIDADE 1
RELAÇÕES DE TRABALHO
1 INTRODUÇÃO
Um	indivíduo/trabalhador,	 consciente	de	 si	 e	de	 seu	 fazer	profissional,	
geralmente	 pergunta-se	 sobre	 aspectos	 inerentes	 ao	 ofício,	 tais	 como:	 saber	
fazer,	técnica,	matéria-prima	e	energia,	os	meios	de	produção,	o	produto,	custo,	
margem	 de	 lucro,	 jornada	 de	 trabalho,	 remuneração,	 condições	 de	 trabalho,	
comércio,	consumo,	categoria	de	trabalho,	reconhecimento	e	valor/sentido	social	
e	 a	 realização,	 a	 satisfação/sentido	 pessoal,	 os	 âmbitos	 e	 as	 instituições	 que	
intermedeiam	seu	fazer	profissional.
2 ORIGEM/SIGNIFICADO DA PALAVRA TRABALHO
Ao	pensar	e	refletir	sobre	relações	de	trabalho,	parece	que	se	toca	em	uma	
questão	que	é	responsável	por	causar	entusiasmo	e	resistência	aos	 indivíduos,	ao	
mesmo tempo as pessoas se sentem dispostas e se dedicam a certa atividade e, 
por	outro	lado,	recuam	diante	das	condições,	regramentos	e	normatizações	em	
que	precisarão	 estar	 alinhadas	 e	 adequadas.	Percebe-se,	 também,	uma	 espécie	
de	um	relutar	diante	do	fato	da	exploraçãodo	homem	pelo	próprio	homem,	no	
sentido	de	obter	e	gerar	riqueza.
Conta-se	 com	 todo	 um	 processo	 e	 imaginário	 histórico	 para	 que	 isso	
ocorra,	no	sentido	de	que	as	relações	de	trabalho	se	encontram	forjadas	em	meio	
a	elementos	religiosos,	sociais,	econômicos	e	políticos,	e	procura-se	apresentar	as	
principais	concepções	e	dinâmicas	que	o	homem	atribuiu	ao	trabalho	ao	longo	
de	 sua	 jornada	histórica,	 bem	 como	as	possibilidades	do	momento	presente	 e	
vislumbrar	tendências	que	as	relações	de	trabalho	podem	trilhar.
Albornoz	 (2008)	 apresenta	 que	 a	 expressão	 trabalho	 contém	 muitos	
significados,	 tais	 como	 esforço,	 fadiga,	 sofrimento,	 labuta,	 castigo,	 realização,	
sacrifício;	que	existem	muitas	expressões,	nas	mais	diferentes	línguas,	como	labor	
e operare	no	italiano,	travailler	no	francês, work	no	inglês;	bem	como	comporta	suas	
correlações,	como	no	caso	da	palavra	latina	arvum,	que	significa	terreno	arável,	
que	surgiu	da	noção	do	alemão	arbeit,	que	significa	trabalho.
Na	Grécia	antiga,	pode	ser	associada	à	noção	de	poiesis,	que	significava	
o	 fazer,	a	 fabricação,	o	que	o	ser	humano	produz	 tanto	material:	uma	obra	de	
arte	executada	por	um	artista,	escultor,	ceramista;	como	não	material:	instituições	
sociais,	referências	culturais	etc.
46
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
A	expressão	 trabalho,	 tal	 como	é	escrita	e	utilizada	na	 língua	portuguesa,	
deriva	da	expressão	 latina	 tripalium, que	ao	 longo	da	Idade	Média	era	o	nome	
dado	a	um	instrumento	de	tortura	que	apresentava	três	paus	reunidos,	utilizado	
pelos	camponeses	e	servos	para	bater	o	trigo,	as	espigas	de	milho,	e	para	desfiar	
e	 esfiapar	o	 linho;	 certa	vez	 foi	 adaptado	 e	utilizado	 como	 instrumento	de	 tortura	
(ALBORNOZ,	2008).
O	 missionário	 católico	 Raimundo	 Lélio	 (1232-1315),	 que	 atuou	 entre	
os	povos	catalães	no	século	XIII,	 foi	o	 responsável	por	 reabilitar	a	expressão	e	
concepção	 ‘trabalho’,	 que	 foi	 amplamente	 difundida	 na	 sociedade	 moderna	
industrial	e	capitalista	(GANDILLAC,	1995).	A	concepção	de	trabalho	também	é	
identificada	na	denominação	de	tripalium, que	foi	extraída	do	latim	e	designava	
um	 instrumento	 de	 tortura	 reservado	 aos	 escravos.	 Lélio	 a	 substituiu	 pela	
expressão	treballan, que	é	oriunda	do	idioma	catalão,	que	designa	a	habilidade	
em	elaborar	a	matéria	bruta,	transformando-a	em	obra,	realização	e	propriedade	
humana,	e	dignificadora	do	próprio	homem.
Labor	e	trabalho	são	expressões	muito	utilizadas	e	até	sinônimos,	porém	
Arendt	 (2007)	 nos	 propõe	 que	 se	 faça	 distinção	 entre	 elas.	 Por	 labor	 a	 autora	
relaciona	o	ato	de	trabalhar,	que	está	na	labuta,	numa	lógica	de	estar	em	curso,	
na	disposição	de	verbo	no	gerúndio,	está	ocorrendo,	não	comporta	a	noção	de	
produto	final.	Por	trabalho	designa	as	atividades	feitas	com	as	mãos,	a	noção	de	
produto,	trata-se	de	um	trabalho	que	é	apresentado	como	acabado.
Os	estudiosos	são	unânimes	ao	apresentar	que	a	palavra	 trabalho	deve	
ser	 identificada	 e	 compreendida	 ainda	 nas	 sociedades	 ágrafas	 (sociedade	 sem	
escrita),	 quando	 ocorreu	 a	 passagem	 das	 atividades	 de	 caça,	 coleta	 e	 pesca	 à	
prática	da	agricultura	e	na	domesticação	dos	animais.	
Você	sabia	que	por	muitos	séculos,	a	moral	e	a	ética	do	“trabalho”	e	da	
“conquista”	 permaneceram,	 em	 grande	 parte,	 como	 um	 fato	 circunscrito	 ao	
universo	rural,	ao	lavrar	e	semear	a	terra,	colher	e	armazenar	alimentos,	domesticar	
e	 tratar	animais,	 construir	pontes,	moinhos,	 celeiros,	 castelos,	palácios,	 igrejas,	
minerais,	metais	preciosos,	entre	outros.
As	concepções	foram	alteradas,	inclusive	as	mais	antigas,	quando	reunidas	
nos	livros	da	Bíblia	Sagrada,	em	que	o	trabalho	não	é	mais	visto	como	um	indício	
da	maldição	de	Deus	a	Adão	e	Eva,	com	a	expulsão	do	paraíso,	sendo	que	teriam	
que	ganhar	o	pão	com	o	suor	do	próprio	rosto.	
Os	 gregos	 distinguiam	 entre	 esforço	 do	 trabalho	 na	 terra,	 a	 fabricação	
do	artesão	que	servia	ao	usuário,	e	a	atividade	livre	do	cidadão	que	discutia	os	
problemas	da	cidade.	De	modo	muito	semelhante	na	Idade	Média,	trabalhar	com	
as	mãos	era	sinônimo	de	ser	escravo	ou	servo,	um	indício	de	que	o	 indivíduo	
pertencia	aos	grupos	inferiores	da	sociedade.
 
TÓPICO 3 — RELAÇÕES DE TRABALHO
47
A	 partir	 da	 reforma	 protestante,	 empreendida	 pelo	 teólogo	 Martinho	
Lutero	(1483-1546),	a	concepção	de	trabalho	foi	profundamente	reformulada	no	
sentido	de	que	o	trabalho,	como	vocação,	conduziria	os	indivíduos	à	salvação	da	
alma.	 João	Calvino	 (1509-1564),	 teólogo	 francês,	apresentava	a	noção	de	que	o	
trabalho,	o	êxito	e	a	prosperidade	material	em	vida	deveriam	ser	compreendidos	
como	 uma	 forma	 de	 conquistar	 a	 benevolência	 de	 Deus.	 Ambas	 as	 teorias	
favoreceram	 o	 contexto	 no	 qual	 implantavam-se	 políticas	 de	mercantilismo	 e	
capitalismo.
O	sociólogo	Max	Weber	(1864-1920)	defendeu,	em	seus	estudos,	que	os	
valores	religiosos	do	protestantismo	favoreceram	e	coincidiam	com	o	espírito	do	
capitalismo,	no	sentido	de	que	superavam	a	moral	católica	de	renúncia	ao	mundo	
material,	do	acúmulo	de	bens	financeiros	e	ao	lucro,	na	vida	religiosa	de	devoção	
contemplativa	e	de	renúncia	ao	mundo	material.	
A	noção	de	vocação	para	o	trabalho	foi	associada	também	à	ideia	de	amor	
ao	próximo,	e	quanto	mais	intensa	a	atividade	profissional,	maior	a	aproximação	
da	salvação.	
Por	outro	lado,	a	falta	de	vontade	de	trabalhar	passou	a	ser	compreendida	
como	ausência	do	estado	de	graça	e	do	não	merecimento	da	salvação	de	Deus.	
Assim,	estava	autorizado	que	todo	indivíduo	empreendesse	a	busca	pela	riqueza	
material,	podendo	realizar	grandes	ações	e	assim	galgar	sua	própria	salvação.
Uma	 das	 principais	 alterações	 que	 a	 modernidade	 realizou	 foi	 a	 de	
apropriar-se	 da	 concepção	 positiva	 de	 trabalho	 e	 mudar	 seu	 ambiente	 de	
realização,	 que	 do	 interior	 das	 casas	 ou	 no	 interior	 das	 corporações	 de	 ofício	
passou	a	ser	realizado	em	cidades,	no	interior	dos	espaços	das	fábricas.
Foi	nesta	época	que	surgiram	as	noções	de	divisão	de	trabalho,	na	qual	
cada	 indivíduo,	 com	 a	 fração/parte	 que	 desempenha,	 na	 sua	 especialidade,	
contribui	à	soma	de	 trabalho	coletivo,	que	por	sua	vez	gera	a	riqueza	de	cada	
nação,	o	que	se	tornaria	uma	espécie	de	consciência	e	interesse	coletivo	e	comum	
a	todo	indivíduo.	
É	nesse	momento	que	a	mudança	de	percepção	da	noção	de	trabalho	passa	
a	ocorrer,	no	sentido	de	que	as	pessoas	passam	a	trabalhar	para	poder	consumir,	
e	não	mais	para	produzir	algo.
Acadêmico,	a	partir	do	século	XVIII,	os	economistas	Adam	Smith	(1723-
1790)	e	David	Ricardo	(1772-1823)	reforçam	os	valores	de	atividades	produtivas	
e	de	riqueza	material,	e	defendem	que	o	 trabalho	é	o	grande	responsável	pela	
riqueza	social,	o	que	por	sua	vez	supervalorizou	a	ideia	de	homem	operário,	Homo 
economicus,	 que	 produz	 riqueza,	 que	 contribui	 para	 que	 o	 sistema	 econômico	
continue	a	alcançar	seus	objetivos	e	lançar	novas	possibilidades	de	investimentos	
e	lucratividade.	Foi	nesse	contexto	que	o	estudioso	alemão	Karl	Marx	(1818-1883)	
48
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
defendeu	que	a	essência	do	homem	é	o	trabalho	e	não	a	sua	vida	espiritual.	Passou	
a	observar	mais	de	perto	a	relação	do	homem	e	do	trabalho,	ao	ponto	de	analisar	
dimensões	 peculiares	 e	 subjetivas	 da	 relação	 do	 homem	 com	 o	 trabalho	 e	 a	
mercadoria,	e	se	engajar	ativamente	em	fazer	o	processo	de	crítica	e	denúncia	das	
contradições	que	envolviam	trabalhadores,	proprietários	dos	meios	de	produção	
e	burgueses	comerciantes,	abrangendo	o	sistema	capitalista	como	um	todo.
No	entanto,	a	perspectiva	de	Marx	era	a	de	que	o	exercício	crítico,	através	
da	intelectualidade,	não	era	suficiente,	para	ele	o	mundo	não	se	transforma	com	o	
pensamento	e	leis,	o	mundo	deveria	ser	transformado	pela	práxis,	na	organização	
dos	trabalhadores	e	na	realização	de	atos	revolucionários.	A	divisão	do	trabalho	
era	responsável	pela	alienação	do	homem	na	sociedade	capitalista,	que	por	sua	
vez	serevelava	em	face	à	perda	da	totalidade	e	da	dignidade	humana.	Caberia	
ao	proletariado	a	responsabilidade	pelo	ato	de	fazer	a	revolução	e	transformar	a	
sociedade,	tomar	o	poder	e	abolir	a	relação	capitalista	de	produção.	Em	meio	ao	
campo	de	luta	e	revoluções,	os	trabalhadores	deveriam	estar	conscientes	de	si	e	
de	sua	classe/categoria	e	empreender	as	revoluções	que	fossem	necessárias	a	fim	
de	 desfazer	 o	 quadro	 de	 desigualdade,	 injustiças	 e	 exploração	 que	 o	 trabalho	
favorecia.	Marx	 defendia	 a	 superação	 do	 sistema	 capitalista	 pelo	 comunismo,	
numa	espécie	de	sociedade	associativa	em	que	o	livre	desenvolvimento	individual	
seria	a	condição	do	livre	desenvolvimento	de	todos	(MARX;	ENGELS,	2010).
Segundo	Abbagnano	(2000),	a	relação	do	trabalho	com	a	existência	humana	
passa	 a	 ser	 lugar-comum	 na	 cultura	 contemporânea.	 Mesmo	 fora	 do	 âmbito	
marxista,	o	caráter	penoso	atribuído	ao	trabalho	não	é	atribuído	ao	trabalho	em	
si,	mas	às	condições	sociais	em	que	ele	é	realizado	nas	sociedades	industriais.
O	trabalho	passa	a	ser	visto	como	parte	fundamental	da	natureza	humana.	
O	 trabalho	 é	 ainda	 hoje	 visto	 como	 um	 valor	 social,	 sendo	 o	 trabalhador	 um	
personagem	 social	merecedor	 de	 respeito,	 admiração	 e	 dignidade	 pelas	 obras	
que	faz	a	si,	a	seus	familiares	e	semelhantes.
A	nova	concepção	que	foi	atribuída	ao	trabalho	combina	com	os	valores	
das	mudanças	no	interior	da	fabricação	de	produtos.	
O	homem,	reconhecendo	que	o	trabalho	não	era	mais	motivo	de	sofrimento	
e	castigo,	mas	sim	uma	atividade	que	o	tornaria	socialmente	reconhecido,	sentiu-se	
motivado	e	disposto	a	se	dedicar	e	doar	a	fim	de	preencher	as	oportunidades	e	a	
demanda	da	manufatura	e	indústria	nascente,	bem	como	o	campo	das	invenções	
de	máquinas	e	técnicas	e	o	próprio	sistema	capitalista,	que	estavam	exigindo.
Trabalho,	 geralmente,	 pode	 ser	 definido	 como	 atividade	 coordenada	
de	 caráter	 físico	 ou	 intelectual,	 necessária	 a	 qualquer	 tarefa,	 serviço	 ou	
empreendimento,	 ocupação,	 ofício,	 exercício	 de	 profissão.	 Um	 aspecto	 que	
distingue	o	trabalho	humano	do	trabalho	dos	outros	animais	está	no	fato	de	que	o	
trabalho	e	esforço	humanos	são	atribuídos	à	intencionalidade,	além	da	operação	
TÓPICO 3 — RELAÇÕES DE TRABALHO
49
instintiva	e	programada	que	é	reconhecida	nas	atividades	dos	animais.	No	homem	
é	percebido	o	grau	de	especialização,	complexidade,	tanto	das	atividades,	como	
dos	meios	dos	quais	ele	se	utiliza	para	realizar	o	trabalho.	
A	 produção	 artesanal,	 produção	 familiar	 em	 espaços	 domésticos	 ou	
pequenas	oficinas,	como	alfaiates,	ceramistas,	sapatarias,	na	qual	importa	fazer	
um	bom	trabalho,	um	produto	único,	com	maestria	e	arte	de	fazê-lo.	O	trabalhador	
encontrava-se	livre	para	organizar	seu	trabalho,	a	seleção	de	sua	matéria-prima,	
o	começo,	a	forma,	a	técnica,	o	ritmo,	os	detalhes,	o	acabamento,	a	entrega.	Não	
ocorre	a	distinção	de	trabalho	e	lazer,	divertimento	e	cultura,	ambos	se	fundem.
A	Europa	viveu	 seu	momento	de	desenvolvimento	 industrial	 ainda	no	
século	XIX,	na	América	Latina	ocorreu	somente	na	segunda	metade	do	século	XX,	
realidades	nas	quais	o	processo	de	aprimoramento	da	produção	acabou	por	se	
modificar,	não	seguindo	a	lógica	de	fases	e	processos	que	ocorreram	na	Europa.	
O	 quadro	 industrial	 dessa	 região	 apresenta-se	 ora	 como	 que	 ainda	 na	
segunda	 revolução	 industrial,	 e	 ora	 na	 produção	 que	 se	 utiliza	 de	 tecnologia	
de	 ponta	 e	 robotização,	 em	 especial	 a	 migração	 e	 empregabilidade	 no	 setor	
de	 serviços.	Ao	mesmo	 tempo,	 encontram-se	 inúmeros	desafios	 em	 termos	de	
dependência	 em	 relação	 a	 tecnologias	 e	desigualdades	no	que	diz	 respeito	 ao	
acesso	ao	emprego.
No	século	XIX,	pode-se	falar	que	a	produção	capitalista,	que	introduziu	
a	máquina	 a	 vapor	 e	 a	modernização	 dos	métodos	 de	 produção,	 desintegrou	
costumes	e	introduziu	novas	formas	de	organização	da	vida	social.	A	transição	
da	produção	 artesanal	para	 a	manufatureira	 e	desta	para	 a	produção	 fabril,	 a	
migração	 do	 campo	 para	 a	 cidade;	 o	 fim	da	 servidão;	 o	 desmantelamento	 da	
família	patriarcal;	a	introdução	do	trabalho	feminino	e	infantil.
A	 individualização	da	produção,	 a	programação	das	 atividades,	 linhas	
de	montagem,	produção	em	série	e	o	consumo	em	massa	(fordismo	e	taylorismo)	
almejavam	 articular	 o	 acesso	 a	 matérias-primas,	 à	 mão	 de	 obra,	 ao	 fácil	
escoamento	da	produção	 e	 obter	maiores	margens	de	 lucros	 entre	 os	 custos	 e	
a	comercialização	da	produção,	que	por	sua	vez	acarretam	deslocamentos	que	
desperdiçavam	tempo	significativo	na	vida	dos	trabalhadores,	além	da	produção	
de	poluição	e	impactos	ao	meio	ambiente.	
A	maquinização	e	a	mecanização	da	produção	conferiram	ao	trabalhador	
a	percepção	da	perda	do	saber	fazer,	a	perda	da	noção	de	produtor.	Diante	disso,	
o	trabalhador	se	sentiu	pressionado	a	se	adaptar	para	poder	operar	as	máquinas	
que	 estavam	 sendo	 introduzidas	 nos	 espaços	 de	 trabalho.	A	 separação,	 divisão	
e	especialização	da	produção	fizeram	com	que	o	produtor	não	conseguisse	mais	
reconhecer	a	totalidade	do	produto	depois	de	pronto.	Mudanças	da	concentração	
da	população	em	relação	às	atividades	econômicas	e	oportunidades	de	trabalho,	
assim	como	o	 trabalho	na	 indústria,	acabaram	por	concentrar	a	população	em	
determinadas	regiões	e	cidades,	tornando-as	superpovoadas.
50
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
O	 que	Marx	 procurou	 definir	 como	 ‘alienação’	 encontrava-se	 nascente	
nesses	processos,	e	depois	poderia	ainda	ser	verificada	em	situações	como	a	do	
consumo	dos	produtos	que	estavam	sendo	produzidos/consumidos,	no	contexto	
industrial	em	que	a	produção	se	dava	em	grande	escala	e	para	consumo	em	massa.	
Trabalhadores	como	alfaiates,	costureiras,	sapateiros,	eram	os	testemunhos	mais	
expressivos	desse	processo.
Diante	da	reflexão	de	Arendt	(2007),	podemos	afirmar	que,	desde	o	século	
XIX, o Homo faber foi	perdendo	sua	aura	e	passou	a	ser	valorizado	o	“princípio	
da	felicidade”.	De	fato,	o	progresso	da	civilização	não	produziu	uma	sociedade	
de	 indivíduos	 políticos	 ou	 de	 trabalhadores	 que	 amam	 seu	 ofício,	 e	 sim	 uma	
sociedade	de	consumidores,	de	indivíduos	isolados	e	desenraizados,	uma	cultura	
de	 massa	 imersa	 em	 futilidade.	 E	 a	 construção	 da	 identidade	 deixou	 de	 ser	
pautada	em	atividades	criativas	e	produtivas,	à	medida	que	o	trabalho	se	tornou	
apenas	um	meio	de	satisfazer	necessidades	ou	desejos	de	consumo.
3 AS MULHERES NO CONTEXTO DA 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
As	 mulheres	 participaram	 da	 produção	 de	 utensílios,	 alimentos	 e	
mercadorias	desde	os	tempos	mais	remotos,	que	envolviam	desde	as	atividades	
no	 interior	 da	 casa,	 família	 e	 comunidade.	 A	 alimentação,	 o	 artesanato	 e	 a	
educação	das	crianças	foram	inseridos	no	interior	dos	espaços	de	trabalho	com	
fortes	projetos	a	partir	da	Revolução	Industrial.	
Os	 maiores	 problemas	 surgem	 quando	 as	 mulheres	 passam	 a	 ser	
empregadas	no	interior	das	indústrias	modernas,	em	meio	a	longas	jornadas	de	
trabalho,	com	a	presença	de	maquinários,	em	que	os	salários	pagos	às	mulheres	
eram	inferiores.
A	gradual	introdução	das	mulheres	no	campo	de	trabalho	favoreceu	em	
sua	mudança	de	hábitos	e	costumes.	O	fato	de	trabalhar	no	interior	das	fábricas	
exigia	 novos	 comportamentos,	 posturas	 e	 até	uma	 indumentária	 que	 favorecesse	
a	realização	das	atividades	e	evitasse	possíveis	acidentes	de	trabalho.	Os	vestidos	
longos	e	rodados,	os	chapéus	e	demais	acessórios	ofereciam	risco	de	acidentes	se	
usados	nos	espaços	de	trabalho	em	meio	às	máquinas.
As	roupas	que	deveriam	ser	usadas	no	 interior	das	 indústrias	precisavam	
ser	justas,	retas	e	que	cobrissem	o	corpo	o	máximo	possível.	A	condição	e	imposição	
do	meio	de	trabalho	foram	responsáveis	por	depreciar	a	feminilidade,	fragilidade	e	
sensibilidade	da	mulher	e	favorecer	uma	postura	rígida,	tenaz	e	ereta.	Foi	neste	
contexto	que	a	estilista	francesa	Coco	Chanel	(1883-1971)	começa	a	projetar	roupascom design mais	favorável	às	atividades	no	interior	das	fábricas	e	empresas,	nas	
quais	se	destacam	cortes	e	precisão	geométrica	das	roupas	e	modelos	ajustados	
ao	corpo,	ausentes	de	babados,	volumes,	acessórios,	entre	outros.
TÓPICO 3 — RELAÇÕES DE TRABALHO
51
1° de Maio: Dia do Trabalhador, Dia do Trabalho ou Dia Internacional dos 
Trabalhadores. Esta data, que é comemorada em diversos países, como Brasil, Portugal, 
Austrália, Angola, França, Suécia, Moçambique, é resultante de uma greve geral de 
trabalhadores que ocorreu no ano de 1886, no interior de Chicago, nos Estados Unidos da 
América. A paralisação foi responsável por envolver diversos parques industriais da cidade. 
Dentre as causas da paralisação encontrava-se a redução da jornada de trabalho. A presença 
dos manifestantes na rua se estendeu por diversos dias e acabou por ser reprimida com 
violência pelas tropas do governo, causando inúmeras mortes.
ATENCAO
A	 partir	 dos	 anos	 de	 1990	 o	 toyotismo,	 idealizado	 pelo	 engenheiro	
mecânico	Taiichi	Ohno	(1912-1990),	tornou-se	tendência	no	interior	dos	sistemas	
produtivos.	Esse	 rearranjo	produtivo	apresenta,	 como	princípios,	 a	otimização	
da	 produção	 em	 todas	 as	 fases	 e	 a	 integração	 de	 todos	 os	 setores	 no	 interior	
dos	 espaços	 produtivos;	 no	 campo	 deliberativo	 requer	 a	 descentralização	 da	
tomada	 de	 decisões;	 produção	 de	 itens	 diferenciados;	 formação	 de	 alianças	
e	 redes	 de	 atividades	 empresariais;	 por	 parte	 dos	 indivíduos	 requer	 trabalho	
em	 equipe,	 proporciona	 a	 participação	 nos	 resultados,	 subcontratação	 e	 exige	 
qualificação	constante.
4 O TRABALHO NOS TEMPOS CONTEMPORÂNEOS
O	homem	 contemporâneo	 possui	 uma	 relação	 com	o	 trabalho,	 que	 foi	
instaurada	ainda	no	século	XIX	e	que	ganhou	desenvolvimento	e	aprofundamento	
ao	longo	do	século	XX.	Trata-se	da	produção	industrial,	tecnológica	e	a	prestação	
de	serviços	no	interior	de	grandes	cidades.	O	espaço	primordial	de	realização	dos	
indivíduos	torna-se	o	espaço	no	interior	das	cidades,	os	espaços	das	indústrias	e	
o	âmbito	público	das	relações.
A	 era	 industrial	 deixou	 de	 cumprir	 sua	 ‘grande	 promessa’:	 fabulosas	
realizações	materiais	e	intelectuais.	O	sonho	de	sermos	senhores	independentes	de	
nossas	vidas	terminou	quando	despertamos	para	o	fato	de	que	todos	nos	tornamos	
peças	 ínfimas	 da	 máquina	 burocrática,	 com	 nossos	 pensamentos,	 sentimentos	 e	
gostos	manipulados	pelo	governo,	pela	 indústria	 e	pelas	 comunicações	de	massa	 
que	controlam	tudo	(FROMM,	1987).
Uma	 das	 questões	 cruciais	 de	 tal	 processo	 diz	 respeito	 à	 passagem	 do	
regime	 fordista	 (século	 XIX)	 ao	 regime	 chamado	 de	 produção	 toyotista.	A	 técnica	
tornou	 cada	 vez	 mais	 fragmentado	 o	 processo	 de	 trabalho	 e,	 consequentemente,	
independente	dos	 indivíduos,	bem	como	aleatório	com	quem	o	faz,	em	que	 já	não	
importa	como	cada	um	o	faz;	importa	sim	que	cada	indivíduo	se	mantenha	submetido	
ao	 todo,	mantenha	 os	 laços,	 as	 passagens,	 o	 fluxo	do	processo,	 com	o	mínimo	de	 
interferência	criativa,	inovação	que	possa	tornar	os	fluxos	ainda	mais	eficientes.
52
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
Trabalhar	em	uma	mesma	empresa	por	muitos	anos,	ser	homenageado	
e	receber	condecorações	de	três,	cinco,	dez,	15,	20	anos	de	empresa,	faz	parte	da	
geração	anterior	à	qual	nos	encontramos	e	que	tende	a	se	tornar	cada	vez	mais	
raro.	Especialmente	no	ramo	do	terceiro	setor.	
No	 interior	 das	 grandes	 organizações	 descortinam-se	 tendências	 à	
rotatividade,	 à	 terceirização,	 cooperativas	 de	 trabalho,	 atividades	 autônomas,	
grupos	de	voluntariado,	economia	solidária,	entre	outras.	
No	 panorama	 atual	 de	 sistemas	 de	 governos,	 grupos	 empresariais	 e	
relações	de	trabalho,	cadenciase	a	internacionalização	dos	processos	de	produção	
e	comercialização	e	a	mercantilização/financeirização	das	relações	econômicas	e	
sociais,	no	sentido	de	que	reforçam	o	sistema	capitalista	e	o	poder	do	mercado,	
dimensões	em	que	a	noção	de	competição	e	propriedade	prevalecem	como	moral	
e	finalidade	última,	o	que	por	sua	vez	acaba	por	fragilizar	as	estruturas	de	Estado,	
as	relações	sociais	e	culturais	entre	os	indivíduos.
A	 tecnologia	da	 informação,	 a	descoberta	 e	desenvolvimento	de	novos	
materiais,	as	mudanças	e	oscilações	nas	estruturas	de	mercado	e	a	capacidade	de	
competitividade	e	as	relações	intra	e	interpessoais	parecem	ser	os	elementos	que	
mais	permeiam	as	relações	de	trabalho.	
No	interior	dessas	novas	tendências	identifica-se	a	busca	dos	indivíduos	
em	vivenciar	 experiências	 que	 aliem	 trabalho,	moradia,	 realização	de	projetos	
pessoais,	formação	continuada,	vivências	familiares,	sociais	e	de	lazer.
4.1 AS POSSIBILIDADES DO TRABALHO INFORMAL
O	trabalho	informal	é	o	que	ocorre	nas	experiências	de	trabalho	artesanal	
e	prestação	de	serviços,	em	que	envolve	intensa	dedicação	de	mão	de	obra,	de	
caráter	temporário,	geralmente	apresenta	pouco	montante	de	capital	envolvido	
e	acaba	apresentando	acordos	à	parte	das	legislações	trabalhistas;	o	que	por	sua	
vez	 acaba	não	 concorrendo	 como	 linhas	de	financiamentos,	 seja	de	bancos	 ou	
governos;	como	exemplo,	pode-se	relacionar	as	práticas	de	trabalho	no	ramo	do	
vestuário	e	alimentação.
Acadêmico,	 você	 sabe	 o	 que	 é	 economia	 solidária?	 São	 atividades	 que	
ocorrem	 de	 forma	 coletiva	 e	 em	 estruturas	 suprafamiliares,	 articuladas	 em	
associações,	cooperativas,	empresas	autogestadas,	grupos	de	produção,	clubes	de	
trocas	etc.,	cujos	participantes	tanto	podem	ser	trabalhadores	dos	meios	urbano	
e	rural.
Os	 envolvidos	 nas	 atividades	 de	 economia	 solidária	 exercem	 forte	
controle	e	gerenciamento	das	atividades	e	dos	resultados.	Realizam	atividades	
econômicas	de	produção	de	bens,	de	prestação	de	serviços,	de	fundos	de	crédito	
TÓPICO 3 — RELAÇÕES DE TRABALHO
53
(cooperativas	 de	 crédito	 e	 os	 fundos	 rotativos	 populares),	 de	 comercialização	
(compra,	venda	e	troca	de	insumos,	produtos	e	serviços)	e	de	consumo	solidário.	
As	atividades	econômicas	devem	ser	permanentes	ou	principais,	ou	seja,	a	razão	
de	ser	da	organização.
4.2 RELAÇÕES DE TRABALHO E OS PROCESSOS LEGAIS 
NO BRASIL
O	trabalho	livre	e	assalariado	ganhou	espaço	após	a	abolição	da	escravidão	
aplicada	aos	trabalhadores	negros	no	Brasil	em	1888	e	com	a	gradual	vinda	dos	
imigrantes	europeus.	As	condições	impostas	eram	ruins,	acabaram	por	gerar	no	
interior	do	país	as	primeiras	discussões	sobre	leis	trabalhistas.	
Os	 imigrantes	 traziam	 consigo	 a	 experiência	do	movimento	 operário	 e	
sindical	no	interior	dos	países	europeus,	o	que	por	sua	vez	favoreceu	a	estruturação	de	
organizações	de	trabalhadores,	círculos	operários,	sindicatos	e	demais	frentes	de	
representação.
No	final	do	século	XIX	surgem	as	primeiras	normas	trabalhistas,	por	meio	
do	Decreto	n°	1.313,	de	1891,	que	regulamentou	o	trabalho	dos	menores	de	12	
a	18	anos.	Em	1912,	 foi	 fundada	a	Confederação	Brasileira	do	Trabalho	 (CBT),	
durante	 o	 4°	Congresso	Operário	Brasileiro.	Dentre	 as	 causas	defendidas	pela	
Confederação	estavam:	 a	 jornada	de	 trabalho	de	oito	horas,	fixação	do	 salário	
mínimo,	indenização	para	acidentes,	contratos	coletivos	ao	invés	de	individuais.
No	 cenário	 internacional	 após	 a	 1ª	 Guerra	Mundial,	 em	 1919,	 surge	 a	
Organização	 Internacional	do	Trabalho	 (OIT),	órgão	 internacional	que	por	sua	
vez	 impulsionou	 a	 formação	 de	 um	Direito	 do	 Trabalho.	O	 surgimento	 deste	
órgão,	naquele	momento	histórico,	visava	intermediar	o	conflito	entre	o	capital	e	
o	trabalho,	e	que	era	visto	como	uma	das	principais	causas	dos	desajustes	sociais	
e	econômicos,	inclusive	motivadores	de	guerras.
Caro acadêmico, procure saber mais da atuação da Organização Internacional 
do Trabalho – OIT. Trata-se do órgão responsável pelas convenções e recomendações 
que norteiam as questões relacionadas ao trabalho em nível internacional. Disponível em: 
http://www.oitbrasil.org.br/content/apresenta%C3%A7%C3%A3o.
DICAS
54
UNIDADE1 — FORMAÇÃO GERAL
A	política	 trabalhista	brasileira	se	consolida,	de	 fato,	após	a	Revolução	de	
30,	quando	Getúlio	Vargas	cria	o	Ministério	do	Trabalho,	Indústria	e	Comércio.	
A	Constituição	de	1934	foi	a	primeira	a	 tratar	de	Justiça	do	Trabalho	e	Direito	
do	 Trabalho,	 assegurando	 a	 liberdade	 sindical,	 salário-mínimo,	 jornada	 de	
oito	 horas,	 repouso	 semanal,	 férias	 anuais	 remuneradas,	 proteção	do	 trabalho	
feminino	e	infantil	e	igualdade	salarial.
Sabemos	que	 ocorreu	no	Brasil	 em	1964,	 o	 golpe	militar	 e	 a	 instalação	
da	ditadura,	assim	ocorreram	fortes	medidas	de	repressão	à	classe	trabalhadora,	
com	o	Decreto	n°	4.330,	as	intervenções	atingiram	sindicatos	em	todo	o	Brasil.	Este	
decreto	é	conhecido	como	a	lei	antigreve,	que	impôs	tantas	regras	para	realizar	
uma	greve	que,	na	prática,	elas	ficaram	proibidas.
Depois	de	anos	sofrendo	cassações,	prisões,	 torturas	e	assassinatos,	em	
1970	um	novo	movimento	 sindicalista	 se	 reestrutura	no	 interior	do	Estado	de	
São	Paulo,	no	chamado	ABCD	paulista.	No	ano	de	1978	ocorre	uma	grande	greve	
em	São	Bernardo	do	Campo	(SP)	e	que	ganhou	aderência	de	 trabalhadores	de	
todo	país.	Após	o	fim	da	ditadura	militar,	em	1985,	e	em	meio	às	mudanças	no	
cenário	econômico,	com	a	promulgação	da	Constituição	de	1988,	as	conquistas	
dos	 trabalhadores	 foram	 restabelecidas;	 por	 exemplo,	 a	 Lei	 n°	 7.783/1989,	
que	 restabelecia	 o	 direito	 de	 greve	 e	 a	 livre	 associação	 sindical	 e	 profissional,	
a	 aposentadoria	 rural;	 Fundo	 de	Amparo	 ao	 Trabalhador	 (FAT);	 Benefício	 de	
Prestação	 Continuada	 (BPC);	 Programa	 de	 Erradicação	 do	 Trabalho	 Infantil	
(PETI);	bolsa	escola	e,	ulteriormente,	bolsa	família,	entre	outros.
Conheça o site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Lá você 
encontrará resoluções sobre o funcionamento das centrais sindicais, leis e convenções ao 
exercício das profissões, orientações sobre os trâmites contratuais e demissionais, seguro-
desemprego, trabalho temporário, políticas de microcrédito, trabalho decente, entre outros. 
MTE. Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/portalmte/.
DICAS
TÓPICO 3 — RELAÇÕES DE TRABALHO
55
LEITURA COMPLEMENTAR
A TERCEIRIZAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO
Grupos	 de	 empresários	 e	 empregadores	 apresentam	 argumentos	 no	
sentido	 de	 que	 a	 geração	 de	 emprego	 formal,	 e	 até	 a	 abertura	 de	 empresas,	
no	 Brasil,	 são	 dificultadas	 diante	 dos	 custos	 que	 as	 leis	 trabalhistas	 acabam	
acarretando.	Alegam	que	em	torno	de	67%	do	salário	consiste	em	tributos,	que	
são	pagos	ao	governo,	que	procura	atender	a	leis	de	descanso	remunerado,	13°	
salário,	 FGTS,	 adicionais	 em	 casos	 de	 horas	 extras,	 insalubridade	 e	 trabalho	
noturno.	E	diante	deste	cenário	é	que	ganham	espaço	as	ideias	de	terceirização	
no	interior	dos	postos	de	trabalho.
Terceirização	 é	 o	 processo	 pelo	 qual	 uma	 empresa	 deixa	 de	 executar	
uma	ou	mais	 atividades	 realizadas	por	 trabalhadores	diretamente	 contratados	
e	as	 transferem	para	outra	empresa.	A	terceirização	se	realiza	de	duas	formas,	
não	 excludentes.	Na	 primeira,	 a	 empresa	 deixa	 de	 produzir	 bens	 ou	 serviços	
utilizados	em	sua	produção	e	passa	a	comprá-los	de	outra	–	ou	outras	empresas	
–,	 o	 que	provoca	 a	desativação,	parcial	 ou	 total,	 de	 setores	 que	 anteriormente	
funcionavam	no	interior	da	empresa.
A	outra	forma	é	a	contratação	de	uma	ou	mais	empresas	para	executar,	
dentro	 da	 “empresa-mãe”,	 tarefas	 anteriormente	 realizadas	 por	 trabalhadores	
contratados	 diretamente.	 Essa	 segunda	 forma	 de	 terceirização	 pode	 referir-se	
tanto	 a	 atividades-fim	 como	 a	 atividades-meio.	 Entre	 as	 últimas	podem	estar,	
por	exemplo,	limpeza,	vigilância,	alimentação.	Tem-se	observado,	também,	que	
vem	 ocorrendo	 o	 processo	 de	 quarteirização,	 a	 contratação	 de	 uma	 empresa	
pela	 empresa-mãe,	 que	deverá	gerir	 as	 relações	 com	o	 conjunto	das	 empresas	
terceiras	contratadas	em	seu	 interior.	O	processo	de	 terceirização	da	produção	
e	 da	 prestação	 de	 serviços	 no	 Brasil,	 e	 em	 quase	 todos	 os	 países	 capitalistas,	
desenvolveu-se	como	parte	do	rearranjo	produtivo,	iniciado	na	década	de	70	do	
século	XX,	a	partir	da	terceira	Revolução	Industrial,	e	que	se	prolonga	até	os	dias	
de	hoje.	São	mudanças	importantes	na	organização	da	produção	e	do	trabalho	e,	
no	caso	específico	da	terceirização,	na	relação	entre	empresas.
A	 adoção	 deste	 processo	 foi	 intensificada	 e	 disseminada	 no	 âmbito	
da	 reestruturação	 produtiva	 que	marcou	 os	 anos	 90.	A	 partir	 do	 ano	 2000,	 a	
economia	 brasileira	 iniciou	 um	 lento	 processo	 de	 recuperação,	 com	 taxas	 de	
crescimento	positivas,	porém	o	cenário	do	mercado	de	trabalho	já	é	o	da	difusão	
generalizada	 da	 terceirização	 da	 mão	 de	 obra.	 Se,	 inicialmente,	 as	 empresas	
precisaram	 enxugar	 os	 custos	 para	 garantir	 sua	 sobrevivência,	 o	 processo	 de	
terceirização	não	apresentou	retrocesso	diante	da	melhora	do	cenário	econômico,	
tendo	permanecido	como	um	elemento	 fundamental	da	mudança	do	processo	
produtivo	e	do	mercado	de	trabalho	brasileiros.
56
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
Em	nível	internacional	destaca-se	que	as	atividades	mais	atingidas	pela	
terceirização,	em	suas	diferentes	formas,	são	aquelas	próprias	da	Tecnologia	da	
Informação	(TI),	o	que	inclui	o	trabalho	de	programadores,	de	processamento	de	
dados	e	de	desenvolvimento	de	softwares.	O	avanço	rápido	e	constante	nesses	
processos	tecnológicos	facilita	a	troca	de	dados,	a	execução	de	projetos	e	a	entrega	
de	produtos,	independentemente	do	local	onde	o	trabalho	é	executado.	
A	maior	preocupação	constatada	a	partir	das	fontes	de	informação	sobre	
os	 Estados	Unidos	 é	 a	 possibilidade	 de	 demissão	 em	massa	 de	 trabalhadores	
americanos	 qualificados	 em	 decorrência	 de	 processos	 de	 terceirização	 nos	
quais	as	contratantes	são	empresas	americanas.	Nesse	caso,	o	mais	comum	tem	
sido	 a	 adoção	 do	 international outsourcing (compra	 do	 componente	 ou	 serviço	
em	outro	 país),	 do	 offshoring (realocação	da	 empresa	 em	outro	 país)	 ou	 ainda	
do on-site offshoring (contratação	 de	 trabalhadores	 estrangeiros	 imigrantes	
ou	 de	 trabalhadores	 em	 seus	 países	 de	 origem).	 Os	 países	 europeus,	 quando	
comparados	com	os	Estados	Unidos,	demandam	menos	serviços	terceirizados	e	
adotam	algumas	barreiras	culturais	que	dificultam	a	transferência	de	atividades	
de	um	país	para	outro.
Dentre	 os	 setores	 mais	 vulneráveis	 à	 terceirização	 no	 continente,	
tem-se	 que	 a	maioria	 está	 relacionada	 à	 área	 de	 TI,	 que	 atuam	 nos	 ramos	 de	
desenvolvimento	 de	 softwares,	 processamento	 de	 dados,	 vendas,	 serviços	 de	
atendimento	ao	cliente,	pesquisa,	desenvolvimento	e	designs,	finanças,	recursos	
humanos	e	gerenciamento.	Estima-se	que	os	trabalhadores	indianos	da	área	de	
computação,	por	exemplo,	recebam	entre	1/5	e	1/10	do	que	é	pago	a	um	americano	
pela	mesma	função.
No	 Brasil	 os	 ramos	 de	 atividades	 que	 mais	 registram	 processos	 de	
terceirização	são	o	 setor	público,	no	 interior	das	unidades	de	governo,	o	 setor	
financeiro,	como	bancos,	os	setores	elétrico,	químico,	de	petróleo	e	petroquímico	
e	da	construção	civil.
Diante	 das	 formas	 mais	 explícitas	 de	 precarização	 das	 condições	 de	
trabalho	 e	 de	 vulnerabilidade	 da	 condição	 do	 trabalhador	 que	 resultam	 dos	
processos	 de	 privatização,	 tem-se	 um	 novo	 relacionamento	 sindical	 entre	
empregador	 e	 empregado,	 que	 aponta	 a	 desmobilização	 dos	 trabalhadores	
para	 reivindicações	 e	greves,	 eliminação	das	 ações	 sindicais	 e	 trabalhistas	que	
reclamam	pelos	direitos	sociais.
Texto	 adaptado	 de	 DIEESE.	 Departamento	 Intersindical	 de	 Estatísticas	
e	 Estudos	 Socioeconômicos.	 O	 processo	 de	 terceirização	 e	 seus	 efeitos	
sobre	 os	 trabalhadores	 no	 Brasil.	 Convênio	 SE/MTE	 n°	 04/2003,	 Processo	 n°	
46010.001819/2003-27.
FONTE: <https://www.dieese.org.br/relatoriotecnico/2007/terceirizacao.pdf>.Acesso em: 6 set. 2021.
57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	 palavra	 trabalho	 tem	 origem	 nas	 práticas	 e	 atividades	 das	 mais	 antigas	
sociedades,	comporta	muitas	diferenças	de	escrita,	em	especial	na	forma	como	
as	sociedades	concebiam	e	ao	valor	moral	que	atribuíram	à	mesma.
•	 No	interior	da	forma	de	produção	artesanal	o	trabalhador	detém	o	conhecimento	
de	 todas	 as	 fases	 de	 produção,	 pode	 atender	 à	 vontade	 pessoal	 de	 quem	
procura	pelo	produto,	o	produto	consiste	em	um	exemplar	único	e	o	artesão	
acompanha	também	o	processo	de	comercialização	do	produto.
•	 No	 interior	 do	 processo	 de	 produção	 de	 forma	 manufaturada	 se	 dá	 a	
especialização	e	divisão	de	funções,	a	produção	passa	a	ocorrer	fora	do	local	
de	moradia	dos	 responsáveis	pela	produção,	o	que	por	 sua	vez	 favorece	os	
primórdios	das	grandes	indústrias.
•	 No	 interior	 dos	 modos	 organização	 industrial	 do	 século	 XVIII	 e	 XIX	
prevaleceram	os	modelos	fordista	e	taylorista,	que	se	caracterizam	pelo	perfil	
de	 produção	 organizada	 em	 linhas	 de	 produções,	 em	 série	 e	 consumo	 em	
grande	escala,	e	obedecem	à	organização	e	administração	científica.
•	 O	toyotismo	consiste	numa	forma	de	organização	no	 interior	de	empresas	e	
processos	produtivos	que	contempla	a	descentralização	do	poder	e	formação	
de	redes	de	trabalho,	a	diferenciação	da	produção,	forte	controle	da	produção	
e	qualificação	constante	dos	trabalhadores.
•	 A	 terceirização	pode	ocorrer	de	diferentes	 formas:	pela	 contratação	de	uma	
empresa	que	subcontrata	 trabalhadores	para	exercer	 funções	no	 interior	de	uma	
empresa-mãe,	 como	 também	 quando	 uma	 empresa	 passa	 a	 comprar	 parte	 dos	
processos	e	dos	produtos	de	outra	empresa	para	compor	o	seu	produto	final.
58
1	 Karl	Marx	 (1818-1883),	pensador	alemão	que	se	dedicava	a	denunciar	as	
contradições	no	interior	do	sistema	capitalista,	ao	longo	de	sua	vida	precisou	
mudar-se	por	diversas	vezes	de	país,	pois	o	 teor	de	 suas	 ideias	 acabava	
por	 lhe	 render	 inimigos	de	 forte	 influência	e	poder	político.	Além	disso,	
também	 passou	 por	 problemas	 com	 renda,	 sendo	 socorrido	 pelo	 amigo	
e	 colega/escritor	 F.	 Engels.	 Pergunta-se:	 no	 que	 consistiam	 as	 principais	
ideias	e	teorias	de	Marx?
I-	 A	ideia	principal	estava	em	explicar,	denunciar	e	combater	as	contradições	
que	estavam	disfarçadas	e	camufladas	no	interior	do	regime	comunista.
II-	 Argumentava	 que	 a	 divisão	 do	 trabalho	 era	 responsável	 por	 alienar	 o	
trabalhador,	assim	como,	por	lhe	extorquir	a	sua	dignidade.
III-	 Defendia	que	estaria	única	e	 exclusivamente	nas	mãos	do	proletariado	
conduzir	a	revolução	que	substituiria	o	capitalismo	pelo	comunismo.
IV-	 As	 teorias	 de	 Marx	 apresentavam	 que	 o	 proletariado	 deveria	 fazer	 a	
revolução	 e	 transformar	 a	 sociedade,	 tomar	 o	 poder	 e	 abolir	 a	 relação	
capitalista	de	produção.
Assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)		(			)	As	sentenças	I,	II	e	III	estão	corretas.
b)		(			)	Somente	as	sentenças	III	e	IV	estão	corretas.
c)		(			)	Somente	as	sentenças	II	e	III	estão	corretas.
d)		 (			)	 As	alternativas	II,	III	e	IV	estão	corretas.
2	 (ENADE,	2014)	O	debate	sociológico	acerca	das	novas	relações	de	trabalho	
e	 consumo	 no	 capitalismo	 se	 intensificou	 desde	 a	 segunda	 metade	 do	
século	 XX,	 especialmente	 a	 partir	 de	 um	 novo	 modelo	 de	 acumulação,	
marcado	 pela	 “flexibilização	 dos	 processos	 produtivos”.	 Como	 aponta	
David	Harvey	a	este	 respeito,	a	acumulação	flexível	“é	marcada	por	um	
confronto	direto	com	a	rigidez	do	fordismo.	Ela	se	apoia	na	flexibilidade	
dos	processos	de	trabalho,	dos	mercados	de	trabalho,	dos	produtos	e	dos	
padrões	de	consumo”.	E,	ainda,	mais	importante	do	que	isso	é	a	redução	
aparente	do	emprego	regular,	em	favor	do	crescente	uso	do	trabalho	em	
tempo	parcial,	temporário	ou	subcontratado.	
FONTE: HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992. 
De	acordo	com	a	afirmação	anterior,	a	acumulação	flexível:
I-	 Gerou	cada	vez	mais	trabalho	especializado,	responsável	pelo	aumento	
da	racionalidade	do	processo	produtivo.
II-	 Pode	ser	considerada	uma	expansão	do	princípio	fordista	de	produção.
AUTOATIVIDADE
59
III-	 Aumentou	 a	 precarização	 das	 relações	 de	 trabalho	 no	 capitalismo	
contemporâneo.
IV-	 Implica	 crescente	 heterogeneidade	 dos	 mercados	 de	 trabalho	 e	 dos	
padrões	de	consumo.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirmar	em:
FONTE: <https://smartanswersbr.com/pedagogia/tarefa22723509>. Acesso Em: 23 ago. 2021.
a)		(			)	 I	e	II.
b)		(			)	 I	e	III.
c)		(			)	 II	e	III.
d)	(			)	 II	e	IV.
e)		(			)	 III	e	IV.
60
61
TÓPICO 4 — 
UNIDADE 1
POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Olá,	acadêmico!	Seja	bem-vindo	ao	estudo	que	faremos	sobre	o	Sistema	
de	Saúde	brasileiro.	Este	tema	levará	você	a	refletir	sobre	a	realidade	da	saúde	
pública	em	nosso	país	e	os	seus	desafios	para	assegurar	o	atendimento	a	 todo	
cidadão	com	dignidade	e	em	igualdade	de	condições.
O	acesso	universal,	integral	e	equânime	à	assistência	em	saúde	é	um	
direito	de	todos	e	um	dever	do	Estado,	garantido	pela	Constituição.	
Contudo,	 para	 além	 das	 obrigações	 do	 governo,	 a	 saúde	 também	
é	 uma	 responsabilidade	 coletiva,	 que	 implica	 na	 participação	 da	
população	nos	processos	de	melhoria	e	no	progresso	da	qualidade	de	
serviços	(SCHMIDT,	2015,	p.	12).
A	gestão	do	sistema	nacional	de	saúde	é	bastante	complexa,	se	pensarmos	
em	atingir	de	forma	equânime	todas	as	pessoas	que	dependem	do	serviço	público	
num	 contexto	 com	 desigualdades	 e	 desafios	 sociais	 aos	 governos.	 Concorda	
Zetzsche	 (2014,	 p.	 3)	 ao	 dizer	 que	 “Cuidar	 da	 saúde	 significa	manter	 a	 nação	
em	condições	de	progresso	e	trabalho,	com	uma	população	saudável	e	menores	
índices	de	adoecimento	e	transmissão	de	doenças”.
O	 sistema	de	 saúde	brasileiro	 engloba	uma	 rede	de	 serviços	prestados	
por	 instituições	 públicas	 e	 privadas	 aos	 cidadãos	 que	 se	 utilizam	 de	 uma	
multiplicidade	de	atendimentos.	Considerado	exemplo	de	política	pública	pelo	
acesso	universal	à	população,	demanda	ainda	maior	participação	da	sociedade	
nos	 conselhos	 e	 conferências	 municipais	 de	 saúde	 para	 o	 efetivo	 controle	
social	na	administração	pública.	O	fortalecimento	da	política	pública	de	saúde	
depende,	 sobretudo,	 de	 investimentos	 que	 assegurem	 as	 ações	 e	 programas	
que	impulsionem	os	indicadores	de	saúde	a	um	nível	favorável;	é	fundamental	
a	 melhora	 da	 infraestrutura,	 com	 a	 ampliação	 e	 modernização	 dos	 locais	 de	
atendimento,	 qualidade	 dos	 serviços	 oferecidos	 e	 capacidade	 técnica	 dos	
profissionais	contratados	para	a	gestão.
Competência	 administrativa,	 visão	 política	 e	 gerencial,	 profundo	
conhecimento	 da	 história	 do	 país	 e	 de	 sua	 dinâmica	 social,	 visão	
epidemiológica	 e	 crítica,	 e	 visão	 ontológica	 –	 visão	 de	 respeito	 e	
reconhecimento	do	ser	humano	–	(alvo	dos	programas	e	políticas	de	
saúde)	são	requisitos	mais	que	necessários	àquele	ou	àquela	que	vai	
trabalhar	em	gestão	de	saúde,	quer	seja	de	caráter	público	ou	privado	
(ZETZSCHE,	2014,	p.	4).
62
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
A	saúde	para	os	brasileiros,	segundo	a	pesquisa	do	Instituto	de	Pesquisas	
Datafolha	 (2014),	 é	 considerada	 o	 serviço	 público	 mais	 importante;	 mas	
diariamente	o	usuário	se	depara	com	problemas,	como	a	falta	de	médicos,	filas	
de	espera	nas	emergências	e	nos	hospitais,	demora	para	realização	de	cirurgias	 
e	hospitais	sem	recursos	financeiros.
FIGURA 6 – IMPORTÂNCIA DA SAÚDE PÚBLICA
FONTE: Datafolha (2014, p. 15)
Acadêmico	 a	 partir	 dessa	 reflexão,	 podemos	 enfatizar	 a	 importância	 da	
política	 pública	 de	 saúde	 no	 contexto	 social	 brasileiro	 e	 a	 necessidade	 de	 gestão	
técnica	com	profissionais	habilitados.	A	relevância	do	tema	foi	abordada	no	Exame	
Nacional	do	Estudante	–	ENADE	(2013)	e	propomos	que	você	leia	e	responda.
AUTOATIVIDADE
A	questão	da	 saúde	no	Brasil	 é	 complexa	 e	dependente	da	 atuaçãodos	 vários	 agentes	 que	 a	 compõem.	 Cada	 um	 desses	 agentes,	 governo,	
organizações	e	sociedade,	tem	suas	responsabilidades	sobre	a	qualidade	da	
saúde	no	Brasil.	Ao	governo	cabe	desenvolver	políticas	e	realizar	investimentos	
adequados,	dentro	de	um	planejamento	ao	longo	do	tempo;	às	organizações	
compete	executar	essas	políticas,	como	também	prestar	serviços	à	população	
com	qualidade;	e	a	sociedade,	por	seu	lado,	deve	aderir	às	ações	preventivas	
promovidas	 pelo	 governo	 e	 pelas	 organizações,	 assim	 como	 deve	 ter	 uma	
postura	ativa,	autônoma	e	corresponsável,	em	relação	à	sua	qualidade	de	vida.
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
63
FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-Q0mQg0FDCz8/Ua3DLb5HBvI/AAAAAAAAKLk/
Y2CTeFvnK18/s1600/Charge2013-gestao-788873.jpg>. Acesso em: 23 ago. 2013.
Considerando	a	figura	e	o	 trecho	anterior,	 redija	um	texto	dissertativo	
sobre	o	papel	e	(ou)	funções	do	gestor	hospitalar	no	contexto	da	qualidade	da	
saúde	no	Brasil.
2 CONCEITO DE SAÚDE
Temos	como	conceito	de	saúde,	segundo	a	Organização	Mundial	de	Saúde	
(2021,	s.	p.):	“Saúde	é	um	estado	de	completo	bem-estar	físico,	mental	e	social,	e	
não	consiste	apenas	na	ausência	de	doença	ou	de	enfermidade”.
Essa	concepção	de	saúde	induz	a	novas	condutas	quanto	à	promoção	de	
saúde	e	prevenção	de	doenças.	O	indivíduo	é	inserido	numa	rede	de	cuidados	
permanentes,	visando	maior	qualidade	de	vida,	mesmo	que	aconteça	a	doença.	
A	 vida	 mais	 saudável	 demanda	 novos	 hábitos,	 que	 incluem	 a	 alimentação	
adequada,	lazer,	convívio	social,	esportes	e	atividade	física	como	práticas	diárias.
Mesmo	 o	 doente	 crônico	 aprende	 a	 conviver	 melhor	 com	 a	 doença,	
tornando-se	menos	dependente	da	assistência	médica,	 adquirindo	hábitos	que	
ajudam	na	melhora	do	estado	de	 saúde.	É	o	que	Zetzsche	 (2014,	p.	 13)	define	
como	 “comportamentos	mais	 saudáveis	 e	 que	 desenvolva	 o	 seu	 autocuidado,	
possibilitando	 que,	 desta	 forma,	 acabe	 vivendo	mais	 e	 melhor	 depois	 de	 seu	
adoecimento,	por	mais	incrível	que	isto	pareça,	à	primeira	vista”.	Neste	contexto,	
percebe-se	que	a	população	está	adotando	um	estilo	de	vida	mais	saudável,	com	
atitudes	de	prevenção	para	a	saúde	física	e	mental;	este	movimento	se	estende	a	
outros	ambientes,	como	exemplo,	no	trabalho	e	na	educação,	visto	que	a	qualidade	
de	vida	está	diretamente	relacionada	ao	modo	como	as	pessoas	vivem.
Acadêmico,	você	sabia	que	as	cidades	devem	oferecer	espaços	coletivos,	
parques,	 praças,	 centros	 de	 convivência,	 para	 que	 a	 comunidade	 usufrua	 de	
qualidade	de	vida?	Essa	ação	comprovadamente	vem	reduzindo	os	 custos	em	
serviços	médicos	e	assistenciais	nos	municípios.
64
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
FIGURA 7 – SAÚDE PÚBLICA
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/92/a2/48/92a24801f13fe8e535e944776de60794.jpg>. 
Acesso em: 12 jan. 2018.
Essa	é	uma	realidade	possível,	de	acordo	com	Zetzsche	(2014,	p.	9):
[...]	 a	 amplitude	 do	 escopo	 de	 ações	 em	 saúde	 vai	 abranger	
intervenções	 e	 estratégias	 nos	 mais	 variáveis	 setores,	 como	 meio	
ambiente,	 sustentabilidade,	 manejo	 agrícola,	 controle	 de	 endemias	
e	 pandemias,	 definição	 dos	 níveis	 aceitáveis	 de	 desenvolvimento	 e	
qualidade	de	vida,	saneamento	básico,	manejo	de	recursos	hídricos	e	
naturais,	ambientes	de	trabalho,	acesso	ao	lazer,	educação,	moradia,	
entre	tantos	outros,	pois	é	nestas	boas	condições	de	vida	que	a	saúde	é	
mais	fácil	de	se	obter	e	de	se	conservar.
A	 transformação	 social,	 a	 partir	 da	 saúde,	 busca	 incutir	 nas	 pessoas	
atitudes	 frente	 a	 fatores	 de	 influência	 negativa,	 por	 exemplo,	 a	 mídia	 com	 a	
demasiada	 publicidade	 de	 produtos	 alimentícios	 industrializados,	 que	 não	
trazem	benefícios	à	saúde	e	contribuem	para	a	obesidade	e	sobrepeso;	ou	ainda,	
o	álcool	e	cigarro,	que	levam	a	problemas	comportamentais	e	afetam	a	família.
[...]	 a	 obesidade	na	população	brasileira	 está	 se	 tornando	bem	mais	
frequente	 do	 que	 a	 própria	 desnutrição	 infantil,	 sinalizando	 um	
processo	 de	 transição	 epidemiológica	 que	 deve	 ser	 devidamente	
valorizado	 no	 plano	 da	 saúde	 coletiva.	 As	 doenças	 [...]	 estão	
relacionadas,	 em	 grande	 parte,	 com	 a	 obesidade	 e	 com	 práticas	
alimentares	e	estilos	de	vida	inadequados	(BRASIL,	2008,	p.	14).
Além	dos	problemas	decorrentes	da	vida	moderna	que	afetam	a	saúde	
da	 população,	 temos	 ainda	 doenças	 epidemiológicas	 como	 dengue,	 malária	
e	 tuberculose,	 por	 exemplo,	 e	 que	 causam	 a	morte	 de	milhões	 de	 pessoas	 no	
mundo	todo	e	são	decorrentes	da	miséria,	da	precariedade	no	abastecimento	de	
água	potável,	do	saneamento	básico	e	pela	falta	de	acesso	aos	serviços	públicos	
de	saúde	e	educação.	A	globalização	 fortaleceu	esse	processo	de	disseminação	
de	doenças	ao	redor	do	mundo,	principalmente	pelo	contingente	de	populações	
imigratórias.
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
65
Acadêmico,	visando	contribuir	com	seu	conhecimento,	reflita	e	responda	
à	 atividade	 a	 seguir,	 que	 trata	 do	 tema	 de	 forma	 a	 fazer	 refletir	 a	 partir	 das	
considerações	apresentadas,	 compreender	as	 relações	 entre	 saúde	pública	 e	 as	
desigualdades	sociais	e	suas	terríveis	consequências	para	a	humanidade.
AUTOATIVIDADE
(ENADE,	 2013)	A	Organização	Mundial	de	 Saúde	 (OMS)	menciona	
o	 saneamento	 básico	 precário	 como	 uma	 grave	 ameaça	 à	 saúde	 humana.	
Apesar	 de	 disseminada	 no	 mundo,	 a	 falta	 de	 saneamento	 básico	 ainda	 é	
muito	associada	à	pobreza,	afetando,	principalmente,	a	população	de	baixa	
renda,	que	é	mais	vulnerável	devido	à	subnutrição	e,	muitas	vezes,	à	higiene	
precária.	Doenças	 relacionadas	 a	 sistemas	de	 água	 e	 esgoto	 inadequados	 e	
a	 deficiências	 na	 higiene	 causam	 a	morte	 de	milhões	 de	 pessoas	 todos	 os	
anos,	 com	prevalência	 nos	países	de	 baixa	 renda	 (PIB	per	 capita	 inferior	 a	
US$	825,00).	Dados	da	Organização	Mundial	de	Saúde	(OMS)	apontam	que	
88%	das	mortes	por	diarreia	no	mundo	são	causadas	pela	falta	de	saneamento	
básico.	 Dessas	 mortes,	 aproximadamente	 84%	 são	 de	 crianças.	 Estima-
se	que	1,5	milhão	de	crianças	morram	a	cada	ano,	sobretudo	em	países	em	
desenvolvimento,	em	decorrência	de	doenças	diarreicas.	No	Brasil,	as	doenças	
de	transmissão	feco-oral,	especialmente	as	diarreias,	representam,	em	média,	
mais	de	80%	das	doenças	relacionadas	ao	saneamento	ambiental	inadequado	
(IBGE,	2012).	Com	base	nas	informações	e	nos	dados	apresentados,	redija	um	
texto	dissertativo	acerca	da	abrangência,	no	Brasil,	dos	serviços	de	saneamento	
básico	 e	 seus	 impactos	na	 saúde	da	população.	Em	seu	 texto,	mencione	as	
políticas	públicas	já	implementadas	e	apresente	uma	proposta	para	a	solução	
do	problema	apresentado	no	texto	anterior.
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2013/16_TEC_
GESTAO_HOSPITALAR.pdf>. Acesso em: 23 ago. 2021.
3 SAÚDE: DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO
A	Constituição	da	República	Federativa	de	1988	dispõe	em	seu	art.	196:	“A	
saúde	é	direito	de	todos	e	dever	do	Estado,	garantido	mediante	políticas	sociais	
e	econômicas	que	visem	à	redução	do	risco	de	doença	e	de	outros	agravos	e	ao	
acesso	universal	e	igualitário	às	ações	e	serviços	para	sua	promoção,	proteção	e	
recuperação”	(BRASIL,	[2016],	p.	118-119).
No	Brasil,	temos	um	sistema	de	saúde	garantido	pela	Constituição	Federal,	
que	se	constitui	no	Sistema	Único	de	Saúde	–	SUS.	Para	Campos	et	al.	(2006,	p.	
531	apud	ZETSZCHE,	2014,	p.	87),	o	SUS	é:
66
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
[...]	 o	 arranjo	 organizacional	 do	 Estado	 Brasileiro	 que	 dá	 suporte	 à	
efetivação	da	política	de	saúde	no	Brasil,	e	traduz	em	ação	os	princípios	
e	 diretrizes	 desta	 política.	 Compreende	 um	 conjunto	 organizado	
e	articulado	de	serviços	e	ações	de	saúde,	e	aglutina	o	conjunto	das	
organizações	 públicas	 de	 saúde	 existentes	 nos	 âmbitos	 estadual,	
municipal	 e	 nacional,	 e	 ainda	 os	 serviços	 privados	 de	 saúde	 que	 o	
integram	funcionalmente	para	prestação	de	serviços	aos	usuários	do	
sistema,de	forma	complementar,	quando	contratados	ou	conveniados	
para	 tal	 fim.	 O	 SUS	 foi	 instituído	 com	 o	 objetivo	 de	 coordenar	 e	
integrar	as	ações	das	três	esferas	de	governo	e	pressupõe	a	articulação	
de	 subsistemas	 verticais	 (de	 vigilância	 e	 assistência	 à	 saúde)	 e	
subsistemas	de	base	 territorial	–	estaduais,	 regionais	e	municipais	–	
para	atender	de	maneira	funcional	às	demandas	por	atenção	à	saúde.
Historicamente,	 a	 população	 brasileira	 era	 desassistida	 de	 assistência	
médica	e,	quando	acometida	de	doença,	recorria	às	crenças	e	à	medicina	natural;	
o	auxílio	ao	povo	era	feito	pelas	Santas	Casas	de	Misericórdia.	Somente	a	partir	
da	industrialização	no	país	e	dos	movimentos	sindicalistas	é	que	o	Estado	passa	a	
atuar	na	área	da	saúde,	com	a	criação	das	caixas	de	aposentadoria	e	pensão,	mas	
que	permitiam	somente	aos	contribuintes	o	acesso	à	assistência	médica,	enquanto	
a	maior	parcela	da	população	ficou	à	margem	deste	direito.	Durante	o	período	
militar,	a	iniciativa	privada	passa	a	ter	participação	no	sistema	com	os	convênios	
e	planos	de	saúde.
Essas	medidas	contribuíram	para	a	Reforma	Sanitária	que	levou	à	criação	
do	SUS,	que,	segundo	Arouca	(1998	apud	ZETZSCHE,	2014,	p.	79):
[...]	nasceu	na	luta	contra	a	ditadura,	com	o	tema	Saúde	e	Democracia,	
e	 estruturou-se	 nas	 universidades,	 no	 movimento	 sindical,	 em	
experiências	 regionais	 de	 organização	 de	 serviços.	 Esse	movimento	
social	 consolidou-se	na	8ª	Conferência	Nacional	de	Saúde,	 em	1986,	
na	qual,	pela	primeira	vez,	mais	de	cinco	mil	representantes	de	todos	os	
segmentos	da	sociedade	civil	discutiram	um	novo	modelo	de	saúde	para	
o	Brasil.	O	 resultado	 foi	 garantir	 na	Constituição,	 por	meio	de	 emenda	
popular,	que	a	saúde	é	um	direito	do	cidadão	e	um	dever	do	Estado.
Posteriormente,	 em	 1990,	 foi	 promulgada	 a	 Lei	Orgânica	 do	 SUS,	 com	
as	 Leis	 n°	 8.080	 e	 n°	 8.142,	 que	 têm	 como	 base	 de	 sustentação	 os	 princípios	
norteadores	do	Sistema	Único	de	Saúde	brasileiro:
•	 Princípio	da	Universalidade:	estabelece	a	todos	o	direito	de	atendimento	pelo	
Sistema	Único	de	Saúde.
•	 Princípio	da	Integralidade:	relaciona	dois	aspectos	do	SUS,	o	primeiro	refere-se	
à	compreensão	do	ser	humano	biopsicossocial	que	requer	um	atendimento	em	
sua	 integralidade;	 e	o	 segundo	aspecto	 integra	as	ações	do	Sistema	Único	de	
Saúde	para	o	atendimento	integral	entre	os	diferentes	níveis	de	complexidade	
de	atenção	à	saúde.
•	 Princípio	da	Igualdade:	possibilita	as	mesmas	condições	de	acesso	ao	Sistema	
Único	 de	 Saúde	 neste	 país,	 onde	 ninguém	 pode	 solicitar	 um	 atendimento	
diferenciado,	seja	um	pedido	por	apadrinhamento	político,	ou	pelo	nível	social,	
raça,	gênero.
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
67
O	 SUS	 pode	 ser	 considerado	 como	 direito	 humano:	 “[...]	 é	 a	 maior	
conquista	do	povo	brasileiro	em	política	pública	e	é	um	sistema	que	é	referência	
em	saúde	para	o	mundo,	sob	a	ótica	gravada	na	Constituição	de	que	o	SUS	é	um	
direito	de	todos	e	um	dever	do	Estado	e	evoluindo	para	a	compreensão	de	que	é	
um	direito	humano”.
4 AS REDES DE ATENÇÃO EM SAÚDE
O	funcionamento	do	Sistema	Único	de	Saúde	conjuga	uma	rede	de	serviços	
denominada	Rede	de	Atenção	à	Saúde,	que	classifica	os	atendimentos	em	níveis	
de	atenção	primária,	secundária	e	terciária,	conforme	a	exigência	do	serviço	que	
será	prestado	ao	usuário.	A	rede	compreende-se	em	âmbito	estadual	e	regional,	
numa	articulação	interfederativa,	em	que	serviços	de	saúde	são	executados	em	
uma	 região	 de	 Saúde	 determinada	 por	 um	 espaço	 geográfico	 de	 municípios	
limítrofes,	 que	 segundo	 o	Decreto	 n°	 7.508/2011,	Art.	 2°,	 I,	 será	 “delimitado	 a	
partir	de	identidades	culturais,	econômicas	e	sociais	e	de	redes	de	comunicação	e	
infraestrutura	de	transportes	compartilhados	[...]”	(BRASIL,	2011).	
Trata-se	 de	 uma	 organização	 complexa,	 que	 identifica	 os	 diversos	
atendimentos	 por	 meio	 de	 um	 Mapa	 da	 Saúde,	 que	 segundo	 o	 Decreto	 n°	
7.508/2011,	Art.	2°,	V,	faz	a	distribuição	“[...]	de	recursos	humanos	e	de	ações	e	
serviços	de	saúde	ofertados	pelo	SUS	e	pela	iniciativa	privada,	considerando-se	a	
capacidade	instalada	existente,	os	investimentos	e	o	desempenho	aferido	a	partir	
dos	indicadores	de	saúde	do	sistema”	(BRASIL,	2011).
A	Rede	de	Atenção	 à	 Saúde	 (RAS)	 atua	 a	partir	da	Unidade	Básica	de	
Saúde	ou	USF	–	Unidade	de	Saúde	da	Família,	 onde	 inicia	 o	 trabalho	 junto	 à	
comunidade.	 As	 consultas	 são	 realizadas	 pelo	 médico	 generalista	 e,	 se	 for	
necessário,	encaminha	aos	médicos	especialistas	que	integram	o	setor	de	atenção	
secundária.
A	Unidade	Básica	de	Saúde	realiza	os	atendimentos	em	nível	de	atenção	
primária	 “[...]	 enfatizando	 a	 função	 resolutiva	 dos	 cuidados	 primários	 sobre	
os	problemas	mais	comuns	de	saúde	e	a	partir	do	qual	se	realiza	e	coordena	o	
cuidado	em	todos	os	pontos	de	atenção”	(MINISTÉRIO	DA	SAÚDE,	2010,	p.	4	
apud	ZETZSCHE,	2014,	p.	32).
A	 pesquisa	 do	 Instituto	 Datafolha	 (2014)	 mostra	 com	 que	 objetivo	 o	
usuário	busca	o	atendimento	na	Unidade	de	Saúde.
68
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
FIGURA 8 – NECESSIDADES NA SAÚDE PÚBLICA
FONTE: Datafolha (2014, p. 44)
No	 setor	 de	 atenção	 secundária,	 adentramos	 em	 Policlínicas	 de	
especialidades,	 Ambulatórios	 e	 Centros	 de	 Atenção	 Psicossocial	 (CAPS).	 Do	
setor	terciário	fazem	parte	os	hospitais	especializados,	Unidades	de	Tratamento	
Intensivo	 (UTIs),	 Centros	 de	Hemodiálise,	 entre	 outros.	Os	 encaminhamentos	
feitos	 aos	 usuários	 são	 formais,	 por	 meio	 de	 referências	 e	 contrarreferências,	
que	são	os	 registros	das	consultas	e	procedimentos	utilizados	pelos	médicos	e	 
agentes	de	saúde.
Pontos de atenção à saúde são entendidos como espaços em que se ofertam 
determinados serviços de saúde, por meio de uma produção singular. Os domicílios, 
as unidades básicas de saúde, as unidades ambulatoriais especializadas, os serviços de 
hemoterapia e hematologia, os centros de apoio psicossocial, as residências terapêuticas, 
entre outros. Os hospitais podem abrigar distintos pontos de atenção à saúde: o ambulatório 
de pronto atendimento, a unidade de cirurgia ambulatorial, o centro cirúrgico, a maternidade, 
a unidade de terapia intensiva, a unidade de hospital/dia, entre outros. Todos os pontos de 
atenção à saúde são igualmente importantes para que se cumpram os objetivos da rede de 
atenção à saúde e se diferenciam, apenas, pelas distintas densidades tecnológicas que os 
caracterizam (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p. 4 apud ZETSCHE, 2014, p. 32).
UNI
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
69
Vejamos	um	exemplo	de	atendimento	em	rede:
O	 sr.	 José	 é	 portador	 de	 doença	 mental	 leve	 diagnosticada	 durante	 a	
infância,	mas	os	pais	não	procuraram	um	tratamento	na	época;	a	partir	da	visita	
do	agente	comunitário	a	domicílio,	o	sr.	 José	foi	encaminhado	para	a	Unidade	
Básica	de	Saúde	(que	fez	seu	acompanhamento	clínico	e	o	encaminhou	também	
para	 o	 CAPS	 -	 Centro	 de	 Atenção	 Psicossocial).	 Foi	 feito	 o	 cadastro	 na	 ESF	
(Estratégia	de	Saúde	Familiar)	e	no	CAPS	e	as	crises	puderam	ser	cuidadas	sem	
internação.	O	sr.	José	também	tem	hipertensão	e	por	isso	faz	acompanhamento	
com	a	médica	da	Unidade	de	Saúde	Básica,	que	prescreve	os	seus	medicamentos.	
Como	o	sr.	José	é	viúvo	e	mora	sozinho,	o	agente	comunitário	tem	feito	visitas	
com	frequência,	para	saber	se	está	tomando	a	medicação	corretamente.
Neste	 exemplo,	 podemos	 verificar	 como	 um	 usuário	 pode	 ter	 o	 seu	
cuidado	 compartilhado	 entre	 uma	 equipe	 de	 atenção	 primária,	 a	 unidade	 de	
saúde	da	família,	e	uma	equipe	de	atenção	secundária,	a	equipe	do	CAPS.
Para	 conhecer	melhor	 os	princípios	que	norteiam	a	 legislação	orgânica	
de	 saúde,	 acompanhe	 a	 questão	 a	 seguir,	 ela	 trata	 do	 tema,	 que	 também	 foi	
abordado	no	Exame	Nacional	do	Estudante	–	ENADE	(2013)	e	ajuda	a	entender	o	
funcionamento	da	saúde	pública	e	pensar	sobre	a	qualidade	de	atendimento	em	
saúde	na	sua	cidade.AUTOATIVIDADE
(ENADE,	 2013)	 Mais	 de	 20	 anos	 após	 a	 criação	 do	 SUS,	 surge	 a	
necessidade	de	regulamentação	de	dispositivos	da	Lei	Orgânica	da	Saúde,	em	
face	de	lacunas	legais	quanto	à	organização	do	sistema,	ao	planejamento	da	
saúde,	à	assistência	à	saúde	e	à	articulação	interfederativa.	A	regulamentação,	
pelo	Poder	Executivo	Federal,	da	Lei	n°	8.080/1990,	por	meio	do	Decreto	n°	
7.508/2011,	 surge	 no	momento	 em	 que	 os	 gestores,	 profissionais	 de	 saúde	
e	 trabalhadores	detêm	maior	 compreensão	da	organização	 constitucional	 e	
legal	do	SUS	e	o	usuário	sobre	o	seu	direito	à	saúde.	De	acordo	com	o	decreto	
citado	anteriormente,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
I-	 A	integralidade	da	assistência	à	saúde	se	inicia	e	se	completa	na	rede	de	
atenção	à	saúde,	mediante	referenciamento	do	usuário	na	rede	regional	e	
interestadual,	conforme	pactuado	nas	comissões	intergestoras.	
II-	 Mapa	 da	 Saúde	 é	 a	 descrição	 geográfica	 da	 distribuição	 de	 recursos	
humanos	e	de	ações	e	serviços	de	saúde	ofertados	pelo	SUS	e	pela	iniciativa	
privada	que	será	utilizada	na	identificação	das	necessidades	de	saúde	e	
orientará	o	planejamento	 integrado	dos	entes	 federativos,	 contribuindo	
para	o	estabelecimento	de	metas	de	saúde.
70
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
III-	 Região	 de	 Saúde	 é	 o	 espaço	 geográfico	 contínuo	 constituído	 por	
agrupamentos	de	municípios	 limítrofes,	 delimitado	 a	partir	 de	 identidades	
culturais,	econômicas	e	sociais	e	de	redes	de	comunicação	e	infraestrutura	de	
transportes	compartilhados,	com	a	finalidade	de	integrar	a	organização,	o	
planejamento	e	a	execução	de	ações	e	serviços	de	saúde.
É	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/228182>.
Acesso em: 23 AGO. 2021.
a)	(			)	I,	apenas.
b)	(			)	II,	apenas.
c)	 (			)	I	e	III,	apenas.
d)	(			)	II	e	III,	apenas.
e)	 (			)	I,	II	e	III.
5 DIVERSOS ATENDIMENTOS EM SAÚDE
Para	 desenvolver	 a	 política	 pública	 de	 saúde	 é	 preciso,	 inicialmente,	
diagnosticar	a	condição	de	saúde	da	população	brasileira.	Segundo	as	informações	
divulgadas	pelo	Ministério	da	Saúde,	a	estimativa	de	vida	do	brasileiro	aumentou	
para	72,7	anos	em	média,	passando	a	viver	mais	 tempo;	em	contrapartida,	a	 taxa	
de	natalidade	decresceu	de	6,2	filhos	por	mulher	nos	anos	60	para	1,8	filhos	por	
mulher	até	2009.
Acadêmico,	 nessa	 perspectiva,	 constatamos	 que	 a	 população	 no	 Brasil	
está	envelhecendo,	as	pessoas	vivem	mais	tempo	e	nascem	menos	crianças;	e	o	
índice	de	mortalidade	aumentou	devido	a	doenças	crônicas	que	afetam	79,1%	dos	
idosos	de	65	anos	ou	mais.	
Segundo	Mendes	(2012,	p.	34-35	apud	ZETSCHE,	2014,	p.	21),	“Ademais,	
31,3%	 da	 população	 geral,	 em	 torno	 de	 60	 milhões	 de	 pessoas,	 têm	 doenças	
crônicas,	e	5,9%	dessa	população	total	têm	três	ou	mais	dessas	doenças	crônicas”.
Diariamente,	 o	 SUS	 presta	 atendimento	 a	 milhares	 de	 usuários	 que	
furtivamente	adoecem,	necessitando	de	intervenção	médica,	realização	de	exames,	
cirurgias	e	 internações	em	hospitais;	 são	considerados	atendimentos	de	problema	
agudo,	pois	quando	solucionado,	o	paciente	é	liberado.	Para	o	atendimento	de	
gestantes	ou	usuários	de	drogas,	álcool	e/ou	portadores	de	doenças	sexualmente	
transmissíveis,	que	necessitam	de	acompanhamento,	é	requerido	o	agendamento	
da	consulta.
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
71
O	 atendimento	 a	 domicílio	 feito	 pelo	 médico	 da	 Unidade	 Básica	 de	
Saúde	visa	atender	a	pessoas	 impossibilitadas	de	deslocamento	em	virtude	de	
graves	acidentes,	por	exemplo.	São	realizados	os	procedimentos	mais	comuns	de	
recuperação,	por	meio	de	curativos	e	fisioterapia;	além	destes,	também	se	inclui	
aqui	o	atendimento	a	pacientes	acometidos	das	doenças	ocupacionais	como	LER	e	
DORT,	o	que	leva	um	grande	número	de	trabalhadores	à	incapacidade	funcional.
No	 entanto,	 muitos	 atendimentos	 seguem	 uma	 inversão	 do	 modelo	
de	atenção	à	 saúde,	 “[...]	demandado	pela	maioria	das	pessoas	 e	denominado	
de	 queixa	 conduta”,	 como	 afirma	 Zetzsche	 (2014,	 p.	 23).	Após	 a	 consulta	 e	 a	
prescrição	 de	 exames,	 o	 paciente	 sente-se	 melhor	 e	 desiste	 dos	 exames.	 Os	
sintomas	ressurgem	e	a	doença	se	instala	com	gravidade,	e	o	retorno	ao	médico	
é	inevitável,	o	que	representa	um	alto	custo	para	o	SUS,	e	maior	ganho	para	a	
iniciativa	privada	pela	quantidade	de	exames	de	alto	 custo,	 e	para	a	 indústria	
farmacêutica,	pela	quantidade	de	medicamentos.
5.1 POLÍTICAS DE SAÚDE E PROGRAMAS ESPECÍFICOS
Pela	 complexidade	 de	 atuação	 do	 SUS	 em	 todo	 o	 território	 nacional,	
criaram-se	políticas	nacionais	para	o	combate	de	doenças	e	prevenção	em	saúde,	
coordenadas	 pelo	 Ministério	 da	 Saúde	 e	 operacionalizadas	 em	 programas	
específicos	no	combate	a	doenças.
O Brasil detém a tecnologia para a fabricação de muitas das vacinas utilizadas 
nas campanhas de saúde pública do país. A Fiocruz – Fundação Osvaldo Cruz, no Rio de 
Janeiro, e o Instituto Butantã, em São Paulo, são considerados centros de excelência para 
a fabricação de imunobiológicos. Ambas as instituições são órgãos públicos (ZETZSCHE, 
2014, p. 244).
IMPORTANT
E
No	 Brasil,	 temos	 várias	 políticas	 de	 saúde	 operacionalizadas	 por	
programas	presentes	em	todo	o	país,	vejamos	algumas:
72
UNIDADE 1 — FORMAÇÃO GERAL
QUADRO 6 – DEMONSTRATIVO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS ESPECÍFICOS DE SAÚDE
POLÍTICA 
PÚBLICA/ 
PROGRAMA
OBJETIVO
PROVAB
Programa	de	Valorização	do	Profissional	da	Atenção	Básica	 (PROVAB)	
-	Estimular	a	formação	do	médico	para	a	real	necessidade	da	população	
brasileira	 e	 levar	 esse	profissional	para	 localidades	 com	maior	 carência	
para	este	serviço.
PROGRAMA 
ACADEMIA DA 
SAÚDE
Desde	 2011,	 o	Ministério	da	 Saúde	vem	promovendo	a	 implantação	 e	
implementação	de	polos	da	Academia	da	Saúde	nos	municípios	brasileiros.	
Os	 polos	 são	 espaços	 físicos	 dotados	 de	 equipamentos,	 estrutura	 e	
profissionais	qualificados,	com	o	objetivo	de	contribuir	para	a	promoção	da	
saúde	e	produção	do	cuidado	e	de	modos	de	vida	saudáveis	da	população.	
MAIS MÉDICOS
O	Programa	Mais	Médicos	faz	parte	de	um	amplo	pacto	de	melhoria	do	
atendimento	 aos	usuários	do	Sistema	Único	de	Saúde,	 que	prevê	mais	
investimentos	 em	 infraestrutura	 dos	 hospitais	 e	 unidades	 de	 saúde,	
além	de	levar	mais	médicos	para	regiões	onde	há	escassez	e	ausência	de	
profissionais.
MELHOR	EM
CASA
Melhorar	e	ampliar	a	assistência	no	SUS	a	pacientes	com	agravos	de	saúde,	
que	possam	receber	atendimento	humanizado,	em	casa,	e	perto	da	família.
FARMÁCIA
POPULAR
O	Governo	Federal	 criou	o	Programa	Farmácia	Popular	do	Brasil	para	
ampliar	o	acesso	aos	medicamentos	para	as	doenças	mais	comuns	entre	os	
cidadãos.	O	Programa	possui	uma	rede	própria	de	Farmácias	Populares	e	
a	parceria	com	farmácias	e	drogarias	da	rede	privada,	chamada	de	"Aqui	
tem	Farmácia	Popular".
CARTÃO
NACIONAL	DE
SAÚDE
Cartão	Nacional	de	Saúde	é	um	instrumento	que	possibilita	a	vinculação	
dos	procedimentos	executados	no	âmbito	do	Sistema	Único	de	Saúde	(SUS)	
ao	usuário,	ao	profissional	que	os	realizou	e	também	à	unidade	de	saúde	
em	que	foram	realizados.	Para	tanto,	é	necessária	a	construção	de	cadastros	
de	usuários,	de	profissionais	de	saúde	e	de	unidades	de	saúde.	A	partir	
desses	cadastros,	os	usuários	do	SUS	e	os	profissionais	de	saúde	recebem	
um	número	nacional	de	identificação.
PRONTO
ATENDIMENTO
UPA	24h
As	Unidades	 de	 Pronto	Atendimento	 -	 UPA	 24h	 são	 estruturas	 de	
complexidade	intermediária	entre	as	Unidades	Básicas	de	Saúde	e	as	portas	
de	urgência	hospitalares,	onde,	em	conjunto	com	estas,	compõem	uma	rede	
organizada	de	Atenção	às	Urgências.
HUMANIZASUS
A	Política	Nacional	de	Humanização	existe	desde	2003	para	efetivar	os	
princípios	do	SUS	no	cotidiano	das	práticas	de	atenção	e	gestão,	qualificando	
a	saúde	pública	no	Brasil	e	incentivando	trocas	solidárias	entre	gestores,	
trabalhadores	e	usuários.
DOAÇÃO	DE
ÓRGÃOS
O	Sistema	Nacional	de	Transplantes	 (SNT),instituído	pelo	Decreto	n°	
2.268,	de	30	de	junho	de	1997,	é	a	instância	responsável	pelo	controle	e	pelo	
monitoramento	dos	transplantes	de	órgãos,	de	tecidos	e	de	partes	do	corpo	
humano,	realizados	no	Brasil.
PNAN	–
POLÍTICA
NACIONAL	DE
ALIMENTAÇÃO
E	NUTRIÇÃO
A	Política	Nacional	de	Alimentação	 e	Nutrição	 (PNAN),	 aprovada	no	
ano	de	1999,	 integra	os	 esforços	do	Estado	brasileiro,	 que	por	meio	de	
um	conjunto	de	políticas	públicas	propõe	respeitar,	proteger,	promover	
e	prover	os	direitos	humanos	à	saúde	e	à	alimentação.	A	completares	dez	
anos	de	publicação	da	PNAN,	deu-se	início	ao	processo	de	atualização	e	
aprimoramento	das	suas	bases	e	diretrizes,	de	forma	a	consolidar-se	como	
uma	referência	para	os	novos	desafios	a	serem	enfrentados	no	campo	da	
alimentação	e	nutrição	no	Sistema	Único	de	Saúde	(SUS).	
TÓPICO 4 — POLÍTICA PÚBLICA DE SAÚDE
73
FONTE: Adaptado de <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_
promocao_saude_3ed.pdf>. Acesso em: 6 set. 2021.
SAMU
O	Serviço	de	Atendimento	Móvel	de	Urgência	 –	 SAMU	192	 tem	como	
objetivo	chegar	precocemente	à	vítima	após	ter	ocorrido	alguma	situação	de	
urgência	ou	emergência	de	natureza	clínica,	cirúrgica,	traumática,	obstétrica,	
pediátrica,	 psiquiátrica,	 entre	 outras,	 que	possa	 levar	 ao	 sofrimento,	 a	
sequelas	ou	mesmo	à	morte.	Trata-se	de	um	serviço	pré-hospitalar,	que	
visa	conectar	as	vítimas	aos	recursos	que	elas	necessitam	e	com	a	maior	
brevidade	possível.
PROGRAMAS DE
CONTROLE	DE
CÂNCERPOLÍTICA
NACIONAL
DE	ATENÇÃO
ONCOLÓGICA
O	câncer	de	mama	é	o	mais	incidente	na	população	feminina	mundial	e	
brasileira,	excetuando-se	os	casos	de	câncer	de	pele	não	melanoma.	Políticas	
públicas	nessa	área	vêm	sendo	desenvolvidas	no	Brasil	desde	meados	dos	
anos	1980	e	foram	impulsionadas	pelo	Programa	Viva	Mulher	em	1998.	O	
controle	do	câncer	de	mama	foi	reafirmado	como	plano	de	fortalecimento	
da	rede	de	prevenção,	diagnóstico	e	tratamento	do	câncer,	 lançado	pela	
presidente	da	República	em	2011.
QualiSUS	-	REDE
QualiSUS	-	Rede	é	um	projeto	formalizado	a	partir	de	Acordo	de	Empréstimo	
com	o	Banco	Mundial,	com	a	finalidade	de	contribuir	para	a	organização	
de	redes	regionalizadas	de	atenção	à	saúde	no	Brasil.
CONTROLE	DO
TABAGISMO
O	Programa	 tem	como	objetivo	 reduzir	 a	prevalência	de	 fumantes	 e	 a	
consequente	morbimortalidade	relacionada	ao	consumo	de	derivados	do	
tabaco,	seguindo	um	modelo	no	qual	ações	educativas,	de	comunicação,	
de	 atenção	 à	 saúde,	 associadas	 às	medidas	 legislativas	 e	 econômicas,	
potencializam-se	para	prevenir	 a	 iniciação	do	 tabagismo,	 promover	 a	
cessação	de	fumar	e	proteger	a	população	d	exposição	à	fumaça	ambiental	
do	tabaco.
BANCOS	DE
LEITE	HUMANO
A	Rede	BLH	tem	por	missão	a	promoção	da	saúde	da	mulher	e	da	criança	
mediante	a	integração	e	a	construção	de	parcerias	com	órgãos	federais,	a	
iniciativa	privada	e	a	sociedade.
POLÍTICA DE 
PREVENÇÃO	
AO	CÂNCER	
GINECOLÓGICO	E	
DA	PREVENÇÃO
DA DST
Estratégia	criada	pelo	INCA	visando	à	ampliação	da	assistência	oncológica	
no	Brasil	pela	 implantação	de	 serviços	que	 integram	os	diversos	 tipos	
de	 recursos	necessários	 à	 atenção	oncológica	de	 alta	 complexidade	 em	
hospitais	gerais.
Neste	 cenário,	 o	 trabalho	 da	 Vigilância	 Epidemiológica	 é	 fundamental	
para	prever	as	ações	que	o	Estado	deve	realizar	a	partir	da	coleta	de	informações	
do	perfil	epidemiológico	da	população.	A	Vigilância	Epidemiológica	acompanha	
a	 evolução	 de	 determinadas	 doenças	 e	 adota	 medidas	 que	 impedem	 que	 as	
pessoas	sejam	expostas	ao	contágio	de	doenças	transmissíveis.
Trouxemos	para	você,	acadêmico,	um	pouco	do	contexto	que	foi	construído	
durante	 longos	 anos	por	nosso	 sistema	de	 saúde	brasileiro.	Ele	 ainda	 está	 em	
construção,	adaptação,	com	novas	propostas	surgindo	diariamente,	afinal,	é	um	
grande	desafio	a	concepção	de	saúde	de	qualidade	para	todos.
74
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 No	Brasil	a	saúde	é	um	direito	constitucional	e	dever	do	Estado.
•	 O	SUS	é	o	sistema	de	saúde	nacional	que	 funciona	em	rede,	norteado	pelos	
princípios	de	universalidade,	 integralidade	e	 igualdade	determinados	na	Le	
Orgânica	da	Saúde.
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pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
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CHAMADA
75
1	 Conforme	determinado	pela	Constituição	 Federal	 de	 1988,	 a	 questão	 da	
saúde	pública	é	dever	do	Estado,	sendo	operacionalizado	pelo	SUS	(Sistema	
Único	de	Saúde).	Sem	dúvida,	atender	a	esta	demanda	é	um	enorme	desafio,	
pelas	dimensões	e	complexidades	existentes	em	nosso	país	para	garantir,	a	
todos,	qualidade	nas	políticas	públicas	de	saúde.	Neste	contexto,	analise	as	
sentenças	a	seguir:
I-	 O	 SUS	 (Sistema	Único	 de	 Saúde)	 precisa	 estar	 em	 constante	 evolução,	
sendo	um	processo	contínuo	de	construção.	
II-	 O	SUS	é	um	dos	maiores	programas	de	saúde	do	mundo.
III-	 A	Constituição	Federal	de	1988	estabeleceu	que	o	sistema	de	saúde	não	
fosse	estatizado,	ou	seja,	deverá	ser	assegurado	pela	iniciativa	privada.
IV-	 A	ESF	(Estratégia	de	Saúde	da	Família)	é	considerada	a	porta	de	entrada	
no	sistema	SUS.
Agora,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(			)	As	sentenças	I,	II	e	IV	estão	corretas.
b)	(			)	Somente	a	sentença	III	está	correta.
c)	 (			)	As	sentenças	III	e	IV	estão	corretas.
d)	(			)	As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
2	 No	contexto	do	atendimento	ao	usuário	do	sistema	de	saúde,	a	estrutura	
para	 promover	 estes	 procedimentos	 está	 dividida	 em	níveis	 de	 atenção.	
Considerando	o	assunto,	analise	as	sentenças	a	seguir:
I-	 A	atenção	básica	é	caracterizada	por	ser	a	porta	de	entrada	dos	tratamentos	
do	SUS.
II-	 O	usuário	que	for	atendido	no	nível	de	atenção	básica	não	poderá	receber	
tratamento	nos	demais	níveis	de	atenção.
III-	 São	 considerados	 como	 atenção	 secundária	 os	 serviços	 realizados	pelo	
SAMU	(Serviço	de	Atendimento	Móvel	de	Urgência)	e	UPAS	(Unidades	
de	Pronto-Atendimento).
IV-	 Os	serviços	de	atenção	terciária	são	realizados	nos	consultórios	médicos.
Agora,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(			)	As	sentenças	I	e	III	estão	corretas.
b)	(			)	As	sentenças	II	e	IV	estão	corretas.
c)	 (			)	As	sentenças	II	e	III	estão	corretas.
d)	(			)	As	sentenças	I	e	IV	estão	corretas.
AUTOATIVIDADE
76
3	 No	contexto	do	modelo	de	saúde	existe	a	classificação	de	níveis	de	atenção,	
os	 quais	 estão	 divididos	 em	 primário,	 secundário	 e	 terciário.	 Sabemos	
que	o	maior	número	de	atendimentos	aos	usuários	do	 sistema	de	 saúde	
concentra-se	no	nível	de	atenção	primário.	Desta	 forma,	disserte	 sobre	o	
que	trata	a	Política	Nacional	de	Atenção	Básica.
4	 O	 sistema	 de	 saúde	 pode	 ser	 definido	 como	 um	 conjunto	 de	 relações	
econômicas,	 políticas	 e	 institucionais,	 que	 refletem	 na	 condução	 das	
atividades	que	promovem	a	saúde,	com	serviços	que	visam	alcançar	esses	
resultados.	Como	o	Sistema	de	Saúde	Brasileiro	é	considerado?
a)	(			)	Privado.
b)	(			)	Parcial.
c)	 (			)	Universal.
d)	(			)	Público.
77
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funcionamento	dos	serviços	correspondentes	e	dá	outras	providências.	Brasília,	
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da	comunidade	na	gestão	do	Sistema	Único	de	Saúde	(SUS)	e	sobre	as	
transferências	intergovernamentais	de	recursos	financeiros	na	área	da	saúde	e	
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ZETZSCHE,	M.	F.	Sistema e organização de Saúde no Brasil.	Indaial:	
UNIASSELVI,	2014.
81
UNIDADE 2 — 
FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM 
BIOMEDICINA I
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
•	 apresentar	o	profissional	biomédico,	habilitações	e	o	código	de	ética;
•	 conhecer	os	laboratórios	de	análises	clínicas	e	a	Resolução	n°	302/2005;
•	 identificar	o	controle	de	qualidade	nas	análises	clínicas	e	suas	regras;
•	 descrever	os	principais	processos	bioquímicos.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	da	unidade,	
você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	 conteúdo	
apresentado.
TÓPICO	1	–	O	PROFISSIONAL	BIOMÉDICO	
TÓPICO	2	–	ANÁLISES	CLÍNICAS	E	CONTROLE	DE	QUALIDADE
TÓPICO	3	–	PROCESSOS	BIOQUÍMICOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
82
83
UNIDADE 2
TÓPICO 1 — 
O PROFISSIONAL BIOMÉDICO
1 INTRODUÇÃO 
Caro	acadêmico,	neste	tópico	iremos	abordar	um	pouco	do	profissional	
biomédico,	 revisar	 e	 atualizar	 algumas	 informações	 que	 são	 de	 extrema	
importância	para	nossa	vida	profissional.	
Vale	lembrar	que	a	biomedicina	é	um	curso	novo,	criado	no	ano	de	1966,	
ainda	com	o	nome	de	Ciências	Biológicas	–	modalidade	médica.		Com	o	objetivo	
da	formação	de	um	profissional	com	habilidades	suficientes	para	atuação	como	
docente	ou	pesquisador	científico	em	áreas	básicas	de	conhecimento	em	saúde.	
Somente	em	3	de	setembro	de	1979,	o	Congresso	Nacional	aprovou	a	Lei	n°	6.684,	
que	regulamenta	a	profissão	de	biomédico,	porém,	nessa	época,	a	biomedicina	
e	 as	 ciências	 biológicas	 ainda	 estavam	 vinculadas.	 O	 desmembramento	 das	
profissões	só	ocorreu	com	a	sansão	da	Lei	n°	7.017,	em	agosto	de	1982,	que	separou	
as	categorias	de	Biólogos	e	Biomédicos.	O	Decreto	n°	88.439,	de	28	de	junho	de	
1983,	veio	regulamentar	o	exercício	da	profissão	de	biomédico	separadamente,	
sendo	 oficialmente	 considerado	 como	 profissional	 da	 área	 da	 saúde	 em	 1998,	 
pela	Resolução	CNS	n°	287.
A	 Biomedicina	 consagrou-se	 como	 uma	 das	 mais	 completas	 e	
abrangentes	profissões	da	saúde.	Seus	profissionais	ocupam	cargos	e	
funções	de	destaque	nas	áreas	da	docência,	da	pesquisa	e	da	saúde,	
elevando	a	categoria	e	demonstrando	a	eficácia	e	a	qualidade	de	sua	
atuação	no	Brasil	e	no	exterior	(REGULAMENTAÇÃO,	2020,	s.	p.)
O	Ministério	da	Educação	(MEC),	amparado	no	Parecer	CNE/CES	n°	104,	
de	13	de	março	de	2002,	publicou	a	Resolução	CNE/CES	n°	2,	de	18	de	fevereiro	de	
2003,	que	 institui	as	diretrizes	curriculares	do	curso	de	Biomedicina.	Documentos	
delineiam	o	perfil	 técnico-profissional	 e	gerencial	desejado	aos	 egressos	do	 curso	 
de	Biomedicina.
Hoje,	com	31	habilitações	o	Biomédico	deve	ser	um	profissional	da	área	da	
saúde	com	formação	generalista,	humanista,	crítica	e	reflexiva,	capacitado	a	atuar	em	
todos	os	níveis	do	sistema	de	saúde	sempre	respeitando	os	preceitos	éticos,	respeito	
ao	ser	humano	e	agindo	com	rigor	científico	em	todas	suas	atividades.
Ao	longo	deste	tópico,	vamos	relembrar	algumas	das	regulamentações	da	
profissão,	assim	como	atualização	do	código	de	ética	do	profissional	biomédico.	
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
84
2 CONSELHOS DE BIOMEDICINA
A	fim	de	realizar	a	fiscalização	da	profissão	no	Brasil,	temos	instituído	o	
Conselho	Federal	de	Biomedicina	e	seus	Conselhos	Regionais.	
2.1 CONSELHO FEDERAL DE BIOMEDICINA
Instituído	pela	Lei	n°	6.684,	de	3	de	setembro	de	1979,	o	Conselho	Federal	
de	Biomedicina	é	o	principal	órgão	regulamentador	da	profissão	do	Biomédico.	
Entre	suas	funções	estão,	orientar,	disciplinar	e	zelar	pelo	exercício	da	biomedicina	
no	 país,	 criando	 resoluções	 que	 normatizam	 as	 áreas	 de	 atuação,	 habilitações	
profissionais,	responsabilidades	técnicas,	documentações	e	condutas	de	acordo	
com	o	código	de	ética	da	profissão.
2.2 CONSELHO REGIONAL DE BIOMEDICINA
Você	sabia,	acadêmico,	que	cabe	aos	Conselhos	Regionais	de	Biomedicina	
julgar	e	decidir,	os	processos	de	infrações	às	 leis	e	ao	código	de	ética	cometidos	
pelo	profissional	biomédico.	Além	de	organizar,	disciplinar	e	manter	atualizado	
o	 registro	 dos	 profissionais	 e	 pessoas	 jurídicas	 inscritas	 para	 exercer	 atividades	
relacionadas	à	profissão.	Para	atender	todas	as	Unidades	Federativas	e	o	Distrito	
Federal,	a	jurisdição	dos	Conselhos	Regionais	de	Biomedicina	no	Brasil	é	dividida	
em	seis	regiões.
FIGURA 1 – CONSELHOS REGIONAIS DE BIOMEDICINA E SEUS RESPECTIVOS 
ESTADOS DE JURISDIÇÃO
FONTE: <http://twixar.me/857m>. Acesso em: 24 
TÓPICO 1 — O PROFISSIONAL BIOMÉDICO
85
É muito importante que você, futuro profissional biomédico, já conheça o site 
de seu conselho regional. 
• Conselho Regional de Biomedicina – 1ª Região: contempla os estados do Espírito 
Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Acesse em: https://crbm1.gov.br/. 
• Conselho Regional de Biomedicina – 2ª Região: contempla os estados do Alagoas, 
Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. 
Acesse em: https://crbm2.gov.br/.
• Conselho Regional de Biomedicina – 3ª Região: contempla o Distrito Federal e os estados 
de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins. Acesse em: https://crbm3.gov.br/.
• Conselho Regional de Biomedicina – 4ª Região: contempla os estados do Acre, 
Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima. Acesse em: https://crbm4.gov.br/.
• Conselho Regional de Biomedicina – 5ª Região: contempla os estados do Rio Grande 
do Sul e Santa Catarina. Acesse em: https://crbm5.gov.br/.
• Conselho Regional de Biomedicina – 6ª Região: contempla o estado do Paraná. 
Acesse em: https://crbm6.gov.br/.
DICAS
Acadêmico além dos conselhos de biomedicina temos também os sindicatos 
e associações que estão presentes para auxiliar os profissionais.
• SINDICATOS: eles defendem e fazem prevalecer os direitos trabalhistas garantidos pela 
CLT. Isso inclui a jornada de trabalho ideal, o piso salarial compatível com a categoria, 
os acordos anuais celebrados entre empregados e empregadores e lutam pela melhoria 
das condições laborais. 
• ASSOCIAÇÕES: possui o cunho científico com o objetivo de promover o aperfeiçoamento, 
agregando conhecimento ao currículo de profissionais e estudantes através de cursos, 
palestras, congressos e jornadas, encontros, simpósios e demais eventos científicos.
NOTA
3 HABILITAÇÕES
São	 amplas	 as	 áreas	 de	 atuações	 do	 profissional	 biomédico,	 porém,	
para	desenvolver	suas	atividades,	o	profissional	deve	 ter	o	reconhecimento	da	
habilitação	na	área	específica	em	que	atua.	
“O	 biomédico	 que	 atua	 em	 setor	 para	 o	 qual	 não	 tem	 a	 necessária	
habilitação	corre	o	risco	de	sofrer	punição	perante	o	código	de	ética	da	profissão	
o	 que	pode	 resultar	 inclusive	 na	 cassação	de	 seu	 registro	 pois	 essa	 infração	 é	
considerada	gravíssima”	(RELAÇÃO,	2021,	s.	p.).
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
86
QUADRO 1 – HABILITAÇÕES DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO
FONTE: <https://crbm1.gov.br/site2019/wp-content/uploads/2020/10/
HABILITA%C3%87%C3%95ES_PICS-1024x570.png>. Acesso em: 24 ago. 2021.
O	biomédico	pode	possuir	mais	de	uma	habilitação.	Sua	primeira	habilitação	
é	adquirida	na	graduação,	quando	ele	tem	de	cumprir	obrigatoriamente	estágio 
supervisionado	em,	no	mínimo,	uma	especialidade,	porém,	existem	instituições	
de	ensino	em	que	o	graduando	pode	estagiar	em	várias	delas,	respeitadas	as	500	
(quinhentas)	horas	mínimas	por	área	(CRBM1,	2021).
Depois	da	conclusão	da	graduação,	o	biomédico	pode	adquirir	uma	nova	
habilitação	 realizando	 cursos	 de	 especialização,	 mestrado	 ou	 doutorado,	 cuja	
grade	curricular	seja	reconhecida	pelo	Ministério	da	Educação	e	 tenha	o	perfil	
de	determinadahabilitação	escolhida	pelo	profissional.	Outras	formas	de	obter	
habilitação	 é	 realizando	 a	 residência	 biomédica	multidisciplinar	 ou	 aprovação	
no	 exame	 de	 título	 de	 especialista	 da	 Associação	 Brasileira	 de	 Biomedicina	 
(CRBM1,	2021).	
E	aí,	acadêmico,	já	parou	para	pensar	com	qual	área	você	mais	se	identifica?
Acadêmico, é muito importante lembrar que devemos estar com todas 
as nossas obrigações legais em dias em frente aos Conselhos Regionais e Federal de 
Biomedicina. E como vimos anteriormente, os conselhos de biomedicina investigam 
atuação dos profissionais não habilitados que estão atuando, o que geram processos e, em 
alguns casos, até prisão. 
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — O PROFISSIONAL BIOMÉDICO
87
 A seguir, veja uma reportagem sobre fiscalização de falsos profissionais exercendo 
de forma errada a profissão. 
APÓS DENÚNCIA DO CRBM-5, FALSA BIOMÉDICA É PRESA
 A Polícia Civil prendeu nesta segunda-feira (25) uma mulher que se dizia biomédica 
e realizava procedimentos estéticos em Cachoeirinha (RS). Em uma ação com a Vigilância 
Sanitária, a 1ª Delegacia de Polícia do município fechou a clínica onde ela atuava e oferecia, 
entre outros procedimentos, bronzeamento artificial.
 O CRBM-5 enviou, no segundo semestre do ano passado, uma denúncia de 
exercício ilegal da profissão ao Ministério Público do Rio Grande do Sul após constatar que 
a proprietária do estabelecimento não possuía registro de biomédica.
 Em 2020, o departamento de Fiscalização encaminhou outras 13 denúncias 
similares ao MP/RS e MP/SC para impedir o exercício ilegal da Biomedicina por pessoas 
sem habilitação correta e sem registro no CRBM-5. 
 Com ações de investigação e de monitoramento como essas, realizadas 
sistemática e rigorosamente pela Fiscalização, o Conselho valoriza os profissionais 
devidamente habilitados e impossibilita a atuação de pessoas que, além de prejudicarem a 
imagem da Biomedicina, representam um risco para a sociedade.
FONTE: <https://crbm5.gov.br/apos-denuncia-do-crbm-5-falsa-biomedica-e-presa/>. Acesso 
em: 25 ago. 2021.
3.1 BIOMÉDICO PATOLOGISTA CLÍNICO
O	profissional	Biomédico	 analista	 clínico	 tem	competência	para	 coletar	
amostras	e	realizar	 todos	os	 tipos	de	exames	de	Análises	Clínicas,	como	todos	
os	processamentos	de	amostras	de	sangue,	análises	pré	e	pós-transfusionais,	 e	
análise	dos	demais	fluidos	corporais	até	a	emissão	e	assinatura	dos	respectivos	
laudos.	As	principais	áreas	de	competência	do	analista	clínico	são:	Parasitologia,	
Microbiologia,	Bioquímica,	Imunologia,	Hematologia	e	Líquidos	Corporais.	
O	 profissional	 habilitado	 em	 patologia	 clínica	 pode	 assumir	
responsabilidade	técnica	por	laboratórios	de	análises	clínicas	e	estabelecimentos	
afins,	 como	 postos	 de	 coleta,	 respeitando	 as	 legislações	 vigentes	 do	Conselho	
Federal	de	Biomedicina	e	Agencia	Nacional	da	Vigilância	Sanitária.
A Patologia Clínica é regulamentada pela Resolução n° 36, de 5 de outubro de 
1991, do Conselho Federal de Biomedicina.
IMPORTANT
E
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
88
No Tópico 2, iremos aprofundar o estudo na função do biomédico patologista 
clínico e suas atribuições no laboratório de análises clínicas.
ESTUDOS FU
TUROS
3.2 BIOMÉDICO ESTETA
O	biomédico	 esteta	 utiliza	métodos	 e	 técnicas	 invasivas	 não	 cirúrgicas	
(minimamente	 invasivas),	 para	 tratamento	 das	 disfunções	 estéticas	 corporais,	
faciais	e	envelhecimento	fisiológico	relacionados	à	derme	e	seus	anexos,	tecido	
adiposo	e	metabolismo.	Entre	as	principais	técnicas	realizadas	por	esse	profissional	
estão:	 aplicação	 de	 toxina	 botulínica	 tipo	 A;	 mesoterapia/intradermoterapia;	
preenchimentos	 semipermanentes;	 peelings	 químicos;	 carboxiterapia;	 laser	
fracionado;	luz	intensa	pulsada;	dentre	outras	técnicas	invasivas	não	cirúrgicas	
utilizadas	 no	 rejuvenescimento	 cutâneo	 ou	 de	 alterações	 nas	 conformações	
corporais	(celulite,	estrias,	flacidez,	gordura	localizada	etc.).
 
Com	 o	 objetivo	 de	 cuidar	 da	 saúde,	 bem-estar	 e	 beleza	 do	 paciente,	
levando	os	melhores	recursos	da	saúde	relacionados	ao	seu	amplo	conhecimento	
para	 recuperação	dos	 tecidos	 e	do	organismo	 como	um	 todo.	A	 atuação	deve	
estar	em	consonância	 com	sua	capacitação	profissional	e	 legislação	vigente	do	
Conselho	Federal	de	Biomedicina	e	Agência	Nacional	de	Vigilância	Sanitária.
A biomedicina estética é regulamentada pelas seguintes normativas e 
resoluções do Conselho Federal de Biomedicina:
• Normativa n° 1, de 10 de abril de 2012: dispõe sobre rol de atividades para fins de 
inscrição e fiscalização dos profissionais Biomédicos, Técnicos, Tecnólogos nas áreas 
de acupuntura, estética, citologia e anatomia patológica e imaginologia, junto aos 
Conselhos Regionais de Biomedicina. Disponível em: http://cfbm.gov.br/wp-content/
uploads/2016/02/normativas.pdf.
• Resolução n° 214, de 10 de abril de 2012: dispõe sobre atos do profissional biomédico 
e, insere-se no uso de substâncias em procedimentos estéticos. Disponível em: http://
cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Res-2012-214.pdf.
• Resolução n° 200, de 1° de julho de 2011: dispõe sobre critérios para habilitação em 
Biomedicina Estética. Disponível em: http://cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/
Res-2011-200.pdf
• Resolução n° 197, de 21 de fevereiro de 2011: dispõe sobre as atribuições do profissional 
Biomédico no Exercício da Saúde Estética e Atuar como Responsável Técnico de 
Empresa que Executam Atividades para fins Estéticos. Disponível em: http://cfbm.gov.br/
wp-content/uploads/2016/06/Res-2011-197.pdf.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — O PROFISSIONAL BIOMÉDICO
89
Para mais informações da habilitação e dos procedimentos que o profissional 
biomédico esteta pode realizar, verifique o site da Sociedade Brasileira de Biomedicina 
Estética: https://sbbme.org.br/.
DICAS
Ao longo das unidades, iremos abordar outras habilitações trazendo 
informações importantes sobre elas.
ESTUDOS FU
TUROS
4 CÓDIGO DE ÉTICA DO BIOMÉDICO
A	Resolução	n°	330,	de	5	de	novembro	de	2020,	regulamenta	o	Código	de	
Ética	do	Profissional	Biomédico,	que	deve	ser	seguido	por	todos	os	profissionais	
independentemente	da	área	em	que	atua,	garantindo	seus	direitos	e	deveres	de	
modo	 que,	 quando	 acometido	 por	 infrações,	 acarretarão	 sanções	 disciplinares	
impostas	pelos	Conselhos	Regionais	de	Biomedicina.	
Acadêmico,	sabemos	da	importância	das	regras	e	de	boas	condutas	no	dia	
a	dia.	Não	poderia	ser	diferente	com	a	nossa	profissão,	não	é	mesmo?
4.1 DEVERES DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO
O	Capítulo	 II	 do	 Código	 de	 Ética	 descreve	 os	 deveres	 do	 profissional	
biomédico,	e	sempre	devemos	destacar	que	o	profissional	deve	respeitar	as	leis	 
e	normas	estabelecidas	para	o	exercício	da	profissão.
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
90
Art.	4°	Obriga-se	o	biomédico	a:
I-	 Zelar	 pela	 existência,	 fins	 e	 prestígio	dos	Conselhos	de	Biomedicina,	
dos	mandatos	e	encargos	que	 lhe	 forem	confiados	e	cooperar	com	os	
que	forem	investidos	de	tais	mandatos	e	encargos;
II-	 Manifestar,	quando	de	sua	inscrição	no	Conselho,	a	existência	de	qualquer	
impedimento	para	o	exercício	da	profissão	e	comunicar,	no	prazo	de	trinta	
dias,	a	superveniência	de	incompatibilidade	ou	impedimento;
III-	 Respeitar	as	leis	e	normas	estabelecidas	para	o	exercício	da	profissão;
IV-	 Guardar	sigilo	profissional;
V-	 Exercer	 a	profissão	 com	zelo	 e	probidade,	 observando	 as	prescrições	
legais;
VI-	 Zelar	pela	própria	reputação,	mesmo	fora	do	exercício	profissional;
VII-	 Representar	ao	poder	competente	contra	autoridade	e	empregado	por	
falta	de	exação	no	cumprimento	do	dever;
VIII-	 Pagar	em	dia,	anuidade,	taxas,	emolumentos	e	multas	devidas	ao	CRBM
IX-	 Observar	os	ditames	da	ciência	e	da	técnica,	bem	como	as	boas	práticas	
no	exercício	da	profissão;
X-	 Respeitar	a	atividade	de	seus	colegas	e	outros	profissionais;
XI-	 Zelar	pelo	perfeito	desempenho	ético	da	Biomedicina	e	pelo	prestígio	e	
bom	conceito	da	profissão;XII-	 Comunicar	 às	 autoridades	 sanitárias	 e	 profissionais,	 com	 discrição	 e	
fundamento,	fatos	que	caracterizem	infração	a	este	Código	e	às	normas	
que	regulam	o	exercício	das	atividades	biomédicas;
XIII-	 Comunicar	 ao	 Conselho	 Regional	 de	 Biomedicina	 e	 às	 autoridades	
sanitárias	a	recusa	ou	a	demissão	de	cargo,	função	ou	emprego,	motivada	
pela	necessidade	de	preservar	os	legítimos	interesses	da	profissão,	da	
sociedade,	da	saúde	pública	e	do	meio	ambiente;
XIV-	 Denunciar	às	autoridades	competentes	quaisquer	formas	de	poluição,	
deterioração	 do	 meio	 ambiente	 ou	 riscos	 inerentes	 ao	 trabalho,	
prejudiciais	à	saúde	e	à	vida;
XV-	 Oficiar	 pelos	 canais	 competentes	 ao	 CRBM	 todos	 os	 vínculos	
profissionais,	 com	 dados	 completos	 da	 empresa	 (razão	 social,	 nome	
dos	 sócios,	 CNPJ,	 endereço,	 horário	 de	 funcionamento	 e,	 se	 possuir,	
informar	 a	 responsabilidade	 técnica),	 manter	 atualizado	 o	 endereço	
residencial,	telefones	e	e-mail;
XVI-	 Oficiar	pelos	canais	competentes,	com	antecedência	mínima	de	15	(quinze)	
dias	ao	CRBM	que	estiver	inscrito	sobre	o	seu	afastamento	provisório	e/ou	
definitivo	dos	locais	onde	exercer	a	Responsabilidade	Técnica.
XVII-	 Solicitar,	 por	 escrito	 ao	 CRBM	 que	 estiver	 inscrito,	 a	 suspensão	 ou	
cancelamento	do	registro	quando	não	estiver	exercendo	a	profissão.
XVIII-	Comprovar	 documentalmente	 ao	 CRBM,	 em	 consonância	 com	 as	
exigências	 e	 regulamentos	 em	 vigor,	 o	 aprimoramento	 profissional	
adquirido	para	que	lhe	seja	conferida	a	respectiva	habilitação.
XIX-	 Solicitar	a	transferência	quando	for	atuar	em	outra	jurisdição.
FONTE: <https://cfbm.gov.br/cfbm-publica-novo-codigo-de-etica-do-profissional-
biomedico/>. Acesso em: 23 ago. 2021.
TÓPICO 1 — O PROFISSIONAL BIOMÉDICO
91
4.2 DIREITOS DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO
Além	 dos	 deveres,	 o	 profissional	 devidamente	 habilitado	 e	 registrado	
possui	 direitos	 perante	 aos	 conselhos	 de	 biomedicina,	 sendo	 eles	 descritos	 no	
Capítulo	IV,	todo	profissional	formado	e	devidamente	habilitado	tem	o	direito	
de	exercer	a	profissão	em	todo	o	território	brasileiro	e	todas	as	funções	que	estão	
descritas	nas	habilitações	em	que	está	registrado.
Art.	6°	São	direitos	do	Biomédico:
I-	 Exercer	 com	 liberdade	e	dignidade	a	Biomedicina	em	 todo	o	 território	
nacional	sem	ser	discriminado	por	questões	de	credo	religioso,	sexo,	raça,	
nacionalidade,	orientação	sexual,	idade,	condição	social,	opinião	política	
ou	de	qualquer	outra	natureza;
II-	 Indicar	falhas	nos	regulamentos	e	normas	das	instituições	em	que	trabalhe,	
quando	 as	 julgar	 indignas	 do	 exercício	 da	 profissão	 ou	 prejudiciais	 à	
coletividade,	 devendo	 dirigir-se,	 nesses	 casos,	 aos	 órgãos	 competentes	 e,	
obrigatoriamente	ao	Conselho	Regional	de	Biomedicina	de	sua	jurisdição;
III-	 Recusar-se	a	exercer	sua	profissão	em	instituição	pública	ou	privada	onde	
as	 condições	de	 trabalho	 sejam	 indignas	 ou	possam	prejudicar	pessoas	 e	
mesmo	a	coletividade;
IV-	 Suspender	suas	atividades,	individual	ou	coletivamente,	quando	a	instituição	
pública	ou	privada	para	qual	 labore	deixar	de	oferecer	 condições	mínimas	
para	o	exercício	da	profissão	ou	não	o	remunerar	condignamente,	ressalvadas	
as	 situações	 de	 urgência	 e	 emergência,	 devendo	 comunicar	 incontinente	 
sua	decisão	ao	Conselho	Regional	de	Biomedicina	ao	qual	seja	inscrito;
V-	 Resguardar	o	sigilo	profissional;
VI-	 Ter	respeitada,	em	nome	da	liberdade	de	profissão	e	do	sigilo	profissional,	
a	 inviolabilidade	 do	 seu	 local	 de	 trabalho,	 de	 seus	 arquivos	 e	 dados,	 de	
sua	correspondência	e	de	suas	comunicações	em	qualquer	 tipo	de	mídia,	 
salvo	caso	de	requisição	judicial;
VII-	 Requerer	 desagravo	 público	 ao	 Conselho	 Regional	 de	 Biomedicina	
quando	atingido	no	exercício	de	sua	profissão;
VIII-	Usar	os	símbolos	privativos	da	profissão	de	biomédico;
IX-	 Reclamar,	 por	 escrito,	 perante	 qualquer	 juízo	 ou	 autoridade,	 contra	 a	
inobservância	deste	código	e	da	legislação	pertinente	à	profissão	de	biomédico;
X-	 Dispor	de	boas	condições	de	 trabalho	e	 receber	 justa	 remuneração	por	
seu	desempenho;
XI-	 Não	se	deixar	explorar	por	terceiros	seja	com	objetivo	de	lucro,	finalidade	
política	ou	religiosa;
XII-	 Manter	 o	 sigilo	 profissional	 é	 inerente	 à	 profissão,	 impondo-se	 o	 seu	
respeito,	 salvo	 grave	 ameaça	 ao	 direito	 à	 vida,	 à	 honra,	 ou	 quando	 o	
biomédico	se	veja	afrontado	pelo	próprio	usuário	e,	em	defesa	própria,	
tenha	que	revelar	segredo,	porém	sempre	restrito	ao	interesse	da	justiça;
XIII-	Exercer	 simultaneamente	 a	 atividade	 profissional	 em	 mais	 de	 uma	
jurisdição,	desde	que	inscritos	nas	mesmas.
FONTE: <http://twixar.me/JS7m>. Acesso em: 23 ago. 2021.
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
92
4.3 LIMITES PARA PROPAGANDA, PUBLICIDADE E 
ANÚNCIO DA ATIVIDADE BIOMÉDICA
O	Capítulo	V	do	código	de	ética	do	biomédico	(CFBM,	2020)	fala	dos	limites	
para	propaganda,	publicidade	 e	 anúncio	da	 atividade	biomédica,	 considerado	
como	 qualquer	 tipo	 de	 divulgação	 ou	 promoção	 da	 atividade	 profissional	 do	
biomédico,	 independente	 do	 meio	 de	 divulgação.	 Toda	 divulgação	 realizada	
deve	conter	embasamento	científico,	visando	o	esclarecimento	e	a	educação	da	
população.	Evitando	a	autopromoção	e	a	prática	abusiva	ou	que	viole	os	direitos	
do	 consumidor.	 Independentemente	 se	 for	 individual	 ou	 da	 clínica	 em	 que	 o	
biomédico	é	responsável	técnico,	todas	as	publicações	devem	conter:
•	 nome	do	biomédico,	da	pessoa	jurídica	e	os	seus	números	de	registro	no	conselho;
•	 habilitações;
•	 título	do	profissional;
•	 endereço	e	horário	de	trabalho.
Também	 temos	nossa	obrigação	quanto	 ao	que	não	podemos	 realizar	 em	
uma	publicação,	pois	é	vedada	a	utilização	de	qualquer	adulteração	de	dados	a	
fim	de	benefício	próprio	na	publicação,	além	das	imagens	de	pacientes,	as	quais	
devem	estar	sob	previa	autorização	do	próprio	paciente,	através	da	assinatura	
do	 termo	 livre	 esclarecido.	Além	 das	 imagens	 postadas,	 as	 legendas	 também	
possuem	regras,	não	podendo	conter	expressões	que	garantam	ou	caracterizem	
que	aquele	resultado	vá	ocorrer.	
[...]	 usar	 expressões	 que	 caracterizem	 ou	 garantam,	 prometam	 ou	
induzam	 a	 determinados	 resultados	 do	 procedimento,	 sem	 efetiva	
comprovação,	 bem	 como	 utilizar-se	 de	 expressões	 como	 “o	 (a)	
melhor”,	 “o	 (a)	 mais	 eficiente”,	 “o	 (a)	 único	 (a)	 capacitado	 (a)”,	
“resultado	 garantido”	 ou	 outras	 capazes	 de	 induzir	 o	 usuário	 ao	
erro,	 sensacionalismo,	 a	 autopromoção,	 a	 concorrência	 desleal,	 a	
mercantilização	da	Biomedicina	ou	a	promessa	de	resultado	(CFBM,	
2020,	Art.	11).
Vale lembrar que se a produção da publicidade for contratada à terceiros, ela 
deve passar pela aprovação do biomédico responsável técnico pela clínica e seguir o que 
diz o código de ética.
ATENCAO
TÓPICO 1 — O PROFISSIONAL BIOMÉDICO
93
Como	 você	 já	 sabe,	 acadêmico,	 as	 redes	 sociais	 vêm	 sendo	 uma	 das	
ferramentas	de	divulgação	de	 trabalhos	por	diversos	profissionais,	 ferramenta	
essa,	muito	valiosa,	e	um	dos	pontos	mais	importantes	do	quinto	capitulo	é	sobre	
as	instruções	para	postagem	de	fotos	dos	procedimentos	em	redes	sociais,	o	que,	
antes	da	nova	resolução,	era	proibida	para	os	profissionais,	hoje	é	liberada	com	
regras	específicas	que	devem	ser	seguidas.
§	1°	–	O	biomédico	poderá	utilizar	mídia	exterior	e/ou	mídia	eletrônica,	
obedecendo	 a	 legislação	 pertinente.	As	mídias	 deverão	 obedecer	 às	
indicações	constantes	do	artigo	9°	e	alíneas,	ainda:
I-	 A	 divulgação	 de	 autorretratos	 (selfies)	 de	 biomédicos,	
acompanhados	 de	 usuário	 ou	 não,	 desde	 que	 com	 autorização	
prévia	do	usuário	ou	de	seu	representante	legal,	através	de	Termo	
de	Consentimento	Livre	e	Esclarecido	–	TCLE;
II-	 Toda	 atividade	 passível	 de	 autorização	 do	 usuário	 deverá	 ser	
obrigatoriamente	encaminhada	ao	respectivo	conselho	via	digital,	
sob	responsabilidade	exclusivado	Responsável	Técnico	–	RT;
III-	Divulgação	 de	 imagens	 por	 biomédico	 responsável	 pela	 sua	
execução	cientificamente	comprovada,	com	autorização	prévia	do	
usuário	ou	de	seu	representante	legal,	através	de	TCLE;
IV-	Publicar	 imagens	 e	 resultado	 final	 de	 procedimentos,	 salvo	 nos	
casos	 onde	 houver,	 além	 do	 TCLE	 para	 esse	 fim,	 os	 seguintes	
dizeres	 constantes	na	descrição	ou	 legenda	da	peça	publicitária:	
“Esta	 imagem	não	 representa,	 em	hipótese	 alguma,	 garantia	 de	
resultado.	 Cada	 ser	 humano	 tem	 características	 anatômicas	 e	
fisiológicas	únicas”;
V-	 No	caso	de	divulgação	de	 imagens	 relativas	aos	procedimentos,	
conhecidos	como	“antes”	e	“depois”	deverá	constar	 legenda	nas	
imagens	 contendo	 a	 seguinte	 informação	 autorizada	 em	 TCLE:	
divulgação	autorizada	pelo	usuário”	(CFBM,	2020).
FIGURA 2 – PROFISSIONAL BIOMÉDICO ESTETA REALIZANDO PROCEDIMENTO 
INJETÁVEL EM PACIENTE
FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/woman-gets-injection-her-face-beau-
ty-658289851>. Acesso em: 24 ago. 2021.
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
94
Acadêmico, acesse o Manual do Biomédico publicado pelo Conselho Regional 
de Biomedicina – 1ª Região – edição de 2021. Disponível em: https://crbm1.gov.br/site2019/
wp-content/uploads/2021/06/Manual_do_Biomedico_2021_V4.pdf.
DICAS
Uma leitura importante para todo o profissional biomédico é o Código de Ética 
do Biomédico. Acesse na integra em: https://cfbm.gov.br/legislacao/codigo-de-etica/.
DICAS
95
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 O	Conselho	 Federal	 de	Biomedicina	 tem	 a	 função	de	 orientar,	 disciplinar	 e	
zelar	pelo	exercício	da	biomedicina.	
•	 É	 o	 CFBM	 que	 cria	 as	 resoluções	 que	 normatizam	 as	 áreas	 de	 atuação,	 as	
habilitações	 profissionais,	 responsabilidades	 técnicas,	 documentações	 e	
condutas	de	acordo	com	o	código	de	ética	da	profissão.
•	 Os	Conselhos	Regionais	 de	Biomedicina	 (CRBMs)	 têm	 a	 função	de	 julgar	 e	
decidir	os	processos	de	infrações	às	 leis	e	ao	código	de	ética	cometidos	pelo	
profissional	biomédico.	
•	 Os	CRBMs	também	organizam,	disciplinam	e	mantêm	atualizado	o	registro	dos	
profissionais	 e	 pessoas	 jurídicas	 inscritas	 para	 exercer	 atividades	 relacionadas	 
à	profissão.
•	 No	 Brasil,	 os	 Conselhos	 Regionais	 de	 Biomedicina	 são	 divididos	 em	 seis	
regiões.	
•	 O	Código	de	Ética	do	Profissional	Biomédico	foi	regulamentado	pela	Resolução	
n°	330,	de	5	de	novembro	de	2020,	do	Conselho	Federal	de	Biomedicina.	
•	 Dentre	as	principais	atualizações	estão	a	divulgação	em	redes	sociais,	que	antes	
da	resolução	de	2020	eram	proibidas	e	passaram	a	ser	autorizadas	seguindo	
regras	descritas	no	código	de	ética.
RESUMO DO TÓPICO 1
96
1	 (ENADE,	 2019)	 Um	 biomédico,	 recém-formado	 e	 habilitado	 em	 Estética,	
tornou-se	empreendedor	e	responsável	técnico	de	uma	clínica	especializada	
nessa	 área.	 Ele	 contratou	 uma	 empresa	 de	marketing	 para	 divulgar	 seus	
serviços	 na	 mídia,	 anunciando	 preços,	 modalidade	 de	 pagamento	 e	
outras	 formas	de	comercialização	das	suas	atividades.	Para	realização	dos	
procedimentos	estéticos,	contratou	dois	colegas	biomédicos,	um	habilitado	
em	 Estética	 e	 outro,	 em	 Patologia	 Clínica/Análises	 Clínicas.	 O	 biomédico	
patologista	 clínico/analista,	 por	 não	 estar	 trabalhando	diretamente	 na	 sua	
área,	 aceitou	 remuneração	 inferior	 à	 reivindicada	pelo	 colega	biomédico	
esteta.	O	 biomédico	 esteta,	 então,	 comunicou	 essa	 situação	 ao	Conselho	
Regional	de	Biomedicina	da	sua	região.	Considerando	o	Código	de	Ética	
Profissional	Biomédico	e	a	situação	apresentada,	avalie	as	afirmações	a	seguir.	
I-	 É	direito	do	biomédico	oferecer	seus	serviços	profissionais	por	meio	de	
mídia	 para	 se	 promover	 profissionalmente	 e	 para	 reconhecimento	 da	
classe	biomédica.
II-	 É	 vedado	 ao	 biomédico	 anunciar	 preços	 de	 serviços,	 modalidade	 de	
pagamento	e	outras	formas	de	comercialização.
III-	 É	dever	do	profissional	biomédico	comunicar	às	autoridades	sanitárias	
e	profissionais	 fatos	que	 caracterizem	 infração	ao	Código	de	Ética	 e	 às	
normas	que	regulam	o	exercício	das	atividades	biomédicas.
IV-	 É	 facultativo	 ao	biomédico	 aceitar	 remuneração	 inferior	 à	 reivindicada	
por	um	colega	sem	o	seu	prévio	consentimento	ou	a	autorização	do	órgão	
de	fiscalização	profissional.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:	
FONTE: <https://smartanswersbr.com/saude/tarefa40646231>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I.
b)	(			)	IV.
c)	 (			)	I	e	II.
d)	(			)	II	e	III.
e)	 (			)	III	e	IV.
2	 (ENADE,	2013)	O	Código	Deontológico	organiza	um	conjunto	de	princípios	
e	 regras	 de	 condutas	 em	 cada	 profissão	 que	 primam	 pelo	 respeito	 aos	
princípios	bioéticos	da	autonomia,	beneficência,	não	maleficência	e	justiça.	
O	Conselho	Federal	de	Biomedicina	 (CFBM),	no	uso	de	 suas	atribuições	
legais,	regulamenta	o	novo	Código	de	Ética	da	Profissão	com	a	Resolução	
n°	 198,	 de	 21	 fevereiro	 de	 2011.	Com	base	 nessas	 regulamentações	 e	 no	
cumprimento	ao	Código	Deontológico	no	exercício	da	Biomedicina,	avalie	
as	afirmações	a	seguir.
AUTOATIVIDADE
97
I-	 O	 biomédico	 é	 um	 profissional	 da	 saúde	 e	 deve	 contribuir	 para	 a	
salvaguarda	da	saúde	pública	em	geral	e	das	ações	de	educação	dirigidas	
à	comunidade,	respeitando	todos	os	princípios	deontológicos.
II-	 As	 normas	 éticas	 devem	 ser	 seguidas	 pelos	 profissionais	 biomédicos	
no	 exercício	 da	 profissão	 independentemente	 da	 função	 ou	 cargo	 que	
ocupam,	assim	como	o	sigilo	profissional.
III-	O	 biomédico	 obedecerá	 ao	 princípio	 da	 legalidade,	 podendo	 exercer	
até	dois	 cargos	ou	empregos	privativos	de	profissionais	de	 saúde,	 com	
profissões	regulamentadas,	sendo	vedada	a	acumulação	remunerada	de	
dois	cargos	públicos.
IV-	A	 conduta	 profissional	 do	 biomédico	 requer	 sigilo	 profissional	 apenas	
em	 situações	 solicitadas	 pelo	 paciente	 ou	 que	 não	 tragam	 riscos	 à	 sua	
sobrevivência.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.questoesgratis.com/questoes-de-concurso/questao/288334>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I.
b)	(			)	IV.
c)	 (			)	I	e	II.
d)	(			)	II	e	III.
e)	 (			)	III	e	IV.
3	 Atualmente,	o	profissional	biomédico	pode	optar	por	31	habilitações	dentro	
da	 profissão.	 Considerando	 que	 após	 a	 primeira	 habilitação	 obtida	 no	
estágio	regular	da	graduação	o	biomédico	opte	por	outra	área	de	atuação,	
quais	as	formas	para	obtenção	de	habilitações	após	formado.
 
I-	 Pós-graduação,	mestrado	ou	doutorado	regulamentados	pelo	MEC.
II-	 Residência	Multidisciplinar.
III-	 Atuação	informal.
IV-	 Prova	de	título.	
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:
a)	(			)	I.
b)	(			)	IV.	
c)	 (			)	I,	II	e	IV.
d)	(			)	II	e	III.
e)	 (			)	III	e	IV.
4	 O	Decreto	n°	88.439,	de	28	de	junho	de	1983,	veio	regulamentar	o	exercício	
da	profissão	de	biomédico	separadamente	do	biólogo,	junto	com	o	decreto	
foram	 instituídos	 os	 Conselhos	 Federal	 e	 os	 Regionais	 de	 biomedicina.	
De	 acordo	 com	 o	 exposto,	 descreva	 a	 diferença	 das	 atribuições	 entre	 os	
Conselhos	Federal	e	os	Regionais	de	biomedicina.
98
5	 As	 redes	 sociais	 vêm	 sendo	 um	 importante	 aliado	 ao	 profissional	 na	
divulgação	de	seus	serviços,	 independentemente	de	sua	área	de	atuação.	
De	acordo	com	o	código	de	ética,	descreva	as	principais	regras	perante	as	
publicações	nas	mídias	sociais	pelo	profissional	biomédico.
99
UNIDADE 2
TÓPICO 2 — 
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE 
QUALIDADE
1 INTRODUÇÃO 
Acadêmico,	veremos	neste	Tópico	2	que,	para	atuar	em	um	laboratório	
de	análises	clínicas,	o	biomédico	deve	estar	habilitado	em	patologia	clínica,	esta	
área	abrange	uma	ampla	gama	de	funções	laboratoriais	e	tem	como	objetivos	o	
diagnóstico,	tratamento	e	prevenção	de	doenças.	
O	biomédico	habilitado	em	patologia	clínica	está	apto	a	gerenciar	todos	
os	setores	de	um	laboratório	de	análises	clínicas,	como	bioquímica,	hematologia,	
imunologia,	urinálise	e	microbiologia,áreas	que	abrangem	processos	específicos	
que	 iremos	 abordar	 mais	 a	 fundo	 na	 Unidade	 3.	 Além	 dos	 setores	 citados	
anteriormente,	 o	 patologista	 clínico	 também	 está	 envolvido	 no	 controle	 de	
qualidade,	sistemas	de	informação	e	gerenciamento	de	recursos	e	pessoas.		
 
Você	já	parou	para	pensar	como	acontecem	todos	os	fluxos	dentro	de	um	
laboratório?	Como	evitamos	que	erros	analíticos	ocorram	e	quais	danos	aos	nossos	
pacientes	 poderemos	 evitar?	 Pois	 é,	 ao	 longo	 deste	 tópico	 iremos	 conversar	 um	
pouco	sobre	a	funcionalidade	dos	laboratórios	de	análises	clínicas	e	das	regras	de	 
controle	de	qualidade	para	melhoria	de	nossa	rotina	laboratorial.
Acadêmico, já vimos muitas leis são de muita importância para o biomédico, e 
sempre devemos ficar atento a suas atualizações. Além das determinações dos Conselhos 
de Biomedicina, leis Federais, Estaduais e Municipais que regulam o funcionamento dos 
estabelecimentos em que estamos atuando e devemos estar atento para não descumprir. 
A seguir, algumas resoluções e leis nacionais importantes em nossa profissão. 
• Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 302, de 13 de outubro de 2005: dispõe 
sobre Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Disponível 
em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/5919009/RDC_302_2005_COMP.pdf/
bf588e7a-b943-4334-aa70-c0ea690bc79f. 
IMPORTANT
E
100
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
• Lei n° 11.105, de 24 de março de 2005: regulamenta os incisos II, IV e V do § 1° do 
art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de 
fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados 
(OGM) e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), 
reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre 
a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei n° 8.974, de 5 de janeiro de 
1995, e a Medida Provisória n° 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5°, 6°, 7°, 8°, 9°, 
10 e 16 da Lei n° 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm.
2 LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 
Quando	 realizamos	 exames	 de	 rotina,	 não	 temos	 a	 ideia	 da	 dimensão	
do	processo	que	aquele	tubo	de	ensaio	pode	percorrer	para	o	resultado	chegar	
ao	 médico.	 Independentemente	 do	 tamanho	 e	 estrutura	 laboratorial,	 temos	
resoluções	 e	normativas	 a	 serem	seguidas	pelos	profissionais	que	 fazem	parte	
dessa	cadeia	de	serviço.		
A	Resolução	RDC	n°	 302,	 de	 13	de	 outubro	de	 2005,	 que	dispõe	 sobre	
Regulamento	 Técnico	 para	 funcionamento	 de	 Laboratórios	 Clínicos.	 Os	
laboratórios	de	análises	clínicas	são	locais	destinado	à	coleta	e	análise	de	fluídos	
corporais	a	fim	de	investigar	o	estado	de	saúde	de	um	indivíduo,	compreendendo	
as	fases	pré-analítica,	analítica	e	pós-analítica	(BRASIL,	2005).
Muitos	laboratórios	possuem	posto	de	coleta	laboratorial	que	são	“Serviço	
vinculado	 a	 um	 laboratório	 clínico,	 que	 realiza	 atividade	 laboratorial,	 mas	 não	
executa	a	 fase	analítica	dos	processos	operacionais,	 exceto	os	 exames	presenciais,	
cuja	realização	ocorre	no	ato	da	coleta”	(BRASIL,	2005,	s.	p.).	
As	 amostras	 coletadas	 nos	 postos	 de	 coletas	 são	 encaminhadas	 ao	
laboratório	clínico	onde	serão	realizadas	as	análises	solicitadas	pelo	médico.
• Laboratório de análises clínica hospitalar: vinculado, ou em anexo, com uma unidade 
hospitalar ou clínica que necessita de atendimento 24 horas tem caráter de urgência na 
prestação do serviço. 
• Laboratório ambulatorial: não possui vínculo com hospital, atende população geral 
proveniente de consulta médica a fim de realizar “exames de rotina” ou acompanhamento 
atendimento em horários específico geralmente de segunda a sábado.
• Laboratório de apoio: laboratório para auxílio na demanda de laboratórios menores e 
que muitas vezes não conseguem suprir para os seus pacientes.
NOTA
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
101
Dependendo	 do	 tamanho	 do	 laboratório,	 dos	 setores	 e	 do	 fluxo	 de	
pacientes,	aumenta	ou	diminui	a	complexidade	de	seus	processos.	Porém,	alguns	
princípios	 e	 regras	 devem	 ser	 seguidos	 independentemente	 do	 tamanho,	 se	 é	
somente	um	posto	de	coleta	ou	uma	área	técnica	com	mais	de	100	equipamentos.	
Os	processos	operacionais	devem	ser	descritos,	operados	e	seguir	a	RDC	n°	302,	
de	13	de	outubro	de	2005.
2.1 PROCESSOS OPERACIONAIS
Os	 processos	 envolvendo	 a	 análise	 de	 uma	 amostra	 biológica	 são	
classificados	em	pré-analítico,	analítico	e	pós-analítico.	
FIGURA 3 – PROCESSOS OPERACIONAIS DE UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
FONTE: Coan (2015, p. 3)
Transporte 
da Amostra
Controle de Qualidade 
Processamento dos Testes
Recebimento da Amostra 
Preparado para Transporte
Preparação do Paciente
Coleta de Aurora
Competência de 
Profissional de Saúde 
Avaliação dos Testes
Relatório
Armazenamento da
Informação
102
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
2.1.1 Fase Pré-analítica 
Essa	 fase	 conta	 todo	o	momento	de	preparação	até	a	 coleta	 e	 envio	da	
amostra	para	análise	no	laboratório.	Lembrando	que	todo	esse	processo	envolve,	
desde	as	instruções	para	realização	do	preparo	para	os	exames	laboratoriais	até	o	
processo	de	envio	da	amostra	para	o	laboratório.	
A	 fase	 pré-analítica	 é	 a	mais	 susceptível	 a	 erros,	 porém	 é	 bem	mais	 difícil	
de	controlar,	pois	algumas	partes	dessa	etapa	não	ocorre	dentro	das	dependências	 
do	 laboratório,	 sendo	 de	 responsabilidade	 do	 paciente,	 como,	 por	 exemplo,	 o	
jejum,	atividade	física	e	relação	sexual.	Porém,	é	dever	do	laboratório	instruir	o	
paciente	de	forma	correta	as	recomendações	de	preparo	para	realização	do	exame.	
Outros	 critérios	 são	 de	 responsabilidades	 do	 profissional	 do	
laboratório,	como,	por	exemplo,	cadastro	do	paciente,	identificação	da	amostra,	
armazenamento	e	 transporte.	Todos	esses	processos	devem	estar	 registrados	e	
alinhados	com	a	RDC	n°	302/2005	e	os	colaboradores	que	fazem	parte	devem	ser	
treinados	para	realização.
6.1.1	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	disponibilizar	 
ao	 paciente	 ou	 responsável,	 instruções	 escritas	 e	 ou	 verbais,	 em	
linguagem	acessível,	orientando	sobre	o	preparo	e	coleta	de	amostras	
tendo	como	objetivo	o	entendimento	do	paciente.
6.1.2	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	solicitar	ao	
paciente	documento	que	comprove	a	sua	identificação	para	o	cadastro.
6.1.2.1	 Para	 pacientes	 em	 atendimento	 de	 urgência	 ou	 submetidos	 a	
regime	de	internação,	a	comprovação	dos	dados	de	identificação	
também	poderá	ser	obtida	no	prontuário	médico.
6.1.3	 Os	critérios	de	aceitação	e	rejeição	de	amostras,	assim	como	a	realização	
de	 exames	 em	 amostras	 com	 restrições	 devem	 estar	 definidos	 em	
instruções	escritas.
6.1.4	 O	cadastro	do	paciente	deve	incluir	as	seguintes	informações:
a)	número	de	registro	de	identificação	do	paciente	gerado	pelo	laboratório;
b)	nome	do	paciente;
c)	 idade,	sexo	e	procedência	do	paciente;
d)	telefone	e/ou	endereço	do	paciente,	quando	aplicável;
e)	nome	e	contato	do	responsável	em	caso	de	menor	de	idade	ou	incapacitado;
f)	 nome	do	solicitante;
g)	data	e	hora	do	atendimento;
h)	horário	da	coleta,	quando	aplicável;
i)	 exames	solicitados	e	tipo	de	amostra;	
j)	 quando	necessário:	informações	adicionais,	em	conformidade	com	o	
exame	(medicamento	em	uso,	dados	do	ciclo	menstrual,	indicação/
observação	clínica,	dentre	outros	de	relevância);
k)	data	prevista	para	a	entrega	do	laudo;
l)	indicação	de	urgência,	quando	aplicável.
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
103
6.1.5	 O	 laboratório	 clínico	 e	 o	posto	de	 coleta	 laboratorial	devem	 fornecer	
ao	 paciente	 ambulatorial	 ou	 ao	 seu	 responsável,	 um	 comprovante	
de	atendimento	com:	número	de	registro,	nome	do	paciente,	datado	
atendimento,	 data	 prevista	 de	 entrega	 do	 laudo,	 relação	 de	 exames	
solicitados	e	dados	para	contato	com	o	laboratório.
6.1.6	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	dispor	de	
meios	 que	 permitam	 a	 rastreabilidade	 da	 hora	 do	 recebimento	 e/ou	
coleta	da	amostra.
6.1.7	 A	amostra	deve	ser	identificada	no	momento	da	coleta	ou	da	sua	entrega	
quando	coletada	pelo	paciente.
6.1.7.1	 Deve	ser	identificado	o	nome	do	funcionário	que	efetuou	a	coleta	
ou	que	recebeu	a	amostra	de	forma	a	garantir	a	rastreabilidade.
6.1.8	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	dispor	de	
instruções	escritas	que	orientem	o	recebimento,	coleta	e	identificação	de	
amostra.
6.1.9	 O	 laboratório	 clínico	 e	 o	 posto	 de	 coleta	 laboratorial	 devem	 possuir	
instruções	escritas	para	o	transporte	da	amostra	de	paciente,	estabelecendo	
prazo,	 condições	 de	 temperatura	 e	 padrão	 técnico	 para	 garantir	 a	 sua	
integridade	e	estabilidade.
6.1.10	A	amostra	de	paciente	deve	ser	transportada	e	preservada	em	recipiente	
isotérmico,	quando	requerido,	higienizável,	impermeável,	garantindo	a	
sua	estabilidade	desde	a	coleta	até	a	realização	do	exame,	 identificado	
com	a	simbologia	de	risco	biológico,	com	os	dizeres	“Espécimes	para	
Diagnóstico”	e	com	nome	do	laboratório	responsável	pelo	envio.
6.1.11	O	transporte	da	amostra	de	paciente,	em	áreas	comuns	a	outros	serviços	
ou	de	circulação	de	pessoas,	deve	ser	feito	em	condições	de	segurança	
conforme	item	5.7.
6.1.12	Quando	 da	 terceirização	 do	 transporte	 da	 amostra,	 deve	 existir	 contrato	
formal	obedecendo	aos	critérios	estabelecidos	neste	Regulamento.
6.1.13	Quando	da	importação	ou	exportação	de	“Espécimes	para	Diagnóstico”,	
devem	ser	seguidas	a	RDC/ANVISA	n°	01,	de	06	de	dezembro	de	2002	
e	a	Portaria	MS	n°	1985,	de	25	de	outubro	de	2001,	suas	atualizações	ou	
outro	instrumento	legal	que	venha	substituí-las.
FONTE: BRASIL. Resolução RDC n° 302, de 13 de outubro de 2005. Aprova o Regulamento 
Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Brasília, DF: Anvisa, 2005. p. 9-10. 
Disponível em: https://pncq.org.br/wp-content/uploads/2020/05/RDC-302-2005.pdf. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
2.1.2 Fase Analítica
A	fase	analítica	é	o	momento	em	que	a	análise	é	realizada,	ela	pode	ocorrer	
no	 laboratório	 ou	 nos	 próprios	 postos	 de	 coletas	 em	 alguns	 casos	 específicos,	
como	ocorre	nos	casos	dos	testes	cutâneos	(ex.:	PPD),	porém,	em	todos	os	casos	
o	 laboratório	deve	 conter	 instruções	escritas	 e	 referenciadas	de	acordo	com	as	
metodologias	utilizadas	(BRASIL,	2005).
104
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
6.2.1	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	dispor	de	
instruções	 escritas,	 disponíveis	 e	 atualizadas	para	 todos	 os	processos	
analíticos,	podendo	ser	utilizadas	as	instruções	do	fabricante.
6.2.2	 O	processo	analítico	deve	ser	o	referenciado	nas	instruções	de	uso	do	
fabricante,	em	referências	bibliográficas	ou	em	pesquisa	cientificamente	
válida	conduzida	pelo	laboratório.
6.2.3	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	disponibilizar	
por	escrito,	uma	relação	que	identifique	os	exames	realizados	no	local,	
em	outras	unidades	do	próprio	laboratório	e	os	que	são	terceirizados.
6.2.4	 O	 laboratório	 clínico	 e	 o	 posto	 de	 coleta	 laboratorial	 devem	 definir	
mecanismos	que	possibilitem	a	agilização	da	liberação	dos	resultados	
em	situações	de	urgência.
6.2.5	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	devem	definir	limites	
de	risco,	valores	críticos	ou	de	alerta,	para	os	analitos	com	resultado	que	
necessita	tomada	imediata	de	decisão.
6.2.5.1	 O	 laboratório	 e	 o	 posto	 de	 coleta	 laboratorial	 devem	 definir	
o	 fluxo	 de	 comunicação	 ao	 médico,	 responsável	 ou	 paciente	
quando	houver	necessidade	de	decisão	imediata.
6.2.6	 O	laboratório	clínico	deve	monitorar	a	fase	analítica	por	meio	de	controle	
interno	e	externo	da	qualidade.
6.2.7	 O	 laboratório	 clínico	e	o	posto	de	 coleta	 laboratorial	devem	definir	o	
grau	de	pureza	da	água	reagente	utilizada	nas	suas	análises,	a	forma	de	
obtenção,	o	controle	da	qualidade.
6.2.8	 O	 laboratório	 clínico	 pode	 contar	 com	 laboratórios	 de	 apoio	 para	
realização	de	exames.
6.2.8.1	 O	 laboratório	 de	 apoio	 deve	 seguir	 o	 estabelecido	 neste	
regulamento	técnico.
6.2.9	 O	laboratório	clínico	deve:
a)	 manter	um	cadastro	atualizado	dos	laboratórios	de	apoio;
b)	possuir	contrato	formal	de	prestação	destes	serviços;
c)	 avaliar	a	qualidade	dos	serviços	prestados	pelo	laboratório	de	apoio.
6.2.10	O	 laudo	 emitido	 pelo	 laboratório	 de	 apoio	 deve	 estar	 disponível	 e	
arquivado	pelo	prazo	de	5	(cinco)	anos.	
6.2.11	Os	 serviços	 que	 realizam	 testes	 laboratoriais	 para	detecção	de	 anticorpos	
anti-HIV	devem	seguir,	o	disposto	neste	Regulamento	Técnico,	além	do	
disposto	na	Portaria	MS	n°.	59	de	28	de	janeiro	de	2003	e	na	Portaria	SVS	
n°.	34	de	28	de	 julho	de	2005,	suas	atualizações	ou	outro	instrumento	
legal	que	venha	substituí-la.
6.2.12	Os	 resultados	 laboratoriais	 que	 indiquem	 suspeita	 de	 doença	 de	
notificação	compulsória	devem	ser	notificados	conforme	o	estabelecido	
no	Decreto	no	49.974-A,	de	21	de	janeiro	de	1961,	e	na	Portaria	no	2325,	
de	 08	de	dezembro	de	 2003,	 suas	 atualizações,	 ou	outro	 instrumento	
legal	que	venha	a	substituí-la.
6.2.13	A	execução	dos	Testes	Laboratoriais	Remotos	-	TLR	(Point-of-care)	e	de	
testes	rápidos,	deve	estar	vinculada	a	um	laboratório	clínico,	posto	de	
coleta	ou	serviço	de	saúde	pública	ambulatorial	ou	hospitalar.
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
105
6.2.14	O	 Responsável	 Técnico	 pelo	 laboratório	 clínico	 é	 responsável	 por	
todos	os	TLR	 realizados	dentro	da	 instituição,	 ou	 em	qualquer	 local,	
incluindo,	 entre	 outros,	 atendimentos	 em	 hospital-dia,	 domicílios	 e	
coleta	laboratorial	em	unidade	móvel.
6.2.15	A	relação	dos	TLR	que	o	laboratório	clínico	executa	deve	estar	disponível	
para	a	autoridade	sanitária	local.
6.2.15.1	O	laboratório	clínico	deve	disponibilizar	nos	locais	de	realização	
de	TLR	procedimentos	documentados	orientando	com	relação	
às	suas	fases	pré-analítica,	analítica	e	pós-analítica,	incluindo:
a)	sistemática	de	registro	e	liberação	de	resultados	provisórios;
b)	procedimento	para	resultados	potencialmente	críticos;
c)	 sistemática	 de	 revisão	 de	 resultados	 e	 liberação	 de	 laudos	
por	profissional	habilitado.
6.2.15.2	A	realização	de	TRL	e	dos	 testes	rápidos	está	condicionada	a	
emissão	de	laudos	que	determine	suas	limitações	diagnósticas	
e	demais	indicações	estabelecidas	no	item	6.3.
6.2.15.3	O	 laboratório	 clínico	 deve	manter	 registros	 dos	 controles	 da	
qualidade,	bem	como	procedimentos	para	a	realização	dos	mesmos.
6.2.15.4	O	 laboratório	 clínico	 deve	 promover	 e	 manter	 registros	 de	
seu	 processo	 de	 educação	 permanente	 para	 os	 usuários	 dos	
equipamentos	de	TLR.
FONTE: BRASIL. Resolução RDC n° 302, de 13 de outubro de 2005. Aprova o Regulamento 
Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Brasília, DF: Anvisa, 2005. p. 10-
12. Disponível em: https://pncq.org.br/wp-content/uploads/2020/05/RDC-302-2005.pdf. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
Procedimento	 Operacional	 Padrão	 (POP),	 Instrução	 de	 Trabalho	 (IT),	
Instrução	de	Bancada	(IB),	entre	outras	nomenclaturas,	podem	ser	utilizadas,	o	
importante	é	ter	todo	o	registro	das	metodologias	que	o	laboratório	utiliza,	seus	
procedimentos	e	quais	os	referenciais	são	a	base	para	a	análise.	
Essas	 instruções	 devem	 ser	 revisadas	 todos	 os	 anos	 pelo	 analista	 clínico,	
mesmo	 que	 não	 ocorra	mudança	 nas	metodologias	 adotadas	 pelo	 laboratório.	 E	
quando	ocorre	alguma	alteração	na	metodologia	realizada	pelo	laboratório,	ela	
dever	ser	revisada	e	readequada.	
Acadêmico, em 2017, as Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Patologia 
Clínica/Medicina Laboratorial e Análises Clínicas emitiram a seguinte nota:
INTERESSANTE
106
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
As Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Patologia Clínica/Medicina 
Laboratorial e Análises Clínicas vêm, por meio deste informe, flexibilizar o tempo de 
jejum para a realização do perfil lipídico (colesterol, HDL-c, LDL-c e triglicérides). 
As 12 horas de jejum já não são mais obrigatórias. Os laboratórios poderão 
realizar a coleta do perfil lipídico independente do tempo de jejum. O médico solicitante 
poderá acordar com o seu paciente o tempo de jejum a ser realizado.
Em certas situações clínicas específicas em que as concentrações de 
triglicérides são extremamente elevadas, pode existir a necessidade do jejum. Caso 
o paciente apresente triglicerídeos acima de 440 mg/dL, o médico poderá solicitar a 
coleta para o paciente em vigência das 12 horas de jejum.
A interpretação do resultado do perfil lipídico do paciente deve ser feita com 
critério pelo médico solicitante, avaliando: o estado metabólico, a indicação do teste e 
a estratificação de risco.
O jejum já não era necessário para a realização do colesterol total e do HDL-c, 
com as evidências de que a hipertrigliceridemia no estado pós-prandial aumenta o risco 
cardiovascular — o exame deve refletir o estado metabólico habitual do paciente. O ideal é 
que o paciente mantenha sua dieta e hábitos para a avaliação do seu perfil lipídico.
Com os avanços tecnológicos na medicina laboratorial os principais ensaios 
disponíveis no mercado diagnóstico mitigaram os interferentes decorrentes de uma 
maior turbidez nas amostras decorrentes de elevadas concentrações de triglicérides.
Para a utilização da glicemia como critério diagnóstico de diabetes o tempo 
de jejum preconizado é de 8 horas. Vale ressaltar que o exame da hemoglobina glicada 
também é critério diagnóstico de Diabetes, e o jejum não é necessário.
Os laboratórios poderão informar no laudo o tempo de jejum para as seguintes 
situações: sem jejum, 8 horas (para diagnóstico de Diabetes) ou 12 horas, caso o 
paciente tenha triglicerídeos acima de 440 mg/dL. Para os demais exames laboratoriais 
as recomendações continuam de acordo com o procedimento de cada laboratório.
FONTE: <http://twixar.me/vX7m>. Acesso em: 24 ago. 2021.
 Essa declaração modificou as instruções de trabalho dos laboratórios de análises 
clínicas do Brasil inteiro. Por isso a importância de estarmos sempre atento às instruções 
tanto dos órgãos federais quanto das sociedades brasileiras competentes.
O controle de qualidade também faz parte da fase analítica, porém, iremos 
falar dele, especificamente, mais para frente neste tópico.
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
107
2.1.3 Fase Pós-analítica 
Na	fase	pós-analítica	realizamos	o	registro	e	liberação	dos	laudos,	todos	
os	laudos	devem	ser	liberados	em	português,	sem	rasuras,	datado	e	assinado	por	
profissional	devidamente	registrado	e	qualificado.	
As	regras	para	as	informações	contidas	no	laudo	estão	descritas	na	RDC	
n°	302/2005:
6.3.3	 O	laudo	deve	conter	no	mínimo	os	seguintes	itens:
a)	 identificação	do	laboratório;
b)	 endereço	e	telefone	do	laboratório;
c)	 identificação	do	Responsável	Técnico	(RT);
d)	 n°.	de	registro	do	RT	no	respectivo	conselho	de	classe	profissional;
e)	 identificação	do	profissional	que	liberou	o	exame;
f)	 n°.	 registro	 do	 profissional	 que	 liberou	 o	 exame	 no	 respectivo	
conselho	de	classe	do	profissional
g)	 n°.	de	registro	do	Laboratório	Clínico	no	respectivo	conselho	de	classe	
profissional;
h)	 nome	e	registro	de	identificação	do	cliente	no	laboratório;
i)	 data	da	coleta	da	amostra;
j)	 data	de	emissão	do	laudo;
k)	 nome	do	exame,	tipo	de	amostra	e	método	analítico;
l)	 resultado	do	exame	e	unidade	de	medição;
m)	 valores	 de	 referência,	 limitações	 técnicas	 da	 metodologia	 e	 dados	
para	interpretação;
n)	 observações	pertinentes.
6.3.4	 Quando	for	aceita	amostra	de	paciente	com	restrição,	esta	condição	deve	
constar	no	laudo.
6.3.5	 O	laboratório	clínico	e	o	posto	de	coleta	laboratorial	que	optarem	pela	
transcrição	do	laudo	emitido	pelo	laboratório	de	apoio,	devem	garantir	
a	fidedignidade	do	mesmo,	sem	alterações	que	possam	comprometer	a	
interpretação	clínica.
6.3.6	 O	responsável	pela	 liberação	do	 laudo	pode	adicionar	comentários	de	
interpretação	ao	texto	do	laboratório	de	apoio,	considerando	o	estado	do	
paciente	e	o	contexto	global	dos	exames	do	mesmo.
6.3.7	 O	 laudo	de	análise	do	diagnóstico	 sorológico	de	Anticorpos	Anti-HIV	
deve	estar	de	acordo	com	a	Portaria	MS	n°	59/2003,	suas	atualizações	ou	
outro	instrumento	legal	que	venha	a	substituí-la.	
FONTE: BRASIL. Resolução RDC n° 302, de 13 de outubro de 2005. Aprova o Regulamento 
Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. Brasília, DF: Anvisa, 2005. p. 12-13. 
Disponível em: https://pncq.org.br/wp-content/uploads/2020/05/RDC-302-2005.pdf. 
Acesso em: 23 ago. 2021.
108
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
Todos	 os	 registros	 do	 laboratório	 devem	 ser	 armazenados	 pelo	 prazo	
mínimo	de	cinco	anos,	e	de	fácil	rastreabilidade	(BRASIL,	2005).	
A	 rastreabilidade	desses	 laudos	 faz	parte	do	processo	de	qualidade	do	
laboratório	e	é	necessária	para	programas	de	acreditação	e	auditorias.	
A	tecnologia	de	 informação	vem	junto	com	o	processo	para	que	toda	a	
legislação	seja	cumprida	conforme	solicitada.
Tecnologia de informação é a denominação dada ao conjunto de dispositivos 
individuais como hardware, software, telecomunicação ou outras tecnologias, que efetuam 
o tratamento de informação.
FONTE: CRUZ, T. Sistema de informação gerencial. São Paulo: Atlas, 1998.
NOTA
Acadêmico, para atuar na tecnologia de informação, o profissional biomédico 
possui duas habilitações que nos permite estar presente nessa área que vem crescendo 
nos últimos anos.
 O profissional biomédico habilitado em Informática de Saúde, está apto a 
atuar nos segmentos dos Sistemas de Informação em Saúde, Prontuário Eletrônico do 
Paciente, Telemedicina, Sistemas de Apoio à Decisão, Processamento de Sinais Biológicos, 
Processamento de Imagens Médicas, Internet em Saúde, Padronização da Informação em 
Saúde. Atuar no armazenamento, recuperação e uso da informação, dados e conhecimento 
biomédicos para a resolução de problemas e tomada de decisão.
• Resolução n° 78, de 29 de abril de 2002 e Resolução n° 83, de 29 de abril de 2002: 
dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, fixa o campo de atividade do Biomédico 
e cria normas de Responsabilidade Técnica. O profissional biomédico que optar pela 
habilitação em Gestão das Tecnologias em Saúde será responsável técnico pela 
elaboração e implantação do plano de gerenciamento das tecnologias utilizadas na 
prestação de serviços de saúde. 
• Resolução n° 308, de 27 de junho de 2019: dispõe sobre atos do profissional biomédico 
com habilitação em gestão das tecnologias em saúde. Disponível em: https://cfbm.gov.br/
wp-content/uploads/2019/07/RESOLU%C3%87%C3%83O-N%C2%BA-308.2019.pdf.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
109
3 CONTROLE DE QUALIDADE
Existem	 diversas	 interpretações	 para	 o	 conceito	 de	 qualidade,	 podemos	
atribuí-la	como	uma	satisfação	do	cliente	pelo	produto	ou	serviço	adquirido,	ou	a	
busca	pela	excelência	das	atividades	envolvidas	dentro	de	um	processo.	
Hoje,	os	processos	de	qualidade	passaram	a	ser	um	diferencial	competitivo	
dentro	das	 organizações	de	uma	 forma	geral.	 Para	 os	 laboratórios	de	 análises	
clínica	que	 lidam	com	algo	 tão	 importante	como	a	análise	do	estado	de	saúde	
do	paciente,	 esse	 é	 um	 critério	 essencial	 que	 está	 descrito	 dentro	 do	processo	
analítico	(RODRIGUES	et al.,	2011).
Controle de qualidade é um sistema que permite entender o padrão de 
qualidade oferecido de acordo com parâmetros predefinidos.
ATENCAO
Acadêmico, existem regras da qualidade que devem estar intrínsecas nas 
rotinas laboratoriais, porém, alguns laboratórios buscam acreditações externas afimde obter 
certificações para comprovar que seus processos estão dentro do padrão de qualidade 
exigidos por determinadas entidades.
• Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
◦ ISO 17025 – laboratórios de calibração, ensaio e amostragem.
◦ ISO 9001 – Gestão da qualidade.
• Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC).
• Sistema Nacional de Acreditação (DICQ).
• Colégio Americano de Patologia (CAP).
IMPORTANT
E
3.1 CONTROLE INTERNO DE QUALIDADE 
Conforme	a	Anvisa	(BRASIL,	2005),	todos	os	laboratórios	clínicos	devem	
realizar	os	controles	internos	de	qualidade,	monitorando	todo	o	processo	analítico	 
e	análise	e	registro	dos	dados	obtidos.	
A	 avaliação	 dos	 resultados	 e	 a	 aceitação	 devem	 ser	 realizadas	 pelo	
profissional	responsável	conforme	critérios	determinados	pelo	laboratório.	
110
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
Você	 sabia,	 acadêmico,	 que	 quando	 ocorre	 a	 rejeição	 do	 controle,	 o	
laboratório	deve	realizar	o	registro	dos	motivos	que	levaram	à	ocorrência.	Para	a	
realização	do	controle	interno	devemos	utilizar	amostras	de	controle	comerciais,	
com	valor	conhecido,	regularizadas	e	destinadas	para	o	teste/equipamento	que	o	
laboratório	está	utilizando.	Formas	alternativas	podem	ser	utilizadas	desde	que	
validadas	anteriormente	pelo	laboratório	(BRASIL,	2005).
3.2 CONTROLE EXTERNO DE QUALIDADE
O	controle	de	qualidade	externo,	ou	ensaios	de	proficiência,	são	realizados	
por	 entidades	 provedores,	 onde	 são	 encaminhadas	 amostras	 que	 devem	 ser	
analisadas	 junto	 com	 as	 amostras	 dos	 pacientes.	 Os	 resultados	 obtidos	 serão	
avaliados	e	encaminhados	para	o	gestor	da	qualidade	do	laboratório.	Esse	ensaio	
deve	ser	realizado	para	todas	as	análises	que	o	laboratório	realiza	com	objetivo	
de	verificar	o	real	desempenho	do	laboratório	utilizando	as	amostras-controle	de	
um	proveniente	com	um	valor	não	conhecido.
3.3 REGRAS DE CONTROLE DE QUALIDADE
Para	 realização	do	 controle	de	 qualidade	de	um	 laboratório,	 o	 analista	
clínico	leva	em	consideração	algumas	regras	da	qualidade,	seja	para	análise	de	
um	controle	interno	ou	para	análise	de	um	processo.	
3.3.1 Ciclo PDCA
É	uma	 ferramenta	 de	 gestão	 que	 auxilia	 no	monitoramento	 de	 processos	 
de	forma	continua.		(ALVES,	2012).		Inicia	no	planejamento,	com	o	levantamento	
das	 informações	 necessárias	 para	 iniciar	 o	 processo	 (PLAN),	 em	 seguida,	 a	
execução	em	que	se	efetiva	as	ações	planejadas	(DO).	Após	a	execução,	se	tem	o	
ponto	de	checagem	(CHECK)	e,	por	último,	as	ações	corretivas	com	a	correção	
dos	problemas	(ACT)	(MIRANDA,	2011).
FIGURA 4 – CICLO DO PDCA
FONTE:<http://twixar.me/Qj7m> Acesso em: 25 ago. 2021.
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
111
3.3.2 Gráfico de Levey-Jennings
Esse	 gráfico	 é	 aplicado	 para	 dados	 de	 comportamento,	 a	 linha	 central	
corresponde	à	média,	e	as	linhas	adjacentes	aos	desvios	padrão.	No	laboratório	
de	análises	clínicas	utilizamos	esse	gráfico	para	gestão	da	qualidade	do	controle	
interno.	Após	o	resultado	do	controle,	realizamos	uma	análise	do	controle	junto	
com	as	regras	descritas	por	Westgard	(BERLITZ,	2010).
GRÁFICO 1 – GRÁFICO DE LEVEY-JENNINGS
FONTE: O autor
• MÉDIA: é calculada a partir da soma de todos os valores de um conjunto de dados e 
dividindo-se pelo número de elementos deste conjunto.
• DESVIO PADRÃO: é uma medida que expressa o grau de dispersão de um conjunto de 
dados, indica o quanto um conjunto de dados é uniforme.
NOTA
3.3.3 Regras de Westgard
Diariamente	 realizamos	 a	 leitura	 do	 controle	 interno	 de	 qualidade,	
uma	 amostra	 padrão	 com	 resultado	 conhecido.	 Esses	 valores	 são	 tabulados	 e	
analisados	 em	um	gráfico	para	 facilitar	 nossas	 tomadas	de	decisões	perante	 nosso	
equipamento.	 As	 regras	 múltiplas	 auxiliam	 na	 interpretação	 dos	 resultados	 das	 
corridas	do	controle,	analisando,	de	forma	integrada,	os	dados	de	diferentes	níveis.
112
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
FIGURA 5 – MÚLTIPLAS REGRAS DE WESTGARD
FONTE: Westgard (2003, p. 1)
Para análise do gráfico de Levey-Jennings utilizamos as regras de Westgard, 
nas quais, quando possuímos as ocorrências, consideramos que o ensaio está fora do 
controle e devemos rejeitar a corrida analítica e seguir para uma medida preventiva como 
calibração do equipamento ou manutenção.
ATENCAO
• Regra 12S –	Se	na	medição	diária	o	controle	ultrapassar	o	segundo	desvio	padrão	
do	gráfico	de	Levey-Jennings,	independentemente	se	for	superior	ou	inferior,	
deve-se	ficar	de	alerta	para	as	próximas	corridas.
GRÁFICO 2 – REGRA 1
2S
FONTE: Westgard (2003, p. 2)
regra 12S
violada
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
113
• REGRA 13S –	 Quando	 o	 laboratório	 utiliza	 mais	 ou	 menos	 três	 desvios	
padrões	no	gráfico	de	Levey-Jennings,	deve-se	 rejeitar	a	 corrida	em	que	em	
uma	 única	medição	 de	 controle	 exceda	 o	 limite	 do	 terceiro	 desvio	 padrão,	
independentemente	se	for	superior	ou	inferior.	
GRÁFICO 3 – REGRA 1
3S
FONTE: Westgard (2003, p. 2)
• REGRA 22S –	 Quando	 se	 tem	 duas	 corridas	 de	 controle	 de	 qualidade	
consecutivas	ultrapassando	o	segundo	desvio	padrão	seguido,	deve	se	rejeitar 
a	corrida	analítica. 
GRÁFICO 4 – REGRA 2
2S
FONTE: Westgard (2003, p. 2)
• REGRA R4S – Essa	violação	ocorre	quando,	em	uma	medição,	o	controle	excede	
o	limite	de	dois	desvios	padrão	inferior	ou	superior,	e	na	próxima	corrida	o	
controle	excede	o	limite	de	dois	desvios	padrão	contrário. 
regra 13S
violada
regra 22S
violada
114
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
GRÁFICO 5 – REGRA R
4S
FONTE: Westgard (2003, p. 2)
• REGRA 41S – Rejeita-se	 quando	 quatro	 medições	 de	 controle	 consecutivas	
excederem	o	mesmo	limite	da	média	±	1DP.
GRÁFICO 6 – REGRA 4
1S
FONTE: Westgard (2003, p. 2)
• REGRA 10X –	 Rejeita-se	 quando	 dez	 medições	 de	 controle	 consecutivas	
estiverem	no	mesmo	lado	em	relação	à	média.
GRÁFICO 7 – REGRA 10
X 
FONTE: Westgard (2003, p. 3)
regra R4S
violada
regra 41S
violada
regra 10X
violada
TÓPICO 2 — LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS E CONTROLE DE QUALIDADE
115
Caro acadêmico, além dos controles descritos anteriormente, cada 
equipamento e metodologia tem suas especificações como calibrações, manutenções 
preventivas, manutenções corretivas que devem ser realizadas de acordo com o 
procedimento do laboratório e do equipamento em uso.
ATENCAO
Acadêmico, o biomédico habilitado em auditoria está apto a atuar no 
controle da gestão dos sistemas de saúde, para verificar sua conformidade com os padrões 
estabelecidos ou detectar situações que exijam maior aprofundamento, avaliação da 
estrutura dos processos aplicados e dos resultados alcançados, para aferir sua adequação aos 
critérios e parâmetros exigidos de eficiência, eficácia e efetividade. Esse campo de trabalho 
está diretamente ligado aos processos de certificação e acreditação para laboratórios de 
análises clínicas, indústrias e hospitais realizando e executando em conjunto aos órgãos 
regulatórios auditorias e vistorias dentro destes estabelecimentos. 
• Resolução n° 184, de 26 de agosto de 2010: dispõe sobre as atribuições do profissional 
Biomédico no exercício de auditorias e dá outras providências. Disponível em: http://
cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/Res-2010-184.pdf.
IMPORTANT
E
116
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	Resolução	da	ANVISA	RDC	n°	302,	de	13	de	outubro	de	2005,	dispõe	sobre	
Regulamento	Técnico	para	funcionamento	de	Laboratórios	Clínicos.	
•	 Os	 laboratórios	 de	 análises	 clínicas	 são	 locais	 destinado	 à	 coleta	 e	 análise	
de	fluídos	corporais	a	fim	de	investigar	o	estado	de	saúde	de	um	indivíduo,	
compreendendo	as	fases	pré-analítica,	analítica	e	pós-analítica.
•	 A	fase	pré-analítica	contempla	desde	do	momento	de	preparação	do	paciente	
para	realização	do	exame	até	o	envio	da	amostra	para	a	análise.	
•	 A	fase	pré-analíticaé	responsável	pela	maior	parte	dos	erros	que	ocorrem	na	
fase	analítica.
•	 A	fase	analítica	contempla	toda	fase	de	análise	das	amostras	biológica	e	gestão	
da	qualidade.
•	 A	fase	pós-analítica	compreende	na	liberação	dos	laudos	que	possuem	regras	
específicas	de	acordo	com	a	RDC	n°	302/2005.
•	 O	Gráfico	de	Levey-Jenning,	junto	com	as	regras	de	Westgard,	auxilia	o	analista	
clínico	no	controle	de	qualidade	do	laboratório	clínico.	
117
1	 (ENADE,	2016)	No	laboratório	clínico,	a	performance	dos	métodos	analíticos	
pode	ser	monitorada	por	meio	do	ensaio	de	amostras-controle	com	valores	
conhecidos,	 juntamente	 com	 os	 ensaios	 das	 amostras	 dos	 pacientes.	 Os	
resultados	dos	controles	são	plotados	em	um	gráfico	e	comparados	com	os	
limites	aceitáveis	de	erros	(LAE)	para	aquele	analito.	O	gráfico	de	Levey-
Jennings,	 a	 seguir,	 apresenta	 os	 resultados	da	dosagem	de	 colesterol	 no	
âmbito	do	controle	 interno,	em	um	laboratório,	durante	30	dias,	sendo	o	
valor	do	controle	250	mg/dl.
FONTE: LOPES, H. J. J. Garantia e controle de qualidade no laboratório clínico, 2003. 
Disponível em: www.goldanalisa.com.br. Acesso em: 23 jul. 2016 (adaptado).
Os	dados	apresentados	no	gráfico	indicam	que	os	resultados:
FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2016/
biomedicina.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	Estão	 fora	 dos	 LAE	 porque	 os	 valores	 obtidos	 no	 controle	 oscilam	
continuamente.
b)	(			)	Estão	dentro	dos	LAE	podendo	os	resultados	dos	exames	dos	pacientes	
serem	liberados.
c)	 (			)	Referentes	aos	dias	8,	9,	17	e	30	estão	fora	dos	LAE,	não	devendo	os	
resultados	dos	exames	dos	pacientes	serem	liberados.
d)	(			)	Referente	aos	dias	4,	5,	11,	25	e	27	estão	fora	dos	LAE,	não	devendo	os	
resultados	dos	exames	dos	pacientes	serem	liberados.
e)	 (			)	Referentes	ao	período	compreendido	entre	os	dias	18	e	27	devem	ser	
rejeitados	porque	 essas	medições	 consecutivas	 estão	do	mesmo	 lado	
em	relação	à	média.
AUTOATIVIDADE
118
2	 (ENADE,	 2013)	 Avalie	 as	 afirmações	 a	 seguir,	 referentes	 ao	 controle	 de	
qualidade	laboratorial	bioquímico	realizado	em	equipamentos	de	automação.
I-	 O	 soro-controle	 não	 é	 preferido	 em	 relação	 à	 solução	 padrão,	 devido	
à	 sua	 natureza	 proteica,	 que	 pode	 causar	 interferência	 na	 análise,	
consequentemente	induzindo	a	um	erro	no	resultado.
II-	 No	 início	 da	 rotina	 laboratorial	 bioquímica,	 independentemente	 do	
laboratório	ser	interno	ou	externo	a	um	hospital,	é	necessária	a	realização	
de	 controle	 de	 qualidade	 interno	 utilizando	 soros-controle	 normais	 e	
patológicos.
III-	 A	calibração	dos	equipamentos	deve	ser	realizada	somente	no	início	da	
rotina	laboratorial,	independentemente	de	qualquer	intercorrência.
IV-	 Laboratórios	 externos	 a	 um	 hospital	 podem	 realizar	 a	 calibração	 dos	
equipamentos	exclusivamente	com	soro-controle	normal.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/228305-
inep-2013-enade-biomedicina>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I.
b)	(			)	II.
c)	 (			)	I	e	III.
d)	(			)	II	e	IV.
e)	 (			)	III	e	IV.
3	 A	 garantia	 da	 qualidade	 na	 execução	 das	 análises	 clínicas	 é	 a	 principal	
preocupação	do	analista	clínico	em	sua	rotina	laboratorial.	Disserte	sobre	a	
importância	do	controle	de	qualidade	os	laboratórios	de	análises	clínicas.	
4	 Qual	a	importância	das	instruções	de	trabalho	escritas	e	atualizadas	dentro	
do	laboratório	de	análises	clínicas,	e	qual	a	frequência	de	revisão	deve	ser	
adotada	pelo	analista	clínico	de	acordo	com	a	RDC	n°	302/2005.	
5	 (ENADE,	2019)	A	qualidade	dos	exames	laboratoriais	está	essencialmente	
ligada	 à	 fase	 pré-analítica,	 porém	 as	 fases	 analítica	 e	 pós-analítica	
também	 devem	 ser	 monitoradas,	 de	 forma	 que	 o	 laboratório	 assegure	
que	 os	 resultados	 produzidos	 reflitam	 a	 situação	 clínica	 apresentada	
pelos	 pacientes	 de	 forma	 fidedigna	 e	 consistente.	 Nesse	 contexto,	 é	 de	
fundamental	importância	que,	no	setor	de	Bioquímica,	ocorra	a	calibração	
dos	 equipamentos,	 sejam	 eles	 semiautomatizados	 ou	 automatizados,	
seguida	do	uso	de	controles	de	qualidade	internos	e	externos,	pois	enquanto	
os	calibradores	visam	transferir	exatidão	para	o	método	ou	sistema	analítico	
em	questão,	os	 controles	 são	utilizados	para	monitorar	a	 imprecisão	dos	
ensaios.	Além	disso,	 fazem-se	necessários	o	 registro	dos	calibradores	em	
planilhas	e	a	avaliação	dos	controles	por	meio	do	gráfico	de	Levey-Jennings	
associado	às	regras	múltiplas	de	Westgard.
FONTE: BASQUES, J. C. Usando controles no laboratório clínico. Lagoa Santa: Labtest, 
2009 (adaptado).
119
Em	 relação	 à	 importância	 da	 calibração	 adequada	 dos	 equipamentos	 do	
setor	de	Bioquímica	de	um	laboratório	de	análises	clínicas,	associada	ao	uso	
e	 à	 interpretação	 do	 comportamento	 dos	 controles	 de	 qualidade,	 avalie	 as	
afirmações	a	seguir.
I-	 Os	controles	disponibilizados	com	média	e	desvio	padrão	propostos	pelo	
fabricante	devem	ser	usados	na	rotina	laboratorial.
II-	 Dentre	as	regras	múltiplas	de	Westgard,	a	regra	41s	indica	que	os	resultados	
devem	ser	 rejeitados,	pois	quatro	valores	consecutivos	excedem	Xm+1s	
ou	Xm-1s,	o	que	caracteriza	um	erro	aleatório.
III-	 Na	mudança	de	lote	de	reagentes	utilizados	para	análise	dos	parâmetros	
bioquímicos,	 deve-se	 realizar	 uma	 nova	 calibração	 do	 equipamento,	 a	
qual	 é	dispensável	 quando	o	 reagente	 tiver	 sido	produzido	no	mesmo	
ano	que	o	reagente	que	está	em	uso.
IV-	 Prioriza-se	 o	 uso	 de	 micropipetas	 calibradas	 para	 a	 reconstituição	 de	
calibradores	e	controles,	a	fim	de	minimizar	os	erros	associados	ao	volume	
correto	de	água	a	ser	aspirado	e	evitar	contaminações.
V-	 A	 curva	 de	 calibração	 é	 a	 representação	 gráfica	 da	 relação	 entre	 as	
medidas	obtidas	em	um	processo	analítico	(absorbância)	e	a	concentração	
da	substância	contida	no	material	calibrador.
É	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.indagacao.com.br/2020/02/enade-2019-qualidade-dos-exames-
laboratoriais-esta-essencialmente-ligada-a-fase-pre-analitica.html>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I	e	V,	apenas.
b)	(			)	II	e	III,	apenas.
c)	 (			)	I,	II	e	IV,	apenas.
d)	(			)	III,	IV	e	V,	apenas.
e)	 (			)	I,	II,	III,	IV	e	V.
6	 (ENADE,	2013)	Ao	longo	da	última	década,	os	serviços	de	saúde	brasileiros	
vêm	passando	por	 significativos	 avanços	na	 área	de	 implantação,	 gestão	
e	 garantia	 da	 qualidade	 nos	 serviços	 prestados.	 Essas	 melhorias	 vêm	
ocorrendo	 em	 função	 das	 exigências	 por	 parte	 dos	 consumidores	 e	 da	
ampliação	da	 legislação	e	maior	fiscalização	dos	órgãos	públicos.	 Insere-
se	neste	contexto,	o	profissional	biomédico	que,	por	meio	da	atuação	em	
auditoria	e	consultoria,	tem	encontrado	uma	área	em	crescimento,	carente	
de	 profissionais	 qualificados.	 A	 atuação	 do	 biomédico	 em	 auditoria	 é	
regulamentada	pela	Resolução	n°	184,	de	26	de	agosto	de	2010,	do	Conselho	
Federal	de	Biomedicina.	Considerando	as	especificidades	e	características	
da	atuação	em	auditoria	do	biomédico,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
120
I-	 O	auditor	pode	fornecer	relatórios	e	pareceres	para	a	vigilância	sanitária	
municipal,	estadual	e	federal.
II-	 A	acreditação,	que	é	um	dos	serviços	prestados	pelo	auditor,	é	um	processo	
voluntário	 em	 que	 uma	 instituição,	 governamental	 ou	 não,	 avalia	 um	
laboratório	por	meio	de	auditoria	e	determina	se	ele	atende	a	requisitos	
predeterminados	para	exercer	as	tarefas	a	que	se	propõe.
III-	 A	atividade	de	consultoria	é	um	serviço	prestado	por	uma	pessoa	ou	por	
um	grupo	de	pessoas,	independente(s)	e	qualificada(s),	para	a	identificação	
e	investigação	de	problemas	que	digam	respeito	à	política,	à	organização,	
aos	procedimentos	e	aos	métodos	de	um	serviço	de	saúde.
É	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://bit.ly/395kiSV>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I,	apenas.
b)	(			)	III,	apenas.
c)	 (			)	I	e	II,	apenas.
d)	(			)	II	e	III,	apenas.e)	 (			)	I,	II	e	III.
7	 (ENADE,	 2019)	 Os	 laboratórios	 de	 análises	 clínicas	 vêm	 buscando,	
constantemente,	a	implementação	de	processos	de	acreditação,	a	despeito	
dos	custos	relacionados.	Considerando	o	conceito	de	qualidade,	avalie	as	
afirmações	a	seguir.
I-	 O	 objetivo	 de	 se	 implantar	 um	 sistema	 de	 controle	 de	 qualidade	
é	 reconhecer	 e	 minimizar	 os	 erros	 analíticos,	 permitindo	 avaliar	 a	
performance	do	laboratório	e	obter	resultados	confiáveis	e	seguros.
II-	 A	 equipe	 de	 Garantia	 da	 Qualidade	 do	 laboratório	 deve	 implementar	
um	sistema	de	 controle	de	qualidade	que	permita	aos	 seus	 integrantes	
garantir	a	qualidade	de	todos	os	resultados	obtidos	na	rotina	diária,	com	
exceção	 dos	 exames	 enviados	 aos	 laboratórios	 de	 apoio,	 os	 quais	 não	
são	de	responsabilidade	direta	do	laboratório,	já	que	são	realizados	fora	 
desse	ambiente.
III-	 O	Controle	 Interno	 consiste	 na	 análise	 diária	 de	 amostra	 controle,	 que	
possui	valores	conhecidos	dos	analitos,	para	avaliar	a	precisão	dos	ensaios.
É	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://bit.ly/3hfYkRz>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I,	apenas.
b)	(			)	II,	apenas.
c)	 (			)	I	e	III,	apenas.
d)	(			)	II	e	III,	apenas.
e)	 (			)	I,	II	e	III.
121
UNIDADE 2
TÓPICO 3 — 
PROCESSOS BIOQUÍMICOS
1 INTRODUÇÃO 
Caro	 acadêmico,	 a	 Bioquímica	 tem	 o	 intuito	 de	 descrever,	 em	 termos	
moleculares,	 as	 estruturas,	 os	 mecanismos	 e	 os	 processos	 químicos	 que	
ocorrem	 nos	 organismos	 vivos,	 e	 estabelece	 os	 princípios	 de	 organização	 que	
são	 considerados	 a	 base	 de	 todas	 as	 formas	 de	 vida.	O	 esclarecimento	 desses	
processos	é	válido,	pois	nos	proporcionam	importantes	atribuições	nas	práticas	
clínicas,	nutricionais,	agrícolas	e	industrial	(NELSON,	COX;	2014).
Atualmente,	 a	 bioquímica	 está	 envolvida	 em	 vários	 setores	 como,	 por	
exemplo,	a	biotecnologia,	processos	industriais	e	principalmente	em	clínicas	de	
patologias	que	afetam	os	seres	humanos.	Diante	disso,	abordaremos	de	maneira	
direta	os	principais	processos	bioquímicos	que	ocorrem	nos	seres	humanos.
2 MACROMOLÉCULAS
Macromoléculas	 –	polímeros	de	 alto	peso	molecular	 –	 são	 encontradas	
no	interior	celular,	essas	estruturas	são	constituídas	de	precursores	considerados	
relativamente	simples,	de	peso	molecular	ao	redor	de	500	u	ou	menos.	
Polissacarídeos,	 proteínas,	 ácidos	 nucleicos	 e	 lipídeos	 são	 as	
macromoléculas	presente	nos	seres	vivos.	
A	 síntese	 dessas	 macromoléculas	 (anabolismo),	 assim	 como	 a	 quebra	
(catabolismos),	 são	 atividades	 que	 a	 célula	 exerce	 e	 necessita	 do	 consumo	 de	
energia	(ATP).
122
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
• CATABOLISMO: considerada a fase de degradação metabólica, onde moléculas, 
nutrientes orgânicos como carboidratos, gorduras e proteínas são convertidos em 
produtos finais menores e mais simples, como ácido láctico, CO2 e NH3.
• ANABOLISMO OU BIOSSÍNTESE: ocorre quando precursores pequenos e simples formam 
moléculas maiores e mais complexas como por exemplo os lipídios, polissacarídeos, 
proteínas e ácidos nucleicos (NELSON, COX, 2014, p. 502).
NOTA
QUADRO 2 – MACROMOLÉCULAS
FONTE: O autor
Macromolécula Unidade Função
Proteína Aminoácidos Estrutural,	enzimática,	transporte,	defesa,	hormonal,	receptores.
Carboidratos Monossacarídeos	(Glicose,	Frutose	e	Galactose) Reserva	energética	e	estrutural.
Lipídeos Ácido	Graxos	e	Glicerol Energia	térmica	e	estrutural
Ácidos	Nucleicos	 
(DNA	e	RNA) Nucleotídeos
Herança	e	controle	de	síntese	de	
proteínas	e	energia.
3 CARBOIDRATOS
As	 três	 principais	 classes	 de	 carboidratos	 são	 os	 polissacarídeos,	
dissacarídeos	 e	 monossacarídeos	 (a	 palavra	 “sacarídeo”	 é	 derivada	 do	
grego	 sakcharon,	 que	 significa	 “açúcar”).	 	 O	 açúcar	 simples	 é	 denominado	 de	
monossacarídeos,	 são	 constituídos	 por	 uma	unidade	 de	 poli-hidroxicetona	 ou	
poli-hidroxialdeído	 isolada.	 A	 D-glicose	 é	 o	 monossacarídeo	 mais	 abundante	
na	 natureza	 e	 é	 a	 estrutura	 utilizada	 pelas	 células	 para	 produção	 de	 energia	
(NELSON;	COX,	2014).	
Os	dissacarídeos	são	as	estruturas	de	carboidratos	mais	abundantes	e	 são	
compostos	de	duas	unidades	de	monossacarídeos.	A	 sacarose	 é	 um	dissacarídeo	
constituídos	 por	 dois	 açucares	 de	 seis	 carbonos	 (D-glicose	 +	 D-frutose).	 Os	
polissacarídeos	 são	 polímeros	 de	 açúcar	 que	 contêm	 mais	 de	 20	 unidades	
de	 monossacarídeo,	 podendo	 chegar	 a	 centenas	 ou	 milhares	 de	 unidades.	 A	
celulose	possui	cadeias	 lineares	 formadas	por	unidades	repetidas	de	D-glicose	 
(NELSON;	COX,	2014).
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
123
Os	 carboidratos	 possuem	 duas	 funções	 principais:	 armazenamento	 de	
energia	(glicogênio	ou	amido);	e	como	elementos	estruturais	(celulose	e	quitina).	
Em	nossas	células	possuímos	receptores	para	sinalizadores	específicos	que	são	
constituídos	de	oligossacarídeos	ligados	a	proteínas	e/ou	lipídios.
A	 glicose	 é	 relativamente	 rica	 em	 energia,	 por	 isso	 é	 o	 principal	
combustível	para	o	organismo	de	diversos	seres.	Pode	ser	armazenada	em	forma	
de	glicogênio	e	amido,	para	quando	for	necessário	iniciar	um	processo	catabólico	
para	produção	de	energia.
PROCESSOS CATABÓLICOS DA GLICOSE:
• Glicólise: processo no qual a molécula de glicose é quebrada em duas moléculas 
menores de piruvato.
• Oxidação da glicose via das pentoses-fosfato: a glicose-6-fosfato é convertida como 
produto final em ribulose-5-fosfato, CO2 e NADPH por duas oxidações intercaladas por 
uma reação de hidrólise.
PROCESSO ANABÓLICO DA GLICOSE:
• Gliconeogênese: ocorre onde o lactato, piruvato, glicerol, e alguns aminoácidos são 
sintetizados pelo próprio organismo em glicose quando se tem necessidade.
ATENCAO
Porém,	 existem	 limitações	no	metabolismo	da	 glicose	 em	 seres	 humanos,	
e	 isto	 se	dá	devido	 à	 taxa	de	 captação	da	glicose	pelas	 células	 e	 sua	 fosforilação	
pela	 hexocinase.	 Para	 receber	 a	 glicose	 em	 seu	 interior,	 as	 células	 necessitam	 de	
transportadores	(proteínas	de	membrana	que	possibilitam	a	passagem	para	o	interior	
da	célula).	Para	o	transporte	da	glicose,	essas	proteínas	são	denominadas	GLUT.	
Nas	 células	 do	 tecido	 hepático	 (hepatócitos)	 temos	 duas	 proteínas	 de	
transporte	de	glicose	GLUT1	e	GLUT2,	nas	células	nervosas	(neurônios)	temos	
a	GLUT3,	essas	proteínas	sempre	estão	disponíveis	na	membrana	plasmática	de	
suas	células.	Porém,	no	músculo	esquelético,	músculo	cardíaco	e	tecido	adiposo,	
a	 proteína	 presente	 é	 a	 GLUT4,	 que	 está	 armazenada	 em	 pequenas	 vesículas	
intracelulares	e	só	irá	estar	presente	na	membrana	das	células	após	o	estimulo	
da	insulina.	Por	esse	motivo	a	captação	da	glicose	no	tecido	muscular	esquelético	
e	 cardíaco	 e	 tecido	 adiposo	 depende	 da	 liberação	 da	 insulina	 pelas	 células	
b-pancreáticas.	A	 liberação	desse	 hormônio	 se	 dá	 pelo	 aumento	de	 glicose	 na	
circulação	periférica.	
124
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
• INSULINA: é um hormônio proteico produzido pelas células beta dos ilhéus de 
Langerhans do pâncreas. Tem como papel principal na homeostasia da glicose, através 
da ativação das proteínas GLUT4 das células do tecido muscular esquelético, cardíaco 
e tecido adiposo. A insulina também participa do metabolismo de aminoácidos, corpos 
cetônicos e ácidos graxos (ADA, 2020; SBD, 2019; IDF, 2019).
NOTA
3.1 DIABETES MELLITUS (DM)
Levantamento	realizado	pela	Federação	Internacional	de	Diabetes	(IDF)	
no	ano	de	2019,	indica	que	nas	idades	entre	20	e	79	anos	existiam	cerca	de	463	
milhões	de	pessoas	no	mundo	vivendo	 com	diabetes	mellitus,	 e	 estima-se	 que	
uma	em	cada	duas	pessoas	não	possui	o	conhecimento	de	estar	acometida	pela	
doença	(SBD,	2019;	IDF	2019).
Considerado	uma	patologia	de	caráter	crônico,	a	diabetes	Mellitus	possui	
uma	 alta	 taxa	de	morbidade	 e	mortalidade	 em	 todo	 o	mundo.	 Essa	patologia	
é	 caracterizada	por	desenvolver	diversos	distúrbios	metabólicos	 envolvendoa	
síntese	ou	ação	da	insulina	(FERREIRA	et al.,	2015).	
A	falha	ou	a	falta	da	ação	da	insulina	no	organismo,	faz	com	que	ocorra	
um	aumento	da	glicose	sanguínea,	quando	esse	aumento	ocorre	em	condições	
crônicas	constituem	no	desenvolvimento	de	diabetes	melittus.	Entre	os	sintomas	
clássicos	 associados	 a	 doença	 estão	 a	 poliúria,	 polidipsia,	 polifagia,	 perda	 de	
peso	 e	 alterações	 visuais,	 e	 quando	não	 tratados	 o	paciente	pode	desenvolver	
complicações	crônicas	como	retinopatias,	neuropatias,	sintomas	cardiovasculares	 
e	hipertensão	(ADA,	2020;	SBD,	2019;	ECKEL,	GRUNDY,	ZIMMET,	2016).
 
Segundo	a	Sociedade	Brasileira	de	Diabetes	(2019)	a	diabetes	mellitus	pode	
ser	classificada:
• Pré-diabético:	 este	 termo	é	utilizado	quando	os	níveis	de	glicose	no	sangue	
estão	mais	altos	do	que	o	normal	(>	99	mg/dL),	mas	não	o	suficiente	para	um	
diagnóstico	de	Diabetes	Tipo	2.		Pessoas	obesas,	hipertensas	e	com	alterações	
nos	lipídios	estão	no	grupo	de	alto	risco.	Segundo	dados	da	SBD	(2019),	50%	
dos	pacientes	neste	estágio	vão	desenvolver	a	doença.	
• Diabetes Tipo 1:	considerada	uma	doença	autoimune	devido	a	ação	do	sistema	
imunológico	nas	células	beta	do	pâncreas,	onde	o	paciente	produz	pouca	ou	
nenhuma	 insulina,	 fazendo	 com	 que	 a	 glicose	 sanguínea	 se	 mantenha	 em	
níveis	elevados.	Esse	quadro	aparece	geralmente	na	infância	ou	adolescência,	
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
125
mas	 pode	 ser	 diagnosticado	 em	 adultos	 também.	O	 tratamento	 é	 realizado	
com	insulina,	medicamentos,	planejamento	alimentar	e	atividades	físicas,	para	
ajudar	a	controlar	o	nível	de	glicose	no	sangue.
• Diabetes Tipo 2:	o	desenvolvimento	da	doença	se	dá	quando	o	organismo	não	
consegue	usar	adequadamente	a	insulina	que	produz,	ou	não	produz	insulina	
suficiente	para	controla	a	taxa	de	glicemia.	Se	manifesta	mais	frequentemente	
em	adultos,	mas	crianças	também	podem	apresentar.	Em	casos	mais	graves,	
exige	 o	 uso	 de	 insulina	 associado	 ou	 não	 a	medicamentos	 para	 controlar	 a	
glicose.	Porém,	na	maioria	dos	pacientes,	pode	ser	controlado	com	atividade	
física	e	planejamento	alimentar.
• Diabetes gestacional:	a	fim	de	permitir	o	desenvolvimento	do	feto,	a	mulher	
passa	 por	 mudanças	 em	 seu	 equilíbrio	 hormonal.	 A	 placenta	 é	 uma	 fonte	
importante	 de	 hormônios	 que	 reduzem	 a	 ação	 da	 insulina	 na	 captação	 e	
utilização	 da	 glicose.	 O	 pâncreas,	 consequentemente,	 aumenta	 a	 produção	
de	insulina	para	compensar	este	quadro.	Quando	a	compensação	não	ocorre,	
a	gestante	desenvolve	o	quadro	de	diabetes	gestacional.	Devido	ao	feto	ficar	
exposto	 a	 grande	 concentração	 de	 glicose,	 corre	 o	 risco	 de	 macrossomia	
fetal	 (crescimento	 excessivo),	 parto	 traumático,	 hipoglicemia	 neonatal	 e	 até	
predisposição	para	desenvolvimento	de	diabetes	na	vida	adulta.
3.2 DIAGNÓSTICO DA D. M.
Atualmente,	 o	 diagnóstico	 de	 diabetes	mellitus	 é	 baseado	 em	 três	 exames	
clínicos.
• Glicose em jejum:	em	que	se	avalia	os	níveis	séricos	de	glicose	no	paciente	
após	o	jejum	de	oito	a	12	horas.
• Teste oral de tolerância a glicose (TOTG):	consiste	na	determinação	da	glicose	
após	duas	horas	do	consumo	de	75	g	de	glicose.	Esse	teste	é	o	padrão	ouro	para	
identificação	de	diabetes	gestacional.
• Hemoglobina glicada: a	glicose	possui	afinidade	por	ligação	a	hemoglobina	
presente	 nas	 hemácias,	 por	 isso	 quanto	maior	 a	 concentração	 de	 glicose	 na	
circulação	 periférica	 do	 paciente,	 uma	 porcentagem	 de	 glicose	 se	 ligará	 à	
hemoglobina	presente	nas	hemácias.	
TABELA 1 – DIAGNÓSTICO DA DIABETES MELLITUS
FONTE: Adaptado de SBD (2019)
EXAME NORMAL PRÉ-DIABÉTICO DIABÉTICO
Glicemia	em	jejum	(mg/dL) <	99 100	–	125 >	126
Glicemia	2	horas	após	TOTG	com	75	
gramas	de	glicose	(mg/dL) <	140 140	–	199 >	200
Hemoglobina	glicada	(%) <	5,7 5,7	–	6,4 >	6,5
126
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
Além	 dos	 exames	 laboratoriais	 descritos	 anteriormente,	 para	 uma	
investigação	clínica,	ou	diagnóstico	diferencial,	podem	ser	realizados	outros	testes	
como	 peptídeo	 C,	 autoanticorpos	 contra	 células	 beta	 pancreáticas,	 anticorpos	
anti-insulina,	ANTI-GAD,	IA2	e	IA2B.	
4 PROTEÍNAS
As	proteínas	 são	 constituídas	por	 aminoácidos,	que	 formam	estruturas	
fundamentais	 para	 os	 seres	 vivos.	 Dependemos	 da	 mediação	 de	 estruturas	
proteicas	 (enzimas)	na	maioria	dos	processos	orgânicos	que	acontecem	dentro	
das	células.	A	manifestação	genética	é	mediada	por	meio	de	proteínas,	pois	os	
genes	são	fragmentos	de	DNA	que	codificam	proteínas.	
A	função	estrutural,	pois	as	proteínas	participam	da	composição	de	várias	
estruturas	que	sustentam	e	promovem	a	rigidez	nos	tecidos	(queratina,	colágeno	
e	 elastina).	Estruturas	proteicas,	 como	as	 imunoglobulinas,	 auxiliam	o	 sistema	
imune	na	defesa	do	organismo	 contra	os	microrganismos	 e	 substâncias.	Além	
de	outras	 funções	desempenhadas	pelas	proteínas,	 envolvem	a	ação	 catalítica,	
transportadora	 (hemoglobina	 transportando	 os	 gases	 respiratórios),	 nutritiva,	
energética,	promovem	a	contração	e	podem	atuar	como	mensageiros	químicos	
(hormônios).	(BERTUZZI	et al.,	2008).
4.1 ENZIMAS
Uma	 das	 principais	 funções	 das	 proteínas	 nas	 células	 é	 auxiliar	 os	
processos	metabólicos	através	da	ação	enzimática	das	reações	de	catálise.	Essas	
reações	são	essenciais	para	os	sistemas	vivos,	pois	sem	elas	as	reações	tendem	a	
ser	lentas	(NELSON;	COX,	2014).
Na	reação	catalisadora	 (Figura	6),	as	enzimas	vão	 reagir	 com	substrato	
através	 dos	 seus	 sítios	 ativos	 de	 ligação.	Após	 a	 ligação	 do	 substrato	 no	 sítio	
ativo	da	 enzima,	 na	 formação	do	 complexo	 enzima/substrato,	 a	 enzima	 altera	
sua	forma	com	o	objetivo	de	ocorrer	a	quebra	do	substrato	gerando	o	complexo	
enzima/produto,	no	qual	os	produtos	finais	da	 reação	 se	 soltam	do	 sítio	ativo	
ficando	livres.
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
127
FIGURA 6 – FUNCIONAMENTO DAS ENZIMAS
FONTE: <https://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/quimica_vida/enzima.png>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
Caro acadêmico temos que lembrar que a reação catalisadora é uma reação 
de quebra de moléculas. Por exemplo a Lactose (substrato) é dissacarídeo formado por 
uma molécula de D-Glocose + D-Galactose. Quando a lactose entra em contato com o 
sítio ativo da lactase (enzima), vai ocorrer a quebra da lactose e gerar os produtos finais da 
reação que é uma molécula de glicose e galactose separadamente.
IMPORTANT
E
4.1.1 Enzimas Cardíacas
As	 enzimas	 mais	 utilizadas	 e	 mais	 específicas	 para	 o	 diagnóstico	
laboratorial	de	infarto	agudo	do	miocárdio	(IAM),	são:	Mioglobina,	Troponina,	
CK	e	CK-MB.
• MIOGLOBINA:	 é	 uma	 hemoproteína	 de	 baixo	 peso	 molecular,	 ligante	 e	
transportadora	de	oxigênio.	Está	localizada	no	citoplasma	celular,	são	liberadas	
quando	a	célula	é	 lesada	 irreversivelmente.	É	a	primeira	proteína	que	se	altera	
após	um	episódio	de	 infarto	agudo	do	miocárdio,	apresenta	boa	sensibilidade,	 
porém	 não	 possui	 especificidades	 para	 o	 diagnóstico	 do	 Infarto	Agudo	 do	
Miocárdio,	pois	está	elevada	quando	ocorre	lesão	no	músculo	esquelético.
• CREATINA QUINASE TOTAL E ISOENZIMAS – CK: a	 creatina	 quinase	
(CK)	é	uma	enzima	encontrada	nos	músculos	cardíaco	e	esquelético	e	células	
do	 cérebro.	 Quando	 ocorre	 lesão	 desses	 tipos	 celulares	 temos	 a	 liberação	
dessas	enzimas	no	sangue	periférico,	esse	aumento	está	associado	ao	infarto	
do	miocárdio,	lesão	da	musculatura	cardíaca	ou	esquelética,	doença	muscular	
128
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
cardíaca	 congênita,	 acidente	 vascular	 cerebral,	 infecções	 intramusculares,	
hipotireoidismo,	doença	infecciosas,	embolia	pulmonar,	hipertermia	maligna,	
convulsões	generalizadas,	neoplasias	de	próstata,	vesícula	e	trato	gastrintestinal.	
Nos	casos	de	infarto	agudo	do	miocárdio,	os	níveis	de	CK	elevam-se	cerca	de	
4	a	6	horas	após	a	lesão,	e	o	seu	pico	está	entre	18	a	24	horas	podendo	levar	
48	a	72	horas	para	voltar	ao	normal	quandoa	lesão	é	estabilizada	(RESENDE;	
VIANA;	VIDIGAL,	2009).
A	isoenzima	CK-MB	possui	relevância	clínica	nos	casos	de	infarto	agudo	
do	miocárdio	por	estar	presente	em	sua	maioria	no	musculo	cardíaco.	
O	 aumento	 dessa	 isoenzima	 está	 relacionado,	 também,	 com	 contusão	
cardíaca,	 procedimentos	 cirúrgicos	 cardíacos,	 cardioversão,	 angioplastia	
coronariana	 transluminal,	pericardite,	miocardite,	 taquicardia	 supraventricular	
prolongada,	 cardiopatia,	 insuficiência	 cardíaca	 congestiva,	 angiografia	
coronariana	entre	outros	(RESENDE;	VIANA;	VIDIGAL,	2009).
Após	a	lesão	no	infarto	agudo	do	miocárdio,	a	CK-MB	eleva-se	de	4	a	6	
horas,	e	o	pico	ocorre	de	12	a	20	horas	e	volta	ao	normal	de	24	a	48	horas	caso	a	
lesão	normalizada.
QUADRO 3 – ISOENZIMAS CREATINO FOSFOQUINASE
FONTE: O autor
Isoenzima CK-BB Próstata,	útero,	placenta,	tiroide	cérebro	e	musculatura	lisa.
Isoenzima CK-MB 1%	da	CK	total	em	músculo	esquelético	e	45%	em	músculo	cardíaco.
Isoenzima CK-MM 99%	da	CK	total	em	músculo	esquelético	e	55%	em	músculo	cardíaco.
• TROPONINAS:	são	proteínas	presentes	no	complexo	de	regulação	miofibrilas,	
divididas	 em	 três	 subunidades.	 Troponina	 C	 está	 localizada	 nas	 fibras	 do	
musculo	 esquelético	 de	 contração	 lenta,	 por	 isso	 não	 é	 considerada	 como	
um	marcador	para	o	infarto	agudo	do	miocárdio.	As	Troponinas	T	e	I	são	as	
isoformas	cardíaca	específicas,	estão	presentes	no	musculo	cardíaco,	e	quando	
ocorre	a	lesão	tem	seu	aumento	de	níveis	séricos	em	4	a	8	horas	permanecendo	
aumentado	por	7	a	14	dias.	Sendo	a	Troponina	I	altamente	específica	para	o	
tecido	do	miocárdio,	e	suas	detecções	em	níveis	séricos	só	acontecem	quando	o	
paciente	possui	lesão	nesse	tecido	(OHMAN	et al.,	1996,	revisto	2014;	DEVLIN;	
HENRY,	2008).
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
129
4.1.2 Enzimas hepáticas 
O	 estudo	 e	 diagnóstico	 das	 doenças	 hepáticas	 é	 realizado	 na	 rotina	
laboratorial	clínica,	inicia-se	com	anamnese,	exame	físico,	exames	laboratoriais	e	
métodos	de	imagens.	
Nos	 exames	 laboratoriais	 o	 uso	 de	 instrumentos	 de	 rastreamento	 e	
marcadores	biológicos	tem	proporcionado	uma	maior	objetividade	na	detecção	
de	doenças	hepáticas	(MINCIS,	2009).
As	lesões	hepáticas	cursam	com	icterícia	e	aumento	nas	atividades	de	enzimas	
hepáticas	 tais	 como	Alanina	Aminotransferase	 (ALT),	Aspartato	Aminotransferase	
(AST)	e	Gama-Glutamil-Transpeptidase	(GGT)	(ZAKHARI,	LI,	2007).
A	ALT	é	 encontrada	no	 citoplasma	dos	hepatócitos,	 enquanto	80%	das	
ASTs	 é	 encontrado	 nas	mitocôndrias.	 Essa	 informação	 auxilia	 no	 diagnóstico,	
pois,	dependendo	do	dano	hepatocelular,	a	forma	predominante	no	soro	indica	
se	a	lesão	é	leve	ou	grave.	Pois,	em	danos	leves,	a	forma	predominante	no	soro	
será	 a	 citoplasmática	 (AST)	 e,	 em	 lesões	 graves,	 será	 a	 mitocondrial	 (ALT)	 
(MOTTA,	2009).
A	 GGT	 é	 uma	 enzima	 presente	 na	 membrana	 celular	 que	 participa	 do	
transporte	de	aminoácidos	e	peptídeos	para	o	interior	das	células.	Está	presente	em	
abundancia	nas	células	do	túbulo	proximal	renal,	fígado,	pâncreas	e	intestino.	Mas	
os	níveis	séricos	da	GGT	geralmente	são	de	origem	hepática	(HOCK et al.,	2005).	
A	Fosfatase	Alcalina	(FAL)	está	localizada	nas	membranas	de	revestimento	
dos	canalículos	biliares	e	vai	estar	elevada	nas	desordens	do	trato	biliar	(MOTTA,	2009).
5 LIPÍDEOS 
As	 funções	 dos	 lipídios	 são	 diversas,	 assim	 como	 sua	 constituição	
química,	gorduras	e	óleos	são	as	principais	formas	de	armazenamento	de	energia,	
fosfolipídios	 e	os	 esteróis	 são	os	principais	 elementos	 estruturais	das	membranas	
biológicas,	 também	exercem	o	papel	de	cofatores	enzimáticos,	 transportadores	de	
elétrons,	âncoras	hidrofóbicas	para	proteínas	agentes	emulsificantes,	hormônios	e	
mensageiros	intracelular	(NELSON;	COX,	2014).	
Além	da	obtenção	através	da	dieta,	o	corpo	produz	o	colesterol	necessário	
para	 seu	 funcionamento,	 e	 fatores	 genéticos	 podem	 estar	 relacionados	 a	
predisposição	 hereditária	 para	 níveis	 altos	 de	 colesterol	 ou	 ingere	 muitos	
alimentos	ricos	em	colesterol,	gorduras	saturadas	e	gorduras	insaturadas	trans,	
os	níveis	no	sangue	podem	aumentar	até	serem	prejudiciais	à	saúde.
130
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
• ATEROSCLEROSE: é um processo inflamatório, com a formação de placas de gordura, 
cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração ou de outros órgãos do 
corpo humano.
• PLACAS DE ATEROMA: são manifestações da aterosclerose caracterizadas pelo acúmulo 
focal de lipídios, hidratos de carbono, sangue e produtos sanguíneos, tecido fibroso e 
depósito de cálcio na camada íntima da artéria.
NOTA
5.1 PERFIL LIPÍDICO
Na	 rotina	 laboratorial,	 são	 comuns	 as	 solicitações	 para	 avaliar	 o	 perfil	
lipídico	dos	pacientes,	afim	de	avaliar	o	 risco	de	doença	cardíaca	coronariana.	
Esses	 resultados	 são	bons	 indicadores	do	 risco	de	 infarto	do	miocárdio	ou	de	
acidente	vascular	cerebral	causados	por	arteriosclerose.
• COLESTEROL TOTAL: a	avaliação	do	colesterol	total	verifica	todo	o	colesterol	
circulante,	tanto	o	produzido	de	forma	exógena	quanto	o	obtido	na	alimentação,	 
e	que	podem	indicar	predisposição	para	determinadas	condições	clinicas.
• TRIGLICERÍDEOS: os	triglicerídeos	obtidos	da	alimentação	são	transportados	
pelo	 sangue	 do	 intestino	 para	 serem	 armazenados	 no	 tecido	 adiposo.	 Em	
momentos	de	jejum,	eles	são	liberados	do	tecido	adiposo	para	serem	utilizados	
como	fonte	de	energia.	Em	sua	maioria,	os	triglicerídeos	são	transportados	no	
sangue	por	 lipoproteínas	chamadas	 lipoproteínas	de	densidade	muito	baixa	
VLDL,	em	inglês,	Very Low Density Lipoproteins.
• COLESTEROL HDL:	 	é	a	 fração	do	colesterol	 ligada	a	 lipoproteínas	de	alta	
densidade	HDL,	em	inglês, High Density Lipoproteins.	As	HDL,	são	formadas	
por	proteína	e	uma	pequena	quantidade	de	colesterol,	essa	fração	é	considerada	
benéfica,	 pois	 remove	 o	 colesterol	 dos	 tecidos	 e	 o	 transportam	 para	 serem	
metabolizados	no	fígado.	Os	níveis	altos	de	colesterol	HDL	podem	diminuir	
o	 risco	de	desenvolvimento	de	placas	de	ateroma,	 facilitando	a	 remoção	do	
colesterol	do	sangue.
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
131
FIGURA 7 – DIFERENÇA ENTRE COLESTEROL HDL E LDL
FONTE: Adaptada de <http://twixar.me/d87m>. Acesso em: 24 ago. 2021.
• COLESTEROL LDL:	 as	 lipoproteínas	 de	 baixa	 densidade	 LDL,	 em	 inglês,	
Low Density Lipoproteins,	é	um	tipo	de	lipoproteína	que	transporta	a	gordura	
no	sangue.	Essas	lipoproteínas	são	consideradas	indesejáveis,	pois	depositam	
excessos	 de	 colesterol	 nas	 paredes	 vasculares	 e	 contribuem,	 assim,	 para	 o	
endurecimento	das	artérias	(aterosclerose)	e	para	doenças	cardíacas.
Cálculo do LDL: a dosagem do LDL geralmente não é realizada na rotina 
laboratorial, e para obter esse valor o analista clínico realiza um cálculo com base Fórmula 
de Friedewald.
 Atenção: esta fórmula torna-se imprecisa na vigência de hipertrigliceridemia 
(triglicerídeos > 400 mg/dL), hepatopatia colestática crônica ou síndrome nefrótica portanto 
não deve ser utilizada.
FONTE: SPOSITO, A. C. (org.) et al. IV diretriz brasileira sobre dislipidemias e prevenção da 
aterosclerose. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 88, p. 2-19, abr. 1997. 
(Suplemento I).
IMPORTANT
E
𝐿𝐷𝐿 = 𝐶𝑂𝐿𝐸𝑆𝑇𝐸𝑅𝑂𝐿 𝑇𝑂𝑇𝐴𝐿 − 𝐻𝐷𝐿 − 
𝑇𝑅𝐼𝐺𝐿𝐼𝐶𝐸𝑅Í𝐷𝐸𝑂𝑆
5
Alimentação
Eliminação
Artérias
HDL - colesterol
LDL - colesterol
Fígado
132
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
Acadêmico, o biomédico com a habilitação em bioquímica permite a realização 
de análises biológicas e químicas de organismos vivos, principalmente para auxiliar pesquisas 
em biotecnologia para produção de enzimas e desenvolvimento de biocombustíveis.
• Resolução n° 78, de 29 de abril de 2002: dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, 
fixa o campo de atividade do Biomédico e cria normas de Responsabilidade Técnica, 
descreve a habilitação em bioquímica ao profissional biomédico. Disponívelem: https://
crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_78de29abril2002.pdf.
INTERESSA
NTE
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
133
LEITURA COMPLEMENTAR
MARCADORES BIOQUÍMICOS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
Marciano	Robson	de	Miranda
Luciana	Moreira	Lima
INTRODUÇÃO
A	admissão	em	serviço	de	urgência	de	enfermo	com	suspeita	de	síndrome	
coronariana	aguda	(SCA)	requer	não	só	a	realização	da	entrevista	médica	e	do	
exame	 físico,	mas	 também	 de	 exames	 complementares	 que	 visam	 estabelecer	
de	 forma	rápida	e	efetiva	a	suspeita	diagnóstica	 inicial	e	determinar	os	passos	
terapêuticos	a	serem	instituídos	e	que	incluem	eletrocardiograma	(ECG),	exames	
bioquímicos	e	por	imagem.	
Vários	biomarcadores	 têm	 sido	utilizados	para	 auxiliar	no	diagnóstico	de	
infarto	 agudo	do	miocárdio	 (IAM),	 estratificação	 de	 risco,	 escolha	 do	 tratamento	
adequado	e	predição	de	eventos	após	a	SCA.	
Os	 exames	 bioquímicos	 podem	 ser	 agrupados,	 segundo	 os	 seus	
significados	clínicos	e/ou	pelos	processos	físico-químicos	responsáveis	por	suas	
elevações	 sistêmicas,	 nos	 seguintes	marcadores	 de:	 a)	 lesão	miocárdica,	 como	
troponina,	creatinoquinase	fração	MB	(CK-Mb),	mioglobina	e	proteína	de	ligação	
de	ácidos	graxos	tipo	cardíaca	(H-FABP),	b)	estresse	biomecânico:	como	o	peptídeo	
natriurético	 tipo	 B	 (BNP)	 e	 seu	 fragmento	 N-terminal	 inativo	 (NT-proBNP),	
o	 peptídeo	 natriurético	 atrial	 (ANP),	 a	 copeptin,	 o	 fator-15	 de	 diferenciação	
e	 crescimento	 (GDF-15), 	 a	 proteína	 receptora	 da	 interleucina-1	 (ST2)	 e	 a	
cardiotrofina; c)	inflamação	e	homeostase	vascular:	a	cardiotrofina,	a	endotelina	1	
(ET-1)	e	a	lipoproteína	associada	à	fosfolipase	A2	(Lp-PLA2	);	d)	remodelamento	
da	 matriz	 extracelular:	 o	 propeptideo	 aminoterminal	 do	 procolágeno	 tipo	 I	
(PINP)	e	tipo	III	(PIIINP),	o	inibidor	tecidual	de	metaloproteinases	da	matriz-1	
(TIMP-1)	e	o	telopeptideo	colágeno	tipo	I	(ICTP).	Alguns	desses	biomarcadores	
são	 amplamente	 utilizados	 na	 prática	 clínica,	 outros	 ainda	 não	 apresentam	
evidências	científicas	que	sustentem	seu	uso	clínico.	
O	 objetivo	 deste	 estudo	 foi	 analisar	 o	 significado	 clínico	 dos	 diversos	
marcadores	 bioquímicos	 descritos	 para	 o	 IAM,	 isolados	 ou	 combinados,	
buscando-se	a	descrição	de	acordo	com	a	origem,	comportamento	na	evolução	
da	 doença,	 incluindo	 validade,	 limitação	 diagnóstica	 e	 significado	 clínico	 em	
diferentes	contextos,	sintetizando	e	integrando	as	principais	evidências	científicas	
disponíveis	na	literatura	atual.
A	presente	revisão	 foi	 realizada	com	base	no	seguinte	questionamento:	
quais	são,	atualmente,	os	marcadores	bioquímicos	que	podem	ser	usados	para	
diagnóstico	e	prognóstico	de	IAM	e	seu	significado	clínico	quando	isolados	ou	
134
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
associados	a	outros	biomarcadores?	Para	 responder	a	 essa	pergunta	 foi	 realizada	
pesquisa	bibliográfica	tendo	como	base	de	dados	o	PubMed	e	periódicos	CAPES,	
que	possibilitaram	a	busca	de	artigos	originais	e	revisões	sobre	biomarcadores	
do	IAM.	Foi	realizada	associação	entre	os	seguintes	termos:	“biologycal markers”, 
“myocardial infarction”, “coronary artery disease”, “myocardial ischemia”, “cardiac 
troponin”, “sensitive troponin”, “ck-mb mass”,	entre	várias	outras	nas	quais	foram	
usados	 os	 nomes	 dos	 biomarcadores,	 provenientes	 dos	 artigos	 de	 revisões	
encontrados.	Essa	busca	limitou-se	aos	artigos	em	língua	inglesa,	publicados	nos	
últimos	cinco	anos,	e	sua	relação	com	textos	completos	e	gratuitos.	A	seleção	dos	
artigos	baseou-se	na	avaliação	dos	títulos,	resumos	e	o	artigo	na	íntegra,	como	
forma	de	diminuir	a	chance	de	excluir	trabalhos	importantes.	Foram	excluídos	
os	trabalhos	cujo	conteúdo	dos	resumos	e	dos	artigos	na	íntegra	tinha	descrição	
insuficiente	sobre	a	variação	da	concentração	de	biomarcadores	de	acordo	com	
a	 administração	 de	 fármacos	 e	 os	 estudos	 avaliando	 técnicas	 cirúrgicas	 com	
biomarcadores.	 Foram	 obtidos,	 inicialmente,	 90	 artigos,	 sendo	 65	 excluídos;	 e	
entre	os	25	restantes,	14	eram	randomizados	e	controlados.	Os	resultados	foram	
apresentados	de	forma	sucinta	e	integrada,	após	análise	judiciosa,	com	ênfase	nos	
aspectos	principais	de	cada	estudo.
Troponina 
A	troponina	é	uma	proteína	muscular	que,	juntamente	com	a	tropomiosina,	
regula	a	interação	entre	a	actina	e	miosina	no	processo	de	contração	muscular.	Há	
três	polipeptídeos	de	troponina,	os	quais	se	ligam	à	tropomiosina	(TnT),	à	actina	
(TnI)	e	ao	cálcio	(TnC).	A	TnT	e	a	TnI	foram	descritas	como	biomarcadores	para	
IAM	pela	 sua	 especificidade	 cardíaca,	diferente	da	TnC,	que	possui	 sequência	
de	 aminoácidos	 compartilhada	 com	 sua	 isoforma	 esquelética,	 responsável	
pela	 ausência	 de	 valor	 diagnóstico	 para	 lesões	 miocárdicas.	 Após	 a	 lesão	 do	
cardiomiócito,	 baixa	porcentagem	de	 troponina	 livre	 no	 citoplasma	 é	 liberada	
na	 circulação,	 seguida	 por	 aumento	 gradual	 correspondente	 à	 dispersão	 de	
troponina	ligada	a	complexos.	Em	necrose	transmural,	isso	acontece	após	duas	
a	quatro	horas	do	 início	da	 injúria,	atingindo	o	pico	sistêmico	por	volta	de	12	
horas	e	permanecendo	elevada	por	até	4-7	dias	para	TnI	e	10-14	dias	para	TnT.	
A	concentração	sistêmica	de	troponina	pode	ainda	variar	segundo	a	circulação	
colateral,	 obstrução	 coronária	 intermitente,	 amplitude	da	 lesão	 e	 sensibilidade	
dos	cardiomiócitos.	Sua	utilidade	na	detecção	de	lesão	miocárdica	recorrente	é	
limitada,	porque	os	seus	níveis	permanecem	elevados	por	período	prolongado.	
Daubert	et al.	demonstraram	que	os	intervalos	para	a	sensibilidade	da	TnI	e	TnT,	
de	acordo	com	o	 tempo,	 foram,	 respectivamente,	 inferiores	a	45%	e	entre	25	e	
65%	no	momento	de	internação,	69	e	82%	e	59	e	90%	de	duas	a	seis	horas	após	a	
admissão,	100%	e	próximo	de	100%	de	seis	a	12	horas	após	a	admissão.
	 A	 especificidade	 da	 troponina	 não	 varia	 significativamente	 ao	 longo	
do	tempo,	estando	no	intervalo	entre	83	e	98%	para	TnI	e	de	86-98%	para	TnT.	
Os	valores	preditivos	positivos	da	TnI	 e	TnT	 foram	25	e	35%	no	momento	da	
apresentação	e	89	e	57%	após	12	horas	de	admissão,	respectivamente.	Já	os	valores	
preditivos	negativos	da	TnI	e	TnT	foram,	respectivamente,	85	e	88%	no	momento	
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
135
da	apresentação	e	98	e	99%	após	12	horas	de	admissão.	Para	otimizar	a	validade	do	
teste	de	troponina	recomenda-se	realização	da	dosagem	de	TnI	e	TnT	no	momento	
da	apresentação	e	entre	seis	e	nove	horas	após	a	 injúria	cardíaca.	A	Sociedade	
Brasileira	de	Cardiologia	preconiza	que	no	processo	investigativo	de	IAM	devem	
ser	usados	pelo	menos	dois	marcadores:	um	precoce	 (mioglobina	 e	CK-MB)	 e	
outro	tardio	definitivo	(incluindo	a	CK-MB	e	as	troponinas).	As	troponinas	são	
consideradas	 o	 padrão-ouro,	 devendo-se	 considerar	 que	 elas	 podem	 se	 elevar	
diante	 de	 pequenos	 (micro)	 infartos,	mesmo	 em	 ausência	 de	 elevação	da	CK-
MB.	É	preciso	considerar	que	a	troponina	miocárdica	pode	ser	também	liberada	
em	diversas	situações	clínicas,	como	miocardites,	cardioversão	elétrica,	 trauma	
cardíaco,	miosites,	embolia	pulmonar	e	insuficiência	renal.	A	sensibilidade	dos	
testes	 convencionais	de	 troponina	é	baixa	para	o	diagnóstico	precoce	de	 IAM.	
Como	os	 consensos	americano	e	europeu	 recomendam	um	nível	de	 troponina	
acima	do	valor	equivalente	ao	percentil	 99	da	população,	vem-se	discutindo	a	
importância	 diagnóstica	 e	 o	 significado	 clínico	 dos	 ensaios	 de	 troponina	 com	
mais	 sensibilidade.	Com	o	uso	de	 um	 ensaio	 ultrassensível	 para	 TnI	 (hs-TnI),	
com	ponto	de	 corte	de	 0,04	 ng/mL	na	 admissão,	 a	 sensibilidade	 clínica	 foi	 de	
90,7%	 e	 a	 especificidade	de	 90,2%,	 independentemente	do	 tempo	de	 início	da	
dor	torácica,	ao	passo	que	o	ensaio	para	TnT	ultrassensível	(hs-TnT),	nas	mesmas	
condições,	mostrou	sensibilidade	entre	84	e	95%	e	especificidade	entre	80	e	94%	
para	diagnóstico	de	IAM.	O	valor	prognóstico	da	combinação	de	hs-TnT	e	BNP	
foi	avaliado	dianteda	insuficiência	cardíaca	crônica,	baseando-se	na	mediana	da	
concentração	do	BNP	(97	pg/mL)	e	da	hs-TnT	(0,0124	ng/mL)	e	segundo	os	fatores	
de	risco	clínicos.	A	mortalidade	aumentou	para	32%	em	pacientes	com	ambos	os	
marcadores	acima	da	concentração	mediana,	confirmando	que	a	elevação	TnT	é	
proporcional	à	gravidade	da	doença,	podendo	favorecer	o	valor	prognóstico	do	
BNP.	Outro	estudo,	envolvendo	mulheres	que	se	submeteram	à	cirurgia	cardíaca	
na	pós-menopausa,	demonstrou	que	níveis	de	TnI	abaixo	de	7,6	ng/mL	constituem	
fator	de	 risco	para	desenvolvimento	dos	principais	 eventos	 adversos	 em	30	dias,	
como	morte	operatória,	estado	de	baixo	débito	cardíaco	e	IAM,	com	médias	para	
sensibilidade	de	82%,	especificidade	de	77%,	valor	preditivo	positivo	de	40%	e	
valor	preditivo	negativo	de	96%	(IC	95%).
Creatinoquinase (CK) 
A	CK-total	 é	 enzima	 reguladora	 da	 produção	 e	 uso	 do	 fosfato	 de	 alta	
energia	nos	tecidos	contráteis.	É	composta	de	subunidades	B	(brain)	e	M	(muscle)	
que	se	combinam	formando	a	CK-MM	(muscular),	CK-BB	 (cerebral)	e	CK-MB	
(miocárdica).	
A	 especificidade	da	CK-total	 é	 baixa	 para	 lesões	 do	músculo	 cardíaco,	
diferente	da	CK-MB,	que	é	encontrada	predominantemente	no	músculo	cardíaco.	
Enquanto	na	dosagem	de	CK-MB	determina-se	a	atividade	enzimática,	o	teste	de	
CK-MB	massa	detecta	sua	concentração,	 independentemente	de	sua	atividade,	
incluindo	enzimas	ativas	e	 inativas,	o	que	torna	o	teste	de	CK-MB	massa	mais	
sensível	 e	 confiável	 que	 os	 testes	 de	 CK-MB	 atividade.	 A	 CK-MB	 atividade	
aumenta	dentro	de	4-6	horas	após	a	ocorrência	do	infarto,	com	pico	em	torno	de	
136
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA I
18	horas	e	retornando	ao	normal	após	48	horas.	Possui	sensibilidade	diagnóstica	
de	93	a	100%	após	12	horas	do	início	da	sintomatologia,	porém	é	pouco	sensível	
para	diagnóstico	nas	primeiras	seis	horas	de	evolução.	Recomenda-se,	por	isso,	
que	seu	uso	seja	feito	de	forma	seriada,	a	cada	3-4	horas,	e	uma	avaliação	por	pelo	
menos	nove	horas	para	confirmar	ou	afastar	o	diagnóstico	de	IAM	nos	pacientes	
suspeitos.	 Entre	 outros	 parâmetros,	 deve-se	 salientar	 que,	 na	 temperatura	
de	 25oC,	 a	 atividade	de	CK-MB,	 em	 condições	 normais,	 é	 inferior	 a	 10	U/L	 e	
deve	corresponder	a	menos	de	6%	de	CK	total.	A	CK-MB	massa	possui	valor	de	
referência	abaixo	de	5	ng/mL.	A	CK-MB,	por	ter	meia-vida	curta	em	comparação	
com	a	da	troponina,	constitui-se	em	medida	de	grande	utilidade	para	diagnóstico	
de	reinfarto.	A	CK-MB	também	tem	sido	útil	na	avaliação	da	lesão	miocárdica	
após	intervenção	coronariana,	quando	leve	aumento	de	sua	concentração	pode	
associar-	-se	à	maior	mortalidade.	O	IAM	após	cirurgia	de	revascularização	do	
miocárdio	é	definido	pela	associação	da	elevação	da	CK-MB	em	pelo	menos	cinco	
vezes	o	limite	superior	da	normalidade,	nas	primeiras	72	horas,	com	alterações	
eletrocardiográficas	(ondas	Q)	e	confirmado	pelo	exame	angiográfico.
Mioglobina 
A	mioglobina	 é	 uma	 proteína	 citoplasmática	 de	 baixo	 peso	molecular	
presente	nos	músculos	esqueléticos	e	 cardíacos,	 cujas	principais	 funções	 são	o	
fornecimento	de	oxigênio	às	mitocôndrias.	Constitui-se	em	complexo	auxílio	no	
controle	 da	 isquemia	 tecidual,	 envolvendo	 a	 biossíntese	 de	 óxido	 nítrico. Sua	
elevação	ocorre	1-2	horas	depois	do	início	da	isquemia,	atingindo	o	seu	máximo	
em	 torno	 de	 6-9	 horas	 e	 normalizando-se	 entre	 12	 e	 24	 horas.	 Devido	 à	 sua	
baixa	especificidade	e	por	ser	marcador	muito	precoce	em	lesões	dos	miócitos,	
a	mioglobina	em	concentrações	normais	(0-72	ng/mL)	pode	ser	útil	para	excluir	
o	diagnóstico	de	IAM	nas	primeiras	horas	após	desconforto	no	peito	(antes	de	
quatro	horas	do	início	da	sintomatologia),	principalmente	em	paciente	com	baixa	
probabilidade	pré-teste	de	doença,	com	valor	preditivo	negativo	entre	83	a	98%.
[...]
Peptídeo natriurético cerebral (BNP) e seu fragmento n-terminal inativo 
(NT-proBNP) 
Os	 níveis	 do	 peptídeo	 natriurético	 cerebral	 (BNP)	 e	 seu	 fragmento	
N-terminal	 inativo	 (NT-proBNP)	 são	usados	para	 o	diagnóstico	 e	 prognóstico	
da	 insuficiência	 cardíaca,	 estratificação	 de	 risco	 após	 síndrome	 coronariana	
aguda	 e	 para	 predizer	 eventos	 adversos	 associados	 à	 angina	 estável	 e	 em	
pessoas	 aparentemente	 saudáveis.	 São	 considerados	dos	melhores	marcadores	
do	 estresse	mecânico.	A	dosagem	do	BNP	 associado	 aos	métodos	de	 imagem	
cardíaca	permite	avaliação	da	disfunção	ventricular	sistólica	esquerda,	oriunda	
da	remodelação	cardíaca.	Como	esse	processo	envolve	síntese	e	degradação	de	
colágeno,	constituinte	da	matriz	extracelular,	o	BNP	foi	correlacionado	com	os	
marcadores	do	metabolismo	do	colágeno,	sugerindo	que	module	a	formação	de	
cicatrizes	ricas	em	colágeno	após	IAM.	Na	insuficiência	cardíaca	crônica	o	BNP	
TÓPICO 3 — PROCESSOS BIOQUÍMICOS
137
e	o	NT-proBNP	são	marcadores	 com	 forte	 implicação	prognóstica,	porém	eles	
podem	sofrer	 influência	da	 idade	e	 função	 renal,	 além	de	variar	naturalmente	
ao	 longo	do	 tempo.	A	 sensibilidade,	 especificidade,	 valor	 preditivo	 positivo	 e	
negativo	para	predição	de	mortes	em	pacientes	com	insuficiência	cardíaca	foram	
para	BNP	de	50,	79,2,	28,6	e	90,5%	e	para	NT-proBNP	de	53,1,	79,9,	30,4	e	91,1%,	
respectivamente.
[...]
CONCLUSÃO
Todos	 os	 biomarcadores	 supracitados,	 seja	 na	 inclusão	 ou	 exclusão	 de	
hipóteses,	 têm	 sua	 importância	 diferencial	 nos	 diversos	 contextos	 clínicos	 do	
IAM.	Atualmente,	para	diagnóstico	de	IAM,	a	Sociedade	Brasileira	de	Cardiologia	
sugere	a	utilização	das	 troponinas	T	e	 I	 e	da	CK-MB	massa	 como	marcadores	
de	lesão	miocárdica.	De	forma	semelhante,	os	Consensos	Americano	e	Europeu	
de	Cardiologia	 sugerem	a	utilização	da	 troponina	 (T	 ou	 I)	 como	biomarcador	
preferencial	 de	 lesão	 miocárdica.	 Se	 os	 ensaios	 de	 troponina	 não	 estiverem	
disponíveis,	 a	melhor	 alternativa	 é	 a	 CK-MB	massa,	 não	 sendo	 recomendado	
o	 CK	 total.	 Na	 ausência	 desses	 ensaios,	 opta-se	 por	 quaisquer	 outros	 testes	
disponíveis,	sendo	fundamentais	o	reconhecimento	de	sua	limitação	diagnóstica	
e	a	incapacidade	de	atender	às	reais	necessidades	de	cada	paciente.	
A	troponina	(I	ou	T)	é	o	marcador	preferido	para	a	lesão	do	miocárdio,	
possuindo	 especificidade	 quase	 absoluta	 e	 alta	 sensibilidade.	 O	 hsTnT	
incrementa	o	valor	prognóstico	do	BNP	na	predição	de	mortalidade	em	pacientes	
com	 insuficiência	 cardíaca,	 condição	 que	 também	 pode	 ser	 prevista	 pelos	
níveis	de	ANP,	ST2,	ET-1	e	copeptin.	A	combinação	de	TnT	com	o	copeptin	ou	
concentrações	normais	de	mioglobina	(nas	primeiras	horas)	possuem	alta	acurácia	
na	exclusão	de	IAM.	O	diagnóstico	precoce	de	IAM	vale-se	dos	ensaios	de	alta	
sensibilidade	de	 troponina	 ou	do	H-FABP	 e	mioglobina,	 quando	 associados	 a	
outros	parâmetros.	São	necessários	novos	estudos	em	condições	diversas,	a	fim	
de	ampliar	e	confirmar	os	valores	prognósticos	dos	biomarcadores	de	IAM	para	
estabelecerem-se	critérios	para	a	terapêutica	com	mais	precisão.
FONTE: MIRANDA, M. R. de; LIMA, L. M. Marcadores bioquímicos do infarto agudo do 
miocárdio. Rev Med Minas Gerais, Viçosa, v. 24, n. 1, p. 98-105, jul. 2014.
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CHAMADA
138
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 Macromoléculas	 são	 polímeros	 de	 alto	 peso	 molecular	 encontrados	 no	
interior	celular,	essas	estruturas	são	constituídas	de	precursores	considerados	
relativamente	simples.	
•	 As	macromoléculas	que	constituem	as	células	são	os	polissacarídeos,	proteínas,	
ácidos	nucleicos	e	os	lipídeos.
•	 As	três	principais	classes	de	carboidratos	são	os	polissacarídeos,	dissacarídeos	
e	monossacarídeos.
•	 Os	carboidratos	possuem	duas	funções	principais:	armazenamento	de	energia	
(glicogênio	ou	amido)	e	como	elementos	estruturais	(celulose	equitina).
•	 A	Diabetes	Mellitus	é	considerada	uma	patologia	de	caráter	crônico,	que	possui	
uma	alta	taxa	de	morbidade	e	mortalidade	em	todo	o	mundo	por	se	caracterizar	
pelo	desenvolvimento	diversos	distúrbios	metabólicos	 envolvendo	 a	 síntese	
ou	ação	da	 insulina.	Pode	ser	classificada	em:	pré-diabético,	diabetes	 tipo	1,	
diabetes	tipo	2	e	diabetes	gestacional.	
•	 Os	principais	exames	realizados	para	o	diagnóstico	da	Diabetes	Mellitus	são:	
glicose	em	jejum,	teste	oral	de	tolerância	à	glicose	e	hemoglobina	glicada.		
•	 As	 proteínas	 são	 constituídas	 por	 aminoácidos	 que	 formam	 estruturas	
fundamentais	para	os	seres	vivos.
•	 As	enzimas	mais	utilizadas	e	mais	específicas	para	o	diagnóstico	laboratorial	de	
infarto	agudo	do	miocárdio	(IAM),	são:	Mioglobina,	Troponina,	CK	e	CK-MB.
•	 O	 estudo	 e	 diagnóstico	 das	 doenças	 hepáticas	 são	 realizados	 na	 rotina	
laboratorial	clínica	através	do	aumento	nas	atividades	de	enzimas	hepáticas,	
tais	como	Alanina	Aminotransferase	(ALT),	Aspartato	Aminotransferase	(AST)	
e	Gama-Glutamil-Transpeptidase	(GGT).
•	 Na	rotina	laboratorial	é	comum	haver	solicitações	para	avaliar	o	perfil	lipídico	
dos	pacientes,	afim	de	avaliar	o	risco	de	doença	cardíaca	coronariana.
139
1	 (ENADE,	 2019)	 Segundo	a	Organização	Mundial	de	Saúde	 e	Associação	
Americana	 de	 Diabetes,	 a	 Diabetes	Mellitus	 (DM)	 pode	 ser	 classificada	
como	 tipo	 1,	 tipo	 2,	Diabetes	Gestacional	 e	 outros	 tipos.	A	DM	 tipo	 2	 é	
cerca	de	8	a	10	vezes	mais	comum	do	que	a	tipo	1	e	pode	ser	tratada	com	
dietas,	 exercícios	 físicos	 e	 medicamentos	 orais.	 As	 medicações,	 quando	
utilizadas	de	forma	isolada	das	demais	terapias,	raramente	levam	ao	estado	
de	euglicemia.	
FONTE: <https://www.sbcbm.org.br/artigo-diabetes-eobesidade>. Acesso em: 26 jul. 2019 
(adaptado).
Com	base	no	texto,	avalie	as	asserções	a	seguir	e	a	relação	proposta	entre	elas.
I-	 Um	dos	mecanismos	envolvidos	no	desenvolvimento	da	DM	tipo	2	é	a	
contínua	produção	de	insulina	pelo	pâncreas.
 
PORQUE
II-	 A	 incapacidade	 de	 absorção	 de	 glicose	 pelas	 células	 leva	 à	 resistência	
insulínica.
A	respeito	dessas	asserções,	assinale	a	opção	CORRETA.
FONTE: <https://www.indagacao.com.br/2020/02/enade-2019-segundo-organizacao-
mundial-de-saude-e-associacao-americana-de-ciabetes-a-diabetes-Mellitus-dm.html>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	As	asserções	I	e	II	são	proposições	verdadeiras,	e	a	II	é	uma	justificativa	
correta	da	I.
b)	(			)	As	 asserções	 I	 e	 II	 são	proposições	verdadeiras,	mas	 a	 II	 não	 é	uma	
justificativa	correta	da	I.
c)	 (			)	A	asserção	I	é	uma	proposição	verdadeira,	e	a	II	é	uma	proposição	falsa.
d)	(			)	A	asserção	I	é	uma	proposição	falsa,	e	a	II	é	uma	proposição	verdadeira.
e)	 (			)	As	asserções	I	e	II	são	proposições	falsas.
2	 (ENADE,	 2013)	 Diabetes	 é	 um	 importante	 problema	 de	 saúde	 pública.	
No	 Brasil,	 sua	 prevalência	média	 atingiu	 5,6%	 em	 2011,	 de	 acordo	 com	
o	Ministério	da	 Saúde,	 e	 estima-se	 que	 a	doença	 aumente	nas	próximas	
décadas.	A	doença	é	uma	condição	de	grande	impacto	social	e	econômico,	
onerosa	 para	 o	 Estado	 e	 para	 o	 indivíduo,	 além	 de	 ter	 uma	 elevada	
morbidade	devido	a	complicações	cardíacas,	cerebrovasculares,	vasculares	
periféricas,	 oculares,	 renais	 e	 neuropáticas,	 incapacitando	 o	 indivíduo	
e	 acelerando	 a	 morte	 dos	 doentes.	Atualmente,	 também	 se	 reconhece	 a	
AUTOATIVIDADE
140
existência	 do	 indivíduo	 pré-diabético,	 com	 grande	 risco	 de	 desenvolver	
a	doença.	As	figuras	a	 seguir	 apresentam	dados	 referentes	a	prevalência	
de	diabetes	(Gráfico	1)	e	a	projeção	de	crescimento	populacional	brasileiro	
(Gráfico	2)	de	acordo	com	a	idade.
GRÁFICO 1 – PREVALÊNCIA DE DIABETES NO BRASIL DE ACORDO COM AS FAIXAS ETÁRIAS
Percentual	de	adultos	(>	18	anos)	com	diagnóstico	médico	referido	para	diabetes	 
em	26	capitais	do	Brasil	e	Distrito	Federal	segundo	faixa	etária.
FONTE: <http://portalsaude.saude.gov.br>. Acesso em: 16 ago. 2013.
 
GRÁFICO 2 – COMPOSIÇÃO ABSOLUTA DA POPULAÇÃO, POR IDADE E SEXO
FONTE: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 16 ago. 2013.
141
Considerando	os	dados	apresentados,	 responda	ao	que	se	pede	nos	 itens	a	
seguir.
FONTE: <https://www.ufcspa.edu.br/editora_log/download.php?cod=015&tipo=pdf>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	Quais	as	razões	do	aumento	da	diabetes	previsto	para	as	próximas	décadas?	
b)	O	que	caracteriza	clínica	e	laboratorialmente	um	indivíduo	pré-diabético?	
c)	Qual	a	importância	do	diagnóstico	de	indivíduos	pré-diabéticos	para	ações	
de	vigilância	epidemiológica	e	políticas	públicas?	
3	 (ENADE,	2010)	Avalie	as	asserções	a	seguir	e	a	relação	proposta	entre	elas.
I-	 A	hemoglobina	glicada	é	um	conjunto	de	substâncias	formadas	a	partir	
de	reações	entre	a	hemoglobina	“A”	(HbA)	e	alguns	açucares,	sendo	que	
a	 fração	A1c.	 ligada	 especificamente	 com	 a	 glicose,	 representa	 80%	 da	
hemoglobina	A1	total.	
PORQUE
II-	 A	quantidade	de	glicose	ligada	à	hemoglobina	é	diretamente	proporcional	à	
concentração	média	de	glicose	no	sangue	que	permanece	associada	de	forma	
irreversível	à	cadeia	alfa	da	hemoglobina,	por	meio	de	reação	mediada	por	
um	 sistema	 enzimático,	 permitindo	 uma	 avaliação	 do	 controle	 glicêmico	
médio	no	período	entre	90	a	120	dias	que	precedem	o	exame.	
Acerca	dessas	asserções,	assinale	a	opção	CORRETA.	
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/644661>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	As	 duas	 asserções	 são	 proposições	 verdadeiras,	 e	 a	 segunda	 é	 uma	
justificativa	correta	da	primeira.	
b)	(			)	As	duas	asserções	são	proposições	verdadeiras,	mas	a	segunda	não	é	
uma	justificativa	correta	da	primeira.
c)	 (			)	A	primeira	asserção	é	uma	proposição	verdadeira,	e	a	segunda	é	uma	
proposição	falsa.	
d)	(			)	A	 primeira	 asserção	 é	 uma	 proposição	 falsa,	 e	 a	 segunda	 é	 uma	
proposição	verdadeira.	
e)	 (			)	As	duas	asserções	são	proposições	falsas.
4	 (ENADE,	2006)	O	diabetes	tipo	1	é	caracterizado	pela	destruição	das	células	
produtoras	de	insulina	das	ilhotas	pancreáticas,	enquanto	o	diabetes	tipo	2	
é	caracterizado	pela	resistência	à	insulina.
FONTE: <https://download.inep.gov.br/download/enade/2006/Provas/PROVA_DE_
BIOMEDICINA.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2021.
142
a)	Qual	 é	 a	 explicação	 mais	 aceita	 para	 a	 gênese	 dessas	 duas	 doenças	
metabólicas?
b)	Como	se	pode	melhorar	a	condição	metabólica	dos	pacientes	em	cada	caso?	
Justifique.
5	 (ENADE,	2019)	A	avaliação	de	um	paciente	com	dor	torácica	deve	diferenciar	
as	etiologias	cardíacas	das	não	cardíacas.	Dentre	as	de	ocorrência	cardíaca,	
o	 Infarto	Agudo	 do	Miocárdio	 (IAM)	 demanda	 investigação	minuciosa.	
Além	da	análise	da	história	clínica,	dos	achados	no	ecocardiograma	e	dos	
resultados	de	exames	de	imagem,	a	detecção	da	alteração	de	biomarcadores	
cardíacos	 é	 importante	 para	 o	 diagnóstico	 precoce.	 O	 gráfico	 a	 seguir	
representa	a	alteração	dos	biomarcadores	cardíacos	ao	longo	do	tempo	de	
ocorrência	de	um	infarto. 
WILLIAMSON, M. A.; SNYDER, M. Wallach: interpretação de exames laboratoriais. 10. ed. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018 (adaptado).
Considerando	as	informações	apresentadas,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
I-	 A	mioglobina	sérica	altera-se	nas	primeiras	horas	após	a	ocorrência	do	
infarto	e,	geralmente,	normaliza-se	em	24	horas.
II-	 A	 concentração	 sérica	 de	 CK-MB	 apresenta,	 em	 seu	 pico	 de	 elevação,	
incrementos	de	seis	vezes	nos	valores	normais.
III-	 Os	níveis	de	alteração	da	troponina	correlacionam-se	com	a	extensão	da	
lesão	 cardíaca,	 com	pico	de	 elevação	que	pode	durar	 até	 oito	dias	 nos	
casos	mais	graves.
143
É	CORRETO	o	que	se	afirmar	em:
FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2019/
BIOMEDICINA.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I,	apenas.
b)	(			)	III,	apenas.
c)	 (			)	I	e	II,	apenas.
d)	(			)	II	e	III,	apenas.
e)	 (			)	I,	II	e	III.
6	 (ENADE,	 2016)	 Um	 grande	 laboratório	 de	 análisesclínicas	 está	
desenvolvendo	um	kit com	base	em	um	ensaio	enzimático,	para	análise	de	
um	novo	marcador	de	 função	 cardíaca.	Considerando	esse	 experimento,	
avalie	as	afirmações	a	seguir.
I-	 A	atividade	enzimática	deve	aumentar	rapidamente	no	plasma,	caso	haja	
lesão	cardíaca	isquêmica.
II-	 O	 branco	 da	 reação	 deve	 ser	 formado	 por	 uma	 enzima	 com	 atividade	
conhecida.
III-	 A	temperatura	da	reação	deve	ser	a	temperatura	ótima	para	a	atividade	
enzimática.
IV-	 O	tampão	presente	na	reação	enzimática	deve	apresentar	pKa	próximo	ao	
do	pH	ótimo	da	enzima.
V-	 A	enzima	usada	como	marcador	deve	ter	atividade	em	diversos	órgãos.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirmar	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636931>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	II	e	IV.
b)	(			)	I,	III	e	IV.
c)	 (			)	I,	IV	e	V.
d)	(			)	II,	III	e	V.
e)	 (			)	I,	II,	III	e	V.
7	 (ENADE,	 2016)	 A	 doença	 arterial	 coronariana	 caracteriza-se	 pela	
insuficiência	 de	 irrigação	 sanguínea	 no	 coração	 por	 meio	 das	 artérias	
coronárias.	 Diretamente	 relacionada	 ao	 grau	 de	 obstrução	 do	 fluxo	
sanguíneo	 pelas	 placas	 ateroscleróticas,	 essa	 doença	 resulta	 em	
estreitamento	das	artérias	coronárias	(estenose),	que,	devido	à	redução	do	
fluxo	sanguíneo	coronariano,	diminui	a	chegada	do	oxigênio	ao	coração.	As	
doenças	cardiovasculares	lideram	os	índices	de	morbidade	e	mortalidade	
no	Brasil	 e	no	mundo,	 sendo	a	doença	arterial	 coronariana	causa	de	um	
grande	número	de	mortes	e	de	gastos	em	assistência	médica.
FONTE: PINHO, R. A. et al. Doença arterial coronariana: exercício físico e estresse oxidativo. 
Arq. Bras. Cardiol., Rio de Janeiro, v. 94, n. 4, p. 549-555, 2010 (adaptado).
144
A	 respeito	 dessa	 doença,	 das	 alterações	 estruturais	 que	 ela	 promove	 e	 do	
comprometimento	do	 funcionamento	normal	do	coração	e	do	sistema	vascular,	
avalie	as	afirmações	a	seguir.
I-	 Doenças	 relacionadas	 com	 as	 dislipidemias,	 como	 a	 aterosclerose,	
apresentam	 em	 sua	 gênese	 e/ou	 em	 seus	mecanismos	 fisiopatológicos,	
alterações	 na	 função	 endotelial	 e,	 como	 consequência,	 a	 hipertensão	
arterial	e	processos	de	isquemia.
II-	 Distúrbios	hemodinâmicos	em	bifurcações	de	grandes	vasos	promovem	a	
baixa	força	de	cisalhamento	na	corrente	sanguínea,	o	que	pode	promover	
alterações	em	alguns	genes	e	induzir,	por	exemplo,	alteração	na	produção	
de	óxido	nítrico.
III-	 Durante	 a	 formação	 da	 placa	 de	 ateroma,	 ocorrem	 aumento	 de	 óxido	
nítrico	 e	 adesão	de	 células	 espumosas	na	 camada	 íntima	do	vaso,	 com	
a	 consequente	 migração	 de	 células	 musculares	 lisas,	 formando	 uma	
matriz	extracelular	com	capa	fibrosa,	aumentando	o	calibre	da	artéria	e	
promovendo	modificações	estruturais	e	funcionais.
IV-	 A	 formação	 das	 placas	 de	 ateroma	pode	 ser	 causada	 por	 fatores	 locais	 e	
sistêmicos	e	normalmente	pode	gerar	quadros	de	infarto	ocasionados	pelo	
processo	 de	 necrose	 desenvolvido	 durante	 a	 isquemia,	 ou	 ainda,	 gerar	
quadros	de	tromboembolias	causadoras	de	isquemias	em	diferentes	órgãos.	
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirmar	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636949-
inep-2016-enade-biomedicina>. Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I	e	IV.
b)	(			)	II	e	III.
c)	 (			)	III	e	IV.
d)	(			)	I,	II	e	III.
e)	 (			)	I,	II	e	IV.
8	 (ENADE,	2010)	Os	lipídeos	constituem	um	grupo	de	moléculas	insolúveis	
em	água	e	são	transportados	no	plasma	em	forma	de	lipoproteínas.	Essas	
são	classificadas	de	acordo	com	o	tamanho	e	a	densidade	em	quilomícrons,	
lipoproteínas	 de	 densidade	 muito	 baixa	 (VLDL),	 lipoproteínas	 de	 baixa	
densidade	(LDL)	e	 lipoproteínas	de	densidade	alta	 (HDL).	Em	relação	às	
lipoproteínas,	avalie	as	afirmativas	que	seguem.	
I-	 Os	 quilomícrons	 liberados	 pela	 mucosa	 intestinal	 são	 convertidos	
diretamente	em	VLDL	no	plasma	sanguíneo.	
II-	 As	 lipoproteínas	 são	 constituídas	 por	 um	 núcleo	 de	 lipídeos	 neutros	
envolvidos	 por	 uma	 camada	 anfipática	 de	 apolipoproteínas,	 fosfolipídios	 
e	colesterol	livre.
III-	 A	função	das	apolipoproteínas	é	fornecer	sítios	de	reconhecimento	para	
receptores	nas	superfícies	celulares	e	serem	ativadoras	ou	inibidoras	de	
enzimas	envolvidas	no	metabolismo	de	lipoproteínas.	
145
IV-	 A	 LDL	 tem	 alta	 concentração	 de	 colesterol	 e	 ésteres	 de	 colesterol,	 
liga-se	 na	 superfície	 da	membrana	 celular	 através	 do	 reconhecimento	 da	
apoproteína	B-100.
V-	 O	colesterol	captado	da	LDL	pelas	células	age	aumentando	a	síntese	de	
colesterol	e	de	receptores,	sendo	que	o	colesterol	em	excesso	é	convertido	
em	éster	de	colesterol	e	armazenado.	
Está	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:	
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/644657>. 
Acesso em: 24 ago. 2021.
a)	(			)	I,	II	e	III.
b)	(			)	I,	II	e	V.
c)	 (			)	I,	IV	e	V.
d)	(			)	II,	III	e	IV.
e)	 (			)	III,	IV	e	V.
146
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BRASIL.	Decreto n° 88.439, de 28 de junho de 1983.	Dispõe	sobre	a	
regulamentação	do	exercício	da	profissão	de	Biólogo,	de	acordo	com	a	Lei	n°	
6.684,	de	3	de	setembro	de	1979	e	de	conformidade	com	a	alteração	estabelecida	
pela	Lei	n°	7.017	de	30	de	agosto	de	1982. Brasília,	DF:	Diário	Oficial	[da]	
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laboratorial,	e	determina	outras	providências. Brasília,	DF:	Diário	Oficial	[da]	
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dos	profissionais	Biomédicos,	Técnicos,	Tecnólogos	nas	áreas	de	acupuntura,	
estética,	citologia	e	anatomia	patológica	e	imaginologia,	junto	aos	Conselhos	
Regionais	de	Biomedicina.	Brasília,	DF:	CFBM,	2012b.	Disponível	em:	http://
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em	gestão	das	tecnologias	em	saúde.	Brasília,	DF:	CFBM,	2019.	Disponível	em:	
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Tradução	de	Carla	Albuquerque	de	Oliveira,	Irene	de	Almeida	Biasoli,	José	
Leandro	Salviano	Neves	e	Paulo	Afonso	Lopes	da	Silva.	Rio	de	Janeiro:	
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que_sao.pdf.	Acesso	em:	24	ago.	2021.
152
153
UNIDADE 3 — 
FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM 
BIOMEDICINA II
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• descrever os principais processos hematológicos, imunológicos, 
microbiológicos e genéticos;
• demonstrar as principais análises realizadas para avaliação dos processos 
apresentados na unidade;
• apresentaras principais patologias que podem acometer os seres humanos 
na hematologia, imunologia, microbiologia e genética;
•	 correlacionar	as	habilitações	do	profissional	biomédico	junto	com	as	áreas	
apresentadas.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da 
unidade,	 você	 encontrará	 autoatividades	 com	 o	 objetivo	 de	 reforçar	 o	
conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
TÓPICO 2 – PROCESSOS IMUNOLÓGICOS 
TÓPICO 3 – PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS
TÓPICO 4 – PROCESSOS GENÉTICOS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
154
155
UNIDADE 3
TÓPICO 1 — 
PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
1 INTRODUÇÃO 
A hematologia é a especialidade que estuda os componentes do sangue, 
principalmente, as células sanguíneas e os órgãos onde o sangue é produzido. Além 
de estudar as alterações que podem ser provocadas nos processos patológicos que 
afetam	o	ser	humano.	O	sangue	é	um	tecido	conjuntivo	viscoso,	que	circula	nos	
vasos sanguíneos constituídos pelo plasma e elementos celulares. Sua principal 
função	é	o	transporte	de	substâncias,	como	nutrientes	e	oxigênio	para	as	células,	e	
retirada	dos	restos	metabólicos,	como	o	dióxido	de	carbono	para	excreção.	
O plasma é a parte líquida sem presença de elementos celulares constituída 
por	água,	proteínas,	sais	inorgânicos	e	os	compostos	orgânicos	diversos.	A	parte	
celular	do	sangue	é	formada	pelos	eritrócitos	(hemácias),	 leucócitos	(neutrófilos,	
linfócitos,	monócitos,	eosinófilos	e	basófilos)	e	plaquetas.
FIGURA 1 – COMPONENTES DO SANGUE.
FONTE: <http://twixar.me/FB7m>. Acesso em: 26 jul. 2021.
PLASMA
52 - 62%
LEUCÓCITOS
<1%
HEMÁCIAS
38 - 48%
O profissional biomédico habilitado em Hematologia realiza análises 
hematológicas pré e pós-transfusionais, análises para o diagnóstico clínico e 
desenvolvimento de pesquisas.
• Resolução n° 78, de 29 de abril de 2002: dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, 
fixa o campo de atividade do Biomédico e cria normas de Responsabilidade Técnica. 
Disponível em: https://crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_78de29abril2002.pdf.
IMPORTANT
E
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
156
2 HEMATOPOIESE
As células-tronco hematopoiéticas dão origem a dois tipos de linhagens 
celulares,	 uma	 linhagem	 linfoide	 que	dará	 origem	aos	 linfócitos	T	 e	B,	 e	 uma	
linhagem	 mieloide,	 que	 dará	 origem	 aos	 neutrófilos,	 eosinófilos,	 basófilos,	
monócitos, hemácias e plaquetas.
FIGURA 2 – HEMATOPOIESE
FONTE: Jameson et al. (2020, p. 2570)
2.1 LEUCOPOIESE 
A leucopoiese é o processo de origem dos leucócitos e se divide em: 
granulopoese,	em	que	ocorre	a	formação	dos	neutrófilos,	eosinófilos	e	basófilos;	
monocitpoese,	 no	 qual	 ocorre	 a	 formação	 dos	 monócitos;	 e	 linfopoese,	 que	
é	o	processo	em	que	ocorre	a	 formação	dos	 linfócitos	e	as	células	NK	(Natural 
Killer).	A	síntese	dessas	células	depende	de	citocinas	e	fatores	estimuladores	de	
crescimento de colônias.
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
157
2.2 ERITROPOIESE
A	eritropoiese	é	o	processo	de	formação	dos	eritrócitos	(hemácias),	e	este	
processo	é	regulado	pela	eritropoetina	(EPO),	um	hormônio	produzido	células	
renais	e	células	hepáticas.	(ZAGO,	2013)
3 HEMOGRAMA
Hemograma	 é	 o	 exame	 complementar	 mais	 requerido	 nas	 consultas,	
fazendo	parte	de	todas	as	revisões	de	saúde.	Nele	são	avaliados	valores	numéricos,	
morfológicos	 e	microscópicos	 (quando	 pertinente)	 do	 eritrograma,	 leucograma	 e	
plaquetograma.	Dados	esses	que	são	de	estrema	importância	para	o	corpo	clínico	 
na	identificação	de	doenças	como	anemias	e	leucemias.
Hoje	 contamos	 com	 séries	 de	 equipamentos	 que	 auxiliam	 na	 obtenção	
desses dados, porém a microscopia continua sendo nosso principal aliado 
na	 confirmação	 e	 identificação	 das	 alterações	 hematológicas.	 No	 Quadro	 1,	
verificamos	os	limites	que	foram	definidos	pelo	Grupo	de	Consenso	Internacional	
Para indicação de Microscopia.
QUADRO 1 – INDICAÇÃO PARA LEITURA DE LÂMINA HEMATOLÓGICA SEGUNDO CONSENSO 
INTERNACIONAL PARA INDICAÇÃO DE MICROSCOPIA
FONTE: Adaptado de <https://statics-shoptime.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/124267647.pdf>. 
Acesso em: 9 set. 2021.
Células Limite inferior Limite superior Unidade
Hemoglobina < 7 > 18,5 g/dL
VCM < 75 >	105 fL
CHCM <	30 > 36,5 %
RDW > 22 %
Leucócitos <	4.000 >	30.000 /µL
Linfócitos >	5.000	(adultos)>	3.000	(<	12	anos) /µL
Monócitos >	1.500	(adultos)>	3.000	(<	12	anos) /µL
Eosinófilos >	2.000 /µL
Basófilos >	500 /µL
Plaquetas <	100.000 >	1.000.000 /µL
Reticulócitos >	1.000.000 /µL
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
158
Acadêmico, o Quadro 1 é a base utilizada para a realização da microscopia 
do hemograma, porém, o analista clínico pode determinar, com base de outros estudos 
científicos, quais serão seus critérios na avaliação do hemograma em microscopia.
ATENCAO
4 ANEMIAS 
Anemia é caracterizada por qualquer alteração eritrocitária que venha 
a	 prejudicar	 a	 função	 de	 transporte	 de	 gases	 das	 hemácias.	 Pode	 ocorrer	 por	
diminuição do hematócrito, da concentração de hemoglobina, ou da quantidade 
de	hemácias	por	unidade	de	volume	(ZAGO,	2013).
De	acordo	com	Guimarães	(2013),	a	Organização	Mundial	da	Saúde	(OMS)	
define	que	um	paciente	é	diagnosticado	com	anemia	quando	a	sua	concentração	
de	hemoglobina	inferior	a	12	g/dL	para	mulheres	pré-menopausa	e	inferior	a	13	
g/dL	para	homens	e	para	mulheres	na	 fase	pós-menopausa.	Os	parâmetros	da	
normalidade	da	concentração	da	hemoglobina	podem	diferenciar	em	fatores	como	
sexo,	idade,	altitude,	tabagismo,	idade	gestacional	e	índice	de	massa	corporal.	No	
Quadro	2,	podemos	verificar	os	valores	de	referências	recomendados	pela	OMS	
para avaliação da concentração da hemoglobina. 
QUADRO 2 – SUGESTÃO DOS LIMITES INFERIORES DE CONCENTRAÇÃO DA HEMOGLOBINA 
(HB) DE ACORDO COM IDADE, SEXO E ETNIA AO NÍVEL DO MAR
FONTE: Santis (2019, p. 240)
Idade Hemoglobina (g/dL)
6 meses – 5 anos 11,0
5 – 11 Anos 11,5
11 – 14 Anos 12,0
Mulheres > 14 anos 12,0
Gestantes 11,0	/	10,5	(~24ª	semana)
Homens	Caucasianos	>	20	anos	 13,5
Homens	Afrodescendentes	>	20	anos
Valor	mais	baixo	provavelmente	em	decorrência	da	alta	
prevalência	de	talassemia	α	nessa	etnia.
12,9
Homens	idosos	(>	65-70	anos) 13,0
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
159
A	classificação	das	anemias	pode	ser	de	acordo	com	o	tempo	de	 instalação	
(aguda	ou	crônica)	ou	do	aumento	da	destruição	dos	eritrócitos	(perda	ou	hemólise).	
Quanto	 à	 causa,	 pode	 ser	 classificada	 em	 normocítica/normocrômica,	 macrocítica	
e microcítica/hipocrômica, e, de acordo com o volume corpuscular, normocitose/
microcitose/macrocitose.	 Todos	 estes	 dados	 auxiliam	 na	 investigação	 inicial	 das	
anemias, pois estão disponíveis no hemograma nos valores hematimétricos e nas 
contagens	das	outras	células,	que	também	auxiliam	no	primeiro	diagnóstico.	
Acadêmico,	 você	 sabia	 que	 existem	diversos	 tipos	 de	 anemias?	 E	 cada	
uma	delas	recebe	uma	nomenclatura.	Vejamos,	alguns	exemplos:
4.1 ANEMIA FERROPRIVA
A	anemia	 por	 deficiência	 de	 ferro	 é,	 isoladamente,	 a	mais	 comum	das	
deficiências	nutricionais	do	mundo	e	ocorre	como	resultado	de	perda	sanguínea	
crônica,	perdas	urinárias,	 ingestão	e/ou	absorção	deficiente	de	ferro	e	aumento	
do	volume	sanguíneo.	Devido	à	diminuição	sérica	da	concentração	de	ferro	“os	
locais	de	reserva	de	ferro	dos	macrófagos	estão	depletados	e,	portanto,	não	podem	
fornecê-lo	para	o	plasma.	Consequentemente,	 a	 concentração	plasmática	de	 ferro	
cai	a	níveis	que	 limitam	a	eritropoese”	 (LEE,	1998	apud CARVALHO; BARACET; 
SGARBIERI,	2006,	p.	55).	
Essa anemia é caracterizada por três estágios: 
•	 O	diagnóstico	do	primeiro	estágio	da	deficiência	de	ferro,	caracterizado	pela	
diminuição	 dos	 estoques	 de	 ferro	 no	 organismo,	 é	 realizado	 por	 meio	 de	
dosagem	de	ferritina	sérica.
•	 O	segundo	estágio	da	deficiência	de	ferro	correspondeà	diminuição	do	ferro	
de	transporte.	Este	estágio	caracteriza-se	pela	diminuição	do	ferro	sérico	e	um	
aumento	da	capacidade	de	ligação	do	ferro,	sendo	que	tais	mudanças	resultam	
na	diminuição	da	saturação	da	transferrina.
•	 O	 terceiro	 estágio	 ocorre	 quando	 a	 quantidade	 de	 ferro	 está	 suficientemente	
restrita para a produção de hemoglobina, apresentando células hipocrômicas e 
microcíticas.
4.2 ANEMIA FALCIFORME 
A	 anemia	 falciforme	 é	 uma	 anomalia	 genética	 importante	 no	 Brasil,	 
com	 expressão	 clínica	 da	 homozigose	 do	 gene	 da	 hemoglobina	 S,	 que	 acomete,	
sobretudo,	nas	regiões	que	receberam	maciços	contingentes	de	escravos	africanos.	
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
160
FIGURA 3 – PRESENÇA DE DREPANÓCITOS NA ANEMIA FALCIFORME
FONTE: <https://www.plugbr.net/wp-content/uploads/2010/02/anemia-falciforme.gif> 
Acesso em: 26 jun. 2021.
Acadêmico, sugerimos a leitura de um artigo que trata de um estudo transversal 
que tem como objetivo verificar a prevalência de anemia em adultos e idosos brasileiros. 
Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-549720190008.supl.2.
DICAS
5 LEUCEMIAS 
Consideradas como neoplasias malignas de natureza clonal, as leucemias 
têm origem nas células hematopoiéticas e caracterizam-se pela substituição das 
células da medula óssea por células neoplásicas. As células neoplásicas podem 
chegar	ao	sangue	periférico	e	 infiltrar	órgãos	como	fígado	 linfonodos	e	outros	
tecidos	(COTRAN;	KUMAR;	ROBBINS,	1998).
A causa da doença é uma mutação pontual no gene beta da globina, 
em que há a substituição de uma base nitrogenada do códon GAG para GTG, 
resultando	na	troca	do	ácido	glutâmico	(Glu)	pela	valina	(Val)	na	posição	número	
seis do gene. Essa substituição origina uma molécula de hemoglobina anormal 
denominada	hemoglobina	S	 (HbS),	ao	 invés	da	hemoglobina	normal	chamada	
de	 hemoglobina	A	 (HbA).	 Essa	 pequena	modificação	 estrutural	 é	 responsável	
por	 profundas	 alterações	 nas	 propriedades	 físico-químicas	 da	 molécula	 de	
hemoglobina	e	das	hemácias	do	paciente	(BRASIL,	2001).
Devido	 ao	 formato	 da	 hemoglobina	 S,	 o	 paciente	 portador	 de	 anemia	
falciforme	 possui	 hemácias	 características	 em	 formato	 de	 foice,	 denominada	
drepanócitos	(Figura	3)
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
161
5.1 NEOPLASIAS DAS CÉLULAS MIELOIDES
As leucemias mieloides são um grupo de doenças heterogêneas que se 
caracterizam	 pela	 proliferação	 anormal	 de	 células	 progenitoras	 da	 linhagem	
mieloide,	 ocasionando	 produção	 insuficiente	 de	 células	 sanguíneas	 maduras	
normais. Essas leucemias compreendem um espectro de neoplasias malignas 
que,	 se	 não	 tratadas,	 podem	 ser	 de	 crescimento	 lento	 ou	 rapidamente	 fatal.	
Dependendo	da	evolução	do	paciente	pode	ser	classificada	em	aguda	ou	crônica	
(JAMESON	et al.,	2020).
5.1.1 LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA)
A	hereditariedade,	a	radiação,	as	substâncias	químicas	e	outras	exposições	
ocupacionais,	assim	como	os	fármacos,	foram	implicados	no	desenvolvimento	da	
LMA.	Nenhuma	evidência	direta	sugere	etiologia	viral	(JAMESON	et al.,	2020).
• Principais achados hematológicos na LMA
No geral, a anemia está presente nos diagnósticos de LMA e pode ser 
intensa	e	do	tipo	norocítica	normocrômica.	Existe	a	diminuição	da	eritropoiese,	
que reduz a quantidade de reticulócitos, e a sobrevida dos eritrócitos é diminuída 
devido	à	destruição	acelerada.	
Nos pacientes com LMA a contagem total dos leucócitos é de 
aproximadamente	 15.000	 leucócitos/μ.L,	 porém,	 alguns	 pacientes	 podem	
apresentar	contagens	 inferior	a	5.000	 leucócitos/μ.L	 (25-40%)	e	outros	superior	
a	100.000	leucócitos/μ.L	(20%).	Em	menos	de	5%	dos	casos	não	apresentam	células	
leucêmicas	detectáveis	no	sangue.	A	contagem	de	plaquetas	inferior	a	100.000/μ.L	em	
cerca	de	75%	dos	pacientes,	e	<	25.000/μ.L	em	25%	dos	pacientes,	com	alterações	
morfológicas	 e	 funcionais	 como	 granulação	 anormal	 e	 a	 incapacidade	 das	
plaquetas	se	agregarem	ou	aderirem	entre	si	(JAMESON	et al.,	2020).	Na	LMA,	os	
neutrófilos	apresentam	achados	específicos	que	estão	descritos	a	seguir.
Existem	mais	de	12	tipos	de	leucemias,	e	as	quatro	de	maior	incidência	
que	iremos	descrever	neste	livro	são:	leucemia	mieloide	aguda	(LMA),	leucemia	
mieloide	crônica	(LMC),	leucemia	linfocítica	aguda	(LLA)	e	leucemia	linfocítica	
crônica	(CLL).	No	Brasil,	segundo	o	Atlas	de	Mortalidade	por	Câncer,	no	ano	de	
2019,	ocorreram	7.370	óbitos	decorrentes	a	leucemias,	sendo	4.014	homens	e	3.356	
mulheres	(ESTATÍSTICAS	[...],	2021).
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
162
FIGURA 4 – MIELOBLASTO LEUCÊMICO CONTENDO UM BASTÃO DE AUER
FONTE: Jameson et al. (2020 p. 2794)
FIGURA 5 – POPULAÇÃO UNIFORME DE MIELOBLASTOS PRIMITIVOS COM CROMATINA 
IMATURA, NUCLÉOLOS EM ALGUMAS CÉLULAS E GRÂNULOS CITOPLASMÁTICOS PRIMÁRIOS
FONTE: Jameson et al. (2020 p. 2794)
Na	 LMA,	 o	 citoplasma	 frequentemente	 contém	 grânulos	 primários	
(não	 específicos),	 e	 o	 núcleo	 apresenta	 cromatina	 fina,	 rendada	
com	um	ou	mais	nucléolos	 típicos	de	células	 imaturas.	Os	grânulos	
anormais	 em	 forma	 de	 bastões,	 chamados	 bastões	 de	 Auer,	 não	
estão	presentes	de	maneira	uniforme,	mas	quando	estão,	a	linhagem	
mieloide	 é	 virtualmente	 certa.	 A	 função	 neutrofílica	 inadequada	
pode	 ser	 observada	por	meio	 do	 comprometimento	da	 fagocitose	 e	
da	migração,	 e	morfologicamente	por	meio	de	 lobulação	 anormal	 e	
granulação	deficiente	(JAMESON	et al.,	2020,	p.	2794).
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
163
5.1.2 LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC)
Os principais achados hematológicos na LMC são contagens elevadas 
dos leucócitos, com aumentos tanto dos granulócitos imaturos quanto dos 
maduros. Geralmente, observa-se menos de 5% de blastos circulantes, bem 
como	menos	 de	 10%	 de	 blastos	 e	 promielócitos,	 sendo	 a	 maioria	 das	 células	
constituída	de	mielócitos,	metamielócitos	e	bastões.	A	alternância	das	contagens	
pode ser observada em pacientes acompanhados sem tratamento. As contagens 
plaquetárias encontram-se quase sempre elevadas no momento do diagnóstico 
e	existe	um	grau	leve	de	anemia	normocítica	normocrômica.	A	fosfatase	alcalina	
leucocitária	 é	baixa	nas	 células	da	LMC.	Em	geral,	 as	 funções	 fagocitárias	 são	
normais	ao	diagnóstico	e	permanecem	assim	durante	a	fase	crônica.	
A	 aceleração	 da	 doença	 é	 definida	 pelo	 desenvolvimento	 de	 graus	
crescentes	de	anemia	 inexplicada	por	sangramento	ou	 terapia;	evolução	clonal	
citogenética;	ou	blastos	sanguíneos	ou	medulares	entre	10	e	20%,	20%	ou	mais	
de	blastos	sanguíneos	ou	medulares,	ou	contagem	plaquetária	<	100.000/μ.L.	A	crise	
blástica	é	definida	como	leucemia	aguda,	com	20%	ou	mais	de	blastos	sanguíneos	 
ou medulares. 
Podem	surgir	neutrófilos	hipossegmentados	(anomalia	de	Pelger-Huet).	
As	células	blásticas	podem	ser	classificadas	como	mieloides,	linfoides,	eritroides	
ou	 indiferenciadas,	 com	 base	 nas	 características	 morfológicas,	 citoquímicas	
e imunológicas. A ocorrência de crise blástica "de novo'' ou após terapia com 
imatinibe é rara.
5.2 NEOPLASIAS DAS CÉLULAS LINFOIDES 
Os	 tumores	das	 células	 linfoides	 incluem	desde	 as	mais	 indolentes	 até	
as mais agressivas neoplasias malignas humanas. Originam-se de células do 
sistema	imune	em	diferentes	estágios	de	diferenciação,	resultando	em	uma	ampla	
variedade	de	achados	morfológicos,	imunológicos	e	clínicos.	
Algumas	 neoplasias	 malignas	 de	 células	 linfoides	 quase	 sempre	 se	
apresentam	na	forma	de	 leucemia	quando	ocorre	o	acometimento	primário	da	
medula	óssea	e	do	sangue,	enquanto	outras	geralmente	ocorrem	como	linfomas	
quando	existe	a	formação	de	tumores	sólidos	do	sistema	imune.	Outras	neoplasias	
malignas	 de	 células	 linfoides	 podem	 manifestar-se	 como	 leucemia	 ou	 como	
linfoma.	Além	disso,	o	padrão	clínico	pode	mudar	durante	a	evolução	da	doença.	
Essa	mudança	 é	 observada	mais	 frequentemente	 em	 um	 paciente	 que	 parece	
ter	 um	 linfoma	 e	 apresentaas	manifestações	 de	 leucemia	 durante	 a	 evolução	 
da doença.
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
164
FONTE: Jameson et al. (2020, p. 2881)
FIGURA 6 – FREQUÊNCIA RELATIVA DAS NEOPLASIAS LINFOIDES. LEUCEMIA LINFOIDE 
AGUDA (LLA), LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC)
5.2.1 LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA)
A	Leucemia	linfoide	aguda	(LLA)	é	uma	neoplasia	maligna	heterogênea	
no sistema hematopoiético, onde ocorre a multiplicação desordenada de células 
blásticas,	ocorrendo	o	acúmulo	de	células	jovens	na	medula	óssea.	É	o	tipo	mais	
comum	de	câncer	infantil,	constituindo	cerca	de	um	terço	de	todas	as	neoplasias	
malignas da criança.
Devido	 às	 células	 leucêmicas	 serem	 heterogêneas,	 apresentam	 vasta	
diversidade de dados clínicos e biológicos. A mesma compromete a produção de 
todas	as	células	sanguíneas.	A	LLA	avança,	desde	os	linfloblastos	primordiais,	que	
se	encontram	em	inúmeros	pontos	de	evolução	 (ZANICHELLI;	COLTURATO;	
SOBRINHO,	2010).
A	 classificação	 morfológica	 em	 vigor	 é	 comumente	 utilizada,	 foi	
desenvolvida	por	um	grupo	denominado	Franco-Americano-Britânico	(FAB),	no	
qual	os	blastos	possuem	baixa	quantidade	de	citoplasma	com	basofilia	variada	
(FADEL,	2010).	Os	blastos	são	classificados	em	três	tipos	distintos:
• L1:	 células	 pequenas,	 com	morfologia	 regular,	 homogêneos,	 sem	 nucléolos,	
relação núcleo-citoplasma alta.
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
165
FIGURA 7 – CÉLULAS DA LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA CLASSIFICADOS COMO L1
FONTE: Fadel (2010, p. 3)
• L2: células de tamanhos variáveis, heterogêneos, possuem nucléolos grandes 
e visíveis, podendo apresentar irregularidade no contorno.
FIGURA 8 – CÉLULAS DA LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA CLASSIFICADOS COMO L2
FONTE: Fadel (2010, p. 4)
• L3:	 células	 grandes,	 basofilia	 citoplasmática,	 apresentam	 imunofenotipo	
B,	 é	 considerada	 uma	 forma	mais	 agravante	 da	 patologia,	 apresenta	 forma	
leucêmica	do	linfócito	de	Burkitt.
FIGURA 9 – CÉLULAS DA LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA CLASSIFICADOS COMO L3
FONTE: Fadel (2010, p. 4)
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
166
A	 classificação	 da	 imunofenotipagem,	 comumente	 utilizada	 é	
estabelecida pelo European Group for Immunophenotyping Leukemias 
(EGIL),	 que	 é	 baseado	 na	 representação	 imunofenótipica	 das	
células,	 que	 estão	 em	 concordância	 com	 a	 morfologia	 do	 caso,	
possibilitando assim a distinção em subtipos imunológicos, após 
a	 verificação,	 podemos	 classificar	 a	 linhagem	 celular	 (B	 ou	 T).	 [...]	
A	 imunofenotipagem,	 é	 realizada	 com	 a	 técnica	 de	 citometria	 de	
fluxo,	 é	 eficaz	 no	 reconhecimento,	 especificação,	 prognosticação,	
determinação	 da	 extensão	 da	 doença,	 monitorização,	 e	 também	 na	
definição	fenotípica	das	leucemias	(CAVALCANTE;	ROSA;	TORRES,	
2017,	p.	157-158).
5.2.2 LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA (LLC)
A	 leucemia	 linfoide	 crônica	 (LLC)	 é	 uma	 doença	 idiossincrática	 que	
está	diretamente	ligada	à	hematopoese,	sendo	caracterizada	pela	multiplicação	
descontrolada da quantidade de leucócitos no sangue, gerando, a partir disso, o 
aumento	e	acúmulo	na	quantidade	de	linfócitos.	O	seu	curso	clínico	é	heterogêneo,	
podendo	o	paciente	sobreviver	de	meses	até	anos,	sendo	que	cerca	de	70%	dos	
pacientes	apresentam-se	assintomáticos	ao	diagnóstico	(VASCONCELOS,	2005;	
RIBEIRO,	2010).
6 HEMOSTASIA
O	processo	que	 faz	 com	que	o	 sangue	circule	nos	vasos	 sanguíneos	de	
maneira	fluída	é	denominado	hemostasia.	Este	processo	faz	com	que	o	sangue	não	
extravase,	caracterizando	um	quadro	hemorrágico,	e	nem	coagule,	caracterizando	
um quadro de trombose, e para isso, possuímos mecanismos pró-coagulante e 
anticoagulantes.
Acadêmico, você lembra da cascata da coagulação estudada na disciplina 
de hematologia e imunologia básica? Para auxiliar, assista ao vídeo sobre os processos 
de hemostasia primária e secundária, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v= 
dG73PqI9cNc.
DICAS
TÓPICO 1 — PROCESSOS HEMATOLÓGICOS
167
• Avaliação coagulação: você	 se	 recorda,	 acadêmico,	 qual	 a	 importância	 dos	
exames	 que	 avaliam	 a	 coagulação,	 na	 vida	 dos	 pacientes?	 Pacientes	 pré-
operatórios,	pós-cirúrgicos,	que	fazem	uso	contínuo	de	algumas	medicações,	
com	 doenças	 ou	 deficiências	 que	 alteram	 os	 fatores	 de	 coagulação,	 ou	 até	
mesmo	em	acidentes,	dependem	do	 resultado	desses	 exames	para	a	 correta	
avaliação médica e possível tratamento.
• Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa): é um teste que avalia a 
via intrínseca e a via comum da cascata da coagulação. Se o paciente possui 
deficiência	 em	 algum	 dos	 fatores	 da	 via	 intrínseca	 ou	 da	 via	 comum,	 o	
resultado	se	apresenta	aumentado.	Se	o	paciente	estiver	com	uma	trombofilia,	
o	resultado	se	apresenta	diminuído	(ZAGO;	FALCÃO;	PASQUINI,	2014).
• Tempo de Protrombina (TP): é	 um	 exame	 que	 avalia	 as	 vias	 extrínseca	 e	
comum.	Portanto,	no	caso	da	deficiência	de	fibrinogênio	e	de	qualquer	um	dos	
fatores	da	via	extrínseca	e	comum,	em	pacientes	em	uso	de	anticoagulantes,	
doença	 hepática	 e	 deficiência	 de	 vitamina	K,	 o	 tempo	 de	 protrombina	 será	
aumentado	(ZAGO;	FALCÃO;	PASQUINI,	2014).
• Tempo de Trombina (TT): neste	exame,	temos	a	avaliação	da	capacidade	do	
sangue	de	converter	fibrinogênio	em	fibrina.	É	o	 tempo	necessário	para	que	
ocorra	 a	 coagulação	do	plasma	 após	 adicionar	 trombina	 (ZAGO;	 FALCÃO;	
PASQUINI,	2014).
• D- dimero: produto	da	degradação	da	ligação	cruzada	da	fibrina	no	sistema	
da	 coagulação	 o	 D-dímero	 é	 um	 marcador	 frequentemente	 utilizado	 nos	
laboratórios de análises clínicas para a investigação de distúrbios hemostáticos 
que	incluem	eventos	tromboembólicos.	Seus	níveis	aumentam	significativamente	
nos	 pacientes	 com	 quadros	 de	 tromboses	 venosa	 profunda	 (TVP),	 embolia	
pulmonar,	 coagulação	 intravascular	 disseminada,	 câncer,	 Covid-19,	 sepse	
entre outras patologias. Por isso sugere-se a utilização deste marcador como 
estratégias de diagnóstico em pacientes com síndrome coronariana, como 
prognóstico de doenças cardíacas, tendo papel importante no monitoramento 
do quadro clínico pós-tratamento e avaliação pós terapêuticos de pacientes.
Acadêmico, o D-DÍMERO vem sendo utilizado como auxílio laboratorial na 
pandemia de Covid-19, para condutas médicas com os pacientes internados. Saiba mais no 
artigo “Coagulopatia induzida pelo estado inflamatório da infecção pela Covid-19”, disponível 
em: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BJHR/article/view/28295/22730.
DICAS
168
Neste tópico, você aprendeu que:
• A hematologia é a especialidade que estuda os componentes do sangue, 
principalmente as células sanguíneas e os órgãos onde o sangue é produzido.
• As células-tronco hematopoiéticas dão origem a dois tipos de linhagens 
celulares,	uma	linhagem	linfoide	que	dará	origem	aos	linfócitos	T	e	B,	e	uma	
linhagem	 mieloide	 que	 dará	 origem	 aos	 neutrófilos,	 eosinófilos,	 basófilos,	
monócitos, hemácias e plaquetas.
• A leucopoiese é o processo de origem dos leucócitos e se divide em: 
granulopoese,	 em	que	ocorre	a	 formação	dos	neutrófilos,	 eosinófilos	 e	basófilos;	 
monocitpoese,	 no	 qual	 ocorre	 a	 formação	 dos	monócitos;	 e	 linfopoese,	 que	 é	 o	
processo	em	que	ocorre	a	formação	dos	linfócitos	e	as	células	NK	(Natural Killer).
•	 A	eritropoiese	é	o	processo	de	formação	dos	eritrócitos	(hemácias).
•	 O	 hemograma	 é	 o	 exame	 no	 qual	 são	 avaliados	 valores	 numéricos,	
morfológicos	e	microscópicos	(quando	pertinente)	do	eritrograma,	leucograma	 
e	plaquetograma).	
• Anemia é caracterizada por qualquer alteração eritrocitária que venha a 
prejudicar	a	função	de	transporte	de	gases	das	hemácias.
•	 A	anemia	por	deficiência	de	ferro	é,	isoladamente,	a	mais	comum	das	deficiências	
nutricionais do mundo e ocorre como resultado de perda sanguínea crônica, 
perdas	 urinárias,	 ingestão	 e/ou	 absorção	 deficiente	 de	 ferro	 e	 aumento	 do	
volume sanguíneo.
•	 A	 anemia	 falciforme	 é	 uma	 anomalia	 genéticaimportante	 no	 Brasil,	 com	
expressão	 clínica	 da	 homozigose	 do	 gene	 da	 hemoglobina	 S,	 que	 acomete,	 
sobretudo,	nas	regiões	que	receberam	maciços	contingentes	de	escravos	africanos.	
• As leucemias têm origem nas células hematopoiéticas e caracterizam-se pela 
substituição das células da medula óssea por células neoplásicas. As células 
neoplásicas	podem	chegar	ao	sangue	periférico	e	infiltrar	órgãos	como	fígado	
linfonodos	e	outros	tecidos.
•	 Hemostasia	é	o	processo	que	faz	com	que	o	sangue	não	extravase,	caracterizando	
um quadro hemorrágico, e nem coagule, caracterizando um quadro de trombose.
RESUMO DO TÓPICO 1
169
1	 (ENADE,	 2019)	 A	 hematopoese	 envolve	 os	 processos	 de	 formação,	
desenvolvimento	e	maturação	dos	elementos	figurados	do	sangue,	que	são	
formados	a	partir	de	uma	célula	precursora	comum.
FONTE: ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. P.; PASQUINI, R. Tratado de hematologia. São Paulo: 
Atheneu, 2014 (adaptado).
A	figura	a	 seguir	 representa	um	esquema	da	hematopoese,	 em	que	CFU	é	
Unidade	Formadora	de	Colônia	e	BFU	é	Unidade	Formadora	de	Explosão.
Em	relação	à	hematopoese	e	às	suas	características,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
I- As células sanguíneas são produzidas na medula óssea a partir das 
células-tronco hematopoéticas.
II-	 As	plaquetas	são	células	pequenas	formadas	a	partir	de	células	precursoras	
chamadas de megacariócitos.
III-	 As	CFU	podem	dar	 origem	a	uma	ou	mais	 linhagens	hematopoéticas	 a	
partir do estímulo do hormônio eritropoetina.
IV- As células-tronco hematopoéticas possuem capacidade de divisão 
assimétrica,	 gerando	 tanto	 células	 indiferenciadas	 quanto	 células	
comprometidas com as linhagens hematológicas.
V-	 Os	eritrócitos	são	formados	na	medula	óssea	a	partir	de	células	precursoras	
que, durante a eritropoese, perdem o núcleo, mas preservam a capacidade de 
sintetizar hemoglobina durante toda a vida da célula.
AUTOATIVIDADE
170
É	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://bit.ly/3tqhLvA>. Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	I	e	IV,	apenas.
b)	(			)	II	e	III,	apenas.
c)	 (			)	II	e	V,	apenas.
d)	(			)	I,	III,	IV	e	V,	apenas.
e)	 (			)	I,	II,	III,	IV	e	V.
2	 (ENADE	2019)	Uma	mulher	de	32	anos	de	idade	foi	a	um	banco	de	sangue	
realizar doação pela primeira vez. Ao chegar ao hemocentro, realizou seu 
cadastro e as triagens clínica e hematológica para checar a pressão arterial, os 
batimentos cardíacos, o peso, a temperatura corporal e o hematócrito. Para 
analisar	antecedentes	patológicos	e	fatores	de	risco	que	poderiam	impedir	
a	doação	de	sangue,	foi	submetida	a	uma	entrevista.	Considerando	que	o	
perfil	imunohematológico	da	doadora	tem	o	tipo	sanguíneo	“B	positivo”,	é	
correto	afirmar	que	ela	apresenta.
FONTE: <https://bit.ly/3tDdK7v>. Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	Hemácias	N-acetilgalactosamina	ligadas	ao	antígeno	H,	antígeno	D	e,	
na circulação sanguínea, anticorpos anti-B.
b)	(			)	Hemácias	N-acetilgalactosamina	 ligadas	 ao	 antígeno	H,	 ausência	 de	
antígenos do sistema Rh e ausência de anticorpos contra os antígenos 
do sistema ABO na circulação sanguínea.
c)	 (			)	Hemácias	D-galactose	ligadas	ao	antígeno	H,	antígeno	D	e,	na	circulação	
sanguínea, anticorpos anti-B.
d)	(			)	Hemácias	D-galactose	ligadas	ao	antígeno	H,	antígeno	D	e,	na	circulação	
sanguínea, anticorpos anti-A.
e)	 (			)	Hemácias	D-galactose	ligadas	ao	antígeno	H,	ausência	de	antígenos	do	
sistema Rh e, na circulação sanguínea, anticorpos anti-A.
3	 (ENADE	 2006)	 O	 sangue	 é	 um	 tecido	 especializado	 que	 circula	 por	
um	 sistema	 fechado,	 no	 qual	 o	 volume	 deve	 ser	 mantido	 constante.	
Sangramentos podem ocorrer e devem ser rapidamente reparados, por 
meio	de	processos	denominados,	 em	conjunto,	hemostasia.	Considere	as	
afirmativas	a	seguir.
I-	 Coagulação	do	sangue	é	a	formação	de	uma	rede	insolúvel	de	fibrina	a	
partir	de	fibrinogênio.
II-	 Quando	ocorre	lesão	do	endotélio	vascular,	plaquetas	aderem	ao	local	da	
lesão,	sofrem	modificações	estruturais	e	liberam	compostos	que	induzem	
vasoconstrição e agregação plaquetária.
III- A coagulação é controlada por inibidores naturais, como antitrombina e 
proteína C.
171
Está	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/651858>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	I,	II	e	III.
b)	(			)	II	e	III	somente.
c)	 (			)	I	e	II,	somente.
d)	(			)	II,	somente.
e)	 (			)	I,	somente.
4	 (ENADE,	2010)	A	deficiência	de	 ferro	 é	 a	 causa	mais	 comum	de	anemia	
e,	em	geral,	o	diagnóstico	laboratorial	é	feito	sem	grandes	dificuldades.	A	
interpretação	dos	 resultados,	 no	 entanto,	 deve	 ser	 feita	 cuidadosamente,	
tendo-se	em	mente	as	limitações	de	cada	reação.	Confirmando	o	diagnóstico,	
inicia-se	o	 tratamento	 e	 a	 investigação	das	 causas	da	anemia.	A	figura	a	
seguir indica a correlação das principais alterações laboratoriais no decorrer 
das	fases	evolutivas	da	deprivação	de	ferro.	
FONTE: GROTTO, H. Z. W. Fisiologia e metabolismo do ferro. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., 
São Paulo, 2010.
172
A	 partir	 das	 informações	 apresentadas,	 redija	 um	 texto	 dissertativo	 que	
contemple as respostas das questões a seguir. 
FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2010/
padrao_respostas_discursivas_BIOMEDICINA_2010.pdf>. Acesso em: 8 set. 2021.
a)	Quais	 as	 alterações	 laboratoriais	 verificadas	 nas	 fases	 de	 depleção	 de	
estoque	e	eritropoese	deficiente	de	ferro?	Justifique	sua	resposta.
b)	Como	o	quadro	de	anemia	ferropriva	pode	ser	revertido?
5	 (ENADE,	 2013)	 Segundo	 a	 Organização	 Mundial	 da	 Saúde	 (OMS),	 a	
anemia	 é	 caracterizada	 pela	 redução	 nos	 níveis	 de	 hemoglobina	 abaixo	
do	valor	de	referência.	Além	disso,	as	anemias	são	classificadas	conforme	
sua	fisiopatologia	em	hemolíticas	e	não-hemolíticas.	Diferentes	alterações	
bioquímicas e hematológicas são observadas nessas duas condições. Com 
base	no	gráfico	a	seguir,	analise	os	parâmetros	bioquímicos	e	hematológicos	
observados em um quadro de anemia no momento do seu diagnóstico.
Legenda:	Nl	=	Nível	Normal;	1x	=	aumento	em	uma	vez	do	nível	normal;	2x	=	aumento	em	
duas	vezes	do	nível	normal;	3x	=	aumento	em	três	vezes	do	nível	normal;	4x	=	aumento	em	
quatro	vezes	do	nível	normal;	5x	=	aumento	em	cinco	vezes	do	nível	normal.
Os	dados	apresentados	no	gráfico	indicam:
FONTE: <https://www.questoesgratis.com/questoes-de-concurso/questao/233043>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
173
a)	(			)	Anemia	 carencial,	 podendo	 ser	 uma	 anemia	 ferropriva,	 pois	 no	
momento	do	diagnóstico	foi	observado	um	aumento	na	contagem	de	
reticulócitos.
b)	(			)	Anemia	hemolítica,	visto	que	se	observa	um	aumento	na	concentração	
de	bilirrubina	total,	acompanhado	pelo	aumento	da	fração	indireta.
c)	 (			)	Anemia	microcítica	e	hipocrômica,	o	que	 indica	que	se	 trata	de	uma	
anemia carencial.
d)	(			)	Anemia	hemolítica,	pois	observa-se	contagem	normal	de	reticulócitos,	
além de microcitose e hipocromia no momento do diagnóstico.
e)	 (			)	Anemia	 carencial,	 na	 qual	 se	 observa	 aumento	 na	 contagem	 de	
reticulócitos e de bilirrubina total.
6	 (ENADE,	 2016)	 Considerando	 a	 interferência	 de	 determinados	 tipos	 de	
medicamento	no	resultado	de	exames	laboratoriais	pré-operatórios,	avalie	
as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I-	 O	ácido	acetilsalicílico	pode	 causar	 como	efeito	 colateral	o	 aumento	no	
tempo de sangramento.
PORQUE
II-	 O	ácido	acetilsalicílico	inibe	a	síntese	dos	fatores	da	coagulação	dependentes	 
de	vitamina	K.
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA.
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636948>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	As	asserções	I	e	II	são	proposições	verdadeiras,	e	a	II	é	uma	justificativa	
correta da I.
b)	(			)	As	 asserções	 I	 e	 II	 são	proposições	verdadeiras,	mas	 a	 II	 não	 é	uma	
justificativa	correta	da	I.
c)	 (			)	A	asserção	I	é	uma	proposição	verdadeira,	e	a	II	é	uma	proposição	falsa.	
d)	()	A	asserção	I	é	uma	proposição	falsa,	e	a	II	é	uma	proposição	verdadeira.
e)	 (			)	As	asserções	I	e	II	são	proposições	falsas.
7	 (ENADE,	 2016)	A	 anemia	 falciforme,	 doença	 hereditária	monogênica	mais	
comum	do	Brasil,	deve-se	a	uma	mutação	pontual	(GAG	→	GTG)	no	gene	
da globina beta da hemoglobina, originando uma hemoglobina anormal, 
denominada	 hemoglobina	 S	 (HbS),	 em	 vez	 da	 hemoglobina	 normal	
denominada	hemoglobina	A	(HbA).	Esta	mutação	resulta	na	substituição	
de	um	ácido	glutâmico	por	uma	valina	na	posição	6	da	cadeia	beta,	com	
consequente	 modificação	 físico-química	 na	 molécula	 da	 hemoglobina.	 
Em	 determinadas	 situações,	 essas	 moléculas	 podem	 sofrer	 polimerização,	
com	falcização	das	hemácias,	o	que	ocasiona	encurtamento	da	vida	média	dos	
glóbulos	vermelhos,	fenômenos	de	vaso-oclusão	e	episódios	de	dor,	e,	ainda,	
lesão	de	órgãos.	Com	relação	à	anemia	falciforme,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
174
I-	 A	anemia	de	hemácias	falciformes	é	causada	por	uma	mutação	genética	
que	provoca	 a	 produção	de	 hemoglobina	 em	 forma	de	 foice,	 podendo	
o diagnóstico dessa doença ser obtido por meio de um teste padrão 
recessivo da herança.
II- A mutação pontual no gene da hemoglobina S gera a síntese de 
hemoglobina	alterada,	sendo	essa	uma	doença	hereditária	ligada	ao	sexo.
III-	 As	 mutações	 genéticas	 envolvidas	 na	 patofisiologia	 da	 doença	 da	
célula	 falciforme	são	relacionadas	 igualmente	às	mutações	genéticas	de	
outras	circunstâncias	que	envolvem	a	hemoglobina	anormal,	tal	como	a	
hemoglobina C, a hemoglobina D e a hemoglobina E.
IV-	 A	eletroforese	de	hemoglobina	é	o	exame	laboratorial	específico	para	o	
diagnóstico	da	anemia	falciforme,	sendo	possível	detectar	a	presença	da	
hemoglobina S por meio da realização do teste do pezinho, logo após o 
nascimento da criança.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636933>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	I	e	II.
b)	(			)	II	e	III.
c)	 (			)	III	e	IV.
d)	(			)	I,	II	e	IV.
e)	 (			)	I,	III	e	IV.
175
UNIDADE 3
TÓPICO 2 — 
PROCESSOS IMUNOLÓGICOS
1 INTRODUÇÃO
A imunologia é a ciência que estuda o sistema imunológico de todos os 
organismos,	 lidando	 com	o	 funcionamento	fisiológico	de	um	 indivíduo	 saudável	
ou em estado patológico e em caso de doenças do sistema imunológicas, como 
hipersensibilidades	e	doenças	autoimunes	(JANEWAY et al.,	2001)
O sistema imunológico é quem garante a proteção do organismo através 
de	barreiras	diferentes	 formadas	por	células,	 tecidos,	órgãos	ou	moléculas.	Ele	
garante	 o	 reconhecimento	 de	 células	 e	 substâncias	 estranhas	 e	 a	 destruição	
ou neutralização dos invasores, graças a uma resposta coordenada de seus 
componentes,	 os	 quais	 são	 capazes	de	diferenciar	 as	 células	do	próprio	 corpo	
daquelas invasoras. Porém, em algumas situações, ele pode reagir contra nosso 
próprio	corpo,	desencadeando	doenças	autoimunes	(JANEWAY et al.,	2001)
A habilitação em Imunologia permite que o biomédico realize análises do 
sistema de defesa do organismo humano visando a identificação e classificação dos 
agentes patológicos para estudo, desenvolvimento e aperfeiçoamento de vacinas. E, 
também, realize testes sorológicos por meio de técnicas de soroaglutinação, fluorimetria, 
quimioluminescência e imunocromatografia. Esta habilitação é regulamentada pelas 
normativas e resoluções do CFBM a seguir:
• Resolução n° 78, de 29, de abril de 2002: dispõe sobre o Ato Profissional Biomédico, 
fixa o campo de atividade do Biomédico e cria normas de Responsabilidade Técnica. 
Disponível em: https://crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_78de29abril2002.pdf.
• Normativa CFBM n° 001, de setembro de 2020: dispõe sobre a atividade do profissional 
Biomédico na área de vacinação humana. Disponível em: https://cfbm.gov.br/wp-
content0/uploads/2021/06/Normativa-01.2020-3.pdf.
IMPORTANT
E
176
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
2 ANTÍGENO E ANTICORPO
Os	 anticorpos	 são	 proteínas	 circulantes	 produzidas	 pelos	 linfócitos	 B,	
mais	 especificamente,	 pelos	 plasmócitos	 em	 resposta	 à	 exposição	 a	 estruturas	
estranhas conhecidas como antígenos. 
Podemos	 denominar	 antígeno	 qualquer	 substância	 ou	 agente	 estranho	
que invada o nosso organismo.
Os	anticorpos	são	classificados	em:
• IgG: anticorpo mais abundante do plasma, o único capaz de atravessar a 
placenta,	 neutralização	 de	 toxinas,	 predomina	 nas	 respostas	 secundárias	
(anticorpo	de	memória).
• IgA: presente na lágrima, na saliva, nas secreções do trato digestivo, respiratório 
e urogenital, assim como no leite materno.
• IgM: é o primeiro anticorpo a ser produzido, sendo muito importante na 
neutralização	de	agentes	infecciosos,	resposta	imune	aguda	(primária).
• IgE:	 participa	 da	 defesa	 contra	 parasitas,	 especialmente	 contra	 helmintos,	
sendo responsável também pelo desencadeamento de alergias;
• IgD:	anticorpo	menos	abundante	do	plasma,	tem	suas	funções	pouco	conhecidas.
FIGURA 10 – IMUNOGLOBULINAS
FONTE: <https://bit.ly/3nfP5V2>. Acesso em: 20 jun. 2021.
TÓPICO 2 — PROCESSOS IMUNOLÓGICOS
177
As	principais	funções	dos	anticorpos	são:	
• Neutralização:	o	anticorpo	liga-se	ao	antígeno	impedindo	que	este	seja	capaz	
de	destruir	ou	infectar	células.	
• Opsonização: o anticorpo liga-se ao antígeno promovendo seu reconhecimento 
pelos	macrófagos	ou	neutrófilos	que	realizarão	a	fagocitose.
Além da neutralização e opsonização, os anticorpos podem acionar o sistema 
de complemento que promove a lise de microrganismo
ATENCAO
3 IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADAPTATIVA
Acadêmico, como você deve lembrar, a resposta natural, ou inata, é a 
primeira resposta que o organismo é capaz de ativar. Pois são os mecanismos 
preexistentes	capazes	de	prevenir	infecções	por	patógenos	ou,	ainda,	criar	uma	
defesa	 imediata	contra	agentes	estranhos.	Assim,	as	barreiras	físicas,	químicas,	
as	 células	 imunes	 e	 algumas	 proteínas	 fazem	 parte	 dessa	 defesa	 inicial	 do	
nosso	organismo.	Ela	desempenha	três	funções	essenciais	para	proteção	contra	
microrganismos e lesões teciduais: A primeira é a resposta contra microrganismos 
que	previne	e	controla	infecção	contra	patógenos.	A	segunda	são	os	mecanismos	
inatos	que	podem	eliminar	as	células	danificadas	e	iniciar	o	processo	de	reparo	
celular e, terceira, é a capacidade de estimular a resposta imune adquirida e torná-
las	efetivas	contra	futuras	contaminações.
A	cada	contato	com	antígenos	estranhos,	ocorre	um	fenômeno	conhecido	
como	memória	 imunológica.	 Esse	 fenômeno	 é	mediado	pelos	 linfócitos	B	 e	T.	
Durante o processo de desenvolvimento de uma resposta imunológica, algumas 
células	B	e	T	são	ativadas	pelo	antígeno,	diferenciando-se	em	células	de	memória,	
que	são	os	linfócitos	responsáveis	pela	imunidade	de	longa	duração.	Essas	células	
de memória, que podem ser estimuladas após doença ou após a vacinação irão, 
prontamente,	diferenciar-se	em	células	efetoras	em	uma	segunda	exposição	a	seu	
antígeno	específico	(MURPHY,	2014).
Esse primeiro contato com o antígeno é chamado de resposta primária. A 
resposta	imune	primária	é	lenta,	porque	necessita	de	tempo	para	que	os	linfócitos	
virgens	 sejam	 ativados,	 proliferem-se	 e	 sofram	 diferenciação	 em	 quantidades	
suficientes	 para	 desencadear	 a	 resposta	 imunológica.	 Essa	 proliferação	 e	
diferenciação	dos	linfócitos	é	chamada	de	expansão clonal. A resposta primária 
também não é muito intensa e tem um intervalo de duração curto.
178
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
Quando	 o	 corpo	 entra	 em	 contato	 com	 esse	 mesmo	 antígeno	 uma	
segunda vez, inicia-se uma resposta muito mais rápida e intensa chamada 
resposta secundária.	A	eficiência	da	resposta	secundária	existe	graças	às	células	
de	memória	que	 foram	produzidas	na	 resposta	 imune	primária	 e	que	 já	 estão	
prontas	para	combater	o	antígeno	invasor	em	futuras	infecções.
• Respostas imunológicas mediadas pelas células B são conhecidascomo imunidade humoral.
• Respostas mediadas pelas células T são conhecidas como imunidade celular.
NOTA
FIGURA 11 – IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADAPTATIVA
FONTE: <https://medpri.me/upload/editor/ilustra%207.png>. Acesso em: 25 jun. 2021.
4 HIPERSENSIBILIDADES 
“As	 reações	 de	 hipersensibilidade	 ou	 alérgicas	 constituem	 respostas	
imunes	caracterizadas	por	 inflamação	e	 lesão	tecidual.	Muitas	substâncias	podem	
desencadear	essas	reações,	as	quais	dependem	da	interação	complexa	entre	dieta,	
hábitos,	exposição	e	características	genéticas”	(SUKEKAVA;	SELL,	2007,	p.	39).
TÓPICO 2 — PROCESSOS IMUNOLÓGICOS
179
5 DOENÇAS AUTOIMUNES
As	 reações	 do	 Tipo	 I,	 ou	 anafilaxia,	 são	 mediadas	 por	 anticorpos	 da	
classe	 IgE	 específica	 aos	 produtos	 finais	 do	 látex.	 O	 alérgeno	 induz	 a	 síntese	
de	 imunoglobulinas	 IgE	 específicas,	 que	 se	 ligam	 a	mastócitos	 e	 basófilos,	 os	
quais	 são	ativados	durante	uma	reexposição	ao	mesmo	antígeno,	 liberando	os	
mediadores	 farmacológicos	 responsáveis	 pelos	 sintomas	 locais	 ou	 sistêmicos	
(ALLARCON	et al.,	2003).
As desordens autoimunes compõem um grupo heterogêneo de doenças, 
cujas	 causas	 não	 são	 totalmente	 compreendidas,	 envolvendo	 a	 interação	 de	
inúmeros	 fatores	 que	 regulam	 importantes	 vias	 moleculares	 e	 celulares	 do	
organismo	e	seu	sistema	imune	que,	quando	comprometidas,	resultam	na	falha	
pelo	organismo	em	sustentar	tolerância	às	suas	próprias	moléculas	em	decorrência	
de	 fatores	 que	 incluem	variantes	 como	genética,	 status	hormonal,	 exposição	 à	
xenobióticos,	patógenos,	variáveis	epigenéticas,	relação	da	interação	dos	fatores	
genéticos	com	os	fatores	ambientais,	dieta	e	estresse.
6 IMUNOENSAIOS
A	base	que	fundamenta	para	esses	testes	é	a	interação	que	ocorre	entre	
antígeno e anticorpo, de modo que nós podemos utilizar como reagentes, tanto 
anticorpos	quanto	antígenos	e	seus	componentes,	afim	de	detectar	a	presença	de	
forma	exata	de	agentes	agressores	no	organismo.	
6.1 TÉCNICA EM AGLUTINAÇÃO EM LÁTEX
Os imunoensaios desenvolvidos pelo princípio das reações de precipitação, 
estão baseados na interação entre antígeno e anticorpo solúveis que produzem 
complexos	insolúveis	visíveis.	
A	formação	desses	complexos	visíveis	é	realizada	a	partir	da	utilização	de	
partículas	inertes	(que	não	reagem	quimicamente),	como	o	látex.	
Em	 casos	 de	 técnicas	 que	 utilizam	 a	 aglutinação	 em	 látex,	 é	 possível	
realizar a análise qualitativa e semiquantitativa de marcadores imunológicos, 
como	a	PCR,	o	fator	reumatoide	e	a	ASO.	
180
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
FIGURA 12 – TESTE DE AGLUTINAÇÃO EM LÁTEX
FONTE: <https://www.wamadiagnostica.com.br/assets/img/produtos/9.jpg>. Acesso em: 28 jun. 2021.
6.2 NEFLOMETRIA E TURBIDIMETRIA
O	nefelômetro	é	um	equipamento	que	mede	a	dispersão	de	luz	gerada	em	
soluções	contendo	imunocomplexos.	O	nefelômetro	mensura	a	 luz	dispersa	pelos	
imunocomplexos,	pois	possui,	em	sua	estrutura,	um	detector	posicionado	em	um	
ângulo	de	70°	 em	 relação	à	 fonte	de	 luz,	 assim	consegue	 realizar	uma	análise	
quantitativa	da	amostra	(VOLTARELLI,	2009).
O método turbidimétrico quantitativo para análise de soluções contendo 
imunocomplexos	está	sujeito	às	mesmas	condições	dos	sistemas	nefelométricos,	
porém,	 a	 diferença	 está	 no	 sinal	 de	 detecção,	 que	 é	 a	 absorbância	 e	 não	 a	
intensidade de luz dispersa, não necessitando de aparelhagem especial. As reações 
podem	 ser	medidas	 em	 espectrofotômetros	 simples	 utilizados	 em	 bioquímica	
(VOLTARELLI,	2009).
FIGURA 13 – ESQUEMA DO PRINCÍPIO FÍSICO DA NEFELOMETRIA E DA TURBIDIMETRIA
FONTE: Bender; von Mühlen (2009, p. 77)
TÓPICO 2 — PROCESSOS IMUNOLÓGICOS
181
6.3 IMUNOCROMATOGRAFIA
Esta técnica é realizada utilizando uma matriz, local onde ocorrerá a 
reação,	geralmente	feita	de	nitrocelulose	ou	nylon	e	coberta	por	uma	tira	de	acetato	
transparente, que possibilita visualizar o resultado do teste. Nesse teste, podemos 
identificar	o	anticorpo	produzido	no	organismo	ou	o	antígeno	(BRASIL,	2018).
Atualmente,	 existem	 diversos	 tipos	 de	 imunocromatografia,	 porém,	 as	
mais utilizadas nas análises imunológicas e em testes laboratoriais são:
•	 Fluxo	lateral.
•	 Dupla	migração	ou	duplo	percurso	(dpp).
• Imunoconcentração.
6.4 ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA)
O	ELISA	(do	inglês,	Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay)	é	um	imunoensaio	
em que a ligação antígeno-anticorpo é acompanhada por mensuração de atividade 
enzimática que está presente na reação. 
A coloração no teste, se positivo, ocorre devido a uma enzima que gera 
mudança de cor quando adicionado seu substrato numa das etapas da reação. 
Trata-se	 de	 uma	 metodologia	 utilizada	 para	 diferentes	 finalidades,	 como	 a	
detecção viral, a medida de antígenos ou anticorpos e a dosagem hormonal.
De	acordo	com	Bender	e	von	Mühlen	(2009,	p.	83):
Trata-se	de	técnica	imunoenzimática	sensível,	heterogênea	(múltiplas	
fases),	 para	 a	 quantificação	 de	 antígenos	 ou	 anticorpos.	 Um	 dos	
reagentes	é	imobilizado	na	fase	sólida,	enquanto	outro	pode	ser	ligado	
a uma enzima, com preservação tanto da atividade enzimática como 
da	imunológica	do	anticorpo.	A	fase	sólida	pode	ser	constituída	por	
partículas	de	agarose,	poliacrilamida,	dextrano,	poliestireno	etc.	Placas	
plásticas	são	as	mais	difundidas	por	permitirem	múltiplos	ensaios	e	
automação.	O	 teste	detecta	quantidades	extremamente	pequenas	de	
antígenos ou anticorpos, podendo ter elevada precisão se os reagentes 
e	os	parâmetros	forem	bem	padronizados.
Atualmente,	existem	diferentes	métodos	de	ELISA:
• ELISA direto: nessa metodologia se pesquisa antígenos, e, para isso, os 
anticorpos	 são	 fixados	 em	 uma	 placa	 composta	 por	 material	 rígido,	 como	
poliestireno.	Esse	anticorpo	fixado	reagirá	com	antígenos	presentes	na	amostra.	
Em	seguida,	é	adicionado	anticorpo	específico,	dessa	vez,	marcado	com	enzima.	
A	placa,	então,	é	 incubada,	ou	seja,	 tem	 todas	suas	 regiões	mantidas	a	uma	
mesma temperatura, para que a reação ocorra em todas as regiões da placa 
de	modo	uniforme.	Por	fim,	um	substrato	(molécula	que	reage	com	a	enzima	
182
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
presente	no	kit	 reagente)	 é	 adicionado.	Esse	 substrato	 é	um	cromógeno,	 ou	
seja,	quando	reage	com	a	enzima	forma	um	produto	colorido.	A	coloração	que	
se	forma	é	medida	por	espectrofotômetro,	que,	a	partir	da	intensidade	da	cor	
presente, mensura a quantidade do antígeno presente na amostra.
• ELISA indireto: nesta metodologia conseguimos pesquisar e mensura a 
concentração	de	anticorpos	na	amostra.	Pois,	na	placa,	são	fixados	os	antígenos	
específicos	em	que	ocorrerá	a	reação	do	antígeno	com	o	anticorpo	da	amostra	
se	positivo.	Essa	ligação	antígeno-anticorpo	é	revelada	pela	ação	do	conjugado	
enzimático	específico,	que	gera	coloração	ao	reagir	com	o	substrato	cromogênico	
(moléculas	em	que	a	enzima	se	liga	resultando	em	formação	de	cor).
• ELISA competitivo: a placa contém o antígeno ou anticorpo de interesse, e 
o antígeno ou anticorpo presente na amostra compete com aqueles presentes 
na placa pelo local ligação. Em consequência, a leitura da concentração deste 
teste é inversamente proporcional, uma vez que, quanto menor a concentração 
da	substância	 investigada,	menos	elas	se	 ligam	aos	sítios	disponíveis,	 sendo	
ocupados	pelas	substâncias	presentes	no	reagente.	Dessa	forma,	quanto	menor	
a coloração gerada pela reação, mais positivo é o teste.
FIGURA 14 – ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA)
FONTE: Bender e von Mühlen (2009, p. 83)
TÓPICO 2 — PROCESSOS IMUNOLÓGICOS
183
6.5 ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO DE MICROPARTÍCULAS
Trata-se de uma técnica imunoenzimática em que a porção sólida são 
micropartículas	 em	 suspensão	 líquida	 e	 não	 uma	 placa.	 Nessa	 técnica,	 a	 fase	
sólida	 são	 micropartículas	 de	 látex	 contendo	 os	 antígenos	 que	 se	 ligam	 aos	
anticorpos presentes na amostra estudada. Essas micropartículas se ligarão a uma 
matriz	de	fibra	de	vidro	demaneira	irreversível.	O	conjugado	contendo	antígenos	
e	 fosfatase	alcalina	é	adicionado	a	seguir,	 ligando-se	aos	anticorpos,	 formando	
um	complexo	antígeno-anticorpo-antígeno.	A	reação	é	revelada	pela	adição	de	
um	substrato,	que	gera	um	produto	fluorescente	pela	sua	ligação	com	a	enzima.	
A	 intensidade	da	fluorescência	 é	medida,	 sendo	considerada	 reagente	quando	
supera o ponto de corte da técnica.
184
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A imunologia é a ciência que estudo o sistema imunológico de todos os 
organismos.
• O sistema imunológico é quem garante a proteção do organismo, através de 
barreiras	formadas	por	células,	tecidos,	órgãos	ou	moléculas.
•	 Os	 anticorpos	 são	 proteínas	 circulantes	 produzidas	 pelos	 linfócitos	 B,	mais	
especificamente	 pelos	 plasmócitos	 em	 resposta	 à	 exposição	 a	 estruturas	
estranhas conhecidas como antígenos.
•	 Antígeno	 é	 qualquer	 substância	 ou	 agente	 estranho	 que	 invada	 o	 nosso	
organismo.
•	 Os	anticorpos	são	classificados	em	IgG,	IgA,	IgM,	IgE	e	IgD.	
• A resposta natural, ou inata, é a primeira resposta que o organismo é capaz 
de	ativar,	são	os	mecanismos	preexistentes	capazes	de	prevenir	infecções	por	
patógenos	ou	ainda	criar	uma	defesa	imediata	contra	agentes	estranhos.
•	 A	memória	imunológica	é	mediada	pelos	linfócitos	B	e	T.
• Durante o processo de desenvolvimento de uma resposta imunológica, 
algumas	células	B	e	T	são	ativadas	pelo	antígeno,	diferenciando-se	em	células	de	
memória,	que	são	os	linfócitos	responsáveis	pela	imunidade	de	longa	duração.
• As reações de hipersensibilidade ou alérgicas constituem respostas imunes 
caracterizadas	por	inflamação	e	lesão	tecidual.
•	 As	desordens	autoimunes	compõem	um	grupo	heterogêneo	de	doenças	cujas	
causas não são totalmente compreendidas.
• Os imunoensaios são os testes para detecção dos antígenos e/ou anticorpos 
provenientes de amostras biológicas. Entre os principais imunoensaios 
estão	 a	 técnica	 em	 aglutinação	 em	 látex,	 neflometria	 e	 turbidimetria,	
imunocromatografia,	 ensaio	 imunoenzimático	 (ELISA)	 e	 ensaio	
imunoenzimático de micropartículas.
185
Atenção:	para	responder	às	Questões	1	e	2,	considere	o	texto	e	o	gráfico	a	
seguir.
Hoje	em	dia	mais	de	40	milhões	de	indivíduos	estão	infectados	com	HIV,	
causador	da	Aids	(Síndrome	da	Imunodeficiência	Adquirida).
ESQUEMA DA EVOLUÇÃO TEMPORAL DOS ESTÁGIOS DA AIDS APÓS A INFECÇÃO 
DE UM INDIVÍDUO, NO TEMPO ZERO
FONTE: Adaptado de R. R. Redfield e D. S. Burke. HIV infection: the clinical picture. 
Scientific American, , v. 259, n. 4, p. 90-98, 1988.
AUTOATIVIDADE
1	 (ENADE,	2006)	Um	teste	normalmente	empregado	para	o	diagnóstico	do	
indivíduo soropositivo é realizado pelo imunoensaio qualitativo conhecido 
como ELISA. Tendo em vista a progressão da doença apresentada no 
gráfico,
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/
651874-inep-2006-enade-biomedicina>. Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	O	teste	detecta	diretamente	a	presença	do	RNA	viral	e,	portanto,	deve	
ser	mais	eficiente	durante	os	períodos	indicados	por	A	e	C	na	figura.
b)	(			)	Não	há	como	detectar	se	um	indivíduo	está	contaminado,	exceto	es	ele	 
já	estiver	com	os	sintomas	da	Aids.
c)	 (			)	O	teste	detecta	diretamente	a	presença	do	vírus	e,	portanto,	o	resultado	
deve	ser	positivo	durante	toda	a	progressão	da	doença).
d)	(			)	O	teste	detecta	a	presença	de	transcriptase	reversa,	que	é	a	enzima	que	
e replica o genoma viral.
e)	 (			)	O	 resultado	do	 teste	 pode	 ser	 negativo	 se	 for	 realizado	 logo	 após	 a	
infecção,	pois	a	quantidade	de	anticorpos	contra	HIV	ainda	é	baixa.
186
2	 (ENADE,	2006)	Analise	as	afirmações	a	seguir.
I-	 Os	sintomas	de	imunodeficiência	da	Aids	ocorrem	quando	a	carga	viral	é	
muito	alta,	o	que	corresponde	às	fases	A	e	C	da	figura.
II-	 Após	a	redução	do	sistema	imunológico,	fase	C,	pode	ocorrer	infecção	por	
agentes biológicos oportunistas.
III-	 O	vírus	HIV	permanece	com	alta	taxa	de	replicação	todo	o	tempo	após	a	
infecção,	mas	é	controlado	pelo	sistema	imune,	exceto	na	fase	C.
Estão CORRETAS:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/651875-
inep-2006-enade-biomedicina >. Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	I,	II	e	III.
b)	(			)	II	e	III	somente.
c)	 (			)	I	e	II,	somente.
d)	(			)	III,	somente.
e)	 (			)	II,	somente.
3	 (ENADE,	2010)	O	diagnóstico	preciso	de	doenças	infecciosas	e	parasitárias	
necessário para a solução de diversos casos clínicos e prevenção de doenças 
transmitidas	por	transfusão	sanguíneas	teve	um	grande	impulso	por	volta	
dos	anos	70	e	a	partir	de	1985,	quando	foi	desenvolvido	o	 teste	de	ELISA	
(enzyme linked immunosorbent assaylendaio imunoenzimático)	 e	 esse	 passou	 a	
ser	difundido	comercialmente.	Trata-se	de	um	imunoensaio	frequentemente	
utilizado em laboratórios diagnóstico, de pesquisa e banco de sangue. Para 
a maioria das doenças possíveis de serem diagnosticadas por ELISA, o teste 
apresenta	sensibilidade	e	especificidade	elevada.	De	acordo	com	o	objetivo	
pretendido, o teste de ELISA pode ser padronizado, privilegiando-se a 
sensibilidade	ou	a	especificidade.	A	eficiência	do	teste,	portanto,	dependerá	
da padronização adequada de cada uma das etapas e dos reagentes do teste 
para o propósito do ensaio. 
FONTE: VAZ, A. J.; TAKEI, K.; BUENO, E.C.; Imunoensaios, fundamentos e aplicações. Rio 
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
A	partir	dessas	informações,	responda	às	questões	apresentadas	nos	itens	a	
seguir.
FONTE: <https://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/padrao_resposta/2010/
padrao_respostas_discursivas_BIOMEDICINA_2010.pdf>. Acesso em: 8 set. 2021.
a)	Considerando	 a	 padronização	 do	 ELISA	 para	 a	 detecção	 de	 doenças	
infecciosas	que	devem	ser	controladas	na	triagem	de	doadores	em	banco	de	
sangue,	deverá	ser	privilegiada	a	sensibilidade	ou	a	especificidade	do	teste?
187
b)	Em	algumas	situações,	como,	por	exemplo,	na	pesquisa	de	anticorpos	contra	
o vírus HIV em doadores de sangue, os resultados positivos dos testes de 
ELISA	devem	ser	 reavaliados	por	outros	métodos	que	permitam	confirmar	
se	 são	 verdadeiro-positivos	 ou	 falso-positivos.	 Nesse	 caso,	 qual	método	
imunológico	é	usualmente	empregado	para	a	confirmação	de	verdadeiro-
positivos	 ou	 falso-positivos	 e	 qual	 é	 a	 característica	 desse	 método	 que	
possibilita	a	obtenção	do	resultado	confirmatório?
4	 (ENADE,	2016)	Anticorpos	específicos	contra	o	HBV,	bem	como	a	pesquisa	
por antígenos e ácidos nucleicos virais, são importantes indicadores de 
estágios	 específicos	 da	 doença.	A	 figura	 a	 seguir	mostra	 a	 evolução	 dos	
marcadores	do	vírus	da	hepatite	B	(HBV)	nas	infecções	agudas	e	crônicas.	
FONTE: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual técnico 
para o diagnóstico das hepatites virais. Brasília, 2015 (adaptado).
Com	base	nas	informações	apresentadas,	assinale	a	opção	CORRETA.
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636946>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	HBsAg,	anti-HBc	total	e	anti-HBs	não	reagentes	indicam	contato	prévio	
com o HBV.
b)	(			)	HBsAg	 reagente,	 anti-HBc	 total	 reagente	 e	 anti-HBs	 não	 reagente	
indicam	infecção	pelo	HBV.
c)	 (			)	HBsAg,	anti-HBc	total	e	anti-HBs	reagentes	indicam	imunização	após	
vacinação contra o HBV.
d)	(			)	HBsAg,	anti-HBc	total	e	anti-HBs	não	reagentes	 indicam	imunização	
após	infecção	pelo	HBV.
e)	 (			)	HBsAg	 não	 reagente,	 anti-HBc	 total	 reagente,	 e	 anti-HBs	 reagentes	
indicam imunização após vacinação contra o HBV.
188
5	 (ENADE,	2016)	Os	profissionais	de	saúde	estão	constantemente	sob	risco	de	
exposição	ocupacional	a	patógenos	transmitidos	pelo	sangue,	como	o	vírus	
da	 imunodeficiência	 humana	 (HIV).	 Habitualmente,	 a	 exposição	 a	 esse	
agente	decorre	de	acidentes	com	materiais	perfurocortantes,	como	agulhas	
ou outros instrumentos cortantes, contaminados por sangue de pacientes 
infectados,	ou	do	contato	com	secreções	de	pacientes.FONTE: <http://www.ccs.saude.gov.br>. Acesso em: 29 jun. 2016 (adaptado).
Em	relação	ao	risco	de	exposição	ocupacional	ao	HIV,	avalie	as	afirmações	a	
seguir.
I-	 O	 risco	 de	 contaminação	 depende	 do	 tipo	 de	 exposição	 ao	 vírus,	 da	
quantidade	de	sangue	ou	secreção	envolvida	na	exposição	e	da	quantidade	 
de	vírus	no	sangue	ou	na	secreção	do	paciente	no	momento	da	exposição.
II-	 Para	diminuir	os	riscos	de	infecção	pelo	HIV	durante	o	desempenho	de	
tarefas	habituais,	os	profissionais	de	saúde	devem	aderir	às	boas	práticas	
laboratoriais e de segurança desenhadas para eliminar ou minimizar a 
exposição	ao	vírus	e	usar	os	equipamentos	de	proteção	individual.
III-	 A	 exposição	de	um	profissional	 de	 saúde	 a	um	agente	 infectante	deve	 ser	
seguida por uma série de medidas compulsórias, tais como: coleta de sangue 
para	testar	a	presença	de	anticorpos	contra	o	HIV,	tanto	no	profissional	
de	saúde	exposto	ao	vírus	quanto	no	paciente,	ainda	que	este	se	recuse;	
documentação	adequada	de	todas	as	fases	do	processo;	 implementação	
de	profilaxia	pós-exposição,	com	medicação	antirretroviral.
É	CORRETO	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636935>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	I,	apenas.
b)	(			)	III,	apenas.
c)	 (			)	I	e	II,	apenas.
d)	(			)	II	e	III,	apenas.
e)	 (			)	I,	II	e	III.
6	 (ENADE,	2016)	O	aumento	no	número	de	mulheres	com	Aids	trouxe	como	
consequência	o	crescimento	nas	taxas	de	transmissão	vertical	do	HIV,	que	
tem	sido	responsável	pelo	aumento	significativo	de	infecção	de	crianças	de	
até 13 anos pelo HIV em todo o mundo.
FONTE: ARAÚJO, M. A. L. et al. Vivências de gestantes e puérperas com o diagnóstico 
do HIV. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília; v. 61, n. 5, p. 589-94. set./out. 2008 
(adaptado).
189
Em relação aos aspectos imunológicos e de atenção primária a gestantes com 
risco	de	transmissão	vertical	de	HIV,	avalie	as	afirmações	a	seguir.
I-	 A	infecção	pelo	HIV-1	evolui	da	fase	aguda,	em	que	o	paciente	é	identificado	
como	HIV+,	fase	avançada;	em	gestantes,	o	risco	de	transmissão	vertical	
só	ocorre	se	a	doença	estiver	na	fase	avançada.
II- A maior parte das transmissões verticais de vírus HIV ocorre durante o 
trabalho de parto ou durante o parto propriamente dito, mas também 
podem ocorrer intraútero, especialmente nas últimas semanas de gestação.
III-	 É	 crucial	 a	 identificação	 precoce	 da	 infecção	 por	 HIV	 nas	 gestantes	
ainda	 durante	 o	 prénatal,	 para	 que	 haja	 tempo	 hábil	 de	 realizar	 a	
quimioprofilaxia	 para	 a	 prevenção	 da	 transmissão	 vertical	 e	 para	 a	
diminuição da possibilidade de transmissão.
IV- Em gestantes HIV+ devem ser realizadas, a partir da primeira consulta de 
pré-natal,	a	contagem	de	linfócitos	TCD8+	e	da	carga	viral,	pois,	à	medida	
que aumenta a imunossupressão, reduz-se a possibilidade de resposta 
imunológica,	 diminuindo-se	 os	 riscos	 de	 infecções	 oportunistas	 e	 de	
transmissão vertical.
É	CORRETO	apenas	o	que	se	afirma	em:
FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/636936>. 
Acesso em: 8 set. 2021.
a)	(			)	I	e	III.
b)	(			)	II	e	III.
c)	 (			)	II	e	IV.
d)	(			)	I,	II	e	IV.
e)	 (			)	I,	III	e	IV.
190
191
UNIDADE 3
TÓPICO 3 — 
PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS
1 INTRODUÇÃO 
A	microbiologia	(do	grego,	micros: pequeno; bio: vida; logo:	ciência)	é	a	ciência	
que	 estuda	 as	 estruturas,	 atividades,	 fisiologia,	 metabolismo	 e	 identificação	 dos	
microrganismos. Além do estudo da interação desses seres como outros seres 
vivos,	com	o	ambiente	no	qual	habitam	e	os	efeitos	sobre.
Os	microrganismos	 podem	 ser	 potencialmente	 infecciosos	 ao	 homem	 ou	
outros seres, causando patologias. Outros podem viver em simbiose, compondo 
a	 microbiota	 auxiliando	 até	 mesmo	 na	 saúde	 do	 hospedeiro,	 nesses	 casos	
consideramos	que	o	microrganismo	faz	parte	da	microbiota,	porém,	em	alguns	
casos pode ocorrer algum desiquilíbrio nessa relação entre o hospedeiro e a 
microbiota, o que pode levar a condições patológicas.
 
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos os principais processos 
microbiológicos. Revisando as principais estruturas dos vírus, bactérias e 
parasitas,	assim	como	os	principais	meios	de	identificação	através	das	análises	
laboratoriais.
Sempre que falamos de microbiologia, falamos da diferença entre as células 
procariotas e eucariotas, pois são conceitos de extrema importância para o estudo da 
microbiologia. “Todas as células vivas podem ser classificadas como procarióticas, das 
palavras gregas pro (antes) e karyon (núcleo), ou eucarióticas, de eu (verdadeiro) e karyon 
(núcleo)” (BLACK, 2002, p. 68). Todas as células procarióticas são as que não possuem 
a estrutura nuclear, as bactérias são os seres que pertencem a este grupo. Já as células 
eucariotas possuem estruturas e organelas mais complexas incluindo o núcleo, as células 
animais estão nesse grupo.
ATENCAO
192
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
Para auxílio dos profissionais que trabalham em laboratório de Microbiologia, 
a ANVISA disponibiliza o “Manual de Microbiologia Clínica para o Controle de Infecção em 
Serviços de Saúde”, que possui todas as principais informações referentes à microbiologia 
clínica. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_microbiologia_
completo.pdf.
DICAS
2 BACTERIOLOGIA CLÍNICA
Bacteriologia é a ciência responsável por estudar, elucidar, documentar 
toda	 a	morfologia,	 bioquímica,	 genética,	 comportamento,	 fisiologia	 e	 ecologia	
que	 envolva	 as	bactérias.	Como	 já	vimos	anteriormente,	 as	bactérias	 são	 seres	
procariotas,	unicelulares,	que	podem	ter	ou	não	a	capacidade	de	formar	colônias.	
Muitas	vivem	em	simbiose	com	o	ser	humano	fazendo	parte	de	nossa	microbiota	e	
auxiliando	até	mesmo	na	nossa	qualidade	de	vida.	Porém,	existem	alguns	grupos	
que podem causar doenças, os quais são de interesse para pesquisa clínica. 
No setor de microbiologia de um laboratório de análises clínicas, realizamos 
o	isolamento	e	identificação	de	amostras	biológicas	para	identificação	de	possíveis	
contaminações,	e,	para	isso,	necessitamos	de	protocolos	e	técnicas	para	diferenciar	
as bactérias da microbiota das patógenas, com isso, o conhecimento da microbiota 
normal	é	necessário	na	confecção	dos	protocolos	e	na	liberação	dos	laudos.	
TÓPICO 3 — PROCESSOS MICROBIOLÓGICOS
193
FIGURA 15 – MICROBIOTA DO SER HUMANO
FONTE: <http://twixar.me/cY7m>. Acesso em: 8 set. 2021.
Como abordado na Unidade 2, o biomédico não atua somente na bacteriologia 
clínica. Então, além do conhecimento nas análises clínicas, os profissionais biomédicos 
podem seguir para a análises ambientais, microbiologia dos alimentos ou bromatologia, 
onde o profissional irá se aprofundar na interação dos microrganismos nos ambientes, e, 
é claro, como tudo está conectado, quais as possíveis consequências para o ser humano.
ATENCAO
194
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BIOMEDICINA II
O biomédico habilitado em Análises ambientais está capacitado a realizar 
análises físico-químicas e microbiológicas para o saneamento do meio ambiente, incluindo 
análises de água, ar e esgoto. Este profissional também pode assumir responsabilidade 
técnica pelo tratamento de água e de efluentes, participar de perícias e consultorias e emitir 
relatórios e laudos técnicos.
• Resolução n° 175, de 14 de junho de 2009: dispõe sobre o exercício e capacidade 
do profissional Biomédico no controle, tratamento, e realizar análises-fisico-
químicas e microbiológicas de água. Disponível em: http://cfbm.gov.br/wp-content/
uploads/2016/06/Res-2009-175.pdf.
 Profissionais com habilitação em Bromatologia realizam análises físico-químicas 
e microbiológicas ou somente microbiológicas (microbiologia de alimentos) de amostras, 
para aferição de qualidade dos alimentos, consultorias, perícias e emissão de laudos 
técnicos. Estes biomédicos estão aptos, também, a assumirem a responsabilidade técnica 
de empresas do ramo alimentício.

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