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CADERNO DE PESQUISAS 
MAÇÔNICAS 
 
Copyright – 2019 – da 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore – Brasil – nº45 
Editado para uso Maçônico 
 
1ª Edição 
 
 
 
Londrina 
2019 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A Maçonaria apenas mostra o caminho. Ela representa um meio. 
O fim é o próprio Irmão. Se o Irmão não achar a Verdade em si 
próprio, ninguém a achará por ele. 
Se o maçom for pequeno espiritualmente, nem usando avental 
bordado a ouro, fará dele um verdadeiro maçom.” 
 
Hercule Spoladore 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
Diretoria 
(2017- 2019) 
 
Duncan de Armando ZancanelLa 
VENERÁVEL MESTRE (WORSHIPFUL MASTER) 
Hilton Hideki Hirabara 
PRIMEIRO VIGILANTE (SENIOR WARDEN) 
Antônio Nechar Junior 
SEGUNDO VIGILANTE (JUNIOR WARDEN) 
Bruno Saldanha Baldocchi 
SECRETÁRIO (SECRETARY) 
Eduardo Ogleari 
TESOUREIRO (TREASURER) 
Luiz Claudio Depes Eiras 
PRIMEIRO DIÁCONO (SENIOR DEACON) 
Eduardo Gonçalves 
SEGUNDO DIÁCONO (JUNIOR DEACON) 
Sidney Antônio Bertho 
CAPELÃO (CHAPLAIN) 
Rogério Marques da Silva 
 ORGANISTA (ORGANIST) 
Antônio Aparecido de Hercules 
COBRIDOR (TILER) 
Francisco de Sales Bondioli 
MORDOMOS E HOSPITALEIRO (STEWARDS and SMOLER) 
Francisco Vicente Fachinelli (in memorian) 
PRIMEIRO MESTRES DE CERIMÔNIAS (SENIOR MASTERS OF 
CEREMONIES) 
Edson Luiz Henriques 
PRIMEIRO MESTRES DE CERIMÔNIAS (SENIOR MASTERS OF 
CEREMONIES) 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
 
A LOJA QUE NASCEU PARA BRILHAR 
 
Fundada naquele distante 15 de março de 1.975, 
fruto do desejo de alguns maçons que desejavam uma Loja 
que fosse capaz de avançar no estudo da Maçonaria, fugindo 
da maneira das Lojas tradicionais, sempre envolvidas em 
sessões arrastadas com pouca instrução. 
Foi este pensamento que fez surgir a Loja de 
Pesquisas Brasil, que acaba de completa 44 anos de vida 
profícua, espargindo conhecimento e cultura maçônica. 
Pensou-se homenagear um membro da Loja, que 
representasse todos os demais fundadores, não que fosse o 
mais importante ou laborioso que os demais, mas por sua 
luta constante por longos anos. Viu-se a figura do irmão 
Hercule Spoladore, o único fundador ainda ativo e atuante. 
Os membros da Loja pensaram então em 
homenageá-lo pelos seus cinquenta e sete anos na Ordem, 
como forma de agradecimento pelo muito que nos ensinou. 
Mas que tipo de homenagem poderíamos fazer para este 
notável maçom ? 
Veio a ideia de dar seu nome como patrono da Loja 
de Pesquisa Maçônicas Brasil. Apresentada a proposta, foi 
aprovada por unanimidade e com aplauso de todos, que na 
hora decidiram que nossa Oficina passaria a se chamar Loja 
de Pesquisas Maçônicas Hercule Spoladore-Brasil. 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
Manteve-se “Brasil”, para conservar viva a 
memória de seus fundadores que escolheram este nome. 
Começou então os preparativos da festa, comandado pelo 
VM Duncan de Armando Zancanella e sua diretoria. Tudo foi 
pensado em suas minúcias para que tivéssemos uma festa à 
altura do Mestre Hercule Spoladore. 
Numa sessão memorável com a presença de 
duzentas pessoas entre convidados e maçons, além de toda 
a família Spoladore, os presentes viveram uma noite de 
alegria no mais fraternal encontro maçônico. 
Presentes estavam o Grão Mestre do GOP, o 
sereníssimo irmão Rubens Martins Jr. e seu adjunto, 
Christian Flores, que deram desde o início, todo apoio para 
que esta homenagem acontecesse. Se fez presente também 
o irmão Jonas Adalberto Pereira, representante do Grão 
Mestre da Gran Logia Simbolica del Paraguay, o Sereníssimo 
Edgar Caballero Sanchez. 
M∴M∴ Laurindo Roberto Gutierrez 
Texto também publicado na Revista “A Trolha” 
(Mês 06/2019) 
 
 
 
 
 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DA OBRA 
Durante o Período de 2017-2019, muitas 
conquistas forma alcançadas por essa Augusta e Respeitável 
Loja, além disso sua diretoria nesse período provou-se 
realmente empenhada em manter alguns conceitos e 
costumes maçônicos que doravante tinham sido esquecidos 
pelo tempo e pela mudança tecnológica que vivemos nestes 
momentos atuais. 
Durante todos esse período (2017-2019), 89 
palestras foram proferidas, sendo elas 19 em Loja e 70 em 
outras lojas de todas as potências regulares. (GOP, GOB e 
GLP). 
Esse livro além de ser também uma retomada em 
um dos costumes da Loja, também vem fechar esse ciclo de 
mudanças e retomadas. 
Para os irmãos que buscam ler ou apresentar 
Trabalhos em Lojas, essa Coleção de textos de nossa Loja 
busca trazer muitos subsídios importantes para tal. Existem 
trabalhos mais curtos e outros mais extensos, que podem 
ser apresentados na integra ou parcialmente, os leitores 
mais ávidos podem devorá-los e pesquisar mais sobre o 
tema outros podem assimila-los e/ou mesmo utiliza-los 
como referência, para seus trabalhos e pranchas futuras. 
Essa é contribuição, bom acho que mais uma 
contribuição que nossa Loja de Pesquisas, faz para a 
propaganda e Cultura Maçônica, cumprindo assim sua 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
finalidade, além de abrir espaço a novos autores que estão 
iniciando e desbravando esse caminho que é a formação de 
desenvolvimento do saber Maçônico. 
O Irmão leitor verá que todos os textos tem 
conteúdo que são fontes de informação com relação a 
realidade atual do Maçom e sua visão de mundo, um retrato 
do momento de seu lapidar da pedra, burilando seu interior 
e reproduzindo, ou melhor, mostrando aos irmãos quais sua 
evolução neste trabalho árduo de caminhada. 
 
Os Editores 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
 
SUMÁRIO 
A INICIAÇÃO ........................................................................ 10 
DESCANSO PARA O PEDREIRO ............................................ 13 
IRREGULARIDADE E CONIVÊNCIA ..................................... 17 
O CÉU NÃO PODE ESPERAR ................................................. 20 
VISITAÇÃO MAÇÔNICA ........................................................ 23 
A COR DO REEA NO BRASIL ATRAVÉS DOS TEMPOS ......... 25 
POSIÇÃO DO ALTAR DOS JURAMENTOS EM LOJA DO REAA
 .............................................................................................. 49 
VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA ..................... 53 
AXIOMAS E SOFISMAS NA MAÇONARIA ............................. 67 
COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS CALENDÁRIOS NA 
MAÇONARIA BRASILEIRA ................................................... 73 
FICÇÃO OU VERDADE? ESPECULAÇÕES.............................. 89 
DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B ............................ 101 
PRÍNCIPE DOS POETAS PARANAENSES ............................ 114 
O CADÁVER ........................................................................ 125 
CAGLIOSTRO, OU JOSÉ BÁLSAMO – MAÇONARIA MÁGICA
 ............................................................................................ 137 
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA, O COMUNISMO E A 
MAÇONARIA PARANAENSE NA DÉCADA DE 30 (1930).. 142 
MAÇONARIA ADONHIRAMITA .......................................... 157 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
A PRANCHETA .................................................................... 169 
MAÇONARIA E PROCEDIMENTOS MÁGICOS ....................179 
MAÇONARIA, PASSADO, PRESENTE E FUTURO................ 194 
LIVRE PENSADOR MAÇÔNICO ........................................... 217 
LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A RESPEITO... ............ 222 
JOSÉ BONIFÁCIO E O APOSTOLADO, OU A NOBRE ORDEM 
DOS CAVALEIROS DE SANTA CRUZ ................................... 230 
ADOÇÃO DE LOWTONS E O CULTO DE MITRA (MITRAISMO)
 ............................................................................................ 245 
PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA MAÇONARIA ............ 251 
A ESTRELA FLAMEJANTE .................................................. 257 
PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM DO RITO 
RASILEIRO .......................................................................... 260 
RENÉ DESCARTES E SUA FILOSOFIA ................................ 265 
TEMPLO MAÇÔNICO SIMBOLISMO DOS ORNAMENTOS DO 
TEMPLO NO RITO BRASILEIRO (COMAB) ........................ 270 
TEOSOFIA O QUE É? ........................................................... 276 
A CERIMÔNIA DAS LUZES MISTICAS DO RITO BRASILEIRO
 ............................................................................................ 279 
A CORAGEM ........................................................................ 283 
UM LIDER ABOLICIONISTA ............................................... 288 
A LOCALIZAÇÃO DAS COLUNAS “J” E “B” NO RITO 
BRASILEIRO (COMAB) ....................................................... 292 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
2017-2019 
 
 
AS QUATRO BORLAS NO PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ 295 
AS TRÊS VERTENTES DA MAÇÔNARIA ............................. 301 
ESCURIDÃO E A LUZ........................................................... 309 
O AVENTAL......................................................................... 312 
AS TRÊS VIAGENS INICIÁTICAS......................................... 316 
E A ....................................................................................... 316 
PURIFICAÇÃO PELOS ELEMENTOS ................................... 316 
LAPIDAÇÃO DA PEDRA BRUTA EM PEDRA CÚBICA ......... 348 
É PARA A FRENTE QUE SE ANDA ...................................... 404 
ESPADA FLAMÍGERA OU ESPADA FLAMEJANTE? ............ 407 
HERMES TRISMEGISTO – UMA COLUNA MAÇÔNICA ....... 413 
A INFLUÊNCIA DA CULTURA JUDÁICA E GRECO-ROMANA, 
NA FILOSOFIA DO RITO ESCOCÊS ..................................... 472 
OS GRAUS SIMBÓLICOS NA MAÇONARIA ......................... 481 
 
 
 
 
 
 
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Caderno de Pesquisas Maçônicas 
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A INICIAÇÃO 
 
Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez 
 
“Ser maçom, não é direito; é recompensa” 
A iniciação maçônica é um ato definitivo, na vida de 
um profano prestes a ser tornar maçom. Não existe outra 
experiência igual. Ela é única, e, se não for bem conduzida, 
plena de emoção e respeito por parte dos envolvidos nesse 
ato, é possível que o recipiendário não vivencie ou não sinta 
intensamente cada movimento, passos, ruídos, sons e 
odores, no desenrolar da cerimônia. Essas sensações 
formam um conjunto de sentimentos que podemos chamar 
de “sensações iniciáticas”. A iniciação tem mais que emoção 
e sentimento em si, do que se pode imaginar, e cada um 
reage à sua maneira, de acordo com sua sensibilidade e 
percepção. O silêncio e a seriedade no ambiente devem ser 
impecáveis, para que todos, em especial, os neófitos possam 
assimilar o que está acontecendo. Os que conduzem a 
cerimônia devem se compenetrar da importância do ato, e 
os presentes tem a obrigação de colaborar, para que tudo 
saia à perfeição, pois nesse momento, a Egrégora está 
formada e o ambiente deve ser envolvente e harmonizado 
para que se possa “ouvir” o silêncio. 
 
 
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Caderno de Pesquisas Maçônicas 
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A impostação de voz deve ser observada e treinada 
antes, especialmente pelo Venerável e os Vigilantes, que não 
podem atropelar a leitura, nem tartamudear. O neófito, em 
estado de quase transe, precisa que tudo tenha clareza para 
melhor ouvir e compreender, pois depois de horas privado 
da visão, ele está psicologicamente desgastado e com 
dificuldade de entendimento. Um irmão de minha Loja Mãe, 
homem culto, médico, escritor e maçom puro, diz foi de tal 
forma envolvido, e como num arrebatamento, sentiu uma 
leveza de espírito que o fez CONHECER DEUS, no dia de sua 
iniciação. Abordo esse assunto, pois sabemos que ainda, em 
pleno no século XXI alguns maçons insistem em transformar 
a sessão magna de iniciação num ato ridículo, fazendo o 
profano ficar de terno e gravata, numa praça pública num 
dia de sol escaldante, à vista de todos, à espera de seus 
“algozes”. Creiam; ainda se usa a famigerada tábua de pregos 
num ato de covardia contra um profano amigo, que vendado 
e semi nu, não pode se defender dessa atitude covarde, nem 
identificar que assim age. Uma prática medieval. Anos atrás, 
em viagem, fui a uma Loja e vi numa iniciação, galhos dentro 
do templo, que eram esfregados nas pernas, costas e peito 
do recipiendário, numa galhofa para divertir os presentes. E 
todos riam. Mais ainda, alguns “maçons de ocasião”, 
mostram seu lado obscuro, e chegam a levar o profano à 
noite no cemitério onde é recebido por um irmão da Loja, 
com uma caveira de animal pendurada no pescoço, numa 
cena ridícula, uma demonstração de total falta de respeito 
ao seu semelhante, naquele momento tão importante de sua 
vida. Isso não é comportamento de homem livre, ou 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
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minimamente civilizado. Incrível, como alguns agem tão mal 
maçonicamente, transformando o Templo num quase 
picadeiro. O interessante é que esses maçons, foram por nós 
escolhidos entre os melhores homens de nossas relações, 
por sua conduta ética e por sua moral. Agora como mestres 
maçons, (aprendiz e companheiro não fazem isso) como 
podem eles proceder assim? Coisa que nunca fizeram em 
casa, nem no trabalho, com ninguém, agora num 
comportamento idiota, praticam. O que houve com o caráter 
deles? Sugiro formar um grupo de estudo do Ritual, para 
mostrar que essa gente, que tal ação não faz parte da 
Iniciação. Imaginem o que pensaria a esposa de um 
candidato ao saber que seu marido, teve que se sujeitar a 
essa troça, um escárnio inaceitável. 
Se o candidato não sentir as mensagens 
transmitidas na iniciação, seu ingresso na Ordem poderá 
resultar num retumbante fracasso com mais um faltante 
crônico, às sessões de sua Loja. Uma iniciação mal feita, 
pode apenas revestir com o avental maçônico um eterno 
profano. A cerimônia de iniciação pode ser vista como uma 
teatralização, mas não como um show barato de circo 
mambembe. A cerimônia da iniciação é a mais importante 
atividade maçônica, e deve ser realizada entre irmãos 
reunidos em absoluto segredo, e tomados pelo mesmo 
sentimento de amor, que só os iniciados nos Augustos 
Mistérios são capazes de sentir. 
 
 
 
 
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DESCANSO PARA O PEDREIRO 
“Na dúvida aprendemos; na certeza nem sempre” 
 
Ir∴ Osni Adres Lopes 
Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez 
 
 
Em todo mundo a Maçonaria vive de Duas reuniões 
mensais, ou uma bimensal, e até uma trimestral, como é na 
Inglaterra. Apesar de parecer pouco para nós brasileiros, 
eles são atuantes e fazem sua parte em matéria de trabalho 
social, filantrópico, e de estudos. Na França, Portugal, 
Espanha, Nova Zelândia e Estados Unidos são duas sessões. 
Propor isso aqui, causaria uma discussão interminável, ou 
talvez nem discussão houvesse (deixa como está) pois nos 
acostumamos com quatro e atécinco sessões mensais. 
Depois de quase quatro décadas na Ordem, senti um 
esgotamento por esse regime de trabalho sem descanso, 
apesar de gostar da convivência em Loja com meus irmãos. 
Mas, e da família, não gostamos também? Ficar mais tempo 
em casa é revigorante, além do que, pregamos que a família 
está em primeiro lugar. 
Pensando em ajudar os mais velhos, foi criada na 
Nova Zelandia, a Loja Daylight, que se reúne à luz do dia, 
evitando o que aconteceu com o Senior Warden (primeiro 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
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Caderno de Pesquisas Maçônicas 
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vigilante) que caiu no sono e roncou, em sessão noturna, 
como me relatou o irmão Timothy Collier, da Loja Montrose 
722 - SC, de Gisborne- New Zealand. Foi criada em Porto 
Alegre, a Loja Centenário, que trabalha à tarde, para atender 
os irmãos em “idade canônica”. Seguindo essa tendência, em 
Londrina, tem a Loja François Voltaire e a Loja Areópago que 
trabalham com duas sessões ritualísticas ao mês. Com o 
avançar da idade não temos mais a mesma visão para dirigir 
à noite, nem a mesma disposição para sair de casa toda 
semana. Lembre que nossas esposas envelhecem e precisam 
mais de nossa presença, pois sua saúde em alguns casos, não 
vai bem. Voltar para casa após as 22 horas, é um risco nos 
dias atuais, devido a falta de segurança pública. Passei por 
isto, e tive que me filiar numa Loja com apenas uma sessão 
mensal. Não tenho dúvida que este regime de trabalho com 
até 5 sessões semanais, se esgotou, e esgotou todos os 
maçons. Mudar é preciso, e logo! Talvez este regime de 
trabalho cansativo (as vezes improdutivo) pode estar 
contribuindo para a evasão maçônica. 
Como é possível adotar o sistema praticado no 
mundo, e manter a agenda de trabalho em ordem? Bem, aí, 
depende dos Veneráveis e das diretorias terem vontade 
para implementar essa mudança. Nas Lojas com grande 
número de membros, o saco de proposições recolhe um 
elevado número de pranchas (as vezes até 30 ou mais) que 
para serem decifradas leva-se um tempão, consumindo boa 
parte das duas horas de trabalho. Falo de mudança, e 
apresento uma sugestão: O remédio é a informatização 
parcial das atividades maçônicas, apesar do perigo que 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
Caderno de Pesquisas Maçônicas 
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poderia advir com isso, pelo vazamento aos olhos e ouvidos 
profanos. Vejamos: os pedidos de informação de outras 
Lojas, sobre profanos à iniciação, elevação, exaltação e posse 
de diretorias, podem ser via e-mail, como já faz o Grande 
Oriente do Paraná. Pranchas pedindo a cessão do salão 
social, de ajuda de instituições, devem ser analisadas pela 
diretoria, bem como os certificados de presença de visitas a 
outras Lojas, podem ser agrupados e anunciados em bloco, 
sem citar nomes. Acreditem que tem irmãos que exigem 
que seus certificados de visitas sejam lidos um a um, para 
seu deleite e glória. 
As pranchas das Corporações Filosóficas, com 
pedido de informação para a elevação de graus, não 
precisam serem decifradas “ipsis litteris”, uma a uma, em 
sessão, podendo ser respondidas administrativamente. Isso 
não vai afetar a excelente relação de cordialidade e amizade 
que sempre existiu entre as Lojas Bases, e os Altos Corpos. 
O secretário executivo da Loja pode organizar tudo, e enviar 
via correio eletrônico, as informações a quem de direito. Não 
vamos imaginar que a “A Palavra à bem da Ordem” deva ser 
suprimida, porém pode encurtada. É preciso que seja 
objetiva, concisa e sem delongas, sendo “À Bem da Ordem” 
mesmo, e nada mais. Basta estabelecer um tempo mínimo de 
3 minutos. As Lojas modernas, que se dedicam à pesquisa 
maçônica com apenas uma sessão mensal, viram que era 
preciso “gastar” o tempo com estudo e discussões 
inteligentes, então passaram a enviar os irmãos o Balaústre 
pelo e-mail para o irmão tomar ciência, e, na Loja é aprovado 
sem a leitura do mesmo. Tudo o mais é resolvido nas sessões 
 
 
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Administrativas. Se no mundo inteiro é assim, com DUAS 
sessões mensais, porque não pode ser da mesma forma entre 
nós? 
A obrigatoriedade da frequência maçônica, não é 
apenas na Loja Base/Mãe, é também na Loja de Perfeição, no 
Capítulo, no Kadosch, no Consistório e nos Graus 
Administrativos. Tem ainda as organizações paramaçônicas 
juvenis que os pais precisam levar a filharada, como, a 
Ordem DemoLay, as Filhas de Jó e a Arco Iris. Não 
esqueçamos ainda que a visitação em outras Oficinas é 
obrigatória ao Aprendiz e ao Companheiro. Fico imaginando 
o que uma Loja com quadro diminuto, numa cidade pequena 
tem tanto a tratar, que precise de quatro a cincos sessões no 
mês. 
Num passar d´olhos no calendário, vi que seriam 
21 sessões ao ano, contra quase 45 no sistema atual. Um 
único templo poderá acolher 10 lojas por mês . Mais Lojas 
no mesmo templo, poderia baratear o aluguel para as 
Oficinas locadoras, que em alguns casos tem dificuldade 
para pagar. Acredito mesmo, que o índice de frequência 
aumentaria, e certas sessões hoje “vazias”, se tornariam 
mais vibrantes e proveitosas, bem diferente de algumas 
situações, onde apenas “meia dúzia de bodes pingados” se 
faz presente. Trabalhar do meio dia à meia noite, é apenas 
uma simbologia. 
 
 
 
 
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IRREGULARIDADE E CONIVÊNCIA 
 
Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez 
 
Não é raro ver irmãos em situação maçônica 
irregular frequentando Lojas. Nunca é um aprendiz, ou 
companheiro; sempre um Mestre. De uns tempos para cá, 
temos notado que esses casos estão mais frequentes. Alerta 
de falsos irmãos impostores que agem livremente se 
aproveitando do descuido dos maçons, frequentando Lojas 
e até dando golpes, são publicados na internet. Porém o mais 
comum mesmo é irmãos irregulares que conhecemos, 
fazerem isso e não serem barrados. Eles até assinam, e citam 
no Livro de Presença a última Loja a que pertenceram, o que 
se caracteriza um quase “estelionato maçônico” por usar 
sem ter direito ou conhecimento da mesma, o nome daquela 
Oficina. Há um caso acontecido o “irmão” nem assinava o 
livro. Foi descoberto, mas ninguém o interpelou. Um desses 
casos está se tornando corriqueiro, o esperto visitante, logo 
que chega, chama o Venerável para um canto e 
ardilosamente o envolve, conseguindo sempre entrar para a 
sessão. Pergunto: se sabemos disso por que não alertamos o 
Venerável ? Se alertado, por que ele não cumpre a lei ? 
 
 
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Um irmão me relatou o caso de maçom que 
frequenta a Loja há um bom tempo, em situação irregular e 
os Veneráveis, um após outro, alegando tolerância, aceitam 
com a tranquilidade do “dever cumprido”, essa burla. 
Falham os dois lados; o maçom “penetra” pela falta de 
escrúpulo, e o Venerável, pela omissão. Um maçom 
irregular, que visita uma Loja, torna a sessão irregular, e 
tudo nela tratado, não vale nada, e qualquer irmão presente 
tem a obrigação pedir a anulação da sessão. A reunião não 
pode ter maçom irregular, porém, podemos recebê-lo como 
irmão que é, convidando-o partilhar à mesa o ágape 
fraternal, nos esperando no salão social, depois dos 
trabalhos. Está no ritual a ordem para verificar a situação de 
cada visitante. E a palavra semestral, criada para impedir a 
entrada irregular nas Lojas, porque não é usada? talvez 
porque o compadrio entre maçons seja mais importante que 
as leis. 
O caso mais gritante de descumprimento às leis e 
falta de verificação (trolhamento) de um visitante, resultou 
em vergonha paratodos. Um irmão idoso, veio para uma 
visita. Não trolhado, veio de novo, e de novo, até que um 
certo dia apareceu um jovem querendo receber pelo serviço 
sexual prestado à aquele “visitante ilustre”. Possivelmente, 
nem maçom era, apenas um homossexual experto, que usou 
e abusou da “inocência” dos Maçons, e ainda indicou a Loja 
como lugar para receber o valor combinado pelo programa. 
Pergunto; e o orador da Loja, porque não faz cumprir as leis 
e regulamentos de sua Oficina? Um médico que trabalhou 
num hospital, após sua aposentadoria não participa mais 
 
 
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das reuniões da diretoria clínica, nem o Juiz, será convidado 
a participar das decisões da magistratura. E porque um 
maçom irregular teima em participar da reunião maçônica? 
Os que insistem nessa prática, acham cômodo não se filiar 
em nenhuma Loja, não pagar a mensalidade, sem a obrigação 
de freqüência, e, não tendo nenhum lugar para ir, aparecer 
na sessão para “aprender” um pouco mais, e rever os irmãos. 
Incrivelmente, esses bicões quase sempre contam com a 
ajuda de algum mestre, que apela pela tolerância. Que 
tolerância é essa? A Ordem é uma escola de 
aperfeiçoamento, onde nem sempre se cumpre as leis. 
Confesso que sinto vergonha, pois sabendo desses casos, 
muitas vezes me mantive calado. Agora faço esse alerta. E 
os Mestres, continuarão permitindo essa prática? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O CÉU NÃO PODE ESPERAR 
 
Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez 
 
Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje ela é um peso. 
(Francois Chateaubriand) 
Quando fui iniciado, a vida para mim, ganhou um novo sentido, 
pelas novas amizades e pelo ensinamento que recebia nas 
instruções de meus preceptores. A sessão maçônica era uma 
coisa extraordinariamente nova e reveladora. Jovem ainda, 
nos meus trinta anos contados, sonhava em crescer na Ordem 
e ser como aqueles irmãos mais antigos, pois via neles tanto 
conhecimento e amizade, eram na verdade, sábios 
inspiradores, aqueles “velhinhos” daquele tempo, eram minha 
inspiração. Para mim, eles viviam num mundo de felicidade, e 
isso era uma herança, que levariam até os dias da velhice; 
pensava eu. Esse sentimento inundava meu o espírito de paz 
e esperança, crendo numa vida futura plena de realizações 
maçônicas. Jamais poderia pensar que o caminhar dos anos 
 
 
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trouxesse consigo mudanças tão importantes. Parece que a 
juventude não conhece o segredo para a transmutação, e 
quando a idade avança, somos pegos por uma realidade 
surpreendente, às vezes desalentadora. A Ordem que servimos 
por décadas a fio, envidando os maiores esforços, nos 
abandonará na idade provecta, justamente quando estaremos 
mais carentes e fragilizados. Na America do Norte, os maçons 
idosos vão para o albergue da Ordem, onde vivem em paz e 
dignamente. Abordo esse assunto, levando em conta apenas 
dois casos de irmãos que vivem no mais completo abandono 
maçônico. Um, vitimado por uma hemiplegia, não sai para 
lugar algum, o outro quase cego. Agora vivem, ambos, 
confinados em suas casas. Essa realidade é bem diferente dos 
Templos aconchegantes, e dos amplos salões de festas de suas 
Lojas, que um dia frequentaram. Aquela alegria barulhenta e 
os abraços fraternos deram lugar ao abandono, ao ostracismo 
involuntário e ao silêncio cósmico que arrasa seu moral. Se 
tivessem a mão amiga de um irmão, poderiam ir à Loja, aos 
almoços, e de novo serem felizes, pela convivência fraterna 
entre os irmãos. A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos 
dos asilos profanos, vira a cara para seus próprios membros, 
que nem sempre precisam de apoio pecuniário, apenas de uma 
visita. A tentativa de levar irmãos à casa de um enfermo, 
sempre resulta em fracasso, pois ninguém sem interessa. Os 
Veneráveis Mestres, alguns deles, quase nunca vão, preferindo 
“formar uma comissão”, para uma obrigação que é sua, que ele 
solenemente jurou cumprir, com a mão sobre a Bíblia. O apelo 
das cunhadas e dos filhos, pedindo uma visita dos maçons, não 
 
 
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faz eco. Alguns de nós, acham que maçom inativo não é mais 
irmão, e não é merecedor de nosso amor, nem de nossa visita, 
porque deixou a Loja há anos. Se não mudar meu sentimento, 
renunciarei aos graus que alcancei, e pedirei para ser 
novamente iniciado. Se minha primeira iniciação não provocou 
mudança alguma em meu espírito e na minha alma, então 
preciso recomeçar. O tempo corre célere, e a vida escapa pelos 
dedos como o mercúrio, quando tentamos segura-lo. Irmãos, 
há tempo, ainda que curto, para amar e dar alguma alegria ao 
maçom idoso que muito fez pela Ordem, pois O Céu não pode 
esperar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VISITAÇÃO MAÇÔNICA 
 
Ir∴ Laurindo Roberto Gutierrez 
 
Todo maçom tem direito a visitar qualquer Loja em qualquer 
lugar e circunstância, como está no 14º Landmark. 
“O direito de todo maçom visitar e tomar assento em qualquer 
Loja, é um inquestionável Landmark da Ordem. É o consagrado 
direito de visitar, que sempre foi reconhecido como um direito 
inerente que todo irmão exerce, quando viaja pelo Universo. É 
a conseqüência de encarar as Lojas como meras divisões, por 
conveniência, da Família Maçônica Universal” . 
Na primeira visita é a curiosidade que nos conduz; queremos 
saber como trabalham aqueles irmãos, será que conheceremos 
algum amigo naquela Oficina, poderei usar da palavra, como 
me comportar entre irmãos? nos perguntamos. Tudo é uma 
 
 
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incógnita em nossa primeira viagem a outra Loja. No 
cristianismo primitivo, as “novas” eram transmitidas, 
justamente através da visitação. A visita é elemento necessário 
seja para a confraternização entre grupos, seja para a 
ampliação do conhecimento ou para criação e fortalecimento 
de novas amizades. Os discípulos e mais tarde os Apóstolos 
percorriam todo o mundo, então conhecido, para o 
fortalecimento da Fé. Eles sabiam como identificar uma igreja, 
um irmão. Sob o ponto de vista esotérico o visitante não 
comparece sozinho em uma visitação; junto a si está toda sua 
Loja incorporada espiritualmente. Ele conduz a força vibratória 
dos irmãos que o fizeram embaixador. Ao colocar o óbolo na 
Bolsa de Beneficência, estará não somente colocando a si 
próprio para a imantação de seu óbolo, mas também a 
imantação de seu grupo. Uma vez dentro do Templo o 
visitante, deve ser considerado como uma presença 
misticamente valiosa, como uma dádiva e uma benção. Creio 
que a visita de um maçom a outra Loja, se assemelha a 
polinização das abelhas espalhando os frutos de amizade e boa 
vontade entre os irmãos. Ainda hoje compêndios e livros, 
perdem-se nas digressões sobre o direito ou não de visitação. 
Esses são preceitos exclusivamente administrativos e 
bitolados. Alguns mestres, Lojas, e até Obediência, ainda hoje, 
tentam desestimular a visitação por aprendizes, alegando que 
só acompanhado de um mestre isso é possível. Os maçons de 
tempos em tempos, enfrentam dificuldades para continuar sua 
caminhada, especialmente o Benfazejo que se vê tolhido em 
sua liberdade de seguir em direção para a prática do Bem. 
 
 
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MARCOS despropositados, cheirando a ranço, foram colocados 
na estrada de passagem para a visitação maçônica, tentando 
acabar com esta tradição secular da Ordem Universal. Sempre 
aprendi mais em visitas a outras Lojas, do que na minha 
própria, haja vista que são ritos diferentes, novos irmãos que 
não conhecia. A maçonaria não pode isolar-se dentro dos 
Templos simplesmente em trabalho exclusivo com os membros 
de seu quadro. Se assim agir, fenecerá e se autodestruirá. A 
Loja precisa “outras luzes”, “outras forças” e “outros 
alimentos”. Adaptado de : Visitação - Rizzardo da Camino 
A COR DO REEA NO BRASIL ATRAVÉS 
DOS TEMPOS 
DECORAÇÃO DO TEMPLO – AVENTAL 3º GRAU E FITA OU 
FAIXA 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
“O PENSAMENTO REENCARNA AO LONGO DAS IDADES 
ADOTANDO AS NUANÇAS QUE LHE SÃO IMPOSTAS” – R. 
Amberlain. 
 
Não se pretende discutir preferências pessoais pela cor 
vermelha ou azul porque se assim fosse o autor deste trabalho 
por preferência pessoal preferiria a cor azul. “Gosto do azul”. 
“O vermelho me parece uma cor agressiva.” Mas isto é apenas 
 
 
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uma questão do gosto de cada um e não representa a verdade 
histórica do REAA. 
No entanto em se tratando da história do REAA 
detalhadamente inserida nos rituais antigos, Congressos, 
Constituições e Regulamentos e etc. necessário se torna 
analisar o assunto, citando-se as fontes primárias e 
descrevendo assim a trajetória do azul, o qual foi se insinuando 
sorrateiramente especialmente no avental do 3° grau e 
decoração do templo no Simbolismo no REAA e hoje reina 
quase que absoluto na maioria das lojas espalhadas pelo Brasil 
do Rito em foco. 
Interessante frisar que a maioria dos maçons do REAA do Brasil, 
não se importa em saber qual é a verdadeira e mais importante 
cor do Simbolismo do Rito, “redescoberta” pelas pesquisas 
realizadas por uma minoria de estudiosos, nos últimos vinte e 
cinco anos porque em realidade, a grande maioria dos maçons 
é pouco afeita à realidade histórica e só aceita como 
verdadeiro apenas o que viu e sentiu ao receber a Luz, 
aceitando ser esta, a verdade. Graças a esta maneira de 
encarar o problema, e também devido a pouca leitura, já que 
maçom quase não lê, e a acomodação frente aos estudos sobre 
a Ordem fez com que estes maçons não aceitem e nem 
queiram discutir o assunto ficando com a cor azul como a 
principal do REAA. 
O REAA tem várias cores. No Simbolismo tem como principal a 
cor vermelha, além da branca e nas Fitas, não no avental do 3º 
 
 
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grau existe o azul debruado de vermelho. Nos Graus Superiores 
existem as cores verde, vermelha preta e branca. 
É sabido que a cor vermelha tem várias tonalidades e entre 
elas: carmesim, (vermelho vivíssimo), púrpura (vermelho 
escuro), escarlate (vermelho rutilante) ou encarnada, que é o 
vermelho comum. Estas cores sempre ornamentaram a 
aristocracia na Europa. O vermelho foi sempre a cor preferida 
pelos reis, papas e bispos e sempre ornamentou a nobreza. 
Esta cor foi usada pelos primeiros escocesistas, partidários dos 
Stuarts, quando exilados na França, depois pelos nobres que 
fizeram parte da fundação do Conselho de Imperadores do 
Oriente e do Ocidente, que foi um corpo maçônico da época e 
também frequentado pelos cavalheiros e gentilhomens 
franceses do Rito de Heredon (25 graus, embrião do REAA). 
Sabemos que estes maçons do Rito de Heredon foram os 
precursores do grupo que acabou fundando o REAA em 
Charleston em 25 ou 31/05/1801 (a mais aceita). Muita 
história, muita confusão aconteceu até se chegar a fundação 
do REEA que no inicio chamava-se Rito dos Maçons Antigos e 
Aceitos. Interessante ressaltar que o Rito não nasceu na 
Escócia e não era nem Antigo em nem Aceito. O nome correto 
segundo Castellani seria Rito dos Antigos e Aceitos Maçons. (Na 
Europa atualmente ele é conhecido como Rito Antigo e Aceito). 
O REAA entrou no Brasil oficialmente através da autorização 
dada pelo Supremo Conselho dos Países Baixos da Europa, 
quando se usava esta nomenclatura para aquela região do 
continente europeu. Hoje, segundo a geografia atual, 
 
 
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identifica-se como sendo a Bélgica. O Supremo Conselho dos 
Países Baixos outorgou ao Irmão Francisco Gê Acayaba 
Montezuma cujo nome verdadeiro era Francisco Gomes 
Brandão, um documento autorizando a fundação de um 
Supremo Conselho no Brasil quando ele ainda estava na 
Europa, exilado pelo Imperador I. Ele não era maçom quando 
em 1823 foi deportado. Foi iniciado na Inglaterra. O 
documento está datado de 12/03/1829. Mas a fundação oficial 
do Supremo Conselho do grau 33 do Brasil, o primeiro Supremo 
Conselho aqui instalado foi em 10/11/1832. 
Nesta época havia dois Grande-Orientes aqui no Brasil. O 
Grande Oriente Brasileiro do Passeio fundado em 1830 e 
instalado em 24/06/1831 e o Grande Oriente do Brasil (antigo 
Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi) reinstalado por José 
Bonifácio em 23/11/1831. Cada um deles reivindicava o direito 
de ser verdadeiro e originário do Grande Oriente Brasílico ou 
Brasiliensi de 1822. Não eram amistosos entre si. Havia muita 
hostilidade entre estas duas Potências. 
A primeira Loja a adotar o REAA teria sido a Loja “Educação e 
Moral” fundada por Gonçalves Ledo (Boletim do GOB n°03 ano 
52 pg. 216 - 1927) regularizada e filiada ao Grande Oriente do 
Brasil em 30/03/1832, mas já em 08/06/1832 foi considerada 
irregular por José Bonifácio. Eis ai os dois brigões de 1822 
desde os tempos da Independência do Brasil quando 
disputavam as benesses do Imperador, se confrontando 
novamente, agora sem o Imperador, apenas pela disputa de 
 
 
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poder. Esta Loja filiou-se ao Grande Oriente do Passeio em 
1833. 
Mas ressalve-se, um fato conhecido por poucos escritores 
maçônicos. No dia 20/05/1822, portanto, vinte e oito dias 
antes da fundação do Grande Oriente Brasílico ou Brasiliensi, 
que só ocorreria no dia 17/06/1822 foi fundada uma Loja no 
Brasil no Rio de Janeiro, no REEA por estrangeiros importantes 
que aqui residiam. Levou o nome de “Bouclier D’Honneur” 
(Escudo de Honra). Fundaram também um Capítulo. Seus 
fundadores solicitaram autorização para o Grande Oriente da 
França, o qual a reconheceu daí há um ano mais ou menos. Ela 
foi, portanto, fundada antes do Grande Oriente Brasílico ou 
Brasiliensi. Os membros desta Loja até foram convidados 
posteriormente para fazer parte do GOB, mas o mesmo usava 
desde a sua fundação o Rito Francês ou Moderno e em verdade 
o Grande Oriente Brasílico era um grêmio revolucionário que 
queria a todo o custo a independência do país. Era uma 
maçonaria revolucionária. Os membros da Loja "Bouclier 
D’Honneur” (Escudo de Honra) não aceitaram, pois eles apenas 
queriam uma Loja Maçônica para agregar os estrangeiros que 
viviam no Brasil naquele momento da nossa história. Além do 
mais o Rito era diferente. Ressalte-se que Grande Oriente 
Brasílico era em princípio uma potência totalmente irregular à 
época perante as Potências ditas regulares do mundo. Por isso 
os membros da Loja "Bouclier D’Honneur" solicitaram filiação 
ao Grande Oriente da França e foram atendidos, mas a Carta 
Constitutiva chegou somente em 1823, quando a Loja já havia 
adormecido. Este assunto está bem desenvolvido no livro da 
 
 
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Academia BrasileiraMaçônica de Letras – Formação Histórica 
da Maçonaria - Anais do I Congresso Internacional de História 
e Geografia ano 1981 – por Alcebíades Lappas, Grande 
Secretário da Grande Loja da Argentina à página 63 no trabalho 
“Algumas Revelações sobre os inicios da Maçonaria no Brasil”. 
Não importa se a loja foi fundada por estrangeiros ou não. 
Usando-se a razão, o REEA teria entrado no Brasil em 
20/05/1822. Fatos são fatos. 
A Loja “Comércio e Artes”, reerguida pelo Cônego Januário da 
Cunha Barbosa, filiou-se ao Grande Oriente do Brasil em 
23/11/1831. Não suportando as desavenças com José 
Bonifácio, filiou-se ao Grande Oriente do Passeio em 
07/04/1833 e passou para o REAA. Mandou imprimir o livro 
Instruções Maçônicas (Catecismo – Regulamento Geral) em 
1833 cujo livro foi traduzido pelo grande Maçom Hipólito José 
da Costa do francês para o português. Catecismo era o nome 
que a Maçonaria usava para o que hoje chamamos de Ritual. 
Em 15/09/1833 o Grande Oriente do Passeio tornou o REAA 
como único e oficial rito da Potência para as suas quinze Lojas. 
Necessitavam de um Ritual e este foi mandado imprimir em 
1834. O Ritual então impresso, seguindo a ortografia da época 
teve o seguinte titulo: “Guia dos Maçons escossezes ou 
Reguladores dos trez graos Symbólicos do Rito Antigo e Aceito 
– Rio de Janeiro – 1834”. Era uma tradução do ritual vindo 
diretamente da França onde praticavam entre outros ritos, o 
REAA, embora com alguma influência litúrgica do Rito 
 
 
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Moderno ou Francês a exemplo da inversão das colunas J e B e 
dos respectivos vigilantes. 
No que concerne à cor vermelha à página 46 do Guia assim está 
escrito com grafia da época “As paredes do templo, cortinas, 
mezas docel, etc. são forradas de encarnado no rito escossez e 
de azul nos ritos Moderno e Adonhiramita, nestes dous últimos 
os galões e as franjas dos paramentos devem ser prata ou 
fazenda de cor branca e no primeiro de ouro”. 
No mesmo Guia à página 49 quando menciona: “Das insígnias 
e joias dos graos no Rito Escossez Antigo e Aceito”. 
“Grao 3 - Avental branco forrado e orlado de escarlate com 
uma algibeira abaixo da abeta, sobre a qual estão bordadas as 
letras M:. e B:.”. 
“Fita azul orlada de escarlate a tiracolo da esquerda para a 
direita, suspensa em baixo a joia que é um esquadro e um 
compasso de ouro entrelaçados. A joia pode ser cravejada de 
pedras”. 
Conforme se pode notar estas Lojas do Grande Oriente do 
Passeio agora eram todas do REAA e como tal mudaram entre 
outras coisas a cor para o vermelho em substituição à cor azul 
que continuava sendo a cor oficial dos Ritos Francês ou 
Moderno e Adonhiramita. 
O azul no REAA permaneceu apenas na Fita porque a mesma 
era uma das características do Rito usada há muito tempo na 
Europa. Aliás, a Fita, Faixa ou Fitão eram usados em quase 
 
 
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todos os graus do REAA, a partir do grau 3. Ela é larga de 
chamalote ou seda, cuja cor e bordados variam de acordo com 
os graus e com os Ritos e tem na sua ponta a joia distintiva. 
 A Faixa totalmente vermelha era usada no Rito Escocês 
Primitivo (Ealry Grand Scottish Rite) que não deixa de ser um 
dos ritos dos primórdios do escocesíssimo. Este Rito foi 
introduzido na França em 1688 através da Loja Saint Jean 
D’Ecosse de Marselha durante século XVIII. Era usado por 
militares jacobitas em exilio em San Germain-en-Laye. 
O REAA adotou a faixa azul orlada de vermelho e isto quer dizer 
que o azul é também uma cor do Rito, todavia é menos 
importante que o vermelho. Esta Faixa é usada até hoje na 
Grande Loja da França e é exatamente igual a Faixa que se 
encontra no primeiro ritual do REAA impresso no Brasil em 
1834. Mas a Faixa é apenas um dos detalhes do REAA. 
A maioria dos países da América do Sul, com exceção da 
Venezuela e Brasil, onde a maioria das Lojas que trabalham no 
REAA usam a cor azul, na ornamentação do Templo e no 
Avental do 3° grau, muito embora a cor principal do 
Simbolismo seja vermelha de origem. Nos demais continentes, 
idem, em Israel, segundo Leon Zeldis escritor e historiador 
maçônico por razões políticas também é adotado o azul. 
Quando o Supremo Conselho do Gráu 33 do Brasil 
(Montezuma) foi incorporado ao Grande Oriente do Brasil lá 
pelos idos de 1854/1855 vindo através do Marquês de Caxias 
foi mandado imprimir um ritual próprio. Interessante que este 
 
 
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ritual é cópia fiel do ritual de 1834 e foi reimpresso em 1857, 
inclusive com o mesmo título. 
Temos ainda em 1857 um outro documento impresso: 
“Regulador Geral do Rito Escossez Antigo e Aceito para o 
Império do Brasil – Rio de Janeiro – 1857” que cita a pagina 46: 
“o encarnado é o característico do escossismo” Na mesma 
página menciona que “esta é a diferença entre com os Ritos 
Francês ou Moderno e o Adonhiramita, os quaes são azues”. 
Estes Rituais não seriam apócrifos a ponto de afirmarem de 
uma maneira tão transparente, que o vermelho é a cor 
principal do REEA. Afinal, está escrito. Este fato é uma prova 
inconteste. 
A Loja “União Constante” a mais antiga do Rio Grande do Sul, 
da cidade de Rio Grande, fundada em 13/06/1840 desde a sua 
fundação até a presente data permanece como um 
monumento vivo de uma tradição jamais violada. Nunca 
mudou a cor vermelha quer na decoração do templo, quer no 
avental do 3º grau. Por sinal, seu Templo interiormente se 
assemelha a uma catedral. É um Templo muito lindo. 
A própria Constituição do Grande Oriente do Brasil promulgada 
em 30/04/1865 menciona à página 92 que o Avental do 3° grau 
deve ser branco de pele, forrado e orlado de escarlate, com 
uma algibeira abaixo da abeta sobre a qual estão gravadas as 
letras M:.B:. 
O Regulador do REAA publicado em 1873 pelo Decreto n°8 de 
Saldanha Marinho de 22/09/1873 então Grão-Mestre do 
 
 
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Grande Oriente do Brasil Unido e Supremo Conselho 
(dissidentes do Grande Oriente do Brasil e seu Supremo 
Conselho) repete tudo o que está sendo afirmado até aqui em 
matéria da cor do Rito. 
(Segundo Kurt Prober no Congresso de Lausanne (Suíça) 
realizado desde o dia 06 à 22/09/1875) o único até hoje 
convocado para se tratar de assuntos relativos ao REAA citou a 
cor vermelha no avental do 3º grau. 
No “Manual Maçônico ou Cobridor dos Ritos Escossez 
Antigo e Aceito e Francez ou Moderno” 4ª edição – Rio de 
Janeiro – 1875” À página 01 está inserido “A loja é decorada 
com estofo ou tapeçaria encarnada”. À página 02 refere: No 
Oriente há um dossel de estofo encarnado. Na página 11 fala 
do Avental do 3º grau cuja descrição é a mesma já citada. 
O Grande Oriente do Brasil, tendo como Grão-Mestre Quintino 
Bocayuva através do Decreto n° 215, baixado em 15/10/1902 
promulgado como lei o Regulamento Geral da Ordem e que 
passou a vigorar a partir de 15/11/1902 menciona na página 
165: “a Fita azul orlada de escarlate, e o Avental como branco 
de pele forrado e orlado de escarlate, com a algibeira abaixo da 
abeta sobre a qual estão bordadas as letras M:. B:. Mas parece 
que este decreto não foi seguido, porque o GOB já usava o azul 
há mais de dez anos. 
O Grande Oriente do Brasil conservou a cor escarlate nas suas 
Constituições de 14/04/1865 a 1907, mas segundo Kurt Prober 
em realidade na prática ele já tinha substituído a cor escarlate 
 
 
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pelo azul desde 1889. Começaram a azular a cor vermelhado 
Rito, no ano da Proclamação da República. 
Eis aí o azul tomando o espaço do vermelho ou encarnado de 
forma impositiva e sorrateira. Em 28/08/1889, o decreto n° 72 
emitido pelo então Grão-Mestre Comendador Visconde Vieira 
da Silva autorizava que se imprimissem novos rituais dos graus 
1, 2 e 3 os quais foram modificados em 01/08/1889 quando 
foram aprovadas as modificações e correções feitas pela 
Secretaria competente. No rituais impressos em 1891 e 1892 e 
em 1898 foram introduzidas novas modificações. 
Então, têm-se novos Rituais adotados pelo Supremo Conselho 
em 01/07/1898. Ressalte-se se que nesta época Grande 
Oriente e Supremo Conselho era uma só potência (Simbolismo 
e Graus Filosóficos). O Grão-Mestre chamava-se Grão-Mestre 
Soberano Grande Comendador ou Soberano Grão-Mestre, 
Grande Comendador. 
Naquele Ritual do grau 1 ainda menciona que as paredes eram 
decoradas em vermelho havendo uma frisa que formaria de 
distância em distância nós emblemáticos e terminava em uma 
borla pendente em cada um dos lados da porta de entrada. 
Já no Ritual do 3º grau há mudança da cor: “Avental branco, 
forrado e orlado em azul tendo uma roseta da mesma cor, no 
centro e abeta descida”. Começa ai, a aparecer no REAA no 
Brasil a roseta que se bem observada historicamente nada tem 
de simbólico para a Ordem. Talvez fosse para distinguir o grau 
dos Irmãos. Seria também a substituição de uma casa de botão 
 
 
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usada antigamente para prender o avental operativo ao 
vestuário ou da própria algibeira. No local da casa de botão 
colocaram a roseta. Pura Invenção! Depois introduziram mais 
duas rosetas. 
Como se pode perceber, o avental tornou-se completamente 
azul. Mas apesar de constar no ritual, muitas Lojas mais antigas 
mantinham o avental de Mestre, orlado de vermelho e o forro 
preto. Quer dizer que aumentou a confusão, aparecendo 
também a cor preta no avental. Invenções em cima de 
invenções e ainda está anotado no Ritual que este Avental foi 
adotado em 1898. Não corresponde à verdade. 
O que se observa em relação aos rituais é que as Lojas nem 
sempre seguem à risca os decretos dos Grão-Mestres. 
Introduzem mudanças sempre por conta dos entendidos de 
plantão, falsos ritualistas e que isso com o correr dos anos 
torna-se “tradição”. Como repetia sempre Joseph Goebbels, 
ministro da propaganda de Hitler “um erro repetido mil vezes 
torna-se uma verdade” (a frase não era dele). 
O costume se espalha através dos visitantes e quando menos 
se espera após muitos anos a própria Potência passa a adotar 
sofismaticamente o erro como sendo verdade. 
Outras alterações apareceram no Ritual de Mestre do Grande 
Oriente do Brasil, publicado em 1955, o qual se for lido à página 
5 do ritual: “avental branco, forrado de preto, orlado de 
vermelho, (voltaram ao vermelho?) tendo uma roseta 
vermelha no centro e duas rosetas da mesma cor em cada 
 
 
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extremidade inferior do Avental sempre dentro da orla. Tolera-
se também que em lugar das rosetas inferiores, as iniciais M:. 
B:. no lado esquerdo da mesma cor vermelha” Mas tolera-se? 
Existem dois aventais para o mesmo grau? E voltaram a usar a 
orla vermelha? É o paraíso do marasmo das modificações e dos 
achismos que sempre existiu na Maçonaria Brasileira. 
O que se estranha é que um Avental que tinha sido orlado de 
vermelho, que é o correto segundo as origens do Rito e 
conforme foi estabelecido como uma das características do 
mesmo Rito metamorfoseou-se, azulou graças aos eternos 
inventores da Ordem, verdadeiros destruidores da ritualística 
maçônica, mas em 1955 a 1963 volta o orlado vermelho (dança 
das cores) no Avental do terceiro grau do GOB. Mas se a Loja 
ou os Irmãos achassem por bem poderiam colocar no lugar das 
rosetas que nunca foram símbolos maçônicos, as letras M:.B: 
que eram tolerados. Brincadeira! Não dá para acreditar. Pobre 
Maçonaria brasileira! Ora bolas, num Avental está estabelecido 
que no lugar das rosetas que não deveriam existir pode se 
colocar as letras M:.B. Afinal pergunta-se novamente: existem 
dois Aventais diferentes do 3° grau? Um com roseta e outro 
sem roseta? Pode isso? 
Mas a história das mudanças de cor dos Aventais não ficou 
assim, pois o vermelho deveria desaparecer porque ele já 
estava condenado. Em 1965 novos Rituais editados do Grande 
Oriente do Brasil, definem que a decoração do Templo e 
Avental do 3º grau deveria de agora em diante ser da cor azul 
como cor predominante. 
 
 
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Em 1968 houve nova modificação sempre ao sabor dos 
inventores e em nome de novas ideias “mais modernas” “um 
novo Grão-Mestre” que julga consertar o que está errado entra 
em cena. Assim lê-se no Ritual do 3° grau, página 05 “Avental 
branco forrado de preto orlado de azul, com um leve debrum 
vermelho tendo uma roseta no centro da abeta descida e duas 
rosetas iguais, uma em cada extremidade inferior do Avental 
sempre dentro da orla (é facultativo o debrum)”. Afinal existe 
ou não o debrum? 
“Fita azul achamalotada de quatro dedos de largura posta a 
tiracolo do ombro direito para o lado esquerdo, tendo 
pendente na extremidade a respectiva joia que é um 
esquadro”. Não cita nada a respeito da orla da Fita. Conforme 
se pode concluir não há mais no Fitão ou Faixa a orla vermelha 
que até então existia. 
 E o tal de debrum vermelho só desapareceu a partir do Ritual 
editado em 1981 quando através do decreto n° 50 de 
07/08/1981 baixado pelo Grão-Mestre Osires Teixeira, se 
modificou uma série de procedimentos ritualísticos, colocação 
de símbolos etc. até então usados por aquela Potência. 
Assim é que nos graus 1 e 2 a decoração do Templo passou a 
ser azul celeste. Quanto ao Avental do 3° grau continuou 
branco forrado de preto orlado de azul com as respectivas 
rosetas azuis. 
O vermelho desapareceu por completo do REAA a partir de 
1981 no Grande Oriente do Brasil. 
 
 
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A descrição atual mais detalhada e atual do Avental e da 
decoração dos Templos das Lojas do GOB que praticam o REEA 
aparece no seu Regulamento Geral da Ordem. A decoração da 
Loja nos graus de Aprendiz e Companheiro é azul celeste. 
1.4 Dos títulos e Insígnias 
“1.4.2.1 Insígnia distintiva do Mestre” consiste no Avental de 
pele branca retangular preso à cintura por cordões ou elástico 
preto, com 4 cm de largura, aba nas dimensões de 33 X por 40 
cm sobreposto em suas laterais e na parte inferior por fita azul 
celeste de 5cm de largura. A abeta de formato triangular de 
pele branca com 16,5 cm na maior altura é sobreposta a partir 
de sua extremidade por fita azul celeste de 4cm de largura. 
O Avental de Mestre tem uma roseta azul celeste no centro da 
abeta que estará sempre descida, e duas rosetas iguais, uma 
em cada lado inferior do avental. No centro das rosetas, 
também um botão azul celeste. O Avental é forrado de preto 
possuindo um bolso em seu forro. 
1.4.2.2 Fita: Além do respectivo Avental quando não estiver 
exercendo cargo de Vigilante, de Dignidade ou de Oficial o uso 
de uma Faixa de material acetinado azul celeste de 10 cm de 
largura em diagonal postada do ombro direito para o quadril 
esquerdo, sem nenhum ornamento contendo em sua parte 
inferior uma roseta azul celeste com 9 cm de diâmetro e em 
sua extremidade, a joia de Mestre em metal dourado. O verso 
da faixa é em tecido preto sem qualquer figura ou inscrição. 
 
 
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“Na extremidade externa da faixa existe uma presilha que 
serve de suporte para a Espada” 
As Grandes Lojas Brasileiras, Potência dissidente do Grande do 
Oriente do Brasil em 1927, mandou imprimir seus primeiros 
rituais em 1928. O Ritual de Mestre a pagina 08 assim se refere 
“O avental é de pele branca de 35 cm X 40 cm com abeta 
triangular. É orlado de fita de 5 cm de largura com franjas 
douradas, tendo três rosetas da cor da orla, duas no corpo e 
uma na abeta. Entre esta e as franjas correrá estreito cordão 
vermelho”. 
Não fica bem esclarecida neste ritual a cor da orla. Mas em 
razão do cordão ser vermelho deduz-se que a orla será de outra 
cor, a qual só poderá ser a azul. 
Nas GGLL consta do Ritual de Mestre Maçom que a insígnia do 
Mestre Maçom é o Avental de pele branca e forma retangular, 
nas dimensões de 35 cm de altura por 40 cm de largura tendo 
uma abeta triangular. Orlado de fita de seda achamalotada de 
azul celeste de 5 cm de largura, e três rosetas de fita da mesma 
cor sendo uma no centro da abeta e duas nos extremos laterais 
da parte inferior, formando um triângulo. É forrado de preto e 
prende-se à cintura por cordão ou fita da mesma cor. Não há 
nada decorado em vermelho. Inclusive as paredes das Lojas de 
Aprendiz e Companheiro são pintadas de azul celeste. 
Não usam a Faixa ou Fitão como nas outras duas potências, 
mas as Luzes da Oficina usam um colar de cor azul terminando 
 
 
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em ponta sobre o peito e do qual pende a joia do cargo 
respectivo de cor prateada. 
A Confederação Maçônica Brasileira igualmente dissidente do 
Grande Oriente do Brasil em 1973 chamava-se - Colégio de 
Grão-Mestres da Maçonaria Brasileira depois Colégio da 
Confederação Maçônica Brasileira e posteriormente 
Confederação Maçônica Brasileira – usando a sigla CoMaB. No 
Inicio enquanto não tinham Rituais próprios a nova Potência de 
1973 á 1976 usou os Rituais do Grande Oriente do Brasil. 
Durante a reunião da COMAB realizada em Brasília de 07 à 
09/09/1976, foram apresentados dois Rituais para aprovação. 
Um organizado e compilado pelo grande Maçom Teobaldo 
Varoli Filho (capa vermelha) e outro organizado pelo Grão-
Mestre Renato Mottola do Grande Oriente do Rio Grande do 
Sul (capa azul) Sul como sendo, como sendo cópia fiel de um 
Ritual do Oriente da Bélgica (o que não foi comprovado). Foi 
escolhido, por questões politicas o Ritual de capa azul. Este 
Ritual completamente diferente dos Rituais até então usados, 
rico em enxertos, invenções, agradou alguns e desagradou a 
muitos. 
A COMAB aprovou então este Ritual que assim descrevia o 
Avental de Mestre de Mestre: ”Avental branco em pele de 
carneiro ou tecido que o substitui, de forma retangular com 
dimensões de 30 cm por 40 cm orlado de azul, fita de seda 
achamalotada ou gorgorão de cor azul celeste de 5 cm de 
largura, tendo três rosetas iguais da fita da mesma cor da orla 
sendo uma no centro da abeta e duas na parte inferior do corpo 
 
 
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do Avental uma de cada lado em forma triangular e debruado 
com um com uma fita com 3 cm em cor vermelha. É forrado de 
preto e é preso à cintura por um cordão de fita da mesma cor. 
No centro de cada roseta haverá um botão vermelho. Roseta 
azul com botão vermelho? Não é possível! Este foi um dos 
Rituais mais controversos do REAA usado até hoje usado pela 
COMAB. 
”A Fita é de seda achamalotada de azul celeste de 12 cm de 
largura orlada de vermelho tendo pendente a joia que é um 
Esquadro sobreposto a um Compasso aberto em 45º graus. É 
usada a tiracolo da direita para a esquerda”. 
Mas, nesta confusão toda, verdadeira dança das cores azul e 
vermelha um grupo de maçons estudiosos há vinte e cinco anos 
capitaneados pelo Irmão José Castellani, Xico Trolha (Francisco 
de Assis Carvalho), Pedro Juk, Antônio do Carmo Ferreira, 
Guilherme de Queiroz Ribeiro, e também por este articulista, e 
mais um grupo de Irmãos pesquisadores sérios após estudarem 
rituais antigos chegaram à conclusão que o REAA veio sendo 
azulado no Brasil desde há muito tempo. Tentou este grupo 
citado em vão deixar esta mensagem aos maçons brasileiros. 
Foram feitas palestras em todo o Brasil. Não adiantou 
argumentos, não adiantou expor a verdade histórica. O tempo 
havia tornado um erro como verdade. Ninguém mais queria 
saber do vermelho. Prevalece que já se disse anteriormente. 
“Uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade” O 
sofisma aparentemente venceu, mas venceu só na cabeça 
destes maçons que mudaram a cor do Rito e influenciaram 
 
 
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negativamente muitas gerações de Maçons fato que até hoje 
perdura. Mas o sofisma continua sendo um sofisma. Porque a 
cor vermelha do REAA é a principal, portanto um axioma, ou 
seja, uma verdade indemonstrável e o sofisma é uma mentira 
a partir de uma premissa falsa, tentando se concluir com 
argumentos falsos e até aparentemente verdadeiros para se 
passar por ser uma verdade. Mas não é. Tudo apenas jogos de 
interesses manipulados por argumentos não verdadeiros. 
Mas o movimento destes pesquisadores não foi de todo em 
vão. 
.A COMAB reunida em São Luiz do Maranhão em sua reunião 
anual em 17/06/1991 contando com a presença de 
representantes de 17 Grande-Orientes Independentes (hoje 
são 21) decidiu voltar à cor original do Rito de 1834, ou seja, 
decoração do templo em vermelho para os 1° e 2º graus e o 
Avental do 3° grau, orlado em vermelho com as letras M:. B:. É 
em tudo igual ao primeiro Avental descrito no Ritual publicado 
no Brasil em 1834, só faltando a algibeira que deveria também 
constar, pois se está voltando às origens que fosse exatamente 
como era nos idos de 1834. 
Um dos apologistas da cor correta do Rito, o Irmão Antônio do 
Carmo Ferreira, então Grão-Mestre do Grande Oriente 
Independente de Pernambuco, autorizou o Irmão Guilherme 
de Queiroz Ribeiro em Recife a fundar uma loja da qual ele foi 
o seu primeiro Venerável onde a cor vermelha, a original, fosse 
restabelecida e assim a Loja foi fundada em 07/09/1991 dentro 
destes parâmetros. Nasceu, portanto, a Loja "Tradição 
 
 
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Escocesa" nº 32, a primeira Loja com a cor correta do REAA em 
tempos modernos pertencente ao GOIPE. Coragem não faltou 
a estes nobres Irmãos. 
Inicialmente não foi fácil para a própria COMAB implantar em 
suas lojas as modificações decididas na reunião de São Luiz 
corrigindo um erro centenário. Mas aos poucos os argumentos 
históricos prevaleceram. Muitos Templos tiveram suas paredes 
repintadas de vermelho. 
A COMAB vem usando nos seus Aventais do 3° grau e na 
decoração e ornamentação dos seus Templos dos primeiros e 
segundos graus desde então a cor original do rito, ou seja, a 
vermelha. 
Atualmente no Grande Oriente do Paraná - COMAB - e 
acredita-se que a maioria ou a totalidade dos Grande-Orientes 
Independentes também o usem, pois foi decisão formal de 
reunião da COMAB, em 1991. No Ritual de Mestre do Grande 
Oriente do Paraná à página 10 de Ritual de 2012 define: 
“O Avental de pele branca quadrangular de 35 cm por 40 cm, 
orlado de vermelho com abeta triangular abaixo da qual estão 
bordadas as letras M:”. e B:. e orlado por uma fita vermelha de 
5 cm de largura na abeta. Não existem rosetas, que, aliás, elas 
não têm razão de ser, pois, não têm nenhum valor simbólico. 
”A Fita é de seda achamalotada de azul celeste de 12 cm de 
largura orlada de vermelho tendo pendente na extremidade a 
joiaque é um esquadro sobreposto a um compasso aberto em 
45º graus usada a tiracolo da direita para a esquerda” 
 
 
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Bem o que dizer de uma história repleta de trejeitos, mudanças 
ao sabor dos interesses dos grão-mestres e dos achismos de 
seus secretários de Liturgia e Ritualística e afins isto só falando 
do Avental e Fita, e decoração do templo que iniciaram no ano 
da Proclamação da República? E as alterações ritualísticas? 
Estas ocorreram às dezenas e não começaram ontem. É uma 
situação antiga. 
Mas não criticando quem quer que seja, pois cada Potência é 
soberana e respeitamos este fato, a cor principal cor do REEA 
no Brasil é azul (exceção da COMAB que significa mais ou 
menos 15 a 18% dos maçons do REAA no país, é também azul 
na Venezuela e em Israel por motivos políticos. Todavia, no 
Brasil, segundo o que foi escrito no primeiro Ritual do REAA 
(1834), e este era cópia do Ritual usado na França e isto é 
“prova provada”, e era e ainda é usado em quase todas as 
partes do mundo sendo que a cor principal do rito é vermelha, 
especialmente no Avental do 3° grau e na decoração, dossel, 
além de outros ornamentos do Templo, e ainda considerando 
que quase em todos os países do mundo onde haja o REAA a 
cor do Avental do Mestre a orla é vermelha, confirmando a cor 
vermelha como a principal e não a azul. 
Mas se é obrigado a aceitar a decisão de cada Potência, com 
suas peculiaridades. Todavia, certos Grão-Mestres, não todos, 
baixam decretos, acreditando serem maiores que o próprio 
Rito ou donos do mesmo, e mudam as regras do jogo da 
maneira que lhes interessa. E assim um rito vai sendo alterado. 
Isto vem acontecendo no Brasil com o REAA desde o ano da 
 
 
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Proclamação da República. Eles, os Grão-Mestres, são 
poderosos, mas não são maiores que um Rito que por ventura 
sua potência venha a adotar. O Rito tem que ser respeitado em 
seus mínimos detalhes como ele foi criado. Há mais de cem 
anos os Grão-Mestres, Secretários de Liturgia e Ritualística ou 
Comissões encarregadas destas modificações errôneas se 
esqueceram que são mortais, que não são perenes, mas os 
sofismas que eles praticaram marcam negativamente as 
gerações de maçons, as quais inocentemente aceitam mentiras 
como verdades, pois a maioria dos maçons atuais iniciados no 
REAA quando foram recebidos na Ordem já receberam os 
conceitos errados e isto passou a ser uma verdade para eles. 
Existem autores e defensores da cor azul alegando que o azul 
é a cor de todos os Ritos no Simbolismo na Maçonaria. Todavia, 
apesar desta afirmação ser defendida por muitos autores já 
que a Maçonaria por ser eclética permite uma enorme variação 
de pensamentos e ideias, de interpretações, lançam mão de 
qualquer argumento para comprovarem seus pontos de vista 
se valendo muitas vezes destes sofismas citados. De fato, o azul 
é a cor do Simbolismo nos Ritos que já nasceram azuis. Com o 
REAA foi diferente. Tornar a sua cor principal azul, quando ele 
nasceu e foi sacramentado vermelho é uma mentira histórica. 
 Mas não é o Avental e nem cor dele que fazem um bom 
Maçom. São os seus sentimentos de humanidade de bondade 
integridade, atitude, de tolerância seu caráter, sua mente 
aberta, seu desenvolvimento espiritual, seu autoconhecimento 
é que farão dele um construtor social, um livre pensador 
 
 
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verdadeiro, desde que sempre esteja comprometido com a 
Verdade. Hoje no século XXI, infelizmente já não importa a cor 
do Avental na Maçonaria brasileira, mas a história da 
verdadeira cor mais importante do REAA tem que ser 
preservada para a posteridade, ou seja, o vermelho. 
 
P.S. Este trabalho foi revisado pelo nosso querido e estudioso 
Irmão Pedro Juk sem dúvida um dos maiores conhecedores da 
história do REAA no Brasil, além do mais um honesto 
pesquisador que somente aceita a Verdade como meta pessoal 
na Ordem e tambem na sua própria vida profana, ao qual 
agradecemos imensamente. 
 
Referências 
AARÃO, M. História da Maçonaria no Brasil - Recife 1926. 
AMBERLAIN, R. “A Franco Maçonaria – Origem - História - 
Influências” brasa –São Paulo, 1990. 
CASTELLANI, J. “O Rito Escocês Antigo e Aceito” Editora 
Maçônica “A Trolha Ltda.” Londrina, 1988. 
CARVALHO, F.A. “O Avental Maçônico e outros estudos” 
Editora Maçônica “A Trolha Ltda.” 
PROBER. K. “História do Supremo Conselho do Grau 33 do 
Brasil” Editora Livraria Kosmos Editora - Rio de Janeiro, 1981 
Livro “ Formação Histórica da Maçonaria” - Academia 
Maçônica de Letras (Anais do I Congresso Internacional de 
 
 
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História e Geografia – Rio de Janeiro 19 a 21 de março de 
1961) 
Bigorna nº 39 Julho – 1983 – Kurt Prober 
Revistas: 
“A Trolha” nº 49 – O verdadeiro Avental – José Castellani 
Set/Outubro 1990 
“A Trolha” nº 53 - O Avental – Kurt Prober – Março 1991 
"A Trolha” nº 54 - As cores do Rito Escocês Antigo e aceito - 
José Castellani Abril 1991 
“A “Trolha” n°54 – A História das Alterações do Avental do 
Grau de Mestre do REAA – Hercule Spoladore – Abril 1991 
Trabalho: As cores do Rito Escocês Antigo e Aceito e os 
Aventais do 1º, 2º 3º graus – Lutfala Salomão – 06/12/1991 – 
Londrina – PR 
Rituais: antigos e atuais do GOB, GGLL COMAB 
Boletins do Grande Oriente do Brasil 
Nº 08 – Agosto de 1889 – ano 14, página 118 
N°08 - Agosto de 1902 – ano 27 – página 589 
N°03 - Março 1927 – ano 52 - pg. 216 
 
 
 
 
 
 
 
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POSIÇÃO DO ALTAR DOS JURAMENTOS 
EM LOJA DO REAA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
O Altar dos Juramentos faz parte do mobiliário de uma Loja, 
aqui no Brasil nos seguintes Ritos: REAA, Adonhiramita, 
Brasileiro e Rito de York Americano (Lojas Azuis). Não existe 
nos Rito Francês ou Moderno, Trabalho de Emulação, Rito de 
Schröder ou Alemão e no Rito Escocês Retificado. 
No REAA na maioria das lojas ele está atualmente situado no 
Ocidente no centro da Loja. Entretanto, em muitas Lojas ele 
está no Oriente seu verdadeiro lugar. 
No Rito de York Americano também, ele está localizado no 
centro da Loja, aliás, esta sempre foi a sua posição desde a 
criação do Rito. Nos Ritos Adonhiramita e Rito Brasileiro ele 
sempre esteve localizado no Oriente. 
Quanto à sua posição em Loja tem que se considerar vários 
aspectos: 
 a) ele seria um símbolo de origem puramente maçônica, criado 
a partir do pedestal ou altar do Venerável, onde nos ritos 
antigos, especialmente na Inglaterra, os iniciados ajoelhados 
em frente ao Altar prestavam seu juramento. 
 
 
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 b) O Altar dos Juramentos seria copia do Altar-Mor das Igrejas 
Católicas. Sabemos que a Maçonaria copiou muita coisa da 
Igreja, inclusive o Templo, o qual de Templo de Salomão não 
tem nada ou apenas o lembra. Quando se fala em Templo de 
Salomão tudo é simbólico ou alegórico. Quando a Maçonaria 
começou a existir perto a Igreja Católica, simplesmente já 
existia há mil anos. E a Maçonaria copiou muita coisa da Igreja 
Católica, aliás, não só da Igreja Católica, bem como de 
entidades iniciáticas antigas, Bíblia e também assimilou muita 
coisa da cultura dos antigos, seus símbolos suas lendas. 
c) Ou ele seria um símbolo equivalente a uma peça do Templo 
de Salomão correspondente ao Altar dos Holocaustos. 
Tem Irmãos estudiosos como Teobaldo Varoli Filhoe João Nery 
Guimarães, Pedro, Juk além de outros que defendem que este 
símbolo tem seu verdadeiro lugar no Oriente, alegando que na 
Maçonaria Primitiva os compromissos eram tomados no 
próprio Altar do Venerável sendo, portanto, uma tradição que 
deveria ser respeitada. A Maçonaria Inglesa através do 
Trabalho de Emulação e o Rito Escocês Retificado ainda usam 
este sistema. Na França quando o REAA foi reorganizado em 
1804 quando o iniciando fazia seu juramento no primeiro grau 
ficava ajoelhado em frente ao Altar do Venerável. 
Posteriormente por comodidade e diversidade de potências e 
de ritos criou-se um complemento prismático triangular no 
próprio Altar e que com o tempo criaram um tamborete ou 
móvel triangular posteriormente de forma quadrangular 
completamente desvinculado do mesmo, porém com 
 
 
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localização no Oriente. Este seria um dos poucos símbolos 
genuinamente maçônico, já que os demais são todos 
emprestados de outras entidades iniciáticas esotéricas, da 
Igreja Católica, da Bíblia e da cultura e crenças de povos antigos 
etc. e que a correspondência do Altar dos Juramentos seria 
com o Altar–Mor da Igreja Católica, isto inicialmente quando a 
Maçonaria começou a trabalhar em Templos, porque depois 
criaram um móvel próprio para as Iniciações. Mas inicialmente 
teria sido cópia do Altar-Mor, segundo Castellani. 
Outros autores defendem que a posição do Altar dos 
Juramentos, seria no Ocidente baseados copiando ou 
comparando com o Templo de Salomão, que seria uma alegoria 
ao Altar dos Holocaustos, o qual a exemplo do Mar e Bronze, 
Colunas J e B Altar dos Perfumes que na descrição bíblica 
estavam fora do templo, foram interiorizados para dentro dos 
templos maçônicos e ganharam vida própria e outras 
interpretações simbólicas. 
Segundo outros autores o Altar dos Holocaustos situado no 
centro do pátio do Templo de Salomão para os judeus era um 
altar de sacrifícios onde ofereciam uma vítima para louvar a 
Deus, geralmente um animal. No Altar dos Juramentos para 
muitos autores o Iniciando oferece o sacrifício de vencer suas 
paixões, e renascer para uma nova vida. Tudo o que se está 
falando é puramente simbólico. Os autores que interpretam 
assim acham que o Altar deva estar no centro da Loja, porque 
ele estava no centro do pátio por fora do Templo de Salomão. 
 
 
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Parece que esta intepretação não tem respaldo pela maioria 
dos autores. 
Certas Potências no Brasil que praticam o REAA o Altar dos 
Juramentos está no local correto sou seja no Oriente, já que 
historicamente ele estava no Oriente, ele nasceu lá no Oriente. 
Simbolicamente o lugar dele é no Oriente. Outras Potências o 
colocaram no centro da Loja, dando a sua própria 
interpretação deste símbolo. 
Possivelmente foi para maior facilidade para o trânsito dos 
Diáconos, Mestre de Cerimônia, durante a sessão, já que em 
muitos templos, o Altar dos Juramentos no Oriente atrapalha 
esta deambulação por se ter pouco espaço. 
Todavia, tradição é tradição e o local correto do Altar dos 
Juramentos é no Oriente segundo a maioria dos autores. 
Referências: 
CASTELLANI, José – “Liturgia e Ritualística do Grau de Aprendiz 
Maçom” 
NAME, Mario – “Templo de Salomão nos Mistérios da 
Maçonaria” 
HORNE, Alex - “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica” 
VAROLI, Teobaldo Fº - “Curso de Maçonaria Simbólica” 
 
 
 
 
 
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VELAS E SEU SIGNIFICADO NA 
MAÇONARIA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
Um ensaio sobre as Velas e seus usos na Ordem. 
Toda vela ao ser acesa, ou será como iluminação, ou como 
ornamentação do ambiente ou então fará parte de um ritual 
onde a concentração mental e a chama como elementos 
simbólicos comporão um processo especial onde acontecerá 
uma intenção, como por exemplo, um desejo, uma promessa, 
uma oferta votiva uma invocação quer com fins religiosos ou 
mágicos. Na Maçonaria, nos ritos em que elas 
existem,participam de um simbolismo muito profundo quando 
da invocação de Deus, no inicio e durante e no final de uma 
sessão ritualística. 
É importante o uso do poder da mente e o desejo de se obter 
algo quando se acende uma vela. Uma das velas usada na 
Maçonaria é uma vela grande chamada círio a qual deverá ter 
em sua composição mais de 50% de cera de abelha, o que lhe 
garantirá uma chama pura. 
 
 
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As velas são usadas desde a mais remota antiguidade, inclusive 
sendo usadas pelos pagãos e pelos povos primitivos ou como 
iluminação ou com fins iniciáticos ou religiosos. Somente a 
partir do século V foi que seu uso se generalizou na Europa. 
A vela não é, portanto, um símbolo criado pela Maçonaria, 
sendo emprestado da Igreja Católica adotado por ela, e que 
também copiou dos antigos e deu sua própria versão. 
As verdadeiras velas são constituídas por um bastonete de cera 
de abelhas, ou então as fabricadas hoje industrialmente não 
sendo, portanto, as verdadeiras velas de outrora, onde usam 
uma composição de acido esteárico ou de parafina que envolve 
uma mecha luminosa, cuja combustão fornece uma chama 
luminosa. A matéria prima mais empregada era a fabricação de 
velas era cera de abelha, sebo, óleo de baleia, gordura animal. 
Posteriormente a indústria mais desenvolvida passou a usar 
produtos de destilação do petróleo, xisto betuminoso 
(parafina) bem como ésteres esteáricos da glicerina 
(estearina). Nas funções religiosas da Igreja Católica são usados 
os círios que é em realidade, uma vela grande. A maçonaria 
adotou o mesmo critério. Durante séculos os círios foram 
fabricados em cera de abelha pura. Isto é, sem mistura. 
A chama de um círio é para os Maçons, pura, viva e ritualística 
e há nela uma profunda espiritualidade. Enquanto que a chama 
produzida a gás, ou por velas de estearina ou parafina, que 
fazem parte das velas comuns, e ainda por lâmpadas elétricas 
imitando uma chama de vela são estranhas artificiais e 
 
 
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impuras, mas substituem as velas de cera, porque tudo mudou 
no mundo. 
 
 
Os tempos mudaram a Maçonaria, não em seus princípios que 
continuam duradouros, mas mudou e os maçons de hoje 
também mudaram, mas a essência deste simbolismo não 
mudou e através da imaginação e do seu poder mental os 
maçons podem sentir que as ditas velas chamadas impuras 
possam fazer o mesmo efeito simbólico das velas puras, pois 
tudo é simbolismo. É tudo uma questão de reprogramação 
mental Hoje as velas de cera de abelha são bastante caras e 
não se tem mais a certeza de que sejam totalmente de cera de 
abelha. Então que se imagine e que se que a chama de uma 
vela atual tenha o mesmo valor simbólico e espiritual, mas o 
maçom terá que senti-lo como tal, e que as sempre lembradas 
velas de cera de abelha e a essência dos princípios maçônicos 
continuarão os mesmos. 
Antes do advento da luz elétrica as velas eram usadas com fins 
litúrgicos na Maçonaria simbolicamente, e também como 
iluminação dos locais onde os maçons se reuniam. Hoje 
fabricam lâmpadas elétricas que simulam artificialmente a 
chama de uma vela. Atualmente uma grande maioria de lojas 
substituíram as velas de cera por lâmpadas imitando velas. 
Uma rica tradição, simbólica e poderosa foi aos poucos sendo 
abandonada em favor do modernismo. Felizmente muitas 
 
 
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Lojas, para o bem da tradição ainda conservam os costumes 
antigos usando velas de cera de abelha. 
Segundo Boucher, a cera de abelhas, quando faz parte de uma 
vela acesa apresentam dentro da ritualística maçônica os 
seguintes símbolos: Trabalho, Justiça Atividade e Esperança. 
Há ainda outro símbolo, muito usado na Maçonaria Americana, 
a Colmeia que significa o Trabalho e a Diligência. 
No Catolicismo o uso das velas é antigo, apesar dos primeiros 
cristãos ridicularizarem os pagãos que empregavam velas em 
seus ritos, e passaram a usa-las. As velas foram oficializadas 
quando no século V em Jerusalém foi feita a primeira procissão 
de velas. No século XI a Igreja adotou o uso das velas sobre os 
altares, já que até então elas eram dispostas a frente dos 
altares para uso litúrgico e atrás dos mesmos para 
ornamentação e iluminação. 
Para alguns autores sacros o Pai seria a cera, o Filho, o pavio e 
a chama seria Espirito Santo. Ainda representaria outro 
ternário: corpo alma e espirito. 
Se observarmos atualmente os círios na Igreja Católica eles 
contem inúmeros símbolos gravados no bastonete da vela de 
cera que usam. 
As velas são usadas em festas judaicas em especial na festa de 
Hanukhah ou Festa da Dedicação ou ainda das Luzes, que dura 
oito dias, e são acesas progressivamente oito velas, uma cada 
 
 
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dia, do chanukiá que é um candelabro de sete braços chamado 
menorah. 
Na umbanda e no candomblé como são conhecidos 
atualmente, também usam as velas como oferendas ou como 
pedidos. Os adeptos destas religiões costumam acender velas 
de cores de acordo com as entidades invocadas. 
Adeptos do ocultismo, ou também como são conhecidos 
atualmente como bruxos ou simplesmente magos utilizam 
velas para realizar seus rituais, com fins mágicos. Segundo 
manuais de ocultismo os magos visam através destas práticas, 
liberar seu subconsciente. Trabalham em silêncio e seus 
trabalhos exigem muita concentração. Costumam antes das 
sessões de magia, queimar incenso para despertar a mente. A 
seguir usam um óleo especial para untar a vela visando desta 
forma criar um elo entre a vela e o mago através do tato. Ainda 
ao passar as mãos na vela acreditam que transmitam a ela as 
suas próprias vibrações que passaria a atuar como um magneto 
psíquico. Enquanto o mago unta a vela, ele dirige a mente ao 
que está desejando. Citam os manuais de magia que todo 
trabalho perfeito do mago é realizado em primeiro lugar na sua 
mente. “O que sem tem na mente torna-se realidade” afirma 
uma escola parapsicológica. Como se pode observar o uso das 
velas nestas situações é importante até na Magia. 
Segundo autores maçônicos a velas da época das corporações 
de oficio e das guildas seriam ofertas votivas. Não nos dão a 
ideia de que os maçons operativos promoviam a guarda de 
votos de gratidão, por graças recebidas. Mas como a maçonaria 
 
 
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operativa era totalmente católica e a Igreja já existia há mil 
anos antes dos maçons operativos se acredita que estes 
seguiam a mesma tradição católica em relação ao uso das 
velas. Seria apenas a continuação de um costume já antigo no 
mundo, religioso ou não. 
 
 
A tradição maçônica está ligada a todas as filosofias antigas às 
religiões, inclusive a Católica, e em especial em muitos dos seus 
símbolos. 
Um fato que chama a atenção é que após a fundação da Grande 
Loja de Londres fundada em 24/06/1717, quando a Maçonaria 
ilusoriamente se tornou Especulativa ou Moderna, pois desde 
1600 já estavam recebendo “maçons aceitos”, a orientação 
católica enfraqueceu a Ordem dela passou a contar com a 
participação muito grande de pastores principalmente de 
anglicanos e luteranos. Foi nesta fase que a Ordem além da 
influência evangélica, começou a receber um novo contingente 
de alquimistas, cabalistas, rosacrucianos e ocultistas que 
enriqueceram os nossos símbolos, em nossos rituais. Somos 
obrigados a raciocinar que estes novos tipos de maçons 
introduziram algum simbolismo a mais às velas, além dos 
sentidos espirituais. 
Mas de qualquer forma as velas que desde as épocas mais 
distantes representam para certas correntes espiritualistas a 
 
 
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Sabedoria, Iluminação, Conhecimento e Realização espiritual e 
ainda a alma imortal. 
Sabemos que os maçons pertencentes à Grande Loja e Londres 
eram chamados de Modernos e que tiveram por muito tempo 
influência grande no mundo maçônico. Eles acendiam velas, 
provavelmente círios (vela grande) em seus candelabros e as 
chamavam de as Três Grandes Luzes que representavam as 
posições do Sol em seu trajeto diário e noturno nas vinte e 
quatro horas. Diziam também que elas significavam o Sol, a Lua 
e o Venerável da Loja. 
Este conceito temos até hoje em nossas instruções em Loja. 
Entretanto a grande rival da Grande Loja de Londres, ou seja, a 
Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons, fundada em 1753, 
consagrada aos Antigos obedeciam às Antigas Obrigações (Old 
Charges) que até então respeitavam os “maçons livres em loja 
livre” isto, é lojas sem potência. 
Somente em 1813 é que se uniram a Grande Loja de Londres e 
a Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons e fundaram a 
Grande Loja Unida da Inglaterra como é conhecida hoje. Os 
Antigos admitiam as três velas como Pequenas Luzes que 
representavam o Venerável e os dois Vigilantes E as Grandes 
Luzes que seriam o Livro da Lei o Esquadro e o Compasso. 
Os círios ou velas são também chamados de Estrelas. Por isso 
usa-se em Maçonaria a expressão “Tornar as estrelas visíveis” 
quando o Venerável ordena em alguns ritos que se acendam as 
velas. Quando uma Loja recebe visitantes ou Dignitários 
 
 
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ilustres e que serão recebidos de acordo com o protocolo de 
recebimento com tantas estrelas conforme sua importância na 
Ordem. Todavia segundo um antigo costume as estrelas (velas) 
não serão usadas para iluminar os visitantes, mas sim para 
representar Luz que eles representam. 
O número e a disposição das velas em Loja variam, conforme o 
costume, grau, rito e até à potência à qual pertencem. 
Desde o inicio da Maçonaria Especulativa ou Moderna foram 
usadas três velas grandes (círios) colocando-as em cima de 
grandes candelabros. Está claro que deveriam existir outros 
tipos de velas ou candeeiros com finalidade de iluminação, ou 
fonte de luz já que não já nesta época não se tinha descoberto 
o uso da energia elétrica. Em algumas Lojas eram colocados no 
chão em forma de triângulo. No fim do século XIX as velas 
foram colocadas ao lado do Venerável e dos Vigilantes 
(tocheiros como são chamados no Trabalho de Emulação). 
Atualmente dependendo do Rito usa-se uma vela em cima do 
Altar das Luzes e além das três citadas, usa-se três círios ao lado 
do Altar dos Juramentos, ou painel das Lojas ou como no caso 
do Rito de Schröder que não tem Altar dos Juramentos, mas 
estende-se o seu maior símbolo, o Tapete entre três círios. 
O modernismo fez com que quase em todas as Lojas, a velas 
fossem substituídas por lâmpadas de luz elétrica imitando os 
bastonetes das velas. 
Portanto, não há mais parâmetros de comparação ou um 
estudo mais sério a respeito. E com o modernismo veio 
 
 
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normalmente a alteração das interpretações, e isto é um fato, 
mas ao lado este detalhe, os inventores, “achistas” irmãos que 
gostamde aparecer, fazendo suas fantasias virarem 
procedimentos, trataram de alterar ainda mais a Ordem. E 
estas mudanças feitas pelo próprio maçom, acabam tornando-
se verdades para principalmente os que foram iniciados na 
Ordem após elas terem disso realizadas. 
Posteriormente com a criação de novos Ritos foram criados 
procedimentos ritualísticos, diga-se de passagem, alguns deles 
muito lindos como é o caso do Rito Adorinhamita e o Rito de 
Schröder (Alemão). 
Já o Rito Francês ou Moderno aboliu-se definitivamente o uso 
das velas, do Altar dos Juramentos e da Bíblia. 
O REAA usa as velas com finalidade litúrgicas. Além das velas 
sobre os altares do Triângulo Dirigente, é comum observar 
velas acesas em cima dos altares do Orador e Secretário e das 
Luzes Místicas que triangulam o Altar dos Juramentos onde 
deve estar a Bíblia aberta. Estas três velas representariam 
simbolicamente os três aspectos da Divindade: Onisciência, 
Onipresença e Onividência. 
As cerimônias de acendimento das velas deveriam obedecer 
alguns princípios que seguem as antigas tradições Sempre o 
Fogo Sagrado deverá vir do Oriente, pois toda Sabedoria, e 
toda Luz vem do Oriente. 
As velas não podem ser acesas com isqueiros, gasolina fósforos 
enxofrados, ou qualquer outro meio que produza fumaça ou 
 
 
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cheiro fétido. A vela do Altar do Venerável deverá ser acesa 
através de outra vela intermediaria, para que a chama recebida 
possa ser pura. Igualmente ao apaga-la não poderá ser com o 
hálito que é considerado impuro, ou com dois dedos se 
tocando, abafando a chama como é comum ocorrer. Esta 
tradição a Maçonaria foi buscar na Antiga Pérsia segundo 
Boucher que afirma que o culto ao Fogo dos persas era tão 
sagrado que jamais empregavam o hálito ou sopro para apagar 
a chama, bem como jamais usavam agua para apagar o fogo. 
Isto quando estavam executando uma cerimonia sagrada ou 
ritualística. Provavelmente usavam o sopro e a agua para 
apagarem o fogo fora dos seus templos ou lugares sagrados. 
Devemos usar um velador, adaptado com um abafador. Um 
velador é um suporte fino de uns 30 cm de comprimento feito 
de madeira ou metal na extremidade do qual existe um disco 
para a vela ou candeeiro. Perto da extremidade adapta-se um 
abafador pequeno de metal para apagar a vela. Todavia nem 
sempre o velador deverá ter um abafador ou apagador de 
velas, acoplado. Um abafador ou apagador de velas poderá ser 
uma peça de madeira ou de ferro, tendo presa a uma das suas 
extremidades uma espécie de campânula que se usará para 
abafar ou apagar a chama da vela, mas nunca com sopro ou 
outro meio. 
Alguns autores sugerem que o Venerável e Vigilantes utilizem 
o próprio malhete para apagar a vela de seus altares. Não nos 
parece esta prática, uma maneira adequada para se apagar 
uma vela dentro de uma sessão ritualística que tem um 
 
 
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simbolismo tão profundo. E ainda tem que se considerar que o 
malhete não foi feito para dar pancadas em velas para apaga-
las. Isto é um absurdo. 
Três dos Ritos existentes no Brasil têm uma ritualística própria 
e especial muito interessante com relação às velas, que 
merecem ser mencionadas. São muito lindas, e repleta de 
espiritualidade, que vale a pena serem descritas como está no 
Ritual porem de maneira sintética só descrevendo suas etapas 
mais importantes, onde mostram o trajeto das velas durante 
esta cerimônia de abertura e fechamento da Loja. 
No Rito Adonhiramita esta passagem ritualística chama-se 
Cerimônia do Fogo. Antes do início da sessão o Arquiteto, 
Mestre de Cerimônia e 1º Experto acendem o Fogo Eterno ( 
Reavivamento da Chama Sagrada) que é uma grande vela um 
círio portanto, que fica situado no Oriente entre o Altar dos 
Juramentos e o Altar do Venerável. Após iniciada a sessão é 
realizada a Cerimônia da Incensacão que é uma parte da 
ritualística. A seguir, o Venerável ordena ao Mestre de 
Cerimônia que realize a Cerimônia do Fogo. O Mestre de 
Cerimônias com um velador ou acendedor apanha a Chama 
Sagrada junto ao Fogo Eterno, que está entre o Altar dos 
Juramentos e o Altar da Sabedoria ou do ou do Venerável e o 
conduzirá ao Altar do mesmo. Este, ao receber o velador, 
ergue-o com as duas mãos à altura de sua face e diz: “Que a 
Luz da Sabedoria ilumine nossos trabalhos” Em seguida acende 
sua vela e diz ”Sua Sabedoria é infinita” o Mestre de Cerimônia 
leva a chama ao Altar do Primeiro Vigilante Este igualmente 
 
 
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ergue o velador à altura da face e diz” Que a Luz de sua Força 
nos assista em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Força 
é infinita” Repete-se o mesmo procedimento com o 2° 
Vigilante e este dirá: ” Que a Luz de sua Beleza manifeste-se 
em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Beleza é infinita”. 
O Mestre de Cerimônia apaga a Chama do velador com o 
abafador ou apagador e comunica ao Venerável que terminou 
a cerimônia. Este no final da sessão após vários procedimentos 
ritualísticos determina ao Mestre de Cerimônia que proceda o 
adormecimento do Fogo. 
O Mestre de Cerimônias vai até o 2° Vigilante e entrega-lhe o 
abafador ou apagador. Este adormece a Chama dizendo “Que 
a Luz de sua Beleza continue a flamejar em nossos corações”. 
Devolve o apagador para o Mestre de Cerimônias vai ao Altar 
do Primeiro Vigilante entrega-lhe o apagador: “Que a Luz de 
sua Força permaneça em nossos corações” e adormece a sua 
chama. É devolvido ao Mestre de Cerimônia o apagador que vai 
até o Venerável e este ao apagar ou adormecer a sua Chama 
dirá: “Que a Luz da Sabedoria prossiga habitando nossos 
corações”. O Mestre de Cerimônia volta ao seu lugar a e avisa 
que procedeu a Cerimônia de Adormecimento do Fogo. 
O Venerável termina a sessão, todos saem, permanecem no 
Templo apenas o Irmão Cobridor Interno, Mestre de Harmonia 
e Arquiteto, sendo este o último a sair do templo após 
adormecer a Chama Sagrada o que fará em companhia do 
Mestre de Cerimonia e 1° Experto que se colocam numa 
posição a formar um triangulo. O Arquiteto fechará o templo 
 
 
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No Rito de Schröder ou Rito Alemão no centro do Templo há 
um Tapete o qual contém todos os símbolos do Rito e que é 
desenrolado no início dos trabalhos de uma sessão, sendo 
enrolado no final com uma ritualística especial. Ao lado do 
tapete junto às bordas estão três Colunas Dórica Jônica e 
Coríntia de 90 cm a 120 cm em cima das quais estão três círios, 
um em cada coluna. 
Já antes do início da sessão deverá estar acesa uma vela fixa, 
chamada de Luz do Mestre, no Altar do Venerável o qual 
entregará ao Primeiro Diácono uma pequena vela que foi acesa 
na Vela do Mestre. O Primeiro Diácono vai até o Altar do 
Segundo Vigilante e acende sua vela e a seguir vai até o Altar 
do Primeiro Vigilante e acende também sua vela. A seguir o 
Primeiro Diácono segue pelo Norte e vai até o Altar do Primeiro 
Vigilante e vai até a Coluna Jônica que está ao lado Tapete e 
aguarda o Venerável que chega em seguida e lhe entrega sua 
pequena Vela. O Venerável acende com esta pequena vela o 
círio da Coluna Jônica e diz “Sabedoria dirija nossa Obra”. O 
Primeiro Vigilante acende o círio da Coluna Doria e dirá: “Força, 
execute-a” e o Segundo Vigilante acende em seguida o círio da 
coluna Coríntia e diz: “Beleza, adorne-a”. No final da Sessão, O 
Venerável e os Vigilantes se colocarão junto às suas colunas 
representativas já citadas, que estão localizadas nos três 
cantos ao lado Tapete. Os círios vãosendo apagados e as Luzes 
da Loja dirão: Primeiro Vigilante - “A Luz se apaga, mas que, em 
nós atue o fogo da Força”. 2° Vigilante – “A Luz de apaga, mas 
que fique, em torno de nós o brilho da Beleza”. Venerável: – “A 
 
 
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Luz se apaga, mas que, sobre nós continue a brilhar a Luz da 
Sabedoria” 
O Rito Brasileiro não nega que tenha emprestado as cerimônias 
mais lindas dos demais ritos praticados no Brasil e colocadas no 
seu ritual. Tem também a cerimônia do acendimento das Luzes 
Místicas que é uma adaptação das cerimônias usadas nos Ritos 
Adonhiramita e de Schröder, mais simples, porém também 
muito bonita. 
O Criador dos mundos emite continuadamente Sabedoria 
Força e Beleza. Para nós Maçons, compete apenas abrirmos o 
canal espiritual para recebermos esta Energia. Uma vela dentro 
da nossa ritualística, quando acesa funciona como um emissor 
repetidor das vibrações mentais nela enfocadas e 
concentradas. Enquanto estiver ardendo a chama estará se 
repetindo o propósito pelo qual a vela foi acesa. Ela é, pois o 
símbolo do Fogo Sagrado emitido pelo GADU. Mas não 
esqueçamos que através tão somente do poder mental que 
todos nós possuímos, verdadeira dádiva de Deus, poderemos 
desde que nossa mente devidamente sintonizada em ondas 
alfa ou téta, e programada para esse fim, conseguir o mesmo 
efeito que uma vela acesa dentro de um Templo maçônico. 
Tudo dependerá do grau de concentração no Criador. Mas de 
qualquer forma as velas sagradas usadas nas nossas 
ritualísticas, tem um valor muito grande para que nossa mente 
fique focada totalmente no GADU. 
Referências 
 
 
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ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria 
Simbólica Vol. 4 
BOUCHER, Jules - La Symbolique Maçonique 
CASTELLANI, José – Liturgia e Ritualística do Aprendiz Maçom 
CHARLIER, René Joseph – Pequeno ensaio da Simbólica 
Maçônica. 
HOWARD, Michael - Uso mágico das Velas e seu significado 
oculto 
 
 
AXIOMAS E SOFISMAS NA MAÇONARIA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
Axioma - é uma verdade indemonstrável, irrefutável, que não 
se pode contestar. É uma proposição evidente e aceita sem 
necessidade de explicação. O axioma se constrói sem qualquer 
apelo ao critério subjetivo de evidenciar. Por esta razão é 
aceito como verdade absoluta e serve como ponto inicial para 
a demonstração de outras verdades. É uma premissa 
totalmente evidente que se admite universalmente como 
verdadeira que se aceita sem exigir uma demonstração, sem 
argumentação em contrário. O axioma é uma verdade 
inquestionável, pois é uma verdade universal. O verdadeiro 
maçom é guiado pela inquestionável verdade, ele não deve 
cometer sofismas. Exemplos de axiomas: 
 
 
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“Um maçom não é maior que a Maçonaria” 
“Dois maçons honestos iguais a um terceiro maçom honesto 
são iguais entre si” 
“A parte nunca será maior que o todo” 
Sofisma - É uma mentira manipulada de forma proposital 
usando-se argumentos distorcidos para que se pareçam 
verdadeiros. É uma argumentação falsa com aparência de 
verdadeira. 
É um argumento valido na aparência, mas na verdade incorreto 
do ponto de vista lógico utilizado para iludir os outros. Na 
Maçonaria são usados por obra e graça de maçons que são 
vaidosos, ególatras, ou do seu interesse ou da paixão ou ainda 
da ignorância. O sofisma se utiliza de um argumento que 
partindo de premissas verdadeiras ou consideradas como tais 
chega a uma conclusão inadmissível que não pode enganar a 
ninguém, mas que parece correta conforme as regras formais 
do raciocínio. 
O sofisma tem o objetivo de impingir uma ilusão da verdade a 
algo apresentando sob um esquema aparentemente que segue 
as regras da verdade, mas não da lógica. 
É um raciocínio vicioso aparentemente correto e concebido 
com a intenção de se induzir a um erro. 
Há maçons, utilizando o direito da busca da Verdade que a 
Ordem prega, são os que usam argumentos axiomáticos são 
 
 
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portanto os autênticos, pois a Ordem tem um leque fantástico 
de opções para manipula-la, ou para a verdade ou para a 
mentira. Quando se trata de sofismas as mentiras são muito 
comuns nos achismos, invenções e os acréscimos que induzem 
e os colocam nos Rituais. 
Exemplo de sofismas maçônicos: “a história do 20 de Agosto 
como o “Dia do Maçom brasileiro” 
”A Maçonaria é adogmática”. 
“As mais de sessenta classificações de landmarques”. Logo qual 
é o verdadeiro? 
O Rito Adonhiramita tem 13 graus e não 33. 
Alguns exemplos de sofismas: Google 
- “ Quando bebemos ficamos bêbados 
Quando estamos bêbados, dormimos 
Enquanto estamos dormindo não cometemos pecados 
Se não cometemos pecados vamos para o ceu” 
Conclusão: Para irmos ao ceu devemos estar bêbados. 
- Deus é Amor 
O Amor é cego 
Stevie Wonder é cego 
Conclusão: Stevie Wonder é Deus. 
 
 
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- O pinguim é branco e preto 
Alguns filmes antigos são branco e preto 
Portanto pinguim é filme antigo 
Alguns Irmãos são verdadeiros buscadores, investigadores, e 
pesquisadores da Verdade sabem o que é um axioma, 
conhecem a Ordem e estão atrás da Verdade Pura, mas, a 
maioria ou por ignorância ou querer aparecer, ou por vontade 
própria, ou por achismo comete sofisma a toda a hora. Por isso 
a Ordem é tão confusa, mas ao mesmo tempo ela permite que 
isto aconteça por não ter regras mais rígidas e não ter um 
poder central mundial pelo menos normativo. É uma 
verdadeira parafernália de potências e ritos que existe em todo 
planeta, isto é, em países onde a Maçonaria é permitida. 
Quando se trata de um sofisma baseado na ignorância de quem 
o está produzindo chama-se este fenômeno de PARALOGISMO. 
E quer por ignorância ou má fé os sofismas são muito comuns 
na Maçonaria. O individuo acredita que está dizendo a 
verdade, porque ignora o que ela seja. Sua imaginação, suas 
fantasias estabelecem uma situação que parece ser a verdade 
para ele, mas não é. E ele procura convencer os outros que está 
certo. 
Os praticantes dos sofismas na Maçonaria modificam ritos, 
mudam a cor dos mesmos, mudam os diálogos já estabelecidos 
desde a fundação do referido rito, inserem cerimônias, 
acrescentam graus, inventam, mudam tudo o que podem. Às 
vezes porque acham bonito, ou porque quererem aparecer, e 
 
 
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o fazem sem fundamentos básicos da Ordem. Entretanto eles 
não têm noção de que estão descaracterizando o rito. Acham 
que estão enriquecendo o rito. Isto é um sofisma. 
A ignorância é algo useiro e vezeiro na Ordem. Mas, a má fé 
também. Muitos grão-mestres durante o período em que 
estão grão-mestres por decretos modificam os ritos, por se 
acharem com este direito. Mas em realidade um rito não pode 
ser alterado ou acrescentado de graus, pois um rito em si é 
duradouro e não pode ser alterado, pois, ele teve um começo 
quando foi criado e a ascendência moral e histórica do rito é 
maior que o tal do poder dos grão-mestres, diga-se de 
passagem, com raras exceções, pois muitos grão-mestres que 
conhecem a Maçonaria realmente buscam a verdade baseada 
em axiomas. Infelizmente não é a maioria. Estes são os 
guardiões da Ordem. 
Se uma potência adotar um rito já existente no mundo, ela 
deverá respeita-lo nos seus mínimos detalhes. Não poderá 
altera-lo. 
Outro fato resultantedos sofismas é que os que produziram 
mentiras, estas passam através do tempo a serem 
consideradas como verdades pelas novas gerações de m 
Exemplo de dois sofismas históricos: 
No ano de 1889 uma potência maçônica no Brasil começou a 
“azular” os aventais de Mestre, a ornamentação e pintura das 
paredes internas do templo, isto no Rito Escocês Antigo e 
Aceito quando cor vermelha que é de origem, a predominante 
 
 
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neste rito e não a azul. O erro se perpetuou e hoje 2/3 da 
Maçonaria brasileira que pratica este rito usa o avental azul no 
grau de Mestre e as paredes do templo são ornamentadas pela 
cor azul celeste. Isto é um tremendo sofisma. 
Outro exemplo ocorrido em 1889, na história do Brasil com a 
Proclamação da República em relação á Bandeira Nacional. A 
Bandeira Nacional republicana foi feita em cima da Bandeira 
Nacional Imperial. Não se deram ao luxo confeccionar outro 
tipo de bandeira. Aproveitaram a Bandeira Imperial tocando 
apenas o centro onde estava o brasão imperial pelo círculo azul 
onde está escrito numa faixa Ordem e Progresso, baseada lema 
do positivista de Auguste Comte “O Amor como principio a 
Ordem como base, o Progresso como meta” acrescentando 
estrelas representando os estados. O Amor que deveria 
aparecer na Bandeira, pois o povo brasileiro precisa de mais 
Amor, talvez por falta de espaço não fez parte do dístico Ordem 
e Progresso. 
Os republicanos mantiveram o fundo verde e o losango 
amarelo no centro tal qual era a bandeira imperial os e 
doutrinaram o povo que o verde representa nossas matas e o 
amarelo representa nosso ouro e minerais. Sofisma total – 
Leda mentira. A cor verde era característica da Casa dos 
Bragança de onde veio D. Pedro e o amarelo representava na 
Bandeira a Casa dos Lorena -Habsburg da Áustria de onde veio 
a Imperatriz Leopoldina. Mas a República tinha que apagar 
qualquer vestígio da monarquia então despojada do poder. 
Então cometeram um sofisma que o povo brasileiro pacato 
 
 
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engoliu até hoje acredita. Dizer que o azul representa nosso 
céu, tudo bem, mas o verde e o amarelo não tem nada a ver 
com nossas matas e nosso ouro. A história é outra. 
Mas de qualquer forma devemos manter o amor e respeito à 
nossa Bandeira, independente de sua história republicana mal 
resolvida, pois como dizia Coelho Neto “A Bandeira é a imagem 
viva da Pátria. 
 
 
 
COMENTÁRIOS A RESPEITO DOS 
CALENDÁRIOS NA MAÇONARIA 
BRASILEIRA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
 Calendário entre os vários sinônimos, consta dos 
dicionários como sendo um sistema elaborado para adequar de 
forma mais racional possível os dias, as semanas, os meses e os 
anos de acordo com os principais fenômenos astronômicos, e 
em especial os envolvidos com a posição do sol e 
eventualmente com a posição da lua. 
 
 
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 O nosso calendário atual é solar e chama-se calendário 
gregoriano. Ele pretende fazer com que o ano civil, seja o mais 
aproximado possível com o ano trópico calculado em 365,2422 
dias solares médios. Neste período deverão estar inseridas as 
quatro estações. A concordância entre anos trópico e civil é 
conseguida através de artifícios de anos ordinários e bissextos, 
ou seja, cada quatro anos aparecerá um dia a mais, no caso no 
mês de fevereiro com vinte e nove dias. 
 Quanto aos calendários lunares, estes são baseados 
nos ciclos da lua. O ano tem doze lunações, entretanto, com 
relação ao término das estações há desvios, que trazem como 
conseqüência, distorções. Estes desvios são corrigidos através 
dos calendários luni-solares pelo acréscimo de um décimo 
terceiro mês em alguns determinados anos. O calendário 
hebraico se baseia neste tipo de calendário luni-solar. 
 Alguns calendários conhecidos: 
Juliano 
Estatuído por Júlio César no ano 46 a.C. aconselhado pelo 
astrônomo Sosígenes para substituir o calendário romano, que 
era muito confuso. Mas também não resolveu. Havia uma 
discrepância muito grande dentre o ano civil e o ano trópico. 
Litúrgico ou eclesiástico 
Usado na idade média, tendo uma forma de calculá-lo muito 
complexa. O objetivo principal era a determinação da Páscoa. 
 
 
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Este calendário foi inventado no Concilio de Nicéia no ano 325. 
d.C. e ainda está em uso na Igreja Católica. 
Gregoriano 
Criado pelo Papa Gregório XIII em 1562. É o mesmo calendário 
Juliano com as seguintes alterações: anos bissextos têm o 
milésimo sempre divisível por quatro. Os anos seculares nunca 
serão bissextos a não ser que o número seja divisível por 
quatro. Assim, com as devidas correções a diferença entre o 
ano trópico e civil é quase desprezível, ou seja, de 0,0003. Para 
acertar as estações do ano foi estabelecido que na ocasião, o 
dia 04/10/1562 passasse a ser 15/10/1562. 
 
 
Muçulmano 
É um calendário lunar. O ano tem 354 ou 355 dias começando 
de 10 a 12 antecipadamente.. Ele é considerado a partir da 
hégira que é era maometana que tem como ponto de partida 
a fuga de Maomé de Meca para Medina no ano de 622 d.C. da 
nossa era atual. Esta se celebra no primeiro dia do terceiro 
mês. O nono mês é o mês do Ramadã. 
Republicano Francês 
Criado pela Revolução Francesa em 24/10/1793 O ano 
começava no dia 22 de setembro e era dividido em doze meses 
de trinta dias, mais cinco suplementares consagrados às festas 
 
 
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republicanas. Os meses tinham os nomes um estranhos a 
saber: Vindimário, Brumário, Frimario, Nivoso, Pluvioso, 
Ventoso, Germinal. Floral, Prarial, Messidor, Termidor e 
Frutidor. O mês era dividido em décadas e os nomes dos dias 
tirados da ordem natural da própria numeração. Foi 
substituído pelo calendário gregoriano em 01/01/1806. Era um 
calendário anticlerical. 
Hebraico 
O calendário hebraico é lunar e solar ao mesmo tempo e o ano 
poderá se constituir em doze ou treze meses, isto porque os 
doze meses são lunares e não englobam o período de um ano 
solar, havendo uma sobra de onze dias, visto que o ano lunar 
tem 354 dias e o ano solar 365. Isto fará com que surjam anos 
de treze meses após um ciclo variável de anos de doze meses. 
O período de cada lunação é de vinte e nove dias, doze horas e 
quarenta e quatro minutos. Como cada dia e cada mês 
começam e terminam à meia-noite, alguns meses terão trinta 
dias e outros apenas vinte e nove dias. 
O ano hebraico poderá ser iniciado em dois meses diferentes: 
Em Nissan 1º mês (março-abril) considerando o ano agrícola, 
eclesiástico ou religioso e Tsherei 1º mês (setembro-outubro) 
se considerar o ano econômico ou civil, também usado para 
assuntos históricos. 
O ano de doze meses denomina-se ano comum e pode ser de 
três formas: ano ordinário de com 354 dias, deficiente ou 
defectivo com 353 dias e abundante com 355 dias. 
 
 
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O ano de treze meses chama-se embolísmico ou intercalar e 
pode ser também de três formas: ordinário quando tem 384 
dias, deficiente quando tem 383 e abundante quando tem 385 
dias. 
O cálculo é feito na base de ciclos de dezenove anos, dos quais 
sete terão treze meses. São eles: 3º, 6º, 8º. 11º,14º e 19º sendo 
que os demais deste ciclo terão doze meses. 
Quanto ao ano em si, é mais fácil calculá-lo. Basta só 
acrescentar ao ano da era vulgar, o número3760. 
O primeiro dia do mês de Tishrei poderá variar de cinco de 
setembro a cinco de outubro, com relação ao calendário 
gregoriano durante um ciclo de dezenove anos. É preciso que 
decorram dezenove anos para que as fases da lua tornem a 
repetir nos mesmos dias do ano civil. Este espaço de tempo 
chama-se ciclo lunar. 
 Resumo do calendário hebraico 
 
Nissan corresponde a Abib – Março-Abril 1º mês 
21 março/ 20 de abril 
Ivyan corresponde á Ziv Abril-Maio 2º mês 
21 abril/20 de maio 
Sivan Maio-Junho 3º mês 
21 maio/20 e junho 
 
 
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Tamuz Junho-Julho 4º mês 
21 junho/ 20 julho 
Av (ou Ab) Julho-Agosto 5º mês 
21 julho/20 agosto 
Elul Agosto-Setembro 6º mês 
21 agosto/20 setembro 
Tishriri ou Tishrei corresponde 
 a Etanim Setembro-Outubro 7º mês 
21 setembro/20 outubro 
Marsheswan equivale a Bull Outubro-Novembro 8º mês 
21 outubro/20 novembro 
Kislev Novembro-Dezembro 9º mês 
21 novembro/20 dezembro 
Tebeth Dezembro-Janeiro 10º mês 
21 dezembro/20 Janeiro 
Shebeth Janeiro-Fevereiro 11º mês 
21 janeiro/20 fevereiro 
Adar Fevereiro-Março 12º mês 
21 fevereiro/20 março 
We Adar 13º mês 
Como se percebe, trata-se de um calendário muito complexo, 
difícil de ser entendido. 
 
 
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O seu uso é feito através de tabelas. É usado no Rito Escocês 
Antigo e Aceito nos graus superiores e a explicação prende-se 
ao fato deste rito ter sido fundado em Charleston, EUA. em 
1801 por vários irmãos,sendo a sua maioria de origem judaica. 
Outros autores referem que este calendário já era usado na 
Maçonaria anteriormente e que uso datava desde o tempo das 
Cruzadas. 
Para se ter uma idéia de como os maçons sempre usaram mal 
seus calendários, ou seja, quer inventando calendários 
próprios superpondo suas invenções em cima dos calendários 
já existentes através dos tempos, quer pelo mau uso dos 
calendários existentes, não sabendo fazer a correta conversão 
para o calendário gregoriano, causando problemas graves de 
datas históricas, será transcrito um trecho do livro 
“Maçonnerie Pittoresque”. 
“No Rito Escocês Antigo e Aceito o mês não tem começo fixo. 
Segue-se quanto a isso o calendário hebraico. Mas aqui é 
preciso assinalar uma variante. Os maçons deste rito que (na 
França) reconhecem a autoridade do Grande Oriente da França 
colocam, por exemplo, o primeiro dia de Nissan de 5842 a 12 
de março de 1842 enquanto que os irmãos que dependem do 
Supremo Conselho do grau 33 colocam a 13 de março. A 
diferença será pouco sensível neste ano, mas em 5843 será de 
uma lunação. Os escoceses do Grande Oriente da França farão 
o Nissan a partir de 31 de março e os escoceses do Supremo 
Conselho irão fixá-lo no primeiro dia do mês. Isto ocorre, 
 
 
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sobretudo por estes últimos retardarem sem razão, em um ano 
a intercalação do mês lunar embolísmico de We-Adar”. 
Este problema de confusão de calendários já ocorria na França 
no século XIX. 
No Brasil usou-se e ainda se usa um calendário primitivo 
baseado no hebraico. Só que ao invés de iniciar em Tishrei que 
é o mês civil inventaram de iniciar em Nissan a 21 de Março 
acrescentando no final o número 4000 ao invés de 3760 como 
é o correto no calendário hebraico verdadeiro. Ex. 21 de março 
de 2011 seria o 1º dia do 1º mês do ano 6011, isto na versão 
brasileira. 
Nos documentos mais antigos usavam os nomes dos meses em 
hebraico. Posteriormente algumas potências usam ainda em 
hebraico e outras usaram o número do mês, iniciando pelo mês 
de março (mês 1) 
Este pseudo-calendário hebraico foi usado pelo Rito 
Adonhiramita desde 1815 e o Grande Oriente Brasiliano, 
Brasílico ou Brasiliensi fundado em 1822 também o adotou. 
Todavia, o Grande Oriente Brasiliano deveria ter adotado o 
calendário do Rito Francês ou Moderno, pois foi fundado no 
Rito dos Sete Graus ou Francês, que se inicia em 01 de março. 
O calendário do Rito Moderno ou Francês inicialmente 
também se iniciava em 21 de março, mas em circular datada 
de 12/10/1774 pelo Grande Oriente da França, passando a 1º 
 
 
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de março argumentando que o calendário iniciado a 21 de 
março causava muita confusão. 
Este calendário institui aos meses os mesmos números de dias 
que o calendário gregoriano preconiza, dando à série dos dias 
e meses a ordem numérica, acrescentando no final para 
determinar o ano, o ano do calendário gregoriano somado a 
4000. 
Ex. dia 06/05/2011. Será o 6º dia do 3º mês de 6011. 
V:.L:.(Verdadeira Luz) 
O Trabalho de Emulação – sistema inglês usa um calendário 
mais simples. Acrescenta simplesmente o número 4000 ao ano 
vigente no calendário gregoriano. Ex: 03 de Novembro de 
6011. A:. L:.(Ano Luz) 
Os três calendários enfocados usam o número 4000 porque 
segundo a Bíblia em Gênesis, o mundo teria sido criado 4000 
anos antes da era cristã. 
Entretanto esta explicação é um verdadeiro absurdo. Sabe-se 
da Paleontologia, com sua tecnologia moderna que é possível 
determinar a idade de fósseis até com seiscentos milhões de 
anos de anos. Pela Geocronologia através de métodos 
radioativos tais como o carbono -14, urânio-chumbo, chumbo-
chumbo, potássio-argônico e samário-neobíneo puderam ter 
certeza de que a Terra se tornou sólida há quatro bilhões de 
anos e também foi possível determinar que o sistema solar 
tenha no mínimo cinco bilhões de anos. 
 
 
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Desta forma o número 4000 é mantido na Maçonaria apenas 
por uma questão de usos e costumes e pela tradição, porque 
pela Ciência não há razão de ser. 
Cada rito tem uma denominação especial para as letras que 
coloca no final do seu calendário, Para os maçons do Trabalho 
de Emulação é A:.L:. Anno Lucis - ano luz, no Rito Moderno e 
REAA é V:.L:. Vera Lucis – verdadeira luz e para o calendário 
hebraico é Anno mundi – Atualmente, principalmente no 
simbolismo quase todas as potências têm seus documentos 
são grafados de acordo com o calendário gregoriano e 
colocado no final E:.V:.- era vulgar - 
Particularidades de outros ritos e potências 
 
O Grande Oriente da Itália e da Hungria no final do século XIX 
datavam seus documentos sem determinar os milhares, por ex. 
ano 2011 seria 0,0011. 
O Rito de Memphis segue ritos orientais e usa o calendário 
egípcio cujo início ocorre quando o Sol entra no signo zodiacal, 
e a estrela Sírius entra em conjunção com o Sol coincidindo 
com a canícula a 20 a 22 de julho às 11 horas e o primeiro mês 
é Thot. 
O Rito de Misraim acrescenta ao ano da era vulgar o número 
4004. 
 
 
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Os maçons do Rito do Real Arco usam um calendário que 
acrescenta ao ano da era vulgar o numero 530, pois 
consideram como primeiro ano, a fundação do segundo templo 
de Jerusalém por Zarobabel e acrescenta a expressão A:. Inv:. 
(anno invencion) 
O Rito da Estrita Observância que existe na Europa e 
atualmente também no Brasil considera em seu calendário, o 
ano hum o ano em que a Ordem do Templo foi destruída, ou 
seja, em 1314. Aqui no caso é diminuída esta data do ano da 
era vulgar Ex. 2011-1314 = 697. 
Como a Maçonaria Brasileira usou e usa os calendários 
maçônicos 
 
Já foi citado que o calendário usado pelo Grande Oriente 
Brasiliano era o calendário pseudo-hebraico ou adonhiramita. 
(Não acrescentava à era vulgar o numero 3760 e sim 4000) 
Entretanto, o Supremo Conselho de Montezuma fundado em 
12/02/1832, por muitos anos usou o calendário do Rito 
Moderno ou Francês. Este Supremo Conselho através do 
Marquês de Caxias que era nesta época seu Soberano 
Comendador uniu-se ao Grande Oriente do Brasil em 1855, é 
possível que por influência deste, o Grande Oriente do Brasil 
em 01/01/1856 adotou como oficial o calendário do Rito 
Moderno. 
 
 
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Entretanto, segundo pesquisas do Irmão Kurt Prober, 
analisando documentos da época, o calendário do Rito Francês 
ou Moderno nem sempre foi devidamente seguido, havendo 
alternância de uso com outros calendários conforme os grão-
mestres da época. 
O calendário do Rito Moderno foi usado desde a sua adoção 
oficial até 1863.Deste ano até 1870 quando foram grão-
mestres os Irmãos Bento da Silva Lisboa (Barão de Cayru) e seu 
sucessor Joaquim Marcelino Brito, usaram simplesmente o 
calendário da era vulgar, ou seja, o gregoriano. 
De 1871 a 1876 o Grande Oriente do Brasil usou o calendário 
pseudo-hebraico ou adonhiramita através de seu grão-mestre 
José da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco) 
Em 1876 o grão-mestre em exercício Francisco José Cardoso 
Júnior, bem como seu sucessor Luiz Antonio Vieira da Silva 
usaram o calendário gregoriano. 
A partir de 1889 o grão-mestre em exercício, por poucos meses 
(03/11/1889 a 24/02/1890) o Visconde de Jary então grão-
mestre usou o calendário do Rito Moderno ou Francês. Seu 
sucessor o Marechal Deodoro da Fonseca voltou a usar o 
calendário da era vulgar. 
Somente a partir de 09/02/1892 quando assumiu o grão-
mestre Joaquim de Macedo Soares o Grande Oriente do Brasil 
voltou definitivamente a utilizar o calendário do Rito Moderno 
ou Francês. 
 
 
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Mais ou menos a partir de 1898 o Supremo Conselho do Brasil 
passou a usar o verdadeiro calendário hebraico, mas somente 
nas patentes dos graus 31, 32 e 33 em substituição ao 
calendário do Rito Moderno. 
Após o cisma de 1927 o Supremo Conselho de Montezuma 
levado pelo Irmão Mario Behring, este passou a usar o 
calendário hebraico para todos os graus filosóficos. 
O Supremo Conselho do Brasil conveniado com o Grande 
Oriente continuou a usar o calendário hebraico, mas após o 
chamado Compromisso de Pacificação em 11/11/1952 além 
dos diplomas de altos graus, passou a usar este calendário em 
todos os diplomas dos demais graus filosóficos. 
A razão de tanta polêmica da Maçonaria Brasileira á respeito 
das datas históricas, foi ocasionada pela má interpretação por 
parte de alguns historiadores das atas das primeiras sessões do 
então Grande Oriente Brasiliano. Estas atas são em número de 
dezenove e constituem o chamado Livro de Ouro da Maçonaria 
do Brasil. As dezenove atas vão desde o dia 17/06/1822 até o 
dia 25/10/1822. 
Graças ao Grande Secretário do Grande Oriente Brasiliano, o 
Irmão Capitão Manoel José de Oliveira (Irmão Bolívar), o qual 
escondeu as atas quando D.Pedro I mandou fechar o Grande 
Oriente, entregando-a depois na reinstalação do Grande 
Oriente, em 1831, agora com o nome de Grande Oriente do 
Brasil ao Vale do Lavadrio. Não fora a atitude do Irmão Bolívar, 
 
 
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não se saberia hoje em detalhes, partes importantes da história 
da Maçonaria brasileira. 
Sabe-se que em 25/10/1822 D. Pedro mandou realizar uma 
devassa no Grande Oriente Brasiliano, apreendendo moveis 
alfaias e documentos, não só do Grande Oriente, mas também 
das lojas que o compunham, ou seja “Comércio e Artes à Idade 
do Ouro”, “União e Tranqüilidade” e Esperança de Niterói”. 
A partir da leitura posterior destas atas é que se iniciou a 
confusão. Alguns historiadores incautos, ao converterem as 
datas para a era vulgar, o fizeram convertendo através do 
calendário do Rito Moderno e não do pseudo-hebraico ou 
adonhiramita que foi o calendário usado na fundação do 
Grande Oriente Brasiliano. Isto é até um paradoxo, pois se 
fundaram o Grande Oriente no Rito Moderno, deveriam usar o 
calendário do Rito Moderno. Mas como a Loja “Comercio e 
Artes” a loja mãe do Grande Oriente pertencia ao Rito 
Adonhiramita, usaram este calendário pseudo-hebraico. 
O primeiro historiador a cometer este engano foi o Irmão 
Manoel Joaquim Menezes (Irmão Penn) que esteve presente 
quando da fundação do Grande Oriente Brasiliano, mas que 
escreveu sobre o assunto somente em 1857, trinta e cinco anos 
após, através do livro “Exposição histórica do Brasil”. Este 
Irmão já estava com idade avançada, esquecendo-se que o 
calendário na época pelo Grande Oriente Brasiliano era o 
adonhiramita. 
 
 
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Assim é que mencionou a fundação do Grande Oriente 
Brasiliano em 25/05/1822, quando na realidade foi em 
17/06/1822 aos 28 dias do 3º mês do ano 5822 da V:.L:. 
A iniciação de D.Pedro I foi no dia 02/08/1822 e não no dia 
13/07/1822 (aos 13 dias do 3º mês do ano 5.822 da V:).L:. 
A posse de D.Pedro I como Grão-Mestre ocorreu no dia 
04/10/1822 e não em 14/09/1822 (aos 14 dias do 7º mês do 
ano 5822 da V:.L:. 
A famosa sessão que ocorreu no 20º dia do 6º mês do ano 5822 
da V:.L:. não foi realizada no dia 20 de Agosto de 1822 e sim no 
dia 09/09/1822. No dia 09/09/1822 realmente aconteceu uma 
sessão do Grande Oriente Brasiliano e Ledo se pronunciou a 
respeito conclamando que: 
 “as atuais políticas circunstanciais de nossa pátria.o rico, o 
fértil e poderoso Brasil demandavam e exigiam 
imperiosamente que sua categoria fosse inabalavelmente 
formada com a proclamação de nossa independência e da 
Realeza Constitucional na pessoa do Augusto Príncipe 
Perpétuo, Defensor Constitucional do Reino do Brasil”. 
Todavia como eram parcos os meios de comunicação na época, 
Gonçalves Ledo não sabia que há dois dias ou seja, no 
07/09/1822, D. Pedro I já tomado esta providência á margens 
do Ipiranga. 
Ledo só tomou conhecimento no dia 15/09/1822, pois D. Pedro 
havia viajado noventa e seis léguas em “lombo de burro” desde 
 
 
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São Paulo, chegou sozinho à noite do dia 14/09, muito cansado, 
foi dormir cedo. A boa nova só se espalhou no Rio de Janeiro 
no dia 15/09/1822. 
Alguns historiadores entre maçônicos e profanos embarcaram 
na forma errada de converter o calendário e deixaram este 
legado para muitos maçons ate os dias de hoje, que ainda 
persistem em afirmar que o Brasil foi proclamado em 
20/08/1822. É comum ainda hoje ouvir palestrantes maçônicos 
mal informados dizerem a plenos pulmões que Ledo 
proclamou a independência do Brasil dentro de um templo 
maçônico no dia 20/08/1822. 
Hoje, felizmente a grande maioria dos maçons brasileiros sabeo que aconteceu realmente, graças a escritores como o Irmão 
Mello Moraes, ao escritor profano Pereira da Silva e mais 
recentemente ao Irmão José Castellani que converteram 
corretamente o calendário pseudo-hebraico. 
 
REFERÊNCIAS 
Aslan, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria 
e Simbologia 
Mellor, A. - Dicionário da Franco Maçonaria e dos Franco-
Maçons 
Prober, Kurt - Coletânea Bigorna nº. 01 e 02 
Ritual de Aprendiz Maçom - Cayru – 1957 – GOB 
Grande Enciclopédia Delta Larousse 
 
 
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Castellani, José - Trabalho: Dia 20 de Agosto de 1822: Não 
houve sessão na Maçonaria 
Gomes, Manoel - Trabalho: “20 de Agosto ou 09 de Setembro” 
Carvalho João Alberto – Trabalho: Dia 20 de Agosto; Equivoco 
histórico 
CONDE DE SAINT GERMAIN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICÇÃO OU VERDADE? ESPECULAÇÕES. 
 
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Louco ou visionário? Aventureiro? Prestidigitador? Charlatão? 
Espião? Ou um subproduto da aristocracia das cortes 
 
 
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europeias, do cavalheirismo dos gentis-homens que existiram 
no século XVIII? Paranormal ou viajante do tempo? Ou tudo 
somente um exagero nas narrações a seu respeito ou então 
apenas um lenda? 
Falava-se que ele foi místico, alquimista, químico, ourives, 
lapidador de diamantes, cientista, aventureiro, cortesão, 
músico e compositor. 
São estas as indagações a respeito deste homem misterioso 
que viveu naquele século. Não confundi-lo com um seu 
contemporâneo Claude Louis, também Conde de Saint 
Germain que foi general e ministro da França. 
Dizem que ele teria sido filho de judeu português ou que teria 
nascido na Alemanha, na cidade de Eckenförd (Schlswig) 
Também se falava que era filho de Francis II Rakoczik e teria 
nascido na Transilvânia ou então que seria filho de Marie Ann 
de Klouburg, viúva do rei Carlos II com o conde Adanero. Mas 
sua origem é desconhecida. Nasceu segundo alguns autores no 
dia 28/05/1696. 
Teria estudado na Itália como protegido pelo Duque Gian 
Gastoni, último descendente dos Médici. 
Sabe-se que viajava muito e que sempre esteve ligado à 
música, alquimia e ocultismo e que tinha uma memória 
prodigiosa, que podia predizer o futuro, que era supostamente 
maçom e tinha atividades políticas e sociais. Assombrou muitos 
países da Europa e em especial a corte francesa da época. 
 
 
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Será relatada uma sinopse do que se conseguiu compilar 
através dos livros que falam sobre este fantástico personagem. 
Quando o Conde de Saint Germain a esfinge do século XVIII 
apareceu na Inglaterra em 1745, não foi de se surpreender que 
o inglês respeitável como Horace Walpole afirmasse: “Canta, 
toca violino maravilhosamente, compõe, é louco e não muito 
sensível”. 
Certas enciclopédias o criticaram chamando de aventureiro, 
mas há um abismo entre atribuir-lhe adjetivos e estudar sua 
vida e sua natureza. 
A polícia francesa pensava que ele fosse espião prussiano. 
Outras polícias secretas pensavam que ele fosse agente russo, 
ou partidário da restauração dos Stuarts da Inglaterra, nome 
esse ligado às origens do REAA. 
Voltaire dizia: “Homem sabe-tudo”. Um dos seus discípulos, o 
Príncipe Karl Von Hesse-Kassel escreveu que Saint Germain foi 
um dos maiores filósofos que viveu neste mundo. 
Quando o Marechal Belle-Isle, o apresentou à Marquesa 
Pompadour e a Luiz XV, seu amante, o rei estava entediado. O 
Conde manteve muitas conversações com o Rei e com a 
Marquesa sobre alquimia e outros assuntos. 
A princípio Luiz XV mostrou-se céptico em relação aos 
conhecimentos do Conde sobre alquimia e transmutação. Mas 
não podia criticar um homem que ostentava brilhantes mais 
lindos que os dele. 
 
 
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O Marechal Belle-Isle descreveu com muita vivacidade o 
primeiro encontro e diálogo entre Saint- Germain e o Rei “se 
puder fazer o elixir de longa vida ou a Pedra Filosofal estaremos 
prontos para comprar a fórmula. Enquanto isso poderá ter uma 
mansão e uma pensão, mas isso não quer dizer que eu acredito 
em suas pretensões”. 
-“Não peço nem mansão, nem pensão. Trago comigo todos os 
recursos que necessito, um séquito de servidores e dinheiro 
para arrendar uma casa”. 
Ato contínuo colocou a mão no seu bolso e de lá retirou certa 
porção de lindos brilhantes soltos e jogou-os sobre a mesa e 
ante ao Rei disse: “E queira Vossa Majestade aceitar estas 
pedras como uma pobre oferta”. Essas Majestade, são alguns 
brilhantes que consegui fabricar, graças à minha arte. 
Um magnifico castelo o de Chambord foi colocado à disposição 
do Conde. Ali, o indolente Rei descobriu a alegria do trabalho, 
iniciando suas experiências sob a orientação do maior químico 
da época, o Conde de Saint Germain. 
O Jornal London Chronicale de 31 de Junho de 1766 diz o 
seguinte: “Tudo o que se pode dizer com justiça desse 
cavalheiro é que ele deve ser considerado um estrangeiro 
desconhecido e inofensivo, que tem recursos para 
consideráveis despesas cujas fontes não são conhecidas. Levou 
da Alemanha para a França a reputação de um insuperável 
alquimista que possui o pó secreto e em consequência disso a 
 
 
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panaceia universal. Correm rumores que o estrangeiro é capaz 
de fazer ouro”. 
A coleção de lindas pedras preciosas que o Conde possuía, 
concorreu para aumentar a sua reputação de químico e 
alquimista. 
Quando o Marquês de Valbelle visitou o Conde de Saint 
Germain, este lhe pediu uma moeda de prata de seis francos. 
Depois de cobri-la com uma substância negra expôs esta 
moeda ao fogo. Quando esfriou a peça de prata esta já não era 
mais prata e sim ouro. 
Quando o capelão da corte de Versailles perguntou se ele 
praticava magia negra, ele respondeu que era um estudioso 
sério da química e tinha feito descobertas, que eram de 
utilidade para a humanidade. 
As experiências com corantes provavelmente entre Saint 
Germain e o Rei foram realizadas muito antes das anilinas 
serem descobertas por Unverdoben em 1826. 
Este homem aparentava ter mais ou menos uns cinquenta 
anos. Para se opinar mais com base a sua idade é necessário 
examinar as memórias, cartas, documentos, registros, artigos 
de jornais daquele século. 
Segundo o Barão de Gleischen, franco-maçom o mesmo relata 
ter conhecido Saint Germain em 1710 sendo que ele 
aparentava ter uns cinquenta anos. 
 
 
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Nos anos 1737 a 1742 foi hóspede de honra da corte do Xá da 
Pérsia. 
De 1745 a 1746 viveu em Viena na mansão do Príncipe 
Ferdinand Von Lobkowistz. 
Em 1749 chegou a Paris por insistência do Marechal Belle-Isle. 
Em 1756 O Conde Robert Clive fundador do domínio inglês na 
Índia encontrou-se com ele lá. 
Em 1760 o Jornal London Chronicale, publicou um artigo sobre 
o interesse que Saint Germain estava despertando em Londres 
nesta época. 
Em 1762 O Conde estava em São Petsburgo onde participou do 
golpe de estado que levou vitoriosa Catarina, a Grande, ao 
trono da Rússia. 
Em 1768 o Conde estava em Berlin. No ano seguinte viajou para 
a Itália, Córsega e Tunes. 
Em 1770 foi hóspede do Conde Orloff quando a esquadra russa 
aportou em Liverpool. Usava uniforme de general russo. 
Na década de 1770 ficou na Alemanha, ativamente empenhado 
em atividades maçônicas e rosacrucianas com seu protetor o 
Príncipe Kar Von Esse-Kassel.Em 1780 Walsh publicou uma música composta por Saint 
Germain. 
 
 
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Entre os maçons convidados para a Conferência de 
Vilhelmsbad realizada no dia quinze de fevereiro de 1782, 
quando a Maçonaria alemã por consenso geral acabou de vez 
com a enxurrada de graus superiores maçônicos que 
pululavam no país, oriundos da França. Saint Germain estava 
ao lado de Saint Martin e de outros eminentes maçons da 
época neste congresso. 
Nos registros da Igreja de Eckenförd na Alemanha existe o 
seguinte registro: 
“Falecido a dois de fevereiro e sepultado no dia quatro de 
março de 1784, o chamado Conde de Saint Germain. Outras 
informações desconhecidas. Enterrado privativamente nesta 
Igreja”. 
 Segundo Nicola Aslan, o esotérico Paul Chacomac, 
chegou à conclusão que Saint-Germain faleceu em Gottorp 
(Schleswig) no dia quatro de fevereiro de 1784, nos braços de 
Hesse-Kassel, do qual era bibliotecário e amigo íntimo que o 
cercara de cuidados e respeito. Mas segundo outros autores 
sua morte teria ocorrido no dia vinte e sete de 1784. Até na 
data do seu provável óbito há contradições. 
 Citando-se a observação de Rameau e da Condessa 
Gergy, ele deveria ter 124 anos por ocasião de sua morte. 
Impossível acreditar nisso cientificamente. 
 Um ano após a sua “morte” ele já estava presente 
numa conferência maçônica (Fraternidade Maçônica da 
França). 
 
 
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 Stefannie Felicite, Condessa de Genlis, pedagoga que 
escreveu oitenta livros, recebendo uma pensão de Napoleão I 
fez uma afirmação em suas memórias que viu Saint Germain 
em 1821 em Viena. Nestas alturas este personagem estaria 
com 161 anos de idade. 
 Ele teria sido visto em 1835 em Paris e 1867 em Milão. 
Ane Besant, a teósofa, relata ter conhecido o Conde em 1896. 
W. Leadbeater o encontrou em Roma em 1926. Refere-se um 
aviador americano, em 1932 cujo avião por falha mecânica foi 
obrigado a pousar nas proximidades de uma montanha no 
Tibet relata que na aldeia havia um homem estranho que se 
identificou como sendo o Conde Saint Germain e lhe disse “eu 
sou o Conde Saint Germain e em breve voltarei para Paris”. 
Pode-se acreditar nisso? Impossível. Pela ciência atual e pela 
própria evolução da espécie do homo sapiens sabe-se que este 
atualmente tem sua vida média estimada em torno dos 75 
anos, com alguns macróbios chegando ou até passando dos 
100 anos. 
Voltaire na sua época voltaria a se manifestar: “É um homem 
que nunca morre”. 
Franz Graffer registrou em suas “Memorias” em Viena uma 
frase significativa de Saint Germain: “Vou partir amanhã à 
noite. Vou desaparecer da Europa. Vou para o Himalaia”. 
A informação de Graffer é importante porque dá a localização 
de um suposto centro de sábios, que viria segundo a crença 
esotérica preservando há milhares de anos a Ciência Secreta, 
 
 
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ou seja, também para outros, seja o Himalaia a sede secreta da 
misteriosa Fraternidade Branca. 
O Conde disse certa vez “É preciso estudar as pirâmides como 
eu as estudei”. 
O único manuscrito que se atribui à lavra de Saint Germain é a 
“La trés sainte Trinosophie”. Esse documento contem 
ilustrações simbólicas e um texto enigmático: 
“A velocidade com que corríamos através do espaço não pode 
ser comparada senão a ela mesma. Num instante eu perdera 
de vista planícies lá em baixo. A Terra me parecia apenas uma 
vaga nuvem. Eu tinha sido levantado a grande altura. Durante 
muito tempo rolei através do espaço, Vi globos girarem em 
torno de mim e as terras gravitarem a meus pés”. 
Evidentemente os ufólogos dirão que o Conde estava a bordo 
de uma nave interplanetária. 
Já os parapsicólogos científicos, sem comprometimento com 
credos religiosos dirão que Saint Germain foi um paranormal e 
que simplesmente fez nesta ocasião uma bilocação de 
consciência, ou seja, sua mente expandiu através do universo, 
livre, sem a interferência dos cinco sentidos, mas com a sede 
da mente funcionando em seu cérebro. A mente simplesmente 
se expande e o indivíduo tem a sensação de estar realizando 
uma viagem. Este fenômeno é muito mais comum do que se 
imagina. Não se trata de sonho. A pessoa fica com as 
faculdades mentais aguçadas perfeitamente consciente, e tem 
a viva noção e se lembra de tudo o que está acontecendo. Não 
 
 
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é comum o paranormal interagir com o que está ocorrendo em 
sua volta quando biloca. Vê tudo como se fosse num filme. Mas 
alguns interagem de maneira indireta. Esse fenômeno ocorre 
num estado alterado da mente. 
Transmutações, extensão da vida, viagens espaciais, conquista 
do tempo, tudo isso parece ser o que chama fronteira da 
ciência. Poder-se-ia presumir segundo Jacques Bergier, 
segundo seus conceitos que Saint Germain tivesse acesso à 
Fonte Secreta do Conhecimento. Para os que acreditam, 
evidentemente. 
Vários escritores famosos da época escreveram sobre este 
personagem enigmático. Todavia, sua biografia é muito 
controversa, Cada qual faz uma afirmação sobre o biografado 
completamente discrepante em relação aos outros. Mesmo 
atualmente encontramos citações até em livros de 
maçonólogos como é o caso do Dicionário de Maçonaria de 
Joaquim Gervásio de Figueiredo onde ele afirma que Saint 
Germain foi o maior Adepto oriental dos últimos tempos e que 
teria sido uma figura importante nas atividades primitivas da 
Franco-Maçonaria e que numerosas lojas o reverenciam como 
seu patrono e como luz da Ordem. 
Questiona-se como ele seria recebido hoje pela sociedade? 
Seria taxado de louco? Talvez não fosse levado a sério, porque 
a ciência avançou muito, a tecnologia hoje em dia faz milagres. 
Já se consegue até fabricar diamantes artificiais, como ele disse 
que fazia, só que por outros processos. 
 
 
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Mas ele seria tido pelo menos pelos parapsicólogos, como 
paranormal. Já existem faculdades de Parapsicologia em todo 
o mundo, que estudam indivíduos que já nascem com 
determinadas capacidades mentais diferente dos tidos como 
normais. Este potencial mental extrapola os cinco sentidos. Só 
a mente fica lúcida. 
Hoje se pode saber se um indivíduo como Saint Germain é 
paranormal, prestidigitador, esquizofrênico ou charlatão, ou lá 
o que seja. Já se tem parâmetros científicos para tal aferição, 
para pelo menos saber se é doente mental ou paranormal. 
Quanto aos outros epítetos, estes não se precisam de meios 
científicos para detecta-los, pois ainda hoje existem charlatães 
que enganam o povo, fazendo-se valer do famoso proverbio 
latino que diz: “que mundo quer ser enganado (mundus volpi 
dicipe)” ainda válido e se aplica ao mundo atual. Talvez até 
existam mais charlatães que na época de Saint Germain. Hoje 
são organizados dentro de um sistema financeiro se escondem 
sob o manto de religiões de vigaristas inteligentes e maldosos 
que utilizam habilmente os meios de comunicação. Vendem a 
mentira com maior facilidade. 
Saint Germain foi maçom? Não se prova, mas possivelmente 
deve ter sido pelas circunstâncias da época. Enquanto que a 
maçonaria inglesa permaneceu apegada às suas raízes e 
também à Bíblia, praticando a maçonaria tradicional, a 
maçonaria francesa do século XVIII foi responsável pela 
entrada na Ordem de alquimistas, ocultistas, rosa-cruzes, 
cabalistas, esotéricos e praticantes de atividades afins, e 
 
 
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também responsável pelo grande número de graus superiores. 
Foi justamente lá que ao lado dos ritos tradicionais, 
apareceram os chamados ritos mágicos praticados por 
Swendenborg Mesmer, Cagliostro, Schroepfer, Martinés de 
Pasqually e outros que fundaram lojas onde se praticava este 
tipo de rito que nada tinha a ver com os ritos conservadores. 
As atividades de Saint Germain levam a crer que ele deve ter 
pertencido a alguma loja maçônica que praticasse os tais ritos 
de magia. 
Saint Germain foi um fenômeno do século XVIII. Foi algo que 
aconteceu e assombrou o mundo. Ele deve ter usado a 
Maçonaria e outras entidades ou organizações em proveito 
próprio como meio de promoção pessoal. 
 Saint Germain é um fenômeno que não se pode explicar à luz 
da razão cartesiana. 
Várias organizações esotéricas espalhadas pelo mundo o 
adotaram como seu patrono ou como seu mentor, porque 
algumas atestam que ele ainda está vivo e que possui o Elixir 
da Juventude e a Pedra Filosofal. 
Existe a Fraternidade Saint Germain, com sede em São Paulo. 
E algumas lojas maçônicas espalhadas pelo mundo o 
reverenciam dando-lhe seu nome. 
Foi mostrado neste trabalho um resumo do que se apurou 
compulsando vários livros que tratam deste assunto. Parece 
 
 
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um tema muito ao gosto dos irmãos de tendência ocultista e 
esotérica, mas sabe-se que a maioria dos leitores achará este 
artigo fantástico, esquisito, inverossímil. Que cada um tire a 
sua própria conclusão. 
REFERÊNCIAS 
ASLAN, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria 
e Simbologia Editora Artenova S.A. São Paulo vol. IV, 976 
 BERGIER, Jacques - Os Mestres Secretos do Tempo 
Hemus, Livraria Editora Ltda. São Paulo, 1976 
BERGIER, Jacques - Passaporte para uma outra terra Editora 
Francisco Alves S.A. São Paulo, 1974 
FIGUEIREDO, Joaquim Gervasio de - Dicionário de Maçonaria. 
Editora Pensamento São Paulo, 1974 
NAUDON, Paul – A Maçonaria Editora Difusão Europeia do 
Livro. São Paulo, 1964 
TRONDIAU, Julien - O Ocultismo Editora Difusão Europeia do 
Livro. São Paulo, 1964 
 
 
DIVAGAÇÕES SOBRE AS COLUNAS J e B 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
 
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As colunas J e B hoje símbolos consagrados na Maçonaria 
foram e ainda são temas centrais de muita fantasia, 
interpretações contraditórias, polêmica, controvérsias e 
discussões sem fim. Muita bobagem se tem dito, mas de 
qualquer forma elas evidenciam assim, serem um símbolo 
bastante dinâmico, pois ainda não se chegou a uma conclusão 
final quanto à sua localização, significação e finalidade. Cada 
qual tem a sua opinião. 
Interessante frisar que existem contradições na própria Bíblia 
e entre a descrição bíblica e a tradição maçônica e, mesmo em 
cada um destes segmentos também há dados que se 
confrontam e alguns que se convergem. Exemplo típico são as 
descrições em Reis e Crônicas II que são diferentes em alguns 
textos. Quanto à tradição maçônica as interpretações são as 
mais variadas e fantasiosas e pessoais possíveis. 
As colunas, de acordo com a Bíblia eram uma particularidade 
do complexo arquitetônico e faziam parte do Templo de 
Salomão e talvez até fossem o mais importante detalhe do 
templo porque elas além de ornamentais eram também 
símbolos religiosos para o povo judeu, falando a favor deste 
fato a consideração que os autores da Bíblia tiveram 
descrevendo as colunas em minúcias e delongando muito na 
descrição das mesmas. 
Alguns autores acham que elas eram estruturais, isto é serviam 
de sustentação, mas esta tendência hoje está abandonada. Elas 
eram livres e emblemáticas, talvez simbolizando para o povo 
 
 
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judeu uma porta de entrada para se chegar à Divindade. Mas é 
provável que elas se referissem à objetos sagrados. 
Outros autores afirmam que elas imitaram a arte da 
construção, especialmente dos obeliscos tais como foram 
construídos no templo de Tutmosis III e de Carnaque. 
Existem exegetas que admitiram que Salomão quisesse 
homenagear ancestrais seus dando o nome às colunas os 
nomes de Jachim e Boaz. Todavia outros rebatem alegando que 
estes personagens bíblicos não foram importantes. 
Ainda a Bíblia relata que quem fundiu as colunas foi Hiran Abif 
ou Abi um artista metalúrgico vindo de Tiro enviado pelo rei 
que também se chamava Hiran e aliado de Salomão, para 
executar as fundições em bronze, como foi o caso das colunas, 
vasos e utensílios além do Mar de Bronze. A fundição teria 
ocorrido em Sucote e Zeredá, em terras barrentas. Há 
controvérsias a respeito destes dois nomes em relação à sua 
grafia. 
Cita ainda a Bíblia mais detalhes sobre as colunas também 
chamadas de Colunas Gêmeas. Depois de terminada a 
construção do templo então Hiran fez erguer as Colunas e por 
fim Hiran e as terminou as com os dois globos, os dois capitéis 
que estavam no cume das colunas, as duas redes com duas 
fileiras de romãs, cerca de duzentas em cada rede, para 
cobrirem os dois globos dos capitéis que estavam em cima das 
colunas. 
 
 
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Afirma ainda a Bíblia, que Hiran levantou as duas Colunas 
diante do Templo. Uma à direita e outra à esquerda. A da 
direita chamou-a de Jachim e a da esquerda de Boaz. 
Quanto ao estilo arquitetônico das colunas elas pertencem á 
ordem babilônica com caracteres egípcios. Portanto não são 
colunas coríntias, como aparecem na maioria dos templos 
atuais. Esta troca de ordem deve-se aos filósofos neoplatônicos 
e alexandrinos da idade média que pretenderam misturar 
ideias da Cabala, com a Filosofia e as Artes gregas. 
Esmiuçando ainda mais, detalhes da descrição bíblica com 
relação às dimensões das Colunas, temos em Reis que elas 
teriam dezoito côvados de altura e em Crônicas II teriam trinta 
e cinco côvados de altura e que os capiteis em Reis teriam três 
côvados e em Crônicas II eles teriam cinco côvados de altura. 
Com relação à equivalência desta medida chamada côvado ou 
cúbito no sistema métrico decimal que usamos, encontrou-se 
várias medidas a saber 0,66 metros, 0,36 metros, 0,50 metros 
0,50 metros e 0,62 metros e etc. Depende da interpretação dos 
autores. Mas o fato é que ninguém sabe ao certo. 
Difícil hoje em dia saber-se qual o valor real de um côvado. As 
Colunas teriam doze côvados de largura. Os exegetas não se 
entendem. Cada qual tem uma opinião. De um modo geral a 
Maçonaria, salvo algumas exceções adotam, em seus rituais a 
altura de dezoito côvados. 
A tentativa fantasiosa de certos autores tentar explicar a 
discrepância da altura das Colunas citadas em Reis e Crônicas II 
 
 
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seria que Hiran teria fundido uma coluna só com trinta e cinco 
côvados e a dividiu em duas de dezessete côvados e meio. É 
claro que esta explicação não tem respaldo. De qualquer forma 
a altura das Colunas dá ideia de uma construção muito 
imponente, muito alta equivalente em nossos dias á altura de 
um prédio de vários andares. 
Com relação ao número de romãs em cada capitel, em Crônicas 
II refere que havia duas redes de romãs e duas fileiras de romãs 
em cada rede, sugerindo duzentas romãs em cada fileira 
perfazendo um total de quatrocentas romãs em cada Coluna. 
Mas a descrição Crônicas II em um capítulo anterior refere 
cadeias com cem romãs em cada cadeia. É claro que para se 
ajustarà primeira descrição requereria duas cadeias em cada 
fileira para ficar conforme. As romãs, símbolo de 
fertilidade, que hoje adornam nossos templos atuais são em 
número de três em cima do capitel de cada coluna. 
Discute-se se as Colunas eram ocas ou não. Trata-se de outro 
ponto controverso da Bíblia. Em Jeremias (52:21) está escrito 
que as Colunas eram ocas e a espessura era de quatro dedos. 
A tradição maçônica está de acordo com esta citação quando 
este livro da Bíblia fala em destruição de Templo por 
Nabucodonosor, quando mais uma vez existem controvérsias. 
Muitos autores que acham que as Colunas não eram ocas 
referem e que o capítulo 52 de Jeremias foi um acréscimo 
tardio e que não teria sido escrito pelo Jeremias sendo os que 
o escreveram estavam mais interessados em mencionar como 
realizaram as suas profecias. 
 
 
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Sabe-se que a prática de fundir metais com a retirada do núcleo 
a ser removido posteriormente tornando o objeto fundido oco, 
só foi descoberta no quinto ou sexto século após a construção 
do Templo de Salomão. 
Poder ser que a tradição maçônica tenha agregado o 
simbolismo das Colunas Salomônicas as Coluna Antediluvianas, 
nas quais se depositaria todo o registro do acervo das Ciências, 
como se fossem um arquivo da Humanidade. Entretanto os 
exegetas não estão de acordo se as Colunas eram ocas ou não. 
As Colunas do Templo de Salomão tinham motivos florais de 
lírios com redes e grinaldas como adorno, tiveram também 
segundo os autores antigos duas bolas esféricas em cima dos 
capiteis que receberam o nome de globo onde se traçaram 
mapas, a do globo celeste e do globo terrestre. Muitas Lojas 
adotaram estes globos em cima dos capiteis das duas Colunas. 
Entretanto, estes globos parecem ser uma equivocada alusão 
aos pomos descritos em Crônicas II. Segundo certos exegetas 
os pomos estariam se referindo aos capiteis, os quais eram pelo 
menos de forma ovoide ou esféricas. 
Havia na tradição da Maçonaria Operativa duas Colunas 
Antediluvianas chamadas também de Colunas de Sete, de 
Enoque ou de Noé. Conta à tradição preservada pelos maçons 
operativos, e estes relatos são citados nos Antigos Deveres (Old 
Charges) como, por exemplo, no Manuscrito de Cooke, onde 
cita que os filhos de Lameque de nomes Jubal, Jabal e Tubalcain 
construíram duas colunas. Uma delas era de mármore puro, 
material que resiste ao fogo e a outra coluna foi feita de tijolos 
 
 
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que jamais afundaria na água. Uma ou outra coluna sobraria 
fosse qual fosse a forma de extermínio do fim do mundo. Os 
filhos de Lameque achavam que a ira do Senhor viria em forma 
de uma vingança que tanto poderia ser fogo ou poderia ser 
pela água. As sete Ciências conhecidas na época, foram 
gravadas em ambas as Colunas. As Colunas eram, portanto, 
depositárias destas Ciências. Referia ainda a lenda que uma 
destas colunas foi encontrada por Pitágoras e a outra por 
Hermes de Trimegisto. 
Outra versão da lenda na versão de Josefo, historiador judeu, 
foi que Adão prevendo o fim da humanidade, teria temor que 
se perdesse todo conhecimento da civilização. Os filhos de 
Sete, seu terceiro filho construíram as duas colunas para 
depositar o conhecimento da humanidade. 
Alguns autores sustentam a tese que as Colunas Salomônicas 
eram originárias da lenda destas Colunas Antediluvianas. 
A tradição maçônica refere que as Colunas J e B são ocas para 
melhor servirem de local, onde se possa guardar o acervo de 
conhecimento adquirido pela Maçonaria, nada mais é que uma 
tendência para harmonizar as duas lendas. 
E também que as Colunas sejam ocas para se guardar as 
ferramentas dos Aprendizes e Companheiros. 
A maioria dos autores é concorde em admitir que as Colunas 
sejam enigmáticas e misteriosas. Não resta a menor dúvida que 
elas tinham para os judeus uma finalidade místico-religiosa e 
que os nomes eram atribuídos a objetos sagrados, e não à 
 
 
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ancestrais da tribo de Judá. A melhor explicação com relação 
ao seu significado é a filológica que está inserida na 
Enciclopédia Judaica. 
Jachim: “Ele firmará” 
Boaz: “Nele está a força” 
E é esta explicação que interessa á Maçonaria. Tanto é verdade 
que atualmente o simbolismo maçônico dá a Coluna J o 
equivalente á “Estabilidade e Firmeza” e à Coluna B, a “Força”. 
A título de ilustração para apenas mostrar o quanto é dinâmica 
simbologia das Colunas serão citadas algumas das suas 
interpretações. Algumas, muito ao gosto dos esotéricos, 
ocultistas e outras são tão fantasiosas e inacreditáveis, mas 
tem Irmãos que defendem estas inbterpretações. 
Teoria fálica - Seria uma reminiscência dos antigos pilares 
(mazzeboth), que formavam originalmente emblemas fálicos. 
Conta-se que em Hierapólis no tempo da deusa Astarte, havia 
duas colunas em forma de falos e que duas vezes por ano, um 
homem subia no cimo destas colunas, mas por dentro delas e 
aí suplicava aos deuses, melhores colheitas, mais fertilidade à 
terra e mais prosperidade. 
Na tradução grega da Bíblia, Versão dos Setenta, os nomes são 
traduzidos B por “Força” e J por “Direito”. 
No Dicionário de Julien Tondriau “O Ocultismo” lê-se que a 
palavra Boaz em Magia é uma das Colunas do Templo de 
 
 
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Salomão. É feminina, passiva, branca ou negra. Corresponde à 
Lua. Quando branca é igual à sabedoria, vitória. Quando negra 
é igual a reino. Quanto à Coluna Jachim é vermelha e 
corresponde ao Sol e equivaleria à inteligência, vigor e glória. 
Esta é também a interpretação dos alquímicos. 
Paul Poesson em seu livro “Testamento de Noé” refere que as 
colunas atualmente apresentadas como circulares, mas na 
realidade a Coluna B seria quadrada. Explica na linguagem 
esotérica e oculta que as Colunas seriam iguais às medidas do 
quadrado negro, sendo a Coluna do Sul, a quadratura da 
Coluna circular do Norte. A Coluna J seria em linguagem 
euscadiana (língua ancestral original dos bascos) equivalente à 
palavra conhecimento. 
Para Otaviano Menezes Bastos, a Coluna B seria o Fogo e a 
Coluna J seria o Vento. 
Adolfo Terrones Benites refere que a Coluna B seria a Força, 
Repouso, a Fêmea, Negativo, Conservador, Receptor, Mãe, 
Matéria, Princípio Concreto, Virtude. 
A Coluna J representaria a Ciência, Inteligência, Luz, Abstrato, 
Concórdia, Espírito, Homem, Fogo, Calor, Ativo, Mistério e 
Macho. 
Há ainda a interpretação sexual para as Colunas. A Coluna J 
seria o órgão genital masculino e a Coluna B seria o órgão 
genital feminino. A Loja maçônica seria hermafrodita e um 
útero social destinado a fecundar e dar a luz a uma sociedade 
humana perfeita. 
 
 
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Quanto à posição das Colunas em Loja, talvez seja o ponto de 
maior controvérsia na Ordem. Temos a partir de Crônicas II, 
capítulo 3, que depois de terminado o Templo, após o arremate 
final, também se “levantou diante do Templo duas Colunas, 
uma à direita e chamou-se de Jachim e outra à esquerda e 
chamou-se de Boaz”. Parece simples e assim está escrito. 
A Maçonaria interiorizou as Colunas que passaram a se postar 
dentro da Loja logo próximo à entrada. Aí começou a polêmica, 
que ainda não teve solução. 
Será seguido um raciocínio sempre tendo como referência a 
descrição bíblica. Uma grande parte dos autores discute este 
tema, como se o observador estivesse dentro do templo. Já 
outra parte dos autoresraciocina ao contrário, isto é, o 
observador estaria fora do Templo e aí prevaleceria o que está 
escrito na Bíblia. 
Supondo que a entrada do Templo olhasse a leste e a 
Enciclopédia Judaica assim confirma, achando que o leste é a 
frente do templo e levando em consideração que a orientação 
dos judeus com relação ao que se convencionou serem os 
quatro pontos cardiais, ou seja, um homem olhando de frente 
ao sol nascente, ou seja, á leste, teremos que a direita equivale 
ao sul e a esquerda equivale ao norte (mão direita ao sul e mão 
esquerda ao norte). Esta afirmação está de acordo com a 
Enciclopédia Judaica. Se tomarmos como raciocínio o conceito 
desenvolvido aqui teríamos a visão das Colunas por uma 
pessoa que estivesse saindo do templo, ou seja, o observador 
estaria dentro do templo. 
 
 
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A Loja de Pesquisas Maçônica “Brasil” solicitou 
esclarecimentos á Loja Quatuor Coronati de Londres, n° 2076 e 
de lá informaram vagamente dando a entender que as Colunas 
“devem ser compreendidas como sendo descritas por alguém 
dentro do Templo, no Oriente em direção á entrada”. 
Esta explicação não satisfaz a maioria dos autores que alegam 
que ela é artificial e que ela não é correta, porque só se sai de 
um templo, quem entra nele. 
Todavia para se acomodar a descrição bíblica se se mantiver o 
templo olhando para leste, a posição das Colunas está 
invertida. 
É sabido que o Templo de Salomão não era muito grande e que 
ele não se destinava a receber numerosos fiéis, mas sim os 
sacerdotes. Quanto aos fiéis, estes ficavam no pátio, onde seria 
possível olharem as Colunas de frente. Assim sendo, 
considerando que a posição das Colunas será dada pela visão 
de um observador externo e não interno, para que as Colunas 
não fiquem invertidas tem que se considerar que a entrada do 
Templo fosse pelo lado oeste, considerando-se o leste como 
sendo a parte de trás do Templo. 
Teobaldo Varoli Filho afirmou que os operários que 
trabalharam no Templo entravam por uma porta situada nos 
fundos e que viam as colunas neste sentido. Enfatizava “se 
considerarmos a Loja simbolicamente como Oriente não 
deixará de ser maçônica a visão de quem trabalha dentro do 
Templo” E terminava dizendo que melhor forma de resolver 
 
 
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este problema em definitivo e para acabar com tanta celeuma 
seria suprimir as letras J e B das Colunas e não se falar mais 
nisso. 
Entretanto se atentar para Crônicas II (III-17) onde está escrito 
“levantou as Colunas uma á direita e outra á esquerda da 
fachada do Templo”, não se terá dúvidas que elas foram 
construídas na frente do Templo, sendo que em muitas 
citações refere Jachim à direita e Boaz à esquerda. 
Os ritos REAA, Trabalho de Emulação e York Americano seguem 
esta orientação. Quanto aos Ritos Adonhiramita, Brasileiro e 
Francês adotam a inversão das Colunas. 
Não se chegou até o momento á uma conclusão final, ainda 
existem Irmãos que defendem uma versão e Irmãos que 
defendem a outra versão. Devem-se respeitar as tendências, 
sejam corretas ou não, porque as Colunas são símbolos, os 
quais podem ter a interpretação que se queira dar a eles. 
A Maçonaria operativa já estava decadente. Em 1600 começou 
a receber em suas fileiras, maçons aceitos e ela acabou por se 
modificar completamente. Em 1717 fundou-se oficialmente a 
Maçonaria Especulativa, que se prefere dizê-la Maçonaria 
Moderna. Não existia o grau de Mestre que foi criado em 1725 
e incorporado à Ordem em 1738. Foi criada a lenda de Hiran, 
para ao terceiro grau, que gira em torno da construção do 
Templo de Salomão. As Colunas J e B passaram a fazer parte 
oficialmente dos símbolos da Ordem, como um detalhe em 
frente ao pórtico do Templo de Salomão, só que elas já eram 
 
 
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muito conhecidas não só na Ordem, mas no Ocultismo, 
Alquimia, e também para os praticantes de Magia e até em 
seitas estranhas. As Colunas pode-se dizer que se anteciparam 
em matéria de simbolismo, ao próprio Templo de Salomão. 
Elas já tinham sua vida própria como símbolo. A Maçonaria as 
havia emprestado das entidades iniciáticas antigas. 
A Maçonaria acabou por introduzir as Colunas para dentro do 
Templo. Hoje apesar de serem naturalmente consideradas 
como um detalhe bíblico do Templo de Salomão elas talvez 
sejam mais importantes, do que o próprio Templo, dada a 
riqueza simbólica que elas encerram. 
REFERÊNCIAS 
CASATELLANI, José - Liturgia e Ritualística do Grau de 
Aprendiz Maçom. Editora A Gazeta Maçônica. São Paulo, 1985 
CARVALHO, Francisco de Assis - Símbolos Maçônicos e suas 
origens Editora A Trolha Ltda. Londrina, 1990 
HORNE, Alex - O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica. 
Editora Pensamento Ltda. São Paulo, 1972 
NAME, Mario O Templo de Salomão nos Mistérios da 
Maçonaria. Editora A Gazeta Maçônica. São Paulo, 1988. 
TONDRIAU, Julien – O Ocultismo Editora Difusão 
Europeia do Livro São Paulo, 1964. 
 
 
 
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PRÍNCIPE DOS POETAS PARANAENSES 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
 Emiliano Pernetta, conhecidíssimo nos meios literários 
paranaenses e nacionais, nasceu em 03/01/1866 num sítio 
localizado às margens do Rito Atuba em Pinhais, perto do atual 
Aeroporto Afonso Pena. 
Foi abolicionista, republicano, anticlerical, promotor, juiz, 
advogado, professor, jornalista e auditor de guerra. Tinha o 
posto de capitão. 
Fundou revistas e jornais, mas acima de tudo sempre foi 
escritor, poeta e maçom. 
Iniciado na Loja “Guilherme Dias” em Machado-Minas Gerais. 
Pertenceu às Lojas “Fraternidade Paranaense” da qual foi 
orador e “Luz Invisível”, ambas de Curitiba. Consta como grau 
30 (Boletim do Grande Oriente do Brasil 01/1908, á pagina 501) 
 Estudou no Colégio Müller e Nossa Senhora da Luz, 
onde concluiu seu curso primário e o seu secundário foi 
concluído no Ginásio Paranaense. 
 Em 1885 ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo 
do Largo do São Francisco, concluindo o curso em 1889. 
 Durante a Revolução Federalista (1893/94) lutou ao 
lado de Floriano. 
 
 
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Pertenceu à corrente simbolista de poetas, com extensa 
produção literária deixada como legado à literatura brasileira. 
Foi membro da Academia Paranaense de Letras, cadeira nº 23 
da qual é patrono. Fundou em 1912, o Centro de Letras do 
Paraná sendo seu presidente perpétuo. 
Quando tinha 13 anos de idade entrou em contato com a obra 
de Casimiro de Abreu e Castro Alves (maçom). Já despontava 
nesta ocasião, o seu gênio poético. 
Publicou suas primeiras poesias no jornal “Dilúculo” em 1883 e 
no ano de 1885 no jornal “Dezenove de Dezembro” e “Vida 
Literária” dirigida pelo maçom Jaime Balão (que pertencerá à 
Loja “Fratenidade Paranaense”). 
Em São Paulo conviveu com Olavo Bilac seu companheiro de 
trabalho com o qual fundou o jornal “Vida Semanária” e “Folha 
Literária”. Também conviveu com muitos outros intelectuais da 
época como Pardal Mallet, Raul Pompéia, Horácio de Carvalho, 
Rocha Filho, Rodrigo Otávio, Leopoldo de Freitas, Júlio Prestes 
(maçom) e Ermelino Leão (paranaense- maçom). 
Emiliano gostava da boêmia. Seu quarto na pensão, onde 
morava era uma república de estudantes na Rua da Glória era 
freqüentado por todos estes personagens, e se chamava 
“Autocracia da Anarquia”. 
Colaborou em muitos jornais, escrevendo crônicas, poesias e 
contos. 
 
 
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Em 1886 ao passar suas férias do curso de direito, em Curitiba 
traz para os paranaenses um livro de Baudelaire sobre o 
simbolismo o qual foi lido e disputado como sensação pelos 
intelectuais de então. Estava reforçado o lançamento daquela 
tendência poética no Paraná. 
Nestas alturas já era um abolicionista e republicano convicto, e 
fez palestras inflamadas no Salão Tívoli na capital do Estado. 
Em 1888 chegou a levar escravos do Paraná para liberta-los em 
São Paulo. 
Em 1889 no dia da Proclamação da República, sem saber que 
ela havia ocorrido há poucas horas, foi orador na formatura de 
sua turma de Direito em São Paulo, e seu discurso foi ardoroso 
e exaltado em prol da república, criticando violentamente a 
monarquia já deposta, desconhecendo a sua queda. Só veio, a 
saber, da notícia no dia seguinte. 
Durante o período de 1890 a 1892 residiu no Rio de Janeiro 
onde se ligou ao catarinense Cruz e Souza, que morava no Rio, 
á Saldanha Marinho (maçom) e a José do Patrocínio (maçom), 
trabalhando com estes em jornais. 
Funda em 1890 um jornal de efêmera duração a “Folha 
Popular” juntamente com Leopoldo Cabral e dois paranaenses 
que lá residiam naquela época Leôncio Correia (maçom) e o 
nosso festejado Emilio de Menezes. 
 
 
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 Gonzaga Duque, Lima Campos, Bernardino Lopes, Nestor 
Victor, Oscar Rosas e Cruz e Souza se tornaram seus grandes 
amigos e formaram a vanguarda do simbolismo. 
 Foi no Rio de Janeiro que iniciou sua fase ouro no simbolismo. 
Continuou sua vida de boêmia. Teve problemas de saúde e saiu 
do Rio, foi convalescer na Fazenda Santa Tereza em Volta-
Redonda. 
A seguir foi promotor público em Caldas em Minas Gerais. 
Em 1894, é nomeado juiz municipal em Machado Minas Gerais, 
ficando ai nesta cidade durante três anos, onde agravou sua 
saúde. Mesmo assim sempre produzindo obras literárias à 
mancheia. 
Em 1896 seu irmão e também escritor e jornalista Júlio David 
Pernetta (maçom) foi buscá-lo em Machado - Minas Gerais. 
Assim retornou à Curitiba, ficando na casa de seu Irmão 
durante um ano recuperando-se. 
No ano de 1901 foi professor de Literatura e Português no 
Ginásio Paranaense. Foi advogado e auditor de guerra. 
Foi jornalista, anticlerical, escrevendo para os jornais de 
Curitiba que seguiam esta linha, em especial os jornais e 
revistas maçônicos ou de inspiração maçônica como o 
Jerusalém, Cenáculo, Pallium, Ramo de Acácia e outros. 
Sua vida literária foi muito fecunda, ele foi conhecido em todo 
o Brasil. 
 
 
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Enfim, o Irmão Emiliano Pernetta foi uma das maiores glórias 
literárias do Paraná. 
 Em 30/061911 foi concluída sua principal obra o livro 
“Ilusões”. Em 20/08/1911 durante uma cerimônia realizada no 
Passeio Público, foi coroado Príncipe dos Poetas Paranaenses 
contando com a presença praticamente de todos os 
intelectuais da cidade e também de familiares amigos e do 
próprio povo. 
Dario Vellozo foi o orador principal, entregando-lhe a seguir, 
fechado numa caixa artisticamente lavrada, um exemplar 
ricamente encadernado da sua obra “Ilusões” e sobre o qual 
havia uma coroa de louros. 
O poeta, emocionado, chorou! 
Entre os muitos intelectuais presentes destacavam-se Dario 
Vellozo, Euclides Bandeira, Clemente Ritz, Panphilo 
Assumpção, Claudino dos Santos, Generoso Borges, José 
Niepce da Silva, Hugo G. Simas, Jaime Ballão (pai) Leocádio 
Cisneiros Correia (Léo Junior), João David Pernetta todos eles 
maçons. Um grande número de maçons não intelectuais 
também se achava presente. 
Alem dos maçons presentes destacavam-se os escritores 
Antonio Francisco de Santa Rita Júnior, Romário Martins, 
Vicente Nascimento Júnior, Ulisses Vieira, Raul Gomes, Lacerda 
Pinto, Ildefonso do Serro Azul, Chichorro Júnior, Jaime Balão 
(filho) e outras personalidades do mundo das letras. 
 
 
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Após a coroação, entre prolongados aplausos e ter sido 
ovacionado por longo tempo, quando terminou a cerimônia, 
Emiliano com quarenta e cinco anos de idade, que já estava 
numa fase de sua vida mais circunspecta, muito disciplinado, 
mais arredio com relação a tantas festas, já mais comportado 
com relação a sua famosa vida atirada de outrora que levara 
nos tempos de jovem, teria emocionado, se dirigido para a sua 
casa. 
Mas Euclides Bandeira não deixou por menos. A festa não 
terminaria por ai. Convenceu a maior parte do grupo de amigos 
a ir ao “Grand Café”, situado na Rua XV, entre a Rua Barão do 
Rio Branco e Primeiro de Maio, hoje Monsenhor Celso, num 
local de reuniões preferido pelos literatos para continuarem a 
festejar seu Príncipe. Pediu para o Ildefonso do Serro Azul, o 
“Barãozinho” como era chamado, então com 23 anos de idade 
auxiliado por seu primo Leocádio Cysneiros Correia (Léo Júnior) 
que não abandonassem o Emiliano. E assim quase todo o grupo 
se dirigiu ao local combinado. E lá ficaram o resto da tarde, e 
entrada da noite, com frutos do mar servidos a vontade, pois o 
restaurante havia recebido de Paranaguá, camarões frescos 
naquele dia. Todo este petisco foi regado a vinho verde 
português. 
 
Ele foi o orador por ocasião da chegada do corpo do coronel 
João Gualberto Gomes e Sá (Loja “Luz Invisível”) trucidado em 
1912 em Iraní pelos fanáticos do Contestado. 
 
 
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Pois bem, este Irmão já em sua idade madura, numa fase em 
que largara a boêmia, da qual sempre foi um entusiasta e 
assíduo praticante, aos cinquenta e cinco anos vivia em Curitiba 
entremeando a rotina de ir ao Quartel General onde era 
auditor de guerra, e sua vida de intelectual, publicando 
poesias, livros e dos encontros diários com outros poetas e 
escritores, eis que no dia 18 de Janeiro de 1921 em companhia 
de seu amigo e poeta, o juiz paranaguense José Henrique de 
Santa Rita, descendo a Rua XV, conversando sobre literatura, 
autores e livros, chegam à porta da pensão onde morava 
Emiliano no número 84 daquela rua. 
O poeta convidou Santa Rita a acompanhá-lo até seu quarto e 
lhe recitou um soneto “Ao cair da tarde”. 
Neste momento, Santa Rita sente uma sensação estranha, uma 
espécie de mal estar geral, seguido de calafrio, uma ânsia 
incontrolável, um presságio de morte. 
Emiliano não lhe deu atenção. Santa Rita, impressionado 
inisiste em falar sobre esta aflição intensa, angustiante e refere 
que no dia 16, ou seja, dois anos antes, ouviu rumores 
estranhos (raps) em sua casa, exatamente como aconteceu 
anos antes por ocasião da morte inesperada de seu irmão de 
sangue, um oficial da marinha, sendo que os ruídos só 
cessaram quando a notícia do óbito foi lhe dada. 
Emiliano queria mesmo, era falar de poesia. Não ligou para o 
que o amigo estava lhe falando. 
 
 
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Não seria este estado que Santa Rita experimentou naqueles 
momentos, um aviso, uma precognição? 
No dia seguinte, ou seja, no dia 19/01/1921, Emiliano sai da 
pensão às 12 horas se dirige, como fazia de rotina ao Quartel 
General, sede do Conselho da Justiça Militar, onde atuava 
como auditor. Naquele dia iria ser julgado um praça do 5º 
Regimento de Cavalaria Divisionária. 
Conversou normalmente com todos os amigos e conhecidos 
que encontrou. 
Mais ou menos às 17 horas termina seu trabalho, desce a Rua 
XV, primeiro encontra seu amigo Rodrigo Junior, após 
conversarcom ele, deixa-o, e ainda encontra no caminho mais 
um amigo Francisco Cavalcante, andara um trecho juntos 
despede-se dele e se dirige para o sobrado da pensão onde era 
inquilino. Morava no local um médico e também poeta de 
nome Alegretti Filho e ficam conversando sobre literatura até 
passar das 18 horas, quando Emiliano senta-se à mesa e se 
prepara para tomar sua sopa. Iria tomar uma refeição leve 
porque tinha um outro compromisso logo a seguir. 
Termina a refeição e vai ao banheiro e ao lavar as suas mãos, 
sente um tremor generalizado leva as mãos á região frontal de 
sua testa, oscila seu corpo para um lado e para outro, dá uns 
passos sem firmeza e tenta se escorar na parede. 
Foi atendido pelo dono da pensão, um alemão, Sr. Krohne, e 
com a ajuda do Dr. Alegretti é colocado na cama. 
 
 
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O médico sai às pressas e se dirige para a Farmácia Lustosa e 
volta correndo à pensão com medicamento de urgência o qual 
lhe é aplicado. Mas já era tarde. O grande poeta havia falecido. 
Uma síncope cardíaca, um provável infarto do miocárdio 
fulminante teria sido a causa de seu passamento. 
O seu desenlace pegou o povo de Curitiba de surpresa. A 
notícia correu célere por toda a cidade. 
O corpo foi velado um uma sala da frente do prédio que existia 
na pensão. 
Os amigos mais íntimos se reuniram numa saleta ao lado. 
Estavam presentes Júlio Pernetta, seu irmão de sangue (foi 
iniciado na Loja “Modéstia” de Morretes foi venerável da Loja 
“Estrela de Antonina” e pertenceu à Loja “Unione e 
Frettelanza” de Curitiba, e que também faleceria daí há alguns 
meses, em 22/07/1921 à meia-noite), Dario Vellozo (pertenceu 
a várias Lojas, iniciado na Loja “Perseverança” de Paranaguá), 
Sebastião Paraná (Loja “Luz Invisível”) Veríssimo Antônio de 
Souza (Loja “Santo Antonio da Lapa”), Francisco Ribeiro de 
Azevedo Macedo (Loja “Moriá” de Palmeira), Clemente Ritz (foi 
venerável da “Loja Cardoso Junior”) e também a presença de 
muitos outros maçons e amigos não filiados à Maçonaria. 
O General Pereira Neto, comandante, suspende em ordem do 
dia o expediente no Quartel General e convida toda a tropa 
para acompanhar o féretro. 
 
 
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O Colégio Paranaense e Escola Normal, através de seu diretor 
Lysímaco Ferreira da Costa (Loja “Luz Invisível”) suspende as 
atividades e adia um concurso que lá seria realizado. 
Todos compareceram ao velório, gente simples, operários, 
oficiais do Exército, da Polícia e toda a intelectualidade 
curitibana, poetas escritores jornalistas. Afinal todos queriam 
prestar uma última homenagem ao maior nome da literatura 
do Paraná na época e um dos maiores de todos os tempos. 
Ao baixar seu corpo no sepulcro no cemitério municipal, Dario 
Vellozo em nome da Loja “Luz Invisível” se despede do amigo, 
relembrando versos do saudoso poeta. Azevedo de Macedo 
discursa em nome da Congregação do Ginásio Paranaense, 
onde Emiliano fora professor. Balão Júnior fala em nome dos 
amigos. Heitor Stoclker fala em nome do Centro de Letras do 
Paraná. 
José Henrique de Santa Rita foi um paranomal. um verdadeiro 
vate na acepção da palavra, poeta e profeta. Predisse a morte 
do seu grande amigo, um dia antes dela ocorrer. 
Hoje, além de todas as obras do famoso poeta e maçom que 
podem ser lidas por aqueles Irmãos que gostam de ler, existe 
no centro de Curitiba uma rua com o seu nome, a qual pelo 
menos todos aqueles que por lá passarem, a notem e não 
deixem apagar e nem esquecer o nome e a glória perene de um 
dos maiores nomes da literatura paranaense. 
REFERENCIAS 
 
 
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Dicionário Histórico Biográfico do Estado do Paraná. Editora 
Livraria do Chain. Banco do Estado, do Paraná. Curitiba – 1991 
Grande Enciclopédia Delta Larousse 
Artigo publicado no Jornal “Gazeta do Povo” em 26/04/2000 
“A PREMONIÇÃO DE SANTA RITA” Autor: WILSON BOIA do 
Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Artigo publicado no 
jornal “Gazeta do Povo” em 22/10/1989 
Autor: VALÉRIO HOERNER JÚNIOR da Academia Paranaense de 
Letras Artigo publicado no jornal “Gazeta do Povo” em 
29/10/1989 
“CURIOSIDADES DA VIDA DE EMILIANO PERNETTA, O POETA” 
Autor: VALÉRIO HOERNER JÚNIOR da Academia Paranaense de 
Letras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O CADÁVER 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
O cadáver é um corpo sem vida de um ser humano ou um 
animal. 
Morte é a cessação total e perene da vida do homem de um 
animal ou um vegetal. 
Reconhece-se a morte de um ser vivo, pela parada das funções 
ativas, como nutrição, metabolismo e no caso do reino animal 
pelo aparecimento da putrefação. 
No caso do homem, mais especificamente, após algumas horas 
de sua morte, o cadáver fica em rigidez cadavérica, o calor 
diminui, tendendo igualar com a temperatura ambiente, 
aparecendo depois no dia seguinte a lividez cadavérica e a 
seguir manchas violáceas, sinal evidente de putrefação. 
É o cessar do chamado sopro de vida que se segundo as 
concepções e crenças de cada um, provem da natureza ou de 
Deus. 
 
 
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Para Platão a alma é um princípio puramente espiritual imortal, 
o sujeito do pensamento realmente distinto do corpo. A alma 
para Platão é o homem. 
Já Aristóteles afirma que a alma faz parte do corpo como forma 
unida à matéria. É o sopro da vida. 
Para os escolásticos a imortalidade e a espiritualidade do 
platonismo são unidas às concepções aristotélicas da forma e 
a alma se torna uma forma espiritual subsistente. 
Modernamente é claro que esta hipótese é contestada por 
muitos e aceita por outros tantos, o ser humano é constituído 
de espírito mente e corpo. A mente e o corpo seriam ligados à 
parte material assim manifestadas e o espírito seria um 
princípio imaterial de origem divina. 
As concepções de alma e espírito variam de acordo com a 
crença de cada um e de acordo com as escolas filosóficas e 
religiões. 
Para os ateus, tudo termina com a morte. Para os 
espiritualistas, para os que creem numa vida futura, existe 
outro tipo de raciocínio e postura a respeito. 
Para a maioria dos vivos existe a sensação e a convicção de que 
a pessoa querida que falecesse, continue viva, de algum modo 
participando, de forma atuante das atividades aqui na Terra. 
Na realidade os que cultuam seus mortos acreditam conseguir 
ou impedir a intervenção dos mesmos em assuntos terrenos. 
 
 
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O culto dos mortos é uma característica que está se mantendo 
inalterada desde o início da civilização. O Homem tenta buscar 
desesperadamente respostas, que até hoje não as conseguiu, 
porque não sabe e não tem explicação para o fenômeno vida e 
muito menos se conforma porque terá que morrer. Este 
mistério atormenta o ser humano. 
Os antigos já cultuavam seus mortos. Existem inúmeras 
publicações, verdadeiros livros sagrados, cada qual explicando 
as características de cada povo. Assim temos o livro dos mortos 
dos Egípcios, o livro Tibetano dos mortos, o livro dos Maias dos 
mortos e assim por diante cada povo tem a sua peculiaridade. 
É muito complexo o destino do cadáver, mas no mundo atual 
dada a tecnologia moderna está mais fácil o que se fazer com 
ele. 
Algumas pessoas por vontade própria optam pela cremação 
sendo a Inglaterra o país onde atualmente mais se cremacadáveres. Os romanos cremavam seus cadáveres. Vale a pena 
lembrar que crematório é o lugar onde se cremam os 
cadáveres. Nos campos de concentração nazistas, os 
prisioneiros após passarem pela câmara de gás, eram 
cremados. Em Birkenau os fornos estavam preparados para 
cremarem 12.000 cadáveres por dia. 
Do ponto de vista esotérico, isto não se aplica ao genocídio que 
os nazistas fizeram, a cremação é símbolo de sublimação, em 
que se destroem o eu inferior para que surja o eu superior, 
sublimação pelo espírito. 
 
 
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Outros preferem o embalsamamento e os egípcios foram 
famosos pela sua técnica na conservação de suas múmias. 
Há cerca de uma década, um anatomista alemão Gunther 
Dagens inventou uma técnica, que ele chama de plastinação, 
que seria uma espécie de mumificação por processos químicos 
em que ele expõe os corpos sem a pele mostrando a anatomia 
dos ossos, músculos, vasos etc. Os corpos são apresentados 
inteiros ou fatiados. Estas preparações anatômicas que 
deveriam interessar somente aos anatomistas estão em 
exposições pagas em todo o mundo, e pessoas comuns a estão 
assistindo horrorizadas, mas por uma curiosidade mórbida, 
formam-se filas para verem o espetáculo cadavérico. 
É costume em muitas faculdades de medicina, todos os anos os 
alunos que estudam anatomia e dependem da dissecação de 
cadáveres para aprenderem sobre o corpo humano, 
mandarem rezar em um determinado dia do ano, a “missa do 
cadáver” contando com a presença dos alunos católicos, em 
agradecimento às almas daqueles pobres indigentes, cujos 
corpos conservados em formol estão servindo 
involuntariamente á ciência médica nos necrotérios das 
faculdades de medicina. 
Alguns milionários equivocados optam pela congelação na 
hora do óbito, esperando algum dia através dos avanços da 
ciência, possam ser descongelados e ressuscitados. 
Convém lembrar os cadáveres insepultos que são 
abandonados nos campos de batalhas, palcos das famigeradas 
 
 
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guerras, mas a maioria dos cadáveres, segundo um costume 
pré-histórico é enterrada no interior da própria terra, em 
sepulturas as quais tem vários nomes, a saber, cova, campa, 
carneiro, catacumba, cafofo, jazigo, sepulcro, tumba, túmulo, 
última morada etc. 
Os defuntos de famílias mais abastadas são depositados em 
câmaras mortuárias em mausoléus ou em ricos túmulos. De 
passagem ressaltem-se as suntuosas criptas onde jazem faraós, 
reis, papas, milionários etc. 
As pompas funerais mais comuns são as que seguem tradição 
dos povos mais simples, dos pobres e humildes acompanhadas 
por um séqüito geralmente pequeno e uma cova rasa os espera 
onde serão inumados, 
Mas nada disso tem a ver com o transcorrer do tranqüilo e 
perene fenômeno vida/morte propriedade exclusiva da 
natureza e de Deus. 
Todos voltarão ao pó, pobres e ricos, fracos e poderosos, reis e 
plebeus. 
Em fim o cadáver é um resíduo carnal podre de uma vida que 
deixou de existir que a sociedade tem que dar um destino, e o 
faz segundo a cultura, costume, religião de cada povo, pois o 
cadáver não poderá ser simplesmente colocado num saco de 
lixo e levado aos depósitos como um detrito comum. Seria um 
ato desumano se assim acontecesse. 
 
 
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O cadáver no Brasil, baseado nos costumes vindos de Portugal, 
onde estas crendices faziam parte de toda a Europa e inclusive 
da Ásia, acredita-se em certas superstições e crenças, que 
ainda em muitas regiões do país são seguidas á risca, 
especialmente pelo povo comum. Recolheu-se algumas destas 
pérolas do folclore que vale a pena cita-las. 
Segundo a tradição, só devem manipular o corpo os que irão 
vesti-lo, que são as pessoas que entendem deste trabalho. 
Devem orar antes de vestir a roupa 
no falecido. 
Se o cadáver ficar logo enrijecido, acredita-se que ninguém na 
casa morrerá brevemente. Se ficar flácido estará prenunciando 
que alguém da família lhe fará companhia em breve. 
O corpo não era antigamente enterrado com objetos de ouro, 
nem mesmo com os dentes obturados a ouro, os quais deviam 
ser extraídos para evitar que a alma viesse reclamar a retirada 
dos mesmos. Costumava-se retirar até os botões e os alfinetes 
dourados das fardas dos militares antes de inumar seus corpos. 
No local de guardamento do cadáver, este sempre deverá estar 
com os pés voltados para a porta da rua. 
Agulhas e alfinetes que tenham servido para fixar a mortalha 
devem ir com ele, porque o que tocou o cadáver é dele. 
Para a alma do defunto não assombrar a casa onde morava, é 
costume beijar a sola do sapato, a qual deve estar bem limpa, 
 
 
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livre de qualquer poeira ou areia, porque se assim não for, sua 
alma poderá voltar atraída pelas recordações familiares. 
Quando alguém morre afogado e ainda não se achou o corpo, 
costuma-se colocar em cima de um pedaço de cortiça ou até 
sobre um prato, uma vela acesa, aonde ela parar ali´se 
encontrará o cadáver. 
Entretanto, o cadáver apesar de ser uma matéria inanimada 
macroscopicamente, e ter uma profunda simbologia entre 
povos, religiões, e sociedades iniciáticas, ele é em sua 
decomposição microscopicamente um universo de vida de 
bactérias que vivem em função desta putrefação. 
A Maçonaria em um dos segmentos de sua filosofia estuda a 
morte e seus mistérios e por isso o simbolismo dos cadáveres 
tem um valor muito grande em suas alegorias, lendas e 
mensagens que são transmitidas aos maçons. 
Na Maçonaria, quando do passamento de um seus membros, 
realiza-se uma sessão fúnebre ritualística, decorridos certo 
número de dias que varia de rito para rito, em homenagem ao 
Irmão que foi habitar no Oriente Eterno. 
Os adeptos da Maçonaria em sua maioria absoluta, não 
concebem que enquanto um corpo que se desfaz na sepultura, 
tudo tenha termine aí. 
Acham que a alma, ou espírito, mente ou personalidade não 
seja de origem material, e sim espiritual. Não há razão de ser, 
de se desaparecer tudo o que o irmão falecido tenha sido ou 
 
 
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realizado. Não é possível um Irmão sair da cena da vida desta 
forma. Tem que ficar algo dele, além do nome das boas ações 
e dos bons exemplos. 
Especialmente quando um maçom morre de morte súbita, 
algum Irmão que tenha conversado com ele minutos antes, não 
consegue admitir esta perda. 
Mas o Homem não quer morrer. Ele não admite morrer, ele 
quer ser eterno. Muitos poucos querem morrer, alguns 
admitem que morrerão, mas a maioria deseja sobreviver. Um 
das saídas foi acreditar que haja uma vida após a morte e 
também que ele renascerá. 
O renascer é a forma que o Homem encontrou e foi obrigado a 
conceituá-la, adapta-la e aceita-la em função da falta de 
explicação científica para o binômio vida/morte. É a grande 
tragédia psicológica do Homem não conseguir penetrar neste 
mistério existencial. 
O ser humano é complexo, e entre a sua complexidade uma 
delas é ser gregário e ter heróis, ícones enfim alguém que possa 
servir de paradigma. Qualquer país, povo, sociedade ou 
agrupamento humano necessita de um mito para sobreviver e 
a Maçonaria não fugiu a esta regra. Existem muitos tipos de 
mitos, mas este de morrer para renascer seja talvez o mais 
importante da humanidade. Sem desrespeitar, ou colidir com 
os demais mitos, onde as semelhanças são grandes, o cadáver 
de Hiran na lenda maçônica com sua simbologia tem um papel 
importante.Loja de Pesquisas Maçônicas 
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Interessante que em todos os tempos, nos costumes de todos 
os povos existe uma figura arquetípica que tomou entre as 
variadas civilizações, os nomes de Jesus, Osíris, Dionísio, Átis, 
Adonis, Quetzalcoalt e outros. Todos estes personagens 
representam um outro binômio morte/ressurreição. Hiran é o 
arquétipo da lenda maçônica do terceiro grau. 
Todos estes modelos citados foram, na lenda, homens bons, 
reis, sábios, ou homens simples do povo, ou um homem santo, 
que se distinguiram pela bondade e pela inteligência e pela 
liderança. Mas, justamente por serem assim foram 
perseguidos e assassinados pelos invejosos, egoístas e maus. É 
a eterna luta do Bem contra o Mal. O Homem é dual. 
A lenda de Hiran foi iniciada no início século XVIII, não se sabe 
quem foram seus autores, levou muitos anos para se firmar 
com o texto atual, e se tornou a base do cerimonial do 3° grau, 
em todos os ritos, e ela faz apologia à morte onde o cadáver é 
um rico elemento simbólico. 
Desde os ornamentos em loja de mestre que são de cor escura, 
como os textos do próprio ritual e outros detalhes deste grau, 
lembram a todo o momento uma verdade inexorável pela qual 
os maçons um dia morrerão fisicamente. 
O conceito de renascer na Maçonaria acabou até sendo mais 
abrangente que ligado simplesmente à morte física, pois a 
Maçonaria transmite em suas mensagens, que seus adeptos 
herdarão as qualidades do seu ícone Hiran. Ensina-os em vida, 
que morrerão para o vício e renascerão para a virtude, que 
 
 
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morrerão para o mal e renascerão para o bem. Aliás, esta é a 
principal mensagem da lenda de Hiran. 
A lenda de Hiran foi montada, até certo ponto em cima de 
textos bíblicos, só que o Hiran metalúrgico da Bíblia foi 
promovido a Superintendente da obra da construção do 
Templo de Salomão. 
 As lendas antigas a respeito são muito parecidas. Parece que 
seus idealizadores mesclaram a tragédia de Osíris-Sól que foi 
assassinado por seu irmão Set ou Tifão. Pelo menos muitos 
autores citam esta possibilidade. Mas existem outras lendas 
que se encaixam perfeitamente na lenda de Hiran. 
Como lenda é lenda, não tendo, portanto, o compromisso com 
a realidade e ao se transformar em mito, vale pelas mensagens, 
exemplos de vida que esparge sobre os adeptos, não se 
cogitará, portanto, da veracidade da lenda. 
O Hiran da lenda maçônica, mestre de obras do Templo de 
Salomão, foi assassinado por três maus construtores que se 
colocaram em locais estratégicos no sul, ocidente e oriente por 
onde Hiran iria passar e orar. Eles que queriam sem poder, sem 
ter o direito de saber dele o segredo da construção, ou um 
segredo representado por uma palavra secreta. Hiran não lhes 
deu o segredo, por isso foi morto. 
Carregaram o cadáver para longe e inumaram-no no Monte 
Moriá. Quando Salomão deu pela falta de seu arquiteto enviou 
quinze oficiais escolhidos entre as três classes de operários que 
trabalhavam no Templo. A procura durou quinze dias. 
 
 
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Encontraram o local onde ele estava enterrado onde havia um 
arbusto, como em outras lendas semelhantes, só que para a 
Maçonaria, este passou a ser um ramo de uma arvore de 
acácia. 
A maneira como desenterraram o cadáver é altamente 
simbólica e é o ponto alto da iniciação ao terceiro grau, onde 
numa cerimônia ritualística, somente para os iniciados e 
iniciandos neste grau, são revelados os chamados cinco pontos 
perfeitos da Maçonaria, que na maçonaria primitiva pertencia 
ao segundo grau. 
Continuando a lenda, Hiran foi por ordem de Salomão 
devidamente enterrado com todas as honras que lhe eram 
devidas com a seguinte inscrição no túmulo: ”Aqui jaz Hiran, 
Grão-Mestre, Arquiteto dos francos maçons”. 
Os três assassinos foram julgados e justiçados. 
Ainda durante as cerimônias ritualísticas de iniciação ao 
terceiro grau em determinado momento, um dos Irmãos 
presentes se coloca imóvel dentro de um esquife representado 
o cadáver do Mestre Hiran. 
No Rito Adonhiramita, no dia da iniciação o neófito é levado a 
um cemitério onde ele depositará um buquê de flores sobre 
um túmulo qualquer. Se for católico acenderá uma vela, e 
orará. Se for de outra religião ele apenas fará uma oração em 
intenção àqueles restos que jazem naquele local, ou em 
intenção à sua alma, seu espírito de acordo com a crença 
religiosa do iniciando. 
 
 
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Depois de conduzido ao templo, será explicado pelo Venerável 
o simbolismo daquela visita ao cemitério durante a 
continuidade da ritualística de iniciação, que deverá morrer 
para o mundo profano e renascer para a vida maçônica. 
Como vimos o cadáver, ou a sua representatividade tem na 
Maçonaria uma simbologia bastante rica. 
A lenda de Hiran contém as indicativas das maiores realizações 
que a Ordem pode oferecer. Ela ensina a adaptação dos 
maçons, usando sua inteligência aos diversos tipos de trabalho 
e união das forças sociais. 
Ensina também a lei terrível, a lei da besta, aquela que diz que 
o “iniciado matará o iniciador” onde mostra que todos aqueles 
que são ajudados por um irmão poderão um dia voltar-se 
contra ele. 
Do ponto de vista alegórico apesar de ser perceber nos textos 
da lenda algumas discrepâncias, estas fazem parte do acervo 
simbólico que só o maçom pode discerni-los e enfim transmite 
a mensagem final clara e vibrante: 
MORRER PARA RENASCER 
REFERÊNCIAS 
GROf, Stanislav - O Livro dos Mortos - Mitos – Deuses – 
Mistérios Edições Del Prado - Madri - Outubro. 1997 
MCKENZIE, John L. Dicionário, Bíblico. Edições Paulinas – São 
Paulo 1984 
 
 
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SPOLADORE, Hercule, O Homem, o Maçom e a Ordem. Editora 
“A Trolha” Ltda – Londrina – Outubro 2005 
RITUAIS DO 3°GRAU 
DELTA LAROUSSE 
COLEÇÃO: MITO, HOMEM E MAGIA – Editora Três – São Paulo. 
 
 
 
CAGLIOSTRO, OU JOSÉ BÁLSAMO – 
MAÇONARIA MÁGICA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
José Bálsamo (Giuseppe Giovani Battista Vicenzo Pietro 
Antônio Balsamo) teria nascido em Palermo em 02/071743 e 
falecido em 26/08/1795. Foi casado com Lorenza Feliciani, 
conhecida por Serafina. O Dr. Lalande sob o nome fictício do 
escritor Marc Haven, seu mais eminente biógrafo provou que 
nunca alguém apresentou uma demonstração concreta da 
identidade de Cagliostro com José Bálsamo. Ainda persiste a 
dúvida sobre quem foi realmente este personagem. Mago? 
Alquimista? Embusteiro, charlatão ou Benfeitor da 
 
 
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humanidade, um aventureiro? Hipnotizador? Evidentemente 
teria sido um paranormal, pois praticava curas. Alegava ter 
poderes sobrenaturais e falar diretamente com Deus. Foi 
maçom a seu modo, mas foi. Foi mais uma das figuras 
controversas do século XVIII, ao lado de outras. 
Tantas situações lhe são atribuídas que se torna difícil saber o 
que é verdade e o que não é. 
Cagliostro foi iniciado na Ordem em Londres em 1777. 
Frequentou lojas de todos os ritos dos Países Baixos, além da 
Alemanha, Polônia e Rússia, onde sempre empregava a magia, 
sendo por isso alvo de muito interesse de todos. Ele dizia que 
esteve na Grécia, Pérsia, Egito, Rhodes Índia e na Etiópia. 
Em Mitau em 1779 ele teria pela primeira vez oficialmente se 
utilizado de ritos mágicos. Em Bordéus-França em 1783onde 
residiu por cerca de um ano, onde ficou conhecido como 
curandeiro. Possivelmente tinha a capacidade mental de curar. 
Em 20/10/1784 foi para Lyon já conhecido como grande mestre 
da maçonaria. Os problemas da teurgia (magia negra) eram do 
conhecimento de um grupo de maçons que enveredaram para 
este caminho, pois a Maçonaria Tradicional seguia outra 
tendência ainda sem se solidificar neste confuso século XVIII. 
Entre os aficionados da Magia estavam Martinez de Pasqualy, 
Mesmer, Saint Germain, Swendeborg e outros. 
O século XVIII conhecido como o século das luzes, foi um século 
maravilhoso, pois o Homem começou a pensar e se libertar dos 
grilhões que até então a Igreja Católica impunha. Para a história 
 
 
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do mundo foi um século importante por causa das experiências 
realizadas em todos os setores da sociedade e especialmente 
na França esta liberdade foi levada à extremos. Verdadeiro 
cadinho de ensaios e experiências em todos os setores. As 
coisas más, desconhecidas, mas agora conhecidas, pois foram 
esclarecidas com os recursos da época, foram eliminadas e 
prevaleceu o bom senso da liberdade de pensamento. 
Cagliostro fundou uma loja em Lyon com nome de “Sabedoria 
Triunfante” onde se praticava a magia e assim as curas, 
revelações, aparições, materializações e precognições 
começaram a aparecer. Não se pode chamar isso de 
Maçonaria, mas naquele século tudo foi possível. A própria 
Maçonaria ainda não tinha uma linha própria filosófica e 
rituaçistica a seguir. Foi um período confuso, especialmente na 
França, onde foram criados um grande números de ritos e 
graus superiores. 
Ele teria também participado da criação do Rito de Misraim. 
José Balsamo, o Cagliostro se interessou na Ordem por uma 
vertente da Maçonaria que ele chamou de Maçonaria Egípcia, 
pois ele acreditava que a Maçonaria teria tido seu inicio no 
Egito. Fundou um templo a “Loja Mãe do Rito Egípcio” do qual 
se intitulou o Grande Copta. Foi escrito por ele um ritual 
especial para este rito. Ele mencionava a exposição única e 
pura da doutrina maçônica como ele assim a entendia. 
Seu rito era dividido em três que graus que consistiam em 
operações mágicas em cujas sessões utilizava como sensíveis 
 
 
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ou sensitivos, rapazes (pupilos) e moças (pombas) 
considerados de perfeita e pura inocência. Este rito tinha como 
finalidade fazer com que o homem pudesse ter a sua entrada 
no Templo de Deus. A iniciação neste rito pretendia ou tinha 
como meta levar o homem considerado como um decaído e 
degenerado a reconquistar sua dignidade perdida. E a 
regeneração tinha que ser moral e física. O homem era 
considerado regenerado quando ele possuísse a alma sã num 
corpo sadio e assim Deus consagraria este ser a ser Eleito. 
Em 27/01/1785 ele fixou sua residência em Paris, que na época 
estava acontecendo uma Assembleia maçônica do rito dos 
“Filaletos” (1). Ele foi convidado pela Loja “Amigos Reunidos” 
onde ele teria apelado para todas as nações, e a todos os ritos 
que sugerindo um esclarecimento sobre os pontos mais 
importantes da doutrina, maçônica tais como sua origem, e a 
situação histórica da Ordem e também o estado atual da 
Maçonaria nesta época. 
Cagliostro se apresentou após ter sido convidado pela 
Assembleia onde procurou expor seus pontos de vista, bem 
como suas teorias sobre a Maçonaria Egípcia. Suas ideias foram 
mal recebidas, e por isso ele rompeu com os Filaletos. 
No dia 30/04/1785 escreveu aos filaletos: 
“Dizeis que buscais a verdade e eu vo-la apresentei e vós a 
desprezastes...Visto que não tendes fé nas promessas do 
Grande Deus e de seu ministro sobre a Terra eu vos abandono 
a vós mesmos, e em verdade eu vos digo: minha missão já não 
 
 
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é a de instruir-vos. Desgraçados Filaletos semeais em vão e não 
colhereis senão joio” 
“A partir de então Cagliostro só se ocupou do seu rito, 
reservando seus ensinamentos para as lojas egípcias, 
desinteressando da maçonaria e não escondendo a pouca 
estima que lhe votava”. 
Quando morou em Napoli, teria sido expulso da cidade porque 
teria montado um casino que enganava os incautos. 
Cagliostro estaria implicado no famoso caso do colar da Rainha 
Maria Antonieta em quando dois famosos joalheiros franceses 
enviaram um riquíssimo colar de diamantes ao Príncipe Cardeal 
de Rohan, também envolvido no escândalo, o que motivou sua 
reclusão de Cagliostro na Bastilha e posteriormente foi expulso 
da França. 
Cagliostro por suas atividades ficou sob a mira da Inquisição 
acusado de heresia e bruxaria. Foi preso e condenado á morte, 
mas ficou preso no Castelo de São Leo (Leão de Vitebino) aonde 
veio a falecer em 26/08/1795. 
Rito dos Filaletos ou Filaletes. Este rito fundado em 1773 de 12 
graus contribuiu muito para com a Ordem porque deixou 
marcas em muitos outros ritos. Filaletes significa Amigos da 
Verdade ou Investigadores da Verdade. Era, portanto um 
embrião das futuras lojas de pesquisas. Hoje nos Estados 
Unidos existe uma Loja de Pesquisas com nome de “Filaletes” 
Ela foi fundado por Salvalette de Langes e o rito teve origem a 
partir da Loja “Amigos Reunidos”. O rito Filaletes tinha com 
 
 
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fonte a Maçonaria Ocultista. Esta Loja convocou em 1785 uma 
Convenção em Paris com a finalidade de desfazer dúvidas e 
divergências, e esclarecer e os verdadeiros objetivos da 
Maçonaria, pois a Maçonaria estava totalmente anárquica 
nesta época. Cagliostro esteve presente nesta Assembleia e aí 
discordou de tudo, rompendo com este grupo. 
REFERÊNCIAS 
CARVALHO, Francisco de Assis “Ritos e Rituais” Volume 3. 
Editora “A Trolha” Londrina,1993 
NAUDON, Paul “A Maçonaria’. Edipe – Artes Gráficas – 
Difusão Europeia do Livro São Paulo, 1968 
Consultas: Google 
 
AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA, O 
COMUNISMO E A MAÇONARIA 
PARANAENSE NA DÉCADA DE 30 
(1930) 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
Dando enfoque à História do Brasil no final da década de 1920 
e quase toda a década de 1930, vale a pena rememorar alguns 
fatos. Fazendo frente a tradicional dobradinha São Paulo - 
Minas Gerais (café com leite) Getúlio Vargas então presidente 
 
 
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do Rio Grande do Sul, é lançado candidato a presidente da 
República e perde para Júlio Prestes (maçom) de São Paulo. 
A situação brasileira nesta época era crítica. As elites não se 
entendiam e o povo estava insatisfeito. Para aumentar a 
tensão João Pessoa candidato à vice-presidente na chapa de 
Getulio Vargas é assassinado em Recife em 26/07/1930. 
Eclode uma revolução no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e nos 
estados do Nordeste. 
Em 03/10/1930, Getulio Vargas entra vitorioso no Rio de 
Janeiro. Júlio Prestes não toma posse. Washington Luiz 
(maçom) então presidente do Brasil entrega o poder e parte 
para o exílio. Uma junta militar governa o país. Em 03/11/1930 
Getúlio assume como presidente provisório. 
No campo internacional, o comunismo soviético exporta 
revolução para todo o mundo e como não poderia deixar de 
ser, a América do Sul e em especial o Brasil era um dos seus 
alvos preferidos. 
Os Estados Unidos estava mais ou menos quieto aguardando 
os acontecimentos, mas estava atento. 
Os sociais nacionalistas de Hitler e os fascistas de Mussolini, 
constituídos por ultra-direitistas traçando planos para dominar 
o mundo. 
Esta situação mundial refletia-setambém no Brasil, com o 
mundo às vésperas de uma nova guerra mundial, e o Brasil às 
 
 
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vésperas de uma ditadura.O tempo se encarregaria de provar 
que Getúlio tinha uma exagerada devoção pelo poder. 
E a juventude brasileira e a Maçonaria como se colocaram 
nesta situação? 
Em 1932 funda-se no Brasil a Ação Integralista Brasileira pelo 
escritor Plínio Salgado, inspirada no social nacionalismo 
alemão e fascismo italiano. Já iniciam afirmando que 
combaterão até a morte o judaísmo, a Maçonaria, alem de seu 
principal inimigo o comunismo. 
Em 1933 foi construido na Alemanha o primeiro campo de 
concentração (konzentrationslager), prelúdio dos campos de 
extermínios de milhões de judeus. 
Ainda neste ano Getúlio convocou uma Assembléia 
Constituinte e promulgou uma Constituição em 1934, na qual 
o primeiro artigo “elegia” o próprio até 03/05/1938 como 
presidente do Brasil. 
Em 1935 os comunistas brasileiros com ajuda da União 
Soviética tentaram levar a efeito uma revolução conhecida 
como a Intentona Comunista, porem foram totalmente 
destroçados. Seu líder brasileiro Luiz Carlos Prestes ficou preso 
durante mais de dez anos em uma cela triangular em condições 
subumanas. 
Como Getúlio Vargas não queria deixar de ser presidente, pois 
se sentia ameaçado por forças contrárias, quer inimigos 
políticos, pelos comunistas e pelos integralistas que 
 
 
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aumentavam dia a dia, seu alto escalão inventou um 
documento, forjado é lógico, o famoso Plano Cohen onde se 
propalava uma revolução comunista para a tomada de poder. 
Aproveitou a ocasião e fundou o Estado Novo. 
Os comunistas soviéticos menosprezaram o Brasil, orientaram 
mal Prestes, e colocaram em ação agentes do segundo escalão. 
Esta teria sido uma das causas pelas qual a Intentona não deu 
certo. Mas segundo alguns autores, o Serviço Secreto Inglês, 
avisou Vargas muitos meses antes dos eventos. 
Getulio Vargas ao dar o golpe para a criação do Estado Novo, 
baseou-se para impor uma nova constituição na “Carta da 
Polônia” mais conhecida como Polaca. Este instrumento dava 
ao presidente poderes ditatoriais. Garantiu a Vargas suspender 
a atividade parlamentar, o federalismo, vincular sindicatos, 
aposentar funcionários e através da ação brutal, torturas e 
prisões e contando com uma Policia chefiada pelo famigerado 
Felinto Muller, cuidar de não deixar haver oposição ao 
governo. Em 10/11/1937 foi fechado o Congresso. Com relação 
à estrutura dos sindicatos, a Constituição de 1937 foi na 
realidade uma copia da “Carta del Lavoro” totalmente fascista. 
Ainda assim existem historiadores que consideravam uma 
ditadura branda. 
Agora estava como Getulio Vargas queria. Graças ao apoio da 
classe média, classes produtoras, a indústria que queria 
produzir, todos no país queriam ordem e trabalhar e até os 
integralistas aceitaram o golpe com certa simpatia. Ledo 
 
 
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engano. Ele então pode governar sem a participação dos 
partidos políticos. Tornou-se um ditador como tantos que 
existiram no mundo e ainda existem. 
E a Maçonaria como ficou nesta situação? Ela que é democrata, 
liberal. Ficou bem quieta. Pasmem! 
A Ação Integralista Brasileira foi fundada em abril de 1933 
como partido político. Já em 1932 o seu embrião chamava-se 
Sociedade de Estudos Políticos. Ostentava por símbolo sobre a 
camisa a letra grega sigma, sinal matemático da soma ou 
produto integral, adotava o lema “Deus Pátria e Família”. A 
religião cristã adotada era a católica, organização 
corporativista do Estado, ordem familiar patriarcal. 
Propugnava um estado integral que controlasse e dirigisse 
todas as atividades da nação brasileira, movia guerra declarada 
ao comunismo e à democracia liberal. 
Nutria especial ódio aos judeus e à Maçonaria. 
Possivelmente por causa da herança que o maldito livro “Os 
Protocolos dos Sábios do Sion” causou. Esta literatura 
vinculava a Maçonaria ao judaísmo internacional. Logicamente 
de forma equivocada. A Maçonaria nada tem a ver com os 
judeus ou ao comércio internacional controlado pelos mesmos. 
Apenas ela usa bem como todas as religiões cristãs assim o 
fazem, termos constantes da Bíblia. É claro que a Maçonaria 
admira o povo judeu, como admira outros povos que o 
mereçam. Existem muitos maçons judeus que são 
considerados Irmãos desde que iniciados regularmente. 
 
 
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As atividades integralistas foram de tal monta que começaram 
a ameaçar o poder do ditador Getúlio, contribuindo para que 
ele lançasse um novo golpe onde se suprimisse as atividades 
políticas e públicas. Entre os simpatizantes dos integralistas e 
membros do partido chegou ao número de um milhão e 
quinhentos. Diga-se: pessoas inteligentes 
Os dizeres do juramento integralista eram “Em nome de Deus 
e pela nossa Pátria e nossa Família e pela nossa honra, juramos 
dar a nossa vida se necessário pela revolução integralista 
brasileira, amar respeitar e defender nosso chefe nacional, 
fazer respeitar e defender as bandeiras nacional e integralista, 
símbolos da Pátria Gloriosa e da ideia, juramos fidelidade 
absoluta e sem exames aos chefes”. 
Gustavo Barroso, grande inimigo da Maçonaria em sua obra 
“Integralismo em marcha” assim escreve: “Temos, portanto de 
cumprir o que reputamos nosso dever, aplicando o remédio 
quer o doente queira ou não. Não importa sua vontade e ainda 
menos a oposição que nos faça. O que importa é obter força 
para impor nossa medicina. Isto não quer dizer que não 
apliquemos a força quando for preciso. Aplicá-la-emos”. 
O Integralismo movimento confuso enganou a muitos 
brasileiros especialmente da classe média, alguns intelectuais, 
políticos e entre eles vários governadores de Estados, além de 
muitos militares de alta patente. 
Ele se propunha a combater o comunismo internacional, 
escudava-se num nacionalismo simpático a muitos brasileiros 
 
 
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chegando ao ponto de ser xenófobo. Falava em Deus Pátria e 
Família. Ora, na confusão em que estava o mundo naquela 
época, estes motivos foram aceitos com simpatia. 
Só que na realidade os princípios de sua doutrina eram piores 
que o próprio comunismo. 
Se o Integralismo se instalasse no Brasil a exemplo do que 
aconteceu na Alemanha com o seu social nacionalismo onde 
nos campos de extermínios como Dachau,Treblinka, Solibor e 
Bergen-Belsen, Auschwitz, os judeus, muitos políticos 
opositores, maçons e pessoas que não concordavam com estas 
monstruosidades também foram sacrificados, seguramente 
teria aqui no Brasil aqui a forma crioula de extermínio, com 
afogamentos, estupros, e a antiga degola usada em várias 
revoluções sulinas, além das execuções sumárias a tiro. 
Pelo regime de 1934 instalado pelo Getúlio Vargas a Ação 
Integralista Brasileira foi o único partido político reconhecido 
como legal, pois havia sido recusada a permissão ao Partido 
Comunista. Acresça-se que nesta época Getúlio Vargas nutria 
uma certa simpatia ainda que à distância aos ditadores Hitler e 
Mussolini. 
A existência legal tornou o Integralismo forte. A guisa de 
combater o comunismo e a democracia liberal, criaram milícias 
uniformizadas. Organizaram vários desfiles onde os chamados 
“camisas-verdes” desfilaram, sendo realizado o primeiro 
desfile em 23/04/1933. A bandeira símbolo era um retângulo 
azul que tinha no centro um sígma negro sobre um círculoLoja de Pesquisas Maçônicas 
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branco. Em 01/11/1937 cerca de cinqüenta mil integralistas 
desfilaram pelas ruas do Rio de Janeiro, 
Tinham uma hierarquia onde uma série de órgãos comandava 
seus adeptos, a saber: secretarias nacionais, Conselho 
Supremo, Câmara dos Quarenta, Câmara dos Quatrocentos. 
Tinham um mando forte e despótico. 
Todavia após o golpe de 1937 dado por Getúlio Vargas, um 
Decreto Lei de 02/12/1937 dissolveu todos os partidos 
políticos, inclusive o Partido Integralista que tentou sobreviver 
através da Associação Brasileira de Cultura, também proibida 
pelo Governo. E assim terminou bisonhamente o integralismo 
no país, mas ficaram seus adeptos. 
Em 11/05/1938 os integralistas tentaram um golpe de Estado 
armado cercando o Palácio da Guanabara onde estavam 
Getulio e sua Família. Como houve uma hesitação por parte dos 
revoltosos que se limitaram apenas atirar nas janelas do 
palácio, foram facilmente dominados. Plínio Salgado foi exilado 
em Portugal. 
COMO REAGIU A MAÇONARIA PARANAENSE 
A Loja Maçônica “Perseverança” de Paranaguá, que já havia se 
destacado na luta anti-escravagista e Movimento Republicano 
também foi a loja paranaense que mais lutou contra o 
fantasma integralista. 
O Irmão Darío Nogueira dos Santos, professor, poeta um dos 
poucos historiadores maçônicos do Paraná fez parte de um 
 
 
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congresso revolucionário em 1932 quando o Partido 
Integralista estava se organizando, representando os operários 
de Paranaguá, e aí ouviu Plínio Salgado lançar seu primeiro 
manifesto onde ele afirmava “Combateremos a Maçonaria e o 
judaísmo”. 
O Irmão Darío ficou estarrecido. Em face desta situação 
concitou todos os obreiros da Loja “Perseverança” a lutarem 
contra este novo inimigo. 
Como o Conselho Geral da Ordem do Grande Oriente do Brasil 
havia recebido varias consultas de várias partes do país, como 
proceder nestes casos, emitiu várias circulares a respeito. A 
primeira um tanto ambígua dizia “Às Lojas compete deliberar 
sobre a conveniência de conservar ou eliminar se seus 
Quadros, os maçons que agem contra os princípios 
maçônicos”. 
Depois foram mais enfáticos e enviaram outras “O maçom que 
ingressar na Ação Integralista Brasileira deve ser eliminado das 
Lojas. De sorte que estas enviarão à Grande Secretaria da 
Ordem, o nome ou relação dos eliminados. A Grande Secretaria 
Geral da Ordem por seu turno enviará às Oficinas da Federação 
os seus nomes que deverão ser inscritos em livros negros”. 
Entretanto em relação aos comunistas o Grande Oriente do 
Brasil, tomou uma atitude que a primeira vista, analisando os 
fatos atualmente, pareceu um pouco estranha. Em suas 
circulares, salientava que era necessário distinguir entre os 
maçons que adotavam o materialismo histórico, a dialética 
 
 
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marxista, como instrumento ou objeto de estudo e os que 
realmente militavam no Partido Comunista, como filiados. 
Contra estes é que se pode alegar que poderão subverter o 
Estado burguês, subversão esta que será realizada pela 
violência. Portanto, somente em relação aos membros do 
Partido Comunista é que o ingresso ou permanência é vedado 
pela Constituição. E a eliminação prevista deverá efetuar-se 
quando o Irmão na preferência às convicções integralistas ou 
comunistas deixar dos seus deveres de bom maçom, caso em 
que ele abrirá mão da própria Ordem Maçônica. 
Todavia se raciocinar dentro da lógica de quem adotar o 
materialismo histórico a dialética marxista e o filiado ao Partido 
Comunista, não há um divisor de águas, sendo praticamente a 
mesma coisa. Há até um termo usado para estas situações 
quando a pessoa não quer aparecer leva o apelido de melancia 
“Verde por fora, vermelho por dentro” isto para quem se diz 
simpático ao marxismo. Uma pessoa nestas condições não 
pode ser maçom. 
Não adianta argumentar em contrário, pois tanto o 
comunismo, como integralismo foram perigosíssimos para a 
Maçonaria Brasileira naquela época. 
Em 23/07/1935 fundou-se o Partido Integralista do Paraná em 
Curitiba o qual logo de início encetou uma violenta campanha 
difamatória, contra a Maçonaria, ajudado pela Igreja Católica, 
a qual tinha rancores antigos contra a Maçonaria Paranaense 
pelos entraves havidos no final do século XIX e início do século 
XX quando o anticlericalismo era o foco de uma luta agressiva 
 
 
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de ambos os lados. Esta situação atual fez com que várias lojas 
encerrassem seus trabalhos, ou melhor, dizendo abatessem 
colunas, ou suspendessem seus trabalhos provisoriamente. e 
trabalhassem na clandestinidade. A Maçonaria paranaense 
nesta época diminuiu muito suas atividades no Estado. 
Na Loja “Perseverança” de Paranaguá haviam seis Irmãos 
integralistas os quais foram eliminados. Impressionante a 
prancha enviada a eles pelo Irmão Darío Nogueira dos Santos, 
então Venerável da Loja. 
“Fazemos votos para que vosso juramento ao Integralismo seja 
tão fiel como não o foi o maçônico para que nos momentos da 
luta da Ação Integralista Brasileira possais ser fiel ao 
integralismo como nos momentos de paz não o foste para com 
a Maçonaria” 
O Venerável foi ameaçado de morte através de várias cartas 
anônimas, ameaças de depredação do Templo, onde os Irmãos 
do Quadro ficaram muitas noites em vigília. Ameaças contra 
familiares, difamações perseguições etc. 
 Darío Nogueira dos Santos, homem de letras, redigiu 
um opúsculo de seis páginas datado de 25/05/1935 e enviou 
ao Grande Oriente do Brasil. Este documento muito bem 
redigido mostra nos mínimos detalhes o que vinha a ser o 
Integralismo. 
Ele enviou uma cópia ao Interventor do Paraná, o Irmão 
Manoel Ribas iniciado na Loja “Honra e Verdade” de Santa 
Maria Rio, Grande do Sul em 18/04/1914. 
 
 
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O então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil General 
Moreira Guimarães fez referências sobre este manifesto como 
o mais completo documento explicatório a respeito do 
Integralismo e suas verdadeiras intenções. No Boletim do 
Grande Oriente do Brasil de abril de 1935 foram publicadas as 
palavras do Grão-Mestre a respeito. 
Neste documento Darío analisa o Integralismo explicando que 
o mesmo ora é xenófobo, ora é de cooperação internacional, 
mas somente quando se tratar de países fascistas ou nazistas, 
cuja finalidade alem de dominar o mundo seria o extermínio 
dos judeus. 
Não havia dúvidas que o Integralismo se vencesse, chegaria a 
uma plutocracia, isto é, o pais governado por homens ricos, 
porque seria um governo de elites. 
Ainda refere que o Integralismo era contra a liberdade de 
consciência e além do mais defendia uma inquisição político 
religiosa. Proibia a formação de outros partidos. 
Um fato interessante é que a corrente monarquista do Brasil, 
os Bragança, apoiava o Integralismo. Em fim, Darío fazia uma 
ampla e transparente exposição da confusa doutrina 
integralista. Referia que eles “acendiam uma vela a Deus e 
outra ao Diabo”. Do ponto de vista prático, pulverizaria as 
liberdades. 
Até 1937 a doutrina integralista estava de tal maneira 
difundida no Brasil que até muitos dos asseclas de Getúlio eram 
 
 
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integralistas e o seu governo estava minado, inclusive as forças 
militares e até generais do alto escalão. 
Um pouco antes de Getúliodar o golpe final nos integralistas 
estes espalharam por todo o Brasil que Getúlio havia fechado 
as atividades maçônicas em todo o pais, sem que isto tenha 
realmente acontecido. 
Muitos governos estaduais eram francamente integralistas 
aproveitaram a mentira para manter as lojas maçônicas de 
portas fechadas. 
O Grão Mestre do Grande Oriente do Brasil General Moreira 
Guimarães sabendo que o General Newton Cavalcanti estava 
pressionando o Presidente para proibir as atividades 
maçônicas no pais, apelou para o futuro maçom General 
Protásio Vargas, irmão carnal de Getúlio para que ele 
interferisse para que a medida não fosse tomada. 
Em 06/01/1938 o General Meira Vasconcelos declarou 
publicamente que jamais fora dada ordem pelo Presidente 
para fechamento da Maçonaria. Esta notícia foi levada ao ar 
através da Radio Nacional do Rio de Janeiro, quatro vezes no 
mesmo dia. 
Caso a medida fosse efetivada por decreto, não se pode prever 
quando ela Quando as lojas seriam reabertas. Talvez com um 
pouco de sorte somente após a queda do caudilho Getúlio. Mas 
aproveitando a mentira outras forças contrárias à Maçonaria 
tentaram mantê-la de portas cerradas. Tal foi o caso das Loja 
“Cyro Vellozo” de Prudentópolis que encerrou suas atividades 
 
 
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e nunca mais reabriu. A Loja “Phylantropia Guarapuavana” de 
Guarapuava também encerrou suas atividades parcialmente só 
reerguendo suas colunas plenamente em 1950. 
Algumas lojas fechadas como a “Amor e Caridade II” de Ponta 
Grossa,” Fé e Trabalho” de Rio Negro, “Fraternidade 
Paranaense” de Curitiba, “Cardoso Júnior” de Curitiba, “Acácia 
Paranaense” de Curitiba, “Jacques de Molay” de Cambará, 
encerraram suas atividades oficiais por pouco tempo, mais ou 
menos até novembro de 1937 e meados de 1938. Algumas lojas 
no Brasil ficaram fechadas mais de um ano, e algumas jamais 
se reergueram. 
Segundo o Irmão Eduardo Garcia Diaz, fundador da Loja 
Regeneração 3ª de Londrina, contemporâneo aos fatos, refere 
que em 1937 o comandante da 5ª Região Militar sediada em 
Curitiba, mandou fechar a Loja “Fraternidade Paranaense”. 
 O fato levado ao conhecimento do Interventor do 
Paraná Manoel Ribas, maçom, este se dirigiu à Praça Zacarias 
onde estava situado o templo pegou as chaves, abriu as portas, 
assistiu aos trabalhos e em seguida informou ao “Dr. Getúlio” 
como ele o chamava em sinal de respeito, o qual afastou 
imediatamente o comandante de Curitiba. 
 
Entretanto, não se pode negar que Getúlio, apesar de ditador, 
tenha perseguido a Maçonaria. Talvez pelos laços familiares. 
Seu pai o General Manoel do Nascimento Vargas, herói da 
Guerra do Paraguai e Revolução Federalista de 1893-95 foi 
 
 
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iniciado na Loja “Vigilância e Fé” de São Borja-RS em 
24/06/1876. Seu irmão o General Protásio Vargas foi iniciado 
em uma Loja de emergência em 18/09/1942, posterior aos 
fatos ora descritos. Outro irmão de Getúlio o Coronel Viriato 
Dornelles Vargas foi iniciado na Loja “Brasil” uma loja do Rito 
Brasileiro que estava sendo reativado. 
Assim com altos e baixos a Maçonaria Brasileira viveu uma fase 
bastante agitada na década de 1930. A história do Brasil nesta 
fase esteve muito conturbada. 
Segundo Kurt Prober a participação das Grandes Lojas 
Brasileira foi muito incipiente, pois elas tinham poucos anos de 
existência. E o próprio Grande Oriente do Brasil estava 
manietado pela ditadura. 
Analisando calmamente este período da História do Brasil e da 
Ordem têm-se elementos para que cada um tire suas próprias 
conclusões. Escapar incólumes do comunismo, integralismo e 
de uma ditadura, não foi fácil para a Maçonaria e muito menos 
para o povo brasileiro. A Maçonaria Brasileira continua de pé, 
atualmente com outros tipos de inimigos, os quais certamente 
não a destruirão. 
REFERÊNCIAS 
JORGE, F. Getúlio Vargas e seu tempo Ed. T.A. Queiroz – 
São Paulo, 1985 -´1º vol. 
PORBER, K. Achegas para a Historia da Maçonaria Paranaense. 
Ed. Príncipes Gráficas e Ed. Ltda. Rio de Janeiro, 1986 
 
 
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PROBER, K. Coletânea “A Bigorna” Ed. “A Trolha” 
Londrina, 1989 
PROBER, K. Cadastro Geral das Lojas Maçônicas do Brasil. Ed. 
Kurt Prober. Rio de Janeiro, 1975. 
SANTOS, D. N. Ação histórica da Aug:.Resp:.Ben:. Loja 
Perseverança de . Paranaguá - ( obra não publicada) 
Grande Enciclopédia Delta Larousse. 
 
 
 
 
 
 
 
MAÇONARIA ADONHIRAMITA 
ALGUNS ESCLARECIMENTOS SOBRE O RITO E OUTROS 
COMENTÁRIOS 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
A Maçonaria Adorinhamita nasceu na França durante a 
segunda metade do século XVIII. Foi praticada lá e em suas 
 
 
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colônias bem como em Portugal e suas respectivas colônias. Foi 
o primeiro rito a entrar no Brasil trazido pelo Grande Oriente 
Lusitano. Ele atualmente estava sendo praticado só no Brasil, 
aonde vem apresentando um desenvolvimento muito 
acentuado, com a criação de inúmeras novas lojas, quer no 
GOB, quer na COMAB e agora também na Grande Loja de São 
Paulo (GLESP). 
Todavia, há alguns anos ele foi reintroduzido em Portugal, 
graças aos esforços do então Grão-Mestre do GOB-Pará, Irmão 
Waldemar Coelho que é um dos grandes incentivadores para 
que o Rito cresça em todo o mundo o qual enaltece também os 
esforços dos maçons adonhiramitas do Pará e o Rio de Janeiro 
que muito trabalharam para que o Rito voltasse a Portugal. O 
então Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica Regular de 
Portugal, o Irmão Mario Martin Guia decretou finalmente a 
criação da primeira Loja Adorinhamita no pais, pelo menos 
nesta nova fase do Rito, e que levou o nome de Loja Regular 
“José Estevão”. Evidentemente a primeira Loja do Rito 
Adorinhamita em Portugal foi fundada no século XVIII. 
 
De início se torna necessário esclarecer e explicar um erro 
histórico sobre a fundação deste Rito. 
Não foi o maçom Barão de Tschoudy (Louis Theodore) político 
de origem suíça nascido em 1720 e falecido em 1769 aos 
quarenta e nove anos de idade quem fundou o Rito. O Rito em 
realidade foi fundado por Louis Guillerman Saint-Victor que 
 
 
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escreveu um livro “Compilação Preciosa da Maçonaria 
Adonhiramita” (Recueil Précieux de la Maçonnerie 
Adorinhamite) onde ele descreveu e incluiu os quatro 
primeiros graus e publicou em 1781. Em 1785 ele escreveu um 
segundo livro descrevendo mais oito graus, perfazendo doze 
Era então, conhecido o Rito como a Maçonaria dos 12 graus. 
O grande culpado deste imbróglio do falso fundador do Rito foi 
um escritor francês, maçom, de nome Jean Baptiste Marie 
Ragon de Bettignies (1781- 1862), mais conhecido por Ragon, 
que ao que parece tinha boa cultura maçônica. Escreveu vários 
livros sobre a Ordem, porem ao escrever não era criterioso e 
nada mais do que um leviano que inventava situações a seu bel 
prazer. E em um dos seus livros “Ortodoxia Maçônica” 
(Orthodoxie Maçonnique) ele afirmou que o Barão de 
Tschoudy era o fundador do Rito Adorinhamita e também ele 
“criaria” o 13º grau do Rito. Entre as suas várias balelas existe 
mais uma, ao afirmar que Elias Ashomole teria sido o primeiro 
compilador dos rituais dos graus 1, 2 e 3, quando na realidade 
Aschmole jamais compilou qualquer ritual. Aschmole quando 
foi iniciado em 08/10/1646, nesta época não tinha ainda sido 
organizado o catecismo (ritual) do grau 2, o qual foi criado em 
1670 (manuscrito Sloan,3 -1696), e muito menos o 3º grau 
criado em 1725 e incorporado na ritualística em 1738. 
Desta forma, inventando, ele atribuiu a paternidade do Rito 
Adonhiramita ao Barão de Tshoudy. Só que em 1871 Tschoudy 
havia falecido 12 anos antes. Logo, ele jamais poderia ter 
fundado o Rito Adorinhamita. 
 
 
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Após 1785 Guillerman Saint-Victor escreveu e publicou a 
tradução de um trabalho alemão a respeito do Grau Noachita 
ou Cavaleiro Prussiano, de autoria do alemão M. de Beraye e 
este artigo apareceu publicado no Journal de Trévoux. 
Ragon e Thory se intrometeram, sem nenhuma razão especial 
interpretaram a publicação como sendo mais um grau, o 13º 
grau, embora Saint Victor houvesse publicado a tradução por 
mera curiosidade sem intenção de criar mais um grau. Esta 
tradução era um grau alemão que nada tinha a ver com os 12 
graus já estabelecidos do Rito. Ragon inseriu o novo grau na 
parte final da segunda parte do trabalho de Saint Victor e o 13º 
grau acabou sendo incluído no Rito. Também, seria o 13º grau 
segundo alguns autores, uma homenagem a Frederico II da 
Prússia, maçom e que foi benfeitor da Ordem numa época em 
que ela se achava em progresso, mas muito perseguida. 
Fica assim esclarecido este erro histórico causado por um 
escritor maçom até certo ponto inescrupuloso e que apesar de 
escrever bem e ser culto não media as consequências do que 
escrevia. Ele terminou desacreditado no final do século XX. Ele 
era ainda muito citado em trabalhos até há cerca de 30 a 40 
anos atrás, por escritores maçons brasileiros e estrangeiros, 
que não conheciam a verdade sobre o famoso Ragon. Ainda 
existem irmãos atualmente no Brasil que afirmam ter sido o 
Barão de Tschoudy o fundador do Rito Adorinhamita bem 
como citam Ragon como referência bibliográfica em seus 
trabalhos, que costumeiramente ainda se lê nas revistas, ou 
livros maçônicos. 
 
 
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Existe um Rito da “Estrela Flamejante” (L’etoile Flamboyant) 
fundado em 1766, portanto três anos antes desenlace do Barão 
e que foi realmente fundado por ele. Era um rito composto de 
15 graus. Tschoudy era um maçom ativo e honesto. Ele não tem 
culpa se Ragon o colocou como fundador da Maçonaria 
Adorinhamita. Quiseram imputar a fundação de outro rito à 
Tschoudy, ou seja, o Rito de Tschoudy Reformado de seis graus. 
Mas, igualmente quando fundaram este Rito o Tshoudy já tido 
partido para o Oriente Eterno já há alguns anos. Tshoudy era 
particularmente contra os Altos Graus. Ele também pertenceu 
ao Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, que 
foram os criadores do Rito de Heredon de vinte e cinco graus. 
Aliás, este Rito foi a fonte, foi a raiz dos demais ritos que hoje 
conhecemos pertencentes à vertente francesa, inclusive o Rito 
Adorinhamita. 
Com relação à história da criação do Rito Adorinhamita em si 
tudo começou em 1743 quando um escritor profano 
compositor musical escrevendo vários livros cerca de dez, 
sobre música, teatro, pertencente à Academia Real de Música 
da França de nome Louis Travenol, usando o pseudônimo de 
Leornard Gabanon escreveu um livro contra a Maçonaria 
intitulado de “Catecismo dos Francos Maçons” (Cathécisme de 
Francs Maçons) onde descreveu uma série de fantasias e 
mentiras, porem com algumas informações corretas que 
coincidiam com a maçonaria praticada na época, além da 
descrição do 3º grau completo como era praticado. E ele coloca 
em cena o nome de Adonhiram que até então não existia na 
 
 
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lenda a qual apesar de ser nova, criada há poucos anos só se 
conhecia o personagem Hiram Abif. 
 Em 1742, o Abade Gabriel Luiz Calabre Perau escreveu um livro 
“A Ordem Maçônica Traída e seus segredos revelados” (L’Ordre 
des Francs Maçons Trahi et leur secrete revélé) publicado em 
1745 em Genebra que era confundido com a obra de Travenol. 
Ambos os livros mencionam Adonhiram, mas a obra de Perau 
era mais uma descrição de canções e hinos cantados durante 
as sessões maçônicas, enquanto que Travenol descreveu o 3º 
grau e sua lenda como eram conhecidos na época, mas 
colocando em evidência o personagem bíblico Adonhiram. A 
obra de Perau é aqui citada porque muitos historiadores 
confundiram o titulo com a obra de Travenol. Perau se propôs 
apenas revelar os segredos da Maçonaria, mas não denegrir a 
Ordem a exemplo de muitos escritores da época faziam, aliás, 
como o próprio Travenol. 
Em 1744 Travenol lança outro livro “Compêndio da História de 
Adonhiram Arquiteto do Templo de Salomão” (Abrége de 
L’histoire D’Adoniram, Architecte du Temple de Salomon) onde 
ele disseminou de vez a confusão entre Adonhiram com Hiram 
Abif. A partir dai os ritualistas maçônicos dividiram as opiniões 
pois para alguns seriam os mesmos personagens da lenda, 
enquanto para outros se tratava de personagens diferentes. 
Interessante como os maçons davam importância para a obra 
de um profano. E acresça-se que era um profano escrevendo 
contra a Ordem. Parece que eles próprios não tinham 
segurança na redação dos seus rituais e suas lendas. 
 
 
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Aproveitavam o conteúdo dos livros escritos por profanos 
como fonte de referência, pelo menos naqueles conceitos e 
história que se podia aproveitar deixando de lado as mentiras, 
invenções e ficções. 
Mas as obras de Travenol de qualquer forma influenciaram o 
inicio da Maçonaria Adonhiramita. Mas não foi o único autor a 
escrever livros que influenciaram a própria Maçonaria. Muitos 
anos antes em 1730 Samuel Prichard fez o mesmo, publicou 
todos os segredos da Maçonaria inglesa até aquela data. E esta 
obra é estudada até hoje pelos cientistas maçônicos da Loja 
Quatuor Coronati, nº 2076 de Londres. Por ironia trouxe muita 
informação correta necessária para Maçonaria de hoje. 
Mas quanto Adonhiram alguns ritualistas da época mantinham 
uma situação dualista, mas não concordavam quanto à função 
de cada um dos personagens na construção do templo de 
Salomão. Um era hebreu, o outro era fenício. Interessante, que 
tudo começou a partir de um livro escrito contra a Ordem, 
nascendo daí o embrião de um movimento maçônico que logo 
mais se tornaria a Maçonaria Adonhiramita. 
Em 1747, o livro Catecismo dos Francos Maçons (Cathecisme 
des Francs Maçons) foi reeditado, voltando a enfatizar o 
personagem Adonhiram. 
Ainda em 1749 Travenol publicou “Novo Catecismo dos 
Francos Maçons” (Nouveau Cathecisme des Francs Maçons) 
onde ele publica práticas ritualísticas dos Modernos, que 
constituem uma referência sobre o Rito Francês. 
 
 
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Um grupo de maçons ritualistas sustentava que Adonhiram 
tinha sido um subalterno, um mero arrecadador de impostos 
ao passo que o outro grupo achava que ele seria o verdadeiro 
personagem da lenda do 3º grau. Desta forma nasceu a 
Maçonaria Adonhiramita defendida pelo grupo de Guillerman 
cuja lenda seria diferente da Maçonaria Hiramita com relação 
ao principal protagonista da mesma, mas que no fim os 
atributos e finalidade dos personagens eram os mesmos. 
Ambas as correntes tinham a mesma meta, onde existia muita 
convergência na redação das lendas, levando-se em conta que 
se assemelham muito, pois ambas tratavam da construção do 
templo de Salomão e seu provável construtor. 
Evocando os landmarques que afirmam a exigência da lenda do 
3º grau baseada em Hiram Abif estes foram contrariados 
quanto a um dospersonagens principais defendido pelos 
maçons adonhiramitas. Mas e daí? Por acaso a Maçonaria 
Adorinhamita também não cultua Adonhiram um personagem 
bíblico com as mesmas características simbólicas do Hiram Abif 
também bíblico? E outra pergunta considerada lógica e 
coerente: tanto um como o outro tinham qualificações para ser 
o mestre de obras, o construtor mór do templo de Salomão? 
Não tinham porque o Hiram, o fenício era trabalhava com 
bronze, que hoje o chamaríamos de metalúrgico. Era um 
artífice em fundição de bronze. O que ele entendia de 
construção para ser a principal figura da edificação do templo? 
E o outro, o hebreu o Adonhiram era administrador e coletor 
de impostos ou como a Bíblia afirma em outro local, um 
preposto às corvéias, por ocasião do Templo de Jerusalém. 
 
 
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Para esclarecer o que é corvéia era o trabalho gratuito que no 
tempo do feudalismo, o camponês era obrigado a prestar 
serviços ao senhor ou ao estado. Trabalho escravo, portanto. 
Também não teria também qualificação para ser o mestre de 
obras do suntuoso e famoso templo. E a própria Bíblia causa as 
confusões, pois ela é repleta de contradições gritantes. Existem 
vários Hirans Hirão e mais de um Adonhiram, Adoniram 
Adoram ou nomes parecidos. Mas este detalhe não altera o 
arcabouço geral da lenda do 3º grau feita por maçons. Por 
quê? Porque a principal função da lenda não é a de ficar-se 
discutindo confusos personagens bíblicos. E ainda tem que se 
considerar que tanto a Maçonaria Hiramita como a 
Adonhiramita promoveram, isto na lenda do 3º grau um 
personagem secundário para ser o arquiteto ou construtor ou 
superintendente do Templo. Isto seria impossível e improvável 
atualmente. Tanto Hiram Abif como Adonhiram não teriam 
capacitação técnica para ser o construtor do templo de 
Salomão. Mas lenda é lenda e daí? Lenda é lenda, é fácil 
fabricar uma. A lenda de Hiram ou Adonhiram não fugiu a 
regra. 
Ainda levando-se em conta o que é uma lenda que segundo os 
dicionários é “uma narração escrita ou oral de caráter 
maravilhoso, relatando fatos históricos antigos na qual estes 
são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação 
poética” (Aurélio). Logo, uma lenda pode ser alterada, antes de 
tomar o a redação final, pois ela contem fatos verdadeiros e 
fatos irreais e não tem compromisso com a realidade e nem 
com a verdade, mas sim com a mensagem e o recado simbólico 
 
 
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que ela transmite o exemplo que ela estabelece e impõe a um 
grupo ou à sociedade. Ela vale pela mensagem que passa aos 
adeptos. 
Já o mito tem diversas explicações, mas uma delas seria 
complementando o conceito de lenda que seria uma imagem 
simplificada de pessoa ou de um acontecimento, não raro 
ilusório elaborado ou aceito pelos grupos humanos e que 
representa papel significativo de comportamento. Seria o 
produto final, o herói da lenda. Todo povo, nação, grupo de 
homens, religiões, ou a própria Maçonaria precisam de um 
mito para sobreviver. 
O esplendor da lenda Hiramita ou Adonhiramita não está na 
defesa deste ou daquele personagem, já que no caso ambos os 
personagens foram emprestados da Bíblia, mas sim na 
influência e identidade da lenda com o mito solar. Poucos 
autores mencionam este fato. Parece que o mantem oculto. A 
lenda do 3º grau é totalmente influenciada pelos cultos solares 
da antiguidade, tendo o seu similar mais aproximado na lenda 
egípcia de Osíris. Mas destacam-se ainda na lenda do 3º grau 
as influências das manifestações religiosas e místicas dos povos 
antigos como os sumerianos, dos persas, dos gregos. 
Especialmente do mitraismo, que era uma religião pagã, que 
adorava o sol e que foi tornada ilegal e o cristianismo oficial 
pelo Imperador Teodósio em 391.d.C numa ocasião em que ela 
disputava com o cristianismo quase que em igualdade de 
condições, qual religião prevaleceria. O cristianismo copiou 
muito coisa do mitraismo, dando outros nomes. 
 
 
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A influência do mito solar vem também inserida nos rituais de 
todos os ritos, quando se faz os diálogos entre o Venerável e os 
Vigilantes. Na abertura e fechamento ritualísticos das sessões 
eles descrevem o nascimento, morte e renascimento do sol 
diuturnamente. É uma referência. É a descrição do trajeto 
descrito pelo sol, símbolo principal dos antigos e de todas as 
religiões naturais antigas. Por isso diz-se que a Luz vem do 
Oriente. O Venerável lembra ou representa o sol dos antigos. 
Ainda vem a afirmação importante nesta lenda do conceito do 
nascer, morrer e renascer, um dos principais ensinamentos do 
3º grau. Não se quer atribuir aos rituais maçônicos e nem à 
própria Maçonaria que ela seja um produto do mito solar. Mas 
sofreu sua influência assim como foi influenciada por tantas 
outras culturas e religiões naturais antigas e principalmente da 
Bíblia. A lenda do 3º grau sofreu todas estas influências e foi 
adaptada para a Maçonaria. Foi uma lenda bem manipulada, 
construída para nortear a Ordem em sua caminhada através 
dos tempos e que provou estar correta, pois hoje quer a 
Maçonaria Adorinhamita, ou a Maçonaria Hiramita tem o seu 
herói-símbolo, ou seja, o seu mito, fazendo parte de uma 
mesma lenda, ou seja, a lenda do 3º grau. 
 
 
“Os autores do ritual do 3º grau, ainda desconhecidos 
apelaram para todos os recursos de sua imaginação e de uma 
erudição tão vasta quanto incoerente, produziram um monstro 
 
 
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enigmático, cujas pesquisas, as mais conscienciosas não 
puderam descobrir sua verdadeira origem - Le Foriestier - 
REFRÊNCIAS 
CASTELLANI, José Liturgia e Ritualística do Grau de Mestre 
Maçom Em todos os Ritos. Editora "A Gazeta Maçônica" São 
Paulo, 1987 
CARVALHO, Assis Ritos e Rituais – volumes 1,2,3. Editora “A 
Trolha” Londrina, 1993 
PERAU, Gabriel Louis Calabre - A Ordem Maçônica Traída e 
seus Segredos Revelados Tradução de Ataualpha José Garcia 
Editora “A Trolha” Londrina, 2001 Original: “L’ordre des Francs 
Maçons Trahi, et leur Secret revélé” A L’Orient, Chez G. de 
L’lEtoile, entre L’esquerre & le Compass, vis-à vis du Soleil 
couchant, 1745” 
O RITO ADONHIRAMITA – HISTÓRIA - Publicação feita pelo 
Sublime Capitulo Adonhiramita do Brasil – Florianópolis - Santa 
Catarina 
 
 
 
 
 
 
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A PRANCHETA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
É uma das três joias fixas ou imóveis de uma loja que aparece 
no painel simbólico de cada rito. Sabemos que as outras duas 
são a Pedra Bruta que corresponde ao aprendiz e a Pedra 
Cúbica que corresponde ao companheiro. 
A Prancheta é um símbolo que pertence ao Mestre tem 
diferentes nomes conforme o Rito, mas trata-se do mesmo 
símbolo, com o mesmo significado. 
 Trata-se de um símbolo que aparece nos painéis dos Ritos 
REAA, Rito Brasileiro e Rito Adonhiramita em seus rituais do 
primeiro e segundo graus, mesmo sendo um símbolo do 
Mestre. No REAA ela tem o nome de Prancheta. 
No Rito Adonhiramita no ritual do segundo grau nas instruções 
aparece com o nome de Pedra de Riscar, fazendo-se alusões às 
três pedras, bruta, cúbica e a de riscar. 
 No Rito Moderno ou Francês no ritual do terceiro grau em 
suas instruções é citada como Pedra de Traçar. 
O Rito de Schröder possui em seu Tapete ou seu painel 
simbólico, o qual é único para os três graus, a 47ª Proposição 
de Euclides que é consideradasimbolicamente no Rito como a 
Prancheta. Segundo instruções do Rito o Venerável Mestre de 
 
 
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uma Loja Operativa preparava os planos através da Prancheta 
que era usada na Inglaterra antes de 1723 e que segundo os 
mentores atuais do Rito era baseada por analogia na famosa 
proposição citada. Referências sobre a Prancheta existem nos 
rituais dos graus um e três do Rito. 
No Rito de Schröder o ritual do terceiro grau o Venerável 
pergunta: Onde trabalham os Mestres? 
 Resposta: Na Prancheta para com a Régua da Verdade, o 
Esquadro do Direito e o Compasso da Obrigação executarem 
seus projetos. 
Simbolicamente na Prancheta, ou Prancha a traçar, os mestres 
gravam ou traçam os planos estabelecidos, bem como as lições 
para os aprendizes e companheiros. Gravar ou traçar quer dizer 
escrever. No Rito de Schröder a Prancheta não traz como no 
REAA a chave do alfabeto maçônico. 
A Prancheta ou Prancha a traçar, ou seus sinônimos em outros 
Ritos aparece no painel simbólico do grau de aprendiz e de 
companheiro ao alto onde se observa um retângulo no qual 
figuram dois sinais. Em loja, o símbolo deve estar no Oriente 
feito de madeira ou outro material em cima de um cavalete ou 
adaptado em um local à direita de quem está sentado nas 
cadeiras do Oriente. Ele é um retângulo que representa uma 
prancha de desenhar, traçar ou gravar na qual, está inserido 
dois sinais, uma cruz quádrupla (quatro cruzes latinas cristãs) 
constituídas por duas paralelas cruzadas, símbolo do limitado 
e também daquilo que homem pode realizar e também uma 
 
 
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cruz de ângulos opostos pelos vértices símbolo das díadas e 
também do infinito. Esta cruz é em forma de X (xis) também é 
conhecida como cruz de Santo André. Esta cruz para os maçons 
esotéricos simboliza a união a união do mundo superior com o 
mundo inferior. 
A cruz tem este nome porque segundo a história, Santo André 
teria sido supliciado numa cruz com esta forma. 
A Prancheta é um símbolo que como tal, significa que os 
mestres simbolicamente guiam os aprendizes e companheiros 
na sua caminhada, traçando os trajetos a serem percorridos 
por estes para que progridam na Maçonaria. 
A Prancheta apesar de ser um símbolo do mestre, aparece no 
painel simbólico do aprendiz e do companheiro e também 
dentro da loja como símbolo no Oriente devendo o aprendiz e 
companheiro apenas tomar conhecimento da sua função, ou 
seja, simbolicamente saber que são ensinados e instruídos 
pelos Mestres através da Prancheta. 
Este símbolo também contém a chave do alfabeto maçônico, o 
qual todos os maçons deveriam conhecê-lo e usa-lo. A cruz 
representada por duas paralelas cruzadas dá as posições das 
primeiras dezoito letras e a cruz em X dá a posição das quatro 
últimas letras. 
Todas as letras do alfabeto maçônico têm a forma de esquadro, 
o qual se relaciona com a matéria não sendo visto o círculo que 
é o símbolo do espírito, o qual não aparece no alfabeto 
maçônico, isto segundo Boucher que afirma que o espírito é 
 
 
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invisível e desta maneira o maçom se vê convidado a se libertar 
da letra para abordar o espírito. 
Esta descrição tem valor para o REEA, que emprestou do 
Trabalho de Emulação (Emulation Working) que é o nome 
correto usado na Inglaterra e não Rito de York como se 
costuma erradamente a chamá-lo aqui no Brasil. Não existe 
Rito de York na Inglaterra. Existe sim, o Rito de York, mas este 
é americano. Os demais ritos simplesmente copiaram o painel 
do REAA, o qual copiou do painel do Trabalho de Emulação. 
Castellani considera a Prancheta como Tábua de Delinear 
(tracing board) e seria para ele no REAA todo o painel do grau 
no REAA, igual ao Trabalho de Emulação. 
Entretanto, outros autores acham que somente o símbolo 
Prancheta constante do painel simbólico e a sua representação 
física no oriente seria a Prancheta em si e não Tábua de 
Delinear. A tradução de prancheta do inglês para o português 
segundo Anatoli Oliynik seria clipboard e não tracing board. 
Será descrito a seguir como é a Tábua de Delinear no Trabalho 
de Emulação, fazendo-se algumas comparações necessárias 
com os demais ritos. 
A Tábua de Delinear (Tracing Board) é todo o seu painel com os 
símbolos inseridos nele. 
Já no REEA no Brasil, algumas potências adotam o painel 
simbólico e o alegórico. O painel alegórico do REAA é cópia da 
Tábua de Delinear do Trabalho de Emulação. 
 
 
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Todavia, é no painel simbólico do REEA e não no alegórico que 
aparece a Prancheta. 
 O Painel do Trabalho de Emulação que é chamado de Tábua 
de Delinear ou tracing board é um todo e não apenas um 
símbolo isolado como nos demais ritos onde este é mostrado 
como um retângulo onde estão gravadas as já citadas duas 
cruzes. A Tábua de Delinear é, portanto, todo o painel no 
Trabalho de Emulação. 
A Tábua de Delinear dos ingleses serviu de modelo para o REAA 
acrescentar como um dos seus símbolos constantes do Painel 
do primeiro e segundo graus a Prancheta. Aliás, diga-se de 
passagem, que o REEA copiou praticamente toda a Tábua de 
Delinear do Emulação com exceção de alguns símbolos que 
foram acrescentados e outros retirados, e hoje é conhecido 
como painel alegórico no REAA. 
Escritores de renome na Maçonaria, não esclareceram bem 
este detalhe. 
Este assunto ainda não está bem elucidado. 
Deixaram os leitores confusos, tratando ambos os símbolos 
como se fossem a mesma coisa, ou seja, Prancheta e a Tábua 
de Delinear e a realidade não é bem essa. Castellani não deu a 
interpretação correta. Ele considerava a Prancheta e a Tábua 
de Delinear como a mesma coisa. 
Será escolhida a descrição da Tábua de Delinear (Tracing 
Board) na linguagem da forma de trabalhar da maçonaria 
 
 
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inglesa no Trabalho de Emulação em razão de todos os ritos 
menos o de Schröder terem copiado e adaptado os primeiros 
painéis os quais foram todos oriundos do Trabalho de 
Emulação. 
Ele mostra simbolicamente todo o interior de uma loja. 
A Tábua de Delinear representa a forma de uma loja que é a de 
um paralelepípedo com comprimento que vai de leste a oeste 
e largura de norte a sul. A altura até os céus. As lojas estão 
situadas do oriente para o ocidente. 
Aparece o Sol a Lua e as sete estrelas. A forma da Lua neste rito 
é a de lua cheia e não quarto crescente como nos demais ritos. 
As três grandes colunas que sustentam a loja representam 
Salomão, Hiran, rei de Tiro e Hiran Abif, respectivamente 
Sabedoria Força e Beleza, sendo as colunas pela ordem Jônica, 
Dórica e Coríntia. Estas colunas têm as suas miniaturas 
expostas nos Pedestais do 1º Vigilante, a Dórica, e do 2º 
Vigilante a Coríntia, fazendo parte da ritualística do grau. No 
pedestal do Venerável não há uma coluneta representando a 
Sabedoria 
O Círculo com um ponto central gravado no móvel que está 
suportando o Volume da Lei Sagrada (Bíblia) em cima do qual 
está representada a Escada de Jacó, a qual tem muitos degraus, 
tantos quantos forem as virtudes morais necessárias a serem 
alcançadas pelo maçom no seu progresso na Ordem, mas as 
três virtudes principais são a Fé, Esperança e Caridade, 
 
 
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representadas por uma cruz, um cálice e uma âncora e em cima 
da Escada de Jacóuma estrela de sete pontas. 
O interior de uma loja é composto de ornamentos, mobiliário 
e jóias.Os ornamentos de uma loja são: Pavimento Mosaico, a 
Estrela Brilhante e a Moldura Denteada ou marchetada. Os 
mobiliários da loja são: o Livro das Sagradas Escrituras (Bíblia), 
o Compasso e o Esquadro. As jóias são: três móveis e três 
imóveis ou fixas. As jóias móveis são o Esquadro, Nível e o 
Prumo. As imóveis ou fixas são a Tábua de Delinear (eis aqui 
citada novamente como mais um símbolo dentro do painel) a 
Pedra Bruta e a Pedra Esquadrada (No REAA é a Pedra Cúbica) 
Percebe-se que os ingleses repetem no painel a Tábua de 
Delinear como uma das jóias imóveis. Mas a Tábua de Delinear 
é também todo o painel conforme já foi citado, Mas como 
símbolo representando umas das três jóias imóveis permanece 
ao lado da Pedra Bruta e da Esquadrada que elas ficam 
expostas para que os aprendizes e companheiros nela se 
instruam. 
Aparecem ainda a Régua de 24 polegadas, o Escôpro ou Cinzel 
e o Maço, que são os instrumentos de trabalho do aprendiz 
neste rito ou trabalho. 
Ainda resta comentar um símbolo desconhecido em outros 
ritos e que se chama Lewis que seria um símbolo triangular, 
uma espécie de luva de ferro em secções com cunhas 
ajustáveis e expansíveis, utilizadas para engatar e auxiliar 
 
 
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grandes levantamentos. Seria uma ferramenta que levanta 
grandes pesos com pouca força. 
Este termo ainda é usado para o filho de maçom, conhecido no 
Brasil como lowton. 
Pendentes nos quatro cantos da loja estão as Borlas que 
lembram as quatro virtudes cardeais: Temperança, Firmeza, 
Prudência e Justiça. 
A localização da Tábua de Delinear como jóia imóvel no 
Trabalho de Emulação está segundo Castellani situada na parte 
sudoeste do templo à frente do segundo diácono (júnior 
deacon) o qual está próximo à parede ocidental e não no 
Oriente como em alguns dos demais ritos. 
A Grande Loja Unida da Inglaterra, não está mais usando a 
Tábua de Traçar desenhada no século XIX pelo Irmão John 
Harris desenhado especialmente para a “Emulation Lodge of 
Improvement”; Hoje ela usa a Tabua de Delinear pintada pelo 
Irmão Esmond Jefferies. 
Houve algumas modificações em relação à Tabua de Delinear 
de Harris. 
As colunas mudaram de posição A dórica permaneceu no local 
em que estava, mas ela deve ficar na mesma linha de 
perspectiva à esquerda da coluna jônica. Por isso a posição da 
jônica mudou. A coluna coríntia esta agora à direita isolada. 
 
 
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Na Escada de Jacó, os símbolos da cruz, cálice e âncoras foram 
substituídos por anjos e a estrela de sete pontas foi substituída 
por uma estrela muito brilhante. 
 Foi colocada uma estatua do Rei Hiran sobre a coluna dórica, 
uma estátua do Rei Salomão sobre a coluna jônica e uma 
estátua de Hiran Abif em cima da coluna coríntia. 
 O Pavimento de Mosaico representado no Painel é agora como 
um tabuleiro de xadrez e não em diagonal como no REAA
 
 Este e é o painel que consta do Emulation Ritual publicado pela 
Lewis Masonic Publishers Ltd. uma das editoras autorizadas 
pela Grande Loja Unida da Inglaterra. 
 A Prancheta como símbolo faz parte de todos os Ritos e não se 
chama Tábua de Delinear, nome este que é somente usado 
pelo Trabalho de Emulação, quando se trata da descrição de 
todo o painel. Mas dentro do próprio painel do Trabalho de 
Emulação existe como símbolo a Tabua de Delinear que deveria 
charmar-se clip board e seria o correspondente à Prancheta, 
pois o simbolismo é o mesmo. De qualquer forma, tirando estas 
pequenas diferenças entre os Ritos, ela é um símbolo do 
Mestre, significando que ele escreve nela os caminhos, os 
conceitos, os princípios e ensina a ética a serem seguidos pelos 
Companheiros e Aprendizes. 
REFERÊNCIAS 
 
 
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BOUCHER, J. A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento – 9ª 
ed. São Paulo, 1993 
CASTELLANI. J. Consultório Maçônico IV e V 
Editora Maçônica ”A Trolha” Ltda. Londrina, 1994 e 1997. 
NICOLA. A. . Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria 
e Simbologia. Editora Arte Nova – São Paulo, 1975 
OLIYNIK, A. Emulação (História, Ritualística e Rituais) 
Ed. Gráficas Vicentina Curitiba, 2004 
PIRES. J.S. O Suposto Rito de York e outros Estudos 
Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina, 2000 
VAROLI T.Fº Curso de Maçonaria Simbólica II tomo – Ed. 
Gazeta Maçônica São Paulo, 1976 
Revista “A Trolha” nº 148 – 02/1999 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MAÇONARIA E PROCEDIMENTOS 
MÁGICOS 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
Segundo os dicionários, a Magia é uma arte ou ciência oculta 
que pretende produzir por meio de certos procedimentos, atos 
e palavras e por interferência dos espíritos, gênios e demônios, 
efeitos e fenômenos raros, estranhos e anormais contrários às 
leis naturais. Há quem a divida em Magia Branca que seria a 
arte de se obter efeitos maravilhosos e extraordinários na 
aparência, mas que na realidade são causados por causas 
naturais, e Magia Negra através da qual certas pessoas se 
dizem ser possuídas de poderes de ter a capacidade de 
conseguir produzir efeitos sobrenaturais pela intervenção dos 
espíritos e, sobretudo dos demônios. 
A Magia é considerada pela Sociologia como se opondo à 
Religião. As forças superiores na religião são consideradas 
 
 
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como tal e não podem ser mudadas. Na Religião a divindade é 
liberta de qualquer limitação, já na Magia a divindade está 
vinculada às ordens de uma rede que intercala todas as coisas. 
Em verdade até a presente data, uma grande parte dos Maçons 
brasileiros não quer entender que a principal finalidade da 
Maçonaria é tão somente político social e de 
autoaprimoramento espiritual e, que somos construtores 
sociais praticando o culto ao Grande Arquiteto do Universo, o 
amor à humanidade, trabalhando para que tenhamos no 
futuro uma sociedade humana com paz, justiça e fraternidade. 
Não temos como fugir deste destino. 
Querer ainda em nosso século misturar os conceitos, como 
aconteceu no Século das Luzes, e que também foi o século em 
que houve o maior culto de misticismos e mistificações, de 
magia, da teurgia em sua versão mais sombria, a Goécia, ou do 
ocultismo, não há mais razão de ser, pois muitas dúvidas tanto 
na religião como na ciência foram totalmente sanadas, pelo 
menos se sabe hoje o que é ciência, o que é religião e o que é 
ateísmo. 
Fenômenos tidos e havidos como sobrenaturais, hoje têm 
explicações científicas e simples. Comentaremos as tendências 
que tomaram conta de uma parte da Maçonaria daquela 
época. Diga-se a bem da verdade, que existia a Maçonaria 
Tradicional, que era predominante, que era constituída pela 
maioria das Lojas, procurando ser a mais ética e pura possível 
especialmente na Inglaterra, país este, que não permitiu por 
 
 
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tradição, que a Ordem fosse eivada, contaminada, denegrida 
por práticas outras que não fossem as puramente maçônicas. 
Entretanto, espertalhões, charlatães para uns e magos ou 
sábios para outros, usaram o mais que puderam nossa Ordem 
na França, Alemanha e outros países europeus. Eles deixaram 
como herança oseu legado no Brasil, onde mais de dois séculos 
após, ainda proliferam suas influências. Torna-se muito difícil e 
complexo traçar um referencial do maçom brasileiro, já que o 
sincretismo intelectual e religioso no país distorceu princípios, 
misturou conceitos, confundiu as mentes considerando-se que 
o maçom neste país, lê pouco, sendo, portanto, pouco versado 
nas coisas da Ordem, ainda não se encontrou, não se 
identificou com a essência maçônica. 
Supersticioso, mal orientado nas suas lojas, onde as instruções 
são falhas, com uma incrível tendência para crer no 
sobrenatural e vivendo no maior país católico-espírita do 
mundo, sem saber que não se pode ser católico e espírita ao 
mesmo tempo, porque uma das religiões, a católica não admite 
em hipótese alguma o contato com os espíritos dos mortos, por 
uma questão dogmática, isto sem mencionar outras religiões 
com suas crenças, descrenças e rejeições. 
Em consequência destas situações acontece que até hoje existe 
um número muito maior do que imaginamos de maçons que 
são mistificadores, que querem impingir um esoterismo no 
qual creem, às vezes até sinceramente, porem mal orientados, 
aos demais Irmãos, dentro das próprias lojas esquecendo-se 
que como afirmamos anteriormente a Maçonaria tem hoje 
 
 
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uma função político social muito mais evidente que estas 
práticas citadas, além é lógico, do encaminhamento do maçom 
para seu auto aperfeiçoamento. 
 A Maçonaria não impede quem quer que seja de ter suas 
próprias concepções, só que dada a sua função social e eclética 
os trabalhos em loja são alheios a tais práticas referidas. 
Não podemos negar que a Maçonaria tenha sua parte mística, 
quer pela sua essência doutrinária quer pela sua integração 
com GADU, assim como as religiões que creem em Deus. A 
Mística como sabemos é o estudo das coisas divinas ou 
espirituais, porem mistificação é uma burla, um engodo. 
Os magos do século XVIII que usaram a Maçonaria para as suas 
experiências, fundaram lojas, criaram ritos mágicos praticaram 
e abusaram da teurgia que como sabemos que é um tipo de 
magia que consiste em estabelecer contato com espíritos 
celestes, e desta forma praticar milagres, curas, predições, 
invocaram fantasmas, enfim, ajudaram muito a antimaçonaria 
a nos confundir com as religiões diabólicas, nos taxando de 
praticantes da Magia Negra, missas negras, montadores de 
bodes e outros tantos epítetos que não merecemos. 
Esta é a triste herança que os personagens que descreveremos 
nos deixaram. 
A teurgia então praticada em muitas lojas, sempre lembrando 
aos Irmãos que não representavam a Maçonaria Tradicional, 
era caracterizada por procedimentos mágicos, que consistiam 
de cultos de expiação, culto operatório contra demônios, culto 
 
 
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contra a guerra, culto contra o inimigo da Lei Divina, culto para 
obter a descida do Espirito Divino. Ao mesmo tempo 
praticavam uma magia cultural onde usavam o círculo mágico, 
as luminárias pelas velas de cera, focos luminosos decorativos 
e efígies que condensavam presenças invisíveis. A parte ativa e 
prática desta teurgia consistia em exorcismos purificadores da 
Terra, “passes” que traziam potências celestes, e nesta hora 
havia o chamado choque da “Coisa.” Estas práticas eram 
baseadas na Doutrina da Reintegração, onde se pedia proteção 
aos Superiores da Humanidade sobre as entidades extra 
humanas que povoam o mundo do Além. Entende-se por 
círculo mágico como uma pratica, onde o mago traça-o real ou 
ficticiamente com sua vara ou com carvão ou água benta e tem 
por finalidade isolar proteger o operador, pois entes maus não 
poderão franquear esta fortaleza, exceto o demônio convidado 
que ficará à disposição do mago. 
Missa Negra é uma pratica usada em religiões que reverenciam 
ao Demônio, que consiste na imitação de uma missa católica, 
celebrada sobre os rins e depois sobre o ventre de uma mulher 
nua que serve de altar. Os ornamentos são todos negros. 
 Entretanto, também não deveremos esquecer que fatores 
conjunturais, religiosos, ideológicos, políticos, morais, guerras 
e mesmo a Razão que começou a ser cultuada naquele século, 
tinham outros valores naquela época, que talvez não possamos 
avaliá-los plenamente em função dos nossos valores atuais, e 
também não esqueçamos que o século XVIII foi uma época de 
total devassidão intelectual e religiosa de tal forma que o 
 
 
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ocultismo parecia ser para eles, naquele momento da história, 
um remédio salvador. Ressalte-se que, os magos que eram 
perseguidos na maioria dos países, encontraram guarida no 
seio de certas lojas da Ordem que os albergou, as quais além 
do seu já nascente espírito democrático eram consideradas e 
aceitas na época como uma honorável sociedade pela maioria 
dos países europeus onde ela tinha as portas abertas e era até 
um modismo ser franco-maçom. A Maçonaria era um refúgio 
ideal para os magos. 
 
Evidentemente a Humanidade, em nome do Iluminismo que 
libertou o pensamento humano que até então vivia sob os 
grilhões da Igreja, cometeu muitos erros, pois estava passando 
por crises, isto é, por mudanças incríveis e extraordinárias, 
sendo este século um verdadeiro cadinho, um imenso 
laboratório psíquico onde as ideias boas e más de todos os 
matizes explodiram como se fosse uma libertação expansiva da 
mente do Homem. Mas, ao lado dos erros procurou o caminho 
correto e a Ciência através dos Homens bem intencionados 
têm muito a ver com isto, pois foi se mostrando aos poucos o 
que era natural e científico e que era fantasioso e mentiroso. A 
própria Maçonaria procurou suas melhores opções, tanto é 
verdade que ela sobreviveu apesar dos magos, charlatães, 
inventores e aproveitadores. Exemplo de coerência nos deu a 
Maçonaria da Alemanha quando o “Rito da Estrita 
Observância” que praticava este tipo de ocultimo começou a 
perder terreno exatamente depois da Convenção de 
 
 
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Wilhelmsbad realizada em Hamburgo em 1782 e que foi 
decidido que se restauraria a verdadeira e antiga Maçonaria, 
exatamente como foi trazida pelos seus antecessores, e que se 
pesquisaria tão somente a Verdade. Que se deveria melhorar a 
harmonia entre os Irmãos, e que trabalhariam nos três 
primeiros graus de acordo com o antigo Ritual do Rito Escocês 
até que os rituais organizados pela Convenção Geral fossem 
redigidos e editados. Não resta a menor dúvida, que esta 
medida deu um ultimato ao festival de graus superiores que 
grassava por toda Alemanha, bem como na atuação dos magos 
que infestavam suas lojas. Esta decisão permitiu que fosse 
iniciado um movimento restaurador da verdadeira Maçonaria. 
E entre Irmãos que almejavam esta limpeza na Ordem estava 
Friedrich Ludwig SCHRÖDER (não confundi-lo com os dois 
outros SCHRÖDER que também eram Maçons, porem, magos) 
aproveitou para organizar um Ritual que sem dúvida nenhuma 
é um dos mais puros e expurgados de enxertos, do mundo, ou 
seja, o Ritual de SCHRÖDER ou Ritual Alemão sem esoterismo, 
seguindo uma linha humanística. 
Apesar de tudo, belo, inquietante, estranho e mágico século foi 
o XVIII, e isto, não podemos negar. Era a mente do Homem se 
libertando por completo dos grilhões religiosos de dezoito 
séculos. Ele tinha direito de experimentar todos os caminhos 
até achar pela Razão, o que é Verdadeiro. 
Vamos citar e analisar situações paralelas à Maçonaria 
Tradicional ocorridas no Século das Luzes envolvendo 
indivíduos que forammaçons. 
 
 
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Na Alemanha, um limonadeiro de Lípsia de nome SCHROEPFER 
em 1768 fundou uma loja na qual se faziam invocações e se 
pretendia colocar os Irmãos do quadro em contato com anjos 
infernais bem como com potências celestes. Ele deixou em 
polvorosa toda a Prússia e especialmente Berlim predizendo 
através de fantasmas a morte de figuras eminentes, fatos estes 
que costumavam realmente acontecer. Foi proibido pela 
rainha da Prússia de realizar tais predições. Ele se suicidou em 
1774, com um tiro na cabeça. 
Ainda na Alemanha Schroeder considerado por alguns como o 
Gagliostro Alemão (não confundi-lo com o homônimo que 
fundou o Rito Alemão), na cidade de Marburgo fundou um 
capítulo com o nome de “Verdadeiros e Antigos Maçons Rosa-
Cruzes”, onde havia uma escola que ensinava magia, alquimia 
e teosofia. Esta escola teria dado aulas à Gagliostro. 
Podemos ainda acrescentar na Alemanha o “Rito da Alta 
Observância” criado após cisão no Rito da “Estrita 
Observância” em Viena em l767. Seus adeptos praticavam 
magia, cabala e alquimia. 
Na França, uma loja em Paris chamada de “São João da 
Escócia”, entre os anos de 1770 e 1775 fundou uma Academia 
dos Sábios consagrada às ciências herméticas, notadamente à 
astrologia, onde se praticavam procedimentos de Goécia, ou 
magia negra. 
 
 
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Citaremos mais alguns nomes que tiveram influência em toda 
a Europa, possivelmente alguns deles paranormais e ao mesmo 
tempo grande prestidigitadores. 
EMMANUEL SWEDENBORG (1688-1772), filósofo, sábio e 
filólogo. Foi, sem o saber, um dos precursores da Hipnose, pois 
se auto hipnotizava e tinha visões. Pode prever um incêndio há 
mais de trezentos quilômetros de onde estava e também 
previu corretamente segundo dizem, a data de sua própria 
morte. Ele realizou pesquisas muito profundas sobre os 
mistérios maçônicos. Ele acreditava que a doutrina remontava 
a mais remota antigüidade. Ele achava que a Maçonaria seria a 
pedra fundamental da futura Igreja concebida por ele, e 
afirmava que ela estava no Homem e não fora dele. Esta Igreja 
se conhecerá como a Nova Jerusalém e na qual não entrará 
ninguém que não reconheça o Senhor como Deus do Céu e da 
Terra. Participou de congressos maçônicos e suas atividades, 
especialmente na invocação de fantasmas e na autossugestão 
serviram de base para que outros personagens viessem a 
praticar tais experiências em lojas maçônicas. Este mago era 
provavelmente um paranormal. 
Sabemos que a Paranormalidade existe. Hoje é estudada em 
muitas Faculdades no mundo. São capacidades mentais 
especiais que um indivíduo possui e que já nasceu com elas. 
Ocorreriam em função de uma abertura maior entre o 
Consciente e o Subconsciente de cada um. Ressalte-se que a 
Hipnose pode despertar em alguns indivíduos estes dons ou 
talentos. 
 
 
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MESMER, médico de nome Francisco Antônio nascido na 
Austria (1734-1815) um dos precursores da moderna Hipnose, 
anunciou na época que havia descoberto o magnetismo animal 
que ele próprio ignorava a sua causa. Sua ação, no início 
trabalhou fora das lojas, mas sua filiação maçônica permitiu a 
difusão de suas doutrinas e teorias dentro das mesmas. Ele 
magnetizava em série, centenas de pessoas curando seus 
males. Fez sucesso na Europa. Em 1783 fundou na França, uma 
sociedade maçônica com o nome de “Ordem da Harmonia 
Universal” que se destinava a purificar os adeptos e torna-los 
capazes de propagar a teoria de MESMER. Porem foi 
desacreditado pela Academia de Ciência da França composta 
pelos mais brilhantes cientistas de então, o que comprova que 
o Século das Luzes também buscou os caminhos corretos. O 
atual Hipnotismo é considerado como ciência, é um estado 
mental, baseado em reflexos condicionados semelhante ao 
sono em sua fase mais profunda, podendo em suas fases mais 
leves, o indivíduo estar perfeitamente desperto, e obedecer á 
ordem do hipnotizador quando em transe hipnótico. Não se 
trata de um poder especial que o hipnotizador tenha sobre o 
paciente. É antes de tudo uma técnica. Qualquer um poderá 
hipnotizar um paciente sensível. Pode-se operar maravilhas 
com esta técnica, como cura de doenças psíquicas, alterações 
dos estados da mente, sempre se utilizando o poder da 
sugestão. 
A Hipnose é muita usada pela Medicina. O hipnotizado jamais 
obedecerá a qualquer ordem, que seja contraria aos princípios 
programados que estão em sua consciência. Diz-se que toda 
 
 
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hipnose é antes de tudo uma auto-hipnose, ou seja, o paciente 
se autohipnotiza e o hipnotizador somente conduz o processo 
hipnótico. Ela é uma arma psíquica poderosa e está proibida 
por lei de ser usada em palcos por hipnotizadores que são 
antes de tudo “mágicos” e prestidigitadores que como 
sabemos são ilusionistas e que graças a sua habilidade são 
capazes de deslocar ou fazer desaparecer objetos 
rapidamente, iludindo a vigilância do espectador. Estas 
técnicas especialmente a Hipnose são muito usadas de maneira 
dissimulada pelos políticos que enganam o povo através de 
discursos eloqüentes e demagógicos e pelos donos de 
inúmeras igrejas que são fundadas diariamente no país, onde 
em nome de Deus e da Bíblia o pobre povo é enganado 
vilmente e ainda, lhes tomam suas economias. Entretanto, 
temos que citar aquele provérbio latino que diz “o povo quer 
ser enganado” nos dá a sensação e a certeza de que ele é 
cúmplice assumido, aceitando passivamente tais situações. 
O CONDE DE SAINT GERMAIN homem misterioso, ligado ao 
Ocultismo, à Maçonaria, especialmente à alquimia, viajava 
muito, tido para uns países como espião, tinha passagem livre 
em todas as cortes da Europa, vivia como um rico, e se dizia 
conhecedor dos segredos da alquimia, e “transformava um pó 
escuro em ouro” e segundo Voltaire “SAINT GERMAIN é um 
homem que nunca morre”. Ninguém soube o seu verdadeiro 
nome, nem onde nasceu e onde morreu. Fez demonstrações 
em muitas lojas. Existe hoje uma Ordem Mística de Saint 
Germain com ramificações por todo o mundo inclusive no 
Brasil. 
 
 
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MARTINEZ DE PASQUALY (l7l5 l774) Escreveu o livro “Tratado 
de Reintegração dos Seres em suas primeiras propriedades e 
potências espirituais e divinas” Ele defendia que a origem de 
todos os seres está inserida no seio de Deus, o qual dirige toda 
esta unidade e ao mesmo tempo faz emanar por efusão 
querubins, serafins arcanjos e anjos, cuja expansão provocou a 
queda do Homem. O Homem é decaído. Para reintegrá-lo e 
identifica-lo, com a vontade de Deus somente será possível 
através da invocação dos espíritos que povoam o intermundo. 
Martinez através do Rito dos “Eleitos de Coëns” praticava uma 
ritualística dúbia e estranha, composta de dez graus e quatro 
templos. 
No lº templo na chamada “Maçonaria de São João” tratava da 
criação do Homem e sua desobediência. 
Nos 2º e 3º templos quando o adepto leva uma vida santa e 
exemplar, reaproxima de Deus, e recebe o grau de “Eleito 
Coëns”. 
No 4º templo, a classe secreta dos “Reaux-Croix” (Réau= 
sacerdote poderoso), que colocava os iniciados em contato 
com o mundo das potências celestes por intermédio da 
evocação da Alta Magia. 
Com a morte de PASQUALY, sua doutrina tomou dois rumos 
interessantes. Uma corrente a de VILLERMOZ juntou-se ao 
esoterismo da Maçonaria Tradicional e a outra a de LOUISCLAUDE SAINT MARTIN, recusou a prática da teurgia de 
Pasqualy, ficando na pesquisa meramente especulativa, e 
 
 
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também recusou os ritos maçônicos tradicionais fundando o 
Martinismo que atualmente está em plena atividade no nosso 
século, estando no momento sob a tutela da AMORC até que, 
mais difundido no mundo, possa ter suas próprias sedes e 
templos. O Martinismo pratica uma filosofia, que talvez seja a 
que mais respeite o individualismo de cada adepto, em 
comparação com outras entidades afins. 
O maior personagem desta lista de nomes ligados à Maçonaria 
e ao ocultismo do século XVIII foi sem dúvida, GAGLIOSTRO, ou 
JOSÉ BÁLSAMO figura central da Magia daquela época. 
Aventureiro? Charlatão? Gênio? Paranormal? Prestidigitador ? 
Ele foi iniciado na Loja “Esperança” em Londres em 1777. 
Freqüentou todos os Ritos nos Países Baixos, Alemanha, 
Polônia e Rússia. 
Em l779 ele teria praticado um rito mágico pela primeira vez. 
Em 1783-84 ficou onze meses em Bordéus na França, e fez 
sucesso como curandeiro. Em 20 11.1784 ele chega a Lion 
como mago e grande mestre da Maçonaria. Nesta época, os 
maçons lioneses estavam divididos conceitualmente com o 
martinezismo, mesmerismo e swengborgismo. 
CAGLIOSTRO funda a Loja “Sabedoria Triunfante” e 
imediatamente as curas, predições materializações começam a 
acontecer. 
A seguir funda a “Loja Mãe do Rito Egípcio”, em três graus, da 
qual ele se intitula o Grande Copta. Ele utiliza como médiuns, 
jovens rapazes e moças os quais ele os chama de pupilos e 
 
 
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pombas. Este rito, segundo ele, tinha por objetivo dar ao 
Homem a dignidade perdida, moral e física. 
O Homem regenerado torna-se Eleito. CAGLIOSTRO fala em 
nome de Deus que lhe teria atribuído poderes. Ele em 
realidade misturou uma Maçonaria totalmente espúria com 
operações do magnetismo animal, isto é, ele usava o 
Hipnotismo. Em 1785 instalou-se em Paris onde se reunia a 
Loja “Assembléia dos Amigos Filaletos” Convocado pela Loja 
“Amigos Reunidos” exortou a todos os Maçons de todos os 
ritos para que discutissem os pontos mais essenciais da 
doutrina maçônica. Ele tentou impor os princípios da sua 
“Maçonaria Egípcia”, porem não foi aceito. Rompeu com os 
“Filaletos” e enviou uma carta posteriormente criticando-os 
veentemente. Tem vários livros sobre este personagem. A 
melhor biografia a seu respeito, é a de Dr. Lalande, sob o 
pseudônimo de Dr.Mac Haven. 
Gagliostro foi a última pessoa a ser julgada pela Inquisição em 
1789 em Roma e morreu louco na prisão da Fortaleza de San 
Leo. 
Fica uma pergunta no ar. Será que todas as Lojas do mundo 
atual estão livres desta panacéia, destas práticas estranhas? 
Temos tido notícias que uma Loja de Pesquisas (?) no Brasil, 
que suas sessões seriam verdadeiras sessões espíritas. 
Também fomos informados que uma Loja da Maçonaria Mista 
em uma cidade (?), seus adeptos são iniciados inicialmente em 
candomblé na própria loja como exigência precípua para se 
tornarem iniciados na Maçonaria, alem de tantas outras 
 
 
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aberrações fantásticas e incríveis que temos tomado 
conhecimento. 
Alguns fenômenos paranomais eventualmente ocorrem em 
algumas lojas do país, porém, jamais poderão ser confundidos 
com nossos princípios, leis e costumes. 
Atualmente, Maçons alertas e estudiosos vêm através de 
palestras, cursos e livros, desmistificando todas estas práticas, 
mas, justamente pelo perfil do maçom brasileiro que é 
supersticioso, místico com uma forte tendência a cultuar o 
sobrenatural, é preciso orientá-lo quanto a uma série de 
fantasias e engodos que ainda assolam a Maçonaria Brasileira. 
 
 
REFERÊNCIAS 
Aslan, N. “Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e 
Simbologia” Editora Artenova – Rio de Janeiro – 1975 
Carvalho, F.A. “Ritos e Rituais” Editora A Trolha –Londrina – 
1993 
Naudon, P. “A Maçonaria”. Editora Difusão Européia do Livro 
São Paulo-1968 
Trondiau, J. “ O Ocultismo” Editora Difusão Européia do Livro-
São Paulo-1964. 
Varoli T. Fº Curso de Maçonaria Simbólica . Editora A Gazeta 
Maçônica S.A. São Paulo – 1970. 
 
 
 
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MAÇONARIA, PASSADO, PRESENTE E 
FUTURO 
O Maçom dentro do contexto histórico 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
A Maçonaria Operativa teve vários períodos que a precederam 
que se poderia intitula-los de fase pré-operativa. Esta fase 
aconteceu no transcorrer de muitos séculos e talvez milênios. 
 
 
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Os primeiros homens pré-históricos habitavam cavernas, mas 
com o passar do tempo migraram para fora delas, tornaram-se 
nômades, gregários e assim para terem abrigo, para se 
protegerem das intempéries, e também para se abrigarem da 
luz solar e se proteger às noites frias, começaram a construir 
suas choupanas, casas, surgindo assim ainda que de maneira 
ainda rudimentar os primeiros construtores, havendo entre 
eles os mais habilitados que se firmaram como os primeiros 
profissionais da construção, ainda que a humanidade estivesse 
engatinhando, e as casas ou abrigos eram toscos, simples. 
Desta forma serão citadas várias etapas das construções que 
antecederam a fase da Maçonaria Operativa em si. 
Fala-se que no Império Romano o segundo rei Roma, Numa 
Pompilio (714 a 671 A.C) sempre citado na literatura maçônica 
por ter mandado construir templos de deuses pagãos, criou 
para esta finalidade os collegia fabrorum dos quais se 
originaram os collegia construtorum que segundo referem 
alguns autores seriam as sementes da futura Maçonaria 
Operativa, porque ele teria regulamentado a profissão de 
construtores e também a organização dos cultos já que estes 
coleggias eram dotados de intensa religiosidade, mesmo 
naquela época em que se adoravam deuses pagãos. Cita-se 
também que em seu reinado ele teria mandado urbanizar 
Roma e as construções de tiveram um desenvolvimento. 
As legiões romanas em suas conquistas destruíam tudo, mas 
levavam os colegiatti de construtores para reconstruir o que 
destruíam dentro dos seus interesses na região conquistada. 
 
 
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Existem autores que contestam esta versão da história por fala 
de provas primárias. 
Mestres Comacinos que apareceram em Como na Lombardia 
que eram arquitetos, hábeis escultores, reconhecidos pelos 
reis longobardos pelo édito de Rotari em 634 D.C e Liutprando 
em 713.d.C. Eles foram introdutores da arte românica, que 
predominou durante os séculos X à XII antecipou a arte gótica, 
que predominou durante os séculos XII á XV. 
Antes de aparecer a Maçonaria Operativa ou Maçonaria de 
Oficio surgiram as Associações Monásticas fundadas por São 
Bento 529 D.C. e Cisterciense fundada pelos monges de Císter 
fundada pelo abade De Molesme em 1098 da nossa era, 
começaram a aparecer construções em que a arte gótica foi 
pouco a pouco predominando. As Associações Monásticas dos 
Beneditinos eram constituídas por religiosos, monges 
católicos, experientes projetistas e geômetras, verdadeiros 
artistas na arte de construir. Todavia guardavam a arte de 
construir em forma de segredo dentro de seus conventos. 
Varoli considera os beneditinos e os cistercienses como 
ancestrais da Maçonaria Operativa. O tratamento entre eles 
era de “Venerável Irmão”, e “Venerável Mestre”.Mas foram obrigados a contratar profissionais leigos, pois a 
procura de seus serviços aumentava cada vez e necessitavam 
de homens para o trabalho mais simples e dessa convivência 
com os mestres, consequentemente aprenderam a arte de 
construir, ou lhes foi ensinada pelos próprios clérigos. 
 
 
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Estas ordens citadas são em linha geral para se ter uma ideia 
de como foram surgindo as construções especialmente as que 
precederam as corporações de oficio. Estes profissionais foram 
aprendendo com os clérigos e em face de da decadência da 
fase monástica apareceram as confrarias leigas. A importância 
destas ordens de clérigos foi muito necessária, pois além de 
espalharem a arte de construir, deixaram os princípios 
religiosos nas escolas e oficinas de arquitetura. Toda 
agremiação tinha seu santo protetor. 
Estas fases precursoras da Maçonaria de Oficio são 
consideradas por Theobaldo Varoli Filho, como embriões da 
instituição que viria a ser Maçonaria Operativa. 
Assim no século XII surgiu a franco-maçonaria ou maçonaria de 
oficio na qual os pedreiros eram livres ou francos maçons que 
deixaram sua influência muito significativa na Maçonaria atual. 
O termo franco ou livre significava que estes profissionais eram 
livres totalmente de qualquer servidão ou serem taxados de 
escravos. Seu único compromisso era construir. 
Remanescentes das fases anteriores já citadas os operários se 
constituíram nas chamadas corporações de oficio, organizadas, 
prestavam auxilio mutuo, a divisão de trabalho era 
disciplinada, havia o mestre de obras, que deveria ser 
entendido na geometria e na arte de construir, que não era 
grau e sim função e os aprendizes (hoje serventes-pedreiros) 
que deveriam durante certo número de anos, cerca de sete 
anos aprender a profissão. Estas corporações eram apenas de 
 
 
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profissionais da construção. A Igreja dominava totalmente seus 
membros. Toda corporação tinha seu santo protetor. 
Paralelamente surgiram nesta mesma época as guildas 
especialmente no Norte da Europa, na Inglaterra, Alemanha e 
Dinamarca que eram confrarias no inicio religiosas, militares, e 
finalmente investiram na arte de construir. Havia entre eles 
assistência mútua e proteção, proteção aos familiares ampliou 
pouco a pouco a abrangência de suas ações e se tornaram 
verdadeiros corpos profissionais de construtores. Assumiram o 
caráter corporativo. Cada associado pagava uma joia. O novo 
membro era recebido ritualisticamente. Assim constituíram 
guildas de comerciantes, militares, dos marceneiros e 
carpinteiros de canteiros que construíram muitas casas de 
madeira além das construções majestosas de pedras. Foi nas 
guildas que surgiram a palavras loja, joia e banquetes termos 
estes que emprestamos para a nossa Maçonaria Moderna. 
As guildas ainda pretendiam reformas sociais. 
A Maçonaria Operativa nasceu destas duas tendências, 
corporações de oficio e das guildas. Há quem refere que sejam 
sinônimos. Não há como querer afirmar outra origem da 
Maçonaria Operativa, mas existem muitas tendências e 
controvérsias a respeito, quando se fala em origem da Ordem. 
A título de esclarecimento em 1909 o escritor maçônico 
Charles Bernadrin do Grande Oriente da França consultou 206 
obras sobre maçonaria e selecionou 39 opiniões diferentes a 
respeito de suas origens. 
 
 
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Eles, além de castelos, fortificações e outras construções 
construíram muitas catedrais que ainda estão firmes, 
maltratadas pelo tempo. porem ostentando toda a sua bela 
arte gótica em vários países da Europa. Cada catedral tem uma 
história linda, onde se vislumbra o gênio de muitos 
construtores arquitetos, homens além de seu tempo. 
Catedral de São Petrônio em Bologna Itália – iniciada em 1132. 
Catedral de Chartres – França - iniciada em 1194 – reconstruída 
em 1214 
Catedral de Colônia – Alemanha - iniciada em 1248 
Catedral de Córdoba – Espanha - erguida pelos mouros 
Catedral de Santa Maria de Fiore – Itália - primeira catedral de 
Florença. A cúpula foi construída em 1418 
Catedral de Gênova - Itália iniciada em meados do século XIII 
Catedral de Milão - Itália - construção iniciada em 1288, só teve 
suas estruturas erguidas em 1389. 
Catedral de Nápoles – Itália - iniciada em 1285 
Catedral de Sevilha – Espanha – em 1401 os cônegos de 
propuseram a construir a maior catedral da Europa 
Catedral de Notre Dame - França - construção iniciada 
em 1163 
 
 
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 A França em três séculos ergueu 80 majestosas catedrais, 500 
grandes igrejas e centenas de casas paroquiais. A média da 
Europa Cristã na época era uma igreja para cada 200 
habitantes, tal era o domínio da Igreja Católica sobre o povo. 
Na Alemanha surgiu a corporação dos steinmetzer onde os 
profissionais eram conhecidos por serem escultores, 
entalhadores de pedras ou canteiros, se dedicavam somente à 
arte gótica. Teve um grande impulso dado pelo arquiteto Erwin 
nascido em Steinbach. Ele, em 1275 convocou uma convenção 
em Estrasburgo para terminar uma importante catedral de 
arenito rosa. Nesta convenção compareceram os principais 
arquitetos ingleses, alemães, italianos e de outros países. Nesta 
ocasião teriam sido adotados, sinais, toques e palavras para a 
identificação secreta dos membros da confraria. É considerada 
como a primeira vez que adotaram estes meios de 
identificação, porque isto está registrado, mas é bem provável 
que já usavam sinais há muito tempo e também que outras 
corporações usassem suas próprias senhas. É sabido que o 
maçom operativo deixava um símbolo seu marcado nas pedras 
das construções onde trabalhava. 
Interessante, citar os avanços da humanidade. Em 1453 
Copérnico publica seu livro afirmando que a Terra gira em 
torno do Sol e em 1454 Johanes Gutenberg cria a impressão de 
tipos moveis fundidos em metal. Até então, todos os 
documentos eram feitos em manuscritos, ou seja, à mão. Nesta 
época cerca de 20 copistas produziam 20 livros cada dois anos. 
 
 
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A partir daí passaram a serem publicados 1000 livros/ano. 
Pode-se considerar como a Internet da época. 
Isto tudo viria modificar a maneira de pensar, abriria as 
mentes, pois poderiam ser lidos livros com mais facilidade e 
assim o homem buscar conhecimentos até então fora de seu 
alcance. 
A situação da Maçonaria Operativa mudou. Por cerca vários 
séculos predominou a arte gótica que nasceu na França. A 
Renascença viria, e suas consequências se fizeram sentir tanto 
na arte gótica como no monopólio das corporações de oficio 
que dominavam este setor. Este fato determinou a decadência 
da Maçonaria Operativa. Já não havia mais tantas catedrais a 
serem construídas, e além do mais o povo estava preferindo o 
estilo clássico romano que era mais alegre, mais leve que o 
estilo gótico. 
Com esta decadência, o nome da organização ainda era muito 
respeitado, mas começaram mudar os comportamentos 
dentro da Ordem. Começaram a aceitar como membros na 
Maçonaria, pessoas que não eram construtores. O registro do 
primeiro maçom aceito é datado de 08/06/1600 na Loja Saint 
Mary’s Chapel em Edimburgh do abastado fazendeiro John 
Boswell. Este tipo de aceitação foi sendo cada vez maior. Já 
não era aquela antiga corporação de construtores. Algo havia 
mudado. Era outra organização. Esta Loja tem registros de atas 
desde 1599.Loja de Pesquisas Maçônicas 
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Entretanto a Maçonaria Operativa era composta de Lojas com 
o lema “maçom livre em loja livre” Tinham já constituídos os 
graus de aprendiz e companheiro. Mas os aceitos que 
geralmente eram pessoas de maior cultura foram mudando as 
concepções, trazendo novos conceitos dentro da Maçonaria 
ainda chamada de Operativa. Estes aceitos eram militares, 
comerciantes, pensadores, escritores sábios, filósofos, nobres, 
além de esotéricos, ocultistas, alquímicos, cabalistas 
antiquários, etc. 
A Maçonaria Operativa até 1600 era eminentemente católica. 
Ela nunca fez alusões ou referência a templos, aos hermetistas, 
aos templários, rosa-cruzes, alquimistas, magos, cabalistas, 
esotéricos ou ocultistas. Não se falava em landmarques. Não 
havia a Bíblia em durante sessões. Não havia a lenda de Hiran. 
Havia a lenda Noaquita focalizando a morte de Noé, que foi 
aproveitada e enxertada na lenda de Hiran posteriormente. 
Não existia o valor simbólico das ferramentas. Não existia a 
antimaçonaria e nem potências maçônicas Segundo alguns 
autores os aceitos rosa-cruzes contribuíram muito para 
filosofia da Ordem, porque grande parte destes aceitos eram 
rosa-cruzes. Um novo membro era recebido de uma forma 
mais simples e não através de uma ritualística sofisticada como 
atualmente estamos acostumados a realizar. 
E assim desde o primeiro maçom aceito em 1600 (prova 
primária) até 1717 passaram 117 anos, mais de um século. O 
que restou da Maçonaria Operativa se transformou neste 
 
 
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período de tempo em outro tipo de maçonaria. Também o 
mundo se modificou bastante. 
Neste século XVII Descartes publica em 1637 o discurso sobre 
o Marco da Filosofia Moderna. Em 1661 Robert Boyle lança as 
bases da Química Moderna em 1687 Newton publica seu livro 
sobre a Lei da Gravidade e em 1698 Savery inventa o motor a 
vapor. 
Em 1670 foi criado o grau de Companheiro (manuscrito 
Edinburgh Register-1696) Já se falava sobre ele desde 1598, 
mas não há comprovação. 
A partir de 1703 a Maçonaria começou a receber aceitos 
indistintamente de todas as classes sociais e de todos os 
credos. Na Inglaterra predominava os anglicanos. A Maçonaria 
Operativa não era mais tão somente católica. 
A Inglaterra foi o berço da Maçonaria chamada Especulativa, 
mas é mais racional o nome de Maçonaria Moderna. 
Especulativa não espelha realmente o que aconteceu com a 
Ordem e o conceito de especulativa não se encaixa muito nos 
acontecimentos históricos. Ela estava se transformando em 
Maçonaria Moderna. Muito embora tenha sido consagrado o 
nome de Especulativa 
Em 24/06/1717, data esta que espelha o que já estava 
ocorrendo há mais de 100 anos, o maçom aceito o pastor 
protestante Desagulliers, Anderson, George Payne com mais 
outros eruditos maçons conseguem reunir quatro lojas, sendo 
que uma delas era só de maçons aceitos e funda a Grande Loja 
 
 
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de Londres. Inicialmente esta Grande Loja não foi bem aceita 
na Inglaterra. Os maçons ingleses se dividiram em antigos e 
modernos. Mas o sistema obediencial foi sendo aos poucos 
sendo adotado em toda a Europa. 
Nascia assim o conceito de obediência ou potência e também 
a figura do grão-mestre. Surgiu uma nova era para a Ordem, ou 
melhor, a oficialização do que estava sendo realizado na 
prática. Criaram os landmarques por motivos óbvios, pois se 
agora existia um poder central, não havia mais loja livre, é claro 
que seriam necessárias novas regras para manter as lojas num 
mesmo plano e sob governo de um grão-mestre. Regras estas 
que evocaram a pré-maçonaria com o nome de maçonaria 
antediluviana, diluviana e pós-diluviana, a e ao mesmo tempo 
introduziram conceitos baseados nos Antigos Deveres (Old 
Charges) que chamaram de imutáveis, mas de que imutáveis, 
não tinham nada. Foi uma estratégia para angariar e segurar 
em suas fileiras os adeptos. Anderson escreveu seu primeiro 
livro das Constituições em 1723, eivado de fantasias, 
inverdades, de lendas citando fatos muitas vezes confusos, 
baseado nos Old Charges especialmente no Poema Régio. 
Ambrósio Peters afirma “Os Old Charges são regulamentos ou 
Antigos Deveres da Maçonaria Operativa e nada têm a ver com 
a Maçonaria Especulativa a não ser que a antecederam 
historicamente” 
O grau de Mestre foi criado em 1725 e incorporado no ritual 
em 1738, ano em que Anderson reescreveu suas Constituições, 
 
 
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já mencionando o grau de Mestre. A lenda de Hiran levou 
muito tempo para ter a redação que tem hoje. 
Já estava o mundo vivendo em pleno século XVIII, um século 
maravilhoso, o Século das Luzes. Tudo foi possível e permitido 
neste século. Erros e acertos. Experiências preciosas do 
comportamento humano. Solidificação da Ordem, ainda que 
dividida, avanço social e cientifico da atual civilização. 
Algumas situações importantes aconteceram neste século Não 
serão citadas as invenções tecnológicas. Serão citados alguns 
dos livros que ajudaram a mudar o pensamento humano e 
também porque não dizer, a Maçonaria que é composta de 
homens. 
(1) 1751 Diderot publica o primeiro volume da Enciclopédia. 
2) 1757 A Escola Fisiocrata inicia na França a Teoria da 
Economia Moderna 
(3) 1762 Rousseau lança o - Contrato Social, livro clássico do 
Iluminismo. 
(4) Voltaire publica o livro “Tratado de Tolerância” 
(5) 1777 Kant publica o livro Critica da Razão Pura 
(6) 1791 Tomas Payne publica o livro Os Direitos do Homem 
A Maçonaria na Inglaterra ficou restrita aos três graus 
simbólicos, mas na França a partir de 1740, foram criadas novas 
potências e criados inúmeros graus superiores, criados outros 
 
 
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ritos além dos tradicionais, alguns ritos exóticos e mágicos, que 
ainda têm repercussão no século 21. A Alemanha acompanhou 
inicialmente a França nesta criação desenfreada de ritos e 
graus superiores, mas em 16/07/1782 no Congresso de 
Wilhelmsbaden expurgaram os abusos do Rito da Estrita 
Observância e dai fundaram o Rito Escocês Retificado, mas o 
efeito deste Congresso rendeu condições para ser fundado em 
1801 um rito simples, enxuto sem conter excessos, voltado 
para a humanidade, chamado Rito de Shröder. 
 Xico Trolha (Assis Carvalho) enumerou 235 ritos nominados 
que foram criados no mundo, a maioria fruto da criatividade 
dos maçons, mas acredita que seja na casa dos 300 ritos. No 
século XIX foram criados mais ritos, porem disseminaram as 
potências maçônicas, e criou-se mais um fator complicador: as 
famosas cisões que normalmente ocorrem até hoje no seio da 
Maçonaria mundial, fazendo com que a Maçonaria se 
fragmentasse desde então. 
O século XIX, rico em invenções tecnológicas a partir das quais 
propiciaram a continuação do avanço que temos hoje em dia. 
Apenas no pensamento humano, Freud e Carl Jung se 
destacaram em relação à mente humana. Freud publica em 
1895 o livro Estudo sobre a Histeria, demonstrando que o 
homem não domina a mente. Mas houve grandes pensadores 
em outras áreas, neste século. 
A Maçonaria entrou no Brasil que entrou oficialmente 
comprovado, em 1800 através de uma Loja irregular de nome 
“União”. Sendo que no ano seguinte os remanescentes desta 
 
 
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loja se filiaram a uma Loja “Reunião” regular, reconhecida pelo 
Grande OrienteIsle de France- Rito Adonhiramita. 
Neste século em 14/03/1893 foi iniciada na Maçonaria numa 
loja regular de nome “Livre Pensador” pertencente à Grande 
Loja Simbólica Escocesa da França, dissidente do GOF a 
feminista Maria Desraimes por um maçom de nome George 
Martin Venerável Mestre e em 04/04/1893 ela fundou logo em 
seguida a Maçonaria Mista na França e que levou o nome Loja 
Escocesa dos Direitos Humanos. 
A Maçonaria Brasileira, no século XX ao lado de inúmeras cisões 
de menor importância, passou por duas grandes cisões que 
marcaram o século a de 1927 e a de 1973 resultando desta 
divisão as Grandes Lojas Brasileiras e os Grande-Orientes 
Independentes (Comab). 
A Maçonaria mundial neste século se organizou melhor em 
relação ao século anterior, mas seguindo tendências locais nos 
vários países. Na Inglaterra é o clube que impera. Os maçons 
comparecem nas suas respectivas lojas para se encontrar. Na 
hora do intervalo (chamada para o recreio) eles vão tomar 
uísque ou chá. A situação do próprio país é muito estável e não 
há necessidade de grandes campanhas filantrópicas na 
educação e na saúde pública. A Maçonaria lá tem influência na 
política, notadamente no Parlamento Inglês. Não admite a 
admissão de mulheres. 
Na França a Maçonaria é patriótica, ela ajuda o Governo a 
governar o país. Lá as potências tradicionais, mistas e femininas 
 
 
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se unem para ajudar a França. Há inclusive tratados entres 
estes tipos de Maçonaria e a Tradicional. 
Nos Estados Unidos, a Maçonaria é eminentemente 
filantrópica. Certas Lojas ao acontecer a transmissão de cargo 
de venerável, a nova gestão se compromete em conseguir para 
a gestão que se inicia doações superiores à anterior. Lá a 
Maçonaria banca hospitais, fundações, pesquisas científicas e 
serviços humanitários. 
No Brasil, não se tem um enfoque principal. Não há uma causa 
geral que seja de todas as maçonarias do país. Entretanto em 
algumas cidades elas realizam alguns empreendimentos 
filantrópicos notáveis, mas não fazendo parte de um plano 
nacional e prestigiado por todos os maçons brasileiros. 
Em relação ao presente, isto é já no século XXI, no Brasil a 
Maçonaria continua aumentando seus quadros em cerca de 
10% ao ano. Talvez em razão dos mais jovens se sentirem 
desiludidos com as religiões e estão procurando outras 
respostas mais condizentes com a sua realidade espiritual. Mas 
seriam necessários mecanismos para reter estas novas 
aquisições no seio da Ordem, o que parece não existir. 
Estima-se que haja cerca de duzentos e conquenta mil maçons 
no Brasil. As três principais potências que se dizem regulares 
são as Grandes Lojas Brasileiras, Grande Oriente do Brasil e os 
Grande-Orientes Independentes. Todavia existem segundo 
estatística recente cerca quarenta e quatro potências entre a 
 
 
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maçonaria de homens, a mista e a feminina não alinhadas e 
paralelas às três citadas. 
Vejamos como é o sistema de administração e comando da 
Maçonaria brasileira As Grandes Lojas são em número de 27 e 
os Grande-Orientes Independentes em número de 21. Cada 
uma destas Grande Loja ou Grande Oriente Independente é 
uma potência. As Grandes Lojas tem um órgão normativo 
chamado CMSB que se reúne todo o ano e os Grande-Orientes 
Independentes (Comab) também realizam reuniões anuais. O 
sistema é o de confederação. 
 Já o Grande Oriente do Brasil é regido pelo sistema de 
federação. Existe um grão-mestre estadual para cada um dos 
27 grande-orientes estaduais e o grão-mestre geral. 
 Portanto são 76 grão-mestres ao todo nestas três potências. E 
as outras mais de 50? Tem muito grão-mestres na Maçonaria 
brasileira. Isto mostra quanto está dividida a Ordem no país. 
Uma particularidade interessante da Maçonaria e a forma 
como as potências se reconhecem ou não. 
A GLUI se considera a Loja-Mãe do Mundo. Ela reconhece ou 
não uma potência dentro ou fora da Inglaterra. Questiona-se 
quem lhe deu o direito de decidir se uma potencia é regular ou 
não. Teria sido o GADU ou a natural prepotência inglesa? 
Discute-se este direito que ela mesma deu a si. 
 
 
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Existe outra fonte de referência atualmente para o tal de 
reconhecimento: As 53 Grandes Lojas Americanas, incluindo a 
Grande Loja Espanhola de latinos que existem nos USA. 
No Brasil o GOB e quatro Grandes Lojas Brasileiras (SP, MS, ES, 
RJ) são reconhecidos pela GLUI. Estas quatro Grandes Lojas são 
reconhecidas pelas Grandes Lojas Americanas também. 
A maioria das Grandes Lojas Brasileiras é reconhecida pelas 53 
Grandes Lojas Americanas. 
A Comab tem quatro de seus Grande-Orientes (GOP, GOSC, 
GORGS e Grande Oriente Paulista reconhecidos pela CMI 
(Confederação Maçônica Interamericana), com sede em 
Bogotá que congrega cerca de 80 potências na América do Sul, 
inclusive o GOB e as Grandes Lojas assinaram este tratado). 
O Grande Oriente da França não liga para os tais critérios de 
reconhecimento e segue sua caminhada na história da 
Maçonaria. 
A Maçonaria Tradicional Brasileira não reconhece a Maçonaria 
Mista e a Feminina e inclusive as chamadas potências não 
alinhadas que completam a lista com mais de 50 potências ao 
todo. Mas já deve ter sido acrescentada mais alguma 
“potência” que não temos conhecimento. 
Para termos uma ideia como funcionam estas “potências”. 
Daremos três exemplos: 
 
 
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1 - Grande Loja Unida Sul Americana com sede em Campo 
Grande – Mato Grosso do Sul. Uma ala dissidente desta Grande 
Loja está fundando uma nova potência alegando igualdade de 
direitos dos cidadãos perante a Constituição Brasileira e 
afirmam que admitirão gays, lésbicas e simpatizantes, padres e 
evangélicos bissexuais, baseada na fraternidade francesa Arc 
em Ciel (Arco Iris) criada em 2003. 
2- Grande Loja Mista do Rito de Memphis e Misraim. Um rito 
com 100 graus e o adepto que chega neste grau poderá entrar 
numa extensão do grau chamada de Centúria Dourada, que é 
uma extensão do Rito, onde se pratica a Alta Magia (?). (Existe 
no Brasil em SP, PR, DF, RJ, PA, RS. SC). 
3 - Grande Oriente Feminino do Estado Mato Grosso do Sul, 
cujo primeiro templo próprio foi inaugurado em 2008 em 
Campo Grande – MS, tendo o suporte para funcionar dado por 
três Lojas: “Divina Luz do Oriente” nº 01, “Filhas da Luz” nº 02 
e “Obreiras da Arte Real” nº 03. 
Mas dentro destas potências não alinhadas, acreditamos 
 que exista alguma onde os seus adeptos possam estar 
bem intencionados, onde eles dentro da sua maneira de ser 
possam estar praticando uma Maçonaria aceitável, mas a 
maioria delas desenvolvem atividades duvidosas. Uma delas é 
extorquir dinheiro de pessoas incautas com propaganda 
enganosa pela imprensa e Internet. 
A trajetória da Maçonaria no mundo não foi linear. Ela teve 
momentos de gloria e de situações extremamente difíceis. Foi 
 
 
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muito perseguida. Mas está aí, de pé. A antimaçonaria foi 
muito severa e cruel contra a Ordem. Desde as encíclicas papais 
nos excomungando, aos déspotas como Mussolini, Hitler e 
Franco que mandaram matar centenas de maçons, às religiões 
que pululam pelo Brasil adentro nos taxando de fazermos parte 
da demonologia, aos maçons traidores que escreveram contra 
a Ordem nos impingindo ritos macabros, o livro o Protocólos 
dos Sábios do Sion, que tanto mal nos causou e a atual posição 
das igrejas evangélicasamericanas que têm feito com que 
milhares de maçons americanos deixem a Maçonaria. 
Estima-se que atualmente existam cerca de 3.600.000 maçons 
no mundo, sendo 1.500.000 nos Estados Unidos, 250.000 na 
Inglaterra, perto de 250.000 no Brasil e 1.600.000 no restante 
do mundo. (pesquisa do Irmão João Leça-GOP) 
Não se pode avaliar o futuro da Maçonaria no mundo e no 
Brasil. Se analisarmos as potências brasileiras ditas regulares 
que congregam perto de 7000 lojas, veremos que a maior parte 
dos maçons quer assistir às sessões, e no final ingerir os 
alimentos e beber algum tipo de bebida nos fundões dos 
templos perto de onde está a cozinha, geralmente no salão de 
festas após ir para casa, feliz porque encontraram muitos 
Amigos e Irmãos e estão felizes. 
A Maçonaria brasileira vem mantendo uma tradição a qual é 
necessária, mas em muitos aspectos estão ultrapassada neste 
século, pelas invenções, achismos, adendos e enxertos. Para 
uma grande parte de Irmãos tudo isso está bem como está. Eles 
não leem e está tudo bem, e sentem-se em paz com o GADU. 
 
 
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Mas uma minoria inquieta, ávida de saber, conhecer, raciocinar 
e vislumbrar outros destinos mais elevados para Ordem está 
aumentando em número dia a dia. Querem respostas. Mas 
querem respostas coerentes, transparentes e elucidativas. 
Querem mais ação. Questionam a vaidade de muitos pavões da 
Ordem, questionam a síndrome do poder que contamina 
muitos Irmãos, estão reclamando das invencionices, dos 
famosos achismos e de enxertos ritualísticos não justificados. 
Este grupo funciona como guardiões da Ordem e está 
realmente preocupado com a sobrevivência da mesma. 
Dentro destas informações e do avanço tecnológico levando 
em conta que o mundo está mudando sua visão mecanicista 
para uma visão mais holística, será traçado um perspectiva 
deste futuro, mas sem compromisso com futuras verdades ou 
inverdades, porque ele ainda não aconteceu. Serão meras 
conjecturas. Sonhos, especulações. 
Especula-se. Será que daqui a 500 a 1000 anos existirão 
templos? Existirão Igrejas? Haverá necessidade de templos? 
Qual será a concepção do GADU nesta época? Existirão 
potências maçônicas? O ser humano vencerá a luta contra a 
fera bestial que existe dentro de si e terminarão as guerras? E 
as doenças desaparecerão? A comunicação entre os seres será 
mais telepática e menos na linguagem comum? Haverá uma 
ética, uma moral no uso da Internet? Como será a Internet? 
Haverá sessões maçônicas virtuais? Enfim uma série de 
perguntas, todas elas baseadas em fatos que temos a nossa 
disposição no presente, e em cima dos quais podemos 
 
 
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especular sobre o futuro, mesmo que nossa imaginação esteja 
errada. Mas podemos fazer uma projeção de ideias. Porque 
não? Nossa imaginação está além da nossa realidade atual. 
Mas o que se imagina na mente torna-se realidade. 
Lojas virtuais? Parece um grupo de maçons da GLUI já tentando 
antecipar o futuro fundou em 29/01/1998 a “Internet Lodge, 
nº 9659”. Continuam em atividade, mas parece que a Loja é 
hibrida, pois tem que ser uma parte dentro do templo, 
portanto, real. No Brasil fundaram duas Lojas virtuais uma em 
Brasília fundada pelo pranteado Irmão Castellani e a outra a 
Loja "Futura” fundada no Grande Oriente Independente de 
Pernambuco. Não deram certo. A Loja “Futura” existe agora 
como uma loja normal dentro de sua potência. 
Atualmente estão sendo planejados e construídos aparelhos 
capazes de projetar hologramas em qualquer tipo de 
superfície. Imaginemos hologramas de Irmãos projetados para 
um espaço virtual que chamaremos de loja, onde esta loja 
funcionaria normalmente como atualmente, porém de forma 
virtual. Então o sonho dos irmãos que fundaram lojas virtuais 
no momento, sem ainda a necessária tecnologia, poderá um 
dia ser uma realidade. 
O advento da Informática, Internet, Realidade Virtual, 
Mecatrônica, Robótica, Nanociência, Neurociências, está 
mudando completamente a maneira de pensar de todos, 
mesmo os que não admitem tal avanço. Toda a humanidade já 
sentindo os seus efeitos. Talvez não hajam mais templos no 
futuro e sim centros cibernéticos de iniciação maçônica. 
 
 
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Imaginemos o candidato introduzido num recinto cibernético 
especial e através de um programa de iniciação já pronto, ele 
poderá vivenciar uma realidade mais intensa e mais verdadeira 
daquela que conhecemos. Este programa terá todas as fases da 
iniciação, porem contando com novos valores que por certo 
aparecerão na sociedade além dos avanços da tecnologia que 
ajudará este momento. Possivelmente o homem treinará e 
saberá usar suas faculdades para normais de maneira mais 
eficiente. A capacidade mental aumentará de 0,8 a 10% para 
20% ou será maior? Como se eliminará o lado mau do ser 
humano, já ele é dualista? Se ele chegar 50% do seu potencial 
não quererá ser Deus? 
Como imaginaríamos uma iniciação no futuro? O candidato 
ingeriria uma pílula de um psico-fármaco, que não produziria 
efeito secundário danoso à saúde e a duração da sua ação seria 
tão somente de segundos a minutos tempo esse em que ele 
vivenciaria sua iniciação. Esta psíco droga causaria a expansão 
da mente e o candidato entraria em ondas alfa ou teta e desta 
forma e através do programa instalado e sentiria a natureza 
como se fora ele próprio. Ele se sentiria ser agua, fogo, ar e 
terra. Ele se sentiria como se fosse uma parte consciente do 
GADU. Viajaria por todo o Universo, visitará galáxias distantes, 
se sentiria no interior de uma folha aprenderia com os sábios e 
encontraria seu autoconhecimento. 
Como será Moral e a Ética maçônicas no futuro? A Moral varia 
na cronicidade das épocas e o que é bom hoje para Maçonaria 
poderá não ser bom daqui há mil anos. Simplificando segundo 
 
 
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autores, Moral é estudo e aplicação dos costumes da época e 
Ética seria a ciência que estuda as regras pertinentes. Qual será 
o conceito de fraternidade entre os maçons no futuro? Qual 
será a função do maçom no futuro? Social? Política? Cidadão 
do Universo? E o conceito do GADU como será? 
Ou será que a Maçonaria tenderá tão somente ser uma Escola 
de Vida e de aperfeiçoamento do “eu” interior como muitos 
Irmãos no momento a concebem? Daqui há mil anos, o Estado 
tomará conta da saúde, da educação do bem estar do cidadão, 
da moradia, da segurança. Pouca coisa restará às Instituições 
como a Maçonaria realizarem. 
Ou será que o GADU nos reservará um porvir fantástico, 
maravilhoso que não podemos conceber neste momento? 
REFERÊNCIAS 
CARVALHO, Assis Rito & Rituais – Volume 1. Editora “A Trolha” 
Ltda. Londrina, 1993. 
CARVALHO, Assis O Aprendiz Maçom- Grau 1. Editora “A 
Trolha” Ltda. Londrina, 1995 
NAUDON, Paul. A Maçonaria. Editora Difusão Europeia do 
Livro. São Paulo, 1968 
PALOU, Jean. A Franco Maçonaria – Simbólica e Iniciática 
Editora Pensamento. São Paulo. 1964. 
PETERS, Ambrósio Maçonaria – História e Folosofia. Gráfica e 
Editora Núcleo Ltda. Curitiba, 1998. 
TOURRET, Fernand As Chaves da Franco Maçonaria. Zahar 
Editores. Rio de Janeiro, 1976. 
 
 
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VAROLI Theobaldo Fº Curso de Maçonaria – Simbólica. Editora 
A Gazeta Maçônica S.A. São Paulo, 1970. 
 
 
 
 
 
LIVRE PENSADOR MAÇÔNICO 
 
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Dos dicionários: Livre pensador é:(1) Aquele que dúvida ou nega dogmas religiosos. 
 (2) Diz-se do indivíduo cujas opiniões a respeito da 
religiosidade são formadas com base na razão, 
independentemente de qualquer autoridade. 
O assunto é bastante polêmico e gera muitas especulações, 
pois o homem não sabe definir sua própria condição de ser 
vivo, porque está aqui na Terra, porque pensa, e sofre por 
saber que o seu pensar, as suas deduções, as provas não 
concludentes, não respondem às suas perguntas, não sabe se 
sua mente subsistirá após a desativação de sua vida, e nem 
 
 
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como ela foi ativada, se foi ao nascer se foi ou ao formar a 
fecundação do óvulo pelo espermatozoide no ventre materno. 
 As religiões justamente aproveitando este medo do que está 
para vir, e mais as incertezas próprias do ser humano, o 
impregna de tal maneira utilizando para isso de sofismas, cria 
dogmas, meias verdades, cristalizando em sua mente a 
existência de um Criador diferente. Não como a Ordem nos 
ensina quem é e o que é o GADU. 
Aproveitam um fato o que não deixa de ser lógico, pois alguém 
criou o universo, mas entre a causa primeira da Criação e a 
diferença que os dogmas e crenças que as religiões difundem, 
envenenam completamente o povo, aproveitando-se da 
ignorância e insignificância do ser humano a qual é 
avassaladora. 
 O livre pensador maçônico crê no Deus que criou os homens, 
mas não aceita em hipótese alguma o deus que os homens 
inventaram. Assim ele será mais livre e terá uma concepção 
mais justa a respeito do Universo e do seu Criador. Mas ao 
mesmo tempo ele monitora e contesta concepções cientificas 
falsas. Não é só sobre dogmas religiosos que ele trabalha. Ele 
pensa sobre tudo e aceita apenas que se enquadra na sua razão 
e experiência, e depois de um estudo muito aprofundado 
desde que este estudo o conduza para o seu próprio bem e 
para o bem de todos os seres humanos. Isso ele aceita como 
Verdade. Entre os livres pensadores de um modo geral se 
incluem os ateus, agnósticos e os racionalistas. O livre 
 
 
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pensador maçônico usa o racionalismo, mas admite a 
existência de um Criador do Universo. 
Ele sabe que não existem estudos suficientes sobre as leis que 
regem a origem da vida, e também que não existem estudos 
ou provas sobre as afetivas leis que regem a atividade mental, 
bem como da parte emocional das pessoas. 
Desta forma o indivíduo que pensa que raciocina que é curioso, 
que duvida que contesta e que usa a lógica, a razão, e a 
coerência ele não tem culpa disso, pois foi assim que ele, não 
sabe dizer por que, mas foi desta forma que nasceu e veio ao 
mundo. Foi assim programado com estas capacidades mentais 
de pesquisar e duvidar. A dúvida é a mola mestra da sabedoria 
e do conhecimento. 
Ele conjectura uma série de perguntas que ele gostaria de vê-
las respondidas. Mas sofre demais por ser limitado. Ele é 
obrigado a conviver como sendo verdade, com uma série de 
mentiras, sofismas lendas, crenças que estão espalhadas por 
este mundo adentro e afora. Inclusive com seus Irmãos 
maçons. 
 O ser humano se vê perdido diante dos inúmeros enigmas que 
se lhe apresentam e ainda percebe que sua mente é incapaz de 
decifra-los, porque foi programado imperfeito, e além do mais 
a matéria (corpo) o priva de enxergar e sentir outra realidade, 
além dos cinco sentidos. 
Certas reflexões e deduções causam uma dúvida existencial 
muito grande porque sem as respostas objetivas e verdadeiras 
 
 
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o indivíduo que simplesmente pensa fica perdido. Por exemplo, 
quando o ser humano se pergunta: “porque nascí, se não pedi 
para nascer, porque meus pais foram escolhidos para serem 
meus pais? E meus irmãos carnais? Coincidência? Sei que o 
homem é dualista, ora mau e ora bom ao mesmo tempo, mas 
também pergunto por que tenho que morrer se na idade mais 
avançada que é a idade da razão, a idade que adquiri muitos 
conhecimentos que agora seriam de grande utilidade? Porque 
existem as doenças? Porque nascem crianças com más 
formações congênitas? Porque doenças malignas devoram 
jovens? Qual é o papel real dos gens na raça humana. Afinal 
quem eu sou? Porque ajo desta maneira Porque reajo desta 
forma? Porque eu mesmo não me entendo bem?”. 
Evidentemente, não há respostas lógicas. Somos obrigados a 
conviver com estas incertezas. Fomos criados assim. 
Programados assim. Mas isto não significa que devemos 
abandonar tudo por conta da fé religiosa por crendices ou por 
falsas concepções cientificas, por medo ou acomodação, ou 
simplesmente, negar tudo isso, sem ter outra opção, ou outra 
linha de conduta e pensamento. 
Teremos que contar com o nosso falho e imperfeito raciocínio, 
nossa inteligência castrada pelos sentidos e através da 
pesquisa e experiência, e do pouco que sabemos conhecermos 
melhor o mundo em que vivemos. Isto é possível. 
Mas justamente embora bloqueada pela matéria (nosso corpo) 
a mente está muito além desta dita matéria. Os paranormais 
que bilocam a consciência, ou seja, aqueles indivíduos que 
 
 
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conseguem que sua mente se expanda além dos cinco 
sentidos, relatam perfeitamente com segurança após a 
experiência de bilocação, uma realidade diferente. Nós 
conhecemos a realidade apenas o que os nossos sentidos 
permitem. E infelizmente os nossos sentidos nos limitam muito 
a ponto de percebermos uma realidade imposta por eles. 
Quase nada sabemos sobre nosso mundo mental. 
Hermes de Trismegisto declarava que o mundo é mental. Pode-
se assim deduzir pelo que ele dizia que a matéria prima do 
universo é a substância mental. 
Um novo paradigma holístico veio substituir o antigo 
paradigma cartesiano-newtoniano. E esta nova maneira de 
pensar afirma que o universo é uma rede de informações, 
criadora de toda a realidade física, tem consciência e existe 
antes da própria matéria. O universo seria autoconsciente. 
E estamos numa fase da humanidade em que as ciências foram 
destruindo os antigos personagens das mitologias e deixando 
de lado os poderosos deuses de outrora. O estudo da mente 
humana poderá trazer alguma luz. A mente, não sabe o que ela 
é, mas podemos estudar os seus efeitos e através destes 
identificar alguns aspectos muito importantes da mesma. 
Mesmo sem termos respostas para todas estas indagações 
aqui expostas, o estudo da mente humana vem avançando e 
revelará algumas respostas que deixem menos dúvidas, mas o 
mistério da vida e do Universo não nos será revelado. Por esta 
razão teremos que nos render ante uma Força Maior. 
 
 
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LANDMARQUES, O QUE EU PENSO A 
RESPEITO... 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
 A Maçonaria tem no seu acervo de palavras, no seu 
vocabulário de uso cotidiano uma complexa terminologia, 
repleta de figuras, idéias, princípios, explicações, lendas, 
alegorias, conceitos, sínteses filosóficas, ensinamentos, frases 
lapidares, etc. que se consubstanciam em termos tais como 
Iniciação, ritos, graus, emblemas, símbolos, Lojas, Potências, 
Obediências, Irmãos, Arte Real, isto só para citar alguns 
poucos, das centenas de vocábulos que por assim dizer, 
constituem uma verdadeira linguagem superposta à nossa 
linguagem comum se tornando especial concretizando-se 
assim a língua maçônica, que é semelhante à língua 
 
 
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normalmente falada no país, mas que quando falada por 
maçons tem outro significado e só estes a entendem. 
 Esta é uma infinidade de conceitos, leis princípios 
aparentemente muito complexos que se imbricam como um 
verdadeiro quebra-cabeça, e somente são acessíveis aos 
Iniciados, cujas interpretações são de natureza diversa e 
bastante heterogênea, pois cada adepto tem a sua própria 
maneira de assimilar os ensinamentos de acordo com as suas 
concepções mais íntimas, quer sejam agnósticos, deistas ou 
teistas. Mas de qualquer forma esta linguagem e suas 
significações são o meio de comunicação e os vetores de suas 
mensagens, pelas quais os maçons se comunicam. 
 Para tornar mais democrática e livre esta busca, a 
Maçonaria lança mão das metáforas, das deduções, da 
meditação introspectiva, das analogias, e especialmente das 
dúvidas. Para dar ênfase especial à dúvida, a Maçonaria ensina 
seus adeptos a usar a Dialética que é a arte de se discutir 
qualquer assunto até a última gota de afirmação e contradição 
que ele possa oferecer. É uma maneira de se buscar, 
pesquisando. Para um Maçom estudioso as contradições as 
incongruências, as polêmicas e os assuntos ainda não 
esclarecidos ou resolvidos, passíveis de discussões, são o reino 
de seu aprendizado, que é em última análise a procura 
incessante de seu autoconhecimento, aliás, fato este que a 
grande maioria de Irmãos desconhece. Convém ressaltar que 
se a Maçonaria fosse matemática, isto é com explicações 
chavões muito certas, muito corretas, possivelmente ela não 
 
 
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sobreviveria, porque ela tiraria a beleza da dúvida e atrelaria o 
Irmão a aceitar princípios que não poderiam ser contestados. 
O maçom é um contestador nato, no bom sentido. 
 Para complicar este interessante e lindo trajeto que o 
maçom percorrerá durante sua vida, ele deparará com uma 
série de termos, sobre os quais já se escreveram e ainda se 
escrevem verdadeiros tratados, muitas das vezes sem se 
chegar às conclusões satisfatórias tais como regularidade, 
potências, ecletismo, landmarques (landmarks ou lindeiros), 
leis, rituais etc. Nesta caminhada as vezes ele parecerá estar na 
“terra do faz de conta”, mas poderá usar com toda liberdade 
todos os recursos imagináveis quando poderá ocorrer que ele 
até duvide de um axioma, que como todos sabemos trata-se de 
uma verdade indemonstrável, a qual não terá que ser 
questionada ou provada, e em outras ocasiões, ele procurar 
outros caminhos, ele poderá até sofismar para poder ter uma 
pista a mais para perquirir suas verdades e acabar por provar 
para si que um sofisma sempre será um sofisma e baseia numa 
premissa falsa. Logo, não poderá um sofisma ter valor. Mas é 
um caminho que o maçom as vezes adota erradamente. Tais 
são as opções deliciosas que um Maçom inteligente tem para 
se encontrar. Neste trajeto místico e intelectual ele não terá 
que provar nada a quem quer que seja. Ele só terá que provar 
algo a si mesmo. Eis um dos maiores ensinamentos da Ordem. 
 Mas então com toda esta mixórdia como é que a 
Ordem sobrevive? Ora, ela sobrevive e vai muito bem. Talvez 
por saber adequar todos os elementos contraditórios 
 
 
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mencionados, e por não se reger pelos princípios cartesianos 
que regem outras instituições afins que se dizem seculares. A 
Maçonaria tem a sua maneira própria de ser e isso é que a 
torna linda e intrigante. Não há uma metodologia ser seguida 
para seu estudo. É a lei do coração, da emoção que fala mais 
alto. Mas, não podemos abandonar a razão. Isso é muito 
importante, para evitar os achismos e invenções. 
 Dentro deste raciocínio, os tais de landmarques 
mencionados constituem um dos terrenos mais contraditórios 
e, atualmente se questiona e muito até que ponto eles tenham 
algum valor real para a Maçonaria moderna. Se formos analisá-
los, já de início, teremos dificuldades para escolher qual a 
classificação que abordaremos para estudo, pois existem mais 
de sessenta. Qual a verdadeira? Qual merecerá ser levada a 
sério? A de Albert Gallatin Mackey? Porque? A classificação 
dele está repleta de incongruências. 
Temos até uma classificação de um maçom brasileiro com 14 
artigos, ou seja, a de Joaquim Gervásio de Figueiredo. Existem 
ainda entre as inúmeras classificações as de Albert Pike, Bob 
Moris, Jean Pierre Berthelon. 
 Segundo Castellani os landmarques de um modo geral 
deveriam ser reduzidos a quatro artigos, que seriam as regras 
principais usadas pela Maçonaria Operativa. 
 Costuma-se citar que os landmarques ou lindeiros são 
oriundos dos manuscritos antigos também chamados de Old 
Charges. São apenas apresentados como provindos daqueles 
 
 
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documentos, pois não havia landmarques na Maçonaria 
Operativa. Logo, eles não existiam. Foram inventados, não 
resta a menor dúvida. Comparando-se o que se lê nestes 
documentos antigos, ou seja, nos Old Charges ou Antigas 
Obrigações ou Manuscritos e o que se pratica na Maçonaria 
que atualmente professamos há apenas alguma semelhança 
vaga com relação aos nossos caminhos atuais. O conteúdo de 
um dos mais importantes, talvez o maior em importância, o 
Poema Régio, não vemos como encaixar dentro daquilo que 
está escrito, na maioria dos artigos da classificação de Mackey 
e de outros autores, ou mesmo com o que praticamos na 
Maçonaria atual. 
. Tomamos os landmarques de Albert G. Mackey como 
referência, feito por um americano para americanos. Ressalte-
se que maioria das 50 Grandes Lojas Americanas nem se 
manifestaram a respeito deles. 
Entretanto, muitos brasileiros os tem como verdades 
imutáveis, como se fossem uma verdadeira bíblia. Ressalte-se 
mais uma vez que existem mais de sessenta classificações de 
landmarques espalhadas pelo mundo afora. 
Modernamente a Maçonaria inglesa adota oito princípios, que 
são suas regras particulares, adequados à ela como potência 
que não são landmarques, mas, que são princípios próprios da 
Grande Loja Unida da Inglaterra. Ela não adota os chamados 
landmarques. 
 
 
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Seria muito mais inteligente e sincero admitirmos que os 
ingleses no início da fase especulativa da Ordem, quando 
criaram a união de Lojas que antes eram livres, e inventaram o 
termo “Obediência” tiveram que elaborar uma espécie de 
estatuto para, evidentemente colocar ordem sobre os maçons 
e lojas sob o comando da Grande Loja de Londres. E estes 
estatutos ou constituições ou enumeração de deveres e 
direitos foram baseados nos estatutos das corporações de 
ofício, e das guildas que já existiam, e principalmente nos 
estatutos destas corporações, verdadeiras precursoras dos 
atuais sindicatos e cooperativas, pois os landmarques têm 
muito mais a ver com estes estatutos do que com os Old 
Charges. É só ler esta documentação e compara-la, que 
teremos a evidência desta afirmação. São obrigações e direitos. 
 E assim nasceu o termo “landmark,” inventado por 
George Payne em 1720, aparecendo pela primeira vez quando 
ele compilou o Regulamento Geral da Maçonaria Inglesa. No 
Brasil chamam-se landmarques. Anderson em sua Constituição 
de 1738, menciona o termo pelo menos duas vezes. 
 Interessante que o conceito de landmarque que temos 
é que seria uma lei, um marco, uma linha intransponível, que 
todo maçom não deveria transpô-la, mas que no dia a dia, o 
que vemos é justamente a transposição deste limite, 
especialmente pelos dirigentes das potências.Em seu nome 
mudam-se rituais, ocorrem cisões na Ordem, expulsam-se 
Irmãos, outros são chamados de irregulares, perjuros e outros 
tantos epítetos. Os landmarques ajudam muito hoje em dia, 
 
 
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esta autofagia maçônica, pois são muito invocados pelas 
autoridades maçônicas a todo instante quando querem punir 
algum Irmão ou uma Loja que não siga a linha política do seu 
Grão-Mestre. 
 Enfim, na realidade landmarque é uma palavra mágica. 
Serve para tudo e não serve para nada. Depende de quem a 
manipule. 
 Todavia, como se fosse uma verdadeira bíblia faz parte 
do contexto maçônico como tantos outros segmentos da 
Ordem que atualmente não teriam mais razão de ser. 
Poderemos aboli-los pura e simplesmente? Talvez não. Se 
tirarmos os landmarques, da Ordem teremos que repensar e 
retirar outras lendas outros segmentos esdrúxulos que até 
então temos sido obrigados a aceita-los. Valeria a pena? 
Possivelmente não. Estaríamos destruindo em parte uma das 
nossas fantasias mais bonitas. É uma das peças de toda a 
terminologia maçônica atual. É bonito pronunciar esta palavra. 
Nós, entretanto, arriscaríamos a colocá-los como folclore 
maçônico. Argumentemos. O que é folclore? Entre as várias 
definições uma delas é o estudo e conhecimento das tradições 
de um povo, expressas nas suas lendas, crenças canções e 
costumes. Achamos que ficaria bem, pois estaríamos ainda 
que, sem razão, pois eles não existiam, mas estão 
romanticamente ligados à Maçonaria Operativa a qual sempre 
os entendidos a invocam como tradição ligada às chamadas 
lendas antigas o que agrada a todos, pois dá aquela sensação 
de antigüidade. E já é uma situação que data desde os 
 
 
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primeiros anos da Maçonaria Obedencial, ou seja, quando 
criaram a chamada potência tendo, portanto uma duração de 
mais ou menos três séculos. Não será fácil simplesmente aboli-
los. Vamos, pois, considera-los, como se fossem uma tradição, 
pois já faz tanto tempo que foram inventados. Coloca-los como 
folclore, fica ameno e romântico, não os destrói. Se lermos 
estas classificações de landmarques que existem no mundo 
maçônico e os acharmos folclóricos não teremos compromisso 
com a veracidade daqueles enunciados, os quais são na sua 
maioria contraditórios, pois cada autor afirma o que quer, e 
ainda todos aqueles textos entremeados de muitos deveres 
direitos e ameaças de punições se porventura, infringirmos 
aquilo que se considera como os seus famosos limites 
intransponíveis. Se os acharmos folclóricos, vamos ter a 
sensação ou a ilusão de estarmos tendo acesso a relatos muito 
antigos e que nossa Ordem é milenar, e esta fantasia faz muito 
bem a maioria dos maçons. Então, porque destruí-la? 
 Entretanto, não esqueçamos que a Maçonaria como 
qualquer organização, como qualquer firma, tem que ter 
regras e princípios para seu perfeito funcionamento, e no caso, 
boa parte destas regras são baseadas em regras antigas da 
organização que foram sendo modificadas com o passar do 
tempo, adequadas à modernidade. 
 
 
 
 
 
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JOSÉ BONIFÁCIO E O APOSTOLADO, OU A 
NOBRE ORDEM DOS CAVALEIROS DE 
SANTA CRUZ 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
Esta Ordem foi fundada em 02 de Junho de 1822 por José 
Bonifácio, quando já estava em plena efervescência o 
movimento que eclodiria com a Independência do Brasil. 
Consta como seus fundadores, Bonifácio, D. Pedro de 
Alcântara, Joaquim Gonçalves Ledo, cônego Januário e o 
 
 
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irmão carnal de Bonifácio, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e 
Silva, além de outros. 
O Grande Oriente Brasílico, Brasiliano ou Brasiliense seria 
fundado 15 dias após em 17 de Junho. 
O Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara , que tomou parte na 
primeira reunião foi eleito por proposta de José Bonifácio, 
para ocupar o cargo de Arconte-Rei que era o equivalente ao 
de Grão-Mestre. Ele tomou posse na reunião de 22 de Junho. 
O Apostolado foi inspirado na Carbonária européia, pois José 
Bonifácio a conhecera na Europa e se propunha a ser no Brasil, 
uma organização semelhante ao Areópago de Itambé (1796- 
Pernambuco) Sua finalidade a exemplo da mesma posição que 
tomaria o Grande Oriente Brasílico era política tendo como 
meta principal a Independência do Brasil. 
Segundo Gondin da Fonseca, “o Apostolado era uma espécie 
de Loja Maçônica sem ser maçônica” 
 
Seu governo principal era a Palestra a qual foi posteriormente 
dividida em três: “Independência ou Morte” “União e 
Tranquilidade ” e “Firmeza e Lealdade”. As Palestras se 
subdividiam em Decúrias. Uma estava localizada no Catete, 
outra na Rua da Cadeia e outra na Rua São José. 
 
 
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Decúria segundo os dicionários seria um grupo de dez coisas ou 
indivíduos, mas no Apostolado, cada Decúria tinha doze 
Apóstolos e um Presidente. 
O tratamento entre si era camarada e se dividiam em quatro 
categorias ou graus a saber: Recrutas, Escudeiros, Cavaleiros e 
Apóstolos. Os profanos eram os “paisanos”. 
Usavam um lenço no lado direito do peito e a cor os 
diferenciava. A cor amarela era dos Recrutas, o encarnado ou 
vermelho para os Escudeiros, azul celeste para os Cavaleiros e 
branco para os Apóstolos. 
Era uma sociedade que tinha estatutos, sinais, toques e 
palavras como na Maçonaria. Aliás, era uma organização 
maçônica de fins políticos. O primeiro Vigilante chamava-se 
lugar-tenente . 
Os membros do Apostolado se denominavam colunas do Trono 
porque a meta principal era sustentar a monarquia 
constitucional e guerrear as idéias republicanas. 
Os novos adeptos faziam o seguinte juramento: 
“Juro aos Santos Evangelhos guardar escrupulosamente os 
segredos de meu grau, não comunicando a pessoa alguma 
Paisana, qualquer coisa que, na qualidade de Recruta, me for 
confiada, nem tão pouco instruir a alguém o Sinal da Ordem 
dos Cavaleiros da Santa Cruz, toque, senha, contra-senha 
correspondente. Juro, finalmente, promover com todas as 
minhas forças e a custo de minha vida e fazenda a Integridade, 
 
 
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Independência e Felicidade do Brasil, como Império 
constitucional, opondo-me tanto ao despotismo que o altera, 
como à anarquia que o dissolve. Assim Deus me ajude” 
O Apostolado, esta forma paralela de Maçonaria atuou de 
forma destacada na Corte até que José Bonifácio e seus irmãos 
caíram em desgraça em 1823, por não concordarem com o 
despotismo e as arbitrariedades de D. Pedro I, o qual como 
Arconte Rei encerrou definitivamente as atividades do 
Apostolado em 15/07/1823. 
INTRIGAS PALACIANAS. 
DESDOBRAMENTOS GRANDE ORIENTE BRASÍLICO-
APOSTOLADO 
( LEDO VERSUS BONIFÁCIO) 
O Apostolado e o Grande Oriente Brasílico assumiriam posições 
antagônicas, mas ambos aspiravam a Independência. Os 
adeptos de Ledo queriam o rompimento total dos laços com 
Portugal, sendo que os mais exaltados queriam a república, 
muito embora, apesar de liberal não fosse essa a posição final 
de Ledo. Ledo era em realidade monarquista. Já o grupo de 
Bonifácio, apesar de estar também no Grande Oriente pregava 
a independência, mas era a favor de uma união luso-brasileira, 
de tal forma que fossem países autônomos Brasil Portugal e 
Algarves, porem unidos, e que o regime fossemonarquia 
constitucional. 
 
 
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Não resta dúvidas, que tanto Ledo como Bonifácio, aspiravam 
as benesses da Corte. Havia interesses pessoais e políticos em 
jogo e parece que se detestavam totalmente nesta fase da 
história. Ambos, lideres impositivos, e inteligentes, porem 
antagônicos. 
A Independência do Brasil na ocasião era por uma série de 
razões, um processo histórico irreversível e segundo Mello 
Moraes, já estava tudo combinado. 
Afirmar que José Bonifácio não a queria, como alguns 
escritores afirmam, não se acredita, e não sem tem respaldo 
histórico porque ele era um estadista muito esperto e sabia o 
que iria acontecer e sabia qual era a sua posição. 
Justificar porque ele a queria na forma monárquica 
constitucional e união com Portugal, fosse talvez por acreditar 
que se o Brasil adotasse uma forma de governo mais liberal, 
seria o caos. E quem sabe, temesse pela Família Real, achando 
que poderia acontecer o mesmo que aconteceu com a Família 
Real francesa, onde os nobres foram decapitados. E ressalte-
se que nesta época o anarquismo e o carbonarismo andavam 
em moda. 
O próprio Ledo foi tachado várias vezes de carbonário. É lógico 
que hoje, sabemos que ele quando mais jovem por até ter tido 
idéias republicanas, quando mais maduro, ele fez a sua fé 
monárquica. Existem documentos comprovando. Mas de 
qualquer forma estas supostas possibilidades que poderiam 
ocorrer deviam causar preocupações a Bonifácio. 
 
 
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É provável que Bonifácio que dentro de seu raciocínio, ele 
estivesse bem intencionado quanto ao futuro do Brasil. 
Entretanto ele usou de meios drásticos para chegar aos seus 
fins. 
D. Pedro quando interpelado a respeito, referia que a 
finalidade do Grande Oriente e do Apostolado eram as 
mesmas, mas os membros do Apostolado começaram a solapar 
o Grande Oriente de todas as formas, por causa da rivalidade 
dos dois lideres. 
Até D. Pedro se tornar Grão-Mestre do Grande Oriente a 
animosidade entres os dois grupos era mais velada. Mas como 
a eleição de D.Pedro para Grão-Mestre foi feita sem que José 
Bonifácio soubesse, sendo um golpe bem urdido de Ledo e 
ele, Bonifácio que era o Grão-Mestre do Grande Oriente 
Brasílico se sentiu traído. Ficou na espera de uma oportunidade 
para ir a desforra. 
A partir deste fato as escaramuças e a hostilidades se 
sucederam de ambos os lados. 
Após a Aclamação de D. Pedro ocorrida em 12/10/1822 o grupo 
de José Bonifácio espalhou a notícia de que os partidários de 
Gonçalves Ledo pretendiam provocar uma reforma ministerial. 
José Bonifácio, então ministro do Governo mandou que o 
Intendente da Polícia exercesse severa vigilância sobre eles, 
mandando inclusive prender o jornalista João Soares Lisboa, 
amigo de Ledo. 
 
 
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Além disso, houve um fato que pioraram as suspeitas de 
Bonifácio. Clemente, Nobrega e Ledo conseguiram do 
Imperador, a estas alturas, ainda um tanto ingênuo estando de 
bem com os maçons do Grande Oriente, três assinaturas em 
branco e o antecipado juramento à Constituição que a 
Assembléia iria aprovar. 
Bonifácio fez ver a D.Pedro o absurdo de jurar 
antecipadamente algo que ainda não existia e convenceu-o a 
conseguir de volta imediatamente o documento assinado em 
branco, e ainda sugeriu que fosse fechado o Grande Oriente, 
pois lá se conspirava contra o governo. 
O Imperador, envenenado pelas intrigas escreve um bilhete a 
Ledo numa segunda feira, dia 21/10/1822 
“Meu Ledo Convindo fazer certas averiguações tanto publicas, 
como particulares na M:., mando primo como Imperador, 
secundo como Gr:. os trabalhos na M M:. que:. se supendão 
athe Segunda ordem Minha. He o que tenho a participarvos 
agora Restame reiterar os meus protestos como Ir:. 
PEDRO GUATIMOZIN, G:. M:. S. Christovão, 21.Obro.1822” 
 
P.S. “Hoje mesmo deve ter execução e espero que dure pouco 
tempo a suspensão porque em breve conseguiremos o fim que 
deve resultar das averiguações”. 
 
 
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Ledo foi falar diretamente com D. Pedro o qual reconheceu 
que havia sido influenciado pelo seu Ministro de Estado. Desta 
forma D. Pedro resolveu que o Grande Oriente voltasse a 
funcionar e no dia 25/10/1822 envia outro bilhete a Ledo: 
“Meu I:. Tendo sido outro dia suspendidos nossos augustos 
trabalhos pelos motivos que vos participei e achando-se hoje 
concluídas as averiguações vos faço saber que segunda-feira 
que vem os nossos trabalhos devem recobrar o seu antigo vigor 
começando pela abertura da G:. L:. em Assembléia Geral. He o 
que por ora tenho a participarvos para que passando as ordens 
necessárias assim o executeis. Queria o S:.A:. do U:. darvos 
fortunas imensas como vos desejo. I:.P:.M:.R:.” 
Assim , o Grande Oriente fechado no dia 21/10/1822 já 
poderia ser reaberto novamente no dia 28. 
Todavia, dados os desdobramentos rápidos dos 
acontecimentos, não foi isso que aconteceu. 
Bonifácio sentindo-se traído pelo Imperador, solicita demissão 
do cargo de ministro, bem como seu irmão carnal Martin 
Francisco. 
D. Pedro não conseguiu formar novo ministério. O Apostolado 
através de seus agentes inflamando o povo nas ruas do Rio de 
Janeiro, exigia a volta dos Andradas. 
O Imperador sempre volúvel, indeciso, chama de volta José 
Bonifácio e seus seguidores, através de um decreto de 
30/10/1822. 
 
 
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Uma vez, novamente no poder Bonifácio mandou que fossem 
presos todos aqueles maçons que julgava ser seus inimigos. 
Grande parte dos partidários de Ledo foram encarcerados. As 
prisões ficaram abarrotadas. José Clemente Pereira( Camarão), 
Luiz Ferreira Nóbrega de Souza Coutinho( Turrene), o cônego 
Januário da Costa Barbosa (Kant) foram deportados para a 
França. Outros ficaram presos vários meses, sem estarem 
acusados de crime algum. 
Ledo avisado pelo Irmão Januário através de um bilhete, antes 
deste ser preso, esconde-se em uma chácara de um amigo e a 
noite disfarçado de uma velha carregando um balaio, foi 
encontrar-se em Araruama com o amigo e maçom Lourenço 
Westin, cônsul da Suécia, sendo encaminhado para Buenos 
Aires, como exilado. Só voltou ao Brasil daí há um ano em 
21/10/1823. 
Entretanto, Bonifácio também teve posteriormente daí há 
alguns meses, o seu declínio na Corte. Uma vez instalada a 
constituinte em 03/05/1823, os Andradas queriam que a 
Assembléia não desse maiores poderes ao Imperador e 
acusavam este de perseguir brasileiros sem razão, e ainda José 
Bonifácio era contra a escravidão. Criou inúmeros inimigos 
entre os fazendeiros. Bonifácio igualmente não confiava na 
idoneidade moral dos constituintes. 
No dia 30/06/1823, D. Pedro caiu de um cavalo e fraturou 
costelas, porisso deixou de freqüentar o Apostolado, onde era 
o Arconte-Rei. Fala-se que durante esta ausência, os apóstolos 
começaram a tramar uma conspiração contra o Imperador. 
 
 
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Esta suposta conspiração foi denunciada por meio de uma 
carta anônima escrita em alemão, que chegou às mãos de D. 
Pedro no dia 15/07/1823 e que foi traduzida pela Imperatriz 
Leopoldina. 
D.Pedro a guisa de discutir assuntos do governo, chama ao 
Paço o seu Ministro José Bonifácio e com a desculpa que iria 
“cura-se” das dores, solicita que ele fique conversando coma 
Imperatriz, que voltaria em seguida. 
D. Pedro em meio de ligaduras e ataduras, veste sua farda, e a 
frente de uma tropa de cinqüenta soldados armados e mais 
alguns oficiais de confiança, se dirige a sede do Apostolado, 
assentou-se no trono do presidente daquela sessão presidida 
por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva, com os soldados 
formando ala desde a entrada do prédio, tomou para si um 
pequeno cofre, onde eram guardados os documentos da 
sociedade, dispensou todos os irmãos presentes avisando que 
a partir daquele momento não haveria mais reuniões no 
Apostolado sem sua ordem expressa. 
Bonifácio é obrigado a renunciar como Ministro. Sobrava-lhe 
ainda o cargo de deputado por São Paulo. 
Os acontecimentos políticos que ainda estariam por vir 
apressariam a queda dos Andradas. No dia 15.09.1823 iniciam 
as discussões sobre a futura Constituição. Em 12/11/1823 
D.Pedro dissolve a Constituinte, manda prender os Andradas e 
outros cidadãos. Exila-os para França em 21/11/1823. 
 
 
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Estava como D.Pedro queria, Ele tinha agora poderes 
ilimitados e absolutos, um déspota, perfeito autocrata. No 
meio de tanta animosidade ele havia se tornado um fiel aluno 
suplantando os dois mestres em matéria de intrigas e brigas e 
perseguições, só que com um defeito maior, o de tirano alem 
de conquistador mulherengo . E, muito mal acompanhado pelo 
seu secretário particular, alcoviteiro Francisco Gomes da Silva 
o Chalaça, que infelizmente foi maçom. Havia sido negada sua 
filiação, por “indiferença à causa do pais e imoralidade”, 
proposta pela Loja nº 2 ‘União e Tranqüilidade” cujo pedido foi 
discutido na 5ª sessão do Grande Oriente realizada no 22° dia 
do 4º mês do ano 5882 da V:.L:.( 22/07/1822) conforme consta 
da ata do Livro de Ouro da Maçonaria Brasileira. 
Chalaça gaba-se em suas memórias de ter sido o autor da 
constituição que D. Pedro impôs ao povo brasileiro, onde ele 
relata que fez uma compilação de constituições européias da 
Noruega, França e Portugal e que “uma ou outra cosia eu 
inventei eu mesmo” Refere que introduziu o poder Moderador 
, alegando que este dispositivo daria poderes maiores ao 
Imperador acima dos três poderes, Judiciário. Legislativo e 
Executivo. 
Ledo, Clemente Pereira, Januário e os demais partidários 
estavam agora reabilitados. Eles que antigamente combatiam 
esta forma de governo, parece agora não a enxergavam. 
Foram obrigados a serem comedidos. 
Depois que o Grande Oriente e o Apostolado que tiveram seus 
grêmios fechados pelo Imperador, uniram-se contra ele num 
 
 
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processo lento de oposição minando aos poucos o trono, o 
qual viria culminar em 07/04/1831 com a abdicação de 
D.Pedro I 
José Bonifácio e Gonçalves Ledo causaram aos maçons atuais 
profunda frustração histórica. O Brasil precisava naqueles 
primeiros momentos de nação livres destes dois grandes 
lideres lado a lado. Ao invés de serem grandes Irmãos e Amigos 
foram inimigos recíprocos. De certa forma entende-se, pois em 
nossas lojas atuais, os Irmãos não conseguem tornar pequenas 
as suas diferenças transformando confrontos de idéias em 
confrontos pessoais. E ainda ressalte-se que as lojas atuais são 
apenas lojas maçônicas, e não grêmios políticos como foram o 
Grande Oriente Brasílico e o Apostolado. 
Estes dois Irmãos mostraram para a posteridade, o terrível 
número 2, o número dos contrastes, da dualidade, do 
antagonismo do sim e do não. Mas também não se deve 
esquecer que talvez este confronto deva ser necessário para o 
progresso da humanidade, desde que não seja tão pessoal, 
mas é provável que até Ledo e Bonifácio se admirassem. 
Fatos interessantes, ocorreram nestes primeiros 15 anos da 
novel nação emergente, envolvendo os três personagens 
principais, D.Pedro, Ledo e Bonifácio. 
Em 17/06/1822 o próprio Ledo faz aclamar José Bonifácio, 
Grão-Mestre do Grande Oriente Brasílico, tomando posse em 
19/06/1822. 
 
 
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Depois que D. Pedro gostou cargo de Imperador e tornou-se 
um tirano acabou com Maçonaria e com o Apostolado. 
Porem, também não se saiu muito bem o primeiro Imperador 
do Brasil. Uma série de crises políticas e administrativas o 
levariam a ter que abdicar. 
José Bonifácio, volta do exílio em 23/07/1829 e num gesto 
magnânimo aceita ser tutor dos filhos de D.Pedro, antes de sua 
partida para Portugal, em 07/04/1831. E ainda referiu-se á José 
Bonifácio “ Ao meu probo honrado patrício cidadão José 
Bonifácio, meu verdadeiro Amigo” 
Pergunta-se: Após 06 anos de exílio, onde José Bonifácio, já 
velho passou até por necessidades na França D. Pedro I teve a 
coragem de chama-lo “verdadeiro amigo”? E José Bonifácio 
aceita? 
Na reinstalação do Grande Oriente Brasílico, agora com o nome 
de Grande Oriente do Brasil, lá estavam lado a lado José 
Bonifácio e Gonçalves Ledo, inclusive Ledo escreveu um 
manifesto para José Bonifácio entregue em 17/02/1832 
informando os maçons a reinstalação do Grande Oriente do 
Brasil, pois havia outro Grande Oriente Brasileiro também 
conhecido como Grande Oriente do Passeio fundado em 1830 
e instalado em 2/06/1831, portanto antes reinstalação do 
Grande Oriente do Brasil ocorrida em 23/11/1831 que 
reivindicava ser o verdadeiro sucessor do Grande Oriente 
Brasílico por um grupo antigo que não se alinhava 
politicamente nem com o Andrada e nem com Ledo. Se Ledo 
 
 
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fosse tão inimigo de Bonifácio, ficaria com o outro Grande 
Oriente, mas no entanto estava lá no Grande Oriente do Brasil 
apoiando Bonifácio. 
Quando em 06/04/1838, quando Bonifácio faleceu, Ledo 
manda que Clemente Pereira fosse á Maçonaria proferir 
palavras de louvor sobre o ilustre brasileiro que acabara de 
falecer. Mas em 1822 Bonifácio não mandara prender Ledo? 
Será que estes três Irmãos se detestavam realmente? O se será 
foram hipócritas que agiam de acordo com a balança política 
da época, ora sendo inimigos, ora sendo amigos? Ou foram 
meros instrumentos da História? 
Será que estes três grandes lideres maçônicos nacionais foram 
os inventores de uma situação nacional que hoje o vulgo 
chama de “tudo acabou em pizza”? 
O pesquisador fica numa seria dúvida. Realmente, ninguém 
pode negar eles foram três lideres de personalidades fortes, e 
que contribuíram e muito para a Independência do Brasil. 
Quanto ás mazelas pessoais, nenhum Irmão poderá julga-las 
pois nas lojas atuais acontece a mesma situação. É do ser 
humano, esta agressividade que revela o lado animal do 
Homem e estes confrontos pessoais as vezes tão deletérios 
para a Ordem, jamais terminarão. 
Com frequência, intrigado, o pesquisador indaga quando 
medita a respeito: 
 
 
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Como realmente aconteceram os primórdios de nossa História 
como país livre? 
Quem foi realmente D.Pedro I ( Guatimozin)? 
Quem foi realmente José Bonifácio de Andrada e Silva( 
Pitágoras)? 
Quem foi realmente Joaquim Gonçalves Ledo ( Diderot)? 
REFERÊNCIAS 
ARÃO, Manoel. História da Maçonaria do Brasil. Recife, 1928 – 
1° Volume. 
ASLAN, Nicola Pequenas Biografias de Grandes Maçons. Rio de 
Janeiro – Editora Maçônica, 1973 
CASTELLANI, José. Os Maçons que fizeram a História do Brasil. 
São Paulo - Editora Traço, 1989. 
PROBER,Kurt. Achegas para a História da Maçonaria do Brasil 
Rio de Janeiro, 1968. 
Grande Enciclopédia DeltaLarrousse 
Livro de Ouro da Maçonaria Brasileira(Atas do Grande Oriente 
Brasílico desde 17/06/1822 á 21/10/1822) 
 
 
 
 
 
Loja de Pesquisas Maçônicas 
Hercule Spoladore - Brasil – N º45 
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ADOÇÃO DE LOWTONS E O CULTO DE 
MITRA (MITRAISMO) 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
A Adoção de Lowtons e o casamento maçônico são talvez as 
duas cerimônias ritualísticas que podem ser assistidas por 
profanos em toda a sua totalidade. 
A Adoção de Lowtons foi acrescentada às cerimonias 
maçônicas não muito tempo após a fundação da Maçonaria 
Moderna ou Especulativa, ou seja, a partir de 1717. Segundo 
José Castellani, Goerge Washington, que nasceu em 1732 foi 
lowton e iniciado em 04/11/1752 aos vinte anos de idade na 
Loja Fredericksonburg nº 4 na Virginia. Esta prática foi sido 
importada da Inglaterra. 
Era uma cerimônia realizada com muito mais frequência no 
Brasil há cerca de 20 a 30 anos atrás. Com o advento dos De 
Molays, APJ (Associação Paramaçônica Juvenil) para jovens do 
sexo masculino, Arco-íris, Filhas de Jó para as jovens do sexo 
feminino a partir de 1980, quando o Brasil maçônico importou 
estas Ordens dos Estados Unidos. A Ordem de De Moaly aceita 
jovens de 12 a 21 anos. 
 
 
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Em função da idade dos jovens serem próximas às idades dos 
meninos e jovens a serem tornarem adotados quando até 
jovens de 17 anos poderiam ser adotados, estas novas 
organizações para maçônicas por sua organização, sua 
participação dinâmica ritualística, com promoções 
filantrópicas, na sociedade diminuiu muito a cerimônia de 
Adoção de Lowtons nas Lojas e que até está em desuso, pois 
existem lojas mais modernas que nem sabem desta ritualística 
maçônica. Atualmente apenas um número diminuto de lojas 
ainda realiza a Adoção de Lowtons. Muitas Lojas não cumprem 
o compromisso assumido junto ao adotado e o Paraninfo ou 
Padrinho também não dá atenção que deveria dar ao seu 
afilhado através de ensinamentos que evidentemente 
preparariam o lowton para um dia ser maçom. Outros tempos, 
outros costumes e uma tradição linda está em desuso. Só que 
a Adoção de Lowtons é uma prática ritualística tipicamente 
maçônica e não para maçônica. 
 Ainda segundo Castellani a Ordem de Molay foi fundada em 
1919 em Kansas City pelo maçom Franck Shermann Land. Foi 
introduzida no Brasil em 1980 com a criação do Capítulo do Rio 
de Janeiro sob a liderança do Irmão Alberto Mansur, Grande 
Soberano do Supremo Conselho REAA, ligado ás GGLL. 
O termo lowton não existe nos dicionários comuns. É uma 
palavra cuja origem não está bem esclarecida. Tem outras 
maneiras de escrever ou de se pronunciar: lawtons, Lewis, 
luverton, luston ou até sobrinhos. 
 
 
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Atualmente a palavra tem tomado mais o sentido de lobinho 
ou leãozinho como tradução. Não existe na língua inglesa como 
termo em seus dicionários. 
Segundo alguns autores maçônicos, e estes existem muitos, 
cada qual com sua interpretação, a origem da palavra é muito 
antiga e estaria ligada a mitologia persa e significaria “jovem 
lobo”. Diz-se que os filhos dos Iniciados nos Antigos Mistérios 
usavam uma máscara que simbolizaria o lobo. 
Este costume originava na crença dos antigos persas, depois 
incorporada a mitologia egípcia e romana em estreita relação 
entre o lobo e o sol, a quem o candidato representava durante 
a iniciação, porque diziam “assim como o rebanho foge e 
desaparece com a aproximação do lobo, assim as constelações 
desaparecem diante da luz do sol”. 
Para os maçons deve se entender por lowton o filho 
descendente ou dependente adotado por uma loja durante a 
idade de 7 a 17 anos (minoridade). Existem potências 
maçônicas que adotam também meninas, o que é discutível 
não havendo concordância entre a maioria dos autores. A 
maioria entende que por tradição é uma cerimônia somente 
para meninos. 
Trata-se de um compromisso público da loja e do Padrinho ou 
Paraninfo, que deverão proteger o adotar se se necessário 
pagar-lhe o estudo até o curso superior e se for órfão, sustenta-
lo até a maioridade. 
 
 
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O lowton poderá ser iniciado aos 18 anos de idade, desde que 
passe pela mesma sistemática de aprovação exigida a qualquer 
profano e desde que o Pai ou Tutor consinta e pague suas 
obrigações pecuniárias desde que o jovem não tenha 
condições até os 21 anos, quando ele poderá receber o grau de 
Mestre. 
A cerimônia de Adoção deve realizada no dia 24/06, dia de São 
João ou em dia próximo á 25 de dezembro, mas existem lojas 
que o fazem em outras datas como, por exemplo, dia 12 de 
outubro – Dia da Criança, dia do aniversario da Loja. Mas pode 
ser em qualquer data, a critério da Diretoria. 
Não é correto chamar a adoção de lowtons de Batismo 
Maçônico, pois este erro poderá ser considerado como afronta 
ás religiões. 
No ritual de Adoção de Lowtons predominam as práticas 
mitraicas. 
Mitra seria filho do deus persa Aura Mazda do Bem, teria 
nascido em um rochedo em 25 de dezembro também se fala 
da presença de pastores que o reverenciaram e lhe trouxeram 
presentes reconhecendo a sua missão à qual estava 
predestinado. Mitra passou a converter os homens a serem 
úteis ao seu próximo e principalmente os habilitando para a 
agricultura. Para tanto teria firmado um pacto com o sol. 
Terminada sua missão no mundo, Mitra teria participado do 
banquete sagrado com o sol e subiu aos céus para voltar um 
dia e conceder a vida eterna a todos os fiéis. 
 
 
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O mitraismo organizado e iniciático como culto ao mesmo 
tempo como religião politica e militar pode-se se situar a partir 
do século VI A.C. 
A iniciação mitraica em si para os adultos era muito 
complicada. Tinha sete graus. O Iniciando tinha que apresentar 
provas de coragem física e mental e de fidelidade absoluta. O 
último grau habilitava o iniciando a uma comunhão mística 
com o sol, o deus Sol, seu amigo. 
Usavam o batismo a agua lustral, para lavagem do templo, a 
purificação dos iniciandos, a agua benta, o sal, abluções 
ritualísticas e a refeição sagrada a (a comunhão). Guardavam 
os domingos, os dias santificados, principalmente o dia 25 de 
dezembro por ser este dia imediato ou próximo do solstício de 
Inverno, ocasião em que o sol, recomeça a sua volta, partindo 
do sul do equador e “renascendo” volta a dar vida à terra. 
Pelas similaridades pode-se se ver onde o cristianismo romano 
foi buscar suas inspirações no culto de Mitra (fontes persas) 
São de origem mitraica na adoção de lowtons, a roupa branca 
que significa a pureza, a decoração das paredes do templo em 
branco pela mesma razão, agua nas mãos para que elas 
permaneçam puras, sal na fronte para conduzir o lowtons a ter 
ideias justas e sadias, a benção dos olhos, o uso do incenso, o 
mel sobre os lábios para que o iniciando só profira palavras 
doces, a oferta do pão como fonte de alimento e do vinho. O 
vinho símbolo da vida que sol traz e para fazer com o iniciando 
tenha sabedoria e lute pelo bem e o fogo para purifica-lo. 
 
 
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A Maçonaria acrescentou a estes procedimentos o avental, a 
medalha e as luvas brancas e a Loja desta forma torna o jovem 
filho adotivo. Por esta razão deve se ter muito cuidado e 
prudência ao receber estes jovens. Após a cerimônia, deverá 
ser entregue um diploma, no qual a Loja declara queo lowton 
foi adotado por ela. Algumas lojas também costumam dar uma 
pequena medalha com os emblemas maçônicos, onde apareça 
escrito o nome da Loja, bem como o nome do lowton. 
Quando se assiste uma bela cerimônia de Adoção de Lowtons 
vendo aquelas crianças ou então jovens de 14 ou 15 anos, 
deve-se imaginar que esta cerimônia teve como fonte 
inspiradora a Antiga Pérsia através do culto de Mitra. 
Resta a apenas perguntar se o véu que cobre parcialmente a 
cabeça e faces dos lowtons em sinal de pureza e ingenuidade 
não teriam reminiscências na já citada máscara do jovem lobo 
dos Antigos Mistérios, usados pelos antigos seguidores do 
culto de Mitra. 
REFERÊNCIAS 
ASLAN, Nicola – Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria 
e Simbologia. Editora Artenova – Volume II. Rio de Janeiro, 
1972. 
CASTELLANI, José – Cadernos de Estudos Maçônicos –
Consultório Maçônico II e III. Editora “A Trolha”. Londrina, 1989 
VAROLI, Teobaldo Fº Curso de Maçonaria Simbólica. Editora 
A Gazeta Maçônica.S.A. São Paulo, 1970 
 
 
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PRIMEIROS MESTRES MAÇONS DA 
MAÇONARIA 
 
Ir∴ Hercule Spoladore 
 
Sabe-se que na Maçonaria antiga até 1725 existiam apenas 
dois graus, o de aprendiz e o de companheiro. O grau de 
aprendiz praticamente nasceu com a Maçonaria. Os jovens que 
trabalhavam na arte de construir eram aprendizes de 
pedreiros, canteiros, pintores funileiros. Inicialmente aprendiz 
era também uma função e não grau, mas com o desenvolver 
da Maçonaria Operativa foi o primeiro grau a aparecer. Existia 
a figura do mestre de obras que também não era grau e sim 
função, que era o chefe que ensinava os aprendizes e 
coordenava os trabalhos da construção. 
Em 1717 quando foi fundada a primeira obediência maçônica, 
ou até antes desta época já se previa o aparecimento de mais 
um grau. As lojas já repletas de maçons aceitos, que 
começaram a ser recebidos desde há muito tempo. O primeiro 
a ser recebido no dia 08/06/1600 na Maçonaria Operativa, que 
não era ligado às construções e sim um abastado fazendeiro foi 
um Irmão de nome John Boswel, na Loja Capela de Santa Maria 
(Saint-Mary Chapell) de Edinburgh – Escócia – Portanto, 117 
anos antes da fundação da Grande Loja de Londres. A 
Maçonaria Operativa estava decadente. Estava se renovando. 
 
 
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O grau de aprendiz uma vez criado como grau tinha uma 
situação estranha. Havia os aprendizes júniores (novos 
aprendizes) que tomavam assento ao Norte, onde 
simbolicamente não havia luz e suas funções eram justamente 
proteger a Loja dos Cowans e bisbilhoteiros e os aprendizes 
sêniores (aprendizes mais velhos na Ordem) tomavam assento 
no Sul e suas funções eram atender, recepcionar e dar boas 
vindas aos estrangeiros. Havia no mesmo grau, uma 
descriminação de trabalho. Havia duas classes de aprendizes, 
os velhos e os novos cada qual com funções diferentes. Pelo 
menos estas informações constam da “Maçonaria Dissecada” 
(Masonry Dissected) de Samuel Prichard publicado no jornal 
londrino “The Dally Journal” nos dias 02, 21,23 e 31/10/1730, 
causando estas informações um verdadeiro escândalo porque 
foram publicados para profanos os chamados segredos da 
Maçonaria. E Prichard publicou o ritual praticado antes de 
1717, mas com os acréscimos até 1730. Os catecismos (futuros 
rituais) nas sessões não eram lidos e sim decorados. Prichard 
passou tudo no papel e publicou no jornal. Considerado traidor 
na época. 
O grau de companheiro já tinha sido criado anteriormente. 
Fala-se dele desde 1598, mas com certeza com prova 
documental foi criado em 1670. O Manuscrito de Sloane (3) 
(1640-1700) tem em seu conteúdo uma forma de juramento 
que sugere a existência de dois graus esotéricos, que seriam o 
de o de aprendiz e companheiro. 
 
 
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Em 1724 fundou-se em Londres, uma sociedade formada por 
mestres de obras e músicos que se reunia na Taverna Cabeça 
da Rainha. O número de homens que fundaram esta sociedade 
era pequeno, mas tratava-se de pessoas muito cultas e 
interessadas em música e arquitetura. Foi denominada de Philo 
Musicae et Arquitecturae Societas Apollini. Seus fundadores 
eram maçons pertencentes a uma loja, a qual tinha como 
venerável o Duque de Richmond, que foi em seguida eleito 
Grão-Mestre da Grande Loja de Londres. Uma das condições 
para pertencer á esta sociedade era justamente que todos os 
associados fossem maçons. Esta Sociedade, durante seus 
trabalhos culturais se transformava em determinada hora em 
uma loja maçônica simples como eram as sessões na época e 
fazia por conta própria, de forma irregular as recepções (hoje 
iniciações) e as elevações. A Sociedade apareceu poucos anos 
após da fundação da primeira obediência, mais precisamente 
sete anos, ainda prevalecia a tradição “maçom livre em loja 
livre”. Adotaram um livro de Constituições da Ordem, no qual 
hoje depositado na Biblioteca Britânica o qual consta na sua 
pagina um subtítulo – “Armas e Procedimentos de seus 
Fundadores”. Quando um mestre de obras exemplar ou um 
músico talentoso mesmo sendo profano era convidado a 
pertencer a esta Sociedade, transformavam este local de 
reuniões profanas em uma loja tosca, muito simples e 
realizavam a Cerimônia de Recepção, que não era tão 
rebuscada como as atuais iniciações. 
Todavia uma das regras da Sociedade era que nenhuma pessoa 
 que não fosse maçom fosse recebida como visitante. 
 
 
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Na sua constituição estão relacionados todos os membros 
fundadores da mesma, com detalhes de quando e aonde se 
tornaram maçons. 
Esta situação causou problemas na novel Grande Loja de 
Londres, porque isto tudo que está sendo afirmado, estava 
registrado em atas e especialmente quando os estudiosos 
pesquisassem as possíveis origens do terceiro grau ficariam 
surpresos e na duvida. E esta forma de como surgiu o terceiro 
grau certamente ocasionaria embaraços, mas toda esta 
história aconteceu assim e está relatada e registrada na 
Biblioteca da Grande Loja Unida da Inglaterra. 
Esta Sociedade, por sua conta própria em se considerou 
fundada em 18/02/1725. 
 Em 22/12/1724, mesmo antes da Sociedade Apollini 
ser fundada oficialmente num encontro presidido pelo Conde 
Richmond já grão-mestre ele atuou como Mestre sendo 
recebido (iniciado) o profano Charles Cotton. 
 Em 18/02/1725 dia da fundação oficial da Sociedade foram 
elevados a companheiros Charles Cotton, Papillon Bul e M. 
Thomas Marschal. 
Em 12/05/1725 foram elevados à Mestre os Irmãos Charles 
Cotton e Papillon Bull, assim consta das atas da Sociedade, 
mesmo que este terceiro grau fosse totalmente irregular, por 
ter sido conferido em sessão de uma sociedade profana e não 
uma loja. Foi enviada uma carta à Grande Loja de Londres com 
uma relação de sete Irmãos principais fundadores da e Oficiais 
 
 
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da Societas Apollini. Parece que a Grande Loja ignorou a 
comunicação, mas a Sociedade recebeu visita do 2º Grande 
Vigilante da Grande Loja de Londres em 02/09/1725 e do 
Primeiro Grande Vigilante em 23/12/1725 e ao que se se sabe 
no mesmo ano que a Sociedade encerrou suas atividades no 
inicio de 1726. 
Mas de qualquer forma esta é a prova primaria do 
aparecimento dos primeiros mestres maçons do mundo. Não 
se sabe qual foi critério usado para estes dois Irmãos se 
tornarem mestres. 
Há autores que afirmam ter tido o terceiro grau origemna 
França, mas não comprovam tal afirmação através de 
documentos. 
A lenda de Hiran não existia. O primeiro ensaio sobre esta lenda 
aparece no Manuscrito de Grahan, em 1726, como uma lenda 
Noaquita em que se menciona a procura do corpo de Noé, 
pelos seus três filhos Sam Sem e Jafet para descobrirem a 
palavra secreta da aliança de Noé com Deus. 
Quando Prichard em 1730 publicou os propalados segredos da 
Maçonaria, já havia uma versão semelhante, com muita 
analogia, da versão que conhecemos hoje no terceiro grau. 
Apenas cinco anos após. 
Assim de maneira estranha, porem relatada através das atas 
existentes, é comprovado o aparecimento dos dois primeiros 
mestres do mundo. 
 
 
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O grau três foi finalmente incorporado ao ritual em 1738. Surge 
uma dúvida. O Conde de Richmond era grão-mestre, mas era 
companheiro. E até 1738 os grão-mestres ainda eram 
companheiros oficialmente. Então como ele pode elevar os 
dois companheiros ao grau de mestre? Possivelmente isto foi 
feito de forma irregular, mas de qualquer forma está 
registrado, sendo uma prova primária indiscutível. Ela é 
documental. Se já havia outros mestres, estes não foram 
registrados em documentos hábeis. Mas presume-se que a 
partir de 1725 começaram a usar o grau de mestre de fato, mas 
não de direito. A partir de 1738 o grau de mestre foi 
oficializado. Possivelmente todos os fundadores da Sociedade, 
se fizeram mestres desde 1725 e a Grande Loja de Londres 
regular assumiu aos poucos esta situação criada, incluindo seu 
uso nos rituais oficiais. Afinal de contas naquela época já era 
necessário que fosse criado o terceiro grau. 
REFERÊNCIAS 
CARVALHO, Francisco de Assis. “A Maçonaria –Usos 
&Costumes. Volume 2. Cadernos de Estudos Maçônicos. 
Editora “A Trolha Ltda.” Londrina – 1955 
PRICHARD, Samuel. “Maçonaria Dissecada” ( Masonry 
Dissected). Tradução de Xico Trolha. Editora “A Trolha Ltda.” – 
Londrina – 2002. 
 
 
 
 
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A ESTRELA FLAMEJANTE 
 
Ir∴ José Carlos Araújo 
 
Emblema de divindade. Símbolo misterioso que se revela ao 
receber o Grau de Companheiro. Brilhante estrela de cinco 
pontas da qual se irradiam e se desprendem inúmeros raios 
flamejantes, e no centro da qual encontramos a letra G. Centro 
maravilhoso de forças propulsoras, atrativa e reguladora da 
rotação e movimento universal dos astros. Aparece no Grau de 
Companheiro e representa o espírito que anima o Universo, o 
principio que anima toda a sabedoria e o poder gerador da 
natureza. A Estrela Flamejante era símbolo desconhecido pelos 
pedreiros livres medievais, seu aparecimento na Maçonaria, 
ocorreu a partir de 1737 e não foi bem aceito em todos os ritos, 
pois o certo é que os construtores medievais conheciam 
estrelas apenas como desenho geométrico e não com 
interpretações ocultas que se introduziram na Maçonaria 
Especulativa. A Estrela Flamejante, por simbolizar o poder do 
fogo simboliza a magia, negra ou branca, podendo invocar o 
bem (se tiver sua ponta para cima) ou o mal (se a ponta estiver 
direcionada para baixo). Era o símbolo dos alquimistas e ainda 
hoje é utilizada nos rituais de bruxaria e esoterismo. Ela pode 
ser tanto de cinco, quanto de seis pontas. Também conhecido 
como flamante, ou rutilante, pode ser, em Maçonaria, 
Pentagonal ou Hexagonal. A Pentagonal, ou Pentagrama, ou 
pentalfa, ou Estrela de Cinco Pontas está presente na maior 
parte dos ritos (A de Seis Pontas está presente no Rito de York). 
 
 
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A letra G significa Geometria, Geração, Deus, porque com 
efeito, tudo na terra e no espaço, obedece às regras da 
primeira ciência, que é Deus, gerador de tudo que foi criado. O 
movimento dos astros esta sujeito à Geometria; esta ciência 
marca e define as dimensões dos corpos e, por ultimo, a forma 
de todos os seres. A palavra Deus, ou Geração, tem por inicial 
a letra G em todos os idiomas do hemisfério Norte, onde o 
simbolismo moderno teve origem. Por isto brilha no centro da 
estrela de cinco pontas que forma a Penthalfa de Pitágoras, e 
que entre os Maçons constitui os cinco pontos da perfeição, a 
saber: Força, Beleza, Sabedoria, Virtude e Caridade. As cinco 
pontas da Estrela ainda lembram os cinco sentidos que 
estabelecem a comunicação da alma com o mundo material: 
TATO, AUDIÇÃO, VISÃO, OLFATO E PALADAR. Essa Estrela 
misteriosa, para a Maçonaria emblema do gênio que eleva o 
homem e o impulsiona a grandes feitos, Símbolo desse fogo 
sagrado, é um dos Símbolos mais interessantes da Franco-
Maçonaria, e entra na composição de muitos Graus, 
especialmente no 2º, no qual serve de distintivo característico. 
A letra G no interior da Estrela Flamejante, tem vários 
significados, o primeiro lembra a fagulha divina que nos anima, 
os demais são: Gnose ou Conhecimento, Gênio ou Dom do 
Homem, Geometria ou Medida da Extensão e Base da 
Arquitetura, Geração ou Principio e Perpetuação, e Gravidade 
ou Atração Universal. O símbolo com a Estrela de cinco pontas 
é encontrado desde as milenares culturas Egípcia, Hebraica, 
Greco-Romana, Chinesa, assim como nos estudos da Cabala, da 
Numerologia e do Taro, nos estudos de Pitágoras, sendo-lhe 
 
 
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atribuído os mais diversos significados. Por se tratar a mais 
antiga, a Tradição Egípcia merece destaque especial dos 
escritores maçônicos, pois o antigo Egito foi um dos centros 
sagrados de onde surgiu grande parte do saber que contribuiu 
para dar forma, com sua influencia sobre os filósofos Gregos, a 
concepção do mundo. Segundo os autores Maçônicos, a 
herança egípcia foi transmitida à Maçonaria através, 
fundamentalmente, da Alquimia e do Pitagorismo. Quando a 
maçonaria quer que a pedra bruta se transforme em pedra 
cúbica, ela está lembrando ao iniciado que ele deve manter 
uma luta progressiva e sem tréguas pelo domínio de si mesmo, 
colocando o próprio ego sobre o mais absoluto controle. Que 
o Companheiro ao fitar a Estrela Flamejante se lembre que 
quando conseguirmos o controle total sobre nós mesmos 
tornamo-nos inteiramente livres e responsáveis e estamos 
realmente preparados para o exercício da arte real. Isto é difícil 
de ser alcançado, daí a necessidade de que a luta seja diuturna 
e sem esmorecimentos. O Pentagrama pode comportar, 
simbolicamente, várias interpretações, todavia, e antes de 
mais nada, ele representa a luz da inteligência que nos faz 
enxergar os problemas interiores e os meios para enfrentá-los, 
e, por vezes corrigi-los ou vencê-los. Bibliografia; Ritual do Grau 
de Companheiro, Grande Oriente do Paraná (COMAB), Rito 
Brasileiro. Camino, Rizzardo da. Simbolismo do 2º grau. 
Castelani, José, Rodrigues, Raimundo. Editora Maçônica “A 
Trolha” Londrina – PR. Ir.`. José Carlos de Araújo. ARLS 
Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45 GOP - Londrina 
– PR 
 
 
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PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM 
DO RITO RASILEIRO 
 
Ir∴ José Carlos Araújo 
 
Toda a Loja Maçônica exibe, no meio do Templo, um painel 
relativo ao Grau em que os trabalhos se desenvolvem. Esses 
painéis geralmente são quadros pintados ou fotografados, 
onde se encontram reunidos os vários Símbolos e utensílios 
que serão interpretados nas instruções do Grau. A história 
desse painel remonta aos tempos em que as reuniões 
maçônicas eram feitas fora do Templo, ou no tempo em que os 
Templos Maçônicosainda não existiam. No local onde os 
Irmãos se reuniam, pintava-se no chão, com carvão ou giz, a 
área delimitada da “Loja”, o Pavimento Mosaico e outros 
Símbolos Maçônicos. Ao redor desse riscado, desenhava-se 
uma Orla Denteada circundada por uma corda com vários nós, 
e nisso se resumia o Painel da Loja. Terminada a Sessão, a corda 
era guardada e o desenho apagado. Com o decorrer do tempo, 
os Símbolos foram confeccionados em metal ou madeira e, 
quando das reuniões, bastava colocar-se a corda e distribuí-los 
no espaço assim delimitado. Posteriormente, passou-se a 
pintar em linóleo ou tapete de pano, onde os Símbolos 
apareciam fixo e expostos permanentemente, e, terminada a 
reunião, o tapete era enrolado e guardado para a próxima 
 
 
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Sessão. Atualmente os painéis das Obediência e Ritos 
encontra-se mais ou menos padronizados em dimensões e 
localização, variando de um Rito para outro os desenhos e 
Símbolos neles contidos, mas todos buscando imprimir as 
mesmas mensagens e ensinamentos referentes ao Grau em 
que se trabalha. O atual Painel do Grau de Aprendiz do Rito 
Brasileiro mostra um quadro artisticamente decorado de 
madeira simples, objetiva e didática, que passaremos a 
descrever. Apresenta em primeiro plano três degraus que 
levam duas Colunas coroadas, cada uma, por três romãs semi-
abertas e no fundo, um Pórtico, encimado por um Delta 
Resplandecente com a letra IOD em seu interior.No Oriente, no 
Sul e no Ocidente, o Painel apresenta três Janelas Gradeadas. 
No vértice superior do Pórtico, encontra-se o Compasso e o 
Esquadro na posição de Loja de Aprendiz, tendo o Compasso as 
pontas voltadas para o Ocidente. Junto ao capitel da Coluna J, 
à direita, a figura de um Nível e da coluna B, à esquerda, o 
Prumo. Á esquerda da Coluna B encontra-se a Pedra Bruta e, á 
direita da Coluna do Norte J, a Pedra Cúbica. Pouca 
ferramentas do Aprendiz. Acima do Capitel da Coluna B, á 
esquerda, alçam-se a acima da Pedra Bruta, encontra-se 
cruzados, o Maço e o Cinzel, as Lua em Quarto Crescente e, 
simetricamente, o Sol, á direita; algumas estrelas aparecem 
distribuídas de forma irregular. A Prancha de Delinear, aparece 
à esquerda do Capitel da Coluna B, mais ou menos à altura do 
Prumo. O Painel é circundado por uma corda contendo laços 
de amor, terminando em borlas em ambas as extremidades. 
Todo o conjunto é emoldurado por uma Borla Denteada, tendo 
 
 
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os pontos cardeais em suas respectivas posições. A propósito 
desses pontos cardeais, observa-se a colocação do Nível e do 
Prumo no Painel do Grau, localizando o Nível junto à Coluna J, 
à direita e o Prumo junto à Coluna B, á esquerda, uma vez que 
o Rito Brasileiro coloca essas Colunas B á direita e J à esquerda 
de quem adentra no Templo. Acontece, entretanto, que o 
Painel da Loja deve ser visto por um observador que esteja 
sentado no Oriente e de frente para o mesmo. Os pontos 
cardeais inscritos no Painel da Loja de Aprendiz apresentam 
Norte à direita e o Sul à esquerda. Os três degraus ante o 
Pórtico existente no Painel são os mesmos que existem no 
estrado que dá acesso ao Trono do Venerável. As três Janelas 
Gradeadas existentes nesse Painel significam que os profanos 
não tem acesso ao Templo e que os Aprendizes, durante seus 
estágios nesse Grau dele não podem se ausentar: daí o 
significado das grades nessas janelas. Essas três janelas 
também simbolizam o itinerário do Sol em seu curso diário. A 
Janela do Oriente permite a passagem da Luz da Aurora, tão 
suave e agradável que induz os Obreiros ao trabalho: daí a 
razão de o Venerável tomar assento no Oriente, para abrir e 
dirigir os trabalhos. Pela Janela do Meio Dia tem assento o 2º 
Vigilante, a quem cabe observar o Sol no Meridiano e chamar 
os Obreiros para o trabalho e mandalos à recreação, a fim de 
que os trabalhos se executem com ordem e exatidão. Pela 
Janela do Ocidente entra a luz do Sol Poente, já enfraquecida, 
que convida à oração e ao repouso; no Ocidente toma acento 
o 1º Vigilante, a quem cabe solicitar o encerramento dos 
trabalhos. O desbastamento da Pedra Bruta se consegue com 
 
 
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o Maço e o Cinzel, que também encontramos no Painel de 
Aprendiz, já que são suas primeiras ferramentas de trabalho. O 
Maço e o Cinzel simbolizam a associação entre a inteligência 
com a Razão, o que permite distinguir-se o bem do mal, o justo 
do injusto etc. O Maço representa a Vontade e o Poder. Na 
Oficina de trabalho ele é o Emblema do comando, empunhado 
pelo Venerável e pelos Vigilantes. Sozinho ele não poderia agir 
sobre a Pedra Bruta; necessita da ajuda do Cinzel. O Cinzel, que 
é uma ferramenta cortante, simboliza o principio Ativo, Fálico. 
A associação dessas duas ferramentas de trabalho simboliza 
que da força física (Maço) com a força Espiritual (Cinzel), chega-
se ao conhecimento da Verdade. O Compasso, como 
instrumento, serve para traçar circunferências e medir 
distancias. Como Símbolo, significa a exatidão, a precisão no 
transporte das medidas. Maçonicamente, o Compasso é o 
Símbolo da Espiritualidade e o Esquadro simboliza as coisas 
materiais; por essa razão, quando em Loja de Aprendiz ele se 
encontra sobre o Compasso; o que significa a prevalência da 
matéria sobre o espírito. Um dos Símbolos pouco explorado em 
Loja de Aprendiz é a Romã, fruta originaria da antiga Pérsia, 
que aparece semi-aberta nos Capitéis das Colunas, 
simbolizando as Lojas e os Maçons espalhados pela superfície 
da Terra e lembrando, pelas suas sementes que são 
intimamente unidas, a fraternidade e a união que devem existir 
entre todos os povos. A romã simboliza a harmonia social. O 
Sol, a Lua e as Estrêlas, estampadas no Painel de Aprendiz, 
significa que o Templo Maçônico é o Símbolo do Universo. A 
corda com laços de amor, que envolve o Painel do Aprendiz 
 
 
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lembra o cordel que os Maçons Operativos usavam para 
delimitar seus canteiros de obras e suas reuniões ao ar livre, 
proibindo os profanos de se adentrarem no espaço por elas 
demarcado. Esse emblema também simboliza a união e a 
fraternidade universal que deve reunir os homens em torno de 
objetivos comuns. Extraído do Ritual de Aprendiz do Rito 
Brasileiro. Ir∴ José Carlos de Araújo. CIM 40195 A ∴R ∴L ∴S ∴ 
Renovação Londrinense 141/Pesquisa Brasil 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RENÉ DESCARTES E SUA FILOSOFIA 
 
Ir∴ José Carlos Araújo 
 
Nós sabemos apenas “o que” René Descartes estava falando, 
nós não sabemos o “do quê”. Muitas vezes o autor, ou filósofo, 
não quer que você saiba de que experiência ele está falando: 
ele pega a experiência, a transpõe numa idéia, num esquema 
lógico, e quer que você olhe somente isso, ou seja, no fundo, 
ele não quer que você entenda o “do quê” ele está falando. 
Neste caso, a idéia começa a funcionar como uma força 
hipnótica: ela tem de ser apreciada em si mesma, sem 
referência à realidade. Nesse caso, o autor está exigindo que 
você se transponha a um outro mundo de discurso, que não é 
o mundo do discurso da experiência humana, e que você 
raciocine e perceba tudo desde aquele patamar puramente 
inventado que ele colocou para você. Isso não é honesto; 
nunca é honesto. Descartes se sente desafiado pelo demônio e 
quer encontrar um ponto de apoio contra ele — um ponto de 
apoio puramente discursivo elógico, o que não é possível, 
porque o diabo é um lógico melhor do que ele. Descartes 
coloca um problema teológico e quer resolvê-lo por meios 
puramente lógico-analíticos, o que não é possível. A prova de 
que não é possível é que ele, por duas vezes, no fim, encontra 
a saída apelando para a fé em Deus — que era exatamente o 
que ele não queria fazer no começo. Nós vemos que todo o 
método de Descartes, que historicamente tem a fama de ser 
 
 
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um dos métodos mais rigorosos e lógicos, não é nada disso: É 
UMA CAMUFLAGEM DE SUA IMAGINAÇÃO. E aí nós 
entendemos o René Descartes. Ele tem um problema real, que 
é esse confronto com o demônio — é o demônio que o engana. 
Ele percebe de algum modo que o demônio é mais esperto do 
que ele, que o demônio coloca para a inteligência dele desafios 
que transcendem a capacidade dela, mas, ao mesmo tempo, 
ele quer enfrentar o demônio apenas com essa mesma 
inteligência que já se demonstrou incapaz de enfrentá-lo. 
Existe um inimigo malicioso, mais inteligente que o René 
Descartes, o qual ele não pode enfrentar apenas com os seus 
recursos humanos — tanto que ele vai ter de apelar à 
explicação de que “Deus é bom e não faria isso comigo”. Bom, 
mas se era assim, então o problema não se coloca desde o 
começo. Se era assim, ele deveria ter dito isso na primeira linha 
e teria acabado o livro já ali, na primeira linha. No caso, então, 
são enigmas e dificuldades colocados por uma filosofia, mas 
que são resolvidos em um nível psicológico. E, neste caso, 
felizmente, eu pude comprovar historicamente o que eu estava 
dizendo, porque existem dados sobre isso na biografia do René 
Descartes — não são dados tão evidentes, a maior parte dos 
biógrafos não chamam a atenção para isso, mas procurando 
você acha. Sem isso, o que aconteceria? Eu estaria discutindo 
a filosofia de René Descartes nos termos que ele propôs; mas 
estes termos não foram feitos para elucidar uma experiência, 
e sim para encobri-la. Isso quer dizer que, em cima da 
experiência real, Descartes constrói outro esquema verbal, 
puramente hipotético, fazendo de conta que está falando da 
 
 
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realidade, e convida os seus leitores a entrar nesse outro 
teatrinho, onde naturalmente é ele quem dá as cartas, ele 
quem dita as regras. Isso não é uma investigação filosófica 
decente. Que mais tarde isso se tornasse, para toda a filosofia 
moderna, um ponto de referência, ao ponto de Edmund 
Husserl dizer que toda filosofia decente tem de partir de onde 
René Descartes partiu (e de fato a maioria acabou fazendo 
isso), inaugura uma seqüência de jogos filosóficos, não só 
inúteis, mas estéreis, onde nunca é possível alcançar a solução 
dos problemas, porque você estará jogando com cartas 
marcadas desde o início. Existe um livro excelente do Leszek 
Kolakowski, um filósofo polonês, sobre a obra de Husserl, onde 
ele demonstra que tudo o que Husserl tentou fazer é 
impossível de ser feito. É como Descartes: a proposta já está 
furada desde o início, não dá para realizar aquilo. Eu mesmo 
mostrei, em várias aulas (podemos voltar a isso mais tarde), 
que a filosofia de Kant também é uma proposta inviável — não 
dá para fazer o que o Kant diz que vai fazer. Então acabam 
fazendo uma outra coisa, e vão colocando camuflagem em 
cima de camuflagem, em cima de camuflagem... É por causa 
desse tipo de investigações que eu acabei chegando à 
conclusão de que praticamente toda filosofia moderna é uma 
espécie de empulhação — uma empulhação inteligente, às 
vezes notável, e que a meio caminho faz muitas descobertas 
interessantes sobre a realidade, mas nunca referentes aos 
pontos centrais que o filósofo quer resolver. As filosofias de 
Platão e Aristóteles se conservam inteiras na sua estrutura 
geral, embora tenham um monte de erros de detalhe. Já nas 
 
 
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filosofias modernas é exatamente o contrário: a estrutura geral 
não vale nada, mas tem uma série de acertos de detalhe que 
são notáveis. Para chegar a isso, nós temos que apelar a um 
tipo de investigação imaginativa. Temos que ler Descartes 
como se lêssemos uma obra de ficção, como se vivêssemos um 
“sonho acordado dirigido”. Temos que fazer com que aquele 
depoimento que Descartes apresenta soe nos nossos ouvidos 
como se fosse a fala de um personagem de teatro que não está 
explicando ou descrevendo o mundo para nós, mas 
expressando o seu estado interior, e, por trás deste estado 
interior, nós temos que descobrir qual é a realidade dos fatos 
que o deixaram nesse estado. É como o sujeito que está se 
queixando de que a mulher o abandonou, chorando etc., mas 
depois você descobre que ela o abandonou porque, quando ela 
chegou em casa, o encontrou com outra na cama, então ela foi 
embora. Você parte do estado que ele expressou para a 
descrição correta da realidade que gerou esse estado. O estado 
continua sendo válido em si mesmo; ele é verdadeiro em si 
mesmo, mas enquanto expressão do estado interior do 
indivíduo, e não enquanto descrição da realidade. É o negócio 
das famosas “funções da linguagem” do Karl Bühler — ele está 
na clave expressiva, e não na clave descritiva, na clave 
nominativa. Então, nós temos que passar o discurso dele de 
uma clave para a outra. O indivíduo nos diz o que está sentindo, 
mas nós queremos saber por que ele está sentindo assim, de 
onde surgiu este sentimento, e daí nós entendemos a situação 
inteira. Porém, se ele nos esconde os fatos, é porque está 
querendo nos impor o seu estado interior como se fosse ele 
 
 
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mesmo o único fato — está querendo nos dominar 
psicologicamente. Muitos filósofos fazem isso. É precisamente 
o que não acontece com a filosofia antiga. Isso jamais acontece 
com Platão e Aristóteles — eles não estão escondendo nada. A 
realidade da experiência da qual eles partem transparece a 
todo o momento através dos diálogos de Platão, dos textos de 
Aristóteles etc. Você sabe do que eles estão falando. Claro que 
eles podem errar, mas uma coisa é errar, e outra coisa é 
camuflar. Toda a filosofia dessa época de Descartes é muito 
marcada por camuflagem, por ser — dentre outros motivos — 
a época do surgimento da chamada ciência moderna. A ciência 
moderna quer transpor todas as discussões para um terreno 
neutro onde tudo possa ser resolvido mediante observações e 
medições. Nós podemos perguntar: “Por que eles queriam 
fazer isso se todos os fundadores da ciência moderna eram 
também ocultistas, alquimistas, magos, gnósticos etc.?” Em 
grande parte, o surgimento da ciência moderna é uma 
camuflagem — as experiências reais não estão transpostas 
plenamente na linguagem final. Há uma seleção, uma seleção 
da seleção e assim por diante, de modo que no final sobra um 
terreno muito delimitado e eles não admitem que você saia e 
discuta as coisas fora desse terreno. Não é possível escrever a 
história da ciência ou da filosofia moderna sem escrever ao 
mesmo tempo a história da camuflagem, a história da 
empulhação. Ir∴ José Carlos de Araújo CIM 40.195 Lojas 
Renovação Londrinense 141 / Pesquisas Brasil 45- Londrina PR 
Excerto de aula de Olavo de Carvalho. 
 
 
 
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TEMPLO MAÇÔNICO SIMBOLISMO DOS 
ORNAMENTOS DO TEMPLO NO RITO 
BRASILEIRO (COMAB) 
 
Ir∴ José Carlos Araújo 
 
O Templo Maçônico é, por si mesmo, um símbolo múltiplo. 
Constituído por uma construção