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RESPONSABILIDADE CIVIL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Fernando Henrique Becker Silva
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Ivan Tesck
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
SI586r
 Silva, Fernando Henrique Becker
 Responsabilidade civil. / Fernando Henrique Becker Silva – Indaial: 
UNIASSELVI, 2018.
 125 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-29-4
 1.Responsabilidade civil – Brasil. Centro Universitário Leonardo 
 Da Vinci.
 CDD 346.8103 
Fernando Henrique Becker Silva
Advogado; Bacharel em Direito pela 
Universidade Regional de Blumenau - FURB (2001), 
com habilitação em Direito Empresarial e Ambiental; 
Professor de Direito Processual Civil e de Direito 
Empresarial em níveis de graduação e pós-graduação; 
Membro da Academia Brasileira de Direito Processual 
Civil; Especialista em Direito Civil (2005); Legum 
Magister (LLM) Internacional em Direito Empresarial 
pela Fundação Getúlio Vargas/Rio, com extensão na 
University of California, Irvine (UCI); Secretário Geral 
da OAB Subseção de Blumenau (gestão 2016/2018; 
Autor dos livros históricos “Fraternidade” (2002), “Zur 
Friedenspalme” (2005) e “A história da Subseção 
da OAB de Blumenau” (2017), e dos romances 
“O aprendiz de cavaleiro” (2007), “Carapaná e o 
povo sem sono” (2007), “O segredo do meu avô” 
(2009) e “A terrível morte do adido do consulado 
português” (2011).
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................07
CAPÍTULO 1
Noções Gerais Sobre Responsabilidade Civil ...................09
CAPÍTULO 2
Elementos da Responsabilidade Civil .................................33
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
Causas Excludentes de Responsabilidade Civil ...............53
Responsabilidade Civil em Espécie ......................................75
APRESENTAÇÃO
Prevista na Parte Especial, Livro I (Direito das Obrigações), Título IX, 
do Código Civil de 2002, a Responsabilidade Civil é um dos temas de maior 
relevância no Direito Civil, dado sua extensão tanto nas relações contratuais e 
quanto nas extracontratuais. 
 
No Capítulo 1 estudaremos o conceito de responsabilidade civil, seus 
princípios, suas funções punitiva, reparadora e preventiva, e suas espécies 
contratual e contratual, objetiva e subjetiva
No Capítulo 2 são estudados os elementos fundamentais da responsabilidade 
civil, suas teorias e modalidades: ato ilícito, dano, nexo de causalidade e culpa. 
O Capítulo 3 dedica o estudo às causas excludentes de responsabilidade 
civil, como a legítima defesa, o exercício regular de um direito reconhecido, o 
estado de necessidade e o estrito cumprimento do dever legal, além das causas 
excludentes de nexo de causalidade (culpa exclusiva da vítima, de caso fortuito e 
força maior ou por fato de terceiro)
No Capítulo 4 estuda-se a responsabilidade civil em espécie: responsabilidade 
civil do Estado, a responsabilidade civil, contratual e extracontratual, do 
construtor, da área médica, dos advogados, dos estacionamentos, dos contratos 
de transporte e dos serviços bancários e responsabilidade civil automobilística.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
Noções Gerais Sobre 
Responsabilidade Civil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender o conceito de responsabilidade civil.
 Perceber as principais diferenças entre as responsabilidades civil e penal.
 Entender quando uma decisão na esfera cível repercute na penal e vice-versa.
 Reconhecer as espécies de responsabilidade civil.
 Assimilar as diferenças entre responsabilidade civil contratual (pré e pós) e 
suas repercussões.
10
 RESPONSABILIDADE CIVIL
11
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
ContextualiZaçÃo
Dentre os mais variados tipos de relação – principalmente no mundo cada 
vez mais complexo e conectado em que vivemos, com transformações rápidas e 
profundas – a que se submetem as pessoas, tanto as físicas quanto as jurídicas, 
muitas vezes algumas delas acabam excedendo limites e cometendo atos que 
atingem a esfera de direitos de terceiros, gerando alguma espécie de dano e, por 
conseguinte, de desequilíbrio jurídico. 
Daí decorre a responsabilidade civil, que é a obrigação de reparar o dano 
que uma pessoa causa a outrem, visando a restabelecer, na medida do possível, 
o equilíbrio jurídico alterado. Em nosso Código Civil, a Lei 10.406/2002 inclusive 
estabelece que aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fi ca obrigado a 
repará-lo.
Segundo o Relatório Justiça em Números de 2017 do Conselho Nacional 
de Justiça (CNJ), no ano de 2016, ações relativas à responsabilidade civil/
indenização por dano moral estavam entre as três principais no âmbito do Direito 
Civil na Justiça Estadual Comum, sendo que, nos Juizados Especiais e nas 
Turmas Recursais, o Direito do Consumidor/Responsabilidade do fornecedor/
Indenização por dano moral foi o assunto mais recorrente.
No ano de 2016, das 29.351.145 novas ações ajuizadas no 
Brasil, 1.760.905 foram relativas à responsabilidade civil/indenização 
por dano moral.
Estamos, então, diante daquilo que chamamos de “indústria das 
indenizações”? Contudo, afi nal, quais os pressupostos para caracterização da 
obrigação de indenizar? Eles se aplicam para todos os casos? Existe algum 
critério objetivo para a fi xação do valor das indenizações? Quais as hipóteses 
de exclusão de responsabilidade? Vamos além: o ordenamento jurídico vigente 
está preparado para responder às questões de responsabilidade civil que em 
breve baterão às portas dos tribunais, como, por exemplo, aquelas decorrentes de 
acidentes envolvendo veículos autônomos, ou afetas à inteligência artifi cial? 
Existe, enfi m, uma via mestra, através da qual se pode percorrer para apurar 
responsabilidade civil nesses casos? É o que vamos descobrir nas linhas a seguir.
12
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade Civil Versus 
Responsabilidade Penal 
É comum, diante de determinados fatos – principalmente os mais chocantes, 
como o desabamento de um prédio ou o incêndio em uma boate –, as pessoas se 
perguntarem quais seriam as possíveis repercussões jurídicas e se as repercussões 
estariam, necessariamente, vinculadas umas às outras. Um motorista bêbado que 
atropela alguém, por exemplo, além de indenizar a vítima e sofrer um processo 
criminal, também perderá sua carteira de habilitação? E se ele for um agente 
público, será exonerado? E se fosse menor de idade, seus pais serão presos?
Como você sabe, um mesmo ato ilícito pode irradiar repercussões em várias 
esferas que são via de regra, autônomas e independentes entre si. Acontece que, 
para cada uma das esferas de repercussão, existirão regras específi cas para se 
apurar e estabelecer eventual responsabilidade do agente. 
Um único ato, portanto, pode ter repercussões tanto na esfera civil quanto, 
acaso se trate de um tipo previsto no Código Penal, também na esfera criminal, 
podendo o agente responder em ambas. 
Gonçalves (2005, p. 19) traça diferenças entre os dois tipos de 
responsabilidade: “no caso da responsabilidade penal, o agente infringe uma 
norma de direito público.O interesse lesado é o da sociedade. Na responsabilidade 
civil, o interesse diretamente lesionado é o privado. O prejudicado poderá pleitear 
ou não a reparação”.
Distinguem-se as duas responsabilidades, ainda, enquanto que na penal a 
responsabilidade é pessoal e intransferível, ou seja, somente a pessoa do réu 
responderá pela transgressão da norma com a privação da sua própria liberdade; 
ao passo que na responsabilidade civil, o transgressor responderá apenas com 
seu patrimônio, presente e futuro, sendo que tal obrigação será transferível para 
seus herdeiros e sucessores, afi nal, nos termos do Artigo 943, do Código Civil, 
"o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a 
herança" (BRASIL, 2002).
• Responsabilidade Penal: Pessoal e intransferível
• Responsabilidade Civil: Patrimonial e transferível
Não existe a possibilidade de alguém ser preso por conta de uma dívida de 
natureza indenizatória. Se ele não tiver patrimônio, dado o princípio da realidade 
das execuções – segundo a atividade jurisdicional executiva incidirá apenas sobre 
13
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
os bens do devedor, e não sobre a pessoa do mesmo – infelizmente a vítima 
fi cará a ver navios. A “garantia” do devedor de que não será preso por dívida civil, 
exceto a de alimentos, está assegurada na própria Constituição Federal, tendo 
sido reforçada pelo famoso Pacto de San Jose da Costa Rica. 
E, ainda que haja aqueles que advoguem a possibilidade, a partir do advento 
do Código de Processo Civil de 2015, da prisão civil do devedor de alimentos 
decorrentes de ato ilícito, nossos tribunais ainda têm entendido que a medida 
coercitiva que se restringe apenas às dívidas oriundas do direito de família, como 
assentou o Desembargador Dimas Rubens Fonseca, do Tribunal de Justiça de São 
Paulo, no julgamento do Agravo de Instrumento nº 2119528-04.2017.8.26.0000: 
“[a prisão civil por dívida é] Medida coercitiva que se restringe às dívidas oriundas 
do direito de família” (TJSP, 2017).
Falamos que o agente poderá responder nas esferas cível e criminal por um 
mesmo ato. É que não é pelo fato de ele ser condenado a responder em uma que, 
necessariamente, ele também será na outra. Porque, como já dito, a apuração da 
responsabilidade é regida por regras diferentes nos âmbitos civil e penal, podendo 
acontecer de o agente ser condenado em uma e absolvido/julgado improcedente 
o pedido em outra.
Conveniente destacar, então, os possíveis efeitos de uma sentença proferida 
sobre determinado fato pelo juízo cível na esfera criminal e vice-versa. 
O Superior Tribunal de Justiça se posicionou no sentido da independência 
entre as esferas penal e cível, o que signifi ca dizer que o resultado proferido em 
uma delas, via de regra, não interfere na solução dada pela outra. 
No entanto, como destacou o então ministro do Superior Tribunal de Justiça 
Luiz Fux, relator do REsp 645.496/RS, "a sentença penal absolutória faz coisa 
julgada no juízo cível, nos casos em que o juízo criminal afi rma a inexistência 
material do fato típico ou exclui sua autoria, tornando preclusa a responsabilização 
civil, bem como na hipótese de reconhecida ocorrência de alguma das causas 
excludentes de antijuridicidade" (STJ, 2005). 
Já a sentença penal absolutória, fundamentada na falta de provas para a 
condenação, não vinculará o juízo cível no julgamento de ação civil reparatória 
acerca do mesmo fato.
Eis aqui a ementa do acórdão do Recurso Especial n.º 1.164.236/MG, 
cuja relatora foi a Ministra Nancy Andrighi, que cabe como uma luva para o que 
estamos falando:
14
 RESPONSABILIDADE CIVIL
“Direito Civil e Processual Civil. Não vinculação do juízo 
cível à sentença penal absolutória fundamentada na falta 
de provas para a condenação ou ainda não transitada em 
jugado. A sentença penal absolutória, tanto no caso em que 
fundamentada na falta de provas para a condenação quanto 
na hipótese em que ainda não tenha transitado em julgado, 
não vincula o juízo cível no julgamento de ação civil reparatória 
acerca do mesmo fato. O art. 935 do CC consagra, de um lado, 
a independência entre a jurisdição cível e a penal; de outro, 
dispõe que não se pode mais questionar a existência do fato, 
ou sua autoria, quando a questão se encontrar decidida no 
juízo criminal. Dessa forma, tratou o legislador de estabelecer 
a existência de uma autonomia relativa entre essas esferas. 
Essa relativização da independência de jurisdições se justifi ca 
em virtude de o direito penal incorporar exigência probatória 
mais rígida para a solução das questões submetidas a seus 
ditames, sobretudo em decorrência do princípio da presunção 
de inocência. O direito civil, por sua vez, parte de pressupostos 
diversos. Neste, autoriza-se que, com o reconhecimento 
de culpa, ainda que levíssima, possa-se conduzir à 
responsabilização do agente e, consequentemente, ao dever 
de indenizar. O juízo cível é, portanto, menos rigoroso do que o 
criminal no que concerne aos pressupostos da condenação, o 
que explica a possibilidade de haver decisões aparentemente 
confl itantes em ambas as esferas. Além disso, somente as 
questões decididas defi nitivamente no juízo criminal podem 
irradiar efeito vinculante no juízo cível. Nesse contexto, pode-
se afi rmar, conforme interpretação do art. 935 do CC, que 
a ação em que se discute a reparação civil somente estará 
prejudicada na hipótese de a sentença penal absolutória 
fundamentar-se, em defi nitivo, na inexistência do fato ou na 
negativa de autoria. Precedentes citados: AgRg nos EDcl no 
REsp 1.160.956-PA, Primeira Turma, DJe 7/5/2012, e REsp 
879.734-RS, Sexta Turma, DJe 18/10/2010” (STJ, 2013).
Assim, a decisão no âmbito criminal infl uencia os rumos da ação civil (e, sendo 
o caso, também do procedimento administrativo), acaso comprovada a inexistência 
do fato ou a negativa de autoria. Do contrário, mostra-se indiferente a ausência de 
trânsito em julgado da sentença penal condenatória para a instauração da ação civil 
indenizatória. Da mesma forma, nos termos do Artigo 65, do Código de Processo 
Penal, que fará coisa julgada na esfera cível a sentença penal que reconhecer ter 
sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito 
cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Nada como um bom exemplo: Pedro tem contra si ajuizada uma ação 
indenizatória movida por Joana, que o acusa de tê-la assediado sexualmente, e 
concomitantemente responde uma ação penal pelo mesmo fato (art. 216-A, caput, 
do Código Penal). 
Se Pedro for condenado na esfera criminal, antes do trânsito em julgado 
da sentença, ele poderá ter uma sentença tanto favorável quanto desfavorável 
15
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
na esfera cível. Se Pedro for absolvido na esfera criminal por falta de prova, 
nada impede que ele seja condenado civilmente a indenizar Joana. Já se ele for 
absolvido na esfera criminal porque, para o juiz criminal, o fato não ter existido 
(ou, absurdamente, fosse o caso, se fosse reconhecido que ele agira daquela 
maneira em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito), Pedro obrigatoriamente será 
favorecido na esfera cível. Já se a sentença penal for absolutória por entender 
que o ato praticado por Pedro contra Joana não constitui crime, nada impedirá 
que Pedro seja condenado na esfera cível.
Vale destacar, ainda, que o Artigo 63, do Código de Processo Penal, prevê 
a ação civil decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado, 
para a execução, no juízo cível, para fi ns de reparação do dano, dos bens do 
ofendido, seu representante legal ou dos seus herdeiros. Através dela, o ofendido 
ou o Ministério Público podem pegar a sentença penal transitada em julgado (que 
está no rol de títulos executivos judiciais), liquidá-la se for o caso, e promover a 
simplesexecução no juízo cível.
Como se vê, nos termos do Artigo 935, do Código Civil, “a responsabilidade 
civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a 
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se 
acharem decididas no juízo criminal” (BRASIL, 2002).
• Sentença penal condenatória: Não gera efeito na esfera cível.
• Sentença penal absolutória: Não gera efeito na esfera cível, salvo de 
o juiz criminal entendeu pela inexistência de autoria ou de fato, ou ainda 
que o agente agiu em estado de necessidade, em legítima defesa, em 
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
• Sentença cível procedente: Não gera efeito na esfera criminal.
• Sentença cível improcedente: Não gera efeito na esfera criminal.
Agora é a sua vez! Imagine uma hipótese em que Alcides 
atropela João, estando com a CNH vencida e em aparente estado 
de embriaguez. Enquanto Alcides responde a uma ação penal 
promovida pelo Ministério Público, João lhe afora uma ação de 
reparação de danos decorrentes do atropelamento. No curso da ação 
indenizatória, sai a sentença penal absolutória porque foi comprovado 
que Alcides não estava embriagado. Afetará a ação cível? E se o juiz 
criminal entender que Alcides apenas atropelou João para evitar um 
atropelamento de um número maior de pedestres, dentre crianças e 
16
 RESPONSABILIDADE CIVIL
idosos? Afetará a ação cível? E se, na esfera criminal, restar provado 
que quem estava dirigindo o veículo era Marcos, irmão gêmeo de 
Alcides? Afetará a ação cível? E se, na esfera cível, o pedido for 
julgado improcedente, afetará na ação penal? 
E aí? Foi fácil?
Conceito de Responsabilidade Civil
Superadas algumas das principais diferenças entre as responsabilidades 
penal e civil, é chegado o momento de dar uma olhada no conceito de 
responsabilidade civil. Afi nal, conhecer o conceito é essencial para compreender 
sob quais parâmetros a lei pode se fundar para defi nir quando e como alguém a 
ela se submeterá. 
Que tal partirmos da análise etimológica da palavra responsabilidade? 
Responsabilidade deriva do latim “responsus”, particípio passado de 
“respondere”, por sua vez resultado da junção de RE-, “de volta, para trás”, com 
SPONDERE, “garantir, prometer”. A ideia de garantir de volta por sinal, bem 
ilustra a concepção de fazer com que o causador do dano garanta de volta o dano 
sofrido. 
E porque seja comum associar, de forma quase imediata, a responsabilidade 
civil com indenização (conforme veremos a seguir, se justifi ca por conta de uma 
das funções), esta última palavra vem do latim “indemnitas” (IN + DAMNUM = 
sem dano). Indenizar, portanto, signifi ca tornar indene, tornar sem dano.
Por outro lado, não se deve confundir responsabilidade com obrigação. 
Obrigação vem do latim “obligatio”, de OB-, “para”, mais LIGARE, “atar, unir, 
ligar”. Obrigação é, portanto, uma ligação, um vínculo, um dever jurídico. Como 
menciona Rodrigues (2006, p. 3), obrigação “é o vínculo de direito pelo qual 
alguém (sujeito passivo) se propõe a dar, fazer ou não fazer qualquer coisa 
(objeto) em favor de outrem (sujeito ativo)”. 
Assim, seja por força de lei ou amarrado a algum contrato, alguém 
está obrigado a outrem. A questão é que, inadimplida a obrigação, nasce a 
responsabilidade do inadimplente de garantir o dano da outra parte. Portanto, a 
obrigação é o dever jurídico originário, ao passo que a responsabilidade é um 
dever secundário, decorrente justamente da violação da obrigação.
17
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
Vamos ver se fi cou claro: eu tenho uma obrigação, se eu a descumpro e o 
descumprimento gera um dano a alguém, nasce a responsabilidade de indenizá-
lo. Vamos a alguns conceitos doutrinários.
Diniz (2009, p. 34) defi ne responsabilidade civil como “a aplicação de 
medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a 
terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, 
ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, 
ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva)”. 
Fazendo referência ao jurista francês René Savatier (1733-1818), Rodrigues 
(2003, p. 402) defi ne responsabilidade civil como sendo “a obrigação que pode 
incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou 
por fato de pessoas ou coisas que dela dependam”.
Já para Azevedo (2008, p. 244), responsabilidade civil “é a situação de 
indenizar o dano moral ou patrimonial, decorrente de inadimplemento culposo, 
de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei, ou ainda, decorrente do risco 
para os direitos de outrem”.
Note os elementos coincidentes nos conceitos: alguém pratica um ato ilícito 
(inadimplemento de obrigação legal ou contratual) que gera um dano moral ou 
patrimonial a outrem; aquele alguém, ou outra pessoa por ele responsável, é por 
lei obrigado a indenizar o prejuízo.
Partindo de partes dos conceitos anteriores, que tal montar seu próprio 
conceito?
Atividade de Estudos:
1) Responsabilidade civil é:
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
18
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Agora é a nossa vez de juntos arriscarmos nosso próprio conceito: a 
responsabilidade civil decorre do interesse do prejudicado por um ato ilícito de 
exigir do causador do dano a reparação do prejuízo sofrido, sendo que somente o 
patrimônio do devedor responderá pelo ressarcimento. 
Refi nemos: a responsabilidade civil decorre do interesse do prejudicado 
por um ato ilícito – não se trata de um interesse do Estado (como acontece no 
Direito Penal), mas exclusivamente do ofendido – de exigir do causador do dano 
e/ou daquele que, por lei ou por contrato, está obrigado a responder pelos atos 
praticados pelo causador, a reparação do prejuízo sofrido, sendo que somente o 
patrimônio – e não sua liberdade – do devedor e de seus sucessores responderá 
pelo ressarcimento.
O nosso conceito, conforme você verá, poderá ainda ser aprimorado, esticado, 
relativizado diante dos vários elementos que, muitas vezes, desdobrando-se 
várias vezes e em várias possibilidades, fazem da responsabilidade civil um 
instituto tão complexo, apesar de corriqueiro nos nossos tribunais. 
PrincÍpios da Responsabilidade Civil
No Direito, muitas vezes as regras não são sufi cientes para que o aplicador 
encontre a solução mais justa e adequada para o caso concreto, devendo ele se 
socorrer nos princípios. 
Dentre os princípios basilares da responsabilidade civil, podemos destacar 
o neminem laedere (não lesar a ninguém) e o restitutio in integrum (reparação 
integral).
a) Princípio do Neminem Laedere
O primeiro deles, neminem laedere ou alterum non laedere nada 
mais é do que um dos três famosos preceitos do Direito (“juris 
praecepta”) de Ulpiano, constantes na Institutas de Justiniano: honeste 
vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere (“viver honestamente, não lesar 
a outrem, dar a cada um o que é seu”).
É simples: para garantir a paz na sociedade, é essencial que os homens 
conduzam suas vidas de forma proba e escorreita, sendo justos e sem gerarem 
prejuízos aos outros. 
Neminem laedere ou 
alterum non laedere.
19
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
Sendo dever de todos e de cada um não lesar outrem, sua quebra faz nascer 
a obrigação de indenizar o dano causado, afi nal a violação do padrão normal de 
comportamento induz à responsabilidade civil, é claro, se provocou algum dano à 
esfera jurídica alheia.
O preceito fundamental da sociedade ocidental está consagrado em nossoordenamento jurídico no Artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal: “X - são 
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de 
sua violação” (BRASIL, 1988). É ainda mais estampado, de forma explícita, no 
Artigo 186, do Código Civil de 2002: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002).
O princípio do neminem laedere signifi ca que todo aquele que, violando 
o padrão normal de comportamento, gera prejuízo a outrem, deverá repará-lo. 
Entretanto, repará-lo de que forma? Em que medida? A resposta virá a seguir.
b) Princípio da Restitutio in Integrum 
O princípio da restitutio in integrum (restituir ao estado anterior) preconiza 
que a vítima deve ser colocada, na medida do possível, na mesma situação em 
que se encontrava anteriormente à ocorrência da lesão, que deve voltar ao seu 
estado primário como se nada tivesse ocorrido.
No Brasil, o princípio da restituição integral está positivado no art. 944, do 
Código Civil: “A indenização mede-se pela extensão do dano”. Para ajudar na 
compreensão, podemos nos escorar no Direito Francês, que sintetiza o princípio 
da restituição integral na expressão “tout le dommage, mais rien que le dommage”, 
que quer dizer “todo o dano, mas nada mais do que o dano".
 
Uma condenação maior do que foi o dano, ou menor do que foi ele, produziria, 
valendo-nos da expressão utilizada pelo hoje Ministro do STF, Luiz Fux, um 
indesejável “desnível ou descompensação entre dois patrimônios” (STJ, 2004).
Destaque que, porque também considera a gravidade da culpa além da 
extensão do dano para fi ns de garantir a equidade da indenização, o parágrafo 
único do mesmo dispositivo revela a função punitiva da responsabilidade civil. 
20
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Atividade de Estudos:
1) Dê uma olhada no extrato da recente ementa proferida no 
Agravo Interno em Recurso Especial 1.653.575/SP, cuja 
Relatora foi a Ministra Maria Isabel Gallotti:
 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. RESSARCIMENTO. 
ARTS. 389, 395 E 404 DO CC. DESCABIMENTO. 
PRECEDENTES. IMPUGNAÇÃO. COLAÇÃO DE JULGADOS 
CONTEMPORÂNEOS OU SUPERVENIENTES. AUSÊNCIA. 
ART. 1.021, § 1º, DO CPC. SÚMULA N. 182/STJ. NÃO 
CONHECIMENTO.
1. A Segunda Seção do STJ já se pronunciou no sentido de ser 
incabível a condenação da parte sucumbente aos honorários 
contratuais despendidos pela vencedora.
[...]
3. Agravo interno não conhecido (STJ, 2017).
Como podemos perceber, o Superior Tribunal de Justiça entende 
que, não obstante o art. 389, do CC/2002 estabelecer que “não 
cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, 
mais juros e atualização monetária segundo índices ofi ciais 
regularmente estabelecidos e honorários de advogado”, o 
credor de obrigação inadimplida não pode reclamar do devedor 
o ressarcimento pelas despesas que teve na contratação 
do advogado para buscar a satisfação de seu direito. Como 
você interpreta o posicionamento do STJ à luz do princípio da 
reparação integral?
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21
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
Alicerçado, ainda, no princípio de que ninguém deve enriquecer à custa 
de outrem (“nemo locupletari potest alterius jactura”), o princípio da restitutio 
in integrum é utilizado pelo juiz no momento de estabelecer os limites da 
condenação, que deveria, ao menos em tese, corresponder estrita e exatamente 
ao desnível causado pelo dano, sob pena de ser injusta.
Também com fundamento no princípio, em regra, não deveria haver 
interferência de considerações acerca das características sociais-econômicas 
do agente, nem da vítima para a determinação do “quantum” indenizatório. Por 
exemplo, a vida e/ou a moral aviltada de um morador de rua e a do Presidente da 
República devem valer a mesma coisa, devendo ser indenizadas em igual medida.
As Funções da Responsabilidade 
Civil
A partir dos conceitos e princípios transcritos de responsabilidade civil, já é 
possível extrair que sua principal função é restaurar, na medida do possível, o 
equilíbrio e harmonia das relações sociais violados. Todavia, nossos tribunais têm 
imputado à responsabilidade civil, além da reparatória, as funções de punição e 
prevenção de danos. 
a) Função reparadora (indenizatória ou compensatória)
Como o próprio nome já indica, a primeira e precípua função da 
responsabilidade civil é tornar indene a vítima. Indenizar, como já visto, é 
justamente o ato de tornar indene, sem dano, o ofendido. 
A indenização será feita, preferencialmente e quando possível, mediante o 
restabelecimento do status quo ante e/ou através da compensação do prejuízo 
mediante o pagamento de quantidade de dinheiro, quando for materialmente 
impossível a recomposição e, ainda, através do ressarcimento ao lesado de todos 
os danos materiais que ele veio a sofrer. 
b) Função punitiva (coercitiva ou sancionatória)
Indo de encontro ao já visto princípio do restitutio in integrum, modernamente 
se tem que não basta reparar integralmente o prejuízo sofrido pelo ofendido. 
Diante da reprovabilidade da conduta, a responsabilidade civil também se presta 
a punir o agressor, funcionando “como uma espécie de pena privada em benefício 
da vítima”, como ensina Cavalieri Filho (2009, p. 85).
22
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Seria uma sanção civil, traduzida em perda patrimonial, imposta ao 
transgressor daquele multicitado padrão normal de comportamento de não gerar 
dano a outrem. Só que o produto do confi sco será destinado à vítima.
O caráter sancionatório deverá ser considerado de forma conjunta – e não 
somada – com a função reparadora da responsabilidade civil, sob pena de, em 
se acrescentando o produto da sanção civil à integralidade dos danos a serem 
reparados, incorrer em enriquecimento sem causa do ofendido. 
c) Função preventiva (pedagógica ou dissuasória)
Por fi m, como resultado da função punitiva, a responsabilidade civil também 
se presta para dissuadir a prática de condutas semelhantes tanto pelo opressor 
quanto por terceiros, para desestimular a prática da conduta. 
A responsabilidade civil tem por função compensar a vítima da lesão sofrida e não 
deixar impune aquele que comprometeu a harmonia social e dissuadir e/ou prevenir 
nova prática por parte do transgressor e de terceiros. Daí a natureza preventiva: serve 
para prevenir novas práticas, seja por parte do agressor, seja por terceiros.
O desafi o do juiz reside justamente em conseguir estabelecer uma 
condenação que não seja irrisória (a ponto de não dissuadir ou mesmo estimular 
novas práticas), tampouco fonte de enriquecimento sem causa, estando atento à 
função reparadora do prejuízo e de prevenção da reincidência da conduta lesiva. 
É sopesar, nos dizeres do Ministro do STJ Moura Ribeiro, no julgamento do 
Agravo Regimental em Recurso Especial 1.537.645/RS, “as condições fi nanceiras 
das partes, a reprovabilidade da conduta e o caráter coercitivo e pedagógico da 
indenização sob o jugo dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade” 
(STJ, 2016).
Já para o advogado, principalmente após os riscos destacados pelos Código 
de Processo Civil de 2015, o desafi o é, com base nos mesmos princípios e 
critérios, apresentar o pedido mais razoável possível, sob pena de sujeitar seu 
patrocinado aos ônus sucumbenciais.
Depois de ver suas funções, permitamo-nos retomar aquela proposta de 
conceito de responsabilidade civil, que decorre do interesse do prejudicado por 
um ato ilícito – e não do interessedo Estado – de exigir do causador do dano e/
ou daquele que, por lei ou por contrato, está obrigado a responder pelos atos 
praticados pelo causador, a reparação do prejuízo sofrido e, ao mesmo tempo, 
decorre do interesse do Estado – tão somente após provocado pelo autor – de, 
punindo civilmente o transgressor, dissuadi-lo e a terceiro de repetir a conduta.
23
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
Espécies de Responsabilidade Civil
Da leitura dos parágrafos anteriores, é possível perceber tamanha amplitude 
do conceito de responsabilidade civil, que delas se desdobram várias hipóteses, 
donde se é possível apurar algumas espécies conforme determinados critérios: 
quanto à existência ou não de prévia relação jurídica entre as partes; quanto à 
exigência da comprovação de culpa ou não; e quanto ao agente.
a) Responsabilidade civil contratual e extracontratual
A responsabilidade civil contratual, como o próprio nome já denuncia, decorre 
do descumprimento de obrigação estabelecida em um contrato unilateral ou 
bilateral (que, nos termos do art. 104, CC/2002, requer um agente capaz, objeto 
lícito, possível, determinado ou indeterminado, e forma prescrita ou não defesa 
em lei) existente entre o causador e o lesionado, de modo que o dano decorrerá 
justamente da inexecução da obrigação estabelecida no instrumento. Ex.: a 
construtora que não entrega o apartamento no prazo estabelecido no contrato. 
Determinada responsabilidade civil contratual está prevista no Artigo 389 
“Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros 
e atualização monetária segundo índices ofi ciais regularmente estabelecidos 
e honorários de advogado” (BRASIL, 2002) e no 395 “Responde o devedor 
pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores 
monetários segundo índices ofi ciais regularmente estabelecidos e honorários de 
advogado” (BRASIL, 2002), ambos do Código Civil.
Já na responsabilidade civil extracontratual – que está disposta no art. 186 
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar 
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato 
ilícito” (BRASIL, 2002) e 927 “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar 
dano a outrem, fi ca obrigado a repará-lo” (BRASIL, 2002), ambos do CC/2002 – 
não existe qualquer liame obrigacional anterior entre o ofensor e a vítima. 
O dano, assim, decorrerá do ato ilícito (descumprimento de preceito legal ou 
violação do dever geral de abstenção de gerar dano a outrem – lembre-se do non 
laedere) praticado, por ação ou omissão, pelo causador e que causa prejuízo ao 
lesionado. Ex.: o atropelamento por uma lancha.
Enquanto na responsabilidade civil contratual preexiste entre o causador 
do dano e o prejudicado um vínculo jurídico contratual, a responsabilidade civil 
extracontratual – também conhecida como “aquiliana” – é o dever jurídico de 
reparar o dano causado a outrem quando o dever está assentado somente na lei.
24
 RESPONSABILIDADE CIVIL
A “Lex Aquilia”, segundo ensina Venosa (2003, p. 18), “foi um 
plebiscito aprovado provavelmente em fi ns do século III ou início do 
século II a.C., que possibilitou atribuir ao titular de bens o direito de 
obter o pagamento de uma penalidade em dinheiro de quem tivesse 
destruído ou deteriorado seus bens”.
Nosso ordenamento jurídico prevê, ainda, as responsabilidades civis pré-
contratual (“culpa in contrahendo”) e pós-contratual (“culpa post pactum fi nitum”).
O Artigo 422, do Código Civil, estabelece que “os contratantes são obrigados 
a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios 
de probidade e boa-fé” (BRASIL, 2002), destacando o Enunciado 25, da Jornada 
de Direito Civil promovida pelo Conselho da Justiça Federal que “o [tal] 
art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação, pelo julgador, do princípio da 
boa-fé nas fases pré e pós-contratual”. 
A boa-fé objetiva representa o dever de colaboração mútua dos contratantes, 
de cooperação e proteção dos interesses recíprocos, obrigações que vão além 
daquelas expressamente pactuadas, sendo amplamente aceita nos nossos 
tribunais, como se vê no Recurso Especial 1.655.139/DF, cuja relatoria coube à 
Ministra Nancy Andrighi:
[...] 4. A relação obrigacional não se exaure na vontade 
expressamente manifestada pelas partes, porque, 
implicitamente, estão elas sujeitas ao cumprimento de outros 
deveres de conduta, que independem de suas vontades e 
que decorrem da função integrativa da boa-fé objetiva. 5. 
Se à liberdade contratual, integrada pela boa-fé objetiva, 
acrescentam-se ao contrato deveres anexos, que condicionam 
a atuação dos contratantes, a inobservância desses deveres 
pode implicar o inadimplemento contratual [...]. (STJ, 2017).
O dano decorrente da violação do princípio da boa-fé objetiva – seja na fase 
pré-contratual, a fase contratual propriamente dita ou na fase pós-contratual – irá 
gerar o dever de indenizar.
A chamada responsabilidade civil pré-contratual surge quando, ultrapassado 
o tênue liame entre a fase das negociações preliminares (conversas prévias, 
sondagens) e aquela pré-contratual, quando já houve a manifestação, explícita 
ou tácita, de ambas as partes no sentido de que o negócio será fechado, uma das 
25
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
partes simplesmente rompe as negociações, de forma injustifi cada e arbitrária, 
quebrando na outra a expectativa legitimamente gerada e, assim, lhe gerando 
alguma espécie de dano. Por exemplo: uma pessoa que assina a proposta de 
compra de um imóvel, aceita pelo vendedor e, de repente, desiste do negócio.
A doutrina, então, nos traz como requisitos para a confi guração da 
responsabilidade civil pré-contratual: (a) existência de negociações, (b) certeza na 
celebração do contrato, (c) a ruptura injusta e arbitrária das tratativas, além do dano. 
Aliás, quanto à extensão dos danos da responsabilidade civil pré-contratual, 
Farias os limita "às despesas em que incorreu no desenrolar das tratativas e, 
eventualmente, na perda de algum outro negócio que tenha desistido em virtude 
de estar negociando o contrato que posteriormente não veio a se estabelecer" 
(2017, p. 85). 
Atividade de Estudos: 
1) Permita-me uma provocação: que tal você pesquisar, à luz do 
entendimento dos nossos tribunais, até que ponto é lícita a recusa 
de contratar, sem que faça nascer a obrigação de indenizar por 
parte do desistente?
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Já a responsabilidade civil pós-contratual é o dever de reparar danos 
surgidos após a extinção do contrato, independentemente do adimplemento da 
obrigação, especialmente relacionados à quebra do princípio da boa-fé objetiva. 
Um bom exemplo seria o do médico que quebra o sigilo profi ssional, divulgando 
informações acerca de seu ex-paciente. 
Como visto, a responsabilidade contratual não se limita àquele decorrente 
da quebra do contrato durante sua vigência, mas também ao descumprimento 
de deveres anteriores à celebração do pacto e aqueles posteriores à conclusão 
do negócio. 
26
 RESPONSABILIDADE CIVIL
b) Responsabilidade civil objetiva e subjetiva
Com relação ao fundamento, a responsabilidade civil pode ser subjetiva (com 
aferição de culpa) ou objetiva (sem aferição de culpa).
A culpa como fundamento da responsabilidade subjetiva deve ser 
interpretada lato sensu, abrangendo também o dolo, além da culpa strictu 
sensu, ou seja, a responsabilidade subjetiva depende da prova de imperícia, 
imprudência, negligência ou dolo do agente.
Importante estabelecer a premissa de que o nosso Código Civil, atravésdos 
já citados Artigos 186 e 187, adota a responsabilidade subjetiva como regra e, 
como se pode observar no Artigo 927, parágrafo único, a responsabilidade objetiva 
como exceção “haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especifi cados em lei, ou quando a atividade normalmente 
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos 
de outrem”. 
A responsabilidade objetiva, como se vê, é fundada na teoria do risco da 
atividade, sobre a qual dispõe Rodrigues (2002, p. 10) que:
a teoria do risco é a da responsabilidade objetiva. Segundo 
a teoria, aquele que, através de sua atividade, cria risco de 
dano para terceiros, deve ser obrigado a repará-lo, ainda que 
sua atividade e seu comportamento sejam isentos de culpa. 
Examina-se a situação, e, se for verifi cada, objetivamente, a 
relação de causa e efeito entre o comportamento do agente 
e o dano experimentado pela vítima, esta tem direito de ser 
indenizada por aquele.
É na teoria do risco administrativo que se funda a responsabilidade civil 
objetiva do Estado e também pessoas jurídicas de direito privado prestadoras 
de serviço público relativamente a terceiros usuários e não-usuários do serviço, 
segundo dispõe o art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988.
Também será objetiva a responsabilidade por dano ambiental, informada 
pela teoria do risco integral, mencionado no Agravo Regimental em Recurso 
Especial 1412664⁄SP, cujo relator foi o Ministro do Superior Tribunal de Justiça 
Raul Araújo:
DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO 
AMBIENTAL. LUCROS CESSANTES AMBIENTAL. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. DILAÇÃO 
PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. 
27
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
CABIMENTO. [...] A legislação de regência e os princípios 
jurídicos que devem nortear o raciocínio jurídico do julgador 
para a solução da lide encontram-se insculpidos não no códice 
civilista brasileiro, mas sim no art. 225, § 3º, da CF e na Lei 
6.938⁄81, art. 14, § 1º, que adotou a teoria do risco integral, 
impondo ao poluidor ambiental responsabilidade objetiva 
integral. Isso implica o dever de reparar independentemente 
de a poluição causada ter-se dado em decorrência de ato ilícito 
ou não, não incidindo, nessa situação, nenhuma excludente de 
responsabilidade. Precedentes [...] (STJ, 2014).
Falaremos, no próximo capítulo, sobre outras teorias do risco (como a do 
risco-proveito e a do risco-criado) que fundamentam a responsabilidade 
objetiva. 
c) Responsabilidade civil por ato próprio e por ato de outrem
Por fi m, relativamente ao agente, a responsabilidade se divide entre direta 
(ou ato próprio) e indireta (por ato de terceiro). 
O Artigo 932 enumera as hipóteses da responsabilidade civil indireta, ou 
seja, quando terceiros responderão – objetivamente – pelos danos causados pelo 
agente: (I) os pais, pelos fi lhos menores que estiverem sob sua autoridade e em 
sua companhia; (II) o tu tor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem 
nas mesmas condições; (III) o em pregador ou comitente, por seus empregados, 
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão 
dele; (IV) os d onos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde 
se albergue por dinheiro, mesmo para fi ns de educação, pelos seus hóspedes, 
moradores e educandos; (V) os q ue gratuitamente houverem participado nos 
produtos do crime, até a concorrente quantia. 
Justifi cando do porquê da responsabilidade objetiva pelos danos causados 
por aqueles que de algum modo estavam sob sua proteção ou vigilância (art. 933, 
CC/2002), Cavalieri Filho (2009, p. 192) assevera que “o ato do autor material 
do dano é apenas a causa imediata, sendo a omissão daquele que tem o 
dever de guarda ou vigilância a causa mediata, que nem por isso deixa de ser 
causa efi ciente”. Melhor dizendo, ainda que de forma indireta, houve culpa do 
responsável, seja culpa in eligendo seja culpa in vigilando.
28
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Atividade de Estudos: 
1) Um derradeiro desafi o para você: nas hipóteses de 
responsabilidade objetiva por ato de terceiro (indireta), o 
responsável deverá indenizar o ofendido independentemente 
da prova da culpa do autor do dano ou é necessário que seja 
provada a culpa/dolo do agente? 
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AlGumas Considerações
Superado este primeiro capítulo, em que nos debruçamos sobre a diferença 
entre as responsabilidades civil e penal, sobre o conceito de responsabilidade 
civil e seus princípios do neminem laedere e da restitutio in integrum; tratamos, 
ainda, das funções da responsabilidade civil (reparadora, punitiva e preventiva), 
para, fi nalmente, estudarmos as espécies de responsabilidade civil (contratual x 
aquiliana; objetiva x subjetiva; por ato próprio x por ato de outrem), é essencial 
que tenha fi cado sufi cientemente claro para você:
• que, via de regra, a procedência ou a improcedência do pedido de 
condenação cível não repercutirá na esfera penal (não é porque ganhou 
ou perdeu lá que perderá ou ganhará aqui), sendo que, por outro 
lado, em caso de sentença penal absolutória que reconheça uma das 
hipóteses de excludente de ilicitude penal (legítima defesa, estado de 
necessidade, exercício regular de um direito ou estrito cumprimento de 
dever lega) gerará, sim, efeito na esfera cível, assim como em sentenças 
absolutórias que determinem a inexistência de autoria ou de fato;
29
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
• que a responsabilidade civil – que decorre do interesse do prejudicado 
por um ato ilícito de exigir do causador do dano e/ou daquele que, por lei 
ou por contrato, esteja obrigado a responder pelos atos praticados pelo 
causador, a reparação do prejuízo sofrido – é regida por dois princípios, 
quais sejam, o neminem laedere e da restitutio in integrum. Pelo primeiro, 
que parte do dever social de não devermos nem podermos causar dano 
a ninguém, a responsabilidade civil decorre justamente da violação deste 
padrão de comportamento. Pelo segundo, uma vez causado o dano, 
obriga-se o agressor a restabelecer, na medida do possível, o equilíbrio 
quebrado com seu ato ilícito;
• que a responsabilidade civil tem três funções, a reparadora, a punitiva 
e a preventiva. Pela primeira, pretende-se indenizar (tornar indene, sem 
dano) o prejudicado. Pela segunda, quer-se ainda punir (sanção civil) o 
agressor pelo rompimento do padrão normal de comportamento. Pela 
terceira, busca-se desestimular a prática desta conduta por parte do 
agressor e pelos demais membros da sociedade.
 
• que a responsabilidade civil pode ocorrer dentro de um contexto 
contratual, obrigacional, existente entre as partes (de modo que o ato 
ilícito emergirá do descumprimento das obrigações contratuais), ou fora 
de qualquer relação contratual (quando o dever de reparar decorrerá da 
lei);
• que a responsabilidade civil poderá ser subjetiva, que é a regra geral, 
e a objetiva. Pela primeira, há necessidade de demonstrar a culpa 
(imperícia, imprudência ou negligência) do agente, além do ato ilícito, 
do dano e do nexo de causalidade. Pela segunda, o agente responderá 
independentemente da comprovação de culpa (que será presumida);
• que a responsabilidade civil poderá recair sobre o agente direto, ou 
seja, quem efetivamente causou o dano a terceiro ou sobre o agente 
indireto, que é aquele que, por lei, responderá por ato ou fato praticado 
por terceiro. 
Alguns dos conceitos vistos ao longo deste capítulo serão revisitados,com 
mais vagar, nos capítulos a seguir, como os elementos da responsabilidade civil 
(ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade), que veremos no Capítulo 2, e as 
causas excludentes de responsabilidade (legítima defesa, estado de necessidade 
e exercício regular de um direito), que estudaremos no Capítulo 3.
30
 RESPONSABILIDADE CIVIL
ReFerÊncias
AZEVEDO, Álvaro Vilaça. Teoria geral das obrigações. 8. ed. São Paulo: RT, 
2000.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
htm>. Acesso em: 19 abr. 2018.
______. Código Civil, Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 19 abr. 
2018.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São 
Paulo: Atlas, 2009.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Responsabilidade civil. 
24. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
ENUNCIADO nº 25 do CJF/STJ, da I Jornada de Direito Civil. Disponível em 
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FARIAS, Cristiano Chaves de. Curso de direito civil: contratos. 7. ed. rev., atual. 
Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005.
RODRIGUES, Silvio. Direito civil. v. 4. São Paulo: Saraiva, 2002.
______. Direito civil: responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
______. Direito civil. v. 2. São Paulo: Saraiva, 2006. 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Ação Rescisória 1.438/PR, Primeira Seção, 
Brasília, DF, em 14 de novembro de 2004. 
______. Recurso Especial. 1.164.236-MG, Terceira Turma, Brasília, DF, julgado 
em 14 de novembro de 2013.
______. Agravo Regimental em Recurso Especial 1.412.664⁄SP, Rel. Ministro 
Raul Araújo, Quarta Turma, Brasília, DF, em 11 de fevereiro de 2014.
31
NOÇÕES GERAIS SOBRE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 1 
______. Agravo Regimental em Recurso Especial 1.537.645/RS, Terceira Turma, 
Brasília, DF, em 5 de maio de 2016.
______. Agravo Interno em Recuso Especial 1.653.575/SP, Quarta Turma, 
Brasília, DF, em 16 de novembro de 2017.
______. Recuso Especial 1655139/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 
Terceira Turma, Brasília, DF, em 5 de dezembro de 2017.
______. Recuso Especial 645.496/RS, Primeira Turma, Brasília, DF, em 14 de 
novembro de 2005.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Agravo de Instrumento nº 2119528-
04.2017.8.26.0000. 28ª Câmara de Direito Privado. São Paulo, 18 de julho de 
2017.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. Atual. São 
Paulo: Atlas, 2003.
32
 RESPONSABILIDADE CIVIL
CAPÍTULO 2
Elementos da Responsabilidade Civil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Identifi car e compreender os elementos da responsabilidade civil.
 Verifi car em que hipóteses se admite a responsabilização por atos lícitos.
 Conhecer a teoria do dever de mitigar o próprio prejuízo.
 Reconhecer as várias espécies de dano admitidas no ordenamento jurídico 
brasileiro.
 Conhecer as teorias sobre o nexo de causalidade.
 Identifi car as modalidades de culpa.
34
 RESPONSABILIDADE CIVIL
35
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
ContextualiZaçÃo
Podemos afi rmar que a responsabilidade civil exige três elementos 
fundamentais, o que nos foi corroborado através do estudo do seu conceito no 
Capítulo 1 – a lembrar: o ato ilícito, o dano e o nexo de causalidade entre um e 
outro. 
Diante da complexidade das relações modernas contratuais (como no 
enredamento jurídico das operações com bitcoins) ou extracontratuais (como 
nas redes sociais, com pessoas emitindo opiniões e teses, próprias ou copiadas, 
sobre tudo e todos), muitas vezes não é fácil discernir qual é a conduta do agente, 
quem é o verdadeiro agente, se esta conduta foi lícita ou ilícita (principalmente, 
pela ausência de regulamentação em muitos dos casos), se de fato houve dano 
e, caso houve, qual a extensão do dano a ser reparado e, ainda, se há nexo 
de causalidade entre aquela conduta e o prejuízo arguido, em virtude de tantas 
variáveis e da quantidade de ramifi cações decorrentes das relações multilaterais.
Não bastasse, existe ainda o elemento culpa no caso da responsabilidade 
civil subjetiva, que nos obriga a defi nir se houve alguma imperícia, imprudência ou 
negligência por parte do agente e qual o grau dessa culpa.
Por causa disso, há a necessidade de se compreender bem os elementos da 
responsabilidade civil, de modo que estejamos aptos a raciocinar juridicamente 
sobre a situação em que o ato, o dano e o nexo não estejam tão evidentes, para 
verifi carmos se é ou não um caso de responsabilização.
Os Elementos da Responsabilidade 
Civil
Os elementos fundamentais da responsabilidade civil são três, a saber: ato 
ilícito, dano e nexo causal. Existe, ainda, um quarto elemento, aplicável no caso 
da responsabilidade civil subjetiva, que é a culpa. O presente capítulo dedica-se a 
estudar cada um deles.
a) O ato ilícito
Há de se destacar, de início, que os doutrinadores variam sobre como 
denominar esse primeiro elemento da responsabilidade civil, que é o ato/conduta 
que ofende uma norma preexistente ou erro na conduta: alguns falam em 
“conduta humana”, “conduta do agente”, “ato lesivo” ou tratam, simplesmente, de 
“ato ilícito”.
36
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Atividade de Estudos:
1) Partindo-se da premissa de que a responsabilidade reclama a 
existência de um ato ilícito, pergunta-se: existe responsabilidade 
civil por fato jurídico ou por ato jurídico lícito? Justifi que a 
resposta, aplicando os artigos do Código Civil (Brasil, 2002) e/ou 
de outra legislação.
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Podemos conceituar, de início, o ato ilícito como um ato praticado em 
descompasso com a ordem jurídica que viola o direito, um ato contra legem ou 
contra jus, um “delito civil”. É possível, no entanto, aprofundarmos esta ideia.
Para Humberto Theodoro Junior (2003, p. 32), a voluntariedade e a 
injuridicidade seriam dois pressupostos necessários à conduta praticada pelo 
agente para sua caracterização como ato ilícito:
Voluntariedade e injuridicidade, nessa ordem de ideias, são 
os pressupostos do comportamento do agente que o tornam 
responsável pelo dever de indenizar o prejuízo derivado de seu 
ato ilícito. Não há ato ilícito stricto sensu se não houver prejuízo 
para a vítima, mas também não haverá o dever de indenizar 
se o dano sofrido pelo ofendido não estiver conectado a um 
comportamento voluntário do agente.
O agente, portanto, tem que querer praticar o ato e esse ato, ao mesmo 
tempo, deve ser contrário ao direito.
O entendimento Sílvio de Salvo Venosa (2003, p. 22) não é diferente, para 
ele: “[...] o ato ilícito traduz-se em um comportamento voluntário que transgride 
um dever”.
Versando sobre os pressupostos da responsabilidade civil, Maria Helena 
Diniz (2005, p. 43) dá um passo atrás e traz que a ação, e não meramente o ato 
ilícito, é o primeiro dos elementos da responsabilidade, estabelecendo que:
37
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
Ação, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o 
ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e 
objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o 
fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, 
gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.
Será, portanto, ilícito esse agir – comissivo, que faz algo que não 
deveria se efetivar,ou omissivo, que não pratica um dever de agir – 
quando o agente infringe um dever legal, contratual ou social.
Se você analisar, com um pouco mais de atenção, a explicação 
oferecida pela doutrinadora paulista Maria Helena Diniz (2005) nas 
linhas anteriores, perceberá que ela propõe que podem também ser 
passíveis de reparação civil os atos lícitos.
Quer dizer, então, que existe a possibilidade de responsabilização, 
ainda que o ato seja lícito? Sim!
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, com base no art. 927, parágrafo 
único, do Código Civil, confi gurada a violação de direito por ato estatal e de que 
resulte dano real, específi co e anormal, é sim, possível, falar em responsabilidade 
objetiva do Estado em decorrência de atos comissivos lícitos, como anotou o 
Ministro Herman Benjamin no Recurso Especial 1.590.142/SC (BRASIL, 2016a). 
Sendo assim, de acordo com a lei, em virtude da teoria da 
responsabilidade objetiva do Estado, se determinado ato violar um 
direito e gerar um prejuízo real, poderá o Estado responder civilmente 
e, por conseguinte, deverá reparar o prejuízo. Em outras palavras, a 
responsabilidade objetiva estatal independe da licitude ou da ilicitude 
da ação.
No âmbito do Direito Ambiental, também se admite a responsabilidade civil, 
ainda que se esteja diante de um ato considerado lícito, conforme assentou o 
Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Antonio Carlos Ferreira, no Agravo 
Regimental em Agravo de Recurso Especial nº 117.202/PR. Veja:
Fundada na Teoria do Risco e no Princípio do Poluidor Pagador, 
é objetiva a responsabilidade civil por danos ambientais, entre 
os quais se inclui a degradação proveniente de atos lícitos que 
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas 
ou afetem desfavoravelmente a biota (BRASIL, 2015).
Verifi ca-se que estamos diante de uma grande quebra de paradigma quando 
reconhecemos a possibilidade de alguém praticar um ato não contrário à lei ou ato 
negocial, mas que, causando prejuízo anormal a outrem, ainda assim, persiste o 
dever de indenizar. 
Será, portanto, 
ilícito esse agir 
– comissivo, que 
faz algo que não 
deveria se efetivar, 
ou omissivo, que 
não pratica um 
dever de agir – 
quando o agente 
infringe um dever 
legal, contratual ou 
social.
Se determinado ato 
violar um direito e 
gerar um prejuízo 
real, poderá o 
Estado responder 
civilmente e, por 
conseguinte, deverá 
reparar o prejuízo.
38
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Sobre os doutrinadores que preferem denominar esse ato omissivo ou 
comissivo de “conduta humana”, se considerarmos que a responsabilidade civil 
também pode recair sobre a pessoa jurídica, não haveríamos de elencar, dentre 
os elementos da responsabilidade, a conduta como humana, sendo, então, 
simplesmente uma “conduta”.
Com destaque, aproveitando o gancho, mesmo se tratando de 
responsabilidade civil por ato/conduta praticada por pessoa jurídica, nos termos 
do art. 50, do Código Civil (BRASIL, 2002), uma vez verifi cado o abuso da 
personalidade jurídica, pode-se pleitear a sua desconsideração e, por conseguinte, 
o atingimento do patrimônio pessoal dos sócios e/ou dos administradores, 
conforme o caso, para recompor o prejuízo sofrido. 
b) O dano
O segundo requisito essencial da responsabilidade civil é o dano, que é 
a lesão de natureza patrimonial ou moral de alguém. Segundo ensina Arnaldo 
Rizzardo (2011, p. 68):
Para a caracterização da obrigação de indenizar é preciso, 
além da ilicitude da conduta, que exsurja como efeito o dano 
a bem jurídico tutelado, acarretando, efetivamente, prejuízo de 
cunho patrimonial ou moral. Não é sufi ciente apenas a prática 
de um fato contra legem ou contra jus, ou que contrarie o 
padrão jurídico das condutas.
Esse dano deve ser certo e atual, não havendo responsabilização por danos 
hipotéticos (aqueles ainda não verifi cados, eventuais, que podem vir a ocorrer ou 
não), danos futuros ou mesmo expectativa de dano.
Nossos tribunais já vêm admitindo, há bastante tempo, a indenização pela 
perda de uma chance, que é quando, por ato ilícito de alguém, outrem sofre um 
prejuízo representado pela perda de uma oportunidade concreta, em vias de se 
realizar, mas que não se concretizou ou realizou por conta daquele ato ilícito.
Sobre a teoria da perda de uma chance, desenvolvida na França (perte d'une 
chance), Sergio Cavalieri Filho (2008, p. 75) sugere que “[...] só será indenizável 
se houver a probabilidade de sucesso superior a cinquenta por cento, de onde se 
conclui que nem todos os casos de perda de uma chance serão indenizáveis”.
Essa possibilidade de êxito, como destacou o Ministro Marco Buzzi, no 
Recurso Especial nº 1.145.118/SP (BRASIL, 2017), deve ser: “séria e real [...], o 
que afasta qualquer reparação no caso de uma simples esperança subjetiva ou 
mera expectativa”.
39
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
Debrucemo-nos sobre um caso hipotético: haveria perda de uma chance 
se alguém não pode realizar uma prova de concurso público por determinado 
ato ilícito de outrem? Constituiria “séria e real a possibilidade de êxito” desse 
concursando frustrado? É possível supor que sua probabilidade de sucesso 
(aprovação) seja superior a 50%, para, então, concluir pela reparação?
Eis como decidiu o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, na Apelação Cível 
n.º 0000059-53.2013.8.24.0045, em um caso assim:
Apelação cível. Ação de indenização por danos materiais e 
morais. Perda de uma chance. Preposta da ré que, ao não 
autenticar guia de pagamento alusiva à taxa de concurso 
público, frustrou a chance da autora de ver-se aprovada no 
certame. Sentença de parcial procedência. Recurso da ré. 
Inscrição da autora em concurso público para magistério 
e respectivo indeferimento ante a ausência de pagamento 
não impugnadas em sede de contestação e recurso (CPC, 
ART. 334, III). Insurgência quanto à responsabilidade da 
requerida em decorrência da falta de autenticação. Falha do 
serviço, pela apelante, que não pode ser imputada à apelada. 
Responsabilidade objetiva decorrente da aplicação das 
disposições consumeristas ao caso em questão. Ré que, por 
comportamento culposo de sua preposta, prestou o serviço de 
forma defeituosa ao deixar de efetuar a autenticação do boleto 
de pagamento. Exegese do art. 14, caput, do Código de Defesa 
do Consumidor. Ato ilícito confi gurado. 
Insurgência quanto à indenização decorrente da teoria da 
perda de uma chance. Apelada que, além de contar com 
especialização em educação infantil e ensino fundamental, 
dedicou-se habitualmente à preparação para o certame. 
Apelada, ademais, que veio a ser aprovada em Concurso 
Público Municipal de São José. Chances concretas e reais de 
ver-se aprovada no concurso. Manutenção da sentença, no 
tocante ao reconhecimento do dever indenizar, é medida que 
se impõe. Circunstâncias, no entanto, autorizam a minoração 
do quantum indenizatório. Recurso conhecido e parcialmente 
provido (SANTA CATARINA, 2017, s.p.).
O mesmo raciocínio deve ser feito para apurar eventual responsabilidade civil. 
Por exemplo, um advogado que perde o prazo do recurso de apelação de uma 
ação em que defende os interesses de determinado cliente. Quais as chances de 
êxito deste recurso? A decisão não recorrida ia de encontro ao entendimento dos 
tribunais superiores? Se sim, podemos estar diante da perda da chance.
Por sinal, a doutrina e a jurisprudência já falam na divisão da teoria da perda 
da chance em clássica e atípica. Segundo Fernando Noronha (2013, p. 695-
696):
40
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Quando se fala em chance, estamos perante situações em 
que está em curso um processo que propicia a uma pessoa a 
oportunidade de vir a obter, no futuro, algo benéfi co. Quando 
se fala em perda de chances, para efeitos de responsabilidade 
civil, é porque esse processo foi irreversivelmente interrompido 
por um determinado fato antijurídico [...], por isso fi cando a 
oportunidade irremediavelmente destruída (aindaque, como 
veremos na sequência, se fi que sem saber se o benefício 
esperado teria ocorrido efetivamente, caso não tivesse havido 
a interrupção do processo). A chance que foi perdida pode ter-
se traduzido tanto na frustração da oportunidade de obter uma 
vantagem, que por isso nunca mais poderá acontecer, como 
na frustração da oportunidade de evitar um dano, que por isso 
depois se verifi cou. No primeiro caso, em que estava em curso 
um processo vantajoso e este foi interrompido, poderemos 
falar em frustração da chance de obter uma vantagem futura; 
no segundo, em que estava em curso um processo danoso que 
podia ter sido interrompido e não foi, falaremos em frustração 
da chance de evitar um prejuízo efetivamente ocorrido.
A perda da chance clássica, portanto, é o dever de indenizar decorrente 
da frustração da expectativa de se obter uma vantagem ou um ganho futuro, 
desde que seja real a possibilidade de êxito. A perda de se conseguir um emprego 
iminente, por exemplo, pelo extravio de uma bagagem em que estavam os 
documentos do candidato à vaga. 
Já a perda da chance atípica, decorre do dever de reparar do agente por 
conta de uma conduta omissiva que, acaso fosse praticada de forma apropriada, 
poderia ter evitado o prejuízo suportado pela vítima. A teoria da perda de uma 
chance, na modalidade atípica, tem sido recorrente nas ações reparatórias 
fundadas pela defi ciência da prestação de serviços médico-hospitalares.
Atividade de Estudos:
1) Faça uma rápida pesquisa jurisprudencial e veja como os 
tribunais têm entendido casos em que, diante de um diagnóstico 
equivocado, o paciente acaba morrendo. Nesse caso, pode-se 
buscar a reparação de danos decorrente da perda da chance de 
cura? Fundamente sua resposta.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
• Dano emergente e lucros cessantes
Outras classifi cações de danos que merecem destaque são: o dano 
emergente, que é o prejuízo efetivamente sofrido pela vítima; e os lucros 
cessantes, que são o que o prejudicado deixou de lucrar em razão do ato ilícito. 
Nada como um bom exemplo: Pedro é motorista de Uber e, por conta de uma 
batida, na qual o culpado foi Gilberto, poderá sofrer os danos emergentes, que 
são os prejuízos materiais do veículo, além dos lucros cessantes, que são os que 
ele deixou de lucrar como motorista no período em que fi cou sem o carro. 
É obvio que o juiz, ao condenar Gilberto a reparar dos danos sofridos por 
Pedro, levará em consideração os danos emergentes devidamente comprovados 
(recibos dos gastos que teve para o conserto do carro) e, sobre os lucros cessantes, 
deverá estabelecer a média do faturamento que deixou de ganhar, afi nal a lei 
recomenda razoabilidade na fi xação dos lucros cessantes. Observe o que ensina 
o artigo 402, do Código Civil (BRASIL, 2002): “Salvo as exceções expressamente 
previstas em lei, as perdas e os danos devidos ao credor abrangem, além do que 
ele efetivamente perdeu o que razoavelmente deixou de lucrar”.
E se Pedro alugou um veículo enquanto seu carro estava na ofi cina? Se 
ele podia trabalhar com o carro alugado, estava auferindo renda. Assim, não há 
que se falar em lucros cessantes: Gilberto deverá ressarcir apenas pelos valores 
pagos pela locação do veículo.
Esse exemplo parece simples, mas dele podemos extrair uma oportuna 
questão jurídica: o dever da vítima de buscar mitigar a própria perda.
Segundo esse princípio – chamado de dutytomitigatetheloss – é dever do 
credor, in casu, do prejudicado, fundado na boa-fé objetiva e na vedação ao abuso 
do direito, tentar abrandar seus próprios prejuízos, buscando adotar medidas 
razoáveis e considerando as circunstâncias concretas para diminuir suas próprias 
perdas.
É o que destacou o Ministro Luis Felipe Salomão (BRASIL, 2013, s.p.), no 
Recurso Especial nº 1.325.862/PR:
É consectário direto dos deveres conexos à boa-fé o encargo 
de que a parte a quem a perda aproveita não se mantenha 
inerte diante da possibilidade de agravamento desnecessário 
do próprio dano, na esperança de se ressarcir posteriormente 
com uma ação indenizatória, comportamento esse que afronta, 
a toda evidência, os deveres de cooperação e de eticidade.
42
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Não seria razoável admitir, portanto, que Pedro alugasse um carro importado 
para passear, não auferindo renda com o veículo, enquanto seu carro popular 
está na ofi cina, para, depois, requerer de Gilberto o aluguel do veículo mais caro 
e dos lucros cessantes. 
• Dano presumido
Porquanto o ônus da prova dos fatos constitutivos de direito 
recaia, via de regra, sobre o autor, o dano deve ser comprovado pela 
vítima, salvo aqueles em que se admite o chamado dano presumido.
O dano moral in res ipsa está vinculado à própria existência 
do fato ilícito,nos quais os resultados são presumidos, sendo dispensável a 
demonstração do prejuízo.
Exemplo clássico de dano presumido é o decorrente da inscrição indevida do 
nome do consumidor em órgãos de proteção ao crédito, conforme se observa no 
caso abaixo:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INSCRIÇÃO NO 
SERASA. CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO. MANUTENÇÃO 
DO NOME NO CADASTRO DE INADIMPLENTES. ÔNUS DO 
BANCO (CREDOR) EM CANCELAR O REGISTRO. AGRAVO 
REGIMENTAL IMPROVIDO. A inércia do credor em promover 
a atualização dos dados cadastrais, apontando o pagamento, 
e consequentemente, o cancelamento do registro indevido, 
gera o dever de indenizar, independentemente da prova do 
abalo sofrido pelo autor, sob forma de dano presumido. Agravo 
Regimental improvido (BRASIL, 2009, s.p.).
Outros exemplos em que o Superior Tribunal de Justiça reconhece o dano 
moral presumido são: extravio de talonário de cheques; atraso de voos; falta de 
diploma universitário reconhecido pelo MEC etc.
O dano moral in res 
ipsa está vinculado 
à própria existência 
do fato ilícito,
Atividade de Estudos:
1) Para terminar o estudo sobre o dano – que, como visto, salvo o 
presumido ou decorrente da perda de uma chance, deve ser certo 
e atual – propomos um exercício: Silvia contrata uma empresa de 
produção audiovisual para produzir cem DVDs comemorativos, 
que serão distribuídos aos convidados da festa de 15 anos de 
sua fi lha Mônica. Dois dias depois da festa, a avó de Mônica, 
43
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
mãe de Silvia, a procura horrorizada porque, ao abrir seu DVD, 
verifi cou que nele continha conteúdo inadequado. Mãe e fi lha 
conferem os 3 DVDs que sobraram da festa e verifi cam que estes 
têm o conteúdo contratado. Ufa! Mas e agora? Diante do risco de 
existir outro, ou outros DVDs adulterados, existe a possibilidade 
de buscar a reparação pelos danos prováveis contra a empresa 
de produção audiovisual? Ou têm, mãe e fi lha, que aguardar a 
ligação constrangedora de outro convidado para, então, ajuizar a 
ação? Fundamente suas respostas.
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c) O nexo de causalidade 
O terceiro elemento de responsabilidade civil é o nexo de causalidade, 
também chamado de nexo causal, nexo etiológico ou relação de causalidade.
Segundo a lição de Sergio Cavalieri Filho (2008, p. 67) nexo causal é “[...] 
elemento referencial entre a conduta e o resultado. É através dele que poderemos 
concluir quem foi o causador do dano”.
Será o nexo decausalidade que vinculará o resultado lesivo verifi cado ao 
comportamento (comissivo ou omissivo) daquele a quem se repute a condição de 
agente causador. É, conforme Annelise Monteiro Steigleder (apud BRASIL, 2014, 
s.p.), no Recurso Especial nº 1.374.284/MG “[...] o fator aglutinante que permite 
que o risco se integre na unidade do ato”.
A Ministra Carmem Lúcia, no Agravo em Recurso Extraordinário nº 667.117 
(BRASIL, 2012, s.p.), ao comentar sobre o nexo de causalidade, destacou que:
Em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no artigo 
1.060 do Código Civil [de 1916; art. 403 do Código Civil de 
2002], a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade é 
a teoria do dano direto e imediato, também denominada 
teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele 
44
 RESPONSABILIDADE CIVIL
dispositivo da codifi cação civil diga respeito à impropriamente 
denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele também 
à responsabilidade extracontratual, inclusive a objetiva, até 
por ser aquela que, sem quaisquer considerações de ordem 
subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias 
existentes: a da equivalência das condições e a da causalidade 
adequada.
Teríamos, conforme ressalta a Ministra do Supremo Tribunal Federal, três 
principais teorias sobre o nexo de causalidade: a teoria da interrupção do nexo 
causal, equivalência das condições e causalidade adequada.
Atividade de Estudos:
1) Após pesquisar seus conceitos, diferencie as teorias da 
equivalência das condições, da causalidade adequada e da 
interrupção do nexo causal.
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Dentre essas, vigora no direito civil brasileiro a teoria da interrupção do 
nexo causal, também chamada teoria do dano direto e imediato ou teoria do 
nexo causal direto e imediato, prevista no art. 403, do Código Civil (BRASIL, 2002, 
s.p.): “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos 
só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e 
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.
Sobre a tese acolhida em nosso ordenamento jurídico, o Ministro Luis Felipe 
Salomão (BRASIL, 2011, s.p.), no Recurso Especial nº 1.154.737/MT, explica:
[...] reconhecendo-se a possibilidade de vários fatores 
contribuírem para o resultado, elege-se apenas aquele que se 
fi lia ao dano mediante uma relação de necessariedade, vale 
dizer, dentre os vários antecedentes causais, apenas aquele 
elevado à categoria de causa necessária do dano dará ensejo 
ao dever de indenizar.
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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
O Ministro Marco Aurélio Bellizze (BRASIL, 2016b, s.p.), relator do Recurso 
Especial nº 1.615.971/DF, conclui:
[...] a doutrina endossada pela jurisprudência desta Corte é a 
de que o nexo de causalidade deve ser aferido com base na 
teoria da causalidade adequada, adotada explicitamente pela 
legislação civil brasileira (CC/1916, art. 1.060 e CC/2002, art. 
403), segundo a qual somente se considera existente o nexo 
causal quando a ação ou omissão do agente for determinante 
e diretamente ligada ao prejuízo.
A teoria da interrupção do nexo causal, aliás, foi utilizada no clássico 
julgamento do Recurso Extraordinário nº. 130.764-1/PR (BRASIL, 1992), quando 
o Supremo Tribunal Federal discutia sobre a possível responsabilidade civil do 
Estado, devido ao fato de um fugitivo do sistema prisional ter integrado uma 
quadrilha que cometeu um assalto após 21 meses da data da fuga.
Pela teoria adotada e segundo o voto do Ministro Moreira Alves (BRASIL, 
1992, s.p.), o transcurso do lapso temporal entre a fuga do detento e o 
evento danoso (novo delito) teria interrompido a cadeia causal, o que ilidiria a 
responsabilidade do Estado:
As circunstâncias do presente caso evidenciam que o nexo 
de causalidade material não restou confi gurado, quer em 
face da ausência de imediatidade entre o comportamento 
referido imputado ao Poder Público e o evento lesivo 
consumado, quer em face da superveniência de fatos remotos 
descaracterizadores, por sua distante projeção no tempo, da 
própria relação causal.
Há que se atentar, por fi m, para as causas de exclusão de nexo de 
causalidade, como a culpa exclusiva (ou fato exclusivo) da vítima, a culpa 
exclusiva (ou fato exclusivo) de terceiro, além das hipóteses de caso fortuito e/
ou de força maior, que acabam por impedir a existência do nexo de causalidade.
d) A culpa
 
Depois de nos debruçar sobre o ato ilícito, bem como o dano e o nexo de 
causalidade, é tempo de estudar a culpa, elemento que compõe a responsabilidade 
subjetiva, que, diferentemente da responsabilidade objetiva, depende da 
comprovação de que o infrator tenha agido com culpa lato sensu (teoria da culpa).
Sobre a culpa, partamos daqueles que são, nos dizeres de Sílvio de Salvo 
Venosa (2003, p. 25), seus “princípios consagrados”: a negligência, imprudência e 
imperícia, que “[...] contém uma conduta voluntária, mas com resultado involuntário, 
a previsão ou a previsibilidade e a falta de cuidado devido, cautela ou atenção”.
46
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Em rápidas palavras, imprudente é aquele que não toma o cuidado, a cautela, 
que se espera do bonus pater familias, o homem médio. Negligente é aquele 
que, por desleixo, descuido ou desatenção, deixa de tomar a conduta que dele 
se espera. Já imperito, é o inapto tecnicamente, o desqualifi cado, o ignorante, 
aquele que desconhece os conceitos/conhecimentos/técnicas elementares que se 
espera que um profi ssional domine.
Note, pelo parágrafo acima, que podemos sugerir que a culpa é – depois de 
afastada a hipótese de intenção deliberada de ofender e/ou de ocasionar prejuízo 
(dolo) – a quebra de uma expectativa, seja de zelo, de ação ou de perícia.
• Graus de culpa
Nos termos do artigo 944, parágrafo único, do Código Civil (BRASIL, 2002), 
a gravidade da culpa deverá ser considerada pelo magistrado no momento de 
defi nir o quantum indenizatório. Como explica Miguel Kfouri Neto (2006, p. 17):
Tradicionalmente, tem-se a culpa levíssima, leve e grave. 
Poderá o juiz, agora, reduzir equitativamente a indenização, 
mediante a aferição do grau de culpa, cuja gravidade 
infl uenciará a quantifi cação - em cotejo com a extensão do 
prejuízo. 
Incumbirá ao órgão julgador averiguar a culpa, para determinar 
a obrigação de indenizar; em seguida, defi nir-lhe a graduação, 
para a correta valoração pecuniária do ressarcimento.
Isso quer dizer que o juiz deverá – além de analisar a gravidade do fato em 
si e suas consequências, a eventual participação culposa do ofendido (culpa 
concorrente), a condição econômica do ofensor e as condições pessoais da 
vítima – atribuir o grau da culpa do agente e antepará-lo à extensão do dano na 
hora de fi xar o valor da indenização.
Sílvio de Salvo Venosa (2003, p. 25) diferencia os três graus de culpa 
comumente admitidos pela doutrina – grave, leve e levíssima:
A culpa grave é a que se manifesta de forma grosseira, e, como 
tal, se aproxima do dolo. Nesta se inclui, também, a chamada 
culpa consciente, quando o agente assume o risco de que o 
evento danoso e previsível não ocorrerá. A culpa leve é a que 
se caracteriza pela infração a um dever de conduta relativa 
ao homem médio, ao bom pai de família. São situações nas 
quais, em tese, o homem comum não transgrediria o dever de 
conduta. A culpa levíssima é constatada pela falta de atenção 
extraordinária, que somente uma pessoa muito atenta ou muito 
perita, dotada de conhecimento especial para o caso concreto, 
poderia ter.
47
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
Logo, ainda que a indenização deva ser medida pela extensão do dano– 
conforme preceitua o art. 944, caput, do Código Civil (BRASIL, 2002) – conseguir 
discernir o grau de culpa do agente irá signifi car numa condenação mais equitativa 
e, por conseguinte, mais justa.
• As modalidades de culpa
A doutrina prevê várias modalidades de culpa, como a culpa in vigilando, 
culpa in eligendo, culpa in custodiendo, culpa in committendo, culpa in ommittendo 
e a culpa in contrahendo. Sobre as duas primeiras, Rui Stoco (2004, p. 135) as 
difere, explicando-as:
Culpa in eligendo é a oriunda da má escolha de representante, 
ou de preposto. Caracteriza-a, exemplifi cativamente, o fato de 
admitir ou de manter o proponente a seu serviço empregado 
não legalmente habilitado ou sem as aptidões requeridas. 
Culpa in vigilando é a que promana de ausência de fi scalização 
por parte do patrão, quer relativamente aos seus empregados, 
quer no tocante a própria coisa. É o caso da empresa de 
transporte que tolera a saída de veículos desprovidos de freios, 
dando causa a acidentes.
Ainda que determinada pessoa não tenha sido o autor direto do ato lesivo, ele 
poderá responder pelo fato de escolher mal seu preposto, o efetivo autor do ato 
(culpa in elegendo), ou porque descuidou-se de seu dever de fi scalizar, de zelar, 
de vigiar as pessoas ou as coisas que estão sob sua responsabilidade (culpa in 
vigilando).
A culpa in elegendo provém do dever daquele que contrata em diligenciar, 
no sentido de fazer a melhor seleção possível, optando por aqueles com maiores 
aptidões necessárias ao trabalho que lhe será confi ado. Falhando na escolha, 
responderá.
A escola, portanto, responderá objetivamente pelos atos ilícitos praticados 
pelos professores. O hospital, de igual forma, responderá pelos erros praticados 
pelos médicos e enfermeiros contratados e assim por diante.
A culpa in vigilando decorre da obrigação daquele a quem, por lei ou por 
contrato, foi confi ada a guarda e o cuidado de pessoa ou coisa, ou mesmo a quem 
a lei ou o contrato confere o dever de fi scalizar, de vigiar os atos praticados por 
outrem. Espera-se que o responsável, pois, mantenha vigilância estrita sobre 
a forma como procede as pessoas que a si estejam subordinadas. No entanto, 
provando que cumpriu fi rmemente o seu dever de fi scalizar na forma como 
determina a lei/contrato, a culpa que lhe é presumida, será afastada.
48
 RESPONSABILIDADE CIVIL
O pai que responde pelo acidente de trânsito causado pelo fi lho que “roubou” 
o carro e a escola que responde pelo bullying sofrido por aluno. Nesse último caso, 
o educandário somente não responderá, se provar que tomou todas as medidas 
idôneas que estavam ao seu alcance para prevenir e/ou reprimir o assédio. Os 
pais, porém, responderão pelos atos do fi lho agressor.
A culpa in custodiendo, segundo defi nição de Antônio José de Souza 
Levenhagem (1987, p. 240): “[...] é a falta de atenção ou de cuidados sobre 
alguma pessoa, coisa ou animal que esteja sob a guarda ou cuidados do agente”.
Para ilustrar essa modalidade de culpa, existe aquela anedota de que, certa 
feita, um açougueiro adentra no escritório de advocacia de Rui Barbosa e lhe 
pergunta se o dono de um animal deve responder ou não pelos danos causados 
pelo bicho. O famoso advogado responde que, por culpa in custodiendo, o dono 
do animal responderá: “Então o senhor me deve 5 contos de réis, afi nal seu 
cachorro veio até meu açougue e comeu um pedaço de carne”, no que Dr. Rui lhe 
responde “e o senhor me deve 10 contos pela consulta”.
Segundo o já citado Levenhagem (1987, p. 240), culpa in comittendo (ou in 
faciendo) é “[...] quando a culpa se caracteriza pela prática de ato positivo, como 
uma imprudência”. Deriva de um ato positivo, comissivo. Contrario sensu, a culpa 
inommittendo (ou non faciendo) deriva de um não-fazer, uma abstenção culposa 
que gera prejuízo a outrem.
Por fi m, vinculada à responsabilidade civil pré-contratual, a culpa in 
contrahendo decorre da inobservância, culposa ou dolosa, dos deveres 
de proteção, informação e lealdade contratual. Em outras palavras, é a 
responsabilidade por danos decorrentes de atos ou omissões verifi cadas no 
período que antecede a celebração do contrato.
Como bem explicou o Desembargador Luis Martius Holanda Bezerra Junior, 
na Apelação Cível nº. 2014.0410014753ACJ:
A culpa in contrahendo, ou responsabilidade pré-contratual, se 
funda na ideia de que a aproximação e o início das negociações 
já se mostra sufi ciente a fazer eclodir entre as partes os 
deveres recíprocos de lealdade, informação e esclarecimento, 
valores estes juridicamente tutelados desde a etapa que 
antecede a formalização da avença e que permanecem a 
vincular a conduta dos partícipes, mesmo após ultimada a 
relação prestacional (culpa post pactumfi nitum). Imperioso 
considerar que, não tendo ainda sido fi rmado o contrato, tais 
deveres teriam origem na própria boa-fé objetiva, a incidir, em 
todas as etapas das tratativas, independentemente de vontade 
ou previsão das partes. Tutela-se, dessa forma, uma fundada 
49
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
e legítima confi ança de que a outra parte atue, mesmo na fase 
pré-negocial, de modo probo e transparente, ou seja, com 
prudência e lealdade, a evitar sejam impingidos prejuízos ou 
malferida a justifi cável expectativa de que não haverá uma 
ruptura injustifi cada das tratativas (DISTRITO FEDERAL, 
2014, s.p.).
Se ainda na fase pré-contratual, uma das partes sonega informações 
relevantes à outra, informações estas que, se de conhecimento comum, 
pudessem infl uenciar no desfecho do negócio, gera o dever de indenizar por 
culpa in contrahendo. 
Sim, existe responsabilidade civil por fato jurídico ou 
por ato jurídico lícito, nos casos de responsabilidade objetiva 
independentemente de culpa. Verifi que no Código Civil (BRASIL, 
2002), art. 927, parágrafo único, que trata da responsabilidade 
objetiva (pura), conforme o que estiver especifi cado em lei (por 
exemplo, Código Civil no Código de Defesa do Consumidor, na Lei 
de Meio Ambiente e por Atividades Nucleares); e a responsabilidade 
objetiva (pura) em razão do risco criado pela atividade do agente, 
por sua “atividade normalmente desenvolvida”, que “implicar, por sua 
natureza, risco para os direitos de outrem”.
Fonte: Resposta do Gabarito Ofi cial do EXAME OAB/SP 2004 - 
124º – 2ª FASE - OAB/SP.
AlGumas Considerações
Vencido este capítulo, em que estudamos os elementos da responsabilidade 
civil (ato ilícito, dano, nexo de causalidade e culpa), que vimos que é possível 
o agente responder, inclusive, por atos considerados lícitos, que conhecemos 
a teoria do dever de mitigar o próprio prejuízo, que existem várias modalidades 
de dano e de culpa, além de algumas teorias sobre o nexo de causalidade, é 
importante que você saia daqui sabendo:
• que o primeiro elemento da responsabilidade civil, o ato ilícito, ato ilícito 
é um ato comissivo ou omissivo praticado por alguém em descompasso 
com a ordem jurídica (contra legem ou contra jus) e, no caso da 
responsabilidade civil contratual, que viola alguma a obrigação contratual;
50
 RESPONSABILIDADE CIVIL
• que, excepcionalmente, se admite a obrigação de reparar danos 
oriundos de atos lícitos, ou seja, atos que estejam de acordo com a lei, 
como em casos de violação de direito por ato estatal e de que resulte 
dano real, específi co e anormal, ou no âmbito do Direito Ambiental, 
quando haja a degradação proveniente de atos lícitos, mas que afetem 
desfavoravelmente o bioma;
• que o dano, outro elemento da responsabilidade civil, pode ser emergente 
ou lucros cessantes. O primeiro sendo prejuízo efetivamente sofrido 
pela vítima. O segundo, aquilo que o prejudicado deixou de lucrar em 
razão do ato ilícito. Que, pela teoria da perda de uma chance, o agressor 
responderá pela frustração experimentada pelo lesado da expectativa, 
real e possível de êxito, de obter uma vantagem ou um ganho futuro;
• que o prejudicado, fundado na boa-féobjetiva e na vedação ao abuso do 
direito, tem a obrigação de tentar abrandar de seus próprios prejuízos, 
de diminuir suas próprias perdas;
• que existem situações em que não é necessária a comprovação do 
prejuízo sofrido pela vítima, os chamados danos in res ipsa;
• que o nexo de causalidade é o elo entre o ato ilícito e o dano, e que 
pode ser excluída pela culpa exclusiva (ou fato exclusivo) da vítima, a 
culpa exclusiva (ou fato exclusivo) de terceiro, além das hipóteses de 
caso fortuito e/ou de força maior;
• que a culpa, elemento da responsabilidade civil subjetiva, é dividida em 
várias modalidades como culpa in vigilando, culpa in eligendo, culpa in 
custodiendo, culpa in committendo, culpa in ommittendo e a culpa in 
contrahendo.
No próximo capítulo, partindo das premissas apreendidas neste e no primeiro, 
iremos abordar as causas excludentes de responsabilidade. 
ReFerÊncias
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. 
Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Afronta a Regulamento. Recurso Especial 
nº 1.590.142/SC. Relator Ministro Herman Benjamin. Brasília, 25 out. 2016a. 
Diário da Justiça Eletrônico. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/>. Acesso 
em: 5 jun. 2018.
51
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 2 
______. Superior Tribunal de Justiça. Insurgência do Autor. Agravo Interno 
nos Embargos de Declaração no Recurso Especial nº 1.145.118/SP. Relator 
Ministro Marco Buzzi. Diário da Justiça Eletrônico. Brasília, 25 out. 2017. 
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/>. Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil por Dano Ambiental. 
Recurso Especial nº 1.374.284/MG. Relator Ministro Luis Felipe Salomão. Diário 
da Justiça Eletrônico. Brasília, 5 set. 2014. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/
SCON/>. Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil por Ato Lícito. 
Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial nº 117.202/PR. Relator 
Antonio Carlos Ferreira. Diário da Justiça Eletrônico. Brasília, 30 nov. 2015. 
Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/>. Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil. Agravo Regimental 
no Agravo De Instrumento Nº 1.094.459/SP. Relator Ministro Sidnei Beneti. 
Diário da Justiça Eletrônico. Brasília, 1 jun. 2009. Disponível em: <http://www.stj.
jus.br/scon/>. Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil. Recurso Especial 
nº 1.615.971/DF. De Brazuca Auto Posto Ltda e Jayro Francisco Machado Lessa. 
Relator Ministro Marco Aurélio Bellizze. Diário da Justiça Eletrônico. Brasília, 7 
out. 2016b. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/>. Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil. Recurso Especial 
nº 1.325.862/PR. Relator Ministro Luis Felipe Salomão. Diário da Justiça 
Eletrônico. Brasília, 10 dez. 2013. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/scon/>. 
Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil. Recurso Especial 
nº 1.154.737/MT. Relator Ministro Luis Felipe Salomão. Diário da Justiça 
Eletrônico. Brasília, 7 fev. 2011. Disponível em: < http://www.stj.jus.br/scon/>. 
Acesso em: 5 jun. 2018.
______. Supremo Tribunal Federal. ARE 667117, Rel. Ministra Carmen Lúcia, 1ª 
Turma. Brasília, DF, DJ 26 out. /2012.
______. Supremo Tribunal Federal. Responsabilidade Civil do Estado. Recurso 
Extraordinário nº 130.764/PR. Relator Ministro Moreira Alves. Diário da Justiça 
Eletrônico. Brasília, 7 ago. 1992. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/
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CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: 
Atlas, 2008.
52
 RESPONSABILIDADE CIVIL
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade 
Civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Justiça. Apelação Cível do Juizado 
Especial nº 2014.0410014753. Responsabilidade Civil Pré-Contratual. Relator 
Desembargador Luis Martius Holanda Bezerra Junior. Diário da Justiça Eletrônico. 
Brasília 30 set. 2014. Disponível em: <http://www.tjdft.jus.br/institucional/
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KFOURI NETO, Miguel. Graus de culpa e redução equitativa da indenização. 
Caderno de Doutrina e Jurisprudência da Ematra XV, v. 2, n. 1, jan./fev. 2006. 
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STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 6. ed. São Paulo: RT, 2004.
THEODORO JUNIOR, Humberto. Comentários ao novo código civil. v. 3, Rio 
de Janeiro: Forense, 2003.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2003.
CAPÍTULO 3
Causas Excludentes de 
Responsabilidade Civil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Reconhecer as causas excludentes de ilicitude previstas em lei e 
as oriundas das construções doutrinária e jurisprudencial.
 Identifi car as causas de exclusão do nexo causal, diferenciando 
responsabilidade exclusiva de responsabilidade concorrente da vítima.
 Diferenciar caso fortuito de força maior.
 Saber das hipóteses em que se admite e em que 
não se admite a cláusula de não indenizar.
54
 RESPONSABILIDADE CIVIL
55
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
ContextualiZaçÃo
Quando dizemos que os requisitos da responsabilidade civil são o ato ilícito, 
o dano e o nexo causal entre eles e, no caso da responsabilidade civil subjetiva, o 
dolo ou a culpa do agente, não podemos nos esquecer da existência de um quinto 
elemento: a ausência de situação excludente de responsabilidade civil.
Dentre as situações excludentes, temos as de ilicitude, de nexo de 
causalidade e de obrigação de indenizar, que levarão, via de regra, à isenção de 
responsabilidade, propriamente dita, ao agente. 
Cada uma delas tem suas peculiaridades, as quais podem ser decisivas no 
desfecho de alguma demanda que tenha a responsabilidade civil como discussão, 
sendo, por causa disso, relevante conhecê-las.
Situações Excludentes de Ilicitude 
(mas nÃo Necessariamente de 
Responsabilidade Civil)
Segundo disposição legal, além das hipóteses de construção doutrinária 
com aceitação jurisprudencial, existem determinadas circunstâncias, dentro da 
dinâmica dos fatos, que, em tese, ensejam a responsabilização, as quais são 
consideradas excludentes de ilicitude. Elas isentam o agente do dever de 
ressarcir os prejuízos, como, por exemplo, no estado de necessidade, na legítima 
defesa, no estrito cumprimento do dever legal e no exercício regular de direito.
Existem ainda as causas excludentes de nexo de causalidade, como 
o caso fortuito, a força maior, a culpa exclusiva da vítima e a culpa por fato de 
terceiro; e, fi nalmente, as causas excludentes de indenização, as quais são 
cláusulas contratuais, que eximem o infrator contratual da obrigação de indenizar 
o contratante prejudicado. 
Verifi cada alguma dessas hipóteses, via de regra, o agente estará isento da 
obrigação de indenizar a vítima ou,sendo o caso, deverá suportar a condenação, 
sendo-lhe reservado o direito de regresso contra o verdadeiro responsável. 
56
 RESPONSABILIDADE CIVIL
a) Causas excludentes de ilicitude
O artigo 188, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), enumera três 
circunstâncias que fazem com que o ato danoso deixe de ser considerado ilícito – 
contrário à lei – ou que quebre a conhecida expectativa de conduta de não lesar 
outrem: a legítima defesa, o exercício regular de um direito reconhecido e o 
estado de necessidade, conforme vemos a seguir:
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de 
um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a 
pessoa, a fi m de remover perigo iminente.
A partir deles, conforme o caso, o agente até poderá responder, mas terá 
direito de regresso contra o real responsável.
• Legítima Defesa
 
A primeira das circunstâncias excludentes de ilicitude, a legítima defesa, 
está prevista no supracitado artigo 188, inciso I, do Código Civil (BRASIL, 2002).
Por economia de tempo, façamos alusão analógica da legítima defesa 
enquanto excludente de ilicitude do fato no âmbito penal, importando seu conceito 
do artigo 25, do Código Penal (BRASIL, 1940, s.p.), que diz: “art. 25. Entende-se 
em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.
Assim, a legítima defesa ocorrerá quando o agente, usando moderadamente 
e proporcionalmente dos meios necessários que dispõe, repele injusta 
agressão, atual ou iminente, contra direito seu ou de outrem (vida, propriedade 
e até mesmo da honra, essa última bastante polêmica). Sérgio Cavalieri Filho 
(2010, p. 20), por sinal, também correlaciona a legítima defesa da esfera civil com 
a penal:
A legítima defesa de que aqui se trata, é aquela mesma defi nida 
no art. 25 do Código Penal. O agente, usando moderadamente 
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou 
iminente, a direito seu ou de outrem. Ninguém pode fazer 
justiça pelas próprias mãos, essa é a regra básica. Em certos 
casos, entretanto, não é possível esperar pela justiça estatal. 
O agente se vê em face de agressão injusta, atual ou iminente, 
de sorte que, se não reagir, sofrerá dano injusto, quando, 
então a legítima defesa faz lícito o ato, excluindo a obrigação 
de indenizar o ofendido pelo que vier a sofrer em virtude da 
repulsa à sua agressão.
57
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
Como se vê, para a caracterização dessa excludente de ilicitude, é necessária 
a presença dos seguintes requisitos: 
a) que haja uma agressão atual ou iminente – anote: vingança não é 
legítima defesa; 
b) que os meios empregados sejam proporcionais à agressão – não vale 
tiro para repelir tapa na cara; 
c) que a agressão ou ameaça de agressão seja injusta – se a agressão 
do outro se tratar do exercício regular de um direito, por exemplo, não é 
caso de legítima defesa.
Fugindo-se dessas hipóteses – sendo o revide desproporcional, a 
agressão não ser iminente ou sendo ela justa –, preenchidos os elementos 
da responsabilidade (ato, dano, nexo causal e culpa), será hipótese de 
responsabilização.
Existe ainda um quarto elemento, subjetivo, que é o animus defendendi, 
o qual é a consciência do agente, que atua na condição de quem esteja se 
defendendo de uma agressão injusta.
Importante consignar que, apenas constituirá causa efi caz de exclusão 
da responsabilidade, nos termos da lei, quando o autor da agressão for o próprio 
lesado, ou seja, quando for o agredido quem provocou a situação repelida. Sendo 
um terceiro o ofendido, caberá a responsabilidade ao agressor, com direito de 
regresso contra o responsável. 
Por exemplo, com o propósito de defender sua mãe da iminência de uma 
agressão por parte de Antônio, Paulo acaba quebrando o muro da casa de 
Pedro. Nesse caso, ainda que tenha agido em legítima defesa de terceiro, Paulo 
terá que indenizar Pedro pelos danos causados em seu muro, cabendo regresso 
contra Antônio. 
O jurista alemão Claus Roxin (1997, p. 611, tradução do autor) traz o 
entendimento – aceito, inclusive nos tribunais brasileiros – que só se admite 
legítima defesa para repelir conduta humana, mas nunca de animal, hipótese em 
que se confi guraria, se muito, estado de necessidade: 
Da limitação da agressão ao comportamento humano, pode-
se inferir, em primeiro lugar, que os ataques de animais 
não podem ser tratados de acordo com o §32 [legítima 
defesa], mas apenas até o ponto do § 228 BGB [estado de 
necessidade].
58
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Atividade de Estudos:
1) Aproveitando a menção ao próprio Claus Roxin, pesquise: admite-
se legítima defesa quando o agressor é uma pessoa jurídica? 
Crie uma hipótese e defenda sua tese.
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Ainda sobre a legítima defesa, existe também a chamada legítima defesa 
putativa, que é quando o autor pratica determinado ato de rechaça a uma 
agressão que não existe, imaginária, por exemplo: alguém agredir um homem 
para defender uma mulher, em meio a uma briga que estava sendo encenada. 
Nesse caso, o ‘agir em legítima defesa’ gerará apenas o reconhecimento de 
uma causa excludente da culpabilidade na esfera penal, porém, não desobriga 
o ofensor no âmbito civil, podendo a vítima buscar a reparação pelos danos 
sofridos. Em resumo, a legítima defesa putativa pode até excluir a penal, mas não 
exclui a responsabilidade civil.
• Exercício regular do direito reconhecido
Também previsto no art. 188, inciso I, do Código Civil (BRASIL, 2002), o 
exercício regular do direito reconhecido constitui uma das causas excludentes 
de ilicitude.
O exercício regular do direito é a realização de uma faculdade ou de 
um direito subjetivo, por parte do agente, de acordo com as respectivas 
normas jurídicas. Melhor dizendo, é a prática de determinado ato por 
alguém que está autorizado a esse comportamento, aprovado ou 
legitimado por lei.
Se o agente, portanto, pratica determinado ato dentro das 
prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe autoriza não será 
Se o agente pratica 
determinado 
ato dentro das 
prerrogativas que 
o ordenamento 
jurídico lhe 
autoriza não será 
caracterizado um 
ato ilícito.
59
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
caracterizado um ato ilícito. Por exemplo, ao indicar um título vencido e 
impago a protesto, se há dívida previamente constituída e não paga, constitui 
exercício regular de direito a inscrição do nome da devedora nos serviços de 
restrição ao crédito.
O Superior Tribunal de Justiça (BRASIL, 2013, s.p.), por exemplo, já se 
manifestou no sentido de que “[...] a conduta de quem denuncia à autoridade 
policial atitude suspeita ou prática criminosa, constitui exercício regular de um 
direito, ainda que não reste comprovada a autoria ou a materialidade”.
É claro que essa regra não é absoluta: o exercício desse direito deve ser 
proporcional e sem excessos ou abusos.
O próprio Código Civil de 2002 (BRASIL, 2002, s.p.), em seu art. 187, diz: 
“também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fi m econômico ou social, pela boa-
fé ou pelos bons costumes” e, antes dele, o Código de Defesa do Consumidor 
(BRASIL, 1990, s.p.) já dizia, em seus artigos 42 e 71, que “na cobrança de 
débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será 
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”e que “utilizar, na 
cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, 
afi rmações falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento 
que exponha o consumidor, injustifi cadamente, a ridículo ou interfi ra com 
seu trabalho, descanso ou lazer”, incluindo a teoria da proibição do abuso 
do direito, justamente para coibir os excessos e, nessas circunstâncias, 
responsabilizar o agente. Sobre o abuso do direito, Caio Mário da Silva Pereira 
(2007, p. 673) esclarece que:
Não se pode, na atualidade, admitir que o indivíduo conduza a 
utilização de seu direito até o ponto de transformá-lo em causa 
de prejuízo alheio. Não é que o exercício do direito, feito com 
toda regularidade, não seja razão de um mal a outrem. Às vezes 
é, e mesmo com frequência. Não será inócua a ação de cobrança 
de uma dívida, o protesto de um título cambial, o interdito 
possessório que desaloja da gleba um ocupante. Em todos 
esses casos, o exercício do direito, regular, normal, é gerador de 
um dano, mas nem por isso deixa de ser lícito o comportamento 
do titular, além de moralmente defensável. Não pode, portanto, 
caracterizar o abuso de direito no fato de seu exercício causar 
eventualmente um dano ou motivá-lo normalmente, porque o 
dano pode ser o resultado inevitável do exercício, a tal ponto 
que este se esvaziaria de conteúdo se a sua utilização tivesse 
de fazer-se dentro do critério da inocuidade.
Submeter o devedor à cobrança vexatória – ligações insistentes em seu 
local de trabalho, recados pelo chefe, textos no Facebook contra o caloteiro etc. 
– pode ser considerado abuso de direito.
60
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Assim, agindo o titular no exercício regular – proporcional e sem abusos – 
do seu direito reconhecido, não haverá que se falar em ilicitude do ato e, por 
conseguinte, em responsabilidade civil. 
• Estado de necessidade
O estado de necessidade também está previsto – de maneira não tão 
explícita – no art. 188, inciso II, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.): “Não 
constituem atos ilícitos: [...] a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a 
lesão a pessoa, a fi m de remover perigo iminente”. A necessidade, no caso, é a 
remoção do perigo iminente.
O conceito do art. 24, do Código Penal (BRASIL, 1940, s.p.), apresenta o 
estado de necessidade como uma das causas excludentes de ilicitude do fato 
criminoso: “considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para 
salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro 
modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era 
razoável exigir-se”.
Lembra da ameaça feita por um animal? É hipótese de estado de 
necessidade – e não de legítima defesa – como ensina Rui Stocco (1997, p. 75):
No estado de necessidade, não se confi gura uma agressão, 
porém desenha-se uma situação fática, em que o indivíduo 
vê uma coisa sua na iminência de sofrer um dano. A fi m de 
removê-lo ou evitá-lo, sacrifi ca a coisa alheia. Embora as 
situações [entre estado de necessidade e legítima defesa] se 
distingam, há uma similitude antológica, no dano causado a 
outrem, para preservação de seus próprios bens. 
Se não resta alternativa ao agente senão causar algum dano 
a outrem para salvar a si ou a terceiro de perigo iminente que não 
provocou, é caso de estado de necessidade e, portanto, estará 
descaracterizada a ilicitude do ato. 
Note e anote: se ele provocou o perigo, não mais se tratará de 
estado de necessidade e, logo, responderá!
O art. 188, II, do Código Civil (BRASIL, 2002) exclui a ilicitude do ato praticado 
em estado de necessidade para, setecentos e poucos artigos depois, os artigos 
929 e 930, do mesmo Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), preverem que o lesado 
poderá buscar a indenização ao causador direto do dano, assegurando o direito 
de regresso em face do verdadeiro responsável:
Se não resta 
alternativa ao 
agente senão 
causar algum dano 
a outrem para salvar 
a si ou a terceiro 
de perigo iminente 
que não provocou, 
é caso de estado de 
necessidade.
61
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do 
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-
lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer 
por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação 
regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao 
lesado.
Quer dizer, então, que a mesma lei que diz que o ato não é ilícito, é a mesma 
lei que manda o agente indenizar? Isso mesmo, conforme explica Sílvio de Salvo 
Venosa (2011, p. 210-211):
Embora a lei declare que a ação sob estado de necessidade 
não tipifi ca um ato ilícito, nem por isso deixa de sujeitar o autor 
do dano a sua reparação. Nos termos do parágrafo único, do 
art. 930, deste Código, tanto no caso de estado de necessidade, 
como no caso de legítima defesa, quando o prejudicado não é 
o ofensor, mas terceiro, o dever de indenizar mantém-se.
Apenas para corroborar o que dizem lei e doutrina:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MORAIS E FÍSICOS DECORRENTES DE ACIDENTE DE 
TRÂNSITO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. 
INSURGÊNCIA DA PARTE RÉ. [...] . MANOBRA BRUSCA 
REALIZADA COM VISTAS A EVITAR COLISÃO TRASEIRA EM 
VEÍCULO PARADO SEM QUALQUER SINALIZAÇÃO. ATO 
PRATICADO EM ESTADO DE NECESSIDADE. SITUAÇÃO 
QUE EMBORA NÃO SEJA ILÍCITA, NÃO EXIME O 
CAUSADOR DIRETO DO DANO DO DEVER DE INDENIZAR, 
RESSALVADO O DIREITO DE REGRESSO AO TERCEIRO 
CULPADO. ARTS. 188, INCISO II, 929 E 930 DO CÓDIGO CIVIL. 
PREFACIAL AFASTADA. LESÕES FÍSICAS DECORRENTES 
DO ACIDENTE DE TRÂNSITO. FRATURA DE MEMBRO 
INFERIOR COM NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO 
CIRÚRGICA. OFENSA AO DIREITO DA PERSONALIDADE À 
INTEGRIDADE FÍSICA. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO 
MORAL CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO 
CONHECIDO E DESPROVIDO. "Os danos morais decorrentes 
de lesões advindas de ilícito civil estão matizados no sofrimento, 
dores físicas, risco de vida, angústias, dúvidas, incertezas 
e demais situações afl itivas indescritíveis experimentadas 
injustamente pelas vítimas de acidente de trânsito” (SANTA 
CATARINA, 2017, grifo do autor).
Portanto, esse pedido de regresso, contra o terceiro culpado, poderá ser 
feito mediante denunciação à lide – conforme o artigo 125, inciso I, do Código de 
Processo Penal) ou através de ação autônoma.
62
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Você talvez conheça o famoso dilema ético, sugerido pelo 
fi lósofo político e importante professor da Universidade de 
Harvard, Michael Sandel, que propõe a hipótese de alguém, com 
a possibilidade de salvar a vida de cinco trabalhadores, que estão 
na iminência de serem atropelados por um trem desgovernado, 
puxar uma alavanca, desviando seu rumo e acabar matando um 
trabalhador, que não estava na linha de choque. Seria uma hipótese 
de excludente de responsabilidade por estado de necessidade? 
Teria o herói que salvou cinco pessoas que responder pela morte 
daquele infeliz? Assista ao vídeo no link: <https://www.youtube.com/
watch?v=smORkkuePm0>.
• Estrito cumprimento do dever legal
Outra causa de excludente de ilicitude, embora não prevista de forma 
explícita na lei civil – porém, equipara-se ao exercício regular do direito no art. 23, 
do Código Penal (BRASIL, 1940) –, o estrito cumprimento do dever legal refere-
se à prática de ato comissivo por agente público contra terceiro, no desempenho 
de uma obrigação imposta por lei.
Por força do princípio da legalidade na administração pública – conforme o 
artigo 37, § 6.º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) – , segundo o qual, o 
agente público só poderá agir dentro daquilo que é previsto e autorizado por lei, 
o estrito cumprimento do dever legal é uma causa de excludente de ilicitude a 
ser considerada quando se apura a responsabilidade do Estado, que, como visto, 
responderá “[...] pelos danos que seus agentes,nessa qualidade, causarem a 
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de 
dolo ou culpa” (BRASIL, 1988, s.p.).
Isso quer dizer que se o agente público, no cumprimento 
proporcional e sem excessos de seu dever legal, gera danos a outrem, 
ele não será responsabilizado. O Estado, no entanto, poderá ser 
responsabilizado, conforme já visto anteriormente, ao comentarmos 
sobre a corrente que admite a possibilidade do Estado responder por 
danos decorrentes, inclusive, de atos considerados lícitos (lembra 
dela?). Nesse caso, contudo, não caberá regresso do Estado contra o 
agente público. 
Se o agente público, 
no cumprimento 
proporcional e sem 
excessos de seu 
dever legal, gera 
danos a outrem, 
ele não será 
responsabilizado.
63
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
Numa ação policial, por exemplo, o Poder Público não será responsabilizado 
pelos danos causados ao particular, caso evidenciada a prática de ato do agente 
no exercício de sua função de prestar segurança pública. Para ilustrar: 
ADMINISTRATIVO - RESPONSABILIDADE CIVIL - 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS - ACIDENTE 
TRÂNSITO - VIATURA POLICIAL - COLISÃO COM VEÍCULO 
DE PARTICULAR NO MOMENTO EM QUE A GUARNIÇÃO 
FAZIA PERSEGUIÇÃO A TERCEIROS - CONDUTOR EM 
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL - AUSÊNCIA 
DE PROVA DE EXCESSO DOLOSO OU CULPOSO DO 
POLICIAL MILITAR CONDUTOR DO AUTOMÓVEL DO 
ESTADO [...] Não pratica qualquer ato ilícito indenizável o 
agente de segurança pública que se envolve em acidente de 
trânsito durante ocorrência policial, quando não há prova de 
que tenha agido com excesso doloso ou culposo no estrito 
cumprimento do seu dever legal (art. 188, inciso I, do Código 
Civil de 2002)” (SANTA CATARINA, 2008, s.p.).
Restando, porém, provado que o agente cometeu algum abuso 
ou excesso, ou que agiu de forma imprudente ou negligente, ainda 
que no cumprimento do dever legal, responderá objetivamente o 
Estado pelos danos causados, cabendo ação regressa contra o 
agente público, afi nal, a teor do disposto pelo artigo 43, do Código 
Civil (BRASIL, 2002, s.p.): “As pessoas jurídicas de direito público 
interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes 
que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito 
regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte 
destes, culpa ou dolo”.
O agente cometeu 
algum abuso ou 
excesso, ou que 
agiu de forma 
imprudente ou 
negligente, ainda 
que no cumprimento 
do dever legal, 
responderá 
objetivamente o 
Estado pelos danos 
causados, cabendo 
ação regressa 
contra o agente 
público.
Faça uma breve pesquisa jurisprudencial e verifi que a atual 
posição dos tribunais brasileiros sobre a eventual responsabilidade 
do Estado pela utilização de algemas por parte da polícia, sem que 
o preso ofereça ameaça ou, se preferir um tema mais recente, se há 
excesso na condução coercitiva de simples investigados à presença 
de autoridade policial.
64
 RESPONSABILIDADE CIVIL
b) Causas excludentes de nexo de causalidade (e, por conseguinte, de 
responsabilidade)
Conforme já visto no capítulo anterior, existem hipóteses em que a 
responsabilidade é derruída quando desparece o nexo de causalidade entre o ato 
do agente e o dano experimentado pela vítima. São os casos de culpa exclusiva 
da vítima, de caso fortuito e força maior ou por fato de terceiro. 
• Culpa exclusiva da vítima
A excludente de responsabilidade culpa exclusiva da vítima, não está 
presente no art. 188, do Código Civil (BRASIL, 2002), mas sua admissão decorre 
de construção doutrinária e jurisprudencial – até por ser um corolário da culpa 
concorrente da vítima, conforme o art. 945, do Código Civil (BRASIL, 2002) – bem 
como da aplicação analógica da legislação extravagante, como, por exemplo, o 
art. 17, inciso II, do Decreto 2.681/1912, que regula a responsabilidade civil das 
estradas de ferro.
Outros dispositivos legais, que tratam da isenção de responsabilidade por 
culpa exclusiva da vítima são: 
 − o artigo 12, § 3.º, III do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990, 
s.p.), que afi rma: “[...] § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou 
importador só não será responsabilizado quando provar: [...] III - a culpa 
exclusiva do consumidor ou de terceiro”, 
 − e o artigo 14, § 3.º, II, do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 
1990, s.p.), que diz: “[...] § 3° O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: [...] II - a culpa exclusiva do consumidor 
ou de terceiro”.
Assim, se o dano ocorreu como resultado exclusivo da conduta da vítima, 
consequentemente haverá quebra do nexo causal com o ato do agente, afi nal, 
será por culpa da vítima, e não do pretenso agente, que ocorreu o dano. 
Assim se revela a importância de verifi carmos se estamos diante da culpa 
concorrente ou culpa exclusiva da vítima. 
No primeiro caso, a vítima apenas contribuiu para o desfecho do evento, 
como, por exemplo: atravessou a rua fora da faixa de pedestre, estava em 
excesso de velocidade, paciente que não cumpriu as orientações médicas etc. 
Portanto, o valor da indenização será redimensionado, consoante o art. 945, do 
Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), que determina que: “se a vítima tiver concorrido 
65
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fi xada 
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a 
do autor do dano”. Isso quer dizer que o juiz deverá, no momento 
em que for defi nir a extensão da indenização, considerar o grau de 
culpabilidade (o quanto ela contribuiu) da vítima na dinâmica do evento 
e, por consequência, no resultado danoso.
Vejamos o seguinte caso, do Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina (SANTA CATARINA, 2010, s.p.):
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO 
POR MORTE. AFOGAMENTO. FESTA DE 
CARNAVAL. PISCINA DE CLUBE. RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA. EMBRIAGUEZ DA VÍTIMA. ATO VOLUNTÁRIO. 
ARTIGO 14 DO CÓDIGO CONSUMERISTA. CULPA 
CONCORRENTE CARACTERIZADA. REDUÇÃO DAS 
VERBAS INDENIZATÓRIAS. DANOS MORAIS. PENSÃO 
MENSAL. CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL. SENTENÇA 
REFORMADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 
É objetiva, pelo fato do serviço, a responsabilidade civil do 
clube que, habitualmente, promove festas e aufere lucro 
com tal atividade, respondendo pelos danos causados aos 
seus frequentadores, independentemente de culpa, a não 
ser que comprovado o advento da força maior, caso fortuito, 
ou culpa exclusiva da vítima, na forma prevista pelo caput do 
artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. O clube que 
realiza evento festivo de grande porte, com a venda de 
bebidas alcóolicas e o uso liberado de sua piscina, sem 
disponibilizar a segurança necessária, responde pelos 
danos decorrentes da morte por afogamento de um dos 
seus frequentadores. Em contrapartida, atenua-se a sua 
responsabilidade quando a conduta da vítima, embora não 
tenha sido a causa determinante do acidente, contribua, 
sobremaneira, para a sua ocorrência. Reconhecida a 
concorrência de culpas, as verbas indenizatórias, tanto na 
esfera moral quanto material, serão reduzidas à metade. 
"No que se refere ao dano material, a orientação do STJ está 
consolidada no sentido de fi xar a indenização por morte de 
fi lho menor, com pensão de 2/3 do salário percebido (ou o 
salário mínimo caso não exerça trabalho remunerado) até 25 
(vinte e cinco) anos, e a partir daí, reduzida para 1/3 do salário 
até a idade em que a vítima completaria 65 (sessenta e cinco) 
anos" (STJ, REsp n. 1.101.213/RJ, rel. Min. Castro Meira, j. 
em 2-4-2009). "Em ação de indenização, procedente o pedido, 
é necessária a constituição de capital ou caução fi dejussória 
para a garantia de pagamento da pensão, independentemente 
da situação fi nanceira do demandado" (Súmula 313 do STJ).
Aqui, o Tribunal entendeu que houve culpa concorrente das partes, 
considerando isso no momento de fi xar o valor da indenização,ponderando que 
o hóspede teria contribuído para o acidente, ao se atirar embriagado na piscina, 
O juiz deverá, no 
momento em que for 
defi nir a extensão 
da indenização, 
considerar o grau 
de culpabilidade 
(o quanto ela 
contribuiu) da 
vítima na dinâmica 
do evento e, por 
consequência, no 
resultado danoso.
66
 RESPONSABILIDADE CIVIL
enquanto o clube, que não apenas explorava festas com venda de bebida 
alcóolica à beira da piscina (teoria do risco proveito), não disponibilizou segurança 
mínima necessária aos frequentadores no local.
O segundo caso, culpa exclusiva da vítima, ocorre quando a vítima é a 
única responsável pelo trágico desfecho, hipótese em que não haverá nenhuma 
responsabilidade. Por exemplo: o pedestre que se joga na frente de um carro, 
um surfi sta ferroviário, o paciente que conscientemente omite informação 
relevantíssima para o médico, que infl uencia no resultado negativo do tratamento 
etc. Apenas para ilustrar:
RESPONSABILIDADE CIVIL. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. 
Não deve ser responsabilizada a Companhia Paulista de 
Trens Metropolitanos CPTM na hipótese em que transeunte, 
a despeito de expressamente advertido do perigo de assim se 
portar, decide por continuar na linha férrea. Culpa exclusiva 
da vítima. Sentença de improcedência mantida. Recurso 
desprovido (SÃO PAULO, 2014, s.p.).
A culpa exclusiva da vítima, portanto, é causa excludente de nexo de
causalidade.
• Fato de terceiro
O agente, da mesma forma, estará isento de responsabilidade se o dano 
decorrer do comportamento voluntário de um terceiro, de modo a não se poder 
imputar ao agente físico (direto) do dano a responsabilidade pelo que ocorreu.
Por exemplo, se um motorista atropela alguém atirado por terceiro no meio 
da rua. A questão será que: 
“[...] para o fato de terceiro ser aceito como excludente da 
responsabilidade civil, é necessário verifi car se o terceiro foi 
o causador exclusivo ou se apenas concorreu para o dano 
sofrido, isto é, que o fato praticado por terceiro era inevitável 
e imprevisível, a fi m de eliminar o nexo causal entre a conduta 
do agente e o dano” (DISTRITO FEDERAL, 2015, s.p.).
No caso do motorista, se restar provado que ele estava em 
velocidade acima da permitida para a via e que esta velocidade o 
impediu de frenar a tempo sufi ciente para evitar o atropelamento, não 
haverá exclusão de sua responsabilidade.
Vale o destaque que, como visto no julgado do tribunal transcrito 
acima, admitir-se-á a exclusão da responsabilidade por fato de terceiro 
Admitir-se-á 
a exclusão da 
responsabilidade 
por fato de 
terceiro apenas 
na hipótese deste 
fato de terceiro 
ser imprevisível e 
inevitável.
67
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
apenas na hipótese deste fato de terceiro ser imprevisível e inevitável. Do 
contrário, se esperável e previnível pelo agente, ele responderá, ainda que, caiba 
regresso contra o terceiro responsável.
• Caso fortuito e força maior
O artigo 393, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.) traz que: “o devedor 
não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se 
expressamente não se houver por eles responsabilizado”. E este caso fortuito 
ou de força maior, arremata o parágrafo único do mesmo artigo (BRASIL, 2002, 
s.p.): “verifi ca-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou 
impedir”. Olha aí a imprevisibilidade e a inevitabilidade, gente!
Constitui causa excludente da responsabilidade civil o evento inesperável e 
imprevinível, por força do rompimento do nexo de causalidade. Segundo discerne 
Sergio Cavalieri Filho (2010, p. 68):
[...] estaremos em face do caso fortuito quando se tratar 
de evento imprevisível e, por isso, inevitável; se o evento for 
inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior 
às forças do agente, como normalmente são os fatos da 
Natureza, como as tempestades, enchentes etc., estaremos 
em face da força maior, como o próprio nome diz. É a act of 
God, no dizer dos ingleses, em relação ao qual o agente nada 
pode fazer para evitá-lo, ainda que previsível.
Para a ocorrência de caso fortuito, é necessário o requisito da imprevisibilidade 
e, por conta da imprevisibilidade, inevitável. Já para a força maior, ainda que o 
evento seja previsível, ele é inevitável por força maior do agente.
Nada como um bom exemplo: Maria reclama danos decorrentes do 
escoamento de uma grande quantidade de água represada no imóvel vizinho, 
pertencente à Laura, em razão do rompimento do muro divisório dos imóveis. 
Se Laura conseguir provar que a queda do muro se deu em decorrência de 
um temporal no dia dos fatos, que causou inundações por toda a região da 
precipitação, estaremos diante de caso fortuito, afi nal, danos que decorrem de 
um fenômeno da natureza, via de regra, não são previsíveis, nem evitáveis.
Um exemplo de força maior é o caso do caminhão transportador ser 
assaltado por homens armados, obrigando o motorista à abandoná-lo, levando-o 
com a carga embora, verifi cando-se a inevitabilidade na perda da carga. No 
entanto, para a caracterização da força maior, necessário se faz verifi car ainda 
o elemento culpa: se, de alguma forma o agente contribuiu, por imperícia, 
negligência ou imprudência, para o dano. Voltando ao caso do roubo do caminhão, 
68
 RESPONSABILIDADE CIVIL
estaria confi gurada se o motorista se expôs ao perigo parando o caminhão em um 
bar, em local ermo ou deserto.
Para todos os efeitos, fato fortuito e força maior são análogos 
pelos seus efeitos jurídicos, assemelhando-se, como se viu, na 
inevitabilidade.
Para exemplifi car, nossos tribunais têm se debruçado sobre 
a possibilidade de alegação de caso fortuito em acidente de trânsito 
decorrente de aquaplanagem. O entendimento majoritário é de que, 
embora inevitável, a perigosa condição da pista após fortes chuvas é previsível, 
sendo afastada a alegação.
Se você estiver a fi m de se aprofundar, poderá estudar e descobrir que a 
doutrina e a jurisprudência já estão falando em caso fortuito interno e caso 
fortuito externo, especialmente para apurar a responsabilidade de fornecedores/
prestadores de serviço nas relações de consumo. 
O primeiro, via de regra, não afasta a responsabilidade porque está atrelado 
ao risco da atividade. Os danos decorrentes do atraso de voo (perda de conexão 
internacional, perda de compromissos etc.) por conta de chuvas torrenciais ou forte 
nevoeiro, por exemplo. Os fenômenos climáticos, apesar de serem fatos inevitáveis, 
são previsíveis e inerentes ao risco da atividade da empresa aérea, a qual sabe que 
precisa transportar seus passageiros e assume o risco das intempéries do tempo 
para o desenvolvimento de sua atividade. É o caso fortuito interno. 
Já o caso fortuito externo é imprevisível, inclusive para o fornecedor, 
afastando, assim, a sua responsabilidade civil, já que não está vinculado ao risco 
da sua atividade. 
Segundo explica Sérgio Cavalieri Filho (2010, p. 318): "é também fato 
imprevisível e inevitável, mas estranho à organização do negócio. É o fato que 
não guarda nenhuma ligação com a empresa, como fenômenos da natureza - 
tempestades, enchentes etc. Duas são, portanto, as características do fortuito 
externo: autonomia em relação aos riscos da empresa e inevitabilidade, [...]".
Por exemplo: o assalto a um cliente dentro de determinado posto de 
combustível. Ora, a ocorrência de delito a clientes de tal estabelecimento não 
traduz evento inserido no âmbito da prestação específi ca do comerciante. O 
posto, portanto, não irá responder.
Você deve estar se perguntando: não seria este um exemplo de força maior – 
e não de caso fortuito? Você está certo!
Fato fortuito e 
força maior são 
análogos pelos seus 
efeitos jurídicos, 
assemelhando-se, 
como se viu, na 
inevitabilidade.
69
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
Como atentou o Ministro Luis Felipe Salomão (BRASIL, 2012, s.p.), 
no RecursoEspecial nº 976.564/SP: “[...] a força maior deve ser entendida, 
atualmente, como espécie do gênero fortuito externo, do qual faz parte também a 
culpa exclusiva de terceiros, os quais se contrapõem ao chamado fortuito interno”.
c) Causa excludente de obrigação de indenizar
Exoneração convencional do dever de reparar o dano, a chamada cláusula 
excludente da responsabilidade de indenizar, ou cláusula de não indenizar, 
é, como o próprio nome já diz, uma das causas excludentes da obrigação de 
indenizar prevista em contrato. Segundo conceitua Venosa (2014, p. 74):
Trata-se, pois, da cláusula pela qual uma das partes contratantes 
declara que não será responsável por danos emergentes do 
contrato, seu inadimplemento total ou parcial. Essa cláusula 
tem por função alterar o sistema de riscos no contrato. Trata-se 
da exoneração convencional do dever de reparar o dano.
As partes podem livremente pactuar em um contrato que eventual 
descumprimento de determinada(s) cláusula(s), ainda que gere danos emergentes 
à parte contrária, não gerará direito à indenização ao lesado. No entanto, não se 
trata de uma regra absoluta.
Primeiro que essa isenção de responsabilidade se limita, apenas, 
à responsabilidade contratual, ou seja, não abrange a extracontratual 
(aquiliana), pois, nessa última, a responsabilidade decorre da violação 
de disposição de lei, e não de contrato, e, portanto, envolve ordem 
pública.
Segundo o art. 734, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), é vedada 
a cláusula nos contratos de transporte, nos quais o transportador responde pelos 
danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de 
força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. O que 
é corroborado pela Súmula 161, do Supremo Tribunal Federal, que estabelece 
que em contrato de transporte, é inoperante a cláusula de não indenizar.
Os artigos 24, 25, caput, e 51, I, do Código de Defesa do Consumidor 
(BRASIL, 1940, s.p.) consideram abusiva a cláusula de não indenizar e vedam 
nos contratos de relação de consumo:
 Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço 
independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual 
do fornecedor.
Que essa isenção 
de responsabilidade 
se limita, apenas, 
à responsabilidade 
contratual, ou 
seja, não abrange 
a extracontratual 
(aquiliana).
70
 RESPONSABILIDADE CIVIL
A rt. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que 
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar 
prevista nesta e nas seções anteriores.
A rt. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas 
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços 
que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade 
do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos 
e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. 
Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor 
pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em 
situações justifi cáveis.
Da mesma forma, a teor do art. 424, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.): 
“Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia 
antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio”, a cláusula de 
não indenizar é nula nos contratos de adesão.
Ainda sobre a cláusula de não indenizar, três situações merecem destaque:
Nossos tribunais têm entendido que nos contratos de seguro, as cláusulas 
excludentes da responsabilidade de indenizar devem ser interpretadas de forma 
restritiva, em benefício do segurado, conforme afi rma o Tribunal de Justiça 
do Distrito Federal (DISTRITO FEDERAL, 2006, s.p.): “[...] tendo em conta, 
especialmente, o fato de que, em contratos de seguro, o risco é assumido pela 
seguradora, restando ao segurado o ônus de pagar por um serviço que pode vir a 
não ser necessário”, até mesmo, porque, se trata de direito resultante da própria 
natureza do negócio.
Considerando que deve prevalecer a vontade dos condôminos sobre o dever 
do condomínio de indenizar ou não o condômino por subtração de coisas no 
âmbito das dependências físicas do prédio, o Superior Tribunal de Justiça tem 
aceitado a cláusula de não indenizar, desde que expressamente prevista em 
convenção de condomínio.
Os famosos avisos nos estacionamentos de que ‘não nos responsabilizamos 
por objetos deixados no interior do veículo’, que, confi guram-se como cláusula 
unilateral de não indenizar, sendo juridicamente inválido, seja em estacionamentos 
cobrados ou gratuitos, tratando-se, assim, de risco da empresa. No entanto, o 
desafi o do lesado é comprovar a extensão do dano, não sendo sufi ciente para 
comprovação da quantidade de objetos que se encontravam no interior do veículo 
a relação de bens feitas no B.O.
71
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
AlGumas Considerações
Como vimos, existem determinadas circunstâncias dentro da dinâmica dos 
fatos que, em tese, ensejam a responsabilização, mas que são consideradas 
excludentes de ilicitude ou de nexo de casualidade, isentando o agente do dever 
de ressarcir os prejuízos por ele causados. É, assim, imprescindível que tenha 
fi cado bastante claro para você:
• que dentre as causas excludentes de ilicitude, a lei prevê a legítima 
defesa, o exercício regular de um direito reconhecido e o estado de 
necessidade;
• que a legítima defesa somente será admitida quando o agente, usando 
moderadamente e proporcionalmente dos meios necessários que 
dispõe, repele injusta agressão, atual ou iminente, contra direito seu ou 
de outrem;
• que, outra causa excludente de ilicitude, o exercício regular do direito 
é a prática de determinado ato por alguém que está autorizado a esse 
comportamento aprovado ou legitimado por lei;
• que se considera estado de necessidade quem pratica o fato que gera o 
dano para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem 
podia de outro modo evitar, por direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, 
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se;
• que, ainda que não expressamente previsto na legislação civil como 
causa excludente de responsabilidade, o estrito cumprimento do dever 
legal refere-se à prática de ato comissivo por agente público contra 
terceiro no desempenho de uma obrigação imposta por lei;
• que o agente estará isento de responsabilidade, ou esta será relativizada, 
em casos de culpa concorrente ou culpa exclusiva da vítima;
• que, outra espécie de causa excludente de nexo de causalidade, admitir-
se-á a exclusão da responsabilidade por fato de terceiro apenas na 
hipótese desse fato de terceiro ser imprevisível e inevitável;
• que, constitui causa excludente da responsabilidade civil o evento 
inesperável e imprevinível, por força do rompimento do nexo de 
causalidade – sendo considerado caso fortuito aquele imprevisível e 
inevitável e força maior o fato, ainda que eventualmente previsível, 
inevitável por força maior que a do agente;
72
 RESPONSABILIDADE CIVIL
• que, conforme haja ou não relação com o risco da atividade, o caso 
fortuito poderá ser interno ou externo. Para o primeiro, é quando o fato 
está vinculado à atividade econômica explorada. Já o segundo ocorre 
quando o evento não tem qualquer relação com a atividade;
• Por fi m, haverá exclusão de responsabilidade quando, na relação 
contratual, as partes maiores e capazes versando sobre direito 
disponível, estabelecerem cláusula em que uma das partes contratantes 
declara que não será responsável por danos emergentes do contrato, 
seu inadimplemento total ou parcial.
Agora, partiremos para o Capítulo 4, o derradeiro, em que estudaremos a 
responsabilidade civil em espécie.
ReFerÊncias
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado 
Federal, 1988.
______. Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.
htm>. Acesso em: 7 jun. 2018.
______. Lei Federal n.º8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a 
proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 7 jun. 2018.
______. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/2002/L10406.htm>. 
Acesso em: 7 jun. 2018.
______. Superior Tribunal de Justiça. Responsabilidade Civil Objetiva - Exclusão. 
Recurso Especial nº 976.564. Relator Ministro Luis Felipe Salomão. Brasília, 23 
out. 2012. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/>. Acesso em: 7 jun. 2018.
______. Superior Tribunal De Justiça. Responsabilidade Civil. Agravo Regimental 
no Recurso Especial nº 1.127.545. Relator Ministro Antonio Carlos Ferreira. 
Brasília, 6 mar. 2013. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/>. Acesso em: 
7 jun. 2018.
73
CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE CIVIL Capítulo 3 
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São 
Paulo: Atlas, 2010. 
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Introdução ao direito civil: teoria geral do direito 
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74
 RESPONSABILIDADE CIVIL
STOCO, Rui. Responsabilidade civil e sua interpretação jurisprudencial: 
doutrina e jurisprudência. 3. ed. São Paulo: Revista dos tribunais, 1997.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Código civil Interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 
2011.
______. Direito civil: responsabilidade Civil. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
CAPÍTULO 4
Responsabilidade Civil em Espécie
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Relembrar a diferença e as repercussões da responsabilidade civil contratual e 
extracontratual (aquiliana), assim como recapitular as teorias da culpa.
 Saber as diferenças entre as obrigações de resultado e as obrigações de meio.
 Conhecer os dispositivos legais que versam sobre a responsabilidade civil nas 
relações de consumo.
 Entender os dispositivos legais e as orientações doutrinárias e jurisprudenciais 
sobre a responsabilidade civil do Estado, sejam elas de natureza contratual ou 
extracontratual.
 Conhecer a responsabilidade civil por fato de coisa ou animal e de fato de 
outrem.
 Entender os dispositivos legais, as orientações doutrinárias e jurisprudenciais 
sobre a responsabilidade civil contratual e extracontratual do construtor, da área 
médica, dos advogados, dos estacionamentos, dos contratos de transporte e 
dos serviços bancários.
 Compreender as relações obrigacionais extracontratuais que envolvem a 
responsabilidade civil automobilística.
76
 RESPONSABILIDADE CIVIL
77
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
ContextualiZaçÃo
Depois de termos estudado o conceito, a classifi cação, as características e 
as causas excludentes de responsabilidade, é hora de se debruçar sobre as suas 
várias modalidades ou espécies da responsabilidade civil.
 A relevância do estudo das espécies de responsabilidade civil é 
importante porque, conforme você perceberá, cada uma delas tem suas próprias 
especifi cidades. Conhecendo-as, você estará apto a buscar analogias das mais 
diversas espécies de responsabilidade diante de casos juridicamente novos, 
achando, assim, a solução pretendida. 
 Imagine, por exemplo, onde você buscaria elementos para montar sua 
tese jurídica no caso de um acidente, envolvendo um veículo autônomo que, 
pilotado por uma inteligência artifi cial, toma a decisão de se chocar contra um 
muro, ferindo seu passageiro, ao invés de atropelar um grupo de pessoas que 
atravessa a pista. De quem será a responsabilidade? Do proprietário do veículo? 
Do programador da Inteligência Artifi cial? Haverá possibilidade de discussão 
acerca de culpa ou dolo (elemento subjetivo) da máquina? Não seria uma hipótese 
de estado de necessidade? Ou de culpa de terceiro? 
O futuro bate em nossas portas, portanto, devemos estar preparados para 
manusear o direito e, assim, conseguir as soluções mais acertadas. No entanto, 
até lá, diariamente nos veremos às voltas com imagens íntimas vazando na 
internet, cartões clonados, gasolina adulterada, golpes cibernéticos, erros 
médicos, acidentes de trânsito, ataques de cães etc. 
No cruzar das infi nitas possibilidades de relações contratuais e 
extracontratuais do mundo moderno, os interesses se colidem e continuarão 
colidindo, surgindo danos a serem reparados. 
Considerando que vamos partir para o estudo da responsabilidade civil em 
espécie, é importante relembrar ou estabelecer algumas premissas fundamentais 
sobre a responsabilidade civil, que serão úteis para a compreensão dos tópicos a 
serem estudados no presente capítulo.
78
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade Civil Contratual x 
Extracontratual
Vamos começar recordando a diferença entre responsabilidade civil 
contratual, aquela que decorre do descumprimento de obrigações estabelecidas 
em um contrato previamente estabelecido entre as partes e que, por isso, 
acaba gerando prejuízo à parte contratante inocente, e responsabilidade civil 
extracontratual ou aquiliana, que é a inobservância de norma jurídica não 
contratual, ou do dever genérico de não lesar outrem, independentemente da 
existência de uma relação jurídica prévia entre a vítima e o causador do dano.
Perceber que se trata de uma relação contratual ou não é importante neste 
momento do estudo, para compreender que, além dos dispositivos explícitos e 
implícitos, decorrentes do princípio da boa-fé, a lei também cuida de obrigações 
elementares a determinadas espécies de relação contratual (por exemplo, 
nos contratos de transporte, de empreitada etc.), cujos danos decorrentes do 
descumprimento dessas obrigações merecerão ser indenizados, salvo se houver 
cláusula de não indenizar (quando a lei não o proibir).
Por outro lado, é possível o surgimento de obrigação de indenizar nas 
relações contratuais,porém de natureza aquiliana, quando, no desenrolar 
da relação obrigacional, alguma das partes gera prejuízos a terceiros que não 
participam da relação contratual, por exemplo: um tijolo que cai de um prédio em 
construção e machuca um transeunte.
Responsabilidade Civil ObJetiva x 
SubJetiva
Na responsabilidade civil subjetiva, o agente somente será responsabilizado 
se, além de evidenciados o ato ilícito, o dano e o nexo causal, restar provado que 
ele agiu com dolo (intenção de agir) ou com culpa (negligência, imprudência ou 
imperícia). Trata-se, como visto, da regra geral.
Já na responsabilidade civil objetiva, o agente será responsabilizado 
independentemente da prova da existência de culpa ou dolo. É a exceção, 
cabível apenas nos casos expressamente previstos em lei e quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco 
para os direitos de terceiro. 
79
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Obviamente que, em ambos os casos, por via de regra, o agente não 
responderá se restar demonstrada alguma das hipóteses de excludentes de 
ilicitude (legítima defesa, exercício regular de direito e estado de necessidade), de 
nexo de causalidade (culpa exclusiva de terceiro, culpa exclusiva da vítima, caso 
fortuito ou força maior) ou excludente da obrigação de indenizar (cláusula de não 
indenizar), que vimos no capítulo anterior.
ObriGaçÃo de Resultado x ObriGaçÃo 
de Meio
Embora a legislação brasileira não faça distinção das obrigações de meio e 
de resultado, é imprescindível compreendê-las porque tanto a doutrina, quanto a 
jurisprudência, as consideram no momento de aferir a responsabilidade decorrente 
da relação jurídica contratual existente entre as partes.
Isso quer dizer que a relevância da obrigação de meio ou de resultado limita-
se apenas à responsabilidade civil contratual? Sim!
Só irá importar saber se uma obrigação é de meio ou resultado, quando 
existir um contrato bilateral de obrigação de fazer ou de entregar e, por algum 
motivo, não se alcançou o objetivo contratado ou não se alcançou a contento.
Na obrigação de meio, o contratado não se compromete em entregar o 
resultado, mas em envidar o melhor de seus esforços e a empreender a melhor 
técnica possível (e esta é sua obrigação) para atingir o resultado pretendido. Nesse 
caso, ele só responderá se restar provado que o resultado não foi entregue por 
conta de sua desídia ou imperícia. Conforme a lição de Rui Stoco (2004, p. 480):
Signifi ca, também, que a sua obrigação é de meios, quando 
o profi ssional assume prestar um serviço ao qual dedicará 
atenção, cuidado e diligência exigidos pelas circunstâncias, de 
acordo com o seu título e com os recursos que dispõe e com o 
desenvolvimento atual da ciência, sem se comprometer com a 
obtenção de um certo resultado.
Já na obrigação de resultado, o contratado se compromete em entregar o 
resultado prometido e, se descumprir, responderá por isso.
A última premissa, indispensável ao estudo da responsabilidade civil em 
espécie, é o nosso Código de Defesa do Consumidor – CDC, uma das legislações 
consumeristas mais avançadas do mundo, que merece um subcapítulo à parte. 
Vamos a ele!
80
 RESPONSABILIDADE CIVIL
A Responsabilidade Civil nas 
Relações de Consumo
Os artigos 12 e 14, do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990), 
versam especifi camente sobre a responsabilidade civil do fabricante, produtor, 
construtor e fornecedor de serviços pelos danos causados aos consumidores por 
defeitos no produto ou na prestação dos serviços.
Outros dispositivos da mesma lei fortalecem essa rede de proteção do 
consumidor, que é, em tese, a parte hipossufi ciente na relação jurídica travada. 
Exemplos desses dispositivos, espalhados pelo Código de Defesa do Consumidor 
(BRASIL,1990), são os artigos 24, 25, caput, e 51, inciso I, que apontam como 
abusivas e, portanto, vedam cláusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem 
a responsabilidade civil do produtor/prestador de serviços.
Esse sistema de proteção, aliás, está muito bem resumido no trecho do 
acórdão da Apelação Cível nº 03015652220178240054, do Tribunal de Justiça de 
Santa Catarina, na qual o relator foi o Desembargador Henry Petry Junior (SANTA 
CATARINA, 2017, s.p.), que transcrevemos:
[...] a responsabilidade civil do fornecedor (art. 3º do Código 
de Defesa do Consumidor) em relação aos danos sofridos 
pelo consumidor, direto (art. 2º do Código de Defesa do 
Consumidor) ou por equiparação (arts. 17 e 29 do Código de 
Defesa do Consumidor), no contexto do Código de Defesa do 
Consumidor, é de ordem objetiva, isto é, sem exigência de 
culpa ou dolo, seja na responsabilidade pelo fato do produto ou 
do serviço (arts. 12 a 14 do Código de Defesa do Consumidor), 
por expressa previsão legal ("independentemente da existência 
de culpa") (art. 927, parágrafo único, primeira parte, do Código 
Civil), seja na responsabilidade por vício do produto ou do 
serviço (arts. 18 a 20 do Código de Defesa do Consumidor), por 
silêncio eloquente do legislador (que não excluiu a presença 
da culpa, mas, também, não a exigiu), e, em ambos os 
casos, também por se tratar de atividade que implica, por sua 
natureza, risco para os direitos de outrem (art. 927, parágrafo 
único, segunda parte, do Código Civil). 
Como visto, a responsabilidade civil do fornecedor com relação aos danos 
sofridos pelo consumidor, direto ou por equiparação, será de ordem objetiva, isto 
é, sem exigência de demonstração de culpa ou dolo, seja na responsabilidade 
pelo fato do produto ou do serviço, conforme os artigos 12 e 14 do Código de 
Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990). Aliás, o artigo 12, do Código de Defesa 
do Consumidor (BRASIL, 1990, s.p.), afi rma:
81
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, 
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, 
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem 
como por informações insufi cientes ou inadequadas sobre sua 
utilização e riscos.
 § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança 
que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração 
as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 I - sua apresentação;
 II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foi colocado em circulação.
 § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro 
de melhor qualidade ter sido colocado no mercado.
 § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não 
será responsabilizado quando provar:
 I - que não colocou o produto no mercado;
 II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito 
inexiste;
 III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Destaque para as três excludentes de responsabilidade, nas quais a prova é 
ônus do fabricante/produtor: (I) que ele não tenha colocado o produto no mercado; 
(II) que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexista; (III) que a 
culpa pelo dano seja exclusiva do consumidor ou de terceiros.
Já o art. 14, do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990, s.p.), 
merece especial atenção para a exceção da regra da responsabilidade objetiva, 
prevista no § 4.º:
 Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insufi cientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos.
 § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que 
o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração 
as circunstâncias relevantes, entre as quais:
 I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
 III - a época em que foifornecido.
 § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de 
novas técnicas.
 § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado 
quando provar:
 I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
 II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 § 4° A responsabilidade pessoal dos profi ssionais liberais será 
apurada mediante a verifi cação de culpa.
82
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Isso signifi ca que, se for pessoa jurídica, o prestador de serviço 
responderá objetivamente pelos danos causados ao consumidor por 
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações 
insufi cientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Se, no entanto, for o prestador de serviço um profi ssional 
liberal (médico, dentista etc.), somente será responsabilizado se 
for demonstrada a sua culpa (negligência, imperícia) na prestação 
defeituosa do serviço.
Pense, por exemplo, na hipótese de um cirurgião-dentista, que 
se vale de uma técnica de extração de dentes que antigamente era 
amplamente admitida, porém, atualmente, é considerada ultrapassada (mas nem 
por isso errada). Isso poderá ser considerado serviço defeituoso? Se sim, isto é 
considerado ato culposo?
O prestador de 
serviço responderá 
objetivamente pelos 
danos causados 
ao consumidor por 
defeitos relativos 
à prestação dos 
serviços, bem como 
por informações 
insufi cientes ou 
inadequadas sobre 
sua fruição e riscos.
Atividade de Estudos:
1) Responda, justifi cando: Caso o profi ssional liberal se organiza 
na forma de empresário individual de responsabilidade ilimitada 
(EIRELI) ou como sociedade unipessoal, ele responderá 
objetivamente, conforme o art. 14, caput, do CDC (BRASIL, 
1990), ou subjetivamente, segundo o art. 14, §4.º, do CDC 
(BRASIL, 1990), pelos danos causados ao seu consumidor por 
defi ciência nos serviços prestados?
____________________________________________________
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83
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Ainda sobre a responsabilidade civil na relação de consumo, vale uma 
derradeira consideração: o fornecedor/prestador de serviço responderá, via 
de regra, objetivamente pelos danos causados ao seu consumidor, que é, na 
dicção do art. 2.º, do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990, s.p.): 
“toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário fi nal”. No entanto, existe a fi gura do consumidor por equiparação, 
chamado pela doutrina de bystander, que é o terceiro atingido pela atividade 
empresarial, sem que se confi gure o consumidor fi nal de serviços e sem qualquer 
relação com o fornecedor, e que se equipara aos consumidores quando é vítima 
do evento danoso, conforme o art. 17, do Código de Defesa do Consumidor.
Logo, ainda que não haja entre o bystander e o fornecedor uma prévia 
relação jurídico-contratual, este responderá àquele de forma objetiva.
Responsabilidade Civil por Fato 
PrÓprio e por Fato de Outrem
Espero que, até este momento do curso, já esteja sufi cientemente claro 
para você que todo aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência (responsabilidade subjetiva = regra geral), violar direito e 
causar dano a outrem, comete um ato ilícito, e, salvo as causas excludentes de 
responsabilidade já estudadas no Capítulo 3, fi ca obrigado a repará-lo.
Trata-se da responsabilidade por fato próprio, que é o dever do causador 
de reparar o dano que ele próprio causou a outra pessoa.
A lei estabelece, no entanto, que determinadas pessoas, em determinadas 
situações expressamente previstas em lei (interpretação restritiva), podem vir 
a responder por danos causados não por si, mas por terceiros: é a chamada 
responsabilidade civil indireta ou responsabilidade civil por fato de outrem.
É bom não confundir fato de terceiro com fato de outrem. O primeiro caso, 
fato de terceiro, como visto no capítulo anterior, é hipótese de excludente de 
responsabilidade por quebra do nexo de causalidade; o segundo – nosso atual 
objeto do nosso estudo – é quando determinada pessoa responderá por fato 
praticado por outrem, a quem esteja ligado por algum vínculo jurídico (contratual 
ou decorrente de lei), de modo a resultar àquele o dever de guarda, vigilância ou 
custódia.
As situações de responsabilidade por ato de outrem estão previstas no art. 
932, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.):
84
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos fi lhos menores que estiverem sob sua 
autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se 
acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais 
e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em 
razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos 
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fi ns de educação, 
pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos 
do crime, até a concorrente quantia.
A natureza dessa responsabilidade, que há quem chame de responsabilidade 
por ato próprio omissivo, era compreendida por culpa presumida, na medida 
que teria sido negligente ou imprudente no seu dever de vigiar. 
O Enunciado 451, da V Jornada de Direito Civil, elaborada pelo 
Conselho da Justiça Federal – CJF, que se realizou entre os dias 8 e 
10 de novembro de 2011, propôs o seguinte: “artigos 932 e 933 [do 
Código Civil]. A responsabilidade civil por ato de terceiro fi nda-se na 
responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado 
o modelo de culpa presumida” (V JORNADA DE DIREITO CIVIL, 2012, 
s.p.).
O pai, portanto, deverá ressarcir os prejuízos, causados por seu fi lho, 
decorrentes dos danos causados pelo acidente envolvendo o veículo da família, 
‘furtado’ pelo menor. A empresa, por sua vez, responderá pela morte de um 
empregado, assassinado por outro, dentro de suas dependências.
Essa responsabilidade será objetiva, conforme determina o artigo 933, do 
Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.): “Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a 
V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão 
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”. 
Para que haja o dever de indenizar, porém, é necessário que o agente direto 
(fi lho, empregado etc.) tenha agido de forma ilícita e com culpa, para que, assim, 
recaia sobre o responsável indireto (pai, patrão etc.) o dever objetivo de indenizar. 
É o que esclarece Sílvio de Salvo Venosa (2010, p. 867):
Não se esqueça que na responsabilidade por fato de outrem 
existem duas responsabilidades: a do causador direto do 
dano e a pessoa também encarregada de indenizar. É 
necessário que o agente direto tenha agido com culpa ou, no 
caso de incapazes, que tenha ocorrido uma conduta contrária 
ao Direito, porque não se fala estritamente em culpa destes.
A responsabilidade 
civil por ato de 
terceiro fi nda-se na 
responsabilidade 
objetiva ou 
independente 
de culpa.
85
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
[...]
A responsabilidade emerge com o ato danoso das pessoas 
enumeradas. No entanto, os terceiros somente podem, em 
princípio, ser responsabilizados se o ato foi praticado por 
culpa do autor material do dano ou autor direto, ao menos 
nas hipóteses que ora estamos tratando. Não se cuida, pois, 
de responsabilidade sem culpa. Havia uma presunção juris 
tantum da responsabilidade de terceiro estabelecida no 
sistema de 1916 e há uma modalidade de responsabilidade 
objetiva no presente Código.
Portanto,ainda que o fi lho tenha roubado o carro dos pais e se envolvido em 
um acidente, o pai somente responderá pelos prejuízos causados a terceiros se o 
fi lho tenha sido o causador do acidente. Se a culpa for do outro, não haverá que 
se falar em responsabilidade por fato de outrem.
Por fi m, nas hipóteses da responsabilidade por fato de outrem caberá ação 
de regresso contra o causador direto do dano, salvo se este for descendente seu 
ou, ainda, absoluta ou relativamente incapaz. O patrão, por exemplo, poderá 
buscar o regresso contra o empregado, ou o dono do hotel contra o hóspede; o 
tutor, todavia, não poderá fazê-lo contra o pupilo, tampouco o pai contra o fi lho.
Responsabilidade Civil Pelo Fato da 
Coisa ou de Animal
Partamos agora para o estudo da responsabilidade civil pelo fato da coisa 
ou de animal, prevista nos artigos 936, 937 e 938, do Código Civil (BRASIL, 
2002, s.p.):
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por 
este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
 Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos 
danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de 
reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
 Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde 
pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem 
lançadas em lugar indevido.
O que esses três dispositivos legais têm em comum é a responsabilidade, 
não pelo ato de alguém, mas pelo fato de coisa (bem) ou de animal, que recairá 
sobre o seu guardião.
E quem é o guardião? Será o proprietário/possuidor/mero detentor do bem ou 
do animal no momento em que se deu o fato danoso, ou seja, aquele que estava no 
seu comando ou na sua direção no fatídico momento. Será ele quem responderá. 
86
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Observa-se que a lei prevê três situações de responsabilidade civil pela 
coisa: a responsabilidade civil pela guarda do animal, pelos danos decorrentes 
da ruína de edifício ou construção, e pelos danos provenientes das coisas que 
caírem ou que sejam lançadas de prédio.
Para economizar imaginação, reportemo-nos à Stoco (2004, p. 935), que 
elaborou alguns exemplos: rompimento de fi o elétrico de alta tensão, explosão 
de uma caldeira, explosão em shopping center, aro da roda de um carro que se 
desprende, queda de placa de publicidade etc. 
A responsabilidade civil pelo fato da coisa ou de animal é 
objetiva, na medida em que se presume a culpa in vigilando, na 
qual a modalidade, como cediço, dispensa a investigação sobre a 
culpabilidade e/ou maiores tergiversações sobre o grau de diligência do 
responsável – pressupondo-se que o ônus de indenizar recaia sobre o 
guardião, ou o dono da coisa ou do animal, pelos danos que aquele ou este venha 
provocar a terceiros. Stoco (2004, p. 935) esclarece que:
[...] essa presunção, por ser juris et de jure e, portanto, 
invencível e que não admite prova em contrário, só é elidível 
por prova - a cargo do dano coisa - de que o dano adveio de 
culpa da vítima ou de caso fortuito ou força maior, ou seja, 
mediante anteposição de uma das causas excludentes da 
responsabilidade.
Como se vê, o dever de indenizar na responsabilidade civil pelo 
fato da coisa e do animal, só será eliminado quando demonstrada culpa 
exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior.
Da mesma forma, a responsabilidade civil por dano causado 
em virtude de ruína de prédio, independerá da prova da culpa do 
proprietário, que é presumida, como explica Hely Lopes Meirelles 
(1979, p. 262):
Essa responsabilidade independe de culpa do proprietário ou 
do construtor, uma vez que não se origina da ilicitude do ato de 
construir, mas, sim, da nocividade do fato da construção. É um 
caso típico de responsabilidade sem culpa, consagrado pela 
lei civil, como exceção defensiva da segurança, da saúde e do 
sossego dos vizinhos (art. 554 [do CC/1916]).
Apenas para corroborar:
RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano moral. Lesão corporal. 
Ruína de prédio. Responsabilidade objetiva do proprietário. 
Fato da coisa. Ausência de excludentes de caso fortuito, 
Responsabilidade 
civil pelo fato da 
coisa ou de animal é 
objetiva.
O dever de indenizar 
na responsabilidade 
civil pelo fato 
da coisa e do 
animal, só será 
eliminado quando 
demonstrada culpa 
exclusiva da vítima, 
caso fortuito ou 
força maior.
87
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
força maior, fato exclusivo de terceiro ou da própria vítima. 
Precedentes deste Tribunal de Justiça. Indenização devida. 
Arbitramento adequado. Proporcionalidade e razoabilidade. 
Fixação de ofício da correção monetária e dos juros 
moratórios. Precedentes do STJ. Sentença correta. Sufi cientes 
fundamentos ratifi cados (art. 252 do RI). Apelação não provida 
com observação (SÃO PAULO, 2015).
Detalhe para o posicionamento de Sílvio Rodrigues (2006, p. 127-128): “[...] 
para quem o ônus da prova de que o prédio exigia reparos não pode recair sobre 
o réu, mas deverá o dono do prédio, se quiser e puder, demonstrar que este (que 
ruiu!) não precisava de reforma”.
E quanto à responsabilidade do dono do prédio por objetos atirados dele, 
caso, em um edifício, não for possível identifi car de qual unidade partiu o objeto, 
quem responderá? Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o condomínio arcará 
com a responsabilidade reparatória por danos causados a terceiros.
Responsabilidade Civil do Estado
Vamos começar o estudo deste subcapítulo a partir dos fundamentos, 
apresentados pelo insigne jurista Celso Antônio Bandeira de Mello (2000, p. 
849), que justifi cam a existência da responsabilização do Estado:
a) No caso de comportamentos ilícitos comissivos ou 
omissivos, jurídicos ou materiais, o dever de reparar o dano 
é a contrapartida do princípio da legalidade. Porém, no caso 
de comportamentos ilícitos comissivos, o dever de reparar já 
é, além disso, imposto também pelo princípio da igualdade.
b) No caso de comportamentos lícitos, assim como na hipótese 
de danos ligados à situação criada pelo Poder Público – 
mesmo que não seja o Estado o próprio autor do ato danoso 
–, entendemos que o fundamento da responsabilidade estatal 
é garantir uma equânime repartição dos ônus provenientes 
de atos ou efeitos lesivos, evitando que alguns suportem 
prejuízos ocorridos por ocasião ou por causa de atividades 
desempenhadas no interesse de todos. De conseguinte, seu 
fundamento é o princípio da igualdade, noção básica do Estado 
de Direito.
Conforme já visto anteriormente, o artigo 37, § 6.º, da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988, s.p.) estabelece que a responsabilidade civil, que se imputa ao 
Estado por ato danoso de seus prepostos, é objetiva, impondo-lhe o dever de 
indenizar caso se verifi que dano ao patrimônio do particular, e nexo causal entre o 
dano e o comportamento do agente público, independente de culpa:
88
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer 
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e efi ciência e, 
também, ao seguinte:
[...]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos 
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa. 
A teoria da responsabilidade civil objetiva do Estado se baseia 
na teoria do risco administrativo que, como destacou o Ministro 
Humberto Martins, no Recurso Especial nº 1.299.900 (BRASIL, 2015, 
s.p.):
[...] aliada ao mandamento básico de responsabilidade civil 
do Estado, determina que o Estado será responsável pelo 
ressarcimento do dano, uma vez reconhecido o nexo causal 
e o dano, independentemente de culpa ou dolo do agente. 
Admitem-se, entretanto, as excludentes de responsabilidade, 
tais como culpa exclusiva da vítima, força maior e caso fortuito.
Assim, o Estadoresponderá objetivamente pelos danos causados a 
terceiros, por seus agentes ou por agentes de pessoas jurídicas de direito 
privado, que prestam serviço público em função delegada, independentemente da 
demonstração de culpa, excetuando-se os casos em que se verifi ca alguma das 
excludentes de responsabilidade da teoria do risco administrativo.
Na verdade, passados trinta anos da Constituição Federal (BRASIL, 1988), 
já não existem mais grandes debates a respeito da teoria de risco administrativo e 
responsabilidade objetiva do Estado.
Resta, no entanto, alguma discussão acerca da responsabilidade civil do 
Estado decorrente de atos legislativos e jurisdicionais. Em outras palavras, 
responderá o Estado pelos danos causados por erros do Poder Legislativo ou do 
Poder Judiciário?
Com relação aos atos legislativos, doutrina e jurisprudência pátrias não 
apenas defendem a possibilidade de o Estado responder pelos danos deles 
decorrentes, como determinam que essa responsabilidade será objetiva. No 
entanto, apenas em casos de lei de cunho discriminatório ou de lei inconstitucional, 
sendo que a última hipótese dependerá de declaração de inconstitucionalidade da 
lei pelo Supremo Tribunal Federal.
A teoria da 
responsabilidade 
civil objetiva do 
Estado se baseia 
na teoria do risco 
administrativo.
89
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
 Sobre a responsabilidade civil do Estado por atos legislativos, Luciano 
Ferraz explica (2006, p. 218-219):
No Brasil, a doutrina é praticamente unânime em reconhecer 
a possibilidade de responsabilização do Estado por atos do 
legislador, porquanto agentes públicos, na dicção dos textos 
constitucionais brasileiros, atualmente do art. 37, § 6º - existem 
no âmbito dos três Poderes: o intermediário entre o Estado e o 
prejudicado é o agente público, que age ou se omite em nome 
do respectivo poder a que se vincula.
A tese mereceu acolhida do Supremo Tribunal Federal ao 
apreciar o RE 153.464, Min. Celso de Mello, declinando que 
‘(...) o Estado responde civilmente por danos causados aos 
particulares pelo desempenho inconstitucional da função de 
legislar.
O exercício da função de legislar, que dá ensejo à 
responsabilização do Estado, pode advir de condutas ativas 
– quando o legislador edita lei –, ou de condutas passivas – 
quando se verifi ca a inércia do Estado-legislador, redundando 
na inefi cácia de direitos constitucionalmente tutelados. De toda 
sorte, tem-se exigido a declaração de inconstitucionalidade da 
lei ou da omissão do Poder Judiciário.
Sustenta-se, contudo, que o dano pelo exercício da 
função legislativa tem lugar ainda que seja reconhecida a 
constitucionalidade da lei (ato legislativo lícito, nos mesmos 
moldes da responsabilização por atos administrativos lícitos. O 
fundamental para tanto, porquanto não se trata de hipótese de 
descumprimento de dever jurídico, é que tenha havido ruptura 
do equilíbrio entre os ônus e os encargos públicos suportados 
pelos destinatários, desequilíbrio, é claro, resultante do ato 
legislativo como medida de ordem geral. 
Assim, reconhecida a inconstitucionalidade de texto legislativo pelo Supremo 
Tribunal Federal, o Estado responderá objetivamente por todos os danos dele 
decorrentes. 
Já com relação à responsabilidade civil do Estado por ato jurisdicional, o 
entendimento predominante é pela não aplicação da regra de responsabilidade 
objetiva, limitando-se a imputação de responsabilidade ao ente público nos 
casos de dolo, fraude ou culpa grave, conforme o acórdão da Apelação Cível nº 
1.202.940 (PERNAMBUCO, 2015): 
Embora a Constituição Federal imponha a responsabilidade 
objetiva do Estado pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros, quando o ato lesivo 
decorre de atos jurisdicionais, praticados pelos magistrados 
no exercício de sua função, a responsabilidade civil do 
Estado se apresenta na modalidade subjetiva, de forma que 
é imprescindível a presença de dolo ou culpa do magistrado 
para a sua confi guração.
90
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Em casos, por exemplo, de prisão em fl agrante e posterior absolvição, prisão 
por tempo superior ao fi xado na sentença ou erros processuais que geram danos 
ao jurisdicionados (como atos expropriatórios eivados de nulidade), o Estado 
somente será responsabilizado se restar provado dolo ou fraude do juiz e/ou dos 
auxiliares da Justiça.
O doutrinador Yussef Said Cahali (1995, p. 612), resume os fundamentos 
sobre os quais se fulcram aqueles que advogam em exceção à regra geral da 
responsabilidade objetiva pelos atos jurisdicionais: 
1) a responsabilidade civil do Estado disciplinada no art. 
37, §6º, da Constituição de 1988 (e de similar disposição 
das Constituições anteriores) não compreende os danos 
resultantes da atividade judiciária, não se qualifi cando o 
juiz como funcionário ou agente do Estado; o Judiciário é 
um Poder que se exerce na prestação jurisdicional; 2) a 
sentença é um ato de soberania, nas mesmas condições 
em que o é o provimento emanado do Poder Legislativo; 3) 
a independência do magistrado não permite que esteja ele 
exposto ao constrangimento de decidir em desacordo com 
a sua consciência, sob pena de ser demandado por essa 
ou aquela parte; 4) os efeitos da coisa julgada induzem a 
presunção de justiça da sentença; 5) eventuais erros do juiz 
no desempenho de sua atividade somente podem ser levados 
à conta da falibilidade humana, restando sua responsabilidade 
apenas em caso de dolo ou fraude.
Assim, diferentemente da regra geral, a responsabilidade civil objetiva do 
Estado é diferente da responsabilidade por ato legislativo, já que o Estado só 
responderá por erro judicial se restar comprovado dolo ou fraude do agente.
Responsabilidade Civil e Direito À 
ImaGem
A imagem está protegida como direito decorrente ou integrante dos direitos 
essenciais da personalidade, integrando o rol dos direitos e garantias fundamentais 
do indivíduo estampados no artigo 5º, V, da Constituição (BRASIL, 1988, s.p.), 
que afi rma: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além 
da indenização por dano material, moral ou à imagem”, bem como no inciso X, 
do mesmo artigo da Constituição Federal (BRASIL, 1988, s.p.), segundo o qual: 
“são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação”.
91
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Tratando-se de um direito personalíssimo, a Carta Magna (BRASIL, 1988) 
garante o direito à indenização pelos danos morais e/ou materiais experimentados 
diante da violação ao direito de imagem.
Esse dever de indenização, por sinal, advém da simples utilização 
desautorizada do direito personalíssimo da imagem, sendo desnecessária a 
comprovação de prejuízo para a confi guração do dano moral, já que decorre da 
própria violação do direito de imagem, ou seja, in re ipsa.
Nossos tribunais têm entendido que o dano moral é cabível, ainda que 
a exposição da imagem tenha ocorrido sem qualquer conotação ofensiva ou 
vexaminosa, confi gurando-se o dano pela simples falta de autorização do titular.
Por outro lado, o art. 20, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), prevê a 
possibilidade do titular do direito proibir a exposição ou utilização da sua imagem, 
se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou caso se destinarem 
a fi ns comerciais. Sobre este dispositivo, Jabur (2003, p. 426) explica que:
As condicionantes embutidas no texto do art. 20 retiram a 
tutela da imagem e a depositam na da honra. E quando assim 
não o é, o legislador confi na a sanção à fi nalidade comercial 
da desautorizada utilização. Vedou, aí, o enriquecimento 
ilícito, mas não obstou usurpação da sublime emanação 
de qualquer meio sensível da pessoa cuja tutela, a exemplo 
daquela que deferiu aos demais direitos da personalidade, 
haveria de se postar acima das preocupações ou fruiçõesmateriais, porque materiais não são os bens que compõem 
a personalidade, motivo pelo qual a proteção a ela deferida 
haveria de contemplar a essência e não a consequência, até 
porque o lucrum colhido com a fi nalidade comercial extraída 
das potencialidades do direito violado nunca foi expressão 
do prejuízo pessoal experimentado pelo titular cujo direito foi 
desrespeitado.
A exposição e/ou utilização da imagem de uma pessoa, portanto, enseja 
indenização por dois motivos distintos, a saber: (I) quando lhe atingir a honra, a 
boa fama ou a respeitabilidade; (II) quando se destinar a fi ns comerciais.
Esse dano, portanto, será potencializado quando a divulgação 
da imagem da pessoa, sem o seu consentimento, é feita para fi ns 
comerciais, implicando em locupletamento ilícito à custa de terceiro.
Aliás, a Súmula nº 403, do Supremo Tribunal de Justiça (BRASIL, 
2009, s.p.), estabelece que: “independe de prova do prejuízo, a 
indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa 
com fi ns econômicos ou comerciais”.
Independe de 
prova do prejuízo, 
a indenização 
pela publicação 
não autorizada 
de imagem de 
pessoa com fi ns 
econômicos ou 
comerciais.
92
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Por exemplo, a exploração não autorizada da imagem de um jogador de 
futebol em álbum de fi gurinhas, publicado com o intuito comercial, é considerada 
prática ilícita.
Grande discussão perdura sobre os constantes confl itos entre o direito de 
imagem e o direito à informação, consagrado no art. 220, da Constituição Federal 
(BRASIL, 1988, s.p.), que afi rma: “a manifestação do pensamento, a criação, a 
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão 
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição”. Como se vê na 
parte fi nal do dispositivo constitucional, a liberdade de imprensa não é absoluta, 
sofrendo seu exercício, entre outros limites, os relativos à imagem das pessoas. 
No entanto, como resolver esta antinomia jurídica: direito de imagem versus 
direito de informar?
A resposta é sugerida no julgamento da Apelação Cível nº 70057173650, do 
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (RIO GRANDE DO SUL, 2014, s.p.): 
Na solução de confl itos entre a liberdade de expressão e 
os direitos da personalidade deve-se aplicar o princípio da 
proporcionalidade, segundo o qual, no processo de ponderação 
desenvolvido para a solução do confl ito, o direito de opinar 
há de ceder espaço sempre que o seu exercício importar em 
agressão à imagem de outrem.
Portanto, caberá ao julgador, no caso concreto, sopesar se houve 
ou não excesso na vinculação da imagem do titular ao fato noticiado, 
ou na própria ênfase da notícia em si.
A mesma Corte de Justiça (RIO GRANDE DO SUL, 2012, s.p.) 
também estabeleceu a veracidade da notícia jornalística como outro 
limite juridicamente admitido na utilização da imagem do titular e, uma 
vez: “[...] constatada a veracidade, o exercício da liberdade de informação deve 
ser examinado com base na ponderação de bens, direitos e interesses em jogo”.
A solução, portanto, é a busca pela proporcionalidade: primeiro se o fato é 
verídico ou não e, se for, se houve equilíbrio, sem excessos, entre os direitos e os 
interesses em jogo.
Um caso clássico, julgado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (SANTA 
CATARINA, 1998), foi de uma mulher que fez topless nas areias de uma badalada 
praia de Florianópolis, no início dos anos 1990. O jornal de maior circulação do 
estado colocou sua foto na capa do diário, sem fazer menção ao fato em si, mas 
Caberá ao julgador, 
no caso concreto, 
sopesar se houve 
ou não excesso 
na vinculação da 
imagem do titular ao 
fato noticiado, ou na 
própria ênfase da 
notícia em si.
93
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
apenas destacando o início da temporada de verão. Apenas em sede do então 
existente, embargos de divergência (ela perdeu em primeiro grau e venceu, por 
maioria, na apelação), entendeu-se que não houve excesso por parte do jornal 
em publicar sua foto com os seios desnudos, em um lugar público, sem a sua 
autorização.
Como seria o julgamento de um caso idêntico nos dias de hoje?
E o direito à imagem de pessoa pública? Considerando que, em decorrência 
de sua profi ssão, atividades, atos, méritos ou escolhas, ela acaba se tornando o 
foco de atenção e/ou curiosidade da sociedade. Portanto, ela pode reclamar da 
divulgação de sua imagem em sites, blogs, notícias, posts?
É certo que tais veículos não poderão utilizar sua imagem para fi ns comerciais 
– salvo, é claro, com o propósito de fazer-se lido/acessado – sob pena de ser 
considerado ato ilícito indenizável. 
Assim, ilustrar matéria jornalística com a imagem da pessoa pública com o 
propósito de informar, ainda que a matéria lhe teça críticas, não haverá violação 
do direito de imagem e, por conseguinte, obrigação de indenizar. Como pondera 
Santos (2003, p. 372):
[...] é isenta de responsabilidade a difusão de imagens que 
tenham interesse geral, utilizadas em matérias publicadas com 
fi ns didáticos, científi cos, desportivos etc. Ainda que o meio de 
publicação da imagem objetive lucros, não há impedimento a 
sua proibição, desde que a fi nalidade seja a divulgação dos 
fatos retroapontados.
E por falar em pessoas públicas, impossível não lembrarmos dos famosos 
paparazzi. 
Até onde vai o direito à imagem e o seu direito de trabalhar, informando 
visualmente sem explorar a imagem dos outros? Este intrigante julgamento do 
Superior Tribunal de Justiça (BRASIL, 2008, s.p.), do Recurso Especial 1082878, 
pode nos trazer algumas conclusões sobre o que vimos até aqui:
RESPONSABILIDADE CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS 
MORAIS. EXISTÊNCIA DO ILÍCITO, COMPROVAÇÃO 
DO DANO E OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR. PESSOA 
PÚBLICA. ARTISTA DE TELEVISÃO. LIMITAÇÃO AO 
DIREITO DE IMAGEM. JUROS MORATÓRIOS. INCIDÊNCIA. 
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CUSTAS PROCESSUAIS. 
REPARTIÇÃO. 
94
 RESPONSABILIDADE CIVIL
– Ator de TV, casado, fotografado em local aberto, sem 
autorização, beijando mulher que não era sua cônjuge. 
Publicação em diversas edições de revista de ‘fofocas’; 
- A existência do ato ilícito, a comprovação dos danos e 
a obrigação de indenizar foram decididas, nas instâncias 
ordinárias, com base no conteúdo fático-probatório dos autos, 
cuja reapreciação, em sede de recurso especial, esbarra na 
Súmula 7/STJ; 
- Por ser ator de televisão que participou de inúmeras 
novelas (pessoa pública e/ou notória) e estar em local aberto 
(estacionamento de veículos), o recorrido possui direito de 
imagem mais restrito, mas não afastado.
Neste caso, a revista de fofoca se benefi ciou economicamente da imagem 
do ator? Ponderando-se os bens, direitos e interesses em jogo, o direito de 
informação deveria preponderar sobre o direito à imagem e, por conseguinte, à 
intimidade do ator? Segue a ementa (BRASIL, 2008, s.p.):
- Na espécie, restou caracterizada a abusividade do uso da 
imagem do recorrido na reportagem, realizado com nítido 
propósito de incrementar as vendas da publicação; 
- A simples publicação da revista atinge a imagem do recorrido, 
artista conhecido, até porque a fotografi a o retrata beijando 
mulher que não era sua cônjuge; 
- Todas essas circunstâncias foram sopesadas e consideradas 
pelo TJ/RJ na fi xação do quantum indenizatório, estipulado 
com base nas circunstâncias singulares do caso concreto. A 
alteração do valor fi xado implicaria em ofensa à Súmula 7/STJ; 
- Tratando-se de responsabilidade extracontratual, decorrente 
de ato ilícito, os juros de mora contam desde a prática do ilícito, 
de acordo com a regra do art. 398 do CC e com a Súmula 57/
STJ; 
- Tendo o autor decaído apenas em pontos de pouca 
signifi cância em face do pleito indenizatório, a recorrente deve 
arcar com a totalidade das custas e honorários advocatícios; 
- Em ação de danos morais, os valores pleiteados na inicial 
são meramente estimatórios, nãoimplicando em sucumbência 
recíproca a condenação em valor inferior ao pedido. Recurso 
especial não conhecido.
Como se vê, competirá ao juiz, no caso concreto, sopesar os direitos 
aparentemente em confl ito, a fi m de defi nir se o direito à imagem deverá prevalecer 
sobre o direito à informação.
95
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Responsabilidade Civil DiGital 
Estabelecendo os princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da 
Internet no Brasil, a Lei n. 12.965/2014 (BRASIL, 2014, s.p.), também conhecida 
como o Marco Civil da Internet, traz uma seção específi ca para tratar da 
responsabilidade do provedor por danos decorrentes de conteúdo gerado pelos 
internautas, do artigo 18 ao 21, verbis:
 Art. 18. O provedor de conexão à internet não será 
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de 
conteúdo gerado por terceiros.
 Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão 
e impedir a censura, o provedor de aplicações de internet 
somente poderá ser responsabilizado civilmente por danos 
decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após 
ordem judicial específi ca, não tomar as providências para, no 
âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo 
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como 
infringente, ressalvadas as disposições legais em contrário.
 § 1o A ordem judicial de que trata o caput deverá conter, sob 
pena de nulidade, identifi cação clara e específi ca do conteúdo 
apontado como infringente, que permita a localização 
inequívoca do material.
 § 2o A aplicação do disposto neste artigo para infrações a 
direitos de autor ou a direitos conexos depende de previsão 
legal específi ca, que deverá respeitar a liberdade de expressão 
e demais garantias previstas no art. 5o da Constituição Federal.
 § 3o As causas que versem sobre ressarcimento por 
danos decorrentes de conteúdos disponibilizados na 
internet relacionados à honra, à reputação ou a direitos de 
personalidade, bem como sobre a indisponibilização desses 
conteúdos por provedores de aplicações de internet, poderão 
ser apresentadas perante os juizados especiais.
 § 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, 
poderá antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela 
pretendida no pedido inicial, existindo prova inequívoca do fato 
e considerado o interesse da coletividade na disponibilização 
do conteúdo na internet, desde que presentes os requisitos de 
verossimilhança da alegação do autor e de fundado receio de 
dano irreparável ou de difícil reparação.
 Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do usuário 
diretamente responsável pelo conteúdo a que se refere o art. 
19, caberá ao provedor de aplicações de internet comunicar-
lhe os motivos e informações relativos à indisponibilização 
de conteúdo, com informações que permitam o contraditório 
e a ampla defesa em juízo, salvo expressa previsão legal ou 
expressa determinação judicial fundamentada em contrário.
 Parágrafo único. Quando solicitado pelo usuário que 
disponibilizou o conteúdo tornado indisponível, o provedor 
de aplicações de internet que exerce essa atividade de 
forma organizada, profi ssionalmente e com fi ns econômicos 
substituirá o conteúdo tornado indisponível pela motivação ou 
96
 RESPONSABILIDADE CIVIL
pela ordem judicial que deu fundamento à indisponibilização.
 Art. 21. O provedor de aplicações de internet que disponibilize 
conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado 
subsidiariamente pela violação da intimidade decorrente da 
divulgação, sem autorização de seus participantes, de imagens, 
de vídeos ou de outros materiais contendo cenas de nudez ou 
de atos sexuais de caráter privado quando, após o recebimento 
de notifi cação pelo participante ou seu representante legal, 
deixar de promover, de forma diligente, no âmbito e nos limites 
técnicos do seu serviço, a indisponibilização desse conteúdo.
 Parágrafo único. A notifi cação prevista no caput deverá conter, 
sob pena de nulidade, elementos que permitam a identifi cação 
específi ca do material apontado como violador da intimidade do 
participante e a verifi cação da legitimidade para apresentação 
do pedido. 
Antes da entrada em vigor dessa lei, o Superior Tribunal de Justiça já havia 
defi nido, no julgamento do Recurso Especial nº 1308830/RS (BRASIL, 2012b), 
que os provedores da internet não respondiam objetivamente pela inserção de 
informações abusivas, no site, por terceiros. Da mesma forma, deveriam manter 
um sistema efi caz de identifi cação de seus usuários, não sendo obrigados a 
realizar um controle prévio sobre o conteúdo das informações postadas pelos 
usuários, que deviam ser notifi cados sobre a existência de dados ilegais e 
removê-los, no prazo de 24h, sob pena de responsabilização em razão da inércia. 
A partir da nova lei, a responsabilidade civil dos provedores de aplicações 
de internet passou a ser, por disposição legal, de natureza subjetiva e decorrente 
do descumprimento de ordem judicial específi ca, sendo insufi ciente a notifi cação 
extrajudicial que determina a exclusão ou a indisponibilização de 
determinado conteúdo. 
Por outro lado, em caso de divulgação, sem autorização de 
seus participantes, de imagens, vídeos ou outros materiais contendo 
cenas de nudez ou atos sexuais de caráter privado, basta uma 
notifi cação extrajudicial do participante ou seu representante legal para, 
descumprindo-a, ensejar a responsabilidade subsidiária do provedor, 
conforme o art. 21 da Lei nº 12.965/2014 (BRASIL, 2014, s.p.).
Intermeando os princípios da “garantia da liberdade de 
expressão, comunicação e manifestação de pensamento, nos termos 
da Constituição Federal” e o da “proteção da privacidade” previstos 
na lei especial (BRASIL, 2014, s.p.), o usuário/internauta, por sua 
vez, responderá por todos os danos causados a terceiros, por conta 
de qualquer ato ilícito praticado no meio digital, sendo o meio virtual 
apenas uma extensão do universo real, aplicando-se a legislação civil 
ordinária.
Em caso de 
divulgação, sem 
autorização de seus 
participantes, de 
imagens, vídeos 
ou outros materiais 
contendo cenas 
de nudez ou atos 
sexuais de caráter 
privado, basta 
uma notifi cação 
extrajudicial do 
participante ou 
seu representante 
legal para, 
descumprindo-a, 
ensejar a 
responsabilidade 
subsidiária do 
provedor.
97
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Anteparando a vedação constitucional ao anonimato, assegurado pelo art. 
5º, IV, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), com o princípio trazido pelo 
Marco Civil (BRASIL, 2014) da “proteção dos dados pessoais”, os provedores e os 
aplicativos têm sido alvo de medidas extremas, como o bloqueio do Facebook e 
Whatsapp em todo o Brasil, o que deu ensejo ao ajuizamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade nº 5.527/DF, em que é requerente o Partido da República 
(PR) e a relatoria cabe à Ministra Rosa Weber, que tem por objeto a discussão da 
constitucionalidade do artigo 10, da Lei nº 12.965/2014 (BRASIL, 2014, s.p.):
Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão 
e de acesso a aplicações de internet de que trata esta Lei, 
bem como de dados pessoais e do conteúdo de comunicações 
privadas, devem atender à preservação da intimidade, da 
vida privada, da honra e da imagem das partes direta ou 
indiretamente envolvidas. 
§ 1o O provedor responsável pela guarda somente será 
obrigado a disponibilizar os registros mencionados no caput, 
de forma autônoma ou associados a dados pessoais ou a 
outras informações que possam contribuir para a identifi cação 
do usuário ou do terminal, mediante ordem judicial, na forma 
do disposto na Seção IV deste Capítulo, respeitado o disposto 
no art. 7o. 
§ 2o O conteúdo das comunicações privadas somente poderá 
ser disponibilizado mediante ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer, respeitado o disposto nos incisos 
II e III do art. 7o.§ 3o O disposto no caput não impede o acesso aos dados 
cadastrais que informem qualifi cação pessoal, fi liação e 
endereço, na forma da lei, pelas autoridades administrativas 
que detenham competência legal para a sua requisição. 
§ 4o As medidas e os procedimentos de segurança e de 
sigilo devem ser informados pelo responsável pela provisão 
de serviços de forma clara e atender a padrões defi nidos 
em regulamento, respeitado seu direito de confi dencialidade 
quanto a segredos empresariais.
E do artigo 12, III e IV, da Lei nº 12.965/2014 (BRASIL, 2014, s.p.):
Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais ou 
administrativas, as infrações às normas previstas nos arts. 10 
e 11 fi cam sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções, 
aplicadas de forma isolada ou cumulativa:
 [...] 
 III - suspensão temporária das atividades que envolvam os 
atos previstos no art. 11; ou
 IV - proibição de exercício das atividades que envolvam os atos 
previstos no art. 11.
Essa ação direta de inconstitucionalidade ainda está em fase de julgamento 
no Supremo Tribunal Federal. 
98
 RESPONSABILIDADE CIVIL
De toda a forma, até o pronunciamento fi nal a respeito da constitucionalidade 
da norma, conforme visto acima, os provedores responderão civilmente de forma 
solidária se, notifi cados extrajudicialmente ou intimados judicialmente para que 
retirem algum conteúdo do ar, deixarem de fazê-lo. 
Responsabilidade Civil na Área 
Médica
Ainda que procurado para diagnosticar, tratar e conseguir a cura de uma 
doença, sendo contratado para tanto, o médico tem, além dessa obrigação, várias 
outras obrigações acessórias, que será, em regra, uma obrigação de meio.
Diz-se ‘em regra, uma obrigação de meio’, porque existem exceções em que 
a doutrina e jurisprudência apontam como obrigação de resultado, por exemplo, 
determinados procedimentos estéticos relacionados à anestesiologia ou de 
cirurgias de vasectomia, para fi car em alguns exemplos. 
De resto, o objeto do contrato médico não é a cura, mas 
a prestação de serviços alicerçados nos avanços científi cos e 
tecnológicos da medicina, não havendo a obrigação de restituir a saúde 
ao paciente, mas tão somente de se atingir, dentro das possibilidades 
do caso concreto, tal objetivo.
Destaca-se, desde já, que nas excepcionais hipóteses em que a 
obrigação do médico é de resultado, e não de meio, ele estará isento da 
responsabilidade de haver prova da intervenção de fator imprevisível, 
força maior ou caso fortuito.
Voltemos, então, às obrigações assessórias do médico. 
O Código de Ética Médica (CONSELHO FEDERAL DE 
MEDICINA, 2009, s.p.) traz, dentre outras proibições, a vedação ao 
médico de: “desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante 
legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou 
terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte”, em seu art. 31; “deixar 
de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientifi camente 
reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente”, no art. 32; “deixar de 
atender paciente que procure seus cuidados profi ssionais em casos de urgência 
ou emergência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições 
de fazê-lo”, conforme o art. 33; “deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o 
prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação 
O objeto do 
contrato médico 
não é a cura, 
mas a prestação 
de serviços 
alicerçados nos 
avanços científi cos 
e tecnológicos 
da medicina, 
não havendo 
a obrigação de 
restituir a saúde 
ao paciente, mas 
tão somente de se 
atingir, dentro das 
possibilidades do 
caso concreto, tal 
objetivo.
99
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação 
a seu representante legal”, segundo o artigo art. 34; “exagerar a gravidade do 
diagnóstico ou do prognóstico, complicar a terapêutica ou exceder-se no número 
de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos médicos”, consoante o 
art. 35; “abandonar paciente sob seus cuidados”, no art. 36; entre outros.
Dentre esses, talvez aquele que encontre o maior impacto nos tribunais, 
depois dos casos em que se investiga o erro médico, é o dever de informar 
que, previsto no artigo 34, do Código de Ética Médica (CONSELHO FEDERAL 
DE MEDICINA, 2009, s.p.) é: “deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o 
prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação 
direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu 
representante legal”. Para Cláudia Lima Marques (2011, p. 407): 
[...] a informação médica é dever de conduta de boa-fé (contrário 
da autuação negligente), informar clara e adequadamente é 
um dever de cuidado com o outro parceiro contratual (atuação 
prudente), informação é poder (estado subjetivo de saber ou 
não saber), logo, informar sufi ciente e lealmente é cooperar 
com o outro (se abstendo de abuso ou desvio de poder na 
relação médico-paciente-consumidor).
Do outro lado da mesa do consultório está o paciente, que, na condição 
de consumidor, tem direito à: "informação adequada e clara sobre os diferentes 
produtos e serviços, com especifi cação correta de quantidade, características, 
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem", 
conforme o previsto no art. 6.º, III, do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 
1990, s.p.).
Dessa forma, independentemente de se atingir ou não o resultado 
pretendido, ou seja, a cura), é obrigação do médico informar ao 
paciente sobre os riscos envolvidos no procedimento, a possibilidade 
do agravamento da sua condição física, por conta da patologia 
existente, bem como sobre possíveis sequelas.
Nesse sentido, ainda que o caso versasse sobre eventual erro 
médico em uma cirurgia plástica, na qual a obrigação é de resultado, 
como vimos anteriormente, aproveita-se o raciocínio judicial empregado 
para abstrairmos a lição sobre a falha no informar, segundo a decisão 
do Tribunal de Justiça (SANTA CATARINA, 2013, s.p.):
O médico tem obrigação de informar ao paciente sobre os riscos 
envolvidos na operação e a possibilidade do agravamento da 
sua condição física por conta da patologia existente, tomando 
por escrito a sua ciência e autorização para a intervenção 
É obrigação do 
médico informar ao 
paciente sobre os 
riscos envolvidos 
no procedimento, 
a possibilidade do 
agravamento da sua 
condição física, por 
conta da patologia 
existente, bem como 
sobre possíveis 
sequelas.
100
 RESPONSABILIDADE CIVIL
cirúrgica, naquelas condições previamente bem defi nidas.
No caso, é forçoso concluir que a autora não estava 
devidamente alertada do provável insucesso de suas cirurgias, 
pois, se assim estivesse, certamente não se sujeitaria ao 
tratamento doloroso e dispendioso a que se submeteu.
Agora, sobre o erro médico propriamente dito, o Manual de Orientação Ética 
Disciplinar do Conselho Federal de Medicina (SANTA CATARINA, 2000, s.p.) o 
defi ne como sendo:
[...] a falha do médico no exercício da profi ssão. É o mau 
resultado ou resultado adverso decorrente da ação ou da 
omissão do médico, por inobservância de conduta técnica, 
estando o profi ssional no pleno exercício de suas faculdades 
mentais. Excluem-se as limitações impostas pela própria 
natureza da doença, bem como as lesões produzidas 
deliberadamente pelo médico para tratar um mal maior. 
Observa-se que todos os casos de erro médico julgados nos 
Conselhos de Medicina ou na Justiça, em que o médico foi 
condenado, o foi por erro culposo.
Como visto anteriormente, o Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 
1990) traz, em seu art. 14, § 4.º, que a responsabilização do médico profi ssional 
liberal por serviço defeituoso (erro médico) será subjetiva, ou seja, dependerá da 
comprovação da sua culpa.
Ainda, segundo o Manual de Orientação Ética Disciplinar, do Conselho 
Federal de Medicina (SANTA CATARINA,2000, s.p.):
O erro médico pode ocorrer como manifestação de uma 
conduta culposa do médico, caracterizada pela imperícia, 
imprudência e negligência:
a) Imperícia decorrente da falta de observação das normas 
técnicas, por despreparo prático ou por insufi ciência de 
conhecimentos. Considerar um médico imperito é discutível, 
tratando-se de um profi ssional longamente treinado nas 
escolas médicas e nos programas de residência médica, com 
um mínimo de 6 a 8, até um máximo de 11 anos de estudos 
e prática, esta premissa, não sendo aceita, torna-se um 
agravante;
b) Imprudência quando o médico assume riscos para o paciente 
sem respaldo científi co para seu procedimento;
c) Negligência, é a forma mais frequente de erro médico nos 
hospitais do governo, onde o doente é um matriculado na 
instituição e não um paciente do médico, e este negligencia os 
cuidados por falta de uma relação médico-paciente-família 
estreita.
Frequentemente se associam imprudência com negligência - 
induzir uma anestesia sem ter à mão uma fonte de oxigênio e 
uma cânula para intubação traqueal!
101
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
2 – Falha Técnica: esta depende da competência e da dedicação 
do médico, mas também da resposta do paciente que pode 
falhar, agravada por doença ou situação desconhecida.
3 – Erro doloso: é aquele cometido voluntariamente, sendo 
inadmissível que um médico o venha a cometer. Trata-se, pois, 
de um crime!
4 – Erro diagnóstico: o diagnóstico para ser exato deve ser 
genérico, pois são desconhecidas as causas de cerca de 25% 
das doenças conhecidas.
5 – Erro de conduta: o médico não pode errar a conduta 
(imperícia!). Esta deve ser ajustada a cada momento, seguindo 
a evolução clínica (diagnóstica ou terapêutica) e de acordo 
com as respostas a cada momento. Tudo deve ser corrigido 
passo a passo, em tempo real, para que o desvio seja o menor 
possível e o retorno ao caminho certo seja mais fácil, rápido e 
com as menores sequelas.
6 – Erro deliberado: é aquele realizado para tratar mal maior.
7 – Erro profi ssional: a Justiça assim considera aquele 
decorrente de falha não imputável ao médico, e que depende 
das naturais limitações da Medicina que não possibilitam 
sempre e com certeza o estabelecimento de um diagnóstico 
exato. A omissão de dados e informações pelo paciente 
também contribuem para este tipo de erro médico.
8 – Erro técnico: se refere a erro do médico procedente de falhas 
estruturais, quando os meios (falta de equipamentos) ou as 
condições de trabalho na instituição por ocasião do atendimento 
médico são insufi cientes ou inefi cazes para uma resposta 
satisfatória. São comuns as falhas dos esfi gmomanômetros, 
das autoclaves, dos aparelhos de raios-X, dos aparelhos 
de anestesia, dos aparelhos para ventilação mecânica, das 
ambulâncias, nas condições de higiene propiciando a infecção 
hospitalar, etc., e até mesmo a inexistência do próprio leito 
para o paciente, fato lamentavelmente comum [...].
Dessa forma, o médico responderá por erro médico comprovada a 
inobservância de conduta técnica por imperícia, imprudência e negligência. 
Por outro lado, adotadas pelo médico técnicas e métodos adequados, 
ainda que não se alcance o resultado pretendido, o profi ssional não deve ser 
responsabilizado.
Uma dúvida que paira é sobre a responsabilidade civil do hospital por conta 
de erro médico praticado em suas dependências. 
É que, a teor do art. 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor 
(BRASIL, 1990, s.p.), o hospital deverá responder objetivamente pelos 
danos sofridos por seus pacientes por defeitos relativos à prestação 
dos serviços: “O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insufi cientes ou inadequadas sobre sua fruição 
e riscos”.
O hospital 
deverá responder 
objetivamente pelos 
danos sofridos por 
seus pacientes por 
defeitos relativos 
à prestação dos 
serviços.
102
 RESPONSABILIDADE CIVIL
O médico, por outro lado, só responderá subjetivamente pelos erros médicos 
cometidos, segundo o art. 14, § 4.º do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 
1990).
 Isso quer dizer que, havendo um erro médico praticado dentro do hospital, 
poderia acontecer do médico, aquele que atendeu e tratou o paciente, ser 
isentado de responsabilidade por ausência de demonstração de culpa, enquanto 
o nosocômio, que simplesmente forneceu o espaço para o procedimento, 
responderia pelo erro do qual o médico foi isentado. Não parece injusto?
O Superior Tribunal de Justiça, no entanto, já decidiu no Recurso Especial 
nº 1.216.424/MT (BRASIL, 2011, s.p.), no qual a relatora foi a Ministra Nancy 
Andrighi, que, nestas condições:
O reconhecimento da responsabilidade solidária do hospital 
não transforma a obrigação de meio do médico, em obrigação 
de resultado, pois a responsabilidade do hospital somente se 
confi gura quando comprovada a culpa do médico, conforme a 
teoria de responsabilidade subjetiva dos profi ssionais liberais 
abrigada pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 Assim, o hospital somente responderá objetivamente pelos vícios na 
prestação de serviços eminentemente hospitalares (como hotelaria, enfermagem 
etc.); quanto aos erros médicos, ele somente responderá se, antes, for 
demonstrada a culpa do profi ssional médico. 
Responsabilidade Civil dos 
AdvoGados
Sobre a responsabilidade civil do advogado, estabeleça-se desde já que, 
assim como o médico, a obrigação do advogado é de meio, e não de resultado, 
devendo desenvolver o trabalho contratado com diligência e melhor técnica 
processual, não assumindo a obrigação de sair vitorioso na ação judicial. Segundo 
Venosa (2004, p. 206):
As obrigações do advogado consistem em defender a parte em 
juízo e dar-lhe conselhos profi ssionais. A responsabilidade do 
advogado, na área litigiosa, é uma obrigação de meio. Nesse 
diapasão, assemelha-se à responsabilidade do médico [...] O 
advogado está obrigado a usar de sua diligência e capacidade 
profi ssional na defesa da causa, mas não se obriga pelo 
resultado, que sempre é falível e sujeita às vicissitudes 
intrínsecas ao processo. Sua negligência ou imperícia pode 
traduzir-se em várias de várias formas. A inefi ciência de 
103
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
sua atuação deve ser apurada no caso concreto. O que se 
repreende é o erro grosseiro, inescusável no profi ssional. Isto 
se aplica a qualquer ramo profi ssional. 
Trata-se, ainda, de responsabilidade subjetiva, ou seja, deverá o lesado 
comprovar que o advogado teria agido por imprudência, imperícia ou negligência. 
É o que prevê o art. 32, do Estatuto da Advocacia (BRASIL, 1994, s.p.), que 
estabelece que o: “advogado é responsável pelos atos que, no exercício 
profi ssional, praticar com dolo ou culpa”.
Por outro lado, há que se reconhecer que o advogado é quem detém 
o conhecimento técnico para decidir se vale ou não a pena ajuizar uma ação, 
de optar por uma ou outra estratégia processual e, mormente considerando o 
recrudescimento das sanções processuais àqueles que atuam de forma temerária, 
se vale a pena ou não recorrer de determinada decisão. É o que lembra Cavalieri 
Filho (2005, p. 411):
No que respeita à conveniência ou não de recorrer, entendemos 
que, sendo o advogado o primeiro juiz da conveniência de se 
ajuizar ou não a ação, deve sê-lo, também, da conveniência 
de recorrer, mormente tratando-se de recurso especial ou 
extraordinário, sujeitos a requisitos rigorosos e específi cos. O 
advogado, principalmente quando zeloso do seu bom nome, 
não pode ser obrigado a interpor um recurso manifestamente 
incabível. Não deve, entretanto, deixar de recorrer no caso de 
indiscutível necessidade, ou contrariando a vontade de seu 
cliente. Neste último caso, se tem convicção jurídica contrária, 
o caminho será a renúncia.
A questão que tem sido debatidanos tribunais, é a responsabilidade do 
advogado pela perda de uma chance sofrida pelo cliente. Como já visto, para 
a responsabilização com fundamento na perda de uma chance, exige-se que a 
oportunidade perdida seja séria e real.
No caso do advogado, este deverá estar diante da perda chance real de 
vitória no processo, como em casos nos quais o fundamento legal do cliente 
esteja respaldado em súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal 
de Justiça ou do próprio tribunal, acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal 
ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos ou em 
entendimento fi rmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência.
Tem-se admitido, também, a responsabilidade civil do advogado pela 
perda da chance de defesa quando não utilizar todos os elementos – diga-se, 
sufi cientes – que dispõe para desenvolver a defesa do cliente, conforme a decisão 
da Apelação Cível (RIO GRANDE DO SUL, 2013, s.p.):
104
 RESPONSABILIDADE CIVIL
RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOGADO. EXERCÍCIO DO 
MANDATO. PERDA DE UMA CHANCE. Advogado contratado 
patrocinar a defesa do cliente em ação executiva. Cliente 
que forneceu documentação ao patrono, pretendendo ver 
defendida a alegação de que já quitara a dívida exequenda. 
Comprovada a atuação inadequada e culposa do profi ssional 
contratado. Neste processo indenizatório, advogado, não 
houve comprovação da tese de defesa de que as alegações do 
cliente seriam inverossímeis e pouco defensáveis. Prova dos 
autos que leva à conclusão diversa. Prática de erros técnicos 
insuperáveis durante o patrocínio da defesa do cliente, que 
conduziram à completa e irrecuperável perda da chance de 
exercer defesa naquela ação executiva. Dever de indenizar 
confi gurado. - Reformada a sentença, resta prejudicado 
o pedido da parte ré de majoração da verba honorária 
sucumbencial que lhe havia sido arbitrada. APELO PROVIDO, 
RECURSO ADESIVO PREJUDICADO.
Assim, há perda da chance quando o advogado atua culposamente no sentido 
de reclamar os direitos do cliente-autor, como também naqueles em que sua 
atuação tecnicamente inefi caz depõe contra as chances de defesa do cliente-réu.
Atividade de Estudos:
1) Faça uma pesquisa jurisprudencial e responda: a relação entre 
advogado e cliente é uma relação de consumo? Esse contrato de 
prestação de serviços advocatícios será regido pelo Código de 
Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990)? Fundamente.
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105
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Responsabilidade Civil das 
Empresas de Estacionamento e 
Demais EncarreGados da Guarda ou 
ViGilÂncia de VeÍculos
Para facilitar a compreensão, dividiremos o estudo sobre a responsabilidade 
civil das empresas de estacionamento em três partes: a primeira versará sobre a 
empresa de estacionamento propriamente dita (garagistas); a segunda sobre a 
empresa que não tem como atividade principal o fornecimento de estacionamento, 
mas que oferece essa comodidade aos seus clientes (por exemplo: supermercado 
ou shopping center); e a terceira, sobre a responsabilidade civil do Estado pelos 
furtos ocorridos nas chamadas ‘zonas azuis’.
O primeiro caso – o da empresa que tem como principal atividade oferecer 
o serviço de estacionamento – haverá um contrato de depósito, conforme o art. 
627, do Código Civil (BRASIL, 2002), caracterizado, via de regra, uma relação 
de consumo entre o depositante/consumidor e o depositário/prestador de serviço. 
Esse último será quem, nos termos do art. 14, caput, do Código de Defesa do 
Consumidor (BRASIL, 1990), responderá objetivamente, logo, independe da 
existência de culpa, pelos danos causados aos veículos, como furtos, colisões 
etc. Como destaca Gonçalves (1995, p. 307):
A obrigação de vigilância não existe apenas no contrato de 
depósito, mas também em outras modalidades (contratos 
de guarda ou de vigilância ou inominados), onerosos ou 
gratuitos, em que não ocorre a tradição e as chaves do veículo 
permanecem com o dono, assumindo o outro contratante a 
obrigação de vigiá-lo e de garantir a sua incolumidade contra 
furtos e colisões e danos provocados por terceiros.
Tanto é que, nesses casos, a jurisprudência sequer admite a excludente de 
ilicitude da força maior pelo furto, já que se trata de risco inerente ao negócio 
(BRASIL, 2010b, s.p.):
DIREITO CIVIL. SEGURO. FURTO OU ROUBO DE 
VEÍCULO EM ESTACIONAMENTO.CASO FORTUITO. 
NÃO CONFIGURAÇÃO. EVENTO PREVISÍVEL. DIREITO 
DEREGRESSO DA SEGURADORA DO PROPRIETÁRIO DO 
VEÍCULO. SÚMULA 288/STF. INCIDÊNCIA. - Não há como 
considerar o furto ou roubo de veículo causa excludente 
da responsabilidade das empresas que exploram o 
estacionamento de automóveis, na medida em que a 
obrigação de garantir a integridade do bem é inerente à 
106
 RESPONSABILIDADE CIVIL
própria atividade por elas desenvolvida. Hodiernamente, o 
furto e o roubo de veículos constituem episódios corriqueiros, 
sendo este, inclusive, um dos principais fatores a motivar 
a utilização dos estacionamentos, tornando inconcebível 
que uma empresa que se proponha a depositar automóveis 
em segurança enquadre tais modalidades criminosas como 
caso fortuito. - Fixada a premissa de que o furto e o roubo de 
veículos são eventos absolutamente previsíveis no exercício da 
atividade garagista, conclui-se que, na linha de desdobramento 
dos fatos que redundam na subtração do carro, encontra-se a 
prestação defi ciente do serviço pelo estacionamento, que, no 
mínimo, não agiu com a diligência necessária para impedir a 
atuação criminosa [...].
Por outro lado, nos casos de danos decorrentes de enxurradas ou vendavais, 
no qual o risco não é inerente ao negócio, tem-se admitido a excludente de caso 
fortuito, prevista no art. 393 do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), conforme a 
decisão da Apelação Cível nº 70045311941 (RIO GRANDE DO SUL, 2011, s.p.): 
Apelação civil. Ação ordinária. Precipitação pluviométrica e 
fortes ventos que ocasionaram a queda da cobertura do box de 
estacionamento do autor. Caso fortuito e força maior a afastar 
a responsabilidade dos demandados. Demonstrado nos autos 
que as fortes chuvas e temporais que atingiram a capital na 
data do evento deu causa aos danos alegados na inicial. 
Já, quando a atividade principal não for a de fornecer estacionamento, 
ocorre da mesma forma a responsabilização da empresa pelos danos que 
ocorrerem dentro de seu estacionamento, uma vez que o empreendimento 
oferece esse conforto para atrair clientes, independentemente de cobrar por isso 
ou não, ou de controlar ou não a entrada e a saída dos veículos.
Tal entendimento, aliás, já está sumulado: “A empresa responde, 
perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos 
em seu estacionamento.” (BRASIL, 1995). Para ilustrar:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO EM 
ESTACIONAMENTO. - CERCEAMENTO DE DEFESA. [...] 
ESTACIONAMENTO. Facilidade de acesso. Comodidade. 
Atração de clientela. Presunção pelos clientes de 
considerável situação de segurança. Risco da oferta 
que obriga fi scalizar e prevenir as ocorrências. O 
estacionamento é uma extensão do estabelecimento 
demandado. - RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Falha no 
dever de cuidado e proteção de seus clientes. A segurança 
falhou no momento em que o assaltante conseguiu 
invadir o estacionamento, efetuar disparos contra o 
cliente atingindo seu ombro esquerdo, evadindo-se, em 
seguida, do local. Afastada tese de culpa exclusiva da 
A empresa 
responde, perante 
o cliente, pela 
reparação de dano 
ou furto de veículo 
ocorridosem seu 
estacionamento.
107
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
vítima. Responsabilidade objetiva. Inadequado perquirir 
sobre dolo ou culpa. Inteligência do art. 14, caput, do 
CDC. - CÂMERAS DE VIGILÂNCIA. Não desnatura o dever 
de indenizar. Instrumentos que não impediram a ocorrência 
do lamentável incidente. - DEVER DE SEGURANÇA DO 
ESTADO. Tese rechaçada. - DANO MORAL IN RE IPSA. 
Quantum indenizatório fi xado na sentença que deve ser 
mantido (R$15.000,00). Funções ressarcitória e punitiva 
observadas. O montante não causa enriquecimento indevido 
à autora, nem exagerado fardo fi nanceiro à ré. - DANOS 
MATERIAIS. Ausência de demonstração que auferia por mês 
como autônomo (advogado) 05 (cinco) salários mínimos. 
Salário mínimo. Valor considerado pela Constituição Federal 
como o necessário à sua subsistência. Valor mantido. - 
SUCUMBÊNCIA. Ônus fi xados na sentença que devem ser 
mantidos por estarem de acordo com o Diploma Processual 
Civil. - Recursos não providos (BRASIL, 2015, s.p.).
Por fi m, quanto ao caso das chamadas ‘áreas azuis’ ou ‘zonas azuis’, 
o entendimento, que os tribunais têm, é que não se trata de um serviço de 
estacionamento – inexistindo, portanto, o dever de guarda e de conservação –, 
mas mero controle de sistema rotativo de vagas, representado pelo poder de polícia 
administrativa e remunerado mediante o pagamento de taxa pelo contribuinte.
Em outras palavras, trata-se de uma prestação de serviço público onde não está 
caracterizado o dever de guarda e de vigilância, sendo, segundo nossos tribunais, 
incabível a disponibilização de policiamento sufi ciente para garantir a segurança 
individual de cada veículo, o que deve ocorrer no estacionamento particular.
Responsabilidade Civil dos 
Estabelecimentos Bancários
Estabeleça-se, de início, que não restam dúvidas que as relações entre 
bancos e correntistas estão submetidas às disposições da Lei 8.078/1990, o 
Código de Defesa do Consumidor. Tanto é, que a Súmula nº 297, do Superior 
Tribunal de Justiça (BRASIL, 2004, s.p.), afi rma que: “o Código de Defesa do 
Consumidor é aplicável às instituições fi nanceiras”.
E, ainda que os tipos de serviços oferecidos pelos bancos venham 
se modifi cando e se incrementando ao longo dos últimos anos, na mesma 
proporção vem crescendo o assédio dos criminosos ao sistema fi nanceiro, visto 
que seu serviço consiste, essencialmente, na mobilização de crédito mediante 
o recebimento e o depósito de dinheiro de seus correntistas, bem como o 
empréstimo de importância àqueles que necessitam de capital. Conforme leciona 
Orlando Gomes (2009, p. 397):
108
 RESPONSABILIDADE CIVIL
São operações típicas as que se realizam para o cumprimento 
da função creditícia dos bancos. Dividem-se em operações 
passivas e ativas. Nas primeiras, o banco assume a posição 
de devedor; nas segundas, de credor. Se recolhe capital, 
tornando-se devedor dos clientes, realiza operação passiva; 
se aplica suas disponibilidades, concedendo crédito, pratica 
operação ativa.
Como exemplo de operações bancárias chamadas de atípicas ou acessórias, 
temos a cobrança de títulos (recebimento de carnês), os fi nanciamentos, a guarda 
de valores, o aluguel de cofres etc. 
Sendo justamente dessas operações típicas e atípicas que os bancos e as 
instituições fi nanceiras extraem seu lucro.
Depois de recuar quase 20% em 2016 (durante a grave crise 
econômica que assolava o país), o lucro dos maiores bancos do 
Brasil voltou a crescer no ano de 2017. Somados as quatro maiores 
instituições fi nanceiras com ações listadas na Bolsa de Valores de 
São Paulo (BOVESPA) – Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco 
e Santander – seu lucro teve uma alta de 14,6%, atingindo R$ 57,63 
bilhões.
Fonte: Disponível em <https://g1.globo.com/economia/noticia/lucro-dos-maiores-
bancos-volta-a-crescer-e-sobe-146-em-2017.ghtml>. Acesso em: 16 maio 2018.
Justamente por defeitos relativos à prestação desses serviços, típicos 
ou atípicos, que os bancos e/ou as instituições fi nanceiras responderão pelos 
prejuízos causados ao seu cliente (responsabilidade contratual).
Maria Helena Diniz enumera nada menos que vinte e oito exemplos de casos 
em que o banco, como mandatário ou depositório, responderá civilmente perante 
o seu correntista: se recebe do devedor valor inferior ao devido ou debita valor 
pago a mais em conta de correntista sem seu consenso; se causa dano ao cliente 
pela falência de seu devedor, se retardou o protesto da duplicata ou se consentiu 
em prorrogar o prazo de pagamento de certos títulos sem a anuência do seu 
cliente; se desconta cheque falsifi cado (neste caso, há uma série de ressalvas); 
se atrasa na remessa de fundos ordenada pelo cliente; protestar cambial, mesmo 
que alertado da falsidade da assinatura do devedor, dentre vários outros (DINIZ, 
2009).
109
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Assim, a responsabilidade da instituição fi nanceira será objetiva, 
fulcrada na, já vista, teoria do risco da atividade econômica. Não 
custa lembrar, não é? Segundo Gonçalves (2003, p. 309-310):
Para a teoria do risco, toda pessoa que exerce 
alguma atividade cria um risco de dano para 
terceiros. E deve ser obrigada a repará-lo, 
ainda que sua conduta seja isenta de culpa. A 
responsabilidade desloca-se da noção de culpa para a ideia 
de risco, ora encarada como risco-proveito, que se funda no 
princípio segundo o qual é reparável o dano causado a outrem 
em consequência de uma atividade realizada em benefícios 
do responsável (ubi emolumentum, ibi onus ); ora mais 
genericamente como risco criado, a que se subordina todo 
aquele que, sem indagação de culpa, expuser alguém a suportá-
lo. [...] A teoria do risco apresenta ainda outras ramifi cações ou 
subespécies, como as teorias do risco profi ssional, do risco-
atividade, do risco excepcional e do risco integral. A primeira 
funda-se no pressuposto de que o dever de indenizar é uma 
decorrência da atividade profi ssional desenvolvida pelo 
lesante, como, por exemplo, a desempenhada pelos bancos, 
nas suas relações com os clientes. 
Por esse motivo é desnecessária a demonstração da culpa da instituição 
fi nanceira, visto que se trata de responsabilidade civil objetiva, a qual se funda no 
risco do negócio desenvolvido.
Porquanto se trate de uma relação de consumo, o afastamento 
do dever de indenizar por parte da instituição fi nanceira, somente 
ocorrerá se confi gurada a existência de uma das excludentes 
previstas no art. 14, § 3º, I e II, do Código de Defesa do Consumidor 
(Brasil, 1990, s.p.). O fornecedor de serviços só não será 
responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o 
defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, 
ou, ainda, de caso fortuito ou força maior.
No entanto, com relação aos danos causados ao cliente por 
determinados fatos de terceiro – exemplos: clonagem de cartão 
de crédito, violação de sistema de computador por criminosos 
virtuais, abertura de conta bancária por falsários etc. – o Superior Tribunal de 
Justiça tem entendido que, nesses casos, não há que se falar em excludente de 
responsabilidade por confi gurarem caso fortuito interno, afi nal, relacionam-se 
com os riscos da atividade desenvolvida pelos bancos.
Assim, para conferir se haverá ou não responsabilidade do banco por dano 
gerado ao seu cliente por fato de terceiro, far-se-á necessário perquirir se o 
ato ilícito é conexo (caso fortuito interno) ou não (caso fortuito externo) com a 
A responsabilidade 
da instituição 
fi nanceira será 
objetiva, fulcrada 
na teoria do risco 
da atividade 
econômica.
O afastamento 
do dever de 
indenizar por parte 
da instituição 
fi nanceira, 
somente ocorrerá 
se confi gurada a 
existência de uma 
das excludentes 
previstas no art. 
14, § 3º, I e II, do 
Código de Defesa 
do Consumidor 
(Brasil, 1990, s.p.).
110
 RESPONSABILIDADE CIVIL
atividade econômica explorada pelo banco,respondendo na primeira hipótese e 
não respondendo na segunda. 
É, aliás, o que estabelece a Súmula do Superior Tribunal de 
Justiça nº 479 (BRASIL, 2012ª, s.p.): "As instituições fi nanceiras 
respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno 
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de 
operações bancárias."
Além da garantia pela qualidade nos serviços bancários, vale 
um parágrafo para tratar da segurança dos clientes no interior dos 
estabelecimentos bancários. 
O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que a instituição 
bancária possui o dever de garantir a segurança com relação ao público em 
geral, nos termos da Lei nº 7.102/1983, o qual não pode ser afastado por fato 
de terceiro (roubo ou assalto), sendo descabida a alegação de força maior ou 
caso fortuito, diante a previsibilidade de ocorrência de tais eventos na atividade 
bancária.
Questão ainda polêmica é a responsabilidade civil pelos crimes conhecidos 
por "saidinha de banco". Em recente julgamento do Recurso Especial nº 
1.557.323 – PR, em que o relator foi o Ministro Marco Aurélio Bellizze, o Superior 
Tribunal de Justiça (Brasil, 2018, s.p.) entendeu que:
A instituição bancária não responde por crime de latrocínio 
cometido contra correntista, em via pública, por se tratar de 
hipótese de fortuito externo, o qual rompe o nexo de causalidade 
e, por consequência, afasta a responsabilidade civil objetiva, 
notadamente por ser a segurança pública dever do Estado.
Trata-se de um tema que merecerá atenção nos próximos anos. 
As instituições 
fi nanceiras 
respondem 
objetivamente pelos 
danos gerados 
por fortuito interno 
relativo a fraudes e 
delitos praticados 
por terceiros no 
âmbito de operações 
bancárias.
Responsabilidade Civil do 
Transportador
Conceituado, por Venosa (2004, p. 481), como:
[...] negócio pelo qual um sujeito se obriga, mediante 
remuneração, a entregar coisa em outro local ou a percorrer 
um itinerário para uma pessoa”, o contrato de transporte está 
previsto no art. 730, do Código Civil, pelo qual “alguém se 
obriga, mediante retribuição, a transportar, de um lugar para o 
outro, pessoas ou coisas.
111
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
No contrato de transporte, temos a fi gura do contratante (remetente) e do 
contratado (transportador), podendo ser objeto do transporte pessoas ou coisas, 
podendo existir, nessa última hipótese, a fi gura do destinatário.
O contrato de transporte, por óbvio, trata-se de responsabilidade contratual 
na qual traz uma obrigação de resultado, ou seja, obriga-se o transportador com 
o resultado da entrega, sã e salva, do passageiro e suas bagagens ao local de 
destino ou da mercadoria ao destinatário.
Por qualquer intercorrência neste interregno que caracterize 
descumprimento dessa obrigação de resultado, responderá o transportador, nos 
termos e na forma a seguir.
Transporte de PassaGeiros
De início, é necessário estabelecer que é da essência do contrato oneroso de 
transporte de pessoas a cláusula de incolumidade, obrigando-se o transportador a 
levar o passageiro e suas bagagens ao seu destino, são e salvos.
Segundo lição de Sérgio Cavalieri Filho (2005, p. 31) tal cláusula é ínsita ao 
contrato de transporte, tendo: “o transportador o dever de zelar pela incolumidade 
do passageiro na extensão necessária a lhe evitar qualquer acontecimento 
funesto [...]." 
Por isso, o transportador responderá pelos danos causados às pessoas 
transportadas e suas bagagens, nos termos dos artigos 734 e 735 do Código Civil 
(BRASIL, 2002, s.p.):
Art. 734. O transportador responde pelos danos causados 
às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo 
de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da 
responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração 
do valor da bagagem a fi m de fi xar o limite da indenização.
Art. 735. A responsabilidade contratual do transportador por 
acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, 
contra o qual tem ação regressiva.
A jurisprudência, ressoando entendimento do Superior Tribunal de Justiça, 
tem entendido que não há responsabilidade da transportadora quando o fato de 
terceiro, como furtos ou assaltos, não guarda conexidade com a atividade de 
transporte. Nesses casos, admite-se a exclusão da responsabilidade de indenizar 
na hipótese de caso fortuito externo (tempestades, enchentes etc.) e de força 
maior (assalto) ou por fato exclusivo do passageiro. Para ilustrar, segue a decisão 
da Apelação nº 9108759-61.2007.8.26.0000 (SÃO PAULO, 2012, s.p.):
112
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil - Transporte de passageiros - 
Responsabilidade objetiva da transportadora - Roubo 
consumado por terceiros - Veículo interceptado na estrada por 
salteadores armados - Motorista coagido a desviar para estrada 
de terra - Fato de terceiro equiparado a caso fortuito ou força 
maior - Inevitabilidade - Evento sem conexidade com o contrato 
de transporte Responsabilidade da transportadora excluída 
Pretensão do autor improcedente - Recurso desprovido.
Nos casos de fatos de terceiro conexos com o transporte, como em acidentes 
de trânsito que geram danos aos passageiros, não se admitem as hipóteses de 
exclusão de responsabilidade, já que se trata do risco do negócio.
Assim, em se tratando de contrato de transporte oneroso, o fato de terceiro, 
apto a afastar a responsabilidade objetiva da empresa transportadora, somente 
será aquele totalmente desconexo com os riscos inerentes ao transporte, ao 
passo que aquele ligado à atividade de transporte não será elidido.
Assim, um assalto dentro de um ônibus, ainda que presumível, é imprevisível 
e inevitável, não guardando relação com a atividade de transporte. Por outro lado, 
o acidente, ainda que por culpa de terceiro, guarda conexão com a atividade 
de transporte, devendo o transportador responder objetivamente perante seu 
passageiro lesionado, assegurado o regresso contra o responsável pelo acidente, 
com fulcro na Súmula do Supremo Tribunal Federal nº 187, que afi rma: “a 
responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, 
não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”.
Outro detalhe, já visto anteriormente, é que será considerada nula 
a eventual cláusula de não indenizar, conforme o art. 734 e a Súmula 
161 do Supremo Tribunal Federal.
Será considerada 
nula a eventual 
cláusula de não 
indenizar.
Transporte de Coisas e Mercadorias
O contrato de transporte de coisas está previsto no art. 743, do Código Civil 
(BRASIL, 2002, s.p.), que o defi ne como: “a coisa, entregue ao transportador, 
deve estar caracterizada pela sua natureza, valor, peso e quantidade, e o mais 
que for necessário para que não se confunda com outras, devendo o destinatário 
ser indicado ao menos pelo nome e endereço”.
Diniz (2009, p. 490) conceitua o transporte de coisas ou mercadorias 
como: “[...] aquele em que o expedidor ou remetente entrega ao transportador 
determinado objeto lícito para que, mediante pagamento de frete, seja remetido a 
outra pessoa (consignatária ou destinatário), em local diverso daquele em que a 
coisa foi recebida”.
113
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Portanto, pelo contrato de transporte de coisas, o expedidor/remetente 
entrega bens corpóreos ou mercadorias ao transportador, para que esse os leve 
até um destinatário, com pontualidade e segurança. Trata-se de uma obrigação 
de resultado. 
Pela dicção do art. 743, do Código Civil (BRASIL, 2002), a coisa transportada 
deverá estar caracterizada pela sua natureza, seu valor, peso e quantidade, 
cabendo ao transportador transmovê-la adequadamente, de acordo com as suas 
características. Tais informações são de extrema relevância para fi ns de aferir 
se o contrato atingiu ou não o resultado, respondendo até o valor constante do 
conhecimento.
Oportuno trazer, outrossim, que a teor do art.746, do Código Civil (BRASIL, 
2002, s.p.), no momento em que emitirá conhecimento com a menção dos dados 
que a identifi quem: “poderá o transportador recusar a coisa cuja embalagem 
seja inadequada, bem como a que possa pôr em risco a saúde das pessoas, ou 
danifi car o veículo e outros bens”, sob pena de, não o fazendo, assumir os riscos.
Uma vez entregue a coisa, conhecida e não recusada pelo transportador, este 
“conduzirá a coisa ao seu destino, tomando todas as cautelas necessárias para 
mantê-la em bom estado e entregá-la no prazo ajustado ou previsto” (BRASIL, 
2002, s.p.).
Sobre a responsabilidade do transportador, nos termos do artigo 750, do 
Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.): “a responsabilidade do transportador, limitada 
ao valor constante do conhecimento, começa no momento em que ele, ou seus 
prepostos, recebem a coisa; termina quando é entregue ao destinatário, ou 
depositada em juízo, se aquele não for encontrado”, considerando se tratar, ainda, 
de uma relação de consumo, conforme o artigo 14, do Código de Defesa do 
Consumidor (BRASIL, 1990), está-se diante de responsabilidade objetiva. 
Logo, se a coisa foi extraviada, destruída, danifi cada, atrasada, responderá 
a transportadora pelos prejuízos comprovadamente causados ao consumidor, 
observadas as regras estabelecidas no Código Civil (BRASIL, 2002), nos artigos 
743 a 756, bem como Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990).
Nossos tribunais têm entendido que, não obstante a responsabilidade do 
transportador seja objetiva, nada impede que nos roubos, no interregno entre 
a remessa da mercadoria e sua entrega ao destinatário fi nal, seja invocada 
uma situação de força maior para afastar o dever de indenizar, especialmente 
quando o evento decorre de caso fortuito externo, que não tenha conexão ou 
relação direta com o serviço prestado, principalmente se comprovado que a 
transportadora tenha tomado todas as medidas, precauções e cautelas que 
estavam ao seu alcance.
114
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Destarte, a regra é a responsabilidade objetiva do transportador. Apesar de 
objetiva, essa responsabilidade não é absoluta, de modo que a responsabilidade 
pode ser afastada em caso fortuito e força maior.
Transporte PÚblico
O transportador de ônibus de linha é pessoa jurídica de direito privado, 
prestador de serviço público – no caso, transporte coletivo – e, como tal, 
submete-se à teoria do risco administrativo, por força da norma constitucional 
contida no art. 37, § 6º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988), sujeitando-se, 
outrossim, à regra do art. 731 do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), que afi rma: 
“o transporte exercido em virtude de autorização, permissão ou concessão, rege-
se pelas normas regulamentares e pelo que for estabelecido naqueles atos, sem 
prejuízo do disposto neste Código”.
Assim, as regras que conduzirão a responsabilidade do transportador 
autorizado serão aquelas conferidas nos respectivos instrumentos de autorização, 
permissão ou concessão, aplicando-se ainda as regras constantes no Código Civil, 
não se olvidando da responsabilização objetiva prevista às prestadoras de serviços 
públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
Assim, para verifi carmos a responsabilidade civil da empresa prestadora 
de serviço público de passageiros, temos então que considerar duas hipóteses: 
danos causados aos próprios passageiros (responsabilidade contratual) e os 
danos causados a terceiros não-passageiros (responsabilidade não contratual).
Na primeira hipótese, com relação aos danos causados aos 
próprios passageiros, a empresa responderá objetivamente, razão 
pela qual a confi guração do dever de indenizar dependerá apenas da 
ocorrência de um fato que se possa imputar, por causalidade, a um 
dano ou prejuízo, seja ele patrimonial ou não, sem necessidade de 
investigação do elemento culpa. No entanto, estará isento se restar 
comprovada alguma excludente de responsabilidade, tais como culpa exclusiva 
da vítima, força maior e caso fortuito externo. 
Já na segunda hipótese - responsabilidade da empresa prestadora de 
serviços públicos de passageiros em face dos danos provocados a terceiro não 
transportado, ou seja, responsabilidade aquiliana, também será de natureza 
objetiva e, sob essa moldura, ocorrido o acidente durante a execução dos 
serviços delegados e dele advierem danos a terceiros, estranhos à prestação do 
serviço, a obrigação indenizatória restará caracterizada, conforme o artigo 37, § 
6.º, da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e os artigos 186 e 927, do Código 
Civil (BRASIL, 2002).
Com relação aos 
danos causados 
aos próprios 
passageiros, a 
empresa responderá 
objetivamente.
115
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
E a carona?
Vimos que o art. 730, do Código Civil (BRASIL, 2002, s.p.), estabelece que 
é contrato de transporte quando “[...] alguém se obriga, mediante retribuição, a 
transportar, de um lugar para o outro, pessoas ou coisas. ”
No caso da carona, também chamado de ‘transporte 
desinteressado’ ou de simples cortesia, não se aplicam as regras do 
contrato de transporte previstas no Código Civil, respondendo, aquele 
que dá a carona, apenas subjetivamente pelos danos causados 
ao transportado, ou seja, quando incorrer em dolo ou culpa grave, 
conforme a Súmula 145 do Superior Tribunal de Justiça.
Respondendo, 
aquele que dá a 
carona, apenas 
subjetivamente 
pelos danos 
causados ao 
transportado.
Responsabilidade Civil do Construtor
Para falar em responsabilidade civil do construtor, é preciso entender que 
existem diversas modalidades de contratação daquele que será responsável pela 
construção da obra, por aquele interessado em adquirir um imóvel para morar ou 
para investir.
A construção poderá dar-se mediante contrato de empreitada, previsto no 
art. 610 e seguintes, do Código Civil (BRASIL, 2002), quando alguém contrata o 
empreiteiro diretamente para a realização de uma determinada obra, utilizando 
materiais próprios ou apenas a sua força de trabalho.
 
Tendo o Brasil experimentado um “boom” na construção civil nas últimas 
décadas, a modalidade de construção mais comum no país é a incorporação 
imobiliária, regida pela Lei nº 4.591/64, que prevê três diferentes regimes 
de construção: por conta e risco do incorporador; por empreitada e por 
administração.
 
Tamanha a sua didática, vale a transcrição de parte do acórdão emitido no 
Recurso Especial nº 1166039/RN, com a relatoria do Ministro Castro Meira, 
em que se discutia se haveria ou não a incidência de imposto sobre serviço de 
qualquer natureza (ISS) sobre a empresa de construção civil em atividade de 
incorporação. O acórdão explica, também, o que é e como funciona a construção 
por incorporação (BRASIL, 2010, s.p.):
A incorporação imobiliária é um negócio jurídico que, nos 
termos previstos no parágrafo único do art. 28 da Lei 4.591/64, 
tem por fi nalidade promover e realizar a construção, para 
alienação total ou parcial, de edifi cações compostas de 
unidades autônomas.
116
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Engloba, portanto, diversos ajustes voltados, basicamente, à 
venda de unidades imobiliárias autônomas em construção e 
à formação de um condomínio, como acentua Maria Helena 
Diniz:
Economicamente, a incorporação é um empreendimento que 
visa obter, pela venda antecipada dos apartamentos, o capital 
necessário para a construção do prédio.
É um contrato que abrange as obrigações de dar e fazer, 
operando seus efeitos em etapas sucessivas, até a conclusão 
do edifício e a transferência defi nitiva das unidades autônomas 
aos seus proprietários, e do condomínio do terreno e das 
áreas de utilização comum. Esse ajuste que é celebrado no 
período que antecede a construção, vale, para os tomadores 
de apartamentos, como compromisso preliminar de aquisição 
futura, e, para o incorporador, como promessa de construção e 
venda de apartamentos, com o correspondente condomínio no 
terreno e nas áreasde utilização comum (In: Curso de Direito 
Civil Brasileiro. V. 3. 24. ed. São Paulo, Saraiva, 2008, 650).
Por sua vez, incorporador é ‘a pessoa física ou jurídica, 
comerciante ou não, que embora não efetuando a construção, 
compromisse ou efetive a venda de frações ideais de 
terreno objetivando a vinculação de tais frações as unidades 
autônomas, em edifi cações a serem construídas ou em 
construção sob regime condominial, ou que meramente aceite 
propostas para efetivação de tais transações, coordenando 
e levando a termo a incorporação e responsabilizando-
se, conforme o caso, pela entrega, a certo prazo, preço 
e determinadas condições, das obras concluídas’ apud 
Lei 4.591/64, art. 29.
Ele é o elemento central da incorporação: planeja a edifi cação, 
mobiliza e coordena os fatores de produção, comercializa 
as unidades imobiliárias autônomas que comporão a 
futura edifi cação coletiva, averba a construção no Registro de 
Imóveis, com a consequente individualização das unidades, e 
institui o condomínio especial.
Nos termos do art. 31 desse diploma legal, a iniciativa e a 
responsabilidade das incorporações imobiliárias caberão 
ao incorporador, que somente poderá ser o proprietário 
do terreno, o promitente comprador, o cessionário deste ou 
promitente cessionário com título que lhe assegure a imissão 
na posse do imóvel e não tenha estipulações impeditivas de 
sua alienação em frações ideais e inclua consentimento para 
demolição e construção e o construtor. Admite-se, também, 
que ele contrate com o proprietário, atribuindo-lhe unidades 
autônomas como contraprestação.
Como visto, o incorporador não precisa ser o construtor, tanto 
que a Lei é explícita ao ressalvar no art. 29 ‘que embora não 
efetuando a construção’, pois a sua obrigação é promover 
a construção e alienar frações ideais vinculadas a futuras 
unidades imobiliárias, formando, ao fi nal, o condomínio edilício.
Ao tratar da atividade de construção no âmbito da incorporação, 
Melhim Namen Chalhub distingue com precisão:
A atividade de construção está presente no negócio jurídico 
da incorporação, mas incorporação e construção não se 
confundem, nem são noções equivalentes. A atividade 
117
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
da construção só integrará o conceito de incorporação se 
estiver articulada com a alienação de frações ideais de 
terreno e acessões que a elas haverão de se vincular; mas, 
independentemente disso, a atividade de incorporação pode, 
alternativamente, ser representada somente pela alienação de 
frações ideais, objetivando sua vinculação a futuras unidades 
imobiliárias. Obviamente, a incorporação compreende a 
construção, mas não é necessário que a atividade da construção 
seja exercida pelo próprio incorporador, pois esse pode atribuir 
a outrem a construção. (Da Incorporação Imobiliária. 2.ed. Rio 
de Janeiro: Renovar, 2005, p. 11). 
Sob o regime de construção, assim dispõe o art. 48, da Lei º 4.591/64 
(BRASIL, 1964, s.p.):
Art. 48. A construção de imóveis, objeto de incorporação nos 
moldes previstos nesta Lei poderá ser contratada sob o regime 
de empreitada ou de administração conforme adiante defi nidos 
e poderá estar incluída no contrato com o incorporador, 
ou ser contratada diretamente entre os adquirentes e o 
construtor (sem destaque no original).
A incorporação, portanto, poderá adotar um dos seguintes 
regimes de construção: a) por empreitada, a preço fi xo, ou 
reajustável por índices previamente determinados; 
b) por administração ou "a preço de custo"; ou 
c) diretamente, por contratação direta entre os adquirentes e 
o construtor.
Nos dois primeiros regimes, a construção é contratada pelo 
incorporador ou pelo condomínio de adquirentes, mediante 
a celebração de um contrato de prestação de serviços, em 
que aqueles fi guram como tomadores, sendo o construtor um 
típico prestador de serviços.
De toda a forma, seja a construção decorrente de contrato de construção 
direta com o empreiteiro ou através de incorporação imobiliária, em todos os 
casos – tratando-se de uma relação contratual, com a obrigação de resultado na 
entrega da obra, em conformidade com o memorial descritivo – o construtor (e, 
sendo o caso, também o incorporador) responderá pela solidez e segurança da 
obra, pelo prazo de 5 (cinco) anos, conforme o art. 618, do Código Civil (BRASIL, 
2002, s.p.):
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras 
construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e 
execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco 
anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão 
dos materiais, como do solo.
Parágr afo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o 
dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, 
nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício 
ou defeito.
118
 RESPONSABILIDADE CIVIL
Assim, constatado o vício que comprometa a solidez e a segurança do imóvel, 
dentro do decurso do prazo de garantia previsto no art. 618, do Código Civil 
(BRASIL, 2002), a responsabilidade do construtor é objetiva, mormente tratando-se, 
no maioria das vezes, de uma relação de consumo, em consequência ao que dispõe 
o art. 12, § 1º, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990).
Vale destacar que, tratando-se de vícios construtivos em edifícios 
erguidos mediante incorporação imobiliária, responderão solidariamente 
o construtor e o incorporador, conforme o entendimento do Superior 
Tribunal de Justiça (BRASIL, 2012c, s.p.), para quem o incorporador 
atrai para si a responsabilidade por todos danos que possam resultar 
da má execução do contrato de incorporação, dentre os quais aqueles 
resultantes de construção defeituosa:
RECURSO ESPECIAL. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. 
CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIO. VÍCIOS E DEFEITOS 
SURGIDOS APÓS A ENTREGA DAS UNIDADES 
AUTÔNOMAS AOS ADQUIRENTES. RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA DO INCORPORADOR E DO CONSTRUTOR. 
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA PARTE, 
DESPROVIDO. 1. O incorporador, como impulsionador do 
empreendimento imobiliário em condomínio, atrai para si 
a responsabilidade pelos danos que possam resultar da 
inexecução ou da má execução do contrato de incorporação, 
incluindo-se aí os danos advindos de construção defeituosa. 2. 
A Lei n. 4.591/64 estabelece, em seu art. 31, que a ‘iniciativa 
e a responsabilidade das incorporações imobiliárias caberão 
ao incorporador’. Acerca do envolvimento da responsabilidade 
do incorporador pela construção, dispõe que ‘nenhuma 
incorporação poderá ser proposta à venda sem a indicação 
expressa do incorporador, devendo também seu nome 
permanecer indicado ostensivamente no local da construção’, 
acrescentando, ainda, que ‘toda e qualquer incorporação, 
independentemente da forma por que seja constituída, terá um 
ou mais incorporadores solidariamente responsáveis" (art. 31, 
§§ 2º e 3º). 3. Portanto, é o incorporador o principal garantidor 
do empreendimento no seu todo, solidariamente responsável 
com outros envolvidos nas diversas etapas da incorporação. 
Essa solidariedade decorre tanto da natureza da relação 
jurídica estabelecida entre o incorporador e o adquirente 
de unidades autônomas quanto de previsão legal, já que a 
solidariedade não pode ser presumida (CC/2002, caput do art. 
942; CDC, art. 25, § 1º; Lei 4.591/64, arts. 31 e 43). 4. Mesmo 
quando o incorporador não é o executor direto da construção 
do empreendimento imobiliário, mas contrata construtor, fi ca, 
juntamente com este, responsável pela solidez e segurança 
da edifi cação (CC/2002, art. 618). Trata-se de obrigação de 
garantia assumida solidariamente com o construtor. 5. Recurso 
especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.
Tratando-se de 
vícios construtivos 
em edifícios 
erguidos mediante 
incorporação 
imobiliária, 
responderão 
solidariamente 
o construtor e o 
incorporador.
119
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
Confi rmada a responsabilidade solidária, seguemoutras duas observações 
valiosíssimas.
A primeira, inobstante a lei falar em ‘solidez’ e ‘segurança’, a responsabilidade 
do construtor não se restringe aos defeitos que geram risco de ruína ao imóvel, mas, 
também, alcança outros vícios que possam, eventualmente, tornar a obra imprópria 
ao fi m a que se destina, como a salubridade ou a habitabilidade do imóvel.
A segunda observação refere-se à corrente predominante na jurisprudência, 
de que o prazo quinquenal, previsto no art. 618, trata da garantia pela solidez e 
segurança da construção, não se confundindo com a prescrição ou decadência. 
Isso quer dizer que o construtor é responsável pelos defeitos que a construção 
apresentar nesse período de cinco anos, podendo ser acionado no prazo 
prescricional de dez anos, conforme o previsto no art. 205 do Código Civil 
(BRASIL, 2002). Importante salientar que a prescrição ocorre em dez anos, exceto 
se a lei não lhe fi xou prazo menor. 
Vale o destaque, ainda, que construtor e/ou incorporador também 
responderão civilmente, perante os compradores, pelo atraso na 
entrega do imóvel ou pela baixa qualidade da construção.
 
Traz-se, por fi m, que o construtor terá responsabilidade não 
só perante o dono da obra (responsabilidade contratual), mas, 
extracontratualmente, perante terceiros que venham a sofrer algum 
dano pelo fato da obra, como quedas de materiais, rachaduras, 
desabamento etc.
Construtor e/
ou incorporador 
também 
responderão 
civilmente, perante 
os compradores, 
pelo atraso na 
entrega do imóvel 
ou pela baixa 
qualidade da 
construção.
Responsabilidade Civil AutomobilÍstica
A responsabilidade civil decorrente dos acidentes de trânsito é aquilina, 
de modo que as cláusulas gerais, previstas nos artigos 186 e 927, do Código 
Civil (BRASIL, 2002), estabelecem os ditames da responsabilidade do acidente 
automotivo.
Maria Helena Diniz (2009, p. 570) destaca que a responsabilidade aquiliana, 
por acidente de trânsito, é subjetiva, ou seja, depende da demonstração de culpa 
do agente:
[...] a responsabilidade aquiliana por acidente de trânsito é 
subjetiva, constituindo uma sanção ao motorista culpado pelo 
dano causado por imprudência, imperícia ou negligência, tendo 
por escopo diminuir o número de sinistros. A vítima poderá 
provar a culpabilidade do lesante, mas este poderá demonstrar 
120
 RESPONSABILIDADE CIVIL
que o evento danoso se deu por culpa de terceiro ou do lesado, 
por força maior ou caso fortuito. Se o condutor for empregado, 
seu empregador, por força dos artigos 932, 933, 934 e 942 
terá responsabilidade civil objetiva perante o lesado, porém 
poderá reaver o que desembolsou do lesante (empregado), 
que agiu com culpa. Compete ao lesado provar a culpabilidade 
do demandado ou de seu preposto.
Partindo-se, então, da premissa de que a Lei nº 9.503/97, conhecida 
como Código de Trânsito Brasileiro, estabelece normas que disciplinam os 
procedimentos de trânsito, tais como limites de velocidade em determinadas vias, 
distâncias mínimas de segurança e preferências, é possível concluirmos que a 
simples transgressão de uma norma de trânsito caracterizará, automaticamente, a 
ilicitude do ato ou a presunção de culpa do causador do dano?
A doutrina denomina culpa contra a legalidade como a violação de texto 
expresso em lei, que cria em desfavor do agente uma presunção de ter agido com 
culpa. Sobre a culpa contra a legalidade, ensina Sérgio Cavalieri Filho (2005, p. 
65-66):
Fala-se em culpa contra a legalidade quando o dever violado 
resulta de texto expresso de lei ou regulamento, como ocorre, 
por exemplo, com o dever de obediência aos regulamentos 
de trânsito de veículos motorizados, ou com o dever de 
obediência a certas regras técnicas no desempenho de 
profi ssões ou atividades regulamentadas. A mera infração da 
norma regulamentar é fator determinante da responsabilidade 
civil; cria em desfavor do agente uma presunção de ter agido 
culpavelmente, incumbindo-lhe o difícil ônus da prova em 
contrário.
Convém assinalar que é principalmente em matéria de trânsito 
que a legislação fi xa ordens imperativas para a circulação 
dos veículos, de modo que a simples desobediência a uma 
dessas regras é o que basta para colocar o agente em estado 
de culpa. Daí por que tem entendido a jurisprudência que a 
colisão com veículo que roda na via preferencial transfere o 
ônus da prova àquele a quem cumpria observar as cautelas 
para a sua manobra, que resulta temerária se a preferencial 
não estava desimpedida.
O respeito à via preferencial tem por fundamento o princípio 
da confi ança, imprescindível nas relações de trânsito, e que 
consiste em que cada um dos envolvidos no tráfego pode 
esperar dos demais conduta adequada às regras e cautelas 
de todos exigidas. Por força desse princípio, o motorista 
que trafega na via preferencial pode esperar que os demais 
respeitarão os deveres decorrentes da preferência; que não 
será surpreendido por veículo provindo de via secundária, 
cujo motorista tem o dever de parar e aguardar condições 
favoráveis de trânsito.
121
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ESPÉCIE Capítulo 4 
É certo, todavia, que a culpa contra a legalidade implica em presunção 
juris tantum de culpa, sempre que houver nexo causal entre o dano e o 
descumprimento de norma legal, administrativa ou técnica, no desempenho de 
atividade regulamentada, fato do qual decorre o dever de indenizar.
Passível de prova em contrário, caberá ao agente o ônus de trazer uma 
excludente de responsabilidade, especialmente o caso fortuito, força maior 
ou culpa exclusiva, ou, no mínimo, concorrente, da vítima, para eximir-se da 
responsabilidade.
 
Há, por outro lado, aqueles que advogam que a ocorrência de infração 
administrativa não tem o condão per si de atrair a responsabilidade pelo acidente, 
urgindo se comprove que a transgressão tenha, sob qualquer aspecto, contribuído 
para a ocorrência do acidente.
Por exemplo, não é pelo fato de um carro estar estacionado em local 
proibido, que seu proprietário será necessariamente responsável por eventual 
abalroamento de terceiros nele. 
AlGumas Considerações
Há duas formas de responsabilidade civil: a contratual e a extracontratual ou 
aquiliana. A depender da natureza da norma jurídica violada, a responsabilidade 
será contratual ou extracontratual. Se, com o comportamento do agente 
causador do dano, foi violada uma norma contratual, a responsabilidade, por 
consequência, será contratual, mas quando, com o comportamento danoso, 
viola-se diretamente uma norma legal preexistente, a responsabilidade é 
extracontratual. 
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