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1 
 
INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA CRIMINAL: FRAUDES 
CONTÁBEIS 
UNIDADE 1, SESSÃO 1 
CONHECENDO A DISCIPLINA 
Olá, estudante! Seja bem-vindo ao nosso encontro! 
A contabilidade é um instrumento essencial na análise e avaliação das situações 
que envolvem as operações financeiras dentro das instituições. Diante disso, 
faremos uma viagem em busca de diversos conhecimentos que nos permitam 
compreender as principais contribuições da contabilidade para a investigação e 
execução da perícia criminal. 
Como a contabilidade é uma ciência que interpreta, registra e estuda os 
fenômenos e fatos que ocorrem na empresa ao longo do tempo, esse saber 
possibilita que usuários com acesso a tais informações verifiquem as mudanças 
e situações que afetaram o patrimônio, objeto da contabilidade. 
Por meio do patrimônio, é possível identificar as mutações ocorridas e avaliar 
a evolução da empresa com o passar dos anos, visto que os registros realizados 
na contabilidade viabilizarão a análise dos recursos obtidos, das despesas 
realizadas e dos investimentos efetuados, afinal a contabilidade tem como 
objetivo fornecer informações e controlar o patrimonial. 
A partir dos relatórios financeiros, faz-se a análise da empresa, de modo que é 
possível verificar se há fraudes. Tais documentos darão subsídios para a 
elaboração de pareceres a respeito de fatos relevantes ocorridos na corporação. 
Com o avanço tecnológico, a contabilidade deu um grande salto no que diz 
respeito à obtenção de informações mais precisas e de maneira mais rápida, pois 
as ferramentas que hoje existem permitem ao contador gerar relatórios com 
mais agilidade. Além disso, as adequações ocorridas nas normas contábeis para 
que os registros contábeis não estejam resumidos a uma necessidade interna, 
contemplando apenas o nosso País, foram fundamentais para o avanço das 
empresas no mercado globalizado. 
Diante da globalização, tornou-se necessário adequar as normais contábeis, 
para que atendessem, também, às normas internacionais, conhecidas 
como International Financial Reporting Standards (IFRS), além de 
oportunizar aos clientes a efetuação de diversas operações financeiras e 
comerciais por meio de processos dinâmicos. Frente à evolução dos negócios, 
à abertura de diferentes maneiras de executar aplicações financeiras e à atuação 
das empresas no mercado, também houve a necessidade de desenvolver 
mecanismos de proteção ao Sistema Financeiro Nacional (SFN) e ao Sistema 
Tributário Nacional. 
Os entes públicos criaram e continuam aprimorando diversas obrigações 
acessórias para fornecer informações relativas a operações das organizações. 
2 
 
Trata-se de declarações impostas, as quais devem ser encaminhadas a cada 
órgão vinculado às operações em um determinado período. Muitas dessas 
obrigações são mensais e outras, anuais. Mediante esses dados, os entes 
públicos conseguem fazer cruzamentos de informações entre as pessoas físicas 
e jurídicas, bem como de pessoas jurídicas para pessoas jurídicas. 
O contador tem um papel fundamental no desenvolvimento da empresa. Tendo 
consciência de sua responsabilidade civil e criminal, esse profissional deve 
assegurar que os registros da corporação, realizados ao longo de cada período, 
apresentem a veracidade dos fatos, a partir dos documentos que darão o suporte 
necessário à evolução patrimonial da instituição e à análise de prática de crimes 
financeiros e contra a ordem tributária. 
No decorrer desta etapa de aprendizagem, você compreenderá como a 
contabilidade pode atuar no deslinde dos crimes financeiros e contra a ordem 
tributária. Além disso, será possível entender mais detalhes sobre o papel do 
contador, verificando suas respectivas responsabilidades. Você também será 
capaz de identificar a importância dos relatórios contábeis e do Sistema 
Financeiro Nacional (SFN) no dia a dia do indivíduo, da sociedade e do País. 
Para o fechamento desta unidade de estudos, você conhecerá os tipos de crimes 
efetuados contra o SFN e a ordem tributária, como também a responsabilidade 
civil e penal do contador. Vamos fazer esta viagem rumo ao conhecimento? 
 
A CIÊNCIA CONTÁBIL 
Olá, estudante! Você já percebeu que os meios de comunicação divulgam muitas ocorrências 
relacionadas a crimes financeiros, as quais demandam a ação de diversos agentes para a apuração 
dos casos? Exemplo de uma das operações ocorridas no Brasil foi a Black Flag, da Polícia Federal. 
Os fiscais da Receita Federal, após a análise de movimentações financeiras suspeitas, 
identificaram inúmeras fraudes em empresas que ensejaram crimes contra o Sistema Financeiro 
Nacional. 
Com o objetivo de instrumentalizá-lo acerca do papel da contabilidade e do contador no combate 
aos crimes financeiros e contra a ordem tributária, alguns conteúdos importantes serão 
desenvolvidos neste material, para proporcionar o seu avanço profissional. 
A nossa proposta de viagem rumo ao conhecimento está dividida em seções, nas quais 
abordaremos os seguintes conteúdos: 
Seção 1.1: O que é a contabilidade e o seu objetivo; Objeto de estudo da contabilidade; Relatório 
financeiro para fins gerais; O contador e suas responsabilidades. 
Seção 1.2: Conceito e tipos de instituições financeiras; O que é o Sistema Financeiro Nacional; 
Estrutura do Sistema Financeiro Nacional; O que é a ordem tributária. 
Seção 1.3: O que são os crimes e os tipos de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e a 
ordem tributária; Legislação vigente; Responsabilidade penal e delação premiada nos crimes 
contra o SFN. 
3 
 
Querido estudante, vamos embarcar nesta jornada de aprendizagem? O seu espaço no mercado 
de trabalho depende única e exclusivamente de você. Somente você poderá mudar sua vida e 
alcançar os seus objetivos. 
Vamos iniciar fazendo uma reflexão sobre a operação Black Flag. Para isso, você terá acesso a 
um breve resumo sobre a referida operação, para que possa compreender como começa a apuração 
dos crimes financeiros. 
Lembra que comentei sobre as obrigações acessórias? Os fiscais da Receita Federal, de posse das 
informações prestadas ao ente público pelas pessoas físicas e jurídicas, identificaram indícios de 
crimes. As pessoas envolvidas no caso criaram empresas para assumir a propriedade de bens, de 
forma que pudessem se livrar de possíveis ações fiscais. No entanto, essas mesmas pessoas 
mantinham um padrão de vida muito alto. Compravam carros de luxo, imóveis e lanchas cujo 
valor era bem elevado, o que chamou a atenção da fiscalização. De posse das informações, 
declarações e relatórios financeiros das empresas, foi possível identificar que se tratava de uma 
organização criminosa. 
E o início de todo esse processo de investigação se deu em face de um contrato realizado com 
uma agência de fomento econômico estatal em São Paulo. Vários policiais federais e servidores 
da Receita Federal atuaram nesta investigação. Parte dos valores financiava o esporte 
automobilístico (BENTES, 2021). 
Neste momento, pensando na operação mencionada, reflita sobre a seguinte questão: como a 
ciência contábil pode contribuir para o deslinde de diversas operações relacionadas a crimes 
financeiros? 
Para contribuir com a sua reflexão, sugiro uma breve leitura acerta do objeto de estudo da 
contabilidade, dos relatórios financeiros e da responsabilidade do contador. Elabore possíveis 
respostas para o questionamento feito anteriormente e continue a sua trajetória de estudos. 
Ao final desta unidade de aprendizagem, proponho que você descreva o seu novo entendimento 
sobre a pergunta realizada e faça uma comparação. Destaque o que você conseguiu somar à sua 
aprendizagem. Então responda: valeu a pena? 
 
PRATICAR PARA APRENDER 
Agora que você há conhece os propósitos de nossa disciplina, nossa ideia é apresentar aspectos 
do conteúdo que envolvam a contabilidade, o profissional da contabilidade e suas 
responsabilidades como instrumento de colaboração contra crimes aoSistema Financeiro 
Nacional e à ordem tributária. 
Você sabia que o contador é um grande agente de transformação para prevenção e combate aos 
crimes financeiros? É possível que você já tenha ouvido essa afirmação em diversos meios de 
comunicação que informam sobre crimes financeiros no Brasil, não é mesmo? Como exemplo de 
operação de combate a ações criminosas, podemos citar a Black Flag, que revelou um esquema 
de fraudes. 
Em decorrência dos crimes financeiros ocorridos no Brasil, foi instituída a Lei nº 9.613/1998, que 
trata dos esquemas de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como da prevenção 
da utilização do sistema financeiro para os ilícitos. Essa mesma legislação também promoveu a 
criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). 
Para contextualizar sua aprendizagem de forma mais adequada, imagine que você atue como 
contador na empresa ABC Construções Ltda. No ano de 20X1, os sócios disponibilizaram, em 
4 
 
dezembro, o fluxo de caixa, o balanço patrimonial, a demonstração de mutação do patrimônio 
líquido e demais relatórios financeiros referentes ao período de janeiro a novembro. O sócio 
André informa a contabilidade sobre a aquisição de um iate no valor de R$ 1.200.000,00 à vista, 
realizada em março de 20X1. Também foi verificado um pagamento a fornecedor em espécie, no 
valor de R$ 200.000,00, em agosto, para o suprimento de material a ser aplicado no serviço ganho 
na licitação do Governo do Estado da Bahia. Sabe-se que a atividade-fim da empresa é de 
construção civil. 
No relatório do ano de 20X0, o patrimônio da empresa estava registrado em R$ 500.000,00; 
possuía em caixa o valor de R$ 50.000,00 e na conta do banco, o valor de R$ 100.000,00. Nos 
documentos entregues referentes a 20X1, os registros de recebimentos não ultrapassaram o valor 
de R$ 300.000,00. 
Considerando a Resolução do CFC nº 1530, de 22 de setembro de 2017, que trata dos 
procedimentos a serem efetuados por profissionais de contabilidade ao verificarem indícios de 
crimes financeiros, analise e justifique os processos que devem ser realizados pelo contador com 
relação às operações ocorridas no período de 20X1 da empresa ABC Construções Ltda., 
contemplando os seguintes aspectos: 
 
Avaliar a análise de riscos nas operações realizadas. 
Analisar se a situação apresentada requer comunicação ao Coaf, justificando a decisão. 
Para saber mais detalhes sobre a Resolução do CFC nº 1.530/2017, faça a leitura desse documento 
acessando seu respectivo link disponível nas Referências desta seção de estudos. 
Com dedicação e muita leitura, você conseguirá promover uma associação entre o contexto da 
situação-problema apresentada e as responsabilidade e ações do contador no cenário em questão. 
Quer ser um profissional diferenciado no mercado? Então, siga em frente, leia bastante e busque 
compreender os temas propostos! 
 
CONCEITO-CHAVE 
Vamos imergir no conteúdo desta etapa de aprendizagem? 
A contabilidade é considerada uma ciência que estuda, interpreta, registra os fatos ocorridos em 
um determinado período e demonstra, a partir dos registros, o patrimônio construído ao longo do 
tempo, que é o objeto da contabilidade. Mas afinal, o que é patrimônio? O patrimônio é o conjunto 
de bens, direitos e obrigações. O que podemos compreender sobre cada um desses elementos? 
No momento em que eu preciso efetuar uma compra pessoal, é necessário ter recurso financeiro, 
seja dinheiro em caixa ou em conta corrente. A essa disponibilidade na contabilidade, damos o 
nome de bens. As mercadorias que são postas à venda também estão nesse componente, assim 
como as aplicações financeiras, veículos, móveis, imóveis, direitos autorias, entre outros 
elementos. Vale ressaltar que os bens têm relação com as necessidades humanas, sejam elas 
materiais ou imateriais. 
Entendemos, portanto, que os bens são coisas que atenderão às necessidades das pessoas ou até 
mesmo das empresas. Mas e quanto aos direitos e às obrigações, o que podermos compreender 
sobre esses dois componentes? 
 
5 
 
EXEMPLIFICANDO 
A empresa ABC Construções Ltda realizou a venda de um serviço para a construção de dez casas 
populares. No contrato assinado com o Governo do Estado da Bahia, consta como valor dos 
serviços a quantia de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais). No decorrer da obra, 
foram realizadas medições para serem comparadas com o cronograma apresentado no momento 
da contratação, como também para que os pagamentos fossem feitos na conclusão de cada uma 
das etapas acordadas, conforme estabelecido no contrato entre as partes. Na finalização de cada 
uma das fases da obra, foi emitida a nota fiscal para que o Estado efetuasse o pagamento dos 
serviços. 
No que se refere à conclusão dos estágios da obra, como acordado em contrato, a empresa, ao 
concluir as etapas, emitiu uma nota fiscal para o Governo do Estado e gerou uma obrigação de 
pagamento, de modo que a empresa que realizou o serviço tem o direito de receber o valor 
acordado em contrato. 
 
Quando há uma relação entre as pessoas, isto é, de um lado existe o direito a receber e do outro, 
a obrigação de pagar, no contexto da contabilidade, esse direito a receber pertence ao componente 
“direitos”, e o compromisso de pagar pela entrega dos serviços pertence ao componente 
“obrigações”. 
 
Figura 1.1 | Representação do patrimônio 
 
Fonte: elaborada pela autora. 
O objetivo da contabilidade é controlar esse patrimônio e fornecer informações. Quando ocorrem 
situações de ocultação de bens, direitos e valores, a empresa está praticando um crime financeiro 
de “lavagem” de dinheiro. Nesse caso, o contador tem a obrigação de informar o Conselho de 
Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre tal pendência. 
Vamos analisar, a seguir, algumas situações que vivemos no cotidiano para entender de forma 
mais efetiva o que é a contabilidade. Sabemos que devemos ter o controle de todas as nossas 
ações, não é verdade? Não podermos comprar tudo o que vemos pela frente ou tudo o que 
desejamos em um só momento. É preciso planejar, controlar os nossos desejos e vontades, não é 
mesmo? 
 
Figura 1.2 | Equilíbrio financeiro 
 
Fonte: Pixabay. 
Em uma empresa, o controle do patrimônio também se faz necessário. Devem-se registrar todas 
as operações com seus respectivos documentos, administrar os gastos para que não haja um 
endividamento, ou seja, planejar para gerir o negócio de maneira mais adequada. Controlar o 
patrimônio, prezando por uma boa gestão dos recursos, permite à empresa manter-se competitiva 
no mercado e crescer financeiramente. 
 
6 
 
ASSIMILE 
Por meio do artigo indicado para leitura a seguir, você poderá identificar os tipos de contas que 
são registradas em bens, direitos e obrigações, ou seja, que constituem o objeto da contabilidade: 
o patrimônio. Para acessar o material, consulte o link disponível nas Referências desta seção. 
PRATES, W. R. O que é patrimônio na contabilidade? Bens, direitos e obrigações! Ciência e 
Negócios, 2 fev. 2018. 
 
Note que em todas as situações analisadas até este momento, a ação humana foi a principal 
motivadora dos fatos ocorridos no decorrer do tempo e, consequentemente, gerou resultados, 
fossem eles positivos ou negativos. 
A contabilidade tem duas funções extremamente importantes: a administrativa, que cuida do 
controle patrimonial; e a econômica, que a cada mês, trimestre ou ano, depois de todos os registros 
das operações realizadas pela empresa, apura o resultado, que poderá ser lucro ou prejuízo. O 
lucro é um bom sinalizador, porém o prejuízo é sinal de que algo está errado e deve ser checado 
e avaliado. 
 
REFLITA 
Considerando que estamos no meio de nossa jornada de aprendizagem e diante do que analisamos 
até o momento, reflita sobre o que vem a ser a contabilidade. Para isso, disponho, a seguir, 
algumas palavras-chaves que podem contribuircom a sua avaliação: 
Ciência; Fatos; Patrimônio; Informações; Controle. 
 
Agora que você aprofundou seus conhecimentos sobre patrimônio, vamos retomar a análise da 
operação Black Flag, deflagrada pela Polícia Federal. As empresas foram criadas para que não 
houvesse suspeitas sobre as operações executadas pelos envolvidos, porém estes se esqueceram 
de um pequeno detalhe: existem profissionais capacitados que fazem a análise patrimonial das 
empresas e conseguem perceber quando existem operações alheias ao negócio ou até mesmo 
movimentações de grande monta de dinheiro circulando. 
Por meio da contabilidade, é possível interpretar todos os fenômenos que ocorrem na corporação 
e afetam o patrimônio da empresa. Com os registros de todos os fatos, pode-se analisar 
integralmente a movimentação e a variação do patrimônio. É possível gerar relatórios que darão 
suporte para avaliar a empresa e analisar a situação em um determinado momento. 
É a partir dos registros dos fatos contábeis realizados envolvendo todas as operações que 
ocorreram na empresa que são produzidos relatórios capazes de contribuir para a tomada de 
decisões. Você pode estar pensando: não constam apenas números nesses relatórios? 
Aparentemente sim, porém os números indicam muitas informações, como: se a empresa está 
com um bom capital de giro, se está com endividamento alto, se os sócios tiveram uma boa 
rentabilidade nos negócios, entre outros dados. 
É importante saber fazer a leitura dos relatórios. Por isso, é imprescindível que todas as operações 
sejam registradas e estejam de acordo com as normas contábeis, a fim de que seja possível garantir 
o melhor controle do patrimônio. 
 
7 
 
EXEMPLIFICANDO 
A empresa ABC Construções Ltda resolve pedir empréstimo a um banco, a fim de dar andamento 
às obras. Um dos documentos que o banco solicitará é o balanço patrimonial, por meio do qual o 
banco terá condições de avaliar a evolução patrimonial da empresa. Consegue perceber como é 
importante fazer os registros de toda a movimentação da organização? Com base nessa 
demonstração contábil, é possível fazer uma comparação entre os dois últimos anos e avaliar a 
capacidade financeira que a empresa tem de assumir o empréstimo. 
 
Quando analisamos a contabilidade e nos deparamos com um caso concreto, é possível perceber 
a importância dessa atividade para o deslinde dos crimes, não é mesmo? Depois desta trajetória 
inicial, você conseguiu chegar a uma conclusão sobre a relação da contabilidade com a operação 
Black Flag? Se a sua resposta foi sim, significa que estamos no caminho certo e que podemos 
seguir em frente. Caso ainda tenha alguma dificuldade, retorne ao início e faça uma nova leitura, 
para agregar valor à sua aprendizagem. 
Nas operações realizadas pela empresa, em transações com instituições financeiras e em contratos 
de serviços prestados, geram-se documentos que devem ser registrados pela contabilidade. A 
partir desses registros, são produzidos os relatórios, na intenção de que os usuários da 
contabilidade tenham conhecimento sobre as transações efetuadas pela corporação, a origem dos 
recursos obtidos e as aplicações executadas pelos gestores. 
Os relatórios financeiros obedecem a uma estrutura conceitual. Como estabelece a NBC TG 
Estrutura Conceitual, de novembro de 2019, esses documentos contribuem para a transparência 
das informações, reforçam a prestação de contas e estimulam a eficiência econômica, o que 
auxilia os investidores na identificação de oportunidades e riscos em todo o mundo. 
De acordo com a NBC TG Estrutura Conceitual, o objetivo do relatório financeiro para fins gerais 
é fornecer informações relevantes para a tomada de decisões referente à oferta de recursos à 
entidade, como: compra, venda ou manutenção de patrimônio e dívida; tomada de decisão em 
relação a concessão ou liquidação de empréstimos e até mesmo outras formas de créditos; 
exercício do direito de voto ou de outra forma influência sobre os atos da administração que 
estejam relacionados aos recursos econômicos da entidade. 
Com base nos relatórios gerados pela contabilidade, como fluxo de caixa, balanço patrimonial, 
demonstração da mutação patrimonial e outras demonstrações contábeis, é possível identificar 
situações que podem dar indícios de fraudes e crimes. 
Quando há ocultação ou alguma dissimulação da origem, movimentação ou propriedade de bens 
e direitos, caracteriza-se o crime e, por se tratar de um crime, há infração penal. Quando existe 
uma tentativa de disfarçar a origem dos recursos obtidos, configura-se o crime de lavagem de 
dinheiro. 
Vamos a um exemplo comum de fraude: a abertura de empresas utilizando os dados de pessoas 
honestas, conhecidas como “laranjas”. Trata-se de empresas de fachada, utilizadas por 
fraudadores para cometer crimes financeiros. 
Em decorrência de diversos crimes financeiros ocorridos no Brasil, como o investigado pela 
operação Black Flag, institui-se a Lei nº 9.613/1998, que trata dos crimes de “lavagem” ou 
ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os 
ilícitos. Essa mesma legislação também promoveu a criação do Conselho de Controle de 
Atividades Financeiras (Coaf). Tal operação, apresentada no início de nossa jornada de estudos, 
envolvia crimes contra o Sistema Financeiro Nacional e casos de lavagem de dinheiro. 
8 
 
Vamos, agora, retomar nossa análise sobre a operação Black Flag! 
No caso em questão, o papel da Receita Federal foi fundamental na avaliação das movimentações 
suspeitas, o que se tornou possível em virtude do trabalho de fiscalização. Durante a operação, 
verificaram-se indícios no processo de fraude pública. Muitas empresas foram criadas para 
assumir a propriedade de bens e livrar-se de ações fiscais. A obtenção de contratos junto à Caixa 
Econômica Federal e a uma agência de fomento paulista no valor de milhões configuraram uma 
fraude, a qual foi detectada a partir dos relatórios financeiros analisados por profissionais 
especializados. 
As demonstrações contábeis, como balanço patrimonial, demonstração de resultado do período, 
demonstração da mutação patrimonial, notas explicativas, entre outros documentos, são relatórios 
emitidos por meio da contabilidade, os quais fornecem informações sobre ativos, passivos, 
patrimônio líquido, receitas e despesas das empresas. Tais dados permitem aos usuários da 
contabilidade avaliar o fluxo de caixa líquido, a gestão de recursos econômicos da entidade, entre 
outros elementos. 
Os profissionais especializados souberam utilizar tais relatórios como fonte de contribuição ao 
deslinde do crime na operação Black Flag. Os criminosos envolvidos respondem por crimes 
contra o Sistema Financeiro Nacional e a ordem tributária e lavagem de dinheiro. 
Na Polícia Federal, existem profissionais especialmente qualificados na área de contabilidade que 
desenvolvem as atividades de análise, pois, para atuar como perito criminal, deve-se ser um 
profissional concursado, como estudaremos na Seção 1.2. 
Então, caro estudante, para que seja possível executar todos os procedimentos de registros e 
análises contábeis, é preciso contar profissionais especializados, capazes de atestar a veracidade 
das informações. Para que todo o processo funcione da forma correta, devem-se seguir as normas 
contábeis e as legislações pertinentes a cada atividade da empresa. É por causa disso que você 
está buscando se especializar, para se tornar uma peça-chave no mundo dos negócios. Ao avançar 
nesta jornada de aprendizagem, você perceberá quantas informações são importantes para obter 
sucesso em sua carreira. Um bom perito deve se aprofundar nas legislações e conhecer bem o 
conteúdo do qual se propõe a fazer perícia. 
O contador atua em diversas áreas: perícia, contábil, departamento pessoal, tributária, auditoria, 
consultoria, acadêmica. Como o foco desta disciplina está direcionado à investigaçãoe à perícia 
criminal, vamos tratar da responsabilidade do perito. 
De acordo com a Norma do Perito – NBC PP (R1) (BRASIL, 2020), esse profissional tem 
responsabilidade civil e criminal. No que se refere à parte civil, o perito pode sofrer multas, 
indenização e tornar-se inabilitado ao exercício da profissão. Quanto à responsabilidade penal, se 
o profissional descumprir as normas legais, poderá sofrer penas de multa e reclusão. 
No desenvolvimento do trabalho pericial, o perito tem a obrigação de ser ético e respeitar os 
princípios do direito. O profissional que não tem consciência de sua responsabilidade e não atende 
às exigências estabelecidas à sua profissão também pode sofrer penalidade ética, que é avaliada 
junto ao conselho de classe. Quando o perito é nomeado, deve exercer sua atividade com 
imparcialidade, dando tratamento igual a ambas as partes envolvidas no processo. 
A Lei nº 12.030/2009 dispõe sobre as perícias oficiais. As atividades exercidas pelo perito 
criminal são consideradas perícias oficiais. E a perícia criminal federal é exercida por quem? Para 
a realização de uma perícia criminal, o profissional deve ser concursado para atuar na Polícia 
Federal. Nesse caso, é imprescindível ter conhecimento técnico e científico; técnico porque o 
perito deve ser capaz de encontrar provas suficientes e contundentes para comprovar os crimes; e 
científico porque sua principal função é analisar vestígios que possam elucidar os crimes. O órgão 
9 
 
central de perícia oficial de natureza criminal é o Instituto Nacional de Criminalística da Polícia 
Federal. Quem quiser trabalhar como perito criminal deve fazer concurso público para ingressar 
na Polícia Federal. 
Então, a nossa viagem está sendo proveitosa? Para que a jornada se torne ainda mais fascinante, 
vamos nos imaginar numa situação-problema, a fim de que possamos compreender bem tudo o 
que estamos adquirindo de conhecimento? Vamos lá! 
 
REFERÊNCIAS 
ADILSON CARVALHO. Olá, pessoal! Conforme combinado, eis o terceiro de três vídeos 
contendo o Curso 
Prático de Perícia Contábil-Financeira de Natureza Criminal [...]. [S. l.], 14 ago. 2021. Instagram: 
@peritocarvalho. Disponível em: https://bit.ly/3qw9o16. Acesso em: 24 abr. 2022. 
BENTES, V. PF combate crimes financeiros e lavagem de dinheiro que somam R$ 2,5 bilhões. 
CNN Brasil, 11 maio 2021. Disponível em: https://bit.ly/3d9SNNl. Acesso em: 20 abr. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP nº 1 
(R1), de 19 de março de 2020. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito contábil. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF: 27 mar. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3B7J16y. 
Acesso em: 24 abr. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução nº 1.530, de 22 de setembro de 2017. 
Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pelos profissionais e organizações contábeis 
para cumprimento das obrigações previstas na Lei nº 9.613/1998 e alterações posteriores. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF: 28 set. 2017. Disponível em: 
https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1530.pdf. Acesso em: 24 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou ocultação 
de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos 
previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - Coaf, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 4 mar. 1998. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm. Acesso em: 24 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 12.030, de 17 de setembro de 2009. Dispõe sobre as perícias oficiais e dá outras 
providências. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF: 18 set. 2009. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12030.htm. Acesso em: 24 abr. 
2022. 
BRASIL. Lei nº 13.303, de 30 de junho de 2016. Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa 
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos 
Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 1 jul. 2016. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13303.htm. Acesso em: 24 abr. 
2022. 
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1 de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 
Diário 
10 
 
Oficial da União, Brasília, DF: 1 abr. 2021. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm. Acesso em: 24 abr. 
2022. 
PRATES, W. R. O que é patrimônio na contabilidade? Bens, direitos e obrigações! Ciência e 
Negócios, 2 
fev. 2018. Disponível em: https://cienciaenegocios.com/o-que-e-patrimonio-na-contabilidade-
bens-direitos-e-obrigacoes/. Acesso em: 25 abr. 2022. 
 
SEM MEDO DE ERRAR 
Vamos analisar a situação problema da empresa ABC Construções Ltda apresentada nesta seção? 
Dividiremos em partes os fatos ocorridos no contexto descrito: primeiro, vamos identificar 
informações relevantes acerca das operações realizadas na operação; em seguida, avaliaremos se 
a situação enseja possibilidade de crime; por fim, vamos promover a relação entre a 
responsabilidade do contador e as operações efetuadas pelos sócios, de acordo com o ocorrido. 
Informações relevantes: a empresa registrou, no final de 20X0, um patrimônio de R$ 500.000,00; 
em seu caixa, possuía R$ 50.000,00 e, no banco, registrava o valor de R$ 100.000,00. No ano de 
20X1, as receitas da corporação não ultrapassaram o valor de R$ 300.000,00. Diante das 
evidências, pode-se verificar que, de acordo com os registros do patrimônio e das receitas de 
20X1, a compra do iate é incompatível com a situação patrimonial da empresa. Sendo assim, 
conforme prevê o art. 5º da Resolução do CFC nº 1.530/2017, tal operação merece especial 
atenção, visto que não é resultante da atividade do ramo de negócio, além de demonstrar 
incompatibilidade com o patrimônio e com a capacidade financeira da corporação. Como 
aprendemos, a contabilidade avaliará essa evolução patrimonial e registrará em seus relatórios 
informações relevantes, que demonstrem as movimentações ocorridas. 
Outro ponto importante e que chama a atenção é o pagamento feito a um fornecedor, em apenas 
um mês, no valor de R$ 200.000,00, em espécie. Tal operação deve ser comunicada ao Coaf por 
ter sido efetuada com um valor acima de R$ 50.000,00. Conforme estabelece o art. 9º da 
Resolução nº 1.530/2017, a declaração correspondente à referida ocorrência deve ser feita num 
prazo de 24 horas, a contar do momento em que o responsável pela comunicação conclui que a 
operação deve ser comunicada, abstendo-se de dar ciência aos clientes de tal ato. Vale ressaltar 
que o contador da empresa não realiza a investigação, mas tem o dever de informar o Coaf sobre 
as situações identificadas no prazo legal para o órgão fiscalizador. 
Diante do contexto apresentado, é possível constatar a responsabilidade do perito no processo de 
investigação dos crimes contra o SFN e a ordem tributária. No caso descrito, a empresa vem sendo 
utilizada para a obtenção de ativos não relacionados à atividade-fim. Percebe-se que os valores 
constantes nas contas patrimoniais são incompatíveis com a aquisição de um bem como o iate, 
cujo valor é expressivo. Entende-se que houve omissão de operações referentes à entrada, 
burlando, assim, o pagamento de tributos sobre a referida omissão. As informações podem ensejar 
crime contra o Sistema Financeiro Nacional, de modo que o caso precisa ser investigado. 
 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
SUPERFATURAMENTO EM LICITAÇÕES 
A empresa ABC Construções Ltda. participou do processo de licitação para a construção de dez 
casas populares para o Governo do Estado. No objeto do contrato, a construção das casas tem 
11 
 
como referência imóveis de 41,5 m² pré-fabricados, com fornecimento de material e mão de obra. 
Alguns dos materiais que constamna proposta para fornecimento do material são: papeleira em 
metal cromado, vaso sanitário sifonado com caixa de louça branca acoplada, saboneteira de 
parede em metal cromado. A obra foi entregue no prazo estipulado e o valor acordado pelos 
serviços foi pago. As pessoas beneficiadas pelo programa receberam as casas, mas constatou-se 
que a dimensão dos imóveis era de 40 m², o que deu origem a uma denúncia junto ao Tribunal de 
Contas do Estado, que apurou as irregularidades. Confirmou-se que as casas realmente tinham a 
metragem de 40m². Além disso, percebeu-se que as papeleiras, saboneteiras e vasos sanitários 
fornecidos não correspondiam ao material estipulado no contrato da licitação. 
Com base nas informações prestadas e nas legislações pertinentes ao problema, desenvolva as 
seguintes atividades: 
 
Como perito, identifique as irregularidades encontradas no processo. 
Avalie se houve superfaturamento ou sobrepreço. 
Acrescente informações relevantes que possam ser observadas de acordo com o art. 31 da Lei nº 
1.303/2016. 
 
 
12 
 
UNIDADE 1, SESSÃO 2: INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
PRATICAR PARA APRENDER 
Olá! Como é bom estar com você novamente! Fico feliz com a sua escolha, afinal você 
entendeu como o conhecimento poder transformar pessoas, e a sua decisão, neste 
momento, demonstra um desejo de melhorar a cada dia, para se tornar um profissional 
altamente qualificado. 
Vamos dar prosseguimento à nossa jornada de aprendizagem? Fizemos uma pequena 
parada para respirar um pouco e analisar o que foi estudado até aqui. Agora é o momento 
de retomar a viagem e adquirir novos saberes relacionados à nossa disciplina. Vamos lá? 
Para facilitar a compreensão dos conteúdos a serem apresentados, convido você a 
participar de um desafio. Nele, você deverá pesquisar os diferentes tipos de instituições 
financeiras e, de acordo com as características que serão descritas no decorrer desta etapa 
de estudos, sinalizar qual modelo de instituição está sendo abordado. Por fim, você 
precisará analisar a situação e, em seguida, emitir um parecer justificando a sua avaliação. 
Para o desenvolvimento dessa atividade, considere o seguinte contexto: 
André Fernando Fausto está reformando a sua casa e, por meio de uma instituição, 
realizou um contrato de empréstimo no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). A 
instituição financeira intermediou a transação financeira entre André e Maurício Velask, 
cobrando o valor de R$ 25,00 (valor de taxa fictícia). Considerando a situação apresentada 
e as informações sobre a transação, a qual tipo de instituição financeira o caso se refere? 
Justifique. 
CONCEITO-CHAVE 
Nesta seção, trataremos de alguns conceitos importantes para que você possa desenvolver 
os conteúdos que serão propostos posteriormente, na Seção 1.3. Preparado? 
Primeiro, vamos definir o que pode ser compreendido como sistema. Para isso, observe a 
Figura 1.3, a seguir: 
Figura 1.3 | Sistema 
13 
 
 
Fonte: Pixabay. 
Perceba que há vários pontos interligados. Para a constituição de um sistema, torna-se 
necessária a integração entre vários pontos, formando, portanto, um conjunto. Observe, 
ainda, que há uma organização entre tais pontos. Logo, é possível concluir que o sistema 
é o conjunto de algo interligado de modo organizado. Diante disso, o Sistema Financeiro 
Nacional (SFN) pode ser entendido como um conjunto de instituições financeiras 
interligadas, no qual, de um lado, estão os credores, e de outro, os tomadores de recursos. 
No entanto, para que haja uma harmonização, existem regras estabelecidas, por meio das 
quais o sistema funciona de forma ágil e ordenada. 
Nesse conjunto, existem as instituições que fiscalizam, regulam e executam operações 
financeiras, movimentam a moeda e efetuam as operações de créditos. 
Veja na Figura 1.4, a seguir, a estrutura do Sistema Financeiro Nacional: 
Figura 1.4 | Sistema Financeiro Nacional 
14 
 
 
Fonte: elaborada pela autora. 
No Sistema Financeiro Nacional, há o órgão normatizador, o supervisor e os operadores. 
O Banco do Brasil, por exemplo, é um executor de operações financeiras. Trata-se de um 
operador do sistema financeiro porque os bancos oferecem serviços financeiros aos seus 
correntistas, mas, para realizar as operações financeiras, é preciso seguir regras que são 
estabelecidas pelo órgão normatizador. 
Como é possível visualizar na Figura 1.6, no Brasil, o órgão regulador é o Conselho 
Monetário Nacional (CMN), que estabelece as regras e normas acerca de como devem 
funcionar os executores. Tal órgão foi criado para que o País tivesse um progresso 
econômico e social. Sua finalidade, segundo a Lei nº 4.595, de 1964, é “formular a política 
da moeda e do crédito” (BRASIL, 1964, [s. p.]). Mas de que maneira o CMN desempenha 
esse papel? 
O CMN trabalha de forma orientativa, com zelo, promovendo o aperfeiçoamento das 
instituições financeiras e coordenando as políticas internas e externas, sejam elas 
monetárias, creditícias, orçamentárias, fiscais ou da dívida pública. Além disso, orienta a 
aplicação dos recursos das instituições financeiras, zela pela liquidez e solvência dos 
operadores financeiros. 
Você já ouviu notícias a respeito da limitação das taxas de juros, por exemplo? O CMN 
assegura as melhores taxas para aqueles que realizam investimentos indispensáveis às 
atividades agropecuárias. 
ASSIMILE 
O Conselho Monetário Nacional tem um papel fundamental na política da moeda e do 
crédito, pois tem foco direcionado ao progresso econômico e social do País. Caso você 
queira saber mais sobre a criação do Conselho Monetário Nacional, faça a leitura da Lei 
nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Para acessar o material, consulte o link disponível 
nas Referências desta seção. 
 
BRASIL. Ministério da Economia. Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Estabelece 
sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho 
15 
 
Monetário Nacional e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 31 
dez. 1964. 
O que são as instituições financeiras? Toda pessoa jurídica, seja ela pública ou privada, 
que tenha como principal atividade a aplicação ou intermediação de recursos financeiros 
próprios ou pertencentes a terceiros, na forma de moeda nacional ou estrangeira, é 
considerada uma instituição financeira. Para que possa funcionar, toda instituição 
financeira depende de uma autorização prévia do Banco Central do Brasil, caso se trate 
de uma empresa brasileira. Se for uma instituição estrangeira, estará sujeita ao decreto do 
Poder Executivo. 
O Banco Central do Brasil (BCB) atua como supervisor no Sistema Financeiro Nacional 
(SFN). Nesse contexto, é o BCB quem garante a estabilidade do poder de compra da 
moeda, além de zelar por um sistema competitivo, sólido e eficiente e de estimular o bem-
estar econômico da sociedade. 
São tipos de instituições do Sistema Financeiro Nacional: os bancos e caixas econômicas, 
cooperativas de créditos, administradoras de consórcios, corretoras e distribuidoras, bolsa 
de valores, bolsas de mercados futuros, corretores de câmbio, instituições de 
pagamento, fintechs. 
Figura 1.5 | Banco do Brasil 
 
Fonte: Global Pics. 
O Banco do Brasil, por exemplo, é um agente financeiro sob a supervisão do CMN. Nesse 
cenário, tal instituição funciona como um instrumento executor de política creditícia e 
financeira do Governo Federal, possuindo as atribuições de ser um agente pagador e 
recebedor fora do País, executar o serviço da dívida pública consolidada, entre outras 
elencadas na Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atua como agente 
do Governo nas operações de reaparelhamento e estímulo da economia nacional. Um 
exemplo de atividade exercida por essa instituição é o recebimento do depósito de 
entidades governamentais ou autarquias, de sociedades de economia mistanas quais o 
16 
 
Governo tem maioria das ações, entre outras. 
As instituições públicas fazem parte da política de crédito do Governo Federal e são 
consideradas órgãos auxiliares, cujo principal representante é o Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As instituições públicas estão sujeitas 
às regras do Conselho Monetário Nacional (CMN), de forma que suas atividades 
dependem da aprovação desse órgão. Já as instituições financeiras privadas, excetuando-
se as cooperativas de crédito, podem ter a participação de capital social em ações 
preferenciais. 
Para que instituições financeiras privadas participem de outras sociedades, a não ser as 
de investimento, deverão obter a autorização do BCB e, obrigatoriamente, precisarão 
emitir balanço duas vezes ao ano: primeiro em 30 de junho e depois em 31 de dezembro 
de cada ano. 
Perceba, caro estudante, que para funcionar da maneira adequada, as instituições 
financeiras devem seguir as regras impostas pelos órgãos reguladores e precisam obter a 
autorização do Banco Central do Brasil para desempenhar atividades financeiras. 
REFLITA 
Uma empresa cuja atividade é a comercialização de alimentos aceita a compra de 
mercadorias com cartão-alimentação. Muitos de seus clientes compram utilizando esse 
tipo de recurso. Certo dia, um dos consumidores estava passando por um período de 
complicações financeiras e questionou o proprietário sobre a possibilidade de trocar o 
valor do cartão por dinheiro. Ou seja, o cliente não levaria nenhum produto do mercado. 
O proprietário aceitou a proposta, na condição de que, para efetuar a troca de saldo por 
dinheiro, seriam descontados 10% do valor disponível no cartão. Desde esse episódio, 
sempre que alguém solicitava o mesmo tipo de transação, o dono do mercado fazia a 
retenção de 10% do valor disponível no cartão e entregava o dinheiro ao cliente já com o 
referido desconto. 
Estudamos, até este momento, sobre o Sistema Financeiro Nacional, mas também é 
importante aprofundar seus conhecimentos sobre a ordem tributária, afinal, na terceira 
fase de nossa jornada de aprendizagem, vamos analisar crimes contra o Sistema 
Financeiro Nacional e a ordem tributária. 
Quando tratamos da ordem tributária, é importante destacar dois pontos: o conceito de 
tributos; e o crédito e a obrigação tributária. Pagamos muitos tributos no Brasil, e muitas 
pessoas, por perceber as deficiências nos serviços prestados pelo Governo, como nos 
setores de saúde, educação e segurança, resolvem burlar as regras para não pagar taxas. 
Mas o que é tributo? 
O tributo é um valor que deve ser pago obrigatoriamente, ou seja, não há opção de 
escolha. Deve ser pago em dinheiro ou cheque; não há como quitar o valor devido do 
tributo com outros bens. Não se deve confundir tributo com penalidade, por isso não se 
constitui sanção por ato ilícito. Para qualquer tributo cobrado, precisa haver uma lei que 
determine tal cobrança, bem como o fato gerador, que deverá incidir sobre a apuração dos 
valores a serem recolhidos. A autoridade administrativa é que realiza a cobrança, pois 
trata-se de uma atividade administrativa vinculada. O tributo é uma receita computada 
para o Governo, constituindo-se, portanto, como uma receita pública. 
Vamos analisar juntos? Se o tributo enseja pagamento aos cofres públicos, então quem 
são as pessoas envolvidas nessa relação? No direito tributário, chamamos de sujeito ativo 
e sujeito passivo. O sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público que poderá exigir 
o tributo de acordo com a sua competência. 
17 
 
EXEMPLIFICANDO 
Tipos de sujeitos e obrigações durante a tributação 
Empresas que têm funcionários são obrigadas a reter e recolher o imposto de renda dos 
seus colaboradores que se encontram na faixa de tributação. Quem carrega a competência 
de exigir tal tributo da empresa é a Receita Federal. Portanto, caso a organização não 
realize o repasse do tributo, poderá sofrer penalizações pelo descumprimento legal. Nesse 
caso, o sujeito ativo é a Receita Federal. O sujeito passivo é a pessoa que deve pagar o 
tributo. No exemplo adotado aqui, a empresa é o sujeito passivo da relação, pois tem 
obrigação de recolher o tributo. É dessa relação entre os sujeitos que nasce o crédito 
tributário. Ou seja, sendo o tributo algo impositivo, sobre o qual não há poder de escolha, 
o sujeito ativo impõe ao sujeito passivo o pagamento, que é considerado uma obrigação 
principal. Existe, também, a obrigação acessória, que pode ser transformada em principal. 
 
Omissão de nota fiscal 
O mercado LAC vendeu dez sacos de pano de chão. O cliente efetuou o pagamento, 
porém não exigiu nota fiscal. A empresa, por sua vez, não emitiu a nota fiscal em questão 
ao final do dia, já que não foi solicitada pelo consumidor. A emissão da nota fiscal é 
considerada uma obrigação acessória. O que ocorre nesse caso? A empresa, por não ter 
emitido a nota fiscal, não recolherá o tributo devido da operação sobre a venda. Caso haja 
uma fiscalização por parte do Estado, a não emissão da nota ensejará o pagamento de 
multa, transformando-se, por consequência, em uma obrigação principal: a de pagar a 
multa. 
E o que podemos dizer sobre a obrigação tributária? Faça, agora, uma breve recapitulação 
sobre os saberes que acabamos de apreender nesta etapa de aprendizagem. Fizemos 
menção a sujeito ativo, sujeito passivo, crédito tributário. Há alguma relação entre esses 
conceitos? 
REFLITA 
Para que possa existir o sujeito ativo, é necessário haver o sujeito passivo. É por conta 
dessa relação que existe o crédito tributário. Sendo assim, pode-se concluir que a 
obrigação tributária é a relação existente entre o sujeito passivo e o sujeito ativo? 
A ordem tributária equivale ao Sistema Tributário Nacional, no qual se encontram 
estabelecidos os conjuntos de regras impostas ao sujeito ativo e ao sujeito passivo, assim 
como as atribuições das competências de cada ente público: as limitações da competência 
tributária, ou seja, quem pode instituir ou majorar tributos, quem poderá cobrar 
determinados tributos, os tipos de impostos e sua base de cálculo, quem é o sujeito passivo 
de cada tributo. Além disso, a ordem tributária apresenta diretrizes relacionadas às 
distribuições das receitas tributárias, entre outros aspectos. 
A falta de cumprimento às regras estabelecidas na legislação que trata do Sistema 
Tributário Nacional poderá ensejar crimes contra a ordem tributária, os quais estão 
tipificados na Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, a qual analisaremos de forma 
mais detalhada na próxima seção de estudos. Não se transfere o delito cometido por uma 
pessoa a outrem; o caráter é pessoal. 
Nesta seção de estudos, você teve acesso a novos tipos de saberes e conceitos importantes 
relacionados à nossa disciplina. Agora, para incentivar a compreensão efetiva dos 
assuntos que serão apresentados na próxima etapa de aprendizagem, convido você a 
confeccionar um mapa mental acerca dos temas abordados na Seção 1.2. Para desenvolver 
18 
 
essa tarefa, você pode explorar a plataforma on-line GoConqr, que dá instruções sobre 
como construir mapas mentais. Para conhecer essa ferramenta, consulte o respectivo link 
de acesso disponível nas Referências desta seção. 
 
CONECTE informações com mapas mentais. GoConqr, 1 abr. 2015. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. Define os crimes contra o sistema 
financeiro nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 18 
jun. 1986. Disponível em: https://bit.ly/3DdKo6p. Acesso em: 6 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem 
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF: 28 dez. 1990. Disponível 
em: https://bit.ly/3L5XNze. Acesso em: 6 maio 2022. 
BRASIL. Ministério da Economia. Lei nº 4.595,de 31 de dezembro de 1964. Estabelece 
sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias e Creditícias, Cria o Conselho 
Monetário Nacional e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 31 
dez. 1964. Disponível em: https://bit.ly/2LHtO0P. Acesso em: 6 maio 2022. 
CONECTE informações com mapas mentais. GoConqr, 1 abr. 2015. Disponível 
em: https://bit.ly/3L4YY1M. Acesso em: 6 maio 2022.Silva 
SEM MEDO DE ERRAR 
Estamos chegando ao final de mais uma seção de estudos e, para concluir esta etapa da 
nossa jornada de aprendizagem, vamos retomar a situação-problema apresentada no 
início deste material. 
Aprendemos que existem diversas instituições financeiras, as quais carregam 
características próprias. Observe que, no contexto descrito na situação-problema, a 
operação realizada foi um empréstimo no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Até esse 
ponto da análise, seria pertinente a hipótese de que a instituição em questão fosse um 
banco ou uma fintech, porém existe um detalhe importante que contribui para sanar a 
dúvida. Trata-se de uma instituição que intermediou a operação entre duas pessoas – 
André e Maurício Velask – e cobrou uma taxa por essa atividade. 
Fintechs são empresas que trabalham intermediando negócios de empréstimos, sob 
autorização do Banco Central, e podem cobrar taxas pelo serviço prestado. Conforme 
prevê o Banco Central do Brasil, tais empresas contribuem com a diminuição da 
burocracia no acesso ao crédito, de modo que as operações se tornam mais rápidas e 
céleres. No entanto, existe um limite de empréstimo por operação, que é de R$ 15.000,00 
(quinze mil reais). 
Figura 1.6 | Fintech 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7492.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%204.595-1964?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4595.htm
https://www.goconqr.com/pt-BR/mapas-mentais/
19 
 
 
Fonte: iStock. 
No caso apresentado, a operação foi realizada entre pessoas físicas. Logo, a instituição 
financeira atuou apenas como a intermediadora do contrato entre André (tomador de 
crédito) e Maurício (credor). Nesse tipo de operação, o investidor disponibiliza o capital, 
a fintech o conecta com quem precisa do empréstimo e, na outra ponta, encontra-se o 
cliente que solicita o crédito. 
Como pudemos notar, o diferencial nesse procedimento é justamente o processo de 
intermediação da operação entre pessoas, conhecido como sociedade de empréstimo entre 
pessoas (SEP), que disponibiliza créditos dentro do limite estabelecido para essa 
transação, que é de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). 
E por que a instituição descrita na situação-problema não pode ser caracterizada como 
banco? Apesar de também ter a função de intermediar o dinheiro, o banco guarda a 
quantia daqueles que concedem o empréstimo. No caso apresentado, a instituição apenas 
intermediou a operação, a qual foi realizada entre pessoas. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
IRREGULARIDADE NA OPERAÇÃO FINANCEIRA 
Carlota Viviane e sua irmã são ricas e emprestaram dinheiro a várias pessoas. Ocorre que 
essas operações de empréstimos financeiros não foram informadas na declaração do 
imposto de renda. Agora, as irmãs estão com sérios problemas, pois seu patrimônio 
cresceu e é necessário explicar a origem do dinheiro. 
Considerando os conceitos estudados sobre as instituições financeiras, analise a situação 
das irmãs e identifique qual deveria ser o procedimento adotado para que elas pudessem 
realizar as operações de empréstimo sem que houvesse problemas futuros para justificar 
o crescimento patrimonial. 
 
20 
 
UNIDADE 1, SESSÃO 3: CRIMES CONTRA O SISTEMA 
FINANCEIRO NACIONAL E A ORDEM TRIBUTÁRIA 
Silva 
PRATICAR PARA APRENDER 
Olá, estudante! Que bom seguirmos juntos nesta caminhada! O conhecimento que você 
já possui será um grande diferencial no mercado de trabalho. Fizemos a nossa segunda 
parada e agora prosseguiremos nesta jornada de aquisição de novos saberes. Vamos lá? 
Nesta seção de estudos, você terá a oportunidade de apreender mais detalhes sobre os 
crimes financeiros, mas, antes de continuar, faça uma reflexão acerca de sua 
aprendizagem até aqui. Relacione, em uma checklist, os conteúdos estudados e, em 
poucas palavras, descreva tudo o que aprendeu até este momento. Caso ainda tenha ficado 
com dúvidas sobre algum tema, retorne aos conteúdos anteriores e assista novamente aos 
vídeos. Isso será muito importante para que você compreenda os assuntos a serem 
apresentados nesta etapa de estudos. 
Então, vamos seguir em frente? Proponho a você mais um desafio. Desta vez, você deverá 
analisar a situação-problema apresentada, justificar e descrever o seu parecer, 
apresentando uma resposta com embasamento legal para o contexto descrito. Preparado? 
Para o desenvolvimento dessa atividade, considere o seguinte contexto: 
Faustino César é o executivo de uma grande empresa de cosméticos. Seu sobrinho 
trabalha na bolsa de valores. Faustino tem interesse na compra de ações de sua 
concorrente, com o objetivo de ter o controle acionário de, no mínimo, 50% das ações. 
Faustino efetuou a compra de American Depositary Receipts (ADRs), oito meses antes 
que a oferta pública de aquisição de ações (OPA) fosse de conhecimento público. As 
informações privilegiadas concedidas pelo seu sobrinho deram-lhe uma grande vantagem 
financeira, de aproximadamente U$ 300 mil (trezentos mil dólares), pois houve uma 
oferta no valor de R$ 28,00 por ação, e o preço foi superior a 20% da cotação das ações 
no momento do fechamento do pregão anterior. 
Agora é com você! Sua capacidade de análise sobre operações de insider trading (quando 
um operador consegue vantagens a partir de informações privilegiadas) dará a você a 
condição de desenvolver um raciocínio sobre como funcionam as operações financeiras. 
Vamos, então, seguir nesta jornada de aprendizagem? 
CONCEITO-CHAVE 
Preparado para encerrar esta unidade de aprendizagem com chave de ouro? Vamos, agora, 
compreender o que são crimes financeiros e contra a ordem tributária. 
Como aprendemos na Seção 1.2, o Sistema Financeiro Nacional é formado por um 
conjunto de entidades que promovem a intermediação financeira, o qual é bastante 
complexo. Os entes que compõem esse sistema promovem o equilíbrio das finanças de 
um País. Quando existem condutas ilícitas que transgridam a lei, há um impacto muito 
grande para o sistema financeiro, pois operações realizadas de forma irregular afetam não 
somente os investidores, como também a credibilidade da corporação, causando prejuízos 
econômicos. 
Como exemplo de uma situação ocorrida no mercado financeiro que teve alto impacto no 
21 
 
setor financeiro, gerando desequilíbrio para o País, foi a queda na bolsa de valores de 
Nova York em decorrência da queda do índice Dow Jones, que estava relacionado à 
concessão de empréstimos de alto risco. Os créditos, como CDS e CDO, vinham sendo 
transferidos de modo desenfreado, e ainda havia outras situações resultantes desse 
colapso. O fato repercutiu mundialmente no mercado financeiro e muitos bancos entraram 
em situação de insolvência. 
Operações como as citadas anteriormente, efetuadas de maneira inadequada, com muitas 
falhas, em desacordo com a legislação pertinente ao mercado financeiro e utilizando-se 
de fraudes para a obtenção de financiamentos junto às instituições financeiras são 
consideradas como crimes financeiros. 
Antes de verificarmos os tipos de crimes financeiros, vamos relembrar o que estudamos 
na Seção 1.2 no que diz respeito à instituição financeira segundo a Lei nº 7.492, de 16 de 
junho de 1986. 
Todas as empresas que são constituídas com a atividade de administração de seguro, 
consórcio, capitalização, que atuem com câmbio ou recursos de terceiros ou qualquer 
pessoa natural que exerça uma tarefa elencada na referida Lei (ou seja, pessoasque 
executem como atividade principal a aplicação ou intermediação de recurso financeiros 
próprios ou pertencentes a terceiros) são instituições financeiras. 
Agora, veremos quais são os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, com base na 
Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. 
Figura 1.7 | Tipos de crimes financeiros 
22 
 
 
Fonte: elaborada pela autora. 
Vamos aprofundar nosso entendimento sobre alguns desses crimes? Vejamos: 
 
Art. 2º – São crimes materiais: imprimir, fabricar, reproduzir. Nas modalidades “distribuir 
e divulgar”, constituem-se os crimes formais. Qualquer que seja a emissão pública de 
valores mobiliários, somente poderá ser distribuída obtendo-se registro prévio na 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
 
Art. 4º – A consumação e a tentativa se dão em atos de comando que envolvam 
deliberações com atuação de comando. Abrange algum tipo de decisão com grau de 
definitividade. 
Sujeito ativo: diretores, gerentes, interventor, liquidante, síndico. As penas são cominadas 
de acordo com a culpa nos atos praticados. 
Sujeito passivo: o Estado e, secundariamente, os correntistas que podem ter sido lesados, 
os investidores e a instituição financeira. 
 
Parágrafo único – Exemplos de ações que ensejam a gestão temerária: realizar operações 
em que ocorram grandes perdas, de especulação e arriscadas; contratar crédito sem que 
haja garantias prescritas em lei; gerar despesas que suplantam resultados operacionais da 
instituição financeira; pagar juros exorbitantes, adquirir recursos para o prolongamento 
23 
 
de uma liquidação forçada. 
 
Art. 6º – A sonegação e a prestação de informação falsa são formas encontradas pelo 
agente de induzir e manter em erro sócio, investidor ou repartição pública competente. 
Sujeito ativo: administrador da instituição financeira, controlador, contador ou auditor no 
exercício de sua função. 
Sujeito passivo: sócios e investidores lesados e, de forma secundária, o Estado. 
A consumação ocorre quando se consegue enganar a vítima, induzindo-a a erro. 
 
Art. 8º – É uma extorsão financeira efetuada quando são exigidos juros e comissões que 
estão em desacordo com a Lei. 
 
Art. 9º – Inserir declaração falsa em documentos comprobatórios de investimento em 
títulos ou valores mobiliários. 
 
Art. 10 – Inserção ou omissão de informações das demonstrações contábeis de 
instituições financeiras ou de qualquer instituição que seja integrante do sistema de 
distribuição de títulos de valores mobiliários. 
 
Art. 12 – Quando o ex-administrador não apresenta para o interventor, liquidante ou 
síndico as informações ou declarações de sua responsabilidade nos prazos que a Lei 
estabelece. 
 
Art. 13 – Quando o interventor, síndico ou liquidante se apropria de bens em proveito 
próprio ou alheio. 
 
Art. 15 – Quando o interventor, liquidante ou síndico (administrador judicial), no 
exercício de sua função, faz declarações que estão fora da realidade. 
 
Art. 16 – Operar atividades inerentes a instituições financeiras sem permissão e 
autorização. 
 
Art. 17 – Uma empresa toma empréstimo utilizando o nome de terceiros em linha direta 
ou indireta, por exemplo. Quando se tem distribuição de lucros de forma disfarçada. 
Sujeito ativo: controlador ou administrador de instituições financeiras, diretores, gerente. 
Sujeito passivo: Estado, instituição financeira, investidores, acionistas. 
 
Art. 18 – Instituições financeiras não podem divulgar as operações ou serviços realizados 
para os seus correntistas, empresas ou investidores, visto que a exposição das informações 
pode causar danos a esses agentes. O patrimônio deve ser protegido. 
 
Art. 20 – Obtêm-se recursos para determinadas finalidades e tais recursos são desviados. 
 
Art. 22 – Quando se promove a saída de dinheiro ou divisa para o exterior sem 
autorização. Omitir depósitos não declarados à repartição federal. Operações de câmbio 
que não são autorizadas. 
 
Art. 23 – O funcionário público omite, pratica ou retarda um ato necessário ao regular o 
funcionamento do Sistema Financeiro Nacional contra o que consta em lei. 
 
24 
 
Como é possível perceber, são diversos os tipos de crimes contra o Sistema Financeiro 
Nacional previstos na Lei nº 7.492/1986, também conhecida como Lei do Colarinho 
Branco. A titularidade da ação penal será promovida pelo Ministério Público Federal, 
perante a Justiça Federal. 
No entanto, caso haja inércia do Ministério Público Federal, é permitido, por lei, que a 
pessoa física ou jurídica apresente ao procurador-geral da República a denúncia quando 
se sentir ofendido. 
Quando o crime praticado estiver sujeito à fiscalização e à disciplina da Comissão de 
Valores Mobiliários e do Banco Central do Brasil, será admitida a assistência da CVM. 
No caso de o Bacen, a CVM, o interventor, o síndico ou o liquidante não comunicar a 
ocorrência de crime previsto na Lei, as autarquias sofrerão penalidades administrativas e 
às pessoas será imputada a contravenção penal. 
E quem são os responsáveis penais? O controlador, os diretores e gerentes de instituições 
financeiras, dentre os quais estes dois últimos são considerados administradores. A 
responsabilidade é subjetiva, ou seja, depende da existência de um sujeito. Está presente 
o nexo de causalidade, que é um dos pressupostos desse sujeito relacionado com o ato 
ilícito; ou quando há, no resultado, o interesse e a intenção de agir, que é o dolo; ou 
quando quem causou o dano não teve o propósito de provocá-lo, que é a culpa. O crime 
está associado à conduta do sujeito. 
ASSIMILE 
Cultivar uma compreensão mais adequada sobre as transações no mercado financeiro dará 
a você uma visão mais ampla quanto aos crimes financeiros, e é importante que saiba 
como funcionam determinadas operações. Caso você queira conhecer mais detalhes sobre 
a oferta pública de aquisição (OPA), faça a leitura do artigo a seguir. 
 
OFERTA pública de aquisição – OPA. Portal do Investidor, 6 abr. 2019. 
 
É fundamental entender corretamente o papel do controlador e do administrador nas 
empresas, para que seja possível definir as responsabilidades desses profissionais diante 
de casos de crimes financeiros. Para aprofundar seus conhecimentos sobre esse assunto, 
faça a leitura da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, especialmente dos arts. 116 e 
117, que versam sobre o papel do controlador. 
 
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por 
Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. 
 
Já com relação ao trabalho desempenhado pelo gerente, é interessante que você consulte 
os arts. 1.172 a 1.176 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. 
 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 11 jan. 2002. 
 
Para acessar os materiais indicados, consulte os respectivos links de acesso disponíveis 
nas Referências desta seção. 
Diante de tudo o que foi abordado até o momento, é possível afirmar que os autores dos 
crimes praticados poderão ser presos? Justifique a sua resposta refletindo sobre a decisão 
do Superior Tribunal de Justiça e observando o art. 312, do Código de Processo Civil. 
25 
 
REFLITA 
Decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) 
Para que você consiga responder ao questionamento realizado sobre a prisão dos autores 
em crimes financeiros, tome como fundamentação teórica o habeas corpus indicado para 
leitura a seguir. 
 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 40.818 - RJ. Prisão preventiva. 
Crime contra o sistema financeiro. Lavagem de dinheiro. Quadrilha. Operação “Farol da 
Colina”. Magnitude da lesão. Autoria e indícios demonstrados. Pretensão de revogação. 
Requisitos da custódia atendidos. Proteção da ordem pública e econômica e da instrução. 
Relator: Ministro José Arnaldo da Fonseca. DJ, 17 mar. 2005. Lex: jurisprudência do STJ 
e Tribunais RegionaisFederais, Brasília, 11 abr. 2005, p. 350. 
 
Também é interessante que você faça a leitura da Lei nº 8.137/1990 e liste outros tipos de 
crimes contra a ordem tributária, associando-os a fatos ocorridos no dia a dia que 
comprovem os crimes cometidos. 
 
BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem 
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF: 28 dez. 1990. 
 
Para acessar os materiais indicados, consulte os respectivos links de acesso disponíveis 
nas Referências desta seção. 
Para cada um dos crimes abordados nesta seção, há uma pena relativa aos atos praticados. 
Contudo a Lei nº 7.492, de 1986, também prevê, em seu art. 25, § 2º, a hipótese de 
confissão espontânea, que poderá reduzir a pena, caso o coautor ou partícipe revele à 
autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa do crime. 
EXEMPLIFICANDO 
Casos de delação premiada no Brasil 
O doleiro Alberto Youssef assinou, em setembro de 2014, um acordo de delação premiada 
com o Ministério Público Federal em troca de redução da pena de prisão, o qual foi 
homologado três meses depois, em dezembro de 2014. A possibilidade da delação ocorreu 
em virtude da colaboração de Youssef para a força-tarefa da Operação Lava Jato. 
Conheça mais detalhes do caso fazendo a leitura do artigo indicado a seguir, cujo link de 
acesso está disponível nas Referências desta seção. 
 
BARBOSA, G. Jurisprudência sobre delação premiada. 3MIND, 3 fev. 2021. 
Agora que você já aprofundou seus conhecimentos sobre a delação premiada, é possível 
conceituá-la como um instituto no qual, por meio de um contrato, o criminoso se beneficia 
da pena imputada em decorrência do crime causado contra o Sistema Nacional Tributário 
e a ordem tributária. 
Até aqui, garantimos novos saberes sobre os crimes financeiros. Vamos, então, conhecer 
os crimes contra a ordem tributária? 
De acordo com a Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, são definidos como crimes 
contra a ordem tributária aqueles praticados por particulares e funcionários públicos na 
intenção de prejudicar a economia e as relações de consumo. Vejamos alguns deles. 
26 
 
Figura 1.8 | Exemplos de crimes contra a ordem tributária 
 
Fonte: elaborada pela autora. 
Os crimes contra a ordem tributária constituem-se a partir das atitudes que um indivíduo 
pratica. Vejamos alguns exemplos: quando um comerciante vende mercadoria e não emite 
nota fiscal referente à saída dos produtos, configura-se um crime previsto na Lei nº 
8.137/1990: “V – negar, ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou 
documento equivalente, relativo a venda de mercadoria ou prestação de serviço” 
(BRASIL, 1990, [s. p.]). Outro exemplo pode ser observado quando um indivíduo que 
tem várias fontes pagadoras, pois realiza serviços para diferentes empresas, deixa de 
informar a Receita Federal sobre seus rendimentos, quando é obrigado a declarar o 
imposto de renda. 
Esta foi a última seção de estudos desta unidade de aprendizagem. A intenção foi 
aperfeiçoar os seus conhecimentos compartilhando conceitos, exemplos e casos práticos 
relacionados aos assuntos estudados, a fim de promover uma melhor compreensão dos 
temas propostos. Espero que você tenha curtido bastante a nossa viagem e que ela tenha 
agregado novos saberes à sua atuação no mercado de trabalho. Agradeço a sua 
participação. Prossiga com sua trajetória de aprendizagem, desta vez com uma nova 
equipe. 
Até a próxima! 
 
27 
 
REFERÊNCIAS 
BARBOSA, G. Jurisprudência sobre delação premiada. 3MIND, 3 fev. 2021. Disponível 
em: https://bit.ly/3Bsshar. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Instrução CVM nº 361, de 5 de março de 
2002. Dispõe sobre o procedimento aplicável às ofertas públicas de aquisição de ações de 
companhia aberta, o registro das ofertas públicas de aquisição de ações 
para cancelamento de registro de companhia aberta, por aumento de participação 
de acionista controlador, por alienação de controle de companhia aberta, para aquisição 
de controle de companhia aberta quando envolver permuta por valores mobiliários, e de 
permuta por valores mobiliários, revoga a Instrução CVM nº 229, de 16 de janeiro de 
1995, a Instrução CVM nº 299, de 9 de fevereiro de 1999 e a Instrução CVM nº 345, de 
4 de setembro de 2000, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 
7 mar. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3xipTSi. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941. Lei das Contravenções 
Penais. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro: 3 out. 1941. Disponível 
em: https://bit.ly/3qxBbyi. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo 
Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro: 13 out. 1941. Disponível 
em: https://bit.ly/3TUuKTc. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores 
mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF: 9 dez. 1976. Disponível em: https://bit.ly/2HCC00v. Acesso em: 10 maio 
2022. 
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por 
Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível 
em: https://bit.ly/3d9WwKP. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. Define os crimes contra o sistema 
financeiro nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 18 
jun. 1986. Disponível em: https://bit.ly/3RCTSMD. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem 
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF: 28 dez. 1990. Disponível em: https://bit.ly/3d0Hp6I. 
Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou 
ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para 
os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - 
Coaf, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 4 mar. 1998. 
Disponível em: https://bit.ly/3U0HlnQ. Acesso em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3eJKx7q. Acesso em: 
10 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo 
Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 mar. 2015. Disponível 
em: https://bit.ly/3qvHimw. Acessado em: 10 maio 2022. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Habeas Corpus nº 40.818 - RJ. Prisão preventiva. 
Crime contra o sistema financeiro. Lavagem de dinheiro. Quadrilha. Operação “Farol 
da Colina”. Magnitude da lesão. Autoria e indícios demonstrados. Pretensão 
de revogação. Requisitos da custódia atendidos. Proteção da ordem pública e econômica 
e da instrução. Relator: Ministro José Arnaldo da Fonseca. DJ, 17 mar. 
https://www.3mind.com.br/blog/jurisprudencia-sobre-delacao-premiada/#:~:text=O%20doleiro%20Alberto%20Youssef%20assinou,envolvidas%20no%20esc%C3%A2ndalo%20da%20Petrobras
https://conteudo.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst361.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3688.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6385.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%205.172-1966?OpenDocument
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7492.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm#:~:text=V%20%2D%20negar%20ou%20deixar%20de,cinco)%20anos%2C%20e%20multa
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
https://conteudo.colaboraread.com.br/202202/EAD/INVESTIGACAO_E_PERICIA_CRIMINAL_FRAUDES_CONTABEIS/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s3.html#http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
28 
 
2005. Lex: jurisprudência do STJ e Tribunais Regionais Federais, Brasília, 11 abr. 2005, 
p. 350. Disponível em: https://bit.ly/3B7YHXn. Acesso em: 10 maio 2022. 
OFERTA pública de aquisição – OPA. Portal do Investidor, 6 abr. 2019. Disponível 
em: https://bit.ly/3d5OuTj. Acesso em: 10 maio 2022. 
SOUSA, I. Conheça as principais crises econômicas mundiais. TC School, 22 nov. 2021. 
Disponível em: https://bit.ly/3xiqm70. Acesso em: 10 maio 2022.Zoraide dos Santos Silva 
SEM MEDO DE ERRAR 
Vamos, juntos, analisar a situação-problema apresentada no início desta seção de 
estudos? 
O uso inadequado de informações relevantes e confidenciais obtidas de forma 
privilegiada nas negociações de valores mobiliários, como fundos de investimentos, ações 
preferencias e ordinárias, está previsto na Lei nº 6.385/76, especificamente no art. 27-D. 
Tais informações têm a finalidade de propiciar vantagem indevida, para si ou para outrem, 
dando origem a um processo mais conhecido como insider trading. 
No caso em análise, Faustino César tirou proveito das informações fornecidas por seu 
sobrinho, que trabalha na bolsa de valores, e recebeu privilégios acerca das ações que 
dariam a ele o controle acionário de sua concorrente. 
Empresas lançam ações para venda e emitem um certificado conhecido com ADR, o qual 
é emitido no exterior, a partir de uma instituição depositária. Tal operação é negociada 
em países diferentes, fora do estabelecimento da empresa que a efetuou. 
Faustino realizou compras de American Depositary Receipts (ADRs), ou seja, de 
certificados americanos, antes mesmo que as ações fossem ofertadas publicamente em 
um processo conhecido como OPA. Empresas que têm o interesse de adquirir uma 
determinada quantidade de ações, com prazos e preços predeterminados, participam dessa 
oferta. A intenção é que os acionistas possam fornecer suas ações em igualdade de 
direitos, bem como que as ações sejam adquiridas pelos interessados, com o propósito de 
mudar a estrutura da corporação. 
Tendo em vista que Faustino tinha o interesse de alterar a configuração da empresa, ele 
adquiriu a OPA voluntária, para aquisição de controle, também prevista na Lei nº 
6.404/1976, art. 257. As OPAs estão relacionadas na Instrução CVM nº 361, de 5 de 
março de 2002. De acordo com a Lei, a CVM poderá expedir normas sobre OPAs de 
aquisição de controle. 
Nesse caso, Faustino praticou um crime financeiro ao adquirir ADRs antes mesmo que 
esses certificados fossem a conhecimento público. Tal fato concedeu a Faustino uma 
vantagem no valor da ação. De acordo com a Lei nº 6.385/76, art 27-D, a “pena é de 
reclusão, de 1 a 5 anos de multa de até 3 (três) vezes o montante da vantagem ilícita obtida 
em decorrência ado crime” (BRASIL, 1976, [s. p.]). 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
BENS NÃO DECLARADOS CONFIGURAM CRIME OU NÃO? 
https://processo.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ATC&sequencial=1701301&num_registro=200401852334&data=20050411&tipo=5&formato=PDF
https://www.investidor.gov.br/menu/Menu_Investidor/ofertas/opas.html
https://tc.com.br/blog/educacao-financeira/crise-economica
29 
 
Ana Malta trabalhou durante muitos anos como gestora em grades empresas. No decorrer 
de sua vida, conseguiu construir um patrimônio de aproximadamente R$ 2.000.000,00 
(dois milhões de reais). Compõem seu patrimônio cinco tipos de aplicações financeiras, 
dois veículos, um sítio, a casa onde ela mora e uma casa de praia. 
No ano de 2022, você foi contratado para fazer a declaração de imposto de renda de Ana 
Malta. Para iniciar o processo de preenchimento, você precisou fazer uma entrevista com 
ela, no intuito de saber o que deveria declarar. Você solicitou a Ana, inclusive, a última 
declaração emitida, com o objetivo de informar os últimos dados enviados à Receita 
Federal. Durante a entrevista, você foi informado sobre a casa de praia comprada no ano 
de 2000, no valor de R$ 200.000,000 (duzentos mil reais), mas percebeu que tal 
informação não constava na declaração do ano anterior. 
Você conversou com Ana Malta sobre a falha na informação desse bem, e ela afirmou 
que nunca havia declarado a casa, já que o imóvel equivalia ao valor de R$ 200.000,00. 
 
Você, como contador contratado por Ana para o ano de 2022, deve analisar os seguintes 
aspectos: 
a. Com base nos estudos realizados nesta etapa de aprendizagem, é possível 
confirmar se Ana Malta cometeu algum crime? Caso algum crime seja constatado, 
ela estará submetida a alguma pena? 
b. Qual orientação deve ser dada a Ana Malta a respeito dessa situação? 
c. Justifique as suas respostas. 
 
 
30 
 
UNIDADE 2, SESSÃO 1: PERÍCIA CONTÁBIL 
 
CONVITE AO ESTUDO 
Caro estudante, na Unidade 2, continuaremos nosso estudo sobre investigação e perícia 
criminal por meio do entendimento dos procedimentos relacionados à utilização e à 
aplicação da perícia contábil no contexto de investigação de crimes financeiros cometidos 
pelas organizações ou ocorridos dentro delas, a partir de seus colaboradores. 
Nosso objetivo, nesta etapa de aprendizagem, é fazer com que você conheça os conceitos, 
procedimentos de investigação e normas referentes ao compliance e aplicados às perícias 
empresariais, para que, a partir desses saberes, seja possível realizar a análise e resolução 
de problemas de relacionamento interpessoal, gestão de conflitos, planejamento e 
organização. 
Para tanto, na Seção 2.1, vamos aprender o que é e como ocorrem os trabalhos de perícia 
contábil dentro de uma organização, verificando os conceitos e características 
relacionados a essa atividade, sua utilização por parte das organizações, bem como seu 
papel no contexto dos crimes corporativos. Também entenderemos com quais 
procedimentos de investigação o perito pode contar para a elucidação dos fatos que 
motivam a realização da perícia, denominados como “objeto da perícia”. Ao fim da Seção 
2.1, você saberá identificar a estrutura do sistema financeiro nacional e seu papel na 
normatização, regulação e fiscalização das atividades dos agentes públicos e privados 
existentes em nossa economia. 
Na Seção 2.2, discutiremos sobre os elementos presentes em um ambiente de governança 
corporativa, a partir do entendimento desse conceito. Nesse contexto, estudaremos sobre 
o processo de prestação de contas ao qual os agentes de uma organização que utilizam 
governança corporativa estão sujeitos, bem como as principais concepções e aplicações 
relacionadas ao disclosure (divulgação) das informações financeiras de uma organização. 
Por fim, ainda nessa etapa de estudos, abordaremos outro importante conceito relacionado 
à governança corporativa, o qual contribui para a sustentabilidade da relação entre as 
partes interessadas no âmbito organizacional: a equidade. 
Para finalizar, na Seção 2.3 desta unidade, trataremos do compliance nas organizações, 
buscando entender mais detalhes sobre esse conceito, sua importância no contexto 
empresarial e quais práticas contribuem para minimizar a probabilidade de ocorrência de 
crimes e fraudes corporativas. Além disso, vamos descobrir a importância da prática 
do compliance na perícia contábil criminal. 
Ao final dos estudos desta unidade, você deverá ser capaz de compreender e aplicar os 
conceitos, procedimentos de investigação e normas referentes ao compliance e que são 
utilizados na realização das perícias empresariais. Você também se tornará apto a elaborar 
um mapa conceitual sobre compliance e investigação em fraude empresarial. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Caro estudante, depois de conhecermos a importância da contabilidade para as 
organizações, vamos, agora, explorar um elemento específico da contabilidade,conhecido como perícia contábil, o qual é utilizado para verificar a ocorrência de crimes 
contra o patrimônio das instituições, sejam elas públicas ou privadas. 
Vale lembrar que o patrimônio das organizações é o principal objeto de estudo da 
31 
 
contabilidade. Ou seja, a contabilidade tem como missão fundamental estudar o 
patrimônio das organizações e demonstrar a sua evolução ao longo dos anos. 
Para ilustrar como os conhecimentos que serão apresentados podem ser aplicados na 
prática, imagine a seguinte situação hipotética: você foi contratado recentemente por uma 
empresa, a pedido do departamento jurídico, para atuar como perito assistente, visto que 
a instituição está sendo investigada pela Polícia Federal, sob a acusação do crime de 
lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Como essa matéria envolve elementos 
financeiros e patrimoniais, o juiz responsável pelo caso nomeou um perito contábil para 
analisar os documentos e demonstrativos contábeis originados da operação. 
Para que seja possível orientar a produção da peça de defesa, uma de suas funções é 
verificar (a partir dos procedimentos de perícia) toda a documentação apreendida pela 
operação policial e orientar a defesa na produção de quesitos a serem apresentados ao 
juízo. 
Sua tarefa é apresentar, aos representantes do departamento jurídico da empresa, todos os 
tipos de procedimentos que um perito contábil pode utilizar e explicar o que tais 
mecanismos significam, a fim de que você, juntamente com o departamento jurídico, 
possa construir quesitos que ajudem a organização a provar que não há ilicitudes em seus 
elementos patrimoniais. 
CONCEITO-CHAVE 
Cotidianamente, vemos nos noticiários diversas operações da Polícia Federal, das polícias 
civis estaduais ou de outros agentes públicos que, por vezes, investigam e detêm pessoas 
acusadas de crimes referentes a prejuízos ao patrimônio das instituições, como lavagem 
de dinheiro, apropriação indébita, desvios financeiros em empresas ou prefeituras, entre 
outros. 
É nesse contexto que se insere a perícia contábil, um saber aprendido nas ciências 
contábeis e que posteriormente será aplicado por profissionais denominados peritos, na 
intenção de apurar eventuais incongruências existentes no patrimônio de uma 
organização, a partir de delitos cometidos. 
A palavra “perito”, aplicado aos profissionais que realizam as perícias, têm sua origem 
etimológica no termo em latim peritia, cujo significado se traduz como conhecimento, 
sendo o conhecimento aquele que fora obtido pela experiência. Cabe lembrar que a 
atividade de perícia aplica-se a diversos profissionais, como médicos, engenheiros, 
agrônomos, entre outros, os quais tomam o conhecimento e a experiência obtidos no 
exercício de sua atividade profissional como base para a formulação de uma opinião sobre 
determinado fato a ser verificado. 
A perícia contábil é entendida como aquela que é exercida por indivíduos formados em 
ciências contábeis, devidamente habilitados para o exercício da profissão, os quais, a 
partir dos conhecimentos e experiências obtidos, tornam-se aptos para verificar e opinar 
sobre fatos referentes ao patrimônio das entidades. 
Verificação e opinião são considerados elementos fundamentais para que a realização de 
um trabalho pericial seja motivada. Tal motivação, que enseja a verificação de um 
determinado fato contábil, será provocada ou requerida por algum elemento interessado 
na opinião do perito sobre um determinado fato contábil, de modo que esse profissional, 
a partir da emissão de seu ponto de vista, poderá auxiliar as pessoas envolvidas quanto ao 
esclarecimento do que ocorreu no evento para o qual a perícia foi demandada. 
A realização da perícia contábil pode acontecer por meio das figuras do perito oficial, do 
perito do juízo e do perito assistente. O perito oficial, de acordo com a NBC PP 01 
32 
 
(BRASIL, 2020a), é o contador investido na função por lei e pertencente a um órgão 
especial do Estado. Como exemplos, temos os peritos contábeis, que exercem a atividade 
na Polícia Federal e na Polícia Civil. 
Já o perito do juízo, segundo Crepaldi (2019), é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade 
pública ou privada para exercício da perícia contábil. É o profissional designado para 
subsidiar a solução do litígio ou, simplesmente, constatar um fato. Já o perito assistente, 
também denominado como assistente técnico, é o profissional contratado e indicado pela 
parte no litígio (BRASIL, 2020a; BRASIL, 2020b), o qual, como orienta Crepaldi (2019), 
acompanhará os procedimentos, bem como os trâmites processuais, e elaborará um 
parecer técnico contábil acerca da matéria objeto do litígio. O perito assistente poderá, 
ainda, manter contato com o perito assim que a sua contratação for formalizada, 
colocando-se à disposição para cooperar com o desenvolvimento do trabalho pericial 
(BRASIL, 2020b). 
Sá (2019) afirma que a perícia contábil surge da necessidade de se conhecer a opinião de 
um especialista em contabilidade sobre uma realidade patrimonial. Tal opinião pode ser 
dada sobre um determinado fato em qualquer tempo, em qualquer espaço, qualitativa e 
quantitativamente, em causas e efeitos. 
ASSIMILE 
Perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado, com o 
objetivo de oferecer opinião mediante uma questão proposta. Para a formulação desse 
parecer, realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, 
arbitramentos; em resumo, todo e qualquer procedimento necessário à opinião (SÁ, 
2019). 
É importante destacar que, para que se possa realizar a perícia, é necessário que haja um 
objeto determinado, a ser requerido por pessoa competente, o qual será submetido às 
devidas análises para que seja possível produzir as opiniões sobre o objeto periciado. 
Quando se menciona a pessoa competente, tal distinção se torna indispensável para a 
classificação do tipo de perícia contábil a ser realizada pelo perito. Nesse sentido, as 
perícias podem ser classificadas como: judicial, extrajudicial ou arbitral, a depender do 
ambiente em que será efetuada. 
Como o próprio nome indica, a perícia judicial é aquela que acontece no ambiente 
judiciário, isto é, nos tribunais, sendo que, nesse caso, a perícia contábil pode ser 
demandada pelo juiz ou a pedido das partes (e aceita pelo juiz), para elucidação do objeto 
a ser trabalhado pela perícia (SÁ, 2019). Já a perícia extrajudicial (ou voluntária) é 
aquela que ocorre fora da esfera judicial e arbitral, sendo inquirida por meio de um livre 
acordo entre as partes envolvidas para a verificação do objeto a ser periciado (MÜLLER, 
2017). 
Por fim, a perícia arbitral é aquela que se realiza nas cortes de arbitragem, ambientes 
específicos para a solução de conflitos e que surgiram com a instauração da Lei nº 9.307, 
de 1996. Sendo assim, a perícia desenvolvida é aquela exercida sob o controle da Lei da 
Arbitragem. As perícias arbitrais são demandadas pelo árbitro ou pelas partes e 
apresentam-se como uma opção mais rápida e menos burocrática, quando comparada ao 
ambiente judicial. 
A normatização brasileira para a contabilidade, a partir da NBC TP 01 (R1) (Norma 
Técnica de Perícia Contábil), considera, ainda, a existência da perícia estatal. Esse tipo 
de perícia é demandado e executado sob controle de um órgão do Estado, em suas diversas 
esferas (municipal, estadual e federal). É muito comum que a perícia estatal seja efetuada 
33 
 
quando tais órgãos, por exemplo, exigem a opinião do perito sobre um determinado objeto 
a ser verificado nas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs). 
EXEMPLIFICANDO 
Com a existência de litígio relacionado a fatos financeiros de uma empresa ou mesmo de 
indícios de crimes de ordem financeira, elementos como o juiz, árbitro ou as partes 
envolvidas no evento sob análise podem solicitar o trabalho de um perito contábil ou de 
um perito contábil assistente, paraque estes possam, com base em suas expertises e na 
fundamentação obtida a partir da utilização de ferramentas de investigação, apresentar 
subsídios que contribuam para a justa solução do litígio em questão. 
ASSIMILE 
A perícia contábil pode ser requerida sempre que houver fatos capazes de motivar o 
trabalho de um profissional habilitado, cuja opinião sobre o objeto da perícia poderá ser 
levada em consideração para o esclarecimento da demanda. 
Nesse sentido, temos: 
 
Perícia judicial: ocorre no ambiente dos tribunais, ou seja, no domínio judiciário. 
 
Perícia extrajudicial (voluntária): pode ser requerida por particulares, normalmente no 
âmbito das entidades, ou seja, fora dos ambientes judicial e arbitral. 
 
Perícia arbitral: acontece no âmbito das cortes de arbitragem, instituto aprovado pela 
Lei de Arbitragem, com a finalidade de desburocratizar e agilizar a solução de litígios. 
 
Perícia estatal: realiza-se nos ambientes de Estado, como órgãos das esferas municipais, 
estadual e federal. 
No contexto da apuração de fatos criminais, isto é, de fatos que sejam contrários à 
legislação vigente, a perícia contábil pode ser utilizada para apurar eventuais 
irregularidades legais cometidas por pessoas físicas ou jurídicas no âmbito público ou 
privado. Logo, pode-se tornar objeto de perícia, por exemplo, o enriquecimento ilícito de 
pessoas físicas, no âmbito público ou privado, com ou sem foro privilegiado. Além disso, 
as movimentações bancárias efetuadas por esses indivíduos, bem como quaisquer 
evoluções patrimoniais atípicas, também podem ser alvo de perícia. 
No que tange às entidades, comumente classificadas com pessoas jurídicas, a perícia pode 
verificar se um determinado elemento patrimonial ou o que é considerado patrimônio 
dessas instituições corresponde à realidade. Como exemplo, podemos citar a existência 
de recursos financeiros nas disponibilidades da organização, como o caixa e as contas 
bancárias da empresa. 
Outro grande foco da atuação de perícia contábil encontra-se na esfera pública, quando, 
a partir da instauração de processos específicos, verifica-se a licitude da aplicação de 
recursos públicos por meio de transferências orçamentárias aprovadas pela respectiva Lei 
de Diretrizes Orçamentárias (LDO), na intenção de investigar a existência física de um 
determinado bem adquirido pelo serviço público ou, ainda, de identificar a correta 
aplicação da lei no exercício do cargo/mandato de um agente público. 
Para conseguir realizar seus trabalhos, o perito contábil, a partir da análise do objeto a ser 
periciado, conta com uma gama de possíveis procedimentos a serem utilizados durante o 
processo de investigação e apuração dos fatos. Tais mecanismos de perícia contábil têm 
34 
 
como objetivo fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo pericial contábil (se 
emitido pelo perito do juízo) ou ao parecer pericial contábil (se emitido pelo perito 
assistente). 
Dessa forma, consideraremos como investigação todos os procedimentos que podem ser 
utilizados pelo perito contábil, de forma total ou parcial (considerando a natureza e a 
complexidade dos elementos em análise). De acordo com Crepaldi (2019), os 
procedimentos técnico-científicos adotados para fundamentar as conclusões que serão 
abordadas no laudo pericial contábil ou no parecer técnico-contábil são: exame, vistoria, 
indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação (BRASIL, 
2020b). O Quadro 2.1, a seguir, apresenta o conceito e a definição relacionados a cada 
um desses procedimentos. 
Quadro 2.1 | Procedimentos técnico-científicos de investigação utilizados pela perícia contábil 
Conceito Definição 
Exame É a análise de livros, registros das transações e documentos. 
Vistoria É a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou 
fato, de forma circunstancial. 
Indagação É a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto 
ou fato relacionado à perícia. 
Investigação É a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial 
contábil o que está oculto por quaisquer circunstâncias. 
Arbitramento É a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico. 
Mensuração É o ato de qualificação e quantificação física de coisas, bens, direitos e 
obrigações. 
Avaliação É o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas 
e receitas. 
Certificação É o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo perito 
contador, conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a 
esse profissional. 
Testabilidade É a verificação dos elementos probantes juntados aos autos e o confronto com 
as premissas estabelecidas. 
Fonte: Brasil (2020b). 
ASSIMILE 
Laudo pericial contábil: laudo pericial é uma peça tecnológica que contém opiniões do 
perito do juízo, como pronunciamento sobre as questões que lhe são formuladas e que 
requerem seu parecer (CREPALDI, 2019). 
 
Parecer técnico-contábil: é uma peça escrita na qual o perito assistente técnico deve 
visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as 
minudências que envolvam a demanda (CREPALDI, 2019). 
É comum que o perito contábil precise desenvolver seus trabalhos observando aspectos 
relacionados a movimentações financeiras realizadas pelos diversos agentes mencionados 
anteriormente. Tais movimentações, por vezes, são executadas de forma intencional, com 
35 
 
o objetivo de lesar indivíduos, organizações e até mesmo o erário. 
No mercado de capitais, por exemplo, a grande volatilidade e o alto risco, que são 
características desse mercado, induzem participantes mal-intencionados a criarem 
condições que levem os demais integrantes ao erro, com o propósito de auferir ganhos 
por meio dessas decisões. Por esse motivo, o Estado, a partir de seu representante 
máximo, deve buscar organizar o sistema financeiro, para que este controle as ações dos 
agentes econômicos e minimize a probabilidade do surgimento de crises capazes de afetar 
a economia de um país. 
EXEMPLIFICANDO 
Vários são os exemplos de crimes, cometidos por indivíduos e organizações, que 
resultaram em profundos impactos sobre a economia de um país. Com o advento da 
globalização, tais crises, que antes estavam restritas à região de sua ocorrência, passaram 
a gerar efeitos significativos em nível internacional, como aconteceu na crise de 2008, 
por exemplo. Tal evento teve como principal causa a desvalorização acentuada dos 
derivativos, isto é, de contratos que derivam a maior parte de seu valor de um ativo 
subjacente (café, ouro, etc.), taxa de referência (taxas de juros) ou índice (ações). Para 
coibir novas ocorrências de crimes contra a economia, os países procuram regulamentar 
e fiscalizar o mercado. 
De acordo com Abreu e Silva (2016), é nesse contexto que o sistema financeiro se 
apresenta como um conjunto de órgãos que regulamenta, fiscaliza e executa as operações 
necessárias à circulação da moeda e do crédito na economia. Para realizar as funções de 
regulamentação, fiscalização e execução, o sistema financeiro nacional é estruturado em 
três pilares. O primeiro relaciona-se aos mercados de moeda, crédito, capitais e câmbio, 
que podem ser denominados, de forma concisa, como mercado financeiro. O segundo 
pilar refere-se ao mercado de previdência complementar aberta, capitalização e seguros. 
Por fim, o terceiro pilar diz respeito ao mercado de previdência complementar fechada. 
A sistematização desses três pilares é apresentada na Figura 2.1, a seguir: 
Figura 2.1 | Estrutura do sistema financeiro nacional 
 
Fonte: Abreu e Silva (2016). 
36 
 
Enquanto estrutura normativa, o mercado de moeda, crédito, capitais e câmbio é 
normatizado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN); o mercado de seguros, 
previdência complementar aberta, capitalização e seguros, peloConselho Nacional de 
Seguros Privados (CNSP); e, por fim, o Mercado de Previdência Complementar Fechada 
é normatizado a partir das deliberações do Conselho Nacional de Previdência 
Complementar (CNPC). 
A partir da ordem de normatização, apresenta-se a estrutura de regulação do SFN, sistema 
que, conforme descrevem Abreu e Silva (2016), além da supervisão, também executa a 
função normativa – sempre de acordo com as diretrizes traçadas por cada um dos 
conselhos mencionados anteriormente. Regulando o mercado financeiro nos segmentos 
de moeda, câmbio e crédito, temos o Banco Central do Brasil (Bacen). Já no setor de 
mercado de capitais, temos como órgãos reguladores a Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM) e o Bacen. Para regular o mercado de seguro, previdência aberta, capitalização e 
resseguro, tem-se a Superintendência de Seguros Privados (Susep). Para finalizar, o 
mercado de previdência fechada (fundo de pensão) tem como órgão regulador a 
Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). 
REFLITA 
Em um cenário no qual vemos o fluxo de informações econômicas e financeiras ampliar 
sua velocidade em função da melhoria da tecnologia, de novos instrumentos financeiros 
e das transações cada vez mais constantes entre os países, qual seria o padrão ideal para 
a estruturação de um sistema financeiro nacional mais eficiente? Um modelo mais 
nacionalista, um modelo internacional padronizado ou um modelo misto? 
Por enquanto, são esses os assuntos que ajudarão você na resolução da missão apresentada 
no início desta seção de estudos. Verifique se a sua sugestão de intervenção está de acordo 
com o método indicado na proposta de resolução da situação-problema. Vou reencontrar 
você daqui a pouco, com mais temas e contextos. Até breve! 
REFERÊNCIAS 
ABREU, E.; SILVA, L. Sistema financeiro nacional. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 
2016. Disponível em: https://bit.ly/3eI7dow. Acesso em: 21 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. Dispõe sobre a 
arbitragem. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 23 set. 1996. Disponível 
em: https://bit.ly/3QyVMg3. Acesso em: 21 abr. 2022 
BRASIL. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC PP Nº 1 (R1), de 19 de março de 
2020. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe sobre perito contábil. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF: 27 março 2020a. Disponível em: https://bit.ly/3RE3qHe. Acesso 
em: 7 maio 2022. 
BRASIL. Norma Brasileira de Contabilidade, NBC TP Nº 1 (R1), de 19 de março de 
2020. Dá nova redação à NBC TP 01, que dispõe sobre perícia contábil. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 27 março 2020b. Disponível em: https://bit.ly/3L7aOsm. Acesso 
em: 7 maio 2022. 
CREPALDI, S. A. Manual de perícia contábil. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. 
Disponível em: https://bit.ly/3Qz3BlN. Acesso em: 22 abr. 2022. 
MÜLLER, A. N.; TIMI, S. R. R.; HEIMOSKI, V. T. M. Perícia contábil. São Paulo: 
Saraiva, 2017. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530974657/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%209.307%2C%20DE%2023,Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20arbitragem.&text=Art.,relativos%20a%20direitos%20patrimoniais%20dispon%C3%ADveis
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/norma-brasileira-de-contabilidade-nbc-pp-n-1-r1-de-19-de-marco-de-2020-250058222
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/norma-brasileira-de-contabilidade-nbc-tp-n-1-r1-de-19-de-marco-de-2020-250058048
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788571440227/
37 
 
https://bit.ly/3TYHhFg. Acesso em: 22 abr. 2022. 
PERÍCIA contábil: fiscalização. Conselho Regional de Contabilidade do Estado de 
São Paulo, 27 fev. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3QJ9rBu. Acesso em: 22 abr. 
2022. 
SÁ, A. L. de. Perícia contábil. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Disponível 
em: https://bit.ly/3L46ha5. Acesso em: 20 abr. 2022. 
SEM MEDO DE ERRAR 
Olá novamente, estudante! Você conseguiu perceber como a perícia contábil pode ajudá-
lo na resolução de problemas relacionados a crimes cometidos contra as organizações, 
sejam elas públicas ou privadas? 
De acordo com a NBC TP 01 (BRASIL, 2020b) e Crepaldi (2019), os procedimentos 
técnico-científicos aplicados à atividade de perícia contábil têm a intenção de 
fundamentar as conclusões que serão abordadas no laudo pericial contábil ou no parecer 
pericial contábil. Tais mecanismos podem ser empregados em sua integralidade ou 
parcialmente, de acordo com a natureza e a complexidade da matéria, a determinação de 
valores ou a solução de controvérsia. Os procedimentos técnico-científicos periciais estão 
elencados no Quadro 2.2, a seguir: 
Quadro 2.2 | Conceito, definição e exemplos de procedimentos técnico-científicos periciais 
utilizados para investigação 
Conceito Definição Exemplo 
Exame É a análise de livros, registros 
das transações e documentos. 
O perito realiza exame ao analisar a 
conciliação bancária com o livro Diário. 
Vistoria É a diligência que objetiva a 
verificação e a constatação de 
situação, coisa ou fato, de forma 
circunstancial. 
Exemplo: o perito faz uma vistoria in 
loco dos meios de controle utilizados pela 
empresa para a guarda do estoque. 
Indagação É a busca de informações 
mediante entrevista com 
conhecedores do objeto ou fato 
relacionado à perícia. 
A realização de entrevista com os 
funcionários da controladoria da empresa 
periciada, a fim de apurar evidências para 
o laudo pericial. 
Investigação É a pesquisa que busca trazer ao 
laudo pericial contábil ou 
parecer pericial contábil o que 
está oculto por quaisquer 
circunstâncias. 
O perito realiza investigação da vida 
particular dos envolvidos no objeto da 
perícia, descobrindo, por exemplo, que o 
fornecedor de material de uso e consumo 
para a empresa tem um forte vínculo de 
amizade com o responsável pelo setor de 
aquisição. 
Arbitramento É a determinação de valores ou 
a solução de controvérsia por 
critério técnico. 
Há o arbitramento de valores ao se estimar 
a quantidade de combustível utilizada 
pelos veículos de determinada empresa. 
Mensuração É o ato de qualificação e 
quantificação física de coisas, 
bens, direitos e obrigações. 
Contagem física do estoque, medidas de 
áreas, avaliação de componentes 
patrimoniais, etc. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547219888/
https://crcsp.org.br/portal/fiscalizacao/pericia.htm
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597022124/
38 
 
Conceito Definição Exemplo 
Avaliação É o ato de estabelecer o valor de 
coisas, bens, direitos, 
obrigações, despesas e receitas. 
Avaliação do imobilizado da empresa, 
considerando as recomendações da 
legislação vigente. 
Certificação É o ato de atestar a informação 
trazida ao laudo pericial 
contábil pelo perito contador, 
conferindo-lhe caráter de 
autenticidade pela fé pública 
atribuída a esse profissional. 
O contador apresenta uma importação não 
contabilizada que foi certificada pelo 
despachante aduaneiro. 
Testabilidade É a verificação dos elementos 
probantes juntados aos autos e o 
confronto com as premissas 
estabelecidas. 
Testar se um documento (planilha, 
relatórios) apresentado pelas partes tem os 
seus valores devidamente calculados ou 
mesmo se um determinado sistema está 
registrando as informações de forma 
correta. 
Fonte: Brasil (2020b), Crepaldi (2019) e Sá (2020). 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
POSSIBILIDADES DE TRABALHO PARA O PROFISSIONAL PERITO 
CONTADOR 
João terminou recentemente a faculdade de Ciências Contábeis. Durante o curso, os 
professores afirmavam que profissionais de contabilidade vinham ganhando bastante 
destaque no processo de fornecimento de informações para as empresas, principalmente 
em decorrência da adequação que as organizações precisaram efetuar por conta da adoção 
das normas internacionais de contabilidade. Lembrando-se dessa possibilidade, João 
percebeu que poderia atuar como perito na esfera judiciale realizou os procedimentos de 
cadastro no sistema judiciário estadual e federal onde atua. Em pouco tempo, João foi 
nomeado como perito do juiz em uma causa na qual uma determinada empresa contesta 
os valores de uma multa aplicada pela Receita Federal por causa do não recolhimento de 
valores de impostos incidentes sobre o lucro. 
De que modo, ou seja, com qual objetivo João deverá realizar os trabalhos, entendendo 
que as funções a serem desempenhadas por ele referem-se à atividade de perito do juízo? 
 
39 
 
UNIDADE 2, SESSÃO 2: GOVERNANÇA CORPORATIVA 
PRATICAR PARA APRENDER 
Após sofrer uma condenação pelos crimes de desvio financeiro e evasão de divisas, a 
empresa XYZ S.A. ganhou destaque na mídia, mas de modo muito negativo, aparecendo 
em noticiários de televisão, portais de notícias e tornando-se um dos assuntos mais 
comentados nas redes sociais por várias semanas. Todo esse escândalo fez com que o 
valor das ações despencasse no mercado de capitais, no qual a empresa tinha ações em 
oferta. 
Como forma de conquistar novamente a confiança do mercado e tentar aumentar o valor 
de suas ações, a empresa emitiu um comunicado, informando ao mercado e às partes 
interessadas que implementaria práticas de governança corporativa para coibir a 
ocorrência de futuras ações criminosas. 
Tal procedimento era exigido pelos acionistas e foi repassado aos integrantes do conselho 
de administração, uma vez que a governança corporativa estabelece regras e 
procedimentos que visam atender às expectativas dos acionistas e do mercado, 
minimizando a probabilidade de ocorrência de atos considerados criminosos e que 
prejudiquem o patrimônio da organização. 
Para efetuar essa implementação, a empresa NPTO, na qual você, estudante, atua como 
consultor, foi contratada para a aplicação de boas práticas de governança corporativa 
como cultura organizacional e de procedimentos a serem desenvolvidos pelos 
colaboradores da empresa XYZ S.A. Nesse sentido, você, enquanto consultor contratado, 
deverá orientar os gestores quanto ao modelo de governança corporativa a ser instaurado, 
disponibilizando-lhes mecanismos que permitam uma gestão organizacional eficiente, a 
fim de minimizar possíveis conflitos de interesses. 
Para atender à demanda da empresa XYZ S.A., é necessário que você apresente aos 
membros do conselho de administração da empresa os seguintes pontos: 
• Conceitos sobre governança corporativa. 
• O que é a prestação de contas (accountability) em governança corporativa. 
• Os principais conceitos e aplicações relacionados ao processo de transparência 
(disclosure) das informações contábeis-financeiras. 
• Os principais conceitos e a definição de equidade em governança corporativa. 
Pronto? Então, vamos em frente! 
CONCEITO-CHAVE 
A adoção da governança corporativa como modelo para otimização de boas práticas 
organizacionais não se aplica apenas às organizações de capital aberto (ainda que estas 
sejam as que mais utilizem tal modelo de gestão), mas é cabível a toda e qualquer empresa 
que procure se consolidar internamente para, consequentemente, fortalecer seu modelo 
de gestão externamente, adquirindo benefícios como excelência, inovação e 
diferenciação. 
Governança corporativa pode ser definida, segundo Oliveira (2015), como o conjunto de 
40 
 
práticas administrativas que potencializa o desempenho das empresas ao proteger, de 
maneira equitativa, todas as partes interessadas. Como partes interessadas, entende-se 
qualquer usuário interno (acionistas, diretores, etc.) ou externo (governo, bancos, etc.) 
que possua (ou venha a possuir, no futuro) algum tipo de relação com a empresa. 
As práticas administrativas são interpretadas como uma coleção de formas de atuação e 
de procedimentos ou processos estabelecidos – formal ou informalmente – prestigiados 
por uma amplitude representativa de empresas (OLIVEIRA, 2015). Pode-se, então, 
entender que a adoção da governança corporativa representa, sob o ponto de vista das 
práticas administrativas, uma mudança na cultura organizacional da empresa, de modo 
que essa instituição consiga aprimorar e inserir em suas práticas administrativas habituais 
elementos já consagrados, pelo fato de terem sido utilizados e concedido vantagens a 
certas organizações em comparação a outras empresas que não implementaram tais 
práticas. 
ASSIMILE 
Governança corporativa é um instrumento de sintonia entre a empresa e o mercado, não 
apenas com os acionistas atuais e potenciais – controladores e minoritários –, mas também 
com outros diversos públicos envolvidos (clientes, fornecedores, comunidade, governos) 
(OLIVEIRA, 2015). 
Todos esses valores são trabalhados para “amarrar” elementos que fazem parte da rotina 
empresarial, mas que, por vezes, não se comunicam entre si, o que pode motivar a 
existência de incongruências informacionais e, como consequência, a ocorrência de 
crimes capazes de afetar o patrimônio da empresa, uma vez que tais elementos podem 
estar associados a interesses específicos e apresentar divergências entre si. 
Desse contexto, surgem as práticas de governança corporativa para intermediar essas 
relações e buscar uma relação equilibrada entre os elementos. Como exemplo, podemos 
citar a busca por equilíbrio, quando, de um lado, temos a governança corporativa 
ajudando a empresa a trabalhar como guardiã dos interesses das partes envolvidas, mas 
estas, por vezes, possuem interesses conflitantes. As partes envolvidas podem ser 
resumidas em dois agentes: os shareholders e os stakeholders. 
Shareholders são os agentes que possuem ações da organização e apresentam um 
interesse maior no recebimento de dividendos e em ganhos de capital ao longo do tempo. 
Ou seja, estão preocupados com os benefícios que a empresa gera para eles. Por outro 
lado, os stakeholders, segundo Rossetti e Andrade (2014), direcionam sua atenção à 
gestão estratégica da empresa, ou seja, a demandas que sejam conciliáveis com a 
perenidade da instituição. 
EXEMPLIFICANDO 
Percebe-se que shareholders e stakeholders possuem visões diferentes da proposta de 
distribuição da riqueza de uma empresa. Enquanto os shareholders concentram seus 
esforços na distribuição dessa riqueza para atender ao interesse dos acionistas, 
os stakeholders têm a preocupação de que essa riqueza financie a continuidade e a 
sustentabilidade da organização. Tal divergência gera um conflito de interesses, também 
conhecido como conflito de agência, sobre o qual a governança corporativa deverá 
intervir para minimizar possíveis discórdias. 
Outro fator com o qual a governança corporativa pode auxiliar as empresas é a definição 
da estrutura de poder, pois apresenta, para a organização, uma descrição clara dos papéis 
41 
 
de cada um de seus agentes internos, ou seja, delimita o papel de atores (agentes), como 
os proprietários da instituição, do conselho de administração, diretores e outros 
profissionais relevantes. 
O compartilhamento de riscos também é um aspecto fundamental, uma vez que decisões 
de alto impacto são compartilhadas entre os agentes. Desse modo, as deliberações não 
ficam concentradas em uma única pessoa, o que poderia ser prejudicial, visto que as 
resoluções seriam desenvolvidas de acordo com interesses específicos, contrariando os 
objetivos da empresa. Além disso, a governança corporativa cria uma cultura empresarial 
orientada ao planejamento estratégico da organização no processo de formulação, 
homologação e controle de técnicas, em uma visão de longo, médio e curto prazo. 
Aprendemos, até agora, que a governança corporativa contribui para a estruturação dos 
pilares relacionados ao direito das partes interessadas (stakeholders e shareholders), bem 
como para o processo de organização da ordem de poder da empresa. Outra contribuição 
que a governança corporativa apresenta para as instituições se dá na configuração do 
sistema de relações entre os agentes, orientandocomo esses colaboradores, tanto internos 
quanto externos, devem se comportar. 
REFLITA 
Muito se fala sobre a corrupção por parte de agentes públicos, políticos, entre outros 
envolvidos, mas, para que a corrupção ocorra, é necessário que o agente corruptor e o 
agente corrupto estejam de acordo com a prática criminosa. Logo, percebe-se que a 
governança corporativa, a partir da orientação do comportamento e da relação de seus 
agentes com usuários internos e externos, ajuda a proteger a ordenação empresarial, uma 
vez que tal conduta ilícita seria atribuída ao agente interno (um diretor, por exemplo), e 
não à empresa, pelo fato de o agente não obedecer às orientações da empresa nem ao trato 
comportamental com agentes públicos. O que você pensa sobre o tema? 
Por fim, para que todas as estruturas discutidas anteriormente não sejam articuladas em 
um ambiente informal e não entrem em desuso, a governança corporativa relaciona-se 
com um sistema normativo que concede um aspecto formal aos elementos de conduta 
ética a serem seguidos pelos agentes de uma empresa nas suas relações internas e 
externas, trazendo responsabilidade corporativa para os assuntos tratados pela 
organização. 
ASSIMILE 
A governança corporativa consiste no conjunto de regras, procedimentos, atitudes e 
instituições que condicionam a ação dos administradores no sentido de atender aos 
interesses dos financiadores e das partes interessadas na empresa (stakeholders), 
especialmente os acionistas (shareholders). Práticas de governança, juntamente com as 
leis e a atuação dos tribunais e dos legisladores, têm o propósito de evitar que uma parte 
seja expropriada por outra (SILVA, 2016). 
Percebe-se que a governança corporativa surge em um ambiente onde se apresentam 
agentes com diferentes interesses a serem satisfeitos. A partir das práticas de governança, 
o conflito entre tais interesses (agência) é minimizado. Jensen e Meckling (1976, [s. p.]) 
definem um relacionamento de agência como um contrato “onde uma ou mais pessoas – 
o principal – engajam outra pessoa – o agente – para desempenhar alguma tarefa em seu 
favor, envolvendo a delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente”. 
Considerando essa definição e as afirmações de Silva (2016), se ambas as partes agem 
42 
 
tendo em vista a maximização das suas utilidades pessoais, existe uma boa razão para 
acreditar que o agente nem sempre atuará com o propósito de atender ao melhor interesse 
do principal, o que implicará o conflito entre os agentes ou o conflito de agência. Diante 
disso, a governança corporativa surge com valores que ajudam a diminuir tal divergência. 
EXEMPLIFICANDO 
Os conflitos dentro das empresas, quando ocasionados pela separação entre propriedade 
e gestão, são conhecidos como conflitos de agência (LARRATE, 2013). Dentre os 
principais elementos que, segundo Williamson (1988), podem motivar tais conflitos, 
estão: 
• Investimentos não lucrativos que evitaram a distribuição de dividendos. 
• Utilização de recursos da empresa com objetivos pessoais. 
• Exposição da empresa a riscos elevados. 
• Elevada remuneração dos gestores. 
Os princípios básicos que norteiam a governança corporativa foram definidos e 
amplamente divulgados por causa de escândalos corporativos e crimes financeiros 
cometidos por organizações dos Estados Unidos, dentre os quais podemos citar as fraudes 
contábeis praticadas pelas empresas Enron e WorldCom. Os crimes cometidos por essas 
corporações causaram prejuízos incalculáveis não somente a investidores dos Estados 
Unidos, mas também a investidores e fundos de investimentos internacionais que tinham, 
na época, investimentos no mercado de capitais estadunidense. 
Por causa desses crimes, o governo dos Estados Unidos editou a Lei Sarbanes-Oxley 
(SOx), idealizada pelos congressistas norte-americanos Paul Sarbanes e Michael Oxley. 
De acordo com Oliveira (2015), a Lei SOx nasceu em resposta ao fato de que a economia 
americana estava muito contaminada e com pouca credibilidade em virtude dessa 
sequência de fraudes bilionárias. A edição da Lei SOx foi necessária para que se pudesse 
resgatar a confiança da comunidade de investidores e manter a liquidez e a atratividade 
dos sistemas financeiro e empresarial do país (OLIVEIRA, 2015). Nesse cenário, a Lei 
SOx, bem como organismos internacionais, como a Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Instituto Brasileiro de Governança 
Corporativa (IBGC), estabeleceram o que conhecemos hoje como princípios básicos de 
governança corporativa. 
Rossetti e Andrade (2014) indicam que a governança corporativa se estrutura como um 
sistema baseado em valores como equidade (fairness), transparência (disclosure), 
prestação de contas (accountability) e conformidade (compliance). 
Para Larrate (2013), o primeiro princípio – o da equidade (fairness) – caracteriza-se pelo 
tratamento justo de todos os sócios e demais partes interessadas. Nesse caso, atitudes ou 
políticas discriminatórias, sob qualquer pretexto, são totalmente inaceitáveis em nível 
organizacional. Rossetti e Andrade (2014) complementam essa ideia ressaltando que a 
equidade se dá pelo respeito aos direitos dos minoritários, de modo que estes tenham 
participação equânime quando comparados aos majoritários, tanto no aumento da riqueza 
corporativa quanto nos resultados das operações e na presença ativa em assembleias 
gerais. 
Desse modo, percebe-se que a governança corporativa, a partir do princípio da equidade, 
preocupou-se com os pequenos acionistas, procurando disponibilizar todas as 
informações básicas para proporcionar uma ambiente de igualdade e equidade entre todos 
os acionistas da empresa, quer fossem grandes, médios ou pequenos (OLIVEIRA, 2015). 
43 
 
REFLITA 
Você certamente já ouviu falar sobre o termo “informação privilegiada”, um tipo de crime 
financeiro observado quando um determinado agente, como um investidor, tem acesso a 
informações importantes que podem alterar o valor da ação de uma empresa, como 
acontece com a Petrobras ao trocar de presidente ou anunciar o aumento ou a redução dos 
combustíveis. Normalmente, a informação privilegiada faz com que o valor da ação suba 
ou caia, uma vez que é utilizada de forma não justa. De que maneira a equidade pode 
contribuir para minimizar a ocorrência dos efeitos produzidos pela informação 
privilegiada? 
O princípio da transparência (disclosure) indica que toda informação que possa 
influenciar decisões de investimentos deve ser divulgada, de forma imediata e simultânea, 
a todos os interessados (LARRATE, 2013). Quando se tem uma boa comunicação, ou 
seja, quando há transparência no processo informacional, constitui-se um clima de 
confiança, tanto de maneira interna quanto externa, nas relações com terceiros (SILVA, 
2016). 
As organizações, a partir da aplicação desse princípio, apresentam uma maior 
transparência das informações, especialmente as de alta relevância para o mercado, que 
impactam os negócios e envolvem resultados, oportunidades e riscos, fazendo com que 
todas as partes interessadas conheçam os eventos objetos da divulgação. 
O princípio de governança corporativa referente à prestação de contas (accountability) 
prevê que agentes de governança devem prestar contas de sua atuação (LARRATE, 
2013). São considerados como agentes de governança, para fins de aplicação desse 
princípio, os sócios, administradores (como conselheiros de administração e 
executivos/gestores), conselheiros fiscais e auditores. 
Nesse princípio, os agentes de governança assumem integralmente as consequências de 
seus atos e omissões. Ou seja, os agentes da governança devem prestar contas a quem os 
elegeu, além de responder integralmente pelos atos praticados no exercício de seus 
mandatos (ROSSETTI; ANDRADE, 2014). Cabe ressaltar que, ainda de acordo com 
Rossetti e Andrade (2014), a prestação responsável de contas precisaestar fundamentada 
nas melhores práticas contábeis e de auditoria. 
REFLITA 
É possível concluir que a aplicação dos princípios de governança traz resultados positivos 
para empresas do setor privado, uma vez que o foco da governança, nesse domínio, está 
direcionado à postura dos dirigentes 
Diante disso, como a aplicação da governança corporativa poderia ser percebida no setor 
público? Será que teríamos como reflexo os mesmos resultados observados no setor 
privado? A governança é aplicável no setor público ou se restringe a empresas da esfera 
privada? 
Resta, ainda, o princípio relacionado à responsabilidade corporativa (compliance). 
Dedicaremos a próxima seção de estudos especialmente a uma discussão sobre esse tema, 
mas podemos adiantar que tal princípio abrange um amplo conjunto de compromissos, os 
quais podem ser segregados em três dimensões: econômico-financeira, social e ambiental 
(ROSSETTI; ANDRADE, 2014). 
Larrate (2013) salienta que, com base na responsabilidade corporativa, os agentes de 
governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, incorporando 
considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações. Por 
44 
 
fim, Gonzalez (2012) indica que tal princípio também prevê a adoção, por parte das 
empresas, de um código de conduta ética direcionado a seus principais executivos. 
ASSIMILE 
A governança corporativa é regida por princípios básicos que lhe permitem ser 
implementada em sua plenitude. São eles: transparência, equidade, prestação de contas e 
responsabilidade corporativa. 
Vejamos, a seguir, um breve resumo sobre cada um desses princípios: 
• Transparência (disclosure): ressalta que uma perfeita comunicação entre 
os agentes proporciona um clima de confiança. 
• Equidade (fairness): tratamento justo e sem distinção em relação às partes 
envolvidas, principalmente quando se trata dos colaboradores, 
fornecedores, entre outros agentes. 
• Prestação de contas (accountability): os gestores e demais agentes da 
governança deverão prestar contas aos que lhes elegeram, respondendo 
integralmente pelos atos e fatos de sua responsabilidade. 
• Responsabilidade corporativa (compliance): condução dos negócios com 
o objetivo de perpetuar a existência da companhia. 
Como pudemos perceber ao longo desta seção de estudos, a governança corporativa é o 
meio mais eficiente de fazer com que uma companhia conquiste a confiança das partes 
interessadas, fato que concede à empresa a possibilidade de valorização ou obtenção de 
investimentos, principalmente se a corporação possuir ações em negociações no mercado 
de capitais (Bolsa de Valores). 
A necessidade de aplicação da governança corporativa veio como uma resposta às lacunas 
encontradas entre a legislação e o comportamento de agentes envolvidos em decisões 
organizacionais, o que dava margem para a ocorrência de fraudes e crimes que lesavam 
nações. Frente a esses comportamentos criminosos e em decorrência das mudanças 
expressivas ocorridas no cenário econômico e corporativo, houve a necessidade de 
implantar um modelo de gestão mais eficiente e transparente nas companhias. 
Em resumo, quando administrada de acordo com as boas práticas de governança 
corporativa, uma empresa diminui o risco de surgimento de escândalos, por conta da 
proteção oferecida aos investidores, garantindo, em virtude dessa segurança, maiores 
retornos sobre o investimento. 
Vejo você na próxima seção! 
REFERÊNCIAS 
A CRISE de 2008 e seus impactos na sociedade dos EUA | Nerdologia. [S. l.]: 
Nerdologia, 21 set. 2021. 1 vídeo (10min20s). Disponível em: Link. Acesso em: 25 abr. 
2021. 
CASO Enron resumido - maior fraude da 
história (contabilidade/auditoria/governança/SOx). [S. l.]: GCoelho, 21 jun. 2021. 
1 vídeo (13min50s). Disponível 
em: https://www.youtube.com/watch?v=5MpNETAVLUM. Acesso em: 25 abr. 2022. 
GONZALEZ, R. S. Governança corporativa: o poder de transformação das empresas. 
São Paulo: Trevisan, 2012. Disponível 
https://youtu.be/0Kq_20Oww1w
https://www.youtube.com/watch?v=5MpNETAVLUM
45 
 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788599519424/. Acesso em: 24 
abr. 2022. 
GOVERNANÇA corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 1 
maio 2019. Disponível em: https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-
corporativa. Acesso em: 10 maio 2022. 
JENSEN, M.; MECKLING, W. Theory of the firm: managerial behavior, agency costs 
and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305-360, out. 
1976. 
LARRATE, M. Governança corporativa e remuneração dos gestores. São Paulo: 
Atlas, 2013. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522477005/. Acesso em: 24 
abr. 2022. 
OLIVEIRA, D. P. R. D. Governança corporativa na prática: integrando acionistas, 
conselho de administração e diretoria executiva na geração de resultados. 3. ed. São 
Paulo: Atlas, 2015. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522494569/. Acesso em: 23 
abr. 2022. 
ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. Governança corporativa: fundamentos, 
desenvolvimento e tendências. 7. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2014. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522493067/. 
Acesso em: 23 abr. 2022. 
SILVA, E. C. da. Governança corporativa nas empresas: guia prático de orientação 
para acionistas, investidores, conselheiros de administração e fiscal, auditores, 
executivos, gestores, analistas de mercado e pesquisadores. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597008920/. 
Acesso em: 24 abr. 2022. 
WILLIAMSON, O. Corporate finance and corporate governance. The Journal of 
Finance, v. 43, n. 3, p. 567-591, jul. 1988. 
SEM MEDO DE ERRAR 
Olá novamente, estudante! Agora que já verificamos os conteúdos relacionados à 
governança corporativa, chegou a hora de você, enquanto consultor da companhia NPTO, 
direcionar a empresa XYZ com relação ao processo de gestão, recomendando que os 
colaboradores dessa corporação sigam as melhores práticas e fundamentos de governança 
corporativa. 
Inicialmente, você poderia informar aos profissionais da empresa XYZ que a governança 
corporativa possui uma relação de sustentabilidade responsável da organização, a qual 
está vinculada a processos, costumes, políticas, leis e instituições. Nesse contexto, busca-
se uma relação equilibrada e justa entre todos esses elementos, com o objetivo de valorizar 
a imagem da empresa frente ao mercado, contribuindo com a possibilidade de atração de 
investidores e mitigando a ocorrência de eventos criminosos, isto é, de fatos contrários ao 
ordenamento legal vigente. 
Para que a governança corporativa possa ser aplicada, a instituição deverá adotar, em sua 
cultura organizacional, alguns princípios básicos que servem como pilares para a 
estruturação das boas práticas de governança no ambiente empresarial. Como você pôde 
verificar ao longo desta etapa de aprendizagem, os princípios básicos que regem a 
governança corporativa são: transparência, equidade, prestação de contas e 
responsabilidade corporativa. 
https://integrada/
https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa
https://www.ibgc.org.br/conhecimento/governanca-corporativa
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522477005/
https://integrada/
https://integrada/
46 
 
A transparência pode ser traduzida como a disponibilização de informações, não se 
restringindo ao desempenho econômico-financeiro, mas contemplando, também, os 
demais fatores que norteiam a ação gerencial e que condizem com a preservação e a 
otimização do valor da organização. A equidade relaciona-se ao tratamento justo e 
isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas, considerando seus direitos, 
deveres, necessidades, interesses e expectativas. 
A prestação de contas refere-se à cobrança dos agentes de governança acerca de sua 
atuação.Tal princípio deve ser atendido de modo claro, conciso, compreensível e 
tempestivo, cabendo aos agentes de governança assumir integralmente as consequências 
de seus atos e omissões, desempenhando seus papéis com diligência e responsabilidade. 
Por fim, a responsabilidade corporativa trata do zelo na viabilidade econômico-financeira 
das organizações e da redução das externalidades negativas de seus negócios e operações, 
aumentando as positivas e levando em consideração, no seu modelo de negócios, os 
diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, 
reputacional) no curto, médio e longo prazos. No Brasil, todos esses princípios são 
orientados de acordo com o que delibera o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa 
(IBGC). Você pode saber mais sobre o assunto fazendo a leitura do artigo indicado a 
seguir, intitulado Governança corporativa, publicado no site do IBGC. 
 
GOVERNANÇA corporativa. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, 1 
maio 2019. 
 
Para acessar o material, consulte o link disponível nas Referências desta seção. 
Bom trabalho! 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
CONFLITO DE INTERESSES EM UMA EMPRESA FORNECEDORA DE 
VACINAS 
Uma determinada empresa de produtos farmacêuticos decidiu, em seu planejamento 
estratégico, realizar a abertura de capital. Para isso, contratou uma companhia 
especializada em auditorias internas, para que preparasse o prospecto de apresentação ao 
mercado. 
Durante os trabalhos, a empresa contratada percebeu que certo procedimento de compra 
de materiais não estava de acordo com as boas práticas de governança, visto que, nesse 
processo, o profissional responsável pela aquisição de matéria-prima estava comprando 
com fornecedores que ofereciam um preço maior do que os concorrentes. 
Ao investigar as motivações na intenção de apurar as responsabilidades sobre o fato 
identificado, descobriu-se que o profissional incumbido das compras estava recebendo 
presentes da instituição fornecedora, como pacotes de viagens para resorts, além de 
favorecimento para familiares. 
Uma das principais atribuições da governança corporativa é assegurar que a empresa não 
se exponha a riscos desnecessários. Para minimizar os riscos, é possível, por exemplo, 
utilizar sistemas de informações que possibilitem a medição e o acompanhamento da 
probabilidade de ocorrência de riscos versus efeitos negativos (caso o risco ocorra), 
buscando prevenir impactos financeiros prejudiciais e a ocorrência de crimes contra os 
47 
 
sistemas financeiro e civil. 
Depois da análise, foi possível perceber que o profissional responsável pela compra dos 
insumos necessários à fabricação de medicamentos colocou seus interesses e objetivos 
pessoais à frente dos interesses da companhia, o que não pode ocorrer, já que essa conduta 
representa um risco para a sustentabilidade organizacional pelo fato de comprometer a 
imagem, reputação e credibilidade da empresa, você concorda? 
Diante dessa situação, o que deve ser feito? 
 
 
48 
 
UNIDADE 2, SESSÃO 3: COMPLIANCE NAS 
ORGANIZAÇÕES 
PRATICAR PARA APRENDER 
Caro estudante, seja bem-vindo à última seção da Unidade 2. Nesta etapa de 
aprendizagem, vamos tomar como objeto central de estudos o compliance. Para isso, 
estudaremos, juntos, o conceito de compliance, entendendo como aplicá-lo no contexto 
empresarial, as principais práticas relacionadas a esse mecanismo e, por fim, sua 
importância para a perícia contábil criminal. 
Como você pôde perceber, os temas se conectam e se completam para que seja possível 
compreender quais são os benefícios que as práticas de compliance trazem às empresas, 
principalmente com relação à redução das probabilidades de riscos de ocorrências de 
práticas criminosas por parte dos agentes de governança. 
Por meio da breve introdução feita na seção de estudos anterior e do aprofundamento a 
ser apresentado nesta fase de aprendizagem, você perceberá que o compliance está 
inserido nas recomendações de boas práticas que a governança corporativa propõe às 
corporações. Como você deve se lembrar, os princípios de governança corporativa são 
sugeridos para que as empresas apresentem maior valor de mercado e conquistem a 
confiabilidade de possíveis interessados. 
Já aprendemos que a governança corporativa está apoiada nos princípios de transparência, 
equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa (compliance), sendo este 
último o tema central de estudos nesta seção. Para que você possa aprimorar o 
conhecimento sobre tais conceitos, reflita sobre a situação-problema, relacionada a uma 
empresa familiar. 
Uma empresa familiar obteve muito êxito e cresceu de forma significativa nos últimos 
anos. Essa evolução foi tão exponencial que exigiu da organização uma reorganização de 
sua estrutura. Novos procedimentos e departamentos foram desenvolvidos para atender à 
realidade inédita da companhia, pois era comum que ocorressem falhas procedimentais 
constantes nesses setores. 
A empresa, nessa nova fase, vislumbra, em seu planejamento estratégico, uma abertura 
de capital para os próximos anos, de modo que possa ter ações negociadas na Bolsa de 
Valores. Para atender a esse planejamento, a empresa estruturará, já para o próximo 
exercício, um departamento responsável pela implementação da governança corporativa. 
Uma das tarefas desse novo setor será preparar o desenvolvimento de estratégias para a 
minimização de riscos, apresentando as principais medidas a serem adotadas por toda a 
organização. Entretanto, apesar de o planejamento estratégico indicar que essas ações 
serão realizadas, ainda não há um consenso entre sócios, marido, esposa e dois filhos 
sobre a real necessidade de práticas de governança corporativa na empresa, pois, na visão 
do marido e da esposa, tais atividades custariam caro e representariam algo redundante, 
visto que, para eles, a corporação já funcionava muito bem sem as novas medidas. Diante 
disso, tente responder aos seguintes questionamentos: 
• Como você poderia convencer os sócios da importância da instalação de práticas 
de governança corporativa na empresa? 
• Será que tais medidas realmente são ineficientes e custosas para a companhia? 
• Como as novas ações ajudariam a corporação a ter uma maior valorização em seu 
processo de abertura de capital? 
49 
 
Vamos lá? Bons estudos! 
CONCEITO-CHAVE 
Olá! Tudo bem? Vamos fazer um pequeno resumo da aula anterior? Na Seção 2.2, 
aprendemos que o conceito de governança corporativa se refere a um conjunto de boas 
práticas cujo principal objetivo é orientar o relacionamento comportamental interno e 
externo das empresas, sejam elas públicas ou privadas, de capital aberto ou fechado, na 
intenção de que atuem de forma ética, com a finalidade de trazer sustentabilidade e 
minimizar externalidades negativas. 
Tal comportamento interno e externo diz respeito à maneira de lidar com as partes 
interessadas, isto é, com as pessoas físicas e jurídicas que, de alguma forma, possuem 
algum tipo de interesse ou relacionamento com a organização e são capazes de gerar 
impactos tanto positivos quanto negativos sobre o valor da empresa. 
Já sabemos, também, que a governança corporativa pretende criar uma identidade 
corporativa para as empresas, as quais buscarão adequar os princípios de governança aos 
seus elementos organizacionais. Por isso, entendemos que os princípios de transparência 
(disclosure), equidade (equity), prestação de contas (accountability) e responsabilidade 
corporativa (compliance) são os pilares pelos quais uma corporação pode identificar e 
absorver as práticas de governança em sua estrutura organizacional. 
Discutimos sobre os três primeiros princípios de forma mais detalhada na seção de 
estudos anterior. Agora, daremos destaque ao princípio da responsabilidade corporativa, 
ou compliance. 
Tais práticas, especialmente o compliance, devem ser coerentes com a estruturasocietária, uma vez que a sua adoção resulta na criação de um ambiente de segurança 
jurídica e na confiança indispensável para uma boa tomada de decisão (CARVALHO et 
al., 2021). Muito além de representar uma tentativa de cumprir o interesse dos acionistas 
ou de atender a regulamentos legais, a prática do compliance parte de um compromisso 
efetivo da liderança organizacional, devendo estar alinhado com a estratégia da empresa. 
Como aprendemos anteriormente, os princípios de governança corporativa tiveram 
fundamental importância em diversos momentos da economia dos Estados Unidos, mas 
principalmente no início deste século, por conta das fraudes contábeis e crimes 
financeiros ocorridos no país. De igual modo, as práticas são recomendadas às empresas 
brasileiras para evitar o surgimento de atos criminosos contra o sistema financeiro 
nacional. 
REFLITA 
A efetuação de atos lesivos ao sistema financeiro nacional leva à produção de legislações 
em âmbito federal, além de recomendações desenvolvidas por órgãos de controle, como 
a Controladoria Geral da União (CGU) e o Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica (Cade), e por órgãos auxiliares, como o Instituto Brasileiro de Governança 
Corporativa (IBGC). Podemos citar alguns exemplos de legislações formuladas que 
servem ao propósito de orientar as práticas empresariais, a fim de dirimir a existência de 
crimes de natureza contábil-financeira-econômica. Alguns deles estão listados a seguir: 
 
BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização 
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração 
pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 
50 
 
Brasília, DF: 2 ago. 2013. 
 
BRASIL. Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º 
de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas 
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015. 
 
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Programa de integridade: diretrizes para 
empresas privadas. Brasília, DF: CGU, 2015. 
 
CADE. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia para programas 
de compliance: orientações sobre estruturação e benefícios da adoção dos programas 
de compliance concorrencial. Brasília, DF: Cade, 2016. 
 
IAA. Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Declaração de posicionamento do IIA: 
as três linhas de defesa no gerenciamento eficaz de riscos e controles. São Paulo: IIA 
Brasil, 2013. 
 
IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das melhores práticas 
de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015. 
 
Agora, faça a seguinte reflexão: Por que, mesmo com essa diversidade de dispositivos 
que recomendam padrões comportamentais éticos e o cumprimento às leis, além da 
existência de órgãos reguladores e fiscalizadores, ainda ocorrem tantos crimes contra o 
sistema financeiro, bem como práticas lesivas à imagem e ao valor de mercado das 
organizações? 
Como destacam Carvalho et al. (2021, p. 49), o compliance “integra um sistema 
complexo e organizado de procedimentos de controle de riscos e preservação de valores 
intangíveis”. Por essa razão, podemos traduzir o termo compliance como a concordância 
com aquilo que é ordenado, o que, no contexto empresarial, se enquadra na correta 
observação dos elementos que disciplinam a atividade legal e ética da organização frente 
às partes interessadas, como leis, decretos, etc. 
Entretanto, o compliance, no âmbito da governança corporativa, não trata de uma 
obediência impositiva aos regramentos apresentados nas legislações, mas sim do dever 
que as empresas têm de promover uma cultura que estimule, em todos os membros da 
organização, a ética e o exercício do objeto social em conformidade com a lei (ASSI, 
2018; VERÍSSIMO, 2017). 
Por isso, podemos dizer que a governança corporativa e os programas 
de compliance estão intimamente relacionados, visto que implementar e manter essa 
cultura em uma empresa impacta o modo como as companhias são geridas e como as 
decisões de gestão são tomadas (CARVALHO et al., 2021). 
Para que possa ter uma aplicabilidade no domínio empresarial, o compliance precisa 
contar com uma área específica, como a auditoria interna, que, por meio de investimentos 
feitos pela alta administração, contará com uma estrutura formal capaz de desenvolver 
instrumentos de controle internos. 
Tais áreas contarão com o apoio de profissionais dos setores de contabilidade, jurídico, 
financeiro, além de outras esquipes em nível tático, para que, após a definição dos 
instrumentos de governança, torne-se possível a aplicação de treinamentos, a aquisição 
de instrumentos de tecnologia, entre outros recursos que viabilizem o acompanhamento 
51 
 
de irregularidades. 
A adoção dessas medidas é de extrema importância para a organização, pois a falta de 
tais dispositivos pode provocar a ausência de instrumentos internos anticorrupção, como 
manuais de orientação e conduta, além de políticas internas para o relacionamento entre 
a empresa e suas partes interessadas. Essa deficiência de materiais dá margem para a 
existência de conflitos de comportamento no quadro funcional, uma vez que 
o compliance tem em seu bojo o alicerce fundamental para nortear as boas práticas 
ligadas à responsabilidade ambiental e social, dentro e fora da organização 
(CARVALHO et al., 2021). 
ASSIMILE 
Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das 
organizações a partir de práticas que pretendam reduzir externalidades negativas e 
aumentar as positivas (LANDRISCINA, 2020). O compliance, em nível empresarial, 
pode ser traduzido como o entendimento da responsabilidade corporativa dos agentes de 
governança. Tal responsabilidade se reflete na adoção, implementação, revisão e controle 
de políticas internas anticrimes e anticorrupção, medidas que devem ser utilizadas sem 
desconsiderar as demais recomendações de governança corporativa. 
Para que o compliance seja aplicado, ou seja, para que seja possível implementar um 
sistema ou programa de compliance nas empresas, sugere-se a realização de algumas 
práticas alinhadas aos elementos organizacionais das corporações, como missão, visão, 
objetivos e planejamento estratégico. Na instauração das atividades de compliance, é 
preciso verificar, também, o tamanho da empresa, se esta é de capital aberto ou fechado, 
entre outras informações, já que a adoção dessas medidas gera custos para a companhia. 
Dessa forma, entende-se que não é pertinente exigir que empresas de pequeno ou médio 
porte tenham estruturas complexas de prevenção de delitos, como fazem as organizações 
de grande porte (VERÍSSIMO, 2017). Ou seja, as medidas de prevenção de 
externalidades negativas e de otimização de práticas positivas devem ser mensuradas e 
adequadas ao porte e aos riscos apresentados pela realidade da empresa. Logo, para 
empresas de pequeno porte, o ideal é implementar práticas mais simples, e, para 
companhias de grande porte, medidas mais complexas (VERÍSSIMO, 2017). 
Outro ponto a ser considerado é que as práticas de compliance, quando associadas aos 
demais princípios de governança corporativa, devem estar alinhadas aos princípios e 
valores da empresa. Isso fará com que as medidas implementadas reflitam as políticas, 
procedimentos e normas internas da companhia, bem como as leis e os dispositivos 
regulatórios aos quais a organização está submetida em nível externo (IBGC, 2015). 
Durante a implementação de um programa de compliance, devemos considerar que tal 
procedimento trará conformidade para as atividades da empresa, de modo que os agentes 
de governança da corporação passarão a atuar com responsabilidade corporativa e, com 
isso, minimizarão os riscosde ocorrência de eventos que possam provocar perda de valor 
à companhia. 
Esse entendimento atende à recomendação do IBGC (2015), a qual destaca que os agentes 
de governança têm a responsabilidade de assegurar que toda a organização esteja em 
conformidade com suas diretrizes, de maneira que a efetividade desse processo constitui 
o programa de compliance. Tal incumbência diz respeito ao acompanhamento das ações 
realizadas pelos diversos agentes presentes na esfera empresarial, com o objetivo de 
verificar se as atividades desempenhadas por esses profissionais estão em harmonia com 
práticas que agreguem um valor positivo para a organização. 
Nesse sentido, uma das principais recomendações para que se obtenha êxito na 
52 
 
implantação do compliance é alinhar as práticas sugeridas com a alta gestão empresarial, 
na intenção de obter apoio desse setor. No conselho de administração de uma empresa de 
capital aberto, por exemplo, a partir do suporte do topo da cadeia de comando da 
corporação, as demais áreas ficarão mais receptivas à implementação e ao cumprimento 
das medidas. Ou seja, é importante que haja articulação e apoio de todos os setores da 
empresa, desde a alta gestão até os níveis médios e operacionais (MENDES; 
CARVALHO, 2017). 
Além do apoio da alta administração, outra ação indicada para o processo de instauração 
do compliance é o desenvolvimento de práticas relacionadas a gerenciamento de riscos, 
controles internos e adoção de sistemas de conformidades (IBGC, 2015). O 
gerenciamento de riscos, de acordo com Veríssimo (2017), perpassa por três pontos da 
estruturação: formulação de um plano de compliance; implementação do programa 
de compliance; e, por fim, consolidação e aperfeiçoamento do programa de compliance. 
Nesse mesmo contexto, Viol (2021) define que os elementos de compliance capazes de 
evitar a execução de atividades contrárias à legislação vigente passam pelas etapas de: 
1. Formulação do plano de integridade (compliance). 
2. Implementação dos instrumentos e mecanismos de integridade. 
3. Formação de uma cultura de integridade. 
O Quadro 2.3, a seguir, resume o sistema de aplicação desses estágios. 
Quadro 2.3 | Aplicação da gestão de riscos para programa de compliance 
Etapa Etapa Atividades 
Formulação Identificar 
Definir 
Estruturar 
• Análise de riscos e valoração dos riscos. 
• Definição de medidas de prevenção, 
detecção, comunicação e dos valores da 
empresa. 
• Criação de uma estrutura de compliance. 
Implementação Informar 
Incentivar 
Organizar 
• Comunicação e detalhamento das 
especificações de compliance. 
• Promoção da observância do compliance. 
• Medidas organizacionais para a criação de 
processos de compliance. 
Consolidação e 
aperfeiçoamento 
Reagir 
Sancionar 
Aperfeiçoar 
• Estabelecimento de um processo para 
apuração de violações ao programa 
de compliance. 
• Instauração dos critérios para sanção das 
violações ao programa de compliance. 
• Avaliação continuada e aperfeiçoamento do 
programa. 
Fonte: adaptado de Veríssimo (2017) e Viol (2021). 
53 
 
Viol (2021, p. 83) reforça, ainda, que a aplicação desse programa “é formada por diversos 
elementos, os quais podem diferir de organização para organização”. A partir dessas 
etapas, a empresa pode elaborar uma matriz de gestão de riscos, considerando, por 
exemplo, fatores capazes de afetá-la, os quais podem ter origem no ambiente interno 
(endógeno) ou externo (exógeno) da corporação (IBGC, 2007). 
Tais fatores de risco podem ser classificados em: macroeconômicos, ambientais, sociais, 
tecnológicos e legais, quando originados do ambiente externo. Já quando surgem no 
ambiente interno, são categorizados em: financeiros, ambientais, sociais, tecnológicos e 
conformidade. Por fim, os riscos podem ter impacto sobre o compliance empresarial nos 
níveis estratégico, operacional ou financeiro. 
Cada risco identificado recebe uma nota, de acordo com o nível de gravidade que 
representa para a empresa. Os graus de riscos podem variar de 1 a 5, sendo que, no grau 
1, o risco é classificado como muito baixo; no grau 2, como risco baixo; no grau 3, como 
risco moderado; no grau 4, como risco alto; e, no grau 5, como risco muito alto. Os graus 
de riscos são calculados com base na frequência com que determinado evento ocorre e 
nos efeitos que causará, caso realmente aconteça. 
EXEMPLIFICANDO 
Suponha que uma determinada empresa estivesse desenvolvendo o processo de 
mapeamento e gestão de riscos para fins de implementação de um programa 
de compliance e tenha verificado que um dos riscos refere-se ao assédio por parte de 
agentes externos, que oferecem vantagens financeiras em troca da formalização de 
contratos. Nesse caso, o risco identificado tem sua origem em um fator externo (exógeno), 
pelo fato de ser algo motivado por um agente externo, e pode ser classificado como de 
tipo legal, em virtude dos contratos envolvidos, os quais afetam a parte financeira e 
operacional da organização. A depender da frequência com que ocorrem as tratativas com 
agentes e do impacto que gerarão na empresa, caso aconteçam, os riscos podem receber, 
na escala de gravidade, notas de 1 a 5. 
A partir dessas métricas, é possível elaborar uma matriz de risco, cujo modelo pode ser 
verificado no Quadro 2.4, a seguir: 
Quadro 2.4 | Modelo de matriz de risco 
Descri
ção do 
evento 
Orige
m 
Tipo Área Probabil
idade de 
ocorrênc
ia 
Impa
cto 
Grau de 
risco 
(probabil
idade 
versus 
impacto) 
Ação a 
ser 
realizada 
Responsabi
lidade 
Versão 
Descr
ever o 
evento 
cujo 
risco 
está 
sendo 
mapea
do. 
Endóg
ena ou 
exóge
na. 
Exógeno: 
macroecon
ômico, 
ambiental, 
social, 
tecnológico 
e legal. 
Endógeno: 
financeiro, 
ambiental, 
Estraté
gica, 
operaci
onal ou 
finance
ira. 
Peso 1 – 
Probabil
idade 
muito 
baixa. 
Peso 2 – 
Probabil
idade 
baixa. 
Peso 3 – 
Peso 
1 – 
Impa
cto 
muit
o 
baix
o. 
Peso 
2 – 
1 a 2 – 
risco 
muito 
baixo. 
3 a 6 – 
risco 
moderad
o. 
8 a 12 – 
risco 
Risco 
baixo – 
Estratégi
a: 
aceitar. 
Risco 
moderad
o – 
Estratégi
a: 
Descrever 
o 
responsáve
l pelo 
evento. 
Descre
ver 
qual a 
versão 
do 
docum
ento. 
54 
 
social, 
tecnológico 
e 
conformida
de. 
Probabil
idade 
média. 
Peso 4 – 
Probabil
idade 
alta. 
Peso 5 – 
Probabil
idade 
muito 
alta. 
Impa
cto 
baix
o. 
Peso 
3 – 
Impa
cto 
médi
o. 
Peso 
4 – 
Impa
cto 
alto. 
Peso 
5 – 
Impa
cto 
muit
o 
alto. 
alto. 
15 a 25 – 
risco 
muito 
alto. 
reduzir 
ou 
comparti
lhar. 
Risco 
elevado 
e 
extremo 
– 
Estratégi
a: evitar. 
Fonte: adaptado de IBGC (2007). 
A adoção desses procedimentos para a consolidação de um programa de compliance, 
além de trazer inúmeros benefícios a uma organização, uma vez que esta mitigará os 
riscos envolvidos nas operações e criará uma cultura pautada em valores éticos, também 
produz efeitos positivos por propiciar uma formalização mais efetiva dos procedimentos 
executados pelos funcionários da empresa. Tal formalização contribui para que haja um 
registro histórico das operações, o que permite o rastreamento e a identificação de 
atividades ilícitas realizadas no âmbito da corporação. Ou seja, conforme orientam 
Mendes e Carvalho (2017, p.142), “documentar, para além de garantir confiança e 
segurança, ajuda a preservar a memória institucional, o que efetivamente pode vir a 
auxiliar na gestão das atividades e resultar em ganhos de eficiência”. 
Os registros das operações a partir da documentação das atividades estabelecida pelo 
programa de compliance também pode resguardar a companhia, caso ocorram 
investigações por parte das autoridades públicas, como os poderes de polícia, o Ministério 
Público ou mesmo órgãos judiciários. 
O processo investigatório poderá contar com o apoio de um perito contábil, o qual estará 
apto paraatuar tanto pela acusação (perito de carreira das polícias federal e civil) quanto 
por parte do investigado (perito assistente ou assistente técnico) ou, ainda, quando for 
nomeado pelo juiz ou árbitro (perito do juízo), como aprendemos na Seção 2.1 desta 
unidade de aprendizagem. 
Dentre vários procedimentos técnico-científicos, o perito contábil, em seu processo de 
trabalho, poderá realizar a análise dos documentos da empresa, para contribuir com a 
elucidação dos fatos em investigação ou julgamento. Podem-se verificar documentos 
internos, como as movimentações em registros contábeis e financeiros da organização, 
além dos relatórios obrigatórios por lei, como o balanço patrimonial. 
A atuação do perito contábil, com base nos procedimentos técnico-científicos utilizados 
em seu processo de trabalho, também ajudará a evidenciar a responsabilidade objetiva e 
subjetiva relacionada ao crime em investigação ou julgamento, fazendo com que haja a 
55 
 
condição de responsabilizar os agentes envolvidos na prática criminosa. Assim, é possível 
proteger a instituição e o seu valor de mercado dentro dos limites da lei. 
A responsabilização objetiva se manifesta quando a empresa é responsabilizada pelos atos 
praticados por seus representantes e fornecedores (NEVES, 2018). Já a responsabilização 
subjetiva é observada quando há a responsabilização de dirigentes e administradores, a 
partir da evidência de que estes agiram com culpa ou dolo, na intenção de causar danos 
tanto à organização quanto aos demais envolvidos, como a Administração Pública 
(CARVALHO et al., 2021). 
Ou seja, a partir dos elementos encontrados pelo perito na apuração e investigação dos 
fatos delituosos praticados, as regras de compliance estabelecidas pela empresa podem 
ajudar o perito contábil a identificar os responsáveis pelas ações criminosas e a verificar 
se estas foram praticadas a mando da organização (responsabilidade objetiva) ou por um 
funcionário da corporação que negligenciou as regras estabelecidas pela governança 
corporativa em benefício próprio, especialmente no que diz respeito a diretrizes relativas 
ao compliance. Nesse último caso, não se pode atribuir a responsabilidade dos fatos à 
empresa, o que caracteriza uma responsabilidade subjetiva. 
Percebe-se no contexto da governança, sobretudo no compliance, que os controles 
internos, realizados com o apoio de departamentos como a auditoria interna, constituem 
um importante processo cuja adoção e prática devem ocorrer em todos os níveis da 
companhia, ou seja, desde a alta administração, perpassando pelos diretores e gerentes e 
consolidando-se nos funcionários de nível operacional. 
A integração do compliance com os demais princípios de governança corporativa tem 
como efeito positivo a promoção de atividades que auxiliam a empresa quanto à 
realização de seus objetivos específicos, definidos no planejamento estratégico da 
companhia, o qual, por sua vez, está alinhado com a missão, visão e valores da 
corporação. 
REFERÊNCIAS 
ASSI, M. Compliance: como implementar. São Paulo: Trevisan, 2018. Disponível 
em: https://bit.ly/3BwJnF1. Acesso em: 14 maio 2022. 
BRASIL. Controladoria-Geral da União. Programa de integridade: diretrizes para 
empresas privadas. Brasília, 
DF: CGU, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3d0NKPz. Acesso em: 19 maio 2022. 
BRASIL. Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015. Regulamenta a Lei nº 12.846, de 1º 
de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização administrativa de pessoas 
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira e 
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015. Disponível 
em: https://bit.ly/2B3KDzW. Acesso em: 26 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. Dispõe sobre a responsabilização 
administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração 
pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF: 2 ago. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3RYg2sq. Acesso em: 26 
maio 2022. 
CADE. Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Guia para programas 
de compliance: orientações sobre estruturação e benefícios da adoção dos programas 
de compliance concorrencial. Brasília, DF: Cade, 2016. Disponível 
em: https://bit.ly/3d5Uz25. Acesso em: 6 maio 2017. 
CARVALHO, A. C. et al. Manual de compliance. Rio de Janeiro: Forense, 2021. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450356/
https://www.gov.br/cgu/pt-br/centrais-de-%20conteudo/publicacoes/integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/decreto/d8420.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12846.htm
https://cdn.cade.gov.br/Portal/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-do-cade/guia-compliance-versao-oficial.pdf
56 
 
Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559640898/. Acesso em: 14 maio 
2022. 
IAA. Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Declaração de posicionamento do IIA: 
as três linhas de defesa no gerenciamento eficaz de riscos e controles. São Paulo: IIA 
Brasil, 2013. Disponível em: https://www.controladoria.go.gov.br/images/noticias/As-3-
linhas-de-defesa---IIA.pdf. Acesso em: 25 maio 2022. 
IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Código das melhores práticas 
de governança corporativa. 5. ed. São Paulo: IBGC, 2015. Disponível 
em: https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-
IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf. Acesso em: 19 maio 
2022. 
IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Compliance à luz da 
governança corporativa. São Paulo: IBGC, 2017. Disponível em: 
https://www.legiscompliance.com.br/images/pdf/ibgc_orienta_compliance_a_luz_da_g
overnaca.pdf. Acesso em: 19 maio 2022. 
IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Guia de orientação para o 
gerenciamento de riscos corporativos. São Paulo: IBGC, 2007. Disponível 
em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4656825/mod_resource/content/1/3.pdf. 
Acesso em: 19 maio 2022. 
LANDRISCINA, G. Conheça os quatro princípios da governança corporativa. Instituto 
Brasileiro de Governança Corporativa, 27 jan. 2020. Disponível em: 
https://www.ibgc.org.br/blog/principios-de-governanca-corporativa. 
Acesso em: 25 maio 2022. 
MENDES, F. S.; CARVALHO, V. M. de. Compliance: concorrência e combate à 
corrupção. São Paulo: Trevisan, 2017. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450073/. Acesso em: 20 
maio 2022. 
NEVES, E. C. Compliance empresarial: o tom da liderança: estrutura e benefícios do 
programa. São Paulo: Trevisan, 2018. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595450332/. Acesso em: 
21 maio 2022. 
VERÍSSIMO, C. Compliance: incentivo à adoção de medidas anticorrupção. São Paulo: 
Saraiva, 2017. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547224011/. Acesso em: 14 
maio 2022. 
VIOL, D. M. Programas de integridade e combate à corrupção: aspectos teóricos 
e empíricos da multiplicação do compliance anticorrupção no Brasil. São Paulo: Grupo 
Almedina (Portugal), 2021. Disponível 
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556273815/. Acesso em: 20 
maio 2022. 
 
SEM MEDO DE ERRAR 
Olá, estudante! Para que possamos resolver a situação-problema apresentada no início 
desta seção, em que os sócios de uma empresa (que pretende abrir o seu capital) não veem 
tanta utilidade e valor na adoção de práticas de compliance, dentro do contexto da 
https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdf
https://conhecimento.ibgc.org.br/Lists/Publicacoes/Attachments/21138/Publicacao-IBGCCodigo-CodigodasMelhoresPraticasdeGC-5aEdicao.pdfhttps://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4656825/mod_resource/content/1/3.pdf
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547224011/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786556273815/
57 
 
governança corporativa, você poderá explicar aos sócios como a antiga estrutura 
organizacional pode expor a corporação a riscos financeiros e operacionais. Para isso, 
utilize pontos importantes identificados durante a análise de evolução da empresa. 
A corporação em questão apresenta o seguinte expediente organizacional: 
A gestão ainda é realizada de forma amadora e operacionalmente distante. Ou seja, não 
há interligação entre as atividades estratégicas, táticas e operacionais, o que resulta em 
decisões confusas e práticas que contradizem o que já se fazia historicamente na empresa. 
Outro problema identificado e que deverá ser resolvido a partir do compliance é a 
ausência de conhecimento técnico por parte dos sócios. Esse fato compromete a 
governança corporativa de forma bastante contundente e deverá ser resolvido com a 
implementação de um conselho de administração e a contratação de profissionais que 
apresentem expertise nos negócios praticados pela empresa. 
Como a corporação tem foco direcionado à expansão de suas atividades, utilizando como 
fontes de investimentos os bons resultados obtidos no passado e a possibilidade de 
abertura de capital na bolsa de valores, uma forma de conquistar a confiança do mercado, 
especialmente de futuros investidores, é por meio da adoção de uma estrutura empresarial 
mais profissional e com interligação entre as áreas, a qual se torna viável com a 
implementação de medidas de compliance. 
Como aprendemos ao longo desta seção de estudos, a temática da governança corporativa, 
sobretudo com relação ao compliance, vai além do cumprimento de regras, associando-
se, também, à preservação de valores éticos e de sustentabilidade, o que permite a 
perpetuação do negócio e o atendimento aos interesses dos stakeholders (CARVALHO et 
al., 2021). 
Assim, com a adoção do compliance, as empresas evidenciam tanto no âmbito interno, a 
partir de práticas estruturadas de trabalho e com o apoio das áreas de todos os níveis 
empresariais, quanto em nível externo, por meio da demonstração empresarial de valores 
éticos, sociais e ambientais, que o cumprimento das práticas de compliance pode gerar 
benefícios às empresas e às partes interessadas. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
COMPLIANCE, CONFORMIDADE E RISCOS 
Um grupo empresarial do ramo farmacêutico que possui ações em negociação na bolsa 
de valores passou a ter sua atenção voltada à manutenção de uma atividade empresarial 
pautada na ética, na responsabilidade social e na adequação à lei, uma vez que, durante a 
realização de uma operação da Polícia Federal, diversos diretores de uma companhia 
farmacêutica concorrente foram presos preventivamente por causa de delitos de ordem 
financeira, como lavagem de dinheiro e prática de caixa dois, para pagamento de propina 
a políticos e membros do Ministério da Saúde. Diante disso, o conselho de administração 
pediu ao departamento responsável pelo compliance da corporação que fizesse uma 
revisão dos riscos inerentes à atividade empresarial e que preparasse uma comunicação 
para todas as áreas da companhia, a fim de que os colaboradores dessem atenção não 
somente às práticas de compliance, mas também aos riscos inerentes às ações de cada 
departamento, visto que, caso a empresa também fosse alvo de uma operação policial, 
além de sofrer prejuízos financeiros, a imagem da organização e a confiança das partes 
interessadas seriam imensamente prejudicadas. Nesse sentido, qual a importância do 
58 
 
processo de revisão dos riscos e da posterior divulgação das normas de compliance para 
os diferentes setores da companhia? 
 
59 
 
UNIDADE 3, SESSÃO 1: REGISTROS CONTÁBEIS 
CONVITE AO ESTUDO 
A sociedade vem demonstrando uma crescente preocupação com a falta de valores éticos 
por parte das pessoas físicas e jurídicas, o que é resultado de um sistema econômico-
financeiro baseado numa relação em que a busca pelo lucro leva aos mais diversos 
comportamentos antiéticos no ambiente profissional e empresarial. 
Forjar demonstrações contábeis para “melhorar” o desempenho financeiro e econômico 
de uma entidade, seja com a intenção de aumentar os ganhos dos investidores, 
impressionar acionistas ou beneficiar o mercado financeiro com bons resultados, aparece 
entre os maiores procedimentos antiéticos já relatados a partir da análise de grandes 
escândalos de fraudes financeiras, como o da Enron Corporation, que no ano de 2001 
escondeu em seu balanço bilhões de dólares em dívidas. 
Uma forma de acabar com essas práticas antiéticas e minimizar seus impactos nocivos é 
por meio da atuação do profissional contábil, o qual deve ter um domínio cada vez maior 
sobre um conjunto de conhecimentos e técnicas que expressam a linguagem do negócio, 
além de exercer suas funções com ética e de acordo com as instruções normativas. 
Vale ressaltar, também, que o papel do contador é de extrema utilidade para o meio 
empresarial e vem passando por transformações numa crescente adaptação aos novos 
tempos, o que faz com que as habilidades desse profissional sejam testadas a todo 
momento. 
Conhecer e dominar os registros contábeis e entender como se elabora uma demonstração 
contábil em conformidade com as normas internacionais são aspectos tão necessários ao 
contador quanto seguir as normativas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC), dentre as quais se destaca o próprio Código de Ética Profissional do Contador 
(CEPC). 
PRATICAR PARA APRENDER 
A sociedade vem demonstrando uma crescente preocupação com a falta de valores éticos 
por parte das pessoas físicas e jurídicas, o que é resultado de um sistema econômico-
financeiro baseado numa relação em que a busca pelo lucro leva aos mais diversos 
comportamentos antiéticos no ambiente profissional e empresarial. 
Forjar demonstrações contábeis para “melhorar” o desempenho financeiro e econômico 
de uma entidade, seja com a intenção de aumentar os ganhos dos investidores, 
impressionar acionistas ou beneficiar o mercado financeiro com bons resultados, aparece 
entre os maiores procedimentos antiéticos já relatados a partir da análise de grandes 
escândalos de fraudes financeiras, como o da Enron Corporation, que no ano de 2001 
escondeu em seu balanço bilhões de dólares em dívidas. 
Uma forma de acabar com essas práticas antiéticas e minimizar seus impactos nocivos é 
por meio da atuação do profissional contábil, o qual deve ter um domínio cada vez maior 
sobre um conjunto de conhecimentos e técnicas que expressam a linguagem do negócio, 
além de exercer suas funções com ética e de acordo com as instruções normativas. 
Vale ressaltar, também, que o papel do contador é de extrema utilidade para o meio 
empresarial e vem passando por transformações numa crescente adaptação aos novos 
60 
 
tempos, o que faz com que as habilidades desse profissional sejam testadas a todo 
momento. 
Conhecer e dominar os registros contábeis e entender como se elabora uma demonstração 
contábil em conformidade com as normas internacionais são aspectos tão necessários ao 
contador quanto seguir as normativas emanadas pelo Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC), dentre as quais se destaca o próprio Código de Ética Profissional do Contador 
(CEPC). 
CONCEITO-CHAVE 
A finalidade principal da contabilidade é a de fornecer informações para que seus diversos 
usuários tomem suas respectivas decisões. Quanto mais detalhes forem apresentados em 
suas demonstrações, mais decisões assertivas poderão ser tomadas. 
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 00, que está em sua segunda revisão, as 
informações concedidas precisam ser úteis e relevantes, ou seja, devem ser capazes de 
fazer a diferença nas decisões tomadas, além de retratar, de formafiel, em palavras e 
números, todas as movimentações financeiras da empresa que representam. 
É interessante lembrar que para que todo esse processo seja possível, os fenômenos 
financeiros empresariais devem ser escriturados de forma neutra, completa, isenta de 
erros, compreensível e no tempo certo. 
Mas o que é mesmo a escrituração e como ela é feita? 
Escrituração é o registro contábil de todos os atos e fatos administrativos e contábeis que 
acontecem dentro de uma empresa, tomando como base: as notas fiscais emitidas e 
recebidas das vendas de produtos e mercadorias e dos serviços prestados ou contratados; 
os contratos assinados com clientes, fornecedores e funcionários; os recibos emitidos e 
recebidos dos prestadores de serviços avulsos; os boletos que representam os pagamentos 
de obrigações e os recebimentos dos clientes; os cheques emitidos ou recebidos; os 
extratos bancários das diversas movimentações financeiras da empresa, inclusive dos seus 
investimentos; a folha de pagamento com as informações referentes aos valores a pagar 
aos seus funcionários; as guias dos tributos pagos aos governos federal, estadual e 
municipal (inclusive encargos trabalhistas); etc. 
Ufa! É muito papel que precisa ser analisado, checado, processado e transformado em 
informação útil. E, ao menor descuido, corre-se o risco de que a informação seja 
processada de maneira equivocada. Além disso, em alguns momentos o documento não 
é tão esclarecedor em relação ao que representa, e a empresa tem que correr atrás de mais 
informações. 
Essa escrituração sempre foi apresentada em papel, fazendo uso do livro diário: primeiro 
escriturado à mão e depois de modo informatizado. Mais recentemente, para fins de 
atendimento ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED), algumas corporações 
passaram a ser obrigadas a apresentar a escrituração digitalmente. 
REFLITA 
Você consegue perceber que a fraude contábil pode ser iniciada neste momento? É 
possível que aconteça a omissão de registros contábeis, na qual alguns documentos são 
suprimidos ou inexistentes, como a venda efetuada sem o respaldo da nota fiscal; a 
utilização de documentos “frios”, recibos comprados que não representam absolutamente 
nada; os equívocos na aplicação das normas contábeis, como a contabilização em contas 
erradas, com valores incorretos; tributos calculados em desacordo com a legislação 
61 
 
tributária e fiscal; etc. Basta um errinho por parte do profissional contábil para iniciar o 
problema. 
A escrituração é a base das demonstrações contábeis, que deverão ser analisadas antes da 
tomada de decisão. 
De acordo com a Lei nº 6.404/76 e as alterações posteriores (Lei das Sociedades 
Anônimas), juntamente com a Instrução Normativa 59/86 da CMV, os seguintes 
documentos podem ser considerados como demonstrações obrigatórias para as S/As: 
Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de 
Caixa (DFC), Demonstração do Valor Adicionado (DVA), Demonstração de Resultado 
Abrangente (DRA) e Notas Explicativas (NE), que devem estar em consonância com os 
padrões internacionais. 
Vamos ver o que cada uma das demonstrações evidencia? 
 
Balanço Patrimonial: é uma demonstração estática e sintética que exprime a situação 
financeira da empresa em determinada data. Seus fenômenos devem ser classificados e 
agrupados para facilitar o conhecimento do panorama financeiro da organização 
(liquidez, endividamento, capital de giro, necessidade de capital de giro, etc.). O balanço 
é como uma foto (estático) porque por meio dele não é possível observar a evolução dos 
fatos ao longo do ano, mas apenas o saldo final de um período. Esse relatório evidencia, 
também, o patrimônio de uma entidade tanto sob o aspecto quantitativo como qualitativo. 
 
Demonstração do Resultado do Exercício: é um relatório econômico-financeiro que 
mostra o resultado do exercício da empresa (lucro ou prejuízo), ou o seu desempenho, de 
forma dinâmica e vertical. Nesse documento são demonstradas as receitas que a 
corporação realizou (ganhas ou auferidas) e as despesas incorridas, respeitando sempre o 
princípio da competência, ou seja, independentemente dos recebimentos ou pagamentos. 
É importante ressaltar que a performance apresentada pela empresa serve como base para 
o acionista analisar o retorno do seu investimento. Tal informação se transforma num 
suporte para que ele adquira mais ações da companhia ou venda as que já possui. 
 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: seu objetivo é apontar as 
movimentações que ocorrem no Patrimônio Líquido (PL) durante o exercício, 
principalmente identificando como se deu a formação de todas as reservas, e não apenas 
das originadas dos lucros. Por ser uma demonstração bem completa, serve de apoio para 
a gestão administrativa, econômica e financeira de uma empresa. Apesar de parecer uma 
demonstração simples e pequena, trata-se de uma importante ferramenta no combate à 
fraude. 
 
Demonstração do Fluxo de Caixa: evidencia as modificações que ocorrem no saldo da 
conta caixa e equivalentes de caixa num determinado período a partir dos fluxos de 
recebimentos e pagamentos que acontecem, auxiliando no planejamento financeiro. Vale 
destacar que equivalentes de caixa representam as aplicações financeiras de liquidez 
imediata, com vencimento de curtíssimo prazo (até três meses), mantidas na empresa para 
cumprir os compromissos imediatos. As atividades que são destacadas nessa 
demonstração são: Fluxo das Atividades Operacionais (FAO), que deriva das atividades 
geradoras de receitas da entidade; Fluxo das Atividades de Investimento (FAI), que deriva 
de aquisições e venda de ativos e outros investimentos; Fluxo das Atividades de 
Financiamento (FAF), que deriva das alterações no tamanho e na composição do PL e 
62 
 
dos empréstimos da entidade. 
 
Demonstração do Valor Adicionado: identifica o quanto de riqueza a empresa produziu 
(adicionou de valor) e de que forma ela foi distribuída entre os empregados, o governo, 
os acionistas, os financiadores de capital, além da quantia retida na corporação. Desse 
modo é possível mensurar a eficácia daquele negócio, entender como a companhia 
colabora com a sociedade de uma maneira geral, e, principalmente, verificar como seus 
recursos são divididos. 
 
Demonstração do Resultado Abrangente: o objetivo desta demonstração é evidenciar 
pontos não reconhecidos na DRE, que são os resultados abrangentes. São exemplos de 
resultados abrangentes os ajustes de reavaliação patrimonial, as variações da reserva de 
reavaliação, os ganhos e perdas atuariais em planos de pensão, os ganhos e perdas 
derivados da conversão de demonstrações de operação no exterior, entre outros fatores. 
Esse relatório deixa explícito para os investidores o que é patrimônio da empresa e o que 
é patrimônio dos sócios, constituindo-se como uma importante ferramenta de análise 
gerencial, pois atualiza o capital próprio dos sócios a partir daquelas receitas e despesas 
incorridas, porém de realizações incertas. 
 
Notas Explicativas: têm a finalidade de facilitar algumas interpretações que aparecem 
nas outras DC, na intenção de esclarecer alguns elementos, como: critérios utilizados pela 
empresa, composição de saldos de determinadas contas, métodos de depreciação, critérios 
de avaliação dos estoques, mecanismos de apuração de perdas estimadas e provisões, etc. 
As NE integram as DC e estão relacionadas a qualquer uma delas, evidenciando e 
dimensionando a qualidade e a quantidade das informações apresentadas, dando ênfase 
para as áreas que as empresas consideram mais importantes e relevantes. 
LEMBRE-SE 
Cada demonstração tem um objetivo, uma finalidade e atende a um grupo específico de 
usuários, de acordo com o interesse individual. 
Após o levantamento das DC, e antes da tomada de decisãopor parte dos usuários, os 
auditores entram em cena: eles são os grandes responsáveis por analisar todas as DC, 
verificando a exatidão e fidedignidade dos dados apresentados, além da qualidade das 
demonstrações, é claro. A partir da aplicação de técnicas e procedimentos específicos, a 
auditoria busca, também, realizar testes nos demonstrativos contábeis à procura de 
possíveis erros e fraudes. 
A história da auditoria no Brasil se inicia na colonização, diante da necessidade de um 
controle mais rígido nas finanças de um país recém-descoberto e que produzia, 
principalmente, para a exportação. Nessa época, o auditor ou ouvidor tinha a função de 
ser o elo entre o governo e a população. 
Na década de 1950 começaram a surgir os primeiros institutos de auditores no país, mas 
foi somente a partir da Lei nº 4.728/65 que ficou estabelecida a obrigatoriedade da prática 
da auditoria no Brasil. Atualmente a auditoria é uma profissão regulamentada e 
normatizada pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o qual determina que o 
exercício da auditoria contábil, seja esta interna ou externa, é privativo dos bacharéis 
registrados no Conselho Regional de Contabilidade (CRC). 
O fato é que a auditoria exerce um papel fundamental quando o assunto é fraude contábil. 
Para Sá e Hoog (2005, p. 23), “conhecer como se praticam as fraudes é questão 
fundamental para um profissional de auditoria”. De acordo com a Norma Brasileira de 
63 
 
Contabilidade Técnica de Auditoria (NBC TA) 200 (R1), para que o auditor emita a sua 
opinião sobre o trabalho realizado, deve-se ter a razoável segurança de que as DC estejam 
livres de distorções relevantes, seja por erro ou fraude. 
Além disso, caso o auditor observe que os fatos contábeis não foram registrados 
adequadamente, seus procedimentos técnicos serão mais profundos e extensos, com o 
exame integral dos registros e controles patrimoniais e a aplicação dos testes de detalhes, 
os quais são divididos em: 
 
Inspeção: é a contagem física, exame de um ativo ou o exame de registros e documentos 
em forma de papel, eletrônicos ou disponibilizados em outras mídias, com o intuito de 
comprovar a fidedignidade e a autenticidade dos registros principais. 
 
Observação: é a constatação visual de erros, problemas ou deficiências e envolve os 
conhecimentos e a experiência profissional do auditor. Trata-se de um teste útil em todas 
as fases do exame, de modo que não pode ser omitido pelo profissional. 
 
Circularização ou investigação: é a obtenção de informações com terceiros sobre bens, 
direitos a receber e obrigações a pagar, inclusive causas judiciais. A solicitação pode ser 
feita por escrito, por meio eletrônico ou por outra mídia, e sua confirmação ou não indica 
se os registros contábeis estão corretos ou incorretos. 
 
Recálculos: é a técnica mais utilizada. Mesmo que os cálculos já tenham sido conferidos 
pelos funcionários das empresas, é importante que sejam revistos. 
 
Reexecução: neste caso, o auditor reexecuta procedimentos já executados pelas 
empresas. 
 
Indagações: são capazes de revelar erros e suas respostas podem ser obtidas de maneira 
formal ou informal (oral). Caso as indagações tenham que ser feitas à alta administração, 
é aconselhável que sejam mais formais. 
 
No entanto, o auditor não é o responsável pela prevenção de erros e fraudes: a 
administração da empresa, por intermédio de um sistema de controle interno, é que deve 
se responsabilizar por isso. 
Diferentemente da auditoria, a perícia contábil entra em cena quando existe a necessidade 
de uma investigação mais aprofundada em apenas uma parte das DC, seja por suspeita de 
fraude, sonegação fiscal, apropriações indébitas, problemas de corrupção, evasão de 
divisas, etc. 
Uma vez que o objetivo da perícia contábil é buscar e apresentar a verdade sobre os fatos 
analisados, esse conjunto de procedimentos técnicos, ao longo do tempo, passou a ser um 
importante instrumento contra a corrupção, auxiliando no combate aos crimes contábeis. 
O perito contador pode atuar tanto na esfera judicial, cooperando com os juízes em suas 
tomadas de decisão, quanto na esfera extrajudicial, levando informações úteis aos vários 
envolvidos no processo investigatório. 
A perícia contábil também conta com alguns procedimentos técnicos durante o seu 
trabalho. São eles: 
 
Exame: é o processo de análise de toda a documentação, inclusive de livros, pertinentes 
ao caso. Trata-se do procedimento mais importante na execução de uma perícia contábil, 
uma vez que documentos são a principal matéria-prima. 
64 
 
 
Vistoria: é a verificação física que constata um fato ou uma situação. Nesse caso, o perito 
deve ir ao local para observar de perto o que realmente está acontecendo. 
 
Indagação: entrevista que o perito pode realizar durante o seu trabalho, em busca de 
esclarecimentos mais abrangentes. As entrevistas são feitas com as pessoas envolvidas 
no caso ou com aquelas que conhecem melhor todos os fatos. 
 
Investigação: é o processo de buscar fatos que estão ocultos ou que não foram 
apresentados, seja por erro ou fraude. Vale ressaltar que erro é o ato não intencional, como 
um esquecimento, por exemplo. A fraude já demanda uma intenção. Nesse último caso, 
as informações podem ter sido excluídas de propósito, com a finalidade de dificultar o 
trabalho pericial, por exemplo. 
 
Arbitramento: o termo arbitrar significa “propor meios”, ou seja, apresentar soluções ou 
valores por intermédio de critério técnico-científico. 
 
Mensuração: mensurar significa “medir”, via de regra, aquilo que pode ser medido. 
Nesse contexto, o perito utiliza as suas técnicas para apresentar quantificações e 
qualificações de todos os componentes patrimoniais. 
 
Avaliação: neste procedimento o perito estabelece o valor das coisas, bem como dos 
elementos patrimoniais. 
 
Certificação: técnica em que o perito atesta toda e qualquer informação que foi utilizada 
na elaboração do seu relatório. O perito tem fé pública, que é a autenticação da verdade. 
 
Testabilidade: este último procedimento foi incorporado à NBC TP 01 na sua primeira 
revisão, em 2015, e representa a verificação de todos os elementos probantes (provas) em 
confronto com os métodos aplicados no trabalho, trazendo uma maior confiabilidade 
técnica à análise. 
 
Dessa forma, podemos observar que a auditoria e a perícia são igualmente importantes 
para a sociedade como um todo, principalmente quando o assunto discutido é a inibição 
de fraudes. Contudo, cada uma dessas ações tem o seu papel, em conformidade com os 
objetivos propostos. Enquanto a perícia busca elucidar os fatos e trazer a verdade à tona, 
a auditoria trabalha mais com a revisão, principalmente das DC, indicando diretrizes para 
o cumprimento de normas ou sugerindo melhorias nos controles internos. 
ASSIMILE 
O exercício do perito é bastante abrangente e, por vezes, pode ser confundido com a tarefa 
do auditor. Devemos sempre nos lembrar de que a perícia analisa 100% de todo o material 
que for apresentado e não trabalha com amostragem, como a auditoria. Somente dessa 
maneira a verdade poderá ser exibida, sem suposições ou achismos. 
E por falar em controle interno (já repetimos muito essas duas palavrinhas, não é 
mesmo?), o que é esse mecanismo e como pode auxiliar no controle dos erros e no 
combate a fraudes? 
Toda empresa tem riscos, isto é, situações que podem ocorrer, seja por um evento em 
particular ou por uma série de acontecimentos, e que afetam os objetivos e metas 
65 
 
estabelecidos. Gerenciar esses riscos e aumentar a probabilidade de sucesso faz parte da 
área de “controles internos”. Na verdade, controles internos são ações ou medidas que a 
empresa desenvolve para gerenciar seus riscos, como: a implantação de políticas internas, 
a incorporação de novos procedimentos ou de novas atividades/mecanismos 
desenvolvidas justamente para assegurar a prevençãocontra eventos indesejáveis ou a 
detecção e correção desses fatos. Nesse sentido, os controles podem ter natureza 
preventiva, detectiva, corretiva ou diretiva e nada mais são do que métodos de fiscalização 
instaurados dentro de uma corporação, com o intuito de combater os fatores de riscos. 
EXEMPLIFICANDO 
São exemplos de fatores de riscos com os quais as empresas devem se preocupar: 
 
Fatores econômicos: mercado financeiro, competição, desemprego, fusões e aquisições, 
etc. 
Meio ambiente: emissão de poluentes, desastres naturais, etc. 
Políticos: legislação, órgãos reguladores, etc. 
Sociais: privacidade, terrorismo, vandalismo, etc. 
Tecnológicos: comércio eletrônico, dados externos, crimes cibernéticos, integridade dos 
dados, manutenção, etc. 
Infraestrutura: disponibilidade e acesso aos ativos da empresa, etc. 
Pessoal: capacidade dos funcionários, fraudes, saúde e segurança, etc. 
Processos: desenho, execução, capacidade, etc. 
Dependendo da estratégia de riscos que adote, a empresa pode até aceitá-los, conforme o 
seu grau de tolerância, ou tentar transferi-los, com a contratação de um seguro, por 
exemplo, mas sua principal intenção deve ser controlá-los e reduzi-los ao máximo. 
Vamos mais uma vez dirigir nossa atenção aos controles internos e aos métodos de 
fiscalização de uma empresa para entender um pouco mais sobre um assunto muito 
instigante, mas direcionado ao nosso tema principal: as fraudes! 
De acordo com a probabilidade de detecção de uma fraude, o processo de investigação 
sempre será iniciado a partir da alegação de um ato desonesto. Essa alegação pode ser 
detectada por meio de uma denúncia, de uma revisão gerencial, de uma auditoria interna, 
de uma identificação acidental, de uma reconciliação contábil ou de uma auditoria 
externa. 
Devemos nos lembrar de que cada alegação tem as suas particularidades, e a empresa 
deve definir seus processos investigativos levando em consideração tais aspectos 
específicos. Além disso, à medida que a investigação avança, novos procedimentos são 
incorporados ou ajustados. 
As investigações obedecem aos seguintes passos: 
1. Análise da alegação da fraude e identificação de quem conduzirá a investigação 
(comitê de compliance, por exemplo). 
2. Planejamento e organização da investigação, com a apresentação dos fatos que 
serão investigados, bem como dos períodos e prazos para a conclusão do trabalho. 
3. Coleta de informações e evidências relevantes, além da preservação dos 
documentos necessários para a condução da investigação. 
4. Revisão dos documentos, uma vez que a investigação pode contar com um 
número expressivo de documentos analisados. 
66 
 
5. Condução de entrevistas, não necessariamente com pessoas envolvidas na 
alegação de fraude, mas também com indivíduos que talvez tenham informações 
relevantes, as quais possam ser aproveitadas. 
6. Análise financeira, que, caso realmente seja necessária, deverá ser profunda e 
exaustiva, a fim de evitar especulações e generalizações. 
7. Reporte dos resultados e das recomendações, no qual o relatório da investigação 
será apresentado e as recomendações, identificadas. Isso evita que o problema se 
torne recorrente. 
8. Remediação e acompanhamento, quando a empresa tomará medidas para sanar o 
problema em questão e impedir que o fato aconteça novamente. 
Esse processo deverá ser revisado sempre que novas informações forem aparecendo. 
Além disso, a cada problema, um novo processo precisará ser aberto e investigado. 
DICA 
Que tal aprofundar seus conhecimentos sobre o maior escândalo financeiro da história do 
mundo: o caso Enron? Para isso, faça a leitura do texto indicado a seguir, cujo link de 
acesso está disponível nas Referências desta seção. 
 
SOLÉ, A. Dez anos de Enron: importância e deficiências. Governança Já, 16 ago. 2011. 
E aqui finalizamos esta seção de estudos! Os temas que acabamos de analisar são muito 
interessantes, pois enquanto houver relações humanas e interpessoais, conflitos 
continuarão existindo. É da natureza humana! E isso nos remete a todos os problemas 
empresariais que acometem as entidades no mundo inteiro, bem como seus funcionários, 
clientes, fornecedores, parceiros, etc. A fraude pode começar com a sonegação de uma 
simples informação, só para que o colega não tenha uma vantagem competitiva. Mas, 
com o passar do tempo, o problema pode se tornar muito mais sério. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários. Instrução CVM nº 59, de 22 de dezembro de 
1986. Dispõe sobre a 
obrigatoriedade de elaboração e publicação da demonstração das mutações do patrimônio 
líquido pelas companhias abertas. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 30 dez. 1986. 
Disponível em: https://bit.ly/3xfuNPR. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC 
PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. Aprova a NBC PG 01 – Código de Ética Profissional 
do Contador. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 14 fev. 2019. Disponível 
em: https://bit.ly/3U4Cty0. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC 
TA 200 (R1): objetivos gerais do auditor independente e a condução da auditoria 
em conformidade com normas de auditoria. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 5 set. 
2016. Disponível em: https://bit.ly/3By7HXl. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC 
TP 01 (R1): perícia contábil, de 27 de fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC TP 01 
– Perícia Contábil. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF: 19 mar. 2015. Disponível em: https://bit.ly/2kXUT4l. Acesso em: 18 mar. 
https://conteudo.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst059.html
https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?%20Codigo=2019/NBCPG01&arquivo=NBCPG01.doc
https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2016/NBCTA200(R1)
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf
67 
 
2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 803, de 10 de outubro 
de 1996. Aprova o Código de Ética Profissional do Contabilista – CEPC. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 20 nov. 1996. Disponível em: https://bit.ly/3RUriWR. Acesso 
em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965. Disciplina o mercado de capitais 
e estabelece medidas para o seu desenvolvimento. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 
16 jul. 1965. Disponível em: https://bit.ly/3eAByFj. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades 
por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível 
em: https://bit.ly/2UqQCGG. Acesso em: 18 mar. 2022. 
CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento técnico CPC 00 (R2): 
estrutura conceitual para relatório financeiro. Brasília, DF: CPC, 2019. Disponível 
em: https://bit.ly/2x9wlvM. Acesso em: 18 mar. 2022. 
SÁ. A. L. de; HOOG, W. A. Z. Corrupção, fraude e contabilidade. Curitiba: Juruá, 
2005. 
SOLÉ, A. Dez anos de Enron: importância e deficiências. Governança Já, 16 ago. 2011. 
Disponível em: https://bit.ly/3d3GbaC. Acesso em: 18 mar. 2022. 
SEM MEDO DE ERRAR 
O tipo de impasse descrito na situação-problema apresenta no início desta etapa de 
aprendizagem, isto é, ter que alterar registros contábeis para atender a algum cliente 
insatisfeito, é mais comum do que parece à primeira vista. Para resolver o caso, é 
importante lembrar que o seu gestor aceitou fazer a alteração, já que se trata de um cliente 
responsável por quase 10% do faturamento mensal do escritório em que você trabalha. 
Com medo de perder o cliente e ter que demitir alguns funcionários posteriormente por 
problemas financeiros, ele pede que você modifique as DC. Mas você se sente confortável 
com esse pedido? 
O tipo de fraude associado ao contexto do caso se parece muito com outro que 
costumamos encontrar nos meios empresariais:forjar um contracheque (holerite) para 
aumentar as chances de se conseguir um empréstimo bancário ou um financiamento. Você 
já viu isso acontecer? 
Em 7 de fevereiro de 2019, o CFC aprovou a alteração do Código de Ética Profissional 
do Contador (CEPC) com a publicação da NBC PG 01. 
O CEPC tem como objetivo fixar a conduta do contador em relação ao exercício de sua 
atividade e a demais aspectos que se relacionem ao seu trabalho, aos seus colegas e à 
classe contábil como um todo. 
Logo no início dos escritos dessa norma, especificamente no item 4, encontramos 
algumas informações sobre os deveres do contador, dentre os quais se destaca o de “(a) 
exercer a sua profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica” (BRASIL, 
2019, p. 1). Sem querer entrar no mérito do que é ser honesto ou não, o fato é que o 
profissional, durante o seu trabalho, deve respeitar as Normas Brasileiras de 
Contabilidade (NBC) e a legislação vigente. Mais adiante, no item 5, encontramos 
algumas vedações, dentre elas a de “(g) concorrer [...] para a realização de ato contrário 
à legislação ou destinado a fraudá-la” (BRASIL, 2019, p. 1). 
A transgressão ao CEPC constitui infração ética, pela qual será aplicada uma das 
seguintes penalidades: (a) advertência reservada; (b) censura reservada; ou (c) censura 
pública. Dependendo da gravidade, o profissional de contabilidade pode até ficar 
https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=1996/000803
https://legislacao.presidencia.gov.br/atos/?tipo=LEI&numero=4728&ano=1965&ato=bbcITWq1UeZRVT68b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm
http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80
https://governancaja.com.br/dez-anos-de-enron-importancia-e-deficiencias/
68 
 
impedido de realizar o seu trabalho. 
Essas informações, por si só, já são motivos suficientes para que recusemos a 
incumbência recebida em nosso trabalho? Espero que sim. 
E para quem ainda quer saber como ficarão os funcionários do escritório: não há como 
deduzir o que acontecerá caso o cliente decida mesmo desfazer a parceria, tampouco se o 
escritório realmente ficará numa situação tão delicada financeiramente a ponto de ter que 
demitir alguns de seus colaboradores. Talvez com uma boa conversa e uma breve 
explicação sobre o que é ter independência profissional o próprio cliente compreenda que 
fraude, seja qual for sua gravidade, ainda é fraude. 
Além disso, um problema ainda mais sério poderá ocorrer caso as alterações sejam feitas 
não por você, mas por outro funcionário que “veste a camisa” da empresa sem pensar nas 
consequências: a fraude correrá o risco de ser descoberta, seja por uma denúncia ou pelo 
próprio órgão que fez a licitação da qual a corporação participou. Se isso acontecer, todos 
serão punidos criminalmente: seu gestor, o funcionário e o proprietário da empresa. E o 
escritório, como ficará nessa situação? 
Portanto, todo cuidado é pouco quando o assunto se refere à contabilidade. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
APLICAÇÃO DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS NUMA PERÍCIA 
CONTÁBIL 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você seja um perito contador e tenha 
sido contratado por um colégio particular que oferece as modalidades de ensino 
fundamental e médio para realizar uma perícia contábil extrajudicial. Em sua primeira 
reunião, a equipe do colégio relatou que assumiu a administração da instituição há pouco 
tempo e tinha muitas dúvidas sobre as demonstrações contábeis que foram apresentadas 
pelo antigo contador naquele ano. A principal delas se referia ao valor do prejuízo 
acumulado que aparecia no BP, no valor de R$ 1.000.000,00, sendo que o faturamento da 
empresa girava em torno de R$ 100.000,00/mês. Você concordou em realizar o trabalho, 
mas, antes de mais nada, precisa identificar qual procedimento técnico pericial adotará 
(descreva se utilizará mais de um) e, principalmente, quais documentos deverá examinar 
para efetuar a perícia. 
 
69 
 
UNIDADE 3, SESSÃO 2: FRAUDES CONTÁBEIS 
PRATICAR PARA APRENDER 
Todo profissional, contador ou não, poderá se deparar em algum momento de sua carreira 
com dilemas éticos que exigirão dele alguma decisão imediata. Essa escolha, dependendo 
da maneira como tais problemas forem conduzidos, possivelmente terá impactos 
positivos ou negativos no seu futuro profissional. Os dilemas podem ter início na forma 
de um assédio, por exemplo, como uma perseguição inconveniente para que um 
determinado profissional faça algo contra a sua vontade, passe por um processo de 
corrupção, com finalidade de interesse próprio, submeta-se ao uso de informações 
confidenciais e até mesmo a uma apropriação indevida. 
Além disso, um contador pode agir de modo ilegal para manter um cliente em sua carteira 
e continuar recebendo os seus honorários de forma regular. Um empresário, por sua vez, 
pode omitir receitas para se manter num enquadramento tributário mais favorável, ou 
“esconder” alguma atividade desenvolvida pela empresa para pagar menos impostos, ou 
até mesmo utilizar sócios que não são realmente sócios, mas que são mais “adequados” 
ao âmbito empresarial. Para isso, acaba contratando um profissional contábil que “feche 
os olhos” e “não faça muitas perguntas”. 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você esteja legalizando uma empresa 
e o seu cliente diz que o capital social da nova sociedade será “fictício”, uma vez que ele 
não tem o dinheiro necessário para integralizar o capital agora. Você, então, sugere que 
ele diminua o valor do capital social até alcançar uma quantia mais adequada às suas 
condições financeiras, mas o cliente alega que precisa de um capital social bem alto para 
que seu gerente bancário lhe conceda um empréstimo. Além disso, afirma que sem esse 
empréstimo ele não conseguirá comprar as máquinas tão necessárias ao seu negócio, ou 
seja, o empreendimento estará fadado ao fracasso. 
Observe que dilemas éticos e fraudes contábeis caminham juntos e merecem ser 
analisados com bastante cuidado. 
Então, vamos lá! Reflita sobre o caso com carinho e tome a sua decisão. 
CONCEITO-CHAVE 
Fraude é qualquer ato intencional que tenha o propósito de conseguir vantagem sobre 
algo que a pessoa não tenha direito. A fraude pode se dar por uma ação ou por uma 
omissão deliberada, e a sua intenção (o dolo) é o que a distingue de um erro. 
Todos nós estamos sujeitos a fraudes dentro de uma empresa, as quais podem ser 
cometidas por empregados, por terceiros (fornecedores, clientes, prestadores de serviços) 
ou por empregados e terceiros em conluio. 
As fraudes que os funcionários de uma companhia cometem em detrimento da 
organização são chamadas de fraudes ocupacionais e podem ser classificadas em: 
1. Corrupção: podemos citar como exemplos os conflitos de interesses público e 
privado; o recebimento de propinas ou de gratificações ilegais; a falsa cotação em 
licitação para favorecer outra empresa, etc. 
2. Apropriação indébita de ativos: o furto de dinheiro (caixa, bancos); o roubo de 
produtos/mercadorias estocadas; o roubo de itens do ativo imobilizado; a criação 
de fornecedores fictícios para gerar uma saída de recursos financeiros da empresa; 
a fraude na folha de pagamento, que também gera uma saída de dinheiro da 
70 
 
empresa; a fraude com reembolso de despesas, em que o gasto foi menor do que 
a quantia apresentada em documentos; e, de forma mais recente, passamos a 
conviver com o roubo de dados. 
3. Falsificação de informações: a falsificação de dados num documento; a omissão 
no detalhamento de alguns dados; os lançamentos sem documentos que os 
suportem; o gerenciamento de resultados feitos com dados fictícios, etc. 
Podemos dizer que os crimes virtuais sempre existiram, mas, com o aumento dos 
cibernegócios, acabaram se intensificando dentro das empresas. 
ASSIMILE 
De acordo com a KPMG (2021), as iniciativas virtuais mais utilizadas pelofraudador são 
as seguintes: 
• Acesso indevido de sistemas, em 50% das fraudes. 
• Criação de informações falsas, em 48% das ações. 
• Compartilhamento de login ou senhas, em 39% dos delitos. 
• Invasão de sistemas, realizada em 11% dos casos. 
Ainda segundo uma pesquisa realizada pela KPMG (2021, p. 8), 43% das pessoas 
cometem fraude por estar em relacionamentos atípicos com outros indivíduos, 
promovendo acordos que favorecem a todos; 36% por adotar um estilo de vida 
incompatível com os seus ganhos; e 25% por estar em situação de dificuldades 
financeiras. 
REFLITA 
De acordo com a KPMG (2021), o perfil do fraudador (em geral) tem as seguintes 
características: 
• 73% têm entre 26 e 45 anos de idade. 
• 68% agem em conluio com outro indivíduo. 
• 80% são homens, 20%, mulheres. 
• 45% trabalham na empresa vítima por um período de um a quatro anos, e 
34%, por mais de seis anos. 
Mas o que exatamente são fraudes e como identificá-las no contexto contábil? 
Antes de iniciar esse assunto, precisamos discutir sobre os motivos pelos quais um 
profissional contábil aceita participar de processos fraudulentos. É importante, também, 
entendermos que se assim o faz, é porque encontra anuência entre outros profissionais da 
sua rede de relacionamentos, como empresários, funcionários de órgãos públicos e/ou 
outras pessoas que concordam com tais práticas. 
Funcionários de alguns órgãos públicos podem concordar em não fiscalizar uma empresa 
em troca de favores e/ou comissões, autorizar o funcionamento de uma organização em 
local não tão próprio e até mesmo “passar por cima” de erros contábeis e fiscais. 
ASSIMILE 
A lei anticorrupção de 2013 prevê uma série de punições para empresas que infringirem 
os princípios contábeis brasileiros. Algumas das penalidades são: 
71 
 
• Multa de até 20% no valor de faturamento da empresa. 
• Devolução do valor obtido com a fraude. 
• Suspensão das atividades da empresa. 
• Fechamento da empresa. 
• Proibição de receber incentivos fiscais, doações ou empréstimos de órgãos 
públicos. 
Dentro da esfera contábil, podemos encontrar inúmeros tipos de fraudes. Algumas são 
facilmente identificadas, outras nem tanto. Forjar demonstrações contábeis para 
“melhorar” o desempenho financeiro e econômico de uma entidade, seja para aumentar 
os ganhos dos investidores, impressionar acionistas ou beneficiar o mercado financeiro 
com bons resultados, aparece entre as ocorrências de fraudes já relatadas a partir da 
análise de grandes escândalos. Mas algumas fraudes são tão simples, que passam 
despercebidas no dia a dia profissional. 
Vejamos, a seguir, algumas delas! 
MANIPULAÇÃO, FALSIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE REGISTROS OU 
DOCUMENTOS, DE MODO A MODIFICAR OS REGISTROS DE ATIVOS, 
PASSIVOS E RESULTADOS 
A função de um documento, seja ele público ou particular, é garantir que uma informação 
se torne eterna, além de servir como meio de prova em caso de necessidade. 
Independentemente do seu formato, adulterar ou falsificar um ofício, seja por supressão, 
troca de determinadas informações, criação ou inserção de declaração contrária à 
verdadeira, além de constituir uma fraude, também é considerado um crime, com pena de 
reclusão para os envolvidos. No âmbito da contabilidade podemos encontrar diversas 
manipulações, por exemplo: alterar procurações com o intuito de mudar datas e mascarar 
a validade do documento; inserir informações falsas sobre o perfil empresarial em 
contratos sociais de constituição de empresas; omitir dados de funcionários em folha de 
pagamento; inserir quantidades e valores em notas fiscais que não correspondam à 
mercadoria vendida; transmitir e assinar SPED contábil e fiscal contendo informações 
inverídicas; emitir Decore com valores que não condizem com a realidade; fazer 
declaração falsa sobre o faturamento da empresa; emitir recibo de pró-labore diferente do 
real; entre muitas outras adulterações. 
FURTO OU APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE ATIVOS 
Trata-se de uma fraude que abrange desde sócios que não seguem o princípio da entidade, 
retirando numerários do caixa e equivalentes de caixa sob o pretexto de que a empresa 
pertence a eles e, por isso, podem fazer o que quiser, até funcionários que, seguindo o 
exemplo de seus dirigentes e encontrando facilidade nos controles internos, subtraem 
dinheiro e mercadorias em estoque ou itens do imobilizado, etc. 
Normalmente em conluio, funcionários de diversos departamentos podem se juntar (para 
que o processo de apropriação indébita passe despercebido) e, ao final, dividir entre todos 
os envolvidos os bens subtraídos da companhia. 
72 
 
SUPRESSÃO OU OMISSÃO DE TRANSAÇÕES NOS REGISTROS CONTÁBEIS 
Neste tipo de fraude podemos encontrar distorções deliberadas, omissões de fatos ou 
divulgações de demonstrações financeiras com a intenção de provocar engano a seus 
usuários, especialmente os investidores e credores, mudando as informações relevantes 
nos relatórios financeiros da organização. 
Os métodos mais comuns envolvem a ocultação de passivos e de despesas, a sonegação 
da emissão de uma nota fiscal, ou seja, a venda de produtos, mercadorias ou serviços sem 
nota fiscal, fato que provocará, também, a redução no lucro tributável. 
Dentro do patrimônio líquido encontraremos valores irreais na integralização (formação) 
do capital social sem um lastro efetivo, o que prejudicará credores e terceiros. 
REGISTRO DE TRANSAÇÕES SEM COMPROVAÇÃO 
O caso mais comum é a utilização, pela empresa, de notas fiscais e/ou outros documentos 
não verídicos (frios) para justificar um lucro tributável menor (reduzindo a base de cálculo 
para apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social 
sobre o Lucro Líquido (CSLL) ou para justificar saldos de caixa diferentes do real. 
Podemos citar como exemplos a contabilização de despesas que não se realizaram ou que 
até se realizaram, mas não pela empresa, e, por isso, não têm validade para a contabilidade 
da entidade; a contabilização de movimentações financeiras sem extratos bancários; a 
compra de imobilizado sem a apresentação das notas fiscais; o lançamento de 
empréstimos e/ou parcelamentos sem os contratos de formalização, etc. 
APLICAÇÃO DE PRÁTICAS CONTÁBEIS INDEVIDAS 
Práticas contábeis são aquelas adotadas por uma empresa na elaboração e apresentação 
das demonstrações contábeis, baseadas nas normas contábeis brasileiras e internacionais, 
nos procedimentos técnicos adotados e nas convenções. 
Seja por desconhecimento ou por ação deliberada, utilizar práticas contábeis de forma 
equivocada, com a intenção de modificar o resultado e o patrimônio da empresa, em 
proveito próprio ou de terceiros, constitui uma fraude contábil. 
Nesse contexto, podemos dizer que a conduta da ética se inicia na faculdade, a partir da 
disciplina Ética profissional. A partir de então, o exercício da integridade do contador 
deverá ser diário, tendo sempre como base o Código de Ética Profissional do Contabilista 
(CEPC), que precisará ser utilizado durante toda a carreira do profissional, já que será 
responsável por informar a verdadeira situação financeira das empresas. 
Dentre alguns deveres, podemos destacar dois principais: 
a. Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, 
observando as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação vigente, 
resguardando o interesse público, bem como os interesses de seus clientes ou 
empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais. 
b. Comunicar, desde cedo, ao cliente ou ao empregador, em documento reservado, 
eventual circunstância adversa que possa gerar riscos e ameaças ou influir sobre 
a decisão daqueles que são usuários dos relatórios e serviços contábeis como um 
todo.2 
73 
 
EXEMPLIFICANDO 
O CEPC fixa a norma de conduta do contador, quando no exercício da sua atividade e 
nos assuntos relacionados à profissão e à classe, e está divididoem: 
1. Deveres, vedações e permissibilidades. 
2. Valor e publicidade dos serviços profissionais. 
3. Deveres em relação aos colegas e à classe. 
4. Penalidades. 
Analisando a seção 4 do CEPC, podemos identificar três tipos de penalidades que incidem 
sobre as transgressões do contador, segundo a gravidade do ato praticado: 
a. Advertência reservada. 
b. Censura reservada. 
c. Censura pública. 
O CEPC considera alguns atenuantes na aplicação dessas penalidades, como: “I – ação 
desenvolvida em defesa de prerrogativa profissional; II – ausência de punição ética 
anterior; III – prestação de relevantes serviços à Contabilidade” (BRASIL, 2019, p. 5). 
Por outro lado, o documento menciona os fatos considerados agravantes, como: “I – ação 
cometida que resulte em ato que denigra publicamente a imagem do Profissional da 
Contabilidade; II – punição ética anterior transitada em julgado” (BRASIL, 2019, p. 5). 
Em 2017 o CFC aprovou a Resolução nº 1.525/2017, que dispõe sobre a punição aos 
profissionais de contabilidade envolvidos em irregularidades, como fraudes e escândalos 
de corrupção, a qual estabelece que “a punibilidade dos autuados pelos Conselhos de 
Contabilidade prescreve em cinco anos, contados da data de verificação do fato 
respectivo” (BRASIL, 2017, [s. p.]). Isso significa que o prazo de cinco anos só passará 
a ser contado a partir do momento em que o Sistema CFC/CRCs receber a denúncia ou 
comunicação oficial de órgãos da Justiça sobre o caso. Antes, o prazo de prescrição se 
encerrava em cinco anos contados da data de ocorrência do fato. 
Vários outros dispositivos legais estabelecem regras e punições sobre as fraudes 
contábeis, as quais devem ser do conhecimento do contador. 
Vejamos, a seguir, alguns deles. 
CÓDIGO CIVIL – LEI Nº 10.406/2002 
A responsabilidade contratual e civil do contabilista, por atos culposos ou dolosos, foi 
instituída de forma clara no Código Civil em vigor. De acordo com o parágrafo único do 
art. 1.177 desse dispositivo legal civil, “no exercício de suas funções, os prepostos são 
pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e perante 
terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos” (BRASIL, 2002, [s. p.]). 
Em outras palavras, são atos culposos: a imprudência, negligência ou imperícia. Não há 
má-fé. O resultado é diferente do esperado, prejudicando terceiros. O contador (preposto) 
responde perante o cliente (preponente), e este, perante terceiros. São atos dolosos aqueles 
praticados propositalmente, esperando-se um resultado. O contador (preposto) responde 
juntamente com o seu cliente (preponente) perante terceiros – isto é, Justiça e outras 
entidades. 
74 
 
CÓDIGO PENAL – DECRETO-LEI Nº 2.848/1940 
O contador, em caso de dolo, pode responder a partir dos seguintes artigos: 
Art. 168 – Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção. Pena – 
reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Aumento de pena 
§ 1º – A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 
III – em razão de ofício, emprego ou profissão. 
Art. 168-A – Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos 
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional. Pena – reclusão, de dois a cinco 
anos, e multa. 
§ 1 – Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 
I – Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência 
social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou 
arrecadada do público. 
II – Recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas 
contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços. 
III - Pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem 
sido reembolsados à empresa pela previdência social. 
Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo 
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio 
fraudulento. Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Art. 172 – Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria 
vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. Pena – detenção, de dois a 
quatro anos, e multa. 
Parágrafo único – Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a 
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas 
Art. 298 – Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento 
particular verdadeiro. Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Art. 299 – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia 
constar, ou nele inserir ou fazer declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com 
o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente 
relevante. Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e 
reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular. 
Art. 304 – Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem 
os arts. 297 a 302. Pena – a cominada à falsificação ou à alteração. 
Art. 305 – Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em 
prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia 
dispor. Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e, reclusão 
de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. 
Art. 342 – Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito 
policial, ou em juízo arbitral. Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI Nº 8.078/1990 
Art. 14 – O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de 
culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à 
75 
 
prestação de serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos. 
Art. 66 – Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou emitir informação relevante sobre a 
natureza, característica, qualidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou 
garantia de produtos ou serviços. Pena – Detenção de três meses a um ano, e multa. 
CRIMES FALIMENTARES – LEI Nº 11.101/2005 
Art. 168 – Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a 
recuperação judicial ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que 
resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar vantagem 
indevida para si ou para outrem. Pena – Reclusão de três a seis anos, e multa. 
§ 1º – A pena aumenta-se de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), se o agente: 
I – Elabora escrituração contábil ou balanço com dados inexatos. 
II – Omite, na escrituração contábil ou no balanço, lançamento que deles deveria constar, 
ou altera escrituração ou balanço verdadeiros. 
III – Destrói, apaga ou corrompe dados contábeis ou negociais armazenados em 
computador ou sistema informatizado. 
IV – Simula a composição do capital social. 
V – Destrói, oculta ou inutiliza, total ou parcialmente, os documentos de escrituração 
contábil obrigatórios. 
§ 2º – A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até metade se o devedor manteve ou 
movimentou recursos ou valores paralelamente à contabilidade exigida pela legislação. 
§ 3º – Nas mesmas penas incidem os contadores, técnicos contábeis, auditores e outros 
profissionais que, de qualquer modo, concorrerem para as condutas criminosas descritas 
neste artigo, na medida de sua culpabilidade. 
CRIMES TRIBUTÁRIOS – LEI Nº 8.137/1990 
Art. 1 – Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou 
contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
I – Omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias. 
II – Fraudar a fiscalização tributária,inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação 
de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal. 
III – Falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro 
documento relativo à operação tributável. 
IV – Elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber 
falso ou inexato. 
V – Negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento 
equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente 
realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena – reclusão, de dois a cinco 
anos, e multa. 
Art. 2 – Constitui crime da mesma natureza: 
I – Fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar 
outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo. 
II – Deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, 
descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria 
76 
 
recolher aos cofres públicos. 
III – Exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer 
percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como 
incentivo fiscal. 
IV – Deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou 
parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento. 
V – Utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito 
passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, 
fornecida à Fazenda Pública. Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL – LEI Nº 7.492/86 
Art. 10 – Fazer inserir elemento falso ou omitir elemento exigido pela legislação, em 
demonstrativos contábeis de instituição financeira, seguradora ou instituição integrante 
do sistema de distribuição de títulos de valores mobiliários. Pena – Reclusão, de um a 
cinco anos, e multa. 
Art. 11 – Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida 
pela legislação. Pena – Reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Art. 18 – Violar sigilo de operação ou de serviço prestado por instituição financeira ou 
integrante do sistema de distribuição de títulos mobiliários de que tenha conhecimento, 
em razão de ofício. Pena – Reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Antes de finalizar esta seção de estudos, é importante que você reflita sobre empresas que 
nunca enviam os documentos solicitados, inclusive os extratos bancários, achando que 
isso não fará muita diferença no resultado do Balanço Patrimonial (BP) e da 
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 3.741/2000, de 8 novembro de 
2000. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, define e 
estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e publicação de 
demonstrações contábeis e dispõe sobre os requisitos de qualificação de entidades de 
estudo e divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e auditoria 
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. Brasília, DF: Câmara dos 
Deputados, 2000. Disponível em: https://bit.ly/3xjTo63. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC 
PG 01, de 7 de fevereiro de 2019. Aprova a NBC PG 01 – Código de Ética Profissional 
do Contador. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 14 fev. 2019. Disponível 
em: https://bit.ly/3DifF8i. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 1.055, de 7 de outubro 
de 2005. Cria o COMITÊ DE 
PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – (CPC), e dá outras providências. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 24 out. 2005. Disponível em: https://bit.ly/3SdjTlV. Acesso em: 
18 mar. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC nº 1.525, de 9 de junho de 
2017. Altera o caput do art. 38 da Resolução CFC nº 1.309/2010. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF: 16 jun. 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=20141
https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2019/NBCPG01&arquivo=NBCPG01.doc
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=101916
77 
 
2017. Disponível em: https://bit.ly/3QuNshm. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial 
da União, Rio de Janeiro: 31 dez. 1940. Disponível em: https://bit.ly/3By9PhN. Acesso 
em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades 
por Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível 
em: https://bit.ly/2UqQCGG. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. Define os crimes contra o sistema 
financeiro nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 18 
jun. 1986. Disponível em: https://bit.ly/3B62g0o. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção 
do consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 12 set. 
1990. Disponível em: https://bit.ly/3Bvpxdu. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a 
ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo e dá 
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 28 dez. 1990. Disponível 
em: https://bit.ly/3d7QjiI. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3S09hGR. Acesso em: 
18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação judicial 
e extrajudicial do empresário e da sociedade empresária. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF: 9 fev. 2005. Disponível em: https://bit.ly/3d1BYV3. Acesso em: 18 mar. 
2022. 
BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei 
nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e 
estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de 
demonstrações financeiras. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 28 dez. 
2007. Disponível em: https://bit.ly/3U086ZM. Acesso em: 18 mar. 2022. 
BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Altera a legislação tributária federal 
relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concede remissão nos casos em 
que especifica; institui regime tributário de transição, alterando o Decreto nº 70.235, de 6 
de março de 1972, as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 
1991, 8.218, de 29 de agosto de 1991, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.430, de 27 
de dezembro de 1996, 9.469, de 10 de julho de 1997, 9.532, de 10 de dezembro de 1997, 
10.426, de 24 de abril de 2002, 10.480, de 2 de julho de 2002, 10.522, de 19 de julho de 
2002, 10.887, de 18 de junho de 2004, e 6.404, de 15 de dezembro de 1976, o Decreto-
Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e as Leis nos 8.981, de 20 de janeiro de 
1995, 10.925, de 23 de julho de 2004, 10.637, de 30 de dezembro de 2002, 10.833, de 29 
de dezembro de 2003, 11.116, de 18 de maio de 2005, 11.732, de 30 de junho de 2008, 
10.260, de 12 de julho de 2001, 9.873, de 23 de novembro de 1999, 11.171, de 2 de 
setembro de 2005, 11.345, de 14 de setembro de 2006; prorroga a vigência da Lei nº 
8.989, de 24 de fevereiro de 1995; revoga dispositivos das Leis nos 8.383, de 30 de 
dezembro de 1991, e 8.620, de 5 de janeiro de 1993, do Decreto-Lei nº 73, de 21 de 
novembro de 1966, das Leis nos 10.190, de 14 de fevereiro de 2001, 9.718, de 27 de 
novembro de 1998, e 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.964, de 10 de abril de 2000, e, a 
partir da instalação do ConselhoAdministrativo de Recursos Fiscais, os Decretos 
nos 83.304, de 28 de março de 1979, e 89.892, de 2 de julho de 1984, e o art. 112 da Lei 
nº 11.196, de 21 de novembro de 2005; e dá outras providências. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF: 28 maio 2009. Disponível em: https://bit.ly/2JKanqx. Acesso em: 
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=344957
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7492.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm
78 
 
18 mar. 2022. 
BRASIL. Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Altera a legislação 
tributária federal relativa ao 
parcelamento ordinário de débitos tributários, concede remissão nos casos em que 
especifica, institui regime tributário de transição, e dá outras providências. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 4 dez. 2008. Disponível em: https://bit.ly/3eEWivJ. Acesso em: 
18 mar. 2022. 
CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Página inicial, [s. d.]. Disponível 
em: https://bit.ly/3d1C7YB. Acesso em: 27 mar. 2022. 
KPMG. Perfil do fraudador no Brasil. São Paulo: KPMG Consultoria Ltda., 2021. 
Disponível em: https://bit.ly/3Qun732. Acesso em: 27 mar. 2022.Silva Paes 
SEM MEDO DE ERRAR 
Na situação-problema proposta no início desta etapa de aprendizagem, você assumiu a 
tarefa de legalizar uma empresa, mas o seu cliente lhe diz que o valor do capital social da 
nova sociedade será “fictício”, uma vez que ele não tem o dinheiro necessário para 
integralizar o capital agora. Apesar de todos os argumentos apresentados por você, seu 
cliente não quer diminuir o valor, pois precisa de um empréstimo bancário e só o 
conseguirá se demonstrar um capital social bem “alto”. 
Primeiro, precisamos esclarecer o que é capital social e quais são as suas finalidades 
dentro das empresas. 
O capital social deve ser entendido como o valor que os sócios destinam para a sociedade, 
a fim de que esta possa realizar o seu objeto social e tudo aquilo que está estabelecido em 
seu contrato social. É divido em quotas/ações, que são consideradas bens móveis para os 
efeitos legais, devendo constar nas declarações de imposto de renda (IRPF) dos sócios. 
Por ser formado pela contribuição em dinheiro ou bens (desde que possam ser avaliados), 
além de propiciar o desenvolvimento do objeto social, o capital social é uma importante 
ferramenta de proteção para os credores da empresa, pois garante as obrigações 
assumidas. 
Para que uma corporação reduza o seu capital social inicial, deverá provar, fazendo uso 
de certidões negativas, que não tem nenhum débito fiscal ou tributário, confirmando a 
importância dessa conta nas demonstrações contábeis. 
Integralizar um capital social sem o seu devido lastro financeiro (que determina a 
capacidade financeira da empresa) fará com que o valor só exista no contrato (de direito), 
mas não realmente (de fato) no caixa da empresa, de modo que a instituição perderá 
credibilidade no mercado, colocando-se em risco com a redução de concessão de crédito 
ou a inviabilidade no fornecimento de produtos e mercadorias. 
Além disso, de acordo com o art. 299 do Código Penal, fazer declaração falsa em 
documento particular pode levar os seus autores a uma pena de reclusão de um a três anos, 
além de multa. E o contador? Ele pode ser exatamente o agente que faz a inserção da 
informação falsa no contrato social ou, no mínimo, é aquele que faz uso dos documentos 
falsos (art. 304) ou que conhece a verdade dos fatos e se cala (art. 342). 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/mpv/449.htm
http://www.cpc.org.br/CPC
https://d335luupugsy2.cloudfront.net/cms/files/69324/1638906654perfil-fraudador-brasil.pdf
79 
 
PERÍCIA CONTÁBIL FINANCEIRA NUMA EMPRESA PRESTADORA 
DE SERVIÇOS 
Para contextualizar sua aprendizagem, vamos supor que você, agora, esteja realizando a 
perícia contábil financeira de uma empresa prestadora de serviços. Ao perguntar sobre o 
valor do faturamento mensal, você ouve do proprietário que a quantia condiz exatamente 
com as notas fiscais emitidas, as quais, por sua vez, se referem a todos os serviços 
prestados pela organização. 
Independentemente da informação recebida, e tendo ciência da responsabilidade do 
trabalho que está executando, você resolve investigar mais a fundo e pede outros 
documentos para a empresa. Nesse contexto, como você pretende checar se a informação 
recebida é mesmo verdadeira e quais tipos de documentos devem ser solicitados ao 
proprietário? 
 
 
80 
 
UNIDADE 3, SESSÃO 3: PERÍCIA CONTÁBIL CRIMINAL 
PERÍCIA CONTÁBIL CRIMINAL 
PRATICAR PARA APRENDER 
A prova pericial é sempre indicada diante da necessidade de se constatar a existência de 
fatos que dependem do conhecimento de pessoas habilitadas profissionalmente. O agente 
responsável por executá-la, além de possuir conhecimento técnico específico, precisa ter 
domínio sobre a matéria objeto da prova, o que facilitará muito a realização de seu 
trabalho. 
Quanto aos aspectos éticos, além de ilibada idoneidade moral, o profissional precisa e 
deve ser imparcial, isto é, necessita desenvolver e oferecer um trabalho pericial sem ser 
tendencioso, mostrando-se livre de influências ou pressões de pessoas interessadas no 
resultado da demanda. Logo, não pode ter medo de contrariar interesses, devendo expor 
o seu trabalho de forma clara e objetiva. 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você tenha sido contratado para 
efetuar uma perícia contábil na qual seu cliente, o sócio da empresa Bela Vita Ltda., 
precisa de uma defesa técnica referente a uma “Ação Penal sobre Crimes da Lei de 
Licitações”, que envolve um pregão eletrônico do qual participou. Em uma investigação 
conduzida pela Controladoria Geral da União (CGU), no âmbito dos processos 
licitatórios, foi identificado que seu cliente burlou a competitividade do pregão, elevando 
arbitrariamente seus preços de vendas após ganhar a licitação, causando prejuízo ao 
erário. 
A empresa Bela Vita alega que não superfaturou seus preços e que entregou os produtos 
exatamente pelo mesmo valor contratado. Além disso, a organização afirma ter sofrido 
prejuízos com o fornecimento em questão, que comprometeu seu lucro anual. 
Não parece ser tão difícil provar quem detém a verdade nessa história, não é mesmo? 
Basta fazer uma investigação minuciosa para que os fatos apurados apareçam. O 
problema é o seguinte: como realizar essa investigação? O que é preciso analisar para 
conseguir apurar os fatos? 
Então, vamos lá! Com base em seus conhecimentos contábeis, descreva o que realmente 
deve ser feito. 
CONCEITO-CHAVE 
A perícia criminal utiliza técnicas ligadas à ciência forense e atua nas infrações penais, 
para as quais o Estado assume a defesa do cidadão em nome da sociedade. Essas infrações 
têm como objetivo final a obtenção de lucro. 
A legislação que regulamenta as perícias oficiais de natureza criminal é a Lei nº 12.030, 
de 17 de setembro de 2009, a qual exige “concurso público, com formação acadêmica 
específica, para o provimento do cargo de perito oficial” (BRASIL, 2009, [s. p.]). 
Numa perícia contábil criminal só existe a figura do perito contador oficial (peritos 
concursados por órgãos de segurança e institutos de criminalística, em âmbito estadual, e 
pelos peritos criminais federais), cujo trabalho deve ser requerido pelo juiz, por uma 
autoridade policial ou pelo membro do Ministério Público. 
Nos crimes de natureza criminal contábil, incluem-se diversasatividades ilegais, como as 
mencionadas a seguir. 
81 
 
1. Sonegação fiscal: constitui crime de sonegação fiscal prestar declaração falsa ou 
omitir informação com a intenção de eximir-se do pagamento de tributos, taxas e 
quaisquer adicionais devidos por lei; inserir elementos inexatos ou omitir 
rendimentos em documentos ou livros exigidos por lei com o intuito de exonerar-
se do pagamento de tributos; alterar faturas e quaisquer documentos com o 
propósito de fraudar a Fazenda Pública; fornecer ou emitir documentos graciosos 
ou alterar despesas com o objetivo de obter dedução de tributos devidos; exigir, 
pagar ou receber, para si ou para o contribuinte, qualquer porcentagem sobre a 
parcela dedutível. O crime previsto é de reclusão, de seis meses a dois anos, e 
multa de duas a cinco vezes o valor do tributo. 
2. Crimes em licitações: em 2021, o Código Penal passou a apresentar um novo 
capítulo chamado Crimes em licitações e contratos administrativos. Tal crime 
consiste em fazer contratação direta de forma ilegal; frustrar ou fraudar o processo 
licitatório; patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a 
Administração Pública, dando causa à instauração de licitação ou à celebração de 
contrato cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário; modificar ou 
fazer pagamento irregular em contratos administrativos; impedir, perturbar ou 
fraudar a realização de ato de processo licitatório; violar sigilo em licitação; 
afastar ou tentar afastar licitante por meio de violência, grave ameaça, fraude ou 
oferecimento de vantagem de qualquer tipo; fraude em licitação ou contrato; 
contratação inidônea; impedir ou dificultar a inscrição de qualquer interessado nos 
registros cadastrais; omitir, modificar ou entregar dados incorretos ou dissonantes 
com a realidade. Dependendo do crime, as penas podem ser de reclusão, detenção 
e multa. 
3. Estelionato: consiste em obter, para si ou para outra pessoa, vantagem ilícita, em 
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo em erro, mediante artifício, ardil, ou 
qualquer outro meio fraudulento. Outras condutas também são consideradas como 
estelionato, conforme estipula o art. 171 do Código Penal, como: dispor de coisas 
alheias como se fossem próprias; alienação ou oneração fraudulenta de coisa 
própria; defraudação de penhor; fraude na entrega de coisa; fraude para 
recebimento de indenização ou seguro; e fraude no pagamento por meio de 
cheque. A característica principal do estelionato é a fraude. O crime previsto é de 
reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
4. Falsidade ideológica: é a omissão, em documento público ou particular, de 
declaração que dele deva constar, ou nele inserir ou fazer declaração falsa ou 
diversa da que deveria estar escrita, com o fim de prejudicar direito, criar 
obrigação ou alterar a verdade sobre fatos juridicamente relevantes. O crime 
previsto é de reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
5. Lavagem de dinheiro: a expressão vem do inglês money laundering, que dá a 
ideia de que o dinheiro precisa ser “lavado”. É uma prática que remete à época de 
Al Capone, que teria comprado uma lavanderia para justificar a origem do seu 
dinheiro (que vinha de delitos penais nos EUA). Após a assinatura do Tratado 
Internacional de Viena, em 1998, o Brasil sancionou a Lei nº 9.613/1998 e tal 
delito passou a ser criminalizado no território brasileiro. O crime consiste na 
ocultação ou dissimulação da natureza, origem, localização, disposição, 
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou 
indiretamente, de infração penal. O crime previsto é de reclusão, de três a dez 
anos, e multa. 
6. Corrupções: ativa – quando uma pessoa particular oferece vantagens indevidas a 
funcionário público para que este pratique, omita ou retarde algum ato. A pena 
82 
 
para esse tipo de crime é de reclusão, de um a oito anos, e multa. Passiva – consiste 
na solicitação, no recebimento ou na aceitação de vantagem indevida, para si ou 
para outra pessoa, em razão de função pública. A pena prevista é de reclusão, de 
dois a doze anos, e multa. 
7. Peculato: acontece quando um funcionário público se apropria ou desvia um bem 
sobre o qual tem domínio em razão da sua função. É um delito previsto no art. 
312 do Código Penal, sendo considerado um crime funcional. A pena prevista 
para esse crime é de reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
ASSIMILE 
Existem dois tipos de fraudadores: o acidental e o predador 
O fraudador acidental sucumbe à pressão. Desenvolve um ou mais esquemas de fraudes 
e, em algum momento, comete o ato. Esse indivíduo é considerado uma boa pessoa e 
cumpridor da lei, de modo que, em circunstâncias normais, nunca consideraria a hipótese 
de roubar, violar a lei ou prejudicar os outros. 
O fraudador predador já cometeu algum ato ilegal anteriormente e costuma procurar 
organizações nas quais possa iniciar esquemas quase imediatamente após sua contratação. 
Fraudadores acidentais, se não forem barrados de antemão, poderão mudar seu 
comportamento até que se tornem fraudadores predadores. 
De acordo com o item 2 da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Pericial (NBC 
TP) 01, a perícia se realiza a partir da aplicação de um “conjunto de procedimentos 
técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários 
a subsidiar a justa solução do litígio ou constatação de fato [...]” (BRASIL, 2015, p. 2). 
Ainda de acordo com a NBC TP 01, antes mesmo de o perito iniciar as diligências, 
pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos, esse profissional deve se planejar, 
estabelecendo uma metodologia de trabalho, identificando todos os procedimentos 
periciais que serão aplicados e montando um cronograma do processo como um todo. 
Durante a execução do trabalho, o perito deve se ater ao objeto da demanda e determinar, 
com base em seu critério técnico profissional, o universo que será analisado e 
investigado. 
Além disso, é importante que esse profissional tenha um conhecimento multidisciplinar, 
já que estará incumbido de servir como auxiliar da justiça, esclarecendo pontos 
específicos distantes do conhecimento jurídico do magistrado. Dominar a ciência 
grafoscópica (estudo da escrita manuscrita, no sentido de definir sua veracidade ou 
identificar o seu autor) e a ciência documentoscópica (estudo dos documentos, no sentido 
de apontar sua veracidade), por exemplo, é fundamental para a busca da verdade na esfera 
criminal. 
REFLITA 
Importante! 
O laudo pericial é um relatório emitido pelo perito judicial quando nomeado pela Justiça. 
Por sua vez, parecer pericial é um relatório emitido pelo perito extrajudicial quando 
contratado pelas partes de um litígio ou, de forma particular, por qualquer pessoa física 
ou jurídica que precise tomar decisões. 
Ambos devem apresentar a mesma estrutura, seguindo as orientações do Código de 
Processo Civil (CPC) e da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Pericial 01 – NBC 
TP 01 (R1). 
Os detalhes que mostram a diferença entre esses documentos é a nomenclatura 
83 
 
(título) do relatório e o fato de que no parecer não há número de processo, nome das 
partes nem informações sobre o juizado que está “mediando” o litígio. 
Além disso, normalmente o parecer pericial não conta com quesitos que precisam ser 
respondidos pelo perito, mas baseia sua investigação a partir do objeto da perícia, ou seja, 
daquilo que os contratantes desejam elucidar. 
No contexto criminal, a realização de uma perícia segue os mesmos procedimentos 
técnicos constantes da NBC TP 01 (R1), iniciando-se sempre com uma investigação em 
busca de provas ou evidências probatórias. 
A prova, num sentido amplo, é todo meio suscetível de demonstrar a verdade sobre um 
argumento mediante o qual, por meio lícito, busca-se o convencimento do juiz, para que 
este tome a sua decisão. 
O objeto da prova são os fatos, mais precisamente aquelespertinentes ao processo e que 
suscitam o interesse das partes em demonstrá-los. 
Numa investigação, podemos encontrar quatro tipos de evidências probatórias: 
tincidunt lorem, non pulvinar turpis. Aliquam pretium, metus et lobortis suscipit, tellus 
nunc tempus arcu, sit amet hendrerit mi dolor et enim. 
• Evidência testemunhal: evidência colhida de pessoas que, direta ou 
indiretamente, tenham relação com a situação investigada. É a afirmação oral, 
compreendendo as produzidas por testemunhas, declarações da vítima e do réu. 
• Evidência documental: evidência colhida de documentos, sistemas de 
computadores e outros dados escritos ou impressos. É a afirmação escrita ou 
gravada. 
• Evidência material: consiste em qualquer materialidade que sirva de prova ao 
fato probando. É a atestação emanada da coisa: o corpo de delito, os exames 
periciais, os instrumentos do crime, etc. Inclui segurança, furto de ativos, violação 
de marcas e patentes e outras evidências tangíveis. 
• Evidência física ou presencial: evidência decorrente do exame físico de estoques 
e bens patrimoniais quando realizado por intermédio da observação do próprio 
investigador. 
O processo de coleta de provas é feito em cinco etapas: 
• Identificação da prova: é a busca dos elementos que serão expostos no parecer 
ou laudo pericial. 
• Averiguação efetiva: representa a busca material da prova necessária, segundo o 
planejamento efetuado anteriormente. 
• Apresentação da prova: quando o investigador analisa as provas obtidas, 
buscando uma explicação por parte dos responsáveis pela entidade. 
• Admissão da prova: é o consenso, entre o investigador e o investigado, com 
relação às provas encontradas. 
• Apreensão e avaliação da prova: quando o investigador considera as provas 
relevantes para emitir sua opinião em relação a pessoas, assuntos ou áreas 
examinadas. 
Na elaboração do parecer pericial contábil criminal, deverão ser levados em consideração 
os mesmos critérios utilizados na produção do laudo pericial contábil. 
De acordo com a NBC TP 01, “os peritos devem registrar, de forma abrangente, o 
conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu 
84 
 
objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho” 
(BRASIL, 2015, p. 7). Além disso, ao final, devem constar as suas conclusões, sempre 
indicando como as alcançou. 
A linguagem utilizada no relatório precisa ser simples e com coerência lógica. O perito 
não deve ultrapassar os limites da sua designação nem emitir opiniões pessoais. Para 
desempenhar tal atividade, esse profissional e os assistentes técnicos das partes podem 
ouvir testemunhas e obter informações a partir de solicitações feitas a terceiros ou 
repartições públicas, preenchendo seu relatório com planilhas, mapas, plantas, desenhos, 
fotografias ou outros elementos necessários ao esclarecimento do objeto da perícia. 
A norma prevê, ainda, que a estrutura do relatório (tanto do laudo pericial como do 
parecer pericial) deve conter, no mínimo, os seguintes itens: 
• Identificação do processo e das partes. 
• Síntese do objeto da perícia. 
• Resumo dos autos. 
• Metodologia adotada para os trabalhos periciais e esclarecimentos. 
• Relato das diligências realizadas. 
• Transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o laudo pericial 
contábil. 
• Transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer técnico 
contábil, onde houver divergência das respostas formuladas pelo perito do juízo. 
• Conclusão. 
• Termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices. 
• Assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de contador, seu 
número de registro no Conselho Regional de Contabilidade, comprovado 
mediante Certidão de Regularidade Profissional (CRP), e sua função (se laudo, 
perito do juízo; e, se parecer, perito-assistente da parte). É permitida a utilização 
da certificação digital, em consonância com a legislação vigente e as normas 
estabelecidas pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil). 
O art. 473 do Código de Processo Civil (CPC) de 2015 também estabelece uma estrutura 
para a apresentação do laudo pericial, que deverá conter: 
I – a exposição do objeto da perícia; 
II – a análise técnica ou científica realizada pelo perito; 
III – a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser 
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se 
originou; 
IV – resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo 
órgão do Ministério Público. 
(BRASIL, 2015, [s. p.]). 
No caso do parecer pericial, é comum que os peritos extrajudiciais também utilizem o 
modelo do CPC. 
Vejamos, a seguir, um exemplo de parecer pericial criminal que segue as orientações do 
Código de Processo Civil de 2015, complementado com as orientações da NBC TP 01 
(R1). 
85 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA (NÚMERO) VARA (ÓRGÃO 
JULGADOR – FEDERAL, CIVIL, ETC.) DA COMARCA DE (NOME DA 
CIDADE) – (SIGLA DO ESTADO) 
Processo: (colocar o número do processo, caso haja). 
Ação: (colocar o nome da ação que consta no processo, caso haja). 
Autor: (colocar o nome do autor ou autores, caso haja). 
Réu: (colocar o nome do réu ou réus, caso haja). 
1 EXPOSIÇÃO DO OBJETO DA PERÍCIA (ART. 473, I, DA LEI Nº 
13.105/2015) 
1.1 SÍNTESE 
Neste campo o perito identifica os principais fatos (resumo) que culminaram na sua 
contratação ou nomeação. 
1.2 RESUMO HISTÓRICO 
Nesta seção o perito faz um levantamento detalhado, de preferência em tópicos (para 
facilitar a leitura posteriormente), identificando datas e números de páginas do processo 
(caso haja) e esclarecendo os pontos mais importantes do caso, como: inicial com os 
pedidos do autor; contestação do réu; decisão ou sentença judicial; nomeação do perito; 
proposta de honorários apresentada, etc. 
2 METODOLOGIA (ART. 473, III, DA LEI Nº 13.105/2015) 
É neste tópico que o perito precisa descrever a metodologia adotada no desenvolvimento 
do seu trabalho e os critérios técnicos que utilizou durante a investigação, além de toda a 
legislação aplicada em cada caso. Deve, ainda, explicar como se organizou e a forma de 
divisão do seu trabalho. 
Normalmente o perito inicia este parágrafo da seguinte forma: “A metodologia aplicada 
na elaboração deste Parecer Técnico Contábil observou as Normas Profissionais de 
Perícia Contábil – NBC TP 01 (R1) e NBC PP 01 (R1) –, bem como, no que aplicável, a 
Lei nº 13.105/2015 – Novo Código de Processo Civil, em especial seu art. 473.”. 
3 DILIGÊNCIAS REALIZADAS 
Todas as diligências realizadas deverão ser identificadas neste campo, onde o perito 
determina o que foi pedido e para quem, além de apresentar os resultados encontrados, 
sejam eles positivos ou negativos, como a recusa no atendimento da solicitação. É 
86 
 
importante que todos saibam que o trabalho foi realizado de acordo com as normas, 
mesmo que a falta de algum documento prejudique o andamento da investigação. 
4 ANÁLISE TÉCNICA (ART. 473, II, DA LEI Nº 13.105/2015) 
Este é o momento em que o perito discorre sobre os seus achados, detalhando fatos, 
legislação e questões que foram analisadas. Devem-se apresentar cálculos, entrevistas, 
etc., fundamentando todo o material coletado e descrito nesta seção do documento. É a 
parte mais importante do seu relatório e, portanto, merece especial atenção. 
É preciso mencionar os anexos e/ou apêndices apresentados sempre que forem avaliados, 
para facilitar a interpretação das informações. 
Exemplo: “Durante a análise das AGO e AGE (Anexos 7 a 12), este(a) perito(a) elaborou 
os seguintes quadros resumos, com o intuito de identificar os pontos mais relevantes.”. 
Se houver quesitos, é neste campo que eles serão inseridos e respondidos. Além disso, é 
importante separá-los de acordo com quem fez a pergunta. 
QUESITOS DO MAGISTRADONão foram apresentados quesitos pelo MM. Juiz. 
QUESITOS DO AUTOR 
O autor formulou quesitos (fl. 164). 
5 CONCLUSÃO 
Neste tópico o perito relata os principais achados a partir da análise técnica do seu 
trabalho. Quantificar, sempre que for possível, auxilia na tomada de decisão por parte dos 
interessados. 
É na conclusão que o perito faz esclarecimentos sobre fatos encontrados no decorrer de 
sua investigação e que não constaram na quesitação. 
Vale ressaltar que o perito não conclui o processo, e sim o seu trabalho. Muitos peritos 
confundem o termo “conclusão” e acabam definindo, de maneira antecipada, quem é 
culpado ou inocente. 
6 ENCERRAMENTO 
É aqui que o perito finaliza o seu relatório, identificando quantas folhas foram produzidas 
e, no caso de utilização de anexos e/ou elaboração de apêndices, quantos arquivos 
adicionais foram gerados. Vejamos, a seguir, um exemplo de encerramento: 
“Nada mais havendo a expor, dá-se por finalizado o presente trabalho, que se apresenta 
em xx folhas impressas por processamento de dados só no anverso do papel, numeradas 
de 1 a xx no rodapé. Além disso, existem mais xx (xx) Apêndices e mais xx (xx) Anexos, 
que são parte integrante do presente Parecer Pericial Contábil, todos rubricados e 
assinados.”. 
87 
 
7 APÊNDICES 
Nesta parte, é preciso relacionar todos os apêndices produzidos, os quais devem ser 
identificados com número e nome. 
8 ANEXOS 
Nesta seção, é necessário relacionar todos os anexos produzidos, também identificados 
com número e nome. 
EXEMPLIFICANDO 
Anexos são documentos que o perito obteve por intermédio de diligências e que foram 
utilizados como elementos de prova, servindo de base para a sua argumentação. 
Apêndices são documentos que foram elaborados pelo perito, como planilhas, termos de 
diligências, etc., e que também serviram de base para a sua argumentação. 
Antes de finalizar esta seção de estudos, é importante que você reflita sobre a importância 
do contador durante a atividade pericial, uma vez que o seu trabalho deve ser conduzido 
pela incansável busca da verdade. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC 
PP 01 (R1): perito contábil, 
de 19 de marco de 2015. Dá nova redação à NBC PP 01, que dispõe 
sobre perito contábil. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 27 mar. 2020. Disponível 
em: https://bit.ly/3B8uho3. Acesso em: 9 abr. 2022. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade – NBC 
TP 01 (R1): perícia contábil, de 27 de fevereiro de 2015. Dá nova redação à NBC TP 01 
– Perícia Contábil. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 19 mar. 2015. Disponível 
em: https://bit.ly/2kXUT4l. Acesso em: 7 abr. 2022. 
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial 
da União, Rio de Janeiro: 31 dez. 1940. Disponível em: https://bit.ly/3d4noft. Acesso 
em: 7 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965. Define o crime de sonegação fiscal e 
dá outras providências. Diário 
Oficial da União, Brasília, DF: 19 jul. 1965. Disponível em: https://bit.ly/3d4I4UB. 
Acesso em: 7 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986. Define os crimes contra o sistema 
financeiro nacional, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 18 
jun. 1986. Disponível em: https://bit.ly/3DebhqD. Acesso em: 7 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de “lavagem” ou 
ocultação de bens, direitos e 
valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta 
Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras – COAF, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 4 mar. 1998. 
https://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2020/NBCPP01(R1)&arquivo=NBCPP01(R1).doc
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4729.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7492.htm
88 
 
Disponível em: https://bit.ly/3U4G9zO. Acesso em: 7 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 12.030, de 17 de setembro de 2009. Dispõe sobre as perícias oficiais e 
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 18 set. 2009. Disponível 
em: https://bit.ly/3Dhu5oV. Acesso em: 7 abr. 2022. 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo 
Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 mar. 2015. Disponível 
em: https://bit.ly/3eMbreY. Acesso em: 9 abr. 2022.da Silva Paes 
SEM MEDO DE ERRAR 
Então, pensou bem sobre a história do seu cliente, apresentada no início desta etapa de 
aprendizagem? 
Ele alega que foi injustamente envolvido em uma “Ação Penal sobre Crimes da Lei de 
Licitações”, já que não superfaturou os seus preços, entregando seus produtos pelo 
mesmo valor contratado. Afirma, inclusive, que teve prejuízos contábeis durante esse 
contrato. 
Como devemos iniciar essa investigação? O que é preciso analisar para conseguir 
apurar os fatos? Você deve seguir cinco passos: 
 
O primeiro é analisar a estrutura de formação de preço que a empresa Bela Vita Ltda. 
apresentou ao participar do pregão eletrônico. Nessa estrutura, identificamos todos os 
custos envolvidos, como: impostos e taxas de vendas, custo da mercadoria vendida, 
outros custos/despesas e, consequentemente, o preço de venda e o possível lucro apurado. 
O segundo é proceder à análise das informações extraídas do edital e da ata do pregão 
eletrônico, quando poderemos constatar se o valor ofertado pela empresa Bela Vita Ltda. 
atendeu aos parâmetros do edital, como o critério do menor preço global. 
O terceiro é analisar todas as notas fiscais emitidas pela empresa antes, durante e depois 
do contrato, para detectar se houve alteração nos preços praticados. 
O quarto passo demanda um pouco mais de cuidado. Com todas as notas fiscais de 
compras de vendas em mãos, é de suma importância checar se os livros fiscais da empresa 
Bela Vita Ltda. foram devidamente escriturados e seus valores, levados à tributação. Os 
livros diários também deverão ser averiguados para identificar se as mesmas notas fiscais 
foram contabilizadas de modo correto. Caso se opte por analisar outros custos e despesas, 
também será necessário conferir se estão suportados por documentos legais e se foram 
contabilizados. 
Na quinta etapa buscamos as demonstrações contábeis da Bela Vita e, com elas em 
mãos, conseguiremos saber qual foi o resultado apresentado ao longo dos anos e se, 
durante o contrato, realmente houve um prejuízo apurado. Vale destacar a importância de 
observar se a empresa não fornece suas mercadorias para apenas um órgão. 
De posse de todas essas informações e depois de planilhar os dados, iniciamos o processo 
de comparação à procura de respostas. Comparar os valores orçados com os executados 
é a melhor forma de saber o que aconteceu durante o período questionado. 
Todo esse procedimento não parece tão difícil depois que fazemos uma checklist, não é 
mesmo? 
Mas não se esqueça: quando mencionamos “notas fiscais”, um alerta deve ser ligado. A 
legislação do ICMS é muito complexa e pode conter “detalhes extras” de acordo com o 
Estado analisado. Substituição tributária, diferencial de alíquota e venda para entrega 
futura são termos comumente ligados a esse assunto. É por isso que o perito, além de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9613.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12030.htm
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm
89 
 
especialista, também deve ter larga experiência profissional, pois dessa maneira o 
trabalho fica menos complexo. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
NOMEAÇÃO EM PERÍCIA JUDICIAL 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você tenha sido nomeado por um juiz 
para efetuar uma perícia contábil judicial. 
Aoanalisar o processo para o qual foi nomeado, você observa que não tem tanta 
experiência com o tipo de problema discutido no caso, apesar de conhecer o assunto pelo 
fato de já tê-lo estudado na faculdade. 
Você sabe que o tema em questão não é tão complexo assim e que, com uma boa leitura, 
será possível realizar um ótimo trabalho. Além disso, um de seus colegas de profissão diz 
que gostaria muito de colaborar na perícia e incentiva você a aceitar o encargo, afirmando 
que, juntos, vocês serão capazes de concluir o processo sem ter problemas. É assim que 
aprendemos, não é mesmo? Na prática! 
A pergunta é bem simples: você aceitaria tal atribuição, mesmo sem ter experiência no 
assunto discutido? 
 
90 
 
UNIDADE 4, SESSÃO 1: PERÍCIA CINTÁBIL E 
ELUCIDAÇÃO DE CRIMES 
CONVITE AO ESTUDO 
Entre 5% a 10% do faturamento das empresas são desviados anualmente e, mesmo 
quando os controles para riscos de fraudes são efetivos, contando com a detecção a partir 
de denúncias anônimas, por exemplo, os fraudadores ainda conseguem burlá-los ou 
negligenciá-los. 
As fraudes são extremamente prejudiciais a toda a sociedade e vêm sendo consideradas 
um problema global crônico. Além de trazer consequências financeiras e econômicas 
desastrosas, também geram danos reputacionais irreversíveis às corporações envolvidas, 
já que, como consequência, tais organizações precisam fazer investimentos financeiros 
para a recuperação de seus dados. 
Nesse contexto, a principal tarefa do perito contador é comunicar a existência de qualquer 
fraude durante a execução do seu trabalho. Esse profissional atua em todas as questões 
que envolvem fatos patrimoniais e, ao fazer uso da investigação contábil, pode agregar 
ao inquérito policial aspectos patrimoniais e financeiros relacionados à criminalidade. 
A perícia contábil criminal pode ser utilizada, ainda, como medida de combate a casos de 
lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, crimes em licitações e fraudes no mercado 
financeiro, como o suborno de agentes públicos, a chantagem, as propagandas enganosas 
e abusivas, os desvios de capital, as falências fraudulentas, etc. Logo, é uma área repleta 
de informações e muito proveitosa para quem deseja buscar respostas direcionadas a 
grandes problemas empresariais. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Diante do panorama atual, marcado por grandes escândalos de corrupção e de lavagem 
de dinheiro envolvendo empresas privadas e órgãos públicos, tornou-se necessária a 
adoção de medidas mais enérgicas que auxiliem na detecção de fraudes, municiando os 
órgãos julgadores com a geração de provas. Dessa forma, podem-se reduzir os diversos 
impactos negativos que afetam a democracia e o desenvolvimento econômico de toda a 
sociedade. Além disso, os custos envolvidos num processo de investigação acabam 
minimizando ainda mais os investimentos em saúde, segurança, educação, etc. 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você tenha sido contratado para 
realizar uma perícia contábil criminal relacionada à seguinte situação: uma companhia 
apresentou, para um órgão regulador, documentos que continham a revisão de seus dados 
financeiros do ano de 2020, assim como ajustes nos resultados de 2021 previamente 
anunciados, visto que a corporação registrou em seus livros contábeis, de forma irregular, 
o valor de R$ 6,4 bilhões em receitas. 
O valor lançado originalmente como vendas de equipamentos foi posteriormente 
reclassificado como receita de aluguel. A operação provocou uma distorção do real 
desempenho dos negócios. 
Você foi contratado para identificar o(s) potencial(ais) tipo(s) de fraude(s) cometida(s) 
pela empresa e deverá propor análises financeiras/contábeis capazes de auxiliar na 
detecção de irregularidades e valores envolvidos. Tais análises poderão agilizar a 
91 
 
detecção de dolo e dos potenciais agentes causadores do evento fraudulento. 
Então, vamos lá! Reflita sobre o caso! 
CONCEITO-CHAVE 
A finalidade da perícia contábil é trazer à tona possíveis irregularidades ou manipulações 
contábeis provenientes de pessoas que utilizam meios fraudulentos, como ardis, artifícios, 
mentira e engano, na intenção de obter algum proveito ilícito. 
A partir dos seus procedimentos técnicos, a perícia investiga as mais variadas mudanças 
patrimoniais e presta esclarecimentos sobre a origem e aplicação dos recursos de pessoas 
físicas e jurídicas, produzindo provas que serão utilizadas para elucidar diversos 
questionamentos, como o que aconteceu, como aconteceu e quem é o responsável pelo 
ocorrido. 
Com o aumento dos casos de corrupção, a perícia contábil vem sendo cada vez mais 
utilizada na tentativa de restaurar a confiança dos diversos usuários da informação 
contábil, já tão abalada por tantos escândalos envolvendo grandes empresas. 
Dentro de uma perícia, as provas são os elementos centrais, já que sem elas não poderá 
haver uma tomada de decisão. São as provas que materializam um fato conflituoso, 
subsidiando a sentença judicial ou extrajudicial. Na área penal, elas são ainda mais 
requisitadas por causa da gravidade do conflito: ouvir testemunhas, fazer perguntas ou 
interrogatórios, analisar documentos, efetuar buscas e apreensões estão entre as provas 
mais utilizadas num litígio. Além disso, a prova pericial também é muito exigida quando 
o fato conflituoso necessita de um especialista no assunto em discussão. 
Em sua pesquisa, Paes (2019, p. 103) identificou que “a sentença proferida pelos 
magistrados se baseia em 100% do que foi apresentado pelo perito contador em seu 
trabalho, para cinco dos seis juízes entrevistados”, fato que mostra o grau de relevância 
desse tipo de prova nos meios judiciais. Para alguns juízes entrevistados durante esse 
mesmo estudo, a prova pericial é tão importante que serve de embasamento para a 
fundamentação da sua sentença. 
REFLITA 
A pesquisa de Paes (2019) também detectou o que os magistrados procuram num laudo 
pericial: que ele seja mais claro, mais conclusivo, tenha mais objetividade e seja 
esclarecedor. Além disso, para cinco dos seis juízes entrevistados, os laudos periciais 
contábeis atendem às suas necessidades na tomada de decisão, demonstrando que, se o 
perito tem conhecimento técnico e habilidade para se expressar, pode ajudar o juiz a 
definir sua resolução, mesmo que este não tenha nenhum conhecimento técnico-contábil. 
A perícia criminal contábil é de suma importância para a elucidação de vários crimes, 
especialmente aqueles que atacam o sistema financeiro ou a ordem econômica e tributária. 
Tais crimes, na maioria das vezes, estão relacionados a aspectos contábeis, envolvendo 
uma grande quantidade de dinheiro público que precisa ser ressarcido ao erário. 
O perito contador é o detentor do conhecimento sobre a realidade patrimonial não 
somente quanto a aspectos qualitativos e quantitativos, mas principalmente em relação às 
suas causas e efeitos. 
No contexto criminal, a perícia contábil costuma ser realizada antes da fase processual, 
sendo obrigatória quando os crimes deixam vestígios nas demonstrações contábeis. Nesse 
caso, o perito deve ser capaz de identificar todas as atividades ilícitas ocorridas, como: 
92 
 
desvios e corrupção, contabilidade paralela, simulação de renda, simulação de operações 
comerciais, empréstimos fictícios, origem e destino de valores financeiros, remessa de 
dinheiro para os paraísos fiscais, contratos fraudulentos, notas fiscais frias, declarações 
falsas, etc. 
Confrontando as informações apresentadas e analisando os documentos que as geraram 
(extratos bancários, relatórios de aplicações financeiras, obrigações acessórias 
apresentadas pela contabilidade aos órgãos públicos, contratos diversos, notas fiscais, 
processos licitatórios, livros contábeis, etc.), a perícia se torna um importante instrumento 
de justiça, garantindo o esclarecimento de todos os fatos e a punição dos envolvidos. 
A perícia criminalcontábil, nos âmbitos estaduais, é executada pelas polícias civis dos 
Estados e Distrito Federal. No domínio nacional, tal atividade é articulada pelo Instituto 
Nacional de Criminalística do Departamento de Polícia Federal. 
Após a identificação da origem do crime e do órgão responsável pela demanda, os peritos 
iniciam o processo de investigação, com a definição dos procedimentos investigativos de 
acordo com os aspectos específicos da averiguação. À medida que a apuração avança e 
novos elementos são descobertos, alguns ajustes passam a ser feitos nos procedimentos. 
As investigações incluem os seguintes métodos: 
1. Entrevistas: com o objetivo de checar as informações já coletadas e buscar novos 
dados, as entrevistas são realizadas com os possíveis envolvidos ou conhecedores 
dos fatos. 
Para a realização de uma boa entrevista, é importante compreender, com 
antecedência, todos os detalhes sobre a situação alegada, tornando-se apto para 
responder às seguintes perguntas: Como aconteceu? Onde aconteceu? Quem viu? 
Com quem estava? Quanto tempo durou? 
A escolha dos entrevistados dependerá do fato recebido. Basicamente, qualquer 
pessoa que possa contribuir com informações relevantes pode ser entrevistada, 
como gestores, colegas do denunciado ou denunciante, profissionais que atuam 
na mesma área em que os fatos ocorreram, etc. 
As entrevistas podem ser: exploratórias (ajudam a obter uma visão inicial sobre o 
objeto da investigação, auxiliando na compreensão de todo o contexto); 
investigativas (buscam mais detalhes sobre o contexto e novos elementos); e de 
confronto (uma conversa com o denunciado ou fraudador, com evidências do fato 
investigado). 
É importante que haja um roteiro a ser seguido e que o ambiente esteja preparado, 
com a presença de, pelo menos, dois entrevistadores. Além disso, a interlocução 
poderá ocorrer de forma presencial ou virtual, via telefone ou videoconferência. 
Para finalizar, recomenda-se que o perito tome notas dos principais pontos 
discutidos, não minta ou prometa algo que não possa cumprir, não dê conselhos 
ou advertências morais e não faça perguntas tendenciosas ou que não tenham 
relação com o caso. 
2. Background investigation (BKG): é a verificação de antecedentes ou o processo 
de coleta, análise e consolidação das informações apresentadas a partir de 
registros eletrônicos ou por consulta in loco. Essas informações também podem 
ser obtidas em locais públicos, como por meio dos registros das mídias. 
O BKG Check integrado à investigação pode trazer dados relevantes sobre as 
fraquezas operacionais da empresa e identificar possíveis não conformidades com 
políticas empresariais ou governamentais, bem como conflitos de interesse. Vale 
destacar, ainda, que esse método promove a análise da movimentação patrimonial. 
O processo se dá a partir do cruzamento dos dados encontrados em bases públicas 
93 
 
gratuitas ou pagas e pesquisa de mídia. A inspeção pode ser simples, quando há 
apenas uma análise financeira, societária e criminal do público-alvo, ou complexa, 
caso também sejam investigados os registros em órgãos específicos, como Anvisa 
ou Ibama, ou a situação do contrato de registro da empresa, feito na Junta 
Comercial de cada Estado, ou até mesmo o histórico de processos civis, criminais 
e trabalhistas. Além disso, investiga-se a existência de algum pedido de falência 
ou recuperação judicial. 
EXEMPLIFICANDO 
Algumas certidões negativas, dependendo do Estado, podem ser solicitadas de forma on-
line e gratuita, como: certidão de improbidade administrativa e inelegibilidade, certidão 
da Justiça Federal, certidão do Procon, etc. Outras podem ser pagas, como as certidões 
dos cartórios de distribuição. 
Em casos mais específicos, outros mecanismos de coleta podem ser necessários, como o 
uso do Certificado Digital para identificar pendências tributárias no âmbito federal 
(Receita Federal do Brasil e INSS). 
A investigação patrimonial se dá por meio de consultas a registros públicos, com o 
objetivo de identificar bens móveis, imóveis ou semoventes (animais). As principais 
pesquisas realizadas relacionam-se a: certidões públicas das juntas comerciais estaduais, 
certidões públicas dos cartórios de registro de imóveis, certidões públicas dos cartórios 
de registro de títulos e documentos, documentos públicos da Agência Nacional de 
Aviação Comercial (Anac), documentos públicos do Departamento Nacional de Trânsito, 
entre outros ofícios. 
3. Data analytics: transformar dados digitais mantendo a integridade das 
informações é a principal preocupação da tecnologia forense e das técnicas 
de analytics. 
A definição das técnicas aplicadas dependerá do formato dos dados que serão 
manuseados. Nesse sentido, podemos encontrar dois grandes grupos: dados 
estruturados, aqueles que possuem um padrão fixo e constante, como arquivos em 
XML ou um sistema integrado ERP; e dados não estruturados, aqueles que não 
possuem um formato ou organização definidos, como e-mails, planilhas, vídeos 
ou áudios, etc. 
Quando se identifica uma informação (dados) que pode ser útil, é preciso entender 
onde ela está, quem pode acessá-la e como está protegida. Não se deve mantê-la 
por mais tempo do que o requerido inicialmente, a menos que surjam outras 
demandas de análise. 
Depois de obter o acesso aos dados, estes precisam ser isolados e protegidos, para 
que não sejam alterados ou destruídos. Durante a coleta das informações, deve-se 
utilizar uma metodologia apropriada, sempre respeitando a cadeia de custódia e 
verificando a sua integridade, a legibilidade, o backup e a validação do hash, a 
fim de confirmar que os dados não foram modificados durante a manipulação do 
perito. 
ASSIMILE 
O art. 158-A do Código Penal estabelece que a cadeia de custódia “é o conjunto de todos 
os procedimentos utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio 
94 
 
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir 
de seu reconhecimento até o descarte” (BRASIL, 1941, [s. p.]). 
4. Revisão dos documentos eletrônicos: a revisão dos documentos coletados a 
partir de dados não estruturados dá um pouco mais de trabalho, por causa da 
quantidade de informações que chegam de forma dispersa e aleatória. Existem 
técnicas que são aplicadas com a finalidade de reduzir o volume de material e 
organizar os documentos de forma mais adequada. Já a revisão dos documentos 
coletados por meio de dados estruturados, apesar de mais extensa, acaba 
produzindo informações mais precisas. 
A análise se inicia com base nos dados dos usuários de um determinado sistema, 
identificando suas restrições e limitações. Depois, o próprio sistema é avaliado, 
na intenção de saber se ele permite que o usuário visualize todos os registros, se 
há alguma limitação tecnológica e se existem filtros que o usuário não consegue 
ver. Isso é importante, porque os relatórios emitidos podem conter inconsistências 
em função de algumas restrições do próprio sistema. 
O código-fonte (linguagem de programação) também é analisado, para verificar 
se existem erros gerados por intermédio de novas implantações ou se a integração 
com outros sistemas acontece de forma adequada. 
Para concluir o processo, investiga-se a forma como os dados são armazenados, 
ou seja, se existem backups disponíveis, quem possui acesso ao banco de dados, 
etc., finalizando com os testes de integridade, os quais buscam respostas, por 
exemplo, para os seguintes questionamentos: O valor movimentado nos 
lançamentos contábeis é o mesmo apontado no balanço? Os valores registrados 
nos pagamentos são diferentes dos que constam nos extratos bancários? Os 
valores movimentados entre diferentes sistemas apresentam disparidades? 
Existem justificativas para valores divergentes dentro de um fluxo? 
5. Análises financeiras e contábeis: revisando as informações financeiras e 
contábeis relacionadasàs alegações da suposta fraude, podem-se identificar os 
impactos financeiros, os possíveis envolvidos e até mesmo falhas nos controles 
internos. 
O fluxo normal dos processos empresariais envolve três fases, e podemos 
encontrar fraudes em cada uma delas. A primeira fase é a operacional. Nessa 
etapa, há o fechamento dos contratos, a compra de imobilizados e de 
equipamentos de produção, a aquisição do estoque para a produção, etc. Dentro 
desse contexto, podemos encontrar as fraudes operacionais. 
A segunda fase é a dos registros contábeis. Durante esse estágio, temos os 
processos financeiros e gerenciais (sistemas), os registros financeiros contábeis 
(razão contábil), a elaboração do balancete de verificação e o fechamento dos 
demonstrativos contábeis. Nesse caso, é possível observar fraudes contábeis. 
A terceira fase é a das demonstrações contábeis e financeiras, na qual temos a 
elaboração das demonstrações contábeis e das notas explicativas, a assinatura da 
carta de representação e a emissão das demonstrações financeiras. Nesse contexto, 
podemos encontrar as fraudes em demonstrações contábeis e financeiras. 
Como se dá o esquema de fraude nas demonstrações contábeis e financeiras? 
Na conta clientes, podem-se encontrar receitas fictícias, diferenças temporais e 
avaliação indevida dos ativos. 
Nas contas estoques e imobilizados, é possível detectar diferenças temporais e 
avaliação indevida dos ativos. 
Nas contas fornecedores e empréstimos, podem-se encontrar omissões de 
95 
 
passivo. 
Nas contas de receitas, é possível identificar receitas fictícias e diferenças 
temporais. 
Nas contas de despesas, podem-se encontrar diferenças temporais, avaliação 
indevida e omissão de despesas. 
As análises contábeis comumente realizadas estão elencadas no Quadro 4.1, a 
seguir: 
Quadro 4.1 | Exemplos de análise e descrição de testes 
Exemplos de análises Descrição do teste 
Contas divergentes Pagamentos realizados para diferentes contas 
bancárias de um mesmo fornecedor. 
Mesma conta bancária Pagamentos realizados para contas bancárias 
iguais de diferentes fornecedores. 
Fornecedores não cadastrados Pagamentos realizados a fornecedores não 
incluídos no cadastro de fornecedores. 
Mesma referência de Nota Fiscal no 
mesmo ano 
Pagamentos a fornecedores cujo campo de 
referência indique uma mesma NF ou conste em 
branco. 
Mesma data de lançamento/pagamento Pagamentos realizados a um mesmo fornecedor 
na mesma data. 
Fornecedores cadastrados com o mesmo 
registro de endereço na base 
Pagamentos realizados a fornecedores 
registrados no cadastro com o mesmo endereço. 
Contas raramente utilizadas Pagamentos contabilizados em contas contábeis 
pouco utilizadas ou com natureza divergente do 
serviço. 
Lançamentos manuais Lançamentos manuais e/ou contas com muitos 
lançamentos manuais. 
Usuários (sistemas e logs de alteração) Lançamentos e/ou alterações realizadas por 
usuários envolvidos nas alegações. 
Lançamentos sem descrição Lançamentos sem descrição ou com descrição 
divergente da natureza da conta. 
Fonte: EY Forensics Academy (2022a). 
6. Reporte dos resultados: nesse procedimento, o perito prepara o seu laudo 
pericial, com a descrição minuciosa da dinâmica dos fatos que foram examinados 
e os critérios adotados para responder aos quesitos formulados pelo juiz, seguindo 
os itens exigidos pelo Novo Código de Processo Civil. 
Antes de finalizar esta seção de estudos, devemos observar que o trabalho contábil é 
bastante complexo, exaustivo e normalmente passível de erros. 
O que estamos debatendo, nesse contexto, é que, em determinadas ocasiões, erros comuns 
acabam se transformando em fraudes. Identificá-los e diferenciá-los faz toda a diferença 
dentro de uma perícia contábil. Imputar um dolo injustamente pode acabar com a carreira 
de um profissional. Ao mesmo tempo, ignorar uma fraude significará a perpetuação dos 
problemas, com a certeza da impunidade. 
96 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo 
Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 13 out. 1941. Disponível 
em: https://bit.ly/3L84Mrs. Acesso em: 27 mar. 2022. 
EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 8. Rio de Janeiro: UERJ, 
2022a. 
EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 9. Rio de Janeiro: UERJ, 
2022b. 
EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 10. Rio de Janeiro: UERJ, 
2022c. 
LARA, W.; GAZZONI, M. Justiça condena 7 ex-executivos do banco Panamericano. G1, 
8 fev. 2018. Disponível em: http://glo.bo/3U3MMSX. Acesso em: 19 abr. 2022. 
PAES, A. L. da S. Os desafios na formação do perito contador do estado do Rio 
de Janeiro: da graduação à 
inserção no mercado de trabalho. 2019. 166 f. Dissertação (Mestrado em Ciências 
Contábeis) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Administração e 
Finanças, Rio de Janeiro. Disponível em: https://bit.ly/3xhbK7O. Acesso em: 27 mar. 
2022.Silva Paes 
SEM MEDO DE ERRAR 
Vamos retomar o caso hipotético que você está periciando? 
A companhia analisada apresentou divergências nas contas de receitas: o valor foi lançado 
originalmente como vendas de equipamentos, mas, posteriormente, foi alterado para 
receita de aluguel, causando distorção do real desempenho dos negócios. 
FRAUDES COMETIDAS 
Possíveis receitas fictícias, que normalmente ocorrem por meio do registro de vendas de 
produtos e/ou serviços que não aconteceram. Nesse caso, os serviços podem até ter sido 
realizados, porém, já que foram registrados como vendas de equipamentos e depois 
alterados para receita de aluguel, há um gap que precisa ser analisado. Além disso, 
referem-se a transações significativas, fora do curso usual dos negócios da empresa, o que 
já liga o sinal de alerta ou a red flag. 
Possíveis divergências no ativo imobilizado, uma vez que as receitas foram geradas, num 
primeiro momento, como venda de imobilizado. Diante disso, deve-se buscar a evidência 
física da existência ou inexistência de tais ativos. 
ANÁLISES FINANCEIRAS/CONTÁBEIS QUE PODERIAM AUXILIAR NA 
DETECÇÃO DAS IRREGULARIDADES E DE VALORES ENVOLVIDOS 
Iniciamos nossa investigação por meio da análise das evidências da receita, como: ordens 
de serviços, contratos, comprovantes de recebimento e a respectiva alocação em centro 
de custo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm
https://g1.globo.com/economia/noticia/justica-condena-7-ex-executivos-do-banco-panamericano.ghtml
https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/8050/1/dissertacao_Aurea_Lopes_da_Silva_Paes.pdf
97 
 
Posteriormente, avaliamos a receita versus os controles gerenciais de mensuração dos 
serviços prestados, verificando o aging list de contas a receber, ou seja, como foi a 
composição do fluxo de caixa em termos de pagamentos e recebimentos. 
Como toda receita deve ter um custo correspondente, analisar os documentos que geraram 
as despesas diretamente relacionadas às receitas auxiliará na identificação do que 
realmente ocorreu na empresa. 
Por último, investigamos as evidências da existência ou inexistência do ativo imobilizado 
da companhia, examinando laudos de avaliação e inventários, documentos que 
comprovem suas aquisições (como pedidos de compras, notas fiscais e comprovantes) e 
possíveis notas fiscais de alienações e baixas. 
Vale destacar que outras análises poderão ser necessárias no curso da investigação, uma 
vez que nunca temos ciência do que encontraremos em nosso trabalho, ok? 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
PROBLEMAS DE SENHA NO AMBIENTE CORPORATIVO 
Para contextualizar seu processo de aprendizagem, suponha que você trabalhe no 
departamento contábil de uma grande empresa da área médica. Seu colega de trabalho, 
que entrou na corporação na mesma época que você e é muito querido, atrasou a entrega 
dos relatórios contábeis/financeiros por conta de problemas particulares e, para 
completar, depois de várias tentativas deacesso ao sistema, acabou sendo bloqueado. Ele, 
agora, além de atrasado, também não consegue trabalhar, pois o TI só liberará uma nova 
senha no dia seguinte. Na iminência de uma demissão, ele, então, tem a brilhante ideia de 
trabalhar, somente naquele dia, com a sua senha. Para tanto, seu colega gentilmente pede 
seus dados de acesso, e você tem que tomar uma importante decisão: compartilhar a sua 
senha e permitir que seu companheiro de trabalho faça mudanças no sistema como se 
fosse você ou recusar a ideia, deixando que ele lide com as consequências de seus 
problemas pessoais. 
Faça a sua escolha e justifique-a com base em seu aprendizado. 
 
 
98 
 
UNIDADE 4, SESSÃO 2: PERÍCIA DOCUMENTAL 
PRATICAR PARA APRENDER 
As fraudes ocupacionais relacionam-se a corrupção, apropriação indébita de ativos e 
falsificação de informações. Dentro do contexto “falsificação”, as evidências 
documentais são consideradas como afirmações escritas ou gravadas de fatos ocorridos 
ou não, uma vez que podem envolver a omissão, manipulação, adulteração, exclusão, etc. 
de alguns dados em documentos ou, ainda, lançamentos contábeis gerados sem o devido 
suporte documental. 
Hoje, com o avanço dos cibernegócios e a transformação dos dados em arquivos digitais, 
fraudes documentais virtuais passaram a fazer cada vez mais parte do âmbito empresarial, 
dificultando progressivamente o processo de investigação, o que leva peritos a integrarem 
processos tecnológicos forenses e técnicas de analytics para manter a integridade das 
informações colhidas. 
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você faça parte de uma equipe que 
investiga uma denúncia anônima recebida pela empresa MN Corporação, a qual alega que 
um funcionário da corporação teria alterado o código de barras de boletos emitidos pelos 
fornecedores, vinculando os valores a receber a contas bancárias de empresas 
relacionadas a ele. Após o pagamento do boleto adulterado, o profissional teria realizado 
o pagamento ao fornecedor de direito, gerando dois pagamentos no mesmo valor para 
cada boleto. E, para que o esquema não fosse identificado, ele contabilizava os dois 
pagamentos contra as contas a pagar da empresa MN Corporação. 
No seu ponto de vista, quais documentos devem ser analisados para evidenciar cada um 
dos elementos das alegações apresentadas anteriormente? E com qual objetivo ou 
justificativa devem ser examinados? 
Então, vamos lá? Reflita sobre os seus conhecimentos contábeis e indique o que realmente 
precisa ser feito. 
CONCEITO-CHAVE 
Documento é qualquer base de conhecimento que se possa utilizar para consulta ou prova, 
pois é a reprodução de um fato ou pensamento, independentemente da forma como é 
apresentado: em papel, em arquivo, em vídeo, etc. 
Num primeiro momento, deve-se analisar a autenticidade do documento, que vem da 
garantia da originalidade do seu conteúdo. Verifica-se a sua procedência e identifica-se a 
possibilidade de que seja modificado, desvinculado ou reutilizado em outro local. 
Em seguida, é preciso analisar a sua consistência, ou seja, se há suporte material ou algum 
fato que o tenha gerado. Ele não pode ser alvo de adulteração ou cancelamento e, caso 
isso aconteça, tais eventos devem ser detectados. 
Dentro da perícia, a análise documental é utilizada para garantir a autenticidade da 
informação nos meios judiciais e/ou extrajudiciais e impedir que as fraudes aconteçam. 
É um procedimento que usa técnicas capazes de identificar, de forma segura, se houve 
adulterações em textos e constatar, até mesmo, se houve coação no momento da escrita. 
Atualmente, o documento não é apresentado apenas por meio de papel. Temos observado, 
cada vez mais, a exibição das informações por meio eletrônico, em função da rapidez no 
trânsito de dados, trazendo aos meios empresariais a redução de espaços físicos e a 
diminuição dos custos operacionais. 
No entanto, essa alteração de suporte também deve satisfazer o mesmo grau de segurança 
99 
 
dos documentos em papel. A partir da aplicação de recursos técnicos, também é 
necessário assegurar a consistência e a procedência da informação. 
REFLITA 
A tecnologia e os estudos sobre as análises documentais têm avançado muito, mas os 
falsificadores também vêm se aperfeiçoando. 
Diante disso, cabe ao perito manter-se capacitado, a fim de estar sempre um passo à frente 
dos fraudadores e, assim, tentar inibir e minimizar todos os estragos. 
A perícia documental se inicia a partir da identificação do formato em que os dados são 
apresentados: em papel ou de modo digital. 
Começaremos descrevendo o processo a partir do documento digital, que pode ser 
exibido de forma estruturada (arquivos em XML, sistema integrado ERP, etc.) ou de 
forma não estruturada (e-mails, planilhas, vídeos ou áudios, etc.). 
Depois de identificar o documento e a forma pela qual é exposto, o próximo passo é a sua 
preservação, com o isolamento e a proteção da informação. A coleta acontece respeitando 
a cadeia de custódia e a verificação da integridade da informação, para assegurar que os 
dados não se alterem durante a manipulação do perito. Nesse momento, são utilizadas 
técnicas de analytics para que se respeite a extração dos dados, a preservação dos 
metadados e a recuperação do que foi deletado. 
LEMBRE-SE 
Analytics são análises e raciocínios sistemáticos aplicados a diversos negócios ou 
departamentos, gerados para uma tomada de decisão. É um conceito entendido como um 
ramo do Business Intelligence (BI). 
O planejamento de uma perícia documental digital deve considerar os seguintes passos: 
1. Entendimento do caso e definição do escopo do trabalho: início do planejamento 
do trabalho pericial. 
2. Mapeamento de dados e sistemas: entendendo se eles são estruturados ou não 
estruturados. 
3. Planejamento da coleta: definindo qual tecnologia e quais técnicas devem ser 
aplicadas durante uma investigação. 
4. Preservação e recebimento de custódia: identificando quem disponibilizou os 
dados e como as evidências foram manuseadas. 
5. Documentação: identificando as características das evidências coletadas e os 
dados do servidor de dados. 
6. Imagem forense: identificando as características da imagem gerada (data, horário, 
servidor, forma de acesso) e os softwares utilizados. 
7. Validação da coleta: verificando a integridade e a legibilidade da informação. 
8. Devolução da custódia: mantendo-a na análise apenas pelo tempo necessário. 
Durante a revisão dos documentos e a partir de dados não estruturados, deve-se ter 
especial atenção ao tentar reduzir a quantidade de informações coletadas, que chegam de 
formas dispersas, para que evidências importantes não passem despercebidas. O processo 
também deve envolver a organização dos documentos, a revisão (que deve seguir um 
protocolo predefinido) e o acompanhamento da revisão, com a aplicação de técnicas de 
verificação de qualidade. 
100 
 
Por meio dos dados estruturados, devem-se analisar todas as camadas dos sistemas que a 
companhia utiliza, com a aplicação de testes de integridade, documentais, sistêmicos e de 
hipóteses. Os testes de integridade têm como propósito identificar se existem diferenças 
com relação aos valores movimentados entre todos os sistemas e se há justificativas 
plausíveis para possíveis divergências. 
Dentro dos sistemas, é preciso verificar se existem políticas de conciliação entre os 
módulos ou sistemas adotados pela empresa e se os controles externos indicam os mesmos 
valores encontrados nos sistemas. 
Nos testes documentais, torna-se necessário checar se as quantidades de registros são 
iguais às quantidades coletadas e se os totais vistos nas telas são os mesmos vistos nos 
arquivos coletados. 
Por último, devem-se desenvolver os testes de hipóteses, que buscam anomalias e padrões 
na qualidade dos dados, a partir da aplicação de técnicas estatísticas. 
A perícia documental, ou documentoscopia, costumaser utilizada tomando como base 
documentos em papel e envolve: 
• A análise de assinaturas, documentos e textos, fazendo o reconhecimento por 
meio da comparação das escritas (grafoscopia). 
• A identificação de modificações feitas em documentos, como substituições, 
emendas, raspagens, rasuras, entre outros tipos de alterações. 
• A comprovação de que o documento foi escrito por meio de coação, a partir de 
modificações na escrita causadas por efeitos de coação, doenças e até mesmo uso 
de drogas. 
• A recuperação de documentos danificados que estejam molhados, raspados e até 
mesmo queimados, identificando textos cobertos por líquidos corretores ou tintas. 
• A identificação de fraudes a partir da verificação de assinaturas, analisando se 
houve substituição de folhas encadernadas, se a escrita foi feita com tinta 
invisível, etc. 
ASSIMILE 
Grafoscopia, também conhecida como grafotecnia, é uma parte da documentoscopia que 
tem como objetivo estudar a escrita, verificando sua autenticidade e autoria a partir de 
características gráficas utilizadas na elaboração de um documento. 
O fato é que, independentemente da forma como a informação se apresenta, seja em papel 
ou via digital, sempre que existe algum indício de fraude, o processo de investigação deve 
passar, obrigatoriamente, pela análise documental. 
Vejamos, a seguir, alguns exemplos de esquemas de fraudes e os testes recomendados 
para cada um deles, de acordo com a EY Forensics Academy (2022). 
Receitas fictícias: ocorrem por meio do registro de vendas de produtos ou serviços que 
não aconteceram. Envolvem frequentemente o registro de clientes falsos, mas também 
podem ser oriundas do registro de receitas falsas (de transações que nunca existiram) 
atribuídas a clientes verdadeiros. 
Testes recomendados: 
a. A perícia deverá buscar as evidências da receita, analisando ordens de vendas, 
contratos assinados entre as partes, comprovantes de recebimentos e a locação em 
centros de custos. 
b. A perícia deverá analisar as contas a receber, na tentativa de conciliar as receitas 
com os clientes para identificar inconsistências. 
101 
 
c. A perícia deverá analisar as receitas versus controles gerenciais da empresa, 
investigando a mensuração dos serviços prestados e/ou do custo da 
mercadoria/produto vendido para também identificar inconsistências. 
d. A perícia deverá analisar os estoques da empresa, analisando os inventários, os 
controles de estoques, etc., buscando confrontar com as receitas apresentadas. 
O que normalmente chama a atenção do perito: 
• Uma quantidade de contas a receber vencidas descomunalmente grande. 
• Transações significativas, fora do curso usual de negócios, e com partes 
relacionadas ou entidades que não sejam auditadas. 
• Contas a receber pendentes de clientes difíceis ou impossíveis de se identificar. 
• Volume de vendas significativo para entidades cujos sócios/objeto social sejam 
desconhecidos. 
• Alto volume de cancelamentos. 
Diferenças temporais: trata-se do deslocamento de receitas ou despesas ao longo do 
tempo, de modo a manipular o resultado. Envolve o income smoothing ou o 
“gerenciamento dos resultados”. 
Testes recomendados: 
a. A perícia deverá fazer análises temporais das receitas versus fluxos de caixa, para 
identificar possíveis inconsistências. 
b. A perícia deverá analisar os controles gerenciais, com o objetivo de acompanhar 
a evolução das receitas e das despesas. 
c. A perícia deverá analisar os documentos que suportaram os registros contábeis, 
como os contratos firmados entre as partes (que determinavam as condições 
comerciais), as notas fiscais, os comprovantes de pagamentos e os boletins de 
medição. 
O que normalmente chama a atenção do perito: 
• Crescimento rápido ou não usual da lucratividade. 
• Geração negativa de fluxo de caixa operacional associada a reportes de 
crescimento em receita. 
• Transações significativas, fora do curso usual de negócios, e próximas do final do 
período, levando a questionamentos sobre sua essência. 
• Crescimento não usual da margem bruta. 
Avaliação indevida de ativos: ocorre por meio da manipulação dos valores de ativos, 
normalmente com o objetivo de inflar ativos do balanço ou melhorar indicadores 
financeiros. 
Testes recomendados: 
a. O perito deverá analisar as contas a receber, fazendo a circularização de clientes 
(com o envio de solicitação de informações sobre os valores em aberto), 
recalculando as Perdas Estimadas para Crédito de Liquidação Duvidosas 
(PECLD) e aplicando os testes de liquidação. 
b. O perito deverá analisar os estoques, buscando recalcular as perdas de itens 
obsoletos, e analisar os documentos que comprovam a aquisição dos estoques. 
102 
 
c. O perito deverá analisar todo o imobilizado da empresa, identificando os laudos 
de avaliação e o inventário físico dos ativos imobilizados, além de verificar 
documentos que comprovam a aquisição desses bens, como os pedidos de 
compras, as notas fiscais e os comprovantes de pagamentos. 
O que normalmente chama a atenção do perito: 
• Superavaliação das contas a receber por estimativa inadequada da PECLD. 
• Quantidade de contas a receber vencidas de forma descomunal. 
• Vendas para clientes com restrições e/ou inaptos. 
• Avaliação inadequada do custo dos estoques. 
• Inexistência física dos estoques. 
• Inexistência física de ativos imobilizados. 
• Depreciação acumulada subavaliada por erro de cálculo. 
• Inadequação de balanceamento de saldo decorrente da classificação de curto e 
longo prazo. 
Omissão de passivos e despesas: meio de melhorar o resultado de uma demonstração 
financeira. Normalmente, é a fraude mais difícil de se detectar, pois, como são dados 
omitidos, costuma não deixar traços. 
Testes recomendados: 
a. O perito deverá comparar a variação do fluxo de caixa, considerando tendências 
de receitas e despesas. 
b. O perito deverá analisar a variação da margem dos prazos médios de pagamentos 
(Days Payable Outstanding – DPO) das obrigações. 
c. O perito deverá revisar todas as transações ocorridas após o período final das 
demonstrações financeiras. 
d. O perito deverá analisar todos os documentos que comprovam as despesas e as 
obrigações da empresa, como notas fiscais e comprovantes de pagamentos. 
O que normalmente chama a atenção do perito: 
• Geração negativa e recorrente de fluxo de caixa operacional, mesmo reportando 
crescimento em receita. 
• Ativos, passivos, receitas ou despesas baseados em estimativas que envolvam 
julgamento subjetivo ou premissas difíceis de se embasar. 
• Participação/preocupação excessiva da administração não financeira nas decisões 
contábeis (princípios e estimativas). 
• Crescimento incomum na margem bruta ou excessivo em relação a parâmetros da 
indústria. 
• Diminuição incomum do número de DPO em comparação aos concorrentes. 
Divulgações indevidas: princípios contábeis requerem que sejam divulgadas todas as 
informações relevantes ao negócio de uma organização, o que é suscetível a subjetividade 
e manipulação. 
Testes recomendados: 
a. O perito deverá analisar todas as atas de reuniões ocorridas após a data de 
encerramento do exercício até a data de publicação das demonstrações contábeis. 
103 
 
b. O perito deverá observar os eventos subsequentes, como os pagamentos e os 
recebimentos emitidos entre as datas do encerramento do exercício e da 
publicação das demonstrações. 
c. O perito deverá analisar a carta da administração aos auditores e a declaração de 
anticorrupção. 
d. O perito deverá analisar todos os contratos mútuos e os documentos que suportam 
as transações entre partes relacionadas. 
O que normalmente chama a atenção do perito: 
• Administração dominada por uma pessoa ou grupo pequeno, sem que haja 
controles que compensem esse fato. 
• Supervisão inefetiva do comitê de auditoria. 
• Políticas de integridade ineficazes ou sem a devida execução. 
• Transações complexas pós-fechamentodo exercício. 
• Transações significativas com partes relacionadas fora do curso usual de 
negócios. 
• Incidência de contas bancárias, filiais e movimentação em paraísos fiscais. 
• Estrutura organizacional complexa, envolvendo entidades incomuns aos 
negócios. 
EXEMPLIFICANDO 
A companhia brasileira Via Varejo, proprietária de empresas como Ponto Frio, Casas 
Bahia, etc., encontrou evidências de fraudes contábeis em suas demonstrações financeiras 
referentes ao 4º trimestre de 2019, o que resultou em um impacto de R$ 1,19 bilhão nas 
despesas do resultado e na consequente diminuição do seu lucro. 
Do montante total, R$ 1 bilhão se referia a provisões para contingências de processos 
trabalhistas e R$ 76 milhões, à baixa/depreciação de ativos fixos fora da competência. O 
esquema de fraude utilizado pela empresa se referiu a “diferenças temporais”. Caso você 
queira saber mais detalhes sobre o assunto, faça a leitura do texto indicado a seguir. Para 
acessar o material, consulte o link disponível nas Referências desta seção. 
CONCLUSÃO da investigação independente. Via Varejo S.A., São Caetano do Sul, 25 
mar. 2020. 
O perito, ao elaborar o seu relatório (parecer pericial contábil), deverá adotar os mesmos 
critérios utilizados na formulação de um laudo pericial contábil, mantendo a estrutura 
indicada na NBC TP 01 (BRASIL, 2015). Sua linguagem, durante a descrição dos fatos 
analisados, deverá ser simples, clara e objetiva, não se esquecendo de que o objetivo 
principal do trabalho é elucidar inconsistências contábeis. 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Norma Brasileira de Contabilidade: 
NBC TP 01 (R1) Perícia Contábil. 
Brasília, DF: Conselho Federal de Contabilidade, 2015. Disponível 
em: https://bit.ly/2kXUT4l. Acesso em: 7 abr. 2022. 
CONCLUSÃO da investigação independente. Via Varejo S.A., São Caetano do Sul, 25 
mar. 2020. Disponível em: https://tinyurl.com/2ptcdhrp. Acesso em: 1 maio 2022. 
http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTP01.pdf
https://s3.amazonaws.com/mz-filemanager/ce9bff9f-fb19-49b9-9588-c4c6b7052c9c/5e9e4e99-290f-401e-a323-d12f6d646506_Via%20Varejo_Fato%20Relevante%20Investigacao.pdf
104 
 
DOCUMENTOSCOPIA e grafotecnia. Associação Portuguesa de Ciências Forenses, 
[s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3L55hCB. Acesso em: 1 maio 2022. 
EY FORENSICS ACADEMY. Investigações forenses: aula 10. Rio de Janeiro: UERJ, 
2022. 
SCATOLINI, L. Quase 8 milhões de brasileiros foram vítimas de fraudes no último 
ano. Agência Brasil, 22 nov. 2018. Disponível em: https://bit.ly/3RVm3Gr. Acesso em: 
1 maio 2022. 
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO 
SEM MEDO DE ERRAR 
Vamos retomar o caso hipotético que sua equipe está investigando? 
Um funcionário da empresa MN Corporação está supostamente alterando o código de 
barras de boletos emitidos pelos fornecedores. Além disso, ele ainda gera, possivelmente, 
dois pagamentos para cada boleto adulterado, de modo que um valor vai para a conta do 
fornecedor e o outro, para a conta de empresas relacionadas ao funcionário. 
Com base nos fatos, sua equipe precisa analisar diversos documentos para evidenciar cada 
uma das alegações, começando com: 
1. Análise das obrigações, como verificação das notas fiscais recebidas dos 
fornecedores, dos boletos emitidos pelos fornecedores, dos comprovantes dos 
pagamentos efetuados pela empresa. Tal análise tem como objetivo identificar se 
há evidências documentais dos pagamentos em duplicidade, além de promover o 
acompanhamento da movimentação financeira de cada fornecedor ao longo do 
tempo e do volume de compras por fornecedor. 
2. Análise dos controles financeiros da empresa, como fluxo de caixa, 
movimentação bancária, etc. Esse processo tem a intenção de confrontar os 
controles financeiros com as informações contábeis e identificar possíveis 
divergências com os pagamentos efetuados pela corporação. 
3. Circularização bancária: tal procedimento tem como objetivo identificar se as 
informações bancárias estão em consonância com a contabilidade e detectar 
possíveis divergências. 
4. Circularização de fornecedores: busca identificar o montante das compras 
efetuadas pela empresa e detectar possíveis inconsistências com a contabilidade. 
5. Análise do sistema operacional utilizado pela empresa no seu processo de 
contabilização: tem a intenção de identificar as transações efetuadas e o(s) 
autor(es) envolvidos em cada transação. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
POTENCIAIS TIPOS DE FRAUDES CONTÁBEIS 
Para contextualizar a sua aprendizagem, suponha que você seja funcionário(a) de uma 
empresa de grande porte do ramo de gás e energia, a qual está envolvida num suposto 
caso de fraude contábil. De acordo com a denúncia de um funcionário do alto escalão, a 
http://apcforenses.org/?page_id=30
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-11/quase-8-milhoes-de-brasileiros-foram-vitimas-de-fraudes-no-ultimo-ano
105 
 
companhia teria contabilizado, num determinado ano, uma receita de US$ 12,4 bilhões 
por vendas ocorridas durante os três anos anteriores, sem ter havido entrega de 
mercadoria. Os valores relacionados a essas vendas, porém, nunca foram recebidos e a 
empresa não contabilizou quaisquer tipos de perdas em decorrência do não recebimento 
de tais valores. Alega-se que os registros estavam associados a clientes inexistentes. 
Uma vez que o processo de investigação iniciará em dez dias, seu chefe pediu que você 
identificasse os potenciais tipos de fraudes cometidas pela empresa, para que ele prepare 
um relatório preliminar. 
 
106 
 
UNIDADE 4, SESSÃO 3: PERÍCIA EMPRESARIAL 
PRATICAR PARA APRENDER 
Agora que já conhecemos todo o processo de fraude contábil, suas características e formas 
de atuação do auditor e do perito, vamos entender mais detalhes sobre a perícia 
empresarial? 
Nesta seção de estudos, trabalharemos com as perícias empresariais, compreendendo o 
que são e como podem ajudar os empresários. Então, nesse contexto, suponha que você 
tenha sido contratado como assistente técnico da empresa InterAmericana Ltda. para 
elaborar alguns quesitos sobre um processo judicial em que a corporação está envolvida. 
Ocorre que a empresa InterAmericana celebrou um contrato para a prestação de serviços 
elétricos à organização TeleAtendimento S.A. em 20 de dezembro de 2017, no valor total 
de R$ 10.400.000,00 e vigência de 01/01/2018 a 31/12/2021. As empresas optaram pela 
renovação automática do contrato, caso não haja manifestação expressa de alguma das 
partes. 
Em setembro de 2020, a empresa TeleAtendimento optou por rescindir a relação 
comercial sem pagamento de qualquer multa contratual, ainda que prevista em contrato, 
alegando potenciais irregularidades na execução do contrato, impetrando uma ação 
judicial contra a corporação InterAmericana, com pedido de indenização. 
Sabe-se que a empresa InterAmericana está localizada na cidade de São Paulo e vinha 
executando os serviços na cidade do Rio de Janeiro, onde precisou admitir 497 
funcionários para o desenvolvimento do trabalho contratado. Além disso, ao longo dos 
anos, a empresa TeleAtendimento repassou mais e mais trabalho para a InterAmericana, 
de modo que esta deixou de prestar serviços para outros clientes, tornando-se “quase 
exclusiva” da TeleAtendimento. 
Como assistente técnico, você deverá elaborar alguns quesitos que serão respondidos 
pelo perito judicial nomeado nesse processo. Seu trabalho é formular questões que 
busquem elucidar algumas divergências do litígio e, o mais importante, tentar identificar 
o valor da perda ocorrida. 
A quantidade de quesitos depende muito da demanda que precisa ser analisada. É 
importante ressaltar que o assunto envolve a apuração dos fatos e a mensuração da perda. 
Então, vamos lá? 
CONCEITO-CHAVE 
Primeiramente, é importante salientar, mais uma vez, que a contabilidade é uma área que 
auxilia na tomada de decisão em diversas esferas: não somente em processospenais e 
criminais (como já estudamos anteriormente), mas também no deslinde de questões de 
cartões de crédito, capitação de juros, etc., em processos cíveis de operações com cheque 
especial, em procedimentos administrativos oriundos do Ministério Público ou quando a 
matéria discutida for de natureza trabalhista. 
A perícia contábil também é utilizada em assuntos que versam sobre avaliação de 
sociedades e apuração de haveres, em processos de falências e recuperação de empresas, 
no âmbito tributário, sobre matéria patrimonial, em contratos de financiamento e em erros 
na contabilidade das organizações. 
Estudos demonstram, ainda, sua aplicação na contabilidade ambiental, em ações no 
sistema financeiro de habitação, em revisão de contratos, em assuntos sobre a 
107 
 
desoneração da folha de pagamento, assim como nas ações de lucros cessantes, de 
apropriação indébita previdenciária, nos processos de recuperação judicial, em perícias 
atuariais e em varas de família, nas quais é possível observar o contador auxiliando os 
juízes em decisões sobre pensão alimentícia quando o réu possui uma empresa. 
Além disso, o trabalho pericial não se restringe à esfera judicial, uma vez que o contador 
pode atuar como perito assistente em demandas extrajudiciais e arbitrais – também 
extrajudiciais segundo classificação do CFC. Mais recentemente, alguns estudos 
apontaram a semelhança entre a contabilidade forense e a perícia contábil. 
Logo, trata-se de uma área bastante rica e complexa, exigindo do perito contador 
capacitações constantes, em busca de aperfeiçoamento. 
PERÍCIA EMPRESARIAL 
De acordo com o conceito econômico do Código Civil, empresa é o exercício, realizado 
pelo empresário, de atividade econômica organizada para a produção de bens e serviços 
para o mercado. 
Independentemente de sua forma jurídica, isto é, seja uma associação, uma fundação, uma 
organização religiosa, um partido político ou sociedades simples e empresárias (empresa 
limitada – unipessoal ou não –, sociedade anônima, cooperativa, etc.), o fato é que, a 
partir da globalização e, consequentemente, do aumento da competitividade, mais e mais 
empresas vêm precisando repensar seus modelos de negócios, em busca de inovações e 
da otimização de qualidade e resultados, sejam eles financeiros ou não. 
Novas oportunidades estão surgindo a todo momento e, com elas, novas formas de 
realizar negócios, com a utilização de recursos tecnológicos modernos e ferramentas 
inovadoras de relacionamento com os clientes, fornecedores, funcionários, acionistas e 
comunidade. 
Diante desse ambiente cada vez mais competitivo, as empresas precisam efetuar 
mudanças estruturais profundas, na tentativa de trazer uma maior flexibilização e 
agilidade ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, buscando reconfigurar 
totalmente os seus modelos de negócios, sob pena de não sobreviverem. 
Vejamos, então, alguns desafios do mundo corporativo e a consequente ajuda que a 
perícia contábil concede frente a isso. 
Disputas contratuais: normalmente envolvem a violação ou a inobservância de 
cláusulas contratuais, o que frequentemente, por falta de consenso, pode levar a disputas 
extrajudiciais ou judiciais. 
Na área cível, podemos encontrar problemas relacionados a contratos de empréstimos ou 
de financiamentos envolvendo taxas de juros não cumpridas, por exemplo, o que conduz 
os consumidores à justiça, tendo os bancos e outras instituições financeiras como réus. 
Essas ações podem ter como objeto a revisão contratual, quando o perito é levado a 
aplicar as cláusulas relacionadas ao contrato com o propósito de identificar se a taxa de 
juros empregada é realmente aquela contratada. Como consequência, valores de parcelas 
mensais poderão ser ajustadas e o próprio banco poderá ser responsabilizado por praticar 
o anatocismo. 
ASSIMILE 
Anatocismo é o termo jurídico que define a cobrança de juros sobre juros, que 
normalmente está associada à prática de mercado de aplicação de juros compostos em 
obrigações contraídas a prazo, oriundos de contratos firmados com instituições 
108 
 
financeiras. 
É importante esclarecer que a aplicação de juros compostos é uma prática lícita. O ilícito 
é a cobrança de juros sobre o montante de juros não pagos no mês anterior, o que 
caracteriza o anatocismo, este, sim, considerado uma prática ilegal. 
Apuração de haveres: os termos fusão, incorporação e cisão são operações de natureza 
jurídica pelas quais as sociedades são modificadas formalmente, conforme a 
regulamentação dada pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Por conta dessas 
reorganizações societárias, tornou-se fundamental o conhecimento de metodologias que 
permitam avaliar o valor de uma empresa. 
Além disso, em casos de dissolução de sociedade, na saída de um ou mais sócios, ou 
apenas como um indicador estratégico para avaliar os intangíveis (marca, capital 
intelectual, etc.), é importante conhecer os conceitos e as técnicas para se avaliar uma 
empresa, ou seja, deve-se ter domínio sobre o processo de apuração de haveres. 
Fusão: é a operação pela qual duas ou mais sociedades se unem para formar uma 
sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei nº 
6.404/76). 
Incorporação: é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, 
que lhe sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei nº 6.404/76). 
Cisão: é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma 
ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a 
companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu 
capital, se a versão for parcial (art. 229 da Lei nº 6.404/76). 
Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, após a deliberação das 
respectivas modificações e da aprovação do projeto do ato constitutivo das novas 
sociedades, bem como dos planos de distribuição do capital social, serão nomeados os 
peritos para a avaliação do patrimônio das sociedades. Caberá à CVM estabelecer normas 
especiais de avaliação e contabilização aplicáveis a operações que envolvam companhia 
aberta. 
Existem diferentes métodos para mensurar o valor de uma empresa (valuation), porém 
nenhum é capaz de representar o valor exato, uma vez que são utilizados, como base, 
hipóteses comportamentais do ambiente em que a corporação está inserida, sempre 
resultando em um valor aproximado. 
VOCABULÁRIO 
Valuation é um termo em inglês para Avaliação de Empresas, que representa um conjunto 
de técnicas usadas para determinar o valor justo de uma empresa ou unidade de negócios, 
bem como o seu potencial retorno. 
Cada processo avaliativo possui características próprias, sendo que a qualidade dos dados 
e informações apresentados será fundamental para a compreensão do fato em si e do 
objetivo da avaliação. 
As metodologias mais utilizadas são: 
 
Método da avaliação patrimonial: possibilita três tipos de mensuração: método de 
avaliação patrimonial contábil (baseado nas informações contidas no balanço 
patrimonial), método de avaliação patrimonial de mercado (a partir da valoração dos 
ativos e passivos da empresa a valores de realização no mercado) e método de liquidação, 
abordagem adotada quando o comprador está interessado apenas nas instalações físicas e 
itens do capital de giro (e não na sua capacidade de gerar fluxos de caixa no futuro). 
109 
 
 
Método pelo valor de bolsa: utilizado quando a empresa possui ações negociadas em 
bolsa de valores. O valor de mercado total da corporação pode ser obtido pela 
multiplicação da quantidade de ações em circulação versus o seu valor de mercado. 
 
Método dos múltiplos: método que estima o valor de uma empresa por meio da aplicação 
de um fator de referência baseado em organizações que atuam no mesmo segmento e que 
já foram avaliadas, ou seja, apoia-se na forma como seus paressão precificados no 
mercado. 
 
Método do fluxo de caixa descontado: abordagem bem mais complexa, é o principal 
método aplicado ao valuation, pois avalia o valor de mercado de uma empresa a partir 
das expectativas de geração de caixa no futuro, descontadas por uma taxa de atratividade 
e o risco associado ao investimento. É muito utilizado por bancos de investimentos, 
consultorias e empresários que querem calcular o valor de uma corporação, seja para fins 
internos, de análise de investimentos, ou para fusões e aquisições. 
 
Obrigações contratuais: um contrato é um negócio jurídico que só tem validade se for 
celebrado com o consentimento de pessoas capazes, em conformidade com a ordem legal, 
com objeto lícito e possível de ser determinado, e obedecer à forma prescrita pela lei. Ou 
seja, a forma não pode ser proibida por qualquer legislação. Sempre que o 
descumprimento contratual resultar em perdas ou danos para uma das partes, a outra parte 
(a que ocasionou o dano, seja por ação ou omissão, por culpa ou dolo) deverá reparar o 
prejuízo ocasionado, que abrange os danos emergentes e os lucros cessantes. 
Alguns contratos costumam prever cláusulas limitando as responsabilidades em caso de 
danos; outros inserem cláusulas classificando tais danos como diretos, indiretos, 
eventuais, consequenciais, etc. O fato é que definir o valor do dano, mensurando todos os 
riscos e possíveis prejuízos em caso de sinistro, acaba se tornando difícil em razão da 
subjetividade envolvida no processo, gerando interpretações diversas. 
Invariavelmente, os problemas se encerram nos meios judiciais, em que a prova pericial 
terá suma importância no momento da decisão, justamente porque conseguirá apurar a 
extensão do dano ocorrido e determinar a responsabilidade civil pelo não cumprimento 
das cláusulas contratuais. 
EXEMPLIFICANDO 
Dano emergente: é o prejuízo sofrido diretamente pelo fato ocorrido (dano direto), cuja 
indenização deve abranger tudo aquilo que o lesado tenha perdido, ou seja, o valor 
financeiro da redução patrimonial. Exemplo: a quebra de um contrato pode gerar, 
imediatamente, a perda de uma receita esperada para uma empresa. 
Dano consequencial: é o dano indireto, ou seja, o prejuízo ocorrido como consequência 
do dano direto sofrido. Exemplo: após a perda de uma receita esperada, uma empresa 
pode ter que arcar com mais perdas, caso tenha que demitir seus funcionários em função 
da quebra do contrato. 
Lucros cessantes: quando uma empresa sofre algum evento danoso provocado por um 
imprevisto, decorrente de culpa, negligência, imperícia ou omissão de terceiros, ela 
deverá estimar o montante de resultados econômicos que foram perdidos. No exemplo da 
quebra de um contrato, com danos emergentes e consequenciais, o lucro cessante seria o 
valor estimado do que a empresa lesada deveria ter lucrado, caso o contrato fosse 
cumprido integralmente. 
110 
 
Se já é difícil apurar um dano consequencial, mensurar o valor do lucro cessante pode 
exigir, a partir de um fundamento seguro de um dia típico de trabalho, análises objetivas 
por parte do perito, uma vez que ele não pode abranger ganhos imaginários mediante 
especulação ou alavancagens, para que não haja um enriquecimento indevido. O cálculo 
normalmente é feito a partir de uma projeção simulada quanto ao futuro daquela empresa. 
Análise tributária: a legislação tributária nacional é bastante abrangente e envolve a 
obrigação principal (o recolhimento do tributo) e a obrigação acessória (as informações 
sobre o recolhimento que precisam ser fornecidas aos órgãos fiscalizadores), podendo 
deixar algumas empresas de “cabelos em pé”. 
Além disso, são considerados tributos: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria 
e as contribuições especiais. Podemos encontrá-los nas esferas municipal, estadual e 
federal e, em cada uma delas, há legislações específicas que precisam ser seguidas. 
Como se não bastasse, tais legislações passam por mudanças constantes, fazendo com 
que as empresas (e os empresários) se sintam bastante inseguros sobre como proceder 
para fugir das multas e autuações e, o mais importante, como usar essas legislações a seu 
favor. 
Diante de tantas deliberações do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal 
de Justiça (STJ), julgando, decidindo e criando jurisprudências, o trabalho do perito, 
dentro do âmbito extrajudicial, acaba sendo o de oferecer serviços de cálculos e 
recálculos, de modo que as empresas entendam tais mudanças e usufruam dos seus 
benefícios. No âmbito judicial, o perito auxilia advogados em ações ajuizadas, fornecendo 
planilhas que façam valer todos os direitos empresariais. 
REFLITA 
Em 2018, o STF firmou o entendimento de que o ICMS não pode compor a base de 
cálculo do PIS e da Cofins, uma vez que representa uma receita do Estado, e não um 
faturamento da empresa. 
Desse modo, o valor do ICMS destacado na nota fiscal para simples registro contábil, não 
deve ser incluído na base de cálculo PIS/Cofins. 
A mesma interpretação vem sendo discutida quanto à exclusão do ISS da base de cálculo 
do PIS e da Cofins. 
Liquidação de sentença: é o procedimento de cálculo do valor líquido de uma sentença 
quando já há uma decisão tomada, mas ainda sem fixação do montante devido. 
Geralmente, uma sentença já é líquida e estabelece limites em extensão da obrigação que 
deverá ser paga, mas, em alguns momentos, isso não acontece, principalmente em função 
da complexidade de se mensurar tal valor ou até mesmo o valor condenatório. 
Nesses casos, poderemos encontrar duas fases de discussão: a primeira é a de instrução, 
também chamada de fase de conhecimento de causa, na qual a discussão tem o objetivo 
de verificar se há ou não a procedência do mérito; e a segunda fase é a de liquidação, em 
que, após uma decisão favorável, discute-se o valor da prestação pecuniária que o 
condenado deverá pagar. O interessante é que poderá haver duas perícias, uma para cada 
momento. 
O novo Código de Processo Civil estabelece duas modalidades de liquidação de sentença: 
a liquidação por arbitramento (quando o juiz determina, por sentença, a necessidade de 
liquidação) e a liquidação pelo procedimento comum (quando ainda há a necessidade de 
alegar ou provar fatos novos). 
Dentro do âmbito empresarial, a liquidação de sentença pode estar atrelada a processos 
trabalhistas, a processos cíveis, a processos tributários, etc. Como já foi esclarecido, o 
perito, ao elaborar o seu relatório (parecer pericial contábil), deverá adotar os mesmos 
111 
 
critérios utilizados na elaboração de um laudo pericial contábil, preservando a mesma 
estrutura já mencionada em seções de estudo anteriores. Além disso, esse profissional 
também não pode se esquecer de manter uma linguagem simples, clara e objetiva, afinal 
o principal objetivo de seu trabalho é o de elucidar inconsistências contábeis, e nem todos 
os envolvidos dominam essa técnica. Vale destacar, ainda, que, em caso de cálculos, as 
planilhas devem envolver, da forma mais simples possível, o montante total final a ser 
cumprido. 
Finalizamos, assim, a última etapa de aprendizagem da importante 
disciplina Investigação e Perícia Criminal: Fraudes Contábeis. 
Espero que você tenha aproveitado cada ensinamento compartilhado e que possa usufruir 
e aproveitar todas as informações presentes neste material em seu dia a dia de trabalho. 
Boa sorte! 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por 
Ações. Diário Oficial da União, Brasília, DF: 17 dez. 1976. Disponível 
em: https://bit.ly/2UqQCGG. Acesso em: 13 maio 2022. 
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF: 11 jan. 2002. Disponível em: https://bit.ly/3L8LYZ9. Acesso em: 
13 maio 2022. 
EXAME de suficiência. Conselho Federal de Contabilidade, 11 mar. 2022. Disponível 
em: https://bit.ly/3QGrU1k.Acesso em: 13 maio 2022. 
 
SEM MEDO DE ERRAR 
E então, conseguiu elaborar seus quesitos? 
Estamos diante de um fato bastante comum nas relações empresariais. A quebra do 
contrato (antes do seu encerramento) tornou a empresa InterAmericana insolvente, uma 
vez que ela dependia, quase exclusivamente, daquele serviço para sobreviver. Além disso, 
a corporação estava prestando serviços fora da sua sede e tinha em seu ambiente laboral 
497 funcionários que ficaram sem trabalho. 
Você, como assistente técnico dessa empresa, precisou elaborar quesitos que deverão ser 
respondidos pelo perito judicial nomeado no processo judicial, tentando identificar as 
divergências envolvidas na relação contratual e o valor da perda ocorrida. 
Para começar, você deve identificar o que dispõem as cláusulas contratuais sobre quebra 
de contrato, motivos que ensejam a quebra de contrato e os valores de indenização, em 
caso de quebra de contrato. Observe, a seguir, um exemplo de quesito: 
1. Pode o Ilustre Perito esclarecer o que estabelece o contrato de prestação de 
serviços no que se refere à quebra de contrato, como motivos que ensejam a 
rescisão antecipada e os valores das multas envolvidas? 
Num segundo momento, será necessário verificar se realmente houve potenciais 
irregularidades na execução do contrato, conforme alega a empresa TeleAtendimento. 
Exemplos de quesitos: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm#:~:text=LEI%20N%20o%2010.406%2C%20DE%2010%20DE%20JANEIRO%20DE%202002&text=Institui%20o%20C%C3%B3digo%20Civil.&text=Art.,e%20deveres%20na%20ordem%20civil
https://cfc.org.br/category/exame-de-suficiencia-anteriores/
112 
 
2. Pode o Ilustre Perito identificar se há evidências de irregularidades na execução 
do contrato? Em caso positivo, quais foram as irregularidades apuradas e em que 
período elas ocorreram? 
3. Caso tenha sido apurada irregularidade, pode o Ilustre Perito identificar o 
montante avaliado? 
4. Caso tenha sido apurada irregularidade, pode o Ilustre Perito identificar quem 
foram os indivíduos envolvidos? 
E, para finalizar, você deve identificar quais foram os danos e o consequente valor da 
perda envolvidos na quebra do contrato. Exemplos de quesitos: 
5. Pode o Ilustre Perito apurar o valor do faturamento mensal somado aos tributos 
envolvidos, por conta dos serviços prestados à TeleAtendimento, após análise dos 
livros obrigatórios, escrituração mercantil e documentos da InterAmericana? 
6. Pode o Ilustre Perito apurar o valor das penalidades/descontos aplicados pela 
TeleAtendimento e por ela não pagos? 
7. Pode o Ilustre Perito apurar o valor dos custos de mão de obra direta, indireta, 
horas extras, encargos sociais e benefícios suportados pela InterAmericana por 
conta dos serviços prestados à TeleAtendimento? 
8. Pode o Ilustre Perito apurar o valor dos custos com equipamentos/veículos, gastos 
diversos no canteiro de obras, despesas com fornecedores, subcontratações, 
encargos financeiros e custos administrativos e operacionais por conta dos 
serviços prestados à TeleAtendimento? 
9. Pode o Ilustre Perito identificar o valor dos lucros cessantes ocasionados pela 
quebra contratual antes da sua finalização? 
10. Pode o Ilustre Perito identificar o montante final do prejuízo ocasionado à empresa 
InterAmericana depois de apurados todos os valores elencados nos quesitos 
anteriores? 
Claro que esses são apenas exemplos de quesitos. Os assistentes técnicos são livres para 
elaborar quantos quesitos acharem necessários, atentando-se para o fato de que devem 
elucidar todos os questionamentos envolvidos no processo. Além disso, bons quesitos 
geram boas respostas e, automaticamente, boas reflexões por parte do juiz, que decidirá 
a demanda. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
APURAÇÃO DE HAVERES 
Ainda no contexto empresarial, suponha que você trabalhe em uma empresa cuja 
composição societária esteja distribuída da seguinte maneira: 
• Sócio 1: 23%. 
• Sócio 2: 12%. 
• Sócio 3: 25%. 
• Sócio 4: 40%. 
113 
 
Em fevereiro de 2022, os sócios 1, 3 e 4 resolveram excluir da sociedade o sócio 2 (a 
título de esclarecimento, a exclusão de sócio é perfeitamente possível, desde que o 
contrato social apresente uma cláusula que permita tal fato). Em função disso, a sociedade 
solicitou ao contador que apurasse um balanço patrimonial especial, a fim de demonstrar 
ao sócio 2 a sua participação nos haveres. 
Após o pedido, o contador informou que o patrimônio líquido da empresa estava 
constituído do seguinte modo: 
• Capital social: 220.000,00. 
• Reservas de lucros: 50.000,00. 
• Prejuízos acumulados: 70.000,00. 
• Lucro apurado em fevereiro de 2022: 80.500,00. 
Com essas informações em mãos, você ficou encarregado(a) de conferir o valor que o 
sócio 2 deverá receber após a apuração dos haveres. 
Então, que tal desenvolver um cálculo bem simples para elucidar essa questão?

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