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VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 REVISÃO DE LITERATURA USO DA TÉCNICA DE ENXERTIA NA CULTURA DO CAFÉ ARÁBI CA. Nasser, M.D. APTA Polo Alta Paulista – Adamantina / SP INTRODUÇÃO: Na cafeicultura e especificamente no manejo da lavoura cafeeira, a principal vantagem no uso da enxertia consiste na possibilidade de produzir mudas e cafeeiros que combinem sistema radicular tolerante com a parte aérea com boas características de produtividade e qualidade do café, tudo na mesma planta. E pode-se observar que na condição de área infestada de nematóides as plantas enxertadas sobrevivem e produzem mais em relação àquelas sem enxertia (Matiello et al. 2005). DESENVOLVIMENTO: O uso comercial da enxertia no cafeeiro data do final do século retrasado e foi preconizado por G. van Riemsdijk, agricultor da ilha de Java na Indonésia, que desenvolveu, para Coffea canephora, a técnica para utilização em larga escala visando o controle de nematóides, multiplicação de híbridos e fixação imediata de características como aumento e uniformidade de produção (Cramer, 1957; apud Medina Filho, 2009). A enxertia em C. canephora foi reduzida devido a seleção de cultivares mais uniformes multiplicados por sementes e a eficiente propagação de cultivares clonais por estacas (Bragança, 2001). Em Coffea arabica a técnica de enxertia é utilizada principalmente na fase de produção de mudas, sendo mais empregado o método hipocotiledonar, ou seja, o corte abaixo dos cotilédones, realizado com mudinhas nos estágios de palito-de-fósforo e orelha de onça, pelo sistema de garfagem em formato de cunha. A origem desse sistema é a Guatemala por Reina (1966) e no Brasil, Moraes & Franco (1973) aprimoraram e difundiram a enxertia de C. arabica em porta-enxertos de C. canephora, e Hashizume et al. 1974 conseguiram 85 % e 86% de pegamento de mudas de Catuaí e Mundo Novo, respectivamente, enxertadas em porta enxerto de conilon (C. canephora). As regiões da Alta Paulista em São Paulo e do Norte do Paraná adotam a prática em viveiros comerciais, para controle do nematóide Meloidogyne incognita, usando como porta-enxerto o material de robusta LC 2258 ou Apoatã desenvolvido no IAC (Matiello et al. 2005; Paulo et al.2006). As culturas de cafeeiro Arábica são estabelecidas por plantas oriundas de sementes que dão origem a indivíduos chamados de “pé franco”. Esse sistema contrasta bastante com o sistema utilizado na maioria das frutíferas onde as mudas são formadas por meio de enxertia de uma copa sobre um cavalo ou porta-enxerto. As copas sofrem acentuada influência do porta- enxerto sobre o qual estão enxertadas. Dessa forma, é possível suplantar problemas fitossanitários, modificar a adaptação ou outras características da copa utilizando-se de porta-enxertos alternativos. Por exemplo, o porta-enxerto Trifoliata induz em laranjeiras nele enxertadas, plantas menores, com frutos de coloração mais intensa e de melhor sabor (Medina Filho et al., 2003). Fazuoli et al. 1983, avaliaram os efeitos do porta enxerto Apoatã IAC 2258 de C. canephora no desenvolvimento e produção iniciais de dois VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 cultivares de C. arabica (Mundo Novo e Catuaí) em área infestada por Meloidogyne incognita e notaram que algumas plantas de Mundo Novo e Catuaí Vermelho apresentaram copa diferente, com ramos mais longos, em relação ao material não enxertado. Rezende et al. 2009 analisaram a eficiência do porta-enxerto Apoatã IAC 2258 de Coffea canephora no desenvolvimento de cafeeiros C. arabica cultivados em solo isento de nematóides e concluíram que a técnica da enxertia não influenciou nas mudas de cafeeiros, uma vez que as mudas auto-enxertadas se apresentaram estatisticamente iguais às mudas de pé franco, entretanto, a presença do porta-enxerto Apoatã influenciou negativamente, pois as mudas enxertadas foram inferiores às mudas de pé franco em todas as características avaliadas, independentemente da cultivar. Em condições isentas de nematóides, Fahl & Carelli (1985) observaram que plantas jovens de C. arabica, enxertadas sobre C. canephora, conferiram maior desenvolvimento e vigor às plantas, o que consequentemente poderia levar a aumentos na produção. Ferreira et al. 2008, trabalharam com sete cultivares de C. arabica e três tipos de mudas (enxertada em Apoatã, auto-enxertada e pé franco) em solo isento de nematóides e não verificaram diferença estatística entre os tipos de mudas auto-enxertada e pé franco, afirmando que a técnica da enxertia não causa estresse suficiente para reduzir o desenvolvimento das plantas, e que o menor desenvolvimento das mudas enxertadas provavelmente se deu em decorrência de uma incompatibilidade entre as espécies utilizadas para a realização da enxertia. Estes resultados de menores produtividades na primeira colheita dos materiais enxertados comparados aos de pés francos também foram encontrados por Garcia et al. 2004. Entretanto na segunda colheita estes autores verificaram maiores produtividades para os materiais enxertados comparado aos pés francos, e a partir da terceira colheita os genótipos não diferiram estatisticamente. CONCLUSÃO: No contexto padrão de manejo tecnológico da lavoura cafeeira, sabe-se pouco a respeito do efeito e das características de porta enxertos para café, os resultados de pesquisa já existentes são direcionados a controle de nematóides no solo onde plantas de cultivares de café arábica são avaliadas sobre o porta enxerto Apoatã IAC-2258. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRAGANÇA, S. M.; CARVALHO, C. H. S.; FONSECA, A. F. A., FERRÃO, R. G. Variedades clonais de café Conilon para o Estado do Espírito Santo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, 36(5): 765-770, 2001. CRAMER, P. J. S. A review of literature of coffee research in Indonésia. Inter- American Institute of Agricultural Sciences, Turrialba, Costa Rica. 261p. 1957. FAHL, J.I.; CARELLI, M. L. C. Estudo fisiológico da interação enxerto e porta- enxerto em plantas de café. In: Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, 12, Caxambu, 1985. Anais. Rio de Janeiro, MIC/IBC. 1985. p.115-117. FAZUOLI, L. C.; COSTA, W. M. 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