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15 1 Prof. Vinícius Bednarczuk de Oliveira Química Farmacêutica 15 2 A Química Farmacêutica, também conhecida como Química Medicinal, ganhou destaque entre as ciências a partir de 1829 com o isolamento e caracterização da salicilina e, posteriormente, com as modificações que deram origem ao ácido acetil salicílico. Química Farmacêutica 15 3 História da Química Farmacêutica 15 4 O início da Química Farmacêutica se confunde com a evolução da humanidade, pois desde os primórdios os nossos ancestrais buscam, de alguma forma, a resolução para os seus problemas. História da Química Farmacêutica 15 5 O início - formas de curar enfermidades físicas Cura e diagnóstico Magia e religião Influência da química 15 6 Química – faz parte das atividades diárias Manutenção da saúde 15 7 Primórdios – utilização e domínio do fogo 3.500 a.C – Arábia e China Papiro de Ebers – 7.000 substâncias Imperador Chinês Sheng Nung - “Chang shang” para o tratamento da malária Índios brasileiros - raiz da ipeca no tratamento da diarreia Incas - cascas da quina para tratar a febre causada pela malária 15 8 Marco inicial da Química Farmacêutica Extração e isolamento da salicilina – cascas do salgueiro 1839 - primeira modificação estrutural - ácido salicílico 1853 - síntese o ácido salicílico – muitos efeitos colaterais 1897 – desenvolvimento e registro da formulação do analgésico Aspirina® 15 9 TERMINOLOGIAS IMPORTANTES 15 10 Insumo farmacêutico ativo (IFA) Medicamento referência Medicamento novo Medicamento genérico Medicamento similar Terminologias da Farmacologia 15 11 Medicamento biológico Vacinas: são medicamentos imunobiológicos que contêm uma ou mais substâncias antigênicas que, quando inoculadas, são capazes de induzir imunidade específica ativa a fim de proteger contra, reduzir a severidade ou combater a(s) doença (s) causada(s) pelo agente que originou o(s) antígeno(s). 15 12 Terminologias Essenciais para a compreensão dos termos utilizados na farmacologia. 15 13 DESENVOLVIMENTO DE FÁRMACOS 15 14 O aumento da população, aliado ao aumento dos grandes centros urbanos e redução de áreas nativas, desencadeou o ressurgimento de inúmeras doenças que já se encontravam sob controle. Por que temos a necessidade de descobrir novos fármacos? E como acontece esse processo? 15 15 Busca por novos medicamentos Tratamento de doenças já existentes Tratamento de doenças recém descobertas Medicamentos capazes de combater resistência ao fármaco Busca por fármacos mais seguros - redução dos efeitos indesejados 15 16 Definição de moléculas ativas/alvo terapêutico Pré-clínicos Testes in vitro Teste in vivo Etapas 15 17 Fase I - Farmacocinética (forma farmacêutica, absorção, distribuição, biotransformação, excreção, biodisponibilidade, nível sérico), doses diferentes, RAM, interações. Voluntários sadios; 20 a 100 pessoas; 1 ano. Fase II - Eficácia na doença, dose eficaz, posologia (dose e freqüência de dose), outros efeitos, mecanismo de ação. Voluntários doentes; 100 a 300 pessoas; 2 anos. Fase III - Definição da dose, posologia, eficácia na doença, segurança. Voluntários doentes; 1000 a 3000 pessoas; 2 a 4 anos. Fase IV - Confirmação na prática, com informações reais de médicos especialistas por meio de tratamentos individuais. Possíveis ajustes posológicos, conforme dados obtidos. Ensaios clínicos 15 18 Desenvolvimento de fármacos Alto custo Desenvolvimento de novas tecnologias farmacêuticas → patentes Medicamentos cada vez mais inovadores 15 19 FORMAS FARMACÊUTICAS 15 20 15 21 A forma farmacêutica é a forma ideal que assegura a estabilidade, administração e efeito terapêutico do fármaco, por esses motivos, as formas medicamentosas são selecionadas com base na via de administração requerida, bem como em critérios como estabilidade físico-química do princípio ativo, entre outros. 15 22 As diferentes formas farmacêuticas ESTADO FÍSICO FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS Comprimidos Drágeas ou comprimido revestido Cápsulas Pós Granulados SEMI-SÓLIDAS Cremes Pastas Géis Pomadas LÍQUIDAS Soluções estéreis e não estéreis Xaropes Suspensões Elixires GASOSA Aerossóis 15 23 Embalagem primária: embalagem que mantém contato direto com o medicamento (exemplo: blister, pote, frasco, etc). Embalagem secundária: embalagem externa do produto, que está em contato com a embalagem primária ou envoltório intermediário, podendo conter uma ou mais embalagens primárias (exemplo: caixa do medicamento). Tipos de embalagem 15 24 15 25 15 26 Forma farmacêutica → via de administração Embalagens → informações adequadas 15 27 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 15 28 As vias de administração de fármacos, é o local onde o vai entrar em contato com o organismo humano para depois promover o efeito terapêutico esperado, ou seja, cada via de administração de um determinado medicamento é indicada para uma situação específica, apresentando vantagens e desvantagens. 15 29 15 30 Via de administração Formas Farmacêuticas Via oral Comprimido, cápsula, pastilhas, drágeas, pós para reconstituição, gotas, xarope, solução oral, suspensão. Via sublingual Comprimidos sublinguais Via parenteral (injetável) Soluções e suspensões injetáveis Via cutânea ou tópica Soluções tópicas, pomadas, cremes, loção, gel, adesivos. Via nasal Spray e gotas nasais Via oftálmica Colírios e pomadas oftálmicas Via auricular Gotas auriculares ou otológicas e pomadas auriculares Via pulmonar Aerossol Via vaginal Comprimidos vaginais, cremes, pomadas, óvulos. Via retal Supositórios 15 31 Intradérmica – I.D.: administrado com agulha rente à pele, entre a derme e a epiderme, a agulha não chega a camadas profundas. Geralmente é aplicada no músculo deltóide do braço. Um exemplo clássico de vacina intradérmica é a BCG. Subcutânea – S.C.: administrado com agulha na hipoderme, no tecido subcutâneo. Os locais para injeção S.C incluem as regiões superiores externas (braços), o abdômen, a região anterior das coxas e a região superior do dorso. Intramuscular – I.M.: administrado com agulha diretamente na massa muscular. Esta via permite a administração de medicamentos em soluções aquosa e oleosa. Intravenosa (IV) ou endovenosa (EV): a administração é efetuada introduzindo o medicamento diretamente na veia, na corrente sanguínea. Parenteral 15 32 Formas de aplicação de medicamentos injetáveis 15 33 Via de administração → forma farmacêutica Fármaco → efeito terapêutico 15 34 FARMACOCINÉTICA E FÁRMACODINÂMICA 15 35 Farmacocinética: do grego kinetós que significa móvel, é o caminho que a substância química faz no organismo, neste processo não ocorre o estudo do seu mecanismo de ação, e sim as etapas que a substância sofre desde a administração até a sua excreção, que são: absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Farmacodinâmica: área da farmacologia que estuda o efeito de uma determinada substância química em seu tecido- alvo/receptor, ou simplificando estuda como uma substância interage no tecido-alvo. 15 36 Administração • Enteral: Oral, sublingual e retal Absorção Farmacocinética • Trato gastrointestinal Distribuição Farmacocinética • Corrente sanguínea Biotransformação Farmacocinética • Fígado, rins e pulmões Ligação no sítio de ação Farmacodinâmica • Interação com tecido- alvo/receptor Eliminação Farmacocinética • Urina, suor, leite materno, etc 15 37 Administração • Parenteral: endovenosa, intramuscular e subcutânea Distribuição Farmacocinética • Corrente sanguínea Ligação no sítio de ação Farmacodinâmica • Interação com tecido-alvo/receptor Eliminação Farmacocinética • Urina, suor, leite materno, etc 15 38 Outras vias: inalação, tópica e transdérmica. Farmacocinética X Farmacodinâmica 1539 Aspectos farmacêuticos e farmacológicos 15 40 Química Farmacêutica = Química Medicinal Descoberta de novos compostos que sejam adequados ao uso como fármacos Potentes, rápido início de ação e menor incidência de efeitos colaterais possível Aspectos farmacêuticos e farmacológicos 15 41 Finalidades de um medicamento Profilática – prevenção de doenças Curativa - cura de uma determinada enfermidade Paliativa – alivio de um determinado sintoma Diagnóstico realização de exames 15 42 Fase Farmacêutica Desintegração da forma farmacêutica e dissolução do princípio ativo Forma de apresentação - sólidas, líquidas e semissólidas Via de administração – determina velocidade de ação Propriedades físico-químicas – hidrossolubilidade e grau de ionização 15 43 Fase Farmacocinética Absorção - local de administração para circulação Exceção - administração intravenosa Transporte ativo, transporte passivo, absorção convectiva e endocitose Distribuição – corrente sanguínea - solubilidade do fármaco no sangue e a estabilidade Metabolismo – biotransformação - fígado, cérebro, sangue, rins e pulmões Excreção – renal , intestinal, exalação, sudorese e aleitamento 15 44 Fase farmacodinâmica Ação direta sobre o receptor - modelo chave-fechadura Ação indireta sobre o efeito de um agonista endógeno Ação através da inibição dos processos de transporte Ação através da inibição enzimática Ação através da ação enzimática direta ou ativação enzimática 15 45 Propriedades físico-químicas dos fármacos 15 46 As propriedades físico-químicas dos fármacos, também conhecidas como propriedades biofarmacêuticas, influenciam diretamente na sua atividade biológica. Propriedades físico-químicas dos fármacos 15 47 Solubilidade em água e grau de ionização Pode ser influenciada por: pH do meio Tamanho da partícula Polimorfismo Forma farmacêutica Taxa de dissolução 15 48 Lipossolubilidade Propriedade relacionada com a passagem através das membranas lipídicas Lipofilia – melhor absorção / pior dissolução Moléculas ácidas ou básicas – grau de ionização Influência na lipossolubilidade 15 49 Propriedades Estruturais dos Fármacos 15 50 Para que um fármaco desempenhe sua ação, é necessário que haja uma interação ele e o sítio de ligação biológico Propriedades Estruturais dos Fármacos 15 51 Fármacos estruturalmente inespecíficos Minoria dos fármacos Não dependem das propriedades estruturais Não precisam de um receptor E como acontece o desenvolvimento da ação? 15 52 Ação - propriedades físico-químicas solubilidade, grau de ionização e lipossolubilidade Baixa potência – efeito dependente da dose Doses + altas / acúmulo do fármaco Ex.: Anestésicos gerais administrados por inalação 15 53 Fármacos estruturalmente específicos Maioria dos fármacos existentes Precisam da ligação a um receptor Reconhecimento do fármaco Propriedades estruturais / arranjo espacial 15 54 Fármaco + receptor = complementação Modelo chave-fechadura Alteração das propriedades da molécula Modificação nas propriedades físico- químicas Modificar do mecanismo de ação / forma de interação 15 55 Modelo Chave-Fechadura 15 56 De acordo com esse modelo é possível identificar três tipos de “chaves”: 1. chave original ou agonista natural 2. chave modificada ou agonista modificado 3. chave falsa ou antagonista Modelo Chave-Fechadura 15 57 Chaves = Micromoléculas (ligantes endógenos, fármacos) Fechadura = Biomacromolécula Buraco da fechadura = Sítio de ligação 15 58 Afinidade = interação entre o fármaco e o receptor Atividade intrínseca = resposta biológica Fármacos agonistas Fármacos antagonistas 15 59 Forças Químicas Envolvidas na Interação Fármaco-Receptor 15 60 Forças envolvidas na interação fármaco-receptor: Forças eletrostáticas Ligações de hidrogênio Forças de van der Waals (dispersão de London) Forças hidrofóbicas Ligações covalentes Forças Químicas Envolvidas na Interação Fármaco-Receptor 15 61 Fatores Estereoquímicos Envolvidos na Interação Fármaco-Receptor 15 62 Fatores importantes na interação fármaco- receptor: Volume ou tamanho do fármaco Conformação do fármaco e do receptor Configuração Fatores Estereoquímicos Envolvidos na Interação Fármaco-Receptor 15 63 Tamanho do fármaco Capaz de influenciar na atividade PM = 100 – 1000 da Limite inferior – especificidade da molécula Limite superior – capacidade de movimentação 15 64 Conformação do fármaco e do receptor Arranjo espacial das moléculas - depende dos ângulos de torção Rotação das ligações sigma Conformação alternada ou eclipsada Definem a estabilidade 15 65 Configuração absoluta Enantiômeros – imagem especular Mesmas propriedades físico-químicas / atividade diferente Ex.: talidomida (teratogênico) 15 66 A tragédia da talidomida, no final dos anos 1950, foi um divisor de águas na regulação de medicamentos. Ela foi descoberta na Alemanha em 1953 para ser agregada a antibióticos, mas foi reconhecida mundialmente após 1957 como sedativo e hipnótico. Em 1961, entre 10 e 15 mil crianças nasceram com malformações após suas mães terem ingerido o medicamento durante a gestação. PROBLEMAS RELACIONADOS A TALIDOMIDA 15 67 No Brasil, o assunto talidomida nunca saiu da pauta de problema público, pois a falta de uma regulação efetiva do medicamento fez com novos casos de malformações aparecessem após a aparentemente retirada da droga de circulação em 1962. PROBLEMAS RELACIONADOS A TALIDOMIDA 15 68 Indicação na época: como sedativo para aliviar náuseas nas mulheres grávidas; Efeito adverso: teratogênico. PROBLEMAS RELACIONADOS A TALIDOMIDA 15 69 15 70 15 71 POLARIMETRO 15 72 A isomeria optica da talidomida ocorre por causa da mistura racêmica do carbono quiral. MISTURA RACÊMICA 15 73 Síntese de Fármacos 15 74 Entre 1950 e 1980 o desenvolvimento de fármacos sofreu grandes modificações, dentre as quais, o desenvolvimento do bioisosterismo, que originou muito do que sabemos atualmente sobre a relação da estrutura química com a atividade biológica. Síntese de Fármacos 15 75 Bioisosterismo – metodologia baseada na modificação estrutural da molécula com atividade biológica A partir de um protótipo Alteração das propriedades físico-químicas Melhoramento da atividade biológica, redução de efeitos indesejados 15 76 Latenciação Transformação do fármaco Liberação da forma ativa no sítio de ação “Cavalo de Tróia” 15 77 Porque é interessante o processo de latenciação? Grande número de barreiras biológicas Interferência na atividade farmacológica Fase farmacêutica e/ou farmacocinética 15 78 Principais usos de um pró-fármaco Solubilidade insuficiente em água Baixa aceitabilidade do medicamento Baixa estabilidade do fármacofrente aos fluidos biológicos Necessidade de aumentar a meia-vida do fármaco 15 79 Pró-fármaco 15 80 Os pró-fármacos são moléculas inativas ou menos ativas que o fármaco matriz, que após administração são metabolizadas a espécies ativas em locais próximos ao sítio de ação, sendo capazes de exercer sua atividade terapêutica. Pró-fármaco 15 81 Características da molécula candidata à pró- fármaco Ser inativa ou menos ativa que o fármaco matriz Síntese menos complexa que a do fármaco matriz Regeneração “in vivo” do fármaco matriz -níveis efetivos de fármaco no sítio de ação Minimizar metabolização direta ou inativação Transportador não deve apresentar toxicidade Garantir níveis eficazes do fármaco no local de ação 15 82 Estrutura do pró-fármaco - grupo funcional do fármaco Classificação dos pró-fármacos – forma de transporte Pró-fármacos clássicos Bioprecursores, mistos e recíprocos Fármacos dirigidos 15 83 Pró-fármaco clássico Seguem osignificado clássico de latenciação Inativos ou menos ativos que o fármaco matriz Necessitam de um transportador 15 84 Bioprecursores – fármacos latentes Não ligam a um receptor Inativas “in vivo” - biotransformação Metabólito ativo Metabólito ativo 15 85 Pró-fármacos mistos Forma latente + bioprecursores + clássicos Inativas – ligadas a um transportador Sofrem reações de biotransformação Liberadas no alvo de ação 15 86 Pró-fármacos recíprocos Transportador tem atividade farmacológica Sinergismo de ação ou atividade terapêutica diferente 15 87 Fármacos dirigidos Forma latente + transportador específico Especificidade da ligação Reduz a ação sobre órgãos ou tecidos inespecíficos Aumentar a potência e reduzir os efeitos indesejados 15 88 Relação Estrutura-Atividade 15 89 A relação estrutura-atividade envolve a relação entre as modificações realizadas na estrutura da molécula e as consequentes alterações na atividade biológica: Maior atividade terapêutica, diferentes atividades terapêuticas, menos efeitos colaterais e facilidade de administração Relação Estrutura-Atividade 15 90 Compostos estruturalmente semelhantes – grupo farmacofórico Mesma classe farmacêutica - atividade semelhante Diferente potência e efeitos colaterais 15 91 Como determinar a REA de uma classe de compostos? Fazer pequenas alterações na estrutura do protótipo da classe Avaliar o efeito de cada alteração sobre as propriedades do fármaco 15 92 Modificações no tamanho e conformação do fármaco Alterar o n° de grupamentos CH2 Alteração do grau de insaturação Introdução ou remoção de anéis ou sistema de aneis 15 93 Dependendo da natureza do grupo utilizado, a introdução de novos substituintes pode alterar diversos parâmetros, tanto farmacocinéticos quanto farmacodinâmicos, da natureza do fármaco. Relação Estrutura-Atividade 15 94 Introdução de novos substituintes Introdução de grupamentos metila Aumento da lipofilia – interferência no metabolismo 15 95 Introdução de halogênios Aumento da lipofilia Acúmulo no tecido adiposo Introdução de grupos hidroxila Aumento da hidrofilia - metabolismo Novo centro para formação de ligações de H com o sítio alvo Ação bactericida 15 96 15 97 Introdução de grupos ácido carboxílico pH fisiológico - ionização Maior hidrossolubilidade Metabolização 15 98 Introdução de grupos ácido sulfônico Sem alterações na atividade Aumento da metabolização Introdução de grupos tióis, sulfetos e outros contendo enxofre Pouco utilizados para estudos de REA Facilmente metabolizados Úteis como inibidores de haloenzimas – capacidade de quelar metais 15 99 REAQ/QSAR 15 100 QSAR é o termo inglês (Quantitative Structure Activity Relationship) para REAQ (Relação Estrutura Atividade Quantitativa) Modelo matemático que relaciona, quantitativamente, a estrutura química dos compostos com as atividades farmacológicas REAQ/QSAR 15 101 Primeiros estudos: 1960 – atividade biológica obtida experimentalmente X propriedades físico-químicas descritas na literatura Atualmente: contribuição para a Química Medicinal Identificação de protótipos Fármacos + específicos Maior atividade intrínseca e melhor perfil farmacológico 15 102 Estudos realizados através de programas de computador Cálculo das propriedades físico-químicas e relação com atividade biológica Quando realizados com estruturas tridimensionais – modelagem molecular 15 103 Planejamento e Modelagem Molecular de Fármacos 15 104 A Química Farmacêutica é uma ciência que engloba o planejamento e a modelagem molecular de fármacos. Planejamento e Modelagem Molecular de Fármacos 15 105 Modelagem molecular Construção e manipulação de modelos Compreender mais profundamente os elementos por eles representados Modelos - representações simplificadas de objetos e fenômenos físicos reais 15 106 Modelagem molecular Pode ser assistida por computadores São realizados cálculos de energias de conformação, de propriedades termodinâmicas e físico-químicas, de orbitais moleculares 15 107 Métodos de aplicação da modelagem molecular Método direto Método indireto Otimizar o encaixe da molécula no receptor Explorar aspectos tridimensionais de reconhecimento molecular Auxiliar na interpretação das relações estrutura-atividade 15 108 Fármacos que interagem com receptores biológicos: Fármacos Colinérgicos 15 109 Agentes colinérgicos - fármacos que direta ou indiretamente produzem efeitos similares aos causados pela acetilcolina. A acetilcolina é, portanto, um neurotransmissor endógeno, que sinaliza para diversos tipos de receptores presentes no Sistema Nervoso Central (SNC), no Sistema Nervoso Autônomo Simpático e Parassimpático. Fármacos que interagem com receptores biológicos: Fármacos Colinérgicos 15 110 Biossíntese, armazenamento e liberação da acetilcolina (Ach) Hidrossolúvel Dificuldade em atravessar membranas Incorporada em uma vesícula 15 111 Receptores colinérgicos – 2 tipos Receptores muscarínicos - M1 a M5 Encontrados nos órgãos inervados pelas fibras pós-ganglionares do SNP M1, M3 e M5 - ativação da fosfolipase C M2 e M4 - inibição da adenilato ciclase 15 112 Receptores colinérgicos Receptores nicotínicos – N1 e N2 Junção neuromuscular esquelética, medula adrenal e gânglios autonômicos Foco de investigação – Miastenia gravis 15 113 Efeitos colinérgicos Inibição cardíaca, vasodilatação periférica, aumento das secreções glandulares, aumento do peristaltismo dos tratos gastrointestinal e urinário e miose Intoxicação por Muscarina e pilocarpina - inibidos pela atropina Estímulo e aumento do tônus dos músculos esqueléticos (NICOTINICOS) Nicotina - bloqueado pela succinilcolina 15 114 Os fármacos colinérgicos podem ser divididos em duas categorias, dependendo do seu mecanismo de ação: agentes colinérgicos diretos e agentes colinérgicos indiretos (anticolinesterásicos). Fármacos que interagem com receptores biológicos: Fármacos Colinérgicos 15 115 Agentes colinérgicos diretos Semelhantes à acetilcolina - efeitos similares Colinomiméticos ou parassimpatomiméticos Estudos sobre relação estrutura-atividade 15 116 Fármacos que interagem com receptores biológicos: Fármacos Anticolinérgicos 15 117 Os agentes anticolinérgicos são conhecidos, também, como agentes bloqueadores colinérgicos, pois atuam bloqueando a atividade da acetilcolina nos receptores colinérgicos. Fármacos que interagem com receptores biológicos: Fármacos Anticolinérgicos 15 118 Fármacos antimuscarínicos Alta afinidade – sem atividade intrínseca (bloqueia a ação da ACh) R = grupo volumoso / “n” = 2 ou 3 Similares aos agentes colinérgicos 15 119 Bloqueadores neuromusculares Bloqueando os receptores nicotínicos nos músculos esqueléticos Bloqueadores neuromusculares competitivos despolarizantes Bloqueadores neuromusculares competitivos não-despolarizantes Decametônio, suxametônio, succinilcolina Tubocurarina, metocurina, pancurônio, vecurônio, atracúrio, galamina 15 120 Estrutura geral - n=9 a 12 N=10 – atividade curarizante (relaxa musculatura esquelética) 15 121 Fármacos que interagem com receptores biológicos: Anti- histamínicos 15 122 Histamina: mensageiro químico formado a partir do aminoácido histidina, e armazenado em mastócitos e basófilos, na forma inativada. 15 123 Agonistas da histamina Estruturalmente semelhante à histamina Inibidores da liberação de histamina (bloqueia cálcio e reduz liberação de histamina) Não apresentam semelhanças estruturais com a histamina 15 124 Agentes antialérgicos Antagonistas H1 de primeira geração Derivados etanolamínicos Derivados etilenodiamínicos Derivados propilamínicos Derivados tricíclicos Derivados piperazínicos15 125 Antagonistas H1 de segunda geração Grupamentos mais volumosos e hidrofílicos Dificuldade de interação com os receptores H1 no SNC 15 126 Agentes antiúlcera – antagonistas H2 Estrutura semelhante à histamina Bloqueio dos receptores H2 -> Reduz a secreção gástrica 15 127 Fármacos que interagem com receptores biológicos: Hipnoanalgésicos 15 128 Os hipnoanalgésicos dizem respeito aos analgésicos derivados do ópio. São depressores seletivos do SNC, empregados para aliviar a dor sem causar a perda da consciência. Fármacos que interagem com receptores biológicos: Hipnoanalgésicos 15 129 Receptores opioides - proteínas localizadas nos neurônios Receptores opióides: (mi), (capa), (delta) e (sigma) → sigma não reverte pela naloxona Fármaco + receptor = atividade Efeitos adversos = depressão respiratória, constipação, vômitos, náuseas, distúrbios cardiovasculares, tonturas, visão turva, alterações de humor, tolerância, dependência física e psíquica e síndrome de abstinência 15 130 Agonistas opioides: estrutura geral: Átomo de C quaternário (X) Anel fenílico ou isóstero (Ar) ligado ao átomo de C Grupo amino terciário separado do anel fenílico por dois átomos de C saturados Grupo hidroxila fenólico em posição meta à ligação do C quaternário (Ar) – para alguns agonistas. 15 131 Morfina 15 132 Antagonistas dos Hipnoanalgésicos Estrutura muito semelhante aos derivados da morfina - diferenças na posição 17 Competem pelos receptores NALOXONA 15 133 Fármacos que interagem na ação enzimática: Hormônios esteroidais 15 134 Os fármacos conhecidos como corticoides são esteroides, derivados de uma estrutura comum, denominada ciclopentanoperidrofenantreno Fármacos que interagem na ação enzimática: Hormônios esteroidais 15 135 Corticoides ou adrenocorticoides Mineralocorticoides e glicocorticoides Mineralocorticoides - controle do balanço eletrolítico e aquoso nos túbulos renais Glicocorticoides - controle do metabolismo de carboidratos e proteínas 15 136 REA 15 137 Exemplos 15 138 15 139 Fármacos que interferem na ação enzimática: anti-hipertensivos 15 140 Entre os agentes anti-hipertensivos estão as seguintes classes de medicamentos: diuréticos, inibidores da ECA, bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina II, bloqueadores dos canais de cálcio, agentes antiadrenérgicos e agentes vasodilatadores Fármacos que interferem na ação enzimática: anti-hipertensivos 15 141 Diuréticos osmóticos Profilaxia da insuficiência renal aguda por cirurgias ou hemorragia severa Manitol, sorbitol e isossorbida Atuam no túbulo proximal exercendo um efeito osmótico 15 142 Inibidores da anidrase carbônica Tratamento do glaucoma – acidose sistêmica Derivados sulfonamídicos não devem ser ter substituintes no nitrogênio Perda de atividade 15 143 Tiazidas e derivados Porção cortical do ramo ascendente da alça de Henle e túbulo distal Impedem a reabsorção de Na+ e Cl- Grupo sulfonamida - C7 + retiradores de e- - C6 Essenciais para atividade 15 144 Diuréticos de alça Atuam no ramo ascendente da alça de Henle - inibição do sistema cotransportador Na+/K+/2 Cl- Grupo sulfonamida - C5 - essencial para atividade diurética C1 – grupo ácido C4 - retirador de e- 15 145 Diuréticos poupadores de potássio Atuam no túbulo distal e ducto coletor Retenção de K+ - podem causar hipercalemia 15 146 Fármacos que interferem na ação enzimática: sulfonamidas 15 147 As sulfonamidas são agentes antibacterianos de amplo espectro, os quais têm lugar destacado na terapêutica antimicrobiana, principalmente quando não é possível ou não é conveniente a administração de antibióticos Fármacos que interferem na ação enzimática: sulfonamidas 15 148 Antagonismo competitivo com o ácido p- aminobenzóico (PABA) Inibição da enzima di-hidropteroato sintase Impede a formação do ácido fólico Estruturalmente semelhantes ao PABA (A) p-aminobenzóico. (B) Sulfanilamida. (C) Estrutura geral das sulfonamidas. 15 149 15 150 Sulfonamidas sistêmicas – ação prolongada - >lipofilia Sulfonamidas intestinais – pró-fármacos hidrofílicos Sulfonamidas urinárias – rápida absorção /excreção lenta 15 151 Fármacos que interferem na ação enzimática: antibióticos - lactâmicos 15 152 Os fármacos pertencentes a classe dos β- lactâmicos possuem em sua estrutura um anel de quatro membros, denominado de anel -lactâmico, sendo 3 átomos de carbono e um átomo de nitrogênio Fármacos que interferem na ação enzimática: antibióticos -lactâmicos 15 153 Antibióticos -lactâmicos clássicos Penicilinas e cefalosporinas Anel -lactâmico - condensado com um anel contendo um heteroátomo + cadeia lateral amídica na posição à carbonila 15 154 Penicilinas 15 155 Cefalosporinas Cefalosporinas clássicas X = S e R’’ = H Cefamicinas X = S e R’’ = OCH3 Oxacefemas X = O e R’’ = OCH3 COOH – C4 - formação de sais solúveis R’ = propriedades farmacocinéticas R’’ = espectro antibacteriano R’’ = CH3O resistência à - lactamase 15 156 -lactâmicos não-clássicos Carbapenens, monobactans, oxapenens e sulbactam 15 157 Fármacos que inibem a síntese proteica: tetraciclinas 15 158 São fármacos caracterizados pela presença de um sistema formado por quatro anéis condensados e pelo seu amplo espectro de ação A principal representante da classe é a tetraciclina Fármacos que inibem a síntese proteica: tetraciclinas 15 159 Moléculas anfotéricas - apresentam três valores de pKa 2,8 a 3,4 correspondente ao sistema de triona conjugado que se estende de C1 a C3 no anel A 7,2 a 7,8 que corresponde ao sistema enólico fenólico conjugado que se estende de C10 a C12 9,1 a 9,7 correspondente ao ácido conjugado do grupo dimetilamino em C4 15 160 Capazes de quelar íons metálicos polivalentes Formação de quelatos insolúveis a pHs neutros - não são absorvidos via oral Tetraciclinas são incompatíveis com antiácidos ricos em íons multivalentes 15 161 Orientação -estéreo do grupo dimetilamino – C4 - essencial para a atividade antibiótica Presença do grupo hidroxila terciário e um grupo benzílico no C-6 Desidratação catalisada por ácido envolvendo o hidrogênio do C-5a Possibilidade de formação da 4- epianidrotetraciclina Nefrotoxicidade 15 162 Fármacos que atuam nos ácidos nucléicos e outros: antivirais 15 163 Os vírus são estruturas, extremamente pequenas, que variam de 0,02 a 0,4 m. Eles apresentam uma constituição bastante simples, necessitando das células do hospedeiro para se reproduzirem (parasitas intracelulares). Fármacos que atuam nos ácidos nucléicos e outros: antivirais 15 164 Agentes envolvidos na inibição dos estágios iniciais da replicação viral 15 165 Agentes que afetam a transcrição, tradução e translação dos ribossomos Metisazona 15 166 Agentes que interferem com a replicação do ácido nucléico (análogos de nucleosídeos) 15 167 Agentes utilizados na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA = AIDS) Agentes inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeos 15 168 Agentes inibidores de transcriptase reversa não-nucleosídeos 15 169 Agentes inibidores de protease