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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 
CONNIE FRANCIS ANDRADE CASTELO BRANCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL À LUZ DO 
CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza - Ceará 
2007
CONNIE FRANCIS ANDRADE CASTELO BRANCO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL À LUZ DO 
CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada 
como exigência parcial para 
a obtenção do grau de 
bacharel em Direito, sob a 
orientação de conteúdo e 
metodológica da Professora 
Lilia Maia de Morais Sales. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza – Ceará 
 2007 
 
 
 
 
 
 
 - - 
CONNIE FRANCIS ANDRADE CASTELO BRANCO 
 
 
 
 
O DIREITO SUCESSÓRIO NA UNIÃO ESTÁVEL À LUZ DO 
CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
 
 
Monografia apresentada à 
banca examinadora da 
Universidade Federal do 
Ceará, adequada e 
aprovada para suprir 
exigência parcial inerente à 
obtenção do grau de 
bacharel em Direito, em 
conformidade com os atos 
normativos do MEC, 
regulamentada pela 
Resolução nº 028/99 da 
Universidade de Fortaleza. 
 
 
 
Aprovada em 17 de janeiro de 2007. 
 
 
 
 
 
 
Lília Maia de Morais Sales 
Professora Orientadora da Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
Marcelo Lopes Barroso 
Professor da Universidade de Fortaleza 
 
 
Érica Maria Araújo Sabóia Leitão 
Bacharel em Direito 
 
RESUMO 
O Direito Sucessório Na União Estável À Luz Do Código Civil de 2002. O 
presente trabalho aborda o tema dos direitos sucessórios decorrentes da união 
estável, analisados sob a ótica do código civil de 2002. Apresentam-se noções 
gerais a respeito da união estável, diferenciando-a do concubinato. Discute-se o 
assunto sob a ótica constitucional, para que se possam compreender os 
caminhos tomados pelo legislador infraconstitucional, haja vista caber a análise 
da ocorrência ou não da equiparação da união estável ao casamento em seus 
efeitos patrimoniais. Apresenta-se a legislação anterior ao código civil de 2002 
que tratava da união estável e da sucessão dos companheiros, em suma, o 
Código Civil de 1916 e as Leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996. Procede-se, então, 
à análise do Código Civil de 2002, no que se refere à sucessão. Confronta-se o 
tratamento dispensado ao cônjuge e ao companheiro sobrevivente quando da 
sucessão, verificando as disparidades que há entre as duas situações. Com 
relação à sucessão do companheiro, analisa-se se há retrocesso na legislação 
infraconstitucional no que tange à sucessão do companheiro, focando-se o 
paralelo entre o Código Civil e as leis vigentes anteriores a eles, além das 
dúvidas provocadas pela lei atual. Mostram-se as diversas visões dos 
doutrinadores a respeito do tema, com propostas de alterações. Finalmente, 
percebe-se que, nesse contexto, não ocorreu a equiparação entre o casamento e 
a união estável em todos os seus efeitos patrimoniais, haja vista que, quando da 
sucessão, essa equiparação nitidamente não ocorre, tendo a nova lei colocado o 
cônjuge em posição privilegiada, na qualidade de herdeiro necessário. Além 
disso, conclui-se que notório é o retrocesso ocorrido com o Código Civil de 2002, 
em muitos pontos, com relação à vocação hereditária do companheiro, haja vista 
as inúmeras restrições com relação aos seus direitos. 
 
 
 
Palavras Chave: direitos sucessórios. união estável. código civil de 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
 
 
ABSTRACT 
The successoral law in the stable union on the light of the Civil Code of 2002. The 
present paper approaches the theme of successoral rights derived from the stable 
union,analyzed under the view of the Civil Code of 2002. General notions are 
presented about the stable union, making it different from concubinage. The 
subject is discussed under the constitutional view,so that the measures taken by 
the infraconstitutional legislator may be understood,even because it is appropriate 
to analyze the existence or not of an equality between the stable union and the 
marriage in its patrimonial effects. The paper presents the legislation previous to 
the Civil Code of 2002,which discussed the stable union as well as the succession 
of partners; to sum up, the Civil Code of 1916 and the laws 8.971/1994 and 
9.278/1996. Then,an analysis of the Civil Code of 2002 is performed,concerning 
succesion. The treatment given to the spouse is compared to the treatment given 
to the surviver partner when there is succession,verifying the disparities between 
the two situations. Concerning the partner's succession, any retrocession in the 
infraconstitutional legislation is analyzed, referring to the partner's succession, 
focusing the parallel between the Civil Code and the laws in use before it, as well 
as the doubts caused by the present law. This paper also presents the several 
views of doctrinaires about the subject, with proposals of changes. Finally, it is 
noticed that, in this context, an equality between the marriage and the stable 
union in all its patrimonial effects did not occur, due to the fact that when there is 
succession, this equality does not clearly happen, having the new law placed the 
spouse in a privileged position, in the condition of a necessary heir. Besides this, 
it is concluded that notorious is the retrocession occurred with the Civil Code of 
2002, in many aspects, concerning its rights. 
 
 
 
Key Words: successoral law. stable union. Civil Code of 2002. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Meus agradecimentos sinceros a Deus e 
aos meus pais, Paulo e Clarice, que, 
mostrando-me os caminhos, apoiaram-
me durante toda a minha árdua, porém 
gratificante jornada. 
 
 
 
 
 7 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO.....................................................................................................08 
1 UNIÃO ESTÁVEL..............................................................................................12 
1.1 União Estável e Concubinato..........................................................................16 
2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: A EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL AO 
CASAMENTO.......................................................................................................19 
3 LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO CÓDIGO CIVIL DE 2002.................................25 
3.1 Código Civil de 1916.......................................................................................25 
3.2 Leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996.................................................................28 
4 O DIREITO SUCESSÓRIO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002.................................32 
4.1 Disparidade no Tratamento entre Cônjuge e Companheiro Sobrevivente......33 
4.1.1 Sucessão do Cônjuge.............................................................................33 
4.1.2 Sucessão do Companheiro.....................................................................37 
4.2 Retrocesso na Legislação Infraconstitucional.................................................47 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................53 
6 REFERÊNCIAS..................................................................................................55 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Para se ter uma compreensão melhor embasada de qualquer assunto 
inserido no ordenamento jurídico pátrio, faz-se necessária uma análise do 
instituto sob a ótica constitucional, para que se possa compreender os caminhos 
tomados pelo legislador infraconstitucional. 
Assim, tem-se que a ordem constitucional garante proteção do 
Estado à família, como base da sociedade. A família, obviamente, é não só 
aquela decorrente do casamento, mas também, para efeito da referida proteção, 
a decorrente de união estável, como estabelece a Constituição Federal, em seu 
art. 226, §3º: “Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulhercomo entidade familiar, devendo a lei facilitar sua 
conversão em casamento”. 
Dessa maneira, não deve ser outra a postura do legislador 
infraconstitucional ao tratar a união estável que não a de equiparação ao 
casamento quanto à proteção conferida pelo Estado. 
Percebe-se, entretanto, que não se atribuiu igual regime patrimonial 
para o casamento e para a união estável, pois a equiparação feita pela Carta 
Magna entre união estável e casamento ocorreu, tratando-se da assistência 
 9 
material (alimentos) em caso de rescisão da união estável, e da garantia do 
condomínio (meação) dos bens adquiridos na constância da união e a título 
oneroso (salvo estipulação contratual em contrário), além de seus efeitos não 
patrimoniais - em face do Estado e da sociedade – porém tal não aconteceu da 
mesma maneira quando da sucessão. 
Quanto ao Direito Sucessório, verifica-se que este se constitui em 
verdadeiro corolário do direito de propriedade. Assim, o legislador foi rigoroso 
com relação aos sucessores do de cujus. 
No Direito das Sucessões, a nova legislação civil é mais exigente nos 
requisitos para a sucessão, excluindo a (o) concubina (o) da relação dos 
herdeiros, e colocando a (o) companheira (o) sobrevivente (União Estável) em 
posição de extrema desvantagem em relação à do cônjuge sobrevivente, com o 
óbvio intuito de proteger a instituição do casamento, colocando-o em posição 
privilegiada, como herdeiro necessário do de cujus, tendo ocorrido notório 
retrocesso em relação à legislação que vigia anteriormente ao Código Civil de 
2002. 
O tema em questão é de extrema importância prática, visto que se faz 
necessário o esclarecimento de muitas questões, ainda contraditórias entre a 
doutrina e a jurisprudência pátria, provenientes da nova legislação – o Código 
Civil de 2002. 
A metodologia utilizada no trabalho monográfico foi caracterizada 
como um estudo descritivo analítico, desenvolvido por meio de pesquisa 
bibliográfica, tais como livros, doutrinas, leis e artigos publicados em sítios 
eletrônicos. Em relação à tipologia da pesquisa, caracterizou-se como qualitativa 
 10 
e, segundo a utilização de resultados, pura. Quanto aos objetivos, a pesquisa 
deu-se de forma descritiva e exploratória. 
O presente trabalho encontra-se dividido em quatro capítulos. O 
primeiro deles versa sobre a união estável e sua diferenciação do concubinato. O 
segundo aborda o tema sob a ótica constitucional, analisando-se se houve ou 
não uma equiparação entre os institutos união estável e casamento. O terceiro 
capítulo, por seu turno, trata do estudo da legislação anterior ao Código Civil atual 
referente à união estável e a sucessão que decorre dela. Quanto ao quarto 
capítulo, este analisa de forma mais aprofundada o Código Civil de 2002 no que 
se refere ao tema em questão, verificando-se a sucessão do cônjuge e do 
companheiro sobrevivente, com olhar crítico sobre as disparidades de tratamento 
entre estes, além de expor o retrocesso ocorrido na legislação infraconstitucional. 
No direito sucessório, com a nova legislação, o companheiro 
sobrevivente, que convivia em união estável – anteriormente conhecido como 
concubinato puro – foi notoriamente inferiorizado em relação à sua posição 
sucessória no que tange aos direitos patrimoniais, em relação ao cônjuge 
sobrevivente, que, com o novo código, passou a ser considerado herdeiro 
necessário. Nesse sentido, é possível falar equiparação da união estável ao 
casamento? Além disso, perquirir-se-á se a suposta equiparação da união estável 
ao Casamento feita pela Constituição Federal produz efetivamente 
conseqüências patrimoniais – sucessórios - para o companheiro sobrevivente 
com o advento do novo Código Civil? 
 11 
Em meio a tantas indagações, insere-se este estudo monográfico, 
tendo por escopo analisar as eventuais contradições presentes quando da morte 
de um dos integrantes da união estável. E, ainda, verificar, portanto, até que 
ponto se pode falar em uma harmonia no ordenamento jurídico pátrio no tocante 
ao assunto em tela. É na tentativa de elucidar estas questões que vai ser 
desenvolvida a presente pesquisa. 
 
 
 
 
 
1 UNIÃO ESTÁVEL 
 
A observação da realidade social revela alterações substanciais que 
foram ocorrendo ao longo das últimas décadas na estrutura familiar ocidental, 
particularmente na brasileira. Essas alterações são, em especial, no sentido da 
falência da família patriarcal, decorrentes da vida moderna, da evolução dos 
costumes. Isso se deve principalmente à luta das mulheres pela ocupação de 
condição equiparada à dos homens perante a sociedade e dentro da própria 
família. 
Como conseqüência desse fato, houve um alargamento no conceito 
de família, haja vista não poder mais ser considerada como tal unicamente a 
família oriunda do matrimônio, mas sim as que provinham de envolvimento 
afetivo. Dessa maneira, com a alteração dos paradigmas de família, esta é 
percebida quando há laço de afetividade que une pessoas. Para Maria Berenice 
Dias, tem-se que “o amor tornou-se um fato jurídico merecedor de proteção 
constitucional. A existência de um elo de afetividade é o que basta para o 
reconhecimento de uma entidade familiar” 1. 
Dessa maneira, foi conseguindo maior respeito social a família não 
matrimonializada, culminando com a Constituição Federal de 1988, que, além de 
estabelecer a família como base da sociedade, garantindo-lhe especial proteção 
 
1
 DIAS, Maria Berenice. Conversando sobre Família, Sucessões e o Novo Código Civil. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 67. 
 13 
do Estado, reconheceu a união estável entre o homem e a mulher como entidade 
familiar, ampliando dessa maneira o conceito de família até então vigente. 
Porém, o reconhecimento dessa entidade familiar, baseada na União 
Estável, conforme o Código Civil vigente, dá-se na hipótese de ocorrência de 
alguns requisitos. São eles: a convivência pública, contínua e duradoura, que 
objetive a constituição de uma família (requisito de ordem subjetiva), em que os 
conviventes observem os deveres de lealdade, respeito e assistência, e de 
guarda, sustento e educação dos filhos, alicerçada, obviamente, na vontade dos 
conviventes. 
Deve-se rechaçar a necessidade de caracterização de outros 
pressupostos que não os exigidos em lei para a tipificação da união estável, 
mesmo tendo sido alguns exigidos em legislação anterior2. 
Quanto à exigência de tempo mínimo para a caracterização da União 
Estável, tem-se argumentado não se poder averiguar a verdadeira intenção dos 
conviventes (se tencionam constituição de família) em relacionamentos que têm 
breve fim, justificando que só pode a relação ser considerada estável se durar 
tempo mínimo necessário para a estruturação de uma família.3 É claro que a 
União Estável deve ser duradoura, devendo permanecer tempo suficiente para 
caracterizar o intuito familiae, mas não se pode desejar aplicar aqui parâmetro 
objetivo para mensurar a estabilidade da relação. Deve-se analisar a intenção 
dos companheiros de que seja duradoura a relação, que haja a finalidade de 
constituir família – como desejo (subjetivo) - tendo o próprio legislador modificado 
 
2
 GIORGIS, José Carlos Teixeira. A União Estável e os Pressupostos Subjacentes In Questões 
Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. 
São Paulo: Método, 2006. v. III, pp. 201-224. 
3
 DIREITO, Carlos Alberto Menezes. Da União Estável no Novo Código Civil In O Novo Código 
Civil: Estudos em Homenagem ao Prof. Miguel Reale. Coord. Domingos Franciulli Netto, Gilmar 
Ferreira da Silva e Ives Gandra da Silva Martins Filho. São Paulo: LTr, 2003, pp. 1281-1282. 
 14 
a regra que fixava o prazo de cinco anos para a caracterização da União Estável, 
o que afastou a exigência de tempo mínimo como conditiosine qua non para sua 
tipificação. A estabilidade da união deve ser analisada caso a caso, pelas 
circunstâncias do modo de convivência e pela família que daí resulte, ainda que 
não dure muitos anos e mesmo que não haja filhos dessa união.4 Dessa maneira, 
não há mais o critério temporal objetivo, dispensando prazo mínimo de 
convivência para a configuração da referida relação. 
União estável, como já distinguiu o ilustre Min. Sálvio de Figueiredo 
Teixeira, do Superior Tribunal de Justiça, em acordo ao que se desprende do 
disposto no artigo 1º da Lei 9.278/96, que regulamentou o § 3º do art. 226 da 
Constituição Federal, trata-se de união livre formadora do organismo familiar 
estável, derivada de relação marital prolongada, cuja estabilidade está mais 
ligada à intenção do casal do que propriamente ao prazo fixado em lei. Há uniões 
clandestinas que duram mais de cinco anos e uniões sinceras que não atingem o 
antigo prazo legal. 
Também se deve descartar a necessidade de coabitação, mesmo 
como espécie de requisito implícito, conforme afirma parte da doutrina, o que, 
definitivamente não faz sentido, não tendo sido exigido sequer na legislação 
anterior, haja vista a modernização das relações no mundo fático, em que se tem 
inclusive casamentos em que não ocorre a convivência na mesma residência, 
apesar da obrigação existente na visão tradicionalista do casamento civil, quiçá 
famílias de fato, constituídas através do afeto e da intenção da constituição 
familiar. Assim, como a lei não menciona o dever de coabitação, mas vida em 
 
4
 OLIVEIRA, Euclides de. Distinção Jurídica entre União Estável e Concubinato In Questões 
Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. 
São Paulo: Método, 2006. v. II, pp. 243-245. 
http://www.monografias.com/trabajos6/esfu/esfu.shtml#tabla
 15 
comum, não necessariamente sob o mesmo teto, não se pode exigir como 
pressuposto tal coabitação, desde que subsista a convivência estabelecida na lei, 
pública, contínua, ou seja, atendendo aos requisitos legais. Convivem, pois, os 
companheiros como se casados fossem, devendo a relação ter aparência pública 
de casamento. 
Por fim, quanto ao dever de fidelidade, percebe-se que este é 
emanação do dever de lealdade contido na lei, que é mais amplo. Entretanto, não 
se deve exigir para a caracterização da família more uxorio o que a lei não coloca 
expressamente, assim como também não se atribui culpa em caso de dissolução 
da união estável, por isso, não se deve falar em dever de fidelidade, mesmo 
entendendo ser a fidelidade integrante do conceito de lealdade, esta, sim, exigida 
pela lei. 
Portanto, para a constituição da União Estável, existem certos 
requisitos a ser atendidos, sendo alguns de ordem subjetiva, o que pode 
confundir os que a analisam de maneira mais apressada. Obviamente, não se 
pode tentar impor apenas parâmetros objetivos para o fim de regular relações 
nascidas naturalmente, do afeto, sendo este o que vincula os conviventes. 
Como requisito de ordem subjetiva, a União Estável exige a 
existência do elemento anímico, intencional, consistente no propósito de 
formação de família, como já mencionado acima. 
Deve-se ressaltar que não se encaixa no modelo de união estável a 
ligação adulterina de pessoa casada, sem estar separada sequer de fato de seu 
cônjuge, assim como a união desleal, caracterizada pela ocorrência de pessoa 
 16 
que vive em união estável e mantém outra ligação amorosa (ressalvada a 
hipótese da ocorrência de União estável putativa) 5. 
 
1.1 UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 
 
Tradicionalmente, a doutrina dominante sempre foi no sentido de 
classificar a expressão concubinato como tendo um sentido lato e outro estrito. 
Lato sensu, concubinato é gênero que abrange duas espécies, quais sejam: o 
puro, também conhecido por stricto sensu e o impuro. Aquele se refere às 
relações entre pessoas desimpedidas, que formam a chamada família de fato, 
caso atendidos os outros requisitos exigidos por lei; enquanto esse é adulterino 
ou incestuoso, ou seja, que ocorre entre pessoas que possuem algum 
impedimento matrimonial. 6 
A doutrina subdivide ainda o concubinato adulterino em duas 
espécies: concubinato adulterino puro ou de boa-fé e concubinato adulterino 
impuro ou de má-fé. A diferença entre os dois tipos se encontra exatamente no 
fato de o companheiro ou companheira ter ou não ciência de que seu parceiro se 
mantém em estado de casado ou tem outra relação concomitante. Dessa 
maneira, segundo a corrente doutrinária, somente quando a companheira (o) for 
“inocente”, ou seja, quando declara não ter conhecimento de que seu par tem 
outra relação, há o reconhecimento de que ela está de boa-fé, e pode-se admitir 
o reconhecimento da união estável, chamada união estável putativa. No entanto, 
 
5
 OLIVEIRA, Euclides de. Distinção Jurídica entre União Estável e Concubinato In Questões 
Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. 
São Paulo: Método, 2006. v. II. p. 245. 
6
 SANTOS, Luiz Felipe Brasil. União Estável, Concubinato e Sociedade de Fato: uma distinção 
necessária In Questões Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e 
Jones Figueiredo Alves. São Paulo: Método, 2006. v. III, p. 232. 
 17 
se o companheiro declara que tinha ciência do duplo relacionamento, presume-se 
sua má-fé, não sendo reconhecido o vínculo de União Estável, revelando aqui 
postura estatal eminentemente punitiva. Quanto aos efeitos jurídicos, estes estão 
presentes apenas em respeito ao princípio da vedação ao enriquecimento sem 
causa, pois a situação pode beneficiar o parceiro adúltero, que não irá dividir 
patrimônio amealhado com cooperação mútua 7. 
Maria Berenice Dias, entretanto, entende ser errônea essa posição, 
que traz conseqüência com caráter punitivo para o companheiro que sabia da 
outra união de seu parceiro, quando da sucessão, conforme se observa: 
 
A União Estável, porém, não dispõe de qualquer condicionante. 
Nasce do vínculo afetivo e se tem por constituída a partir do 
momento que a relação se torna ostensiva, passando a ser 
reconhecida e aceita socialmente. (...) Em se tratando de 
convivência pública, contínua e duradoura, impositivo o 
reconhecimento de sua existência. O simples desatendimento a 
alguma das vedações impeditivas do casamento não subtrai da 
relação o objetivo de constituição de família. 8 
 
Hoje não se faz mais a distinção entre as espécies de concubinato, 
sendo o anteriormente chamado concubinato puro denominado agora União 
Estável, atendidos, obviamente, às exigências legais, e outras formas de 
convivência, denomina-se apenas concubinato, sem adjetivar, utilizando-se aqui 
a terminologia adotada pelo novo Código Civil Brasileiro, que traça clara linha 
divisória entre as citadas relações – ressalva feita ao concubinato (ou União 
estável) putativo ou de boa-fé. 
Assim, define o Código Civil, em seu artigo 1723, que a União Estável 
é aquela estabelecida entre homem e mulher, configurada na convivência 
 
7
 DIAS, Maria Berenice. Op. Cit. pp. 68-69. 
8
 DIAS, Maria Berenice. Op. Cit. pp. 100-103. 
 18 
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de 
família; enquanto seu artigo 1727, definindo o concubinato, afirma que este se 
traduz em relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de 
casar. 
 
 
 
 
2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL: A EQUIPARAÇÃO DA UNIÃO 
ESTÁVEL AO CASAMENTO 
 
Em análise aos artigos 226 a 230 da Carta Magna da República, 
verifica-se que o centro da tutela constitucional se desloca do casamento para as 
relações familiares dele (mas não unicamente dele) decorrentes; e que a milenar 
proteção da família como instituição, unidade de produçãoe reprodução dos 
valores culturais, éticos, religiosos e econômicos, dá lugar à tutela 
essencialmente funcionalizada à dignidade de seus membros, em particular no 
que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos filhos. 
A hostilidade do legislador pré-constitucional às interferências 
exógenas na estrutura familiar matrimonializada e a escancarada proteção do 
vínculo conjugal e da coesão formal da família, ainda que em detrimento da 
realização pessoal de seus integrantes – particularmente no que se refere à 
mulher e aos filhos, inteiramente subjugados à figura do cônjuge-varão – 
justificava-se em benefício da paz doméstica. 
Por maioria de razão, a proteção dos filhos extraconjugais nunca 
poderia afetar a estrutura familiar, sendo compreensível, em tal perspectiva, a 
aversão do Código Civil à concubina. O sacrifício individual, em todas essas 
hipóteses, era largamente compensado, na ótica do sistema, pela preservação da 
célula mater da sociedade, instituição essencial à ordem pública e modelada sob 
o paradigma patriarcal. 
http://www.monografias.com/trabajos14/nuevmicro/nuevmicro.shtml
http://www.monografias.com/trabajos12/eticaplic/eticaplic.shtml
http://www.monografias.com/trabajos11/teosis/teosis.shtml
http://www.monografias.com/trabajos11/lacelul/lacelul.shtml
http://www.monografias.com/trabajos16/paradigmas/paradigmas.shtml#queson
 20 
Altera-se o conceito de unidade familiar, antes delineado como 
aglutinação formal de pais e filhos legítimos baseada no casamento, para um 
conceito flexível e instrumental, que tem em mira o liame substancial de pelo 
menos um dos genitores com seus filhos – tendo origem não apenas o 
casamento – e inteiramente voltado para a realização emocional e o 
desenvolvimento da personalidade de seus integrantes. 
Portanto, notáveis mudanças no direito de família trouxe o texto 
constitucional vigente que afirma a família como base da sociedade, com 
proteção especial do Estado e tratando com igualdade de proteção a entidade 
familiar, ou seja, a comunidade formada pela união estável ou por qualquer dos 
pais e seu (s) descendente (s). 
Assim, o casamento não poderia mais possuir uma posição de 
primazia em detrimento de outras espécies de família, como a derivada da 
convivência de fato entre homem e mulher, com intuito familiae, conhecida como 
união estável ou, ainda, a comunidade considerada monoparental, todas estão 
sob a proteção especial do Estado. 
A Constituição brasileira, no art. 226, §§ 3º e 4º, considerou a união 
estável como entidade familiar, como o fez relativamente à comunidade formada 
por qualquer dos pais e seus descendentes. Assim, família continua sendo a 
base da sociedade, mas independe da existência de casamento. 
A Carta Política afastou a figura da União Estável do direito das 
obrigações (onde ainda estão as uniões – sociedades de fato – entre pessoas do 
mesmo sexo) e a competência para julgar saiu da Vara Cível – sociedades de 
fato - para as Varas de Família (art. 9º da lei 9.278/96). 
http://www.monografias.com/trabajos13/libapren/libapren.shtml
http://www.monografias.com/trabajos12/elorigest/elorigest.shtml
http://www.monografias.com/trabajos12/elorigest/elorigest.shtml
 21 
Cabe aqui perquirir se a Constituição promoveu ou não uma 
equiparação entre casamento e união estável. A doutrina sobre o assunto 
diverge, havendo posições diametralmente opostas no sentido de que houve 
equiparação jurídica entre as duas relações e no de que não ocorreu tal 
equiparação. 
Defende uma corrente doutrinária que a Constituição Federal jamais 
equiparou a união estável ao casamento, tanto é que a disparidade de tratamento 
dispensado pelo legislador quando da sucessão dos companheiros, ao invés de 
representar discriminação (como muitos afirmam), configura pleno atendimento 
ao mandamento constitucional. Considera, portanto, não haver possibilidade de 
um tratamento igualitário, até porque seria uma descaracterização da união 
estável (que é instituição-meio), assim como o casamento (instituição fim). E 
afirma que o novo Código realmente procura guindar a união estável ao patamar 
do casamento civil (art. 226, §1º), ao menos nos seus dois efeitos patrimoniais, 
ou seja, no que diz respeito a alimentos e no direito das sucessões. Na opinião 
de Mário Luiz Delgado, igualar os institutos seria infringir o mandamento 
constitucional, conforme se percebe em suas palavras: 
 
A orientação adotada pelo legislador procurou ser coerente com 
o estabelecido no §3º do art. 226 da Carta Magna, que assegura 
a proteção do Estado à união estável, mas sem equipará-la ao 
casamento, tanto que determina que a lei facilitará a sua 
conversão em casamento, não se converte o que já é igual
9. 
 
Observa-se ainda que a união estável é instituto de natureza diversa 
do casamento, pois é a própria Constituição que proclama que a facilitação da 
 
9
 DELGADO, Mário Luiz. Controvérsias na Sucessão do Cônjuge e do Convivente In Questões 
Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. 
São Paulo: Método, 2006. v. III, pp. pp. 238. 
 22 
conversão da união estável em casamento, e, se fossem iguais, não necessitaria 
de conversão.10 Embora haja o reconhecimento constitucional, as semelhanças 
entre o casamento e a união estável restringem-se apenas aos elementos 
essenciais11. 
Por outro lado, parte da doutrina afirma haver a Constituição 
equiparado os dois institutos, devendo o aplicador da norma ter igualado inclusive 
seus efeitos desde então, conforme alguns votos em decisões dos Tribunais 
Pátrios, sendo alguns vencidos, e outros julgados nesse sentido, inclusive por 
unanimidade12. Até porque, em muitos casos, não se tem a união estável como 
instituição-meio, mas sim como fim almejado pelos companheiros, como modo de 
convivência informal. A corrente critica o legislador, afirmando que o Código Civil 
afronta a norma constitucional. 
Destaca-se a posição de Maria Berenice Dias sobre o tema: 
 
Em sede de direitos sucessórios na união estável é onde o Código 
Civil mais escancaradamente acabou violando o cânone maior da 
Constituição Federal, que impôs o reinado da igualdade e guindou 
a união estável à mesma situação que o casamento. (...) O 
tratamento diferenciado inegavelmente desobedeceu ao princípio 
da igualdade, que tem assento constitucional, sede que consagrou 
a união estável como entidade familiar e a igualou ao matrimônio, 
sem distinções de ordem patrimonial. 
 13 
 
No mesmo sentido argumenta José Carlos Teixeira Giorgis: 
 
 
10
 RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: Direito de Família. São Paulo: Saraiva, 2004. v. 6, pp. 271-
276. 
11
 VENOSA, Sílvio de Salvo Venosa. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Atlas, 2005. 
v. 7. p.150. 
12
 TRJ - AC 1.280/90. TSP – Agl 194.370 – 1/3, Boletim AASP, n. 1.785. TRJ - AC 3.570/88. AC 
590.069.368, Porto Alegre, AASP, n. 1.708. 
13
 DIAS, Maria Berenice. Op. Cit. p.104. 
 23 
Os mesmos laços, motivos e efeitos que ligam os cônjuges no 
matrimônio legal também agem unindo os concubinários, que 
ocorre quando duas pessoas de sexo diferente vivem e habitam 
juntas, sob o mesmo teto, maritalmente, sem que a união haja 
sido legalizada com as formalidades do casamento
 14. 
 
Entretanto, sabe-se que para as relações interiores ou intrínsecas 
entre os conviventes, relativas a direitos de um em face do outro (alimentos, 
partilha), exige-se legislação própria, não podendo a norma constitucional 
promover a identificação de efeitos, direitos e obrigações entre os referidos 
institutos15. 
 Diante do que foi exposto, percebe-se que não deve haver mera 
aplicação analógica para o regime patrimonial na União Estável das regras 
relativas ao casamento, pois a Constituição Federal igualou os referidos institutos 
de direito de família quanto aos seusefeitos externos, perante o Estado e a 
Sociedade, porém, quanto aos efeitos patrimoniais, faz-se necessária uma 
regulamentação da norma através de legislação infraconstitucional, como de fato 
ocorreu16. Quanto à adequação da legislação ao estabelecido na Carta Magna, 
analisaremos com mais detalhes abaixo. 
Assim, o dispositivo estabelecido no art. 226, §3º da Constituição 
Federal de 1988 ficou por um tempo sem ser regulamentado, gerando muitas 
dúvidas com relação à sua auto-aplicabilidade, estendendo os efeitos do 
casamento indistintamente à união estável. 
Não é, portanto, o dispositivo auto-aplicável, necessitando de 
regulamentação, da maneira como ocorreu com a edição de leis 
 
14
GEORGIS, José Carlos Teixeira. Op. Cit. p. 205. 
15
 RODRIGUES, Sílvio. Op. Cit. p. 275. 
16
 SANTOS, Simone Orodeschi Ivanov dos. União Estável: Regime Patrimonial e Direito 
Intertemporal. São Paulo: Atlas, 2005. pp. 74-79. 
 24 
infraconstitucionais, devendo, porém a legislação ordinária seguir a regra superior 
imposta pela Carta Política, não no sentido de igualar os institutos em todo e 
qualquer efeito, mas de haver equiparação em quanto possível for, sem a 
tentativa inútil de igualar o que tem essência diversa. 
 
 
 
 
3 LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
Para que se possa acompanhar a progressão do ordenamento 
jurídico a respeito da união estável e seus efeitos sucessórios até culminar no 
código civil de 2002, faz-se necessário um estudo do que estabeleciam as leis 
anteriores à que está atualmente vigente. Em virtude disso, segue-se a análise 
do Código Civil de 1916 e das leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996 
 
3.1 CÓDIGO CIVIL DE 1916 
 
No Código Civil de 1916, não se reconheciam direitos à família não 
matrimonializada, seja através do casamento civil ou do casamento religioso com 
efeitos civis. O que acontecia é que elas eram totalmente ignoradas, como se 
não fizessem parte da realidade das relações que ocorriam no país, com o claro 
objetivo de desestímulo a essa espécie de relacionamento (extraconjugal). 
Realmente as motivações do Código de 1916 já não mais 
encontravam respaldo e ressonância no Direito de Família atual. Embora os 
dispositivos civis que fazem menção ao concubinato não estejam revogados 
expressamente e sejam de ordem proibitiva, a jurisprudência encarregou-se de 
fazer uma nova leitura para adequá-los à atual realidade. 
 26 
As referências esparsas do texto legal à vida em concubinato, mesmo 
se tratando do chamado concubinato puro (atual União Estável), eram de cunho 
censitório-restritivo. 
Somente com a Constituição Federal de 1988 é que houve a 
juridicização das relações havidas fora do casamento. Em face do mandamento 
constitucional de proteção à união estável como entidade familiar, foram 
editadas, em curtíssimo tempo, duas leis regulamentadoras da matéria: a lei 
8.971, de 29 e dezembro de 1994, dispondo sobre os direitos de companheiros a 
alimentos, sucessão (herança e usufruto) e meação em caso de morte – 
parcialmente revogada pela Lei 9.278/1996 – e a Lei 9.278 de 10 de maio de 
1996, que deu nova definição à união estável, estabelecendo os direitos e 
deveres dos conviventes, tratando da assistência material (alimentos) em caso de 
rescisão da união estável, garantindo o condomínio (meação) dos bens 
adquiridos na constância da união e a título oneroso (salvo estipulação contratual 
em contrário), acrescentando o direito de habitação no plano da sucessão 
hereditária, permitindo a conversão da união estável em casamento por 
requerimento ao Oficial do Registro Civil e remetendo toda a matéria à 
competência do Juízo da Vara de Família, assegurado o segredo de justiça 17. 
Verifica-se que uma lei não revogou a outra, vez que a lei 8.971/94 
contempla o direito à sucessão, matéria estranha à Lei n. 9.278/96; o que 
autoriza dizer que a lei 8.971/94 continua em vigor no que tange ao direito 
sucessório. 
 
17
 OLIVEIRA, Euclides de. Distinção Jurídica entre União Estável e Concubinato In Questões 
Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. 
São Paulo: Método, 2006. v. II. pp. 239-242. 
 27 
Observa-se, entretanto, que as leis de 1994 e 1996 que serão vistas 
a seguir, que tratam especificamente sobre o assunto e o Código de 1916, 
deixaram muitas lacunas e várias questões sem respostas. No entanto, são 
expressas as restrições aos direitos da concubina, sobre doações e sucessões 
causa mortis, a exemplo dos artigos 248, IV, 1.177, 1.719, III, bem como sobre o 
concubinato como prova de investigação de paternidade, artigo 363, I. 
Mesmo o Novo Código Civil, ainda deixa muito a desejar sobre este 
caso, surgindo vários textos legislativos e dispositivos legais esparsas, como as 
normas em matéria previdenciária ou os dispositivos na lei de locação. 
Os efeitos patrimoniais dessas relações foram demarcados, em 
nosso Direito, principalmente pela jurisprudência, que foi, por muito tempo, 
vacilante em relação à matéria. 
Houve na própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal uma 
evolução a respeito do tema em tela. Inicialmente, os tribunais negavam qualquer 
direito à concubina. Posteriormente, passou a considerar que o concubinato, por 
si só, justificava o direito da companheira à meação com base na teoria do 
enriquecimento sem causa. Com a Súmula 380 do STF, temos a síntese na qual 
se distinguem as relações pessoais e patrimoniais, considerando que somente a 
prova da efetiva contribuição da concubina na formação do patrimônio comum 
justificaria o seu direito à meação ou a outra fração do patrimônio comum. 
O direito dos companheiros, para suas conseqüentes repercussões 
patrimoniais, sempre teve o esteio de três Súmulas do STF, que contêm os 
elementos balizadores e refletem a evolução que se vem fazendo, que são as 
Súmulas 35, 380 e 382. 
 28 
Súmula 35: “Em caso de acidente de trabalho ou de transporte, a 
concubina tem direito de ser indenizada pela morte do amásio, se entre eles não 
havia impedimento para o matrimônio”. 
Súmula 380: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os 
concubinos é cabível a sua dissolução judicial com a partilha do patrimônio 
adquirido pelo esforço comum". 
Súmula 382: “A vida em comum sob o mesmo teto more uxório não é 
indispensável à caracterização do concubinato”. 
No caso da Súmula 380, ao mencionar sobre o esforço comum, o 
entendimento atual é de que não é necessário que a contribuição de uma das 
partes tenha sido financeira, bastando seu suporte doméstico para que a outra 
pudesse construir ou realizar o patrimônio do casal, ou seja, para caracterização, 
basta a contribuição indireta. 
Porém, observa-se que a partir de 1988 tornou-se mais freqüente a 
idéia de se presumir serem comuns os bens adquiridos na vigência da união 
estável18. 
 
3.2 Leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996 
 
Com o advento da Lei 8.971/94, para a caracterização da união 
estável, primeiramente, o seu art. 1º dispunha que: 
 
A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, 
divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de 5 (cinco) anos, ou dele 
tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 
1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. 
 
18
 RODRIGUES, Sílvio. Op. Cit. p. 275. 
http://www.monografias.com/trabajos/transporte/transporte.shtml
 29 
Parágrafo único – Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao 
companheiro de mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou 
viúva". 
 
Com esta redação, procurou o legislador fornecer os elementos 
necessários para comprovação da união estável, a saber: a dualidade de sexos, 
o relacionamento com pessoa solteira, separada judicialmente, divorciadaou 
viúva e a convivência por pelo menos cinco anos ou existência de prole. 
Através da Lei 8.971/94, definiu-se a proteção legal no caso de morte 
de um dos companheiros como se houvesse verdadeira comunhão parcial de 
bens (art. 3º), além do que, alterou a ordem de sucessão hereditária ao deixar 
a(o) companheira(o) atrás somente dos descendentes e ascendentes, como se 
esposa fosse (art. 2º, inc. III). Dessa maneira, a lei inseriu o companheiro na 
ordem de vocação hereditária 19. 
Outrossim, instituiu o direito ao usufruto, enquanto não constituísse 
nova união da quarta parte dos bens do de cujus em caso de existência 
descendentes, comuns ou não (art. 2º, inc. I), ou da metade dos bens do de cujus 
se não houvesse descendentes, embora ainda vivos os ascendentes (art. 2º, inc. 
II) e independentemente do regime de bens adotado, diferentemente do 
casamento, em que o direito ao usufruto se concede somente em caso de 
adoção do regime da comunhão total de bens. Assim percebe-se que a posição 
dos companheiros com a promulgação da referida lei melhorou muito, estando 
em situação até privilegiada em relação aos cônjuges sobreviventes, dependendo 
do regime de bens aditado. 
Deve-se atentar para o direito à meação, estabelecido no art. 3º do 
referido diploma legal, com relação aos bens deixados pelo autor da herança que 
 
19
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Op. Cit. pp. 148-150. 
 30 
resultarem de atividade em que haja colaboração do companheiro, este 
(sobrevivente) terá direito à metade dos bens. 
Além disso, o denominado usufruto vidual, estabelecido igualmente 
ao cônjuge viúvo no Código Civil de 1916, foi garantido ao companheiro 
sobrevivente que se preenchesse os requisitos legais. Segundo a lição do mestre 
Sílvio de Salvo Venosa: 
 
Nesse usufruto, houve equiparação significativa dos direitos do 
companheiro aos do cônjuge. Trata-se de usufruto legal que independe da 
situação econômica do companheiro. [...] A lei da convivência estável 
reporta-se à extinção, quando o companheiro estabelece nova união. 20 
 
Essa lei, como visto, restringiu os direitos a que alude, de alimentos, 
de herança e de meação, aos companheiros com convivência de mais de cinco 
anos ou prole comum. Para fins de meação, a colaboração não era presumida, 
mas havia a necessidade de prova em cada caso. 
Restringiu ainda sua proteção unicamente ao concubinato puro, ou 
seja, aquele que não convive com o casamento. Desse modo, se o de cujus era 
casado, mesmo se separado de fato, não geraria direito sucessório para o 
companheiro sobrevivente. Apenas não estaria desamparado o companheiro 
nessa situação, caso tivesse realmente contribuído para amealhar o patrimônio, 
se pleiteasse a divisão da sociedade de fato estabelecida. 
Deve-se ressaltar aqui que o artigo 2º da lei 8.971/1994 equiparou o 
companheiro ao cônjuge supérstite também na ordem de vocação hereditária 
estabelecida no Código Civil de 1916. Assim, na falta de ascendentes ou 
descendentes e, é claro, do cônjuge, o companheiro será herdeiro da totalidade 
do patrimônio do de cujus. Assim, irrelevante é se houve ou não conjugação de 
 
20
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Op. Cit. p. 151. 
 31 
esforços para amealhar o patrimônio comum pelos companheiros. Como o 
cônjuge sob a égide da legislação anterior à atual não era herdeiro necessário, 
ocupavam, portanto a mesma posição o cônjuge e o companheiro. 
A Lei n. 9.278/96, que regula expressamente a norma constitucional 
consagradora da união estável, concedeu alimentos e direito real de habitação e 
reconheceu o condomínio dos bens adquiridos em comum. Traz ainda um novo 
conceito de união estável, deixando de exigir lapso temporal de convivência por 
cinco anos que foi estabelecido como pressuposto na lei anterior; assim como 
também não exige a existência de filhos para a tipificação do companheirismo, 
além de não fazer restrições quanto ao estado civil dos parceiros21. 
Quanto ao direito real de habitação, sabe-se que este passou a ter 
abrangência maior em sede de união estável, pois para o casamento, no Código 
anterior, está ele restrito aos enlaces sob o regime da comunhão universal de 
bens, afora o fato de tratar-se de imóvel destinado à residência da família e o 
único bem a inventariar 22. 
Percebe-se que era plenamente possível a coexistência das duas 
leis, haja vista tendo sido a lei de 1994 revogada apenas parcialmente, não 
havendo grandes contradições entre os dois diplomas legais. 
 
 
 
21
 DIAS, Maria Berenice. O Direito Sucessório na União Estável. Disponível em 
<www.mariaberenice.com.br> 
22
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Op. Cit. p. 153. 
 
 
 
 
4 O DIREITO SUCESSÓRIO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
O código civil constitui o cerne do ordenamento jurídico da sociedade 
civil brasileira, fixando diretrizes básicas que irão reger a forma de vida da nossa 
população.Segundo o professor Miguel Reale, é o código do homem comum, 
pois é ele que dispõe sobre a situação social e a conduta dos seres humanos, 
mesmo antes de seu nascimento e depois de sua morte, preservando a sua 
última vontade e fixar o destino de seus bens 23. 
Cabe aqui nesse estudo a análise a respeito da sucessão, mais 
especificamente da vocação hereditária decorrente da união estável, ou seja, 
como se dá a transferência do patrimônio do de cujus ao seu companheiro, 
sobrevivente, em virtude da morte. Em especial, no presente tópico, o que 
disposto sobre o assunto no novo Código Civil. 
 
4.1 Disparidade no Tratamento entre Cônjuge e Companheiro Sobrevivente 
 
A seguir, analisar-se-á com maiores detalhes a sucessão do cônjuge 
e do companheiro sobrevivente, tentando-se perceber quais as principais 
divergências com relação a esse assunto, e verificar até que ponto estão 
equiparados os direitos patrimoniais - sucessórios - decorrentes da união estável 
 
23
 FRANCIULLI NETTO, Domingos et alii. O Novo Código Civil: Estudos em Homenagem ao 
Prof. Miguel Reale. Coord. Domingos Franciulli Netto, Gilmar Ferreira da Silva e Ives Gandra da 
Silva Martins Filho. São Paulo: LTr, 2003. p. 17. 
 33 
e do casamento. Assim, averiguar-se-á a existência de disparidade no tratamento 
dispensado às uniões de fato e às provenientes de casamento. 
 
4.1.1 Sucessão do Cônjuge 
 
Primeiramente, quanto à sucessão do cônjuge, percebe-se que o 
novo Código Civil elevou o cônjuge à posição de herdeiro necessário. Houve, 
portanto, alteração na ordem de vocação hereditária em benefício do cônjuge 
sobrevivente, passando este a concorrer, simultânea e alternativamente na 
primeira e na segunda classe, com descendentes e ascendentes do de cujus, 
respectivamente. 
No dizer de Miguel Reale: 
Nesse sentido, cumpre assinalar que pelo novo código civil o 
cônjuge passa a ser herdeiro, concorrendo com os descendentes 
e ascendentes, salvo se casado com o falecido no regime da 
comunhão universal, ou no de separação de bens, conforme 
interpretação que, no meu entender deve ser dada ao art. 1.829, 
inciso I, cuja redação infeliz tem dado lugar a controvérsias
24. 
 
O próprio Miguel Reale, coordenador e supervisor da comissão que 
se incumbiu da elaboração do anteprojeto de Código Civil, apontou duas razões 
para a alteração proposta – a nova posição do cônjuge sobrvivente como 
herdeiro necessário. A primeira se trata de tentativa de se concretizar a absoluta 
equiparação do homem à mulher. A segunda reside na alteração do regime legal 
de bens, que deixou de ser o da comunhão universal de bens para ser, a partir da 
lei do divórcio (lei n. 6.515/77), o da comunhão parcial de bens, prejudicando, na 
 
24
 REALE, Miguel. Cônjuges e Companheiros. Disponível em <www.miguelreale.com.br >. 
Acesso em 28de dezembro de 2006. 
 34 
hora da sucessão, os cônjuges que não eram meeiros pela mera situação de 
estarem casados25. 
Conforme assinala o professor Miguel Reale, assim como também o 
civilista Mário Luiz Delgado26, o objetivo da referida regra de concorrência da 
nova ordem de vocação hereditária foi, portanto, a proteção ao cônjuge 
desprovido de meação. Afinal, trata-se de uma garantia para aquele que se 
casou, em regime de bens que não garante a meação, e, em virtude da morte 
superveniente de um dos cônjuges, em geral inesperada, pode ficar ao 
desamparo por ser excluído da sucessão através da antiga ordem de vocação 
hereditária. Não se verifica mais esse problema, devido à inclusão do cônjuge 
sobrevivente entre os herdeiros necessários. 
Não havendo descendentes ou ascendentes, o cônjuge sobrevivente 
herdará a totalidade da herança, pouco importando o regime de bens, ocupando, 
nesse caso – e sozinho – a terceira classe dos sucessíveis. Isso significa dizer 
que o cônjuge supérstite herdará sozinho, se não estava separado de fato há 
mais de dois anos ou judicialmente, quando da abertura da sucessão. 
Com essa nova disposição legal, também não poderá ser excluído da 
sucessão o cônjuge apenas pela disposição do cônjuge em testamento, por mera 
liberalidade, pois se trata de herdeiro necessário, devendo ser-lhe reservada a 
legítima. Assim como não ocorre com o companheiro sobrevivente, conforme se 
verá a seguir, tal não ocorria com o cônjuge anteriormente ao novo Código Civil, 
ficando garantido apenas aquele cônjuge com direito à meação, que não se 
confunde jamais com herança. A esse respeito, ressalta-se a diferença entre a 
meação e o direito hereditário, nas palavras de Zeno Veloso: 
 
25
 REALE, Miguel. O Projeto do Novo Código Civil. São Paulo: Saraiva, 1999. 
26
 DELGADO, Mário Luiz. Op. Cit. pp. 430-431. 
 35 
 
Não se deve confundir meação com direito hereditário. A meação 
decorre de uma relação patrimonial – condomínio, comunhão – 
existente em vida dos interessados, e é estabelecida por lei ou 
pela vontade das partes. A sucessão hereditária tem origem na 
morte, e a herança é transmitida aos sucessores conforme as 
previsões legais (sucessão legítima) ou a vontade do 
hereditando (sucessão testamentária) 
 27. 
 
Porém, observa-se que a concorrência com descendentes na 
sucessão dependerá do regime escolhido pelo cônjuge para o casamento. 
Porém, o regime de bens apenas influi no direito de concorrência com os 
descendentes. Os demais direitos sucessórios não possuem qualquer vinculação 
ao regime de bens. 28 
Nas palavras de Mário Luiz Delgado: 
 
 
Em suma, o cônjuge sobrevivente só vai concorrer com os 
descendentes: quando estavam casados no regime da 
separação convencional; quando casados no regime da 
comunhão parcial e o falecido possuía bens particulares; quando 
casados no regime da participação final dos aqüestos. 
29 
 
Dessa maneira, percebe-se que, mesmo querendo, não poderá o 
cônjuge excluir o outro da sucessão, seja por testamento, seja através da escolha 
de um regime de bens que possibilite tal hipótese, afinal, trata-se agora de 
herdeiro necessário, devendo ser-lhe resguardada a legítima, que constitui a 
metade do patrimônio deixado pelo falecido. 
Por exemplo, se no casamento for adotado o regime de separação de 
bens, mesmo assim, terá direito à sucessão o cônjuge sobrevivente, concorrendo 
 
27
 VELOSO, Zeno. Do Direito Sucessório dos Companheiros. In: DIAS, Maria Berenice; PEREIRA, 
Rodrigo da Cunha. (coord.) Direito de Família e o Novo Código Civil. 3. ed. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2003, p. 286. 
28
 DELGADO, Mário Luiz. Op. Cit. p. 231. 
29
 DELGADO, Mário Luiz. Op. Cit. p. 231. 
 36 
com descendentes, se houver. Assim, não entrarão em seu patrimônio apenas os 
bens adquiridos após o casamento, mas o patrimônio amealhado mesmo antes 
dele, trazendo efeitos para o cônjuge que não goza de direito à meação. Como 
se verá a seguir, isso não se verifica com os companheiros 30. 
O objetivo do casal, ao optar por determinado regime de bens, como 
o da separação, era a não transmissão do patrimônio amealhado antes da união, 
não havendo, portanto, animus para a comunicação desse patrimônio. Porém a 
lei, desvirtuando essa liberdade, invadindo o campo que em tese é estritamente 
privado, retira a relevância desse objetivo quando da sucessão. 
No dizer de Karime Costalunga: 
 
[...] A imposição de sucessão como herdeiro necessário àquele 
matrimoniado pelo regime da separação total de bens constitui 
um desrespeito para como cidadão e com o modelo de família 
pelo qual optou, bem como seu desejo de não comunicar os 
patrimônios trazidos para a união. 
31
 
 
Observa-se, entretanto, que o objetivo que se quer alcançar com a 
nova norma é a proteção ao cônjuge casado em regime de bens que não lhe 
garante meação. Assim, ocorrendo a morte do cônjuge, havia a concreta 
possibilidade de o cônjuge ficar desamparado, inclusive quando o de cujus 
deixasse testamento, através do qual poderia simplesmente excluir da sucessão 
o cônjuge sobrevivente. Com o advento do Código de 2002, não há mais esse 
risco, já que o cônjuge passou a ser herdeiro necessário, independentemente do 
regime de bens que rege o casamento. 
 
30
 DIAS, Maria Berenice. Op. Cit. pp 120-124. 
31
 COSTALUNGA, Karime. O art. 1.829 do Código Civil e a Constituição In Questões 
Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. 
São Paulo: Método, 2006. v. III. pp. 411-412. 
 37 
Por essa razão, muitas pessoas na atualidade têm preferido optar por 
constituir união estável em detrimento do casamento civil, seja com a finalidade 
de resguardar o patrimônio amealhado antes da constância da união de fato, 
para que não haja prejuízo aos seus filhos quando da sucessão, ou apenas por 
uma questão principiológica, de ter a liberdade de optar e dispor de seu 
patrimônio, quando de sua morte, através de testamento. 
Percebe-se assim o grande avanço obtido através das inovações do 
Código Civil de 2002 para o cônjuge supérstite, que foi elevado à categoria de 
herdeiro necessário, passando a ocupar o terceiro lugar na ordem de vocação 
hereditária, depois dos descendentes e ascendentes. Mesmo havendo herdeiros 
de grau anterior, ainda há direito à herança, havendo concorrência em muitas 
hipóteses. Analisar-se-á a seguir o que ocorreu como direito sucessório dos 
companheiros com o advento do diploma legal de 2002. 
 
4.1.2 Sucessão do Companheiro 
 
O novo Código Civil regula a sucessão decorrente da união estável 
de maneira distinta e mais desvantajosa do que a decorrente do casamento. 
Inegavelmente, a exemplo do que se deu com a vocação sucessória 
do cônjuge, também a do companheiro evoluiu no sentido de conferir-lhe 
propriedade sobre os bens transmitidos, ao invés de meros direitos reais 
ilimitados. 32 
 
32
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito das Sucessões. Rio de 
Janeiro: Forense, 2004. v. VI. p. 154. 
 38 
Entretanto, a herança que pode caber ao companheiro é limitada aos 
bens adquiridos onerosamente durante a constância da união estável e, mesmo 
assim, com muitas condições, como se verá logo adiante. 
A transmissão apenas de bens adquiridos onerosamente durante a 
união estável é uma das restrições à vocação hereditária do companheiro, 
estabelecida pelo artigo 1.790, caput, do Código Civil de 2002. É aqui onde 
primeiramente se percebe a discrepância entre o tratamento dispensado ao 
cônjuge e o dado ao companheiro no momento da sucessão. 
Os bens adquiridos onerosamente durante o laço estável, não 
existindo nenhum pacto matrimonial celebrado, serão bens comuns, submetidos 
à regra da comunicabilidade.Porém, apenas esses bens, comuns e 
comunicáveis, é que poderão compor o acervo hereditário do companheiro, 
nunca os bens particulares. 
Dessa maneira, se não houve, durante a constância da união estável, 
nenhum bem adquirido onerosamente, inexistirá possibilidade de o companheiro 
supérstite herdar qualquer bem do patrimônio do de cujus, mesmo que tenha o 
falecido deixado patrimônio, amealhado antes da constituição da união de fato. É 
o imperativo da regra do artigo 1.790 do Código Civil.33 
Modificou-se, portanto, substancialmente a situação do companheiro 
sobrevivo, que passa a concorrer no direito de herança apenas sobre os bens 
havidos onerosamente durante a vida em comum com o falecido parceiro. 
Importa dizer que o companheiro não terá qualquer participação na herança 
relativa a outros bens, adquiridos antes ou havidos graciosamente (herança ou 
 
33
 RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Sucessões. São Paulo: Saraiva, 2003. v. VII. pp. 
118. 
 39 
doação) pelo autor da herança, ou mesmo onerosamente, se com recursos 
provenientes da venda de um bem particular. 
Observa-se que, sobre os bens comuns, porque adquiridos na 
vigência da união estável e a título oneroso, o companheiro já tem direito à 
meação, pelo regime legal da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito 
(art. 1.725 do novo CC). 
Nesse sentido é a opinião de Euclides de Oliveira, juntamente com 
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka: 
 
Muito mais grave, ainda, a limitação do direito hereditário do 
companheiro aos bens adquiridos onerosamente na vigência da 
união estável, pois, como já se acentuou, o companheiro já tem 
direito de meação sobre tais bens. Deveria beneficiar-se da 
herança, isto sim, apenas sobre os bens particulares do falecido, 
exatamente como se estabelece em favor do cônjuge 
sobrevivente (art. 1.829) 34. 
 
Portanto, ressalta-se, dos bens adquiridos onerosamente durante a 
convivência estável, o companheiro supérstite já é meeiro, por força da 
comunhão parcial de bens prevista no artigo 1.725 do novo Código. Assim, a 
vantagem estará apenas em herdar a outra metade, em concorrência com outros 
sucessíveis, como se verá adiante. 
Devem-se examinar, agora, as hipóteses contidas nos quatro incisos 
do artigo 1.790 do Código Civil, a fim de traçar um breve esboço das 
possibilidades de concorrência hereditária estabelecidas na referida norma. Para 
tanto, cabe reproduzir aqui o texto do artigo em questão, em sua literalidade. 
 
34
 OLIVEIRA, Euclides de; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Distinção Jurídica entre 
União Estável e Concubinato In: Questões Controvertidas no Novo Código Civil. Coord. Mário 
Luiz Delgado e Jones Figueiredo Alves. São Paulo: Método, 2006. v. III. p. 249. 
 40 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da 
sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente 
na vigência da união estável, nas condições seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota 
equivalente à que por lei for atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, 
tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles; 
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a 
um terço da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade 
da herança 
35. 
 
O primeiro e o segundo inciso tratam da hipótese de concorrência do 
companheiro supérstite com os descendentes do de cujus. 
No primeiro caso, trata-se de descendência comum (não se 
restringindo apenas a filhos, mas a descendentes, como o próprio inciso seguinte 
demonstra), situação em que o companheiro sobrevivente tem direito de suceder 
o morto, legitimamente, para receber uma quota equivalente à que foi atribuída a 
cada filho, quanto aos bens que o falecido adquiriu onerosamente na vigência da 
união de fato 36. 
No segundo caso, não há filhos comuns dos companheiros – do autor 
da herança e do sobrevivo. Este tem, portanto, direito de suceder o morto, 
legitimamente, para receber uma quota equivalente à metade do que foi atribuído 
ao filho. Entenda-se a metade do que couber ao descendente nos bens 
adquiridos onerosamente durante a constância da união estável 37. 
Surge aqui uma dúvida, portanto, quanto ao quinhão que deve 
receber o convivente sobrevivo no caso de existirem tanto descendentes comuns, 
 
35
 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: 
<www.planalto.gov.br > . Acesso em 21 set. 2006. 
36
 NERY, Rosa Maria Barreto Boriello de Andrade. Aspectos da Sucessão Legítima In: O Novo 
Código Civil: Estudos em Homenagem ao Prof. Miguel Reale. Coord. Domingos Franciulli Netto, 
Gilmar Ferreira da Silva e Ives Gandra da Silva Martins Filho. São Paulo: LTr, 2003. p. 1381. 
37
 RODRIGUES, Silvio. Op Cit. p. 118. 
 41 
como exclusivamente do de cujus. É que a lei não prevê essa situação de 
concorrência com filhos de híbrida origem. Deixou a desejar o legislador nesse 
ponto, tendo, entretanto, a doutrina se debruçado nessa falha da norma, 
esclarecendo qual deve ser a melhor alternativa a ser aplicada no caso concreto. 
Também a jurisprudência tende a solucionar o problema, mas o que se deve 
esperar é uma alteração legislativa, suprindo, portanto, a lacuna deixada pela 
regra legal, para que se possa aplicar a lei com maior certeza em situações 
fáticas. 
Por ora, observa-se que a melhor indicação é no sentido de, caso 
haja descendentes comuns e descendentes unilaterais do de cujus, “deve-se 
dividir igualmente os quinhões hereditários, incluindo o companheiro ou 
companheira, desaparecendo, pois, o direito dos descendentes unilaterais de 
receberem o dobro do que caberia ao companheiro sobrevivo” 38. 
Os argumentos que os renomados juristas defensores dessa posição 
utilizam são os mesmos que justificam o tratamento igualitário, quando da 
sucessão, que é dado a filhos e cônjuge na hipótese de ocorrer filiação híbrida. 
São convergentes nessa opinião, entre outros, Mário Luiz Delgado, Francisco 
José Cahali, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Sílvio de Salvo Venosa, Rolf 
Madaleno e Caio Mário da Silva Pereira. Em posição oposta, entendendo que 
deveria predominar nesse caso o disposto no artigo II, tem-se Zeno Veloso, 
Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim. 
Existe ainda uma outra possibilidade, porém que causará ainda mais 
confusão. É a de imaginar-se um cálculo proporcional do que caberia ao 
companheiro, considerando-se quota igualitária com relação aos filhos em 
 
38
 DELGADO, Mário Luiz. Op Cit. p. 441. 
 42 
comum e apenas a metade do que coubesse aos demais. Mas esse cálculo traria 
ainda maior diferenciação dos quinhões hereditários atribuídos aos 
descendentes, indo de encontro aos mandamentos constitucionais (artigo 227, 
§6º da Constituição Federal). 
Está claro que a questão é extremamente polêmica, posto que cada 
herdeiro reclamará segundo seus interesses, alegando uma ou outra posição 
doutrinária, segundo lhe favorecer. A tendência, faz-se evidente, é que apenas 
contribua para o atravancamento cada vez maior dos serviços judiciários. 
Deve-se ressaltar que, sendo o companheiro meeiro, e havendo bens 
comuns a herdar do falecido, leva vantagem aqui o companheiro, comparando-se 
com o cônjuge sobrevivente, que dependerá do regime de bens adotado no 
casamento. Ou seja, na concorrência com descendentes ou outros parentes 
sucessíveis, o companheiro, além de receber a metade que lhe é devida – pela 
meação – ainda pode herdar, o que não acontece com cônjuges casados em 
determinados regimes de bens. Restringe-se a esse ponto a vantagem do 
companheiro em relação ao cônjuge quando da sucessão, e mesmo essa 
vantagem não se aplica aos cônjugesem todo e qualquer regime de bens, 
conforme já se analisou acima, quando comentamos a respeito da sucessão do 
cônjuge. 
O cônjuge sobrevivente, em sendo meeiro, não concorrerá na 
herança com descendentes, sendo o objetivo da norma garantir exatamente o 
cônjuge que não é meeiro pelo regime de bens adotado no casamento. Já o 
companheiro supérstite, ao contrário, é meeiro, pois não se faz relevante o 
regime de bens no caso da união estável. Porém, mesmo assim, concorre na 
 43 
herança com outros sucessíveis quando houver bens adquiridos onerosamente 
durante a constância da união estável. 
Quanto ao terceiro inciso, trata-se da concorrência do companheiro 
sobrevivente com outros parentes sucessíveis, ou seja, ascendentes e colaterais, 
até o quarto grau – irmãos, sobrinhos, tios, primos, tios-avós e sobrinhos-netos 
do falecido. 
Assim, não deixando o falecido descendentes, mas sim ascendentes 
ou colaterais, o companheiro sobrevivente tem direito a um terço daquilo que foi 
adquirido onerosamente pelo autor da herança 39. 
Terá direito o companheiro supérstite à herança em concorrência com 
os demais herdeiros sucessíveis40. Na ordem de vocação hereditária, o 
companheiro sobrevivente não prefere nenhum parente sucessível, nem mesmo 
os colaterais, demonstrando aqui nova disparidade com relação ao tratamento 
dado ao cônjuge pelo novo código 41. 
Favorável ao companheiro, sem dúvida, o concurso na herança com 
descendentes e ascendentes do falecido, tal como se reconhece também ao 
cônjuge sobrevivente. Mas não se compreende que o companheiro concorra com 
os demais parentes sucessíveis, quais sejam, os colaterais até o quarto grau. 
A esse respeito, merece destaque mais uma vez a posição de Zeno 
Veloso: 
[...] Por que privilegiar a este extremo vínculos biológicos, ainda 
que remotos, em prejuízo dos vínculos do amor, da afetividade? 
Por que os membros da família parental, em grau tão longínquo, 
 
39
 NERY, Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade. Op. Cit. p. 1381. 
40
 OLIVEIRA, Euclides de. Sucessão Legítima à Luz do Novo Código Civil. Disponível em: 
<http://www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc.asp>. Acesso em 01 de jan. 2007. 
41
 NERY, Rosa Maria Barreto Borriello de Andrade. Op. Cit. p. 1381. 
http://www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc.asp
 44 
devem ter preferência sobre a família afetiva (que em tudo é 
comparável à família conjugal) do hereditando?
 42 
 
In casu, vê-se o absurdo da norma, e, como já foi acima comentado, 
percebe-se a discrepância com relação ao tratamento deferido ao cônjuge 
sobrevivente no Código Civil de 2002. Como o companheiro não integra a ordem 
de vocação hereditária, concorre com herdeiros sucessíveis. Dois terços, 
portanto, ficarão para esses e apenas um terço para aquele, ao contrário do que 
ocorre quando existe casamento, pois o cônjuge antecede os colaterais na ordem 
de vocação hereditária. 
Sobre o tema, manifesta-se o mestre Silvio Rodrigues: 
 
(...) Nada justifica colocar-se o companheiro sobrevivente numa 
posição tão acanhada e bisonha na sucessão da pessoa com 
quem viveu pública, contínua e duradouramente, constituindo 
uma família, que merece tanto reconhecimento e apreço, e que é 
tão digna quanto a família fundada no casamento. [...] O correto, 
como já dizia a lei n. 8.971/94, art. 2º, teria sido colocar o 
companheiro sobrevivente à frente dos colaterais, na sucessão 
do de cujus 43. 
 
Por fim, segue-se à análise do quarto inciso, que estabelece o caso 
em que o companheiro sobrevivente terá direito à totalidade da herança, orem 
apenas nos casos em que não haja herdeiros sucessíveis. 
Observe-se que, mesmo não havendo outros herdeiros sucessíveis, 
os bens particulares do de cujus, caso haja, não serão herdados pelo 
companheiro supérstite – interpretação literal. Dessa maneira, nada poderá 
reclamar o companheiro quanto aos bens particulares do falecido, que deverão 
 
42
 VELOSO, Zeno. Op. Cit. p. 293. 
43
 RODRIGUES, Silvio. Op Cit. p. 119. 
 45 
ser arrecadados como herança jacente, a converter-se em herança vacante, com 
adjudicação ao ente público beneficiário. 
Há doutrina, no entanto que interpreta de maneira diversa, 
desvinculando o inciso IV do estabelecido no caput do artigo 1.790 do Código 
Civil vigente. Justifica-se devido ao que determina o artigo 1.844 do mesmo 
diploma legal, que manda atribuir a herança ao Município apenas quando não 
houver cônjuge sobrevivente, ou companheiro, nem parente algum sucessível 44. 
A título de exemplo, citamos o caso de Nélson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade 
Nery 45. 
Comentando esses dispositivos, assinala Nelson Nery Junior e Rosa 
Maria de Andrade Nery que “não está claro na lei como se dá a sucessão dos 
bens adquiridos a título gratuito pelo falecido na hipótese de ele não ter deixado 
parentes sucessíveis”, por isso concluindo que a herança deve ser atribuída na 
sua totalidade ao companheiro sobrevivente, antes que ao ente público 
destinatário da herança jacente. 
Sem dúvida, esse é um dos pontos relativos à sucessão do 
companheiro que merece urgente reforma legislativa, a fim de esclarecer a 
verdadeira intenção do legislador, juntamente com a sucessão quando houver 
filhos comuns dos companheiros e filhos unilaterais do de cujus, conforme já foi 
aqui comentado, além dos apelos que se faz no sentido de diminuir a diferença 
no tratamento dado ao cônjuge e ao companheiro supérstite quando da 
sucessão, pelo princípio da proteção legal que se deve dar à família. 
 
44
 OLIVEIRA, Euclides de. Sucessão Legítima à Luz do Novo Código Civil. Disponível em: 
<http://www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc.asp>. Acesso em 01 de jan. 2007. 
45
 NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Novo Código Civil e Legislação 
Extravagante Anotados. São Paulo: RT, 2002. p. 600. 
http://www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigosc.asp
 46 
Deve-se cogitar ainda a possibilidade de concorrência do 
companheiro com o cônjuge, ambos sobreviventes. É certo que se trata de 
situação esdrúxula, porém possível no campo dos fatos. Imagine-se se, ao tempo 
da morte do outro, estava o cônjuge separado e fato há menos de dois anos, 
porém já convivendo em união estável ao tempo de sua morte. 
Para resolver a antinomia, deve-se aplicar a norma mais especial ao 
caso – o artigo 1.790, em relação ao 1.830 – e, concordando com a opinião do 
ilustríssimo professor Mário Luiz Delgado, esclarece-se que a decisão mais 
acertada será 
[...] a participação do companheiro ficar estrita aos bens 
adquiridos durante a união estável (patrimônio comum), 
enquanto o direito sucessório do cônjuge só alcançará os bens 
anteriores, adquiridos da data reconhecida judicialmente como 
de início da união estável. Essa nos parece ser a única forma de 
compatibilizar as disposições dos arts. 1.790, 1.829 e 1.830 do 
novo Código 46. 
 
A disparidade prossegue quanto ao direito real de habitação, que é 
deferido apenas ao cônjuge – segundo o artigo 1.831 do código civil. Também 
não é assegurada ao companheiro a quarta parte da herança, garantida ao 
cônjuge, na hipótese de concorrência com filhos comuns – artigo 1.832 do novo 
diploma legal. 
Os direitos sucessórios do companheiro ao usufruto sobre parte dos 
bens atribuídos aos descendentes e ascendentes - lei nº. 8.971/1994, artigo 2º - 
desaparecem, dando lugar à concorrência na sucessão com os parentes do 
falecido, assim como ocorre com o cônjuge sobrevivente. Não há também 
previsão específica no novo código do direito de habitação para o companheiro, 
que continha na lei nº. 9.278/1996, entretanto, existe tal previsão legal em 
 
46
 DELGADO, Mário Luiz Delgado. Op. Cit. p. 442. 
 47 
benefício do cônjuge, traduzindo inadmissível disparidadeno trato jurídico entre 
cônjuge e companheiro 47. 
Além de tudo, discrepância se percebe com a alteração legal (artigo 
1.845 do Código Civil de 2002) que determinou que o cônjuge sobrevivente, 
casado, passa a ser herdeiro necessário. Não o é o companheiro sobrevivente, 
não tendo, portanto, direito à legítima, podendo ser livremente excluído pelo 
testador na sucessão testamentária. 
A magistrada Maria Berenice Dias dispõe a esse respeito: 
A promoção do cônjuge à condição de herdeiro necessário é 
uma novidade. Porém, indevido excluir da parceria estável a 
sucessão necessária, condição a que o cônjuge foi guindado 
pelo art. 1.845. De todo descabida, por conseqüência, a 
disparidade de tratamento que resultou em severas seqüelas, 
dando margens a gritantes injustiças
 48. 
 
São os pontos de fundamental relevância quando se trata da herança 
atribuída ao companheiro, em paralelo com aquela que receberia o cônjuge 
sobrevivente, revelando inadmissível falta de sincronia nos dispositivos legais, 
inclusive dando mais vantagem ao companheiro, nos casos de participação sobre 
bens havidos onerosamente durante a convivência, e nos demais casos, 
revelando nítido benefício ao viúvo. 
 
4.2 Retrocesso na Legislação Infraconstitucional 
 
Fazendo-se um exame abrangente da proteção jurídica dispensada à 
união estável tendo-se em mente o campo dos direitos relativos a alimentos e a 
 
47
 OLIVEIRA, Euclides de; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Op. Cit. p. 249. 
48
 DIAS, Maria Berenice. A União Estável. Disponível em: <www.mariaberenice.com.br>. Acesso 
em 10 out. 2006. 
 48 
meação, o companheiro é tratado em posição de igualdade com a pessoa 
casada. Porém, na esfera do direito sucessório, não ocorre o mesmo, pois as 
disposições da nova norma são diversas das que constavam na legislação 
pretérita 49. 
As leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996, regulamentadoras da união 
estável, deferem direitos outros, não contemplados no novo código. Elas 
estabeleciam, em benefício do companheiro no momento da sucessão, o 
recebimento de toda a herança na falta de descendentes e de ascendentes. 
Além disso, na lei 8.971/1994, o companheiro sobrevivente era 
colocado na frente dos colaterais, ao contrário do que se observa na nova lei, 
acusando flagrante desvantagem para o companheiro. 
Favorável ao companheiro, sem dúvida, o concurso na herança com 
descendentes e ascendentes do falecido, tal como se reconhece também ao 
cônjuge sobrevivente. Mas não se compreende que o companheiro concorra com 
os demais parentes sucessíveis, quais sejam, os colaterais até o quarto grau. 
Pelo critério da lei vigente, o companheiro sobrevivente terá direito apenas a um 
terço de bens deixados pelo outro, enquanto parentes distantes (como, 
eventualmente, um primo do falecido) ficarão com a maior parte do patrimônio – 
dois terços ao concorrer com o companheiro supérstite. 
Trata-se de evidente retrocesso no critério do sistema protetivo da 
união estável, pois no regime da Lei n. 8.971/94 o companheiro recebia toda a 
herança na falta de descendentes ou ascendentes. Na lei atual, como já 
comentado aqui, mesmo não havendo nenhum outro parente sucessível, se 
acordo com a interpretação literal do artigo 1.790, não poderá o companheiro 
 
49
 OLIVEIRA, Euclides de; HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Op. Cit. pp. 249 – 250. 
 49 
sobrevivente herdar patrimônio que não tenha sido adquirido onerosamente na 
constância da união de fato. Obviamente, trata-se de questão ainda sem solução, 
posto que interpretada a lei de mais de uma maneira, conforme se vê a seguir: 
Considere-se, então, a hipótese de o falecido ter deixado apenas 
bens adquiridos antes da união estável, ou havidos por doação ou herança. 
Então, o companheiro nada herdará, mesmo que não haja parentes sucessíveis, 
ficando a herança vacante para o ente público beneficiário (Município ou Distrito 
Federal, se localizada nas respectivas circunscrições, ou União, quando situada 
em território federal – art. 1.844). Porém, mais plausível parece ser a 
interpretação de acordo com o que determina o artigo 1.844 do mesmo diploma 
legal, que manda atribuir a herança ao Município apenas quando não houver 
cônjuge sobrevivente, ou companheiro, nem parente algum sucessível. 
Entretanto, em muitos casos pode ser aplicada a interpretação literal. 
Fica registrada aqui a crítica à falta de técnica legislativa e a sugestão 
de que seja aplicada uma interpretação que favoreça os interesses do 
companheiro, em atenção ao que teria sido a real intenção do legislador. 
A legislação anteriormente vigente assegurava ainda a garantia do 
usufruto parcial a incidir sobre a quarta parte ou a metade dos bens se houvesse 
descendentes ou ascendentes, além do direito real de habitação sobre o imóvel 
que servia de residência para a família. 
Assim como ocorreu com a sucessão do cônjuge, a vocação 
sucessória do companheiro evoluiu no sentido de conferir-lhe a propriedade 
sobre o patrimônio transmitido, ao invés de apenas restritos direitos reais 
(usufruto e habitação), reconhecidos pela legislação anterior ao novo Código 
Civil. 
 50 
Entretanto, a lei de 2002 situou o companheiro em pior posição na 
ordem de vocação hereditária, pois há, agora, a possibilidade de concorrência 
com outros parentes sucessíveis, na ausência de descendentes e ascendentes. 
Enfim, nada mais se contempla em favor do companheiro, além 
desse discutível e limitado direito de herança, uma vez que desaparecido o direito 
de usufruto vidual. E o direito de habitação foi previsto somente em favor do 
cônjuge no novo ordenamento civil, muito embora razões de ordem social 
recomendem sua extensão ao companheiro, seja por extensão analógica, seja 
pela residual aplicação do art. 7o, parágrafo único, da Lei n. 9.278/96. 
Outra restrição imposta na lei vigente à vocação hereditária do 
companheiro está em limitar seu quinhão aos bens adquiridos na constância da 
união de fato, o que não ocorria na Lei n. 8.971/1994. O companheiro supérstite 
podia ser chamado a suceder em bens que não compunham patrimônio 
amealhado comumente entre os companheiros, pois o patrimônio, retirada a 
meação proveniente do condomínio que se fez através da união de fato, 
retornaria aos herdeiros, sendo que, na falta desses, herdaria em sua totalidade o 
companheiro sobrevivente. 
Além disso, antes do Código Civil de 2002, caso houvesse mero 
usufruto sobre a herança, o patrimônio sobre o qual incidia o referido direito real 
não era restrito a bens adquiridos onerosamente da constância da união estável. 
Tem-se o exemplo de uma situação em que não tivesse ocorrido a 
formação de patrimônio comum, estando, portanto, excluídos reciprocamente da 
sucessão. Ocorre que, “em casos tais, a lei acabaria frustrando o objetivo de 
 51 
amparar o companheiro sobrevivente, que não somente não faria jus à meação, 
como ainda não seria chamado a suceder o de cujus” 50. 
Ao compararem-se os referidos institutos com o tratamento 
dispensado no Código Civil de 2002 ao companheiro supérstite, chega-se à 
conclusão de que ocorreu um salto para trás, devido a essa redução de direitos, 
constituindo injustificável e inadmissível retrocesso legislativo. 
Devido a essa posição, foi proposta a modificação do dispositivo que 
trata da sucessão do companheiro no novo código, através do Projeto de lei n. 
6.960/2002, que não foi adiante por questões puramente regimentais, cuja 
redação segue abaixo: 
 
Art. 1.790. O companheiro participará da sucessão do outro na 
forma seguinte: 
I – em concorrência com descendentes, terá direito a uma quota 
equivalente à metade do que couber a cada um destes, salvo se 
tiver havido comunhão de bens durante a união estável e o autor 
da herança não houver deixado bens particulares, ou se o 
casamento dos companheirosse tivesse ocorrido, observada a 
situação existente no começo da convivência, fosse pelo regime 
da separação obrigatória (art. 1.641); 
II - em concorrência com ascendentes, terá direito a uma quota 
equivalente à metade do que couber a cada um destes; 
III – em falta de descendentes e ascendentes, terá direito à 
totalidade da herança. 
Parágrafo único. Ao companheiro sobrevivente, enquanto não 
constituir nova união ou casamento, será assegurado, sem 
prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real 
de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da 
família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar 
51. 
 
No dizer do professor Silvio Rodrigues: 
 
O Código Civil regulou o direito sucessório dos companheiros 
com enorme redução, com dureza imensa, de forma tão 
encolhida, tímida e estrita, que se apresenta em completo 
divórcio com as aspirações sociais, as expectativas da 
 
50
 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Op. Cit. pp. 154-155. 
51
 DELGADO, Mário Luiz. Op. Cit. p. 443. 
 52 
comunidade jurídica e com o desenvolvimento de nosso direito 
sobre a questão 
52. 
 
Assinala ainda Maria Berenice Dias: 
 
Produziu a lei civil verdadeiro retrocesso aos direitos dos 
conviventes, direitos que já estavam consolidados na legislação 
infraconstitucional. Descabido não deferir aos companheiros 
direitos iguais aos assegurados aos cônjuges. Ao depois, a 
restrição em sede de direito sucessório aos bens adquiridos na 
vigência da união estável não corresponde ao regime de bens da 
comunhão parcial, que é assegurado à união estável no art. 
1.525
 53. 
 
Conforme demonstrado acima, a nova legislação constitui um 
retrocesso na sucessão entre companheiros, ao comparar-se com a legislação a 
respeito da união estável e da sucessão dos companheiros anteriormente vigente 
– as leis n. 8.971/1994 e n. 9.278/1996. A maioria da doutrina se inclina nesse 
sentido, com pouca divergência, ocorrendo esta apenas quanto à busca de 
soluções para os problemas advindos com a nova legislação. 
 
 
 
 
52
 RODRIGUES, Silvio. Op. Cit. p. 119. 
53
 DIAS, Maria Berenice. A União Estável. Disponível em: <www.mariaberenice.com.br> . Acesso 
em 10 out. 2006. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A Constituição Federal garante proteção à família, que deve ser 
assegurada pelo Estado, além de também estabelecer que devem ser 
equiparadas as situações do cônjuge e do companheiro, não podendo a 
legislação infraconstitucional ir de encontro ao que foi aí estabelecido. Em seu 
art. 226, §§ 3º e 4º, considerou a união estável como entidade familiar, como o 
fez relativamente à comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. 
Percebe-se, entretanto, que não se atribuiu igual regime patrimonial 
para o casamento e para a união estável, pois a equiparação feita pela Carta 
Magna entre união estável e casamento apenas ocorreu quanto à assistência 
material (alimentos) em caso de rescisão da união estável, e da garantia do 
condomínio (meação) dos bens adquiridos na constância da união e a título 
oneroso (salvo estipulação contratual em contrário), além de seus efeitos não 
patrimoniais - em face do Estado e da sociedade – não tendo ocorrido da mesma 
maneira quando da sucessão do companheiro. 
Em suma, portanto, tem-se, sensível e injustificável desvantagem do 
companheiro em relação ao cônjuge supérstite, quando da sucessão, 
estabelecida pelo Código Civil vigente, quais sejam, conforme já analisado com 
maior profundidade: a) o companheiro nada receberá sobre os bens particulares 
do outro (adquiridos antes da convivência ou a título gratuito); o companheiro 
terá, pelo direito de concorrência, quota igual à dos filhos comuns, entretanto, 
apenas metade da quota atribuída aos filhos unilaterais do falecido – enquanto 
para o cônjuge a participação será sempre igual ao valor da quota de cada 
 54 
descendente, com acréscimo de garantia da quarta parte da herança, caso a 
disputa se dê com filhos comuns do de cujus; além disso, concorre também o 
companheiro, com ascendentes, assim como o cônjuge, porém também com 
outro parentes sucessíveis, o que não ocorre com o sobrevivente casado, 
cabendo ao companheiro um terço da herança, enquanto aos outros, dois terços, 
conforme analisado acima. Demais disso, a diversidade de critérios de atribuição 
da herança, conforme sejam os filhos descendentes comuns ou exclusivos do 
morto, constitui fator de complicação no momento da partilha. 
Observa-se, ainda, um retrocesso na nova legislação civil, de 2002, 
quando faz referência à sucessão dos companheiros em relação às leis 
8.971/1994 e 9.278/1996, que disciplinavam a matéria. Não ocorre aqui, no 
mundo dos fatos, a sensação de equiparação dos companheiros aos cônjuges, 
pois a situação deles é bem diversa. 
Além disso, são inúmeras as dúvidas provocadas pelo novo texto 
legal, que procuramos com esse estudo monográfico elucidar, através da análise 
de vários pontos de vista, defendidos por renomados juristas, demonstrando as 
diferentes interpretações possíveis do que foi estabelecido no novo código. 
As contradições existentes entre dispositivos da própria lei foram 
estudadas, com visão crítica, e exposição de propostas de reforma formuladas 
por ilustres doutrinadores. Percebe-se que essas contradições, associadas às 
deficiências existentes no Poder Judiciário, contribuirão para a demora no 
julgamento de grande parte dos processos que tratam do tema, pois devido à 
margem dada a diversas interpretações, fatalmente haverá maior dificuldade no 
desenrolar das demandas, inclusive com aumento de recursos nos referidos 
processos. 
 55 
 
 
 
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