Prévia do material em texto
Tireoide: A tireoide é a mais volumosa glândula endócrina. Ímpar e simétrica, situa-se na linha média do pescoço e é facilmente acessível à palpação, sobretudo quando existem hiperplasia ou nódulos. A função da glândula é sintetizar os hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), ambos essenciais na homeostase e envolvidos no metabolismo, como crescimento e maturação de tecidos, respiração celular e consumo de energia. T3 e T4 são moléculas ricas no aminoácido tirosina; a esses peptídeos ligam-se moléculas de iodo: três na de T3 e quatro na de T4. Cerca de 80% da quantidade de T3 circulante resulta da degradação periférica de T4 nos tecidos. Grande número de células no organismo possui receptores para T3 e T4. A regulação da síntese de T3 e T4 envolve dois mecanismos. 1. Atua o sistema de retroalimentação, por meio do TSH (hormônio estimulante da tireoide, tireotrofina), que estimula a síntese de hormônios tireoidianos e promove hipertrofia e hiperplasia da tireoide. O hormônio de liberação da tireotrofina (TRH), hipotalâmico, regula a síntese e a liberação do TSH; o T3 e o T4 circulantes antagonizam a ação do TSH. Esse controle da secreção de TSH é feito por retroalimentação (-) de T3 e T4. 2. Envolve autorregulação da glândula e depende da reserva de iodo orgânico na própria tireoide. À medida que a quantidade intracelular de iodo aumenta, a célula folicular torna-se menos sensível ao estímulo da tireotrofina. Esta autorregulação serve como primeira linha de ajuste contra flutuações no suprimento de iodo. Carência ou ingestão excessiva de iodo causa múltiplas tireopatias, sobretudo o bócio (aumento da glândula), ainda frequente em pessoas que vivem em áreas com carência de iodo na alimentação. Ao contrário, populações que ingerem quantidade maior de iodo desenvolvem nódulos na tireoide de modo mais frequente. A síntese de calcitonina, feita pelas células C, está ligada ao metabolismo ósseo, ao paratormônio e à homeostasia do cálcio. Níveis séricos elevados de calcitonina constituem-se em pontual marcador diagnóstico e prognóstico no carcinoma medular da tireoide (ver adiante). A ligação do TSH a seu receptor no epitélio folicular tireoidiano resulta em ativação do receptor, permitindo que se associe à proteína Gs. A ativação da proteína G estimula → ativação dos componentes subjacentes na via → resultando em aumento dos níveis intracelulares do cAMP → o que acentua o crescimento da tireoide, a síntese e a liberação dos hormônios através das proteínas cinases dependentes do Camp. O funcionamento da glândula tireoide pode ser inibido por uma variedade de agentes químicos - bociogênicos. Como esses agentes suprimem a síntese de T3 e T4 , o nível de TSH se acentua e ocorre uma hiperplasia da glândula (bócio). As doenças da tireoide incluem condições associadas a liberação excessiva de hormônios tireoidianos (hipertireoidismo), deficiência do hormônio tireoidiano (hipotireoidismo) e lesões de massa da tireoide. Conhecer as neoplasias da tireoide (manifestações clinicas, epidemiologia, classificação, diagnóstico e tratamento) O nódulo tireoidiano solitário é um aumento discreto e palpável na glândula tireoide supostamente normal . A incidência estimada dos nódulos palpáveis solitários na população adulta dos Estados Unidos varia entre 1% e 10%, mas é significativamente elevada nas regiões de bócio endêmico. Os nódulos simples são 4x mais comuns em mulheres que em homens. A incidência de nódulos tireoidianos aumenta ao longo da vida. Do ponto de vista clínico, a principal preocupação em pessoas que apresentam nódulos na tireoide é a possibilidade de neoplasia maligna. A maioria dos nódulos solitários da tireoide se mostra como lesões não neoplásicas localizadas (p. ex., nódulo dominante no bócio multinodular, cistos simples ou focos de tireoidite) ou neoplasias benignas, tais como os adenomas foliculares. De fato, as neoplasias benignas se sobrepõem numericamente aos carcinomas tireoidianos na razão de 10:1 . Embora menos de 1% dos nódulos tireoidianos solitários sejam malignos, ainda representam cerca de 15 mil novos casos de carcinoma tireoidiano por ano nos Estados Unidos. Felizmente, a maioria desses cânceres é indolente, e mais de 90% dos pacientes afetados estão vivos 20 anos após serem diagnosticados. Alguns elementos sugerem natureza neoplásica de uma lesão tireoidiana: • Nódulos solitários, em geral, são mais suscetíveis à neoplasia que nódulos múltiplos. • Nódulos em pacientes jovens são mais suscetíveis de neoplasia que os encontrados em pacientes mais velhos. • Nódulos em homens são mais suscetíveis de neoplasia que os de mulheres. • Um histórico de tratamento por radiação da cabeça e do pescoço está associado a uma incidência aumentada de malignidade tireoidiana. • Nódulos funcionantes que captam iodo radioativo nos estudos de imagem (nódulos quentes) são muito mais suscetíveis de benignidade que de malignidade. Em última análise, a avaliação morfológica de determinado nódulo tireoidiano, por aspiração com agulha fina e ressecção cirúrgica, fornece a informação mais definitiva sobre sua natureza. Neoplasias malignas incluem um vasto espectro fenotípico, podendo ser bem diferenciadas (folicular ou papilífera) – podem ser curados com bastante frequencia e o prognóstico é bom para os pacientes no seu estágio inicial, pouco diferenciadas ou indiferenciadas/anaplásicas. – é agressivo responde precariamente ao tratamento e está associado a um prognóstico ruim. Quanto à evolução, são tumores de baixa, média ou alta malignidade. A maioria dos cânceres da tireoide é de baixa malignidade, sendo capazes de captar iodo radioativo e de sofrer influência hormonal: correspondem aos carcinomas folicular e papilar. Tumores indiferenciados ou anaplásicos encontram-se no extremo oposto, constituindo os de alta malignidade: não captam iodo e tampouco respondem a qualquer estímulo hormonal. Entre esses dois extremos, estão carcinomas pouco diferenciados. O carcinoma medular, de origem neuroendócrina e às vezes associado a síndromes endócrinas complexas, completa o espectro de cânceres tireoidianos. Adenomas São tipicamente massas solitárias, discretas e derivadas do epitélio folicular, razão pela qual são conhecidos como adenomas foliculares. Mais comuns em mulheres (6 a 10:1), a maioria dos adenomas manifesta-se entre 20 e 60 anos, com pico entre os 30 a 50 anos. Clinicamente, pode ser difícil distinguir os adenomas foliculares dos nódulos dominantes da hiperplasia folicular ou dos carcinomas foliculares, que são menos comuns. Em geral, os adenomas foliculares não são precursores dos carcinomas; apesar disso, alterações genéticas compartilhadas suportam a possibilidade de que pelo menos um subgrupo de carcinomas foliculares se desenvolva em adenomas preexistentes (ver adiante) . Embora, em sua maioria, os adenomas sejam não funcionantes, um pequeno subconjunto produz hormônios tireoidianos e causa tireotoxicose. A produção hormonal em adenomas funcionantes (“adenomas tóxicos”) é independente da estimulação de TSH. O diagnóstico clínico diferencial com outros nódulos tireoidianos, inclusive com carcinoma, não é fácil e, com frequência, impossível. Quase sempre, o exame histopatológico é que define o diagnóstico. PATOGÊNESE: As mutações somáticas da via de sinalização do receptor de TSH são encontradas nos adenomas tóxicos, assim como no bócio multinodular tóxico. As mutações de ganho de função em um dos dois componentes desse sistema de sinalização – mais frequentemente, o próprio gene codificador do receptor de TSH (TSHR) ou na subunidade-α de Gs (GNAS) – fazem com que as células foliculares secretem o hormônio tireoidiano independentemente da estimulação de TSH (“autonomia tireoidiana”). Isso leva a sintomas de hipertireoidismo e produz um nódulo tireoidiano “quente” na imagem . Em geral, as mutações navia de sinalização do receptor de TSH estão presentes em pouco mais da metade dos nódulos tireoidianos tóxicos. De forma notável, as mutações em TSHR ou GNAS são raras nos carcinomas foliculares, portanto os adenomas tóxicos e o bócio multinodular tóxico não parecem ser precursores de malignidade. A minoria (< 20%) dos adenomas foliculares não funcionantes apresenta mutações de RAS ou PIK3CA, que codifica a subunidade da PI-3-cinase, ou carrega um gene fusionado PAX8-PPARG, todos representando alterações genéticas compartilhadas com os carcinomas foliculares. Esse tipo é discutido em maiores detalhes em “Carcinomas” . ASPECTOS CLÍNICOS Muitos adenomas foliculares se apresentam como massas indolores unilaterais, que são descobertas durante um exame físico de rotina. Grandes massas podem produzir sintomas locais, como, por exemplo, dificuldade de engolir. Os adenomas não funcionantes captam menos iodo radioativo do que o parênquima tireoidiano normal. No mapeamento de radionuclídeos, portanto, os adenomas não funcionantes aparecem como nódulos frios em relação ao tecido tireoidiano adjacente. No entanto, cerca de 10% dos nódulos frios são malignos. Outras técnicas adotadas na avaliação de adenomas suspeitos são ultrassonografia e biópsia por aspiração com agulha fina. Devido à necessidade de se avaliar a integridade capsular, o diagnóstico definitivo do adenoma somente pode ser feito após um exame histológico cuidadoso da amostra ressecada. Os supostos adenomas da tireoide são, portanto, cirurgicamente removidos para excluir malignidade. Adenomas foliculares não apresentam recorrência ou metástase e têm um prognóstico excelente Carcinomas Carcinoma da tireoide é a neoplasia maligna endócrina mais comum, sendo o quinto tumor maligno mais comum no sexo feminino. Câncer tireoidiano é uma das neoplasias que menos levam os pacientes ao óbito: somente 6 em 1 milhão de pessoas morrem em decorrência da neoplasia. Ao lado disso, poucos nódulos da tireoide clinicamente palpáveis, da ordem de 1 a 2/1.000, são cânceres. Tem-se observado predominância feminina entre os pacientes que desenvolveram carcinoma tireoidiano no início ou no meio da vida adulta. Em contraste, casos que se apresentam na infância e tardiamente na vida adulta são distribuídos igualmente entre homens e mulheres. O acesso à ultrassonografia e à punção aspirativa com agulha fina para estudo citopatológico seguramente tem contribuído para diagnóstico mais precoce e, consequentemente, melhor prognóstico. Os principais subtipos de carcinoma tireoidiano e suas frequências relativas são: • Carcinoma papilífero (> 85% dos casos). • Carcinoma folicular (5% a 15% dos casos). • Carcinoma anaplásico (indiferenciado) (< 5% dos casos). • Carcinoma medular (5% dos casos). A maioria dos carcinomas tireoidianos (exceto os medulares) deriva do epitélio folicular tireoidiano, e a maioria é formada por lesões bem definidas. Devido às características clínicas, biológicas e moleculares únicas associadas a cada variante do carcinoma de tireoide, esses subtipos são descritos em separado. Começamos com a discussão da patogênese. Carcinomas Papilíferos É a neoplasia maligna mais comum da tireoide (80% dos carcinomas da glândula; 70 a 90% das neoplasias malignas tireoidianas bem diferenciadas); entre os cânceres da tireoide relacionados com radiação, representa 90% dos casos. O tumor manifesta-se em qualquer idade, com predominância entre a terceira e a quarta décadas, quando é três vezes mais frequente em mulheres do que em homens. Em crianças, não há preferência por sexo (BOGLIOLO). Na maioria dos pacientes, é tumor indolente, com prognóstico muito bom. Invasão de vasos linfáticos é a regra, daí o caráter “multifocal” das lesões, às vezes seguida de metástases em linfonodos cervicais, fenômeno que não modifica o prognóstico. Às vezes, metástases linfonodais são o primeiro sinal de um carcinoma papilar oculto. Metástases em linfonodos cervicais podem manifestar-se vários anos após tratamento cirúrgico da lesão primitiva. Metástases por via sanguínea, são infrequentes, porém pode metastatizar também pela via hematogênica, sobretudo para os ossos e pulmões. Em muitos casos, o único achado clínico é um nódulo, em geral circunscrito. Outras manifestações resultam de pressão do tumor sobre estruturas adjacentes (disfagia, tosse, rouquidão e dor). Em geral, o carcinoma papilífero tem evolução lenta e prognóstico favorável; este piora com a idade do paciente e com a extensão local da neoplasia. Em muitos casos, o único achado clínico é um nódulo, em geral circunscrito. Outras manifestações resultam de pressão do tumor sobre estruturas adjacentes (disfagia, tosse, rouquidão e dor). Em geral, o carcinoma papilífero tem evolução lenta e prognóstico favorável; este piora com a idade do paciente e com a extensão local da neoplasia. Carcinoma folicular Representa 5 a 10% dos cânceres da tireoide e manifesta-se geralmente após 40 anos de idade, predomina em mulheres (3 a 4:1). O tumor apresenta-se sob duas formas: (1) nodular, circunscrita e menos maligna; (2) difusa ou invasiva, que leva a aumento volumétrico irregular da tireoide. Metástases em linfonodos regionais são menos comuns do que no carcinoma papilífero, enquanto as sanguíneas são mais frequentes; ossos e pulmões são as sedes preferenciais. Metástases em linfonodos podem aparecer em qualquer idade, mas as viscerais e as ósseas desenvolvem-se, em geral, em pacientes com mais de 40 anos. A evolução das metástases é lenta, havendo casos com sobrevida de mais de 15 anos. Existem também carcinomas foliculares ocultos, que obedecem à mesma definição de carcinomas papilíferos ocultos, porém com comportamento mais agressivo. Carcinoma folicular oculto pode ser diagnosticado por suas metástases a distância, tende a se propagar por via sanguínea, mais frequentes no esqueleto (costela, coluna vertebral e calota craniana) (BOGLIOLO) além de poder ter metástases pulmonares e para o SNC (HARISSON) Tratamento quimioterápico e aplicação de iodo radioativo têm bons resultados (BOGLIOLO). O prognóstico do carcinoma folicular é melhor na forma nodular, quando o único sinal histológico de malignidade é a invasão focal, microscópica, da cápsula ou de vasos sanguíneos; a taxa de sobrevida de 10 anos é praticamente igual à de tumores sem essa invasão, sendo a cura alcançada em 90% dos casos. Na forma difusa, sobrevida média de 10 anos ocorre em apenas 30 a 40% dos casos (BOGLIOLO) É difícil de diagnosticar por AAF, visto que a distinção entre neoplasias foliculares benignas e malignas exige exame histológico, uma vez que as características nucleares dos adenomas e carcinomas foliculares não diferem. Com efeito, o carcinoma folicular é diagnosticado pela presença de invasão capsular e/ou vascular (HARISSON) Carcinoma indiferenciado (anaplásico) É a neoplasia mais agressiva da tireoide e também a menos comum (menos de 5% dos cânceres da glândula). A neoplasia predomina após 60 anos de idade, com discreta preferência no sexo feminino (BOGLIOLO) Carcinoma anaplásico não depende de TSH, não capta iodo radioativo e geralmente é negativo para tireoglobulina. A neoplasia tem evolução rápida, crescimento invasivo para a tireoide e estruturas vizinhas e capacidade de metastatizar pelas vias linfática e sanguínea. O prognóstico é sombrio. Para o carcinoma de pequenas células, sobrevida de 5 anos ocorre em apenas 20 a 25% dos casos. No carcinoma de células gigantes (e/ou fusiformes), a sobrevida média é muito baixa: o óbito ocorre, em geral, poucos meses, no máximo 1 ano após o diagnóstico, mais frequentemente por invasão local do que pelas metástases (BOGLIOLO). Carcinoma medular Carcinoma medular origina-se das células C (ou parafoliculares), produtoras de calcitonina, fazendo parte, portanto, dos tumores neuroendócrinos. Na maioria dos casos, o tumor é esporádico. Em 10% dos pacientes,é familial e transmitido por herança autossômica dominante; muitas vezes, associa-se a feocromocitoma ou a hiperplasia ou adenoma das paratireoides, ou a feocromocitoma e neuromas múltiplos de mucosas, constituindo, respectivamente, a neoplasia endócrina múltipla (NEM, ver adiante) tipos 2 e 3. A forma esporádica é geralmente unilateral, enquanto a familial é frequentemente bilateral e multicêntrica, muitas vezes acompanhada de hiperplasia nodular de células C, a qual precede o aparecimento do câncer. O carcinoma medular representa 5 a 10% das neoplasias da tireoide. É pouco mais frequente em mulheres (1,5:1) e mais comum na quinta e sexta décadas de vida; a forma familial afeta indivíduos mais jovens. O carcinoma medular é de malignidade intermediária. Em geral, evolui de modo lento e permite sobrevida longa; em alguns casos, porém, esta é de meses. As neoplasias com células fusiformes e aquelas com muitas mitoses e áreas de necrose têm alta malignidade, sendo denominadas variante anaplásica; as de células poliédricas, com calcificação e amiloide, têm prognóstico mais favorável. As metástases ocorrem nos linfonodos cervicais; em 50% dos pacientes, quando a neoplasia é diagnosticada já existem metástases. Outras vezes, surgem algum tempo depois: 1 ou 2 anos após a primeira cirurgia. Metástases pela via sanguínea são mais tardias e menos frequentes e ocorrem em pulmões, fígado e ossos. O carcinoma medular provoca aumento volumétrico da tireoide. O tumor secreta calcitonina e, às vezes, outras substâncias, como prostaglandinas, ACTH, VIP e serotonina, responsáveis por alterações clínicas, como diarreia (em cerca de 30% dos pacientes, induzida por calcitonina e/ou prostaglandinas), síndrome de Cushing (ocasionalmente, pela presença de ACTH) e síndrome carcinoide (pouco frequente, associada à serotonina). A dosagem de calcitonina é importante no diagnóstico da neoplasia, para orientação quanto à existência de metástases e, principalmente, na avaliação do risco em familiares. Carcinoma de células de Hürthle Trata-se de tumor com crescimento rápido, grande potencial de invasão vascular e ampla disseminação sanguínea, levando a frequentes metástases pulmonares e pleurais, além de comprometimento de linfonodos regionais e de infiltração de músculos próximos da região tireoidiana. Macroscopicamente, o tumor tem as mesmas características do carcinoma folicular, podendo ter ou não cápsula. Microscopicamente, as células são volumosas e têm citoplasma amplo, acidófilo e granular, com núcleos atípicos. Os carcinomas de células de Hürthle são subclassificados em mínima ou extensamente invasivos, de acordo com a extensão da invasão capsular e/ou vascular. Os carcinomas minimamente invasivos são tumores encapsulados com focos microscópicos de invasão capsular ou com até três focos de invasão vascular, enquanto os extensamente invasivos apresentam quatro focos ou mais de invasão vascular, invasão macroscópica da cápsula tumoral ou invasão extratireoidiana. Carcinoma pouco diferenciado Carcinoma pouco diferenciado é mais comum em mulheres (2:1), geralmente após 55 anos de idade. O tumor é volumoso, sólido, cinza-esbranquiçado, com frequentes áreas de necrose. Microscopicamente, existem três tipos: trabecular, insular (ilhotas de microfolículos com pouco coloide) e sólido. O índice mitótico é elevado. Devido ao padrão insular, o tumor distingue-se do carcinoma medular pela positividade para tireoglobulina e negatividade para calcitonina e outros marcadores neuroendócrinos. Tumores mistos Incluem neoplasias com dois padrões morfológicos distintos, que podem ser do tipo tumor de colisão ou tumor misto. Tumor de colisão consiste em carcinoma medular associado a carcinoma folicular ou carcinoma medular e carcinoma papilífero. Tais tumores formam massa única com acentuado potencial de metástases. Os dois componentes podem estar interligados, contíguos ou mesmo separados, constituindo dois carcinomas distintos, presentes na mesma glândula. O tumor misto é formado por mistura de células tanto foliculares como parafoliculares, que são identificadas pela produção de tireoglobulina, de calcitonina ou de outro tipo de hormônio (p. ex., somatostatina, neurotensina); menos frequentemente, ambos os produtos hormonais podem ser produzidos pela mesma célula (bogliolo) Outros carcinomas: Um grupo pouco frequente de neoplasias da tireoide tem aspecto escamoso ou produz mucina, ou ambos. Tais casos constituem os carcinomas de células escamosas, mucinoso e mucoepidermoide. O primeiro deve ser distinguido de metástases de cânceres da laringe, faringe, esôfago e pulmão. O carcinoma mucoepidermoide apresenta áreas sólidas de proliferação escamosa ou escamoide, que se relacionam com células epiteliais produtoras de mucina. O tumor em geral não mostra imunorreatividade para tireoglobulina. Existe ainda o carcinoma mucoepidermoide esclerosante com eosinofilia, rico em eosinófilos e associado frequentemente à tireoidite de Hashimoto. A neoplasia mais rara deste grupo é o carcinoma mucinoso, que histologicamente é idêntico ao carcinoma coloide de outros locais, exceto pelo fato de a tireoglobulina ser em geral positiva. TRATAMENTO: Cirurgia do câncer de tireoide bem diferenciado Todos os cânceres de tireoide bem diferenciados de > 1 cm (T1b ou mais) devem ser submetidos a excisão cirúrgica, embora a vigilância ativa possa ser uma opção para os pequenos cânceres de tireoide micropapilíferos intratireoidianos (T1a) sem metástases. Além da retirada da lesão primária, a cirurgia possibilita o estabelecimento de um diagnóstico histológico acurado e estadiamento. Como não há evidências convincentes de que a cirurgia de tireoide bilateral possa melhorar a sobrevida, o procedimento cirúrgico inicial pode ser unilateral (lobectomia) ou bilateral (tireoidectomia quase total) para pacientes com cânceres intratireoidianos de > 1 cm e < 4 cm (tumores T1b e T2) na ausência de doença metastática. Para pacientes com alto risco de recorrência, a cirurgia bilateral possibilita a administração de iodo radioativo para ablação de remanescente e tratamento potencial das metástases com alta afinidade pelo iodo, quando indicado, bem como monitoramento dos níveis séricos de Tg. Por conseguinte, a tireoidectomia quase total é apropriada para tumores de > 4 cm ou na presença de metástases ou evidências clínicas de invasão extratireoidiana. Além disso, para pacientes que apresentam tumor de alto risco após lobectomia, com base nas características patológicas agressivas (p. ex., invasão vascular ou subtipo menos diferenciados), deve-se efetuar uma cirurgia complementar. As taxas de complicações cirúrgicas são aceitavelmente baixas se o cirurgião tiver grande experiência no procedimento. Deve-se efetuar uma ultrassonografia pré-operatória em todos os pacientes, de modo a avaliar os compartimentos de linfonodos cervicais central e laterais para suspeita de adenopatia, que, quando presente, deve ser submetida a AAF e removida, como indicado, na cirurgia. terapia de supressão do tsh Levando em conta que a maioria dos tumores ainda responde ao TSH, a supressão desse hormônio com levotiroxina constitui uma base do tratamento do câncer de tireoide. Embora a supressão do TSH proporcione um benefício terapêutico, não foram conduzidos estudos prospectivos capazes de definir o nível ideal de supressão do TSH. O grau de supressão do TSH deve ser individualizado com base no risco de recorrência do paciente. Deve ser ajustado com o passar do tempo, à medida que os exames de sangue e de imagem de vigilância confirmam ausência de doença ou, de modo alternativo, indicam a possibilidade de câncer residual/recorrente. tratamento com iodo radioativo Após tireoidectomia quase total, < 1 g de tecido tireoidiano permanece no leito da glândula tireoide. A radioablação pós- cirúrgica da tireoide remanescente elimina a tireoide normal residual, facilitando o uso dasdeterminações de Tg. Além disso, o câncer de tireoide bem diferenciado frequentemente incorpora o iodo radioativo, embora de maneira menos eficiente do que as células foliculares normais da tireoide. A captação do iodo radioativo é determinada principalmente pela expressão do NIS e estimulada pelo TSH, exigindo a expressão do TSH-R. O tempo de retenção para a radioatividade é influenciado pelo grau em que o tumor conserva as funções diferenciadas, como retenção e organificação do iodeto. Em consequência, para pacientes com maior risco de recorrência e para aqueles com doença metastática a distância conhecida, a terapia com I131 pode desempenhar um papel adjuvante e tratar potencialmente as células tumorais residuais. Linfomas Além do envolvimento por linfomas disseminados, a tireoide pode ser sede de linfomas primários, que correspondem a cerca de 3% das neoplasias malignas da glândula. Mais comuns em mulheres entre 60 e 70 anos, são quase sempre linfomas difusos de grandes células B não clivadas, de alto grau de malignidade. A glândula fica infiltrada difusamente pelas células neoplásicas, deixando de permeio apenas alguns folículos tireoidianos residuais. Estudos recentes mostram expressiva frequência de linfomas MALT (tecido linfoide associado a mucosas), linfomas de células B e linfomas da zona marginal extranodal associados a doenças autoimunes da tireoide, sobretudo tireoidite de Hashimoto. Tais linfomas têm comportamento menos agressivo e apresentam lesão linfoepitelial. Essas neoplasias não raramente apresentam transformação para linfoma de alto grau, que pode ocorrer inclusive focalmente, sendo representado por agrupamentos de centroblastos ou imunoblastos. Tumores da paratireoide intratireoidiana Pela proximidade das paratireoides e a possibilidade de haver paratireoide intratireoidiana, não é surpresa a ocorrência de tumores da paratireoide dentro da tireoide. São relatados adenomas, hiperplasias e carcinomas de paratireoide intratireoidiana. Alguns achados sugerem origem na paratireoide: (a) mistura de células claras, oxifílicas e basófilas; (b) células claras com membrana citoplasmática bem definida; (c) vascularização bem desenvolvida e delicada; (d) células com núcleos em paliçada ao longo de traves conjuntivovasculares; (e) raras mitoses. O diagnóstico pode ser confirmado pelo encontro de paratormônio à imuno-histoquímica. APLICAÇÕES CITOPATOLÓGICAS: a punção aspirativa com agulha fina (PAAF) vem sendo utilizada amplamente na propedêutica de lesões tireoidianas. Com amostras adequadamente obtidas e examinadas por profissionais experientes, a PAAF é capaz de diagnosticar grande número de lesões da tireoide, antes da cirurgia, o que traz evidentes benefícios; hoje, o número de cirurgias para a retirada de nódulos na tireoide caiu substancialmente. No entanto, é importante lembrar que, como outros exames complementares, a PAAF é um recurso diagnóstico auxiliar que deve ser considerado no contexto clínico do paciente e em conjunto com os resultados de outros exames laboratoriais. Ao lado disso, é imprescindível que todo caso seja avaliado juntamente com informações clínicas completas, de modo a tornar o exame mais eficaz (informação de punção prévia na tireoide, por exemplo, possibilita a interpretação correta de certos achados e evita supervalorização de algumas alterações celulares). A fim de uniformizar os resultados de exames citopatológicos em geral, para tornar a nomenclatura comum em diferentes países e para permitir a comparação de dados obtidos em regiões geográficas distintas, o National Cancer Institute dos EUA (NIH) estabeleceu, em conferência multidisciplinar, regras gerais para emissão de resultados de exames citopatológicos, com o objetivo de traduzir, de modo sucinto, claro e objetivo a impressão diagnóstica do citopatologista. A classificação proposta, conhecida como Sistema Bethesda (2009), recomenda o emprego de termos ou categorias diagnósticas para lesões de diferentes órgãos ou estruturas Imuno-histoquímica e neoplasias tireoidianas Assim como em neoplasias de outros órgãos, também nos tumores da tireoide a imuno-histoquímica tem papel importante no diagnóstico e no prognóstico. Os principais marcadores são tireoglobulina, fator de transcrição da tireoide (TTF-1) e calcitonina (células neuroendócrinas). Outra importante contribuição é no diagnóstico diferencial entre tumores da tireoide e neoplasias da paratireoide, por meio da detecção de paratormônio. No entanto, até o momento não existe marcador imuno-histoquímico capaz de diferenciar adenoma de carcinoma folicular; o critério decisivo nesse diagnóstico continua sendo a invasão da cápsula e/ou de vasos sanguíneos. Para definir a linhagem de célula folicular, a tireoglobulina é o marcador mais específico, a qual mostra marcação citoplasmática, de forma bem evidente nas neoplasias diferenciadas e focal e fraca em algumas variantes. O thyroid transcriptor factor 1 (TTF1) é fator de transcrição nuclear que identifica as células foliculares, porém não de forma específica, pois é positivo também em neoplasias pulmonares. Sua pesquisa é indicada sobretudo para identificar a linhagem tireoidiana de tumores que perdem a expressão de tireoglobulina. Thyroid transcriptor factor 2 (TTF2) e o paired box gene 8 (PAX8) são usados com menos frequência e, ao lado de panceratina (AE1/AE2), ceratina 7 (CK7), CAM e vimentina, contribuem na composição de painéis imuno-histoquímicos. As formas clássicas e bem diferenciadas de carcinomas papilífero e folicular não apresentam dificuldades diagnósticas, não havendo indicação para avaliação imuno-histoquímica. No carcinoma pouco diferenciado, a imuno-histoquímica está indicada para estabelecer a linhagem folicular da neoplasia. As células apresentam expressão citoplasmática focal e fraca para tireoglobulina e positividade difusa nuclear para TTF1, TTF2 e PAX8. As ceratinas CK7, CAM 5.2 e panceratina costumam ser difusamente expressas. No carcinoma pouco diferenciado, o índice de proliferação celular avaliado pela expressão de Ki-67 é um pouco mais alto do que nas formas bem diferenciadas, com positividade que varia entre 10 e 30% das células neoplásicas. No carcinoma anaplásico, a imuno-histoquímica pode confirmar a linhagem epitelial da neoplasia, principalmente na variante de células fusiformes. Na maioria dos casos, a tireoglobulina tem marcação fraca e focal. Em alguns casos, TTF1 e TTF2 apresentam marcação fraca e focal. Entre os marcadores de diferenciação tireoidiana, PAX8 está presente em cerca de 75% dos casos. Positividade para ceratinas CK7, CAM 5.2 e panceratina é geralmente fraca e focal, sendo encontrada em 45 a 90% dos casos. O índice de proliferação celular pode chegar a mais de 50% das células neoplásicas. Conhecer os fatores carcinogênicos da neoplasia da tireoide Fatores Ambientais Radiação externa predispõe a rupturas cromossômicas, resultando em rearranjos genéticos e perda dos genes supressores tumorais (harisson). O maior fator de risco predisponente para o câncer tireoidiano é a exposição à radiação ionizante, particularmente durante as primeiras duas décadas de vida, sobretudo nas crianças. A deficiência de iodo na alimentação (e, por extensão, sua associação com o bócio) está ligada à alta frequência de carcinomas foliculares. O principal fator é irradiação de estruturas da cabeça ou do pescoço, especialmente na infância, para tratamento de hiperplasia ou tumoração de amígdalas e adenoides, de hipertrofia tímica e de afecções cutâneas como acne . Cerca de 80% das crianças que receberam radiação terapêutica desenvolveram câncer da tireoide décadas depois, especialmente carcinoma papilar. Excesso de TSH como indutor de tumores da tireoide parece dever-se a estimulação prolongada da atividade mitogênica das células foliculares. Quando em baixas doses, radiações ionizantes causam disfunção glandular, elevando a taxa de TSH nosoro. Níveis altos de TSH associados a alterações celulares promovidas por ação radioativa aumentam a incidência de neoplasias da tireoide (BOGLIOLO). Muitos cânceres diferenciados de tireoide expressam os receptores de TSH e, por isso, continuam respondendo ao TSH. Os níveis séricos mais elevados de TSH, mesmo dentro da faixa normal, estão associados a um risco aumentado de câncer de tireoide em pacientes com nódulos da tireoide (HARISSON). Fatores Genéticos Eventos genéticos distintos estão envolvidos na patogênese das quatro principais variantes histológicas de câncer tireoidiano. Como já assinalado, os carcinomas medulares não surgem do epitélio folicular. As alterações genéticas nas três neoplasias malignas derivadas das células foliculares ocorrem nas vias de sinalização do receptor do fator de crescimento. Lembre-se de que, em células normais, essas vias são transitoriamente ativadas pela ligação de fatores de crescimento ligantes solúveis ao domínio extracelular do receptor tirosina-cinase, o que resulta em autofosforilação do domínio citoplasmático do receptor. Isso, por sua vez, aciona eventos que resultam em ativação de RAS e dois braços de sinalização da cadeia que envolvem cinase de MAP (MAPK) e PI-3-cinase (PI3K). Nos carcinomas tireoidianos, assim como em muitos cânceres, as mutações de ganho de função em componentes dessas vias levam à ativação permanente, gerando proliferação celular excessiva e aumento da sobrevivência das células (ROBBINS) Compreender a biologia tumoral dos canceres da tireoide Estudos de biologia molecular mostram alterações em oncogenes, genes supressores de tumor, genes de apoptose, de telomerase e de reparo do DNA. Os oncogenes mais envolvidos na tumorigênese da tireoide são RAS, RET, BRAF e PAX8-PPAR-γ. Mutações em RET/PTC, RAS ou BRAF são encontradas em dois terços dos carcinomas papilares. A mutação mais frequente no carcinoma papilífero ocorre no gene BRAF, que codifica proteínas da família das RAF, cuja ativação é induzida pela proteína RAS. Mutação em BRAF ocorre em carcinomas papilíferos e em alguns carcinomas anaplásicos derivados provavelmente de tumores papilares. A mutação consiste em transversão de timina em adenina na posição 799 (T799A) do gene, causando substituição do aminoácido valina por glutamato na posição 600 da proteína BRAF (V600E), a qual ativa constitutivamente a BRAF cinase. Uma vez ativada, a proteína RAF fosforila e ativa MEK que, por sua vez, ativa ERK e os efetores subsequentes da cascata da MAPK. A proteína BRAF é a mais ativa entre as proteínas RAF e a que mais fosforila MEK quando ativada pela proteína RAS. Mutação em BRAF associa-se a subtipos mais agressivos de carcinomas papilíferos, como a variante de células altas e ocorre de modo mutuamente excludente em relação às demais mutações prevalentes no carcinoma papilífero, como mutações nos genes RAS e RET, cujos produtos atuam na mesma via da MAPK. Neoplasias da tireoide resultantes de exposição à radiação ionizante têm predomínio da forma RET/PTC3, enquanto os tumores esporádicos apresentam, principalmente, rearranjos da forma RET/PTC1. Rearranjo RET/PTC é evento provavelmente precoce em células papilíferas, porque também aparece em áreas perineoplásicas. Muitos carcinomas papilíferos ocultos (microcarcinomas) apresentam imunorreatividade para RET ou mRNA de RET/PTC. Existe correlação entre o tipo de rearranjo ocorrido no gene RET (do gene que se funde ao RET) e o desenvolvimento mais precoce e com maior agressividade do tumor (RET/PTC3) ou menor agressividade e crescimento mais lento (RET/PTC1). Ao contrário do que ocorre no carcinoma papilífero, a etiopatogênese do carcinoma folicular não é tão clara. O impacto de rearranjos gênicos no carcinoma folicular é menos evidente do que o rearranjo RET/PTC e as mutações em BRAF e RAS. Rearranjo descrito com papel no carcinoma folicular é a translocação que envolve PAX-S, que codifica fator de transcrição tireoidiano, e o PPAR-γ, um receptor nuclear. A translocação PAX8-PPAR-γ é vista em 33 e 56% dos casos, respectivamente, típicos e mais agressivos de carcinoma folicular, podendo ser encontrada também em adenomas foliculares. Assim, esse rearranjo não serve como marcador de malignidade e nem pode ser considerado no diagnóstico diferencial entre adenoma e carcinoma folicular. Entre os genes supressores de tumor, alterações no gene TP53 aparecem em tumores menos diferenciados e mais agressivos. Anormalidades em genes supressores de tumor são mais comuns no carcinoma folicular do que no papilífero; este apresenta menos instabilidade genômica – menos perda de heterozigosidase –, mostrando que é mais estável geneticamente e, portanto, com menor chance de prosseguir na cadeia de eventos que tornam a neoplasia mais agressiva e menos diferenciada. A quantificação de tireoglobulina (molécula produzida pelas célula tireóideas) por imunoensaio ou a expressão do seu gene por RT-PCR em tireócitos circulantes é o método de escolha para identificação precoce de recidivas e/ou metástases em carcinoma diferenciado após tratamento cirúrgico. No carcinoma medular, ocorrem mutações no oncogene RET. Na forma esporádica do tumor, a mutação é detectada nas células malignas em 25 a 70% dos casos, a maioria no códon 918. Nas formas hereditárias, as mutações estão presentes em todas as células do paciente. Na forma familial do carcinoma medular, podem estar afetados os códons 609, 611, 618, 620, 634, 768 e 804 do gene RET; quando o tumor está associado a outras neoplasias endócrinas, as mutações acometem os códons 609, 611, 618, 620, 634 (NEM 2) e 918 (NEM 3). Como existe estreita correlação entre os achados microscópicos e o prognóstico do tumor, torna-se essencial a caracterização dos tipos histológicos, conforme a classificação indicada: Carcinomas originados de células foliculares são agrupados em: (a) carcinomas bem diferenciados (papilares e foliculares), com melhor prognóstico; (b) carcinoma pouco diferenciado, de comportamento intermediário; (c) carcinoma indiferenciado, de pior prognóstico. (bogliolo) Entender as consequências de ativação do gene RAS nas neoplasias da tireoide RECEPTORES ASSOCIADOS À PROTEÍNAS G Oncogenes ras - Todos os genes de família ras (H-ras, N-ras, K-ras) codificam proteínas de alto peso molecular designadas p21. Os oncogenes ras são ativados através de mutações nos codons 12, 13 e 61 e são encontrados em vários tipos de tumores tireoidianos, benignos ou malignos e ainda em lesões hiperplásticas não neoplásicas. (ARTIGO INDICADO) CARCINOMAS FOLICULARES Em contraste com os carcinomas papilares, os carcinomas foliculares estão associados a mutações adquiridas que ativam RAS ou o braço de PI-3K/AKT da via de sinalização do receptor de tirosina-cinase. É evidente, a partir da Figura 24-18, que, de mutações ativadas em RAS, espera-se o estímulo em ambas as vias de sinalização MAPK e PI3K. Não se conhece o motivo pelo qual as mutações RAS produzem neoplasias foliculares, e não neoplasias papilíferas, um ponto que destaca nossa falta de visão sobre as nuances da sinalização intracelular. Cerca de um terço a metade dos carcinomas tireoidianos foliculares abrigam mutações de ponto de ganho de função de RAS ou PIK3CA (o gene que codifica a PI-3 cinase), amplificações de PIK3CA ou mutações de perda de função de PTEN, um gene supressor de tumor e regulador negativo dessa via. Tais alterações genéticas são sempre mutuamente exclusivas nos carcinomas foliculares, de acordo com suas equivalências funcionais. O aumento progressivo na prevalência das mutações de RAS e PIK3CA de adenomas foliculares benignos para carcinomas foliculares e para carcinomas anaplásicos (ver adiante) sugere histogênese compartilhada e evolução molecular entre os tumores derivados de células foliculares. Explicar os mecanismos de arivação do protooncogene PIK3R5 Entender o processode metástase nos carcinomas tireoidianos →Metástases: Em necrópsias, em cerca de 9% dos pacientes que falecem por câncer disseminado existem metástases na tireoide, embora muitas vezes sem comprometer a função glandular ou levar a manifestações clínicas. Metástases na tireoide de carcinoma de células claras do rim, que se apresenta como massa volumosa, pode ser o primeiro sinal clínico desse tumor, como também pode manifestar-se vários anos depois de nefrectomia total. Na fase clínica de disseminação sanguínea de melanomas, quase sempre existe comprometimento da tireoide, que pode ser infiltrada também por linfomas e leucemias. Comprometimento tireoidiano por outros cânceres ocorre por: (1) invasão direta por tumores da região cervical; (2) metástases por via sanguínea; (3) disseminação linfática. Tumores da faringe, da laringe e do esôfago são os que mais invadem a tireoide. Em cerca de 25% de outros carcinomas da cabeça e pescoço, há acometimento secundário da tireoide (bogliolo) Entender os mecanismos de metástase A invasão e a metástase são resultados de interações entre as células cancerígenas e o estroma normal e são as principais causas de morbidade e mortalidade relacionadas ao câncer. Estudos revelam que, apesar de milhões de células advindas do tumor primário serem liberadas na circulação a cada dia, somente poucas metástases são produzidas. De fato, as células tumorais podem ser frequentemente detectadas no sangue e na medula de pacientes com câncer de mama que não possuem, e não possuirão, o desenvolvimento de doença metastática evidente. Por que o processo metastático é tão ineficiente? Para que as células tumorais surjam a partir de uma massa primária, entrem nos vasos sanguíneos ou linfáticos, e produzam um segundo crescimento em um local distante, elas devem passar por uma série de passos, sendo que cada um deles é ineficaz e está sujeito a milhares de controles; assim, em qualquer ponto da sequência, as células desgarradas podem não sobreviver. Nesta discussão, a cascata metastática será dividida em duas fases: (1) invasão da matriz extracelular (MEC) e (2) disseminação vascular, instalação das células tumorais e colonização. Subsequentemente, a genética molecular da cascata metastática, como compreendida atualmente, será apresentada. Invasão da Matriz Extracelular A organização estrutural e função dos tecidos normais são, em grande parte, determinadas pela interação entre as células e a MEC. Os tecidos são organizados em compartimentos separados um do outro por dois tipos de MEC: a membrana basal e o tecido conjuntivo intersticial. Apesar de organizados diferentemente, cada um desses componentes da MEC é composto por colágeno, glicoproteínas e proteoglicanos. As células tumorais devem interagir com a MEC em diversos estágios da cascata metastática. Um carcinoma deve primeiro romper a membrana basal subjacente, então atravessar o tecido conjuntivo intersticial e, em última instância, ter acesso à circulação através da penetração na membrana basal vascular. Esse processo é repetido ao contrário quando um êmbolo de células tumorais extravasa em um sítio distante. A invasão da MEC inicia a cascata metastática e é um processo ativo que pode ser separado em diversos passos. • “Relaxamento” das interações célula tumoral-célula tumoral. • Degradação da MEC. • Ligação a novos componentes da MEC. • Migração e invasão das células tumorais. A dissociação das células umas das outras são frequentemente o resultado das alterações nas moléculas de adesão intercelulares e é o primeiro passo no processo de invasão. As interações célula-célula são mediadas pela família de glicoproteínas transmembrana - caderina., servindo para manter as células epiteliais em união e para transmitir sinais entre as células. Em diversos tumores epiteliais, incluindo adenocarcinomas do cólon, estômago e de mama, a função da E-caderina é perdida. Presume-se que essa diminuição da regulação reduz a capacidade das células de se aderirem umas às outras e facilita seu desligamento do tumor primário e consequente avanço em direção aos tecidos circunjacentes. A degradação da membrana basal e do tecido conjuntivo intersticial é o segundo passo da invasão. As células tumorais podem fazê-lo ao secretar enzimas proteolíticas, ou induzir as células estromáticas (p. ex., fibroblastos e células inflamatórias) a elaborar proteases. Muitas famílias de proteases diferentes, tais como as metaloproteinases (MMP), a catepsina D e o ativador de plasminogênio urocinase, foram relacionadas à invasão por células tumorais. As MMP regulam a invasão tumoral através da remodelação de componentes insolúveis da membrana basal e da matriz intersticial, mas também através da liberação de fatores de crescimento sequestrados na MEC. De fato, produtos de clivagem do colágeno e dos proteoglicanos também possuem efeitos quimiotáticos, angiogênicos e promotores do crescimento. Por exemplo, a MMP9 é uma gelatinase que cliva o colágeno tipo IV da membrana basal epitelial e vascular, sendo que, além disso, estimula a liberação de VEGF dos grupamentos sequestrados na MEC. Os tumores benignos da mama, cólon e estômago mostram pouca atividade da colagenase tipo IV, enquanto suas contrapartes malignas superexpressam essa enzima. Concomitantemente, as concentrações de inibidores de metaloproteinases estão reduzidas, de forma que o equilíbrio está inclinado grandemente em direção à degradação tecidual. De fato, a superexpressão de MMP e outras proteases foi relatada em muitos tumores. O terceiro passo na invasão envolve as alterações na ligação das células tumorais a proteínas da MEC. As células epiteliais normais possuem receptores, como as integrinas, para a laminina da membrana basal e para o colágeno que estão polarizados em sua superfície basal; esses receptores ajudam a manter as células em um estado quiescente, diferenciado. A perda de adesão nas células normais leva à indução da apoptose, enquanto que células tumorais são resistentes a essa. Além disso, a própria matriz se torna modificada de maneira a promover a invasão e a metástase. Por exemplo, a clivagem das proteínas de membrana basal, colágeno IV e laminina, pelas MMP2 e MMP9, gera novos sítios que se ligam a receptores nas células tumorais e estimulam a migração. A locomoção é a última etapa da invasão, impulsionando as células tumorais através da membrana basal degradada e das zonas de proteólise da matriz. A migração é um processo em múltiplas etapas, que envolve muitas famílias de receptores e proteínas de sinalização que afinal se encontram no citoesqueleto de actina. As células devem se ligar à matriz na extremidade de avanço, soltar-se da matriz na extremidade final e contrair o citoesqueleto de actina para seguir adiante. Tais movimentos parecem ser estimulados e direcionados por citocinas derivadas das células tumorais, tais como os fatores de mobilidade autócrinos. Além disso, os produtos de clivagem dos componentes da matriz (p. ex., colágeno, laminina) e alguns fatores de crescimento (p. ex., IGF I e II) possuem atividade quimiotática para as células tumorais. Não obstante, a clivagem proteolítica libera fatores de crescimento ligados a moléculas da matriz. As células do estroma também produzem efetores parácrinos de mobilidade celular, como o fator de crescimento de hepatócitos/fator de dispersão, que se liga à tirosina cinase receptora MET nas células tumorais. A concentração do fator de crescimento de hepatócitos/fator de dispersão é elevada na extremidade de avanço do tumor de cérebro altamente invasivo glioblastoma, apoiando a teoria de sua função na mobilidade. Ficou claro que as células da MEC e do estroma que cercam as células tumorais não são meramente uma barreira estática a ser atravessada pelas células tumorais, mas, pelo contrário, constituem um ambiente variado em que a sinalização recíproca entreas células tumorais e as células do estroma podem ou promover ou evitar a tumorigênese e/ou a progressão tumoral. As células tumorais vivem em um ambiente complexo e sempre em mudança, composto por MEC, fatores de crescimento, fibroblastos e células imunes. É fácil imaginar que tumores venham a ser dominados por subclones, os quais são mais bem-sucedidos em cooptar este ambiente para seus próprios propósitos malignos. Disseminação Vascular e Instalação das Células Tumorais Uma vez que atinjam a circulação, as células tumorais ficam vulneráveis à destruição por uma variedade de mecanismos, incluindo o estresse mecânico de cisalhamento, a apoptose estimulada pela perda de adesão (denominada anoikis) e a defesa imune inata e adaptativa. Dentro da circulação, as células tumorais tendem a agregar- se formando massas. As adesões homotípicas entre as células tumorais favorecem esse arranjo, assim como as adesões heterotípicas entre as células tumorais e as células do sangue, principalmente as plaquetas. A formação de agregados plaqueta-tumor pode aumentar a sobrevida da célula tumoral e sua capacidade de se implantar. As células tumorais também podem se ligar e ativar os fatores de coagulação, resultando na formação de êmbolos. A interrupção e o extravasamento dos êmbolos tumorais em sítios distantes envolvem a adesão ao endotélio, seguida pelo egresso através da membrana basal. As moléculas de adesão (integrinas, receptores de laminina) e as enzimas proteolíticas, discutidas anteriormente, estão envolvidas nesses processos. A molécula da adesão CD44 apresenta interesse em particular, pois está expressa em linfócitos T normais, sendo usada por essas células para migrar através de locais selecionados nos tecidos linfoides. Tal migração é atingida pela ligação da CD44 ao hialuronato em vênulas endoteliais altas. Tumores sólidos também expressam a CD44 com frequência, o que aparenta favorecer sua disseminação nos linfonodos e outros locais metastáticos. O local em que as células tumorais circulantes deixam os capilares para formar depósitos secundários está relacionado à localização anatômica e à drenagem vascular do tumor primário, além do tropismo de certos tumores para tecidos específicos. Amaioria das metástases ocorre no primeiro leito capilar disponível para o tumor. Muitas observações, contudo, sugerem que uma via natural de drenagem não explica totalmente a distribuição das metástases. Por exemplo, o carcinoma prostático se dissemina preferencialmente para o osso, os carcinomas broncogênicos tendem a envolver as suprarrenais e o cérebro, os neuroblastomas se disseminam para o fígado e para os ossos. Esse tropismo por um órgão específico pode estar relacionado aos seguintes mecanismos: • Células tumorais podem ter moléculas de adesão cujos ligantes são expressos preferencialmente nas células endoteliais do órgão-alvo. • As quimiocinas possuem um importante papel na determinação das metástases para os tecidos-alvo. Por exemplo, algumas células cancerígenas da mama expressam os receptores de quimiocina CXCR4 e CCR7. • Em alguns casos, o tecido-alvo pode ser um ambiente não permissivo – “solo infértil”, como se diz, para o crescimento de mudas tumorais. Por exemplo, apesar de serem bem vascularizados, o músculo esquelético e o baço raramente são locais onde há metástases. Infelizmente, tumores não leem textos sobre patologia, e ainda há muito a ser aprendido sobre os fatores que comandam sua disseminação. Apesar de sua “esperteza” em escapar de seu local de origem, as células tumorais circulantes são bastante ineficientes em colonizar órgãos distantes. Dessa forma, mesmo quando as metástases estão estabelecidas, elas podem crescer apenas até tamanhos pequenos e clinicamente insignificantes. De fato, o conceito de dormência, referindo- se a sobrevivência prolongada de micrometástases sem sua progressão, é bem descrito no melanoma e nos cânceres de mama e de próstata. Apesar de os mecanismos moleculares de colonização estarem apenas começando a ser desvendados em modelos com camundongos, um padrão constante parece ser aquele no qual as células tumorais secretam citocinas, fatores de crescimento e moléculas da MEC que agem nas células estromáticas residentes, as quais, por sua vez, tornam o local metastático habitável para a célula cancerígena. Por exemplo, as metástases do câncer de mama para o osso são osteolíticas em razão da ativação dos osteoclastos no local metastático. As células do câncer de mama secretam a proteína relacionada ao hormônio da paratireoide (PTHRP), que estimula os osteoblastos a produzir o ligante da RANK (RANKL). O RANKL então ativa os osteoclastos, que degradam a matriz óssea e liberam fatores de crescimento embebidos nela, como o IGF e o TGF-β. Com uma compreensão molecular melhor dos mecanismos de metástase, nossa habilidade de torná- los alvos terapêuticos será grandemente aumentada. Genética Molecular do Desenvolvimento de Metástases Por que somente alguns tumores formam metástases? Quais são as alterações genéticas e epigenéticas que permitem as metástases? Por que o processo metastático é tão ineficiente? Diversas teorias concorrentes foram propostas para explicar como o fenótipo metastático surge. • O modelo de evolução clonal sugere que, à medida que as mutações se acumulam nas células cancerígenas geneticamente instáveis e o tumor se torna heterogêneo, um raro subconjunto de subclones de células tumorais adquire um padrão de expressão gênica, o qual é permissivo para todas as etapas envolvidas na metástase A, A metástase é causada por clones variantes raros que se desenvolvem no tumor primário. B, A metástase é provocada pelo padrão de expressão gênica da maioria das células do tumor primário, referida como uma assinatura metastática. C, A combinação de A e B, na qual as variantes metastáticas aparecem em um tumor com uma assinatura gênica metastática. D, O desenvolvimento da metástase é amplamente influenciado pelo estroma tumoral, que pode regular a angiogênese, a invasão local e a resistência à eliminação imune, permitindo que as células do tumor primário, como no modelo C, se tornem metastáticas. • Um subconjunto de cânceres de mama possui uma assinatura da expressão gênica metastática similar à encontrada nas metástases, apesar de não haver evidência clínica de metástase aparente. Há uma hipótese de que nesses tumores com uma “assinatura metastática”, a maioria, se não todas as células, desenvolve uma predileção para a disseminação metastática durante os estágios precoces da carcinogênese - B • Uma terceira ideia, que combina as duas acima, supõe que a assinatura metastática é necessária, mas não suficiente para a metástase, e que mutações adicionais são necessárias para que a metástase ocorra - C • Por fim, há evidências da capacidade da metástase de envolver não apenas propriedades intrínsecas às células cancerígenas, mas também as características de seu microambiente, tais como os componentes do estroma, a presença de células imune infiltrantes e a angiogênese – D. Um questionamento ainda em aberto nesse tema é se há genes cuja principal ou única contribuição para a tumorigênese é o controle das metástases. Como a metástase é um fenômeno complexo envolvendo uma variedade de etapas e vias, acredita-se que os “oncogenes da metástase” ou “supressores metastáticos” são raros . Um gene supressor de metástase é definido como um gene cuja perda promove o desenvolvimento de metástase sem um efeito no tumor primário. Pelo menos uma dúzia de genes perdidos nas lesões metastáticas foi confirmada como tendo a função de “supressores metastáticos”. Suas funções moleculares são variadas e ainda não estão totalmente esclarecidas; contudo, a maioria parece afetar várias vias de sinalização. Entre os candidatos a oncogenes metastáticos, estão o SNAIL e o TWIST, que codificam fatores de transcrição cuja função primária é promovera transição epitelial-mesenquimal (TEM). Na TEM, as células carcinomatosas diminuem a regulação de certos marcadores epiteliais (p. ex., E-caderina) e aumentam a regulação de certos marcadores mesenquimais (p. ex., vimentina e actina de músculo liso). Acredita-se que essas alterações favoreçam o desenvolvimento de um fenótipo pró-migratório que é essencial para a metástase. A perda da expressão da E-caderina parece ser um evento essencial na TEM, sendo que o SNAIL e o TWIST são repressores transcricionais que diminuem a regulação da expressão de E- caderina. A TEM foi documentada principalmente nos cânceres de mama; permanece a ser estabelecido se esse é um fenômeno geral em outros tumores sólidos. Papel dos Elementos Estromáticos na Metástase Nas seções anteriores, vimos diversos exemplos sobre a interação entre as células tumorais e os elementos estromáticos. Por exemplo, macrófagos no estroma secretam proteases de degradação da matriz e proteínas da MEC podem liberar fatores angiogênicos latentes e fatores de crescimento, como o TGFβ. As células tumorais bem-sucedidas devem cooptar essas e outras interações e utilizá-las para promover seu crescimento e a invasão, e sucede-se que estas interações, e as próprias células estromais são alvos em potencial no tratamento contra o câncer. Nós já discutimos o uso de inibidores da angiogênese em pacientes com câncer; com maior potencial de benefício, temos as terapias que ultrapassam outro marco das células do câncer - a capacidade de evitar a resposta imune do hospedeiro Invasão e Metástase - resumo ➔ A capacidade de invadir tecidos, um marco da malignidade, ocorre em quatro etapas: o relaxamento dos contatos célula-célula, a degradação da MEC, a ligação a novos componentes da MEC e a migração das células tumorais. ➔ Contatos de célula-célula são perdidas através da inativação da E-caderina, através de diversas vias. ➔ Membranas basais e degradação da matriz intersticial são mediadas por enzimas proteolíticas secretadas por células tumorais e estromáticas, como as metaloproteases e catepsinas da matriz. ➔ As enzimas proteolíticas também liberam fatores de crescimento sequestrados na MEC e geram fragmentos quimiotáticos e angiogênicos a partir da clivagem das glicoproteínas da MEC. ➔ O local metastático de muitos tumores pode ser adivinhado através da localização do tumor primário. Muitos tumores ficam presos no primeiro leito capilar que encontram (mais comumente no pulmão e fígado). ➔ Alguns tumores exibem tropismo em um órgão, provavelmente devido à expressão dos receptores de adesão ou quimiocina, cujos ligantes são expressos por células endoteliais do local metastático. ➔ Genes que promovem a transição epitelial-mesenquimal, como o TWIST e o SNAIL, podem ser importantes genes de metástase nos tumores epiteliais.