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51. DISBIOSE INTESTINAL: IMPLICAÇÕES NA SAÚDE HUMANA E CONDUTAS 
NUTRICIONAIS 
 
Andréa Claudia dos Anjos Martins1; Daniela Miguel Marin Sabanai2; Bianca Languer Vargas3. 
 
1Estudante do curso de Nutrição da Faculdade Metropolitana de Manaus. Manaus, Amazonas; email: 
andreacm08@hotmail.com; 
2Professora do departamento de Nutrição da Faculdade Metropolitana de Manaus. Manaus, Amazonas; 
email: danmmarin@yahoo.com.br; 
3Professora do departamento de Nutrição da Faculdade Metropolitana de Manaus. Manaus, Amazonas; 
email: nutribiancalv@gmail.com; 
 
INTRODUÇÃO 
A alimentação exerce um importante papel no bom funcionamento do organismo. As alterações nos hábitos 
alimentares, como o consumo elevado de sódio, conservantes e gorduras saturadas contribuíram para o 
aumento da incidência da obesidade, do diabetes e das doenças inflamatórias intestinais (FONSECA E 
COSTA, 2010). Tais escolhas, quando frequentes, levam a um desequilíbrio da microbiota intestinal, 
influenciando na manutenção da fisiologia do trato gastrointestinal (TGI) e nos aspectos imunológicos 
(LEITE et al, 2014). 
A esse desequilíbrio da microbiota intestinal, também mediada por abuso de antibióticos, dieta inadequada 
e fatores emocionais, dá-se o nome de disbiose intestinal. Nesta, há alteração na composição da microbiota 
intestinal, com um aumento de bactérias patológicas sobre as comensais (SANTOS E VARAVALLO, 
2011). Demonstra-se sua relevância pelos distúrbios fisiológicos do tgi e pela associação com obesidade, 
diabetes e alergias (FONSECA E COSTA, 2010). Diante destas, o presente artigo tem como foco realizar 
uma revisão bibliográfica sobre a disbiose intestinal, bem como sua conduta nutricional mais atualizada. 
 
DISCUSSÃO 
 
A microbiota intestinal é o maior sítio orgânico de microrganismos comensais do corpo humano. Apesar 
de cada indivíduo possuir uma composição bacteriana própria e definida por características genéticas e 
ambientais, no geral há predomínio de bactérias dos filos firmicutes, em especial a ordem lactobacillales, e 
bacteroidetes (HUTTENHOWER et al., 2012). Estas atuam de forma simbiótica com a mucosa do cólon e 
evoluíram junto com o desenvolvimento do tgi. Na população adulta, a microbiota permanece estável, mas 
pode sofrer alterações pelo tipo de alimentação, higiene, idade, tempo de trânsito intestinal e uso de 
medicamentos (BRANDT et al., 2006). 
Entende-se que para um bom funcionamento do tgi, é preciso um equilíbrio entre os microrganismos. Estando 
as espécies da microbiota desbalanceadas, com proliferação de bactérias patogênicas, como a Clostridium 
sp., sobre as bactérias comensais, as firmicutes e bacteroidetes, tem-se o estabelecimento da disbiose 
intestinal. Tal desequilíbrio prejudica o metabolismo dos nutrientes e a sua adequada absorção e provoca 
um quadro de hipovitaminose pela deficiência na síntese da vitamina K2. Tambémhá deficiência na 
produção de ácido clorídrico (BRANDT et al., 2006). O principal fator de risco associado é o rompimento 
da barreira da mucosa intestinal, condição patológica chamada de permeabilidade intestinal (ALMEIDA 
et al., 2009). Nesta, produtos como toxinas, bactérias e alimentos não digeridos ultrapassam a barreira da 
mucosa e atingem a corrente sanguínea, ativando o sistema imunológico. O organismo, ao interpretar tais 
substâncias como antígenos, passa a montar uma resposta imune contra o antígeno. O constante estímulo 
causa um estado inflamatório crônico, o que estimula o desenvolvimento da obesidade, diabetes e 
manifestações alérgicas em pacientes suscetíveis (AYOUB, 2010). 
Diversos fatores foram relacionados ao desenvolvimento da disbiose intestinal como tipos de parto, falta 
de aleitamento materno, deficiência na produção de ácido clorídrico, dieta deficiente, abuso 
medicamentoso, estresse, idade e baixa imunidade (BROWN, 2012). A sintomatologia é inespecífica, 
abrangendo acne, diarreia, constipação, indigestão, distensão abdominal, pirose e sensação de 
empachamento após refeição. 
Atualmente, a terapia nutricional para o tratamento da disbiose consiste em repor a flora intestinal e 
reequilibrar as concentrações de ácido clorídrico e enzimas essenciais para digestão. Instrui-se, para tanto, 
uma dieta não irritativa e hipoalergênica e a administração de prebióticos, probióticos e simbióticos 
(PASCHOAL et al., 2007). 
Dieta não irritativa refere-se a exclusão de frituras, café, e alimentos industrializados e a moderação do 
consumo de carne bovina (PASCHOAL et al., 2007). Hipoalergênico consiste em restringir os derivados 
do leite, já que o paciente pode apresentar intolerância e hipersensibilidade às proteínas do leite. Em 
concomitância com a dieta, utiliza-se a suplementação de probióticos e prebióticos. Os probióticos são 
microrganismos vivos que, quando consumidos, agem no trato gastrintestinal do organismo hospedeiro, 
melhorando o balanço microbiano intestinal (OLIVEIRA, 2007). A dose mínima desses para causar efeito 
terapêutico está entre 108 a 109 unidades formadoras de colônia (UFC) por ml e varia de acordo com as 
espécies e cepas utilizadas (OLIVEIRA, 2007). Ao contrário, os prebióticos são substâncias alimentares 
não digeríveis que estimulam seletivamente o crescimento e as atividades de bactérias comensais do cólon. 
A dose ideal diária de prebióticos é de 10g (STEFE et al., 2008). 
 
CONCLUSÃO 
 
É salutar reconhecer a co-dependência da nutrição saudável e o funcionamento adequado do organismo. Aos 
profissionais da equipe multidisciplinar, cabe estimular a reeducação alimentar e a reformulação do estilo 
de vida. Deve-se considerar a adoção de alternativas terapêuticas como prebióticos e probióticos, 
restauradores do equilíbrio da microbiota intestinal. No entanto, ainda são necessários maiores estudos que 
comprovem a funcionalidade destes e investiguem os possíveis efeitos colaterais do uso. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ALMEIDA, L. B. et al. Disbiose Intestinal. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, [S.l.], v. 24, n. 1, p. 58-
65, 2009. ANDRADE, A.M.D.S.A. Microflora Intestinal: uma barreira imunológica desconhecida. 2010. 
24f. Dissertação (Mestrado em Medicina) -Instituto Ciências Biológicas Abel Salazar, Porto-Portugal, 
2010. 
AYOUB, M.E. Terapia Nutricional na lipodistrofia ginóide. In: SILVA, S.C; MURA, J.D.P. Tratado de 
Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Roca, 2010. p. 743-744. 
BRANDT, K.G.; SAMPAIO, M.M.S.C.; MIUKI, C.J. Importância da microbiota intestinal. Pediatria, 
[S.l.]. v.28, n.2, p. 117-127, 2006. 
BROWN, K. et al. Diet: Induced Dysbiosis of the intestinal microbiota and the effects on immunity and 
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FONSECA, F.C.P; COSTA, C.L. Influência da nutrição sobre o sistema imune intestinal. Revista Ceres: 
Nutrição e Saúde, [S.l], v.5, n.3, p.99-110, 2010. 
HUTTENHOWER, C. et al. Struture, function and diversity of the healthy human microbiome. Nature, 
[S.l], v. 486, n. 7402, p.207-214, 2012. 
LEITE, L. et al. Papel da microbiota na manutenção da fisiologia gastrointestinal: uma revisão da literatura. 
Informative Geum Bulletin, v.5, n.2, p.54-61, 2014. 
OLIVEIRA, M.N; Probióticos seus benefícios à saúde humana. Revista Nutrição em Pauta, v.87, n.15, p.21-
27, 2007. PASCHOAL, V; NAVES, A; FONSECA, A.B. Nutrição clínica funcional dos princípios à prática 
clínica. São Paulo: VP editora, 2007. 
SANTOS, T; VARAVALLO, M.A. A importância de probióticos para o controle e/ou reestruturação da 
microbiota intestinal. Revista Científica do Itpac, v.4, p.40-49, 2011. 
STEFE, C.A; ALVES, M.A.R; RIBEIRO, R.L. Probióticos, prebióticos e simbióticos: artigo de 
revisão. Revista Saúde e Ambiente, v.3, n.1, p.16-33, 2008

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