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Unidade 1: Mitos e Verdades sobre as Línguas de Sinais e a Pessoa com Surdez ● Apesar de o reconhecimento oficial da LIBRAS, através do Lei 10.436/2002, ser uma conquista extremamente importante para todos os surdos do Brasil, ele é apenas o primeiro passo! Em outras palavras, não basta reconhecer a LIBRAS como meio de expressão das pessoas surdas e o direito destas de ter acesso à informação por meio dela. É preciso também preparar (formar) todos aqueles que vão atuar diretamente com essa população. Além disso, faz-se necessário que a sociedade como um todo seja conscientizada das lutas e conquistas da comunidade surda. ● Ser surdo não é apenas não ouvir ou ouvir pouco; ser surdo vai além da aferição de decibéis através de um audiograma; ser surdo implica uma questão mais linguística do que apenas patológica. ● É considerado surdo todo aquele que tem perda auditiva e utiliza uma Língua de Sinais como forma de comunicação. Para a comunidade surda, este termo é comum. Na verdade, os surdos gostam de ser tratados assim. É um equívoco chamá-los de surdos-mudos, pois surdo-mudo é o indivíduo que possui uma deficiência auditiva e outra no aparelho fonador. Muitos surdos não são oralizados, ou seja, não falam, porém emitem sons; é considerado mudo, apenas o indivíduo que não emite som algum. Alguns surdos possuem dificuldade em desenvolver a fala, pois não escutam, porém seu aparelho fonador é preservado. ● Deficiente auditivo é o indivíduo que possui uma perda auditiva bilateral, parcial ou total, porém não pertence à comunidade de surdos. Alguns utilizam a Língua Portuguesa e outros, infelizmente, não desenvolvem nenhum tipo de comunicação, ficando limitados a uma restrição auditiva. O indivíduo surdo possui uma cultura e identidade centrada em sua comunicação espaço visual. Nesse sentido é um grande equivoco chamá-los de surdos-mudos ● Pode-se dizer que, de forma geral, cada país tem a sua própria língua de sinais, havendo países, no entanto, que têm mais de uma. No Brasil, por exemplo, além da Libras, temos notícia da existência de uma língua de sinais indígena usada pelos índios urubu-kaapor, localizados no sul do Maranhão. ● A Língua de Sinais possui regras gramaticais e parâmetros linguísticos como de qualquer língua oral auditiva. Sendo assim, ela é considerada uma Língua. ● A Língua de Sinais não é baseada na Língua Oral; as duas são totalmente independentes. A Língua de Sinais possui um canal visual gestual, ao passo que a Língua Oral possui um canal oral auditivo; sendo assim, são totalmente diferentes. É um equivoco pensar que a LIBRAS é a sinalização da Língua Portuguesa; as duas possuem estados linguísticos, parâmetros e regras distintos. Unidade 2: História da Pessoa com Surdez ao Longo dos Tempos ● Atualmente a LIBRAS é reconhecida como a segunda língua oficial de nosso país através da Lei 10.436/02. Os surdos possuem direito a uma educação bilíngue que atenda a suas especificidades. Porém nem sempre foi assim. Durante séculos de nossa história, os surdos não tinham direitos. ● De acordo com Márcia Honora (2009), para os gregos e os romanos, em linhas gerais, os surdos não eram considerados humanos, não tinham direito à vida. A surdez era considerada uma maldição dos deuses e, por isso, muitos surdos eram lançados em precipícios e outros eram lançados nos rios. Nessa época, os surdos que não eram mortos viviam miseravelmente como escravos ou eram abandonados. ● Conforme Márcia Honora e Mary Frizanco (2009), na Idade Média, os surdos eram privados do casamento para não gerarem outros “imperfeitos”. Também não tinham direito à escolarização, não era permitido que frequentassem os mesmos locais que os ouvintes e, ainda, não tinham direito ao testamento, pois não possuíam uma língua inteligível. No entanto, nessa época, os nobres, para não dividirem suas heranças com outras famílias, casavam-se entre si, o que gerava grande número de surdos entre eles. ● De acordo com Moura (2000), a primeira alusão à possibilidade de o surdo aprender por meio da Língua de Sinais ou da língua oral é encontrada em Bartolo della Marca d’Ancona, escritor e advogado do século XIV. Neste período, uma importante declaração foi realizada por Girolamo Cardano (1501-1576), médico e filosofo que reconheceu que a surdez não era um impedimento para a razão e a instrução. Afirma que “... a surdez e mudez não é o impedimento para desenvolver a aprendizagem e que o meio melhor dos surdos aprenderem é através da escrita... e que era um crime não instruir um surdo” ● Em LIBRAS, o alfabeto manual é unimanual, ou seja, é realizado apenas com uma das mãos. Unidade 3: Fundamentos Comunicativos da Língua de Sinais ● O alfabeto em Libras, também é chamado de datilologia ou processo datilológico, como vimos na unidade anterior uma das formas mais antigas da representação do alfabeto manual foi produzida por monges que estavam em clausura e haviam feito foto do silêncio para não passarem os conhecimentos adquiridos pelo contado com os livros sagrados. Uma das representações mais antigas que se tem notícia era bimanual e utilizava as duas mãos para representá-lo. É utilizado, atualmente pelos Surdos no Reino Unido, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia e algumas zonas do Canadá. O alfabeto utilizado hoje em nosso país é unimanual, ou seja, é realizado apenas com uma das mãos. ● Em Libras todos os sinais são formados a partir de cinco parâmetros, estes parâmetros devem ser respeitados, pois uma pequena modificação pode mudar totalmente o sentido do sinal. ● Em Libras, todas as pessoas também ganham um sinal para representá-las, por exemplo, seu nome é Cristiane, o Surdo não irá soletrar C-R-I-S-T-I-A-N-E, todas as vezes que quiser referir-se a você ele atribui um “sinal pessoal”, este sinal pessoal é elaborado a partir de uma característica física ou de personalidade. Por exemplo: meu nome é Juliana e tenho cabelo cacheado, meu sinal é: mão em L na altura da cabeça realizando movimentos circulares. Unidade 4: Aspectos Gramaticais da Língua Brasileira de Sinais ● A partir de 2002, a Libras foi reconhecida como a segunda língua oficial de nosso país, ou seja, LIBRAS não é uma linguagem, e sim uma língua capaz de expressar conceitos concretos e abstratos. Hoje, no Brasil, uma pessoa que saiba LIBRAS fluentemente é considerada bilíngue. É fundamental ressaltar que a Libras é composta não apenas por sinais e uma gramática sistematizada, mas, como postula a lei, a Libras também é formada por recursos de expressão e comunicação a ela associados. ● Recursos de Comunicação: ○ Mímica Uma das formas de comunicação do homem, reconhecida como a arte de expressar sentimentos, ações e objetos. Técnica utilizada para construção de objetos no ar. ○ Pantomima: Modalidade cênica para construção de cenas no ar, conhecida também como a arte de narrar com o corpo. A pantomima é reconhecida como uma das expressões da mímica. ○ Expressões Corporofaciais: São traços não manuais, realizados pela face ou corpo para atribuir sentimento, vida ao sinal; é impossível a comunicação visual-gestual sem este recurso de expressão. LIBRAS sem expressão não é Libras. ○ Onomatopeia: Figura de linguagem que expressa sons através de fonemas ou palavras. Em Libras, utilizamos onomatopeias para atribuir vida ou emoção a alguns sinais. ○ Time-Lag: Tempo de escuta para sinalização. A Libras possui um canal comunicativo visual-gestual, a Língua Portuguesa possui um canal oral-auditivo. Sendo assim, a interpretação dessas duas línguas é contextual. Nesse sentido, o intérprete necessita de um tempo de escuta da Língua Portuguesa para realizar a interpretação em LIBRAS. Essa pequena pausa também acontece quando conversamos com um surdo; é necessário que o receptor deixe o emissor concluir uma ideia para então interpretá-la corretamente dentro de um contexto ○ Classificadores: Conforme Honora (2010), os classificadores são configurações de mãos que, relacionadas àcoisa, pessoa ou animal, funcionam como marcadores de concordância. ○ Processo Anafórico: Uso concomitante de dois ou mais personagens. A marcação do processo anafórico é realizada através de mudança corporal durante a interpretação em Língua de Sinais. Este recurso permite a interpretação de diferentes personagens de forma clara. ● Você conseguirá compreender e conversar com surdos de todo o país, porém alguns sinais sofrem variações regionais de estado para estado ou de região para região. Isso, mais uma vez, confere status linguístico à Língua de Sinais, pois sabemos que toda língua é cultural e possui íntima relação com o meio. ● Em LIBRAS não há preposição, artigo definido ou indefinido e conjunções; ● Os verbos não são conjugados; ● Todos os verbos são usados no infinitivo e no final das sentenças. ●