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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA René Descartes MEDITAÇÕES Campos dos Goytacazes/RJ 2017 Eloá Brandão Lacerda RESUMO DO LIVRO MEDITAÇÕES DO RENÉ DESCARTES Primeira meditação: Na primeira meditação, René Descartes tem o enfoque no esfacelamento de suas opiniões que eram creditadas, para por a dúvida em evidência. Inicialmente, Descartes trata a dúvida hiperbólica, ou seja, a dúvida generalizada, para examinar cuidadosamente as ditas “verdades”, e a partir desse exame, tratar como falso o que for duvidoso. A partir disso, ele fala, em linhas gerais, sobre como nossos sentidos são enganosos. Ele prossegue argumentando que o sonho também é uma forma de mostrar como homem pode estar sendo iludido por seus sentidos, já que nele, vivemos uma realidade imaginária, mas que não sabemos o que a distingue do mundo real. Entretanto, René fala sobre a existência de elementos que podem conter alguma de certo, como a Matemática, já que se trata de uma natureza simples, universal, e a princípio, imutável. Porém, ele usa dois argumentos para sustentar a dúvida: o do Deus enganador, e o do Gênio Maligno. Para o Deus enganador, enganar os seres humanos é a seu desejo, por isso tudo o que o ser humano vive através do seus sentidos, seria uma ilusão. O Gênio Maligno, tem a mesma função do Deus enganador, mas este faz com que homem tome a dúvida como guia de sua vida, já que está num mundo ilusório. Segunda meditação: Na segunda meditação, Descartes, após tomar a dúvida como ponto crucial para eliminar as ditas “verdades”, agora, procura algo no mundo a qual tenha certeza e encontra: não há nada no mundo que seja certo. Ele segue com sua incerteza sobre o mundo e o que nele existe, e põe em dúvida sua própria existência. Ao ver que analisou cuidadosamente sobre todas as coisas, ele entende que esse ato faz com que ele exista, ou seja, o pensar. Embora, Descartes chegue a essa afirmação, ele ainda não conhece a natureza desse Eu-existente, e então toma cuidado em tentar discorrer sobre Eu, já que tudo o que vem à mente para definir elementos a seu redor, é posto em dúvida. Com isso interroga-se sobre o caminhar, o alimentar, o sentir, e por fim o pensar, e descobre que todas as atividades anteriores ao pensar podem ser inexistentes, já que se trata do corpo. Depois, ele usa o argumento da cera da colmeia para explicar sobre a falha de todos os sentidos (paladar, olfato, visão, tato e audição), pois são passíveis de mudança, e apenas a essência da cera permanece, e essa essência é ideia (pensamento puro), não imaginação, pois essa é falha. E por último, conclui que o espírito é mais fácil de conhecer que o corpo. Terceira meditação: Na terceira meditação, René Descartes declara que se empenhará numa jornada de introspecção para seu autoconhecimento, e junto a isso, recapitula seus pensamentos das meditações anteriores. A ideia de Deus é retomada, e dessa vez, para solucionar o problema da dúvida e as coisas exteriores ao homem, para tanto, é necessário provar que ele é real e que ele não é enganador. Afirma também que há três gêneros de pensamento: vontades, afecções e juízos. Sobre as ideias, ele diz que devemos leva-las em consideração apenas se forem puras, se forem relacionadas a algo, são falsas. As afecções e vontades também são passíveis de falsidade. E por fim, os juízos devem ser analisados cuidadosamente para não enganar. Ele afirma também que existem as ideias inatas, as que vêm de fora e as que são criadas por nós e isso diz muito sobre a natureza humana. Também discorre sobre “uma inclinação da natureza”, que é o que me leva a acreditar em algo, e também à “luz natural” que me faz reconhecer que essa coisa é verdadeira, ambas são diferentes entre si, uma se trata de algo interior ao homem, e a outra, a algo exterior. Descartes também afirma que há diferença também entre objeto e ideia. As ideias, portanto, serão conceituadas entre “realidade objetiva” e realidade formal”, sendo a realidade formal, a causa da realidade objetiva e onde nelas há “graus de ser”: graus de importância entre as ideias. Ainda sobre as ideias, René expõe a existência de ideias finitas e infinitas e analisa como a infinidade está presente no homem, sendo ele mesmo limitado. Para isso, ele novamente recorre à ideia de Deus, já que ele é o ser infinito e perfeito. Descartes prossegue seu questionamento, mas agora sobre a causalidade de sua existência, e antes de citar Deus novamente, analisa se ele mesmo pode ser a causa de sua existência, mas descobre que se isso acontecesse, ele não teria o privado ao menos de coisas que são fáceis de apreender e de outros conhecimentos de que sua natureza está despojada, como acontece. Nem mesmo das ideias divinas porque não há nenhuma que seja de mais difícil aquisição. Por isso, é necessário que Deus seja o autor da existência dele. Para tanto, o princípio da causalidade (essa, sendo Deus), precisa de uma aplicação ao caso precedente: sou um ser pensante, tenho em mim a ideia de algum Deus, então qualquer que seja a causa que se atribui à minha natureza, deve ser de igual modo uma coisa pensante e ter em si a ideia de todas as perfeições. Essa causa existe por si, e ela causa todas as outras perfeições, por isso ela é Deus. A causa, da nossa existência então, não seria nossos pais, pois não são eles que nos conservam e nos produzem enquanto seres pensantes. Essa ideia de Deus foi adquirida não pelos sentidos, nem pela produção de nossos sentidos, ela nasceu e foi produzida conosco desde o momento em que fomos criados por Deus, por isso são semelhantes ao seu criador. Com isso, Descartes conclui que Deus é real e não é enganador. Quarta meditação: Na quarta meditação, René dirigirá seu pensamento para as coisas desprendidas de toda a matéria, as coisas inteligíveis. Ele nota que Deus é muito mais conhecido que meu Eu pensante, e mais ainda que as coisas corporais. Deus, então, é a coisa mais fácil de conhecer, mesmo sendo incompreensível. Descartes prossegue com o seu argumento a favor do Deus não enganador: ele não engana pois isso seria sinal de imperfeição, e ele é perfeito. O erro estaria no homem, a experiência comprova isso, e a causa dele seria o nada, já que se tem dele uma ideia negativa. O homem estaria entre Deus e o nada (ser e não ser), e o nada o conduziria ao erro, e aí que estaria meu engano. Porém, o erro não é só negação, mas é também a privação de algum conhecimento que deveria possuir. Isso faz com que eu não deva me espanta, caso não for capaz de compreender as coisas que Deus faz ou não, pois talvez eu veja muitas outras coisas sem entender como Deus a produziu ou o porquê, justamente porque minha natureza é limitada e a de Deus não. Descartes também postula duas causas para o erro humano: o do poder de conhecer o que existem mim e o poder de escolha (meu entendimento e minha vontade). Deus, então, não é responsável por nossos erros, mas a vontade desvinculada ao entendimento, é. Quinta meditação: Na quinta meditação, René Descartes se preocupa com o desenrolamento de todas as dúvidas em que se estendeu, para ver se não é possível conhecer nada de certo no que diz respeito às coisas materiais. Antes disso, ele considera suas ideias na medida em que estão em seu pensamento e analisa quais são claras e quais são confusas. Ele continua seu pensamento afirmando que nele há muitos pensamentos de coisas que não podem ser consideradas um puro nada, pois o conteúdo e a existência sempre estarão vinculados, e isso no que diz respeito às ideias. Tudo o que é verdadeiro, é alguma coisa. René chega ao pensamento de que a certeza da existência de Deus é tal qual a certeza das verdades matemáticas. É de ordem metafísica, a essência de Deus não pode ser separada de sua existência (uma depende da outra), mesmo não sendo algo palpável. Para isso, ele exemplifica que uma montanha não pode existir sem um vale. Há uma diferença entre as falsas suposições e as verdades inatas, que a primeira delas, é a ideia de Deus. Essaideia é verdadeira e imutável, e só o próprio Deus pode concebê-la, onde a essência e a existência estão presentes. E eis a diferença entre a essência de Deus e a essência matemática: a Deus garante a certeza das matemáticas. E por fim conclui: tudo que está em seu espírito com evidência é verdadeiro, e isso depende do conhecimento verdadeiro de Deus, e daí tenho uma ciência perfeita. Sexta meditação: Por fim, Descartes agora, discorrerá se existem coisas materiais e a real distinção entre o campo das ideias e o corpo. Para ele, Deus seria o produtor de todas as coisas que ele é capaz de produzir, mesmo que ele julgasse impossível de fazer. As coisas corpóreas possuem suas características próprias: as cores, os sons, sabores, a dor e outras coisas semelhantes e isso é captado pelos sentidos, para chegar até a memória e fazer parte da imaginação, e a partir disso, analisar esses dados junto com o sentimento para tentar comprovar a existência das coisas corpóreas. Essa experiência feita por ele, teve alguns êxitos e outros fracassos. As dúvidas foram: ele jamais acreditou sentir algo, estando acordado, que não pudesse sentir também estando dormindo. E também que não conhecendo ainda ou fingindo não conhecer o autor do próprio ser, ele podia ser enganar no que estava fazendo. Mas sua justificativa é que Deus concebe clara e distintamente todas as coisas. René Descartes, falando sobre as faculdades humanas: pensar, sentir, mudar de lugar, colocar-se em múltiplas posturas, chega a conclusão de que é preciso, que na faculdade ativa de sentir, exista nela alguma substância diferente dele, na qual toda realidade está seja por ela produzida. Essa substância é o corpo. E há uma variedade de corpos, dos quais posso buscar uns ou me afastar de outros. Para ele, a bondade de Deus não impede que a natureza do homem seja falível e enganadora. Primeiro pois há uma enorme diferença entre espírito (indivisível) e corpo (divisível). Conclui, então: há uma diferença notável na memória e nosso, e desfaz o problema da ilusão. A solução que ele apresenta é perceber coisas das quais conhece distintamente o lugar e seus aspectos (espaço, tempo, etc). Por isso, Deus não é enganador, e sim a natureza humana que é imperfeita e fraca.