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Indaial – 2021 ModelageM BidiMensional e ConfeCção Prof.a Ana Cláudia Antunes 1a Edição Samsung Nota PÁGINA 160 Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.a Ana Cláudia Antunes Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: A636m Antunes, Ana Cláudia Modelagem bidimensional e confecção. / Ana Cláudia Antunes. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 191 p.; il. ISBN 978-65-5663-475-3 ISBN Digital 978-65-5663-471-5 1. Modelagem bidimensional. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 740 apresentação Prezado acadêmico, este livro didático compreende os conteúdos relacionados à modelagem bidimensional e à confecção. Através dele, você conhecerá o conceito e as técnicas da modelagem bidimensional e desenvolverá habilidades nesse campo, além de ser introduzido aos contextos da confecção de vestuário e das tecnologias implicadas. Na indústria do vestuário, a modelagem é parte fundamental para a elaboração de novos produtos. Com usuários cada vez mais exigentes e um mercado mais competitivo, a modelagem é um fator de diferenciação relacionado à qualidade do produto, podendo se tornar até mesmo o fator decisivo no momento da compra de uma peça de roupa. Assim, é imprescindível que um profissional da área da moda possua conhecimentos avançados de modelagem bidimensional. Após a modelagem de uma peça de roupa e a aprovação da peça- piloto, o produto é direcionado para o encaixe e, posteriormente, para o risco e o corte, fases que exigem planejamento e controle para assertividade da produção. O setor de confecção, em uma indústria de vestuário, é complexo, e necessita de conhecimento avançado do profissional de moda sobre o funcionamento e as tecnologias envolvidas. Para isso, este livro foi dividido em três unidades. Na Unidade 1, abordaremos o conceito de modelagem bidimensional, como funciona e qual a aplicação na indústria do vestuário, além da relação entre modelagem e antropometria, do estudo das medidas do corpo humano para a construção da modelagem e das tabelas de medidas. Além disso, serão listados os materiais e as ferramentas necessários para a modelagem bidimensional, para, então, compreendermos os conceitos básicos da modelagem, a construção de diagramas e as bases. Em seguida, na Unidade 2, aprenderemos como fazer a transferência de pences nas bases, ou incuti-las em recortes para interpretar modelos de roupas avançados através das bases construídas anteriormente. Além disso, aprenderemos como fazer a gradação de moldes finalizados, utilizando uma tabela de medidas industrial, e, posteriormente, entenderemos como funciona o encaixe de moldes para o corte. Por fim, na Unidade 3, estudaremos como funcionam os setores de uma indústria de confecção de vestuário, como funciona o planejamento da produção, além das tecnologias envolvidas na confecção, incluindo o risco dos moldes, o encaixe e o corte. Também estudaremos a importância da ficha técnica no desenvolvimento e na confecção de produtos de moda, e identificaremos quais as informações essenciais que uma ficha técnica deve conter. Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Ao fim do conteúdo, você compreenderá a importância da modelagem no contexto produtivo de uma peça de roupa, e terá conhecimento necessário para desenvolver as próprias bases de modelagem e os modelos avançados, além de embasamento necessário para compreender como funciona o setor de confecção de vestuário e das tecnologias. Bom estudo! Prof.a Ana Cláudia Antunes Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE suMário UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL .................................... 1 TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL ........................................ 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 MODELAGEM E ANTROPOMETRIA .......................................................................................... 3 2.1 ANTROPOMETRIA ....................................................................................................................... 3 2.2 ORIGEM E ESTUDO DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS ............................................... 4 2.3 FOLGAS DE VESTIBILIDADE ..................................................................................................... 6 3 MEDIDAS DO CORPO HUMANO ................................................................................................. 6 3.1 ALTURAS E COMPRIMENTOS ................................................................................................... 7 3.2 CIRCUNFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 7 3.3 DISTÂNCIAS ................................................................................................................................... 7 3.4 MEDIDAS FUNDAMENTAIS E MEDIDAS COMPLEMENTARES ....................................... 7 3.5 COMO TIRAR AS MEDIDAS DO CORPO ................................................................................. 7 4 TABELA DE MEDIDAS ................................................................................................................... 15 4.1 TABELA DE MEDIDAS FEMININAS ...................................................................................... 15 4.2 TABELA DE MEDIDAS MASCULINAS .................................................................................. 16 4.3 TABELA DE MEDIDAS INFANTIL .......................................................................................... 17 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE ..............................................................................................................................20 TÓPICO 2 —MODELAGEM BIDIMENSIONAL .......................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 23 2 A MODELAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO ..................................... 23 2.1 TÉCNICAS DE MODELAGEM BIDIMENSIONAL ............................................................... 25 2.2 SENTIDO DO FIO ........................................................................................................................ 26 3 IDENTIFICAÇÃO DOS MOLDES................................................................................................. 27 4 FERRAMENTAS E MATERIAIS DE MODELAGEM ................................................................ 30 4.1 FITA MÉTRICA ............................................................................................................................. 30 4.2 PAPEL PARA MOLDE ................................................................................................................ 30 4.3 RÉGUA MILIMETRADA DE 60CM .......................................................................................... 30 4.4 ESQUADRO ................................................................................................................................... 31 4.5 RÉGUA DE ALFAIATE ................................................................................................................ 32 4.6 CURVA FRANCESA .................................................................................................................... 33 4.7 CARRETILHA ............................................................................................................................... 33 4.8 OUTROS MATERIAIS ................................................................................................................. 34 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 35 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 36 TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES ....................................................................................... 39 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39 2 CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................................................... 39 3 CONSTRUÇÃO DE DIAGRAMA ................................................................................................. 40 4 CONSTRUÇÃO DE BASES ............................................................................................................. 41 4.1 BASE DA SAIA FEMININA ....................................................................................................... 42 4.2 BASE DO CORPO FEMININO .................................................................................................. 47 4.3 BASE DA MANGA FEMININA ................................................................................................. 52 4.4 BASE DA CALÇA ........................................................................................................................ 55 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 60 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 62 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 65 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO ........................................................................... 67 TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES .............................................................................. 69 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 69 2 PENCE .................................................................................................................................................. 69 3 TRANSFERÊNCIA DE PENCE DO CORPO ................................................................................ 71 3.1 PENCE NO OMBRO ................................................................................................................... 72 3.2 PENCE NO DECOTE .................................................................................................................. 73 3.3 PENCE NA CAVA ....................................................................................................................... 74 3.4 PENCE FRANCESA .................................................................................................................... 75 3.5 PENCE DO CENTRO-FRENTE ................................................................................................. 76 3.6 PENCE DO DECOTE NO CENTRO-FRENTE ........................................................................ 77 3.7 PENCE DA CINTURA NO CENTRO-FRENTE ...................................................................... 78 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 80 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 83 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 84 TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES ............................................................................ 87 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 87 2 VARIAÇÃO DE SAIAS .................................................................................................................... 87 2.1 SAIA EVASÊ ................................................................................................................................. 87 2.2 SAIA GODÊ ................................................................................................................................... 88 2.3 SAIA DE PREGAS ........................................................................................................................ 92 2.4 SAIA-ENVELOPE ......................................................................................................................... 93 3 VARIAÇÃO DE BLUSAS ................................................................................................................. 94 3.1 CAVA AMERICANA ................................................................................................................... 94 3.2 DECOTE DRAPEADO ............................................................................................................... 95 3.3 COLETE DE ALFAIATARIA ....................................................................................................... 96 4 VARIAÇÃO DE MANGAS .............................................................................................................. 97 4.1 MANGA-TULIPA ........................................................................................................................ 97 4.2 MANGA COM FRANZIDO NA CAVA ................................................................................... 98 4.3 MANGA BOCA-DE-SINO ..........................................................................................................98 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 100 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 101 TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE ....................................................................................... 105 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 105 2 GRADAÇÃO .................................................................................................................................... 105 2.1 VALORES DA GRADAÇÃO ..................................................................................................... 107 2.2 MÉTODOS DE GRADAÇÃO .................................................................................................... 109 2.3 GRADAÇÃO MANUAL E GRADAÇÃO AUTOMATIZADA ............................................ 114 3 GRADAÇÃO DE BLUSA .............................................................................................................. 117 4 GRADAÇÃO DE CALÇA ............................................................................................................. 118 5 TIPOS DE GRADAÇÃO ................................................................................................................ 119 6 ENCAIXE ........................................................................................................................................... 119 6.1 ENCAIXE MANUAL ................................................................................................................. 120 6.2 ENCAIXE MANUAL DE MINIATURAS ................................................................................ 120 6.3 ENCAIXE AUTOMATIZADO .................................................................................................. 121 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 124 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 125 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 127 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM .................................................................. 129 TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO ........................................................................ 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 131 2 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO ........................................................................................... 131 2.1 REUNIÃO DE PEDIDOS ........................................................................................................... 133 2.2 ORDEM DE FABRICAÇÃO ...................................................................................................... 134 3 INTRODUÇÃO AO RISCO, AO ENCAIXE E AO CORTE ..................................................... 136 3.1 TIPOS DE MOLDES ................................................................................................................... 136 3.2 TIPOS DE TECIDOS ................................................................................................................... 138 3.3 TIPOS DE ENFESTO .................................................................................................................. 139 3.4 TIPOS DE RISCOS MARCADORES ........................................................................................ 141 4 FREQUÊNCIA .................................................................................................................................. 148 5 GASTO MÉDIO ............................................................................................................................... 149 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 151 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 152 TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE ..................................................................................... 155 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 155 2 TECNOLOGIA DE CORTE ........................................................................................................... 155 2.1 FATORES DE ENFESTAMENTO ............................................................................................ 156 2.2 MÉTODOS DE ENFESTAMENTO .......................................................................................... 157 2.3 QUALIDADE NO CORTE ........................................................................................................ 158 2.4 MÁQUINAS DE CORTE .......................................................................................................... 159 2.5 CORTE E ALTURA MÁXIMA DO ENFESTO ........................................................................ 162 2.6 OUTROS EQUIPAMENTOS DE CORTE ............................................................................... 163 3 SALA DE CORTE EM UMA IDÚSTRIA DO VESTUÁRIO ................................................... 164 3.1 SALA DE CORTE TRADICIONAL ......................................................................................... 164 3.2 SALA DE CORTE AUTOMATIZADA .................................................................................... 164 4 PREPARAÇÃO PARA OUTRAS ETAPAS .................................................................................. 165 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 166 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 167 TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA ...................................................................................................... 169 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 169 2 TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO .............................................................................................. 169 2.1 MAQUINÁRIOS DE COSTURA .............................................................................................. 170 2.2 AGULHAS DE MÁQUINA ....................................................................................................... 175 2.3 ACESSÓRIOS E APARELHOS .................................................................................................. 176 2.4 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO: TECIDO PLANO E MALHARIA ......................................... 178 3 FICHA TÉCNICA ............................................................................................................................. 181 3.1 DESENHO TÉCNICO ................................................................................................................ 182 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 185 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 186 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 187 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................191 1 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o que é a modelagem bidimensional, como funciona e qual a aplicação na indústria da moda; • compreender a relação entre modelagem e antropometria, como tirar as medidas do corpo humano e a construção de uma tabela de medidas industrial; • identificar os materiais e as ferramentas necessários para a modelagem bidimensional; • construir bases de modelagens femininas de saia, blusa, manga e calça, através de uma tabela de medidas. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL TÓPICO 2 – MODELAGEM BIDIMENSIONAL TÓPICO 3 – CONSTRUÇÃO DE BASES Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 1 INTRODUÇÃO A modelagem consiste na construção de moldes para artigos do vestuário que poderão, posteriormente, ser confeccionados em uma peça única ou em escala industrial. Os moldes podem ser desenvolvidos através de diferentes técnicas: modelagem bidimensional, moulage ou cópia direta do produto. Este livro didático é focado na modelagem bidimensional, que transpassa o desafio de vestir um corpo tridimensional através de moldes planificados traçados em papel. Para isso, é fundamental a construção de diagramas que utilizem as medidas do corpo humano, normalmente, já alocadas em uma tabela de medidas. Acadêmico, para que você possa iniciar a construção de modelagens, abordaremos, neste tópico, alguns conhecimentos previamente necessários, como a relação entre modelagem e antropometria, as medidas do corpo humano e as tabelas de medidas. 2 MODELAGEM E ANTROPOMETRIA A modelagem bidimensional utiliza medidas do corpo humano para traçar diagramas que, posteriormente, poderão ser transformados em moldes. A ciência que estuda as medidas do corpo humano é a antropometria, assim, é imprescindível compreender a ligação existente entre modelagem e antropometria, além da aplicação para a construção dos moldes e para garantir conforto a eles. 2.1 ANTROPOMETRIA A antropometria (do grego, anthropos, homem, e metry, medida) é definida, por Correa e Rosner (2015), como um ramo das ciências biológicas que objetiva o estudo dos elementos mensuráveis da morfologia humana, é a área dedicada a estudar e a avaliar as medidas de tamanho, de massa e de proporções do corpo humano. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 4 Os estudos antropométricos permitem projetar, considerando a altura adequada para cada pessoa e as diferenças individuais e étnicas na elaboração e na avaliação de equipamentos e de postos de trabalho. No entanto, a grande variabilidade das medidas corporais entre os indivíduos é um desafio para o projetista. É preciso considerar as pessoas mais altas e as pessoas mais baixas (CORREA; ROSNER, 2015, p. 35). Para o desenvolvimento da modelagem, são necessárias as dimensões antropométricas do corpo que a roupa deve vestir, além do entendimento da proporção entre essas medidas e da compreensão das formas dos corpos feminino, masculino e infantil, para projetar peças de vestuário que se vistam adequadamente, adaptando-se às formas e atendendo às necessidades de cada público. 2.2 ORIGEM E ESTUDO DAS MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS A origem dos estudos antropométricos, de acordo com Correa e Rosner (2015), teve início na antiguidade, quando os egípcios e os gregos investigavam a relação entre as partes do corpo humano, já na Era Renascentista. Com o estudo do Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, a análise das proporções humanas estava em evidência, mas, para o autor, o termo antropometria foi utilizado, pela primeira vez, somente em 1659, pelo pesquisador alemão Sigismund Elshatz. FIGURA 1 – HOMEM VITRUVIANO, DE LEONARDO DA VINCI FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/homo-vitruviano-vitruvian-man- leonardos-detailed-602705321>. Acesso em: 24 out. 2020. Samsung Realce TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 5 A primeira avaliação dos dados antropométricos completa foi feita por um médico alemão, Johann Friedrich Blumenbach, em 1775. Somente no fim da década de 1850, Paul Broca instituiu a Sociedade de Antropologia de Paris, e ficou conhecido como o fundador da antropologia moderna (ROSNER; CORREA, 2015). A partir de então, os estudos antropométricos evoluíram muito e serviram de embasamento para diversos campos do conhecimento. Até a década de 1940, as medidas antropométricas visavam determinar apenas algumas grandezas médias da população, com pesos e estaturas. Depois, passou-se a determinar as variações e os alcances dos movimentos. Hoje, o interesse maior se concentra no estudo das diferenças entre grupos e na influência de certas variáveis, como etnias, alimentação e saúde. Com o crescente volume do comércio internacional, pensa-se, hoje, em estabelecer os padrões mundiais de medidas antropométricas para a produção de produtos universais (IIDA, 2005, p. 98). Você sabia que, até a Idade Média, não havia diferenciação entre o pé direito e o pé esquerdo de um calçado? Os dois eram do mesmo formato. Esse é um ótimo exemplo de como os estudos antropométricos podem melhorar os produtos que utilizamos. ATENCAO A antropometria pode ser dividida em três tipos: estática, dinâmica e funcional. A antropometria estática está voltada para as medidas referentes ao corpo parado ou com poucos movimentos, e as medições são realizadas entre dois pontos anatômicos claramente identificados, enquanto a antropometria dinâmica mede o alcance dos movimentos e a antropometria funcional trata de medidas relacionadas com a execução de tarefas específicas (IIDA, 2005). FIGURA 2 – TIPOS DE ANTROPOMETRIA FONTE: Adaptada de Iida (2005) Antropometria estática Antropometria dinâmica Antropometria funcional Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 6 Pode-se observar que a complexidade aumenta da antropometria estática, para a dinâmica, para a funcional, porém, todas são necessárias para o desenvolvimento da modelagem do vestuário, pois o corpo que a peça deve vestir não é estático, e deve se movimentar com conforto e liberdade de movimentos. 2.3 FOLGAS DE VESTIBILIDADE Considerando que a roupa veste um corpo que não é estático, a modelagem deve permitir que o usuário possa se movimentar confortavelmente e sem restrição de movimentos. Para garantir conforto às peças, o modelista deve estar atento às folgas necessárias, como as de vestibilidade e de modelo. A modelagem bidimensional parte da construção de diagramas que tomam, como base, as medidas do corpo humano, para, então, serem extraídas as bases. As bases objetivam vestir o corpo de forma extremamente ajustada, sem nenhum acréscimo de folga. Dessa forma, para a interpretação dos modelos, tem- se a noção da forma real do corpo, sendo, então, o acréscimo de folgas decidido de acordo com a necessidade do modelo. As folgas são, segundo Silveira (2017, p. 21), “o espaço acrescentado no molde das peças de vestuário, além das medidas anatômicas do corpo”. A medida dessas folgas depende das questões estéticas do modelo, da função e do tecido, visando atender às necessidades de movimentação do corpo. Existem dois tipos de folgas: as de vestibilidade e as de modelo. As folgas de vestibilidade estão relacionadas aos acréscimos fundamentais para que a pessoa que utilize a roupa vista confortavelmentee consiga se movimentar. Esse tipo de folga é essencial para peças confeccionadas em tecidos planos. Já as roupas feitas em malha, como as de moda praia ou moda esportiva, podem não ter folga de vestibilidade, e ter medidas diminuídas da anatomia do corpo, isso porque a elasticidade do tecido permite a movimentação. As folgas dos modelos são os acréscimos feitos nas peças, considerando as questões estéticas das roupas, podendo ser mais justas ou mais amplas. Assim, o modelista deve adicionar a medida necessária aos moldes para alcançar o objetivo do croqui, quanto a caimento, volume ou comprimento. 3 MEDIDAS DO CORPO HUMANO Para a construção de moldes de roupas através da modelagem plana, é necessário saber as medidas do corpo para o qual a peça deve ser elaborada. Para a modelagem industrial, são utilizadas tabelas de medidas, de acordo com cada público, assunto que será abordado no Tópico 4, porém, para que você compreenda como essas tabelas são construídas, é necessário aprender a tirar as medidas do corpo. Esse processo pode servir para a construção de moldes sob medida e para construir uma tabela de medidas para a modelagem industrial. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 7 3.1 ALTURAS E COMPRIMENTOS As alturas são medidas lineares aferidas no sentido vertical de qualquer parte do corpo em direção ao solo. De acordo com Silveira (2017, p. 7), “por convenção, todas as alturas devem ser realizadas do lado direito”, como a altura da cintura e das entrepernas. Os comprimentos correspondem às distâncias entre dois pontos antropométricos medidos no sentido vertical, como o comprimento da cintura ao joelho. 3.2 CIRCUNFERÊNCIAS As distâncias condizem com a medida entre dois pontos no sentido horizontal, como a medida dos ombros e a medida entre um seio e o outro, ambas necessárias para o traçado das bases de modelagem. As circunferências correspondem às medidas que contornam determinado segmento do corpo, como é o caso da cintura, do busto, do quadril. 3.3 DISTÂNCIAS 3.4 MEDIDAS FUNDAMENTAIS E MEDIDAS COMPLEMENTARES As medidas fundamentais são aquelas essenciais para o traçado das bases. Devem ser exatas e tiradas rente ao corpo, e qualquer acréscimo ou folga só deve ser realizado na elaboração da modelagem. Já as medidas complementares são aquelas necessárias para a execução do modelo, como comprimento da peça, nível do gancho e medidas de golas e de punhos (SAGGESE; DUARTE, 2010). 3.5 COMO TIRAR AS MEDIDAS DO CORPO Para tirar as medidas do corpo, você precisa de uma fita métrica. A pessoa escolhida para a aferição das medidas deve estar vestindo roupas finas e com pouco volume, para que não interfiram nas medidas reais da pessoa e permitam que você visualize as formas do corpo. A lingerie utilizada não deve interferir no volume do corpo, como cintas compressoras ou sutiãs e calcinhas com enchimento. A pessoa deve estar descalça e manter a postura alinhada durante o processo. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 8 Amarrar uma fita na cintura da pessoa que está servindo como modelo pode ajudar no momento de tirar as medidas do corpo, servindo como ponto de referência para aferir outras medidas necessárias. TIRAR MEDIDAS FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/young-needlewoman-tailor- taking-measures-female-1760126297>. Acesso em: 21 out. 2020. NOTA Tirar as medidas de forma correta é imprescindível para a exatidão da modelagem, assim, a seguir, haverá a explicação de como aferir as medidas: • Entre cavas frente: meça a distância entre a cava esquerda e a direita. • Circunferência do busto: com a fita métrica, contorne a parte mais saliente do busto e das costas na região da omoplata. • Circunferência da cintura: contorne a cintura, região mais fina do troco, situada, normalmente, a 3 cm acima do umbigo. • Circunferência do quadril: contorne o corpo na altura dos glúteos, na região de maior volume; pode-se, também, medir a circunferência do quadril alto e do quadril baixo, conforme demonstrado a seguir. • Centro-frente: confira a medida com a fita métrica posicionada na base do pescoço e meça até a cintura. • Altura da frente: com a fita métrica posicionada no ponto de encontro entre o ombro e o pescoço, confira a medida até a cintura. • Altura do busto: posicione a fita métrica na base, no ponto de encontro entre o ombro e o pescoço, meça até o mamilo. • Altura do quadril: meça, em linha reta, da linha da cintura até a linha do quadril. • Lateral: é a medida a partir da qual se inicia a cava até a cintura. • Distância entre os seios: meça a distância entre um mamilo e o outro. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 9 FIGURA 3 – MEDIDAS FRENTE FONTE: A autora • Comprimento da manga: peça para que a pessoa dobre o braço e posicione a mão sobre o ventre, então, confira a medida do final do ombro até o osso saliente do punho, contornando o braço. Dessa forma, evita-se que a manga fique curta quando a pessoa se movimente. • Circunferência do braço: contorne a região de maior volume entre o ombro e o cotovelo. • Circunferência do cotovelo: com o braço dobrado e a mão na região do ventre, meça o contorno do cotovelo. • Circunferência do punho: contorne o punho, posicionando a fita métrica sobre o osso saliente. • Largura mínima do punho: com o dedão posicionado na palma da mão, meça a circunferência na região dos ossos entre os dedos e a mão. Dessa forma, garantimos que a pessoa consiga vestir a manga sem problemas, mesmo não havendo abertura e botões, conforme ilustrado a seguir. UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 10 FIGURA 4 – LARGURA MÍNIMA DO PUNHO FONTE: A autora • Distância entre ombros: meça do ponto de encontro entre o ombro e o braço direito esquerdo, até o mesmo ponto do esquerdo. • Distância entre cavas costas: meça a distância entre a cava esquerda e a direita. A medida deve ser aferida com os braços cruzados na frente. • Largura das costas: confira a medida do ponto de encontro entre o ombro e o pescoço e a cintura. • Centro das costas: com a fita métrica posicionada no osso mais saliente na base do pescoço (normalmente, é a sétima vértebra cervical), confira a medida até a cintura. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 11 FIGURA 5 - MEDIDAS DAS COSTAS FONTE: A autora • Circunferência da coxa alta: posicione a fita métrica logo abaixo da virilha e contorne a coxa. • Circunferência da coxa baixa: posicione a fita na região média entre a virilha e o joelho e contorne a coxa. • Circunferência do joelho: contorne o joelho. • Circunferência do joelho dobrado: com o joelho levemente dobrado, contorne o joelho. • Circunferência da panturrilha: posicione a fita métrica na região de maior volume da panturrilha. • Circunferência do tornozelo: confira a medida com a fita métrica posicionada sobre o osso saliente do tornozelo. • Medida mínima para abertura de calças: conforme ilustrado a seguir, contorne, com a fita métrica, o calcanhar, passando pelo ponto de união entre o pé e a canela. • Comprimento da cintura até o chão: com a pessoa descalça, meça da cintura até o chão. UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 12 FIGURA 6 – MEDIDAS DAS PERNAS FONTE: A autora • Altura do gancho: a pessoa deve estar sentada em uma cadeira ou em um banco plano, para que você possa aferir a medida da fita amarrada na cintura até o assento, conforme mostrará a figura a seguir. Essa medida é utilizada para construção do gancho na modelagem de calça. Quando conferida adequadamente, evita que a cós fique curta quando a pessoa se sentar. TÓPICO 1 — INTRODUÇÃOÀ MODELAGEM BIDIMENSIONAL 13 FIGURA 7 – COMO TIRAR A MEDIDA DO GANCHO FONTE: A autora UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 14 Agora que você já sabe como tirar as medidas do corpo, que tal praticar? Chame uma amiga ou amigo para lhe ajudar nessa tarefa. Confira as medidas dele (a) e anote a seguir: NOME: __________________________________ DATA: _________ NOTA Medida em cm: ENTRE CAVAS FRENTE: CIRCUNFERÊNCIA DO BUSTO: CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA: CIRCUNFERÊNCIA DO QUADRIL: CENTRO FRENTE: ALTURA DA FRENTE: ALTURA DO BUSTO: ALTURA DO QUADRIL: DISTÂNCIA ENTRE OS SEIOS: COMPRIMENTO DA MANGA: CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO: CIRCUNFERÊNCIA DO COTOVELO: CIRCUNFERÊNCIA DO PUNHO: LARGURA MÍNIMA DO PUNHO: ENTRE CAVAS COSTAS: LARGURA DAS COSTAS: ALTURA DAS COSTAS: CENTRO COSTAS: CIRCUNFERÊNCIA DA COXA ALTA: CIRCUNFERÊNCIA DA COXA BAIXA: CIRCUNFERÊNCIA DO JOELHO: CIRCUNFERÊNCIA DO JOELHO DOBRADO: CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA: CIRCUNFERÊNCIA DO TORNOZELO: MEDIDA MÍNIMA PARA ABERTURA DE CALÇAS: COMPRIMENTO DA CINTURA ATÉ O CHÃO: ALTURA DO GANCHO: TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 15 Agora que você já sabe como tirar as medidas do corpo adequadamente para o traçado de modelagem, no próximo tópico, serão abordadas as tabelas de medidas, como utilizá-las, e como são construídas, objetivando atender às necessidades de cada público específico. Também apresentaremos as diferenças entre as tabelas de medidas feminina, masculina e infantil. 4 TABELA DE MEDIDAS A confecção de uma roupa, através da modelagem bidimensional, de acordo com Mariano (2011, p. 88), “exige uma análise minuciosa da anatomia do usuário, seja o consumidor final de um traje sob medida ou o modelo de prova que representa o perfil físico dos consumidores de uma empresa”. A tabela de medidas é, então, construída de acordo com o público-alvo de cada marca, assim, uma marca focada na produção de peças femininas para jovens adolescentes deve ter uma tabela de medidas montada para atender às necessidades das consumidoras, podendo ser diferente da tabela de medidas construída para o público feminino adulto plus size. Na modelagem plana, os modelos são traçados sobre o papel, utilizando uma tabela de medidas e cálculos geométricos. A tabela de medidas representa as circunferências de busto ou de tórax, cintura e quadril, medidas com a fita métrica rente ao corpo. Nenhuma das medidas inclui margens de costura ou folgas. As tabelas servem como referência para a construção de bases de modelagem, reproduzindo, em duas dimensões, as curvas do corpo humano. A grade de tamanhos de uma marca, apresentada em uma tabela de medidas, compreende todos os tamanhos que a empresa produz. A grade de tamanhos pode ser numérica, comumente utilizada para jeanswear (ex.: do tamanho 36 ao 48) e para moda infantil, que relaciona o tamanho com a idade (ex.: 2 a 16), ou para utilizar a nomenclatura P, M, G (relacionada aos tamanhos “pequeno, “médio” e “grande”). A tabela de medidas não é necessária apenas para o traçado das bases, sendo utilizada, também, para fazer a gradação das peças. 4.1 TABELA DE MEDIDAS FEMININAS O corpo feminino possui formas características e curvas mais acentuadas, por isso, a tabela de medidas femininas possui algumas medidas específicas, como a circunferência do busto e a distância de um seio ao outro, ambas necessárias para a construção de pences, estes que permitem que a modelagem contorne as curvas do corpo feminino. Medidas de circunferência e comprimentos aumentam de forma regular, isto é, aumentam a mesma medida de um tamanho para o outro. Apenas algumas medidas, como distância entre os seios e altura das costas, aumentam de modo irregular, ou seja, a diferença entre uma medida para a seguinte é variável. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 16 Segue um exposto com as medidas femininas. TABELA 1 – MEDIDAS FEMININAS FONTE: A autora Tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 Entre cavas frente 16 17 17,5 18 18,5 19 19,5 Circunferência do busto 80 84 88 92 96 100 104 Circunferência da cintura 60 64 68 72 76 80 84 Circunferência do quadril 88 92 96 100 104 108 96 Centro frente 36 37 38 39 40 41 42 Altura da frente 43 44 45 45 45,5 45,5 46 Altura do busto 23 24 25 26 27 28 29 Altura do quadril 18 18 20 20 20 21 21 Distância entre os seios 18 18 20 20 20 20 21 Comprimento da manga 59 60 60,5 61 61,5 62 62 Circunferência do braço 27,5 28,5 29,5 30,5 31,5 32,5 33,5 Circunferência do cotovelo 21 21,5 22 22,5 23 23,5 24 Circunferência do punho 18 18 18 18 20 20 20 Entre cavas costas 17 17,5 18 18,5 19 19,5 20 Largura das costas 36 38 40 42 44 46 48 Altura das costas 42,5 43,5 44,5 44,5 45 45 45,5 Centro costas 39 40 41 42 43 44 45 Circunferência do tornozelo 21 22 22 24 24 25 25 Comprimento da cintura até o chão 100 101 102 103 104 105 106 Altura do joelho 59 59,5 60 60,5 61 61,5 62 Altura do gancho 25 25,5 26 26,5 27 27,5 28 4.2 TABELA DE MEDIDAS MASCULINAS O corpo masculino possui linhas mais retas do que o feminino, e a principal diferença para a tabela feminina é a circunferência do tórax. Medidas de circunferência e comprimentos aumentam de forma regular, isto é, aumentam a mesma medida de um tamanho para o outro. Apenas algumas medidas, como altura das costas, aumentam de modo irregular, ou seja, a diferença entre uma medida para a seguinte é variável. Samsung Realce TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 17 TABELA 2 – MEDIDAS MASCULINAS FONTE: A autora Tamanhos (colarinho) 1 2 3 4 5 1 Tamanhos 36 38 40 42 44 46 Entre cavas frente 20 21 22 23 24 25 Circunferência do tórax 88 92 96 100 104 108 Circunferência da cintura 72 76 80 84 88 92 Circunferência do quadril 88 92 96 100 104 108 Centro frente 46,2 46,7 47,2 47,7 48,2 48,7 Altura da frente 52 52,5 53 53,5 54 54,5 Comprimento da manga 60,5 61 61,5 62 62,5 63 Circunferência do punho 21 22 23 24 w25 26 Entre cavas costas 21 22 23 24 25 26 Largura das costas 23,5 24,5 25,5 26,5 27,5 28,5 Altura das costas 42,5 46,5 44,5 44,5 45 45 Centro costas 50 50,5 51 51,5 52 52,5 Circunferência do tornozelo 4 Comprimento da cintura até o chão 107 108 109 110 111 112 Altura do gancho 22,7 23,5 24,3 25,1 25,9 26,7 4.3 TABELA DE MEDIDAS INFANTIL A tabela de medidas infantil relaciona a idade a cada dois anos com os tamanhos da grade. Observe, na tabela de medidas infantil a seguir, diferentemente das tabelas femininas e masculinas, a diferença entre as medidas de circunferência e de comprimentos entre os tamanhos não é a mesma, ou seja, as medidas de um tamanho para o outro aumentam de forma irregular, isso porque as crianças crescem do modo desigual de uma idade para a outra. Segue uma tabela de medidas masculina: Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 18 A seguir, observe a tabela de medidas infantil: TABELA 3 – MEDIDAS INFANTIS FONTE: A autora Tamanhos 2 4 6 8 10 12 14 16 Entre cavas frente 9,5 10,2 11 12 14 14,5 15 16 Circunferência do busto 52 54 58 64 70 74 78 82 Circunferência da cintura 48 50 52 54 56 58 60 62 Circunferência do quadril 56 58 62 66 72 76 84 88 Centro frente 18 19,5 21,5 23,5 27 29 31 32 Altura da frente 22 24 26 28 32 34 36 38 Comprimento da manga 28 31 35 38 42 48 52 56 Circunferência do punho 11,5 12 12,5 13 13,5 14 14,5 15 Entre cavas costas 10,5 11 12 12,5 14,5 16 16,5 17 Largura das costas 12 12,5 13,5 14,5 16 17,5 18 18,5 Altura das costas 24 26 28 30 34 36 38 40 Centro costas 22 24 26 28 32 34 36 38 Comprimento da cintura até o chão 35 40 45 58 68 78 88 98 Altura do gancho 15 17 19 20 21 22 23 24 19 Neste tópico, você aprendeu que: • Antropometria é a ciência que estuda as medidas do corpo humano. • A modelagem de vestuário está intimamente ligada com o campo da antroprometria, pois utiliza as medidas do corpo para a confecção dos moldes. •É preciso incluir folgas de vestibilidade nos moldes para garantir o conforto e a movimentação do corpo que deve vestir a peça, diferentes das folgas de modelo, incluídas para fins estéticos. • As tabelas de medidas são construídas de acordo com o público-alvo de cada marca. RESUMO DO TÓPICO 1 20 AUTOATIVIDADE 1 Para o desenvolvimento de modelagens, são necessárias as dimensões antropométricas do corpo que a roupa deve vestir, além do entendimento da proporção entre essas medidas e da compreensão das formas dos corpos feminino, masculino e infantil, assim, é possível projetar peças de vestuário que se vistam adequadamente, adaptando-se às formas e atendendo às necessidades de cada público. Acerca dessa grande área do conhecimento da antropometria, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A antropometria é a ciência que estuda as medidas e as funções biológicas do corpo humano b) ( ) A origem dos estudos antropométricos aconteceu somente no início do século XX. c) ( ) A antropometria pode ser dividida em três tipos: estática, dinâmica e funcional. d) ( ) O estudo dos alcances dos movimentos do corpo humano não é compreendido pela antropometria. 2 Para a construção de moldes de roupas através da modelagem plana, é necessário saber das medidas do corpo para o qual a peça deve ser elaborada. Para a modelagem industrial, são utilizadas tabelas de medidas, de acordo com o público, já para a confecção de roupas sob medidas, são conferidas as medidas individuais do cliente. A respeito das medidas do corpo humano, analise as sentenças a seguir: I- As medidas fundamentais são aquelas essenciais para o traçado das bases. Devem ser exatas e tiradas rente ao corpo, e qualquer acréscimo ou folga só deve ser realizado na elaboração da modelagem. II- As medidas complementares são aquelas necessárias para a execução do modelo, como comprimento da peça, nível do gancho, medidas de golas e punhos. III- A pessoa escolhida para aferição das medidas deve estar vestindo roupas finas e com pouco volume, para que não interfiram nas medidas reais da pessoa e permitam que você visualize as formas do corpo. IV- A postura da pessoa da qual estão sendo tiradas as medidas não interfere na exatidão das dimensões aferidas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. 21 3 A tabela de medidas é uma ferramenta importante para a construção de modelagens, pois dela são extraídas todas as dimensões para a construção de diagramas e de bases. Acerca das tabelas de medidas e de informações nelas contidas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) As tabelas de medida são construídas objetivando atender às necessidades de cada público específico. ( ) A grade de tamanhos de uma tabela de medidas pode ser numérica, comumente utilizada para jeanswear e para moda infantil, relacionando o tamanho com a idade, ou ao utilizar as nomenclaturas P, M, G (“pequeno, “médio” e “grande”). ( ) A tabela de medidas é necessária apenas para o traçado das bases, não sendo utilizada para fazer a gradação das peças, pois, para a graduação, são utilizados valores fixos. ( ) Na tabela de medidas infantil, diferentemente das tabelas femininas e masculinas, a diferença entre as medidas de circunferência e de comprimentos entre os tamanhos não é a mesma, ou seja, as medidas de um tamanho para o outro aumentam de forma irregular, isso porque as crianças crescem do modo desigual de uma idade para a outra. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) V – V – F – V. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – F – V – F. 4 A modelagem bidimensional utiliza medidas do corpo humano para traçar diagramas que, posteriormente, poderão ser transformados em moldes. A ciência que estuda as medidas do corpo humano é a antropometria, imprescindível para a construção dos moldes e para garantir conforto. A antropometria pode ser dividida em três tipos: estática, dinâmica e funcional. Descreva cada um dos três tipos de antropometria e aponte qual o grau de complexidade de cada um. 5 Considerando a roupa que veste um corpo que não é estático, a modelagem deve permitir que o usuário possa se movimentar confortavelmente e sem restrição de movimentos. Para garantir conforto às peças, o modelista deve estar atento às folgas necessárias, como as folgas de vestibilidade e as folgas de modelo. Nesse contexto, explique o que são as folgas de vestibilidade e as folgas de modelo e disserte acerca da importância de cada uma delas para a modelagem. 22 23 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 MODELAGEM BIDIMENSIONAL 1 INTRODUÇÃO A modelagem bidimensional é a técnica mais utilizada na indústria do vestuário, compreendendo parte importante no desenvolvimento de um produto de uma peça de roupa. O sentido do fio, o caimento do tecido e os comprimentos e os volumes de uma peça são definidos no momento da modelagem, pelo modelista, que deve ter conhecimento necessário para interpretar adequadamente um desenho técnico, além de transformá-lo na peça final desejada. Acadêmico, para que você possa compreender o que é a modelagem bidimensional, a conceituação e as técnicas possíveis, abordaremos, neste tópico, a importância da modelagem para o desenvolvimento de produto, de técnicas de modelagem bidimensional, como identificar adequadamente os moldes e os materiais e as ferramentas necessários para traçar os moldes. 2 A MODELAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO A modelagem é uma etapa fundamental para a confecção de uma peça do vestuário. O processo de modelagem e a aprovação de uma peça de roupa são complexos, e envolvem vários setores e profissionais em uma indústria. Conceituada como a etapa do desenvolvimento do vestuário que se ocupa da interpretação do desenho técnico e da configuração das formas das roupas, a elaboração de moldes está no cerne da questão formal e, portanto, representa um dos aspectos da confecção do vestuário que mais se aproxima do conceito de design pelo estreito vínculo com os processos de concepção e de construção das roupas. A modelagem é a ponte entre o projeto e a materialização, sendo um dos processos responsáveis pela padronização do produto dentro do sistema industrial de fabricação do vestuário (MARIANO, 2011, p. 77). Considerando a relevância da modelagem para o desenvolvimento de uma peça do vestuário, é preciso compreender em qual etapa do setor produtivo a modelagem está inserida. No setor de criação, são pesquisadas as tendências de moda que dão embasamento à criação de novos produtos. Após, as fichas técnicas de cada produto são desenvolvidas, incluindo o desenho técnico e o detalhamento da peça. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 24 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL A modelagem é elaborada de acordo com as informações contidas na ficha técnica, assim, a próxima etapa é a confecção da peça-piloto, que segue para a aprovação. Caso seja necessário fazer alguma alteração, a peça volta para o setor de modelagem para as correções; se for aprovada vai para a gradação. Após a aprovação da peça-piloto, é feita a gradação do modelo para todos os tamanhos nos quais a peça será produzida. Utilizando uma tabela de medidas, o setor conhecido como PCP (Planejamento e Controle da Produção) é responsável por organizar e por controlar a produção das peças. FIGURA 8 – PROCESSO PRODUTIVO FONTE: A autora PROCESSO PRODUTIVO DESENVOLVIMENTO TÉCNICO Desenvolvimento de ficha técnica, desenho técnico e detalhamento do produto. MODELAGEM Desenvolvimentodo molde da peça piloto baseado nas informações técnicas. PILOTAGEM Corte e costura da peça piloto para verificar a modelagem. APROVAÇÃO Avaliado questões sobre a modelagem, viabilidade da peça e custos do produto. GRADAÇÃO A modelagem é graduada para os todos os tamanhos a serem produzidos. PRODUÇÃO O setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP) organiza o processo produtivo. ALTERAÇÕES Caso seja necessário, a peça volta para o setor de modelagem para correções. CRIAÇÃO Pesquisa de tendências e criação das peças. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — MODELAGEM BIDIMENSIONAL 25 2.1 TÉCNICAS DE MODELAGEM BIDIMENSIONAL A modelagem é a elaboração de moldes para peças do vestuário que poderão ser confeccionados em escala industrial ou um produto exclusivo, podendo ser desenvolvida em diferentes técnicas, assim, aqui, será apresentada a modelagem bidimensional construída através de diagramas, manualmente ou digitalizada, além da modelagem realizada através da cópia direta do produto. A modelagem bidimensional manual é construída em papel através de diagramas e utiliza vários materiais específicos para garantir a qualidade e a exatidão dos moldes. A modelagem manual, quando realizada em escala real, propicia uma visão mais clara de como ficará a peça final. A modelagem computadorizada é realizada através de softwares CAD (Computer Aided Design), específicos para a modelagem do vestuário, informatizando a construção, a gradação e a documentação de moldes. Esses softwares facilitam a interpretação do modelo, a colocação de margem de costura e, principalmente, a gradação. Nesses softwares de modelagem do vestuário, existe a opção de construir os moldes do início de um diagrama, através de pontos, retas e curvas, permitindo que você salve bases de modelagem para a interpretação, que podem ser feitas com a inserção de medidas ou da movimentação livre dos pontos com o mouse. Existe, também, a possibilidade de digitalizar moldes feitos manualmente, além de interpretá-los no software. Para inserção de moldes efetuados externamente ao sistema, existem duas opções: o scanner para modelagem ou a mesa digitalizadora. O primeiro realiza uma leitura das linhas de contorno do molde, sendo necessário marcar a posição de pences e de piques depois do molde inserido no sistema. A mesa digitalizadora oferece a vantagem do alinhamento perfeito do molde a ser inserido, pois a própria mesa possui grade de linhas guia para o posicionamento do molde. São digitalizados os pontos extremos das retas e alguns pontos de curvas (as curvas podem ser suavizadas ou acentuadas no sistema). Marcações, como pences e piques, podem ser inseridas no momento da digitalização. Samsung Realce Samsung Realce 26 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 9 – INTERFACE DE SOFTWARE DE MODELAGEM FONTE: <https://www.pinterest.pt/pin/526287906450240598/>. Acesso em: 21 out. 2020. A modelagem computadorizada facilita e agiliza o processo, porém, é necessário que o modelista tenha conhecimento aprofundado de modelagem em si e do software que está sendo utilizado. NOTA Já a modelagem realizada através da cópia direta de um produto é realizada a partir de uma peça já confeccionada, traçando-se o desenho do molde com o auxílio de uma fita métrica ou de uma régua, acrescentando as medidas de costura. Essa técnica é uma forma empírica e rápida, porém, não proporciona o molde exato do artigo, gerando diversos problemas para a peça final. 2.2 SENTIDO DO FIO O sentido do fio é de extrema importância para a qualidade de uma peça de roupa, pois interfere em toda a modelagem e no caimento da vestimenta, sendo que esse sentido deverá ser decidido pela modelista, de acordo com a estética que se pretende alcançar, além do tipo de tecido utilizado, se possui estampas ou elasticidade, e com o resultado que se deseja. Cabe, então, ao modelista, quando recebe o desenho técnico da peça a ser produzida, interpretar qual o melhor sentido do fio que deverá ser aplicado em cada parte do molde. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — MODELAGEM BIDIMENSIONAL 27 O tecido, chamado de plano, é estruturado pelo entrelaçamento de dois tipos de fios: urdume e trama. O chamado fio do tecido é o sentido em que corre o fio de urdume. Esse sentido do fio é muito importante para o caimento da peça, porém, no tecido, assume funções diferentes, por existirem características diferentes no momento da tecelagem, sendo que um fio é transversal, que forma a trama, e um longitudinal, que forma o urdume. O urdume é sempre o fio mais esticado, que passa por um processo chamado de urdimento, que o torna mais resistente e serve como base para que o fio de trama possa ser trabalhado. O arremate lateral, no sentido do comprimento, é chamado de ourela. O sentido do fio pode ser reto, transversal ou no viés, isso tudo depende do modelo da peça e do tecido a ser utilizado. O sentido do fio do tecido deve ser marcado para cada peça individualmente. Uma roupa não precisa ter todas as partes cortadas no mesmo sentido do fio. Em um vestido, o corpo pode ser cortado em fio reto, enquanto a saia é cortada enviesada. FIGURA 10 - SENTIDO DO FIO FONTE: Adaptada de Audaces (2015) Fio Reto Fio Atravessado Fio Enviesado É preciso muita atenção ao sentido do fio para fazer a modelagem e para fazer o risco para o corte, pois, quando feito de forma manual, existe o risco de o sentido do fio não estar corretamente posicionado no molde ou estar levemente inclinado no momento do corte, o que pode gerar deformações na peça pronta. 3 IDENTIFICAÇÃO DOS MOLDES Em uma indústria de vestuário, são desenvolvidas inúmeras peças por coleção. Cada peça é confeccionada através de uma modelagem composta por várias partes (frente, costas, manga, punho, gola, forro). Coleções novas são lançadas a cada três ou quatro meses. Você consegue imaginar a quantidade de moldes que uma marca possui? Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 28 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL Para a organização pertinente ao setor de modelagem em uma indústria, todos os moldes devem ser devidamente identificados e catalogados. Muitas vezes, as peças novas podem ser confeccionadas, reutilizando modelagens já traçadas, ou fazendo apenas pequenas modificações. Assim, encontrar os moldes utilizados em coleções anteriores só é possível se existir uma forma padronizada para a identificação e a organização desses moldes. De acordo com Mariano (2011, p. 76), um molde só está pronto quando, “além da transcrição da forma de determinada parte do corpo para o papel, adquire informações necessárias para o correto posicionamento sobre o tecido e instruções de montagem”. A seguir, serão mostradas as informações que um molde deve conter: FIGURA 11 – IDENTIFICAÇÃO DO MOLDE FONTE: A autora 1. Referência 2. Nome da parte da peça 3. Tamanho da peça 4. Quantidade de vezes que a peça será cortada 5. Sentido do fio 6. Piques e furos 1. REF 003 2. BASE DA MANGA 3. TAM 38 4. CORTAR 2X 5. S EN TI D O D O F IO Referência ou nome do modelo: a referência é o código da peça dentro do sistema, utilizado por cada empresa. Toda referência está associada a um nome, como SA20003 – Saia curta com babado na barra. Nome da parte da peça: Cada modelagem é composta por várias partes. Uma camisa social possui moldes para frente, costas, mangas, punhos, colarinho, pé de gola. É importante anotar o nome em cada parte da peça. Tamanho da peça: tamanho do molde, de acordo com a tabela utilizada. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — MODELAGEM BIDIMENSIONAL 29 Quantidade de vezes que a parte aparece na peça: indica quantas vezes cada parte do molde deve ser cortada no tecido para se obteruma peça inteira, por exemplo, em uma camiseta, a parte da frente é cortada apenas uma vez, mas a manga precisa ser cortada duas vezes para obtermos uma peça completa. Sentido do fio: O sentido do fio é indicado por meio de uma seta na direção do sentido do fio, da maneira como os moldes devem ser posicionados sobre o tecido para o corte das peças, podendo ser trama, urdume ou viés. O sentido do fio do tecido deve ser marcado para cada peça individualmente. Uma roupa não precisa ter todas as partes cortadas no mesmo sentido do fio. Em um vestido, o corpo pode ser cortado em fio reto, enquanto a saia é cortada enviesada. Piques, furos ou marcações: são pontos de referência, utilizados para indicar pences ou regiões de encaixe de partes do molde para a união ou para s sobreposição de partes, podendo ser internos ou externos. Margem de costura: a margem de costura deve estar sinalizada através de linhas, para mostrar se já foram incluídas no molde. Uma das melhoras formas para armazenar as modelagens em papel é pendurando na parede através de furos, de cordões e de ganchos, ou com o que a sua criatividade mandar. Assim, evita-se que os moldes sejam dobrados, e, é claro, que fiquem com vincos. Para facilitar a organização, as modelagens devem ser separadas por referência e tamanho e, se possível, deixar a ficha técnica de cada modelo. MOLDES PENDURADOS FONTE: <https://www.sightunseen.com/2011/06/work-place-by-carlie-armstrong/>. Acesso em: 21 out. 2020. NOTA Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 30 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 4 FERRAMENTAS E MATERIAIS DE MODELAGEM Para o desenvolvimento da modelagem bidimensional, é necessário máximo de precisão, que só é atingido com materiais de qualidade, específicos para essa finalidade e utilizados de forma adequada. A seguir, você poderá conferir a lista de materiais e de explicações de cada um deles. 4.1 FITA MÉTRICA Utilizada, principalmente, para tirar as medidas do corpo, é uma fita flexível com unidade de medida em centímetros, mas é importante que ao menos um dos lados tenha a marcação em milímetros. O tamanho comum de uma fita métrica é de 150cm. FIGURA 12 – FITA MÉTRICA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/yellow-measuring-tape-isolated-on- white-730249951>. Acesso em: 21 out. 2020 4.2 PAPEL PARA MOLDE Diversos tipos de papel são aceitos para a modelagem bidimensional, sendo o Papel Craft o mais utilizado. Por ser vendido em rolo, possui a vantagem da construção de moldes sem emendas, o que facilita o trabalho. 4.3 RÉGUA MILIMETRADA DE 60CM A régua foi desenvolvida especialmente para a modelagem, e facilita muito o traçado dos moldes. A régua milimetrada é marcada com retas paralelas e perpendiculares a distâncias definidas, que facilitam riscar margens de costura, linhas paralelas e sentido do fio. O “X”, marcado na régua, permite marcar 45º com precisão em moldes cujo fio é no viés do tecido. Pelo fato de a régua ser flexível, é fácil de ser manuseada, permitindo medir curvas de cavas e decotes. O uso da régua milimetrada agiliza o processo da modelagem e substitui o uso de outras ferramentas, mas, caso você não tenha, é possível, mesmo assim, traçar moldes, utilizando o esquadro. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — MODELAGEM BIDIMENSIONAL 31 FIGURA 13 - RÉGUA MILIMETRADA FONTE: <https://www.hspnet.com.br/regua-flexivel-p-modelagem-60cm>. Acesso em: 21 out. 2020. 4.4 ESQUADRO Esta régua de formato geométrico triangular é utilizada para traçado preciso do ângulo reto de 90º e para esquadrar linhas perpendiculares, como “x” e “y” do sistema cartesiano. Por ser uma régua comumente utilizada em outras áreas, é facilmente encontrada, podendo ser confeccionada em madeira, em acrílico ou em metal. FIGURA 14 – ESQUADRO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/wooden-simple-classic-ruler-triangle- on-1691594920>. Acesso em: 21 out. 2020. Para começar a construção de diagramas para a modelagem para os artigos do vestuário, partiremos de um desenho estrutural construído a partir de um ângulo reto de 90º. Samsung Realce 32 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 15 – COMO USAR O ESQUADRO FONTE: A autora 4.5 RÉGUA DE ALFAIATE A régua de alfaiate é utilizada para o traçado de curvas longas, é um instrumento auxiliar para o traçado das linhas curvas de entrepernas, das curvaturas de quadril, da cintura, da lateral de blusas, das barras e das demais curvaturas alongadas. Pode ser encontrada em acrílico ou em madeira. A seguir, exemplos do uso da régua de alfaiate em uma modelagem. FIGURA 16 – COMO USAR A RÉGUA DE ALFAIATE FONTE: A autora Samsung Realce TÓPICO 2 — MODELAGEM BIDIMENSIONAL 33 4.6 CURVA FRANCESA Esta régua é, normalmente, encontrada em material acrílico em três tamanhos diferentes. Auxilia no traçado de vários tipos de curvaturas, como decotes, cavas, pequenos arredondamentos, cabeças de mangas, ganchos etc. A seguir, exemplos do uso da curva francesa em uma modelagem. FIGURA 17 – COMO USAR A CURVA FRANCESA FONTE: A autora 4.7 CARRETILHA A carretilha é comumente confeccionada em metal com cabo de madeira, e pode ser facilmente encontrada em lojas de aviamentos. É utilizada para passar a marcação de um traçado em papel para outro papel, ou para fazer marcações em moldes ou em tecidos. A firmeza e a precisão são os fatores mais importantes de uma carretilha. FIGURA 18 – CARRETILHA FONTE: <https://www.elo7.com.br/lista/carretilha-cabo-madeira#bm=pbs2s>. Acesso em: 21 out. 2020. Samsung Realce Samsung Realce 34 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 4.8 OUTROS MATERIAIS Para o desenvolvimento da modelagem bidimensional, você precisa, também, de outros materiais, como tesoura grande, lápis ou lapiseira, apontador, borracha, alfinetes, giz de alfaiate e carbono para marcações e manequim para conferência. FIGURA 19 – MATERIAIS FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/background-sewing-knitting-tools- accesories-283511237>. Acesso em: 21 out. 2020. Samsung Realce 35 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A modelagem bidimensional é de grande importância para a elaboração de uma peça de roupa. A etapa do desenvolvimento do produto se situa na modelagem e, a aplicação, na indústria da moda. • Existem duas técnicas para o desenvolvimento da modelagem bidimensional: uma é através da construção de bases e, a outra, é utilizar uma peça de roupa pronta para a cópia do molde. • Cada parte de um molde exige a identificação anotada, e as informações necessárias são: referência ou nome do modelo, nome da parte da peça, tamanho da peça, quantidade de vezes que a parte aparece na peça, sentido do fio, piques, furos, pontos de referência e margem de costura. 36 1 “Conceituada como a etapa do desenvolvimento do vestuário que se ocupa da interpretação do desenho técnico e da configuração das formas das roupas, a elaboração de moldes está no cerne da questão formal e, portanto, representa um dos aspectos da confecção do vestuário que mais se aproxima do conceito de design pelo estreito vínculo com os processos de concepção e de construção das roupas. A modelagem é a ponte entre o projeto e a materialização, e um dos processos responsáveis pela padronização do produto dentro do sistema industrial de fabricação do vestuário” (MARIANO, 2011, p. 77). Considerando o processo produtivo de uma indústria de vestuário no desenvolvimento de novos produtos, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) O setor de modelagem, após receber a ficha técnica de um produto e desenvolver a modelagem, já realiza, também, a graduação, somente após a peça é enviada para a pilotagem. b) ( ) O setor de pilotagem recebe omolde direto do setor de modelagem, e é responsável pelo corte e pela costura da peça-piloto para verificar a modelagem de uma peça. Esta, então, é encaminhada para a prova, que avalia questões de modelagem, viabilidade da peça e custos do produto. c) ( ) Quando uma peça-piloto não é aprovada, por precisar de alguns ajustes, estes são feitos direto pela pilotista, não precisando voltar para o setor de modelagem. d) ( ) A graduação é feita pelo setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP), que é responsável por organizar e por controlar a produção das peças. 2 Para o desenvolvimento da modelagem bidimensional, é necessário máximo de precisão, que só é atingido com materiais de qualidade, específicos para essa finalidade e utilizados de forma adequada. Correlacione os materiais da coluna 1 com as devidas descrição e função, exibidas na coluna 2: AUTOATIVIDADE 1. Fita métrica 2. Régua milimetrada 3. Curva francesa 4. Carretilha ( ) ( ) ( ) ( ) Rígida, auxilia no traçado de vários tipos de curvaturas, como decotes, cavas, pequenos arredondamentos, como ganchos etc. Utilizada, principalmente, para tirar as medidas do corpo, é flexível e possui unidade de medida em centímetros. Utilizada para passar a marcação de um traçado em papel para outro papel, ou para fazer marcações em moldes ou tecidos. Desenvolvida, especialmente, para a modelagem, é marcada com retas paralelas e perpendiculares a distâncias definidas que facilitam riscar margens de costura, linhas paralelas e sentido do fio. 37 A sequência CORRETA, para a coluna 2, é a que se afirma em: a) ( ) 1, 3, 2, 4. b) ( ) 4, 1, 3, 2. c) ( ) 3, 2, 4, 1. d) ( ) 3, 1, 4, 2. 3 A modelagem é a elaboração de moldes para peças de vestuário que podem ser confeccionados em escala industrial ou um produto exclusivo, podendo ser desenvolvida por diferentes técnicas. Acerca das técnicas de modelagem bidimensional, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) A modelagem bidimensional manual utiliza medidas do corpo humano para traçar diagramas em papel que, posteriormente, podem ser transformados em moldes. ( ) A modelagem computadorizada opera apenas com a construção de moldes diretamente no software, pois não existe sistema que possibilite a digitalização de moldes produzidos manualmente, para serem trabalhados no CAD. ( ) A modelagem realizada através da técnica da cópia direta de um produto já confeccionado é uma forma empírica e rápida, porém, não proporciona o molde exato do artigo, e pode gerar diversos problemas para a peça final. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A modelagem é uma etapa fundamental para a confecção de uma peça do vestuário. Considerando a relevância da modelagem para o desenvolvimento de uma peça do vestuário, é preciso compreender em qual etapa do setor produtivo a modelagem está inserida. Descreva o processo produtivo de uma empresa de vestuário durante o desenvolvimento do produto e qual o lugar e a importância da modelagem dentro do sistema. 5 Para a organização pertinente ao setor de modelagem em uma indústria, todos os moldes devem ser devidamente identificados e catalogados. Muitas vezes, as peças novas podem ser confeccionadas, reutilizando modelagens já traçadas, ou fazendo apenas pequenas modificações. Encontrar os moldes utilizados em coleções anteriores só é possível se existir uma forma padronizada para identificação e organização dos moldes. Nesse contexto, especifique e detalhe quais as informações necessárias que um molde deve conter. 38 39 TÓPICO 3 — UNIDADE 1 CONSTRUÇÃO DE BASES 1 INTRODUÇÃO Para fazer a modelagem de peças do vestuário com precisão e qualidade, é necessário conhecimento acerca de como utilizar, da maneira adequada, as técnicas e os materiais específicos. A modelagem manual é um processo complexo que utiliza uma tabela de medidas para traçar os diagramas através da metodologia escolhida, para a então construção dos moldes-bases, que, posteriormente, podem ser interpretados pelo modelista para a criação de novos modelos. Neste tópico, serão abordados os conceitos básicos relacionados à modelagem e à construção de diagramas e de bases. Com uma metodologia ilustrada, você aprenderá como traçar diagramas para construir as bases da saia, da manga, do corpo e da calça feminina. Também aprenderá a utilizar, de maneira adequada, os materiais de modelagem, traçar as curvas com o auxílio destes e fazer as correções nas pences, além de como provar, corretamente, uma base no manequim. 2 CONCEITOS BÁSICOS O desenvolvimento da modelagem é baseado em três etapas, sendo o traçado inicial realizado manualmente, denominado de diagrama, do qual são extraídas as chamadas bases, que, posteriormente, são utilizadas para realizar a interpretação e a construção da modelagem, de acordo com o desenho da peça. FIGURA 20 – CONCEITOS BÁSICOS FONTE: A autora CONCEITOS BÁSICOS Diagramas Bases Modelagem Samsung Realce Samsung Realce 40 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL Em uma indústria de vestuário, a utilização das bases da modelagem facilita o desenvolvimento de modelagens com mais assertividade, pois estas são traçadas de acordo com a tabela de medidas direcionada para o público-alvo da marca e, uma vez testadas e aprovadas, servem como ponto de partida para a interpretação de qualquer modelo. As bases também propiciam agilidade para o setor de modelagem. A partir de uma cópia do molde-base, chamada de molde de trabalho, o modelista fará a interpretação, ou seja, a adaptação do molde para incluir os detalhes expressos no desenho técnico. Uma etapa importante da interpretação da modelagem é a determinação das folgas do modelo, ou seja, a que distância a roupa ficará do corpo, pois o molde-base representa o mapeamento do corpo sem folgas para movimentação. A interpretação da modelagem é realizada a partir de bases prontas já testadas e aprovadas anteriormente. As bases são copiadas em outro papel e se iniciam as alterações pertinentes ao modelo, que pode ser mais ajustado ou amplo, incluindo recortes, transferências de pences e inclusão de outros elementos. 3 CONSTRUÇÃO DE DIAGRAMA Diagramas são construções gráficas das medidas do corpo humano, elaborados através de uma metodologia, em um plano bidimensional, dando origem às bases da modelagem. A modelagem se inicia com a construção de um diagrama e com as medidas do corpo já obtidas previamente. FIGURA 21 - DIAGRAMA FONTE: A autora Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 41 Os diagramas são construídos através de retas, de pontos e de curvas, direcionados por uma metodologia que funciona como uma receita a ser seguida. Cada modelista ou empresa pode desenvolver o próprio método de construção de diagramas e de bases de modelagem, que se adapte melhor ao perfil de consumidor da marca. 4 CONSTRUÇÃO DE BASES As bases de modelagem são extraídas dos diagramas e seguem a anatomia e as medidas do corpo humano, buscando representar, bidimensionalmente, uma peça que envolve um corpo tridimensional. As bases são construídas utilizando as medidas obtidas com a fita métrica rente ao corpo humano, ou seja, não incluem margens de costura, margens de vestibilidade ou folgas. A respeito dessas bases, posteriormente, desenvolvem-se os modelos de vestuário. As bases localizam os principais contornos do corpo, assim como todas as medidas da tabela utilizada na construção. Não representam modelos de roupas, mas a acomodação do tecido sobre a parte do corpo que está revestindo, respeitando as medidas, os contornos e as saliências(BERG, 2019, s.p.). Um conjunto de bases para a modelagem feminina reúne sete peças: bases da blusa frente e costas; bases da saia frente e costas, bases da calça frente e costas e base da manga. Nos próximos tópicos, as bases femininas de blusa, de saia, de calça e de manga serão construídas através do passo a passo de diagramas, com base em uma tabela de medidas. FIGURA 22 – CONJUNTO DE BASES FONTE: A autora Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 42 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL 4.1 BASE DA SAIA FEMININA A seguir, estarão somente as medidas femininas necessárias para a construção da saia, com destaque para as medidas do tamanho 38, que será utilizado para a construção da base da saia. TABELA 4 – MEDIDAS FEMININAS PARA A SAIA FONTE: A autora Tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 Circunferência da cintura 60 64 68 72 76 80 84 Circunferência do quadril 88 92 96 100 104 108 96 Altura do quadril 18 18 20 20 20 21 21 Distância entre os seios 18 18 20 20 20 20 21 Altura do joelho 59 59,5 60 60,5 61 61,5 62 Frente e costas: AB = Para iniciar o diagrama, trace o comprimento da saia. Para a construção dessa base, utilizaremos a medida de 50cm. C = Para a altura do quadril, utilize a tabela e, na altura de 18cm, marque na linha do comprimento. CD/CE = Com o auxílio do esquadro ou da régua milimetrada, trace ¼ da medida do quadril para cada lado da linha do comprimento. BF/DG = Trace a mesma medida do quadril para a barra, também, com o auxílio do esquadro. FIGURA 23 – BASE DA SAIA 1 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 43 FH /GI = Com o esquadro, trace um retângulo. AH/AI = Com o esquadro, trace um retângulo, conforme figura seguir. FIGURA 24 – BASE DA SAIA 2 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA HJ/IL = Para a linha da cintura, utilizaremos ¼ da medida da tabela e acrescentaremos 2cm para a pence na frente e 3cm para pence das costas, ou seja, como ¼ da cintura é igual a 16cm, para a frente, utilizaremos 16cm + 2cm = 18cm, e, para as costas, 16cm + 3cm = 19cm. HM/IN = Nas linhas verticais de fora do retângulo, marcaremos 1cm da linha da cintura em direção à linha do quadril. MJ/NL = Em seguida, com o auxílio da curva de alfaiate, trace a curva da cintura, ligando os pontos marcados. JC/LC = Também com o auxílio da curva de alfaiate, trace a curva do quadril, ligando os pontos marcados, conforme figura a seguir. 44 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 25 – BASE DA SAIA 3 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA Pences: HO = A pence da frente é inserida na linha da cintura, partindo do centro-frente, utilizando a medida da metade da distância entre um seio ao outro da tabela, ou seja, 9cm. OP/OQ = Como acrescentamos 2cm na medida da linha da cintura para fazer a pence da frente, marque 1cm para cada lado, partindo do ponto O. OR = Marque a pence da frente com 10cm de comprimento. Ligue os pontos PQR. IS = A pence das costas é inserida na linha da cintura, partindo do centro-costas, utilizando a medida da metade da distância entre um seio ao outro da tabela, ou seja, 9cm. ST/SU = Como acrescentamos 3cm na medida da linha da cintura para fazer a pence das costas, marque 1cm para cada lado, partindo do ponto O. SV = Marque a pence das costas com 14cm de comprimento. Ligue os pontos TUV. TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 45 FIGURA 26 - BASE DA SAIA 4 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA Depois de traçada a pence, é necessário fazer uma correção na curva da cintura, pois quando a pence for fechada no tecido e costurada, haverá um desencontro entre as costuras, caso essa correção não seja feita. Para corrigir a curva, você deve dobrar o papel e fechar a pence, posicionando a sobra de papel para o lado do quadril e, em seguida, puxar o papel, segurando na região da barra, para que a pence se ajeite. Com a pence da frente fechada, retrace a curva da cintura com o auxílio da curva de alfaiate e passe a carretilha na curva da cintura. Repita o processo na parte das costas. Desdobre o papel e, com a ajuda da curva francesa, retrace as linhas da cintura de MO/OJ para a frente e de LS/SN para as costas. 46 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 27 - COMO CORRIGIR PENCE FONTE: A autora 1 2 3 4 5 Após esse processo, a pence estará corrigida. FIGURA 28 – BASE DA SAIA 5 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 47 Separe os moldes frente e costas. Sobre a parte da frente, trace uma linha paralela à linha do centro-frente, para indicar o sentido do fio reto, Faça o mesmo na parte das costas. Coloque as demais identificações no molde e a base da feminina estará pronta. FIGURA 29 – BASE DA SAIA 6 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA SAIA 4.2 BASE DO CORPO FEMININO A seguir, estarão somente as medidas femininas necessárias para a construção do corpo feminino, com destaque para as medidas de tamanho 38, que será utilizado para a construção da base do corpo feminino. TABELA 5 – MEDIDAS FEMININAS PARA O CORPO FONTE: A autora Tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 Entre cavas frente 16 17 17,5 18 18,5 19 19,5 Circunferência do busto 80 84 88 92 96 100 104 Circunferência da cintura 60 64 68 72 76 80 84 Altura da frente 43 44 45 45 45,5 45,5 46 Altura do busto 23 24 25 26 27 28 29 Distância entre os seios 18 18 20 20 20 20 21 Largura das costas 36 38 40 42 44 46 48 Altura das costas 42,5 43,5 44,5 44,5 45 45 45,5 48 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL Frente e costas: AB = Para iniciar o diagrama, trace o comprimento, utilizando a medida da altura da frente da tabela, 44cm. AC = Para a altura do busto, utilize a tabela e, na altura de 24cm, mais 3 cm para a cava. Marque na linha do comprimento. CE/BD = Com o auxílio do esquadro ou da régua milimetrada, trace ¼ da medida do busto para cada lado da linha do comprimento, 21 cm, na linha do busto e na linha da cintura. DF = Trace a altura das costas. FIGURA 30 – BASE DO CORPO 1 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DO CORPO AG/FH = Divida a largura das costas por 2, e trace com o auxílio do esquadro ou da régua milimetrada. AI/FJ = Para traçar a linha da cava, use a medida das costas mais 3cm. Ligue os pontos IJ. GL = Esquadre a linha AG até a linha da cava, para encontrar o ponto L. JM = Esquadre a linha FJ até a linha da cava, para encontrar o ponto M. N = Marque o ponto N na metade da linha IJ. BO = Metade da cintura + 3cm para a pence. DP = Metade da cintura + 3cm para a pence. TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 49 FIGURA 31 – BASE DO CORPO 2 FONTE: A autora AQ/AU = O decote é 1/6 da medida da largura das costas, 6cm. Ligue os pontos QU com o auxílio da curva francesa para traçar o decote da frente. GV = 4cm para a queda do ombro. Ligue os pontos UV para traçar a linha do ombro. FX = A largura do decote é de 1/6 da medida da largura das costas, 6cm. FZ = A partir do ponto F, desça 2cm para o decote das costas. Com o auxílio de uma curva francesa, trace o decote das costas, ligando o ponto XZ. ZY = 4cm para a queda do ombro. Na metade do segmento VL, marque o ponto W e entre 1cm esquadrado para a esquerda para marcar o ponto W’. Trace a cava da frente, ligando os pontos VW’N com a ajuda de uma curva francesa, assim, trace a cava das costas, ligando os pontos YN. CONSTRUÇÃO DA BASE DO CORPO 50 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 32 – BASE DO CORPO 3 FONTE: A autora Separe os moldes frente e costas. C1/B2 = Metade da medida entre um seio e o outro. Marque metade da pence de 3cm para cada lado do ponto 2, ou seja, 1,5cm, e trace a pence, ligando até o ponto 1. 3 = Marque o ponto 3, no qual a linha do busto encontra a linha NO. Desça 3cm do ponto 3 em direção ao ponto 3’, e ligue esses pontos ao ponto 1 para traçar a pence do busto. Prolongue a linha NO por 3cm até o ponto 4. Parafazer a correção da medida da lateral, retrace a cava até o ponto 4. J5/D6 = Metade da medida entre um seio e o outro. Marque metade da pence de 2cm para cada lado do ponto 6, ou seja, 1cm, e trace a pence, ligando até o ponto 5. CONSTRUÇÃO DA BASE DO CORPO TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 51 FIGURA 33 – BASE DO CORPO 4 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DO CORPO Depois de traçadas as pences, é necessário fazer uma correção nas linhas da cintura, frente e costas, e na lateral da frente, pois quando a pence for fechada no tecido e costurada, haverá um desencontro entre as costuras, caso essa correção não seja feita. Para fazer a correção na parte da frente, com a pence da cintura fechada, você deve retraçar a linha BO com a régua e passar a carretilha nessa linha para marcar a pence. Abra-a e trace onde a carretilha marcou. Repita o processo na linha lateral 4O. Desdobre o papel e, com a ajuda da régua, retrace a linha lateral 4O. Para corrigir a parte das costas, faça o mesmo processo da pence da cintura da frente na linha PD. A respeito da parte da frente, trace uma linha paralela à linha do centro- frente. Para indicar o sentido do fio reto, faça o mesmo na parte das costas. Coloque as demais identificações no molde e a base do corpo feminino estará pronta. 52 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 34 – BASE DO CORPO 5 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DO CORPO 4.3 BASE DA MANGA FEMININA Na tabela a seguir, estarão somente as medidas femininas necessárias para a construção da manga feminina, com destaque para as medidas do tamanho 38, que será utilizado para a construção da base da manga. TABELA 6 – MEDIDAS FEMININAS PARA A MANGA FONTE: A autora Tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 Comprimento da manga 59 60 60,5 61 61,5 62 62 Circunferência do braço 27,5 28,5 29,5 30,5 31,5 32,5 33,5 Circunferência do cotovelo 21 21,5 22 22,5 23 23,5 24 Circunferência do punho 18 18 18 18 20 20 20 Largura das costas 36 38 40 42 44 46 48 Frente e costas: AB = Para iniciar o diagrama, trace o comprimento da manga, de acordo com a tabela, 60cm. AC/CD = 7cm para demarcar a cabeça da manga. DE/DF = Com o auxílio do esquadro ou da régua milimetrada, trace ½ da medida da largura das costas menos 2cm para cada lado da linha do comprimento. BG/BH = Trace a metade da largura do punho mais 1cm. TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 53 FIGURA 35 – BASE DA MANGA 1 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA Ligue os pontos EG/ FH para formar as laterais da manga. Ligue os pontos AE, meça o tamanho dessa linha e divida por três, marcando os pontos 1 e 2. A partir da linha AE, trace, perpendicularmente, 2cm, para fora do diagrama, a partir do ponto 2, encontrando 2’. Ligue os pontos AF, meça o tamanho dessa linha e divida por três, marcando os pontos 3 e 4. A partir da linha AF, trace, perpendicularmente, 1cm, para dentro do diagrama, a partir do ponto 3, encontrando 3’. A partir da linha AF, trace, perpendicularmente, 1cm, para fora do diagrama, a partir do ponto 4, encontrando 4’. 54 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 36 – BASE DA MANGA 2 FONTE: A autora Para traçar a curva da cava das costas, ligue os pontos E12’A. Para traçar a curva da cava da frente, ligue os pontos F3’4’A. FIGURA 37 – BASE DA MANGA 3 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 55 Trace uma linha paralela à linha do comprimento para indicar o sentido do fio reto. Coloque as demais identificações no molde e a base do corpo feminino estará pronta. FIGURA 38 – BASE DA MANGA 4 FONTE: A autora 4.4 BASE DA CALÇA Na tabela a seguir, estarão somente as medidas femininas necessárias para a construção da calça feminina, com destaque para as medidas do tamanho 38, que será utilizado para a construção da base da calça. TABELA 7 – MEDIDAS FEMININAS PARA A CALÇA FONTE: A autora Tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 Circunferência da cintura 60 64 68 72 76 80 84 Circunferência do quadril 88 92 96 100 104 108 96 Altura do quadril 18 18 20 20 20 21 21 Distância entre os seios 18 18 20 20 20 20 21 Circunferência do tornozelo 21 22 22 24 24 25 25 Comprimento da cintura até o chão 100 101 102 103 104 105 106 Altura do joelho 59 59,5 60 60,5 61 61,5 62 Altura do gancho 25 25,5 26 26,5 27 27,5 28 CONSTRUÇÃO DA BASE DA MANGA 56 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL Frente e costas: AB = Para iniciar o diagrama, trace a altura do gancho, de acordo com a tabela. C = Para a altura do quadril, utilize a tabela e, na altura de 18cm, marque na linha do comprimento. AD/AE = Com o auxílio do esquadro ou da régua milimetrada, trace ¼ da medida do quadril para cada lado da linha do comprimento. BF/BG/CH/CI = Trace ¼ da medida do quadril para cada lado, também, com o auxílio do esquadro. FJ = ¼ da medida de BF. GK = ½ da medida de BG. FIGURA 39 – BASE DA CALÇA 1 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA CALÇA DL = Traçar metade da cintura mais 0,5cm (para compensação nas costas), e acrescentar 2cm para a pence da frente. M = Marcar a metade de JB e esquadrar até a linha da cintura para encontrar N. Marcar 1 cm para cada lado de N para marcar a pence da frente e traçar a pence com 10cm de comprimento. EO = Traçar 2,5cm. OP = Traçar metade da cintura menos 0,5cm (para compensação na frente) e acrescentar 3cm para a pence das costas. Q = Marcar o ponto na metade da linha OP, marcar 1cm para cada lado e traçar a pence das costas com 12cm de comprimento. U = Traçar uma linha de 2,5cm em diagonal a 45º, partindo do ponto F. OO’ = Com o auxílio do esquadro, traçar 2cm, perpendicularmente. V = Marcar o ponto na metade da linha EG. Traçar uma linha, ligando o ponto O’ até o ponto V. Prolongar a linha até a linha GK. GX = Traçar uma linha de 5cm em diagonal a 45º, partindo do ponto F. TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 57 FIGURA 40 – BASE DA CALÇA 2 CONSTRUÇÃO DA BASE DA CALÇA FONTE: A autora DD’ = Traçar 1cm. Com o auxílio de uma curva de alfaiate, traçar uma curva suave, ligando os pontos D’L. Também com o auxílio de uma curva de alfaiate, traçar uma curva, ligando os pontos PO’. Prolongar a pence das costas até a curva PO’. CL = Traçar uma curva para formar o quadril na parte da frente, com o auxílio de uma curva de alfaiate. CP = Traçar uma curva para formar o quadril na parte das costas, com o auxílio de uma curva de alfaiate. Ligar os pontos JUH com o auxílio de uma curva francesa, para formar o gancho da frente. Ligar os pontos VXK com o auxílio de uma curva francesa, para formar o gancho das costas. É necessário fazer uma correção nas linhas da cintura, frente e costas, e na lateral da frente, para correção das pences, pois, quando a pence for fechada no tecido e costurada, haverá um desencontro entre as costuras, caso essa correção não seja feita. Para fazer a correção na parte da frente, com a pence da cintura fechada, você deve retraçar a curva D’L com a curva de alfaiate e passar a carretilha nessa linha para marcar a pence. Abra a pence e trace onde a carretilha marcou. Para corrigir a parte das costas, faça o mesmo processo da pence da cintura da frente na linha PO’. 58 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL FIGURA 41 – BASE DA CALÇA 3 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA CALÇA NY = Trace a medida do comprimento de acordo com a tabela, com o auxílio do esquadro. YY’/ YY” = Trace ¼ da circunferência do tornozelo mais 2cm. ZW = Trace a mesma medida que Y”Z. WW’ = Trace ½ da circunferência do tornozelo mais 4cm. Com o auxílio das réguas e das curvas, ligue os pontos JY” para formar o entrepernas da frente. Com o auxílio das réguas e das curvas, ligue os pontos KW’ para formar o entrepernas das costas. FIGURA 42 – BASE CALÇA 4 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA CALÇA TÓPICO 3 — CONSTRUÇÃO DE BASES 59 A respeito da parte da frente, trace uma linha paralela à linha central AZ, para indicar o sentidodo fio reto. Faça o mesmo na parte das costas. Coloque as demais identificações no molde e a base do corpo feminino estará pronta. Separe os moldes frente e costas. FIGURA 43 – BASE DA CALÇA 5 FONTE: A autora CONSTRUÇÃO DA BASE DA CALÇA 60 UNIDADE 1 — INTRODUÇÃO À MODELAGEM BIDIMENSIONAL LEITURA COMPLEMENTAR Para provar a base no manequim, é necessário cortá-la em tecido. De acordo com Berg (2019), os traçados das bases são elaborados para que estas sejam confeccionadas em tecido plano. Devido ao material ser originalmente mais estável, as bases devem ser cortadas rigorosamente no fio reto, posicionando as principais linhas de contorno do corpo sobre o fio de trama do tecido, pois, nessa posição, o tecido não tem a estrutura modificada. Já com as bases cortadas em papel, deve-se dobrar o tecido, observando o sentido do fio, além de posicionar as bases sobre o tecido, como exibido na figura, e prender moldes com alfinetes ou utilizar pesos para segurá-los. Perceba que a base da frente é colocada na dobra do tecido, enquanto a base das costas deve ser posicionada a 2cm da ourela do tecido, pois essa medida será utilizada para o trespasse. Marcam-se, então, costuras de 1cm somente nas partes que necessitam de costura: nas laterais. Então, isso estará pronto para o corte. Depois de cortado, para facilitar a marcação de pences e de margem de costura, pode ser utilizado papel-carbono, colocando a base em tecido sobre o carbono e passando a carretilha, fazendo todas as marcações. Após, costurar as bases, fechando, primeiramente, as pences, depois, as laterais. Deve-se, então, vestir a base no manequim, além de analisar se é necessário algum ajuste ou correção. COMO RISCAR A BASE FONTE: A autora 61 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • É necessário construir um diagrama para extrair, dele, uma base de modelagem que poderá ser transformada, posteriormente, em um molde. • Os diagramas são como roteiros para o desenvolvimento de bases de modelagem. • Após o desenvolvimento de uma base de modelagem, é necessário experimentar essa base no manequim, além de como fazê-lo. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 62 1 Em uma indústria de vestuário, a utilização das bases de modelagem facilita o desenvolvimento de modelagens com mais assertividade, pois estas são traçadas de acordo com a tabela de medidas direcionada para o público- alvo da marca, e, uma vez testadas e aprovadas, servem como ponto de partida para a interpretação de qualquer modelo. Com base nas definições dos conceitos básicos de modelagem, analise as sentenças a seguir: I- O processo de modelagem é baseado em três etapas: construção do diagrama, extração das bases e desenvolvimento de modelagem. II- O traçado inicial, realizado manualmente, chama-se modelagem, e não necessita, obrigatoriamente, das medidas do corpo para a construção. III- A interpretação de modelos pode ser feita diretamente no traçado do diagrama, sendo, a base, desnecessária para o desenvolvimento de modelos mais complexos. Isso facilita o processo e diminui a possibilidade de erros. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 2 Em uma indústria de vestuário, a utilização das bases de modelagem facilita o desenvolvimento de modelagens com mais assertividade, pois estas são traçadas de acordo com a tabela de medidas direcionada para o público-alvo da marca, e, uma vez testadas e aprovadas, servem como ponto de partida para a interpretação de qualquer modelo. Com relação às bases de modelagem, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) As bases de modelagem são extraídas dos diagramas e seguem a anatomia e as medidas do corpo humano. ( ) As bases não precisam ser testadas, pois, como são construídas com medidas tiradas com exatidão, já estão prontas para serem interpretadas, sem nenhum ajuste. ( ) As bases são construídas utilizando as medidas obtidas com a fita métrica rente ao corpo humano, ou seja, não incluem margens de costura, margens de vestibilidade ou folgas e ajuste. ( ) Para testar uma base, é necessário incluir margem de costura em todos os segmentos do molde, não somente onde será costurado. AUTOATIVIDADE 63 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) V – F – V – F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – F – V – V. 3 O processo de modelagem se inicia com a construção do diagrama, da qual são extraídas as chamadas bases, que, posteriormente, são utilizadas para realizar a interpretação e a construção da modelagem, de acordo com o desenho da peça. Após a finalização da construção do diagrama, é possível extrair as bases de modelagem, que devem ser corretamente identificadas. Acerca das informações que devem conter no molde-base, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As informações necessárias que devem ser anotadas na base e nas modelagens interpretadas são: referência e nome do modelo, nome da parte do molde, tamanho, número de vezes do corte, sentido do fio, piques e marcações. b) ( ) O sentido do fio não precisa, necessariamente, ser traçado na base, podendo ser definido somente na interpretação do modelo. c) ( ) Somente o nome do molde, o tamanho e o nome da parte da peça são necessários para a identificação da base. d) ( ) Como a base não é produzida para a venda, não é necessário anotar o tamanho na peça. 4 O desenvolvimento da modelagem é baseado em três etapas, sendo, o traçado inicial, realizado manualmente, denominado de diagrama, do qual são extraídas as chamadas bases, que, posteriormente, são utilizadas para realizar a interpretação e a construção da modelagem, de acordo com o desenho da peça. Discorra a respeito de como é feita cada etapa, além da importância de cada uma delas para uma modelagem assertiva. 5 Após o desenvolvimento das bases, é preciso prová-las, para verificar se é necessário algum ajuste ou correção. A respeito desse processo, disserte acerca da maneira adequada para realizar a preparação e a prova da base de modelagem. 64 65 REFERÊNCIAS AUDACES. A importância do sentido do fio na peça pronta. 2015. Disponível em: https: <//audaces.com/sentido-do-fio-na-peca-pronta-qual-a-importancia/>. Acesso em: 29 out. 2020. BERG, A. P. M. Técnicas de modelagem feminina: construção de bases e volumes. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2019. CORREA, V. M.; ROSNER, R. Ergonomia: fundamentos e aplicações. São Paulo: Bookman Editora, 2015. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2005. MARIANO. Da construção à desconstrução: a modelagem como recurso criativo no design de moda. 2011. Disponível em: https://ppgdesign.anhembi.br/ wp-content/uploads/dissertacoes/61.pdf. Acesso em: 21 out. 2020. SAGGESE, S.; DUARTE, S. Modelagem industrial brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Guarda Roupa, 2010. SILVEIRA, I. Modelagem básica do vestuário feminino. 2017. Disponível em: https://www.udesc.br/arquivos/ceart/id_cpmenu/3787/Apostila_Modelagem_B_ sica_Feminina___2017_15206211994746_3787.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020. TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: D. Treptow, 2003. 66 67 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a importância das pences para a modelagem bidimensional; • realizar a transferência de pences para outros pontos do molde; embuti-las em recortes na modelagem; •interpretar modelos e variações da modelagem de saias, blusas, mangas, bolsos e golas; • entender o que é gradação de moldes e aplicar a gradação de forma correta em moldes de saias, blusas e mangas; • compreender o conceito de encaixe e como funciona o encaixe de moldes e a preparação para o corte das peças. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – TRANSFERÊNCIA DE PENCES TÓPICO 2 – INTERPRETAÇÃO DE MOLDES TÓPICO 3 – GRADAÇÃO E ENCAIXE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 68 69 UNIDADE 2 TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 1 INTRODUÇÃO A modelagem bidimensional permite uma infinidade de possibilidades para a criação de peças do vestuário. Contudo, é necessário conhecer, além de dominar as técnicas específicas de modelagem para conseguir transformar as bases construídas previamente em moldes avançados com êxito. Cabe, ao modelista, ao receber uma ficha técnica, escolher qual a melhor técnica para aplicar na base selecionada, além de transformá-la na peça proposta, alcançando a estética determinada pelo estilista e o caimento, as folgas e o conforto necessário para o produto. Acadêmico, neste tópico, será abordada a conceituação da pence na modelagem bidimensional, além de como é realizada a técnica de transferência de pence para variadas partes de um molde, contendo explicação com figuras de como fazer, contendo a técnica de embutir a pence em recortes. Assim, você poderá desenvolver modelagens complexas com autonomia, reposicionando as pences necessárias, conforme exigido por cada modelo. 2 PENCE Para transformar um molde traçado em papel bidimensional, que será cortado em um tecido também plano, em uma peça de vestuário que possa vestir um corpo com volume tridimensional, o principal recurso utilizado é a pence. Através da pence, conseguimos aplicar o volume em determinada região de uma roupa, sendo comumente utilizada para dar a definição que os seios e o quadril exigem em uma modelagem justa. A pence é a mais flexível e criativa parte do molde. Ela pode ser usada das mais variadas maneiras e só será limitada pela imaginação de quem cria. A pence não precisa, necessariamente, ser usada como tal. Pode ser transformada em folgas, franzidos e pregas ou ser transferida para recortes originais, dando forma à roupa. Os recortes podem ser colocados em qualquer lugar do molde, modificando o estilo. Alguns recortes podem substituir as pences, dando a impressão de que elas não existem. Contudo, mesmo invisíveis, elas ajudam no caimento da roupa (TREPTOW, 2003, p. 49). Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 70 Para construir uma pence, adicionamos, à modelagem, uma pequena medida na circunferência menor, como a cintura, que, quando fechada durante a costura, dá volume à região com circunferência maior, nesse exemplo, a região do busto. Quando a pence é costurada, a sobra de tecido fica no lado interno da roupa, não sendo visível no exterior. Existem alguns lugares tradicionais que as metodologias de modelagem feminina costumam inserir as pences nas bases de modelagem para avolumar a área dos seios no molde do corpo: pence na cintura, pence no ombro ou pence reta na lateral. A seguir, será possível observar como fica a pence da cintura do lado avesso da roupa, com excesso de tecido já costurado. FIGURA 1 – PENCES FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/hands-tailor-work- process-1758131345>. Acesso em: 19 maio 2020. As pences são traçadas nos diagramas e nas bases, e nos moldes finais precisam ser marcadas com piques. Posteriormente, na etapa do corte, esses piques são, também, aplicados no tecido, para que o profissional da costura possa fechar a pence com precisão. Apesar de as metodologias para traçado de bases de modelagem aplicarem as pences em determinados lugares fixos, após essas bases prontas e aprovadas, é possível realizar a transferência das pences ou, até mesmo, embuti- las em recortes no momento da interpretação de novos modelos. Dessa forma, o efeito tridimensional continua sendo aplicado à peça, porém, o modelista tem a liberdade de reposicionar ou de esconder as pences, de acordo com as necessidades estéticas e de conforto do produto. A base de modelagem do corpo feminino, elaborada na Unidade 1 deste livro, é utilizada para traçar variações de modelagem do corpo, sendo possível alterar as posições das pences, além de criar novas linhas de costura. Ambas as técnicas, transferência de pence e como embutir a pence em recorte, serão abordadas nos próximos tópicos. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 71 3 TRANSFERÊNCIA DE PENCE DO CORPO De acordo com cada metodologia para traçado de diagramas do corpo feminino, uma ou duas pences costumam ser utilizadas para dar volume à área dos seios e acentuar as demais curvas do corpo da mulher. Dentre os lugares mais comumente utilizados para alocar as pences na parte da frente, nas metodologias mais utilizadas, a pence situada na cintura, no mesmo alinhamento do mamilo; a pence lateral ou a pence no meio do ombro; e todas direcionadas ao ápice do seio, pois é a região de grande volume, porém, independentemente da metodologia utilizada para construir a base, essas pences podem ser transferidas para diversos lugares. A técnica de transferência de pence consiste em, de acordo com Berg (2019, p. 98), “transferir a pence existente, responsável pela criação do volume do busto, de um lugar para outro [...]. Nessa técnica, não se elimina o valor ou a abertura da pence, na verdade, há um deslocamento dela para outro ponto”. A seguir, apresentaremos o estudo de transferência de pences sobre a base do corpo, demonstrando algumas possibilidades de reposicionamento. FIGURA 2 – TRANSFERÊNCIA DE PENCE FONTE: A autora Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 72 Para transferir uma pence, o procedimento envolve copiar a base de modelagem para um novo papel, definir onde deve ser formada a nova pence e excluir as pences antigas, girando o molde-ponto do ápice do seio (ou o ponto de maior volume do molde) para que a pence recém-definida possa se formar. Depois, é preciso retraçar o molde em um novo papel para acrescentar as informações necessárias. Nem existe proporcionalidade de valores entre os volumes da nova pence e os existentes anteriormente no molde. Após a transferência, o valor da profundidade da pence se forma automaticamente em relação à localização do molde e ao volume das pences que foram deslocadas (BERG, 2019, p. 102). Nos próximos tópicos, você encontrará o passo a passo para executar a transferência de pence para diversos pontos do molde. 3.1 PENCE NO OMBRO A pence no ombro costuma ser traçada exatamente na metade da medida do ombro. Pode ser utilizada sozinha ou combinada com pence em outro lugar do molde. Para executar a transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Marque o meio da linha do ombro, trace uma linha do ápice do busto até o meio do ombro e recorte o papel exatamente nessa linha. • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma. • Copie o molde em outro papel, feche a pence do ombro e carretilhe para correção. Corrija, também, as demais linhas necessárias. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 73 FIGURA 3 – PENCE DO OMBRO PENCE DO OMBRO 3.2 PENCE NO DECOTE A pence no decote costuma ser utilizada em peças de alfaiataria. Essa pence pode ser definida em qualquer ponto no decote, de acordo com a estética esperada pelo modelo. Para executara transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Marque o ponto no qual deve iniciar a pence no decote, trace uma linha do ápice do busto até esse ponto e recorte o papel exatamente nessa linha. • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma; • Copie o molde em outro papel, feche a pence no decote e carretilhe para correção. Corrija, também, as demais linhas necessárias. FONTE: A autora Samsung Realce UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 74 FIGURA 4 – PENCE NO DECOTE FONTE: A autora PENCE NO DECOTE 3.3 PENCE NA CAVA Esta pence pode ser definida em qualquer ponto na cava, de acordo com a estética esperada pelo modelo. A pence, nessa posição, é essencial para a realização do recorte-princesa, partindo da cava. Para executar a transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Defina o ponto no qual deve iniciar a pence na cava, trace uma linha do ápice do busto até esse ponto e recorte o papel exatamente nessa linha. • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma. • Copie esse molde em outro papel, feche a pence na cava e carretilhe para correção do decote. Corrija, também, as demais linhas necessárias. Samsung Realce TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 75 FIGURA 5 – PENCE NA CAVA FONTE: A autora PENCE NA CAVA 3.4 PENCE FRANCESA A pence francesa é posicionada na lateral do molde, porém, de forma inclinada. Quando utilizada somente essa pence na peça, fica menos visível esteticamente do que os outros tipos de pence, portanto, o resultado é mais harmonioso visualmente. Para executar a transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Defina o ponto no qual deve iniciar a pence na lateral, trace uma linha do ápice do busto até esse ponto e recorte o papel exatamente nessa linha. • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma. • Copie esse molde em outro papel, feche a pence na lateral e carretilhe para correção do decote. Corrija, também, as demais linhas necessárias. Samsung Realce UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 76 FIGURA 6 – PENCE FRANCESA FONTE: A autora PENCE FRANCESA 3.5 PENCE DO CENTRO-FRENTE A pence do centro-frente fica situada entre os seios, para tanto, é necessário um recorte do centro do decote até essa pence. Esteticamente, pode parecer mais complexa em comparação aos demais tipos de pence, mas o procedimento para a realização é o mesmo. Para executar a transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Marque o ponto no qual a linha do busto encontra a linha do centro da frente, trace uma linha do ápice do busto até esse ponto e recorte o papel exatamente nessa linha. • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. Samsung Realce TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 77 • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma. • Copie esse molde em outro papel, feche a pence do centro-frente e carretilhe para correção do decote. Corrija, também, as demais linhas necessárias. FIGURA 7 – PENCE DO CENTRO-FRENTE FONTE: A autora PENCE DO CENTRO FRENTE 3.6 PENCE DO DECOTE NO CENTRO-FRENTE Neste caso, pelo fato de a pence estar situada do ápice do seio ao centro do decote, as duas pences se unem no ponto, formando um “V” invertido na blusa, promovendo uma estética interessante à peça e conferindo um aspecto de complexidade. Para executar a transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Trace uma linha do ápice do busto até o ponto do meio do decote e recorte o papel exatamente nessa linha. Samsung Realce UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 78 • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma; • Copie esse molde em outro papel, feche a pence do decote do centro-frente e carretilhe para correção do decote. Corrija, também, as demais linhas necessárias. FIGURA 8 – PENCE NO DECOTE DO CENTRO-FRENTE PENCE NO DECOTE DO CENTRO FONTE: A autora 3.7 PENCE DA CINTURA NO CENTRO-FRENTE Esta pence por estar situada do ápice do seio ao centro da linha da cintura. As duas pences se unem nesse ponto, esteticamente formando um “V” na blusa. Essas linhas diagonais acrescentam requinte à peça. Samsung Realce TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 79 Para executar a transferência das pences: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Trace uma linha do ápice do busto até o ponto do meio da linha da cintura e recorte o papel exatamente nessa linha. • Recorte, fora, as partes das pences lateral e da cintura, e una o molde com fita. • Com as pences antigas fechadas, a nova pence se forma. • Copie esse molde em outro papel, feche a pence da cintura do centro-frente e carretilhe para correção do decote. Corrija, também, as demais linhas necessárias. FIGURA 9 – PENCE NA CINTURA DO CENTRO-FRENTE FONTE: A autora PENCE NA CINTURA DO CENTRO UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 80 LEITURA COMPLEMENTAR PENCES EMBUTIDAS EM RECORTES A pence, apesar de ser extremamente necessária para dar o efeito tridimensional às peças do vestuário, não precisa, necessariamente, ser utilizada da maneira tradicional. De acordo com Saggese e Duarte (1998), as pences podem ser adaptadas em folgas, em franzidos e em pregas, ou embutidas em recortes, que podem estar localizados em qualquer lugar do molde, modificando a estética da peça. Essas pences, quando realocadas em recortes, podem parecer inexistentes, mas estão presentes na estrutura do molde, assistindo ao caimento. Nos tópicos seguintes, serão abordados os dois tipos mais clássicos de como embutir pences em recortes: o recorte-princesa tradicional ou partindo da cava. RECORTE-PRINCESA O recorte-princesa é um clássico na modelagem feminina, conhecido pela feminilidade. Esse recorte se inicia no meio do ombro e vai até a cintura, passando pelo ápice do seio. É muito utilizado na blusa e nos vestidos. Para fazer o recorte-princesa em uma modelagem: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Transfira as pences para a cintura e para o ombro. • Recorte, fora, as partes das pences, separando o molde em duas partes. • Acentue o ângulo que se forma no ápice do seio com uma leve curva. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TRANSFERÊNCIA DE PENCES 81 RECORTE-PRINCESA FONTE: A autora RECORTE PRINCESA RECORTE-PRINCESA PARTINDO DA CAVA A diferença entre este tipo de recorte e o recorte-princesa clássico é que, como o próprio nome define, essa parte é da cava para a cintura, passando, também, pelo ápice do seio. Pode-se utilizar a linha definida para o entre-cavas na base do molde para demarcar o início do recorte, no entanto, não existe um ponto fixo para isso, pode ser escolhido arbitrariamente, de acordo com a estética do modelo. Para fazer o recorte-princesa em uma modelagem: • Copie a base do molde da frente do corpo. • Defina o ponto de início do recorte na cava, trace uma curva do ápice do busto até esse ponto e recorte o papel exatamente nessa linha. Samsung Realce UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 82 • Feche a pence lateral com fita. • Recorte, fora, as partes da pence da cintura, separando o molde em duas partes. • Acentue o ângulo que se forma no ápice do seio com uma leve curva. RECORTE-PRINCESA NA CAVA FONTE: A autora RECORTE PRINCESA NA CAVA 83 Neste tópico, você aprendeu que: • As pences são traçadas em diagramas para dar origem às bases da modelagem construídas bidimensionalmente, e, quando fechadas no momento da costura, conferem forma e volume ao tecido, que se ajusta a um corpo tridimensional. • As pences podem ser transferidas para outros pontos da modelagem, de acordo com a estética esperada no modelo.• É possível embutir as pences em recortes na modelagem das peças. RESUMO DO TÓPICO 1 84 1 Algumas metodologias para traçado de bases de modelagem aplicam as pences em determinados lugares fixos. Após essas bases prontas e aprovadas, é possível realizar a transferência das pences, embuti-las em recortes no momento da interpretação de novos modelos. Dessa forma, o efeito tridimensional continua sendo aplicado à peça, porém, o modelista tem a liberdade de reposicionar ou de esconder as pences, de acordo com as necessidades estéticas e de conforto do produto. Com base nas definições de construção da pence e da técnica de transferência, analise as sentenças a seguir: I- Através da pence, conseguimos aplicar volume em determinada região de uma roupa, sendo comumente utilizada para dar a definição que os seios e o quadril exigem em uma modelagem justa. II- Após realizar a transferência de pence no molde da frente do corpo feminino, o ápice da pence não precisa, necessariamente, estar situado na região de maior volume do seio. III- As pences são traçadas nos diagramas e nas bases. Nos moldes finais, precisam ser marcadas com piques. Posteriormente, na etapa do corte, esses piques são aplicados no tecido para que o profissional da costura possa fechar a pence com precisão. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 2 “A característica principal da técnica de transferência de pence é, como o próprio nome diz, transferir a pence existente, responsável pela criação do volume do busto, de um lugar para outro, ou seja, nessa técnica, não se elimina o valor ou a abertura da pence, na verdade, há um deslocamento dela para outro ponto” (BERG, 2019, p. 98). Acerca dos tipos de pence possíveis no estudo de reposicionamento, correlacione os tipos de pence da coluna 1 com a devida descrição, exibida na coluna 2: AUTOATIVIDADE 85 A sequência CORRETA para a coluna 2 é a que se afirma em: a) ( ) 1, 3, 2, 4. b) ( ) 4, 1, 3, 2. c) ( ) 3, 2, 4, 1. d) ( ) 2, 1, 4, 3. 3 De acordo com Saggese e Duarte (1998), as pences podem ser adaptadas em folgas, em franzidos e em pregas, ou embutidas em recortes, que podem estar localizados em qualquer lugar do molde, modificando a estética da peça. Essas pences, quando realocadas em recortes, podem até parecer inexistentes, mas estão presentes na estrutura do molde, assistindo ao caimento. Acerca das pences embutidas em recortes, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Com a transferência de pences, ou as embutindo em recortes, o efeito tridimensional continua sendo aplicado à peça, porém, o modelista tem a liberdade de reposicionar ou de esconder as pences, de acordo com as necessidades estéticas e de conforto do produto. ( ) O recorte-princesa é um clássico na modelagem feminina. Inicia-se no meio do ombro e vai até a cintura, passando pelo ápice do seio. É muito utilizado na blusa e nos vestidos. ( ) Para fazer o recorte-princesa partindo da cava, o recorte deve iniciar, obrigatoriamente, na metade do valor da cava da frente. ( ) Ao embutir pences em recortes na modelagem de uma peça, não se deve acentuar os ângulos nesses recortes, transformando-os em curvas. 1. Pence francesa 2. Pence do centro-frente 3. Pence no decote do centro-frente 4. Pence na cintura do centro-frente ( ) ( ) ( ) ( ) Situada entre os seios, é necessário um recorte do centro do decote até essa pence. O resultado é mais harmonioso visualmente. Posicionada na lateral do molde de forma inclinada. Quando utilizada somente essa pence na peça, fica menos visível esteticamente em comparação aos outros tipos de pence, portanto, o resultado é mais harmonioso visualmente. As pences do lado esquerdo e do lado direito se encontram em um ponto, esteticamente formando um “V” na blusa. Essas linhas diagonais acrescentam requinte à peça. As pences do lado esquerdo e do lado direito se unem, formando um “V” invertido na blusa, promovendo uma estética interessante à peça e conferindo um aspecto de complexidade. 86 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) V – V – F – F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – F – V – F. 4 Para transformar um molde traçado em papel bidimensional, que é cortado em um tecido também plano, em uma peça de vestuário que possa vestir um corpo com volume tridimensional, o principal recurso utilizado é a pence. Através da pence, conseguimos aplicar volume em determinada região de uma roupa. Explique como acontece o processo de construção de uma pence em uma modelagem. 5 As pences são de extrema importância para a modelagem bidimensional feminina, sendo utilizadas para dar volume à área dos seios e acentuar as demais curvas do corpo da mulher. Dentre os lugares mais comumente utilizados para alocar as pences na parte da frente, estão a pence situada na cintura, no mesmo alinhamento do mamilo; e a pence lateral ou a pence no meio do ombro, todas direcionadas ao ápice do seio, pois é a região de maior volume, porém, independentemente da metodologia utilizada para construir a base, essas pences podem ser transferidas para diversos lugares. Nesse contexto, disserte acerca de como é realizado o procedimento de transferência da pence na modelagem do vestuário. 87 UNIDADE 2 TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 1 INTRODUÇÃO Para a elaboração de moldes avançados, o processo passa pelo traçado de diagramas, pela criação das bases da modelagem e pela aprovação destas, para, somente, então, iniciar a confecção dos moldes finais. Transformar bases em moldes envolve muitas técnicas. Você pode acrescentar folgas de modelo, transferir pences, incluir recortes, adicionar pregas, volumes e franzidos, além de outras alternativas. Ao analisar um desenho técnico de uma peça de vestuário, o modelista precisa ter conhecimento amplo dos procedimentos de modelagem para escolher qual é a melhor opção a ser aplicada para atender às necessidades estéticas e de conforto da roupa. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos como realizar a interpretação de moldes-base em moldes avançados. A maioria das técnicas apresentadas nos tópicos seguintes envolve retraçar o molde-base, fazer acréscimos, compensações, recortar o papel, colar com fita e retraçar novamente. Para exemplificar as principais técnicas de modelagem bidimensional, o Tópico 2 tratará das variações de saia, enquanto o Tópico 3, de blusas, e, por fim, o Tópico 4, de mangas. Contudo, qualquer das técnicas apresentadas nesta unidade pode ser utilizada nas mais variadas peças do vestuário. 2 VARIAÇÃO DE SAIAS A saia é uma peça significativa para o vestuário feminino e permite múltiplas possibilidades de criação, que podem ser aplicadas para o masculino, desde que utilizadas as medidas da tabela apropriada. Nos próximos tópicos, você aprenderá a transformar a base da saia em diversos modelos, como as saias evasê, godê, de pregas e de envelope. 2.1 SAIA EVASÊ Este modelo de saia possui leve abertura na modelagem na área mais próxima da barra. Para executar essa interpretação: • Copie a base da saia frente e costas. • Trace uma linha paralela ao centro-frente do ápice da pence até a barra. Samsung Realce Samsung Realce 88 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO • Recorte exatamente em cima dessa linha nova do ápice, da pence até a barra. • Dobre e feche a pence com o auxílio de fita, excluindo-a do molde. Então, a abertura da saia evasê se forma. • Execute os mesmos passos para a parte das costas. • Copie esses moldes em outro papel, acrescente 5cm para a abertura lateral, ou a medida que quiser. • Faça a correção da linha da barra e corrija, também, as demais linhas necessárias. FIGURA 10 – INTERPRETAÇÃO SAIA EVASÊ FONTE: A autora SAIA EVASÊ 2.2 SAIA GODÊAs saias godês se tornaram famosas durante a década de 50 e são conhecidas pelo volume gracioso de tecido, que aumenta em direção à barra. O volume da saia godê é garantido por uma modelagem em formato circular, com uma quantidade menor de tecido na região da cintura, com crescente dimensão em sentido à barra. Para traçar a modelagem da saia godê: • Dobre o papel quatro vezes. • Calcule a medida do raio utilizando a medida da cintura desejada. • Trace duas retas, perpendiculares entre si, ambas com a medida do comprimento desejado. • Nas retas perpendiculares, marque a medida do raio encontrada. Com a ajuda de um compasso, trace ¼ de círculo. Samsung Realce TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 89 FIGURA 11 – INTERPRETAÇÃO SAIA GODÊ FONTE: A autora SAIA GODÊ COMPLETO Além do desenho de um círculo inteiro, para a construção de uma saia godê, também existem variações do modelo que utilizam uma fração de círculo, dando origem a outros modelos, conhecidos por ¼ de godê, ½ godê ou ¾ de godê. De acordo com Berg (2019, s.p.), “esses volumes são representados bidimensionalmente por construções geométricas de círculos. Nas frações dos círculos, os volumes nas barras das saias aparecem de forma crescente: ¼ de círculo, ½ círculo e círculo inteiro”. Ou seja, o modelo com ¼ de godê possui menos volume, assemelhando-se a uma saia evasê, enquanto o modelo com godê inteiro possui maior volume. O raio utilizado para a construção do molde é diferente para cada tipo de godê. • Meça o comprimento desejado a partir da linha circular formada para a cintura. • Recorte o molde e desdobre. 90 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO FIGURA 12 – TIPOS DE GODÊS FONTE: A autora TIPOS DE GODÊS GODÊ COMPLETO 3/4 GODÊ 1/2 GODÊ 1/4 GODÊ Para encontrar o raio que deverá ser utilizado para a construção de um godê, é necessário saber a medida da cintura e, então, acrescentar a fórmula matemática a seguir (π = 3,14): Raio = circunferência da cintura 2π NOTA Para facilitar e para agilizar a construção da modelagem de peças em godê ou com detalhes circulares, existe a tabela de godês, que indica, de acordo com a medida da cintura, que raio deverá ser utilizado para traçar um círculo inteiro ou parte dele. Utilizando essa tabela, não é necessário aplicar fórmulas matemáticas e cálculos para descobrir o raio necessário. No exposto a seguir, a primeira coluna exibirá a medida da circunferência da cintura e as outras colunas apontarão o raio necessário para a construção de cada tipo de godê, respectivamente. As medidas da primeira coluna servirão para a cintura e para qualquer outra circunferência na qual você deseje aplicar um detalhe circular, como cava, boca da manga etc. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 91 TABELA 1 – REFERÊNCIAS PARA GODÊS FONTE: A autora Cintura 1/4 de godê 1/2 godê 3/4 de godê Godê inteiro 10 6,4 3,2 2,1 1,6 12,5 8 4 2,7 2 15 9,5 4,8 3,2 2,4 17,5 11,1 5,6 3,7 2,8 20 12,7 6,4 4,2 3,2 22,5 14,3 7,2 4,7 3,6 25 15,9 8 5,3 4 27,5 17,5 8,8 5,8 4,4 30 19,1 9,5 6,4 4,8 32,5 20,7 10,3 6,9 5,2 35 22,3 11,1 7,4 5,6 37,5 23,9 11,9 8 6 40 25,5 12,7 8,5 6,4 42,5 27,1 13,5 9 6,8 45 28,6 14,3 9,5 7,2 47,5 30,2 15,1 10,1 7,6 50 31,8 15,9 10,6 8 52,5 33,4 16,7 11,1 8,4 55 35 17,5 11,7 8,8 57,5 36,6 18,3 12,2 9,2 60 38,2 19,1 12,7 9,5 62,5 39,8 19,9 13,3 9,9 65 41,4 20,7 13,8 10,3 67,5 43 21,5 14,3 10,7 70 44,6 22,3 14,9 11,1 72,5 46,2 23,1 15,4 11,5 75 47,7 23,9 15,9 11,9 77,5 49,3 24,7 16,4 12,3 80 50,9 25,5 17 12,7 82,5 52,5 26,3 17,5 13,1 85 54,1 27,1 18 13,5 87,5 55,7 27,9 18,6 13,9 90 57,3 28,6 19,1 14,3 92,5 58,9 29,4 19,6 14,7 95 60,5 30,2 20,2 15,1 97,5 62,1 31 20,7 15,5 100 63,7 31,8 21,2 15,9 92 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 2.3 SAIA DE PREGAS As pregas conferem, à saia, movimento ao caminhar. Neste modelo, a saia possui o cós anatômico e, em seguida, as pregas simples, que são feitas com espaçamento calculado, pois cada prega é formada por três vezes a medida final. Para executar essa interpretação: • Copie a base da saia frente e costas. • A partir da cintura, marque a medida definida para o cós. • Seguindo a linha da cintura, trace a curva do cós, e recorte nessa linha. • Feche as pences do cós, e retrace as curvas para correção, caso necessário. • Na parte da saia que restou, elimine a medida da pence. • Divida a frente da saia (na linha do cós) em cinco partes iguais, enumere-as. • Trace uma nova linha com a medida desejada para a saia e, na linha perpendicular, a medida da frente da saia (na linha do cós) multiplicada por 3. • Divida a frente da saia (na linha do cós) por 15 e marque em que parte serão localizadas as pregas, como na figura. • Marque todos os piques que serão necessários para fechar as pregas na etapa de costura. FIGURA 13 – INTERPRETAÇÃO SAIA DE PREGAS FONTE: A autora SAIA DE PREGAS Samsung Realce TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 93 2.4 SAIA-ENVELOPE A saia-envelope leva esse nome porque a parte frontal é composta por duas abas que se sobrepõem, dando a impressão de que o fechamento acontece como um envelope. Nesse modelo, a parte das costas permanece como a base. • Para executar essa interpretação: • Copie, duas vezes, a base da saia frente em um papel dobrado, a fim de desdobrar. • Em uma das cópias, do lado esquerdo do molde, trace uma linha paralela ao centro-frente do ponto do meio da pence, na linha da cintura até a barra. • Recorte, exatamente, em cima dessa linha nova, do ápice da pence até a barra, exclua o lado menor. Um lado da parte da frente estará pronto. • Na outra cópia, do lado direito do molde, trace uma linha, levemente inclinada na diagonal, do ponto do meio da pence, na linha da cintura até a barra, sem ultrapassar o centro da linha da barra, conforme indicado na figura. • Recorte, exatamente, em cima dessa linha nova, do ponto do meio da pence, na linha da cintura até a barra. Exclua o lado menor e o outro lado da parte frontal estará pronto. • Sobreponha uma parte sobre a outra e corrija a curvatura da cintura, caso necessário. FIGURA 14 – INTERPRETAÇÃO SAIA-ENVELOPE FONTE: A autora SAIA ENVELOPE Samsung Realce 94 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 3 VARIAÇÃO DE BLUSAS Existem infinitas possibilidades de criação de blusas. Dominando algumas técnicas, você será capaz de executar diversos modelos. A seguir, você aprenderá a transformar a base do corpo feminino em diversos modelos de blusa, como a com cava americana, decote drapeado e colete. 3.1 CAVA AMERICANA Este modelo de blusa, praticamente, emenda a cava com o decote, deixando a região dos ombros bem à mostra. Para executar essa interpretação: • Copie a base do corpo frente e costas. • Marque, na linha do ombro, a medida desejada para a cava americana, deixando, pelo menos, 2cm na linha do ombro. • Marcar, na cava, a medida desejada para cavar. • Ligue esses dois pontos, feitos com o auxílio da régua de alfaiate, e recorte, exatamente, em cima dessa nova linha, excluindo o menor pedaço. • Repita o mesmo processo na parte das costas. FIGURA 15 – INTERPRETAÇÃO CAVA AMERICANA FONTE: A autora CAVA AMERICANA Samsung Realce TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 95 3.2 DECOTE DRAPEADO Este modelo de blusa possui o decote afastado do colo com drapeado, também conhecido como gola boba. Como essa blusa fica mais solta no corpo, não são necessárias pences. Para executar essa interpretação: • Copie a base do corpo frente em um papel dobrado. • Elimine a pence da cintura. Como o modelo não será ajustado no corpo, o acréscimo da medida, feito pela pence, transformar-se-á em folga de modelo. • Elimine a pence da lateral, compensando essa medida, descendo a cava. • Em um novo papel dobrado, com o auxílio do esquadro, trace duas linhas perpendiculares de 40cm. Entre essas duas linhas, trace uma outra, a 45º. • Posicione o molde da frente entre a linha vertical e a linha a 45º, conforme indicado na figura. • Trace uma linha do ponto entre o ombroe o decote até a linha vertical, de acordo com o desenho, criando o decote drapeado. • Retrace a linha da cintura de forma harmoniosa. • Desdobre o papel e recorte o molde. FIGURA 16 – INTERPRETAÇÃO DECOTE DRAPEADO FONTE: A autora DECOTE DRAPEADO Samsung Realce 96 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 3.3 COLETE DE ALFAIATARIA O colete é uma peça clássica de alfaiataria e pode ser desenvolvido a partir da interpretação da base do corpo. Nesse modelo de colete, o comprimento é até a cintura, com recorte-princesa partindo da cava. Para executar essa interpretação: • Copie a base do corpo-frente. • Na base da frente, marque, na linha do ombro, a medida desejada para a cava e para a abertura do decote. • Defina o ponto de início do recorte na cava, trace uma curva do ápice do busto até esse ponto, transfira e realize o processo de embutir a pence no recorte- princesa. • No recorte central, trace, como deseja, o decote. • A partir da linha da cintura, trace o bico clássico da modelagem do colete. • Para o transpasse e para o abotoamento, aumente 3cm. FIGURA 17 – INTERPRETAÇÃO COLETE FONTE: A autora COLETE DE ALFAIATARIA TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 97 4 VARIAÇÃO DE MANGAS A manga é uma parte da peça, muitas vezes, responsável por dar graça a blusas, a vestidos e a casacos. A variedade de modelos de mangas é muito grande, assim, neste tópico, você aprenderá a transformar a base da manga feminina em diversos modelos de mangas, como tulipa, com franzido na cava e manga com boca de sino. 4.1 MANGA-TULIPA A maga-tulipa acrescenta um ar delicado à peça que for acrescentada. É dividida em duas partes que se sobrepõem. Para executar essa interpretação: • Copie a base da manga. • Defina o tamanho para a manga curta e corte. • Marque ¼ da medida da cabeça da manga inteira, partindo do ponto inicial do lado esquerdo e do lado direito. • Com o auxílio da régua de alfaiate, ligue o ponto da cabeça da manga do lado direito até o ponto inicial da barra do lado esquerdo. • Ligue o ponto da cabeça da manga do lado esquerdo até a ponto inicial da barra do lado direito. • Carretilhe as partes da manga em outro papel, para copiar o molde, conforme indicado na figura. FONTE: A autora FIGURA 18 – INTERPRETAÇÃO MANGA-TULIPA MANGA TULIPA 98 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 4.2 MANGA COM FRANZIDO NA CAVA Para executar essa interpretação: • Copie a base da manga. • Defina o tamanho para a manga curta e corte. • Marque 3cm do início da cabeça da manga em direção à cava, em ambos os lados. • Trace uma curva desses pontos até o meio da cabeça da manga, com o auxílio da régua de alfaiate, conforme indicado na figura. • Recorte nessa linha, deixando preso somente por uma pontinha. • Coloque o molde sobre outro papel e gire as partes recortadas na mesma angulação, quanto maior o afastamento, maior será o volume do franzido na cava. • Retrace o molde, corrigindo as linhas laterais da manga. FIGURA 19 – INTERPRETAÇÃO MANGA COM FRANZIDO NA CAVA FONTE: A autora MANGA COM FRANZIDO CAVA 4.3 MANGA BOCA-DE-SINO Para executar essa interpretação: • Copie a base da manga. • Amplie a boca da manga para a mesma medida da cabeça da manga, formando um retângulo. • Marque ¼ da medida da cabeça da manga inteira, partindo do ponto inicial do lado esquerdo e do lado direito. • Trace linhas perpendiculares à linha da barra. TÓPICO 2 — INTERPRETAÇÃO DE MOLDES 99 • Recorte nessas linhas, deixando preso somente por uma pontinha. • Coloque o molde sobre outro papel e gire as partes recortadas, definindo uma distância igual para todos, quanto maior o afastamento, maior será o volume. • Retrace o molde, corrigindo a linha da boca da manga. FIGURA 20 – INTERPRETAÇÃO MANGA FONTE: A autora MANGA BOCA DE SINO 100 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Para a interpretação de modelagens avançadas e complexas, é necessário iniciar utilizando bases já aprovadas, que são copiadas e alteradas para realizar a evolução dos modelos. • Transformar bases em moldes envolve muitas técnicas, assim, é possível acrescentar folgas de modelo, além de transferir pences, incluir recortes, adicionar pregas, volumes e franzidos e outras alternativas. • Para executar a transformação de moldes-base em moldes avançados, é preciso retraçar o molde-base, além de fazer acréscimos, compensações, recortar o papel, colar com fita e retraçar novamente. • É preciso ter conhecimento amplo dos procedimentos de modelagem para decidir qual a técnica mais adequada para atender às necessidades estéticas e de conforto da roupa. 101 1 Para a elaboração de moldes avançados, o processo passa pelo traçado de diagramas, pela criação das bases de modelagem e pela aprovação, para, somente, então, iniciar a confecção dos moldes finais. Transformar bases em moldes envolve muitas técnicas: você pode acrescentar folgas de modelo, transferir pences, incluir recortes, adicionar pregas, volumes e franzidos outras alternativas. Acerca da interpretação de modelos clássicos através da modelagem bidimensional, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) A saia-envelope leva esse nome porque a parte frontal é composta por duas abas que se sobrepõem, dando a impressão de que o fechamento acontece como um envelope. ( ) O modelo de blusa com cava americana, praticamente, emenda a cava com o decote, deixando a região dos ombros bem à mostra. ( ) A blusa, como decote drapeado, possui o decote afastado do colo com volume, também conhecido como gola boba. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – V – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – V – V. 2 A saia godê, muito associada ao estilo rock and roll dos anos 50, é facilmente elaborada com a utilização da modelagem plana, e pode ser confeccionada com aproveitamento total do tecido, já que são necessários apenas os cortes da cintura e da barra. A figura a seguir representará a modelagem plana dos diferentes tipos de saia godê: FONTE: Adaptada de Berg (2019) AUTOATIVIDADE 102 Com base na figura, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I- A saia godê completa, cuja construção se baseia em uma circunferência, é formada, basicamente, pelo corte de dois círculos: um externo, referente à barra da saia, e outro interno, referente à cintura. II- Na construção do molde plano de uma saia godê, a medida de raio utilizada para marcar o círculo interno é inversamente proporcional ao volume final da saia, ou seja, quanto maior a medida desse raio, menor o volume da saia. III- Existem variações do modelo godê que utilizam uma fração de círculo, dando origem a outros modelos conhecidos, como ¼ de godê, ½ godê ou ¾ de godê. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Para realizar a transformação de moldes-base em moldes avançados, a maioria das técnicas apresentadas nos tópicos seguintes envolve retraçar o molde-base, fazer acréscimos, compensações, recortar o papel, colar com fita e retraçar novamente. Acerca de como executar a interpretação de modelos com técnicas específicas, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Mesmo utilizando uma base de modelagem pré-aprovada, ao interpretar um novo modelo, é necessário confeccionar uma peça-piloto para verificar se o modelo atende às expectativas estéticas e de conforto. ( ) Para inserir pregas em uma interpretação do modelo, deve-se multiplicar a medida final desejada por 2, para a formação da prega. ( ) Para a elaboração do cós anatômico, deve-se copiar a base da modelagem da saia, além de definir a medida do cós a partir da linha da cintura, fechar as pences existentes e corrigir as curvaturas. Assinale a alternativa que apresenta a sequênciaCORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – V – V. 4 A modelagem é uma etapa fundamental para a confecção de uma peça do vestuário. O processo de modelagem e a aprovação de uma peça de roupa são complexos e envolvem vários setores e profissionais em uma indústria. Nesse contexto, explique como acontece o processo de modelagem industrial e onde a interpretação do modelo está inserida. 103 5 Ao analisar um desenho técnico de uma peça do vestuário, o modelista precisa ter conhecimento amplo dos procedimentos de modelagem para escolher qual é a melhor opção a ser aplicada para atender às necessidades estéticas e de conforto da roupa. Descreva como interpretar o molde de um colete clássico com recortes através da base do corpo feminino. 104 105 UNIDADE 2 TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 1 INTRODUÇÃO A modelagem de uma peça do vestuário envolve muitas etapas até estar pronta para seguir para o corte e para a confecção da roupa, sendo importante executar cada uma dessas etapas com qualidade, para obter o resultado final esperado e com responsabilidade de executar cada etapa com consciência, visando diminuir, sempre que possível, o desperdício de material, de energia e de mão de obra. Após a finalização de um molde e da aprovação, a próxima etapa é realizar a gradação desses moldes, isto é, transformar a modelagem de uma peça realizada em um único tamanho para confeccionar a peça-piloto em todos os tamanhos. Existem técnicas adequadas para realizar esse processo de forma correta, sem prejudicar a modelagem e a estética em cada manequim. Na indústria, antes de seguir para o setor de corte, esses moldes passam pela etapa de encaixe, que objetiva dispor todas as partes de modelagem a serem cortadas da forma mais proveitosa possível. Acadêmico, para que você compreenda o que é a gradação, a conceituação e as diferentes técnicas, abordaremos, neste tópico, de onde são extraídos os valores da graduação e como aplicá-los, a diferença entre realizar a gradação de forma manual ou automatizada, e o processo de gradação em peças do vestuário, como saia, blusa e manga. Também será abordado o conceito de encaixe, além das formas de realizá-lo, as principais características e a distinção entre o encaixe manual e o automatizado. 2 GRADAÇÃO A gradação é uma etapa muito importante para a modelagem, pois compreende a ampliação e a redução do molde construído no tamanho-base. Em uma empresa de vestuário, os moldes são sempre elaborados em um tamanho padrão para, então, a partir destes, ser confeccionada a peça-piloto. Somente após a prova, a correção e a aprovação da peça em tamanho padrão, a modelagem é desenvolvida para todos os outros tamanhos da grade que a marca produz. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 106 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO Para facilitar e agilizar o processo de elaboração dos demais tamanhos de um mesmo modelo, na indústria de vestuário, não se desenvolvem os outros números de uma grade a partir da base da modelagem, pois tendo essa interpretação feita no tamanho padrão, através da gradação, apenas se adicionam ou se subtraem ou valores necessários para transformar o molde já interpretado nos demais tamanhos da grade. FIGURA 21 – GRADAÇÃO FONTE: A autora GRADAÇÃO DE SAIA Existem diferentes formas de realizar a gradação em uma peça de vestuário, entretanto, a gradação precisa ser aplicada em todas as partes do molde de um mesmo modelo, e cabe, ao modelista, escolher a técnica mais adequada para cada parte do molde. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 107 Graduar um molde consiste em acrescentar ou diminuir a diferença proporcional às medidas de um manequim para o outro. Se a tabela de medidas do corpo determina 4cm de diferença na circunferência de cintura de um tamanho para outro (man. 40 = 68 cm, man. 42 = 72 cm, man. 44 = 76 cm), o modelista ou graduador deverá dividir essa diferença entre o número da frente, 1 cm para a parte direita da frente, 1 cm para a parte esquerda da frente, 1 cm para a parte direita das costas e 1 cm para a parte esquerda das costas (TREPTOW, 2003, p. 161). O modelista deve executar a gradação, objetivando ampliar as dimensões relacionadas aos tamanhos da tabela de medidas, interferindo, minimamente, nas medidas de detalhes estéticos da peça, como largura do punho, por exemplo. Por esse motivo, fazer a gradação de um modelo para grades muito extensas pode ser mais complexo e exigir experiência do profissional responsável. De acordo com Treptow (2003, p. 162), “nas grades muito amplas, como 36 a 48, por exemplo, convém testar o molde graduado, confeccionando uma amostra a partir do maior e do menor tamanho, e conferi-la em prova com manequim de medidas equivalentes”. Para compreender como executar a gradação da forma correta, os próximos tópicos abordarão de onde são extraídos os valores utilizados na gradação, como interpretar a tabela de medidas, como fazer a gradação no modelo de vestuário através de diferentes técnicas, a diferença entre a gradação manual e a automatizada e os tipos de gradação, além de exemplos de como aplicar a técnica nos moldes. 2.1 VALORES DA GRADAÇÃO A grade de tamanhos de uma marca, apresentada em uma tabela de medidas, compreende todos os tamanhos que a empresa produz. A grade de tamanhos pode ser numérica ou utilizar a nomenclatura P, M, G. Os valores utilizados para fazer a gradação de uma peça de vestuário são extraídos da tabela de medidas da empresa. Observe, a seguir, que as três principais medidas do corpo humano, consideradas para a gradação e para a circunferência de busto, de cintura e de quadril, aumentarão, regularmente, 4cm, de um tamanho para o outro. Utilizando essas três medidas principais, poderemos extrair os valores da gradação. Samsung Realce Samsung Realce Douglas Realce Douglas Realce 108 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO TABELA 2 – MEDIDAS FEMININAS FONTE: A autora Tamanhos 36 38 40 42 44 46 48 Entre cavas frente 16 17 17,5 18 18,5 19 19,5 Circunferência do busto 80 84 88 92 96 100 104 Circunferência da cintura 60 64 68 72 76 80 84 Circunferência do quadril 88 92 96 100 104 108 96 Centro-frente 36 37 38 39 40 41 42 Altura da frente 43 44 45 45 45,5 45,5 46 Altura do busto 23 24 25 26 27 28 29 Altura do quadril 18 18 20 20 20 21 21 Comprimento da manga 59 60 60,5 61 61,5 62 62 Circunferência do braço 27,5 28,5 29,5 30,5 31,5 32,5 33,5 Circunferência do cotovelo 21 21,5 22 22,5 23 23,5 24 Circunferência do punho 18 18 18 18 20 20 20 Entre cavas costas 17 17,5 18 18,5 19 19,5 20 Largura das costas 36 38 40 42 44 46 48 Altura das costas 42,5 43,5 44,5 44,5 45 45 45,5 Centro costas 39 40 41 42 43 44 45 Considerando que as medidas de busto, de cintura e de quadril são relacionadas à circunferência dessas partes, ao dividir essas medidas principais ao meio, uma metade corresponde à parte da frente e, a outra, à parte das costas. Quando um molde é simétrico, por convenção, trabalha-se somente com a metade desse molde, a fim de facilitar o desenvolvimento da modelagem e o da gradação. Assim, a metade de um molde corresponde a ¼ das medidas de busto, de cintura e de quadril. FIGURA 22 – MOLDE NO MANEQUIM FONTE: Adaptada de <https://manequinsmoulage.com/produto/manequim-feminino-classico- modelo-saia-2/>. Acesso em: 11 maio 2020. Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 109 Conforme se pode observar, as circunferências de busto, de cintura e de quadril aumentam 4cm, de um tamanho para o outro, assim, 2cm para a parte da frente e 2cm para a parte das costas. Como trabalhamos com a metade do molde da frente, acrescentaremos 1 cm para essas medidas, fazendo a ampliação da peça. Quando o molde for espelhado (desdobrado), teremos a gradação total para a parte da frente. Já as medidas de comprimento e as distâncias precisam ser analisadas individualmente. FIGURA 23 – GRADAÇÃO MEIO MOLDE FONTE: A autoraJá as medidas de comprimento e as distâncias precisam ser analisadas individualmente, de acordo com a técnica de gradação escolhida para a parte do molde. Esses métodos serão explicados, detalhadamente, no próximo tópico. 2.2 MÉTODOS DE GRADAÇÃO Para executar a gradação de uma modelagem, é necessário saber como interpretar a tabela de medidas utilizada, além de compreender as regras de gradação e de entender como calcular a diferença entre os valores da tabela de um tamanho para o outro. De acordo com Martins (2009, p. 22), “existem três formas clássicas de usar as regras de graduação, para cada forma, existirão regras, porém, em alguns casos, determinadas regras não se alteram”. Douglas Realce Douglas Realce 110 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO As três formas clássicas de gradação são aplicação da diferença do comprimento na parte superior do molde, na parte inferior, ou em ambas, e serão explicadas a seguir. Para essa demonstração, será utilizada, como exemplo, a modelagem de uma camiseta de manga curta. Mais adiante, demonstraremos como fazer a gradação em uma blusa baby look e em uma calça, respectivamente. • Regra de gradação para aplicação da diferença do comprimento na parte superior do molde: como a própria descrição expõe, neste método, a diferença apresentada na tabela de medidas, em relação ao comprimento, é toda aplicada somente na parte superior do molde, no momento da gradação. Para exemplificar esse método, a seguir, será demonstrada a gradação de uma camiseta, com base no método de Martins (2009). FIGURA 24 – GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO NA PARTE SUPERIOR FONTE: Adaptada de Martins (2009) GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO DA DIFERENÇA DO COMPRIMENTO NA PARTE SUPERIOR DO MOLDE Para executar a gradação com o método de aplicação da diferença do comprimento na parte superior do molde, você deve seguir a seguinte regra: A = a diferença do comprimento. B = ½ da diferença da largura do decote. C = a diferença do comprimento menos a diferença da profundidade do decote. D = ½ da diferença da abertura do decote mais a diferença da medida do ombro. E = ½ da diferença da medida do peito. F = a diferença do comprimento menos a diferença da medida da cava. G = a diferença do comprimento da manga. H = a diferença da medida da boca da manga. I = a diferença da medida da cava. Douglas Realce Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 111 FIGURA 25 – REGRA DE GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO NA PARTE SUPERIOR FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Regra de gradação para aplicação da diferença do comprimento na parte inferior do molde: neste método, a diferença apresentada na tabela de medidas, em relação ao comprimento, é toda aplicada somente na parte inferior do molde, no momento da gradação. Para exemplificar esse método, a seguir, será demonstrada a gradação de uma camiseta, com base no método de Martins (2009). FIGURA 26 – GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO NA PARTE INFERIOR FONTE: Adaptada de Martins (2009) GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO DA DIFERENÇA DO COMPRIMENTO NA PARTE INFERIOR DO MOLDE Douglas Realce 112 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO Para executar a gradação com o método de aplicação da diferença do comprimento na parte inferior do molde, você deve seguir a seguinte regra: A = a diferença do comprimento. B = ½ da diferença da largura do decote. C = a diferença da profundidade do decote da frente. D = ½ diferença da abertura do decote mais a diferença da medida do ombro. E = ½ da diferença da medida do peito. F = a diferença da medida da cava. G = a diferença do comprimento da manga. H = a diferença da medida da boca da manga. I = a diferença da medida da cava. FIGURA 27 – REGRA DE GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO NA PARTE INFERIOR FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Regra de gradação para aplicação da diferença do comprimento nas partes superior e inferior do molde: neste método, a diferença apresentada na tabela de medidas, em relação ao comprimento, é toda aplicada na parte superior e na parte inferior do molde, no momento da gradação. Para exemplificar esse método, a seguir, será demonstrada a gradação de uma camiseta, com base no método de Martins (2009). Douglas Realce Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 113 FIGURA 28 – GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO NAS PARTES SUPERIOR E INFERIOR FONTE: Adaptada de Martins (2009) GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO DA DIFERENÇA DO COMPRIMENTO NA PARTE SUPERIOR E INFERIOR Para executar a gradação com o método de aplicação da diferença do comprimento nas partes superior e inferior do molde, você deve seguir a seguinte regra: A = ½ da diferença do comprimento ou da diferença da cava. B = ½ da diferença da abertura do decote. C = A medida em “A” menos a diferença da profundidade do decote. D = ½ diferença da abertura do decote mais a diferença da medida do ombro. E = ½ da diferença da medida do peito. F = A diferença do comprimento menos a medida colocada em “A”. G = ½ da diferença do comprimento da manga. H = A diferença da medida da boca da manga. I = A diferença da medida da cava. J = A diferença do comprimento da manga menos a medida colocada em “G”. 114 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO FIGURA 29 – REGRA DE GRADAÇÃO COM APLICAÇÃO NAS PARTES SUPERIOR E INFERIOR FONTE: Adaptada de Martins (2009) 2.3 GRADAÇÃO MANUAL E GRADAÇÃO AUTOMATIZADA A gradação da modelagem de uma peça do vestuário pode ser desenvolvida de forma manual ou automatizada. Com o avanço da tecnologia, cada vez mais empresas adquirem softwares específicos para a realização da modelagem, da gradação e do encaixe, ou terceirizam essas etapas para agilizar a produção da coleção. Para executar a gradação manual, inicia-se copiando a modelagem já aprovada da peça em outro papel. É preciso definir qual a grade de tamanhos que será confeccionada, além de escolher qual o melhor método de gradação para cada parte do molde e de calcular os valores de gradação através da tabela de medidas utilizada. Com essas definições resolvidas e com a modelagem da peça redesenhada, deve-se marcar os pontos com os valores de ampliação, além de redesenhar a forma dos moldes para os demais tamanhos, sendo o máximo possível fiel ao contorno das partes, utilizando a base auxiliar no traçado. Com a gradação dos moldes realizada em cima da modelagem do tamanho padrão, temos toda a grade traçada no mesmo papel, assim, é preciso passar a carretilha por todo o contorno de cada um dos tamanhos para transferir o molde para outro papel, a fim de separar todos os tamanhos. Posteriormente, deve-se escrever todas as informações necessárias de um molde, e, ainda, cortar todos os tamanhos separadamente. Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 115 FIGURA 30 – GRADAÇÃO MANUAL FONTE: <https://marlenemukai.com.br/graduacao-de-molde-blusa-ou-vestido/>. Acesso em: 11 maio 2020. O processo de gradação de forma manual é lento e passível de erro, pois qualquer milímetro a mais ou a menos pode interferir no tamanho do molde e passar o erro, sucessivamente, aos demais números. Quanto maior a grade, mais se torna difícil realizar a gradação de forma manual, pois aumenta, consideravelmente, a quantidades de riscos, e se torna mais difícil reproduzir o contorno da modelagem inicial, pois até mesmo a espessura da ponta do lápis pode comprometer as medidas das linhas traçadas. Já os softwares de modelagem, que realizam a gradação automatizada, trabalham com medidas milimétricas e utilizam o plano cartesiano X e Y, para aplicar os valores de gradação às partes do molde. No processo automatizado, é possível graduar a peça por pontos definidos pelo sistema, e você apenas precisa incluir o valor e a direção da ampliação, com poucos cliques no mouse, independentemente da quantidade de tamanho abrangida pela grade. Você deve apenas direcionar a gradação para um tamanho e o sistema calcula e executa para todos os demais números da grade. O sistema CAD/CAM pode configurar uma graduação, automaticamente, através da tabela de medidas, via mouse,com controle de ângulo e distância, ou por regras de graduação gravadas no sistema. O sistema é capaz de gerenciar alterações nos piques e nas marcações de costura, além de calcular alterações nos moldes em função de percentuais de encolhimento previstos (TREPTOW, 2003, p. 162). Para executar a gradação automatizada, você precisa ter conhecimento dos métodos de gradação e de como utilizá-los, pois o software é apenas uma ferramenta para facilitar e para agilizar o processo. É necessário conhecimento para, então, aplicar através das ferramentas CAD, construídas para essa finalidade. Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce 116 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO FIGURA 31 – GRADAÇÃO AUTOMATIZADA FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=Fj--b7FXcqo>. Acesso em: 11 maio 2020. Dentre as vantagens que a gradação automatizada proporciona, estão a rapidez com que o processo é feito e a precisão das medidas introduzidas em cada molde, além da grande garantia de fidelidade do contorno da modelagem inicial. A utilização do software específico para executar a gradação permite rápida transferência dos moldes de todos os tamanhos para o software que realiza o encaixe, tornando mais produtivas as etapas subsequentes, como encaixe, enfesto e corte. CAD é a abreviatura para computer-aided design, que, em tradução livre do inglês, significa “desenho assistido por computador”. É o nome dado para softwares voltados para auxiliar e para projetar novos produtos. Existem softwares específicos para diversas áreas, como é o caso da modelagem de vestuário, que possui alguns tipos de CAD focados, propriamente, para o desenvolvimento de moldes. CAM é a abreviatura para computer-aided manufacturing, em tradução livre, significa “manufatura assistida por computador”. O CAM está relacionado com os maquinários envolvidos na fase de fabricação de um produto. A automatização do processo de fabricação agiliza a produção e aumenta a precisão em cada etapa. Na área do vestuário, o CAM é utilizado, principalmente, nas etapas de enfesto e de corte dos moldes. CAD e CAM podem ser integrados, visando melhorar a produtividade da empresa. NOTA Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 117 3 GRADAÇÃO DE BLUSA Neste tópico, será apresentado como realizar a gradação de uma camiseta no modelo baby look, mais ajustado na cintura, que poderá ser adaptado para graduar diversos tipos de blusas. Para executar a gradação, baseada na metodologia de Martins (2009), você deve seguir a seguinte regra: A = a diferença da altura da cintura. B = 1/5 da diferença da medida do pescoço. C = ½ da diferença da largura do busto. D = ½ da diferença da medida do quadril. E = ½ da diferença da largura do busto. F = a diferença da altura da cintura, menos 1/5 da diferença do pescoço. G = a diferença do comprimento, menos a diferença da altura da cintura. H = a diferença do comprimento da manga. I = ½ da diferença da largura do busto. J = a diferença da medida da boca da manga. FIGURA 32 – REGRA DE GRADAÇÃO PARA BABY LOOK FONTE: Adaptada de Martins (2009) 118 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO 4 GRADAÇÃO DE CALÇA Neste tópico, será apresentado como realizar a gradação de uma calça de modelo ajustado, que poderá ser adaptada para graduar diversos tipos de calças. Para executar a gradação, baseada na metodologia de Martins (2009), você deve seguir a seguinte regra: A = a diferença da altura do gancho. B = ¼ da diferença da medida do quadril. C = ½ da diferença da medida do joelho. D = ½ da diferença da medida da boca da perna. E = a diferença do comprimento menos a medida colocada no item “A”. F = ¼ da diferença do quadril + 0,3cm. FIGURA 33 – REGRA DE GRADAÇÃO PARA CALÇA FONTE: Adaptada de Martins (2009) TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 119 5 TIPOS DE GRADAÇÃO Existem dois tipos de gradação possíveis no desenvolvimento da modelagem do vestuário, a regular e a irregular. A gradação regular é aquela em que a diferença entre qualquer tamanho para o próximo é a mesma, ou seja, se o tamanho P é 1cm menor do que o tamanho M, no comprimento, o M também será 1cm menor do que o G, e da mesma forma entre o G e o GG. Esse tipo de gradação é comumente utilizado no vestuário adulto, pois agiliza o processo. Na gradação irregular, a diferença entre os tamanhos não é a mesma, e não segue uma regra. A diferença entre as medidas de circunferência e de comprimentos entre os tamanhos não é a mesma, ou seja, as medidas de um tamanho para o outro aumentam de forma irregular. Esse tipo de gradação é utilizado, principalmente, na moda infantil, pois as crianças crescem de modo desigual, de uma idade para a outra, ou quando a grade de tamanhos é muito extensa, não sendo possível aplicar valores regulares para todos os tamanhos. FIGURA 34 – TIPOS DE GRADAÇÃO FONTE: Adaptada de <https://www.audaces.com/aprenda-a-encaixar-dois-modelos-diferentes- no-audaces/>. Acesso em: 11 maio 2020. Gradação regular Gradação irregular TIPOS DE GRADAÇÃO 6 ENCAIXE O encaixe é o processo em que os moldes são distribuídos sobre o tecido ou sobre o papel, objetivando encontrar a forma mais proveitosa de organizá-los para o corte. Após a gradação de uma modelagem, você terá em mãos todos os tamanhos de um modelo. Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce 120 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO Existem três formas para a execução do encaixe, sendo o encaixe manual, encaixe manual de miniaturas ou o encaixe automatizado, apresentados detalhadamente nos próximos tópicos. 6.1 ENCAIXE MANUAL O encaixe manual é realizado riscando os moldes em uma folha de papel da mesma largura do tecido ou sobre o próprio tecido, já com o enfesto pronto. Os moldes são dispostos a fim de encontrar a disposição mais adequada, gerando melhor aproveitamento do material, e, então, são riscados com giz, lápis ou caneta. O encaixe manual é altamente propenso a erros de execução, pois, durante o risco, os moldes podem deslizar da posição escolhida, sobrepondo outros moldes ou mudando o sentido do fio, causando grandes danos para todas as peças que forem cortadas. Esse tipo de encaixe é um processo lento, demandando muito tempo dos profissionais envolvidos, o que ocasiona aumento nos custos. Além de possuir difícil reprodutibilidade, o encaixe precisa ser refeito após o corte, mesmo para o modelo e o enfesto iguais. FIGURA 35 – ENCAIXE MANUAL FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/high-angle-view-concentrated-young- tailors-720996064>. Acesso em: 11 maio 2020. 6.2 ENCAIXE MANUAL DE MINIATURAS O encaixe manual de miniaturas funciona como o manual em tamanho real, mas como os moldes são reduzidos em escala, possuem a vantagem de permitir realizar um estudo do boneco de encaixe, pois, com todas as partes da modelagem em menor tamanho, fica mais fácil e rápido copiar, além de testar vários riscos, a fim de analisar o melhor em relação ao aproveitamento do Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 121 tecido. No entanto, continua sendo um processo lento e passível de erro, pois é necessário reduzir todos os moldes que serão preparados para o corte. Após definido o melhor encaixe, é preciso reproduzir o risco em tamanho real, sendo propenso a apresentar os mesmos defeitos do que o encaixe manual explicado no tópico anterior. FIGURA 36 – ENCAIXE MANUAL DE MINIATURAS FONTE: A autora 6.3 ENCAIXE AUTOMATIZADO O encaixe automatizado possui inúmeras vantagens quando comparado ao processo manual: aumento da produtividade, pois a empresa consegue executar mais encaixes por dia e, consequentemente, mais cortes; melhoria da qualidade, pois os moldes são riscados no sentido do fio, precisamente correto e com melhor definição de contorno; e possibilidade de simulações, realizando vários encaixes com tempos programados diferentes, grades ou larguras de tecido distintas, para o encontro do melhor encaixe (AUDACES, 2016). FIGURA 37 – ENCAIXEAUTOMATIZADO FONTE: <https://www.audaces.com/aprenda-a-encaixar-dois-modelos-diferentes-no-audaces/>. Acesso em: 11 maio 2020. Douglas Realce Douglas Realce 122 UNIDADE 2 — MODELAGEM E GRADAÇÃO A automatização, no processo de encaixe, gera, por consequência, a redução de custos para a empresa, pois, devido à agilidade de gerar possibilidades de encaixe para um modelo, permite estudar a melhor forma de realização, com grande aproveitamento do tecido e do maquinário, o que, também, torna o procedimento mais sustentável. O sistema CAD/CAM apresenta as maiores vantagens, economizando tempo e matéria-prima. Os mais avançados sistemas CAD/CAM oferecem ferramentas de encaixe automático ou interativo (ajustado pelo operador). Quando o encaixe é concluído, o sistema informa o consumo total de tecido no encaixe, o consumo médio por peça e o índice de aproveitamento (TREPTOW, 2003, p. 161). Os softwares específicos para a realização do encaixe dos moldes possibilitam definir, previamente, a grade que será utilizada, a largura do tecido, a gramatura e o encolhimento, se o tecido será ramado ou dobrado, além do sentido do fio a partir do qual as peças serão posicionadas no tecido. Inserir margens de proteção em partes pequenas do molde que apresentem grande complexidade de corte, sinalizar pontos de emenda do tecido ou adicionar marcações para falhas. Você sabe qual é a diferença entre um tecido tubular ou ramado? A malharia circular é uma técnica utilizada na produção de tecidos que, de acordo com Treptow (2003), é realizada através de laçadas, formando um tecido tubular. Devido à técnica, a malha resultante possui muita elasticidade na largura e no comprimento, se comparada a um tecido plano. O tecido final tem formato circular. TEAR CIRCULAR FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/polypropylene-weaving-loom- machine-producing-blue-1812918520>. Acesso em: 19 maio 2020. NOTA Douglas Realce Douglas Realce TÓPICO 3 — GRADAÇÃO E ENCAIXE 123 Para efeitos de programação de encaixe, um tecido de malha tubular é considerado um tecido dobrado. Também existe a opção de ramar esse tecido tubular, ou seja, cortá-lo. Assim, passa a ser chamado de ramado e a ter o mesmo formato de um tecido produzido através da malharia retilínea ou do tecido plano. Os softwares também realizam o encaixe automático dos moldes, e permitem que o modelista, ou a pessoa responsável, realize o encaixe de forma manual, através do programa, ou execute o encaixe parcialmente automático, com ajustes manuais. Também é possível programar para que o encaixe seja executado, respeitando o encontro de estampas e de padronagens, como listras ou xadrez. Além disso, é possível configurar os próximos encaixes, além de organizá-los em fila, para que o encaixe automático seja executado mesmo em momentos nos quais o operador do software não esteja presente. Existe, por fim, a vantagem de que, com o arquivo do encaixe salvo, pode ser repetido e cortado quantas vezes for preciso. Douglas Realce Douglas Realce Douglas Realce 124 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • Gradação é o processo pelo qual, através do tamanho-base, traçamos os demais tamanhos da grade de ampliação. • Há dois tipos de gradação, a gradação regular e a gradação irregular, sendo, o segundo tipo, mais comum no vestuário infantil. • O encaixe é o processo no qual os moldes são distribuídos sobre tecido ou sobre papel, objetivando encontrar a forma mais proveitosa de organizá-los para o corte, economizando tecido, mão de obra ou maquinário e custos. • Existem três formas de realizar o encaixe: encaixe manual, encaixe manual de miniaturas ou encaixe automatizado. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 125 1 Após a finalização de um molde e da aprovação, a próxima etapa é realizar a gradação desses moldes, isto é, transformar a modelagem de uma peça realizada em um único tamanho para confeccionar a peça-piloto, em todos os tamanhos que a grade de tamanhos que a marca produz. Acerca do processo de execução das técnicas de gradação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Existem diferentes formas de realizar a gradação em uma peça do vestuário, entretanto, a gradação precisa ser aplicada em todas as partes do molde de um mesmo modelo, e cabe, ao modelista, escolher a técnica mais adequada para cada parte do molde. b) ( ) A peça-piloto deve sempre ser confeccionada no menor tamanho da grade que a empresa trabalha, pois, na gradação, só é possível ampliar o molde para os demais tamanhos, não sendo possível reduzir as medidas. c) ( ) O modelista tem liberdade para executar a gradação, interferindo livremente na estética das peças e nas medidas dos detalhes, não precisando respeitar a tabela de medidas. d) ( ) A gradação pode ser executada antes ou depois da confecção da peça- piloto, pois não interfere no processo de desenvolvimento de uma peça do vestuário. 2 A modelagem plana pode ser desenvolvida por meio de sistemas CAD. Esse sistema pode operar de duas maneiras: com a construção de moldes pela alteração de bases arquivadas no próprio sistema ou pela digitalização de moldes produzidos fora do sistema. Esse software pode configurar uma graduação automática por meio da tabela de medidas. Com o molde de diversos tamanhos graduados, parte-se para uma terceira etapa, que é a simulação do encaixe. FONTE: TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento e coleção. São Paulo: Treptow, 2003 (adaptado). Com relação às ferramentas de simulação de encaixe do sistema CAD, avalie as afirmações a seguir: I- Informa o consumo total de tecido no encaixe automático e no interativo. II- Identifica as padronagens (listras, xadrez e estampas) e o sentido (direito e avesso) dos tecidos utilizados. III- Permite a análise do boneco de encaixe por meio da impressão em escala reduzida. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. AUTOATIVIDADE 126 c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 3 Para compreender como executar a gradação da forma correta, é necessário compreender de onde são extraídos os valores utilizados na gradação, além de como interpretar a tabela de medidas, como fazer a gradação no modelo de vestuário através de diferentes técnicas, a diferença entre a gradação manual e a automatizada e os tipos de gradação. De acordo com o conceito de gradação e os métodos clássicos, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) A grade de tamanhos de uma marca, apresentada em uma tabela de medidas, compreende todos os tamanhos que a empresa produz, logo, os valores utilizados para fazer a gradação de uma peça do vestuário são extraídos da tabela de medidas da empresa. ( ) Existem somente duas formas clássicas de usar as regras de gradação: gradação com aplicação da diferença do comprimento na parte superior do molde, ou aplicação da diferença do comprimento na parte inferior do molde. ( ) A gradação regular é aquela em que a diferença entre qualquer tamanho para o próximo é a mesma. Esse tipo de gradação é comumente utilizado no vestuário adulto, pois agiliza o processo ( ) Para ser aplicada a gradação regular, as medidas principais, como circunferência de busto, de cintura e de quadril, além do comprimento, devem seguir uma regra de acréscimo regular. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – V. b) ( ) V – F – V – V. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – V – V – F. 4 “Graduar um molde consiste em acrescentar ou em diminuir a diferença proporcional às medidas de um manequim para o outro. Se a tabela de medidas do corpo determina 4cm de diferença na circunferência de cintura de um tamanhopara o outro (man. 40 = 68 cm, man. 42 = 72 cm, man. 44 = 76 cm), o modelista ou graduador deve dividir essa diferença entre o número da frente, 1 cm para a parte direita da frente, 1 cm para a parte esquerda da frente, 1 cm para a parte direita das costas e 1 cm para a parte esquerda das costas” (TREPTOW, 2003, p. 161). Nesse contexto, disserte acerca das considerações de executar a gradação de peças para uma tabela de medidas extensa, com diversos tamanhos. 5 Encaixe é o processo no qual os moldes são distribuídos sobre tecido ou sobre papel, objetivando encontrar a forma mais proveitosa de organizá- los para o corte. Após a gradação de uma modelagem, você terá em mãos todos os tamanhos de um modelo. Existem três formas para a execução do encaixe. Explique, detalhadamente, cada uma das formas de encaixe e como realizá-las. 127 REFERÊNCIAS AUDACES. Encaixe automático para confecções. 2016. Disponível em: https:// www.audaces.com/materiais/encaixe-automatico-para-confeccoes/. Acesso em: 18 maio 2020. BERG, A. P. M. Técnicas de modelagem feminina: construção de bases e volumes. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2019. MARTINS, G. C. F. Apostila de modelagem em malha. Apostila Curso Técnico em Vestuário. Blumenau: Senai, 2009. SAGGESE, S.; DUARTE, S. Modelagem industrial brasileira. Rio de Janeiro: Editora Guarda Roupa, 2010. TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. 2. ed. Brusque: D. Treptow, 2003. 128 129 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o funcionamento do processo produtivo dentro de uma indústria de vestuário e as tecnologias de confecção envolvidas; • entender como é realizado o planejamento da produção, incluindo as etapas de risco, de encaixe e de corte; • compreender a tecnologia de corte implicada na indústria do vestuário; • executar uma ficha técnica contendo todas as informações necessárias, incluindo o desenho técnico e a sequência operacional. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO TÓPICO 2 – TECNOLOGIA DE CORTE TÓPICO 3 – FICHA TÉCNICA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 130 131 UNIDADE 3 TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 1 INTRODUÇÃO A confecção do vestuário, em um processo industrial, envolve múltiplos processos. Com o avanço tecnológico, cada vez mais ocorre a automatização de muitos dos processos. Dessa forma, é possível ter controle sobre a qualidade e a padronização das peças, aumentando a velocidade da produção e baixando os custos. Os setores que mais progrediram tecnologicamente no campo da confecção são os setores de planejamento e controle, de modelagem e de corte. A indústria da confecção de vestuário é uma das mais competitivas da área. O avanço das novas tecnologias, além de agilizar os processos, barateou os preços e intensificou a produção, aumentando a concorrência entre as empresas. Por esse motivo, para poder atuar no setor de vestuário, é preciso compreender como funciona a utilização das tecnologias da confecção. Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os setores envolvidos em uma indústria da confecção, a importância e como é realizado o planejamento da produção de uma coleção de vestuário. Também será apresentada a introdução ao risco, ao encaixe e ao corte, incluindo os tipos de moldes, de tecidos, de enfestos e de riscos marcadores. Por fim, abordaremos como é calculada a frequência dos moldes em um risco, além do gasto médio de tecido. 2 PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO Na indústria de vestuário, quando a produção de uma coleção não é organizada adequadamente, é comum surgirem problemas sérios no momento de executar a confecção das peças. O resultado é o atraso nos prazos estabelecidos, o desperdício de matéria-prima e o tempo de trabalhadores e de maquinários, ocasionado por ordens de corte que não condizem com o resultado esperado. Obviamente, esses fatores interferem na qualidade do produto e no lucro final da empresa. O planejamento de risco e corte, dentro na indústria de vestuário, surgiu visando minimizar ou eliminar os problemas decorrentes da falta de organização da produção. Para Rocha (2002), envolve uma série de atividades sucessivas e coordenadas, gerando uma forma econômica e racional de executar os pedidos dentro dos prazos e com o mínimo de desperdício de material. Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 132 De acordo com Treptow (2003), o sistema de produção está intimamente relacionado ao sistema de vendas. A programação da produção nunca deve ser aleatória, mas deve se basear na previsão de demanda ou nos pedidos e é responsabilidade do setor de planejamento e controle da produção (PCP). Dentre as funções do setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP), as principais são organizar os pedidos de vendas para planejar a produção; reunir os pedidos, a fim de elaborar as ordens de fabricação, objetivando cumprir os prazos de entrega; calcular o tempo de fabricação; repassar, ao setor de compras, os insumos necessários para a produção; e executar as ordens de corte. Assim, dentro de uma indústria de vestuário, o setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP) atua como intermediário entre os setores Comercial e de Produção. Segundo Rocha (2002), em um sistema hierárquico, dentro da indústria do vestuário, o setor de Planejamento e Controle da Produção é responsável por supervisionar os setores de programação, de estoque, de encaixe e de controle. FIGURA 1 – PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO FONTE: Adaptada de Rocha (2002) Programação Estoque Encaixe Controle PC P Somente com todos os setores coordenados pelo PCP, alinhados com o planejamento realizado, é possível obter sucesso na programação da produção. O atraso nas atividades de qualquer um dos setores compromete todo o fluxo de produção, por isso, todos os insumos e as operações devem estar à disposição no prazo estabelecido. O primeiro passo para a programação da produção é a compra de insumos, pois os fabricantes de tecidos e de aviamentos nem sempre possuem os artigos à pronta-entrega. As coleções bem planejadas otimizam a utilização dos recursos, aplicando um mesmo insumo em várias peças. Dessa forma, se um tecido é utilizado em mais de uma peça da coleção, por exemplo, o setor de compras pode programar a aquisição com mais segurança, pois a probabilidade de acerto é maior (TREPTOW, 2003, p. 198). Para que você possa compreender como é realizado o planejamento da produção em uma indústria de vestuário, os próximos tópicos serão dedicados a apresentar importantes fatores que precisam ser considerados para a execução, como reunir e organizar os pedidos e como elaborar a fabricação de uma peça. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 133 2.1 REUNIÃO DE PEDIDOS Cada marca de confecção de vestuário apresenta características de comercialização específicas para as peças produzidas. Existem, basicamente, três sistemas de vendas: à pronta-entrega, com produção anterior às vendas, pois o representante já entrega as peças no momento da compra, ainda, é o mesmo sistema utilizado pelas marcas que vendem diretamente ao consumidor final; produção e vendas simultâneas, com a vantagem de prazos de entrega mais curtos, mas com a desvantagem de, talvez, não conseguir entregar toda a compra, caso venda mais do que produziu; ou vendas anteriores à produção, sistema muito utilizado, segundo Rocha (2002), para as empresas de confecção que trabalham comcoleções sazonais e que seguem as tendências da moda. É muito importante que o mostruário saia com antecedência, pois quanto mais cedo chega o pedido, maiores são as possibilidades do planejamento. FIGURA 2 – SISTEMAS DE VENDAS FONTE: A autora Si st em as d e ve nd as Com produção e vendas simultâneos Com vendas anterior à produção À pronta entrega Para começar o planejamento da produção, é preciso acompanhar as vendas realizadas pelos representantes. Após a recepção e a aprovação dos pedidos feitos pelos clientes, inicia-se a reunião dos pedidos, a fim de organizar a produção. De acordo com Rocha (2002), para reunir os pedidos, deve-se agrupar cada modelo por cor e por tamanho, somando as quantidades, objetivando descobrir o número exato de peças da mesma cor e do mesmo tamanho para cada modelo de peça a ser confeccionado. Nessa situação de “tirar” pedidos, muitas vezes, as quantidades por tamanho não são múltiplas entre si. Por exemplo, o cliente solicita um modelo com grade P = 147, M = 249 e G = 99. Com essas quantidades da grade, não é possível realizar o corte de todas as peças em um único encaixe. Assim, quantos encaixes são necessários para cortar toda a grade? Quantas camadas/folhas são necessárias? Quando os pedidos são feitos e as quantidades não são múltiplas, chamamos de grade aberta, e, nesses casos, o estudo do cálculo da ordem de corte se torna ainda mais demorado, com possibilidade de erro (AUDACES, 2018, p. 3). Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 134 Após obter o número total de peças por cor e por tamanho, deve-se conferir se já não há peças desse modelo disponíveis na expedição, que sobraram de outras ordens de fabricação executadas anteriormente. Caso existam, você precisa descontar essas peças prontas do total a ser fabricado. Assim, a seguir, será apresentado um modelo de reunião de pedidos. QUADRO 1 – REUNIÃO DE PEDIDOS FONTE: Adaptado de Rocha (2002) 2.2 ORDEM DE FABRICAÇÃO Elaborar a ordem de fabricação de um determinado produto é uma das maiores dificuldades dentro do processo produtivo de uma indústria de vestuário, e isso se deve, principalmente, ao cálculo da ordem de corte. A ordem de fabricação é um documento no qual são especificadas todas as informações necessárias para a produção de um artigo. É formada através do somatório do romaneio de corte e serve para solicitar a produção de uma peça. QUADRO 2 – ORDEM DE FABRICAÇÃO FONTE: Adaptado de Audaces (2018) Ref: 21032VS Cor: Preto Nº máximo de folhas de enfesto: 30 Tamanho Quantidade 36 17 38 36 40 52 42 47 44 35 Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 135 Já a ordem de corte é um documento no qual são especificadas todas as informações de determinada peça a ser cortada, como quantidades necessárias de camadas de enfesto, quantidades de cores (se há ou não mais de uma cor no mesmo enfesto), e grade de numeração incluída no corte. QUADRO 3 – ORDEM DE CORTE FONTE: Adaptado de Audaces (2018) Ref: 21048SH Tecido: 100% algodão Cor: off white Nº de riscos: 36 38 40 42 Nº de camadas:24 47 188 98 Risco 1 0 1 4 2 40 Faltam: 24 7 28 18 Risco 2 0 1 4 0 7 Faltam: 24 0 0 18 Risco 3 4 0 0 3 6 Faltam: 0 0 0 0 Em muitas empresas, que ainda não possuem um sistema todo automatizado e integrado, faz-se a ordem de fabricação de forma manual, com o auxílio de calculadora e de planilhas. Nesse formato, de acordo com Audaces (2018, p. 3), “unem-se os pedidos dos mesmos modelos, ou, ainda, modelos com o mesmo tecido, para que seja possível estudar a melhor forma de produzir com o melhor aproveitamento de tecido, sem existirem quantidades exageradas no estoque de peças prontas”. Calcular as ordens de corte de maneira manual é complexo, pois os modelos, normalmente, possuem variedade de cor, e, às vezes, também, de tecido. Aumentando a produtividade, pode-se optar por fazer um enfesto com mais de uma cor. Cada especificidade eleva o grau de complexidade e o tempo. Com o intuito de agilizar o cálculo de ordens de corte e de aumentar a assertividade, existem softwares específicos voltados para a indústria de vestuário que, além de auxiliarem na resolução dos cálculos de enfesto e de corte, são integrados com o processamento de encaixe e risco, facilitando o planejamento da produção. Dentre os benefícios da automação da ordem de corte, estão a agilidade às informações que ficam salvas dentro do sistema; a otimização do tempo, pois o software calcula com facilidade e rapidez; a redução de peças sobrando no estoque, pois, apesar de ser necessário algum arredondamento para fechar o risco, o sistema organiza as ordens de corte para obter o menor número de sobras possível; e, por fim, a agilidade na construção do encaixe, pois todo o processo está integrado. Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 136 3 INTRODUÇÃO AO RISCO, AO ENCAIXE E AO CORTE O planejamento do risco e corte depende da ordem de fabricação realizada pelo setor de Planejamento e Controle da Produção (PCP), que reúne os pedidos feitos por modelo, por cor e por tamanho. Para planejar o risco e o corte de uma produção de vestuário, são necessários conhecimentos dos tipos de moldes, dos tecidos, dos enfestos, dos riscos marcadores e do percentual de reajuste, assuntos abordados a seguir. FIGURA 3 – PLANEJAMENTO DE RISCO E DE CORTE FONTE: A autora Reajuste Tipos de moldes Tipos de tecidos Tipos de riscos Tipos de enfestos 3.1 TIPOS DE MOLDES Os moldes, conforme já explicado na Unidade 1, são construídos em papel, através de diagramas que utilizam as medidas do corpo humano e servem como guia para o corte do tecido que, posteriormente, deve ser transformado em uma peça de roupa. Dentro do conceito de planejamento do risco e do corte, os moldes são classificados em dois tipos: moldes simétricos e moldes assimétricos. FIGURA 4 – TIPOS DE MOLDES FONTE: A autora Tipos de moldes Simétrico Assimétrico Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 137 São considerados moldes simétricos, de acordo com Rocha (2002), aqueles cujas diferentes partes do molde servem para vestir o lado direito e o lado esquerdo do corpo, e vice-versa, desde que espelhados. Assim, a seguir, será apresentada a modelagem de uma calça, com os moldes considerados simétricos, pois se adequam para o lado direito do corpo humano e, quando espelhados, contemplam, também, o lado esquerdo. FIGURA 5 – MOLDE SIMÉTRICO FONTE: Adaptada de Martins (2009) MOLDE SIMÉTRICO Já os moldes assimétricos são aqueles que, segundo Rocha (2002), os moldes do lado direito do corpo diferem dos moldes que vestem o lado esquerdo, ou seja, um lado é desigual em comparação ao outro. Na modelagem da camisa, a seguir, estarão identificadas as partes do molde consideradas assimétricas. A parte da frente direita é diferente da parte esquerda. Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 138 FIGURA 6 - MOLDE ASSIMÉTRICO FONTE: Adaptada de Martins (2009) MOLDE ASSIMÉTRICO 3.2 TIPOS DE TECIDOS Os tecidos são classificados, por Rocha (2002), de acordo com a aparência, pois esta influencia a apropriada disposição dos moldes sobre o tecido. Para o autor, para realizar o planejamento de risco e de corte, é preciso considerar que o tecido possui determinadas características, que podem se apresentar isoladamente ou combinadas entre si, como: alterar de cor ou tonalidade quando analisado visualmente de ângulos distintos; manter inalterada a cor ou a tonalidade, independentemente do ângulo que esteja sendo observado; e alterar a tonalidade, conforme a direção para a qual forem transpostos os pelos, podendopossuir, ou não, direito e avesso. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 139 QUADRO 4 – TIPOS DE TECIDO FONTE: Adaptado de Rocha (2002) Tipo de tecido Descrição Sem sentido Com direito e avesso Visto de qualquer ângulo, tem as mesmas cor e tonalidade Sem sentido Sem direito e avesso Visto de qualquer ângulo ou face, tem as mesmas cor e tonalidade Com sentido Com direito e avesso Visto de ângulos diferentes, muda de cor e de tonalidade Com pé Com direito e avesso O tom, o toque ou a estampa se modifica, de acordo com a inclinação dos pelos, das felpas ou da estampa Os tecidos sem sentido, com direito e avesso, são aqueles que, independentemente do ângulo, apresentam a mesma cor e a mesma tonalidade, mas é possível visualizar a diferença de aparência entre o direito e o avesso, como exemplo, podemos citar o denim e a sarja, e tecidos cuja estampa não apresente um sentido só, como as abstratas ou aquelas com dificuldades de determinar se estão de cabeça para baixo. Os tecidos sem sentido, e sem direito e avesso, também não apresentam mudança de cor ou de tonalidade, independentemente do ângulo observado. Ainda, não é possível identificar a diferença entre avesso e direito sem equipamentos de ampliação, como o chiffon, o popeline e o oxford. Os tecidos com sentido, com direito e avesso, dependendo do ângulo ou da luz, apresentam diferença de cor ou de tonalidade, como é o caso do cetim, tafetá, de alguns veludos e de vários outros tecidos acetinados. É possível visualizar a diferença de aparência entre o direito e o avesso. Os tecidos com pé, com direito e avesso, são aqueles, de acordo com Rocha (2002), com tom ou toque do tecido, conforme a inclinação dos pelos, como é o caso das peles artificiais utilizadas em coletes, além do veludo-colete. Nesse grupo, também se encaixam as estampas com pé, as estampas barradas e os tecidos degradê. 3.3 TIPOS DE ENFESTO Enfesto é a sobreposição de duas ou de mais folhas de tecido, com o intuito de talhação, com várias camadas de tecido sobrepostas, formando uma pilha. Assim, é possível realizar o corte das partes do molde, encaixadas em risco marcador, em uma única vez, agilizando o processo. O enfesto é executado com uma metragem de comprimento estabelecida, conforme a necessidade de fabricação e de comprimento da mesa disponível para o corte. Existem dois tipos de enfestos: enfesto par (ou ziguezague) e enfesto único (ou ímpar). Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 140 FIGURA 7 – TIPOS DE ENFESTO FONTE: A autora Tipos de enfesto Enfesto par Enfesto único O enfesto par, também conhecido como enfesto ziguezague, conforme Rocha (2002, p. 33), “é aquele em que as folhas do tecido ora estão com uma das faces para cima, ora com essa mesma face para baixo, formando pares de folhas face a face (lado direito X lado direito e lado avesso X lado avesso)”. Assim, os lados direitos do tecido estarão sempre voltados de frente para o lado direito de outra folha de enfesto, e o mesmo vale para os lados avessos. Para executar um enfesto do tipo par, o cilindro que contém o tecido fica fixo, e o tecido é puxado pelos trabalhadores ou pelo maquinário de um lado para o outro, por isso, o nome popular de enfesto ziguezague. Esse tipo de enfesto só funciona para tecidos sem sentido, e moldes simétricos. FIGURA 8 – ENFESTO PAR FONTE: Adaptada de Rocha (2002) ENFESTO PAR RO LO DE TE CI DO ENFESTO Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 141 Já o enfesto único, também conhecido como enfesto ímpar, de acordo com Rocha (2002, p. 32), “é aquele em que todas as folhas do tecido a ser cortado são superpostas com a mesma face (direito ou avesso), e voltada para o mesmo lado”. O autor também ressalta que não faz diferença se o lado escolhido para ficar para cima seja o direito ou o avesso. Para executar o enfesto único, o rolo do tecido fica fixo, e o tecido é puxado até formar uma nova folha de enfesto. Então, a folha é cortada, e o tecido do rolo é novamente puxado para mais uma camada de sobreposição. Esse tipo de enfesto é necessário para cortar tecidos com sentido ou em pé, e para moldes assimétricos. FIGURA 9 – ENFESTO ÚNICO FONTE: Adaptada de Rocha (2002) 3.4 TIPOS DE RISCOS MARCADORES A definição de risco marcador, para Rocha (2002, p. 36), é o “papel com a largura e o comprimento úteis do enfesto, sobre o qual são transportados os contornos e as marcações de diferentes moldes correspondentes a tamanhos e/ou modelos distintos”. A definição do número de vezes que cada tamanho é riscado depende da necessidade de produção, com orientação pelo setor de Planejamento e Controle de Produção (PCP). Dentro de um risco marcador, uma peça de determinado tamanho pode ser riscada completamente ou em fração de vezes, por exemplo, em um risco marcador de uma calça, o tamanho 36 é riscado 0,5x (meia vez), então, para obter uma peça inteira, esta precisa ser cortada com duas camadas de enfesto em ziguezague. A seguir, apresentaremos um exemplo de risco marcador de uma calça, riscada nos tamanhos 36, 38, 40 e 42. ENFESTO ÚNICO RO LO DE TEC IDO ENFESTO Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 142 FIGURA 10 – RISCO MARCADOR DE CALÇA FONTE: Adaptada de Martins (2009) A classificação dos riscos marcadores depende do tipo de tecido e do tipo de modelagem. FIGURA 11 – CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS MARCADORES FONTE: A autora Quanto ao tipo de tecido Risco normal sem sentido Risco normal Risco normal com sentido Risco normal com pé Risco atravessado sem sentido Risco atravessado com pé Risco par Risco único Risco misto Quanto ao tipo de modelagem Ti po s d e ris co s Risco atravessado A seguir, será especificado cada um dos tipos de riscos marcadores. TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 143 • Risco normal sem sentido: Neste modelo de risco, qualquer parte de uma modelagem, mesmo as que compõem um mesmo tamanho, pode ser traçada em qualquer sentido, porém, obedecendo, sempre, à orientação designada pelo sentido do fio, marcado no molde (ROCHA, 2002). A seguir, apresentaremos o risco marcador de um shorts feminino. Será possível perceber que algumas partes de tamanho 40 estão riscadas em um sentido e, as demais, em outro sentido. FIGURA 12 – RISCO NORMAL SEM SENTIDO FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Risco normal com sentido: Neste tipo de risco, todas as partes dos moldes de um mesmo tamanho devem ser riscadas no mesmo sentido, enquanto as partes de outros tamanhos podem ser riscadas em sentido contrário, porém, sempre obedecendo à indicação do sentido do fio, marcado em cada parte do molde (ROCHA, 2002). Observe o exposto a seguir, que apresentará o risco marcador de uma calça feminina. Todas as partes correspondentes à modelagem de tamanho 42 estarão traçadas no mesmo sentido, ao passo que todas as partes componentes de tamanho 36 estarão riscadas em sentido oposto. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 144 FIGURA 13 – RISCO NORMAL COM SENTIDO FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Risco normal com pé: Nesta classificação de risco, obrigatoriamente, todas as partes, de todos os tamanhos contidos no risco marcador, deverão ser traçadas no mesmo sentido, porém, sempre seguindo a designação de sentido do fio, marcado em cada parte do molde (ROCHA, 2002). Esse modelo de risco é utilizado para tecidos com pé. A seguir, apresentaremos o risco marcador de uma calça feminina, a partir do qual será possível constatar que todas as partes dos diferentes tamanhos se encontram traçadas no mesmo sentido, não existindo nenhum molde riscado emsentido oposto. FIGURA 14 – RISCO NORMAL COM PÉ FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Risco atravessado sem sentido: Utilizado para tecidos sem sentido, de acordo com Rocha (2002), as partes dos moldes, condizentes à modelagem de um mesmo tamanho, podem ser traçadas em qualquer sentido, mas, no risco atravessado sem sentido, a determinação de sentido do fio, marcada no molde, não deverá ficar na orientação do urdimento, mas na da trama do tecido, perpendicular à ourela do tecido. No risco marcador de uma calça infantil, pode-se reparar, por exemplo, que o tamanho 10 possui peças riscadas em um sentido e ao contrário. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 145 FIGURA 15 – RISCO ATRAVESSADO SEM SENTIDO FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Risco atravessado com pé: Utilizado para tecidos com pé, que necessitam ser cortados com o sentido do fio atravessado, como é o caso de tecidos barrados, plissados ou com bico de renda. Segundo Rocha (2002, p. 42), “todas as partes de todos os tamanhos participantes de um mesmo risco marcador precisam, obrigatoriamente, ser riscadas no mesmo sentido”. Aqui, como no tipo de risco apresentado anteriormente, o sentido do fio deve seguir a direção da trama. A seguir, demonstraremos o risco marcador de uma calça infantil com todas as partes contidas em cada um dos tamanhos riscadas, sem ressalvas, em um mesmo sentido. FIGURA 16 – RISCO ATRAVESSADO COM PÉ FONTE: Adaptada de Martins (2009) A classificação dos riscos marcadores, quanto ao tipo de modelagem, pode ser dividida entre três: risco par, ímpar ou misto. Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 146 • Risco par: Relacionado ao tipo de modelagem, no risco par, a quantidade de vezes designada para ser cortada em cada uma das partes integrantes de uma mesma modelagem, para ser confeccionado um artigo completo, deverá ser, obrigatoriamente, apresentada pela metade. Dessa forma, de acordo com Rocha (2002, p. 43), “nos riscos pares, o enfesto terá que ser, obrigatoriamente, par, e a modelagem simétrica, a fim de que a outra metade da parte, que não participou do risco, possa ser cortada noutra folha de enfesto em posição inversa à riscada”. No risco marcador de uma calça feminina, é possível observar que somente uma parte da frente e uma das costas estão presentes, então, para conseguir uma calça completa, esse risco deve ser cortado em um enfesto par, dessa forma, as partes faltantes da frente e das costas estão presentes na outra folha do tecido. O mesmo vale para as demais partes da modelagem. FIGURA 17 – RISCO PAR FONTE: Adaptada de Martins (2009) • Risco único: neste tipo de risco, o número de vezes designado para ser talhado em cada uma das partes integrantes de uma mesma modelagem, para ser confeccionada uma peça completa, deve ser obedecido inteiro. Segundo Rocha (2002, p. 44), “como o risco único só contém peças inteiras no planejamento, o multiplicador deve ser sempre um número inteiro, e nunca uma fração”. Ainda, de acordo com Rocha (2002), em um risco marcador único, quando o molde tiver a anotação de corte marcado “2x” (duas vezes) sobre determinada parte da modelagem, deve-se riscar duas vezes, porém, multiplicando o valor pelo número de peças completas daquele tamanho que o planejamento de risco necessita para atender à produção. Assim, a seguir, apresentaremos o risco marcador de uma camisa social, sendo possível observar que a quantidade de vezes que cada parte da modelagem está riscada condiz com a designação de corte marcada. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 147 FIGURA 18 – RISCO ÚNICO FONTE: Adaptada de Martins (2009) No risco único, é preciso ficar atento quanto à classificação da modelagem para a definição do tipo de enfesto, pois, quando a modelagem se apresenta de forma simétrica, o enfesto pode ser par ou único, não interferindo no resultado final da peça; já se a modelagem for assimétrica, o enfesto necessitará, obrigatoriamente, ser do tipo único. • Risco misto: neste modelo de risco, a anotação de corte, marcada em cada uma das partes de uma modelagem, pode ser traçada e multiplicada por números inteiros, conforme já demonstrado no risco único, ou pode ser traçada pela metade, para alguns dos tamanhos contidos no risco, adequando-se segundo a necessidade do setor de Planejamento de Risco e Corte (PCP). No risco único, conforme Rocha (2002, p. 44), “uma modelagem que tenha esse tipo de risco apresenta tamanho (s) com partes riscadas pela metade e tamanho (s) com partes riscadas multiplicadas por números inteiros ou fracionários”. Observe o exposto a seguir, que apresentará o risco marcador de uma calça feminina do tipo único. O tamanho 36 se encontrará riscado meia (0,5) peça completa, no tamanho 38, uma (1) peça completa, meia (0,5) peça no tamanho 46 e uma e meia (1,5) no tamanho 40. FIGURA 19 – RISCO MISTO FONTE: Adaptada de Martins (2009) Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 148 O risco misto, apesar de apresentar grande liberdade para o planejamento e para o risco das peças, de acordo com a necessidade produtiva da empresa, é o mais complexo para a realização do encaixe e exige muita concentração do profissional que o executa. Para esse modelo de risco, o enfesto precisa ser, obrigatoriamente, par, e a modelagem da peça riscada do tipo simétrica, pois, somente assim, as peças riscadas, de forma fracionada, podem ser completadas com as partes faltantes, que devem estar presentes na outra folha do enfesto. 4 FREQUÊNCIA A frequência é determinada pela quantidade de vezes em que um tamanho se repete no mesmo risco marcador. Na ordem de risco, de acordo com Rocha (2002), a frequência de tamanhos, em um risco, é indicada por uma fração ordinária. O numerador é representado pela grade de numeração e o denominador por um número indicador da quantidade de vezes dos tamanhos repetidos no risco. FIGURA 20 – FREQUÊNCIA FONTE: Adaptada de Rocha (2002) FREQUÊNCIA Para determinar a frequência de tamanhos em um risco marcador, é necessário contar os moldes que fazem parte da modelagem para cada tamanho. Para exemplificar, apresentaremos o risco marcador de um shorts feminino, para produzir uma peça completa. Esse modelo deve conter: • Frente: cortar 2x. • Costas: cortar 2x. • Bolso: cortar 1x. • Braguilha: cortar 1x. • Pertingal: cortar 1x. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 1 — TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO 149 FIGURA 21 – FREQUÊNCIA EM UM RISCO FONTE: Adaptada de Martins (2009) Se contarmos o número de vezes que cada parte do molde aparece no risco, vemos que a frequência do tamanho 36 é uma vez, para obter uma peça completa. A seguir, a mesma lógica para os demais tamanhos: TABELA 1 – FREQUÊNCIA FONTE: A autora TAMANHOS 36 40 42 44 50 FREQUÊNCIA 1 1 1 1 1 5 GASTO MÉDIO Através do gasto médio de uma peça do vestuário, o setor de Planejamento e Controle de Produção (PCP) define a metragem de tecido que precisa ser adquirida para a produção. Para calcular o gasto médio de determinado produto, é preciso calcular o comprimento do tecido que é consumido para produzir uma peça inteira. Esse cálculo é feito pela média dos somatórios de tamanhos riscados pelo comprimento do risco marcador. O consumo de tecido é inversamente proporcional à largura do tecido, ou seja, de acordo com Rocha (2002), quanto maior a largura do tecido, menor é o comprimento necessário para o risco de uma peça; e quanto menor a largura do tecido, maior é o comprimento necessário. Samsung Realce UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 150 FIGURA 22 – GASTO MÉDIO FONTE: A autora GASTO MÉDIO 151 Neste tópico, você aprendeu que: • O Planejamento de Risco e Corte envolve uma série de atividades sucessivas e coordenadas,gerando uma forma econômica e racional de executar os pedidos dentro dos prazos e com o mínimo de desperdício de material. • Para planejar o risco e o corte de uma produção de vestuário, são necessários conhecimentos acerca dos tipos de moldes, de tecidos, de enfestos e de riscos marcadores. • Gasto médio é a quantidade de tecido consumida para confeccionar um produto. Esse cálculo é realizado pela média dos somatórios de tamanhos riscados pelo comprimento do risco marcador. RESUMO DO TÓPICO 1 152 1 Os moldes são construídos em papel, através de diagramas que utilizam as medidas do corpo humano e servem como guia para o corte do tecido que, posteriormente, é transformado em uma peça de roupa. Dentro do conceito de planejamento de risco e corte, os moldes são divididos em dois tipos: moldes simétricos e moldes assimétricos. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Dizemos que um molde é simétrico quando o molde que serve para vestir o lado esquerdo do corpo não é igual ao que serve para vestir o lado direito (ou vice-versa). ( ) Afirma-se que uma modelagem de camisa é assimétrica pelo fato de ter duas mangas. ( ) Afirma-se que uma modelagem de calça é simétrica pelo fato de as partes repetirem um número par de vezes. ( ) A quantidade de vezes que aparece escrita sobre as partes de um molde indica o número de vezes em que as partes devem ser riscadas e cortadas no tecido para formar uma peça completa. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) F, F, F, V. b) ( ) V, F, V, V c) ( ) F, V, F, V d) ( ) V, F, F, V 2 Os tecidos são classificados, por Rocha (2002), de acordo com a aparência, pois esta influencia no correto posicionamento dos moldes sobre o tecido. Para o autor, para realizar o planejamento de risco e de corte, é preciso considerar que os tecidos possuem determinadas características que podem se apresentar isoladamente ou combinadas entre si. Para efeito de posicionamento dos moldes de uma peça sobre um tecido que deve ser cortado, é necessário classificar esse tecido quanto à aparência. Correlacione as colunas dos tipos de tecido com as respectivas descrições e exemplos: AUTOATIVIDADE 1. Sem sentido, com direito e avesso 2. Com pé e com direito e avesso 3. Com sentido, com direito e avesso 4. Sem sentido, sem direito e avesso ( ) Visto de qualquer ângulo, tem as mesmas cor e tonalidade. Ex.: sarja. ( ) Visto de qualquer ângulo ou face, tem as mesmas cor e tonalidade. Ex.: chiffon. ( ) Visto de ângulos diferentes, muda de cor e de tonalidade. Ex.: cetim. ( ) O tom, o toque ou o desenho se modifica de acordo com a inclinação dos pelos, das felpas ou das estampas. Ex.: estampas barradas. 153 A sequência CORRETA para a coluna 2 é o que se apresenta em: a) ( ) 4, 3, 2, 1. b) ( ) 2, 1, 4, 3. c) ( ) 1, 4, 3, 2. d) ( ) 4, 2, 4, 1. 3 A área de encaixe, de risco e de corte é uma das mais importantes na indústria de vestuário. Utilizando-se a técnica do encaixe de moldes, obtém-se o maior rendimento possível dos tecidos, o que gera aproveitamento da matéria- prima e, como consequência, economia. Os tipos de tecido, de encaixe e de modelagem empregados determinam o grau de aproveitamento do tecido, o que interfere no cálculo do custo direto do produto. Observe o encaixe de uma grade de tamanho de moldes: Considerando a figura, avalie as afirmações a seguir: I- O encaixe foi feito para o tecido com sentido. II- Somente está encaixada a metade das partes de cada conjunto de moldes, pois se trata de um encaixe ímpar. III- Só é possível obter um conjunto par de modelagem se o enfesto for posicionado avesso com avesso ou direito com direito. IV- Considerando que o comprimento total do encaixe gerou 3,70m, o consumo médio de tecido por peça é de 0,74m. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. 4 Na indústria do vestuário, quando a produção de uma coleção não é organizada adequadamente, é comum surgirem problemas sérios no momento de executar a confecção das peças. O resultado é o atraso nos prazos estabelecidos, o desperdício de matéria-prima e o tempo de trabalhadores e de maquinários, ocasionados por ordens de corte que não condizem com o resultado esperado. Obviamente, esses fatores interferem na qualidade do produto e no lucro final da empresa. Nesse contexto, explique a função do planejamento de risco e corte e como o setor PCP (Planejamento e Controle da Produção) atua na atividade. Disserte acerca dessa área de concentração e das temáticas dos trabalhos científicos publicados. 154 5 Enfesto é a sobreposição de duas ou de mais folhas de tecido para fins de corte, com várias camadas de tecido sobrepostas, formando uma pilha, assim, é possível realizar o corte das partes do molde, encaixadas em risco marcador, em uma única vez, agilizando o processo. O enfesto é realizado com uma metragem de comprimento estabelecida, de acordo com a necessidade de produção e o comprimento da mesa de corte. Explique os dois tipos de enfesto existentes e como executá-los. 155 UNIDADE 3 TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE 1 INTRODUÇÃO O processo industrial de produção de uma peça de vestuário inclui muitas etapas. Entre a modelagem de uma roupa e a fase da costura, existe a etapa de corte. Para aumentar a produtividade, as modelagens não são cortadas uma a uma, mas em camadas de enfesto, produzindo um grande número de peças cortadas em um tempo curto. O setor de corte foi um dos que mais apresentou avanços tecnológicos nos últimos anos, já podendo ser realizado de forma completamente automatizada e integrada com os softwares de modelagem e de encaixe. A etapa de corte está diretamente ligada com a qualidade do produto final. Um enfesto ou um corte, não executado de forma adequada, pode comprometer toda a peça, como interferir nas medidas, devido ao encolhimento do tecido, ou a torção de determinadas partes, por não estarem posicionadas no sentido correto do fio. O corte também é a fase mais passível de desperdício de matéria-prima, uma vez que, apresentando defeito, pode arruinar todo um lote de produção. Por isso, é necessário conhecimento dos conceitos e das tecnologias envolvidas. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os fatores que influenciam no enfestamento, e os métodos utilizados para executar o enfesto. Ainda, serão abordados a qualidade no corte e o maquinário envolvido para a realização, outros equipamentos utilizados, e a preparação para as etapas seguintes ao corte. Apresentaremos a diferença entre a sala de corte tradicional, em uma indústria de vestuário, e uma sala de corte automatizada, discutindo qual a mais vantajosa. 2 TECNOLOGIA DE CORTE A etapa do corte, dentro de um processo de produção de vestuário industrial, é um fator importante para a qualidade do produto final. Coordenado pelo setor de Planejamento e Controle da Produção, o corte envolve várias etapas, como a preparação para o corte, o enfestamento, o corte propriamente dito, o controle de qualidade do corte, a separação e a etiquetagem das peças cortadas. A preparação para o corte objetiva verificar as características do tecido, do encolhimento ao descanso, lavagem ou processo de beneficiamento, pois isso interferiria no tamanho real da peça. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 156 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Para processos industriais, aconselha-se que, além das etapas de encolhimento e de descanso do tecido, faça-se, inicialmente, uma peça-piloto, passando, esta, também, pelos processos de descanso, de lavageme de vaporização, como testes de encolhimento e reações adversas, de acordo com o segmento de moda. Como exemplos, podem ser citados os tecidos de malha circular (que necessitam de um determinado tempo de descanso para encolhimento antes do corte das peças) e as peças confeccionadas (que, após a confecção, ainda no material bruto, passam por processos de lavagens com utilização de produtos químicos para amaciamento e outros tipos de efeitos estéticos na peça, o que gera alterações nas medidas) (HEIRICH, 2007, p. 32). Para executar o processo de corte com qualidade, é preciso levar em consideração os fatores que interferem no enfestamento, além de conhecer os métodos e os maquinários de enfesto e de corte para que a escolha seja assertiva, assuntos que serão abordados a seguir, com outras etapas envolvidas no processo de corte. 2.1 FATORES DE ENFESTAMENTO Para realizar um enfesto, é necessário conhecimento das técnicas envolvidas no processo, pois um enfesto realizado de forma incorreta gera muitos problemas e defeitos nas peças finais, podendo comprometer um lote inteiro de produção. Alguns fatores devem ser considerados no momento do enfestamento, como o alinhamento, a tensão, o enrugamento e o corte nas pontas do enfesto. FIGURA 23 – FATORES DE ENFESTAMENTO FONTE: A autora Fa to re s d e e nf es ta m en to Alinhamento Tensão Enrugamento Corte das pontas Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE 157 O alinhamento é um fator importante, o tecido deve ser nivelado, sempre que possível, nas duas bordas relativas ao comprimento, pelas ourelas. No entanto, devido à variação da largura, comumente encontrada nos tecidos, principalmente, nas malhas, para realizar o enfesto, o tecido deve ser alinhado, ao menos, em um dos lados, chamado, informalmente, de borda ou de parede. O alinhamento, quando não realizado adequadamente, pode gerar o corte incompleto das partes próximas às extremidades do tecido, ocasionando desperdício de material e retrabalho de enfesto e de corte. A tensão deve ser evitada durante o enfestamento, principalmente, em tecidos com elastano ou com malhas. A tensão acontece quando, ao desenrolar o tecido para formar uma nova camada de sobreposição, tenciona-se demais o tecido, assim, após o corte, as peças ficam menores do que a modelagem. A tensão ocasiona partes cortadas menores, com problemas de costura, pelo desencontro das medidas das partes. A peça final não sucede no tamanho proposto. Quanto ao enrugamento no enfesto, para evitá-lo, é necessário ajeitar o tecido em cada uma das camadas de sobreposição, caso contrário, são geradas bolhas de ar entre as camadas do enfesto. Essas bolhas podem se mover, causando distorção no corte das peças. Para evitar o enrugamento, os enfestadores, quando realizam o processo, de forma manual, passam uma régua após cada camada de tecido, retirando todo o ar. Com relação ao corte das pontas, é sempre necessário fazê-lo, pois não é possível aproveitar toda a extensão em cima da mesa do enfesto. O risco marcador não compreende todo o comprimento do enfesto, no entanto, deve-se cortar somente o necessário, para evitar um grande consumo de tecido, controlando o desperdício nas extremidades. 2.2 MÉTODOS DE ENFESTAMENTO Um enfesto pode ser realizado através de procedimentos diferentes. Com o avanço das tecnologias relacionadas à confecção de vestuário, surgiram novas ferramentas e novas máquinas para auxiliar na execução do enfestamento, ou para realizá-lo de forma completamente automatizada, no entanto, as pequenas confecções ainda trabalham de forma manual. O enfestamento pode ser executado através dos seguintes métodos: manual, com carro manual, com carro manual com alinhador de ourelas ou com carro automatizado. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 158 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM FIGURA 24 – MÉTODOS DE ENFESTAMENTO FONTE: A autora M ét od os d e en fe st am en to Manual Com carro manual Carro manual com alinhador Carro automatizado • Manual: este processo é realizado sem nenhum equipamento, necessitando de duas pessoas para disporem folha por folha de tecido, uma em cada lado da mesa de corte. Esse tipo de método, de acordo com Rocha (2002), é pesado, em termos de mão de obra. Geralmente, apresenta uma baixa qualidade no enfesto, principalmente, para tecidos com elastano ou com malhas, pois, facilmente, gera tensionamento. • Com carro manual: este processo conta com o auxílio de um equipamento chamado de carro manual. O desenrolador de tecido é um suporte fixo na mesa de corte, facilitando a tarefa dos enfestadores. Esse método possui poucas vantagens sobre o anterior, mas reduz o esforço da mão de obra e melhora a qualidade do corte, pois diminui as chances de tensionamento. • Carro manual com alinhador de ourelas: neste método, o rolo de tecido é acoplado no carro, que desliza sobre o enfesto para distribuir as camadas de tecido. Possui vantagens sobre o método de enfestamento com carro manual, pois reduz possíveis problemas de tensionamento do tecido e alinha as ourelas de forma mais prática e segura. • Carro automatizado: também conhecido como enfestador eletrônico, comumente integrado com os softwares de modelagem e de encaixe, é o método de enfestamento mais vantajoso. O carro automatizado reduz problemas de tensionamento do tecido, alinhamento automático das ourelas, eliminação das bolhas de ar e diminuição do desperdício nas pontas do enfesto. Para aproveitamento do maquinário e energia envolvida no processo, a programação de corte é feita para enfestos altos e compridos. 2.3 QUALIDADE NO CORTE Para garantir o controle de qualidade do corte, após a finalização, deve-se verificar, de acordo com Rocha (2002), se há o alinhamento adequado das peças cortadas, e se não há peças dobradas. Caso existam, estas precisam ser corrigidas Samsung Realce TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE 159 2.4 MÁQUINAS DE CORTE Atualmente, existe uma grande variedade de tipos de maquinário disponíveis no mercado para o corte de tecidos, e é preciso levar em consideração algumas questões para a escolha adequada, como a necessidade de produção, a altura do enfesto e o tipo de tecido. Existe risco para o profissional que utilizar qualquer uma das máquinas de corte, por isso, é sempre necessário a utilização das luvas de proteção. • Lâmina redonda (máquina de disco): Este tipo de maquinário é utilizado para enfestos com pouca altura. Apesar de agilizar a produção, não possui boa precisão para curvas acentuadas, sendo necessária muita atenção do cortador. Possui uma placa de base, sobre a qual fica um motor elétrico, além de uma alça, para o cortador direcionar a lâmina, e de uma lâmina circular rotatória. A máquina de disco, contida na figura a seguir, é uma ferramenta de mão que precisa de alimentação por cabo aéreo. ou descartadas. Ainda, confere-se a primeira peça do enfesto com a última, para verificação de possível variação de tamanho, e, por fim, deve-se verificar o casamento das peças. O corte pode ser realizado de forma manual, com tesoura. Esse método não é utilizado em escala industrial, pois não é possível cortar muitas camadas de tecido de uma única vez, tendo, por consequência, uma baixa produtividade. O corte manual é utilizado somente para corte de peças de piloto, e, dependendo do tamanho da empresa, pode ser utilizado para corte de mostruário. Já o corte mecânico é realizado com o auxílio de máquinas. Atualmente, há muitas opções de maquinário para esse fim, e as principais máquinas de corte utilizadas pela indústria de vestuário serão apresentadas a seguir. FIGURA 25 – MÁQUINA DE DISCOFONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/electronic-cutter-that-being-used- cutting-1719025219>. Acesso em: 24 mar. 2021. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 160 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • O diâmetro de uma lâmina de máquina de disco costuma variar entre 6 cm a 20 cm, sendo que as máquinas de disco menores são utilizadas em produção de baixa escala ou corte de mostruário e são popularmente conhecidas como “bananinha”. FIGURA 26 - MÁQUINA DE DISCO "BANANINHA" FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/dressmaker-cutting-fabric-on-sketch- line-1719447268>. Acesso em: 24 mar. 2021. • Lâmina vertical (máquina de faca): utilizada para enfestos de grande altura, a lâmina vertical possui maior precisão do que a máquina de disco. Possui uma placa de base, geralmente, apoiada em rolamentos, para facilitar o movimento; um dispositivo na posição vertical, segurando uma lâmina reta vertical; e um aparelho para afiar. A placa de base desliza embaixo das camadas de tecido. Quanto mais rápido a lâmina se movimenta, mais rápido ela corta o tecido. Ao selecionar uma máquina de faca, é importante considerar a força que deve ser exigida do cortador, que a movimenta sobre o tecido. Existem facas com as extremidades onduladas para evitar o acúmulo de calor e fusionar materiais sintéticos. Diferentes velocidades nos golpes da lâmina também auxiliam a resolver o problema. Também é uma ferramenta de mão e precisa de alimentação de energia por cabo. FIGURA 27 – MÁQUINA DE LÂMINA VERTICAL FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/clothcutting-machine-masters-hands- metal-glove-1687501162>. Acesso em: 24 mar. 2021. Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE 161 • Serra fita: este tipo de maquinário é comumente utilizado para complementar o corte de algumas peças, feito pela máquina de lâmina vertical, pois é indicada para cortes que necessitam de grande precisão, como peças pequenas, muito angulosas ou piques. A qualidade do corte realizado com a serra fita depende do manejo das camadas de enfesto. Alimentada por um motor elétrico, com uma lâmina de aço montada sobre ele, que roda continuamente, a máquina é fixa sobre a mesa de corte. A serra fita é considerada a máquina mais perigosa entre as máquinas de corte de comando manual, por isso, é extremamente necessário que o profissional utilize as luvas de proteção. FIGURA 28 – SERRA FITA FONTE: <shutterstock.com/pt/image-photo/worker-using-cutter-large-machine- cutting-1510054877>. Acesso em: 24 mar. 2021. • Máquina de marcar furos: utilizada para marcar, com furos, especificidades da modelagem, como localização de bolsos e detalhes. Essa máquina perfura todas as camadas de tecido de uma vez só, por isso, a importância de ser utilizada sempre perpendicularmente à mesa de corte. FIGURA 29 – FURADOR DE TECIDO FONTE: A autora Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 162 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Máquina de corte automatizada: Integrada com os softwares de encaixe e de enfestadeira automatizada, este método de corte possui a maior vantagem sobre os outros, pois, com o corte completamente automatizado, aumentam-se a qualidade e a produtividade. Para melhor aproveitamento, é utilizado em grandes produções ou por empresas que terceirizam o corte para facções. Com maior precisão de corte, a mesa permite a passagem de ar, criando um vácuo que prende o tecido à mesa, reduzindo a altura das camadas. FIGURA 30 – MÁQUINA DE CORTE AUTOMATIZADA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ulyanovsk-russia-december-3-2018- industrial-1562970763>. Acesso em: 24 mar. 2021. 2.5 CORTE E ALTURA MÁXIMA DO ENFESTO Independentemente do tipo de enfesto a ser executado, se par ou único, a altura máxima do enfesto está diretamente ligada à altura de capacidade do maquinário disponível, portanto, para tecidos mais grossos, é possível realizar menos camadas de sobreposição do que para tecidos mais finos. Contudo, os tecidos mais finos, quando escorregadios, devem ser enfestados com poucas folhas de enfesto, pois estas podem deslizar no momento do corte. Quando o enfesto e o corte são automatizados, é possível colocar mais camadas em um enfesto. Essas informações estão contidas na ficha técnica do produto. FIGURA 31 – ALTURA MÁXIMA DO ENFESTO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/hand-glow-guiding-fabric-stack- through-1448474387>. Acesso em: 24 mar. 2021. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE 163 2.6 OUTROS EQUIPAMENTOS DE CORTE Além dos maquinários utilizados para a realização de enfestos de tecido em uma escala industrial de confecção de vestuário, outros equipamentos também são utilizados na sala de corte: • Luvas de proteção: geralmente, feitas de malha de metal, garantem a segurança dos trabalhadores. • Ferramenta de piques manual: utilizada para fazer os piques necessários que não foram feitos durante o corte do enfesto. • Spray colante: o spray é utilizado para colar a folha do risco marcador sobre a última camada de enfesto, dessa forma, não desliza durante o processo de corte. • Etiquetadora: utilizada para marcar a identificação de cada parte do molde, cortada no enfesto. FIGURA 32 – EQUIPAMENTOS DE CORTE FONTE: A autora EQUIPAMENTOS DE CORTE Luva de malha de aço Spray colante EtiquetadoraFerramenta de pique manual Na indústria do vestuário, assim como em qualquer outra indústria, existe uma série de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que devem ser utilizados pelos trabalhadores. Cada maquinário e cada função exigem EPIs específicos, que são obrigatórios. Em uma sala de corte, dentro de uma confecção, os EPIs mais comuns são as luvas de malha de aço, os óculos de proteção e o protetor auricular. NOTA Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 164 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 3 SALA DE CORTE EM UMA IDÚSTRIA DO VESTUÁRIO O planejamento e a execução eficientes da produção dependem, também, do layout adequado dos setores produtivos, para atender às demandas de fabricação. Uma sala de corte, na indústria de vestuário, pode ser organizada de forma tradicional ou automatizada, em ambas, o foco deve ser a eficiência dos processos, conforme explicado a seguir. 3.1 SALA DE CORTE TRADICIONAL Em uma sala de corte tradicional, todo o trabalho é realizado de forma manual, com o auxílio de ferramentas específicas. Para que o fluxo de produção ocorra de forma apropriada, é interessante que a sala de corte esteja localizada próxima ao setor de estoque, que é de onde vem a matéria-prima para o corte, e do setor de costura, que é para onde vão as peças cortadas. Uma sala de corte tradicional deve ter uma área para enfesto, uma outra área para corte e, finalmente, uma área para descarte e para amarração dos pacotes com os moldes já cortados. O recomendado é que a empresa invista em uma mesa que permita que os dois processos sejam feitos de forma contínua. [...] Na sala de corte tradicional, todo o trabalho é feito manualmente, ou seja, você precisa de, pelo menos, uma dupla de funcionários para fazer o enfesto e de outra dupla de funcionários para cortar o tecido que foi enfestado (AUDACES, 2017, p. 4). 3.2 SALA DE CORTE AUTOMATIZADA Com os avanços tecnológicos na área da indústria de vestuário, é possível ter uma sala de corte totalmente automatiza, do enfesto ao corte. Empresas específicas de tecnologia da área produzem máquinas integradas aos softwares de modelagem e de encaixe, agilizando e integrando todo o processo de produção. Quando uma empresa automatiza o processo da sala de corte, uma das primeiras mudanças que é percebida é o conceito do fluxode trabalho. Agora, não são as pessoas que mudam de lugar e que se revezam para trabalhar. Em uma sala de corte automatizada, é o enfesto que se desloca e que muda de lugar [...]. O layout de uma sala de corte automatizada deve ser planejado para ter quatro áreas específicas: preparação de enfesto; enfesto; corte; e descarte e amarração dos pacotes dos cortes que vão para a costura (AUDACES, 2017, p. 6). A automatização da sala de corte é extremamente vantajosa para empresas com uma grande demanda de produção, pois aumenta a produtividade e agiliza a velocidade no processo de produção, além de minimizar erros, melhorar a qualidade e reduzir os custos. Com a automatização, é possível ampliar as atividades diárias de enfesto e de corte, pois são realizadas em menor tempo do que se fossem feitas manualmente. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 2 — TECNOLOGIA DE CORTE 165 4 PREPARAÇÃO PARA OUTRAS ETAPAS Após a realização do corte do enfesto de tecidos, são necessárias algumas outras etapas de preparação antes de enviá-lo para o processo de costura. De acordo com Rocha (2002, p. 97), “depois que as peças estiverem cortadas em pilhas, devem ser identificadas e separadas adequadamente, para facilitar o manuseio durante as operações de costura. O processo de preparação para outras etapas envolve a contagem das peças, a separação e, posteriormente, a etiquetagem e o empacotamento. FIGURA 33 – PREPARAÇÃO PARA OUTRAS ETAPAS Contagem das peças Separação das peças Etiquetagem e empacotamento FONTE: A autora • Contagem das peças: No corte manual ou no automatizado, estica-se a folha do risco do marcador sobre a última camada do enfesto. Nesse risco, estão todas as informações de cada parte do molde incluídas no encaixe, assim, através dos dados em cima de cada pilha, é possível identificar cada parte do molde. Não fosse isso, o processo de identificação de partes e de tamanhos seria muito mais difícil. Após a identificação das peças e do controle de qualidade do corte, é realizada, então, a contagem das peças, e verificado se existiram peças descartadas por defeito, se falta alguma parte da modelagem que precisa ser cortada novamente. • Separação das peças: Para aproveitamento do maquinário e da energia, o enfesto pode ser realizado com duas ou com mais cores do mesmo tecido, ou com tecidos diferentes, que apresentem as mesmas características. Ainda, há a possibilidade de um mesmo tecido e de uma mesma cor apresentarem tonalidade. Isso acontece quando dois rolos de tecido são de lotes diferentes e apresentam uma pequena variação de cor. Para agilizar o processo de costura e para evitar perda de tempo com a troca de linha, as peças são separadas por cor. Para evitar problemas de tonalidade, o mais adequado é separar todas as partes de uma mesma peça, advindas de uma única camada de tecido. • Etiquetagem e empacotamento: nesta etapa, é necessário garantir que não aconteça a mistura entre as partes cortadas. De acordo com Rocha (2002, p. 97), “cada parte componente da vestimenta é identificada em ordem sequente, por meio de máquina de etiquetar carimbos. Essa identificação (etiqueta) deve conter: tamanho, ordem de fabricação e n° da peça”. Com a etiquetagem concluída, é possível separar as pilhas em pacotes, que devem conter todas as partes de cada peça. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 166 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • Coordenado pelo setor de Planejamento e Controle da Produção, o corte envolve várias etapas, como a preparação para o corte, o enfestamento, o corte propriamente dito, o controle de qualidade do corte, a separação e a etiquetagem das peças cortadas. • Os fatores que devem ser considerados no momento do enfestamento são: o alinhamento, a tensão, o enrugamento e o corte nas pontas do enfesto. • O enfestamento pode ser executado através dos seguintes métodos: manual, com carro manual, com carro manual, com alinhador de ourelas ou com carro automatizado. • A automatização da sala de corte é extremamente vantajosa para empresas com uma grande demanda de produção, pois aumenta a produtividade e agiliza a velocidade no processo de produção, além de minimizar erros, de melhorar a qualidade e de reduzir os custos. • Após a realização do corte do enfesto dos tecidos, são necessárias algumas outras etapas de preparação antes de enviá-lo para o processo de costura. O processo de preparação para outras etapas envolve a contagem das peças, a separação e, posteriormente, a etiquetagem e o empacotamento. 167 1 Para realizar um enfesto, é necessário conhecimento das técnicas envolvidas no processo, pois um enfesto realizado de forma incorreta, gera muitos problemas e defeitos nas peças finais, podendo comprometer um lote inteiro de produção. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) Enfesto é a superposição de duas ou de mais folhas de tecido para fins de corte. ( ) O tamanho útil da mesa de corte é calculado já excluindo o espaço perdido com o equipamento de corte e das pontas. ( ) Enfesto único é aquele no qual todas as folhas do tecido a ser cortado são superpostas com a mesma face (direito ou avesso), voltada para o mesmo lado. ( ) Se o tipo do molde é assimétrico, o enfesto pode ser único ou ziguezague. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) V – V– V – F. c) ( ) F – V – F – V. d) ( ) F – V – V – F. 2 Atualmente, existe uma grande variedade de tipos de maquinário disponíveis no mercado para o corte de tecidos, e é preciso levar em consideração algumas questões para a escolha adequada, como a necessidade de produção, de altura do enfesto e do tipo de tecido. Considerando as máquinas utilizadas para o corte de enfestos na indústria do vestuário, relacione as figuras com o nome correto para cada máquina de corte: ( ) Máquina de furar tecido a quente ( ) Máquina de corte vertical ( ) Máquina de corte a disco do tipo bananinha ( ) Máquina de corte a disco AUTOATIVIDADE 168 A sequência CORRETA é o que se afirma em: a) ( ) 4, 3, 2, 2. b) ( ) 1, 3, 4, 2. c) ( ) 1, 4, 3, 2. d) ( ) 3, 2, 1, 4. 3 O planejamento e a execução eficientes da produção dependem do layout adequado dos setores produtivos para atender às demandas de fabricação. Uma sala de corte, na indústria de vestuário, pode ser organizada de forma tradicional ou automatizada. Em ambas, o foco deve ser a eficiência dos processos, conforme explicado nos próximos tópicos. Nesse contexto, disserte acerca de como é uma sala de corte tradicional, além de uma sala de corte automatizada, e qual é mais vantajosa. 4 Após a realização do corte do enfesto de tecidos, são necessárias algumas outras etapas de preparação antes do envio para o processo de costura. De acordo com Rocha (2002, p. 97), “depois que as peças estiverem cortadas em pilhas, devem ser identificadas e separadas adequadamente, para facilitar o manuseio durante as operações de costura. O processo de preparação para outras etapas envolve a contagem das peças, a separação e, posteriormente, a etiquetagem e o empacotamento”. Descreva essas etapas posteriores ao corte. 169 UNIDADE 3 TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 1 INTRODUÇÃO A produção de uma peça de vestuário envolve diversas tecnologias de confecção. Através dos maquinários específicos, utilizados para a costura e para os demais processos, é possível efetivar as linhas de confecção de roupas em escala industrial. Devido aos avanços tecnológicos no setor, cada vez se consegue mais agilidade, eficiência e padronização dos processos, e, em decorrência, qualidade das peças e redução de custos. Para orientar e para organizar toda a produção, é necessáriaa ficha técnica de cada artigo. A ficha técnica é um documento importante dentro do processo industrial de fabricação de uma peça de vestuário, pois acompanha o fluxo do processo desde a concepção de um produto até a finalização e a embalagem. Dentre as muitas etapas de produção nas quais uma ficha técnica é necessária, estão o desenvolvimento, a modelagem, a pilotagem, o corte, a costura, a lavanderia, a estamparia, a aviamentação e os acabamentos, além de ser utilizada para o controle dos processos e para a elaboração dos custos e do preço da peça. Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos como a tecnologia da confecção é aplicada na indústria de vestuário, além dos maquinários e dos acessórios utilizados, das técnicas de execução para tecido plano e para malharia e noções de acabamentos. Também falaremos da importância da ficha técnica de vestuário, do desenho técnico e das especificações para a confecção de uma peça. Por fim, explicaremos a sequência operacional de montagem de um produto, dos maquinários e dos profissionais envolvidos em cada processo. 2 TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO A construção de uma peça de vestuário em escala industrial envolve diversas tecnologias, utilizando ferramentas e maquinários específicos, visando eficiência e produtividade. A costura é a parte principal na confecção de uma peça de roupa, responsável por unir todas as partes de uma mesma peça cortadas através dos moldes, interferindo diretamente na qualidade do produto final. É um processo particularmente complexo e de difícil automatização. Costuras representam o jeito mais simples de unir duas ou mais partes de um material na construção do vestuário. A quantidade de margem de costura adicionada varia de acordo com o tipo de costura utilizado e, em geral, apresenta-se Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 170 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM na parte interna da roupa. As costuras também são usadas para criar formas e para causar impacto de design de uma peça. Algumas possuem função na estruturação de partes de uma roupa, enquanto outras são usadas para efeitos de design. Existem alguns pontos a serem considerados durante a escolha da melhor costura para a construção de uma peça. Diferentes tecidos e estilos requerem costuras diferentes. Para a etapa da costura, com a ficha técnica, a peça-piloto é analisada para, de acordo com Tarso e Neusa (2019), orientar o planejamento da produção das peças, adaptando-se à sequência de montagem do produto e ao maquinário existente na linha de produção de cada empresa. Os autores afirmam que a costura pode ser feita internamente ou terceirizada. Nesse último caso, os lotes são separados e encaminhados para as facções ou para os profissionais de costura contratados para o serviço. Ao retornarem, as peças são conferidas pelos revisores. Quando o processo de costura acontece dentro da empresa, o controle de qualidade é realizado pelos supervisores de produção. A confecção de uma peça de roupa, dependendo da complexidade, pode exigir a utilização de vários tipos de máquinas de costura, pois, para produzir determinado tipo de costura, é necessário utilizar a máquina certa, convenientemente afinada e com os acessórios próprios para a produção desse tipo de costura da forma mais eficaz e no mais curto espaço de tempo. Importante ressaltar que a qualidade da costura depende da associação dos seguintes fatores: maquinário, linha de costura, tecido, operador e concepção do produto. Assim, para executar a confecção de uma peça de vestuário, é necessário conhecer as tecnologias disponíveis e adequadas para cada tipo de necessidade, como os maquinários de costura, os acessórios e as técnicas de costura para tecido plano e para malharia, assuntos que serão abordados mais adiante. 2.1 MAQUINÁRIOS DE COSTURA Desde a invenção, no século XVIII, as máquinas de costura agilizaram o processo e tornaram possível o início da produção de roupas em série. O mecanismo de uma máquina de costura funciona de uma forma simples, no entanto, o maquinário, em si, pode parecer ser complexo, com engrenagens, polias e motor. A função da máquina de costura é a produção de uma cadeia de laçadas de linha interligadas numa pequena secção do tecido. As máquinas simples elaboram a costura através do sistema de ponto entrelaçado: com a linha passada pelo olhal da agulha, a máquina introduz parte da agulha no tecido, em movimentos de cima para baixo. Quando a agulha e a linha, passadas pelo tecido, estão na parte inferior da máquina, forma-se um laço. O mecanismo inferior da máquina, chamado de gancho da lançadeira, entrelaça esse laço com Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 171 a linha que foi colocada na bobina, formando um ponto. As antigas máquinas de costura manuais acionam o mecanismo através de um pedal, e as máquinas atuais trabalham com motor elétrico. É requisito básico, de todas as máquinas de costura, uma perfeita sincronização dos movimentos da agulha e do gancho da lançadeira, de modo a levar a linha da agulha e a da bobina a formarem o ponto. Os discos tensores e as guias da linha, peças comuns a todas as máquinas, ajudam a controlar o correr daquelas linhas (SMITH, 2014, p. 24). As máquinas de costura se diferem entre as domésticas e as industriais. As máquinas de costura domésticas são ideais para fazer reparos e construção de roupas em baixa escala. São leves e podem ser transportadas e guardadas de forma simples, e se caracterizam pela facilidade de manuseio e de versatilidade. Uma mesma máquina pode realizar várias funções, como costurar reto, em ziguezague, pontos decorativos e fazer caseado. Assim, a seguir, serão apresentadas as máquinas domésticas de costura reta e overlock. FIGURA 34 – MÁQUINAS DOMÉSTICAS FONTE: Adaptada de <https://loja.singer.com.br/>. Acesso em: 24 mar. 2021. MÁQUINAS DOMÉSTICAS Reta Overlock As máquinas de costura industriais são utilizadas para a produção em larga escala, pois são mais resistentes, rápidas e com grande potência. Ainda, podem se dividir entre: máquinas simples; máquinas simples com dispositivos de cortes de linha, posicionamento de agulha e arremate automático; máquinas semiautomáticas, que trabalham controladas por um pequeno processador; máquinas automáticas, que não necessitam de operador para determinados processos; e, por fim, máquinas de costura completamente automatizadas, que trabalham sem operador. As máquinas de costura também podem ser classificadas como normais ou especiais, conforme as funções que desempenham. As máquinas consideradas normais são aquelas que fazem costuras e pespontos, enquanto as especiais executam outros tipos de operações, como bordar, casear e pregar botões. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 172 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM FIGURA 35 – CLASSIFICAÇÃO MÁQUINAS DE COSTURA FONTE: A autora MÁQUINAS DE COSTURA • Reta • Ziguezague • Pesponto • Overlock • Interlock • Galoneira Normais Especiais • Bordadeira • Caseadeira • Botoneira • Travete Dentre as máquinas consideradas normais, está a máquina de costura reta, a mais utilizada na confecção de vestuário. Empregada para operar, com precisão, diversos tipos de tecidos, e, como o próprio nome diz, faz costuras em linha reta, para iniciar e finalizar cada costura, deve-se utilizar a função retrocesso da máquina, ativada por uma alavanca ou por um botão, fazendo alguns pontos para frente e para trás, com o objetivo de reforço, para que a costura não desmanche.A máquina que realiza a costura em ziguezague pode ser utilizada para acabamentos, de forma decorativa, ou para rebater elásticos. A pespontadeira é a máquina que executa o pesponto, um tipo de costura com pontos mais largos, que serve para reforçar e ornamentar, utilizada como acabamento externo das peças com linha específica. Normalmente, mais grossa, costuma ser utilizada em jeanswear e jaquetas. A máquina overlock tem duas funções: executar a costura e cortar o tecido que sobra rente à costura. O ponto da overlock utiliza três tipos de fios: um alimenta a agulha e, os outros dois, os loopers, enquanto uma faca corta o tecido, dessa forma, o ponto chuleia o tecido. Utilizada para fechar tecidos com elasticidade e malharia, ou para dar acabamento em tecidos planos, para que estes não desfiem. Já a interlock é mais completa em comparação à overlock. Trabalha com quatro fios e, além de fazer o ponto de overlock, realiza, próximo a ele, um ponto de segurança em linha reta. Chulear é o ato de coser (costurar) ligeiramente a orla de qualquer tecido cortado, para que não desfie. Realizar o acabamento no tecido que está sendo costurado. NOTA Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 173 A máquina galoneira, também conhecida como cobertura, é utilizada, principalmente, para fazer barras em tecidos de malha ou com muita elasticidade, garantindo que a costura não se rompa ao vestir. Possui um trançador na parte superior e um na inferior, e o ponto parece um chuleio do lado de cima do tecido, posicionado na máquina, já embaixo aparecem apenas duas carreiras retas de costura. FIGURA 36 – MÁQUINAS NORMAIS FONTE: Adaptada de <https://loja.singer.com.br/>. Acesso em: 24 mar. 2021. MÁQUINAS NORMAIS Reta Responto Interlock Ziguezague Overlock Galoneira Samsung Realce 174 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Já as máquinas consideradas especiais são aquelas que se limitam apenas à determinada função, como a caseadeira, que permite diversos tipos de programação para executar um caseado, mas fazer caseados é a sua única operação. A seguir, serão apresentadas a bordadeira; a caseadeira; a botoneira, que tem, como função, pregar botões nos tecidos; e a máquina de travete. FIGURA 37 – MÁQUINAS ESPECIAIS FONTE: Adaptada de <https://loja.singer.com.br/>. Acesso em: 24 mar. 2021. MÁQUINAS ESPECIAIS Bordadeira Caseadeira Botoneira Travete As máquinas bordadeiras, com tecnologia mais avançada, possuem diversas opções de ajustes para executar os bordados. Algumas contêm tela sensível ao toque e entrada USB para passar o desenho realizado em software específico diretamente para a máquina. Esses desenhos devem estar no formato de arquivo adequado para que a máquina interprete e possa executar com precisão. A caseadeira é utilizada para fazer casas nas peças de vestuário. É o meio pelo qual passa o botão. A máquina excuta o chuleiro e o corte da casa em tecidos planos e na malharia. Atualmente, existem máquinas eletrônicas nas quais é possível programar o tamanho e o tipo de caseado. Enquanto a botoneira TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 175 é a máquina responsável por pregar o botão no tecido, normalmente, pode ser programada para botões de dois ou de quatro furos. A botoneira também pode ser utilizada para costurar outros elementos decorativos, como laços. Já a máquina travete executa uma costura, em ziguezague, de curto comprimento, utilizada para fazer reforços aplicados em pontos vulneráveis de costuras, principalmente, em jeanswear. 2.2 AGULHAS DE MÁQUINA Cada máquina de costura utiliza um tipo determinado de agulha para o funcionamento. Cada tipo específico pode possuir diferentes espessuras e tipos de ponta, adequado para tipos distintos de tecidos. De modo geral, quanto mais leve o tecido, mais fina deve ser a agulha, e, quanto mais pesado o tecido, mais grossa a agulha. Algumas máquinas também aceitam modelos de agulhas duplas ou triplas, utilizados para costuras decorativas. Quanto aos tipos de pontas, segundo Smith (2014), a agulha de ponta fina é a mais utilizada e considerada como comum, versátil para costurar diversos tipos de tecido. Pode ser encontrada na numeração entre 70-110 (9-18). A ponta arredondada é indicada para costurar tecidos na malharia, pois, dessa forma, penetra o tecido sem cortar os fios da trama. Pode ser achada na numeração entre 70-100 (9-16). Já a ponta facetada é recomendada para costurar couro, materiais vinílicos e similares, na numeração entre 80-110 (11-18). FIGURA 38 – PONTAS DE AGULHA FONTE: Adaptada de Smith (2014) AGULHAS Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 176 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 2.3 ACESSÓRIOS E APARELHOS Para tornar a máquina de costura mais versátil e com a possibilidade de realizar diferentes processos, existem os acessórios para máquinas para as domésticas e para as indústrias. Esses acessórios podem ser acoplados às máquinas retas simples ou em ziguezague, para que executem determinada função que não conseguiriam sem o equipamento. Cada máquina exige aparelhos e acessórios específicos para o modelo. Dentre os principais utilitários do tipo, destacam-se os calcadores, acessórios para pregar viés ou elástico, guias ou bitolas e discos para padrão de pontos. O calcador, conhecido, informalmente, como pezinho de máquina ou sapatilha, encontra-se próximo à agulha, e é responsável por pressionar o tecido contra a base, mantendo-o no lugar enquanto é formado o ponto. O impelente, também conhecido como dentes da máquina, faz o tecido avançar para acontecer o processo de costura. Os acessórios para casear existem para as máquinas de ponto reto e para as de ponto de ziguezague. No primeiro caso, executam pontos semelhantes aos de ziguezague, deslocando o tecido para trás e para frente sob a agulha. Nas máquinas de ponto de ziguezague, guiam o tecido automaticamente, para executar a casa, sem necessidade de deslocar a mão do tecido (SMITH, 2014, p. 40). Diversos são os modelos de calcadores para a máquina disponíveis no mercado, como calcador para zíperes simples, que possui pé somente em um lado da agulha, próprio para executar costuras nas quais um lado do tecido é mais volumoso; calcador para zíper invisível, que possui o encaixe bem ajustado para esse tipo de zíper; pé para franzir, com estrutura que possibilita franzir a extensão do tecido enquanto costura; pé calcador para nervuras, utilizado com uma agulha dupla, que executa costuras do dois lados do tecido, formando uma nervura no meio; e o calcador para fazer caseado e o calcador para pregar botões. Assim, a seguir, ilustraremos os calcadores apresentados, mas existem muitos outros com variadas funções. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 177 FIGURA 39 – CALCADORES FONTE: A autora Os acessórios para pregar viés são acoplados à base da máquina de costura reta, em frente à agulha. Possibilitam pregar a tira de viés ou de debrum ao tecido com facilidade, pois a tira de viés é dobrada, automaticamente, ao passar por dentro do aparelho, e posicionada corretamente, envolvendo a beirada do tecido que deve ser costurada. FIGURA 40 – ACESSÓRIO PARA VIÉS FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/493073859195372190/>. Acesso em: 24 mar. 2021. CALCADORES Para zíper invisível Para franzir Para fazer nervuras Para zíper comum Para casear Pregarbotão Samsung Realce 178 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM As guias ou as bitolas são acessórios que servem para orientar o tecido a ser costurado a uma distância fixa determinada a partir de uma linha estabelecida. O guia para acolchoados, por exemplo, pode ser acoplado ao calcador, orientando a costura para que mantenha sempre o mesmoafastamento um do outro. Já a bitola pode ser fixada na base da máquina de costura e limitar uma distância em relação à agulha, que pode ser regulada. O guia magnético tem um ímã acoplado, e basta posicioná-lo na base da máquina para definir o distanciamento. FIGURA 41 – GUIAS E BITOLAS FONTE: A autora GUIAS E BITOLAS Guia para edredom Bitola Guia magnético 2.4 TÉCNICAS DE EXECUÇÃO: TECIDO PLANO E MALHARIA Confeccionar uma peça de vestuário com o auxílio de máquinas de costura é muito mais rápido e prático em comparação à forma manual. No entanto, é preciso aplicar as técnicas corretas para cada tipo de tecido, além de maquinário, de agulhas e, se necessário, de acessórios, para obter uma peça com costura de qualidade. A sequência operacional e os acabamentos exigidos devem vir explicitados na ficha técnica de cada produto. Sendo, a costura, o elemento estrutural básico de qualquer peça de vestuário, a formação deve exigir grande cuidado. O tecido determina a regulagem da máquina no que se refere ao comprimento do ponto, à tensão e à pressão. A linha deve condizer com o tecido. Geralmente, coloca-se o tecido direito contra direito, embora, em alguns casos, o avesso fique contra o avesso. Se bem que a largura padrão para costuras seja de 15mm, verifique sempre, no molde, quaisquer indicações relativas especiais (SMITH, 2014, p. 159). Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 179 Tecidos planos e malharia exigem técnicas de execução de costura diferentes, devido à construção e, em função disso, maquinários e acessórios diferentes também. O tecido plano é fabricado através do entrelaçamento dos fios de urdume e de trama, possui boa resistência e pouca elasticidade, apenas levemente no sentido enviesado, entretanto, é possível acrescentar elasticidade a um tecido plano através da utilização de fibras elásticas na composição, como elastano. As bordas das peças confeccionadas em tecido plano precisam de acabamento para não desfiar, e a forma mais simples e mais barata para solucionar, em um processo industrial, é passar as bordas internas da peça na máquina overlock. Acabamentos em viés e em debrum também podem ser aplicados, interna ou externamente. Para fazer a barra, pode-se passar a borda na overlock, para acabamento, e, depois, dobrar uma vez e costurar com máquina reta. Já as bainhas são executadas dobrando duas vezes o tecido e passando a costura, independentemente do tamanho da dobra. FIGURA 42 – BARRAS E BAINHAS FONTE: A autora Tecidos muito leves e finos podem ser mais difíceis de manusear e, por vezes, escorregadios, por esse motivo, algumas técnicas específicas costumam ser aplicadas. As agulhas mais finas são indicadas para costurar tecidos leves, assim, deve-se testar a melhor numeração de agulha para o tecido a ser utilizado, além de reduzir a largura do ponto. Caso necessário, pode-se prender, com alfinetes, o tecido a um papel fino, para evitar que o tecido se desloque ao costurar. Para os acabamentos internos, pode-se utilizar a costura francesa ou o viés, e, para as barras, a técnica mais indicada é a bainha enrolada. BARRAS E BAINHAS Barra Bainha Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 180 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM FIGURA 43 – ACABAMENTOS EM TECIDOS LEVES FONTE: A autora Costura francesa ACABAMENTOS EM TECIDOS LEVES Viés No processo de confecção de uma peça de vestuário, passar a ferro não é somente necessário na finalização, mas, também, para algumas etapas de costura, pois facilita a fixação de algumas partes que necessitam ser unidas, como pences, bolsos, pregas e outros acabamentos. É importante sempre testar o ferro em retalho do mesmo tecido da peça, passar pelo lado avesso e não colocar o ferro por cima de alfinetes, pois estes podem estragar o tecido e o ferro. A malharia pode ser dividida em circular ou retilínea. A malharia circular é construída através de laçadas e gera um tecido tubular, enquanto a malharia retilínea é tramada similarmente ao tricô, utilizando um mesmo fio para produzir laçadas sucessivas. Tecidos em malharia possuem elasticidade em ambos os sentidos, e tendem a enrolar quando são cortados. A maioria apresenta o lado direito mais liso do que o avesso, devido à forma de confecção. Unir um ou mais fios em uma série de laçadas interligadas gera um tecido de malha. As linhas horizontais de malha são conhecidas como “carreiras”, e, as verticais, “colunas”. Malhas e tecidos com elastano são confortáveis, em virtude da elasticidade. Contudo, é preciso ter cuidado ao trabalhar com esses tecidos, pois a passadoria e o calor podem fazer com que perca a forma. Devido às características de construção e de tecelagem, as malhas exigem métodos específicos de confecção para manter a elasticidade e não arrebentar as costuras. Quando a malha for esticada, deve ser costurada com linha totalmente de poliéster, mista, com algodão, ou de náilon. Necessitam de maquinário especializado, como a overlock, para unir, além da galoneira, das bainhas e das agulhas com a ponta arredondada. Para acabamentos de barra, também pode ser aplicado viés ou debrum, colocar fita ou renda com elasticidade e, ainda, cortar as bordas a fio, para que não desfiem. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 181 FIGURA 44 – ACABAMENTOS EM MALHAS FONTE: A autora Overlock ACABAMENTOS EM MALHAS Galoneira Aplicar fechos em tecidos de malharia pode ser uma tarefa delicada, como zíper, velcro ou botões. A autora sugere a aplicação de entretela ou de fita, sem elasticidade, na parte na qual deve ser colocado o fecho, no lado interno ou no externo, para restringir o movimento e o consequente esticamento da malha. As malhas também necessitam de cuidados especiais na passadoria. A temperatura do ferro de passar não pode ser muito elevada, dando preferência para a vaporização das costuras. 3 FICHA TÉCNICA A estrutura de uma ficha técnica deve envolver a descrição de todas as etapas de produção, mas o formato não é padronizado, e deve ser elaborado dependendo das informações, das utilizações e das necessidades de cada empresa, que desenvolve o modelo de acordo com os interesses. Os critérios são estabelecidos conforme o tipo de produto e a organização da produção. Além de detalhar todos os processos de produção, da ficha técnica, extraem-se as informações para o cálculo e para a compra de insumos, além da formulação do preço de venda. De acordo com Hopikins (2011, p. 88), “a ficha técnica inclui informações necessárias para a confecção de uma peça de roupa em relação aos custos unitários, como todos os acabamentos e os detalhes de design, que podem incluir etiquetas ou um logotipo bordado”. A quantidade exata de matéria-prima consumida em uma peça está descrita na ficha técnica do produto. O setor de custos deve calcular o investimento necessário para cada item consumido a partir da ficha técnica, considerando possíveis percentuais de perda e de desperdício, o crédito de ICMS que a empresa recebe na aquisição da matéria-prima e as despesas de frete para que essa matéria chegue até as unidades de produção (TREPTOW, 2003, p. 177). Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 182 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM O formato da ficha técnica pode mudar de empresa para empresa, de acordo com as necessidades, porém, de acordo com Treptow (2003), existem alguns campos fundamentais que devem estar presentes: dados de identificação, insumos diretos, elementos decorativos e beneficiamentos, insumos indiretos, sequência de operações e desenho técnico. 3.1 DESENHO TÉCNICO Na indústria devestuário, o desenho técnico é uma das etapas de maior importância para a perfeita interpretação do modelo e, consequentemente, da confecção do produto final. O desenho técnico tem, como finalidade, transmitir o conceito criado pelo setor de estilo para determinada peça, para a equipe de modelagem e de pilotagem e, posteriormente, ao setor de produção. A intenção é fornecer informações precisas acerca de como deve ser confeccionado o produto, por isso, a riqueza de detalhes é importante. FIGURA 45 – DESENHO TÉCNICO FONTE: A autora Samsung Realce Samsung Realce TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 183 No desenho de moda, uma peça de vestuário sobreposta a um corpo humano sofre alterações e distorções de movimento e de perspectiva, devido aos volumes do corpo, ao planejamento do tecido e aos efeitos de luz e de sombra da ilustração. No desenho técnico, essas variáveis são descartadas, e a peça de vestuário é traçada de maneira plana e proporcional, permitindo a compreensão totalitária dos elementos pelos profissionais responsáveis pelo setor de produção e de confecção (CAMARENA, 2011). O desenho técnico é, comumente, chamado, também, de desenho planificado, ou de especificação. Os desenhos planificados, de acordo com Hopikins (2011, p. 88), “exigem uma abordagem mais formal [...], isso porque o desenho planificado está inserido em um contexto industrial, intimamente ligado às especificações de fabricação e às instruções da folha de corte”. O desenho planificado (desenho com especificações técnicas) tem um aspecto mais técnico e preciso, e é feito em estilo linear, para transmitir informações técnicas detalhadas. O desenho é apresentado em uma folha: a ficha técnica, documento que a empresa usa para fins de produção e que contém informações técnicas essenciais, como processos de montagem, tecidos, acabamentos e detalhes de custo (HOPIKINS, 2011, p. 80). Os principais pontos a serem considerados em um desenho técnico são a proporção do desenho e a precisão do traçado. O objetivo do desenho técnico é demonstrar os detalhes e as características de uma peça de vestuário, para isso, detalhes de costura ou acabamentos podem ser ampliados. Comprimento e largura das partes do produto podem ser especificados por meio de medidas, chamadas de cotas. No desenho técnico, para Treptow (2003, p. 148), “devem estar especificados os tipos e a quantidade de pespontos, o tamanho de aberturas (como bolsos), a posição e a quantidade de botões, o traçado de recortes e de pences, [...] todo tipo de informação que possa ser útil à modelista ou à pilotista”. Todas essas informações podem ser especificadas no desenho, através de setas. Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce Samsung Realce 184 UNIDADE 3 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM FIGURA 46 – DESENHO TÉCNICO COM INFORMAÇÕES FONTE: A autora TÓPICO 3 — FICHA TÉCNICA 185 LEITURA COMPLEMENTAR SEQUÊNCIA OPERACIONAL A sequência operacional, para a execução de uma peça de vestuário, normalmente, está inclusa na ficha técnica, e é responsável por informar as operações necessárias para a materialização do modelo. As etapas são listadas de maneira linear, relacionando o tipo de ferramenta/maquinário utilizado e o tempo envolvido em cada operação. A organização da produção mais adequada à montagem de determinado produto é um aspecto fundamental e, dela, depende o rendimento do processo. Em um sistema de costura, consideram-se os materiais, as máquinas de costura, os operadores, os sistemas de transporte, os métodos de produção e as técnicas de planeamento e de controle de produção. Alguns aspectos ainda a ter em conta são as agulhas, as linhas de coser e os acessórios ou aparelhos (ARAÚJO, 1996, p. 210). Com a sequência operacional estabelecida, é possível orientar o fluxo de produção, além de definir o layout da produção, como distribuição do maquinário no espaço disponível na fábrica, e de calcular o tempo total da confecção de uma peça. SEQUÊNCIA OPERACIONAL FONTE: Adaptado de Treptow (2003) Tipo de operação Máquina Tempo Corte (divisão do tempo do corte pelo número de peças) Máquina de disco 1’20” Unir ombros Overloque 0’30” Pregar mangas Overloque 1’20” Unir gola Overloque 0’10” Pregar gola e etiqueta Interloque 0’40” Rebater gola Galoneira 1’30” Fechar laterais Overloque 1’20” Bainha das mangas Galoneira 0’40” Bainha da barra Galoneira 0’30” Limpeza Manual 1’20” Revisão Manual 1’20” Embalagem Manual 0’20” Tempo total da peça: 10’00” Samsung Realce Samsung Realce 186 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • A construção de uma peça de vestuário em escala industrial envolve diversas tecnologias, utilizando ferramentas e maquinários específicos. • Tecidos planos e malharia exigem técnicas de execução de costura diferentes, devido à construção e, em função disso, maquinários, agulhas e acessórios diferentes também. • A ficha técnica é um documento importante dentro do processo industrial de fabricação de uma peça de vestuário. Acompanha o fluxo do processo desde a concepção de um produto até a finalização e a embalagem. • Na sequência operacional, contida em uma ficha técnica, as etapas são listadas de maneira linear, relacionando o tipo de ferramenta/maquinário utilizado e tempo envolvido em cada operação. Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. CHAMADA 187 1 No desenvolvimento dos produtos de moda, a pesquisa, a criação, a modelagem e a produção são etapas essenciais do fluxo do processo produtivo, com o desenho técnico de moda tendo papel fundamental. A ficha técnica, contendo o desenho técnico da peça, como no exemplo apresentado a seguir, indica todas as especificações que orientam a produção. FONTE: SUONO, C. T. O desenho técnico do vestuário sob a ótica do modelista. Projética – Revista Científica de Design, v. 2, n. 2, p. 1, 2011 (adaptado). FONTE: <https://www.usefashion.com>. Acesso em: 15 maio 2018 (adaptado). Nesse contexto, avalie as afirmações a seguir: I- No desenho técnico de moda, que compõe a ficha técnica, são indicadas todas as especificações de modelagem, de montagem e de produção, conforme o sistema brasileiro de padronização das medidas antropométricas. II- A ficha técnica é o documento que estabelece a comunicação entre o designer de moda e o profissional de modelagem. III- O desenho técnico de moda, planificado e bidimensional, pode ser elaborado manualmente, ou utilizando softwares específicos para esse fim. IV- A ficha técnica é elaborada pelo setor de criação e deve se manter inalterada ao longo de todo o processo de desenvolvimento do produto. AUTOATIVIDADE 188 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças III e IV estão correta. 2 A confecção de uma peça de roupa, dependendo da complexidade, pode exigir a utilização de vários tipos de máquinas de costura, pois, para produzir determinado tipo de costura, é necessário utilizar a máquina certa, convenientemente afinada e com os acessórios próprios para a produção desse tipo de costura da forma mais eficaz e no mais curto espaço de tempo. Acerca dos maquinários envolvidos na confecção de peças de vestuário, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as sentenças falsas: ( ) A máquina de costura reta, a mais utilizada na confecção de vestuário, empregada para operar, com precisão, diversos tipos de tecidos, e, como o próprio nome diz, faz costuras em linha reta. ( ) A máquina galoneira, também conhecida como cobertura, é utilizada, principalmente,em tecidos planos, pois, ao mesmo tempo em que costura, também corta o tecido remanescente. ( ) A função arremate está presente em todos os tipos de máquina de costura. ( ) A interlock é mais completa do que a overlock, pois, além de fazer o ponto de overlock, realiza, próximo a ele, um ponto de segurança em linha reta. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) V – F – F – V. c) ( ) F – V – V – F. d) ( ) F – F – V – V. 3 O gerenciamento do fluxo produtivo de uma produção de vestuário deve operar de forma eficiente, para que os processos ocorram na ordem correta. A sequência operacional de costura, presente na ficha técnica, indica a ordem na qual os processos devem acontecer, a fim de manter um ritmo produtivo satisfatório e com pequena chance de erros. Nesse contexto, avalie as afirmações a seguir: I- O processo de montagem de uma peça se dá a partir de um fluxograma de operações anexo à ficha técnica. São estabelecidas todas as características de cada operação, a fim de orientar a realização e de reduzir o tempo gasto na produção de cada peça. II- As informações presentes na ficha técnica auxiliam a definição do layout da produção, pois a descrição da ordem dos processos torna o fluxo produtivo visível, além de apontar os custos a partir do balanceamento da produção. III- A sequência operacional de montagem de um produto de vestuário depende, essencialmente, do modelo da peça, do tipo de acabamento e da matéria-prima utilizada. 189 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. c) ( ) As sentenças II e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 4 Para tornar as máquinas de costura mais versáteis e com a possibilidade de realizar diferentes processos, existem os acessórios para máquinas, para as domésticas e para as indústrias. Esses acessórios podem ser acoplados às máquinas reta simples e ziguezague, para que executem determinada função que não conseguiriam sem o equipamento. Cada máquina exige aparelhos e acessórios específicos para o modelo. Cite três acessórios ou aparelhos que podem ser utilizados nas máquinas de costura e explique como cada um funciona. 5 Confeccionar uma peça de vestuário com o auxílio de máquinas de costura é muito mais rápido e prático do que fazer de forma manual. No entanto, é preciso aplicar as técnicas corretas para cada tipo de tecido, além de maquinário, de agulhas e, se necessário, de acessórios, para obter uma peça com costura de qualidade. Tecidos planos e malharia exigem técnicas de execução de costura diferentes, devido à construção. Em função disso, maquinários e acessórios diferentes também. Descreva quais as principais técnicas de costura utilizadas para a malharia. 190 191 REFERÊNCIAS AUDACES. Dificuldades encontradas no cálculo da ordem de corte manual. 2018. Disponível em: https://audaces.com/os-riscos-de-fazer-o-calculo-da- ordem-de-corte/. Acesso em: 18 maio 2020. AUDACES. Sala de corte automatizada. 2017. Disponível em: https://audaces. com/descubra-como-uma-sala-de-corte-automatizada-ajuda-uma-empresa- crescer/. Acesso em: 18 maio 2020. CAMARENA, E. Desenho de moda no Corel Draw X5. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011. ENADE. Tecnologia em design de moda. 2018. Disponível em: https:// download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2018/tecnologia_em_ design_de_moda.pdf. Acesso em: 24 dez. 2020. HEIRICH, D. P. Modelagem: ferramenta competitiva para a indústria da moda. Porto Alegre: SEBRAE/RS: FEEVALE, 2007. HOPIKINS, J. Fundamentos do design de moda: desenho de moda. Porto Alegre: Bookman, 2011. MARTINS, G. C. F. Apostila de modelagem em malha. Apostila Curso Técnico em Vestuário. Blumenau: Senai, 2009. ROCHA, R. S. Planejamento de risco e corte. Blumenau: Senai/CTV, 2002. SMITH, A. O grande livro da costura. São Paulo: Publifolha, 2014. TARSO, F. P.; NEUSA, M. A. Costurar e empreender: o universo da confecção. São Paulo: Editora Senac, 2019 TREPTOW, D. 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