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UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA GRADUAÇÃO EM MEDICINA Orientadora: Profa Dra. Juliana Felix de Melo Andressa Lianna Soares de Carvalho Araújo, Bruna Maria de Carvalho Pereira, Caio Henrique Cortês Leal da Costa, Caroline Pessoa Macedo, Luana Mazza Malta, Luiz Henrique Sousa Oliveira, Maria Clara Barros Vilarinho, Maria Isabel Pinheiro da Luz Esteves e Sofia Carneiro da Cunha COVID-19 O SARS-CoV-2 é um coronavírus beta semelhante ao SARS-CoV-1, que emergiu na china e é a causa da COVID-19. Essa doença gerou uma pandemia mundial e uma das principais dificuldades no combate a essa doença está relacionada ao desconhecimento de múltiplos aspetos relevantes desse vírus, que vão desde a sua biologia à resposta do hospedeiro (resposta imunológica). As apresentações clínicas da COVID-19, tem sido variadas. Desde uma evolução benigna e por vezes assintomática até uma doença rapidamente fatal nas primeiras 2 a 3 semanas após o início dos sintomas, que podem ir de uma pneumonia e evoluir para uma insuficiência respiratória. IMUNIDADE CELULAR A imunidade celular é um tipo de imunidade adaptativa, que ocorre em um período mais tardio em relação a ação da imunidade inata. Esse tipo de imunidade não produz anticorpos específicos para antígenos, diferente do que ocorre na imunidade humoral, em vez disso, as células, mais especificamente os linfócitos T, destroem as células infectadas, induzindo a apoptose. As células T, conhecidas assim por sofrerem maturação no Timo, podem ser subdividas em linfócitos TCD8+ e TCD4+. Os linfócitos TCD8+ Atacam diretamente as células alvo, ou seja, células que possuam antígenos endógenos, isto é, infectadas por vírus (ou qualquer microrganismo intracelular) e células tumorais. Já os linfócitos TCD4+, também denominada Thelper ou Tauxiliar não elimina antígenos ou células alvo diretamente, mas possui a importante função de liberar hormônios – citocinas – capazes de estimular vários tipos celulares, tais como: macrófagos, linfócitos TCD8+ e linfócitos B, possibilitando a ampliação e manutenção da ativação da resposta imune adaptativa. As principais características da imunidade celular, sendo uma imunidade adaptativa são: especificidade (específica para cada antígeno), diversidade (podendo reconhecer de 10000000 a 1000000000 antígenos), memória (caso ocorra uma segunda estimulação do sistema imune por um mesmo agente, estas células de memória originarão rapidamente uma resposta imune mais eficaz que a desenvolvida no primeiro contato), especialização (cada resposta é desencadeada por estímulos diferentes), autolimitação (após o fim do estímulo pelos antígenos, cessa o estímulo às citocinas estimulatórias) e tolerância a estímulos próprios (o sistema imune tem capacidade de eliminar linfócitos que expressam receptores para antígenos próprios). IMUNIDADE CELULAR NA COVID-19 Na resposta ao SARS-CoV-2, foram descritos linfócitos T ativados em circulação aos 7 dias após o início dos sintomas de COVID-19, num doente com infeção moderada e que recuperou totalmente, acompanhando a deteção de linfócitos B ativados e de anticorpos específicos em circulação. Já no primeiro estudo de autópsia de um doente com ARDS (síndrome de dificuldade respiratória aguda), foi descrita redução substancial de linfócitos T em circulação, quer CD4+ quer CD8+, mas com fenótipos de hiperativação (Th17 e de citotoxicidade). Outras séries posteriores, mais alargadas, referem que os casos mais graves apresentam uma significativa e sustentada redução do número de linfócitos T circulantes, especialmente das células T CD8+, a par de um aumento do número de neutrófilos, sendo que a razão neutrófilos/linfócitos T CD8+ se revelou um fator de prognóstico para a severidade da COVID-19. Essa linfopenia periférica persistente relaciona-se com a gravidade da COVID-19 e com maior risco de desenvolverem infeções bacterianas secundárias, sendo uma das características que suporta um estádio de imunossupressão que se seguirá à fase de hiperinflamação da COVID-19. As causas dessa linfopenia periférica não estão identificadas, sendo que um efeito citopático do vírus não parece provável, dado os linfócitos T não exprimirem ACE-2. Tem sido sugerido estar relacionada com o recrutamento intenso aos órgãos infetados - aparelhos respiratório e gastrointestinal, ou com mecanismos de apoptose induzida por ativação via Fas/Ligando do Fas, ou apoptose relacionada com o TNF. RESPOSTA DAS CÉLULAS T A imunidade celular, apesar de uma peça complexa, é potencialmente muito significativa no quebra-cabeça do COVID-19. Embora ainda não haja segurança para se afirmar ou excluir a existência da imunidade permanente, os anticorpos podem ser neutralizantes da infecção celular pelo vírus, mas também podem ser facilitadores da infecção viral se não forem adequadamente amadurecidos quanto a sua afinidade pelas estruturas do vírus, inclusive alvos vacinais. De acordo com uma pesquisa, as respostas das células T estavam presentes em todos os indivíduos seis meses após a infecção por SARS-CoV-2. O estudo descobriu ainda que o tamanho da resposta das células T difere entre os indivíduos. Sendo consideravelmente (50%) maior em pessoas que haviam experimentado a doença sintomática no momento da infecção, seis meses antes. Baixas cargas virais podem induzir resposta imune com perfil mais protetor, sem causar a desregulação da resposta mediada por linfócitos T e sem causar excessiva morte celular e sem causar tempestade de citocinas. Possível que infecções prévias com outros coronavírus possam induzir linfócitos B e T de memória que tenham capacidade de reconhecer de forma cruzada os antígenos de SARs-CoV2. VACINAS E COVID-19 Apesar de já existirem vacinas, comprovadamente eficazes contra a COVID-19, não é possível afirmar com precisão o tempo que a imunidade estará presente no indivíduo vacinado. São necessários novos estudos e um maior distanciamento histórico para se resolver essas questões. REFERÊNCIAS ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; POBER, J. S. Imunologia Celular e Molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. BALESTIERI, F. M. P. Imunologia. Barueri, SP: Manole, 2006. CALICH, V.; VAZ, C. Imunologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2008. LEVINSON, W.; JAWETZ, E. Microbiologia Medica e Imunologia. 21. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. NAPIMOGA, Marcelo & PINHO, Antonio. (2021). A importância da resposta imune celular na Covid-19. InterAmerican Journal of Medicine and Health. 4. 10.31005/iajmh.v4i.185. ZIEGLER, M. F. Imunidade celular é essencial para evitar reinfecção pelo novo coronavírus, sugere estudo. Agência FAPESP, 2021. Disponível em: Imunidade celular é essencial para evitar reinfecção pelo novo coronavírus, sugere estudo | AGÊNCIA FAPESP Acesso em: 22 de outubro de 2021. SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL. COVID-19: células imunológicas respondem seis meses após infecção. SBMT, 2020. Disponível em: COVID-19: células imunológicas respondem seis meses após infecção - SBMT . Acesso em: 22 de outubro de 2021