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Prévia do material em texto

HISTÓRIA E ORGANIZAÇÃO 
DO ENSINO SUPERIOR 
NO BRASIL
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: César Augusto Jungblut
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
 Prof. Ivan Tesck
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
146.3
J95h Jungblut, César Augusto
 História e organização do ensino superior no Brasil / César Augusto 
Jungblut. Indaial : UNIASSELVI, 2017.
 116 p. : il.
 
 ISBN 978-85-69910-58-9
 
 1.História Social. 
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Cesar Augusto Jungblut
Graduado (Licenciado e Bacharel) em 
História pela Universidade Federal do Rio Grande 
do Sul, Especialista em Gestão e Tutoria em EAD 
pela UNIASSELVI, com mestrado em História Latino-
Americana. Tem experiência em escolas públicas e 
particulares no ensino básico, bem como em diversas 
universidades de Santa Catarina, como UDESC, UFSC, 
UNIASSELVI e FUCAP.
Atualmente é professor em cursos de Pós-Graduação. 
Dedica-se também às questões de Metodologia de Ensino 
(Superior, História e Geografi a), na área de formação 
de professores, em Políticas Públicas Educacionais e 
na Gestão e Legislação Educacional, entre outros. 
Tem vários trabalhos publicados na área de EAD, 
tanto na área de História como de Educação.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Panorama da História, da Educação e do Ensino 
Superior no Brasil ................................................................ 9
CAPÍTULO 2
Os Modelos Contemporâneos de Educação: Liberal e 
Neoliberal ............................................................................ 37
CAPÍTULO 3
Panorama Geral do Ensino Superior em Outros Países, 
Instituições Públicas e Privadas, a Situação Atual do 
Ensino Superior no Brasil .................................................. 53
CAPÍTULO 4
Legislação Educacional e a Coordenação do Ensino 
Superior no Brasil ............................................................... 87
APRESENTAÇÃO
Olá! É uma grande satisfação ter você por aqui, que foi quem nos motivou a 
escrever este material de estudo! Esperamos ter a oportunidade de dividir com você as 
conquistas que tivemos sobre o conteúdo que vamos tratar. Para tanto, convido você 
a começar os estudos de mais esta disciplina que faz parte da matriz curricular do seu 
curso. Uma disciplina de suma importância quanto todas as outras estudadas até aqui, 
assim como as próximas que virão para a sua especialização enquanto profissional.
Desejamos que o assunto aqui introduzido e debatido traga caminhos possíveis 
de serem trilhados na busca de seu aperfeiçoamento e entendimento sobre questões 
acerca da História e Organização do Ensino Superior no Brasil.
Para um melhor entendimento, dividimos este material em quatro capítulos. No 
primeiro capítulo faremos uma retrospectiva do ensino superior no Brasil, desde a 
colônia até a república, analisando a evolução do ensino no Brasil e suas principais 
características. Visto que conhecer o ensino superior brasileiro e sua organização 
requer um exercício histórico, ou seja, retroceder e ver lá no início do processo de 
colonização como se organizava o ensino em nosso país. 
Já no segundo capítulo abordaremos as principais caraterísticas do liberalismo 
e sua relação com a educação; o neoliberalismo e sua aplicabilidade na educação 
e também os pontos comuns entre liberalismo e neoliberalismo. Anotando que, num 
primeiro momento, faremos uma conceituação do tema, para em seguida situar também 
o neoliberalismo e relacioná-lo com a educação.
No terceiro capítulo veremos sobre a trajetória do ensino superior em outros 
países; identificando também a diferença entre instituições públicas e privadas de 
ensino superior no Brasil e suas funções; e por fim, qual é a situação atual do ensino 
superior no Brasil.
No quarto e último capítulo abordaremos temas como a organização e as leis do 
sistema educacional do ensino superior brasileiro; as organizações de coordenação da 
educação superior; e um pouco das atuais políticas públicas para o ensino superior do 
Brasil.
Aqui uma palavra de incentivo. É fundamental que para seu aprendizado você faça 
a leitura atenta e também resolva as atividades propostas. Além disso, procure sempre 
completar seus estudos com as leituras sugeridas e referenciadas ao longo do caderno. 
Se for o caso, procure também outras fontes para o seu aprendizado. Bons estudos! 
O autor.
CAPÍTULO 1
Panorama da História, da Educação 
e do Ensino Superior no Brasil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer a retrospectiva do ensino superior no Brasil, desde a colônia até a 
república.
 Analisar a evolução do ensino no Brasil e suas principais características.
10
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
11
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
ConteXtualiZação
“A história é o exercício da memória realizada para compreender 
o presente e para nele ler as possibilidades do futuro, mesmo 
que seja de um futuro a construir, a escolher, a tornar possível”. 
Francisco Cambi
Conhecer o ensino superior brasileiro e sua organização requer um exercício 
histórico, ou seja, retroceder e ver lá no início do processo de colonização como 
se organizava o ensino em nosso país. Notadamente, não podemos falar que 
nos primeiros séculos do período colonial havia ensino superior no Brasil, porque 
estudos mais aprofundados e em nível superior existiam somente na metrópole 
portuguesa e em outros países europeus, pois a oferta dessa modalidade de 
ensino era proibida nas colônias por motivos óbvios que estavam atrelados 
à exploração das terras e dos nativos. Tratavam-se de ações convenientes ao 
controle e exploração dos espaços territoriais conquistados. Desse modo, a ação 
educativa fi cou a cargo dos religiosos jesuítas, que ofereceram na época colonial 
a formação para o sacerdócio, que não era uma formação superior, devido ao 
seu caráter confessional e específi co. Outras formas de ensino foram criadas e 
aplicadas pelos padres jesuítas nos três primeiros séculos da nossa história, as 
quais serão abordadas adiante.
É importante frisar que o ensino superior no Brasil só veio a ter um sentido 
universitário nos anos de 1930. Isso contrastou com o restante da América 
espanhola, que criaram ainda no período colonial suas primeiras universidades, 
como a do Peru e México. Em nosso país, o ensino superior só foi possível com a 
chegada da família real portuguesa em 1808. 
O Modelo Educacional Jesuítico 
e Sua InFluÊncia na Educação 
Brasileira
Vindos para a América somente com o intuito de explorar a terra e lucrar 
ao máximo, a colonização brasileira foi decorrência da vontade de expansão de 
Portugal que buscava maneiras de superar as difi culdades econômicas existentes 
na Europa no fi nal da Idade Média. Após conhecer as terras que seriam a futura 
colônia na América, os portugueses se dedicaram exclusivamente a explorar as 
riquezas aqui existentes nos trinta primeiros anos, não se preocupando com um 
projeto de povoamento.12
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Esse desinteresse em povoar as terras descobertas não duraria muito 
tempo. Notando que sua colônia na América corria o risco de ser tomada, devido 
às investidas de corsários e até de embarcações ofi ciais de países europeus, os 
portugueses decidiram tomar providências e povoar de forma efetiva a colônia. 
Para isso foram criadas as capitanias hereditárias em 1532. Todavia, havendo 
difi culdades de sua implementação, em 1549 a coroa portuguesa criou o 
governo geral, que foi a primeira forma de poder público no Brasil, e teve como 
objetivo auxiliar as capitanias hereditárias. É importante frisar que junto com o 
estabelecimento do governo geral vieram os padres jesuítas.
Para compreender o papel dos jesuítas na educação do Brasil, antes de 
tudo é preciso se localizar no tempo e no espaço e entender o cenário 
daquela época.
A educação jesuítica esteve diretamente relacionada às ideias 
do Renascimento europeu, também conhecido como Renascença ou 
Período das Luzes, compreendido entre os séculos XV e XVI. 
No fi nal da Idade Média para a Idade Moderna, a luta entre 
católicos e protestantes não fi cou só no terreno religioso/espiritual, 
também foi muito acirrada no campo educacional. Para tentar barrar a 
reforma, os católicos organizaram a companhia de Jesus. Você já ouviu 
falar dela? Conhece um pouco da história dos jesuítas no Brasil e no 
mundo? Edifi cada pelo padre espanhol Inácio de Loyola em 1534, e reconhecida 
em 1540, a companhia de Jesus nasceu como instrumento de combate à reforma, 
fundamentando-se na perspectiva de que tudo deveria ser feito para a máxima 
maior glória de Deus. Enfi m, pode-se afi rmar que a contrarreforma católica foi 
a tentativa de resgate da perdida hegemonia católica, contra qualquer inovação 
política, ideológica e cultural, e os jesuítas colaboraram nessa empreitada 
(CARVALHO, 2008).
Aqui temos a presença dos jesuítas, que chegaram em 1549 nas terras 
brasileiras trazendo a expansão da fé católica e do reino, reunindo colonizadores 
e evangelizadores sob o mesmo empreendimento. Com uma missão catequista, 
edifi caram igrejas e escolas em várias regiões da colônia da América. 
Construíram um sistema educacional, desenvolvendo uma pedagogia que atingia 
especialmente as crianças, usando o teatro, a música e a dança para cumprir 
seus objetivos. 
Com a chegada ao Brasil do padre Manuel da Nóbrega, no ano de 1549, teve 
início de fato a tarefa de catequização. Com uma dupla tarefa de converter os 
povos indígenas ao catolicismo e, com isso, expandir a fé católica, a companhia 
A educação jesuítica 
esteve diretamente 
relacionada 
às ideias do 
Renascimento 
europeu, também 
conhecido como 
Renascença ou 
Período das Luzes, 
compreendido entre 
os séculos XV e 
XVI.
13
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
de Jesus, que nada mais era do que um pelotão de soldados de Cristo, também 
teve a missão de fazer retroceder o crescimento protestante que avançava mundo 
afora.
Sobre a ação dos jesuítas no período inicial da colonização 
brasileira, acesse o seguinte endereço eletrônico: <http://www.ufjf.br/
lahes/fi les/2010/03/c1-a7.pdf>.
Você deve estar se perguntando: como era a educação das populações 
indígenas do território brasileiro antes da chegada dos jesuítas e europeus? Não 
havia escolas, as crianças participavam espontaneamente de atividades com os 
mais velhos, recebendo informações dos papéis que iriam desempenhar quando 
adultas. Assim, a atuação dos jesuítas se volta para as crianças e jovens, pois 
com os adultos encontravam maior difi culdade na conversão.
Desembarcados em 1549, na Vila de Pereira, depois Vila Velha, quatro padres 
e dois irmãos da companhia de Jesus se juntaram aos propósitos do governo de 
Portugal. Assim, como já foi dito, a chegada da companhia de Jesus no Brasil 
colônia esteve diretamente vinculada com a missão de facilitar a implantação e 
a manutenção de um modelo econômico colonial e também a divulgação da fé 
católica, ambos ameaçados pela reforma na Europa.
Foi esta determinação, de um governo preocupado com 
a manutenção da ordem, disciplina, domesticação para 
o serviço escravo e imposição da fé cristã, que marcou 
o início da formação da identidade brasileira. Os padres 
jesuítas ocuparam papel central neste modelo de formação 
educacional, característica do ideal de pessoa e sociedade 
que se pretendia formar aqui no Brasil. A educação jesuítica 
do Brasil colonial esteve relacionada com todo o movimento de 
emergência da escolarização no mundo. Os jesuítas tiveram 
grande infl uência na organização da sociedade brasileira 
e coube a eles orientar a população, desde os fi lhos dos 
senhores de engenho, colonos, escravos e índios, na fé cristã, 
na disciplina do corpo e do silêncio, nos valores morais, nas 
artes eruditas e nos costumes europeus. Aos índios coube, em 
especial, a catequese, a leitura e escrita e o idioma de Portugal. 
(CARVALHO, 2008, p. 8).
Desde o início, a coroa portuguesa acreditava que a catequese era a 
forma mais efi ciente para o domínio dos povos indígenas da colônia brasileira. 
14
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Consequentemente, a catequese passou a ser um ato fundamental 
para Deus e para o rei. Quando chegaram ao Brasil, os colonizadores 
portugueses puseram o índio a serviço de três interesses: o reino 
ambicionava integrá-lo ao processo colonizador; os jesuítas aspiravam 
convertê-lo ao catolicismo; e os colonos esperavam usá-lo como 
trabalho escravo. Foram considerados, na época, como seres sem 
alma, animais, criados para serem instruídos e domesticados com 
violência e exploração. As práticas educacionais em muitos casos reforçavam 
isso, recusando sua diversidade. 
Nos primeiros tempos da colonização, os jesuítas frequentavam as aldeias 
e ensinavam às crianças a leitura, a escrita e a doutrina cristã. No entanto, como 
o trabalho de adaptação do indígena para a lavoura exigia sua presença para 
um adestramento diário e ininterrupto, começaram a organizar aldeias para 
reunir os indígenas da região. Essas aldeias fi caram conhecidas por quase todo 
o período colonial como missões. Também organizaram escolas elementares e, 
acima de tudo, difundiram um projeto pedagógico bastante uniforme, tão bem 
esquematizado que até nos dias de hoje é possível perceber seus refl exos.
Você sabe o que eram as escolas elementares? 
Durando aproximadamente um ano, o curso elementar continha em seu 
currículo o princípio católico e as primeiras letras, ou seja, o que conhecemos 
hoje por alfabetização, mas com conteúdo doutrinário. Muita disciplina, atenção e 
perseverança eram as três características de estudos a serem apreendidas pelos 
alunos, elementos que facilitariam o próprio aprendizado e o desenvolvimento do 
caráter ao futuro sacerdote e ao cristão leigo (ROCHA, 2005).
Aqui cabe uma observação importante! Os jesuítas não fi caram somente 
focados na obra da catequese e no ensino das primeiras letras aos “gentis”. 
Aos poucos, acabaram se dedicando à educação da elite colonial. Ainda que 
a principal missão deles fosse a conversão dos índios, o estabelecimento de 
colégios acabou por assumir, senão a prioridade, importância comparada à outra. 
Assim, a educação jesuítica acabou dando atenção à formação da elite letrada 
da colônia, ou seja, dos padres e senhores de engenho. Formou-se “[...] uma 
concepção que acabou por assumir contornos elitistas, almejada por 
todos que procuravam status, como símbolo de classe e de distinção, 
que demarcou as raízes fundantes da organização do ensino nacional” 
(CARVALHO, 2008, p. 9).
É importante assinalar que a partir de 1564 foi inventado um 
imposto para a sustentação dos colégios jesuítas, chamado de “padrão 
A coroa portuguesa 
acreditava que a 
catequese era a 
forma mais efi ciente 
para o domínio dos 
povos indígenas da 
colôniabrasileira.
A partir de 1564 
foi inventado um 
imposto para a 
sustentação dos 
colégios jesuítas, 
chamado de “padrão 
de redízima”,
15
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
de redízima”, compreendendo 10% de todas as arrecadações dos impostos. 
Machado (2002, p. 27) lembra que “[...] com o passar do tempo, os jesuítas 
acabaram se tornando ricos e poderosos frente à coroa portuguesa, sendo este 
um dos motivos para serem expulsos pelo Marquês de Pombal”, conforme você 
verá mais adiante.
Os jesuítas fi caram conhecidos como soldados de Cristo, com 
a missão cristã e civilizatória de acabar com as “crendices” 
indígenas, impondo assim uma nova forma de ver e conceber 
o mundo. Assim, a educação brasileira, nesse período, estava 
estreitamente vinculada à política colonizadora portuguesa. 
A metrópole desejava que a educação dos índios servisse 
para formar súditos do rei em terras tropicais, ou seja, através 
da uniformização da fé buscava-se uma unidade política, 
facilitando a dominação do povo que se encontrava na colônia 
(MACHADO, 2002, p. 26).
A educação jesuítica teve dois momentos de destaque no Brasil colônia. O 
primeiro teve início em 1549, com a chegada dos padres jesuítas, e durou até 
1570, quando morreu o padre Manoel da Nóbrega.
Machado (2002) informa que na fase inicial do projeto educacional instituído 
pelo padre Manoel da Nóbrega no Brasil, a intenção era instruir e catequizar os 
indígenas e também os fi lhos dos colonos, haja visto que os jesuítas constituíam 
os únicos mestres ofi ciais da colônia. Para tanto, “[...] foram instituídos os 
‘recolhimentos’, sendo que através deles se processaria a educação dos mestiços, 
dos órfãos e dos fi lhos dos caciques, além dos fi lhos dos colonos, em regime de 
externato” (MACHADO, 2002, p. 31).
Esse plano de estudos foi elaborado para atender a objetivos 
muito diversos. Iniciava pelo aprendizado do português, 
que incluía o ensino da doutrina cristã e a escola de ler e 
escrever. Depois continuava, em caráter opcional, o ensino 
de canto orfeônico (coral) e de música instrumental. A partir 
daí, havia uma bifurcação: podia-se seguir pelo aprendizado 
profi ssional e agrícola, ou pelas aulas de gramática seguidas 
de viagem à Europa, é claro, para a elite. De início, não havia 
a intenção de oferecer um ensino diferenciado aos indígenas 
e aos fi lhos dos colonos, mas diante da falta de “adequação” 
do índio e de acordo com as características da colônia 
(latifúndio, escravidão e monocultura), aos índios foi reservada 
a aprendizagem agrícola e aos fi lhos dos colonos, o ensino da 
gramática, seguido de viagem à Europa. A partir da publicação 
das “Constituições da Companhia de Jesus” em 1556, o plano 
do Padre Manuel da Nóbrega deixou de vigorar, excluindo-
se das etapas iniciais de estudo o aprendizado de canto, 
música instrumental, profi ssional e agrícola. Esse processo 
16
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
culminará com a instituição da Ratio Studiorum em 1599, que 
trouxe grandes mudanças à prática pedagógica dos jesuítas 
(MACHADO, 2002, p. 31).
A partir da criação do ratio studiorum, inicia-se o segundo momento de 
destaque da educação jesuítica no Brasil colônia. O plano de catequizar e 
instruir os índios sofreu modifi cações. Os educados foram os fi lhos dos colonos 
e aos índios restou apenas a catequização. Aqui se juntava a vontade da coroa 
portuguesa e da igreja católica (coroa colonizadora) de tornar o índio mais 
submisso para ser aproveitado como mão de obra escrava. Já para os padres 
jesuítas, o de converter o maior número de nativos ao catolicismo, estremecido 
pela reforma protestante. 
Segundo Carvalho (2008), essa segunda fase chamada de ratio studiorum, 
que durou de 1570 até 1759, teve como concepção uma pedagogia tradicional 
com uma visão assistencialista de homem, compreendendo que esse mesmo 
homem era constituído por uma essência universal e imutável, e que eles já 
estavam prontos e determinados. Nessa fase, para atender à educação da elite, 
a criação de colégios assumiu uma importância maior que a ação missionária. 
À educação caberia apenas acomodar os alunos, segundo a essência universal. 
Dando ênfase a essa concepção, veja:
Entre 1554 e 1570 os jesuítas fundam cinco escolas de instrução 
elementar (Porto Seguro, Ilhéus, Espírito Santo, São Vicente 
e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, 
Pernambuco e Bahia). O currículo dividia-se em duas seções 
ou classes distintas. Nas classes inferiores, com duração de 
seis anos, ensinava-se retórica, humanidades, gramática 
portuguesa, latim e grego. Nas classes superiores, com três 
anos, os alunos aprendiam matemática, física, fi losofi a, que 
incluía lógica, moral e metafísica, além de gramática, latim e 
grego (CARVALHO, 2008, p. 12).
Rocha (2005) ressalta que a mais signifi cativa diferença entre a 
primeira (1549-1570) e a segunda fase (1570-1759), foi pelo tipo de 
dependência econômica entre religiosos e indígenas. “Se a primeira 
fase foi de penúria, ela teve o aspecto positivo de obrigar os jesuítas, 
desprovidos de recursos, a conquistar a simpatia popular, mostrando-
se identifi cados com seus problemas, necessidades e anseios” 
(ROCHA, 2005, p. 3). Desse modo, num primeiro momento, a tarefa 
dos jesuítas foi a de poder aproximar essas culturas e integrá-las numa 
nova e coesa realidade social. Já na segunda fase, sem se preocupar 
com a ausência de recursos, os soldados de Cristo teriam se voltado 
para um passado clássico e medieval, evitando a realidade imediata 
e recusando qualquer mudança social e ideológica. “A cultura deixou 
“Se a primeira fase 
foi de penúria, ela 
teve o aspecto 
positivo de obrigar 
os jesuítas, 
desprovidos 
de recursos, 
a conquistar a 
simpatia popular, 
mostrando-se 
identifi cados com 
seus problemas, 
necessidades e 
anseios” (ROCHA, 
2005, p. 3).
17
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
de ser posta a serviço da sociedade para se colocar à margem da vida, dedicada 
à conservação dos esquemas mentais clássicos e das convenções sociais 
estabelecidas” (ROCHA, 2005, p. 3).
Machado (2002) nota que a educação ofertada pela companhia de Jesus 
possuía características rígidas na maneira de pensar. A formação dos professores 
ganhava uma precaução no que tange à leitura e ao treinamento. Era apenas 
com mais de trinta anos que o professor iniciava seu trabalho educativo. “Havia 
um controle rigoroso para manter a tradição: em casos de alguns professores se 
aproximarem das novidades ou ter um de espírito demasiado livre, devem ser 
afastados sem hesitação do serviço docente” (MACHADO, 2002, p. 32). Era uma 
pedagogia altamente autoritária, que servia tanto ao governo português e aos 
interesses da Igreja, que via na fé e na autoridade da religião, um ótimo aparelho 
de dominação política (ROCHA, 2005).
Você acha que essa rigidez ainda é válida para os dias de hoje? 
Vamos nos deter um pouco mais no método ratio studiorum. Ele é fundamental 
para compreender a educação jesuítica da época e até mesmo posterior!
Conhecido de forma abreviada como ratio studiorum, era o método 
pedagógico dos jesuítas, também chamado de plano de estudos. 
Publicado no ano de 1599, esse plano de estudos foi estabelecido a 
partir das vivências pedagógicas que tiveram início no colégio italiano de 
Messina. A partir dessa primeira experiência italiana, houve uma disputa 
entre o modus italicus e o modus parisiensis de ensino, predominando 
o segundo, o modelo da Universidade de Paris, onde estudaram muitos 
jesuítas, até mesmo o próprio Loyola.
Composto de regras que abarcavam da organização escolar, orientações 
pedagógicas, até a aplicação rigorosa da doutrina católica, esse plano de ensino 
propunha uma pedagogia tradicional que remetia abertamente à escolástica 
medieval, onde a educaçãoera sinônimo de catequese e evangelização. A 
formação proposta pelo ratio studiorum almejava o desenvolvimento de um 
homem perfeito, do bom cristão e era direcionada para a elite colonial. Veja o que 
Shigunov Neto e Maciel (2008, p. 180-181) dizem sobre o tema:
Conhecido de forma 
abreviada como 
ratio studiorum, 
era o método 
pedagógico dos 
jesuítas, também 
chamado de plano 
de estudos.
18
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
O Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Jesu, mais 
conhecido pela denominação de Ratio Studiorum, foi o 
método de ensino que estabelecia o currículo, a orientação 
e a administração do sistema educacional a ser seguido, 
instituído por Inácio de Loyola para direcionar todas as ações 
educacionais dos padres jesuítas, tanto na colônia quanto na 
metrópole, ou seja, em qualquer localidade onde os jesuítas 
desempenhassem suas atividades. O Ratio Studiorum não 
era um tratado sistematizado de pedagogia, mas sim uma 
coletânea de regras e prescrições práticas e minuciosas a 
serem seguidas pelos padres jesuítas em suas aulas. Portanto, 
era um manual prático e sistematizado que apresentava ao 
professor a metodologia de ensino a ser utilizada em suas 
aulas.
O método divulgado originariamente em 1599 era centralizador e autoritário 
em sua concepção, tendo também um aspecto universalista, humanista e literário. 
O ratio studiorum proporcionava três alternativas de cursos: o curso secundário e 
dois cursos superiores, de fi losofi a e teologia.
Assim, sua proposta curricular dividia-se em duas partes 
distintas: os “estudos inferiores”, conhecidos por ensino 
secundário; e os “estudos superiores”. Os cursos secundários 
com duração de cinco anos, que na maioria das vezes 
prorrogavam-se por seis anos, destinavam-se à formação 
eminentemente literária e humanista.
Portanto, o objetivo do curso de humanidades era a arte acabada 
da composição, oral e escrita. O aluno deve desenvolver todas 
as suas faculdades, postas em exercício pelo homem que se 
exprime e adquirir a arte de vazar esta manifestação de si 
mesmo nos moldes de uma expressão perfeita. As classes de 
gramática asseguravam-lhe uma expressão clara e exata, a 
de humanidades, uma expressão rica e elegante, a de retórica 
mestria perfeita na expressão poderosa e convincente “ad 
perfectam aloquentiam informat”.
Esse curso de humanidades foi o que mais se propagou 
e difundiu na colônia, podendo ser considerado o alicerce 
da estrutura educacional jesuítica. Já os cursos superiores 
eram integrados pelos cursos de fi losofi a e ciências, também 
denominado de curso de “artes”. Tinham duração de três 
anos e eram direcionados para a formação do fi lósofo, pois 
as disciplinas que compunham os estudos eram a lógica, a 
metafísica, a matemática, a ética e as ciências físicas e naturais 
(SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008, p. 180-181).
Os estudos superiores instituídos pelo ratio studiorum visavam à formação 
profi ssional do homem, enquanto que os cursos secundários tinham a fi nalidade 
de formar o humanista, o homem para viver em sociedade.
19
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
Atividades de Estudos:
1) A companhia de Jesus no Brasil colônia teve como missão facilitar 
a implantação e a manutenção de um modelo econômico colonial 
e também a divulgação da fé católica. Descreva de que forma 
isso ocorreu.
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2) O modelo educacional jesuíta teve dois momentos de destaque 
no Brasil. O primeiro iniciado em 1549, com a chegada dos padres 
jesuítas, e que durou até 1570, e o segundo foi a partir da criação 
do ratio studiorum. Escreva um pequeno texto diferenciando 
esses dois momentos.
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Sobre o legado e a infl uência dos jesuítas na educação colonial 
brasileira, leia a seguinte obra: 
SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no 
período colonial. Curitiba: Editora UFPR, 2008.
O que parecia durar para sempre, não durou! Em 1759 o Marquês de Pombal 
expulsa os jesuítas de Portugal e consequentemente das terras brasileiras, 
20
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
acabando completamente com a organização educacional por eles aqui praticada 
desde o século XVI. Conhecido como Marquês de Pombal, Sebastião de Carvalho 
e Melo conduziu a política e economia portuguesa por 27 anos. Nomeado por D. 
José I (1750-1777), como primeiro ministro de Portugal, Pombal foi responsável 
por mudanças drásticas na reorganização do Estado.
Você deve estar se perguntando: por que expulsar os padres 
jesuítas da colônia brasileira? Portugal tinha motivos para isso? Quais 
seriam esses motivos? Em termos gerais, a vontade de expulsar 
os jesuítas era antiga e, especialmente, por dois fatores: a miséria 
intelectual e econômica do reino, pela qual eram culpados; o privilégio 
exclusivo do ensino por eles exercido desde o ano de 1549. Sem 
sombra de dúvida, a companhia de Jesus se desviou dos seus objetivos 
missionários e educacionais na América. Não foram aquilo que eram 
na Ásia: somente ação missionária. Aqui, os jesuítas também foram 
“colonizadores”, atuando em diversas áreas e contrariando, em muitos 
casos, interesses econômicos e políticos portugueses. A questão não 
era simples e exigia avaliação.
Os jesuítas procuraram catequizar também os negros, 
combatendo o culto dos deuses africanos. Mas não lhes foi 
permitido oferecer aos escravos qualquer educação mais 
formal e, assim, a educação deles foi limitada aos sermões 
que os exortavam à prática da moral e fé cristãs.
Os jesuítas eram acusados de educar os índios a serviço da 
ordem religiosa e não dos interesses da metrópole e de não 
conhecerem outro soberano que não fosse o geral da companhia 
e outra nação que não fosse a sua própria sociedade. Pombal 
propôs-se a solucionar o problema do ensino não mais como 
tarefa das ordens religiosas, mas como atribuição própria, sem 
ser exclusiva do poder real. Mas, quando a coroa começou a 
impor a reforma pombalina (alvará de 28/06/1759) e o processo 
de secularização do ensino, determinando o fechamento das 
escolas jesuíticas, a colonização já estava consolidada e a 
língua portuguesa e a religião cristã já estavam divulgadas 
entre indígenas e escravos (ROCHA, 2005, p. 9).
Pombal sabia da importância política e econômica da colônia e por isso 
reformulou muita coisa por aqui. Criou as companhias de comércio que tinham 
privilégios de taxar produtos na compra e venda, aumentou os impostos na região 
de mineração, criando as famosas casas de fundição, e fi xou quotas anuais de 
produção de ouro.
Reforçando um pouco mais sobre as causas da expulsão dos jesuítas 
do Brasil, lembramos que elas foram variadas, desde questões políticas até 
ideológicas. Tornando-se uma barreira aos interesses do Estado moderno 
Os jesuítas 
também foram 
“colonizadores”, 
atuando em 
diversas áreas 
e contrariando, 
em muitos 
casos, interesses 
econômicos 
e políticos 
portugueses.
21
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
português, a companhia de Jesus possuía um amplo poder econômico desejado 
pela coroa portuguesa. Esse novo Estado português, infl uenciado pelas ideias 
iluministas então vigentes na Europa, também almejava a formação de um novo 
homem, ou seja,o homem burguês, o negociante, e não mais somente o cristão.
Shigunov Neto e Maciel (2008) observam que para analisar a expulsão da 
companhia de Jesus deve ser levado em conta a compreensão de um processo 
amplo, que abrange questões políticas, ideológicas e econômicas. Para os citados 
autores, a expulsão dos padres jesuítas e por consequência o fi m da companhia 
de Jesus, culminando com o desmoronamento do sistema de educação criado por 
eles, ocorreu por dois motivos:
Político – os jesuítas representavam um empecilho aos 
interesses do Estado moderno, além de serem detentores de 
grande poder econômico, cobiçado pelo Estado.
Educacional – a necessidade de a educação formar um novo 
homem – o comerciante e o homem burguês, e não mais o 
homem cristão – pois os princípios liberais e o movimento 
iluminista trazem consigo novos ideais e uma nova fi losofi a de 
vida (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008, p. 180).
As missões, que eram muitas, passaram a ser controladas por funcionários 
do governo. “As capelas tornaram-se paróquias, com vigários nomeados pelo rei; 
os indígenas deveriam deixar de ter “nomes bárbaros”, passando a ter nomes 
portugueses” (CARVALHO, 2008, p. 14). As línguas nativas faladas foram 
proibidas, tornando-se obrigatória a língua portuguesa. “Os caciques viraram 
capitães e juízes, e as lideranças passaram a ser os vereadores municipais. Todos 
os indígenas, a partir daquele momento, se tornariam cidadãos portugueses” 
(CARVALHO, 2008, p. 14).
Provocando um retrocesso no sistema educativo da colônia, a expulsão dos 
jesuítas comprometeu menos a educação dos pobres que a educação das elites. O 
sistema educacional edifi cado por eles, aos poucos se transformou num 
sistema cada vez mais voltado às elites, refl etindo o que recomendava 
a companhia de Jesus e o ratio studiorum. Em 1759, ano da expulsão, 
eles tinham, além das escolas de ler e escrever, inúmeros seminários e 
cerca de 24 colégios, sem contar a grande quantidade de missões.
Grande parte das características do padrão pedagógico do ensino 
jesuítico, que foi praticado no Brasil por mais de dois séculos, ainda 
permanece viva em muitas instituições escolares brasileiras, sejam 
elas públicas ou privadas. Isso é notório quando vemos muitas escolas 
preocupadas com a formação de valores religiosos, impondo uma 
disciplina corporal, preservando hierarquias e utilizando estratégias 
Grande parte das 
características do 
padrão pedagógico 
do ensino jesuítico, 
que foi praticado no 
Brasil por mais de 
dois séculos, ainda 
permanece viva em 
muitas instituições 
escolares 
brasileiras, sejam 
elas públicas ou 
privadas.
22
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
didáticas como: o aluno “líder” da sala, o estudioso que deve ser exemplo a ser 
seguido, e principalmente a memorização, o silêncio e até a competição. 
E a pergunta mais uma vez é necessária: o que foi feito em termos 
educacionais após a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras? Machado (2002) 
assinala que com o banimento dos jesuítas da colônia brasileira pelo Marquês 
de Pombal, a coroa portuguesa tentou implantar um sistema educacional para 
ocupar seu lugar. O mesmo autor diz que foi criado um sistema de aulas régias 
que era mantido pelo imposto chamado de subsídio literário, no entanto, essa 
nova tentativa não deu conta de prover a educação da colônia, pois não havia 
recursos e nem profi ssionais qualifi cados para tanto. 
Vejamos o que Rocha (2005, p. 10) ensina sobre o assunto:
Infelizmente, Pombal esperou treze anos para tentar substituir 
os dois séculos de tra balho jesuítico e, mesmo assim, a 
Ordenação de 10 de novembro de 1772, que instituiu o 
“subsídio literário”, imposto cobrado sobre o consumo da 
carne e produção de aguardente, criado especialmente para 
a manutenção das aulas de ler e escrever e de humanidades, 
não foi capaz de arrecadar os recursos necessários.
A instituição do regime das “aulas régias”, ou seja, aulas de 
disciplinas isoladas, não apresentava a coerência necessária, 
dada a ausência de um plano sistemático de estudos e a falta 
de motivação discente. Uma das razões para as escolas régias 
não serem frequentadas é a de que eram constantemente 
visitadas por soldados incumbidos de recrutar rapazes 
com mais de treze anos. Certamente, outros motivos mais 
sérios provocavam essa debandada das aulas, ministradas 
por professores leigos, ignorantes e sem nenhum senso 
pedagógico.
O legado desse período (1759-1808) foi de pura ilusão. A identidade da ação 
pedagógica de um nível para outro, e até os cursos superiores, foram trocados 
pelas difusas aulas régias, enfraquecendo a organização de um novo sistema. 
A distância entre a diretoria geral de estudos e os mestres não congregados em 
colégios, mas dispersos, sem órgãos intermediários permanentes, nem pedia 
qualquer inspeção efi caz, nem criava um ambiente favorável às iniciativas de 
vulto. Tudo, até os detalhes de programas e a escolha de livros, tinha que vir de 
cima e de longe, do poder supremo do reino, como se este tivesse sido organizado 
para instalar a rotina, paralisar as iniciativas individuais e estimular, em vez de 
absorver, os organismos parasitários que costumam desenvolver-se à sombra de 
governos distantes, naturalmente lentos na sua intervenção. Essa foi uma das 
razões pelas quais a ação reconstrutora de Pombal não atingiu, senão de raspão, 
a vida escolar da colônia.
23
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
Para Portugal, quando implantou esse sistema, seria o fi m do "atraso" da 
educação no Brasil. No entanto, a educação, que era quase de responsabilidade 
total dos jesuítas, teve um grande retrocesso. Vinte anos após a expulsão da 
companhia de Jesus, o número de escolas em toda a colônia era bem pequeno se 
comparado à época dos padres. Muitas escolas foram fechadas e as bibliotecas 
dos mosteiros foram abandonadas ou destruídas.
Mais uma vez, Machado (2002, p. 34) ensina:
Como você pode perceber, os jesuítas tornaram-se instrumentos 
na formação da elite colonial, já que foram os educadores 
durante 210 anos. O modelo de educação implantado era 
adequado à política colonial portuguesa, pois se privilegiava 
o trabalho intelectual, deixando de lado o trabalho manual. 
Desta forma, os alunos fi cavam distantes da realidade em que 
viviam. A maioria da população era iletrada - pobres, negros e 
mulheres - o que fazia a elite colonial acreditar que o mundo 
civilizado estava lá fora, sendo a metrópole, o modelo ideal.
De forma não muito consensual, alguns historiadores defendem a ação dos 
jesuítas no Brasil durante 210 anos, outros, porém, criticam de forma veemente 
esse trabalho educativo. O modelo educacional jesuítico teve infl uência em 
todo período colonial, alcançando até o império e, porque não dizer, o período 
republicano. Essa educação criou uma cultura importada, com infl uência 
notadamente europeia. No entanto, não podemos esquecer de que os padres 
jesuítas foram os orientadores sociais e intelectuais da colônia por mais de dois 
séculos e que, seguramente, sem eles teria sido impossível ao conquistador 
português conservar a coesão de sua cultura e de sua civilização. Isso era 
coerente com a ação educacional jesuítica, pois procedia com seus objetivos 
principais na colônia, a conversão do gentio à fé cristã. A obra jesuítica também 
apresentou papel fundamental e acabou contribuindo de forma determinante 
para que o governo de Portugal alcançasse seus objetivos na colonização e 
povoamento da colônia brasileira na América.
A ação educacional jesuítica na colônia pode ser compreendida a partir 
de duas fases: uma delas corresponde ao primeiro período, o de adaptação e 
construção do trabalho de catequese e, por conseguinte, a conversão do nativo 
aos costumes europeus; num segundo momento, que iniciou no segundo século 
de sua atuação, ocorreu um tempo de amplo aumento do sistema educacional 
disseminadono primeiro período, ou seja, foi a fase de solidifi cação do projeto 
educacional, dedicando-se também à catequização do gentio à fé católica e ao 
ensino dos fi lhos dos colonos e demais membros da colônia, principalmente, os 
fi lhos dos donos de engenho e funcionários reais. 
24
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Existiram, e ainda existem, críticas realizadas ao método pedagógico 
aplicado pelos jesuítas na colônia brasileira. De forma geral, critica-se o monopólio 
da educação da juventude portuguesa e colonial, que tinha uma orientação para 
a uniformidade intelectual; acusavam seus ensinos de dogmático e abstrato; de 
usar em seus métodos autoritarismo, retórica e conservadorismo, não havendo 
lugar para os debates inovadores da época. Em meio a essas críticas, apesar das 
difi culdades e com as dimensões geográfi cas do Brasil:
Os números da obra jesuítica impressionam pela grandeza, 
pois foram fundadas 36 missões; escolas de ler e escrever 
em quase todas as povoações e aldeias; 25 residências dos 
jesuítas; 18 estabelecimentos de ensino secundário, entre 
colégios e seminários, nos principais pontos do Brasil, entre 
eles: Bahia, São Vicente, Rio de Janeiro, Olinda, Espírito Santo, 
São Luís, Ilhéus, Recife, Santos, Porto Seguro, Paranaguá, 
Alcântara, Vigia, Pará, Colônia do Sacramento, Florianópolis e 
Paraíba (SHIGUNOV NETO; MACIEL, 2008, p. 183).
A questão que se deve assinalar aqui, é a de peculiaridade após 
a expulsão dos jesuítas: o que foi colocado no lugar da educação 
jesuítica não deu conta nem de longe de educar tanto a elite como os 
demais moradores da colônia portuguesa na América. A destruição e 
substituição das antigas propostas pelas novas, só melhorou um pouco 
com a vinda da família real em 1808. Por fi m, a grande perspectiva 
que devemos pensar é a do educador comprometido, aquele que lê 
as entrelinhas da história da nossa educação, para entender que tipo 
de educação tínhamos e qual, eventualmente, podemos construir hoje 
para o futuro.
O que foi colocado 
no lugar da 
educação jesuítica 
não deu conta 
nem de longe de 
educar tanto a elite 
como os demais 
moradores da 
colônia portuguesa 
na América.
O Surgimento do Ensino Superior 
Brasileiro
Tardou, mas aconteceu! O aparecimento do ensino superior no Brasil ocorreu mais 
de três séculos depois do seu “descobrimento”. A implantação de cursos superiores em 
terras brasileiras ocorreu por dois motivos: a chegada da família real portuguesa ao 
Brasil e a necessidade em atender aos jovens nobres que foram impedidos de cursar 
universidades europeias após o bloqueio continental de Napoleão sobre a Europa.
Para a metrópole portuguesa, a aventura em terras brasileiras, na colônia, se 
assemelhava ao investimento de uma empresa, unicamente voltada para a exploração 
e a esse fi m se manteve fi el. Dessa maneira, a coroa não se preocupava com a criação 
de instituições de ensino superior, ainda mais de universidades. Até as ações dos 
25
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
padres jesuítas de fundar seminários para a formação de um clero brasileiro cessaram 
na reforma efetuada pelo Marquês de Pombal, quando expulsou a companhia de Jesus 
no fi nal do século XVIII. Assim, as primeiras instituições de ensino superior foram criadas 
apenas em 1808 e as primeiras universidades são ainda mais recentes, datando da 
década de 1920/1930 (SANTOS, 2009).
Arrastando por alguns anos essa situação vexatória da educação em terras 
brasileiras, com a expulsão dos jesuítas, ela só começou a mudar no momento em 
que a família real portuguesa se mudou para o Brasil em 1808. Fugindo da invasão 
de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte, a corte se transfere para sua colônia 
mais importante, fi xando-se na cidade do Rio de Janeiro. Nesse momento, o Brasil é 
elevado à categoria de Reino Unido de Portugal e Algarves e ocorre a abertura dos 
portos às nações unidas. Isso signifi cou que todas as mercadorias importadas e 
exportadas pelo Brasil, que antes eram comercializadas somente com Portugal, agora 
são comercializadas diretamente com os países interessados. O principal parceiro 
comercial na época era a Inglaterra.
De forma esclarecedora, Rocha (2005, p. 12) lembra:
A transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro 
(1807-1808) mudou de maneira radical as relações entre a 
metrópole e sua colônia mais próspera, o Brasil. Do ponto de 
vista da educação, novas orientações foram, forçosamente, 
introduzidas, ampliando-se o processo de secularização do 
ensino iniciado com Pombal. Motivada por preocupações 
de utilidade prática e imediata, a obra escolar de D. João VI 
marcou uma ruptura com o programa escolástico e literário até 
então em vigor. Muito havia a ser feito para atender à demanda 
educacional da aristocracia portuguesa, preparando, inclusive, 
novos quadros para as ocupações técnico-burocráticas. 
Também é fato que o ensino superior foi a maior preocupação, 
fi cando os demais níveis relegados à própria sorte, mas, com 
essa obra teve início o processo de autonomia que iria resultar 
na independência política.
Sobre a família real portuguesa, sugere-se a leitura da seguinte 
obra: 
LAURENTINO, Gomes. Como uma rainha louca, um príncipe 
medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram 
a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta do 
Brasil, 2007. 
26
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
A obra intitulada “Como uma rainha louca, um príncipe medroso 
e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de 
Portugal e do Brasil”, está disponível no seguinte endereço eletrônico: 
<http://goo.gl/nffLtj>.
Nessa ocasião, o Brasil se constituiria em capital do reino português, 
tornando-se assim essencial atenuar as carências do sistema de ensino brasileiro, 
suscitando uma estrutura educacional nova e que pudesse formar servidores 
preparados para esta realidade política. O primeiro passo foi multiplicar o número 
de cadeiras de ensino e criar cursos superiores e instituições culturais. Para tanto, 
foram criadas a Academia Real da Marinha (1808) e a Academia Real Militar 
(1810), destinadas a preparar ofi ciais e engenheiros para a defesa militar da 
colônia. Também foram criados os cursos de cirurgia, anatomia e medicina (1808-
1809). Por fi m, foram criados cursos voltados para a formação de técnicos para os 
campos da economia, indústria e agricultura (MACHADO, 2002). 
Conforme Machado (2002, p. 34):
Para incrementar a vida cultural e social do Rio de Janeiro, 
foram criados o Jardim Botânico (1810), a Biblioteca Nacional 
(1810) e o Museu Real, posteriormente Museu Nacional 
(1818). Foram incentivadas a vinda de missões estrangeiras 
compostas por pintores, músicos, cientistas, entre outros 
estudiosos. Em 1808, também foi liberada a imprensa e a 
criação de indústrias no país. A imprensa era proibida devido 
ao medo da metrópole de que, através dos jornais e dos livros, 
se difundissem ideias que levassem a independência. Também 
por causa disso, a entrada de livros na colônia era controlada.
É importante assinalar que muitos historiadores consideram a 
criação desses cursos superiores o verdadeiro início do ensino superior 
em nosso país. Pois, como assinala Sampaio (1991), a vinda da corte 
portuguesa marcou de fato o início da construção do ensino superior 
no Brasil, cujo padrão de ampliação teve, como particularidades 
principais, sua orientação para formação profi ssional e a infraestrutura 
necessária para modernizar a colônia.
Existia, para tanto, um modelo de formação profi ssional no qual:
A vinda da corte 
portuguesa marcou 
de fato o início 
da construção do 
ensino superior no 
Brasil.
27
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
As escolas de medicina, engenharia e, mais tarde, de direito, 
se constituíram naespinha dorsal do sistema, e ainda hoje 
estão entre as profi ssões de maior prestígio e demanda. 
Durante esse primeiro período, de 1808 a 1889, o sistema de 
ensino superior se desenvolve lentamente, em compasso com 
as rasas transformações sociais e econômicas da sociedade 
brasileira. Tratava-se de um sistema voltado para o ensino, 
que assegurava um diploma profi ssional, o qual dava direito a 
ocupar posições privilegiadas no restrito mercado de trabalho 
existente e a assegurar prestígio social (SAMPAIO, 1991, p. 6).
No Brasil, a criação de instituições de ensino superior seguiu esse modelo, 
buscando formar grupos profi ssionais para a administração dos negócios do 
Estado, para a construção de obras públicas e também para encontrar novas 
riquezas, rejeitando também o papel educacional da igreja católica, exceto o ensino 
das primeiras letras. A independência política, ocorrida em 1822, não signifi cou 
grandes mudanças no ensino superior do Brasil, menos ainda a ampliação ou 
diversifi cação do sistema. Os novos dirigentes não vislumbraram qualquer 
vantagem na criação de universidades, prevalecendo o modelo de formação para 
profi ssões em faculdades isoladas. De fato, o processo de independência não foi 
além de uma continuidade protocolar de poder (SAMPAIO, 1991, p. 7).
Atividades de Estudos:
1) Com a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras, o que 
aconteceu com a educação da colônia portuguesa na América? 
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____________________________________________________
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2) Com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, 
ocorreram mudanças signifi cativas na educação do Brasil, 
principalmente no ensino superior. Quais foram essas mudanças? 
____________________________________________________
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____________________________________________________
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28
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
A Universidade: Uma Instituição 
Tardia no Brasil
Cabe salientar que, proclamada a República, outras tentativas são feitas. 
A situação do ensino superior permaneceu praticamente inalterada, desde a 
independência em 1822 até a Proclamação da República, em 1889. O que mudou 
com a República foram as alterações na legislação do ensino, com um ideário 
positivista, pois o discurso passou a afi rmar que todos os cidadãos deveriam ter 
as mesmas oportunidades educacionais.
Fávero (2006) lembra que, na Constituição Republicana de 1891, o ensino 
superior deveria ser amparado pelo poder central, haja visto que do ano de 1889 
até 1930 (período conhecido como República Velha), o ensino superior no país 
sofreu inúmeras alterações decorrentes da publicação de diferentes dispositivos 
legais sobre o assunto. Apesar da demora no surgimento da universidade, 
o regime de desofi cialização do ensino acabou por gerar condições para o 
surgimento das universidades, com tendência para se deslocar provisoriamente 
da órbita do Governo Federal para a dos Estados. Nessa conjuntura, surgiu em 
1909 a Universidade de Manaus, em 1911 é constituída a Universidade de São 
Paulo e, em 1912 a Universidade do Paraná, todas como instituições livres.
Como resultado disso, em setembro de 1920 o Presidente Epitácio 
Pessoa, mediante o Decreto nº 14.343, organizou a Universidade do 
Rio de Janeiro. Criada a partir de três unidades de caráter profi ssional, 
foi-lhe garantida autonomia didática e administrativa. Dessa maneira, a 
primeira universidade ofi cial foi criada, resultando da reunião formal de 
três escolas tradicionais já existentes, sem uma maior conexão entre 
elas e cada uma conservando suas características. Fávero (2006) 
lembra que apesar das ressalvas feitas à criação dessa instituição de ensino, 
cabe assinalar que na história da educação superior brasileira, a Universidade do 
Rio de Janeiro é a primeira instituição de ensino superior criada legalmente pelo 
Governo Federal.
Aos poucos o panorama começou a mudar. Em 1931, ainda no governo 
provisório de Getúlio Vargas, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, 
tendo Francisco Campos como o primeiro ocupante da pasta. Através de uma 
série de decretos, organizou a “famosa” Reforma Francisco Campos. Dentre esses 
decretos, o nº 19.851 de 1931, instituiu o estatuto das universidades brasileiras, 
que ao tratar sobre a disposição do ensino superior, instituiu o regime universitário, 
elevando para o nível superior a formação de professores secundários.
A Universidade do 
Rio de Janeiro é a 
primeira instituição 
de ensino superior 
criada legalmente 
pelo Governo 
Federal.
29
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
No que tange à organização do ensino superior, essa reforma previu duas 
modalidades: o sistema universitário (ofi cial, mantido pelos governos federal e 
estaduais ou particulares) e o instituto isolado. A direção central da universidade 
cabia ao reitor e ao conselho universitário, sendo o reitor escolhido a partir de uma 
lista tríplice, prática que vigora até hoje nas universidades federais e em algumas 
públicas estaduais. Essa reforma também dispunha sobre a composição do corpo 
docente, catedráticos e auxiliares de ensino, que deveriam ser escolhidos por 
concursos de títulos e provas, entre outras medidas.
Outro fator importante relativo à universidade nas primeiras décadas do 
século XX, dizia respeito à necessidade da pesquisa. A pesquisa que deveria ser 
realizada pelas universidades, sempre promovendo a formação do pesquisador, 
realizava-se até então nas escolas profi ssionais, muitas impróprias para esse fi m. 
“A pesquisa precisava de um espaço mais distanciado de resultados práticos, e 
com mais liberdade de experimentação e pensamento” (SAMPAIO, 1991).
Nesse quesito, a criação de uma universidade no Brasil ressurgiu com uma 
nova expectativa, qual seja, a de romper com a argumentação resumidamente 
política que prevaleceu ao longo de todo o século XIX e início do século XX. 
Atribuía-se à universidade um novo papel: desenvolver a ciência, as humanidades/
artes e a pesquisa. Para essa nova fi nalidade, a Academia Brasileira de Ciência 
(ABC) e a Associação Brasileira de Educação exerceram um papel de suma 
importância. “Elas colocaram em pauta um projeto de reformulação completa do 
sistema educacional brasileiro, desde o nível primário com o projeto da Escola 
Nova, até o superior com o projeto da Universidade Brasileira, que seria seu 
coroamento” (SAMPAIO, 1991, p. 8).
A criação da Associação Brasileira de Educação em 16 de 
outubro de 1924, foi um acontecimento de importância fundamental 
para o direcionamento das mudanças que ocorreram no sistema 
educacional escolar na segunda metade da década de 1920 e, 
principalmente, na primeira metade da década seguinte. Até aquela 
data, o debate sobre as questões educacionais se restringia, quase 
que exclusivamente, ao interior do Estado. Depois dela, passou a 
existir um espaço na sociedade civil onde se discutiam as políticas 
educacionais elaboradas pelo Estado e as sugestões. 
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/eaBexD>. Acesso em: 16 fev. 2016.
30
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
De acordo com Sampaio (1991, p. 8), essa universidade moderna deveria ser 
organizada:
[...] a) de maneira que se integrem num sistema único, mas 
sob direção autônoma, as faculdades profi ssionais (medicina, 
engenharia, direito), institutos técnicos especializados 
(farmácia, odontologia), e instituições de altos estudos 
(faculdades de fi losofi a e letras, de ciências matemáticas, 
físicas naturais, de ciências econômicas e sociais, de 
educação etc.); b) e de maneiraque, sem perder o seu caráter 
de universalidade, se possa desenvolver, como uma instituição 
orgânica e viva, posta pelo seu espírito científi co, pelo nível 
dos estudos, pela natureza e efi cácia de sua ação, a serviço da 
formação e desenvolvimento da cultura nacional.
A despeito de todas as tentativas, a Reforma Francisco Campos não 
conseguiu pôr em prática o ideal de universidade que tinha movimentado 
educadores e intelectuais em 1920, apesar de não ter mantido o ensino superior 
nos moldes tradicionais anteriores. Desse modo, a Reforma Francisco Campos 
além de não modifi car solidamente a universidade imaginada pelos educadores 
nos anos 20, também não refl etiu na política do Governo Vargas ao longo do seu 
primeiro mandato (1930-1945). “Esse período assistiria à criação de dois projetos 
universitários que teriam continuidade, o da Universidade de São Paulo e da 
Universidade do Brasil, e o projeto frustrado da Universidade do Distrito Federal, 
no Rio de Janeiro” (SAMPAIO, 1991, p. 11).
Em suma, a concepção da universidade em nosso país signifi cou um 
processo de sobreposição de modelos, do que efetivamente de substituição, isto 
é, reuniu em muitos casos faculdades já existentes. A universidade, com forte 
tendência à pesquisa, foi parcialmente instituída com a fundação da USP em 
1934, no restante foi preservado o antigo modelo de formação para profi ssões, o 
que mudaria de certa forma com a Reforma Universitária de 1968, nosso próximo 
assunto.
A ReForma Universitária de 
1968
Após o fi nal da ditadura Vargas, teve início a redemocratização 
no Brasil, confi rmada com a promulgação de uma nova Constituição 
em 1946, que se distinguiu por ter caráter liberal em suas premissas. 
Já nesse período, fi nal dos anos de 1940 e começo dos anos 1950, 
surge nas universidades a vontade de mudanças, principalmente 
por uma autonomia universitária, tanto interna como externa. Eram 
os ventos das mudanças. 
Final dos anos de 
1940 e começo dos 
anos 1950, surge 
nas universidades 
a vontade de 
mudanças, 
principalmente por 
uma autonomia 
universitária, tanto 
interna como 
externa.
31
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
A partir dos anos de 1960, a União Nacional dos Estudantes (UNE) buscava 
em seus seminários exigir uma reforma universitária, vinculada, é claro, com 
mudanças estruturais e políticas do país. No entanto, entre abril de 1964 até 1967, 
as discussões no movimento estudantil foram centralizadas especialmente em dois 
pontos: “[...] a) revogação dos acordos MEC/USAID; b) revogação da Lei Suplicy 
(Lei nº 4.464, de 9.11.1964), pela qual a UNE foi substituída pelo Diretório Nacional 
de Estudantes” (FÁVERO, 2006, p. 20).
Ramos (2011) lembra que nesse período, um pouco antes do golpe militar 
que ocorreu em 1964, a comunidade acadêmica tinha iniciado a discussão em 
torno da necessidade da reforma universitária, envolvendo a criação de institutos 
de pesquisa, a modifi cação da estrutura da carreira docente, o reajuste salarial 
dos professores e a assistência aos estudantes, através de bolsas, alimentação, 
alojamento etc.
No começo do ano de 1968, uma intensa mobilização de estudantes, 
avivada por intensos debates nas universidades, exigiu do governo medidas que 
solucionassem os problemas educacionais mais graves, principalmente a falta 
de vagas. A resposta do governo militar ocorreu com o Decreto n. 62.937, de 
02.07.1968, que criou um Grupo de Trabalho (GT) encarregado de estudar, em 
caráter de urgência, as medidas que deveriam ser tomadas para resolver a crise da 
universidade. Veja:
No relatório fi nal desse grupo aparece registrado que essa 
crise sensibilizou diferentes setores da sociedade, não 
podendo deixar de exigir do governo uma ação efi caz que 
enfrentasse de imediato o problema da reforma universitária, 
convertida numa das urgências nacionais. Entre as questões 
levantadas, o relatório chama a atenção para o fato de a 
universidade brasileira estar organizada à base de faculdades 
tradicionais que, apesar de certos progressos, em substância, 
ainda se revelam inadequadas para atender às necessidades 
do processo de desenvolvimento, que se intensifi cou na 
década de 1950, e se conserva inadaptada às mudanças 
dele decorrentes. A universidade se expandiu, mas, em seu 
cerne, permanece a mesma estrutura anacrônica a entravar 
o processo de desenvolvimento e os germes da inovação 
(FÁVERO, 2006, p. 18).
Dentre as medidas da reforma que tiveram por objetivo a produtividade e a 
efi ciência da universidade, principalmente as públicas, destacam-se: “[...] o sistema 
departamental, o vestibular unifi cado, o ciclo básico, o sistema de créditos e a 
matrícula por disciplina, bem como a carreira do magistério e a pós-graduação” 
(FÁVERO, 2006, p. 18). Muitas dessas mudanças permanecem até os dias 
atuais, mas o que se discute hoje em relação ao ensino superior, não é tanto sua 
organização, mas sim seu alcance social e econômico para o país, assunto que 
será discutido nos próximos capítulos! 
32
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Para conhecer um pouco mais sobre a reforma universitária de 
1968, leia com atenção o seguinte texto:
LIRA. A. T. N. As bases da reforma universitária da ditadura 
militar no Brasil. Disponível em: <http://goo.gl/BkulTo>. Acesso em: 
16 fev. 2016.
Atividades de Estudos:
1) Em que ano e em que contexto a primeira universidade brasileira 
ofi cial foi criada? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Durante o Período Vargas, uma importante reforma foi 
implementada na educação. Quais foram os principais aspectos 
dessa reforma para o setor?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
3) Descreva o que foi a reforma universitária de 1968 e o que ela 
modifi cou no modelo de ensino superior do Brasil.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
33
PANORAMA DA HISTÓRIA, DA EDUCAÇÃO E DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASILSUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 1 
Algumas Considerações
Caro pós-graduando! Chegamos ao fi nal do primeiro capítulo. Esperamos 
que a leitura deste material tenha despertado não só o conhecimento sobre a 
educação superior brasileira, mas também, a vontade de conhecer mais. Faça 
isso, leia as indicações sugeridas no próprio texto do livro de estudos!
Algumas considerações são necessárias para encerrar este capítulo! De 
forma não muito consensual, alguns historiadores defendem a ação dos jesuítas 
no Brasil durante 210 anos, outros porém, criticam veemente esse trabalho 
educativo.
A educação praticada pelos jesuítas perpassou toda a época colonial, 
chegando a infl uenciar práticas desde o Império até a República. Essa educação 
criou uma cultura importada, com infl uência notadamente europeia. No entanto, 
não podemos esquecer que os padres jesuítas foram os orientadores sociais e 
intelectuais da colônia por mais de dois séculos e que, seguramente, sem eles 
teria sido impossível ao conquistador português conservar a coesão da sua 
cultura e da sua civilização. Isso era coerente com a ação educacional jesuítica, 
pois procedia com seus objetivos principais na colônia, a conversão do gentio 
à fé cristã.A obra jesuítica também apresentou papel fundamental e acabou 
contribuindo de forma determinante para que o governo de Portugal alcançasse 
seus objetivos na colonização e no povoamento da colônia brasileira na América.
Todavia, os primeiros ensaios do ensino superior no Brasil somente 
aconteceriam muito após a vinda dos primeiros colonizadores, ou seja, apenas 
com a chegada da família real portuguesa em terras brasileiras em 1808. Nesse 
momento surgiu, de fato, o ensino superior no Brasil, com uma preocupação 
basicamente profi ssionalizante. As universidades demoraram para serem criadas 
em nosso país, pois somente na década de 1920 e 1930 surgiram universidades 
com estatuto próprio. Por fi m, a ditadura militar empreendeu uma reforma 
universitária caracterizada pela racionalização e com forte teor político ideológico.
ReFerÊncias
CARVALHO, C. et al. Educação jesuítica: contexto, surgimento e 
desdobramentos. Revista Eletrônica de Ciências da Educação, Campo Largo, 
v. 7, n. 2, nov. 2008.
FÁVERO, M. L. A. A universidade no Brasil: das origens à reforma universitária 
de 1968. Curitiba: Educar, 2006.
34
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
MACHADO, A. História da educação. 3. ed. Florianópolis: UDESC, 2002.
RAMOS, F. P. História e política do ensino superior no Brasil: algumas 
considerações sobre o fomento, normas e legislação. 2011. Disponível em: 
<http://goo.gl/iVZMVD>. Acesso em: 16 fev. 2016.
ROCHA, M. A. S. A educação pública antes da independência. 2005. 
Disponível em: <http://goo.gl/0XDQbV>. Acesso em: 16 fev. 2016.
SAMPAIO, H. Evolução do ensino superior brasileiro, 1808–1990. 1991. 
Disponível em: <http://nupps.usp.br/downloads/docs/dt9108.pdf>. Acesso em: 11 
fev. 2016.
SANTOS, A. P. Ensino superior: trajetória histórica e políticas recentes. 2009. 
Disponível em: <https://goo.gl/uI5eYN>. Acesso em: 14 fev. 2016.
SHIGUNOV NETO, A.; MACIEL, L. S. B. O ensino jesuítico no período 
colonial. Curitiba: Editora UFPR, 2008.
CAPÍTULO 2
Os Modelos Contemporâneos de 
Educação: Liberal e Neoliberal
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir as principais caraterísticas do liberalismo e sua relação com a educação.
 Conhecer o neoliberalismo e sua aplicabilidade na educação.
 Analisar os pontos comuns entre liberalismo e neoliberalismo.
36
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
37
OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: 
LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL
 Capítulo 2 
ConteXtualiZação
“É possível renascer das cinzas, é possível e necessário lutar 
por um mundo mais justo e igualitário. Simplesmente porque a 
história ainda não terminou”.
Frigotto
O conceito de neoliberalismo pode ser sobreposto aos países que têm 
optado por ampliarem uma política de intervenção mínima. Adotando um 
discurso de maior autonomia e liberdade, tal política segue práticas muitas vezes 
centralizadoras, implantando, inclusive, uma política de mercado privativista sobre 
os direitos sociais básicos, como por exemplo, educação e saúde.
No momento de crise muitos Estados são reorganizados, tanto nas esferas 
econômica, política como social. Nessas reorganizações, surge o pensamento 
liberal carregado de propostas, que têm como defesa o arranjo das sociedades 
em função dos interesses privados, empresariais e principalmente, do livre 
mercado. Conhecer um pouco sobre as modifi cações que vivemos hoje num 
mundo globalizado, é importante para que não sejamos tragados pela nova ordem 
mundial da atualidade. Dessa forma, vamos buscar elementos para entender 
essa “ideologia” vigente (não tão nova assim) que rege a economia e a política 
mundial. No segundo capítulo serão conhecidos, de forma concisa, os caminhos 
navegados por essa ideologia, tentando compreender seus pressupostos gerais e 
sua infl uência na educação.
Caro pós-graduando, vamos conhecer um pouco sobre o liberalismo, 
deixando claro que o propósito não é abordar toda a história e os tipos de 
pensamento liberal, visto que o tema é vasto e amplo na sua forma de apresentar. 
O enfoque aqui vai ser, num primeiro momento, fazer uma conceituação do tema, 
para em seguida situar também o neoliberalismo e relacioná-lo com a educação.
O Modelo Liberal na Educação
O vocábulo liberal é originário do latim “liber” e signifi ca livre. Numa 
defi nição vulgar, liberal diz respeito a um pensamento político que aposta no 
limite do poder para proteger e lutar pelos direitos individuais. Essas ideias 
apareceram a partir dos pensadores iluministas do século XVIII (Montesquieu 
e John Locke), que defendiam a limitação do poder político ao afi rmarem “[...] que 
existiam direitos naturais e leis fundamentais de governo que nem os reis poderiam 
ultrapassar sob o risco de se transformarem em tiranos” (LAGE, 2016, p. 1).
O vocábulo liberal 
é originário do latim 
“liber” e signifi ca 
livre.
38
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Tais ideias também concordavam com o conceito de que a liberdade comercial 
deveria ser adequada a todos, defendendo de certa maneira o capitalismo em 
seu desígnio. Esse era o lado econômico do liberalismo, que proclamava a não 
intervenção do Estado na economia (produção e distribuição de riquezas), a 
não existência de medidas protecionistas e, principalmente, a livre concorrência 
comercial. Pensadores como David Ricardo, Adam Smith e Malthus defenderam 
essas ideias. Assim, o liberalismo não pode ser percebido como um amontoado 
de ideias desarticuladas da realidade, mas uma ideologia, uma forma de pensar 
da sociedade burguesa, resultado do avanço do capitalismo do século XVIII e XIX. 
A classe burguesa usou as ideias liberais para fundamentar o modo de produção 
capitalista, abolindo os resquícios da ordem medieval.
Agora vamos conhecer um pouco mais sobre ele!
O termo liberalismo pode ser entendido como um conjunto 
de ideias que tem como intenção garantir a liberdade individual e 
igualmente a propriedade privada. Nesse caso, o estado liberal seria 
concebido como garantidor dos direitos naturais e intangíveis do 
indivíduo. Porém, o pensamento liberal, assim como outras tantas 
formulações ideológicas, não ocorreu abstratamente num vazio 
histórico. Vejamos:
Assim como o marxismo, o keynesianismo, o fascismo, entre 
outras doutrinas, o liberalismo é historicamente datado. 
Apesar de o temo “liberal” ser utilizado desde o século XIV, 
os primórdios do liberalismo enquanto corrente de pensamento 
estruturada advêm das revoluções inglesas do século XVII, 
tendo se expandido pelo continente europeu principalmente a 
partir da revolução francesa no fi nal do século XVIII. Tal doutrina 
obteve grande relevância no que diz respeito à luta contra o 
absolutismo monárquico e também no pensamento iluminista. 
Um dos maiores expoentes do pensamento liberal, sem 
dúvidas, foi o inglês John Locke, que desenvolveu suas ideias 
na passagem do século XVII para o XVIII. Segundo Marcelo 
Lira Silva, Locke contribuiu para a formação de uma concepção 
de Estado que rompia com os paradigmas absolutistas e que 
infl uenciou posteriormente, outros pensadores ligados ao 
liberalismo (LEIBÃO, 2015, p. 224).
Para Heywood (2010), o liberalismo só se concretizou como um princípio 
político propriamente dito no século XIX. Como qualquer outra forma de 
pensamento político, social ou econômico, o liberalismo não pode ser visto de 
maneira alguma como se fosse um modo de pensamento homogêneo. Ao longo 
da história, dentro do pensamento liberal, desenvolveram-se uma série de 
divergências no que diz respeito à economia, política, cultura e também educação.
O termo liberalismo 
pode ser entendido 
como um conjunto 
de ideias que tem 
como intenção 
garantir a liberdade 
individual e 
igualmente a 
propriedade privada.
39
OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: 
LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL
 Capítulo 2 
Aqui, caropós-graduando, é importante apresentar dois conceitos-chave 
para entender o liberalismo, ou seja, o de indivíduo e o de liberdade. Vamos 
conhecê-los? 
 Por que os liberais defendem a primazia do indivíduo? Essa defesa não 
ocorreu a partir de uma mera abstração, contudo foi desenvolvida a partir de um 
contexto histórico bastante específi co. Veja:
Tratava-se da formação da sociedade industrial capitalista, 
resultante do crescimento econômico e político da burguesia 
europeia. Diferentemente do modo de produção que havia 
precedido a industrialização e o capitalismo (o feudalismo), 
com o advento da revolução industrial na segunda metade do 
século XVIII e a crescente urbanização da sociedade europeia 
nos séculos que a seguiram, a individualidade do ser humano, 
segundo este autor, adquiriu um valor que muitas vezes 
é negligenciado pelos estudiosos do assunto. No período 
feudal, por exemplo, o indivíduo não era visto como a célula 
mais importante de uma sociedade, mas sim as famílias, os 
povoados, as comunidades locais e os estamentos. Isso 
signifi ca dizer que as relações sociais, alianças políticas e 
até as alianças matrimoniais aconteciam em decorrência dos 
interesses familiares, coletivos ou estamentais e não em função 
das motivações individuais dos seres humanos. Esta mudança 
político-cultural não ocorreu por acaso, mas sim devido a 
um processo de elevação da burguesia enquanto classe 
dominante. Processo este que não ocorreu naturalmente, 
tampouco sem confl itos na passagem do antigo regime para 
a ascensão político-econômica da burguesia (LEIBÃO, 2015, 
p. 224).
Como visto anteriormente, a ideia de indivíduo deu origem também ao 
termo individualismo, que pode ser entendido como um tipo de sociedade que dá 
uma importância excessiva ao indivíduo em prejuízo do corpo social e coletivo. 
Por conseguinte, o indivíduo permaneceria no centro de toda a teoria social e 
política para a explicação dos fenômenos sociais. Esse princípio geral fez com 
que os liberais criassem uma série de entendimentos sobre diversos fenômenos 
sociais. Tal fato construiu uma visão comportamental do ser humano, na qual ele 
é naturalmente egoísta e interesseiro (HEYWOOD, 2010).
 E o papel do Estado nessa questão? Para um dos grandes 
estudiosos do tema, Norberto Bobbio, o liberalismo tem a característica 
de se aproximar das ideias democráticas, pois tanto o pensamento 
liberal quanto o democrático, partem do mesmo ponto de vista: o 
indivíduo. Isso só pode acontecer porque o liberalismo entende o 
O liberalismo tem a 
característica de se 
aproximar das ideias 
democráticas, pois 
tanto o pensamento 
liberal quanto o 
democrático, partem 
do mesmo ponto de 
vista: o indivíduo.
40
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Estado como indivíduos que atuam politicamente e que estabelecem o mundo a 
partir das relações constituídas uns com os outros (BOBBIO, 2000).
Para a maioria dos pensadores liberais, o Estado existe para assegurar a 
liberdade dos indivíduos. Geralmente os liberais acreditam que os indivíduos 
precisam de um mecanismo que permita exercer as suas liberdades e, para esse 
mecanismo, dão nome de Estado. Além disso, em linhas gerais, “[...] podemos 
dizer que, para o pensamento liberal, o Estado deve ter como uma das suas 
principais funções garantir as liberdades individuais dos seres humanos” (LEIBÃO, 
2015, p. 225).
Já que cabe ao Estado ser a garantia da liberdade dos indivíduos em uma 
determinada sociedade, assegurando que um não intervenha na liberdade 
do outro, torna-se imprescindível conhecer o segundo conceito importante do 
liberalismo: a noção de liberdade proposta por esse pensamento. Tal questão 
é de suma importância, porque a liberdade, de forma unânime, é defendida por 
praticamente todos os pensadores liberais do passado e da atualidade. Afi nal, o 
que é liberdade para os liberais? Vejamos o que diz Heywood (2010, p. 46) sobre 
o assunto:
A defesa da liberdade é um princípio unifi cador para a ideologia 
liberal, sendo ela algo sem a qual a humanidade não poderia 
atingir a plena felicidade. A liberdade, no liberalismo defende 
que os indivíduos têm o direito de fazer suas próprias escolhas, 
como por exemplo, para onde ir, qual profi ssão seguir, onde 
morar, do que se alimentar, como se expressar, entre outros 
fatores. Ainda segundo este autor, ao destacar John Stuart Mill 
– um dos expoentes do pensamento liberal clássico – ele afi rma 
que este pensador possui uma postura libertária, uma vez que 
só defende a imposição de limites à liberdade do indivíduo 
quando esta põe em risco a liberdade de outros indivíduos.
No entanto, um fator primordial para se entender o conceito de 
liberdade no liberalismo é a sua relação com a propriedade. 
Historicamente, o conceito de liberdade esteve atrelado ao 
direito de propriedade privada no pensamento dos liberais, 
principalmente por se tratar de uma ideologia que se volta 
especialmente para a burguesia (mas não somente para ela, 
é importante dizer).
Em consonância com as ideias liberais praticadas no restante do mundo, 
também no Brasil desde o início do século XIX até boa parte do século XX, o 
liberalismo constituiu a ideologia predominante. Assim, o refl exo do pensamento 
liberal, adaptado às necessidades das elites políticas brasileiras, teve força política 
sufi ciente para se perpetuar. E mesmo que ainda no século XXI muitos educadores 
lutem visando o fortalecimento da escola pública, somente pelo fato dela existir e 
até hoje ser gratuita, pode ser considerado uma vitória, pois o Estado brasileiro 
41
OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: 
LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL
 Capítulo 2 
ao longo da sua história fez questão de garantir a educação, principalmente para 
uma elite econômica e bem situada fi nanceiramente, esquecendo até bem pouco 
tempo da maioria da população trabalhadora (LEIBÃO, 2015).
Atividades de Estudos:
1) Elabore uma síntese sobre o que é liberalismo.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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____________________________________________________
2) Qual é o papel do Estado para o liberalismo? 
 ____________________________________________________
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Caro pós-graduando, a partir desse quadro geral sobre do liberalismo é 
possível relacioná-lo com a educação? Como a educação é concebida por esse 
ideário de pensamento? Ora, para o liberalismo a educação é idealizada como 
uma ação apropriada para mudar a realidade social, econômica e política onde 
está inserida e, também, contribuir para a emancipação humana (individualidade 
e liberdade) que é o princípio basilar do próprio liberalismo.
Você acha que a partir do ideário liberal a educação pode 
emancipar o homem e mudar a realidade individual e social de uma 
determinada sociedade?
42
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
O Modelo Neoliberal na Educação
Após adentrarmos em discussões tão densas e que, certamente, não 
se esgotam nestas breves páginas, agora é importante conhecer um pouco 
sobre o neoliberalismo e suas conexões com a educação! De maneira rápida, 
o neoliberalismo se defi ne como uma doutrina ou ideologia que na atualidade 
vem ganhando força, apoio e atração dos governos em âmbito local, nacional e 
internacional, constituindo, por isso, os modelos de política econômica de muitos 
países no mundo.
Pelo próprio nome não é difícil saber que o neoliberalismo (novo 
liberalismo) reivindica à cena as ideias socioeconômicas conhecidas 
como liberalismo.Na sua defi nição original, o termo liberalismo
defende as ideias que dão prioridade ao indivíduo, à liberdade e 
recusam qualquer tipo de ação do Estado sobre os indivíduos. 
Relembrar algumas noções do liberalismo ajuda a entender essa nova 
aparência chamada neoliberalismo. Um ponto central nessa doutrina 
era o repúdio a qualquer intervenção do Estado na área econômica. Os 
liberais achavam que os elementos econômicos eram conduzidos por 
uma ordem natural, que levaria inexoravelmente ao equilíbrio e à prosperidade. 
Para garantir esse equilíbrio, deveria existir a livre concorrência. Muitas dessas 
ideias continuam como fundamento do neoliberalismo até os dias atuais, ainda 
que outros elementos tenham sido acrescidos.
Para entender a dimensão das conexões e contradições das políticas 
educacionais de viés neoliberal, é importante entender o percurso histórico que 
engendrou o neoliberalismo e as principais características que lhe diferenciam do 
Estado liberal e do Estado do bem-estar social, e por último, como essa dimensão 
política infl uencia a educação.
Tendo por base o liberalismo clássico do século XVIII, o neoliberalismo é 
mais um liberalismo econômico, todavia há importantes diferenças entre eles. 
Veja o que diz Crepaldi (1999, p. 5) sobre o assunto:
O termo neoliberalismo tem sido aplicado aos Estados que 
optam por desenvolverem uma política de intervenção mínima. 
Tal política, embora advogue um discurso de maior liberdade e 
autonomia, adota práticas centralizadoras e implanta, inclusive 
sobre os direitos sociais básicos, tais como saúde e educação, 
uma política de mercado com tendência à privatização.
Portanto, o Estado liberal clássico era mais mínimo do que o 
Estado neoliberal na medida em que neste novo modelo, o 
Estado coloca-se como interventor no âmbito do mercado – em 
Os liberais achavam 
que os elementos 
econômicos 
eram conduzidos 
por uma ordem 
natural, que levaria 
inexoravelmente 
ao equilíbrio e à 
prosperidade.
43
OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: 
LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL
 Capítulo 2 
substituição ao laissez-faire – e age de forma direta sobre os 
indivíduos ao estimular a competitividade e ao implantar formas 
novas de vigilância, fi scalização, avaliação de desempenho
e, em geral, de formas de controle. No neoliberalismo, ainda 
muito mais do que no liberalismo clássico, o individualismo, 
o empreendedorismo e o economicismo são supervalorizados 
e difundidos, o que por sua vez gera o esvaziamento do valor 
social das coisas.
Para entender o liberalismo antigo, que cedeu lugar ao neoliberalismo e ao 
Estado do bem-estar social, é importante conhecer, ainda que de maneira rápida, 
as mudanças que o mundo passou desde a década de 1930, e também as ideias 
que foram elaboradas como prováveis soluções para as crises que o mundo 
capitalista conheceu a partir de então.
Laissez-faire é a contração da expressão em língua francesa 
laissez faire, laissez aller, laissez passer, que signifi ca literalmente 
“deixai fazer, deixai ir, deixai passar”. A expressão refere-se a uma 
ideologia econômica que surgiu no século XVIII, no período do 
iluminismo, através de Montesquieu, que defendia a existência do 
mercado livre nas trocas comerciais internacionais, ao contrário 
do forte protecionismo baseado em elevadas tarifas alfandegárias, 
típicas do período do mercantilismo.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/zCmuw2>. Acesso em: 20 fev. 2016.
Veja as lições de Crepaldi (1999, p. 7) sobre o tema:
A crise do capitalismo norte-americano em 1929 e sua 
internacionalização colocaram em xeque o liberalismo clássico, 
bem como a vigência absoluta do laissez-faire, o que, em 
contrapartida, favoreceu a ascensão dos Estados totalitários 
na Europa – gérmen da II Guerra Mundial (1939-1945). O 
fi m deste desastroso momento histórico e a continuidade 
da tensão mundial materializada na Guerra Fria, ou seja, na 
oposição entre o capitalismo e socialismo, levou à implantação 
do chamado Estado do bem-estar social (welfare state) nos 
países capitalistas da Europa ocidental – o que além de ser 
uma maneira de enfrentar a crise do capitalismo no pós-guerra, 
era também mais uma forma de garantir que o socialismo 
44
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
fi casse restrito ao Leste Europeu.
Mas, ainda no contexto da II Guerra Mundial, uma obra publicada 
em 1944 intitulada, “O Caminho da Servidão”, do austríaco 
Friedrich August Von Hayek (1899-1992), apresentava um 
ataque veemente a todo intervencionismo econômico estatal – 
era o marco teórico do neoliberalismo que nascia exatamente 
quando o keynesianismo era visto como a solução para a crise 
da Europa no pós-guerra. Apesar do desprezo às ideias de 
Hayek por parte dos governos da Europa ocidental naquele 
momento, este continuou a ganhar a simpatia dos liberais mais 
extremados.
Os primeiros neoliberais argumentavam que o igualitarismo 
promovido pelo Estado do Bem-Estar Social destruía a 
liberdade individual e a livre concorrência – o que conduzia, 
inevitavelmente, ao “Caminho da Servidão” – e que a existência 
da desigualdade era imprescindível para as nações capitalistas 
ocidentais. Tais argumentos pareciam quase que irracionais 
diante do progresso que o welfarestate promovia nos anos de 
ouro do capitalismo intervencionista – décadas de1950-1960.
O QUE É O ESTADO DO BEM-ESTAR?
Também chamado de welfare state (em inglês), o Estado do 
bem-estar é o modelo estatal desenvolvido, sobretudo nos países 
europeus, ao término da II Guerra Mundial, em 1945. Seus princípios 
básicos foram elaborados pelo economista inglês John M. Keynes, 
motivo pelo qual, com frequência, fala-se em keynesianismo para se 
referir a esse tipo de Estado. 
Houve muitas variações na forma como os diversos países 
compreenderam e aplicaram o modelo do welfare state. É possível, 
entretanto, identifi car algumas características básicas: 
a) O Estado intervém na área econômica, através de subsídios a 
diversos setores. Também controla a exploração de alguns recursos 
naturais (indústria mineral, energia etc.) através de empresas 
estatais. Na época, isso fazia parte de um projeto de construção 
nacional que, no plano político, correspondia à democracia liberal. 
b) O Estado é responsável pela promoção da justiça social e do 
igualitarismo. As políticas sociais são universais: saúde, educação e 
previdência para todos. Aumentam os recursos destinados a essas 
políticas. 
45
OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: 
LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL
 Capítulo 2 
c) Abandona-se a ideia de que a lógica do mercado está 
acima de tudo. No campo das relações de trabalho, a estabilidade 
dos trabalhadores no emprego é estimulada. Nos países onde 
este modelo se desenvolveu, o poder de negociação dos sindicatos 
era muito alto.
Fonte: Disponível em: < http://goo.gl/YfnP4>. Acesso em: 20 fev. 2016.
Conforme dito anteriormente, nas décadas de 1950 e 1960 as ideias 
neoliberais não tiveram ressonância. Nesse período, registrou-se as mais 
altas taxas de crescimento econômico da história do capitalismo, ainda sob o 
predomínio do Estado do bem-estar. Em 1973, contudo, esse modelo econômico 
entrou em crise. Na Europa e nos Estados Unidos, teve início uma longa recessão 
que combinou baixas taxas de crescimento econômico com altas taxas de infl ação. 
A crise que fez ascender o neoliberalismo ocorreu quando os países do primeiro 
mundo entraram em uma intensa recessão econômica, advinda principalmente 
da crise do petróleo que gerou uma grande elevação do preço do barril. Era 
nesse contexto que se esboçava o terreno favorável para o progresso das ideias 
neoliberais.
Naquele momento, os países de capitalismo avançado conheciam uma 
crise econômica caracterizada por altas taxas de infl ação e baixas taxas de 
crescimento. É assim que o capitalismo intervencionista inicia sua agonia e chega 
a hora e a vez do neoliberalismo tentar solucionara crise do sistema capitalista.
No entanto, mesmo o neoliberalismo se apresentando como recurso para a 
crise que se avizinhava em alguns países capitalistas do velho mundo, a primeira 
experiência neoliberal não aconteceria na Europa, menos ainda nos Estados 
Unidos da América, mas sim na América Latina. Veja:
No Chile, a partir de 1973, com o governo de Pinochet, foi 
implantado um intenso programa de privatização e o resultado 
fi nal foi a instalação de um cruel regime ditatorial. Na Europa, 
a primeira experiência neoliberal ocorreu na Inglaterra com 
a eleição de Margareth Thatcher em 1979 – Thatcher fi cou 
conhecida como a “Dama de Ferro” e governou a Inglaterra 
de 1979 a 1990. Entre as principais medidas de Thatcher, que 
tão bem identifi ca o Estado neoliberal inglês, se destacam: a 
elevação da taxa de juros, corte de gastos sociais, repressão 
às greves e imposição de uma legislação antissindical, 
criação de índices massivos de desemprego, além, é claro, de 
práticas de privatização. Em 1981, Ronald Reagan assumiu 
46
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
a presidência dos Estados Unidos e deu início à implantação 
do neoliberalismo na América do Norte, elevando as taxas 
de juros, reprimindo greves e, evidentemente, no contexto 
da Guerra Fria, investindo pesado na corrida armamentista, 
criando um defi cit público sem precedentes (CREPALDI, 1999, 
p. 8).
No Brasil, as principais ideias do modelo neoliberal começaram 
a ser aplicadas a partir do Presidente Fernando Collor de Mello, no 
ano de 1989, tendo continuidade nos dois mandatos de Fernando 
Henrique Cardoso (entre 1994 a 2002). A partir de então, como em 
toda experiência neoliberal, os direitos dos trabalhadores passaram 
a ser considerados privilégios; as empresas estatais passaram a ser 
consideradas improdutivas e inefi cientes, assim como os serviços 
públicos de saúde e educação. Assim, justifi cou-se as políticas de 
privatização e terceirização, o que no modelo neoliberal faz dos 
serviços (principalmente os públicos) mais produtivos e efi cientes, 
logo, menos caros (CREPALDI,1999).
Em períodos do neoliberalismo, o que ocorre de forma clara é a 
imagem de Estado mínimo no que se refere à gestão dos recursos fi nanceiros 
e geração e distribuição fi nanceira administrativa. Por outro lado, esse mesmo 
Estado mínimo também cumpre a função de administrador, regulador e 
controlador, colaborando diretamente para a conservação das desigualdades 
sociais por meio da sustentação dos privilégios da elite, relegando as políticas 
públicas para um segundo plano.
Pois bem, e a educação no discurso neoliberal?
Para os governos neoliberais, a educação abandona o campo social e político 
para entrar no mercado e funcionar a sua semelhança. Nesse sentido, Caprio e 
Lopes (2016, p. 2) ressaltam três objetivos relacionados com a retórica neoliberal 
aplicada ao papel estratégico da educação. Veja:
1. Atrelar a educação escolar à preparação para o trabalho 
e a pesquisa acadêmica ao imperativo do mercado ou às 
necessidades da livre iniciativa. Assegurar que o mundo 
empresarial tem interesse na educação porque deseja uma 
força de trabalho qualifi cada, apta para a competição no 
mercado nacional e internacional.
2. Tornar a escola um meio de transmissão dos seus princípios 
doutrinários. O que está em questão é a adequação da escola 
à ideologia dominante.
3. Fazer da escola um mercado para os produtos da indústria 
cultural e da informática, o que, aliás, é coerente com a ideia de 
No Brasil, as 
principais ideias do 
modelo neoliberal 
começaram a ser 
aplicadas a partir 
do Presidente 
Fernando Collor 
de Mello, no ano 
de 1989, tendo 
continuidade nos 
dois mandatos de 
Fernando Henrique 
Cardoso (entre 1994 
a 2002).
47
OS MODELOS CONTEMPORÂNEOS DE EDUCAÇÃO: 
LIBERAL E NEOLIBERALLIBERAL E NEOLIBERAL
 Capítulo 2 
fazer a escola funcionar de forma semelhante ao mercado, mas 
é contraditório, porque enquanto no discurso os neoliberais 
condenam a participação direta do Estado no fi nanciamento da 
educação, na prática não hesitam em aproveitar os subsídios 
estatais para divulgar seus produtos didáticos e paradidáticos 
no mercado escolar.
Conclui-se, portanto, que o neoliberalismo acredita que a educação deve 
estar no mesmo âmbito do mercado e das técnicas de gestão empresariais, 
retirando qualquer conteúdo político, social e cidadão da escola, colocando em 
seu lugar os direitos do consumidor. É como consumidores e clientes que o 
neoliberalismo enxerga os alunos e os pais.
Atividades de Estudos:
1) Escreva com suas palavras a diferença entre liberalismo e 
neoliberalismo. 
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2) Como o neoliberalismo pensa a educação? 
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Algumas Considerações
Neste segundo capítulo, foram analisados alguns conceitos do liberalismo 
e do neoliberalismo, bem como a relação destes com a educação. A partir de 
48
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
ReFerÊncias
BOBBIO, N. Liberalismo e democracia. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000.
CAPRIO M.; LOPES E. C. As infl uências do modelo neoliberal na educação. 
2016. Disponível em: <http://goo.gl/1dzLuw>. Acesso em: 20 fev. 2016.
CREPALDI, E. M. F. Política educacional brasileira no contexto da política 
neoliberal. 1999. Disponível em: <http://goo.gl/ZcUQ7y>. Acesso em: 22 fev. 
2016.
HEYWOOD, A. Ideologias políticas: do liberalismo ao fascismo. São Paulo: 
Ática, 2010.
LAGE, A. C. P. Liberalismo no Brasil. 2016. Disponível em: <http://goo.gl/
H3xepy>. Acesso em: 18 fev. 2016.
LEIBÃO, M. de C. Indivíduo, propriedade e liberdade na educação brasileira.
Revista de Educação, Rio de janeiro, n. 3, p. 223-342, jan. 2015.
um quadro geral do liberalismo, foi possível desvendar sua essência. Impondo-se 
como elemento decisivo na organização das sociedades capitalistas pelo mundo 
a partir do século XIX, o liberalismo se estendeu como uma nova conformação 
social instaurada a partir de uma classe: a burguesia. Constatou-se que o padrão 
liberal da sociedade nasceu como justifi cativa composta de princípios no plano 
econômico, político, ideológico e educacional, fundamentado em premissas de 
liberdade e igualdade para todos, contrapondo o antigo regime. Para o ideário 
liberal, a lógica em relação à educação é que ela seja capaz de mudar a realidade 
social e econômica, colaborando para a emancipação humana, com liberdade e 
igualdade. 
Por sua vez, o neoliberalismo, apropriando-se e dando continuidade ao 
pensamento liberal, preocupa-se mais com a não intervenção do Estado na 
economia, dando ao mercado amplos poderes para resolver as contradições 
capitalistas. Tendo sua base no liberalismo clássico do século XVIII, a teoria 
neoliberal se caracteriza por uma adequação em função das mudanças ocorridas 
durante a trajetória do capitalismo. Acreditam seus defensores que a independência 
do mercado e o Estado mínimo são sufi cientes para desenvolvimento social/
educacional.
CAPÍTULO 3
Panorama Geral do Ensino Superior 
em Outros Países, Instituições 
Públicas e Privadas, e Situação 
Atual do Ensino Superior no Brasil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer a trajetória do Ensino Superior emoutros países.
 Identifi car a diferença entre instituições públicas e privadas 
de Ensino Superior no Brasil e suas funções.
 Perceber qual é a situação atual do Ensino Superior no Brasil.
50
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
51
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
ConteXtualiZação
Caro pós-graduando! Depois de corrermos um percurso onde conhecemos 
um pouco da história do Ensino Superior no Brasil, neste capítulo vamos entender 
sobre o liberalismo e o neoliberalismo e sua relação com a educação, e um pouco 
do surgimento e desenvolvimento das universidades. É importante assinalar 
que os modelos de universidades atuais só são possíveis de existir a partir do 
conhecimento de sua história, visto sua infl uência decisiva na construção das 
universidades nos dias de hoje. No primeiro momento, vamos compreender a 
origem do sistema universitário no continente europeu, especifi camente na Idade 
Média, e em seguida, o aparecimento das universidades na América Latina, bem 
como a diferenciação entre universidades públicas e privadas. E, por último, um 
pouco do Ensino Superior atual no Brasil.
Fazendo parte atualmente da vida de milhões de pessoas pelo mundo, as 
primeiras universidades nasceram na Idade Média europeia e estavam vinculadas 
à Igreja ou ao poder real. Curioso é que nessa época a universidade era bem 
diferente do que conhecemos hoje, não existia idade para nela ingressar, e em 
muitos casos, até mesmo analfabetos ingressavam nas instituições e participavam 
das atividades de aprendizagem. Considerada uma das mais antigas do mundo 
em funcionamento até os dias atuais, a Universidade de Paris é tida como a 
primeira instituição desse tipo.
Em muitos casos, ingressava-se nas universidades para buscar inserção 
política e também cultural na sociedade. Mesmo tendo um perfi l doutrinário no 
início, os primeiros progressos do desenvolvimento do pensamento investigativo 
e científi co formalizados surgiram nesses espaços. O entendimento que temos 
de universidade hoje, com pré-requisito de ingresso, com currículo específi co, 
com colação de graus, títulos, teve sua origem na Europa medieval. No entanto, é 
bom notar que já existiram diversos centros de Ensino Superior por todo o mundo 
anteriores aos da Idade Média, que de forma comum buscaram conhecimentos 
superiores até mesmo precedendo as universidades medievais. Na antiguidade 
tínhamos a célebre Academia de Platão, destinada, entre outras coisas, à 
discussão e socialização do livre conhecimento. 
E quais eram as instituições que exerciam papéis essenciais na preservação 
e difusão dos conhecimentos antes das universidades? Durante séculos, antes 
do surgimento das universidades, eram os mosteiros que exerciam tal função. 
Porém, foi nas universidades que o conhecimento se tornou mais acessível e 
buscou explicações mais racionais e científi cas para o mundo. A universidade 
seria o lugar adequado da verdadeira atividade intelectual, onde o ensino e o 
conhecimento prosperam mais do que em qualquer outro tipo de instituição. Na 
52
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
época do seu surgimento, a função que a universidade tinha era a de buscar a 
liberdade intelectual, num período onde heresias eram perigosas. Assim, seu 
papel foi de suma importância. Constituía um dos únicos espaços onde assuntos 
coibidos podiam ser debatidos com uma certa impunidade. 
Por fi m, como já referido, nesse capítulo iremos estudar primeiramente a 
partir de um retrospecto histórico, uma melhor compreensão do tema, iniciando 
com as instituições medievais, a passagem para a modernidade, a transição do 
século XIX para o XX e, por último, alguns modelos atuais do Ensino Superior 
brasileiro.
O Ensino Superior em Outros Países
Ao longo da história da humanidade, a universidade se constituiu 
quase sempre como o fundamento da formação científi ca e intelectual. 
Desde 387 a.C., fundada por Platão, próximo à Atenas, temos um tipo 
de “escola” que pode ser entendida como algo parecido como a primeira 
universidade da história. No entanto, foi na Europa medieval que ela 
surgiu de fato. Período onde o conhecimento superior signifi cava tão 
somente status social e político, onde, na maioria dos casos, esse 
conhecimento estava ofi cialmente vinculado à Igreja Católica ou ao 
poder real. O desenrolar da história, a organização do conhecimento, 
as mudanças econômicas, sociais e culturais do mundo nos últimos 
séculos também transformaram as universidades, que têm hoje uma função muito 
mais importante do que tinham quando surgiram.
Desde 387 a.C., 
fundada por Platão, 
próximo à Atenas, 
temos um tipo de 
“escola” que pode 
ser entendida 
como algo parecido 
como a primeira 
universidade da 
história.
O Surgimento da Universidade 
Medieval 
Espalhando-se de forma rápida por toda a Europa e depois pelo mundo, a 
universidade teve seu surgimento na Idade Média. Desde seu aparecimento, esse 
tipo de instituição criou e transmitiu o conhecimento da humanidade acumulado, 
desempenhando até hoje um enorme papel social. Mesmo sendo validadas pelo 
papado (no início vinculadas à Igreja e autorizadas por bulas papais) ou pelo 
poder real de cada país, as universidades medievais foram lugares importantes 
para a construção do conhecimento do mundo ocidental. Nelas havia estudiosos 
preocupados com o desenvolvimento do pensamento “crítico” e da ciência. 
53
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
A Igreja, que tudo dominava nesse período, era responsável, por 
meio do papado, pela autorização da criação de uma universidade. 
Determinava seu formato, seguindo os cânones evangélicos. Mesmo 
tendo que seguir tais determinações, a universidade medieval possuía 
liberdade na sua estrutura administrativa e pedagógica, relativa ao 
currículo, à relação entre professor e aluno, à avaliação e à estrutura 
física. As universidades geralmente alicerçavam-se sobre duas 
faculdades: Teologia e Artes Liberais, sendo que o curso de Teologia 
era, evidentemente, o mais prestigiado. Das três universidades mais antigas, 
Paris e Oxford eram essencialmente teológicas, tendo entre seus representantes 
os prestigiados Santo Tomás de Aquino, Pedro Abelardo e Guilherme de Ockham. 
Por sua vez, a universidade de Bolonha iniciou seu projeto com o curso de Direito, 
sob a autoridade de Irineu e Gratianus. A de Paris ainda criou as faculdades de 
Direito e Medicina (LACERDA; ÁLVARES, 2005).
Atualmente sabemos que cada curso universitário tem seu currículo próprio e 
adequado à formação de cada profi ssão. E nesse período, como era o currículo? 
Existiam diferenças com a atualidade? Segundo Lacerda e Álvares (2005, p. 97), 
“[...] o currículo básico universitário era formado por duas rubricas disciplinares: 
o trivium: gramática, dialética e retórica; e o quadrivium: aritmétca, geometria, 
música e astronomia”. Após cursar essas disciplinas básicas, o maître faria sua 
tese. Caso aprovado pela banca composta pelos doutores da faculdade, recebia 
solenemente o grau de Doutor.
Como não poderia deixar de ser, a concepção de mundo medieval, 
metafísica, exercia infl uência direta nos estudos, assim, o universo criado por 
Deus precisaria ser conhecido de forma racional pela ciência fi losófi ca a partir de 
uma metodologia dedutiva. Dessa forma, a fé cristã, por meio da teologia, guiava 
a razão para atingir o verdadeiro e sagrado conhecimento. Este papel aparecia no 
lema medieval que explicava as relações entre fi losofi a e teologia:
A Teologia cristã determinava que todo o conhecimento humano 
por iluminação divina tinha a função evangélica de salvação do 
pagão e manutençãodo orbe christiano. A universidade deveria 
encaixar-se nesse modelo. Exemplo claro foi a Universidade de 
Praga, autorizada pelo Papa Clemente VI, em 1347, com o fi m 
de formar mestres evangelizadores para as tribos teutônicas 
do leste europeu (LACERDA; ÁLVARES, 2005, p. 99).
Como já referido anteriormente, Paris e Bolonha estão entre as 
primeiras universidades na Europa. A mais antiga foi a de Bolonha, 
criada a partir de 1088; já a de Paris, que serviu de exemplo para 
outras instituições, surgiu em torno do ano de 1200. Estimulada pela 
localização geográfi ca, a Universidade de Paris cresceu também devido 
A Igreja, que tudo 
dominava nesse 
período, era 
responsável, por 
meio do papado, 
pela autorização 
da criação de uma 
universidade.
Paris e Bolonha 
estão entre 
as primeiras 
universidades na 
Europa.
54
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
à participação da administração real. Primeiramente, a corporação, denominação 
que era outorgada à universidade, se formou em 1150, no século XII, e adquire 
o título de Estudos Gerais, tendo a Teologia como a mais importante de todas 
as áreas. A partir do século XIII já estava consolidada, formando a Corporação 
dos Mestres Parisienses (1262) ou Universitas Magistrorum et Scholarium. 
Composta de alunos e professores, recebia alunos de todos os lugares, sendo 
então reconhecida ofi cialmente pela mais alta autoridade do período, o papa, por 
meio de uma bula papal (ROSSATO, 2005).
Em Bolonha, o sistema de organização e de ensino dos Estudos Gerais 
segue outros moldes para atender anseios municipais, carentes de juristas e de 
administradores. Sua estrutura eminentemente estudantil dominava a corporação 
dos mestres, determinando o salário, os métodos de ensino e até as exigências 
para a colação de título. Cobravam multas dos mestres faltosos ou que não tinham 
sufi ciente competência, e os reincidentes podiam ser até expulsos (BOHRER, 
2008).
Para aprofundar seus estudos sobre o assunto debatido até 
este momento, faça a leitura do trabalho acadêmico de autoria de 
Terezinha Oliveira, intitulado Origem e memória das universidades 
medievais – a preservação de uma instituição educacional, disponível 
no seguinte endereço eletrônico: <http://goo.gl/6F6XUl>.
Bem diversas do que conhecemos hoje por universidade, nesta 
época essas instituições agrupavam-se em bairros onde os estudantes 
residiam, a forma de ensino era a da lição, isto é, primeira leitura, 
comentários pelo professor/mestre e, após, a discussão entre os 
alunos proposta pelo mestre. E o mestre/professor, quem era? “Este 
era o profi ssional que tinha sido admitido à corporação dos ensinantes, 
maior de 21 anos, com no mínimo seis anos de estudo e defesa de um 
debate público, passando pelos três graus: bacharelado, licenciatura e 
mestrado” (BOHRER, 2008, p. 3).
Tendo uma relativa autonomia sociopolítica, geralmente seus 
membros (doutores, reitores, licenciados – seculares ou clérigos – e 
estudantes) tinham um status legal além das leis jurídico/sociais. Em 
casos de litígio, o julgamento era realizado pelo corpus universitarium, uma espécie 
Nesta época 
essas instituições 
agrupavam-se em 
bairros onde os 
estudantes residiam, 
a forma de ensino 
era a da lição, isto 
é, primeira leitura, 
comentários pelo 
professor/mestre e, 
após, a discussão 
entre os alunos 
proposta pelo 
mestre.
55
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
de assembleia, presidida pelo reitor responsável pela casa da qual o aluno fazia 
parte. Não havia proibição dos prazeres carnais, porém a universidade protegia 
aqueles membros que faziam votos de abstinência, mas excessos eram julgados 
e proibidos conforme a autonomia sociojurídica de cada instituição. Em muitos 
casos cabia ao bispo da cidade a “[...] intermediação dos problemas causados 
pelos excessos e o poder moderador sobre as atividades sociais e políticas 
dos membros universitários”. Pela sua importância, a universidade determinava 
“[...] o prestígio de uma cidade e de um reino, o êxodo de professores e alunos 
devido a problemas sociais e políticos era evitado pela amenização das coerções” 
(BOHRER, 2008, p. 4).
Completamente livresca, a educação universitária da época era 
realizada por uma seleção bastante limitada de livros em cada área, 
livros aceitos como verdade única e absoluta. Muito raros e caros, os 
livros eram de difícil acesso, assim, o estudante tinha somente nas aulas 
a oportunidade de adquirir conhecimento. Em muitos casos os próprios 
textos eram lidos e ditados pelos docentes para que os estudantes 
pudessem conhecê-los. Volta-se muito mais para o aprendizado 
de discursos formais, retórica e eloquência, do que propriamente a 
aquisição de conhecimento para a busca da verdade, ou até mesmo 
para auxiliar o estudante a familiarizar-se com o pensamento laico. Isso tudo não 
era aprovado pela eclesiástica ortodoxa. Todavia, a organização administrativa 
gozava de certa liberdade, visto que: 
As universidades de Paris possuíam um governo democrático, 
estavam localizadas em centros de população e possuíam 
privilégios especiais legais e pecuniários, entre eles: a colação 
de grau era a licença para ensinar, antes somente concedida 
pela Igreja; possuíam já nesta época o direito de greve, de 
recessão ou de mudar a universidade - caso os privilégios 
fossem infringidos -; isenção dos estudantes do serviço ofi cial 
e de impostos; e, o mais importante, o de jurisdição interna, 
ou seja, o de julgar seus membros em todos os casos civis 
e em muitos criminais. A infl uência política das universidades 
foi notável como primeiro exemplo de organização puramente 
democrática. Os assuntos políticos, eclesiásticos e teológicos 
eram livremente debatidos, embora se percebesse a inclinação 
para as classes privilegiadas. A autoridade política da 
universidade na época fez com que ela tivesse voz no governo, 
e ainda mais, sua maior infl uência deu-se em relação à vida 
intelectual. Antes restrita, formal e pobre, viu-se reconhecida 
em igualdade com a Igreja, o Estado e a Nobreza (BOHRER, 
2008, p. 6).
Completamente 
livresca, a educação 
universitária da 
época era realizada 
por uma seleção 
bastante limitada de 
livros em cada área, 
livros aceitos como 
verdade única e 
absoluta.
56
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
A educação livresca, também conhecida como intelectualista, 
estava pautada somente na transmissão de conhecimento pela 
imitação. 
As coisas eram assim nas universidades medievais, bastante privilégio para 
quem ali estudasse. O governo secular também fazia sua parte, providenciando 
questões logísticas e protegendo legalmente a universidade para o seu bom 
funcionamento, porém, não podemos achar que os governos investiam muito 
nessas instituições, suas infl uências geralmente eram incipientes.
Tida como exemplo de construção para as outras universidades 
do período, por ser a mais prestigiosa, a Universidade de Paris criou 
um modelo universitário que: “[...] consistia da reitoria, da assembleia, 
das nações das casas dos docentes e dos discentes. Uma nação 
era a congregação de alunos de uma mesma nacionalidade. A assembleia era 
o órgão máximo da universidade [...]”, que era constituída pelo reitor, pelos 
doutores, licenciados e também pelos representantes das nações (LACERDA; 
ÁLVARES, 2005, p. 97). A mesma decidia tanto sobre aspectos de infraestrutura 
da universidade, quanto sobre a pedagógica, moral e até espiritual. O papel do 
reitor era o de convocar a assembleia sempre que preciso, e essa “autonomia 
universitária” pela comunidade universitária causou, em muitos casos, confl itos com 
as autoridades dos bispos. Esses confl itos se davam sobre um ponto importante, 
o da liberdade do conhecimento. Querendo preservar os ditames evangélicos, asautoridades eclesiais indicavam as restrições acadêmica e religiosa.
No geral, as universidades medievais não eram segregacionistas, 
tinham uma constituição comunitária, porém, as mulheres não tinham 
acesso. Por sua estrutura pedagógico-eclesiástica, a universidade 
estava isolada da sociedade medieval e já no século XIV começava 
uma lenta laicização. Com mudanças profundas na sociedade medieval, 
o advento do Renascimento, o modelo medieval de sacralidade do 
universo cedia, aos poucos, lugar ao individualismo, à razão e à ciência.
São essas mudanças que veremos a seguir!
A assembleia era o 
órgão máximo da 
universidade.
Por sua estrutura 
pedagógico-
eclesiástica, a 
universidade 
estava isolada da 
sociedade medieval 
e já no século XIV 
começava uma lenta 
laicização.
57
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
Para ampliar os horizontes sobre o tema estudado, assista 
ao fi lme intitulado O nome da rosa, lançado em 1986, dirigido por 
Jean-Jacques Annaud e disponível no seguinte endereço eletrônico: 
<https://goo.gl/9lOMoS>.
Resumo: estranhas mortes começam a ocorrer num mosteiro 
beneditino localizado na Itália durante a baixa Idade Média, onde as 
vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro 
guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges têm acesso às 
publicações sacras e profanas. A chegada de um monge franciscano 
(Sean Connery), incumbido de investigar os casos, irá mostrar o 
verdadeiro motivo dos crimes, resultando na instalação do tribunal da 
Santa Inquisição.
Atividades de Estudos:
1) A partir do que foi lido sobre a universidade medieval, registre 
aqui as principais características desse modelo de universidade.
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2) Qual era o papel da Igreja em relação à universidade medieval?
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58
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Caro pós-graduando! Assim, a universidade medieval vai deixando seu 
modelo para trás, novos horizontes para o conhecimento pautados na razão vão 
surgir com o mundo moderno, onde cada vez mais as ideias religiosas irão dar 
lugar a debates científi cos calcados num racionalismo vigoroso.
Universidade na Época Moderno-
Contemporânea
“Rompida a unidade cultural da Idade Média, no século 
dezesseis, inicia-se a nossa Idade Moderna com o renascimento 
da cultura clássica e as novas forças do nacionalismo e da 
reforma. O redespertar intelectual cedo deu lugar, entretanto, a 
um novo pensamento, o pensamento científi co”.
Anísio Teixeira
A Idade Média estava fi cando para trás, o Renascimento dava 
seus ares e, logo, o Iluminismo e a razão iriam disputar a hegemonia 
sobre um novo projeto de universidade já na modernidade. No campo 
político-social, durante o século XVI, dois acontecimentos foram 
de signifi cativa importância: a Reforma Protestante, iniciada por 
Martinho Lutero (1483-1546), que estimulou, de um lado, a laicização 
e a estatização das universidades, reduzindo o controle da Igreja, e, 
de outro lado, instituiu uma nova força no controle da liberdade dos 
professores; já a Contrarreforma reforçou o cerceamento da liberdade de cátedra, 
criando também a educação jesuíta, cujo principal objetivo estava relacionado 
à missão de preparar os jovens no mundo todo para o trabalho eclesiástico de 
catequização. Desse modo:
O fi m da Idade Média, com os seus múltiplos componentes, 
entre os quais a Reforma Protestante, contribuiu decisivamente 
para romper a unidade e gradativamente o modelo medieval 
sobrevive, mas ao lado de novos paradigmas que vão se 
instituindo e fortalecendo. A concorrência com o pensamento 
humanista e os colégios, instituições que gozam de grande 
prestígio nos séculos XVI e XVII, a perda do monopólio, os 
novos ensinamentos (Descartes, Copérnico, Galileu...), 
as ideias iluministas em ascensão, acentuam a crise da 
universidade, que vive profunda decadência e vê muitas 
instituições desaparecerem ou sobreviverem em condições 
precárias (ROSSATO, 2005, p. 30).
O nascimento das universidades modernas, entre os séculos XVI e XVIII, 
ocorreu a partir dos anos 1500, com o movimento da Reforma Protestante se 
alastrando pelos países do norte da Europa e dando início ao envolvimento de 
O Renascimento 
dava seus ares e, 
logo, o Iluminismo 
e a razão iriam 
disputar a 
hegemonia sobre 
um novo projeto de 
universidade já na 
modernidade.
59
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
instituições não católicas nas universidades; isso ocorreu também 
nos Estados Unidos da América. E o que basicamente diferia as 
universidades medievais das universidades modernas? As modernas 
estavam mais diretamente vinculadas à pesquisa. A partir do século 
XVIII, as principais universidades europeias, inclusive, já publicavam 
suas próprias revistas científi cas. A nova ideia desse período foi 
atrelar o conhecimento científi co ao desenvolvimento tecnológico. Em 
1794, na França, se fazem presentes a Escola Politécnica e a Escola 
Normal Superior, estabelecidas sob estrito controle estatal, e também 
a Universidade de Berlim, em 1810, que pregava a indispensável 
missão das universidades de desenvolverem pesquisas e lutarem 
pela prioridade de liberdade acadêmica. Novos tempos nasciam nas 
universidades!
Segundo Lacerda e Álvares (2005), o modelo de universidade 
dos séculos XVI a XVIII manteve sua estrutura trinômica, ou seja, educação, 
investigação e ciência, que, de acordo com os autores, a caracterizou desde sua 
fundação. Todavia, surgiam no panorama europeu, com mais ênfase na Itália, 
França e Alemanha, elementos que determinaram novas orientações da sua 
atuação e criaram novas formas de relação com as demais instituições sociais 
vigentes, que até hoje estão presentes. No campo da cultura geral e acadêmica, 
três elementos são decisivos:
O primeiro é a paulatina substituição de um modelo de epistéme 
medieval, entendida como metafísica, para um modelo de 
epistéme experimental, como física. A experimentação dá 
lugar à especulação, a partir de uma cosmovisão mecanicista 
inaugurada por R. Descartes. A astronomia, inaugurada por N. 
Copérnico, G. Galilei e H. Kepler, será levada ao ápice com as 
leis da gravitação universal de I. Newton.
O segundo elemento é o surgimento do humanismo no século 
XV, nas universidades da Itália, que impulsionará o ensino do 
Direito, da retórica e da anatomia.
O terceiro elemento é a descoberta da imprensa no século XV. 
Embora sua força revolucionária tenha levado algum tempo 
para se desenvolver, desde cedo será recebida com ressalvas 
pela Igreja, que mantinha todos os esforços no sentido de 
intensifi car, contra todas as resistências, a teologia clássica e a 
supremacia da fé em relação à razão, proibindo, por exemplo, 
a publicação de obras consideradas heréticas (LACERDA; 
ÁLVARES, 2005, p. 102).
Cabe ressaltar que na França, que se encontrava atrasada em relação à 
Alemanha e Inglaterra, as ideias da Revolução de 1789, acontecimento político 
relevante de emancipação política e burguesa, culminaram num novo olhar para 
a universidade e uma maior liberdade acadêmica.Foram propostas uma nova 
O nascimento das 
universidades 
modernas, entre os 
séculos XVI e XVIII, 
ocorreu a partir dos 
anos 1500, com 
o movimento da 
Reforma Protestante 
se alastrando 
pelos países do 
norte da Europa 
e dando início 
ao envolvimento 
de instituições 
não católicas nas 
universidades
60
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
otimização da ciência em relação à teologia e a criação de centros de estudos 
científi cos, por exemplo, o observatório de Paris. Também de forma inovadora,
a construção de um Conselho Nacional de Educação, cuja tarefa principal era 
idealizar o conhecimento em todos os níveis de ensino, inclusive o universitário. 
Ainda no clamor revolucionário, em 1791 foi criado o Ministério da Educação, 
estatizou-se o ensino, instituiu-se uma corporação estatal de professores e uma 
educação universal e gratuita.
Nota-se que a busca por uma autonomia universitária fez parte da história 
da universidade entre os séculos XVI e XVIII. “A tentativa de separação entre 
epistéme e poder nunca foi concluída, pois ora a Igreja (católica ou reformada) 
intervém, ora os príncipes e reis controlam. Apesar do controle externo, 
paulatinamente a universidade vai se abrindo para a sociedade” (LACERDA; 
ÁLVARES, 2005, p. 103). A despeito disso, a universidade internamente sempre 
buscou manter seu caráter crítico, que caracterizou sua trajetória desde o início. 
As relações professor-aluno nesse período cada vez mais assumiam aspectos 
institucionais, em substituição às familiais típicas da época medieval. 
Rossato (2005) assinala que três revoluções abriram o caminho para o 
surgimento de uma nova instituição e o nascimento das universidades modernas 
no século XIX: a Revolução Inglesa, a Revolução Francesa e a Revolução 
Industrial. A partir desse momento, a universidade vai dando maior atenção à 
pesquisa e à investigação, o pensamento científi co vai aos poucos 
assumindo o caráter de técnica, especialmente após a Revolução 
Industrial, tornando-se condição imprescindível para o progresso social 
e a economia capitalista. Sofrendo com as pressões do mercado nessa 
fase, a universidade ajudará o rápido progresso e o desenvolvimento 
econômico-social, que estava exigindo maiores níveis de trabalho 
especializado e tecnologias. Contudo, o desenvolvimento científi co 
demandava altos investimentos e os domínios teóricos concentraram-
se exclusivamente nas universidades europeias, japonesas e norte-
americanas, restando aos demais países apenas a aplicação dos 
modelos ali desenvolvidos.
E o século XX? Neste século, como nos lembra Eric Hobsbawm em Era dos 
Extremos - O Breve Século XX, o mundo sofreu transformações profundas de 
ordem econômica, política, social, cultural, e as universidades não fi caram de 
fora e buscaram novas formas de atuação. Estas transformações foram bastante 
concretas nos modelos inglês, francês, alemão, norte-americano e também 
socialista. No primeiro modelo, temos uma formação humanista e voltada para a 
transmissão do conhecimento. O modelo francês possuía um forte monopólio do 
três revoluções 
abriram o caminho 
para o surgimento 
de uma nova 
instituição e o 
nascimento das 
universidades 
modernas no século 
XIX: a Revolução 
Inglesa, a 
Revolução Francesa 
e a Revolução 
Industrial.
61
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
Estado para uma forte contribuição ao desenvolvimento nacional. Já no padrão 
norte-americano sobressai o pragmatismo, com o aparecimento da universidade-
empresa. Na Alemanha, a universidade é entendida como uma comunidade 
de pesquisadores com liberdade acadêmica e política. Por último, no modelo 
socialista havia intensos traços estatais e buscava-se a gratuidade do ensino para 
todos (BOHRER, 2008).
Por fi m, na segunda metade do século XX, aprofundam-se cada vez mais 
as reivindicações do mercado por mão de obra mais qualifi cada, e somadas a 
isso aparecem as exigências de distintas parcelas da sociedade excluídas que 
surgiam nesse período por vagas nas universidades. Iniciava-se um período onde 
aos poucos o Ensino Superior deixava de ser um lugar somente de 
uma elite, e em muitos lugares passa a abrir seus muros a uma parcela 
maior da sociedade. Tais exigências pressionaram a universidade para 
se adequar a uma nova realidade, mais global e inclusiva, ao mesmo 
tempo em que criam institucionalmente uma constituição diferente, 
onde algumas universidades vão se dedicar à pesquisa e à ciência e 
outras somente ao ensino.
Na segunda 
metade do século 
XX, aprofundam-
se cada vez mais 
as reivindicações 
do mercado por 
mão de obra mais 
qualifi cada.
Para ler o livro do autor Eric Hobsbawm, intitulado Era dos 
extremos - O breve século XX, acesse o seguinte endereço 
eletrônico: <https://goo.gl/PPFdJO>.
Caro pós-graduando! É importante reforçar que na atualidade temos 
uma série de modelos universitários e outros que ainda não conseguiram 
se impor no século XXI. Porém, o melhor de tudo isso é que cada vez mais a 
universidade ocupa um lugar de destaque no mundo contemporâneo e seu papel 
atualmente é indispensável para o avanço em todas as áreas do conhecimento e 
desenvolvimento para a humanidade.
62
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
A Universidade na AmÉrica Latina
Depois de conhecer a trajetória da universidade desde a Idade 
Média até o século XX, vamos voltar nosso olhar agora para o Ensino 
Superior na América Latina. A primeira questão que podemos notar, ao 
olhar para a América, é que ao conhecer seu desenvolvimento histórico, 
notamos uma signifi cativa diferença entre o caminho da educação 
superior na América Portuguesa (Brasil) e na América Espanhola. 
Enquanto na parte colonizada pelos espanhóis, a universidade surgiu 
desde o início do processo de colonização (século XVI), aqui no 
Brasil, como já visto por nós no primeiro capítulo, as universidades só 
apareceriam no século XX. Um atraso de quatro séculos em relação ao restante 
da América. Todavia, é notório assinalar que, apesar do desenvolvimento desigual, 
na atualidade ambas apresentam pendências relativas aos seus papéis e a luta 
por uma maior democratização.
A primazia espanhola relativa ao Ensino Superior nas Américas 
ocorreu porque, enquanto os portugueses restringiram durante todo o 
período colonial o acesso ao Ensino Superior na colônia da América, 
a Espanha, pelo contrário, implantou uma política de criar e incentivar 
instituições de Ensino Superior nas suas colônias, com o objetivo 
de formar pessoas apropriadas para suprir a demanda dos cargos 
administrativos na burocracia colonial. Isso tudo fez com que em 
1538 ocorresse a fundação da primeira Universidade das Américas, 
em São Domingos, e logo, em 1551, a fundação da Universidade de 
San Marcos, no Peru. Era somente o início da criação de inúmeras 
universidades nas terras espanholas das Américas.
Notamos uma 
signifi cativa 
diferença entre 
o caminho da 
educação superior 
na América 
Portuguesa (Brasil) 
e na América 
Espanhola.
A Espanha 
implantou uma 
política de criar 
e incentivar 
instituições de 
Ensino Superior 
nas suas colônias, 
com o objetivo de 
formar pessoas 
apropriadas para 
suprir a demanda 
dos cargos 
administrativos na 
burocracia colonial.
Para aprofundar seus estudos sobre a história da educação na 
América Latina, faça a leitura da seguinte obra:
GONDRA, José Gonçalves; SILVA, José Cláudio Sooma. 
(Orgs.). História da educação na América Latina: ensinar & 
escrever. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.
63
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
Diante da implantação do Ensino Superior na América espanhola, fi ca apergunta: Como eram estruturadas as universidades na América nesse momento? 
Quais modelos seguiam e se inspiravam? Como algo inerente ao pacto e domínio 
colonial, as universidades são transpostas da metrópole para cá, correspondendo 
ao modelo europeu da época. Sua criação era um gesto administrativo, refl etia 
mecanicamente o contexto europeu e sempre estava de consenso com a elite 
colonial local. Quando da fundação das universidades na América espanhola, 
a Europa passava por uma efervescência cultural e científi ca própria do 
Renascimento e, em seguida, do Iluminismo, contudo, o modelo de universidade 
que vinha da Europa para a América era o mais velho e medieval da época. 
Em muitos casos este modelo reforçava e ampliava os poderes eclesiásticos 
estabelecidos além-mar. Neste sentido:
No início do século XVI, o sistema universitário espanhol 
foi trazido para a América Latina, com a criação de diversas 
universidades. Naquele século, o modelo europeu, 
especialmente que exercia forte infl uência em Portugal e 
Espanha, foi o adotado pela América Latina nas sociedades 
e universidades. Nesse sentido, a educação superior era 
destinada somente para a elite dos países latinos, como 
também o acesso aos postos políticos e burocráticos. 
(ROSSATO, 2005, p. 46).
O modelo adotado estava ligado à Universidade de Salamanca, na Espanha, 
que positivamente infl uenciou as instituições latinas. As universidades do México, 
de Santiago e de Lima, no seu início possuíam um ensino com tendência 
humanista e sua organização seguia o princípio de universidade dos estudantes. 
Todavia, essa infl uência de Salamanca nas universidades nacionais não durou 
muito tempo, pois, após o movimento da Igreja Católica de Contrarreforma, 
o modelo de uma universidade mais espiritual e voltada para a formação de 
grupos dirigentes para a “conquista espiritual” passou a ser predominante, tanto 
no velho continente como no novo. Por décadas ou até mesmo séculos, essas 
universidades apresentaram desenvolvimento precário, tendo na sua constituição 
muitos alunos e poucos professores. Manteve-se uma estrutura medieval nas 
universidades latinas e interesses limitados à Igreja Católica e à elite colonial.
Enquanto na Europa, durante os séculos XVIII e XIX, prosperava um 
pensamento iluminista, racional e científi co, nas universidades latinas se assistia 
a um assombroso atraso. A crise era, sobretudo, estrutural e ideológica e fazia 
parte de uma crise geral do colonialismo nas Américas, a independência, logo 
as potências mercantis europeias perderiam suas possessões. Assim, as 
universidades refl etiam o pensamento atrasado das elites locais. A luta pela 
independência impelia os estudantes e professores latinos a abolir com a arcaica 
estrutura universitária, muitas vezes controlada pela Igreja. A ausência de 
64
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
democracia e de autonomia atingia os métodos de ensino e difi cultava qualquer 
desenvolvimento científi co moderno. Desse modo, no século XIX:
Em quase todos os países, a independência política das 
colônias foi acompanhada de um movimento de secularização 
que separou Igreja e Estado, transformando as universidades 
tradicionais em instituições públicas e seculares e 
modernizando-as.
Essa tendência não se implantou sem forte oposição da 
Igreja e os sistemas criados no século XIX resultaram dessa 
luta, que teve desencadeamentos diferentes nos diversos 
países. No Chile, estabeleceu-se um sistema dual, formado 
de universidades públicas laicas e universidades católicas 
que recebiam do Estado o mesmo tipo de fi nanciamento. Na 
Colômbia, a força da Igreja Católica logrou impedir a criação 
de uma universidade pública laica até meados deste século. 
No México e na Argentina, o sucesso da secularização foi 
completo, e as universidades católicas só foram recriadas, 
respectivamente, nas décadas de 40 e 50 do século XX, mas 
separadas do Estado (DURHAM; SAMPAIO, 1997, p. 10).
LISTA DE UNIVERSIDADES E O ANO 
DE FUNDAÇÃO NA AMÉRICA 
1538 – Universidade Autônoma de Santo Domingo – República 
Dominicana.
1551 – Universidade Nacional Autônoma do México. 
1562 – Colégio Universitário de Santo Tomás – Colômbia. 
1613 – Universidade Nacional de Córdoba – Argentina. 
1624 – Universidade Maior Real e Pontifícia San Francisco 
 Xavier de Chuquisaca – Bolívia. 
1636 – Universidade de Harvard – Estados Unidos. 
1653 – Universidade de Rosário – Argentina. 
1663 – Université Laval – Canadá. 
1676 – Universidade de San Carlos da Guatemala. 
1721 – Universidad Central de Venezuela. 
1728 – Universidade de Havana – Cuba. 
1785 – Universidade de New Brunswick – Canadá. 
1792 – Real Academia de Artilharia, Fortifi cações e Desenho – 
Brasil. 
1812 – Universidade de Nicarágua. 
1820 – Universidade do Haiti. 
65
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
1826 – Universidade Central do Equador. 
1832 – Universidad Mayor de San Simon – Bolívia. 
1841 – Universidade de El Salvador. 
1842 – Universidade do Chile. 
1843 – Universidad de Costa Rica. 
1847 – Universidad Nacional de Honduras. 
1849 – Universidad de La República – Uruguai. 
1890 – Universidad Nacional de Asunción – Paraguai.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/1jBD51>. Acesso em: 20 abr. 2016.
Atividades de Estudos:
1) O que basicamente diferia as universidades medievais das 
universidades modernas? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Ocorreram três revoluções que abriram o caminho para o 
surgimento de uma nova instituição e o nascimento das 
universidades modernas no século XIX. Descreva quais foram 
essas revoluções.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
3) O Ensino Superior na América espanhola seguiu um modelo. 
Qual foi esse modelo? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
66
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Aqui podemos ver como surgiu e que modelo a universidade seguiu na 
América Latina, muito antes de surgir no Brasil. Vimos que as mesmas surgiram 
num contexto bem específi co da colonização espanhola e que também tiveram um 
rápido desenvolvimento ainda nesse contexto. 
Evolução Histórica do Ensino 
Superior no Brasil 
Lembre-se, caro pós-graduando, a universidade brasileira 
somente surgiu no início do século XIX, resultando da organização 
das elites, que estavam cansadas de buscar educação/qualifi cação 
superior na Europa. Assim, a universidade no Brasil surgiu em 
momento de crise/mudança e foi essencialmente resultado da reunião 
de faculdades específi cas e institutos isolados, acontecimento que lhes 
deu uma característica bastante fragmentada. Muito mais vinculada 
à iniciativa privada no seu surgimento, aos poucos ela foi ganhando 
apoio público, porém essa dicotomia acompanha o debate até os dias 
atuais. Assunto que veremos a partir daqui.
A universidade no 
Brasil surgiu em 
momento de crise/
mudança e foi 
essencialmente 
resultado da reunião 
de faculdades 
específi cas e 
institutos isolados.
A diferença entre 
educação pública 
e privada no Brasil 
existe desde pelo 
menos 1930.
Enquanto a 
educação pública 
buscava ser 
universal e gratuita, 
a educação privada 
atingia grupos 
economicamente 
mais privilegiados.
Instituições Públicas e Privadas de 
Ensino Superior no Brasil e Suas 
Funções
Quando falamos em instituiçõespúblicas e privadas de Ensino 
Superior no Brasil e suas funções, precisamos saber que a diferença 
entre educação pública e privada no Brasil existe desde pelo menos 
1930. Na sua origem estava relacionada muito mais a aspectos 
pedagógicos e ideológicos do que funções e objetivos de formação. 
Por um lado, as instituições públicas reivindicavam a existência 
de um ensino leigo, enquanto as instituições privadas buscavam 
essencialmente a educação com princípios religiosos. Existia também 
uma disputa no que tange ao forte conteúdo social. Enquanto a 
educação pública buscava ser universal e gratuita, a educação privada 
atingia grupos economicamente mais privilegiados. Aos poucos, mais 
especifi camente no fi nal dos anos sessenta, esta polarização relativa 
ao Ensino Superior perdeu inteiramente seu sentido original.
67
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
Atualmente o debate entre esses dois tipos de instituições está ligado 
à questão fi nanceira, isto é, a quem o Estado pode fi nanciar, quem tem direito 
à gratuidade e quem deve pagar para estudar. Por um lado, as universidades 
públicas têm mantido a gratuidade total do ensino no setor público, já o setor 
privado tem conseguido ampliar seu campo de ação, inclusive:
[...] pelo reconhecimento de um grande número de novas 
universidades que, graças à autonomia constitucional, terão 
condições de se proteger tanto das limitações governamentais 
à criação de novos cursos, quanto de eventuais controles mais 
sistemáticos relativos à qualidade do produto educacional que 
oferecem (DURHAM; SCHWARTZMAN, 1989, p. 7).
Durham e Schwartzman (1989, p. 7) esclarecem que a esta altura a questão 
do ensino público vs. privado “[...] não pode continuar a ser discutida em termos 
dos respectivos interesses ou preconceitos, e ser posta em termos de questões 
de natureza mais ampla, como a do acesso, da equidade social, dos diferentes 
públicos, da qualidade do ensino e da pesquisa”.
E hoje, qual a diferença entre esses tipos de instituições? Você 
saberia dizer? Já leu ou aprendeu algo a respeito? Como é constituído 
o sistema de educação superior brasileiro? A princípio, as instituições 
públicas são criadas, fi nanciadas e administradas pelo poder público 
federal, estadual e/ou municipal. Por sua vez, as instituições privadas 
são criadas, mantidas e administradas por pessoa física ou jurídica de 
direito privado, podendo ter ou não fi ns lucrativos, e por credenciamento 
no Ministério da Educação.
Há outras questões que diferenciam esses dois tipos de 
instituições, que, de acordo com a Cartilha de Instituições Privadas do 
Ensino Superior, são:
[...] as instituições de Ensino Superior podem ser 
classifi cadas academicamente em universidades, 
centros universitários e faculdades. A diferença 
principal estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 
1996) é que nas instituições universitárias existe a obrigação 
para que sejam desenvolvidas, regularmente e de forma 
institucionalizada, as atividades de ensino, pesquisa e extensão, 
ao passo que nas não universitárias existe obrigação apenas 
do ensino. Os centros universitários, pela oferta do ensino, 
pela qualifi cação do seu corpo docente e pelas condições 
de trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. As 
A princípio, as 
instituições públicas 
são criadas, 
fi nanciadas e 
administradas 
pelo poder público 
federal, estadual 
e/ou municipal. 
As instituições 
privadas são 
criadas, mantidas e 
administradas por 
pessoa física ou 
jurídica de direito 
privado, podendo 
ter ou não fi ns 
lucrativos.
68
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
faculdades, embora também devam zelar pela qualidade do 
Ensino Superior ministrado, não estão obrigadas a manter 
programas institucionais de pesquisa (BRASIL, 2007, p. 8).
Credenciamento e recredenciamento: as instituições de Ensino 
Superior brasileiras públicas e privadas são submetidas a diferentes 
procedimentos de criação e credenciamento. O credenciamento 
concedido pelo poder público é temporário, conforme estabelece 
a nova LDB (Lei nº 9.394/1996). Por isso existe a necessidade de 
recredenciamento da instituição após as avaliações realizadas no 
contexto do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior 
(SINAES).
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/n0uysy>. Acesso em 20 abr. 2016.
Além dessa divisão, o Ministério de Educação no Brasil determina, para 
fi nalidades estatísticas, que as instituições de Ensino Superior estão classifi cadas 
da seguinte maneira:
a) Públicas (federais, estaduais e municipais);
b) Privadas (comunitárias, confessionais, fi lantrópicas e particulares).
Essa defi nição relaciona-se com as formas de fi nanciamento, ou seja, quem 
as fi nancia, e com que cada modelo sobrevive no panorama da educação superior. 
Se o Ministério da Educação (MEC) faz uso da categoria público-privado para 
classifi car e diferenciar o sistema de Ensino Superior no Brasil, é importante então 
entender que isso constitui a maneira de manutenção fi nanceira e administrativa 
de cada uma das instituições. Vejamos, a partir do estudo de Luciane Stallivieri, 
quais são as diferenças relacionadas aos tipos de fi nanciamento e manutenção.
Essencialmente, o sistema público de Ensino Superior é sustentado pelo 
poder público federal, estadual e municipal. A lógica é bastante simples: as 
instituições públicas federais usam recursos públicos federais para o seu custeio, 
isto é, a União é o principal mantenedor, “[...] já que nelas o ensino é gratuito 
e somente cerca de 3,5% do orçamento global é constituído por recursos 
69
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
diretamente por elas arrecadados” (STALLIVIERI, 2006, p. 7). Por sua vez, as 
instituições estaduais têm nos governos estaduais seu fi nanciador principal, 
nestas o ensino também é gratuito. É bom salientar que as instituições de ensino 
estaduais de nível superior criadas e mantidas pelos Estados não estão presentes 
em todos os entes da federação brasileira. Luciane Stallivieri assinala que “[...] 
essa modalidade de instituição de caráter estadual está mais concentrada na 
região Sudeste do Brasil, onde estão as grandes universidades que apresentam 
programas de ensino e pesquisa avaliados como sendo os de melhor qualidade 
do país” (STALLIVIERI, 2006, p. 7). Por último, as instituições municipais, que, se 
comparado aos outros dois tipos de instituições, são de número bastante baixo e 
que recebem recursos fi nanceiros dos governos municipais.
Quando se trata do sistema de Ensino Superior privado, as 
fontes de fi nanciamento para manutenção e expansão são oriundas,
na sua maior parte, do pagamento das mensalidades dos próprios 
alunos, mensalidades essas pagas para os cursos de graduação 
e também para os de pós-graduação. Contudo, algumas destas 
instituições privadas contam, muitas vezes, com o apoio fi nanceiro de 
mantenedores particulares, que seriam membros da comunidade e/ou 
até de ordens religiosas. Uma informação importante para ser analisada 
“[...] é que, por serem de caráter privado, essas instituições não podem 
receber recursos públicos, mas podem apresentar e concorrer com a 
apresentação de projetos para o desenvolvimento de pesquisa e de 
pós-graduação” (STALLIVIERI, 2006, p. 7).
Steiner e Malnic (2006) lembram que, mesmo entre as instituições de caráter 
privado, essa categoria se subdivide em comunitárias, confessionais, fi lantrópicas 
e particulares.
Com relação às instituições de caráter comunitário, elas podem ser laicas 
ou confessionais. “As instituições comunitárias laicas são instituições sem fi ns 
lucrativose são fi nanciadas por membros da comunidade onde estão inseridas, 
além dos recursos provenientes da mensalidade dos alunos” (STALLIVIERI, 2006, 
p. 7). Há também as instituições comunitárias confessionais, que estão ligadas 
diretamente a uma congregação de ordem religiosa específi ca.
Esses três tipos de instituições, comunitárias, confessionais e 
fi lantrópicas, se distinguem pelas isenções fi scais de que desfrutam. 
Por serem caracterizadas como instituições sem fi ns lucrativos, os 
resultados de suas atividades necessitam ser reinvestidos nelas 
mesmas, não podendo, nesse caso, existir distribuição de lucros.
Quando se trata 
do sistema de 
Ensino Superior 
privado, as fontes 
de fi nanciamento 
para manutenção 
e expansão são 
oriundas, na sua 
maior parte, do 
pagamento das 
mensalidades dos 
próprios alunos
Esses três tipos 
de instituições, 
comunitárias, 
confessionais e 
fi lantrópicas, se 
distinguem pelas 
isenções fi scais de 
que desfrutam.
70
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
De acordo com Stallivieri (2006, p. 8), por se constituírem como instituições 
sem fi ns lucrativos, dois são os principais tipos de isenção fi scal que elas têm:
Do Imposto de Renda, para instituições educacionais sem 
fi ns lucrativos, e das contribuições para fi ns de seguridade 
social, para as instituições consideradas benefi centes (as 
chamadas fi lantrópicas), de utilidade pública e que apliquem 
integralmente os resultados operacionais na manutenção e 
desenvolvimento dos objetivos institucionais. A benefi cência 
se caracteriza pela concessão de desconto de 50% a 100% 
do valor da mensalidade a alunos considerados carentes, bem 
como outras gratuidades especialmente na área de extensão.
Por sua vez, quando falamos do setor privado, também encontramos as 
instituições de caráter particular com fi ns lucrativos. Muitas dessas instituições são 
criadas e mantidas por proprietários ou mantenedoras que não são provenientes 
do meio educacional. Nesse caso, encontramos instituições preocupadas com um 
ensino de boa qualidade. 
O PRINCÍPIO DA COEXISTÊNCIA DE 
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS DE ENSINO 
À LUZ DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
Em benefício da educação, a Constituição Federal, promulgada 
em 1988, no inciso III do artigo 206, estabelece, como princípio 
da educação escolar, o pluralismo de ideias e de concepções 
pedagógicas e a coexistência de instituições públicas e privadas de 
ensino. Este mesmo princípio de ensino foi reproduzido e desdobrado 
em incisos próprios, o III e o V do artigo 2º, na Lei 9.394/96, que 
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, a chamada 
LDB.
No presente trabalho, vamos nos deter ao princípio da 
coexistência de escolas públicas e privadas. É importante 
entendermos, desde logo, que o princípio de coexistência do público 
e do privado assegura ao poder público, como prescreve o artigo 19 
da LDB, a competência de criar ou incorporar instituições de ensino 
para atender as demandas sociais por um ensino público, obrigatório 
71
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
e gratuito. É o referido princípio que autoriza, de outra sorte, pessoas 
físicas ou jurídicas de direito privado a abrirem escolas em qualquer 
estado ou município da federação, ou em um distrito, localidade ou 
rua de qualquer cidade brasileira. 
É por este princípio de coexistência do público e do privado que 
podemos, neste século, fomentar escolas públicas mais orientadas 
ao mercado e estimular as escolas privadas com fi ns públicos. O 
diretor-presidente da UBEE, Manoel Alves, em entrevista à Revista 
Linha Direta (n. 90, p. 38, set. 2005), afi rma, à luz deste princípio, 
que as instituições de ensino, públicas ou privadas, têm uma 
natureza essencialmente social e socializadora, de modo a não 
fi carem ausentes das iniciativas concretas que contribuam com o 
desenvolvimento sustentável.
[...]
Numa palavra, podemos afi rmar que, sem a coexistência de 
escolas públicas e privadas, sem o ensino livre à iniciativa privada, o 
Brasil seria mais centralizado, menos federativo, menos democrático; 
por sua vez, a educação seria menos social, posto que é através 
deste princípio de ensino que as IE’s, no Estado democrático de 
Direito, superam a contradição capitalista entre o público e o privado. 
Escolas lucrativas e não lucrativas
No século XXI, a privatização do ensino é uma questão obsoleta. 
A coexistência institucional, enfi m, permite que os entes federativos 
(União, Estados, Distrito Federal e Municípios) busquem a alta 
qualidade de ensino da educação pública e incentivem a expansão 
da educação privada.
As escolas públicas e as privadas têm, na vida social, uma 
busca em comum: o bem público. Sem os valores sociais do trabalho 
e da iniciativa privada, não poderíamos afi rmar, a rigor, que o Brasil 
se constitui em Estado Democrático de Direito (inciso IV, Art. 1º, CF).
A Constituição Federal de 1988 prescreve, conforme podemos 
observar à luz dos artigos 205, 209 e 213, dois gêneros de escolas: 
as públicas e as privadas. É estabelecido pela Constituição que as 
escolas privadas se subdividem em duas espécies: as lucrativas e as 
não lucrativas. 
72
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
O artigo 209 da Constituição Federal prescreve, por seu turno, 
que o ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as condições de 
cumprimento das normas gerais da educação nacional (inciso I) e 
autorização e avaliação de qualidade pelo poder público (inciso II). 
No tocante ao fi nanciamento da educação nacional, os recursos 
públicos podem ser dirigidos, conforme preceitua o artigo 213 da 
Constituição Federal, a escolas comunitárias, confessionais ou 
fi lantrópicas que comprovem fi nalidade não lucrativa, apliquem 
seus excedentes fi nanceiros em educação (inciso I) e assegurem a 
destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, fi lantrópica 
ou confessional – ou ao poder público, no caso de encerramento de 
suas atividades (inciso II).
No plano da legislação ordinária, o artigo 20 da LDB, que 
categoriza as chamadas instituições privadas de ensino, entende que 
as particulares são defi nidas, em sentido estrito, como as escolas 
instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas 
de direito privado que não apresentem as características das demais 
escolas privadas, isto é, comunitárias, confessionais e fi lantrópicas. 
São entendidas como confessionais, segundo a LDB, no inciso III do 
referido artigo, as escolas instituídas por grupos de pessoas físicas 
ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação 
confessional e ideologia específi cas. As escolas fi lantrópicas são 
regidas por lei própria. 
As escolas comunitárias, a partir da Lei 11.183, que dá uma 
nova redação ao inciso II do caput do art. 20 da Lei nº 9.396, são 
consideradas as instituídas por grupos de pessoas físicas ou por 
uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de pais, 
professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora 
representantes da comunidade. Como, então, esta estruturação 
legal das redes pública e privada repercutirá na oferta da educação 
básica?
[...]
Quantidade e qualidade no serviço educacional
O princípio da coexistência de instituições públicas e privadas 
de ensino é, a rigor, bem diferente da ideia de independência extrema 
ou absoluta dessas mesmas instituições, o que não quer dizer que 
73
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
não possam concorrer na oferta de educação escolar. Uma nova 
“equação” para a educação, vista como direito social de todos e dever 
do Estado, da Família e da Sociedade como umtodo, é – ou deveria 
ser – a seguinte: Educação Escolar = escolas públicas X escolas 
privadas. Se as escolas públicas zeram, no produto fi nal, o fracasso 
repercute também negativamente no setor privado, porque o público 
e o privado pertencem à mesma sociedade. Da mesma forma, se as 
escolas privadas zeram ou fecham suas portas, há comprometimento 
social: menos vagas para os profi ssionais de ensino e menos opção 
para as famílias, em se tratando de serviço educacional. Isso só será 
óbvio quando a sociedade política, e não apenas a civil, vir, no setor 
privado, um segmento com fi ns sociais ou públicos.
A esse respeito, diríamos, tomando a palavra de Marcelo 
Batista de Sousa (2005, p. 24), que o “pluralismo preconizado pela 
Constituição não é observado se a oferta ofi cial de educação é 
apenas aquela oferecida pelo próprio Estado. (...) A escola particular 
transformou-se em desejo e sobrevive, repito, pela efi ciência e 
excelência. ”
[...]
Considerações fi nais
O princípio da coexistência de escolas públicas e privadas 
é fundamental para a superação da dicotomia entre o público e o 
privado, uma vez que, sendo a educação um direito de todos, 
portanto, um bem comum, que abrange os processos formativos 
desenvolvidos em diferentes ambiências sociais, a começar pela 
vida familiar, passando pela convivência humana, pelo mundo do 
trabalho, pelas escolas, pelos movimentos sociais e organizações da 
sociedade civil e chegando às manifestações culturais, não existe, a 
rigor, uma contradição entre a busca de uma escola pública de boa 
ou alta qualidade e o incentivo à expansão da escola privada. 
À guisa de palavra fi nal, apropriar-me-ei, mais uma vez, do 
pensamento de Marcelo Batista de Sousa, que, no já referido 
artigo publicado na Revista Linha Direta, revela que há burocratas 
do governo, na verdade, radicalmente estatizantes, que tentam 
desqualifi car o sistema escolar privado. A visão crítica de Marcelo 
Batista parece sintetizar bem o olhar da RLD, ao longo de seus dez 
anos de existência, sobre a educação brasileira. Segundo ele, o 
74
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
papel do Estado, ao garantir a educação como direito social, deve 
ser o de proporcionar a democratização e a gratuidade do ensino 
fundamental, conforme preceitua a Constituição Federal, além de 
avaliar as instituições públicas e privadas e zelar pela qualidade de 
ensino. Mas a ação da livre iniciativa é uma questão de princípio 
fundamental da ordem social e cultural do país e se reveste de 
importância capital numa sociedade democrática, porque apresenta 
às famílias brasileiras alternativas de formação escolar em prol da 
educação básica e superior.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/XytvKF>. Acesso em: 20 abr. 2016.
Desta forma, caro pós-graduando, fechamos esse assunto tão importante 
sobre a coexistência entre instituições públicas e privadas de Ensino Superior 
no Brasil. Porém, mais do que conhecer essa diferenciação, é importante 
assinalar que todas as instituições, sendo públicas e/ou privadas, têm o dever de 
oferecer um ensino de qualidade que contribua de forma direta ou indireta para o 
desenvolvimento econômico e social do Brasil.
A Situação Atual do Ensino Superior 
no Brasil
Caro pós-graduando! Entender o atual sistema de Ensino Superior do Brasil 
não é tarefa muito fácil, mas sim bastante complexa, devido à grandiosidade de 
sua estrutura e organização. Contudo, é indispensável entender pelo menos um 
pouco do atual contexto da educação no Brasil. O que faremos neste fi nal de 
capítulo é tentar esclarecer alguns conceitos de como o atual sistema de Ensino 
Superior brasileiro se apresenta neste momento. Não entraremos na apresentação 
das políticas públicas sobre o tema, pois isso será abordado no próximo capítulo.
Assim, as principais tendências e os problemas relativos ao 
sistema de Ensino Superior não devem prescindir da importância desse 
sistema para a sociedade brasileira. Não restam dúvidas para ninguém 
de que o desenvolvimento econômico de um país e a melhoria das 
condições de vida para a maioria da população dependem diretamente 
do aumento da escolaridade dos cidadãos, haja vista que a 
universalidade da educação básica é essencial para o melhor exercício 
da cidadania e da democracia. No entanto, como afi rma Cunha (1999, 
p. 2): 
As principais 
tendências e os 
problemas relativos 
ao sistema de 
Ensino Superior não 
devem prescindir da 
importância desse 
sistema para a 
sociedade brasileira.
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PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
O desenvolvimento do Ensino Superior é também fundamental. 
A modernização da economia e das estruturas sociais exige 
cada vez mais pessoal altamente qualifi cado, com formação 
de nível superior. Além disso, deve-se considerar que, também 
com relação a esse nível de ensino, no Brasil, a restrição do 
acesso tem se constituído em fonte de desigualdades sociais, 
o que restringe o exercício da cidadania acima mencionado. 
Não se pode perder de vista, também, a importância que o 
Ensino Superior guarda como suporte aos demais graus 
de ensino, tanto no que diz respeito à preparação dos seus 
recursos humanos, assim também como instância de produção 
e divulgação do conhecimento e de tecnologias, insumos 
essenciais para o desenvolvimento das nações nos dias atuais.
Dessa forma, as mudanças ocorridas no sistema de Ensino Superior brasileiro 
na última década fazem parte de um processo mais amplo, que vem tentando 
modernizar a sociedade, visto que segmentos médios se tornaram integrantes 
do sistema educacional, que vem melhorando sua estrutura para assumir uma 
nova demanda considerável. Portanto, a busca por vagas na universidade por 
parte dos jovens derivados de famílias sem tradição em educação superior ou 
ainda de pessoas com mais idade, “[...] com o objetivo de se ilustrar ou melhorar 
sua posição no emprego e a ampliação do contingente feminino em cursos que 
antes eram predominantemente masculinos [...]”, são fenômenos que têm feito 
a expansão das matrículas de forma signifi cativa e mudado bastante a cara da 
universidade brasileira nos últimos tempos (CUNHA, 1999, p. 3). Abaixo temos 
alguns dados sobre essas mudanças e como se encontra atualmente nosso 
Ensino Superior. Veja:
BRASIL – UNIVERSIDADES
O Brasil conta hoje com um amplo e descentralizado sistema 
de educação superior. No total, o país possui 2.368 instituições de 
Ensino Superior, que oferecem quase 33 mil cursos de graduação 
em todas as regiões. Os dados constam no Censo da Educação 
Superior 2014 divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e 
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira (Inep), em dezembro de 2015.
De acordo com sua organização acadêmica, as instituições 
se dividem em universidades, centros universitários, faculdades 
e institutos federais. Elas podem ser privadas ou públicas, vinculadas 
aos governos federal, estadual ou municipal.
76
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
As universidades se caracterizam pela indissociabilidade 
das atividades de ensino, pesquisa e extensão. As universidades 
são instituições acadêmicas pluridisciplinares, que produzem 
conhecimento intelectual institucionalizado. Para tanto, 
devem seguir alguns requisitos do Ministério da Educação 
(MEC), como ter, no mínimo, um terço do corpo docente 
atuando em regime integral e um terço de mestres e doutores.
 Já os centros universitários abrangem uma ou mais áreas do 
conhecimento, mas neles não é obrigatória a realização de pesquisa 
institucionalizada. As faculdades são instituições que oferecem 
cursos superiores em apenas uma área do conhecimento e compõem 
as universidades, os centros universitários ou são independentes.
Os institutos federais são unidades voltadas à formaçãotécnica, com capacitação profi ssional em áreas diversas. Oferecem 
ensino médio integrado ao ensino técnico, cursos técnicos, cursos 
superiores de tecnologia, licenciaturas e pós-graduação.
Com relação às instituições privadas, elas podem ter ou não 
fi nalidade lucrativa. Entre as que não possuem este objetivo estão as 
comunitárias, fi lantrópicas ou confessionais.
A rede privada participa com 74,9% no número de novos alunos. 
De acordo com o levantamento do Inep, há 301 instituições públicas 
de Ensino Superior e 2.090 privadas. O perfi l mais recorrente do 
estudante das universidades brasileiras é mulher, tem 21 anos e 
cursa bacharelado no período noturno de uma instituição de ensino 
privada.
Atualmente, o país conta com 195 universidades, que equivalem 
a 8,2% do total de instituições de ensino e concentram 53,2% das 
matrículas em cursos de graduação. Em dez anos, de 2003 a 2013, o 
Brasil inaugurou 20 novas universidades. Dados apontam que 82,8% 
dos cursos nas universidades são na modalidade presencial e o grau 
acadêmico predominante é o bacharelado, com 66,8%.
 Dentre as universidades brasileiras, 18 estão incluídas entre 
as 1.000 melhores do mundo, segundo levantamento feito pelo 
Centro de Rankings Universitários Mundiais, divulgado em agosto 
de 2015. A Universidade de São Paulo (USP) foi considerada a 
melhor instituição de Ensino Superior da América Latina e a 143ª no 
mundo. Também fazem parte da lista a Universidade Federal do Rio 
77
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
de Janeiro (UFRJ), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) 
e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre outras. A 
pesquisa avaliou instituições de Ensino Superior de aproximadamente 
50 países, baseando-se em indicadores que mensuram critérios tais 
como: número de formandos que ganharam prêmios de relevância; 
número de formandos que ocupam cargos de destaque nas 
melhores empresas do mundo; qualidade dos professores; número 
de publicações em jornais de grande infl uência; número de citações 
em pesquisas e número de patentes internacionais solicitadas pela 
universidade, entre outros.
Números e estatísticas
A quantidade de alunos matriculados nas universidades públicas 
e privadas do país também cresceu na proporção de 6,8% de 2013 
para 2014, passando de 7,3 milhões para 7,8 milhões. Deste total, 4,8 
milhões são mulheres – ou seja, 61,3%. Entre os novos estudantes, 
as mulheres também dominam: dos 2,1 milhões de calouros, 54,6% 
são mulheres. Entre os que concluíram um curso de graduação em 
2014, o público feminino também é maioria, com 498 mil pessoas. 
Não surpreende, portanto, que o perfi l mais recorrente de estudante 
nas universidades brasileiras seja mulher, tenha 21 anos e curse 
bacharelado no período noturno de uma instituição de ensino privada.
As universidades públicas também são responsáveis por uma 
signifi cativa parcela no cenário de pesquisa do Brasil. Grande parte 
das pesquisas é realizada no âmbito da pós-graduação. Apenas em 
2014, foram 3.741 programas de pós-graduação, responsáveis por 
5.560 cursos, sendo 3.112 de mestrado (56%), 1.878 de doutorado 
(34%) e 570 de mestrado profi ssionalizante (10%).
Em todos os 27 Estados há universidades federais e estaduais. 
Vale lembrar que o Brasil não possuía nenhuma instituição de Ensino 
Superior até o início do século XIX. Após a independência do Brasil, 
surgiram as primeiras escolas superiores, isoladas, sem status de 
universidade e de orientação profi ssionalizante, especialmente nas 
áreas de direito, medicina e engenharia. A Universidade de São 
Paulo, uma das mais importantes do país, foi fundada em 1934.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/5c7Y8j>. Acesso em: 20 abr. 2016.
78
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
Com todos esses dados é possível concluir que as transformações 
no Ensino Superior brasileiro estão andando de forma rápida, o que 
também vem ocorrendo em consonância com o cenário da educação 
mundial e sobretudo nos países da América Latina. É lógico que tem 
muita coisa que precisa avançar no Brasil no que se refere a oferecer 
uma educação de nível superior para uma parcela ainda maior de sua 
população, em particular para aqueles que estão em idade de ingressar 
no tão almejado Ensino Superior. Dessa forma, a expansão mais do 
que urgente do número de instituições é uma obrigação imediata. 
Todavia, a ampliação não pode ocorrer de forma desorganizada, 
somente pelo aumento expressivo de instituições privadas de ensino, 
visto que muitos na sociedade brasileira não têm condições de arcar com os altos 
custos que representa cursar e concluir um curso universitário.
Isso tudo provoca em nosso meio a necessidade de uma imprescindível 
avaliação relativa ao sistema de Ensino Superior brasileiro, com a fi nalidade de 
ofertar novas vagas que estejam em consonância com as necessidades oriundas 
da sociedade, e igualmente com os novos cenários advindos da globalização e,
por fi m, com as necessidades vindas do mercado de trabalho. Passamos por um 
momento delicado, os confl itos que existem entre o sistema público e privado de 
ensino, as questões relativas às verbas e fi nanciamento da educação superior, a 
busca por uma autonomia universitária e a obrigação de avaliações para garantir 
um padrão mínimo de qualidade são questões prementes para os gestores de 
políticas públicas da área educacional do país.
Mesmo sendo grandes os desafi os a enfrentar, contudo, como veremos a 
seguir no próximo capítulo, já temos sinais que evidenciam que progressos 
foram conquistados, e que, para melhorar ainda mais a oferta e a qualidade da 
educação superior no país, há a necessidade da criação de políticas educacionais 
mais efi cazes, contínuas, estruturais e não somente conjunturais.
As transformações 
no Ensino Superior 
brasileiro estão 
andando de 
forma rápida, o 
que também vem 
ocorrendo em 
consonância com o 
cenário da educação 
mundial e sobretudo 
nos países da 
América Latina.
Atividades de Estudos:
1) Faça uma pequena síntese elencando as principais diferenças 
entre as instituições públicas e privadas de Ensino Superior no 
Brasil.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
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79
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
Algumas Considerações
Caro pós-graduando! Chegamos ao fi nal de mais um capítulo. Aqui podemos 
ver desde o surgimento das universidades na Idade Média até o cenário atual 
em nosso país. Ressaltamos que as universidades de Paris e de Bolonha foram 
pioneiras do Ensino Superior na Idade Média. Seus modelos e contribuição na 
educação deste período foram inquestionáveis, servindo de inspiração para as 
outras instituições universitárias da época, inclusive na atualidade.
Aprendemos também que as universidades medievais não eram 
segregacionistas, tinham uma constituição comunitária, porém, as mulheres não 
tinham acesso. Com mudanças profundas na sociedade medieval, o advento do 
Renascimento, o modelo medieval de sacralidade do universo cedeu, aos poucos, 
lugar ao individualismo, à razão e à ciência. 
Já analisando o nosso continente, notamos uma signifi cativa diferença entre 
o caminho da educação superior na América portuguesa (Brasil) e a América 
espanhola. Enquanto na parte colonizada pelos espanhóis a universidade 
surgiu desde o início do processo de colonização (século XVI), aqui no Brasil as 
universidades só apareceriam no século XX, representando um atraso de quatro 
séculos em relação ao restanteda América. Em relação às instituições públicas, 
elas são criadas, fi nanciadas e administradas pelo poder público federal, estadual 
e/ou municipal. Por sua vez, as instituições privadas são criadas, mantidas e 
administradas por pessoa física ou jurídica de direito privado, podendo ter ou não 
fi ns lucrativos, e por credenciamento no Ministério da Educação.
____________________________________________________
____________________________________________________
2) Quais mudanças você acha que deveriam ocorrer no atual 
sistema de Ensino Superior do Brasil?
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80
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
No que tange ao Ensino Superior brasileiro na atualidade, pode-se 
reconhecer que houve avanços signifi cativos, porém, há ainda problemas que 
necessitam ser enfrentados com urgência para que o Brasil consiga alcançar 
um nível maior de importância condizente com sua participação econômica no 
cenário global. É importante também notar que o sistema de Ensino Superior 
não é independente em relação à sociedade e, dessa maneira, não teremos uma 
maior democratização de acesso se não houver uma diminuição drástica das 
desigualdades sociais em nosso país.
Por último, o desenvolvimento da universidade, que teve uma notável 
expansão a partir do século XXI, deixou de pertencer apenas a uma pequena 
parcela dos alunos, sendo, em muitos casos, uma esperança de transformação 
do quadro socioeconômico e já está, em certo sentido, na agenda de prioridades 
políticas de nossos governos.
ReFerÊncias
ÁLVARES, O. P. A universidade e a sociedade do conhecimento. Universitas, 
São Paulo, v. 1, p. 90-112, ago. 2006.
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conhecimento. 2008. Disponível em: <http://goo.gl/rCZ0gL>. Acesso em: 20 abr. 
2016.
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Justiça, 2007. Disponível em: <http://goo.gl/n0uysy>. Acesso em: 20 abr. 2016.
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conhecimento. Universitas FACE, v. 2, n. 1, 2005. Disponível em: <http://goo.gl/
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81
PANORAMA GERAL DO ENSINO SUPERIOR EM OUTROS 
PAÍSES, INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS, A 
SITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASILSITUAÇÃO ATUAL DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 3 
ROSSATO, R. Universidade: nove séculos de história. Passo Fundo: UPF, 2005.
STALLIVIERI, L. O sistema de ensino superior do Brasil: características, 
tendências e perspectivas. Caxias do Sul, RS: Universidade de 
Caxias do Sul, 2006. Disponível em: <https://sigaa.ufrn.br/shared/
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STEINER, J. E.; MALNIC, G. (Orgs.). Ensino superior: conceito e dinâmica. São 
Paulo: EDUSP, 2006.
82
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
CAPÍTULO 4
Legislação Educacional e a 
Coordenação do Ensino Superior 
no Brasil
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Identifi car como é a organização e as leis do sistema educacional do ensino 
superior brasileiro.
 Conhecer algumas organizações de coordenação da educação superior.
 Entender as atuais políticas públicas para o ensino superior do Brasil.
84
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
85
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
ConteXtualiZação
Caro aluno! Chegamos ao quarto e último capítulo do seu livro de estudos! 
Até agora já podemos ver muita coisa sobre o ensino superior no Brasil e no 
mundo! Neste capítulo, continuaremos estudando sobre o ensino superior no 
que tange a sua legislação, sua organização e as políticas públicas relativas a 
ele. Antes de tudo, é importante assinalar que o nosso país vem despertando 
cada vez mais para a temática da educação. Tanto a sociedade civil como as 
ações governamentais, têm buscado a expansão educacional de todos os níveis 
de ensino. Isso só foi possível, é claro, primeiramente pela legislação atual, a 
implementação de políticas de acesso e permanência, a avaliação e o controle 
de qualidade, que tem trazido uma sensível melhora nos índices de escolaridade 
em todos os níveis, mas principalmente, no superior. Requisito este, fundamental 
para o desenvolvimento do país.
Além disso, a formulação e implantação de políticas públicas do Governo 
Federal, nos últimos anos, direcionadas para ampliação e melhoria da qualidade 
do ensino fundamental e médio, contribuem diretamente, também, para o 
acréscimo de novas vagas e pelo acesso cada vez maior ao ensino superior no 
Brasil. 
Descrever a legislação, a organização e as políticas públicas do sistema de 
ensino superior do Brasil é, no mínimo, uma empreitada árdua e bem complexa 
devido a sua grande diversidade legal e organizacional. O que pretendemos fazer 
neste capítulo é a tentativa de apresentar algumas características, elucidar alguns 
conceitos e sintetizar como é a organização legal do sistema de ensino superior 
brasileiro na atualidade. Para tanto, vamos apresentar as principais leis que 
regem esse sistema, a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (Lei nº 9394/96), entre outros assuntos. Bons estudos! 
OrganiZação e Leis para o 
Sistema Educacional do Ensino 
Superior
Você sabe quais são as leis e normas que regem a estrutura e 
também o funcionamento do ensino superior no Brasil? Assunto bastante 
complexo e controverso, tanto a estrutura quanto o funcionamento do 
ensino superior no Brasil são determinados e conduzidos por uma série 
Constituição Federal 
de 1988, pela Lei 
de Diretrizes e 
Bases da Educação 
Nacional (Lei n° 
9.394/96), como 
pela Lei n° 9.135/95, 
que instituiu o 
Conselho Nacional 
de Educação.
86
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
de leis e normas estabelecidas a partir da lei maior que é a Constituição Federal 
de 1988, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n° 9.394/96), 
como pela Lei n° 9.135/95, que instituiu o Conselho Nacional de Educação, além, 
é claro, de inúmeros outros decretos, resoluções e portarias. Não é nosso objetivo, 
e nem espaço para isso temos, conhecer toda a legislação acerca da educação 
superior brasileira, mas sim o que esses documentos dizem e como organizam a 
estrutura do funcionamento do ensino superior em nosso país. 
No que diz respeito ao ensino superior, na Constituição Federal de 
1988 aparece pouca coisa sobre o tema. Na carta constitucional de 1988 a 
educação superior somente é tratada na seção I do Capítulo 3 e do Título 
VIII, respectivamente nos artigos 206 até 214. Nesses artigos está escrito que 
a oferta de ensino superior é livre para a iniciativa privada, seguindo é claro, o 
cumprimento das normas gerais e a avaliação de qualidade, realizada pelo poder 
público. Porém, as atividades universitárias de pesquisa/extensão nas instituições 
privadas poderão receber apoio fi nanceiro público (parágrafo 2º do inciso II do 
artigo 213). Na constituição,também fi ca determinado o dever do Estado em 
garantir o acesso aos mais elevados níveis de ensino e pesquisa. 
No artigo 207 é assegurado que as universidades têm “autonomia didático-
científi ca, administrativa e de gestão fi nanceira e patrimonial, e obedecerão ao 
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988).
De acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu 
artigo 207, as universidades brasileiras estão consubstanciadas 
no princípio republicano, “o qual afi rma a indissociabilidade entre 
as dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão. O princípio 
da indissociabilidade entre ensino-pesquisa-extensão, no ensino 
superior, que busca superar a dicotomia entre teoria/prática, sujeito/
objeto, empiria/razão”. Sendo assim, esta indissociabilidade entre 
ensino-pesquisa-extensão deve permitir novos arranjos pedagógicos 
de ensino, produção e socialização de conhecimentos, efetivados na 
interdisciplinaridade (PUHL; DRESCH, 2016, p. 37).
Em relação aos recursos públicos, eles serão designados às instituições 
públicas, no entanto, podendo em alguns casos ser aplicados às instituições 
confessionais, comunitárias e/ou fi lantrópicas determinadas por lei. Ainda, 
87
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
consta na constituição que o ensino será ministrado com base nos princípios de 
igualdade de condições de acesso e permanência, bem como o pluralismo de 
ideias, a gestão democrática no ensino público e a valorização dos profi ssionais 
do ensino. É evidente que há outros determinantes relativos ao ensino superior 
implícitos no texto constitucional concernentes à educação em geral (SEVERINO, 
2008).
Para conhecer mais sobre a Constituição Federal de 1988 e 
também seus princípios relativos à Educação, acesse: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>.
Outro dispositivo legal e bastante importante para a organização 
e estrutura do ensino é a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, aprovada em 1996, que regulamenta os princípios 
constitucionais relativos ao ensino superior. Severino (2008, p. 77) 
adverte que “a Lei nº 9394/96 não faz apenas uma operação jurídico-
legislativa formal, mas consolida igualmente as opções políticas do 
Estado brasileiro como também suas opções ideológicas”. Ou seja, 
o que está contido na lei é uma opção por um modelo educacional e 
acompanhado de escolha para o seu funcionamento e ordenação.
Na LDB, além dos dispositivos referentes à educação em geral, há 
também alguns artigos aplicáveis ao ensino superior, sendo destinado 
todo um capítulo, o IV, à educação superior, os artigos 43 ao 57. Ali são 
estabelecidos: 
[...] suas fi nalidades (art. 43), defi nidos seus cursos e 
programas (art. 44) – estabelecendo-se que ela será ministrada 
em instituições de ensino superior públicas ou privadas, 
com variados graus de abrangência ou especialização 
(art. 45) – regulamentados os processos de autorização e 
reconhecimento dos cursos (art. 46), defi nido o ano letivo 
regular (art. 47); trata da emissão dos diplomas (art. 48), das 
regras de transferências de alunos (art. 49), da disponibilidade 
das vagas não preenchidas para alunos não regulares (art. 50), 
das normas de seleção e admissão dos alunos (art. 51), das 
características que as instituições devem ter em função de seu 
perfi l formativo pluridisciplinar (art. 52), do regime jurídico e de 
carreira docente do pessoal das universidades públicas e do 
Na LDB, além 
dos dispositivos 
referentes à 
educação em geral, 
há também alguns 
artigos aplicáveis 
ao ensino superior, 
sendo destinado 
todo um capítulo, 
o IV, à educação 
superior, os artigos 
43 ao 57.
88
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
compromisso da União em assegurar recursos orçamentários 
sufi cientes para a manutenção das instituições federais (art. 55). 
No art. 56, determina-se que as instituições públicas de ensino 
superior “obedecerão ao princípio da gestão democrática, 
assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, 
de que participarão os segmentos da comunidade institucional, 
local e regional”. E o artigo 57 estabelece que ‘o professor das 
IES públicas fi cará obrigado ao mínimo de oito horas semanais 
de aulas’ (SEVERINO, 2008, p. 80).
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, criou novas 
regras de funcionamento do ensino superior, tais como: a obrigatoriedade da 
frequência de professores e alunos nos cursos, exceto na modalidade à distância; 
a deliberação das IES quanto às normas de seleção; a obrigatoriedade em ofertar 
cursos noturnos nas instituições públicas; o cumprimento do período letivo de 200 
dias; a oferta de informações obrigatórias disponíveis para os alunos antes de 
cada período letivo; e a exigência de que os docentes do ensino superior tenham 
pós-graduação, preferencialmente o mestrado e o doutorado (NEVES, 2002).
Outra questão que foi redefi nida pela nova Lei de Diretrizes e Bases 
Nacional, diz respeito ao sistema educativo brasileiro de forma geral, onde foram 
estabelecidos desde os níveis de ensino escolares, as modalidades de educação 
e também as respectivas fi nalidades.
Em relação aos níveis de ensino, estes se dividem em: Educação Básica, 
cujo objetivo é o desenvolvimento do educando, assegurando-lhe a formação 
mínima indispensável para o aprendizado da cidadania e fornecendo-lhe meios 
para prosseguir no trabalho e também em estudos posteriores. A Educação Básica 
é formada por três estágios: a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino 
médio. Já o outro nível de ensino é a Educação Superior, composta basicamente 
por cursos de graduação, cursos de pós-graduação lato sensu — especialização 
– e Programas de pós-graduação — mestrados e doutorados. Devendo este 
nível ser ministrado tanto em instituições públicas ou privadas, tendo vários 
graus de abrangência ou especifi cação, disponíveis para os candidatos que 
tenham concluído o ensino médio e admitidos em processo seletivo. Por fi m, as 
modalidades de educação e ensino são: educação profi ssional, educação de 
jovens e adultos, educação especial, educação a distância, ensino presencial, 
ensino semipresencial e educação continuada.
Abarcando um sistema diversifi cado e complexo de instituições públicas e 
privadas com diferentes tipos de cursos e programas, a educação superior no 
Brasil, hoje, abrange vários níveis de ensino, desde a graduação até a pós-
graduação lato e stricto sensu. Nesse sentido, Neves (2002, p. 3) aponta para um 
89
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
fato importante, a autora assinala que a base da atual estrutura e funcionamento 
da educação brasileira teve a sua fi xação “[...] com a aprovação da Lei nº 
5.540/68, da reforma universitária. Muitas das medidas adotadas pela reforma de 
1968 continuam, ainda hoje, a orientar e conformar a organização desse nível de 
ensino”. 
DAVIES, Nicholas. Legislação Educacional Federal Básica. 
São Paulo: Editora Cortez, 2014.
BRZEZINSKI, Iria (Organizadora); BELLONI, Isaura. A Educação 
Superior na nova LDB. In: LDB Interpretada: diversos olhares se 
entrecruzam. São Paulo: Cortez, 2002. p. 129.
Através da LDB se estabelece que a educação abarca os processos 
formativos, desde aqueles que se desenvolvem na família, no trabalho, na 
convivência humana, nas instituições de ensino, nos movimentos sociais e 
na sociedade civil, e também nas manifestações culturais. A lei estabelece, 
prioritariamente, que a educação superior tem por fi nalidade:
I. estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito 
científi co e do pensamento refl exivo;
II. formar diplomados, nas diferentes áreas do conhecimento, 
aptos para a inserção em setores profi ssionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e 
colaborar na sua formação contínua;
III. incentivaro trabalho de pesquisa e investigação científi ca, 
visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e, ainda, 
da criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o 
entendimento do homem e do meio em que vive;
IV. promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científi cos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade 
e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de 
outras formas de comunicação;
V. suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural 
e profi ssional e possibilitar a correspondente concretização, 
integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa 
estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada 
geração;
VI. estimular o conhecimento dos problemas do mundo 
presente, em particular os nacionais e regionais, prestar 
serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta 
uma relação de reciprocidade;
90
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
VII. promover a extensão, aberta à participação da população, 
visando à difusão das conquistas e benefícios da criação 
cultural e da pesquisa científi ca e tecnológica geradas na 
instituição (STALLIVIERI, 2006, p. 12-13).
Outra lei importante neste contexto, é a de nº 9.131. Aprovada 
em 24 de novembro de 1995, criou o Conselho Nacional de Educação, 
composto pelas Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior, 
que tem atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao 
Ministro da Educação.
Outra lei importante 
neste contexto, 
é a de nº 9.131. 
Aprovada em 
24 de novembro 
de 1995, criou o 
Conselho Nacional 
de Educação, 
composto pelas 
Câmaras de 
Educação Básica 
e de Educação 
Superior
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
O Conselho Nacional de Educação foi criado em 1982, pelo 
Decreto-Lei nº 125/82, de 22 de abril, como um órgão superior de 
consulta do então Ministro da Educação e das Universidades, com o 
objetivo de “propor medidas que [garantissem] a adequação permanente 
do sistema educativo aos interesses dos cidadãos portugueses”.
 Em 1987, na sequência da publicação da Lei de Bases 
do Sistema Educativo, que institui expressamente o conselho no 
seu artigo 46º, o Decreto-lei nº 125/82 foi ratifi cado com alterações 
pela Lei nº 31/87, de 9 de julho. Este diploma prevê a matriz que 
ainda hoje caracteriza o conselho, isto é, como órgão com funções 
consultivas e ampla representatividade, com um elevado grau 
de independência e orientado para a formação de consensos. O 
presidente deixa de ser um representante do Ministro e passa a 
ser eleito pela Assembleia da República por maioria absoluta dos 
deputados com efetividade de funções. Desgovernamentaliza-
se a composição do conselho, passando a alargar-se o seu 
âmbito de representatividade a outros agentes da sociedade.
 No ano seguinte, em 1988, são promovidos alguns ajustamentos 
que a prática aconselhou, nomeadamente os que se relacionam com 
o funcionamento da Comissão Permanente (Decreto-Lei nº 89/88, de 
10 de março) e os que decorrem da constituição de um Conselho 
Administrativo que permite operacionalizar as competências 
que lhe advêm do seu estatuto de autonomia administrativa 
e fi nanceira (Decreto-Lei nº 423/88, de 14 de novembro).
91
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
 Outros ajustamentos são introduzidos em 1991, 1996, 2005 e 
2009, mas sem que se tivesse alterado a matriz de 87, instituída pela 
Assembleia da República.
Fonte: Disponível em: <http://www.cnedu.pt/pt/apresentacao/
historial>. Acesso em: 20 jul. 2016.
Atividade de Estudos:
1) Conforme estudamos nesta seção, vimos que na LDB existem 
alguns artigos relativos à educação superior, os artigos 43 ao 57. 
A partir da leitura destes artigos faça um pequeno resumo.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
OrganiZações de Coordenação da 
Educação Superior
O órgão mais importante no sistema educacional brasileiro é o 
Ministério da Educação (MEC). Ministério do poder público federal 
responsável pelo campo da educação, tem nas suas atribuições 
a formulação e a avaliação da política nacional de educação, a 
observância pela qualidade do ensino superior e a garantia do 
cumprimento das leis que o regem. As áreas de sua abrangência dizem 
respeito à política nacional de educação; à educação básica, educação geral, 
desde a educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, a educação 
tecnológica, a educação superior, a educação de jovens e adultos, a educação 
especial, educação profi ssional e a educação a distância. Também a avaliação, a 
O órgão mais 
importante no 
sistema educacional 
brasileiro é o 
Ministério da 
Educação (MEC).
92
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
informação e a pesquisa de todo o sistema educacional. No que tange ao sistema 
de ensino superior, o Ministério da Educação é o órgão que faz a coordenação do 
controle normativo do sistema, o fi nanciamento das instituições de ensino superior 
públicas federais (as IFES) e também a fi scalização e avaliação destas, quanto 
das IES, de caráter privado. 
Outro órgão bastante signifi cativo na coordenação do ensino no Brasil, aqui 
já referido, é o Conselho Nacional de Educação. Estabelecido a partir da Lei nº 
9.131/95, substitui o extinto Conselho Federal de Educação. Ele é responsável 
por ações normativas, deliberativas e de assessoria ao Ministério da Educação. 
O atual Conselho Nacional de Educação é composto por duas Câmaras: a do 
Ensino Básico e a do Ensino Superior, sendo que cada uma é composta por 12 
conselheiros, onde a metade deles são indicados pelo Presidente da República 
e os outros são compostos por representantes da sociedade civil. Neste sentido: 
Especifi camente em relação à composição da Câmara de 
Educação Superior, defi niu-se que metade dela devia ser 
composta por conselheiros indicados a partir de uma lista 
formulada por entidades nacionais, públicas e particulares 
‘que congreguem os reitores de universidades, diretores de 
instituições isoladas, docentes, estudantes e segmentos 
representativos da sociedade civil’, conforme o artigo 8º da 
Lei nº 9.135/95. Os outros conselheiros são indicados pelo 
Presidente da República, incluindo o Secretário de Educação 
Superior – membro nato dessa instituição.
A Câmara de Educação Superior tem as seguintes atribuições 
de caráter deliberativo e de assessoramento ao MEC: 
analisar e emitir pareceres sobre os processos de avaliação 
da educação superior; deliberar sobre o reconhecimento de 
cursos de graduação, mestrado e doutorado, assim como o 
credenciamento/recredenciamento de IES; analisar questões 
relativas à aplicação da legislação referente à educação 
superior; deliberar sobre as diretrizes curriculares propostas 
pelo MEC para os cursos de graduação; oferecer sugestões 
para a elaboração do Plano Nacional de Educação e 
acompanhar sua execução; e deliberar sobre os estatutos das 
universidades e o regimento das demais instituições (NEVES, 
2002, p. 6).
Existem mais dois organismos importantes no que tange à 
coordenação do ensino superior no país, são eles: o Instituto Nacional 
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e a 
Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (CAPES). O INEP é 
O Instituto Nacional 
de Estudos 
e Pesquisas 
Educacionais Anísio 
Teixeira (INEP) 
e a Fundação 
Coordenação de 
Aperfeiçoamento 
de Pessoal de Nível 
Superior (CAPES).
93
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
[...] uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação 
(MEC), cuja missão é promover estudos, pesquisase avaliações 
sobre o Sistema Educacional Brasileiro com o objetivo de 
subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas 
para a área educacional a partir de parâmetros de qualidade e 
equidade, bem como produzir informações claras e confi áveis 
aos gestores, pesquisadores, educadores e público em geral 
(INEP, 2015). 
O INEP, com a Lei nº 9.948/97, foi transformado em autarquia federal, 
passando a assumir um papel estratégico para a educação: o de gerar informações 
a partir da avaliação da educação básica e superior. Dessa forma, atualmente o 
INEP vem tendo um papel importante para o acompanhamento da qualidade do 
ensino em todos os níveis e modalidades, visto que realiza há algum tempo três 
tipos de avaliações, todas implantadas a partir da década de 1990, são elas:
a) Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)
É a avaliação da educação básica, realizada em larga escala desde 1995. De 
acordo com o próprio INEP, “o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), 
conforme estabelece a Portaria nº 931, de 21 de março de 2005, é composto por 
dois processos: a Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB) e a Avaliação 
Nacional do Rendimento Escolar (ANRSC)”.
A ANEB é realizada por amostragem das Redes de Ensino, em 
cada unidade da Federação e tem foco nas gestões dos sistemas 
educacionais. Por manter as mesmas características, a ANEB recebe 
o nome de SAEB em suas divulgações.
A ANRESC é mais extensa e detalhada que a ANEB e tem foco 
em cada unidade escolar. Por seu caráter universal, recebe o nome 
de Prova Brasil em suas divulgações. 
Fonte: Disponível em: <http://portal.inep.gov.br>. Acesso em: 22 jul. 2016.
94
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
b) Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
Criado em 1988, este conhecido exame tem como objetivo avaliar as 
competências e o resultado educacional dos alunos ao fi nal do Ensino Médio. 
É tido como um instrumento formidável na avaliação desse nível de ensino e 
atualmente seus resultados se constituem em critério de seleção para ingressar 
em muitas instituições de ensino superior do Brasil.
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998 
com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fi m da 
educação básica, buscando contribuir para a melhoria da qualidade 
desse nível de escolaridade.
A partir de 2009, passou a ser utilizado também como mecanismo 
de seleção para o ingresso no ensino superior. Foram implementadas 
mudanças no exame que contribuem para a democratização das 
oportunidades de acesso às vagas oferecidas por Instituições 
Federais de Ensino Superior (IFES), para a mobilidade acadêmica e 
para induzir a reestruturação dos currículos do ensino médio.
Respeitando a autonomia das universidades, a utilização dos 
resultados do ENEM para acesso ao ensino superior pode ocorrer 
como fase única de seleção ou combinado com seus processos 
seletivos próprios.
O ENEM também é utilizado para o acesso a programas 
oferecidos pelo Governo Federal, como o Programa Universidade 
para Todos – ProUni.
Fonte: Disponível em: <http://portal.inep.gov.br>. Acesso em: 22 jul. 2016.
c) Exame Nacional de Cursos
Conhecido popularmente como “Provão”, foi instituído em 1995, pela Lei nº 
9.131/95. O mesmo faz parte das avaliações periódicas das instituições de ensino 
superior. Seu objetivo principal é o de avaliar os conhecimentos e habilidades 
95
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
adquiridos pelos estudantes ingressantes e concluintes das áreas e cursos a 
serem avaliados pelo ENADE. Dessa maneira, com o uso desse instrumento, se 
torna possível fazer a avaliação comparativa entre a performance de um mesmo 
curso oferecido em diferentes IES, além, é claro, de acompanhar a evolução do 
desempenho dos cursos dentro de uma escala de tempo.
 E de acordo com o INEP:
O Exame Nacional de Cursos (ENC-Provão) foi um exame 
aplicado aos formandos, no período de 1996 a 2003, com o objetivo 
de avaliar os cursos de graduação da Educação Superior, no que 
tange aos resultados do processo de ensino-aprendizagem.
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 
é um dos procedimentos de avaliação do Sistema Nacional de 
Avaliação da Educação Superior (SINAES), criado pela Lei nº 10.861, 
de 14 de abril de 2004.
O objetivo do ENADE é avaliar e acompanhar o processo de 
aprendizagem e o desempenho acadêmico dos estudantes em 
relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes 
curriculares do respectivo curso de graduação; suas habilidades para 
ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento 
e competências para compreender temas exteriores ao âmbito 
específi co da profi ssão escolhida, ligados à realidade brasileira e 
mundial e a outras áreas do conhecimento. 
Fonte: Disponível em: <http://portal.inep.gov.br>. Acesso em: 22 jul. 2016.
d) CAPES
Por sua vez, a CAPES que foi criada em 1951, e em 1992 instituída como 
fundação, constitui-se numa agência de fomento da pós-graduação. Auxilia 
o Ministério da Educação na formulação de políticas para a pós-graduação, 
“coordenando e estimulando a formação de recursos humanos altamente 
qualifi cados para a docência em grau superior, a pesquisa e o atendimento 
da demanda por profi ssionais dos setores públicos e privados”. Tem também 
96
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
algumas fi nalidades de suma importância para a pós-graduação no país, tais 
como: “elaborar planos de atuação setoriais ou regionais; promover estudos e 
avaliações, necessários ao desempenho de suas atividades; apoiar o processo de 
desenvolvimento científi co e tecnológico nacional” (NEVES, 2002, p. 9). Manter 
também o intercâmbio e o contato com os demais setores da Administração 
Pública ou de entidades privadas do Brasil ou de outros países. 
Veja a seguir um pouco do que é a missão desse importante organismo para 
a educação superior do Brasil.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (CAPES), fundação do Ministério da Educação (MEC), 
desempenha papel fundamental na expansão e consolidação da 
pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os 
estados da federação.
Em 2007, passou também a atuar na formação de professores 
da educação básica ampliando o alcance de suas ações na formação 
de pessoal qualifi cado no Brasil e no exterior.
As atividades da CAPES podem ser agrupadas nas seguintes 
linhas de ação, cada qual desenvolvida por um conjunto estruturado 
de programas:
• avaliação da pós-graduação stricto sensu;
• acesso e divulgação da produção científi ca;
• investimentos na formação de recursos de alto nível no país e 
exterior;
• promoção da cooperação científi ca internacional;
• indução e fomento da formação inicial e continuada de 
professores para a educação básica nos formatos presencial e 
a distância.
A CAPES tem sido decisiva para os êxitos alcançados pelo 
sistema nacional de pós-graduação, tanto no que diz respeito à 
consolidação do quadro atual, como na construção das mudanças 
que o avanço do conhecimento e as demandas da sociedade exigem.
97
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
O sistema de avaliação, continuamente aperfeiçoado, serve 
de instrumento para a comunidade universitária na busca de um 
padrão de excelência acadêmica para os mestrados e doutorados 
nacionais. Os resultados da avaliação servem de base para a 
formulação de políticas para a área de pós-graduação, bem como 
para o dimensionamento das ações de fomento (bolsas de estudo, 
auxílios, apoios). 
Fonte: Disponível em: <http://www.capes.gov.br>. Acesso em: 23 jul. 2016.
Outro ponto importante que muitos querem saber sobre o ensino superior 
brasileiro é como acontece a classifi cação das instituições de ensino e quais os 
tipos de cursos de graduação e pós-graduação que existem. Como já foi dito aqui, 
a organizaçãodo sistema brasileiro de ensino superior é complexo e é regido pela 
LDB. O mesmo classifi ca-se de acordo com o tipo de fi nanciamento, as instituições 
e sua organização acadêmica, deliberadas em lei pelo Decreto nº 3.860 de 9 de 
julho de 2001, que de acordo com Stallivieri (2006), são: 
Universidades – De acordo com a Constituição Federal, as 
universidades devem obedecer ao princípio da indissociabilidade 
do ensino, pesquisa e extensão. Tal exigência não existe para as 
outras formas institucionais de Ensino Superior, de acordo com a 
Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996. A LDB também dita que 
as universidades são instituições pluridisciplinares de formação de 
quadros profi ssionais de nível superior, de pesquisa, investigação, 
extensão, domínio e cultivo do saber humano. Devem possuir: I. 
produção intelectual institucionalizada, mediante o estudo sistemático 
dos temas e problemas relevantes, tanto do ponto de vista científi co 
e cultural, quanto das necessidades de nível regional e nacional; II. 
um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de 
mestrado e doutorado; III. um terço do corpo docente em regime de 
tempo integral. A universidade tem autonomia didática e científi ca, 
bem como autonomia administrativa e de gerenciamento de recursos 
fi nanceiros e do patrimônio institucional.
Centros Universitários – Os centros universitários são 
instituições multicurriculares que oferecem educação de excelência 
98
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
e têm autonomia em seus cursos e programas de educação superior. 
Eles têm autonomia semelhante à das universidades, no sentido de 
estar dispensados de solicitar autorização para abertura de novos 
cursos, no entanto não são obrigados a efetivar a realização de 
pesquisas.
Os centros universitários deverão comprovar elevada qualidade 
no ensino, o que deve incluir não só uma infraestrutura adequada, 
mas titulação acadêmica do corpo docente ou relevante experiência 
profi ssional na respectiva área. Deverão comprovar, também, a 
inserção e as práticas investigativas na própria atividade didática, de 
forma a estimular a capacidade de resolver problemas e o estudo 
autônomo por parte dos estudantes, assim como o constante 
aperfeiçoamento e atualização do corpo docente.
Faculdades integradas, faculdades e institutos de educação 
superior – As faculdades integradas e as faculdades são instituições 
multicurriculares organizadas para atuar de uma maneira comum 
e sob um regime unifi cado. São instituições de um só plano de 
estudos diretamente sob o controle de uma administração central. 
Já os institutos de educação superior são instituições voltadas para a 
formação de professores.
As faculdades integradas, faculdades isoladas, escolas 
superiores e institutos superiores não gozam de autonomia e devem 
solicitar autorização ao poder público e ao Ministério de Educação, 
para a abertura de um a um de seus novos cursos.
Fonte: Stallivieri (2006, p. 15-16).
Além das características administrativas e da organização acadêmica do 
sistema de Ensino Superior no Brasil descritas acima, é essencial 
conhecer também os tipos de cursos superiores oferecidos pelas 
instituições de ensino que são ofertados pelas instituições que 
compõem o sistema.
Assim, no artigo 44 da LDB, fi cam defi nidos os tipos de cursos e 
programas que a educação superior abrange, esses são os seguintes:
Assim, no artigo 
44 da LDB, fi cam 
defi nidos os tipos de 
cursos e programas 
que a educação 
superior abrange, 
esses são os 
seguintes:
99
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
I. sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis 
de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos 
requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino;
II. de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído 
o ensino médio ou equivalente, ou tenham sido classifi cados 
em processo seletivo;
III. de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado 
e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento 
e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de 
graduação e que atendam às exigências das instituições de 
ensino;
IV. de extensão, abertos a candidatos que atendem aos 
requisitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de 
ensino (BRASIL, 1996).
Os cursos de pós-graduação, que compreendem programas de 
especialização, mestrado e doutorado, têm as seguintes características: os cursos 
de especialização dão direito ao título de especialista “na área de conhecimento 
escolhida e geralmente são concluídos com 360 horas de estudos presenciais” 
ou na modalidade a distância. Eles não estão “sujeitos à supervisão e 
avaliação da CAPES, nem há autorização ou reconhecimento externos 
à instituição” (STALLIVIERI, 2006, p. 17). Compete às instituições 
e seus órgãos responsáveis concederem a autorização para a oferta 
destes cursos. 
Existem também dois tipos de cursos de mestrado. O mestrado 
profi ssional é um “curso de mestrado que enfatiza estudos e técnicas 
diretamente voltadas ao desempenho de um alto nível de qualifi cação 
profi ssional” (STALLIVIERI, 2006, p. 17). Este destaque na qualifi cação 
profi ssional é a diferença principal em relação ao mestrado acadêmico. 
“O mestrado profi ssional confere o mesmo grau e prerrogativa, inclusive 
para o exercício da docência, e como todo o programa de pós-graduação 
stricto sensu tem a validade nacional do diploma condicionada ao 
reconhecimento prévio do curso” (STALLIVIERI, 2006, p. 17). E por que 
a criação do mestrado profi ssional? Ele responde a uma necessidade 
defi nida socialmente relativa à capacitação profi ssional com uma 
natureza diversa pelo mestrado acadêmico, não se contrapondo à oferta 
e expansão desta modalidade de curso. Já o mestrado acadêmico, o 
mais comum dos mestrados, é destinado, especialmente, para quem 
deseja seguir a carreira de professor no ensino superior e realizar 
pesquisas acadêmicas.
Quanto à carga horária dos cursos de mestrado no Brasil, “geralmente são 
concluídos em dois anos e, ao fi nal, para ter direito à obtenção do título de mestre, 
Existem também 
dois tipos de cursos 
de mestrado. 
O mestrado 
profi ssional é um 
“curso de mestrado 
que enfatiza 
estudos e técnicas 
diretamente voltadas 
ao desempenho 
de um alto nível 
de qualifi cação 
profi ssional”.
Já o mestrado 
acadêmico, o 
mais comum 
dos mestrados, 
é destinado, 
especialmente, 
para quem deseja 
seguir a carreira 
de professor no 
ensino superior e 
realizar pesquisas 
acadêmicas.
100
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
os concluintes devem apresentar uma dissertação sobre determinado tema, a qual 
será defendida na presença de especialistas em banca pública”. Por último, temos 
os cursos de doutorado, que são desenvolvidos por “períodos maiores de tempo 
e, ao concluírem, os alunos devem defender um tema de caráter inédito, ou seja, 
apresentam uma tese inovadora sobre determinado assunto” (STALLIVIERI, 2006, 
p. 17). Exige-se a defesa de uma tese ao término, que é realizada publicamente e 
aprovada por uma banca, ao fi nal o concluinte recebe o título de doutor. 
Há também uma série de organismos não governamentais que operam em 
âmbito nacional e que, de forma direta ou indireta, intervêm nos rumos e políticas 
da educação superior em nosso país. Tais como: 
• CRUB – Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras.
• ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Instituições 
Superiores.
• ABRUC – Associação Brasileira das Universidades Comunitárias.
• ANDIFES – Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais 
de Ensino Superior.
• ANUP – Associação Nacional das Universidades Privadas.
• ANACEU – Associação Nacional dos Centros Universitários.
Atividades de Estudos:
1) Um dos órgãos mais importantes no sistema educacional brasileiro 
é o Ministério da Educação (MEC). E de acordo com o estudado 
aqui, escrevacom suas palavras qual a responsabilidade deste 
Ministério para a educação brasileira. 
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2) Existem dois organismos importantes no que tange à coordenação 
do ensino superior no país, são eles: o Instituto Nacional de 
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e a 
Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível 
Superior (CAPES). Faça uma pequena descrição destes dois 
organismos. 
101
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
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3) A partir do que foi estudado, faça uma diferenciação entre 
mestrado profi ssional e mestrado acadêmico.
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As Atuais Políticas Públicas para o 
Ensino Superior do Brasil
Pelo menos desde a última década em nosso país, está acontecendo um 
processo bastante signifi cativo de democratização relativo ao acesso de um 
número cada vez maior de jovens matriculados em instituições de ensino superior 
público e privado. Atento à busca desse acesso e à inclusão dos jovens ao ensino 
superior de qualidade, o Governo Federal vem canalizando esforços necessários 
para viabilizar isso através de algumas políticas públicas, desde o conhecido Pro-
Uni, o FIES e até a política de cotas. 
O Programa Universidade Para Todos (ProUni), criado a partir da 
MP nº 213/2004 e institucionalizado pela lei nº 11.096/2005, tem tido 
um alcance amplo no contexto do ensino superior brasileiro. Maneira 
bastante simples e efi caz, usado para a ampliação do acesso da 
população de baixa renda excluída por séculos do ensino superior em 
nosso país, o mesmo foi criado no primeiro mandato do Presidente Luís 
Inácio Lula da Silva. Esse programa consiste em concessão de bolsas 
de estudos – integrais e parciais – para estudantes de baixa renda, em 
instituições privadas de ensino superior. O programa é visto por especialistas em 
política pública, de grande estímulo para expansão do ensino superior no país na 
última década. 
O Programa 
Universidade Para 
Todos (ProUni), 
criado a partir da 
MP nº 213/2004 e 
institucionalizado 
pela lei nº 
11.096/2005,
102
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
O ProUni nada mais é do que uma “política de ação afi rmativa desenvolvida 
pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e tem sua lógica interna de inclusão 
socioeducativa associada à política de renúncia fi scal pela União”, que destina 
“bolsas de estudos em instituições de ensino superior privada, para parcela da 
população caracterizada pela sua situação socioeconômica, etnia e cultura” 
(COELHO; MAUCH, 2012, p. 7).
 Possuindo ainda políticas de ações afi rmativas para estudantes pretos, 
pardos, indígenas e também aos portadores de defi ciência, o ProUni, que é um 
programa de subsídio do governo federal, oferece duas modalidades de bolsa: 
“a integral, para estudantes que possuem renda bruta familiar per capita de 
até um salário mínimo e meio; e a parcial, de 50%, para estudantes com renda 
bruta familiar per capita de até três salários mínimos” (CARMO, 2014, p. 315). 
Para concorrer ao ProUni, é imprescindível ter realizado o ENEM e obtido uma 
pontuação mínima que é estabelecida pelo programa. Dessa forma, as notas do 
ENEM são usadas como um dos critérios de repartição das bolsas. Outro critério 
importante para se obter a bolsa do programa é o de ter feito todo o ensino médio 
em escola pública ou então em escola particular na condição de bolsista. O ProUni 
também pode benefi ciar os professores que atuam na rede pública de ensino, que 
optarem em fazer um curso de licenciatura na sua área de atuação.
O QUE É O PROUNI
É um programa do Ministério da Educação, criado pelo Governo 
Federal em 2004, que oferece bolsas de estudo integrais e parciais 
(50%) em instituições privadas de educação superior, em cursos 
de graduação e sequenciais, de formação específi ca a estudantes 
brasileiros sem diploma de nível superior.
Podem participar: 
• Estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da 
rede particular na condição de bolsistas integrais da própria 
escola.
• Estudantes com defi ciência.
• Professores da rede pública de ensino, no efetivo exercício 
do magistério da educação básica, integrantes de quadro de 
pessoal permanente de instituição pública. Nesse caso, não é 
necessário comprovar renda.
103
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
Para concorrer às bolsas integrais, o candidato deve comprovar 
renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e 
meio. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar bruta mensal 
deve ser de até três salários mínimos por pessoa. 
Fonte: Disponível em: <http://siteprouni.mec.
gov.br/>. Acesso em: 25 jul. 2016.
Outro programa bastante signifi cativo para o acesso ao ensino superior é o 
FIES. Não sendo necessariamente um programa oriundo do período de 
valorização e expansão do ensino superior do qual estamos falando, 
mas foi nesse período que passou por suas maiores modifi cações 
para harmonizar-se às demandas da sociedade por políticas públicas 
destinadas ao acesso à educação universitária. Mas, do que trata esse 
programa chamado FIES? O FIES é um programa de fi nanciamento 
da educação superior para estudantes que estão matriculados em instituições 
privadas de ensino. A quem se destinam os fi nanciamentos? Os fi nanciamentos 
são designados aos alunos matriculados em cursos que “tenham sido avaliados 
de forma positiva pelos processos conduzidos pelo Instituto Nacional de Estudos 
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)” (CARMO, 2014, p. 318), 
organismo que subsidia as políticas educacionais do Ministério da Educação 
(MEC) através de avaliações.
Dessa forma, desde 2010, o FIES
[...] passou a ser operado pelo Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação (FNDE), quando os juros 
foram reduzidos e o pedido de fi nanciamento foi liberado para 
estudantes em qualquer período do ano. Pelas atuais regras 
do FIES, o estudante paga, durante o período de duração do 
curso, a cada três meses, o valor máximo de R$ 50,00. Após 
a conclusão do curso, ele tem dezoito meses de carência e, 
nesse período, continua pagando, a cada três meses, o valor 
máximo de R$ 50,00. Este pagamento é referente aos juros 
incidentes sobre o fi nanciamento. Encerrado esse período de 
carência, o saldo devedor é parcelado em até três vezes o 
período fi nanciado e acrescido de doze meses. Isso signifi ca 
que o aluno que contou com o fi nanciamento por quatro anos 
terá dezoito meses depois de concluído o curso, treze anos 
para pagamento do débito com parcelas mensais (CARMO, 
2014, p. 318).
Outro programa 
bastante signifi cativo 
para o acesso ao 
ensino superior é o 
FIES.
104
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
O QUE É O FIES?
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa 
do Ministério da Educação destinado a fi nanciar a graduação na 
educação superior de estudantes matriculados em cursos superiores 
não gratuitos na forma da Lei nº 10.260/2001.Podem recorrer ao 
fi nanciamento os estudantes matriculados em cursos superiores que 
tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério 
da Educação.
Em 2010, o FIES passou a funcionar em um novo formato: a 
taxa de juros do fi nanciamento passou a ser de 3,4% a.a., o período 
de carência passou para 18 meses e o período de amortização para 
3 (três) vezes o período de duração regular do curso + 12 meses. O 
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) passou a 
ser o Agente Operador do Programa para contratos formalizados a 
partir de 2010. Além disso, o percentual de fi nanciamento subiu para 
até 100% e as inscrições passaram a ser feitas em fl uxo contínuo, 
permitindo ao estudante solicitar o fi nanciamento em qualquer 
período do ano.
A partir do segundo semestre de 2015, os fi nanciamentos 
concedidos com recursos do Fies passaram a ter taxa de juros 
de 6,5% ao ano com vistas a contribuir para a sustentabilidade do 
programa, possibilitando sua continuidade enquanto política pública 
perene de inclusão social e de democratização do ensino superior. 
O intuito é de também realizar um realinhamento da taxa de juros 
às condições existentes no cenário econômico e à necessidade de 
ajuste fi scal.
Fonte: Disponível em: <http://sisfi esportal.mec.gov.
br/?pagina=fi es>. Acesso em: 25 jul. 2016.
105
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
A mais recente 
das medidas de 
democratização 
para o acesso ao 
ensino superior 
no Brasil, que na 
verdade é um 
debate antigo, 
refere-se à reserva 
de vagas nas 
instituições públicas 
para os estudantes 
procedentes de 
escolas públicas.
PERGUNTAS FREQUENTES
1. O que é a lei de cotas?
A Lei nº 12.711/2012, sancionada em agosto deste ano, 
garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas 59 
universidades federais e 38 institutos federais de educação, ciência e 
tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, 
em cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. Os demais 
50% das vagas permanecem para ampla concorrência.
2. A lei já foi regulamentada?
Sim, pelo Decreto nº 7.824/2012, que defi ne as condições gerais de 
reservas de vagas, estabelece a sistemática de acompanhamento das 
A mais recente das medidas de democratização para o acesso ao 
ensino superior no Brasil, que na verdade é um debate antigo, refere-
se à reserva de vagas nas instituições públicas para os estudantes 
procedentes de escolas públicas, além, é claro, das já consolidadas 
cotas raciais e étnicas.
Esta medida visa promover o acesso ao ensino 
superior e ao ensino técnico em nível médio à 
população historicamente menos favorecida. A Lei 
nº 12.711 de 2012, a Lei de Cotas (Brasil, 2012), 
prevê que metade das vagas de todos os cursos 
e turnos das instituições federais seja reservada a 
alunos que estudaram todo o nível médio em escola 
pública. Uma parte dessas vagas é reservada a 
pardos, negros e índios, outra parte aos estudantes 
com renda familiar igual ou menor que 1,5 salário mínimo per 
capita (CARMO, 2014, p. 321).
Na verdade, já havia uma divisão visivelmente equilibrada nas universidades 
públicas anteriores à Lei de Cotas. Segundo dados levantados pela Associação 
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), 
44,8% dos estudantes universitários federais matriculados no ano de 2011, 
haviam cursado todo o ensino médio nas escolas públicas (CARMO, 2014). 
Assim, a Lei da Política de Cotas só veio ofi cializar uma prática de certa maneira 
institucionalizada no ensino superior público brasileiro. 
106
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
reservas de vagas e a regra de transição para as instituições federais 
de educação superior. Há, também, a Portaria Normativa nº 18/2012, do 
Ministério da Educação, que estabelece os conceitos básicos para aplicação 
da lei, prevê as modalidades das reservas de vagas e as fórmulas para 
cálculo, fi xa as condições para concorrer às vagas reservadas e estabelece 
a sistemática de preenchimento das vagas reservadas.
3. Como é feita a distribuição das cotas?
As vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas da instituição) 
serão subdivididas — metade para estudantes de escolas públicas com 
renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo e meio per 
capita e metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar 
superior a um salário mínimo e meio. Em ambos os casos, também será 
levado em conta o percentual mínimo correspondente ao da soma de 
pretos, pardos e indígenas no estado, de acordo com o último censo 
demográfi co do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE).
4. A lei deverá ser aplicada imediatamente?
Sim, mas gradualmente. Em 2013 terão de ser reservadas, pelo 
menos, 12,5% do número de vagas ofertadas atualmente. A implantação 
das cotas ocorrerá de forma progressiva ao longo dos próximos quatro 
anos, até chegar à metade da oferta total do ensino público superior 
federal.
5. Como as universidades que já tiveram edital de vestibular 
publicado devem agir?
As universidades que já publicaram seus editais para o vestibular 
terão de fazer novas chamadas.
6. A lei vale para quem estudou em colégios militares também?
Sim, vale para todas as escolas públicas de ensino médio. O 
conceito de escola pública se baseia na Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação (LDB), Lei nº 9394/96, art. 19, inciso I:
“Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classifi cam-
se nas seguintes categorias administrativas:
I – públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, 
mantidas e administradas pelo Poder Público”.
107
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
7. Quem obteve certifi cação do ensino médio pelo Enem 
poderá entrar pela reserva de vagas?
Para ser considerado egresso de escola pública, o estudante 
deve ter cursado o ensino médio em escola pública ou ter obtido 
certifi cação do Enem, Encceja e demais realizadas pelos sistemas 
estaduais, tendo cursado o ensino fundamental em estabelecimento 
público. O estudante não pode ter cursado em escola particular em 
nenhum momento.
8. Quem concorrer pelas cotas também poderá entrar pela 
ampla concorrência?
Nos primeiros quatro anos de implementação da lei, os 
estudantes cotistas devem disputar vagas tanto pelo critério de cotas 
quanto pelo de ampla concorrência, já que as vagas serão oferecidas 
gradativamente. A partir de quatro anos, a permanência desse 
modelo fi cará a critério de cada instituição de ensino.
9. As cotas valerão para vestibulares tradicionais e para o 
Sisu?
Sim, a lei já valerá para os próximos vestibulares das instituições 
e também na próxima edição do Sistema de Seleção Unifi cada 
(Sisu) do Ministério da Educação. As instituições federais de ensino 
que adotarem diferentes processos seletivos precisam observar as 
reservas de vagas em cada um destes processos.
10. Como será comprovada cor e renda declarados pelos 
candidatos?
O critério da raça será autodeclaratório, como ocorre no censo 
demográfi co e em toda política de afi rmação no Brasil. Já a renda 
familiar per capita terá de ser comprovada por documentação, com 
regras estabelecidas pela instituição e recomendação de documentos 
mínimos pelo MEC.
11. No critério racial, haverá separação entre pretos, pardos 
e índios?
Não. No entanto, o MEC incentiva que universidades e institutos 
federais localizados em estados com grande concentração de 
108
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
indígenas, adotem critérios adicionais específi cos para esses povos, 
dentro do critério da raça, no âmbito da autonomia das instituições.
12. Como o governo federal vai garantir a permanência dos 
estudantes cotistas na universidade?
A política de assistência estudantil será reforçada. No 
orçamento de 2013 já está previsto um aumentopara o Programa 
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES). Serão investidos, 
pelo menos, R$ 600 milhões em assistência estudantil em 2013. O 
MEC está articulando com os reitores a política de acolhimento dos 
alunos cotistas, que também gira em torno da política de tutoria e 
nivelamento.
13. Universidades que já têm programas de cotas terão de 
mudar?
Podem ser mantidas as iniciativas já existentes, desde que as 
exigências da lei, ou seja, 12,5% das vagas, sejam implementadas 
conforme o Congresso Nacional estabeleceu. Então, no mínimo, 
esses 12,5% têm que corresponder integralmente aos critérios da 
lei. A partir desse 12,5%, podem ser criados critérios adicionais. A 
Lei de Cotas determina o mínimo de aplicação das vagas, mas as 
universidades federais têm autonomia para, por meio de políticas 
específi cas de ações afi rmativas, instituir reservas de vagas 
suplementares.
14. Haverá algum tipo de acompanhamento da implementação 
da lei?
Sim. O acompanhamento fi cará a cargo de um comitê composto 
por representantes do Ministério da Educação, da Secretaria de 
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e da Fundação 
Nacional do Índio (Funai), com a participação de representantes de 
outros órgãos e entidades e da sociedade civil. 
Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cotas/perguntas-
frequentes.html>. Acesso em: 25 jul. 2016.
109
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
Por fi m, é notório lembrar que o rumo das atuais políticas públicas 
destinadas à educação superior no Brasil passa, essencialmente, pelo Plano de 
Desenvolvimento da Educação (PDE). Entre os principais objetivos ensejos do 
Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), destacam-se:
• Expandir a oferta de educação superior para jovens de 18 a 24 anos, entre 
o período de 2011 a 2020 em pelo menos 33%.
• Expandir a educação superior para que 40% das matrículas estejam nas 
instituições públicas. 
• Elevar o volume de recursos fi nanceiros aplicados em educação para 
atingir o patamar de 10% do PIB (CARMO, 2014, p. 317).
PORTO, Claudio; RÉGNIER, Karla. O ensino superior no 
mundo e no Brasil: condicionantes, tendências e cenários para o 
horizonte 2003-2025: uma abordagem exploratória. Brasília, DF, 
2003. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/
ensinosuperiormundobrasiltendenciascenarios2003-2025.pdf>. 
Acesso em: 2 nov. 2007.
TRANSFORMAÇÕES EM CURSO NO ENSINO SUPERIOR
Mudança na estrutura do setor de educação superior
As transformações que ocorrem no âmbito do setor da Educação 
Superior implicam igualmente no surgimento de novos protagonistas, 
que não apenas concorrem com as universidades tradicionais, mas 
que também lhes servem de complementos e parceiros, destacando-
se os seguintes atores:
• Universidades corporativas, patrocinadas ou administradas 
por grandes empresas, visando à aprendizagem contínua e 
especializada de seus quadros.
• Empresas instrucionais – instituições terceirizadas que 
prestam serviços às universidades no próprio domínio do 
110
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
ensino superior em nichos especializados do conhecimento, 
dos processos pedagógicos ou da clientela, através de 
contratos defi nindo indicadores e metas de resultados e as 
condições desejadas de ensino-aprendizagem.
• Entidades de Intermediação, cuja função é fazer a 
ponte entre os provedores de educação superior e os 
“consumidores”, visando apoiar, inclusive fi nanceiramente, 
os futuros alunos, fornecer-lhes orientação e informações 
relevantes e certifi car o conhecimento por eles adquiridos. 
Podem ainda atuar na defesa dos interesses dos alunos, 
mobilizando estudantes e negociando cursos específi cos e 
descontos junto às instituições de ensino, além de promover a 
busca de emprego e trabalho para os concluintes.
• Organizações não tradicionais – entrada no setor de 
novos tipos de protagonistas, oriundos de outros segmentos 
da economia, tais como empresas de telecomunicação, de 
informática e informação, de entretenimento, bem como 
organizações governamentais e do “terceiro setor” engajadas 
na educação, treinamento e desenvolvimento profi ssional.
Embora tradicionalmente tais instituições tenham sido 
consideradas basicamente como fornecedoras ou clientes do sistema 
de educação superior, devem passar a ser vistas agora como parte 
dele e, portanto, como colaboradoras e/ou competidoras potenciais.
Mudanças nas relações da universidade com a sociedade
À medida que a universidade, além dos papéis clássicos de 
ensino, pesquisa e extensão, tem desempenhado outras funções 
de interesse da sociedade (serviços de saúde e assistência, 
desenvolvimento econômico, entretenimento etc.), as barreiras que 
a protegiam das invasões de agentes políticos e econômicos estão 
sendo derrubadas. Assim, as universidades, como instituição, estão 
se tornando cada vez mais visíveis e vulneráveis e menos protegidas 
diante dos agentes da sociedade, requerendo, portanto, novas 
formas de interação e inserção com o ambiente externo.
Mudança na natureza da prestação dos serviços acadêmicos
A prestação dos serviços de educação superior tende a assumir, 
cada vez mais, as seguintes características:
111
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
• Aprendizagem continuada, implicando na necessidade 
de as instituições de ensino proporcionarem aos cidadãos 
condições e formas de uma aprendizagem continuada por 
toda a sua vida profi ssional, atendendo aos requisitos de uma 
sociedade em permanente mudança.
• Ausências de fronteiras rígidas entre os serviços,
signifi cando que as diferentes atividades acadêmicas, não
apenas se tornam mais inter-relacionados, mas se fundem
efetivamente.
• Aprendizagem assíncrona (qualquer tempo, qualquer lugar), 
quebrando as restrições de tempo e espaço para tornar 
as oportunidades de aprendizagem mais compatíveis às 
necessidades e estilos de vida das pessoas.
• Serviços bastante diversifi cados, visando servir a uma 
população cada vez mais diferenciada e com inúmeras e 
variadas necessidades e objetivos.
Mudança no modo de execução das atividades acadêmicas
A universidade do século XXI será considerada, cada vez mais, 
como uma instituição prestadora de serviços do conhecimento 
(criação, preservação, integração, transmissão e aplicação), em 
qualquer das formas demandadas pela sociedade contemporânea. 
Neste contexto, embora seus papéis tradicionais (ensino-pesquisa-
extensão) não devam sofrer alterações fundamentais, seus modos 
específi cos de execução mudarão signifi cativamente:
• Evolução do atual “modelo artesanal” de produção para um 
outro mais próximo da “produção em massa” da era industrial 
e com fortes infl uências do modelo adotado na indústria de 
entretenimento.
• Os métodos de ensino-aprendizagem e os papéis dos 
professores estão submetidos a fortes pressões para 
mudança, principalmente em função das novas tecnologias 
da teleinformática e do surgimento de uma “geração digital”, 
com suas demandas por novos processos e relacionamentos. 
Assim, outras formas de ensino, muitos mais interativos e 
suportados pelas novas tecnologias, deverão se intensifi car, 
112
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
com o professor afastando-se da “sala de aula” para 
assumir funções de geradores e administradores de novos 
experimentos de aprendizagem e de consultores e orientadores 
dos alunos, como aliás já ocorre na pós-graduação.
O desenvolvimento da pesquisa também deverá sofrer grandes 
alterações. Os processos de criação tornar-se-ão muito mais coletivos 
e multidisciplinares, tendo em vista tanto os recursos tecnológicos 
disponibilizados, como a natureza dos novos conhecimentos 
demandados pela sociedade.
Centrada tradicionalmente na biblioteca e, portanto, suportada 
no formato impresso, a preservação do conhecimento talvez sejaa 
função universitária mais suscetível a mudanças tecnológicas radicais. 
A tecnologia da informação – ou mais amplamente a “convergência 
digital” das várias mídias – já produz impacto signifi cativo na 
preservação, divulgação e acessibilidade do conhecimento, 
tornando-se cada vez mais democrático e disponível a todos, não 
sendo mais apenas uma prerrogativa ou privilégio da comunidade 
acadêmica. Neste contexto, a “biblioteca” da Universidade do Século 
XXI, suportada por diferentes mídias, extrapolará de muito suas 
atuais funções e seus domínios tradicionais de abrangência.
No campo da extensão, a aplicação dos conhecimentos 
continuará a ser ditada, cada vez mais, pelas necessidades e 
demandas reais da sociedade. Neste sentido, provavelmente 
a extensão constitui a função universitária mais suscetível 
às mudanças sociais, devendo sofrer consequentemente 
transformações profundas, à medida que a sociedade é transformada 
radical e aceleradamente. Dessa forma, a amplitude e diversidade 
de aplicação, a velocidade de atendimento e a capacidade de 
respostas concretas requeridas exigirão da extensão novos modelos 
e processos de produção.
Tendências já consolidadas ou invariantes
1. Declínio das taxas de crescimento demográfi co e progressivo 
envelhecimento da população.
2. Aceleração da produção científi ca e tecnológica e mudança 
nos padrões de competitividade das nações.
3. Crescente disponibilidade de novas tecnologias para a 
educação e crescimento da educação a distância.
113
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
4. Redefi nição da estrutura do mercado de trabalho, do 
conteúdo do trabalho e das condições de empregabilidade.
5. Crescimento da educação continuada.
6. Consolidação da educação como objeto de aspiração dos 
jovens e de suas famílias.
Mudanças em andamento e fatos portadores de futuro
1. Globalização do mercado de trabalho.
2. Incremento nos fl uxos internacionais de estudantes.
3. Empresas produtoras de tecnologia atuando como 
certifi cadoras de conhecimento.
4. Desterritorialização e internacionalização da oferta de ensino 
superior e serviços associados.
5. Maior presença das universidades corporativas.
6. Novos arranjos institucionais – a criação de universidades 
virtuais e a formação de consórcios.
7. Formação de parcerias entre instituições de ensino superior.
8. Acirramento da concorrência e transformação no padrão de 
atuação das instituições de ensino superior.
9. Presença de novos atores no campo da educação superior.
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/jjiws3>. Acesso em: 25 jul. 2016.
Atividades de Estudos:
1) Escreva com suas palavras o que é o Programa Universidade 
Para Todos (ProUni). 
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114
 História e OrganiZação do Ensino Superior no Brasil
2) Faça um pequeno resumo sobre o que é a lei de cotas. 
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Algumas Considerações 
Ufa! Chegamos ao fi nal do quarto e último capítulo! Percorremos muito chão 
até aqui, não é mesmo, caro acadêmico? No entanto, algumas coisas precisam 
ser ditas ainda! Nesse sentido, é notório assinalar que a partir da promulgação 
da Constituição Federal de 1988 e igualmente com a nova Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Brasileira (Lei nº 9394/96), observou-se o surgimento de 
um aumento signifi cativo nas normas e dispositivos legais inovadores relativos à 
educação nacional. Fato que proporcionou aos poucos um novo impulso para a 
educação, indo desde o aumento de vagas a uma maior segmentação do ensino 
superior.
É lógico que um maior acesso ao ensino superior gera uma expectativa de 
maior aumento na qualidade ofertada. Agora é plausível que apesar de algumas 
defi ciências estruturais e fi nanceiras, atualmente a qualidade educacional 
brasileira está bem melhor do que anos atrás. E embora levando em consideração 
as crises econômicas e políticas ocorridas no país nas últimas décadas, pode-se 
afi rmar que mesmo assim, as instituições públicas e privadas estão estabelecendo 
um novo sistema educacional. 
Nota-se que as modifi cações que vêm ocorrendo no cenário da educação 
superior brasileira estão também acontecendo a nível mundial, e sobretudo nos 
países da América Latina. Por fi m, podemos concluir afi rmando que o nosso país 
precisa ainda avançar muito em relação a um maior acesso à educação de nível 
superior para uma parcela maior de sua população, e esse acesso será somente 
possível com a expansão do número de instituições tanto públicas quanto 
privadas. 
115
LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A COORDENAÇÃO DO ENSINO 
SUPERIOR NO BRASIL
 Capítulo 4 
ReFerÊncias
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