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LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO E CALIBRAÇÃO EM ODONTOLOGIA PROFA. GISLAINE ZARZA GONÇALVES O QUE SÃO LEVANTAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS? • São instrumentos com metodologia específica que têm como objetivo coletar informações referentes a um determinado problema em uma população. • Podem abordar aspectos referentes a fatores de risco, uso de serviços, consumo de medicamentos, conhecimentos, atitudes e práticas relacionadas à saúde, além de dados demográficos e de outra natureza. OBJETIVOS DE UM LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO • Estudar a distribuição dos problemas na população. • Diagnosticar e medir as necessidades acumuladas. • Determinar prioridades. • Avaliar as atividades dos serviços em saúde. LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO • Os Levantamentos fornecem um quadro de informações mais apuradas das condições de saúde bucal e das necessidades de tratamento de uma população, bem como podem proporcionar condições para controlar as mudanças nos níveis ou padrões da doença (OMS, 1999). • Os dados coletados em um levantamento epidemiológico podem ser utilizados para comparações em um momento futuro (Pereira, 2000). • A partir dos dados coletados podem-se: - avaliar, planejar e executar ações de saúde - inferir sobre a eficácia geral dos serviços - permite comparações de prevalências em diferentes períodos de tempo e áreas geográficas. • Eles produzem dados básicos confiáveis para o desenvolvimento de programas nacionais ou regionais de saúde bucal e para o planejamento do número e do tipo apropriado de pessoal. PLANEJAMENTO DO LEVANTAMENTO GRUPOS POPULACIONAIS DE INTERESSE • Idades índices e grupos etários recomendados pela OMS: • -DE 18 A 36 MESES: PROBLEMAS ORAIS EM BEBÊS. • -5 ANOS: DENTIÇÃO DECÍDUA. • -12 ANOS: DENTIÇÃO MISTA. • -15 ANOS: DADOS DE INCIDÊNCIA DE CÁRIE E ÍNDICES PERIODONTAIS EM ADOLESCENTES. • -35-44 ANOS: SAÚDE BUCAL EM ADULTOS. • -65-74 ANOS: VERIFICAÇÃO DA NECESSIDADE DE TRATAMENTO E CONTROLE DOS EFEITOS GERAIS DOS CUIDADOS ODONTOLÓGICOS PRESTADOS A ESTA POPULAÇÃO. LEVANTAMENTO EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL • 1986 – 1º Levantamento epidemiológico em saúde bucal de âmbito nacional realizado pelo MS. Foram levantados dados referentes à cárie dentária, doença periodontal, uso e necessidade de próteses totais e a procura por serviços odontológicos. • 1996 – 2º Levantamento epidemiológico em saúde bucal no brasil, realizado pelo MS, através da área técnica de saúde bucal, em parceria com a ABO, CFO e as SES e SMS. A pesquisa foi realizada somente com relação à cárie dentária em crianças na faixa etária de 6 a 12 anos de escolas públicas e privadas. LEVANTAMENTO EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL • 2003 – 3º Levantamento epidemiológico em saúde bucal no brasil, SB brasil 2003: condições de saúde bucal na população brasileira. Essa pesquisa, além de embasar, do ponto de vista epidemiológico, a elaboração das diretrizes da política nacional de saúde bucal e subsidiar ações para o fortalecimento da gestão dos serviços públicos em saúde bucal, nas diferentes esferas de governo, permitiu a análise comparativa dos dados nacionais com dados de outros países e com as metas da OMS para o ano de 2000. LEVANTAMENTO EM SAÚDE BUCAL NO BRASIL • 2010 – 4º Levantamento epidemiológico em saúde bucal no brasil, SB brasil 2010: pesquisa nacional de saúde bucal, realizada pelo MS, por meio da coordenação geral de saúde bucal. Esse programa analisou a situação de saúde bucal da população brasileira, com relação à cárie dentária, condição periodontal, edentulismo (uso e necessidade de próteses dentais), condições de oclusão, fluorose, traumatismos dentário e a ocorrência de dor de dente, entre outros aspectos. Quando não apresenta evidência de cárie ou restauração, quando não há evidência de lesão de cárie. Estágios iniciais da doença, que precede a formação de cavidade, não são levados em consideração • A coroa é considerada hígida mesmo que haja alterações, como hipoplasia, defeitos no esmalte, dente com fluorose moderada ou severa. • Toda lesão questionável deve ser considerada como dente hígido. COROA HÍGIDA ( 0 OU A) • b) presença evidente de tecido cariado na base ou descoloração de esmalte; • c) possuir restauração temporária; • d) dente selado e cariado; • e) somente a raiz. COROA CARIADA ( 1OU B ) Superfície lisa ou oclusal que apresenta : • a) evidência clínica de cárie, onde existe uma cavidade definida com tecido dentário cariado; • Quando a coroa possui uma ou mais restaurações e, ao mesmo tempo, uma ou mais áreas estão cariadas. Não há distinção entre cáries primárias e secundárias, ou seja, se as restaurações estão ou não em associação física com as cáries. COROA RESTAURADA E CARIADA ( 2 OU C) Quando esta superfície apresenta uma restauração com material definitivo e não existir cárie primária ou recorrente. Um dente com coroa devido à cárie inclui-se nesta classificação. OBS: Caso o dente apresente uma coroa devido a trauma ou suporte de prótese, este é codificado como 7. COROA RESTAURADA E SEM CÁRIE ( 3 OU D) • O código em questão não deve ser usado para os dentes considerados ausentes por qualquer outra razão que não seja cárie. • Para alguns grupos pode ser difícil distinguir entre um dente não erupcionado (código 8 ) e dente perdido. O conhecimento básico da cronologia de erupção, a aparência da crista óssea alveolar do espaço em questão e condição dos dentes em relação à cárie dos outros dentes da boca pode ajudar a formular um diagnóstico diferencial entre dente não erupcionado e perdido. • Dente permanente perdido devido a outras razões que não seja a cárie dentária, ou seja, motivadas por razões ortodônticas, periodontais ou congênitas. DENTE PERDIDO DEVIDO À CÁRIE ( 4 OU E) DENTE PERDIDO DEVIDO OUTRA RAZÃO QUE NÃO SEJA CÁRIE ( 5 OU - ) Para os casos em que um selante de fissura foi colocado, ou quando a fissura oclusal foi alargada para receber um compósito. Se o dente estiver cariado, deve ser codificado como 1. • Indica que um dente é parte de uma prótese fixa. • Pode ser utilizado para coroas por outras razões que não a cárie. • Os dentes substituídos por elementos de ponte fixa são codificados como 4 ou 5. DENTE - SELANTE OU VERNIZ ( 6 OU F) DENTE - APOIO DE PONTE OU COROA ( 7 OU G) RESTRITO À DENTIÇÃO PERMANENTE E DESDE QUE INEXISTA DENTE TEMPORÁRIO NO ESPAÇO LIVRE. A COROA É CODIFICADA COMO FRATURADA, QUANDO A SUPERFÍCIE FALTANTE É RESULTANTE DE TRAUMA E NÃO HÁ EVIDÊNCIA DE CÁRIE. DENTE NÃO ERUPCIONADOS ( 8 OU - ) TRAUMA ( T ) DENTE SEM REGISTRO ( 9 ) • • APLICADO A DENTE ERUPCIONADO QUE NÃO POSSA SER EXAMINADO POR ALGUMA RAZÃO (BANDA ORTODÔNTICA, HIPOPLASIA SEVERA, ETC. ) CRITÉRIOS PARA LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO • Na presença de um dente decíduo e permanente ocupando o mesmo lugar, deve- se considerar o permanente. • No caso de dúvida entre hígido e cariado, considerar hígido. • Dúvida entre cariado e extração indicada considerar cariado. É o efeito sistêmico da ingestão crônica de flúor durante o DESENVOLVIMENTO dentário que provoca alterações no processo de mineralização Essas alterações se manifestão como mudanças visíveis de OPACIDADE do esmalte. O grau dessas alterações é FUNÇÃO DIRETA DA DOSE DE F à que criança está sujeita e do TEMPO DE DURAÇÃO DA DOSE. FLUOROSE Tem como manifestações clínicas: • Dentes homólogos afetados, com distribuição simétrica das lesões nas arcadas; • Esmalte apresentando aspecto de giz (o grau de opacidade está diretamente relacionado ao grau de porosidade do esmalte); • Fluorose leve: linhas brancas finas que acompanham as linhas incrementais de desenvolvimento do esmalte; • Fluorose severa: grandes perdas da superfície do esmalte; • Cúspides com “coberturade neve” em pré-molares Alguns aspectos clínicos são adquiridos pós-irrompimento dental, como: • Depressões no esmalte; • Pigmentação do esmalte poroso. Conferem um aspecto mais severo à condição, agravando a aparência das lesões FLUOROSE MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ANAMNESE EXAME CLÍNICO ÍNDICES Buscar por fatores causais associados à cronologia de formação/mineralização do órgão dental ÍNDICE DDE, PARA TODOS OSS DDE (RECOMENDADO PELA OMS; ÍNDICES DEAN E TF ( Em dentes limpos (realizar profilaxia prévia), secos (com jato de ar) e uma boa iluminação. Em dentes com sensibilidade acentuada ter cuidado ao secar Servem para medir a prevalência e severidade das lesões. Baseiam-se em sistemas de classificação dos aspectos clínicos. São muito importantes para realização de estudos epidemiológicos*(DDE -defeitos de desenvolvimento do esmalte PROCESSO DE CALIBRAÇÃO • É aquele por meio do qual se busca treinar examinadores e pesquisadores a fim de assegurar a uniformização na interpretação, compreensão e aplicação dos critérios de exame e, deste modo, minimizar as variações intra e inter- examinadores. Planejamento do levantamento Processo de calibração OBJETIVOS DA CALIBRAÇÃO • -Minimizar os erros e diferenças porventura existentes quanto à habilidade na obtenção dos dados e julgamento dos mesmos. • -Assegurar uma interpretação, entendimento e aplicação uniformes dos critérios para as doenças e condições a serem observadas e registradas. • -Assegurar que cada examinador possa examinar dentro de um padrão consistente. • -Minimizar varações entre os diferentes examinadores, através de testes estatísticos. ÍNDICE KAPPA • PROPOSTO POR JACOB COHEN EM 1060. • TRATA-SE DE UM MÉTODO ESTATÍSTICO PARA AVALIAR O NÍVEL DE CONCORDÂNCIA OU REPRODUTIBILIDADE ENTRE DOIS CONJUNTOS DE DADOS. • É CONSIDERADO UMA DADO CONSERVADOR, PORTANTO, SEMPRE QUE POSSÍVEL DEVE SER UTILIZADO. • • É BASTANTE UTILIZADO PARA AVALIAR A REPRODUTIBILIDADE DE QUESTIONÁRIOS EM FASE DE VALIDAÇÃO. ÍNDICES CPO E CEO • CPO-D : Contabiliza o número de dentes cariados, perdidos e obturados na dentição permanente. • É Obtido para cada indivíduo por meio de exame odontológico e soma de componentes relativos aos dentes cariados, perdidos e obturados. • KLEIN E PALMER (1937) : Estudo descritivo de saúde bucal em crianças indígenas nos EUA. • GRUEBBEL (1994): Aplicado para avaliação de saúde bucal de crianças com dentição decídua. • CEO: Contabiliza o número de dentes cariados, extração indicada e obturados na dentição decídua. • OBS: Para crianças com dentição mista, recomenda-se o uso em conjunto das duas medidas. CRITÉRIOS PARA LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO • Dúvida entre cariado e restaurado, considerar restaurado. • Indivíduos com menos de 30 anos de idade, recomenda- se que o cálculo do CPO exclua os dentes que sofreram avulsão traumática ou tenham sido extraídos por outros motivos que não a cárie, como tratamento ortodôntico. • Para indivíduos com 30 anos ou mais, os dentes perdidos devem ser computados no CPO, devido à dificuldade de resposta segura quanto à causa de cada perda dentária.