Nos últimos anos, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) tem reafirmado a centralidade do princípio da capacidade contributiva e do mínimo existencial na estrutura constitucional do sistema tributário. De acordo com julgados recentes (como RE 566.471/RS e ADI 4.425), o Estado deve estruturar sua política tributária de forma a não confiscar recursos necessários à subsistência digna, cabendo-lhe, quando necessário, utilizar mecanismos de extrafiscalidade para garantir justiça tributária. Em razão de enchentes que devastaram a produção agrícola de pequenos produtores familiares de um município do interior, a prefeitura encaminhou projeto de lei prevendo isenção temporária do ISS e IPTU para agricultores atingidos, além de suspender a exigibilidade de tributos já lançados. Alguns contribuintes questionaram a medida, alegando que se tratava de renúncia de receita, violadora do princípio da isonomia. À luz da Constituição Federal de 1988 e da finalidade extrafiscal dos tributos, assinale a opção correta. a. A concessão de benefícios fiscais em razão de calamidades representa intervenção ilegítima do Município no domínio econômico, pois viola o princípio da generalidade tributária e favorece segmento específico da população. b. A concessão do benefício fiscal apenas poderia ocorrer se previamente autorizado por lei federal específica, já que os Municípios não detêm competência para conceder isenções tributárias no âmbito de sua autonomia financeira. c. A isenção temporária concedida pelo Município é compatível com a extrafiscalidade dos tributos e com o princípio da capacidade contributiva, funcionando como instrumento legítimo de justiça fiscal e proteção ao mínimo existencial. d. A concessão dos benefícios representa discriminação inconstitucional, uma vez que a calamidade natural não altera a capacidade contributiva dos cidadãos atingidos, devendo o Município aplicar a isonomia estrita. e. A calamidade natural autoriza a suspensão da cobrança de tributos apenas por decisão judicial, não s