Leia o texto e responda: Na semana passada, um estudo realizado pelo Instituto do Coração de São Paulo e publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia deu manchete em vários jornais do país. Segundo a pesquisa, pacientes que sofreram infarto do miocárdio e são atendidos pelo Sistema Único de Saúde, SUS, têm 36% mais chances de morrer do que aqueles que são acompanhados por médicos particulares ou de convênios. Lendo esta frase, leitores, qual é a conclusão que se tira de imediato? Que o SUS não funciona, vocês dirão; que é um sistema ruim, precário. Mas será que é mesmo? Indo um pouco adiante no trabalho, descobrimos que na fase de internação a proporção de óbitos é praticamente a mesma nos dois grupos. A mortalidade maior em pacientes do SUS ocorre após a alta, quando a pessoa retorna a seu ambiente habitual. E isto enseja uma reflexão não apenas sobre infarto do miocárdio, como sobre o Brasil em geral. Em primeiro lugar, é preciso dizer que, por paradoxal que pareça, uma maior mortalidade por doença cardíaca pode ser um sinal de progresso – um progresso meio estranho, mas progresso de qualquer jeito. No passado, os brasileiros pobres não