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CULTURA E CLIMA ORGANIZACIONAL AULA 1 Profª Carolina Feltrin 2 CONVERSA INICIAL Caminharemos juntos nesta jornada para assuntos relevantes sobre aspectos da Cultura e do Clima das organizações, apresentando bases teóricas e estimulando reflexões sobre como pessoas e empresas realizam suas escolhas e seus posicionamentos sobre elementos de determinadas culturas. Para isso, entenderemos os papéis e as responsabilidades dos envolvidos nesse processo, olhando para os resultados mensuráveis das organizações, instrumentos para mensurar alguns movimentos culturais e possíveis desdobramentos em ações tangíveis na prática atual e a longo prazo. Iniciaremos pela conceituação e pela desconstrução sobre Cultura Organizacional propriamente dita, focando elementos da Cultura, o papel que exerce na estrutura das empresas, como levantar indicadores e trazer um cenário nacional sobre este solo e suas especificidades. Em seguida, então, conceituaremos Clima Organizacional, trazendo insumos para medir o impacto na qualidade dos serviços nas organizações. Quais são as motivações dos profissionais quando falamos em ser humano e como engajar pessoas no âmbito empresarial. Após, falaremos sobre valores organizacionais e suas bases históricas. Como podemos identificá-los para obter ações em valores individuais e valores organizacionais. Olhar os comportamentos observáveis desses valores, identificando também instrumentos para mensurá-los e avaliá-los, para então sugerir ações de desenvolvimento que se baseiam em comportamentos atrelados a valores sustentáveis. Consequentemente, falar de Comunicação Organizacional nos trará a ideia de como a cultura e o clima são traduzidos em determinadas empresas diferentes de outras. Possibilitando olharmos os formatos e instrumentos de Comunicação interna, Endomarketing e como mensurar a aderência das informações organizacionais. Quais possibilidades de ações para essa comunicação e tradução. Por fim, outra temática relevante em seguida é abordarmos a Pesquisa de Clima, bem como seu planejamento, a validação dos envolvidos nesse processo, as variáveis a serem pesquisadas e montagem de parametrização para tabulação das respostas. Como divulgar os resultados da pesquisa para os envolvidos, trazendo pontos fortes e pontos a desenvolver de cada tema e subtema pesquisado. Criar comitês para atuação de pontos 3 relevantes em curto, médio e longo prazo e sinalizar o tempo para novo ciclo dessa pesquisa para medir novos movimentos possíveis de mudanças não só de processos, pessoas ou tecnologias. CONTEXTUALIZANDO O Sebrae nacional traz em sua página do mês de agosto de 2019 uma matéria sobre a importância da Cultura Organizacional para os negócios. Nele uma boa cultura organizacional pode transformar o espírito da sua empresa. Saiba mais Conheça boas práticas para tornar o ambiente de trabalho mais focado e positivo. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2019. Vídeo Assista ao vídeo no link abaixo sobre Cultura Organizacional Alavancando Negócios. Como uma gestão profissional e eficiente de pessoas pode alavancar resultados? Ao longo do vídeo, você conhece como algumas ferramentas podem auxiliar a conciliar a Cultura da organização nos momentos de crescimento, de fusão e aquisição, de modificações. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2019. TEMA 1 – O QUE É CULTURA ORGANIZACIONAL Para iniciarmos nossos estudos sobre este tema, traremos alguns conceitos e elementos. Podemos entender a cultura como o conjunto de conceitos e hábitos, normas, crenças, rituais, valores, vivências e experiências que são responsáveis por identificar descrições específicas para um determinado grupo ou empresa. Edgar Schein é um dos autores responsáveis pelo desenvolvimento e estudo desse conceito, e também descreve a ideia que a cultura organizacional é considerada um modelo de crenças e valores criados por um determinado grupo. 4 Schein afirmou que o fenômeno complexo da cultura organizacional é formado por três níveis de conhecimento: os pressupostos básicos (as crenças que são consideradas adquiridas em relação à empresa e à natureza humana), os valores (princípios, normas e modelos importantes) e os artefatos (resultados perceptíveis da ação de uma empresa, que são apoiados pelos valores). Outra definição apresentada por O’Reilly e Chatman (1996 p. 160), indica que a “cultura é um sistema de valores compartilhados, que define o que é importante, e normas que determinam as atitudes e os comportamentos adequados para os membros da organização (como se sentir e se comportar)”. Para Moura (2009), a cultura deve ser compreendida como um fenômeno ativo, vivo, por meio do qual as pessoas criam e recriam os mundos dentro dos quais vivem. Ela sofre influência das pessoas, portanto não é estática. Dessa forma, a cultura de uma empresa está sempre em constante mudança. O entendimento sobre o tema de cultura organizacional obteve mais visibilidade na segunda metade do século XX, depois de alguns estudiosos da área de Gestão e Estudos Organizacionais iniciaram a defender as vantagens e os benefícios de estudar sobre essa temática. Contribuiu para os estudos sobre a Comunicação Organizacional, o que veremos mais à frente. Até 1980, as ciências naturais consistiam na metodologia preferida para abordar a cultura organizacional, sendo que existia o propósito de encontrar soluções viáveis para os problemas de uma organização. A noção de cultura era objeto de estudo da sociologia há tempos, no entanto, só a partir dos anos 1980, o conceito de cultura organizacional começou a ter mais visibilidade na mídia. Nessa altura, foram feitas abordagens nas revistas Business Week ou Fortune, e foram publicados livros como a Teoria Z (da autoria de Ouchi), In Search for Excellence (de Peters e Waterman) e Corporate Culture (de Deal e Kennedy). Dessa forma, a Teoria da Cultura Organizacional ganhou uma proporção internacional. Nos anos 1990, o conceito de cultura organizacional recebeu várias críticas, sendo que uma delas foi que o conceito foi admitido pela comunidade acadêmica de forma muito rápida. Alguns autores chegaram mesmo a afirmar que o conceito em questão entraria em decadência. A cultura organizacional nos remete a comportamentos implícitos e subjetivos, que contribuem para a produção de sentido, sendo também 5 responsável pelas características singulares e únicas de cada organização. A cultura organizacional contribui para a edificação da identidade organizacional, que pode coincidir com uma imagem positiva ou negativa, revestindo a empresa de reconhecimento ou de depreciações. Então, a formação de uma cultura organizacional surge quando são criadas e difundidas de mensagens relativas à empresa e sua identidade, por meios formais e informais. Geralmente com o início de trabalhos de sócio- fundador e suas primeiras lideranças. TEMA 2 – ELEMENTOS DA CULTURA ORGANIZACIONAL As organizações nascem com padrões implícitos e explícitos, valores e comportamentos observáveis que geram uma característica própria e única para cada empresa. A cultura organizacional é o reflexo do jeito em que cada empresa aprendeu a lidar com o status quo (expressão originada no latim, cujo significado é “no mesmo estado que antes” ou então “o estado atual das coisas” e é usada para expressar a situação em que algo se encontra atualmente). Adaptando os novos integrantes, sejam líderes ou não, e determinando a maneira em que administram seus negócios, atendem seus clientes internos e externos, organizam seu funcionamento. A cultura organizacionalé um sistema de valores que diferencia a organização das semelhantes, cada uma tem sua cultura específica apesar do intuito ser gerar competitividade, trabalhando em equipe e mostrando o espaço de cada colaborador sem que haja conflitos. Porém, a expectativa é atrair resultados positivos para aperfeiçoar e estabelecer metas para tornar melhor o comportamento de cada colaborador. Sendo assim, é o elemento que compõe o processo de inteligência e competitividade, entendido como uma variável que pode ser gerenciada. Toda organização é composta por quatro dimensões. 6 Figura 1 – Dimensões de uma organização Fonte: elaborada pela autora. Uma se interliga à outra e, sem a concordância de alguma dessas dimensões, a cultura organizacional tende a não conseguir alcançar resultados positivos na gestão. Vamos olhar cada um dos elementos da organização. Estratégia: é formada por um conjunto de características típicas como as normas, as crenças e os valores. As estratégias são formadas com base em recursos disponíveis na organização e consistem em um conjunto de mudanças competitivas que são usadas para atingir o melhor desempenho na empresa. Estratégia é agir, é o que a empresa faz e para quê. É o que você vai ocupar no ambiente em que compete. Tecnologia: é a capacidade de apresentar constantes mudanças no processo produtivo que possibilitam a realização de diversas praticam comunicacionais dentro da organização. Ela é conhecida como a inteligência artificial. É interessante entender que tecnologia não é apenas computador, mas é o conhecimento que o administrador possui. A tecnologia é usada para atingir a estratégia. Estrutura: é a definição de como a empresa vai dirigir sua atividade no mercado, são ferramentas utilizadas para execução da estratégia da empresa. Estrutura não é apenas organograma, mas tem de definir os Estratégia TecnologiaEstrutura Pessoas 7 recursos que a empresa possui e onde cada colaborador vai exercer sua função. Pessoas: sem elas não haveria organização, por isso na maioria das empresas aceitam-se as crenças e se adaptam a dos seus colaboradores para eles estarem motivados; se o foco da empresa é atingir lucros e objetivos o que a empresa gasta para satisfazer os colaboradores é um investimento lucrativo, pois colaboradores realizados trazem excelentes resultados para organização. Esses quatros elementos são necessários e importantes para o desenvolvimento empresarial, além de manter o foco. A administração da empresa é a ordenação e agrupamento de atividades e recursos, visando à conquista dos resultados. Podemos ainda destacar os elementos que também são considerados em reação a forma como é transmitida e perpetuada na organização. O quadro a seguir apresenta as principais formas de transmissão cultural (Souza, 2014). Quadro 1 – Principais formas de transmissão cultural Elemento Descrição Cerimônias Eventos especiais nos quais os membros da organização celebram os mitos, os heróis e os símbolos da empresa. Ritos Atividades cerimoniais destinadas à comunicação de ideais específicas ou à realização de determinados propósitos. Histórias Relatos de eventos passados que ilustram e transmitem normas e valores culturais mais profundos. 8 Mitos Histórias fictícias que ajudam a explicar atividades ou eventos que, se explicados de outro modo, poderiam ser confusos. Heróis Pessoas de sucesso que corporificam os valores e o caráter da organização e de sua cultura. Símbolos Objetos, ações ou eventos dotados de significados especiais que permitam a troca de ideias complexas e mensagens emocionais pelos membros da organização. Linguagem Conjunto de símbolos verbais que geralmente refletem a cultura da organização. Fonte: Souza (2014). TEMA 3 – O PAPEL DA CULTURA ORGANIZACIONAL O papel da cultura organizacional permeia a influência nos comportamentos observáveis e não observáveis dos colaboradores e a relevância desses elementos no dia a dia no ambiente de trabalho. À medida que as organizações expandiram a amplitude de controle, achataram a estrutura, introduziram o trabalho em equipe, reduziram a formalização e deram mais autonomia aos funcionários, e os valores compartilhados, decorrentes de uma cultura organizacional forte, asseguraram que todas as pessoas fossem na mesma direção (Robbins, 2002). Apesar de as empresas buscarem ampliar seu conhecimento organizacional para obter vantagem competitiva, a Gestão do Conhecimento tem encontrado resistências, pois não há como deixar de trabalhar a cultura das organizações e seus processos de aprendizagem se há interesse real em se gerir o conhecimento. Dependendo do tipo de cultura predominante e da abertura que se dá ao aprender organizacional, uma empresa pode abrir-se ou fechar-se ao processo de Gestão do Conhecimento. Portanto, deve-se olhar a necessidade de se dar atenção à cultura organizacional e a seus processos de 9 aprendizagem, para que a Gestão do Conhecimento seja bem-sucedida. Cultura organizacional então pode sofre influência tanto da cultura dos indivíduos que trabalham nas organizações, quanto da cultura do país em que as organizações se encontram. Portanto, se o objetivo principal da cultura corporativa é o engajamento completo do elemento humano com os anseios da organização, o capital humano deve ser sempre orientado por meio de lideranças que inspiram o aprimoramento contínuo de suas competências organizacionais e relacionais visando desse modo o alcance da melhoria contínua e a efetividade de um desempenho organizacional positivo. Sendo assim, uma cultura corporativa bem definida auxilia uma organização a criar um ambiente interno saudável que se organiza com sustentabilidade a implementação de uma estratégia de negócios focada em resultados de qualidade, onde a grande maioria se sinta responsável pelo sucesso da organização. TEMA 4 – COMO LEVANTAR INDICADORES DA CULTURA ORGANIZACIONAL Para mensurar Cultura nas organizações temos várias saídas, dependendo do nível e do ciclo de vida de cada organização. Aqui, vamos refletir sobre alguns elementos e indicadores para olharmos cada realidade. Dependendo em que área atua, podemos visualizar papéis e enfoques diferentes. Portanto, se você atua na área de gestão de pessoas, liderança, estratégia, entre outras áreas, é fundamental dar atenção ao desenvolvimento dos colaboradores, bem como a sua relação dessas pessoas com a empresa em que trabalha. Por isso, conhecer os indicadores de cultura organizacional tende a fazer toda a diferença nos resultados das organizações. Até porque mensurar alguns indicadores estratégicos das empresas de um modo geral trará alicerces referentes a pilares que se relacionam à vida funcional das organizações. Indo além, esses indicadores tendem a gerar análises críticas quem podem influenciar tomadas de decisões como: a forma como os colaboradores se relacionam entre si, com os parceiros e os clientes, além de garantir que as visões e os valores do negócio sejam entendidos e seguidos pelos colaboradores. 10 Na caminhada dentro das organizações, convido você a olhar alguns indicadores que são relevantes para medir Cultura organizacional, explicitados a seguir. 4.1 Feedbacks efetivos Dar e receber feedbacks pode resolver assuntos importantes dentro das agendas da organização. Esse instrumento de trabalho pode ser fundamental para os profissionais estejam em consonância com seu papel, sua responsabilidade e os resultados esperados na função em que ocupa. Esse movimento pode ser construído através de feedbacks constantes, e sempre que ocorrerem situações positivas ou de correção. A cultura de feedbacks tende a auxiliar combinados claros, comunicações limpas, foco e energia naquilo que necessita ser feito e não em fantasias do que não é dito, garantindoalguns resultados esperados. 4.2 Pesquisa de satisfação do cliente interno e externo Outro fator que pode ser mensurado como indicador é a satisfação dos clientes em geral, sendo internos ou externos. Cuidar para que esteja claro o que desejamos medir e contar com uma área que se dedique a realizar uma análise crítica desses dados, dando encaminhamentos e retornos constantes sobre tomadas de decisões com as respostas devidas a cada caso. Além de ser uma estratégia de levantar informações de onde estão as principais adversidades da empresa, servindo para desenvolvimento da organização como um todo. 4.3 Ações trabalhistas Quando um colaborador se sente lesado ou descontente com algo ocorrido na empresa durante sua jornada na empresa, ele pode procurar auxílio externo que envolva seus direitos do trabalho. Se a organização apresentar um índice recorrente dessas ações, é momento de investigar quais as causas e tomar algumas providências. Empresas que apresentam um índice alto de ações trabalhistas podem trazer sinais de uma cultura que não está informando de forma clara o que deseja, e que os contratos e os acordos não estão condizentes com a realidade. Importante rever e tomar algumas providências na causa raiz para que futuros colaboradores não se afetem com esse estilo de funcionamento. 11 4.4 Turnover É o índice de rotatividade da empresa. Esse é, assim como os demais já citados, um dos mais importantes indicadores de cultura organizacional para sua empresa. Se a rotatividade estiver alta, isso pode ser um sinal de que os colaboradores não estão satisfeitos e motivados com a carreira na organização. Então, quais são as causas de pedidos de demissão? Nem sempre é apenas o retorno financeiro. Pode ser lideranças que não estão preparadas para gestão eficaz, comunicação falha, entre outros. Após levantar o que faz os profissionais irem embora, é hora de traçar ações para que o processo de atração e retenção de pessoal esteja organizado a partir dos valores da organização, do que realmente é necessário ser feito. 4.5 Absenteísmo Qual a frequência de faltas permitida em cada empresa? Está claro, escrito em políticas? Problemas pessoais ou consultas médicas, como é tratado para abono? O índice de absenteísmo é um dos indicadores de cultura organizacional que auxilia perceber sinais das condições de trabalho, por exemplo. A falta por desmotivação, não reconhecimento, doenças, questões pessoais, entre outros, são sugestões para medir o que pode estar dizendo com análise desses números, que sem dúvidas são estratégicos. 4.6 Produtividade Medir a entrega ou o desempenho de cada área ou setor em forma de indicadores é também uma estratégia das organizações. Alguns mais objetivos e outros subjetivos, mas percebendo quais são as motivações humanas que trazem melhores resultados. Então, se a produtividade da empresa em geral estiver em baixa, é o momento de rever, identificando o que está acontecendo para que os resultados não tendam a cair e consequentemente perder negócios e pessoas. Esse índice deve ser medido com maior frequência: semanalmente, mensalmente, a cada seis meses e ao final de todo ano. O ideal é se mantenha um instrumento (planilha) com as análises e comparativos de todos os resultados de produtividade já mensurados. Portanto, acima são alguns indicadores de cultura organizacional que acompanhamos nas empresas que podem auxiliar mensurar cultura. 12 TEMA 5 – CULTURA ORGANIZACIONAL NACIONAL O Brasil é um país de grande extensão territorial e de grande diversidade heterogênica cultural, dada por influências externas, pela grande miscigenação e soma das subculturas próprias das diversas regiões; contudo, mesmo apresentando essas características a cultura nacional deve ser entendida de forma integrada e customizada. Apesar dos estudos focados nessa temática no país, ainda busca-se entender melhor as manifestações da cultura de cada localidade e diversidade que se instala nas organizações. A influência de cada cultura local empresarial tende a funcionar de diversas formas em cada empresa. Assim, é de grande valia por parte das empresas levantarem informações e terem o conhecimento dos traços culturais dos brasileiros para realizar uma análise e também mudanças organizacionais. Abaixo alguns traços culturais da nação brasileira que se podem ser destacados: Hierarquias (necessidade de existir um líder comando e obediência). Falta de tomada de decisão como competência. Falta de planejamento nas ações, modus operandi em realização. Pessoalismo – relações baseadas no indivíduo e busca por proximidade e afeto nas relações). Não acostumados a cultura de feedbacks. “Jeitinho brasileiro” para resolução de problemas ou soluções. Assim, com o conhecimento e a análise desses traços culturais uma organização poderemos realizar uma adaptação de culturas do mundo à realidade brasileira, pois alguns modelos são inseridos sem esse cuidado. Ao analisar um dos traços considerados entre os marcantes da cultura nacional, veremos no quadro a seguir alguns elementos e competências da cultura nacional. 13 Quadro 2 – Principais formas de transmissão cultural Positivos Pontos de ação Criatividade e inovação Tende a burlar regras e normas Iniciativa para mudança Propensão a corromper ou a ser corrompido Resolução de problemas Tendência a usar poder Habilidade e persuasão e negociação Tendência à manipulação ou a ser manipulado Adaptabilidade e flexibilidade Bom relacionamento interpessoal Capacidade de improvisação Fonte: elaborado pela autora. Percebe-se que no ambiente corporativo brasileiro existe capacidade de adaptação a formas de soluções dos problemas, acabando por incentivar a criatividade dos funcionários para que consigam entregar o que lhes foi determinado; contudo, isso deixa evidente também a falta de planejamento e de disciplina. A prática de “dar um jeito” tende a ser utilizada porque se sabe que a sua não utilização implicaria perda de tempo, disfunções da burocracia, conflitos e possíveis prejuízos para a organização. É uma alternativa para fazer com que os processos aconteçam de forma mais ágeis, otimizando o processo e driblando a burocracia. Em um momento em que a flexibilidade, a agilidade e a criatividade são competências também saudáveis no mundo atual, a forma do “jeitinho” pode representar uma forma de vantagem competitiva para os profissionais brasileiros, pois possibilita uma competição em maior nível de igualdade com os países que já possuem o processo de burocratização avançado e integrado a sua Cultura. TROCANDO IDEIAS A cultura organizacional de uma empresa influencia sua ascensão ou seu declínio no mercado? Reflita e justifique a sua resposta no fórum. 14 NA PRÁTICA Assista ao filme Cultura Empresarial. A partir dele, apresente casos de empresas que trouxeram elementos da Cultura para suas ações e processos decisórios. Disponível em: . Acesso em: 26 nov. 2019. FINALIZANDO Pudemos ver nesta aula conceitos sobre cultura organizacional e sua importância no processo das formações das empresas, especialmente no Brasil. Como foi visto na nossa caminhada aqui, independentemente do tamanho das organizações, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, conhecer a importância que uma Cultura exerce no ambiente organizacional traz à luz elementos para atingir todos os níveis hierárquicos da organização. É possível então compreender que a Cultura organizacional é a base para a contribuição no desenvolvimento dos colaboradores, sendo que essa Cultura é criada por meio de um fundador da organização ou do presidente, que estabelece um conjunto de crenças, costumes e valores que são transmitidos via códigos de ética e por meio da socialização organizacional.Desses aspectos, é possível constatar que há uma relação entre a teoria e a prática, pois essas características orientam e preparam os funcionários para que a relação organizacional seja harmoniosa. Portanto, todas as organizações devem prestar atenção no momento de estabelecer, reinventar e até mudar sua cultura, porque o que parece ser um processo simples pode ocasionar a falência para muitas organizações que acabam tratando esse assunto com indiferença. Outra questão que deve ser tratada com atenção é a diversidade cultural; independentemente de a organização ser nacional ou internacional, ela deve respeitar a cultura local onde está instalada, pois só assim conseguirá atingir suas metas e obter sucesso entre os seus concorrentes. Em virtude do que foi mencionado, é imprescindível que todos se conscientizem de que a Cultura organizacional é a melhor estratégia para as organizações, pois esta, quando bem elaborada, dissemina os valores capazes de tratar com igualdade todos os funcionários e clientes, com isso, conseguindo se destacar no mercado e possuindo o elemento essencial para ser competitivo. 15 REFERÊNCIAS MOURA, C. O advento dos conceitos de cultura e civilização: sua importância para a consolidação da autoimagem do sujeito moderno. Filosofia Unisinos, v. 10, n. 2, p. 157-173, maio/ago. 2009. O'REILLY III, C. A.; CHATMAN, J. Cultura as Social Control: Corporations, Cults, and Commitment. In: STAW, B. M.; CUMMINGS, L. L. (Ed.). Research in Organizational Behavior, v. 18, p. 157-200, 1996. ROBBINS, S. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SCHEIN, E. Organizacional culture and leadership. São Francisco: JosseyBass, 1985. SOUZA, C. P. da S. Cultura e clima organizacional: compreendendo a essência das organizações. Curitiba: InterSaberes, 2014.