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RAio X - Análise eXpositivA
 1. O trecho da obra destacado aborda, a partir da óptica de Agostinho, o questionamento da ideia do 
caráter eterno de Deus a partir da reflexão sobre o ato da Criação. Trata-se, portanto, de uma com-
preensão humana sobre o dogma da eternidade divina. Como se infere a partir do trecho ”estão 
ainda cheios de velhice espiritual” em que Agostinho se refere àqueles que questionam o dogma 
cristão, o pensador apresenta uma crítica à interpretação das ações divinas a partir do intelecto 
humano. O aluno deve perceber, partindo dessas considerações, que a postura de Agostinho e a 
dos homens que ele critica reflete um conflito acerca da abrangência do intelecto humano para 
compreender questões divinas, como a eternidade.
 2. Como diz Kant em Resposta à pergunta: “O que é Iluminismo?” (1784), a palavra de ordem deste 
movimento de renovação cultural é “Sapere aude!”, isto quer dizer basicamente que os homens 
deveriam deixar sua menoridade, da qual são culpados, e direcionarem seu entendimento a partir 
de suas próprias forças, sem a guia de outro.
Esta posição perante o mundo possibilitou um movimento em busca da liberdade e de um ideal 
de independência política, econômica e intelectual. Desta busca nasce, entre muitos outros mo-
vimentos, a Independência americana, a Independência haitiana e a Revolução francesa (esta 
última influenciada pelo pensamento do filósofo Jean-Jacques Rousseau). E sendo uma posição 
opositora dos regimes absolutistas, o Iluminismo almeja a libertação da riqueza e de tudo mais dos 
mistérios divinos tão presentes no pensamento medieval e influentes neste tipo de Estado abso-
luto. Tudo passa a ser problema resolvível se o entendimento do homem se empenhar de maneira 
metodológica. Nada é misterioso. Desta confiança na razão nasce uma reflexão sobre a riqueza e 
sua administração – Adam Smith, A riqueza das nações (1776), por exemplo. Neste contexto Mon-
tesquieu também é importante, na sua obra O Espírito das Leis temos um tratado sobre as relações 
do poder administrativo e uma teorização sobre a tripartição deste poder (executivo, legislativo e 
judiciário) de modo a serem separados, porém interdependentes.
 3. A liberdade não pode ser definida como a permissão de fazer tudo, mas sim apenas aquilo que 
se instituiu permitido através da Lei formulada por um legislador capaz. Ora, se todos pudessem 
fazer tudo que desejassem, pensa Montesquieu, então não haveria liberdade, pois todos abusariam 
constantemente dessa permissão de fazer tudo.
“A liberdade política, num cidadão, é esta tranquilidade de espírito que provém da opinião que 
cada um possui de sua segurança; e, para que se tenha esta liberdade, cumpre que o governo seja 
de tal modo, que um cidadão não possa temer outro cidadão”. 
(B. Montesquieu. Do espírito das Leis. In Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 169).
De modo que devemos considerar necessário um equilíbrio do poder para que não ocorra algum 
abuso dele, e a disposição das instituições deve se dar de tal maneira que os poderes se balanceiem. 
São livres, apenas os estados moderados, pois neles os poderes Legislativo, Executivo, Judiciário se 
contrapõem garantindo a integridade e autonomia de cada um, e a liberdade de todos os cidadãos. 
 4. Em geral, a ciência estabelece um método de pesquisa racional que busca a construção coletiva de 
conhecimentos refletidos e seguros sobre a variedade da natureza, e, também, de conhecimentos 
esclarecedores sobre os fenômenos que nos parecem familiares. Sendo assim, a ciência possui uma 
base racional fundante a qual todo homem pode ter acesso e, desse modo, todos podem participar. 
Ela possui, além disso, como objeto de pesquisa a perplexidade do homem perante a variância de 
alguns fenômenos naturais e a permanência de outros, e como objetivo da pesquisa harmonizar 
estas diferenças em equilíbrios dinâmicos através de conceitos e sistemas de conceitos justificados 
da melhor maneira possível, isto é, pela construção de experimentos controlados e avaliações im-
parciais.
GAbARito
1. D 2. A 3. D 4. C