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Professor Wagner Damazio 1000 Questões Gratuitas de Direito Administrativo (Resolvidas e Comentadas) 1000 Questões Gratuitas de Direito Administrativo www.estrategiaconcursos.com.br 475 1436 Vamos comentar as quatro assertivas propostas pela banca: I. ERRADA. Conforme informa a Lei 8.112/90, há independência entre as apurações em curso nas esferas administrativa, cível e criminal. Veja o art. 125 da lei: “Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si.” Com esse raciocínio, os processos correm cada um a seu tempo e com os ritos característicos de cada esfera processual. Contudo, há que se atentar para a esfera criminal. Não obstante exista a independência entre as esferas, algumas decisões tomadas pelo juízo criminal podem repercutir nos processos administrativo e cível. Veja, por exemplo, o art. 92 do Código Penal: “Art. 92 - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.” Portanto, a condenação no juízo criminal pode ter como consequência a perda do cargo público, independentemente da decisão do processo administrativo. Além disso, é fundamental conhecer o art. 126 da Lei nº 8.112/90. Quando na esfera criminal ficar caracterizada a inexistência do fato até então considerado ilícito e a negativa da autoria do delito, ficará afastada a responsabilização administrativa: “Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria.” Nota-se que as esferas são independentes, mas em alguns casos a decisão do juízo criminal traz repercussões no processo administrativo. II. CORRETA. O STF tem jurisprudência firme quanto ao preenchimento irregular de cargos e funções públicas, afirmando que se trata de atos nulos e de nenhum efeito. Porém, faz ressalva com relação às remunerações percebidas pelos agentes públicos de boa-fé no período que desempenharam as funções públicas. Quanto aos agentes públicos temporários, o STF possui o Tema 916 de Repercussão Geral, cujo teor foi praticamente reproduzido pela banca. Veja o enunciado desse tema: “A contratação por tempo determinado para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público realizada em desconformidade com os preceitos do art. 37, IX, da Constituição Federal não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos em relação aos servidores contratados, com exceção do direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e, nos termos do art. 19-A da Lei 8.036/1990, ao levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS.”