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WBA0922_v1.0
Neuropsicologia do adulto 
e idoso
Epilepsias: conceito, 
classificação e implicações
Contextualização histórica, conceito e áreas 
cerebrais acometidas
Bloco 1
Melina Paula Sales 
Epilepsia
Figura 1 – Dia Mundial da 
Conscientização sobre Epilepsia
Fonte: Andrii Kalenskyi/iStock.com.
Epilepsia – Contextualização histórica
Figura 2 – Linha do tempo da evolução conceitual da epilepsia
Fonte: adaptada de Moreira (2004).
De acordo com o estudo realizado por Costa, Brandão e Marinho 
Segundo (2020), no Brasil anualmente são diagnosticados 340 mil novos 
casos de epilepsia, o que representa 1,8 milhão de pacientes com 
epilepsia.
Espiritual Doença mental Condição neurológica
Epilepsia – Conceito
A epilepsia é uma condição neurológica em que 
ocorrem descargas elétricas de maneira desordenada, 
causando diferentes sintomas, de acordo com a 
tipologia e classificação. 
No lobo frontal, as regiões córtex motor, córtex motor suplementar e córtex 
pré-frontal são diretamente afetadas, e os sintomas se apresentam de forma 
distinta, de acordo com cada região.
Epilepsia – Conceito
Fonte: mrhighsky/iStock.com.
Figura 3 – Regiões do lobo frontal
Epilepsia – Conceito
• Em adultos, a epilepsia mais identificada é a de lobo
temporal, e, apesar de se originar devido a inúmeros 
fatores, a esclerose mesial temporal (EMT) é a causa mais 
comum da provocação da epilepsia nessa faixa etária.
• As disfunções executivas são consequências observadas 
na epilepsia, e tanto essa disfunção quanto todas as 
funções cognitivas prejudicadas são devidamente 
avaliadas por meio de uma bateria de testes que 
compõem a avaliação neuropsicológica.
Epilepsia – Áreas cerebrais acometidas
Figura 5 – Área cerebral acometida
Fonte: Nataly-Nete/iStock.com.
Figura 4 – Anatomia do cérebro – Lobo 
frontal, temporal, parietal e occiptal
Fonte: Fuentes et al. (2013, p. 28).
Epilepsias: conceito, 
classificação e implicações
Classificação e diagnóstico
Bloco 2
Melina Paula Sales
Epilepsia – Classificação
• Feita por meio da descrição e da observação
de sinais e sintomas.
• Reconhecimento de uma sequência de 
sintomas característicos e outras observações 
clínicas.
• Informações de EEG, de imagem e de estudos 
laboratoriais são necessárias.
Epilepsia – Classificação
Figura 6 – Classificação dos tipos de crise de epilepsia –
Esquema simplificado 
Fonte: adaptada de Fisher et al. (2017).
1. Início focal 
Perceptivas
AWARE 
Disperceptivas
IMPAIRED
AWARENESS
Início motor
Início não motor
Focal evoluindo 
para 
tônico-clônica 
bilateral
2. Início 
generalizado
Motoras
Tônico-clônicas
Outras motoras
Não motoras 
(ausências)
3. Início 
desconhecido
Motoras
Tônico-clônicas
Outras motoras
Não motoras 
Parada 
comportamental
4. Não 
classificadas
Epilepsia – Classificação
• Iniciadas em redes neurais limitadas a um 
hemisfério, podendo ser localizadas ou mais 
difusamente distribuídas.
•Origem também em estruturas subcorticais.
Focal
• Iniciadas em algum local de uma rede neuronal com 
rápido envolvimento de redes distribuídas 
bilateralmente.
Generalizada
•Não se refere à característica da crise.
•Crise com características motoras (ex.: tônico-
clônica) ou não motoras (ex.: parada 
comportamental).
Desconhecida
Figura 7 – Classificação
Fonte: elaborada pela autora.
Epilepsia – Classificação
Crises Focais – Subdivisão
Crises focais perceptivas 
Consciência permanece intacta. Percepção refere-se 
à consciência durante a crise, e não ao fato de o
paciente ter ou não percebido a ocorrência da crise. 
Crises com comprometimento da percepção
Quando a percepção do evento está comprometida 
em qualquer parte da crise.
Epilepsia – Classificação
Crises Generalizadas – Subdivisão
Motoras
Tônico-clônicas, clônicas, tônicas, mioclônicas, 
mioclono-tônico-clônicas, mioclono-atônicas, 
atônicas e espasmos epilépticos.
Não Motoras
Ausências típicas, ausências atípicas, 
ausências mioclônicas ou ausência com 
mioclonias palpebrais.
Epilepsia – Classificação
Crises Desconhecidas - Subdivisão
Motoras
Incluindo tônico-clônicas.
Não-motoras 
Não classificadas
Incluindo as crises com padrão que não se encaixam 
nas outras categorias, como crises com informações 
insuficientes para categorização.
Epilepsia – Classificação
Início
Decida se a crise tem início focal ou 
generalizado utilizando um intervalo de 
confiança de 80%. Caso contrário, o início é 
desconhecido.
Percepção
Para crises focais, decida entre classificar a 
crise de acordo com o grau de alteração da 
percepção ou omita esse item da classificação.
Alteração da percepção em 
qualquer momento durante a 
crise
Uma crise focal é uma crise focal com 
alteração da percepção caso a percepção 
esteja alterada em qualquer momento 
durante a crise.
Início como determinante
Classifique a crise focal de acordo com o 
primeiro sinal e sintoma proeminente. Não 
considere a parada comportamental
transitória.
Quadro 1 – Regras para classificação das crises 
Fonte: adaptado de Fisher et al. (2017).
Epilepsia – Classificação
Parada comportamental
Uma crise focal com parada comportamental 
deverá assim ser classificada quando a parada 
comportamental é a característica
mais proeminente dela.
Motor/não motor
As crises focais com ou sem alteração da 
percepção podem ser adicionalmente 
subclassificadas de acordo com as
características motoras e não motoras.
Termos opcionais
Termos como motoras e não motoras podem 
ser omitidos quando o tipo de crise é evidente 
(ex.: crise focal clônica). 
Descritores adicionais
Após classificar as crises de acordo com as
manifestações iniciais, deve-se encorajar a 
adição de descritores de outros sinais e 
sintomas, quer sejam os descritores sugeridos 
ou um texto livre.
Quadro 1 – Regras para classificação das crises (cont.) 
Fonte: adaptado de Fisher et al. (2017).
Epilepsia – Classificação
Bilateral versus generalizado
Utilize o termo “bilateral” para crises tônico-
clônicas que se propagam para ambos os 
hemisférios, e “generalizadas” para
crises que aparentemente originam-se 
simultaneamente em ambos os
hemisférios.
Ausência atípica
A ausência é atípica se tem um início e um fim 
graduais, mudanças marcadas no tônus ou EEG 
com descargas de ponta-onda lenta,
com frequência inferior a 3 por segundo.
Clônico versus mioclônico
Clônico refere-se a abalos rítmicos 
sustentados, e mioclônico a abalos irregulares, 
não sustentados.
Mioclonia palpebral
Ausência com mioclonias palpebrais refere-se 
a abalos das pálpebras com desvio dos olhos 
para cima durante uma crise de ausência.
Quadro 1 – Regras para classificação das crises (cont.) 
Fonte: adaptado de Fisher et al. (2017).
Epilepsias: conceito, 
classificação e implicações 
Avaliação Neuropsicológica 
Bloco 3
Melina Paula Sales
Epilepsia – Avaliação Neuropsicológica
• Enquanto finalidade, a avaliação 
neuropsicológica busca investigar, mensurar e 
relatar o desempenho cognitivo por meio de 
uma bateria de testes, selecionados e analisados 
de acordo com a demanda apresentada.
• Lezak, Howieson e Loring (2004) enfatiza que a 
avaliação neuropsicológica é um método capaz 
de examinar o encéfalo, sendo uma metodologia 
intensiva de investigação do comportamento por 
meio de entrevistas, testes e questionários.
Epilepsia – Avaliação Neuropsicológica
• No que tange à epilepsia, a avaliação 
neuropsicológica ganhou destaque, uma vez que 
as cirurgias realizadas nos pacientes com a 
patologia requerem criteriosa avaliação de uma 
equipe multidisciplinar. 
• A avaliação neuropsicológica é um exame que tem 
como objetivo mensurar e descrever o perfil de 
desempenho cognitivo, avaliando suspeitas de 
alterações cognitivas que podem ser decorrentes 
de desordens neurológicas e de outros 
transtornos.
Epilepsia – Avaliação Neuropsicológica
Figura 8 – Diagrama dos objetivos da Avaliação Neuropsicológica
Avaliação
Neuropsicológica
Determinação 
do nível de 
funcionamentoSugestão da 
localização e 
lateralização 
da disfunção
Possível 
indicação de 
prognósticos 
de controle de 
crises após a 
cirurgia
Prognóstico 
em relação à 
memória
Fonte: adaptada de Mader (2001).
Epilepsia – Avaliação Neuropsicológica
• Os neuropsicólogos que trabalham com avaliações em 
cirurgia de epilepsia priorizam a seleção de 
determinados testes.
• Os testes que fornecem indicadores como 
lateralização das funções das memórias verbal e visual 
e métodos que consigam diferenciar as funções 
executivas associadas às disfunções frontais são 
usualmente os selecionados.
• Os testes psicológicos são uma excelente ferramenta 
de mapeamento e avaliação. Existem inúmeros tipos, 
direcionados à avaliação das funções cognitivas e que 
são utilizados pelos profissionais da neuropsicologia. 
Epilepsia – Avaliação Neuropsicológica
• O teste psicométrico Escalas Wechsler de Inteligência, 
sendo o WISC aplicados em público infantil e o WAIS 
em público adulto, é comumente utilizado nas 
avaliações neuropsicológicas. 
• O teste WAIS III é composto por escalas que formam 
um instrumento clínico capaz de mensurar as 
capacidades do paciente. Os subtestes do WAISS 
englobam raciocínio abstrato, aptidões perceptivas e 
verbais, e velocidade de processamento de 
informações, indicando as forças e as fraquezas do 
funcionamento intelectual.
Epilepsia – Tratamento
• Os medicamentos antiepilépticos têm se mostrado 
eficazes na redução da constância das crises 
epilépticas, estando os medicamentos fenobarbital, 
fenitoína, carbamazepina, valproato e 
benzodiazepínicos entre os mais utilizados.
• Existem tratamentos alternativos não invasivos, 
como a estimulação do nervo vago, em que o 
paciente recebe um gerador que é alocado no pulso 
de maneira subcutânea e programado por 
computador. Os pacientes que fazem uso dessa 
tratativa apresentam diminuição na ocorrência de 
crises e aumento da atividade cognitiva. 
Epilepsia – Tratamento
• A epilepsia pode afetar o bem-estar 
biopsicossocial, sendo indicado que o paciente e 
seus familiares procurem ajuda profissional para 
adquirirem recursos de enfrentamento diante 
desse quadro.
• Os grupos de psicoeducação em epilepsia se 
configuram como uma alternativa eficaz na 
disseminação de conteúdo científico e contribuem 
para a desmistificação do tema, preparando a 
sociedade para se comportar de maneira mais ética 
e inclusiva. 
Epilepsia – Tratamento
O trabalho em grupo é um espaço em que o paciente tem a liberdade 
de expor angústias, preocupações e demais desconfortos relacionados 
ao diagnóstico. Essa ferramenta possibilita a troca de experiências por 
meio da interação entre pacientes e profissionais. 
Figura 9 – Trabalho em grupo
Fonte: banco de imagens do Office. 
Teoria em Prática
Bloco 4
Melina Paula Sales
Reflita sobre a seguinte situação
Quando um psicólogo inicia seu trabalho em qualquer 
instituição, é necessário que siga uma sequência de ações para 
que consiga atingir o objetivo de implementar um plano de 
ação/atendimento. Reflita e descreva sobre esses primeiros 
passos a serem efetuados quando o profissional é contratado 
e lhe é apresentada determinada demanda. 
Nesse desafio, foi apresentada a demanda de atendimento a 
um público de pacientes que estão em sofrimento psíquico por 
apresentarem o diagnóstico de epilepsia. É importante destacar 
que trata-se de um centro de atendimento público de saúde, 
com grande fila de espera para atendimento. Diante desse 
cenário, desenhe um plano de ação para atendimento dessa 
população, pensando nos impactos psicossociais causados 
pelo diagnóstico de epilepsia estudados nesta disciplina.
Norte para a resolução...
• Os centros públicos de saúde são unidades de 
atendimento que comportam uma grande quantidade de 
pessoas que estão em sofrimento psíquico e que 
precisam iniciar o atendimento com profissionais da 
saúde o quanto antes.
• Sabemos que, para se propor um plano de tratamento ou 
intervenção em determinado grupo de pessoas, é 
necessário realizar a investigação e a caracterização inicial 
do público e da instituição.
Norte para a resolução...
Considerando esse contexto, quais intervenções se mostram 
eficazes para fornecer atendimento a um grande número 
populacional?
• É importante lembrar que a Psicologia conta com diretrizes e 
inúmeras técnicas para serem aplicadas em centros de saúde, 
ONGs e comunidades.
• Dica: considere as técnicas de atendimento grupal, a 
psicoeducação etc.
Norte para a resolução...
Resposta
Passo a passo
1. Caracterização da instituição por meio de reuniões com a 
gestão.
2. Identificação do perfil do público atendido por meio da 
investigação dos prontuários e de reuniões com a equipe 
multiprofissional.
3. Aplicação de técnicas de atendimento grupal: grupo operativo, 
grupo terapêutico, oficinas, palestras, campanhas etc.
4. É importante que o aluno descreva as principais queixas 
psicológicas dos pacientes que sofrem de epilepsia.
Dica do(a) Professor(a)
Bloco 5
Melina Paula Sales
Indicações de site 
Você sabia que nós também temos uma Liga de Epilepsia?
No site da Liga Brasileira de Epilepsia, você encontrará 
informações atualizadas, eventos, cursos e diversas publicações 
de diferentes áreas da saúde.
Fonte: banco de imagens do Office. 
Figura 10 – Acesse o site
Referências
BITTENCOURT, P. C. T. Reconhecendo as crises de epilepsia. Florianópolis, 2001. Disponível 
em: http://www.neurologia.ufsc.br/artigos-cientificos/reconhecendo-crises-de-epilepsia/. 
Acesso em: 4 fev. 2022.
BUENO, O. F. A. Neuropsicologia Hoje. Porto Alegre: Artmed, 2015.
COSTA, L. L. O.; BRANDÃO, E. C.; MARINHO SEGUNDO, L. M. B. Atualização em epilepsia: 
revisão de literatura. Revista de Medicina, [s.l.], v. 99, n. 2, p. 170-181, 2020. 
FISHER, R. S. et al. Manual de instrução da ILAE 1017 para a Classificação Operacional dos 
Tipos de Crises Epilépticas. 2017. Disponível em: 
https://neurologiahu.paginas.ufsc.br/files/2012/08/Manual-de-instruc%CC%A7a%CC%83o-
para-a-Classificac%CC%A7a%CC%83o-das-Crises-da-ILAE-2017.pdf. Acesso em: 4 fev. 2022.
FUENTES, D. et al. Avaliação neuropsicológica aplicada às epilepsias. In: FUENTES, D. et al. 
Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
LEZAK, M. D., HOWIESON, D. B.; LORING, D. W. Neuropsychological assessment. 4. ed. New 
York: Oxford University Press, 2004. 
MADER, M. J. Avaliação neuropsicológica nas epilepsias: importância para o conhecimento 
do cérebro. Psicologia: Ciência e Profissão, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 54-67, 2001.
MOREIRA, S. R. G. Epilepsia: concepção histórica, aspectos conceituais, diagnóstico e 
tratamento. Mental, Barbacena, v. 2, n. 3, p. 107-122, nov. 2004. 
Bons estudos!

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