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1 GESTÃO DE RECURSOS FINANCEIROS AULA 5 Prof.a Diana Cristina de Abreu 2 CONVERSA INICIAL Entre as tarefas da gestão escolar, está o gerenciamento do espaço físico e o patrimonial da instituição escolar. Como vimos anteriormente, essa gestão financeira deve ocorrer de acordo com os princípios da gestão democrática, portanto, devem estar envolvidos todos os sujeitos que compõem a gestão escolar. Membros dos Conselhos Escolares, as Associações de Pais, Professores e Funcionários devem estar atentos aos recursos que chegam à escola, como ele será gasto, mas também preocupar-se com a preservação e o cuidado do patrimônio material e imaterial, ou seja, os aspectos físicos e simbólicos que integram uma determinada instituição escolar a uma comunidade específica. Nesse sentido, vamos tecer algumas considerações acerca da gestão do patrimônio da escola. CONTEXTUALIZANDO Os trabalhadores que estão nos espaços das instituições escolares não são especialistas em arquitetura, engenharia, nem experts em gestão do patrimônio público, entretanto, em suas atividades cotidianas, vivenciam ou já vivenciaram diferentes dificuldades, como entraves relacionados a problemas na ventilação ou na iluminação, ou, ainda, a falta de um determinado equipamento e/ou material para uma aula. Também há aqueles casos em que materiais caros são apenas empilhados em determinado local, esquecidos, não sendo usados por falta de comunicação. Situações assim demonstram má gestão, ou secundarização da gestão patrimonial, e esdas questões precisam ser cuidadas e debatidas no cotidiano escolar. TEMA 1: PATRIMÔNIO PÚBLICO E PRIVADO E A GESTÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS O conceito de patrimônio público, em geral, é entendido como algo de domínio público e, portanto, de todos e todas. Isso não significa que podemos utilizá-los para fins privados. Ao contrário, por ter uma natureza pública, deve ser cuidado e controlado por todos os envolvidos, pressupondo sua preservação. Assim, deve ser o trato com a coisa pública no ambiente escolar. Conforme sugere Freitas (2009, p. 24): 3 O patrimônio público [...] é de domínio público, isto é, de todos, não pertencendo a um único indivíduo ou a um determinado grupo. São essas características que também conferem às instituições públicas, bem como a toda sociedade, o dever de preservar, conservar, manter os bens que o compõem. A preservação do patrimônio público é, portanto, dever de todos. No caso da escola, é uma incumbência da gestão escolar cuidar do patrimônio que está vinculado a ela. Ao gestor cabe, em primeira instância, adotar as medidas necessárias à sua preservação e conservação. Em geral, são designados funcionários que vão acompanhar e organizar a gestão do patrimônio da instituição escolar no cotidiano. Na ausência desse funcionário, o gestor da instituição escolar assume mais essa tarefa, a qual não é menor, ela está relacionada à gestão dos recursos financeiros e à gestão pedagógica da educação. Em geral, temos um sério problema na gestão da coisa pública. Sobre isso, temos dois aspectos importantes para ser problematizado: o público não considera seu, o que é público; não se consideram parte de um público. Para Rezende (2009,) isso nos permite considerar duas origens de ameaça ao patrimônio: uma interna, representada pela própria comunidade escolar; e outra externa, representada por pessoas ou instituições que estão fora da escola. Tais origens sugerem que a gestão do patrimônio seja feita por meio de estratégias que considerem os públicos interno e externo da escola. Freitas (2009) considera como no cotidiano das instituições públicas atitudes de não cuidado e preservação patrimonial assumem dimensão corriqueira e naturalizada, citando exemplos simples, como usar uma folha inteira de sulfite para anotar um número de telefone, ou varrer o pátio usando a mangueira jorrando litros e litros de água. Toda ação que ocorre no espaço físico da escola tende a ser pedagógica, portanto, o todo deve ser pensando para que possam ser encontradas soluções de preservação e pertencimento ao patrimônio da escola. Ações positivas colaboram para o processo formativo do cidadão. Segundo Freitas (2009, p. 25), 4 [...] o simples ato de apagar as luzes de um ambiente onde não há ninguém, fechar uma torneira que está pingando, não jogar lixo no chão; a distribuição e o uso racional dos materiais de limpeza, higiene e expediente, bem como da água e da eletricidade são atitudes cidadãs que exercem influência positiva sobre o outro, educando-o. O espaço físico de uma instituição escolar deverá ser um ambiente educador. Nesse sentido, há muita importância social em uma instituição assim, ao ser reconhecida e identificada por desenvolver em seus educandos uma atitude de preservação do patrimônio escolar. Rezende (2009, p. 21) sugere que a instituição escolar “está inserida em uma comunidade, com a qual se identifica e interage”. Nessa interação, estão envolvidos o “público interno e externo torna imperativa a necessidade de articulação entre as estratégias de gestão do patrimônio escolar que envolvam esses dois públicos”. Para combater as práticas do público não considera seu, o que é público, e daqueles que não se consideram parte de um público, é fundamental esta articulação. A participação de integrantes da comunidade local na vida da escola pública se dá, em primeiro lugar, no que é essencial ou específico da função social escolar: a oferta de ensino a crianças, jovens e adultos. No entanto, por se tratar de uma escola pública, que com frequência constitui verdadeiro polo de integração comunitária, o uso social de seu patrimônio não se limita às atividades escolares propriamente ditas, como se pode verificar pelas demandas comunitárias por quadras de esportes, auditórios, bibliotecas, laboratórios de informática e, às vezes, até cozinhas. (Rezende, 2009). TEMA 2: PATRIMÔNIO PÚBLICO – MATERIAL E IMATERIAL É importante compreendermos que existe nacionalmente definições para o patrimônio público e sua caracterização. A Lei 4.717, de 29 de junho de 1965, no artigo primeiro, parágrafo primeiro, apresenta a seguinte definição: “Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico”. 5 Nesse sentido, o fato de pertencer a um ente público vinculando-se a União, estados e/ou Municípios, ou ainda suas fundações, autarquias e empresas públicas caracteriza algo como patrimônio público. Para Freitas (2009), “Contudo, ao aprofundarmos a discussão acerca do conceito de ‘público’, veremos que este termo também se aplica aquilo que é relativo ou pertencente à uma coletividade, que pertence a todos”. Portanto, em uma acepção mais ampla, patrimônio público pode ser compreendido como o conjunto de bens e direitos que pertence a todos e não a um determinado indivíduo ou entidade. De acordo com essa visão, o patrimônio público é um direito difuso, indivisível, do qual são titulares pessoas indeterminadas e ligadas umas às outras pelo fato de serem cidadãos, serem o povo para o qual o estado e a administração existem. Nesse sentido, o patrimônio público não tem um titular individualizado ou individualizável: é de todos, e de toda a sociedade. (FREITAS, 2009, p. 27). Ainda do ponto de vista legal, a Constituição Federal define o seguinte: Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver;III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação. § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem. A legislação define, portanto, a existência do patrimônio material e do imaterial. Ou seja, o patrimônio material se constitui de bens e imóveis (terreno e prédio) e de bens móveis (mobiliário, equipamentos etc.), mas o conceito também está articulado ao patrimônio imaterial, aquilo que constitui a identidade da escola, historicamente construída em sua relação com a comunidade, a partir do seu projeto pedagógico e de sua evolução ao longo tempo (Rezende, 2009). 6 Além dessa classificação de patrimônio como sendo material e imaterial, é importante caracterizarmos o que vem a ser um “Bem Público” – definição que está presente no Código Civil: Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Freitas (2009, p. 30) ainda acrescenta que os bens públicos, presentes em uma instituição escolar, podem ser classificados como: Bens imóveis – são os prédios e edificações pertencentes aos entes públicos, destinados a sediar suas atividades. Materiais ou bens de consumo – são os produtos que podem ser armazenados ou que serão consumidos imediatamente após sua chegada. Nesse grupo estão incluídos materiais de expediente (papéis, canetas esferográficas, giz para o quadro, grampos, envelopes), artigos de higiene pessoal e de limpeza e conservação, entre outros. Materiais o bens permanentes – são o mobiliário, os equipamentos, os eletroeletrônicos, os utensílios de cozinha, os aparelhos e equipamentos para a prática de esportes, veículos e semelhantes. Materiais de distribuição gratuita – são materiais como os livros didáticos, os medicamentos, os óculos, as medalhas, os troféus, entre outros. TEMA 3: O PATRIMÔNIO ESCOLAR E SUA RELAÇÃO COM A COMUNIDADE Vimos que a escola está inserida em uma comunidade, com a qual se identifica e interage, e que a constante interação com o público interno e o externo torna imperativa a necessidade de articulação entre as estratégias de gestão do patrimônio escolar que envolvam esses dois públicos. (Rezende, 2009). Uma importante possibilidade de interação entre a escola e a comunidade, objetivando a preservação do patrimônio é a abertura de espaços e equipamentos escolares para toda a comunidade. E essa não é uma tarefa fácil. Mas existem muitas experiências nesse sentido. Um passo inicial é compreender o entorno da instituição escolar como um entorno abundante de vivências para crianças e jovens. E para cada um dos sujeitos, dependendo de 7 sua posição social, a cidade, o bairro a rua, podem se apresentar das maneiras mais variadas. Cada um desses pontos de vista demanda estratégias e conhecimentos diferentes: encontrar o caminho mais rápido é um saber valioso para quem vê a cidade como um lugar de passagem, assim como saber por onde e como se locomover com segurança é valioso para quem a vê como um lugar perigoso. (Leite, 2015). Na prática, ao se encontrarem, escola e comunidade interagem e trocam saberes, propiciando a construção de uma comunidade de aprendizagem, na qual podem ser utilizados pela comunidade escolar tanto o espaço patrimonial da escola quanto os espaços da própria comunidade (espaços privados) e espaços públicos no entorno da escola (praças, ruas, bosques, parques etc.), transformando-os, assim, em espaços educativos. Nesse sentido, poderíamos falar de um princípio educativo do uso social da escola, esse uso social efetiva-se na vontade da comunidade de participar da vida escolar, sentir-se um público que participa de algo que é e deve ser público – logo, que é seu (Rezende, 2009). Conforme sugere Pádua (2014), para que os objetivos de ensino- aprendizagem sejam atingidos, o gestor do patrimônio deve incluir no planejamento pedagógico a verificação das necessidades escolares (de ordem pessoal, material e de equipamentos...). Acrescentamos aqui que, para uma boa integração com a comunidade, é necessário colocar a instituição escolar como um “braço” efetivo do Estado (poder público) naquela comunidade. Nesse sentido, quando se elabora um projeto político pedagógico, as instituições escolares devem preocupar-se com o entorno, elaborar um profundo diagnóstico das condições da comunidade, levantar dados efetivos sobre o perfil socioeconômico e condições de escolarização da comunidade. Assim, não se trata de eliminar os conflitos do cotidiano escolar, e sim fazermos os enfrentamentos que forem necessários, para fazermos da escola uma espaço mais democrático. Nesse sentido, conforme Saviani (1995, p. 21), destacamos que “o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. 8 O contexto educacional é constituído por sujeitos, sujeitos esses que se encontram e foram construídos a partir de uma dada realidade social. Partindo deste pressuposto, pode-se pensar que os fenômenos educacionais, entre eles: a relação professor/aluno, a seleção de conteúdos, a metodologia adotada, a forma de avaliação utilizada, o fracasso escolar e outros, não têm sua origem unicamente na sala de aula nem em processos cognitivos individuais. Ao contrário, eles extrapolam a sala de aula e os muros da escola. (Cordeiro; Donaduzzi, 2010) De acordo com o art. 12. da Lei 9.394/96, os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica. Nesse sentido, as escolas, seguindo a LDB, devem refletir sobre o ato intencional de educar em um Projeto Político Pedagógico, o qual deve articular as dimensões financeira, administrativa e patrimonial da instituição escolar. TEMA 4: UTILIZAÇÃO, MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ESCOLAR A utilização, a manutenção e a conservação do patrimônio escolar constituem importantes diferenciais da gestão escolar, não sendo, portanto, apenas elementos burocráticos do cotidiano escolar. Ao contrário, têm intrínseca relação com a natureza pedagógica de qualquer instituição de ensino. Se o professor necessita de um equipamento para uma aula de laboratório na disciplina de Ciências, e a escola não possui o equipamento, isso compromete a qualidade daquela aula. Portanto, quando chega um recurso que pode ser gasto com esse tipo de material, a escola deve preocupar-se com isso, garantindo a articulação entre os recursos financeiros e o atendimento de necessidades pedagógicas existentes. Por isso, a compra dos materiais deve ser decidida pela coletividade, visando atender às prioridades do espaço educativo. Outro fenômeno que observamos é que em uma mesma rede de ensino há escolas construídas na mesma época e com os mesmos padrões arquitetônicos, porémapresentam diferentes condições de uso, manutenção e conservação. 9 Nesse caso, obviamente, devemos chamar a atenção para a forma como as gestões da instituição escolar cumprem e zelam por suas funções no cuidado com o patrimônio. A diferença entre a gestão do patrimônio em uma e outra escola decorre de vários fatores, como a sua localização, a participação da comunidade e, sobretudo, a forma como sua equipe gestora planeja e organiza o trabalho escolar. O planejamento e a organização exigem da equipe gestora de uma escola o domínio da arte de conciliar o tempo e os recursos humanos e materiais no espaço escolar. Essa arte, por sua vez, pressupõe conhecimentos, algumas vezes técnicos e não raramente de outras áreas, como engenharia e arquitetura, e saberes da prática diária. (Rezende, 2009). Infraestrutura, equipamentos e mobiliário escolar O patrimônio não é constituído apenas por bens de capital – como mobiliário, equipamentos, instalações e pequenos objetos duráveis –, mas também de outros materiais perecíveis que não podem ser fontes de desperdício e evasão de recursos financeiros, motivados pela formação de grandes estoques e suas consequências, como produtos vencidos e desatualizados, entre outros. Rezende (2009) sugere que “Podemos afirmar que, antes de qualquer gasto, temos de fazer um bom planejamento das atividades, identificando assim as necessidades em termos de dimensões – tamanho, número –, durabilidade, transporte, montagem e segurança dos recursos materiais da escola”. 64 Assim, há um conjunto de possibilidades de uso dos recursos financeiros na ampliação, na manutenção e na conservação do patrimônio da instituição escolar: 10 Equipamentos e material permanente Considerando os recursos que chegam à escola, por meio da sua Unidade Executora (APPFs), via FNDE, ou seja, o Programa Dinheiro Direto na escola (PDDE), os recursos desse programa destinam-se à cobertura de despesas de custeio, manutenção e pequenos investimentos, de forma a contribuir, supletivamente, para a melhoria física e pedagógica dos estabelecimentos de ensino beneficiários, devendo ser empregados nas seguintes situações: aquisição de material permanente, quando receberem recursos de capital; manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade escolar; aquisição de material de consumo necessário ao funcionamento da escola. O próprio Manual de Orientações Básicas do PDDE, disponível no site do FNDE, estabelece a diferenciação entre o que pode ou não ser comprado com as verbas, e assim ocorre também com os outros recursos descentralizados que chegam às escolas. Entretanto, é importante destacarmos que os recursos de custeio são aqueles destinados à aquisição de bens e materiais de consumo e à contratação de serviço para a realização de atividades de manutenção, necessárias para o funcionamento da escola. Alguns exemplos são: compra de papel, cartolina, material de limpeza, giz, tinta de parede, material para manutenção e reparo das instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias (fios, tomadas, interruptores, canos, conexões etc.) e, também, a contratação de serviços para a realização de pintura do prédio, reparos nas instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias, bem como reparo de equipamentos, desde que não sejam contratados servidores que tenham vínculo com a administração pública de qualquer esfera de governo. Já os recursos de capital são aqueles destinados a cobrir despesas com a aquisição de equipamentos e material permanente para as escolas, que resultem em reposição ou elevação patrimonial (Manual de Orientações Básicas do PDDE/2003). Exemplo: aquisição de bebedouro, fogão, armário, 11 ventilador, equipamento de informática, retroprojetor, projetor de slides, geladeira, mimeógrafo etc. Na gestão dos recursos financeiros, membros das APPFS, Conselhos Escolares e gestores de escola devem saber essa diferenciação para evitar constrangimentos e dificuldades na utilização dos recursos financeiros disponíveis. TEMA 5: MATERIAL DE CONSUMO, MATERIAL DE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA E PREMIAÇÕES Há confusões entre o que é material de consumo, material permanente, material de distribuição gratuita e premiações, e essas confusões aparecem na hora de realizar a prestação de contas. Nesse sentido, o gestor escolar deve estar atento a essas especificações para que não faça classificação equivocada dos materiais. Material de consumo Segundo Rezende (2009), os materiais de consumo são aqueles que têm duração inferior a dois anos. Além do material de reposição de equipamentos e de outros materiais permanentes, existe uma gama de pequenos materiais sem os quais são inviáveis as atividades de gestão e docência na escola, como os de expediente, giz, papel para desenho etc. Os materiais de consumo não dispensam cuidados quanto à qualidade, ao custo de aquisição e manutenção, à versatilidade, à facilidade de operação e manuseio, à adequação e facilidade de transporte, à segurança e à estética, mas precisam ser consideradas questões relativas à quantidade e ao espaço para a manutenção de um estoque. É importante ficar atento para as normas estabelecidas pelas Secretaria de Educação (estadual e/ou municipal) à qual a escola está vinculada. Como podem ser definidas especificidades de uma região para outra (mesmo sabendo que os gastos devem ser efetuados de acordo com a legislação nacional, neste caso, a LDB/1996 e sua definição do que é gasto com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino), é importante saber onde qual 12 produto/bem de consumo poderá ser incluído, e isso é constante nas escolas, uma vez que a sociedade de consumo nos apresenta diariamente novas possibilidades. Dessa forma, para registrar tal especificidade, utilizamos a classificação contida no manual elaborado pela SEED/Paraná no ano de 2016: Constituem despesa de Custeio, pois são bens com pouca durabilidade e por isso não recebem número de patrimônio. Exemplo: panelas, pratos, assentos e encostos para conjunto escolar, material de expediente, administrativo, etc. Material de distribuição gratuita e premiações Os materiais de distribuição gratuita, como os livros do Programa Nacional de Livro Didático (PNLD), medicamentos do Programa Saúde do Escolar ou mesmo óculos e aparelhos de audição, em geral não são adquiridos na própria escola. É evidente que a natureza da despesa – distribuição gratuita – não prescinde dos cuidados com a especificação e aquisição dispensados aos equipamentos, materiais permanentes e materiais de consumo. O controle de estoque aqui deve ser ainda mais rigoroso, evitando-se a compra em excesso, uma vez que essas ações, em geral, são descontínuas. (Martins; Aguiar, 2009, p. 69) Outros materiais que devem passar por controle e organização são as premiações culturais, artísticas, científicas, desportivas, uma vez que sua aquisição frequentemente é feita pela própria escola. Em síntese, apresenta-se um resumo dos principais elementos que compõem os três conjuntos de materiais abordados. Conforme Rezende (2009, p. 70), O quadro que se segue apresenta um resumo dos principais elementos que compõem os três conjuntos de materiais abordados. Composição das categorias Equipamentos e Material Permanente, Material de Consumo e Material para Distribuição Gratuita e Premiações Categoria Elementos que a compõem 13 Equipamentos e Material Permanente (EMP) Aparelhos e equipamentos para esporte, diversões, aparelhos e utensílios domésticos, coleções e materiais bibliográficos, instrumentos musicais e artísticos, maquinas, equipamentos e aparelhos diversos e de escritório, mobiliário em geral. Material de Consumo (MC) Materiais laboratoriais, materiais de expediente, materiais de construção para reparoem imóveis, materiais para fotografia e filmagem e materiais para instalação elétrica e eletrônica. Material de Distribuição Gratuita (MDG) Livros didáticos, medicamentos e outros materiais que possam ser distribuídos gratuitamente. Premiações (PREM) Prêmios e condecorações, medalhas e troféus. FINALIZANDO Nesta aula, buscamos conceituar gestão patrimonial das instituições escolares. Nesse sentido, apresentamos uma diferenciação entre patrimônio material e imaterial; refletimos sobre a necessária articulação entre patrimônio escolar e a comunidade, entendendo, assim, a gestão do patrimônio numa dimensão pedagógica. Por fim, apresentamos as classificações dos bens (material de consumo, material permanente, material de distribuição gratuita, premiações) e algumas alternativas quanto à utilização, à manutenção e à conservação do patrimônio escolar. Saiba Mais Em seu livro O que é a educação, Carlos Rodrigues Brandão (1985, p. 7) revela que Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja, ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Para discutirmos o conceito de patrimônio imaterial e a articulação da escola e de seu patrimônio à comunidade que a cerca, precisamos 14 compreender a multiplicidade de relações entre os sujeitos presentes na escola. Nesse sentido, sugiro este vídeo para refletirmos sobre a natureza dessas relações: <https://www.youtube.com/watch?v=JkaEf362mtE> REFERÊNCIAS CAMARGO, C. Planejamento financeiro. Curitiba: Ibpex, 2007. CASTRO, A. P. P. A gestão de recursos financeiros e patrimoniais da escola. Curitiba: Intersaberes, 2014. CORDEIRO, M. H.; DONADUZZI, A.; SCHLINDWEIN, S. M. Psicologia e educação: Representação social do bom aluno: implicações éticas na educação. In: PLONER, K. S. et al. (org.). Ética e paradigmas na psicologia social. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. p. 152- 162. FREITAS, O. Administração de materiais. Brasília: Universidade de Brasília, 2009. MARTINS, R. C. R; AGUIAR, R. R. Progestão: como gerenciar o espaço físico e o patrimônio da escola? Brasília: Consed, 2001. SEED/PARANÁ. Guia patrimonial – Procedimentos para as Instituições da Rede Estadual de Ensino. Disponível em: Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/patrimonio/guia_patrimonial2016 .pdf>. Acesso em: 10 maio 2017. SAVIANI, D. Escola e democracia. 31. ed. Campinas: Autores Associados, 1997. (Polêmicas do Nosso Tempo). v. 5. https://www.youtube.com/watch?v=JkaEf362mtE