Prévia do material em texto
Instrumentos endodôntIcos Instrumentos endodônticos são ferramentas metálicas empregadas como agentes mecânicos na instrumentação de canais radiculares. São fabricados em ligas de aço inoxidável ou níquel-titânio (NiTi) Existem diferentes tipos ou modelos de instrumentos endodônticos que podem ser classificados: quanto ao acionamento, em manuais e mecanizados; quanto ao desenho da parte de trabalho, em farpados, tipo K, tipo Hedstrom e especiais; quanto ao tipo de movimento executado, em limas e alargadores endodônticos; quanto à natureza da liga metálica, em instrumentos de aço inoxidável e de níquel-titânio; e quanto ao processo de fabricação, em torcidos e usinados. Os instrumentos acionados manualmente possuem cabo que serve para a empunhadura digital e acionamento do instrumento por meio da mão do operador. Os denominados mecanizados possuem haste que serve para fixação e acionamento do instrumento por meio de uma máquina manuseada por um operador. Os instrumentos endodônticos acionados manualmente também podem ser acionados por máquinas Lima endodôntica é um instrumento (ferramenta) de natureza metálica, multicortante, com arestas ou fios cortantes ao longo de seu corpo. As limas endodônticas são ferramentas projetadas para serem empregadas por meio de um movimento longitudinal alternado em relação ao eixo do instrumento denominado limagem, na raspagem de parte da superfície dentinária de um canal radicular. Alargador endodôntico é um instrumento (ferramenta) de natureza metálica cuja haste de corte, geralmente, é cônica, apresenta certo número de arestas cortantes ao longo de sua parte de trabalho. São projetados para serem empregados por meio de movimento de alargamento com giro contínuo e reciprocante ou parcial à direita, no desbaste (corte) de parte da superfície dentinária de um canal radicular. Os instrumentos endodônticos são ferramentas destinadas a ampliação, limpeza e modelagem de um canal radicular, sendo produzidos de acordo com os princípios usados na fabricação de ferramentas denominadas alargadores.2,44-46 São fabricados a partir de fios metálicos primitivos de forma cilíndrica Nomenclatura Cabo. É a extremidade pela qual se empunha um instrumento endodôntico Haste de acionamento. É a extremidade para fixação e acionamento mecânico de um instrumento endodôntico Corpo. Parte de um instrumento que se estende desde o cabo ou haste de acionamento até a extremidade da ponta Intermediário. Parte do corpo que se estende do cabo ou haste de acionamento até a parte de trabalho Parte de trabalho. Parte do instrumento que se estende desde a ponta até o término da haste de corte. Representa a soma dos comprimentos da ponta e da haste de corte Ponta. É o extremo do instrumento com perfil cônico. Pode apresentar seção reta transversal cilíndrica ou poligonal Base da ponta. É a região de passagem da ponta para a haste de corte do instrumento. Essa passagem pode ocorrer por meio de um ângulo de transição (ângulo obtuso) ou de uma curva de transição (arco), para suavizar a passagem. Ângulo da ponta. Ângulo sólido formado pelo contorno da ponta. O vértice do ângulo é sempre voltado para a ponta do instrumento Haste de corte. Porção da parte de trabalho que se estende da base da ponta até o intermediário. Geralmente, a forma é cônica. Pode apresentar seção reta transversal com diferentes formas. É constituída pelas arestas de corte e pelos canais do instrumento Partes do instrumento Os instrumentos endodônticos são formados pelo cabo ou haste de acionamento e pelo corpo metálico. O corpo de um instrumento é formado pelo intermediário e pela parte de trabalho, sendo esta formada pela ponta e pela haste de corte.2 Cabo Cabo é a parte de um instrumento ou ferramenta que se empunha ou maneja O cabo dos instrumentos endodônticos é fabricado em plástico ou silicone colorido, conforme a correlação com a numeração padronizada Apresenta geometria variável de acordo com o tipo de instrumento e com o fabricante. O cabo dos instrumentos endodônticos apresenta forma bicôncava e deve ter de 10 a 12 mm de comprimento e diâmetro de 3,0 mm na parte bicôncava e 4,0 mm nas extremidades Alguns instrumentos endodônticos podem ter cabos fabricados em plástico ou em silicone com diâmetro de 5 mm na parte bicôncava e nas extremidades de 6 mm. Para cabos com diâmetros maiores, a força necessária para girar (movimento de rotação) o instrumento endodôntico no interior de um canal radicular é menor. Consequentemente, maiores serão à percepção tátil e os cuidados do profissional em relação à anatomia interna do dente. Entretanto, se o profissional aplicar ao instrumento de cabo de maior diâmetro a mesma força que ele está calibrado (acostumado) para o de cabo de menor diâmetro, maior será o torque, o qual pode ultrapassar o limite de resistência à fratura por torção do instrumento O cabo dos instrumentos endodônticos pode apresentar o topo plano ou arredondado e possuir, nas paredes laterais, estrias paralelas ou perpendiculares ao eixo para assegurar melhor empunhadura do instrumento Os instrumentos endodônticos portadores de cabo podem ser acionados manualmente ou por dispositivos mecânicos especiais Haste de acionamento Haste de acionamento de instrumento mecanizado é a parte que serve para a sua fixação na cabeça de um contra-ângulo e seu acionamento por meio de dispositivos mecânicos (motores elétricos ou pneumáticos) Pode ser de latão (liga cobre e zinco) ou de liga alumínio A união entre a haste de acionamento e o corpo do instrumento geralmente é feita por engaste (embutimento) Para alguns instrumentos endodônticos (instrumentos TF®, alargadores Gates-Glidden e Largo), a haste de acionamento e o corpo são obtidos de uma única haste metálica, eliminando o engaste. Isso elimina a possibilidade de movimento excêntrico (afastado do eixo) durante a rotação do instrumento. O movimento excêntrico, além do deslocamento do centro do preparo, induz a fratura do instrumento endodôntico Para instrumentos portadores de engaste, pode ocorrer a soltura entre a haste de acionamento e o corpo de um instrumento endodôntico Intermediário Intermediário é a porção do corpo metálico de um instrumento endodôntico que está localizada entre o cabo ou a haste de acionamento e a parte de trabalho. Seu tamanho varia em função do comprimento do corpo e do comprimento da parte de trabalho do instrumento Pode apresentar marcas (ranhuras), que representam distâncias predeterminadas, a partir da extremidade (ponta) do instrumento endodôntico Nos instrumentos endodônticos fabricados por usinagem, o intermediário geralmente tem a forma cilíndrica em toda a sua extensão Todavia, nos torcidos, o intermediário junto da parte de trabalho apresenta paredes planas remanescentes da haste piramidal obtida por aplainamento do fio metálico primitivo de forma cilíndrica Parte de trabalho Parte de trabalho é a porção do corpo metálico de um instrumento endodôntico projetada para executar o corte e/ou a raspagem das paredes dentinárias internas de um canal radicular. É formada pela ponta e pela haste de corte. Ponta Ponta é a porção terminal e aguçada da extremidade da parte de trabalho de um instrumento ou ferramenta. A ponta é também denominada guia de penetração. O perfil da ponta dos instrumentos endodônticos é cônico Quando a ponta apresenta a figura geométrica de um cone com seção reta transversal poligonal (triangular ou quadrangular), é denominada ponta cônica piramidal ou facetada A ponta dos instrumentos endodônticos é projetada para servir de guia e facilitar a penetração (avanço) do instrumentono interior de um canal radicular. Ela atua sobre as paredes dentinárias dos canais radiculares e esse fato não deve ser ignorado A geometria da ponta é uma característica importante no desenho do instrumento e interfere no cateterismo de canais radiculares atresiados, assim como na limpeza e na modelagem final do preparo apical de um canal radicular A simetria na geometria da ponta exerce papel importante sobre a capacidade de o instrumento endodôntico penetrar e permanecer centrado durante a sua movimentação no interior de um canal radicular Pontas cônicas piramidais, devido à atividade de corte, mostram-se superiores às pontas cônicas circulares quando a velocidade de avanço do instrumento endodôntico no interior de um canal radicular é comparada. Porém, em canais radiculares curvos e atresiados, maior incidência de desvios e perfurações pode ocorrer quando do emprego de instrumentos com pontas piramidais. Pontas cônicas circulares não têm atividade de corte e avançam no interior de um canal radicular atresiado durante o movimento de alargamento (rotação) por compressão e esmagamento da dentina radicular Vértices obtusos (arredondados) facilitam o deslizamento do instrumento junto às irregularidades das paredes dos canais radiculares reduzindo, o risco de iatrogenias (desvios e perfurações). A forma do vértice da ponta dos instrumentos endodônticos fica a critério do fabricante. Todavia, é comum encontrar instrumentos com a mesma forma da ponta, porém, com vértices diferentes. Vértices pontiagudos apresentam maior capacidade perfurante, mesmo sendo a forma da ponta do instrumento endodôntico cônica circular (sem capacidade de corte) Vértices obtusos são mais seguros em relação a desvios e perfurações Instrumentos endodônticos com vértice da ponta truncado, quando empregados no esvaziamento (cateterismo) de canais atresiados, favorecem o entupimento (perda da patência) ou o extravasamento de resíduos por via apical do canal radicular. O ângulo da ponta dos instrumentos endodônticos pode variar de 60 a 90 graus. Quanto maior for o ângulo da ponta, maior será a resistência ao avanço do instrumento no interior de um canal radicular com diâmetro menor do que o instrumento, e, ao contrário, quanto menor o ângulo da ponta, menor a resistência ao avanço para uma mesma carga axial aplicada Haste de corte Haste de corte é o segmento da parte de trabalho com forma sulcada na face externa do corpo metálico e que se estende da base da ponta até o intermediário do instrumento. Núcleo O núcleo de um instrumento de corte é a parte central compreendida entre o fundo do canal que se estende desde a base da ponta até o término da haste de corte helicoidal cônica. A forma do núcleo está relacionada com a seção da haste de corte helicoidal cônica de um instrumento endodôntico Dimensões dos instrumentos Comprimento dos instrumentos O comprimento útil de um instrumento, em milímetros, é dado pelo comprimento do corpo, desprezando-se o cabo ou haste de acionamento. É representado pela soma dos comprimentos do intermediário e da parte de trabalho Os instrumentos endodônticos padronizados são fabricados com comprimento de 21, 25, 28 e 31 mm, com tolerância de +0,5 mm Os de 21 e 25 mm são os mais empregados. Como a parte de trabalho mede 16 mm (valor mínimo), o que varia no instrumento endodôntico é a extensão do intermediário Alguns instrumentos endodônticos especiais são fabricados com comprimentos diferentes da padronização (18, 19, 23 e 27 mm) Para esses instrumentos, tanto o comprimento da parte de trabalho como o do intermediário não são constantes Para os alargadores Gates-Glidden e Largo, o comprimento corresponde ao comprimento total dos instrumentos, ou seja, a soma da haste de acionamento mais o corpo do instrumento Quanto maior o comprimento da parte de trabalho, maior a flexibilidade, e, ao contrário, menor a resistência à flambagem de um instrumento endodôntico Quanto maior a flexibilidade de um instrumento, maior a possibilidade de se manter a forma original de um canal curvo após a sua instrumentação; quanto menor a sua resistência à flambagem (resistência a flexo-compressão), maior a dificuldade ao avanço do instrumento endodôntico no sentido apical durante o cateterismo de um canal radicular atresiado Diâmetro externo dos instrumentos O diâmetro da ponta da parte de trabalho de um instrumento endodôntico é denominado D0 É um diâmetro virtual que consiste na projeção da conicidade da haste de corte helicoidal cônica até a ponta do instrumento O diâmetro junto ao intermediário é denominado D seguido de um valor numérico correspondente ao comprimento da parte de trabalho em milímetros Assim, quando a parte de trabalho apresentar 16 mm de comprimento, teremos as representações de D0 e D16 Os diâmetros nominais em D0, expressos em centésimos de milímetros, correspondem aos números dos instrumentos padronizados (ISO) e variam entre 06 e 140 São divididos em quatro séries: especial, de 06 a 10; primeira de 15 a 40; segunda de 45 a 80; e terceira de 90 a 140. A soma das quatro séries perfaz o total de 21 instrumentos O diâmetro nominal dos instrumentos aumenta de 0,05 mm até o número 60; a partir desse número até o 140, o aumento é de 0,1 mm. Para os números especiais 06, 08 e 10, o aumento é de 0,02 mm. Extirpas-polpa São pequenas hastes metálicas, suavemente cônicas, de aço inoxidável, providas de um cabo plástico colorido ou metálico com uma faixa colorida. O cabo é cilíndrico e tem 10 mm de comprimento e diâmetro de 3 mm. São caracterizados por apresentar sua parte de trabalho com farpas levantadas da própria haste metálica e dispostas circularmente, formando ângulo interno agudo com o eixo do instrumento Os extirpa-polpas foram projetados para serem acionados manualmente com o movimento de remoção Esse movimento é constituído de três etapas: penetração até o segmento apical do canal radicular, rotação de uma a duas voltas sobre seu eixo no sentido horário ou anti-horário e tração em direção cervical. A principal indicação desse instrumento é na remoção da polpa dentária. Assim, devem ser denominados extirpa-polpas. Após sua introdução no interior do tecido pulpar, a rotação provoca o deslocamento da polpa das paredes dentinárias e a tração determina o seu rompimento a um nível de maior constrição do canal, que, geralmente, é o limite dentina-cemento (CDC), situado aproximadamente 1,0 mm aquém do ápice radicular. São indicados para a remoção do tecido pulpar hígido, nos casos de cavidade pulpar ampla. Não devem ser usados na remoção de tecido pulpar nos casos de rizogênese incompleta, pois poderiam provocar a ruptura do tecido a um nível muito próximo dos tecidos perirradiculares, dificultando a reparação tecidual durante o tratamento endodôntico Poderão também ser úteis na remoção de detritos livres no interior do canal, bolinhas de algodão e cones de papel utilizados com o medicamento intracanal Os extirpa-polpas não devem ser usados em canais atresiados. Aconselhamos sempre, antes de sua utilização, que seja feita uma exploração prévia do canal com instrumento tipo K esbelto (delgado) O extirpa-polpas nunca deve penetrar justo no canal, uma vez que, pela disposição de suas farpas, estas se fecham devido à deformação elástica da liga metálica ao tocar nas paredes dentinárias, facilitando a sua introdução Todavia, ao se procurar remover o instrumento, as farpas ficam encravadas nas paredes dentinárias, levando à fratura das mesmasou do instrumento Instrumentos tipo K Os instrumentos tipo K foram desenvolvidos pela Kerr (EUA), em 1915, razão da denominação instrumentos tipo K São fabricados a partir de fios metálicos de aço inoxidável ou de NiTi. A forma final dos instrumentos tipo K é obtida empregando-se a torção ou a usinagem Independentemente do fabricante, os instrumentos tipo K apresentam geometria (forma e dimensões) semelhantes. São empregados com os mesmos objetivos, ou seja, ampliação, modelagem e limpeza de um canal radicular durante a instrumentação O cabo dos instrumentos tipo K é de plástico, podendo ser também de silicone colorido, conforme a correlação com a numeração ISO. A forma é bicôncava e tem de 10 a 12 mm de comprimento e diâmetro de 3 mm na parte bicôncava e 4 mm nas extremidades. Alguns instrumentos podem ter cabos com diâmetros na parte bicôncava de 4 mm e nas extremidades, 5 mm O intermediário dos instrumentos tipo K apresenta tamanho variável em função do comprimento do corpo e da parte de trabalho do instrumento endodôntico. Em algumas marcas comerciais, apresenta ranhuras que representam distâncias de 18, 19, 20 e 22 mm a partir da extremidade do instrumento endodôntico Nos instrumentos tipo K fabricados por torção, o intermediário junto da haste de corte helicoidal cônica apresenta três ou quatro paredes planas oriundas da haste piramidal triangular ou quadrangular. Nos fabricados por usinagem, o intermediário é cilíndrico em toda sua extensão, ou seja, junto da haste de corte helicoidal cônica A ponta dos instrumentos tipo K se apresenta como a figura geométrica de um cone. Pode ser classificada como cônica circular ou piramidal (facetada) A extremidade da ponta pode ser pontiaguda, obtusa (arredondada) ou truncada (O ângulo da ponta é de 75 graus ± 15 graus. Quanto menor o ângulo, maior o comprimento da ponta A passagem da base da ponta para a haste de corte helicoidal cônica pode apresentar ângulo de transição ou curva de transição Instrumentos tipo K com pontas cônicas piramidais e vértices pontiagudos não devem ser empregados em canais radiculares curvos pelo fato de promoverem maior incidência de desvios e perfurações radiculares. Pontas cônicas circulares e vértices obtusos facilitam o deslizamento do instrumento nas irregularidades das paredes dos canais radiculares e reduzem o risco de iatrogenias Vértices pontiagudos apresentam maior capacidade perfurante, mesmo sendo a forma da ponta do instrumento tipo K cônica circular Pontas com vértices truncados podem favorecer o entupimento (perda da patência) e o extravasamento de resíduos via apical do canal radicular quando os instrumentos são empregados no esvaziamento de canais radiculare Instrumentos tipo K com ponta cônica circular e vértice truncado devem ser empregados após o esvaziamento dos canais radiculares O esvaziamento de um canal radicular deve preferencialmente ser realizado com instrumentos tipo K de ponta cônica circular com pequeno ângulo e vértice arredondado (obtuso). A ponta dos instrumentos tipo K não deve apresentar ângulo de transição, mas sim, curva de transição A presença do ângulo de transição pode provocar o transporte apical de um canal radicular ou favorecer a imobilização da ponta do instrumento, induzindo a fratura por torção, principalmente dos instrumentos tipo K de menores diâmetros. A haste de corte dos instrumentos tipo K é helicoidal cônica, com a base voltada para o intermediário. É constituída pelas arestas ou fios de corte e pelos canais helicoidais dos instrumentos Apresenta seção reta transversal triangular ou quadrangular O perfil do canal dos instrumentos tipo K triangulares ou quadrangulares apresenta paredes retas O perfil da aresta ou fio de corte apresenta a forma de filete oriundo da interseção das paredes de canais contíguos. Os de seção triangular apresentam três arestas de corte e três canais helicoidais O ângulo interno da aresta de corte denominado ângulo de corte ou ângulo da cunha é de aproximadamente 60 graus Os instrumentos de seção reta transversal quadrangular apresentam quatro arestas de corte. O ângulo interno de corte é de 90 graus Quanto menor o ângulo de corte e mais aguçado o seu vértice, maior a capacidade de corte de um instrumento tipo K Os instrumentos tipo K de seção reta transversal triangular também são identificados com a denominação Flex (p. ex., instrumentos FlexoFile® – Maillefer e Flexicut CC+® – VDW) Os instrumentos tipo K são muito usados em Endodontia e foram projetados para serem utilizados como limas em movimento de limagem e como alargadores em movimento de alargamento parcial unidirecional à direita ou de alargamento parcial alternado (reciprocante) O movimento reciprocante pode ser executado manualmente ou por meio de dispositivos mecânicos (contra-ângulos especiais acoplados em motores elétricos ou pneumáticos), enquanto o movimento de limagem geralmente é executado manualmente. A parte de trabalho possui 16 mm de comprimento mínimo e conicidade de 0,02 mm/mm. Pode ser encontrado também com conicidades maiores. São fabricados com comprimentos úteis de 21, 25, 28 e 31 mm. Os de 21 e 25 mm são os mais empregados. Pode ser encontrado, também, com comprimentos menores Os números dos instrumentos tipo K variam entre 06 e 140, que correspondem aos diâmetros em D0, expressos em centésimos de milímetros. São divididos em quatro séries: especial, de 06 a 10; primeira de 15 a 40; segunda de 45 a 80; e terceira de 90 a 140] Limas tipo Hedstrom As limas Hedstrom (H) são fabricadas por usinagem a partir de fios metálicos de aço inoxidável de seção reta transversal circular São oferecidas comercialmente nos comprimentos úteis de 21, 25, 28 e 31 mm As de 21 e 25 mm são as mais empregadas Os números das limas tipo H variam entre 08 e 140 A parte de trabalho possui 16 mm de comprimento mínimo A parte de trabalho se caracteriza por apresentar apenas uma aresta lateral de corte disposta na forma helicoidal com sentido anti-horário (da direita para a esquerda), sob a forma de pequenos cones sobrepostos e com a base voltada para o cabo do instrumental A ponta das limas tipo H apresenta o formato de um cone circular. A extremidade da ponta é aguda O ângulo da ponta varia de 30 a 90 graus, conforme a marca comercial. A haste de corte helicoidal apresenta conicidade de 0,02 mm/mm. Apresenta, em média, 18 a 22 hélices na haste de corte do instrumento Para instrumentos de menores diâmetros (até o no 40) o ângulo agudo de inclinação da hélice em relação ao eixo do instrumento varia de 40 a 55 graus e, para os diâmetros maiores, é, em média, de 65 graus As limas Hedstrom foram projetadas para serem acionadas manualmente por meio do movimento de limagem Ao realizar o movimento de limagem é importante a rigidez do instrumento. Quanto maior a rigidez, maior a sua eficiência de raspagem As limas Hedstrom têm como objetivo o preparo dos segmentos achatados e o desgaste anticurvatura de canais radiculares por meio do movimento de limagem Instrumentos endodônticos empregados no cateterismo de canais radiculares atresiados Cateterismo, ou exploração, é o contato inicial do profissional com a anatomia interna de um canal radicular por meio do qual será possível verificar o número, a direção e o diâmetro dos canais, assim como a possibilidade de acesso à região apical. Por muitos anos, mesmo após a introdução da liga NiTi na fabricação de instrumentos endodônticos, o cateterismo de canais radiculares atresiados tem sido realizado com instrumentos delgados (esbeltos) de açoinoxidável e acionados manualmente. Recentemente, para esse procedimento têm sido propostos instrumentos endodônticos delgados de NiTi e acionados mecanicamente. Instrumentos endodônticos usados no cateterismo de canais atresiados e curvos devem possuir pequenos diâmetros, pequenas conicidades, curva de transição, ponta cônica circular, vértice arredondado e propriedades mecânicas que permitam o seu avanço em sentido apical com segurança e eficiência As propriedades mecânicas que podem influenciar o desempenho dos instrumentos usados no cateterismo de canais atresiados incluem resistência em flexão (flexibilidade), resistência à flambagem (flexo- compressão), resistência ao dobramento e resistência à fratura por torção e por flexão rotativa (fadiga). A seguir, descreveremos instrumentos de aço inoxidável e de NiTi empregados no cateterismo de canais radiculares atresiados. Os instrumentos de NiTi podem ser usados isoladamente ou após o uso de instrumentos de aço inoxidável Instrumentos endodônticos especiais de NiTi mecanizados Em Endodontia, consideram-se instrumentos endodônticos mecanizados aqueles acionados exclusivamente por dispositivos mecânicos, com giro contínuo ou alternado, também denominado reciprocante. Esses instrumentos são denominados alargadores helicoidais cônicos, uma vez que executam o movimento de alargamento de um furo (canal) e não de limas, pois não executam o movimento de limagem Os instrumentos endodônticos especiais de NiTi mecanizados apresentam dimensões e desenhos da parte de trabalho variáveis com a marca comercial Não existem normas de padronização para os instrumentos endodônticos especiais de NiTi mecanizados A haste de acionamento dos instrumentos é metálica (liga de latão, cobre e zinco), unida por engaste a uma das extremidades do corpo (intermediário) do instrumento Para outros, a haste de acionamento é obtida da haste metálica primitiva, ou seja, o corpo e a haste são obtidos por usinagem de um mesmo fio metálico Serve para fixação do instrumento na cabeça do contra-ângulo e seu acionamento é obtido por meio de motores elétricos ou pneumáticos Tem 15 mm de comprimento; todavia, alguns instrumentos apresentam comprimentos menores das hastes de acionamento (11 a 13 mm) Esses instrumentos, quando usados em contra-ângulos de cabeça menor, possuem comprimentos totais menores, o que favorece o emprego em dentes posteriores e em pacientes de pequena abertura bucal O diâmetro da haste de acionamento é universal (2,30 mm), o que permite a sua adaptação em contra-ângulos de qualquer marca comercial. Geralmente são douradas ou prateadas e possuem anéis coloridos ou estrias correlacionados à conicidade da haste de corte helicoidal cônica e ao diâmetro D0 da ponta do instrumento. O intermediário apresenta tamanho variável em função do comprimento do corpo e da parte de trabalho do instrumento endodôntico. O intermediário geralmente apresenta ranhuras que determinam o comprimento a partir da ponta do instrumento endodôntico. A ponta dos instrumentos endodônticos especiais de NiTi mecanizados, independentemente da marca comercial, é cônica circular, com a extremidade geralmente arredondada ou truncada. É obtida por um processo de usinagem denominado torneamento cônico externo. Apresenta curva de transição A forma em arco (curva de transição) da passagem da base da ponta para a haste de corte helicoidal cônica dos instrumentos reduz a possibilidade de travamento (imobilização) do instrumento no interior de um canal radicular, durante a instrumentação por meio do movimento de alargamento contínuo O travamento da ponta decorrente do ângulo de transição pode induzir uma deformação plástica na haste de corte helicoidal (reversão do sentido da hélice) e/ou a fratura do instrumento, desde que o torque aplicado ultrapasse o limite de resistência à fratura por torção do material A curva de transição em arco permite o giro e o avanço do instrumento com um menor carregamento no sentido apical do canal radicular. Também minimiza o transporte apical de um canal radicular curvo.