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RELAÇÕES INTERPESSOAIS AULA 3 Profª Elizabeth Nery Sinnott 2 CONVERSA INICIAL Olá, alunos(as), iniciaremos mais uma aula desta disciplina tão interessante e importante para o seu autodesenvolvimento. Trabalharemos outros temas sobre nossas relações interpessoais e as possibilidades de fortalecermos a própria essência relacionando-nos com o outro. Nesse sentido, trataremos da temática das emoções que estão presentes no nosso cotidiano, algumas positivas e outras nem tanto, não é mesmo? Além disso, trataremos do conteúdo relacionado à inteligência emocional, tema tão comentado atualmente. De que forma podemos desenvolver essa inteligência para que tenhamos mais satisfação na vida pessoal e profissional? Nesta aula, será possível diferenciar tipos de inteligências, inclusive a espiritual, entendendo o seu sentido e significado. Ainda, vamos estudar a empatia, sua importância nas relações interpessoais e o seu real conceito. Por fim, trataremos da relevância da presença da própria essência nas relações interpessoais e a ligação disso com o mercado profissional. CONTEXTUALIZANDO Aluno(a), anteriormente, vimos conceitos importantes relacionados ao processo de autoconhecimento, crenças, valores, modelos mentais e os impactos disso nas relações interpessoais, tanto no mercado profissional como pessoal. Nesta aula, vamos dar continuidade a essas reflexões, mas, agora, abordaremos temas voltados ao comportamento humano, suas manifestações e reações e a maneira como podemos ter resultados mais assertivos e mais efetivos nas relações com os demais indivíduos. Nesse sentido, trataremos das emoções, os tipos existentes, as formas como elas se manifestam, como identificá-las e como entender a importância de se fazer a gestão adequada delas. Estudaremos a inteligência emocional e as habilidades desse tipo de inteligência, como autoconsciência, autocontrole, automotivação, empatia e necessidade de desenvolvermos relações interpessoais positivas. 3 Dando continuidade a isso, conheceremos a inteligência espiritual, que não se refere a nenhuma religiosidade, mas, sim, à importância de o indivíduo ter consciência da razão de ele estar no mundo, identificando o seu real propósito de vida e seus valores. Por fim, refletiremos sobre nossas necessárias competências comportamentais no atual mercado profissional. Saiba mais Para iniciar o contato com os temas desta aula, sugerimos que você assista a uma entrevista com Daniel Goleman, que fala sobre inteligência emocional. A entrevista pode ser acessada no seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=RfIa_mHWidM>. TEMA 1 – EMOÇÕES Convido você, aluno(a), a compreender este tema tão importante: as emoções. Elas são concebidas ou entendidas como respostas químicas e elétricas que percorrem o nosso corpo. Manifestam-se em uma parte diferente no nosso organismo para nos proteger e nos preservar. Entendemos que a dinâmica das emoções começa a se modificar quando comparamos as expressões de uma criança com as de um adulto. A criança traz, genuinamente, por meio das suas expressões, o que ela está vivenciando pelas emoções. Já o adulto traz esse processo de maneira mais obscura, pois sabemos que tudo o que ele viveu e o formou, junto à cultura, impactaram diretamente a sua forma de expressar as emoções. Portanto, educação, formação e constituição do modelo mental são aspectos extremamente significativos na limitação das expressões e das emoções. Esses aspectos impactam a espontaneidade. Com eles, aprendemos até mesmo a expressar ou não expressar as emoções presentes. Ao falarmos sobre proteção e preservação, isso está ligado ao que a psicologia trata sobre as emoções que trazemos desde que nascemos, as emoções básicas. Quais são as emoções básicas e quais são as suas características? 4 1.2 Emoções básicas O medo, a alegria, a tristeza e a raiva são considerados emoções básicas. Mas quantas emoções existem? Percebemos essa variedade pela comunicação não verbal, especificamente pelas expressões faciais. Muitas vezes, é necessário falar sobre elas, que estão presentes no rosto do indivíduo. Quais emoções são demonstradas em cada expressão facial presente na figura a seguir? Veja se você consegue acertar antes de visualizar o gabarito após a imagem. Fonte: Simionato, 2006. Podemos visualizar, respectivamente, que o rosto está: 1. feliz; 2. enraivecido; 3. maléfico; 4. desapontado; 5. perplexo; 6. gozador; 7. desesperado. E nas expressões da figura a seguir, quais emoções são reveladas? 5 Fonte: Miguel, 2015. Essa imagem nos traz as seguintes emoções: a) alegria; b) medo; c) surpresa; d) tristeza; e) nojo; f) raiva. As expressões faciais que revelam as emoções foram estudadas por pesquisadores por muitos anos, com o uso de fotos, filmagens etc. Sabemos, com isso, que as expressões contêm uma carga genética e também estão relacionadas à nossa formação. Autores como Simionato (2006) mencionam seis famílias de emoções: alegria, surpresa, raiva, tristeza, medo e repugnância. O que as diferencia, negativa e positivamente, são características em termos de qualidade ou de potência (se a emoção é fraca ou forte). O autor fala especificamente da emoção raiva. Para ele, sentir raiva é perfeitamente natural e sadio, e negativo é o modo como dirigimos essa emotividade aos outros e a nós mesmos. A característica sobre a qual o autor traz mais reflexões é a qualidade. Existem emoções positivas ou somente negativas? Pesquisadores consideram que a emoção depende do momento em que é vivenciada para aparecer e despertar, sem a necessidade de julgamento. Porém, eles salientam que, conforme a manifestação da emoção e a forma como os sujeitos a direcionam, ela pode se caracterizar como negativa. 6 A seguir, é apresentada uma imagem trazida por Simionato (2006), a qual ilustra, no círculo central, as emoções consideradas básicas e, na parte externa, as suas formas de desvios. Fonte: Simionato, 2006. Conseguimos entender que existem diferentes abordagens de autores quanto à quantidade de denominadas emoções básicas, como também de que forma elas se caracterizam como emoções mais complexas. Já nos pegamos, por exemplo, sentindo várias emoções ao mesmo tempo, não é mesmo? Como exemplo, temos a saudade, que se mescla à alegria e à tristeza. Temos, também, a conquista. Você já viveu algum momento em que conquistou algo bem importante e, por isso, chorou e riu ao mesmo tempo? Isso tudo, é claro, depende de cada pessoa, da sua forma de abordar as emoções, o quanto foi intenso o momento etc. As emoções podem se misturar dependendo da ocasião. Em momentos de decepção, por exemplo, há união de tristeza e surpresa. 7 O autor Daniel Goleman (2011) trata muito bem do tema das emoções com o estudo sobre as inteligências. Na década de 1980, muitos estudos e descobertas nesse campo ocorreram. O que mais se destaca é a inteligência emocional. O autor desenvolve seus estudos sobre essa inteligência e a caracteriza como o domínio de alguns aspectos, como a consciência emocional, que se trata da capacidade de o indivíduo distinguir e perceber suas emoções, e o controle emocional. Esse controle está ligado à forma como o sujeito controla seus impulsos e emoções. É possível isso? Podemos pensar que o efetivo controle das emoções talvez não seja possível. Porém, podemos ter consciência das emoções e controlarmos o comportamento que deveremos ter diante delas, não é mesmo? Você concorda que esse conteúdo é interessante? Por isso, aluno(a), daremos continuidade, no próximo tema, a esse assunto, abordando, agora, a inteligência emocional, principalmente quando tratarmos mais especificamente dos aspectos que caracterizamessa inteligência, uma condição tão exigida para o perfil do profissional no atual mercado de trabalho. Leitura obrigatória Para que você complemente os conhecimentos sobre o tema, leia o capítulo 3 “fortalecendo a sua essência na relação com o outro” (p. 69-74) do livro Construindo relacionamentos no contexto organizacional, dos autores Czajkowski, Muller e Oliveira, publicado em 2019 pela editora InterSaberes. Saiba mais Assista a este interessante vídeo, intitulado "o que são emoções?", disponível no seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=GyFQj64amhY>. TEMA 2 – INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Aluno(a), daremos continuidade à nossa aula resgatando o conteúdo que analisamos, de maneira breve, anteriormente. Abordaremos a inteligência emocional, um tema tão discutido em vários âmbitos. O que realmente ela significa? Qual a sua importância? No mercado profissional e, ainda, no mercado pessoal, podemos dizer que ela é extremamente necessária. 8 Vamos entender esse conceito e, em seguida, verificar em que momentos podemos estar atentos para identificar se estamos desenvolvendo essa inteligência ou não. Vários autores consideram que ser inteligente é muito mais do que ter domínio de temas ou conteúdos complexos. Muitos afirmam que, para se ter o êxito profissional, é necessário entender as próprias emoções e saber lidar com elas. Com isso, temos a seguinte reflexão: para ser mais inteligente emocionalmente, é viável aprender e se desenvolver? O autor Daniel Goleman (2011), o precursor do tema sobre inteligência emocional, afirma que somente se conhecermos as emoções conseguiremos ter o controle sobre o que sentimos. Goleman nasceu nos Estados Unidos, em 1946, e tornou-se bacharel e doutor em psicologia pela Universidade de Harvard. Além disso, é escritor e jornalista. Na década de 1990, tornou-se um célebre indivíduo no mercado após a publicação do livro Inteligência Emocional. Muito bem. Após sabermos algumas informações sobre esse autor, vamos falar sobre alguns pilares que caracterizam a inteligência estudada por ele. A aptidão emocional, por exemplo, é decisiva muitas vezes para o sucesso pessoal e profissional. Por isso, Goleman (2011) cita algumas habilidades necessárias a serem desenvolvidas: algumas competências pessoais, outras sociais ou mesmo interpessoais. Pesquisas sobre esse tema revelam que o indivíduo que tem facilidade nos estudos também necessita ter facilidades na vida, ou seja, precisa saber se relacionar com as pessoas, ser empático e entender que o que é importante para o outro pode ser muito diferente para si mesmo. Além disso, o sujeito deve saber controlar e administrar as ações e as reações diante das adversidades e, com isso, identificar quais emoções estão presentes nesses momentos; precisa se conhecer cada vez mais, autodesenvolver-se, de forma frequente e contínua, para evitar emoções negativas, fazendo a gestão delas e as utilizando a seu favor. Elevar o autoconhecimento, fator muito importante para a evolução, automotivando-se com o real proposito, é muito necessário e fortalecedor ao indivíduo. 9 Goleman (2011) menciona habilidades necessárias para desenvolver a inteligência emocional, tais como: autoconsciência, autogestão ou controle emocional, automotivação, empatia e relações interpessoais. 2.1 Autoconsciência Primeiramente, vamos falar da autoconsciência. Ela se caracteriza pela capacidade de identificar e diferenciar o que o indivíduo sente em relação ao seu cotidiano. Goleman (2011) considera a autoconsciência a primeira habilidade, pois somente quando o indivíduo conhecer o que pensa, do que gosta, o que sente e o que o emociona conseguirá controlar ou administrar as emoções. Simionato (2006) afirma que a autoconsciência é a capacidade de o indivíduo ter a compreensão das suas emoções e de como elas se desencadeiam. Inclusive, é importante perceber quando e como elas aparecem fisiologicamente. Distinguir os sentimentos e ampliar o autoconhecimento contribui à identificação do propósito do indivíduo. 2.2 Autogestão ou controle emocional Caracteriza-se quando as emoções estão presentes em determinado momento, isto é, percebê-las e identificá-las; saber o que se está sentindo. Simionato (2006) entende como autogestão a forma como o indivíduo controla emoções, impulsos, agressividade e expressão diante de outros indivíduos com os quais se relaciona. É importante o sujeito estar atento a emoções como raiva, insegurança, medo e tristeza e o modo como elas impactam seu cotidiano, se elas dominam e afetam os demais âmbitos da vida etc. O importante é que se tenha essa consciência e se faça a gestão das emoções, para que se possa administrar o próprio comportamento perante elas. 2.3 Automotivação É a forma de o indivíduo identificar o que realmente quer para a sua vida, isto é, seu proposito e sua missão de vida. Mas por que isso é necessário? Se estamos falando de motivação, qual a ligação disso com o propósito e a missão? Convidamos você, aluno(a), a refletir sobre o seu real propósito. O que significa isso? Entendemos que missão é a razão de ser, a razão de existir. Qual 10 a maior razão de você vir ao mundo? Isso é bastante profundo, não é mesmo? No entanto, essa condição é extremamente importante para que possamos entender a inteligência emocional e, especificamente, a automotivação. É comum investirmos no estudo. Mas por que isso nos interessa? Isso é o que nos motiva, nos impulsiona e nos move em direção a algum lugar; é o que nos desperta interesse. Você canaliza, traz uma maior energia às emoções, com o objetivo de alcançar as suas metas. Nesse sentido, Simionato (2006) demonstra a capacidade de o sujeito saber motivar-se, principalmente quando tem uma tendência a administrar as dificuldades e o fracasso com uma visão mais otimista. 2.4 Empatia Ouvimos falar de empatia frequentemente, mas será que conhecemos o significado dela além do que pensa o senso, que entende o sentimento como a capacidade de se colocar no lugar do outro? Empatia é dar relevância ao que é importante para o outro. Isso, consequentemente, facilita as relações interpessoais. Essa capacidade é uma das habilidades que compõem a inteligência emocional. É uma forma de trazer harmonia ao relacionamento com o outro, de reconhecer e entender sobre emoções, sentimentos, desejos, sonhos e pontos de vista que certamente são diferentes entre os indivíduos. Sobre as habilidades da empatia e do relacionamento interpessoal, o qual será o próximo item a estudarmos, Goleman (2011) argumenta que estão voltadas para o pilar das competências sociais. São habilidades que dão suporte à sustentabilidade das relações interpessoais. Como o ser humano é um ser social, conforme estudamos anteriormente, é importante que ele seja facilitador de sua inteligência emocional e a amplie para criar e manter o seu vínculo com os demais com quem convive. A empatia preza pela sensibilidade em relação à visão de mundo do outro. É fortalecer uma conexão da forma que outro pensa e funciona; é compreender o que outro pensa e sente; é criar uma sintonia para facilitar cada vez mais os encontros. Vamos fazer uma reflexão sobre o mundo em que vivemos. Será que estamos desenvolvendo a nossa inteligência emocional? Pensando de forma coletiva, qual a razão de tantos conflitos, tantas guerras e tantas famílias com 11 dificuldades sérias de aceitação de seus membros? São tantos os descontroles das emoções, dos atos e das reações que, muitas vezes, há atitudes irreversíveis que ocorrem nas relações seja em âmbito global, pessoal ou profissional. 2.5 Relações Interpessoais Por fim, a última habilidade da inteligência emocional refere-se à capacidade de o indivíduo facilitar os relacionamentos interpessoais que estabelece. Essa habilidadese caracteriza pela negociação e flexibilidade diante das diversidades, pela gestão dos conflitos existentes e pelo movimento para as soluções e facilidade nos processos de comunicação. Podemos tratar dessa habilidade relacionando-a, também, à prática profissional. O grande interesse das organizações é o de que os indivíduos ali inseridos tenham a capacidade de contribuir para um clima organizacional positivo, facilitando as relações interpessoais, o desenvolvimento das equipes, o processo de liderança e a gestão das pessoas. Goleman (2011) trata dessa condição interpessoal com base em alguns componentes: Organizar grupos: muito ligada à atuação do líder, uma aptidão que foca em desenvolver os indivíduos e em fazer a gestão dos seus esforços. Negociar soluções: realiza uma prática por meio da mediação, fazendo a gestão dos possíveis conflitos ou mesmo evitando-os. Foca em estabelecer interessantes acordos. Ligação pessoal: ocorre quando o indivíduo estabelece fortemente a empatia nas relações, tem reações adequadas às emoções dos envolvidos e se preocupa com o que os indivíduos estão pensando e sentindo. Nesse caso, o sujeito se interessa pelo nível de satisfação dos outros, não somente do seu. Análise social: o sujeito tem uma capacidade de identificar o que os indivíduos com os quais ele se relaciona sentem e quais as preocupações dessas pessoas. Dessa forma, a análise social tem a facilidade de estabelecer relações mais íntimas e fortalecer o vínculo com os conhecidos. 12 Fonte: More Than Sound, LLC, 2017. Essa imagem, trazida pela revista Harvard Business Review, dá continuidade às reflexões desenvolvidas acerca dos domínios da inteligência emocional. Leitura obrigatória Para que você complemente os conhecimentos sobre o tema, leia o capítulo 3 “Fortalecendo a sua essência na relação com o outro” (p. 74-79) do livro Construindo relacionamentos no contexto organizacional, dos autores Czajkowski, Muller e Oliveira, publicado em 2019 pela editora InterSaberes. Saiba mais Assista a este interessante vídeo intitulado "o que é inteligência emocional?”, de Pedro Calabrez, disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=zTUIj7FR20Y>. TEMA 3 – INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL Aluno(a), após muitas reflexões relacionadas ao tema anterior, vamos dar continuidade a uma outra inteligência: a espiritual. O que é inteligência espiritual? Ela está ligada a alguma religião? Essa inteligência não está relacionada à religiosidade. Ela foi identificada por meio da ciência e trata-se da possibilidade de o indivíduo funcionar exercitando a sua percepção mais voltada à intuição e ao seu próprio equilíbrio. Essa inteligência está ligada à capacidade de compreensão de algumas práticas que são extremamente facilitadoras de conquistas e evolução e libertadoras de grandes anseios. Estamos falando de gratidão, perdão, compaixão, generosidade, empatia etc. 13 Essa inteligência está muito ligada ao grande sentido de o indivíduo estabelecer o seu propósito, a sua missão de vida e os seus valores, ou seja, o seu significado no mundo e a sua razão de existir. É interessante fazermos o paralelo entre as inteligências e entendermos que, além da inteligência intelectual e emocional, existe a capacidade de o indivíduo ter cada vez mais consciência do sentido e do significado das suas atitudes, entender as suas crenças e questioná-las quanto à eficácia e aos resultados que obtém pela prática delas. Não relacionamos nem uma religião a essa inteligência, até porque existem pessoas ativas religiosamente que não desenvolvem ou não entendem o sentido e a importância da busca pelo equilíbrio interior. Dessa forma, a inteligência espiritual está mais voltada às condições de o indivíduo ampliar a sua visão de mundo e entender que existe a possibilidade de atuar no mundo e nas suas relações pessoais e profissionais com mais compaixão, gratidão, empatia e generosidade. Vamos fazer uma diferenciação das inteligências com as quais estamos trabalhando. Segundo o Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), temos: Inteligência racional: caracteriza-se por ligações neurais e pensamento lógico, o nível de compaixão é inferior. Inteligência emocional: como já estudamos, ela está ligada ao comportamento e às emoções. Inteligência espiritual: tem como fator primordial a manutenção da vida em equilíbrio. A busca pelo proposito, pelo sentido da vida e pelo estabelecimento dos valores está muito presente, favorecendo uma maior reflexão sobre a atuação do sujeito no mundo (MARQUES, 2019). 14 Fonte: Full Fill, 2019. Entendemos que a inteligência espiritual favorece uma visão de mundo mais holística. Essa inteligência é muito facilitadora do autoconhecimento, pois o indivíduo se permite entender os acontecimentos, os demais indivíduos e os fenômenos de uma forma mais ampla e mais sistêmica, pois seus atos refletirão em resultados e consequências positivos ou não. A física estudiosa Zohar e o psiquiatra Marshall determinam a inteligência espiritual como uma condição facilitadora da definição da direção pessoal, seus sonhos e objetivos, ou seja, isso permite compreender o mundo além do concreto. Isso significa perceber o todo e se aproximar dos próprios valores e se sensibilizar pelos propósitos dos demais indivíduos presentes no mundo. Muitos estudiosos e pesquisadores definem a inteligência espiritual como um processo maior de autoconhecimento, uma proposta de ampliar a percepção de si e conhecer mais profundamente o próprio sentido, expandindo a consciência da existência. Portanto, se percebermos melhor a própria intuição, os estudos revelam que a inteligência espiritual é extremamente facilitadora para o desenvolvimento da criatividade, capacidade tão demandada pelo mercado atual. Existem algumas qualidades, segundo a autora Zohar (2013), que são próprias de indivíduos com inteligência espiritual desenvolvida. Esses indivíduos 15 são aqueles que: focam e praticam o autoconhecimento com frequência; têm clareza dos seus valores humanos e das práticas conduzidas por eles; têm uma visão mais holística de mundo; são indivíduos mais humildes, acreditando sempre que o aprendizado é frequente e contínuo; neles, a diversidade é administrada como um processo de aprendizado; encaram os desafios e as adversidades como processos de crescimento; indivíduos sensíveis e compassivos aos fenômenos das relações; são equilibrados diante das situações inesperadas; são mais resilientes; entre outras qualidades. Leitura obrigatória Para que você complemente os conhecimentos sobre o tema, leia o capítulo 3 “fortalecendo a sua essência na relação com o outro” (p. 79-82) do livro Construindo relacionamentos no contexto organizacional, dos autores Czajkowski, Muller e Oliveira, publicado em 2019 pela editora InterSaberes. Saiba mais Para se aprofundar sobre as características da inteligência espiritual, assista ao vídeo "o que é inteligência espiritual?”, de Monja Coen, adepta do Zen Budismo. O vídeo pode ser acessado no seguinte link: <https://www.youtube.com/watch?v=HGSg-OAL0F4>. TEMA 4 – EMPATIA Aluno(a), vamos começar com uma reflexão sobre a empatia. O que realmente podemos considerar ser essa emoção, qual a diferença que ela tem em relação à simpatia, apatia e antipatia? Há muitas diferenças entre essas palavras, não é? Por isso, devemos retomar esse conteúdo tão importante que caracteriza uma habilidade exigida no mercado profissional da atualidade. Vamos lá. 16 Fonte: <https://br.pinterest.com/pin/248894316889010117/?lp=true>. Essa definição é muito interessante, não é mesmo? Sobre o que isso nos faz refletir? Nesse sentido, não deixe de assistir ao vídeo sugerido no final deste tema. O vídeo trata da empatia e é bastante esclarecedor sobre a nossacondição de conexão. Agora, vamos tratar das diferenças entre simpatia, apatia, antipatia e empatia. 4.1 Simpatia Simpatia é uma forma simples de dar um retorno com delicadeza à pessoa com quem estamos em contato. Pode apresentar sentimentos de piedade pelo outro. Isso significa que ser simpático é ter sempre uma resposta à situação que o outro estiver apresentando; é importante sempre dar uma opinião a respeito da situação. 4.2 Apatia A apatia é um estado que se caracteriza por uma insensibilidade emocional. Às vezes, pode parecer falta de motivação, entusiasmo ou até mesmo ausência de sentimentos. 17 Fonte: Thiago Macson. Analise essa imagem. Ao que ela remete? De um lado, uma expressão apática e, de outro, simpática? É, então, uma expressão empática? Apatia é uma condição psicológica designada por um estado emocional de indiferença. É a falta de emoção ou motivação de um indivíduo perante algo ou alguma situação, tendo como algumas das suas características o desgaste físico, a inércia, a fraqueza muscular e a falta de energia (letargia). A palavra apatia tem origem no grego apátheia, [...] páthos que remete para “aquilo que afeta o corpo e a alma". É o estado de uma alma indiferente, que não é suscetível de se emocionar por falta de sensibilidade ou de sentimento (Significado, 2019). Agora que entendemos o que é simpatia e apatia, vamos rever outros conceitos: antipatia e empatia? 4.3 Antipatia Não é considerado um sentimento ou uma forma positiva, pois remete à aversão. Podemos dizer que esse sentimento está presente em situações de egoísmo, de contrariar o outro, de rejeição, de egocentrismo etc. Porém, fenômenos identificam que esse sentimento negativo pode aparecer no início de um contato. Posteriormente, quando estabelecida uma relação, o fenômeno desaparece ou se modifica. A seguir, vamos analisar o conceito segundo o dicionário virtual para mais uma reflexão sobre esse sentimento. 18 Fonte: Dicio, 2019. 4.4 Empatia A empatia não é ser simpático, querido, generoso ou muito menos perder a sua maneira de ser e a sua personalidade. Ser empático se caracteriza pela maneira compreensiva, relacionada ao modelo mental dos indivíduos. As pessoas desejam, se emocionam, se entristecem, se divertem por coisas muito diferentes. O que isso requer é respeito à condição presente de cada indivíduo no mundo. Respeitar os sentimentos, a postura, a missão e a visão de mundo; isso é fundamental para identificarmos a empatia. Quem está certo ou errado na forma de se alegrar ou entristecer? Ninguém, não é mesmo? Somente diferentes estão presentes! O que nos mostra a imagem a seguir? Vamos continuar com as nossas reflexões sobre o comportamento humano? Thyago Macson 19 Perante essa grande diversidade de indivíduos, o mais importante, por sermos seres sociais, é a forma como facilitamos as relações interpessoais. É a condição de ser compreensível, respeitoso, sair do egocentrismo, ser servidor e, principalmente, entender as diferenças e aprender com elas por meio de uma forte conexão; isso é ser empático. Vejamos, a seguir, uma imagem que pode facilitar a continuidade dessa reflexão sobre a empatia. Faça o seu checklist. Fonte: Rede Juntos, 2019. Leitura obrigatória Para que você complemente os conhecimentos sobre o tema, leia o capítulo 3 “fortalecendo a sua essência na relação com o outro” (p. 82-87) do livro Construindo relacionamentos no contexto organizacional, dos autores Czajkowski, Muller e Oliveira, publicado em 2019 pela editora InterSaberes. Saiba mais Assista ao vídeo intitulado "o poder da empatia", disponível no link: <https://www.youtube.com/watch?v=VRXmsVF_QFY&t=12s>. 20 TEMA 5 – COMPETÊNCIAS COMPORTAMENTAIS NO MERCADO PROFISSIONAL Aluno(a), estamos no último tema desta aula. Convidamos você a relacionar o que estudamos até aqui com o mercado profissional, ou seja, com o perfil demandado pelo atual cenário profissional. O que podemos considerar que o mercado profissional tem como maior demanda quanto às competências dos profissionais? O mercado mudou? Como era antes e como é hoje? Quais diferenças podemos citar? O mercado, antes, era menos competitivo entre as empresas e entre os profissionais, não é mesmo? Mas menos competitivo em que sentido? Vamos lembrar que, antigamente, as exigências e os requisitos expostos no currículo eram menores. Entre as empresas, existia menos concorrência, pois o mercado tinha menos ofertas de produtos e serviços. Em qual momento, então, tudo isso passou a se alterar? Entendemos que, com a abertura dos mercados estrangeiros, os produtos começaram a entrar no país com mais facilidade, e a diversidade de produtos e serviços aumentou. Junto a isso, atrelaram-se a criatividade e o grande processo de inovação. As empresas tiveram que se reestruturar para se manter no mercado como fortes concorrentes. E isso só pôde ocorrer pela inovação. Por falar em inovação, identificamos que ela vem dos indivíduos e não dos equipamentos. Com isso, se as empresas não investissem nas pessoas, para que estas pudessem ter ideias inovadoras, as organizações talvez perderiam seu lugar no cenário corporativo. Além disso, sabemos que os profissionais tiveram que se desenvolver de uma forma diferenciada, ou seja, precisaram investir em competências não só técnicas, mas comportamentais. Por qual motivo? Vamos falar mais sobre isso. O profissional desta década necessita prioritariamente saber trabalhar em equipe, se comunicar de forma clara e assertiva e, principalmente, ter desenvolvimento frequente e contínuo da sua inteligência analítica e emocional. Entendemos que existe uma importância nas competências comportamentais no trabalho, em função de vários aspectos voltados a adversidades e diversidades entre os indivíduos ali inseridos. Por meio de dados de pesquisa, muitas pessoas são admitidas nas organizações pelas competências técnicas favoráveis e, posteriormente, desligadas devido à falta 21 das competências comportamentais. Portanto, há um significado referente à atenção das pessoas à necessidade de desenvolvimento dessas competências. Essas competências comportamentais têm sido vistas como uma valiosa habilidade e têm sido muito demandadas nas seleções de pessoas. Vimos que as competências técnicas ocupam um lugar importante, porém são mais fáceis de serem desenvolvidas. Já as comportamentais colocam o candidato em uma classificação de maior valor se ele apresentar algumas delas. As competências comportamentais se transformaram em um grande diferencial na carreira. Conforme já estudamos, o indivíduo expressa suas emoções e seus sentimentos e revela seu modelo mental por meio do seu comportamento, mesmo que muitas vezes o sujeito não perceba e não saiba os impactos das suas atitudes perante as situações da vida. Nas contratações, são muito valorizadas as competências comportamentais, até porque a dificuldade de desenvolvê-las é muito maior do que as competências técnicas. A facilidade de lidar com as emoções nas relações interpessoais, em momentos adversos, diante de uma grande diversidade de uma equipe, entre outras situações, é extremamente positiva na performance profissional esperada. Vamos falar de algumas competências comportamentais valorizadas no cenário atual, tais como: Trabalho em equipe: a importância de desenvolver as atividades com demais pessoas, superar desafios e alcançar os resultados esperados pela organização. Liderança: saber fazer a gestão de pessoas, promovendo sempre o desenvolvimento de cada indivíduo da equipe, com o objetivo fundamental do líder, que é formar sucessores. Inteligência emocional: conforme já estudamos, é uma condição imprescindível; indivíduos que desenvolvem essa inteligência favorecem o relacionamento interpessoal porserem empáticos, como também promovem a sua carreira de forma positiva por serem automotivados, com nível de autoconhecimento elevado, e percebem as suas próprias emoções. Gestão de conflitos: o indivíduo tem condições de fazer a gestão de dificuldades existentes nos processos organizacionais e interpessoais, 22 sempre de uma forma que possa agregar alternativas diferenciadas, contribuindo para a evolução da empresa por meio de decisões positivas. Resiliência: é a capacidade de o indivíduo ser flexível diante de situações adversas. Confiabilidade: o indivíduo apresenta comportamento confiável, que traz credibilidade às tomadas de decisão, às relações interpessoais, principalmente quando exerce o papel de líder que conduz pessoas pela exemplaridade. Leitura obrigatória Para que você complemente os conhecimentos sobre o tema, leia o artigo “o conceito de resiliência aplicado ao trabalho nas organizações”, disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0034- 96902008000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Saiba mais Assista ao vídeo sobre as competências mais procuradas pelo mercado de trabalho, de Josef Rubin (Conquer), disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2WmVr5ozUPo>. TROCANDO IDEIAS Aluno(a), você conseguiu relacionar os conteúdos desta aula com a sua atuação pessoal e profissional? É interessante que não tem como não se perceber com tantos estímulos voltados à nossa prática, não é mesmo? Falamos de temas extremamente atuais que sugerem, inclusive, novas posturas, comportamentos e a grande necessidade de o indivíduo ampliar o seu autoconhecimento e as suas competências comportamentais para que o sujeito seja mais assertivo nas suas escolhas e na sua performance profissional. Sugiro que você dê continuidade a essas reflexões e participe de um fórum respondendo às seguintes perguntas: Quais competências comportamentais você tem percebido como uma exigência na sua área de atuação profissional? O que é possível fazer para se obter melhores resultados profissionais com o seu perfil? 23 NA PRÁTICA Leitura do caso: imagine o seguinte diálogo, adaptado de Simionato (2006, p. 222-223), em um processo de seleção: Selecionador: Bom, vamos analisar o seu currículo. É bom saber que você fez um curso de graduação recentemente e foi o seu único. Candidato: Sim. Selecionador: Pergunto-me por que você levou tanto tempo para fazer a sua graduação... Candidato: Bem... Levei esse tempo por razões pessoais. Selecionador: Entendo, mas não acha que demorou muito para fazer isso? Candidato: De fato, mas acho que não devo a você satisfações quanto a isso. Eu não vim aqui para ser esculachado. Identificação do que deve ser feito: com base no caso desse indivíduo e sua forma de abordar o entrevistador, caso você fosse o selecionador, como você agiria? Para responder a essa pergunta, leve em consideração estes aspectos: 1. identificação da teoria/conteúdo que resolve o problema; 2. indicação de leitura complementar, se necessária; 3. apresentação da solução do problema. Inicialmente, o indivíduo não apresentou um nível de maturidade adequado à entrevista. Percebe-se que ele não teve um controle das emoções, não demonstrou autoconhecimento, consequentemente, sua inteligência emocional é inferior. A sua postura impactou negativamente as suas respostas; inclusive, o entrevistador foi desrespeitado. Não apresentou ter condições de lidar com as adversidades, com as diversidades, tampouco com os conflitos possíveis em uma organização. FINALIZANDO Aluno(a), tratamos de temas bastante significativos voltados ao autodesenvolvimento e a aspectos muito demandados nas organizações no cenário atual. Quando estudamos sobre as emoções, percebemos a importância de identificarmos a presença delas nos diversos momentos da nossa vida pessoal e profissional para que possamos fazer a gestão delas. 24 Além disso, vimos que esse aspecto está diretamente ligado a uma competência maior, que é a inteligência emocional, condição que compõe a autoconsciência, a empatia, o controle das emoções, a automotivação e as relações interpessoais positivas. Sabemos que tudo isso é possível desenvolver, porém, para tanto, necessitamos primeiramente perceber a razão e o sentido disso para efetuarmos as necessárias mudanças. Por fim, tratamos de mais uma inteligência muito importante, a espiritual, que visa dar sentido maior à nossa existência, ou seja, a condição fundamental de o indivíduo estabelecer a sua missão, a sua visão e os seus valores, ou melhor, o grande significado de perceber a sua essência e priorizar o seu propósito de vida, a razão de existir. Quantos aspectos subjetivos, não é? Devemos entender, ainda, que isso é um fator exigido nas organizações, pois elas exigem mais do que habilidades técnicas para as suas melhores oportunidades. É preciso ter condições comportamentais que possam dar valor ao capital humano da empresa, inovando e contribuindo com a entrega dos melhores resultados nesse cenário competitivo. 25 REFERÊNCIAS ANTIPATIA. Dicio – Dicionário Online de Português. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/antipatia/>. Acesso em: 8 out. 2019. GOLEMAN, D. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. INTELIGÊNCIA espiritual. Full Fill, 2019. Disponível em: <https://www.fullfill.pt/inteligencia-espiritual/>. Acesso em: 8 out. 2019. MARQUES, J. R. Conheça a inteligência espiritual. Instituto Brasileiro de Coaching, 12 mar. 2019. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/comportamento/conheca-inteligencia- espiritual/>. Acesso em: 29 set. 2019. MIGUEL, F. K. Psicologia das emoções: uma proposta integrativa para compreender a expressão emocional. Psico-USF, Bragança Paulista, v. 20, n. 1, p. 153-162, jan./abr. 2015. O ALINHAMENTO das vertentes técnicas x comportamentais. Meta Visão 4D, 15 abr. 2019. Disponível em: <http://metavisao4d.com.br/o-alinhamento-das- vertentes-tecnicas-x-comportamentais/>. Acesso em: 14 out. 2019. SIGNIFICADO de apatia. Significados. Disponível em: <https://www.significados.com.br/apatia/>. Acesso em: 14 out. 2019. SIMIONATO, M. A. Competências emocionais: o diferencial competitivo no trabalho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. VOCÊ já exercitou sua inteligência emocional hoje? Rede juntos. Disponível em: <https://wiki.redejuntos.org.br/busca/voce-exercitou-empatia-e-inteligencia- emocional-hoje>. Acesso em: 14 out. 2019.