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Universidade Federal do Ceará
Centro de Ciências
Departamento de Química Analítica e Físico-Química
Prática 02
Cinética da Redução do
Azul de Metileno
Disciplina: Físico-Química Experimental II
Curso: Química Bacharelado
Fortaleza – CE
2021
1 Objetivo
Acompanhar a cinética da reação de redução do corante azul de metileno,
determinar a constante de velocidade utilizando o método de ajuste linear e determinar a
ordem da reação pelo método da velocidade inicial.
2 Resultados e discussão
2.1 Determinação do espectro de absorbância do azul de metileno
Realizou-se uma varredura do espectro de absorbância do azul de metileno a
fim de determinar o comprimento de onda (λ) de trabalho, ou seja, aquele que
apresentasse o valor de absorbância (A) máxima para o azul de metileno. A faixa de
comprimento de onda utilizada variou de 320 a 800 nm, intercalados em intervalos de
20 nm. Com os resultados obtidos, plotou-se um gráfico de A versus λ, gráfico 01, a
partir do qual observou-se que o valor de absorbância máxima, o pico da curva,
corresponde ao valor de λ = 660 nm. Logo, adotou-se este valor de comprimento de
onda para as demais condições experimentais.
Gráfico 01 - A versus λ para a determinação do comprimento de onda de trabalho.
Fonte: autora.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
A
λ (nm) λ máx. = 660 nm
A máx. = 1,196
2.2 Determinação da constante de velocidade da reação de redução do azul de
metileno pelo método do ajuste linear
Depois de determinado o comprimento de onda de trabalho, λ = 660 nm,
iniciou-se os experimentos para três condições, na qual utilizou-se uma solução de azul
de metileno (AM) 3,0 x 10-5 mol/L, uma solução de ácido ascórbico (AA) 0,1 mol/L e
uma solução de ácido clorídrico (HCl) 1,0 mol/L. Para a condição 1, mediu-se 10 mL da
solução de AM em um béquer e adicionou-se 10 mL de água destilada. Homogeneizou-
se a solução e, em seguida, realizou-se a leitura do valor de absorbância dessa solução.
O valor obtido corresponde a absorbância no tempo zero (A0) para a condição 1. Para as
condições 2 e 3 o processo para a determinação da absorbância no tempo zero foi
similar, diferindo apenas nos volumes da solução de AM e de água destilada. Para a
condição 2 utilizou-se 16 mL da solução de AM e 4 mL de água destilada e para a
condição 3 utilizou-se 6 mL da solução de AM e 14 mL de água destilada. Os valores
obtidos para a absorbância no tempo zero para as três condições estão expressos na
tabela 1.
Tabela 1 – A0 para as três condições experimentais.
Condição 1 Condição 2 Condição 3
A0 0,693 0,989 0,388
Fonte: autora.
Para as três condições manteve-se a concentração de ácido clorídrico e de
ácido ascórbico constantes. Como utilizou-se 1 mL da solução de HCl e 2 mL da
solução de AA para um volume constante de 20 mL, calculou-se a concentração de
ácido clorídrico e ácido ascórbico nas três condições pela equação da diluição. A seguir
encontra-se os cálculos para a solução de HCl e a solução de AA, respectivamente.
C1 x V1 = C2 x V2 ~> 1,0 mol/L x 1 mL = [HCl] x 20 mL ~> [HCl] = 0,05 mol/L
C1 x V1 = C2 x V2 ~> 0,1 mol/L x 2 mL = [AA] x 20 mL ~> [AA] = 0,01 mol/L
A concentração da solução de AM variou nas três condições experimentais.
Nas condições 1, 2 e 3 foram utilizados, respectivamente, 10 mL, 16 mL e 6 mL da
solução de AM, sempre para um volume constante de 20 mL. Seguindo-se o mesmo
raciocínio apresentado acima, calculou-se a concentração de azul de metileno nas três
condições pela equação da diluição. Os valores das concentrações iniciais dos três
reagentes estão resumidos na tabela 2.
Tabela 2 – Concentrações iniciais dos reagentes para as três condições experimentais.
Condição [HCl] mol/L [AA] mol/L [AM] mol/L
1 5,0 x 10-2 1,0 x 10-2 1,5 x 10-5
2 5,0 x 10-2 1,0 x 10-2 2,4 x 10-5
3 5,0 x 10-2 1,0 x 10-2 9,0 x 10-6
Fonte: autora.
Com as leituras de absorbância obtidas e os valores de A0 (disponíveis na
tabela 1), plotou-se um gráfico de A versus t contemplando as três condições
experimentais, gráfico 2.
Gráfico 2 – Comparativo de A x t para as três condições estudadas.
Fonte: autora.
Pelo gráfico, observa-se que as três curvas apresentam uma tendência
exponencial de decaimento, sendo essa tendência mais elevada quanto maior a
concentração inicial da solução de AM. Isso indica que, nas três condições, as curvas
apresentam um perfil cinético de reação de pseudo-primeira ordem pois, apesar da
velocidade da reação depender de 3 reagentes, a concentração de dois deles foi mantida
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
1.1
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650
A
t (s)
Condição 1 (C1)
Condição 2 (C2)
Condição 3 (C3)
bem elevada, com uma diferença de, pelo menos, duas ordens de grandeza da [AM].
Logo, pode-se considerar que as [HCl] e [AA] permaneceram constantes durante a
reação e a cinética dependeu somente da [AM].
Obteve-se a equação da reta para as três condições apresentadas no gráfico 2
e, com isso, determinou-se as constantes de velocidade de pseudo-primeira ordem em
cada caso através do coeficiente angular. O gráfico 3 apresenta esses resultados.
Gráfico 3 – Comparativo de A x t para as três condições estudadas.
Fonte: autora.
Pelo gráfico 3, elaborou-se a tabela 3, com as constantes de velocidade
obtidas em cada condição.
Tabela 3 – Constantes de velocidade obtidas da relação A versus t.
Condição 1 Condição 2 Condição 3
Kobs. 1,2 x 10-3 8,0 x 10-4 4,0 x 10-4
Fonte: autora.
Também analisou-se a cinética dessa reação pela relação ln[(A∞ - At)/(A∞ -
A0)] versus t para as três condições. Contudo, utilizou-se apenas os 80 segundos iniciais
de cada reação. O coeficiente angular da equação da reta obtida por esse gráfico fornece
y = -0,0008x + 0,3765
R² = 0,6442
y = -0,0012x + 0,5443
R² = 0,6484
y = -0,0004x + 0,1576
R² = 0,5585
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
-50 50 150 250 350 450 550 650
A
t (s)
Condição 1 (C1) Condição 2 (C2) Condição 3 (C3)
a constante de velocidade de pseudo-primeira ordem em cada caso. O gráfico 4
apresenta esses resultados.
Gráfico 4 - Comparativo de ln[(A∞ - At)/(A∞ - A0)] x t para as três condições.
Fonte: autora.
Pelo gráfico 4, elaborou-se a tabela 4, com as constantes de velocidade
obtidas em cada condição.
Tabela 4 – Constantes de velocidade obtidas da relação ln[(A∞ - At)/(A∞ - A0)] x t.
Condição 1 Condição 2 Condição 3
Kobs. 8,4 x 10-3 7,9 x 10-3 1,25 x 10-2
Fonte: autora.
Observa-se que as constantes de velocidade obtidas pela relação ln[(A∞ -
At)/(A∞ - A0)] x t são maiores do que as obtidas pelo ajuste não linear. Como no
segundo ajuste considerou- se apenas a etapa inicial da reação e obteve-se uma boa
linearização, as constantes obtidas pelo segundo ajuste são mais confiáveis.
Também se calculou as velocidades iniciais de cada reação. Para isso,
utilizou-se a equação da reta obtida por regressão linear dos pontos iniciais das curvas
exponenciais. O gráfico 5 mostra o intervalo utilizado em cada regressão, bem como a
equação da reta para cada condição.
y = -0,0084x + 0,0706
R² = 0,9931
y = -0,0079x + 0,068
R² = 0,9879
y = -0,0125x - 0,0321
R² = 0,9912-1.2
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
ln
[(
A
∞
-
A
t)
/(
A
∞
-
A
0
)]
t (s)
Condição 1 (C1) Condição 2 (C2) Condição 3 (C3)
Gráfico 5 – Intervalos utilizados para a determinação das velocidades iniciais de cada
condição.
Fonte: autora.
Pelo gráfico 5, elaborou-se a tabela 5, com as velocidades iniciais obtidas
em cada condição.
Tabela 5 – Velocidades iniciais obtidas nas três condições.
Condição 1 Condição 2 Condição 3
vi 3,5 x 10-3 4,2 x 10-3 2,2 x 10-3
Fonte: autora.
Pode-se calcular a ordem da reação emrelação ao azul de metileno [AM] na
temperatura trabalhada através do método das velocidades iniciais. Como considera-se a
reação de pseudo-primeira ordem, pode-se escrever sua lei de velocidade da seguinte
forma:
v = k[AM]a (1)
Aplicando o logaritmo, tem-se que:
log v = log { k[AM]a }
log v = log k + log [AM]a
log v = a log [AM] + log k
y = -0,0042x + 0,709
y = -0,0035x + 0,978
y = -0,0022x + 0,34
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
8 10 12 14 16 18 20 22
A
t (s)
Com isso, o coeficiente angular de um gráfico de log vi x log [AM] fornece
a ordem de reação para o azul de metileno. Construiu-se esse gráfico com os valores
fornecidos nas tabelas 2 e 5. E, pela equação da reta obtida, tem-se que a ordem da
reação do azul de metileno na temperatura trabalhada é 0,66.
Gráfico 6 – log vi x log [AM].
Fonte: autora.
Referências
Manual de práticas da disciplina de Físico-Química Experimental II. Universidade
Federal do Ceará, 2021.
y = 0.6631x + 0.7061
R² = 0.9512
-2.7
-2.65
-2.6
-2.55
-2.5
-2.45
-2.4
-2.35
-2.3
-5.1 -5 -4.9 -4.8 -4.7 -4.6 -4.5
lo
g
v
i
log [AM]