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Exame clínico do Idoso
Relação Médico-Paciente
“É necessário evitar qualquer tipo de preconceito, discriminação ou estereotipagem de uma pessoa em função exclusivamente de ter chegado a uma idade que a defina como idosa, pois isso faz com que as gerações mais jovens vejam os idosos como seres diferentes de si, de modo que, sutilmente, deixam de identificar os idosos como pessoas.
A impressão de que os idosos nunca poderão ser curados e, portanto, de que não valem o esforço de um atendimento mais demorado e a paciência para escutar desaparece à medida que o médico percebe que, mais que a morte, esses indivíduos temem a perda da autonomia e da independência. Portanto, o pré-requisito mais importante para o bom atendimento aos idosos é acreditar que mesmo o mais longevo e frágil deles poderá beneficiar-se com as habilidades de um médico bem preparado, desde que se estabeleça como objetivo principal a melhora da qualidade de vida e a recuperação da independência. Esses objetivos devem ser discutidos com o paciente e ele deve ser esclarecido de que a recuperação da capacidade de autocuidado é um grande ganho, embora a doença que a tenha causado não possa ser curada. O médico quase sempre é muito mais jovem do que o seu paciente. Para muitos, isso pode representar mais uma dificuldade na relação médico-paciente. No entanto, uma postura respeitosa e digna do profissional, que nunca deverá infantilizar o seu paciente, ameniza todas essas dificuldades.”
Porto & Porto, 2019
Algumas recomendações para uma boa condução de uma consulta com um paciente idoso:
Anamnese
	A história do idoso muitas vezes é longa e precisa de encontros para ser completada. Tem importância especial, pois o médico pode ser uma das pessoas mais importantes na vida do paciente, especialmente em um idoso frágil e que vive isolado. A oportunidade dada de expressar as suas preocupações e receber atenção é comprovadamente terapêutica.
· É necessário assegurar a confiabilidade dos dados fornecidos pelo paciente, através do apoio dos familiares e/ou cuidadores.
· O princípio de iniciar a anamnese com uma queixa principal pode não ser de grande valia, visto que costumam apresentar de múltiplas afecções crônicas e tendem a apresentá-las de maneira atípica. É comum o paciente dizer que tem tantos problemas que não sabe por onde começar. Peça a ele que relate aquilo que mais o incomoda.
· Queixa Principal pode ser um diagnóstico - mais fácil compreender as condições do paciente começando por elucidar a história médica pregressa imediatamente após perguntar a queixa principal e antes de obter informações mais precisas sobre ela.
· Em alguns casos a queixa principal do idoso será diferente da informada pelo acompanhante. O que incomoda o idoso pode não ser exatamente o mesmo problema que preocupa os seus familiares ou cuidadores – importante valorizar as duas informações independente do estado cognitivo do paciente.
Devido as inconsistências das informações, muitas vezes, fornecidas pelos idosos o TESTE DA SACOLA DE REMÉDIOS é uma ferramenta de suma importância. O esquema abaixo elucida o passo a passo para uma boa execução do teste:
Aspectos Especiais do Interrogatório Sintomatológico do Idoso:
	Alguns problemas que não são incluídos no interrogatório sintomatológico dos pacientes mais jovens, merecem atenção especial no idoso. Todos estão relacionados as modificações gerais e sistêmicas do idoso e devem ser destacadas para que o médico e o paciente estejam alinhados com quais aspectos são fisiológicos (senescência) e quais são patológicos (senilidade). São eles:
Um aspecto que merece ser destacado, são as quedas, visto que podem ser extremamente graves para os idosos:
“Cuidados paliativos para alívio de sintomas como dor, dispneia, náuseas, vômitos, constipação intestinal, ansiedade e depressão devem ser instituídos logo que se tenha o diagnóstico de uma doença crônica sem perspectiva de cura. ”
Porto & Porto, 2019
Antecedentes e Hábitos de Vida
· É de pouca relevância saber as condições de nascimento e doenças da infância.
· Importante saber a história de tuberculose, doenças sexualmente transmissíveis e intervenções cirúrgicas.
· Nas mulheres, a época da menarca não é tão relevante quanto a época e as condições da menopausa.
· Questionar número de filhos e história de morte. Processo de luto traz graves consequências.
· Histórico familiar relevante: diabetes, demência, depressão e doenças neurológicas, como a coreia de Huntington.
· Conhecer o estado de saúde dos descendentes.
· Utilizar histórico familiar para explorar as experiências, expectativas e atitudes do paciente com relação às doenças e à morte.
· Conhecer hábitos alimentares, condições de trabalho, prática de atividades físicas e vícios. O consumo de bebidas alcóolicas costuma ser ocultado. Questionar sobre drogas ilícitas.
· Perguntar sobre o tipo de habitação.
· Saber se o paciente mora sozinho, suas condições financeiras e quem administra as finanças.
· Estar ciente do estado de saúde daqueles que dão apoio aos idosos, principalmente aos dependentes, é essencial. Cuidadores podem abandonar os idosos para dedicar-se integralmente ao seu cuidado.
Referências: PORTO & PORTO. Semiologia Médica. 7. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
	 PORTO & PORTO. Semiologia Médica. 8. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

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