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1 
 
Seja Bem Vindo! 
 
Curso 
Empreendedorismo social 
 
Carga horária: 55hs 
 
 
 
 
2 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
Introdução 
O Empreendedor Social 
O que não é Empreendedorismo Social 
O que é Empreendedorismo Social 
Empresa Tradicional x Organização Tradicional 
2º Setor: O papel da Empresa no Progresso Social 
3º Setor: O papel da Organização Social no Progresso 
Social 
Concebendo Novos Mercados 
Novos Mercados pedem Novos Modelos de Negócio 
Setor 2,5: Negócios Sociais 
Grameen Bank: O Primeiro Negócio Social do Mundo 
7 Características dos Negócios Sociais 
A Base da Pirâmide 
O Mercado Brasileiro da Base da Pirâmide 
Cases: Aprendendo com Experiências de 
Empreendedorismo 
Internet como Catalisador do Empreendedorismo Social 
O Jovem Brasileiro 
Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil 
Organizações que Suportam Empreendedores Sociais no 
Brasil 
Tirando as Ideias do Papel 
Modelos de Negócio 
Criando seu próprio Modelo de Negócio 
Inspiração Final 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
3 
 
Introdução 
 
“Pobreza, doenças, fome, poluição, degradação ambiental, 
injustiça, desigualdade e analfabetismo este são todos parte da 
experiência humana, você não pode por um fim a eles.” E se isto 
não for verdade? E se nós pudéssemos por um fim a isto 
começando por apenas passar uma grande linha vermelha sobre 
esta afirmação acima? E se quando você visse um problema 
social conseguisse enxergar também soluções e pudesse fazer 
da atividade de solucionar este problema não apenas a sua 
Paixão, mas também o sua Atividade Profissional? Adivinhe?! 
Você pode! Existem pessoas que já estão dedicando suas 
carreiras a esta forma inovadora de enxergar o mercado 
consumidor, eles são os Empreendedores Sociais. 
Em uma época de intensos avanços tecnológicos e científicos, 
900 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável, e 
2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico, ou seja, 39% da 
população mundial*. Mais de 1,8 milhões de jovens entre 15 e 24 
anos morrem a cada ano por enfermidades que poderiam ser 
prevenidas*, 1,6 bilhões de pessoas não possuem eletricidade* e 
5,4 bilhões não têm acesso à internet*. No mundo de hoje, 2,6 
bilhões de pessoas vivem na pobreza com menos de dois dólares 
por dia*. Os sinais de desequilíbrio são visíveis e deixam claro 
que temos urgência na busca de novos caminhos. Para construir 
uma sociedade verdadeiramente desenvolvida, é necessário criar 
modelos capazes de beneficiar mais pessoas, garantindo a todas 
elas a oportunidade de ter acesso a uma vida digna e 
sustentável. 
Neste curso vamos apreender sobre o universo do 
Empreendedorismo Social desde formulações de conceitos até 
suas raízes históricas, principais características, cases de 
sucesso e oportunidade e dificuldades que o mercado global e 
nacional apresenta a este tão novo ramo de atuação. 
 
O Empreendedor Social 
 
O tema empreendedorismo social é novo, mas na sua essência já 
existe a muito tempo. Alguns especialistas apontam até Luter 
King e Gandi como empreendedores sociais. Isto decorrente a 
sua capacidade de liderança e inovação quanto às mudanças em 
4 
 
larga escala. Como o tema é novo e ainda esta em 
desenvolvimento existe pouca bibliografia sobre o assunto, tanto 
aqui no Brasil como no exterior. E é fato que no Brasil as fontes 
para embasamento teórico são em muitos casos, são de origem 
estrangeira. Mas no tocante á prática já temos alguns exemplos 
nacionais com impacto internacional, como é o caso do CDI – 
Comitê de Democratização da Informática, do Empreendedor 
Social Rodrigo Baggio, no Rio de Janeiro, vamos entender este 
case mais profundamente no decorrer do curso. Porém tais 
constatações nos levam a crer que o Brasil não esta longe e nem 
indiferente ao tema e a inovação neste ramo. 
Novos ramos de mercado geralmente surgem devido a uma 
descoberta de matéria-prima, substância ou 
equipamento/máquina que ofereça benefícios antes não 
encontrados em algo conhecido como, por exemplo, o automóvel, 
ou devido a um novo hábito da sociedade da época que leva ao 
desenvolvimento de novos produtos e serviços para apoia-la 
como, por exemplo, o Futebol, jogo que caiu no hábito da 
população e hoje existe todo um ramo de atuação ao seu redor. 
O ramo de atuação do Empreendedorismo Social não nasceu 
devido á fatores usuais como estes, ele existe unicamente devido 
ao personagem do Empreendedor Social, sem eles não haveria a 
inovação. Sendo estes personagens tão essenciais para o início 
do movimento faz todo o sentido que a partir do entendimento 
deles que iniciemos a compreensão do tema como um todo. 
Neste primeiro momento vamos conhecer os principais conceitos, 
tanto na visão internacional como na visão nacional, sobre o 
personagem Empreendedor Social. 
Conceitos sobre Empreendedor social de diversas Organizações 
Internacionais: 
5 
 
 
Agora veja a visão de autores nacionais sobre o tema: 
6 
 
 
A partir desta primeira aproximação, fica nítido que tanto 
nacionalmente como internacionalmente o conceito esta em 
construção. Mas esta amostra nos possibilita perceber que há 
certa similitude quanto à compreensão do empreendedorismo 
social com: 
 a Lógica Empresarial; 
 o Foco Social; 
 e o Empreendedor Social em si como fator de sucesso determinante. 
 
O Empreendedor Social aponta tendências e traz soluções 
inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por 
enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela 
sociedade e/ou por vê-lo por meio de uma perspectiva 
diferenciada. Por meio de sua atuação, ele acelera o processo de 
mudanças e inspira outros atores a se engajarem em torno de 
uma causa comum. 
Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções 
inovadoras para os problemas mais prementes da sociedade. 
Eles são fortemente engajados e muito persistentes, enfrentando 
7 
 
as principais questões sociais e oferecendo novas ideias para 
a mudança em larga escala. 
Em vez de deixar as necessidades da sociedade só para o 
governo ou a iniciativa privada, os empreendedores sociais 
identificam o que não está funcionando e buscam colocar em 
ação soluções para os problemas estruturais e sistêmicos da 
sociedade. Além disso, se comprometem a disseminar essas 
novas soluções e a persuadir toda a sociedade a tomar esses 
novos saltos também. 
Os empreendedores sociais muitas vezes parecem estar 
possuídos por suas ideias, dedicando suas vidas para mudar a 
sociedade. Conseguem ser visionários e realistas ao mesmo 
tempo, se preocupando com a aplicação prática da sua visão 
acima de tudo. 
Perceba que damos muita ênfase á transformação social em 
larga escala e atacando problemas estruturais da sociedade e 
que isto difere muito de atacar problemas sociais superficiais ou 
atacar problemas sociais estruturais, mas em uma pequena 
escala ou para uma comunidade limitada. 
Vamos fazer desde já um apanhado das características mais 
marcantes do Empreendedor Social citadas por estes e outros 
autores. 
 
8 
 
Colocados em pauta tantos conhecimentos, habilidades, posturas 
e competências, os dados podem sinalizar um super homem, ou 
uma super mulher, mas de fato, se percebermos, os indicadores 
não são tão excepcionais, muitos já fazem parte do perfil do 
Empreendedor tradicional e em uma analise bem real são as 
características necessárias em qualquer área para se fazer 
diferença e ir além do trivial. 
O empreendedor social está atuando na sociedade a muito mais 
tempo do que existe o termo empreendedor social em si. Há 
questão de 20 anos atrás eles atuavam sem saber identificar ou 
definir claramente para outros seu ramo profissional ou profissão. 
Eles muitas vezes vinham trabalhando sozinhos, pois não tinham 
ideia da existência deoutros empreendedores sociais como eles. 
Eles tinham experiência prática em ir contra a corrente e são 
geralmente pessoas muitos fortes e resistentes que deram 
origem a este novo conceito a este novo mercado. 
Empreendedores Sociais sempre existiram, mas porque nós não 
os identificávamos como tal até agora eles não tiveram uma 
identidade coletiva ele têm sido ainda pioneiros individuais. 
Julia Kirby, empreendedora social e escritora, disse: “As pessoas 
me diziam: Você é louca. E agora eu posso responder: Eu não 
sou louca eu sou uma Empreendedora Social. Isto soa muito 
melhor!”. 
O que nós vemos surgir agora, e de forma muito rápida, é toda 
uma rede de incentivo e suporte que afirma que sim, 
Empreendedorismo Social é realmente viável e é um ramo 
profissional. E quanto mais a rede se forma mais ideias vão de 
locais a nacionais e globais, propiciando a alta difusão não só do 
conceito em si mas de Empreendedores que vem neste ramo a 
uma grande oportunidade para suas aspirações profissionais. 
 
O que não é Empreendedorismo Social 
 
Agora que entendemos nosso personagem principal vamos 
desmistificar alguns pré-conceitos que possamos ter sobre o 
tema Empreendedorismo Social. Isto por causa de associações 
errôneas, porém comuns, devido ao tema ser tão recente. 
9 
 
O Empreendedorismo Social não é responsabilidade social 
empresarial. Responsabilidade social empresarial é a forma de 
gestão que se define pela relação ética e transparente da 
empresa com seu público e pelo estabelecimento de metas que 
impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, 
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações 
futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das 
desigualdades sociais. 
Embora muitas empresas estejam mobilizadas para essa 
questão, pesquisadoras do Uniethos afirmam que “essas 
iniciativas, apesar de apresentarem resultados positivos, 
representam, na maioria das vezes, ações pontuais e 
desconectadas da missão, visão, planejamento estratégico e 
posicionamento da empresa e, consequentemente, não 
expressam um compromisso efetivo para o desenvolvimento 
sustentável. Em muitos casos, as empresas brasileiras acabaram 
por associar responsabilidade social à ação social, seja pela via 
do investimento social privado, seja pela via do estímulo ao 
voluntariado. Esse viés de contribuição, embora relevante, 
quando tratado de maneira isolada, coloca o foco da ação fora da 
empresa e não tem alcance para influenciar a comunidade 
empresarial à um outro tipo de contribuição, extremamente 
importante para a sociedade: a gestão dos impactos ambientais, 
econômicos e sociais provocados por decisões estratégicas, 
práticas de negócio e processos operacionais.” Ou seja estas 
ações nunca serão foco da empresa, dificilmente serão 
caracterizadas estratégicas nas áreas social, ambiental ou 
econômica das comunidades e dificilmente tomarão uma escala 
substancial para se caracterizar como mudança ou inovação 
social. 
Também não é um empresário que investe no campo social, o que estaria mais 
próximo da responsabilidade social empresarial, ou quando 
muito, da filantropia. 
O Empreendedor Social não compreende projetos assistencialistas. Definimos 
projetos assistencialistas como projetos que suprem apenas 
temporaria e superficialmente as necessidades sociais e dura 
apenas o período de vida do próprio projeto ao invés de promover 
mudanças sociais verdadeiras, essenciais e que sejam 
sustentáveis, ou seja, perdurem e se repliquem dentro da 
sociedade. Podemos entender melhor através de um simples 
exemplo: - Em um projeto assistencialista são doados materiais 
10 
 
escolares para uma comunidade. Já um empreendedor social ao 
invés de fornecer o material escolar desenvolve um produto ou 
serviço que: ou torne materiais escolares mais acessíveis ou 
possibilite o aumento da renda daquela comunidade, sendo que 
em ambos os casos a comunidade pode agora comprar os 
materiais escolares independentemente de doações. 
Como enfatiza Demo, “ [...] a solidariedade que produz ajuda 
assistencialista representa fantástico processo de imbecilização.” 
(DEMO, 2002, p.40). Pode parecer um conceito bastante 
drástico, mas além de não promover mudanças sociais 
essenciais, o assistencialismo deixa a população acomodada, 
viciada e de certa forma até dependente, pois se estamos 
acostumados a receber o peixe de graça, porque haveríamos de 
aprender a pescar? 
Professor Yunus nos ensinou que: O 1 real, quando doado por 
caridade, não volta, ele tem uma vida única e influencia a vida de 
apenas uma pessoa. Agora se você transformar esta atividade 
em um design de negócio o 1 real investido volta e tem uma vida 
infinita mudando a vida de milhares de pessoas. 
O Empreendedorismo Social não é ainda no Brasil uma profissão legalmente 
constituída, não há formação universitária ou técnica, nem conselho 
regulador e código de ética profissional legalizado. Existem hoje 
nas universidades brasileiras diversos cursos de 
Empreendedorismo, e muito embora alguns destes cursos 
tenham disciplinas que abordam a temática de 
Empreendedorismo Social não há nenhum curso específico na 
área. 
No mundo há formações nesta área em países como Inglaterra e 
a universidade de Oxford que apresenta um ambiente onde os 
Empreendedores Sociais podem desenvolver as habilidade e 
competências necessárias para seu sucesso, mas também trocar 
experiências dada a grande característica de colaboratividade 
deste setor. Já no Brasil encontramos organizações como a 
Achoka e a Artemisia, que exploraremos mais afundo em outro 
momento deste curso, e que oferecem formações na temática de 
Empreendedorismo Social e tentam através de eventos, 
movimentos, palestras e engajamento de jovens universitários 
trazer a temática para dentro das universidades brasileiras para 
que no futuro o Empreendedorismo Social se torne uma área de 
graduação específica. 
 
11 
 
O que é Empreendedorismo Social 
 
Finalmente chegamos ao ponto onde vamos estudar o conceito 
de Empreendedorismo Social em si, mas nossa trajetória sobre o 
personagem do Empreendedor Social e o que não é 
Empreendedorismo Social é de igual importância. Existem 
também diversos conceitos sobre Empreendedorismo Social, 
porém, para melhor compreensão, vamos nos ater a um conceito 
geral mas que engloba as visões das principais organizações e 
autores da área. 
Observamos que Empreendedorismo Social se trata, antes de 
tudo, de uma ação inovadora voltada para o campo social, é 
neste sentido um processo, que se inicia com a observação de uma 
determinada situação-problema local, em seguida procura-se elaborar 
uma alternativa para enfrentar está situação. Observamos 
também que esta ideia tem que apresentar algumas 
características fundamentais. A primeira é ser uma ação inovadora, 
a segunda que seja realizável, a terceira que seja auto-sustentável, a 
quarta que envolvam vários segmentos da sociedade, em especial as 
menos favorecidas, a quinta que provoque impacto social, a sexta 
que seja passível deavaliação de resultados, e por fim que após um 
momento de maturação seja possível a sua multiplicação em outras 
localidades. 
Ao analisar este conceito uma das conclusões essenciais a que 
chegamos é de que o Empreendedor Social não precisa se 
restringir a empreender um tipo de negócio específico. Pode 
optar por atuar tanto negócios que VISAM O LUCRO, como 
Empresas, quanto em negócios que VISAM A 
SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA E NÃO O LUCRO, como no 
caso de Organizações Não Governamentais (ONGs). Sendo que 
estas linhas diferem entre si principalmente pela forma de 
recompensa financeira dos empreendedores e direcionamento 
dos lucros obtidos. Não confunda, na ONG, o Empreendedor não 
é voluntário, ele recebe um salário determinado, porém todo o 
lucro é reinvestidona própria atividade da ONG. Já no caso 
Empresa parte do lucro é reinvestido na empresa parte é dividido 
entre os Empreendedores Sociais. 
É extremamente importante observar que ambas as linhas de 
atuação diferem extremamente de ONGs e Empresas 
Tradicionais. Partindo deste princípio existe um quadro que pode 
12 
 
nos ajudar a melhor compreender o Empreendedorismo Social 
em sua relação com o Segundo e Terceiro Setor. Ele é um 
comparativo entre: Empreendedorismo Tradicional, 
Empreendedorismo Social e Organização Tradicional. 
 
Como podemos observar no quadro comparativo, O 
Empreendedorismo Social incorpora características de ambas as 
tipologias de Empresa e de Organizações. 
 
Empresa Tradicional x Organização Tradicional 
 
Neste título vamos aprofundar a análise e comparação das as 
estruturas de Empreendedorismo Social, Organizações 
Tradicionais e Empresas Tradicionais. Esta análise nos guiará 
não só ao entendimento destas estruturas conhecidas, mas 
também seus principais desafios, oportunidades e bloqueadores 
de desenvolvimento. É muito importante a compreensão de 
nosso local de partida para que possamos ter uma visão clara de 
para onde aponta a evolução e inovação. 
13 
 
Tome alguns minutos para analisar as estruturas abaixo e tentar 
tirar algumas conclusões próprias antes de iniciarmos a 
discussão. Foque em observar as vantagens e desvantagens de 
cada estrutura, que problemas podem acarretar e que soluções 
que apontam. Escreva em um papel e mantenha consigo durante 
o restante desta análise. 
 
 
Vamos começar entendendo a estrutura da Empresa: 
 A base de qualquer empresa é a estrutura física. Desde a Idade Média, quando se 
fortaleceu o conceito de comercialização de produtos, que artesão, ferreiros entre outros 
pequenos comerciantes iniciavam suas “empresas” e o primeiro elemento desta era o 
espaço físico para realizar o ofício. Hoje em dia independentemente do tamanho da 
empresa, podemos estar falando de um pequeno escritório ou de uma grande fábrica, que 
para abrir esta Empresa você precisa designar um espaço físico para realizações de suas 
atividades, é inclusive requisito para se obter o CNPJ, registro nacional para empresas. 
 Após a estrutura física, para que uma empresa possa funcionar são estabelecidos os 
Processos. Se continuarmos com a análise histórica veremos que a ideia de processos, 
mesmo que já existente em pequenos negócios e pequena escala, foi fortalecida com a 
Revolução Industrial. Na Revolução Industrial o foco era total nos processos de produção 
para aumento de escala e quantidade de produtos entregues para o mercado. Foi um 
período marcante onde o mercado em si deu um grande salto e começou a discutir temas 
como eficiência e produtividade também muito importantes para o Empreendedorismo 
Social. Porém o foco desta época sendo total em processos, alguns outros aspectos como 
o humano foram esquecidos o que acarretou na geração de grandes problemas sociais, 
sendo as favelas um deles. É importante que a empresa enxergue os processos como um 
item dentro da pirâmide e parte compositora de um todo que determina o seu sucesso e 
não como a roda motora principal como foi feito neste período da história. Hoje as 
empresas que param neste ponto de evolução mesmo que tenham um sucesso 
momentâneo estão fadadas ao fracasso, tanto o mercado e a sociedade estão exigindo 
14 
 
muito mais que eficiência. Mas resumindo e para fins de conceito, os processos definem o 
que será produzido dentro da empresa e qual o fluxo de produção. 
 Tendo agora estrutura física e processos a empresa necessita de Pessoas. Por muito 
tempo as pessoas ou o funcionário foi visto como parte do processo ou parte até da 
estrutura física. Eram considerados apenas uma engrenagem do grande motor que é a 
Empresa. Apenas a pouco tempo, menos de 50 anos, que as Empresas começaram a 
enxergar as pessoas como um elemento não só essencial como diferencial. Os 
funcionários começaram a ser vistos como potencial para fazer uma empresa crescer e se 
desenvolver se motivados e bem recompensados. Atualmente a maior parte das empresas 
já chegou neste patamar e já possui diversos planos de carreira e incentivo aos seus 
funcionários e este tem sido um grande fator de sucesso. A sociedade já reconhece 
positivamente e aprova empresas que chega a este patamar de evolução da pirâmide e 
muitas vezes empresas focadas em pessoas são as empresas de grande sucesso nos 
dias de hoje, mas nem sempre isto é um diferencial o suficiente para se vencer no 
mercado atual e veremos o porquê a seguir. 
 Quanto aos Ideais / Identidade, são poucas as empresas atualmente que conseguem 
enxergar este item como parte da estrutura. A maior parte das empresas parou em 
Pessoas, o que era o suficiente para que elas alcançassem o sucesso a poucos anos 
atrás. Porém nos dias atuais onde o consumidor esta cada vez mais exigente e consciente 
na hora de escolher a Marca de sua preferência, quem não oferecer Ideias / Identidade 
estará em pouco tempo fora do páreo. Vamos explicar este conceito através de um 
exemplo: Apple – Visão: “Mudar o mundo através da tecnologia” – A Apple faz 
computadores e celulares, sim, mas seu objetivo maior é mudar o mundo através da 
tecnologia, isso não é um objetivo maior? Não é um objetivo nobre? Muito mais 
interessante do que se fosse “Fabricar celulares de qualidade”. 
 
Ao analisarmos o conjunto é perceptível que todos os quatro 
elementos são igualmente essenciais para o funcionamento da 
Empresa. Então porque eles estão dispostos em forma de 
Pirâmide? Porque é nesta proporção que a empresa os tem 
priorizado hoje e durante a história. Porque ao começar uma 
Empresa o Empreendedor dificilmente pensa na Identidade ou 
nas Pessoas que irá contratar. Sua prioridade tem sido sempre: 
qual será meu produto ou serviço, onde será minha empresa e 
que processo de produção ou trabalho irei adotar. 
As empresas que não derem a devida atenção para os pilares 
Pessoas e Ideais / Identidade não conseguirão, na sociedade 
consumidora atual, superar um patamar “x” de crescimento, por 
melhor e mais competitivo que for seu produto. Diversos 
empreendedores já tiveram esta compreensão e diversas 
empresas brasileiras já surgem observando os 4 pilares. Estas 
empresas oferecem produtos ou serviços de qualidade, possuem 
estrutura, possuem processos eficientes mas, além disto, 
oferecem um ambiente agradável, flexível e incentivo as pessoas 
que lá trabalham e oferecem ao consumidor um ideal maior que 
guia a identidade de Marca. 
15 
 
 
Vamos entender agora a estrutura da Organização Tradicional: 
 A base da Organização Tradicional é o Ideal / Identidade. Toda a Organização nasce para 
resolver um ou mais problemas sociais. Já nasce com este objetivo maior pelo qual o 
consumidor tem facilidade de se conectar de se engajar. A qualidade que é mais deficiente 
nas empresas é a fonte de existência das Organizações. 
 Após ter um ideal / identidade as Organizações são compostas por as Pessoas que 
acreditam neste ideal. As pessoas que estão trabalhando em uma organização não se 
sentem trabalhando “para” ela e sim “por” ela. A recompensa e motivação é parte de 
trabalho contínuo em prol do ideal. Os resultados atingidos pela Organização são 
percebidos pelas pessoas como resultados pessoais. Isto acontece, pois a Organização 
mede seus resultados no impacto social, assim é fácil para uma pessoa se sentir parte do 
sucesso. Esta percepção é muito difícil ser atingida em uma empresa que mede seu 
sucesso no lucro, pois a não ser que a pessoa tenha participação nos lucros, como é o 
exemplo de vendedores que trabalham sob comissão, é difícil que uma pessoa veja o 
resultado atingido pela empresa como um resultado pessoal. Caso a empresa tenha um 
ideal maior e tenha seu sucesso medido nãoapenas em lucro financeiro, mas também em 
contribuição para com o mundo, ai sim as pessoas que lá trabalham se sentiriam parte do 
sucesso da empresa. 
 A maior parte das Organizações Sociais Tradicionais não evoluem com qualidade para os 
outros 2 pilares que são Processos e Estrutura Física. Ambos são estruturados com pouca 
qualidade e dificilmente se tornam um foco para crescimento das Organizações. Os 
processos geralmente são feitos “como dá para ser feito” e a estrutura geralmente é “o que 
se conseguiu ou o que se tem disponível”. Eles são elementos bastante subestimados em 
Organizações e isto bloqueia seu crescimento e sua escalabilidade. É impossível crescer 
sem estrutura e processos e se a Organização não crescer seu impacto também não irá 
crescer e logo o Ideal não é alcançado. Porém as Organizações estão tão viciadas neste 
modelo que dificilmente veem que para atingir seu ideal terão que crescer em grandes 
proporções. 
A pirâmide das Organizações Tradicionais segue então o modelo 
invertido, onde Ideais / Identidade e Pessoas são priorizados em 
detrimento de Processos e Estrutura Física. Colocando ambas as 
análises Empresas Tradicionais e Organizações Tradicionais lado 
a lado percebemos que Empresas podem crescer até certo ponto 
em que começaram a disputar competitivamente no mercado e 
tanto o consumidor quanto o funcionário não irão optar por 
marcas que não tenham foco nos pilares Pessoas e Ideia is / 
Identidade, assim como Organizações podem possuir Pessoas e 
Ideais / Identidade com grande capacidade de mobilização e que 
proponham transformações sociais essenciais, porém se não 
tiverem foco nos pilares Estrutura Física e Processos não 
poderão crescer ao ponto de fazer qualquer diferença real no 
mundo. Concluímos então que um modelo tem muito a aprender 
e ensinar ao outro. Isto parece uma conclusão bastante simples e 
intuitiva após esta analise não? Mas não para os principais 
personagens envolvidos. As Empresas riem da ideia que tem 
algo a aprender com Organizações Sociais e as vêm como 
desorganizadas e ineficientes. Já as Organizações Sociais vêm 
as Empresas como vilãos sem princípios e tubarões que 
16 
 
destroem tudo a sua frente para alcançar o lucro sem se 
preocupar com o que está acontecendo na sociedade ao seu 
redor e dificilmente acham que tem algo a apreender com elas. 
Estes pré-conceitos e discriminação tem agido como elemento 
bloqueador do desenvolvimento de ambos os modelos. 
É então que entra o modelo do Empreendedorismo Social onde, 
independente de se estar Empreendendo uma Organização ou 
uma Empresa, há a colisão dos modelos acima estudado para 
formação de 4 pilares balanceados e iguais em importância. 
O novo modelo une as características fortes da Empresa com as 
da Organização, assim compensando os pontos fracos que eram 
opostos. Você consegue compreender a importância e o 
potencial deste modelo para crescimento tanto do 2º quanto do 3º 
setor? 
 
Como estamos falando que o Empreendedor Social pode atuar 
tanto no 2º quanto no 3º setor vamos estudar agora sobre a 
evolução destes setores em separado, assim como seus gaps, 
oportunidade de evolução e papel no progresso da sociedade. 
 
2º Setor: O papel da Empresa no Progresso Social 
 
O sistema capitalista está sitiado. Nos últimos anos, a atividade 
empresarial foi cada vez mais vista como uma das principais 
causas de problemas sociais, ambientais e econômicos. É 
17 
 
generalizada a percepção de que a empresa prospera à custa da 
comunidade que a cerca. 
Para piorar, quanto mais adotou a responsabilidade empresarial, 
mais a empresa foi sendo responsabilizada pelos problemas da 
sociedade. Em certos países, a legitimidade da atividade 
empresarial caiu a níveis inéditos na história recente. Essa queda 
na confiança leva lideranças políticas a instituir normas que 
minam a competitividade e inibem o crescimento econômico. O 
meio empresarial entrou num círculo vicioso. Grande parte do 
problema está nas empresas em si, que continuam presas a uma 
abordagem da geração de valor surgida nas últimas décadas e já 
ultrapassada. Continuam a ver a geração de valor de forma 
tacanha, otimizando o desempenho financeiro de curto prazo e, 
ao mesmo tempo, ignorando as necessidades mais importantes 
do seu cliente e influências maiores que determinam seu sucesso 
a longo prazo. Só isso explica que ignorem o bem-estar de 
clientes, o esgotamento de recursos naturais vitais para sua 
atividade, a viabilidade de fornecedores cruciais ou problemas 
econômicos das comunidades nas quais produzem e vendem. Só 
isso explica que achem que a mera transferência de atividades 
para lugares com salários cada vez menores seria uma “solução” 
sustentável para desafios de concorrência. 
Alguns líderes empresariais e intelectuais já compreendem que a 
empresa deve liderar a campanha para voltar a unir a atividade 
empresarial e a sociedade. A maioria das empresas continua 
presa a uma mentalidade de “responsabilidade social” na qual 
questões sociais estão na periferia, não no centro. A solução está 
no princípio dovalor compartilhado, que envolve a geração de valor econômico 
de forma a criar também valor para a sociedade. Valor compartilhado não é 
responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, 
mas uma nova forma de obter sucesso econômico, e não algo na 
periferia daquilo que a empresa faz, mas no centro. Este conceito 
pode desencadear a próxima grande transformação no 
pensamento administrativo. Contudo para que se materialize, 
líderes e gerentes terão de adquirir novas habilidades e 
conhecimentos — como, por exemplo, uma apreciação muito 
mais profunda das necessidades da sociedade, uma maior 
compreensão das verdadeiras bases da produtividade da 
empresa e a capacidade de transpor a fronteira entre as esferas 
com e sem fins de lucro para colaborar. Diferentemente dos 
18 
 
líderes e gerentes atuais de empresas que geralmente tem maior 
conhecimento em como gerar demanda e como incentivar o 
consumidor a adquirir produtos e serviços que muitas vezes não 
necessitam. A empresa ao invés de se adaptar as necessidades da sociedade ou 
criar novas necessidades deveria nascer a partir da observação das mesmas. 
Na velha e estreita visão do capitalismo, a empresa contribui para 
a sociedade ao dar lucro, o que sustenta emprego, salários, 
consumo, investimentos e impostos. A empresa é, em grande 
medida, um ente autossuficiente, e questões sociais ou 
comunitárias estão fora de sua alçada (essa é a tese 
convincentemente defendida por Milton Friedman em sua crítica à 
noção da responsabilidade social empresarial). Essa perspectiva 
permeou o pensamento administrativo nas duas últimas décadas. 
A empresa se concentrou em incitar o consumidor a comprar 
mais e mais de seus produtos. Diante da crescente concorrência 
e da pressão de acionistas por resultados de curto prazo, 
gestores recorreram a ondas de reestruturação, corte de pessoal 
e transferência para regiões de menor custo, alavancando 
paralelamente o balanço para devolver capital aos investidores. 
Nesse tipo de competição, as comunidades nas quais a empresa 
operam sentem que pouco ganham, ainda que os lucros subam. 
O que sentem, isso sim, é que o lucro se dá a sua custa. 
Nem sempre foi assim. No passado as empresas surgiram para 
atender necessidades da sociedade, necessidades básicas como 
vestuário, moradia, alimentação, entre outros. Após a revolução 
Industrial e a noção de produção em massa e consumismo as 
empresas voltaram seu foco para a lucratividade econômica 
apenas. Dois fatores principais influenciaram na amplificação 
desta noção: 
 
1) À medida que outras instituições sociais entraram em cena os 
papéis e responsabilidades perante as necessidades da 
sociedade foram abandonados ou delegados. A solução de 
problemassociais foi entregue a governos e a ONGs. Programas 
de responsabilidade empresarial surgiram basicamente para 
melhorar a reputação da empresa e são tratados como um gasto 
necessário. Implicitamente, cada lado trabalha de forma separada 
um do outro e ninguém se julga responsável pelo todo. 
2) Economistas legitimaram a ideia de que, para beneficiar a 
sociedade, a empresa deve moderar seu sucesso econômico. 
19 
 
Segundo este conceito surgem externalidades quando a empresa 
gera custos sociais com os quais precisa arcar, como a poluição. 
Logo, a sociedade impôs impostos, normas e sanções para que a 
empresa “internalize” essas externalidades. Essa perspectiva 
também moldou a estratégia das próprias empresas, que 
basicamente excluíram considerações sociais e ambientais de 
seu raciocínio econômico principal e reservam verbas para 
“compensações” que devem fazer a sociedade. O pensamento 
criado foi: “Meu produto faz sucesso entre os consumidores, mas 
prejudica o meio ambiente, porém eu tenho um programa de 
compensação ambiental onde eu doo milhares de reais ao ano 
para o meio ambiente.” Este pensamento é o que cria este ciclo 
vicioso de destruição X compensação ambiental e deveria ser 
substituído por: “Meu produto faz sucesso entre os consumidores 
e ataca a degradação ambiental de frente”. Um produto que é um 
grande exemplo de que isto é possível é o Nuru Light, uma 
lâmpada a bateria que tem substituído na África a utilização de 
querosene para iluminação em áreas onde não há energia 
elétrica, o que compõe grande parte do continente. O querosene 
é prejudicial à saúde e ao meio ambiente, além de extremamente 
perigoso e inflamável, e vinha sendo usado em larga escala por 
toda uma sociedade. A introdução do Nuru Light, que inclusive é 
mais barato que o querosene, foi um grande sucesso entre os 
consumidores e enfrenta de frente um grande problema 
ambiental. 
 
Num nível muito básico, a competitividade de uma empresa e a 
saúde das comunidades a seu redor estão intimamente 
interligadas. Uma empresa precisa de uma comunidade vicejante 
não só para gerar demanda para seus produtos, mas também 
para suprir ativos públicos essenciais e um ambiente favorável. 
Uma comunidade precisa de empresas prósperas para criar 
empregos e oportunidades de geração de riqueza para seus 
cidadãos. E reza a teoria da estratégia que, para ser bem-
sucedida, uma empresa precisa criar uma proposta de valor 
diferenciada que atenda às necessidades de um conjunto visado 
de clientes. A empresa obtém vantagem competitiva pelo modo 
como configura a cadeia de valor, ou a série de atividades 
envolvidas na criação, produção, venda, entrega e suporte de 
seus produtos ou serviços. Há décadas administradores estudam 
20 
 
o posicionamento e a melhor maneira de projetar atividades e 
integrá-las. Contudo, a empresa deixou passar oportunidades de 
satisfazer necessidades fundamentais da sociedade e não soube 
entender o impacto de mazelas e deficiências sociais na cadeia 
de valor. O campo de visão simplesmente foi muito estreito. 
O capitalismo é um veículo inigualável para a satisfação das 
necessidades humanas, o aumento da eficiência, a criação de 
emprego e a geração de riqueza. Só que esta concepção estreita do 
capitalismo impediu que a atividade empresarial explorasse todo seu potencial para 
enfrentar os grandes desafios da sociedade. As oportunidades de negócios 
que somassem a lucratividade ao progresso social sempre 
estiveram aí, mas foram negligenciadas devido à falta de visão 
ampla do capitalismo e dos gestores e líderes deste setor. Uma 
empresa atuando como empresa, não como um ente filantrópico, 
é o agente mais forte para lidar com as questões sociais, 
econômicas e ambientais a nossa frente. O momento para uma 
nova concepção do capitalismo é agora; as necessidades da 
sociedade são grandes e seguem crescendo. Esta transformação tem 
potencial para redefinir o capitalismo e sua relação com a sociedade e talvez seja a 
melhor oportunidade para legitimar de novo a atividade empresarial como algo 
definitivamente benéfico e conectado a evolução da sociedade. Neste formato a 
Empresa Tradicional deixa de ser assim considerada para ser 
identificada como: Negócio Social. 
Concluímos que a Empresa tem um grande e importante papel a 
desempenhar no Progresso Social, mas que isto depende de 
abrir a visão dos líderes e gestores deste setor para uma 
compreensão mais ampla não só da sociedade, mas de seus 
próprios modelos de negócio e cadeia produtiva. Sem que esta 
visão seja ampliada, ou novos profissionais de visão mais ampla 
assumam a liderança das Empresas, continuaremos presos a 
este ciclo vicioso de esgotamento de recursos e visão de curto 
prazo. 
 
3º Setor: O papel da Organização Social no Progresso Social 
 
Para iniciarmos esta discussão eu gostaria de perguntar se você 
acha que o terceiro setor tem algum papel sério a desenrolar na 
missão de “mudar o mundo”? Muitas pessoas afirmam que num 
futuro não muito distante os Negócios Tradicionais vão continuar 
impulsionando o desenvolvimento economia e que os Negócios 
Sociais, que visam o progresso social e não excluem o lucro, vão 
21 
 
além de impulsionar a economia, atender as necessidades 
sociais. É verdade que os Negócios serão os principais 
catalisadores das mudanças sociais devido a sua capacidade de 
assumir alta escala e multiplicação, mas sempre haverá aqueles 
1 ou 10% da população que não é atingida. Se quisermos ter um 
mundo onde ninguém é deixado de fora, ninguém é deixado para 
trás as Organizações Sociais ou Organizações não 
Governamentais tem sim um papel essencial e sério para 
desempenhar na nossa sociedade. 
Mas então porque as coisas não parecem funcionar? Porque 
então as Organizações que lutam contra o câncer de mama ainda 
não acharam uma cura ou tratamento inovador? porque as 
Organizações que lutam contra pobreza não fizeram nenhuma 
mudança drástica nesta realidade? Nos Estados Unidos a 
população abaixo do nível da pobreza esta a 40 anos em 12% da 
população sem nenhuma variação significativa 
independentemente de quantas Organizações dedicadas a esta 
causa existam. Isto é porque estes problemas sociais são 
MASSIVOS e nossas organizações são pequenas em escala e 
nós temos um sistema crenças e ética que as mantêm pequenas. 
Nós temos um livro de regras para o 2º Setor e um livro de regras 
para o 3º Setor. Este sistema é comparável à Apartheid e 
discrimina contra as Organizações Sociais, bloqueando seu 
crescimento, em 4 principais áreas: 
 
1) Salário ou Compensação: No 2º Setor o quanto mais valor você 
produz mais dinheiro você ganha, mas nós não gostamos de 
utilizar dinheiro para incentivar pessoas a produzirem mais valor 
no 3º Setor. Nós temos uma reação bastante viceral à imagem de 
que alguém possa ganhar muito dinheiro ajudando outras 
pessoas. Interessante que nós não temos uma reação viceral a 
imagem de que alguém possa ganhar muito dinheiro não 
ajudando outras pessoas. Você pode ganhar 1 milhão vendendo 
videogames para crianças, mas você não pode ganhar meio 
milhão curando crianças de malária que você é considerado um 
parasita você mesmo. E nós gostamos de pensar nisto como 
nosso sistema de ética, mas o que não percebemos é que este 
sistema tem um poderoso efeito colateral: Cria uma linha de 
escolha bastante drástica e bem definida entre o profissional 
escolher fazer muito bem para a sua própria riqueza e a de sua 
22 
 
família ou escolher fazer bem para o mundo. Milhares de mentes 
brilhantes e pessoas superqualificadas, que poderiam levar as 
ONGs a outro patamar. Estas pessoas se graduam todos os dias 
das melhores universidades em todo o mundo, marchando direto 
para o mercado da LUCRATIVIDADE, pois elas não estão 
dispostas, com o seu potencial, de fazer um sacrifíciofinanceiro 
vitalício. Quando olhamos a compensações médias de mercado 
para graduados com MBA, 10 anos após sua graduação, no 2º 
Setor é de R$400.000,00 no ano, enquanto no 3º Setor o mesmo 
profissional como CEO de uma grande ONG tem uma média de 
compensação de R$85.000,00 no ano. E não há como fazer com 
que uma pessoa de talento proporcional a 400 mil reais fazer um 
sacrifício de 315 mil reais ao ano para virar o CEO de uma ONG. 
Vocês podem pensar: Mas isto é porque estes indivíduos são 
gananciosos. Pode ser que não. Eles podem apenas fazer a 
conta de que é mais fácil para eles doarem 100 mil reias para 
esta ONG e ainda receberem desconto de imposto de renda, que 
estarão contribuindo igualmente a se abdicassem de seu futuro 
no mundo da lucratividade para trabalhar nesta ONG. Isto é mais 
fácil para eles, e eles são ainda chamados por nós de filantropos. 
Mas porque então a compensação financeira dos CEO das ONGs 
não é aumentada? E a resposta é simples: Nós não vemos com 
maus olhos que o CEO da Coca Cola vá passar as férias nas 
Bahamas com a família, mas vemos com maus olhos que o CEO 
de uma ONG que combate a pobreza passe as férias nas 
Bahamas com a família, pois como ele pode ter dinheiro 
enquanto há pessoas pobres no mundo? Você acha mesmo que 
a compensação deste CEO sozinha iria acabar com a pobreza no 
mundo? Não seria mais justo considerar que ele poderia utilizar 
seu conhecimento para multiplicar o impacto social da ONG em 
até 100.000 vezes o atual ao invés de doar seu salário e ajudar 
10 pessoas? 
2) Marketing e Propaganda: Nós dizemos ao 2º Setor, gaste, gaste e 
gaste em propaganda até que o último centavo não gere mais 
nenhum valor em compra. Mas ao mesmo tempo nós não 
queremos que nossas doações vão para propagandas para o 3º 
Setor, se conseguirem uma propaganda de graça tudo bem, mas 
nós queremos que o nosso dinheiro vá para os necessitados. 
Como se o dinheiro gasto em marketing e propagando não 
pudesse gerar somas extremamente maiores para então 
favorecer os necessitados. Na década de 90 uma empresa Norte 
23 
 
Americana criou a campanha AIDSRidesUSA, que foram 
corridas, caminhadas e passeios de bicicleta em prol da luta 
contra o HIV nos Estados Unidos, estas pessoas engajadas no 
movimento arrecadaram para a causa em 9 anos em torno de 
500 milhões de dólares para então ser investido na causa, 
faturamento que a ONG investindo apenas na ação social e 
doações nunca teria alcançado. Mas a ONG só gerou este 
engajamento popular investindo em itens como páginas inteiras 
de anuncio no New York Times e contando com um orçamento 
de milhões em Marketing. As pessoas estão esperando para que 
peçam delas ajuda para resolver os problemas sociais. As 
pessoas querem medir o seu potencial de engajamento e impacto 
para causas com as quais se preocupem profundamente, mas 
para isto elas têm que ser atingidas, para isto elas tem que 
escutar a chamada das causas. Mas a barreira imposta pelo não 
investimento em marketing cria uma linha através da qual as 
ONGs não conseguem atingir a população e não conseguem 
multiplicar seu faturamento e investimento social através desta 
grande ferramenta que é o marketing. 
3) Arriscar em novas ideias para gerar receita: A Disney pode fazer um 
filme de 100 milhões de reais que não tem o sucesso esperado 
de mercado, mas está tudo bem, é planejado que nem todos os 
filmes sejam um sucesso massivo de bilheteria. Mas uma 
Organização gasta 1 mizero milhão em um evento ou produto 
que não traz no mínimo 75% de retorno nos próximos 12 meses e 
sua idoneidade já é questionada. Visto isto as Organizações 
Sociais tem medo de fazer qualquer ação inovadora ou ousada 
porque se a coisa falhar suas reputações serão arrastadas para a 
lama. Ao proibir o fracasso estamos matando a inovação, ao 
matar a inovação estamos matando o crescimento e ao matar o 
crescimento estamos matando a capacidade das Organizações 
de resolverem qualquer problema social. 
4) Tempo: O Amazon.com operou por 6 anos até dar algum retorno 
a seus investidores, apenas trabalhando em construir escala e 
mercado, mas todos tinham paciência e eles sabiam que existia 
um objetivo a longo tempo para construir dominância de 
mercado. Se alguma Organização Social tivesse o sonho de 
construir uma solução que requeresse a formação de um 
mercado e escala por 6 anos onde nesse tempo nenhum dinheiro 
fosse direcionado ainda para os necessitados nós iríamos 
crucificá-la. Ou seja, as ONGs têm além de tudo menos tempo 
24 
 
hábil para solucionar que hoje nós mesmos consideramos 
problemas MASSIVOS na sociedade. 
 
Em resumo o 3º Setor não pode compensar seus colaboradores 
como o 2º Setor, não pode investir em chamadas para seus 
consumidores/colaboradores como o 2º Setor, não pode arriscar 
em formas inovadoras de geração de renda como o 2º Setor, pois 
há possibilidade de falha e tem menos tempo para achar seu 
público alvo, transmitir seus conceitos e demonstrar resultados 
que o 2º Setor, ou seja, não tem nenhuma vantagem de mercado 
que possibilite seu crescimento. Se tivermos alguma dúvida 
quanto a isto basta verificar o gráfico abaixo onde vemos que de 
1970 até 2009 apenas 146 ONGs ultrapassaram a barreira de 50 
milhões de faturamento enquanto no mesmo período mais de 
46.000 mil empresas o fizeram. 
 
Esta barreira que nós mesmos impomos ao crescimento 
financeiro das ONGs aliada a sua dependência de doações e 
falta de visão empresarial, visão de sustentabilidade financeira e 
visão de retorno sobre investimento, impedem que elas sejam 
hoje peças fundamentais na transformação social e solução dos 
grandes problemas mundiais. 
Vemos que sim as Organizações Sociais tem um papel 
fundamental para desempenhar no Progresso Social, mas que o 
mesmo esta aliado a um mudança na educação da sociedade 
25 
 
atual. Sem esta educação continuaremos preso a este modelo 
antigo e deficiente das Organizações Sociais Tradicionais. 
 
Concebendo Novos Mercados 
 
A sociedade tem necessidades imensas — saúde, melhor 
moradia, nutrição melhor, auxílio para o idoso, maior segurança 
financeira, menos danos ambientais. É justo dizer que essas são 
as maiores necessidades ainda não satisfeitas na economia 
global. No meio empresarial, passamos décadas aprendendo a 
analisar e a fabricar demanda — ignorando, enquanto isso, a 
demanda mais importante de todas e já existente. Enquanto no 
meio social vem tentando-se combater estas grandes demandas 
da mesma forma a décadas: em escala global e sem grandes 
inovações. 
Dessas e de muitas outras maneiras, abrem-se avenidas 
totalmente inéditas para a inovação, o que gera valor 
compartilhado. Oportunidades diversas surgem do foco em 
comunidades carentes e países em desenvolvimento. Pois 
embora ali as necessidades da sociedade sejam ainda mais 
prementes, essas comunidades ainda não foram reconhecidas 
como mercados viáveis. Hoje a atenção está voltada à Índia, à 
China e, cada vez mais, ao Brasil, que dão a empresas a 
possibilidade de chegar a bilhões de novos clientes na base da 
pirâmide. Esses países sempre tiveram enormes necessidades, 
como tantas outras nações em desenvolvimento. Há 
oportunidades semelhantes em comunidades não tradicionais em 
países avançados. Já sabemos, por exemplo, que zonas urbanas 
de baixa renda são o mercado mais subatendido dos Estados 
Unidos; seu considerável poder aquisitivo concentrado não raro 
foi ignorado (veja a pesquisa da Initiative for a Competitive Inner 
City no icic.org). 
Estas oportunidades não são estáticas; mudam constantemente 
conforme a tecnologia evolui, as economias se desenvolvem e 
prioridades da sociedade mudam. Uma exploração contínua das 
necessidades da sociedade levará a empresa ou organização a 
descobrir novas oportunidades de diferenciação e 
reposicionamento em mercados tradicionaise a reconhecer 
opotencial de mercados novos anteriormente ignorados. 
26 
 
Satisfazer necessidades em mercados subatendidos muitas 
vezes requer a reformulação de produtos e métodos de 
distribuição. Isso tudo pode desencadear inovações fundamentais 
com aplicação também em mercados tradicionais. 
 
Novos Mercados pedem Novos Modelos de Negócio 
 
Após a análise até aqui feita sobre do papel de ambos 2º e 3º 
Setor na nossa sociedade e posturas necessárias para conceber 
novos mercados pudemos identificar as principais deficiências e 
com isto as principais oportunidades de evolução de cada um dos 
modelos. Observamos que para assumir responsabilidades pelos 
problemas da nossa sociedade e imprimir verdadeiras 
transformações sociais tanto as Organizações Sociais precisam 
assumir características Empresariais, quanto vice e versa. E uma 
educação tanto da sociedade em geral quanto dos líderes e 
gestores é essencial e urgente. 
Nesse contexto, surge um novo conceito de negócios: os 
chamados Negócios Sociais. São modelos que buscam 
desenvolver soluções de mercado que possam contribuir para 
superar alguns dos grandes problemas sociais e ambientais 
enfrentados no mundo. Em que o lucro não é um fim em si 
mesmo, mas um meio para gerar soluções que ajudem a reduzir 
a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental. “Entre 
fazer a diferença no mundo e ganhar dinheiro, fique com os dois”. 
 
O Empreendedor Social transforma Empresas Tradicionais e 
Organizações Tradicionais em Negócios Sociais. Este é um 
modelo hibrido que como veremos no próximo capitulo pode ser 
27 
 
mais focado no 3º ou no 2º setor, se diferenciando apenas na 
forma de lucratividade do negócio. Da transição e união de 
ambos os setores da economia é considerada a formação de um 
setor novo, o setor 2,5. Este é um setor que no Brasil ainda é 
conceitual, não há leis que o regem ou regulamentam. Porém em 
outras países no mundo já possui leis próprias e os governos 
trabalham com incentivo a este tipo de atividade, como é o caso 
da Índia. 
 
Setor 2,5: Negócios Sociais 
 
Diversas organizações têm colaborado para a conceituação 
desse novo modelo de negócio. Por se tratar de um campo novo, 
encontramos diferentes conceituações e nomenclaturas. As 
diferenças ajudam a perceber algumas das questões que estão 
em debate e que dependem de experimentação mais detalhada 
para serem respondidas. No quadro abaixo, podemos conhecer 
algumas delas, ressaltando a existência de duas linhas principais 
de pensamento das quais alguns autores e organizações 
divergem: 
 
28 
 
 
 
O termo Negócios Sociais apesar de ser expresso de forma 
diferente em todos os conceitos se enxergam de uma forma 
coerente em complementar. E a duas linhas de pensamento 
29 
 
coexistem facilmente neste meio, uma vez que alguns 
empreendedores optam por um modelo e outros por outro. 
Negócios sociais, empresas sociais ou negócios inclusivos. 
Vários nomes com um objetivo comum: o desejo de utilizar 
estratégias de negócio para melhorar a qualidade de vida das 
pessoas na base da pirâmide. 
Nesse sentido, os negócios sociais podem ter 3 ESTRATÉGIAS para 
alcançar impacto social positivo: 
1) Incluir pessoas de baixa renda ou de populações marginalizadas na cadeia 
produtiva do negócio como: sócios, fornecedores, distribuidores, 
empregados etc. 
2) Oferecer produtos e serviços, de qualidade e a preços acessíveis, que melhoram 
diretamente a qualidade de vida das pessoas mais pobres: 
a. porque atendem às suas necessidades básicas em áreas 
como: habitação, alimentação, saúde, acesso à água potável, 
educação, saneamento, energia; 
b. ou porque abrem oportunidades de melhoria da sua situação 
socioeconômica como por exemplo: telefones celulares, 
computadores, serviços financeiros e jurídicos, seguros etc. 
3) Oferecer produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais pobres, 
contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas como: venda de 
tecnologias e venda equipamentos de baixo custo etc. 
Estas além de estratégias são parâmetros utilizados para definir o 
que é um negócios social e o que não é. Se você tem dúvida 
quanto a se um Negócio é social ou não basta verificar se ele se 
encaixa em algum dos itens acima. 
Vamos conhecer agora como surgiu o primeiro Negócio Social 
que deu origem tanto a terminologia quanto ao mercado. 
 
Grameen Bank: O Primeiro Negócio Social do Mundo 
 
O Grameen Bank é o primeiro banco do mundo especializado em 
microcrédito, o primeiro Negócio Social do mundo, e foi 
concebido pelo professor bengalês Muhammad Yunus em 1976, 
visando erradicar a pobreza no mundo. Operando como uma 
empresa privada auto-sustentável, o Grameen Bank ganhou o 
Nobel da Paz do ano de 2006 juntamente com seu fundador. 
Localizado em Bangladesh, já conta com 2.185 agências e, 
desde sua fundação, emprestou o equivalente a 5,72 bilhões de 
30 
 
dólares para 6,61 milhões de mutuários, 97% dos quais são 
mulheres. Atende a 71.371 vilarejos e possui um quadro de 
18.795 funcionários remunerados. Sua taxa de inadimplência é 
baixíssima, de fazer inveja aos mais bem administrados Bancos 
comerciais do mundo: apenas 1,15%, o que significa que o 
Grameen Bank recebe de volta 98,85% dos empréstimos que 
concede. 
Podemos tirar muitas lições da história de fundação do Banco. 
O Grameen Bank originou-se de uma singela experiência 
conduzida, em 1976, pelo Prof. Muhammad Yunus quando ele 
emprestou 27 dólares de seu próprio bolso para 42 mulheres da 
cidade de Jobra, próxima à Universidade onde lecionava, para 
lhes permitir adquirir matéria-prima para confeccionar o seu 
artesanato, livrando-as das garras de agiotas que as mantinham 
em regime de trabalho análogo à escravidão. Para surpresa do 
próprio Professor Yunus todos esses empréstimos foram pagos 
pontualmente. Isso deu a Yunus a ideia de que esse processo 
talvez pudesse ser multiplicado indefinidamente. 
De 1976 a 1979 o Professor Yunus expandiu esse tipo de 
operação em Jobra e nas aldeias vizinhas. Em 1979 o projeto de 
Yunus obteve o apoio do Banco Central de Bangladesh, bem 
como dos bancos comerciais que haviam sido nacionalizados, 
estendendo-se para o distrito de Tangail, a norte de Dhaka, a 
capital de Bangladesh. Obtendo sucesso também em Tangail, o 
projeto foi ampliado para vários outros distritos no país. Em 
outubro de 1983 o projeto do "Grameencredit" (crédito rural, em 
língua bengali) deu origem ao Grameen Bank, ou Banco Rural. 
Hoje em dia 90% das ações Grameen Bank pertencem às 
populações rurais pobres que ele serve e 10% ao governo de 
Bangladesh. 
O Grameen Bank tem como seus objetivos principais: 
 Prover serviços bancários aos pobres, homens e mulheres; 
 Eliminar a exploração dos pobres, tradicionalmente feita pelos agiotas; 
 Criar novas oportunidades de auto-emprego para a vasta população desempregada na 
Bangladesh rural; 
 Trazer a população carente, especialmente as mulheres mais pobres, para o seio de um 
sistema orgânico que elas possam empreender e administrar sozinhas; 
 Reverter o antigo círculo vicioso de "baixa renda, baixa poupança e baixo investimento" 
injetando crédito para torná-lo um círculo virtuoso de "investimento, maior renda, maior 
poupança". 
31 
 
As principais lições que tiramos deste case aplicado a Como 
empreender um Negócio Social são: 
 Foi observado um problema social para qual o Negócio pensado era a solução. 
 Após idealizar o Negócio, o Prof. Yunus foi direto a experimentação de seu modelo. 
 A experimentação do Modelo exigiu um investimento bastante baixo no valor de 1.134 
dólares e apenas após a ideia testada e aprovada pelo mercado que foi feito maior 
investimento. 
 O Negócio recebeu investimento público e privado, porém pode iniciar semestes 
incentivos e não depende deles para sua sustentabilidade. 
Podemos interpretar e observar a simplicidade das ações do 
Professor Yunus, e replicá-la para testar modelos de Negócios 
idealizados por nós mesmos. 
 
7 Características dos Negócios Sociais 
 
As 3 ESTRATÉGIAS que podemos utilizar para identificar um 
negócio social se referem à primeira característica que um 
Negócio Social deve possuir que é Solucionar Problemas Sociais, 
porém existem outras 6 características que compõem este 
modelo de negócio: 
1) Soluciona Problemas Sociais através de sua atividade 
principal ou “core bussines”. 
2) É um produto ou serviço. 
3) Tem foco no cliente, que é sempre a base da pirâmide 
ou classes C,D e E. 
4) É acessível para a base da pirâmide. 
5) É inovador. 
5) É lucrativo. 
6) É escalável. 
 
Através destas 7 características comuns a modelos que se 
denominam Negócios Sociais podemos nos basear tanto para 
pensar em novos modelos como para analisar e identificar 
modelos existes. Identificar, pois alguns Negócios, devido ao 
termo ser tão recente, nascem ser saber que são Negócios 
Sociais. A importância de identifica-los está principalmente 
aprendizado que podemos absorver da experiência de 
empreender, pois muito embora este modelo venha crescendo 
existe ainda um número limitado de exemplos de Negócios 
Sociais no mundo. 
32 
 
Já para pensarmos um novo modelo de Negócio Social além das 
7 características temos que entender um pouco mais sobre A Base 
da Pirâmide e O Mercado Brasileiro para a Base da Pirâmide, pois este 
mercado se diferencia do mercado tradicional em alguns 
aspectos básicos. 
 
 
A Base da Pirâmide 
 
A expressão base da pirâmide (em inglês, base of the pyramid, 
abreviada como BoP) vem da representação do nível de renda da 
população na forma de uma pirâmide. A população de alta renda 
é a minoria na maioria dos países e está representada no topo da 
pirâmide. No meio, fica a população de renda média e na base a 
de baixa renda, que constitui a maioria da população mundial. O 
gráfico abaixo representa a distribuição: 
 
Não há uma única maneira de definir quem faz parte da base da 
pirâmide. São colocadas abaixo da linha da pobreza pessoas que 
vivem com um, dois ou quatro dólares por dia, dependendo da 
classificação utilizada. Para que exista um conceito global de 
pobreza ou população carente independente da linha de corte 
utilizada por um país ou outro podemos adotar um conceito de 
pobreza que melhor define a população da base da pirâmide: 
“Pobreza é uma privação das capacidades básicas de um indivíduo e não apenas ter 
renda inferior a um patamar preestabelecido”. 
 
 
O Mercado Brasileiro da Base da Pirâmide 
33 
 
O Brasil apresentou em 2010 um crescimento econômico de 8%. 
Esse crescimento pode ser observado no aumento da renda e do 
consumo de um número expressivo de brasileiros. Entre 2005 e 
2009, 26 milhões de brasileiros migraram para a classe C e 
outros quatro milhões conseguiram atingir as classes AB. Em 
2010, esse movimento ocorreu de forma mais expressiva: quase 
19 milhões de pessoas deixaram as classes DE e 12 milhões 
alcançaram as classes AB. Atualmente, as classes AB e C 
correspondem a 74% da população brasileira (Relatório Celetem 
– Ipsos 2010). 
 
Nesse contexto, as classes C, D e E agora são responsáveis por 
76% do consumo no país, movimentando quase 840 bilhões de 
reais por ano (Data Popular – Congresso de Mercados 
Emergentes 2010). Contudo, esse crescimento deve ser visto de 
uma maneira mais crítica. Isso porque, mesmo com o 
crescimento econômico, o país ainda é um dos mais desiguais do 
mundo. Na atualidade, 45% de toda a riqueza e renda nacional 
são de apenas cinco mil famílias (Marcio Pochmann, “Brasil, o 
país dos desiguais”. Le Monde Diplomatique Brasil; ano 1, nº 3; 
out. 2007). 
Observando também esse movimento no contexto global, é 
inquestionável o crescimento econômico da maioria dos países 
nos últimos anos. No entanto, é importante lembrarmos que o 
abismo entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento 
também cresceu significativamente. É o que aponta o último 
relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento), que constatou um aumento drástico na 
distância entre o país mais rico e o mais pobre. O Listentaine , 
34 
 
país mais rico atualmente, é três vezes mais rico que o país mais 
rico no ano de 1970. Já o país mais pobre, Zimbabué, continua 
sendo o mais pobre desde 1970 e, hoje, é 25% mais pobre do 
que era em 1970. 
O relatório também aponta que crescimento econômico é 
diferente de desenvolvimento humano e que ele é possível 
mesmo em países com taxa desacelerada de crescimento. Isso 
porque países que apresentaram um crescimento econômico 
exponencial nos últimos anos, como a Brasil, Índia e a China, não 
originaram automaticamente progresso em outras dimensões 
sociais. O estudo do PNUD evidencia que essa relação é ainda 
mais fraca nos países com níveis baixo ou médio do IDH. 
A linha da pobreza estabelecida pelo Banco Mundial para uma 
pessoa ser considerada extremamente pobre é de 1,25 dólares 
por dia. No entanto na frente de combate à pobreza, o 
desenvolvimento humano não pode ser visto apenas como um 
aumento na renda do indivíduo. O papel da renda e da riqueza 
tem de ser integrado a um quadro mais amplo e completo de 
êxito e privação de necessidades. Seguindo então essa perspectiva a 
pobreza ou privação das necessidades básicas impossibilita o indivíduo de atingir o 
pleno desenvolvimento das suas capacidades individuais. “As pessoas são, 
ao mesmo tempo, os beneficiários e os impulsores do 
desenvolvimento humano, tanto individualmente como em 
grupos” (PNUD, 2010). 
Encarando a pobreza como um problema único sua solução 
parece impossível, porém ao vela como um problema 
multifacetado, começamos a perceber que, apesar do incremento 
de renda que muitas famílias pobres alcançaram nos últimos 
anos, a grande maioria da população mundial e brasileira 
continua extremamente vulnerável em três grandes 
aspectos: saúde, serviços financeiros e educação. Considerando essas 
três dimensionalidades como propulsoras do desenvolvimento 
humano traçamos um caminho para as Empresas ofertarem 
soluções que tenham grande impacto na vida de milhões de 
pessoas. 
Concluímos do texto acima que o mercado brasileiro da base da 
pirâmide é amplo, vem crescendo a cada ano e possui poder 
financeiro para investir em produtos e serviços. Também 
concluímos que seus grandes pontos de vulnerabilidade e 
superação da pobreza que são saúde, serviços financeiros e 
35 
 
educação, serão nortes para o desenvolvimento destes novos 
produtos e serviços que querem explorar este grande mercado. 
 
Cases: Aprendendo com Experiências de Empreendedorismo 
 
Agora com maior entendimento sobre conceitos, evolução, bases 
históricas e mercado de Empreendedorismo Social e Negócios 
Sociais vamos partir para análises práticas. Como já 
mencionamos em diversas ocasiões os Empreendedores Sociais 
são extremamente práticos e tem grande capacidade de 
implementação. Não basta que neste curso tenhamos apenas a 
compreensão do tema, sua evolução na história e seu mercado, 
temos que ter conhecimento prático para que possamos replicar 
e difundir estas atitudes inovadoras. 
Através de Cases nacionais e internacionais de 
Empreendedorismo Social vamos conhecer o novos modelos de 
negócios propostos, os problemas sociais que eles abordarem e 
como buscaram a escala, a inovação e a lucratividade. É 
importante que nos atentamos principalmente a como estes negócios 
começaram e em que momento e como eles escalaram, pois estes são os dois 
principais pontos de virada. Vamos aproveitar ao máximo a 
experiência destes empreendedores para que possamos aplicar 
seusconhecimentos em nossas próprias atividades 
empreendedoras. 
 
Vamos dividir estes cases em 2 abordagens: 
1) Abordagem de Yunus onde não há divisão de lucros, os 
empreendedores administram os Negócios e recebem por isto um 
salário como qualquer diretor e o lucro é totalmente investido no 
Negócio. 
2) Abordagem da Artemisia onde há divisão de lucros, os lucros 
tem parte investida no Negócio e parte dividida entre os 
empreendedores. 
A abordagem 01 tente mais para o modelo do 3º Setor e a 
abordagem 02 tende mais para o 2º Setor, porém ambas são 
Empreendedorismo Social e seguem os preceitos que vemos 
discutindo até agora. As particularidades de forma de lucro 
apenas implicam em alguns obstáculos também particulares 
como por exemplo: no caso 01 é mais difícil engajar a 
36 
 
empreender profissionais que estão visando no mercado grandes 
salários ou participações no lucro; já no caso 02 os 
empreendedores que adotam causas antes adotadas por ONGs e 
ganham altas somas financeiras com o sucesso financeiro e 
social de seus empreendimentos são muitas vezes julgados 
negativamente pela nossa sociedade que ainda é preconceituosa 
com pessoas que ganham dinheiro fazendo o bem. 
 
Cases Abordagem 01: 
 
37 
 
 
Cases Abordagem 02: 
38 
 
 
 
39 
 
 
 
 
40 
 
 
 
41 
 
 
 
42 
 
Existem outros diversos exemplos no Brasil e no mundo, porém 
vamos nos ater ao exemplos acima pois eles apresentam uma 
amostra bastante diferenciada e completa destes negócios. 
Podemos ver que estudamos negócios na área da: Saúde, 
Educação, Serviços Financeiros, Tecnologia e Serviços Básicos 
(como luz), o que nos leva a conclusão que todos eles estão 
intimamente conectados as necessidade da população da base 
da pirâmide identificadas na análise de mercado anterior. 
Também observamos tanto modelos de negócios em forma de 
Produtos quanto em forma de Serviços. Percebemos que os 
modelos em forma de Produto em sua maioria envolvem a 
formulação do produto por um profissional especialista, o que não 
significa necessariamente que o empreendedor em si tenha de 
ser especialista e desenvolver o produto sozinho. O 
empreendedor social é quem consegue enxergar o problema 
social, soluções possíveis e oportunidade de modelos de 
negócios e pode sim formar uma equipe complementar as suas 
habilidades para viabilizar a ideia de negócio. 
Quanto à divisão entre as duas linhas de lucratividade pode-se 
perceber que se esta não fosse mencionada, as duas linhas iriam 
se confundir e formar uma unidade pois seguem os mesmo 
princípios em todos os outros aspectos. Ou seja, um negócio 
pode surgir em qualquer uma das linhas, pode transitar de uma 
para outra devido ao seu momento e não deve haver 
discriminação entre uma e outra. 
Também vimos no caso do Banco Pérola como a implementação 
nacional de modelos internacionais de negócios sociais também 
pode apresentar grande sucesso para o empreendedor, desde 
que ele tenha a capacidade de entender a realidade local e 
adaptar este modelo de Negócios para tal. 
Os problemas sociais brasileiros a serem enfrentados são muitos, 
mas também são muitas as oportunidade de geração de modelos 
de negócios inovadores. 
Vamos abordar a partir dos próximos capítulos alguns temas não 
centrais mas complementares e também essências para 
aplicação prática do Empreendedorismo Social, são eles: Internet 
como Catalisador do Empreendedorismo Social, O Jovem Brasileiro, Os principais 
43 
 
Desafios do Empreendedorismo Social no Brasil, Organizações que Suportam 
Empreendedores Sociais no Brasil e finalmente Como Tirar uma Ideia do Papel. 
 
 
Internet como Catalisador do Empreendedorismo Social 
 
A internet e as redes sociais têm sido recursos importantes para 
o sucesso e a colaboratividade de diversos Empreendedores 
Sociais. 
Primeiramente pois a internet possibilita que o Negócio atinja um 
maior número de pessoas em menos tempo e com menos investimento para 
expandir. O publico alvo que a internet possibilita focar é muito 
maior do que se restringirmos a atuação a uma cidade ou região. 
Mas para isto o negócio tem de surgir ou ser reformulado para 
atuar de forma online, o que não é o mesmo que criar um web 
site para uma Empresa ou Organização. Por exemplo: Um 
serviço financeiro de micro-financiamento que atua de forma 
física e tem um web site, como é o caso do Banco Pérola que 
vimos anteriormente, se diferencia extremamente de um serviço 
financeiro de micro-empréstimos que atua de forma online como 
é o caso do Kiva (ver: www.kiva.org). O Banco Pérola mesmo 
que tenha divulgação de seu trabalho em escala nacional, no 
modelo de negócios atual que adota, caso queira aumentar seu 
público alvo terá de expandir sua estrutura física para outras 
cidades ou regiões. Já o Kiva propõe participação do público em 
qualquer lugar do mundo através de um sistema de micro-
emprestimos que tem suas operações realizadas através de um 
site, ou seja, as possibilidades de crescimento através do uso da 
internet como base da empresa são exploradas ao máximo. O 
que não invalida o modelo do Banco Pérola, são apenas 
abordagens e públicos alvos diferenciado. A relação de Aumento 
de Impacto Social X Tempo X Investimento Financeiro tem maior 
potencial de crescimento quando se utiliza a internet como base 
operacional. O que também não significa também que esta é a 
plataforma ideal para todos os problemas sociais ou todos os 
modelos de negócio. 
A internet também age como um catalisador quando 
consideramos os conceitos de open source, em português código 
aberto, e crowdsourcing, em português co-criação. 
Open source ou código aberto é quando uma empresa deixa os códigos de 
programação utilizado na criação de seu site, aplicativo ou plataforma abertos para 
44 
 
que outros empreendedores o copiem e o repliquem. Um dos cases 
brasileiros mais visível nesta área é o dos negócios online de 
financiamento coletivo. O modelo de negócio é simples: pessoas 
de todo o Brasil inscrevem ideias de projetos no site e os 
usuários do site podem contribuir financeiramente para viabilizar 
este projeto, contribuições são a partir de R$ 10,00 e sempre 
oferecem algum brinde ou prêmio para quem contribuiu. Para que 
o projeto seja viabilizado é preciso que ele engaje diversas 
pessoas e atinja o valor total proposto, então a Empresa dona da 
plataforma ganha uma porcentagem do valor arrecadado que 
geralmente fica entre 5 e 15%. Mesmo que simples, o modelo de 
negócio exige um site complexo onde são feitas todas estas 
operações incluindo a operação financeira. Uma das primeiras 
plataformas de financiamento coletivo do Brasil foi o Catarse (ver: 
www.catarse.me), que já veio a mercado com código aberto para 
que todos que quisessem começar um negócio parecido 
pudessem usar seus códigos ao invés de investir dinheiro no 
desenvolvimento de um novo web site. Mas isso nos leva a 
pergunta, porque eles dariam a outros empreendedores o código 
de seu negócio, porque incentivariam e dariam recursos para 
formação de concorrência? Através do incentivo ao 
desenvolvimento de outros sites de financiamento coletivo o 
serviço que antes era desconhecido pela população é mais 
facilmente difundido no Brasil e alcançará pessoas que não se 
consegue atingir a um curto prazo trabalhando sozinho para o 
desenvolvimento do mercado. Pessoas que antes não tinham 
ideia de que algo assim existia agora sabem e são potenciais 
clientes, ou seja, o mercado se torna maior tanto para a empresa 
quanto para os concorrentes. Este é o caso de apenas um 
modelo de negócio mas mesmo em outros casos a colaboração 
só tem a acrescer aos negócios atuais, já está claro para muitos 
empreendedores que há mercado e nichos de mercado para 
todosque estiverem apresentado produtos e serviços que 
supram as reais necessidades da sociedade. 
Crowdsourcing ou co-criação é a prática de obter os serviços, ideias ou conteúdo 
solicitando contribuições de um grande grupo de pessoas e, especialmente, a 
partir de uma comunidade on-line. Muitas vezes usado para 
subdividir um trabalho, ou conceber um produto ou serviço ou 
ainda pode ser aplicado em uma busca geral por respostas ou 
soluções. Esse processo pode ocorrer tanto online como off-line, 
o conceito geral é a de combinar os esforços de multidões, onde 
45 
 
cada um poderia contribuir com uma pequena porção, o que 
aumenta em resultado significativamente pois ao unir pessoas de 
diferentes idades, grupos, backgrounds, realidades e países, 
pode-se ter uma visão cada vez mais ampla e completa de como 
atender a demanda de todos. 
Embora a palavra "crouwdsourcing" foi usada pela primeira vez 
em 2006, pode ser aplicada a uma ampla gama de atividades 
mais antigas. Existe hoje uma boa quantidade de plataformas de 
co-criação online. Um bom exemplo brasileiro é a ASAP – As 
sustainable as possible (ver: www.asap.me). A plataformas é 
focada no desenvolvimento de novos produtos dada a 
observação de problemas cotidianos e utilizando a co-criação 
como base de seu modelo de negócios. A ASAP possui ainda 
uma estrutura off-line para a fabricação destes produtos levando 
o público alvo a ver o produto co-criado produzido em larga 
escala. No formato de divisão de tarefas para realização de um 
trabalho maior temos o exemplo o Jogo Oasis que foi realizado 
em Santa Catarina em 2011 na reconstrução e assistência a 
famílias de áreas atingidas pelas enchentes 
(ver:http://www.youtube.com/watch?v=24JR3cFhZng). Muitas das 
grandes marcas também já investem em plataformas de co-
criação como por exemplo a P&G, que tem uma plataforma global 
de feedback e co-criação de produtos (ver: 
https://www.pgconnectdevelop.com.br/). 
Para Negócios Sociais este conceito gera uma grande 
oportunidade pois uma vez que o objetivo do Empreendedor 
Social é oferecer, em forma de modelo de negócio, uma solução 
para problemas sociais a oportunidade de co-criar estas soluções 
com outros empreendedores ou até consumidores pode dar fruto 
a modelos de negócios ainda mais inovadores e transformadores. 
Desta forma estamos aplicando os conceito de crowdsourcing na 
elaboração do Negócio Social mas ele também pode ser aplicado 
como sendo o próprio modelo de negócio como vimos nos 
exemplos da ASAP e do Jogo Oasis. 
Além de todos os motivos citado anteriormente para a internet ser 
considerada um catalisador de Negócios Sociais encontra-se a 
mais básica e talvez mais essenciais contribuições da internet: a 
formação de uma comunidade global de Empreendedores 
Sociais. Como já mencionamos o Empreendedor Social existe a 
pouco tempo e em muitos casos nunca tinha encontrado outro 
46 
 
Empreendedor Social até pouco tempo atrás. Isto pois eles ainda 
são raros e estão espalhados pelo mundo. A internet possibilita a 
integrações destas pessoas em comunidades globais onde há 
incentivo e suporte a esta classe de empreendedores e também 
muito importante: compartilhamento de experiências e modelos 
de negócio. Como exemplo temos a comunidade global The 
Young Entrepreneurs Concil, em português Conselho de Jovens 
Empreendedores, (ver: http://theyec.org/), na África a ASEN (ver: 
http://asenetwork.org) e no Brasil a Geração Muda Mundos da 
Ashoka (ver: http://gmm.org.br/), ou até iniciativa muito mais 
simples como uma comunidade no facebook feita pelo 
Empreendedores Sociais no Canadá (ver: 
http://www.facebook.com/ysecanada). 
Devemos observar desde a concepção de novos modelos de 
negócios a internet como um recurso e explorá-la ao máximo, se 
possível a trazendo para o centro do modelo de negócios para 
ampliar a capacidade de expansão e alcance de escala. 
 
O Jovem Brasileiro 
 
Em média 50% dos empreendedores brasileiros são jovens entre 
18 e 35 anos. Considerando este fato vamos analisar uma 
pesquisa feita sobre o jovem desta faixa etária no ano de 2011 
através de uma plataforma online, esta pesquisa chama-se: O 
Sonho Brasileiro e pode ser encontrada de forma completa no 
site: http://osonhobrasileiro.com.br/. 
http://vimeo.com/30918170 
(vídeo O Sonho Brasileiro) 
 
Alguns dados gerados pela pesquisa são: 
 76% dos jovens brasileiros acreditam que o país esta mudando para melhor 
 O Sonho Profissional é esmagadoramente o maior sonho do jovem brasileiro. 
47 
 
 
Esta geração de jovens não vê mais o trabalho como seus pais o 
viam. Não é só questão de acumulo financeiro e status social 
para eles. Trabalho é felicidade é sonho. 
 O sonhos do jovens para o seu país são: 
- Sonhos de Reparação: 
18% sonham com menos violência "Paz é uma coisa básica, que 
a gente não tem ainda." 
13% sonham com menos corrupção "Meu sonho para o Brasil é 
ter alguém pra votar que possa chamar de melhor, e não de 
menos pior." 
- Sonhos de realização: 
10% sonham com emprego 
10% sonham com mais igualdade 
8% sonham com educação 
"Quero que toda criança, todo jovem, todo idoso, tenha a possibilidade de ser igual, sem 
diferença social, racial, tenha oportunidade, direito à alimentação, educação, lazer." 
 Como a geração atual enxergar a si mesma: 
 
35% a definem como sonhadora 
34% como consumista 
31% como responsável 
28% como batalhadora 
8% como comunicativa 
 59% dos jovens concordam que tem que pensar em si antes de pensar nos outros 
 77% dos jovens concordam que seu bem estar depende do bem estar da sociedade onde 
vive. 
48 
 
 74% afirmam “se sentir na obrigação de fazer algo pelo coletivo no seu dia-a-dia” 
 67% dos jovens discordam da afirmação de que “só pensa em fazer algo pela sociedade 
se tiver algum benefício para si próprio” 
 81% dos jovens brasileiros concordam que a união de pessoas que pensam de forma 
diferente pode transformar a sociedade. 
 71% dos jovens brasileiros acreditam que usar a internet para mobilizar as pessoas é uma 
forma de fazer política. 
 81% dos jovens brasileiros afirmam que gostariam de trocar mais experiências com 
jovens de outros países. 
 63% dos jovens brasileiros acreditam que existe uma comunidade global comum ao 
mundo todo. 
Este jovem busca novos sentidos para as questões básicas da vida e a partir destes 
novos sentidos surgem também novos modelos de negócios. 
 
Economia: “Eu acho que o dinheiro é uma ferramenta muito legal pra você criar outras 
coisas.” 
“Claro que é importante, dinheiro é muito importante. A questão é: que tipo de dinheiro, de 
onde ele vem e como ele vem.” 
"Acredito em atividades economicamente viáveis, ambientalmente corretas e socialmente 
justas." 
“O dinheiro foi criado para ser uma moeda de troca e um impulso para a economia e não 
um fim acumulativo” 
 
74% dos jovens brasileiros gostariam de ganhar muito dinheiro 
contanto que sua origem seja honesta ou que o problema não é o 
dinheiro em si, mas o mau uso que as pessoas fazem dele. 
49 
 
 
Empreendedorismo Social aplicado à Economia: 
1) Moeda Social: Pensando nisto surgiram alguns modelos de 
negócio que aplicam o dinheiro de uma outra forma, são as 
moedas sociais. Dinheiro inventados que são utilizados em 
comunidades para incentivar as trocas comerciais locais e 
desenvolver comerciantes e economia local. Como é o caso do: 
Sampaio - moeda social do Jardim Sampaio, periferia de São 
Paulo; ou da Cristal - moeda social que circula entre as ONGS 
que fazem parte da Ciranda Solidária, no Nordeste. O Brasil já 
possui mais de 50 moedas sociais. 
2) Kiva – microlending (pequenos empréstimos): Pensar a origem do 
dinheiro de uma nova forma também foi uma inovação dos 
Empreendedores Sociais.Já utilizamos o Kiva como exemplo de 
microempréstimos mas vamos explicar o modelo um pouco 
melhor agora. No Kiva empreendedores ao redor do mundo, 
principalmente de países subdesenvolvidos ou em 
desenvolvimento, inscrevem suas histórias e ideias de negócios 
na plataforma online. Lá investidores de todos os países podem 
ler sobre estes negócios e emprestar 25 dólares para ajudar no 
empreendimento, com os 25 dólares de diversos investidores o 
empreendedor tem o montante para iniciar ou expandir seu 
negócio. Com o crescimento do negócio o empreendedor devolve 
o dinheiro aos investidores que tem o prazer de além de tudo ver 
um novo negocio surgir do outro lado do mundo com seu 
empréstimo. 
3) Konkero: A Konkero é um site de educação financeira com foco 
na classe C e D, famílias com uma renda média de 1.200 á 3.400 
reais/mês, e procura tornar o conteúdo sobre finanças em algo 
fácil de compreender e acessar. Foi observado pelo 
empreendedor Guilherme de Almeida Prado que estas famílias 
pagavam mais caro por serviços básicos por falta de informação 
e orientação financeira. O Site já teve mais de 50mil consultas em 
1 ano de funcionamento. 
4) Amicus: A plataforma americana Amicus ajuda Organizações 
com causas sociais a usar as redes sociais e a internet para se 
conectar com seus colaboradores, atrair mais membros e 
aumentar o engajamento para levantar dinheiro para a causa. 
 
Política: "Uma coisa importante é que a gente já percebeu que dinheiro público é 
desviado sistematicamente em todos os âmbitos. A gente já percebeu que quem está lá 
50 
 
não são as pessoas que atendem às demandas da maior parte da população. Eles 
governam tendo como direção as suas próprias demandas, então, uma coisa importante é 
a gente atuar independente disso." 
"Acho que esse é o desafio agora: como é que a gente cria intersecções entre a política 
que a gente leva no nosso dia-a-dia e a política de Brasília? Vamos reaproximar esse 
negócio." 
“Uma diferença crucial na nossa geração é o patamar que a tecnologia atingiu, internet é 
uma coisa que a gente tem que considerar. É um potencial de partilha mesmo de 
informações, de comunicação, um potencial grande que a geração de hoje utiliza e está 
aprendendo cada vez mais a utilizar nesse sentido.” 
 
59% dos jovens brasileiros afirmam não ter nenhum partido 
político de preferência. 
71% dos jovens brasileiros concordam que usar a internet para 
mobilizar as pessoas é um jeito de fazer política. 
 
Empreendedorismo Social aplicado à Política: 
1) Voto Como Vamos: Propondo a abertura de um canal de 
comunicação direto e transparente entre políticos e a população, 
e possibilidade de opinião e demonstração de apoio ou rejeição 
popular quanto a propostas de lei que o grupo Porto Alegre Como 
Vamos empreendeu a plataforma Voto Como Vamos (ver: 
www.votocomovamos.com.br). Na plataforma os políticos tem um 
cadastro básico puxado dos dados da prefeitura, porém para 
completar seus perfis eles mesmos têm que inserir seus projetos 
de lei e acabam por já se familiarizar com a plataforma. Os 
políticos que não aderem perdem preferência popular por não 
estarem interagindo com o eleitor. Uma grande parcela da 
população que não interagia com a política na cidade de Porto 
Alegre começou a se engajar pois ao invés dos discursos de 
horários políticos que de nada diferenciam um do outro estão 
discutindo reais propostas de lei. A plataforma foi construída com 
código aberto para que outras cidades possam replicar a 
iniciativa empreendedora. 
2) Purpose: A Purpose é uma incubadora e aceleradora de novas 
organizações e projetos de mobilização de massas. Ela teve sua 
primeira sede nos Estados Unidos e desde 2011 está no Brasil 
com sede no Rio de Janeiro. No mundo tem mais de 2,5 milhões 
de pessoas mobilizadas através das organizações e projetos 
acelerados. 
51 
 
3) GetUp!: A GetUp! Nasceu como uma organização independente 
na Austrália, com a proposta de engajar cidadãos em torno de 
causas para o bem comum, A iniciativa ganhou tanto fôlego que 
se transformou em um dos maiores grupos políticos do país. 
 
Educação: “Não é apenas em escolas e universidades que existe conhecimento. Ele 
também pode ser construído e disseminado de outras formas e em outros locais.” 
“Eu fui me desnudando de muitos preconceitos que eu tinha. Um deles foi da favela, 
pensava que as pessoas que não tinham a me oferecer, em matéria de conhecimento. Vi 
que o conhecimento não precisa vir de escolas e faculdades, mas também existe no dia-a-
dia. Aprendi a achar conhecimento em lugares que eu achava que não existia.” 
“A questão não é o excesso de conhecimento. É o excesso de conhecimento aliado à falta 
de uso do conhecimento.” 
“Antigamente, era muito mais forte o latifúndio do conhecimento, de ter e não passar 
porque virava concorrência. Passou a ser legal dividir o que você sabe pra que o outro 
cresça.” 
 
84% dos jovens brasileiros afirmam sentem falta de locais onde 
possam aprender além de escolas e universidades. 
 
Empreendedorismo Social aplicado à Educação: 
1) CDI Lan: Rodrigo Baggio, brasileiro teve como primeira iniciativa 
empreendedora criar um fórum online onde os jovens brasileiros 
poderiam discutira as questões sociais, pensar em problemas e 
soluções e principalmente compartilhar conhecimento. Com o 
andamento de seu empreendimento ele percebeu que não estava 
atingindo os jovens das classes realmente mais atingidas pelos 
problemas sociais e que mais se beneficiariam o conhecimento 
construído no fórum. Ele decidiu reformular seu modelo de 
negócio mas a internet, considerada por ele uma das melhores 
ferramentas de democratização do conhecimento, ainda seria 
parte do seu negócio. Foi então que ele montou a CDI – Comitê 
de Democratização da Informática, um espaço onde crianças e 
adolescentes pobres usam computadores para discutir a própria 
realidade e solucionar seus problemas por meio da tecnologia. 
Ele começou no Rio de Janeiro e hoje a CDI atua em diversos 
países com unidades dentro das comunidades mais carentes. 
2) Geekie: Na escola existem 3 tipos de alunos o que estão 
acompanhando as aulas no nível em que estão sendo dadas 
pelos professores e estão se desenvolvendo, os que pegam a 
52 
 
matéria com uma maior velocidade e ficam desmotivados por não 
serem estimulados o suficiente e os que pegam a matéria a uma 
menor velocidade e ficam desmotivados por não conseguirem 
acompanhar. O Geekie é um software que adapta o estudo 
segundo as habilidades do aluno e o mantem motivado. Ele 
também gera relatórios que são compartilhados com os 
professores. O Geekie é vendido a escolas particulares, e a cada 
contrato fechado os empreendedores doam o mesmo número de 
licenças para escolas públicas. Desde 2011 180mil estudantes 
usaram a ferramenta. 
3) Laudex: No México apenas 28% dos estudantes segue para a 
universidade. A Laudex, mexicana, dá crédito para estudantes de 
baixa renda fazerem cursos de graduação e pós. 
4) Educatel: Em Uganda o Educatel capacita jovens de 16 a 18 
anos para se transformarem em empreendedores e agentes de 
transformação social. Com o apoio de escolas locais, o programa 
oferece um curso de dois anos com foco em empreendedorismo 
social e desenvolvimento sustentável. 
 
Trabalho: “A nossa geração também busca estabilidade, ter conforto financeiro, mas eu 
acho que a maioria ganharia um pouco menos para, sei lá, surfar, fazer trilha, ter qualidade 
de vida.” 
“Aquele curso realmente é promissor, eu acho que tu sais ganhando uma paulada. Ao 
mesmo tempo, de que adianta? Tu vais estar te prostituindo se tu não estiveres fazendo 
aquilo que tu gostas” 
“Usar o trabalho para ter uma atividade social. Os negócios vão ser feitos de uma maneira 
diferente, considerando o fator humano.” 
“Trabalho é uma expressãodo ‘eu’, do que você é.” 
 
90% dos jovens brasileiros afirma que gostaria de ter uma 
profissão que ajudasse a sociedade. 
 
53 
 
Empreendedorismo Social aplicado ao Trabalho: 
 
Todos os Empreendedores Sociais são apaixonados pelo seu trabalho, reflete o que 
eles são, confere realização pessoal através do crescimento do negócio e da 
relevância social. Os Negócios Sociais são a reflexão da nova forma do jovem ver o 
trabalho. Mas alguns são relacionados a gerar oportunidades de trabalho para a 
base da pirâmide como os exemplos abaixo. 
1) Fábrica de Aplicativos: O Empreendedor Gregório Marin Jr 
desenvolveu em 2008 uma plataforma web onde podem ser 
desenvolvidos aplicativos, sem que a pessoa tenha experiência 
em programação. E desde 2012 promove oficinas entre jovens de 
baixa renda que querem aprender a usar a plataforma e 
desenvolver aplicativos, eles podem então comercializar o 
aplicativo desenvolvido e obter renda com isto. 
2) iOnPoverty: Criado nos Estados Unidos o portal de vídeos 
iOnPoverty conecta jovens recém-formados e empreendedores 
bem sucedidos. O site traz depoimentos de líderes de 
organizações e dicas para empregos e carreiras, tudo isto 
buscando aumentar as chances do jovem achar a carreira 
desejada e se dar bem nas entrevistas. 
Como observamos na pesquisa O Sonho Brasileiro, o jovem 
brasileiro está engajado na mudança social e na busca por novas 
formas de trabalho e de vida. Em média 50% dos 
empreendedores brasileiros têm de 18 a 35 anos e entender os 
sonhos e necessidades dessa parcela da população faz parte de 
entender as tendências do mercado de Empreendedorismo e 
Empreendedorismo Social. 
 
Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil 
 
Segundo pesquisa do Global Entrepeneurship Monitor – GEM 
(em português: Monitoramento de Empreendedorismo Global), 
coordenada pela London Business School da Inglaterra e pelo 
Babson College dos Estados Unidos, em uma lista de trinta e 
quatro países, o Brasil está entre os sete que mais empreendem, 
ao abrir novas empresas. Esta característica empreendedora do 
brasileiro foi confirmada por pesquisa do Serviço Brasileiro de 
Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2004), que 
constatou que, anualmente no Brasil, são constituídas em torno 
de quatrocentas e setenta mil novas empresas. Entretanto, os 
54 
 
dados de 2000 mostram que depois de três anos de vida, 60% 
das empresas fecham suas portas SEBRAE (2004). 
Dentre as causas do fechamento destas empresas, destacam-se, 
em quase 60% dos casos, aquelas classificadas como de origem 
gerencial. Tais causas estão relacionadas à falta de planejamento 
na abertura do negócio, levando o empresário a não avaliar, de 
forma correta, fatores importantes para o sucesso ou fracasso do 
empreendimento, tais como o fluxo de caixa, recursos e o potencial dos 
consumidores (real necessidade do produto/serviço), dentre outros 
fatores. 
Uma rápida análise dos dados do GEM e do SEBRAE permite 
identificar um lapso entre o perfil empreendedor dos micro 
empresários brasileiros em geral e o dos profissionais titulados 
pelas Escolas de Administração do Brasil, que, até alguns anos 
atrás, formavam pessoas para trabalhar em grandes empresas. 
Hoje, com a redução dos postos formais de trabalho que se 
identifica no Brasil, o empreendedorismo passa a ser visto como 
uma opção de carreira e uma forma de absorver os diplomados 
que não conseguem se colocar no mercado de trabalho. 
Identifica-se, portanto, a necessidade de criação de um novo 
perfil profissional, destinado a ocupar um espaço capaz de 
canalizar este desejo empreendedor dos brasileiros. Cabendo às 
instituições educadoras e, mais especificamente, aos 
educadores, contribuir para o desenvolvimento de uma educação 
empreendedora, incentivando os alunos a explorarem o espaço 
potencial para o empreendedorismo no país. É muito importante 
para isto a distinção do personagem administrador e 
empreendedor, a confusão entre estas é um dos motivos que 
leva a falência da empresa por causas gerenciais. 
Sobre os problemas dos cursos de Administração atuais no 
Brasil: 
a) os graduados de Administração carecem de formação 
prática; 
b) os conhecimentos dos graduados em 
Administração são genéricos e superficiais; 
b) os cursos de Administração estão dissociados das 
necessidades do mercado; 
c) os cursos de Administração proporcionam ensino 
desatualizado e não criativo; 
55 
 
d) os cursos de Administração não integram os 
conhecimentos das várias atividades de uma 
organização empresarial. 
 
O empreendedorismo em muitas universidades foi absorvido pela 
grade curricular do curso de Administração como uma disciplina. 
Como temos visto no decorrer deste curso o Empreendedorismo 
em si é muito complexo e o Empreendedor para praticar a 
atividade precisa desenvolver características bastante específicas 
e que exigem uma qualificação profissional individual ao invés de 
atrelada a um curso existente. Algumas universidades Brasileiras 
já identificaram esta incompatibilidade do tema 
Empreendedorismo com a carga horária e aprofundamento de 
uma disciplina e o transformaram em um curso de graduação. 
São exemplos de universidades brasileiras onde encontramos 
formação em empreendedorismo: USP, PUC, FGV, entre muitas 
outras. Porém no que tange o Empreendedorismo Social não 
existe hoje nenhuma universidade que ofereça um curso de 
graduação na área. Em alguns cursos de Empreendedorismo há 
uma disciplina dedicada ao Empreendedorismo Social. 
Mesmo que não haja curso de graduação existem algumas 
opções para aprofundar conhecimentos sobre o tema, são elas: 
Programa Dignidade: Curso gratuito da Fundação Don Cabral – FDC 
em Belo Horizonte. O programa dura em torno de 2 anos e da 
foco em como criar produtos ou serviços que contribuam para a 
redução da pobreza. 
MBA em gestão de Negócios Socioambientais: Especialização de 1 ano e 
meio para empreendedores voltados para a sustentabilidade e 
geração de valor socioambiental. Tem um custo de R$ 27,390,00 
e é promovido pela Artemísia, pelo Ceats (Centro de 
Empreendedorismo e Administração em Terceiro Setor) e o IPÊ 
(Instituto de Pesquisas Ecológicas). 
Yunus ESPM Social Business Center: Lançado neste ano de 2013, terá 
cursos de extensão relacionados à temática de Negócios Sociais 
e segundo a administração da faculdade a demanda surgiu dos 
próprios alunos. Como ainda não foram lançados os cursos 
disponíveis não informações de valores. 
O tema empreendedorismo foi popularizado em 1945 pelo 
economista Joseph Schumpeter como sendo uma peça central à 
sua teoria da Destruição criativa e só agora surgem formações 
56 
 
nesta área. Se seguirmos a mesma lógica considerando 
Muhammad Yunus como grande difusor do conceito 
Empreendedorismo Social em 1976 com a criação do Grameen 
Bank, ainda teremos de esperar mais 20 ou 30 anos para que 
surja o primeiro curso de graduação em Empreendedorismo 
social. Com esta preocupação que atuam organizações como a 
Ashoka e a Artemisia que buscam formar estes empreendedores 
em cursos próprios. A Artemisia ainda vai um passo além 
promovem um movimento chamado Movimento Choice, onde 
jovens universitários são selecionados para difundir o conceito de 
negócios sociais e empreendedorismo social dentro das 
universidades através de workshops e palestras. A Artemisia 
acredita que despertando o interesse do jovem universitário 
estará criando a demanda de cursos de formação na área, 
demanda esta que terá de ser atendida pelas universidades 
brasileiras. 
No que tange a atividade empreendedora no Brasil, faz-se 
necessário relacionar algumas limitações, além das questões 
de falta de educação apropriada, à prática do empreendedorismo social. 
Dessas limitações, 60% delas concentram-se em três condições 
básicas: falta deapoio financeiro, políticas governamentais inadequadas ou 
inexistentes e questões éticas e de pré-conceito populares. 
Quanto à falta de apoio financeiro ela se aplica tanto ao empreendedor 
tradicional quanto ao empreendedor social e sua principal 
solução se encontra em criar serviços financeiro que apoiem a 
atividade empreendedora. O Banco Pérola, em 3 anos de 
existência, já concedeu microcrédito a mais de 100 mil 
empreendedores do Rio de Janeiro apenas. As instituições de 
microcrédito são uma grande alternativa para incentivo a novos 
empreendedores e não apenas porque oferecem empréstimos 
em pequenas somas financeiras e baixos juros, mas porque não 
exigem garantias que os grandes bancos pedem e geralmente 
oferecem um serviço de aconselhamento e acompanhamento, 
essencial para os empreendedores com menos experiência. A 
difusão do modelo de microcrédito pode fazer a diferença para o 
Brasil, mas também existem outros modelos como o 
financiamento coletivo que e muito ser explorados para este fim. 
Outra forma de apoio financeiro são as instituições que dão 
suporte ao empreendedorismo social como a Artemisia e a 
Ashoka. Ou seja, existem e ainda podem ser idealizados diversos 
serviços financeiros de qualidade mas uma importante 
57 
 
consideração a resaltar é a importância da idealização de 
modelos de negócio de baixo investimento inicial e alta 
escalabilidade, ou seja, negócios onde não é necessário muito 
investimento para começar e seu modelo permite um retorno 
financeiro e crescimento rápidos. 
Já quanto a políticas governamentais inadequadas ou inexistentes o tópico é 
bem claro. Deveriam existir no Brasil políticas de incentivo às 
empresas cuja atividade principal estiver focada na solução de 
um problema social ou ambiental. Estas empresas estão 
contribuindo com o progresso social, diferente de muitas outras 
que estão apáticas ou intervindo negativamente para com a 
sociedade. Elas estão assumindo o papel de empresa, governo e 
organização social e deveriam, apoiadas nisto, ter incentivos 
diferentes de uma empresa tradicional. 
Também temos mais 3 superações a serem alcançadas para o 
sucesso do empreendedorismo social no Brasil, estas são 
questões relacionadas á ética e pré-conceitos populares: 
1) “Visão assistencialista e filantrópica do trabalho em prol da 
sociedade”: quando se fala em trabalhar em prol do 
desenvolvimento social o brasileiro logo associa a atividade ao 
assistencialismo ou a filantropia. O desafio esta em difundir o 
trabalho em prol do progresso social como uma alternativa de 
profissão e atividade econômica. 
2) “Atitude protecionista e vitimização da população carente”: os 
empreendedores sociais precisam ver as classes carentes como 
consumidores, que eles são, consumem desde serviços básicos 
até lazer como todos nós, apenas não são oferecidos atualmente 
serviços dedicados a eles e de qualidade. O empreendedor social 
desenvolve produtos e serviços de qualidade para estas classes 
e cobra o preço justo por isto. O fato do produto ou serviço ser 
cobrado, faz com que as pessoas observem o seu valor. Caso o 
produto ou serviço seja doado elas apenas consumiram enquanto 
for de graça e por consequência disto, caso o produto não seja 
mais doado (caso a instituição filantrópica tenha suas doações 
cortadas), o impacto social terá fim. Ou seja, não é um modelo 
sustentável. É a velha história do 1 dólar de Muhammad Yunus 
(ver título O que não é Empreendedorismo Social) 
3) “Vilanização do empreendedor que ganha dinheiro vendendo 
para população carente”: Mesmo que o produto ou serviço 
oferecido pelo empreendedor esteja melhorando a qualidade de 
58 
 
vida de uma comunidade, o fato de ele ganhar dinheiro com isto é 
visto como se ele estivesse ganhando dinheiro “em cima” dos 
pobres. Se esta visão não cair teremos menos empreendedores 
se dedicando ao empreendedorismo social e à transformação 
social. Se o CEO da Coca Cola pode ficar rico vendendo Coca 
Cola, porque um empreendedor social não pode ficar rico 
vendendo Incubadoras de baixo custo à parteiras na Índia como 
os empreendedores do Embrace? 
Vamos revisar, quais são os maiores obstáculos dos 
Empreendedores Sociais no Brasil? 
 Falta de educação apropriada; 
 Falta de apoio financeiro; 
 Políticas governamentais inadequadas ou inexistentes 
 Questões éticas e de pré-conceito populares. 
 
 
Cases: Aprendendo com outros Países 
 
Em se tratando de Negócios Sociais a Índia tem sido o maior 
centro de Inovação na área, isto devido a ter sido o berço do 
conceito e também da grande necessidade de soluções para a 
base da pirâmide, que constitui grande parte de sua população. 
Mas existem alguns outros países com os quais podemos 
aprender algumas coisas sobre como criar um ambiente favorável 
ao empreendedorismo em geral, são eles: Israel, Chile e Estados 
Unidos. 
Israel, também chamado de startup nation (nação das startups), 
graças aos volumosos recursos destinados a desenvolver os 
setores de defesa, energia e tecnologia espacial. Isarel é o 
segundo berço de startups no mundo, ficando atrás apenas dos 
Estados Unidos. Cerca de 80% das 4.000 em pesquisa e 
desenvolvimento foram criadas nos ultimos dez anos, devido a 
um investimento público de cerca de 4,5% do PIB (10 bilhões de 
dólares ao ano). A universidade de Jerusalém é a maior 
incubadora do país e recebe ao ano 1 bilhão de dólares em 
royalties e gera cerca de 2 bilhões de dólares em venda de 
tecnologia. 
O Chile tem uma economia estável e saneada, com um 
crescimento médio de 5%. O ambiente é atraente para o 
empreendedorismo principalmente por causa dos do peso 
59 
 
reduzido dos encargos sociais das empresas e da presença de 
mínimas entraves burocráticas. É conhecido pela facilidade de se 
abrir um negócio, pois os trâmites legais duram apenas 8 dias, 
quando no Brasil duram 119 dias. O governo estimula 
intensamente startups com recursos e principalmente condições 
de trabalho. Além disso possui na Startup Chile um programa que 
traz talentos estrangeiros para trabalharem em startups no Chile 
por seis meses, oferecendo assim benefícios para os dois lados. 
A valorização da iniciativa individual e presença mínima do 
Estado na economia estão na própria formação da identidade 
nacional dos Estados Unidos. Os custos de produção são muito 
menores que no Brasil pela quase inexistência de obrigações 
trabalhistas e carga tributária relativamente baixa. O Vale do 
Silício é um exemplo disso pois não há gastos nenhum 
necessários à instalação de empresas, além de ser próximo a 
Universidade de Stanford que oferece alta qualidade de ensino. É 
uma cultura voltada a experimentação, inovação e tolerância ao 
erro. Motivo pelo qual neste ambiente que surgiram grandes 
empresas como Google, Facebook, Apple e Intel. 
Quanto a posição no Brasil neste panorama mundial podemos 
observar os seguintes rankeamentos: 
60 
 
 
 
 
Existem bons exemplos mundiais e tantos estes quantos os 
índices apresentados nos relatórios acima podem ser utilizados 
como princípios guias para uma reforma no ecossistema de 
empreendedorismo brasileiro. Mas para isto é necessário uma 
conscientização tanto to governo, para fazer estas mudanças 
essenciais, quanto da população, para ressaltar esta demanda. 
61 
 
 
Organizações que Suportam Empreendedores Sociais no Brasil 
 
Ao despertar interesse no ramo do Empreendedorismo Social é 
importante conhecer as organizações brasileiras que apoiam e 
suportam este tipo de atividade, além de como elas o fazem para 
saber qual melhor se adapta as necessidades específicas do seu 
negócio. 
 
Endeavor: 
A Endeavor é uma organização internacional sem fins lucrativos 
que começou nos EUA no ano de 1997. Em 2012 ela já está 
presente em 17 países, sendo um deles o Brasil.No Brasil, desde 
16 de junho de 2000, conecta empreendedores com grande 
potencial a uma rede de voluntários composta pelas principais 
lideranças empresariais do país, que os orienta a crescer 
rapidamente e gerar milhões de empregos. A Endeavor está 
presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, 
Porto Alegre e Recife. 
Inspiração: O Espírito empreendedor é o motor da mudança. 
Questiona a realidade, inspira a inovação, contagia e faz 
acontecer a evolução. Vai que dá! 
Missão: Promover um ambiente que favoreça a cultura 
empreendedora e multiplique empreendedores que transformam 
o Brasil. 
Características dos Empreendedores Endeavor: 
 Sonham grande 
 Têm "brilho no olho" 
 Inovam 
 Botam pra fazer 
 São éticos 
 São empreendedores de alto impacto 
 
Modelo de suporte ao Empreendedor: 
62 
 
 
 
Alguns resultados em nível de Brasil: 
 Empreendedores Endeavor: + de 100 
 Receita gerada por empresas Endeavor: R$ 2.4 bilhões 
 Empregos gerados por empreendedores Endeavor: 14.5 mil 
 Eventos de capacitação 12 mil participantes 
 
Ashoka: 
 
A Ashoka é uma organização mundial, sem fins lucrativos, 
pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos 
empreendedores sociais – pessoas com ideias criativas e 
63 
 
inovadoras capazes de provocar transformações com amplo 
impacto social. Presente em mais de 60 países e criada na Índia 
em 1980, pelo norte americano Bill Drayton, a Ashoka trabalha 
com diferentes públicos comprometidos com a mudança do 
mundo. Além de uma rede ampla de empreendedores sociais, a 
Ashoka promove protagonismo, transformação e empatia em 
diversas esferas na sociedade. 
Empreendedores Ashoka: Os empreendedores sociais da Ashoka 
fazem parte de uma rede mundial de intercâmbio de informações, 
colaboração e disseminação de projetos composta hoje por mais 
de 3500 empreendedores localizados nos diversos países em 
que atuam. No Brasil, compõem a rede cerca de 320 
empreendedores sociais. A Ashoka seleciona empreendedores 
sociais nos diferentes estágios de desenvolvimento de suas 
ideias e o investimento é realizado em pessoas, e não em 
projetos. 
Formas de atuação: Para concretizar sua missão, a Ashoka estrutura 
a sua atuação mundial na interação de três pilares: o 
empreendedorismo dos líderes sociais, o empreendedorismo de 
grupo e o apoio à infraestrutura do setor social. 
 
1. Empreendedorismo dos líderes sociais 
A Ashoka identifica e investe em empreendedores sociais – 
indivíduos com ideias criativas e inovadoras capazes de provocar 
transformações com amplo impacto social. Processo: 
• Identificar e investir no indivíduo, estimulando o lançamento de 
suas ideias, sua constante inovação e competência durante toda 
a sua carreira; • Integrá-lo a uma Rede Local Global de 
Empreendedores Sociais; • Contribuir para a profissionalização, 
eficiência, crescimento e sustentabilidade de sua organização. 
 
2. Empreendedorismo de Grupo – colaboração e maior impacto 
social 
A Ashoka reúne grupos de empreendedores sociais para, em 
colaboração, potencializar e multiplicar ações positivas. 
O objetivo do trabalho em conjunto é somar competências e 
disseminar ideias inovadoras, tendo como perspectiva influenciar 
mudanças em diferentes áreas de atuação do setor social. Entre 
64 
 
os programas e ações de incentivo ao trabalho colaborativo 
destacam-se: 
• Integração das Redes Local, Continental e Global de 
Empreendedores Sociais 
• Projetos Colaborativos e de Intercâmbio 
• Eventos Temáticos 
 
3. Infraestrutura e nova arquitetura para o setor social 
É necessário desenvolver a infraestrutura de que o setor social 
precisa para fomentar a inovação e a produtividade. 
Esse fundamento é o alicerce do terceiro e mais ambicioso pilar 
que estrutura a atuação da Ashoka. Entre as iniciativas derivadas 
desse pilar destacam-se: 
• Centro de Competência para Empreendedores Sociais Ashoka-
McKinsey (CCES) 
• Iniciativa Base de Cidadania 
• Serviços Financeiros Alternativos 
• Revista Eletrônica Changemakers (www.changemakers.org) 
• Cidadania Econômica Plena 
• Iniciativa Justiça para Todos 
 
Artemísia: 
 
Organização pioneira e referência em negócios sociais no Brasil, 
a Artemisia potencializa e capacita talentos e empreendedores 
para a geração de negócios de alto impacto social por meio de 
iniciativas nas áreas de educação, disseminação de 
conhecimento e aceleração de negócios sociais. Foi fundada em 
2004 pela Potencia Ventures dos EUA. 
Visão: Brasil como um polo internacional de negócios de alto 
impacto social. 
Modelo: Trabalha em 2 áreas principais, Formação e Aceleração 
de Negócios Sociais. 
1. Formações 
65 
 
 Usina de Ideias: A Usina de Ideias é uma formação que desenvolve e articula pessoas 
para construir ou fazer parte de negócios com impacto social, por meio do conhecimento 
teórico, troca de experiências com atuais empreendedores neste campo e cocriação e 
teste de ideias de negócio social com uma comunidade de baixa renda. 
 Movimento CHOICE: CHOICE é um convite para universitários inquietos, inovadores ou 
empreendedores fazerem parte da geração que está mudando a forma de fazer negócios. 
Eles aprendem sobre a temática, sobre liderança e facilitação e disseminam este 
conhecimento através de workshops e eventos dentro das universidades onde estudam. 
 Formação Virtual em Negócios Sociais: Introduz o conceito de negócios sociais, 
proporcionando aos participantes compreender os desafios e inovações dos negócios com 
impacto social, através de um estudo de caso e da visão de diferentes atores. 
 
2. Aceleradora de Negócios Sociais 
A Aceleradora de Impacto é o programa da Artemisia que 
identifica empreendedores experientes, com forte intenção de 
gerar impacto social, seleciona os melhores negócios sociais em 
estágio inicial, com alto potencial de crescimento, e acelera-os 
por meio de um programa intensivo de 6 meses, que oferece: 
 formatação do modelo de negócio, 
 acesso a rede de mentores, 
 capacitação da equipe e 
 conexões com investidores, gestores e parceiros. 
Desde 2011, participaram da Aceleradora de Impacto 26 startups 
de 11 cidades de todo o Brasil. Resultados: 
 Foram mais de 500 mil pessoas das classes CDE impactadas, 
 R$18 milhões de investimento recebidos 
 e mais de 80% de aumento de receita, 
 e para alcança-los, receberam mais de 800 horas de mentoria 
 e 170 horas de capacitação da equipe. 
Cada uma destas organizações possuem um foco ou trabalho um 
pouco diferenciado porém estão trabalhando em prol de um 
objetivo em comum: o desenvolvimento do Setor 2,5 e a 
multiplicação de atividades de Empreendedorismo Social. Basta 
que na hora de buscar suporte o Empreendedor procure a 
organização que melhor suporte atenda a seus objetivos 
específicos e no momento específico de seu desenvolvimento ou 
desenvolvimento do seu negócio. 
 
Fundos que Investem em Negócios Sociais no Brasil 
 
Neste ano a previsão é que 250 milhões sejam investidos em 
Negócios Sociais. No mundo este valor chega a 9 bilhões de 
reais, 1 bilhão a mais que em 2012, segundo levantamento do 
banco J.P. Morgan. E muito embora, apenas nos últimos 12 
66 
 
meses surgiram 3 dos 6 principais fundos/bancos brasileiros que 
investem em Negócios Sociais, ainda temos muito chão a 
percorrer para alcançar um ecossistema favorável para que o 
Brasil se torne um destaque neste mercado. O valor investido 
hoje representa apenas 0,01% do capital disponível no mercado. 
Abaixo faremos uma breve explanação do foco de investimentos 
e oportunidades para o ano de 2013 oferecidos por tais 
entidades. 
Vox Capital: 
Foco de Investimento: O fundo tem como foco modelos de 
negócios lucrativos e com potencialpara gerar grande impacto 
social. O Vox Capital atua desde 2009 e é atualmente a maior 
referência brasileira nesta área. 
Oportunidades para 2013 - Neste ano tem meta de investir em 3 
empresas em troca de participação acionária, um total de 5 
milhões para cada uma, e mais 4 empresas na forma de dívida 
conversível, neste caso um total de 150mil reais. 
(ver: www.voxcapital.com.br) 
Sitawi: 
Foco de Investimento: Atua como um banco fazendo 
empréstimos á negócios que causam impacto socioambiental 
como: saúde, geração de renda, cultura, ambiente e direitos civis. 
Trabalha com uma taxa de 7,25% ao ano e atua desde 2006 na 
área. 
Oportunidades para 2013 – Neste ano reservou entre 1,5 e 2 
milhões de reais para empréstimos. (ver:www.sitawi.com.br) 
Kaeté: 
Foco de Investimento: Começou a operar em janeiro deste ano e 
tem foco em Negócios Sustentáveis. 
Oportunidades para 2013: Tem como objetivo selecionar de 2 a 3 
empresas para aportar de 5 a 20 milhões de reais em cada uma. 
Em 3 anos a meta é adicionar mais 10 empresas. 
(ver: www.kaeteinvestimentos.com.br) 
Instituto Ventura: 
Foco de Investimento: Investe em negócios que criam tecnologia, 
produtos ou serviço inovadores voltados para a sustentabilidade. 
Algumas das áreas de interesse são: agricultura sustentável., 
produção orgânica, reciclagem e energias renováveis. 
67 
 
Oportunidades para 2013: Neste ano tem como objetivo investir 
em 5 empresas, sendo 100mil reais cada. (ver:www.ventura.org.br) 
Vistuose: 
Foco de Investimento: Começou a operar no final de 2012 e tem 
como foco negócios sociais focados em educação para a 
população de baixa renda. É um fundo que não acredita na 
distribuição de lucros entre os acionistas e sim em se 
recapitalizar para investir em novas empresas. 
Oportunidades para 2013: Neste ano irá investir 4 milhões de 
reais em 2 empresas. (não possui website) 
First Impac Investing: 
Foco de Investimento: O fundo começou a operar também este 
ano e tem como foco negócios de alto potencial de escalabilidade 
nas áreas de: educação, saúde, serviços financeiros e habitação. 
Trabalha também por meio de compra de participação acionária. 
Oportunidades para 2013: Pretende investir em 3 negócios, 
sendo cada um entre 10 e 50 milhões de reais. 
(ver:www.fircapital.com) 
É essencial conhecer as oportunidades de investimento do 
mercado brasileiro ao se pensar em ser um empreendedor social, 
porém a pergunta relacionada a este tema que mais assombra 
todo e qualquer tipo de empreendedor é “quando procurar 
investimento?” 
É preciso observar que não estamos sozinhos, todas estas 
organizações e fundos apresentados acima estão aqui para 
fomentar o crescimento dos Negócios Sociais e dar apoio aos 
empreendedores. Para buscar o apoio de uma organização como 
a Artemisia, Endeavor e Ashoka não é preciso estar em 
determinada faze de desenvolvimento da sua ideia ou de seu 
negócio, estas organizações possuem modelos de suportes que 
se adaptam ao estágio de diferentes empreendedores e, 
principalmente, querem encontrá-los e apoiá-los. 
Já para buscar capital de investimento para o seu negócio é 
preciso apresentar outro nível de evolução do negócio, como por 
exemplo: um modelo de negócios bem definido, e não ainda em 
testes; clientes/consumidores e renda que comprovem o valor deste 
produto ou serviço para a sociedade; e principalmente saber 
onde está o potencial de escalabilidade da empresa, pois um fundo 
só irá aportar dinheiro em um negócio que sabe onde tem que 
68 
 
investir para que possa crescer em grande escala. Não 
precisamos de ótimas soluções que vão melhorar a vida de 100 
ou 200 pessoas, precisamos de ótimas soluções que vão 
impactar na vida de milhares de pessoas. 
 
 
Aceleradoras e Incubadoras de Negócios Sociais no Brasil 
 
Estamos acostumados a ouvir sobre incubadoras de empresas, 
mas temos ouvido falar bem mais sobre aceleradoras. Isso 
acontece porque se acredita hoje que podem existir soluções 
diferentes além da incubação para apoiar empresas nascentes, 
justamente porque empresas com estágios e objetivos diferentes 
precisam de apoio de formas diferentes. 
Veja algumas características e diferenças de cada modelo: 
1. Normalmente, incubadoras buscam apoiar pequenas empresas 
de acordo com alguma diretiva governamental ou regional. Por 
exemplo, incentivar projetos de biotecnologia devido à 
proximidade de algum centro de pesquisa nessa área, ou 
fomentar a indústria de telecomunicações em uma região que 
precisa de expansão nesse setor. Aceleradoras, por sua vez, são 
precisam ser focadas não em uma necessidade prévia, mas sim 
em empresas que tenham o potencial para crescerem muito 
rápido. Justamente por isso, aceleradoras buscam startups 
escaláveis (e não somente uma pequena empresa promissora). 
Mesmo não sendo focadas em uma necessidade prévia 
estabelecida pelo governo, as aceleradoras podem e geralmente 
têm focos de seleção de empresas. 
2. Incubadoras pedirão seu plano de negócio, e aceleradoras 
estudarão e irão ajudar no aprimoramento do seu modelo de 
negócio. Isto pois a verba, pública ou de universidades, que 
normalmente apoia as incubadoras pede maior formalidade e 
transparência na avaliação de projetos. 
3. Aceleradoras são lideradas por empreendedores ou 
investidores experientes, enquanto incubadoras têm gestores 
com experiência em mediar o poder público, as universidades e 
empresas. 
69 
 
4. As aceleradoras usam capital privado para seu próprio 
financiamento. Já as incubadoras dependem de verba pública ou 
de universidades/institutos para seu financiamento e d seus 
incubados. 
5. Enquanto aceleradoras são fortemente apoiadas em sessões 
de mentoring, seja em palestras ou conversas pessoais entre 
empreendedor e mentor, as incubadoras são fortemente 
baseadas no modelo tradicional de consultores, que são 
contratados para apoiar incubados com um preço com desconto, 
pois irão atender um volume maior de empresas que estão juntas 
na incubadora. 
6. Aceleradoras focam em negócios já prontos, ou quase prontos, 
para serem acelerados e atingirem escala. Já incubadoras podem 
selecionar negócios que ainda estão em fase inicial. 
 
A maioria das grandes universidades brasileiras possuem 
incubadoras em seus campos universitários. Algumas destas 
incubadoras possuem programas especialmente voltados á 
Negócios Sociais como é o caso da PUCRS, localizada em Porto 
Alegre – RS, que possui a incubadora TECNOPUC, para 
negócios tradicionais, e a Incubadora Raiar, para negócios 
sociais. Porém existem no Brasil algumas aceleradoras e 
incubadoras focadas somente em negócios sociais, elas estão 
identificadas abaixo: 
 
Aceleradora Artemisia: 
Sua forma de seleção e foco foram explicados anteriormente. 
Seu programa de aceleração dura 6 meses e foca em: aprimorar 
o modelo de negócio, capacitar os empreendedores e conectar 
com investidores. Desde 2007 já teve 61 negócios acelerados e 
em 2013 pretende selecionar 20 empresas para o programa. 
Pipa: 
Uma das aceleradoras do programa Start UP Brasil, do governo 
federal, procura empresas que foquem no conceito de valor 
compartilhado, causem impacto na sociedade e tenham 
faturamento até 2 milhões por ano. Trabalha com um programa 
70 
 
de mentoria e conexão com investidores e este ano irá selecionar 
10 empresas. (ver: http://pipa.vc) 
Purpose: 
É uma incubadora de negócios sociais, mas oferece consultoria e 
em alguns casos faz também investimentos. No Brasil já investiu 
em 3 empresas e busca negócios focados na mobilização social, 
colaboração e compartilhamento de informações. 
(ver: www.purpose.com) 
NESsT: 
Organização internacional que desenvolve negócios sociais 
iniciantes e de alto impacto. Os empreendedores são 
selecionados através de uma competição e ganham,além de 20 
mil reais, 1 á 3 anos de incubação. (ver:www.nesst.org/brazil) 
Swap: 
O programa chegou ao Brasil este ano e irá selecionar 6 
empresas que receberão 1 ano de consultoria e até 100 mil reais 
cada. (ver: www.quintessa.com.br/swapbrasil) 
Projeto Visão de Sucesso: 
A cada semestre o programa escolhe 20 empresas focadas ou 
em oferecer produtos e serviços para a base da pirâmide, ou em 
incluir a base da pirâmide em sua cadeia produtiva. Pelo período 
de um ano elas recebem capacitação da Endeavor e do Itaú. 
(ver: http://projetovisaodesucesso.com.br) 
 
 
Tirando as Ideias do Papel 
 
Antes de tirar qualquer ideia de Empreendedorismo Social existe 
uma primeiro e crucial pergunta que você deve se fazer, pois o 
restante todo pode ser trabalho e pensado para se chegar a um 
modelo de negócio de sucesso. Se você acompanhou este curso 
até aqui provavelmente sabe qual é esta pergunta. 
Pergunta chave: O meu negócio esta solucionando algum 
problema ou suprindo alguma necessidade da sociedade? 
Caso a resposta seja sim, podemos evoluir para os outros passos 
de como tirar sua ideia do papel, caso seja não sugiro que você: 
retome a análise dos cases aqui apresentado; busque novos 
cases para ter ideias de negócios; mas principalmente retome a 
análise dos problemas que cercam a sociedade onde você se 
insere. 
71 
 
Demais passos para tirar uma ideia do papel: 
 Acredite na sua ideia. Não ao ponto de ficar cego para opiniões alheias, mas não 
desanime ao primeiro obstáculo e a primeira pessoa que o chamar de louco (a maioria dos 
Empreendedores Sociais hoje bem sucedidos já foi chamado de louco) 
 Esteja ciente de seus pontos fortes e fracos e busque colaboradores para supri-los. 
Você aprendeu sobre o perfil de um empreendedor social e sabe as características que a 
vocação exige. Também sabe que competências técnicas ou não seu modelo de negócio 
em específico vai demandar. Não tenha medo de identificar estes gaps e procurar outros 
empreendedores que compartilhem sua causa para compor uma equipe. 
 Não tenha medo de arriscar e utilizar modelos e estratégias inovadoras, o medo da falha 
impede a inovação e a falta de inovação impede o crescimento. Arrisque, mas de forma 
calculada e capaz de mensurar falhas e acertos para que se for necessário um ajuste você 
saiba onde atacar. 
 Não hesite em começar, crie um mínimo produto viável (MVP), do seu negócio. O 
MVP nada mais é que o seu modelo de negócio em sua versão mais básica e apenas para 
teste de mercado, ao invés da versão completa e detalhada que você imagina para o 
futuro. 
 Teste seu MVP com um público alvo reduzido para conhecer seu feedback e a 
aceitação do mercado antes de investir altas somas no negócios. Negócios extremamente 
inovadores não podem se utilizar de pesquisas de mercado para avaliar sua probabilidade 
de sucesso uma vez que seu nicho de mercado é geralmente novo, por isto a importância 
do teste. Muhammad Yunus testou seu modelo de negócios com apenas 42 mulheres 
antes de investir nele. 
 Fique atendo a mudanças e novos direcionamentos que possam transformar seu 
modelo de negócio. Também por estarmos trabalhando com novos mercados nem sempre 
acertamos todas as faces da nossa solução no primeiro modelo lançado ao mercado. Ë 
muito importante a mensuração da aceitação e estar atento a feedbacks para adaptar e 
melhorar seu produto ou serviço. 
 Escreva seu “Modelo de Negócios” para conhecer melhor a essência de seu negócio, 
assim como seu diferencial, sua proposta de valor e os fatores críticos de seu sucesso. 
Não é aconselhável que no caso de Empreendedorismo ou Empreendedorismo Social se 
utiliza como Modelo de Negócios o Plano de Negócios Tradicional. Falaremos no título 
seguinte sobre Modelos de Negócios mais adequados a atividades empreendedoras e 
abertura de novos mercados. 
 
Modelos de Negócio 
 
Na extra tradicional de Modelo de Negócio utilizada no Brasil, o 
Plano de Negócios, observamos itens muito rígidos como: analise 
de concorrência, analise do terreno ou região de implantação e 
analise do mercado consumidor, que acabam bloqueando a 
criatividade e qualidade do Modelo de Negócios. Em se tratando 
de Empreendedorismo Social muitas vezes, por ser tratar de um 
mercado novo pode não haver concorrência direta, ele pode 
também funcionar de forma online o que anula uma análise de 
terreno e por ser um produto ou serviço novo é quase impossível 
se conhece o potencial de mercado consumidor através de dados 
disponíveis em pesquisas online voltadas para mercados 
existente. Em resumo, o Plano de Negócio é ultrapassado para 
este tipo de atividade e não dispõe das ferramentas necessárias 
72 
 
para composição de um modelo de negócio na área de 
Empreendedorismo Social ou Negócios Sociais. Outra crítica é a 
extensão do Plano de Negócios que chega a apresenta quase 50 
páginas em alguns casos. Para se ter a visão do todo é preciso 
ver o todo e não é humanamente possível que alguém consiga 
estar ciente do que está naquelas 50 de descrição de negócios. 
Precisamos exercitar nossa capacidade de enxergar a o que é 
mais importante, o que é crucial para o sucesso do negócio. 
Visando então uma maior flexibilidade e visão do todo em 
Modelos de Negócios foi criado o Bussiness Model Canvas. O 
Business Model Canvas – você também pode encontrar como 
BMGen Canvas ou simplesmente Canvas – foi criado por 
Alexander Osterwalder e apresentado ao mundo no livro 
Business Model Generation. Ele é uma ferramenta bastante 
abrangente, permitindo representar qualquer Modelo de Negócio 
possível e suas relações. Desta forma, ele vem sendo usado 
desde em startups até empresas gigantes como uma ótima 
ferramenta de inovação. 
A ideia principal do modelo é colocar em uma folha todos os fatos 
essenciais para o funcionamento do seu Negócio. Comparado 
aos Plano de Negócios de 50 páginas pode parecer mais 
simples, mas a conclusão não é verdade, muitos 
empreendedores demoram anos para achar o Canvas ideal de 
seu modelo de negócio. É preciso muita capacidade analítica e 
de sintetização, cortar a gordura extra e identificar qual o 
essencial e o diferencial do negócio. 
Segue abaixo um esquema artístico e funcional de como funciona 
o aplicar o Canvas: 
73 
 
 
 
BUSINESS MODEL CANVAS 
74 
 
 
Existe uma variação criada a partir do Canvas que é o Lean 
Canvas. O Lean Canvas foi criado por Ash Maurya com objetivo 
de dar maior foco aos aspectos considerados mais arriscados na 
criação de um negócio que envolva novos mercados, produtos e 
serviços. E para manter a característica visual já conhecida pelos 
empreendedores, o que o Ash fez foi substituir 4 dos 9 blocos do 
Canvas. Na figura abaixo você pode ver quais foram os blocos 
alterados: 
 
LEAN CANVAS 
75 
 
 
O Porquê os quadros tirados foram removidos? 
Atividades Chave e Recursos Chave: Estas duas caixas eram mais para o 
exterior do que focadas no empreendedor, isto é, ajudavam a 
olhar de fora para entender o que a startup fazia. O conteúdo da 
caixa Atividades Chave pode e deve ser derivado da caixa 
Solução depois que o MVP passou por algum teste/validação 
inicial. Fazer produtos hoje em dia não consome tantos recursos 
(físicos) como acontecia antes. Com o advento da Internet, Open 
Source e globalização, precisamos de menos recursos para por 
um produto no mercado. Isto faz com que a caixa Recursos 
Chave se alinhe mais perto de Vantagem Injusta. Mas enquanto 
um Recurso Chave pode ser uma Vantagem Injusta, nem todas 
as Vantagens Injustas são Recursos Chave. 
Customer Relationship: Qualquer produto deve ser desenvolvido direto 
com o relacionamento com o cliente depois então feita a 
identificação apropriada do caminho até os clientes. Isto parece 
ser mais bem capturado pela caixaCanais de distribuição. 
Parceiros Chave: Esta caixa é aquela que cria a maior parta das 
discussões. É verdade que o sucesso para alguns tipos de 
76 
 
produtos se baseia em primeiro estabelecer os corretos parceiros 
chaves. Por exemplo, construir uma plataforma de rede global de 
energia solar, que tem muitas exigências regulatórias e de 
capital, provavelmente necessitaria antes de tudo estabelecer 
parcerias chaves. Mas a maioria dos produtos não é deste tipo. 
Quando você está em um mercado desconhecido com um 
produto ainda não testado, buscar parceiros chaves logo no início 
pode ser uma forma de desperdício de tempo. Ao longo do 
tempo, parcerias podem ser criticas para otimizar seu modelo de 
negócio mas o risco aqui não é a falta de parceiros. 
Agora que já vimos qual a diferença entre o Canvas e o Lean 
Canvas, o mais importante é entender que ambos representam 
aspectos diferentes de um mesmo modelo de negócios, um não 
exclui o uso do outro. Pense no seu negócio como um prédio que 
pode ter uma planta baixa (2D) mais essencial e um passeio 
virtual (3D) feito após acertar o modelo 2D; o prédio é o mesmo – 
assim como seu negócio, mas pode ser visualizado de várias 
formas. 
Vamos observar antes de tudo um exemplo de Negócio já 
conhecido por nós aplicado no Canvas, para facilitar a 
compreensão pois já temos certo conhecimento do modelo. 
 
Business Model Canvas: Apple 
 Parceiros Chave: Gravadoras Musicais; 
 Atividades Chave: Design de Hardware; Marketing 
 Recursos Chave: Pessoas; Marca Apple; iPod Hardware; iTunes software. 
 Proposta de Valor: Experiência musical singular e nunca antes vista 
 Segmento de clientes: Mercado de massa 
 Relacionamento com o Cliente: Amor à marca. 
 Canais de distribuição: Loja de varejo; Lojas Apple; apple.com. 
 Custos: pessoas; manufatura; marketing e venda. 
 Fontes de Receita: loja do iTunes; alta venda de Hardware; venda complementar de 
músicas. 
 
BUSINESS MODEL CANVAS: APPLE 
77 
 
 
Você consegue enxergar que todos os principais fatores críticos 
para sucesso da Apple estão planificados nesta tabela? É 
importante uma maior descrição destas atividades em outro 
documento, sim, mas é crucial que antes tenhamos a capacidade 
de identificá-las. 
 
Criando seu próprio Modelo de Negócio 
 
Vamos fazer uma experiência de preenchimento de um modelo 
de negócios no estilo Lean Canvas, que como comentamos 
anteriormente é utilizado para modelos de negócios de 
Empreendedorismo Social e Negócios Sociais que geralmente 
enfrentam o desafio de testar e descobrir novos mercados. 
Para isto escolha dos exemplos citados no título “Cases: 
Aprendendo com Experiências de Empreendedorismo” um dos 
Negócios citados e construa um Lean Canvas seguindo as 
instruções abaixo: 
78 
 
Como preencher o Lean Canvas? Vamos explicar: a ordem de 
preenchimento, o significado de cada quadro, dicas para 
preenchimento efetivo. 
 
Dicas para preenchimento efetivo 
 Desenhe ou imprima o quadro do Lean Canvas em uma folha tamanha A4 ou A3, dando 
preferência ao tamanha A3. 
 Utilize post-its ou pequenas folhas de papel cortado para inserir as informações no seu 
Lean Canvas para que você possa testar e mudar as informações a medida que você 
desenvolve seu pensamento. Se você escrever direto na base dificultará a mudança de 
informações. 
 Utilize papeis pequenos para que você tenha pouco espaço para escrever, priorize frases 
de no máximo 4 palavras. 
 Siga a ordem sugerida de preenchimento mas fique a vontade para voltar a itens 
anteriores se houverem mudanças após a análise após os itens seguintes. 
 
Ordem de preenchimento 
 
LEAN CANVAS 
 
 
Significado de cada Quadro 
 
1. Problema 
79 
 
A maioria dos negócios falha, não porque eles não conseguem 
construir o que se propôs a construir, mas porque perder tempo, 
dinheiro e esforço para construir o produto errado. Pode-se 
atributo porção significativa desse esse fracasso à falta de 
adequado "entendimento do problema" desde o início. 
"Um problema bem entendido é um problema já resolvido pela 
metade." - Charles Kettering 
 
2. Seguimentos de Clientes 
Definir com clareza qual o seu segmento de clientes ou público 
alvo deve fazer parte da formulação do plano de negócios. Eles 
são as pessoas com problemas para os quais você esta 
oferecendo soluções e que vão investir no seu produto ou 
serviço. E é essencial não confundir cliente com usuário. Vamos 
entender através do exemplo do Facebook. No Facebook as 
pessoas que ali interagem são usuários, já as empresas que 
pagam para anunciar ou ter informações sobre o perfil de seus 
consumidores é o cliente do facebook. 
Em termos de Empreendedorismo social o cliente esta sempre 
localizados nas classes C, D ou E, mas pode ser ainda mais 
especificada no Modelo de Negócios, como por exemplo: 
Parteiras indianas de classes baixas. 
Perguntas importantes: 
- Para quem estamos criando valor? 
- Quais são as características deste(s) segmento(s)? 
- Quem são os nossos potenciais clientes mais importantes? 
 
3. Solução 
Depois de entender o problema, então você está na melhor 
posição para definir uma solução possível. Após dito isto, 
propositalmente foi feita uma caixinha pequena para se escrever 
a solução, porque a solução é geralmente o que somos mais 
apaixonada. Se nada for feito, muitas vezes nos apaixonamos por 
nossa primeira solução e acabam encurralando-nos e não 
enxergando as possibilidades de evolução do modelo de negócio. 
Manter a caixa pequena solução também se alinha bem com o 
conceito de "Produto Mínimo Viável" (MVP). 
80 
 
 
4. Canais de Distribuição 
Canais de distribuição se resume a identificação das estruturas 
online e off-line pelas quais o seu produto ou serviço será 
distribuído para o seus consumidores. Observe que mesmo que 
sua empresa possua um site, se seu produto ou serviço não for 
entregue através do mesmo ele não pode ser considerado um 
canal de distribuição. Canais de distribuição não são sempre 
estruturas físicas ou online, no caso do Banco Pérola, os agentes 
de oportunidade são o canal de distribuição que é similar ao caso 
tão conhecido da Natura, cujas consultoras são o canal de 
distribuição. 
Como observado nos exemplos acima o canal de distribuição 
pode ser peça chave no modelo de negócio e deve receber a 
devida importância. 
Perguntas importantes: 
- Por quais Canais nossos Segmentos de Clientes podem/querem 
ser abordados? 
- Como esses Canais estão integrados? 
- Qual é o Custo/Benefício da utilização de cada Canal? 
 
5. Estrutura de Custos 
Devemos identificar nesta parte a estrutura de custos do negócio. 
O custo total é uma soma dos custos fixos e custos variáveis 
(CT=CF+CV). 
Custos Fixos: são os custos que, embora tenham um valor total 
que não se altera com a variação da quantidade de bens ou 
serviços produzidos, seu valor unitário se altera de forma 
inversamente proporcional à alteração da quantidade produzida. 
Ex.: O pagamento de aluguel. 
Custos Variáveis: são os custos que, em bases unitárias 
possuem um valor que não se altera com alterações nas 
quantidades produzidas, porém, cujos valores totais variam em 
relação direta com a variação das quantidades produzidas. Ex.: 
Matéria prima. 
Perguntas importantes: 
81 
 
- Quais são os custos mais importantes inerentes ao nosso 
modelo de negócio? 
- Quais recursos-chave são os mais caros? 
- Quais atividades-chave são as mais caras? 
 
5. Fontes de Receita 
Representa as possibilidades de geração de dinheiro que a 
empresa pode obter com cada Segmento de Clientes. É a 
medição de quanto e como o Cliente está disposto a pagar pela 
quantidade de valor gerada. 
Há uma série de fontes e modelos de receitaque podem ser 
aplicados pelas empresas. Alguns exemplos são: Venda de 
Produtos, Preço por uso do produto, Preço por assinatura, 
Aluguel, Licença, Arbitragem (intermediação, agenciamento), 
Publicidade, Leilão, etc. 
Perguntas importantes: 
- O que o cliente valoriza e pelo qual está disposto a pagar? 
- O que eles têm pago ultimamente para resolver o mesmo 
problema? 
- De que maneira eles preferem pagar pelo valor gerado? 
- Qual é a parcela de contribuição de cada fonte de receita para a 
receita total esperada? 
 
6. Métricas Chave 
Novos negócios frequentemente se afogam em um mar de 
números em uma tentativa de trazer ordem ao caos de incerteza. 
Em um determinado ponto no tempo, porém, existem apenas 
algumas ações-chave (ou métricas-chave) que importam. 
Métricas são números medidos para avaliar o sucesso do seu 
modelo de negócio e métrica-chave é a principal métrica para 
guiar a direção do seu modelo de negócio principalmente na fase 
inicial. 
82 
 
"Um novo negócios só pode se concentrar em apenas uma 
métrica. Então, você tem que decidir qual é ela e ignorar todo o 
resto.” - Noah Kagan 
Como isto é um risco? Incapacidade de identificar a métrica- 
chave correta pode ser catastrófico - levando a atividades 
desnecessárias, como otimização prematura ou ficando sem 
recursos, enquanto perseguia o objetivo errado. Inicialmente, 
essas métricas devem ser centradas em torno de suas métricas 
de valor e mais tarde se transformar nos motores fundamentais 
do crescimento do seu negócios. 
 
7. Vantagem injusta 
Este é um outro nome para a vantagem competitiva, muitas 
vezes encontrada em um plano de negócios. Mesmo estando 
ciente do fato de que poucos novos negócios têm uma verdadeira 
vantagem injusta em um dia o que significa que esta caixa seria 
em branco. Esta caixa não tem a intenção de desencorajar a 
avançar em sua visão, mas sim para incentivar continuamente o 
empreendedor a trabalhar no sentido de encontrar / construir sua 
vantagem injusta. 
"A verdadeira vantagem injusta é algo que não pode ser 
facilmente copiado ou comprado." - Jason Cohen 
 
8. Proposta de Valor 
Proposta de Valor é a promessa de marketing que você faz para 
às pessoas que serão impactadas pelo seu modelo de negócio. A 
proposta de valor surge a partir da interseção do problema e da 
solução. 
Perguntas importantes: 
- Que valor nós entregamos para o cliente? 
- Quais problemas dos clientes nós estamos ajudando a resolver? 
- Que necessidades dos cliente nós estamos satisfazendo? 
- Que pacotes de produtos/serviços nós estamos oferecendo para 
cada Segmento de Clientes? 
83 
 
Tire o tempo necessário para realizar esta atividade, não há certo 
ou errado, apenas análises superficiais ou análises profundas 
que melhor explicitam a essência do modelo de negócio. 
Para finalizar a atividade vamos apresentar um exemplo de Lean 
Canvas feito baseado também no capítulo referente aos Cases. 
 
LEAN CANVAS: BANCO PÉROLA 
 
 
Inspiração Final 
 
Não por questões de análise acadêmica, mas como inspiração 
final eu gostaria de sugerir que você assistisse ao filme: Quem se 
Importa. O filme está disponível para compra no site 
http://www.quemseimporta.com.br/ e custa R$39,90. 
QUEM SE IMPORTA é um longa metragem de 91 minutos e foi 
filmado em 7 países diferentes: Brasil, Peru, USA, Canadá, 
Tanzânia, Suíça e Alemanha. Um total de 20 locações em 
apenas 40 dias, com todas as dificuldades de união das agendas 
dos entrevistados. O filme também conta com várias animações, 
84 
 
além das cenas gravadas em três idiomas diferentes (Português, 
Inglês e Espanhol). O filme conta com a narração de Rodrigo 
Santoro. Direção de Mara Mourão e produção de Mamo filmes e 
Grifa filmes. 
Assista ao trailer para entender do que se trata: 
Espero que o conhecimento aqui disponível tenha aberto novos 
horizontes e o guie para o caminho da inovação e progresso 
social. 
 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
Building Social Business: The New Kind of Capitalism That 
Serves Humanity's Most Pressing Needs. MUHAMMAD YUNUS. 
Public Affairs, 2010 
Capitalismo na Encruzilhada - STUART HART Pearson, 2005 
O banqueiro dos Pobres – MUHAMMAD YUNUS. Ed. Atica. 2002 
The Fortune at the Bottom of the Pyramid: Eradicating Poverty 
through profits. PRAHALAD. Person,2010 
Um Mundo sem Pobreza: a Empresa Social e o Futuro do 
Capitalismo. MUHAMMAD YUNUS. Ed.Atica. 2008. 
Desencadeando o empreendedorismo: O poder das empresas a 
serviço dos pobres Organização das Nações Unidas, 2004. 
The Base of the Pyramid Protocol: Toward next generation BOP 
Strategy Simanis, Erick; Hart, Stuart. Cornel University, 2008. 
The Great Leap:Driving Innovation from the base of the Pyramid 
Hart, Stuart; Christensen, Clayton. Sloan Management Review 
Creating Value for All: Strategies for doing business with the poor 
United Nations Development Programme , 2008 
Criação de valor compartilhado, Michael E. Porter e Mark R. 
Kramer 
Empreendimentos sociais sustentáveis São Paulo: Peirópolis, 
ASHOKA EMPREENDEDORES SOCIAIS e MACKISEY e Cia. 
Inc., 2001 
85 
 
Empreendedorismo social no Brasil: fundamentos e estratégias 
Franca-SP: Unesp, OLIVEIRA, Edson Marques, 2004 (tese de 
doutorado) 2002 
“Desenvolvimento como Liberdade”, Amartya Sen. 
Relatório Celetem – Ipsos 2010. 
Congresso de Mercados Emergentes, Data Popular, 2010. 
“Brasil, o país dos desiguais”, Marcio Pochmann. Le Monde 
Diplomatique Brasil; ano 1, nº 3; out. 2007. 
Relatório PNUD 2010 sobre o desenvolvimento humano. 
 
Sites 
 
 www.artemisia.org.br 
 www.aliancaempreendedora.org.br 
 www.grameenfoundation.org 
 www.avina.com 
 www.grameen-info.org 
 www.muhammadyunus.org 
 www.stuartlhart.com 
 www.bop-protocol.org 
 www.ashoka.org.br 
 www.endeavor.org.br

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