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Licenciamento, Avaliação e Controle de Impactos Ambientais (1)

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2013
Licenciamento, avaLiação 
e controLe de impactos 
ambientais
Prof. Luis Augusto Ebert
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Luis Augusto Ebert
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
333.714
E165l Ebert, Luis Augusto
 Licenciamento, avaliação e controle de impactos ambientais / 
Luis Augusto Ebert. Indaial : Uniasselvi, 2013.
 187 p. : il 
 ISBN 978-85-7830- 673-1 
 Impacto ambiental. 
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
III
apresentação
Caro acadêmico!
Se hoje em dia proteger a natureza é chique, há alguns anos não 
era assim. Fui criado em uma família tradicional, em uma pequena cidade, 
onde atirar com estilingue em passarinhos, sair para caçar, fazer trilhas em 
florestas, entre outras coisas, era algo natural. Mas algo me dizia que isso não 
era correto. E eu tinha razão. Mas quanto tempo foi necessário esperarmos 
para haver conscientização dessas questões? Na década de 70 ou 80, estas 
práticas não eram justificadas, no entanto, resultavam de uma mentalidade 
que as pessoas mais antigas carregavam, e que pareciam herdar do tempo 
dos exploradores, de que os recursos naturais são infinitos e passavam esta 
mentalidade adiante para filhos, netos e bisnetos.
 
Porém, estudos mostraram que a natureza tem limites e que eles 
podem estar mais próximos do que pensamos, devido ao crescimento 
exponencial da nossa espécie e à manutenção de uma mentalidade humana 
retrógrada. Precisamos acordar! A natureza pede socorro e vários sintomas 
tornam-se cada vez mais aparentes: secas, chuvas intensas, desmatamentos, 
queimadas, poluição dos recursos hídricos, entre tantos outros. 
Assim, todas as questões voltadas à proteção dos nossos recursos 
naturais vêm crescendo vertiginosamente. É fato que, atualmente, 
quantidades significativas de projetos têm sido adotados, por inúmeras 
empresas e organizações de diferentes setores, contribuindo para a redução 
dos danos causados ao meio ambiente. E essa tendência não se deve somente 
à imposição legal dos órgãos competentes de proteção da natureza. 
No entanto, é preciso estarmos atentos ao verdadeiro significado 
desse movimento a favor do popular desenvolvimento sustentável. Será 
mesmo que muitos dos segmentos que adotam essas medidas estão 
preocupados com a conservação dos recursos naturais, ou apenas querem 
polir sua imagem? Será que no fundo ainda mantêm aquela consciência que 
nossos avós nos passaram? Muitas vezes, por falta de ética, muitos se apoiam 
nesse modismo para transmitir uma imagem que não condiz com a política 
adotada dentro de suas corporações. E é através desse Caderno de Estudos 
que você será capaz de identificar os procedimentos corretos relacionados a 
vários aspectos que caminham alinhados à sustentabilidade. 
No conteúdo da disciplina de Licenciamento, Avaliação e Controle de 
Impactos Ambientais, nós, acadêmicos(as), tomaremos conhecimento sobre 
novas regras e trataremos de ferramentas e instrumentos de gestão ambiental 
voltados ao desenvolvimento sustentável, legislação ambiental e aos atores 
envolvidos desde o início do processo.
IV
UNI
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui 
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
 Esperamos que este estudo traga informações preciosas para que no 
futuro você possa desempenhar com excelência seu papel de gestor(a) do 
meio ambiente.
Bons estudos!
Autor: Luis Augusto Ebert
V
VI
VII
UNIDADE 1 – POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO
 AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO E CONTROLE ...1
TÓPICO 1 – ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E
 DO DIREITO AMBIENTAL .........................................................................................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL ...........................................................................................4
3 ORIGEM DO DIREITO E DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL ....................................................5
4 OS TIPOS DE AMBIENTES .............................................................................................................7
5 HIERARQUIA DOS DOCUMENTOS LEGAIS ...........................................................................10
6 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA .....................10
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................18
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................19
TÓPICO 2 – ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À
 CONSERVAÇÃO AMBIENTAL ..................................................................................21
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................21
2 ASPECTOS GERAIS DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA) ..........23
3 RESPONSABILIDADES ROVENIENTES DE ACIDENTES AMBIENTAIS .........................25
4 RESPONSABILIDADE CIVIL .........................................................................................................27
5 RESPONSABILIDADE PENAL .......................................................................................................28
6 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .............................................................................................28
7 DEFINIÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DANO AMBIENTAL.................................................29
8 SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS ORIUNDAS DE ATIVIDADES
 LESIVAS AO AMBIENTE NATURAL ............................................................................................30
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................32
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................33
TÓPICO 3 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO
 DA POLÍTICA AMBIENTAL .......................................................................................35
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................352 NOÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL .............................................35
3 O CICLO DO PROJETO ....................................................................................................................36
4 IMPACTO AMBIENTAL ...................................................................................................................38
5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................................................39
6 DIFERENÇA ENTRE UMA LICENÇA E O PROCESSO DE LICENCIAMENTO ................40
7 TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS E PROCESSO DE AUTORIZAÇÃO ..........................42
8 TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS ............................................................................................44
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................46
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................49
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................50
sumário
VIII
UNIDADE 2 – AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO
 DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL .......................................51
TÓPICO 1 – ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL ...............................................................53
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................53
2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ..........................................................................................53
3 VULNERABILIDADE AMBIENTAL ..............................................................................................54
4 ECONOMIA AMBIENTAL ...............................................................................................................56
5 ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS ................................................................................57
6 VALORAÇÃO DOS BENS SERVIÇOS AMBIENTAIS ..............................................................58
7 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.......................................................................................60
8 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS ........................................................................64
9 O CONCEITO DE PEGADA ECOLÓGICA ..................................................................................65
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................68
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................69
TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE:
 CONCEITOS E SISTEMAS ......................................................................................... 71
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................71
2 GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO: PRINCIPAIS DIFERENÇAS ................................................71
3 A GESTÃO EM UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA ...................................................76
4 TÉCNICAS DE GESTÃO ..................................................................................................................77
5 CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL .....................................................................................82
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................84
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................85
TÓPICO 3 – CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEM
 DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) ..............................................................................87
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................87
2 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL .......87
3 GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS .......................................................................................88
4 O CICLO PDCA ..................................................................................................................................89
5 ESTABELECIMENTO DE UMA POLÍTICA AMBIENTAL DENTRO DA EMPRESA ........91
6 A RESPONSABILIDADE ECOLÓGICA DENTRO DA EMPRESA ........................................94
7 O CONCEITO DE ECOEFICIÊNCIA .............................................................................................96
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................100
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................101
TÓPICO 4 – GERENCIAMENTO AMBIENTAL .............................................................................103
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103
2 GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS .........................................................................106
3 NORMAS DA SÉRIE ISO 14000 ......................................................................................................109
4 AUDITORIA AMBIENTAL ..............................................................................................................112
5 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL OU ROTULAGEM AMBIENTAL ..........................................114
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................117
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................123
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................124
IX
UNIDADE 3 – AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS,
 PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES .....................................................................125
TÓPICO 1 – ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA) .....................127
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................127
2 METODOLOGIAS PARA EXECUÇÃO DE PROJETOS AMBIENTAIS .................................128
2.1 ALGUNS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO ..........................................................129
2.2 O CICLO DO PROJETO ................................................................................................................131
3 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE
 IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA) ............................................................................................133
3.1 ESTUDO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (EAS)........................................................................135
3.2 ESTUDO DE CONFORMIDADE AMBIENTAL (ECA) ........................................................... 136
3.3 RELATÓRIO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (RAS) ................................................................. 136
3.4 PLANO BÁSICO AMBIENTAL (PBA) ........................................................................................137
3.5 RESULTADO DOS ESTUDOS AMBIENTAIS - PARA QUEM DIVULGAR? ...................... 143
3.6 MODELOS E DIRETRIZES DE RELATÓRIOS AMBIENTAIS
 DE DESEMPENHO E IMPACTO ................................................................................................145
3.7 AS DIRETRIZES DA NORMA ISO 14.063.................................................................................147
4 INSTRUÇÕES NORMATIVAS PARA CONDUÇÃO DOS
 ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL .......................................................................................147
4.1 AS MATRIZES DE IMPACTO AMBIENTAL (MATRIZ DE LEOPOLD) ...............................150
5 EXIGÊNCIAS LEGAIS DE UM ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)......................154
5.1 EXIGÊNCIAS LEGAIS E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ..........................................................154
6 O EIA COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA .......................................................157
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................159
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................160
TÓPICO 2 – A UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS NOS ESTUDOS
 DE IMPACTO AMBIENTAL ........................................................................................161
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................161
2 GESTÃO DE RISCOS ........................................................................................................................162
2.1 O CONCEITO DE RISCO .............................................................................................................163
2.2 AS PRINCIPAIS FASES DE UMA ANÁLISE DE RISCOS .......................................................166
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................169
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................170
TÓPICO 3 – AUDITORIA AMBIENTAL PRÉVIA E PÓS-IMPLANTAÇÃO DE OBRAS ......171
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................171
2 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO E DOS ESTUDOS DE AUDITORIA ...................172
2.1 MONITORAMENTOS DE IMPACTO E ESTUDOS DE AUDITORIA ..................................175
2.2 MITIGAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE CONFORMIDADE ................................................176
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................177
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................181
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................182
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183
X
1
UNIDADE 1
POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO 
INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
E CONTROLE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade você será capaz de:
• ter clareza sobre a origem do direito ambiental e sua aplicabilidade no que 
tange à proteção dos recursos naturais;
• entender a hierarquia dos principais documentos legais que legitimam a 
conservação ambiental, assim como um breve histórico do surgimento das 
diversas leis;
• ter o entendimento sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e o que ela 
preconiza;
• observar de que maneira os órgãos ambientais, que são responsáveis pela 
proteção dos recursos naturais, estão estruturados;
• compreender o processo de licenciamento ambiental, assim como as 
respectivas licenças de autorização.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.
TÓPICO 1 – ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO
 E DO DIREITO AMBIENTAL
TÓPICO 2 – ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES
 À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
TÓPICO 3 – LICENCIAMENTO COMO INSTRUMENTO
 DE MITIGAÇÃO E CONTROLE
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E
DO DIREITO AMBIENTAL
1 INTRODUÇÃO
Já faz algum tempo que as questões ambientais vêm sendo debatidas 
com frequência e, de certa maneira, viraram “moda” em diversos segmentos da 
sociedade. Desta forma, as empresas que provocam determinado impacto ao 
meio ambiente, devido à competitividade ou à busca de melhor posicionamento 
mercadológico, reconheceram a necessidade de reestruturar o gerenciamento 
dos seus negócios. Isto ocorreu principalmente pela cobrança cada vez mais forte 
da sociedade, que passou a enxergar o desrespeito com o meio ambiente, por 
parte de muitos empreendimentos, e os riscos iminentes que estas imprudências 
poderiam ocasionar às pessoas que estão nas proximidades das empresas. Assim, 
algumas regras foram impostas para a utilização dos recursos ambientais e para 
a execução de determinadas atividades. Consequentemente, empresas, marcas e 
produtos que não seguem as determinações agora impostas ficam não somente 
fora de normas regulatórias com apoio da legislação vigente, mas também estão 
em desacordo com a sociedade, refletindo negativamente sobre a sua imagem 
para a venda dos produtos comercializados.
De acordo com Araújo e Vervuurt (2005), essa percepção pública negativa 
do papel da indústria na sociedade vem provocando, também, uma crescente 
pressão sobre os órgãos oficiais de controle ambiental e legisladores, gerando a 
regulamentação de leis de controle ambiental cada vez mais complexas para o 
atendimento da legislação. Assim, as empresas têm procurado várias alternativas 
que melhorem o seu desempenho ambiental, com o objetivo de gerenciar os 
riscos tecnológicos ambientais e criar condições que revertam a percepção atual 
da população.
De maneira geral, nesta primeira unidade abordaremos questões 
relacionadas à política ambiental brasileira, além de ter noções sobre o direito 
ambiental, sua origem, legislação pertinente, hierarquia dos documentos legais e 
as responsabilidades provenientes dos acidentes ambientais. Estudaremos ainda 
a definição de dano ambiental, sanções penais e administrativas decorrentes 
das atividades lesivas ao meio ambiente, as sanções previstas na Lei de Política 
Nacional do Meio Ambiente e, por fim, o licenciamento ambiental como 
instrumento de verificação e controle dos impactos ambientais causados.
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
4
2 NOÇÕES DE DIREITO AMBIENTAL
Alguns autores, como Barbieri (2007) e Araújo e Vervuurt (2005), 
sustentam que o direito, de maneira geral, assim como o sistema jurídico, têm por 
finalidade regular a preservação da vida, dar condições de existência do homem 
em sociedade, de integridade física, psíquica e social em todos os seus aspectos. 
Ou seja, a meta do direito deve ser assegurar o bem-estar do ser humano. E não 
seria diferente para o denominado “Direito Ambiental”. Porém, na busca de 
defesa e proteção de determinado recurso, por exemplo, podem surgir interesses 
conflitantes, pois nem sempre todos os atores envolvidos seguem a mesma linha 
de pensamento ou o mesmo objetivo. O que pode ser bom para um grupo pode 
ser ruim para outro, e dentro deste debate de ideias, encontrar o equilíbrio de 
interesses é o aspecto mais complicado. 
Podemos imaginar, aqui, a exploração de um determinado recurso 
ambiental, como os peixes dos quais uma população nativa depende. Quando esse 
mesmo recurso passa a ser disputado com um grupo com interesses econômicos 
específicos, e teoricamente, com maior poder de exploração (por exemplo, maior 
capital financeiro), um conflito pode surgir. Esses peixes, que até então eram 
explorados de forma sustentável, pois o nível de captura não ultrapassavaos 
limites de estoque natural da espécie, passam agora a ser explorados em níveis 
industriais, comprometendo a sustentabilidade. Essa condição tem reflexo sobre 
as pessoas que dependem deste recurso, pois este, não sendo utilizado da maneira 
correta, logo comprometerá a qualidade de vida dos nativos e, consequentemente, 
gerará conflitos entre as partes interessadas.
 A superação do conflito, entre a atividade econômica e o dano ambiental, 
deve ser orientada em uma compreensão de que o direito deve atender aos 
interesses da sociedade como um todo, e não somente de um grupo em específico. 
Neste sentido, o direito ampara a atividade produtiva, fundamentado numa 
ordem econômica capitalista, mas, antes de tudo, deve assegurar a qualidade de 
vida em sociedade com dignidade. E aqui, a discussão entre ética e justiça precisa 
ser constantemente confrontada e retomada. 
De fato, ética e direito se distinguem, embora juízos éticos possam ser 
normativos, ou seja, possam funcionar através de regras estabelecidas. Porém, no 
sistema jurídico tradicional, o ponto inicial é a constatação de que direito consiste 
em um conjunto de regras a serem respeitadas e sancionadas oficialmente, mas 
que seguem princípios e fundamentações teóricas e de experiências práticas. 
Ou seja, de nada adianta normatizarmos como deve ocorrer a exploração de um 
determinado recurso ambiental, se não soubermos como este meio funciona, 
quais são suas limitações, como as espécies se reproduzem e qual esforço de 
exploração pode ser aplicado. 
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
5
Então, teoricamente, todos os tipos de instruções normativas (leiam-
se aqui, leis, portarias, decretos), que são a base do nosso sistema jurídico, são 
fundamentados em dados e informações reais, fornecidos por profissionais 
experientes e que detêm conhecimento sobre aquilo que se pretende legislar. 
Assim, essas diretrizes não são definidas apenas por sanções repressivas, mas 
levam em consideração as diversas estruturas que compõem o cenário a ser 
explorado, onde um dos pilares é, com certeza, a economia.
Já que estamos falando que essas normas não são apenas fundamentadas 
no “achismo” ou no autoritarismo, a Carta Magna, ou Constituição Federal de 
1988, (BRASIL, 2012a), estabeleceu, em seu art. 225, que a defesa do meio ambiente 
é de fundamental importância, “[...] o direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, [...] essencial à sadia qualidade de vida [...]”.
Com o exposto acima, fica claro que a harmonização entre os pilares 
econômico, social e ambiental já está prevista e regulamentada. Nas próximas 
unidades do seu Caderno de Estudos veremos, mais detalhadamente, que estes 
três pilares são a base do chamado desenvolvimento sustentável.
3 ORIGEM DO DIREITO E DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
O direito ambiental pode ser entendido como uma disciplina jurídica, 
que tem o objetivo de estabelecer normas e princípios que assegurem a proteção 
do meio ambiente, e/ou como o conjunto de normas jurídicas que disciplinam a 
exploração dos recursos naturais em todas as suas formas e com vistas à qualidade 
de vida (ARAÚJO; VERVUURT, 2005).
Para que possamos entender de forma plena a origem e a evolução do 
direito ambiental, é necessário que façamos a compreensão correta do termo 
meio ambiente. Este deriva do latim “ambi” e “entis”, significando tudo o que 
cerca ou envolve. O verbo latino ambio, ambire significa “andar em volta ou em 
torno de alguma coisa”. Na verdade, meio e ambiente podem ser entendidos 
como sinônimos, pois significam lugar, recinto ou espaço onde se desenvolvem 
as atividades humanas e a vida dos animais e vegetais. 
Essa expressão é consagrada no Brasil, na Espanha e nos demais países que 
falam o castelhano (médio ambiente). Já em Portugal utiliza-se apenas a palavra 
ambiente, da mesma forma que na Itália. No idioma francês e inglês utilizam-se 
as palavras environnement e environment, respectivamente, ambas originadas do 
francês antigo environer, que significa circunscrever, cercar ou rodear. 
Assim, o que envolve os seres vivos e as coisas, ou o que está ao seu 
redor, é o planeta Terra, com todos os seus elementos, tanto naturais, quanto 
os construídos e alterados pelo homem. Consequentemente, o meio ambiente 
significa não somente o ambiente natural (oceanos, florestas, campos e montanhas), 
mas também o artificial (cidades, ambiente rural e parques industriais)
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
6
IMPORTANT
E
O meio ambiente é o conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, 
químicos, biológicos e fatores sociais susceptíveis de terem efeito direto ou indireto e 
imediato sobre os seres vivos e as atividades econômicas (ODUM, 1988).
Ainda, de acordo com normativas nacionais e com a Lei nº 6.938/81, Art. 
3, I da Política Nacional do Meio Ambiente, meio ambiente é "o conjunto de 
condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
Encontra-se uma definição interessante no Sistema Internacional ISO 
14001, 2004 para Gestão Ambiental, que diz: “circunvizinhança em que uma 
organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, 
seres humanos e suas inter-relações”. E destaca: “Uma organização é responsável 
pelo meio ambiente que a cerca, devendo, portanto, respeitá-lo, agir como não 
poluente e cumprir as legislações e normas pertinentes”. 
A Constituição Federal conferiu proteção ao meio ambiente natural de 
forma mediada e imediata no seu art. 225. Neste artigo, fala em “meio ambiente 
ecologicamente equilibrado”, ao mesmo tempo em que relata todos os aspectos 
do ambiente natural.
Inúmeros diplomas infraconstitucionais tutelam o meio ambiente natural, 
onde podem ser destacados os seguintes:
• Decreto nº 24.634/34, que dispõe sobre as águas.
• Decreto-Lei nº 1.985/40, que trata das atividades de mineração.
• Lei nº 4.771/65, que trata das florestas e demais formas de vegetação.
• Lei nº 6.902/81, que define as áreas de proteção ecológica e áreas de proteção 
ambiental.
• Lei nº 6938/81, que define a Política Nacional do Meio Ambiente.
• Lei nº 7.661/88, que trata do gerenciamento costeiro.
• Lei nº 7.754/89, que trata das medidas de proteção das florestas existentes nas 
nascentes dos rios ou áreas de preservação permanente, como são conhecidas.
• Lei nº 9.985/00, que define o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da 
Natureza (SNUC).
• Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
7
Como pode ser observado, o Brasil possui uma política de meio ambiente, 
amparada legalmente, que veremos em seguida, e temos ainda inúmeras leis para 
a proteção de todos os tipos e formas de ecossistemas naturais. Algumas dessas 
leis são da década de 80, no entanto, a preocupação com a proteção dos recursos 
naturais existe muito além deste período. O grande problema é que, no Brasil, 
muitas leis não são cumpridas e pouco se faz para que essas determinações sejam 
seguidas à risca.
A partir de agora, estudaremos como podemos classificar os diversos 
tipos de ambientes. Como já dito, podemos compreendê-los em ambiente natural, 
artificial, cultural e do trabalho, lembrando que o nosso foco de estudos será 
sempre o natural. No entanto, é bom termos ciência de todos, visto que, de uma 
forma ou de outra, acabam interagindo.
4 OS TIPOS DE AMBIENTES
De acordo com Odum e Sarmiento (1997), podemos distinguir basicamente 
três tipos de ambientes: (1) o ambiente natural, que são, por exemplo, as matas 
virgens ou outras regiões autossustentadas, acionadas apenas pela luz solar e 
outras forças da natureza (como precipitações, ventos, neve, entre outros), e 
que não dependem de qualquer fluxo de energia controlado diretamente pelos 
humanos, como ocorre, nos outros tipos de ambientes citados;(2) o ambiente 
artificial, constituído pelas cidades, parques industriais e corredores de 
transportes, como ferrovias, rodovias e portos; e (3) o ambiente cultural, relativo 
aos bens e costumes de uma comunidade.
O ambiente natural é o ambiente de suporte à vida. É aquela parte da 
Terra que satisfaz as necessidades fisiológicas vitais, provendo alimentos e outras 
fontes de energia, nutrientes, água e ar (ODUM e SARMIENTO, 1997). A vida 
ocorre apenas na Biosfera, estreita faixa do planeta constituída pela interação de 
três ambientes físicos: o ambiente terrestre ou litosfera, o aquático ou hidrosfera, 
e o atmosférico, que envolve os outros dois tipos de ambiente. A parte terrestre 
da biosfera é apenas a camada sólida superficial da litosfera; a da atmosfera é 
a camada rente à crosta terrestre, denominada troposfera e que alcança até 11 
km de altitude nos polos e 16 km no Equador. Assim, o meio ambiente, como 
condição de existência da vida, envolve a biosfera e estende-se muito além dos 
limites em que a vida é possível.
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
8
Dentro da definição de ambiente natural, podem-se destacar os conceitos de 
populações, comunidades e nichos ecológicos. Populações são o conjunto de indivíduos de 
uma mesma espécie que sobrevive amparado por condições físicas, químicas e biológicas 
específicas para sua sobrevivência. Já as comunidades podem ser entendidas como o 
conjunto de diversas populações de diferentes espécies, que compartilham determinado 
ambiente em uma condição específica. Por fim, os nichos são as condições (temperatura, 
umidade, salinidade) que uma espécie necessita para sobreviver. Poderíamos falar ainda em 
ecossistemas, que grosseiramente são o conjunto de fatores abióticos (físicos, por exemplo) 
e bióticos (vivos) que atuam simultaneamente em uma determinada região, garantindo a 
sobrevivência de todas as espécies.
ATENCAO
Os organismos e o ambiente físico são interdependentes e, portanto, 
influenciam-se mutuamente, funcionando como um todo, ou seja, tudo o que 
afeta uma espécie (por exemplo, a quantidade de comida), acaba afetando as 
demais. Aqui, podemos imaginar uma situação hipotética, em que uma espécie 
vegetal é recurso alimentar para uma espécie animal (espécie X). Se esta planta 
for afetada por um derrame de determinado produto químico, indiretamente, 
a espécie X também será afetada devido ao desaparecimento do seu recurso 
alimentar. Ainda, se considerarmos que a espécie X seja o predador de outra 
espécie, por exemplo, algum inseto (espécie Y), pode-se imaginar que a redução 
da população da espécie X, ocasionada pela falta do recurso vegetal, acarretará 
no aumento do número de indivíduos da espécie Y, agora menos susceptível à 
pressão da predação.
Este exemplo ilustra o quanto a teia da vida dos ecossistemas naturais é 
interligada e frágil, e demonstra que qualquer distúrbio, por menor que seja, pode 
gerar um tipo de “efeito borboleta” ou “efeito dominó”, onde direta ou indiretamente 
todos acabam afetados. Vale lembrar aqui de alguns tópicos mencionados acima, 
onde descrevíamos que as leis ambientais, ao serem implantadas, devem levar 
em conta as particularidades desses ambientes, e que, de preferência, devem ser 
formuladas a partir da experiência de profissionais gabaritados.
O ambiente artificial é o espaço físico transformado pela ação continuada 
do homem, com o objetivo de estabelecer relações sociais e viver em sociedade, 
sendo formado pelo meio ambiente urbano, periférico e rural. 
FONTE: Disponível em: <http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/Mineracao.pdf>.
Acesso em: 5 dez. 2012.
Já o ambiente urbano é o meio ambiente constituído pelo espaço urbano, como 
edificações e equipamentos públicos. O meio ambiente rural, por sua vez, é o espaço 
onde se desenvolvem as relações pertencentes ao campo; os ambientes rústicos. Por 
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
9
Assim, o meio ambiente laboral não se restringe ao espaço interno 
da fábrica ou da empresa, mas se estende ao próprio local de moradia ou ao 
ambiente urbano. 
FONTE: Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/cic/2007/cd/pdf/SA/SA_00813.pdf>.
Acesso em: 5 dez. 2012.
De acordo com Araújo e Vervuurt (2005, p. 15), o meio ambiente de 
trabalho é o “[...] complexo de bens de uma empresa e de uma sociedade, objeto 
de direitos subjetivos privados e de direitos invioláveis da saúde e da integridade 
física dos trabalhadores que o frequentam.” De acordo com o mesmo autor, pode 
ser entendido ainda como sendo o:
Conjunto das condições de produção em que a força de trabalho e 
o capital se transformam em mercadorias e em lucro. Esse conjunto, 
diferente segundo os modos de produção que se sucederam na 
história, de acordo com os setores produtivos, nos interessa pela sua 
capacidade de provocar danos à saúde de quem trabalha. (ARAÚJO; 
VERVUURT, 2005, p.15).
Os principais tipos de ambientes foram conceituados, apenas para mostrar 
como o homem dividiu a sua ocupação na Terra, se é que podemos chamar assim, 
e que para cada uma destas divisões há características completamente diferentes 
e, portanto, a maneira como deve se gerenciar e entender cada uma delas também 
deve ser diferenciada. No entanto, como o foco do nosso Caderno de Estudos são 
os danos ambientais gerados a partir da exploração de um determinado recurso, 
o termo meio ambiente natural será o mais amplamente utilizado.
fim, o meio ambiente periférico deriva da expansão desordenada das metrópoles que 
empurram as populações para regiões marginais da cidade, os subúrbios. 
Dentre os dispositivos constitucionais integrantes do regime do 
meio ambiente artificial, destacamos o Decreto-Lei nº 3.365/41 (que trata da 
desapropriação por utilidade pública e interesse social), a Lei nº 4.504/64 (que trata 
de condomínio em edificações), a Lei nº 5.108/67 (que trata da política nacional de 
saneamento), a Lei nº 5.868/72 (que trata do sistema nacional de cadastro rural), 
a Lei nº 6.513/77 (que trata de áreas especiais e locais de interesse turístico), a Lei 
nº 6.766/79 (que trata do parcelamento do solo), o Decreto-Lei nº 1.413/75 (que 
trata da poluição por atividades industriais), a Lei nº 6.803/80 (que estabelece 
diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição), 
a Lei nº 7.802/89 (que trata das atividades relacionadas com agrotóxicos e afins), 
a Lei nº 8.171/91 (que dispõe sobre política agrícola), além de inúmeros outros 
dispositivos legais correlatos.
Existe ainda o meio ambiente cultural, que é constituído por bens, valores 
e tradições relevantes à comunidade, atuando diretamente na sua identidade e 
formação. Poderíamos citar ainda um quarto tipo de ambiente, o do trabalho, que 
pode ser definido como o lugar no qual se desenvolvem nossas atividades. 
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
10
5 HIERARQUIA DOS DOCUMENTOS LEGAIS
Agora que temos uma noção sobre a origem do direito ambiental, e também 
sobre quais meios ele norteia, precisamos entender que leis, ou que tipos de 
instruções normativas focando o meio ambiente vigoram mais, e em que situações. 
Isso se torna necessário, principalmente, porque muitas vezes, no exercício da sua 
profissão, você se deparará com leis, decretos, portarias e instruções normativas 
que regulamentam algo (por exemplo, a derrubada de espécies de árvores 
nativas) e precisará interpretar adequadamente os documentos. Ainda pode ser 
destacado aqui que muitas dessas normativas apresentam falhas ou “brechas” 
que, dependendo da situação, podem ser interpretadas equivocadamente, 
causando problemas ainda maiores aos bens ou recursos naturais.
A Constituição Federal, em seu art. 59, trata apenas das normas existentes 
no sistema jurídico brasileiro, não mencionando a hierarquia entre elas. A 
Constituição é hierarquicamente superior às demais normas, poiso processo 
de validade destas é regulado por aquela. Abaixo da Constituição encontram-
se os demais preceitos legais, cada qual com campos diversos de atuação: leis 
complementares, leis ordinárias, decretos-leis (nos períodos em que existiram), 
medidas provisórias, leis delegadas, decretos legislativos e resoluções.
 
Os decretos são hierarquicamente inferiores às leis, até porque não são 
emitidos pelo Poder Legislativo, e sim pelo Poder Executivo, complementando as 
disposições legais. As Normas Internas da Administração Pública, como portarias, 
circulares, ordem de serviço, entre outras, são hierarquicamente inferiores aos 
decretos e às leis.
Por exemplo, o IBAMA (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais 
Renováveis) publica as resoluções com as diretrizes técnicas para atendimento da 
legislação. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) elabora normas 
técnicas, que são hierarquicamente superiores às normas internacionais, pois 
levam em consideração as especificações nacionais. Apesar do envolvimento da 
sociedade, inclusive do governo, na elaboração das normas técnicas da ABNT, 
as mesmas somente serão consideradas obrigatórias se forem citadas em uma lei 
específica. Caso contrário, são de adoção voluntária. A seguir estão listadas as 
definições de cada um destes documentos.
6 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA POLÍTICA
AMBIENTAL BRASILEIRA
A partir de agora iremos relatar, brevemente, alguns dos principais 
instrumentos, mecanismos e leis que normatizam o uso e a exploração dos 
recursos naturais no Brasil e para quais situações foram criados. Iremos listar em 
tópicos, pois no nosso entendimento facilita a sua compreensão: 
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
11
• Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA): Para que possamos entender 
como funciona o estabelecimento e o cumprimento, no que tange à tomada de 
decisão para um determinado problema ambiental, precisamos observar, de 
forma breve, como estão constituídos nossos órgãos ambientais. Iremos nos 
aprofundar mais quando entrarmos na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 
nº 6.938/81). Porém, é preciso entender que, acima de tudo, temos o Ministério 
do Meio Ambiente (MMA), vinculado diretamente à Presidência da República, 
e que, vinculados a este ministério, temos diversos órgãos. De acordo com o art. 
6º da Lei nº 6.938, esses órgãos constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente 
(SISNAMA). O SISNAMA foi instituído em 31 de agosto de 1981, com a Lei nº 
6.938, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, sendo 
constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, 
dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo poder público, responsáveis 
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental. Estão vinculados aqui, um 
órgão superior formado por pessoas que assessoram o Presidente da República 
na tomada de decisão, um órgão consultivo (para assessorar o órgão superior) 
e deliberativo (que podem sugerir leis e políticas ambientais), que no Brasil é 
conhecido como Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), assim como 
órgãos executores, que fazem com que todas as determinações ambientais sejam 
cumpridas, que no Brasil, em esfera federal, é constituído pelo Instituto Brasileiro 
de Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Recentemente foi criado o ICMBio 
(Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade), que realiza a 
gestão e fiscalização das Unidades de Conservação. Esse breve relato serve apenas 
para nos orientar em relação às atribuições de cada um desses órgãos, quando os 
mesmos são mencionados.
Sabe-se ainda que a atuação do SISNAMA se dá mediante articulação 
coordenada dos órgãos e entidades que o constituem, observado o acesso 
da opinião pública às informações relativas às agressões ao meio ambiente 
e às ações de proteção ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA. 
Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das 
medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e 
complementares.
FONTE: Disponível em: <http://www.direitoambiental.adv.br/ambiental.qps/Ref/PAIA-6S9TNQ>. 
Acesso em: 5 dez. 2012. 
Os órgãos seccionais prestam informações sobre os seus planos de ação 
e programas em execução, consubstanciadas em relatórios anuais, que são 
consolidados pelo Ministério do Meio Ambiente em um relatório anual sobre a 
situação do meio ambiente no país, a ser publicado e submetido à consideração 
do CONAMA em sua segunda reunião do ano subsequente (MMA, 2011).
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
12
• Ação Civil Pública: Promulgada pela Lei nº 7.347/85, disciplina a ação civil 
pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao 
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico 
e paisagístico e dá outras providências. Como profissionais, devemos ficar 
mais atentos ao primeiro e quinto artigo, que versam sobre o meio ambiente, 
e quem pode propor uma ação civil pública. Como está escrito, um cidadão 
comum pode acionar o Ministério Público (MP), mas fica claro aqui que uma 
organização civil (pode-se pegar como exemplo uma ONG que trata de questões 
ambientais) terá peso decisivo no que tange ao andamento da denúncia, caso 
venha a ser feita, junto ao Ministério Público.
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as 
ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l- ao meio ambiente.
ll- ao consumidor.
III- a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
IV- a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V- por infração da ordem econômica e da economia popular.
VI- à ordem urbanística.
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer 
o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o 
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.
Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, 
inclusive, evitar o dano ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem 
urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, 
turístico e paisagístico.
Art. 5o Tem legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:
I- o Ministério Público.
II- a Defensoria Pública.
III- a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
IV- a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista.
V- a associação que, concomitantemente:
 
a) Esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil.
b) Inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, 
ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará 
obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao poder público e a outras associações legitimadas nos 
termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
13
§ 3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação 
legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade 
ativa. 
§ 4° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando 
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica 
do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. 
§ 5° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da 
União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos 
de que cuida esta lei. 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados 
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante 
cominações, que terá eficácia de títuloexecutivo extrajudicial. 
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm>.
Acesso em: 30 nov. 2012.
• Lei de Crimes Ambientais: A Lei nº 9.605, de 12/02/1998, reordena a legislação 
ambiental brasileira, no que se refere às infrações e punições. A partir dela, a 
pessoa jurídica, autora ou coautora da infração ambiental, pode ser penalizada, 
chegando à liquidação da empresa se ela tiver sido criada ou usada para 
facilitar ou ocultar um crime ambiental. Em caso de compensação por parte do 
infrator, a pena pode ser retirada. Em algumas particularidades, essa lei pode 
ser observada, como o caso de muros e edificações pichados, maltrato a plantas 
de ornamentação, desmatamentos ilegais, entre outros.
• Exploração da Fauna Silvestre: Amparada pela Lei nº 5.197/67, classifica como 
crime o uso, a perseguição, a captura, a caça e o comércio de espécies animais 
da fauna silvestre, além de proibir a introdução de espécies exóticas. Acessando 
o site do IBAMA, outras considerações podem ser vistas.
• Exploração de Florestas: A exploração de recursos florestais está prevista 
na Lei nº 4.771/65 e determina a proteção de florestas nativas e define, como 
áreas de preservação permanente, áreas do entorno de recursos hídricos, como 
rios, lagos, nascentes, costa, entre outros. Nestes casos, o tamanho da área 
a ser protegida depende da largura do curso da água. Locais onde recursos 
florestais possam ser encontrados acima dos 1800 metros também devem estar 
intocados.
• Sistema Nacional de Unidades de Conservação: O SNUC, como é conhecido, 
pode ser considerado uma das leis mais recentes no que tange à proteção dos 
recursos naturais no Brasil, sendo instituído pela Lei nº 9.985/00, com o objetivo 
de regulamentar o que o artigo 225 da Constituição Federal já promulgava, 
sobre todos os cidadãos terem direito a um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado. De acordo com o primeiro artigo desta lei, foram criados “critérios 
e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação”. 
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
14
Mas o que são Unidades de Conservação ou UCs? Como você já viu na disciplina 
específica sobre o tema, essas podem ser entendidas como espaços territoriais 
e seus recursos com características relevantes, com objetivos de conservação e 
limites definidos. Por exemplo, se sou proprietário de uma área de terra, onde 
verifico tais condições extraordinárias, posso determinar parte desta área como 
sendo de uso sustentável. Neste caso, uma RPPN, ou Reserva Particular do 
Patrimônio Natural. 
Indo mais além, o zoneamento fica definido como setores ou zonas, em 
uma unidade de conservação, com objetivos de manejo e normas específicos, 
com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os 
objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.fflorestal.sp.gov.br/media/uploads/planosmanejo/
PEIntervales/1.%20Volume%20Principal/cad%203_BASES%20LEGAIS_ZONEAMENTO_
PROGRAMAS_BIBLIOGR/pag%20693_758%20ZONEAMENTO.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012.
Há ainda que se prestar atenção ao plano de manejo exigido para essa 
área, agora inserido dentro das normativas do SNUC. 
O plano de manejo pode ser entendido como um documento técnico 
mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de 
conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir 
o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das 
estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.
FONTE: Adaptado de: <http://www.leandroeustaquio.com.br/materialapoio/sistema_nacional_
de_unidades_de_conservacao.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2012. 
Mas, de fato, o que compõe um plano de manejo? De maneira geral, 
pesquisadores e especialistas em diferentes áreas ambientais, como de solo, de 
fauna, de flora, recursos minerais, entre outros, fazem pesquisas e elaboram 
relatórios com dados referentes a esses recursos, e emitem pareceres para o 
órgão ambiental federal (ICMBio) sobre ações que norteiam a conservação da 
área. Como exemplo, o biólogo, especialista em ornitologia (aves), e que faz o 
levantamento da avifauna, emitirá um parecer técnico em que constará o número 
de espécies de aves registradas na região, a vulnerabilidade destas aves, quantas 
delas possuem perigo iminente de extinção ou aquelas que ainda estão com 
um status adequado de conservação, e assim por diante. Posteriormente, os 
responsáveis pela manutenção e conservação da área terão a obrigatoriedade 
de implementar as ações propostas no plano de manejo. E para o EIA/RIMA 
(Estudos de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental), que precede a 
construção de empreendimentos com potencial poluidor, seguem alguns passos 
parecidos. Como veremos em detalhes mais adiante, faz-se um levantamento 
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
15
das características naturais de determinada área, como levantamento de biota, 
recursos vegetais, minerais, de água, informações socioeconômicas (EIA) e, por 
fim, um relatório com base nessas informações (RIMA) dá o parecer favorável ou 
não à instalação do empreendimento. Aqui, deve-se levar em consideração a ética 
dos profissionais envolvidos, pois recentemente, muitos escândalos, envolvendo 
a manipulação de informações relevantes, vêm se tornando cada vez mais comuns. 
Assim, como principais objetivos do SNUC, podem ser destacados os de contribuir 
para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território 
nacional e nas águas jurisdicionais; de proteger as espécies ameaçadas de extinção 
no âmbito regional e nacional; contribuir para a preservação e a restauração da 
diversidade de ecossistemas naturais; promover o desenvolvimento sustentável e 
a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza.
FONTE: Disponível em: <http://www.senado.gov.br/atividade/pronunciamento/detTexto.
asp?t=384544>. Acesso em: 5 dez. 2012.
• Política Agrícola: Definida pela Lei nº 8.171/91, coloca a proteção do meio 
ambiente como objetivo principal e define o poder público (Federação, 
Estados e Municípios) como o disciplinador e fiscalizador do uso racional dos 
solos, água e ar, fauna e flora, além de realizar zoneamentos agroecológicos 
para ordenar a ocupação de diversas atividades produtivas (inclusive a 
instalação de hidrelétricas), desenvolver programas de educação ambiental, 
fomentar a produção de mudas de espécies nativas, entre outras atividades.
FONTE: Disponível em: <http://www.guiafloripa.com.br/energia/ambiente/leis_ambientais.php>. 
Acesso em: 5 dez. 2012.
• Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH): A Lei nº 9.433/97 cria 
o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH), com 
o intuito de assegurar à atual e às futuras gerações, água em qualidade e 
disponibilidade suficientes, através da utilização racional e integrada, da 
prevenção e da defesa dos recursos hídricos, contra eventos hidrológicos 
críticos. Dentre os seus principais fundamentos e objetivos pode-se destacar:
CAPÍTULO II
DOS FUNDAMENTOS
Art. 1º A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos fundamentos:
I- a água é um bem de domínio público;
II- a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
III- em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo 
humano e a dessedentação de animais;
IV- a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo 
das águas;
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
16
V- a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política 
Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento 
de Recursos Hídricos;
VI- a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a 
participação do poder público, dos usuários e das comunidades.CAPÍTULO II
DOS OBJETIVOS
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I- assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, 
em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;
II- a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte 
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III- a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem 
natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>.
Acesso em: 30 nov. 2012.
Prezado acadêmico! Foram listados acima alguns dos instrumentos e 
leis instituídos no Brasil, com a finalidade de relembrá-lo(a) sobre o que temos 
disponível e o que temos que cumprir com relação à exploração dos nossos 
recursos naturais. Sabemos que muitas dessas leis já foram vistas no Caderno 
de Direito Ambiental. No entanto, é de fundamental importância ter clareza 
no entendimento daquilo que foi dito até agora, pois essas informações são 
importantes para o processo de licenciamento ambiental, que é premissa para a o 
adequado gerenciamento ambiental dos recursos. 
Começamos relembrando algumas coisas relacionadas ao SISNAMA, 
posteriormente, à ação civil pública, às leis de crimes ambientais, de uso da fauna, 
flora, recursos hídricos e agrícolas. Muitas outras ainda existem, como políticas 
para o gerenciamento costeiro, patrimônio cultural, patrimônio genético, 
atividades nucleares, exploração mineral e assim por diante. Mas como o foco 
deste caderno não é somente a exposição dessas políticas e leis, optou-se por 
apresentar de forma simples aquelas consideradas mais úteis para o seu dia a 
dia como gestor ambiental, principalmente, por serem utilizadas nas atividades 
de licenciamento ambiental, como veremos mais adiante. Sempre é válida uma 
visita aos principais sites governamentais, como do MMA, CONAMA, IBAMA 
e ICMBio, além das fundações estaduais para consulta de novas atualizações 
nos instrumentos e leis. Lembre-se de que para cada estado, distinções com base 
naquilo definido na esfera federal podem ser feitas. Sabemos que cada estado 
possui características naturais muito diversas, com diferentes biomas e diversas 
formas de gerenciamento. Assim sendo, o que pode ser útil para a Floresta 
Amazônica pode não funcionar no Cerrado ou no Pantanal, ou ainda na Floresta 
Atlântica, um dos ecossistemas mais frágeis e ameaçados do mundo.
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
17
 O Brasil possui dimensões territoriais gigantescas e diversas características 
em termos de fauna, flora, minérios, recursos hídricos e genéticos podem ser 
observadas. É um dos países mais ricos do mundo em termos de biodiversidade 
e a conservação se dá ao levarmos a sério todas as proposições normativas que já 
foram estabelecidas. Melhorar essas medidas conservacionistas nunca é demais. 
A atualização é fundamental. No entanto, para aquilo que se tem, respeitar as 
peculiaridades é de suma importância, para que a tomada de decisão em cima de 
um determinado recurso seja feita da maneira correta. 
A seguir, iremos aprofundar assuntos relacionados à Política Nacional do 
Meio Ambiente, a mais importante lei ambiental e que foi um marco decisivo 
para a proteção dos recursos naturais no nosso país. Dentre os vários aspectos 
definidos nessa lei, um dos mais importantes é o que define que o poluidor é 
obrigado a indenizar danos ambientais que causar, independentemente da culpa. 
Assim, o Ministério Público, na figura do Promotor Público, pode propor ações 
de responsabilidade civil por danos ao meio ambiente, impondo ao infrator a 
obrigação de recuperar e/ou indenizar prejuízos causados. Vale destacar ainda 
que a Lei nº 6.938/81 criou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), regulamentados em 1986, pela Resolução 
nº 001/86 do CONAMA. Essa lei foi redefinida pelo mesmo órgão em 1997, sendo 
que agora temos a Resolução nº 237/97, onde considerações positivas em relação 
ao EIA foram feitas, em relação à antiga resolução e que veremos mais adiante.
18
Neste tópico você viu:
• Aspectos sobre a origem e também a aplicabilidade do direito ambiental que 
permitem assegurar a sadia qualidade de vida para toda a sociedade.
• Os diferentes tipos de meio ambiente e de que maneira devemos compreender 
cada um deles, visto que possuem características específicas e, portanto, 
maneiras diferenciadas de regulação.
• A hierarquia dos principais documentos legais e sua importância para a 
normatização da exploração dos recursos naturais.
• Um breve histórico das leis ambientais e para quais finalidades foram criadas.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir.
1 Dentre os diversos órgãos criados pelo SISNAMA, qual deles tem a 
finalidade de fiscalizar o cumprimento de determinações legais, para que 
seja assegurada a proteção dos recursos naturais?
( ) IBAMA.
( ) CONAMA.
( ) ICMBio.
( ) MMA.
2 Sabe-se que ao identificarmos um determinado problema ambiental, o 
mesmo pode ter uma abrangência municipal, estadual e/ou nacional. 
Também sabemos que o Brasil, por ter dimensões continentais, apresenta 
uma série de biomas e características ambientais diversas, o que torna a 
nossa tomada de decisão, relativa a determinado problema ambiental, 
bastante particular. Assim sendo, o que deveríamos levar em consideração, 
ou quais particularidades, para resolver um dano ambiental causado na 
Floresta Amazônica e outro na floresta de cerrado?
AUTOATIVIDADE
20
21
TÓPICO 2
ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À 
CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Os problemas ambientais provocados pelos seres humanos, normalmente, 
decorrem do uso dos recursos naturais para obter bens e/ou serviços, podendo 
provocar, além do seu uso insustentável, o despejo de resíduos gerados durante 
a produção. Mas isso nem sempre gerou degradação, simplesmente pelo fato de 
que a escala de produção e exploração era completamente diferente das de hoje. 
Como destaca Barbieri (2007), populações nativas, por se sentirem parte 
integrante do meio ambiente, geralmente o utilizam com maior parcimônia. Desta 
forma, seres humanos separados dos elementos naturais podem ser entendidos 
como o fator que, atualmente, ocasiona os maiores problemas ambientais. Ainda 
que a crença de que a natureza existe para servir ao ser humano contribua para o 
aumento das degradações ambientais, certamente o aumento da escala, gerando 
níveis insustentáveis de produção, pode ser atualmente entendido como o 
principal fator dos problemas gerados ao meio ambiente.
Responsabilizar a Revolução Industrial é comum entre a maioria dos 
pesquisadores da área, e realmente é um marco importante na intensificação 
da degradação ambiental. Hoje, a maior parte das emissões ácidas, de gases do 
efeito estufa e de substâncias tóxicas, resulta das atividades industriais. Porém, 
não só o lixo gerado por indústrias vem aumentando, mas também o gerado pela 
sociedade em geral, dentro de uma consciência de consumo crescente. O uso 
de inseticidas, herbicidas, implementos agrícolas e transgênicos fez com que a 
agricultura se tornasse uma atividade extremamente danosa ao meio ambiente. 
O mesmo pode-se dizer sobre os sistemas de transportes utilizados, normalmente 
baseados no uso de derivados de petróleo, como combustíveis. Políticas públicas 
que visem ao aumento da utilização de meios de transporte mais ecológicos, 
como metrôs, bicicletas, ou mesmo o uso de biocombustíveis, ainda estão restritas 
a poucas cidades. 
Ainda dentro do contexto, podemos relacionar inúmeros problemas 
associados à destruição dos oceanos, principalmente em relação à poluição e à 
pesca. Hoje, os estoques das principais espécies de pescado comercializados estão 
à beira da extinção, visto que o esforço de captura sobre esses peixes tornou-secada vez mais insustentável. Para se ter ideia, os peixes são capturados antes de 
atingirem a maturação, ou seja, quando ainda não são adultos e não contribuíram 
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
22
efetivamente com novos indivíduos para o ambiente. Dessa forma, os estoques de 
peixes, como são conhecidas as grandes populações de uma determinada espécie, 
não conseguem manter-se e são extintos.
 
Outros exemplos ainda podem ser citados. É só olharmos para as diversas 
repartições públicas, escritórios, comércios de maneira geral, entre outros, que 
ainda utilizam os seus recursos de maneira pouco eficiente, gerando grande 
consumo e desperdício. Em pouco tempo, todo esse panorama evoluiu para uma 
Sociedade de Risco, entendida como aquela que, em função de seu contínuo 
crescimento econômico, pode sofrer a qualquer tempo as consequências de uma 
catástrofe ambiental (CANOTILHO e LEITE, 2007). De acordo com o Relatório 
Estado do Mundo, do Instituto Akatu (2011), vivemos em um mundo em que 
produzimos mais alimentos do que jamais o fizemos, e onde os famintos nunca 
foram tantos. E há um motivo para isso.
Durante muitos anos, nosso foco foi no aumento da oferta de alimentos, 
ao mesmo tempo em que negligenciamos tanto os impactos distributivos da 
produção de alimentos, quanto seus impactos ambientais de longo prazo. 
Tivemos êxito notável no aumento do rendimento, no entanto, precisamos 
agora perceber que, mesmo tendo condições de produzir mais, não somos 
capazes de afrontar a fome, ou que necessariamente não existe uma correlação 
entre esses dois aspectos. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.worldwatch.org.br/estado_2011.pdf>.
Acesso em: 5 dez. 2012.
E que o aumento da produtividade, aliado ao crescimento populacional 
exagerado, quase em ritmo exponencial, é extremamente danoso ao equilíbrio 
dos nossos ecossistemas naturais. Ou seja, não resolvemos o problema da fome e 
destruímos nossas fontes de recursos naturais. 
Se você acha que o problema não tem nada a ver com o licenciamento 
ambiental, saiba que é da viabilização deste instrumento que dependem as 
indústrias de agronegócios, de pecuária, entre muitas outras, e que os resíduos 
gerados por estes empreendimentos são muito poluidores. Então o problema 
não é a fome? Não! Existem evidências de que precisamos atacar o problema da 
fome global, não apenas como uma questão de produção, mas também como 
uma questão de marginalização, que aprofunda desigualdades e injustiça social. 
E tudo isto está correlacionado à proteção de recursos ambientais. Uma nação 
que tem educação e não está à beira da exclusão social sabe da importância dos 
bens ambientais, e não joga lata de cerveja ou refrigerante pela janela do carro, 
lixo nas estradas, cigarro nas matas, produtos químicos nos mananciais e rios.
TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
23
À medida que incrementamos de modo espetacular os níveis gerais de 
produção, durante a segunda metade do século XX, criamos as condições para 
um desastre ecológico de grandes proporções no século XXI.
FONTE: Disponível em: <http://www.worldwatch.org.br/estado_2011.pdf>.
Acesso em: 5 dez. 2012.
Vimos que inúmeros problemas ambientais nos cercam. No Brasil, 
na década de 80, muitos dos problemas citados já eram visíveis, o que tornou 
necessário o estabelecimento de uma política ambiental que conseguisse resolver 
muitos dos problemas encontrados, sobretudo em relação à exploração dos 
recursos ambientais. Assim, com o objetivo de preservar, melhorar e recuperar a 
qualidade ambiental, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento 
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade 
da vida humana, foi promulgada a Lei nº 6.938/81, estabelecendo a Política 
Nacional do Meio Ambiente.
2 ASPECTOS GERAIS DA POLÍTICA NACIONAL
DO MEIO AMBIENTE (PNMA)
A Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) é uma ação 
governamental voltada para a proteção e recuperação ambiental. 
Dentre seus principais objetivos está o estabelecimento de padrões 
que tornem possível o desenvolvimento sustentável, através de instrumentos 
capazes de conferir ao meio ambiente maior proteção. As diretrizes desta 
política são elaboradas através de normas e planos destinados a orientar 
Federação, Estados e Municípios, com os princípios elencados no art. 2º desta 
mesma lei, e que veremos mais adiante. 
Adaptado de: <http://www.jurisambiente.com.br/ambiente/politicameioambiente.shtm>.
Acesso em: 5 dez. 2012.
Já em relação aos instrumentos para prevenir e coibir as infrações, como, 
por exemplo, o EIA/RIMA, estes são apresentados no art. 9º desta lei. 
Nossa intenção não é colocar a lei na íntegra, mas, sim, apresentar alguns 
dos artigos que tratam especificamente do alvo maior deste Caderno de Estudos, 
que é o licenciamento, a avaliação e o controle dos impactos ambientais. Você pode 
acessar a lei na íntegra no site <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.
htm>. Assim, seguem trechos a seguir, com destaque para os artigos 1º, 2º, 3º, 4º e 9º.
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
24
Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 
225 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins 
e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio 
Ambiente (SISNAMA) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.
Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, 
visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos 
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
FONTE: Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.
Acesso em: 01 dez. 2012.
Assim, com vistas ao exposto nos artigos acima, dentre os principais 
objetivos estão ações governamentais que permitam a manutenção do equilíbrio 
ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser 
necessariamente assegurado e protegido, e tendo em vista o uso coletivo. 
Além disso, objetiva a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água 
e do ar, o planejamento e a fiscalização do uso dos recursos ambientais, a proteção 
dos ecossistemas, o controle das atividades com potencial poluidor, incentivos 
à pesquisa ambiental, recuperação de áreas degradadas e, por fim, a educação 
ambiental em todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, 
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
FONTE: Adaptado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>.
Acesso em 5 dez. 2012.
O art. 3º da Lei nº 6.938/81 destaca o conceito de meio ambiente, como vimos 
anteriormente neste Caderno de Estudos. O mesmo artigo trata da degradação da 
qualidade ambiental, da alteração adversa das características do meio ambiente, 
além da poluição e da degradação da qualidade ambiental, resultante de atividades 
industriais e/ou de outra natureza, que direta ou indiretamente prejudiquem 
a saúde, a segurança e o bem-estar da população. Ou ainda, atividades que 
prejudiquem as atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a 
biota, ou as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, ultrapassando os 
padrões ambientais estabelecidos. Denomina ainda o poluidor, que representa 
a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental.
Alguns dos objetivos da PNMA, previstos no art. 4º da Lei nº 6.938/81, 
podem ser destacados, como, por exemplo, a compatibilização do desenvolvimento 
econômico social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do 
equilíbrio ecológico, a definição de áreas prioritárias de ação governamental 
relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico,o estabelecimento de critérios e 
padrões da qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos 
TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
25
ambientais. Outro aspecto de grande importância é a imposição, ao poluidor 
e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados. 
Mais adiante, verificaremos de quem são as responsabilidades provenientes 
dos acidentes ambientais, assim como tratar da responsabilidade civil, penal e 
solidária.
O art. 9º trata de alguns aspectos não menos relevantes. Neste artigo ficam 
definidos o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento 
ambiental e, sobretudo, a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento 
ambiental de atividades com potencial poluidor. Estão definidos, ainda, critérios 
de Mecanismos de Produção Limpa (MDLs), ou com menor desperdício e 
resíduos gerados, para que empresas e indústrias se ajustem à nova realidade 
ambiental, assim como a criação de áreas de proteção integral. Estão listadas 
ainda as penalidades disciplinares ou compensatórias, do não cumprimento às 
regras e normativas estabelecidas para a adequada preservação ambiental.
3 RESPONSABILIDADES ROVENIENTES DE ACIDENTES 
AMBIENTAIS
Os acidentes ambientais podem acarretar, além de sanções nas esferas 
administrativas e criminais, obrigações de reparar, indenizar e compensar os danos 
causados, direta ou indiretamente, pelas empresas envolvidas. Fica, portanto, 
evidente a necessidade de se manter um programa de controle frente a todos os 
aspectos de uma determinada atividade econômica. Lembrando, mais uma vez, 
que o art. 225 da Constituição Federal de 1988 diz que todos os cidadãos têm direito 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Vale destacar aqui que o parágrafo 
deste mesmo artigo faz referência às condutas e atividades consideradas lesivas ao 
patrimônio natural e sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções 
penais e administrativas (ARAÚJO; VERVUURT, 2005).
Essa norma constitucional iniciou as responsabilizações nas esferas 
administrativa, civil e criminal, das pessoas físicas e jurídicas, pois determinadas 
condutas podem configurar um crime ambiental ou mesmo uma contravenção 
penal, que é uma infração penal, denominada de crime menor, punidas com pena 
de prisão simples ou multa, ou ambas. Isto porque a partir da Lei nº 6.938/81, 
da Política Nacional do Meio Ambiente, como estudamos anteriormente, o 
meio ambiente passa a ser um bem difuso, ou seja, está inserido na sociedade, 
pertencendo a uma coletividade e não apenas a um indivíduo. Basta lembrarmos 
que pertencemos a um ambiente, seja lá qual for, e que interesses individuais não 
podem ser mais considerados.
Assim, quando se lida com atividades com maior risco de causar danos 
a terceiros, deve-se considerar a possibilidade de identificar possíveis causas 
de um acidente. Como veremos na Unidade 3 deste Caderno de Estudos, fazer 
previsões e mapas de risco em uma empresa deve ser rotina comum. No entanto, 
se pensarmos mais a fundo, nem mesmo a fiscalização sobre determinada conduta 
estabelecida por normas, deveria existir. Isso deveria ser parte intrínseca de cada 
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
26
ser humano. Mais uma vez, se partirmos do princípio de que estamos inseridos 
no meio ambiente, e que cada ação individual afeta o todo e não somente aos 
outros, nos conscientizaríamos e, com certeza, faríamos a nossa parte. 
No Brasil, para qualquer dano ambiental causado, existe a chamada 
responsabilidade objetiva, que não abre exceções para os acidentes que são 
considerados potencialmente poluidores ou de risco iminente. Esta responsabilidade 
objetiva também estabelece que todo aquele que deu causa, ou cometeu um crime 
ambiental, responde por ele, bastando apenas provar o nexo causal entre a atividade 
produtiva, o dano ambiental e o envolvido. Não é mais preciso provar a culpa, e sim 
o nexo causal, que nada mais é do que a existência de relação das partes envolvidas. 
A ausência de culpa não é mais excludente de responsabilidade. A empresa até pode 
alegar que não desejava causar determinado dano, mas o tipo de responsabilidade a 
que irá responder é a “Responsabilidade Ilimitada”. Desta forma, quando atividades 
desse caráter estão em funcionamento, existe a obrigatoriedade de previsão e 
mitigação de possíveis acidentes. Situações clássicas, tradicionalmente aceitas pela 
doutrina brasileira como excludentes de punição, não são mais admitidas nos casos 
de danos ambientais.
No Brasil, para qualquer dano ambiental causado, existe a chamada 
responsabilidade objetiva, que não abre exceções para os acidentes que são considerados 
potencialmente poluidores ou de risco iminente.
ATENCAO
Atualmente, para efeitos de ressarcimento na área cível, não há mais dano 
ambiental tolerável. Não existe mais a possibilidade de uma atividade produtiva 
se excluir da responsabilidade, alegando um dano residual ou permissível. Temos 
como exemplo um motorista de caminhão, que transporta produtos químicos 
para uma empresa, cuja licença ambiental está ativa. Vamos imaginar que um 
acidente ocorra e que boa parte do material químico seja despejada em um córrego 
situado em uma área de proteção ambiental; teoricamente, o único responsável, 
em caso de acidente, seria a empresa, mas agora, até mesmo o motorista poderá 
ser responsabilizado.
A força maior ou o caso fortuito, de acordo com o Código Civil Brasileiro, é 
um acontecimento interno, irresistível e que não emana de culpa do devedor, mas 
decorre de circunstâncias ligadas à sua pessoa ou à sua empresa, e apresenta como 
principal característica a imprevisibilidade. Neste caso, não teríamos como culpar o 
motorista, de acordo com o exemplo acima citado. No entanto, a partir do momento 
em que a nova lei abandonou o conceito de culpa para os problemas ambientais, o caso 
fortuito ou de força maior também foi excluído, portanto, até mesmo um fenômeno 
natural, se for a causa, não exclui a responsabilidade por um acidente ambiental. 
TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
27
Essa é a teoria do risco assumido, cujo fundamento se baseia na seguinte 
premissa: só atua em situações com risco iminente quem tem a capacidade e a 
formação para lidar com tais adversidades e assumir todos os riscos inerentes 
àquela atividade. Portanto, ou assume o risco, ou não exerce a função ou atividade.
4 RESPONSABILIDADE CIVIL
Antes de definirmos a responsabilidade civil, precisamos entender quem 
é a pessoa definida como poluidor ou infrator. De acordo com a Lei nº 6.938, o 
poluidor é a pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável 
direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. Como 
vimos anteriormente, para a nossa legislação, o caso fortuito ou de força maior 
foi abandonado e, dessa forma, as pessoas ou empresas passam a assumir o risco 
pelas atividades com potencial poluidor. Ou seja, só faz se tem capacidade para 
tal. Devem assumir os riscos, no caso de algum problema ocorrer.
Assim, podemos definir a responsabilidade civil como a obrigação de 
reparar um dano que uma pessoa causa a outra. Desta forma, para reparar o prejuízo 
sofrido por alguma das partes, podendo ser pessoa física ou jurídica e reduzindo 
ao máximo os efeitos causados por determinada agressão, a responsabilização na 
esfera civil permite a recuperação ou mitigação. Deve ficar bem claro que existe 
a obrigação e a possibilidade de contornar o dano provocado, no entanto, sabe-
se que alguns dos danos causados podem ser irrecuperáveis. Utilizemos como 
exemplo uma empresa que atua no ramo de derivados de petróleo. Em caso de 
derramamento, e dependendo das proporções, os danos causados não só à biota e 
flora, como também à sociedade na área de influência do derramamento, podem 
não ser mensuráveis, e podem levar muitos anos,às vezes séculos, para a total 
recuperação do patrimônio natural.
Para se caracterizar a responsabilidade civil é necessário ocorrer um 
dano, e o objetivo é a sua reparação ou indenização. Para isso são necessários 
os elementos objetivo e subjetivo. O primeiro é quando existe uma relação 
de causa e efeito entre o ato e o dano causado. Já o segundo ocorre quando o 
dano é causado por culpa ou dolo. Podemos imaginar aqui, uma empresa que 
fabrica um determinado produto químico. O evento que causa a degradação 
ambiental não necessariamente precisa ocorrer na empresa, mas se esse produto 
é comercializado e/ou algum problema ocorrer em decorrência do uso deste 
produto, a empresa pode ser responsabilizada também. Aqui, o nexo causal não 
está fortalecido, no entanto, a responsabilidade pelo dano ainda existe e pode ser 
considerada solidária, pois afeta as demais pessoas.
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
28
5 RESPONSABILIDADE PENAL
Além da ação civil, as empresas podem ser multadas na esfera 
administrativa pelos órgãos de controle ambiental. Vocês se lembram da 
hierarquia das instituições de controle ambiental que temos no Brasil, e que 
foram viabilizadas pelo SISNAMA? Nesse caso, compete aos órgãos estaduais, 
quando um problema não ultrapassa os limites do Estado, ou Federais, no caso 
o IBAMA, quando determinado problema acarreta em prejuízo para mais de um 
estado da federação.
De acordo com a legislação nacional, a Lei nº 9.605/88 iniciou a 
criminalização na área ambiental e introduziu algumas inovações, entre as quais 
se destacam a responsabilização e a punição penal da pessoa jurídica. O Decreto 
Federal nº 3.179/99 regulamentou a Lei nº 9.605/88 e estabeleceu as sanções 
administrativas cabíveis. Desta forma, para empresas que tenham cometido dano 
ambiental, por se tratarem de pessoa jurídica, quem paga pelo dano? Quem vai 
para a cadeia? O contrato social da empresa? Assim, a ideia é de que todas as 
atividades da empresa possam ser suspensas, a fim de comprometer futuramente 
a continuidade do empreendimento.
Para a aplicação da pena, o juiz poderá observar se existem antecedentes 
de crimes ambientais e, não havendo, poderá substituir a pena. Desta forma, pode-
se entender que o problema ambiental não é relevante, ou seja, não é significante, 
e, portanto, a responsabilização deve ser diferente em relação à responsabilidade 
civil. Ainda é um crime, definido e amparado pela Lei nº 9.605/98, mas define a 
não utilização do encarceramento como norma geral para cumprimento da pena. 
6 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Toda a responsabilidade de um determinado dano ambiental pode ser 
compartilhada. De acordo com a Lei nº 6.938/81, fica estabelecido o “Princípio da 
Solidariedade”, no qual o causador indireto também é responsável. Este princípio 
estabelece que, em caso de acidentes que causem danos ao meio ambiente ou 
às pessoas que estejam sobre a área de atuação da empresa causadora do dano 
ambiental, bem como na ocorrência de passivos ambientais, tanto fabricantes 
quanto destinatários ficarão responsáveis pela adoção de medidas mitigadoras 
do impacto, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão ambiental. Este 
tipo de responsabilidade segue o mesmo exemplo explanado ao final do item 2.3, 
que define a responsabilidade civil. 
Vale salientar ainda que, no exemplo que usamos, se a empresa fabrica um 
determinado produto com potencial poluidor ou mesmo de causar algum tipo de 
dano às pessoas, o receptor deste produto ou aquele que o comercializa também 
entra na responsabilidade solidária. Podemos imaginar agora que um caminhão 
desta empresa, transportando um determinado produto químico, sofre um acidente 
e causa um dano ambiental. Aqui, o responsável direto é o dono do caminhão, e o 
indireto a indústria que o fabrica ou o destinatário que recebe o produto.
TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
29
A lei permite que se faça isso, pois é considerado poluidor quem direta ou 
indiretamente causa o dano. A empresa pode tentar se excluir da responsabilidade, 
alegando que sua culpa termina quando o produto é expedido e que não se 
envolve com o transporte, que é uma atividade terceirizada. No entanto, todas 
essas alegações são irrelevantes, bastando apenas estabelecer o nexo causal ou a 
relação da empresa com o produto fabricado. Aí é que entra um aspecto muito 
importante: quanto mais uma empresa auditar, controlar, fiscalizar, medir, 
treinar os funcionários, mais ela reduz a probabilidade de um acidente acontecer. 
Veremos como preparar-se para possíveis acidentes e estabelecer planos de 
controle, na última unidade deste caderno, que é onde abordaremos alguns dos 
instrumentos que permitem o controle de impacto ambiental.
7 DEFINIÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DANO AMBIENTAL
De acordo com a Lei nº 6.938/81, dano ambiental pode ser considerado 
como a degradação da qualidade ambiental, resultante de atividades que direta 
ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, 
ou afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente. Já o poluidor é 
a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou 
indiretamente pela atividade que venha a causar o dano ambiental.
Dependendo de como uma empresa atua em relação a esses tipos de 
problemas, ela pode desenvolver diferentes abordagens para minimizar os 
impactos causados, que serão vistos em maiores detalhes na Unidade 3 do 
Caderno de Estudos. Porém, de maneira geral, a estratégia de um determinado 
empreendimento com potencial de degradação do ambiente gira em torno do 
controle, da prevenção e da incorporação dessas questões. E mesmo assim, todos 
aqueles que conduzem uma companhia em que há segmentos considerados 
potencialmente danosos devem ter a consciência de que mesmo tomando todas 
as precauções, danos podem ocorrer, e os envolvidos deverão ser punidos 
judicialmente.
A quantificação do dano ambiental também será estudada na terceira 
unidade, porém, podemos adiantar que, sem o levantamento de dados pertinentes 
ao funcionamento de uma empresa, torna-se impossível gerenciar isso, quanto 
mais prever comportamentos futuros. De maneira alguma se pode estabelecer um 
planejamento estratégico com base no empirismo, ou seja, no achismo. Veremos 
que, ao falarmos em administração e gestão, independentemente do que estamos 
avaliando, precisamos ter ou iniciar a coleta de uma série de dados ou informações 
que permitam realizar a previsão do comportamento de uma determinada 
variável de uma atividade. Assim, poderemos estabelecer metas estratégicas 
para prevenção de um acidente ambiental, por exemplo. Análises estatísticas, 
correlações entre variáveis e fatores externos que permitam estabelecer relação 
de causa e efeito são importantes para um gerenciamento de uma atividade de 
risco mais seguro. No entanto, tudo será visto em maiores detalhes nas próximas 
unidades deste caderno.
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
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8 SANÇÕES PENAIS E ADMINISTRATIVAS ORIUNDAS DE 
ATIVIDADES LESIVAS AO AMBIENTE NATURAL
Novamente, se voltarmos ao art. 225 da Constituição Federal (1988), 
poderemos verificar que no parágrafo 3º, “As condutas e atividades consideradas 
lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas a sanções 
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos 
causados”. Isso pode ser considerado um passo importante. De acordo com Araújo 
e Vervuurt (2005), a partir do momento em que foi ultrapassado o caráter pessoal 
da responsabilidade penal, e alcançada a pessoa jurídica poluidora como sujeito do 
crime ecológico, um grande passo foi dado. Desta forma, deve-se superar a clássica 
compreensão de que a pessoa jurídica ou administrador da empresa não tem vínculo 
com um dano ambiental. Como já foi apresentado, é precisoestabelecer a relação 
entre as partes, acidente, empresa e administrador, para que alguma providência 
possa ser tomada. E hoje a lei ampara isso.
Do ponto de vista infraconstitucional, o art. 15 da Lei nº 6.938/81 determina 
que uma conduta criminosa esteja sujeita à multa e detenção do infrator causador ou 
praticante de condutas ou danos ao ambiente natural. Assim, o Ministério Público da 
União e o Estado têm o dever de propor uma ação de responsabilidade criminal pelos 
danos causados. E aqui cabe uma ressalva: aquilo que falamos sobre a necessidade 
da empresa em manter um planejamento estratégico com vistas a prevenir possíveis 
impactos ambientais torna-se uma obrigação, visto que o não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção de danos causados implica multas 
simples ou diárias, perda ou restrição dos incentivos fiscais concedidos pelo governo 
federal, perda ou restrição de linhas de financiamento concedidas pelo poder público 
e, por fim, a suspensão da atividade. 
A multa é a sanção mais comum nas infrações administrativas, possuindo 
natureza pecuniária, ou seja, o objetivo de punir o infrator. Já a perda de incentivos 
fiscais pode ser considerada a mais árdua sanção, na medida em que origina 
prejuízo de ordem econômica para o infrator. Também pode ser considerada a 
suspensão da participação em linhas de crédito disponíveis para financiamento 
ou licitações, e que constituem punições de ordem administrativa. Como dito, há 
ainda a suspensão da atividade, que, dependendo da intensidade do dano, pode 
ser temporária ou definitiva. 
De qualquer forma, quando constatada a infração e descoberto o responsável, 
o órgão competente não poderá deixar de aplicar uma pena. Neste caso, existem duas 
fases inseridas no processo de punição. A primeira define qual é o tipo de pena a ser 
utilizada, que é discricionária, cabendo ao órgão competente decidir qual aplicará, e 
a segunda é a aplicação, a partir do momento em que é provada a autoria do dano 
ambiental. Caso o infrator fique impune, isso acarretará em um crime de prevaricação 
do administrador ambiental (órgão ambiental responsável pela aplicação da pena), se 
a pessoa responsável por aplicar a sanção tiver falhado em praticar o seu ato de ofício, 
atendendo a interesse ou sentimento pessoal, como, por exemplo, lucro, suborno, 
amizade, entre outros.
TÓPICO 2 | ESTABELECIMENTO DE AÇÕES PERTINENTES À CONSERVAÇÃO AMBIENTAL
31
Com todos os itens relatados acima, podemos observar vários aspectos 
inerentes às políticas e leis voltadas à prevenção, controle e mitigação dos impactos 
ambientais normalmente relacionados a atividades com potencial de degradação 
dos recursos naturais. No entanto, existe um instrumento bastante eficaz, muito 
difundido atualmente, que é o Licenciamento Ambiental, do qual fazem parte o 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA). 
Esses documentos, como veremos, são utilizados para autorizar previamente 
a viabilidade, a instalação e o funcionamento de determinado empreendimento, 
assim como para reunir uma série de informações e manter atualizada a coleta de 
dados sobre as atividades desta empresa, em caso de ser necessário tomar ações 
emergenciais. Porém, apesar da obrigatoriedade da realização do licenciamento 
ambiental por empresas com potencial poluidor, existem muitos casos em que se 
observam distorções e manipulações de informações, na tentativa de mascarar o 
verdadeiro impacto sobre os ecossistemas naturais. É o que veremos a seguir. 
32
RESUMO DO TÓPICO 2
 Neste tópico você viu:
• Os principais problemas relacionados à degradação ambiental.
• Aspectos importantes relativos à Política Nacional do Meio Ambiente e que 
visam à regulamentação da exploração de recursos naturais.
• Responsabilidades de crimes ambientais cabíveis às pessoas físicas e jurídicas, 
assim como a responsabilidade objetiva, de fundamental importância para que 
os envolvidos, após comprovada a ligação com o dano ambiental, possam ser 
responsabilizados pelo dano ambiental, com obrigatoriedade de compensação.
• Caracterização de um dano ambiental, suas formas de quantificação, e quais 
condutas infratoras ao meio ambiente possuem sanções previstas em lei.
33
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a 
seguir.
1 Descreva quais instrumentos legais garantem a aplicação da 
responsabilidade objetiva dos condutores de danos ambientais. Conforme 
foi descrito no Tópico 2 desta unidade, descreva o que pode ser entendido 
como a responsabilidade objetiva de uma pessoa responsável por um dano 
ambiental. 
2 A partir do momento em que identificamos um problema ambiental, o órgão 
responsável é obrigado a aplicar uma penalidade. Esse processo passa por duas 
fases. Quais são elas e como podem ser entendidas do ponto de vista jurídico?
AUTOATIVIDADE
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TÓPICO 3
LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO 
INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O estudo dos impactos ambientais constitui um instrumento de gestão 
ambiental, sem o qual não seria possível promover a melhoria dos sistemas 
produtivos em matéria ambiental. Qualquer abordagem de gestão ambiental 
de uma organização, seja ela corretiva, preventiva ou estratégica, requer a 
identificação e análise de impactos ambientais para estabelecer medidas para 
agir em conformidade com a legislação, ou com a sua política ambiental. Esses 
estudos podem ser efetuados antes ou depois de realizadas as ações, ou seja, para 
produtos, atividades e empreendimentos existentes e propostos.
2 NOÇÕES SOBRE A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
Para atender aos requisitos do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), de 
acordo com a ISO 14001, uma organização deve estabelecer, implementar e manter 
procedimentos que identifiquem os aspectos ambientais de suas atividades, 
produtos e serviços, a fim de determinar possíveis impactos significativos sobre o 
meio ambiente. A identificação dos aspectos ambientais deve ser feita mediante um 
processo contínuo que determine os impactos, positivos ou negativos, passados, 
presentes e potenciais das atividades da organização sobre o meio ambiente. As 
normas da série ISO 14000 serão abordadas com maior ênfase na Unidade 2 deste 
caderno. Sendo assim, o estudo dos impactos ambientais faz parte do processo de 
implantação e operação do SGA e das auditorias ambientais pertinentes.
É importante que você saiba que há diversos instrumentos de gestão 
ambiental baseados em estudos de impacto, como a avaliação do ciclo de vida 
(AVC), a avaliação de riscos, as auditorias ambientais, os rótulos ambientais, a 
avaliação de desempenho ambiental, entre outros. Neste tópico, entenderemos 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) como o estudo prévio de impacto ambiental, 
um instrumento de planejamento de ações futuras para empreendimentos com 
elevado potencial de degradação ambiental.
FONTE: Disponível em: <http://www.shs.eesc.usp.br/attachments/059_8%20-%20Estudo%20
de%20Impacto%20Ambiental.pdf>. Acesso em 6 dez. 2012.
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UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
Antes de prosseguir, vamos a alguns esclarecimentos sobre a denominação 
desse instrumento. Na França usa-se a expressão étude d’impact sur l’environnement, 
para denominar o instrumento de gestão que será tratado a seguir. É comum 
usar o termo avaliação de impacto, ao invés de estudo de impacto, por exemplo, 
valutazione d’impatto ambientale na Itália e evaluación de impacto ambiental nos países 
hispânicos. Nos países de língua inglesa é usada a expressão environmental impact 
assessment, na qual a palavra assessment apresenta um significado mais amplo 
que avaliação. Assessment origina-se do verbo latino assidere, que significa sentar 
ao lado de alguém ou assistir alguém, e da raiz da palavra assesse, do francês 
antigo, da qual derivam entre outras, as palavras assess, assessment e assessor. 
No Brasil, a Lei nº 6.938, de 1981,que instituiu a política nacional do meio 
ambiente, relaciona a avaliação de impacto ambiental entre os instrumentos de 
política pública. A Constituição Federal de 1988 usa a expressão estudo prévio de 
impacto ambiental. A avaliação de impacto é uma parte do estudo que procura 
identificar os impactos e estimar suas consequências, além de identificar soluções 
alternativas, desenvolver medidas para prevenir, controlar e compensar os 
impactos inevitáveis (BARBIERI, 2007).
3 O CICLO DO PROJETO
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), como já foi definido, é um 
instrumento de gestão ambiental aplicável a projetos de empreendimentos e 
atividades, para avaliar e identificar previamente os impactos e antecipar soluções 
antes de implantá-los. Podemos denominar projeto o conjunto de informações 
articuladas para auxiliar na tomada de decisões sobre investimentos ou as 
atividades resultantes dessas decisões.
 
Os projetos são compostos de diversas fases ou ciclos de desenvolvimento, 
que dependem do próprio objeto, da sua duração, da complexidade, dos 
processos de decisão e de outras questões administrativas e operacionais. Uma 
maneira de dividir as fases de um ciclo de projeto é de acordo com o Manual de 
Preparação de Estudos de Viabilidade Industrial da UNIDO (Organização para o 
Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas):
1. Fase de pré-investimento:
1.1 Identificação de oportunidades de investimento (ideias de projetos).
1.2 Estágio de seleção preliminar (estudo de pré-viabilidade).
1.3 Estágio de formulação do projeto (estudo de viabilidade técnico-econômica).
1.4 Estágio de decisão e avaliação (relatório de avaliação).
2. Fase de investimento:
2.1 Estágio de negociação e contratação.
2.2 Estágio de concepção do projeto.
2.3 Estágio de construção.
2.4 Estágio de colocação em marcha.
TÓPICO 3 | LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL
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3. Fase operacional:
O projeto pode ser pensado como um ciclo de atividades desenvolvidas 
durante um tempo determinado por equipes com diferentes habilidades e 
atribuições específicas. Um projeto pode ser segmentado em grandes fases, como: 
(1) concepção do projeto, quando se definem objetivos, se realizam os estudos de 
viabilidade técnica e econômica, e se avaliam as alternativas; (2) detalhamento 
da alternativa escolhida; (3) implementação dessa alternativa; (4) início das 
operações em condições normais, quando se dá por concluído o projeto.
O EIA pode ser realizado em qualquer momento do ciclo de vida de um 
projeto. Também pode ser feito após a implementação do projeto, porém, nesse 
caso, as medidas decorrentes desse estudo ficam limitadas às decisões já tomadas e 
executadas, de modo que a localização, a escolha dos equipamentos, a capacidade 
de produção e outras questões pertinentes ao empreendimento são consideradas 
fatos consumados. As ações para minimizar ou eliminar os impactos indesejáveis 
podem levar tempo e exigir mais recursos.
Sempre haverá a necessidade de estudar os impactos ambientais, mesmo 
quando a atividade já tiver um EIA em uma das fases do projeto, pois seus 
componentes e seu entorno se alteram com o passar do tempo, equipamentos 
envelhecem, matérias-primas e fornecedores são substituídos, enfim, qualquer 
atividade ou empreendimento muda com o tempo, assim como o entorno. Da 
mesma forma, os conhecimentos sobre os impactos e o meio ambiente também 
se alteram ao longo do tempo, com o desenvolvimento científico e tecnológico.
Como você pode ver, o EIA associado a um projeto é um trabalho 
complexo, constituído de várias fases, cada qual com diversas atividades 
envolvendo recursos específicos e a participação de grupos de pessoas com 
interesses diversos.
IMPORTANT
E
O EIA contribui para o aperfeiçoamento do projeto do ponto de vista 
ambiental, à medida que permite realizar escolhas que eliminem ou minimizem as fontes 
dos impactos ambientais antes da sua implementação. Para isso, o EIA deve levar em 
conta as características do empreendimento e da sua área de influência para: identificar e 
avaliar previamente os impactos sobre o meio ambiente físico, biológico e social; estudar 
alternativas para os diferentes componentes do empreendimento ou atividade; desenvolver 
medidas para monitorar as operações, caso o projeto seja implantado; e desenvolver planos 
para compensar e mitigar os impactos ambientais adversos.
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UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
4 IMPACTO AMBIENTAL
O que é impacto ambiental? 
Entende-se por qualquer mudança no ambiente natural e social 
decorrente de uma atividade ou de um empreendimento. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.shs.eesc.usp.br/attachments/059_8%20-%20Estudo%20
de%20Impacto%20Ambiental.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2012.
Mesmo que essas mudanças possam ocorrer por causas naturais, as que 
interessam aqui são as resultantes de ações humanas.
 A palavra impacto refere-se às alterações no meio ambiente físico, biótico 
e social decorrentes de atividades humanas, em andamento ou propostas. Por 
isso, o impacto pode ser real ou potencial (quando a atividade for implementada 
no futuro). Ainda, os impactos podem gerar efeitos positivos e negativos. 
A Resolução no 1, de 1986, do CONAMA, que estabeleceu os critérios 
básicos e as diretrizes para uso e implementação do EIA, considera como impacto 
ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do 
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das 
atividades humanas que afetam direta ou indiretamente: a saúde, a segurança e o 
bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota, as condições 
estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais.
Segundo essa definição, apenas os impactos negativos são considerados. 
Impacto ambiental está definido na norma ISO 14001 como qualquer modificação do 
meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos 
ambientais da organização. Já quanto ao meio ambiente, essa norma apresenta um 
conceito restrito: o entorno em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, 
recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas interações.
Mas, como já foi comentado aqui, as questões ambientais não se restringem 
apenas a um local e sua área de entorno, pois estas podem adquirir uma dimensão 
regional ou até mesmo planetária. A definição da Lei nº 6.938/1981, sobre o meio 
ambiente, considera apenas o conjunto de condições, leis, influências e interações 
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas 
as suas formas. Porém, a esse conjunto de condições, leis e interações devem ser 
incluídas também as de ordem socioeconômica.
TÓPICO 3 | LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL
39
5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Pode-se entender como impacto ambiental o resultado da intervenção 
negativa do homem sobre o ambiente natural, que de certa forma se assemelha 
ao conceito de poluição, que é a degradação de qualquer tipologia, tanto das 
condições ambientais como do próprio habitat ou ambiente. Não existe atividade 
humana que não cause algum tipo de dano ao meio ambiente, no entanto, esses 
podem e devem ser identificados para que alguma medida possa ser tomada. 
Existem vários mecanismos para que de alguma forma se possa minimizar, 
eliminar ou até mesmo compensar os impactos gerados.
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um dos instrumentos mais 
importantes da Política Nacional de Meio Ambiente, e é exigido para a instalação 
de obra ou atividade com potencial poluidor, como pode ser conferido na Lei nº 
6.938/81, art. 9º. O EIA é uma imposição constitucional, assegurado no art. 225 que 
versa que, para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público 
exigir na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação ambiental, estudo prévio de impacto 
ambiental,a que se dará publicidade.
A Resolução do CONAMA 001/86 estabeleceu diretrizes gerais para o uso 
e a implementação da avaliação de impacto ambiental, estabelecendo o conceito 
de impacto como sendo qualquer alteração das propriedades físicas, químicas 
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou 
energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente possam 
afetar a saúde e a segurança da população, atividades sociais ou econômicas, 
condições estéticas e sanitárias do ambiente natural e a qualidade dos recursos 
ambientais. Desta forma, o EIA é caracterizado por estudos de alta complexidade 
que permitam avaliar essas alterações, e posteriormente é dada a devida 
publicidade deste documento através de um relatório, o Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA), que está em linguagem mais acessível, disponível inclusive 
para audiências públicas abertas à população. Vale destacar que a população 
que esteja inserida no entorno da obra deverá ser consultada sobre os possíveis 
efeitos para a área de abrangência direta do empreendimento. Inúmeros são os 
tipos de empreendimentos e atividades em que se observa a obrigatoriedade do 
licenciamento ambiental, mas não cabe aqui fazermos uma listagem desses tipos 
de atividades e, sim, falar sobre o que são e como funcionam os instrumentos de 
mitigação dos impactos ambientais causados por essas atividades.
De acordo com Araújo e Vervuurt (2005), o Licenciamento Ambiental 
apresenta-se como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente 
(Lei nº 6.938/81), e é regulamentado pela Resolução nº 237, de 1997, do CONAMA, 
em sua versão mais recente. É um instrumento de caráter preventivo de tutela 
do meio ambiente. Trata-se de um conjunto de atos administrativos encadeados, 
o que lhe atribui a condição de procedimento administrativo, que tramita 
perante o órgão público estadual ou, supletivamente, perante o órgão público 
federal. Assim, o poder público, verificando o atendimento das exigências legais 
40
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
pelo interessado, empreendedor, faculta-lhe o desempenho das atividades. 
Ao contrário do licenciamento tradicional, marcado pela sua simplicidade, o 
licenciamento ambiental é ato uno, de caráter complexo, em cujas etapas intervêm 
vários agentes, e que deverá ser precedido de estudos técnicos que subsidiem sua 
análise (MILARÉ, 2004).
DICAS
O ato de Licenciamento Ambiental é "ato uno”, ou seja, de caráter complexo, em 
cujas etapas intervêm vários agentes, e que deverá ser precedido de EIA/RIMA, sempre que 
constatada a significância do impacto ambiental.
FONTE: Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/2523/licenciamento-ambiental>. 
Acesso em: 6 dez. 2012.
Através deste procedimento administrativo, o órgão ambiental 
competente irá licenciar a localização, a instalação, a ampliação e a operação de 
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas 
efetiva ou potencialmente poluidoras. Poderão ainda entrar no processo de 
licenciamento aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas 
técnicas aplicáveis ao caso (inciso I do art. 1º da Resolução nº 237/97).
6 DIFERENÇA ENTRE UMA LICENÇA E O PROCESSO
DE LICENCIAMENTO
As licenças ambientais são atos administrativos de controle preventivo das 
atividades potencialmente poluidoras. Desta forma, a licença resulta de um direito 
subjetivo do interessado, razão pela qual o órgão responsável pelo licenciamento 
não pode negá-la quando o requerente satisfaz todos os requisitos legais para a sua 
obtenção, e uma vez expedida, traz a presunção de definitividade. 
FONTE: Disponível em: <http://www.jornaldaciencia.org.br/imprimir.jsp?id=27057>.
Acesso em: 6 dez. 2012.
Antes de qualquer explanação, é necessário alertar que o licenciamento 
ambiental é um procedimento administrativo e a licença ambiental é uma das 
suas fases.
Aqui é necessário entender que empreendimentos ou atividades 
que de alguma forma atinjam mais do que um estado da federação estão sob 
TÓPICO 3 | LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL
41
a responsabilidade do IBAMA (esfera federal), enquanto que aqueles com 
atividades dentro de um estado ou município ficam sob a responsabilidade 
dos órgãos estaduais. Recentemente, o Ministério do Meio Ambiente emitiu o 
Parecer número 312, que discorre sobre a competência estadual e federal para o 
licenciamento, tendo como fundamento a abrangência do impacto.
As principais diretrizes para a execução do licenciamento ambiental estão 
expressas na Lei nº 6.938/81 e nas Resoluções do CONAMA 001/86 e 237/97. 
Como dito acima, o licenciamento ambiental e sua revisão é um instrumento, 
um procedimento administrativo complexo, que tramita perante o órgão público. 
A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos 
e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidoras, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual, 
competente, integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, e do 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, 
em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. Portanto, o 
licenciamento ambiental não é um ato administrativo único, nem um ato simples, 
correspondendo a uma sucessão de atos administrativos, atribuindo-lhe, ao final, 
a condição de procedimento (BARBIERI, 2007), o que o diferencia da licença 
propriamente dita.
Quanto ao procedimento de licenciamento em nível federal, este é feito 
exclusivamente via sistema on-line. Para tal, é necessário acessar o site do IBAMA 
(www.ibama.gov.br) e selecionar o link Serviços on-line > Cadastro. Somente 
após o cadastramento no CTF (Conselho Técnico Federal) do interessado é que 
será possível realizar a abertura do procedimento. É importante ressaltar que é 
preciso ler atentamente o Manual do Sistema, que pode ser acessado pelo seguinte 
caminho: Serviços on-line > Licenciamento Ambiental Federal (ícone Manual do 
Sistema).
O processo de licenciamento inicia após o preenchimento do formulário 
de Abertura do Processo – FAP, onde constarão as informações sobre a atividade 
a ser licenciada. Após a abertura, o acompanhamento do processo e todas as 
demais etapas poderão ser acessadas e editadas pelo responsável através de 
consulta ao sistema utilizando a sua senha. Maiores informações podem ser 
obtidas no próprio site do IBAMA.
O preenchimento da FAP é obrigatório a todos os interessados em realizar 
atividades que necessitem de licença ambiental (www.ibama.gov.br).
ATENCAO
42
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
Independente do nível do licenciamento (federal ou estadual), o 
procedimento deverá cumprir as seguintes etapas:
 Definição pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, com a 
participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, 
necessários para o início do processo de licenciamento.
 Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos 
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida 
publicidade.
 Análise do órgão ambiental dos documentos requisitados e, quando necessário, 
realizar visitas técnicas.
 Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental, uma 
única vez, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação 
caso os esclarecimentos e complementação não tenham sido satisfatórios.
 Emissão de parecer técnico conclusivo, e, se necessário, de parecer jurídico.
 Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando a devida 
publicidade.
Dependendo do porte do empreendimento, procedimentos mais 
simplificados podem serconduzidos, tais como relatório ambiental, plano e projeto 
de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano 
de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco, 
mas de forma semelhante a um EIA/RIMA completo (Resolução CONAMA 237/97).
Concluindo, o licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à 
instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora 
e possui como uma de suas mais expressivas características a participação social 
na tomada de decisão, através de audiências públicas.
FONTE: Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/licenciamento/>. Acesso em: 6 dez. 2012
7 TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS E PROCESSO
DE AUTORIZAÇÃO
A licença ambiental pode ser definida pela Resolução 237/07 do 
CONAMA como sendo um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental 
que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para 
localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras 
dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. 
Na via administrativa, a licença é um ato que pode ser negociado, vinculado e 
definitivo. Administrativamente falando, é um ato unilateral vinculado, ou seja, 
de interesse particular, pelo qual a administração ou órgão responsável faculta a 
alguém o exercício de uma atividade material. Entende-se por licença vinculada, 
pois é praticada sem liberdade subjetiva, ou seja, o agente administrativo não 
TÓPICO 3 | LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL
43
possui conveniência e oportunidade quando de sua elaboração, devendo seguir 
fielmente a legislação. Pode-se considerar uma licença definitiva, quando, uma 
vez concedidos os direitos requisitados, estes não podem ser revogados, salvo 
expressa disposição legal.
IMPORTANT
E
Vale destacar ainda uma lei complementar aos atos administrativos de 
proteção aos recursos naturais. É a Lei Complementar no 140/2011. Esta lei fixa normas 
para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações 
administrativas decorrentes do exercício da competência comum, relativas à proteção das 
paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em 
qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. Assim, considera-
se para fins desta lei que o processo de licenciamento ambiental seja um procedimento 
administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, como já visto. Ainda, que exista uma atuação supletiva de ação do 
ente da Federação (Estados e Municípios) que se substitui ao ente federativo, originariamente 
detentor das atribuições nas hipóteses definidas nesta lei complementar, ou uma atuação 
subsidiária, que significa ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das 
atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo. 
Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar, 
proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo 
gestão descentralizada, democrática e eficiente, garantir o equilíbrio do desenvolvimento 
socioeconômico com a proteção do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa 
humana e a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais. 
Ainda, harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação 
entre os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação 
administrativa eficiente, para propiciar à uniformidade da política ambiental para todo o país, 
respeitadas as peculiaridades regionais e locais.
Já na esfera ambiental, a licença equivale ao que na esfera administrativa 
é uma autorização, pois é um ato administrativo discricionário. Discricionário, 
porque o agente atua com liberdade de opção, embora dentro dos limites da lei. 
A discricionariedade, contudo, só diz respeito à conveniência e à oportunidade. 
Assim, quando o licenciamento ambiental é realizado, se a obra for capaz de causar 
significativa degradação ambiental, será necessária a realização de um Estudo de 
Impacto Ambiental (EIA) e de um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Mesmo 
sendo ele negativo, ou seja, desaconselhando a realização da obra em razão dos danos 
ambientais causados, a licença ambiental, discricionariamente pode ser concedida se 
o órgão ambiental entender que o benefício social da obra é maior do que o dano 
ambiental por ela causado. Cumpre ressaltar, contudo, uma exceção: a licença será 
vinculada, quando o EIA-RIMA for favorável, pois esse fato condiciona a autoridade 
a conceder a licença ambiental diante do direito do empreendedor de desenvolver 
sua atividade econômica. Dessa forma, a licença administrativa difere da licença 
ambiental, por vários motivos, como, por exemplo:
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UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
 A licença administrativa é um ato vinculado, enquanto a licença ambiental 
normalmente é um ato discricionário.
 A licença ambiental é obtida através do processo de licenciamento feito em três 
etapas, sendo a Licença Prévia, a Licença de Instalação e a Licença de Operação.
 A licença ambiental possui um prazo de validade e está condicionada ao 
cumprimento das obrigações nela impostas.
8 TIPOS DE LICENÇAS AMBIENTAIS
Do ponto de vista normativo (Decreto nº 88.351/83), as licenças podem 
ser: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação 
(LO). Vale lembrar que as licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas 
ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do 
empreendimento ou atividade.
Para atender à natureza, características e peculiaridades da atividade ou 
empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com 
as etapas de planejamento, implantação e operação, o CONAMA pode definir, 
quando necessário, licenças ambientais específicas. Como dito, são três os tipos 
de licenças ambientais:
 A Licença Prévia (LP), que se destina à aprovação do projeto, envolvendo a 
localização e viabilidade e tem prazo máximo de cinco anos. Por exemplo, um 
grupo de empresários tem a intenção de viabilizar uma PCH (Pequena Central 
Hidrelétrica) em uma determinada região. Assim, essas pessoas precisam, antes 
de qualquer coisa, apresentar o projeto da obra, os impactos que serão causados, 
a localização do empreendimento, aspectos socioeconômicos, levantamento de 
fauna e flora, características meteorológicas e mais uma série de itens, todos 
presentes no EIA/RIMA, indispensáveis para a liberação da obra.
 A Licença de Instalação (LI), que autoriza a instalação do empreendimento 
e eventuais edificações, nos termos do projeto previamente aprovado, tem 
duração máxima de seis anos. Partindo do mesmo exemplo hipotético citado 
anteriormente, para a PCH, com o EIA/RIMA aprovado, os mesmos podem 
então iniciar a construção do empreendimento.
 A Licença de Operação (LO), que é a última a ser concedida, desde que as 
condições estabelecidas nas licenças anteriores tenham sido cumpridas. Esta 
licença tem prazo mínimo de quatro anos e máximo de dez anos. Ainda para 
o exemplo da PCH, a partir desta licença, a obra ou empreendimento passa a 
funcionar. Vale destacar aqui que muitas das ações compensatórias propostas 
para diminuição dos impactos causados passam a ser cumpridas. Um exemplo 
poderia ser dado através de um programa de reflorestamento das áreas que 
foram desmatadas em função das obras, ou mesmo um programa de educação 
ambiental para a comunidade do entorno da construção.
TÓPICO3 | LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DA POLÍTICA AMBIENTAL
45
Para a LP é necessário apresentar um formulário ou requerimento padrão, 
que pode ser retirado no órgão ambiental responsável pelo licenciamento, 
devidamente preenchido pelo empreendedor, anexado ao EIA/RIMA e a uma cópia 
da publicação do requerimento de LP no Diário Oficial da União (DOU) ou Diário 
Oficial do Estado (DOE) e em jornal de grande circulação; o recolhimento da taxa 
fixada pelo órgão de meio ambiente responsável; o relatório técnico de vistoria ao 
local do empreendimento; a ata de audiência pública realizada na comunidade; o 
parecer técnico do órgão ambiental sobre o pedido de LP; e o modelo padrão de 
concessão da LP. Já para a LI, o empreendedor deve apresentar o requerimento 
padrão preenchido; outros tipos de projetos ambientais, como projetos de 
engenharia ambiental, planos de recuperação de área degradada, planos de 
monitoramento ambiental, entre outros; cópia da publicação da concessão da LP 
em jornal de grande circulação; cópia da publicação do requerimento da LI no 
DOU ou DOE; recolhimento de taxa estipulada pelo órgão ambiental e parecer 
técnico para a concessão da LI; e modelo padrão de concessão de licença de 
instalação. Para a obtenção da LO, documentos semelhantes são exigidos. O que 
difere é a apresentação de um Estudo Ambiental contendo projetos executivos de 
minimização de impacto ambiental.
Esses estudos deverão ser elaborados por profissionais legalmente 
habilitados, pagos pelo empreendedor. Lembrando que, tanto os profissionais 
que os realizam quanto os empreendedores que os apresentam, são responsáveis 
pelas informações apresentadas, sob as penas da Lei nº 9.605/98. Havendo violação 
ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais, omissão ou falsa 
descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença ou, 
ainda, a superveniência de graves riscos ambientais e de saúde, as condicionantes 
podem ser modificadas, no sentido de corrigi-las de modo a minimizar os riscos 
de danos ambientais, não provocando a nulidade do ato. As condicionantes ainda 
podem ser suspensas, quando a licença fica com a validade suspensa até que a 
obra ou atividade se adéque aos requerimentos ambientais exigidos. 
As licenças devem ser analisadas pelo órgão ambiental no prazo máximo 
de seis meses a contar do ato de protocolar o requerimento, até seu deferimento 
ou indeferimento. Nos casos em que seja necessária a realização do EIA/RIMA 
ou de audiência pública, o prazo será de até 12 meses. O não cumprimento 
desses prazos sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha competência 
para atuar supletivamente. Caso haja algum incidente, como a necessidade de 
realização de esclarecimentos, realização de EIA/RIMA, audiência pública ou 
estudos complementares, o prazo é suspenso. Caso o órgão ambiental requeira 
ao empreendedor esclarecimentos, estes devem ser prestados no prazo de 
quatro meses, a contar do recebimento da respectiva notificação, sob pena de 
arquivamento do pedido de licença. Todos esses prazos poderão ser prorrogados, 
desde que justificado e com a concordância do empreendedor e do órgão 
ambiental competente. Em observância aos Princípios Ambientais da Informação 
e da Participação Popular, nosso ordenamento jurídico exige a publicidade dos 
atos ambientais, sob pena de ser anulado administrativa ou judicialmente.
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UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
LEITURA COMPLEMENTAR
LICENÇA AMBIENTAL DE BELO MONTE
Hugo Penteado
Sobre o caso da usina Belo Monte, tanto Roberto Smeraldi (entrevista ao 
Valor Econômico no dia 28/04/2010) quanto Rogério Cezar de Cerqueira Leite 
(artigo para Folha de São Paulo no dia 19/05/2010) estão certos e errados ao 
mesmo tempo. Certo Smeraldi, porque os problemas ambientais tocados por ele, 
se realmente necessário for construir a usina, precisam fazer parte da equação, 
sim. Certo Leite, quando ataca os ambientalistas verdolengos, porque seu extremo 
é igual a seu oposto: não há diferença alguma entre ambientemaníacos (que não 
enxergam o econômico ou as pessoas) dos economaníacos (que não enxergam o 
meio ambiente nem as pessoas). É muito difícil discutir com ambientemaníacos 
que vivem de luz – podem brigar com os ruralistas com poder de persuasão 
enorme, pois não comem nenhum alimento que vem da terra – e que não possuem 
nenhuma posse – vivem como São Francisco de Assis. Os extremos são idênticos 
e estranhamente nenhum dos dois enxerga as pessoas, é como se a humanidade 
não existisse. 
É possível buscar equilíbrio nesse debate se juntarmos os argumentos de 
Smeraldi e Leite (note que o mesmo vale para o tema Código Florestal trazido à 
tona pelo projeto do deputado Aldo Rebelo). Esse equilíbrio poderia levar aos 
problemas centrais relacionados com a construção da usina Belo Monte. O primeiro 
deles é que a economia não pode ser maior que o planeta e que uma demanda 
crescente de energia é impossível de ser atendida, como muitas outras coisas. 
Por mais que os economistas - e nosso sistema - ignorem, há sim claros limites 
físicos, planetários, ecológicos e acima de tudo sociais para manter o crescimento. 
Aí começa toda uma sucessão de mitos que só estão acelerando ainda mais a rota 
ao precipício. O mito da energia limpa, dos empregos verdes, da economia do 
baixo carbono veio em nosso socorro só para mostrar que os problemas centrais 
seguem teimosamente ignorados. Não podemos ter uma demanda infinita de 
energia, porque produzimos energia para construir carros, casas, construções, 
movimentar instrumentos e equipamentos sobre ecossistemas, cada vez mais 
pressionados e dilapidados. Temos na verdade um problema de matéria e de 
energia e, de acordo com os físicos, o ser humano não produz nenhum dos dois 
e, para ter mais matéria e mais energia, é preciso fazer uso de mais matéria e 
de mais energia (referência encontrada em Nicholas Georgescu-Roegen (1). Uma 
parte importante da matéria de que fazemos uso é o solo finito sobre o qual 
tudo se instala, e a água, finita e viva, produzida por todos os seres vivos e seus 
ecossistemas. Para se ter uma ideia, se todas as plantas e animais sumissem de uma 
hora para outra da Terra, a água, que sequer pode ser estocada, sumiria junto. O 
segundo ponto central é ser absolutamente desnecessário produção adicional de 
energia nesse país, face a falta de atualização tecnológica da estrutura já existente, 
o desperdício estonteante em quase todas as áreas de consumo (vale para água 
TÓPICO 1 | ASPECTOS BÁSICOS DO LICENCIAMENTO E DO DIREITO AMBIENTAL
47
e outros materiais, nossa regra é o desperdício e descarte). Portanto, ao invés de 
simplesmente dizer não à Belo Monte, é necessário mostrar alternativas, porque 
o Brasil e nenhum país irá viver sem energia. Esses dois fatores: 1) há como 
obter oferta de energia adicional com ganho de eficiência e mudança de hábitos 
suficientes para se evitar umas 10 Belo Montes e 2) não há como manter um 
sistema que demanda produção de energia crescente – precisam ser endereçados 
antes que seja tarde demais. Nas cidades do Brasil, no tráfego de automóveis, 
cuja eficiência de energia é baixíssima, bastaria uma mudança no sistema de 
transportes para economizar muitas e muitas Belo Montes. Nas construções idem. 
Nas usinas existentes com turbinas antiquadas idem. Nas linhas de transmissão 
desatualizadas idem. Por que a regra é sempre construir mais, mesmo quando é 
claramente uma ineficiência e um desperdício que, uma vez cortados, poderiam 
evitar maior impacto ambiental? O que define um veneno não é a sua substância, 
mas a quantidade. Nós, seres humanos, não iremos viver de luz, sem posses ou 
sem regalias ou prazeres, mas não podemos ignorar a viabilidade e a distribuição 
das nossas demandas no presente e no futuro, que devem estar sempre de acordo 
com as regras do planeta. Há uma passagem bíblica na qual Deus pergunta a Jó: 
"Porventura fostetu que deste lei à luz da manhã?" Resposta sonora de toda a 
comunidade científica: "Não". A usina de Belo Monte, nesse modelo de crescimento 
eterno, seria a primeira de uma série interminável para atender à expansão 
energética ad eternum de um modelo megalomaníaco que colocou a humanidade 
à beira da sua própria extinção. Os economistas tradicionais acreditam piamente 
que seu sistema econômico imaginário é totalmente descolado do meio ambiente 
ou do planeta que o acolhe. Esses magnânimos intelectuais não sabem e nem se 
preocupam com quanto de água é preciso para atender um crescimento de 5 a 10% 
do PIB. Não há uma só variável nos seus modelos econômicos que contabilize 
a contribuição importantíssima dos serviços irreproduzíveis da natureza, sem 
os quais não teríamos nada. Herman Daly, seguidor de Roegen, que foi chefe 
do Departamento do Meio Ambiente do Banco Mundial décadas atrás, sugeriu 
aos ativistas de ONGs como o Greenpeace, atacar esse pensamento em todos os 
fóruns nos quais esse debate é feito monotonicamente, como se nada de mais 
interessante estivesse acontecendo com o globo terrestre, exceto crescimento 
econômico, expansão de consumo, vendas e lucros. Com isso evitaríamos a 
fábula do rinoceronte de Monteiro Lobato: "Numa determinada cidade um 
rinoceronte fugiu do zoológico e imediatamente foi criado um órgão para sua 
recaptura; a única finalidade desse órgão era jamais achar o bicho, para continuar 
existindo." Nós precisamos capturar o rinoceronte e a única forma é atacar as 
causas dos problemas sistêmicos atuais. Uma causa bem clara é o crescimento 
econômico nesse modelo de consumo e produção que jamais será possível de 
ser disseminado para toda a população terrestre, sem antes gerar guerras e 
hecatombes ambientais colossais e, no limite, a extinção da vida. Outra causa 
importante é o próprio crescimento populacional ininterrupto, associado com 
um explosivo materialismo humano, ou seja, é a combinação de mais pessoas 
inconscientes e sempre insatisfeitas com seu nível de materialismo, que pressiona 
e leva à ruína a capacidade da Terra sustentar a vida. Esse é um destino duro 
que se vislumbra agora, se não mudarmos radicalmente esse modelo. Nada até 
agora indica que mudará. Portanto, antes de falarmos sim ou não à Usina Belo 
48
UNIDADE 1 | POLÍTICA AMBIENTAL BRASILEIRA E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE MITIGAÇÃO
Monte ou de levantar uma oposição ferrenha contra qualquer um dos lados dessa 
questão, precisamos rever nossa posição: somos uma espécie animal vulnerável 
e dependente dos serviços finitos da Terra e de todos os demais seres vivos (sem 
a Amazônia todos nós estaríamos mortos, por exemplo); a pressão da nossa 
espécie desde há muito se tornou ameaçadora demais e pode revogar as bases 
de sustentação da vida, sem tempo hábil para ser reconstituída no ciclo atual 
da vida que conhecemos; já provocamos a maior extinção global da vida dos 
últimos 65 milhões de anos e é muita ingenuidade achar que essa extinção não 
irá se voltar contra os causadores; a causa dos problemas planetários globais e 
locais é nosso modelo econômico e as decisões práticas derivadas dele; não existe 
até agora nenhum exemplo relevante de economia ou sistema sustentável, com 
o abandono da rota de colisão contra a Terra e da nossa mania de crescimento 
quantitativo em detrimento de desenvolvimento qualitativo ou, ao menos, melhor 
mensurado; o crescimento econômico não é nem salvação ecológica nem social, 
na verdade é a razão das mazelas ambientais e é hoje um poderoso mecanismo 
de diferenciação social que cristaliza a distância entre as classes sociais do mundo 
todo; não existe tecnologia atualmente que possa limpar a sujeira a ponto de 
substituir a necessidade urgente de reduzir globalmente nosso consumo, escala 
e desperdício, além do nosso descarte imediato de bens, que transformou a Terra 
numa lixeira e foco de contaminação; qualquer tecnologia que exista só pode ser 
usada com a finalidade de redução, do contrário, insere-se na mesma filosofia 
de "solucionar problemas que antes deveriam ser evitados" (um exemplo são os 
mirabolantes esquemas de captura de carbono, cuja tragédia atmosférica possa até 
torná-los necessários, mas que em nenhum momento eliminariam a necessidade 
do sistema econômico parar de injetar carbono e metano na atmosfera).
O fim do paradigma econômico atual vai ocorrer. O que virá depois 
depende da análise que fizermos de problemas que sempre existiram, mas que 
por uma aceleração histórica e ênfase no comércio global, tornaram-se grandes 
o suficiente para forçar um resultado totalmente diferente do previsto e muito 
indesejável, sob qualquer prisma analisado.
FONTE: Disponível em: <http://www.oeco.com.br/es/podcast/25092-a-licenca-ambiental-de-
belo-monte>. Avesso em: 27 fev. 2012.
49
RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico você viu:
• A Avaliação de Impacto Ambiental (AVA) começa antes mesmo do projeto 
de instalação de um empreendimento, e está inserida naquilo que chamamos 
de Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que é responsável pela melhora da 
eficácia ambiental de uma empresa.
• As diferentes fases de um projeto de AVA, documentação pertinente e 
estruturação de uma equipe multidisciplinar, com formação variada.
• A definição de impacto ambiental, suas consequências e que de certa forma se 
assemelha com o conceito de poluição ambiental.
• Aspectos gerais do processo de licenciamento ambiental, que diferem dos tipos 
de licenças expedidas para cada etapa do projeto de instalação de uma empresa 
com potencial degradador dos recursos naturais.
50
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir.
1 Vamos pensar um pouco? Imagine que você é gestor ambiental, diretor 
de uma grande empresa de consultoria ambiental e é contratado para 
licenciar dois empreendimentos que necessitam passar pelo processo de 
licenciamento ambiental. Ambas são barragens para geração de energia, 
no entanto, uma delas está localizada no sul do país, cercada pela Mata 
Atlântica, e a outra, no norte, em meio à Floresta Amazônica. Assim, reflita 
sobre diversos aspectos que devem ser contemplados para que as licenças 
ambientais sejam fornecidas aos empreendedores dentro do que preconiza 
a lei. Lembre-se de que você deve destacar as peculiaridades de cada região, 
a utilização de profissionais com formação interdisciplinar, os documentos 
a serem preenchidos nos órgãos ambientais pertinentes, o debate com a 
população local de onde serão instalados os empreendimentos, os riscos 
ambientais, os benefícios, enfim, tudo aquilo pertinente ao que vimos até 
agora. Por fim, deve-se chegar à conclusão de um parecer favorável ou não 
à instalação das usinas, e fundamentar o mesmo.
AUTOATIVIDADE
51
UNIDADE 2
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS 
AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO 
DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• identificar os principais problemas associados à exploração dos recursos 
naturais frente aos modelos econômicos tradicionais;
• capacitar-se para o desenvolvimento de políticas que visem à valoração dos 
recursos naturais de acordo com as perspectivas dos modelos econômicos 
atuais;
• compreender as definições básicas dos processos de avaliação e gestão dos 
recursos naturais;
• incorporar a visão de gestor no desenvolvimento de atividades dentro de 
um sistema ecológico ou ambiental;
• conhecer os principais Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), o seu 
funcionamento dentro do ambiente corporativo e a sua aplicação dentro 
da avaliação de impacto ambiental;
• desenvolver planos de políticas ambientais dentro de empresas 
implementando os seus respectivos SGA;
• apreciar os processos de implementação de um Sistema de Gerenciamento 
Ambiental;
• inteirar-se sobre os procedimentos para certificação ambiental através das 
normas técnicas promovidas pelas normas ISO 14000 da ABNT;
• habilitar-se para desenvolver planos e estratégiaspara que o 
empreendimento gerenciado adquira maior credibilidade social através 
da implantação dos respectivos SGA e das certificações.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o auxiliarão na apropriação dos conhecimentos.
TÓPICO 1 – ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
TÓPICO 2 – AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE:
 CONCEITOS E SISTEMAS
TÓPICO 3 – CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM
 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
TÓPICO 4 – GERENCIAMENTO AMBIENTAL
52
53
TÓPICO 1
ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, uma das maneiras mais eficientes de valorizarmos os recursos 
naturais é lidarmos com a degradação ambiental em termos econômicos. Quanto 
custa a extinção de uma espécie ou o esgotamento de um recurso natural? Temos 
que estimar isso monetariamente. Cada vez mais essa estratégia vem sendo 
empregada no manejo dos ecossistemas naturais e é de grande importância. Se 
relembrarmos o que vimos na unidade anterior, principalmente em relação à 
minimização de desperdícios, à diminuição de resíduos e aos impactos ambientais 
gerados, podemos perceber que só a partir do momento em que as empresas 
começarem a pagar, e caro, por isso, é que realmente se adequarão. Talvez não 
por vontade própria, mas, sim, pelo custo.
A seguir veremos alguns aspectos em relação ao desenvolvimento econômico 
da humanidade e como ele influenciou a exploração dos recursos naturais.
2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O desenvolvimento econômico é o enriquecimento dos países, através 
da produção nacional, da acumulação de capitais e da remuneração recebida 
pelos que participam da atividade econômica. Começou com o aparecimento do 
capitalismo e com a Revolução Industrial.
UNI
Para lembrá-lo: a Revolução Industrial ocorreu pela substituição das ferramentas 
pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico 
pelo sistema fabril, em função do impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de 
transformação acompanhado por notável evolução tecnológica. Aconteceu na Inglaterra, 
na segunda metade do século XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo 
(CULTURA BRASILEIRA, 2012).
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
54
A produção de alimentos, resultante do desenvolvimento da agricultura e 
da Revolução Industrial, proporcionou um ímpeto para o crescimento da população 
humana, principalmente pelas melhorias na saúde pública, na medicina e no 
bem-estar material (RICKLEFS, 2003). Com tais avanços tecnológicos ao longo do 
tempo, parece que esquecemos que a nossa dependência da natureza continua. 
Os sistemas econômicos de toda e qualquer ideologia política valorizam as coisas 
feitas por seres humanos que tragam benefício primariamente para o indivíduo, 
mas dão pouco valor aos produtos da natureza. Muitos de nós chegaram a pensar 
que tais recursos não se esgotam e são substituíveis por inovações tecnológicas, 
porém é mais do que comprovado que tal ideia não é verdadeira. A prova disso 
é que os países mais desenvolvidos industrialmente, que cresceram através da 
exploração de combustíveis fósseis, não renováveis, hoje sofrem na busca de 
alternativas econômicas sustentáveis para manter o crescimento (ODUM, 1988).
Os ecossistemas naturais são ambientes frágeis e, muitas vezes, pouco 
compreendidos. Dessa forma, não podemos admitir que a exploração dos 
recursos ocorra de maneira descontrolada. A partir de agora, veremos o quanto 
os ambientes naturais podem estar vulneráveis à ação do homem.
3 VULNERABILIDADE AMBIENTAL
As relações entre os vários componentes do ecossistema e os aspectos 
econômicos, sociais e culturais, vêm provocando algumas questões técnicas ou 
políticas estratégicas para a conservação da natureza. Com a transformação de 
áreas naturais em áreas agrícolas, o ambiente tem se tornado instável, resultando 
no empobrecimento biológico, diminuição da diversidade e incremento de 
espécies indesejáveis. Quando observamos uma área de pastagem de gado, por 
exemplo, nos deparamos com uma paisagem antrópica, onde os fragmentos de 
vegetação natural encontram-se espalhados e reduzidos (ARAÚJO, 2007). 
Os sistemas naturais, devido à sua estrutura e complexidade, são 
ambientes altamente vulneráveis, não podendo sustentar os níveis de exploração 
atual e contrastando com a meta humana de produção máxima. O reconhecimento 
da base ecológica deste conflito entre seres humanos e a natureza é o primeiro 
passo no desenvolvimento de políticas racionais de gerenciamento do ambiente 
(ACSELRAD, 2009).
Assim, Odum (1988) destaca que o ambiente produtivo humano se 
compõe de:
• Ecossistemas de início de sucessão, ou seja, em crescimento, tais como terras 
agrícolas, pastagens, plantações de árvores e florestas intensamente manejadas, 
que fornecem alimentos e fibras. 
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
55
• Ecossistemas maduros, tais como florestas mais antigas, campos naturais 
e oceanos, sendo mais protetores do que produtivos. Eles estabilizam os 
substratos, tamponam os ciclos de ar e água e moderam os extremos da 
temperatura e de outros fatores físicos, ao mesmo tempo em que fornecem 
produtos para o homem. 
• Sistemas aquáticos são outro tipo de ecossistema natural que suporta o impacto 
da assimilação dos vastos resíduos produzidos pelo sistema urbano-industrial e 
agrícola, e se encontram em estágios de recuperação intermediários, eutrofizados.
UNI
Para você não ter dúvidas: 
Você sabe o que é eutrofização? A eutrofização é o aumento da concentração de nutrientes 
(nitratos e fosfatos) em um ambiente aquático devido aos despejos industriais. Como 
consequência disso há o aumento de algas que necessitam desses nutrientes que, por sua 
vez, ao morrerem, provocam a deterioração da qualidade de água, justamente por aumentar 
o processo de decomposição no ambiente.
E o que podemos entender por estágios sucessionais? Podem ser definidos como um 
processo gradual em que as comunidades vão se alterando, devido às mudanças no 
ambiente, até se estabelecer um equilíbrio dinâmico. As fases distintas da sucessão ecológica 
são: comunidade pioneira, comunidade intermediária e comunidade clímax. 
FONTE: Disponível em: <http://www.infoescola.com/biologia/sucessao-ecologica/>. 
Acesso em: 15 jul. 2012.
A divisão da paisagem em três componentes ambientais – o natural, o 
domesticado e o fabricado – é outra maneira conveniente de se considerar as 
necessidades e inter-relações entre essas partes importantes da nossa “casa”.
Embora o ambiente urbanizado esteja inserido no ambiente natural, por 
dele obter as suas necessidades biológicas básicas, ele cria e exporta outros recursos, 
principalmente não bióticos, tais como, fertilizantes, dinheiro, energia processada 
e bens, que tanto beneficiam como estressam o ambiente de manutenção da vida. 
Uma das principais metas da humanidade, de agora em diante, é aumentar o 
subsídio e reduzir o estresse causado pela perda de recursos naturais. 
Assim surge a economia ambiental ou ecológica, que prevê a valoração 
dos impactos causados ao meio ambiente, como, por exemplo, a sobre-exploração 
dos recursos naturais. É o que veremos em maiores detalhes a seguir.
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
56
4 ECONOMIA AMBIENTAL
A economia moderna tem a sua origem no trabalho de Adam Smith, no 
século XVIII. Smith estava preocupado em determinar como as ações de cada 
indivíduo, movidas unicamente pelo próprio interesse, podiam levar ao bem 
comum. Mas foi no século XIX, com os trabalhos de Thomas Malthus e David 
Ricardo, dois economistas muito influentes, que houve uma clara união conceitual 
entre ecologia e economia.
De acordo com Malthus (apud DOMINGOS, 2004), o crescimento 
populacional seria geométrico (exponencial), enquanto o aumento dos recursos 
seria aritmético.Isto indicava que a população ultrapassaria os recursos 
disponíveis, levando à fome, à crise social e à economia generalizada. No entanto, 
é interessante notar que somente parte dessa teoria se concretizou. A população 
chegou a níveis alarmantes. No entanto, em relação à falta de alimentos, sabe-se 
hoje que não é a sua escassez, e sim a distribuição irregular da comida que faz 
com que haja tantos famintos atualmente em nosso planeta.
 
Já o cientista Ricardo (apud DOMINGOS, 2004) se preocupou com o 
esgotamento dos recursos da Terra. Segundo ele, a necessidade do aumento da 
produção agrícola levaria à utilização de áreas cada vez maiores. No entanto, as 
áreas sucessivamente utilizadas para a produção agrícola resultariam em menor 
produtividade. Esta era a época que se designava como Economia Clássica, cujas 
ideias estavam em clara sintonia com o que são hoje as preocupações fundamentais 
em termos ambientais.
A palavra ecologia deriva do grego, traduzindo-se como “manejo da 
casa”, e, apesar de terem significados semelhantes, possuem visões divergentes 
em muitos aspectos (RICKLEFS, 2003).
Dessa forma, a economia ambiental pode ser resumida como uma análise 
econômica aplicada à sustentabilidade ambiental, ou seja, à realização de uma 
gestão adequada dos recursos disponíveis no ambiente. A economia de um país, 
ou mesmo do mundo, depende diretamente dos recursos ambientais, e, muitas 
vezes, o progresso econômico desordenado resulta em degradação ambiental. O 
contrário também é verdadeiro, a exaustão de recursos ambientais leva ao declínio 
econômico, portanto, a economia ambiental visa analisar do ponto de vista 
econômico as questões ambientais, buscando soluções para não comprometer 
excessivamente os recursos existentes, como veremos a seguir.
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
57
5 ECONOMIA DOS RECURSOS NATURAIS
Você já estudou que o capitalismo visa à produção e ao lucro, o que 
demanda a exploração dos recursos naturais. Os recursos naturais são classificados 
em dois grupos distintos: os recursos naturais não renováveis e os recursos 
naturais renováveis. Os recursos naturais não renováveis abrangem todos os 
elementos que são usados nas atividades antrópicas e que não têm capacidade de 
renovação. Isso quer dizer que quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem. 
Diante desse fato, é importante adotar medidas de consumo comedido, poupando 
recursos para o futuro. 
Já os recursos naturais renováveis detêm a capacidade de renovação após 
serem utilizados pelo homem em suas atividades produtivas. Os recursos com 
tais características são: florestas, água e solo. Caso haja o uso ponderado de tais 
recursos, estes certamente não se esgotarão (FREITAS, 2009).
A visão econômica, principalmente em relação à conservação sustentável 
dos recursos naturais, permanece como o principal obstáculo a qualquer tipo de 
planejamento da utilização ambiental. O problema é que, independentemente do 
sistema político em países diversos, os bens e serviços industriais do mercado, tais 
como automóveis ou eletricidade, recebem valores econômicos altos, enquanto 
que os bens e serviços da natureza, tais como purificação e reciclagem de ar e água, 
que são igualmente e até muitas vezes mais vitais, permanecem, na maior parte, 
externos ao sistema econômico, recebendo pouco ou nenhum valor monetário.
DICAS
Leia, a seguir, a resenha de Brown (1978), para entender um pouco sobre 
perspectivas econômicas globais. Os economistas não estão acostumados a pensar sobre 
o papel dos sistemas biológicos na economia e muito menos sobre a condição desses 
sistemas. A mesa de trabalho do economista pode estar coberta de referências que contêm os 
indicadores mais recentes de saúde da economia, porém, muito raramente, ele se preocupa 
com a saúde dos principais sistemas biológicos da Terra. Esta falta de consciência ecológica 
tem contribuído para algumas falhas nas análises econômicas e formulações de políticas.
Este autor separa quatro sistemas biológicos como sendo a base da economia global: 
• sistema oceânico de pesca; 
• florestas;
• campos naturais e 
• terras agrícolas.
A condição da economia e destes sistemas biológicos não pode ser separada. À medida que 
a economia global se expande, aumentam as pressões sobre os sistemas biológicos. Em 
grandes áreas do mundo, as demandas humanas sobre estes sistemas estão atingindo um 
nível insustentável, um ponto onde a sua produtividade está sendo prejudicada. Quando isso 
ocorre, as indústrias pesqueiras entram em colapso, as florestas desaparecem, os campos 
naturais são convertidos em ermos estéreis e as terras agrícolas se deterioram com a 
qualidade do ar, da água e de outros recursos de manutenção da vida.
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
58
Anteriormente vimos que muitos dos recursos ambientais não são 
renováveis, ou seja, desaparecem, e a probabilidade de que ressurjam em um 
curto período de tempo é muito pequena. Dessa forma, é preciso estabelecer 
critérios de valorização destes recursos. É o que veremos a seguir.
6 VALORAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS
O conceito de valor econômico é proveniente das ciências econômicas 
e tem relação com as mais diversas atividades exercidas pelo homem. O valor 
econômico dos recursos naturais existe na medida em que seu uso altera o nível 
de produção e consumo ou o bem-estar da sociedade. 
UNI
Bem ou serviço ambiental é uma classificação especial que surgiu para 
incrementar e incentivar o uso e o comércio internacional de tais bens, que seriam 
beneficiados por vantagens tarifárias, mas, por outro lado, sujeitos a restrições ambientais em 
sua produção ou utilização (OLIVA; MIRANDA, 2009).
A ideia de valoração surge como uma alternativa para a preservação. Se 
aos recursos naturais, antes vistos como bens livres e agora reconhecidos como 
recursos naturais escassos, forem atribuídos preços capazes de refletir a sua 
escassez, sua preservação será contemplada de maneira mais eficiente. O valor 
econômico de um bem ou serviço ambiental pode ser definido como a expressão 
monetária dos benefícios obtidos com o seu consumo. Desse modo, pode-se 
entender que a valoração econômica dos recursos naturais é a atribuição de um 
valor econômico a um recurso natural por intermédio da definição de quanto 
oscilará o bem-estar das pessoas em razão da oferta desses bens e serviços 
ambientais.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico define 
por bens (ou serviços) ambientais aqueles que tenham por finalidade medir, 
prevenir, limitar, minimizar ou corrigir danos ambientais à água, ao ar e ao solo, 
bem como os problemas relacionados ao desperdício, poluição sonora e danos aos 
ecossistemas. São considerados como serviços ambientais: tratamento de água e 
esgoto, serviços de eliminação de lixo, limpeza e manutenção de propriedades 
públicas e serviços sanitários, assim como outros vinculados ao meio ambiente, 
como ecoturismo e serviços para aprimorar e racionalizar a utilização de recursos 
naturais.
Para ajudar a entender o ponto de vista econômico, o quadro a seguir faz 
a comparação de valores do mercado e externos ao mercado:
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
59
QUADRO 1 - ATRIBUIÇÕES DE VALORES PARA BENS E SERVIÇOS DE MERCADO E SUA
COMPARAÇÃO A BENS NATURAIS
VALORES DO MERCADO VALORES EXTERNOS AO MERCADO
Bens e serviços manufaturados (produtos de 
fábricas, fazendas e serviços comerciais) que 
são utilizados num mercado livre através 
da competição, da oferta e da procura. 
Teoricamente, o preço do mercado reflete a 
avaliação de um item pela sociedade, mas, na 
prática, muitas vezes se necessita de algum 
controle governamental.
Bens e serviços da natureza, denominados 
públicos ou gratuitos. De modo geral, estes 
valores sem preço são externos à economia 
de mercados.
Atribuíveis: podem receber valores 
monetários. Exemplo: tratamento de 
efluentes, substituição de um ambiente 
natural etc.
Nãoatribuíveis: não podem ser tratados no 
sistema econômico convencional. Exemplo: 
patrimônios públicos, beleza natural, culturas 
indígenas, ecossistemas naturais etc.
FONTE: O autor
NOTA
O exemplo do Mercado de Carbono
 Atualmente muito se tem falado em “Mercado de Carbono”, mas afinal, o que podemos 
entender sobre este assunto? Uma das principais preocupações dos atuais governos é 
relativa ao aquecimento global. Não devemos confundir o aquecimento com o efeito estufa, 
que é de ocorrência natural. O que acontece é que as emissões de Gases do Efeito Estufa 
(GEEs) têm aumentado significativamente nas últimas décadas e um dos principais vilões é 
o gás carbônico ou CO
2
 devido a queimadas e ao aumento do consumo dos combustíveis 
derivados do petróleo. Esse gás potencializa o efeito estufa que, por sua vez, faz com que 
a temperatura média do planeta Terra fique mais alta, tendo inúmeras consequências 
negativas. Uma das soluções encontradas para minimizar o lançamento de CO
2
 na atmosfera 
foi através do mercado de carbono. Esse constitui um mecanismo de “sequestro de carbono 
da atmosfera” ou retirada de carbono através da adoção de tecnologias limpas, como, 
por exemplo, o plantio de florestas, que fixam o CO
2
 através da fotossíntese, ou mesmo 
mecanismos de retirada do gás carbônico dos vapores lançados pelas indústrias. De acordo 
com o protocolo de Quioto (1997), a todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento 
foram estipuladas cotas de emissões de GEE e estes deveriam adotar estratégias para atingir 
as reduções estipuladas. Porém, o que acontece é que, muitas vezes, algumas empresas 
ou países não conseguem alcançar as metas de redução. Portanto, as empresas ou países 
que não conseguirem cumprir os índices estabelecidos nacional e internacionalmente 
são obrigados a comprar a cota de poluição que outra empresa ou país deixou de emitir, 
através da compra de créditos de carbono. Vamos a um exemplo prático! Se minha cota 
de emissão é de 10 toneladas de carbono ao mês, mas, através de algum mecanismo, eu 
consigo baixar minhas emissões para 8 toneladas, restam-me 2 toneladas para que possa 
negociar na bolsa de valores, por exemplo, a um preço variável. Ocorre, também, de países 
desenvolvidos promoverem a redução de GEE em países em desenvolvimento através do 
mercado de carbono quando adquirem créditos de carbono provenientes destes países, ou 
seja, pagando por esses créditos, pois normalmente os países desenvolvidos, com um grau 
de desenvolvimento muito grande, dificilmente conseguem alcançar as cotas estipuladas 
(C&T Brasil, 2006). De acordo com Rocha (2003), a criação de um mercado de emissões é 
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
60
similar ao estabelecimento de qualquer outro mercado de commodities. O desenvolvimento 
deste novo mercado começa com o governo estabelecendo a quantidade de emissão 
que pode ser negociada. Um número correspondente de permissões é, então, colocado à 
disposição dos agentes negociadores das empresas, pois cada permissão irá definir um limite 
para a emissão de CO
2
. Se essa empresa, através de mecanismos de redução das emissões, 
conseguir ficar abaixo do limite, pode negociar o excedente diretamente com outra empresa 
ou através da bolsa de valores, como já exemplificado. Especula-se que o valor para cada 
tonelada de carbono retirado da atmosfera fique entre 10 e 20 dólares. No caso do Brasil, 
este pode utilizar até 1% de suas emissões totais, visto que existe uma pequena diferença 
entre o emitido e aquilo que efetivamente deixamos de poluir. Mesmo assim, este 1% é muito 
significativo. Pode-se dizer que o Brasil é pioneiro entre os países em desenvolvimento, 
através de um processo de comercialização adequado, por meio do Mercado Brasileiro de 
Reduções de Emissões – MBRE, implantado pela Bolsa de Mercadorias e Futuros – BM&F. 
Esta comercialização, contudo, não é obrigatória e, como já foi falado, os créditos podem 
ser vendidos diretamente ou mesmo em bolsas de outros países. Até 2007, o Brasil contava 
com a participação de 217 projetos de redução de emissões, visando o 1% disponível para o 
Mercado de Carbono, cenário que deve mudar devido à entrada de pequenos empresários 
neste setor. Esses projetos representam a redução de 185 milhões de toneladas de CO
2
, 11% 
do total mundial. Se negociarmos a 10 dólares a tonelada e mantivermos um crescimento de 
40% do número de projetos de redução de carbono ao ano, até 2015 um acréscimo ao PIB 
de R$ 53 bilhões será contabilizado, algo perto de 2,2% do PIB.
 
Fonte: IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/mapa_site/mapa_site.
php#economia>. Acesso em: 17 dez. 2012.
7 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Atualmente, as questões relacionadas ao futuro do planeta e à conservação 
dos recursos naturais estão em alta. Podemos pensar um pouco? Como 
sustentaremos a população humana em expansão exponencial e ainda assim 
manter uma saudável qualidade de vida e em harmonia com o meio ambiente? 
Qual será o futuro de nossa espécie? Os valores humanos são compatíveis com os 
valores naturais? Com essas questões, surgem diversos programas para “limpar” 
a natureza e proteger espécies ameaçadas com considerável sucesso. Muitos 
países adotam legislações e acordos internacionais em questões como a poluição 
do ar, o comércio de espécies ameaçadas e os direitos de propriedade para os 
produtos naturais.
 
Muitas vezes, o desenvolvimento é relacionado apenas com o crescimento 
econômico de uma cidade ou um país que depende do consumo crescente 
de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser 
insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos. Desses recursos depende 
não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento 
econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de 
quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da 
reutilização e da reciclagem.
FONTE: Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/
desenvolvimento_sustentavel/>. Acesso em: 7 dez. 2012.
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
61
IMPORTANT
E
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável surgiu na Comissão 
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e 
propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação 
ambiental. Sendo assim, é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração 
atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o 
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro (WWF – BRASIL).
Dada a vulnerabilidade dos ecossistemas naturais e da sua diversidade 
ecológica, dois aspectos são de fundamental importância dentro do funcionamento 
dos ecossistemas: o direcionamento da energia e a reciclagem contínua de 
materiais. Em outras palavras, em que prazo nós teremos a renovação de um 
recurso explorado?
Nos sistemas naturais, a fonte primária de energia é a luz do Sol. A 
sua reciclagem é realizada por alguns processos regenerativos, seja de origem 
física, química ou biológica. Qualquer desequilíbrio que leve à acumulação ou à 
depressão de algum componente de um ecossistema é normalmente corrigido por 
processos dinâmicos de automanutenção do ecossistema. Só para você entender 
melhor, vamos exemplificar: quando a matéria orgânica morta se acumula 
num sistema, o número de organismos detritívoros aumenta para consumir o 
excesso de detrito. Dos componentes da atmosfera, até plantas, animais e micro-
organismos modificam a condição dos ecossistemas terrestres e são responsáveis 
pela manutenção de sua qualidade. Quando os processos naturais são rompidos, 
os ecossistemas podem não ser mais capazes de manterem a si próprios. Podemos 
notar isso nas mudanças que ocorrem nos solos e nas correntes de água após o 
desmatamento de uma floresta. 
Como ocorrecom qualquer organismo dentro de um sistema, todas as 
atividades humanas trazem consequências para o ambiente. Todavia, como 
fazemos parte da espécie que mais interfere e ameaça os processos ecológicos, 
a seguir, Ricklefs (2003) nos dá alguns exemplos de efeitos tanto diretos quando 
indiretos da espécie humana nestes processos:
• Sobre-exploração – a pesca, a caça, a pastagem, a coleta de madeira para 
combustível, a retirada de madeira e afins são as interações clássicas 
consumidor-recurso. Na maioria dos sistemas naturais essas interações atingem 
estados estacionários porque, à medida que um recurso se torna escasso, a 
eficiência da exploração e também de sobrevivência cai. Onde a fertilidade 
da terra for exaurida, a população humana pode perder a base dos recursos 
de que necessita para se sustentar. Ainda, nos casos em que a população não 
pode mais se mover para outras áreas, ou trocar suas fontes de alimentos, a 
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
62
perspectiva do controle populacional pela fome e doenças associadas, além 
do conflito social, pode ser uma realidade. Para resolvermos este problema, 
devemos limitar a exploração das populações e recursos às produtividades 
máximas sustentáveis, considerando usos sustentáveis alternativos da terra; 
aumentar a intensidade da agricultura em terras capazes de sustentá-la; e 
aprimorar a distribuição de alimentos entre as áreas de produção e as áreas de 
consumo.
• Introdução de espécies exóticas – intencional ou não intencionalmente, os 
humanos têm levado outras espécies para toda parte do mundo. Estas incluem: 
plantas comestíveis, plantas para horticulturas e suas pragas, árvores de valor 
comercial, animais domésticos para trabalho ou alimento, aves, mamíferos 
para esporte de caça, organismos patogênicos e frequentadores de habitações 
humanas como baratas e aranhas. O resultado deste movimento de espécies 
entre os continentes é a distribuição global de espécies da flora e da fauna, 
podendo em, alguns casos, resultar na eliminação ou expulsão das espécies 
locais (nativas) devido à desvantagem competitiva destas últimas.
• Conversão de habitat – alterar a natureza básica de um habitat como a estrutura 
física, muitas vezes, perturba os processos naturais de regeneração e controle. 
Exemplo: derrubada de florestas de manguezal, que controlam o regime de 
inundação, as migrações de peixes, o transporte de sedimentos, entre outros, 
para construções humanas.
• Eutrofização – os fertilizantes aplicados na agricultura para aumentar a 
produção acabam alcançando o subsolo e de lá os rios, lagos e, por fim, oceanos. 
Os nitratos, fosfatos e outros fertilizantes inorgânicos presentes nas águas têm 
o mesmo efeito que na produção em terras cultivadas: o aumento da produção 
biológica. A sobreprodução como uma consequência dessa fertilização artificial, 
frequentemente chamada eutrofização, pode originar águas turvas, acumular 
material orgânico, aumentar as taxas de decomposição bacteriana e provocar a 
desoxigenação da água, matando peixes e outros organismos. Problema ainda 
maior para a qualidade das águas é a entrada direta de resíduos orgânicos, como 
o esgoto e o escoamento diário de alimentos. Materiais orgânicos suspensos 
ou dissolvidos na água criam o que é conhecido como demanda biológica 
de oxigênio, significando que a decomposição desses materiais por bactérias 
consome o oxigênio presente na água. Uma das alternativas para o controle 
da eutrofização está em cortar as fontes externas de nutrientes orgânicos, seja 
desviando as entradas para corpos de água maiores, que possam absorvê-los, 
seja por tratamento de esgoto.
• Acumulação de toxinas – ocorre pela acidificação de solos e águas, 
principalmente pela mineração do carvão, composto por enxofre e nitrogênio. 
Estes, quando liberados na atmosfera, produzem a chuva ácida e trazem 
consequências como a diminuição do pH do solo, aumento da lixiviação dos 
nutrientes do solo e dificuldade de assimilação de nutrientes pelas raízes das 
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
63
plantas. A liberação de metais pesados e compostos orgânicos na queima de 
combustíveis e nos pesticidas de plantações também são exemplos de outras 
toxinas derivadas das atividades humanas que podem se acumular em sistemas 
biológicos.
• Alternativas: filtrar os gases nocivos dos efluentes das usinas de energia e dos 
automóveis, encontrar alternativas energéticas para a queima de combustíveis 
fósseis e reduzir a demanda total por energia. Já a biorremediação (uso de 
agentes biológicos, como micro-organismos e plantas para limpar o ambiente) 
é uma alternativa usada para transformar os pesticidas e outros compostos 
tóxicos em subprodutos inofensivos.
• Destruição da camada de ozônio – vários poluentes aerossóis, especialmente 
os clorofluorcarbonados (CFCs), reduzem as concentrações de ozônio (O3) 
na atmosfera superior. Ainda, estes poluentes absorvem a radiação solar de 
comprimento de onda curto, proporcionando mais radiação ultravioleta 
danosa na superfície da Terra. Na Convenção de Viena (1985) e no Protocolo 
de Montreal (1987), os países realizaram acordos para eliminar o uso de todos 
os CFCs até o fim do século XX.
• Efeito estufa – o dióxido de carbono (CO2) ocorre naturalmente na atmosfera, 
onde absorve a radiação infravermelha de comprimento longo de onda, 
evitando a perda de calor ao mesmo tempo em que permite a passagem da 
luz solar visível e da radiação ultravioleta (ondas curtas). Os níveis crescentes 
de dióxido de carbono na atmosfera, produzidos pela queima de combustíveis 
fósseis e pelo desmatamento e queima de florestas, ameaçam aumentar a 
temperatura média da Terra em torno de 2o C a 6o C, com consequências 
potencialmente adversas para os ecossistemas naturais e para a agricultura. 
Além disso, o derretimento das calotas polares de gelo e a expansão das águas 
oceânicas aquecidas ocasionarão a elevação do nível dos mares.
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
64
NOTA
O Protocolo de Quioto é o único tratado internacional que estipula reduções 
obrigatórias de emissões causadoras do efeito estufa. O documento foi ratificado por 168 
países, porém o processo ainda está em negociação com países como os Estados Unidos, 
maiores emissores mundiais, e a Austrália.
8 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
Em um primeiro momento, a resolução da crise ambiental pela qual 
estamos passando parece fácil. Mas será que é mesmo assim? 
Uma coisa é certa: esta crise não pode ser totalmente resolvida até que o 
crescimento populacional humano seja interrompido, o consumo da energia decline 
e o desenvolvimento econômico leve os valores ecológicos em consideração. 
Além da diminuição do consumo de recursos naturais, é de preocupação 
imediata a preservação da biodiversidade (principalmente as espécies endêmicas), 
que abrange toda a variedade dos seres vivos na Terra e que responde pela 
manutenção do equilíbrio da natureza, que é de onde retiramos nossos produtos.
IMPORTANT
E
Saiba algumas definições importantes, de acordo com Ricklefs (2003):
• Biodiversidade - o termo biodiversidade ou diversidade biológica descreve a riqueza e a 
variedade do mundo natural.
• Espécies endêmicas – espécies cujas distribuições estão limitadas a uma determinada área. 
Exemplo: espécies endêmicas da floresta amazônica, só ocorrem neste ambiente.
O valor de cada espécie está baseado em considerações morais gerais, na 
estética, na economia e nos seus benefícios recreacionais que nós usufruímos, 
bem como, no seu papel como indicadora de qualidade ambiental (a presença 
ou a ausência de certas espécies pode dizer se determinado ambiente é mais 
degradado ou conservado). A diversidade de espécies em sistemas ecológicos 
pode ter um valor intrínseco de estabilizar a função do ecossistema. Um número 
crescente de estudos está mostrando que sistemas diversos são maiscapazes de 
manter a alta produtividade em face de variações ambientais.
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
65
Com esse panorama evidenciado e sabendo que hoje a conservação 
ambiental é prioridade, temos que pensar em todas as metodologias possíveis 
para tentarmos visualizar nossos impactos no ambiente natural e, claro, no que 
podemos fazer para diminuir esse impacto. A seguir vamos conhecer o conceito 
de pegada ecológica, e o que quantifica nosso impacto sobre o meio ambiente.
9 O CONCEITO DE PEGADA ECOLÓGICA
Como vimos, a conservação dos recursos naturais envolve várias questões 
políticas, econômicas, culturais, entre outras. Porém, podemos nos autoanalisar e 
descobrir a quantidade de recursos naturais que precisamos para sustentar nosso 
estilo de vida, o que inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, 
as roupas que usamos, o transporte que utilizamos, aquilo que comemos, o que 
fazemos nas horas de lazer, os produtos que compramos e assim por diante. Essa 
é a nossa pegada ecológica.
No ano de 1996, dois cientistas publicaram o livro Pegada Ecológica 
– reduzindo o impacto do ser humano na Terra, apresentando ao mundo um 
novo conceito no universo da sustentabilidade. 
FONTE: Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_
ecologica/historico/>. Acesso em: 7 dez. 2012.
O uso excessivo de recursos naturais, o consumismo exagerado, a 
degradação ambiental e a grande quantidade de resíduos gerados são rastros 
deixados por uma humanidade que ainda se vê fora e distante da natureza. 
FONTE: Disponível em: <http://www.alvissaras.net/index.php?option=com_
content&view=article&id=39:o-que-e-pegada-ecologica&catid=14:cotidiano&Itemid=16>. 
Acesso em: 7 dez. 2012.
NOTA
A pegada ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa corresponde 
ao tamanho das áreas produtivas de terra e de mar necessárias para gerar produtos, bens e 
serviços que sustentem determinados estilos de vida (WWF-BRASIL).
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
66
Para calcular as pegadas foi preciso estudar os vários tipos de territórios 
produtivos (agrícola, pastagens, oceanos, florestas, áreas construídas) e as 
diversas formas de consumo (alimentação, habitação, energia, bens e serviços, 
transporte e outros). As tecnologias usadas, os tamanhos das populações e 
outros dados também entraram na conta. Cada tipo de consumo é convertido, 
por meio de tabelas específicas, em uma área medida em hectares. Além disso, 
é preciso incluir as áreas usadas para receber os detritos e resíduos gerados e 
reservar uma quantidade de terra e água para a própria natureza, ou seja, para 
os animais, as plantas e os ecossistemas onde vivem, garantindo a manutenção 
da biodiversidade.
De modo geral, sociedades altamente industrializadas, ou seus cidadãos, 
“usam” mais espaços do que os membros de culturas ou sociedades menos 
industrializadas. Assim, suas pegadas são maiores, pois ao utilizarem recursos 
de todas as partes do mundo, afetam locais cada vez mais distantes, explorando 
essas áreas ou causando impactos por conta da geração de resíduos. 
Como a produção de bens e consumo tem aumentado significativamente, 
o espaço físico terrestre disponível já não é suficiente para nos sustentar no 
elevado padrão atual. Para assegurar a existência das condições favoráveis à 
vida precisamos viver de acordo com a “capacidade” do planeta, ou seja, de 
acordo com o que a Terra pode fornecer e não com o que gostaríamos que ela 
fornecesse. Avaliar até que ponto o nosso impacto já ultrapassou o limite é 
essencial, pois só assim poderemos saber se vivemos de forma sustentável.
FONTE: Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_
ecologica/o_que_compoe_a_pegada/>. Acesso em: 7 dez. 2012. 
DICAS
Faça o teste de sua pegada ecológica: Disponível em: <http://www.wwf.org.br>. 
Acesso em: 20 fev. 2012.
Ao longo destes primeiros assuntos da Unidade 2 do nosso Caderno de 
Estudos foram abordados, de maneira ampla, muitos dos aspectos relacionados 
aos impactos causados pelas empresas e suas atividades, a vulnerabilidade a que 
nossos recursos estão sujeitos, as origens da economia ambiental e assim por 
diante. Desta forma, e como preconiza o desenvolvimento sustentável, não é mais 
possível separar meio ambiente e exploração econômica. Os dois devem caminhar 
juntos. E como não poderia deixar de ser, ao falarmos em avaliação de impactos 
ambientais, temos que ter em mente, de maneira geral, que esta é a forma de 
mensurar os impactos causados, seja por uma determinada atividade, ou mesmo 
o impacto causado pela exploração de um determinado recurso natural.
TÓPICO 1 | ORIGENS DA ECONOMIA AMBIENTAL
67
Assim, termos a noção de alguns dos aspectos de administração e de gestão 
empresarial facilita muito na hora de compreender como gerir um determinado 
recurso natural. Como já foi dito, esta é uma disciplina multidisciplinar e ampla, 
mas optou-se por evidenciar os métodos de controle ambiental nas empresas. 
Estamos vivendo um período muito delicado na história, e se nada fizermos 
para frear o impacto do homem sobre a natureza, talvez daqui a algum tempo poderá 
ser tarde demais. Essas medidas de mitigação e prevenção devem ser adotadas, não 
porque estão na moda, ou apenas para polir a imagem daqueles que usufruem dos 
recursos ambientais, mas porque os ecossistemas naturais são realmente frágeis, 
como vimos no início desta unidade. Avisos não estão faltando. Basta olhar para as 
crises do petróleo, da água e mesmo do clima, com o aumento do efeito estufa e o 
aquecimento global. Ainda podem ser evidenciadas inúmeras catástrofes ambientais, 
como inundações e tempestades, resultados diretos da ação do homem sobre a 
natureza. E todas essas informações servirão para que algum dia vocês possam 
exercer a função de gestores do meio ambiente com dignidade e conhecimento de 
causa, e multipliquem esse conhecimento, fazendo com que o despertar de uma 
consciência ecológica fique cada vez mais em evidência. 
68
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu:
• Um pouco da história do desenvolvimento econômico e do início da exploração 
dos recursos naturais a partir da Revolução Industrial.
• A atribuição de valores monetários aos bens e recursos ambientais.
• Aspectos que tornam o meio ambiente muito vulnerável à exploração antrópica.
• O conceito de desenvolvimento sustentável.
• Aspectos conservacionistas que visam mitigar os impactos causados pela 
exploração de recursos ambientais.
69
AUTOATIVIDADE
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir.
1 Relacione a segunda coluna com a primeira, de acordo com as definições:
a) Bem ou serviço ambiental.
b) Desenvolvimento sustentável.
c) Mercado de carbono.
( ) Um instrumento de mitigação de gases do efeito estufa, e que pode ser 
utilizado de diferentes formas, como por exemplo, no plantio de árvores 
em número suficiente que compensem o dano causado.
( ) Tem como objetivo suprir as necessidades da geração atual, sem 
comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. 
( ) Tem como objetivo a prevenção, minimização ou correção de danos 
ambientais, bem como problemas relacionados ao desperdício, poluição 
e danos aos ecossistemas. 
2 Para você refletir e pesquisar, explique a frase “À medida que a economia 
global se expande, teoricamente as pressões sobre os sistemas biológicos 
aumentam. Mas, na mesma direção, os sistemas de exploração tornam-se 
mais eficientes e novos métodos para minimização dos efeitos da retirada 
dos recursos naturais são criados. Mesmo assim, caminhamos para um 
desenvolvimento “não sustentável”. Por quê? Justifique sua resposta com 
base nos atuais padrões de consumo.
70
71
TÓPICO 2
AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE:
CONCEITOS E SISTEMAS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Este tópico busca fazer oentendimento entre conceitos 
utilizados dentro do ambiente corporativo e sua aplicação à avaliação e ao 
gerenciamento do meio ambiente. Serão analisados os conceitos de administrar e 
gerenciar um recurso, não importando se ele é um recurso financeiro ou ambiental. 
Apesar da similaridade entre estes dois conceitos, podemos notar pequenas 
diferenças, e que veremos ao longo da unidade. Inicialmente focaremos esses 
conceitos para o ambiente empresarial, quais as diferenças entre um e o outro, 
aspectos importantes para o bom funcionamento das empresas, entre outros 
aspectos pertinentes. Ao final da Unidade 2 mostraremos como essas ferramentas 
podem estar relacionadas com o manejo dos recursos naturais e, principalmente, 
a utilização destes para a mensuração ou avaliação de impactos ambientais.
2 GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO: PRINCIPAIS DIFERENÇAS
Atualmente, a palavra gestão é empregada com muita frequência, não importa 
qual seja o ambiente onde estamos inseridos. Falamos hoje de gestão de negócios, 
gestão de pessoas, gestão comercial e gestão ambiental. Seja no ambiente corporativo 
ou em instituições de ensino, pode-se dizer que essa é uma palavra que está na moda. 
Mas qual é o real significado do termo gestão? E qual ou quais são as principais 
diferenças entre o ato de gerenciar e o ato de administrar um empreendimento?
 
Um conceito importante, que necessitamos ter claro, é o significado 
de organização. De acordo com Hampton (2005), uma organização pode ser 
entendida como uma combinação intencional de pessoas e de tecnologia para 
atingir um determinado objetivo. Assim, uma escola pode ser uma organização, 
bem como uma empresa, e mesmo o ambiente familiar pode ser entendido da 
mesma maneira. Maximiano (2004) destaca que a sociedade é feita de organizações 
e que estas fornecem os meios para o atendimento das necessidades das pessoas. 
Serviços de saúde, água e energia, segurança, controle da poluição, fiscalização e 
educação são apenas alguns exemplos. Tente pensar em algo que você use e que 
não dependa de alguma organização. É difícil, pode apostar.
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
72
Já os recursos humanos, o capital a ser investido e toda a matéria-prima 
compõem os recursos que ingressam nessa organização. Daí, podemos imaginar 
que existem entradas e saídas, e que para a sobrevivência das empresas, ao 
final do processo, deve existir um saldo positivo, entendido como lucro dessa 
organização. O esquema a seguir ilustra bem o conceito que estamos estudando:
IMPORTANT
E
“A origem da palavra organização vem do grego – organon, que significa 
instrumento ou ferramenta e considera um comportamento organizacional mecânico, cujas 
ações decorrerão sob certos padrões e que irão gerar produtos dentro de alguma expectativa 
ou margem”. (MAXIMIANO, 2004, p. 25).
FIGURA 1 - PRINCIPAIS COMPONENTES DAS ORGANIZAÇÕES
FONTE: Maximiano (2004, p. 26)
RECURSOS
HUMANOS
MATERIAIS
FINANCEIROS
INFORMAÇÃO
ESPAÇO
TEMPO
PROCESSOS DE
TRANSFORMAÇÃO
DIVISÃO DO
TRABALHO
PRODUTOS
SERVIÇOS
OBJETIVOS
Dessa maneira, podemos começar a entender que uma organização 
está estruturada em diferentes partes e que, para que essas partes interajam e 
funcionem, é necessário administrar esse sistema. Administrar ou gerir? A 
administração, além da eficácia na direção dos recursos, envolve sua correta 
utilização, para que uma organização atinja um objetivo específico. Assim, o ato 
de administrar envolve planejamento, organização, direção e controle. O sucesso 
do empreendimento depende da eficácia desses quatro fatores. Podemos citar, 
como exemplo, uma fábrica de sorvetes, na qual o ato de fornecer as condições 
ideais para aquelas pessoas que fazem o sorvete pode ser entendido como o ato 
de gerenciar a organização. Isso implica trabalhar com tecnologia, pessoas e 
dinheiro, num esforço para conseguir o desempenho das tarefas propostas. A 
administração sugere a ação de administrar, ou seja, observar, fiscalizar e agir 
sobre o que está estabelecido, mantendo o funcionamento.
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS
73
A figura a seguir nos mostra como uma organização ou empresa está 
estruturada e quais setores estão subordinados à administração da empresa 
(Figura 2). Repare que em cada um destes a gestão poderá atuar, como, por 
exemplo, através do emprego de novas tecnologias, visando à melhora de cada 
um dos segmentos em particular.
FIGURA 2 - PRINCIPAIS FUNÇÕES ORGANIZACIONAIS
FONTE: Maximiano (2004, p. 28)
ADMINISTRAÇÃO
GERAL
PESQUISA E
DESENVOLVIMENTOOPERAÇÕES
MARKETING
FINANÇAS
RH
Você sabia?
 Eficácia é a palavra usada para indicar que a organização realiza seus objetivos. Quanto 
mais alto o grau de realização dos objetivos, mais a organização é eficaz.
 Eficiência é a palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou 
de maneira econômica, seus recursos. Quanto mais alto o grau de produtividade ou 
economia na utilização dos recursos, mais eficiente é a organização.
ATENCAO
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
74
QUADRO 2 - COMPARAÇÃO ENTRE EFICIÊNCIA E EFICÁCIA
EFICIÊNCIA EFICÁCIA
• Ausência de desperdícios. • Capacidade de obter resultados.
• Uso econômico de recursos. • Grau de realização dos objetivos.
• Menor quantidade de recursos para 
produzir mais resultados.
• Capacidade de resolver problemas.
FONTE: Maximiano (2004, p. 32)
Até o momento falamos sobre a administração de uma organização. E a 
gestão? Você seria capaz de diferir entre um e outro conceito? 
Como foi visto na Figura 2, a gestão está em diferentes segmentos, e gerir 
cada um destes pode ser definido como observar, decidir e criar, modificar ou 
cancelar ações administrativas, estabelecidas dentro de um ambiente, seja lá 
qual ele for. A atualização e a adaptação são requisitos essenciais para um bom 
gerente. Vamos a alguns exemplos. Se desejarmos fazer escolhas mais inteligentes 
sobre nossas carreiras, sobre como converter nossos talentos em desempenho, 
o que fazer para ter sucesso ou fracassar, temos que aprender a gerir a nós 
mesmos. Se desejarmos uma sociedade melhor e um mundo melhor para nossas 
crianças, temos que compreender claramente como a gestão atua no terceiro 
setor e como pode ser aplicada nos setores de educação e saúde, por exemplo. 
Ou seja, sempre que nossas necessidades excedam nossos recursos, necessitamos 
de gestão. Sempre que trabalhamos regularmente ou em regime voluntário, é 
necessário haver gestão. Para obter ótimos resultados no mundo atual, todos 
têm que aprender a pensar como gerentes, mesmo que esse não seja nosso título 
(MAGRETTA, 2002).
Resumindo, Dias (2012) sugere que a administração está presente em 
todos os cargos, mas o cargo não é composto apenas pela administração. Algo 
mais o compõe. Funções outras o integram, como: finanças, vendas, técnicas e 
contabilidade. Tempos atrás, dentro de uma organização, a administração era 
algo distinto e separado do restante da empresa, parecendo ter vida própria, 
porém, hoje se sabe que ela não existe por si só e em si só. Precisa das outras 
funções corporativas para existir e do objeto para agir. 
Já a gestão incorpora a administração e faz dela mais uma das funções 
necessárias para seu desempenho. Administrar é planejar, organizar, dirigir e 
controlar pessoas para atingir, de forma eficiente e eficaz, os objetivos de uma 
organização. Gestão é lançar mão de todas as funções e conhecimentos necessários 
para, por meio de pessoas, atingir os objetivos de uma organização de forma 
eficiente e eficaz.
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS
75
IMPORTANT
E
Frederick Winslow Taylor é considerado o pai da administração moderna ou 
científica, também conhecida como Taylorismo, que é caracterizada pela ênfase nas tarefas, 
objetivando-se aumentar a eficiência das empresas com aumento da eficiência em níveloperacional. A seguir, a figura nos mostra como diferentes cientistas compunham a estrutura 
administrativa de um ambiente corporativo.
FIGURA 3 - MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO
FONTE: Maximiano (2004, p. 75)
HENRY E FAYOL, 1911
PLANEJAMENTO PLANEJAMENTO
COORDENAÇÃO
CONTROLE
CONTROLE
COMANDO LIDERANÇA
ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO
DIVERSOS AUTORES,
DÉCADA 60 EM
DIANTE
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
76
3 A GESTÃO EM UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA
De acordo com Hampton (2005), as organizações e as ideias de como 
dirigi-las existem desde a antiguidade. Podemos citar como exemplos alguns 
documentos que relatavam extrema preocupação com a coordenação e direção 
habilidosa em repartições públicas da China e da Grécia antiga. Os gregos 
e os romanos também tiveram grande sucesso no gerenciamento de vários 
empreendimentos cooperativos, tais como: aventuras militares, obras públicas e 
sistemas judiciários.
No entanto, para que as organizações continuem evoluindo e produzindo 
com eficiência, não é plausível que mantenham os mesmos mecanismos de 
gerência do passado. Sabemos, porém, que a introdução de novas tecnologias, 
que normalmente é uma decisão do setor produtivo, não é discutida e planejada 
previamente. E que toda e qualquer mudança com metas e objetivos traçados 
visando ao ganho econômico pode trazer consequências sérias para o ambiente 
em que estamos inseridos, seja ele o ambiente dentro de uma organização, seja o 
ambiente natural.
 Na realidade, as alterações ambientais e comportamentais resultantes 
da introdução contínua de inovações tecnológicas são às vezes inesperadas, e 
podem surgir rapidamente, fazendo com que diferentes tipos de instituições não 
consigam acompanhá-las, enfrentando, assim, sérias crises de gerenciamento. 
O surgimento de uma disciplina, no nosso caso a gestão, impulsiona todos os 
campos sociais, porém, é preciso estar atento aos aspectos positivos e negativos 
gerados pela mudança de paradigmas.
Para que uma organização conheça o caminho do sucesso é necessário 
que todas as partes desempenhem suas funções adequadamente e com real 
comprometimento com as metas traçadas. Dessa forma, a gestão deve concretizar 
o propósito da organização, de forma que todos possam atuar na mesma direção 
e que os esforços logrem êxito (HAMPTON, 2005).
Podemos notar que, desde a Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX, 
quando se inicia a preocupação com o entendimento da prática administrativa, 
até os dias atuais, muitos dos modelos administrativos ainda empregam práticas 
antigas. Porém, como dito anteriormente, a evolução é necessária e cabe aos 
gestores implementar novos modelos de administração ou não.
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS
77
Todos os grupos e instituições, que evoluem e crescem, trazem consigo 
formas de integrar uma organização, normas e liberdade, autoridade e confiança. 
As organizações que mais evoluem são as que reúnem pessoas abertas, que sabem 
gerenciar seus conflitos pessoais, que sabem comunicar-se e aprender. 
FONTE: Disponível em: <http://www.eca.usp.br/moran/organiz.htm>. Acesso em: 7 dez. 2012.
O perfil dessas instituições poderá ser considerado perene, enquanto 
aquelas que não se adequarem às novas tendências estarão fadadas ao fracasso.
A partir de agora nos aproximaremos de algumas metodologias específicas 
para a melhora do processo de gestão dentro das empresas, ou seja, como de fato 
isto pode ocorrer. Vimos que a mudança é importante, porém, para que aconteça 
além da quebra de padrões já estabelecidos há muito tempo, é preciso estarmos 
atentos a todas as etapas que fazem parte do processo de gestão.
4 TÉCNICAS DE GESTÃO
É fato que nossa sociedade está estruturada em organizações e que, desta 
forma, existe a necessidade de gestão para administrá-las. A crescente eficiência 
da gestão fez das organizações o veículo escolhido para conduzir a maior parte 
do trabalho da sociedade moderna. De museus de artes e agências de publicidade 
até fábricas de zíper e zoológicos, a variedade reflete a amplitude dos interesses 
humanos. A boa gestão faz com que as organizações funcionem bem. Podemos 
notar que ao longo do século XX, a disciplina de gestão transformou a experiência 
do trabalho e multiplicou sua produtividade (MAXIMIANO, 2004).
Inseridos no contexto da globalização, tornamo-nos cada vez mais 
dependentes, e nosso trabalho é mais especializado e complexo. Assim, a gestão 
desempenha um papel muito importante, na medida em que necessitamos do 
nosso bom desempenho e, também, das outras pessoas que integram nossa rede 
de relacionamentos, a chamada network. Ainda, precisamos ter claro que nos 
tempos atuais necessitamos ser empreendedores e aprender a gerenciar nosso 
próprio trabalho. A competição dentro do mercado de trabalho é muito intensa, 
portanto, devemos pensar como gerentes, saber administrar nossos pontos fortes 
e fracos e, dessa maneira, determinar o rumo das nossas escolhas. 
Em um passado não muito distante, as pessoas concluíam um curso 
superior e ingressavam em uma empresa esperando que esta cuidasse de sua 
carreira. Hoje é certo que isso não acontece mais. As empresas precisam de 
liderança, de pessoas proativas, que tomem decisões, enfim, que partam para a 
luta, não esperando que algo aconteça. Para piorar, fora toda a competitividade 
mercadológica, sabemos dos altos e baixos do setor econômico e, dessa maneira, 
não podemos nos apoiar mais na chamada “estabilidade profissional”, conceito 
bastante difundido. Hoje, as empresas possuem uma alta rotatividade e aquele 
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
78
profissional apto a lidar com esse tipo de adversidade, ou seja, o que toma 
iniciativa e é empreendedor, certamente saberá enfrentar situações contrárias 
com maior facilidade. E isso ocorre em todos os campos de atuação, inclusive 
para os setores que lidam com a proteção dos recursos naturais.
Anteriormente, vimos o conceito de organização e que a sociedade atual 
é constituída de organizações dos mais variados tipos e com as mais diversas 
finalidades, em função do amplo espectro de interesses do homem moderno. 
Partindo desse ponto, teremos agora algumas ideias de como funcionam essas 
organizações e quais os fundamentos que as regem, de acordo com as teorias da 
gestão e administração modernas.
Em princípio, todas as organizações são sistemas de recursos que 
perseguem objetivos, portanto, o desempenho de qualquer tipo de organização 
pode ser avaliado pela forma como os objetivos são realizados e como os recursos 
são utilizados. Já falamos muito sobre os conceitos de eficiência e eficácia e seu valor 
para o bom funcionamento de uma empresa. Estes conceitos estão diretamente 
ligados ao desempenho das organizações. Basta, agora, apenas reforçarmos essa 
ideia e partirmos para os demais aspectos que compõem a boa gestão dentro de 
qualquer área e/ou empreendimento.
De modo geral, podemos destacar o processo decisório e a resolução de 
problemas, seguidos de planejamento e liderança, processos que também são de 
extrema importância dentro do ambiente corporativo. Vamos apenas comentar 
sobre alguns aspectos básicos desses processos e tomar consciência de que, ao fim 
do primeiro capítulo, todas as partes caminham de maneira equitativa e integrada.
Estudar o processo de tomar decisões ajuda a compreender o trabalho 
gerencial e a desenvolver as habilidades de administrador. De acordo com 
Maximiano (2004), decisão é uma escolha entre alternativas ou possibilidades. 
As decisões são tomadas para resolver problemas ou aproveitar oportunidades. 
Fonte: Disponível em: <http://www.soartigos.com/artigo/6668/PROCESSO-DECISORIO/>. 
Acesso em: 7 dez. 2012.
O processo decisório (tomar decisões) é a sequência de etapas que vai 
da identificação de uma situação que oferece um problema ou oportunidade até 
a escolha e colocação em práticade uma ação ou solução. Quando a decisão é 
colocada em prática, o ciclo se fecha. Uma decisão que se coloca em prática cria uma 
situação nova, que pode gerar outras decisões ou processos de resolver problemas.
FONTE: Adaptado de: <http://www.fsm.com.br/web/enade/revisao/Material_TGA_Enade_III_
Processo_Decisorio-Prof_Veronica.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2012. 
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS
79
Para ajudar os gerentes em sua tarefa de tomar decisões, diversas técnicas 
foram desenvolvidas. Algumas delas a partir de problemas específicos, porém 
outras são gerais e se aplicam à solução de uma grande variedade de problemas. 
Ainda assim, sabemos que o processo decisório é humano e, portanto, passível 
de erros. O interessante é notar que podemos trabalhar com foco e determinação 
para que a margem de segurança aumente, fazendo com que as chances de falha 
sejam quase nulas. 
Um processo estruturado de resolução de problemas procura assegurar 
uma decisão lógica, que seja coerente com o problema e que diminua a 
probabilidade de erros.
A etapa seguinte, após a identificação do problema e do diagnóstico, 
consiste em gerar alternativas para solução. Muitas vezes, as alternativas já 
vêm com o problema ou oportunidade. Em outros casos, não há alternativas 
prévias e é preciso ter ideias.
FONTE: Adaptado de: <http://www.fsm.com.br/web/enade/revisao/Material_TGA_Enade_III_
Processo_Decisorio-Prof_Veronica.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2012.
Surgem aqui os conceitos de Brainstorming, ou tempestade de ideias, e 
Brainwriting, ou tempestade de ideias escritas, comumente utilizadas. Estes dois 
procedimentos de estímulo à criatividade são muito utilizados em processos 
sistemáticos de tomada de decisões. No primeiro conceito cada pessoa fala, 
dando sugestões para resolver o problema, sem que essas sugestões sejam 
criticadas pelos companheiros. Já no segundo processo, e a partir do momento 
em que houver um número significativo de ideias, faz-se o seu agrupamento em 
categorias que, finalmente, são avaliadas e criticadas.
Posteriormente à geração de ideias para a resolução dos problemas, 
surgem as etapas de escolha das alternativas que, por meio de critérios bem 
definidos, ou seja, um indicador de importância, são identificadas as mais 
adequadas. Normalmente, as escolhas se tornam mais racionais quando analisadas 
de maneira objetiva. Dentre as várias técnicas para a escolha das ideias para a 
resolução dos problemas, a árvore de decisões, a análise do campo de forças e 
a análise do ponto de equilíbrio são as propostas interessantes. Porém, como as 
demais ferramentas, seu objetivo é apenas gerar informações sobre os diferentes 
caminhos que os gerentes podem tomar. Cabe, ainda, falarmos da racionalidade e 
da intuição. A primeira, baseada totalmente em informação e, a segunda, a partir 
de percepção e aprendizagem ao longo da experiência profissional de cada um. A 
Figura 4, a seguir, nos mostra um exemplo de como podemos priorizar as etapas 
para a tomada de decisão.
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
80
FIGURA 4 - MODELO PARA A TOMADA DE DECISÃO
FONTE: Disponível em: <http://www.evidencias.com/decisao/img/triangulo.jpg>.
Acesso em: 20 jun. 2009.
DECISÃO
AÇÃO
CURIOSIDADE
CONHECIMENTO
INFORMAÇÃO
DADOS
Por ser apenas um modelo, não funciona como uma regra e certamente 
não funciona em todos os tipos de organizações, mas nos fornece uma ideia 
simples de como podemos hierarquizar essas etapas. Mais uma vez destacamos 
que estamos falando de conceitos utilizados dentro do ambiente empresarial. No 
nosso dia a dia, é basicamente desta forma que funciona.
Se houvesse um desastre industrial em uma área de proteção ambiental, 
de que forma poderíamos atuar? Muito daquilo que estamos vendo nos ajuda 
a agir com segurança para que a decisão correta seja tomada. Em uma situação 
real, replicarmos as ideias que estamos vendo até o momento pode ser de grande 
importância para uma boa avaliação de impacto ambiental. 
Por exemplo, se fizermos um EIA-RIMA, de nada adianta ter um relatório 
sem uma base de informações segura, e pareceres que permitam aos tomadores 
de decisão saber o que fazer e quando fazer.
Você deve ter reparado que o funcionamento do processo de tomada 
de decisão pode ocorrer no formato de pirâmide, ou seja, existe uma base 
que dá sustentação às etapas seguintes. Como é possível observar, essa base é 
constituída por um banco de dados com informações valiosas que irão subsidiar 
a futura tomada de decisão. Esses dados, por sua vez, levam à construção da 
informação e, consequentemente, tornam evidente o problema e quais podem 
ser suas fontes. É necessário notar, ainda, que essas três etapas estão agregadas 
a outra fase, denominada aqui de “curiosidade” ou, como vimos anteriormente, 
de brainstorming, ou seja, todos os envolvidos no processo necessitam trabalhar 
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS
81
em conjunto, trazendo à tona todos os fatores possíveis que possam alimentar a 
tomada de decisão, não somente no quesito de alimentação do banco de dados, 
mas também na melhor estratégia para decidir qualquer coisa.
Mas quem deve tomar a decisão? Falamos até agora, e muito rapidamente, 
sobre alguns dos aspectos que fazem parte da rotina de um administrador ou 
gerente. Analisamos o processo sem focalizar sua principal figura, o tomador de 
decisões. Muitos diriam que esta tarefa pertence ao gerente, mas isso não pode 
significar que ele tome todas as decisões. Normalmente, em uma organização 
estruturada e dinâmica, as decisões dizem respeito ao grau de comprometimento 
e participação de toda a equipe no processo decisório. E é essa integração que 
normalmente configura nos melhores resultados para a corporação como um todo.
Após a tomada de decisões, conheceremos uma das mais importantes 
etapas de gerenciamento de uma organização e, por que não dizer, de um 
determinado evento que venha a prejudicar a qualidade ambiental, que é o 
planejamento. De acordo com Maximiano (2004), o planejamento constitui 
um processo de habilidade e atitude. Assim, como o contrário de eficiência é o 
desperdício, o contrário de planejamento é a improvisação. Podemos dizer que 
planejamento é a mais importante das funções gerenciais.
Mas o que é planejar?
• Planejar é pensar e agir em relação ao futuro. Essa é a essência do processo 
de planejamento. 
FONTE: Disponível em: <http://www.viannajr.edu.br/site/menu/publicacoes/publicacao_%20
adm/pdf/edicao3/processos_planejamentos.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2012.
• Uma das razões para planejar é lidar com as incertezas sobre o futuro, incertezas 
provocadas pela falta de controle sobre todos os tipos de variáveis e que possam 
influenciar no resultado final do nosso objetivo. É claro que muitas coisas podem 
ser consideradas previsíveis, porém é preciso estar atento a todas as circunstâncias.
IMPORTANT
E
Falamos sobre a implicação da falta de planejamento, que pode afetar 
significativamente o desempenho de uma empresa, sobre a improvisação, que acusa a falta de 
planejamento. Porém, se atentarmos para o fato de que lidamos com pouquíssima previsibilidade 
diante de eventos futuros, nessas situações a ferramenta de improvisação pode ser uma aliada, 
visto que irá ajudar-nos a resolver problemas que podem ocorrer de última hora.
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
82
Outro aspecto que pode ser levado em consideração dentro do ambiente 
corporativo é a atitude proativa, que permite à organização alterar dinamicamente 
seus sistemas internos e suas relações com o ambiente externo. Assim, a 
improvisação pode ser um instrumento para assegurarmos a proatividade, 
onde o administrador possa se moldar em função de novas situações dentro da 
empresa. No entanto, deve ficar claro que o planejamento ainda é a melhor forma 
de melhorarmos o desempenho das empresas.Grande parte dos aspectos referentes à administração e gestão dentro 
de uma organização ou ambiente corporativo foi contemplada até o presente 
momento. Apresentamos conceitos básicos, porém pertinentes, sobre as boas 
práticas da administração e que podem ajudá-lo a gerir de maneira eficiente 
os problemas relacionados à gestão e avaliação dos nossos recursos naturais. A 
próxima seção nos oferece um maior detalhamento sobre este assunto.
5 CONCEITOS DE GESTÃO AMBIENTAL
Vamos, agora, rever um pouco da história dos fatos que marcaram o início 
das preocupações voltadas à conservação dos ecossistemas. De maneira geral, é 
a partir da Conferência sobre a Biosfera, em Paris, no ano de 1968, que há o início 
do despertar de uma “consciência ecológica”. Posteriormente, a Conferência do 
Meio Ambiente, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, colocou a questão 
ambiental na agenda de vários países de maneira oficial. Foi a primeira vez que 
representantes de vários países discutiram de maneira efetiva todos os fatores 
que poderiam colocar em risco o equilíbrio de nosso planeta.
Com o histórico relatório de 1987 da Comissão Mundial do Ambiente, 
nomeado “O Nosso Futuro Comum”, ficou evidente a grande importância de 
proteger nossos recursos naturais em busca do aclamado desenvolvimento 
sustentável. Dessa maneira, um acordo denominado “Carta Empresarial para o 
Desenvolvimento Sustentável” foi criado com 16 princípios relativos à gestão do 
meio ambiente (ANDRADE; TACHIZAWA; CARVALHO, 2002).
Após esse período, muitas coisas mudaram. Houve o surgimento de novas 
tendências e também a incorporação de novas metodologias para serem utilizadas 
de maneira efetiva na proteção dos nossos recursos naturais. Muitas empresas 
começaram a se preocupar com as questões ambientais e principalmente com a 
sua imagem. 
Como veremos adiante, aliar o conceito de sustentabilidade às organizações 
começa a se tornar fundamental para que as empresas continuem competitivas. 
Muitos empreendedores começam a enxergar que as soluções devem partir das 
próprias empresas e incorporam em suas rotinas o gerenciamento ambiental, que 
induz à adoção de uma nova visão, incluindo o aproveitamento e racionamento da 
matéria-prima, o controle e tratamento dos efluentes, boas práticas de segurança 
no trabalho, enfim, medidas que aperfeiçoam todo o processo de produção da 
TÓPICO 2 | AVALIAÇÃO, GESTÃO E O MEIO AMBIENTE: CONCEITOS E SISTEMAS
83
empresa, visando a práticas ambientalmente corretas. O ato de instalação de uma 
empresa, que está subsidiado pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA), também 
vai servir durante toda a vida deste empreendimento. Todas as ações, impactos, 
resíduos, enfim, tudo aquilo que degrada o ambiente no qual esta organização está 
inserida, deve ser levado em consideração. Jamais podemos apoiar a instalação 
de um empreendimento que agrega mais pontos negativos do que positivos.
De acordo com Andrade (2008), podemos definir o termo Gestão 
Ambiental como o conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e 
operacionais que levam em conta a saúde, a segurança das pessoas e a proteção 
do meio ambiente, através da eliminação ou minimização de impactos ambientais 
decorrentes do planejamento, implantação, operação, ampliação, realocação ou 
desativação de empreendimentos ou atividades, incluindo-se todas as fases do 
ciclo de um produto. Ou seja, a Gestão Ambiental deve, ou deveria ser prevista 
antes mesmo da instalação de um determinado empreendimento. Podemos 
imaginar aqui, que se o processo de licenciamento ambiental, pelo qual todas 
as empresas devem passar, for gerenciado de maneira incorreta, no futuro 
poderá trazer consequências irreparáveis para o meio ambiente. Mais adiante 
aprofundaremos nossos estudos sobre a incorporação dos Sistemas de Gestão 
Ambiental ou SGA e, também, sobre o funcionamento dessas novas metodologias.
DICAS
Podemos adiantar aqui que os modelos de Gestão Ambiental mais utilizados 
são aqueles baseados na norma ISO 14000, que veremos mais adiante.
Vimos até o momento alguns tópicos relacionados às organizações e 
como estas podem ser administradas e gerenciadas. Ao final, definimos o termo 
Gestão Ambiental e como os aspectos administrativos de um empreendimento 
estão relacionados com a conservação ambiental. Somente as organizações 
que estiverem dispostas a mudanças obterão êxito em um período delicado de 
exploração e sustentação dos recursos naturais.
 
No próximo capítulo veremos o funcionamento de um Sistema de Gestão 
Ambiental, e como este pode ajudar os administradores a alcançarem metas 
ambientais caso uma empresa queira adequar-se às questões ambientais.
84
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu:
• As principais diferenças entre os conceitos de administração e gestão.
• Os aspectos da gestão no mundo contemporâneo e sua aplicação para proteção 
dos recursos naturais.
• Os instrumentos do ambiente corporativo que podem ser utilizados para a 
avaliação e a gestão ambiental.
• Os procedimentos para tomada de decisão frente a um problema ambiental, 
tendo como base o levantamento de informações.
• O conceito de Gestão Ambiental.
85
AUTOATIVIDADE
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões a seguir.
1 Elabore um pequeno texto sobre o bom funcionamento de uma empresa. 
Não importa qual é o setor de atividade que ela desempenha. Você deve 
escolher qualquer uma e imaginar todas as situações possíveis, desde 
a entrada de matéria-prima até a confecção do produto final, listar as 
principais deficiências (por exemplo, desperdícios de matéria-prima e falta 
de reaproveitamento de materiais), os impactos causados no meio ambiente 
e, por fim, listar quais sugestões, em sua opinião, poderiam tornar essa 
mesma organização mais eficiente e eficaz, além de mais sustentável. 
2 Liste cinco fatores que poderíamos considerar indispensáveis para o bom 
gerenciamento de uma organização.
86
87
TÓPICO 3
CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE 
GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Anteriormente vimos as principais diferenças entre os conceitos de 
administração e gestão de empreendimentos e como eles podem ser aplicados 
no manejo dos recursos naturais, e no nosso caso em específico, na avaliação 
de impactos ambientais. A partir deste tópico serão mostrados os princípios de 
funcionamento de um Sistema de Gestão Ambiental ou SGA, que nada mais é 
do que uma série de instruções normatizadas internacionalmente, e que, dentro 
do ambiente corporativo, servem para direcionar o empreendedor na tomada 
de decisões. Também é utilizado para melhorar o desempenho ambiental da 
empresa, bem como sua adaptação junto à legislação ambiental. Como veremos, 
um SGA pode ser composto por inúmeras ações, como, por exemplo, a redução 
do consumo de matérias-primas, a diminuição dos resíduos sólidos e a reciclagem 
de materiais. 
Como parte da adequação ambiental da empresa, a adoção de uma 
política ambiental interna e que vise à conscientização dos colaboradores de uma 
indústria também é um importante instrumento de gestão.
2 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS
DE GESTÃO AMBIENTAL
Temos falado no aumento da preocupação com a proteção dos recursos 
naturais e que, a partir do relatório “O nosso futuro comum”, grande importância 
foi concedida às questões ambientais. Também é a partir desse processo que surge 
a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. Segundo Andrade, 
Tachizawa e Carvalho (2002), essa carta é vital para as organizações, pois considera 
que grupos e/ou empresas versáteis, dinâmicas, ágeis e lucrativas devem ser a 
força impulsora do desenvolvimento econômico sustentável, assim como a fonte 
de capacitação de gestão e dos recursos técnicos e financeiros indispensáveis à 
resolução dos desafios ambientais.
88
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
DICAS
Vamos pesquisar? Tente encontrar na internet maiores informaçõessobre 
o relatório “O nosso futuro comum” e também sobre a “Carta empresarial” e como esses 
documentos influenciaram o desenvolvimento econômico atual.
É necessário destacar ainda que, atualmente, qualquer tipo de 
empreendimento, seja ele de pequeno, médio ou grande porte, não sobrevive 
frente à quebra do paradigma da ligação da imagem da empresa junto à proteção 
dos recursos naturais. Atente para o fato de que quando falamos em organizações, 
nos referimos a qualquer tipo, como uma Organização não Governamental 
(ONG), empresas públicas ou privadas, associações etc. Claro, muitas vezes, 
parece que estamos nos referindo somente a empresas de grande porte. O caso é 
que essas nos oferecem bons exemplos e também grande potencial poluidor, uma 
vez que a sua imagem frente à sociedade é agravada se não prestarem atenção aos 
problemas relacionados ao meio ambiente.
Voltando à Carta Empresarial, as organizações devem e necessitam 
partilhar de um objetivo comum, que é o desenvolvimento econômico, aliado 
à maior equidade social e, claro, à proteção ambiental, bases do aclamado 
desenvolvimento sustentável. Agindo dessa forma, asseguram seu posicionamento 
diante de um mercado cada vez mais competitivo e exigente.
A seguir veremos os Sistemas de Gestão Ambiental baseados nas normas 
ISO 14000, sistema baseado em normativas internacionais e que no Brasil são 
adaptadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Outro aspecto 
importante a ser compreendido é que diferentes empresas produzem diferentes 
impactos ao meio ambiente e que cada uma destas organizações deve implementar 
um modelo de Sistema de Gestão Ambiental baseado nestas características. 
3 GESTÃO AMBIENTAL EM EMPRESAS
Em um primeiro momento é preciso estar atento aos diferentes tipos de 
organizações e seus diferentes impactos ambientais. Quer um exemplo? Então, 
vamos a ele!
 
Considerando o setor de serviços públicos, há órgãos denominados de 
“administração direta” ou de nível federal, estadual e municipal, ou, ainda, 
órgãos de “administração indireta”, como empresas públicas, autarquias e 
fundações, existindo uma variada gama de serviços e produtos gerados. Essas 
empresas podem atuar no setor de exploração de recursos energéticos e minerais, 
na metalurgia, derivados de petróleo, indústria química, indústria têxtil e 
agricultura. Isso para citar apenas alguns exemplos. 
TÓPICO 3 | CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
89
E qual é a importância disto? Simples! Para cada tipo de organização, a 
ideia é que em função do setor econômico e dependendo do tipo de produto 
gerado, do tipo de insumos/matérias-primas e outros, devem-se associar 
estratégias empresariais adequadas e, o mais importante, estratégias ambientais 
pertinentes a cada tipo de organização. Na prática, isso quer dizer que o Sistema 
de Gestão Ambiental (SGA) a ser implementado em uma empresa que opera no 
ramo da metalurgia, por exemplo, possivelmente será muito diferente daquele 
desenvolvido em uma empresa que atue no ramo têxtil.
No entanto, apesar dos modelos serem bastante distintos de uma empresa 
para outra e independentemente de se basearem na norma ISO 14000, essas 
possuem em comum a utilização de um ciclo de melhoria contínua, chamado de 
Ciclo PDCA. A origem dessa sigla deriva do inglês nas palavras planejar ou plan 
(P), o fazer ou do (D), o checar ou check (C) e a ação ou Action (A). Um aspecto 
importante para a implementação de um SGA e o gerenciamento desse sistema 
dentro do ambiente corporativo é o estabelecimento de uma política ambiental 
dentro da empresa. Veremos a seguir maiores detalhes sobre o ciclo PDCA.
4 O CICLO PDCA
Como foi dito anteriormente, existe um instrumento comum para a 
implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) dentro das empresas, 
denominado Ciclo PDCA. Este pode ser entendido como uma ferramenta de 
gestão e administração de todos os processos e etapas envolvidos para o bom 
funcionamento do SGA. 
Algo muito importante a ser observado é que o ciclo PDCA pode ser 
aplicado em todas as normas de sistemas de gestão e deve ser utilizado (pelo 
menos na teoria) em qualquer empresa, de forma a garantir o sucesso nos 
negócios, independentemente da área ou departamento. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAjXsAC/aplicacao-das-
ferramentas-qualidade-ciclo-pdca>. Acesso em: 7 dez. 2012. 
E isso não inclui apenas o meio ambiente, mas também a área de vendas, 
compras, engenharia e outras. A figura a seguir mostra de forma clara as quatro 
etapas de funcionamento do ciclo PDCA, a maneira como as informações permitem 
avaliar se os objetivos estão sendo alcançados e o que deve ser consertado para 
as etapas seguintes, de forma a permitir a melhoria contínua no sistema, quando 
o ciclo reinicia.
90
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
FIGURA 5 - MODELO DE FUNCIONAMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL NO CICLO PDCA
FONTE: Disponível em: <http://www.lugli.com.br/2008/02/pdca/>. Acesso em: 20 abr. 2012.
UNI
O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, foi introduzido no 
Japão por Shewhart na década de 20 e divulgado por Deming, em 1950, que foi quem o 
efetivamente aplicou. O ciclo de Deming tem por princípio tornar mais claros e ágeis os 
processos envolvidos na execução da gestão, como, por exemplo, na gestão ambiental, 
dividindo-a em quatro principais passos, como já vimos.
FONTE: Disponível em: <http://www.datalyzer.com.br/site/suporte/administrador/info/
arquivos/info80/80.html>. Acesso em: 20 fev. 2012.
"Act"
tome as
ações
adequadas
"Check"
Verifique os
resultados
alcançados
Incorpore o que
deu certo ao
sistema e
retome e ciclo
Determine os
objetivos com
base em dados
Determine
métodos para
atingir os
objetivos
Proporcione
educação e
treinamento
Implemente o
trabalho "Do"
Execute o
plano
O que deu
certo?
Por que?
Revisar o que
deu errado?
O que deu 
errado?
"Plan"
Planeje a
melhoria
TÓPICO 3 | CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
91
De maneira geral, podemos caracterizar o ciclo PDCA através das 
seguintes ações:
• Planejar (plan):
 Definir as metas a serem alcançadas.
 Definir o método para alcançar as metas propostas.
• Executar (do): 
 Executar as tarefas exatamente como foi previsto na etapa de planejamento. 
Coletar dados que serão utilizados na próxima etapa de verificação do 
processo.
 Nesta etapa são essenciais a educação e o treinamento no trabalho.
• Verificar, checar (check): 
 Verificar se o executado está conforme o planejado, ou seja, se a meta foi 
alcançada dentro do método definido. 
 Identificar os desvios na meta ou no método.
• Agir corretivamente (action): 
 Caso sejam identificados desvios, é necessário definir e implementar soluções 
que eliminem as suas causas. 
 Caso não sejam identificados desvios, é possível realizar um trabalho 
preventivo, identificando quais os desvios são passíveis de ocorrer no futuro, 
suas causas, soluções etc.
FONTE: Disponível em: <http://www.qualinter.com.br/portal/index.php?option=com_
content&task=view&id=356&Itemid=113>. Acesso em: 7 dez. 2012. 
5 ESTABELECIMENTO DE UMA POLÍTICA AMBIENTAL
DENTRO DA EMPRESA
Antes de pensarmos na introdução de um SGA dentro de uma empresa, é 
necessário entendermos que muitas dessas corporações seguem modelos tradicionais 
de administração e, aos poucos, estão adotando uma conscientização ambiental 
por pressão mercadológica. Andrade (2008) descreve basicamente dois modelos de 
administração, o tradicional e o de mundo real. As empresas que seguem o modelo 
de empresa tradicional são resistentes à aceitação da responsabilidade em relação 
ao meio ambiente. A razão desta incapacidade é que esses modelos se baseiam 
essencialmente na filosofia de que uma empresa é um conjunto coerente de indivíduos 
e grupos com uma única identidade – a da empresa, e um único objetivo - o lucro da 
empresa, não importando o que seja necessário paraatingir esse objetivo. Já o modelo 
do mundo real é aquele que deverá ser realidade para que o nosso presente e futuro 
estejam aliados à sustentabilidade. 
92
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
Assim sendo, o aparecimento do fator ambiental na vida da empresa 
obriga o administrador a considerar a sua competência e os seus objetivos como 
uma arbitragem permanente entre os interesses e os objetivos de um grupo 
amplo de indivíduos, além daqueles com ligação direta à empresa. São eles: a 
comunidade, os fornecedores, os clientes e outras partes interessadas que estão 
em constante relacionamento com a empresa. 
Esses também são conhecidos como stakeholders, termo inglês que 
designa uma pessoa, um grupo ou uma entidade com legítimos interesses nas 
ações e no desempenho de uma organização.
FONTE: Disponível em: <http://www.knoow.net/cienceconempr/gestao/stakeholder.htm>. 
Acesso em: 7 dez. 2012. 
Em relação às dificuldades encontradas para o estabelecimento de uma 
política ambiental dentro das empresas, principalmente naquelas que seguem 
modelos ultrapassados de administração, Andrade et al. (2002) destacam outros 
grandes problemas que podem prejudicar o comprometimento das empresas com 
as questões ambientais. O fato é que a visão dessas empresas é extremamente 
segmentada e isso leva a conflitos e divergências operacionais que minimizam o 
resultado obtido pela implementação de Sistema de Gestão Ambiental. 
Os mesmos autores destacam, ainda, um questionamento saudável 
que você certamente está fazendo neste momento. O que leva as organizações 
a adotarem estratégias empresariais que consideram a questão ambiental e 
ecológica? Não seria um mero surto de preocupações passageiras que demandam 
medidas com pesado ônus para as empresas que as adotam? 
Dados recentes evidenciam que a tendência de preservação ambiental e 
ecológica, por parte das organizações, deve continuar de forma permanente e 
definitiva e os resultados econômicos passarão a depender, cada vez mais, de 
decisões empresariais, evidenciando que:
• Não há conflito entre lucratividade e a questão ambiental.
• O movimento ambientalista cresce em escala mundial.
• Clientes e comunidades em geral passam a valorizar cada vez mais o meio 
ambiente.
• A demanda e, portanto, o faturamento das empresas passa a sofrer cada 
vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento de 
consumidores que enfatizarão suas preferências por produtos e organizações 
ecologicamente corretos.
FONTE: Disponível em: <http://www.consultores.com.br/artigos.asp?cod_artigo=59>.
Acesso em: 7 dez. 2012. 
TÓPICO 3 | CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
93
Devemos salientar que a empresa é a única responsável pela adoção 
de um SGA e, por conseguinte, de uma política ambiental. Só depois de sua 
adoção, o cumprimento e a conformidade devem ser seguidos integralmente, 
pois eles adquirem configuração de “sagrados”. No entanto, é preciso dizer 
que nenhuma empresa é obrigada a adotar um SGA e/ou Política Ambiental, 
porém, se implementado, o que foi estabelecido deve ser cumprido, sob pena 
de a organização cair em descrédito no que se refere às questões ambientais.
Em resumo, o SGA pode servir como um instrumento de gestão com 
vistas a obter ou assegurar a economia e o uso racional de matérias-primas e 
insumos, destacando-se a responsabilidade ambiental da empresa em: 
• Orientar consumidores quanto à compatibilidade ambiental dos processos 
produtivos e dos seus produtos ou serviços.
• Subsidiar campanhas institucionais da empresa com destaque para a 
conservação e a preservação da natureza.
• Servir de material informativo a acionistas, fornecedores e consumidores 
para demonstrar o desempenho empresarial na área ambiental. 
• Orientar novos investimentos, privilegiando setores com oportunidades em 
áreas correlatas.
• Subsidiar procedimentos para a obtenção da certificação ambiental nos 
moldes da série de normas ISO 14000.
• Subsidiar a obtenção da rotulagem ambiental de produtos. 
Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental 
nas empresas, evidentemente, devem estar em consonância com o conjunto das 
atividades empresariais. Portanto, eles não podem e nem devem ser vistos como 
elementos isolados, por mais importantes que possam parecer num primeiro 
momento. Vale aqui relembrar o trinômio das responsabilidades empresariais: 
• Responsabilidade ambiental.
• Responsabilidade econômica.
• Responsabilidade social.
FONTE: Adaptado de: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/gestao/sistema_de_gestao_
ambiental/necessidade_e_importancia_da_gestao_ambiental_para_a_empresa.html>.
Acesso em: 7 dez. 2012. 
94
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
Ao considerar a gestão ambiental no contexto empresarial, percebemos 
de imediato que ela geralmente tem uma importância muito grande, inclusive 
estratégica. Isso ocorre porque, dependendo do grau de sensibilidade com o 
meio ambiente demonstrado e adotado pela alta administração, já se pode 
perceber e antever o potencial que existe para que uma gestão ambiental 
possa ser efetivamente implantada. De qualquer modo, estando pouco ou 
nada vinculadas às questões ambientais, as empresas que estão praticando 
a gestão ambiental ou aquelas que estão em fase de definição de diretrizes e 
políticas para iniciarem o seu gerenciamento ambiental devem ter em mente os 
princípios e os elementos de um SGA e as principais tarefas e atribuições que 
normalmente são exigidas para que seja possível levar a cabo esse processo.
FONTE: Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos07/1359_gestao%20ambiental.pdf>. 
Acesso em: 7 dez. 2012. 
6 A RESPONSABILIDADE ECOLÓGICA DENTRO DA EMPRESA
Partindo da atual situação de conservação dos nossos recursos naturais e 
do fato de que existe a necessidade de implementação, por parte do empresariado, 
na configuração de Sistemas de Gestão Ambiental, através da adoção de Políticas 
Ambientais internas e externas, devemos nos dar conta de que maneira podemos 
atingir todos esses objetivos. No Tópico 2 definimos a estratégia corporativa como 
um importante elemento dentro do processo de gestão, de forma que podemos 
agora pensar em como esquematizar um plano de ação para alcançarmos os 
objetivos em busca da sustentabilidade. 
Nenhuma estratégia tem sentido se não for adaptada ao campo de batalha. 
De acordo com Andrade (2008), ao fixar as fronteiras da ação da empresa, além 
do perímetro econômico-social, a estratégia ecológica obriga o administrador a 
estabelecer um mapa do campo em que a ação irá se desenvolver. Neste sentido, 
ainda que tenha o lucro como foco, de acordo com os modelos de administração 
tradicionais, o sucesso ou não de um novo modelo de administração, voltado mais às 
questões ambientais, depende única e exclusivamente das forças internas da empresa.
 
Levando-se em consideração os setores da empresa, o quadro sinóptico 
da estratégia ecológica da empresa apresenta tarefas de gestão ambiental que os 
responsáveis terão que assumir. Isso vale, também, para o processo de programar 
aos poucos uma Política Ambiental interna, mesmo que no começo tenha razoável 
aderência por parte dos colaboradores. Como já vimos, lidamos com modelos de 
administração ultrapassados e é através da adoção de um compromisso para com 
a questão ambiental que, aos poucos, a empresa passa a vislumbrar resultados 
positivos.
TÓPICO 3 | CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
95
Poder-se-ia, então, afirmar que a criação de uma estratégia ambiental tem 
quatro fases:
• Identificação das prioridades.
• Diagnóstico.
• Planos de ação.
• Síntese.
Na fase de identificação de prioridades, mesmo o empresário bem 
intencionado com o ambiente, quando herda uma situação existente ou quando 
está imerso em problemas de criação de uma nova atividade, nem sempre é capaz 
de dar todaa atenção e tomar decisões em todas as frentes, ao mesmo tempo. Isso 
faz com que se faça um levantamento das prioridades e também uma análise dos 
pontos fortes e fracos da empresa e a identificação dos campos nos quais devem 
ser feitos os maiores esforços para se alcançar êxito. Esta fase deve permitir, ainda, 
a criação de um calendário e um orçamento, bem como a relação de assistentes ou 
consultores que ficarão encarregados dos planos setoriais.
IMPORTANT
E
O diagnóstico é fundamental para ter-se um raio-x do departamento, do setor 
industrial e da empresa.
A partir disso, serão elaborados planos de ação pelos diferentes setores das 
empresas e que deverão se complementar, pois em um primeiro momento poderão 
parecer contraditórios ou mesmo desconexos, mas com uma administração correta 
poderão ser implementados em uma ordem cronológica que os torne coesos. 
Como exemplo de propostas a serem executadas, podemos citar o cumprimento 
de toda a legislação ambiental pertinente ao setor, a adoção de tecnologias limpas 
e a adoção de políticas ambientais que levem em consideração todas as atividades 
individuais e coletivas da empresa.
 
Por fim, a síntese é a concretização das estratégias adotadas. Esta poderá 
ser formalizada através de um manual, cartilha ou mesmo um livro, contendo 
a estratégia de política ambiental utilizada. O importante é que os objetivos, 
problemas e sucessos da empresa, ou seja, os assuntos pertinentes à administração 
ambiental, devem ser descritos de forma clara e simples. Com o prosseguimento 
dos trabalhos, devem-se gerar relatórios de desempenho a serem apresentados 
aos comitês da alta administração, à comunidade, tornando as conquistas 
públicas. Essas, por sua vez, não servem para fazer marketing empresarial, e sim 
para conquistar maior credibilidade no mercado.
96
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
A seguir conheceremos o conceito de ecoeficiência, que de maneira 
simples retrata como uma empresa deve atuar na minimização de desperdícios e 
melhor aproveitamento de matérias-primas, assim como na redução de resíduos, 
questões estas importantes para a melhora do seu desempenho ambiental.
7 O CONCEITO DE ECOEFICIÊNCIA
O termo ecoeficiência foi introduzido em 1992 pelo WBCSD (World 
Business Council for Sustainable Development), através da publicação de seu livro 
Changing Course, sendo endossado pela Conferência do Rio (ECO 92) como 
uma forma das organizações implementarem a Agenda 21 no setor privado. 
Desde então, tem se tornado um sinônimo da filosofia de gerenciamento que 
leva à sustentabilidade, e como foi um conceito definido pelo próprio mundo 
dos negócios, está se popularizando muito rapidamente entre os executivos de 
todo o mundo.
FONTE: Disponível em: <http://www.agenda21empresarial.com.br/?pg=textos_gerais&id=19>. 
Acesso em: 7 dez. 2012.
De forma clara e objetiva, o conceito de ecoeficiência pode ser entendido 
como um instrumento que procura aperfeiçoar os processos industriais no sentido 
de reduzir o consumo de energia e de insumos e minimizar a geração de resíduos. 
Isto inclui a proposição de ações para a disposição final de seus efluentes e 
resíduos, reaproveitamento de recursos e identificação de oportunidades dentro 
de seus processos, através de um SGA.
IMPORTANT
E
O WBCSD - World Business Council  for Sustainable Development é uma coalizão 
de mais de 100 companhias multinacionais que compartilham valores de comprometimento 
com o ambiente, princípios de crescimento econômico e desenvolvimento sustentável. 
Seus membros representam 34 países e mais de 20 setores industriais e, através de sua rede, 
compartilham suas experiências em aplicar o conceito de ecoeficiência, bem como suas 
ideias com a comunidade dos negócios no mundo todo.
FONTE: Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/
C203297.pdf>. Acesso em 8 dez. 2012.
TÓPICO 3 | CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
97
NOTA
De acordo com o WBCSD (1992), a ecoeficiência é obtida pela: entrega de bens 
e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e tragam 
qualidade de vida, progressivamente reduzindo impactos ambientais dos bens e serviços 
através de todo o ciclo de vida para um nível, no mínimo, em linha com a capacidade 
estimada da Terra em suportar. 
FONTE: Disponível em: <http://www.agenda21empresarial.com.br/?pg=textos_
gerais&id=19>. Acesso em: 7 dez. 2012
Este conceito descreve uma visão para a produção de bens e serviços 
que possuam valor econômico enquanto reduzem os impactos ecológicos da 
produção. Em outras palavras, "ecoeficiência significa produzir mais com menos".
FONTE: Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/C203297.
pdf>. Acesso em: 8 dez. 2012.
Conforme o WBCSD, os sete elementos básicos nas práticas das 
companhias que operam de forma ecoeficiente são: 
• Redução da intensidade de material utilizado nos bens e serviços.
• Redução da intensidade de energia utilizada nos bens e serviços. 
• Redução da dispersão de qualquer tipo de material tóxico. 
• Apoio à reciclagem. 
• Maximização do uso sustentável dos recursos naturais.
• Extensão da durabilidade dos produtos. 
• Aumento do nível de bens e serviços.
98
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
A diminuição dos impactos ambientais, através da redução da entrada 
de materiais (recursos naturais, água, ar e energia) por unidade de produção, 
transforma-se em um aumento da produtividade. O uso mais produtivo dos 
recursos faz as companhias mais competitivas, criando, na prática, uma ligação 
entre a liderança ambiental e a viabilidade econômica. Hoje, já existe um esforço 
de ampliar a aplicação do conceito da área industrial para as áreas financeira 
e florestal.
 
A ecoeficiência engloba ferramentas, tais como: prevenção da poluição, 
redução na fonte, redução de resíduos, minimização de resíduos e produção limpa, 
traduzindo a ideia de redução da poluição através de mudanças no processo. Além 
disso, a ecoeficiência compartilha algumas características com o emergente conceito 
de DFE (Design for Environment), incluindo o projeto do produto entre as opções 
tecnológicas existentes para reduzir a intensidade de uso de matéria e energia 
na produção e facilitando a reutilização através da refabricação e reciclagem. Ela 
também atua a partir de uma perspectiva de ciclo de vida, incluindo, assim, a vida 
útil do produto desde a matéria-prima até o descarte.
A ecoeficiência significa que as companhias podem melhorar o seu 
desempenho ambiental e economizar dinheiro através da redução do uso de 
vários insumos no seu processo produtivo. Algumas organizações já estão 
adotando princípios e práticas da ecoeficiência, integrando a excelência 
ambiental em sua filosofia corporativa. Assim, têm definido metas para 
melhorar o desempenho, ao mesmo tempo em que introduzem sistemas para 
auditá-las e medi-las, assumido responsabilidade pelos seus produtos no seu 
ciclo de vida completo de um produto; inovando no desenvolvimento de novos 
processos e produtos; e dando ênfase na prevenção da poluição, ao invés de 
pagar para limpar.
São quatro os fatores de sucesso para as companhias que buscam a 
ecoeficiência: 
• Ênfase no serviço ao consumidor: focando que tipo de serviços oferecer e 
não somente quais produtos oferecer. Assim, as companhias criam novas 
oportunidades de entregar aplicações que agregam mais valor (Dow Chemical, 
Interface). 
• Ênfase na qualidade de vida: o sucesso das companhias no futuro estará cada 
vez mais focado nos produtos e serviços que atendam a necessidades reais, e 
não aquelas criadas. 
• Uma Análise do Ciclo de Vida (ACV): as companhias agregam valor ao seu 
negócio, monitorando e avaliando o seu impacto a cada estágio do ciclo de 
vida de um produto que é produzido dentro de uma empresa. Uma visão deste 
tipo pode levar a desenhar ouredesenhar produtos e processos para minimizar 
o impacto ambiental, enquanto se maximiza a eficiência. Podemos encontrar 
todos os passos para o seu funcionamento dentro das normas da série ISO 
14000, em específico a ISO 14040.
TÓPICO 3 | CONCEITO E FUNCIONAMENTO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA)
99
• Ecocapacidade: em última instância, a ecoeficiência ajuda as companhias 
a fazerem negócios de forma a adicionar cada vez mais valor, levando em 
consideração o que o planeta pode suportar, ou seja, a capacidade da Terra em 
receber resíduos e detritos. 
FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/2zxULiP>. Acesso em: 8 dez. 2012.
Prezado acadêmico! Vimos nesta unidade de que maneira um Sistema de 
Gestão Ambiental pode funcionar e a importância da conscientização de todas as 
pessoas envolvidas através da adoção de uma política ambiental adequada. Pode-
se dizer até que esta é a base para que estratégias que assegurem a qualidade 
ambiental funcionem.
Posteriormente, tratamos da ecoeficiência, conceito este que permite, 
em conjunto com a conscientização ambiental dos funcionários, a redução dos 
desperdícios, a otimização do uso das matérias-primas e a minimização dos 
resíduos gerados pelas empresas.
100
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu:
• Principais conceitos sobre os Sistemas de Gestão Ambiental (SGAs).
• A aplicação de um SGA dentro do ambiente corporativo.
• O SGA como instrumento de avaliação de impacto ambiental.
• O ciclo PDCA como ciclo avaliativo de ações de gerenciamento e avaliação 
ambiental.
• A introdução de uma política ambiental nas empresas.
• Conceito de ecoeficiência.
101
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva a questão a seguir.
1 Classifique as afirmações como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Definir as metas a serem alcançadas dentro de um ciclo PDCA faz parte da 
etapa de planejamento.
( ) Caso sejam encontrados erros de execução, ou mesmo de planejamento, 
dentro da etapa de checagem, não será mais possível modificar o ciclo 
PDCA, fazendo com que todo o trabalho tenha sido em vão.
( ) Um trabalho de levantamento de informações e dados, que possam 
subsidiar a implementação de um Sistema de Gestão, não se faz necessário 
para o controle da eficácia desse sistema.
( ) Fazer um trabalho de prevenção através de auditorias é fundamental para 
garantir não só o sucesso de funcionamento do Sistema de Gestão, mas 
também a segurança das atividades do empreendimento.
AUTOATIVIDADE
102
103
TÓPICO 4
GERENCIAMENTO AMBIENTAL
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Vimos anteriormente os primeiros passos para o início de um maior 
comprometimento das empresas com as causas ambientais. A partir de agora, 
veremos como um sistema de gestão ambiental pode ser estruturado através das 
normas ISO 14000, e que outros aspectos também podem ser contemplados após a 
estruturação de um SGA, como a certificação ambiental e a rotulagem ambiental. 
Discutiremos também a importância da análise de riscos para evitar que 
acidentes ocorrentes em uma empresa gerem considerável impacto negativo para 
o meio ambiente e, ainda, que todos esses instrumentos utilizados para controle 
ambiental devem ser auditados por instituições credenciadas, de forma a existir a 
garantia dos resultados ambientais esperados.
Muito se tem falado sobre os conceitos, o modo de funcionamento através 
do ciclo do PDCA e, também, do estabelecimento de uma política ambiental 
interna, importantíssima para que a empresa mantenha um controle de todas 
as práticas voltadas à conservação do meio ambiente. Vamos, a partir de agora, 
tentar entender o funcionamento de um SGA na prática, a partir de um estudo de 
caso, que veremos mais adiante. 
Começaremos com uma visão geral sobre a implementação do SGA. Uma vez 
fixada a noção conceitual preliminar do modelo de gestão ambiental proposto, que 
é a compreensão do meio ambiente, sua fragilidade e complexidade, suas variáveis 
controláveis e não controláveis, procuram-se estabelecer os conceitos e pressupostos 
deste modelo de gestão (ANDRADE, TACHIZAWA; CARVALHO, 2002).
Basicamente, a compreensão inicial da adoção de um determinado modelo 
de gestão ambiental (adaptado às características da organização) possibilita o 
delineamento das estratégias genéricas a serem aplicadas. Dada a permanente 
interação com o meio ambiente e com as decisões da organização, isso subsidia 
a formação do modelo de gestão ambiental, do geral para o particular e de fora 
para dentro da organização, refletindo os efeitos das alterações ambientais.
104
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
Desta forma pode-se alcançar um modelo de gestão ambiental que 
estabelece os elos entre a missão e o efetivo atendimento das expectativas da 
empresa que está em processo de implantação do modelo de gestão ambiental. 
Esse modelo de gestão ambiental deve incorporar em seus princípios de qualidade 
os requisitos determinados pelas normas NBR série ISO 14000, instituídas pela 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essas normas serão discutidas 
e comentadas com maior profundidade ainda nesta unidade.
 
Esses instrumentos legais se baseiam em normas internacionais de gestão 
ambiental que têm por objetivo prover as organizações com elementos de um 
SGA eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a 
auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos. 
FONTE: Adaptado de : < http://www.ebah.com.br/content/ABAAAenr0AE/gestao-ambiental-
apostila-completa>. Acesso em: 8 dez. 2012. 
Dessa forma, podemos entender que o processo típico de gestão de uma 
organização pode ser entendido aqui, como um conjunto de decisões assumidas, 
a fim de obter um equilíbrio dinâmico entre missão, objetivos, meios e atividades, 
em um ciclo de começo, meio e fim, podendo ser ajustado continuamente. 
Aqui cabe a ressalva de que o EIA e respectivo RIMA já deveriam fazer parte 
do processo. Ou seja, a empresa que se preocupa em assumir sua responsabilidade 
ambiental, desde o projeto de viabilidade do empreendimento até o início de suas 
atividades, já deveria levar em consideração as variáveis ambientais. Desta forma, a 
introdução de um SGA seria consequência e não obrigação.
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
105
FIGURA 6 - SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL, BASEADO NA NORMA ISO 14000,
MAIS ESPECIFICAMENTE A 14001
FONTE: Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta98/bogo/figura/11.gif>.
Acesso em: 20 fev. 2012.
Revisão Geral
pela Alta
Administração
Revisão
Inicial
Melhoria
Contínua
• Manutenção e 
 medição
• Não- conformidades, 
 ações corretivas e 
 preventivas
• Registros
• Aditorias
• Estrutura e 
 responsabilidade
• Treinamento, 
 conscientização e
 competência
• Comunicação
• Documentação
• Controle Operacional
• Preparação para uma 
 emergência
• Aspectos Ambientais
• Requisitos legais
• Objetivos e metas
• Programa de 
 gerenciamento
 ambiental
Política
Ambiental
Verificação e
Ações
Corretivas
Implementação
e Operação
Planejamento
Ambiental
Já estudamos que um dos principais problemas na adoção de programas 
relacionados às questões ambientais é o fato das empresas serem moldadas a 
partir de um enfoque tradicional de administração que, muitas vezes, não permite 
a adoção de uma política ambiental, ou mesmo, a implementação de um SGA. No 
entanto, avanços significativos nesta área vêm sendo alcançados. Para Andrade, 
Tachizawa e Carvalho (2002), o que se deve procurar adotar em uma organização 
é a visão sistêmica, global e holística, que possibilita visualizar as relações de 
causa e efeito, o início, o meio e o fim, ou seja, as inter-relações entre os recursos 
captados e os valores por ela obtidos.
106
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
A adoção do enfoque sistêmico permite que a organização analise o 
meio ambiente, inserindo-o nocampo de ações da empresa, definindo, assim, 
o melhor cenário, para que, em longo prazo, os objetivos institucionais e 
respectivas estratégias para atingi-los sejam delineados. Com tais processos-
chave identificados, criam-se condições para estabelecer e revisar a configuração 
organizacional, os recursos humanos e os demais recursos necessários para o 
cumprimento dos objetivos da empresa. Assim, a empresa passa a ser visualizada 
como um conjunto de partes em constante interação, independente e funcionando 
como um macrossistema aberto que interage com o meio ambiente.
FIGURA 7 - VISÃO SISTÊMICA DE UMA ORGANIZAÇÃO EM FORMATO SIMPLIFICADO
FONTE: Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002, p. 99)
Precisamos entender que existem estratégias e instrumentos de gestão 
que são comuns a todas as instituições. No entanto, algumas dessas estratégias 
e outros instrumentos de gestão levam em consideração muito mais do que, 
simplesmente, os aspectos técnicos e metodológicos de funcionamento. Muitas 
empresas incorporam crenças, valores e estilos de gestão diferenciados, 
características particulares de cada organização. Dessa forma, a implementação 
do modelo de gestão ambiental em cada empresa deve levar em conta os fatores 
subjetivos de cada empreendimento, tais como: cultura, intuição dos gestores, 
estilo de gestão do principal dirigente, crenças e valores, entre outros. 
Deve-se dar muita importância à atuação dos profissionais ligados à área 
de meio ambiente dentro das empresas e ao gerenciamento de crises ambientais. 
Sabe-se que muitos problemas e acidentes podem ocorrer nas indústrias e que 
atuar preventivamente nessas questões é um ponto fundamental para o sucesso 
do controle dos riscos que existem. É o que veremos a seguir.
Missão
ProdutosInsumos Organização
Estratégias e Regras de Gestão
Modelo de Gestão
2 GERENCIAMENTO DE CRISES AMBIENTAIS
Ao iniciar este tópico, precisamos nos dar conta de algumas coisas. Será 
que a implementação de um SGA garante a uma empresa controlar todos os 
aspectos que, de alguma maneira, estão interligados ao meio ambiente? 
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
107
A resposta é não! Por que não? Vamos imaginar uma empresa com políticas 
ambientais corretas e funcionando, com Sistemas de Gestão Ambiental com 
resultados expressivos e, ainda, uma empresa certificada por normas técnicas. 
Seria fácil pensarmos de que todos os problemas poderiam estar resolvidos. 
Porém, precisamos nos dar conta de que podem ocorrer acidentes, não importa 
qual o tipo e origem, e que estes são de natureza imprevisível, ou seja, não temos 
como controlá-los. Assim, devemos estar preparados para contornar os problemas 
dessa categoria. 
Para Partidário e Jesus (1999), a análise de riscos consiste em um 
instrumento para verificar as possíveis consequências negativas para a sociedade 
ocasionadas por atividades humanas ou, ainda, forças da natureza. Para que 
uma catástrofe ou problema aconteça, existe uma determinada probabilidade de 
ocorrência, que, mesmo sendo muito pequena, não vale a pena correr o risco, não 
é mesmo? O mais coerente é atuarmos na prevenção.
DICAS
Atuar preventivamente na ocorrência de problemas, não importando a natureza 
deles, é a chave para obtermos sucesso em uma análise de riscos. Veremos, a seguir, como 
devemos proceder.
A gestão de riscos é o processo de avaliação e tomada de decisão com base 
nas informações obtidas a partir da análise de riscos. Preocupa-se, também, com 
a manutenção de medidas preventivas, de modo a manter quase nulas as chances 
de ocorrência de algum tipo de acidente. 
Além disso, pertencem igualmente ao campo da gestão de riscos o 
planejamento de situações de emergência e a manutenção de um esquema 
de prontidão para reagir nas situações de perigo. Para tomar suas decisões, o 
gestor de riscos, seja um responsável político ou um presidente de uma empresa 
qualquer, deve utilizar todas as informações disponíveis, resultantes dos Estudos 
de Impacto Ambiental (EIA) e, também, das análises de risco propriamente ditas, 
que devem ser feitas pela empresa.
108
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
IMPORTANT
E
Apenas para lembrar! Os Estudos de Impacto Ambiental (EIA), mencionados 
anteriormente, são etapas que devem ser cumpridas antes mesmo da fase de instalação de 
uma empresa. Esses estudos técnicos possuem valiosas informações sobre a potencialidade de 
riscos ao meio ambiente, entre tantas outras, que devem ser utilizadas nas tomadas de decisão 
em caso de acidentes, na elaboração de SGAs e planos de prevenção e mitigação. As auditorias, 
que veremos a seguir, também podem ser beneficiadas com o uso dessas informações.
De maneira informal, a palavra “risco” exprime algo desagradável que 
pode acontecer. Não é certo que venha a acontecer, mas existe uma probabilidade. 
Estes dois aspectos devem ser formalizados para que o conceito se torne 
operacional, para efeitos analíticos e para os processos de tomada de decisões. 
É necessário encontrar uma forma de exprimir as consequências negativas e a 
incerteza ou acaso associados a essas consequências negativas.
Não é objetivo deste Caderno de Estudos nos aprofundarmos na análise de 
riscos, pois se trata de algo muito complexo e necessitaríamos de uma disciplina 
específica para o assunto. Porém, ainda podemos fazer alguns comentários para 
que você tenha noção de que não se trata de algo tão simples. 
O primeiro é sobre a simplificação dos eventos iniciadores, ou seja, 
aqueles responsáveis por iniciar um acidente. Na vida real, esses eventos são mais 
complexos. Na verdade, na operação de uma instalação industrial pode haver, e 
normalmente há, uma grande variedade de eventos catastróficos. Podemos ter, 
para uma única instalação, diversas “árvores” de eventos, uma para cada um dos 
eventos iniciadores. O risco desse processo será a soma de somas, isto é, depois 
de somarem-se os riscos de todas as consequências de cada árvore, somam-
se os subtotais de todas as árvores. Essa soma final resultará no risco imposto 
pela instalação aos trabalhadores, público e ambiente na área de influência do 
empreendimento.
UNI
Uma árvore de eventos pode ser entendida basicamente como uma ramificação 
em que podemos mapear a chance de um evento qualquer acontecer, assim como todas 
suas etapas, ou seja, do início ao fim.
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
109
Mas risco de quê? Os impactos acidentais podem atingir diretamente a 
biota (fauna – incluindo humanos e flora), assim como os elementos artificiais 
(construções humanas) e naturais (água, terra, ar e nutrientes no meio) sob sua 
influência. Estes impactos podem ser, por exemplo: queimadas (provenientes 
da emissão de substâncias inflamáveis); destruições físicas provenientes de 
explosões; contaminação por substâncias tóxicas; entre outras.
Também devemos referir-nos à qualificação e à quantificação do risco. O 
risco de dano não é apenas um, mas vários. Existem os riscos de extinção de espécies, 
perdas populacionais, perda de diversidade genética, degradação dos recursos 
naturais, entre outros, que precisam ser categorizados para estudo e avaliação.
Por último, é importante ressaltar uma diferença, em termos de 
consequências ambientais, entre os acidentes e a operação normal. De uma 
forma geral, os acidentes impõem uma dose aguda, ou seja, um efeito pontual 
no tempo, enquanto a operação normal de uma atividade econômica impõe uma 
dose crônica, ou seja, uma carga tóxica ou fisicamente danosa de caráter contínuo. 
Em geral, um sistema natural pode suportar uma dose aguda (um 
evento singular) muito mais alta do que uma crônica (evento do 
cotidiano), porque, no primeiro caso, o ambiente terá tempo para se 
recuperar dos efeitos, regenerar suas funções e reciclar o tóxico, se 
for o caso. Isso ocorrerá se os efeitos acidentais não ultrapassarem 
os limites da capacidade de suporte do ecossistema atingido, ou não 
consumirem recursos não renováveis.Em se tratando de impacto 
ambiental, cada caso é um caso (CUNHA; GUERRA, 2000, p. 248).
Vimos até agora as etapas que compõem um SGA e de que maneira 
ele pode ser colocado em prática, através de ciclos contínuos de melhora e 
também normas internacionais. Vimos ainda que apesar de um Sistema de 
Gestão Ambiental estar funcionando em conformidade com todas as diretrizes 
estabelecidas, as operações industriais, de alguma maneira, não são infalíveis, e 
que para isso existe a necessidade de lidar com o acaso e que a possibilidade de 
acidentes existe. No próximo tópico iremos nos aprofundar mais na ISO 14000, 
e vermos os outros instrumentos que podem ser implantados nas empresas 
visando à gestão ambiental
3 NORMAS DA SÉRIE ISO 14000
A qualidade nas organizações deve ser entendida como uma filosofia que 
embasa o modelo de gestão ambiental proposto aqui, entendido como o conjunto 
de decisões exercidas sob os princípios de qualidade ambiental e ecológica 
preestabelecidos, com a finalidade de atingir e preservar um equilíbrio dinâmico 
entre objetivos, meios e atividades no âmbito das organizações (ANDRADE; 
TACHIZAWA; CARVALHO, 2002).
110
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
A filosofia da qualidade ambiental, portanto, não deve ser encarada 
como uma mudança com data de início e fim, porém, como um processo 
contínuo com intensa participação de todos os níveis da organização, de cima 
para baixo, e partindo da cúpula diretiva da empresa, ou seja, da diretoria. A 
filosofia, para ser instrumentalizada na prática, deve contar com ferramentas 
para dar suporte ao processo de gestão, a partir da definição de missões, 
estratégias corporativas, configuração organizacional, recursos humanos, 
processos e sistemas.
Assim, como fator para reforçar a importância do emprego desses 
elementos, destaca-se o advento da filosofia da qualidade total e certificação 
ISO 14000 no âmbito das organizações, fato que provoca, atualmente, um 
verdadeiro movimento a caminho da melhoria dos processos e, principalmente, 
dos produtos finais gerados, que, por sua vez, buscam selos de qualidade. 
As normas da série ISO 14000 que tratam dos Sistemas de Gestão Ambiental 
compartilham de princípios comuns estabelecidos em outras normas, como a de 
sistemas de qualidade, da série ISO 9000. Enquanto esses sistemas de qualidade 
tratam das necessidades dos clientes, os SGAs atendem às necessidades de um 
vasto conjunto de partes interessadas e às crescentes demandas da sociedade 
sobre as questões relativas à proteção dos recursos naturais.
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009), na ISO 14000, 
tais normas especificam os requisitos relativos a um Sistema de Gestão Ambiental 
(SGA), permitindo a uma organização formular políticas e objetivos que levem 
em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais 
significativos. Elas se aplicam aos aspectos ambientais que possam ser controlados 
pela organização e sobre os quais se presume que elas tenham influência. Em si 
elas não prescrevem critérios específicos ao desempenho ambiental.
De maneira geral, as normas da ABNT ISO 14000 se aplicam a qualquer 
organização que deseja:
• Implementar, manter e aprimorar um SGA.
• Assegurar sua conformidade com a política ambiental definida.
• Demonstrar tal conformidade a terceiros (clientes).
• Buscar certificação/registro do seu SGA por uma organização externa.
• Realizar uma autoavaliação e emitir autodeclaração de conformidade com as 
normas ISO 14000.
O grau de aplicação dessas normas dependerá de inúmeros fatores, 
entre eles, o bom funcionamento da política ambiental previamente inserida 
no cotidiano e filosofia da empresa, planejamento, implementação e operação, 
verificação e ação corretiva e, finalmente, a análise crítica pela administração. 
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
111
Podem, ainda, estar incluídas a natureza das atividades desenvolvidas pela 
empresa e as condições em que essa empresa opera. De forma simplificada, a ISO 
14000 é organizada em dois blocos, um direcionado para a organização (Sistema 
de Gestão Ambiental, avaliação do desempenho ambiental e auditoria ambiental) 
e outro para o processo (avaliação do ciclo de vida, rotulagem ambiental e aspectos 
ambientais em normas de produtos).
Diversas normas fazem parte da ISO 14000, entre elas a ISO 14001 e 14004. 
A primeira tem a finalidade de fornecer às organizações os requisitos básicos 
de um sistema de gestão ambiental eficaz. Esta norma é relativamente simples e 
caso as empresas já tiverem implementado bons sistemas gerenciais, já estarão 
a caminho da conformidade com os requisitos desta norma. Esse SGA deve 
incluir todos os requisitos mostrados na norma ISO 14001 e está no documento 
de orientação, descrito na norma ISO 14004 como um processo de cinco etapas: 
• Compromisso e política - nesta fase, a organização define uma política 
ambiental e assegura seu comprometimento com ela. 
• Planejamento - a organização formula um plano que satisfaça às políticas. 
• Implementação - a organização coloca um plano em ação, fornecendo os 
recursos e mecanismos de apoio. 
• Medição e avaliação - a organização mede, monitora e avalia seu desempenho 
ambiental em relação a objetivos e alvos. 
• Análise crítica e melhoria - a organização realiza uma análise crítica e 
implementa continuamente melhorias em seu SGAs para alcançar êxito no 
desempenho ambiental total.
IMPORTANT
E
As normas da série ISO 14000 constituem várias instruções normativas 
referentes à certificação, no que tange aos aspectos ambientais, e cada qual é responsável 
por normatizar os diferentes setores e aspectos de uma corporação. Em sua versão 
nacional, publicadas através da ABNT, costumam trazer o NBR, seguido do ISO e a sua 
respectiva numeração, porém, pouco diferem das adotadas em âmbito internacional. As 
mais conhecidas são ISO 14001 e 14004 (implementação e funcionamento dos Sistemas 
de Gestão Ambiental, respectivamente), mas devemos ficar atentos às demais, como, 
por exemplo, a ISO 14010, 14011 e 14012 (atualmente ISO 19011 e que traz as diretrizes 
para auditorias de qualidade de produtos e qualidade ambiental), as ISO 14020, 14021 e 
14024 (referentes ao processo de rotulagem ambiental), a ISO 14031 e 14032 (referentes ao 
processo de avaliação de desempenho ambiental), as NBR ISO 14040, 14041, 14042, 14043 
e 14048, que fazem referência à análise do ciclo de vida de um produto, as ISO TR 14062 
(relatório técnico que instrui a normatização de produtos envolvendo o ecodesign), a 14063 
(referente à comunicação ambiental) e, por fim, a 14064 (referente aos padrões de controle 
do ar e mudanças climáticas (ABNT, 2009)).
112
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
Você deve se perguntar: mas o que é necessário para a implantação de um 
Sistema de Gestão Ambiental baseado na ISO 14001? Da mesma forma que na 
gestão pela qualidade, é necessário haver uma quebra de paradigma, ou seja, um 
processo de mudança comportamental e gerencial na organização, envolvendo 
os seguintes itens:
• Comprometimento da alta direção.
• Integração ao planejamento estratégico da empresa.
• Envolvimento de todos os setores e pessoas responsáveis pela sua implementação.
• Reflexão sobre a política ambiental.
• Garantir uma mudança de comportamento.
• Consideração dos recursos humanos, físicos e financeiros necessários.
• Dinamismo e 
• Sofrer revisão periódica.
Assim, fica claro que um Sistema de Gestão Ambiental exige uma nova 
forma de gerenciar uma empresa, independente do porte e da atividade que 
exerça. Como vimos anteriormente, os padrões tradicionais de administração não 
são coerentes com o comportamento e estruturas necessários para o sucesso de um 
SGA, na realidade do nosso mundo atual. Novas tecnologias de gerenciamento 
estão surgindo exatamente para suprir a necessidade de uma gestão mais 
inteligente, compatívelcom as exigências mundiais.
Resumindo, a administração define a política ambiental da organização, 
pois esta deve assegurar que seja apropriada à natureza, escala e impactos 
ambientais de suas atividades. Também deve ser feita a melhoria contínua do 
processo, o cumprimento da legislação, a documentação das atividades e a 
divulgação dos resultados, inclusive para os colaboradores. A organização deve, 
ainda, estabelecer e manter procedimentos para identificar o potencial e atender 
a acidentes e situações de emergência, bem como, para prevenir e mitigar os 
impactos negativos que possam estar associados a eles. Deve analisar e revisar, 
onde necessário, seus procedimentos de preparação e atendimento a emergências, 
em particular, após a ocorrência de acidentes ou situações de emergência. Dentre 
as normas estabelecidas pela ISO 14000, a seguir será abordada a auditoria 
ambiental, que é a verificação do funcionamento das estratégias ambientais 
adotadas dentro de uma corporação.
4 AUDITORIA AMBIENTAL
No âmbito das ciências do ambiente, o termo “auditoria” tem sido 
utilizado para referir a quantificação das consequências ambientais dos projetos 
de desenvolvimento (por exemplo, a construção de empreendimentos de qualquer 
natureza), acompanhada por uma avaliação da eficácia das medidas de gestão 
adotadas, a fim de prevenir ou minimizar os efeitos negativos desses projetos 
(PARTIDÁRIO; JESUS, 1999). Vale destacar que no Tópico 4 estamos falando de 
auditorias internas, aquelas pertinentes à verificação de procedimentos internos 
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
113
de uma empresa que esteja buscando adaptar-se a Sistemas de Gestão Ambiental. 
Mais adiante, na Unidade 3, estaremos também falando de auditorias, mas dentro 
do contexto de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Ao mesmo tempo em que 
o conceito é o mesmo para os diferentes casos, detalhes devem ser ajustados, ou 
seja, ambos se complementam.
As auditorias ambientais podem ser consideradas instrumentos recentes 
em nosso processo de ordenamento jurídico. Elas constituem uma ferramenta 
de controle do Sistema de Gestão Ambiental e, portanto, ocorrem com o 
empreendimento em operação. Essas auditorias devem avaliar se as orientações 
contidas no SGA estão sendo observadas e se o controle ambiental está sendo 
eficiente. (ARAÚJO; VERVUURT, 2005).
Assim, a realização de auditorias pode ser fundamental, principalmente 
para empreendimentos potencialmente poluidores. Deve-se, ainda, levar em 
consideração, em relatórios desse caráter, os aspectos das condições ambientais 
e de saúde dos trabalhadores. Outro ponto fundamental é a periodicidade do 
processo de auditoria, que deve estar de acordo com o órgão ambiental local, 
responsável pela fiscalização dos empreendimentos que tenham potencial 
poluidor e/ou de acordo com as normas da empresa, caso esta tenha implantado 
um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ou, ainda, caso o empreendedor esteja 
buscando algum selo de qualidade ou mesmo as certificações do âmbito ISO 
14001/004, por exemplo. Isso permitirá, a todos os atores envolvidos, melhor 
acompanhamento das questões ambientais nas suas mais variadas formas. 
Um dos aspectos mais importantes é a garantia de acesso aos documentos 
de auditoria ambiental realizados para as pessoas da sociedade civil. Isso permite, 
por exemplo, conhecer os aspectos ambientais dos locais de moradia, segurança 
e condições de trabalho. A não realização de auditoria ambiental obrigatória, ou 
seja, nos locais onde este instrumento esteja amparado por lei e a negação de 
acesso aos documentos, enseja a propositura de ação civil pública ambiental.
O monitoramento de impacto tem uma série de vantagens, como, por 
exemplo, levantar variáveis ambientais e sociais relevantes que podem identificar 
tendências nocivas, antes de ser tarde demais para minimizar ou prevenir. Assim, 
o monitoramento de impacto permite um “alarme preventivo” para eventos 
inesperados, não planejados ou indesejados, ou seja, os acidentes. Acidentes são muito 
ruins, porém, funcionam como uma força motriz em direção a uma maior segurança 
pública e cuidados com o meio ambiente. Assim, os gestores ambientais podem ser 
alertados antes que o “estrago” seja feito. Outra vantagem do monitoramento de 
impacto é nos fornecer ideias ou somar conhecimento sobre situações semelhantes 
em diferentes projetos para que possam ser feitas comparações futuras, em novos 
estudos de empreendimentos (CUNHA; GUERRA, 2000).
114
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
DICAS
O monitoramento de todas as variáveis que possam ser consideradas de risco 
para um ambiente natural é um componente muito importante das auditorias, pois funciona 
através da prevenção.
Podemos dizer que, apesar de todos os programas voltados ao 
gerenciamento ambiental dentro de uma organização, ainda assim corremos 
riscos e muitas das informações levantadas hoje talvez não sirvam amanhã para 
tomarmos alguma decisão. Já vimos que os SGAs funcionam em sistemas cíclicos, 
de contínuo melhoramento, e é devido ao fato de existir uma probabilidade 
de falha, seja lá qual for, que um grande número de programas de mitigação 
e monitoramento são realizados, em uma tentativa de evitar impactos nocivos. 
Esses programas são custosos e demandam tempo elevado. Dessa forma, 
através de auditorias é possível concluir que alguns dos impactos, previstos em 
outros momentos, não ocorreram e que as decisões futuras relativas a projetos 
semelhantes talvez não necessitem de medidas de mitigação e/ou programas de 
monitoramento já realizados no passado. Maiores detalhes sobre a análise de 
riscos em Estudos de Impactos Ambientais, assim como o processo de auditoria, 
serão vistos na próxima unidade.
Além da auditoria ambiental, a certificação ambiental ou rotulagem 
também está descrita na ISO 14000 e pode ser entendida como instrumentos de 
controle ambiental, principalmente no que diz respeito à origem da matéria-
prima, e se esta está de acordo com os princípios de sustentabilidade. É o que 
veremos a seguir.
5 CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL OU ROTULAGEM AMBIENTAL
Atualmente, os produtos de mercado tendem a receber maior valoração 
se apresentarem estampados em suas embalagens selos com alguma conotação 
ecológica. Significa que durante a fabricação deste produto, do início ao fim do 
processo, tudo ocorreu dentro de normas ecologicamente corretas. Atualmente, 
o fabricante precisa atestar que a exploração da matéria-prima, o processo de 
manufatura, a distribuição e, finalmente, a comercialização, tudo esteja alinhado 
ao conceito de sustentabilidade. Por sua vez, a certificação ou rotulagem ambiental 
é um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da 
relação comercial com o fabricante e tem o objetivo de atestar publicamente, por 
escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade 
com os requisitos especificados, ou seja, com as leis ambientais. Esses requisitos 
podem ser nacionais ou internacionais. As atividades de certificação podem 
envolver: análise de documentação, auditorias e inspeções na empresa, coleta 
e ensaios de produtos no mercado e/ou fábrica com o objetivo de avaliar sua 
manutenção. (ARAÚJO; VERVUURT, 2005). 
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
115
Assim, a rotulagem ambiental surge como uma das facetas do processo 
pelo qual a proteção do meio ambiente se converte em valor social. Inicialmente 
e, principalmente, nos países desenvolvidos, à medida que as empresas 
perceberam que as preocupações ambientais podiam se converter em vantagens 
mercadológicas para alguns produtos, esta demandou a definição de normas e 
diretrizes para a rotulagem ambiental. 
FONTE: Adaptado de: < www.paot.org.mx/centro/internacional/comercioeambiente.doc>. 
Acesso em: 8 dez. 20012. 
Da mesma maneira que nos SGAs, a Organização Internacional de 
Normalização (ISO) desenvolveu normas para rotulagem ambiental (MMA, 
2002). Rapidamentepodemos comentar a respeito de cada uma delas. A do Tipo 
I se refere aos clássicos selos verdes; a do Tipo II diz respeito às declarações 
efetuadas pelos próprios fornecedores, normalmente os próprios fabricantes, e 
o Tipo III consiste no estabelecimento de categorias de parâmetros, a partir de 
uma avaliação do ciclo de vida e na divulgação dos dados quantitativos relativos 
a esses parâmetros para cada produto.
O processo de certificação não funciona como uma ação isolada e 
pontual, mas sim como um processo que se inicia com a conscientização da 
necessidade da qualidade para a manutenção da competitividade e consequente 
permanência no mercado, passando pela utilização de normas técnicas e pela 
difusão de conceito de qualidade por todos os setores da empresa, abrangendo 
todos os aspectos operacionais internos e o relacionamento com a sociedade e 
o meio ambiente. 
FONTE: Disponível em: < http://www.faep.com.br/comissoes/frutas/reuniao06.asp. 
Acesso em: 8 dez. 2012. 
Um exemplo pode ser mostrado através da utilização de madeira 
certificada, ou seja, aquela proveniente de manejo florestal. Outro exemplo é a 
empresa de pescados que atesta que os peixes são capturados sem a morte de 
outras espécies sem interesse econômico, através do selo Dolphin Safe.
Além disso, é bom que fique claro que, embora a certificação possa 
melhorar a imagem da empresa, orientando a decisão de escolha dos clientes e 
consumidores, as organizações devem estar conscientes de que essas certificações 
representam um patamar intermediário para alcançar a excelência em qualquer 
sistema de gestão. A certificação representa o atendimento aos requisitos mínimos 
presentes nas normas, porém o fato de uma empresa ser certificada não significa 
que o desempenho ambiental dessa empresa esteja acima de outra não certificada.
Como exemplo, podemos citar casos de empresas que estão sendo 
investigadas pelo Ministério Público, depois de causarem impactos ambientais 
significativos, mesmo tendo seus produtos certificados.
116
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
De acordo com o MMA (2002), existem três objetivos da rotulagem ambiental:
• Proteger o meio ambiente: os programas de rótulos ambientais pretendem 
influenciar as decisões dos consumidores, de modo a encorajar a fabricação e o 
consumo de produtos menos agressivos ao meio ambiente.
• Encorajar a inovação ambientalmente saudável na indústria: os programas 
podem proporcionar o incentivo mercadológico para as empresas introduzirem 
tecnologias inovadoras e saudáveis do ponto de vista ambiental.
• Desenvolver a consciência ambiental dos consumidores: por se tratar de um 
meio idôneo e confiável para dar visibilidade no mercado aos produtos ou 
serviços do ponto de vista ambiental.
Podemos destacar, ainda, que os programas de rotulagem ambiental são, 
por definição, voluntários e, na sua maioria, conduzidos por organizações não 
governamentais ou ONGs. A generalidade dos programas no mundo conta com 
a participação ativa dos governos como seus promotores ou incentivadores. De 
fato, proporcionar um instrumento para demonstrar qualidade ambiental para 
os mercados de exportação tem sido um dos objetivos enunciados pelos rótulos 
ambientais em implantação em diversos países em desenvolvimento. Assim, 
esses selos podem ser considerados importantes ferramentas para promover uma 
mudança nos padrões de produção, indispensável para os dias de hoje, quando 
buscamos o desenvolvimento sustentável (MMA, 2002).
Nesta unidade vimos alguns dos aspectos a serem considerados dentro do 
gerenciamento ambiental nas empresas. Claro que todos esses aspectos tornam-se 
importantes a partir do momento em que uma empresa manifesta o interesse em 
se adequar aos conceitos da sustentabilidade. Tratamos desde a implementação e 
o funcionamento de um SGA, o risco de acidentes e suas consequências ao meio 
ambiente, a forma de mensurar as informações para que as decisões corretas 
possam ser tomadas, além das normas da ISO 14000, a auditoria ambiental e, por 
fim, a certificação ambiental.
 
Deve ficar claro que esses são apenas alguns dos aspectos a serem 
contemplados, porém, pode-se dizer que atualmente são os que estão em maior 
evidência e, por isso, a necessidade de tentarmos entender um pouco de cada um 
desses. Mais uma vez, quando falamos em avaliação de impactos ambientais, a 
maior amplitude possível de variáveis deve ser levada em consideração, e todos 
esses tópicos citados anteriormente estão incluídos. De maneira simplificada, 
vimos que o processo se dá no início, desde a implementação do empreendimento, 
passando pelo seu funcionamento e, por fim, a análise do ciclo do produto fabricado.
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
117
LEITURA COMPLEMENTAR
GESTÃO AMBIENTAL: UMA ESTRATÉGIA PARA A
PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Neres de Lourdes da Rosa Bitencourt 
Eduardo Juan Soriano-Sierra 
João Ernesto Escosteguy Castro 
1 INTRODUÇÃO 
Na atualidade, sabe-se que a forma de uso dos bens públicos, em geral, 
e dos recursos hídricos, em particular, em muitas regiões não é adequada. 
Como prova concreta desta afirmação basta observar que, em todo o planeta, o 
grande volume de água doce existente em lagos e reservatórios está diminuindo 
a cada ano. É difícil reverter esse processo, pois o que ocorre na maioria das 
vezes é descaso ou investimentos mal direcionados, como se tem observado 
pela quantidade de rios que continuam sendo poluídos indiscriminadamente. 
Não é raro observar o aumento de ecossistemas desertificados, das secas e da 
erosão dos solos, causados pela exploração indiscriminada dos recursos naturais, 
com procedimentos predatórios. A busca por uma gestão que leve em conta a 
educação ambiental, num processo de mudança de paradigmas, como proposta 
para a criação de soluções sustentáveis, deveria ser um dos maiores desafios 
a ser enfrentados pelas empresas de economia mista, privadas ou públicas. A 
compreensão de que o atual modelo de gestão ambiental não está atendendo aos 
objetivos sociais, econômicos e ecológicos, por não proporcionar um envolvimento 
harmônico do ser humano com o meio ambiente, consequentemente prolifera 
para a inexistência de qualidade de vida.
 
Daí a importância de um gerenciamento que leve em conta a educação 
ambiental para desenvolver uma mudança radical para a conscientização de 
todos os atores na esfera das gestões organizadas, públicas ou privadas para 
a preservação dos recursos hídricos, pois este deve ser visto como algo finito. 
Através da educação ambiental, a sociedade pode ser despertada para preocupar-
se com a má administração do recurso água, tão importante para a vida. Observa-
se que, num sentido global, há uma crença de que a melhor maneira de preservar 
o meio ambiente é através da educação ambiental, pois por meio da informação 
pode-se garantir uma consciência mais ampla, que pensa de forma global e que 
age, também, em cada setor local.
 
2 RECURSOS HÍDRICOS: A IMPORTÂNCIA DE SUA PRESERVAÇÃO 
A água é um recurso fundamental para a sobrevivência do homem e demais 
seres que habitam o planeta. “A água doce é elemento essencial ao abastecimento 
do consumo humano, ao desenvolvimento de suas atividades industriais e 
agrícolas, e de importância vital aos ecossistemas – tanto vegetal como animal 
118
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
– das terras emersas.” (REBOUÇAS, 1999, p. 1). Observa-se, então, que por ser 
um recurso de grande importância para a sobrevivência de todos os seres vivos, 
o homem sempre demonstrou interesse em manter o domínio sobre a água. Para 
isso, basta observar as origens de poder sobre seu uso. Desde os primórdios das 
civilizações antigas, a posse da água representava um instrumento político de 
poder, por exemplo, o controle dos rios, como forma de dominação dos povos, foi 
praticado pelas civilizações da Mesopotâmia, aproximadamente quatro mil anosantes de Cristo. (op. cit., p. 17). No entanto, o homem vem utilizando as reservas 
hídricas de forma desordenada, polui com práticas agrícolas perniciosas com o uso 
de insumos químicos que alteram a composição da água, como os “neurotóxicos, 
carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos” os projetos de irrigação, atividades 
extrativistas agressivas, desmatamentos, queimadas, lançamentos de esgotos e 
outros resíduos industriais e domésticos que, se não forem tomadas medidas para 
atuações de uso da água de forma harmônica com a natureza, a qualidade deste 
recurso poderá ficar cada vez mais escassa, podendo afetar a saúde do próprio 
ser humano. (op. cit., p. 26). Entre as ações que podem melhorar a qualidade 
e a quantidade dos recursos hídricos e também observá-lo como um fator 
limitante, segundo Salati et al. (1999, p. 40-41), destacam-se: estudos científicos e 
tecnológicos; amplo programa de educação ambiental; aprimoramento contínuo 
e constante da legislação (gestão da demanda e da oferta); aprimorar a estrutura 
institucional no manejo, utilização e fiscalização dos recursos hídricos; projetos 
que envolvam o manejo de recursos hídricos, como: construção de represas, 
saneamento básico, fornecimento de água e navegação fluvial, levem em conta as 
influências e interações com o meio ambiente e sociedade; evitar a contaminação 
das águas; formar recursos humanos; aumentar a cooperação internacional. 
Ainda, segundo Tundisi et al. (1999, p. 208), para haver a exploração dos 
recursos hídricos deve “haver articulação entre a base de pesquisa e conhecimento 
científico acumulado”, bem como, também, as ações de gerenciamento, levando 
em conta, além dos recursos hídricos, a “unidade-bacia-hidrográfica-rio-
lago ou reservatório”, Pois segundo o autor, somente assim poderá haver um 
gerenciamento efetivo sobre a questão dos recursos hídricos. 
3 EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A consciência ambiental é fundamentalmente importante para todo 
e qualquer tipo de desenvolvimento que se queira alcançar, pois ela poderá 
significar um mundo melhor, por ser uma das formas mais amplas da relação 
harmônica do homem com o seu meio. Neste sentido, a educação ambiental pode 
ser vista como um compromisso com todas as esferas da sociedade de forma 
geral. Poderá significar a construção de um futuro mais humano, mais igualitário 
pelas decisões tomadas no presente, dada a sua importância na transformação das 
questões mundiais. Por meio da educação ambiental pode acontecer a legitimação 
dos valores éticos, bem como a mudança dos padrões de comportamento na 
sociedade, pois se acredita que somente com a mudança de mentalidade surgirá a 
transformação da consciência (DIAS, 1994). Dessa forma, a relação ética do homem 
com o ambiente é realizada por meio da interação e harmonia, proporcionando, 
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
119
assim, o seu próprio bem-estar. Nesse sentido, diante da necessidade de ensinar, 
na busca por um futuro melhor, lembra-se a Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), onde foram destacadas 
várias recomendações para a Educação Ambiental. Eis algumas questões que 
necessitam ser mais exploradas, (op. cit., p. XV): reorientar a educação para o 
desenvolvimento sustentável; aumentar/incrementar a conscientização popular; 
considerar o analfabetismo ambiental; promover treinamento.
 
Dias (1994) chama a atenção para a importância do treinamento sobre a 
questão ambiental e argumenta que em todos os encontros promovidos em prol da 
educação ambiental, esse assunto deve ser sempre enfocado nas discussões em busca 
de melhorias. Ainda, sobre as formulações feitas no Fórum Global, está o tratado de 
“Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. 
Entre as formulações são destacadas algumas, segundo o autor (op. cit.), em que a 
educação ambiental deve: ser direito de todos; ter como base o pensamento crítico, 
fomentando a transformação e a construção da sociedade; ter o propósito de formar 
cidadãos com consciência local e planetária; ser considerada como um ato político, 
baseado em valores para a transformação social; envolver uma perspectiva holística; 
desenvolver a solidariedade com estratégias democráticas; abordar as questões 
globais críticas, como: população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, 
e degradação da flora e fauna, numa perspectiva sistêmica; facilitar a cooperação 
mútua e equitativa nos processos de decisão; capacitar as pessoas a trabalharem 
conflitos de maneira justa e humana; promover a cooperação e o diálogo entre 
indivíduos e instituições; e ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas 
as formas de vida. 
Pode-se perceber a importância da Educação Ambiental para lidar com as 
questões e problemas do ambiente. Sendo que essa deve ser utilizada como um 
instrumento para alcançar a sustentabilidade no futuro. Por outro lado, Morim 
(2000) chama a atenção na questão do desenvolvimento, pois esse entra em 
conflitos com as complexidades existentes no mundo de hoje, já que os atores que 
compõem a sociedade são “biológicos, psíquicos, sociais, afetivos e racionais”. 
Expõe ainda que “[...] a educação deve promover a ‘inteligência geral’ apta a referir-
se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro da concepção 
global”. O conhecimento não deve permear somente uma esfera do conhecimento 
isolado, mas deve atingir as diversas partes que compõem a sociedade dentro 
da estrutura global. A educação do futuro deve propor o conhecimento de cada 
estrutura, suas partes, mas deve sempre procurar observar o todo. Deve reconhecer 
de forma consciente a importância da condição humana situada no universo (op. 
cit.). Deve proporcionar o desenvolvimento da compreensão para que realmente 
seja manifestada a mudança de consciência em todas as sociedades. Dessa forma, 
é necessário concordar que, através da educação ambiental pode-se desenvolver, 
por meio da compreensão, mudança de atividades, valores e mentalidades em 
prol de soluções sustentáveis em todos os níveis, locais e globais. Acredita-se 
que, através da disseminação da educação ambiental, o enfoque de planejamento 
participativo e ações que sejam adaptadas a contextos socioculturais e ambientais 
específicos podem levar uma gestão ambiental adequada que tenha como meta 
120
UNIDADE 2 | AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PARTINDO DO PRINCÍPIO DA EXPLORAÇÃO SUSTENTÁVEL
atingir os problemas ambientais numa busca de soluções sustentáveis. Ainda, para 
Vieira (1995, p. 72), um dos desafios mais importantes que devem ser abordados 
pelas comunidades científicas é a “criação de sistemas de planejamento melhor 
articulados ao mundo acadêmico”, bem como promover a criação de meios 
adequados às mudanças comportamentais. São questões de “regulação política 
que possam introduzir mudanças de percepção, atitudes e comportamento” de 
acordo com a compreensão dos fatores que levam o ser humano à degradação 
ambiental e através de atitudes que os levem a uma vida harmônica com o meio 
ambiente. Com isso, surge o aprendizado de uma nova relação com o meio 
ambiente. Nesse aprendizado, por meio de atitudes concretas, os atores podem, 
com hábitos, políticas e comportamentos, proporcionar uma melhor qualidade 
de vida para todos.
4 SÍNTESE DA SITUAÇÃO ATUAL: COMUNIDADE
& BACIA HIDROGRÁFICA 
O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, uma das maiores unidades de 
conservação do sul do Brasil, é de grande importância para a manutenção da 
biodiversidade. Foi criado em novembro de 1975, com 87.405 hectares de área, 
representando quase 1% da área total do Estado de Santa Catarina. Abrange nove 
municípios: Águas Mornas, Florianópolis, Garopaba, Imaruí, Palhoça, Paulo 
Lopes, Santo Amaro da Imperatriz, São Bonifácio e São Martinho. Fazendo parte 
desta Unidade de Conservação, a bacia hidrográfica do Rio Vargem do Braço (que 
é objeto de estudo) encontra-se localizada na comunidade de mesmo nome no 
município de Santo Amaro da Imperatriz,na região da Grande Florianópolis. A 
região é um ponto estratégico, pela riqueza de fontes de água potável que formam 
a bacia. Conforme estudo de caso realizado em 2000, na região de Vargem do 
Braço, onde está localizada a bacia hidrográfica, constatou-se que existe a prática 
agrícola e, assim, vários tipos de proprietários. Ainda segundo dados fornecidos 
pelo IBGE, todo o vale, do qual a comunidade faz parte, consta de 220 domicílios, 
com uma população de 839 pessoas. 
Apenas uma pequena parte dos agricultores trabalha com agricultura 
orgânica, os que têm como meio de subsistência a produção de hortifrutigranjeiros, 
correspondendo a um percentual de 30% do total de agricultores da região. Os 
demais agricultores fazem uso de agrotóxicos em suas plantações. Enquanto 
que os sitiantes de finais de semana são pessoas que moram em outras regiões 
e possuem uma propriedade pequena que utilizam nos finais de semana, como 
forma de lazer. Segundo a pesquisa de campo, constatou-se que o local, onde a 
comunidade vive e organiza suas lavouras, fica localizado na Bacia do rio Vargem 
do Braço. Além disso, as lavouras também são realizadas nas proximidades do 
rio. Logo, com as chuvas, são levados detritos e agrotóxicos aos cursos de água 
da bacia hidrográfica do rio que abastece a população da capital do Estado de 
Santa Catarina. Com isso, observa-se que há urgência em se tomar medidas para 
a preservação do manancial hidrográfico, no sentido de alertar a população da 
comunidade local e também os consumidores da Grande Florianópolis, através 
do processo de educação ambiental para a preservação do recurso “água”, que é 
tão importante para a vida.
TÓPICO 4 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL
121
5 A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PROCESSO DE 
GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS 
Após o conhecimento dos tipos de proprietários da região de Vargem do 
Braço, busca-se fornecer subsídios, como, por exemplo, a formação de oficinas na 
região com a população local, buscando trabalhar com atores que estão envolvidos 
diretamente no processo. Uma das alternativas será a formação de minicursos 
capacitando a população local para trabalhar com produtos artesanais, com cultivos 
de flores, ou, que todos os agricultores aderem ao cultivo orgânico de produção. 
Dessa forma, objetivando trabalhar como paradigma educacional a comunidade 
de Vargem do Braço, as questões da agricultura sustentável, na preservação dos 
recursos hídricos, através da conscientização dos atores que, no momento atual, 
utilizam diretamente os mananciais e dos atores que utilizam este recurso de forma 
indireta (a Grande Florianópolis). Estes últimos serão orientados e incentivados para 
a compra dos produtos oferecidos em feiras, com folhetos educativos destacando 
a região, a importância de sua preservação para toda a população. Buscando 
promover a preservação e o uso dos recursos hídricos desde o manancial até o seu 
destino final, levando os atores a adquirirem as habilidades necessárias para o seu 
uso de forma racional. Dessa forma, será implementada como prioridade na região a 
consciência ambiental, levando os cidadãos a comprometerem-se e participarem de 
forma ativa na proteção ambiental. Buscar-se-á também estimular a sensibilização 
na relação homem-natureza, como proposta para a mudança de comportamento 
frente à preservação de ecossistemas com mananciais hídricos. Mediante a análise 
em profundidade e detalhamento de todos os aspectos existentes na região, objeto 
de estudo, visando à importância da sensibilização das pessoas, integrando-as ao 
ecossistema e para que este se recupere. Dessa forma, por meio da educação, poderá 
haver contribuição para o planejamento, gestão e gerenciamento ambiental da 
bacia hidrográfica do rio Vargem do Braço, o qual também abastece a população da 
Grande Florianópolis. 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A educação ambiental pode ser um dos meios mais eficazes para que haja 
gestão das questões ambientais de forma adequada. A maioria dos sistemas de 
gerenciamento ambiental sobre os recursos hídricos é ineficaz, pois não garante 
a preservação desse recurso tão necessário. Há consideráveis inadequações das 
práticas de gestão ambiental, como, por exemplo, a falta de consciência dos 
cidadãos sobre as questões ambientais, por não haver uma gestão que considera 
a educação ambiental como prioritária. Sendo esta capaz não só de informar, mas 
também de mudar o estilo de vida. Sendo assim, o presente texto vem contribuir 
para a sociedade, no sentido de levar a comunidade de Vargem do Braço a permear 
uma reflexão sobre a importância da educação ambiental para melhorar o estilo 
de vida atual e preservar os recursos hídricos. O processo a ser implantado levará 
as pessoas a uma melhor qualidade de vida, pois a conscientização através da 
educação para um ambiente sadio é uma das atitudes que pode proporcionar um 
futuro com perspectivas para um desenvolvimento sustentável. 
FONTE: Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR101_0639.pdf>. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
122
RESUMO DO TÓPICO 4
 Neste tópico você viu: 
• Gerenciamento de crises ambientais tendo como base a avaliação de dados 
referentes às atividades de funcionamento e exploração de um determinado 
tipo de empreendimento.
• Conceito de risco ambiental.
• Sistemas de Gestão Ambiental baseados nas Normas ISO 14000 da ABNT.
• Conceitos básicos de auditoria ambiental e sua aplicação para checagem do 
funcionamento das atividades das empresas.
• Certificação ambiental.
123
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva a questão a seguir.
1 Situações inesperadas, como acidentes de qualquer natureza, podem 
colocar qualquer empreendimento em situações muito delicadas, havendo, 
portanto, necessidade de prevenção e controle. Como vimos, é através 
de auditorias e da análise de riscos que podemos pensar em quase todas 
as possibilidades de problemas. O fato é que, em situações como estas, é 
preciso tomar decisões. Com base naquilo que foi visto até agora e com 
pesquisa em outras fontes e, também, na internet, destaque cinco fatores 
que você considera indispensáveis para um bom tomador de decisões.
AUTOATIVIDADE
124
125
UNIDADE 3
AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: 
CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E 
APLICAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade o acadêmico estará apto:
• fazer uma Avaliação de Impacto Ambiental;
• diagnosticar as principais fases dentro do ciclo do projeto de AIA;
• executar um projeto de meio ambiente;
• descrever os diferentes instrumentos de análise de impactos ambientais.
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o auxiliarão a fixar os conhecimentos desenvolvidos.
TÓPICO 1 – AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
TÓPICO 2 – UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS
 NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL
TÓPICO 3 – AUDITORIA AMBIENTAL PRÉVIA E
 PÓS-IMPLANTAÇÃO DE OBRAS
126
127
TÓPICO 1
ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS 
AMBIENTAIS (AIA)
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Em um contexto atual, sabemos que com o nível de desenvolvimento que 
encontramos na sociedade moderna, se não colocarmos e estabelecermos medidas 
para um ordenamento e gestão dos nossos ambientes, estaremos comprometendo 
a existência de nossa própria espécie. Fala-se em desenvolvimento sustentável, 
exploração dos recursos naturais com moderação, aproveitamento de resíduos 
e tantos outros termos que muitas vezes nos perguntamos, até onde vamos 
chegar se não frearmos ou ao menos controlarmos de maneira eficiente nossos 
sistemas de exploração. Para que isso ocorra é necessária uma mudança brusca 
de paradigmas que aos poucos se torne padrão em uma sociedade acostumada a 
manter níveis insustentáveis de exploração e incapaz de enxergar as consequências 
de tal comportamento.
Tanto tem sido discutido e, ao que tudo indica, os conceitos de 
“desenvolvimento sustentável” e “ecologicamentecorreto” estão entrando aos 
poucos para o cotidiano de algumas pessoas. É claro que as pessoas sem acesso à 
informação devido aos recursos de instrução, ou aquelas que continuam achando 
que nossos recursos naturais são infinitos (fruto de uma cultura enraizada há anos), 
infelizmente, ainda são a maioria. Assim, espera-se aos poucos que esse cenário se 
torne pouco comum, permitindo assim o desenvolvimento adequado para que as 
próximas gerações ainda possam desfrutar de condições dignas de existência.
UNI
Prezado acadêmico! A partir de agora você compreenderá a importância da 
execução de projetos voltados para a conservação do meio ambiente. Saiba que estes são de 
fundamental importância para a utilização racional dos nossos recursos naturais.
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
128
2 METODOLOGIAS PARA EXECUÇÃO DE PROJETOS 
AMBIENTAIS
Com pouco mais de 30 anos de existência, a Avaliação de Impactos 
Ambientais (AIA) pode ser considerada uma disciplina emergente. No Brasil é um 
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, o que demonstra a crescente 
preocupação com a preservação dos recursos e patrimônio naturais. Sendo assim, 
levando-se em consideração a importância para o licenciamento ambiental, a Lei 
nº 6.938/81, em seu artigo 9º, inciso III, instituiu a Avaliação de Impacto Ambiental 
(AIA). Foi constatada a necessidade de que esses estudos fossem sintetizados em 
um documento especial denominado de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), como será visto mais adiante (CUNHA; 
GUERRA, 2000).
 
Deve sempre ficar claro que o EIA e o RIMA são estudos prévios, ou seja, são 
um instrumento de planejamento de ações futuras para uma empresa que apresenta 
elevado potencial poluidor. Eles estão inseridos dentro de um Sistema de Gestão 
Ambiental, afinal de contas, este é um dos instrumentos que permite isso. Porém, 
agora, em específico, estamos tratando de um estudo que permite a viabilização de 
dados, para tomada de decisão, que é a construção ou não de um empreendimento.
 
Em virtude da maior sensibilização ambiental, novas práticas e 
metodologias para a realização e monitoramento do meio ambiente vêm sendo 
desenvolvidas. De acordo com Partidário & Jesus (1999), tentativas iniciais de 
avaliação de projetos, e que incluíssem algum tipo de comprometimento para 
com o meio ambiente, eram frequentemente imperfeitas e limitadas à elaboração 
de estudos de viabilidade técnica e também de análises de custo-benefício ou 
ACBs. Essas análises, por exemplo, surgiram com o intuito de exprimir todos 
os impactos dos custos dos recursos, avaliados em termos monetários. Assim, 
projetos de grande porte começaram a causar preocupação. Ou seja, a partir do 
momento em que se começou a avaliar o real impacto de um empreendimento 
qualquer sobre o meio ambiente, e transformar isso em moeda, é que as pessoas 
começaram a perceber o real valor dos nossos recursos naturais.
A partir desse momento, uma nova abordagem de avaliação, que se 
tornou conhecida como Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), começou a ser 
implementada. É importante notar que atualmente se tenta estabelecer uma 
ligação entre a AIA, a ACB e também a avaliação de riscos, a fim de alcançar 
todos os objetivos dentro do conceito de desenvolvimento sustentado. Assim, a 
AIA passou a ser considerado um importante instrumento de gestão e evoluiu 
como um instrumento de avaliação global, através do qual é dado o devido valor 
às considerações tanto ambientais, como econômicas e técnicas no processo de 
tomada de decisão.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
129
A AIA consiste em fornecer às pessoas que tomam decisões sobre 
determinado processo, um levantamento de implicações das ações propostas 
antes que a decisão seja tomada. Os resultados dessa avaliação são incorporados 
em um documento que chamamos de Estudo de Impacto Ambiental (EIA), 
implementado pela Política Nacional do Meio Ambiente, como já visto.
É importante ressaltar que há diversos instrumentos de gestão ambiental, 
e que esses podem ser baseados nos resultados dos estudos de impacto que uma 
determinada empresa gera. Podem ser citados aqui, a fim de conhecimento, a 
Análise do Ciclo de Vida de um Produto (AVC), avaliação de riscos, auditorias 
ambientais, rótulos ambientais, avaliação de desempenho ambiental, entre outros. 
Já vimos parte desses instrumentos ao longo dos nossos estudos neste caderno, 
ou mesmo em outras disciplinas, mas a ideia aqui é de que o EIA/RIMA não seja 
visto como um instrumento isolado dos SGAs, mas, sim, parte do processo.
2.1 ALGUNS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO
A AIA é o ponto central de um EIA, para a qual diversos métodos foram 
e continuam sendo desenvolvidos. Um dos métodos mais simples consiste 
em listas de verificação ou checklists para avaliar e interpretar os impactos que 
poderão ocorrer, caso o projeto de um empreendimento ou obra seja efetivamente 
colocado em prática. De acordo com Barbieri (2007), a elaboração da lista consiste 
na identificação de características ou indicadores de qualidade ambiental, que 
podem ser impactados pelas ações futuras previstas na instalação da empresa. 
Aqui se pode imaginar o uso dos recursos naturais; da área de influência; alterações 
de paisagem; do regime hídrico; erosão; assoreamento de córregos e mananciais; 
ruídos; gerações de efluentes sólidos, líquidos e gasosos; intensificação do tráfego 
de veículos na área de influência; valorização ou desvalorização imobiliária; 
modificação do estilo de vida da população local, entre outras características.
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
130
FIGURA 8 - A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS PODE SEGUIR POR DOIS CAMINHOS 
DISTINTOS, O DO LICENCIAMENTO, COMO VISTO NA UNIDADE I, OU O DA AUDITORIA, 
COMO VISTO NA UNIDADE II.
FONTE: O autor
AIA
Legal - 
Licenciamento
Certificação - 
ISO 14.000
Há diversos tipos de listas de verificação, sendo que alguns apenas 
verificam aspectos relacionados à qualidade ambiental em específico, enquanto 
outras, mais completas, além das informações sobre as condições ambientais, 
orientam sobre como obter dados, selecionar amostras, repetição de amostragens, 
testes estatísticos, bem como medir e interpretar resultados. Algumas empresas 
de consultoria ambiental que fazem estudos de impacto, ou mesmo órgãos 
ambientais, utilizam essas listas como termos de referência, que fornecem as 
diretrizes a serem seguidas. 
A facilidade operacional é a principal vantagem desse método. Para 
projetos de atividades de caráter repetitivo, podem ser elaboradas listas que 
facilitam ainda mais sua aplicação. 
Como desvantagem pode-se fornecer uma visão segmentada dos 
impactos, já que os itens de verificação da lista são avaliados isoladamente, 
dificultando a identificação e a interpretação das interações entre os impactos 
decorrentes das ações previstas.
FONTE: Disponível em: <http://cee.uma.pt/hlima/Doc%20Hidraulica/0777HrArtigo_
ImpactesCosteiros.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2012. 
Essas listas de verificação, resumidamente, funcionam da seguinte 
maneira. Para cada parâmetro mensurado (por exemplo, uma variável que indique 
poluição de água, como a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), que indica a 
quantidade de matéria orgânica no ambiente aquático), é necessário estimar o seu 
impacto ambiental com o projeto e sem o projeto. Assim, para cada parâmetro, no 
nosso caso a DBO, atribui-se um valor correspondente ao seu impacto ambiental, 
de acordo com a unidade de medida típica do parâmetro em análise. 
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
131
Se pegarmos a DBO com medida em miligramas por litro de material 
particulado (matéria orgânica), transforma-se esse valor em um número 
adimensional em uma escala de 0 a 1 e, posteriormente, multiplica-se esse 
número pelo coeficiente de ponderação (peso) desse número, correspondenteao 
parâmetro. Assim, o impacto total do projeto será dado pela diferença entre a 
soma dos valores ponderados dos parâmetros com e sem o projeto. Essa diferença 
é o impacto ambiental líquido resultante do projeto de empreendimento.
Resumindo, uma AIA pode ter dois objetivos distintos, sendo o primeiro 
a Análise Ambiental, que objetiva tomar medidas das condições base, ou seja, 
caracterizar as alterações no ambiente natural, ou a Avaliação Ambiental, que 
visa determinar prioridades, piores impactos, valoração ecológica da área e assim 
por diante. Assim, a partir do momento em que se verifica que um determinado 
impacto ambiental vai ocorrer, ele precisa ser mitigado ou compensado.
2.2 O CICLO DO PROJETO
Partindo do pressuposto de que o EIA é um instrumento de gestão 
ambiental aplicável a projetos de empreendimentos e atividades, para identificar, 
avaliar previamente os impactos e antecipar soluções antes da implementação de 
uma obra ou empresa, se faz necessário conhecer quais etapas de um projeto de 
EIA são as mais importantes.
Projeto é uma palavra de ampla utilização nos ambientes de negócio, 
podendo significar qualquer conjunto de atividades com objetivos específicos. 
Vale aqui lembrar alguns tópicos estudados neste caderno, mais precisamente na 
Unidade 2, que destaca a importância da estratégia para alcançar um determinado 
objetivo. É como iremos fazer acontecer algo, o caminho ou metodologia que 
iremos aplicar. Pode-se entender o termo como um conjunto de informações 
articuladas para auxiliar a tomada de decisão, ou ainda, pode significar o projeto 
do próprio empreendimento a ser implantado, com um tempo para ser construído 
e um montante financeiro que irá viabilizar a sua construção, por exemplo. Pode 
ser ainda um projeto de um determinado produto, serviço ou atividade específica, 
como o caso do EIA.
Os projetos são compostos de diversas fases ou ciclos de desenvolvimento, 
que dependem do objeto (empreendimento, serviço, atividade específica), 
duração, complexidade, processos de decisão e outras questões administrativas e 
operacionais. Basicamente podemos encontrar três fases. São elas:
1) Fase de pré-investimento: nesta primeira etapa é feita a identificação de 
oportunidades de investimentos e ideias de projetos a serem viabilizados, 
assim como um estudo de viabilidade ou seleção preliminar para verificar se é 
possível fazer aquilo que está proposto. Existem ainda as etapas de formulação 
do projeto, que inclui um estudo de viabilidade técnica, e também o estágio de 
decisão e avaliação, em que, com base nas informações preliminares tomadas, 
selecionam-se as melhores opções de ideias de projetos disponíveis.
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
132
2) Fase de investimento: esta fase está em consonância com a negociação e contratação 
de pessoas, a concepção do projeto final, o estágio de andamento e a construção, 
onde de fato se colocam em prática as ideias até então vistas em papel.
3) Fase operacional: nesta etapa desenvolvem-se as diferentes atividades 
pensadas por equipes multidisciplinares, cada qual com atribuições específicas. 
Importante notar que quanto mais avançamos em determinada ideia que foi 
proposta inicialmente, mais difícil torna-se o seu ajuste. Mas sempre precisamos 
ter em mente o Ciclo PDCA, um ciclo de avaliação e melhora contínua, como já 
foi discutido na Unidade 2. Por isso, mais importante do que o projeto em si, é 
a estratégia de como alcançar o objetivo. 
Assim, devemos ter uma concepção de projeto ajustável a diferentes 
realidades, ou seja, adaptável a qualquer eventualidade. Desta forma, quanto 
mais cedo o EIA for realizado, mais fácil será a introdução de modificações que 
reduzam ou eliminem os impactos ambientais negativos previamente estudados. 
Desse modo, o EIA (projeto do EIA) é um instrumento para prever e avaliar os 
impactos negativos de um projeto (construção de um empreendimento) sobre o 
ambiente físico, biótico e social e identificar meios e alternativas para evitá-los antes 
de implementar a construção ou empreendimento. Ao mesmo tempo em que o 
EIA pode ser realizado em qualquer etapa do projeto de implementação de um 
determinado empreendimento, até mesmo depois de sua conclusão, deve-se notar 
que as medidas decorrentes do Estudo de Impacto Ambiental ficam condicionadas 
às decisões já tomadas e executadas, de modo que a localização, a escolha de 
equipamentos, os impactos gerados, entre outros aspectos, passam a ser fatos 
consumados. Nestes casos, qualquer modificação proposta será muito mais custosa 
do que se tivesse sido proposta na fase introdutória do projeto de instalação da 
empresa. Mais uma vez, ressaltamos a importância de termos mais de um plano 
estratégico para o caso de alguma coisa vir a falhar ao longo do caminho. 
Em resumo, o EIA pode ser aplicado em empreendimentos e atividades 
existentes e nas diversas fases de um projeto para implantá-los. Esse instrumento dá 
a sua melhor contribuição, quando aperfeiçoa o projeto do ponto de vista ambiental, 
na medida em que permite realizar escolhas que minimizem as fontes dos impactos 
ambientais, antes da sua implementação. E por isso é tão importante que esse estudo 
leve em consideração as características do empreendimento ou atividade e também a 
sua área de influência direta. A seguir, veremos o EIA em maiores detalhes.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
133
3 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL E RELATÓRIO DE 
IMPACTO AMBIENTAL (EIA/RIMA)
Como já foi visto, é a Lei nº 6.938/81, que institui diversos mecanismos que 
visam assegurar a proteção dos nossos recursos naturais. Posteriormente, a Política 
Nacional de Meio Ambiente implementou a obrigatoriedade de uma Avaliação 
de Impacto Ambiental (AIA), tendo como principal instrumento os Estudos de 
Impactos Ambientais (EIA) e os respectivos Relatórios de Impacto Ambiental 
(RIMA), regulamentados em 1986 pela Resolução 001/86 e sendo revisada em 1997 
pela Resolução 237, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
A AIA pode ser definida como um instrumento de política ambiental, 
formado por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar que se faça 
um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto 
de construção de empreendimento, programa, plano ou política de manejo de 
recursos naturais), e que os resultados sejam apresentados de forma adequada ao 
público e aos responsáveis pela tomada da decisão, e por eles considerados. Além 
disso, os procedimentos devem garantir a adoção das medidas de proteção do meio 
ambiente, determinada no caso de decisão da implantação do projeto. De maneira 
simplificada, é todo o ciclo de um projeto de Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
Dentro da AIA está o EIA/RIMA, que discute impactos benéficos e adversos 
considerados relevantes e é um componente da informação total levantada, 
servindo para proceder a uma escolha. Este necessita ser executado antes da 
implantação de qualquer atividade econômica que afete significativamente o 
meio ambiente, como estradas, aterros sanitários ou indústrias, devendo detalhar 
os impactos negativos e positivos que possam ocorrer por causa das obras ou 
após a instalação do empreendimento, mostrando ainda como evitar os impactos 
negativos. Se não for aprovado, o empreendimento não pode ser implantado, 
visto que não possui a Licença Ambiental Prévia (LAP).
A participação popular é um dos aspectos mais importantes do EIA. As 
pessoas comuns, ou vinculadas a sindicatos, associações, ONGs, universidades, 
partidos políticos, Ministério Público etc. têm agora a oportunidade de tomar 
conhecimento do conteúdo do EIA e também propor alterações, podendo o órgão 
licenciador (IBAMA, por exemplo) levar em consideração os aspectos levantados 
e emitir a aprovação ou não do trabalho.
É importante que se compreenda que o EIA se integra ao processo de 
licenciamento ambiental. O Estudo Prévio, para ser formalmente válido,necessita 
preencher determinados requisitos. A Resolução nº 001/86, do CONAMA, estabelece 
que o Estudo de Impacto Ambiental deverá obedecer às seguintes diretrizes gerais:
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
134
I- Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto, 
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto.
II- Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas 
fases de implantação e operação das atividades.
III- Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada 
pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, 
em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
IV- Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em 
implantação na área de influência do projeto e sua compatibilidade.
FONTE: Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
Outro ponto que pode ser destacado e que é considerado requisito formal, 
é a presença de uma equipe multidisciplinar habilitada, que não dependa direta 
ou indiretamente do proponente do projeto e que será responsável tecnicamente 
pelos resultados do projeto do EIA (Res. CONAMA 001/86, Art. 7°).
IMPORTANT
E
Uma equipe multidisciplinar é aquela onde encontramos profissionais das mais 
diversas áreas de formação, como química, física, biologia, engenharia e meio ambiente, 
tendo como objetivo agregar conhecimento sobre um assunto de forma geral e consistente. 
Essa característica é muito importante para o desenvolvimento de projetos ambientais.
De acordo com Partidário & Jesus (1999), no EIA devem constar ainda:
I- O impacto ambiental provável da ação proposta.
II- Quaisquer efeitos ambientais adversos que não possam ser evitados, caso a 
proposta de empreendimento seja realizada.
III- As alternativas da ação proposta.
IV- Uma descrição da relação entre os usos do ambiente em curto prazo e a 
manutenção e aumento da sua produtividade em longo prazo.
V- Quaisquer compromissos irreversíveis e irrecuperáveis relativos aos recursos 
necessários para a realização da ação proposta.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
135
NOTA
Prezado acadêmico! Sugerimos que para aprofundar mais o conteúdo sobre 
os assuntos vistos até agora, faça uma pesquisa sobre o tema: “Aumento da consciência 
ambiental versus implementação de instrumentos de avaliação de impactos ambientais”.
Voltando à AIA (Análise de Impacto Ambiental), podemos destacar uma 
série de instrumentos legais, que visam a sua complementação. Estes estudos ou 
planos de gerenciamento e controle podem ser exigidos antes da emissão da LAP 
junto ao EIA, e que autoriza a construção do empreendimento, ou posterior a 
esta, durante a LAI e LAO como instrumentos compensatórios. São elas:
3.1 ESTUDO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (EAS)
O Estudo Ambiental Simplificado (EAS) é um estudo técnico elaborado 
por equipe multidisciplinar que oferece elementos para a análise da viabilidade 
ambiental de empreendimentos ou atividades consideradas potenciais ou 
causadoras de degradação ambiental, porém em um grau menos significativo. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.trsambiental.com.br/area-de-atuacao.php>.
Acesso em: 8 dez. 2012.
O objetivo de sua apresentação é a obtenção da Licença Ambiental Prévia 
– LAP.
O EAS deve abordar estudos da integração dos meios físico, biológico e 
socioeconômico, buscando a elaboração de um diagnóstico integrado da área de 
influência do empreendimento. 
Deve possibilitar a avaliação dos impactos resultantes da implantação 
do empreendimento/atividade e a definição das medidas mitigadoras, de 
controle ambiental e compensatório, quando couber. De acordo com o porte 
do empreendimento, da área de inserção e da capacidade de suporte do meio, 
outros estudos deverão ser apresentados, como já foi comentado. 
FONTE: Disponível em: <http://creaweb.crea-pr.org.br/IAP/arquivos/PLANO_CONTROLE_
AMBIENTAL_PADRAO.pdf>. Acesso em: 8 dez. 2012. 
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
136
Dependendo da complexidade do empreendimento, poderão ser 
solicitadas informações complementares. Caso o EAS não seja suficiente para 
avaliar a viabilidade ambiental do objeto do licenciamento, será exigida a 
apresentação do Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório de 
Impacto Ambiental – EIA e RIMA.
FONTE: Disponível em: <http://www.mqsdobrasil.com.br/novo_site/servicos.php?cd_
submenu=3&nome_submenu=Meio%20Ambiente>. Acesso em: 8 dez. 2012.
DICAS
Veja no link a seguir um modelo de EAS:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/licenciamentoo/daia/doc/eas/ficha_cadastral.doc>.
3.2 ESTUDO DE CONFORMIDADE AMBIENTAL (ECA)
O Estudo de Conformidade Ambiental (ECA) é realizado para emissão de licença 
ambiental, para fins de regularização compatível com o porte e o potencial 
poluidor da atividade/empreendimento, compreendendo, no mínimo: 
a) diagnóstico atualizado do ambiente;
b) avaliação dos impactos gerados pela implantação e operação 
do empreendimento, incluindo os riscos;
c) medidas de controle, mitigação, compensação e de readequação.
FONTE: Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_
leitura&artigo_id=11375&revista_caderno=5>. Acesso em: 8 dez. 2012.
O nível de abrangência dos estudos constituintes do ECA é proporcional 
aos estudos necessários para fins de licenciamento ambiental da atividade no 
âmbito da Licença Ambiental Prévia (LAP), Estudo Ambiental Simplificado (EAS), 
Relatório Ambiental Simplificado (RAS) e Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
3.3 RELATÓRIO AMBIENTAL SIMPLIFICADO (RAS)
Em Plenária Extraordinária ocorrida em 27 jun. 2001, o CONAMA 
aprovou resolução que regulamenta o licenciamento simplificado de 
empreendimentos do setor elétrico de "baixo impacto ambiental".
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
137
O RAS é aplicável às hipóteses de empreendimentos em que não se 
exigirá o Estudo de Impacto Ambiental, tendo o órgão ambiental competente 
prazo de 60 dias para emitir a licença prévia. Este instrumento regulamenta o § 
3º do artigo 8º da Medida Provisória nº 2.152-2, de 1º de junho de 2001.
De acordo com a resolução, o RAS deverá conter a descrição do projeto, o 
diagnóstico ambiental da região afetada, o prognóstico dos impactos ambientais 
e sociais, a caracterização ambiental futura da área de influência, medidas 
mitigadoras e compensatórias. O RAS servirá de subsídio para que o órgão 
competente determine o grau de significância do impacto ambiental, podendo, 
durante a análise, exigir estudos complementares ou até mesmo a realização 
de Estudo Prévio de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, 
hipótese em que os estudos já apresentados poderão ser aproveitados.
FONTE: Disponível em: < http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=1124>.
Acesso em: 4 dez. 2012.
3.4 PLANO BÁSICO AMBIENTAL (PBA)
Muitas vezes, durante o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), podem ser 
exigidas medidas mitigadoras e/ou compensatórias. Normalmente é composto 
pelo detalhamento de programas socioambientais e que podem ser propostos 
no Estudo Ambiental Prévio e pelo atendimento das demais exigências do 
órgão ambiental responsável e fixado na Licença Ambiental Prévia (LAP). 
Sua elaboração deve considerar os princípios da Política Ambiental Nacional, 
Estadual e Municipal, além dos procedimentos gerais de um Sistema de 
Gestão Ambiental (SGA). É considerado parte integrante do documento 
necessário à solicitação da Licença Ambiental de Instalação (LAI) de qualquer 
empreendimento.
De maneira geral, podemos destacar dois grandes objetivos dos PBAs:
• detalhar a implementação das medidas mitigadoras e compensatórias 
definidas nos estudos ambientais, demais exigências da Licença Ambiental 
Prévia - LP, organizando-as em programas socioambientais;
• organizar ações internas para a adequada gestão ambientalda implantação 
do empreendimento, estabelecendo procedimentos técnicos e de boas 
práticas a serem adotadas para atendimento à legislação ambiental.
Estes podem ser:
• Programa Socioambiental: é um instrumento de planejamento destinado a 
organizar a implementação das ações preventivas, corretivas, mitigadoras 
e compensatórias de impactos sociais e ambientais; agrega ações relativas a 
aspectos ambientais de mesma natureza e às quais se atribua responsabilidades 
de execução e fiscalização.
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
138
• Programa de implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA): 
organiza a gestão das atividades necessárias a garantir o pleno cumprimento 
da legislação ambiental e implementação dos programas socioambientais e 
das demais exigências do licenciamento ambiental do empreendimento, até 
sua completa implantação. Esse pode permitir ao empreendedor a obtenção 
das certificações ISO 14.001 e 14.004.
• Programa de Controle Ambiental da Construção (PCA): programa que 
organiza a implementação das ações preventivas, corretivas, mitigadoras e 
compensatórias a serem adotadas na execução de serviços de construção; além 
de especificações ambientais de caráter geral, estabelece os procedimentos 
específicos contemplando as peculiaridades dos componentes do 
empreendimento e da região afetada. É elaborado com base no Projeto de 
Engenharia e/ou Vistoria Técnica, na legislação ambiental e nas exigências e 
recomendações do órgão ambiental.
• Programa de Indenização e Reassentamento de População de Baixa Renda: 
programa que organiza as ações destinadas a assegurar a compensação 
justa pelo deslocamento compulsório e reabilitação social e econômica de 
população afetada diretamente pela implantação do empreendimento de 
baixa renda.
• Programa de Compensação Ambiental e Plantio Compensatório: este 
programa reúne as ações destinadas a compensar impactos gerais sobre 
o ambiente natural, como flora, fauna e demais recursos ambientais e, 
em particular, da supressão de vegetação e/ou as intervenções em Áreas 
de Preservação Permanente (APP), necessárias para a implantação de 
empreendimentos.
• Programa de Interação e Comunicação Social: programa que reúne 
atividades destinadas a desenvolver uma adequada interação com a 
comunidade diretamente afetada pelo empreendimento, visando evitar e 
mitigar impactos sociais, transmitir informações sobre o empreendimento 
nas fases de planejamento, construção e operação, assim como receber e 
encaminhar reclamações e sugestões sobre o desenvolvimento das atividades 
sob a responsabilidade do empreendedor.
• Programa de Investigação e Resgate do Patrimônio Histórico, Cultural e 
Arqueológico: programa destinado ao atendimento da legislação referente 
à proteção do patrimônio em obras de infraestrutura, que reúne ações de 
investigação, proteção e resgate.
O PBA apresentará os seguintes conteúdos condicionados na LAP:
• listagem das exigências, recomendações e condicionantes e um quadro 
demonstrativo do atendimento das exigências, apresentando documentos 
técnicos que comprovem seu atendimento e indicando os programas 
socioambientais com os objetivos e resultados que levarão ao seu atendimento;
• detalhamento dos Programas Socioambientais.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
139
Dessa forma o PBA abrangerá os programas estabelecidos nos estudos 
ambientais prévios conforme a natureza dos impactos socioambientais 
identificados, além daqueles que venham a ser exigidos pelo órgão ambiental 
responsável. 
FONTE: Adaptado de: <ftp://ftp.sp.gov.br/ftpder/normas/gestao_ambiental/IP-DE-S00-004_
Plano_Basico_Ambiental_Licenca_Instalacao.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2012. 
A fim de se obter maior agilidade na fase de obtenção da Licença Ambiental 
de Instalação (LAI), os procedimentos para a elaboração dos programas ambientais 
indicados no EIA devem ser iniciados tão logo o EIA for concluído.
Durante o desenvolvimento dos programas, em alguns casos pode ser 
necessário realizar estudos complementares ou novos diagnósticos, visando 
suprir ou atualizar as informações disponíveis no EIA. Os resultados obtidos 
nesses levantamentos devem ser organizados e arquivados como base de dados do 
programa. Alguns exemplos de programas ambientais que podem complementar 
um PBA são apresentados a seguir:
1. Controle de Processos Erosivos.
2. Recuperação de Áreas Degradadas.
3. Paisagismo.
4. Recuperação de Passivos Ambientais.
5. Melhoria das Travessias Urbanas.
6. Redução do Desconforto e Acidentes na Fase de Obras.
7. Controle de Material Particulado, Gases e Ruídos.
8. Segurança e Saúde da Mão de Obra.
9. Desapropriação.
10. Reassentamento da População de Baixa Renda.
11. Apoio às Comunidades Indígenas.
12. Proteção ao Patrimônio Artístico, Cultural e Arqueológico.
13. Proteção à Fauna e à Flora.
14. Monitoramento dos Corpos Hídricos.
15. Transporte de Produtos Perigosos.
16. Ordenamento Territorial.
17. Compensação para Unidades de Conservação.
19. Educação Ambiental.
20. Monitoramento Ambiental.
21. Gestão Ambiental.
Dentro dos programas e planos de compensação, alguns órgãos de meio 
ambiente incluíram em seus sistemas de licenciamento outros tipos de licenças, 
com vistas a adequar esse processo às suas necessidades específicas. No IBAMA, 
por exemplo, foi criada a Licença de Pré-Operação para a fase de teste dos 
equipamentos de controle de poluição, de curto prazo, concedida de acordo com 
as características do projeto.
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
140
DICAS
Acesse os sites dos vários órgãos de meio ambiente, os federais, como 
Ministério do Meio Ambiente (MMA), CONAMA e IBAMA, e também as secretarias do seu 
Estado e Município. Nesses sites você poderá encontrar preciosas informações.
Quanto a outros documentos técnicos exigidos para obtenção de licença 
ambiental, pode-se enumerar:
I. PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas):
Os Projetos de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) – NBR 13030, 
da Associação Brasileira de Normas Técnicas, são necessários em situações 
onde foram constatados graves danos ao meio ambiente, como, por exemplo, 
atividades de mineração. Os locais que precisam de remediação podem ter sido 
contaminados em virtude de disposição irregular de resíduos, extração mineral 
em desacordo com os planos de mineração, desmatamento ilícito, contaminação 
de solo e também de lençol freático, assim como outras situações de agravamento 
ambiental.
É muito importante saber que o PRAD, na maioria das vezes, será o 
projeto que integrará um termo de ajustamento ou ajuste, dentro de um Plano 
Básico Ambiental (PBA), sendo esta uma exigência para emissão das licenças 
ambientais. Estes projetos são elaborados por uma equipe multidisciplinar de 
profissionais habilitados e contêm diagnóstico técnico do problema e da área, 
proposta de remediação, orçamento e cronograma de implantação. O PRAD pode 
ainda ser feito em zonas de áreas de preservação permanente (APP).
De acordo com a legislação, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, 
regulamentada pelo Decreto nº 99.274/90, que dispõe sobre a Política Nacional 
do Meio Ambiente, no art. 4º, afirma que a Política Nacional do Meio Ambiente 
visará: “[...] obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário 
da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.
Já o Decreto nº 97.632, de 10 de abril de 1989, que dispõe sobre a 
regulamentação do art. 2º, inciso VIII, da Lei nº 6.938, determina:
Art. 1º - Os empreendimentos que se destinem à exploração de 
recursos minerais deverão, quando da apresentação do Estudo de 
Impacto Ambiental - EIA e do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, 
submeter à aprovação do órgão ambiental competente um plano de 
recuperação de área degradada.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
141
Em seu art. 2º, o mesmo decreto define o conceitode degradação: “[...] 
são considerados como degradação os processos resultantes dos danos ao meio 
ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades, 
tais como, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos ambientais”.
Por fim, em seu art. 3º, o decreto estabelece a finalidade dos PRAD: “A 
recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio degradado a uma forma de 
utilização, de acordo com um plano preestabelecido para o uso do solo, visando 
à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”.
Na prática, este e outros instrumentos, também formulados legalmente 
(Plano de Controle Ambiental - PCA e respectivo Relatório de Controle Ambiental 
- RCA), têm sido mais aplicados no setor de extração mineral. Até porque esse 
PCA e RCA são específicos para essa modalidade de exploração (Resolução 
CONAMA 09/90 e Resolução CONAMA 10/90).
Todavia, os Planos de Recuperação de Áreas Degradadas também são 
importantes instrumentos da gestão ambiental para outros tipos de atividades 
antrópicas, sobretudo aquelas que envolvem desmatamentos, terraplanagem, 
exploração de jazidas e bota-foras, para lixões e entulhos. 
Os levantamentos de passivo ambiental podem ser os instrumentos 
que antecedem um PRAD. Um EIA também pode demandar um PRAD na 
qualidade de medida mitigadora. O mesmo é válido para um Plano de 
Zoneamento Ambiental (PZA) e para um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). 
FONTE: Disponível em: <http://www.pge.ac.gov.br/siteposgraduacao/gestaoambiental/
materialdeapoio.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2012. 
Em qualquer dos casos, os PRAD são muito mais voltados para aspectos 
do solo e da vegetação, muito embora possam contemplar também, direta e 
indiretamente, a reabilitação ambiental da água, do ar, da fauna e do ser humano. 
FONTE: Disponível em: <http://www.natureambiental.com.br/site/prad-plano-de-recuperacao-
de-area-degradada/>. Acesso em: 10 dez. 2012.
A seguir, alguns exemplos de atividades que envolvem um PRAD, de 
acordo com a EMBRAPA (2002, apud BRASIL et. al., 2009):
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
142
• inspeção ambiental da área a ser reabilitada;
• documentação fotográfica dos itens de passivo identificados;
• identificação dos processos de transformação ambiental que deram origem 
aos itens de passivo identificados;
• caracterização ambiental dos itens de passivo e de seus processos causadores;
• hierarquização dos itens de passivo, em termos de sua representatividade, 
assim como de seus processos causadores;
• estabelecimento de medidas corretivas e preventivas para cumprir com as 
necessidades de reabilitação ambiental da área;
• orçamentação das medidas.
II. PCA (Plano de Controle Ambiental):
O Plano de Controle Ambiental (Resolução CONAMA 009/90 e 010/90) 
trata da exigência da apresentação do Plano de Controle Ambiental (PCA) para 
obtenção da Licença Ambiental de Instalação (LAI), para atividades de extração 
mineral das classes de I a IX (Decreto-Lei nº 227/67), que conterá os projetos de 
minimização dos impactos ambientais avaliados durante a etapa de Licença 
Ambiental Prévia (LAP). 
III. PGRS (Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos):
A legislação exige que os grandes geradores, como indústrias, 
supermercados e shoppings, façam seu PGRS – Plano de Gerenciamento de 
Resíduos Sólidos, que são procedimentos e técnicas utilizados visando garantir 
que os resíduos sejam adequadamente coletados, manuseados, armazenados, 
transportados e dispostos, com o mínimo de riscos para os seres humanos e para 
o meio ambiente. O desenvolvimento de um Programa de Coleta Seletiva com 
ênfase no treinamento de seus funcionários, para garantir a efetiva segregação e 
reciclagem dos materiais, é um dos objetivos do Plano de Gerenciamento. Uma 
imagem positiva diante de seus clientes, parceiros, funcionários e comunidade 
local, com a garantia do cumprimento dos requisitos legais, minimizando os 
riscos de multas e punições, são benefícios conquistados através da eficácia do 
Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
FONTE: Disponível em: <http://www.bbbambiental.com.br/index.php?option=com_
content&view=article&id=41&Itemid=44>. Acesso em: 10 dez. 2012. 
Basicamente, reúne, em programas específicos, todas as ações e medidas 
minimizadoras, compensatórias e potencializadoras aos impactos ambientais 
prognosticados pelo Estudo de Impacto Ambiental – EIA. A sua efetivação se 
dá por equipe multidisciplinar composta por profissionais das diferentes áreas 
de abrangência, conforme as medidas a serem implementadas.
FONTE: Disponível em: <http://www.jorgeamaro.com.br/impactos.htm>.Acesso em: 10 dez. 2012.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
143
3.5 RESULTADOS DOS ESTUDOS AMBIENTAIS
– PARA QUEM DIVULGAR?
De acordo com Barbieri (2007), denominam-se relatórios ambientais 
as comunicações veiculadas por qualquer meio, impresso ou eletrônico, para 
divulgar os aspectos ambientais de uma organização ou mesmo de um projeto de 
construção de um empreendimento. Como vimos na Unidade 2 deste Caderno 
de Estudos, podem ser os resultados da implementação de um Sistema de 
Gestão Ambiental, ou mesmo os resultados do EIA, que devem ser expostos a 
toda a comunidade da área de abrangência direta do empreendimento. Nesta 
fase de divulgação dos resultados é preciso estabelecer para qual finalidade 
serão utilizados os resultados obtidos. Deve-se optar pelo aprofundamento dos 
estudos? Será que os dados apresentados já podem ser considerados conclusivos 
para tomada de decisão?
A figura a seguir nos mostra um resumo esquemático das principais 
questões a respeito dos relatórios ambientais, enquanto instrumentos específicos 
de gestão ambiental. Na figura, a primeira parte refere-se à origem da demanda 
desses relatórios. Será que são demandas obrigatórias por parte dos órgãos 
ambientais e leis vigentes ou apenas atos proativos por parte dos colaboradores 
e/ou empreendedores? A segunda parte nos mostra para quem divulgar, ou quais 
são os destinatários. Em terceiro, quais deveriam ser as questões relatadas, se de 
ordem exclusivamente ambientais ou ainda sociais, econômicas, políticas, entre 
outras. E por fim, qual é o modelo de relatório a ser apresentado, se deve ser de 
um modelo próprio ou um modelo padrão disponibilizado por órgão competente.
QUADRO 3 - PRINCIPAIS QUESTÕES QUE DEVEM SER VERIFICADAS DENTRO DE UMA 
ANÁLISE DE IMPACTO AMBIENTAL
Relatórios Ambientais - Resumo
1) Origem da demanda
a) obrigação legal
b) ato voluntário
2) Destinatários
a) grupos de usuários específicos 
b) público em geral
3) Questões Relatadas
a) exclusivamente ambiental
b) ambientais, sociais, econômicas
4) Modelo do Relatório
a) próprio
b) padronizado
c) combinação dos dois modelos
FONTE: O autor
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
144
A Constituição Federal estabelece que todos têm direito de receber dos 
órgãos públicos informações do seu interesse particular ou de interesse coletivo. 
Assim, a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas referentes 
a um processo de licenciamento ambiental por exemplo, deve tornar-se pública. 
Um dos instrumentos da política pública ambiental e que foram instituídos pela 
Lei nº 6.938/81 é referente à garantia da prestação de informações relativas ao 
meio ambiente por parte das entidades do poder público. Assim, todos os órgãos 
do SISNAMA ficam obrigados a permitir o acesso público aos documentos, 
expedientes e processos administrativos que tratem da matéria ambiental 
e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob a sua guarda, 
especialmente sobre:
 qualidade do meio ambiente;
 políticas, planos e programas que dizem respeito a resultados de Estudos 
de Impactos Ambientais, monitoramentos feitos em empresas com potencial 
poluidor e/ou resultados de auditorias;
 acidentes, situações de riscos ou de emergências ambientais;
 emissões de poluentes, líquidos ou gasosos,assim como a produção de resíduos 
sólidos;
 substâncias tóxicas e perigosas;
 diversidade biológica;
 organismos geneticamente modificados.
Outros relatórios ambientais resultam de atos voluntários determinados 
por uma postura proativa da empresa em relação ao meio ambiente, 
constituindo-se, desse modo, em instrumentos de prestação de contas dos 
acordos voluntários privados, unilateral ou bilateral. 
FONTE: Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/N204751.pdf>. 
Acesso em: 10 dez. 2012. 
Como exemplo, podemos citar aqui acordos previstos na Agenda 21, que 
tratam do papel do comércio e da indústria para a promoção do desenvolvimento 
sustentável. Assim, essas organizações são estimuladas a informar anualmente 
seus resultados ambientais, bem como o uso de energia e recursos naturais.
Obviamente, todas as empresas podem decidir de que forma farão a 
divulgação desses resultados. Como visto anteriormente, das normas da ISO 
14.000, em especial a 14.001, que define os Sistemas de Gestão Ambiental, todos 
os documentos relativos aos significativos impactos causados ao meio ambiente, 
assim como as medidas de mitigação, devem ficar arquivados, podendo manter 
procedimentos para responder formalmente em caso de solicitação de partes 
interessadas e externas ao âmbito dessas empresas, como, por exemplo, um órgão 
ambiental de fiscalização ou uma ONG com foco em questões ambientais.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
145
Deve-se prestar atenção que cada grupo de usuários dessas informações 
irá dar atenção a conteúdos mais específicos de acordo com seus interesses. De 
maneira geral, os relatórios devem apresentar objetivos bem definidos, assim 
como conteúdo claro e de linguagem específica, seguindo o esquema apresentado 
na Figura 1. No entanto, o tipo de informação que um órgão ambiental irá utilizar 
é diferente daquela de interesse de uma ONG que, por exemplo, pode estar 
interessada em questões relativas à capacidade de suporte da Terra.
Por fim, devemos entender que a divulgação voluntária do desempenho 
ambiental de uma dada empresa depende de como seus dirigentes vão entender 
a responsabilidade social da empresa. Responsabilidade social? Sim, aqui deve 
estar claro que dentro do tripé de sustentação do desenvolvimento sustentável, 
a face econômica, social e ambiental caminham juntas. Só assim os empresários 
poderão entender a grande importância que a AIA tem, não somente pelo viés do 
controle ambiental, mas como parte integrante de um todo, ou seja, um enfoque 
sistêmico e que faz parte da gestão moderna e integrada.
A concepção de responsabilidade social baseada no atendimento 
exclusivo dos interesses dos proprietários ou acionistas da empresa, embora 
ainda amplamente praticada, é incompatível com as expectativas da sociedade 
de um modo geral e injustificada perante os graves problemas sociais, ambientais 
e econômicos do planeta (BARBIERI, 2007).
3.6 MODELOS E DIRETRIZES DE RELATÓRIOS AMBIENTAIS 
DE DESEMPENHO E IMPACTO
Falamos na possibilidade de divulgação dos resultados para diferentes tipos 
de públicos, e também da estrutura básica necessária a um relatório de desempenho 
ambiental ou mesmo de um relatório de impacto ambiental. Mas quais aspectos 
devem ser contemplados, ou de maneira esquemática, quais seriam as informações 
mais pertinentes? No quadro a seguir são mostrados, de maneira resumida, quais 
são os aspectos mais importantes a serem contemplados nesses relatórios:
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
146
QUADRO 4 - PRINCIPAIS INFORMAÇÕES QUE UM RELATÓRIO DE DESEMPENHO OU 
DE IMPACTO AMBIENTAL DEVE CONTER, CASO ESSAS INFORMAÇÕES PRECISEM SER 
DIVULGADAS A ENTIDADES INTERESSADAS
Perfil da Organização  tamanho da organização;
 número de estabelecimentos;
 países onde opera;
 principais linhas de atividades;
 a natureza dos impactos ambientais 
decorrentes das operações da organização.
Política Ambiental  informações sobre a política ambiental 
da organização, escopo, aplicabilidade, 
objetivos e metas, datas da sua introdução e 
ajustes.
Gestão Ambiental  informações sobre os níveis organizacionais 
responsáveis pelas políticas e programas 
ambientais;
 informar como as políticas ambientais são 
implementadas, ressaltando objetivos e 
metas.
Liberações Ambientais  emissões atmosféricas, hídricas e resíduos 
sólidos;
 objetivos, metas e programas relacionados 
com essas emissões;
 informações sobre a utilização de práticas 
voluntárias recomendadas por outras 
organizações, como por ex. a ISO.
Conservação dos Recursos  conservação dos materiais, tais como 
práticas de reuso, reciclagem e compra de 
produtos certificados;
 práticas de conservação de energia;
 práticas de conservação de água;
 descrição de ações pertinentes para a 
conservação ambiental.
Administração dos Riscos Ambientais  programas de auditorias ambientais e sua 
frequência;
 programas de remediação implantados 
na fase do planejamento de instalação do 
empreendimento;
 programas de emergência, incluindo aqui os 
de treinamento, métodos de comunicação, 
envolvimento da comunidade local;
 informações sobre os locais onde são 
depositados os resíduos perigosos, 
indicando as providências para minimizar 
os riscos.
FONTE: O autor
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
147
Vale destacar que essa estrutura refere-se ao conteúdo básico que um 
relatório deve apresentar e que se aplica a empresas de qualquer tipo e tamanho. 
Depois da qualidade das informações e como essas foram registradas, o mais 
importante aqui é a transparência. E isso deve ser o objetivo de todas as empresas 
que buscam alinhar-se com os princípios da sustentabilidade. Desta forma, uma 
empresa que assume suas responsabilidades e divulga seus resultados, não 
somente dos impactos causados, mas também das soluções, passa a ser enxergada 
com mais credibilidade por todos os envolvidos, ou seja, pela sociedade em geral.
3.7 AS DIRETRIZES DA NORMA ISO 14.063
Esta norma internacional faz parte da família de normas ISO 14.000 e se 
destina a auxiliar as organizações a realizar comunicações ambientais internas e 
externas por meio de um conjunto de princípios, políticas, diretrizes estratégicas, 
atividades relacionadas e exemplos. Não é uma norma para efeito de certificação. 
Serve apenas como um guia para empresas de qualquer tamanho e área de 
atuação, podendo ter ou não um SGA implantado.
Como descrito nesta normativa, a comunicação ambiental é um processo 
de partilhamento das informações, que visa construir confiança, credibilidade e 
parcerias, ampliar a consciência ambiental e também como base de dados para 
a tomada de decisão. Assim, isso permite uma comunicação direta, contínua e 
rápida entre todas as partes interessadas, contribuindo significativamente para a 
gestão ambiental como um todo.
4 INSTRUÇÕES NORMATIVAS PARA CONDUÇÃO DOS 
ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL
De acordo com Cunha & Guerra (2000), para a elaboração destes estudos, 
os respectivos órgãos licenciadores estaduais e/ou o IBAMA estabelecem em 
um roteiro, que geralmente é denominado de termo de referência, o conteúdo 
necessário ao atendimento do disposto na Resolução CONAMA 001/86 para fins 
de licenciamento de projetos.
O Termo de Referência é o instrumento orientador para a elaboração de 
qualquer tipo de Estudo Ambiental (EIA/RIMA, PCA, RCA, PRAD, Plano de 
Monitoramento e outros).
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
148
Em alguns casos, devido às deficiências infraestruturais e ao reduzido 
número de pessoal especializado, o órgão de meio ambiente solicita ao 
empreendedor que elabore o Termo de Referência, reservando-se apenas o papel 
de julgá-lo e aprová-lo. Em outros casos, com a finalidade de agilizar o processo 
de licenciamento ambiental, o empreendedor adianta-se, apresentando já na 
solicitação do licenciamento a propostado Termo de Referência.
O Termo de Referência bem elaborado é um dos passos fundamentais 
para que um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) alcance a qualidade esperada.
FONTE: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAxpkAF/avaliacao-impacto-
ambiental>. Acesso em: 10 dez. 2012. 
Para que se possa atender aos respectivos Termos de Referência, o 
empreendedor deverá:
• mediante observância destes documentos, utilizar quaisquer metodologias 
de abordagem, desde que de acordo com a literatura nacional e/ou 
internacional sobre o assunto;
• submeter à apreciação do órgão licenciador as metodologias gerais e 
específicas de trabalho, e a serem aplicadas pela equipe responsável, em 
prazo a ser estipulado pelo referido órgão. Além das metodologias, deverão 
estar bem claras, também, as interações entre as diversas atividades e o 
cronograma físico de execução dos trabalhos;
• apresentar o estudo em duas versões básicas: Integral (EIA – destinada ao 
órgão licenciador) e Síntese (RIMA – destinada para consulta popular).
A condução dos estudos deverá ser feita através da abordagem de 
conteúdo a ser apresentado a seguir. Este poderá ser acrescido de itens 
considerados necessários pelo órgão ambiental, em função de necessidades 
específicas do projeto do empreendimento. Apenas para relembrar, os estudos 
aqui relacionados compreendem aqueles citados anteriormente, como EIA, 
EAS, ECA e PBAs.
FONTE: Disponível em: <http://www.geociencias.ufpb.br/~paulorosa/ARIE_CaboBranco.pdf>. 
Acesso em: 10dez. 2012. 
Os referidos estudos deverão conter:
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
149
• Dimensionamento do problema a ser estudado: refere-se ao conhecimento 
da atividade a ser implantada, em função de suas características locacionais e 
tecnológicas, dos recursos financeiros disponíveis para controlar seus efeitos, 
do contexto socioeconômico, dos objetivos da política de uso e ocupação do 
solo e da legislação em vigor.
• Descrição geral do empreendimento: identificação, objetivos e justificativas 
do empreendimento.
• Descrição técnica do empreendimento: detalhamento das tecnologias de 
implementação do empreendimento.
• Planos governamentais localizados: deverá ser apresentada uma relação 
geral dos planos e programas governamentais que se desenvolvem ou estão 
propostos para a região, identificando a ação proposta pelo empreendedor 
com os mesmos.
• Áreas de estudo: basicamente as áreas de influência direta e indireta do 
empreendimento.
• Diagnóstico ambiental dos meios físico, biótico e socioeconômico: 
caracterização detalhada e atualizada da situação ambiental dos sistemas 
físico, biológico e socioeconômico das áreas de influência, previamente 
delimitadas, antes da implantação do projeto.
• Identificação e avaliação dos impactos ambientais decorrentes da 
implantação e operação do projeto: os impactos deverão ser identificados e 
avaliados de acordo com as metodologias propostas pela literatura nacional 
e internacional, adotadas pela equipe responsável pelos estudos.
• Programas e planos ambientais: deverão constar os programas e planos de 
gerenciamento/monitoramento (PBAs e/ou PGRS) voltados para proteção 
ambiental e de minimização dos impactos durante todas as etapas de 
construção do empreendimento até sua operação.
• Referências bibliográficas: deverá constar toda a bibliografia utilizada na 
elaboração dos estudos.
• RIMA: deverá conter todas as informações do EIA, porém de forma sintética 
e em linguagem acessível para o acesso popular.
FONTE: Adaptado de: <http://www.geociencias.ufpb.br/~paulorosa/ARIE_CaboBranco.pdf>. 
Acesso em: 10 dez. 2012. 
Caro acadêmico, você deve ficar muito atento a todos os detalhes da elaboração 
de um projeto na área ambiental. Um trabalho mal planejado é garantia de fracasso e dinheiro 
jogado fora.
ATENCAO
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
150
Após tomarmos conhecimento sobre praticamente todos os aspectos do 
licenciamento de um empreendimento, podemos resumir como se dá o primeiro 
contato com o órgão ambiental licenciador. Isso porque, anteriormente, falamos 
apenas de termos técnicos e atividades a serem realizadas, mas também é muito 
importante que você tenha uma noção básica de como funciona todo o processo. 
Em primeiro lugar, o empreendedor fornece ao órgão de meio ambiente todas as 
informações sobre o empreendimento e natureza das atividades a serem implantadas, 
e preenche, caso ainda não o tenha feito, a ficha do Cadastro Técnico Federal de 
Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais.
O órgão ambiental examina a documentação apresentada, consulta a 
legislação e os dados disponíveis sobre o local do empreendimento e avalia 
a necessidade de elaboração do EIA ou documento semelhante. Se julgar 
necessário, realiza vistoria para avaliar a situação ambiental no local proposto 
para o empreendimento, decidindo quanto à necessidade de apresentação 
de EIA/RIMA e/ou de outros documentos técnicos semelhantes (PCA, RCA, 
PRAD). Pode também fazer outras exigências, tais como a apresentação de 
projetos, pareceres e relatórios específicos. O pedido de licenciamento pode ser 
negado, e se permanecer o interesse do empreendedor, este deverá apresentar 
as alterações necessárias no projeto inicial para, então, entrar com novo pedido.
FONTE: Adaptado de: <http://www.hidro.ufcg.edu.br/twiki/pub/Disciplinas/SistemasAmb/AIA.pdf>. 
Aceso em: 10 dez. 2012. 
4.1 AS MATRIZES DE IMPACTO AMBIENTAL
(MATRIZ DE LEOPOLD)
Falamos em Termos de Referência (TR), que são o nosso norte ou 
direcionamento para a condução do EIA, e já é do conhecimento de todos que 
quanto mais completo for o nosso TR, melhor será a AIA. Esses termos derivam 
dos checklits, que nada mais são do que a listagem dos possíveis impactos gerados 
com vistas na tipologia de obra ou empreendimento que se pretende fazer. Mas, 
somente colocar em um relatório descritivo quais serão os impactos ambientais 
não nos fornece uma ideia da dimensão dos danos. Podemos imaginar uma 
série de dados estatísticos fazendo referência a algumas variáveis, no entanto, 
se não visualizarmos essas informações em um gráfico ou figura, pouco será 
compreendido. E assim funciona a nossa matriz de impactos.
Nada mais é do que colocar o maior número possível de impactos ambientais 
gerados pelo empreendimento dentro de cada um dos componentes ambientais 
(físico, biológico e socioeconômico). A esses impactos serão atribuídos pesos, de 
acordo com a importância que a alteração de uma dessas condições terá sobre o 
ambiente. Desta forma, é possível mensurar qual a magnitude do impacto e o que 
deverá ser feito para minimizá-lo. Por exemplo, em uma escala de 1 a 10, a extinção de 
uma espécie poderia ser considerada algo extremamente danoso, ou seja, valeria 10.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
151
QUADRO 5 - EXEMPLO DE UMA MATRIZ DE LEOPOLD
FONTE: Disponível em: <http://www.monografias.com/trabajos89/impacto-ambiental-mineria-
cuenca-rio-abujao/impacto-ambiental-mineria-cuenca-rio-abujao2.shtml>. Acesso em: 17 dez. 2012. 
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Extraccion de material arenoso 
utilizando agua a presion
Deposicion del material de arena y 
grava
Chispeado del material utilizando agua 
a presion
Fundicion del mineral para liberar el 
mercurio en retortas (gases)
Descarga de los efluentes líquidos
Eliminacion de residuos defunicion
Transporte del oro al mercado
Impacto
Valores Positivos
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UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
152
Existe ainda a necessidade de se avaliar o impacto ambiental, dentro 
dos componentes ambientais, de acordo com o andamento das obras e após o 
empreendimento entrar em fase de funcionamento. Neste sentido é preciso 
saber qual a origem, o desencadeamento, a frequência, a reversibilidade, 
duração, importância e perdas ou benefícios gerados. Pode-se gerar uma tabela, 
como no exemplo a seguir, e listar essas características. Posteriormente, esses 
parâmetros podem ser utilizados para compor a matriz de impactos de Leopold, 
principalmente na hora de atribuirmos o peso dos impactos. Naturalmente, os 
pesos atribuídos podem ser subjetivos, no entanto, com a compreensão dessas 
informações, pode ser mensurada a real magnitude do impacto.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
153
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UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
154
5 EXIGÊNCIAS LEGAIS DE UM ESTUDO
DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)
O Estudo de Impacto Ambiental – EIA é uma espécie de estudo ambiental 
exigido sempre que a atividade ou empreendimento for capaz de causar 
significativo impacto ambiental. Contendo as conclusões do EIA, ter-se-á o 
Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.
5.1 EXIGÊNCIAS LEGAIS E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO
O EIA será exigido, nos termos da Resolução 237/97 do CONAMA, quando a 
atividade ou empreendimento for capaz de causar significativo impacto ambiental:
Art. 3º - A licença ambiental para empreendimentos e atividades 
consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação 
do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório 
de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, 
garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com 
a regulamentação. 
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a 
atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa 
degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao 
respectivo processo de licenciamento.
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
Seu conceito legal está na Resolução nº 001/86 do CONAMA:
Art. 1º - Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental 
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio 
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das 
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I- a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II- as atividades sociais e econômicas; 
III- a biota; 
IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V- a qualidade dos recursos ambientais. 
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html>. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
155
Além das atividades que deverão ser licenciadas pelo órgão federal, as 
seguintes atividades modificadoras do meio ambiente deverão ter o licenciamento 
precedido de EIA/RIMA:
I- estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;
II- ferrovias; 
III- portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; 
IV- aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Lei nº 
32, de 18.11.66; 
V- oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de 
esgotos sanitários; 
VI- linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; 
VII- obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem 
para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, 
abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de 
cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, 
diques; 
VIII- extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 
IX- extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de 
Mineração; 
X- aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou 
perigosos; 
XI- usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia 
primária, acima de 10MW; 
XII- complexo e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos, 
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo 
de recursos hídricos); 
XIII- distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; 
XIV- exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 
hectares ou menores,quando atingir áreas significativas em termos 
percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; 
XV- projetos urbanísticos, acima de 100 ha. ou em áreas consideradas de 
relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais 
e estaduais competentes; 
XVI- qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a 
dez toneladas por dia. 
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html >. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
Canotilho & Leite (2007, p. 33) comentam sobre o EIA: “Cabe ao poder 
público exigi-lo, na forma da lei, com o objetivo de avaliar a dimensão das possíveis 
alterações que determinado empreendimento poderá causar ao meio ambiente.”
O EIA, em sua confecção, deve obedecer algumas diretrizes (Res. 
CONAMA 001/86, Art. 5º):
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
156
I- Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, 
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto.
II- Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas 
fases de implantação e operação da atividade.
III- Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada 
pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, 
em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza.
IV- Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em 
implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html >. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
Conforme Res. CONAMA 001/86, Art. 6º e 7°, ainda deverá ele desenvolver 
algumas atividades técnicas básicas, como:
I- um diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa 
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como 
existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da 
implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos 
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o 
regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; 
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as 
espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, 
raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; 
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a 
socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos 
e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade 
local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. 
II- análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através 
de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos 
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos 
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, 
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades 
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais; 
III- definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os 
equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando 
a eficiência de cada uma delas e; 
IV- de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, 
indicando os fatores e parâmetros a serem considerados). 
Ele deve ser realizado por uma equipe habilitada e multidisciplinar, 
arcando com os custos o interessado no projeto, respondendo pelo resultado 
do EIA/RIMA. 
FONTE: Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html >. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
TÓPICO 1 | ORIGEM DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA)
157
O RIMA conterá as conclusões do EIA e deverá apresentar como elementos 
básicos (Res. CONAMA 001/86, art. 9º):
I- os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com 
as políticas setoriais, planos e programas governamentais; 
II- a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, 
especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação, a 
área de influência, as matérias-primas e mão de obra, as fontes de energia, 
os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, 
resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; 
III- a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de 
influência do projeto; 
IV- a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação 
da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de 
tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e 
critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; 
V- a caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, 
comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas 
alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; 
VI- a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em 
relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam 
ser evitados, e o grau de alteração esperado; 
VII- o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
VIII- recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e 
comentários de ordem geral).
Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e 
adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem 
acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de 
comunicação visual, de modo que se possa entender as vantagens e desvantagens 
do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação.
FONTE: Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html >. 
Acesso em: 4 dez. 2012.
6 O EIA COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA PÚBLICA
Nos Estados Unidos, a Lei National Environnmental Policy Act, do ano de 
1969, pode ser considerada a primeira lei no mundo que instituiu a obrigatoriedade 
dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA), enquanto instrumento de política 
pública. Esta passou a exigir que toda proposta legislativa ou qualquer ação 
federal importante que possa afetar a qualidade do meio ambiente inclua uma 
declaração de impacto ambiental, informando, entre outros aspectos, quais são 
os impactos decorrentes das ações propostas. 
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
158
A partir dessa medida, países em desenvolvimento passaram a ter que 
se ajustar, seguindo esse modelo. Bancos e outros órgãos de financiamento 
passaram a exigir o EIA para a concessão dos empréstimos para a construção de 
portos, ferrovias, rodovias e assim por diante. Assim, o EIA deveria ser entendido 
como um processo formal, tanto para quem o faz, o empreendedor, quanto para o 
poder público que o exige e toma as decisões baseadas em seus resultados. Como 
instrumento de gestão ambiental, o EIA é importante não só para o país, a região 
e o município, mas também para o próprio proponente do projeto, que pode ser, 
inclusive, uma entidade do próprio poder público.
Desta forma, o EIA passa a orientar as decisões quanto à aprovação ou 
não de um projeto de construção, por exemplo, enquanto que para o proponente 
permite alterações que possam minimizar os impactos causados e também 
alterações diversas, como a proposição de medidas de mitigação. Como já 
visto, no Brasil o EIA é condição necessária para a continuidade do processo de 
licenciamento ambiental.
159
 Neste tópico você viu que:
 
• A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é o principal instrumento de gestão 
ambiental da Política Nacional do Meio Ambiente.
• Um componente muito importante de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) 
é a participação de uma equipe multidisciplinar. 
• A principal característica do RIMA é a linguagemacessível para a efetiva 
participação popular.
• Os órgãos ambientais no Brasil estão estruturados na seguinte ordem 
hierárquica (órgão superior, órgão consultivo e deliberativo, central, executor, 
seccionais e locais), cada qual com atribuições específicas.
• O EIA pode ser dispensado apenas quando for diagnosticado que o tamanho e 
potencial poluidor de um empreendimento seja pequeno. Neste caso, pode ser 
exigido apenas um Estudo Ambiental Simplificado (EAS).
• Outras atividades complementam o EIA, como os Planos Básicos Ambientais 
(PBA).
• O EIA é exigido sempre que a atividade ou empreendimento for capaz de 
causar significativo impacto ambiental.
• O EIA não pode ser realizado de qualquer forma, possuindo diretrizes a serem 
seguidas, e deve desenvolver algumas atividades técnicas básicas.
RESUMO DO TÓPICO 1
160
Para exercitar seus conhecimentos adquiridos, resolva as questões que 
seguem:
1 Defina estudo de impacto ambiental (EIA).
2 Diga quando é exigido.
3 O EIA é o único tipo de estudo ambiental a ser realizado no licenciamento 
ambiental?
4 Quais as atividades técnicas básicas que devem ser desenvolvidas?
5 Com base no que foi estudado anteriormente, você é capaz de fazer um 
esboço de um projeto de Estudo Ambiental Simplificado (EAS). Avalie na 
sua cidade ou região um empreendimento que tenha potencial poluidor e 
escreva quais avaliações e estudos deveriam ser feitos para a aquisição de 
informação necessária na elaboração de um EAS. Ou seja, você deverá chegar 
até os TRs, ou Termos de Referência específicos para uma determinada 
empresa, e definir, em teoria, uma equipe multidisciplinar que conseguiria 
executar o projeto. Mãos à obra!
AUTOATIVIDADE
161
TÓPICO 2
A UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS NOS ESTUDOS DE 
IMPACTO AMBIENTAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Para Partidário & Jesus (1999), a análise de riscos consiste em uma 
metodologia para analisar as possíveis consequências negativas para a sociedade 
que podem ser provocadas por atividades humanas ou, ainda, forças da 
natureza. Para que uma catástrofe ou problema ocorra, existe uma determinada 
probabilidade de ocorrência. A probabilidade de ocorrência de acidentes em 
larga escala é, em certas atividades, muito reduzida. No entanto, somente pelo 
fato dessa probabilidade ser reduzida, será que devemos realmente correr o 
risco? O mais coerente é atuar na prevenção. E, claro, muitas vezes, não podemos 
abster-nos de certas atividades industriais que trazem muitos benefícios sociais 
e econômicos para a sociedade, somente porque essas indústrias podem causar 
algum impacto negativo.
Embora a análise de riscos possa ser aplicada às consequências negativas 
resultantes da ação de forças da natureza (enchentes, furacões, terremotos e 
outros), neste tópico iremos abordar somente alguns dos riscos provenientes das 
atividades humanas.
IMPORTANT
E
Atuar preventivamente na ocorrência de problemas, não importando a natureza 
deste, é a chave para obtermos sucesso em uma análise de riscos. Veremos a seguir como 
devemos proceder!
162
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
2 GESTÃO DE RISCOS
A gestão de riscos é processo de avaliação e tomada de decisão com base 
nas informações obtidas a partir da análise de riscos. Preocupa-se também com a 
manutenção de medidas preventivas, de modo a manter as chances de ocorrência 
de algum tipo de acidente quase nulas. Além disso, pertencem igualmente ao 
campo da gestão de riscos o planejamento de situações de emergências e a 
manutenção de um esquema de prontidão para reagir nas situações de perigo. 
Para tomar suas decisões, o gestor de riscos, seja um responsável político, ou 
um presidente de uma empresa qualquer, deve utilizar todas as informações 
disponíveis resultantes dos Estudos de Impactos Ambientais (EIAs) e também 
das análises de risco propriamente ditas.
A Análise de Risco, como suporte ao licenciamento ambiental, é aplicada 
às empresas que produzem, operam, armazenam, consomem, geram ou 
transportam, em quantidade expressiva, substâncias perigosas, especialmente 
as tóxicas e as inflamáveis, provenientes das seguintes atividades: 
• químicas e farmacêuticas; 
• do petróleo e petroquímicas; 
• do gás; 
• dotadas de sistemas de refrigeração (alimentícias, de bebidas, frigoríficos etc.); 
• de produção de água tratada; 
• de transporte por oleodutos e gasodutos; 
• usinas termelétricas a gás. 
FONTE: Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/fma/analise-risco.asp>.
Acesso em: 10 dez. 2012. 
NOTA
Prezado acadêmico! Vamos pensar um pouco? Até agora relatamos sobre 
a grande importância de uma análise de riscos. Você acha que esse mecanismo é um 
componente tão importante dentro de um EIA? O que poderia ser previsto em termos de 
danos ao meio ambiente?
TÓPICO 2 | A UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL
163
Dependendo dos impactos que essas atividades podem causar à 
população e ao meio ambiente, há dois tipos de planos: Plano de Contingência 
e Plano de Ação para Emergência. O primeiro detalha a ação conjunta dos 
órgãos públicos e empresas privadas em caso de emergência de grande porte. 
O segundo é exigido das atividades cujo nível de risco, definido pela Análise 
de Risco, seja igual a 3 ou 4, e nesse é detalhada a ação interna de uma empresa 
em caso de emergência.
FONTE: Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/fma/analise-risco.asp>.
Acesso em: 10 dez. 2012. 
2.1 O CONCEITO DE RISCO
De maneira informal, a palavra “risco” exprime algo de desagradável que 
pode acontecer. Não é certo que venha a acontecer, mas existe uma probabilidade 
de tal se verificar. Estes dois aspectos devem ser formalizados para que o conceito 
se torne operacional para efeitos analíticos e para os processos de tomada de 
decisões. É necessário encontrar uma forma de exprimir as consequências 
negativas e a incerteza ou acaso associados a essas consequências negativas.
No domínio da segurança industrial, o conceito de risco é geralmente tornado 
operacional sob a forma de uma combinação de uma medida de consequências de 
certos acidentes e das probabilidades associadas a tais consequências.
IMPORTANT
E
A história da teoria das probabilidades teve início com os jogos de cartas, dados 
e de roleta. Esse é o motivo da grande existência de exemplos de jogos de azar no estudo 
da probabilidade. A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência 
de um número ou evento em um experimento aleatório, que é aquele que, quando repetido 
em iguais condições, pode fornecer resultados diferentes, ou seja, são resultados explicados 
ao acaso. Um exemplo: no lançamento de um dado, um número par pode ocorrer de 3 
maneiras diferentes dentre 6 igualmente prováveis, portanto, P = 3/6= 1/2 = 50%. 
FONTE: Disponível em: <http://www.somatematica.com.br/emedio/probabilidade.php>. 
Acesso em: 26 maio 2009.
164
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
Uma definição possível consiste em considerar o risco R como o produto 
de uma probabilidade p e de uma consequência c:
(a) R = p X c
Esta definição é adequada para calcular os riscos em jogos de carta, 
por exemplo. Porém, não é adequada para situações reais, nas quais podemos 
exprimir o risco não sob a forma de um único número, mas como um conjunto de 
números, quantificando consequências e probabilidades:
(b) R (i) = probabilidade p(i) da consequência c(i)
(c) R = {(p(i)),c(i))}
Essas definições, nas fórmulas propostas, representam apenas índices que 
servem para enumerar diferentes cenários de acidentes. Por exemplo, em (b), o 
risco é expresso como a probabilidade da consequência i. Por exemplo, a definição 
de risco individual baseia-se nesta fórmula: é a probabilidade de um indivíduo 
morrer em um acidente no âmbito da atividade que está sendo estudada. Já em 
(c), o risco é expresso sob a forma do conjunto total de possíveis consequências, 
com as probabilidades associadas.
As definiçõesde risco individual e de risco de grupo comportam outras 
questões de ordem técnica. Um aspecto importante é o período de tempo durante 
o qual tem lugar a atividade a que se refere a probabilidade calculada. Geralmente, 
as probabilidades são calculadas para um período de um ano de atividade. Assim, 
é possível calcular, por exemplo, o risco individual em diferentes locais próximos 
de uma fábrica de produtos químicos, relativamente a um ano de operação dessa 
instalação. Se para um determinado local o risco individual calculado é de 10-6/ano, 
isso significa que durante um ano de operação da instalação do empreendimento 
existe a probabilidade de 10-6, ou seja, de uma vez em um milhão, de que um 
indivíduo vivendo nesse local seja morto por um acidente na instalação.
Vamos a outro exemplo hipotético. Uma pequena instalação trabalha 
com um gás altamente inflamável, presente em tanques e tubulações metálicas. 
O escapamento deste fluido formará uma nuvem de gás que, transportada pelo 
vento, pode ter quatro consequências: (1) incendiar-se, queimando materiais, 
vidas, equipamentos ou casas; (2) explodir, destruindo tudo; (3) continuar 
espalhando-se sem riscos; (4) explodir ou incinerar-se em uma área que não 
tenha vidas ou materiais de valor relevante. 
Definido o evento iniciador, associa-lhe uma frequência esperada de 
ocorrência. Por exemplo, no caso do vazamento, descobre-se, através de um 
banco de informações da empresa e diagnósticos anteriores, que ele pode ocorrer 
a cada 30 anos. Através de uma árvore de eventos utilizada em Análise de Riscos 
Acidentais, deve-se multiplicar a frequência esperada inicial, ou seja, 1 a cada 30 
anos, pelas probabilidades encontradas ao longo dessa árvore ou caminho. 
TÓPICO 2 | A UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL
165
Por exemplo, em determinado local da empresa, a probabilidade de 
acidente é de 70% ou 0,7. Depois, para a nuvem de gás incendiar-se temos com 
ignição e sem ignição, ou seja, 50% para cada ou 0,5. Por fim, temos uma área 
em que temos pessoas, aonde o risco de morte é de 40% ou 0,4. Assim:
(1/30) X 0,7 X 0,5 X (0,4) = cerca de 5/1.000
Pode-se estimar a frequência do dano multiplicando-se a frequência 
ponderada deste ramo pelas suas consequências. Se a consequência deste ramo 
fosse a morte de 10 pessoas, então teríamos:
(5/1.000) X (morte de 10 pessoas) = 5 mortes a cada 100 anos, ou 
ainda, 0,05 mortes/ano. Associando cada consequência (neste caso a morte de 
uma pessoa) a um valor monetário, digamos 10 milhões de US$, facilmente 
chegaríamos ao custo anual dos acidentes gerados por este tipo de evento:
Risco (anual) X custo da consequência = custo anual
(0,05 mortes/ano) X (custo da morte, 10 milhões) = 500 mil/ano
Observe que o alto valor obtido neste resultado provém de duas 
hipóteses básicas: a de que um único evento provoque a morte de 10 pessoas a 
cada 30 anos, e que cada morte corresponda ao custo de 10 milhões. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.fag.edu.br/professores/solange/PERICIA_AMBIENTAL/
ApostilaEstudos_PericiaAmbiental_2012.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2012. 
Aqui não estão sendo levados em consideração todos os fatores e varáveis que 
poderiam atuar em uma determinada região industrial, que fariam estes números 
aumentarem muito. Quanto ao valor usado para a vida humana, este varia, segundo 
as avaliações de risco de todo o mundo, entre 100 mil US$ e 10 milhões de US$.
Ainda podemos fazer mais alguns comentários, para que você tenha noção 
de que não se trata de algo tão simples. O primeiro é sobre a simplificação dos eventos 
iniciadores. Na vida real, esses eventos são algo mais complexo, e, além disso, o 
exemplo nos mostra as consequências de um único evento iniciador. Na verdade, 
a operação de uma instalação industrial pode conter, e normalmente contém, uma 
grande variedade de eventos catastróficos. Podemos ter, para uma única instalação, 
diversas árvores de eventos, uma para cada um dos eventos iniciadores selecionados. 
O risco desse processo será a soma de somas, isto é, depois de somarem-se os riscos 
de todas as consequências de cada árvore, somam-se os subtotais de todas as árvores. 
Essa soma final resultará no risco imposto pela instalação aos trabalhadores, público 
e ambiente na área de influência do empreendimento.
Mas risco de quê? Os impactos acidentais podem atingir diretamente a 
biota (fauna – incluindo humanos e flora), assim como os elementos artificiais 
(construções humanas) e naturais (água, terra, ar e nutrientes no meio) sob sua 
influência. Estes impactos podem ser, por exemplo: queima, proveniente da 
emissão de substâncias inflamáveis; destruições físicas provenientes de explosões; 
contaminação por substâncias tóxicas, entre outras.
166
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
Também devemos referir-nos à qualificação e quantificação do risco. O 
risco de dano não é apenas um, mas diversos. Existem os riscos de extinção de 
espécies, perdas populacionais, perda de diversidade genética, degradação dos 
recursos naturais, entre outros, que precisam ser categorizados para estudo e 
avaliação.
Por último, é importante ressaltar uma diferença, em termos de 
consequências ambientais, entre os acidentes e a operação normal. De uma 
forma geral, os acidentes impõem uma dose aguda, ou seja, um efeito pontual 
no tempo, enquanto a operação normal de uma atividade econômica impõe uma 
dose crônica, ou seja, uma carga tóxica ou fisicamente danosa de caráter contínuo. 
Em geral, um sistema natural pode suportar uma dose aguda (um 
evento singular) muito mais alta do que uma crônica (evento do 
cotidiano), porque no primeiro caso o ambiente terá tempo para se 
recuperar dos efeitos, regenerar suas funções e reciclar o tóxico, se 
for o caso. Isso ocorrerá se os efeitos acidentais não ultrapassarem 
os limites da capacidade de suporte do ecossistema atingido, ou não 
consumirem recursos não renováveis. Em se tratando de impacto 
ambiental, cada caso é um caso (CUNHA; GUERRA, 2000, p. 248).
2.2 AS PRINCIPAIS FASES DE UMA ANÁLISE DE RISCOS
A partir de agora, iniciaremos uma breve descrição das principais fases 
de uma análise de riscos para acidentes. O exemplo aqui é dado para uma fábrica 
de produtos químicos. Dessa forma, quando for realizado um Estudo de Impacto 
Ambiental (EIA) de um empreendimento que utiliza grandes quantidades de 
substâncias perigosas, deverá ser feita uma análise de riscos dos acidentes que possam 
afetar a população que vive nas áreas circundantes (PARTIDÁRIO; JESUS,1999).
Prezado acadêmico, a partir de agora é preciso prestar muita atenção! As etapas 
descritas a seguir são de fundamental importância para a compreensão de um sistema de 
análise de riscos.
ATENCAO
Na primeira fase de uma análise de riscos faz-se uma descrição dos 
diferentes sistemas que irão influenciar os resultados da análise. Deverão ser 
incluídos, por exemplo, os seguintes aspectos: diagrama geral de instalação (lay 
out), dados geográficos e demográficos, descrição pormenorizada da fábrica e 
dos seus componentes principais, principais sistemas de controle e segurança 
etc. Para as fases seguintes é importante obter os Diagramas de Processos 
e Instrumentação, bem como os dados sobre massas, fluxos, conteúdos e 
capacidades de reservatórios, diâmetro das tubulações, pressões, temperaturas e 
propriedades das substâncias.
TÓPICO 2 | A UTILIZAÇÃO DA ANÁLISE DE RISCOS NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL
167
A segunda fase consiste na identificação de cenários de ocorrência de falhas 
ou de acontecimentos ditos “detonadores” ou aqueles que iniciam o processo. É 
a fase mais crucial de toda a análise. Assim sendo, é necessário estabelecer uma 
lista de todas as ocorrências possíveis que possam resultar em uma liberação não 
controlada de gases e substâncias perigosas, devendo-se, na medida do possível, 
indicar as possíveis causas iniciadoras desses eventos. As situações de perigo 
que não forem diagnosticadasnesta fase não surgirão mais tarde no processo de 
análise. A Árvore de Acontecimentos é apenas um exemplo dos muitos para esse 
tipo de trabalho. 
A terceira fase da análise de riscos consiste no cálculo dos efeitos físicos 
da libertação dos gases e substâncias perigosas e inclui modelos matemáticos 
complexos para determinarmos a dispersão dos gases, evaporação, propagação etc.
A quarta fase diz respeito ao cálculo das consequências dos efeitos físicos 
calculados na fase anterior. O interesse reside, sobretudo, nas consequências 
nocivas resultantes para as pessoas da área de abrangência do empreendimento. 
Em alguns casos, as consequências para o meio ambiente deverão ser consideradas 
como parte importante da análise.
A quinta fase consiste na agregação dos resultados numéricos em uma 
forma apresentável. Existem duas formas básicas de apresentação dos riscos, 
devendo ser ambas consideradas. A primeira consiste em um conjunto de curvas 
indicando os níveis de risco individual em um mapa da área em questão. A 
segunda é a curva F-N, ou curva do grupo de risco, indicando a probabilidade 
de um certo número de pessoas da população que vive nas imediações da fábrica 
serem mortas simultaneamente devido a um acidente nas instalações.
Por vezes uma sexta fase, a apreciação dos riscos, é também considerada 
parte integrante do processo de avaliação dos riscos.
Abaixo segue um modelo similar ao descrito acima e que tenta mostrar 
em forma de diagrama as diferentes etapas de uma análise de riscos.
IMPORTANT
E
Para saber mais sobre as principais técnicas da realização de análise de riscos, 
você pode acessar os seguintes documentos pelos links a seguir:<http://www.fepam.rs.gov.
br/central/formularios/arq/manual_risco.pdf>.
<http://www.saneamento.poli.ufrj.br/documentos/Josimar/APP_e_HAZOP.pdf>.
168
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
FIGURA 9: ESQUEMA DE UM ORGANOGRAMA PARA A IMPLEMENTAÇÃO
 DE UMA ANÁLISE DE RISCOS
FONTE: Disponível em: <www.risktech.eng.br/.../Figura2%20risktech.jpg>.
Acesso em: 28/09/2012.
Estudos de Perigo ou
Análise Preliminar de Risco - APR
(APP, HAZOP, FMEA, AAF, What If etc)
Caracterização das Instalações Análise Histórica de Acidentes (AHA)
Definição do Processo
Avaliação Preliminar de Risco
(Qualitativa) (*)
Estimativa de Frequências
ou Probabilidades
Avaliação de Consequências
(Efeitos Físicos & Vulnerabilidade)
Avaliação de Risco
(Quantitativa) (*)
Medidas de Controle:
Recomendações para Redução do Risco
Medidas de Controle:
Recomendações para Mitigação
169
 Neste tópico você viu que:
• Na técnica de Análise de Riscos você deve atuar preventivamente, tendo em 
vista as probabilidades de ocorrência de alguma tragédia.
• A gestão de riscos se faz com base nas informações obtidas a partir da análise 
de riscos e preocupa-se em manter medidas preventivas.
• O risco de um acidente está baseado em probabilidades, ou seja, pode ser que 
não aconteça, mas existem chances para acontecer, mesmo com a adoção de 
medidas preventivas.
• O risco individual baseia-se na ocorrência de um acidente no âmbito da 
atividade que está ocorrendo; o risco coletivo ocorre associado a uma série de 
eventos possíveis de ocorrer, e não uma somente.
• A fase mais crucial de uma análise de riscos é a identificação dos acontecimentos 
ditos “detonadores”, que dão início ao processo.
RESUMO DO TÓPICO 2
170
AUTOATIVIDADE
Exercite seus conhecimentos resolvendo a questão a seguir.
1 Os estudos de Análise de Riscos podem ser utilizados para complementar 
um EIA. A partir dessa informação, imagine o seguinte cenário. Uma 
população de um determinado organismo, por mais estranho que isso 
possa parecer, passa a se beneficiar em função do aumento de um efluente 
lançado por uma indústria em um rio próximo. Por mais tratado que esse 
efluente esteja, algumas das substâncias funcionam como nutrientes para 
esses organismos. Para piorar a situação, a espécie que aumenta em número 
de indivíduos é predadora de uma espécie rara, ou seja, existe o sério risco 
desta espécie extinguir-se. Você, como gestor de uma empresa de consultoria 
ambiental, e que foi responsável pelo EIA do empreendimento, como avalia 
essa situação? Quais são os pontos falhos e quais medidas emergenciais 
poderiam ser tomadas?
171
TÓPICO 3
AUDITORIA AMBIENTAL PRÉVIA E PÓS-IMPLANTAÇÃO
DE OBRAS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
No âmbito das ciências do ambiente, o termo “Auditoria” tem sido 
utilizado para se referir à quantificação das consequências ambientais dos 
projetos de desenvolvimento (ex.: construção de empreendimentos de qualquer 
natureza), acompanhada por uma avaliação da eficácia das medidas de gestão 
adotadas, a fim de prevenir ou minimizar os efeitos negativos desses projetos 
(PARTIDÁRIO; JESUS, 1999).
As auditorias ambientais podem ser consideradas como instrumentos 
recentes em nosso processo de ordenamento jurídico. Essas constituem estudo 
posterior ao EIA, e devem avaliar se as orientações contidas no Estudo Prévio 
estão sendo observadas e se o controle ambiental está sendo eficiente (ARAÚJO; 
VERVUURT, 2005).
Assim sendo, a realização de auditorias pode ser de fundamental 
importância, principalmente para empreendimentos potencialmente poluidores. 
Deve-se ainda levar em consideração, em relatórios desse caráter, os aspectos das 
condições ambientais e de saúde dos trabalhadores.
Outro ponto fundamental é a periodicidade do processo de auditoria, que 
deve estar de acordo com o órgão ambiental local, responsável pela fiscalização dos 
empreendimentos que tenham potencial poluidor e/ou de acordo com as normas da 
empresa, caso esta tenha implantado um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), ou 
ainda, caso o empreendedor esteja buscando algum selo de qualidade ou mesmo as 
certificações do âmbito ISO 14.001/004, por exemplo. Isso irá permitir a todos os atores 
envolvidos melhor acompanhamento das questões ambientais nas suas mais variadas 
formas. Alguns estados, como o Rio de Janeiro, através da sua Constituição (Art. 
258°) e a Lei Estadual RJ 1.898/91, garantem ao poder público determinar a realização 
de auditorias ambientais periódicas nas instalações e atividades potencialmente 
poluidoras. Da mesma forma, os estados de SP e ES instituíram a obrigatoriedade de 
se realizar auditorias ambientais para determinadas atividades.
Vale ressaltar ainda que a licença ambiental é apenas um dos mecanismos 
necessários para o cumprimento da legislação ambiental. As auditorias são estudos 
complementares, de modo a avaliar se as orientações contidas no Estudo Prévio 
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
172
estão sendo observadas e se o controle ambiental está sendo eficiente. As auditorias 
devem ser compreendidas como estudos, avaliações ou exames periciais.
Outro aspecto importante é a disponibilidade dos documentos de auditoria 
ambiental realizados para o acesso das pessoas da sociedade civil. Isso permite, 
por exemplo, conhecer os aspectos ambientais dos locais de moradias, segurança 
e condições de trabalho. A não realização de auditoria ambiental obrigatória, ou 
seja, nos locais onde esse instrumento esteja amparado por lei e a negação de 
acesso aos documentos, enseja a propositura de ação civil pública ambiental.
DICAS
Acesse o site da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Este site 
contém uma série de informações relevantes aos processos de auditoria e normalização 
realizados no Brasil.
<http://www.abnt.org.br/default.asp?resolucao=1280X720>.
2 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO E DOS ESTUDOS
DE AUDITORIA
Inicialmente, na década de setenta, pioneiros como a British Petroleum 
(1978) conduziram estudos de auditoria em muitos de seus projetos para 
exploração do petróleo. Essencialmente pretendia-se verificar se os processos 
de predição de impactos ao meio ambiente tinham sido satisfatoriamente 
conduzidos. Na ocasião foram constatados deficiências de informação e casos 
emque os programas de monitoramento das atividades do empreendimento não 
forneceram a informação pretendida.
O exemplo acima demonstrou que não adianta termos um programa de 
auditoria sem o adequado levantamento de informações sobre as atividades de 
determinada empresa. Tendo em mente a real importância de um programa de 
monitoramento para a realização da auditoria, vamos agora ao estudo de um 
caso hipotético, e que retrata claramente o que pode configurar-se em uma 
situação verdadeira para os dias atuais. O nosso exemplo será o de uma refinaria 
de petróleo. Em um primeiro instante essa empresa deverá ser submetida à 
AIA e um relatório deverá ser apresentado para que a tomada de decisão sobre 
a autorização ou não da construção do empreendimento seja feita. E em caso 
afirmativo, quais são as medidas de proteção ao meio ambiente que devem ser 
adotadas. Dessa forma, os responsáveis pelo EIA deparam-se com o problema da 
identificação dos potenciais impactos sociais e ambientais.
Para o nosso caso hipotético da refinaria, após reuniões com vários atores e 
segmentos da sociedade e após a determinação dos graus de importância de cada 
problema, decidiu-se considerar impactos esperados para um período de 30 anos 
e atribuir à área de entorno afetada pelo empreendimento um raio de até 30 km.
TÓPICO 3 | AUDITORIA AMBIENTAL PRÉVIA E PÓS-IMPLANTAÇÃO DE OBRAS
173
Com estas etapas definidas, vamos aos instrumentos de “coleta das 
informações”, que podemos então chamar de monitoramento e que podemos 
classificar em três tipos básicos. São eles: o monitoramento da situação atual (baseline 
monitoring), o monitoramento de impactos e o monitoramento de emissões.
No monitoramento da situação atual, a qual corresponde à fase preliminar, 
é necessário efetuar estudos de base. Estes estudos têm dois objetivos principais. O 
primeiro deles corresponde ao levantamento e identificação das espécies animais e 
vegetais que se encontram na área de abrangência do projeto do empreendimento. Já 
o segundo objetivo é que esse banco de dados forneça posteriormente informações 
relevantes para tomadas de decisão e também para auditorias.
Dentro do primeiro objetivo, será feita a obtenção das informações sobre 
a variabilidade natural e sobre as tendências existentes e que caracterizam 
os componentes dos sistemas em questão. Essas informações são úteis para 
a predição dos impactos e também para comparação da situação antes e pós-
instalação do empreendimento. Ainda dentro desta fase inicial, o levantamento 
de informações relativo a valores e/ou a tendências de evolução de variáveis 
ambientais e sociais é parte importante. Essa deve auxiliar peritos ambientais e 
tomador de decisão, tanto qualitativa quanto quantitativamente, com o objetivo 
de predizer o comportamento dessas variáveis em um futuro próximo.
Voltemos ao exemplo hipotético da refinaria. Suponhamos, por exemplo, 
que uma determinada espécie de peixe, de elevado valor comercial para as 
comunidades vizinhas, tenha sua área de desova e criação dentro da área de 
abrangência de construção do empreendimento. Esse é um caso particular, 
mas que, se desprezado, pode posteriormente afetar inúmeras famílias. Nesta 
situação, a nossa “espécie-alvo”, para posterior monitoramento, é essa espécie de 
peixe. Caso a construção do empreendimento afete negativamente a reprodução 
deste peixe, providências urgentes deverão ser tomadas. 
Em casos onde não haja uma espécie específica, mas, por exigência dos 
órgãos ambientais, as condições ambientais devem ser mantidas, podemos 
utilizar uma espécie qualquer, registrada no levantamento biótico e utilizá-
la como “variável-controle” de indicação da qualidade ambiental da área de 
influência direta da empresa. Se a população da espécie declinar em abundância, 
por exemplo, isso pode ser um indício de que as atividades do empreendimento 
podem afetar o organismo e também o ambiente natural. No que diz respeito à 
comunidade local, podemos proceder através do monitoramento de uma série de 
variáveis, tais como, os níveis de ruído dentro e fora das habitações, as taxas de 
atividade masculina e a empregabilidade nas indústrias tradicionais.
Para o denominado monitoramento de impacto, existe um objetivo 
simples, que consiste em identificar os impactos das atividades humanas sobre o 
ambiente. Voltando ao nosso caso hipotético da refinaria de petróleo, o objetivo 
deste tipo de monitoramento é determinar a natureza do impacto efetivo deste 
empreendimento sobre as características ambientais e sociais consideradas 
relevantes. A identificação dos prováveis impactos irá determinar quais os 
parâmetros devem ser monitorados em função das alterações possivelmente 
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
174
causadas pela operação da refinaria. Veja que isso irá depender dos pontos 
levantados durante o monitoramento da situação atual, ou primeira fase.
Atualmente, o levantamento das condições ambientais existentes é 
frequentemente conduzido, independentemente, de outras atividades da 
Avaliação de Impactos Ambientais (AIA). Já muitos EIAs, parte complementar 
da AIA, como vimos no início desta unidade, nos fornecem apenas listagens de 
informações, como número de espécies, que posteriormente serão aprofundadas 
no transcorrer da fase de predição de impactos. No entanto, o recolhimento 
dessas informações deve estar vinculado a protocolos definidos e específicos, 
com vistas nos requisitos necessários à predição e monitoramento dos impactos 
em potencial. Assim sendo, a tomada de informação, sobre as condições atuais de 
uma determinada área, terá real valor para as tomadas de decisão.
Sabe-se que a obtenção dessa informação, esteja ela vinculada a protocolos 
específicos ou não, é de difícil execução. Na prática, à medida que potenciais 
impactos vão sendo identificados, é que são ajustados os procedimentos de 
obtenção das informações. Alguns autores sugerem que essa tomada de informação 
deveria ser protocolada de acordo com a natureza do empreendimento. Isso 
permitiria relacionar o impacto em potencial ao projeto do empreendimento e 
não a outro fator independente ou à variação natural dos elementos monitorados.
Dada a variabilidade revelada pelos sistemas naturais, a fase experimental 
deve permitir fazer a distinção entre as alterações provocadas pela ação efetiva do 
empreendimento, daquelas ocorridas em consequência de fatores naturais, ou seja, 
na ausência do projeto de construção do empreendimento. Por exemplo, se a área de 
abrangência da construção for berçário de uma espécie importante de peixe, como 
mencionado anteriormente, a fase experimental de um programa de monitoramento 
de impacto deverá permitir atribuir culpa à refinaria por quaisquer alterações na 
população de peixes e não a flutuações derivadas de causas naturais. Para assegurar 
que as oscilações ambientais correspondam com a realidade, é necessário recorrer a 
“controles” ou “referências” nas quais seja possível comparar as informações obtidas 
de uma região fora da área de abrangência da refinaria, com as informações de dentro 
da área afetada. Essa comparação nos permitiria saber se as variações no ambiente 
que por ventura ocorressem foram decorrência de causas naturais ou foram afetadas 
diretamente pela operação do empreendimento.
IMPORTANT
E
Caro acadêmico! Os sistemas naturais possuem alta complexidade. Tentar prever o 
seu comportamento diante de novas situações, como, por exemplo, o derramamento de alguma 
substância tóxica em um ecossistema qualquer, pode se tornar uma tarefa muito complicada.
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No entanto, a experiência de campo nos mostra que a atenção no 
recolhimento dos dados não substitui a necessidade de objetivos bem definidos, 
que devem ser claramente formulados, a fim de assegurar o integral cumprimento 
dos programas de monitoramento estabelecidos. A consistência da equipe do 
projeto de monitoramentotambém é importante, visto que existe a necessidade 
de manutenção dos procedimentos e protocolos de amostragem.
2.1 MONITORAMENTOS DE IMPACTO E ESTUDOS
DE AUDITORIA
O monitoramento de impacto tem uma série de vantagens, como, por 
exemplo, levantar variáveis ambientais e sociais relevantes que podem identificar 
tendências nocivas, antes de ser tarde demais para minimizá-las ou preveni-las. E 
essa é uma vantagem muito importante para os tomadores de decisão. Retornando 
ao caso da população de peixes, se essa começasse a declinar em função das 
emissões de efluentes, ainda teríamos tempo de adotar medidas preventivas, com 
a finalidade de interromper esse processo. Assim, o monitoramento de impacto 
permite um “alarme preventivo” para que os gestores do meio ambiente possam 
ser alertados antes que o “estrago” seja feito. Outra vantagem do monitoramento 
de impacto é nos fornecer ideias ou somar conhecimento sobre situações 
semelhantes em diferentes projetos, para que se possa fazer comparações futuras 
em novos estudos de empreendimentos. Esse conhecimento também pode ser 
utilizado para melhorar futuros EIAs e contribuiria para reduzir o tempo e o 
esforço, e consequente gasto, despendidos na elaboração de um EIA.
IMPORTANT
E
O monitoramento de todas as variáveis que possam ser consideradas de risco 
para um ambiente natural é um componente muito importante das auditorias, pois funciona 
através da prevenção.
Atualmente, as decisões relativas a projetos de construção de qualquer tipo 
de empreendimento são tomadas com grande incerteza. Todas as AIAs incluem 
predições sobre acontecimentos futuros e, como tais, revelam vários graus de 
incerteza, o que é comum a qualquer tipo de predição. E é devido ao fato dessa 
probabilidade de erro que um grande número de programas de mitigação e 
monitoramento é realizado, em uma tentativa de evitar impactos nocivos. Esses 
programas são custosos e demandam tempo elevado. Dessa forma, é possível que, 
através de auditorias, se possa concluir que alguns dos impactos previstos não 
ocorreram e que as decisões futuras relativas a projetos semelhantes não necessitam 
de medidas de mitigação e programas de monitoramento realizados no passado. 
UNIDADE 3 | AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL: CONCEITOS, PROCEDIMENTOS E APLICAÇÕES
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2.2 MITIGAÇÃO E MONITORIZAÇÃO DE CONFORMIDADE
Além de caracterizar as condições da situação atual, de contribuir para 
a predição de impactos e também para a realização de estudos de auditoria, 
o monitoramento permite alcançar outros objetivos. Por exemplo, um AIA 
pode requerer certas ações de minimização ou compensação que eliminem ou 
reduzam os impactos negativos esperados. Esse tipo de monitoramento pode 
incluir inspeções aleatórias e deve ser efetuado por pessoal especializado, capaz 
de identificar um equipamento ou as ações necessárias para cumprir os requisitos 
constantes de programas de mitigação (PARTIDÁRIO; JESUS, 1999).
Quer as medidas de mitigação sejam efetuadas quer não, os projetos deverão 
respeitar as normas relativas a efluentes e também a outros critérios. Uma empresa 
não pode simplesmente lançar seus efluentes no ambiente natural. Em muitos países 
existem severas restrições e controles para essas indústrias, cabendo a elas estar em 
dia com os órgãos de meio ambiente que regulam tais atividades.
Para concluirmos, podemos refletir um pouco sobre a importância daquilo 
que vimos até agora, ao tratarmos das AIAs no início desta unidade. Esses 
mecanismos, apesar de recentes, começaram a ser implementados há pouco mais 
de 30 anos, porém cada vez mais são solicitados, em parte pela obrigatoriedade 
dos órgãos de fiscalização, mas também pelo aumento da consciência ecológica 
atual. Apesar de constituírem instrumentos para a gestão dos recursos naturais 
e muitas vezes nos fornecer previsões incertas, a aplicação de novas técnicas de 
avaliação, aliada aos princípios científicos, tende a melhorar os atuais sistemas 
para que, em um futuro próximo, tenhamos melhorias significativas na realização 
das AIAs e de seus componentes (EIAs, RIMAs, Auditorias etc.).
Para garantirmos o sucesso das auditorias, sabe-se da necessidade de 
realizar monitoramentos de impacto e também das situações atuais, como foi visto. 
Essas são a base de uma AIA adequada e na verdade ambos se complementam. 
É somente através da integração de ambos que poderemos chegar aos melhores 
objetivos em termos de predição de eventos potencializadores de impactos 
naturais, seja na construção de um novo empreendimento, ou na manutenção de 
qualidade de uma empresa já em funcionamento.
Dado que os estudos de auditoria assentam sobre casos reais, há fortes 
razões para a realização de programas de monitoramento aleatórios que incidam 
sobre variáveis selecionadas. Estas poderiam ser componentes ambientais e 
sociais diretamente afetados, mas que consideram não estar em perigo em uma 
dada situação. Podemos concluir que, dessa forma, a auditoria de programas 
em termos de realização dos seus objetivos seria útil na perspectiva de decisões 
futuras, e que os conhecimentos adquiridos contribuiriam para a economia de 
recursos e para o futuro sucesso destes programas.
TÓPICO 3 | AUDITORIA AMBIENTAL PRÉVIA E PÓS-IMPLANTAÇÃO DE OBRAS
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LEITURA COMPLEMENTAR
Avaliação ambiental estratégica (AAE): limitações dos estudos de
impacto ambiental (EIA)
Cristiane Mansur de Moraes Souza
As transformações pelas quais vem passando a economia brasileira, 
decorrentes tanto da sua inserção na reestruturação produtiva mundial, quanto do 
novo papel que o Estado brasileiro vem desempenhando nesse processo, têm deixado 
evidentes lacunas nas formas usuais de regulação do espaço construído. Do ponto 
de vista das políticas ambientais, observa-se a fragilidade dos órgãos de controle 
e fiscalização, e em especial, dos instrumentos de gestão ambiental em face das 
mudanças estruturais no padrão, ritmo e natureza dos investimentos privados. Este 
artigo tem por objetivo estudar o estado da arte da Avaliação Ambiental Estratégica - 
AAE no Brasil e ainda mostrar em que termos o Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257, de 
10 de julho de 2001, promove um avanço da legislação brasileira contra a centralidade 
dos critérios institucionais das Avaliações ou Estudo de Impacto Ambiental (EIA). 
Os impactos ambientais, associados ao processo de urbanização, 
ampliaram-se perigosamente no início do século XXI. A expansão periférica 
das cidades brasileiras e a forma precária como foram implantados os novos 
assentamentos criaram um quadro de grave degradação. Trouxeram também um 
desafio ao poder público e à sociedade em geral: a prevenção de novos impactos. 
Um instrumento utilizado universalmente na prevenção de novos impactos é a 
avaliação de impacto. Esta pode ser considerada um processo e uma ferramenta 
de avaliação que pode auxiliar no sentido da busca de um desenvolvimento 
sustentável. É usada nos países do primeiro mundo para avaliar se as ações 
ambientais são economicamente viáveis, de equidade social e sustentáveis 
ambientalmente. Avaliação de impacto é um termo genérico que inclui “avaliação 
de impacto ambiental” e “avaliação ambiental estratégica”. O uso da avaliação de 
impacto ambiental é um dos princípios-chave da declaração do Rio sobre Meio 
ambiente e Desenvolvimento (1992). Cinco anos antes, a Comissão Brundtland 
identificou a integração de considerações ambientais nas políticas públicas, 
como uma das chaves dos desafios institucionais deste século. Os documentos 
preparatórios para a Conferência Mundial de Johannesburg tornam claro que 
esse desafio ainda não foi abordado.
 
Durante a década passada, importantes inovações aconteceram nos métodos 
e abrangência das avaliações de impacto. Muitos países em desenvolvimento e 
de transição aprimoraram sua legislação ambiental, ou colocaram mais rigor nos 
procedimentos de sua avaliação de impacto ambiental, em resposta às exigências de 
agências financiadoras internacionais, sobretudo como reflexo

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