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Disciplina: Organização do Sistema Único de Saúde. Identificação da tarefa: Tarefa 4. Envio de arquivo. Pontuação: 15 pontos. TAREFA 4 ALINHANDO O CONHECIMENTO MÉDICO À GESTÃO DE SISTEMAS DE SAÚDE: NOVOS PAPÉIS E DESAFIOS A recuperação do paciente (por meio da cura ou prevenção de doença) ou alívio do sofrimento físico e mental é a meta principal do serviço de saúde (ou deveria ser). De início o autor Richard J. Bohmer, médico e professor da Harvard Business School, expõe um conflito universal e comum aos gestores de saúde do sistema público e privado, profissionais, políticos e usuários dos sistemas de atendimento à saúde: “A saúde está em crise”. Tal fato parece óbvio nos dias atuais e, não está relacionado com uma determinada região, país ou continente, mas sim um problema global à medida que a demanda mundial dos recursos de saúde é crescente e os serviços se tornam cada vez mais caros e nem sempre com a qualidade esperada. A prestação de serviços é analisada, sob o prisma da falta de planejamento e, consequentemente, a gestão dos processos e das empresas, que compõem o sistema de saúde, ficando em segundo plano. Ressalta o autor ainda os três problemas fundamentais, da prestação de serviços em saúde: - Primeiro problema: “Não saber o que fazer em determinada situação clínica”. Não se trata de falta de capacidade do profissional, mas sim da falta da ciência sobre a doença e com isso ocorrem dificuldades na elaboração da melhor estratégia de atendimento ao paciente. - Segundo problema: “Quando a ciência existe, ela não é aplicada”, ou seja, não é feito o que se conhece, devido o sistema de saúde ser super ou subprovido. - Terceiro problema: Fidelidade da execução. Mesmo quando os dois problemas anteriores não interferem na assistência, a prestação do serviço pode ser feita de modo inadequado e, aqui se incluem, tanto falhas no diagnóstico como na conduta de assistência ao paciente, como exemplo de uma simples lavagem das mãos, para reduzir o risco de infecção hospitalar. De acordo com o autor, o grande desafio para os gestores está no planejamento de abordagens eficazes e eficientes para a criação de um sistema de prestação de serviços de saúde, baseado não “em fazer o que sabemos”, mas sim em “saber o que fazer”. Para que isso fique claro, o autor fragmenta o sistema de prestação de serviços de saúde em quatro componentes: O conhecimento médico; os processos de atendimento; os profissionais; e as empresas prestadoras de serviços (privada, estatal, sem fins lucrativos ou mantidas por fundação). Porém, o autor enfatiza que os atuais sistemas de recuperação do paciente são ineficientes, fora de controle, inseguros e de má qualidade, não sendo considerados, portanto, um “sistema”, mas sim uma “colcha de retalhos mal combinados”, cujas partes não se comunicam. Na maioria das vezes, os quatro componentes não foram planejados para seu fim, ao contrário, as relações entre eles aparecem com o tempo. Essa ideia soa um tanto familiar, quando pensamos em nosso “sistema único de saúde”. O objetivo do autor é analisar as mudanças que ocorreram nos últimos anos, nestes quatro componentes, não apenas o aspecto financeiro, mas sim no desenho da prestação de serviços de saúde em si, explorando as implicações para o planejamento e a gestão de processos de atendimento e de organizações, em oito capítulos. Neste contexto, os seguintes temas chaves são colocados em discussão: 1. A gestão do serviço de saúde; 2. A natureza experimental do serviço de saúde; 3. Medicina baseada em evidências; 4. O papel central dos sistemas operacionais; Para facilitar a leitura, encontramos um roteiro detalhado na introdução, a respeito do conteúdo dos capítulos e, tal roteiro é dividido pelo autor, em duas seções. A primeira seção trata do conhecimento que envolve o atendimento e como esse influencia na forma de assistência ao paciente, discutindo informações sobre planejamento e a gestão das organizações de saúde. Na segunda seção, o foco encontra-se nas implicações do planejamento do atendimento, relacionando os profissionais de saúde aos sistemas operacionais do atendimento, incluindo aqui um novo elemento, a organização de saúde. Sendo assim, os quatro primeiros capítulos exploram a natureza do serviço de saúde e as abordagens atuais disponíveis para a gestão da saúde. No primeiro capítulo, o autor faz a descrição da gestão baseada na padronização industrial e na certeza da prática médica no atendimento gerenciável (do que seria considerado previsível em saúde). Já no capítulo dois, a imprevisibilidade na saúde é um dos focos de atenção, já que o atendimento médico é muito mais complexo do que previsível, em algumas doenças, não sendo possível a aplicação de uma diretriz padronizada ou mesmo não há diretrizes para alguns destes casos. No capítulo três, há a abordagem assistencial, em processos iterativos e processos sequenciais, vista como um ciclo da roda experimental, com a diminuição da incerteza com pesquisa focada, análise de opções e tomadas de decisão baseadas em “tentativas e erros”. Esse fenômeno na gestão em saúde ocorre porque nem todas as doenças se comportam de forma igual e tampouco as soluções são iguais, como no caso de doenças raras ou emergentes. Os processos de atendimento iterativos e sequenciais necessitam de apoio de estruturas organizacionais e de políticas internas muito diferentes. Nos capítulos 3 e 4 fica explícito que o processo de solução dos problemas de saúde é experimental e que a operacionalização ocorre em função do problema a ser resolvido, divididos em problemas não estruturados, cuja resolução se baseia em processo iterativo e os problemas estruturados, solucionados através de processos sequenciais. Ainda é discutido que, o grau de estruturação de um problema de saúde, depende do estágio de conhecimento, ou seja, conhecimento de estágios inferiores têm-se problemas menos estruturados e vice versa. Os capítulos seguintes delineiam os ajustes internos da organização de saúde, onde acontecem diferentes tipos de processos de atendimento e o impacto destes sobre o planejamento em unidades, consultórios ou hospitais, mostrando como as organizações deveriam ser planejadas para dar conta dos dois tipos de processos de atendimento, da dinâmica relação entre eles e das mudanças que ocorrem com esses processos ao longo do tempo. Os quatro últimos enfocam a arquitetura dos processos e das organizações de saúde. Vale ressaltar que o capítulo 7 aborda um importante enfoque, com ênfase em novos papéis, impedimentos de ações, responsabilidades e relações do elemento final de um sistema de prestação de serviços de saúde, o médico. Neste capítulo, há a referência de novos elementos no escopo dos “profissionais de saúde”, na prestação de serviços, ou seja, além de médicos e enfermeiros, incluem-se também enfermeiros educadores, farmacêuticos e, sob um interessante ponto de vista do autor, o próprio paciente, ou membros da família, quando estes assumem os cuidados com um idoso, por exemplo. Aborda o alinhamento entre médico e a organização de saúde, com novos papéis do paciente, sendo este visto como fornecedor de seus “próprios serviços de saúde”, além de seu envolvimento no processo de atendimento. O livro finaliza com a arquitetura da gestão em si, focando os desafios da complexidade da gestão em seis capacitações: (1) operacional; (2) medição de desempenho; (3) controle da produção; (4) detecção de anomalias; (5) análise; (6) ajuste e redesenho. Cabe ao leitor analisar as possibilidades propostas neste livro e reconhecer cada um dos elementos componentes de um sistema de gestão em saúde e, sobretudo, verificar se são aplicáveis na realidade em saúde pública e privada brasileira. Revista de Gestão em Sistemas de Saúde - RGSS, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 181-184, jan./jun. 2013. Conforme o texto acima, descreva como o sistema de saúde pública no Brasilé classificado e construído. Traga trechos do texto que justifique a sua resposta. Veja também o conteúdo da disciplina. O objetivo do sus pode ser resumido em atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. Tais instituições pertencem aos três níveis de governo e também ao setor privado contratado e conveniado, em caráter complementar. As bases do SUS podem ser separadas em duas categorias: doutrinária e organizativa. Os princípios doutrinários são os ideais do Sistema Único de Saúde. É a partir deles que as estratégias de ação são pensadas. São eles: · Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão (“A saúde é direito de todos e dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988). Com a universalidade, o indivíduo passa a ter direito de acesso a todos os serviços públicos de saúde, assim como aqueles contratados pelo poder público de saúde, independente de sexo, raça, renda, ocupação ou outras características sociais ou pessoais. Saúde é direito de cidadania e dever do Governo: Municipal, Estadual e Federal. · Equidade: O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não significa que a equidade seja sinônima de igualdade. Apesar de todos terem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e por isso têm necessidades diferentes. Então, equidade é a garantia a todas as pessoas, em igualdade de condições, ao acesso às ações e serviços dos diferentes níveis de complexidade do sistema. O SUS deve disponibilizar recursos e serviços de forma justa, de acordo com as necessidades de cada um. O que determina o tipo de atendimento é a complexidade do problema de cada usuário. · Integralidade: É um princípio fundamental do SUS. Garante ao usuário uma atenção que abrange as ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação, com garantia de acesso a todos os níveis de complexidade do Sistema de Saúde. A integralidade também pressupõe a atenção focada no indivíduo, na família e na comunidade (inserção social) e não num recorte de ações ou enfermidades. Já os princípios organizativos são formas de concretizar os ideais do SUS na prática, por meio de: · Participação Popular: como já vimos, a população teve um papel importante no processo de elaboração do SUS. Justamente por isso, um dos princípios visa a garantir a continuidade dessa participação por meio da criação dos Conselhos e da realização das Conferências de Saúde. Tais espaços são destinados ao controle e avaliação das políticas de saúde, assim como à formulação de novas estratégias. · Descentralização e Comando único: dispõe sobre a distribuição de poderes e responsabilidades entre os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) de modo a oferecer um melhor serviço de saúde. No SUS, essa responsabilidade deve ser descentralizada até o nível municipal, ou seja, o objetivo é que o município – por si só – tenha condições técnicas, gerenciais, administrativas e financeiras para oferecer os devidos serviços. O princípio da descentralização resulta em outro princípio: o do mando único. O mando único permite a soberania de cada esfera do governo para tomar decisões, desde que sejam respeitados os princípios gerais e a participação social. · Regionalização e Hierarquização: é como o princípio da integralidade torna-se real, já que dentro de uma determinada área geográfica os serviços de saúde devem ser organizados conforme níveis crescentes de complexidade. Isso garante a articulação entre os serviços existentes dentro dessa região de forma a cobrir os diferentes graus de necessidade da população. Podemos classificar os sistemas de saúde também de acordo com a complexidade do caso a ser atendido e é dividida em quatro níveis: · Atenção Básica: engloba os atendimentos e ações de promoção, prevenção e recuperação do estado da saúde, contemplando consultas, vacinação e outras ações. Os atendimentos a famílias também se encaixam aqui, como gestão materna, saúde do idoso, da criança e do adolescente. · Atenção secundária: estágio em que alguma doença já foi identificada e demanda acompanhamento especializado de oftalmologistas e cardiologistas, por exemplo. · Atenção terciária: para pacientes com um quadro mais grave, que precisam ser internados para melhor acompanhamento (por exemplo, nas Unidades de Tratamento Intensivo – UTI). Com base nessa classificação, o SUS definiu as unidades de atendimentos de saúde e quais casos cada uma delas pode e deve atender. As principais opções são: · Unidade Básica de Saúde (UBS): realiza atendimentos de atenção básica e integral, como curativos. Os atendimentos englobam especialidades fundamentais, podendo também oferecer serviços odontológicos. A assistência deve ser permanente e prestada por médico generalista ou especialistas nas áreas oferecidas. · Unidade de Pronto-Atendimento (UPA): consiste em unidades de urgência e emergência abertas 24 horas. Por contar com mais recursos do que um posto de saúde, é capacitada a atender serviços de média a alta complexidade, como casos de pressão alta, infarto, fraturas ou derrame. Na UPA, é o grau de emergência que define a ordem dos atendimentos. · Hospital (incluindo o hospital universitário): destinada ao atendimento dos casos de atenção terciária. Geralmente os pacientes são encaminhados ao hospital pelos níveis anteriores, ou ainda em ambulância. Por contar com maior quantidade de recursos tecnológicos, também são responsáveis por atendimento clínico geral em diversas especialidades. Os hospitais atendem casos de enfermidades que ameacem a vida dos pacientes – como câncer – e realizam cirurgias, entre várias outras funções. A função dos postos de atendimento deve estar muito clara para a população. Afinal, as filas seriam reduzidas e o serviço médico agilizado se a população soubesse a qual forma de atendimento recorrer em cada ocasião. É necessária a preocupação em educar a população, pois esse fator por si só já auxiliaria na melhoria dos atendimentos públicos. Além dos estabelecimentos destacados anteriormente, outros ainda integram a rede de atendimento do SUS, como os hemocentros (bancos de sangue), os laboratórios – onde são realizados exames – e os institutos de pesquisa, como a Fundação Oswaldo Cruz, vinculado ao Ministério da Saúde. Como farmacêutica quero enfatizar também os serviços das as farmácias, que também merecem um destaque. É nesses estabelecimentos que acontece a distribuição de medicamentos básicos e essenciais – por meio do Programa Farmácia Popular – que também engloba redes privadas de farmácias parceiras – e medicamentos excepcionais, geralmente de alto custo, considerados essenciais pela Política Nacional de Assistência Farmacêutica. REFERÊNCIAS · BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Lei Orgânica da Saúde. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília, set. 1990 · Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 338, de 06 de maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Seção 1 n. 96, 20 de maio de 2004. Brasília: Ministério da Saúde, 2004c · Lei Federal n. 8666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o Art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações na administração pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, n. 116, seção 1, p.8269- 8281, 21 de julho de 1993. · Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Medicamentos (1999). 6ª Reimpressão. 40p. Ïl - (Série C. Projetos, Programas e Relatórios, n.25). Brasília: Ministério da Saúde, 2002a.