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Carl Jung Carl Gustav Jung foi um Psiquiatra suíço, nascido em 1875, fundador da Psicologia Analítica, também conhecida como Psicologia Junguiana, ou ainda Psicologia dos Complexos. Seus primeiros trabalhos são permeados de conceitos que compartilhava com Freud, com quem estabeleceu estreita colaboração de 1907 a 1912. O pilar básico desta parceria consiste no fato de levarem em consideração a atuação de uma camada inconsciente da mente nas atitudes e decisões humanas. Além disso, apesar de terem perspectivas um pouco divergentes com relação a função dos sonhos no processo terapêutico, ambos cientistas concordavam que os conteúdos oníricos eram carregados de informações inconscientes dos indivíduos. Podemos citar como um dos pressupostos mais importantes dos estudos Junguianos o fato de considerar como inerente ao ser humano a existência de uma Função Religiosa no funcionamento de sua psique. C.G. Jung faleceu em junho de 1961, deixando uma vasta obra organizada por seus colaboradores, assim como um legado de terapeutas e autores junguianos. Por levar em consideração assuntos que vão além dos conteúdos acadêmicos, a obra junguiana tem se tornado cada vez mais influente em grupos que visam estudos e trabalhos multidisciplinares relativos a ciência, religião e esoterismo. O que é Terapia Junguiana A Terapia com orientação junguiana é um processo interpessoal entre paciente e terapeuta, durante o qual são trabalhados conteúdos com significativa carga emocional visando uma mudança no comportamento do paciente de forma que possa desfrutar de melhor qualidade de vida. Objetivos O objetivo da Terapia consiste em expandir a consciência, aumentar o sentimento de pertencimento, bem como facilitar o constante embate interno vivenciado diante dos acontecimentos diários. Método de Trabalho O trabalho terapêutico é desenvolvido basicamente em duas frentes principais. Por um lado, ocorre através de conversação e mapeamento de fontes de retenção de energia psíquica no paciente, que são diretamente relacionadas com complexos inconscientes vivenciados. Complexos Um complexo é uma reunião de imagens e ideias, conglomeradas em torno de um núcleo derivado de um ou mais arquétipos, e caracterizadas por uma tonalidade emocional comum. Quando entram em ação (tornam-se “constelados”), os complexos contribuem para o comportamento e são marcados pelo AFETO, quer uma pessoa esteja ou não consciente deles. São particularmente úteis na análise de sintomas neuróticos. Inconsciente Jung define o inconsciente como sendo “um conceito-limite psicológico que abrange todos os conteúdos ou processos psíquicos que não são conscientes, isto é, que não estão relacionados com o eu de modo perceptível” (JUNG, 2008a, p.424). Como se pode notar, o inconsciente foi definido por exclusão, justamente por ser algo desconhecido em sua essência. Segundo o autor, tudo que podemos conhecer sobre o inconsciente fazemos por meio do nosso consciente, de sorte que no máximo é possível tecer considerações a partir dos efeitos daquele que se fazem notar na consciência. Inconsciente coletivo Com relação ao Inconsciente Coletivo, Jung (2008d) explica que é uma camada mais profunda do inconsciente, cujos produtos seriam constituídos de conteúdos que vão além da experiência pessoal de vida do indivíduo. Função Compensatória do Inconsciente As características autônoma e complementar do inconsciente estão diretamente relacionadas com a unilateralidade da vida consciente, sobre a qual o autor diz que “quando a vida, por algum motivo, toma uma direção unilateral, produz-se no inconsciente, por razões de auto regulação do organismo, um acúmulo de todos aqueles fatores que na vida consciente não puderam ter suficiente voz nem vez”. Self e Individuação Dos processos do inconsciente, ora em atitude de compensação, ora em movimento de oposição a atividade consciente, Jung (2008b) constatou que existe como pano de fundo na vida dos indivíduos uma força que os leva a realizar a totalidade do ser. Tipos Psicológicos A totalidade da psique engloba o inconsciente e o consciente, sendo o centro deste último o ego (JUNG, 2008c). Com relação ao ego, este é “um dado complexo formado primeiramente por uma percepção geral do nosso corpo e existência e, a seguir, pelos registros de nossa memória”. (JUNG, 2008c, p.7) Anima/Animus e Persona Neste sentido, para se estudar a anima ou alma, e seu correspondente na psique feminina, o animus, Jung se valeu principalmente dos efeitos destes sobre a consciência, experimentados em várias décadas em que atuou como analista. Assim como os outros conteúdos do inconsciente, não seria possível apreender exatamente a natureza da anima. Sombra Encontramos na sombra os aspectos mais repugnantes de nosso ser, que por não serem aceitos são relegados ao inconsciente. Quanto mais unilaterais formos em olhar apenas paras as qualidades que julgamos ter, tanto mais autônomos ficam os conteúdos sombrios que possuímos, surgindo do inconsciente de onde foram relegados. Para Jung, sombra “é a parte negativa da personalidade, isto é, a soma das propriedades ocultas e desfavoráveis, das funções mal desenvolvidas e dos conteúdos do inconsciente pessoal” Sincronicidade Sincronicidade é um conceito desenvolvido por Carl Gustav Jung para definir acontecimentos que se relacionam não por relação causal e sim por relação de significado. Em termos simples, sincronicidade é a experiência de ocorrerem dois (ou mais) eventos que coincidem de uma maneira que seja significativa para a pessoa (ou pessoas) que vivenciaram essa “coincidência significativa”, onde esse significado sugere um padrão subjacente. Personalidade-Mana A personalidade-mana que o ego julga possuir neste momento corresponde à vivência destes arquétipos, “que se formaram na psique humana desde tempos imemoriais, através de experiências que lhe correspondem”. Arquétipos O arquétipo é um conceito psicossomático, unindo corpo e psique, instinto e imagem. Para Jung isso era importante, pois ele não considerava a psicologia e imagens como correlatos ou reflexos de impulsos biológicos. Numinosidade dos Arquétipos e Participação Mística Para se ter ideia do efeito da numinosidade dos arquétipos, basta olhar a irracionalidade e o aspecto de fixação religiosa com que pessoas que vivenciam a personalidade-mana se julgam verdadeiros sábios, ou então o sentimento de perfeição e fatalidade mortal que pessoas apaixonadas vivem ao tomarem atitudes extremas e impensadas. Este poder numinoso e irresistível dos arquétipos pode levar ao que Jung (2008a) chamou de Participação Mística. Para o autor, “consiste em que o sujeito não consegue distinguir-se claramente do objeto, mas com ele está ligado por relação direta que poderíamos chamar identidade parcial”.