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SUS e PSF 
Para enFermagem
SUS e PSF 
Para enFermagem
Práticas para o Cuidado em Saúde Coletiva
Nébia Maria Almeida de Figueiredo
Teresa Tonini
(organizadoras)
Copyright © 2008 Yendis Editora Ltda.
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, 
por qualquer processo, sem a autorização escrita da Editora.
Editor: Maxwell M. Fernandes 
Coordenação editorial: Anna Yue e Juliana Simionato
Projeto gráfico e editoração eletrônica: Francisco Lavorini
Preparação de texto: Renata Siqueira Campos
Capa: Foca
Imagem de capa: iStockphoto
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
SUS e PSF para enfermagem : práticas para o cuidado em saúde coletiva / organi-
zadoras Nébia Maria Almeida de Figueiredo, Teresa Tonini. – São Caetano do Sul, SP : 
Yendis Editora, 2007.
Vários colaboradores.
Bibliografia
ISBN 978-85-7728-019-3
1. Cuidados de enfermagem 2. Enfermagem - Práticas 3. Enfermagem em saúde 
pública 4. Programa de Saúde da Família (Brasil) 5. Saúde pública 6. Sistema Único de 
Saúde (Brasil) I. Figueiredo, Nébia Maria Almeida de. II. Tonini, Teresa.
 CDD-610.734
07-6744 NLM-WY 108
Índices para catálogo sistemático: 
1. Cuidados de enfermagem em saúde coletiva : Ciências médicas 610.734
As informações são de responsabilidade dos autores.
A Editora não se responsabiliza por eventuais danos causados pelo mau uso das 
informações contidas neste livro.
1a reimpressão da 1a edição – 2008
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Yendis Editora Ltda.
Av. Guido Aliberti, 3069 – São Caetano do Sul – SP
Tel./Fax: (11) 4224-9400
yendis@yendis.com.br
www.yendis.com.br
V
Organizadoras
Nébia Maria Almeida de Figueiredo
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ). Livre-docente em Administração de Enferma-
gem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) . 
Professora Titular de Fundamentos de Enfermagem da Escola de En-
fermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio 
de Janeiro (EEAP-UNIRIO). Pesquisadora do Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Coordenadora 
do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UNIRIO gestão 
1998-2000. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado de Enfermagem 
– UNIRIO-CNPq.
Teresa Tonini
Enfermeira. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem 
Fundamental da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade 
Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAP-UNIRIO). Doutora em 
Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (UERJ). Mestre em 
Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade 
Federal do Rio de Janeiro (EEAN-UFRJ). Especialista em Administra-
ção dos Serviços de Saúde. Área de atuação/produção: Fundamentos de 
Enfermagem e Saúde Coletiva; Administração do Cuidado de Enferma-
gem; Gestão em Saúde.
VII
Colaboradores
Alessandra Medeiros
Ana Maria Domingos
Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de En-
fermagem de Saúde Pública da Escola de Enfermagem Anna Nery da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Membro da 
Diretoria do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem e Saúde Coletiva.
Anderson de Moraes Silveira
Graduando do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
Carlos Roberto Lyra da Silva
Doutorando em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery 
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Mestre em 
Enfermagem pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universida-
de Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAP/UNIRIO). Professor 
Assistente da EEAP/UNIRIO. Áreas de atuação/pesquisa: Fundamen-
tos de Enfermagem e Cuidados de Enfermagem. 
Daniel A. Machado
VIII SUS e PSF PARA enFeRMAgeM
Dirce Laplaca Viana
Mestre em Ciências da Saúde pelo Departamento de Enfermagem 
Pediátrica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de 
São Paulo (Unifesp-EPM). Especialista em Pediatria pelo Instituto da 
Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de São Paulo (HC-FMUSP) e em Administração Hospitalar 
pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). 
Especialista em Administração em Serviços de Saúde pela Faculdade de 
Saúde Pública da USP. Docente no curso de especialização em Enfer-
magem Hospitalar à Criança e ao Adolescente e no curso de especiali-
zação em Enfermagem em Cuidados Intensivos e Emergência à Criança 
e ao Adolescente no Instituto da Criança do HC-FMUSP. Enfermeira 
do Serviço de Educação Continuada do Instituto da Criança do HC-
FMUSP.
enirtes Caetano Prates Melo
Professora Assistente do Departamento de Enfermagem em Saúde Pú-
blica da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal 
do Estado do Rio de Janeiro (EEAP/UNIRIO). Doutora em Saúde 
Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). Mestre em Saú-
de Pública. Enfermeira Sanitarista. Área de atuação/produção: Saúde 
Pública/Coletiva. 
eva Maria Costa
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de 
Janeiro (UNIRIO). Professora Adjunta do Departamento de Enferma-
gem Fundamental da UNIRIO. Áreas de atuação: Enfermagem Funda-
mental, Ética e Registro. 
Ilsimar de Fátima Rosa
Graduanda do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
CoLAboRADoReS IX
Iraci dos Santos
Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro 
(UFRJ). Livre-docente/professora titular em Pesquisa de Enfermagem 
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Área de atua-
ção/produção: Administração de Enfermagem e Pesquisa Sociopoética.
Joséte Luzia Leite
Enfermeira Aposentada pelo Hospital dos Servidores do Estado (HSE). 
Ex-chefe do CTI e da Unidade de Cirurgia Cardiovascular. Douto-
ra em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de 
Janeiro (UNIRIO). Professora Emérita da UNIRIO. Membro da Di-
retoria do Núcleo de Pesquisa Edu cação, Gerência e Exercício Pro-
fissional da Enfermagem (NUPEGEPEn) da Escola de Enfermagem 
Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). 
Membro do Núcleo de Pesquisa da História da Enfermagem Brasileira 
(NUPHEBRAS) da EEAN/UFRJ. Membro do Grupo de Estudos de 
Pesquisa e Comunicação (GEPECOPEn) da Escola de Enfermagem de 
Ribeirão Preto (EERP/USP). Repre sen tante da Área de Enfermagem 
no CNPq gestão 1998-2001. Membro do Sigma Theta Thau Interna-
cional. Pesquisadora 1A do CNPq.
Leandro Dias gonçalves Ruffoni
Graduando do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
Marbara Prada
Maria Cristina Soares Figueiredo Trezza
Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Membro do 
NUPEGEPEN. Professora Adjunta IV do Departamento de Enferma-
gem da UFAL. Pesquisadora líder do Diretório do Grupo de Pesquisa 
versão 4.0 PROCUIDADO.
X SUS e PSF PARA enFeRMAgeM
Maria de Fátima de Souza
Graduanda do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
Marléa Chagas Moreira
Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Me-
todologia da Enfermagem da Escola de Enfermagem Anna Nery da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Membro do 
Núcleo de Pesquisa Edu cação, Gerência e Exercício Profissional da En-
fermagem (NUPEGEPEn).
Priscila de Castro Handem
Mestranda da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/UNIRIO) . 
Especialista em Enfermagem Hospitalar. Enfermeira pela EEAP-
UNIRIO . Enfermeira Auxiliardo Hospital Central do Exército.
Regina Maria dos Santos
Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Membro do 
Nuphebras. Professora Adjunta IV do Departamento de Enfermagem 
da UFAL. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa versão 4.0 PROCUI-
DADO.
Renan Tavares
Docteur en Etudes Théâtrales – Université de Paris III Sorbonne Nou-
velle. Mestre e Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do 
Rio de Janeiro (UFRJ). Professor da Escola de Enfermagem Alfredo 
Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAP/
UNIRIO).
CoLAboRADoReS XI
Rilse Mara Herondino
Graduanda do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
Rita de Cássia oliveira Duarte
Graduanda do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
Roberto Carlos Lyra da Silva
Doutor em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). 
Mestre em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da Univer-
sidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor Assistente da 
Disciplina de Semiologia nos cursos de graduação e pós-graduação lato 
sensu do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de En-
fermagem Alfredo Pinto da Universidade Federal do Estado do Rio de 
Janeiro (EEAP/UNIRIO).
Ronilson gonçalves Rocha
Mestre em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Alfredo Pinto da 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAP/UNIRIO). 
Enfermeiro do Hospital Copa D’Dor, no Rio de Janeiro.
Wellington Amorin
Professor Assistente da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP/
UNIRIO), Departamento de Enfermagem em Saúde Pública. Doutor 
em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Univer-
sidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Área de 
atuação/produção: Saúde Pública e História da Enfermagem. 
XII SUS e PSF PARA enFeRMAgeM
Wiliam César Alves Machado
Doutor em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ). Pro-
fessor Titular da Faculdade de Ciências da Saúde de Juiz de Fora – Uni-
pac. Pesquisador da Funadesp.
Willena braga D’Aparecida
Graduando do curso de Enfermagem pela Faculdade de Ciências da 
Saúde de Juiz de Fora (Unipac). Voluntário no projeto de pesquisa do 
convênio Unipac-Funadesp.
XIII
Dirce Laplaca Viana
Mestre em Ciências da Saúde pelo Departamento de Enfermagem 
Pediátrica da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de 
São Paulo (Unifesp-EPM). Especialista em Pediatria pelo Instituto da 
Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de São Paulo (HC-FMUSP) e em Administração Hospitalar 
pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). 
Especialista em Administração em Serviços de Saúde pela Faculdade de 
Saúde Pública da USP. Docente no curso de especialização em Enfer-
magem Hospitalar à Criança e ao Adolescente e no curso de especiali-
zação em Enfermagem em Cuidados Intensivos e Emergência à Criança 
e ao Adolescente no Instituto da Criança do HC-FMUSP. Enfermeira 
do Serviço de Educação Continuada do Instituto da Criança do HC-
FMUSP.
Revisora técnica
XV
Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . xxi
Parte 1 – A Enfermagem e o SUS
Capítulo 1 
Entre a filosofia e as políticas públicas: o que 
saber sobre o SUS . . . . . . . . . . . . . 3
Atenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Uma reflexão necessária . . . . . . . . . . . . . . 12
evolução histórica do SUS . . . . . . . . . . . . . 15
Criação do SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Comissões intergestores . . . . . . . . . . . . . . 29
Modelos de gestão . . . . . . . . . . . . . . . . 30
gestores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Definição de atribuições pela Lei orgânica da Saúde . . . . 46
Responsabilidades e atribuições de estados e municípios 
definidas na noAS/SUS 01/2002 . . . . . . . . . . . 52
XVI SUS e PSF PARA enFeRMAgeM
Conferência nacional de Saúde. . . . . . . . . . . . 60
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 64
Capítulo 2
A linguagem/cultura da saúde e da doença . . . . . 65
Importante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
o que são riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
o que saber? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 83
Capítulo 3
Re(ar)riscando saberes para cuidar em saúde coletiva 85
o que isso quer dizer. . . . . . . . . . . . . . . . 98
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 101
Capítulo 4
A prática coletiva em saúde – produzindo saberes 
e criando práticas . . . . . . . . . . . . . . 103
o que é preciso saber . . . . . . . . . . . . . . . 105
base 2 – administração participativa para gerência 
de qualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 124
SUMáRIo XVII
Parte 2 – A Enfermagem e o PSF
Capítulo 5
A família – saberes e reflexões práticas de cuidar . . 127
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Doença. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Como a humanidade da humanidade é considerada . . . . 139
Como está a saúde da família e da filha que cuida? . . . . 142
Sobre a proposta de cuidar da família . . . . . . . . . 143
o que sabemos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
o que queremos dizer . . . . . . . . . . . . . . . 145
observação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
Por que falamos de mudança. . . . . . . . . . . . . 151
Importante saber . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 153
Capítulo 6
Programa de Saúde da Família (PSF): a família 
como sujeito de intervenção . . . . . . . . . . 157
o que pensar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
Qualidade de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
Atribuições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
Princípios básicos do PSF. . . . . . . . . . . . . . 174
educação em saúde na prática de cuidar no PSF . . . . . 179
A pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182
XVIII SUS e PSF PARA enFeRMAgeM
objetivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Quantitativo versus qualitativo . . . . . . . . . . . . 186
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 187
Capítulo 7
Exercitando a prática coletiva em enfermagem: 
ensinando estudantes a adequar conhecimentos 
e práticas . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Considerações preliminares . . . . . . . . . . . . . 189
Primeira parte . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190Segunda parte . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 227
Capítulo 8
Cuidados para as pessoas com desvio de saúde 
na família . . . . . . . . . . . . . . . . 229
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
Relembrando . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
o que é preciso incluir nesse conhecimento sobre cuidado . . 233
Cuidando da família . . . . . . . . . . . . . . . . 237
Cuidando do idoso . . . . . . . . . . . . . . . . 247
Saúde mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 249
SUMáRIo XIX
Capítulo 9
Cuidados para a família da pessoa idosa . . . . . 251
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251
A vida em família na velhice . . . . . . . . . . . . . 253
Ajudando a família a cuidar do idoso. . . . . . . . . . 255
Ajudando a família a lidar com a finitude . . . . . . . . 262
Considerações e recomendações . . . . . . . . . . . 265
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . 268
Capítulo 10
A experiência de descobrir-se com câncer . . . . . 271
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
Informações importantes . . . . . . . . . . . . . . 272
XXI
Esta obra, ao mesmo tempo em que tenta ampliar a ma-
neira de pensar sobre problemas antigos e o surgimento de 
novos, pretende também abordar a dinâmica da vida indivi-
dual e coletiva. Ou seja, pensar sobre os sujeitos sociais, que 
contribuem para a organização, a desorganização e a reorga-
nização da vida das instituições, das esferas política e econô-
mica e de seu ambiente, movidos por uma grande carga de 
emoção e desejos, além de todas as necessidades individuais 
e grupais.
Apresentação
XXII SUS e PSF PARA enFeRMAgeM
Ousamos nos arriscar quando refletimos sobre temas que 
envolvem o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa de 
Saúde Familiar (PSF), sempre a partir de nossas práticas de 
cuidar, de ensinar a cuidar e de pesquisar em enfermagem.
Tentamos estimular os jovens (alunos de graduação e de 
nível médio) e os enfermeiros a pensar que a saúde não 
está separada do que se precisa saber sobre o corpo (indivi-
dual e coletivo) das instituições que regulam nossas práticas 
e exercem poder como formas de expressão, que oprimem, 
prendem, isolam, excluem e dominam.
Preocupamos-nos com os corpos controlados que po-
dem e são passíveis de ação e reação; também nos inquieta a 
bioestética e a subjetividade dos corpos, fatores que impri-
mem, ao ambiente onde interagimos, dramas, traumas, jogos 
e lutas, desencadeando desvios/riscos em saúde.
Esse é o sentido que se quer dar ou incluir no entendi-
mento de uma saúde coletiva que se preocupa com a doen-
ça, os riscos e os custos. Esse aspecto também é importante, 
mas precisa de novas costuras, da busca de novas dobras no 
discurso e nas práticas que estão na grande “teia da vida”.
Buscamos novas linhas de fuga para pensar na saúde co-
letiva a partir do olhar de enfermeiros, olhar que deve consi-
derar o passado ao vislumbrar o futuro, quando se pensa em 
sistema e saúde da família.
As organizadoras
157
Capítulo 6
Programa de Saúde da Família (PSF): a 
família como sujeito de intervenção
nébia Maria Almeida de Figueiredo
Iraci dos Santos
Priscila de Castro Handem
Renan Tavares
Wiliam César Alves Machado
A prática do médico de família não é tão antiga quanto 
se pensa, e é dessa prática que surge a primeira idéia inspi-
radora do PSF. Em sua idéia original, que data da década de 
1970, a chamada medicina familiar fazia parte do currículo 
da medicina, e tinha, segundo Fontenele Junior (2003), um 
único objetivo: “necessidade de humanizar a medicina”, que 
tinha como apoio os esforços realizados pela OMS, pela Fio-
cruz e pelo Inamps. Queria-se combater o culto do “espe-
cialismo” e, em termos estratégicos, o estímulo a programas 
de formação de médicos generalistas e de família.
158 A enFeRMAgeM e o PSF
Em 1979, a Assembléia Mundial de Saúde definiu o con-
ceito de atenção primária à saúde e dentro dele destacou a 
questão da família:
[...] é parte integral do Sistema de Saúde do país, do qual 
é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvi-
mento social e econômico. É o primeiro nível de contato 
dos indivíduos (assistência primária), da família e da comu-
nidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção 
à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas 
vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um 
processo de atenção continuado à saúde (Starfield, 2002).
A família, nessa proposta, é o objeto de atenção que está 
na porta de entrada do sistema interpretado por Starfield 
como o primeiro contato e implica acessibilidade e uso de 
serviços de acordo com a necessidade e a demanda.
Isso requer um profissional capacitado para detectar, ava-
liar e encaminhar os desvios de saúde identificados. Depen-
dendo da área geográfica, se em uma região afastada ou em 
grandes centros urbanos, esse atendimento é feito por médi-
cos ou enfermeiros, por auxiliares ou técnicos de enferma-
gem e até, se for o caso, por agentes de saúde.
Usar os serviços ofertados pelo sistema de saúde é ofertar 
o acesso a ele, e sua lógica está pautada na estrutura do servi-
ço e no processo que é a utilização desse serviço.
O Programa de Saúde da Família (PSF) foi criado em 
1994 e tem como base para a promoção de saúde da família: 
a integralidade, a territorialização e a continuidade das ações 
em saúde.
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 159
No entanto, é fundamental dizer que muitas tentativas 
foram realizadas antes da implantação do PSF em 1994, 
como Mendes mostra:
•	 Medicina	Geral	e	Comunitária	(1983	em	Porto	Alegre,	
RS);
•	 Ação	Programática	em	Saúde	(década	de	1970	em	São	
Paulo, SP);
•	 Médico	de	Família	(1992	em	Niterói,	RJ);
•	 Defesa	da	Vida	(final	da	década	de	1980	em	Campinas,	
SP).
Segundo o autor, o projeto que mais se aproxima do PSF 
é o programa de médicos de família da Fundação Municipal 
de Saúde, em Niterói (RJ) e o Serviço de Saúde Comunitá-
ria do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre (RS).
O qUE PENSAR
Apesar dessas várias tentativas de implantação de pro-
gramas com diferentes nomeações, o PSF não é um progra-
ma implantado com sucesso, pois sabemos que o número 
de profissionais é infinitamente pequeno para dar conta de 
tantas questões que envolvem cuidados com a família. Na 
atualidade, o número de agentes de saúde em uma equipe é 
de 4 a 6 pessoas. A proporção é de um agente para cada 575 
pessoas acompanhadas (dados de MS/DAB/SPS).
É preciso questionar como o programa está funcionan-
do, como é o discurso de qualidade de assistência, e se os 
160 A enFeRMAgeM e o PSF
programas com apenas agentes de saúde (os quais realmente 
estão na porta das famílias) estão dando conta de atender às 
necessidades da comunidade, pois é preciso considerar:
•	 a	formação;
•	 a	qualificação;
•	 o	conhecimento;
•	 a	identificação	de	sinais	e	sintomas;
•	 a	capacidade	de	intervenção;
•	 a	avaliação	e	a	decisão	de	acompanhamento	para	melho-
rar a qualidade de vida e, ainda, de pensar que ações são 
direcionadas para identificar e tratar o ambiente; preocu-
pação com as interações dentro da dinâmica familiar.
Isso significa que quem está cuidando da família deve 
desenvolver um olhar especial para a família e para o am-
biente. Isto é, de posse dos conhecimentos,das experiências 
vividas e conhecendo a família de quem vai cuidar, é possí-
vel enxergá-la de modo diferente do que se olha para outra 
família, às vezes com as mesmas condições socioeconômicas, 
que mora no mesmo bairro, mas que reage de maneira dife-
rente ao mesmo problema de saúde.
Ambiente
Em primeiro lugar, é preciso saber o que é o ambiente 
do sujeito ou da comunidade, considerando alguns aspectos 
específicos.
aspectos geográficos – área onde a comunidade está; 
se no centro ou na periferia; e de como a população pode 
ter acesso a serviços de saúde de maior complexidade.
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 161
De carro ou a pé, na maioria das vezes o profissional 
de saúde não se dá conta de muitos detalhes, como subidas 
íngremes; desnivelamento do chão, que, na maioria das ve-
zes, provoca acidentes (torções), principalmente em mulhe-
res com sapatos de salto alto e idosos; esquinas escuras, sem 
passarelas e sem iluminação adequada; valas a céu aberto, 
acondicionamento do lixo coletivo; fios soltos da ilumina-
ção urbana; crianças que soltam pipas nos tetos das casas; 
animais soltos nas ruas e estradas. Esse olhar para o ambiente 
onde a comunidade vive e transita torna-se um indicador de 
encaminhamento para a resolução, pelo Estado, de proble-
mas que são de sua responsabilidade. O profissional passa a 
ser vigilante da saúde ambiental.
É importante lembrar que, à medida que vamos nos 
aventurando Brasil adentro, as condições vão ficando mais 
graves e os problemas se ampliam. A cada dia, temos o en-
tendimento de que orientar para a manutenção da saúde do 
ambiente, da família e das comunidades é uma tarefa difícil, 
porque não depende só de quem orienta. Depende, princi-
palmente, das pessoas que recebem orientação e que, muitas 
vezes, rejeitam a sugestão dada e podem entender que:
•	 o	profissional	não	vive	no	ambiente	nem	conhece	o	pro-
blema, portanto não pode orientá-los;
•	 se	 os	 governantes,	 que	prometeram	 resoluções	 para	 os	
problemas ambientais ou de oferta de serviços de saúde, 
não cumpriram com suas promessas, não será o profis-
sional de saúde que irá cumpri-las;
•	 se	temos	emprego	e	eles	não,	não	compreenderemos	o	
que é não ter recursos para se alimentar, comprar roupas 
e pagar contas.
162 A enFeRMAgeM e o PSF
Tudo isso está atrelado à falta de acesso à educação, ao 
exercício de cidadania, à distribuição de renda, à posse da 
terra, ao direito de ter um trabalho etc.
Essas afirmativas, embora pareçam um discurso que se 
repete, ainda são reais porque as pessoas e a comunidade se 
apresentam cada dia pior em suas condições físico-mentais. 
É só acompanhar os noticiários para saber da real situação 
do povo.
No entanto, os profissionais de saúde não são os respon-
sáveis por isso, nem solucionarão os problemas da comuni-
dade, mas eles podem contribuir com seu conhecimento e 
sua prática para ajudar a comunidade a despertar e a buscar 
soluções com eles.
Às vezes, a população está tão acostumada com a situa-
ção que não se dá conta de que ela pode melhorar ou piorar 
e que eles também podem ser os vigilantes de sua própria 
saúde e de sua própria segurança.
Por exemplo, deve-se saber de onde a água vem, se é 
tratada e para que serve: higiene do corpo e da casa; limpeza 
e preparo de alimentos; lavagem de roupas etc.
Também é importante saber onde o lixo é colocado, se 
é tampado e se é separado, principalmente no caso de mate-
riais cortantes, que podem provocar acidentes.
Decodificando os riscos
Físicos
Envolvem acidentes como queimaduras, choques (to-
madas/fios desencapados); quedas por chão encerado em 
excesso ou irregular (deve-se utilizar pouca cera em pisos 
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 163
domésticos, principalmente se houver idosos em casa); e 
agressões físicas (violência intra e extrafamiliar) etc.
Químicos
São soluções que podem ser nocivas à pele encontradas 
em cosméticos e produtos de limpeza, por exemplo.
Antes de utilizar qualquer produto químico, é impor-
tante ler sua composição e os cuidados a tomar. Alguns pro-
dutos são inflamáveis, como álcool, querosene etc., os quais 
podem causar acidentes graves.
Microbiológicos
Existem microrganismos no ar, no chão, nos tapetes, em 
materiais contaminados, em gases, em esparadrapos retirados 
de curativos etc.
É bom estar atento à saúde do ambiente; por isso, limpe os 
pés na entrada da casa e, se tiver carpete ou tapete, o cuidado 
deve ser redobrado; vassouras e panos de limpeza devem ser 
lavados continuamente com detergentes e bactericidas. Buchas 
e panos de limpeza devem ser trocados com freqüência – to-
dos são lugares ideais para proliferação de bactérias. Sempre se 
deve lavar as mãos, principalmente quando se vai ao banheiro.
Aeração
Uma casa ventilada facilita a circulação de ar dentro dela, 
fica agradável, proporciona conforto e ventilação nos locais 
úmidos, evitando o crescimento de microrganismos, princi-
palmente fungos.
164 A enFeRMAgeM e o PSF
Iluminação
Deve-se saber quando usar luz fraca ou forte, pois isso 
tem conseqüência no trabalho e nos estudos.
A boa iluminação em ruas, estradas, becos, e vielas pode 
representar mais segurança para a comunidade. 
Sonorização
Está presente em casa e na rua. O barulho em excesso 
causa irritação e desconforto em crianças e idosos.
Na atualidade, pesquisadores já se preocupam com o 
som em excesso, que causa surdez e, principalmente, com 
os fones de ouvido, que provocam perda de audição e da 
capacidade de comunicação.
Alimentos
É preciso verificar como os alimentos são tratados, co-
zidos, higienizados e guardados. Onde a família se alimenta, 
de que se alimenta; se leva alimento para o trabalho, onde 
guarda, se esquenta ou não; se come com a mão ou com 
talheres.
Além desses riscos, o profissional deve se preocupar se a 
comunidade tem:
•	 transporte:	como	se	locomovem	para	ir	ao	posto	de	saú-
de, ao hospital, à escola, se é de carro próprio, de ônibus, 
a pé; quantos transportes são disponíveis para a comuni-
dade, se estão em condições de uso, por onde circulam;
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 165
•	 existência	de	escolas	para	crianças	e	adultos,	onde	se	lo-
calizam, quais são suas condições – luz, ventilação, higie-
ne, água, móveis, segurança;
•	 existência	 de	 delegacias	 para	 intervenção	 policial	 em	
caso de desordens e violências;
•	 modos	de	comunicação	–	rádio,	televisão,	jornal;	modos	
de se comunicar na comunidade, linguagem, gestos;
•	 serviços	de	saúde,	existência	de	instituições	públicas,	pri-
vadas, distância, acesso, facilidades e dificuldades da po-
pulação em ser atendida; outras práticas alternativas ou 
acessíveis, como parteiras e benzedeiras;
•	 instituições	para	o	exercício	da	fé	e	da	ajuda	nas	lideran-
ças locais;
•	 associação	de	moradores:	o	que	faz	e	como	ajuda	a	co-
munidade.
Microlhar para a família
Temos dito que cuidar da comunidade e da família 
como microespaço é “cair dentro dela”, e isso só é possível 
se estivermos atentos a ela, conversando e mostrando-nos 
para ela. Mesmo sabendo que essa não é uma tarefa fácil, a 
construção de uma convivência, que é a de ter autorização 
para transitar dentro da família, necessita de uma estratégia 
de aproximação que pode iniciar-se no posto de saúde ou 
no hospital, quando um membro da família adoece, e depois 
deve ser acompanhado em casa.
É necessário criar vínculo, mas isso só acontece se houver:
•	 encontros;
166 A enFeRMAgeM e o PSF
•	 conversas;
•	 negociação	para	saber	o	que	ambas	as	partes	querem;
•	 exposição	do	corpo	e	das	 idéias	da	comunidade	e	dos	
profissionais.
Ao visitar o local onde a família mora, os profissionais 
devem estar atentos para captar o que faz parte do ambiente 
físico e emocional da família: higiene; ventilação adequada; 
iluminação;verificar se existe água parada nas plantas ou no 
chão; se os moradores ouvem música baixa ou alta; se existe 
cuidado com o lixo; se existem insetos; odores desagradáveis; 
se a água é tratada (filtros) ou fervida para o preparo dos ali-
mentos; como os utensílios são higienizados e se existe pro-
teção para a higienização das mãos quando as pessoas lavam 
os banheiros e se limpam; como cuidam das roupas íntimas e 
de roupas em geral; a que tipo de programas de TV assistem; 
se possuem outro tipo de lazer; localização da casa quanto à 
segurança; se o ponto do ônibus é perto ou distante etc.
O profissional vira “caçador” de riscos para a saúde no 
ambiente. Enquanto conversa ou faz algum procedimento, 
é fundamental captar, principalmente nos ambientes de en-
contros, se a casa está em boas condições estruturais, depen-
dendo da situação do cliente e de quem cuida dele.
Se o cliente for uma pessoa com necessidades especiais, 
é importante saber se ele tem condições de se locomover, 
como cadeira de rodas, além de saber em que tipo de cama 
ele dorme e se a altura da cama facilita sua passagem para 
ela. 
Em relação ao ambiente emocional, deve-se verificar: 
como as pessoas se comunicam – se falam alto ou baixo, 
ou se gritam uns com os outros; se existe confiança e afeto 
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 167
entre os membros, o que pode ser captado nos gestos, nos 
olhares, no toque, na escuta; se decidem o que fazer juntos e 
como resolvem os problemas; como é a relação com os jo-
vens, as crianças e os idosos; se existe respeito, camaradagem 
e solidariedade na família; como seus membros dividem as 
tarefas e os gastos.
Para captar tudo isso, exige-se presença e aguçamento 
de todos os sentidos, pois é nas entrelinhas da comunicação 
verbal e não-verbal que é possível identificar riscos para a 
saúde da família. Além disso, deve-se acompanhar aqueles 
que já têm desvios de saúde e que já se tratam, como hi-
pertensos, cardíacos e diabéticos, e pertencem a uma família 
aparentemente saudável.
Como levar a saúde mais perto da família, se falamos 
o tempo todo em doença? E o que é um programa que se 
baseia em saúde, em situações de bem-estar e não apenas em 
situações de risco?
O PSF centra-se nas mesmas falas que estão descritas na 
política do SUS:
•	 prevenção;
•	 promoção;
•	 recuperação	de	saúde	de	forma	geral	e	contínua.
Como é o atendimento à família
Pode ser na unidade básica ou no domicílio. Como fala-
mos anteriormente, são territórios de ações diferenciadas e 
que demandam movimentos de mão dupla: os profissionais 
ficam na unidade e atendem às famílias ou elementos dela 
que os procuram ou saem de seu espaço e vão para a co-
168 A enFeRMAgeM e o PSF
FIgURA 6.1 – Co-ReSPonSAbILIDADe PARA IDenTIFICAção e 
ATenDIMenTo DoS PRobLeMAS.
Posto
espaço fechado
Poder dos profissionais
Comunidade
espaço aberto
Poder da família
munidade e, assim, realmente acabam atendendo à família, já 
que a ação é dentro do domicílio.
O PSF sugere que isso seja freqüente e contínuo, para 
que possam ser construídos o vínculo, a confiança e a acei-
tação das orientações.
É importante perceber a dimensão do PSF e que, na ex-
periência de atender a comunidade, as ações específicas são 
atravessadas por ações diversas.
Um exemplo disso é que, ao visitar uma família e iden-
tificar que dela fazem parte um idoso, uma gestante, uma 
criança com raquitismo, um alcoólatra, um adolescente e 
alguém que trabalha com carvão, um profissional ou vários 
profissionais responsáveis por atender essa família precisam 
mapeá-la para diagnosticar, intervir e acompanhar cada uma 
delas de “perto”, e, ao fazer isso, reportam-se ao: Programa 
de Saúde do Adulto; Programa de Saúde do Trabalhador; 
Programa de Saúde da Criança; Programa de Saúde da Mu-
lher; Programa de Saúde do Idoso. 
Isso implica reorganizar a prática de cuidar da família sob 
diversas abordagens para atender partes do todo que com-
põem a família.
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 169
qUAliDADE DE viDA
Fomos superexpostos a esse tema na década de 1980, 
embora o termo “qualidade de vida” seja muito mais anti-
go.
A primeira questão que incita os que utilizam é saber 
o que ele significa para cada pessoa e para cada comuni-
dade.
A qualidade nos remete imediatamente ao que não pode 
ter defeito, mas o que é não ter defeito? O que é perfeito 
para uns pode ser defeituoso para outros; duas famílias po-
dem entender ou ter uma representação diferente do que é 
qualidade de vida. Portanto, saber e sentir o que é qualidade 
também inclui o subjetivo.
Dessa forma, o profissional de saúde pode dizer que uma 
família tem qualidade de vida, mas isso pode ter um outro 
significado para a família. É mais fácil identificar a qualidade 
em algo mais concreto, como um produto.
É comum a afirmação “temos de oferecer um cuidado 
de qualidade”. Será que isso seria o mesmo que ofertar, por 
exemplo, um sapato de qualidade? Conseguimos identificar 
imediatamente quando ele é macio, leve, conforta os pés, é 
feito com um material que proporciona aeração, não ma-
chuca é a prova d’água, se seu salto (se tiver) não se descola 
ou quebra, ausência de prego na palmilha etc.
Se trouxermos essa reflexão para a vida de hoje (sécu-
lo XXI), a qualidade de vida seria: ter conforto; segurança; 
tranqüilidade no trabalho e em casa; tempo e local para la-
zer ou comprar o que se deseja; estar doente e saber que o 
SUS vai atendê-lo “com qualidade na hora em que a pessoa 
170 A enFeRMAgeM e o PSF
precisa”, não a deixando durante horas nas filas; estar feliz 
ou satisfeito com sua vida e suas condições de saúde; ser res-
peitado e valorizado; ter sua vida ajustada ao que se deseja; 
facilidade para eliminar problemas sem muito sofrimento; 
satisfação com o que tem etc.
As possibilidades de um atendimento de qualidade me-
rece considerações pessoais e particulares do sujeito e da 
família.
Para saber o que é qualidade de vida, os profissionais 
devem abrir mão de “pacotes” que lhes são impostos sobre 
o tema e fazer o diagnóstico individual de cada família, se-
guindo um roteiro que pode ser:
•	 escutar	a	voz	das	famílias	e	se	sintonizar	com	ela,	elimi-
nando o preconceito que já adquiriu sobre qualidade;
•	 lembrar	que	vão	trabalhar	com	o	conceito	de	qualidade	
da família;
•	 detectar	qual	é	a	motivação	da	família	para	pensar	a	vida	
sob o prisma da qualidade;
•	 descobrir	 as	 lideranças	 na	 família	 e	 partir	 do	 que	 elas	
entendem sobre qualidade;
•	 descobrir	se	existem	medos	dentro	da	família	e	conside-
rar que a subjetividade também faz parte do discurso de 
qualidade de vida.
Falar de qualidade é pensar em um conjunto de atribu-
tos. Isto é, ela pode se opor a outra, admite contrários (por 
exemplo, sapato preto e sapato branco), variando de grau (o 
preto do sapato pode se tornar menos preto), ou pode ser 
comparada com outra (o preto desse sapato é mais escuro 
que o daquele).
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 171
O conceito de qualidade é amplo e possui muitas aber-
turas para o entendimento, porque os seres humanos são 
dominados pelas expectativas, pelas necessidades, pelos dese-
jos e pulsões, pela subjetividade de cada um e pode ser atra-
vessado por limites místicos ou arquetípicos quando dizem 
“qualidade é amor”, “qualidade é Deus”.
Qualidade é um termo que está na linguagem da saúde e 
os profissionais vão absorvendo-o, mesmo sem, muitas vezes, 
parar para saber o que dizem e o que fazem com relação à 
qualidade.
Duas palavras da política do SUS são fundamentais para 
uma prática de qualidade: focalizar e universalizar o atendi-
mento, sem levar em consideração que o potencial humano 
que faz isso, ao chegar na família, pode encontrar situações 
de diversos programas, tendo, porém, de fazer tudo ao mes-
mo tempo.
Aomesmo tempo em que o profissional chega em uma 
casa para atender um diabético descompensado, ele pode 
identificar uma criança com febre e uma gestante que não 
está sendo acompanhada. E quando alguém da família ado-
ece e precisa ser internado, muitas vezes eles ajudam a fa-
mília a enfrentar o problema, levando em conta as seguintes 
preocupações: quem sustenta a casa; quem pode bancar as 
despesas, se o doente é o chefe da família; como ajudar a 
reorganizar a dinâmica familiar.
Uma atenção é sugerida pelo SUS, a exigência que a par-
ticipação dos profissionais de saúde aconteça no local de sua 
ação na comunidade ou na família, e não na multiplicação 
de criação de novas cidades, novos serviços, novos postos; a 
família é o objeto primeiro de ações e serviços do sistema e 
do local de assistência, denominado atenção básica.
172 A enFeRMAgeM e o PSF
Por isso, essa ação deve estar vinculada a:
•	 Atenção	à	rede	de	serviços.
•	 Atenção	integral	aos	indivíduos	e	suas	famílias.
•	 Quando	cuidar,	eles	devem	assegurar	o	sistema	de	refe-
rência e contra-referência para a clínica e para os servi-
ços de maior complexidade.
•	 Idéia	de	que	a	família	está	em	um	território	de	abran-
gência e que, para isso, ela precisa ser cadastrada, mapeada 
e cartografada para que a equipe seja definida em termos 
de quantidade e qualidade, já que é estabelecida que a 
comunidade tenha, no máximo, 4.500 pessoas.
•	 A	 família/comunidade	 tem	 direito	 a	 ser	 atendida	 por	
uma equipe multiprofissional composta de, no mínimo, 
um médico, uma enfermeira, um auxiliar de enferma-
gem e de quatro a seis agentes de saúde. Porém, outros 
profissionais devem compor essa equipe, considerada de 
apoio por alguns dos mentores do PSF, como dentista, 
assistente social, psicólogo e nutricionista.
Se devemos pensar em ambiente, precisamos também de 
biólogos, engenheiros ambientais etc.
ATRibUiçõES
É preciso considerar que a formação e atuação do mé-
dico e do enfermeiro é bastante diferenciada, em termos de 
tempo e de conteúdo em relação à formação dos agentes co-
munitários de saúde, não porque estes sejam menos impor-
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 173
tantes, e sim porque é mais difícil intervir individualmente 
que no coletivo. Com base nessa afirmativa, destaca-se que 
os problemas nesse tipo de atenção são macrodiferenciados, 
o que exige prática no trato com o outro; capacidade e pers-
picácia para identificar os riscos; segurança para intervir na 
resolução de problemas identificados; promover orientações 
in locus sobre riscos identificados.
Assim, as atribuições do enfermeiro são:
•	 conhecer	a	área	onde	se	localiza	a	família,	 fazer	ou	ter	
em seu plano de ação um diagnóstico sobre o ambiente 
e o perfil da comunidade;
•	 treinar	recursos	de	enfermagem	para	atender	às	necessi-
dades de prevenção de doenças e restauração da saúde;
•	 supervisionar	o	trabalho	da	equipe	de	enfermagem	e	de	
alguns outros, quando for o caso, na atenção à comuni-
dade e à sua família;
•	 cuidar	de	problemas	específicos	da	família,	quando	soli-
citado.
Paralelamente a isso, é preciso se envolver com: as formas 
de organização da comunidade; o modo de se trabalhar em 
conjunto; o modo como os profissionais devem ter acesso 
às famílias; o modo de agendar reuniões, atividades e visitas; 
uso de recursos; o modo de trabalhar para supervisão, avalia-
ção e proposta de revisão dos trabalhos, a fim de ajudar em 
formulação de políticas.
174 A enFeRMAgeM e o PSF
PRiNCíPiOS báSiCOS DO PSF
Definir como esse programa vai acontecer não depende 
só do que está estabelecido na legislação, mas de entender 
como as práticas anteriores serão substituídas, o que exige 
um novo processo de trabalho, centrado na vigilância à saúde, 
que é feita a partir de um cronograma a ser cumprido pelo 
médico (no consultório ou na própria comunidade), enfer-
meiro (no consultório ou na comunidade), auxiliar ou agen-
te de saúde (fazem as visitas com tarefas predeterminadas).
O PSF deve estar em consonância com o SUS, por in-
termédio do:
•	 Município: como aquele que decide optar pelo PSF, 
orientando o modelo de atenção básica. 
•	 Estado: via Secretaria de Saúde, que recebe a proposta 
de programação do PSF, aprecia e aprova na Comissão 
de Intergestores. Ao viabilizar a proposta, o estado se 
responsabiliza pelo apoio técnico e financiamento – o 
que se chama de adesão. 
•	 Vigilância epidemiológica: opera na raiz da história 
natural das doenças que articulam com integrantes da 
cadeia da enfermidade: ser humano (hospedeiro); agente 
etiológico; meio ambiente.
Por isso, é importante o constante monitoramento de 
saúde dos grupos sociais e de tudo que envolve o processo 
de adoecer.
Os profissionais de saúde não devem ficar esperando si-
nais ou alarmes de adoecimento, devendo funcionar como 
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 175
“sentinelas” para detectar precocemente desvios de saúde ou 
fenômenos que levam ao adoecimento. Todos, inclusive o 
sujeito individual, devem entender o processo saúde–doen-
ça, que caminha paralelamente às questões biológicas.
Os profissionais, principalmente os que estão na comu-
nidade em contato direto com a família, como é o caso da 
enfermagem, precisam ampliar a lógica racional, revisar o 
discurso de clínica, decodificando não só as questões biopsí-
quicas, mas resgatar, pensar e refletir sobre os valores da vida, 
as condições sociais e as formas como as pessoas enfrentam 
os problemas.
O discurso atual é de acolher os clientes, fazendo o que 
se sugere a seguir:
•	 dar	 uma	 atenção	 cuidadosa	 e	 respeitosa,	 que	 deve	 ser	
considerada no encontro com o outro;
•	 ouvir	 atentamente,	 decodificando	 signos,	 tanto	na	 lin-
guagem quanto nos movimentos da comunidade;
•	 deixar	claro,	durante	o	encontro,	que	está	comprometido	
com a manutenção da saúde ou cura da doença;
•	 demonstrar	 interesse	pelo	problema	do	outro,	pelo	seu	
trabalho, pela sua comunidade;
•	 ter	 consciência	 de	 que	os	 trabalhadores	 da	 saúde	–	os	
que cuidam – e os usuários – os que são cuidados –, são 
sujeitos de uma preocupação, um mesmo desejo e uma 
mesma necessidade: ter saúde;
•	 saber	que	todos	estão	andando	na	vida	e	que,	nessa	an-
dança, surgem desvios, dificuldades, paradas, morte;
•	 fortalecer,	junto	ao	cliente	ou	à	família,	sua	ideologia,	sua	
fé, mesmo que a sua seja outra.
176 A enFeRMAgeM e o PSF
A visita domiciliar é uma ação que necessita de instru-
mentos de registro para informação, avaliação e pesquisa de 
como o indivíduo e/ou a família se encontra, como são suas 
relações e, no caso de já estar com desvios de saúde, como 
está a evolução destes e que fatores estão interferindo quan-
do não há melhora.
A visita deve ser programada e autorizada pela família 
(não é de bom tom chegar na casa dos outros sem avisar) e 
assim, quando chegar na casa, espera-se que o profissional 
converse, observe, identifique dificuldades e facilidades da 
família, confira as orientações feitas na unidade ou em vi-
sita anterior para saber se eles as compreenderam e se estão 
seguindo-as corretamente e faça diagnóstico e intervenção 
in locus ou encaminhe o problema para o profissional ade-
quado.
Não se deve esquecer de que, no momento em que se 
encontra com a família, o enfermeiro pode captar dificulda-
des financeiras e sociais e riscos de doenças e de morte, de-
vendo tomar providências para que essas pessoas possam ter 
acesso, se for o caso, a outros serviços. No caso de os recursos 
financeiros serem suficientes para alimentos e medicamen-
tos, não se pode esquecer que é preciso saber lidar com as 
diferenças culturais e educacionais, com os valores, os ritos 
e mitos e suas interferências ou não na saúde. Além disso, é 
importante ter a consciência de que o profissional também 
tem limites e possibilidadesque envolvem sua cultura, sua 
religião, suas crenças e seus saberes e práticas, os quais podem 
ser diferentes dos da família e de que estar na família pode 
ser uma invasão de privacidade.
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 177
Perfil epidemiológico
O enfermeiro não pode desconsiderar a epidemiologia 
no PSF, entendida por Fonseca e Bertolozzi (1997) como “a 
ciência que ocorre (se abate) sobre o povo”. Suas ações es-
tão voltadas ao controle da saúde do coletivo e não somente 
do corpo individual. É a vigília das condições de saúde das 
populações e das pessoas em particular.
Os autores citados dizem, ainda, que epidemiologia é a 
explicação dos problemas de saúde–doença em sua dimen-
são social; observando a realidade das diversas sociedades em 
diversos momentos históricos, mostram que a forma como 
os diferentes grupos ou classes sociais trabalham influenciará 
o desgaste ou o fortalecimento dos mesmos grupos ou clas-
ses. “As diferentes formas de integração do trabalho corres-
pondem às formas distintas de viver, de consumir.”
Quanto aos perfis epidemiológicos, segundo Breihl 
(1991), “é o resultado da conjunção entre os perfis de re-
produção social (determinantes do processo saúde–doença) e 
os perfis de fortalecimento e desgaste (resultados do processo 
saúde–doença) dos grupos sociais, os quais devem ser mo-
nitorados como atividade nuclear no controle de saúde do 
coletivo”. Esse perfil é dividido em três planos: individual, 
grupos sociais e sociedade.
A seguir, é apresentada uma tabela que especifica como 
o perfil epidemiológico é entendido. Um exemplo para a 
abordagem do perfil epidemiológico na atuação e na pers-
pectiva do PSF pode ser apresentado pelo que segue:
178 A enFeRMAgeM e o PSF
TAbeLA 6.1 – PeRFIL ePIDeMIoLógICo
Perfil do processo 
saúde–doença
Saúde Enfermidade/morte/
morbidade
Plano individual Processos fisiológicos/
genéticos/psíquicos 
favoráveis
 Processos fisiológicos/
genéticos/psíquicos de 
desgaste
Plano grupal/
famílias
 Cotidiano favorável e 
humanizante
Práticas saudáveis
 Potencial de integração/
associativismo
 Potencial de 
aprendizagem
Potencial de identidade
Assimetria de poder
Cultura emancipadora
 Cotidiano desgastante: 
isolamento, conflito, 
necessidades de 
sobrevivência
 Potencial de alienação
 Potencial de dominação
Simetria de poder
Cultura alienante
Plano estrutural/
geral
 Políticas econômicas 
e sociais que visam 
à redistribuição, 
à eqüidade e à 
solidariedade
 Políticas econômicas 
e sociais que levam à 
dominação, à iniqüidade 
e à privação
Fonte: Ministério da Saúde – Manual de enfermagem.
É importante saber que quem participa do PSF deve 
estar ciente do conceito de família; o cuidado é voltado 
para a experiência da família; se alguém adoecer na famí-
lia, toda ela é influenciada; o relacionamento entre seus 
membros pode influenciar mais um membro que outros; é 
necessário estimular o crescimento da família, consideran-
do o contexto cultural em que ela vive – grupo familiar, 
comunidade.
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 179
EDUCAçãO EM SAúDE NA PRáTiCA DE CUiDAR 
NO PSF
É fundamental pensar que a prática do cuidar envolve e 
fundamenta a comunicação dialógica, e não visa mais mudar 
comportamentos, prescrever tratamentos, controle, modificar 
as pessoas, pensar só na doença. É preciso que o enfermeiro, 
ao ser o desencadeador de ações educativas, esteja disposto a 
dividir, trocar, ensinar e aprender com a família.
Para ser assim, o trabalho deve ser contínuo e intenso, 
porque é necessário: formar grupos, unindo famílias inte-
ressadas em discutir saúde; escolher temas comuns e de in-
teresse dos grupos (família), dos quais profissionais serão os 
coordenadores; criar espaços para discussões, informações, 
reflexões e debates.
Não se deve acreditar mais que educação é estímulo–
resposta, queixa–conduta, problema–intervenção de modo 
vertical, mas que é uma ação horizontal. A família não pode 
e nem deve ficar de lado, como vítima e com sentimento de 
culpa pelo problema que apresenta.
Educar é interagir em um determinado espaço (a fa-
mília), para que se descubra como resolver problemas e/ou 
como encaminhá-los a outras instâncias. Não deve existir 
coerção, ordem, mas orientações com argumentações, com 
base teórica e prática; caso contrário, os profissionais de saú-
de criam barreiras intransponíveis.
Os enfermeiros devem agir como educadores e os fami-
liares como co-educadores, pensando em problemas comuns 
como: medos, preconceitos, dúvidas, insegurança, impotên-
cia, resistência e desesperança. Tudo isso depende do desen-
180 A enFeRMAgeM e o PSF
volvimento de habilidades sensíveis, de sintonias corporais 
para saber:
•	 olhar/vendo;
•	 ouvir/escutando;
•	 tocar/sentindo;
•	 falar/comunicando;
•	 perguntar/ouvir	(profissional);
•	 respostas/atenção	(família);
•	 observar/olhando.
Tudo isso visa saber captar mensagens, sinais, signos, ges-
tos, jeitos, aparência, expressões do corpo. No campo bioló-
gico, é possível sentir a temperatura, a cor da pele, o ritmo 
da respiração; na comunicação, entende-se o que estamos 
falando e se entendemos o que a família fala; se a pergunta 
ou resposta é clara ou confusa, se traz alguma preocupação 
não expressada claramente nas relações, é possível identificar 
se existe ou não confiança, se existe afeto ou não, como se 
tratam, como se cumprimentam.
O vínculo só é criado se houver condições, quando:
•	 mostra-se	interesse	pelos	problemas/experiências	deles;
•	 presta-se	atenção	ao	que	falam;
•	 não	os	atropelam	com	excessos	de	perguntas;
•	 necessita-se	conferir	constantemente	o	que	se	ouve	e	se	
decodifica para não ficar nenhuma dúvida;
•	 não	se	tem	medo	de	dizer	que	não	sabe	de	algo,	que	vai	
se informar melhor para responder;
•	 há	disposição	a	elogiar	o	desempenho,	as	suas	estratégias	
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 181
de resolução de problemas, mesmo que elas não sejam as 
que são orientadas;
•	 precisa-se	fazer	acordos,	parcerias	para	trabalhar	os	pro-
blemas juntos, sabendo quais são as dificuldades deles e 
as nossas e ouvir suas propostas de intervenção.
Ao decidir sobre o acordo, ele deve ser escrito e assinado 
pelos interessados e tornar-se um instrumento legal, a fim de 
evitar problemas futuros para os envolvidos.
Estratégias para educação
Conforme mencionado anteriormente, a investigação é 
exercitada com muita freqüência, sobretudo quando se en-
sina, pesquisa e quando se está em constante busca por uma 
outra pedagogia de liberdade, que se desenvolve por meio 
de:
a) jogos dramáticos para falar de imagem - ações, práticas e 
saberes de espaço (individual, social e político);
b) dramatizações – representação de temas, problemas para 
reflexão, diagnóstico e intervenção;
c) sociopoética – abordagem por intermédio de espaços 
sociomíticos para identificação e localização de situações 
que interessam;
d) auxílio de materiais como argila, o que possibilita práti-
cas para identificação de problemas ou não no cotidiano 
de viver;
e) criação de bonecos (corpo do cuidado) para desenvolvi-
mento de habilidades ligadas aos sentidos;
182 A enFeRMAgeM e o PSF
f) cineclube – apresentação de filmes (políticos, sobre or-
ganização ou sobre cuidados e desvios de saúde) para 
discussão, reflexão e tomada de providências;
g) dinâmicas de grupo em diversas modalidades, que po-
dem ser criadas pelos profissionais e pela comunidade.
A opção por essas estratégias (que podem ser chamadas 
de sociopoética) podem ser usadas em qualquer programa, 
para tratar de qualquer problema para qualquer grupo, o que 
é confirmado por Santos et al. como uma prática em ciência 
na dependência de um grupo, de uma paixão, de uma opção 
e de resultados obtidos para fortalecer as afirmativas de que:
•	 o	corpoé	o	 lugar	da	expressão–criação,	do	sentido,	da	
escuta-mítica, da cognição, da produção de imagens e 
representação;
•	 o	corpo	é	instituído	e	instituinte	no	processo	de	viver,	de	
trabalhar e de pesquisar (manda e obedece, age e reage 
etc.).
A PESqUiSA
Na atualidade, a enfermagem não pode mais cuidar, seja 
em que espaço for, sem pesquisar sobre seu processo de tra-
balho, sobre os trabalhadores de enfermagem e sobre o cui-
dado prestado – individual ou coletivo.
A pesquisa qualitativa com a abordagem da sociopoética 
tem sido a opção da maioria dos autores deste livro, porque 
os estudos e a produção de conhecimento de enfermagem 
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 183
centram-se no ser humano, individual ou coletivo. Daí a 
busca de novas abordagens que dêem conta da subjetividade, 
do imaginário, das emoções que envolvem a pessoa e sua 
família.
As pesquisas podem ser de dois tipos: quantitativas ou 
qualitativas, e agora a área das ciências sociais e alguns setores 
da enfermagem vêm associando os dois métodos, optando-
se por abordagens diversas.
Em nossas pesquisas em saúde coletiva, fizemos as se-
guintes descobertas quando optamos pela sociopoética:
1. Descobrimos que a sociopoética é uma abordagem que 
não comporta pesquisadores rígidos, engessados, racio-
nais, não apaixonados, insensíveis, não desejantes, não 
sensuais, não sonhadores. É utilizando a sociopoética 
que é possível errar, acertar e se emocionar, ou seja, ter 
alegria, tristeza, angústia e medo, apesar de não ser fácil 
chegar a essas conclusões.
2. Optando pela pesquisa sociopoética, poderíamos passar 
ilesos por alguns obstáculos aparentes, que tentamos con-
tornar teoricamente, conforme lembra Laville e Dione 
(1999), sobre:
•	 empirismo	–	a	observação,	as	vivências	e	as	experiên-
cias sem demonstração, mas com a interpretação do 
próprio sujeito que vive o fenômeno, na sociopoética, 
se dá no coletivo; esse fato lhes confere o reconheci-
mento dos achados da produção de dados;
•	 teoria	–	quanto	aos	resultados	e	sua	aceitabilidade,	as	
provas, as coisas medidas e explicadas, as quais têm 
relevância para o que é considerado ciência; encon-
tram-se na sociopoética sob um outro enfoque, além 
184 A enFeRMAgeM e o PSF
da exatidão das ciências exatas, que seria o da com-
preensão do elemento humano nas demais ciências. A 
teoria comporta a objetividade e a subjetividade – em 
pesquisa, esses termos sugerem que, na objetividade, o 
pesquisador deve provocar situações que sem sua in-
tervenção não aconteceriam. Considera-se objetivo o 
que preserva o objeto, o que permite revelar sua natu-
reza sem que ela tenha sua integridade afetada. Isso é 
mais definido em função do pesquisador, de sua inte-
ração e de sua relação ativa com o objeto. Na subjetivi-
dade, o papel do pesquisador é tão reconhecido como 
sua subjetividade, a qual se espera que seja racional, 
controlada e desvendada, e definindo-se, desse modo, a 
esperada objetividade. Isso envolve intersubjetividade, 
ou seja, os saberes produzidos somente serão conside-
rados se outros lhe reconhecerem a validade, mesmo 
sabendo-se que o pesquisador não pode ser perfeita e 
completamente objetivo.
Entende-se que, na sociopoética, a subjetividade tem o 
mesmo peso da objetividade e retira do pesquisador a obri-
gatoriedade de ser somente objetivo, quando os saberes pro-
duzidos são reconhecidos primeiro no grupo pesquisador 
que os valida como um produto que transforma uma deter-
minada realidade.
Os autores da sociopoética dizem, ainda, que o ato de 
compreender está em todas as questões envolvendo as ciên-
cias humanas e sempre ligado aos problemas surgidos no 
campo social. Não é objetivo de uma pesquisa fundamental 
porque não importa para aqueles que tentam compreender, 
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 185
em um determinado fenômeno, se a solução do problema é 
falta de conhecimento. O que se tenta conhecer na verdade 
é a natureza do objeto de estudo, sua complexidade e o fato 
de ser livre e atuante. As multicausas entendidas como pro-
blemas/fenômenos sociais são fenômenos humanos e, na so-
ciopoética, elas são transformadas em uma poesia crítica para 
contextualizar, compreender e conhecer os fatos humanos. 
É nesse sentido que Gauthier e Santos (1996) afirmam que a 
sociopoética transforma poeticamente para conhecer.
ObjETivAçãO
Diversos trabalhos exigem interpretação sem a obrigato-
riedade de um procedimento experimental que demonstre a 
reprodutibilidade do fenômeno. Com freqüência, é a mente 
do pesquisador que, a seu modo e por diversas razões, efetua 
as escolhas e as interpretações evocadas anteriormente. Esse 
modo e essas razões dizem respeito ao objeto de objetiva-
ção.
Espera-se do pesquisador uma tomada de decisão metó-
dica e consciente desses fatores com vistas à racionalização; 
espera-se, também, que os resultados da pesquisa sejam di-
vulgados a fim de a viabilidade dos achados científicos ser 
avaliada por outros. Esse é o princípio da objetivação, que 
fundamenta a regra da prova e define a objetividade que, em 
última análise, repousa sobre a objetivação da subjetividade.
186 A enFeRMAgeM e o PSF
qUANTiTATivO vERSUS qUAliTATivO
Na área de enfermagem, esses dois métodos ou aborda-
gens são alvo de críticas e muitos debates, principalmente 
quando usamos os dois ao mesmo tempo. Enquanto um pes-
quisador aprecia os números e, assim, busca a medida exata 
dos fenômenos humanos e do que os explica, indo ao en-
contro da objetividade e da validade dos saberes construídos; 
o outro se dá conta do real humano quando tenta conhecer 
as motivações, as representações, as emoções dificilmente 
quantificáveis e, então, deixa-se de falar do real e pára-se na 
tentativa de escutá-lo. Sendo assim, pensar em fenômenos 
objetivamente medíveis parece impossível quando os pensa-
mos como coisas incontroláveis envolvendo subjetividades.
Uma estratégia para produzir dados
Temos usado o jogo dramático – a relevância pode ser 
de diversas ordens, mas a principal é criar formas diferen-
ciadas de pensar e refletir a partir da observação de imagens 
indutoras de jogos dramáticos para captar neles o que o cor-
po é capaz de ver além da imagem apresentada, que “apa-
rentemente” não tem nada a ver com a enfermagem. Talvez 
seja apenas um estilo de criar palavras novas para problemas 
velhos, mas importa acreditar que há um diferencial na ma-
neira de ensinar, de pensar e de fazer, que diz respeito a um 
tratamento especial para com os nossos colegas do ensino 
de graduação e pós-graduação. Quando investigamos a co-
letividade, porque cada um tem seu modo próprio de dizer, 
PRogRAMA SAúDe DA FAMíLIA (PSF) 187
todos são capazes de sentir, de transformar uma imagem em 
outra, de ensinar e de aprender simultaneamente.
Trabalhar a imagem como indutora do jogo dramático 
serve para que todos exercitem um “quebrar o gelo” natu-
ral, muito comum quando um grupo senta-se para pensar e 
discutir, para desinibir jogadores e observadores e, assim, “ar-
rombar” a porta do silêncio, falar do que parece impossível e 
chegar no absoluto e no irreal, se for possível. Isto é signifi-
cativo para docentes e estudantes quando se trata de insistir 
no exercício de ampliação do pensamento, no exercício da 
imaginação para não representar o visível, mas para se tornar 
visível como sujeito e como profissional.
O jogo dramático, ainda não entendido claramente por 
muitos, mas aceito por nós, autores docentes de enferma-
gem e de teatro, como uma pedagogia provocadora não só 
para pensar, mas também para liberar a expressão do corpo 
como modo de ampliar seu movimento, amolecer e criar 
movimentos físico-espirituais para pensar e fazer enferma-
gem, para descobrir implicações para ousar ir além (Tavares, 
2003).
Todas estas estratégias são espaços para produção de da-dos, de saberes e práticas de cuidar em enfermagem na co-
letividade.
REFERêNCiAS bibliOgRáFiCAS
BREIHL, J. Epidemiologia: economia, política e saúde. São 
Paulo: Unesp/Hucitec, 1991.
FONSECA, R. M. S; BERTOLOZZI, M. R. A. Epidemio-
188 A enFeRMAgeM e o PSF
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práticas de enfermagem em saúde coletiva e o uso da epide-
miologia social. Brasília:, 1997. (Série Didática. Enfermagem 
no SUS).
FONTENELE JUNIOR, K. Programa de Saúde da Família – 
PSF – Comentado. Goiânia: ABDR, 2003.
GAUTHIER, J.; SANTOS, I. A sociopoética: fundamentos 
teóricos, técnicas diferenciadas de pesquisa, vivência. Rio de 
Janeiro: UERJ/DEPEXT/NAPE, 1996.
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessida-
des de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco/Minis-
tério da Saúde, 2002.
TAVARES, R. et al. O jogo dramático na enfermagem como 
pedagogia libertadora: o indutor imagem para pensar o cui-
dado e a prática. Revista Científica Enfermagem Brasil, Rio de 
Janeiro, Atlântica, v. 25, p. 288, set./out. 2003.

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