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LEWGOY, Alzira Maria Baptista. Competência profissional: dimensões do processo de supervisão de estágio. In:______. Supervisão de Estágio em Serviço Social: Desafios para a formação e o exercício profissional. SP: Cortez, 2009. p. 149-184. De acordo com Lewgoy (2009), a competência é elemento transversal e constitutivo da formação e do exercício profissional, formado pelas dimensões ético-política, teórico-metodológica e técnico-operativa. Estas três dimensões estão vinculadas, materializando a atividade profissional do Assistente Social. Desse modo é preciso compreender as competências e habilidades existentes nas três dimensões da profissão. A dimensão ético-política é entendida, na concepção de Lewgoy, como elemento mediador constituído por postura crítico-investigativa sobre os fundamentos e o sentido atribuído aos conteúdos, ao método, aos objetivos, tendo como referência a afirmação dos direitos. É alicerçada na ação e no pensamento crítico, na supervisão de estágio. Alzira Maria Baptista Lewgoy aponta que a direção dada ao trabalho tem como parâmetros os princípios e os fundamentos ético-políticos do projeto profissional, a referência legal do Código de Ética, da Lei que Regulamenta a Profissão e das Diretrizes Curriculares na afirmação dos direitos e do comprometimento com a qualidade da formação e dos serviços prestados aos usuários. Sendo assim, o espaço da supervisão é expressivo por não continuar no plano discursivo, inconciliável com a dimensão interventiva da profissão. As requisições e desafios envolvem as transformações apontadas na conjuntura social, o que demanda um novo perfil de profissional, com competência crítica e criativa. A autora entende o processo de formação do Assistente Social como único, de modo que a supervisão de estágio precisa ser orientada pelo eixo recomendado pela ABEPSS. No meu ponto de vista, a dimensão ético-política na perspectiva do campo de estágio refere-se ao poder de tomar decisões pautadas nos valores éticos da profissão, estando ligada com o diálogo crítico e rigoroso entre teoria e realidade, com a relação entre o estagiário e os supervisores de campo e acadêmico. Já a dimensão teórico-metodológica, a qual articula teoria-método e metodologia e privilegia a história social como terreno germinador das demandas e das possibilidades do conhecimento e das práticas, na supervisão está orientada pelo mesmo referencial que embasa o projeto profissional, a teoria crítica (LEWGOY, 2009). Entende-se com isto que é necessário os supervisores conhecerem o projeto político-pedagógico do curso, além dos planos de ensino das disciplinas de estágio. Por este fato o acadêmico e o supervisor precisam envolver-se num processo de meditação e análise embasado nos conhecimentos teórico-metodológicos do Serviço Social, o que requer uma atuação planejada e sistematizada em conjunto por instituição de formação e campo de estágio. Só assim poderá por em prática as competências previstas para sua atuação, orientado pelo saber teórico adquirido no curso. Segundo a autora existe uma vulnerabilidade teórico-metodológica. Entende-se que esta vulnerabilidade direciona-se também aos supervisores acadêmicos, os quais necessitam de constante qualificação; sendo a unidade de ensino responsável em oferecer capacitação contínua e sistematizada para os professores e supervisores de campo, diminuindo deste modo o distanciamento entre as matrizes teórico-metodológicas e a cotidianidade da prática profissional. Alzira Maria Baptista Lewgoy chama atenção de que efetivar a supervisão articulada ao projeto profissional é uma preocupação dos sujeitos envolvidos nesse processo. Ressalta-se a importância da reavaliação contínua do processo de supervisão da competência profissional, sendo essencial a indissociabilidade entre supervisão acadêmica e a profissional no estágio, garantindo um compromisso coletivo entre supervisor de ensino, de campo e estagiário. Este é um dos desafios da formação profissional, que assegure um compromisso grupal entre os agentes do processo de supervisão. Compreendo esta dimensão, técnico-operativa, como a aptidão que o estagiário de Serviço Social adquire na sua trajetória acadêmica para responder às demandas da sociedade, às requisições socioinstitucionais e às finalidades profissionais, através do saber fazer, ou seja, superando a imediaticidade dos fatos através de uma prática consciente, mediatizando teoria e prática, com o auxílio dos instrumentos; decorrente de uma boa articulação entre supervisão acadêmica e supervisão de campo, em que estagiário e supervisores são aliados para enfrentar a lógica institucional. Porém isso nem sempre acontece, o que acaba prejudicando a formação profissional do aluno. Esta dimensão deve estar vinculada com as duas primeiras, para que o estagiário alcance o conhecimento intencional da profissão, objetivando ter uma prática consciente, a práxis, para que possa desvelar a finalidade do Serviço Social, a transformação social.