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Essere nel Mondo
Rua Borges de Medeiros, 76
Cep: 96810-034 - Santa Cruz do Sul 
Fones: (51) 3711.3958 e 9994. 7269 
www.esserenelmondo.com.br
Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro poderá 
ser reproduzida ou copiada por qualquer meio impresso ou eletrônico 
ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento da 
Editora. A utilização de parte dos textos publicados deverá cumprir com 
as regras de referências bibliográficas editadas pela ABNT.
As ideias, conceitos e/ou comentários expressos na presente obra são 
de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), não cabendo qualquer 
responsabilidade à Editora.
D631 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, 
 jurisdição & arbitragem [recurso eletrônico] / organizadores: 
 Fabiana Marion Spengler, Theobaldo Spengler Neto – Santa 
 Cruz do Sul: Essere nel Mondo, 2015.
 177 p.
 
 Texto eletrônico.
 Modo de acesso: World Wide Web.
 1. Mediação. 2. Conciliação (Processo civil). 3. Negociação.
 4. Jurisdição. 5. Arbitragem e sentença. 6. Resolução de disputa
 (Direito). I. Spengler, Fabiana Marion. II. Spengler Neto, Theobaldo. 
 
 CDD-Dir: 341.4625 
 Prefixo Editorial: 67722
 Número ISBN: 978-85-67722-23-8
Bibliotecária responsável: Fabiana Lorenzon Prates - CRB 10/1406
Revisão ortográfica: Carmen Rohr
Capa: Gabriel Gassen 
Diagramação: Marcel Ali e Helena Schuck
Catalogação: Fabiana Lorenzon Prates
CONSELHO EDITORIAL
COMITÊ EDITORIAL
Prof. Dr. Alexandre Morais da Rosa – Direito – UFSC e UNIVALI/Brasil 
Prof. Dr. Alvaro Sanchez Bravo – Direito – Universidad de Sevilla/Espanha 
Profª. Drª. Angela Condello – Direito - Roma Tre/Itália 
Prof. Dr. Carlos M. Carcova – Direito – UBA/Argentina 
Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster – Ciências da Comunicação – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. Doglas César Lucas – Direito – UNIJUI/Brasil 
Prof. Dr. Eduardo Devés – Direito e Filosofia – USACH/Chile 
Prof. Dr. Eligio Resta – Direito – Roma Tre/Itália
 Profª. Drª. Gabriela Maia Rebouças – Direito – UNIT/SE/Brasil 
Prof. Dr. Gilmar Antonio Bedin – Direito – UNIJUI/Brasil 
Prof. Dr. Giuseppe Ricotta – Sociologia – SAPIENZA Università di Roma/Itália 
Prof. Dr. Gustavo Raposo Pereira Feitosa – Direito – UNIFOR/UFC/Brasil 
Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho – Direito – UERJ/UNESA/Brasil 
Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – Direito – PUCRS/Brasil 
Prof.ª Drª. Jane Lúcia Berwanger – Direito – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. João Pedro Schmidt – Ciência Política – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. Jose Luis Bolzan de Morais – Direito – UNISINOS/Brasil 
Profª. Drª. Kathrin Lerrer Rosenfield – Filosofia, Literatura e Artes – UFRGS/Brasil 
Profª. Drª. Katia Ballacchino – Antropologia Cultural – Università del Molise/Itália 
Profª. Drª. Lilia Maia de Morais Sales – Direito – UNIFOR/Brasil 
Prof. Dr. Luís Manuel Teles de Menezes Leitão – Direito – Universidade de Lisboa/Portugal 
Prof. Dr. Luiz Rodrigues Wambier – Direito – UNIPAR/Brasil 
Profª. Drª. Nuria Belloso Martín – Direito – Universidade de Burgos/Espanha 
Prof. Dr. Sidney César Silva Guerra – Direito – UFRJ/Brasil
Profª. Drª. Silvia Virginia Coutinho Areosa – Psicologia Social – UNISC/Brasil 
Prof. Dr. Ulises Cano-Castillo – Energia e Materiais Avançados – IIE/México
Profª. Drª. Virgínia Appleyard – Biomedicina – University of Dundee/ Escócia 
Profª. Drª. Virgínia Elizabeta Etges – Geografia – UNISC/Brasil
Profª. Drª. Fabiana Marion Spengler – Direito – UNISC e UNIJUI/Brasil 
Prof. Me. Theobaldo Spengler Neto – Direito – UNISC/Brasil
SUMÁRIO
PREFÁCIO......................................................................................................................... 6
A CONCILIAÇÃO COMO ALTERNATIVA À JURISDIÇÃO ESTATAL NA BUSCA 
POR UMA JUSTIÇA EFETIVA E CÉLERE................................................................... 9
Caroline Pessano Husek Silva, Fabiana Marion Spengler & Ismael Saenger Durante
O FÓRUM MÚLTIPLAS PORTAS E OS POSSÍVEIS CAMINHOS PARA SOLUCIONAR 
OS CONFLITOS................................................................................................................ 27
Helena Pacheco Wrasse & Guilherme Dornelles
A TRANSDISCIPLINARIDADE NA MEDIAÇÃO COMO FORMA DE SOLUÇÃO DOS 
CONFLITOS FAMILIARES............................................................................................ 46
Francisco Ribeiro Lopes & Lilian Thais Konzen
MEDIAÇÃO ENQUANTO NOVA POSSIBILIDADE FRENTE À PRISÃO DO 
DEVEDOR DE ALIMENTOS.......................................................................................... 62
Marieli Trevisan & Theobaldo Splengler Neto
A COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO TRIBUTÁRIO COMO FORMA DE 
POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO SOCIAL.......................................................... 78 
Charlise P. Colet Gimenez & Roberta Marcantônio
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA ESFERA DO PODER PÚBLICO: UMA EQUAÇÃO 
(IM)POSSÍVEL?................................................................................................................ 95
Josiane Caleffi Estivalet
MEDIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL: APONTAMENTOS PARA UM FUTURO 
POSSÍVEL.......................................................................................................................... 112
Cássio Alberto Arend, Dianifer Moraes dos Santos & Luana Elisa Funck
A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA COMO POLÍTICA PÚBLICA TRANSFORMADORA 
DA SOCIEDADE............................................................................................................... 131
Rodrigo Nunes Kops, Evelyn Caroline Jora & Ana Paula Zitzke
A MEDIAÇÃO COMO PROPOSTA DE PACIFICAÇÃO DOS CONFLITOS 
ESCOLARES..................................................................................................................... 149
Daiana Queli Knod & Vanessa Gomes Ferreira
6 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
PREFÁCIO
Desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, há vinte e seis anos – recém-
-completados −, vimos presenciando, em nosso país, um verdadeiro “boom” contencioso, com 
o vertiginoso aumento do volume de litígios submetidos ao Poder Judiciário. A redemocratiza-
ção, aliada a nossa tradição de “civil law”, marcada pela cultura de judicialização dos confli-
tos, foi o fermento para o significativo crescimento do número de ações judiciais nas últimas 
décadas.
No entanto, até aqui, a ciência processual pátria não havia conseguido apresentar res-
postas eficazes para conciliar seus compromissos com a garantia do acesso à justiça, de um 
lado, – que exige solucionar todos os litígios que eclodirem em nossa sociedade, independen-
temente de suas proporções numéricas −, e a duração razoável e a efetividade, de outro lado.
A sociedade brasileira, durante essas duas décadas e meia, recrudesceu as suas exigên-
cias por Justiça, passando a ansiar que a ciência processual cumpra com os seus compromissos, 
a fim de que os litígios sejam solucionados, a um só tempo, com celeridade e efetividade. 
Portanto, foi-nos confiado equacionar a delicada situação em que o número de litígios 
se agiganta e, ao mesmo tempo, a sociedade nos cobra que a sua solução seja rápida e efetiva. 
Nesse contexto, emergem os meios alternativos de solução dos conflitos.
O Poder Judiciário encontra-se assoberbado, não logrando pôr fim ao grande volume 
de processos judiciais. O Conselho Nacional de Justiça acabou de divulgar que, atualmente, 
tramitam no Brasil 78 milhões de processos, sendo que, até 2020, estima-se que 114 milhões de 
ações estarão aguardando julgamento em nosso país. Por mais que sejam estabelecidas metas a 
serem cumpridas pelos órgãos jurisdicionais e estes se esforcem vigorosamente em seu cumpri-
mento, reconhece-se, hoje, a impossibilidadede se prestar a jurisdição de forma justa, efetiva e 
em tempo razoável a toda essa gama de litígios. 
A busca por meios adequados de solucionar controvérsias que dispensem a intervenção 
do Estado-Juiz passou a contar com o apoio do próprio Poder Judiciário, que encampou campa-
nhas e mutirões de Conciliação e, mais recentemente, vem fomentando a Mediação.
Embora o movimento em prol dos meios alternativos de solução de conflitos tenha se 
robustecido em virtude do clamor por soluções mais rápidas e que desonerassem o Judiciário 
brasileiro, a sua importância vai muito além.
Em muitos casos, a solução adjudicativa (prestação jurisdicional estatal) não se mostra 
o meio mais adequado, seja porque impõe às partes uma decisão que não foi por elas direta-
mente cunhada, seja porque exaspera as posições antagônicas, ao fixar as figuras de vencedor e 
vencido, dentre outros fatores.
Não se trata, pois, apenas de recorrer aos meios alternativos de solução de conflitos 
7Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
como forma de contornar o assoberbamento do Poder Judiciário brasileiro. Tais mecanismos, 
em verdade, têm o valioso potencial de, se bem aplicados, oferecer respostas céleres, efetivas 
e que contam com a participação direta dos interessados, contribuindo para a preservação das 
relações entre eles. Trata-se, portanto, de meios de solução de conflitos que logram equilibrar a 
difícil e atávica tensão entre celeridade e efetividade/justiça.
Passados vinte e seis anos, e com a nossa democracia mais amadurecida, a sociedade 
brasileira tem condições de se valer de mecanismos de solução de conflitos que pressuponham 
o protagonismo dos próprios interessados, como é o caso da conciliação e da mediação, suplan-
tando o modelo tradicional de solução adjudicativa estatal.
A disseminação, em nossa cultura, da utilização dos meios alternativos de solução dos 
conflitos, especialmente da conciliação e da mediação, passa, necessariamente, pela produção 
acadêmica nacional.
Iniciativas como a da presente obra, em que pesquisadores brasileiros se empenham em 
trazer à baila questões atuais sobre os meios alternativos de solução de conflitos, são de capital 
importância para mostrar aos profissionais do Direito toda a gama de possibilidades de utiliza-
ção de tais mecanismos e traçar veredas seguras pelas quais se possa caminhar daqui em diante.
Somente a partir da multiplicação de experiências frutuosas com a conciliação e a me-
diação que o jurisdicionado brasileiro logrará se desapegar de nossa tradição beligerante e tor-
nar-se um entusiasta das soluções consensuais.
A presente obra coletiva, coordenada pelos Professores Fabiana Marion Spengler e 
Theobaldo Spengler Neto, reúne trabalhos que analisam questões extremamente atuais e das 
mais variadas temáticas relacionadas à mediação e à conciliação. Oferecem estudos, com fun-
damentação teórica consistente e coerente, a questões desafiadoras como a aplicação de solu-
ções consensuais a controvérsias tributárias, a utilização da mediação em litígios que envolvam 
o Poder Público, em conflitos escolares e questões socioambientais, e, inclusive, como uma 
alternativa à prisão do devedor de alimentos.
Trata-se de uma obra de grande relevo teórico e prático, que trata, corajosamente, de 
temas de grande repercussão e que podem ampliar significativamente o espectro de aplicação 
da conciliação e da mediação em nosso país.
Merece todos os aplausos a iniciativa dos Professores Fabiana Marion Spengler e Theo-
baldo Spengler Neto, muito bem executada por todos os seus colaboradores, por ter o grande 
mérito de procurar trazer respostas embasadas aos novos e variados desafios surgidos com a 
aplicação da conciliação e da mediação no Brasil. Trata-se de um projeto que congrega gra-
duandos, Mestres e Doutores, sendo resultado dos estudos e debates realizados durante os tra-
balhos do grupo de pesquisa “Políticas Públicas no tratamento dos conflitos”, da Universidade 
de Santa Cruz do Sul – UNISC.
Iniciativas como esta são as responsáveis por traçar caminhos seguros que todos nós 
8 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
possamos trilhar rumo à desejável valorização dos meios alternativos de solução de conflitos 
em nosso país e à inauguração de uma nova cultura pacifista e de consenso entre nós.
Parabenizo os coordenadores do projeto, Professores Fabiana Marion Spengler e Theo-
baldo Spengler Neto, e os autores Caroline Pessano Husek Silva, Ismael Saenger Durante, 
Helena Pacheco Wrasse, Guilherme Dornelles, Francisco Ribeiro Lopes, Lilian Thais Konzen, 
Marieli Trevisan, Charlise P. Colet Gimenez, Roberta Marcantônio, Josiane Caleffi Estivalet, 
Cássio Alberto Arend, Dianifer Moraes dos Santos, Luana Elisa Funck, Rodrigo Nunes Kops, 
Evelyn Caroline Jora, Ana Paula Zitzke, Daiana Queli Knod e Vanessa Gomes Ferreira, pelo 
belo trabalho realizado, ao tempo em que recomendo vivamente a sua leitura.
Rio de Janeiro, 12 de novembro de 2014.
Flávia Pereira Hill
Mestre e Doutora em Direito Processual pela UERJ. Professora Adjunta de Direito Processual 
Civil da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Redatora-Chefe da Revista Ele-
trônica de Direito Processual – REDP. Tabeliã.
9Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A CONCILIAÇÃO COMO ALTERNATIVA 
À JURISDIÇÃO ESTATAL NA BUSCA POR UMA 
JUSTIÇA EFETIVA E CÉLERE1
Caroline Pessano Husek Silva
Estudante de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, RS, Brasil. Atualmente no oitavo semestre. 
Bolsista FAPERGS vinculada ao projeto de pesquisa intitulado “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e media-
ção: a delimitação e a busca de outras estratégias na resolução de conflitos”, integrante do Grupo de Pesquisa: 
“Políticas Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico 
e Tecnológico – CNPq, coordenado pela Professo ra Pós-Doutora Fabiana Marion Spengler e vice-liderado pelo 
Professor Mestre Theobaldo Spengler Neto. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4618305809219082. Endereço 
eletrônico: carolinehusek@hotmail.com.
Fabiana Marion Spengler
Pós-doutora em Direito, Doutora em Direito pelo programa de Pós-Graduação stricto sensu da Universidade do 
Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – RS, mestre em Desenvolvimento Regional, com concentração na área Polí-
tico Institucional da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC – RS, Brasil, docente dos cursos de Graduação e 
Pós-Graduação lato e stricto sensu da última instituição, Líder do Grupo de pesquisa “Políticas Públicas no Trata-
mento dos Conflitos” certificado ao CNPQ, advogada. Endereço eletrônico: fabiana@unisc.br.
Ismael Saenger Durante
Estudante de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, RS, Brasil. Atualmente no sexto semestre. 
Bolsista CNPq vinculada ao projeto de pesquisa intitulado “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a 
delimitação e a busca de outras estratégias na resolução de conflitos”, integrante do Grupo de Pesquisa: “Políticas 
Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico – CNPq, coordenado pela Professo ra Pós-Doutora Fabiana Marion Spengler e vice-liderado pelo Pro-
fessor Mestre Theobaldo Spengler Neto. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
do?id=K4619338A6. Endereço eletrônico: ismaeldurante@hotmail.com
INTRODUÇÃO
Dentre os três poderes, o judiciário2 é o que vem sendo o maior alvo de preocupação em 
meio a teóricos e juristas. Por muito tempo se confiou aos tribunais e aos juízes todas as mazelas 
que emergiram da sociedade, passada e contemporânea. 
1 O presente texto foi produzido mediante pesquisa junto ao projeto: “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e 
mediação: a delimitação e a busca de outras estratégias na resolução de conflitos”,financiado pelos recursos do 
Edital FAPERGS nº 02/2011 – Programa Pesquisador Gaúcho (PqG), edição 2011 e pelos recursos do Edital 
CNPq/CAPES nº 07/2011, processo nº 400969/2011-4.
2 O que se preconiza atualmente é que o Estado não é o único – e, algumas vezes, sequer o mais adequado – ente 
vocacionado para esta função, que pode muito bem ser exercida por particulares, algumas vezes com resultados 
mais proveitosos do que aqueles obtidos no âmbito judiciário”. (ARRUDA ALVIM NETO, 2011, p. 197).
10 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Afinal, o Poder Judiciário foi concebido para tal função, tendo em vista que a Consti-
tuição Federal de 1988 estabelece preceitos fundamentais de acesso à justiça e de a mesma ser 
célere e efetiva para dirimir os problemas a ele direcionados.
Entretanto, evidente está que o Judiciário encontra-se sobrecarregado e, deste modo, 
caminha a passos lentos para dissolução dos litígios que lhe são submetidos diariamente, isto 
decorre do grande aumento do número de conflitos que se apresentam atualmente, oriundos de 
uma cultura na qual não há espaço para o diálogo entre os litigantes.
Assim, os métodos alternativos à jurisdição, tais como a conciliação, fazem-se neces-
sários para auxiliar o Poder Judiciário nesta árdua tarefa de solucionar as lides, tendo em vista 
que objetivam atingir uma solução pacífica e voluntária do litígio que proporcione um acordo 
equitativo para as partes envolvidas. Logo, estes métodos são dotados de grande celeridade, 
dinamicidade e evitam que mais demandas cheguem à jurisdição estatal.
Mas é interessante lembrar que cabe ao jurisdicionado, a sociedade, fazer uma mudança 
de conceitos que acarretem em uma mudança social generalizada. É preciso que o cidadão veja 
em si a capacidade e a maturidade de resolver seus conflitos com base no diálogo e de um enten-
dimento mútuo entre as partes. É preciso entender que o Juiz não é um super-herói onipresente, 
pelo contrário. 
O entendimento deve partir da consciência de que seu problema apenas será mais um 
entre milhares e a celeridade, que não existiria no sistema atual, pode ser alcançada por outros 
meios.
Deste modo, abordar-se-á neste trabalho a conciliação como método eficaz para dirimir 
os mais variados tipos de litígios. Assim, o presente artigo possui como escopo primordial con-
ceituar conciliação e apresentar esta alternativa como meio adequado para diminuir a demanda 
do Poder Judiciário. Além disso, objetiva apresentar números, referentes à Semana Nacional da 
Conciliação realizada no Brasil, que confirmem a eficácia da conciliação como método alterna-
tivo à jurisdição estatal.
Para que se alcance uma apropriada compreensão acerca do assunto será exposto um 
texto de forma breve para que se atinja este objetivo. Assim, inicialmente, a crise atual da 
jurisdição estatal no Brasil será abordada para que se comprovem os motivos pelos quais é 
necessária a utilização da conciliação como meio propício no tratamento dos conflitos. Logo 
em seguida, será oferecido um breve conceito acerca do método aqui trabalhado. Por fim, a 
conciliação será apresentada, através dos Números da Semana Nacional da Conciliação, como 
instrumento apropriado para solucionar os mais diversos tipos de divergências.
Para tornar plausível a elaboração do presente artigo utilizou-se o método estrutura-
lista, o qual partiu da análise de um fenômeno concreto: a conciliação, elevando-se para um 
nível abstrato de discussão acerca dos elementos constitutivos e aplicáveis ao objeto em tela, 
retornando ao final, novamente, para o mundo concreto e a aplicabilidade da conciliação como 
11Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
forma de solucionar os conflitos. A técnica de pesquisa empregada foi a bibliográfica, tendo em 
vista que para a elaboração deste trabalho foram utilizados artigos, sites e livros dos quais foram 
abstraídos conceitos e definições imprescindíveis.
1 CRISE DA JURISDIÇÃO ESTATAL
Infelizmente, nos últimos anos, instaurou-se uma cultura alarmante na comunidade bra-
sileira sobre a necessidade de que todos os problemas que surgem no convívio social devem ser 
discutidos em uma sala de audiência. O cidadão esqueceu sua própria autonomia, entregando-a 
a um sistema que não consegue lidar de imediato com miudezas. Evidente que o inciso XXXV 
do art. 5º da Constituição Federal prevê o chamado princípio da inafastabilidade do Poder Judi-
ciário. A questão a ser levantada é justamente o quão ineficaz tal princípio se encontra quando 
o mesmo vem sofrendo certo abuso daqueles que visa proteger.
Quando se vai mais a fundo e se busca um início para o problema, talvez o mesmo se 
encontre justamente no surgimento e consagração de novos princípios e normas de direitos e 
garantias que definiram limites em uma esfera mais particular. Essas garantias nascem do dese-
jo da população recém-saída de um sistema de governo, que se utilizava da Constituição para 
satisfazer suas próprias necessidades. 
O cidadão precisava se sentir amparado pela lei e pelo Estado novamente, mas isso, 
infelizmente, tornou-se um comodismo. Cabem aqui algumas considerações de Lucas:
a consagração de novos direitos e de novos atores fez com que o conflito social se 
transmutasse da zona política para a seara judicial, campo legítimo para responder 
as demandas sociais que, agora em diante, também passam a ser questões jurídicas. 
Instala-se assim uma realidade paradoxal, caracterizada, ao mesmo tempo, pela con-
sagração formal de direitos sociais, provocadora de uma explosão de litigiosidade e 
pela incapacidade da estrutura judiciária em responder a essa mesma explosão, que 
por problemas de natureza organizacional, quer por problemas advindos da crise teó-
rica do modelo liberal de Jurisdição (2005, p. 174).
O legislador transformou problemas da vida cotidiana em problemas jurídicos, mas cabe 
à própria sociedade transmutar essa “deficiência”. Só porque tal garantia (trata-se aqui de ga-
rantias normativas que invadem a esfera privada) é encoberta pela lei, necessariamente precisa-
-se fazer uso da mesma para resolver um provável surgimento de litígio?
 
1.1. Uma Justiça Mecânica 
E se o conflito surgir (e vai) será que pode ser sanado em um órgão cuja mecanicidade 
impera em contraponto da razão e emoção que são intrínsecos ao problema social que emergiu?
12 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Continua Lucas:
[...] do mesmo modo, o judiciário foi estruturado para operar por meio de uma lógica 
racional-legal que nega a complexidade, que valoriza exageradamente as formalida-
des e os procedimentos decisórios de tempo diferido e que mascara a substancialidade 
dos conflitos sociais e econômicos pela adoção de fórmulas e conceitos reducionistas 
afinados com uma cultura de conservação do projeto liberal – individualista (2005, p. 
178).
 
O sistema atual de jurisdição torna-a fria e cada vez mais distante do jurisdicionado que 
pretendia ver seus problemas (e novamente, problemas de cunho mais emocional e afetivo) se-
rem tratados de forma diferente. O Poder Judiciário e seus representantes existem para validar 
e interpretar uma norma já existente. Uma norma que nasce de um rito automatizado, sendo 
assim, como sua aplicação poderia se sobressair de forma diferente? 
Vale ressaltar mais uma observação de Lucas (2005, p. 179) “o Poder Judiciário molda-
do pelo Estado moderno estabelece um conjunto de procedimentos decisórios de base racional-
-formal que negam a política e os conteúdos valorativos das demandas sociais”. Ou seja, para o 
judiciário pouco importa (em razão de sua quantidade massiva de casos) as razões de y ter um 
desentendimento com x. Ambos farão parte de mais uma das milhares de equações engavetadas 
nos cartórios judiciais.
1.2 Os problemas da Jurisdição
Segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça em 2009,em seu 
relatório Justiça em Números, há cerca de 8.193 processos por magistrado, é como se cada um 
deles, para dar conta da demanda, tivesse que analisar 40 processos por dia. 
Este celebríssimo sistema estatal de justiça é lento e ineficaz para lidar com a quantidade 
massiva de casos e mais casos que se arquivam em seus gabinetes. Esses casos que surgem aos 
montes, devido ao fenômeno já mencionado, chocam-se contra a grande muralha burocrática 
criada pela justiça, e lá se estagnam.
Esmiuçando um pouco mais o problema que se vem enfrentando, Spengler (2012, p. 
20) delimita a crise do judiciário brasileiro em dois momentos: uma crise de identidade e uma 
quanto à eficácia. 
Como o problema de identidade, o judiciário (não só este, mas o Estado como um todo) 
vem notando que seu espaço, como o grande mediador de conflitos, está sendo reduzido por ou-
tros centros3 de poder que se mostram mais aptos a resolver problemas da sociedade moderna.
Continua ainda Spengler:
3 Surgimentos de ONGs, parcerias econômicas, movimentos sindicais e demais associações trabalhistas conseguem 
tratar o litígio (que tem como protagonistas estes mesmos centros e seus associados) de uma forma mais direta e 
com uma visão muito mais aguçada acerca dos reais interesses de ambos os lados.
13Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
não se pode perder de vista, também, que o aparato judicial para tratar os conflitos 
atuais serve-se de instrumentos e códigos muitas vezes ultrapassados, ainda que for-
malmente em vigor, com acanhado alcance e eficácia reduzida. Tal eficácia e alcance 
muitas vezes atingem somente os conflitos interindividuais, não extrapolando o do-
mínio privado das partes, encontrando dificuldades quando instado a tratar de direitos 
coletivos ou difusos (2012, p.20).
 Já na crise de eficiência, o judiciário se vê incapacitado de lidar de forma legítima e razoável 
com a complexa malha de litígios que emanam da sociedade contemporânea. É uma regra de 
oferta e demanda (por parte da jurisdição) cada vez mais desbalanceada e frágil. Dito isso, exis-
te ainda, entre os cidadãos mais marginalizados, uma total descrença da justiça uma vez que 
estes desconhecem por completo seus símbolos, ritos e sua linguagem complexa, ora, isso sem 
falar da demora de um processo que se estende por anos, desnorteando ainda mais o cidadão 
leigo quanto aos seus reais direitos.
Desdobrando-se ainda dentro da crise de eficácia, Spengler leciona mais alguns proble-
mas. Primeiramente, quanto à estrutura, “traduzida pelas dificuldades quanto à infraestrutura de 
instalações, de pessoal, de equipamentos e de custos.” (SPENGLER, 2012, p. 21). Um segundo 
momento é a chamada crise objetiva; já vista anteriormente, este segmento trata da linguagem 
extremamente formal usada no rito do processo, o grande problema a ser apontado é que muitas 
vezes a jurisdição atual põe o rito acima da resolução eficaz do próprio problema. 
Segue-se então com a crise subjetiva ou tecnológica que encara os problemas dos ope-
radores de direito tradicionais, com seus pensamentos já engessados e a dificuldade de se adap-
tarem ao dinamismo social presente. Pode-se olhar para a origem desse problema desde as 
grades curriculares das universidades com um modelo de aprendizado “mecânico e acrítico” 
desenvolvendo uma cultura focada apenas na leitura de manuais4.
O conflito é uma engrenagem importante da máquina judiciária, ao analisar e ao tentar 
buscar uma resolução para ele é que o direito se locomove, evoluindo e expandido seus con-
ceitos e ideias, claro que sempre acompanhando o contexto histórico/social da sociedade que 
lançará tais conflitos.
Já se podem sentir algumas mudanças. O próprio direito moderno que anseia uma cele-
ridade processual definitiva buscou e já encontrou formas de resolver litígios que por vezes não 
cabem na estrutura judiciária de imediato, neste cenário, encontra-se a conciliação, analisada a 
seguir, como exemplo de via célere e alternativa à jurisdição estatal.
2 CONCILIAÇÃO
Conforme o artigo 5ª, XXXV, da Constituição Federal de 1988 “a lei não excluirá da 
4 Faculdades de Direito, em boa hora, estão incluindo em seus currículos disciplinas sobre os meios alternativos de 
solução de conflitos, o que significa o início da mudança da maneira de se fazer justiça e se resgatar a paz social. 
Não há como o profissional do Direito ser agente de mudança nesse sentido, se teve uma formação baseada única 
e exclusivamente na cultura do litígio. E o advogado que solucionar conflitos que cheguem ao seu conhecimento 
através do acordo, além de estar dando solução mais rápida, pacífica e menos onerosa, estará sendo beneficiado, 
pois receberá seus honorários com mais rapidez e menos trabalho. (SILVA, 2008, p. 29).
14 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (BRASIL, 1988) assim, todos os 
cidadãos podem acionar o Poder Judiciário para reivindicar os direitos quando estes forem le-
sados ou simplesmente ameaçados. 
Entretanto, como já mencionado, a jurisdição estatal encontra-se sobrecarregada, em 
decorrência do grande número de demandas que lhe são submetidas cotidianamente, desta for-
ma, não consegue resolver de maneira célere e eficaz as pretensões dos cidadãos, fazendo surgir 
no seio da sociedade um grande sentimento de injustiça.
Neste cenário surge a conciliação como um método mais apropriado para aqueles que 
desejam que seus litígios sejam solucionados com maior rapidez e baixo custo operacional, por 
exemplo. Pode-se, em síntese, afirmar que a conciliação é um meio através do qual um terceiro 
apresenta sugestões e opiniões relativas ao conflito, cabendo às partes aceitarem-nas ou não 
(SPENGLER; OLIVEIRA, 2013).
Segundo Calmon (2008, p. 142): 
entende-se como conciliação a atividade desenvol vida para incentivar, facilitar e au-
xiliar a essas mesmas partes a se autocomporem, adotando, porém, metodo logia que 
permite a apresentação por parte do concilia dor, preferindo-se, ainda, utilizar este 
vocábulo exclusi vamente quando está atividade é praticada diretamen te pelo juiz ou 
por pessoa que faça parte da estrutura judiciária especificamente destinada a este fim.
Assim, a conciliação apresenta-se como método alternativo à jurisdição estatal e seu 
principal escopo é a realização de um acordo, buscando, desta forma, que não haja a continua-
ção do litígio. Vale destacar que a conciliação 
pode ser utilizada em quase todos os casos: pensão alimentícia, divórcio, desapropria-
ção, inventário, partilha, guarda de menores, acidentes de trânsito, dívidas em bancos 
e financeiras e problemas de condomínio, entre vários outros. (2014, www.cnj.jus.br).
Entretanto, 
 
não existe possibilidade de utilizar a conciliação para os casos envolvendo crimes 
contra a vida (homicídios, por exemplo). E também nas situações previstas na Lei 
Maria da Penha. (Ex.: denúncia de agressões entre marido e mulher). (2014, www.
cnj.jus.br).
Percebe-se assim que a conciliação pode ser utilizada para se atingir um acordo para os 
mais variados tipos de conflitos, entretanto, este método é utilizado, geralmente, no tratamento 
de litígios em que “as partes não possuam uma relação contínua, deste modo, existe a possibili-
dade de pôr um fim ao litígio ou até mesmo ao processo judicial de forma mais rápida e direta” 
(SPENGLER; SILVA, 2013, p. 135). 
Segundo Silva,
15Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
a conciliação é, também, uma forma de resolução de controvérsias na relação de inte-
resses, administrada por um conciliador, a quem compete aproximá-las, controlar as 
negociações, aparar as arestas, sugerir e formular propostas, apontar vantagens e des-
vantagens, objetivando sempre a composição do conflito pelas partes. (2008, p. 26).
Pode-se notar que, na conciliação, existe a presença de um terceiro intermediário,de-
signado como conciliador, a tarefa deste é de suma importância e a ele cabe intervir de forma 
ativa na solução do litígio, podendo, desta forma, apresentar os pontos positivos e negativos do 
possível acordo. Importante destacar que compete ao conciliador objetivar sempre que as partes 
alcancem uma solução que coloque um fim real ao seu imbróglio. 
Assim, percebe-se que neste método não cabe jamais qualquer imposição, ou seja, cabe 
aos conciliadores a tarefa de tão somente realizar sugestões e/ou propor algum acordo que en-
cerre o litígio, entretanto, como já mencionado, são as partes que possuem o poder de aceitar ou 
não a possível solução dos seus conflitos.
Vale destacar que a conciliação apresenta-se como um método alternativo capaz de so-
lucionar tanto demandas jurídicas quanto extrajudiciais. Assim, quando já existe um processo, 
basta que um dos envolvidos no litígio demonstre a vontade de conciliar, isto é, a intenção de 
realizar um acordo. Em seguida, será marcada uma audiência e nesta as partes terão a oportu-
nidade, juntamente com o conciliador, de alcançarem uma convenção que satisfaça a todos os 
envolvidos. (2014, www.cnj.jus.br).
Entretanto, cabe também a chamada conciliação pré-processual que ocorre nos casos em 
que o conflito ainda não foi judicializado. Desta maneira, podem as partes atingir um resultado 
que coloque um fim real ao conflito em questão. (2014, www.cnj.jus.br).
Através da conciliação, busca-se que a sociedade adquira uma cultura em que os cida-
dãos entendam que o diálogo entre os litigantes é a melhor opção para que se chegue a uma 
solução satisfatória para todos os envolvidos, tendo em vista que além dos diversos aspectos 
positivos aqui demostrados, ocasiona também uma grande satisfação para as partes.
Logo, pode-se perceber que a conciliação encaixa-se no papel de auxiliar do Poder 
Judiciário, fazendo com que os mais diversos tipos de conflitos, que poderiam demorar anos 
para serem solucionados pela via tradicional, sejam positivamente solucionados. Assim, sem 
dúvida, a conciliação está a cada dia se solidificando como método alternativo eficaz, rápido e 
satisfatório para solucionar litígios das mais diversas searas5.
5 A Conciliação resolve tudo em um único ato, sem necessidade de produção de provas. Também é barata porque 
as partes evitam gastos com documentos e deslocamentos aos fóruns. E é eficaz, porque as próprias partes chegam 
à solução dos seus conflitos, sem a imposição de um terceiro (juiz). É, ainda, pacífica, por se tratar de um ato 
espontâneo, voluntário e de comum acordo entre as partes. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-
a-z/acesso-a-justica/conciliacao. Acesso em: 04 jul. 2014.
16 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
2.1 Principais diferenças entre a conciliação e mediação
Como já mencionado, o Judiciário encontra-se sobrecarregado, não conseguindo satis-
fazer as pretensões dos cidadãos de maneira eficaz. Logo, a mediação e a conciliação, vistas 
como métodos alternativos, se fazem cada vez mais necessárias como trajeto alternativo ao 
Poder Judiciário. Estes meios devem servir para auxiliar a Jurisdição Estatal para que haja um 
adequado andamento das soluções dos conflitos. 
Entretanto, é indispensável diferenciar estes métodos alternativos6 para que se possa 
aplicá-los corretamente, sempre tendo em vista que estes se assemelham por se tratarem de 
meios em que as partes devem voluntariamente chegar a um acordo que venha a atender as 
necessidades de todos os litigantes. 
Tanto a mediação quanto a conciliação buscam a realização de um acordo de vontades, 
entretanto, diferenciam-se no caminho trilhado, para que seja alcançado este escopo.
A mediação é um meio de solucionar conflitos, neste método existe a figura de um ter-
ceiro, denominado mediador, o qual não está envolvido no litígio. A tarefa deste é tão somente 
facilitar o diálogo entre os litigantes e que assim estes possam estabelecer a melhor dissolução 
para seus problemas. 
Conforme o Conselho Nacional de Justiça:
a Mediação pode ser mais demorada e até não terminar em acordo, como sempre 
acontece na Conciliação. Mas, mesmo assim, as partes têm considerado a Mediação 
bastante positiva, pois, ao final dos debates, os envolvidos estão mais conscientes e 
fortalecidos. (2014, www.cnj.jus.br).
Assim, percebe-se que o principal objetivo da mediação não é chegar a um acordo, mas 
sim restabelecer o diálogo entre as partes e satisfazer os interesses e necessidades daqueles 
que estão envolvidos no conflito. Logo, a mediação, geralmente, pode ser mais demorada, se 
comparada à conciliação, e até mesmo não terminar em acordo. Entretanto, mesmo que não se 
chegue a uma convenção final, as partes saíram ganhando de algum modo.
Na mediação, os litigantes devem chegar a uma avença sem que haja a interferência 
do mediador7, assim estes devem chegar a um acordo voluntariamente e sozinhos. Percebe-se 
assim que a função deste terceiro é, como já visto, reestabelecer o diálogo entre as partes, não 
devendo, portanto, conduzir algum acordo, julgar ou aconselhar as partes, pois, deste modo, a 
mediação seria confundida com a conciliação.
6 A conciliação é conhecida e utilizada em todo o País e, a partir da “Semana da Concilia ção”, ganhou novo 
impulso e mais adeptos. Diferencia-se, pois, a mediação da conciliação pelo fato de que na segunda o tratamento 
dos conflitos é superficial, encontrando-se um resultado, muitas vezes parcialmente satisfatório. Já na primeira, 
existindo acordo, este apresenta total satisfação dos media dos. (SPENGLER, 2014, p. 42).
7 Neste sentido, conforme Spengler, “isso se dá porque a mediação é uma arte na qual o mediador não pode se 
preocupar em intervir no conflito, oferecendo às partes liberdade para tratá-lo” (2014, p. 54).
17Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Observa-se assim que a tarefa do mediador é de suma importância, pois a ele cabe a 
difícil missão de manter o equilíbrio entre as partes, detentoras da capacidade decisória. 
Tendo em vista as semelhanças existentes entre a mediação e a conciliação, estes dois 
institutos são frequentemente confundidos. Assim, é fundamental a diferenciação destes con-
ceitos. 
Expõe Spengler que
a diferença fundamental entre conciliação e mediação reside no conteúdo de cada 
institu to. Na conciliação, o objetivo é o acordo, ou seja, as partes, mesmo adversárias, 
devem chegar a um acordo para evitar o processo judicial ou para nele pôr um pon-
to final, se por ventura ele já existe. Na conciliação, o conciliador sugere, interfere, 
aconselha, e na mediação, o mediador facilita a comunica ção sem induzir as partes ao 
acordo. Na conciliação, resolve-se o conflito exposto pelas partes sem analisá-lo com 
profundidade. (2014, p. 104).
Em síntese, pode-se afirmar que “na conciliação, o conciliador sugere, interfere, acon-
selha, e na mediação, o mediador facilita a comunicação sem induzir as partes ao acordo” 
(SPENGLER, 2010, p. 36). Logo, pode-se compreender que o terceiro envolvido na concilia-
ção, denominado conciliador, poderá intervir de forma ativa no acordo, diferentemente do que 
acontece na mediação.
Desta forma, na conciliação também existe a figura de um terceiro, contudo, este poderá 
apresentar os pontos positivos e negativos da possível avença, tendo sempre como objetivo a 
solução do conflito. 
Conforme Cahali, a conciliação é mais adequada
à solução de conflitos objetivos, nos quais as partes não tiveram convivência ou vín-
culo pessoal anterior, cujo encerramento se pretende. O conflito é circunstancial, sem 
perspectiva de gerar ou restabelecer uma relação continuada envolvendo as partes. 
Exemplos usuais de situações em que a conciliação é recomendada são: acidentes de 
trânsito e responsabilidade civil em geral; divergências comerciais entre consumido 
e fornecedor do produto, entre clientes e prestadora de serviços, etc. (2011,p. 37).
Importante destacar que a mediação possui como escopo principal reconstituir o diálo-
go entre os litigantes, sem esquecer que existe entre estes uma relação anterior ao embate que 
precisa ser mantida e conservada. Por outro lado, na conciliação, via de regra, não há qualquer 
relacionamento próximo e contínuo, podendo, assim, buscar um fim imediato à divergência8. 
8 Longe de pretender apresentar distinções definitivas entre formas autocompositivas de solução de conflitos, é 
importante trazer algumas reflexões distintivas entre conciliação e mediação, a partir dos vínculos e relações entre 
as partes. A conciliação, em um dos prismas do processo civil brasileiro, é opção mais adequada para resolver si-
tuações circunstanciais, como uma indenização por acidente de veículo, em que as pessoas não se conhecem (o 
único vínculo é o objeto do incidente), e, solucionada a controvérsia, lavra-se o acordo entre as partes, que não mais 
vão manter qualquer outro relacionamento; já a mediação afigura-se recomendável para as situações de múltiplos 
vínculos, sejam eles familiares, de amizade, de vizinhança, decorrentes de relações comerciais, trabalhistas, entre 
outros. Como a mediação procura preservar as relações, o processo mediacional bem como conduzido permite a 
18 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Vale ressaltar que os acordos alcançados através da conciliação ou da mediação possuem 
validade jurídica. Assim, caso uma das partes não venha a cumprir o que foi convencionado 
através da utilização destes métodos, a parte prejudicada poderá recorrer à Jurisdição Estatal. 
Logo, é fácil perceber a eficácia da conciliação, assim, o Estado, através do Conselho 
Nacional de Justiça, lançou a campanha denominada “Semana Nacional da Conciliação” para 
que este método seja amplamente difundido na cultura jurídica brasileira e se possa pôr em 
prática a sua real celeridade.
3 EFICÁCIA DA UTILIZAÇÃO DA CONCILIAÇÃO ATRAVÉS DE RESULTADOS 
PRÁTICOS OBTIDOS NA SEMANA NACIONAL DA CONCILIAÇÃO NOS ÚLTIMOS 
TRÊS ANOS
Em decorrência da atual deficiência em que se encontra o Poder Judiciário, consequên-
cia do acúmulo de demandas, cada vez mais a sociedade clama por meios de dirimir os conflitos 
de maneira mais célere e eficaz. 
Assim, o Concelho Nacional de Justiça (CNJ) criou a “Semana da Conciliação”. Essa 
iniciativa acontece anualmente como resultado das ações do CNJ e dos tribunais que visam com 
este instituto incrementar a cultura do diálogo no país. (2014, www.cnj.jus.br).
Conforme o CNJ, a Semana Nacional da Conciliação
trata-se de campanha de mobilização, realizada anualmente, que envolve todos os 
tribunais brasileiros, os quais selecionam os processos que tenham possibilidade de 
acordo e intimam as partes envolvidas para solucionarem o conflito. A medida faz 
parte da meta de reduzir o grande estoque de processos na justiça brasileira. (2014, 
www.cnj.jus.br).
Para que um processo integre a Semana Nacional da Conciliação é necessário que os 
tribunais participantes o selecionem, vale destacar que somente serão escolhidos aqueles casos 
em que existam chances de se obter um acordo9. Entretanto, todos aqueles cidadãos que tenham 
desejo de ter seu litigio incluído na campanha podem procurar com antecedência o tribunal em 
que seu processo tramita. (2014, www.cnj.jus.br).
manutenção dos demais vínculos, que continuam a se desenvolver com naturalidade durante e depois da discussão 
da causa. (BACELLAR, 2011, p. 35-36).
9 As conciliações pretendidas durante a Semana são chamadas de processuais, ou seja, quando o caso já está na 
Justiça. No entanto, há outra forma de conciliação: a pré-processual ou informal, que ocorre antes do processo ser 
instaurado e o próprio interessado busca a solução do conflito com o auxílio de conciliadores e/ou juízes. (CNJ. 
Disponível em: http://www.cnj.jus.br/programas-de-a-a-z/acesso-a-justica/conciliacao. Acesso em: 10 jul. 2014). 
19Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A Semana da Conciliação utilizando-se de frases de impacto, tais como: “Quem concilia 
sempre sai ganhando” e “Conciliar é Legal”, conseguiu se fortalecer e, felizmente, hoje está 
difundida em todo país.
Sua duração difere a cada ano. No ano de 2011, a campanha durou 5 dias, já em 2012, 
a duração foi de 8 dias, a maior dos últimos anos. Vale destacar que inicialmente, em 2006, a 
campanha chamava-se “Dia Nacional da Conciliação”, tendo em vista que ocorria somente em 
um único dia. 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A Semana da Conciliação conta com uma força de trabalho que envolve magistrados, 
juízes leigos, conciliadores e entre outros colaboradores10. O ano de 2012 foi o que contou com 
10 A Semana da Conciliação envolve um número grande de magistrados e colaboradores, o que mui tas vezes significa 
20 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
a maior força de trabalho, sendo este número expressamente superior aos outros anos. Pode-se 
perceber que este valor elevado traz impacto no número de pessoas atendidas por participante, 
como se pode observar:
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
 
gastos consideráveis e um acúmulo de processos a serem movimentados e julgados nos dias que antecedem a tal 
semana (organização e preparação), nos dias de sua realização (em função das audiências) e posteriormente (no 
momento de tabular e informar dados). O ideal seria que a conciliação fosse proposta e realizada por profissionais 
autônomos, preparados especialmente para o cargo e, tal como a previsão para os mediadores, remunerados para 
tanto. Essa alternativa evitaria o desvio da função de serventuários e especialmente magistrados, cuja principal 
incumbência é julgar. (SPENGLER, 2014, p. 37).
21Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
O maior número de pessoas atendidas na Semana da Conciliação foi constatado no ano 
de 2011, mas este índice se mantém com baixas quedas na comparação entre os anos de 2011 
e 2013.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A cada ano o número de acordos efetivados vem crescendo. Assim, conforme o gráfico 
abaixo, observa-se que no ano de 2013 este número foi significativo:
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
A Justiça Federal é a que conta com a maior porcentagem de acordos efetivados, haven-
22 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
do inclusive um aumento significativo a cada ano. Por outro lado, a Justiça do Trabalho é a que 
possui a menor porcentagem. Essa diferença talvez ocorra pelo tipo de litígio que tramita em 
cada Justiça, tendo em vista que na Justiça Comum são menores os impedimentos legais para 
que se realize a conciliação:
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Importante também destacar o comparativo entre o número de audiências marcadas e 
realizadas11 no decorrer destes últimos três anos, observando que houve um aumento no número 
destas, se comparado ao decréscimo do número daquelas:
11 Conforme Spengler, as audiências marcadas e não realizadas são “um entrave, uma vez que cada audiência 
marcada e não realizada significa um possível acordo não feito em outro processo que não teve oportuni dade de 
passar pela conciliação”. (2014, p. 38).
23Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Fonte: Conselho Nacional de Justiça (CNJ) http://www.cnj.jus.br/.
Em uma análise geral, os resultados alcançados pela Semana da Conciliação são positi-
vos e a cada ano vêm sendo obtidosporcentagens maiores. Assim, com os dados apresentados, 
percebe-se que esta campanha lançada pelo CNJ vem, ano após ano, fortalecendo-se e sendo 
difundida no país, auxiliando assim, para que os meios alternativos à jurisdição ganhem força 
na cultura, esta que, muitas vezes, influencia para que o diálogo perca lugar para o conflito. 
CONCLUSÃO
O Estado Brasileiro, através do Poder Judiciário, enfrenta, atualmente, uma crise advin-
da da sobrecarga de demandas que lhe são submetidas cotidianamente. Logo, este não consegue 
24 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
solucionar de modo eficaz todas as pretensões, fazendo surgir um sentimento de injustiça nos 
cidadãos ao verem que seus anseios não estão sendo analisados como deveriam, tendo em vista 
que a gama de direitos assegurados na legislação não é efetivamente cumprida e garantida jus-
tamente por aquele que possui como missão tal compromisso.
A busca por soluções eficazes e céleres se tornou o escopo na sociedade atual, munida 
de intensa atividade social. Neste cenário, surge a conciliação como método alternativo ao tra-
tamento de litígios. 
Quando se está diante de um conflito e se pretende solucioná-lo, via de regra, existem 
dois caminhos aptos a serem seguidos. O primeiro, e tradicional, será a busca pela jurisdição 
estatal, a qual irá julgar o embate, impondo, assim, uma decisão. Já na segunda via, encontra-se 
a autocomposição, isto é, um trajeto alternativo em que se aplicarão técnicas diversas para que 
os litígios sejam solucionados de forma célere e eficaz – como exemplo desta modalidade en-
contram-se a conciliação e a mediação. 
A diferenciação entre mediação e conciliação é significante e de suma importância. 
Assim, pode-se apresentar a conciliação como um meio alternativo em que as partes buscam 
a solução do seu litígio com o auxílio de um terceiro imparcial, denominado conciliador, que 
deve auxiliar os litigantes a chegarem a um acordo satisfatório para todos. Este método é mais 
utilizado para relações não contínuas, nas quais se pode colocar um fim imediato ao embate. 
Já na mediação, as partes devem alcançar uma avença sem a interferência direta do ter-
ceiro, denominado de mediador. Além disso, este método é mais empregado para relações con-
tínuas, em que seja imprescindível manter e conservar o relacionamento das partes. Percebe-se 
assim que o mediador não possui um papel ativo quanto à constituição do acordo.
O gradativo aumento do número de conflitos que se apresentam no cenário nacional tem 
acarretado o exaurimento do Poder Judiciário, fazendo com que a via tradicional de resolução 
de conflitos não mais acompanhe os anseios da sociedade contemporânea. 
Assim, neste panorama, a conciliação deve ser vista como aquele método que visa pro-
porcionar uma prática alternativa à jurisdição estatal. Além disso, este meio vem ganhando cada 
vez mais um papel de destaque no que tange a solução de conflitos, pois atende às pretensões 
dos cidadãos ao solucionar seus embates de forma rápida, eficaz e com baixo custo, se confron-
tado com o Poder Judiciário. 
Logo, a conciliação apresenta-se como uma via alternativa e eficaz, conforme os nú-
meros apresentados na Semana Nacional da Conciliação, para dirimir os mais diferentes tipos 
de litígios e, desta forma, adapta-se impecavelmente na função de caminho auxiliar ao Poder 
Judiciário, tendo em vista que colabora para desafogar esta função imprescindível para o bom 
desenvolvimento da sociedade atual. 
25Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
REFERÊNCIAS
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(Graduação em Direito) - Universidade de Santa Cruz do Sul. Orientador: Fabiana Marion 
Spengler.
27Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
O FÓRUM MÚLTIPLAS PORTAS E OS POSSÍVEIS 
CAMINHOS PARA SOLUCIONAR OS CONFLITOS
Helena Pacheco Wrasse
Aluna do 10º semestre (graduanda) do curso de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, integrante 
do Grupo de Pesquisas: Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a delimitação e a busca de outras estra-
tégias na resolução de conflitos.
Guilherme Garibaldi Dornelles
Aluno do 8º semestre do curso de Direito da Universidade de Santa Cruzdo Sul – UNISC, integrante do Grupo 
de Pesquisas: Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a delimitação e a busca de outras estratégias na 
resolução de conflitos.
INTRODUÇÃO 
As relações sociais são marcadas por duas situações distintas: a harmônica e a conflitiva. 
Tem-se a primeira como a regra e a segunda como a exceção. A exceção acontece quando não 
se alcança o equilíbrio social e a igualdade. Dessa forma, busca-se a ordem e a estabilidade 
através da norma jurídica e do contrato social. E, quando não ocorre o cumprimento espontâneo 
de ambos, cabe ao Estado a tarefa de solucionar os conflitos sociais.
O Estado (detentor do monopólio jurisdicional) designou o Poder Judiciário como sen-
do a tradicional instituição para resolver controvérsias. No entanto, essa instituição se encontra 
em desequilíbrio decorrente das dificuldades e perturbações enfrentadas pelo Estado.
Nesse contexto foi introduzido o Fórum Múltiplas Portas como meio eficaz de tratamen-
to de conflitos. O Fórum consiste basicamente na análise da controvérsia e no encaminhamento 
dela para a alternativa (“porta”) considerada adequada para o tratamento daquela problemática. 
São apresentadas como “portas” as seguintes alternativas: a adjudicação, a arbitragem, a media-
ção, a negociação, a conciliação, o julgamento privado, a análise neutra dos fatos através de um 
perito, o mini-trial, o ombudsman, summary jury trial e o med-arb ou arb-med.
1 CARACTERÍSTICAS E FUNCIONAMENTO
Foi em uma Conferência realizada nos Estados Unidos, em 1976, através do trabalho do 
Professor Frank Sander da Universidade de Harvard que a sistematização do Fórum Múltiplas 
Portas ocorreu. O trabalho do Professor Sander se intitulava Varieties of Dispute Processing 
28 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
(BARBOSA, 2003) e abordava a possibilidade de introduzir no Poder Judiciário americano 
“múltiplos mecanismos de resolução de conflitos por meio de métodos alternativos” (NUNES; 
SALES, 2010, p. 217). 
De uma forma básica, a estrutura do Fórum se dá da seguinte maneira: a partir do conhe-
cimento do conflito é realizada uma análise do mesmo, tentando identificar qual a forma mais 
eficaz de tratá-lo. Uma vez feita a triagem, ele é encaminhado para uma das “portas”, ou seja, 
para o mecanismo que melhor lhe convier.
A princípio, cabe ressaltar que não existe uma determinação exata quanto aos proce-
dimentos adequados a serem usados em um fórum de múltiplas portas, apenas alguns 
cuja utilização é comum dentro do sistema. Portanto, outros métodos poderiam ser 
criados e utilizados com ligeiras adaptações (BARBOSA, 2003, p. 250).
Trata-se de uma ideia aparentemente simples: encaminhar o conflito para a alternativa/
opção adequada para solucionar o problema. Contudo, é extremamente complexa a sua execu-
ção, considerando que deve ser realizada a seleção dos casos. 
De acordo com Goldberg, Sander, Rogers e Cole (2007) existem quatro procedimentos 
“primários” de resolução de conflitos, são eles: a adjudicação, a arbitragem, a mediação e a 
negociação, por outro lado, ainda que não conste nessa classificação, mais um método ampla-
mente difundido no Brasil e nos Estados Unidos é a conciliação (BARBOSA, 2003). Os autores 
também apresentam cinco modalidades denominadas “híbridas”, que resultam da combinação 
ou mescla dos sistemas primários, quais sejam: o julgamento privado, a análise neutra dos fatos 
através de um perito, o mini-trial, o ombudsman e o summary jury trial. Dentre os híbridos, 
também é defendido pelos autores o procedimento intitulado med-arb ou arb-med, resultado da 
combinação da mediação e da arbitragem.
Mesmo havendo essa distinção entre primários e híbridos, é importante destacar que 
“não há hierarquia ou prevalência entre eles, nem entre eles e o poder Judiciário. A proposta é 
que se visualize a adequação ao caso concreto, ao conflito que por se caracterizar distinto re-
quer mecanismos diversos de resolução” (NUNES; SALES, 2010, p. 218). Dessa forma, feita a 
devida triagem, o objetivo é encaminhar o conflito para a “porta” que lhe for a mais apropriada. 
No caso do conflito não se adequar a nenhuma, ele será encaminhado para o procedimento de 
adjudicação, qual seja, o Poder Judiciário.
Não existe a necessidade de se ofertar todos os mecanismos mencionados para que o 
Fórum seja denominado Múltiplas Portas: pode acontecer de um Fórum disponibilizar somente 
a mediação e a arbitragem como alternativas ao Judiciário. Tem-se a possibilidade de um Fórum 
que disponha de métodos entendidos como mais eficazes em face da realidade social e da cul-
tura da região ou país em que são aplicados ou difundidos. A ideia da criação do Fórum, apesar 
de nascida nos Estados Unidos, pode ser usada e adaptada em diversos países. 
29Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
“O fórum de múltiplas portas é talvez o mecanismo de institucionalização sistemática 
dos métodos alternativos de resolução de disputas mais abrangente no âmbito do setor público” 
(BARBOSA, 2003, p. 248). A esse respeito, acredita-se que se houvesse a implementação do 
Sistema Múltiplas Portas no Brasil, este iria aprimorar a prestação jurisdicional, tornando-a 
mais ajustada à realidade das partes e contribuindo para a construção de soluções e tratamentos 
mais céleres e eficazes. Visto que se trata de um Sistema com um funcionamento diferenciado.
A maior particularidade do Múltiplas Portas se dá em sua fase inicial, na qual os confli-
tos são analisados e distribuídos para a “porta” na qual terão maior chance de êxito no seu trata-
mento. Por exemplo, no caso de uma situação envolvendo familiares e relações continuadas, o 
encaminhamento será diverso daquele proferido em uma circunstância na qual configura como 
parte uma instituição bancária ou pessoas que nem se conheçam. Essa racionalização da solu-
ção das controvérsias é o que faz a diferença, pois visa achar o procedimento mais compatível 
com o problema, conseguindo assim ampliar as vantagens e chances de êxito e, por conseguin-
te, reduzir as desvantagens. 
Ainda nessa linha de raciocínio, é importante considerar que
o número de métodos alternativos oferecidos pelas cortes varia muito, desde um ou 
dois além do jurídico-tradicional, até uma ampla gama de procedimentos. A utilização 
de poucos procedimentos permite concentrar energias e recursos em programas de de-
senvolvimento desses processos para lograr alta qualidade nos métodos selecionados. 
[...]. A utilização de vários procedimentos permite uma maior adaptabilidade destes 
às necessidades particulares de cada controvérsia. Entretanto, cria o risco de criação 
de programas sem a qualidade necessária para contribuir para o desenvolvimento do 
Judiciário (BARBOSA, 2003, p. 256).
Entende-se que é viável a ocorrência/oferecimento de mais métodos em um único Sis-
tema, no entanto, deve-se ter mais cautela ao se lidar e administrar um Fórum Múltiplas Portas 
com essas características. Nesse sentido, cabe destacar, que os métodos alternativos de resolu-
ção de controvérsias não são estanques e também, que não se trata de um rol taxativo. A difi-
culdade e ao mesmo tempo a beleza desse Sistema é que é permitida a flexibilização no senso 
de apropriar o procedimento ao problema. Sendo assim, é muito trabalhosa a fase de triagem, 
devendo-se definir parâmetros e meios de identificar as causas do conflito, a fim de ser realizada 
a devida distribuição, além disso, muitas vezes, o verdadeiro problema, gerador da controvér-
sia, encontra-se mascarado em meio a outros. Outrossim, por permitir que sejam feitas com-
binações de procedimentos é que se diz não haver um rol taxativo. Seria o caso dos processos 
híbridos, que para melhor tratarem o verdadeiro problema, surgiram de ajustes realizados entre 
outros métodos preexistentes.
Dependendo do tribunal em que o Sistema estiver estabelecido, o encaminhamento po-
derá ser feito de diferentesmaneiras, como, por exemplo, a partir da análise dos tipos de con-
trovérsias ou levando em consideração o valor atribuído a causa. Pode acontecer das próprias 
30 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
partes quererem participar de um determinado mecanismo ou do juiz indicar um que achar ser 
apropriado ao caso. Ou ainda, da triagem ocorrer por meio de funcionários capacitados para 
tanto (BARBOSA, 2003).
Nesse propósito, dentre as “portas” utilizadas, encontram-se aquelas fundamentadas nos 
princípios da autocomposição e aquelas baseadas na heterocomposição. Ter essa noção é essen-
cial no momento de avaliar o caminho que será destinado ao conflito em questão. Basicamente, 
o que se tem na autocomposição é a tentativa das próprias partes de comporem uma solução 
para o problema. Já na heterocomposição existe a intervenção de um terceiro que auxilia na 
resolução da disputa.
Também é interessante referir quanto à voluntariedade ou compulsoriedade de partici-
pação nesses procedimentos. Alguns tribunais encaminham os casos para os métodos alternati-
vos de forma obrigatória, sendo as pessoas compelidas a participar; outros o fazem de maneira 
voluntária, ou seja, consideram a opinião das partes quanto à oposição ou à anuência em fazer 
parte daquele procedimento. Há, ainda, aqueles que defendam uma conciliação dessas duas 
correntes, tendo-se um tribunal misto, que para em certos tipos de casos se tenha a obrigatorie-
dade e para outros não. 
Nota-se que muitas são as variáveis a serem consideradas na hora de realizar o enca-
minhamento do problema à saída considerada mais justa, além do que são diversas as formas 
de funcionamento e adaptações permitidas nos tribunais para que estes desenvolvam o Fórum 
Múltiplas Portas. Por isso, muito depende do tribunal e do lugar onde esse se encontra para se-
rem estabelecidas as estratégias de administração do Fórum que ali se pretender situar.
A partir do exposto, é possível compreender o que se objetiva com a aplicação e desen-
volvimento de um Sistema como esse, cunhado na especialidade e na humanização das contro-
vérsias. Através dele cria-se uma série de alternativas, que busca satisfazer os anseios das par-
tes, tenta-se proporcionar àquele ambiente no qual a pessoa se sinta confortável para enfrentar/
lidar com o seu problema. Não se trata apenas de uma solução para desafogar o Judiciário, mas 
também, de um meio que possibilita o atendimento dos anseios sociais. 
Dessa forma, com a pretensão de explorar a aplicabilidade do Fórum Múltiplas Portas 
no cenário brasileiro é o item que segue.
2 AS “PORTAS” UTILIZADAS PARA O TRATAMENTO DOS CONFLITOS
Agora, com uma ideia geral do que trata e de como funciona o Fórum Múltiplas Portas é 
pertinente fazer uma apresentação e conceituação das “portas” que compõem essa sistemática, 
a fim de que sejam compreendidas quanto ao seu procedimento e quanto à forma de conduta 
de cada um dos seus participantes, dando um enfoque àquelas mais conhecidas e difundidas no 
Sistema de Justiça Brasileiro, quais sejam: a negociação, a mediação, a conciliação, a arbitra-
31Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
gem e a adjudicação. 
2.1 Negociação
Dessa feita, começar-se-á com a negociação, que é a forma mais comum de tratamento 
de conflitos. Ela funciona diretamente entre os interessados, não havendo a intervenção de ter-
ceiros. Sendo assim, “os envolvidos buscam a solução por eles mesmos, por meio da conversa” 
(NUNES; SALES, 2010, p. 218), classificando-se como um mecanismo autocompositivo, ba-
seado na exposição daquilo que se pensa e se quer e na escuta dos interesses do outro, preten-
dendo-se uma resolução.
Segundo Goldberg, Sander, Rogers e Cole (2007), a negociação é essencialmente vo-
luntária e havendo o consenso, confeccionar-se-á um contrato entre as partes, não existindo a 
figura de um terceiro facilitador; normalmente é informal e não há instrução, não está vincu-
lada à apresentação de provas e evidências, o que se objetiva é o acordo mútuo. Negociação é 
comunicação com um propósito persuasivo: negocia-se sobre quase tudo, desde onde sair para 
jantar com os amigos, que filme assistir no cinema e assim por diante. Muitos dos casos que 
chegam aos escritórios de advocacia seriam facilmente resolvidos por meio da negociação entre 
as partes.
Existem muitas técnicas que podem ser úteis na hora de negociar: fazer uma oferta ini-
cial maior do que a que se deseja, quando for do seu interesse deixar que a outra pessoa faça a 
primeira proposta; esclarecer desde o início as suas principais demandas; fazer com que a outra 
pessoa se comprometa primeiro e, no caso do advogado, ele deve deixar claro para o seu cliente 
o que está sendo acordado; fazer com que o adversário se sinta bem com o que está sendo tra-
tado, dentre outras. 
Na cultura do litígio,11objetiva-se ganhar1 sempre, o caso só é bom ou vantajoso para si 
se o outro perder. Esse tipo de comportamento deveria ser desincentivado na sociedade, visto 
que um bom acordo pode ser metade pra si, metade para o outro.
Dentre as características da negociação, pode-se mencionar que se trata de um méto-
do que objetiva a comunicação bilateral, valorizando assim, a importância do diálogo para 
se chegar ao acordo (flexibilidade) e, funcionando dessa forma ela possibilita a produção de 
resultados e benefícios prolongados/duradouros para os partícipes. Também é interessante, no 
momento em que se pretender uma negociação, estabelecer estratégias, como: “a) objetivos 
tangíveis; b) objetivos emocionais e simbólicos; c) resultados desejados; d) impactos esperados 
nos relacionamentos” (DANTE; ALMEIDA, 2006, p. 20). Nesse viés, tem-se o planejamento 
da negociação e, para tanto, é fundamental a observação de certos requisitos: a) separar as pes-
soas do problema; b) concentrar-se nos interesses; c) buscar alternativas de ganhos mútuos; d) 
encontrar critérios objetivos (DANTE; ALMEIDA, 2006, p. 21, 22).
1 Cultura do litígio é a cultura do conflitar, do discutir, do brigar. É o contrário de consenso.
32 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Os autores Dante e Almeida (2006) trabalham os diferentes estilos de negociador, eles 
analisam as classificações elaboradas por Jung, Gottschalk e Lifo. Sendo assim, ponderam na 
classificação de Jung os seguintes estilos: restritivo (negociadores que formulam um acordo 
quando forçados para tanto, imaginam que as pessoas somente ajem em prol dos seus interes-
ses, também visam à obtenção da vitória, que é a única solução considerada aceitável); ardiloso 
(objetivam sobreviver à negociação, bem como manter o status quo, a fim de chegar a qualquer 
resultado, acreditam que as pessoas não podem ser influenciadas por outras); amigável (trata-se 
de um negociador cooperativo, equipado com espírito esportivo que faz um exame amplo da 
situação que lhe é dada, além disso, visa à manutenção do relacionamento, mesmo que não se 
chegue a um acordo substancial) e confrontador (busca um acordo sólido, objetivando o melhor 
acordo global em conformidade com circunstâncias existentes).
Ainda com relação aos estilos de negociador, as categorizações elaboradas por Gotts-
chalk são: estilo duro (dominante, agressivo e voltado para o poder); estilo caloroso (apoiador, 
compreensivo e voltado para as pessoas); estilo dos números (analítico, conservador e orienta-
do para as questões); estilo negociador (flexível, comprometido e orientado para os resultados). 
Sobre esse aspecto, Lifo faz a divisão entre o negociador “dá e apoia”, cuja principal caracte-
rística é a receptividade; o negociador “toma e controla”, marcado como uma pessoa explora-
dora; o negociador “mantém e conserva” (acumulador) e o “adapta e negocia”, que objetiva a 
formulação de trocas. 
Percebe-se que, apesar dos diferentes nomes para os estilos, eles estão correlacionados 
de alguma forma, poispossuem características em comum, por exemplo, na classificação dada 
por Jung, está o negociador restritivo, na de Gottschalk existe o estilo duro e, por fim, na divisão 
criada por Lifo, o estilo toma e controla, todos reúnem as mesmas qualidades preponderantes, 
qual seja: maior firmeza, controle, busca pelo poder na hora de negociar.
A negociação é um instituto amplo, que pode ser definido de diversas maneiras, po-
dendo também funcionar na forma assistida, todavia, quando isso ocorrer, esse instituto se 
confunde com o da mediação, visto que o terceiro que se apresenta não pode interferir na nego-
ciação. Dessa feita, é imprescindível conhecer um pouco mais acerca da mediação e o que ela 
representa.
2.2 Mediação
De grande validade em nosso Sistema, a mediação pode ser “definida como a interferên-
cia – em uma negociação ou em um conflito – de um terceiro com poder de decisão limitado ou 
não autoritário” (MORAIS; SPENGLER, 2012, p. 131). Esse terceiro irá ajudar as partes a che-
garem de maneira voluntária em um acordo, como um meio de reestabelecer a comunicação. 
Trata-se de um método autocompositivo, uma vez que, o terceiro não interfere na decisão, esta 
é tomada pelos envolvidos. Vale ressaltar que a mediação visa atingir a satisfação dos interesses 
33Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
e das necessidades dos que estão envolvidos na disputa.
Um dos objetivos da mediação é criar um espaço informal e democrático, no qual, 
ocorre a tentativa de restaurar relacionamentos prolongados. Trata-se de uma instituição que se 
caracteriza por possuir maior rapidez e eficácia no tratamento dos conflitos, pois além de ser 
menos dispendiosa torna o processo mais célere e tende a resolver os litígios de forma mais 
rápida do que nos processos judiciais. Esse fator se deve em grande parcela à oralidade, porque 
é um espaço que propicia o debate dos problemas. Decorrente dessas características pode-se 
destacar a reaproximação dos participantes, bem como a preservação da relação entre as partes 
envolvidas. O uso da mediação proporciona o alcance ou a aproximação da tão desejada paz 
social.
Dentre as principais características da mediação estão a privacidade, a economia finan-
ceira e de tempo, a oralidade, a autonomia, o equilíbrio das relações entre as partes, a prevenção 
e o tratamento dos conflitos (MORAIS; SPENGLER, 2012). O papel do mediador é de extrema 
relevância, pois é ele que de forma neutra e imparcial tentará restabelecer a comunicação entre 
os envolvidos no conflito, ou seja, ele é quem procura aproximar os participantes, identificando 
os pontos que geram o litígio, para que se produza um acordo, deixando bem claro que o acordo 
é dos partícipes e não do mediador. Este não pode dar sugestões nem interferir no acordo.
Segundo Moore (1998), existem três grandes classes de mediadores: a) mediadores de 
rede social; b) mediadores com autoridade; e c) mediadores independentes. O mediador de rede 
social é aquele que já possui relacionamento anterior e futuro esperado com as partes, é aquela 
pessoa que atua na sua comunidade, podendo ser um vizinho, uma autoridade religiosa ou um 
colega de trabalho; ele não é necessariamente imparcial, mas é considerado por ser justo e estar 
interessado em auxiliar os conflitantes. Em geral, ele continuará a se relacionar com as partes 
após a realização da mediação e pode fazer uso da sua função social para incentivar um acordo.
Na classe dos mediadores com autoridade existe uma subdivisão, estando os mediadores 
subclassificados como benevolente, administrativo e com interesse investido. O benevolente 
pode ou não ter um relacionamento continuado com as partes, ele visa solucionar o problema de 
uma maneira satisfatória para todos os interessados. Via de regra, ele é imparcial no que tange 
à discussão central do conflito, possui autoridade para sugerir e interferir e lhe é possibilitado 
recurso para o acompanhamento do cumprimento do acordo. Já o administrativo desenvolve em 
conjunto com as partes uma solução para o problema e possui autoridade para propor o acordo. 
Por fim, o mediador com interesse investido busca a melhor satisfação dos seus interesses, po-
dendo ser coercitivo.
A terceira grande categoria defendida por Moore (1998) é a do mediador independente, 
que, por sua vez, é a classe aceita neste trabalho. Ela aborda o mediador como um ser neutro e 
imparcial, tanto com relação às partes, como em consideração aos resultados a serem objetiva-
dos, serve aos desejos das partes, é um profissional que busca uma solução conjunta aceitável, 
voluntária (não coercitiva) e elaborada pelos partícipes. Assim, não possui autoridade para im-
34 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
por um acordo, bem como pode ou não estar envolvido com a sua monitoração, posteriormente 
ao momento da mediação.
Sendo o mediador neutro diante dos fatos, existe maior possibilidade da mediação atin-
gir o seu objetivo principal: “a responsabilização dos protagonistas, capazes de elaborar, eles 
mesmos, acordos duráveis” (SILVA, 2008, p. 25); pois a grande vantagem desse procedimento 
é a restauração do diálogo, da comunicação entre as partes. O mediador aproxima as partes, ele 
facilita o acordo. Nesse sentido, Vasconcelos (2008, p. 36) defende que
na mediação os mediandos não atuam como adversários, mas como corresponsáveis 
pela solução da disputa, contando com a colaboração do mediador. Daí por que se 
dizer que a facilitação, a mediação e a conciliação são procedimentos não adversariais 
de solução de disputas, diferentemente dos processos adversariais, que são aqueles 
em que um terceiro decide quem está certo, a exemplo dos processos administrativos, 
judiciais ou arbitrais.
Nesses termos, o que se busca não é a verdade real, mas sim, a verdade para que as par-
tes satisfaçam as suas pretensões, não importando se os fatos se deram exatamente da maneira 
acordada. Objetiva-se o consenso e não descobrir um culpado pela origem do conflito. Nesses 
moldes, Spengler (2011, p. 215) destaca:
importante apreciar a forma como a busca e o culto pela verdade diferencia o trata-
mento dos litígios realizados por modelos heterocompositivos daqueles de caráter 
autocompositivo. Podemos trabalhar com a perspectiva de uma verdade consensual 
que se opõe à verdade processual, de uma responsabilidade que não desemboca em 
uma sanção, mas na possibilidade de escolha das partes, na ausência da figura do juiz, 
na presença do mediador – figura que guia as pessoas no tratamento do conflito sem, 
todavia, impor uma decisão.
Com base nesses argumentos é possível deduzir o caráter democrático do procedimento 
mediativo, porque ele rompe, “dissolve os marcos de referência da certeza determinados pelo 
conjunto normativo” (SPENGLER, 2011, p. 215). A mediação acolhe o conflito, possibilitando 
um tratamento que resulte na evolução social, apostando em uma estratégia partilhada.
Cahali (2011, p. 57), explica que 
pode soar estranho, até mesmo às partes, em um primeiro momento, submeter-se à 
mediação para, no final, consumido tempo e recursos, ainda ser necessário a solução 
adjudicada (por arbitragem ou processo judicial). Mas para os profissionais da área, e 
para aqueles que se submeteram ao procedimento, há o reconhecimento do efeito po-
sitivo da mediação, na inter-relação e na forma como o conflito será a partir de então 
conduzido. O “tratamento” gera no mínimo a conscientização das posições, a redução 
do desgaste emocional, o arrefecimento da animosidade, e o respeito às divergências. 
Dessa forma, é possível notar que a mediação não visa unicamente à estruturação de um 
acordo, cria-se uma expectativa em torno daquilo que será melhor para as partes, justificando-a 
35Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
como um processo de amadurecimento pessoal, que interfere diretamente na evolução da so-ciedade. 
Por ser baseada no consenso, a mediação pode, muitas vezes, ser confundida com a 
conciliação, pois, em ambas, há a presença de um terceiro (conciliador/mediador), de uma dis-
puta de interesses e de pelo menos dois participantes dispostos a tratarem seu conflito. Por isso, 
faz-se importante a análise do instituto da conciliação, para que não haja equívocos em relação 
às duas instituições. 
2.3 Conciliação
A conciliação é um mecanismo que busca “a harmonização entre os interesses diver-
gentes por um terceiro denominado conciliador, buscando um acordo satisfatório para as partes 
envolvidas” (NUNES; SALES, 2010, p. 218). É uma das maneiras mais rápidas de tratamento 
do conflito e objetiva auxiliar o Poder Judiciário para que se evite o início de um novo processo 
judicial. Para que isso seja possível, um terceiro intermediário, o conciliador, poderá interferir 
diretamente na decisão, ou seja, no acordo final, pois o que se pretende é o entendimento das 
partes independentemente da qualidade das soluções ou da interferência na interpretação das 
questões. O conciliador, além da aproximação das partes, poderá sugerir apontando vantagens 
e desvantagens, sempre com a intenção de resolver o conflito. 
No Brasil a conciliação é aceita e incentivada pelo ordenamento jurídico, podendo ser 
ela judicial ou extrajudicial. Como exemplo disso, está previsto no artigo 125 do Código de 
Processo Civil Brasileiro (1973) que o juiz poderá tentar conciliar as partes a qualquer tempo. 
Posto dessa forma, facilmente se presume que este é um caso de conciliação judicial/incidental, 
pois tem espaço no curso do processo, e, aliado a isso, tem-se o fato de que é realizada pelo ma-
gistrado. Em contraponto, é conveniente mencionar que a conciliação extrajudicial usualmente 
se dá em um momento anterior ao retratado, visto que ela busca evitar o início da demanda 
judicial. Assim, ressalta-se que, quando a conciliação ocorrer no decorrer da ação judicial ela 
poderá ser de caráter obrigatório ou facultativo, já se ela for extrajudicial, deverá ser voluntária 
(RODRIGUES JÚNIOR, 2006).
Considerando que na maioria das vezes a conciliação ocorre em um único encontro/
reunião, recomenda-se a sua utilização na resolução de problemas relacionados ao comércio, 
causas que lidam com valores e em casos de relações não continuadas, ocorrendo nesses mol-
des, uma vez que se objetiva um acordo e não o reestabelecimento da comunicação. Sobre esse 
aspecto Cahali (2011, p. 37) explica:
este método é mais adequado à solução de conflitos objetivos, nos quais as parte não 
tiveram convivência ou vínculo pessoal anterior, cujo encerramento se pretende. O 
conflito é circunstancial, sem perspectiva de gerar ou restabelecer uma relação con-
tinuada envolvendo as partes. Exemplos usuais de situações em que a conciliação é 
recomendada são: acidentes de trânsito e responsabilidade civil em geral; divergên-
36 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
cias comerciais entre consumidor e fornecedor do produto, entre clientes e prestadora 
de serviços, etc.
O acordo que se busca na conciliação se faz através do diálogo dos participantes, o con-
ciliador salienta aspectos objetivos do conflito, estimulando uma solução rápida e não exaustiva 
da questão. O conciliador pode ser membro do Poder Judiciário ou não. Pode ser uma pessoa 
que não se dedica integralmente ao cargo, pode ser uma ocupação temporária ou permanente, 
voluntária ou remunerada. Normalmente, a pessoa recebe treinamento, podendo também se 
espelhar na atividade do juiz. O conciliador tem um papel ativo, pois emite opiniões, aconse-
lhamentos e pode propor termos para solucionar o conflito, ele é um auxiliar da justiça, como 
um agente multiplicador da capacidade de trabalho do juiz.
Cabe destacar que o procedimento conciliatório
reduz o congestionamento dos juízos, educa a população a negociar por si própria suas 
disputas, aumenta a legitimidade do Poder Judiciário (pois, na maioria dos casos, a 
satisfação com o processo é superior à de outros procedimentos) e, por fim, intensifica 
a participação democrática popular naqueles casos em que o conciliador é escolhido 
entre a comunidade (BARBOSA, 2003, p. 253).
O instituto da conciliação também é classificado como autocompositivo, visto que é 
opção das partes aceitar ou não as sugestões do conciliador. Contudo, existem métodos alterna-
tivos mais conhecidos como heterocompositivos, nos quais a solução é imposta às partes, nesse 
viés, discutir-se-á acerca da arbitragem. 
2.4 Arbitragem
Como mecanismo mais semelhante ao Poder Judiciário, tem-se a arbitragem, uma ins-
tituição que tem sido uma opção aos litigantes por centenas de anos. Já era utilizada por mer-
cadores ingleses no século XIII, pois preferiam ter seu conflito resolvido de acordo com seus 
costumes do que com a lei pública. Além disso, a arbitragem comercial nos Estados Unidos 
antecede a Revolução Americana em Nova Iorque e em diversas outras colônias (GOLDBERG, 
SANDER, ROGERS e COLE, 2007). 
Trata-se de um procedimento voluntário e vinculante, as partes são livres para escolhe-
rem o terceiro que irá proferir a decisão, este possui conhecimento especializado no assunto do 
conflito e, aquilo que ele determinar deverá ser cumprido. 22 A arbitragem é menos formal que a 
adjudicação (procedimento tradicional), pois as regras podem ser estabelecidas e/ou eleitas pe-
las partes, permite espaço para a apresentação de provas e argumentos, que servirão como meio 
2 Existe autonomia de vontade, tanto para participar do procedimento, como para escolher o árbitro e as regras, por 
isso a sentença arbitral é definitiva. Afinal, houve a livre-iniciativa dos envolvidos em participar do procedimento.
37Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
de convencimento do árbitro (GOLDBERG, et al, 2007). “Porém, quando não existir acordo 
entre as partes sobre as regras que deverão orientar o procedimento de arbitragem o árbitro pode 
fazê-lo, ou então se aplica a legislação do estado que figura como local na arbitragem” (MO-
RAIS; SPENGLER, 2012, p. 234).
No Brasil, a arbitragem é disciplinada pela Lei 9.307/1996, pode-se dizer que é uma 
estratégia de tratamento das controvérsias que tem por referência o procedimento estatal.
São características desse instituto: a) a liberdade de contratação: significa que a arbitra-
gem é proveniente de acordo entre as partes. Dessa forma, elas são livres para definir o objeto 
do litígio e até podem estabelecer regulamentos, desde que esses não violem os bons costumes 
e a ordem pública; b) pode ser utilizada em controvérsias que envolvam direito patrimonial dis-
ponível, seja na área civil ou comercial; c) as partes podem escolher o árbitro e a ele é permitido 
disciplinar o procedimento, caso as partes não o tenham feito (MORAIS; SPENGLER, 2012). 
A liberdade de contratação se confunde com o princípio da autonomia de vontade, este 
preza ser fundamental à vontade dos interessados em estabelecer o método da arbitragem como 
sendo o mais apropriado para a resolução do conflito.
A autonomia da vontade no direito contratual concede às pessoas o poder de estabele-
cer livremente, através de declaração de vontade, como melhor lhes convier, a disci-
plina de seus interesses, gerando os efeitos reconhecidos e tutelados no ordenamento 
jurídico como opção, dentre outros aspectos, de contratar, ou deixar de contratar e 
negociar o conteúdo do contrato (CAHALI, 2011, p. 95). 
Contudo, importante referir que o legislador, no artigo 1˚ da Lei 9.307/1996, restringiu 
o campo de atuação da sistemática da arbitragem, sendo possível a sua utilização nos casos em 
que se tratar de direito patrimonial disponível. Tem-se que a autonomia de vontade e a liberdade 
de contratação se encontram vinculadas e limitadas pelo objeto do conflito, pois são livres para 
contratar dentro daquele universo de possibilidades delimitado em lei.Ainda assim, por meio da arbitragem, os participantes têm um tratamento mais célere e 
que apresenta maior qualidade. No que diz respeito à celeridade, Morais e Spengler (2012, p. 
223) explicam que: “por melhor que seja o órgão estatal competente para conhecer do conflito 
de interesse, o mesmo, salvo em raríssimas exceções, nunca será resolvido em seis meses”. O 
artigo 23 da Lei 9.307/1996 estabelece que “nada tendo sido convencionado, o prazo para a 
apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição da arbitragem ou da substitui-
ção do árbitro”. 
O artigo 13 da Lei 9.307/1996 estabelece que o árbitro pode ser qualquer pessoa capaz, 
que conte com a confiança das partes, além disso, existe a possibilidade da nomeação de mais 
de um árbitro, de preferência número ímpar. Nota-se que a figura do terceiro possui um papel 
fundamental no desenrolar do procedimento, porque nela está incumbida a tarefa de proferir a 
38 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
sentença arbitral, que possui os mesmos efeitos da sentença prolatada pelos órgãos do Poder 
Judiciário e, quando condenatória, constitui título executivo. A sentença arbitral é o pronun-
ciamento do árbitro ou tribunal arbitral para encerrar o procedimento. Assim como a sentença 
judicial, ela pode ser definitiva, decidindo o conflito, ou meramente terminativa, hipótese na 
qual é finalizada a arbitragem, mas a controvérsia persiste. 
De acordo com Scavone Júnior (2010), são deveres do árbitro: a) a imparcialidade, quer 
dizer que o árbitro não pode estar envolvido com as partes, o que não é o mesmo que neutrali-
dade, pois neutro é aquele que não toma partido e, por óbvio, o árbitro acabará tomando uma 
decisão que possivelmente beneficiará, na maior parte ou totalmente, uma das partes; b) a inde-
pendência significa que o árbitro conta com a confiança das partes, mas, deve manter-se equi-
distante de ambas; c) a competência, ou seja, o conhecimento acerca da matéria controvertida; 
d) a diligência, que é o zelo e o cuidado a ser empregado na hora de se buscar a solução arbitral; 
e) a discrição, deve-se manter sigilo sobre o assunto de que tem conhecimento em virtude da 
arbitragem.
Os autores Goldberg, Sander, Rogers e Cole (2007) elencam uma série de vantagens da 
arbitragem sobre a adjudicação: que a decisão será proferida por um especialista no assunto em 
debate; que da decisão arbitral não cabe recurso, tratando-se assim da decisão final, a privacida-
de e a informalidade do procedimento, os custos mais acessíveis e a celeridade que reveste esse 
processo. No entanto, não se pode deixar de observar uma série de princípios processuais que 
também devem ser aplicados na arbitragem: o princípio do contraditório e o da ampla defesa, 
visto que há apresentação de provas e argumentos; o princípio da igualdade de tratamento; o da 
imparcialidade e da independência; o da disponibilidade e, também, o do livre convencimento 
do julgador (MORAIS; SPENGLER, 2012). Para compreender melhor as diferenças entre a 
arbitragem e a adjudicação se faz imperativo abordar esse instituto. Uma vez realizadas essas 
observações, passar-se-á a uma breve exposição do que é e de como funciona adjudicação.
2.5 Adjudicação
A adjudicação é o sistema tradicional de justiça: o Poder Judiciário. Sendo assim, é 
involuntário, vinculante e a decisão pode ser alvo de recurso. Um terceiro neutro e imparcial 
(juiz) irá impor a sua sentença às partes litigantes. Esses atos acontecem em meio a uma es-
trutura formal que atende regras rígidas, havendo momentos específicos para apresentação de 
provas e argumentos. Ao contrário da arbitragem, é um procedimento público (GOLDBERG, et 
al, 2007). Ligados pelo conflito, os envolvidos esperam que o juiz lhes apresente uma solução, 
que declare quem tem mais direito, ou razão, ou seja, determine um vencedor e um perdedor e, 
sendo assim, a responsabilidade é transferida.
O sistema jurisdicional determina a aplicação do Direito ao caso concreto de forma 
impositiva, ele toma para si o monopólio da violência legítima. O propósito dessa sistemática é 
39Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
fazer com que se respeite uma justiça abstrata, mas que cumpre seu dever de preservar a segu-
rança afastando a vingança, racionalizando-a. Os litigantes transferem o seu poder de decisão 
para o Judiciário, esperando que um terceiro lhes diga quem é o possuidor dos direitos e vence-
dor da contenda (SPENGLER, 2010).
Tendo sido brevemente relatados os métodos considerados de maior repercussão no 
cenário jurídico nacional, far-se-á breve referência acerca de outras alternativas passíveis de 
utilização no Sistema Múltiplas Portas, quais sejam: o julgamento privado, a análise neutra dos 
fatos através de um perito, o mini-trial, o ombudsman, o summary jury trial e o med-arb ou 
arb-med.
2.6 Julgamento privado
Começando com o julgamento privado, introduz-se uma alternativa que é realizada vo-
luntariamente, com efeito vinculante às partes que a ela se submeterem, podendo a decisão 
decorrente desse mecanismo ser alvo de recurso. Os envolvidos selecionarão o terceiro julga-
dor, que pode ser tanto um juiz, como um advogado aposentado. Trata-se de um procedimento 
flexível quanto ao tempo e local dos atos, podendo ser apresentadas provas e argumentações. A 
decisão deverá ser fundamentada nos fatos e nas conclusões legais. Normalmente, o julgamento 
privado é de iniciativa das partes, ao menos que seja determinado judicialmente (GOLDBERG, 
et al, 2007). 
2.7 Análise neutra dos fatos através de um perito
Prontamente, apresenta-se a análise neutra dos fatos através de um perito: pode ser vo-
luntária ou involuntária. Nessa alternativa, um terceiro neutro e especialista no assunto, escolhi-
do pelas partes ou pelo magistrado, irá informalmente investigar aquilo que lhe for determinado 
e, ao final, apresentará um relatório/laudo ou um testemunho, que poderá ou não ser admitido 
(GOLDBERG, et al, 2007).
Trata-se de um mecanismo pouco difundido no Brasil. Contudo, seria muito eficaz nas 
pequenas causas, tendo em vista que o advogado, o juiz ou o promotor de justiça poderiam 
elaborar um pedido fundamentando a importância de uma avaliação ou parecer externo e, dessa 
forma, seria a demanda encaminhada para uma pessoa especializada no assunto: um avaliador 
neutro e experiente (OLIVEIRA; SPENLGER, 2013). Tendo uma noção prévia da matéria, 
estar-se-ia incentivando a realização de um acordo autocompositivo.
As primeiras experiências da avaliação neutra dos fatos por um terceiro, data do início 
de 1980, sendo resultado do trabalho de uma comissão que se propunha a pesquisar e apresentar 
soluções para os problemas relativos a custo e demora dos processos judiciais.
40 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
No caso desse mecanismo ser utilizado endoprocessualmente, isso quer dizer, no decor-
rer do processo, o que normalmente acontece é o chamamento das partes, para que elas fiquem 
diante do avaliador designado pelo juízo. Nessa oportunidade o avaliador combinará com as 
partes uma data, na qual elas deverão comparecer acompanhadas de seus advogados (CAL-
MON, 2008).
No encontro, o avaliador/perito explicará o funcionamento desse sistema, grifando suas 
vantagens e segurança. Num segundo momento, são expostos rapidamente os fatos e sua argu-
mentação jurídica, feito isso, pode o avaliador solicitar informações que considerar pertinentes. 
Ao fim, ele identifica as questões sobre as quais não há uma verdadeira controvérsia, para que 
haja a estimulação de um acordo entre os adversários (CALMON, 2008).
Não obtendo êxito na elaboração de um acordo, o avaliador/perito irá preparar um pa-
recer fundamentado, que não tenha caráter vinculante às partes, sobre o qual poderia ser, em 
sua opinião, a possível decisão do juiz no caso de prosseguimento do feito judicial (CALMON,2008).
É possível identificar nessa sistemática a ocorrência de uma análise especializada no 
assunto, o que proporciona um intercâmbio de informações entre as partes, possibilitando-lhes 
uma ideia acerca do mérito que tange o conflito.
2.8 Mini-trial
O mini-trial é procedimento voluntário no qual a obtenção de um acordo gerará um 
contrato entre os partícipes. O terceiro, eleito pelas partes, será um conselheiro e não precisa 
conhecer profundamente a matéria. É menos formal que a adjudicação, sendo as regras sele-
cionadas pelos conflitantes. De forma sumária poderão ser produzidas provas e argumentações, 
devendo o resultado ser mutualmente aceito e, usualmente, é realizado de maneira privada 
(GOLDBERG, et al, 2007).
Trata-se de um mecanismo que pode ser organizado de diversas maneiras, dependendo 
das necessidades das partes e do tipo de conflito. Além disso, é um método que permite a uti-
lização de outros para o tratamento do problema, sendo recomendado quando as partes forem 
empresas de grande porte (OLIVEIRA; SPENGLER, 2013).
Basicamente, o que se apresenta é um júri simulado, no qual é criado um espaço para a 
exposição dos interesses e argumentos que integram o caso. Essa técnica permite que o advoga-
do exponha ao adversário os pontos que são relevantes para o seu cliente, permitindo uma con-
versa direta sobre esses aspectos. A decisão resultante desse procedimento não será vinculante, 
serve para as partes terem uma noção acerca da problemática que lhes atingem, assim, poderão 
analisar de uma forma mais eficaz os elementos na hora de uma negociação (contrato).
41Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
2.9 Ombudsman
Outra alternativa é o ombudsman, também conhecida por ouvidor, sendo realizado de 
forma voluntária, um terceiro apontado pela instituição estatal exercerá informalmente um pa-
pel investigativo, o qual resultará em uma recomendação (GOLDBERG, et al, 2007). 
De acordo com Calmon (2008, p. 108),
o ouvidor não age apenas em face do poder público, mas constata-se sua presença em 
empresas e instituições privadas em geral, como órgãos de imprensa, universidades, 
hospitais etc. Normalmente, é nomeado para um tempo determinado, período em que 
goza de estabilidade sua atuação não está sujeita a superiores hierárquicos.
O conceito do ombudsman é proveniente dos países escandinavos, o ouvidor era um 
funcionário público encarregado de escutar as reclamações dos cidadãos, a fim de conduzir uma 
investigação/averiguação independente, com o escopo de corrigir possíveis abusos da adminis-
tração pública. Todavia, nos Estados Unidos essa personagem tem outra atribuição, o ombuds-
man é considerado um integrante neutro da sociedade, seu trabalho é aconselhar informalmente 
àqueles que busquem resolver disputas relacionadas com o trabalho.
2.10 Summary jury trial
Também se tem o summary jury trial, que voluntário ou não, seu efeito não se vincula 
às partes, entretanto, realizado um acordo, este será posto na forma contratual e deverá ser 
cumprido. Trata-se basicamente de um procedimento sumário diante do tribunal do júri. Apesar 
de possuir normas anteriormente estabelecidas, é menos formal que o sistema tradicional do 
Judiciário. Oportunamente são apresentadas evidências que servem para formar o veredicto a 
ser advertido como meio facilitador de um acordo. Normalmente é um procedimento público 
(GOLDBERG, et al, 2007).
Esse mecanismo é uma opção quando o caso em pauta for de alta complexidade, no qual 
o procedimento convencionalmente utilizado demandaria muito tempo, bem como um custo 
elevado. Pode-se reduzir o número de jurados e até dividi-los em dois grupos (júris distintos), 
proporcionando opiniões diferentes sobre a matéria.
“O júri sumário é uma adaptação do minijulgamento para os casos em que as partes 
querem a informação mais direta sobre a reação de um júri, já que podem receber a previsão 
de um consultor” (OLIVEIRA, SPENGLER, 2013, p. 96). Essa forma de julgamento pode ser 
presidida por um juiz ou um júri consultivo. Normalmente, os jurados são comunicados do seu 
papel consultivo depois do veredicto. Trata-se de uma técnica utilizada para encorajá-los a tra-
tar a tarefa que lhes é dada com maior seriedade.
42 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
2.11 Med-arb ou arb-med
Por fim, o med-arb ou arb-med, no qual as partes concordam em realizar a mediação ou 
arbitragem e, no caso do método escolhido não resultar em uma solução, passa-se à aplicação 
do outro procedimento ao conflito em questão. Ambos são mecanismos privados e deverão 
apresentar separadamente as funções do mediador e do árbitro e cada papel será desempenhado 
no momento cabível.33. 
No processo med-arb, a mediação é selecionada como o primeiro método, ocorrendo a 
falha da mediação, a pessoa do mediador funcionará como árbitro, emitindo uma decisão final e 
vinculante. Já no caso do arb-med, sucede o contrário: inicialmente é realizado o procedimento 
da arbitragem, “chegando-se à prolação da sen tença. O árbitro anuncia às partes que a sentença 
está pronta e inicia com as mesmas tratativas de mediação para que obte nha o acordo, antes da 
publicação da sentença” (OLIVEIRA; SPENGLER, 2013, p. 99).
Trata-se de um sistema escalonado, que proporciona maior segurança para os partici-
pantes, considerando, no caso do med-arb, que, não sendo frutífera a elaboração de um acordo, 
passa-se a resolver o problema através da arbitragem. Esse mesmo raciocínio é aplicável para 
o arb-med.
As “portas” abrem um leque de opções que podem ser utilizadas, permitindo o encami-
nhamento do problema à alternativa apropriada com o devido cuidado e atenção. E na busca 
de tratar os conflitos com zelo e prudência é que se acredita que a implementação do Sistema 
Múltiplas Portas no Brasil venha minimizar as desvantagens no Sistema Jurídico e proporcionar 
uma melhor qualidade no atendimento das demandas sociais.
CONCLUSÃO
Destaca-se o Fórum Múltiplas Portas como meio eficaz para o tratamento dos conflitos 
sociais. Através do Fórum Múltiplas Portas, a controvérsia é encaminhada para o método que 
melhor se ajuste para o seu tratamento, aumentando as chances de se encontrar uma solução 
viável para a problemática. Uma das “portas” é a adjudicação, ou seja, o caminho tradicional-
mente utilizado: o Poder Judiciário. No entanto, busca-se empregar as fórmulas conhecidas 
como “alternativas” antes da adjudicação, como métodos prévios de resolução dos conflitos, 
tentando-se evitar o início de mais um processo judicial. Nessa perspectiva, a mediação e a con-
ciliação prévias, bem como a negociação e a arbitragem44 seriam as estratégias que caminham 
no sentido de conscientizar a população, para que as pessoas venham a ter maior autonomia 
3 Importante destacar a necessidade da separação das funções do mediador e do árbitro, considerando que um 
único indivíduo irá exercer os dois papéis, pois cada instituto possui seus princípios e características e isso deve 
ser respeitado/preservado.
4 Apesar de se mencionar somente a mediação, conciliação, negociação e arbitragem, as demais alternativas 
expostas no decorrer do trabalho estão, implicitamente, incluídas. 
43Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
sobre os seus conflitos e problemas, evitando a recorrência ao Judiciário.
Entende-se que é possível a utilização dessa sistemática paralelamente ao Poder Judiciá-
rio, porém, é natural certa relutância face àquilo que é desconhecido. É fundamental manter-se 
aberto às possibilidades que se apresentam, especialmente quando o impacto na maneira de se 
avaliar e tratar as relações sociais pode ser tão profundo. A sociedade e os conflitos são entes di-
nâmicos e, sendo assim, o Direito precisa tentar acompanhar esse dinamismo. Nesse sentido, é 
interessante destacar o fato de que os métodos considerados informais acolhem o conflito, pois 
propiciamuma discussão acerca da disputa, e é a partir desse debate que se dá a evolução social.
Os procedimentos informais que foram aqui apresentados procuram fazer com que a 
decisão seja tomada de uma forma justa, atendendo às características de cada um dos institu-
tos. O Judiciário é importantíssimo e necessário, porém, não está conseguindo garantir para a 
população toda a eficiência que é esperada. Existem muitos conflitos e, por isso, existem vários 
métodos que podem vir a auxiliar o sistema Judiciário. Apesar de se tratar de alternativas infor-
mais55, elas, quando realizadas corretamente, garantem justiça. O excesso de burocracia e ritos, 
que fogem do conhecimento dos cidadãos, não é o que vai garantir uma justiça mais eficiente. 
A simplificação do Direito provoca a aproximação com o cidadão.
A necessidade social faz com que os instrumentos classificados como “alternativos” 
sejam mais valorizados. No entanto, essa rotulação não é condizente no viés técnico e histórico. 
Em primeiro lugar, por não ser a via jurisdicional a mais antiga forma de solucionar conflitos 
e, em segundo, porque os meios chamados alternativos não excluem o judicial. O que ocorre é 
uma complementação. 
O Fórum Múltiplas Portas não vem à tona simplesmente para “descongestionar” o Judi-
ciário abarrotado de processos. Ele é uma opção positiva de tratamento de controvérsias. Nesse 
aspecto, os conflitos podem ser considerados como negativos quando as partes não encontram 
uma solução satisfatória para o problema. Já quando administrados de forma condizente/ade-
quada, os envolvidos resolvem a dificuldade, estabelecendo uma situação de ganhos mútuos. 
Através da utilização de pensamentos criativos, provocadores de motivação, pode-se chegar a 
uma resposta, ou seja, em um contexto de cooperação entre os envolvidos, nasce a administra-
ção positiva do conflito. Essa noção da palavra conflito deve ser multiplicada, para que a so-
ciedade atinja uma consciência colaborativa em relação às diferenças de opinião. E assim, por 
meio de uma cultura vinda do consenso, espera-se tornar a vida em sociedade uma experiência 
mais enriquecedora.
REFERÊNCIAS
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processual. In: AZEVEDO, A. G. (Org.). Estudos em arbitragem, mediação e negociação. 
5 Classificadas dessa forma por não se tratarem do rito formal do Judiciário.
44 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Brasília: Grupos de Pesquisa, 2003. Disponível em: <http://vsites.unb.br/fd/gt/Volume2.pdf>. 
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2008.
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MORAIS, J. L. B.; SPENGLER, F. M. Mediação e arbitragem: alternativas à jurisdição! 3. 
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RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson. A prática da mediação e o acesso à justiça. Belo Hori-
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45Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
SPENGLER, Fabiana Marion. A busca pela verdade: uma necessidade nas práticas judiciais e 
uma possibilidade nas práticas comunicativas mediadas. In: SPENGLER, F. M.; LUCAS, D. 
C. Justiça restaurativa e mediação: políticas públicas no tratamento dos conflitos sociais. Ijuí: 
Editora Unijuí, 2011.
VASCONCELOS, Carlos Eduardo. Mediação de conflitos e práticas restaurativas. São Paulo: 
Método, 2008.
46 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A TRANSDISCIPLINARIDADE NA MEDIAÇÃO 
COMO FORMA DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS 
FAMILIARES
Francisco Ribeiro Lopes
Mestrando do Programa de Pós-Graduação - Mestrado em Direito, da Universidade de Santa Cruz do Sul; inte-
grante do grupo de estudos de “Políticas Públicas no Tratamento dos Conflitos”, liderado pela Dra. Fabiana Marion 
Spengler. Especialista em direito previdenciário pela Escola da Magistratura Federal-ESMAFE/POA; Membro da 
Academia de Letras e Artes Sepeense- ALAS.
Lilian Thais Konzen
Graduanda do décimo semestre do Curso de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul; Graduanda do terceiro 
semestre do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul; Bolsista PUIC vinculado ao projeto de 
pesquisa intitulado “Acesso à justiça, jurisdição (in)eficaz e mediação: a delimitação e a busca de outras estraté-
gias na resolução de conflitos”; integrante do grupo de estudos “Políticas Públicas no Tratamento dos Conflitos”, 
liderado pela Dra. Fabiana Marion Spengler.
 
INTRODUÇÃO
Na sociedade atual, o Poder Judiciário necessita de novos mecanismos para dar resposta 
à sociedade e a mediação e a psicologia possuem um papel fundamental para harmonizar os 
conflitantes.
Nesse contexto, é de extrema relevância mencionar que as partes antes de procurarem 
o Poder Judiciário, encontram-se envolvidas em acaloradas discussões, nas quais normalmente 
não existe o respeito, sendo prova disso os milhares de processos de separação e/ou divórcio 
que lotam as Varas de Família. Com isso, essas atitudes acabam gerando prejuízos tanto ma-
teriais como emocionais aos litigantes, o que dificulta ainda mais a manutenção dos vínculos.
Destacam-se os prejuízos emocionais acarretados com a manutenção da boa convivên-
cia entre os litigantes, o que é visível em especial nos casos que envolvem menores, nos quais 
é necessário agir com cautela para não causar danos irreversíveis aos interesses dos envolvidos 
no conjunto da relação conflituosa.
É com essa preocupação de resgatar o diálogo e o respeito entre os litigantes, que o 
Direito e a Psicologia somam-se para uma solução eficaz, sendo que a resolução de conflitos 
oferecidos pelo Poder Judiciário, não abrange as necessidades atuais dos conflitos familiares, 
pois a ausência de celeridade, de negociação e de diálogo ocasionam diversos transtornos aos 
abrangidos pelo certame, gerando insatisfação aos jurisdicionados que se percebem ilhados em 
47Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
processos infinitamente desgastantes.
Dessa forma, o grande desafio é romper esse paradigma de monopolização estatal, como 
forma de tratamento e deslinde de litígios. Surge assim a mediação como espécie da autocom-
posição, tendo por objetivo visualizar a paz conflitual e empregar o diálogo como principal 
ferramenta para a satisfação mútua, e,por corolário, a almejada celeridade do tratamento da 
resolução.
Imperioso ressaltar, que a mediação é um método eficaz e apto para a aplicação no tra-
tamento envolvendo conflitos familiares, havendo a necessidade de manutenção dos vínculos 
entre os litigantes e a constante busca pela rapidez, o que poderá ser alcançado através da apli-
cação do referido método de autocomposição, tendo como base o consenso e o diálogo entre as 
partes, sendo o mediador aquele que fornecerá subsídios ao deslinde processual, sem intervir na 
motivação e interesses dos litigantes.
Registra-se, que o presente estudo visa apontar os benefícios da aplicação da mediação 
nas relações familiares através da transdisciplinaridade, contudo, não tem o intento de esgotar a 
matéria correlacionada, a qual, diga-se, é servida de grande acervo doutrinário. 
Outrossim, destaca-se a necessidade de enaltecer o tema supracitado para um avanço na 
sociedade atual em face dos conflitos familiares, sendo que a sociedade atual carece e merece 
soluções que abarquem o todo e não singelas soluções que no passar dos anos ocasionarão no-
vamente conflitos pela falta de uma decisão mais ampla.
1 A APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE AUTOCOMPOSIÇÃO COMO MEIO ADE-
QUADO DE DESLINDE CONFLITUAL
Os conflitos familiares são sempre complicados, pois na grande maioria envolvem me-
nores e os desgastes emocionais são irreversíveis se não tratados a tempo, com isso, os métodos 
de autocomposição vêm como alternativa para o restabelecimento do respeito, diálogo e convi-
vência entre os envolvidos na retomada de suas vidas.
Destaca-se que os conflitos podem ser consensualmente solucionados pela autocompo-
sição, em suas diversas formas, quais sejam transação, submissão e renúncia. Assim, a solução 
do conflito é determinada pela vontade das partes, seja unilateralmente – no caso da submissão, 
em que uma das partes se submete à pretensão contrária, ainda que legítima sua resistência, 
como no reconhecimento jurídico do pedido no curso da lide processual (art. 269, II, do CPC) 
e ainda a renúncia, em que uma das partes abdica de seu direito – ou bilateralmente, no caso 
específico das formas de transação. Em todas as espécies autocompositivas não há decisão 
impositiva de um terceiro, o que condiz com um Estado Democrático de Direito, em que pese 
se for realizada a autocomposição no curso processual, haja o exercício da jurisdição, pois 
formalmente há uma sentença de mérito (art. 269, II, III e V, do CPC), embora o conflito tenha 
48 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
sido resolvido pelas partes.
Uma das espécies de transação é a negociação, uma transação bidirecional concebida 
para chegar a um acordo, em que as partes, sem a intervenção de terceiros, conseguem chegar a 
uma decisão que, em muitos momentos, não tem a dimensão dos problemas sancionados.
Imperioso destacar, que há outras duas formas de transação: a conciliação e a mediação, 
as quais têm em comum a interferência de um terceiro na busca da autocomposição e, por outro 
lado, diferem-se pela posição deste terceiro, isto é, na conciliação o terceiro intervém oferecen-
do soluções para a composição do conflito e na mediação o terceiro intermediário constrói um 
diálogo entre as partes para que elas resolvam por si o conflito. 
Com isso, é notório que em ambos os casos, o terceiro não impõe sua vontade, e sim 
facilita o diálogo, viabilizando o diálogo, com técnicas para a solução integral dos conflitos 
familiares em nossa sociedade.
Nesse contexto, a busca por formas de resolução sempre causou desgaste e muito tra-
balho aos envolvidos em conflitos das mais diversas espécies, haja vista que as divergências 
de opiniões são decorrentes da própria vivência em sociedade, sendo, desta forma, inerente à 
atividade humana (SILVA, 2008, p. 19).
Menciona-se ainda, que embora os conflitos sejam tratados como exceção, na atualidade 
surge uma cultura conflitual, onde, em diversas situações e nos variados graus de complexida-
de, busca-se o embate para o alcance de determinada pretensão, ou seja, o convívio em socie-
dade é uma tarefa difícil decorrente dessa cultura, na qual tudo se resolve de forma conflituosa.
Nessa toada, surge a necessidade de se levantar outros métodos resolutivos de conflitos, 
que com o objetivo de auxiliar o judiciário poderiam inclusive viabilizar novas formas, céleres 
e enriquecedoras, de se alcançarem os objetivos dos demandantes.
Silva e Leite (SILVA, 2008, p. 21) salientam em seu magistério que a desjudicialização 
da Justiça através de meios alternativos é uma das formas viáveis para solução de litígios, ci-
ta-se:
a adoção de meios alternativos de solução de litígios está associada a processos e 
movimentos de informalização e desjudicialização da justiça, à sua simplicidade e 
celeridade processual, através do recurso a meios informais para melhorar os procedi-
mentos judiciais e à transferência de competências para instâncias não judiciais, o que 
não leva ao enfraquecimento do Poder Judiciário.
[...]
 Sobre tais formas alternativas de resolução de conflitos tenho a dizer que elas podem 
existir paralelamente à forma tradicional.
Os autores mencionam que a indicada autocomposição, como forma resolutória de con-
flito, pode ocorrer tanto extrajudicial como judicialmente, o que vem ampliar sua aplicabilidade 
nos casos concretos, bem como fomentar sua aceitação na sociedade.
49Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Nesse sentido, os renomados autores Spengler e Morais (MORAIS; SPENGLER, 2008, 
p. 75) também defendem a aplicação dos métodos de autocomposição no objetivo de buscar 
novas alternativas, elucida-se:
esse novo modelo de composição dos conflitos possui base no direito fraterno, cen-
trado na criação de regras de compartilhamento e de convivência mútua que vão além 
dos litígios judiciais, determinando formas de inclusão de proteção dos direitos fun-
damentais. Existem outros mecanismos de tratamento das demandas, podendo-se citar 
a conciliação, a arbitragem e a mediação. Trata-se de elementos que possuem como 
ponto comum o fato de serem diferentes, porém não estranhos ao Judiciário, operan-
do na busca da “face” perdida dos litigantes numa relação de cooperação pactuada e 
convencionada, definindo uma “justiça de proximidade e, sobretudo, uma filosofia de 
justiça do tipo restaurativa que envolve modelos de composição e gestão do conflito 
menos autoritariamente decisórios”.
Os autores (MORAIS; SPENGLER, 2008, p. 77), a fim de agregar fundamentos à me-
todologia da autocomposição, destacam:
em termos organizacionais, o Poder Judiciário foi estruturado para atuar sob a égide 
dos códigos, cujos prazos e ritos são incompatíveis com a multiplicidade de lógicas, 
procedimentos decisórios, ritmos e horizontes temporais hoje presentes na economia 
globalizada. Nestes termos, o tempo do processo judicial é o tempo diferido.
[...]
nesse contexto, demonstrada a incapacidade do Estado de monopolizar esse processo, 
tendem a se desenvolver procedimentos jurisdicionais alternativos, como a arbitra-
gem, a mediação, a conciliação e a negociação, almejando alcançar celeridade, infor-
malização e pragmaticidade. 
Registra-se, ainda, que é equivocado o pensamento de que o Estado-juíz deve mono-
polizar a solução dos litígios, haja vista que deve ser depositada uma dose de confiança nos 
cidadãos para que resolvam, por si próprios, as suas incongruências. No estado democrático a 
efetivação da cidadania é extremamente importante e deve ser estimulada pelos entes estatais 
para proporcionar a liberdade e o enriquecimento cultural até então sombreados pela tutela ju-
risdicional exclusiva do Poder Judiciário (SILVA, 2008, p. 17-38).
A autocomposição tem o escopo de possibilitar uma forma alternativa aos jurisdicio-
nados inviabilizados pelo engarrafado sistema judiciário, bem como, inclusive, traz muitos 
benefíciosaté então impossibilitados pelo excesso de formalismo jurisdicional, o que, diga-se 
aqui, não se trata de posicionamento contrário, já que, em sua maioria, tais formalidades são 
necessárias.
Pincelada a necessidade da utilização de novas formas resolutivas de conflitos, dar-se-á 
enfoque na mediação, a fim de analisá-la, bem como caracterizá-la como apta ao auxílio para o 
Poder Judiciário.
50 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
2 A MEDIAÇÃO COMO MEIO ADEQUADO DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS FA-
MILIARES
O instituto da mediação mostra-se como um meio não adversarial de solução de con-
flitos, que visa possibilitar o diálogo, havendo uma conduta de valorização de todas as partes 
envolvidas no litígio, ou seja, vai ao encontro do direito de família contemporâneo que permite 
a incidência dos princípios fundamentais nas relações familiares admitindo uma readequação 
dos envolvidos através da situação narrada pelas partes.
Conforme Vasconcelos (2008), há modelos diferentes de mediação, um focado no acor-
do e outro focado na relação. No caso de conflitos familiares, que ocorrem entre pessoas que 
mantêm relações permanentes ou continuadas, a mediação focada na relação obtém melhores 
resultados. A sua natureza transformativa supõe uma mudança de atitude em relação ao conflito, 
vez que se busca capacitar os mediandos em suas narrativas, identificar as expectativas, os reais 
interesses, necessidades, construir o reconhecimento, verificar as opções e levantar os dados de 
realidade, com vistas, primeiramente, à transformação do conflito ou à restauração da relação e, 
só depois, à construção de algum acordo.
Os conflitos familiares que transparecem sentimentos como: hostilidade, vingança, de-
pressão, ansiedade, arrependimento, ódio, mágoa, medo, dificultam o relacionamento e a co-
municação entre as partes.
Nesse momento, durante uma crise, os parentes não conseguem conversar de forma 
ordenada e pacífica para resolver suas controvérsias. Assim, a mediação familiar incentiva a co-
municação entre as partes, responsabilizando-as pela formação de uma nova relação baseada na 
mútua compreensão, respeito e diálogo para tentar proporcionar uma reflexão sobre o conflito 
e as possibilidades de solucionar aquela insatisfação familiar.
A mediação, sobretudo a familiar, objetiva pôr fim ao conflito real, e não ao aparente, 
pois assim estará sendo solucionado o verdadeiro problema. Deste modo, a mediação propõe 
um trabalho de desconstrução do conflito, fazendo com que os mediados encontram as reais 
motivações de suas disputas e as solucionem de forma pacífica e respeitosa.
Além disso, a mediação busca a valorização do ser humano e a igualdade entre as partes. 
Portanto, nos conflitos familiares, que muitas vezes são marcadas pela desigualdade entre ho-
mens e mulheres, a mediação promove o equilíbrio entre os gêneros, na medida em que ambos 
possuem as mesmas oportunidades dentro do procedimento.
Assim, a mediação não deve ser concebida somente sob o enfoque da solução de con-
flitos, e sim da construção de uma cultura de paz. Isso porque tal método autocompositivo 
mostra-se como instrumento de distribuição de justiça com afeto (GONÇALVES, 2011, p.17) e 
de concretização de valores fundamentais à pessoa humana. Assim, a mediação acolhida como 
princípio dá vida aos direitos (BARBOSA, 2008, p. 22).
O princípio de proteção da dignidade da pessoa humana é fundamento do Estado Demo-
51Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
crático de Direito e está insculpido no artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal. Com isso, 
menciona-se que o princípio supracitado é um superprincípio que deve ser analisado a partir da 
realidade do ser humano em seu contexto social (TARTUCE, 2011, p. 986).
Tal princípio fundamenta também todos os valores do homem internacionalmente reco-
nhecidos, os quais são privilegiados pelo princípio da mediação, isto é, capacita o ente familiar 
à conquista da liberdade interna e à igualdade, propiciando a manutenção da relação afetiva.
Destaca-se que a mediação é opção apta para o alternativismo dos refugiados do judici-
ário, em razão de viabilizar um procedimento diferenciado e com proposta de trazer inúmeros 
benefícios como corolário. Conforme aponta Verônica A. da Motta Cezar-Ferreira (CEZAR-
-FERREIRA, 2007, p. 158):
a mediação é uma prática não terapêutica que vem sendo largamente difundida, mun-
dialmente, e obtendo bons resultados, sobretudo em culturas de tradição comunitária, 
nas quais as comunidades, há tempos, cultivam o hábito de tentar resolver os próprios 
problemas, antes de entregá-los às autoridades competentes. É o caso de certos Esta-
dos americanos e países da Europa. 
A doutrina ainda prossegue com conceituações esclarecedoras da dinâmica oferecida 
pela mediação, a qual, através do diálogo e do bom senso, proporciona aos litigantes vias de re-
solução enraizadas na maturidade e no crescimento pessoal, pois, ao que se percebe, os ganhos 
são mútuos, sem o enquadramento de ganhador e perdedor previstos no procedimento judicial 
comum.
Tal expressão de autocomposição é baseada no diálogo entre os ligantes, os quais, en-
volvidos em tumultuada situação de atrito material e/ou emocional, são estimulados e conscien-
tizados das vantagens da escolha por um modo pacífico e maduro de deslinde processual. Desta 
forma, a mediação possui vários objetivos, como bem assevera Sales (SALES, 2007, p. 33-34):
a mediação possui vários objetivos, dentre os quais se destacam a solução dos confli-
tos (boa administração do conflito), a prevenção da má administração de conflitos, a 
inclusão social (conscientização de direitos, acesso à justiça) e a paz social. (Grifado 
original)
A doutrina é didática ao trazer à baila a sua conceituação e procedimento, dizendo que 
“A mediação não radicaliza e procura aproveitar cada oportunidade aberta pelo discurso das 
partes, para favorecer e estimular o diálogo inexistente ou comprometido” (LEITE, 2008, p. 
132). 
Visualiza-se que muitas vezes os litigantes não conseguem, através da simples nego-
ciação, direcionar a discussão para o seu deslinde, sendo que então surge a figura do terceiro 
mediador, o qual se torna necessário para o auxílio no direcionamento dos envolvidos (SILVA, 
2008, p. 17-38). Assim, sua função é de aproximação dos litigantes, procurando flexibilizá-los 
52 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
ao deslinde.
A imparcialidade deste auxiliador é indispensável ao bom desenrolar do procedimento, 
haja vista que, caso contrário, poderá ir de encontro ao escopo desejado. Assim, nas palavras de 
Cezar-Ferreira (CEZAR-FERREIRA, 2007, p. 165): “Ele realmente precisará manter-se equi-
distante dos interesses e necessidades dos mediados, sob risco de não poder ajudá-los”.
Nesse sistema de resolução, a iniciativa das partes acaba deslocando para si a respon-
sabilidade de encontrar o deslinde ao caso concreto, forçando (somente no uso expressivo da 
palavra) os litigantes a manter uma boa relação, diferentemente do quadro anteriormente visto, 
no qual se enxerga uma verdadeira guerra judiciária.
No modelo tradicional de solução de conflitos – Poder Judiciário -, existem partes 
antagônicas, lados opostos, disputas, petição inicial, contestação, réu, enfim, inúme-
ras formas de ver o conflito como uma disputa em que um ganha e o outro perde. Na 
mediação a proposta é fazer com que os dois ganhem – ganha-ganha. Para se alcançar 
esse sentimento de satisfação mútua, é necessário se discutirem bastante os interesses, 
permitindo que se encontrem pontos de convergência, dentre as divergências relatadas 
(SALES, 2007, p. 26).
Outrossim, há casos específicos em que a mediação é apontada como forma mais eficaz 
para a busca do deslinde conflitual, nestes casos então deverá ser severamente incentivada. 
Assim, dentre as situações a que merecem destaque o procedimentoda mediação, menciona-se 
os conflitos familiares, haja vista que, em sua maioria, necessitam os litigantes manter o rela-
cionamento saudável e harmonioso.
A mediação, por suas peculiaridades, torna-se um meio de solução adequado a con-
flitos que envolvam relações continuadas, ou seja, relações que são mantidas apesar 
do problema vivenciado. Ressalta-se, também, que os conflitos que tratam de sen-
timentos e situações, fruto de um relacionamento – mágoas, frustrações, traições, 
amor, ódio, raiva – revelam-se adequadas à mediação. Isso porque, é nesses tipos 
de conflitos que se encontram as maiores dificuldades para o diálogo, em virtude da 
intensidade dos sentimentos. Na mediação, há um cuidado, por parte do mediador, de 
facilitar esse diálogo entre as partes, de maneira a permitir a comunicação pacífica e a 
discussão efetiva dos conflitos (SALES, 2007, p. 24-25).
Assim, dada a importância do saudável tratamento dos conflitos envolvendo questões 
familiares, nas quais, por suas consequências, deve-se visar à manutenção do bom relaciona-
mento entre os envolvidos, faz-se necessário analisar a viabilidade da aplicação do referido 
instituto nas situações mencionadas.
53Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
4 A MEDIAÇÃO FAMILIAR A PARTIR DE UMA VISÃO PSICOJURÍDICA 
É relevante o pressuposto interacional de que todo litígio envolve um problema de re-
lacionamento ou acaba por desembocar em dificuldade relacional, ao se discutirem questões 
aparentemente objetivas (CEZAR-FERREIRA, 2007, p. 162).
Para algumas pessoas, a participação em um ritual jurídico pode significar um desafio 
psicológico. O juiz representa um poder e é a figura a quem as partes delegam a responsabili-
dade pelos resultados. Tal decisão não pertence às partes, mas ao julgador, corpo de jurados, 
peritos e assistentes técnicos, enfim, quem participa direta ou indiretamente do resultado. Na 
visão psicanalítica, pode-se equivaler esse poder ao superego11. Nos casos decididos nas vias 
tradicionais do Judiciário, a decisão pode ser insatisfatória, porém, há o ganho secundário de ter 
sido cuidado por alguém maior. O mecanismo de defesa de projeção22 pode estar presente, com 
transferência de culpa a outras figuras pela decisão (MESSA, 2010, p. 82-83). 
A maior dificuldade na solução das causas de família está em que os conflitos emo-
cionais/relacionais entre os litigantes, frequentemente, dão substrato à disputa. Os conflitos 
emocionais não elaborados da dupla parental tendem a comandar a ação (CEZAR-FERREIRA, 
2007, p. 118). 
A sistemática judicial, da forma como se desenrola, gera por si própria um sistema de 
ataques mútuos, em função da necessidade de se produzir provas, concretizar argumentos satis-
fatórios ao convencimento e, muitas vezes, eliminar os interesses da parte contrária.
Em se tratando de Direito de Família, o processo não deve se limitar à ideia do ga-
nha–perde presente na grande maioria dos processos judiciais e na própria mentalidade dos 
litigantes. Nas palavras de Leite (LEITE, 2008, p. 106) “o ser humano é o ator e autor principal, 
ressaltando ainda mais, a busca de soluções que evitem, a qualquer custo, a figura do ‘vencedor’ 
e a do ‘perdedor’, da vítima e do algoz”.
As pessoas recorrem ao judiciário na busca da formalização de situações que materiali-
zam a ruptura do relacionamento já acontecido, e na maioria das vezes ainda não realizado, no 
plano psicológico (ROVINSKI; CRUZ orgs. 2009, p. 238). Assim, a figura da mediação surge 
como alternativa para a melhor solução daqueles conflitos que geram desgaste emocional, o 
1 Na psicologia freudiana, o superego, ou “super eu”, representa os aspectos morais e ideias da personalidade, 
sendo guiado pelos princípios moralista e idealista, em oposição a princípio do prazer do id e ao princípio de 
realidade do ego. O superego desenvolve-se a partir do ego e, como este, não tem energia própria. No entanto, 
o superego distingue-se do ego em um aspecto importante: ele não tem contato com o mundo externo e, assim, 
apresenta demandas irreais de perfeição. O superego tem dois subsistemas, a consciência e o ego-ideal. Freud 
não distinguiu claramente as duas funções, mas, em geral, a consciência resultaria de experiências associadas 
a castigos por comportamentos inadequados e nos revelaria o que não deveríamos fazer, enquanto o ego-ideal 
desenvolve-se a partir de experiências com recompensas aos comportamentos adequados e nos afirmaria aquilo 
que deveríamos fazer. (grifado original) (FEIST; FEIST, 2008, p. 30).
2 Quando um impulso interno produz muita ansiedade, o ego pode reduzir esta ansiedade ao atribuir o impulso 
indesejado a um objeto externo, geralmente outra pessoa. Este é o mecanismo de defesa da projeção, que pode 
ser definido como perceber em outros sentimentos ou tendências inaceitáveis que, na verdade, residem no próprio 
inconsciente do individuo. (grifado original) (FEIST; FEIST, 2008, p. 37).
54 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
que acontece em especial nas Varas da Família. A mediação, nas palavras de Cezar-Ferreira 
(CEZAR-FERREIRA, 2007, p.164):
 
é menos dispendiosa e menos desgastante, emocionalmente. Na família, as pessoas é 
que tomam as decisões sobre o seu futuro e dos dependentes. Elas é que estabelecem 
as normas que regerão a vida dos filhos, dividem o patrimônio e resolvem o que é mais 
justo a respeito das próprias necessidades. 
Na mediação, as pessoas são levadas a agir cooperativamente, diante de opções rea-
listas, e não a fazer acusações desmedidas ou pleitos baseados unicamente em seu 
posicionamento pessoal. 
A mediação favorece a flexibilidade e a criatividade. Além disso, é efetivamente pri-
vada, de modo que o casal não precisa levar aos autos do processo os problemas do 
casamento. Só leva as soluções.
A mediação, portanto, mostra-se importante forma de deslinde processual, cuja apli-
cação deve ser estimulada em especial nos casos familiares, posto que viabiliza a boa relação 
dos conflitantes, o que é raramente possível no processo judicial comum, haja vista que este 
se limita a estabelecer a razão legal, sem adentrar nas questões pessoais e de cunho emocional 
comumente extraviadas pelo término e pelo desgaste do relacionamento. O escopo primordial 
é resolver os conflitos inerentes à ordem pessoal, evitando assim que a situação se prolongue 
no tempo. 
O trunfo da mediação é a restauração do diálogo e da comunicação, alcançando sua 
pacificação duradoura.
[...] É muito utilizada em processos de família, principalmente nos de separação e 
divórcio.
A mediação, além do acordo, visa também à melhoria da relação entre as partes en-
volvidas. Uma parte poderia, por exemplo, se sentir aliviada, satisfeita ou reconheci-
da, tanto pela sua condição, quanto pela condição da outra parte. Isso permitira uma 
maior empatia e, consequentemente, maior facilidade na reconstrução das relações 
humanas. (Grifado original) (SILVA, 2008, p. 25).
Em termos psicológicos, a mediação promove o deslocamento de emoções negativas 
para positivas, concentrando-se nelas, focalizando o bom, negociando para construí-
-lo com base no sucesso das ações relacionadas com essas emoções. Distingue-se pelo 
foco na importância da relação interpessoal, por deslocar a figura da queixa, ou seja, 
os mediandos podem identificar outros interesses, exercitando suas características de 
personalidade de independência e autocontrole, pela neutralização do poder de uma 
parte sobre a outra e possível sentimento de paz interior e tranquilidade ao final de 
uma sessão bem-sucedida. Deve-se evitar, portanto, que o atendimento tenha um ca-
ráter terapêutico, sem garantir a resolução dos acordos necessários ao fim do conflito, 
buscando uma conduta pautada na ética (MESSA, 2010, p 84).
É importante frisar que a viabilização da mediação está ligada à maturidade das partes 
em lidar com a situação abstrata, pois caso não haja apercepção da importância da manutenção 
dos vínculos estabelecidos até então, não restará outra alternativa a não ser o acionamento do 
55Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Judiciário. Nas palavras de Leite (LEITE, 2008, p. 107):
quando as partes não se submetem à solução apontada, ou quando por meio dela não 
se atingem os resultados esperados, ou mesmo quando as partes exigem o formalismo 
de uma sentença que os acautele de eventuais litígios futuros, não há a menor dúvida 
que a solução judicial é a mais acertada.
Quando, entretanto, o conflito ainda não se manifestou em toda sua amplitude, ou 
quando as próprias partes manifestam suficiente maturidade para encontrar uma solu-
ção, aí se revela importante a mediação que, paralela ao processo judicial, representa 
um papel decisivo ao lado de outros métodos de solução de disputas.
A experiência do diálogo no processo de mediação do divórcio é relatada pelos partici-
pantes como um momento de retomada da vida, anteriormente paralisada pela crise estabeleci-
da durante a ruptura do vinculo conjugal. (RONVINSKI; CRUZ orgs, 2009, p. 245). 
Quando se permite às partes externarem suas emoções e exporem seus reais interesses, 
o aspecto psicológico do conflito é explorado e considerado (MESSA, 2010, p. 82). O Tribunal 
de Justiça do Rio Grande do Sul tem obtido boas experiências ao proporcionar a mediação a 
muitos casais que buscam o divórcio. 
O trabalho do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, com Mediação do Divórcio, 
tem proporcionado a convivência com a realidade de muitos casais que buscam a con-
cretização da ruptura da relação conjugal através das ações de separação e divórcio. 
As diferentes modalidades de separação destes casais revelam em si uma história que 
se inicia com a escolha do parceiro, perpetua-se durante a vida em comum e persiste 
nos temas que envolvem a separação. (RONVINSKI; CRUZ orgs, 2009, p. 236).
Registra-se novamente, e com intuito fixador, que a figura do mediador é de salutar 
importância, pois este, que deverá ser dotado de conhecimento e treinamento técnico para for-
mas resolutivas de conflitos, proporcionará a aproximação das partes, procurará identificar os 
pontos controvertidos e viabilizar o acordo, mas abstendo-se de sugestões (SILVA, 2008, p. 25). 
Desta forma, o rechaço à traumatização é mais concreto, pois com o tato do referido profissio-
nal buscar-se-á o que até então não é possível visualizar nas decisões expostas nos procedimen-
tos jurisdicionais comuns.
O mediador familiar, em especial, vai facilitar aos oponentes confrontar seus pontos 
de vista quanto às questões familiares ajudando-as a discriminar seus interesses e ne-
cessidades e a se voltarem para o encontro de soluções que os ajudem a dissolver os 
conflitos interpessoais e a dirigir sua vida e de sua família, de forma adequada e sau-
dável daí pra frente. As dificuldades decorrentes da separação são de ordem familiar 
(CEZAR-FERREIRA, 2007, P. 165). 
Breitman e Porto (2001) preceituam que o mediador, e mais especificamente, o me-
diador familiar, devem conhecer as intrincadas relações interpessoais; possuir habili-
dades em gerenciamento de conflitos e negociação e ter noções de Direito de Famí-
lia. Devem ainda, aduzem Haynes e Marodin (1996), ser percebido pelos mediandos 
56 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
como um terceiro equilibrado, imparcial e que pode auxiliar na criação e no desenvol-
vimento de alternativas para a solução de seus problemas, além de ser o administrador 
do processo de mediação (RONVINSKI; CRUZ orgs, 2009, p. 223). 
A título exegético pode-se trazer à baila a questão do divórcio, talvez o mais propício 
para exemplificação, no qual se desbravam grandes desafios, tanto materiais quanto emocionais. 
A mediação do divórcio, de uma maneira geral, tem avançado como um modelo de 
encaminhamento de resolução de conflitos judiciais, mais breve e com menor custo 
emocional para as famílias, no qual o mediador se coloca no papel de facilitador de um 
ambiente propício à construção de um entendimento viável, que atenda a necessidade 
fundamental de cada pessoa envolvida. Neste contexto, é consenso, nos diferentes 
modelos de intervenção em mediação, a necessidade de uma postura de acolhimento 
às diferenças, de facilitação da comunicação e da utilização de recursos que propiciem 
uma diversidade de soluções (RONVINSKI; CRUZ orgs, 2009, p. 236). 
Para desenvolver este trabalho é preciso entender que o vínculo conjugal não é regu-
lado apenas por regras fixas, estabelecidas pela cultura, pela moral, pela sociedade ou 
pela lei jurídica, mas se constrói também na relação que se estabelece entre os par-
ceiros, dando origem a um modelo, que se traduz em normas válidas para aquele par. 
Toda relação possui um contrato não escrito, sob o qual são estabelecidas as normas 
que irão conduzir esta união, e que trazem em si aspectos de reciprocidade e comple-
mentaridade das necessidades, dos desejos, anseios e medos que fazem parte da vida 
a dois. (RONVINSKI; CRUZ orgs, 2009, p. 236-237). 
Quanto à importância do advogado na resolução de conflitos familiares direcionados 
à mediação, considera-se errôneo o entendimento de que tal instituto veio roubar o espaço do 
referido profissional. Ao contrário, o advogado faz-se importante na solução do conflito, em 
especial o advogado familiarista, quando este se faz apto a manejar o processo de mediação, 
atuando em parceria com profissionais de outras áreas, tais como a psicologia e a assistência so-
cial, de forma a comediar o processo, não se limitando à mera orientação profissional legal, mas 
sim adentrando nos casos e nas suas consequências, subjetivando o atendimento. Nas palavras 
de Cezar-Ferreira (CEZAR-FERREIRA, 2007, p. 162-163):
no caso do Direito de Família, em especial, área jurídica em que as dificuldades emo-
cionais tendem a exacerbar-se, os terapeutas familiares e os advogados familiaristas 
terão muito a oferecer, uma vez que sejam capacitados como mediadores familiares. 
Nessa área, a comediação apresentasse como instrumento desejável, e o mediador, 
terapeuta familiar, indispensável ao processo. 
Seguindo o raciocínio da atuação conjunta no processo de mediação de variadas áreas 
do conhecimento, interessante registrar a importante contribuição da ciência da Psicologia, 
considerando a questão terapêutica que se desenvolve na mediação, não como o objetivo prin-
cipal do processo, mas como consequência do mesmo, vindo a atuar de forma complementar.
57Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A proposta de Fonkert (1999) é na direção que, em geral, uma transformação terapêu-
tica faz parte do processo de mediação. Essa autora, numa visão integradora e de base 
“sistêmica construcionista social” (p.169), sustenta que terapia e mediação, apesar das 
singularidades e indicações específicas, podem ser complementares e que há situações 
nas quais ambos os processos trazem benefício. Contudo, especificamente em relação 
ao ofício do mediador, a autora refere que ele é mais ativo do que o terapeuta: levanta 
informações, esclarece, define e organiza a situação, busca um diálogo mais colabora-
tivo, estrutura as sessões, gerencia o conflito, focaliza os temas, auxilia na redação do 
acordo. A autora sustenta que o mediador também não é responsável pela melhoria da 
saúde emocional, apesar de a mediação ser menos estressante do que as intervenções 
competitivas de resolução de conflitos, o que gera menos ansiedade nos participantes. 
Um ponto que ressalta: quando os afetos aparecem nas sessões de mediação eles de-
vem ser identificados, esclarecidos e levados em consideração, apesar de não serem o 
principal objeto da mediação, que possui temas, metas e tempo limitados e enfatiza o 
presente (RONVINSKI; CRUZ orgs, 2009, p. 222).
Ressalta-se que a mediação visa auxiliar a questão social dosconflitos, mormente, como 
é o escopo no presente trabalho, nos casos familiares, haja vista o necessário cuidado para o 
rechaço de problemas futuros que inviabilizem pontos de extrema importância em uma família 
pós-ruptura. 
A mediação, no campo judicial da família, não deve ser vista como panacéia dos 
tempos modernos nem como solução para todos os problemas da área de família, - até 
porque nem todos os conflitos são mediáveis [...] – mas como uma prática promis-
sora, como mais um meio de a rede social promover apoio aos membros da família 
em crise. [...] é necessário um trabalho profilático da saúde da família, nos casos de 
separação, sobretudo em prol dos filhos, e a mediação pode fazer parte das várias 
possibilidades (CEZAR-FERREIRA, 2007, p. 164).
Trabalhada a importância da mediação em questões inerentes a aspectos familiares, a 
qual engloba os divórcios, as separações, as guardas, as visitações, as pensões, e outras formas 
ligadas à magnitude desta questão, percebe-se que tal ferramenta de resolução alternativa de 
conflitos é de suma importância, tendo-se por base as propostas de atendimento a ambos os 
interesses das partes, bem como a busca pela harmonia e convivência dos litigantes na fase de 
pós-ruptura da relação familiar.
CONCLUSÃO
Os conflitos familiares, como exposto no decorrer do presente trabalho, merecem espe-
cial atenção dos profissionais e instituições atuantes na área da resolução de conflitos, sendo a 
transdisciplinaridade uma forma de resolver os conflitos da sociedade moderna que necessita de 
um acompanhamento mais específico do que o meio disponibilizado pelo Poder Judiciário, isto 
é, a forma tradicional não consegue sanar os problemas de forma célere e técnica.
Deve haver um cuidado relacionado às consequências do procedimento de resolução de 
58 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
conflitos a ser adotado pelos litigantes, bem como a forma através do qual este irá se desenro-
lar, haja vista que um dos objetivos é manter a paz social entre os envolvidos, os quais deverão 
manter a harmonia e o respeito mesmo após a ruptura do relacionamento.
O instituto da mediação apresenta, portanto, uma proposta diretamente ligada aos inte-
resses acima referidos, já que busca a resolução dos embates através de um diálogo direcionado 
e acompanhado por profissionais capacitados, os quais deverão apresentar toda a estrutura para 
auxiliar na busca do deslinde. Registra-se que esse auxílio não é intervencionista, não almejan-
do a intromissão do mediador no escopo das partes, pois sua função primordial é proporcionar 
os meios para que estas consigam por si próprias entrar em um acordo que atenda aos interesses 
de ambas, bem como de terceiros diretamente relacionados ao conflito.
As formas de justiça alternativa visam auxiliar o bem-estar dos litigantes, bem como 
subsidiar o Poder Judiciário ante o seu quadro de asfixia e que, de vários pontos de vista, não é 
o mais aconselhável para conflitos de cunho sentimental e emocional, em razão das inúmeras 
consequências negativas e exigências para a sua efetivação. Desta forma, não se almeja retirar 
a competência do Judiciário, mas tão somente viabilizar o acesso célere, econômico e efetivo à 
justiça em casos em que é exigido um tato mais específico para a resolução. 
Salienta-se também que o presente escopo não é desacreditar e surrupiar a função do 
Judiciário, uma vez que é incontestável seu funcionamento no exercício da manutenção e da 
ordem para subsidiar o pleno funcionamento do Estado de Direito, mas indicar a importância do 
método adequado da mediação como forma eficaz. Ainda, gize-se que há inúmeros outros con-
flitos em que se faz necessário o tratamento jurisdicional, para os quais, inclusive, conseguirá 
dedicar-se com maior amplitude.
Assim, a mediação é método de excelentíssima capacidade para dirimir tais conflitos 
que exigem tamanho cuidado, haja vista que o diálogo direcionado e bem instruído é mais efi-
caz para uma visão de manutenção do respeito e da boa convivência.
Neste ponto, o mediador ou determinado órgão responsável a tal procedimento, com os 
mecanismos adequados ao eficaz entendimento e ponderação dos objetivos da mediação, auxi-
liará (sem intervir) nas mais diversas situações em que se deve dedicar com cautela, viabilizan-
do a autocomposição e afastando os empecilhos do sistema jurisdicional comum que prendem 
ao formalismo, bem como a batalha entre os conflitantes.
Almejando uma forma didática e ilustrativa, imagine-se o enorme número de prejuízos 
evitados com a efetivação desta forma dissolutiva de conflitos, como relações duradoras de pais 
e filhos antes embaraçados por rancor e mágoas ancoradas no passado; um divórcio conturba-
do que poderia ter uma boa pós-ruptura se os envolvidos tivessem o devido direcionamento à 
maturidade; a questão de majoração de pensão alimentícia poderia ser facilmente deferida se os 
litigantes realmente ponderassem o quão importante é a filtragem de seus esforços, inclusive os 
materiais, para a boa educação de seus filhos. 
59Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
É neste ponto que a interdisciplinaridade psicojurídica se faz tão importante. Para que 
as soluções acima descritas sejam deveras efetivadas é de suma necessidade que o processo de 
mediação seja realizado por uma equipe composta por profissionais de variadas áreas, desde 
aquele que será o mediador, qualificado e apto para tal serviço, até a participação de uma boa 
equipe jurídica, psicólogos e assistentes sociais. 
Como ressaltado no texto, a mediação não vem a ser um processo terapêutico, no entan-
to, acaba muitas vezes por acarretar tal efeito, em especial nos casos de Direito de Família, os 
quais são carregados de problemas de relacionamento e questões emocionais. 
A mediação, em termos psicológicos, possibilita o deslocamento de emoções negativas 
para positivas, ao permitir o diálogo entre os litigantes e a busca, por parte destes mesmos, da 
solução mais adequada ao seu caso. O aspecto psicológico resta explorado quando as partes têm 
a oportunidade de expor seus sentimentos e interesses.
Desta forma, não faltam argumentos que autorizem e indiquem a mediação como forma 
resolutiva de conflitos, bem como esse é o entendimento de grande parte da doutrina, conforme 
demonstrado com o posicionamento de diversos autores que enfatizam claramente e de forma 
exaustiva o quão importante é tal questão.
Com base nos argumentos citados, a possibilidade de se trabalhar a mediação como 
método de solução de conflitos envolvendo tais relações, atentando-se para a importância da 
autocomposição, não somente para resolver a lide jurídico-processual, mas também a contro-
vérsia social, o que dificilmente se conseguirá com a heterocomposição, sem a manutenção do 
diálogo entre os entes. É com esse intuito que o instituto da mediação vem colaborar com o Po-
der Judiciário, cujos entes envolvidos terão o direito de expressar suas angústias e seus anseios, 
com base no restabelecimento do diálogo, mantendo-se um sistema que enaltece o respeito, 
liberdade e igualdade entre as partes.
Assim, procurou-se conceber a mediação como princípio ético, além de método alterna-
tivo de solução do conflito existente no caso concreto, fundamental para melhorar as relações 
humanas através da comunicação. 
Menciona-se, ainda, que a interdisciplinaridade baseia-se em uma visão unitária do or-
denamento jurídico, sendo ineficaz para a sociedade atual e seus problemas que ultrapassam o 
Direito.
Nesse sentido, o instituto da mediação através da transdisciplinaridade entre Direito e 
Psicologia, possuem um papel fundamental no ordenamento jurídico, pois viabiliza um enten-
dimento bem mais técnico sobre o real problema e de que forma o Direito pode sanar o conflito 
existente sem prejudicar os envolvidos.
Com isso, pode-se afirmar que a transdisciplinaridade na mediação familiar proporcionaverdadeiras transformações, conscientizando os mediados de que cada qual deve buscar uma 
solução mutuamente satisfatória. Assim, busca-se desenvolver a responsabilidade dos envol-
60 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
vidos, sensibilizando-os para a importância de sua participação cooperativa nas decisões de 
reorganização da família.
Assim, visualiza-se na mediação a forma ideal para se tratar de assuntos de grande 
importância emocional e sentimental, como nos casos de conflitos familiares, em que se pro-
porcionará, através do diálogo e da negociação, o crescimento dos envolvidos, rechaçadas as 
consequências negativas visualizadas no procedimento judicial e proporcionando uma relação 
saudável, harmoniosa e adequada às situações de pós-ruptura.
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61Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
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Alternativa – meio complementar.
62 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
MEDIAÇÃO ENQUANTO NOVA POSSIBILIDADE 
FRENTE À PRISÃO DO DEVEDOR DE ALIMENTOS
Marieli Trevisan
Acadêmica do Curso de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Bolsista do Programa de Inicia-
ção Científica – PUIC.
Theobaldo Spengler Neto
Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2000), na qual é professor adjunto. Professor 
de Direito Processual Civil (Processo de Conhecimento, Processo de Execução, Procedimentos Especiais e 
Processo Cautelar) e de Direito Civil - Responsabilidade Civil. Vice-líder do Grupo de Pesquisas “Políticas 
públicas no tratamento dos conflitos”, certificado ao CNPq. Sócio-titular do escritório Advocacia Spengler 
Assessoria Empresarial – SC e da Essere nel Mondo Editora Ltda. 
E-mail: theobaldospengler@spengleradvocatio.com.br.
INTRODUÇÃO
Em se tratando de matéria de execução no processo civil, as formas utilizadas para 
executar crédito alimentar trazem diversas especificidades, entre as quais, a prisão. Esta, como 
forma de coação a fim de que o devedor salde a dívida de alimentos. Ressalta-se que a legis-
lação brasileira permite que seja deferida a prisão civil por dívida, apenas nos casos de débito 
alimentar, conforme dispõe a Constituição Federal em seu art. 5º, LXVII:
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimple-
mento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
Insta referir, que o depositário infiel foi retirado do rol e sumulado pelo Superior Tribu-
nal de Justiça, súmula n.º 419. Mantendo-se assim, a hipótese do devedor de alimentos como 
única forma de prisão civil por dívida. 
Restritos são os procedimentos passíveis de serem utilizados para a solução do conflito 
alimentar, como o principal, trata-se da execução com meio coercitivo de prisão, uma medida 
extrema de obter do executado o pagamento dos alimentos necessários. 
Através do presente, busca-se apontar um novo instrumento que possa viabilizar uma 
solução pacífica e permanente para o litígio, a mediação. Este procedimento é desprovido de 
coerções e imposições, resume-se a estimular o diálogo entre os interessados, a fim de que os 
63Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
mesmos encontrem a sua solução. 
1 ALIMENTOS
A partir do art.6 da Constituição Federal, os alimentos começam a ser enquadrados 
como direito do homem e do trabalhador, conforme refere o art. 7º da referida legislação. Rece-
bendo proteção constitucional e infraconstitucional, tendo em vista ser necessário à mantença 
de uma vida digna, ostentando também, forma de imposição a alguém à prestação de alimentos 
a outrem.
O mencionado art.7º, em seu 4º inciso, dispõe a instauração de um salário mínimo que 
supra as necessidades do ser humano quanto à moradia, alimentação, saúde, educação e demais. 
Nesse sentido, Madaleno (2013, p. 853):
a sobrevivência está entre os fundamentais direitos da pessoa humana e o crédito 
alimentar é o meio adequado para alcançar os recursos necessários à subsistência 
de quem não consegue por si só prover sua manutenção pessoal, em razão da idade, 
doença, incapacidade, impossibilidade ou ausência de trabalho. Os alimentos estão 
relacionados com o sagrado direito à vida e representam um dever de amparo dos 
parentes, uns em relação aos outros, para suprir as necessidades e as adversidades da 
vida daqueles em situação social e econômica desfavorável. Como dever de amparo, 
os alimentos derivam da lei, têm sua origem em uma disposição legal, e não em um 
negócio jurídico, como acontece com outra classe de alimentos advindos do contrato 
ou do testamento, ou os alimentos indenizativos.
Referente ao que engloba a expressão “alimentos”, explica Venosa (2008, p. 348):
assim, alimentos, na linguagem jurídica, possuem significado bem mais amplo do que 
o sentido comum, compreendendo, além da alimentação, também o que for necessário 
para moradia, vestuário, assistência médica e instrução. Os alimentos, assim, tradu-
zem-se em prestações periódicas fornecidas a alguém para suprir as necessidades e 
assegurar sua subsistência.
Sendo assim, pode-se concluir que os alimentos dos quais respalda a obrigação consti-
tuída em pagá-los seja por questão ex jure sanguinis, ato firmado intervivos ou mortis causa ou 
ainda, por indenização resultante de ato ilícito, são destinados ao suprimento das necessidades 
básicas do indivíduo, cujos elementos constam no referido dispositivo constitucional.
Os alimentos consistem, assim, na prestação voltada à satisfação das necessidades 
básicas e vitais daquele que não pode custeá-las. E essa prestação pode ser devida 
por força de lei (CC, art. 1.694, prevista para parentes, cônjuges ou companheiros), 
de convenção (CC, art. 1.920) ou em razão de ato ilícito (CC, arts. 948, II, e 950). 
(DIDDIER JR., et al, 2012, p.703).
Assim sendo, percebe-se que a obrigação alimentar vai além do dever dos pais para com 
64 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
os filhos. Nesse sentido, leciona Spengler (2002, p. 33):
o interesse que se pretende assegurar com a imposiçãoda obrigação alimentar contra 
uns, em favor de outros, é o direito à vida, personalíssimo, cuja proteção também 
interessa primeiramente à família, onde se encontra inserido o indivíduo e, posterior-
mente, ao Estado, o que aponta o caráter publicístico da obrigação alimentar. 
A classificação da obrigação alimentar quanto à natureza, finalidade, causa e momento, 
é de todo necessária à compreensão da base formadora da obrigação. Sendo assim, cumpre es-
clarecer de qual modo se origina o dever de uma forma genérica. 
Aqueles que compreendem o dever quanto às necessidades básicas do ser humano, como 
por exemplo, habitação e saúde, são denominados naturais. Já, os que englobam além destes as 
necessidades morais e também intelectuais, são nomeados civis. Legítimos são aqueles impos-
tos por norma legal, devido ao critério sanguíneo. Apresentado distinção frente aos voluntários, 
os quais são originados por ato intervivos ou causa mortis, bem como frente aos indenizatórios, 
que são alicerçados como indenização por ato ilícito. 
Ademais, apresentam distinção os alimentos determinados como definitivos, que são 
devidos após ato decisório final do Magistrado julgador da ação alimentar. E, os provisionais 
e provisórios, nos quais ambos são concedidos de forma antecipada na lide, a fim de manten-
ça do autor da demanda e eventual prole (quando este for devido em virtude de dissolução de 
matrimônio, união estável). A diferença consiste em que, aos provisionais é possível a inclusão 
da verba de custeio da demanda (CPC, art. 852, parágrafo único) o que não é característico dos 
provisórios. 
Caracterizam-se, ainda, pela possibilidade de abranger uma verba suplementar, para 
custear as despesas do processo pendente (CPC, art.852, parágrafo único) e por exigir 
o preenchimento de dois pressupostos legais específicos, que são o receio de dano e a 
verossimilhança do direito a alimentos. De acordo com o art. 1.706 do Código Civil, 
os alimentos provisionais são fixados pelo juiz, nos termos da lei processual, sede em 
que deve ser investigada sua real natureza. (DIDDIER JR., et al, 2012, p. 705).
Dessa forma, resta claro que tanto os alimentos provisionais quanto os provisórios são 
dados em sede de antecipação de tutela, não percebendo característica cautelar, visto que têm a 
finalidade de satisfazer imediatamente a prestação.
Por fim, quanto ao momento, há alimentos definidos como futuros, os quais se determi-
nam a partir de um acordo ou de sentença transitada em julgada, são devidos a partir daquele 
momento. Os pretéritos são os devidos anteriormente ao acordo ou sentença transitada em 
julgado.
Assim sendo, é convincente que o objetivo da obrigação alimentar é satisfazer as neces-
65Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
sidades básicas do requerente da prestação, que por algum motivo ou outro, relevante à origem 
da obrigação, não puder prover a sua subsistência por seus próprios meios ou por ser incapaz 
de fazê-la. 
2 DÉBITO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA
A obrigação de prestação alimentícia será executada nos moldes do Código de Processo 
Civil, mas especificamente, dos artigos 732 a 735. E, ainda, seguindo a ordem ditada pela Lei 
de Alimentos n.º 5.478/1968.
Quanto à proteção conferida à obrigação de prestar alimentos, leciona Assis (2012, p. 
1037):
a obrigação alimentar recebe a simultânea tutela de três mecanismos diferentes: o 
desconto (art. 734 do CPC), a expropriação (art. 646) e a coação pessoal (art. 733, 
§1º). O legislador expressou, na abundância da terapia executiva, o interesse público 
prevalente da rápida realização forçada do crédito alimentar. 
Assim, o legislador conferiu diferentes possibilidades para que o requerente da pensão 
alimentícia execute o débito gerado pela obrigação assumida ou conferida a outra parte. No en-
tanto, uma particularidade que se impõe a esse tipo de execução, conforme ensina Assis (2012, 
p. 1048) “a escolha do meio executório não toca soberanamente ao credor”, de tal sorte, a Lei 
5.478/68 ordena as possibilidades de execução. 
Nesse particular, interessante transcrever a lição de Venosa (2008, p. 374):
o ordenamento procura facilitar a satisfação do credor de pensão alimentícia, colo-
cando à disposição várias modalidades de execução. O aspecto da prisão do devedor 
é apenas um deles. O CPC cuida da execução da prestação alimentícia nos arts. 732 a 
735. A forma mais cômoda de execução, recomendada pelo art. 16 da lei especial, é o 
desconto em folha de pagamento: quando o devedor for funcionário público, militar, 
diretor ou gerente de empresa, bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, 
o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância da prestação alimen-
tícia (art.734).
Indica-se como primeira hipótese, no art. 16 da mencionada Lei de Alimentos, o descon-
to em folha de pagamento, regrado pelo art. 734 do CPC, o qual dispõe que nos casos em que o 
devedor for “funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como empregado 
sujeito à legislação do trabalho” o Juiz mandará descontar diretamente na folha de pagamento, 
através de comunicação feita à autoridade, à empresa ou ao empregador de ofício, a importância 
da prestação alimentícia. 
66 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
O segundo modo de execução alimentícia, conforme art. 17 da Lei 5.748/68 consiste 
na expropriação de aluguéis ou outros rendimentos, bem como na expropriação de bens. Esta 
forma regulamentada pelo art. 646 e 647 do Código de Processo Civil. Ressalta-se que por ex-
propriação se entende a constrição de bens do devedor para posterior arrematação. 
Mencionam Wambier e Talamini (2013, p. 606), em sua obra acerca da Execução no 
Processo Civil:
o art. 17 menciona “alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do de-
vedor”. Disso resulta ser alcançável por essa modalidade de penhora qualquer espécie 
de renda: aplicações financeiras, carteira de ações, recebimento de arrendamento, par-
ticipação de lucros de empresas etc. 
Ademais, como espécie de execução restante, esta definida e devendo ser requerida 
apenas se todas as outras tentativas restarem falhas, a prisão civil como forma de coação/impo-
sição do cumprimento da obrigação alimentar. Acerca dela, expõe o art. 18 da Lei de Alimentos, 
como já mencionado, última alternativa à execução, devendo ser direcionada pelo artigo 733 da 
legislação processual civil. 
De outro modo, ressalta Theodoro Junior (2014, p. 795):
cabe ao credor, na abertura da execução de alimentos, optar entre requerer a citação 
com cominação de prisão (art. 733), ou apenas de penhora (arts. 732 e 735). Mas a 
escolha da primeira opção não lhe veda o direito de, após a prisão ou a justificativa do 
devedor, pleitear o prosseguimento da execução por quantia certa, sob o rito comum 
das obrigações dessa natureza (art. 733, §2º), caso ainda persista o inadimplemento.
Tal é o entendimento jurisprudencial acerca do assunto:
APELAÇÃO. FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. COERÇÃO PESSOAL 
CONCRETIZADA. NÃO PAGAMENTO DO DÉBITO ALIMENTAR. CONVER-
SÃO PARA O PROCEDIMENTO DA CONSTRIÇÃO PATRIMONIAL. POSSIBI-
LIDADE. Possível a conversão da execução de alimentos intentada pelo rito do art. 
733 do CPC, que prevê a prisão civil do devedor, para a do art. 732 do CPC (expro-
priação), se resultar ineficaz aquela, persistindo o débito. Há garantir ao credor de 
alimentos o direito de perceber verba que diz respeito a sua subsistência e que não foi 
paga a tempo. APELAÇÃO PROVIDA. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível 
Nº 70026568279, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vasco 
Della Giustina, Julgado em 19/11/2008).
A ordem definida pela Lei não é rígida, podendo ser flexibilizada, tendo em vista as pos-
sibilidades de saldar o débito, mas deve-se tê-la como parâmetro ao dar início ao procedimento 
de execução. 
67Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação,jurisdição & arbitragem
3 ESPECIFICIDADES DAS FORMAS DE COBRANÇA
A sentença condenatória em alimentos deve ser executada como qualquer outra nas 
hipóteses de condenatória ao pagamento de quantia, ou seja, nas formas regidas pelos artigos 
475-J e seguintes do Código de Processo Civil, observado o prazo prescricional de dois anos, 
segundo a determinação do artigo 206, §2º do Código Civil. 
A execução por folha de pagamento é o meio mais eficiente de executar a prestação 
alimentícia, no entanto, há ressalva de que o devedor deve possuir emprego fixo para que tenha 
efetividade. 
Ao exequente caberá o indicativo da fonte pagadora do executado, visto que cumpre ao 
magistrado a determinação de ofício ao empregador para que proceda ao desconto em folha de 
pagamento na importância da prestação constituída. 
Cumpre ressaltar, que os valores a serem descontados observarão, também, as condi-
ções de mantença do devedor. Sendo assim, devem ser avaliadas ambas as situações, tanto a 
necessidade daquele que não possui meio de prover a sua mantença, quanto à possibilidade 
de pagamento da obrigação, para que este também consiga prover suas próprias necessidades 
básicas.
No mesmo sentido, ressalta Lisboa (2013, p. 55):
por outro lado, deve-se encontrar um equilíbrio entre aquilo que o alimentando precisa 
obter e o que o devedor efetivamente pode pagar. Portanto, o devedor poderá ser obri-
gado ao pagamento de alimentos, em valor que não comprometa a sua subsistência.
E ainda, Venosa (2008, p. 350):
não podemos pretender que o fornecedor de alimentos fique entregue à necessidade, 
nem que o necessitado se locuplete a sua custa. Cabe ao juiz ponderar os dois valores 
de ordem axiológica em destaque, bem como a vida com dignidade não somente de 
quem recebe os pagamentos.
Quanto à expropriação relativa a aluguéis e outros rendimentos do devedor, ocorre pra-
ticamente o mesmo rito disciplinado ao desconto em folha, cabe ao juiz expedir um ofício ao 
detentor do pagamento de tais rendimentos ao alimentante, devendo então aquele que receber 
o ofício fazer a dedução da importância referente à prestação, a qual será entregue ao credor. 
Devem-se ser utilizadas para essa hipótese as mesmas ponderações feitas nos casos de 
desconto em folha, observando o meio mais cômodo ao alimentando. 
Wambier e Talamini (2013, p. 607) lecionam a respeito:
68 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
a cobrança de alugueis ou outros rendimentos é também uma forma de penhora – ra-
zão por que, antes da Lei 11.382/2006, o prazo para embargar fluía a partir da ciência, 
pelo devedor, do primeiro desconto. Atualmente, aplica-se o art. 738, com o prazo dos 
embargos correndo a partir da juntada aos autos do mandado de citação. 
Segundo a hierarquia legal, a fim das espécies executivas, frustrados os meios anterior-
mente citados (desconto em folha e expropriação de aluguéis ou rendimentos) o credor poderá 
valer-se da expropriação de bens do devedor, ou seja, constrição dos bens para posterior arre-
matação. Esse procedimento, observando a rápida satisfação do credor, no entanto, não deixan-
do de respeitar o princípio executivo pelo qual o exequente deve alcançar o saldo do débito pelo 
modo menos gravoso para o devedor (artigo 620 do CPC). 
Como forma especial de execução e, ainda, na tentativa de coagir o devedor para que 
este cumpra a obrigação assumida, o legislador dispôs a prisão para uso do credor, a fim de fa-
zer valer o seu direito. Ressaltando, novamente, que a prisão civil por dívida, só é possível no 
direito brasileiro, nos casos de débito de pensão alimentícia. 
Há certo debate doutrinário quanto à possibilidade de utilizar o procedimento especial 
somente quando a obrigação é fundada em título judicial. Diante disso, explica Diddier Jr., et 
al (2012, p. 709), 
conclui parte da doutrina, que a execução de alimentos só transcorrerá sob o rito e 
meios ora analisados, se fundada em: i) decisão em sentido lato (sentença, decisão 
interlocutória etc.) que fixa alimentos definitivos, provisórios ou provisionais; ii) de-
cisão que homologue alimentos convencionados.
É apontada como justificativa pare a discussão, a interpretação literal feita a partir do ar-
tigo 733 do diploma processual civil, no qual se refere a “execução de sentença ou de decisão”. 
No entanto, a possibilidade de prisão não é dada em virtude de ser título executivo judicial ou 
extrajudicial, mas sim resulta da natureza da obrigação a ser cumprida pelo devedor (DIDDIER 
JR., et al, 2012, p. 710).
Sendo assim, o credor poderá valer-se da prisão civil, disciplinada no artigo 733 do 
diploma processual civil, para exigir os alimentos, porém, através dessa modalidade somente 
poderá executar os três últimos vencidos antes do ajuizamento da execução e os que forem ven-
cendo no seu curso, questão sumulada pelo STJ, n.º 309.
Pode-se dizer que o credor pode prover a execução das prestações vencidas recentemen-
te, bem como das mais antigas, se para isso utilizar o procedimento comum de execução, ou 
seja, deverá abrir mão do uso da prisão civil como meio de coerção. 
O juiz somente poderá decretar a prisão do devedor a requerimento do credor, com a 
ressalva de que não basta o simples inadimplemento da obrigação, mas sim o inadimplemento 
69Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
voluntário e inescusável da prestação alimentícia. 
A partir da comprovação de impossibilidade temporária, o magistrado não deverá extin-
guir o processo e, sim, dar seguimento ao procedimento, com a penhora e expropriação de bens. 
De outro modo, não sendo encontrados bens suficientes para satisfação do crédito, a execução 
deverá ficar suspensa (DIDDIER JR., et al, 2012, p. 711-712).
Ademais, sob determinação legal, o devedor poderá ficar recolhido à prisão pelo período 
de um a três meses, não podendo ser preso novamente pelo débito das mesmas prestações. Tam-
bém, no momento em que forem pagos os alimentos originários da prisão, esta será suspensa 
pelo juiz. Contudo, menciona o art. 733, §2º que apenas o cumprimento da pena não exime o 
devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas, ou seja, as prestações não serão 
consideradas como quitadas pelo fato de o devedor ser recolhido à prisão. 
4 (IN)EFETIVIDADE DA PRISÃO DO DEVEDOR COMO FORMA DE COBRANÇA
A prisão do devedor de alimentos, a fim de forçar o cumprimento da obrigação, remete 
aos primórdios do Direito, quando a prisão era considerada garantia de pagamento. 
Conforme já apresentado, a prisão não equivale a pagamento, nem mesmo como garan-
tia de tal, ela apenas serve como meio de coerção ao devedor. No entanto, essa medida pode, aos 
olhos de muitos, ser considerada como falha, em virtude de que aquele, por já não apresentar 
condições de efetuar o pagamento de forma espontânea, dificilmente o fará enquanto estiver 
recolhido à prisão ou quando o período permitido se esgotar, visto que, é previsto que o devedor 
não poderá ser preso novamente pelas mesmas prestações devidas. 
Sobre a questão, menciona Gonçalvez (2013, p. 674), em sua obra:
o §2º do art. 733 esclarece que “o cumprimento da pena não exime o devedor do 
pagamento das prestações vencidas e vincendas”, que poderão ser cobradas na forma 
convencional, com penhora de bens. Mas o devedor não pode ser preso mais de uma 
vez, pelas mesmas prestações. Ele poderá ser preso novamente se não efetuar o paga-
mento das novas, que se forem vencendo. 
É oportuno ressaltar, que a prisão civil não é medida possível quando do inadimplemen-
to de prestações originários de ato ilícito. Consoante é o entendimento do Tribunal de Justiça 
do Rio Grande do Sul:
RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATO ILÍCITO. EXECUÇÃO DE ALIMEN-
TOS FUNDADA NO ART. 733 DO CPC. PRISÃO. O procedimento executivo do 
art. 733 do CPC, que prevê pena de prisão em caso de inadimplemento, não se aplica 
aos casos em que o pensionamento originou-se de ato ilícito.Para esse caso, cabe 
requerer o cumprimento de sentença, postulando, quanto às prestações alimentícias, a 
70 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
constituição de capital, a fim de assegurar o adimplemento da obrigação, ou, ainda, a 
inclusão do benefício na folha de pagamento do réu, conforme dispõe o artigo 475-Q 
do CPC e a Súmula 313 do STJ. Negado seguimento à apelação. (Apelação Cível Nº 
70058107327, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marcelo 
Cezar Muller, Julgado em 13/01/2014).
Outros talvez possam adotar a teoria de que a prisão somente será devida àquele, confor-
me previsto em lei, deixar de cumprir a obrigação de forma voluntária e inescusável, ou seja, o 
devedor que apresentar justificativa para o inadimplemento estará “salvo” da prisão. Todavia, a 
partir desse entendimento, o processo de execução entrará em uma discussão de juízo de valor, 
vez que há diversas justificativas possíveis a serem apresentadas, restando ao magistrado do 
caso a decisão de ser ela válida ou não, para impedir que o sujeito seja preso, podendo assim 
haver decisões conflitantes entre juízes a respeito da questão. 
Assim, comporta o entendimento da sétima câmara do Tribunal de Justiça do Rio Gran-
de do Sul:
HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ART. 733, CPC. A alegação 
de impossibilidade financeira não tem o condão de revogar a ordem de prisão, 
pois, em sede de habeas corpus não cabe alegar ausência de capacidade contributiva 
do alimentante. Ainda, o acolhimento da justificativa em demanda executiva de ali-
mentos pressupõe a ocorrência de situação excepcional, verdadeira força maior que, 
modo inesperado, venha a retirar a possibilidade de pagamento ao devedor, o que não 
é o caso dos autos. ORDEM DENEGADA. (Habeas Corpus Nº 70058199043, Sétima 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, 
Julgado em 20/01/2014). 
Também, a prisão civil somente abrange as três últimas prestações vencidas antes do 
ajuizamento da demanda, necessitando-se assim de outro modelo de execução para as parcelas 
vencidas por um período maior. 
Nesse sentido, Lisboa (2013, p. 64):
considera-se que, na execução de alimentos é ilegítima a prisão civil do devedor fun-
dada no inadimplemento de prestações pretéritas, assim consideradas as anteriores às 
três últimas prestações vencidas antes do ajuizamento da execução.
Contudo, deve-se salientar que a prisão civil gera, em tese, maior temor ao devedor de 
alimentos, o qual incumbido da prestação empregará maiores esforços para efetuar o paga-
mento. Há, também, grandes feitos por parte dos devedores, que ao momento que recebem o 
mandado de prisão conseguem saldar a dívida com a rapidez suficiente para que não se efetive 
a prisão. 
Não obstante, por mais que se considere a prisão como meio coercitivo válido, não se 
71Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
pode olvidar que o Poder Judiciário está sobrecarregado de tantas outras ações judicias, sendo 
assim, a execução de alimentos, a qual chegou até o momento de necessitar da prisão, já poderia 
ter sido resolvida por outros meios mais democráticos, ocasionando satisfação ao credor que 
receberia a prestação, bem como ao devedor que poderia pagá-la de acordo com suas condições. 
5 MEDIAÇÃO COMO MEIO MAIS EFICAZ
O Poder Judiciário é o meio de organização e administração da solução dos litígios, mas 
está longe de ser o mais democrático, devendo para tanto a justiça valer-se de outros modos de 
resolução, mais rápidos e por que não mais democráticos que o Poder Judiciário comum. É atra-
vés dessa abertura que a mediação tenta se encaixar. Um procedimento cada vez mais visado e 
utilizado para a resolução das demandas. 
A mediação em conceito, Cahali (2013, p. 63):
a mediação é um dos instrumentos de pacificação de natureza autocompositiva e vo-
luntária, na qual um terceiro, imparcial, atua, de forma ativa ou passiva, como facilita-
dor do processo de retomada do diálogo entre as partes, antes ou depois de instaurado 
o conflito.
E, ainda, na visão de Almeida citada por Netto e Meirelles (2012, < https://online. unisc.
br/acadnet/revista_tribunais /index.php.>):
nesta linha, Tânia Almeida sustenta que a mediação mira a desconstrução do conflito 
e a restauração da convivência pacífica entre as pessoas, o que significa examinar a 
demanda de todos. Na conciliação, ao revés, as partes sentam-se à mesa procurando 
satisfazer, exclusivamente, as suas demandas pessoais (postura adversarial). A autora 
esclarece que, como o objetivo principal da conciliação é o acordo, o diálogo ten-
de a ser monodisciplinar – na maioria dos casos com profissionais da área jurídica; 
já a mediação apregoa um olhar multidisciplinar sobre o conflito, de modo que 
profissionais de outras áreas (psicologia, antropologia, sociologia etc.) podem ajudar 
na identificação de fatores sociais e emocionais do conflito. A autora lembra que a 
conciliação (judicial) é marcada pela publicidade, enquanto a mediação exige confi-
dencialidade do mediador. No que diz respeito à postura do negociador, o mediador 
atua como facilitador do diálogo, sendo-lhe vedado oferecer visão técnico-jurí-
dica sobre o caso; já o conciliador age de forma intervencionista, posto que a postu-
ra das partes revela-se, em regra, antagônica e não colaborativa como na mediação. 
(grifo próprio)
O indivíduo busca uma solução rápida para o seu problema, entretanto, o Judiciário está 
abarrotado de processos e o seu efetivo não consegue suprir a grande demanda. Dessa forma, 
casos que em poucos atos e diálogo entre as partes poderiam estar “transitados em julgado”, 
permanecem junto às pilhas processuais dependentes dos procedimentos de praxe do Judiciá-
72 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
rio, atrasando todo sistema, resultando na diminuição do contato entre pessoas, aumentando a 
coerção e o próprio conflito. 
A mediação busca a conversação entre os litigantes, que possa entre eles haver negocia-
ção, podendo assim chegar a uma solução que satisfaça as necessidades das duas partes, evitan-
do a interferência desnecessária de terceiros (cartorários, oficiais, estagiários).
A mediação, como visto, é capaz de fornecer aos litigantes os meios necessários para 
a construção do tratamento do seu conflito, não dependendo que um terceiro “diga” 
o direito e solucione a contenda. Não se pode deixar de observar que a mediação é 
praticamente um trabalho artesanal, devendo observar as especificidades de cada caso 
para imbuir os sentimentos dos litigantes e auxiliá-los no tratamento do conflito, o 
que, porém, não é tarefa fácil e exige que os litigantes estejam inclinados a buscar o 
tratamento de seu conflito. (BEDIN, 2014, p. 52)
Nesse sentido, Spengler (2014, grifado no original, p. 44):
atualmente, a mediação vem sendo discutida também porque existe a preocupação 
de encon trar meios para responder a um problema real: uma enorme dificuldade de 
se comunicar; dificuldade esta paradoxal numa época em que a mídia conhece um 
extremo desenvolvimento. Nesse contexto, no qual a necessidade de comunicação se 
demonstra constante, permeado por partes que não conseguem restabelecer o liame 
perdido, rompido pelo litígio (cuja consequência é a necessidade de uma comunica-
ção “mediada”), surge a mediação como forma de tratamento de conflitos que possa 
responder a tal demanda. O termo “mediação” procede do latim mediare, que significa 
me diar, intervir, dividir ao meio. Derivada da palavra mediare é também a expressão 
mediatione e toda uma série de outras palavras.
Assim sendo, a mediação pode ser aplicada ao caso em tela, a execução alimentícia. 
Conforme já apresentado, o processo de execução de alimentos, perdura de acordo como forem 
sendo frustradas as tentativas de obter o pagamento do débito alimentar, o que na maioria das 
vezes se torna umprocedimento exaustivo. 
Em grande parte dos casos que originam pagamento de alimentos está a dissolução de 
um vínculo. Poucas vezes essa dissolução permitirá que as partes acordem entre si sem a in-
terferência do Poder Judiciário ou, no caso, um mediador. Conforme leciona Cahali (2013, p. 
73-74) a respeito da mediação em âmbito de conflitos familiares:
mediação familiar: sem dúvida, para estes litígios, a melhor indicação é a media-
ção, pois na maioria dos casos falta a escuta, a comunicação, e sentimentos negativos 
(como rancor, mágoa e frustrações), podem comprometer o diálogo. Ainda, além da 
enorme carga de subjetividade na relação pretérita, mesmo com o rompimento do vín-
culo jurídico entre as partes, quando o debate envolve filhos comuns, a relação deverá 
ser continuada, a exigir um restabelecimento de equilíbrio e respeito às posições. (...)
73Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
 Na mesma linha, refere Madaleno (2013, p. 930):
o conflito conjugal dos pais demanda atenção especial quando respeita à busca proces-
sual dos alimentos da prole relativamente incapaz, a qual outorga procuração judicial 
em conjunto com o seu genitor – guardião. Com a desordem conjugal, pai e mãe 
tendem a acentuar suas divergências e a disputarem a atenção dos filhos, embora nor-
malmente estejam apenas dissimulando o verdadeiro foco das suas velhas discussões 
e que justamente resultam na separação do casal.
Em favor do restabelecimento de conversação a mediação auxilia, para que as partes 
possam entre si negociar e resolver suas necessidades, pois de fato, somente elas compreendem 
seus próprios interesses. Nesse sentido, Cambi e Farinelli (2011, < https://online.unisc.br/acad-
net/revista_tribunais /index.php.>):
a conciliação e a mediação, como meios alternativos de solução dos conflitos, diferen-
ciam-se dos mecanismos judiciais tradicionais, porque permitem que as partes dialo-
guem e juntas encontrem a solução dos conflitos, sem a necessidade da imposição de 
uma decisão pelo Estado. 
Nessa linha, orienta Spengler (2010, p. 312-313):
a mediação difere das práticas tradicionais de jurisdição justamente porque seu local 
de atuação é a sociedade, sendo a sua base de operações o pluralismo de valores, a 
presença de sistemas de vida diversos e alternativos, e sua finalidade consiste em 
reabrir os canais de comunicação interrompidos e reconstruir laços sociais destruídos. 
O seu desafio mais importante é aceitar a diferença e a diversidade, o dissenso e a 
desordem por eles gerados. Sua principal aspiração não consiste em propor novos 
valores, mas em restabelecer a comunicação entre aqueles que cada um traz consigo.
Ademais, o procedimento para executar alimentos como um todo, está longe da real 
democracia, tendo em vista que a satisfação do exequente, como grande objetivo, acaba por 
vezes atropelando o executado e, vice-versa, de modo que os princípios basilares do Direito são 
esquecidos. 
Há que se reconhecer que a mediação ainda é um instrumento muito criticado pelos 
operadores do Direito e, também, por aqueles que sem conhecer acabam pré-julgando, princi-
palmente pela sua informalidade. A respeito, leciona Spengler (2014, p. 47):
a tão almejada certeza jurídica e seus critérios de previsibilidade são apontados como 
uma falha nos procedimentos de mediação, se comparados ao tratamento judicial dos 
conflitos, uma vez que, na segunda hi pótese, a autonomia privada é substituída por 
uma autoridade que impede a prevaricação de uma parte sobre a outra. Essa afirmativa 
divide-se em dois pontos principais: a) a assimetria do poder, segundo a qual o fato de 
confiar o tratamento do conflito a uma figura portadora de autoridade pode depender 
da presença de uma assimetria de poder na relação. A parte em desvantagem sabe que, 
74 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
se a resolução depende da autonomia, é possível que o acordo final requeira grandes 
concessões suas. Contudo, mediante a intervenção de uma autoridade que estabeleça 
a solução, a princípio, existe a confiança de não ocorrer pressões para que estas con-
cessões aconteçam; b) a preservação das relações futuras45, uma vez que se uma das 
partes impõe sua posição ao outro, provavelmente prejudica a sua relação futura.
A mediação não vem para desorganizar a jurisdição, vem para transformar o modo como 
são tratados os litígios no Judiciário, vem para realocar procedimentos não mais utilizados, 
como uma simples comunicação entre as partes. Essa nova possibilidade contribui para o me-
lhor andamento do sistema brasileiro, não só processual, mas também humano. 
De fato, o que a mediação propõe é um modelo de justiça que foge da determinação 
rigorosa das regras jurídicas, abrindo-se à participação e à liberdade de decisão entre 
as partes, à comunicação de necessidades e de sentimentos, à reparação do mal mais 
que a punição de quem o praticou. Con tudo, esse modelo diferenciado que propõe 
uma outra forma de tratar os conflitos, buscando não só uma solução para o Poder 
Judiciário (cujo modelo de jurisdição se encontra esgotado), mas também a autonomia 
das partes possui, na falta de previsibilidade (baseada nas regras e nos procedimen-
tos), uma causa de vantagem e outra de desvantagem. A vantagem fundamental é a 
não submissão a uma lex previa, o que permitirá um grau maior de atenção ao caso 
concreto, favorecendo a identificação de uma pluralidade de caminhos condizentes 
com as características de cada conflito. (SPENGLER, 2014, p. 48)
Ressalta-se aqui, que, ao se utilizar a mediação como forma de solução, não se está 
abdicando da possibilidade de propor uma ação judicial, de se valer na máquina judiciária, o 
que está se propondo ao possibilitar a mediação é, na verdade, uma forma de resolver a questão 
entre as partes, em conjunto, sem interferência de terceiros, em que os próprios conflitantes 
chegarão a uma solução, sem imposição de vontade e sem que alguém, como por exemplo, um 
Magistrado, imponha a decisão.
Assim sendo, é primordial que operador jurídico exponha aos clientes ou que a popula-
ção tenha informações a respeito das possibilidades de solução do seu litígio, não há necessida-
de de movimentar a máquina judiciária por palavras não ditas ou mal ditas. A execução de que 
aqui se trata, corresponde talvez não a buscar os direitos de um filho, um meio, um acréscimo 
de renda para sua educação, para o seu laser, mas sim, e, lamentavelmente, busca-se muitas 
vezes, a solução de um conflito interno entre os pais, a solução para uma relação mal resolvida.
Esses são os termos principais que a mediação busca tratar, o restabelecimento do diá-
logo a fim de possibilitar um acordo de vontades e não uma imposição, de um terceiro, na qual 
uma parte tenha que sair vencedora e a outra perdedora. A mediação se preocupa com o resta-
belecimento de uma relação amigável, busca a melhor forma de solução, sendo esta, a solução 
escolhida e promovida pelos próprios interessados, onde todos sejam beneficiados, vencedores.
75Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
CONCLUSÃO
A mediação como medida alternativa na solução dos conflitos, principalmente familia-
res, vem como meio pacificador dos litígios que o Judiciário brasileiro não está sendo suficien-
temente eficiente. 
A demora na tramitação dos processos seja de ordem cível, seja criminal, preocupam 
autoridades e jurisdicionados. A lenta tramitação de algumas matérias se deve, por que não, às 
medidas que o Judiciário adota para dar andamento aos litígios, no qual o processo do acusado 
passa por várias mãos e confronta com diferentes opiniões desde estagiários a magistrados do 
mais alto escalão, findando com a imposição de uma decisão às partes.
Há casos em que é desnecessária a demasiada movimentação processual. Conflitos que 
por vezes não se resolvem por quebra de vínculo entre as partes litigantes,nesse ponto, a me-
diação atua firmemente em busca do restabelecimento, para que as parte possam negociar, con-
versar e assim chegar a uma solução rápida e benéfica a ambas.
Ademais, a justiça precisa valer-se de meios mais rápidos e eficazes para o tratamen-
to processual. De modo que o tema da mediação permanece em ascensão, críticas aparecem 
quanto a sua falta de rito, de organização, temerosos de que possam estar anarquizando o Poder 
Judiciário. Novos adeptos aparecem, com a missão de desafogar o Judiciário, já desorganizado 
pelo grande contingente processual. 
Destarte, deve restar claro que no momento em que o indivíduo resolve buscar a solução 
do seu conflito através da mediação, não está ele impedido de valer-se do Poder Judiciário pos-
teriormente se não obtiver o resultado desejado. Não está se buscando anular a possibilidade de 
uma ação judicial, mas sim, que o conflito gerador da ação possa ser resolvido sem movimentar 
a máquina Judiciária, que este conflito seja solucionado por simples conversação entre as par-
tes, para que saiam ambas vencedoras.
Por fim, a instauração de demasiados processos buscando determinar a prestação de 
alimentos e, consequentemente, a execução desse título, está judicializando uma questão intei-
ramente familiar. Deve-se considerar a hipótese de que na maioria dos casos de execução de 
débito alimentar é promovida pelos filhos, no entanto, estes são representados por sua genitora. 
Sedo assim, é provável que este filho busque apenas estabelecer vínculo com o pai/devedor, 
desejo esse interrompido pela vontade da mãe e pela prisão. 
Dessa forma, devem-se balancear os confrontos e diagnosticar a fonte dos problemas, 
antes de promover litígios judicias. A mediação é um instrumento apaziguador e determinado a 
que as próprias partes dialoguem, detectando o problema e definindo as suas próprias soluções. 
As famílias, ora em conflito, podem se valer da mediação como uma forma rápida e eficaz para 
alcançar a solução perseguida, restabelecendo e pacificando os vínculos. 
76 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
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78 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A COMPOSIÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO 
TRIBUTÁRIO COMO FORMA DE POLÍTICA 
PÚBLICA DE INCLUSÃO SOCIAL
Charlise P. Colet Gimenez
Doutoranda em Direito e Mestre em Direito pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul e Especialista em 
Direito Penal e Processo Penal pela UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do 
Sul. Professora de Direito Penal e Estágio de Prática Jurídica pela URI – Universidade Regional Integrada do Alto 
Uruguai e Missões (Santo Ângelo - RS). Membro do Grupo de Estudos “Políticas Públicas no Tratamento dos 
Conflitos” vinculado ao CNPq. Bolsista CAPES. Advogada. E-mail: charliseg@santoangelo.uri.br
Roberta Marcantônio
Mestranda em Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Advogada. 
Endereço Eletrônico: robertamarcantonio@hotmail.com.
INTRODUÇÃO
Com ênfase vem sendo destacada doutrinariamente a importância da composição de 
conflitos que são encaminhados aos órgãos julgadores, diante da necessidade da utilização de 
formas alternativas ao Judiciário para a resolução dos litígios.
Isso decorre de diversos fatores, como a morosidade do Judiciário, a burocracia para 
a tramitação do processo judicial, o alto custo envolvido para a resolução das demandas, o 
extenso número de processos a serem analisados e a insuficiência de funcionários nos órgãos 
judiciais, entre outros.
O custo do processo e a demora quanto a sua resolução prejudica sobremaneira a ar-
recadação e o retorno dos recursos relativos aos impostos à população, o que se mostra extre-
mamente prejudicial ao desenvolvimento da sociedade, que depende da promoção de políticas 
públicas para o seu crescimento.
Ocorre que a cobrança de impostos é a principal forma pela qual o Estado consegue 
obter recursos para atender às inúmeras demandas sociais, investir em educação, saúde, sanea-
mento básico e na criação de empregos, entre outros, sendo que, devido à imprescindibilidade 
do efetivo recebimento dos impostos, faz-se necessário o estudo de formas mais eficazes para 
que o Estado receba o seu crédito e possa revertê-lo em favor da população por meio do desen-
volvimento de políticas públicas de inclusão social. 
Desta forma, no presente capítulo, será estudado, inicialmente, o Direito Tributário 
79Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
como a área do Direito que serve para cobrar e fiscalizar os impostos, tão importantes quando 
são revertidos em políticas públicas para fomentar a inclusão social e, desta forma, o crescimen-
to e o desenvolvimento da sociedade.
No segundo momento, serão tratadas as formas alternativas de composição de conflitos, 
como a negociação, a conciliação, a mediação e a arbitragem, as quais se apresentam como 
meios complementares, aplicáveis diante das especificidades de cada caso, com o escopo prin-
cipal de satisfação das necessidades das partes. Como consequências secundárias, projetam a 
redução do longo tempo de duração do processo, além da diminuição das despesas e de trazer 
um retorno mais favorável aos envolvidos no processo.
Por fim, será abordado o instituto da transação tributária, na forma dos artigos 156, inci-
so III e171, do Código Tributário Nacional, diante da necessidade de efetivo recebimento dos 
créditos tributários pelo Estado, em tempo razoável e com o menor dispêndio possível nestas 
demandas, a fim de que seja possível fornecer um retorno razoável destes créditos à população, 
dos quais tanto necessita, na forma de promoção de políticas públicas de inclusão social.
1 NOÇÕES PRELIMINARES SOBRE O DIREITO TRIBUTÁRIO
 Para atingir o bem comum, manter a paz social e garantir a segurança jurídica dos com-
ponentes da República, deve o Estado propiciar meios, o que se dá a partir da tributação, pois o 
Estado, calcado no uso da propriedade privada, tem como escopo suprir a demanda financeira 
exigida com o fim de cumprir suas tarefas, principalmente mediante impostos. Ou seja, “sem 
impostos e contribuintes “não há como construir um Estado”, nem o Estado de Direito nem 
muito menos algum Estado Social”. (TIPKE, 2012, p. 13)
 Por essa razão, é necessário que o Estado, em sua atividade financeira, capte recursos 
para a manutenção da sua estrutura, eis que, na condição de provedor das necessidades de todos, 
consiga cumprir a sua tarefa de proporcionar aos cidadãos os serviços que lhes são necessários, 
sendo que a principal receita do Estado é oriunda da cobrança dos tributos (SABBAG, 2009, 
p.1).
 O Direito Tributário pode ser definido como o “direito que regula a cobrança e a fiscali-
zação dos tributos” (SOUSA, 1975, p. 30). Trata-se de um ramo especializado do direito finan-
ceiro, “que se ocupa da atuação, isto é, do funcionamento, dos institutos jurídicos financeiros 
relativos à receita pública” (SOUSA, 1975, p. 35).
No mesmo sentido, o Direito Tributário, conforme Roque Joaquim Volkweiss, “possui 
normas que se enquadram preponderantemente no direito público (visa, em primeiro plano, à 
proteção do direito do Estado, que é o tributo, do qual não pode voluntariamente abrir mão)” 
(WOLKWEISS, 1997, p. 34).
Dispõe o referido autor que o Direito Tributário possui, ainda, normas que se enqua-
80 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
dram, “quase que integralmente, no direito das obrigações (visto que regula as relações entre o 
Estado e seus sujeitos passivos quando aquele busca, junto a estes, as arrecadações de natureza 
tributária a que legalmente tem direito)” (WOLKWEISS, 1997, p. 34).
Desta forma, o Direito Tributário pode ser compreendido como “o ramo do direito pú-
blico que tem por objeto a disciplinação jurídica das relações entre o Estado e seus devedores, 
decorrentes do nascimento, formalização e arrecadação de obrigações de natureza tributária” 
(WOLKWEISS, 1997, p. 34).
Ademais, sustenta-se que o Direito Tributário “surgiu como uma especialização do Di-
reito Financeiro, com o objetivo de regular as relações jurídicas decorrentes da arrecadação das 
receitas tributárias”, destacando-se, ainda, a importância dos tributos, vez que constituem por 
seu volume a forma mais relevante de receitas públicas (PONZI, 1989, p. 6). 
Assim, fica evidenciado que o Direito Tributário é o campo do Direito que trata da im-
portante questão dos tributos, no que concerne tanto a sua instituição como a sua cobrança, e 
bem assim, da respectiva regulação das relações jurídicas que provém da atividade financeira 
do estado (PONZI, 1989, p. 6).
O objeto do Direito Tributário, conforme Ponzi, são “as relações jurídicas de tributação” 
(PONZI, 1989, p. 6), sendo um ramo autônomo do direito sob os aspectos didático, científico 
e legislativo, todavia, possuindo importante relação com os demais ramos do direito público e 
privado, como o direito Constitucional, Administrativo, Financeiro, Penal, Processual, Interna-
cional Público e Privado, Direito Civil e Empresarial (PONZI, 1989, p. 9 - 12).
A importância dos tributos é evidenciada, uma vez que, por meio de sua arrecadação são 
promovidas as diversas demandas para o atendimento da população, a partir do desenvolvimen-
to de políticas públicas, que irão estabelecer em que serão empregados os recursos angariados 
por meio da tributação.
O Estado arrecada recursos por meio da tributação de produtos e de serviços para que 
possa proporcionar os serviços públicos necessários à população, sendo que essa é uma forma 
de o Estado fazer justiça social, reduzindo as desigualdades por meio da redistribuição das ri-
quezas (REIS, 2011, p. 635).
 Assevera a autora, que a atuação possui guarida no princípio da solidariedade social, 
decorrente de lei, o qual estabelece o dever de auxiliar os necessitados, mesmo que essa assis-
tência seja realizada mediante o pagamento de tributos (REIS, 2011, p. 635).
Desta forma, resta garantido o poder do Estado, através da Constituição Federal, de pro-
mover a arrecadação dos tributos e a conseguinte redistribuição da renda, principalmente por 
meio da realização de políticas públicas (REIS, 2011, p.636).
[...] Nesse sentido, a República apresenta-se com um profundo significado social, na 
qual o governo atua em nome de e para todas as pessoas, com o intuito de alcançar o 
bem comum. Como decorrência do princípio republicano tem-se o princípio federati-
81Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
vo e o da solidariedade social, que dão sustentação à atuação do Estado no sentido de 
assegurar o bem comum. Veja-se que, em se tratando das políticas públicas que asse-
guram os direitos fundamentais, as competências e as atribuições são repartidas entre 
os entes federados. Da mesma forma, a sociedade é chamada a participar, a partir do 
dever fundamental de pagar impostos, ou seja, da tributação que assegura a arrecada-
ção de recursos financeiros necessários para o atendimento dos interesses públicos. O 
Brasil é um Estado com função social e, em decorrência, tem o dever de assegurar os 
direitos fundamentais dos homens, estatuídos pelo ordenamento jurídico pátrio e tam-
bém pela legislação internacional que impõem ao Estado o dever de prestação, que, 
conforme Maliska, são aqueles que permitem o acesso e a utilização das prestações 
estatais com vistas a garantir a sua materialização (REIS, 2011, p.636).
A partir do pagamento dos tributos, são angariados recursos para a promoção das po-
líticas públicas tão importantes para o desenvolvimento e crescimento do país. Por esta razão, 
as dívidas tributárias são prejudiciais ao Estado e à população de um modo geral. O inadimple-
mento dos tributos faz com que a máquina pública não se movimente, não gere recursos e, desta 
forma, obstaculize a promoção das políticas públicas.
Quando ocorre o inadimplemento por parte do cidadão, o Estado tem o dever de cobrar 
os tributos, o que pode ocorrer tanto administrativa como judicialmente. Por esta razão, dia após 
dia são promovidas as cobranças dos tributos, sendo as execuções fiscais bastante numerosas.
Além disso, o custo do processo para o Poder Judiciário é significativo e a execução 
fiscal é um processo moroso, no qual, muitas vezes, o Estado não consegue lograr êxito na 
cobrança.
Assim, para promover a cobrança, procedimento ao qual o Estado é obrigado, é neces-
sário despender recursos dos quais o Estado não dispõe, para cobrar o que muitas vezes sequer 
é pago, seja porque o devedor não tem recursos, seja porque não é encontrado, falece no curso 
do processo, entre outros fatores que acabam por não dar frutos ao Estado.
E, em não havendo recursos do Estado, resta prejudicada a política pública de inclusão 
social, pois sem arrecadação, não são viáveis investimentos em saúde, educação, geração de 
empregos, ou seja, torna-se inviável a inclusão social de camadas sociais carentes e que neces-
sitam e têm direito a serem incluídos socialmente.
Compreende-se por tributo, nos termos do artigo 3º do Código Tributário Nacional, toda 
a prestação pecuniária compulsória em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa 
plenamentevinculada (CTN).
Assevera Roque Joaquim Volkweiss, em outras palavras, que “tributo é a contrapres-
tação pecuniária, compulsória por força de lei, de serviços públicos (prestados pelo Estado).” 
(WOLKWEISS, 1997, p. 15).
Assim, diferentemente da prestação compulsória, que diz respeito ao pagamento de 
multas ou penalidades, cuja finalidade é a sanção ou punição pelo cometimento do ato ilícito, 
a prestação compulsória dos serviços públicos serve justamente para contraprestacionar esses 
82 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
serviços. (WOLKWEISS, 1997, p. 15)
Os tributos que podem ser instituídos pela União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios estão elencados no artigo 145 da Constituição Federal e no artigo 5º do Código Tributário 
Nacional, sendo compreendidos por impostos (tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma 
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte), taxas 
(que têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a utilização, efetiva ou 
potencial, de serviço público específico ou divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua 
disposição) e as contribuições de melhoria (instituída para custear obras públicas de que decor-
ra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual 
o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado). (CTN)
Além disso, a União, por lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios 
e contribuições especiais. (CTN)
O sítio eletrônico do Portal Tributário elenca noventa tributos atualmente vigentes no 
Brasil, (www.portaltributario.com.br) sendo que, com tamanha carga tributária, é inegável a 
necessidade de uma maior contrapartida do Estado em relação às necessidades das pessoas. 
Além disso, em razão da extensa carga tributária brasileira, a quantidade de conflitos 
nessa área do conhecimento jurídico é também bastante vasta, sendo que, conforme Hugo de 
Brito Machado, atualmente há no Brasil uma enorme quantidade de processos que decorre jus-
tamente dos litígios com o fisco (MACHADO, 2008, p. 127).
 Esses processos que envolvem o Direito Tributário, por seu numeroso volume, acabam 
sobrecarregando os órgãos julgadores, na esfera administrativa e na judicial, o que ocasiona 
uma longa espera pela decisão, além de grandes despesas e insatisfação das partes.
Ressalta Hugo de Brito Machado, no tocante ao excessivo número de demandas tribu-
tárias, que “a existência de leis inconstitucionais obriga a Administração Tributária a formular 
exigências que afinal são inúteis em face da declaração de inconstitucionalidade” (MACHADO, 
2008, p. 127). Além disso, muitas outras cobranças são feitas pelas autoridades administrativas, 
fundadas em interpretações oficiais da lei, mas que não são adotadas pelo Poder Judiciário, 
(MACHADO, 2008, p. 127).
Tais procedimentos contribuem para a morosidade na resolução dos conflitos, atravan-
cam o recebimento dos tributos pelo Estado, sendo que, conforme Machado, “a possibilidade 
de acordo no âmbito do lançamento tributário pode ser um meio extremamente eficiente para a 
redução do exagerado número de processos, com evidente proveito para as partes” (MACHA-
DO, 2008, p. 127).
Para o Estado, encurtamento do prazo para a entrada de recursos financeiros e pela 
redução do custo operacional dos órgãos de julgamento. E para o contribuinte, com a 
eliminação de pendências que se arrastam por longos anos degradando a segurança de 
que necessitam para o desempenho de suas atividades normas e com a eliminação dos 
83Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
recursos que tais pendências implicam (MACHADO, 2008, p. 127).
Diante da crise “estrutural (instalações), funcional (pessoal), substancial (métodos) do 
Poder Judiciário, como uma crise generalizada nas instituições (crise na educação, saúde, pre-
vidência social, economia”, (MORAIS; SPENGLER, 2012, p. 132), buscam-se formas de con-
tribuir para dirimir problemas da falta de ingresso de recursos públicos e o atravancamento da 
promoção de políticas públicas de inclusão social, tão necessárias ao desenvolvimento do país, 
razão pela qual se passará a analisar, no próximo, tópico outros meios para a composição de 
conflitos, que são considerados mais eficazes, satisfatórios e menos dispendiosos, e que podem, 
desta forma, constituir-se em políticas públicas de inclusão social.
 
2 MEIOS COMPLEMENTARES DE TRATAMENTO DE CONFLITOS COMO POLÍ-
TICAS PÚBLICAS DE INCLUSÃO SOCIAL
O Poder Judiciário, ao longo dos anos, não demonstra eficácia na sua atividade de deci-
dir conflitos, determinando ganhadores e vencedores, visto que ao fazê-lo dessa forma, retira do 
ser humano a sua autonomia e responsabilidade acerca de suas ações e das consequências por 
elas provocadas, apresentando uma resposta precária e quantitativa. Por essa razão, realizam-se 
estudos e empregam-se forças nas formas complementares de tratamento de conflito.
Isso ocorre em diversas áreas do Direito, como na área trabalhista, na área familiar, nos 
casos envolvendo direitos do consumidor, entre outros, e, inclusive, na área do Direito Tribu-
tário, sobre o qual, muitos doutrinadores ainda possuem opiniões divergentes, uma vez que, 
enquanto há uma forte corrente que se posiciona favoravelmente à possibilidade de composição 
de conflitos nesta esfera, seja em razão da efetividade, seja em razão da redução dos gastos com 
o processo e da celeuma que os envolve, há outra corrente contrária a esta situação, e que se 
baseia especificamente no fato de serem indisponíveis os bens públicos.
No entanto, é de destacar que o próprio Código Tributário Nacional admite, em seu arti-
go 156, inciso III e no artigo 171, que efetivamente existe a possibilidade de transacionar neste 
campo do direito, desde que resguardados e respeitados os limites da legislação.
Desta forma, é possível compreender que, diante da inevitabilidade da existência dos 
conflitos, torna-se necessária a utilização de outras formas para a sua dissolução que tornem 
possíveis deslindes mais eficazes, com maior celeridade e com o aumento da possibilidade de 
recebimento dos créditos pelo Estado, no caso dos litígios envolvendo o Direito Tributário.
Trata-se, portanto, das formas consensuais de composição de conflitos, verdadeiras 
complementariedade ao Judiciário. No Brasil, verifica-se que as formas complementares de tra-
tamento de conflito, expressadas na mediação e na conciliação, são pautadas nos três poderes: 
no Legislativo, por meio de projeto de lei que objetiva regulamentar a matéria; no Executivo, 
84 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
por meio de políticas públicas direcionadas à autocomposição de conflitos; e no Judiciário pelo 
gerenciamento de processos e políticas judiciárias direcionadas à mediação e à conciliação.
Antes de abordar estas formas complementares, importa apresentar a negociação, con-
siderada a forma mais natural de tratamento de conflito. Como refere Calmon, “é o mecanismo 
[...] com vistas à obtenção da autocomposição caracterizado pela conversa direta entre os envol-
vidos sem qualquer intervenção de terceiro como auxiliar ou facilitador.” (CALMON, 2008, p. 
113) Trata-se de um procedimento voluntário, informal, não vinculado à apresentação de pro-
vas e argumentos, sendo que o resultado pode ter conclusão ou acordo aceitável. (OLIVEIRA; 
SPENGLER, 2013).
Por outro lado, a mediação e a conciliação, também meios complementares de tratamen-
to de conflito, possuem a intervenção de um terceiro. Nesta ótica, destaca Spengler:
mais do que um meio de acesso à justiça, fortalecedor da participação social do cida-
dão, a mediação e a conciliação são políticas públicas, que vêm ganhando destaque 
e fomento do Ministério da Justiça, da Secretaria da Reforma do Judiciário e do CNJ 
brasileiros, uma vez queresta comprovada empiricamente sua eficiência no tratamen-
to de conflitos. (2014, p. 73)
A conciliação é um método consensual de composição dos conflitos que ocorre com o 
auxílio de uma terceira pessoa, que atuará de forma ativa, podendo formular propostas, oferecer 
soluções ao litígio com vistas à realização de um acordo entre as partes, para pôr fim ou evitar 
a demanda judicial a ser instaurada. 
A mediação, por sua vez, é um procedimento que respeita a vontade das partes e que se 
realiza por meio do resgate do diálogo entre elas. Ela ocorre com a ajuda da figura do media-
dor, que é um terceiro imparcial, e que, diferentemente do conciliador, não propõe acordos ou 
formas de resolver o conflito e tampouco manifesta sua opinião, mas apenas facilita o diálogo 
entre as partes, para que lhes seja viável o alcance de um consenso sobre a questão em litígio. 
Consoante Morais e Spengler, “com o auxílio do mediador, os envolvidos buscarão compreen-
der as fraquezas e fortalezas de seu problema, a fim de tratar o conflito de forma satisfatória” 
(MORAIS; SPENGLER, 2012, p. 132).
Ainda, conforme os autores, na mediação, como se trata de uma forma consensual de 
composição de litígios, “as partes apropriam-se do poder de gerir seus conflitos, diferentemente 
da Jurisdição estatal, tradicional na qual este poder é delegado aos profissionais do direito, com 
preponderância àqueles investidos das funções jurisdicionais” (MORAIS; SPENGLER, 2012, 
p. 132).
 Importa destacar que a conciliação constitui-se em uma tentativa de alcançar um acordo 
neutro com a participação de um terceiro que intervém entre as partes de forma oficiosa e estru-
turada, dirigindo a discussão e possuindo um papel ativo ao sugerir as hipóteses de conciliação, 
enquanto que na mediação há uma responsabilização dos conflitantes pelo tratamento do litígio 
85Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
que os une a partir de uma ética da alteridade e da outridade, encontrando, a partir de um ter-
ceiro mediador, uma garantia de sucesso, aparando as arestas e divergências, e alcançando um 
acordo que atenda aos interesses das partes e conduza à paz social.
 A mediação compõe a ideia de um terceiro que se encontra entre as duas partes, não 
sobre, mas entre elas. O tratamento do conflito pode acontecer mediante uma pluralidade de 
técnicas que vão da negociação à terapia. Possui como base o princípio de religar aquilo que 
se rompeu, restabelecendo uma relação para tratar o conflito que deu origem ao rompimento. 
(SPENGLER, 2014)
Enquanto a negociação, a conciliação e a mediação são métodos autocompositivos de 
resolução de conflitos, a arbitragem, outra forma alternativa ao Judiciário para dirimir litígios, 
trata-se de um meio heterocompositivo de resolução dos conflitos, pois nela existe a pessoa do 
árbitro, escolhido pelas partes, que irá decidir a contenda, apresentando uma sentença arbitral.
 Nessa ótica, conceitua-se arbitragem como o meio pelo qual o Estado, ao invés de inter-
ferir diretamente nos conflitos de interesses, impondo a sua decisão, permite que uma terceira 
pessoa o faça, a partir de um procedimento e da observação de regras mínimas, mediante uma 
decisão com autoridade idêntica à de uma sentença judicial. Dessa forma, as partes, ao optarem 
pela arbitragem, afastam a jurisdição estatal, e substituem por outra estratégia de tratamento de 
conflitos, reconhecida e regulada pelo Estado, permitindo a execução das decisões proferidas, 
bem como sejam anuladas aquelas que não tenham observado um mínimo de regras exigidas 
pelo legislador. (MORAIS; SPENGLER, 2012).
 A partir da apresentação do instituto da arbitragem, indicam-se as seguintes vantagens: 
a) maior celeridade e menor custo em comparação ao processo judicial; b) execução do laudo 
arbitral fácil; possibilidade de continuar executando o objeto do litígio enquanto se busca uma 
solução à controvérsia; c) desejo de manter as relações cordiais e de colaboração entre as partes, 
bem como a confidencialidade ou privacidade da controvérsia; d) facilitação da transação; e e) 
evitar a submissão a tribunais estrangeiros, no caso da arbitragem internacional. (MORAIS; 
SPENGLER, 2012).
 Tais formas complementares de tratamento de conflito estão sendo cada vez mais 
utilizadas, pois objetivam garantir a autonomia e a responsabilidade das partes diante de seu 
conflito. Percebe-se, assim, que os métodos atuais utilizados pelo Direito não encontram 
adequação entre a complexidade das ações judiciais, as pessoas envolvidas e as técnicas 
jurídicas aplicadas, o que acarreta na morosidade, no acúmulo de demandas e na insatisfação 
das pessoas envolvidas no conflito. 
 Diante do exposto, salienta-se que os mecanismos da negociação, mediação, conciliação 
e da arbitragem não podem ser vistos como meios diretos de desafogar o Judiciário, mas como 
formas de tratar adequadamente o conflito, cuja consequência a longo prazo será a redução 
de demandas judiciais. Reconhece-se o avanço do Poder Judiciário no Brasil ao implantar as 
formas complementares de tratamento de conflito, porém, peca ao institucionalizá-las, transfor-
86 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
mando-as em mera fase do processo, com um rito a ser seguido, inviabilizando-as pela forma de 
capacitação dos terceiros mediadores e conciliadores, bem como pelos procedimentos a serem 
adotados. E, também, corrompe o papel de emancipação e autonomia das partes ao apresentá-
-las como meio de diminuir o congestionamento do Poder Judiciário, fazendo com que sejam 
consideradas enquanto formas de redução quantitativa das demandas judiciais, a curto prazo.
 Trata-se de políticas públicas que garantem o acesso à justiça no sentido amplo e for-
talecem a participação social do cidadão, porém, que diante da falta de utilização adequada, 
perdem-se pela banalização. Deve-se compreender e fomentar uma cultura de paz, de alteridade 
e de tratamento de conflitos de forma qualitativa.
 A partir da abordagem realizada, discorrer-se-á, no próximo tópico, acerca da transação 
tributária como modalidade de tratamento de conflito no Direito Tributário.
3 TRANSAÇÃO TRIBUTÁRIA
 A palavra transação é originária do latim transactio, de transigere (transigir), e exprime 
a ação de transigir (SILVA, 1982, p. 403). No sentido técnico do Direito Civil, transação é “a 
convenção em que mediante concessões recíprocas, duas ou mais pessoas ajustam certas cláu-
sulas e condições para que previnam litígio, que se possa suscitar entre elas, ou ponham fim ao 
litígio já instaurado” (SILVA, 1982, p. 403).
 Em seu sentido vulgar, quer dizer pacto, convenção, ajuste pelo qual as pessoas realizam 
contratos ou promovem negociações, sendo esse sentido normalmente adotado na terminologia 
mercantil (SILVA, 1982, p. 403).
A transação trata-se de um acordo em que são feitas concessões pelas partes envolvidas 
para que consigam prevenir ou por termo a um litígio. Conforme Venosa, a transação possui a 
finalidade de impedir que as partes recorram a uma decisão judicial para dirimir um conflito, 
ou, que coloquem termo, por meio de uma decisão conjunta, a uma demanda em curso, estando 
ela instalada na forma de processo ou não (VENOSA, 2004, p.315).
Para ocorrer a transação, cada transator deve abdicar de uma parte de seus direitos para 
que possa ser evitada a judicialização do conflito ou para que seja colocado termo à demanda, 
sendo que este ato é imprescindível para que ocorra a transação, eis que se apenas uma das 
partes abre mão da integralidade de seus direitos, o negócio jurídico poderá ser confissão, reco-
nhecimento do pedido ou remissão (VENOSA, 2004, p. 315).
 A sua previsão legal consta dos artigos 840 a 850 do Código Civil11, havendo previsão 
1 Art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas.
Art. 841. Só quanto a direitos patrimoniais de caráter privado se permitea transação.
Art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento 
particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou 
por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz.
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem 
87Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
específica no Código Tributário, em seu artigo 171, que dispõe: “A lei pode facultar, nas condi-
ções que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, 
mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e consequente extinção de 
crédito tributário”.
 Ressalta, ainda, em seu parágrafo único, que a indicação da autoridade competente para 
autorizar a transação em cada caso, dar-se-á por lei.
 Ainda, salienta-se que ocorre a reciprocidade de ônus e de vantagens, nesta modalidade 
indireta de extinção de crédito tributário, que é a transação. (SABBAG, 2009, p. 808) Além dis-
so, a instituição da transação carece de lei que a autorize, em que deve ser referida a autoridade 
competente para realizar a transação em cada caso e esclarecer as concessões que poderão ser 
feitas aos contribuintes (SABBAG, 2009, p. 808).
 A lei, nos termos do artigo 172, incisos I a V, do CTN, desde que por despacho funda-
mentado, pode autorizar a autoridade administrativa a conceder remissão total ou parcial do 
crédito tributário, conforme a situação econômica do sujeito passivo; diante de erro ou igno-
rância escusável do sujeito passivo, quanto à matéria de fato; face à reduzida importância do 
crédito tributário; atendendo a considerações de equidade, em relação com as características 
pessoais ou materiais do caso; e, por fim, atendendo a considerações de equidade, em relação 
com as características pessoais ou materiais do caso. 
 Convém explicitar, conforme Sabbag, que “O CTN admite tão só a transação termina-
tiva, e não a “preventiva”. Com efeito, é pressuposto de tal causa extintiva do crédito tributário 
à existência de um litígio entre o Fisco e o contribuinte” (SABBAG, 2009, p. 808-809).
Importante referir, ainda, que o artigo 171 do CTN menciona a frase “determinação do 
litígio”, a qual deve ser compreendida como terminação, conforme Sabbag, não distinguindo 
direitos.
Art. 844. A transação não aproveita, nem prejudica senão aos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa 
indivisível.
§ 1o Se for concluída entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador.
§ 2o Se entre um dos credores solidários e o devedor, extingue a obrigação deste para com os outros credores.
§ 3o Se entre um dos devedores solidários e seu credor, extingue a dívida em relação aos co-devedores.
Art. 845. Dada a evicção da coisa renunciada por um dos transigentes, ou por ele transferida à outra parte, não 
revive a obrigação extinta pela transação; mas ao evicto cabe o direito de reclamar perdas e danos.
Parágrafo único. Se um dos transigentes adquirir, depois da transação, novo direito sobre a coisa renunciada ou 
transferida, a transação feita não o inibirá de exercê-lo.
Art. 846. A transação concernente a obrigações resultantes de delito não extingue a ação penal pública.
Art. 847. É admissível, na transação, a pena convencional.
Art. 848. Sendo nula qualquer das cláusulas da transação, nula será esta.
Parágrafo único. Quando a transação versar sobre diversos direitos contestados, independentes entre si, o fato de 
não prevalecer em relação a um não prejudicará os demais.
Art. 849. A transação só se anula por dolo, coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa.
Parágrafo único. A transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de controvérsia 
entre as partes.
Art. 850. É nula a transação a respeito do litígio decidido por sentença passada em julgado, se dela não tinha ciência 
algum dos transatores, ou quando, por título ulteriormente descoberto, se verificar que nenhum deles tinha direito 
sobre o objeto da transação.
88 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
se o litígio seria administrativo ou judicial, razão pela qual, com amparo na lição de Sabbag, 
entende-se ser aplicável a transação em ambas as esferas, administrativa e judicial. (SABBAG, 
2009, p. 809)
 Para exemplificar a transação, ressalta o referido autor casos como o abatimento no 
valor da multa para pagamento à vista em autos de infração, a parcela única do IPVA, IPTU, 
com desconto, são casos em que a parte recolhida será extinta pelo pagamento, ao passo que a 
parcela descontada será extinta pela transação. (SABBAG, 2009, p. 809)
 Retomando a questão acerca da ainda controversa possibilidade de transação no âmbito 
do Direito Tributário, é especificamente a partir do conceito de transação que uma parcela da 
doutrina prefere afastar o seu aproveitamento na esfera do direito público, em face de se tratar 
de um direito indisponível, sob a alegação de que a cobrança e o lançamento do tributo são 
vinculados e obrigatórios, sendo esta corrente a de autores como Eduardo Ferreira, Manoel 
Álvares e Jorge Luiz Souto Maior (FERNANDES, 2013, p. 211).
 Segundo Fernandes, a característica da indisponibilidade ganha ênfase maior nos casos 
envolvendo o Direito Tributário, diante da presença acentuada do princípio da legalidade estrita 
e da tipicidade fechada (FERNANDES, 2013, p. 211).
 Por outro lado, há uma corrente doutrinária favorável à aplicação da transação no âm-
bito tributário, composta por nomes como Ricardo Lobo Torres, Hugo de Brito Machado e 
Heleno Taveira Torres.
 Assevera Lobo Torres que, tanto a transação como a conciliação, a arbitragem e os 
demais processos alternativos de fixação e apuração do crédito tributário são meios de apro-
ximação do direito brasileiro dos grandes modelos do direito comparado e, desta forma, pro-
moveriam que o Brasil ingressasse em uma nova processualidade fiscal, guiada pela ideia de 
processo equitativo, que se coaduna com os princípios de liberdade, justiça e segurança jurídica 
(LOBO TORRES, 2008, p. 110).
 Desta forma, “seria superada a ideologia positivista da legalidade absoluta e da tipicida-
de fechada” (LOBO TORRES, 2008, p. 110).
 Na lição de Hugo de Brito Machado, a questão primordial a ser respondida é acerca da 
permissão da transação na relação tributária, se isso corresponderia a uma violação ao princípio 
da legalidade, especialmente em momento anterior ao lançamento e quando ele é feito, ou seja, 
quando se permite a transação para evitar o surgimento do conflito (MACHADO, 2008, p. 112).
 Ressalta o autor que, considerando que a obrigação tributária é sempre ex-lege, há quem 
sustente, como Eduardo Marcial Ferreira Jardim, que a transação é inadmissível no âmbito tri-
butário, e pregue a inconstitucionalidade do art. 171 do CTN. (MACHADO, 2008, p. 112).
Invocando a doutrina de Otto Bachoff, Ferreira Jardim identifica um conflito entre a 
norma/princípio albergada pelo art. 3º, segundo a qual o tributo é a prestação pecuniá-
ria cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, e o artigo 171, 
89Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
do Código Tributário Nacional, que admite a transação” (MACHADO, 2008, p. 112).
Destaca Machado que ao encontro desse entendimento se posiciona Maria Helena Di-
niz, que acolheu a referida tese ao escrever como significado da palavra transação, com ex-
pressa referência a Ferreira Jardim, tratar-se de “forma extintiva da obrigação tributária que na 
verdade é incompatível com o regime jurídico tributário, já que a criação e extinção de tributos 
se subordina à edição de atos administrativos vinculados” (MACHADO, 2008, p. 113).
Em conformidade com Machado, os autores totalmente avessos à transação no âmbitodo Direito Tributário assinalam uma antinomia entre os artigos 3º e 171 do CTN, pois o pri-
meiro dispõe ser o tributo cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada, 
enquanto que o segundo admite a transação (MACHADO, 2008, p. 113).
No entanto, para o autor, essa antinomia é apenas aparente, e que se resolve pelo critério 
da especialidade, eis que são normas em aparente conflito situadas na mesma posição hierárqui-
ca. (MACHADO, 2008, p. 113).
Explica o autor que 
em outras palavras, o art. 3º do Código Tributário Nacional contém uma prescrição 
jurídica aplicável à atividade de cobrança de um tributo. Diz que essa cobrança há 
de ser feita mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O art. 171, ao 
admitir a transação como forma de extinção do crédito tributário, contém uma pres-
crição especial, aplicável apenas aos casos e nas condições que a lei estabelecer. Uma 
exceção, portanto, à prescrição genérica. (MACHADO, 2008, p. 113).
No entanto, a exceção relatada mostra-se razoável, porquanto não agride a regra, com 
ela convivendo perfeitamente, uma vez que só haverá confronto entre o caráter vinculado da 
atividade administrativa se a lei ordinária atribuir competência para fazer transações às autori-
dades lançadoras em geral ou aos representantes da Fazenda Pública em juízo (MACHADO, 
2008, p. 114).
Ainda assim, a falha será da lei ordinária e não do artigo que trata sobre a transação. 
Para ser obediente a esse dispositivo, a lei ordinária deve estabelecer as condições em 
que pode ser feita a transação com tal objetividade que restará afastada a discriciona-
riedade, e atribuir competência para autorizar a transação somente a autoridades de 
escalões superiores da Administração Tributária para que, se alguma discricionarie-
dade ainda restar, seja mais fácil o controle do ato que há de ser praticado sempre no 
interesse da Fazenda Pública (MACHADO, 2008, p. 114).
 
Importante destacar a posição do doutrinador acerca da possibilidade de transação no 
Direito Tributário, sendo que se manifesta favoravelmente à questão, em princípio e desde que 
guardadas as devidas cautelas especialmente no tocante ao arbítrio da Fazenda Pública, a fim 
90 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
de que não se tenha nele um incremento, posto que tal arbítrio já é elevado (MACHADO, 2008, 
p. 135).
Heleno Tavares Torres também se posiciona em favor da possibilidade de transação 
em matéria tributária. Dispõe o referido autor que tal instituto é um meio de equilíbrio entre 
os interesses do Estado com os limites constitucionais e direitos individuais dos cidadãos, não 
podendo a simplificação fiscal, como instrumento da eficiência administrativa, ser vista pura e 
simplesmente como meio de garantir maior arrecadação (TAVARES TORRES, 2008, p. 328). 
Importante a lição do autor, ao se referir quanto à necessidade de ser promovida uma 
simplificação nos procedimentos, “alheando-se de complexidade inúteis e de toda espécie de 
exageros burocráticos, servindo como instrumento de uma legalidade democrática, justa, ope-
rativa, mas também segura e ponderada” (TAVARES TORRES, 2008, p. 328).
O princípio jurídico e técnico da praticabilidade ou praticidade da tributação, que se 
deve estender aos meios de resolução de controvérsias, deve ser repensado e posto 
como condição de eficiência administrativa, tal como o exige o art. 37 da Constitui-
ção. Adam Smith, já nos idos de 1776, enfatizava a importância da garantia de certeza 
e praticabilidade dos tributos, como meio de igualdade e segurança jurídica para os 
contribuintes (TAVARES TORRES, 2008, p. 328).
Em razão do alto passivo tributário no Brasil, que somente no âmbito dos tributos fe-
derais alcança cifra superior a setecentos bilhões de reais, refere Tavares Torres que se torna 
necessário usar alternativas como a criação de um “ombudsman” fiscal, com competência pre-
ventiva, com participação tanto antes da edição das leis tributárias como para reflexão sobre as 
condutas vigentes, a exemplo do que ocorre em países como México, Estados Unidos, Itália, 
Portugal e Espanha, além de a utilização de formas alternativas às modalidades ordinárias de 
decisão de conflitos, como a revogação ou revisão administrativa dos atos de lançamento, tran-
sação e a arbitragem em matéria tributária (TAVARES TORRES, 2008, p. 328).
Segundo o autor, diversos países tiveram bons resultados na redução de seus passivos 
tributários com medidas equivalentes, adaptando os princípios de indisponibilidade do patri-
mônio público e segurança jurídica dos contribuintes, aos da eficiência e simplificação fiscal 
(TAVARES TORRES, 2008, p. 328).
Desta forma, adota-se a corrente favorável à aplicação da transação no âmbito tributário 
por ser mais coerente, desde que utilizada nos limites estabelecidos em lei, isto é, aplicada cor-
retamente, beneficia tanto o Estado, que consegue receber o crédito tributário para reverter em 
benefício da população na forma de políticas públicas de inclusão social, como o devedor, que 
resolve a sua pendência de uma forma menos gravosa.
Importante ressaltar, por fim, que a transação, tanto em matéria tributária como nos 
outros ramos do direito, extingue as obrigações mediante concessões recíprocas, sendo que, 
conforme Fernandes, para que isso seja possível deve haver um grau de incerteza no direito 
91Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
objeto da discussão. Contudo, o grau de incerteza do direito discutido, assim como o poder do 
qual dispõe a autoridade competente para realizar o acordo são matérias que serão disciplinadas 
na lei que instituir o modelo geral da transação, a qual embasará o art. 171 do CTN (FERNAN-
DES, p. 216, 2013). 
Desta forma, cumpre assinalar que o Projeto de Lei nº5082/2009, que estabelece as 
condições e os procedimentos que a União, por meio da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacio-
nal e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os sujeitos passivos de obrigação tributária 
deverão observar para a realização de transação, que importará em composição de conflitos ou 
terminação de litígio, para extinção do crédito tributário, nos termos dos artigos 156, inciso III, 
e 171 do Código Tributário Nacional tramita atualmente em regime de prioridade no Congresso 
Nacional.
Sobre o referido Projeto de Lei, Luciana Moessa de Souza destaca que a maior inovação 
por ele trazida talvez seja a disciplina genérica da denominada transação por adesão (SOUZA, 
2010, p. 307).
Destaca a referida autora, a possibilidade de grande utilização da transação por adesão 
em casos envolvendo matéria estritamente jurídica e que passa a ser possível não ape-
nas com base em lei específica (hipótese que o PL prevê de forma redundante), mas 
também quando houver “autorização do Ministro de Estado da Fazenda e do Advoga-
do-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal 
ou de tribunais superiores (artigo 43, II)”. (SOUZA, 2010, p. 307)
Poderá ser realizada a chamada “transação por adesão” tanto nos procedimentos admi-
nistrativos como nos judiciais, lembrando Luciana Moessa de Souza, que mecanismo como 
este, inclusive
 já foi utilizado em nosso ordenamento recentemente com relação a diferenças na 
correção de saldos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) decorrentes 
de planos econômicos, assunto sobre o qual havia centenas de milhares de ações em 
juízo pleiteando tais diferenças. O cuidado que o legislador deve ter, ao disciplinar tais 
transações, é o de trazer regras acerca do pagamento de honorários advocatícios no 
caso de acordos celebrados em juízo, tema que, por não ter sido tratado na norma que 
autorizou o acordo em matéria de FGTS, foi uma das principais dificuldades na sua 
implementação. (SOUZA, 2010, p. 308)
Desta forma, percebe-se claramente a importância que vem sendo dada a essa forma de 
tratamento de conflitos, que beneficia a todos osenvolvidos, constituindo-se, assim, em meios 
eficazes e satisfatórios.
 
 
92 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado, verifica-se que o instituto da transação tributária, na forma 
dos artigos 156, inciso III e 171, do Código Tributário Nacional, é passível de ser aplicado aos 
casos envolvendo o Direito Tributário, desde que nos limites legais, diante da necessidade de 
efetivo recebimento dos créditos tributários pelo Estado, em tempo razoável e com o menor 
dispêndio possível nestas demandas, a fim de que seja possível fornecer um retorno razoável 
destes créditos à população, dos quais tanto necessita, na forma de promoção de políticas pú-
blicas de inclusão social.
 Deve-se destacar que, embora recente a alteração da concepção do conflito e seus meios 
de tratá-lo, há um protagonismo ao assegurar a solução pacífica dos conflitos, por meio do 
diálogo e consenso, quando apresenta, para tanto, a negociação, a conciliação, a mediação e a 
arbitragem. No presente caso, a transação tributária apresenta-se como meio adequado de tra-
tamento de conflito.
 Nessa ótica, vislumbra-se o papel emancipador fundamentado na satisfação das ex-
pectativas humanas essenciais, apresentando medidas terapêuticas para discutir os conflitos 
e encontrar respostas satisfatórias aos envolvidos, razão pela qual se defende a utilização dos 
meios complementares de tratamento de conflito como concretização de políticas públicas de 
inclusão social. 
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95Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS NA ESFERA DO PODER 
PÚBLICO: UMA EQUAÇÃO (IM)POSSÍVEL? 
Josiane Caleffi Estivalet
Mestranda na Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, área de concentração em Direitos Sociais e Políticas 
Públicas. Especialista em Direito, Sociedade e Psicanálise e em Direito Processual Civil. Integrante do grupo de 
pesquisa “Políticas Públicas no Tratamento dos Conflitos” certificado pelo CNPq coordenado pela Profª Pós-Dou-
tora Fabiana Marion Spengler. Juíza de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Endereço 
eletrônico: josiane.ce.santcruz@gmail.com. 
INTRUDUÇÃO
Há previsão legal, no ordenamento jurídico brasileiro, da resolução consensual 
extrajudicial11 de conflitos envolvendo o Poder Público. Como exemplo, pode-se citar o Código 
de Defesa do Consumidor (Lei 8.078) que acresceu o parágrafo 6º ao artigo 5º da Lei da Ação 
Civil Pública (Lei nº 7.347) e fez surgir a possibilidade da celebração de “ajustes de conduta” 
com relação a matérias como meio ambiente, patrimônio cultural, histórico e paisagístico, 
ordem econômica, defesa do consumidor, dentre outras22. No mesmo sentido navega o Estatuto 
1 Para fins do presente trabalho adota-se o conceito de jurisdição de Arruda Alvim (1990): “Consiste a jurisdição: 
1) especificamente, numa atividade ontológica e intencionalmente preordenada, à aplicação da lei, quando haja 
solicitação nos casos concretos controvertidos, submetidos ao Judiciário, constituindo-se a declaração lato sensu 
do Direito, o seu objetivo imediato; mediatamente, do global dessa atividade há de resultar a paz social, na medida 
em que esta daquela dependa; compreende essa função a mera controvérsia sobre a validade (= constitucionalidade) 
de uma lei; 2) é atividade secundária, porquanto ocorre nas hipóteses em que os litigantes não hajam realizado a 
atividade primária que deveriam ter realizado, para que não tivesse havido ilicitude e, assim, opera tal atividade 
no lugar da do litigante, a qual inocorreu, ou ocorreu incompletamente, salientando-se que decide finalisticamente 
sobre atividade alheia e não própria; 3) como atividade secundária, é, também, substitutiva do dos litigantes e, por 
isso mesmo, haverá de valer definitivamente, em lugar dos desejos dos litigantes, sendo que, para tal substitutividade 
realmente ocorrer, as decisões do Poder Judiciário têm que eficazmente submeter os litigantes; para isto se verificar 
na plenitude do necessário, tal eficácia nem mesmo por lei nova poderá ser alterada (coisa julgada, garante contra 
lei retroativa, entre nós); 4) é atividade desinteressada do conflito, equidistante das partes, e exclusivamente 
subordinada à lei; daí serem os juízes, de um lado submissos só à lei e, de outro, independentes, para que possam 
ser imparciais, bem como hão de obedecer a regras preestabelecidas (processo e procedimento preestabelecidos) 
asseguradoras da imparcialidade, tudo com o fim da aplicação precisa da Lei; 5) atua no presente, tendo em vista o 
futuro (segundo alguns, com a criaçãode norma individual pela sentença), geralmente à luz de fatos já verificados, 
antes do início do processo”. (ALVIM, 1990 p. 60)
2 Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 
2007). I - o Ministério Público; (Redação dada pela Lei nº 11.448, de 2007). II - a Defensoria Pública; (Redação 
dada pela Lei nº 11.448, de 2007). III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (Incluído pela 
Lei nº 11.448, de 2007). IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; (Incluído 
pela Lei nº 11.448, de 2007). V - a associação que, concomitantemente: (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007) 
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; (Incluído pela Lei nº 11.448, de 2007). b) 
inclua, entre as suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, 
à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. (Redação dada pela Lei nº 12.966, de 2014) § 1º O Ministério Público, se não 
intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei; § 2º Fica facultado ao Poder Público 
e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes; 
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público 
96 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069)33 e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003)44.
Não obtida a composição consensual extrajudicial dos conflitos nos quais estão 
imbricados o Poder Público e o particular, os legitimados (dentre eles o Ministério Público) 
podem fazer uso dos instrumentos processuais previstos no ordenamento jurídico pátrio (ações 
populares, ações civis públicas e outras de natureza coletiva) para levar mencionados conflitos 
à esfera do Poder Judiciário, a fim de que este, segundo Spengler (2010), “diga o direito”55. 
Atualmente, a tarefa de “dizer o Direito” encontra limites na precariedade da 
jurisdição moderna, incapaz de responder às demandas contemporâneas produzidas 
por uma sociedade que avança tecnologicamente permitindo o aumento da exploração 
econômica, caracterizada pela capacidade de produzir riscos sociais e pela incapacidade 
de oferecer-lhes respostas a partir dos parâmetros tradicionais.” (SPENGLER, 2010, 
p.25).
ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990) § 4.° O requisito 
da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela 
dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. (Incluído pela Lei nª 
8.078, de 11.9.1990) § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do 
Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. (Incluído pela Lei nª 8.078, 
de 11.9.1990) (Vide Mensagem de veto) § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados 
compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título 
executivo extrajudicial. (Incluído pela Lei nª 8.078, de 11.9.1990) (Vide Mensagem de veto).
3 Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados 
concorrentemente: I - o Ministério Público; II - a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os territórios; 
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a 
defesa dos interesses e dos direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia 
autorização estatutária. § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União e dos 
Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta Lei.§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação 
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa. Art. 211. 
Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às 
exigências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial.
4 Art. 74. Compete ao Ministério Público:    I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção 
dos direitos e interesses difusos ou coletivos, individuais indisponíveis e individuais homogêneos do idoso;    II – 
promover e acompanhar as ações de alimentos, de interdição total ou parcial, de designação de curador especial, 
em circunstâncias que justifiquem a medida e oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de 
idosos em condições de risco;   III – atuar como substituto processual do idoso em situação de risco, conforme 
o disposto no art. 43 desta Lei; IV – promover a revogação de instrumento procuratório do idoso, nas hipóteses 
previstas no art. 43 desta Lei, quando necessário ou o interesse público justificar; V – instaurar procedimento 
administrativo e, para instruí-lo: a) expedir notificações, colher depoimentos ou esclarecimentos e, em caso de não 
comparecimento injustificado da pessoa notificada, requisitar condução coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou 
Militar;   b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, 
da administração direta e indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias; c) requisitar 
informações e documentos particulares de instituições privadas;  VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências 
investigatórias e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção 
ao idoso; VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as 
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; VIII – inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento 
e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à 
remoção de irregularidades porventura verificadas;   IX – requisitar força policial, bem como a colaboração dos 
serviços de saúde, educacionais e de assistência social, públicos, para o desempenho de suas atribuições; X – 
referendar transações envolvendo interesses e direitos dos idosos previstos nesta Lei.
5 Existe por parte do Conselho Nacional de Justiça o reconhecimento da necessidade de aperfeiçoamento da 
prestação jurisdicional. O planejamento estratégico nacional do Poder Judiciário 2015/2020 repete a revogada 
Resolução nº 70 de 18 de março de 2009 do CNJ, ao estabelecer objetivos estratégicos dos quais destacamos 
a celeridade, acessibilidade, credibilidade e modernidade. Disponível em http://www.cnj.jus.br/atos-
normativos?documento=2029, acesso em 14/08/2014. 
97Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A partir da Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça, o Poder Judiciário teve 
ampliada a sua atuação. Além dos mecanismos processuais que trilham os caminhos para o 
“dizer o direito” previstos em lei, houve a institucionalização da mediação e da conciliação como 
métodos complementares66 de gerir77 conflitos. O propósito da mencionada institucionalização é 
proporcionar a aproximação das partes, fomentar o diálogo e, via de consequência, facilitar 
o acordo no sentido amplo, ou seja, além dos limites da lide processual, alcançando a lide 
sociológica e/ou as origens do conflito. 
Esta nova postura do Poder Judiciário brasileiro, de inclusão da mediação como forma 
de metabolizar conflitos, sofre “resistências da cultura belicosa com a qual é formada, por 
exemplo, o bacharel em Direito (uma vez que estamos falando do Judiciário) muito mais prepa-
rado para o conflitodo que à sua composição” (LEAL, 2006 p. 49). A causa seria a inexistência, 
nos currículos da maioria dos cursos universitários, de espaços que permitam o domínio de 
técnicas de negociação ou conciliação que favoreçam o diálogo.
O presente artigo tem como tema principal lançar questionamentos sobre a utilização da 
mediação como forma de gestão de conflitos judicializados, quando figurar, em um dos polos 
da demanda, o poder público, inclusive à luz do previsto no Projeto de Lei nº 7.169 de 201488.
Souza (2012) identifica três grandes fundamentos jurídico-constitucionais para que se-
jam adotados não só na mediação, como em outras formas consensuais de administração de 
conflitos em litígios que envolvam o poder público na esfera jurisdicional.
O primeiro é o princípio do acesso à justiça, insculpido no artigo 5º, XXXV da Cons-
tituição Federal que determina que sejam colocados à disposição da sociedade métodos ade-
quados de gestão de conflitos. Esta adequação deve ser percebida sob os aspectos temporal, 
econômico e de resultados. Portanto, não se trata de uma mera garantia de acesso formal ao 
6 Discute-se se a mediação seria uma forma complementar ou alternativa de enfrentamento das situações de 
conflito. A sigla utilizada em inglês, ADR que significa “Alternative Dispute Resolution” ou soluções alternativas 
de disputas, ou conflitos, amplamente difundida no mundo acadêmico, remete ao uso do vocábulo alternativo. O 
termo alternativo sugere a faculdade de se optar entre duas ou mais coisas, hipóteses, caminhos, escolhas. Ocorre 
que, nem a Resolução nº 125, nem o Projeto de Lei 7169/2004, excluem a possibilidade de os envolvidos no 
conflito valerem-se das vias judiciais tradicionais para o enfrentamento da contenda, caso não tenham alcançado 
a composição através da mediação.). Para fins do presente trabalho, a mediação será concebida como forma 
complementar de enfrentamento de conflitos, pois apresenta características próprias, que a distinguem da jurisdição 
e não se contrapõem a ela, como sugere o termo alternativo. 
7 Opta-se por utilizar os termos “gestão”, “enfrentamento” e “metabolização” de conflitos, em razão de que, segundo 
Spengler (2010, p. 26) “conflitos sociais não podem ser “solucionados” pelo Judiciário, no sentido de resolvê-los, 
suprimi-los, elucidá-los ou esclarecê-los”. Bobbio, ao excluir do seu enfoque os aspectos psicológicos do conflito 
e declarar ser o mesmo ínsito a toda sociedade, portanto, ineliminável, (2010, p. 228) conceitua-o como “uma 
forma de interação entre indivíduos, grupos, organizações e coletividades que implica choques para o acesso e 
a distribuição de recursos escassos” (p. 225). Explica: “A supressão dos conflitos é, contudo, relativamente rara. 
Assim como relativamente rara é a plena resolução dos conflitos, isto é, a eliminação das causas, das tensões, 
dos contrastes que os originaram (quase por definição, um conflito social não pode ser “resolvido”). O processo 
o tentativa mais frequente é o do proceder à regulamentação dos Conflitos, isto é, à formulação de regras aceitas 
pelos participantes que estabelecem determinados limites aos Conflitos. A tentativa consiste não em por fim aos 
Conflitos mas em regulamentar sua formas de modo que suas manifestações sejam menos destrutíveis para todos 
os atores envolvidos.” (BOBBIO, 2010 p. 028)
8 Disponível em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=606627, acesso 
21/10/2014
98 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
sistema judicial.
Destaca ainda o princípio da eficiência, previsto no artigo 37, caput da Carta Magna 
que, para o presente trabalho, é visto sob a ótica da relação custo/benefício na resolução das 
demandas e/ou situações conflituosas. 
E, por fim, o fundamento da ordem constitucional, conforme previsto no artigo 1º, qual 
seja, o princípio democrático, do qual decorre o fato de o Estado não ser um fim em si mesmo. 
Assim, quando o poder púbico estiver envolvido em conflitos com particulares e/ou com co-
letividades, há necessidade de que ele se disponha a dialogar, seja para encontrar uma solução 
adequada para o problema, seja para esclarecer os seus limites de atuação.
Objetiva-se com a presente pesquisa investigar de que maneira a mediação realizada 
no âmbito do Poder Judiciário pode servir de estratégia de manejo dos litígios que envolvem 
o poder público, especialmente em razão da multiplicidade de interesses e titulares de direitos 
que podem compor um dos polos da relação processual. Deve-se ter em mente que, mesmo 
não compondo a lide, esses terceiros poderão ser afetados de forma direta e/ou indireta pelas 
decisões originadas, como ocorre nas ações populares, ações civis públicas e outras que tenham 
natureza coletiva. 
Abordar-se-ão, inicialmente, os conceitos de políticas públicas. Em seguida, serão 
traçadas linhas gerais sobre a mediação e, na sequência, serão analisadas particularidades do 
emprego da mediação nas demandas em que pessoas jurídicas de direito público ocupam um 
dos polos da ação. 
O método de abordagem adotado será o dedutivo, partindo da relação entre as premissas 
(argumentos gerais) e argumentos particulares até à conclusão. O método de procedimento será 
o monográfico, a partir de pesquisas realizadas em fontes bibliográficas ligadas ao tema.
1 POLÍTICAS PÚBLICAS
Segundo Bittencourt (2013, p. 44), “a análise do conceito de política pública jamais 
poderá, em si, conter uma observação meramente jurídica”.
Para Bucci (2006, p. 241), “políticas públicas são programas de ação governamental 
visando coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de 
objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados”. Políticas públicas resultam das 
decisões tomadas em determinada sociedade na esfera da administração pública, vinculam-se 
às escolhas feitas pelo administrador, aos caminhos de implementação traçados e às estratégias 
de intervenção governamental. Não podem ser analisadas como uma mera concepção isolada 
do contexto histórico do Estado e da sociedade.
Na sociedade civil, em razão da “crescente escala de intervenção do Estado e a 
complexidade dos governos nos dias atuais” percebe-se que a ação política ganha mais 
importância, na medida em que vem sendo constatado que existe uma “multiplicidade de 
99Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
modelos políticos institucionais” e que nenhum pode ser universalmente aplicado. (SCHMIDT, 
2008, p. 2307). Segundo Schmidt (2008), o futuro do Estado, assim como da sociedade em 
geral, demanda, sob a ótica das políticas públicas, uma análise geral, especialmente no que 
diz respeito ao desenvolvimento e inclusão social. Assim, tem-se que o avanço econômico 
do Brasil vem acompanhado da necessidade de aprimoramento das decisões, tanto na esfera 
pública como na privada. 
Para Gobert e Muller (1987) apud Höfling, políticas públicas podem ser traduzidas 
como o Estado em ação, implantando um projeto de governo, através de programas e ações 
voltadas para determinados setores da sociedade. O Estado não pode ser reduzido à burocracia 
pública, aos organismos estatais que conceberiam e implementariam as políticas públicas. As 
políticas públicas são aqui compreendidas como as de responsabilidade do Estado – quanto 
à implementação e manutenção, a partir de um processo de tomada de decisões que envolve 
órgãos públicos e diferentes organismos e agentes da sociedade relacionados à política imple-
mentada. Neste sentido, políticas públicas não podem ser reduzidas a políticas estatais. 
Políticas públicas, portanto, levam em consideração que o espaço público é uma dimen-
são mais ampla, que se desdobra em estatal e não estatal. Schmidt destaca que “as políticas 
orientam a ação estatal, diminuindo os efeitos de um dos problemas constitutivos do regime 
democrático: a descontinuidade administrativa, decorrente da renovaçãoperiódica dos gover-
nantes.” (SCHMIDT, 2008, p. 2312). O autor refere que há necessidade de transparência das 
políticas públicas, na medida em que elas indicam as intenções governamentais em cada área 
de atuação do Estado.
Schmidt (2008) elenca cinco fases no ciclo das políticas públicas. Fase 1: Percepção e 
definição de problemas, para que possam gerar uma política pública; Fase 2: Inserção na agenda 
política (agenda setting), ou seja, relação dos problemas e assuntos de interesse dos cidadãos 
e do governo. “Envolve governo, congresso, partidos políticos e atores sociais” (SCHMIDT, 
2008, p. 2317); Fase 3: Formulação: momento da definição quanto à maneira de solucionar o 
problema político e escolha das alternativas procedimentais, dentro da esfera do Legislativo e 
Executivo; Fase 4: Implementação: “é a fase da concretização da formulação, através de ações 
e atividades que materializam as diretrizes, programas e projetos”, geralmente a cargo da admi-
nistração (SCHMIDT, 2008, p. 2318); e Fase 5: Avaliação: nunca é neutra, ou puramente técni-
ca, mas possibilita que os eleitores exerçam controle sobre a ação governamental (“em política, 
a principal é a eleitoral”) (SCHMIDT, 2008, p. 2319). Existem aspectos que são geralmente 
considerados e dizem respeito às seguintes questões: avaliação de efetividade, de eficácia, de 
eficiência, de legitimidade.
Dos conceitos transcritos acerca de políticas públicas extraí-se conclusão de que existe 
um núcleo comum e constante: o objetivo das mesmas será o de atender a um determinado fim, 
de cunho econômico ou social, através de ações promovidas pelo Estado. Sua importância está 
diretamente ligada à possibilidade de produzir mudanças na sociedade, a partir da iniciativa do 
100 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Estado. Buscar no Poder Judiciário, a solução, com relação da ausência de implementação de 
políticas públicas ou de sua precária execução, tem se mostrado a alternativa recorrente.
No que diz respeito ao
crescimento do número de demandas judiciais atinentes a direitos fundamentais que 
dependem de políticas públicas tem levado muitos a criticarem o que chamam de 
‘judicialização das políticas públicas’, defendendo que a sua formulação fique imune 
ao controle jurisdicional. Este pensamento ignora que o progressivo incremento na 
missão político-jurídica do Poder Judiciário é corolário de um fenômeno iniciado nas 
esferas dos outros dois poderes, que tiveram seu papel sensivelmente ampliado com a 
passagem do Estado Liberal ao Estado de Bem-Estar Social (SOUZA, 2012).
O desafio do Poder Judiciário consiste na forma com que, dentro de um prazo razoável, 
com as ferramentas que dispõe, possa ser viabilizado e desenvolvido o processo ou procedi-
mento que não apenas solucione juridicamente o caso concreto, mas que também garanta a 
eficácia desta decisão ou a utilidade da mesma, sob pena de, no plano fático, o conflito que deu 
origem a demanda não vir a ser administrado e/ou tratado.
2 MEDIAÇÃO E PODER PÚBLICO
Dentro do contexto de busca de soluções não restritas ao âmbito jurídico é que ganha 
importância a mediação99. Concebida como um processo de manejo de conflitos, que não 
apresenta soluções prontas, a mediação tem por principal objetivo ampliar as vias dialogais dos 
envolvidos nos conflitos. 
De fato, o que a mediação propõe é um modelo de justiça que foge da determinação 
rigorosa das regras jurídicas, abrindo-se à participação e à liberdade de decisão entre 
as partes, à comunicação de necessidades e de sentimentos, à reparação do mal mais 
que a punição de quem o praticou. (SPENGLER, 2014 p. 48).
Através de um terceiro (sem poder decisório), os conflitantes são convidados e 
estimulados a criar ou restabelecer os canais de comunicação, transitam de uma situação em 
que seus objetivos são aparentemente inconciliáveis para outra em que, ou percebem que há 
outros objetivos e interesses relevantes a serem considerados, ou visualizam uma possibilidade 
de sua compatibilização, ou ambos. O mediador é acima de tudo um facilitador da comunicação, 
rompida, truncada ou inexistente1010.
9 Spengler (2014, p. 44) alerta que nas duas últimas décadas, especialmente nos anos de 1980 a 1990 o termo sofreu 
uma banalização, na medida em que passou a ser usado para muitos propósitos, divorciados do contexto jurídico. 
10 “Agir, pensar e sentir caracterizam diferentes naturezas de discurso que são apresentadas ao outro, com maior ou 
menor objetividade e civilidade. Essas três possibilidades discursivas norteiam a construção de narrativas e podem 
dar a impressão de uma conversa em diferentes idiomas, quando uma ou outra natureza predomina na fala de cada 
um dos mediandos.” (ALMEIDA, 2014 p. 82)
101Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Enquanto proposta mais fluida pode perfeitamente conviver com os rígidos padrões 
da prestação jurisdicional, das políticas públicas, das questões jurídicas e não jurídicas que 
compõem o cenário do conflito.
Ainda, a mediação, para Spengler (2014), é a criação de um espaço de acolhimento da 
desordem social e de transformação do conflito e da violência, a partir de um novo modelo, 
democrático e garantidor de autonomia aos conflitantes.
Para a resolução de uma disputa, normalmente, há necessidade da utilização de 
parâmetros jurídicos, porém, a solução não se limita à esfera legal, pois os litígios, via de regra, 
não se restringem a questões jurídicas. Na mediação,
distingue-se, portanto, aquilo que é trazido pelas partes ao conhecimento do Poder 
Judiciário daquilo que efetivamente é interesse das partes. Lide processual é, em 
síntese, a descrição do conflito segundo os informes da petição inicial e da contestação 
apresentados em juízo. Analisando apenas os limites dela, na maioria das vezes não 
há satisfação dos verdadeiros interesses do jurisdicionado. Em outras palavras, pode-
se dizer que somente a resolução integral do conflito (lide sociológica) conduz à 
pacificação social; não basta resolver a lide processual – aquilo que foi trazido pelos 
advogados ao processo – se os verdadeiros interesses que motivaram as partes a litigar 
não foram identificados e resolvidos (BACELLAR, 2003). 
Enquanto proposta de (re)construção de vias dialogais1111, a mediação leva em conta 
não apenas os problemas mediatos e/ou jurídicos, mas os fatores que, na maioria das vezes, 
pautaram o conflito, como os vínculos emocionais formados antes do litígio, as necessidades e 
os interesses dos envolvidos e a forma com que eles se comunicam. Assim, propõem-se outras 
leituras que não sejam as da produção de decisões verticalizadas, o que para Spengler (2014, p. 
48) importa em verdadeira revolução social.
Apesar do interesse acadêmico e prático que a mediação desperta no meio jurídico, es-
pecialmente em razão da Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça1212, no Brasil, não há 
legislação específica que a discipline. Tramitam várias propostas legislativas sobre a matéria, 
elencadas por Spengler (2014, p. 98): Projeto de Lei do Novo Código de Processo Civil, (PL 
8046 de 2010), e os Projetos de Lei nºs 517/11, 434/13, 405/13. A mais recente proposta é o 
projeto de Lei nº 7.1691313 de 2014 que trata da mediação entre particulares e sobre a composição 
de conflitos no âmbito da Administração Pública. Elege, em seu artigo 2º, como princípios da 
mediação: a imparcialidade do mediador, a isonomia entre as partes, a oralidade, a informali-
dade, a autonomia da vontade das partes, a busca do consenso, a confidencialidade e a boa–fé.
Segundo Freund (1995, p. 241), uma das características fundamentais do conflito é a 
dualidade, amigo-inimigo ou a bipolaridade. Assim, o conflito se define como uma relação 
11 “A mediação é uma maneira de instaurar a comunicação rompida entre as partes em virtude da posição antagônica 
instituída pelo litígio. Tratando-se de um intercâmbio comunicativo no qual os conflitantesestipulam o que compete 
a cada um no tratamento do conflito em questão, a mediação facilita a expressão do dissenso definindo um veículo 
que possa administrar a discordância e chegar a um consenso comunicativo” (SPENGLER, 2010, p. 350).
12 Disponível em http://www.cnj.jus.br/atos-administrativos/atos-da-presidencia/323-resolucoes/12243-
resolucao-no-125-de-29%20%20-de-novembro-de-2010
13 Disponível em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=606627, acesso 
18/10/2014
102 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
marcada pela exclusão do terceiro. Este terceiro, que não está envolvido no conflito, quando 
atua como mediador, é encarregado de, ocasionalmente e temporariamente, encontrar meios 
que produzam a aproximação dos conflitantes, o que poderá permitir eventual entendimento 
entre eles (FREUND, 1995, p. 242)1414. Nesse contexto ganham importância às matizes do agir 
do mediador.
Imparcialidade, para Moore (1995 p. 55), está ligada à ideia de “ausência de tendencio-
sidade ou preferência em favor de um ou mais negociadores, de seus interesses ou das soluções 
específicas que eles estão defendendo”. Significa que os mediadores devem ter a capacidade de 
“separar suas opiniões pessoais quanto ao resultado da disputa do desempenho de suas funções” 
concentrando-se no uso das técnicas necessárias para que as partes tomem suas próprias deci-
sões sem favorecer indevidamente qualquer uma delas.
A isonomia pode ser compreendida para além do tratamento igualitário, pois remete à 
ideia de equilíbrio entre os envolvidos no conflito. Segundo Spengler (2014, p. 45),
não obterá êxito a mediação na qual as partes estiverem em desequilíbrio de atuação. 
É fundamental que a todos seja conferida a oportunidade de se manifestar e garantida 
a compreensão das ações que estão sendo desenvolvidas. A prioridade do processo de 
mediação é a restauração da harmonia.
O princípio da oralidade está associado ao da informalidade, em razão de que as pesso-
as, na mediação, podem discutir os problemas que os vinculam nos seus mais diversos aspectos, 
na busca de identificar não só as causas do seu agir, como também as possíveis de manejar seus 
conflitos. Conforme Spengler (2014),
inúmeras vezes pessoas que possuem convivência cotidiana (ou interesses ligados a 
relações continuadas – tais como: vizinhança, família, emprego, etc.) entram em dis-
cordância por um motivo qualquer. Este é o caso das relações continuadas, nas quais 
a questio que seria debatida na corte tradicional é uma, porém, o verdadeiro conflito 
pode ser outro (SPENGLER, 2014 p. 101).
Já a informalidade é uma das características que mais distancia a mediação do processo 
judicial, o que não pode ser confundido com falta de técnica ou método. Informalidade, para 
Sales (2010, p. 4) significa ausência de “forma única premeditada de processo de mediação”.
Embora não existam formas rígidas de mediar, são empregados métodos com rigor cien-
tífico, elaborados e permanentemente estudados (CALMON, 2013, p. 115). 
A autonomia entre as partes pode ser compreendida a partir do ensinamento de Freund 
14 “Una de las características fundamentais del conflicto es como hemos visto la aparición de la dualidad amigo-
enemigo o la bipolaridad. Esto significa que se produce una disolución der tercero. En este setido se puede definir 
el conflicto como la relación social marcada por la exclusión del tercero. O bien este se disgrega con la aparición 
del conflicto por una espécie de implosión en el interior de las relaciones sociales, o bien se pode fuera de circuito 
y deja que lós protagonistas se peleen entre si. Por ló menos ES sorprendente que aparte de algunos raros autores 
esta noción del tercero casi no haya sido objeto de investigaciones sociológicas. Y sen embargo es capital para 
cualquier comprensión del tejido social, puesto que la sociedad es un conjunto de relaciones entre terceros, que 
tan pronto pueden formar una unidad coherente, por ejemplo un grupo, como continuar dispersos en una massa.” 
(FREUND, 1995, p. 241).
103Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
(1995, p. 242). Refere que a atividade do mediador está restrita à criação de um clima favorável 
para a construção de uma eventual composição. Esta será sempre obra dos conflitantes. Eles são 
livres no sentido de que não podem ser influenciados por partes internas ou externas, seja para 
participar da mediação, seja para fazer qualquer tipo de acordo
Os mediadores, enquanto facilitadores, podem enfatizar a melhora do relacionamento 
entre as partes (MOORE,1995, p. 58), mas, como refere Sales (2010, p. 3), a liberdade dos 
envolvidos no conflito significa que “não podem estar sofrendo qualquer tipo de ameaça ou 
coação. Devem estar conscientes do que significa esse procedimento e que não estão obrigadas 
a fazer acordos ou assinar qualquer documento”.
Na busca do consenso, os mediadores, segundo Moore (1995, p. 56), devem estar preo-
cupados com um processo justo e não com um acordo em particular.
usualmente se distanciam de compromissos com resultados fundamentais específicos 
– a quantidade de dinheiro envolvida em um acordo, o tempo exato de realização e 
assim por diante – mas têm compromissos com padrões de procedimento como comu-
nicação aberta, equidade e negociação justa, durabilidade de um acordo no correr do 
tempo o obrigatoriedade do acordo” (MOORE, 1995, p. 56).
Como aponta Calmon (2013, p. 114), o papel do mediador é induzir as partes para 
que elas identifiquem quais os principais pontos de controvérsia, como podem “acomodar 
seus interesses aos da parte contrária”, explorando assim, as múltiplas fórmulas de ajuste que 
transcendem a disputa. 
Naturalmente, o consenso poderá não ser encontrado durante o processo de mediação, 
mas o avanço dos envolvidos na construção de canais de comunicação ampliará as possibilidades 
de gerenciar o litígio, assim como a articulação de saberes e experiências. Spengler (2010, p. 
320) refere que uma das pretensões da mediação é justamente “ajudar as partes a desdramatizar 
seus conflitos, para que se transformem em algo de bom à sua vitalidade interior”. 
A confidencialidade está ligada à liberdade que os mediandos dispõem para expor todas 
as questões relacionadas ao seu conflito, sejam elas de ordem técnica, pessoal ou emocional. 
Spengler (2014, p. 87) refere que “só haverá um diálogo aberto, sincero e honesto quando os 
conflitantes não estiverem tomados pelo receio de que o que foi dito não será usado como prova 
ou penalidade posteriormente”.
Almeida (2014, p. 133) refere-se à mediação como “instrumento que auxilia os sujeitos 
a negociarem suas diferenças, pautados no discernimento e na virtude aristotélica – deliberar 
com excelência a respeito do que é bom e conveniente para si e para o outro”. Acrescenta
quando em mediação nos referimos à boa-fé, estamos assentados na crença aristoté-
lica de que é possível aos seres humanos prescindirem de leis externas para pautarem 
suas condutas de forma a considerar o outro como legítimo em suas necessidades, que 
devem ser atendidas, tanto quanto as próprias, na justa medida. (ALMEIDA, 2014, 
p. 135).
104 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
O comprometimento de todos os envolvidos no conflito em colaborar, “sem interesses 
escusos”, é o que caracteriza, para Spengler (2014, p. 110), o princípio da boa-fé.
Diante de tais princípios, que caracterizam o processo mediativo, questiona-se se há 
possibilidade de serem submetidos à mediação conflitos em que figurem, em um dos polos da 
ação, o poder público (latu sensu). Spengler (2014, p. 117) entende que, por ser a mediação, 
em sua essência, voltada à manutenção e fortalecimento de laços formados a partir de relações 
continuadas e/ou de afeto, os litígios envolvendo a administração pública não poderiam ser 
submetidos à conciliação. Souza(2012, p. 57) admite esta possibilidade, inclusive, quando for 
objeto da demanda, questões relativas a políticas públicas, desde que observadas as peculiari-
dades que serão analisadas na sequência.
O Projeto de Lei nº 7.169 de 2014 cria, no capítulo II “câmaras de prevenção e resolução 
administrativa de conflitos”, com competência para gerir as contendas entre órgão e entidades da 
Administração Pública, bem como para avaliar a possibilidade de composição de controvérsias 
entre particulares e pessoas jurídicas de direito público e celebrar termos de ajustamento de 
condutas, quando couber 1515. Nestas câmaras poderá ocorrer, extrajudicialmente, a composição de 
conflitos em que for parte pessoa jurídica de direito público. Há inclusive menção específica de 
que os conflitos envolvendo a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações 
poderão ser objeto de transação (Seção II). 
Ou seja, não há exclusão explícita da mediação judicial das demandas em que figurem 
em um dos polos o poder público. A questão não é pacífica e torna-se ainda mais complexa 
quando se ingressa no procedimento propriamente dito da mediação.
Na fase preliminar da mediação ocorre a escolha do mediador e/ou mediadores. No 
modelo instituído pela Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça, as sessões de 
mediação são realizadas com a participação de um mediador e um comediador, ou cofacilitador 
para que o trabalho seja desenvolvido em equipe.
É indispensável que os mediadores e comediadores gozem de credibilidade perante 
todos os envolvidos no conflito. Na hipótese de judicialização, deve ser assegurado que todas as 
partes do processo sejam consultadas sobre os mediadores e comediadores nomeados, facultado 
inclusive eventuais alterações. A precaução facilitará o desenvolvimento dos trabalhos futuros 
de mediação propriamente ditos1616. 
Os mediadores e comediadores deverão também ser capacitados com relação ao tipo 
de conflito, a matéria a ser enfrentada, especialmente no que diz respeito às políticas públicas 
envolvidas. 
15 Art.33. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção 
e resolução administrativa de conflitos, com competência para: I – dirimir entre órgãos e entidades da 
Administração Pública; II – avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de 
composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de direito público; III – promover, 
quando couber a celebração de termo de ajustamento de conduta. Disponível em: http://www.camara.gov.br/
proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=606627, acesso 18/10/2014
16 “O mediador deve atuar de acordo com as normas estabelecidas no código de ética, jamais utilizando o processo 
de mediação em benefício próprio ou para benefício de uma das partes. A integridade do processo de mediação 
depende da conduta do mediador” (SALES, 2010, p. 52)
105Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
No Brasil, em razão da ausência de tradição na adoção da mediação, não se tem um 
cadastro único de mediadores. O Conselho Nacional de Justiça, a partir da Resolução nº 125, 
tem fomentado a utilização da mediação e investido na capacitação de servidores e voluntários 
para o exercício da função de mediador, no âmbito dos Centros Judiciários de Solução de 
Conflitos e Cidadania (CEJUSCS), porém, não com o enfoque específico para o atendimento de 
conflitos que envolvam políticas públicas. No entanto, é possível pensar na contribuição, neste 
aspecto, da comunidade acadêmica, seja através da realização de cursos específicos de formação 
de mediadores, como para profissionais das carreiras públicas que precisam ter clareza da sua 
atuação enquanto mediandos1717.
Ainda na fase preliminar, deverão ser definidos os partícipes das sessões e o escopo da 
mediação. 
Cabe ao(s) mediador(es) explicar como irá se desenvolver o processo de mediação e, 
em conjunto com os mediandos, delimitar as diretrizes do processo, o que inclui a estimativa 
de tempo a ser despedido em cada uma das etapas. Para Souza (2012, p. 159), em havendo a 
participação do poder público no processo mediativo, poderia ser estabelecida uma agenda 
flexível de sessões. Também seria importante sensibilizar os partícipes sobre a importância de 
que se façam presentes em todas as sessões de mediação, para as quais são convidados, a partir 
do esclarecimento das formas de atuação e oportunidades que terão de se manifestar. 
Porém, aqui reside uma dificuldade a ser enfrentada que diz respeito ao princípio da 
isonomia entre as partes. Considerando que, conforme Spengler (2014, p. 45), a isonomia deve 
ser compreendida para além do tratamento igualitário, pois remete à ideia de equilíbrio entre 
os envolvidos no conflito questiona-se, como manter a isonomia entre o poder público e o 
particular? 
Outra peculiaridade está relacionada à eventual impossibilidade de comparecimento ou 
de remarcação da sessão de mediação. Os representantes do órgão ou instituição poderiam ser 
orientados a enviar um substituto que esteja a par de tudo o que já foi discutido nas sessões 
até então realizadas (SOUZA, 2012). Ocorre que, mesmo que este substituto dispusesse de 
poderes, concedidos pelo órgão e/ou instituição, para atuar de forma segura, inclusive firmando 
eventual acordo, não se pode subtrair da mediação o caráter de pessoalidade da mesma. Ou seja, 
a mediação, enquanto proposta de manejo pessoal de conflitos, que ultrapassa as dimensões da 
conciliação, pois tem incidência subjetiva, não pode ser delegada, sob pena de a mentalidade 
jurídica terminar convertendo-a em uma conciliação como adverte Warat (2004, p. 66/7). 
Em razão da matéria envolvida, especialmente quando estão em discussão políticas 
públicas, poderia ser objeto desta etapa inicial a verificação da necessidade eventuais estudos 
técnicos que tenham sido realizados, ou mesmo a realização de novos estudos, na forma definida 
pelos mediandos. 
Almeida (2014) explica que a intervenção de um técnico ou especialista pode potencializar 
17 Não se pode desconsiderar o alerta feito por Schmidt sobre a “sinergia entre Estado e sociedade civil, tão 
destacadas atualmente”, no sentido de que um Estado forte não pode levar “certos setores a desmerecer a 
necessidade de colaboração das organizações da sociedade civil nas políticas sociais” (SCHIMIDT, 2010 p. 128).
106 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
a confiança no processo de mediação na medida em que representa o cuidado que o mediador 
tem com relação ao conflito que deu origem a demanda:
o mediador deve sugerir a procura de técnicos ou especialistas, sempre que necessário 
á ampliação do entendimento dos mediandos sobre questões específicas, uma vez que 
cabem a eles as decisões. É dever ético do mediador justificar a conveniência e/ou a 
necessidade da consulta sem, no entanto, indicar o(s) especialista(s) que atuará(ão). 
(ALMEIDA, 2014, p. 62).
Nas situações em que o conflito que se busca administrar tenha gerado amplo debate 
político, inclusive na mídia, recomenda Souza (2012) que, além da definição sobre o local 
onde se realizarão as sessões, deve haver deliberação sobre a forma pela qual se facultará a 
participação do público ou se os grupos receberão “manifestações por escrito relacionadas ao 
problema discutido no processo (conforme a amplitude da política pública debatida, pode ser 
apropriado receber manifestações on-line ou pelo correio, já que apenas uma minoria de pessoas, 
normalmente, tem condições de comparecer pessoalmente)” (SOUZA, 2012, p. 134) e também 
a forma pela qual o grupo divulgará informações relativas ao processo junto à imprensa.
Por fim, questiona-se ainda a confidencialidade das sessões de mediação, quando num 
dos polos do conflito encontrar-se o Poder Público. Uma das características da mediação é 
que o terceiro interventor, nominado de mediador, não tempoder decisório. Assim, ele precisa 
conquistar a confiança das partes para possibilitar que elas tragam para a mediação informações 
sobre todos os aspectos fáticos relacionados ao conflito em questão1818. 
Para Sales (2010, p. 57)
a mediação é um processo sigiloso e esse fato deve ser esclarecido às partes desde o 
primeiro momento da mediação. O sigilo das informações possibilita que as pessoas 
tenham considerável conforto ao discutir de forma profunda e aberta os seus conflitos. 
O mediador não deve, em hipótese alguma, revelar a terceiros o conteúdo do que foi 
discutido.
18 Segundo o Manual de Mediação Judicial “o mediador deve buscar adesão das partes para adoção da 
confidencialidade que se estabelecerá acerca de todos os fatos e situações narradas por elas durante o processo de 
mediação. É fundamental explicar que o(s) mediador(es) manterá(ão) em segredo tudo o que for apresentado na 
mediação, salvo vontade conjunta das partes em contrário. Caso alguma das partes tenha alguma preocupação ou 
receio que essa confidencialidade possa não ser mantida, o mediador deve adiantar às partes que ela poderá ser 
inserida com parte de seu acordo. Eventuais exceções também devem ser registradas na declaração de abertura”. 
(AZEVEDO, 2013, p. 96). Ainda, pelo princípio da confidencialidade “se estabelece que as informações constantes 
nas comunicações realizadas na autocomposição não poderão ser ventiladas fora desse processo nem poderão ser 
apresentadas como provas no eventual julgamento do caso, nem de outros processos judiciais. Nesse sentido, 
o mediador não pode servir como testemunha acerca de fato relacionado com seu ofício como facilitador de 
comunicações. Em regra, pode-se afirmar que a eficiência do mediador está relacionada à confiança que as partes 
depositam nele e à segurança de que alguns pontos debatidos em mediação não poderão ser utilizados como prova 
em um processo judicial. Sem poder coercitivo sobre as partes, o mediador depende da melhora da comunicação 
(se não de uma verdadeira construção de confiança) entre os disputantes. Portanto, a disposição de se expressar 
com franqueza é essencial à eficácia do processo, isso porque para que as partes possam se comunicar com maior 
liberdade há de ser garantido o sigilo profissional, para evitar o uso dessas informações em um ulterior julgamento”. 
(AZEVEDO, 2013, p. 192).
107Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Para Souza (2012, p.163) é inadmissível pensar em confidencialidade quanto a:
a) os termos do acordo; b) as provas e estudos técnicos produzidos durante o 
procedimento de mediação; c) as sessões deliberativas conjuntas, reunindo todas as 
partes no conflito, a fim de discutir propostas de solução, informações levantadas ou 
firmar o acordo final. 
Os motivos pelos quais a confidencialidade seria a exceção, nas situações mencionadas, 
residem no fato de que o Estado não pode vir a adotar critérios diferenciais, que não tenham 
amparo jurídico e tratar de forma desigual situações semelhantes. Justificar-se-iam exceções à 
confidencialidade quanto às questões que ensejam o segredo de justiça dos processos judiciais em 
geral, ou seja, as relativas à intimidade das partes (por exemplo, questões familiares) e questões 
que envolvam segredo comercial e industrial ou informações sobre a situação financeira dos 
envolvidos no conflito (por exemplo, sigilo fiscal relativo aos vencimentos).
CONCLUSÃO
Muito ainda precisa ser construído. A força da metabolização do conflito, através 
das vias dialogais, está exatamente na proposta de promover uma mudança comportamental 
das partes, valendo-se do lado bom da crise gerada pelo conflito. Em se tratando de conflitos 
coletivos, regra geral, todas as partes envolvidas têm respaldo jurídico para suas posições. 
O que a resolução consensual poderá fazer é ampliar o foco, no intuito de ajudar as partes 
a identificarem interesses comuns pelos quais considerem que haverá ganho maior quando 
reformularem suas posições.
Não há espaço para dúvidas com relação à complexidade que envolve conflitos, sejam 
eles expostos em ações entre particulares ou de natureza coletiva. Mesmo que restritos à esfera 
administrativa, eles decorrem de questionamentos de ações e/ou omissões da Administração 
Pública ou de litígios envolvendo grupos sociais ou econômicos. Como exemplo, Souza (2012) 
cita os conflitos gerados a partir dos pedidos de licenciamento ambiental, ou os decorrentes da 
demarcação de terras indígenas, quilombolas e ainda nos processos administrativos punitivos, 
que podem ensejar a aplicação de penalidades.
Espera-se tanto do governante quanto do magistrado que, dentro do contexto hermético 
e verticalizado do Poder Público, adote novas posturas no enfrentamento destas demandas e, 
sobretudo, que sejam encontradas novas vias dialogais. “Deve o magistrado buscar formular 
estas opções políticas não segundo as suas próprias opiniões o convicções, mas sim de acordo 
com aquilo que o ordenamento jurídico nacional demandaria em termos de escalonamento de 
prioridades” (ARENHARDT, 2007, p. 4). E quanto a este aspecto, a sinergia entre o Estado e a 
sociedade civil, o reconhecimento da necessidade de colaboração das organizações que compõe 
a sociedade civil, especialmente o meio acadêmico, podem servir de mola propulsora a esta 
mudança de paradigma.
108 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
No caso específico do poder público, tem-se como um grande avanço a previsão da 
possibilidade de composição de conflitos em que for parte pessoa jurídica de direito público 
como trazido pelo Projeto de Lei nº 7.169 de 2014. Traz em si a ideia de permeabilidade, e não 
enfraquecimento. Abertura social, opondo-se a ideia de clausura e setorização. 
Na construção de novos conceitos e novas possibilidades jurídicas faz-se necessário 
atender ao alerta feito por Spengler (2014, p. 117) de que há necessidade de conter a grande 
confusão existente entre mediação e conciliação.
A Justiça é uma obra coletiva. Todos que a integram devem sentir-se servidores, operários, 
sem vaidades tolas, sem submissões descabidas. Tanto é importante o juiz, o desembargador, 
o ministro, o promotor, o procurador, o advogado, quanto o oficial de Justiça, o escrevente, 
o porteiro dos auditórios, o mais modesto servidor. Se qualquer peça da engrenagem falha, o 
conjunto não funciona. O povo deve sentir-se agente da Justiça, participante, ator. A Justiça 
pertence ao povo, existe para o povo. Esse sentimento de Justiça como direito do povo é uma 
exigência da cidadania. (HERKENHOFF, [s. d.], <http://www.iabnacional.org.br/IMG/ pdf/
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112 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
MEDIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL: APONTAMENTOS 
PARA UM FUTURO POSSÍVEL
Cássio Alberto Arend
Advogado e Professor da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Pós-Graduado em Demandas Sociais e 
Políticas Públicas e Mestre em Direito. Pesquisador na área de Política Urbano-Ambiental. Consultor na área de 
direito ambiental. Integrante do Grupo de Pesquisa: “Políticas Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao 
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, coordenado pela Professora Pós-Dou-
tora Fabiana Marion Spengler. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/8421386075739904. Endereço eletrônico: 
cassioarend@unisc.br.
Dianifer Moraes dos Santos
Acadêmica de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – Unisc. Integrante do Grupo de Pesquisa: “Políticas 
Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico – CNPq, coordenado pela Professora Pós-Doutora Fabiana Marion Spengler.
Luana Elisa Funck
Acadêmica de Direito da Universidade de Santa Cruz do Sul – Unisc. Integrante do Grupo de Pesquisa: “Políticas 
Públicas no Tratamento de Conflitos”, vinculado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico – CNPq, coordenado pela Professora Pós-Doutora Fabiana Marion Spengler.
INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea tem se desenhado ser extremamente conflituosa nas suas 
interações. Essa excessiva conflituosidade tem gerado efeitos preocupantes no Poder Judiciário, 
pois o acirramento dos litígios e o volume dos mesmos têm tornado a jurisdição estatal tradi-
cional reiteradamente questionável. Ainda, o modelo tradicional de decisão não consegue mais 
emitir as respostas às quais a sociedade anseia.
Insta acertar que a própria sociedade estabeleceu novas formas de interação que fogem 
ao modelo convencional, demonstrando-se numa complexidade que aponta não haver soluções 
fáceis. Na mesma baila, a decisão judicial, muitas vezes, não consegue acompanhar as modifi-
cações ocorridas, seja pela morosidade, seja pela incapacidade meritória da decisão.
Neste cenário, também se inserem os conflitos de natureza socioambiental, em que na 
maioria das situações, os danos são irreparáveis, torna ainda mais árdua a tarefa dos operadores 
do direito pela busca de solução. Ainda, a própria característica difusa do direito ambiental de-
nota que os seus efeitos, quando ocorrido o dano, atingem a todos.
113Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Diante disso, o presente estudo pretende analisar este cenário exposto de maneira mais 
amiúde para compreender a necessidade de buscar alternativas à jurisdição estatal. Para tanto, 
traz a reflexão acerca dos métodos alternativos de resolução de conflitos, especialmente a me-
diação. Em face disso, busca apontar um caminho para os conflitos socioambientais, através da 
mediação, como forma de encontrar um futuro possível.
2 CRISE NA JURISDIÇÃO: UMA ANÁLISE DA CONFLITUOSIDADE SOCIAL
Ao tratar das questões que envolvem os métodos alternativos de resolução de conflitos, 
especialmente a mediação, imperioso ressaltar uma reflexão acerca da volumosa conflituosida-
de social, bem como a crise da jurisdição. Tal análise pretende denotar que a sociedade con-
temporânea por sua complexidade torna-se extremamente geradora de conflitos os quais não 
consegue solucionar e tais conflitos superlotam o Poder Judiciário.
Nesse sentido, para compreender a crise da jurisdição, mister inferir acerca de alguns 
problemas encontrados no Poder Judiciário. Para tal, pode-se citar a falta de estrutura física, 
reduzido número de servidores, reduzido número de magistrados, morosidade, decisões desco-
nectadas com a realidade social. Enfim, pode-se falar de uma crise que envolva dois aspectos: 
uma crise de eficiência e uma crisede identidade (SPENGLER, 2014, p.26).
A crise de eficiência é revelada em razão da contemporânea sociedade complexa em que 
demanda ao Poder Judiciário uma enormidade de conflitos dos quais não recebe uma decisão 
em tempo adequado nem na qualidade esperada enquanto anseio social. Isso significa uma 
crise de eficiência tanto quantitativa quanto qualitativa. No que tange ao aspecto quantitativo, 
a crise se revela no elevado número de processos existentes, na taxa de congestionamento dos 
tribunais, na morosidade do trâmite dos processos judiciais, etc. Já no que concerne à qualidade, 
observa-se que as decisões judiciais em muitas vezes estão desconexas com a realidade e os 
anseios sociais, tornando-as inexequíveis.
Para tanto, é vital compreender que o poder judiciário, na sua criação, foi moldado de 
acordo com a sociedade da época. Porém, com o passar do tempo, a sociedade e seus conflitos 
foram se modificando, a demanda no judiciário teve um crescimento considerável, o sistema 
tentou acompanhar, mas não obteve um resultado positivo. 
Neste sentido, fala Fabiana Marion Spengler: 
em decorrência das pressões centrífugas, da desterritorialização da produção e da 
transnacionalização dos mercados, o Judiciário - enquanto estrutura fortemente hie-
rarquizada, fechada, orientada por uma lógica legal-racional, submisso à lei -, se torna 
uma instituição que precisa enfrentar o desafio de alargar os limites de sua jurisdição, 
modernizar suas estruturas organizacionais e rever seus padrões fun cionais, para so-
breviver como um poder autônomo e independente. Os limites territoriais do Judi-
ciário até então organizados de modo preciso, têm seu alcance diminuído na mesma 
114 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
proporção que as barreiras geográficas vão sendo superadas pela expansão da infor-
mática, das comunicações, dos transportes e os atores econômicos vão estabelecendo 
múltiplas redes de interação. (SPENGLER, 2014, p. 17)
Para corroborar os argumentos suscitados acerca da ineficiência, especialmente quan-
titativa, bem como qualitativa, imprescindível trazer a lume a taxa de congestionamento do 
judiciário. O objetivo do cálculo da taxa de congestionamento é mensurar se a Justiça consegue 
decidir com agilidade os pleitos da sociedade, isto é, se as novas demandas e os casos pendentes 
do período anterior são finalizados ao longo do ano. (GOMES, 2011). 
No gráfico da Justiça em Números abaixo é retratado os altos índices total de conges-
tionamento, abrangendo todas as instâncias de cada ramificação da Justiça do ano de 2004 ate 
o ano de 2009: 
FONTE: http://www.conjur.com.br/2011-abr-21/coluna-lfg-justica-hipercongestionada-reputacao-juizes-baixa
Esses dados mostram a crise que se alastra pelo judiciário, fazendo com que a cada ano 
haja uma constante certeza de que deverá haver mudanças, para que se mantenha o equilíbrio e 
o bom andamento desse sistema autônomo que é o Poder Judiciário. 
Outro aspecto importante é a crise de identidade, ou seja, as demandas sociais não são 
contempladas nas decisões judiciais. O Poder Judiciário vem perdendo sua capacidade de ser o 
grande mediador de conflitos, em razão de seu afastamento com a realidade social. Isso decorre 
do exacerbado número processos para serem julgados, aliado à inexistência de uma política 
pública adequada ao tratamento dos conflitos. Assim, face a isso, surge a denominada cultura de 
sentença (WATANABE, 2011, p. 04), que trata de identificar o processo judicial, não como um 
conflito social que precisa ser resolvido, mas apenas como um documento formal e estatístico. 
Significa asseverar que a efetiva resolução do conflito e a pacificação social ficam em segundo 
plano, o que se busca é o cumprimento de uma formalidade que acaba por gerar mais conflitos 
ainda.
115Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Também, vislumbra-se a existência de demandas em caráter repetitivo, ou seja, como o 
mesmo mérito. A origem subjetiva destas demandas litigiosas repetitivas, muitas vezes, provém 
de fatores psicológicos e de relacionamento interpessoal, necessitando um tratamento autocom-
positivo, o que provavelmente denotaria a resolução do conflito e não significaria um retorno da 
demanda ao judiciário. Todavia, a realidade demonstrada pela cultura da sentença denota uma 
atitude massificada das demandas judiciais, numa análise superficial das questões subjetiva que 
estão subjacentes no litígio.
A jurisdição estatal vem sofrendo reiteradas críticas pela morosidade que não coaduna 
com o dinamismo social contemporâneo. Para tal, pode-se constatar que há várias causas, além 
da quantidade de processos judiciais, tais como: excessivo número de recursos à disposição 
das partes, falta de um tratamento adequado a ações de massa, insuficiência de magistrados, 
excessiva conflituosidade social, falta de uma política mais eficiente na busca de métodos au-
tocompositivos de conflitos.
É importante salientar que além da dificuldade do sistema em suprir suas demandas, 
fazendo com que os processos se arrastem por anos e muitas vezes sem resolver o real proble-
ma, também há entre os operadores do direito uma cultura do conflito. Isto dignifica dizer que 
há um diálogo “embativo” entre advogado com advogado, advogado com promotor, juiz com 
promotor e assim sucessivamente. Muitas vezes, esquecendo o motivo pelo qual exercem sua 
profissão, qual seja, para juntos buscarem a melhor resolução para o conflito. Essa cultura é 
herança do ensino jurídico que compreende a realidade social, em que os futuros operadores do 
direito são preparados para uma verdadeira guerra no exercício de sua profissão. Sendo assim, 
fica evidente a necessária formação de um profissional com perfil para diminuição do litígio e 
não seu acirramento.
Enquanto nos modelos adversariais e nos processos heterocompositivos (arbitragem e 
julgamento) há sempre vencedores e vencidos (ganha/perde), nos modelos consensuais e nos 
processos autocompositivos (negociação, mediação e conciliação) buscam-se soluções vence-
doras (ganha/ganha) (BACELLAR, 2011, p. 32).
Analisando pela óptica dos modelos consensuais, não existe ganha-perde, pois a partir 
do momento em que há um diálogo no qual todos são ouvidos e estão de acordo em resolver o 
impasse consensualmente, e acordam algo que satisfaz ambas as partes, não haverá um perde-
dor e um ganhador e sim ganhadores (ganha/ganha). 
Nestes breves e amplos apontamentos pretende-se evidenciar a crise que assola a juris-
dição estatal, esta que vem perdendo gradativamente a capacidade de resolver os conflitos que 
lhe são propostos. Diante disso, há que se referir que a temática demonstra-se extremamente 
complexa, pois, ao mesmo passo, os conflitos sociais também desenham extrema complexidade 
e de dificultosa solução. Assim, a crise da jurisdição torna-se mais acentuada em razão da natu-
reza dos conflitos sociais, o que neste estudo, demonstra-se nas questões ambientais. 
Os danos ambientais apontam ocorrerem localmente, mas seus efeitos são globais e 
116 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
não respeitam as fronteiras nacionais. Para tanto, as demandas envolvendo o meio ambiente 
também exigem uma nova forma de resolução de conflitos, em razão de seu imanente interesse 
difuso e, portanto, devem ter um tratamento e uma busca por solução que compreenda está ca-
racterística. Assim, para encontrar soluções aos conflitos ambientais é vital conhecer a natureza 
desses conflitos, bem como a realidade ambiental.
3 MEIO AMBIENTE COMO UM LÓCUS DE COMPLEXIDADE E 
TENSIONAMENTO
A realidade contemporânea tem se demonstrado preocupante quanto ao aspecto ecoló-
gico, principalmente no que concerne aos impactos ambientais urbanos negativos que afloram 
reiteradamente, às ineficazes medidas depreservação e proteção do meio ambiente, à falta de 
um projeto de educação ecológica, às políticas públicas ambientais inócuas, à legislação per-
missiva, às ações dos empreendedores para consecução dos seus empreendimentos e a uma 
inexistente consciência ecológica da sociedade. Também, observa-se que a ciência carece de 
uma consciência ecológica, uma outra consciência, uma nova percepção do planeta. 
Diante desse contexto o que este estudo pretende refletir é de que as questões que envol-
vem o meio ambiente tornam-se reiteradamente complexas e conflituosas, gerando um espaço 
permanente de tensionamento. Ainda, voltando esta análise para os conflitos surgidos no espaço 
urbano. Nesse sentido, compreende-se que:
a complexidade ambiental inaugura uma nova reflexão sobre a natureza do ser, do 
saber e do conhecer, sobre a hibridação de conhecimentos na interdisciplinaridade; 
sobre o diálogo de saberes e a inserção da subjetividade, dos valores e dos interesses 
nas tomadas de decisão e nas estratégias de apropriação da natureza. Mas questiona 
também as formas pelas quais os valores permeiam o conhecimento do mundo, abrin-
do um espaço para o encontro entre o racional e o moral, entre a racionalidade formal 
e a racionalidade substantiva. (LEFF, 2006, p. 195).
Para iniciar a análise do estudo proposto é imprescindível explicitar que o Brasil tem 
uma concentração populacional urbana em torno de 90%. Aliado a esse dado estatístico, ob-
serva-se um desenvolvimento urbano-tecnológico sem qualquer forma de planejamento. Nesse 
sentido, proporcionam-se enormes conflitos de ordem ambiental, urbanística, social, cultural e 
ética. Tendo como um dos principais problemas da ocupação urbana, os impactos ambientais 
urbanos negativos (GUERRA, 2001, p. 17).
Primeiramente, assevera-se que as cidades brasileiras protagonizam inúmeros impactos 
ambientais negativos que incursionam modificações no ambiente das próprias cidades e do pla-
neta. O estudo dos impactos urbanos ambientais tem a precípua tarefa de refletir sobre os pro-
blemas atuais que são enfrentados nas cidades brasileiras. Nesse sentido, pretende-se demons-
117Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
trar que a concepção de urbanização atual está equivocada e precisa ser revista urgentemente. 
Assim, o estudo parte do entendimento jungido da análise de Paulo de Bessa Antunes 
acerca do sentido de impacto ambiental:
o impacto ambiental é, portanto, o resultado da intervenção humana sobre o meio 
ambiente. Pode ser positivo ou negativo, dependendo da qualidade da intervenção de-
senvolvida. A ciência e a tecnologia podem, se utilizadas adequadamente, contribuir 
enormemente para que o impacto da atividade humana sobre a natureza seja positi-
vo ou negativo. É bem verdade que os impactos ambientais positivos têm merecido 
uma atenção menor por parte dos estudiosos do tema. A atitude justifica-se, pois as 
questões ambientais têm se apresentado ao debate em razão dos “problemas” e não 
pelos sucessos alcançados na relação com o meio ambiente. (ANTUNES, 2005, p. 
230-231).
Ao se analisar os impactos ambientais é necessário referir acerca do espaço e do tempo 
envolvido. O espaço referido é o espaço urbano, ou seja, a cidade, que é o lócus dos processos 
de interação e integração dos ecossistemas. Quanto ao tempo, refere-se à pós-modernidade, que 
se caracteriza pela complexidade e pela organização em rede.
Para melhor explicitar os argumentos suscitados e compreender toda essa efervescência 
complexa da cidade e qual sua relação com os impactos ambientais e a heterotrofia urbana, 
tem-se que:
[...] para os padrões médios de consumo por cidadão americano, foi feito um cálculo 
de área necessária para a manutenção do mesmo, chegando-se à conclusão que são 
necessários 0,8 ha de terra agrícola, 0,4 ha de terra florestada para produtos de papel 
e madeira, 7.500 litros de água por dia para cobrir a necessidade de uma pessoa. 
Utilizando os mesmos parâmetros para uma cidade de um milhão de habitantes que 
ocupasse uma área de 250 Km2, seriam necessários 8.000 km2 só para a produção de 
alimentos e uma bacia hidrográfica que produza sete bilhões de litros d’água por dia. 
(FRANCO, 2001, P. 65)
Aqui cabe ressalvar que o desenvolvimento da cidade pressupõe uma conexão entre os 
sistemas urbanos e rurais e que a sustentabilidade da cidade depende disso. Não existindo uma 
interconexão entre urbano e rural, opera-se uma falta de troca de energia e calor, causando a 
atrofia da cidade (FRANCO, 2001).
Neste cenário, apontam-se os principais impactos ambientais negativos que são obser-
vados no espaço urbano. Primeiramente, destaca-se no ranking das atividades que mais cau-
saram danos ambientais na cidade do Rio de Janeiro e que o Ministério Público ajuizou uma 
enormidade de Ações Civis Públicas:
a) poluição sonora decorrente de atividades diversas – 10 ações; b) danos ambientais 
decorrentes de empreendimentos imobiliários – 9 ações; c) danos ambientais decor-
rentes de exploração mineral – 7 ações; d) danos decorrentes de obras públicas – 7 
ações; e) danos ambientais decorrentes de deficiência no sistema de esgoto sanitário 
118 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
– 5 ações; f) danos decorrentes da ocupação irregular do solo urbano – 5 ações; g) 
danos ambientais decorrentes de atividades industriais – 4 ações; h) danos ambientais 
decorrentes do uso irregular de produtos tóxicos – 3 ações; i) danos ambientais decor-
rentes da disposição final do lixo – 2 ações (GUERRA, 2001, p. 362).
No caso do Rio de Janeiro, importante salientar a desordenada forma de ocupação urba-
na observada e, ainda, lembrar que tal situação ocorre tanto nas habitações das camadas mais 
pobres da população (favelas) quanto nos loteamentos fechados e empreendimentos residen-
ciais nas áreas nobres da cidade. Este modelo de reprodução urbana não é peculiar à cidade do 
Rio de Janeiro, mas estende-se a toda ocupação urbana do país. 
Outro exemplo é o impacto causado pela poluição do ar que atinge níveis elevadíssimos 
principalmente na região da cidade de São Paulo e ABC Paulista. A agência de controle am-
biental da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (CETESB), que monitora a qualidade do ar, 
aponta como os mais poluentes os de material particulado e os fotoquímicos (ozônio, monóxido 
e dióxido de carbono). Todos esses poluentes encontram-se na atmosfera paulista em níveis 
superiores ao estabelecido pelo CONAMA.
São Paulo também é conhecida como “Cidade do Automóvel”, este título lhe acarreta 
diversos problemas ambientais. A principal causa de poluição do ar nas áreas urbanas provém 
dos veículos automotores. Em São Paulo, os veículos respondem por 60% das emissões de 
monóxido de carbono. Assim, em uma pesquisa realizada pela Secretaria Estadual do Meio 
Ambiente de São Paulo, pode-se observar que:
de acordo com o inventário conduzido pelo Programa Estadual de Mudanças Climá-
ticas Globais (PROCLIMA/SMA) (Inventário das emissões de gases de efeito estufa 
no estado, para a Agenda 21 Brasileira), 84% do total das emissões de CO2 no Estado 
provém da queima de combustíveis derivados do petróleo. A emissão de carbono per 
capita em São Paulo é de 0,51tC/hab., 65% superior à média brasileira. O setor de 
transportes responde por 47% do total de emissões provenientes da queima de com-
bustíveis fósseis. Os veículos automotores produzem mais poluição atmosférica que 
qualquer outra atividade humana isolada, variando de acordo com as características de 
cada cidade e do tipo de combustível usado. (GUERRA, 2001, p. 322). 
Podem-se destacar também problemas ocorridos em Florianópolis, onde constantemen-
te o Plano Diretor tem sido modificado para atender aos interesses dos empreendedores imo-
biliários. Um dos exemplos da urbanização desenfreada que ocorre nas cidades litorâneas do 
país, é o da Lagoa da Conceição que no início da década de 90, com a desvalorizaçãoda moeda 
nacional em relação à moeda dos países da América do Sul, atraiu principalmente os turistas ar-
gentinos e com isso teve início um processo de construção imobiliária desordenado. Atualmen-
te, a Lagoa da Conceição e as praias adjacentes tornaram-se uma área atrativa de lazer diurno e 
noturno, tal crescimento tem trazido enormes problemas ambientais:
o maior problema se refere justamente à falta de planejamento para a chamada bacia 
119Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
da Lagoa da Conceição. Com efeito, além de estar obsoleto, o plano diretor para a 
área é com frequência modificado por vereadores, como exemplifica, entre outros, 
o Projeto de Lei n. 7.648, em tramitação atualmente, que propõe transformar o topo 
do chamado morro da Lagoa, principal divisor de águas da bacia, hoje classificada 
Área de Preservação Permanente (APP), em Área de Preservação Limitada (APL), na 
qual construções seriam legalizadas, contrariando normas universais de preservação 
de mananciais e de áreas de risco. (GUERRRA, 2001, p. 167)
Com a falta de planejamento ambiental aliado a modificações no Plano Diretor, Flo-
rianópolis enfrenta problema preocupante de saneamento em decorrência da autorização de 
construções sem que haja uma infraestrutura para suportar tais empreendimentos. A saturação 
da rede de esgotos e as fossas domésticas têm provocado uma contaminação excessiva de co-
liformes fecais no lençol freático. Ainda, há os esgotos domésticos ligados de forma ilegal nos 
cursos d’água que vão desembocar no mar. Também, o aumento das construções nas encostas 
tem provocado erosão dos solos destruindo o cenário natural e causando danos ambientais ir-
reversíveis.
O caso de Florianópolis é emblemático e reproduz uma realidade comum às cidades 
litorâneas e turísticas do país. A falta de planejamento aliado com o oportunismo dos empreen-
dedores imobiliários tem causado diversos danos ambientais e que muitas vezes contam com 
o apoio de instituições como Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores. Estes concebem 
alterações na legislação municipal para “regularizarem” os danos ambientais contrariando a 
proteção ambiental prevista na Constituição Federal, Legislação Federal e Estadual e princípios 
ambientais. Para tanto, imprescindível mencionar que essas alterações não promovem a legali-
dade a tais empreendimentos. 
Também, torna-se vital mencionar sobre o lixo produzido pelas cidades e que para a 
maioria delas é um problema ambiental sério. Traz-se à colação o caso da cidade do Rio de 
Janeiro que por sua grande população já tomou proporções preocupantes. Salienta-se que a 
COMLURB, empresa pública que coleta o lixo domiciliar, no caso em tela é o agente poluidor. 
Nesse sentido, o impacto ambiental ocorre da seguinte forma:
a COMLURB vem mantendo em operação, desde dezembro de 1983, vazadouro de 
lixo em área aproximadamente de 423 ha, na Estrada Benvindo de Novaes, em Jaca-
repaguá, local onde foi instalada, no ano de 1993, a Usina de Reciclagem e Compos-
tagem de Jacarepaguá, não implicando, porém, a desativação total do aterro. Antes da 
instalação da usina eram despejados no local, diariamente, cerca de 400 toneladas de 
lixo domiciliar procedente de Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeiran-
tes, São Conrado e parte de Vila Valqueire. O terreno em questão, área alagada, cujo 
solo é constituído de turfa, argila mole e areia, encontrando-se o lençol freático a 0,5m 
da superfície, mostra-se totalmente inadequado, do ponto de vista ambiental e sani-
tário, para a atividade que ali vem desenvolvendo a ré. O início da atividade no local 
ocorreu sem qualquer licenciamento do órgão competente, e ela vem sendo mantida 
ao longo dos últimos anos, afrontando as determinações da CECA quanto à necessida-
de desativação (Deliberações da Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) 
n.os 713 (12/09/85), 1.263/88, 1.393/88 e 1.711/90) (GUERRA, 2001, p. 397-398). 
120 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Os impactos ambientais verificados no país são enormes, pois não há uma política go-
vernamental séria sobre planejamento ambiental e tampouco uma consciência ecológica da 
sociedade. Nesse sentido, verificam-se outros impactos negativos, como os recorrentes desma-
tamentos na Amazônia, Mata Atlântica e no Pantanal Matogrossense. As queimadas irrespon-
sáveis que devastam áreas de preservação e parques nacionais. Também, pode-se mencionar o 
modelo de agricultura praticado que destrói a mata ciliar e provoca erosão e assoreamento dos 
rios. Ou o uso excessivo de agrotóxicos nas plantações, sendo que esses acabam contaminando 
os alimentos produzidos, contaminam rios e o lençol freático. Tais impactos ocorrem no espaço 
rural, mas acarretam efeitos no espaço urbano.
Ainda há o problema da impermeabilidade do solo urbano, ocasionado pelo fenômeno 
do asfaltamento das cidades brasileiras. Tal fenômeno é sinônimo do progresso e desenvolvi-
mento, porém, não atenta para questões como alagamentos e afetação ao ciclo das águas. No 
que concerne aos alagamentos, é recorrente nas grandes cidades brasileiras os decorrentes de 
chuvas excessivas em razão de o asfaltamento não prever as condições de escoamento pluvial, 
causando enormes prejuízos ambientais e materiais para as cidades e sua população. Quanto ao 
ciclo das águas também é afetado, pois com a impermeabilização do solo a água da chuva acaba 
por não penetrar no lençol freático e comprometer a incidência de chuvas e o abastecimento da 
cidade. 
Diante do exposto, aponta-se que efetivamente o cenário é complexo e denota uma rea-
lidade de existência de danos ambientais que geram tensionamento social. Em razão disso, que 
o tema ainda suscita muita polêmica, a saber:
a controvérsia entre economistas e ecologistas, quanto ao desenvolvimento sustentá-
vel, passa necessariamente por um crivo ético onde são pontos de destaque três ques-
tões: justiça intergerações – até que ponto é justo ou ético utilizar recursos que podem 
comprometer o bem-estar das gerações futuras; definição do que é necessário preser-
var ou sustentar, tendo em vista que alguns economistas consideram os recursos como 
“capital social”; capacidade dos ecossistemas para suportar o impacto das atividades 
humanas, tanto para fornecimento dos recursos necessários quanto para absorver os 
resíduos dessas atividades (FRANCO, 2001, p. 33).
Desta forma, observa-se que a realidade urbano-ambiental brasileira é extremamente 
complexa no que concerne à incidência de impactos ambientais urbanos negativos. Em face 
disso, também se pode afirmar que esses impactos são comuns a muitas cidades brasileiras, em 
razão de estarem alicerçadas nos mesmos modelos de urbanização. Assim, em razão disso, sur-
gem espaços de conflitos em que se demonstra necessária a construção de um modelo diferente 
da jurisdição estatal para efetivamente resolver estes conflitos. Nesse sentido, o estudo propõe 
a utilização da mediação como uma forma de resolução de conflitos ambientais, propiciando a 
árdua tarefa de integrar os diversos atores e setores da sociedade para que se promova uma nova 
consciência ambiental.
121Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
4 MEDIAÇÃO COMO FORMA ALTERNATIVA DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
4.1 O conflito inerente às relações humanas
A vida pacífica em sociedade em tempos atuais se torna cada vez mais difícil e desejada. 
Manter a ordem entre pessoas que dividem um mesmo espaço, de forma harmônica sem que 
estas percam a capacidade de boa convivência entre si, é um desafio nos dias de hoje. Cada pes-
soa encara um conflito a seu próprio modo, de acordo com suas influências familiares e a forma 
como foi educada. Fatores culturais também influenciam na tomada de decisões, um mesmo 
fato sob o ponto de vista de várias pessoas ensejará em diferentes modos de agir. 
Os benefícios e os problemas da vida emsociedade são um desafio da atualidade. Por 
um lado, o indivíduo beneficia-se de atividades em comum. Por outro, há conflito entre pessoas 
que vivem juntas. (COSTELLO; et al, 2012).
Originariamente, a palavra conflito designa situações de discórdia entre pessoas, discus-
sões, desavenças, oposição. Carrega em si uma conotação negativa, de algo importuno que cau-
sa desassossego da paz. O conflito entre pessoas existe desde os tempos mais remotos. Embora 
seja algo indesejável, em se tratando de relações sociais em que pessoas de diferentes culturas 
dividem ou compartilham um delimitado espaço, é praticamente impossível viver e conviver 
sem qualquer situação conflituosa ou divergente. No entanto, deve-se ater não à simples exis-
tência dos conflitos, mas à forma de solucioná-los, a qual vem sofrendo constantes modifica-
ções. Parte-se do extremado uso da força da sociedade primitiva e se chega a tempos em que se 
recorre demasiadamente ao judiciário para solucionar as mais diversas questões. Sabe-se que o 
conflito existe, e que é encarado como algo negativo, mas nem por isso deve permanecer com 
esta conotação. A forma como se trata essa divergência, essa disparidade de opiniões é que pode 
definir a convivência futura dos envolvidos, podendo tornar-se uma ferramenta evolutiva. 
4.2 Da administração e resolução dos conflitos
No entendimento de Serpa, “a administração e resolução de conflitos podem ocorrer 
via decisão judicial, também denominado processo adversarial, “que não propicia a mudança 
necessária para a evolução que o conflito pode provocar”; ou via extrajudical, processo não 
adversarial, em que é utilizado algum mecanismo alternativo de resolução de disputas como a: 
negociação, mediação, conciliação, arbitragem, entre outros”. (SERPA, 1999, p.32).
Quando um conflito é levado à via judicial e, por conseguinte chamado de litígio, é 
inegável a contradição ideológica qualificada por uma pretensão resistida. Neste procedimento 
o foco de interesse é costumeiramente patrimonial e normativo, tendo pouco espaço para o 
122 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
acolhimento e satisfação emocional das partes, tampouco visando à reconciliação dos mesmos. 
Realidade muito presente em um processo em que a decisão é imposta em forma de sentença 
em que se chega ao conhecido perde-ganha sendo inevitável que uma das partes saia insatis-
feita, e que, por sua vez, poderá exercer seu direito de recurso, protelando ainda mais a situação 
de forma geral.
Já como métodos extrajudiciais, conta-se com mecanismos conhecidos como ADR (Al-
ternative Dispute Resolutions) ou RAD (Resolução Alternativa de Disputas). Esta denomina-
ção teve origem nos Estados Unidos e qualifica múltiplas opções não litigantes para solução de 
conflitos e divergências que, em contraste ao processo contencioso judicial, as ADRs objetivam 
maior celeridade no procedimento, economia tanto financeira como temporal, resultados mais 
benéficos e qualitativos tanto no objeto tratado como no fator emocional das partes que volun-
tariamente aderem às práticas.
Como muito bem citado por Spengler: 
as práticas de ADR apresentam inúmeros pontos positivos, dentre os quais aliviar 
o congestionamento do Judiciário, diminuindo os custos e a demora no trâmite dos 
casos, facilitando o acesso à justiça; incentivando o desenvolvimento da comunidade 
no tratamento qualitativamente melhor dos conflitos, residindo aí a sua importância”. 
(SPENGLER, 2010, p.295)
Muitas laudas seriam necessárias para mencionar todas as formas de ADR já criadas 
tanto nos Estados Unidos, como as trazidas e praticadas no Brasil. Entretanto, pretende-se, nes-
te trabalho, focar os olhares às práticas autocomposivas da mediação, as quais vêm ganhando 
cada vez mais espaço, vez que, no campo de trabalho em questão – meio ambiente – tratam-se, 
na grande maioria das vezes, de relações humanas e sociais continuadas e com forte envolvi-
mento afetivo. 
4.3 A mediação como tratamento adequado dos conflitos
As relações sociais vêm se modificando significativamente e a sociedade contemporâ-
nea, sofrendo constantes modificações nos mais variados âmbitos, em especial ao meio ambien-
te. Nesse sentido, observa-se uma disparidade de opiniões e contrassensos na qual reside desde 
os pequenos conflitos até os mais complexos de uso ou não de recursos naturais, que acabam 
sendo objetos de litígios judiciais, abarrotando ainda mais este sistema moroso e embativo.
A mediação é um meio alternativo de solução de conflitos, e trata-se de um processo 
pacífico de autocomposição, informal, consensual e não adversarial que incentiva o respeito e 
a comunicação nos relacionamentos pelo qual uma terceira pessoa o mediador - escolhido ou 
aceito – de forma imparcial, incentiva na condução do conflito rumo à solução adequada. 
123Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Esta prática segue os princípios informativos dos juizados especiais dispostos no Art. 2º 
da Lei 9.099/95, dentre outros, são eles:
A voluntariedade: as partes participam do procedimento de forma consensual exercen-
do plena autonomia volitiva; Não adversariedade: busca-se a solução de um problemade for-
ma livre, participativa e respeitosa buscando a (re)aproximação das partes; Terceiro imparcial: 
o mediador exerce a figura do terceiro imparcial que não irá decidir pelas partes, ouvindo-as e 
auxiliando-as de forma igualitária para que tenham consciência de seus direitos; Competên-
cia: O mediador deve estar apto para atuar no conflito; Independência: se julgar necessário, 
o mediador poderá interromper as sessões, suspendê-las e até recusá-las sem qualquer pressão 
interna ou externa, visando ao bom desenvolvimento do trabalho em condições próprias; Au-
toridade das partes: Intimamente relacionado com a autonomia da vontade, as partes detêm o 
poder de decisão, podendo dispor livremente sobre o que será acordado, desde que não venha a 
contrariar a ordem pública; Informalidade: a mediação é informal no sentido de não seguir um 
rito específico e preestabelecido. Os atos, no entanto, devem ser claros, precisos e com a simpli-
cidade necessária para o entendimento das partes; Confidencialidade: as informações obtidas 
no decorrer do procedimento serão sigilosas e não poderão ser utilizadas como prova se houver 
processo judicial posterior, assim como, o mediador não poderá testemunhar no processo que 
envolva assuntos tratados na mediação. Isso faz com que as partes depositem maior confiança 
no mediador e na mediação durante o procedimento.
Necessário se faz o exercício da empatia, de um indivíduo saber se colocar no lugar do 
outro num estado de mútua cooperação. Não basta que esteja sensibilizado, pois a sensibilidade 
sem controle pode ser algo negativo dentro do procedimento de mediação, mais do que isso, é 
necessário máximo controle das emoções levando-os a um discurso racional. Ademais, quando 
todos se identificarem autores e detentores do poder de decisão, sentir-se-ão parte inerente, ele-
vando com isso o comprometimento. 
Pois, como defende Sales (2007, p. 23): 
muitas vezes as pessoas estão de tal modo ressentidas que não conseguem visualizar 
nada de bom no histórico do relacionamento entre elas. Desta forma a mediação busca 
resgatar e estimular, através do diálogo o resgate dos objetivos comuns que possam 
existir entre os indivíduos que estão vivendo o problema.
Podem participar da mediação toda e qualquer pessoa, natural ou jurídica, pública ou 
privada, ou grupo de pessoas como é o caso quando se trata de conflitos socioambientais. As 
grandes vantagens da mediação no âmbito ambiental são: a preservação das relações, visto que 
o meio ambiente propicia relações de múltiplos vínculos; a possibilidade de tratar previamente 
um problema que poderia tornar-se um litígio num futuro próximo; celeridade: uma vez que as 
partes resolvem o conflito mais rapidamente que na via judicial. Ademais,um procedimento 
saudável e célere faz mais do que simplesmente “desafogar” o judiciário, transforma uma cul-
124 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
tura em que todos podem ganhar incentivando as relações humanas não conflituosas.
5. MEDIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL: APONTAMENTOS PARA UM FUTURO POS-
SÍVEL
Os conflitos socioambientais surgem na esteira dos problemas enfrentados pela socie-
dade contemporânea, ou seja, surgem conflitos envolvendo questões acerca da sustentabilidade 
e qualidade ambiental. A natureza desses conflitos indica uma relação de efeitos que atingem 
a toda sociedade por se tratar de ofensa a direito difuso. Ainda, a jurisdição estatal tradicional 
encontra severas dificuldades em conseguir vislumbrar solução adequada a esses conflitos, em 
razão dos mesmos revestirem-se de extrema complexidade e enfoque multidisciplinar. Nesse 
sentido, as questões ambientais, pressupõem um imprescindível diálogo com toda sociedade, 
carecendo de uma nova forma de resolução de conflitos. Para tanto, surge a mediação como um 
caminho importante para busca de soluções às demandas envolvendo o meio ambiente1.1
Imperioso ressaltar que o art. 225 da Constituição Federal de 1988 estabelece o direito 
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como um direito fundamental, denotando as ca-
racterísticas de inalienabilidade, indisponibilidade e indivisibilidade. Ainda, em conformidade 
com o art. 60 § 4º da Constituição Federal de 1988, constitui cláusula pétrea, ou seja, não po-
dendo sofrer modificação que signifique retrocesso.
O cenário complexo torna a tarefa do direito ainda mais árdua e angustiante na produção 
de decisão. Para isso, o direito precisa compreender a realidade social, assim, a proposta não é 
criar um suporte legalista, mas criar soluções a partir dos instrumentos existentes. Nesse senti-
do, vital entender que:
o paradigma ecológico caracteriza-se, dizíamos, pela processualidade complexa, que 
engendra inevitavelmente a incerteza. Ora, cabe ao direito transformar esta incerteza 
ecológica em certeza social. Mas não o conseguirá, no entanto, senão aumentando sua 
própria flexibilidade. As normas jurídicas clássicas, concebidas como mandamentos 
ou instituições encerrando um procedimento, substituir-se-ão actos jurídicos em cons-
tante reelaboração, como se a processualidade do objecto atingisse igualmente a regra 
que o compreende. A norma jurídica será igualmente trabalhada, para se adaptar aos 
progressos dos conhecimentos e das técnicas; trata-se aqui, aparentemente, da única 
maneira de sair de uma situação onde se trata de tomar decisões duras num contexto 
de conhecimentos friáveis. (OST, s.d. p.114)
Nesse mesmo diapasão, insere-se a Lei 6.938 de 1981 que estabelece a Política Nacional 
do Meio Ambiente. Essa lei estipula os objetivos e finalidades da política ambiental no Brasil, 
1 RESTA, 1997. p. 92 “mediazione indica un complesso di attività rivolto a collegare due termini distanti ma tra 
loro collegati. Mediare, come forma verbale che connota l' attività di mediazone, vuol dire ricollegare quello che 
è adesso sconesso perché la relazione e il circuito si sono interroti, ma il circuito e la relazione erano e potranno 
ancora essere in funzione. Si può mediare tutto il mediabile: la tautologia in questo caso aggiunge qualcosa e non si 
limita a inutile ridondanza. I suoi punti di riferimento construtttivistici sono la statistica e la geografia; più naturale 
il linguaggio”.
125Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
bem como os instrumentos e mecanismos de aplicação. Ainda, fica estabelecido o Sistema Na-
cional do Meio Ambiente – SISNAMA, tendo como órgão superior o Conselho Nacional do 
Meio Ambiente – CONAMA.
Na lei de Política Nacional do Meio Ambiente podem-se destacar alguns objetivos, 
como a integração entre desenvolvimento socioeconômico e garantia do meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado, definição de áreas prioritárias de ação governamental, estabelecimento 
de critérios e padrões de qualidade ambiental, desenvolvimento de pesquisa e tecnologia para o 
uso racional, difusão e informação de novas tecnologias, preservação e restauração dos recursos 
naturais, imposição ao poluidor e ao predador de pagar para recuperar ou indenizar os danos 
causados. Desses objetivos, insurgiram diversos princípios ambientais, que estavam concate-
nados com os ditames da preservação ambiental pós-Conferência de Estocolmo, quais sejam: 
poluidor pagador, usuário pagador, princípio da informação, princípio da intervenção estatal em 
defesa do meio ambiente.
Também são estabelecidos alguns instrumentos para auxiliar a consecução dos obje-
tivos do plano nacional. Estes instrumentos são os seguintes elencados: estabelecimento de 
padrões de qualidade ambiental, zoneamento ambiental, avaliação de impactos ambientais, li-
cenciamento e revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, incentivo à produção 
de tecnologias voltadas para a qualidade ambiental, criação de espaços territoriais protegidos 
pelo poder público, sistema nacional de informações, Cadastro Técnico Federal de atividades 
e instrumentos de defesa ambiental, penalidades disciplinares e compensatórias em caso de 
não cumprimento das medidas ambientais, instituição do Relatório de Qualidade Ambiental, 
garantia de informações relativas ao meio ambiente, Cadastro Técnico Federal de atividades 
potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais, instrumentos econômicos de 
concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental, entre outros.
Quanto aos instrumentos estabelecidos, pode-se asseverar que:
também se pode observar no conjunto de instrumentos descritos acima, que a Política 
Nacional do Meio Ambiente prevê três categorias de instrumentos de gestão ambiental 
pública: a) Instrumentos regulatórios e punitivos, que correspondem aos instrumentos 
de comando e controle. b) Instrumentos de mercado ou incentivos econômicos. São 
estabelecidos no texto da Lei os incentivos à produção e instalação de equipamentos e 
à criação ou absorção de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental. 
c) Instrumentos de informação. A lei prevê ainda, além dos instrumentos anteriores, 
alguns instrumentos de informação, que são o Sistema Nacional de Informações, o 
Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras, o Relatório de 
Qualidade do Meio Ambiente, dentre outros. (SOUZA, 200, p. 291).
Além dos instrumentos estabelecidos, a Política Nacional de Meio Ambiente trouxe 
enorme avanço para o ambientalismo contemporâneo ao propiciar a participação popular. Essa 
participação consubstancia-se na forma de audiências públicas para avaliar e fiscalizar em-
preendimentos e/ou atividades potencialmente poluidores. Isso demonstra a influência do mo-
126 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
vimento ambientalista em querer participar das decisões da política ambiental em um momento 
que o país iniciava da discussão acerca da abertura democrática. Cabe salientar que o ambienta-
lismo brasileiro também engendrou nas suas reivindicações a luta pela democracia. (MORATO 
LEITE; AYALA, 2004) 
As políticas públicas ambientais ganharam instrumento extremamente importante para 
a sua consecução, quando da inclusão na Lei 6.938/81 do Estudo de Impacto Ambiental - EIA 
para as atividades ou empreendimentos potencialmente poluidores. O estudo de impacto am-
biental vincula-se diretamente com o licenciamento ambiental, pois é pelo estudo que se analisa 
a possível viabilidade de um empreendimento ou atividade. Atualmente, o estudo de impacto 
ambiental está disciplinado na Constituição Federal de 1988, no artigo 225, § 1o, inciso IV.
O licenciamento ambiental, estipulado posteriormente à Lei 6.938/81, constitui em exi-
gir das atividades e empreendimentos potencialmente poluidores submeter à apreciação do Po-
derPúblico o estudo de impacto ambiental para autorização de funcionamento. Para tanto, o 
licenciamento está formatado em três fases: Licença Prévia - LP, Licença de Instalação – LI e 
Licença de Operação - LO. O licenciamento ambiental está positivado no Decreto 99.274/90 no 
art. 17 e nas resoluções 01/86, 06/87, 09/87 e 237/97 do CONAMA. 
Atualmente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA exerce papel funda-
mental na construção da política ambiental no país. Este órgão, além de privilegiar a partici-
pação popular, por meio de associações e ONGs, também exerce função deliberativa, ou seja, 
produzindo resoluções que visam auxiliar no regramento do meio ambiente. Cumpre asseverar 
que as resoluções do CONAMA gozam de vinculatividade jurídica e constituem uma das fontes 
legais mais importantes do direito ambiental, face à seriedade com que o órgão trata a matéria.
Diante do exposto, importante entender a seguinte lição:
de fato, a concretização do Estado de Direito Ambiental converge obrigatoriamente 
para mudanças radicais nas estruturas existentes da sociedade organizada. E não há 
como negar que a conscientização global da crise ambiental exige uma cidadania 
participativa, que compreende uma ação conjunta do Estado e da coletividade na pro-
teção ambiental. Não se pode adotar uma visão individualista sobre a proteção am-
biental, sem solidariedade desprovida de responsabilidades difusas globais. Trata-se 
de um pensamento equivocado dizer que os custos da degradação ambiental devem 
ser repartidos por todos, em uma escala global ninguém sabe calcular. Esta visão é dis-
torcida e leva ao esgotamento total dos recursos ambientais e a previsões catastróficas. 
Portanto, somente com a mudança para a responsabilização solidária e participativa 
dos Estados e dos cidadãos com os ideais de preservação ecológica é que se achará 
uma luz no fim do túnel (MORATO LEITE, 2000. p.33-34).
O estudo não pretende formular a construção de um Estado Ambiental, todavia não 
questiona a importância da concretização desse modelo de estado. Reside a preocupação em 
estabelecer um novo modelo de democracia para as cidades com intuito efetivar a proteção do 
meio ambiente. Salienta-se que o êxito no objetivo desse trabalho permitiria a formatação de 
um Estado Ambiental. Ainda há muito que se fazer, mas algumas possibilidades podem ser vis-
127Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
lumbradas, apesar das inúmeras dificuldades já apontadas. (SANTOS, 2004).
Não se pode esquecer da imensa contribuição proporcionada pelo movimento ambien-
talista, que muito auxilia na tentativa de propor essa nova concepção. O movimento ecológico 
surgiu como um espaço de discussão e ação para a proteção ambiental. Algumas vezes também 
considerado espaço democrático de participação e outras vezes não. Mister asseverar que ao 
movimento ambientalista também é necessário compreender que a democracia participativa se 
constitui num instrumento de concretização do princípio democrático e de possibilitar a pre-
servação ambiental. O imbricamento com a ecologia desponta quando a população participa 
das decisões políticas de maneira direta e conforme os seus reais interesses, sem sujeitar-se às 
manipulações da gestão econômica. 
As questões expostas até o momento residem no âmbito global, pois é nessa esfera que 
se desenham imperativo que incursionam reflexos no local. Todavia, esses imperativos globais 
não precisam ser acatados pelos locais. A ordem local pode ter sua própria racionalidade, esta-
belecer suas estruturas e organização. O trabalho denota uma proposição de caminhos a partir 
da análise local em face das transformações globais. É no território local das cidades que se 
concentram os antagonismos, os impactos, os conflitos e as desordens provocadas pela ação 
global. Sendo assim, há que partir da cidade a formulação de soluções para os seus próprios 
problemas e que influenciarão o ambiente global. Pensar localmente e agir globalmente, para a 
compreensão da cidade ecológica.
No que concerne às relações de interação entre a ordem global e a ordem local, pode-se 
afirmar que:
a ordem global serve-se de uma população esparsa de objetos regidos por essa lei 
única que os constitui em sistema. A ordem local é associada a uma população contí-
gua de objetos, reunidos pelo território e como território, regidos pela interação. No 
primeiro caso, a solidariedade é produto da organização. No segundo caso, é a organi-
zação que é produto da solidariedade. A ordem global e a ordem local constituem duas 
situações geneticamente opostas, ainda que em cada uma se verifiquem aspetos da 
outra. A razão universal é organizacional, a razão local é orgânica. No primeiro caso, 
prima a informação que, aliás, é sinônimo de organização. No segundo caso, prima a 
comunicação. (SANTOS, 2004. p. 337-338).
Desta forma, traz-se à colação, a experiência evidenciada em Nova Lima nos Estado de 
Minas Gerais em que a 1ª Promotoria Justiça, juntamente com a Faculdade Milton Campos im-
plementou um projeto de Mediação Socioambiental via Centro de Estudos de Direito Minerário 
e Ambiental. Neste projeto foi desenvolvido um método para a resolução do conflito através da 
mediação. Este método se verifica da seguinte forma: o caso em litígio é submetido à Câmara 
de Mediação, às partes interessadas e ao Ministério Público são convidados a participar, estabe-
lecem o procedimento e após a realização da mediação é redigido um Termo de Mediação que 
pode ser positivo ou negativo.
128 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Nesse sentido, assevera a Promotora Andressa de Oliveira Lanchotti:
na sessão de mediação, as partes são primeiramente esclarecidas sobre o procedimen-
to de mediação e a razão pela qual o caso foi selecionado. O estudo do conflito é apre-
sentado. Em seguida, é oportunizado a cada parte expor a sua versão sobre a questão. 
Pautando-se na narração realizada, a mediadora, em conjunto com as partes e com a 
representante do Ministério Público, busca estipular o procedimento da mediação. Em 
alguns casos é necessária a realização de uma sessão privada com as partes (causing) 
ou uma comediação, que pode ser realizada, por exemplo, por um técnico de outra 
área socioambiental. (LANCHOTTI, 2014. p. 61)
Ainda, o Termo de Mediação equivale ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) 
proposto pelo Ministério Público, resguardando a sua característica de título executivo extraju-
dicial. Todavia, a grande diferença do Termo de Mediação positiva é que sua construção ocorre 
por um amplo e democrático diálogo e empoderamento das partes propiciando legitimidade ao 
acordo. Importante salientar que os participantes da sessão são as partes diretamente envolvi-
das, comunidade interessada, ONGs, autoridades ambientais, Ministério Público, mediador, etc.
Imperioso assentar que esse método de resolução de conflitos por meio da mediação não 
afeta o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado disposto no art. 225 
da Constituição Federal de 1988. O que se busca não é flexibilizar direitos constitucionais, mas 
propiciar soluções para os danos ambientais, dentro da legalidade, que extrapolem as limitações 
burocráticas da jurisdição tradicional.
A mediação socioambiental justamente propõe a busca por alternativas que denotam a 
solução dos conflitos, aliada aos preceitos do próprio direito ambiental: 
neste sentido, é importante esclarecer que o método utilizado pelo CEDIMA não pos-
sibilita tais manobras de renúncia à proteção ambiental, não havendo a possibilidade 
de anuência, pelos envolvidos (principalmente o Ministério Público), de consolidação 
de dano ambiental e/ou desrespeito aos limites estabelecidos em lei. O que se busca é 
a possibilidade, caso tenha havido o desrespeito à lei, por parte de algum dos envol-
vidos, que este retorne aos limites da legalidade, conforme planos de atuação escritos 
após diálogoentre todos os interessados, possibilitando, assim, uma recuperação e/
ou proteção efetiva do bem ambiental. Busca-se uma solução científica e executável, 
tendo em vista a natureza do dano, a realidade fática do local, tempo e partes envol-
vidas e os limites do impacto ambiental legalmente estabelecidos. (LANCHOTTI; 
ASSUMPÇÂO, 2012, p. 240).
O que se denota é que nos conflitos socioambientais um novo futuro é possível e o 
caminho é a mediação. O exemplo de Nova Lima no Estado de Minas Gerais demonstra isso. 
Denota que as soluções para os problemas ambientais estão nas ações locais, ainda mais nos 
métodos alternativos de resolução de conflitos. É na mediação que se torna possível vislumbrar 
os preceitos do direito ambiental, tais com o amplo diálogo com a comunidade envolvida, as-
sim como criar soluções às quais a jurisdição estatal não consegue conceber. Assim, o caminho 
existe e o futuro é possível.
129Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
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131Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA COMO POLÍTICA 
PÚBLICA TRANSFORMADORA DA SOCIEDADE
Rodrigo Nunes Kops
Mestrando do Programa de Pós-Graduação - Mestrado em Direito, da Universidade de Santa Cruz do Sul – Bol-
sista CAPES/CNJ; integrante do grupo de estudos de “Políticas Públicas no Tratamento dos Conflitos”, liderado 
pela Dra. Fabiana Marion Spengler. Mediador no projeto de extensão “A crise da jurisdição e a cultura da paz: a 
mediação como meio democrático, autônomo e consensuado de tratamento dos conflitos” Especialista em Direito 
Civil e Processo Civil pela Faculdade IDC.
Evelyn Caroline Jora
Graduanda de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – Bolsista PROBEX, integrante do grupo de estudos 
de “Políticas Públicas no Tratamento dos Conflitos”, liderado pela Dra. Fabiana Marion Spengler. Bolsista no 
projeto de extensão “A crise da jurisdição e a cultura da paz: a mediação como meio democrático, autônomo e 
consensuado de tratamento dos conflitos”.
Ana Paula Zitzke
Graduanda de Direito na Universidade de Santa Cruz do Sul – integrante do grupo de estudos de “Políticas Públi-
cas no Tratamento dos Conflitos”, liderado pela Dra. Fabiana Marion Spengler.
INTRODUÇÃO
Esse artigo tem como objetivo principal apresentar a mediação comunitária, destacando 
os aspectos principais e fundamentando o entendimento desta prática como forma emancipa-
dora de acesso à justiça. Nesse contexto pretende definir e defender o pressuposto de que a 
mediação comunitária é um exercício de cidadania e independência de uma comunidade.
Segundo objetivo desse trabalho é justificar como a mediação comunitária pode ser 
uma forte aliada no desenrolar de conflitos sem o auxilio do Poder Judiciário. Sendo assim, a 
comunidade se torna menos dependente do sistema jurisdicional, aumentando a coesão interna 
e construindo uma independência de seus membros, por poderem resolver seus próprios con-
flitos. Afinal, a mediação surge como possibilidade de restaurar e promover o diálogo perdido.
Abordar-se-á a comunidade em um contexto histórico, desde a filosofia grega até a atua-
lidade, com o cenário existente na América Latina e outros países que, muitas vezes, se distan-
ciaram por questões políticas, culturais, econômicas e politicas, provenientes de autoritarismo 
e pouco investimento em políticas públicas.
132 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
Através de políticas públicas é que o cidadão moderno participa da sociedade atual, este 
processo é descrito por meio da Constituição Federal de 1988.
A mediação comunitária é diferente de outras práticas conservadoras, justamente por 
ser seu local de trabalho a comunidade, na qual vários valores envolvem um sistema de vida. 
Consequentemente, demonstrar sua efetividade junto a práticas de políticas públicas. 
A metodologia empregada para desenvolvimento deste artigo foi o método dedutivo, 
no qual se pretendeu identificar e abordar o papel fundamental referente ao tema da mediação 
comunitária como processo – historicidade, políticas públicas, conflitualidade, mediação, con-
ciliação. Além da evolução da mediação no decorrer dos tempos, também se aplicou a técnica 
de pesquisa bibliográfica, servindo de suporte no transcorrer do tema. 
1 ANTECEDENTES E BREVE HISTÓRICO DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA
 
A mediação é encontrada em diferentes culturas ao redor do mundo. Desde comunidades 
religiosas, judaicas, islâmicas, budistas, como tradição, o líder desempenhava o papel de media-
dor, buscando resolver situações e diferenças entre os indivíduos. Na China, o confucionismo 
desempenhou um importante papel na evolução e no desenvolvimento da mediação no âmbito 
comunitário. De acordo com essa filosofia,a harmonia entre os homens só pode ser conseguida 
quando as pessoas suportam mutuamente a natureza individual de cada um. Confúcio ensinava 
que preservar essa harmonia é dever de todos e só quando a comunidade reconhece ser incapaz 
de realizar essa tarefa é que se deve recorrer ao direito positivo e à regulação. (MOORE, 1998).
Podemos ainda citar o papel do mediador desde a Bíblia, o papel do Clero, nada mais 
era que mediar a congregação e Deus entre os devotos. Até o período da Renascença, a Igreja 
Católica e a Igreja Ortodoxa podem ser citadas como organizações de resolução de conflitos 
da sociedade ocidental. Em outras culturas como indianas, islâmicas, seitas religiosas como 
Puritanos e Quakers também foram desenvolvidos métodos para resolver questões de conflitos. 
Conclui-se que a função do conflito é estabelecer um contrato, um pacto entre os ad-
versários que satisfaça os respectivos direitos, a fim de se chegar à construção de relações de 
equidade e de justiça entre os indivíduos no interior de uma mesma comunidade e entre di-
ferentes comunidades, isto é, o conflito nada mais é que um elemento estrutural das relações 
interpessoais e, por conseguinte, de toda a vida social. A mediação é muito mais antiga do que 
se pensa, retrocedendo muitos anos na história, surgia mediante a necessidade de resolver o 
conflito existente. (MULLER, 1995).
Os grupos imigrantes do século XIX também tiveram importante participação no histó-
rico da mediação comunitária. Colônias italianas, gregas, holandesas, escandinavas e judaicas, 
principalmente na América do Norte, frequentemente desenvolviam câmaras de mediação e 
arbitragem para resolver conflitos internos. Além desse objetivo, tais instituições alternativas de 
133Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
resolução de disputas tinham também a finalidade de evitar a aculturação da comunidade pela 
imposição dos valores presentes no sistema legalista. A formação de elites e a consequente ne-
cessidade de proteção dos interesses individuais, a exemplo do que ocorreu no período colonial, 
acabaram favorecendo a supremacia da lei e a lenta e progressiva aculturação das comunidades 
imigrantes por sua desagregação em meio à sociedade. (MULLER, 1995).
Vale dizer que, somente no Século XX, a mediação se tornou efetivamente instituciona-
lizada, passando então a ser uma atividade profissional reconhecida. Esta prática expandiu-se 
nos últimos trinta anos, tendo como base a dignidade humana e a dignidade dos indivíduos. 
Nos Estados Unidos, em meados da década de 70, pleiteava-se por uma reforma do sistema 
judiciário e pela inclusão de formas não judiciais para a resolução de conflitos. Àquela época, 
os tribunais norte-americanos enfrentavam uma crise provocada por um excessivo acúmulo de 
funções. Alternativas como a mediação e a arbitragem ressurgem com uma finalidade diversa: a 
de descongestionar o sistema judiciário. Já no Brasil, a prática de mediação comunitária ainda é 
nova e está sendo explorada aos poucos. No entanto, podem-se citar alguns projetos de justiça 
comunitária que vêm sendo desenvolvidos no Mato Grosso do Sul adotado pelo Tribunal de 
Justiça, no Distrito Federal e Territórios pelo Tribunal de Justiça.
1.1 Comunidade e a mediação como resolução de conflitos
Na história grega, a comunidade origina-se juntamente com a ideia de pólis, ou seja, 
considerava-se que o individuo poderia ser ele mesmo. Desde a vida comunitária política, so-
cial, civil, econômica ou até religiosa acontecia diante de celebrações e encontros interpessoais. 
Na Enciclopédia Saraiva do Direito, comunidade é:
a comunidade é uma sociedade localizada no espaço, cujos, membros cooperam entre 
si (com divisão de trabalho), seja utilitaristamente (para obter melhores, mais eficien-
tes resultados, práticos, reais), seja eticamente (tendo em vista valores humanos – fa-
miliais, sociais, jurídicos, religiosos etc.). (FRANÇA, 1977, p. 478).
Ainda, segundo Deleon (2010, p. 573-593),
existem dois tipos de comunidades: o primeiro como organizações - que em si são as 
comunidades, por exemplo, pequenas associações cooperativas, profissionais em gru-
pos de práticas, corpos docentes e etc. O segundo é uma profissão, uma afiliação que 
pode complementar ou concorrer com sua participação em uma organização à qual 
pertencem muitos administradores públicos.
Para Giddens (1999, p. 89-90):
comunidade não implica a tentativa de recapturar formas perdidas de solidariedade 
local; diz respeito a meios práticos de fomentar a renovação social e material de bair-
134 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
ros, pequenas cidades e áreas locais mais amplas. Não há fronteiras permanentes entre 
governo e sociedade civil. Dependendo do contexto, o governo precisa por vezes ser 
empurrado mais profundamente para a rena civil, por vezes recuar. Onde o governo 
se abstém desenvolvimento direto, seus recursos podem continuar sendo necessários 
para apoiar atividades que grupos locais desenvolvem ou introduzem – sobretudo em 
áreas mais pobres. Contudo, é particularmente em comunidades mais pobres que o 
incentivo à iniciativa e ao envolvimento locais pode gerar o maior retorno. 
Desta forma,
a comunidade, então, é decorrente de uma vontade orgânica das pessoas, produzida 
a partir das relações de parentesco, vizinhança e amizade. É o lugar dos sentimentos, 
do amor, da lealdade e da compreensão, sendo três os elementos que a constituem: 
sangue, localidade e espírito (NAUJORKS, 2013, p. 82).
Comunidade, enfim, sugere uma coisa boa: é bom ter uma comunidade e estar em uma. 
Ela produz uma sensação confortante, de paz, tranquilidade, relaxamento e proteção, seja por-
que é um lugar cálido ou porque é aconchegante. O vocábulo evoca tudo aquilo que se precisa 
para viver seguro e confiante, soando nos ouvidos como música (BAUMAN, 2003).
Essa nova comunidade, nascida da evolução de todas as outras anteriores, é aquela que 
retoma a autonomia, o respeito, a identidade, as individualidades de cada membro e que, ao 
mesmo tempo, consegue organizar, de forma compartilhada e consensual, a gestão e tratamento 
de seus conflitos, sejam eles internos ou externos. Segundo Ghisleni e Spengler (2011b, p. 180), 
consiste, aquela que, “para proteger seus participantes, dá-lhes meios de encontrar respostas 
comunitárias para problemas comunitários, gerando proteção e segurança sem abrir mão da 
liberdade”.
A comunicação, consequência da mediação comunitária, movimenta de certa forma 
toda a mudança social, pois as relações atuais estão multifacetadas, estruturam-se por diversos 
vínculos e se perpetuam pelo equilíbrio instaurado nessas relações pelo mecanismo da comu-
nicação. Por conseguinte, o diálogo não busca encontrar uma verdade absoluta ou universal, 
tampouco um ganhador ou perdedor, mas sim a cooperação, integração, respeito e harmonia 
entre os envolvidos. (SPENGLER, 2011).
1.2 O mediador comunitário 
O mediador desempenha um papel fundamental na realização da solução do conflito, 
isto, porque existem critérios específicos para ser um. O mediador deve ser um terceiro impar-
cial que, por meio de uma conversa com as partes, os ajude a chegar a um melhor consenso. Na 
mediação é importante que o mediador estabeleça uma comunicação hábil entre as partes. Com 
isso, costuma-se utilizar a expressão “estabelecer o rapport” entre os indivíduos. O rapport está 
135Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
ligado ao grau de liberdade experimentado na comunicação, ao nível de conforto das partes, 
ao grau de precisão do que é comunicado e à qualidade do contato humano que se estabelece. 
(MOORE, 1988, p. 88).
Spengler (2012) conclui:
a mediação comunitária é uma maneira de instaurar o diálogo rompido entre as partes 
em virtude da posição antagônica instituída pelo conflito. Constitui-se, por isso, como 
um intercâmbio comunicativono qual os envolvidos estipulam o que compete a cada 
um no tratamento da contenda. Ela então facilita a expressão do dissenso, definindo 
um veículo que possa administrar a discordância e chegar a um entendimento por 
meio de processos linguísticos.
Para Spengler (2012, p. 165), o mediador tem como
seu principal objetivo não é gerar relações calorosas, aconchegantes ou uma ordem 
harmoniosa, mas sim encontrar mecanismos que possibilitem uma convivência comu-
nicativamente pacífica, na qual os indivíduos possam falar e ouvir a parte contrária 
sem, contudo, perceberem-se como rivais.
Nesse contexto distinguimos o mediador do juiz, pois ele é neutro e imparcial e inerente 
às decisões tomadas pelos mediandos. Destacam Ghisleni e Spengler (2011, p. 104-105) “O 
mediador não é um juiz, uma vez que não impõe um veredicto, mas, como um, merece o respei-
to e a consideração das partes, conquistados com sua atuação”. Não é também um negociador 
que se posiciona em favor de uma parte com interesse direto nos resultados, tampouco um árbi-
tro que emite laudos ou decisões, haja vista que, mesmo sendo especialista no assunto tratado, 
não poderá prestar assessoramento sobre a questão em discussão.
Não obstante, na mediação comunitária, o conflito é encarado como algo de certa forma 
bom, construindo e reavaliando valores na vida social, diferentemente da sua constatação no 
poder judiciário e em outras formas de resolução de conflitos. Portanto, em especial, o conflito 
é visto como um ente inerente à vida em sociedade, algo que acontece em todos os ambientes 
e que deve ser tratado. Ou seja, um conflito não deve ser encarado como uma disputa, na qual 
uma parte busca derrotar a outra e vice-versa. 
Pelo contrário, deve-se vê-lo como uma nova oportunidade de constituir um diálogo 
verdadeiro e natural, em que ambas as partes cheguem por suas próprias convicções a uma 
alternativa benéfica de resolver esse litígio. Nesse contexto, pode-se dizer que a mediação co-
munitária surge com uma alternativa importantíssima ao acesso à justiça também, sendo que 
na sua aplicação supera-se muito mais do que o conflito trazido à tona, mas se restabelece uma 
convivência harmônica e de bem-estar.
136 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
1.3 A mediação comunitária como auxiliar do Poder Judiciário 
Em tempos em que a maior parte das pessoas passa o dia todo fora de casa e a tecnologia 
tomou conta das relações, diferentemente dos tempos em que entes queridos e vizinhos se visi-
tavam ou se falavam ao telefone e que hoje não passam de conversas rápidas por e-mails, Skype, 
whatsapp, facebook, entre outros. Os relacionamentos atuais estão cercados de individualismo, 
falta de tempo e, muitas vezes, de tolerância um com o outro. A mediação comunitária surge 
como forma de participação, cultura da paz e construção de elos entre as pessoas. 
A mediação surge também como possibilidade de desafogar o poder judiciário, este que 
tem passado por uma série de crises com relação à vagarosidade do processo judicial, à buro-
cracia e à busca por solução de tais conflitos. Muitas vezes, estes conflitos que regem o proces-
so judicial são conflitos gerados por falta de diálogo entre as partes, estas, que no decorrer do 
processo judicial, não têm espaço para manifestar e conversar, para solucionar seus problemas. 
É preciso ater-se ao fato de que a mediação atua nos casos em que as partes mantêm um 
convívio constante ou diário, desde relações familiares, entre vizinhos e até amigos. Isso acon-
tece, pois a relação que as partes têm e que já vem sendo desenvolvida por determinados vín-
culos é uma relação constante e duradoura. Sendo o mais indicado, estes indivíduos cheguem a 
consenso para resolução de seus conflitos. (SPENGLER, 2012).
Dentre os princípios para a realização da mediação, podem-se citar alguns considerados 
como os mais importantes, como o princípio da liberdade das partes que visa garantir a volun-
tariedade das partes envolvidas no conflito. Na mediação, as pessoas devem escolher livremen-
te qual o caminho para resolver o seu conflito. (SPENGLER, 2012).
Já o princípio do poder de decisão das partes, com isso, inversamente do processo 
judicial, aqui o mediador não impõe a decisão, somente define as normas de comuni-
cação para encontrem uma solução pacífica. O poder de decisão das partes não é ab-
soluto. Deste modo, o mediador pode (e deve) impedir que sejam celebrados acordos 
cujo objeto seja ilegal ou que tragam desvantagem para uma das partes. (SPENGLER, 
2012, p. 24).
Além do princípio não competitividade, em que momento na mediação é encontrado 
este procedimento para o respeito entre as partes? Enxergar o conflito como um espaço de 
competição, passando a vê-lo como algo natural que deve ser superado mediante colaboração 
de ambos, é que estará criado o ambiente propício para o diálogo e para o acerto de contas de 
forma pacífica. (SPENGLER, 2012).
Ainda, encontra-se o princípio da competência do mediador e da participação de terceiro 
imparcial, ou seja, o mediador deve ter competência psicológica, que ajude às partes na comu-
nidade inserida, sem deixá-las inseguras de tais decisões. “Bem como o contexto cultural onde 
as partes estão inseridas [...] contribuindo positivamente na busca da solução mais satisfatória 
137Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
para a resolução do conflito”. (SPENGLER, 2012, p. 27).
2 MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA COMO POLÍTICA PÚBLICA DE ACESSO À 
JUSTIÇA
Atualmente, as pessoas passam a maior parte do dia fora de casa, vizinhos não se conhe-
cem, visitas são constantemente substituídas por e-mails, pessoas por eletrônicos, e frequente-
mente usam desculpas como falta de tempo para explicar a falta de paciência para interagir com 
o outro, mas esse problema é ainda maior para as pessoas que vivem à margem da sociedade.
Um número considerável da população é vulnerável à exclusão, preconceito, violência, 
entre outros problemas sociais, e é em meio a essa realidade que surge a mediação comunitária 
como uma fonte fomentadora de paz, respeito e participação popular, que trabalha o pluralismo 
de valores e os diversos sistemas de vida a partir da abertura de comunicações interrompidas, 
nas palavras de Caroline Wust (2014, p. 91):
a mediação comunitária emerge como uma nova maneira de olhar o conflito, que 
propicia uma real revolução no modo como o acesso à justiça é encarado, na relação 
entre as partes e na sociedade como um todo, uma vez que almeja o tratamento da 
controvérsia, a prevenção da má administração dos conflitos, a inclusão social e a 
convivência pacífica.
Desta maneira, a mediação comunitária é considerada uma política pública que tem 
o desafio de aceitar as pluralidades das pessoas, bem como suas diferenças e singularidades, 
através da comunicação, fortalecendo o sentimento de cidadania e de integração da vida em 
sociedade.
Uma sociedade democrática deve se caracterizar pela existência de pessoas que sejam 
capazes de solucionar os problemas sociais, e isso só será possível com o desenvolvimento 
de práticas cotidianas de participação livre e experiente da cidadania, e é nesse aspecto que a 
mediação comunitária surge como um método que busca favorecer o diálogo e encontrar desta 
forma uma solução equânime para os envolvidos.
Nesse sentido, é importante destacar a real noção sobre a justiça comunitária como meio 
democrático de acesso à justiça, bem como instrumento operoso no tratamento de conflitos 
de uma determinada comunidade, segundo Fabiana Marion Spengler (2012, p. 198-199), “A 
mediação comunitária aparece como meio de tratamento de conflitos e como possível resposta 
à incapacidade estatal de oferecer uma jurisdição quantitativa e qualitativamente adequada”. 
A mediação comunitária tem por objetivo principal, fazer com que as pessoas adminis-
trem bem seus conflitos, tendo como principal arma o diálogo, prevenindo e conscientizandoa 
população sobre a importância de suas participações na discussão de seus problemas, causando 
138 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
assim, um sentimento de inclusão na sociedade. Desta forma, a mediação comunitária mostra-
-se como um importante meio de solução de conflitos, principalmente se se levar em conta os 
indivíduos que vivem à margem da sociedade, assolados pela desigualdade social que atinge 
parte da população do país.
Caroline Wust (2014, p. 92) diz em sua obra que “a mediação comunitária é uma polí-
tica pública eficaz não apenas por proporcionar a democratização do acesso à justiça, mas por 
empoderar os sujeitos e torná-los verdadeiros cidadãos”.
Além disso, à medida que a sociedade se conscientiza de que o ser humano evolui com 
as contraposições, entende que os conflitos devem ser administrados positivamente e que a téc-
nica da mediação previne a má-administração dos desentendimentos e o surgimento de novos 
conflitos.
Neste aspecto, a mediação comunitária atua com a lógica de um mediador independente, 
membro desta mesma comunidade, que pretende levar aos demais moradores o sentimento de 
inclusão social, na tentativa de efetivação de um acesso irrestrito e eficaz à justiça, bem como 
para seus resultados nas relações sociais. Essa inclusão dos componentes da comunidade pode 
ser concretizada mediante a autonomização e a responsabilização por suas escolhas e por suas 
decisões, seja no concernente a conflitos vivenciados ou a conflitos ocultos. Assim, criam-se 
vínculos, fortalecendo o sentimento de cidadania e de participação da vida social da comunida-
de (SPENGLER, 2012).
A mediação comunitária, nesse sentido, cumpre duas funções:
primeiro oferece um espaço de reflexão e busca de alternativas na resolução dos con-
flitos nas mais diversas esferas: família, escola, no local de trabalho e de lazer, entre 
outros. Em segundo lugar o indivíduo possui um ganho que, não obstante parecer 
secundário, assume proporções políticas importantes quando ao resolver autonoma-
mente seus conflitos passa a participar mais ativamente da vida política da comuni-
dade. Assim, ele estimula e auxilia os indivíduos a pensarem como conjunto (nós) e 
não mais como pessoas separadas (eu-tu). A resolução do conflito é boa quando sa-
tisfatória para todos. Nesse contexto, a maior lição é valorizar o bem comum mais do 
que os bens ou ganhos individuais. Consequentemente a cidadania acontece de modo 
efetivo quando os “conflitantes comunitários”, com o auxilio do mediador, entendem 
e usufruem de seu poder de decisão, respeitando e zelando pelo bem-estar social. 
(SPENGLER, 2012, p. 227-228).
Mais do que um meio de acesso à justiça estimulador da participação social, a mediação 
comunitária é uma política pública que vem ganhando estímulo do Ministério da Justiça, da Se-
cretaria de Reforma do Judiciário, do Conselho Nacional de Justiça, uma vez que comprovada 
está sua eficiência na administração e resolução de conflitos (SPENGLER, 2012). 
139Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
2.1 Comunidade e seu conceito
 Uma sociedade ideal seria aquela na qual ninguém é desrespeitado, todos são merece-
dores de respeito e todos juntos podem alcançar seus objetivos, um ajudando ao outro.
 Escuta-se que o conceito de comunidade é vago, mas o que acontece é que seu conceito 
muitas vezes se confunde com a noção de sociedade e ambas se diferem por diversos motivos, 
a comunidade, por exemplo, é natural e espontânea, enquanto a sociedade é, de certa maneira, 
artificial, Spengler (2012, p. 220) conceitua comunidade como: “estado do que é comum; pa-
ridade; comunhão; identidade [...]. Conjunto de cidadãos de um Estado, de habitantes de uma 
cidade com afinidades sócio-econômicas ou geográficas”.
Ao se ler o conceito de comunidade, percebe-se que o termo deve ser analisando sob 
diversas perspectivas, do ponto de vista sociológico, filosófico moral, e aspectos políticos, que 
visualizam as formas de participação comunitária como uma forma de democracia viva.
Porém, comunidade possui um significado muito mais amplo, ao passo que, compreen-
de todas as formas de relação que possuem um considerado grau de intimidade.
Cultivar as comunidades é essencial para a formação de um futuro que preserva os bens 
sociais. Uma sociedade se sustenta melhor com uma boa base de organização, serviços mútuos 
e com a renovação comunitária, que pode ser facilitada se for proporcionado o intercâmbio 
social, e para que isso aconteça necessita-se de políticas públicas que favoreçam a participação 
social.
Compreende-se assim, que uma boa sociedade combina o interesse coletivo, mas res-
peitando os direitos individuais, bem como a satisfação das necessidades básicas das pessoas 
com a expectativa de que os membros de uma comunidade tenham respeito e responsabilidade, 
consigo mesmo e com a comunidade em geral.
2.2 A comunicação como fomentadora da transformação social e papel do mediador 
comunitário nesse contexto
A mediação comunitária tem como papel principal romper o silêncio e instaurar um diá-
logo entre as partes para solucionar o conflito existente, para a realização desse processo cabe 
destacar um importante personagem, o mediador comunitário.
O mediador comunitário é uma pessoa qualificada para o bom processo de mediação, 
ou seja, capaz de ouvir o problema, facilitar a comunicação pacífica entre as partes, observan-
do sempre o conflito dentro do contexto de seu nascimento, desenvolvimento, consequências 
atuais e futuras e é escolhido pelas partes para estimular e facilitar o diálogo, atuando para solu-
cionar o conflito, assim como para evitar futuros litígios, mas sem indicar uma solução, ele so-
140 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
mente estimula as partes para que elas sejam capazes por si próprias de encontrar uma solução 
e chegar a um acordo que proteja os seus interesses. Nas palavras de Fabiana Marion Spengler 
(2012, p. 200), “a mediação comunitária trabalha com a lógica de um mediador independente, 
membro desta mesma comunidade, que pretende levar aos demais moradores o sentimento de 
inclusão social”.
Assim, a comunicação é facilitada por um terceiro, o mediador, responsável por garantir 
o andamento pacífico da composição de interesses e, ao mesmo tempo, manter uma postura de 
neutralidade de modo a não manipular decisões.
Cada processo de mediação é único e possui peculiaridades. O trabalho do mediador 
requer neutralidade, paciência, confidencialidade e facilidade de comunicação, dentre outras 
habilidades.
Cabe esclarecer que o objetivo do mediador não é produzir relações calorosas ou próxi-
mas, mas sim, encontrar formas para que as partes possam ao menos conviver e se comunicar 
de forma pacífica, em que um pode ouvir o outro, mas sem se enxergarem como rivais.
Dessa forma, o potencial dialógico neste processo está assegurado na horizontalidade 
com que o mediador comunitário conduz o processo e também, na participação da comunidade 
como corresponsável na celebração de compromissos mútuos que garantam um futuro de paci-
ficação social, dentro da diversidade. (SPENGLER, 2012).
Diferentemente do processo judicial, que é regido pela autoridade da lei e pela transfe-
rência de prerrogativas a um terceiro, o juiz, que tem a faculdade de dizer quem tem mais ou 
menos direitos no intuito de assegurar a estabilidade social, na mediação comunitária, as partes 
são conduzidas pela ética da alteridade, em que cada uma delas enxerga a outra como a um 
semelhante que tem diferenças, tendo sempre como pressupostos a amizade e a fraternidade 
na busca de um consenso que corresponda às expectativas de ambos os envolvidos. (WUST, 
2014).
Sendo assim, tem-se como principal característica a execução da mediação comunitá-
ria dentro da própria comunidade e com participação de uma pessoa dessa comunidade como 
mediador,que foi escolhida e capacitada para atuar em beneficio da comunidade em que vive, 
movida pelo sentimento de amizade, solidariedade e inclusão social.
2.3 Mediação comunitária: uma política pública para o desenvolvimento e transformação 
social
As políticas públicas de Estado diferenciam-se frontalmente das de governo, haja vista 
que aquela está amplamente institucionalizada, isto é, enraizada nas estruturas estatais (ins-
tâncias legislativas, administrativas e judiciárias), de tal modo que, ao mudar o governo, não 
deixará de existir, nem tampouco será modificada abruptamente. Ao passo que a governamental 
141Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
é fruto de decisão do governo em exercício e depende da vontade política para que se mantenha 
vigente; o que varia, então, é o grau de institucionalização e sua consequente perspectiva de 
permanência, não significando que uma seja pior ou melhor que a outra. (WUST, 2014).
Nesse viés, o Conselho Nacional de Justiça se mostra importante para fomentar a cria-
ção de novas políticas públicas, principalmente através da Resolução 125 de 2010, que estimula 
a resolução de conflitos por meios de soluções extrajudiciais, determinando, por exemplo, a 
criação de núcleos permanentes para solução de conflitos, garantindo à população o direito à 
resolução dos conflitos de forma adequada, analisando as peculiaridades de cada caso. 
Outra relevante conquista é o Projeto de lei 7169 de 2014, que traz importantes pro-
gressos, tratando sobre a mediação entre particulares como meio alternativo de resolução de 
controvérsias e sobre a composição de conflitos no âmbito da Administração Pública.
A essência das políticas públicas de Estado é precisamente o fato de ser responsável pela 
consolidação de direitos por meio de ações sociais. Nesse ponto, a mediação comunitária pode 
ser considerada uma política pública de Estado, pois foi estabelecido juntamente para garantir o 
direito fundamental de acesso à justiça, inclusão e desenvolvimento social, pois proporciona às 
próprias partes a chance de tratar seus conflitos sem a intervenção estatal, nessa linha, Fabiana 
Marion Spengler (2012, p. 230) ensina que:
a mediação comunitária pode ser apontada como uma política pública, uma vez que 
se trata de um “conjunto de programas de ação governamental estáveis no tempo, 
racionalmente moldados, implantados e avaliados, dirigidos à realização de direitos e 
de objetivos social e juridicamente relevantes.
A mediação comunitária é um instrumento para o tratamento dos conflitos. Com esse 
método, os laços de integração e participação da sociedade se fortalecem, além de estimular 
as pessoas a pensarem juntas em busca de uma solução que satisfaça os interesses de todos os 
envolvidos e valorize a participação popular, fazendo da mediação comunitária uma política 
pública que tem como foco dar poder aos atores comunitários para que eles sejam os responsá-
veis pelas decisões tomadas.
Então ela se realiza pela comunidade e para a comunidade, ocasionando em um novo 
olhar para a forma como solucionar os conflitos, onde o interesse coletivo recebe destaque, so-
brepondo-se ao interesse individual. Ela auxilia o desenvolvimento da democracia, a inclusão 
social e responsabiliza os cidadãos, com a importância da sua participação, fazendo como que 
se exerça a cidadania, por isso, assim como na mediação comunitária, na prática cidadã também 
há a necessidade de participação, pois quanto maior a participação, maior será sua autonomia.
Nas palavras de Caroline Wust (2014, p. 122):
a mediação comunitária torna-se uma ferramenta hábil a proporcionar uma verdadeira 
transformação social, haja vista que não apenas pretende desafogar o Poder Judiciá-
rio, mas também tratar os conflitos de forma adequada em termos qualitativos, o que 
142 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
gera, por consequência, o acesso a uma ordem jurídica justa e eficaz.
 
A mediação comunitária estimula a amizade, a fraternidade, a solidariedade e conscien-
tiza a parte envolvida de que ela é capaz de tratar seu conflito de forma consensual e harmo-
niosa, sem precisar da intervenção do Poder Judiciário, o que não quer dizer que a parte não 
respeitará as normas jurídicas, mas ela terá liberdade para resolver seus próprios problemas.
Cabe ainda ressaltar que a mediação comunitária previne novos conflitos, uma vez que 
as partes compreendem que através do diálogo conseguirão resolver seus conflitos e restaurar 
vínculos.
Resumidamente, a mediação comunitária traz vantagens como o fornecimento de um 
local de transparência de normas e valores, além da construção de entendimentos compartilha-
dos com as trocas de diálogos entre os integrantes da comunidade, resultando na diminuição de 
novas tensões sociais.
3 A MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA
Nesse capítulo será abordado sobre o que é a mediação comunitária e como essa poderá 
se mostrar eficaz para a resolução de conflitos e, também, como já analisado, um instrumento de 
fomento de Política Pública de Acesso à Justiça, o que gera muitos benefícios para a sociedade. 
Como essa prática de mediação age dentro de uma determinada comunidade, ela acaba 
abrindo um leque muito amplo para que os conflitantes possam, através de um terceiro, resol-
ver de forma pacífica e cordial suas questões que possam ter origem em problemas familiares, 
escolares, trabalhistas, de vizinhança, entre outros (SPENGLER, 2012). 
Lília Maia de Morais Sales (2003, p. 135) escreve sobre os objetivos da mencionada 
prática: 
a mediação comunitária possui como objetivo desenvolver entre a população valores, 
conhecimentos, crenças, atitudes e comportamentos conducentes ao fortalecimento 
de uma cultura político-democrática e uma cultura de paz. Busca ainda enfatizar a re-
lação entre os valores e as práticas democráticas e a convivência pacífica e contribuir 
para um melhor entendimento de respeito e tolerância e para um tratamento adequado 
daqueles problemas que, no âmbito da comunidade, perturbam a paz.
E também acaba por incentivar o convívio e o estreitamento de laços entre as pessoas 
que convivem em um ambiente comum. Pois, quando se valoriza e se zela algo que se mostra 
vantajoso para todos, não só os envolvidos diretamente na resolução de um conflito saem ga-
nhando, mas os indiretos e o ambiente em que vivem. (SPENGLER, 2012).
Assim, quando a mediação é praticada na própria comunidade, os resultados dessa reor-
143Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
ganizam a mesma e a fortalecem integrando mais os membros e os tornando mais responsáveis 
pelos seus atos e cientes dos reflexos que esses causam para o bem-estar comum, o que pode 
gerar uma emancipação do próprio cidadão. (SPENGLER, 2012).
Essa prática visa trabalhar e estimular a comunicação entre os indivíduos que estão 
passando por alguma forma de situação conflituosa, tendo como objetivo maior reestabele-
cer os laços afetivos através do diálogo, para que as partes consigam, através das técnicas de 
mediação, com o mediador comunitário, chegar a um acordo que seja proveitoso para ambos. 
(WUST, 2014). 
Nesse diapasão, Alejandro Marcelo Nató, Maria Gabriela Rodríguez e Liliana Maria 
Carbajal (2006, p. 109) dissertam sobre o tema que:
o âmbito comunitário é, em si, um espaço de grande riqueza por sua aptidão em difun-
dir e aplicar os métodos pacíficos de gestão de conflitos ou tramitação de diferenças. A 
mediação, como instrumento de apto a esse propósito, brinda os protagonistas – aque-
les compartilham o mesmo espaço comunitário – com a oportunidade de exercer uma 
ação coletiva na qual eles mesmos são os que facilitam a solução dos problemas que 
se apresentam em suas comunidades. Nesse sentido, o desenvolvimento destes pro-
cessos, assim como a transferência de ferramentas e técnicas específicas de mediação 
aos integrantes das comunidades, constituemum valioso aporte e um avanço concreto 
relativo à nossa maturidade como sociedade e colabora efetivamente em prol de um 
ideal de uma vida comunitária mais satisfatória.
Quando o procedimento da mediação é realizado por membros de uma comunidade 
ele não se limita a procurar soluções para a demanda que poderia ser encaminhada ao Poder 
Judiciário e termina não sendo, acaba por promover mais o diálogo e reestabelecer alguns laços 
afetivos que se enfraqueceram frente ao litígio, o que também seria uma forma preventiva para 
que não ocorra isso novamente. (WUST, 2014).
Na esfera comunitária podem-se auferir muitos ganhos para todos os envolvidos na 
prática da mediação comunitária para que as partes conversem e tentem chegar a uma solução 
pacífica para um conflito. Já que quando as partes podem ouvir e expressar seus sentimentos e 
elas mesmas chegam a um denominador comum quem ganha é também a própria grei. (SPEN-
GLER, 2012).
O que se diferencia da lide que tramita no Poder Judiciário é que é através de uma ter-
ceira parte, mas nesse caso, com poderes para decidir sobre as questões dos litigantes, sendo de 
forma arbitrária e com base em parâmetros legais que o magistrado chega a uma conclusão para 
determinado caso em que os envolvidos precisam acatar e nesse processo acabam muitas vezes 
por terem a sua comunicação rompida. (WUST, 2014).
Na mediação é de suma importância para uma melhor compreensão do tema a diferen-
ciação de duas formas de atuação como mediador, há aqueles que são vinculados a instituições 
e aqueles que são denominados de cidadãos1.1 Os primeiros laboram exclusivamente em prol de 
1 A mediação comunitária pode ser institucional que é aquela que cumpre um trabalho específico a serviço ao 
144 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
entes estatais e seus mantenedores, com o intuito de desafogar os mesmos, atuando de forma 
de prevenção para que novos processos sejam impetrados. Possuem uma formação específica e 
visam atender um propósito preestabelecido (WUST, 2014).
Já, os mediadores cidadãos possuem uma ideia de mediação um pouco distinta que os 
possibilitaria resolver contendas com mais autonomia, nas quais não possuem ligação nenhuma 
com as instituições públicas. Mas agem no sentido de fazerem com que pessoas do seu meio 
de convivência voltem a se falar, agindo apenas como condutores dessa conversa, sem nenhum 
tipo de coação, atuando somente com a confiança neles imposta. (SPENGLER, 2012).
Conforme conceitua Six (2001, p. 136), os mediadores comunitários/cidadãos seriam 
aqueles que:
mesmo sendo grandes técnicos, são, sobretudo, gente da rua, gente do ramo, aqueles 
que pensam seu lugar dentro de uma visão de conjunto, que recusam todos os corpo-
rativismos e querem organizar juntos, com todos, uma vida em comum.
Foley (2010, p. 92), nesse diapasão, destaca que,
[...] tal qual um pastor que, em sua tarefa religiosa, dedica-se a atender às necessi-
dades espirituais, o mediador comunitário deve ouvir as partes, reconhecer os seus 
clamores e emoções e, ao fornecer um ambiente seguro, permitir que as raízes do 
conflito floresçam. Nesse sentido, há um aspecto restaurativo na justiça comunitária, 
pelo qual os disputantes podem compreender uns aos outros e, em desenvolvendo 
aptidões para a comunicação e prevenção, trabalhar na direção de cura dos danos 
causados pelo conflito.
Ainda, quem atua como mediador comunitário deverá prestar muita atenção nas atitudes 
e expressões que os mediandos demonstram em uma sessão, para que suas técnicas e também 
a sua sensibilidade possam ajudar as partes para que reconstruam o seu ponto de divergência e 
cheguem a um acordo. (WARAT, 1998).
Como expressa Foley (2010, p. 146) “[...] é por meio do protagonismo dos agentes locais 
que a comunidade poderá formular e realizar a sua própria transformação [...]”. O mediador 
comunitário auxilia a identificar os conflitos e os interesses dos litigantes e busca um tratamento 
coletivo, pertencer à própria comunidade ajuda e muito no processo.
Assim, o que tornaria a mediação comunitária tão especial é simplesmente o fato de ela 
ser exercida por um membro que está inserido na própria comunidade, que tem capacidade e 
foi escolhido justamente para tornar mais harmônicas as relações presentes nessa. E sendo a 
atuação do terceiro que realiza essa prática na forma de voluntariado, nota-se que ele age com 
mesmo tempo de sua instituição e dos clientes desta ou autônoma na qual se encontram os mediadores cidadãos. 
Sua origem é totalmente diferente. Eles são fabricados pelas instituições, são mediadores “naturais”, que nascem 
nos grupos sociais, são como que secretados por eles pela necessidade da comunicação. Eles não têm poder como 
tal, não são juízes que vão sentenciar, nem árbitros aos quais se delega a conclusão de uma contenda, eles não têm 
mais autoridade do que moral (SPENGLER, 2012b). 
145Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
os mais nobres sentimentos para auxiliar quem o procura. (SPENGLER, 2012).
Porém, é muito importante ressaltar-se que mesmo quando a mediação comunitária é 
feita no cerne de um núcleo social e com a atuação de mediadores que residem nesse, também 
existiria a possibilidade do Estado atuar. O que ocorre quando o poder público intervém de 
alguma forma, mas sempre protegendo a autonomia da comunidade, para potencializar uma 
mudança no panorama da grei da qual os litígios emergem. (FOLEY, 2011).
4 ALGUNS EXEMPLOS DA ATUAÇÃO NA PRÁTICA DA MEDIAÇÃO 
COMUNITÁRIA
Hoje, o Brasil possui exemplos bem sucedidos de projetos que praticam a mediação 
comunitária, que ajudam a prevenir e a colocar no mundo dos fatos todas as vantagens que se 
viu anteriormente sobre o tema. (WUST, 2014). 
Um desses é o projeto promovido pela ONG VIVARIO, chamado de Balcão de Direitos, 
que é um programa que estimula a mediação em comunidades carentes que sofrem a violência 
e a criminalidade. (NASCIMENTO, 2010). 
O poder público também vem implementando iniciativas nessa área, que estimula o 
diálogo em uma comunidade, através de política pública do Programa Nacional de Segurança 
Pública com Cidadania – Pronaci, com vínculo com o Ministério da Justiça (VASCONCELOS, 
2012). Com o projeto nomeado de “Justiça Comunitária” que possui como meta democratizar 
o acesso à justiça, com um dos pilares três pilares fundados na prática da mediação comunitá-
ria, através da implementação nas cinco regiões brasileiras os Núcleos de Justiça Comunitária. 
(BUSTAMANTE, 2013 citado por WUST, 2014, p. 100). 
O programa apresentou resultados muito satisfatórios entre os anos de 2008 e 2012, 
51.948 pessoas de maneira direta ou indireta foram atendidas pelos agentes que atuam na co-
munidade prestando trabalho voluntário, pois sabem da importância da sua atuação para um 
melhor bem-estar para a sua grei. (WUST, 2014).
Então, pode-se concluir que as práticas da mediação comunitária podem ser praticadas 
através de organizações sociais compostas e mantidas pelos membros da comunidade. Tam-
bém, existe a possiblidade de firmamento de uma parceria desta com o poder público, mediante 
políticas públicas, para ajudar na gestão de centros de mediação que podem atender ainda me-
lhor a todos os envolvidos em uma situação de conflito. Por fim, independentemente da forma 
que aquela é praticada, ela visa não só ao firmamento de acordo, mas para que haja mais comu-
nicação entre os membros de uma comunidade. (WUST, 2014).
146 Do conflito à solução adequada: mediação, conciliação, negociação, jurisdição & arbitragem
CONCLUSÃO
Primeiramente é necessário fazer uma análise histórica sobre as diversas culturas exis-
tentes no passado. Nessa época era muito forte o papel do líder, que ainda que de forma diversa 
e com outra nomenclatura exercia o papel do mediador, desenvolvendo assim, os primeiros 
vínculos comunitários. Passaram a existir regras que garantiam a segurança da coletividade,

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