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U N O PA R A RTE E ED U C A Ç Ã O N Ã O FO RM A L Arte e educação não formal Tatiana Romagnolli Peres Arte e educação não formal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Peres, Tatiana Romagnolli ISBN 978-85-8482-448-9 1. Arte – Educação e ensino. 2. Educação não formal. 3. Museus. 4. Espaços culturais. 5. Patrimônio cultural. I. Título. CDD 708 Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 200 p. P437a Arte e educação não formal / Tatiana Romagnolli Peres. – © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Dieter S. S. Paiva Camila Cardoso Rotella Emanuel Santana Alberto S. Santana Regina Cláudia da Silva Fiorin Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Parecerista Rosângela de Oliveira Pinto Editoração Emanuel Santana Cristiane Lisandra Danna André Augusto de Andrade Ramos Adilson Braga Fontes Diogo Ribeiro Garcia eGTB Editora 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Unidade 1 | Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias Seção 1 - Sobre a importância da formação em arte 1.1 | A importância da arte e da formação em arte 1.2 | Arte e sua relação com os espaços Seção 2 - Espaços culturais para a arte 2.1 | Museus 2.2 | Centros de cultura 2.3 | Escolas de arte 2.4 | Galerias 7 11 11 23 31 31 42 44 46 Unidade 2 | Interação entre os espaços de educação formal e não formal Seção 1 - Delimitações sobre espaço formal e não formal 2.1 | Espaço formal 1.1 | Espaço não formal Seção 2 - Arte em diferentes espaços 1.1 | A arte começa na escola? 1.2 | Possibilidades da integração entre educação formal e não formal 59 63 63 78 87 87 92 Unidade 3 | Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais Seção 1 - Conceitos de exposição, curadoria, monitoria 1.1 | Exposição 1.2 | Curadoria 1.3 | Monitoria Seção 2 - Patrimônio e conservação 2.1 | O que é patrimônio cultural? 2.2 | Conservação de bens culturais 107 111 111 120 130 137 137 143 Unidade 4 | Praticas pedagogicas em sala de aula Seção 1 - Novas práticas para a arte-educação: desafios de aproximação entre educação formal e não formal 1.1 | Os novos desafios para a aproximação da educação formal e não formal 153 157 158 Sumário 1.2 | Visitando exposições de arte: discussões, propostas e sugestões introdutórias Seção 2 - Reflexões sobre o museu virtual como prática educativa 171 187 Apresentação Atualmente, diversos questionamentos se interpõem frente à educação em arte. Muitos buscam desvendar e contribuir para a proposição de novos caminhos que tentam desvendar as potências implícitas ou explícitas do conhecimento em/ sobre arte. Contudo, um fator chama a atenção quando se atenta para as implicações da arte: as constantes e atuais transformações do universo informacional e tecnológico. É evidente que muitas dessas transformações, que, muitas vezes, são originárias de outras áreas, acabam também desencadeando uma série de mudanças nos modos de fazer, compreender, apreciar, pesquisar ou de relacionar-se com a arte e com seus desdobramentos. Em razão disso, interpõem-se questões sobre a capacidade de adaptação dos conteúdos ou metodologias da aula de arte. Por esse motivo, este livro visa debater como possíveis conexões entre espaços de educação formal e não formal podem alavancar as potencialidades da arte e cooperar de modo significativo para o surgimento de possibilidades educacionais que estimulem e instiguem os novos perfis de estudantes da contemporaneidade. Dessa forma, o livro Arte e Educação Não Formal objetiva discutir novas práticas e abordagens pedagógicas que tenham em vista ultrapassar os muros das escolas, alcançando outros possíveis lugares para formação e construção do conhecimento, mesmo que esses sejam simplesmente espaços virtuais. Neste material, você terá acesso a informações que demandam discutir sobre esses possíveis espaços não formais de formação e sua relação com o conhecimento em arte. A intenção será refletir sobre como esses espaços não formais podem cooperar para a criação de novos ambientes de intervenção e interação educacional. A Unidade 1, "Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias", possui duas seções. A primeira seção, "Sobre a importância da formação em Arte", compreende delimitações sobre a relevância da arte para a compreensão do universo comunicacional e imagético. A segunda, "Espaços culturais para a Arte", aponta como diferentes espaços culturais podem contribuir para a formação em arte. Na Unidade 2, Interação entre os espaços de educação formal e não formal, encontram-se duas seções, sendo que a primeira, "Delimitações sobre o espaço formal e não formal", apresenta definições sobre educação formal e não formal. Assim, a segunda, "Arte em diferentes espaços", proporciona formas de pensar a interação entre espaços formais e não formais na arte-educação. Já a Unidade 3, "Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais", apresenta duas seções. A primeira, "Conceitos de exposição, curadoria, monitoria", discute delimitações e especificidades desses termos. A segunda, "Patrimônio e conservação", trata de evidenciar a valorização e conservação do patrimônio cultural brasileiro. Por fim, a Unidade 4, "Práticas pedagógicas em sala de aula", apresenta também duas seções. A primeira, "Novas práticas para a arte-educação: desafios da aproximação entre educação formal e não formal", direciona debates sobre propostas de aproximação entre educação formal e não formal por meio da visita a museus. Já a segunda, "Reflexões sobre o museu virtual como prática educativa", aborda a importância da exploração de museus virtuais nas aulas de Arte. Bons estudos! Tatiana Romagnolli Peres Unidade 1 ARTE E OS ESPAÇOS CULTURAIS: MUSEUS, CENTROS DE CULTURA, ESCOLAS DE ARTE, GALERIAS Na primeira seção desta unidade, compreenderemos a relevância da arte para a compreensão do universo comunicacional e imagético. Tais conteúdos convergirão para reflexões sobre as potencialidades da arte e, Seção 1 | Sobre a importância da formação em Arte Objetivos de aprendizagem Nesta unidade, você irá compreender a importância da arte e do universo imagético para a atualidade e como ambos tornaram-se imprescindíveis para entender as relações do homem contemporâneo. Além disso, compreenderá que a arte pode ser um grande instrumento de comunicação, percebendo ainda que ela pode portar influências advindas de relações sociais e culturais precedentes. Nesse contexto, a posição de importância da arte na contemporaneidade será evidenciada por meio de análises sobre a sua função a partir das contribuições da arte-educação. Para tanto, serão evidenciadas as propostas de intervenção de espaços culturais específicos como museus, centros de cultura, escolas de arte e galerias. Também serão sugeridas reflexões que contribuirão para o estabelecimento de novos posicionamentossobre a arte por meio de correlações dessa com possíveis espaços de produção, apresentação e apreciação artística vigentes. Essas informações podem ser fundamentais para que você possa entender que a formação em arte ultrapassou, há tempos, os limites de escolas. Tatiana Romagnolli Peres Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 8 consequentemente, da imagem na formação dos indivíduos. Essas discussões convergirão, do mesmo modo, para a necessidade de pensar a respeito das relações estabelecidas entre a arte-educação e os espaços culturais. Já a segunda seção se desdobrará sobre os diferentes espaços culturais que podem contribuir para a educação cultural e formação em Arte. Sendo assim, serão abordados assuntos referentes às ações e possibilidades de intervenções sugeridas por museus, centros de cultura, escolas de arte e galerias. Seção 2 | Espaços culturais para a Arte Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 9 Introdução à unidade Qual a importância da arte? Em que espaços pode-se ter acesso à arte? Uma educação para a arte pode ser acessada somente por meio de instituições formais de ensino, como a escola? A arte é capaz de portar alta quantidade de elementos informacionais e comunicacionais. Dessa forma configura-se como importante instrumento de comunicação humana. Em função dessas constatações, percebe-se que o lugar que a arte ocupa atualmente na formação dos diferentes grupos tornou-se extremamente relevante na medida em que percebemos que ela contribui de maneira pontual para a construção de sujeitos muito mais críticos, criativos e capazes de melhor compreender a realidade que os cerca. Nesta unidade, faremos uma viagem por diferentes questões que embasam o conhecimento sobre a importância da arte para a formação dos indivíduos, abarcando questões que amparam a ideia de que se tornou imprescindível o contato e ampliação de conhecimento sobre a necessidade da arte. Configura-se, portanto, um momento em que se buscará promover a compreensão de como a arte e os espaços em que esta é apresentada são essenciais para o desenvolvimento estético. Para que isso ocorra, destacaremos também que a arte pode ser encontrada em ambientes surpreendentes e alternativos que rompem com lugares estereotipados ou elitistas. Para tanto, na primeira seção, "A importância da arte e de seus espaços culturais", o estudante entenderá as potencialidades da arte e as influências dos espaços para a educação não formal. Na segunda seção, 'Espaços culturais para a arte", você irá conhecer diferentes espaços culturais para a exposição de objetos artísticos/obras de arte como museus, centros de cultura, escolas de arte e galerias. Cultura: “Do verbo latino colere, que significa cultivo, cuidado com as plantas, os animais e tudo o que se relaciona com a terra, como a agricultura. Designava também o cuidado com os deuses, de onde vem a palavra ‘culto’; também era aplicada ao cuidado com as crianças e com sua educação, referindo-se ao cultivo do espírito. É neste último sentido Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 10 que o termo é usado até hoje. Do ponto de vista da Antropologia, o termo ‘cultura’ refere-se a tudo o que o ser humano faz, pensa, imagina, inventa, porque ele é capaz de viver somente guiado por seus instintos, ele é levado a construir ‘ferramentas’ que possam ajudá-lo a instalar-se no mundo, a sobreviver, a desenvolver sua humanidade. A essas ferramentas dá-se o nome de cultura. [...] Em sentido restrito, diz respeito à produção ligada às diferentes práticas artísticas, ou seja, às manifestações que façam uso das linguagens artísticas, populares ou eruditas” (ARANHA; MARTINS, 2009, p. 409-411). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 11 Seção 1 Sobre a importância da formação em Arte Nesta seção, iremos desvendar informações sobre importância da arte e compreender como ela pode interferir ativamente na construção crítica dos indivíduos. Abordaremos, para tanto, modos que possibilitarão a apreensão do potencial informacional, muitas vezes subjetivo, contido tanto na arte quanto nas imagens, sejam elas artísticas ou não. Discutiremos sobre como o universo imagético tornou-se imprescindível para as relações sociais e culturais do homem contemporâneo. Além disso, nesta seção, também será possível notar aprofundamentos sobre como a arte pode exercer ativamente sua função, ainda que encontrada em espaços culturais diferenciados, que rompem com a perspectiva óbvia da sala de aula, da educação formal. Por isso, você poderá notar como a arte se relaciona com os espaços em que é exposta e qual o papel que esses espaços podem ocupar atualmente na educação não formal sobre Arte. 1.1 A importância da arte e da formação em arte Qual a importância da imagem e da arte para você? Com base no que imaginou previamente, você poderá embrenhar-se em um outro universo que tentará a desvendar os segredos contidos na arte e por consequência na imagem. De diferentes O homem anseia por absorver o mundo circundante, integrá- lo a si; anseia por estender pela ciência e pela tecnologia o seu "Eu" curioso e faminto de mundo até as mais remotas constelações e até os mais profundos segredos do átomo; anseia por unir na arte o seu "Eu" limitado com uma existência humana coletiva e por tornar social a sua individualidade. Ernst Fischer Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 12 pontos de vista, vários autores, que serão estudados nesta unidade, debruçaram-se sobre inúmeras pesquisas na tentativa de desvendar e discutir a importância da arte, sua relação com o processo de aprendizagem e com a educação. Em função disso, é sabido que a arte-educação contribui amplamente com o desenvolvimento do aluno, podendo também colaborar na construção de criticidade e percepção do mundo. De acordo com Buoro (2003, p. 33), “a finalidade da Arte na educação é propiciar uma relação mais consciente do ser humano no mundo e para o mundo, contribuindo na formação de indivíduos mais críticos e criativos que, no futuro, atuarão na transformação da sociedade”. Por isso, pode-se imaginar antecipadamente que as relações estabelecidas entre arte e educação não são isentas de potencialidades extremamente importantes, não podendo, portanto, ser considerada desnecessária ao currículo. Consequentemente, é possível afirmar que a educação, em suas variadas instâncias, coexiste com a arte, num processo de dependência mútua. Essas relações denotam consequências altamente complexas para a arte-educação, já que complementam e influenciam o processo de ensino-aprendizagem. Inquestionavelmente, reafirma-se a necessidade da presença permanente da arte-educação nos currículos. Sendo assim, todas essas discussões iniciais giram em torno da ideia de se pontuar claramente qual é a verdadeira função da arte na formação educacional, metodológica, cultural ou histórica do indivíduo. A arte pode ser vista como reflexo de diferentes relações sociais. Pode ser percebida também como um modo do indivíduo, seja ele pertencente a qualquer época ou lugar, compreender seu entorno e, consequentemente, estabelecer relações com a cultura circundante. Para reforçar essa percepção sobre a função da arte, vale analisar a fala de Buoro (2003, p. 23) É necessário introduzir a arte na educação como uma metodologia pedagógica e como uma metodologia para adquirir conhecimentos. O fato é que é necessário introduzir noções pedagógicas na arte para afinar o rigor da criação e para melhorar a comunicaçãocom o público ao qual o artista quer se dirigir. O fato é que não há verdadeira educação sem arte nem verdadeira arte sem educação. O fato é que o artista que não consegue sobreviver no mercado vai ensinar sem saber como ensinar. O fato é que o professor que não tem ideias não se atreve a recorrer à arte para tê-las. O fato, trágico, é que aceitamos socialmente que é possível ensinar sem rigor e que somente pode se fazer arte por designação divina. [...] arte e educação são uma mesma atividade que se formaliza em meios diversos (CAMNITZER, 2009, p. 20-21). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 13 ao assegurar que “em cada momento específico o homem tenta satisfazer suas necessidades socioculturais também por meio de sua vontade/necessidade de Arte”. Logo, há que se pensar que a arte é primeiramente e, no mínimo, necessária. Ao longo de toda a vida, cada indivíduo entra em contato com uma quantidade incalculável de imagens cotidianamente. Dessa maneira, devemos refletir que “imagens impõem presenças que não podem persistir ignoradas ou subestimadas em sua potencialidade comunicativa” (BUORO, 2003a, p. 35). Faz-se necessário compreender o mundo imagético e informacional circundante. Contudo, uma questão se faz presente: as imagens são mesmo relevantes na contemporaneidade? A resposta a essa pergunta decorre de um outro questionamento: onde encontramos imagens? Todos poderiam citar uma infinidade de espaços, até porque a quantidade de imagens a que se tem acesso atualmente tornou-se praticamente incalculável. Elas encontram-se na internet, nos celulares, A arte, portanto, se faz presente, desde as primeiras manifestações de que se tem conhecimento, como linguagem, produto da relação homem/mundo. Neste sentido, não existe homem puro, o ser biológico separado de suas especificidades psicológicas, sociais e culturais. Cada uma dessas especificidades está presente e sempre esteve presente na vida humana, e é por meio delas que, desde os tempos mais remotos, o homem foi se relacionando com a natureza e com o mundo ao seu redor, construindo as possibilidades de sua sobrevivência e desenvolvimento. A arte, enquanto linguagem, interpretação e representação do mundo, é parte deste movimento. Enquanto forma privilegiada dos processos de representação humana, é instrumento essencial para o desenvolvimento da consciência, pois propicia ao homem contato consigo mesmo e com o universo. Por isso, a arte é uma forma de o homem entender o contexto ao seu redor e relacionar-se com ele (BUORO, 2003, p. 20). FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 14 nos outdoors, nas revistas, na televisão, na escola, nos livros escolares dos alunos de todas as idades ou em outros inúmeros lugares ou espaços. No entanto, acessa-se cotidianamente um número de imagens, que podem ou não ser arte, mas que inundam seu repertório visual, mesmo que imperceptivelmente. Há, portanto, uma urgência em se pontuar e destacar qual o papel da imagem/arte para a formação do indivíduo, começando pela definição da importância que tanto a imagem quanto a arte possuem. Logo, é necessário investir em uma educação pautada em imagens e em sua compreensão. É imprescindível, sobretudo, uma alfabetização a partir das visualidades, decodificando o mundo imagético e compreendendo suas correlações. Sendo assim, para Buoro (2003a, p. 34-35): De forma categórica, podemos afirmar que já, há algum tempo, o homem contemporâneo convive com tantas imagens que essas passaram a fazer parte do seu dia a dia. A grande quantidade de imagens que vemos todos os dias pode se tornar prejudicial para a compreensão e distinção do valor da imagem? Autores como Vilém Flusser (2007) ponderam que o excesso de visibilidade dado às imagens pode ser prejudicial à visualidade e à compreensão do mundo, já que acabam interpondo-se na percepção do mundo. Dessa forma, Flusser (2007, p. 143) afirma que “o propósito das imagens é dar significados ao mundo, mas elas podem se tornar opacas para ele, encobri-lo e até mesmo substituí-lo”. A substituição assegurada por Vilém Flusser (2007) pressupõe que as imagens produzidas pelos aparelhos eletrônicos são incalculáveis e, por isso, tornam-se substitutas dos próprios objetos. O autor ainda continua explicando como superarmos tal problema entre excesso de imagens e a percepção do mundo, à medida que ele desvenda que uma das formas seria tornando compreensível o universo imagético. Dessa maneira, afirma que “as imagens são mediações entre o homem e o seu mundo [...]. São ferramentas para superar a alienação humana. [...] É necessário aprender a As imagens, que aparecem majoritariamente com função intransitiva de mera decoração nos livros de ensino fundamental e da educação infantil, surgem assim como que parcialmente emudecidas e, portanto, incapacitadas para fornecer significados a professores e crianças e, mais ainda, para encaminhá-los no sentido de sua apropriação como poderoso recurso a serviço da prática pedagógica. É imperativo investir numa prática que transforme esses sujeitos em interlocutores competentes, envolvidos em intenso e consistente diálogo com o mundo, estimulados para isso por conexões e informações que circulam entre verbalidade e visualidade. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 15 decifrar essas imagens, é preciso aprender as convenções que lhes imprimem significados” (FLUSSER, 2007, p. 142). A chave fundamental para superar esse processo de alienação é começar a compreender os códigos imagéticos trazidos pelas imagens. No entanto, ainda existem muitas referências a respeito dos prejuízos ocasionados pelos excessos de imagem. Uma das principais discussões ainda se refere a essa possibilidade das imagens se tornarem “biombos”, encobrindo o mundo e, consecutivamente, a visão crítica de fatos ou informações. Essas implicações determinam que a percepção do mundo visível também pode se tornar ofuscada, limitada ou destorcida. Pimentel (2003, p. 85-87) adverte que: Você já observou que, em parques, espaços públicos, exposições de grandes obras de arte ou até mesmo nas escolas, o ato de fotografar tem se tornado mais importante do que a simples observação das formas, dos objetos, dos momentos, das paisagens? Você, em algum momento importante, já se preocupou mais em tirar uma fotografia do que em apreciar o acontecimento? Você já retomou todas as imagens que fotografou para observá-las e apreciá-las calmamente? Nos dias de hoje, a imagem visual tem uma presença cada vez maior na vida das pessoas. Imagens nos são apresentadas e reapresentadas a todo momento, num misto de criação e recriação. A apropriação e transformação de imagens procura dar uma nova significação a imagens já conhecidas e, ocupa grande espaço na mídia, sendo cada vez mais usadas em cartazes, outdoors e nos meios de comunicação eletrônicos. Devido à velocidade com que vemos as imagens, nem sempre podemos pensar sobre elas e selecionar as que devem fazer parte do nosso repertório imagético, isto é, da referência visual que gostaríamos de deixar registrada. Nesse contexto, é importante desenvolver-se a competência de saber ver e analisar a imagem, para que se possa, ao produzir imagens, fazer com que ela tenha significação [...]. Assim, é preciso conhecer a produção artística visual contemporânea, valorizar nossa herança cultural e ter consciência da nossa participação enquanto fruidores e construtores da cultura do nosso tempo. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 16 Como compreender o universo imagético? Como tornaro alfabetismo visual acessível, consciente e necessário ao desenvolvimento humano? Essas respostas encontram-se, certamente, nos caminhos que levam à arte-educação, seja ela formal ou não formal. A tomada de consciência da potencialidade do mundo imagético perpassa por desvendamentos fornecidos pelo universo da arte e, hoje, são fundamentais para o estabelecimento da importância desses objetos. Qual a distinção entre imagem e arte? Toda imagem observada pode ser considerada uma obra de arte ou imagem artística? É possível assegurar que existe uma distinção muito pontual entre imagens artísticas ou não, mas é necessário destacar que a arte pode se utilizar frequentemente de imagens em suas criações. Do mesmo modo, os arte-educadores também se utilizam de imagens durante o processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim, esta seção se debruça sobre discussões que abrangem tanto a imagem quanto a arte, por compreender, nesse momento, que em diversos contextos, não há como separar uma e outra. No entanto, para serem consideradas artísticas, as imagens devem respeitar uma série de critérios como, por exemplo: intenção de criação artística ou preocupação com ineditismo, unicidade (criação única), proposição de uma poética, criatividade, entre outros. Apesar disso, tanto a imagem artística quanto não artística possuem signos passíveis de leitura e análise. Porém, a leitura de imagens é diferente daquela que acontece com textos lineares produzidos pela escrita tradicional. Na imagem, a leitura acontece de forma livre e de modo não linear, já que os olhos caminham livremente pelo espaço. O mesmo não ocorre na escrita, pois ela possui uma lógica que deve ser obedecida durante a leitura, como, por exemplo: da esquerda para a direita, de cima para baixo. Já as imagens possuem códigos abertos, ou seja, códigos que não podem ser precisamente determinados como ocorre no caso do alfabeto. Desse modo, as informações sugerem a ocorrência de diferentes interpretações durante a leitura de uma mesma imagem ou obra de arte. Essas diferenças de interpretação dependem da vivência, da bagagem informacional ou da cultura que cada pessoa que observa e busca compreender a imagem possui. Por Visualidade: qualidade ou estado de ser visual ou visível; visibilidade. Imagem mental ou pictórica; visualização. Visibilidade: qualidade ou caráter do que é visível, do que pode ser percebido pelo olhar; percepção pelo sentido da visão. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/visualidade>. Acesso em: 18 fev. 2016. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 17 Curiosidade Você já brincou de olhar para o céu e determinar as formas que cada nuvem possui? E você já fez essa brincadeira, mesmo quando criança, junto com outras pessoas? Você já notou como é comum cada uma das pessoas encontrar formas completamente diferentes para uma mesma nuvem? O mesmo pode acontecer com uma obra de arte ou uma imagem! Cada uma das pessoas tem impressões, sensações ou percepções diferentes diante de uma mesma obra. isso, compreende-se que um mesmo traço pode representar diferentes objetos ou formas, dependendo do contexto em que está inserido e da pessoa que o observa. Para explicar as potencialidades da imagem, há que se adentrar mais profundamente nos conceitos que as embasam. E, se imagens possuem códigos passíveis de leitura, há que se compreender o que são os códigos e qual sua função na comunicação. Nesse contexto, Flusser (2007, p. 130) afirma que “um código é um sistema de símbolos. Seu objetivo é facilitar a comunicação entre os homens. Como os símbolos são fenômenos que substituem ('significam') outros fenômenos, a comunicação, é, portanto, uma substituição: ela substitui a vivência daquilo a que se refere”. A capacidade informacional das imagens, e consequentemente da arte, já foram descritas e elucidadas. Agora, faz-se necessário pensar sobre a criação artística de forma mais aprofundada, partindo justamente dos elementos sociais e culturais que podem influenciar uma produção em arte. O que influencia a criação artística? Pode-se pontuar que todo indivíduo é resultado do tempo histórico em que se encontra e das relações sociais e culturais que possa estabelecer. Descobrem-se assim, outras fontes que podem influenciar a criação artística. Portanto, os lugares que frequentam, a época em que vivem, o lugar onde moram, as pessoas com as quais se relacionam também influenciam na formação dos indivíduos e influenciam, consequentemente, a produção artística. Ostrower (1977, p. 5) corrobora essas ideias ao garantir que “a natureza criativa do homem se elabora no contexto cultural. Todo indivíduo se desenvolve em uma realidade social, em cujas necessidades e valorações culturais moldam os próprios valores de vida”. Essa noção de correlação entre o meio e a arte é necessária para que se possa compreender como a criação artística pode ser resultado de muitas influências socioculturais. Dessa forma, pode-se perceber que ao entrar em contato com uma Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 18 obra de arte, um objeto artístico, tem-se acesso a épocas, lugares ou culturas distintas. Esses conhecimentos obtidos por meio da arte são capazes de desvendamentos, esclarecimentos, ampliação de conhecimentos e até mesmo compreensão do mundo circundante. Retrocedendo no tempo, pode-se perceber que o homem, desde os primórdios da civilização, sempre se utilizou ou se expressou por meio de imagens. Essas informações reafirmam a necessidade de relacionar-se com imagens e, portanto, com diferentes formas de arte. Através do desenho, gravura, pintura, escultura, ou qualquer uma das modalidades, o ser humano sempre demostrou sua necessidade de comunicação ou de criação de imagens, fossem elas com objetivos artísticos ou não. Sobre essas informações, Buoro (2003, p. 24) destaca que: Surge, então, uma questão a ser pensada: ao longo da história, seria possível traçar uma forma única de criação de arte? Obviamente, não! A obra de arte é a consequência do tempo em que está inserida e das necessidades decorrentes desse período. Logo, ela é resultado de uma sequência de influências que respondem a características atreladas às transformações espaço-temporais. Daí a necessidade de pensar como a arte acontece, se articula e se transforma em decorrência de constantes transformações sociais e culturais. Para cada época, lugar ou região, apresenta-se um tipo de criação artística específica. Atualmente, deve-se levar em consideração várias transformações no que é ou não considerado arte. Os parâmetros que orientam os limites do que seja ou não arte são delimitados a partir de padrões, normas ou questões que estão conectadas a variantes intimamente arraigadas com o tempo ou o lugar em questão. Nota-se, na contemporaneidade, que se alteraram os materiais, os objetivos, os estilos, os espaços que apresenta ou se desenvolve a arte e, consequentemente, as relações estabelecidas entre artista, obra e público. Todas essas relações e formatos são absolutamente diferentes dos que eram apresentados há alguns anos atrás. Ao desenhar nas paredes das cavernas e fabricar cestarias e cerâmicas, o homem “primitivo” era impulsionado pelas mesmas questões de sobrevivência que motivaram o homem do Renascimento e do século XX. A Arte, então, aparece no mundo humano como forma de organização, como modo de transformar a experiência vivida em objeto de conhecimento que se desvela por meio de sentimentos, percepções e imaginação. Assim, ela abarca um tipo de conhecimento a partir de universos sensíveis e ideias da apreensão humana da realidade. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 19 Você percebeu como aarte pode refletir diferentes influências? Diante de todas as informações analisadas, já é admissível perceber todas as possíveis conexões e alterações propostas por esta arte na formação do indivíduo. Contudo, ainda é imprescindível refletir a relevância da contextualização da obra • Quais são as principais diferenças notadas por você entre as duas imagens a seguir? • Você percebeu que ambas as imagens podem ser percebidas ou analisadas a partir de reflexos do tempo sociocultural em que estão inseridas? • Você notou que elas pertencem a momentos históricos diferentes? • Portanto, você percebeu como as representações da figura humana são concebidas de modo completamente diferentes? Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/_2go2vY-U8Ac/ S9rUKVa24MI/AAAAAAAAAvA/PQoB0obulUs/s1600/ Rubens.jpg>. Acesso em: 11 fev. 2016. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/ commons/thumb/8/81/JuanGris.Portrait_of_Picasso. jpg/464px-JuanGris.Portrait_of_Picasso.jpg>. Acesso em: 11 fev. 2016. Figura 1.1 | As três graças, Peter Paul Rubens (1635) Figura 1.2 | Retrato de Picasso de Juan Gris (1887-1927) Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 20 para a compreensão de informações pertinentes a ela. Por isso, ao observar a importância da arte por diferentes ângulos, é provável encontrar novos pontos a serem conectados. Um deles é que não se pode acostumar com a percepção e apreciação de formatos específicos de arte. Estando conectada ao período histórico, à cultura e à sociedade, a arte pode ser considerada efêmera e, portanto, altamente mutável. A história da arte não se pode basear na naturalização do objeto artístico. Além disso, é preciso admitir que a ideia de arte se relaciona aos usos da imagem. Os usos da imagem, porém, são muito diversificados e envolvem também os seus usos artísticos, o que confere um estatuto especial à imagem, distinguindo-a de outras. Há uma construção social que está baseada na afirmação de um sistema de artes, que define as características do circuito da criação, produção, exposição, fruição e recepção do objeto artístico, conduzindo à sua institucionalização. Isso implica um jogo de posições no sistema das artes que se relaciona com a ordem política da sociedade. Há um entrelaçamento entre ordem política e sistema das artes (KNAUSS, 2013, p. 61). Efêmero: [Figurado] De curta duração = breve, passageiro, temporário, transitório ≠ duradouro, permanente. Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 2008-2013. Efêmero. Disponível em: <https://www.priberam.pt/DLPO/ef%C3%AAmero>. Acesso em: 31 jan. 2016. Mutável: Que pode ser mudado. Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 2008-2013. Mutável. Disponível em: <https://www.priberam.pt/DLPO/mut%C3%A1vel>. Acesso em: 31 jan. 2016. Em razão dessa constatação, discute-se ainda sobre como a arte sofreu constantes transformações ao longo do tempo. Transformações essas que também puderam ser constatadas do mesmo modo nas sociedades, épocas ou culturas. Destaca-se que o Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 21 contexto histórico, todas as experiências e contatos que cada pessoa estabelece ao longo da vida acabam influenciando de modo único suas produções. Buoro (2003a, p. 58) demonstra que todas essas alterações ocorrem ao afirmar que: [...] qualquer ser humano inicia sua formação antes mesmo de nascer. Mais tarde, segue construindo seus caminhos pessoais, determinados pelos encontros e eventos significativos que nele operam crises e transformações, pelos desejos que movem suas buscas, descobertas de novos interesses e gostos, muitos dos quais inusitados, e pela superação de gostos e interesses que perdem seu vigor no embate com a experiência – e tudo isso é o mesmo que viver significativamente. A escola participa intensivamente dessa formação, a qual alterna as dimensões formal e informal e as entretece numa trama que é a da nossa história pessoal: somos as narrativas que construímos. Assim, cada ser humano é único nas relações que estabelece com o mundo – parceiro e eterno outro que nos fascina, assombra e põe em marcha – ao longo de seus percursos de vida e de formação profissional. Essa discussão sobre as alterações nos modos de propor, fazer ou apreciar arte define, portanto, que é preciso sempre ponderar sobre quais foram as influências determinantes em cada período da história. Do mesmo modo, essas possíveis conexões orientam esclarecimentos sobre como cada artista se apropriou e se relacionou com todas as influências no decorrer do processo de construção do seu trabalho artístico. Em contrapartida, surge a necessidade de compreensão das complexidades que entrelaçam a produção artística que, muitas vezes, só podem ser acessadas por meio da educação específica em arte, seja ela formal ou não. Muitas vezes, para que haja perfeita compreensão do objeto artístico é necessária muita pesquisa, conhecimento do contexto histórico e do percurso criativo do artista. Para complementar essas revelações sobre o universo artístico e suas complexidades, são necessárias definições a respeito da relevância de se desvendar a arte, ou a imagem, a partir de esclarecimentos mais profundos sobre seus códigos. Já é sabido que a arte pode conter uma imensa gama de informações referentes ao entorno, à cultura, à época ou ao próprio indivíduo que a produz. Acessa-se, portanto, um mundo codificado e altamente informacional até então adormecido. Você já percebeu anteriormente que as informações referentes ao universo imagético sempre estiveram ali, diante de nossos olhos, mas eram inacessíveis por falta de conhecimentos sobre como promover a leitura desses códigos contidos Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 22 nessas superfícies (imagens). Por isso, reafirma-se que o estímulo à capacidade de leitura dos códigos imagéticos também será responsabilidade da arte-educação, formal ou não. Sendo assim, vale destacar a importância de se distinguir as diferenças e relevâncias de esclarecimentos sobre os códigos em superfícies ou em linhas. Portanto, é imprescindível considerar novamente a fala de Flusser (2007, p. 102), ao assegurar que: As superfícies adquirem cada vez mais importância no nosso dia a dia. Estão nas telas de televisão, nas telas de cinema, nos cartazes e nas páginas de revistas ilustradas, por exemplo. As superfícies eram raras no passado. Fotografias, pinturas, tapetes, vitrais e inscrições rupestres são exemplos de superfícies que rodeavam o homem. Mas elas não equivaliam em quantidade nem importância às superfícies que agora nos circundam. Portanto, não era tão urgente com hoje que se entendesse o papel que desempenhavam na vida humana. Outro problema de maior importância existia no passado: a tentativa de entender o significado das linhas. Desde a “invenção” da escrita alfabética (isto é, desde que o pensamento ocidental começou a ser circulado), as linhas escritas passaram a envolver o homem de modo a lhe exigir explicações. O que pode ser pontuado, neste momento, é que muito tempo se passou sem que se pudesse compreender o quanto a imagem, e a própria arte, poderiam colaborar para a ampliação e aprofundamento do conhecimento geral ou estético. Tanto a imagem quanto a arte são capazes de ampliar visões de mundo. Visão essa que também pode ser transformada por meio da percepção dos códigos imagéticos/artísticos. Considerando-se que somente uma parcela da comunicação se dá sobre a forma da fala e escrita linear, há que se considerar como a apreensão de códigos das superfícies, das imagens ou da arte, é necessário à compreensão globalda comunicação humana. Essa comunicação global só pode ser alcançada quando compreende-se a existência de signos contidos no “mundo codificado, ou seja, um mundo construído a partir de símbolos ordenados, no qual se represam as informações adquiridas” (FLUSSER, 2007, p. 96). A partir de agora, você já é capaz de entender quais são as potencialidades da imagem discutidas no decorrer desta seção: imagens/arte comportam uma série de códigos que contemplam informações que podem contribuir para a apreensão do mundo que nos cerca e, por isso, são fundamentais para o processo comunicacional. Em razão destas colocações, é possível saber como esse universo cultural imagético Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 23 também pode ser considerado uma forma de discurso que contribui para a compreensão da sociedade, da história e da cultura. Deve-se, sobretudo, aceitar o fato de que aprender a comunicar-se com palavras ou compreender suas regras é tão importante quanto aprender a comunicar-se com ou por meio de imagens. Diante de todas as informações já citadas, reafirma-se a necessidade de reforçar outras razões que podem contribuir para o estabelecimento desta linha de reflexão que se refere às potencialidades, muitas vezes subjetivas, das imagens. Portanto, reitera-se que o universo imagético se tornou imprescindível para as relações sociais e culturais do homem contemporâneo. Como começar a reestruturação dos encaminhamentos metodológicos sobre a educação que poderão alterar a percepção da relevância da arte-educação? A resposta encontra-se na formação dos arte-educadores (ou agentes-mediadores) e na conscientização de que esses devem propor discussões que contextualizem as informações artísticas durante as visitas aos espaços culturais de arte. Essa contextualização abrangerá, consequentemente, toda a referência sobre o entrelaçamento entre arte e cultura, já citado anteriormente nesta unidade. Por esse motivo, é importante destacar informações que evidenciam que: Qualquer que seja o caminho metodológico construído ou reconstruído, é de suma importância atentar para o papel dos agentes mediadores no processo: os educadores, os mediadores, assessores, facilitadores, monitores, referências, apoios ou qualquer outra denominação que se dê para os indivíduos que trabalham com grupos organizados ou não. Eles são fundamentais na marcação de referenciais no ato de aprendizagem, eles carregam visões de mundo, projetos societários, ideologias, propostas, conhecimentos acumulados etc. Eles se confrontarão com os outros participantes do processo educativo, estabelecerão diálogos, conflitos, ações solidárias etc. Eles se destacam no conjunto e por meio deles podemos conhecer o projeto socioeducativo do grupo, a visão de mundo que estão construindo, os valores defendidos e os que são rejeitados. Qual o projeto político-cultural do grupo em suma (GOHN, 2006, p. 1). 1.2 Arte e sua relação com os espaços Quando se sugere reflexões acerca da arte e sua relação com os espaços, uma das primeiras questões a surgir é: quais são os espaços da arte? Onde a arte pode ser observada e apreciada? Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 24 É plausível citar uma lista de espaços onde a arte pode ser encontrada, começando por museus, galerias, fundações culturais, coleções particulares, internet, entre inúmeros outros. E, ao longo do tempo, muitos espaços diferenciados foram utilizados. Nas paredes das cavernas, nas catedrais, em templos, palácios, livros, catacumbas, paredes das casas. Contudo, por diversas vezes, o público em geral não tinha acesso a muitas obras produzidas. Assim, o público encontrava-se “distante do ambiente artístico, da apreciação, da fruição ou manifestação artística, permaneciam alijados da cultura, prejudicados em sua sensibilidade, sem meios suficientes para apreciar ou produzir arte. Viviam afastados da cultura de seu tempo” (SANTA ROSA; SCALÉA, 2006, p. 54). Apesar disso, em diferentes momentos pode-se perceber que houve a pretensão de expor obras de arte em espaços públicos, mesmo que essa intenção estivesse atrelada à exaltação de governantes. Percebe-se, então, que esses ambientes de cultura transformaram-se em espaços onde se buscava usufruir ou apreciar a beleza e refletir a respeito das diferentes propostas dos artistas (SANTA ROSA; SCALÉA, 2006). Hoje em dia, em quais espaços a arte pode ser encontrada, visualizada, apreciada? De que modo estes espaços culturais interferem na construção da arte-educação? Atualmente, é perceptível que, diante das possibilidades de acesso propiciadas pelas mídias e pela internet, as fronteiras que distanciavam obra e espectador foram reestabelecidas e alargadas. Até há algum tempo atrás, a arte era objeto restrito aos espaços de grandes museus e galerias. Contudo, em todos esses espaços o objetivo é sempre o mesmo: esses ambientes são concebidos para se tornarem lugares para apreciação e reflexão crítica sobre arte. No entanto, desde de que outras propostas foram absorvidas pela arte contemporânea, como, por exemplo, o uso de novos espaços para apresentação e exposição da arte, alterações substanciais nos moldes do fazer artístico foram evidenciadas. Uma delas toma como ponto de partida a aproximação da obra com o público. Dessa forma, nota-se que a arte-educação, formal ou não formal, e a convivência com obras tornaram-se fundamentais para a perfeita compreensão do universo comunicacional circundante. Conclui-se, para tanto, que a arte pode exercer ativamente sua função ainda que encontrada em espaços culturais diferenciados. A educação em arte só pode propor um caminho: o da convivência com as obras de arte. Aquelas que estão assim rotuladas em museus e galerias, as que estão em praças públicas, bancos, repartições do governo, nas casas de amigos e de conhecidos. Também aquelas, anônimas, que Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 25 Durante a seção 1, você compreendeu a importância da exploração das potencialidades da arte. Por isso, agora vale refletir sobre como os espaços culturais, grandes vias de acesso à obra de arte, podem contribuir para a exploração de tais potencialidades. Importante se faz também a aproximação entre obra e público, promovendo constantes interações culturais e ampliação do conhecimento. Essas alterações se tornaram extremamente importantes, pois passaram a desmistificar a arte enquanto objeto de culto, intocável e praticamente inacessível. É necessário pontuar que a aproximação entre obra e público também aconteceu em razão da chegada dos aparelhos técnicos, de reprodutibilidade e das máquinas de fotografar. E, nessa onda da reprodução das imagens e da arte, ou de imagens de arte, novas relações ou aproximações se estabeleceram também entre público e obra. E, como num movimento em cadeia, essas transformações acarretaram, consecutivamente, novas formas de arte, novas práticas, novos espaços e novas formas de aproximação. Surgem novos espaços culturais para a divulgação da arte que ultrapassam as barreiras da escola (educação formal). Entre esses novos espaços, é possível destacar os museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias. Todos eles contribuem amplamente, e de modo muito pontual, para a formação artística. Desse modo, cada um desses espaços assume uma função complementar à aproximação do público com a arte, facilitando o processo de educação estética. Você sabia que muitos museus promovem diversas atividades educativas e culturais no intuito de aproximar-se do público? Muitas dessas ações educativas são resultado de um grande processo de desenvolvimento de tecnologias que servem, nestes casos, para auxiliar, aproximare proteger a memória cultural. E ainda vale lembrar o quanto os acessos e visitas a estes espaços que buscam promover a arte podem ser altamente enriquecedores. encontramos às vezes numa vitrina, numa feira [...]. As que estão em alguns cinemas, teatros, na televisão e no rádio. As que estão nas ruas: certos edifícios, casas, jardins, túmulos. Passamos por muitas delas, todos os dias sem vê-las. Por isso, é preciso uma determinada intenção de procurá-las, de percebê-las. Quanto mais ampla for essa convivência com os tipos de arte, os estilos, as épocas e os artistas, melhor. É só por meio desse contato aberto e eclético que podemos afinar nossa sensibilidade para as nuanças e sutilezas de cada obra (ARANHA; MARTINS, 2009, p. 433). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 26 Sobre as atividades do Museu Nacional de Belas Artes “As ações educativas do Museu Nacional de Belas artes visam à promoção da cidadania cultural, entendida como o acesso democrático ao universo artístico do nosso patrimônio cultural. Nesse sentido, as ações, que ocorrem nas Galerias da Arte Brasileira dos Séculos XIX e de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea, procuram atender aos mais diferentes públicos, em diversos projetos, de forma a diminuir barreiras, estabelecendo uma relação dialógica: partindo dos contextos previamente trazidos pelos participantes, busca-se levá-los à construção do conhecimento artístico”. Projetos: Visitas ao acervo do museu; todo mundo no museu; oficina para professores; projetos inclusivo; material de apoio pedagógico. Disponível em: <http://mnba.gov.br/portal/educacao/atividades.html>. Acesso em: 1 fev. 2016. Sob sua ótica, é possível potencializar ainda mais a formação em arte a partir do incentivo a aproximações do público com museus, galerias, centros de arte, casas de cultura? Para adentrar nesse campo, é necessário saber que “é preciso repensar a formação do educador e do educando no sentido de possibilitar o conhecimento, levando em conta a totalidade do ser e de perceber a função da arte na educação como campo de conhecimento tão importante como o da ciência” (BUORO, 2003, p. 32). Com base nessas informações que enfatizam assuntos relativos ao potencial da arte, é possível pensar de que modo os agentes envolvidos no processo ensino-aprendizagem podem contribuir para promover estímulos que demandem encontros significativos com a arte. É necessário avaliar que existem influências mútuas e constantes advindas de todos os envolvidos neste processo de arte-educação. Por isso, considerar que o público apreciador também tem muito a contribuir. Como resultado, compreende-se que “não há espectador totalmente ingênuo. Portanto, há marcas culturais tatuadas nas pupilas dos olhos dos alunos que não devem ser desprezadas, mas, sim, incorporadas e ampliadas [...] para que novas interpretações e construção de sentido possam ser desveladas” (MARTINS; PICOSQUE, 2003, p. 9). Além de contextualização das informações estéticas, os propositores/mediadores também podem contribuir com o enriquecimento da formação e do contato com a arte a partir da ideia de impulsão de potencialidade. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 27 Vários exemplos de intervenções que divulgam uma remodelação nos formatos de relação obra e público vêm sendo implantadas no intuito de aproximar e aprofundar estas relações. O formato de exposição que considera a arte como metodologia do conhecimento, sugerido por Luis Camnitzer durante a da 6a Bienal do Mercosul, apresenta-se como um grande exemplo de novas propostas de intervenção. Ainda refletindo sobre como a arte se relaciona com os espaços de formação e apresentação e qual o papel que esses espaços podem ocupar atualmente na educação não formal, é possível destacar outras questões. Uma delas encontra-se no fato de que o Brasil é um país gigantesco com muitas peculiaridades que são fruto de influências específicas. Dessa forma, não há como falar sobre espaços para arte sem embrenhar-se em territórios que demandam considerações. Impulsionar a potencialidade de obras e artistas submersos nos livros, nos museus, nos sites, nas reproduções esquecidas que fazem parte de nosso acervo de professores, para além daquelas sempre escolhidas. Reside nessa ação a formação cultural dos alunos. Formação esta que, enfatizando a habilidade perceptiva e cognitiva para interpretar obras de arte em termos de seu contexto social e cultural, possa ampliar o acervo imaginário de tal modo que obras e artistas passem a integrar o patrimônio pessoal como um bem simbólico interno, um repertório conectado à vida para a leitura do mundo, das coisas do mundo e da própria Arte (MARTINS; PICOSQUE, 2003, p. 8). A equipe curatorial redesenhou a estrutura da Bienal para destacar a relação entre o artista e o público, para envolver o visitante no processo criativo do artista, para conseguir que o consumidor vá se equipando para ser criador; em outras palavras: para voltar a resgatar a arte como uma metodologia do conhecimento. Queremos que a ênfase da mostra não termine em exibir a inteligência do artista, mas em estimular a inteligência do visitante. Essa tarefa, por sua vez, estimula muito mais a nossa inteligência como artistas do que poderia conseguir o narcisismo tradicional (CAMNITZER apud CAMNITZER; PÉREZ-BARREIRO, 2009, p. 13-14). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 28 Diversas cidades brasileiras não possuem museus, centros de arte ou galerias. Muitas delas sequer possuem espaços culturais. Em algumas escolas, principalmente públicas, o ensino da arte ainda está nas mãos de professores sem graduação específica. As aulas são curtas, o número de alunos por turma é bastante amplo em diversos lugares, os espaços para desenvolvimento das atividades são restritos à própria sala de aula e os materiais muitas vezes são simples ou reduzidos. Esses espaços limitados dificultam a exploração e o desenvolvimento pleno de atividades. Em contraponto, os espaços não formais podem, muitas vezes, possuir uma estrutura muita mais desenvolvida e planejada. O ensino de artes plásticas no currículo da escola formal coloca o professor diante de alguns determinantes, no que se refere à escolha de seu objeto de trabalho. A realidade física da sala de aula e o tempo de duração da aula, muito diferentes daquele vivido em um ateliê ou oficina, reduzem as diversas abordagens da escolha de atividades, que poderiam ser realizadas, para trabalhar os conteúdos. É o caso, por exemplo, das produções tridimensionais, que exigem espaços amplos, nem sempre compatíveis com a sala de aula. Além disso, o ensino de arte a ser proposto no contexto da escola formal deve considerar, entre outras coisas, fatores ligados aos conteúdos selecionados, às questões de ensino-aprendizagem, aos interesses de alunos e educadores, ao uso de materiais compatíveis com o espaço físico, e ao número de aulas que o educador dispõe para a abordagem em cada conteúdo (BUORO, 2003, p. 110). Um professor que mantém viva a curiosidade, que gosta de estudar, investigar imagens para sua prática na sala de aula e levar seus alunos ao encontro com a linguagem da arte sem forçar uma construção do sentido “correto” ou único, veste sandálias de professor-pesquisador, envolvendo com a mais fina atenção sua pele pedagógica, dando sustentação para pisar em terras ainda desconhecidas. Não lida com as certezas, Além disso, muitas questões precisam ser revistas para que se tenha acesso a esclarecimentos que apoiariam novas percepções e proposição de diferentes possibilidades de formação da educação em arte. Nesse sentido: Arte e os espaços culturais: museus, centrosde cultura, escolas de arte, galerias U1 29 e com reducionismos simplistas, mas com a compreensão e a articulação da complexidade. Por isso mesmo, seu caminhar se dá no futuro, no lugar da pergunta, da questão, da dúvida, movido por passos de andar sinuoso que evitam os caminhos retos porque assim pode traçar sua própria trilha na escavação das Arqueologias Contemporâneas (MARTINS; PICOSQUE, 2003, p. 8). Apesar de debatermos a respeito das potencialidades da arte (e ,consequentemente, da imagem), há que se destacar que outros pontos de vista podem se contrapor, ou até mesmo complementar tais colocações. Vicente Lanier (2011, p. 45) destaca que alguns posicionamentos somente reiteram que a arte esteja apenas empregada sobre os domínios da responsabilidade social, deixando de lado sua função de procedimentos estéticos-visuais. Por isso, explica que: Não há, tampouco, nenhuma razão constrangedora que nos faça duvidar ou negar que as atividades de arte na sala de aula possam promover crescimentos pessoais independente do valor ou da resposta estética. Talvez a arte possa tornar alguém mais criativo em geral (o que quer que isso queira dizer). Talvez possa fazê-lo perceber seu contexto físico ou social mais objetivamente. Talvez possa ajudá-lo a resolver suas inadequações emocionais, aumentar seu QI, enriquecer sua aposentadoria ou promover a paz mundial e a boa vontade entre os homens. O ponto sobre o qual queremos insistir é que todos esses outros aspectos do crescimento individual não são ou não deveriam ser o principal foco para o professor de artes plásticas: que a sua principal referência deveria ser o progresso no domínio dos procedimentos estéticos-visuais. [...] Em resumo, estou propondo que, de fato, devolvamos a arte à arte-educação (BARBOSA, 2011, p. 45). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 30 1. Diante de todas as informações propostas na seção 1, descreva, de acordo com os textos estudados, qual a importância da arte? 2. Os espaços culturais para o desenvolvimento/formação em arte restringem-se somente às escolas? • Você já havia imaginado como os espaços culturais para divulgação e exposição de obras são importantes para a formação em arte? Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 31 Seção 2 Espaços culturais para a arte Nesta seção, será dada continuidade ao assunto já iniciado na seção 1, que discutiu a importância da arte e de seus espaços de divulgação e exposição. Neste momento, para fundamentar ainda mais o que já fora estudado, alguns aprofundamentos serão propostos. Dessa forma, assuntos ligados aos principais conceitos e funções dos espaços culturais serão discutidos. Você irá reconhecer e distinguir diferentes espaços culturais para a exposição de objetos artísticos, ou obras de arte, como museus, centros de cultura, escolas de arte e galerias. Muitos desses ambientes culturais têm como objetivo expor, promover debates e aprofundar os conhecimentos sobre arte por meio do contato aproximado entre público, obra e artista. Os conceitos e delimitações aqui sugeridos continuarão a revelar potencialidades subjetivas da aplicação da arte como forma de instigar o desenvolvimento intelectual e estético do indivíduo. Convido você a se enveredar por essa aventura, que se distingue principalmente por ser extremamente relevante para novas proposições sobre a disciplina de Arte! 2.1 Museus Antes de aprofundamentos mais conceituais sobre os museus e sua relação com a arte-educação, uma questão será respondida: como surgiram os museus? De acordo com Santa Rosa e Scaléa (2006), os museus surgiram no século XVIII com a chamada prática do colecionismo. Pessoas abastadas recolhiam objetos exóticos, pinturas, esculturas, recordações de viagens, documentos, sem nenhum critério e exibiam em suas casas. [...] Nos meados do século XVIII, com a democratização de grande parte da Europa, as coleções passaram a ser geridas pelo Estado e os governantes tomaram para si a reponsabilidade de preservá-las. Diversos museus foram criados com o objetivo de guardar as obras de arte, mas Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 32 logo se tornou necessário que exibissem suas coleções, isto é, que tornassem públicas as obras que pertenciam à sociedade, e o museu passou a ter um ou mais espaços expositivos destinados à visitação. [...] Só no final do século XIX, os museus passaram a ter coleções mais homogêneas, com espaços específicos para obras de arte, objetos e documentos de valor histórico (SANTA ROSA; SCALÉA, 2006, p. 55). É possível considerar que espaços como os museus podem socializar e democratizar o ensino de arte? De acordo com Ott (2011, p. 113), existem infinitas potencialidades a serem exploradas nesses espaços. O ensino de arte em museus constitui um componente essencial para arte-educação: a descoberta de que arte é conhecimento. A arte pode assumir diversos significados em suas várias dimensões, mas como conhecimento proporciona meios para a compreensão do pensamento e das expressões de uma cultura. Por meio dessa prática educativa em museus, podem ser reveladas diversas formas de expressão artística que contêm muitas das maiores ideias da cultura universal, cujos significados de arte são contribuições relevantes para a sociedade. Esses conceitos necessitam ser trabalhados por meio de um ensino sensível, ou seja, um sistema de arte-educação que possibilite, nos museus, uma atmosfera positiva para a crítica. Incontestavelmente, o museu é uma das instituições não formais e culturais de arte mais conhecidas, principalmente por apreciadores de arte que buscam promover a divulgação do patrimônio artístico e cultural de determinado artista, estilo ou período. No entanto, tais espaços não são encontrados em todas as cidades do país. Os museus não surgem com o objetivo de ensinar arte, mesmo que diversas vezes pode-se encontrar cursos e ações educativas em seus espaços. Schilaro e Scaléa (2006, p. 52) apontam que “a instituição em si não tem como objetivo o ensino da arte, e sim a formação de um público apto a usufruir desse segmento do conhecimento”. Diante das afirmações sobre o papel dos museus na construção do conhecimento, é importante pontuar o quanto as visitas a esses espaços podem ser acessíveis. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 33 Atualmente, pode-se ter acesso a esses lugares de duas formas: numa visita física, presencial ou por meio de visitas virtuais. Além da apreciação dos acervos, os museus hoje oferecem uma ampla gama de possibilidades de cursos, aperfeiçoamentos, ações educativas e projetos. Nesta seção, você terá a oportunidade de conhecer diferentes opções de materiais disponíveis na internet que serão capazes de agregar muitas informações relevantes sobre arte. Por isso, fique ligado! Essas dicas são necessárias justamente para propiciar acesso a espaços culturais a todas as pessoas que vivem em regiões que não possuem museus ou que se encontram distantes dos circuitos tradicionais de arte. Sugestão de visita ao site do Conselho Federal de Museologia! Nesse espaço você poderá acessar uma série de links de grandes universidades sobre temas ligados à teoria museológica, história dos museus, questões relacionadas à formação profissional, administração, planejamento, patrimônio, memória etc. Disponível em: <http://cofem.org.br/?page_id=423> Acesso em: 2 fev. 2016. Curiosidade Alguns sites oferecem sugestões de visitas a alguns dos principais museus de São Paulo. Além de visitá-los pessoalmente, você também pode visitá-los virtualmente, já que a maioria possui sites interessantíssimos!!Vale a pena conferir! Como exemplo, podemos citar um guia que propõe uma seleção do que considera os 9 museus mais imperdíveis de São Paulo. • PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO • MUSEU DE ARTE MODERNA – MAM • MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA • MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO – MASP Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 34 • MUBE – MUSEU BRASILEIRO DA ESCULTURA Disponível em: <http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/noticia/ cinco-museus-imperdiveis-em-sao-paulo>. Acesso em: 3 fev. 2016. Vale lembrar que é possível refletir sobre a relevância dos museus para a arte- -educação e para as definições do valor da obra de arte enquanto portadora de infinitos signos e significados. Sendo assim, são essenciais algumas considerações sobre as obras de arte e sua relação com espaços culturais como os museus. Por isso, mesmo que você esteja em uma cidade que não possua museu, ainda assim, você pode e deve conhecê-los. Uma das grandes contribuições do desenvolvimento tecnológico é diminuir as distâncias. Dessa maneira, você pode conhecer virtualmente uma grande quantidade de espaços como esses por todo o país, ou até pelo mundo, acessando sites ou redes sociais e desfrutar de passeios virtuais interessantíssimos. Na verdade, esse pode ser um grande trunfo para o arte- -educador. Numa sala com muitos alunos e numa cidade que não possui espaços culturais, a visita ao museu poderia ser impensável se não fosse por meio de computadores. Então, aproveite e utilize todos os recursos a favor da arte! Os museus são repertórios de objetos com significado. Nós guardamos as coisas que nos são caras, mas, mesmo assim, os objetos nas coleções dos museus são meramente objetos. As obras como as que pertencem ao acervo dos museus, destituídas do valor monetário que a sociedade lhes atribui, servem para lembrar-nos das ideias que as inspiraram. Assim sendo, nós aprendemos e também nos afetamos pela Arte (OTT, 2011, p. 119). Sugestão de visita virtual! MARE – Museu de Arte para a Educação é um banco interativo de imagens e textos sobre os temas representados na arte ocidental, desde a Antiguidade. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 35 Para Chagas e Storino (2014, p. 74): Nele, você poderá descobrir muito mais sobre obras de arte! Você pode conhecer um pouco mais sobre este assunto acessando o site do museu disponível em: <http://www.mare.art.br/index.asp>. Acesso em: 3 fev. 2016. Os museus são compreendidos como práticas sociais, antros de relação e dispositivos de narração que se constrõem por meio de espacialidades, temporalidades, imagens, informações, vivências e convivências tratadas, em simultâneo, como bens, ver se deve aparecer dois Para saber mais a seguir. De acordo com a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que instituiu o Estatuto de Museus, “Consideram-se museus, para os efeitos desta Lei, as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento”. Disponível em: <http://www.museus.gov.br/os-museus/o-que-e- museu/>. Acesso em: 2 fev. 2016. No portal do colocar iniciais em caixa alta de Museus, você poderá encontrar assuntos correlacionados a museus, o que é museu, como criar museus, museus do Brasil, museus Ibram, economia dos museus, além de uma série de links sobre o assunto. Você pode conhecer mais sobre esse assunto acessando o site! Disponível em: <http://www.museus.gov.br/os-museus/>. Acesso em: 2 fev. 2016. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 36 No entanto, o objetivo de se pensar sobre museus é também distinguir sua função para a educação não formal em arte. Desse modo, há que se retomar as informações sobre ações educativas, já iniciadas na seção 1, para complementar a busca por posturas que promovam a ampliação de conhecimento artístico. Por isso, uma pergunta emerge: quais as ações promovidas pelos museus que estreitam ou viabilizam a promoção do conhecimento artístico? Existem vários museus no país que promovem ações no intuito de socializar conhecimento sobre obras ou temáticas específicas. Alguns possibilitam esses recursos por meio de palestras, revistas impressas ou digitais com artigos que discutem sobre temas relacionados aos museus, oficinas, visitas mediadas, materiais de apoio pedagógico (que, muitas vezes, podem estar disponíveis no site para download) e que podem acontecer de forma presencial ou a distância. Importante se faz ressaltar como estas ações são extremamente relevantes para a formação em arte. Indiscutivelmente, esses espaços virtuais encurtam distâncias e potencializam o uso do tempo, já que podem ser acessados virtualmente. Dessa forma, vários espaços que exploram estes ambientes virtuais serão trazidos como exemplo. O objetivo principal é o de divulgar possibilidades que podem contribuir para o enriquecimento cultural e estético. Vejam como essas ações culturais são apresentadas. O primeiro exemplo é o site do Museu de Belas Artes. Projetos ofertados: 1 – Visitas ao acervo do museu: mediações – voltadas para grupos de instituições escolares da rede pública e privada, e ONGs que possuam uma ação educativa, ocorrem mediante agendamento prévio pelo telefone. As visitas mediadas objetivam promover a construção de significados e novos olhares no espaço expositivo. As visitas do público infantil, a partir de 5 anos, podem ser permeadas por jogos e histórias, acolhendo a forma da criança interagir com o mundo. 2 – Todo mundo no museu! – esse projeto contempla visitas mediadas para famílias, com jogos e brincadeiras, nas galerias do museu, com objetivo de articular arte, cultura e lazer. Ao apreciarmos uma obra de arte, nos despimo-nos do olhar cotidiano e abrimos espaço para novos significados. Fazer isto em família é uma oportunidade de renovar as relações humanas. 3 – Oficina para professores – o Museu Nacional de Belas Artes e seu acervo: contribuições para o ensino da Arte na Educação. Objetivo: discutir sobre o Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 37 papel do museu na educação, conhecer o Museu Nacional de Belas Artes, fornecer subsídios para que o professor crie estratégias pedagógicas para trabalhar o acervo do MNBA em suas aulas e incentivar a visitação ao museu. 4 – Projetos inclusivos: Ver e Sentir através do Toque – projeto experimental de acessibilidade estética. Consiste em visitas mediadas com grupos de cegos e videntes, utilizando estímulos sensoriais diversos, a fim de provocar o diálogo e a troca de impressões, lembranças, comparações, tornando a visita ao museu uma experiência enriquecedora para todos os visitantes do grupo. 5 – Material de apoio pedagógico Publicações da Seção Educativa disponíveis para download: Coleção aprendendo no Museu Vol. 1 - Guia de Visita em Família: orientações para a visita em família, de forma autônoma, com jogos e brincadeiras sobre o acervo do museu. Vol. 2 - Quando o Brasil amanhecia – a Primeira Missa no Brasil vista por Vítor Meireles e Candido Portinari Disponível em: <http://mnba.gov.br/portal/educacao/atividades.html>. Acesso em: 2 fev. 2016. Você observou como os museus oferecem muitas possibilidades de interação e informação por meio de ações educativas sugeridas em seus espaços virtuais? É possível promover o enriquecimento do conhecimento em arte a partir de visitas virtuais a museus? Existem ainda outros exemplos de museusque promovem discussões amplas a respeito de diversos assuntos ligados a este tema e também a temas correlacionados. Um deles é o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, que possui um site com muitas informações. Vale conferir! Nele, é possível acessar uma revista científica com artigos que promovem debates interessantíssimos, tour virtual, notícias, apresentação de exposições, catálogos de obras, publicações, entre outros. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 38 “O Museu de Arte do Rio Grande do Sul apresenta o primeiro número da revista Tes ] xOH. A publicação foi criada com o objetivo não só de refletir prioritariamente as áreas de atividade do museu, mas também de ampliar seu raio de ação para outras disciplinas. As áreas de desenvolvimento da revista são aquelas compreendidas entre conservação e restauração, curadoria, história de exposições, crítica e teoria da arte, arte-educação, administração em arte, arquivismo em arte e arte.” Acesse o site e descubra mais sobre a revista e o museu! Disponível em: <http://www.margs.rs.gov.br/publicacao/revista- no-01/>. Acesso em: 2 fev. 2016. Outras possibilidades para tratar das inter-relações sugeridas pelo museu demandam produções práticas. Como exemplo, é possível citar um artista, arquiteto, professor, poeta e artista plástico chamado Antônio Luiz Andrade (Almandrade). Ele se propôs realizar trabalhos que geraram exposições que discutiram a ideia de museu. Aqui, apresenta-se a criação de uma exposição, onde aconteceu, muito provavelmente, o ápice da interação e da busca por evidenciar a reflexão sobre as possibilidades da educação museológica. E sobre essa exposição e o museu ele comenta: Claramente, uma das grandes contribuições da arte é promover a plena comunicação entre homem e o universo circundante, reorientando novas formas de olhar e de pensar. Esses objetivos podem ser potencializados se o número de pessoas alcançadas por estes espaços for o maior possível. Portanto, alguns espaços, com suas ações plenamente ativas, educativas e disseminadoras de arte, contribuem imensamente para que os objetivos da educação em arte sejam alcançados. Destaca-se, por isso, ações com o intuito de promover o acesso do maior número possível de pessoas. Há exposições importantes para o universo artístico, como a Instituição paradigmática para a arte contemporânea, conhecer seu espaço físico e ideologia que a envolve era uma necessidade do artista experimental. Realizei algumas exposições que tinham entre os seus objetivos discutir o museu, a exemplo das exposições: O Sacrifício do Sentido, no Museu da Arte Moderna na Bahia e a instalação “Público/ Privado”, montada no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, em 1982 (ALMANDRADE, 2013, p. 10). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 39 que aconteceu recentemente no Instituto Tomie Ohtake. A Exposição “Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México” foi trazida para o Brasil em 2015 e circulou em diferentes estados por alguns meses. No entanto, por inúmeros motivos, muitas pessoas que gostariam de visitar a exposição não tiveram acesso. Pensando nisso, o instituto disponibilizou um espaço em seu site para visitas virtuais, em que é possível passear pela exposição utilizando apenas os comandos do computador. Incrível, não? Até pouco tempo atrás, essas atitudes eram impensáveis e a presença nos espaços físicos era incontestável. Pode-se afirmar, portanto, que esta é uma das grandes vantagens do universo altamente tecnológico no qual estamos inseridos! Você já visitou um museu de arte? Você pode acessar a exposição virtual “Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México” e se aventurar no passeio através do endereço do Instituto Tomie Ohtake. Disponível em: <http://www. institutotomieohtake.org.br/media/frida/index.html>. Acesso em: 3 fev. 2016. Aproveite! Fonte: <http://www.institutotomieohtake.org.br/media/frida/index.html>. Acesso em: 3 fev. 2016. Figura 1.3 | Vista parcial do site com a exposição de Frida Kahlo Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 40 A acessibilidade aos espaços dos museus é completamente remodelada em função do aparecimento da internet. Todas as relações puderam ser reorganizadas justamente por tornar espaços que se encontram a milhares de quilômetros de distância acessíveis a um toque de tela. Por isso, enquanto professores de arte ou público apreciador, vale acompanhar notícias, exposições, cursos, visitas on-line e as agendas desses diferentes espaços de produção e divulgação da arte. As possibilidades mostram-se infinitas, mesmo que a distância. Nesta seção, você está estudando a importância de determinados espaços culturais de educação não formal para a formação em arte, por isso há que se exemplificar como acontece a divulgação, quais as atividades oferecidas e qual é a função destes espaços culturais com relação ao público apreciador, ao artista e à arte. Outro exemplo de espaço de educação não formal, de museu, que auxilia na formação e ampla divulgação da Arte é o MAM – Museu de Arte Moderna – de São Paulo. No quadro a seguir, você pode conhecer o Museu de Arte de São Paulo e conferir quais são as ações práticas propostas que servem como exemplo de interação entre arte e os espaços culturais na educação em/para arte, propostas como objetivo desta seção. Conhecendo o MAM! Missão: colecionar, estudar, incentivar e difundir a arte moderna e contemporânea brasileira, tornando-a acessível ao maior número de pessoas possível. Sobre o MAM: o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, fundada em 1948. Sua coleção possui mais de 5 mil obras produzidas pelos nomes mais representativos da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto a coleção como as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. As exposições principais são realizadas em duas salas, segundo uma grade anual estruturada em quatro temporadas. Outras mostras são exibidas regularmente nos espaços da biblioteca e do corredor de ligação, onde é desenvolvido o programa de instalações Projeto Parede. Integra a grade expositiva o programa DJ Residente, voltado para a difusão de pesquisas sonoras experimentais nas áreas internas do museu. A cada dois anos, o MAM realiza o Panorama da Arte Brasileira, exposição que resulta do mapeamento da produção contemporânea em todas as Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 41 regiões do país. O crescimento do interesse pela arte brasileira no mundo consolidou o Panorama como uma mostra relevante no circuito artístico internacional. O museu mantém ainda uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos, por meio de audioguias, videoguias e tradução para a língua brasileira de sinais. Instalações: o MAM está localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo. O edifício foi adaptado por Lina Bo Bardi e possui, além das salas de exposição, ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e loja. Os espaços do museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais. Coleção: as obras da coleção são exibidas em exposições temporárias realizadas no MAM e em outras instituições, tanto brasileiras comoestrangeiras. O museu tem uma política de atualização, conservação e ampliação permanente da coleção. Biblioteca: o acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo. Educativo: a formação de público é o alvo principal das ações do Educativo. O atendimento escolar é gratuito e específico para cada faixa etária, da educação infantil à universidade. Visitas às exposições, práticas artísticas, oficinas e cursos especiais são concebidos para atender às necessidades do público diverso. As atividades são acessíveis a todos, não havendo barreiras físicas, sensoriais, mentais, intelectuais ou sociais. Publicações: catálogos de exposições, projetos especiais e uma revista trimestral distribuída gratuitamente são editados no MAM. As publicações permitem ao museu perpetuar e difundir conteúdos por meio da distribuição em bibliotecas públicas. Cursos: uma extensa grade de cursos é oferecida semestralmente nas áreas de história e crítica da arte, fotografia e artes plásticas. Os cursos são ministrados por profissionais renomados e têm por objetivo atender aos interesses específicos do público pelas linguagens contemporâneas. Disponível em: <http://mam.org.br/institucional/>. Acesso em: 7 fev. 2016. A representatividade dos museus trazidos nesta seção serve como exemplos de espaços culturais que intensificam e potencializam a formação em/para arte. E todo esse desvendamento de possibilidades pode ser muito significativo em sala de aula Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 42 (formal ou não) se houver estímulos por parte do arte-educador. Considerando-se que a arte entrelaça aspectos advindos de campos extremamente diferenciados como vídeo, dança, música, artes plásticas, entre tantos outros, é necessário ponderar o quanto esse contato, apreciação ou experimentação pode ser enriquecedor. Por isso, é extremamente relevante a visita, mesmo que virtual, e o envolvimento de crianças e adolescentes com estes espaços. O MAM oferece uma série de cursos e ações educativas ao público em geral. Com o intuito de estudar, incentivar e difundir a arte moderna e contemporânea brasileira, configura-se, portanto, como um espaço relevante de formação em arte. Por isso, vale acessar a página do museu e conhecer mais as opções oferecidas por este espaço! Fonte: <http://mam.org.br/aprenda/cursos/>. Acesso em: 7 fev. 2016. Figura 1.4 | Página de cursos ofertados pelo MAM 2.2 Centros de cultura Além dos museus, vários outros espaços culturais podem promover a disseminação da educação em arte. É o caso dos centros de cultura. Esses podem ser encontrados com mais facilidade, pois sua estrutura pode ser relativamente mais simples. Diferentemente do que ocorre com grandes museus que recebem obras de arte valiosíssimas, os centros de cultura propõem ações mais diretas nas comunidades e contribuem para aproximação e desmitificação das relações Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 43 com a criação artística. Os centros de cultura são espaços que podem promover diálogo mais próximo e personalizado com a comunidade que o cerca, atendendo demandas que os grandes centros de arte e grandes museus, muitas vezes, não conseguem. Mesmo em pequenas cidades podem existir projetos que buscam promover ações interativas, no intuito de divulgar e dialogar com o público interessado em apreciar ou desenvolver arte. Esses espaços podem ser instituídos em lugares alternativos, mas que se enquadram como significativos para a formação estética. No entanto, como já foi dito, cada região do país pode ter uma estrutura e uma delimitação diferente de centro cultural, já que cada um busca corresponder às necessidades mais adequadas para cada local. Como exemplo desses espaços, tem-se, na cidade de Cambé (Paraná), um centro cultural que oferece uma série de atividades para os moradores locais. Elas acontecem como forma de dar continuidade às informações propiciadas em espaços formais, como a escola. Esse centro cultural envolve o público em diferentes atividades que compreendam possibilidades de desenvolvimento artístico e criativo. “O conceito de centro tem a sua origem no latim centrum e pode fazer menção a diversas questões. Uma das acepções refere-se ao lugar onde se reúnem as pessoas com alguma finalidade. Cultural, por sua vez, é aquilo que pertence ou é relativo à cultura. Um centro cultural é, portanto, o espaço que permite participar em atividades culturais. Estes centros têm o objetivo de promover a cultura entre os habitantes de uma comunidade. A estrutura de um centro cultural pode variar conforme o caso. Os centros maiores têm auditórios com cenários, bibliotecas, salas de informática e outros espaços, com as infraestruturas necessárias para organizar workshops ou cursos e realizar concertos, peças de teatro, projeção de filmes etc. O centro cultural costuma ser um ponto de encontro nas comunidades mais pequenas, onde as pessoas se reúnem para conservar tradições e desenvolver atividades culturais que incluem a participação de toda a família.” Disponível em: <http://conceito.de/centro-cultural#ixzz3z6sAHHkc>. Acesso em: 2 fev. 2016. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 44 A FUNCAC (Fundação Cultural e Artística de Cambé) e a Secretaria Municipal de Cultura oferecem vagas paras as oficinas de teatro, música (flauta e violão), street dance, balé, artes visuais, desenho e pintura, arte e criação, pintura digital e artes plásticas. Fonte: <http://www.cambe.pr.gov.br/site/areanoticia/1488-fundacao- cultural-de-cambe-abre-inscricoes-para-oficinas.html>. Acesso em: 3 fev. 2016. Além de oficinas, eles preparam programações culturais e artísticas específicas para a época de férias. No período de 11 a 29 de janeiro de 2016, por exemplo, foram oferecidas aulas de capoeira; dança livre; teatro; arte e ação com construção de brinquedos, pipa e jogos, além de cineminha. A divulgação também acontece por meio das redes sociais, o que pode facilitar o acesso à informação. Procure saber se na sua cidade existe algum centro de cultura e como funcionam as ações propostas pelo espaço! Diante dessas informações, sinta-se inspirado e instigado a contribuir e alavancar projetos de centros de cultura na sua região! 2.3 Escolas de arte As escolas de Arte, assim como os museus, são espaços que contribuem para a democratização do ensino de arte. Esses espaços auxiliam na produção de conhecimentos e técnicas de estudantes e artistas também na busca pelo sentido da arte enquanto expressão. As escolas de arte não são instituições obrigatórias, por isso nem todos os grandes artistas frequentaram-nas. No entanto, seus objetivos sempre giram em torno de promover o ensino de artes, dentro de concepções pré-estabelecidas por tais instituições, podendo acontecer de forma acadêmica ou não. De modo geral, a participação nestes espaços é opcional e voluntária. A primeira escola de arte do Brasil foi fundada pelo grupo pertencente a Missão Artística Francesa, chefiada por Joachin Lebreton. Deste grupo, também faziam parte “Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret e Augusto-Henri-Victor Grandjean de Montigny. Em agosto de 1816, o grupo organizou a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, transformada, em 1826, na Academia Imperial de Belas-Artes” (PROENÇA, 2005, p. 138). Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 45 Esta escola possuía orientações baseadas em técnicas e princípios rígidos quanto ao desenvolvimento do desenho e da pintura, limitando e cerceando de forma muito pontual a criatividadee a livre expressão. O objetivo geral era o de registrar pinturas históricas, os costumes e a paisagem brasileira. “A AIBA cumpriu papel fundamental na vida artística nacional ao longo de mais de seis décadas, tendo sido a responsável pela implantação no Brasil do ensino de arte em moldes semelhantes aos das academias europeias, fundamentado em sólida formação científica e humanística, bem como em treinamento intensivo baseado no desenho de observação e na cópia de moldes”. Se você deseja mais informações sobre a Academia Imperial de Belas Artes (AIBA) e a chegada da Missão Artística Francesa no Brasil, você pode acessar o texto completo! Disponível em: <http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/temas/ academia_imperial_de_belas_artes.html>. Acesso em: 3 fev. 2016. Inicialmente esta escola buscava atender especialmente aos desejos de uma burguesia dominante, não dando espaço às camadas mais populares de terem acesso a tais informações. Exatamente o contrário do que se pretende atualmente com as escolas não formais de arte, que visam possibilitar a multiplicação do conhecimento artístico. De lá para cá, muitas propostas com relação à criação das escolas de arte surgiram e foram remodeladas. Estudos a respeito das correlações entre a arte e a sua adequação às transformações sociais e culturais também foram fundamentais para estas frequentes reorganizações. Escolas de Arte “É no fim da década de 1920 e início da década de 1930 que encontramos as primeiras tentativas de escolas especializadas em arte para crianças e adolescentes, inaugurando o fenômeno da arte como atividade extracurricular. Em São Paulo, foi criada a Escola Brasileira de Arte Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 46 conhecida através de Theodoro Braga seu mais importante professor. A Escola Brasileira de Arte funcionava em uma sala anexa ao grupo Escolar João Kopke e lá as crianças das escolas públicas de oito a catorze anos, com talento (havia provas de desenho), podiam gratuitamente estudar música, desenho e pintura. A orientação era vinculada à estilização da flora e fauna brasileiras. [...] Anita Malfatti mantinha cursos para crianças e jovens em seu ateliê e na Escola Mackenzie. Tinha uma orientação baseada na livre expressão e no espontaneísmo. Com o curso para crianças, criado na Biblioteca Municipal Infantil pelo Departamento de Cultura de São Paulo quando Mário de Andrade era seu diretor (1936-1938), esta orientação começou a se consolidar. A contribuição de Mário de Andrade foi muito importante para que se começasse a encarar a produção pictórica da criança com critérios investigativos e à luz da filosofia da arte.” Disponível em: <http://www.acervodigital.unesp.br/>. . Acesso em: 4 fev. 2016. A dica é a visita a um site que listou, sob seu ponto de vista, algumas das melhores escolas de Arte no Brasil e no mundo. Traz também breves apontamentos sobre a história e a importância destas escolas. Vale a pena conferir! Disponível em: <http://www.guiadasemana.com.br/artes-e-teatro/ noticia/as-14-melhores-escolas-de-arte-do-mundo>. Acesso: 4 fev. 2016. 2.4 Galerias As galerias de arte são espaços utilizados para exposição e comercialização de obras de arte. Nesses lugares, é possível encontrar uma preocupação constante com a segurança e manutenção das obras para que o público visitante possa apreciar o acervo sem maiores problemas. Deve-se, portanto, considerar alguns cuidados como essenciais, como, por exemplo: iluminação, posição das obras, distribuição dos espaços, circulação dos visitantes e segurança. Logo, as galerias se constituem como espaços privados de comércio. Elas correlacionam-se de maneira muito próxima com os museus, podendo até mesmo fazer parte desses ambientes, pois Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 47 buscam expor, debater e promover o contato com obras de arte. Possuem acervos de diferentes obras, estilos ou artistas que necessitam, em vários momentos, de cuidados específicos e muito especiais, assim como qualquer outro espaço que possui obra de arte. Apesar de seu caráter comercial, as galerias também buscam promover a divulgação do patrimônio artístico e cultural de determinado artista, estilo, ou período artístico. Sobre definições e orientações a propósito das galerias de arte, Schilaro e Scaléa (2006, p. 58) apontam que: As galerias de arte são instituições de caráter privativo que comercializam obras de arte e disponibilizam espaços para que o artista exponha seu trabalho por determinados períodos, a fim de vendê-los. Há galeristas que são também colecionadores, e como conhecedores integrados ao mercado de arte, orientam e organizam coleções e lançam novos artistas, contribuindo definitivamente para a difusão da arte. “Hoje uma galeria de arte é um espaço arquitetônico onde são dispostas adequadamente as obras de arte. Os espaços são definidos para proporcionarem segurança e uma correta apreciação dos objetos expostos, levando em consideração posicionamento, iluminação e possibilidade de distanciamento e circulação do espectador. Estes espaços são destinados a pinturas, esculturas e todas as formas de expressão das artes visuais. Geralmente, funcionam em espaços multiuso, incorporando eventos, cursos e oficinas, bem como outras amenidades como cafés, lojas de souvenir e conveniência. [...] As galerias de arte podem fazer parte de museus de arte como um de seus departamentos, e também, de forma independente de instituições, podem se constituir como estabelecimentos privados de comércio de obras e neste caso, muitas vezes, podem não possuir um acervo permanente próprio. O objetivo maior dos centros de artes é levar a arte a muitas pessoas, isto é o ato de popularização da arte.” Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/ Como-montar-uma-galeria-e-centro-de-arte#naveCapituloTopo>. Acesso em: 4 fev. 2016. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 48 As galerias de arte podem ser encontradas em espaços físicos mais simples ou em lugares sofisticados, com obras de artistas regionais ou de artistas extremamente renomados. Na contemporaneidade, esses espaços assumem novos formatos. Sendo assim, podem se localizar em espaços virtuais, ou seja, aqueles existentes somente para negócios ou apreciação feitos por meio da internet. Podem ainda existir de ambas as formas: em espaços físicos e virtuais. Além disso, há uma outra especificidade que diz respeito ao tipo e ao valor das obras comercializadas. Algumas galerias se especializam em artistas, estilos, ou épocas específicas, o que pode ser determinante para a definição do tipo de público. No entanto, alguns desses espaços podem movimentar um mercado milionário: o de venda das consideradas “grandes” obras de Arte. Existem galerias que oferecem serviços que assessoram diversas atividades como leilões, exposições ou vendas de obras. Além de assessorar artistas a comercializar obras de arte, ainda promovem outras atividades como apresentações teóricas das obras de seu acervo por meio de momentos interativos, configurando-se também como uma ação educativa e disseminação do conhecimento em Arte. Curiosidade Pesquisas revelam que “81% das galerias registraram aumento do volume de negócios em 2013, com aumento de 22,5%, acompanhando a tendência observada na primeira edição, em que o crescimento acumulado foi de 44% (no biênio 2011-2012). Além disso, o volume de exportações das pesquisadas passou de US$ 18 milhões em 2012 a US$ 27 milhões no ano seguinte. Foram 6.700 obras vendidas, com um reajuste de preços na ordem de 15%. Ainda assim, são os colecionadores privados e os negócios no Brasil que mais fomentam o setor: 85%dos negócios realizados em 2013. Os colecionadores privados brasileiros representam 71% do volume das vendas, seguidos pelos colecionadores privados estrangeiros (11,5%)”. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo= runReportWEM&nomeRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Como+montar +uma+galeria+ou+centro+de+arte&COD_IDEIA=9ce9e05452c78410Vgn VCM1000003b74010a>. Acesso em: 4 fev. 2016. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 49 Curiosidade Galeria de artes “As atividades de uma galeria se desenvolvem de acordo com os seguintes processos: 1. Escolha e contratação dos artistas e suas obras. 2. Receber, catalogar e documentar o recebimento das obras dos artistas. 3. Preparar plano de exposição das obras de arte. 4. Exposição das obras nos locais pré-definidos. 5. Providenciar documentação digital das obras através de vídeos e fotos digitais. 6. Atendimento aos clientes para demonstração em dias normais e em vernissages. 7. Recebimento da obra vendida, expedição e entrega das obras vendidas. 8. Devolução de obras aos artistas, após o vencimento de prazo acordado para exposição.” Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/ Como-montar-uma-galeria-e-centro-de-arte#naveCapituloTopo>. Acesso em: 4 fev. 2016. No Brasil, existem várias galerias de arte espalhadas por todas as regiões. Muitas delas promovem uma série de eventos e atividades que são essenciais ao trabalho dos artistas. Como exemplo destas atividades, podemos citar a coordenação, colaboração, preparação ou indicação de artistas plásticos para exposições, sites, eventos bienais e projetos; colaboração para atualização de enciclopédias sobre arte; implantação de obras (esculturas); curadorias; assessorias; coordenação de livros de artistas plásticos; comercialização e monitoria de obras; coordenação de palestras em feiras de arte; coordenação de programas culturais, entre outras. Você já visitou uma galeria de arte? E uma galeria virtual? Você sabe como se estruturam os sites e como são grandes as possibilidades de percepção e utilização desses universos artísticos para formação em arte? Nos Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 50 quadros a seguir, você poderá visualizar como são apresentados estes espaços e quais são algumas das possibilidades de navegação apresentadas. Estas informações são muito importantes, pois podem se tornar instrumentos valiosos para a arte- -educação. Em diversas regiões que não possuem espaços expositivos de arte, a internet pode se tornar uma importante aliada no contato dos alunos com obras. Você poderá sugerir pesquisas, apreciação, visitas comparativas entre os espaços para compreensão de diferentes propostas, entre inúmeras outras atividades. O intuito é o de aproximar o aluno dos espaços culturais e promover hábitos de contato com a cultura por meio da arte. Fique atento! Visitando galerias virtuais! Exemplo 1: Fonte: <http://www.pinturabrasileira.com/index1.asp>. Acesso em: 4 fev. 2016 Fonte: <http://www.pinturabrasileira.com/index1.asp>. Acesso em: 4 fev. 2016 Figura 1.5 | Galeria virtual, espaço de exposição e acervo Figura 1.6 | Espaço de busca/consulta de obras de arte Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 51 Fonte: <http://mnba.gov.br/portal/educacao/atividades.htm/>. Acesso: 4 fev. 2016. Figura 1.7 | Página inicial de galeria virtual Exemplo 2: Acesse os sites de diferentes galerias de arte apresentados anteriormente e navegue por eles. Depois, pesquise e reflita sobre a criação artística e o valor de algumas obras de arte. Posteriormente, essas questões podem contribuir bastante para determinar, com seus futuros alunos, o que transforma um objeto artístico numa obra de arte única e de valores inestimáveis. Curiosidade Marchand (ou galerista): pessoa que negocia ou comercializa obras de arte, normalmente quadros. (Exemplo: o marchand do museu tem se dedicado a vender arte moderna). (Etm. do francês: marchand = negociante). Disponível em: <http://www.dicio.com.br/marchand/>. Acesso em: 4 fev. 2016. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 52 1. Descreva, de acordo com os textos estudados, algumas das funções da arte. 2. De forma categórica, podemos afirmar que já há algum tempo o homem contemporâneo convive com tantas imagens que essas passaram a fazer parte do seu dia a dia. A grande quantidade de imagens que vemos todos os dias pode se tornar prejudicial para a compreensão e distinção de seu valor enquanto instrumento comunicacional. De acordo com a leitura da Unidade 1, cite um dos malefícios do excesso de visibilidade das imagens em nosso cotidiano. Nesta unidade, você compreendeu que existe uma série de espaços culturais que podem contribuir para a formação em arte. Você também teve acesso a diversos materiais encontrados em sites de museus e galerias que disponibilizam materiais diversos com o intuito de potencializar a educação em/sobre arte. Na sua opinião, esses materiais podem contribuir para enriquecer a formação em arte e para a construção de uma arte-educação mais rica, interessante e convidativa? Nesta unidade, compreendemos a importância da arte e de seus espaços culturais. Também exploramos e nos aprofundamos nos objetivos e potencialidades de espaços culturais, como museus, centros de cultura, espaços de arte e galerias. Analisamos também opções virtuais de acesso e apreciação de tais espaços que auxiliam na aproximação com esses ambientes. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 53 Durante todo o percurso sugerido por esta unidade, discutimos e apresentamos muitas opções de acessos a sites de museus e galerias no intuito de estabelecer novas relações com os espaços de cultura e com a arte. Estar atento às possibilidades de cada região é muito importante para estabelecer laços de afinidade com a arte e compreender o quanto ela pode ser eclética, instigante e prazerosa. Por isso, mesmo diante de cada uma das diferentes realidades, em função da região em que se vive, é fundamental, para o aluno e para o arte-educador, a exploração de opções que levem ao desenvolvimento da capacidade de reflexão. Então, deixe sua curiosidade e sua criatividade trabalharem lado a lado com seu conhecimento científico e, assim, suas aulas serão sempre inesquecíveis! 1. Nem toda imagem observada pode ser considerada uma obra de arte ou imagem artística. Por isso, é possível assegurar que existe uma distinção muito pontual entre imagens artísticas ou não. Contudo, é necessário destacar que a arte pode se utilizar de imagens em suas criações. Leia as sentenças que comentam sobre imagens e arte. I. Para serem consideradas artísticas, as imagens devem respeitar uma série de critérios como, por exemplo: intenção de criação artística ou preocupação com ineditismo, unicidade (criação única) e criatividade. II. Tanto a imagem artística quanto não artística possuem signos passíveis de leitura. Entretanto, essa leitura é diferente daquela que acontece com textos lineares na escrita tradicional. III. Na imagem, a leitura acontece de modo não linear, pois estas possuem códigos abertos, ou seja, códigos que não podem ser precisamente determinados. IV. Arte e imagem não podem ser lidas, pois suas estruturas Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 54 não permitem este tipo de interferência. Ambas são desenvolvidas apenas para serem apreciadas: Agora, assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativasI e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 2. Atualmente, discute-se como a arte sofreu constantes transformações em sua forma ou apresentação. Transformações essas que também puderam ser constatadas do mesmo modo nas sociedades, épocas ou culturas. Analise as informações a seguir e assinale V para verdadeiro e F para falso. (__) Arte pode ser considerada efêmera e, portanto, altamente mutável, pois está conectada ao período histórico, à cultura e à sociedade a qual pertence. (__) A arte não contém informações referentes ao entorno, à cultura, à época ou ao próprio indivíduo que a produz, pois ela é imutável, contínua e ininterrupta. (__) É possível considerar que existe um jogo de posições no sistema das artes que se relaciona com a ordem política da sociedade. (__) Há uma construção social que está baseada na afirmação de um sistema de artes, que define as características do circuito da criação, produção, exposição, fruição e recepção do objeto artístico. Agora, assinale a alternativa que corresponde à sequência correta: a) V, F, F, V. b) V, F, V, V. c) F, V, F, V. d) V, V, V, F. e) F, F, V, V. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 55 3. Hoje em dia, pode-se perceber, diante das possibilidades de acesso propiciadas pelas mídias e pela internet, que as fronteiras que distanciavam obra e espectador foram reestabelecidas e alargadas. Sobre a relação entre a arte e os espaços culturais, analise as afirmações a seguir: I – A exposição da obra de arte não é restrita somente aos espaços de grandes museus e galerias. II – Diferentes espaços para apresentação e exposição da arte e alterações substanciais nos moldes das criações artísticas nunca foram explorados. III – A educação em arte só pode ser proposta por meio de caminhos que levem a uma convivência com as obras de arte expostas em museus. IV – Atualmente, nota-se que os espaços culturais e a convivência com obras tornaram-se fundamentais para plena compreensão e formação em arte. Agora, assinale a alternativa correta: a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 4. Distinguir e refletir sobre os diferentes espaços culturais para a exposição de objetos artísticos/obras de arte pode contribuir para a aproximação e ampliação de conhecimentos. Por isso, avalia-se que museus, centros de cultura, escolas de arte e galerias têm como objetivo expor, promover debates e aprofundar os conhecimentos sobre arte. Analise as sentenças sobre os museus elencadas a seguir e assinale a alternativa CORRETA: a) O ensino de arte em museus constitui um componente essencial para arte-educação: a descoberta de que arte é Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 56 conhecimento. b) O museu é uma das instituições não formais e culturais de arte menos conhecidas, principalmente por apreciadores de arte. c) Pode-se ter acesso a espaços culturais de arte, exclusivamente, por meio de visitas virtuais. d) O objetivo proposto pelo museu é somente o de promover a comercialização das obras de arte dos grandes artistas. e) A galeria de arte se propõe somente a promover a comercialização de pinturas de artistas extremamente famosos. 5. Além dos museus, vários outros espaços culturais podem promover a disseminação da educação em arte, como é o caso dos centros de cultura. Analise as informações a seguir: I. Os centros de cultura são espaços que podem promover um diálogo com a comunidade que os cercam de maneira mais aproximada e regional. II. O conceito de centro tem a sua origem no latim centrum e pode referir-se ao lugar onde se reúnem pessoas com finalidade artística. III. Em pequenas cidades não existem centros de cultura, pois esses projetos não ajudam a promover ações interativas que divulgam e dialogam com o público interessado em apreciar ou desenvolver arte. IV. O centro cultural costuma ser um ponto de encontro nas comunidades mais pequenas, onde as pessoas se reúnem para conservar tradições e desenvolver atividades culturais. Agora, assinale a alternativa correta: a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, II, e IV são corretas. Arte e os espaços culturais: museus, centros de cultura, escolas de arte, galerias U1 57 Referências ALMANDRADE. O Museu e o Artista. Revista Tes ]xOH, , v. 1, n. 2 / out./dez. 2013.. Disponível em: <http://www.margs.rs.gov.br/wp-content/uploads/2015/12/Revista- N%C2%BA-02.pdf>. Acesso em: 02 de fev. de 2016. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009. BARBOSA, A. M. Inquietações e mudanças no ensino da arte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. BUORO, Anamelia Bueno. Olhos que pintam: a leitura da imagem e o ensino da arte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003a. _______. O olhar em construção: uma experiência de ensino e aprendizagem de arte na escola. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003. CHAGAS, Mario; STORINO, Claudia. Museu, patrimônio e cidade: camadas de sentido em Paraty. Cadernos de Sociomuseologia. v. 47, n. 3. p. 71-80, 2014. Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/cadernosociomuseologia/article/ view/4532/3060>. Acesso em: 2 fev. 2016. CAMNITZER, Luis. Introdução. In: CAMNITZER, Luis; PÉREZ-BARREIRO, Gabriel (Orgs.). Educação para a arte: arte para a educação. Porto Alegre: Fundação Bienal do Mercosul, 2009. Disponível em: <http://www.fundacaobienal.art.br/novo/arquivos/ publicacao/pdf/Livro_Arte_Educacao.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2016. FIDELIS, Gaudêncio. O museu e o artista. Revista Tes ]xOH. v. 1, n. 2, out./dez. 2013. Disponível em: <http://www.margs.rs.gov.br/wp-content/uploads/2015/12/Revista- N%C2%BA-02.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2016. Fischer, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. FLUSSER, Vilém. 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Sugere alterações na proposição da arte-educação de modo a conduzir ações educacionais interativas e ativas. Seção 1 | Delimitações sobre espaço formal e não formal Seção 2 | Arte em diferentes espaços Objetivos de aprendizagem Nesta unidade, você irá conhecer as definições e distinções que delimitam as diferenças entre espaço de educação formal e não formal em arte. Para isso, você será levado a perceber várias características que demarcam as diferenças entre esses ambientes. E, em decorrência, conhecerá também possibilidades de ações que promovem a interação entre estes espaços de formação em arte. Tatiana Romagnolli Peres Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 60 Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 61 Introdução à unidade Na unidade anterior, você teve a oportunidade de conhecer a importância da arte enquanto linguagem, elemento informacional e comunicativo. Além de ter acesso a diferentes ambientes que podem propor ações educacionais que tendem a complementar e enriquecer a arte-educação. Agora, nesta unidade, todas essas informações serão necessárias para que você possa compreender as distinções entre esses diferentes espaços de educação e também como eles são necessários e complementares para a formação em arte. Por isso, desfrute e aproveite desta viagem! Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 62 Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 63 Seção 1 Delimitações sobre espaço formal e não formal As informações propostas nesta seção demandam apontamentos que delimitam o que é educação formal e não formal, buscando destacar quais são as diferenças, peculiaridades e as principais contribuições para a formação em arte de cada uma destas propostas. A principal preocupação nesta seção é que você consiga distinguir as especificidades entre as modalidades de ensino formal e não formal. Em decorrência dessas apreensões, você também terá acesso a questões que procurarão orientar informações relevantes sobre a formação em arte que tem como objetivo subsidiar e respaldar o trabalho do arte-educador. 2.1 Espaço formal No decorrer da Unidade 1, houve vários apontamentos, colocações e sugestões no intuito de direcionar as reflexões sobre a importância da arte e da imagem para a construção do sujeito e para a alfabetização visual. Quando você pensa em todas essas contribuições relativas à arte, qual o primeiro espaço de formação capaz de transmitir tal conhecimento de que você se lembra? Imagine inicialmente que a primeira referência lembrada para a formação em arte seja a escola simplesmente por ser esta a instituição mais comum e mais acessível em todos os lugares do país. Logo, considera-se que em diversas regiões do país esta disciplina constitui-se como um importante elemento curricular, devendo ser ofertada durante toda a educação básica fundamental. Obviamente que o espaço ocupado pela disciplina em diversas escolas ainda não corresponde a sua efetiva potencialidade. A arte apresenta-se efetivamente como um conhecimento capaz de se portar como um mediador cultural (HERNÁNDEZ, 2000), daí sua importância enquanto participante do currículo escolar. Contudo, ainda há muito o que se discutir e alcançar em relação aos direitos e funções da arte junto à toda a comunidade escolar. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 64 De qualquer forma, os ganhos e avanços propostos pela inclusão e aceitação desta disciplina são incalculáveis. As correlações referentes à arte e seu ensino envolvem uma sequência de interligações que são parte de todo um sistema de construção de saberes essenciais ao desenvolvimento do sujeito. Todas essas possibilidades suscitadas pela arte-educação são evidenciadas em várias discussões sobre esse tema. Por isso, convém ressaltar que, de acordo com Frange (2003, p. 47), o ensino da arte “não é apenas uma questão, mas muitas questões; não um problema, mas inúmeros desafios, uma tensão instalando estados de tensividade entre olhares, buscas e encontros aprofundados, pois arte é conhecimento a ser construído incessantemente”. Há que se efetivar agora debates que possam legitimar e esclarecer dúvidas decorrentes dos novos formatos, posturas ou quanto ao uso prático da arte no cotidiano. Infelizmente, em grande parte das instituições formais, a arte ainda é vista como uma disciplina inferior, mesmo possuindo os mesmos direitos e deveres que todas as demais disciplinas. Essa visão errônea pode ser redefinida se todos os arte-educadores se propuserem a apoiar posturas de enfrentamento quanto a essa percepção reducionista. Nesse sentido, é possível que esclarecimentos sobre a grandiosidade da formação em arte sejam evidenciados por meio da apresentação e mediação de abordagens criativas, contributivas e elucidativas, no ambiente escolar, que tenham como ponto de partida o objeto artístico, a imagem, as proposições estéticas, o olhar sensível, a criação, entre outras. Cumpre observar que se deve refletir constantemente sobre a relevância da atuação do educador na sala de aula. A ele cabe um dos papéis fundamentais na formação das opiniões e das mentalidades do que venha a ser arte e do quanto seus alunos possam se interessar ou até mesmo gostar da disciplina. Lembrando que este arte-educador deve considerar cotidianamente a ideia de se posicionar como incentivador e/ou desafiador estético, assumindo uma postura de mediador entre o conhecimento historicamente construído e quem aprende. Essa é, na verdade, uma postura comum a qualquer outro educador formal. Contudo, ao arte-educador cabe também despertar a sensibilidade estética que provoca alterações profundas na percepção da obra de arte. Como a arte-educação deve ser apresentada ou trabalhada de modo a incentivar constantemente os interesses e as necessidades dos alunos? Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 65 Há que se refletir também sobre outras questões que devem ser consideradas para que se construa uma relevante educação em arte. Uma delas diz respeito a correlações socioculturais evidenciadas na prática escolar. Como se pode notar, o sujeito que aprende encontra-se inserido num contexto muito específico e todos os elementos a ele conectados devem ser considerados. Dessa forma, os envolvidos no processo da arte na educação, alunos e professores, podem conectar-se à cultura e à sociedade em que vivem ou a uma outra que desejam estudar por meio da educação para a arte. Segundo Hernández (2000, p. 53): Por intermédio dessa conexão, suscitada pela apreensão de informações e estudos de características artísticas específicas, é aceitável compreender os códigos que transitam pela arte, mas que são reflexos de um determinado período ou cultura. Assim, os códigos nas imagens da arte passam a estabelecer uma forma de sentido para os educandos. Para que todas essas articulações funcionem no processo educacional, faz-se necessário que o educador tenha, do mesmo modo, clareza da profundidade das informações correlacionadas a teoria da arte. As obras artísticas, os elementos da cultura visual, são, portanto, objetos que levam a refletir sobre as formas de pensamento dacultura na qual se produzem. Por essa razão, olhar uma manifestação artística de outro tempo de outra cultura implica uma penetração mais profunda do que a que aparece no meramente visual: é um olhar na vida da sociedade, e, na vida da sociedade, representada nesses objetos. Essa perspectiva de olhar a produção artística é um olhar cultural. Como professores de Arte temos de conhecer desde os conceitos fundamentais da linguagem da Arte até os meandros da linguagem artística em que se trabalha. Temos de saber como ela se produz – seus elementos, seus códigos – e também como foi e é sua presença na cultura humana, o que implica uma visão multicultural, na valorização da diversidade cultural. É preciso, ainda, conhecer seu modo específico de percepção, como se estabelece um contato mais sensível, como são construídos os sentidos a partir das leituras, como aprimorar o olhar, o ouvido, o corpo. Mas é preciso saber ainda como mobilizar estes saberes, por se tratar de uma trama de transmissões, oriundas e tecidas não apenas por parte do Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 66 professor de Arte, mas também pelos alunos, pelas mídias, por outras pessoas, pelo entorno cultural de professores e alunos, de instituições culturais, curadores, agentes culturais, monitores (MARTINS, 2003, p. 52-53). Para compreensão das potencialidades da arte, é imprescindível que se invista no debate de alguns fatores preponderantes da arte na educação formal: o dinamismo, a individualidade de pensamento, a multiplicidade de conteúdos e características que se moldam constantemente, influenciadas tanto pelas particularidades do criador quanto a partir do olhar do apreciador/observador. Para o sucesso do processo educacional, é indispensável considerar, ao mesmo tempo as necessidades, do entorno, da comunidade, dos educandos, que podem ser determinantes e, ao mesmo tempo, inspiradoras para desenvolver o gosto pela arte. FAEB (Federação de arte educadores do brasil) ARTE/EDUCAÇÃO ON-LINE “A revista tem por missão promover a reflexão acerca da arte/educação nos âmbitos teórico e prático, contemplando pesquisas em artes visuais, dança, música, teatro, pedagogia e áreas correlatas, bem como poéticas artísticas, contribuindo para o adensamento e aprofundamento destes campos do saber. Será num periódico semestral voltado para a publicação de artigos, ensaios, críticas, narrativas, entrevistas e resenhas, elaborados por associados da FAEB ou convidados especiais.” Disponivel em: <http://faeb.com.br/arteeducacao-on-line/>. Acesso em: 26 fev. 2016. Fonte: <http://www.faeb.com.br/ojs/index.php/arteeducacao/issue/current/showToc>. Acesso em: 26 fev. 2016. Figura 2.1 | Revista v. 1, n. 01 (2012) Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 67 Para que a arte possa se firmar como uma disciplina altamente benéfica e necessária à formação do sujeito, há que se considerar também sua capacidade de promover aproximações e diálogos profundos sobre os mais variados temas. Ideias, ideais, conceitos, desejos, sonhos, inquietudes, entre tantas outras questões, podem servir como fonte de inspiração para a criação artística. E, dessa maneira, se confirma seu alto grau de diversificação, complexidade, competência e capacidade de adaptação. Essas características da arte-educação devem ser constantemente evidenciadas e reafirmadas pela escola, pela educação formal, no intuito de destacar a relevância da disciplina. A arte, na contemporaneidade, está ancorada muito mais em dúvidas do que em certezas, desafia, levanta hipóteses e antíteses em vez de confirmar teses. A educação, por sua vez, está ancorada nas diferenças e nas diversidades “que somos e quem somos”. Não bastam a “livre expressão” (cantada e decantada nos anos 50 e 60), os “espontaneísmo” (compreensão banalizada e indevida do expressionismo), nem “a igualdade, a liberdade e a fraternidade” (propostas pela Revolução Francesa). Os tempos em que vivemos exigem investimentos e diversificações, coerências e competências sociais e epistemológicas para que cada um seja construcional de sua “pessoalidade” coletivizada e que se reconheça para que possa, nos Outros e nas Coisas, se reconhecer, quer nas similitudes, quer nas diferenças e/ou nas divergências (FRANGE, 2003, p. 36). Epistemologico: é um adjetivo da língua portuguesa, usado para classificar algo que está relacionado com a epistemologia. Epistemológico vem de epistemologia, que em sentido amplo, é sinônimo da teoria do conhecimento ou gnosiologia. Em sentido estrito, designa a teoria do conhecimento científico. A epistemologia também pode ser vista como a filosofia da ciência. A epistemologia trata da natureza, da origem e validade do conhecimento e estuda também o grau de certeza do conhecimento cientifico nas suas diferentes áreas, com o objetivo principal de estimar a sua importância para o espírito humano. Disponível em: <http://www.significados.com.br/epistemologico/>. Acesso em: 26 fev. 2016. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 68 Pessoalidade: a autora Lucimar Bello P. Frange (2003, p. 36) afirma que “esta expressão de uma pessoa, sua ancestralidade, suas memórias, seus desejos, são todos os 'eus' e as alteridades instaladas numa só pessoa”. Termo usado para tratar de um sujeito que vai se construindo. Cumpre analisar que a escola pode ser muito importante para a formação artística da maioria das pessoas, mas não é a única. É compreendida, portanto, como educação formal aquela educação sistematizada, direcionada e desenvolvida por meio de uma sequência de titulações com cursos, níveis, currículos que seguem diretrizes nacionais e que objetivam alcançar também a obtenção de um diploma. Por meio de uma estrutura antiga e absolutamente sólida, a escola possui regras claras e certa estabilidade de padrões. Diante desta afirmação, é fundamental considerar que: O espaço formal é o espaço escolar, que está relacionado às Instituições Escolares da Educação Básica e do Ensino Superior, definidas na Lei nº 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. É a escola, com todas as suas dependências: salas de aula, laboratórios, quadras de esportes, biblioteca, pátio, cantina, refeitório. Apesar da definição de que espaço formal de Educação é a escola, o espaço em si não remete à fundamentação teórica e características metodológicas que embasam um determinado tipo de ensino. O espaço formal diz respeito apenas a um local onde a Educação ali realizada é formalizada, garantida por Lei e organizada de acordo com uma padronização nacional (JACOBUCCI, 2008, p. 56). A arte na educação formal “A arte na escola já foi considerada matéria, disciplina, atividade, mas sempre mantida à margem das áreas curriculares tidas como mais ‘nobres’. Esse lugar menos privilegiado corresponde ao desconhecimento, em termos pedagógicos, de como se trabalhar o poder da imagem, do som, do movimento e da percepção estética como fontes de conhecimento. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 69 Até aproximadamente fins da década de 1960 existiam pouquíssimos cursos de formação de professores nesse campo, e professores de quaisquer matérias, artistas e pessoas vindas de cursos de belas artes, escolas de artes dramáticas, de conservatórios etc. poderiam assumir as disciplinas de Desenho, Desenho Geométrico, Artes Plásticas, Música e Arte Dramática. Em 1971, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é incluída no currículo escolar com o título de Educação Artística, mas é considerada ‘atividade educativa’ e não disciplina, tratando de maneira indefinida o conhecimento. A introdução da Educação Artística no currículo escolar foi um avanço, principalmente pelo aspecto desustentação legal para essa prática e por considerar que houve um entendimento em relação à arte na formação dos indivíduos. No entanto, o resultado dessa proposição foi contraditório e paradoxal. Muitos professores não estavam habilitados e, menos ainda, preparados para o domínio de várias linguagens, que deveriam ser incluídas no conjunto das atividades artísticas (Artes Plásticas, Educação Musical, Artes Cênicas).” Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf>. Acesso em: 22 fev. 2016. Com base nas informações apresentadas a respeito do reconhecimento definitivo da arte como disciplina da educação formal, considera-se que o estado deva ofertar a todos o acesso à educação e à educação em arte. Logo, faz-se necessário pontuar que, mediante tais determinações, existem regras básicas sobre esse direito que devem ser obedecidas em todas as regiões, cidades e escolas brasileiras. Contudo, com relação a essa determinação sobre o direito à educação, os países, de modo geral, têm autonomia quanto à oferta de acesso à escola, mas existe uma série de normas internacionais que orientam elementos básicos para que o ensino formal tenha o mínimo de qualidade. Em virtude dessas afirmações, convém ressaltar quais são as principais características deste direito à educação formal. A partir daí, compreende-se, por consequência, as responsabilidades subjetivas com relação à educação para a arte. Características internacionais do direito à educação: disponível, acessível, aceitável e adaptável Disponibilidade: significa que a educação gratuita deve estar à disposição Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 70 de todas as pessoas. A primeira obrigação do Estado brasileiro é assegurar que existam creches e escolas para todas as pessoas, garantindo para isso as condições necessárias (como instalações físicas, professores qualificados, materiais didáticos etc.). Deve haver vagas disponíveis para todos os que manifestem interesse na educação escolar. O Estado não é necessariamente o único responsável pela realização do direito à educação. Acessibilidade: é a garantia de acesso à educação pública, disponível sem qualquer tipo de discriminação. Possui três dimensões que se complementam: 1) não discriminação; 2) acessibilidade material (possibilidade efetiva de frequentar a escola graças à proximidade da moradia ou à adaptação das vias e prédios escolares às pessoas com dificuldade de locomoção, por exemplo) e 3) acessibilidade econômica – a educação deve estar ao alcance de todas as pessoas, independentemente de sua condição econômica, portanto deve ser gratuita. Aceitabilidade: garante a qualidade da educação, relacionada aos programas de estudos, aos métodos pedagógicos, à qualificação do corpo docente e à adequação ao contexto cultural. O Estado está obrigado a assegurar que todas as escolas se ajustem aos critérios qualitativos elaborados e a certificar-se de que a educação seja aceitável tanto para as famílias como para os estudantes. Adaptabilidade: requer que a escola se adapte a seu grupo de estudantes; que a educação corresponda à realidade das pessoas, respeitando sua cultura, costumes, religião e diferenças. assim como possibilite o conhecimento das realidades mundiais em rápida evolução. Ao mesmo tempo, exige que a educação se adeque à função social de enfrentamento das discriminações e desigualdades que estruturam a sociedade. A adaptação dos processos educativos às diferentes expectativas presentes na sociedade pressupõe a abertura do Estado à gestão democrática das escolas e dos sistemas de ensino. Por isso, a legislação do ensino determina que os currículos devem ser compostos por uma base nacional comum, sendo complementada, em cada estado ou município, e em cada escola, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos estudantes. Disponível em: <http://www.direitoaeducacao.org.br/wp-content/ uploads/2011/12/manual_dhaaeducacao_2011.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2016. A educação formal é indiscutivelmente indispensável. Convém ressaltar que, por meio da escola, proporciona reconhecidamente um ambiente que favorece o desenvolvimento do sujeito e, portanto, necessária à aquisição de conhecimentos acumulados histórica e culturalmente. Esse direito à educação deve ser atendido de Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 71 modo a oferecer qualidade e a promover o desenvolvimento, atendendo a todos os interesses da comunidade em que está inserida. Por meio dela, penetra-se em informações valiosas e altamente contributivas para a existência, convivência e desenvolvimento da sociedade. A educação é um dos requisitos fundamentais para que os indivíduos tenham acesso ao conjunto de bens e serviços disponíveis na sociedade. Ela é um direito de todo ser humano como condição necessária para ele usufruir de outros direitos constituídos numa sociedade democrática. Por isso, o direito à educação é reconhecido e consagrado na legislação de praticamente todos os países e, particularmente, pela Convenção dos Direitos da Infância das Nações Unidas (particularmente os artigos 28 e 29). Um outro exemplo é o Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil. Negar o acesso a esse direito é negar o acesso aos direitos humanos fundamentais (GADOTTI, 2005, p. 1). Sobre o direito à educação: “O direito à educação tem um sentido amplo, não se refere somente à educação escolar. O processo educativo começa com o nascimento e termina apenas no momento da morte. A aprendizagem acontece em diversos âmbitos, na família, na comunidade, no trabalho, no grupo de amigos, na associação e também na escola. Por outro lado, nas sociedades modernas, o conhecimento escolar é quase uma condição para a sobrevivência e o bem-estar social. Sem ele, não se pode ter acesso ao conhecimento acumulado pela humanidade. Além de sua importância como direito humano que possibilita à pessoa desenvolver-se plenamente e continuar aprendendo ao longo da vida, a educação é um bem público da sociedade, na medida em que possibilita o acesso aos demais direitos. Portanto, a educação é um direito muito especial: um ‘direito habilitante’ ou ‘direito de síntese’. E sabe por quê? Porque uma pessoa que passa por um processo educativo adequado e de qualidade pode exigir e exercer melhor todos seus outros direitos. A educação contribui para que crianças, adolescentes, jovens, homens e mulheres saiam da pobreza, seja pela sua inserção no mundo do trabalho, seja por possibilitar a participação política em prol da melhoria das condições de vida de todos. Também contribui para evitar a marginalização das mulheres, a exploração sexual e o trabalho infantil, possibilita o enfrentamento de discriminações e Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 72 preconceitos, entre muitos outros exemplos que poderiam ser citados.” Disponível em: <http://www.direitoaeducacao.org.br/wp-content/ uploads/2011/12/manual_dhaaeducacao_2011.pdf>. Acesso em: 17 fev. 2016. O papel da educação formal, da escola, evidencia, entre tantos outros benefícios, a tomada de consciência, por parte do sujeito, de sua existência, de sua importância, de sua identidade cultural, por meio da compreensão, apreensão e da valorização de toda a trajetória do conhecimento. A escola é via de acesso às principais descobertas e, em diversos casos, o primeiro contato consciente, com objetivos claros e específicos, de muitas crianças e adolescentes com a arte. Independentemente da instituição ou do espaço cultural para desenvolvimento artístico, vale lembrar que a escola pode ser fundamental para estimular o estudante a estabelecer uma relação harmoniosa, ou contestatória, de identificação ou de afinidade como meio em que vive. Dessa forma, há que se considerar que na escola também “ensina-se a gostar de aprender arte com a própria arte” (IAVELBERG, 2003, p. 12). Logo, os ambientes que trabalham em função da disseminação de conteúdos artísticos podem promover uma revolução na formação intelectual e crítica dos indivíduos também por meio da arte. A arte constitui uma forma ancestral de manifestação, e sua apreciação pode ser cultivada por intermédio de oportunidades educativas. Quem conhece arte amplia sua participação como cidadão, pois pode compartilhar de um modo de interação único no meio cultural. Privar o aluno em formação desse conhecimento é negar-lhe o que lhe é de direito. A participação na vida cultural depende da capacidade de desfrutar das criações artísticas e estéticas, cabendo à escola garantir a educação em arte para que seu estudo não fique reduzido apenas à experiência cotidiana. Aprender arte envolve a ação em distintos eixos de aprendizagem: fazer, apreciar e refletir sobre a produção social e histórica da arte, contextualizando os objetos artísticos e seus conteúdos (IAVELBERG, 2003, p. 9-10). Se a arte pode ser considerada como resultado da interação de diferentes práticas sociais e culturais, não há como estudá-la ou compreendê-la sem pensar sobre suas Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 73 correlações com as práticas cotidianas, incluindo-se neste contexto, as contribuições da educação não formal e informal. Surge, assim, a necessidade de distinção entre educação formal, não formal e informal, sem, contudo, deixar de compreender que em todas as instâncias é possível adquirir conhecimento. Desse modo, Maria da Glória Gohn (2006) propõe, em seu texto, vários elementos que são capazes de distinguir brevemente as diferenças. Para melhor apreensão das informações propostas pela autora, foi montado um quadro comparativo com orientações básicas sobre as três categorias de educação. Quadro 2.1 | Quadro comparativo Campo de Desenvolv. Quem é o Educador? Onde se Educa? Como se educa? Qual a finalidade? Educação Informal Durante o processo de socialização (família, bairro, clube, amigos etc.) Pais, família, amigos, vizinhos, colegas da escola, meios de comunicação etc. Referência de nação, localidade, idade, sexo, religião, etnia etc. Ambientes espontâneos de acordo com pertencimento e preferência herdados Socializa os indivíduos, desenvolvimento de hábitos, atitudes, comportamento, modos de se expressar Educação Formal Desenvolvido na escola Professor Escola, instituição regulamentada por lei, com base nas diretrizes nacionais Ambiente normatizado com regras e padrões Formar o indivíduo como cidadão ativo, desenvolvimento de habilidades e competências; criatividade; percepção. Educação não formal “Mundo da vida”, compartilhando experiências O outro - aquele com quem interagimos ou nos integramos Lugares que acompanham as trajetórias de vida, fora da escola, em locais informais, onde há processos interativos intencionais Ambientes e situações interativas/ construção de aprendizagem coletiva Capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Abrir janelas de conhecimento sobre o mundo. Fonte: Adaptado de Gohn (2006). Frente à distinção entre educação formal, informal e não formal, faz-se necessário contemplar algumas questões específicas que ajudarão a promover a diferenciação da educação formal e não formal. Sendo assim, compreende-se que parâmetros são apontados como principais orientadores na arte-educação formal brasileira. Com base nessas informações, é importante pontuar as diferenças entre as possíveis formas de educação a partir dos parâmetros, já que eles se apresentas como elementos norteadores e reguladores da educação. Na leitura dos parâmetros, torna-se acessível, do mesmo modo, compreender o valor da arte para a educação. Portanto, como exemplo de formalidade e regulamentação que orienta a prática escolar em arte, tem-se um trecho dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais). Neles, assegura-se que: Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 74 Na proposta geral dos Parâmetros Curriculares Nacionais, Arte tem uma função tão importante quanto a dos outros conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem. A área de Arte está relacionada com as demais áreas e tem suas especificidades. A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas. Esta área também favorece ao aluno relacionar-se criadoramente com as outras disciplinas do currículo. Por exemplo, o aluno que conhece arte pode estabelecer relações mais amplas quando estuda um determinado período histórico. Um aluno que exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado a construir um texto, a desenvolver estratégias pessoais para resolver um problema matemático. Conhecendo a arte de outras culturas, o aluno poderá compreender a relatividade dos valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir, que pode criar um campo de sentido para a valorização do que lhe é próprio e favorecer abertura à riqueza e à diversidade da imaginação humana. Além disso, torna-se capaz de perceber sua realidade cotidiana mais vivamente, reconhecendo objetos e formas que estão à sua volta, no exercício de uma observação crítica do que existe na sua cultura, podendo criar condições para uma qualidade de vida melhor (BRASIL, 1997, p. 19). Ainda que se pense em como a educação formal é necessária e definitivamente indispensável à formação dos indivíduos, ainda há que se colocar em destaque o papel da arte, enquanto via de acesso à compreensão da cultura visual. Vários apontamentos referem-se que a arte-educação é uma disciplina de potencialidades valiosas. Por isso, tende-se a considerar que “cabe à escola reconstruir o espaço social de produção, apreciação e reflexão sobre arte, sem deformá-lo ou reduzi-lo a moldes escolares” (IAVELBERG, 2003, p. 12). Com relação à relevância do conhecimento artístico, Fernando Hernández (2000, p. 42) assegura que este pode ser percebido como um instrumento que potencializa o desenvolvimento do sujeito. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 75 No entanto, ainda que a arte tenha amparo legal e que ela conste como disciplina obrigatória e necessária ao desenrolar do currículo, ainda existem muitas discussões a respeito dos encaminhamentos metodológicos utilizados para promover a divulgação das informações artísticas. Há que se pensar sobre como são abordados os conteúdos e como é a recepção por parte dos educandos. Essas orientações se tornam essenciais para a aceitação e reconhecimento da disciplina. Quando um estudante realiza uma atividade vinculada ao conhecimento artístico [...]: que não só potencializa uma habilidade manual, desenvolve um dos sentidos (a audição, a visão, o tato) ou expande sua mente, mas também, e sobretudo, delineia e fortalece sua identidade em relação às capacidades de discernir, valorizar, interpretar, compreender, representar, imaginar, etc. o que lhe cerca e também a si mesmo. Por outro lado, as artes visuais, ainda que costumem ser consideradas como um fim em si mesmas, agregam referências e problemas sobre questões como a universalidade ou a variedade na experiência humana. [...]A escola é uma instituição (não a única) na qual este conhecimento pode ser adquirido, e assim o especificado no currículo. O que é apresentado no papel vai ser levado pelas pessoas à escola, e será incluído no horário escolar e oferecido aos alunos, em forma de conhecimentos relevantes para interpretar aspectos da realidade (passada e presente) e de seus próprios olhares sobre esses aspectos da experiência humana. E aqui é que surgem ou se manifestam boa parte dos problemas dessa disciplina, que, por si mesma, é transdisciplinar. A orientação expressiva ou instrumental que está presente em muitos docentes é uma das causas do pouco interesse por parte dos pesquisadores sobre o ensino e a aprendizagem, e da pouca consideração que goza entre os próprios professores (HERNÁNDEZ, 2000, p. 42). Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 76 • Você consegue imaginar qual será o futuro da disciplina de arte na educação formal, levando em consideração as constantes transformações culturais e sociais? • Você acredita que, em algum momento, a arte poderá ser aceita como uma importante componente do currículo escolar? Mesmo diante de diferentes abordagens possibilitadas pelas informações trazidas pela educação formal em arte, ainda é possível elencar outras potencialidades desta disciplina na educação formal. Essa orientação pode ser bastante esclarecedora se você considerar que crianças e jovens de diferentes regiões do país podem ter expectativas distintas sobre a arte. Por isso, uma outra perspectiva pode ser considerada como informação complementar, mas não menos importante, para justificar a arte no currículo da educação formal. Essa perspectiva diz respeito à arte enquanto possibilitadora da compreensão da cultura visual, ou seja, uma compreensão da trajetória cultural das imagens e da arte ao longo da história. Fernando Hernández, em seu livro Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho (2000) discorre sobre diferentes formas de se apresentar informações e estratégias para a valorização da disciplina de ensino da Arte na educação formal. Assim, este quadro, reúne, resumidamente algumas de suas propostas quanto à compreensão das relevâncias da cultura visual. Fonte: Adaptado de Hernández (200, p. 130). Figura 2.2 | Círculo para compreensão da cultura visual A prática artística e o conhecimento histórico da arte são campos de conhecimento intervinculados que favorecem a compreensão da cultura visual O estudo da cultura visual tem início na educação infantil e chega às instituições a aos novos mediadores visuais A cultura visual confronta os olhares sobre os objetos de caráter mediacional O conhecimento da cultura visual está relacionado às interpretações sobre a realidade e sobre como essas afetam a vida O estudo da cultura visual não se esgota nos saberes tradicionais em relação à arte Arte na educação para a compreensão da cultura visual Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 77 Outra questão muito pertinente às informações trazidas pela arte-educação diz respeito a uma percepção mais ampla do termo e de sua aplicação. Deve-se considerar que a educação em arte deva trabalhar com duas visões complementares de ensino. De acordo com Hernández (2000), não se deve pensar somente numa educação pautada apenas de proposições que busquem promover uma leitura que se atenta apenas em analisar as imagens, nem se deter sobre outras visões que tratam do objeto artístico de forma fragmentada, pensando em desdobrá-lo a partir de visões estéticas, ou práticas, ou culturais. Segundo o autor, a educação formal em arte deve percorrer ambos os caminhos citados, perpassando e percorrendo práticas e metodologias que levem até a realidade da cultura visual. Estamos, assim, numa época que parece que se desloca ao discurso moral baseado na beleza, na ordem, no equilíbrio e na transcendência da cultura da imagem e da expressão artística. Estamos diante de uma bifurcação em que se torna necessário, mais do que em épocas anteriores, a reflexão baseada no estudo, no debate público e rigoroso que contribua para caracterizar uma nova cultura provida de uma ética que possibilite interpretar e agir de maneira não acomodada diante de uma forma de pensamento que se apresente ao mesmo tempo como homogêneo e fragmentado, e que se distribui nos meios da cultura visual de uma maneira frenética e sem possibilidade de trégua. Diante dessa situação, não deixa de surpreender que os atuais modelos curriculares tendam a olhar para trás ao reivindicar a aprendizagem de conteúdos conceituais (HERNÁNDEZ, 2000, p. 29-30). Ensino: “é a parte da educação que acontece em instituições escolares de educação básica e superior. O ensino é regulamentado, tem currículo e formas de funcionamento previstos em normas jurídicas e, além disso, leva à certificação em cada etapa de escolaridade (fundamental, média, técnica, superior etc.)”. Educação: “é um conceito amplo, abrangendo ‘os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais’. A educação, nesse sentido amplo, é um dever compartilhado por todos os Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 78 atores sociais e todos são livres para promover cursos e estudos livres, desde que não violem as demais normas de direitos humanos. Ao Estado cabe respeitar e proteger essa liberdade”. É importante enfatizar que a arte é um instrumento potente de formação e educação. Contudo, a apreciação e a prática em arte podem constituir-se também como um meio de se alcançar determinados saberes. É necessário, para a construção efetiva do conhecimento, que haja oportunidade de contato com diferentes trabalhos, além de criação e reestruturação de obras para que a aprendizagem se efetive. É preciso que o professor se torne o provedor de oportunidades orientando, direcionando, sugerindo ou instruindo. E essa oportunidade é disponibilizada, ao mesmo tempo, por meio de acesso a espaços culturais, formais e não formais, de arte. Por isso, a função dessas instituições é de grande valor para promover a aproximação e formação em arte. Contudo, pode-se notar claramente que a escola propicia uma quantidade imensa de possibilidades de aprendizagem. Ela permite também que se evidencie a necessidade da compreensão da arte na contemporaneidade e ainda condensa muitas outras funções referentes à educação. Entre essas funções, encontra-se a aplicação e contato diário com elementos artísticos; a possibilidade de descoberta do prazer em apreciar e conviver com arte; o desenvolvimento da sensibilidade estética; a promoção da integração com grupos ou épocas específicas a partir do fortalecimento de vínculos identitários; ampliação da capacidade de criticidade do aluno, além de tantos outros. 1.1 Espaço não formal Anteriormente, nesta seção, foram elencadas algumas informações sobre a educação formal e sua importância para a formação em arte. Contudo, você já percebeu, a partir das leituras anteriores, que não existem apenas espaços formais de arte-educação. Desse modo, você compreenderá mais detalhes sobre a educação não formal e seus desdobramentos. Exemplo de espaço não formal de educação: Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f0/Louvre_at_night_centered.jpg/1024px-Louvre_at_ night_centered.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. Figura 2.3 | Museu do Louvre, Paris Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 79 Diante da necessidade de espaços que promovam a aproximação e a integração entre público e arte, quaisseriam esses ambientes que podem ser considerados espaços de educação não formal? E o que seria educação não formal? E qual o papel desses lugares na formação em arte? Eles podem realmente contribuir para que haja maior possibilidade de contato com a arte? Essas e outras questões serão discutidas ao longo deste texto, buscando justificar a necessidade de valorização e integração desses espaços com a educação formal. Contudo, inicialmente uma primeira questão merece atenção: o que é ensino não formal? Frente às variações e às diferentes formas de educar, pode-se ainda pensar que a educação não formal possui seu formato muito próximo ao formato da educação formal, contudo ela é menos hierárquica e seriada, não possuindo a quantidade de progressões em formato de séries que a escola tradicional. A educação não formal surge no cenário educacional de forma tão importante e intensa que a formal, no entanto acontece em espaços alternativos, fora da escola. Sugestão de vídeo Para compreender melhor a importância da educação não formal, acesse o endereço aqui apresentado e assista ao debate: Entende-se por ensino não formal o ensino que acontece de forma estruturada, sendo planejado e organizado fora dos locais formais de ensino, ou seja, o que acontece fora do ambiente escolar institucionalizado, tal como tradicionalmente tem ocorrido no processo a educação. Na atualidade, as instituições culturais, ao promover um espaço educativo relacionado à sua missão, evidenciam a relação entre o ensino formal e o ensino não formal, focalizando o patrimônio cultural material ou patrimônio imaterial. Por isso, existem ações que auxiliam de forma positiva no contato e aproximação cada vez mais efetivo de um público-alvo que privilegia a relação com a educação em instituições culturais (MEURA, 2011, p. 40-41). Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=JdLKPMCVPEY>. Acesso em: 19 fev. 2016. Figura 2.4 | Programa discute espaços não formais Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 80 A educação não formal pode ser encontrada em espaços diversos, como centros culturais, museus, escolas de arte, galerias, entre outros. Esses espaços servem também para resguardar a memória de uma época ou lugar, sendo fundamentais para a salvaguarda do patrimônio cultural. Esses espaços alternativos já foram apresentados na Unidade 1 e agora você tem a oportunidade de classificá-los, enquanto pertencentes a uma organização institucional específica, como a educação não formal, e reorganizar suas finalidades e definições dentro dos conceitos de arte-educação. Para tanto, faz-se necessário distinguir qual é o espaço de educação não formal. A partir da análise do quadro comparativo, é possível perceber que o processo educacional ultrapassou os limites dos muros das escolas e, por isso, todos os decorrentes benefícios da arte-educação podem ser percebidos em diversos outros espaços. Contudo, a ideia é que esses espaços de educação não formal são tão É possível inferir que espaço não formal é qualquer espaço diferente da escola onde pode ocorrer uma ação educativa. Embora pareça simples, essa definição é difícil porque há infinitos lugares não escolares. [...] Duas categorias podem ser sugeridas: locais que são Instituições e locais que não são Instituições. Na categoria Instituições, podem ser incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas atividades executadas, sendo o caso dos Museus, Centros de Ciências, Parques Ecológicos, Parques Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários, Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos, dentre outros. Já os ambientes naturais ou urbanos que não dispõem de estruturação institucional, mas onde é possível adotar práticas educativas, englobam a categoria não Instituições. Nessa categoria podem ser incluídos teatro, parque, casa, rua, praça, terreno, cinema, praia, caverna, rio, lagoa, campo de futebol, dentre outros inúmeros espaços (JACOBUCCI, 2008, p. 56-57). Fonte: Adaptado de Jacobucci (2008, p. 57). Figura 2.5 | Espaço formal e não formal na educação Educação Espaço formal Espaço não formal Espaço escolar Espaço não escolar Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 81 importantes quanto qualquer outro, pois amparam e contribuem de forma significativa para a formação em arte. Dessa forma, fica evidente que esses dois espaços, formal e não formal, são mutuamente dependentes e, portanto, necessários. Considera-se, diante de todas essas análises, que uma das grandes contribuições da educação não formal seria a de proporcionar a associação de conceitos primordiais ao desenvolvimento do aluno em espaços diferenciados. Logo, entende-se que o espaço de educação não formal pode ser uma extensão da sala de aula. Levando-se em consideração que podem ser percebidas, nos últimos tempos, muitas transformações sociais e culturais que alteraram a percepção de crianças e adolescentes sobre a importância da educação formal, outras alternativas devem também ser propostas com relação a novas formas de promover a aprendizagem. E uma das características principais dos espaços não formais é o de despertar o interesse e, por consequência, o encantamento nos alunos por meio de propostas que rompem com o formato tradicional, presente em muitas escolas. Diante dessas informações, forma-se um questionamento: quais são os espaços formais e não formais de educação? Existem muitas discussões a esse respeito e essas propõem diferentes delineamentos sobre quais são exatamente estes espaços. Contudo, aqui adota-se a ideia exemplificada a seguir. • Como você percebe a relação entre educadores da arte e espaços não formais de arte-educação? Os arte-educadores frequentam (mesmo que virtualmente) esses espaços? • Na sua opinião, os educadores também deveriam ser apreciadores e fruidores permanentes da arte? Na educação não formal, a categoria espaço é tão importante como a categoria tempo. O tempo da aprendizagem na educação não formal é flexível, respeitando as diferenças e as capacidades de cada um, de cada uma. Uma das características da educação não formal é sua flexibilidade tanto em relação ao tempo quanto em relação à criação e recriação dos seus múltiplos espaços (GADOTTI, 2005, p. 2). Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 82 Fonte: Adaptado de Jacobucci (2008, p. 57). Figura 2.6 | Distinção dos espaços Espaço escolar Espaço não escolar Instituições de educação básica Ensino superior Não instituições (espaços públicos) Instituições (museu, centros de cultura, galerias) Isso demonstra que os espaços de educação formal e não formal encontram- -se correlacionados em função da proximidade de intenções quanto à oferta de desenvolvimento da educação e da formação em arte. Assim, considera-se que a possibilidade de interação e aproximação entre espaços formais e não formais de cultura pode ser produtiva na formação de cidadãos críticos justamente pelo potencial informacional, artístico e educativo que ambos os espaços apresentam. Exemplo de espaço não formal de educação: Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/7c/Mus%C3%A9e_d%27Orsay%2C_North-West_ view%2C_Paris_7e_140402.jpg/1280px-Mus%C3%A9e_d%27Orsay%2C_North-West_view%2C_Paris_7e_140402.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. Figura 2.7 | Museu d'Orsay em Paris Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 83 Do mesmo modo, é preciso que se pontue e que se destaque como o papel do educador é importante na proposição de interações entre diferentes espaços de educação. Os espaços de arte-educação não formais também podem contribuir enormemente com a compreensão poética da arte que é desenvolvida naatualidade, pois possibilitam a ampliação de repertório imagético que, por consequência, torna acessível novas percepções, novos conceitos e novas formas de se fazer arte. Contudo, o arte-educador precisa estar conectado não somente aos espaços como também a muitos outros fatores. Algumas visões sobre a relevância da educação, e em especial do acesso a uma imagem que acontece fora do ambiente escolar, apontam para caminhos que perpassam por questões culturais arraigadas, que já foram citadas, mas que também se apresentam atualmente como muito mais subjetivas e fluidas. Para Fernando Hernández (2000, p. 28): O educador precisa situar-se na cultura de seu tempo: o que significa a necessidade de conhecer a história da arte, entender a contemporaneidade, o momento presente para fruir a obra de arte. Decifrados os códigos [...], a arte contemporânea pode ser apreciada integralmente. E quanto maior for o repertório de conhecimentos adquiridos através de visitas aos espaços expositivos, reflexões e leituras sobre arte, mais fácil será o acesso aos códigos e registros (SCHILARO; SCALÉA, 2006, p. 52). Hoje, estamos na época da imagem incorpórea, na era das representações fugazes e instantâneas da televisão, dos video games, do navegar pelo ciberespaço – “espaços” que carecem de materialidade, pois não são objetos. Mas, paradoxos de nosso atual período histórico, constituem as representações que formam a cultura (como o universo de representações que orientam normas, organizam olhares e contribuem para fixar valores) à qual têm acesso os meninos e meninas e os adolescentes, quase sempre, “fora” do horário escolar. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 84 Incorpóreo – que não possui corpo; sem matéria; desprovido de forma física; incorporal. Que não se constitui pela matéria; imaterial. P.ex: que não se consegue perceber através dos sentidos; impalpável. (Etm. do latim: incorporeus.a.um) Disponível em: <http://www.dicio.com.br/incorporeo/>. Acesso em: 20 fev. 2016. Existem diversas possibilidades de acesso à divulgação da educação não formal. Como exemplo, tem-se um programa que selecionou educadores não formais para discutir sobre práticas: Educação de saberes, poderes e quereres. Você pode acessar o espaço e descobrir ainda mais sobre o tema! “O programa Rumos Educação Cultura e Arte 2005-2006 teve sobre si as atenções de educadores de todo o Brasil, com trabalhos que contemplavam linguagens artísticas e práticas educativas diversas. Para selecionar apenas cinco educadores não formais em um universo tão amplo e variado e, ao mesmo tempo, conceber sua formação e a multiplicação de seus saberes.” Disponível em: <http://d3nv1jy4u7zmsc.cloudfront.net/wp-content/ uploads/2012/02/000296.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. Como se pode notar, uma questão importante a ser enfatizada é que os espaços não formais de educação devem sempre ser pensados como lugares que proporcionam experiências insubstituíveis, mas que, para atingirem seus objetivos, precisam ter suas práticas altamente direcionadas e orientadas. Cumpre observar a importância de destacar as potencialidades da educação não formal, visando, sobretudo, incentivar a prática de apoio à utilização e o desenvolvimento desses espaços. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 85 Para finalizar as delimitações que norteiam a educação não formal, deve-se destacar que ela pode ser apontada como um importante instrumento educacional que pode e deve auxiliar e contribuir para a formação em arte. E, mesmo que a educação formal e não formal tenha como meta propiciar o desenvolvimento da educação, ainda é possível perceber algumas características constitutivas sutis, especificidades, práticas que as distinguem. Em virtude dessas considerações, cabe refletir sobre as potencialidades da educação não formal como uma possibilidade de educação para/sobre arte. De acordo com Maria da Glória Gohn (2006, p. 30), a educação não formal poderá desenvolver, como resultados, uma série de processos tais como: • consciência e organização de como agir em grupos coletivos; • a construção e reconstrução de concepção(ões) de mundo e sobre o mundo; • contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade; • forma o indivíduo para a vida e suas adversidades (e não apenas capacita-o para entrar no mercado de trabalho); • quando presente em programas com crianças ou jovens adolescentes, a educação não formal resgata o sentimento de valorização de si próprio (o que a mídia e os manuais de autoajuda denominam, simplificadamente, como a autoestima); ou seja, dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de autovalorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.); • os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca. Entende-se a educação não formal como aquela voltada para o ser humano como um todo, cidadão do mundo, homens e mulheres. Em hipótese alguma ela substitui ou compete com a Educação Formal, escolar. Poderá ajudar na complementação dessa última, via programações específicas, articulando escola e comunidade educativa localizada no território de entorno da escola. A educação não formal tem alguns de seus objetivos Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 86 próximos da educação formal, como a formação de um cidadão pleno, mas ela tem também a possibilidade de desenvolver alguns objetivos que lhes são específicos, via a forma e espaços onde se desenvolvem suas práticas, a exemplo de um conselho ou a participação em uma luta social, contra as discriminações, por exemplo, a favor das diferenças culturais etc. (GOHN, 2006b, p. 32). Diante das novas transformações educacionais da contemporaneidade, quais seriam, a partir de seu ponto de vista, as vantagens de aproximação entre educação formal e não formal? Na sua cidade, existem ambientes de arte que promovem ações interativas entre espaços formais e não formais? 1. Diante dos textos estudados, defina o que é educação formal. 2. O que é ensino não formal? Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 87 Seção 2 A arte em diferentes espaços de educação Nesta seção, conheceremos as possibilidades suscitadas pela aproximação de diferentes espaços de educação em arte. Tais espaços já foram conceituados e explorados durante a seção 1. Agora, é necessário pensar onde se efetiva a educação em arte. Por isso, torna-se preciso pensar sobre quais são as contribuições reais da educação formal (escola) e da educação não formal (museus, galerias, centros de cultura, escolas de arte). Outra questão importante a ser discutida nesta seção faz menção às limitações encontradas nos espaços de educação formal. Esses não devem se isolar enquanto instituição de educação, mas devem atuar em conjunto com espaços não formais buscando, alcançar melhores resultados educacionais. Torna-se necessário esclarecer o quanto a criação e a compreensão da obra de arte perpassam por uma quantidade enorme de fatores e como estas questões interferem na criação e apreciação da obra. Pensando sobre as possibilidades de interação entre espaços de educação formal e não formal, vale destacar que a ida a espaços não formais de educação pressupõe uma série de ações anteriores. Assim, a aproximação entre esses espaços pode ser considerada como um motivador do conhecimento cultural e social. Dessa forma, é importante que os educadores entendam a necessidade de aproximação entre diferentes ambientes no intuito de enriquecer as aulas e estimular o conhecimentoe a convivência com as obras de arte. 1.1 A arte começa na escola? A pergunta que nomeia esta seção surge para darmos continuidade à compreensão de diversas informações sobre as potencialidades da arte. Por isso, diante de todas as questões já propostas sugeridas e debatidas na Unidade 1, é possível afirmar que a arte-educação pode ser trabalhada em diferentes instituições de educação e não apenas na escola. Deve-se levar em consideração como todos esses espaços culturais podem auxiliar na construção de uma arte-educação significativa e eficaz. Independentemente do lugar que promova a aproximação com o universo artístico, constituirão estímulos à aprendizagem. No que tange à construção do processo ensino-aprendizagem há que se mencionar ainda algumas questões. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 88 A escola formal, sendo o polo dessa ação, garante acesso e continuidade a esse tipo de experiência a um grande número de crianças, jovens e adultos. A arte, por si só, não opera transformações na educação, mas a experiência com os processos de criação pode reorientar o sentido de ensinar, o papel do professor, a imagem da escola, bem como o valor das práticas culturais nas comunidades e na vida pessoal e profissional dos professores e nas relações entre as escolas e as instituições que promovem ações sociais (IAVELBERG, 2003, p. 23). A educação formal, portanto, não deve se apresentar como uma instituição isolada na formação em arte, mas atuar em conjunto, com ações que buscam promover a aproximação com outros espaços. Entretanto, ela pode surgir como iniciadora do processo de aprendizagem, estando interligada com a maior quantidade possível de instituições não formais que também têm como propósito promover a apreciação, a reflexão e análise de obras, o desenvolvimento da criatividade e, por fim, a alfabetização estética. Essa alfabetização estética somente será alcançada por meio de atitudes que “promovam a educação estética em todos os níveis e contextos da educação” (ROSSI, 2009, (p. 16). Assim, respondendo à pergunta citada, é admissível considerar que a arte pode começar a ser apresentada, sugerida e trabalhada em diversos espaços de educação formal ou não formal. Não é, portanto, definitiva a afirmação de que o primeiro contato que se pode ter com a arte comece com a mediação da escola. Diante de toda a diversidade de fatores que já foram analisados, num território tão vasto como o brasileiro, há que se considerar uma infinidade de espaços que promovem o contato com o universo artístico. Exemplo de espaço de educação não formal no Brasil: Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/72/Pinacoteca_SP.jpg>. Acesso em: 22 fev. 2016. Figura 2.8 | Pinacoteca, São Paulo Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 89 Há que se ponderar que existem diversas maneiras de promover o contato com obras de arte. Diferentemente do que se imagina, a escola não é mais o único ponto de contato com a arte e suas infinitas possibilidades. Logo, consideram-se indispensáveis alguns apontamentos em relação à construção e dinamicidade do ensino de arte nas mais diferentes instâncias. Lembrando que a arte pode ser criada pelo artista e, posteriormente, recriada pelo olhar do observador que imprime sobre a obra de arte uma enorme quantidade de conhecimentos que lhe são próprios, que fazem parte de seu conhecimento precedente, de sua vivência. Vale reforçar, então, que a função do mediador se torna muito importante no contato, na apreciação e na fruição da arte. O que se verifica na criação da obra também ocorre na sua leitura e, de alguma forma, esse processo se reproduz na criação do público/aprendiz de arte (adulto, jovem ou criança). Fazer a mediação entre público e a obra é ensinar arte, apresentar objetos artísticos específicos e também educar com arte. Do ponto de vista da didática da arte, o educador cria ao fazer a mediação das obras e, nesse sentido, vive momentos análogos aos artistas em seu espaço de trabalho. Nada ou muito pouco em sua prática é preconcebido. A mediação entre público e a obra é como um trabalho de arte, no qual as experiências anteriores e o saber do monitor (educacional, cultural, gerencial) são o plano de fundo, e a cena real, a visita – para estar em consonância com os conceitos da arte contemporânea, na qual figura e fundo, quando existem, constituem partes em plena integração – é uma ação complexa (IAVELBERG, 2003, p. 77). Dessa forma, vale ratificar que é indiscutível a necessidade de contato com produções artísticas, sejam elas pertencentes a qualquer período ou estilo para o desenvolvimento pleno do sujeito. A percepção do valor da arte torna-se fundamental para a compreensão de relações entre o objeto artístico a partir de correlações com questões culturais e sociais. Desse modo, é imprescindível reforçar a ideia da necessidade de criação, apreciação ou até comunicação do sujeito por meio da arte, questões já discutidas na Unidade 1. Essa necessidade pode ser alcançada por meio do contato com o outro e de estabelecimento de relações visuais ou emocionais com diferentes trabalhos. Em síntese, o homem necessita da arte como forma de se relacionar com o universo circundante e consigo mesmo. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 90 O homem anseia por absorver o mundo circundante, integrá- lo a si; anseia por estender pela ciência e pela tecnologia o seu "Eu" curioso e faminto de mundo até as mais remotas constelações e até os mais profundos segredos do átomo; anseia por unir na arte o seu "Eu" limitado com uma existência humana coletiva e por tornar social a sua individualidade (FISCHER, 1983, p. 13). Diante da fala de Ernest Fischer, nota-se uma necessidade constante do indivíduo de conectar-se com a coletividade, com a cultura. Por conseguinte, abre-se espaço para evidenciar como as correlações estabelecidas pelas ações educativas em arte são extremamente relevantes para a formação, envolvimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Por isso, é importante que se destaque o papel do educador juntamente com os monitores, mediadores na ação educativa, independentemente do espaço em que estas ações aconteçam. É preciso que os professores de arte estabeleçam rotinas de acompanhamento de possibilidade de interação entre a educação formal e não formal, estreitando os laços e ampliando os horizontes. No entanto, para que essas ações interativas ocorram de forma proveitosa é preciso que o educador planeje e organize antecipadamente suas ações e estabeleça objetivos concretos. O trabalho de ação educativa nos museus, pinacotecas e/ou galerias de arte, será mais eficiente se o professor mantiver contato prévio com a instituição. Acompanhando a programação dos museus – através dos meios de comunicação como jornais, revistas, televisão e internet – o professor deverá entrar em contato com o museu escolhido e informar além do número de alunos e a faixa etária da classe que irá fazer a visita, o tema das aulas e, em contrapartida, perguntar quais pontos contribuiriam para as atividades e as matérias desenvolvidas em classe (SANTA ROSA; SCALÉA, 2006, p. 68-69). Como os educadores das instituições formais de educação para arte podem incentivar a aproximação dos estudantes com os espaços não formais? Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 91 É razoável aceitar, então, que a função do educador de arte ultrapasse as barreiras da educação tradicional e se prolongue até os limites do conhecimento e da criatividade. Devido a essa profundidade e potencialidade do uso da imagem e da arte na formação de crianças e adolescentes, pode-se perceber que a exploração dos espaços não formais pela educação formal pode ser enriquecedorae instigante para os estudantes. É preciso, de igual modo, que os espaços não formais estejam atentos às necessidades do público. E a interação com a educação formal pode ser muito favorável aos espaços não formais, que precisam de visitação e público assíduo. Entende-se, portanto, que, para diversas crianças e adolescentes a formação em arte pode até começar na escola, mas eles precisam descobrir que podem se aventurar por muitos outros espaços de educação para a arte. Por isso, os espaços não formais precisam se conscientizar e planejar conjuntamente suas ações para que possam trabalhar de forma produtiva, atraente e consciente. Sendo assim, sobre os espaços não formais de educação para a arte, Iavelberg (2003, p. 75) comenta que: É preciso saber trabalhar com diferentes públicos, pois essa é uma necessidade que se impõe às ações educativas dos museus quando se quer implementar projetos de educação democrática. Ampliar o público de museus e instituições culturais aponta para um futuro melhor e, sem dúvida, a ação educativa dessas instituições tem uma função importante na participação e garantia de acesso à cultura para todos. [...] Edmund Feldman, Abigail Housen, Robert William Ott e Michael Parsons, entre outros, desenvolveram pesquisas e trabalhos descrevendo e interpretando os níveis de desenvolvimento da compreensão estética, mostrando que as oportunidades educativas interferem sobremaneira na aquisição de saberes sobre arte. Sobre espaços de educação não formal: museus nacionais e internacionais. O site citado a seguir disponibiliza uma grande quantidade de endereços para o acesso e a utilização de espaços virtuais para facilitar a formação em arte! “Neste espaço disponibilizamos os links da pesquisa realizada sobre Museus do Brasil e do mundo. Ao acessar museus do Brasil, ou museus do mundo, você será direcionado para uma nova página, onde poderá realizar sua consulta de duas formas: clicando sobre as letras do alfabeto Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 92 ou, se preferir, clicando sobre os estados do Brasil – neste caso, basta um clique sobre o sinal de mais (+), que abrirá uma lista dos estados brasileiros também em ordem alfabética.” Fonte: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/ conteudo.php?conteudo=893>. Acesso em: 22 fev. 2016. Museus do Brasil Museus do Mundo 1.2 Possibilidades da integração entre educação formal e não formal A educação não formal, aqui entendida como aquela propiciada por museus, galerias de arte, centros de cultura ou escolas de arte, pode ser utilizada como forma de estabelecer maior aproximação com o tempo em que se vive. Percebe-se que, em função de ter maior liberdade na sistematização e organização de suas metas, ela reflete de modo mais rápido todas as influências do entorno. Por isso, esses espaços são considerados como grandes motivadores do conhecimento cultural. Dessa forma, é importante que os educadores entendam a necessidade de aproximação com estes ambientes no intuito de enriquecer as aulas e estimular os alunos. Contudo, após as visitas é preciso que o professor retome todas as informações, a participação nas ações educativas, a apreciação, os conteúdos, fatos, curiosidades e os subsequentes debates para que todo o conhecimento adquirido possa ser direcionado e sistematizado. Caberia à escola a função de conectar e articular o conhecimento adquirido e sistematizar o processo de ensino- -aprendizagem. Por isso, há que se considerar que a formação em ambos os espaços se complementa, já que cada um possui, a princípio, uma determinada função. No entanto, o professor deve ter clareza de algumas questões ao propor uma visita a espaços não formais de educação. Saber correlacionar os assuntos que estão sendo tratados em sala de aula com o que será observado na visita a museus ou galerias, por exemplo, é essencial para um melhor aproveitamento do tempo e da oportunidade. Logo, compreende-se que a visita ao museu com uma turma de crianças ou adolescentes não é passeio para distração ou relaxamento. A ida a Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 93 espaços não formais de educação pressupõe uma série de ações e apropriações conceituais anteriores. Como exemplo dessas ações, é possível citar um professor que, buscando coordenar um assunto em pauta na sala, busca outras informações nos espaços não formais de educação que possa complementar e acrescentar novos conhecimentos ao que foi trabalhado na escola. É imprescindível que as informações propiciadas pela educação formal também possam ser apreciadas, discutidas ou correlacionadas ao que será observado na visitação. Por isso, o professor deve visitar antecipadamente o museu, ou o espaço que pretende levar os estudantes. É preciso discutir e avaliar com a equipe do espaço não formal em questão qual será o foco do trabalho; o professor deve estabelecer um diálogo sobre o assunto com os alunos, a fim de orientá-los a respeito dos objetivos; o professor pode, durante a visita, estimular constantemente discussões sobre os questionamentos de todos os alunos, dando margem a debates e troca de informações entre os participantes e, após o retorno para sala de aula, o professor deve retomar as principais dúvidas e colaborações no intuito de propor conclusões sobre o que fora observado durante a visita. Existem diversas cidades e regiões brasileiras que não possuem museus, ou galerias, ou centros de arte. Você já imaginou a possibilidade de abrir a janela e se deparar com um museu itinerante em sua rua? Pois esta é uma proposta utilizada pelo museu de ciência apoiado por universidades de Minas Gerais. Ora, não formam-se aqui professores de Arte? Sim, mas, com toda certeza, essa é uma iniciativa altamente inspiradora que produz resultados expressivos. Essas afirmações só são possíveis de serem pensadas, pois em vários momentos desta unidade você pode compreender o quanto a interação entre os espaços formais e não formais de educação pode contribuir para a ampliação do conhecimento por meio de estímulos concretos e palpáveis que levem a um aumento do interesse e do conhecimento adquirido pelo aluno. Nesse sentido, observe atentamente as informações trazidas pela proposta do museu itinerante descritas a seguir. Curiosidade Projeto: Museu Itinerante (UFMG) Fonte: <http://museu.cp.ufmg.br/>. Acesso em: 19 fev. 2016. Figura 2.9 | Museu itinerante Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 94 Fonte: <http://museu.cp.ufmg.br/index.php?option=com_content&view=article&id=71>. Acesso em: 19 fev. 2016. Disponível em: <http://museu.cp.ufmg.br/index.php?option=com_content&view=article&id=71>. Acesso em: 19 fev. 2016. Figura 2.10 | Ônibus/ Museu Itinerante “O Museu Itinerante PONTO UFMG é um espaço científico-cultural, interativo, adaptado em uma unidade móvel que atende, primordialmente, escolas e cidades de Minas Gerais. É constituído de um caminhão estendido com seu espaço interior adaptado em seis ambientes – Sala do Útero, Sala dos Sentidos, Sala dos Biomas, Sala de Projeção 3D, Sala do Submarino e Sala das Cidades –, apresentando uma proposta inovadora no Brasil. O museu, além das atrações internas, promove exposições e oficinas externas interligando as mais diversas áreas do conhecimento e da ciência.” Então, o que você achou da proposta? E se existissem outras ações educativas de museus itinerantes com perspectivas similares por todos o país? E se os museus de arte itinerantes percorressem diferentes lugares e chegassem até a janela de sua sala de aula? O projeto de museu itinerante garante uma questão primordial já citada nesta seção: a aproximação dos espaços formal e não formal de educação para a arte. Essa aproximação sugere também benefícios que serão fundamentaispara a ampliação do conhecimento, mas, mais do que isso, sugere que toda a aprendizagem, que até então era apenas um processo subjetivo ou construída com base na imaginação, torna-se agora concreta. Logo, grande parte do que o aluno assimilou, aprendeu, observou em livros, torna-se real por meio da visita ao museu itinerante, ou ao museu virtual, ou ao museu que encontra-se na região onde mora. O importante, portanto, é que a aprendizagem torne-se uma experiência instigante, reveladora e também concreta, que deve ser muito bem assessorada e direcionada por educadores e monitores. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 95 É notável que a interdisciplinaridade, por meio do contato e interação com espaços de educação que não contemplem somente a arte, pode ampliar o conhecimento e a visão global dos conteúdos, que se encontram comumente conectados. Por isso, vale considerar que o acesso a diferentes espaços de educação não formal sempre poderá contribuir de algum modo ao estabelecimento de novos conhecimentos e correlações importantes para a formação da criticidade e da visão global do conhecimento. A partir dessas aproximações, poderão surgir atividades práticas e teóricas diversas que podem buscar discutir sobre artistas e poéticas que lidam com os mais diferentes assuntos por meio da arte e que podem constantemente ser utilizados como ponto de partida para reflexões complexas sobre o homem e sua história. Essas ações poderão promover percepções que conseguem afirmar o valor da disciplina de Arte, compreendida como conectada a todos os outros conhecimentos propostos pela educação e necessários ao sujeito. Você já observou como a arte contemporânea trata de temáticas, apresentações ou suportes inusitados? Atualmente, muitas temáticas inusitadas ou surpreendentes são sugeridas para a criação de obras de arte. Entre elas, encontram-se as de cunho conceitual, temporal: efêmero/duradouro ou que discutem os impactos do homem no planeta. Todas podem servir como inspiração para a criação de novas propostas artísticas. Vale, então, destacar que, pensando em um conhecimento global e conectado, uma proposta de debate sobre a arte, a criação, sobre conceitos norteadores da criação, ou uma atividade artística em sala de aula, pode surgir até mesmo, a partir de uma visita a um museu de ciências! Sendo assim, nenhum espaço não formal de educação pode ser dispensado, pois, mesmo que em sua região não exista um espaço de educação não formal específico sobre arte (museus, galerias e escolas de arte), você pode aproveitar outros espaços alternativos para propor sua aula. Basta que você planeje e oriente adequadamente seus alunos. • Você acredita que o acesso a diferentes espaços de educação não formal pode contribuir para a formação em arte? • Quais são as vantagens da aproximação e interdisciplina- ridade da Arte com outras disciplinas do currículo escolar, com a conexão com conteúdos de outras disciplinas (como história ou ciências, por exemplo)? Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 96 Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Mai_exposi%C3%A7%C3%A3o.JPG>. Acesso em: 20 fev. 2016. Figura 2.11 | Estudantes visitando o museu Assim, todas as oportunidades de ampliação de conhecimento e contato direto com a diversidade cultural, com diferentes objetos e práticas, por meio da vivência e experiência concreta e da exploração do imaginário podem e devem ser aproveitadas. Elas serão capazes de propiciar a aproximação com outras áreas do conhecimento, o que contribui para o fortalecimento de novas perspectivas que desencadeiam referências importantes sobre a valorização da arte em espaços diversos. Portanto, a partir dessas relações e interações sociais, o sujeito pode acessar o conhecimento sobre si e sobre o outro, podendo valorizar e apropriar-se da cultura de seu tempo e de toda a história precedente. Pensar em educação formal implica pensar em características pontuais e distintas, mas que possibilitam uma quantidade infinita de elementos e potencialidades passíveis de exploração. A socialização e a vivência tornam-se instrumentos comuns nessa prática, o que determina seu caráter de importância na formação de sujeitos mais preparados para responder as adversidades cotidianas. Correlacioná-la com a educação formal pode contribuir para enriquecer a prática da sala de aula, pois compreende-se que a multiplicidade de aplicações e de objetivos constitui as características essenciais desse tipo de educação. A educação não formal designa um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 97 A conexão entre ambas as possibilidades de educação (formal e não formal) é capaz de romper com aulas tradicionais em que o professor desenvolva monólogos intermináveis sobre assuntos que são distantes da realidade e necessidade dos estudantes. Novos formatos de educação vão se impondo com as ininterruptas transformações sociais e culturais. Portanto, entender a importância de elos entre o que será observado e o que está sendo estudado em sala é fundamental para um bom desenvolvimento das relações e exploração das potencialidades sugeridas entre a educação formal e não formal. Há que se destacar também que todas as observações propostas e todos os assuntos discutidos a respeito das possíveis visitas aos espaços não formais são resultantes de públicos e pessoas com bagagens e vivências específicas. Considera- se, portanto, que deve haver um conhecimento precedente do público-alvo, pois ele denotará cuidados ou direcionamentos próprios. Assim, reiteram-se algumas discussões já levantadas nas seções anteriores sobre a necessidade de que a cada visita ao espaço não formal de educação haja cuidados e preparativos desenvolvidos a partir de análises sobre o público e suas necessidades educacionais. No museu, por exemplo, deve haver um preparo anterior, que sugere a aproximação entre professor e equipe de monitores do espaço, objetivando atender melhor e de modo mais eficiente a cada um dos visitantes. Além da aproximação do espaço formal e não formal, é preciso que haja uma proximidade teórica, entre os ambientes, que contextualize e que auxilie na efetivação do conhecimento. organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc. (GOHN, 2006b, p. 28). Os contextos culturais dos visitantes conformam as possibilidades de recepção e se expressam nas leituras que cada frequentador faz dos objetos das mostras. Cabe ao educador de museu realizar essa investigação na prática, a partir de seu contexto cultural, utilizando seus saberes da didática da arte na promoção de recepção. É desejável que os diferentes públicos possam, a cada visita, elevar seu nível de saber a patamares mais avançados. Isso só se efetiva quando o educador considera tanto a cultura prévia de seus aprendizes como suas possibilidades e seus modos de aprendizagem (IAVELBERG, 2003, p. 76). Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 98 No entanto, ainda pode ser possível exemplificar mais concretamente as conexões entre espaços formais e não formais de educação. Dessa maneira, faz- se indispensável tratar de exemplos claros que favoreçamtais intervenções. Assim, é possível citar um relato de experiência desenvolvido pelo grupo de pesquisa Mediação Arte/Cultura/Público, coordenado por Mirian Celeste Martins. O artigo "Curadoria educativa: inventando conversas", contempla uma aproximação entre escola (educação formal) e espaços culturais de arte (educação não formal). Trabalhando arte contemporânea com Ensino Fundamental e Ensino Médio na escola pública do estado de São Paulo, Pio Santana em uma de suas expedições culturais, levou vários grupos de alunos a visitar a exposição: o corpo na arte contemporânea brasileira, em 2005, no Instituto Itaucultural. Motivando o olhar dos alunos para a linguagem da performance, o professor e educador do instituto focalizaram vários vídeos/ performances, entre eles: Sirva-se (2004), de Michel Groisman – trabalho interativo no qual o público é convidado a realizar experiência de investigação com um conjunto de copos desenvolvidos pelo artista e adaptáveis às diferentes partes do corpo; Desenho-Corpo (2002), de Lia Chaia – a artista desenha linhas sobre o seu próprio corpo até acabar a carga de uma caneta esferográfica; Traje de Verão (1956), de Flavio de Carvalho – que mostra o artista desfilando sua “roupa” pelas ruas de São Paulo; Canibal (2004), de Marco Paulo Rolla, com participação de Thelma Bonavita e Anderson Gouveia – trabalho que mostra os dois atores nus, sendo “despejados” de dentro do forno de um fogão doméstico. Após a visita, em sala de aula, Pio Santana selecionou e mostrou aos alunos registros fotográficos de outras performances. Essa curadoria os motivou a criarem suas próprias (e muitas) linguagens performáticas. Resultados significativos, que foram além do esperado, foram registrados em fotografias. Para Pio, a curadoria educativa é um lugar bastante “saboroso”, sensível, um território experimental composto de riscos, estados de loucura, de paixão e de criação artística, é um meio de estar entre tantos conhecimentos dos quais o professor provoca e é provocado, alimenta e é alimentado (MARTINS, 2006, p. 12). O professor de arte pode, como sugestão, propor situações que suscitem a solução de problemas cujo intuito seja uma tentativa de instigar os alunos a leituras e releituras das obras de arte, independentemente do período ou estilo artístico ao qual pertençam sempre, objetivando ampliar conhecimento, percepção ou Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 99 visão de mundo. Reitera-se a necessidade de promover ações que possam buscar experiências práticas na visualização e também na aproximação entre o estudante de arte e as obras de museus ou galerias. Contudo, verifica-se que a prática de aproximação entre os espaços formais e não formais de arte ainda é pouco explorada. Muitas são as questões que impossibilitam o professor a estabelecer este vínculo. Como poucas cidades possuem espaços de educação não formal, este também acaba se tornando mais um fator negativo na proposição de relações entre os dois universos. Além do mais, esta não deve ser somente uma aproximação superficial entre essas duas formas de educação, mas devem ser criados hábitos, vínculos e laços profundos que possam envolver o aluno com a arte. Assim, nas regiões que possuem uma diversidade de espaços não formais de educação em arte, há que se estabelecer rotinas que priorizem o acesso e a aproximação com esses ambientes, sejam eles virtuais ou não, buscando uma melhoria na qualidade do ensino. O diálogo constante entre instituições formais e não formais de ensino podem contribuir com o desenvolvimento de uma educação muito mais adaptada à realidade e, por isso, muito mais interessante e necessária. Logo, ações que objetivam incentivar estas ligações são sempre muito bem-vindas. Daí a necessidade permanente de publicações que enfatizam a urgência de se discutir novas possibilidades de integração entre educação formal e não formal. E essas ações devem ter como objetivo despertar e instigar o educador sobre estas questões. Há que se buscar espaços que divulguem e incentivem a observação, a reflexão e a criação artística a fim de tornar mais eficaz os conteúdos apreendidos na escola. Ações educativas promovidas pelos espaços não formais em parceria com as escolas poderiam corroborar a importância de ambos os espaços para a formação dos estudantes e todo o público visitante, tornando esses ambientes de divulgação e construção do conhecimento necessários e usuais. Esse novo tipo de arte-educação, perpassada pela educação formal e não formal, centrada na interdisciplinaridade, permite compreender que a educação pode ser A visita a uma exposição de arte faz com que os alunos conheçam as diversas manifestações artísticas do homem, tanto as produzidas ao longo do tempo, como as contemporâneas. O acesso ao espaço expositivo e o contato visual com as obras de arte permitem a compreensão das diferentes propostas artísticas, a identificação de significados expressivos e a sua importância na formação cultural das comunidades (SCHILARO; SCALÉA, 2006, p. 87). Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 100 uma via de acesso a tantas outras culturas, épocas e conhecimentos. Reafirmar constantemente a importância da arte com o apoio de diferentes espaços implica no favorecimento e esclarecimento dos objetivos e necessidades artísticas. Outros benefícios da interação entre espaços formais e não formais de educação giram em torno da ideia de que essas ações podem promover a inclusão de muitos grupos por meio da aproximação e conhecimento de diferentes espaços e pessoas, a partir da articulação, absorção de novas experiências, percepção da multiplicidade de gostos, interesses e necessidades dos estudantes. • Qual a importância da aproximação da educação formal e não formal para a prática escolar? • Como a educação não formal pode contribuir para enriquecer o cotidiano das aulas de Arte? 1. A educação formal, representada por meio da escola, deve ser uma instituição isolada na formação em Arte? 2. Diante dos textos analisados nesta unidade, é possível pensar na possibilidade de integração entre a educação formal e não formal? Nesta unidade, o aluno foi capaz de: • conhecer as delimitações da educação formal e não formal; • reconhecer as principais diferenças entre educação formal e não formal; • aprender sobre a necessidade e vantagens da aproximação de espaços formais e não formais para a arte-educação; • diferenciar o espaço formal do não formal; Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 101 • refletir sobre alternativas para a inexistência de museu de arte em sua cidade. Caro aluno, ao chegar no fim desta unidade você conheceu um pouco sobre as distinções entre educação formal e não formal. Estes temas foram fundamentais para que você seja capaz de descobrir as potencialidades e riquezas contidas em cada um dos diferentes tipos de educação para arte. Por meio de delineamentos muito específicos sobre as temáticas que compõem a educação formal e não formal, já é possível a apropriação de conteúdos que possam orientar o encaminhamento de novas práticas. Essas novas práticas denotam também uma nova forma de olhar a arte-educação, de forma muito mais conectada e arraigada na sociedade e na cultura. Busque saber mais sobre as potencialidades da educação não formal. Pesquise e estude sempre! É por meio desse espírito curioso, incansável e insaciável que poderá nascer um grande educador! 1. É possível afirmar que a arte-educação pode ser trabalhada em diferentes instituições de educação e não apenas na escola. Deve-se levar em consideração como todos esses espaços culturais podem auxiliar na construção de uma arte- -educação significativa. De acordo com os textos estudados sobre os espaçosde interação entre educação formal e não formal, é possível afirmar que: I. A escola formal, sendo o polo da arte-educação, garante acesso e continuidade à experiência da formação em arte a um grande número de crianças, jovens e adultos. II. A educação formal não deve se apresentar como uma instituição isolada na formação em arte, mas atuar em Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 102 conjunto com ações que buscam promover a aproximação com outros espaços. III. É admissível considerar que a arte-educação não pode ser apresentada, sugerida e trabalhada em diversos espaços de educação formal ou não formal, já que ocorre apenas nas escolas. IV. É indiscutível a necessidade de contato com produções artísticas, sejam elas pertencentes a qualquer período ou estilo para o desenvolvimento pleno do sujeito. Agora, assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I, II e III estão corretas. c) Apenas I, II e IV estão corretas. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Apenas III e IV estão corretas. 2. Leia atentamente as informações sobre educação formal e determine V para verdadeiro e F para falso: (__) O tempo da aprendizagem na educação formal é flexível, respeitando as diferenças e as capacidades de cada um. (__) O espaço formal é o espaço escolar, que está relacionado às instituições escolares da educação básica e do ensino superior. (__) A educação formal seria aquela que proporciona a associação de conceitos primordiais ao desenvolvimento do aluno em espaços físicos diferenciados. (__) É compreendida como educação formal aquela educação sistematizada, direcionada e desenvolvida por meio de uma sequência de titulações. Agora, assinale a alternativa que corresponde à sequência correta: a) V, F, F, V. b) V, F, V, V. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 103 3. A percepção do valor da arte torna-se fundamental para a compreensão de relações entre o objeto artístico, o artista e possíveis questões culturais e sociais. Desse modo, é imprescindível reforçar a ideia da necessidade de criação, apreciação ou até comunicação do sujeito (artista ou público) por meio da arte. Analise as sentenças e assinale a única alternativa correta. a) O homem necessita da arte como forma de se relacionar com o universo circundante e consigo mesmo. b) O homem não possui necessidade de compreender a arte, nem de relacionar-se e de conectar-se com a coletividade, com a cultura. c) O homem necessita da arte apenas para solucionar questões pertinentes à educação formal. d) O homem necessita da arte apenas para observar as últimas tendências das exposições contemporâneas. e) O homem não necessita de contato com produções artísticas para que haja o desenvolvimento integral do sujeito. 4. Várias perspectivas podem ser consideradas para justificar o ensino da arte no currículo da educação formal. Uma delas diz respeito à arte enquanto possibilitadora da compreensão da cultura visual do universo imagético circundante. Com base nessas referências, analise as sentenças e assinale apenas a alternativa que corresponda corretamente ao autor- -propositor dessa percepção de arte enquanto instrumento para a compreensão da cultura visual. a) Moacir Gadotti b) Fernando Hernández c) Ernest Fischer d) Maria da Glória Gohn e) Adriana Varejão c) F, V, F, V. d) V, V, V, F. e) V, V, F, V. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 104 5. Diante da necessidade de espaços que promovam a aproximação e a integração entre público, educação e arte, vários ambientes podem ser considerados. Dessa forma, eles podem realmente contribuir para que haja maior possibilidade de contato com a arte. A respeito desses espaços propositores de educação não formal, é possível afirmar que: a) entende-se por ensino não formal o ensino que acontece de forma estruturada, sendo planejado e organizado fora dos locais formais de ensino, ou seja, o que acontece fora do ambiente escolar institucionalizado; b) entende-se que apenas os espaços de educação formal são importantes para a formação em arte, pois amparam e contribuem com a construção do sujeito de forma significativa; c) na educação não formal, a categoria espaço é idêntica à dos espaços formais, ou seja, são as escolas; d) na educação não formal os espaços são irrelevantes, já que se apresentam apenas por meio de ambientes virtuais; e) a educação formal é aquela que acontece dentro do ambiente escolar, porém fora da sala de aula. Interação entre os espaços de educação formal e não formal U2 105 Referências BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria e Ensino fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: artes. 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Conceitos e terminologia: aquecendo uma transformação: atitudes e valores do ensino de arte. In: BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. 106 U2 Interação entre os espaços de educação formal e não formal ______ (Coord.). Curadoria educativa: inventando conversas. Reflexão e Ação – Revista do Departamento de Educação/UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul, v. 14, n.1, p. 9-27, jan/jun. 2006. MEURA, Ana Paula. Relação entre o ensino formal e o ensino não formal: reflexões sobre o Projeto Educativo da Fundação Vera Chaves Barcellos. 2010. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Artes Visuais). em Artes Visuais. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://www.lume. ufrgs.br/bitstream/handle/10183/36796/000818694.pdf?sequence=1>. Acesso em: 3 fev. 2016. ROSSI, Maria Helena Wagner. Imagens que falam: leitura da arte na escola. Porto Alegre: Mediação, 2009. SCHILARO, Nereide; SCALÉA, Neusa S. Arte-educação para professores: teorias e práticas na visitaçãoescolar. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2006. Unidade 3 CONCEITOS DE EXPOSIÇÃO, CURADORIA, MONITORIA E CONSERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS A primeira seção apresentará conceitos norteadores dos termos exposição, curadoria e monitoria e suas possíveis aplicações na educação e formação em arte. A segunda seção proporciona meios de compreensão da arte enquanto patrimônio cultural. Você irá conhecer também algumas possibilidades de conservação e restauração desses bens culturais. Seção 1 | Conceitos de exposição, curadoria, monitoria Seção 2 | Patrimônio e conservação Objetivos de aprendizagem Nesta unidade, você irá conhecer e se aprofundar no estudo de conceitos de exposição, curadoria e monitoria. Além disso, conhecerá informações importantes sobre a definição de patrimônio cultural, educação patrimonial e conservação de bens. Entende-se, portanto, que esses esclarecimentos são complementares às informações obtidas durante os estudos das Unidades 1 e 2. Sendo assim, você irá reconhecer como essas novas elucidações podem contribuir com a educação do sujeito, a partir do momento que colaboram com a propagação de conhecimentos artísticos. Todas essas informações são necessárias para que você possa perceber como as ações promovidas por espaços de educação não formal perpassam por uma quantidade significativa de profissionais e ambientes. Tatiana Romagnolli Peres Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 108 Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 109 Introdução à unidade Agora que você já adentrou no universo da percepção das potencialidades da educação não formal em arte, é possível continuar a busca por conhecimentos correlatos! Sendo assim, nesta unidade você terá acesso a aprofundamentos sobre outros termos e funções essenciais à arte como aqueles relativos à exposição, curadoria e monitoria. Esses conceitos são extremamente necessários para a detecção da abrangência dos estudos e formações profissionais necessárias ao desenvolvimento artístico. E, já que este livro tem como foco principal discutir as principais relevâncias e contribuições da educação não formal para a formação em arte, nada mais instigante do que aproveitar para descobrir e conhecer com mais profundidade todas as formas possíveis de desenvolvimento de funções conectadas a estas ações e ambientes. Por fim, esta unidade abordará a importância da delimitação do conceito de patrimônio cultural para o entendimento das relevâncias propostas nas relações entre arte e cultura. Na sequência, o texto trará explicações sobre como os museus conservam e restauram obras de arte, fator importante para a preservação do patrimônio cultural. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 110 Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 111 Seção 1 Conceitos de exposição, curadoria, monitoria Nesta seção, você conhecerá conceitos sobre exposição, curadoria e monitoria, que serão analisados a partir de percepções que reforçam constantemente diferentes aproximações e intervenções sugeridas pelo espaço não formal de educação e a arte. Esses subsídios se apresentam como conteúdos complementares a todos aqueles já tratados na Unidade 1 e 2. Sendo assim, muitas informações trazidas anteriormente corroboram a necessidade de ações que possam promover a interação entre os espaços de educação formal e o público apreciador de arte. Desse modo, nesta unidade, serão propostos outros encaminhamentos que contribuirão para referenciar ambientes, funções e intervenções que ajudem na construção e no conhecimento dos espaços não formais de formação em arte. Logo, o trabalho sugerido por monitores e curadores torna-se muito importante, pois surge para alavancar e potencializar a participação desses espaços na educação. Reforça-se então, a urgência em se discutir temáticas como esta, que se tornam essenciais para a valorização da arte, e que possam envolver e reforçar a construção do conhecimento e da criticidade. 1.1 Exposição Nas unidades anteriores, foram discutidos uma série de conteúdos que tinham como pressuposto básico compreender a função de espaços não formais de arte na formação artística. Para tanto, algumas orientações surgiram no sentido de delimitar quais eram os espaços considerados não formais e quais as possibilidades suscitadas por estas instituições. Dentre as várias funções dos espaços não formais de arte sugeridas nas Unidades 1 e 2, está a de ofertar espaço para a proposição de arte, e, assim, subtende-se que possa se falar em exposições. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 112 Como parâmetro para orientar as reflexões acerca da ideia de exposição, é preciso citar que, para se entender a definição geral desse conceito, é necessário pensar que a apresentação de objetos e obras se faz sempre com uma ‘finalidade’. Portanto, “a exposição de arte é uma apresentação intencionada, que estabelece um canal de contato entre transmissor e um receptor, com o objetivo de influir sobre ele de uma determinada maneira, transmitindo-lhe uma mensagem” (GONÇALVES, 2004, p. 29). Então, quais seriam os objetivos de espaços não formais, como museus e galerias, ao apresentarem e proporem uma exposição de arte? Como se configuram e se articulam as exposições de arte na contemporaneidade? "Exposição" – sf (lat expositione) 1 Ato de expor; exibição. 2 Coisas expostas. 3 Lugar onde se expõem coisas à vista. 4 Narração. 5 Explanação, desenvolvimento. 6 Maneira de dizer ou expor. 7 Dir. Dedução de razões. 8 Posição de uma coisa ou lugar em relação aos pontos cardeais. 9 Fot. Ato de expor material fotográfico sensibilizado. 10 Fot. Tempo durante o qual uma chapa ou uma película sensibilizada é exposta à luz. E. coletiva: exposição na qual são exibidas as obras de vários artistas. E. de motivos: demonstração escrita e alicerçada de fatos ou motivos que justifiquem a conveniência ou necessidade de medidas ou providências para solução de causas ou problemas de interesse público ou particular. E. individual: exposição na qual um único artista expõe seus trabalhos. E. instantânea, Fot. exposição de material fotográfico por curto tempo, mediante um dispositivo automático. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/ exposicao%20_963457.html>. Acesso em: 1 mar. 2016. Para saber mais sobre os novos projetos de dessacralização e transformação dos espaços de exposição dos museus, acesse o endereço a seguir e assista ao vídeo! Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 113 Os museus, as galerias, os espaços de arte, os centros de cultura são ambientes que têm capacidade de comportar e ofertar exposições de obras e artistas diversos. E é por meio das diferentes exposições, propostas em espaços não formais, que o público acessa e vivencia concretamente a arte. Nas exposições, o público pode contatar com proximidade as obras, visitando e analisando, sobre seu próprio ritmo ou interesse, o espaço expositivo. Por isso, a exposição oferecida pelos espaços não formais de arte pode ser entendida como: Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=s27up9UH7AI>. Acesso em: 5 mar. 2016. Figura 3.1 | Transformando narrativas e histórias por meio do diálogo entre as obras Um elemento sintetizado das interações entre os outros elementos. Isto é, a exposição é a interface na qual ocorre o confronto obra-espectador, por meio dela o artista propõe suas ideias, questiona inclusive a própria exposição, diálogo, e cria seu próprio contexto expositivo. A exposição torna-se este espaço para o diálogo, onde a teoria, a crítica e a históriasão elementos básicos para a discussão do conteúdo. A exposição é o espaço da troca de experiências, do diálogo, da discussão, da síntese. Enfim, a articulação dos elementos constituintes do sistema leva à concretização da exposição como tal. [...] A exposição é o espaço onde a arte se dá enquanto tal, ou seja, é a relação espaço-temporal na qual a obra passa a existir publicamente (VÁLIO, 2008, p. 3-4). A exposição de arte surge com objetivos muito específicos, já que se propõe a apresentar ao público uma série de objetos artísticos, sejam eles provenientes de qualquer linguagem das artes visuais, que podem correlacionar-se, estabelecendo Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 114 diálogos, muitas vezes, impensáveis e contribuindo para estimular, por meio da fruição e da contemplação, o pensamento crítico e reflexivo. Sendo assim, nota-se a disseminação de ambientes que promovem a aproximação entre público e obra. Dessa forma, a exposição se apresenta, principalmente após o advento da arte contemporânea, em diversos espaços públicos e altamente acessíveis e, se encontra em constante diálogo com a sociedade e a cultura circundante. A exposição se funda na presença de objetos que fazem sentido, num espaço que os torna acessíveis aos sujeitos sociais. Ela funciona como espaço de representação. Pode- se, de imediato, depreender que a mise en scène da exposição tem papel fundamental no processo comunicativo de seus conteúdos. A exposição pode ser entendida como um processo de comunicação, uma mediação. Nesse sentido, ela implementa informações culturais voltadas para o visitante, para seu receptor. Ela é, sempre, uma “ativação” (GONÇALVES, 2004, p. 18). Mise-en-scène – palavra originária do francês, significa "colocado em cena", podendo também significar a arte da encenação teatral ou cinematográfica. É a qualificação da arte como um todo. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/mise-en- sc%C3%A8ne/>. Acesso em: 5 mar. 2016. De acordo com Gonçalves (2004, p. 16), a exposição “tem papel significativo no processo de construção simbólica e da identidade. É necessário que os objetos mostrados sejam reconhecidos como representantes de um mundo dotado de sentido para o público, com um fundamento social”. Contudo, é preciso destacar que o aparecimento das exposições está muito atrelado ao desenvolvimento dos museus, já citados e discutidos na Unidade 1. Na história, a exposição e o museu caminham juntos. A palavra museu deriva da latina museum, que, por sua vez, vem do grego Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 115 O espaço expositivo, principalmente o museu, desencadeia uma série de influências sobre a arte e sua apresentação. Convém ressaltar, então, que a formalização, a segurança ou o cuidado proposto por tais espaços implicam sobre a obra de arte uma nuance que perpassa, muitas vezes, uma imagem sacralizada, intocável, inalcançável, questões que muitos artistas, períodos ou propostas estéticas objetivaram desbancar. A arte contemporânea pode ser citada como um exemplo de período em que são propostas novas aproximações e inter-relações entre público e obra, principalmente por conta da reconfiguração de diferentes propostas. Sendo assim, os novos espaços de exposição assumem também o papel de validar e evidenciar a obra de arte, tornando-a visível. mouseion, o templo dedicado às musas. Significa, portanto, em sua origem, “casa das musas”. A palavra exposição vem do latim – exponere - isto é, “pôr para fora”, “entregar à sorte”. O ato de colecionar, ao lado do desejo de expor a coleção, marca o surgimento do museu. Ele aparece configurado desde o helenismo. Mouseion é o termo que o historiador Estrabão (Alexandria, século I a.C.) emprega para referir-se a um centro interdisciplinar de cultura e patrimônio [...]. O museu era parte integrante desses palácios. A palavra mouseion é usada durante o helenismo no sentido de indicar a tentativa de coligir conhecimentos produzidos pelo homem. O que é reunido, colecionado e exibido volta-se para a busca de um saber universal. A história do museu e da exposição está, assim, ligada à própria história humana, dando testemunhos fundamentais da cultura na humanidade. Em todos os momentos, e em todo lugar, a exposição aparece como pressuposto- chave da ideia de museu, é o meio pelo qual são reunidos e resgatados objetos carregados de informação cultural para uma recepção determinada. Porém, o museu e a exposição, no sentido que lhes é dado hoje são uma realidade bastante diferente de seus conceitos originais (GONÇALVES, 2004, p. 13-14). Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/27/Masp-subsolo.jpg>. Acesso em: 2 mar. 2016. Figura 3.2 | Espaço expositivo do segundo subsolo do Museu de Arte de São Paulo, com obras impressionistas do acervo Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 116 Aliás, essa perspectiva de que o espaço de exposição, como os museus, tem a capacidade de validação das obras de arte já foi discutida diversas vezes por artistas ou movimentos ao longo da história. Um exemplo claro desta discussão em torno da importância que os museus exercem sobre as obras é sugerido por Marcel Duchamp que, ao criar os ready-mades, provoca uma transformação no universo do que seja ou não Arte (VÁLIO, 2008). Sua proposta busca destacar que o lugar em que esses objetos são expostos é que determina seu valor enquanto obra de arte. Sendo assim, o espaço não formal (museus, galerias, entre outros) passa a se apresentar como um produtor do valor da obra. A obra Fonte, de Marcel Duchamp, pode exemplificar claramente essa proposta de redefinição de conceitos, normas ou regras clássicas. Neste caso, os ready- mades, objetos comuns retirados de ambientes tradicionais e corriqueiros, assumem valor de obra de arte quando inseridos em espaços formais de arte, como museus ou galerias. Marcel Duchamp criou os ready-mades para confrontarem as regras do sistema estabelecido, isto é, o que está no museu (ou em outro espaço expositivo) é arte. Entendido dessa forma, Duchamp coloca o artista como aquele que determina ou seleciona aquilo que é obra, pois ele é quem a assina e a escolhe para ser apresentada à instituição (VÁLIO, 2008, p. 4) Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f6/Duchamp_Fountaine.jpg/800px-Duchamp_ Fountaine.jpg>. Acesso em: 01 mar. 2016. Figura 3.3 | Fonte, 1917 – Ready-made, Marcel Duchamp Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 117 O que se deve compreender com relação aos espaços de exposição de arte é que esses também acabam fazendo parte das obras, ou seja, eles as completam, de alguma forma. Os espaços são determinantes para o resultado, participação, destaque, valorização ou interesse na exposição. Já que na contemporaneidade tornou-se uma tendência a valorização dos espaços durante a exposição de obras de arte. Vale destacar que muitas dessas exposições ganham valor e destaque em função dos ambientes em que encontram-se inseridas. Isso passa a ser determinante também para o sucesso e repercussão da exposição e para a quantidade de público que irá visitar tal espaço. Na contemporaneidade, reconfigura-se, portanto, a função dos espaços para exposição da arte. Dessa maneira, é possível perceber que alguns espaços de exposição são constituídos a partir de expectativas que visam apenas atender e alavancar a visitação, por isso acabam por transformar-se em meros competidores frente à crescente concorrência. Portanto, os espaços de exposição tornam-se altamente concentrados nas interações e relações com o público, e isso nem sempre é algo ruim. Em função desses novos objetivos,o espaço expositivo passa a adaptar-se sobre a influência do “mercado” e do público. Assim, busca sempre ser um ambiente prazeroso, intelectualizado e altamente atualizado, principalmente quanto ao uso de tecnologias de conservação, divulgação ou manutenção do espaço. Por isso, mesmo que o acervo continue o mesmo, o espaço pode sofrer constantes transformações. Logo, ambientes de exposição de obras buscam reconfigurar-se para se adaptar às novas necessidades do momento em questão. Essas alterações que, muitas vezes são estruturais, resultam ainda em transformações conceituais, perpassando novas formas de olhar e apreciar as obras de arte, de perceber suas relações com as outras obras ou com o próprio espaço onde são apresentadas. Você já imaginou como seria um espaço de exposição de arte na contemporaneidade? Quais seriam as possíveis inter-relações? Com que temáticas trabalharia? Como seria esse espaço? Ele seria transdisciplinar ou não? Envolveria diferentes temáticas, discussões, artistas ou obras num mesmo lugar? O Instituto Inhotim pode servir como resposta a essas e outras perguntas. Ele pode também possibilitar a percepção de diferentes propostas de interação entre obra, ambiente e público! Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 118 Fonte: <http://www.inhotim.org.br/inhotim/sobre/historico/>. Acesso em: 1 mar. 2016. Fonte: <http://www.inhotim.org.br/inhotim/sobre/brumadinho/>. Acesso em: 1 mar. 2016. Fonte: <http://www.uel.br/cc/dap/>. Acesso em: 1 mar. 2016. Figura 3.4 | Instituto Inhotim (capa do site) Figura 3.5 | Instituto Inhotim (localização) Figura 3.6 | Fachada do prédio da Casa de Cultura (Uel) Outros espaços expositivos também podem ser utilizados como exemplo concreto das novas propostas de apresentação e interação de obras de arte surgidas na contemporaneidade. Casa de Cultura – UEL (DAP – Divisão de Artes Plásticas). Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 119 Fonte: <http://www.uel.br/cc/dap/?cat=3>. Acesso em: 1 mar. 2016. Figura 3.7 | Detalhe do site com atividades apresentadas pela Casa de Cultura Além de todos os espaços de educação não formal já destacados até aqui, é possível citar ainda outros lugares no Brasil que promovem apresentações (virtuais ou não) ou exposições de arte de altíssimo valor para a arte. São eles: Fundação Bienal de São Paulo (Bienal de São Paulo) e alguns centros culturais como o Centro Cultural Banco do Brasil, Instituo Tomie Ohtake, Itaú Cultural, Centro Cultural São Paulo, entre outros. Esses espaços desenvolvem um belíssimo trabalho de apresentação e divulgação de diferentes obras, contribuindo para tornar mais acessíveis as informações imagéticas e artísticas. A sugestão de espaço expositivo apresentada aqui é um pouco diferente das discutidas anteriormente. Ele é um espaço expositivo virtual! Vale ressaltar sua importância como sugestão de ambiente para pesquisa ou apreciação! No endereço citado a seguir, você pode acessar diferentes informações sobre obras de arte em forma de museu virtual. “O Instituto Cultural do Google reúne milhões de artefatos de vários parceiros, junto com as histórias que os tornam importantes, em um museu virtual”. Disponível em: <https://www.google.com/culturalinstitute/project/art- project?hl=pt-br>. Acesso em: 1 mar. 2016. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 120 1.2 Curadoria Em diversos momentos desse texto, foram analisados fatores que contribuem para formalizar e evidenciar a educação de arte por meio de instituições não formais de cultura. No entanto, alguns profissionais ou funções são de extrema importância para que se destaque o papel de instituições não formais na educação em arte. Uma palavra e seu sentido são fundamentais para uma exposição contemporânea: curadoria – função normalmente exercida por especialistas na área de arte, que propõem, no processo de organização de uma exposição, as formas de articulação entre os elementos de uma mostra (MARTINS; PICOSQUE, 2003, p. 6). Contudo, quando se fala em educação formal ou não formal, há que se evidenciar o papel que os educadores ou os mediadores desse processo assumem e o quanto esses podem contribuir para alavancar potencialidades do universo artístico. Assim, torna-se relevante falar sobre a função dos curadores de arte para a constituição de exposições de arte. De acordo com Martins (2006, p. 4), “a palavra curadoria tem origem epistemológica na expressão que vem do latim curator, que significa tutor, ou seja, aquele que tem uma administração a seu cuidado, sob sua responsabilidade”. Curadoria de Arte “Fazer curadoria de arte é o processo de organização, cuidado e montagem de uma exposição artística, formada por um conjunto de obras de um ou de vários artistas, a partir da seleção prévia feita pelo curador. Atualmente, o papel do curador de arte vai além do da organização, sendo também responsável pela intermediação entre o artista, a crítica artística e o mercado consumidor da arte. O trabalho de um curador atinge não apenas os "bens materiais" do mercado da arte, mas também possui um importante compromisso educacional na sociedade, agindo como um mediador cultural entre a arte e a população que visita as exposições. Esta ação também é conhecida por ‘curadoria educativa’. [...] A curadoria pode ser organizada por uma ou mais pessoas (uma diretoria, por exemplo), que tem a finalidade de debater, organizar e realizar eventos, ações, promoções ou demais situações que necessitam ser planejadas. O ato de "curar" está relacionado com o zelo, cuidado e atenção com alguma coisa.” Disponível em: <http://www.significados.com.br/curadoria/>. Acesso em: 6 mar. 2016. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 121 Dentre as várias funções de um curador de arte, há que se destacar aquela ligada à orientação geral da exposição, ou seja, a proposição conceitual, que gerará o fio condutor, o aporte teórico das exposições e mostras de arte. É com base nesse fio condutor que haverá a seleção de artistas e suas obras e a ressignificação das obras, orientando, assim, a percepção do público e a contextualização das obras em relação a novas possiblidades e experimentações. O curador pode ser responsável, do mesmo modo, por elaborar a política museológica em espaços que buscam promover, de modo concreto, a valorização da arte, como exposições ou museus. Você notou como o trabalho do curador é importante para o sucesso de uma exposição de arte? Você sabia que as bienais, como as que acontecem em São Paulo (no Parque Ibirapuera) também são construídas a partir do trabalho do curador? Para responder a esses questionamentos, pode ser citado o trabalho de Walter Zanini (São Paulo SP 1925 - idem 2013), professor, historiador, crítico de arte e curador. Ele realizou a graduação (1956) e o doutorado em História da Arte (1961) na Universidade Paris VIII. O trabalho de determinar elementos condutores ao desenvolvimento da exposição de arte deste curador pode ser observado nas descrições da organização de duas bienais citadas a seguir: “Na 16ª Bienal Internacional de São Paulo, 1981, Zanini atua como curador geral do evento. Nele imprime sua abordagem mais uma vez voltada simultaneamente à apresentação de obras que fundem e transitam por linguagens distintas e à seleção de representantes de diversos períodos da história da arte, criando assim espaços para a apreciação tanto de um núcleo histórico de obras quanto de produções experimentais e contemporâneas. Dentre os eixos definidos para a mostra, pode-se destacar toda uma seção de arte postal com curadoria de Júlio Plaza e participação de 451 artistas de várias partes do mundo. Em 1983,Zanini dá continuidade ao seu trabalho na 17ª Bienal Internacional de São Paulo, cujo destaque está na participação do grupo Fluxus que ocupa, junto de outros artistas, um espaço dedicado à Arte e Tecnologia, coordenado por Júlio Plaza. Nesse setor de ‘Novas Mídias’ – também organizado por Plaza e com curadoria de Berta Sichel – ocorre o evento Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 122 ‘Arte e Videotexto’, composto de setores de computadores, satélites de comunicação, o slow scan TV, videofone e videotexto. A iniciativa, apesar das grandes limitações tecnológicas do país, segundo as palavras do próprio Zanini, representava um passo adiante dos projetos habituais da instituição”. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa547/ walter-zanini>. Acesso em: 5 mar. 2016. O curador é o profissional que trabalha a partir de uma série de papéis que são necessários à realização das exposições, estabelecendo-se como legitimador das relações significativas entre obra e o público. Ele é o responsável por conceber, preparar e montar exposições de arte. Além disso, cabe a ele inicialmente ser um conhecedor e amante de obras de arte e museus, ser um bom crítico de arte e possuir muita criatividade para poder propor relações entre obras, artistas ou épocas até então inimagináveis. Cabe ao curador promover o diálogo entre as obras dos acervos de museus, galerias, ou de exposições para que estas se tornem significativas, dialogando com o público visitante. O curador, ao montar exposições, coloca-se como propositor de relações que irão fazer com que o público reflita e conheça novas possibilidades de interlocução entre as obras. Portanto, o curador configura-se como um colaborador na formação de conhecimentos sobre arte. E esse papel educativo encontra-se implícito no trabalho de curadoria. Por isso, vale destacar que todas as informações que validam e potencializam a educação em arte por meio de intervenções de espaços não formais perpassam pela ação da curadoria educativa. Esse conceito deve ser destacado, pois é fundamental para a valorização das aquisições intelectuais adquiridas por intermédio de exposições de arte altamente elaboradas e qualificadas. O conceito de curadoria aqui é expandido para uma ação educativa que tem como preocupação explorar a potência da arte pela ativação cultural de obras e artistas através da experiência e investigação estética na sala de aula. Ativar culturalmente é fazer circular, é dar acesso, aproximar. É impulsionar a potencialidade de obras e artistas submersos nos livros, nos museus, nos sites, nas reproduções esquecidas que fazem parte de nosso acervo de professores. Reside nessa ação a formação cultural dos alunos. Formação esta que, Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 123 Você sabe como é o trabalho de um curador de arte? Curiosidade Profissão: Curador Luiz Camillo Osorio comenta, em entrevista, sobre a carreira de curador. Osorio lembra da primeira vez em que pensou que gostaria de trabalhar na área. “Estava em um museu de Madri. Sentei num café e tomei nota no caderno. Disse que aquele era um espaço com que gostaria de ter uma relação mais estreita, em que poderia trabalhar”. Na época, aos 21 anos, o curador ainda cursava Economia. Como curador no MAM, planejou e montou exposições em parceria com artistas, museólogos, arquitetos e montadores. enfatizando a habilidade perceptiva e cognitiva para interpretar obras de arte em termos de seu contexto social e cultural, possa ampliar o acervo imaginário de tal modo que obras e artistas passem a integrar o patrimônio pessoal como um bem simbólico interno, um repertório conectado à vida para a leitura do mundo, das coisas do mundo e da própria Arte. Como em toda curadoria, a escolha das imagens faz trabalhar o olhar, um olhar escavador de sentidos. Olhar mais profundo e ao mesmo tempo sem pressa, ultrapassando o reconhecimento, o fim utilitário das imagens, e que se torna um leitor de signos. Nesse movimento do olhar, segundo o filósofo francês Georges Didi-Huberman, não só olhamos a obra como ela também nos olha. Atento aos sentidos das imagens, tal qual um arqueólogo que escava à procura do desconhecido, o professor-pesquisador é um leitor de imagens que elege aquelas que vão adentrar na sala de aula para o deleite e investigação dos alunos. Nessa tarefa de leitura, as sandálias de professor-pesquisador imantam imagens para compor uma seleção, uma combinação de imagens. Seleção é dizer sim e não, sempre é ênfase e exclusão. Combinação é recorte. Todo recorte é comprometido com um ponto de vista que se elege, exercendo a força de uma ideia, de um conteúdo que é desejo explorar ou de uma temática possível de desencadear um trabalho junto aos alunos. Selecionar e combinar são, então, uma interpretação do professor pesquisador (MARTINS; PICOSQUE, 2003, p. 8, grifos do autor). Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 124 Além disso, viaja com frequência a outros países, onde tem contato com artistas e obras estrangeiros. “É preciso ficar sempre próximo de onde as obras estão mais vivas”, disse Osorio. O curador desenvolve atualmente uma exposição sobre o neoconcretismo, movimento brasileiro do final dos anos 50, ligado ao trabalho do paisagista Burle Marx e à construção de Brasília, para um museu de Berlim. De acordo com Osorio, um candidato a curador deve ver o máximo de exposições possíveis e fazer cursos no Brasil e no exterior. Para entrar na área, pode apresentar projetos a museus, centros e espaços culturais e buscar estágios em museus. O que faz um curador? Prepara, concebe e monta exposições de arte, com foco na discussão crítica e na relação entre as obras. Onde atua? Pode ser desenvolver trabalhos autônomos, trabalhar em museus, dar aulas ou escrever para revistas de arte. Onde estudar? A graduação pode ser feita em História, Literatura, Filosofia ou Comunicação. E existem universidades que oferecem especializações em Curadoria de Arte e História da Arte. Como deve ser o perfil do estudante? O profissional deve gostar de museus e obras de arte e ter familiaridade com a escrita. Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/guia-de-carreiras/ not ic ia/2010/10/curador-de-ar te-prepara-concebe-e-monta- exposicoes2707.html>. Acesso em: 6 mar. 2016. Para que o trabalho de curador possa ser desenvolvido, é necessário que ele tenha acesso a alguns conhecimentos específicos durante sua formação. Dessa forma, destaca-se que ele precisa ter clara a ideia de que a arte encontra-se intimamente conectada ao cotidiano e à cultura e que, por isso, se apresenta como uma das possíveis formas de perceber o entorno. Logo, o curador deve saber que, por meio de diferentes modos de expressão e diversas percepções das aproximações entre Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 125 arte e cultura, podem desencadear distintos modos de ver o mundo. Destaca-se, portanto, que a formação do curador de arte deve contemplar conteúdos voltados para o estudo de conceitos e definições sobre cultura e arte; cultura; história da arte; orientações sobre curadoria; museologia; mediação cultural; ação educativa; etapas de um projeto curatorial; tipologia de espaços; relações de mercado; eventos artísticos; entre outros. Milton Guran (Curadoria: expressão e função social) “As atividades de curadoria abrangem um campo muito extenso, tanto nos planos cultural e artístico quanto no comercial. 'Curar', ensina-nos o dicionário, é cuidar, ter cuidado. E esse trabalho começa, quase sempre, por trabalhar o próprio artista, ele mesmo. O artista é aquele que produz arte, e isso é tudoque podemos exigir dele. É por isso que o curador tem tanta importância, porque ele é a ponte entre a crítica – ou seja, a reflexão intelectual sobre uma produção artística – e o mercado consumidor dessa arte – não só no sentido de compra e venda da obra física, mas, sobretudo, no sentido mais amplo de circulação social dos bens culturais. Na condição de mediador cultural, o curador assume uma função social. É curadoria estabelecer um recorte na obra de um artista, [...] elaborar sua estrutura, identidade visual, estratégia de divulgação na mídia, articulação com os demais setores produtores de cultura no país e com o movimento fotográfico internacional. É também curadoria escolher os autores com suas respectivas obras e distribuí-los pelos diversos espaços de exposição, determinando que obras serão expostas e de que maneira. Portanto, quer em um grande evento quanto no trabalho de programar um único centro cultural ou administrar uma carteira de artistas, cabe ao curador sempre fazer uma ponte entre o público e a obra, viabilizando a circulação desta. O curador é, então, sobretudo, um tradutor para o mercado como um todo e para o público em geral do sentido maior de uma determinada produção artística. Nesse sentido, uma das mais importantes atribuições do curador é propor e organizar coleções públicas e privadas. No entanto, o trabalho do curador não se limita à reunião das peças, pelo contrário. Essas coleções só adquirem seu pleno sentido quando classificadas, ordenadas e disponibilizadas para consumo público. Há aí um enorme trabalho interdisciplinar a ser feito, antes que o curador possa dar o passo seguinte, que é o de proceder a recortes para dar visibilidade a conteúdos que talvez se percam no emaranhado de informações visuais de uma grande coleção. E seguir adiante, buscando a melhor forma de divulgar esse acervo, em exposições permanentes, ou temporárias, através de meios eletrônicos ou pela publicação de livros, Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 126 cartazes e outras peças promocionais. Vale enfatizar, por fim, que o trabalho do curador se dá em pelo menos duas frentes principais: na análise crítica da obra e seu contexto de produção, e na recepção dessa obra pelo consumidor, que vai do colecionador dedicado, frequentador de galerias privadas, ao grande público dos museus e centros culturais, e agora também da internet. Nesse trabalho, o curador propõe recortes em conjunto de obras que talvez não tenham ocorrido sequer ao próprio artista, associa obras que podem ser até contraditórias, traz à tona outras que, para muitos, podem parecer até irrelevantes, criando assim um conjunto que se constitui em uma proposta de diálogo entre o público e o que marca um determinado momento cultural e artístico”. Disponível em: <http://www.studium.iar.unicamp.br/32/6.html>. Acesso em: 5 mar. 2016. Contudo, existem diversas aplicações ao termo curadoria. Sendo assim, destaca-se que a função de curadoria pode se referir também aos espaços virtuais, como a curadoria digital. Essas alterações e novas apropriações são perceptíveis, pois os meios digitais se tornaram, com o avanço das tecnologias, grandes propulsores das relações entre público e arte. Outra forma de compreender o termo curadoria pressupõe uma exploração e um aprofundamento do termo que se embasa em correlações entre a obra e a construção do conhecimento. No entanto, essas relações e correlações só serão possíveis se houver conscientização de conhecimento sobre as possibilidades Sobre curadoria digital, assista ao documentário homônimo: "Curadoria digital", dirigido por Ebenezer Takuno de Menezes. O material tem duração aproximada de 1 hora e conta como funciona a organização, produção, divulgação e publicação dos espaços virtuais sobre a arte e a cultura de diferentes museus. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QfC0Ul3ay6A>. Acesso em: 5 mar. 2016. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 127 suscitadas também pela educação não formal. Assim, torna-se necessário conhecer profundamente as variantes do termo curadoria e outras formas de exploração de suas potencialidades. Nutrições estéticas têm gerado múltiplas interpretações e deflagrado discussões que ampliaram e expandiram para outras direções: quais reproduções de obras nós levamos para nossos alunos? Que músicas escolhemos para que ouçam ou cantem? Que espetáculos de dança ou teatro lhes apresentamos? O que escolhemos para mostrar e com quais critérios? Selecionamos apenas o que gostamos ou obras que nos provocam, que nos causam estranhamento, sobre as quais “sabemos falar” e queremos problematizar para ir além das primeiras impressões? Como propomos os encontros entre educadores/imagens/ aprendizes? De onde vêm as imagens que utilizamos? Originais ou reproduções? Essas questões geraram o conceito de curadoria educativa, considerado não uma função ligada aos museus e espaços culturais, mas uma atitude, um modo de operar consciente na escolha criteriosa do que levamos para a sala de aula e das exposições visitadas com nossos alunos. O termo foi cunhado por Luiz Guilherme Vergara, professor dedicado às ações educativas em instituições culturais, como o Museu de Arte Moderna de Niterói, o Centro de Arte Hélio Oiticica/RJ, o Museu de Arte Moderna/RJ (MARTINS, 2011, p. 313). Mirian Celeste Martins, em seu texto “Arte, só na aula de arte?”, discorre sobre conceitos e funções da curadoria. Por isso, ela traz informações importantes para o conhecimento pleno do termo. Dessa forma, ela assegura que, para Vergara (1996, p. 243), a curadoria educativa tem como objetivo: “explorar a potência da arte como veículo de ação cultural [...] constituindo-se como uma proposta de dinamização de experiências estéticas junto ao objeto artístico exposto perante um público diversificado”. Para ele, a ideia de experiência estética está intimamente ligada à construção da “consciência do olhar”, como uma “experiência da consciência ativa”. Curadoria, do latim curator, significa tutor, ou seja, aquele que tem uma administração a seu cuidado, sob sua responsabilidade. Assim, “o curador de qualquer exposição é sempre o Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 128 primeiro responsável pelo conceito da mostra a ser exibida, pelas escolhas das obras, da cor das paredes, iluminação etc.”, como afirma Tadeu Chiarelli (1998, p. 12). Assim, como no espaço expositivo, os educadores também são curadores nas salas de aula; ativam culturalmente as obras. Estarão cientes, entretanto, de suas escolhas?”. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/ article/viewFile/9516/6779>. Acesso em: 7 mar. 2016. Equipe do Instituto Tomie Ohtake disponibiliza um espaço para divulgação da missão da equipe de curadores “A Curadoria do Instituto Tomie Ohtake exerce duas principais missões. A primeira é auxiliar no desenvolvimento e realização das exposições programadas para o Instituto Tomie Ohtake, na forma de assistência curatorial, pesquisa complementar, acompanhamento de montagem junto à equipe de produção e ao projeto educativo. A segunda direciona-se ao desenvolvimento de projetos de médio e longo prazo, com metodologia de pesquisa e metas editoriais, visando aprofundar o entendimento dos objetos de interesse do Instituto Tomie Ohtake, sobretudo, no que tange à arte contemporânea produzida no Brasil nas últimas seis décadas. A equipe da Curadoria, coordenada por Paulo Miyada e integrada por Carolina de Angelis, Julia Lima, Olivia Ardui e Priscyla Gomes vem pesquisando arte brasileira desde 2011, com o foco em promover artistas nacionais de diversas linguagens e fomentar as discussões sobre arte contemporânea.Com projetos de pesquisa como o Programa Arte Atual, a curadoria se propõe a realizar exposições coletivas de jovens artistas, dando ênfase às suas pesquisas mais recentes e criando um espaço onde projetos experimentais e inéditos possam ser concretizados e apresentados ao público.” Disponível em: <http://www.institutotomieohtake.org.br/curadoria/o_ nucleo>. Acesso em: 7 mar. 2016. Na Unidade 1, você teve acesso a algumas informações sobre o site do Instituto Tomie Ohtake para compreender sobre os espaços não formais de arte-educação por meio de ambientes virtuais. O objetivo da utilização do exemplo era promover a compreensão Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 129 de que uma visita a um museu de arte pode acontecer apenas de modo virtual, já que diversos espaços já disponibilizam várias ferramentas e imagens que facilitam o contato com a arte e seus desdobramentos. E, para dar continuidade a este conteúdo já trabalhado e reafirmar a importância dos espaços virtuais de educação não formal, uma outra análise se faz necessária. Por isso, dentro da seção que discute curadoria, reutiliza-se o exemplo do site deste instituto para reflexão sobre as potencialidades do trabalho de curadoria, buscando evidenciar que este acontece a partir de estudos profundos sobre obras e artistas. Como exemplo, cita-se, novamente, a exposição "Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México" e o trabalho desenvolvido para montagem desta exposição pela curadoria. Leia o trecho do texto sobre o processo de construção da exposição "Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México", escrito pela curadora Julia Lima do Instituto Tomie Ohtake. Passagens sobre a exposição Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México “Do ponto de vista da pesquisa a ser feita no Brasil, a exposição Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México apresentava um grande desafio: a curadora mexicana Teresa Arcq propôs a reunião de mais de 100 obras de 15 diferentes artistas, muitas das quais completamente desconhecidas pelos pesquisadores e público brasileiro, organizadas numa grande mostra que tinha como mote as relações que Kahlo estabeleceu entre elas. O primeiro passo da equipe de pesquisa do Instituto Tomie Ohtake para entender essa grande rede foi mapear os pontos de encontro dos personagens principais dessa narrativa. Uma linha do tempo que começa ainda em 1880 e poderia estender até os anos 1970 deu a primeira dimensão da complexidade das relações, conexões, acontecimentos históricos e fatos biográficos que serviram como base para a exposição. As biografias dos artistas misturam-se aos fluxos de circulação de suas obras, tornando-se essenciais a um entendimento mais aprofundado dessas conexões. Frida, evidentemente, foi o critério inaugural para reunir os outros nomes que a acompanhariam. Primeiramente, todas as artistas escolhidas tiveram algum tipo de relacionamento Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 130 com ela, do mais íntimo ao mais estritamente profissional, e de certa forma se conectam mutuamente ao redor e em torno dela, não tanto como um grupo que se reúne em volta de um líder, mas como uma rede horizontal sem hierarquias fixadas. No desenho da linha do tempo, a ordem da pesquisa se reflete na concentração de ligações ao nome de Kahlo, centro de gravidade da mostra. [...] Assim, o espaço expositivo ofereceu à pesquisa a possibilidade de rediscutir, junto ao público da exposição, as intersecções entre as artistas tanto no âmbito histórico de suas trajetórias quanto nas aproximações poéticas de suas obras.” Disponível em: <http://www.institutotomieohtake.org.br/ curadoria/post/passagens-sobre-a-exposicao-frida-kahlo-n- conexoes-entre-mulheres-surrealistas-no-mexico>. Acesso em: 7 mar. 2016. Após a leitura do texto acima, reflita sobre a seguinte questão: • É possível considerar que a apreciação da obra de arte, por intermédio das correlações e aproximações sugeridas pelo trabalho do curador, pressupõe constantes alterações na forma de olhar e compreender o mundo imagético e a própria arte? 1.3 Monitoria Várias reflexões sobre a importância da arte correlacionar-se com a educação não formal confere a espaços como museus, galerias e exposições de arte uma posição de destaque frente à educação formal, já que normalmente esses espaços são muito mais atrativos. É claro que a escola é indispensável para a construção do conhecimento, contudo os espaços não formais podem propor formatos que os aproximam cada vez mais do público. Isto ocorre graças à busca constante de integração com o público. Essa aproximação deixa claro que existem várias ações educativas e interativas que estão sendo tomadas no intuito de fazer com que esses espaços ganhem um maior valor na formação dos indivíduos. Em razão dessas colocações, é preciso destacar também o papel desenvolvido pelos monitores na construção do conhecimento em arte. Ficou claro, nesta seção, que existe uma série de especificidades na criação de uma exposição de arte e que tais profissionais também objetivam que obra, espaço e público sejam constantemente aproximados. Sendo assim, destaca-se o papel dos museus, dos curadores, dos monitores e o papel dos educadores (das escolas formais) para que todo o processo de apreensão do conhecimento artístico realmente aconteça. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 131 Você já imaginou o que faz um monitor de arte? Ou quais são os objetivos do trabalho de um monitor? Fonte: O Autor. Figura 3.8 | Agentes envolvidos no processo de apreciação da obra de arte Curador Obra de Arte Monitor Instiutições formais Educador Instituições não formais O que é monitoria? “A monitoria é uma modalidade de ensino e aprendizagem que contribui para a formação integrada do aluno nas atividades de ensino, pesquisa e extensão dos cursos de graduação. Ela é entendida como instrumento para a melhoria do ensino, através do estabelecimento de novas práticas e experiências pedagógicas que visem fortalecer a articulação entre teoria e prática. Trata-se de uma atividade realizada concomitantemente com o trabalho do professor em sala de aula, requerendo, assim, uma participação mais ativa e colaborativa dos participantes no processo de ensino-aprendizagem. O trabalho da monitoria pretende contribuir com o desenvolvimento da competência pedagógica e auxiliar os acadêmicos na compreensão e produção do conhecimento. Trata-se de uma atividade formativa de ensino. Para o monitor, é um estímulo que exige comprometimento e responsabilidade.” Disponível em: <http://www.uftm.edu.br/paginas/ensino/cod/337/t/ MONITORIA>. Acesso em: 5 mar. 2016. Existem várias informações importantes a respeito da formação dos monitores de exposições de arte. Eles representam o primeiro contato do público com o Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 132 espaço de arte, pois se encarregam primeiramente de recepcionar e orientar todos os visitantes. Por isso, vale investir na formação e na capacitação desses profissionais. É importante conhecer todas as possibilidades de formação desses monitores, uma vez que eles podem ser encontrados em museus, centros de arte, galerias e exposições, pois essa é uma função extremamente necessária. Geralmente são educadores formados em Universidades em cursos de História, de Arte, de Educação e até mesmo de Comunicação. Eles são Educadores, pois tratam de ampliar a relação entre o museu e o público, ou melhor, são mediadores entre a obra de Arte e o público. Monitor é quem ajuda um professor na sala de aula ou é o que veicula a imagem gerada no HD,no caso de computadores. Atrelada à palavra vai a significação de veículo e de falta de autonomia e de falta de poder próprio. [...] Alguns museus, os mais intelectualizados, em respeito à nova classe social que neles trabalha estão conferindo mais dignidade designativa à profissão e chamando-os de EDUCADORES. Mas, nas megaexposições como a Bienal de São Paulo eles continuam a ser chamados de monitores (BARBOSA, 2008, p. 28). Para que você possa conhecer com mais clareza as atribuições e os objetivos da monitoria nos museus, vale compreender a ação educativa desenvolvida pelo Museu Oscar Niemeyer a seguir: A arte como instrumento de educação: Museu Oscar Niemeyer “Principais objetivos trabalhados: contemplar tanto o público adulto quanto o adolescente e o infantil; abordar as obras de arte a partir dos pontos de vista histórico, estético e social; propiciar um processo de aprendizagem com a participação ativa do público; trabalhar em parceria com instituições escolares, mas como espaço educacional independente; ter sempre em vista as relações entre o museu e seu exterior; proporcionar visitas guiadas (monitorias). Monitoria É a visita orientada por um monitor, que explica os principais Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 133 É necessário pontuar que o trabalho dos monitores é fundamental para a compreensão das propostas, dos materiais, das poéticas e da percepção geral que os visitantes terão da exposição. Importante lembrar que, para que uma exposição de arte aconteça, é preciso que haja a intervenção de vários profissionais ligados à arte e ao espaço que será utilizado para a exposição, por exemplo, o museu. Por isso, torna-se preciso que haja a devida valorização e distinção do trabalho desses profissionais que fazem a mediação, pois eles elucidam muitas questões que são fundamentais para apreensão do objeto artístico. Ao observar uma obra de arte, você já ficou se perguntando o que foi trabalhado pelo artista? Que materiais ele usou? Que texturas seriam aquelas? Como ele produziu a obra? Qual o suporte? Ou então, com que objetivos ele teria feito sua obra? Ou qual a poética do artista? Esses e outros inúmeros questionamentos são normais durante a visita a uma exposição de arte. No decorrer da visita e da apreciação, diversas curiosidades e questionamentos surgem para o observador, mas eles podem ser esclarecidos por meio do trabalho dos mediadores, dos monitores. Alguns teóricos se propõem a produzir apontamentos claros que identificam a importância da monitoria para a perfeita compreensão da obra de arte. Imagine-se analisando a descrição da obra trazida a seguir, depois imagine quantas dúvidas apareceriam sobre questões que não estão claras na obra ou na própria descrição. Agora você sabe detectar e apontar a necessidade do trabalho do monitor? conceitos e informações sobre as mostras. Os monitores, a cada nova exposição, recebem treinamento oferecido pelo museu em parceria com artistas e curadores. Visitas Guiadas Visitantes em geral e grupos – de estudantes, turistas, professores, universitários, grupos de inclusão e outros – podem solicitar a visita guiada. Isto significa que a visita será acompanhada de um monitor que irá "traduzir" os principais conceitos e informações sobre as mostras.” Disponível em: <http://www.museuoscarniemeyer.org.br/acaoedu- cativa/acao-educativa>. Acesso em: 5 mar. 2016. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 134 Imagine a pintura a óleo em uma tela de 54,5×65,5cm. Nela, vemos uma tela sobre um cavalete. Na frente do cavalete, uma pessoa sentada em uma cadeira pinta a tela, meio de costas para nós, tendo uma paleta na mão esquerda, um pincel na mão direita e o seu olhar dirigido para o canto esquerdo: uma mesa recoberta com um tecido amarronzado com um ovo branco. Não há identificação do lugar, apenas um fundo acinzentado. Perdoe a descrição simplificada, mas espero que meu caro leitor tenha percebido que a cena mostra a ação de um pintor que parece observar um ovo e pinta a tela. Mas o que pinta na tela? Excluo essa informação e não mostro a imagem, pois a provocação mediadora é justamente a pergunta: O que o pintor estaria pintando? (MARTINS, 2011, p. 313). Esta seção se constrói em torno de debates acerca da distinção e compreensão dos agentes que intermediam o trabalho de ensino em arte em diferentes espaços de educação não formal. O objetivo dessas informações é fazer com que o educador possa compreender o quanto o conhecimento artístico não formal pode influenciar na construção do sujeito. Poderá também compreender como os espaços não formais apresentam informações relevantes que os distanciam, cada vez mais, de ambientes meramente decorativos. Nas imagens a seguir, você terá mais informações sobre a possibilidade de intervenção conceitual de monitores, por meio de mediações e intervenções propostas em visitas a exposições e museus. Cabe a você aproveitar todas as oportunidades, presenciais ou virtuais, de adquirir o conhecimento sobre arte por meio de visitas monitoradas. E esse conhecimento somente será estabelecido com o auxílio de monitorias que buscarão esclarecer diversas dúvidas sobre a criação artística, os novos espaços de exposição e como estes correlacionam-se a diferentes temáticas contemporâneas! Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 135 Fonte: <http://www.inhotim.org.br/visite/visitas-orientadas/>. Acesso em: 1 mar. 2016. Fonte: <http://www.inhotim.org.br/programacao/?data=1-3-2016>. Acesso em: 1 mar. 2016. Figura 3.9 | Site do Museu Inhotim oferta a opção de visitas mediadas Figura 3.10 | Página do museu Inhotim oferece opção de visita mediada a ambientes temáticos Acesse o site <https://www.google.com/culturalinstitute/project/street- art?hl=pt-br>. Acesso em: 1 mar. 2016. 1. O que você acha de solicitar aos alunos a montagem de uma exposição de atividades artísticas produzidas em sala Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 136 de aula, com direito à eleição de um curador e alguns monitores, que buscariam aplicar o conhecimento sobre essas profissões aprendidas anteriormente nas aulas de arte? 2. Diante dos textos apresentados, você acredita que o trabalho de curadores e monitores seja importante para a construção do conhecimento em arte? 1. Qual a importância da reflexão acerca das diferentes possibilidades de disposição de obras numa exposição de arte? 2. A partir dos textos analisados nesta unidade, relembre e cite alguns espaços de educação não formal que promovem diferentes ações interativas durante as exposições de arte no Brasil. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 137 Seção 2 Patrimônio e conservação Nesta seção, você terá acesso a informações sobre a importância de considerar a arte e todos os seus produtos, criações e desdobramentos como parte fundamental da cultura. Para tanto, deverá compreender que existe uma necessidade de se estabelecer conhecimentos que definam e destaquem a importância de tais objetos artísticos para o conhecimento profundo e adequado da história precedente, tanto quanto da cultura. Essas informações são importantes para que se lancem luzes esclarecedoras não somente sobre a compreensão das produções precedentes, mas também sobre as produções contemporâneas. É preciso que se pontue a urgência da valorização das criações artísticas, já que essas pressupõem conhecimentos a respeito do legado humano. A valorização e a salvaguarda deverão se tornar, para tanto, palavras de ordem quando se debate ou se comenta sobre a arte. 2.1 O que é patrimônio cultural? A palavra patrimôniotem origem no grego pater, que significa paterno. O termo estaria então subjetivamente ligado à ideia de herança, que é deixada de pai para filho. E somente com o desenvolvimento do termo é que passou a designar noções específicas de patrimônio material e imaterial. Portanto, há que se considerar o termo patrimônio cultural sobre uma ótica mais profunda, uma vez que demanda considerar outros desdobramentos e classificações. Acervos de museus, cidades históricas, parques ecológicos, sítios arqueológicos, prédios, teatros e outros que podemos tocar são nossos bens materiais. Já os bens imateriais são os demais, por exemplo, danças (como o frevo), músicas, festas, a Feira de Caruaru, a capoeira, o modo artesanal de fazer queijo de minas, os quitutes do tabuleiro das baianas, as matrizes do samba, no Rio de Janeiro, ou mesmo em religiões, como o candomblé. No Brasil, o órgão responsável por cuidar do Patrimônio Histórico Brasileiro é o Iphan (Instituto do Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 138 Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Quando o patrimônio cultural é preservado legalmente e na prática, a memória e a identidade de uma sociedade são conservadas (FERRARI et al., 2013, p. 273). O patrimônio cultural brasileiro é, portanto, constituído de patrimônio material e imaterial. O patrimônio imaterial é constituído de elementos impalpáveis, como os modos de fazer da culinária, danças ou festas. Já o patrimônio material faz referência aos bens materiais como edifícios, igrejas, centros históricos ou obras de arte. Logo, torna-se preciso esclarecer outras distinções sobre o termo patrimônio material. Pensando na noção de patrimônio e sua correlação com as produções artísticas, não há como discutir que os termos são mutuamente dependentes. É indiscutível a ideia de que todas as linguagens artísticas, formas de criação e apresentação perpassam por caminhos que levam diretamente aos conceitos e delimitações de patrimônio cultural. Dessa forma, não há como discorrer sobre o patrimônio cultural brasileiro sem referenciar ou conectá-lo à arte. É importante ressaltar que, nas unidades anteriores, o conceito de cultura foi pontuado e discutido. Agora, faz-se necessário compreender como a arte pode ser vista como parte integrante do patrimônio cultural, evidenciando, assim, suas O patrimônio material protegido pelo Iphan é composto por um conjunto de bens culturais classificados segundo sua natureza, conforme os quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 215 e 216, ampliou a noção de patrimônio cultural ao reconhecer a existência de bens culturais de natureza material e imaterial e, também, ao estabelecer outras formas de preservação – como o Registro e o Inventário – além do Tombamento, instituído pelo Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, que é adequado, principalmente, à proteção de edificações, paisagens e conjuntos históricos urbanos. Os bens tombados de natureza material podem ser imóveis como as cidades históricas, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; ou móveis, como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos (IPHAN, 2016). Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 139 possíveis distinções e potencialidades enquanto elemento cultural ativo e com enorme potencial informacional e expressivo. Para retomar as considerações norteadoras de cultura, é preciso perceber que devem existir delimitações muito pontuais quanto a esse conceito. Por isso, retoma- -se as discussões já abordadas na Unidade 1 com o objetivo de conectá-las às novas informações desta unidade. Sobre as delimitações do termo, Calebre (2007, p. 8-9) sugere que se deve considerar um “conceito de cultura que englobe o conjunto dos saberes e dos fazeres, a relação estado e cultura passa a estar presente no conjunto dos órgãos que compõem o governo”. Para tanto, a autora propõe que “a elaboração de políticas deve partir da percepção da cultura como de bem da coletividade e da observação da interferência nas práticas culturais enraizadas das ações levadas a cabo pelas mais diversas áreas governamentais (saúde, educação, meio ambiente, planejamento urbano, entre outras)” (CALEBRE, 2007, p. 9). Não obstante, a pesquisadora sugere, por meio de suas elaborações, que o conceito de patrimônio cultural deve ser estudado a partir de compreensões que demandam retomar e reconhecer dados relevantes da história e da política precedentes e atuais. Contudo, vários acontecimentos viriam a contribuir para a ampliação da percepção de importância sobre a produção cultural, que abrangeriam, obviamente, todas as produções do campo da arte. Patrimônio cultural refere-se ao conjunto de realizações, manifestações e representações de um determinado grupo, portanto a herança cultural de todos que participam e contribuem cultural e socialmente. Logo, o patrimônio cultural pode ser encontrado em todos os lugares e atividades. Sendo assim, entende-se que o patrimônio cultural encontra-se nas artes, em todas as suas formas, nas ruas, na dança e na música, nos museus, nas cidades, nos lugares mais distantes, nas escolas, igrejas e praças, parques, galerias, entre inúmeros outros que No Brasil a relação entre o Estado e a cultura tem uma longa história. Entretanto, a elaboração de políticas para o setor, ou seja, a preocupação na preparação e realização de ações de maior alcance, com um caráter perene, datam do século XX. O estudo de tais políticas também é um objeto de interesse recente. Sobre as décadas de 1930 e 1940 existe um número razoável de trabalhos que tratam da ação do estado sobre a cultura. É importante ressaltar que na maioria dos casos as ações não são necessariamente tratadas como políticas culturais [...]. A institucionalização da política cultural é uma característica dos tempos atuais (CALEBRE, 2007, p. 1). Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 140 poderiam ser citados. Pode ser encontrado, portanto, nos modos de fazer, de criar e de trabalhar de qualquer pessoa, de todas as regiões. O grande objetivo inicial da lei sobre patrimônio seria o de discutir a importância dessas determinações e destacar a necessidade da preservação, mantendo vivas a história e a memória de lugares, povos ou nações. Em 1972, temos a Carta do México em defesa do Patrimônio cultural, que apresenta a definição de patrimônio como o “conjunto dos produtos artísticos, artesanais e técnicos, das expressões literárias, linguísticas e musicais, dos usos e costumes de todos os povos e grupos étnicos do passado e do presente.” Também nesse momento, dentro da convenção da UNESCO, a Bolívia lidera um movimento pela realização de estudos que apontassem formas jurídicas de proteção às manifestações da cultura tradicional e popular. Surgem em 1989, as Recomendações sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular da UNESCO, um instrumento legal que fornece elementos para a identificação, a preservação e a continuidade dessa forma de patrimônio. Em 2000, temos no Brasil, a criação do Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, dando início ao processo de efetivação de um campo específico de atuação dentro da área de preservação de patrimônio (CALEBRE, 2007, p. 9). Dentre as várias percepções importantes sobre o conceito de patrimônio, uma das principais diz respeito àquelas que refletem as orientações legais para o termo. Essas e outras informações podem ser encontradas e acessadas de modo muito simples, por meio de espaços virtuais disponibilizadoscom o auxílio de sites de confiança. Curiosidade Você sabia que muitas informações sobre conceitos e delimitações sobre patrimônio cultural brasileiro podem ser encontradas em espaço virtuais acessíveis. Por isso, a dica é que você visite o site e acesse as publicações! Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 141 Fonte: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 7 mar. 2016. Fonte: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218>. Acesso em: 7 mar. 2016. Figura 3.11 | Página inicial do site do Iphan Figura 3.12 | Opções de acesso ao site do Iphan Conceito de Patrimônio Cultural O Artigo 216 da Constituição conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”. Nessa redefinição Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 142 promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. O Iphan zela pelo cumprimento dos marcos legais, efetivando a gestão do Patrimônio cultural brasileiro e dos bens reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como patrimônio da humanidade. Pioneiro na preservação do patrimônio na América Latina, o instituto possui um vasto conhecimento acumulado ao longo de décadas e tornou-se referência para instituições assemelhadas de países de passado colonial, mantendo ativa cooperação internacional. Nesse contexto, o Iphan constrói, em parceria com os governos estaduais, o Sistema Nacional do Patrimônio Cultural, com uma proposta de avanço disseminada de maneira contínua para os estados e municípios em três eixos: coordenação (definição de instância(s) coordenadora(s) para garantir ações articuladas e mais efetivas); regulação (conceituações comuns, princípios e regras gerais de ação); e fomento (incentivos direcionados principalmente para o fortalecimento institucional, estruturação de sistema de informação de âmbito nacional, fortalecimento de ações coordenadas em projetos específicos). Trabalhando com esses conceitos e visando facilitar o acesso ao conhecimento dos bens nacionais, a gestão do patrimônio é efetivada segundo as características de cada grupo: Patrimônio Material, Patrimônio Imaterial, Patrimônio Arqueológico, Patrimônio da Humanidade e Educação Patrimonial. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218>. Acesso em: 7 mar. 2016. Uma forma de proteger, manter e amparar o patrimônio cultural é por meio de instrumentos que garantem a manutenção e conservação dos bens. Entre eles, encontram-se os instrumentos de salvaguarda. A salvaguarda considera os modos de vida e representações de mundo de coletividades humanas e o princípio do relativismo cultural de respeito às diferentes configurações culturais e aos valores e referências, que devem ser compreendidos a partir de seus contextos. Por outro lado, também é pautada Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 143 no reconhecimento da diversidade cultural como definidora da identidade cultural brasileira e procura incluir as referências significativas dessa diversidade (IPHAN, 2016). 2.2 Conservação de bens culturais Considerando a importância das instituições não formais para a educação e para a arte, as propostas de contribuição da arte nos mais diferentes lugares como museus ou galerias e depois de compreender a respeito da relevância das obras para a formação do patrimônio cultural brasileiro, é preciso refletir agora sobre quais ações poderão promover a conservação e preservação de todos estes objetos artísticos. O objetivo proposto, a partir deste momento, é o de discutir a importância da preservação dos bens culturais e de suscitar ações de conservação diretas e objetivas sobre o patrimônio cultural, a fim de buscar sua efetiva salvaguarda. Se em vários trechos deste livro você estudou sobre a necessidade de valorização do universo artístico e imagético para a formação do sujeito, agora poderá compreender como o ato de preservação pode ser fundamental para todas as correlações sugeridas pelas discussões sobre arte e educação não formal. Como seria possível falar sobre arte sem determinar a ela seu devido valor histórico, expressivo, comunicacional? E como determinar o valor das obras sem protegê-las? Em função dessas colocações, discute-se agora sobre os modos como obras de arte, sejam pinturas, gravuras, esculturas, entre outras, podem ser poupadas e preservadas da ação do tempo, do desgaste e da falta de cuidado que podem condená-las ao desaparecimento. Após várias informações sobre delimitações que norteiam as definições sobre o patrimônio cultural brasileiro, impõe-se a necessidade de perceber como todo esse patrimônio pode ser conservado e por consequência restaurado. O objetivo fundamental desses apontamentos é o de destacar a ideia de conservação dos bens, tendo como orientação básica manter intacta toda a Você saberia apontar qual a importância da conservação e preservação de bens para toda a formação da história da arte? Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 144 herança artística, cultural e, consequentemente, a memória de determinado tempo ou região, para as próximas gerações. A ideia de conservação pressupõe uma atividade que busca a reparação ou prevenção das ações de degradação das obras de arte e tem como intuito preservar a integridade e as características originais de cada objeto. Logo, considera-se que o restauro de obras já comprometidas é uma das grandes armas utilizadas para conservação. O processo de restauro deve se concentrar em manter a estrutura inicial proposta pelo artista, sem alterar ou interferir na obra. A ideia não é apagar a ação do tempo, mas contribuir para a melhor conservação possível do material. Sobre as etapas do processo de restauro: o museu Oscar Niemeyer possui um setor especializado que é responsável pela conservação e restauração. No passo a passo descrito a seguir, você pode entender melhor como funciona a restauração de uma pintura a óleo em tela de tecido: “Retirada do reentelamento – se a obra sofreu restauração anterior, pode haver um tecido colado à tela. Esse tecido é rasgado e retirado em movimentos concêntricos, para que a tela não sofra pressão excessiva e possível craquelamento ou outros danos. Planificação – é feita para evitar abaulamentos. O processo é realizado na mesa de calor, com a tela em chassi provisório envolvida a vácuo por filme plástico resistente ao calor e solventes. Reentelamento – é necessário para aumentar a resistência da tela original de algodão. Um tecido é colado com adesivo na tela; os dois são envelopados e colocados na mesa de calor para planificação. Limpeza – é feita manualmente com o isopo, que é embebido em solvente para retirada do verniz antigo, sujidades e outros produtos. Colocação do chassi – depois de reentelada, a obra é esticada sobre novo chassi e fixada com tachinhas de latão, que não enferrujam. Nivelamento e reintegração cromática – se a tela perdeu a pintura original, essas áreas são niveladas com massa de nivelamento. Aplicação de verniz – as pinturas a óleo recebem a cobertura de verniz brilhante e fosco, especiais para obras restauradas. Moldura e fechamento do verso – a madeira da moldura é tratadacontra insetos e com conservantes de madeira.” Disponível em: <http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/ conservacao-restauracao>. Acesso em: 10 mar. 2016. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 145 Museus de Arte têm, normalmente, um acervo de obras muito vasto e diverso. E, por isso, cabe a cada um desses espaços a manutenção de suas obras. Assim, percebe-se que muitos deles possuem equipes especializadas na manutenção das coleções. O objetivo é sempre o de manter a integridade dos trabalhos, buscando conservá-los em bom estado para que as futuras gerações também possam apreciar todos os trabalhos artísticos disponíveis. Você sabe como funciona o setor de conservação e restauro de um museu? Sobre o processo de conservação e restauro das obras do MON (Museu Oscar Niemeyer) Laboratório “Este setor é responsável pela higienização, conservação, restauro e acondicionamento das obras de arte do Museu, tanto as do acervo quanto das exposições temporárias e permanentes. Equipamentos permitem verificar e controlar a umidade e temperatura do ambiente do acervo ou de exposição. Uma variação muito brusca nestes dois índices pode provocar danos. A luz também precisa ser controlada. Filtros ultravioleta são colocados nas lâmpadas e nos vidros para evitar o envelhecimento precoce em obras feitas com materiais orgânicos, como papel, tela ou madeira. Outro equipamento importante no laboratório é o microscópio. Ele permite identificar se a obra tem algum fungo, se está craquelada (com rachaduras) e a profundidade da rachadura. Se uma obra de arte estiver danificada, é preciso restaurar. Este processo envolve diversas técnicas, que dependem do tipo e da extensão do dano.” Disponível em: <http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/ conservacao-restauracao>. Acesso em: 10 mar. 2016. Fonte: <http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/conservacao-restauracao>. Acesso em: 19 abr. 2016. Figura 3.13 | Setor de restauro de obras MON Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 146 Contudo, vale ressaltar que todos estes conhecimentos sobre a importância do acesso, do contato e da preservação de obra de arte contribuem também para a formação do sujeito. Esses são praticados a partir de informações que demandam a divulgação e valorização do trabalho de educação patrimonial. Pensa-se, consequentemente, que as produções artísticas como parte integrante da cultura e, portanto, extremamente atreladas a todas as outras produções humanas. Tornar claros os conteúdos referentes à educação patrimonial é o início de um processo de conscientização sobre o valor de todas as obras e objetos da arte, já que esses são bens coletivos e necessários à compreensão de muitos acontecimentos ou informações sobre a história humana. “O que é afinal educação patrimonial? Trata-se de um processo permanente e sistemático de trabalho educacional centrado no patrimônio cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo. A partir da experiência e do contato direto com as evidências e manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, o trabalho de educação patrimonial busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. O conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens, assim como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. A educação patrimonial é um instrumento de ‘alfabetização cultural’ que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido. Este processo leva ao reforço da autoestima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e plural. O diálogo permanente que está implícito neste processo educacional estimula e facilita a comunicação e a interação entre as comunidades e os agentes responsáveis pela preservação e estudo dos bens culturais, possibilitando a troca de conhecimentos e a formação de parcerias para a proteção e valorização desses bens.” Disponível em:<http://www.cultura.al.gov.br/politicas-e-acoes/patrimonio- cultural/o-que-e-afinal-educacao-patrimonial>. Acesso em: 7 mar. 2016. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 147 Educação Patrimonial “Todas as vezes que as pessoas se reúnem para construir e dividir conhecimentos, investigar para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que as cerca estão realizando uma ação educativa. Quando tudo isso é feito levando em conta algo relativo ao patrimônio cultural, então trata-se de educação patrimonial. A educação patrimonial constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio- histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera-se, ainda, que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio da participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem diversas noções de patrimônio cultural. O Iphan busca formas de implementar uma postura educativa em todas as suas ações institucionais. O objetivo é que cada representação do Iphan no território nacional funcione como centro de diálogo e construção conjunta com a sociedade de políticas de identificação, reconhecimento, proteção e promoção do patrimônio cultural. O Projeto Casas do Patrimônio é a principal iniciativa nesse sentido. As principais diretrizes que devem nortear as ações de educação patrimonial decorrem de um longo processo de debates institucionais, aprofundamentos teóricos e avaliações das práticas educativas voltadas à preservação do patrimônio cultural. Ao mesmo tempo, são amparadas em uma série de premissas conceituais: as comunidades devem ser participantes efetivas das ações educativas; os bens culturais estão inseridos nos espaços de vida das pessoas; a educação patrimonial é um processo de mediação; o patrimônio cultural é um campo de conflito; os territórios são espaços educativos; as ações educativas devem levar em conta a intersetorialidade das políticas públicas; e é necessária uma abordagem transversal e dialógica da educação patrimonial.” Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/343>. Acesso em: 7 mar. 2016. Você sabe qual o papel social do conservador/restaurador? Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 148 Assista ao vídeo e pense sobre as possíveis contribuições desse profissional tão importante para a arte! Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=8XhgapLV0YI>. Acesso em: 10 mar. 2016. 1. Quais as distinções entre patrimônio material e imaterial? 2. O que é educação patrimonial? Nesta unidade, você teve acesso a conhecimentos sobre conceitos de exposição, curadoria, monitoria, patrimônio cultural e conservação de bens culturais. Por isso, você pôde: • conhecer a origem dos termos exposição, curadoria, monitoria, patrimônio e bens culturais para reforçar a compreensão das potencialidades dos espaços de educação não formal em arte; • aprender sobre funções importantes para a criação e apreciação artística como exposiçãoe curadoria; • refletir a respeito da necessidade de compreensão do valor cultural da arte e o quanto esse reconhecimento conecta-se à noção de patrimônio cultural e, consequentemente, à ideia de conservação e restauração de bens; • dessa forma, foi possível reconhecer que as informações trazidas por esta unidade são capazes de reforçar o valor e a importância de que todos tenham um contato aproximado com a arte e seus desdobramentos, já que esses também colaboram para que o conhecimento seja expandido. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 149 Caro aluno, ao chegar no fim desta unidade você conheceu vários elementos, funções, espaços, profissionais e termos importantes para a formação em arte. Logo, todos esses conteúdos se conectam com as teorias precedentes, estudadas nas unidades anteriores e reforçam ainda mais a capacidade e potencialidade da educação não formal em arte. Fique atento a todas essas informações no decorrer de sua carreira docente. Incentive seus alunos a frequentar e, acima de tudo, a se conscientizar da importância destes espaços. Sobretudo, inspire seus alunos a conhecer mais sobre o universo da arte por meio de aprofundamentos sobre os profissionais envolvidos nesse processo e a necessidade de estudo especializado para expansão do conhecimento artístico. Incentive-os, especialmente, a valorizar a arte enquanto patrimônio cultural, mantenedor e portador da memória e da cultura dos povos! 1. De acordo com os textos estudados, cite uma vantagem atribuída ao contato aproximado entre público em espaços de exposição de arte. 2. Analise o texto e aponte as principais funções do curador de arte. 4. Discorra sobre a importância da monitoria para a formação e o ensino em arte. 3. Na história da arte, alguns artistas colocaram em pauta discussões que buscavam debater a função dos espaços expositivos da arte e o valor que tais espaços impunham sobre a obra ali exposta. Qual artista pode ser citado como propositor das primeiras ideias que romperam com as barreiras entre o que é ou não considerado arte? Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 150 5. o Iphan - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico nacional, desenvolve um trabalho muito importante no Brasil. Com base na leitura dos textos desta unidade, pesquise quais são os principais objetivos no trabalho desse instituto. Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 151 Referências BARBOSA, Ana Mae. Educação em museus: termos que revelam preconceitos. Revista museu. 2008. Disponível em: <http://dialogosentrearteepublico.blogspot. com.br/2008/06/05educao-em-museus-termos-que-revelam.html>. Acesso em: 5 mar. 2016. CALEBRE, Lia. Políticas culturais no brasil: balanço e perspectivas. III ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura, Faculdade de Comunicação/UFBa, Bahia, 2007. Disponível em: <http://www.guiacultural.unicamp.br/sites/default/files/ calabre_l_politicas_culturais_no_brasil_balanco_e_perspectivas.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2016. CHIARELLI, Tadeu (Coord.). Grupo de estudos em curadoria. São Paulo: Museu de Arte Moderna, 1998. FERRARI, Solange dos Santos Utuari et al. Arte por toda parte. São Paulo: FTD, 2013. GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Entre cenografias: o museu e a exposição de arte no século XX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Fapesp, 2004. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=8J04RpVUWwIC&oi=f nd&pg=PA13&dq=exposi%C3%A7%C3%A3o+de+arte&ots=1m7UxUmjDV&sig=eq9 EixwzSdkuN4QqOljt4xzoMG0#v=onepage&q=exposi%C3%A7%C3%A3o%20de%20 arte&f=false>. Acesso em: 2 mar. 2016. IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2016. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/418>. Acesso em: 7 mar. 2016. MARTINS, Mirian Celeste. Arte, só na aula de arte? Educação, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 311-316, set./dez. 2011. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index. php/faced/article/viewFile/9516/6779>. Acesso em: 7 mar. 2016. MARTINS, Mirian Celeste (coord.). Curadoria educativa: inventando conversas. Reflexão e Ação – Revista do Departamento de Educação/UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, v. 14, n.1, jan./jun. 2006 p. 9-27, 2006. MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa. Inventário dos achados: o olhar do professor-escavador de sentidos. 4. Bienal. Porto Alegre: Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul, 2003. VÁLIO, Luciana B. M. Mapeando a complexidade da exposição de arte: é possível avaliá- la? 2008 (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informática), Área de concentração Cultura e Informação, São Paulo, 2008. Disponível em: <file:///C:/Users/Admin/Downloads/5215412%20(1).pdf> Acesso em: 1 mar. 2016. 152 Conceitos de exposição, curadoria, monitoria e conservação de bens culturais U3 VERGARA, Luiz Guilherme. Curadorias educativas, a consciência do olhar: percepção imaginativa – perspectiva fenomenológica aplicadas à experiência estética. In: Anais ANPAP, 1996, Congresso Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, p. 240-247. Unidade 4 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM SALA DE AULA A primeira seção apresenta discussões em torno dos novos desafios para aproximações entre educação formal e não formal. Discute sobre diferentes práticas introdutórias, ações educativas e propostas metodológicas que abordem os museus e a arte-educação. Do mesmo modo, reflete a respeito de propostas que busquem auxiliar na superação dos desafios da aproximação entre espaços formais e não formais de arte. Essas informações convergirão em debates sobre as potencialidades da visita a exposições de arte, abrangendo também, propostas e sugestões introdutórias de intervenção. A segunda seção proporcionará a oportunidade da investigação das Seção 1 | Novas práticas para a arte-educação: desafios de aproximação entre educação formal e não formal Seção 2 | Reflexões sobre o museu virtual como prática educativa Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade, você irá rememorar diversos conteúdos relevantes abordados durante as unidades anteriores para que esses possam servir de anteparo para novas propostas práticas de arte-educação que explorem ações entre a educação formal e não formal. Além disso, reconhecerá as potencialidades de espaços virtuais significativos de disseminação do conhecimento em arte e que se encontram disponíveis atualmente. Você distinguirá também várias opções de espaços que disponibilizam ações que correlacionam arte, obra, público e museus e que poderão ser utilizadas durante suas aulas de arte. Tatiana Romagnolli Peres Praticas pedagógicas em sala de aula U4 154 potencialidades dos museus virtuais nas práticas educativas. Toma como ponto de partida a ideia de que na contemporaneidade é impossível não aproximar instrumentos do universo tecnológico das aulas de arte. Aborda a utilização de espaços não formais e seus devidos instrumentos de educação, como aqueles ofertados por museus virtuais, como fundamentais para promover a aproximação e o estímulo ao estudante contemporâneo. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 155 Introdução à unidade Na Unidade anterior, você teve a oportunidade de conhecer as potencialidades de formação em arte suscitadas por diferentes espaços de educação não formal por intermédio de ações sugeridas pela intervenção desenvolvida por exposições, curadorias ou monitorias. Compreendeu como é importante correlacionar e utilizar os espaços não formais de arte em busca de formas mais completas de aproximação e valorização do conhecimento artístico. Entendeu que essas formas de romper com as barreiras propostas pelas imagens impressas podem setornar um grande atrativo para os alunos, podendo estimular muito mais a participação e a compreensão das funções e potenciais da arte. O grande destaque desta seção é tornar a convivência com obras e espaços públicos de apreciação instrumentos possibilitadores da construção do conhecimento, que podem e devem ser empregados nas salas de aula tradicionais. O que importa não é somente evidenciar as práticas utilizadas dentro e fora da escola, mas condensar energias para que ambas possam convergir para um bem comum. Essa conversão perpassa, nesta unidade, pela interação com a educação museal. Após adentrar nesse universo, cabe agora refletir sobre diferentes propostas de ensino que abordam a aproximação de espaços formais e não formais. Tais aproximações tendem a elevar a educação em arte a patamares que realmente estimulam e promovem reflexões críticas com outros conteúdos ou outras áreas de conhecimento. Essas percepções abrangem também um remodelamento nos modos como as informações ou as temáticas da arte são abordadas pelo educador. Considera-se, desse modo, que, a partir do desenvolvimento das tecnologias e mídias, cabe ao educador romper com percepções isoladas da imagem e da arte, propondo outros espaços para exploração e ampliação do conhecimento. Logo, conclui-se que essa ideia de divulgação das potencialidades da educação não formal implica numa efetiva transformação de posturas de professores e mediadores que, desta forma, poderão nortear a formulação das aulas de arte a partir de diversos espaços físicos ou virtuais, tornando concretas as aproximações entre estudante e arte, entre público e obra. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 156 Praticas pedagógicas em sala de aula U4 157 Seção 1 Novas práticas para a arte-educação: aproximação entre educação formal e não formal Nesta Seção, você será levado a conhecer diferentes aplicações para os conteúdos trabalhados durante as Unidades 1, 2 e 3. Por isso, a Unidade 4 buscará evidenciar exemplos e ideias para a transposição de conteúdos ou de temas relevantes para a formação em arte. Dessa forma, serão sugeridos alguns encaminhamentos pedagógicos para sala de aula com o objetivo de contribuir para a construção de práticas que possam articular correlações entre educação formal e não formal. Destaca-se que vários importantes assuntos referentes à educação não formal serão recolocados e relembrados para que possam orientar as propostas aqui elencadas. O objetivo desta seção se estabelece e se concretiza a partir da valorização de ideias que possam vislumbrar novas percepções da utilização e da aproximação entre a educação formal e não formal, valorizando obras e artistas advindos dos mais diferentes espaços. Por meio dessas ideias, esta seção busca evidenciar como a observação e a convivência com imagens, obras e objetos artísticos pode enriquecer e aguçar o gosto pelo conhecimento estético, contribuindo também para a formação em arte. MUSEU DE TUDO Este museu de tudo é museu Como qualquer outro reunido; Como museu, tanto pode ser Caixão de lixo ou arquivo. [...] É depósito do que aí está, Se fez sem risca ou risco (MELO NETO, 2009). Praticas pedagógicas em sala de aula U4 158 1.1 Os novos desafios para a aproximação da educação formal e não formal Depois de conhecer as potencialidades implícitas e explícitas dos espaços de educação não formal, é hora de explorar práticas que amparem a educação formal, ou seja, as aulas de Arte nas escolas. Assim, é preciso lembrar que muitos espaços de educação não formal também têm como objetivo elaborar propostas alternativas que possam vir a contribuir para ampliação do conhecimento em arte. Buscam, do mesmo modo, o aumento do acesso à diversidade cultural por meio da sensibilização de diferentes áreas do conhecimento artístico sugeridas pela contemporaneidade, visando conquistar crianças, adolescentes ou público em geral. É notável que nos últimos anos houve um aumento significativo na oferta de ações, promovidas por espaços não formais no intuito de tornar mais acessíveis tais ambientes. Nota-se, como visto nas unidades anteriores, uma sequência de atitudes que buscam viabilizar a acessibilidade e o contato com espaços não formais como museus, galerias, exposições, centros de cultura, entre outros. O museu tem se tornado, desde então, um espaço de criações, de narrativas das diferentes culturas. E, com o objetivo de criar novos vínculos e de se estabelecer como ambiente significativo de aprendizagem, muitos buscam, na divulgação em espaços virtuais, o mote principal de intervenções diretas com o público. Assim, as mídias têm se tornado excelentes vias de acesso à obra, principalmente para regiões mais distantes do circuito tradicional da arte. Todas as propostas e ações que tendem a valorizar espaços de educação não formal em arte precisam ter como parâmetro básico a criatividade e boa orientação amparada por muita divulgação. E, para enfatizar ainda mais a devida valorização desses ambientes, cabe ao educador/mediador propor cotidianamente práticas que busquem vivenciar, experimentar e conhecer verdadeiramente obras e objetos artísticos que ultrapassem experiências superficiais. É preciso evidenciar que práticas que enfatizam a simples observação de imagens impressas, muitas vezes, com baixa resolução, em preto e branco, ou extremamente difíceis de visualizar nos raros livros de arte das escolas podem ser bastante reducionistas na formação em Arte. Entende-se, portanto, que a escola se tornou a grande responsável pelo processo formal de educação em arte. Entretanto, os espaços não formais ocupam-se constantemente de alternativas extracurriculares que produzem encantamentos e desvelamentos que podem contribuir para a formação dos sujeitos. Para que formações que se complementam possam ocorrer num movimento conjunto, para que a educação formal possa trabalhar lado a lado com a educação não formal, é necessário que os educadores tenham consciência de que os currículos e suas respectivas aulas precisam estar mais abertos, flexíveis e voltados para os interesses dos grupos que compõem o entorno dos ambientes onde se encontram as escolas. Em síntese, busca-se uma formação em arte cujo ponto de partida é a Praticas pedagógicas em sala de aula U4 159 interlocução entre diferentes ambientes. Desse modo, para que haja uma formação enriquecedora de todos os indivíduos, é preciso, sobretudo, uma conscientização da necessidade de unir os esforços da educação formal e da não formal que possam promover mecanismos de ampliação do conhecimento, inclusão e transformação social. Sobre a importância dos museus e das possíveis interações sugeridas por estes espaços, leia o texto a seguir e acesse o site para mais informações. Ao Brasil, seus museus Mais do que casas da memória, museus são casas da vida de um país. Espaços que assumem cada vez mais sua função social junto à população, enquanto casas de conhecimento, vivência e transformação. O brasileiro precisa de museus que sejam verdadeiramente seus, capazes de relacionar uma nação consigo própria, cada pessoa com ela mesma, nosso passado e nosso futuro. O Ministério da Cultura tem trabalhado para isso, por meio do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), para que esses espaços sejam, de fato, do Brasil, apropriados por todos os brasileiros. Não faz muito tempo, museus eram vistos como instituições aristocráticas, distantes do povo, reservados aos ‘iniciados’. Aos poucos, isso começa a mudar, os museus se fortalecem como espaços mais próximos da população, que não precisam apenas existir para serem públicos, precisam também interagir; não só abrir portas, mas também abrir caminhos. Uma série de fatores explica essa mudança, como a diminuição das desigualdades sociais e o início do processode democratização da cultura, que marcam a vida recente do nosso país. Além disso, essas instituições também se multiplicaram, se modernizaram e ampliaram o seu repertório. Disponível em: <http://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2011/05/ gmb_sudeste.pdf>. Acesso: 23 mar. 2016. Contudo, para que as ações educacionais de espaços não formais, como dos museus, possam se concretizar e produzir resultados significativos, é preciso que muitas das abordagens metodológicas sofram transformações, concomitantemente, é claro, com alterações curriculares. Em várias escolas, ainda existe muita resistência com relação às práticas artísticas e muitos professores ainda não estão preparados para compreender as diferenças entre aulas tradicionais como de Português, Física ou Matemática e as aulas de Arte. Em muitas regiões, ainda é inviável o acesso a exposições de arte ou a museus e, mesmo em lugares onde esses espaços são Praticas pedagógicas em sala de aula U4 160 de fácil acesso, ainda existe, principalmente em escolas públicas, a dificuldade de locomoção dos alunos para visitação a exposições em razão da falta de recursos financeiros. O objetivo desta seção é sugerir diversas possibilidades de acesso a exposições e museus por meio de ambientes alternativos e acessíveis a todos. Atualmente, diversos sites trazem informações de extrema relevância para o universo imagético e artístico. Para conhecer mais sobre esses ambientes virtuais e seus acervos, basta uma pesquisa rápida pela internet! “Sinopse – a série Conhecendo Museus apresenta, com detalhes, os principais museus do Brasil. O objetivo é divulgar bens e valores culturais da humanidade, democratizando o conhecimento protegido por essas instituições. Ao longo de 52 episódios e passando por todas as regiões do país, o projeto tanto promove o resgate da memória brasileira – inscrita nos objetos, obras de arte e documentos –, consolidando-a num conjunto de informações acessíveis, como colabora na formação e no apuro da consciência crítica dos telespectadores, em particular os mais jovens”. Fonte: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/videoteca/serie/conhecendo-museus>. Acesso em: 22 mar. 2016. Figura 4.1 | Página inicial do site Praticas pedagógicas em sala de aula U4 161 Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/videoteca/serie/conhecendo-museus>. Acesso em: 22 mar. 2016. Figura 4.2 | Continuação da página inicial do site Mediante todas essas questões sobre os conhecimentos possibilitados pela tecnologia contemporânea, ainda é preciso que se tente, cotidianamente, construir uma educação em arte com qualidade. É imprescindível que se busque colaborar, efetivamente, para valorização do pensamento crítico e da sensibilidade estética, compreendendo, acima de tudo, que a arte pode, sim, se propor como um mecanismo de elucidação de signos e seus subsequentes significados. Logo, entende-se por pensamento crítico, a capacidade de analisar informações imagéticas que devem ser valorizadas. Como se pode notar, é por meio da necessidade de criação ou de apreciação do universo artístico que o educador/mediador pode promover a conscientização da arte. A experimentação e a convivência cotidiana com obras se tornariam, dessa forma, excelentes mecanismos propositores do aguçamento de tais sensibilidades e também sobre a conscientização da relevância da arte. Como podemos aproximar ações educativas de espaços formais e não formais? Nas imagens a seguir, você pode identificar algumas ações apresentadas na série de vídeos Conhecendo Museus (TV escola)! Praticas pedagógicas em sala de aula U4 162 Você pode utilizar os vídeos desta série como ponto de partida para aproximação dos espaços de educação formais e não formais. Os vídeos podem ser facilmente acessados e utilizados em suas aulas de Arte, já que esses são produzidos a partir de um rico universo informacional e imagético. Eles podem ser uma boa alternativa para escolas que possuem salas de informática com computadores para todos os alunos ou para escolas com acesso à internet. Se a escola não possuir internet, o professor pode baixar e reproduzir as informações em vídeo para os alunos, elaborando aulas mais dinâmicas e a partir de ambientes concretos de arte. Fonte: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/conhecendo-museus-pinacoteca-do-estado-de-sao- paulo>. Acesso em: 26 abr. 2016. Fonte: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/conhecendo-museus-pinacoteca-do-estado-de-sao- paulo>. Acesso em: 26 abr. 2016. Figura 4.3 | Vídeo Conhecendo Museus – Pinacoteca de São Paulo/ Acesso virtual Figura 4.4 | Vídeo Conhecendo Museus – Pinacoteca de São Paulo/ Acesso virtual Praticas pedagógicas em sala de aula U4 163 Cumpre analisar neste momento que diversas atividades e ações podem ser sugeridas, objetivando aproximar os espaços formais e não formais de educação em arte. Assim, vale destacar algumas orientações que podem contribuir para tal aproximação: traçar metas para a redefinição de metodologias para a criação, apreciação e fruição da arte que sejam contempladas no processo de ensino- -aprendizagem produzido em espaços de educação formal e não formal; estabelecer uma relação de proximidade entre escolas e espaços de educação não formal, como museus ou centros de arte; valorizar o conhecimento sobre arte proposto em mediações; promover a alfabetização visual com o intuito de estabelecer e reconhecer o valor da imagem; conscientizar os alunos (público apreciador) sobre a importância da formação em arte através dos espaços de educação não formal e, por fim, identificar e enfatizar a educação de espaços não formais como de extrema importância para a formação de sujeitos críticos. Como o MASP promove programas de colaboração com escolas: interação entre espaços formais e não formais de arte! “Nas últimas décadas, as práticas educativas nos museus se ampliaram exponencialmente. Mesmo com particularidades, o modelo das visitas guiadas/mediadas/orientadas com duração média de 1 hora e 30 minutos tornou-se o ponto em comum entre os diferentes projetos. Deste modo, visitas tornaram-se o fundamento da experiência pedagógica nos museus. Escolas são comunidades com culturas próprias, que agregam alunos, funcionários, professores e familiares em relações de longa duração e com muitos formatos. Surge daí o desejo de construir, no MASP, uma relação pedagógica a partir de novas formas de colaboração, em uma perspectiva contemporânea e experimental. O MASP busca colaborar com professores, educadores e estudantes de qualquer área, que busquem no museu uma experiência integrada aos seus próprios projetos pedagógicos. E o que a escola pode aprender com o museu ou o que o museu pode aprender com a escola? O museu consegue, assim como as escolas ou através delas, virar um espaço de encontro e ação comunitária? É possível fazer experimentações entre museu e escola que vão além de visitas às exposições? Premissas: - Trabalhar em pequena escala, mas com o tempo ampliado. - Valorizar a inteligência que surge das experiências sociais, histórias pessoais e do corpo. - Integrar práticas pedagógicas e exposições não como fim, mas como meio. - Possibilitar situações, mais do que projetos com resultados. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 164 - Entender o museu como uma plataforma para a vida pública e a cidade.” Disponível em: <http://masp.art.br/masp2010/mediacaoeprogramaspublico_ colaboracao-com-escolas.php>. Acesso em: 16 mar. 2016. Vários sites trazem diversos exemplos de museus virtuais no Brasil e no mundo. Alguns desses museus são encontrados no endereço a seguir. Acesse e aproveite! Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/link.html?uf=SP&categoria=5>. Acesso em: 22 mar. 2016. Figura 4.5 | Links para museus disponíveis nosite Portal do professor Atualmente, diversos sites têm proposto discutir arte por meio de ações que podem auxiliar a aula da referente disciplina em escolas formais. São várias as sugestões de projetos ou materiais disponíveis em .PDF que podem ser usados por professores de Arte para a melhora de suas práticas e do subsequente interesse dos alunos. Muitos espaços fornecem gratuitamente uma infinidade de materiais para auxiliar também na proposição de temáticas ou intervenções entre espaços formais e não formais de arte. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 165 Em vários momentos, tem se falado sobre a importância da apreciação de obras de ambientes não formais como museus ou galerias. Pensando na apreciação destas obras, é possível relembrar que a leitura de imagens pode ser uma questão presente. No site a seguir, você poderá ter acesso a materiais que irão auxiliar na leitura de obra de arte ou das imagens observadas nos vários espaços sugeridos neste livro. Todas essas práticas e as leitura de obras, em ambientes físicos ou virtuais, podem ser usadas por você, professor, como ponto de partida para intervenções e interações entre escolas, museus, exposições ou galerias! “Com a arte br nas mãos, acreditamos poder contribuir para um processo de ensino e aprendizagem da leitura da imagem da arte, tanto em sala de aula como nos museus e outros espaços de cultura e arte do Brasil. Foi intentando oferecer subsídios aos professores para o trabalho com a leitura da imagem que esse material foi projetado e realizado. Sabemos que, na mão dos professores, ele irá ganhar sua dimensão concreta, que é fazer de nossos alunos, leitores competentes de imagens da arte e do mundo. O material disponibiliza ao professor 36 reproduções de obras de arte, uma linha do tempo, um caderno introdutório e 12 cadernos de estudo para que, ao escolher a imagem com que deseja trabalhar, este encontre caminhos e possibilidades para a elaboração de sua aula. Os cadernos sugerem um modelo metodológico que se repete. A metodologia é a mesma em todos eles, mas cada um deles é original e singular, ao trabalhar um tema por meio de um conjunto de três obras de arte que conduzem um percurso de leitura e interpretação próprias desse conjunto. Na trilha da metodologia surgem infinitas possibilidades de estudo para e nos diferentes cadernos. Como o material investe na Fonte: <http://artenaescola.org.br/artebr/sobre/>. Acesso em: 19 abr. 2016. Figura 4.6 | Site que explica e disponibiliza o Arte br Praticas pedagógicas em sala de aula U4 166 leitura da imagem a partir do contato direto do leitor com ela, as sugestões de visita aos museus perpassam todo o material. As reproduções de obras que a arte br oferece, encaminham à descoberta e à invenção de alguns dos percursos que o material propõe. Ele só estará completo quando chegar a sala de aula, e para isso será necessário que vocês, professores, apropriem-se dele e o coloquem em prática. [...] A leitura de imagem proposta pela material arte br fundamenta-se na teoria da semiótica greimasiana, a qual entende a arte como linguagem e o objeto de arte como texto visual. Assim a proposta do arte br é oferecer a imagem da arte aos olhos leitores antes mesmo da biografia dos artistas ou das informações históricas sobre ele ou sua obra. É na corrente desse pensamento que invertemos uma sequência de trabalho que é de uso vigente entre os professores de arte – oferecer a biografia do artista antes de oferecer sua obra. Assim sendo, a provocação primeira de arte br é experimentar um novo caminho: o de olhar a obra de arte por um bom tempo, antes de receber qualquer outra informação sobre ela. Escolham uma imagem e deixem seus olhares serem seduzidos por ela. Só depois de olhá-la no tempo, estude o caderno em que ela se insere e elabore a sua aula, a partir dos percursos de leitura disponibilizados. Experimente os passos propostos para perceber o que eles poderão acrescentar à sua experiência de professor ” (BUORO, 2012, p. 1, grifo nosso). Disponível em: <http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo. php?id=69309>. Acesso em: 16 mar. 2016. A seguir, você tem acesso a uma dica de proposta interativa sugerida por museu, que não é especificamente um museu de arte, mas que tende a evocar a participação e a ampliação do conhecimento por meio de diferentes intervenções. Acesse o site e aprofunde-se nas informações! Fonte: <http://www.mao.org.br/conheca/acervo/>. Acesso em: 16 mar. 2016. Figura 4.7 | O museu vai à escola Praticas pedagógicas em sala de aula U4 167 “O Museu de Artes e Ofícios – MAO – é um espaço cultural que abriga e difunde um acervo representativo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios no Brasil. Um lugar de encontro do trabalhador consigo mesmo, com sua história e com seu tempo”. Intervenções que aproximam diferentes espaços de construção do conhecimento em arte ainda são pouco difundidas na elaboração da prática docente. Por isso, espera-se que possibilidades de aproximação entre espaços formais e não formais para formação em arte possam contribuir para avanços no que diz respeito à construção de sujeitos mais críticos e que possam constantemente cooperar com o desenvolvimento da sociedade. Este livro vem exatamente reafirmar o valor dessas relações entre os diferentes espaços, destacando o quanto o contato direto com a arte pode instigar potencialidades adormecidas. Já há algum tempo se discute sobre a necessidade de aulas que relacionem o conhecimento científico, a vivência e o cotidiano dos alunos. Assim, nasce a ideia de aproximar todas estas formas de conhecimento por meio de ambientes que busquem promover e divulgar a arte, como os espaços formais e não formais. Logo, essas orientações coincidem com as bases fundamentais da educação museal, que tem como princípio a reflexão sobre ideias e objetos que visam correlacionar-se de forma dinâmica com a memória, a identidade, a salvaguarda e celebração do passado, de grupos ou épocas. Embora os museus sejam um dos dispositivos privilegiados através dos quais o passado é apresentado ao público, não podemos esquecer que isso é feito por uma diversidade de instituições, meios e práticas. No entanto, não podemos perder de vista que, como instituição dedicada à memória e à celebração do passado, os museus desempenham um papel fundamental na construção de ideologias e identidades nacionais e sociais. Os museus já foram tidos como grandes centros da produção de conhecimento, principalmente os Museus de História Natural, no entanto, ao longo do século XX e especialmente depois da Segunda Guerra Mundial, as universidades foram se transformando nos centros de pesquisa e inovação por excelência. Porém, os museus continuam ainda hoje a abrigar coleções que são importantes fontes tanto para a pesquisa como para o entretenimento e a educação (FALCÂO, 2009, p. 13). Praticas pedagógicas em sala de aula U4 168 Além de desempenhar o papel educacional, o museu se apresenta ainda como um espaço de preservação das culturas. E é exatamente essa vinculação com a proposta educacional dos museus que o professor de Arte deve explorar por meio do consumo de todas as outras sugestões oferecidas por estes espaços, que somente nas últimas décadas ganharam força e destaque. Dessa maneira, os museus contam atualmente, e cada vez mais, com uma gama enorme de atividades educativas que buscam contribuir para a construção do conhecimento e exploração das potencialidades da arte. Podem ser entendidas como práticas educativas atividades tais como: visitas “orientadas”, “guiadas”, “monitoradas” ou mesmo “dramatizadas”, programas de atendimento e preparo dos professores, oficinas, cursos e conferências, mostras de filmes, vídeos, práticas de leitura, contação dehistórias, exposições itinerantes, além de projetos específicos desenvolvidos para comemorar determinadas datas e servir de suporte para algumas exposições. Além dos materiais educativos e informativos editados com a finalidade de servir a estas práticas, tais como: edição de livros, jogos, guias, folders e folhetos diversos, folhas de atividades, kits de materiais pedagógicos, áudio-guide (guia auditivo), aplicativos multimídias, CD-ROM, site institucional na internet etc. (FALCÂO, 2009, p. 16). O Museu de Arte Contemporânea (MAC/USP) oferece espaço onde discute ações interativas com professores. Roteiros de Visita disponibiliza 50 fichas com as quais você terá subsídios para tecer relações entre as obras. Acompanhe, nas informações a seguir, alguns elementos desta proposta! Fonte: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/roteiro.asp>. Acesso em: 19 abr. 2016. Figura 4.8 | Site do Museu experimental / USP MAC Praticas pedagógicas em sala de aula U4 169 Neste espaço, você poderá encontrar uma série de materiais que irão auxiliá-lo nas explicações nas visitas ao museu (virtual ou não). São apresentadas fichas de obras de vários artistas com descrições e análises minuciosas das obras. As fichas trazem também sugestões de aproximações práticas para compreensão das poéticas dos artistas referenciados. Enfim, esse é um espaço virtual repleto de possibilidades de exploração e de aproveitamento nas práticas da sala de aula. Cada roteiro de visita das obras do acervo está dividido em apresentação, carta ao professor, ficha do artista e orientações sobre a obra, aproximações (com sugestões de atividades), roteiro e referências. Um material muito interessante e instigante para diversas propostas e compreensões sobre arte! Como sugestão de espaços virtuais interativos, o museu lúdico (MAC USP) é uma excelente opção. O site oferece visitas interativas com a opção de acesso a jogos on-line (desenho, pintura, quebra-cabeças, réplica para visualização em 3D, música, entre outros) que usam obras contemporâneas como ponto de partida. Esse espaço pode ser utilizado principalmente com crianças. Fonte: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/fichas.asp>. Acesso 19 abr. 2016. Fonte: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/ludico.html>. Acesso em: 26 abr. 2016. Figura 4.9 | Lista de alguns artistas e suas fichas descritivas Figura 4.10 | Página inicial do museu lúdico (MAC USP) Praticas pedagógicas em sala de aula U4 170 Fonte: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/ludico.html>. Acesso em: 26 abr. 2016. Figura 4.11 | Exemplo de atividade disponível no site Confira algumas informações sobre o valor dos museus na prática docente na perspectiva do setor de arte-educação do MAC! Eles apontam como é necessária a orientação antecipada dos professores para um melhor aproveitamento das obras em exposição. Carta ao Professor: Colega professor/a, “Nos últimos anos os museus afirmaram-se como espaços de educação essenciais no processo de ensino e aprendizagem. Cabe aos educadores de museus desenvolver recursos que intensifiquem a utilização desse potencial educativo privilegiado. No caso específico do ensino de arte, o contato com as obras originais é insubstituível. Desde 1984 – ano em que começa a ser estruturado o setor de arte- educação do MAC USP, hoje Divisão Técnico-Científica de Educação e Arte – temos desenvolvido formas de abordagens pedagógicas da arte e colaborado com a formação do público de arte contemporânea. Roteiros de Visita foi criado com o objetivo de estimular a proximidade de professores e alunos com as obras do acervo do MAC USP, por meio de recursos que auxiliem no planejamento, no aproveitamento e no desdobramento das visitas ao museu. Pretendemos com o uso deste material didático que você se sinta mais confortável e com maior autonomia ao percorrer as exposições do MAC USP com os seus alunos. Cada ficha, como esta, é acompanhada pela reprodução de uma das 50 obras do acervo do MAC USP selecionadas para compor este material. Os critérios para a escolha das obras foram a sua relevância dentro de um determinado panorama da arte do século XX e a sua recorrente seleção pelas curadorias do museu, garantindo que este material possa, de fato, ser utilizado em paralelo às exposições. Os conteúdos são abordados de modo a incentivar a postura de professor pesquisador. Queremos trocar experiências, acreditando que juntos poderemos aprimorar nossa práxis educacional e cultivar valores Praticas pedagógicas em sala de aula U4 171 necessários à sociedade contemporânea.” Fonte: <http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/ carta.asp>. Acesso em: 22 mar. 2016. Veja essa outra proposta educativa que pode colaborar para a aproximação entre espaços formais e não formais! O MASP oferece oficinas de desenho para crianças como sugestão de intervenção do espaço não formal! Oficina de Desenho: Histórias da Infância Com novas sessões, as oficinas recebem crianças de 5 a 7 ou 8 a 11 anos no MASP, para conhecer as obras da coleção desenhando! A proposta é parte do programa que inclui a exposição Histórias da infância, que será inaugurada em abril de 2016. A exposição reunirá obras que retrataram crianças e a ideia da infância ao longo dos séculos, no sentido social, cultural, político e artístico. A oficina de desenho, então, é uma provocação: por que as próprias crianças não contam suas histórias, no lugar dos adultos? Disponível em: <http://masp.art.br/masp2010/mediacaoeprogramaspublico_ oficinadedesenho.php>. Acesso em: 19 mar. 2016. 1.2 Visitando exposições de arte: discussões, propostas e sugestões introdutórias Uma das questões mais importantes neste livro é destacar o valor em aproximar diferentes espaços de educação sobre arte para que juntos possam contribuir para a formação plena e eficaz de sujeitos mais criativos e reflexivos. Por isso, compreende-se que a visita a ambientes que promovam a arte pode ser bastante instigante e produtiva. Muito já se discutiu nas seções anteriores sobre a potencialidade de espaços de educação não formal. Contudo, agora ter-se-á apontamentos muito precisos quanto à transposição e aplicação destas aproximações. Assim, é preciso adentrar no universo das práticas do ensino de arte para investigar e explorar exemplos e sugestões de metodologias que busquem a aplicação de todo o conteúdo anteriormente abordado. Evidenciando-se, portanto, a importância da visita das instituições formais (escolas) a espaços não formais de arte (museus, exposições, galerias, centros de cultura, entre outros), você tornará palpável uma série de objetivos e pretensões que foram Praticas pedagógicas em sala de aula U4 172 apontadas e discutidas neste livro. Dessa forma, destaca-se que: Somente por meio da conscientização dos professores/educadores em estabelecer vínculos cotidianos com a visita constante a espaços de educação não formal (mesmo que virtualmente) é que a aula de arte poderá perpetuar-se como um conhecimento necessário e altamente contributivo. Não há mais como negar a necessidade de abordagens mais dinâmicas e que usem em seu trâmite equipamentos e instrumentos tecnológicos no espaço educacional. Logo, torna-se necessário entender que computadores, celulares, tablets, sites, programas, espaços virtuais fazem parte da cultura e dos sujeitos contemporâneos. O ato de visitar uma exposição de arte é um momento especial em nossas vidas, portanto precisa ser prazeroso o bastante para provocar o desejo de retornar no aluno, inclusive de forma espontânea. Trata-se de um encontro com a expressão de pensamentos e emoções de pessoas sensíveis, e uma rara oportunidade de apreciar obras únicas, que acontece de diferentes maneiras: quando apreciamos a obra de arte, ao imaginarmoso processo construtivo que culminou naquela obra e o contato visual com o próprio espaço expositivo. Tanto o artista, ao elaborar sua obra, como o curador da exposição pensam em cada detalhe, nas cores, formas, materiais, no local, tamanho, e muito mais. Visitar uma exposição de arte é sentir e apreciar tudo isso: é pensar sobre cada obra, sobre a intenção do artista, como ele organizou o material e escolheu determinado suporte para obter o resultado esperado (SANTA ROSA; SCALÉA, 2006, p. 81). A respeito da possibilidade de conexão entre espaços de educação formal e não formal para a formação em arte: é possível afirmar que a aproximação desses espaços, como prática pedagógica, pode contribuir para o desenvolvimento da capacidade crítica, da percepção e da imaginação dos estudantes? Praticas pedagógicas em sala de aula U4 173 A internet é um instrumento poderoso de ação artístico-cultural, por sua inédita capacidade de levar imagens, textos e documentos hipermídia, possibilitando assim gerar novos paradigmas no âmbito das propostas do ensino da Arte. Entendendo a Arte como uma maneira de organizar variadas experiências, é fundamental integrá-la ao processo educativo, principalmente ao definir sua contribuição para o desenvolvimento de processos mentais (PORTELLA, 2003, p. 124). Interpõem-se portanto, novos desafios à educação. Um deles é acompanhar as transformações do sujeito, buscando instrumentos de renovação e adaptação à nova realidade tecnológica com métodos didático-pedagógicos que sejam capazes de sanar as necessidades desses mesmos sujeitos. Ao arte-educador, cabe a função de “garantir o acesso de seu aluno à expressividade, à criatividade e à apreciação cognitiva. E esse acesso será natural se a mediação do professor favorecer a produção, a fruição e a reflexão” (SANTA ROSA; SCALÉA, 2006, p. 82). Quando se cogita a respeito de novas propostas de visitação a espaços não formais de arte, não se fala somente em um simples deslocamento do grupo de alunos, mas em uma forma de contribuir significativamente para o desenvolvimento intelectual e cognitivo desses por meio de propostas criativas e reflexivas. Para Santa Rosa e Scaléa (2006), são três os aspectos necessários para que a visita a museus e exposições possa ser um momento de reflexão crítica: quando a visitação é um desafio criativo, quando a visitação se desenvolve como um jogo e quando a visitação é uma reflexão crítica. Ao comentar sobre a visitação a museus como um desafio criativo, as autoras Santa Rosa e Scaléa (2006) referem-se às ideias inicialmente sugeridas por Ana Mae Barbosa. Assim, descrevem que deve-se aguçar nos alunos estímulos emotivos e cognitivos, compreendendo a apreciação como um momento de afetividade e emoção, onde desenvolver-se-ão leituras e releituras das imagens e obras observadas. Os educadores devem, dessa forma, questionar os educandos durantes as visitas, instigando a reflexão. Ao falarem sobre a visitação desenvolvida como uma forma de jogo ponderam sobre a necessidade de intervenções por meio de momentos lúdicos. Nesse sentido, o jogo não deve ser uma prática superficial, mas estar carregado de entendimentos e conhecimentos, amparados pelo envolvimento do grupo. Por isso, o desafio e a reflexão devem estar sempre à frente desta proposta. Esses jogos podem ser sugeridos até mesmo durante a visitação e com instrumentos e materiais acessíveis. Um dos pontos fundamentais dessas intervenções é a interação da criança ou adolescente com a obra. Por último, as autoras falam sobre a visitação como uma reflexão crítica. Essas ideias são percebidas ao comentarem que a visita a exposições de arte deve ser um momento de reciclagem e uma importante fonte Praticas pedagógicas em sala de aula U4 174 de reflexão para os alunos, extrapolando e explorando novas linguagens e novos modos de propor o conteúdo. Muitas possibilidades metodológicas surgiram nos últimos anos, alavancadas por inúmeros instrumentos tecnológicos que passaram a fazer parte do cotidiano de alunos e professores. A rapidez das transformações tecnológicas são tantas que passam a ser necessárias alterações nos modos de se propor e relacionar-se com a educação formal e com o ensino de arte. É óbvio que os exemplos trazidos nesta unidade são apenas sugestões para o início do processo educativo, pois não abordam nem enfatizam todas as premissas necessárias a um plano de aula que reflita as abrangentes discussões de metodologias ideais para a aula de arte na contemporaneidade. Essas sugestões são apenas um ponto de partida para a elaboração de planos e projetos sobre arte e devem ser percebidas como recortes necessários ao entendimento das conexões possíveis entre educação formal e não formal. Sugestão de proposta Aproximando espaços formais e não formais de arte 1- Introduzindo a aula sobre visitas virtuais a museus O que o aluno poderá aprender com essa aula: • Pesquisar sobre museus nacionais e internacionais. • Analisar a relação entre escola e museu. Duração das atividades: 9 aulas de 50 minutos. O objetivo desta aula é trabalhar a importância do museu para a educação e a construção de relações possíveis entre esta instituição e a escola. 1) Para início, convide os alunos a fazerem uma incursão por alguns museus a partir das imagens e informações. 2) Leve os alunos para o laboratório de informática e solicite que usem a internet. 3) Mostre aos alunos de 3 a 4 sites de museus. 4) Solicite que os alunos façam registros das imagens e das informações sobre os museus em que estão navegando e que salvem algumas das Praticas pedagógicas em sala de aula U4 175 imagens visitadas. 5) Peça que criem, em seus cadernos um diário de bordo com informações sobre os museus visitados, com imagens impressas ou salvas, mesclando texto e imagens. 6) Apresente os links do programa da TV escola: conhecendo museus (Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/tve/videoteca/serie/ conhecendo-museus>. Acesso em: 19 abr. 2016), juntamente com um roteiro para exploração dos vídeos. 7) Proponha um momento para reflexão com base nas seguintes questões: • Existe museu em sua cidade ou em alguma próxima a ela? • Quais ações e projetos poderiam ser desenvolvidos em sua comunidade para se criar um museu da memória local? • Teria alguma dificuldade para essa criação? 8) Ao final da reflexão, propor que os alunos encaminhem suas propostas ao órgão responsável pela cultura do município onde residem. Essas propostas podem ser encaminhadas por e-mail. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula. html?aula=49493>. Acesso em: 22 mar. 2016. Sugestão de proposta Aproximando espaços formais e não formais de arte 1- Lendo imagens na visita ao museu: Inicialmente, o professor deve escolher obras de arte, movimentos ou artistas a serem trabalhados, de acordo com seu planejamento e seus objetivos para a aula. Para que haja uma boa leitura da obra em questão, é preciso que o aluno observe e analise a imagem ou o objeto com muita atenção. Essa atenção é necessária para que ele possa perceber e introjetar detalhes significativos. O professor pode contribuir para essa análise, orientando incentivando e conduzindo o olhar dos alunos fazendo perguntas como: Praticas pedagógicas em sala de aula U4 176 Fonte: <http://www.plataformadoletramento.org.br/acervo-experimente/779/visitar-um-museu-de-arte-com-a- turma.html?pagina=3>. Acesso em: 28 mar. 2016. Figura 4.12 | Questões para leitura de imagens. O professor deve propor um tempo amplo para a observação. Provavelmente, eles serão invadidos por um turbilhão de percepções e ideias. É necessário que os alunos fiquem atentos a todas as informações e recomendável que registrem as suas impressões por escrito: tudo oque observarem e também seus sentimentos e emoções, bem como as ideias, tema e conceitos que a obra apresenta. O registro escrito, ou caderno de bordo, é uma das formas de estimular a memória visual, que é a capacidade de guardar com certa precisão aquilo que foi observado para que posteriormente seja possível relembrar o que foi visto. Após o processo de observação, é importante que a turma compartilhe suas experiências em uma conversa informal e descontraída, ressaltando que o grupo está construindo o conhecimento conjuntamente. Durante essa conversa, é possível que o professor alerte para a rememoração de alguns elementos visuais que foram percebidos e compartilhados. A ênfase em outros que porventura não foram relatados também é importante. Alguns questionamentos são fundamentais: quais eram as intenções do artista; como era o momento histórico que ele vivia. Além disso, também pode Praticas pedagógicas em sala de aula U4 177 apresentar informações pessoais do artista, se você considerar pertinente. A visita Sugira uma visita a um museu de sua cidade. Se na sua região houver museus, organize uma visita com os alunos. Para facilitar a pesquisa, você pode acessar o Guia de Museus Brasileiros (Disponível em: <http://www. museus.gov.br/os-museus/museus-do-brasil/>. Acesso em: 19 abr. 2016). Contudo, esteja alerta: para que a visita seja bem aproveitada, é importante preparar-se e preparar os estudantes! Por isso, é recomendável que você visite o espaço antes e converse com os educadores responsáveis pelas exposições, para poder orientar bem os seus alunos. Retorno à sala de aula Após a visita ao museu escolhido, aproveite para conversar com a turma sobre o passeio: a preparação em sala de aula; o encontro para a saída ao museu; como foi entrar em um museu (sobretudo para aqueles que não conheciam um espaço como esse); como foram a visita e o percurso pelo prédio; se houve acompanhamento de educador, como foi a conversa com ele. Será que há diferença em ver um objeto em uma projeção e ‘ao vivo’? As cores mudam? Ficam mais nítidas? E as formas e relevos representados? Como forma de reforçar e aplicar os conteúdos aprendidos durante a visita, você pode propor atividades práticas, como a criação de um objeto, uma pintura, um desenho, para que sensações e conteúdos sejam recuperados e ampliados. Disponível em: <http://www.plataformadoletramento.org.br/acervo- experimente/779/visitar-um-museu-de-arte-com-a-turma.html?pagina=3>. Acesso em: 23 mar. 2016. E disponível em: ,http://www.plataformadoletramento. org.br/acervo-experimente/779/visitar-um-museu-de-arte-com-a-turma. html?pagina=4>. Acesso em: 23 mar. 2016. Sugestão de proposta Aproximando espaços formais e não formais de arte 1- Introduzindo a aula sobre visitas virtuais a museus Praticas pedagógicas em sala de aula U4 178 Você sabe como organizar uma exposição de arte? Nas informações trazidas a seguir, você poderá encontrar dicas de como montar uma exposição de arte com seus alunos. E, no endereço citado, você poderá acessar o material completo. Vale conferir! Objetivo(s): – Conhecer o universo dos museus e das exposições de arte. – Reconhecer e valorizar os espaços culturais, as atividades por eles promovidas e seu papel na sociedade. Conteúdo(s): – Planejamento e montagem de exposições de arte. Ano(s): 1º, 2º, 3º Tempo estimado: 8 aulas Material necessário – Cópias da reportagem "No topo" (BRAVO! ed 177. maio de 2012) para todos os alunos. – Material para a montagem da exposição. Desenvolvimento 1ª etapa Introdução Desde a criação dos primeiros museus, durante o século 20, as exposições são o espaço onde muita gente tem o primeiro contato com obras de arte. Nas últimas décadas, esses eventos têm se multiplicado em número e porte. A reportagem ‘No topo’, publicada na revista Bravo! fala sobre esta popularidade no Brasil e como ela causou o aumento no número de visitantes a museus e instituições culturais. Aproveite esse gancho para saber como está a relação dos alunos com esses eventos e para colocá-los em contato com o interessante mundo dos "bastidores" de uma exposição. Comece perguntando quem já foi a uma exposição. Como há exposições de arte, de plantas, de automóveis etc., identifique o tipo visitado pelos alunos e explique que neste projeto a turma vai tratar da exposição de artes e objetos Praticas pedagógicas em sala de aula U4 179 de museus. Conte para a turma que a palavra "museu" vem da Grécia e significa "templo das nove musas". Ligadas às artes e às ciências, elas eram as filhas de Zeus como Mnemosine, a deusa da memória. A princípio, esses eram locais de estudo, verdadeiros templos do conhecimento humano. A partir do Renascimento, começaram a surgir as coleções de obras de arte, tesouros e outros objetos. Muitas das peças importantes ficavam nos grandes salões dos palácios e ocupavam os corredores onde os nobres exibiam suas coleções. Essas galerias encontraram nos palácios do período Barroco uma de suas maiores expressões. 2ª etapa Para retomar os conceitos da primeira aula e compreender quais os locais que podem exibir obras de arte, faça uma visita a outros museus com os alunos pelo Google Art Project. 3ª etapa Para retomar o que já foi visto, mostre imagens de espaços expositivos. Algumas podem ser encontradas nos sites presentes no Guia dos Museus Brasileiros. O primeiro passo é a definição do tema (o que expor?), o público (para quem?), o local (onde?) e a duração (quando e por quanto tempo?). É também importante entender que as exposições contam com equipes e profissionais que cuidam de cada etapa. Apresente as equipes envolvidas no processo: curadoria, setor educativo, produção e montagem. 4ª etapa Resolvidas as equipes, defina o tema com os alunos. Para tal, peça que considerem o público-alvo e os interesses e necessidades da comunidade. Para planejar a montagem da exposição é preciso saber: quantidade de metros lineares de paredes (ou painéis); metragem quadrada de estruturas; máxima altura das peças; iluminação; necessidade de proteção solar, temperatura e umidade para alguns objetos (cuidado com os trabalhos em papel: evitar sol e umidade!); vitrines ou bases para objetos; segurança das pessoas e das peças (evitar que as peças caiam de suas bases, ou ainda que aquelas mais delicadas passem por manuseios indesejados). Praticas pedagógicas em sala de aula U4 180 5ª etapa As etapas iniciais, de contextualização e apresentação das tarefas poderão ocupar dois encontros, no entanto, a execução do projeto em si poderá necessitar de um período mais longo e dependerá muito do tamanho da exposição”. Disponível em: <http://rede.novaescolaclube.org.br/planos-de-aula/como- elaborar-uma-exposicao>. Acesso em: 1 mar. 2016. No site Era Virtual, você pode ver de perto vários detalhes de grandes museus e seus acervos com diferentes obras. Aproveite esse espaço para propor várias atividades a seus alunos. Adapte as propostas às faixas etárias e às temáticas desejadas. “O ERA Virtual é um projeto pioneiro na disponibilização de visitas pela internet com visualização 360º dos museus brasileiros e seus acervos. Entre nessa viagem surpreendente e conheça nosso patrimônio cultural.” Fonte: <http://www.eravirtual.org/?page_id=30>. Acesso em: 21 mar. 2016. Figura 4.13 | Página do site Era Virtual Praticas pedagógicas em sala de aula U4 181 Fonte: <http://www.eravirtual.org/?page_id=30>. Acesso em: 21 mar. 2016. Figura 4.14 | Opções de visitas virtuais do site Sugestão de vídeo Para saber mais sobre o site Era Virtual, acesse o endereço e assista com atenção ao vídeo: Disponível em: <http://www.eravirtual.org/?page_id=30>. Acesso em: 21 mar. 2016. Para explorar ainda mais aspropostas que conectam a sala de aula aos espaços não formais, reflita sobre a ideia de que o museu é um espaço de conservação dos indícios materiais deixados pelos homens e também um espaço de conservação das memórias de grupos ou sociedades. Por isso, você poderá aproveitar para tratar de diversos assuntos, como, por exemplo, conceitos importantes sobre patrimônio cultural. O museu se apresenta também como um lugar de conhecimento, por isso ele assume um posicionamento muito relevante na formação dos sujeitos. Logo, configura-se como um ambiente que pode estimular a formação em arte, principalmente quando se desenvolve ações conjuntas com a escola, com espaços formais de educação. Os museus, e outros espaços de educação não formal, se configuram como ambientes de enorme potencialidade que devem ser explorados, nos seus infinitos formatos, pelos professores de Arte que buscam constantemente enriquecer e contextualizar suas aulas. A importância do contato e das visitas frequentes dos alunos aos museus é enorme. Por meio desses espaços de manutenção e conservação das memórias, crianças e adolescentes entram em contato com a essência da cultura, o que irá contribuir para a construção de sua identidade e sua história. Essas ideias enquadram-se do mesmo Praticas pedagógicas em sala de aula U4 182 modo em museus que apresentam somente objetos artísticos, pois a arte também pode ser usada como um instrumento de reconstrução e conhecimento histórico. Sugestão de proposta 1- Ideias introdutórias sobre visita virtual a museus O aluno deverá desenvolver habilidades de leitura e compreensão de textos a partir da utilização de recursos tecnológicos; registrar observações de visitas virtuais, desenvolvendo a capacidade de sínteses de informações. Duração das atividades: aproximadamente 8 aulas de 50 minutos. Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno É importante que as crianças já possuam desenvoltura de leitura e produção escrita. Devem ter conhecimentos básicos de computador (internet). 1- Conhecendo o site e a proposta de trabalho Objetivo: desenvolver capacidade de pesquisa e síntese de informações, seguindo orientações de um roteiro. Endereço do site Era Virtual: <http:// www.eravirtual.org>. Acesso em: 23 mar. 2016. 2- Caderno de bordo para registro das informações coletadas • Data da pesquisa. • Nome e endereço eletrônico. • Assunto abordado pelo site. • Ferramentas disponíveis (na barra superior). • Nome e localização dos museus já disponíveis para visita virtual. 3- Exploração autônoma do site. 4- Exploração direcionada. Nesse momento você poderá abordar diferentes temas que se Praticas pedagógicas em sala de aula U4 183 correlacionam as suas propostas iniciais. O interessante é que esses espaços podem servir como ponto de apoio ou ponto de partida para as mais variadas questões, práticas e teóricas. 5- Anotar dados referentes à pesquisa selecionada pelo professor no caderno de bordo. 6- Debate das informações levantadas. 7- Produção de atividade artística com base nas temáticas abordadas pelo professor. 8- Apresentação da atividade por meio da montagem de uma exposição de arte. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula. html?aula=21257>. Acesso em: 21 mar. 2016. Sugestão de aula 1- Volpi no museu e na escola Objetivo 1: a atividade convida os participantes a mergulhar no tempo, no lugar e na história deste artista. Para facilitar o desenvolvimento desta atividade, o Museu de Arte Contemporânea da USP/MAC dispõe das obras que marcam a principal fase do trabalho desse artista: as “paisagens naturalistas” dos anos 30 e 40. Objetivo 2: a proposta aqui sugerida é conhecer Volpi e sua produção artística, vinculando esses conteúdos à realidade social da comunidade escolar. Visitar o museu pode ser uma etapa inicial, intermediária ou final desta experiência de ensino aprendizagem em arte integrada às outras disciplinas. Material: Pranchetas, papel sulfite ou canson, lápis grafite 4B e 6B Desenvolvimento: a produção de Volpi é bastante ampla, por isso a seleção de um aspecto dessa produção para o estudo em sala de aula é Praticas pedagógicas em sala de aula U4 184 importante para o desenvolvimento do trabalho. A temática “fachadas” pode ser o fio condutor do planejamento do professor, fundamentado em sua pesquisa preparatória e enriquecida pela visita ao MAC USP. 1º Etapa – antes da visita ao MAC, proponha aos alunos passeios pelas ruas ao redor da escola. Com pranchetas, papéis e lápis, os estudantes devem caminhar pelas calçadas observando as casas e suas “fachadas”, janelas e portas. Fazer uma produção por meio de desenhos e impressões do passeio. Discuta as seguintes questões: a) O que chama mais a atenção? b) Quais detalhes percebem? c) Quais relações fazem com as próprias casas? d) As portas e janelas têm linhas retas ou curvas? Como são as suas formas e cores? e) Há prédios na região? Qual a distância entre eles? f) Há vegetação na vizinhança? Quais cores predominam nessa paisagem? 2ª Etapa – de volta à sala de aula, exponha as produções dos alunos em varais e proponha uma conversa sobre os desenhos e as impressões do passeio. Cada um poderá falar sobre o seu trabalho ou o do amigo. Essa etapa é um exercício do olhar e reflexão sobre o processo e seus resultados. 3ª Etapa – visita ao museu. No espaço do MAC, os alunos poderão observar as casas e fachadas produzidas por Volpi (caso não seja possível ir ao museu, as reproduções em sites também permitem uma aproximação com a obra do artista). O enfoque maior deverá ficar por conta das fachadas, suas formas e cores. 4º Etapa – na escola, proponha um debate por meio do seguinte questionamento: como era o bairro do Cambuci, ou as cidades de Mogi das Cruzes e Itanhaém quando o artista pintava nesses locais? Fotos das décadas de 40 e 50, pertencentes às famílias dos alunos ou pesquisadas em jornais, também serão úteis. Envolva os familiares na pesquisa. 5º Etapa – pesquise as questões específicas sobre o bairro da escola que podem ser discutidas como parte do estudo. Disponível em: Praticas pedagógicas em sala de aula U4 185 <http://www.usp.br/nce/educomjt/paginas/volpi.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2016. 1. Como as mídias e as novas tecnologias podem contribuir para a formação em arte? 2. Descreva alguns objetivos das propostas interativas e educacionais oferecidas pelos espaços não formais de arte. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 186 Praticas pedagógicas em sala de aula U4 187 Seção 2 Reflexões sobre o museu virtual como prática educativa Nesta seção, você terá acesso a outros subsídios que buscarão relembrar e reabastecer a prática pedagógica em Arte por meio de reflexões sobre a incidência específica dos novos meios eletrônicos e tecnológicos na sala de aula. Tais influências irão contribuir com ponderações e debates sobre a possibilidade da visita a espaços não formais apenas por intermédio de ambientes virtuais, visando à participação mais ativa dos alunos. Essas orientações servirão principalmente para embasar atividades em regiões que não possuem museus ou exposições de arte ou para educadores que tendem a sugerir aproximações entre a tecnologia e a arte. A ideia norteadora é que intervenções e ações educativas indicadas por esses espaços virtuais sejam exploradas e usadas cotidianamente para instigar a participação, a criação e o interesse do aluno pela arte. Assim, ao correlacionar a conteúdos interativos e atuais, o professor pode despertar uma iminente necessidade ou gosto pela arte. Desse modo, esta seção destaca algumas outras sugestões introdutórias para novas possibilidades de espaços de interação que visemaulas mais criativas e dinâmicas. Reflexões sobre o museu virtual como prática educativa A primeira, e principal pergunta, que se propõe nesta seção é como propor alterações na proposta de formação em arte, que contemple aproximações entre espaços formais e não formais, em regiões que não possuem museus, galerias ou centros de cultura? A resposta a tal problema já foi sugerida nas unidades anteriores e fazem referência à utilização de tecnologias que viabilizam o acesso a esses lugares mesmo a distância. Por isso, é fundamental que exista uma conscientização quanto à aplicabilidade e à importância dos ambientes virtuais nas escolas. É por meio do uso de computadores com internet que se estreitarão as distâncias entre espaços de disseminação da arte. Outro ponto que merece destaque quando se fala no uso de tecnologias na Praticas pedagógicas em sala de aula U4 188 sala de aula de Arte refere-se a um aumento do interesse dos alunos sobre as aulas, já que esses comumente sentem-se desinteressados por aulas absolutamente tradicionais, em que o único instrumento utilizado pelo professor é o giz. No entanto, não se espera que o educador abandone definitivamente tais instrumentos, mas que o espaço virtual, por meio do uso de novas tecnologias, possa contribuir enormemente para a democratização e enriquecimento das aulas. As novas mídias se colocam como um possível caminho para a construção do conhecimento, do pensamento artístico e também para a troca de experiências. Logo, a busca contínua pela atenção e o interesse do estudante pela aula tem sido uma das grandes problemáticas atuais. E, quando se fala na disciplina de Arte, espera-se que a criatividade e a aproximação com o novo e com diferentes formas de propor o pensamento sejam evidenciadas. No entanto, nem sempre as aulas de Arte nas escolas partem desse princípio. Muitas vezes, elas reproduzem conteúdos maçantes e se aproximam muito dos formatos cansativos e desgastantes utilizados há muito por outras disciplinas. Há que se discutir como as transformações culturais, tecnológicas e sociais devem também chegar até a escola e transformar, do mesmo modo e com a mesma rapidez, a educação formal. Deve-se, sobretudo, destacar que a escola precisa se adaptar à revolução tecnológica que indiscutivelmente transforma todos os sujeitos envolvidos neste processo, alunos e professores. No entanto, todas essas novas apropriações não devem deixar de lado o conhecimento e as informações historicamente construídas e acumuladas, que são e sempre serão necessárias à construção do conhecimento. A ideia geral desta seção é, portanto, sugerir outras possibilidades metodológicas que visem aulas mais criativas, dinâmicas, significativas, instigantes e propagadoras de reflexões importantes para a formação do aluno. Por isso, todas as discussões se voltam para a importância de correlacionar conteúdos, de conscientização da necessidade de transposições didáticas para grupos específicos, de elaboração de aulas transdisciplinares, de investir em práticas cotidianas que inspirem e contribuam para o crescimento intelectual dos estudantes. Esses são apenas alguns dos objetivos a serem evidenciados. Atualmente ocorre uma disseminação dos museus virtuais e, ao mesmo tempo, a maioria dos museus, desde os mais tradicionais, disponibiliza os seus conteúdos temáticos na internet. Assim, na web, encontram-se quatro categorias de museus virtuais: primeiro, aqueles que possibilitam o acesso às obras que existem ou existiram fisicamente, pois possuem acervos constituídos de reproduções digitais de obras de arte; segundo, os que apresentam exclusivamente acervo de Praticas pedagógicas em sala de aula U4 189 obras de arte geradas por processos sintéticos que dependem de programas específicos para a sua criação e também para visualização; terceiro, os museus híbridos, que apresentam obras de existência real e também obras formadas por pixels e destinadas à tela do computador; e, quarto, aqueles que através de programas especiais, interativos, fazem o usuário ter a sensação de estar literalmente entrando no espaço físico do museu e passeando por suas galerias. Enfim, a convivência de museus físicos e eletrônicos constitui-se marca distintiva do complexo cenário artístico- cultural contemporâneo. Dos acervos que integram os museus virtuais de arte, sejam criações ou reproduções, ambas podem ser armazenadas em coleções virtuais. Embora compartilhem funções informacionais, museus no mundo físico e no espaço virtual são dotados de propriedades e características que os distinguem na própria essência e impedem que os museus construídos na web sejam interpretados quer como substitutos, quer como ampliação dos museus físicos. Um mesmo museu virtual de arte pode conter reproduções digitais de acervos físicos e de obras criadas a partir de matrizes digitais (SILVESTRE; CUNHA; VAZ, 2016, p. 4). Dessa forma, o acesso a museus virtuais apresenta-se como uma grande possibilidade de construção do conhecimento artístico, pois torna possível o contato com obras e ações educativas até então inimagináveis em razão dos problemas relativos à distância. Assim, evidencia-se a importância dos espaços não formais virtuais para a formação integral dos estudantes. Considera-se que a quantidade de informações encontradas em cada um dos museus virtuais é incalculável e extremamente valiosa para complementações de aprendizagem de instituições formais. Vale destacar que todas estas informações que referenciam e remetem aos museus virtuais são apenas parte de um imenso universo informacional, de grande potencial educativo e comunicativo, que é a internet. Com o aumento das tecnologias, entre elas a própria internet, tornou-se possível oportunizar espaços virtuais com objetivos altamente comunicativos. É através desses novos ambientes virtuais que o museu ganha a oportunidade de se tornar itinerante, presente, dinâmico e acessível. Essas características evidenciam que a função dos museus foi ampliada, reforçando também seu lugar de destaque na educação, já que se apresenta como uma prática pedagógica de grande potencial para as artes. Destaca-se, consequentemente, que as barreiras limitantes do tempo e do espaço são rompidas e alargadas com as novas tecnologias. Assim, compreende- se que até mesmo regiões ou cidades que não possuem museus podem ter acesso a diversos museus virtuais. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 190 Esses espaços virtuais podem oferecer uma vasta gama de cursos, acervos ou visitas extremamente importantes para a aprendizagem e para a formação em arte. É necessário relembrar que várias discussões sobre a importância desses espaços também já foram destacadas e abordadas nas unidades anteriores. Por isso, vale reiterar o quanto pode ser produtiva a visita a tais ambientes. Do mesmo modo, deve ser destacado que os museus oferecem diversos cursos virtuais e ações educativas que reafirmam o valor educacional destes novos lugares. Assim, é possível analisar que o uso de tecnologias altera a experiência dos estudantes em relação ao museu por meio de aproximações que utilizam diferentes tipos de linguagem e novas formas de interação entre público e obra na contemporaneidade. O ensino da Arte deve enfatizar igualmente tanto a vivência de processos quanto a aprendizagem que daí advém, a realização de trabalhos artísticos e a construção cultural. Ativando e incrementando a capacidade de visualização, a memória visual, a descoberta de soluções para problemas, sejam eles técnicos ou estéticos, cada detalhe é importante e deve ser respeitado. O uso de novas tecnologias possibilita aos alunos desenvolver sua capacidade de pensar e fazer Arte contemporaneamente, representando um importante componente na vida dos alunos e professores, na medida emque abre o leque de possibilidades para seu conhecimento e expressão (PIMENTEL, 2003, p. 120). Uma das grandes vantagens dos espaços virtuais é que se pode ter acesso a ele em qualquer lugar que possua internet. Sendo assim, o educador pode explorar diversos ambientes de arte, no Brasil ou no mundo, por meio da exploração virtual, apenas com alguns cliques em sua tela. Cabe ao professor, enquanto mediador e facilitador, explorar espaços, ideias, assuntos ou temáticas, buscando alavancar e alargar as barreiras limitantes do espaço e do tempo. A cada intervenção virtual, ampliam-se as possibilidades de envolvimento dos alunos e do contato aproximado destes com obras e artistas. Museus também ensinam Outro tipo de formação apontada pelos especialistas como eficaz, além dos programas de graduação e de pós-graduação das universidades e das parcerias travadas entre fundações, estados e municípios, são os Praticas pedagógicas em sala de aula U4 191 cursos oferecidos pelos setores educativos de diversos museus. De duração variada – de um único fim de semana a dois anos –, eles dão aos professores a oportunidade de entrar em contato com curadores, montadores e artistas e de se preparar melhor para levar os alunos às exposições. "Frequentar o educativo de um museu é fundamental para dar uma boa aula", diz Mirian Celeste Martins, do Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista, responsável pela formação de dezenas de profissionais na área. "Mesmo depois de formado, o educador deve encarar essa atividade como uma capacitação constante", frisa Mirian. No Espaço Cultural da Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos, litoral de São Paulo, Lídice Romano de Moura, professora do curso de Educação Artística, defende tanto essa prática que conseguiu transformar as atividades de mediação (momento em que o guia explica uma obra) em disciplina experimental do currículo no começo de 2006. Ela coloca os alunos – a maioria já leciona na rede pública local – para viver experiências de monitoria na galeria de arte que funciona dentro da universidade. Assim, o espaço acaba sendo rico tanto para o curso como para a cidade. "É uma alternativa para os municípios que não têm tantas opções de museus e espaços de exposição", justifica. Formada há dois anos, Ive Estrela Silva, que leciona para turmas de 1ª e 5ª série e EJA na EE Parque das Bandeiras Gleba II, na vizinha São Vicente, frequenta regularmente o espaço da Unisanta e já tem programada uma visita com os alunos para o início do ano que vem. "Quando falamos sobre arte contemporânea, é quase obrigatório essa ponte feita pelos mediadores entre a obra e o visitante", teoriza Ive. "E ninguém deve ter vergonha de dizer que não entendeu determinado trabalho. A dúvida é o combustível das boas visitas." Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/arte/fundamentos/ aula-arte-cara-nova-424838.shtml>. Acesso em: 16 mar. 2016. Para você, o contato com espaços não formais de educação, como os exemplificados pelos museus virtuais, pode contribuir para um maior desenvolvimento estético dos estudantes? Praticas pedagógicas em sala de aula U4 192 Guia virtual para museus no mundo Neste espaço, você encontra uma grande quantidade de informações sobre os museus! 1. História dos museus 2. Museus no Brasil 3. Museus no mundo 4. Exposição virtual 5. Programação dos museus 6. Museus virtuais Fonte: <http://www.museus.art.br/>. Acesso em: 21 mar. 2016. Figura 4.15 | Página inicial do site A ideia do museu virtual pode amparar também a construção de um projeto que visa à exposição de atividades artísticas produzidas pelos próprios alunos, servindo de anteparo para a apresentação de propostas metodológicas mais inusitadas e instigantes. Por isso, cabe ao educador a função de elaborar projetos criativos que ultrapassem a utilização de práticas desconectadas e sem fundamento, podendo contribuir para exploração de todas as habilidades e potencialidades de cada sujeito envolvido. Outra função dos museus virtuais é a de propiciar o conhecimento de diversas formas de produção e apresentação da obra de arte, significando um meio para que se possa ver e apreciar a arte. Há que se pontuar que devem ser estabelecidos objetivos claros quanto ao uso de computadores nas escolas, por isso é preciso um trabalho muito bem articulado e claro para que haja contribuições na formação do aluno. Do mesmo modo, deve-se lembrar que a arte oferece múltiplas possibilidades Praticas pedagógicas em sala de aula U4 193 quanto ao uso das tecnologias. É possível pontuar que seus usos podem também estimular a produção e encorajar o processo criativo por meio de novas mídias, dos computadores e internet. Assim, vale ressaltar outras potencialidades quanto a esses usos na aula de Arte. O uso de novas tecnologias na escola se faz, tradicionalmente, com alguma defasagem em relação ao seu aparecimento. Isso é normal, uma vez que raramente são desenvolvidas tecnologias que se dirijam diretamente ao processo educacional. Na maioria das vezes, porém, a escola se apropria das tecnologias desenvolvidas com o mesmo enfoque tradicional de supremacia do texto em detrimento ao estudo da imagem. [...] No entanto, a maioria das escolas tem somente um currículo voltado para a aprendizagem de edição de textos e banco de dados, não havendo preocupação, ou até conhecimento por parte dos professores, em ensinar programas de tratamento de imagens. Sem o aprendizado desses programas, ou a oportunidade de explorá-los, o aparecimento na tela de imagens, que podem estar ligadas ou não a sons e movimentos, não leva o aluno a pensar a imagem (PIMENTEL, 2003, p. 115). 1. De acordo com o texto estudado, como os professores podem propor novas possibilidades metodológicas visando alcançar aulas mais criativas, dinâmicas, significativas, instigantes e propagadoras de reflexões importantes para a formação do aluno? 2. Quais são os três principais aspectos necessários para que uma visita a museu ou exposição possa ser considerada um momento de reflexão crítica sobre arte? Praticas pedagógicas em sala de aula U4 194 Nesta unidade, o aluno: • conheceu as potencialidades da educação não formal e de seus respectivos ambientes virtuais. • aprendeu que a educação não formal em arte é capaz de estimular e promover reflexões críticas por meio de intervenções, ações educativas e exploração de ambientes virtuais. • refletiu sobre diferentes propostas de ensino que abordaram a aproximação de espaços formais e não formais. • rememorou diversos conteúdos relevantes abordados durante as unidades anteriores que serviram de anteparo para reflexões sobre novas propostas práticas de arte-educação. Caro aluno, ao chegar ao fim desta unidade, você conheceu um pouco mais sobre as possibilidades de interação entre espaços formais e não formais de educação em arte. Descobriu como a internet pode ser um ambiente potencializador da aprendizagem e como o professor de Arte pode explorar os meios tecnológicos para alcançar práticas educativas que sejam inspiradoras, instigantes e contributivas. É notável, portanto, que o processo de ensino de arte permite fazer múltiplas conexões criativas e inusitadas com os mais variados ambientes ou assuntos. Por isso, explore ao máximo essas potencialidades! Estimule e envolva constantemente seus alunos no apaixonante universo da arte! 1. Ao se objetivar uma formação em Arte que seja enriquecedora e contributiva, pensa-se que o ponto de partida possa ser a interlocução entre diferentes ambientes. Deste modo, para que se alcance uma arte-educação plena e satisfatória é preciso Praticas pedagógicas em sala de aula U4 195 2. Não faz muito tempo, os museus eram vistos como instituições aristocráticas, distantes do povo,reservados a poucas e seletas pessoas. No entanto, aos poucos isso começa a mudar. De acordo com o texto, comente sobre os fatores que levaram à mudança na percepção de museus como espaços contributivos de educação não formal de arte. 3. De acordo com os textos estudados nesta unidade, exemplifique quais são as atividades e ações pedagógicas que podem aproximar os espaços formais e não formais de educação em arte. considerar algumas questões. Leia as alternativas e assinale a sequência correta: I. É preciso uma conscientização da necessidade de unir os esforços da educação formal e da não formal que possam juntas promover mecanismos de ampliação do conhecimento, inclusão e transformação social. II. É indispensável que os educadores tenham consciência de que os currículos e suas respectivas aulas precisam ser flexíveis e voltados para os interesses dos grupos. III. É preciso que as propostas e ações que tendem a valorizar espaços de educação não formal em arte tenham como parâmetro básico a criatividade e boa orientação, amparada por muita divulgação. IV. É notável lembrar que espaços de educação não formal não têm como objetivo principal elaborar propostas que possam vir a contribuir para ampliação do conhecimento em arte. Agora, assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I, II e III estão corretas. c) Apenas I, II e IV estão corretas. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Apenas III e IV estão corretas. Praticas pedagógicas em sala de aula U4 196 4. Intervenções que aproximam diferentes espaços de construção do conhecimento em arte ainda são pouco difundidos na prática docente. Por isso, espera-se que propostas de aproximação entre espaços formais e não formais possam contribuir para avanços quanto à construção de sujeitos mais críticos e possam constantemente cooperar com o desenvolvimento da sociedade. Considere as informações, leia as sentenças e assinale V para verdadeiro e F para falso. (__) Há algum tempo se discute sobre a necessidade de aulas de Arte que relacionem o conhecimento científico, a vivência e o cotidiano dos alunos. (__) Os espaços formais e não formais buscam aproximar diferentes formas de conhecimento por meio de ambientes que objetivam promover e divulgar a arte. (__) Os museus são espaços de educação formal e contam atualmente com uma gama enorme de atividades educativas que buscam contribuir para a construção do conhecimento. (__) A educação museal tem como princípio a reflexão sobre ideias que visam correlacionar-se de forma dinâmica com a memória, a identidade, a salvaguarda e celebração do passado, de grupos ou épocas. Agora assinale a alternativa que corresponde à sequência correta: a) V, F, F, V. b) V, F, V, V. c) F, V, F, V. d) V, V, V, F. e) V, V, F, V. 5. Pensando nas contribuições propostas pelos museus, defina o que são práticas educativas. 197Praticas pedagógicas em sala de aula U4 Referências BUORO, Anamelia Bueno. 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