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License-511105-29210-0-4 PSICOLOGIA APLICADA Anna Freud Você sabia que Anna Freud é conhecida por representar a difusão da Psicanálise? Sim, ela estudou a Psicologia do ego, que enaltece as funções do ego, indo além das pulsões do id; e foi pioneira nos estudos sobre a Psicanálise com crianças. Vamos conhecer um pouco sobre ela e sua teoria? Anna Freud: uma breve biografia Talvez você esteja se perguntando se o nome Anna Freud tem alguma relação com o da família de Sigmund Freud, não é mesmo? E você está certo (a)! Anna Freud foi filha de Sigmundo Freud, o pai da Psicanálise. Ela foi considerada a líder da Psicologia neofreudiana do ego, e seu nascimento, em 1895, coincidiu com o surgimento da Psicanálise. Anna foi a única dos filhos de Freud a se dedicar e a seguir a carreira do pai, tornando-se uma analista. Veja, no quadro a seguir, a cronologia da carreira de Anna Freud. Fatos importantes na carreira de Anna Freud Aos 14 anos Passou a se interessar pelo trabalho de Freud. Ouvia discretamente as reuniões da Sociedade Psicanalítica de Viena. Aos 22 anos Passou a fazer análise com o pai, o que gerou muitas críticas a Freud. Aos 29 anos Anna apresentou seu primeiro trabalho acadêmico para a Sociedade Psicanalítica de Viena. Segundo Schultz (2002), o trabalho intitulado “Beating fantasies and daydreams” (“Fantasias de Espancamento e Devaneios”), foi supostamente baseado no caso de uma paciente, mas, na verdade, abordava suas próprias fantasias. Aos 30 anos Anna passou por uma crise de identidade que durou seis anos. Isso aconteceu porque Freud era ambivalente sobre o fato de Anna tornar-se psicóloga. Além disso, ele ficou um pouco perturbado quando soube que sua filha havia decidido não casar. Fonte: SCHULTZ, 2002. License-511105-29210-0-4 PSICOLOGIA APLICADA Anna também descrevia, em seus artigos acadêmicos, sonhos que envolviam surras e relações incestuosas entre pai e filha. Esse trabalho rendeu-lhe a admissão na Sociedade Psicanalítica. Anna Freud aprofundou os estudos sobre as funções do ego, tanto as conscientes quanto as inconscientes, as quais Freud esboçou, mas não aprofundou. Anna Freud e a Psicanálise infantil Outra importante contribuição de Anna Freud foi para a Psicanálise de crianças, área na qual ela foi pioneira – porém, mesmo pioneira, ela seguiu bastante a linha de Freud, tendo dedicado sua vida ao desenvolvimento e ao aprimoramento da teoria psicanalítica. Mas em que momento a Psicanálise adotada por Anna se distanciava da do pai? Bem, com relação ao tratamento de crianças, ela acreditava que a criança era muito frágil para ser submetida à análise com a exploração do subconsciente. Assim, embora ela se utilizasse da Psicanálise na análise infantil, essa não era uma análise semelhante àquela feita com os adultos, que se utilizava da interpretação do inconsciente, por exemplo. Nesse trabalho com crianças, a filha de Freud se preocupou em trabalhar com crianças emocionalmente perturbadas, sobretudo aquelas que tinham uma condição social mais precária. Ainda não ficou claro? Continue acompanhando a evolução desse processo. Anna Freud se propõe a conscientizar a criança de sua doença, pois, dessa forma, a criança acredita que será criado um vínculo de confiança com o analista. Para Anna Freud, se a criança percebe que é vista como um doente mental, digamos assim, a primeira reação pode ser de intimidação, acompanhada do sentimento de impotência e sofrimento. Porém, isso levará a criança a aceitar mais rapidamente o auxílio do analista e a License-511105-29210-0-4 PSICOLOGIA APLICADA estabelecer um vínculo com ele. Assim, podemos entender que a preocupação de Anna Freud é garantir o tratamento da criança, e não tanto a forma como essa criança receberia a informação de sua doença. Além disso, Anna Freud estudou o desenvolvimento infantil, a demora no processo de aprendizagem e os motivos por que algumas crianças aprendiam e se desenvolviam mais rápido que outras. A figura a seguir ilustra o processo de aprendizagem de uma criança. Fonte: Kateryna Larina, Shutterstock, 2017. A análise infantil e a Psicologia do ego de Anna Freud Para começarmos nossos estudos sobre esse tema, é preciso que entendamos que, para Anna Freud, a Psicanálise deveria ter uma utilidade taerapêutica, não somente na vida dos adultos, mas sobretudo na vida das crianças. Uma das obras que registra essa preocupação de Anna foi escrita por ela no ano de 1927, quando publicou seu livro Introduction to the technique of child analysisI (introdução à técnica da análise infantil). Em sua abordagem com crianças, Anna Freud levava em conta a imaturidade e o nível de capacidade verbal infantil. License-511105-29210-0-4 PSICOLOGIA APLICADA Mas o que isso significa? Isso significa que Anna Freud acreditava que, para que se estabelecesse uma relação de confiança entre a criança e o analista, era preciso que a comunicação ocorresse de maneira agradável. Assim, ela tinha a pretensão de se aproximar das crianças e da sua linguagem extinguindo o distanciamento que a figura do analista poderia representar. Afinal, diferentemente do adulto (que busca a análise consciente), a criança vai por intermédio dos pais, e não por vontade própria. Dessa forma, Anna Freud foi a primeira a utilizar o uso de brincadeiras e a observação da criança no ambiente familiar como meio de lidar com o emocional das crianças. Outro ponto importante desse contexto é o de que o divã não era utilizado com as crianças: no lugar dele, foi dado espaço para as brincadeiras, meio de expressão das crianças, conforme ilustra a figura a seguir. Fonte: 2xSamara.com, Shutterstock, 2017. Além disso, no artigo The Ego and the mechanisms of defense (1936), Anna Freud explica como os mecanismos de defesa funcionam para proteger o ego da ansiedade. Outro dado importante é que Anna Freud, após revisar toda a Psicologia ortodoxa, expandiu o papel do ego (que, para ela, tem um funcionamento independente do id) e do uso dos mecanismos de defesa para proteger o ego da ansiedade. Seu estudo sobre o ego e os mecanismos de defesa defende a preocupação do analista infantil e a recuperação da integridade da criança, além da correção das anormalidades do ego. License-511105-29210-0-4 PSICOLOGIA APLICADA E quanto aos mecanismos de defesa? Dentre os mecanismos de defesa estudados por Anna Freud, resumidamente, os mais conhecidos são: repressão, ou seja, necessidade de conter os pensamentos e as emoções que mantêm a ansiedade; projeção, enquanto capacidade e costume de enxergar os defeitos em si mesmo e no outro; deslocamento, que significa transferir sentimentos negativos para outras pessoas; e a regressão, ou, em outras palavras, quando retornamos a uma idade mais jovem. Veja a animação sobre os mecanismos de defesa elaborados por Freud e como Anna Freud aprofundou esse estudo, isso vai te ajudar a identificar os tipos de mecanismos de defesa.