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Silas Horta

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1 
 
 
 
 
 
 
 
TJ-RJ 
Analista Judiciário 
Especialidade: Psicólogo 
 
1 Código de Ética do psicólogo e resoluções do Conselho Federal de Psicologia ............... 1 
2 Avaliação psicológica e psicodiagnóstico. 2.1 Fundamentos e etapas da medida 
psicológica. 2.2 Instrumentos de avaliação. 2.2.1 Critérios de seleção, avaliação e interpretação 
dos resultados ........................................................................................................................ 29 
2.3 Técnicas de entrevista ................................................................................................. 52 
2.4 Laudos, pareceres e relatórios psicológicos, estudo de caso, informação e avaliação 
psicológica ............................................................................................................................. 65 
2.5 Perícia Psicológica ....................................................................................................... 82 
3 Teorias e técnicas psicoterápicas. 3.1 Psicoterapia individual e grupal. 3.2 Abordagens 
teóricas. 3.2.1 Psicanálise (Freud, M. Klein, Winnicott, Lacan), cognitivo-comportamental 
(Skinner, Beck), humanistaexistencial (Rogers, Perls), sócio-histórica (Vygotsky, Luria) e 
psicodrama (Moreno) ............................................................................................................. 83 
4 Psicopatologia. 4.1 Transtornos de humor. 4.2 Transtornos de personalidade. 4.3 
Transtornos relacionados ao uso e abuso de substâncias psicoativas. 4.4 Transtornos de 
ansiedade. 4.5 Transtorno do estresse póstraumático. 4.6 Transtornos depressivos. 4.7 
Transtornos fóbicos. 4.8 Transtornos psicossomáticos. 4.9 Transtornos somatoformes. 4.10 
Esquizofrenia........................................................................................................................ 120 
4.11 Estruturas clínicas (neurose, psicose e perversão) .................................................. 168 
5 Psicologia da saúde. 5.1 Ações básicas de saúde ........................................................ 181 
5.1.1 Promoção. 5.1.2 Prevenção. 5.1.3 Reabilitação ...................................................... 193 
5.2 Equipes interdisciplinares. 5.2.1 interdisciplinaridade e multidisciplinaridade em saúde. 
5.3 O papel do psicólogo na equipe de cuidados básicos à saúde ....................................... 211 
6 Intervenção psicológica em problemas específicos. 6.1 Tratamento e prevenção da 
dependência química. 6.1.1 Álcool, tabagismo, outras drogas e redução de danos ............. 214 
7 Teorias e Técnicas psicoterápicas ................................................................................ 237 
8 A criança e o adolescente. 8.1 Desenvolvimento emocional e social. 9 Clínica do idoso
 ............................................................................................................................................. 237 
10 Psicologia Social ......................................................................................................... 267 
Grupo Social e Familiar: o indivíduo e o grupo; as transformações da família ................. 277 
11 Saúde mental e os princípios da luta antimanicomial .................................................. 322 
12 Psicologia e justiça. 12.1 Compromisso social, ética e direitos humanos .................... 346 
13 Psicologia jurídica. 13.1 Adoção, infância e juventude, idoso, família, adolescente em 
conflito com a lei, violência doméstica familiar e contra a mulher, área criminal, abuso sexual e 
suas interfaces ..................................................................................................................... 357 
Estatuto da Criança e do Adolescente ............................................................................. 399 
Estatuto do Idoso ............................................................................................................. 455 
Lei nº 12.010/2009 (Lei da Adoção) ................................................................................. 478 
Lei nº 11.340/2006 e suas alterações (Lei Maria da Penha) ............................................ 492 
14 Organizações. 14.1 Estrutura, processos e dinâmica.................................................. 506 
15 Teoria das organizações e concepções de trabalho. .................................................. 520 
16 Cultura e clima organizacional. ................................................................................... 546 
17 Motivação e satisfação no trabalho. ............................................................................ 557 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
2 
 
18 Poder, liderança e conflitos nas organizações. ........................................................... 570 
19 Equipes de trabalho e grupos nas organizações. ........................................................ 594 
20 Ergonomia da atividade e psicopatologia do trabalho. ................................................ 607 
21 Bem-estar, saúde e qualidade de vida no contexto das organizações. ....................... 613 
22 Conhecimento, aprendizagem e desempenho humano nas organizações. ................. 634 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você 
tenha uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
três dias úteis para respondê-lo (a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
1 
 
 
 
Caro(a) candidato(a), serão abordadas aqui as resoluções mais recorrentes em concursos públicos. 
Algumas resoluções são abordadas em outros tópicos. 
 
A Práxis do Psicólogo Face Ao Código de Ética Profissional1 
 
Ética profissional: fatos e possibilidades 
Para TEIXEIRA, a questão ética profissional em Psicologia é discutida a partir de uma tentativa de 
análise comportamental de alguns enunciados verbais sobre moral e ética. A dissociação entre “dizer” e 
o “fazer” éticos a complexidade envolvida na assimilação de contingências sociais, regras ou leis são 
destacadas. Algumas situações circunscritas ao meio acadêmico e aos diversos campos de atuação do 
psicólogo são mencionadas como suscetíveis de questionamentos éticos. O reconhecimento e a 
atribuição de direitos são apontados como bases para o desenvolvimento de reconhecimentos éticos e 
para a superação da dissociação entre o “dizer” e o “fazer” éticos. Essa dissociação entre o “dizer” e o 
“fazer” éticos e a amplitude das questões envolvendo ética, exigem um detalhamento da própria noção 
de ética que permita, posteriormente, sua especificação enquanto ética profissional, no campo da 
Psicologia. Segundo Ferreira, o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível 
de qualificaçãodo ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de 
modo absoluto. A ética é a expressão da medida. É a garantia da harmonia que resulta da boa conduta 
da alma e que determina o lugar certo de qualquer coisa (e de qualquer ato) no mundo. Os limites do 
exercício da profissão do psicólogo estão estabelecidos no Código de Ética Profissional dos Psicólogos, 
aprovado pelo Conselho Federal de Psicologia em 03/08/79. Desde então as questões éticas 
relacionadas a este campo de atuação profissional vêm se ampliando e se delineando em novas 
formulações. Skinner afirma que comportamento “moral ou justo é um produto de tipos especiais de 
contingências sociais” e sugere que “precisamos analisar tais contingências se pretendemos construir um 
mundo em que as pessoas ajam moral e equitativamente.” O campo de atuação do psicólogo é muito 
amplo, o que torna muito difícil a tarefa de analisá-lo em suas implicações éticas. E por fim, afirmaria que 
o desenvolvimento do comportamento ético é uma questão de aprendizagem, e esta pode ocorrer em 
qualquer lugar. A escola e o ensino formais não constituem as únicas condições para a aquisição desse 
repertório comportamental. Se todos exigirem respeito de seus direitos, não haverá quem os 
desrespeitem. O comportamento ético concebido, desenvolvido e controlado dessa forma produziriam a 
superação da dissociação entre retórica e fato. 
 
Por uma ética na saúde: algumas reflexões sobre a ética e o ser ético na atuação do psicólogo 
Segundo MEDEIROS, a ética vem sendo tema frequente em discussão, abarcando várias instâncias 
da sociedade. Nas instituições de Saúde são prementes as questões referentes a parâmetros e limites 
na intervenção sobre os seres humanos. O psicólogo, profissional presente nas instituições de saúde, 
tem a sua prática atravessada por vivências de grande significado na vida das pessoas. A presença de 
situações como ansiedades, angústias, medos, desencadeiam crises pessoais e familiares e impõem aos 
profissionais vinculados aos cuidados com a saúde inúmeras dúvidas com relação a práticas que sejam 
coerentes com o propósito ético da ciência que representam. Além das questões éticas que emergem em 
decorrência das biotecnologias, são inúmeras as situações que constituem dilemas éticos na relação do 
psicólogo com a pessoa atendida e/ou familiares desta, ou na relação com a equipe de trabalho. Até onde 
manter o sigilo profissional? É possível quebrar sigilo? Em quais situações? Como agir a atitudes 
antiéticas de colegas de trabalho? Além destas questões é possível enumerar muitas outras. Autores 
como Herreo, Chiattone e Sebastiani, Berlinguer e Lepargneur, fazem referências a falência dos princípios 
morais em nossa época. Frente à essa problemática, são muitas as questões envolvendo a ética, 
constituindo desafios constantes para a Psicologia e para as demais Ciências. Chauí compreende ética 
como “Filosofia moral, isto é, uma reflexão que discuta, problematize e interprete o significado dos valores 
morais.” Considerando a ética, convém questionar: será que a conduta ética pode sustentar-se 
unicamente no cumprimento do Código de Ética Profissional do Psicólogo? E mais: O Código está no 
campo da ética ou no campo da moral? Faz-se necessária a compreensão de que o Código não traz, em 
 
1 REIS, D. K. dos; RODRIGUES, A. da S.; MELO, C. M. da S. A práxis do psicólogo face ao Código de Ética Profissional. Revista científica eletrônica de psicologia, 
2010. 
1 Código de Ética do psicólogo e resoluções do Conselho Federal de Psicologia 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
2 
 
seus cinquenta artigos, respostas parecidas às questões éticas. Daí a necessidade de não limitar-se aos 
conteúdos inscritos no Código. Fica demarcado, portanto, o caráter referencial do mesmo, que serve 
como um relevante norteador para as atividades profissionais da categoria, pois trata de direitos, deveres 
e responsabilidades. As particularidades de cada situação exigem uma ampla reflexão que inclui o Código 
de Ética Profissional do Psicólogo, mas não se limita à ele. E também refere-se à ação do psicólogo 
guiada por seus valores e princípios, construídos ao longo de sua formação pessoal e profissional. 
Certamente devemos considerar que os princípios do Psicólogo são relevantes e devem ser considerados 
e respeitados. Pautar o agir em princípios sustentados pela ética talvez fosse o recurso para uma ação 
profissional livre de padrões fundamentados em regras, normas ou valores pessoais, naquilo que o 
psicólogo valoriza ou considera verdadeiro, sem considerar o que o outro acredita e valoriza, contribuem 
unicamente para a moralização, opressão e marginalização daqueles que esperam ser tratados com 
respeito e dignidade. 
 
Percepção de alunos de graduação em psicologia sobre a conduta ética dos psicólogos 
De acordo com WACHELKE e outros, nos ensinam que, com base no entendimento de que as 
experiências nos cursos de graduação em psicologia constituem uma influência relevante na formação 
das representações dos alunos, que por sua vez guiarão seus comportamentos futuros. Os psicólogos 
apresentavam alguns comportamentos pautados pelos princípios do Código de Ética Profissional do 
Psicólogo. A ética profissional do psicólogo é um assunto de suma importância para os psicólogos, visto 
que devem basear suas práticas profissionais no respectivo código de conduta elaborado e fiscalizado 
pelo CFP. De acordo com o próprio código, o sistema ético proposto” ...permitirá uma atuação profissional 
engajada social e politicamente no mundo, e não um profissional a serviço exclusivo do indivíduo”. 
Embora fosse desejável que todos os profissionais respeitassem as orientações do Código, sabe-se que 
isso nem sempre ocorre. Os princípios fundamentais que regem o Código são pilares que norteiam a 
atuação profissional, mas nem sempre são cumpridos em sua totalidade. Alguns profissionais, como 
ocorre em todos os campos de atuação, utilizam-se dos conhecimentos e do estatuto proporcionados 
pela psicologia para benefício próprio, em detrimento do bem-estar da sociedade. As decorrências de 
uma percepção dos psicólogos enquanto profissionais pouco éticos são graves e numerosas. Em primeiro 
lugar, são estimuladas relações de desrespeito e desconfiança rumo aos pares, o que pode empobrecer 
a atuação profissional de psicólogos e enfraquecer a classe profissional de modo geral. Ainda mais 
preocupante, seria a instalação de uma atmosfera de permissividade entre os psicólogos frente a 
comportamentos antiéticos; pensar que, aos deparar-se com situações delicadas do ponto de vista do 
dever-ser psicológico os profissionais tenham crenças como “Os psicólogos agem assim mesmo”, ou 
então que “isso é normal”, que acabem por pautar uma conduta inadequada. É preciso que os 
profissionais de psicologia possuam sólida formação ética, incluindo a moral a conduta ética, apoiados 
pelo Código. 
 
O Código de Ética Profissional faz-se essencial em sua totalidade à atuação do Psicólogo, mas isso é 
apenas um pilar de sua profissão, pois o profissional depende também de seus recursos éticos e morais 
e dos seus princípios elencados e considerados, nos seus valores enquanto perdurar a sua conduta 
laborativa no âmbito social e profissional como ser humano e social, com os conceitos morais de certo e 
errado perante a sociedade e ainda de acordo com os princípios éticos e morais das Instituições que os 
empregam, frente não somente aos seus pacientes, mas com diante de toda a sociedade e em especial 
no âmbito do seu grupo social. 
 
A Psicanalista Freudiana A Psicoterapia Breve A Psicanalise Reichiana 
“Acho que a noção que 
singulariza a psicanálise 
freudiana é a transferência. Se 
há uma teoria, um conceito que 
a psicanalise revelou, foi esse. 
Ela é um conceito usado em 
outras abordagens, mas apenas 
na psicanálise ela é analisada”. 
Eduardo Losicer, psicanalista e 
analista institucional. 
Desde o início,a psicanálise 
pensa sobre as possibilidades 
do seu método- a escuta 
analítica- ser aplicado nas 
instituições em geral e nas 
instituições da saúde pública em 
particular. Para verificar essas 
possibilidades, há muitos anos 
se mantem uma pesquisa clínica 
que investiga sobre as 
possibilidades do método 
freudiano na genericamente 
chamada “terapia breve”. 
“A prática reichiana se diferencia 
das outras correntes psico-
corporais não só por ela ser a 
original, no sentido de ter sido a 
primeira, mas também porque 
tem uma perspectiva teórica 
muito mais ampla. Mas, 
principalmente, ela se diferencia 
porque Reich construiu um 
pensamento intrinsicamente 
coerente, produzindo uma lógica 
que permite que certas noções e 
questões pertencentes ao 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
3 
 
Investigamos sobre os efeitos do 
tempo curto na clínica analítica, 
sem renunciar a seus 
pressupostos básicos”, afirma 
Eduardo Losicer. “E os 
resultados tem sido bons”, 
completa. 
pensamento reichiano possam 
ser transpostas para outros 
campos. Muitas outras 
abordagens baseiam suas 
perspectivas em analogias ou 
metáforas de uma forma mais 
poética do que qualquer outra 
coisa” Nicolau José Maluf Junior, 
psicólogo, analista reichiano, 
orgonomista e diretor do Instituto 
de Formação e Pesquisa William 
Reich 
 
A Psicanálise Winnicottiana A Psicanálise Lacaniana 
“Winnicott privilegiou o papel do ambiente na 
constituição da subjetividade e destacou as figuras 
do trauma, da regressão à dependência e do jogo 
no manejo clinico. Além disso ele tratava 
pacientes cuja configuração subjetiva se afastava 
das neuroses clássicas. 
Ele desenvolveu um estilo clinico no qual o 
psicanalista se disponibiliza para ser “usado” pelo 
analisando, não no sentido de um feixe de 
projeções de fantasmas pré-existentes a serem 
interpretados, mas no sentido de poder ser 
reconhecido como uma substancia diferente de 
si”. 
Daniel Kuperman, psicólogo e psicanalista 
membro da Formação Freudiana, doutor em teoria 
psicanalítica pela UFRJ. 
 
“Na psicanalise encontramos uma passagem da 
abordagem tecno-terapêutica para uma 
perspectiva ética, cuja orientação não é o triunfo 
rápido sobre os sintomas, ou a reabilitação 
psicossocial da loucura. A psicanálise não lida 
apenas com isso, ela lida com a alienação do 
sujeito na civilização cientifica, que visa com todas 
as suas técnicas e aparatos uma certa 
“objetivação” do sujeito. Uma análise deve 
possibilitar ao sujeito, que assim o queira, 
posicionar-se como desejante no laço social com 
os outros. Assim, a medida ética de nossa ação é 
a relação com o desejo que a habita. A aposta da 
análise é, portanto, operar com o desejo como 
medida de nossa ação e não apenas em 
conformidade com os ideais da cultura e de suas 
ideologias”. Leticia Balbi, psicanalista, membro da 
Escola Letra Freudiana e professora do 
Departamento de Psicologia da UFF. 
 
 
Psicanálise e Psicoterapia 
Várias instituições psicanalíticas não consideram a psicanálise parte das psicoterapias e vêm 
trabalhando para salientar essa diferença. Para estas instituições, a psicanálise contém uma outra 
lógica ou, como afirmam as psicanalistas paulistas Ana Mariza Fontoura Vidal Selma Lise e Maria 
Benedita Rodrigues Pavam no artigo “Inocência é um belo romance”, publicado em 04 de julho de 2004, 
quando da votação do projeto de Lei 2347/03 que pretendia regulamentar a profissão de 
psicoterapeuta, “uma outra relação entre sujeito, objeto e verdade, o que a impossibilita de estar 
correlacionada a outros constructos teóricos, todos pertencentes a uma mesma posição lógica. Não se 
trata de uma questão de diferença de conteúdo teórico, mas sim de outro paradigma de pensamento 
lógico. É isso que retira a psicanálise e sua práxis da, apenas diversidade, de outras práticas 
psicoterápicas”. 
Consequentemente, estes psicanalistas são contra qualquer tipo de regulamentação da prática, por 
conta de sua formação específica. Diversos movimentos foram fundados para discutir e lutar contra 
essa regulamentação. Um dos mais importante é o Movimento de Articulação de Entidades 
Psicanalistas, do qual fazem parte entidades como a Associação Brasileira de Psicanálise, a 
Associação de Fóruns do Campo Lacaniano, a Escola Brasileira de Psicanálise, a Escola de 
Psicanálise Letra Freudiana, entre outras. Em carta à Revista Isto é de n° 1839, em resposta a matéria 
“Enquadrando Freud”, a Articulação afirma manter “uma luta ativa contra a regulamentação da 
psicanálise, como forma de salvaguardar e manter a especificidade de sua disciplina. (...) Entendemos 
que qualquer enquadramento da psicanálise a regulamentos acadêmicos ou profissionais compromete 
as condições de seu exercício e de sua transmissão e ressaltamos que a psicanálise no último século 
se desenvolveu à margem de qualquer regulamentação, na base do confronto de ideias e práticas”. 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
4 
 
 
A Terapia cognitivo-
comportamental 
 
 
“As terapias cognitivo-
comportamentais têm sua 
singularidade no reconhecimento 
da importancia dos processos 
cognitivos como influencias nos 
sentimentos e comportamentos 
que nós apresentamos. Não 
apenas isso, mas a influencia 
mútua, reciproca, dos sentimentos 
em relação aos pensamentos e 
vice-versa e do efeito disso sobre 
os comportamentos e também dos 
comportamentos em relação à 
isso. Essa equação básica me 
parece central ma terapia 
cognitivo-comportamental, junto 
com a ideia de que nós somos 
resultados de aprendizagens e a 
terapia é uma oportunidade de 
novas aprendizagens”. 
Bernard Range, professor do 
programa de pós graduação em 
psicologia da UFRJ. 
 
A Terapia centrada na 
pessoa 
 
 
“Acho que o que diferencia a 
Terapia Centrada na Pessoa, 
até das outras terapias 
humanistas e existenciais, é 
uma “centração” no cliente. O 
cliente é o guia do trabalho do 
terapeuta. Ele tem seu pode 
pessoal. Na verdade, a terapia 
não vai dar poder a ninguém, 
ela vai propiciar que o cliente 
use seu poder pessoal, se 
aproprie dele. Assim ele vai se 
sentir cada vez mais livre para 
exercer o seu poder de 
escolha, de autonomia, de 
gerir sua própria vida”. Marcia 
Alves Tassinari, professora e 
supervisora do Serviço de 
Psicologia Aplicada da 
Universidade Estácio de Sá e 
sócia-fundadora do Centro de 
Psicologia da Pessoa. 
A gestalt- terapia 
 
 
“ Acho que a gestalt-terapia 
está principalmente voltada 
para o aqui e agora, 
entendendo que o aqui e o 
agora não são sinônimos do 
presente, mas sim do que está 
presente no momento. Nesse 
sentido, ela trabalha com o 
fenômeno e ela trabalha 
enfatizando a dimensão 
vivencial, ou seja, se 
pensarmos didaticamente, com 
aquilo que é uma mistura do 
pensar, agir e sentir”. 
Alexandre Tsallis, 
psicoterapeuta e professora da 
UFRJ. 
 
 
A Terapia Sistemica 
 
“ O principal da teoria 
sistemica, o que a singulariza, 
é esse deslocamento de uma 
visão intra-individual para uma 
visão relacional, que coloca o 
individuo sempre em contexto. 
E que entende ate esse mundo 
interno dele como um mundo 
de relações, como se constrói 
um individuo a partir dessas 
relações. 
Rosana Rapizo, mestre em 
psicologia clinica e diretora do 
Instituto de Terapia de Familia 
do Rio de Janeiro. 
 
O Psicodrama 
 
“Creio que a grande marca do 
psicodrama é não dicotomizar 
o ser humano e sim integrar 
mente/corpo, ação/ reflexão, 
emoção/razão, 
hoje/ontem/amanha, 
ciencia/arte. 
Talvez a principal diferença 
em relação a outras terapias 
seja integrar ciencia e arte, 
pois surgiu do teatro e se 
constituiu como um corpo 
científico, sem perder a veia 
artistica e a alegria”. 
Vitória Pamplona, 
psicoterapeuta 
psicodramatista e 
coordenadora de grupos de 
gestantes e casais gravidos. 
 
A Clínica Transdisciplinar 
 
“ A clinica transdisciplinar se 
distingue das praticas disciplinares 
e se configura como uma prática 
ético-política.Entretanto, como não 
se trata de teoria, é a partir dos 
impasses, dos incomodos 
experimentados no processo de 
diferenciação de si que somos 
chamados a intervir. Mas, se 
falamos de impasse, falamos de 
forças de resistencia que se 
expressando em meio a uma luta 
nos fazem experimentar uma crise. 
Assim, crise, desestabilização, 
desvio são indicativos de 
momentos de passagem que 
ocorrem na experiencia processual 
da constituição de si, marcando o 
tempo de uma mutação”. 
Ana Rego Monteiro, médica e 
analista. 
 
 
 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
5 
 
Bioética na Saúde2 
 
Bioética é simplesmente a ética aplicada a saúde. A bioética envolve tanto a relação médico paciente 
como a pesquisa em seres humanos, a importância dela está na forma inovadora que ela trata essas 
questões, pois ela consegue ser interdisciplinar, global e sistemática. Entre seus pilares estão a busca de 
uma maior humanização e ética nas relações sociais e pessoais entre paciente, médico e sociedade, 
como prefere alguns estudiosos "é a ciência com consciência e ética". 
O grande interesse da bioética é em acompanhar os avanços da biotecnologia e suas consequências 
à humanidade, como os riscos e a sua aplicabilidade nos procedimentos na investigação científica. Os 
mecanismos utilizados precisam ser revistos, pois nem todo desenvolvimento científico é ético. O 
significado da palavra Bioética é: "bíos" (vida) "éthos" (costume, comportamento, ética), assim em outra 
palavra bioética significa ética da vida. 
A Bioética3 tem como objetivo facilitar o enfrentamento de questões éticas/bioéticas que surgirão na 
vida profissional. Sem esses conceitos básicos, dificilmente alguém consegue enfrentar um dilema, um 
conflito, e se posicionar diante dele de maneira ética. 
O início da Bioética se deu no começo da década de 1970, com a publicação de duas obras muito 
importantes de um pesquisador e professor norte-americano da área de oncologia, Van Rensselaer 
Potter. 
Van Potter estava preocupado com a dimensão que os avanços da ciência, principalmente no âmbito 
da biotecnologia, estavam adquirindo. Assim, propôs um novo ramo do conhecimento que ajudasse as 
pessoas a pensar nas possíveis implicações (positivas ou negativas) dos avanços da ciência sobre a vida 
(humana ou, de maneira mais ampla, de todos os seres vivos). Ele sugeriu que se estabelecesse uma 
“ponte” entre duas culturas, a científica e a humanística, guiado pela seguinte frase: “Nem tudo que é 
cientificamente possível é eticamente aceitável”. 
Um dos conceitos que definem Bioética (“ética da vida”) é que esta é a ciência “que tem como objetivo 
indicar os limites e as finalidades da intervenção do homem sobre a vida, identificar os valores de 
referência racionalmente proponíveis, denunciar os riscos das possíveis aplicações”. 
Para isso, a Bioética, como área de pesquisa, necessita ser estudada por meio de uma metodologia 
interdisciplinar. Isso significa que profissionais de diversas áreas (profissionais da educação, do direito, 
da sociologia, da economia, da teologia, da psicologia, da medicina etc.) devem participar das discussões 
sobre os temas que envolvem o impacto da tecnologia sobre a vida. Todos terão alguma contribuição a 
oferecer para o estudo dos diversos temas de Bioética. Por exemplo, se um economista do governo 
propõe um novo plano econômico que afeta (negativamente) a vida das pessoas, haverá aspectos 
bioéticos a serem considerados. 
O progresso científico não é um mal, mas a “verdade científica” NÃO pode substituir a ética. 
 
Fundamentação da Bioética – o valor da vida humana 
 
Existem diversas propostas para estabelecer quais são os critérios (o fundamento, a base) que devem 
nos orientar nos processos de decisão com os quais podemos nos deparar na nossa vida profissional. 
Para nós, o fundamento ético é como se fosse a estrutura de um prédio. A fundação do prédio é a 
estrutura de concreto ou de metal que permite que a construção seja feita e que o prédio permaneça em 
pé. Se a estrutura não for benfeita, o prédio desaba (como aconteceu no Rio de Janeiro com os edifícios 
Palace I e Palace II, em que foi usada areia da praia para fazer a estrutura dos prédios, o que culminou 
com o desabamento dos edifícios). 
O nosso fundamento ético é tão importante quanto a estrutura de um prédio. Se esse fundamento não 
está bem entendido, corremos o risco de não enfrentar de maneira adequada os desafios éticos que a 
nossa profissão pode trazer. Entretanto, uma vez compreendido esse fundamento, ele não precisa ser 
lembrado a todo tempo (como a estrutura de um prédio que, no final da construção, nós não vemos, mas 
na qual confiamos quando entramos no edifício). O fundamento ético será sempre a base para a nossa 
tomada de decisão. Mas qual é esse fundamento? 
 
A pessoa humana 
Para trilhar um caminho correto diante dos diversos dilemas éticos que podemos encontrar na nossa 
atividade profissional, precisamos de uma “base sólida”, de um fundamento, que nos oriente nos 
momentos de decisão. Esse fundamento é a pessoa humana. 
 
2 STIGAR, R. A bioética na saúde, março 2008. 
3 JUNQUEIRA, C. R. Bioética: conceito, fundamentação e princípios. UNIFESP, 2011. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
6 
 
Definir o que é a pessoa pode ser uma tarefa difícil (e que os filósofos costumam estudar arduamente), 
porém entender o que é a pessoa é algo que fazemos todo dia quando nos olhamos no espelho. Nós 
conhecemos a “pessoa humana” porque somos “pessoas humanas”. 
Mas quais são os conceitos que existem na realidade da pessoa dos quais devemos nos lembrar por 
serem importantes no enfrentamento das questões bioéticas? 
a) A pessoa é única. Isso significa que as pessoas são diferentes (mesmo os gêmeos idênticos são 
diferentes), têm suas características, seus anseios, suas necessidades, e esse patrimônio, essa 
identidade, merece ser respeitado (para que as pessoas não sejam tratadas como números). Reconhecer 
que “o outro é diferente de mim” não significa que uma pessoa é melhor que a outra. Uma pessoa não 
vale mais que a outra. Somos iguais a todos no que se refere à dignidade. 
b) A pessoa humana é provida de uma “dignidade”. Isso significa que a pessoa tem valor pelo simples 
fato de ser pessoa. 
c) A pessoa é composta de diversas dimensões: dimensão biológica (que as ciências da saúde, 
medicina, enfermagem, odontologia, fisioterapia e outras estão acostumadas a estudar), dimensão 
psicológica (que os psicólogos estudam detalhadamente), dimensão social ou moral (estudada pelas 
ciências sociais) e dimensão espiritual (estudada pelas teologias). Por isso, falamos que a pessoa é uma 
totalidade, pois todas essas dimensões juntas compõem a pessoa. 
Quando nos relacionamos com uma pessoa e não a respeitamos em todas as suas dimensões, essa 
pessoa (que pode ser nosso paciente ou não) se sentirá desrespeitada e ficará insatisfeita. 
Assim, todas as nossas reflexões e ações diante das pessoas (seja em situações de conflitos éticos 
ou não) devem ser guiadas pelo respeito a esse fundamento, a pessoa humana (entendida como um ser 
único, que é uma totalidade e dotado de dignidade). Quando conseguimos agir dessa maneira, ou seja, 
respeitando esse fundamento, podemos estar certos de que estamos agindo de forma ética. 
 
O valor da vida humana 
Outro conceito importante para construirmos a nossa reflexão ética/bioética é o de vida humana. 
Para a Bioética, é fundamental o respeito à vida humana. Mas o que designamos vida humana? 
Segundo os principais livros de Embriologia, a vida humana inicia-se no exato momento da fecundação, 
quando o gameta masculino e o gameta feminino se juntam para formar um novo código genético. Esse 
código genético não é igual ao do pai nem ao da mãe, mas que é composto de 23 cromossomos do pai 
e de 23 cromossomos da mãe. 
Sendo assim, nesse momento, inicia-se uma nova vida, com patrimônio genético próprio, e, a partir 
dessemomento, essa vida deverá ser respeitada. Este é o primeiro estágio de desenvolvimento de cada 
um de nós. A nossa experiência mostra que o desenvolvimento de todos nós se deu da mesma maneira, 
ou seja, a partir da união dos gametas do pai e da mãe. 
Além disso, a vida é um processo que pode ser: 
a) contínuo = porque é ininterrupto na sua duração. Estar vivo representa dizer que não existe 
interrupção entre sucessivos fenômenos integrados. Se houver interrupção, haverá a morte. 
b) coordenado = significa que o DNA do próprio embrião é responsável pelo gerenciamento das etapas 
de seu desenvolvimento. Esse código genético coordena as atividades moleculares e celulares, o que 
confere a cada indivíduo uma identidade genética. 
c) progressivo = porque a vida apresenta, como propriedade, a gradualidade, na qual o processo de 
desenvolvimento leva a uma complexidade cada vez maior da vida em formação. 
Contudo, o valor da vida de algumas pessoas, em diferentes épocas, não foi respeitado (e ainda hoje, 
em muitos casos, não é). Por exemplo: os escravos no Brasil (até a Abolição da Escravatura, em 1888), 
com consequente (e ainda frequente) discriminação dos afrodescendentes; os prisioneiros nos campos 
de concentração na 2ª Guerra Mundial; os pacientes com necessidades especiais (como os portadores 
do vírus HIV em diversas situações); as mulheres e os pobres em diversas sociedades (inclusive na 
nossa), dentre tantos outros exemplos. 
 
Os princípios da Bioética 
Após a compreensão desse fundamento (o respeito pela pessoa humana), podemos utilizar 
“ferramentas” para facilitar o nosso processo de estudo e de decisão sobre os diversos temas de Bioética. 
A essas ferramentas chamamos princípios. 
Esses princípios foram propostos primeiro no Relatório Belmont (1978) para orientar as pesquisas com 
seres humanos e, em 1979, Beauchamps e Childress, em sua obra Principles of biomedical ethics, 
estenderam a utilização deles para a prática médica, ou seja, para todos aqueles que se ocupam da 
saúde das pessoas. 
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7 
 
A utilização desses princípios para facilitar o enfrentamento de questões éticas é muito comum entre 
os americanos e os brasileiros. 
Passaremos a explicar esses princípios (considerados nossas “ferramentas de trabalho”). 
 
Beneficência/não maleficência 
O primeiro princípio que devemos considerar na nossa prática profissional é o de beneficência/não 
maleficência (também conhecido como benefício/não malefício). O benefício (e o não malefício) do 
paciente (e da sociedade) sempre foi a principal razão do exercício das profissões que envolvem a saúde 
das pessoas (física ou psicológica). 
Beneficência significa “fazer o bem”, e não maleficência significa “evitar o mal”. Desse modo, sempre 
que o profissional propuser um tratamento a um paciente, ele deverá reconhecer a dignidade do paciente 
e considerá-lo em sua totalidade (todas as dimensões do ser humano devem ser consideradas: física, 
psicológica, social, espiritual), visando oferecer o melhor tratamento ao seu paciente, tanto no que diz 
respeito à técnica quanto no que se refere ao reconhecimento das necessidades físicas, psicológicas ou 
sociais do paciente. Um profissional deve, acima de tudo, desejar o melhor para o seu paciente, para 
restabelecer sua saúde, para prevenir um agravo, ou para promover sua saúde. 
 
Autonomia 
O segundo princípio que devemos utilizar como “ferramenta” para o enfrentamento de questões éticas 
é o princípio da autonomia. De acordo com esse princípio, as pessoas têm “liberdade de decisão” sobre 
sua vida. A autonomia é a capacidade de autodeterminação de uma pessoa, ou seja, o quanto ela pode 
gerenciar sua própria vontade, livre da influência de outras pessoas. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi adotada pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas (1948), manifesta logo no seu início que as pessoas são livres. Nos últimos anos, tem sido 
frequente a busca pela liberdade (ou autonomia). Nos casos de atendimento clínico de pacientes, 
podemos mencionar o Código de Defesa do Consumidor, o qual, em alguns de seus artigos, garante 
proteção às pessoas que buscam serviços de saúde, por exemplo, no que diz respeito ao direito de ser 
suficientemente informada sobre o procedimento que o profissional vai adotar. 
Para que o respeito pela autonomia das pessoas seja possível, duas condições são fundamentais: a 
liberdade e a informação. Isso significa que, em um primeiro momento, a pessoa deve ser livre para 
decidir. Para isso, ela deve estar livre de pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou 
subordinação dificulta a expressão da autonomia. 
Em alguns momentos, as pessoas têm dificuldade de expressar sua liberdade. Nesses casos, dizemos 
que ela tem sua autonomia limitada. 
Vejamos o exemplo das crianças. Em razão de seu desenvolvimento psicomotor, a criança terá 
dificuldade de decidir o que é melhor para a saúde dela. Ela terá, ao contrário, uma tendência em fugir 
de todo tratamento que julgar desconfortável. Por essa razão, caberá aos responsáveis pela criança 
decidir o que deverá ser feito, qual tratamento será mais adequado, porque o responsável deseja que a 
saúde da criança se restabeleça e que o melhor tratamento seja feito. 
Existem outras situações em que percebemos a limitação de autonomia de uma pessoa. Os pacientes 
atendidos em clínicas de Instituições de Ensino podem manifestar essa limitação de seu poder de decisão, 
principalmente quando existe fila de espera para o atendimento. Afinal, ele poderá pensar que perderá a 
vaga (que ele demorou tanto para conseguir) se ele reclamar de alguma coisa. 
Outro exemplo de limitação de autonomia pode ocorrer em casos de pesquisas biomédicas realizadas 
em países subdesenvolvidos. As populações desses países (incluindo a do nosso), quando selecionadas 
para participar de pesquisas de novos fármacos, são consideradas vulneráveis (isto é, têm limitação de 
autonomia). Mas, apesar dessa limitação de autonomia, essas pessoas serão tratadas e incluídas em 
pesquisas. Como isso é possível? 
A correta informação das pessoas é que possibilita o estabelecimento de uma relação terapêutica ou 
a realização de uma pesquisa. 
A primeira etapa a ser seguida para minimizar essa limitação é reconhecer os indivíduos vulneráveis 
(que têm limitação de autonomia) e incorporá-los ao processo de tomada de decisão de maneira legítima. 
Assim, será possível estabelecer uma relação adequada com o paciente e maximizar sua satisfação com 
o tratamento. 
Para permitir o respeito da autonomia das pessoas, o profissional deverá explicar qual será a proposta 
de tratamento. Mas atenção! Essa explicação não se esgota na primeira consulta! Em todas as consultas 
o profissional deverá renovar as informações sobre o tratamento. Além disso, é preciso ter certeza de que 
o paciente entendeu as informações que recebeu. 
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Por isso, consideramos que a informação não se encerra com as explicações do profissional, mas com 
a compreensão, com a assimilação das informações pelos pacientes, desde que essas informações 
sejam retomadas ao longo do tratamento. 
A esse processo de informação e compreensão e posterior comprometimento com o tratamento 
denominamos consentimento. 
Entretanto, vamos imaginar a situação oposta: o exagero na expressão da autonomia de uma pessoa. 
Se entendermos que o respeito pela autonomia de uma pessoa é o princípio que deve ser considerado 
em primeiro lugar, cairemos em uma armadilha. Nem sempre o paciente tem condições de avaliar qual o 
melhor tratamento para ele (afinal ele é leigo, não tem o conhecimento técnico necessário para isso). 
Imaginemos um paciente que tem uma doença que exige a prescrição de medicamentos. Poderá 
ocorrer de ele se recusar a tomar os remédios. Contudo, nesse caso, o profissional não pode alegar que 
“o paciente é adulto, sua autonomia deve ser respeitadae por isso ele faz o que ele quiser”. Ao contrário, 
o profissional (por ter o conhecimento técnico que diz que aquele medicamento é necessário) deverá se 
esforçar ao máximo para explicar ao paciente a importância do medicamento, afinal o princípio da 
beneficência (e não o da autonomia) deve ser respeitado em primeiro lugar. 
Em algumas situações, a liberdade (autonomia) de algumas pessoas não é respeitada para que se 
respeite o benefício de outras. Por exemplo, a proibição de fumar em ambientes fechados. 
Se pensarmos no respeito pela autonomia daqueles que desejam fumar, não seria ético proibir, mas 
se pensarmos no benefício (ou não malefício) daqueles que não desejam fumar, a proibição se justifica. 
Outro exemplo é a interdição de restaurantes ou clínicas pela vigilância sanitária quando estes não 
apresentam condições satisfatórias para atender o público. O fechamento desses locais fere a autonomia 
do dono da clínica ou do restaurante em benefício da sociedade que os frequenta. 
Precisamos nos preparar (estudar e exercitar o que aprendemos) para nos comportarmos de maneira 
ética. 
 
Justiça 
O terceiro princípio a ser considerado é o princípio de justiça. Este se refere à igualdade de tratamento 
e à justa distribuição das verbas do Estado para a saúde, a pesquisa etc. Costumamos acrescentar outro 
conceito ao de justiça: o conceito de equidade que representa dar a cada pessoa o que lhe é devido 
segundo suas necessidades, ou seja, incorpora-se a ideia de que as pessoas são diferentes e que, 
portanto, também são diferentes as suas necessidades. 
De acordo com o princípio da justiça, é preciso respeitar com imparcialidade o direito de cada um. Não 
seria ética uma decisão que levasse um dos personagens envolvidos (profissional ou paciente) a se 
prejudicar. 
É também a partir desse princípio que se fundamenta a chamada objeção de consciência, que 
representa o direito de um profissional de se recusar a realizar um procedimento, aceito pelo paciente ou 
mesmo legalizado. 
Todos esses princípios (insistimos que eles devem ser nossas “ferramentas” de trabalho) devem ser 
considerados na ordem em que foram apresentados, pois existe uma hierarquia entre eles. Isso significa 
que, diante de um processo de decisão, devemos primeiro nos lembrar do nosso fundamento (o 
reconhecimento do valor da pessoa); em seguida, devemos buscar fazer o bem para aquela pessoa (e 
evitar um mal!); depois devemos respeitar suas escolhas (autonomia); e, por fim, devemos ser justos. 
 
A Bioética pretende contribuir para que as pessoas estabeleçam “uma ponte” entre o conhecimento 
científico e o conhecimento humanístico, a fim de evitar os impactos negativos que a tecnologia pode ter 
sobre a vida (afinal, nem tudo o que é cientificamente possível é eticamente aceitável). 
Em razão da influência histórica, cultural e social que sofremos, devemos estar muito atentos; caso 
contrário, corremos o risco de perder os parâmetros que devem nos nortear na nossa atividade 
profissional para que nossas atitudes sejam éticas. 
A primeira etapa que devemos seguir é reconhecer que essas influências (paternalismo, cartesianismo, 
ênfase na doença, individualismo, hedonismo e utilitarismo) existem e que não podemos escapar delas. 
O segundo passo é entender qual fundamento (base) devemos ter para nos orientar nos nossos 
processos de decisão, a fim de que essas influências negativas não prejudiquem nossas ações. Esse 
fundamento é o reconhecimento da dignidade da pessoa humana (como um ser único e que deve ser 
considerado em sua totalidade – aspectos físicos, psicológicos, sociais e espirituais). 
O terceiro passo é utilizar as “ferramentas” (princípios) adequadas para definir quais devem ser as 
nossas atitudes, sem esquecer o nosso fundamento. O primeiro princípio a ser seguido deverá ser o de 
beneficência/não maleficência, o segundo o de autonomia e o terceiro o de justiça. 
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Neste texto apresentamos alguns conceitos e teorias que fornecem subsídios para que possamos 
saber como agir de maneira ética. 
Se esse processo de construção da reflexão ética/bioética, que parte do entendimento do fundamento 
bioético e se segue pelo respeito aos seus princípios, for seguido, as respostas sobre como agir 
eticamente diante de um conflito ético, ou de uma situação clínica nova (ou diferente), surgirão 
naturalmente. 
 
Código de Ética Profissional do Psicólogo4 
 
RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05 
 
Aprova o Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe 
são conferidas pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971; 
CONSIDERANDO o disposto no Art. 6º, letra “e”, da Lei no 5.766 de 20/12/1971, e o Art. 6º, inciso VII, 
do Decreto nº 79.822 de 17/6/1977; 
CONSIDERANDO o disposto na Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, 
que consolida o Estado Democrático de Direito e legislações dela decorrentes; 
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião realizada no dia 21 de julho de 2005; 
 
RESOLVE: 
 
Art. 1º - Aprovar o Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
 
Art. 2º - A presente Resolução entrará em vigor no dia 27 de agosto de 2005. 
 
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário, em especial a Resolução CFP n º 002/87. 
 
Brasília, 21 de julho de 2005. 
 
Apresentação 
 
Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, 
norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada 
relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo. 
Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às práticas referendadas 
pela respectiva categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a autorreflexão exigida de cada 
indivíduo acerca da sua práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas 
consequências no exercício profissional. A missão primordial de um código de ética profissional não é de 
normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes para a 
sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social 
daquela categoria. Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade que 
determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em princípios e normas que devem 
se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais. Por constituir a expressão de 
valores universais, tais como os constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; 
socioculturais, que refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código 
de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo. As sociedades mudam, 
as profissões transformam-se e isso exige, também, uma reflexão contínua sobre o próprio código de 
ética que nos orienta. 
A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no Brasil, responde ao 
contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio de desenvolvimento da Psicologia 
enquanto campo científico e profissional. Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, 
sentida pela categoria e suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional-
legal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição Cidadã, em 1988, e 
das legislações dela decorrentes. 
 
4 https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
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Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi construído a partir de múltiplos 
espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas responsabilidades e compromissos com a 
promoção da cidadania. O processo ocorreu ao longo de três anos, em todoo país, com a participação 
direta dos psicólogos e aberto à sociedade. 
Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de aproximar-se mais de um instrumento de 
reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo psicólogo. Para tanto, na sua 
construção buscou-se: 
a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem orientar a relação do psicólogo 
com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência, pois esses eixos atravessam todas 
as práticas e estas demandam uma contínua reflexão sobre o contexto social e institucional. 
b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções relativos aos direitos 
individuais e coletivos, questão crucial para as relações que estabelece com a sociedade, os colegas de 
profissão e os usuários ou beneficiários dos seus serviços. 
c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a crescente inserção do psicólogo 
em contextos institucionais e em equipes multiprofissionais. 
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em suas práticas particulares, 
uma vez que os principais dilemas éticos não se restringem a práticas específicas e surgem em quaisquer 
contextos de atuação. 
Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a expectativa é de que ele seja um 
instrumento capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e deveres do psicólogo, oferecer 
diretrizes para a sua formação e balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para o 
fortalecimento e ampliação do significado social da profissão. 
 
Princípios Fundamentais 
 
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da 
igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos. 
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das 
coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. 
III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade 
política, econômica, social e cultural. 
IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, 
contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. 
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, 
ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão. 
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando 
situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada. 
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas 
relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com 
os demais princípios deste Código. 
 
Das Responsabilidades do Psicólogo 
 
Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos: 
a) Conhecer, divulgar, cumprir e fazer cumprir este Código; 
b) Assumir responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado 
pessoal, teórica e tecnicamente; 
c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à 
natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente 
fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional; 
d) Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de emergência, sem visar 
benefício pessoal; 
e) Estabelecer acordos de prestação de serviços que respeitem os direitos do usuário ou beneficiário 
de serviços de Psicologia; 
f) Fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao 
trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional; 
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g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, 
transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou 
beneficiário; 
h) Orientar a quem de direito sobre os encaminhamentos apropriados, a partir da prestação de serviços 
psicológicos, e fornecer, sempre que solicitado, os documentos pertinentes ao bom termo do trabalho; 
i) Zelar para que a comercialização, aquisição, doação, empréstimo, guarda e forma de divulgação do 
material privativo do psicólogo sejam feitas conforme os princípios deste Código; 
j) Ter, para com o trabalho dos psicólogos e de outros profissionais, respeito, consideração e 
solidariedade, e, quando solicitado, colaborar com estes, salvo impedimento por motivo relevante; 
k) Sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos justificáveis, não puderem ser 
continuados pelo profissional que os assumiu inicialmente, fornecendo ao seu substituto as informações 
necessárias à continuidade do trabalho; 
l) Levar ao conhecimento das instâncias competentes o exercício ilegal ou irregular da profissão, 
transgressões a princípios e diretrizes deste Código ou da legislação profissional. 
 
Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: 
a) Praticar ou ser conivente com quaisquer atos que caracterizem negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade ou opressão; 
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a 
qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais; 
c) Utilizar ou favorecer o uso de conhecimento e a utilização de práticas psicológicas como 
instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência; 
d) Acumpliciar-se com pessoas ou organizações que exerçam ou favoreçam o exercício ilegal da 
profissão de psicólogo ou de qualquer outra atividade profissional; 
e) Ser conivente com erros, faltas éticas, violação de direitos, crimes ou contravenções penais 
praticados por psicólogos na prestação de serviços profissionais; 
f) Prestar serviços ou vincular o título de psicólogo a serviços de atendimento psicológico cujos 
procedimentos, técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconhecidos pela profissão; 
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico-científica; 
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus 
resultados ou fazer declarações falsas; 
i) Induzir qualquer pessoa ou organização a recorrer a seus serviços; 
j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação 
que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado; 
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais, 
atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados 
da avaliação; 
l) Desviar para serviço particular ou de outra instituição, visando benefício próprio, pessoas ou 
organizações atendidas por instituição com a qual mantenha qualquer tipo de vínculo profissional; 
m) Prestar serviços profissionais a organizações concorrentes de modo que possam resultar em 
prejuízo para as partes envolvidas, decorrentes de informações privilegiadas; 
n) Prolongar, desnecessariamente, a prestação de serviços profissionais; 
o) Pleitear ou receber comissões, empréstimos, doações ou vantagens outras de qualquer espécie, 
além dos honorários contratados, assim como intermediar transações financeiras; 
p) Receber, pagar remuneração ou porcentagem por encaminhamento de serviços; 
q) Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de serviços psicológicos em 
meios de comunicação, de forma a expor pessoas, grupos ou organizações. 
 
Art. 3º – O psicólogo, para ingressar, associar-se ou permanecer em uma organização, considerará a 
missão, a filosofia, as políticas,as normas e as práticas nela vigentes e sua compatibilidade com os 
princípios e regras deste Código. 
Parágrafo único: Existindo incompatibilidade, cabe ao psicólogo recusar-se a prestar serviços e, se 
pertinente, apresentar denúncia ao órgão competente. 
 
Art. 4º – Ao fixar a remuneração pelo seu trabalho, o psicólogo: 
a) Levará em conta a justa retribuição aos serviços prestados e as condições do usuário ou 
beneficiário; 
b) Estipulará o valor de acordo com as características da atividade e o comunicará ao usuário ou 
beneficiário antes do início do trabalho a ser realizado; 
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c) Assegurará a qualidade dos serviços oferecidos independentemente do valor acordado. 
 
Art. 5º – O psicólogo, quando participar de greves ou paralisações, garantirá que: 
a) As atividades de emergência não sejam interrompidas; 
b) Haja prévia comunicação da paralisação aos usuários ou beneficiários dos serviços atingidos pela 
mesma. 
 
Art. 6º – O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos: 
a) Encaminhará a profissionais ou entidades habilitados e qualificados demandas que extrapolem seu 
campo de atuação; 
b) Compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o 
caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de 
preservar o sigilo. 
 
Art. 7º – O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que estejam sendo 
efetuados por outro profissional, nas seguintes situações: 
a) A pedido do profissional responsável pelo serviço; 
b) Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço, quando dará imediata ciência 
ao profissional; 
c) Quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da interrupção voluntária e 
definitiva do serviço; 
d) Quando se tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte da metodologia adotada. 
 
Art. 8º – Para realizar atendimento não eventual de criança, adolescente ou interdito, o psicólogo 
deverá obter autorização de ao menos um de seus responsáveis, observadas as determinações da 
legislação vigente: 
§1° – No caso de não se apresentar um responsável legal, o atendimento deverá ser efetuado e 
comunicado às autoridades competentes; 
§2° – O psicólogo responsabilizar-se-á pelos encaminhamentos que se fizerem necessários para 
garantir a proteção integral do atendido. 
 
Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da 
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício 
profissional. 
 
Art. 10° – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no 
Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em 
lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo. 
Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá 
restringir-se a prestar as informações estritamente necessárias. 
 
Art. 11° – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando 
o previsto neste Código. 
 
Art. 12° – Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo 
registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho. 
 
Art. 13° – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos 
responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício. 
 
Art. 14° – A utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática psicológica obedecerá 
às normas deste Código e a legislação profissional vigente, devendo o usuário ou beneficiário, desde o 
início, ser informado. 
 
Art. 15° – Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer motivos, ele deverá zelar 
pelo destino dos seus arquivos confidenciais. 
§ 1° – Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar todo o material ao psicólogo 
que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo substituto. 
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13 
 
§ 2° – Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo responsável informará ao Conselho 
Regional de Psicologia, que providenciará a destinação dos arquivos confidenciais. 
 
Art. 16° – O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a produção de 
conhecimento e desenvolvimento de tecnologias: 
 
a) Avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela divulgação dos resultados, com 
o objetivo de proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades envolvidas; 
b) Garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante consentimento livre e 
esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação específica e respeitando os princípios deste 
Código; 
c) Garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo interesse manifesto destes; 
d) Garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados das pesquisas ou estudos, 
após seu encerramento, sempre que assim o desejarem. 
 
Art. 17° – Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer, informar, orientar e exigir dos 
estudantes a observância dos princípios e normas contidas neste Código. 
 
Art. 18° – O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos instrumentos 
e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da profissão. 
 
Art. 19° – O psicólogo, ao participar de atividade em veículos de comunicação, zelará para que as 
informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das atribuições, da base científica e do 
papel social da profissão. 
 
Art. 20° – O psicólogo, ao promover publicamente seus serviços, por quaisquer meios, individual ou 
coletivamente: 
a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro; 
b) Fará referência apenas a títulos ou qualificações profissionais que possua; 
c) Divulgará somente qualificações, atividades e recursos relativos a técnicas e práticas que estejam 
reconhecidas ou regulamentadas pela profissão; 
d) Não utilizará o preço do serviço como forma de propaganda; 
e) Não fará previsão taxativa de resultados; 
f) Não fará autopromoção em detrimento de outros profissionais; 
g) Não proporá atividades que sejam atribuições privativas de outras categorias profissionais; 
h) Não fará divulgação sensacionalista das atividades profissionais. 
 
Das Disposições Gerais 
 
Art. 21° – As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração disciplinar com a aplicação 
das seguintes penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais: 
a) Advertência; 
b) Multa; 
c) Censura pública; 
d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum do Conselho Federal de 
Psicologia; 
e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia. 
 
Art. 22° – As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão resolvidos pelos 
Conselhos Regionais de Psicologia, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia. 
 
Art. 23° – Competirá ao Conselho Federal de Psicologia firmar jurisprudência quanto aos casos 
omissos e fazê-la incorporar a este Código. 
 
Art. 24° – O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Psicologia, por iniciativa 
própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de Psicologia. 
 
Art. 25°– Este Código entra em vigor em 27 de agosto de 2005. 
 
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14 
 
Questões 
 
01. (UTFPR - Psicólogo – UTFPR/2017). De acordo com o Código de Ética Profissional, ao psicólogo 
é vedado: 
(A) sugerir serviços de outros psicólogos, sempre que, por motivos justificáveis, não puderem ser 
continuados pelo profissional que os assumiuinicialmente. 
(B) prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de emergência. 
(C) fornecer, a quem de direito, na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao 
trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional. 
(D) informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos. 
(E) induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas ou de orientação sexual, 
quando do exercício de suas funções profissionais. 
 
02. (SEDF - Analista de Gestão Educacional – Psicologia – CESPE/2017). Considerando o código 
de ética profissional do psicólogo e as perspectivas contemporâneas da atuação do psicólogo escolar, 
julgue o item a seguir. 
 
Em situação multiprofissional, não cabe ao psicólogo, em respeito ao código de ética, intervir na 
prestação de serviços psicológicos que estejam sendo efetuados por outros profissionais. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
03. (Prefeitura de Bela Vista de Minas/MG - Psicólogo – FUNDEP/2017). Sobre os deveres 
fundamentais descritos no Art. 1º do Código de Ética Profissional do Psicólogo, é correto afirmar: 
(A) O psicólogo deve informar, a quem de direito for, os resultados decorrentes da prestação de 
serviços psicológicos, comunicando apenas o que for necessário para a tomada de decisões que afetem 
o beneficiário. 
(B) O psicólogo deve induzir seus pacientes a convicções de orientação sexual quando do exercício 
de suas funções profissionais. 
(C) O psicólogo deve pleitear ou receber comissões, doações ou empréstimos além dos honorários 
contratados, assim como intermediar transações financeiras. 
(D) O psicólogo deve realizar diagnóstico, divulgar procedimentos ou apresentar resultados de serviços 
psicológicos em meios de comunicação, de forma a auxiliar grupos e organizações. 
 
04. (SEDF - Professor – Psicologia – Quadrix/2017). Com base no Código de ética profissional do 
psicólogo, julgue o item a seguir. 
 
No art. 12, consta que o psicólogo registrará todas as informações necessárias para o cumprimento 
dos objetivos do trabalho nos documentos que embasem as atividades em equipe multiprofissional. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
05. (EBSERH - Psicólogo - Área Hospitalar (HUGG-UNIRIO) – IBFC/2017). As transgressões dos 
preceitos descritos no atual Código de Ética do Psicólogo constituem infração disciplinar, e são previstas 
na legislação vigente a aplicação de sanções e ou penalidades em casos de comprovação de tais 
transgressões. Assinale a alternativa que não corresponde a uma penalidade descrita no atual Código de 
Ética do Psicólogo diante de uma infração disciplinar cometida pelo profissional. 
(A) Cassação do exercício profissional 
(B) Multa 
(C) Censura pública 
(D) Suspensão do exercício profissional por até um ano 
(E) Advertência 
 
06. (DEGASE-Psicólogo-CEPERJ) De acordo com o Código de Ética Profissional dos Psicólogos, a 
alternativa correta sobre a atuação do psicólogo é: 
(A) quando o psicólogo atua em equipe multiprofissional, as informações compartilhadas não carecem 
de preservação do sigilo. 
(B) o psicólogo deve prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou 
emergências 
(C) o psicólogo, em caso de greve, poderá suspender na íntegra suas atividades profissionais cm 
comunicação prévia aos usuários, mesmo em atividades de emergência. 
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15 
 
(D) o psicólogo, ao ingressar ou associar-se a uma organização, deve ser fiel a suas políticas, filosofia 
e missões e, por isso, fica o profissional isento de qualquer responsabilidade por desrespeito ao código. 
(E) o psicólogo, ao desligar-se de uma organização por demissão ou exoneração, fica isento de 
preocupar-se com o destino dos arquivos confidenciais. 
 
07. (NC-UFPR-Psicólogo- UFPR) A participação do psicólogo em equipes multiprofissionais requer 
alguns cuidados para se manter uma postura ética. O atual código de ética profissional do psicólogo 
recomenda: 
(A) o empréstimo de instrumentos da psicologia a outros profissionais da equipe. 
(B) o registro de relatos dos atendimentos, que devem ser feitos de modo detalhado e integral. 
(C) a paralisação de todos os atendimentos, inclusive os serviços emergenciais, quando o profissional 
participar de greves. 
(D) o pagamento de um percentual da remuneração inicial quando o cliente é encaminhado por 
profissionais ou instituições externas. 
(E) o arquivamento dos documentos elaborados por um período de pelo menos cinco anos. 
 
08. (Polícia Federal- psicólogo-CESPE) Com relação à ética profissional do psicólogo, julgue os itens 
que se seguem. 
 
A transgressão dos preceitos contidos no código de ética profissional do psicólogo, considerada 
infração disciplinar, inclui as seguintes penalidades: advertência verbal, advertência por escrito, censura 
ética, suspensão do exercício profissional por até vinte dias e cassação do exercício profissional. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Gabarito 
 
01. E / 02. Certo / 03. A / 04. Certo / 05. D / 06. B / 07. E / 08. Errado 
 
Respostas 
 
01. Resposta: E 
Código de Ética do Psicólogo 
Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: 
( ) 
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a 
qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais. 
 
02. Resposta: Certo 
Código de Ética do Psicólogo 
Art. 7º – O psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que estejam sendo 
efetuados por outro profissional, nas seguintes situações: 
( ) 
b) Em caso de emergência ou risco ao beneficiário ou usuário do serviço, quando dará imediata ciência 
ao profissional; 
 
03. Resposta: A 
Código de Ética do Psicólogo 
Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos: 
( ) 
g) Informar, a quem de direito, os resultados decorrentes da prestação de serviços psicológicos, 
transmitindo somente o que for necessário para a tomada de decisões que afetem o usuário ou 
beneficiário. 
 
04. Resposta: Certo 
Código de Ética do Psicólogo 
Art. 12 – Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo 
registrará apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho. 
 
 
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16 
 
05. Resposta: D 
Código de Ética do Psicólogo 
Art. 21 – As transgressões dos preceitos deste Código constituem infração disciplinar com a aplicação 
das seguintes penalidades, na forma dos dispositivos legais ou regimentais: 
( ) 
d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum do Conselho Federal de 
Psicologia; 
 
06. Resposta: B 
Das Responsabilidades do Psicólogo 
Art. 1º - São deveres fundamentais dos psicólogos: 
d) Prestar serviços profissionais em situações de calamidade pública ou de emergência, sem visar 
benefício pessoal; 
 
07. Resposta: E 
Art. 4°. A guarda do registro documental é de responsabilidade do psicólogo e/ou da instituição em que 
ocorreu o serviço. 
§ 1. ° O período de guarda deve ser de no mínimo 05 anos, podendo ser ampliado nos casos previstos 
em lei, por determinação judicial, ou ainda em casos específicos em que seja necessária a manutenção 
da guarda por maior tempo. 
 
08. Resposta: Errado 
O artigo 21 do Código de Ética Profissional do Psicólogo enumera as penalidades aplicáveis 
decorrentes do Processo: 
a) Advertência; 
b) Multa; 
c) Censura pública; 
d) Suspensão do exercício profissional, por até 30 (trinta) dias, ad referendum do Conselho Federal de 
Psicologia; 
e) Cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal de Psicologia. 
 
RESOLUÇÃO Nº 9, DE 25 DE ABRIL DE 20185 
 
Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga 
e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as 
Resoluções n° 002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 eNotas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso das atribuições legais e regimentais que lhe são 
conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971, e o Decreto nº 79.822, de 17 de junho de 1977; 
(Redação dada pelo Ofício nº 2596/2019, que segue no final do ato para download) 
 
CONSIDERANDO que a utilização de métodos e técnicas psicológicas constitui função privativa da 
psicóloga e do psicólogo, com base nos objetivos previstos no parágrafo 1º, do art. 13, da Lei nº 4.119, 
de 27 de agosto de 1962, e no art. 4º, do Decreto nº 53.464/1964; 
 
CONSIDERANDO a necessidade de estabelecer diretrizes sobre Avaliação Psicológica que possam 
orientar o trabalho das psicólogas e dos psicólogos em diferentes contextos de atuação profissional; 
 
CONSIDERANDO a função social do Sistema Conselhos de Psicologia em contribuir para o 
aprimoramento da qualidade técnico-científica dos métodos e procedimentos psicológicos; 
 
CONSIDERANDO a garantia do compromisso ético das psicólogas e dos psicólogos na utilização de 
testes psicológicos no âmbito profissional; 
 
CONSIDERANDO a demanda social e técnico-científica de construir um sistema contínuo de avaliação 
de testes psicológicos compatível com a dinâmica da produção científica e com as necessidades das 
profissionais e dos profissionais da Psicologia; 
 
5 Disponível em: https://atosoficiais.com.br/lei/avaliacao-psicologica-cfp?origin=instituicao 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
17 
 
CONSIDERANDO que o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) é um sistema 
informatizado que tem por objetivo avaliar a qualidade técnico-científica de instrumentos submetidos à 
apreciação da Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica do Conselho Federal de Psicologia (CFP); 
 
CONSIDERANDO o constante trabalho de aprimoramento e incorporação de melhorias do SATEPSI 
sugeridas e debatidas em diferentes fóruns científicos; 
 
CONSIDERANDO a necessidade de tornar público os critérios de análise e o processo de avaliação 
de testes psicológicos; 
 
CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que norteiam a atividade profissional da psicóloga 
e do psicólogo, e o inciso IV dos Princípios Fundamentais no Código de Ética Profissional da psicóloga e 
do psicólogo, que estabelece a responsabilidade da psicóloga e do psicólogo por seu contínuo 
aprimoramento profissional e pelo desenvolvimento da Psicologia como campo científico de 
conhecimento e de prática; 
 
CONSIDERANDO a alínea b, do art. 1º do Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo 
que preconiza que as psicólogas e psicólogos assumam responsabilidades profissionais somente por 
atividades para as quais estejam capacitados, pessoal, teórica e tecnicamente, e; CONSIDERANDO a 
decisão deste Plenário em 25 de novembro de 2017; 
 
RESOLVE: 
 
DAS DIRETRIZES BÁSICAS PARA A REALIZAÇÃO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO 
EXERCÍCIO PROFISSIONAL DA PSICÓLOGA E DO PSICÓLOGO 
 
Art. 1º - Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos 
psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à 
tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e 
finalidades específicas. 
§1 - Os testes psicológicos abarcam também os seguintes instrumentos: escalas, inventários, 
questionários e métodos projetivos/expressivos, para fins de padronização desta Resolução e do 
SATEPSI. 
§2 - A psicóloga e o psicólogo têm a prerrogativa de decidir quais são os métodos, técnicas e 
instrumentos empregados na Avaliação Psicológica, desde que devidamente fundamentados na literatura 
científica psicológica e nas normativas vigentes do Conselho Federal de Psicologia (CFP). 
 
Art. 2º - Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, 
obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente 
para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), 
podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares 
de informação). 
Consideram-se fontes de informação: 
I – Fontes fundamentais: 
a) Testes psicológicos aprovados pelo CFP para uso profissional da psicóloga e do psicólogo e/ou; 
b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou; 
c) Protocolos ou registros de observação de comportamentos obtidos individualmente ou por meio de 
processo grupal e/ou técnicas de grupo. 
II - Fontes complementares: 
a) Técnicas e instrumentos não psicológicos que possuam respaldo da literatura científica da área e 
que respeitem o Código de Ética e as garantias da legislação da profissão; 
b) Documentos técnicos, tais como protocolos ou relatórios de equipes multiprofissionais. 
§1 - Será considerada falta ética, conforme disposto na alínea c do Art. 1º e na alínea f do Art. 2º do 
Código de Ética Profissional da psicóloga e do psicólogo, a utilização de testes psicológicos com parecer 
desfavorável ou que constem na lista de Testes Psicológicos Não Avaliados no site do SATEPSI, salvo 
para os casos de pesquisa na forma da legislação vigente e de ensino com objetivo formativo e histórico 
na Psicologia. 
§2 - Na hipótese de dúvida acerca da classificação do instrumento (teste psicológico ou instrumento 
não psicológico), ficam legitimados os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) a submeter o 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
18 
 
respectivo instrumento à Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) do CFP para 
apreciação. 
§3 - A profissional psicóloga e o profissional psicólogo poderão requerer ao CRP a submissão do 
instrumento à apreciação da CCAP nos termos do parágrafo §2. 
 
Art. 3º - Documentos decorrentes do processo de Avaliação Psicológica deverão ser elaborados em 
conformidade com a(s) resolução(ões) vigente(s) do CFP. É obrigatória a manutenção de todos os 
registros dos atendimentos do processo de avaliação psicológica, conforme preconiza a resolução CFP 
n° 01/2009. 
 
DA SUBMISSÃO E AVALIAÇÃO DE TESTES AO SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE TESTES 
PSICOLÓGICOS (SATEPSI) 
 
Art. 4º - Um teste psicológico tem por objetivo identificar, descrever, qualificar e mensurar 
características psicológicas, por meio de procedimentos sistemáticos de observação e descrição do 
comportamento humano, nas suas diversas formas de expressão, acordados pela comunidade científica. 
 
Art. 5º - Os documentos a seguir são referências para a definição dos conceitos, princípios e 
procedimentos de avaliação de instrumentos psicológicos, bem como o detalhamento dos requisitos 
estabelecidos nesta Resolução: 
I - American Educational Research Association, American Psychological Association & National 
Council on Measurement in Education (2014). Standards for Educational and Psychological Testing. New 
York: American Educational Research Association; 
II - International Testing Comission (2005). Diretrizes para o Uso de Testes: International Test 
Commission. (http://www.intestcom.org); 
III - International Testing Comission (2005). ITC Guidelines for Translating and Adaptating Tests. 
(http://www.intestcom.org); 
IV - International Testing Comission (2014). The ITC Guidelines on the Security of Tests, Examinations, 
and Other Assessments. 
(http://www.intestcom.org); 
V - International Testing Comission (2013). ITC Guidelines on Quality Control in Scoring, Test Analysis, 
and Reporting of Test Scores. (http://www.intestcom.org); 
VI - International Testing Comission (2005). ITC Guidelines on ComputerBased and Internet Delivered 
Testing. (http://www.intestcom.org); 
VII - CFP (2013). Cartilha de Avaliação Psicológica. (http://site.cfp.org.br/publicacao/cartilha-
avaliacao-psicologica-2013/). 
 
Art. 6º – Os testes psicológicos, para serem reconhecidos para usoprofissional de psicólogas e 
psicólogos, devem possuir consistência técnico-científica e atender os requisitos mínimos obrigatórios, 
listados a seguir: 
I - apresentação de fundamentação teórica, com especial ênfase na definição do(s) construto(s), 
descrevendo seus aspectos constitutivo e operacional; 
II - definição dos objetivos do teste e contexto de aplicação, detalhando a população-alvo; 
III - pertinência teórica e qualidade técnica dos estímulos utilizados nos testes; 
IV - apresentação de evidências empíricas sobre as características técnicas dos itens do teste, exceto 
para os métodos projetivos/expressivos; 
V - apresentação de evidências empíricas de validade e estimativas de precisão das interpretações 
para os resultados do teste, caracterizando os procedimentos e os critérios adotados na investigação; 
VI - apresentação do sistema de correção e interpretação dos escores, explicitando a lógica que 
fundamenta o procedimento, em função do sistema de interpretação adotado, que pode ser: 
a) Referenciada à norma, devendo, nesse caso, relatar as características da amostra de normatização 
de maneira explícita e exaustiva, preferencialmente comparando com estimativas nacionais, 
possibilitando o julgamento do nível de representatividade do grupo de referência usado para a 
transformação dos escores. 
b) Diferente da interpretação referenciada à norma, devendo, nesse caso, explicar o embasamento 
teórico e justificar a lógica do procedimento de interpretação utilizado. 
VII - apresentação explícita da aplicação e correção para que haja a garantia da uniformidade dos 
procedimentos. 
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19 
 
Parágrafo único - Testes psicológicos estrangeiros adaptados para o Brasil devem atender aos incisos 
supracitados. 
VIII - Atenção aos requisitos explicitados nos artigos 30, 31, 32 e 33. 
 
Art. 7º - O manual do teste psicológico deve atender a todos os incisos do Art. 6° e incluir a ficha síntese 
do teste (com objetivo, público-alvo, material, aplicação e correção) e exemplo(s) de utilização, 
contemplando a administração, aferição, análise e interpretação dos resultados. 
 
Art. 8º - Os requisitos mínimos obrigatórios são aqueles contidos no Anexo I desta Resolução, 
denominado Formulário de Avaliação da Qualidade de Testes Psicológicos. 
Parágrafo Único - O Anexo que trata o caput deste Artigo é parte integrante desta Resolução. 
 
Art. 9º - A submissão do teste psicológico para avaliação deverá ser realizada por meio do SATEPSI. 
Parágrafo único – A submissão de teste psicológico ao SATEPSI está condicionada à indicação de 
responsável técnico com CRP ativo. 
 
Art. 10 - Os testes psicológicos submetidos ao SATEPSI serão avaliados pela CCAP, cuja constituição 
e funcionamento seguirá o estabelecido pela Resolução CFP nº 003/2017, ou resoluções que venham a 
substituí-la ou alterá-la. 
 
Art. 11 - A tramitação dos testes psicológicos submetidos ao SATEPSI obedecerá às seguintes etapas: 
I - Submissão on-line ao SATEPSI; 
II - Designação de 2 (dois) pareceristas ad hoc para análise do teste psicológico; 
III - Avaliação do teste psicológico por pareceristas; 
IV - Análise dos pareceres emitidos e elaboração de relatório conclusivo por membro da CCAP; 
V - Apreciação do relatório conclusivo pelo colegiado da CCAP; 
VI - Apreciação e decisão pelo Plenário do CFP do relatório da CCAP; 
VII - Envio do parecer final do CFP aos requerentes; 
VIII - Prazo para interposição de recurso; 
IX - Análise do recurso pela CCAP; 
X - Apreciação da análise do recurso pelo Plenário do CFP; 
XI - Envio do parecer final sobre o recurso aos requerentes. 
§ 1º - A designação de pareceristas será feita pela CCAP, considerando a lista de pareceristas ad hoc 
vigente à época. 
§2º - Quando da análise dos pareceres pelo colegiado da CCAP, esclarecimentos ou informações 
complementares poderão ser solicitadas ao responsável técnico do teste psicológico. 
§3º - O CFP encaminhará o resultado da avaliação ao requerente, e quando este for desfavorável, o 
requerente poderá apresentar recurso por meio do SATEPSI no prazo de até 30 dias, a contar da data de 
envio da comunicação do resultado. 
§4º - A análise do recurso será realizada pela CCAP na reunião subsequente ao recebimento do 
mesmo. 
§5º - A avaliação final desfavorável prevalecerá quando, mediante análise do recurso, a avaliação da 
CCAP se mantiver, ou quando o recurso não for apresentado no prazo estabelecido. 
 
Art. 12 - Os prazos para cada etapa descrita no Art. 11 desta Resolução são de até: 
I – 30 (trinta) dias, a partir da data de recebimento do teste psicológico completo por meio da plataforma 
on-line do SATEPSI, e, se for o caso, do envio de materiais não digitalizáveis, para a designação de 2 
(dois) pareceristas ad hoc; 
II - 20 (vinte) dias, a partir da data de aceitação da atribuição pelos pareceristas para a emissão dos 
pareceres, podendo esse prazo ser prorrogado por igual período, mediante solicitação realizada pelo 
parecerista no próprio SATEPSI. 
III - 30 (trinta) dias, a partir do recebimento dos pareceres para elaboração de relatório e emissão de 
parecer pela CCAP. Nos casos em que houver necessidade de esclarecimentos ou acréscimo de 
informações a pedido da CCAP, o prazo de 30 dias será contado a partir do fornecimento destas 
informações pelo responsável técnico; 
IV - 30 (trinta) dias para emissão e decisão do Plenário do CFP, a partir do relatório final da CCAP. 
V - 30 (trinta) dias, a partir da comunicação da decisão do Plenário do CFP para interposição de recurso 
pelo requerente; 
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20 
 
VI - 30 (trinta) dias a partir do recebimento do recurso, para análise e parecer pela CCAP, quando 
houver prazo hábil para análise. 
VII - 30 (trinta) dias para emissão e decisão do Plenário do CFP, a partir do relatório final do recurso 
pela CCAP. 
Parágrafo único - Os prazos previstos no caput deste artigo serão calculados em dias úteis e seguirão 
o calendário de Reuniões da CCAP e da Plenária do CFP. 
 
Art. 13 - Os testes psicológicos com parecer final desfavorável do CFP poderão ser reapresentados a 
qualquer tempo e seguirão o trâmite previsto no Artigo 12 desta Resolução. 
 
Art. 14 - Os estudos de validade, precisão e normas dos testes psicológicos terão prazo máximo de 15 
(quinze) anos, a contar da data da aprovação do teste psicológico pela Plenária do CFP. 
§1º - Caso novas versões do teste sejam apresentadas e recebam parecer favorável, versões 
anteriores poderão ser utilizadas até o vencimento dos estudos de normatização, validade e precisão. 
§2º - Os testes com parecer favorável no SATEPSI com data anterior à publicação desta Resolução 
terão sua vigência mantida para os estudos de validade (20 anos) e para normas (15 anos). 
§3º - Não sendo apresentada a revisão no prazo estabelecido no caput deste artigo, o teste psicológico 
perderá a condição de uso e será excluído da relação de testes com parecer favorável pelo SATEPSI. 
 
Art. 15 - A responsabilidade pela submissão dos estudos de validade, precisão e de atualização de 
normas dos testes psicológicos ao SATEPSI, será do responsável técnico pelo teste ou psicóloga ou 
psicólogo legalmente constituído. 
 
Art. 16 - Todos os testes psicológicos estão sujeitos ao disposto nesta Resolução, considerando que: 
§1o - Os manuais de testes psicológicos devem informar que sua comercialização e seu uso é restrito 
a psicólogas e psicólogos, regularmente inscritos no CRP. 
§2o - Na comercialização de testes psicológicos, as editoras manterão procedimento de controle, no 
qual conste o nome da psicóloga e do psicólogo que os adquiriu, o seu número de inscrição no CRP e 
o(s) número(s) de série dos testes adquiridos. 
 
Art. 17 - Os CRPs adotarão as providências para o cumprimento desta Resolução, em suas respectivas 
jurisdições, procedendoà orientação, à fiscalização e ao julgamento, podendo: 
I - notificar a psicóloga ou psicólogo a respeito de irregularidade, dando prazo para a sua regularização; 
II - representar contra profissional ou pessoa jurídica por falta disciplinar; 
III - dar conhecimento às autoridades competentes de possíveis irregularidades. 
Parágrafo único - Os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) manterão cadastro atualizado de 
pessoas físicas e jurídicas que, em sua jurisdição, comercializem testes psicológicos. 
 
DA SUBMISSÃO AO SATEPSI DE VERSÕES EQUIVALENTES DE TESTES PSICOLÓGICOS 
APROVADOS (INFORMATIZADAS E NÃO INFORMATIZADA) 
 
Art. 18 - Será considerada versão equivalente de um teste psicológico aquela com formato diferente 
de aplicação descrita na versão aprovada pelo SATEPSI. 
 
Art. 19 - Formato de aplicação diferente daquele descrito no manual do teste aprovado pelo SATEPSI 
deverá ser submetido para apreciação da CCAP e terá a seguinte tramitação: 
I - Recepção; 
II - Análise; 
III - Avaliação; 
IV - Comunicação da avaliação aos requerentes, com prazo para recurso; 
V - Análise de recurso; 
VI - Avaliação final. 
§1º - Formato de correção diferente daquele descrito no manual do teste psicológico aprovado pelo 
SATEPSI não necessita de nova avaliação, desde que os procedimentos descritos nos seus respectivos 
manuais sejam rigorosamente seguidos. 
§2º - Compete ao responsável técnico a submissão ao SATEPSI de estudos de equivalência dos 
diferentes formatos de aplicação. 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
21 
 
Art. 20 - Os procedimentos e prazos para cada etapa descrita no Art. 19 desta Resolução são os 
seguintes: 
I – O envio deverá ser feito de forma on-line pelo SATEPSI, por meio do preenchimento dos dados de 
identificação do teste psicológico e da inserção dos seguintes documentos: 
a) arquivo contendo o estudo de equivalência entre os diferentes formatos de aplicação; 
b) arquivo digital contendo a versão aprovada do manual; 
c) carta de anuência do responsável técnico do teste psicológico aprovado no SATEPSI. 
II – No ato do envio, o requerente deverá assinalar a concordância de que o estudo de equivalência 
realizado tomou como base o manual da versão aprovada pelo SATEPSI. 
III - O material será analisado por 1 (um) parecerista ad hoc, que terá um prazo de 20 dias a partir da 
data de aceitação da atribuição para emitir o parecer, podendo esse prazo ser prorrogado por igual 
período, mediante solicitação realizada no próprio sistema do SATEPSI. 
IV - Após recebimento do parecer, a CCAP terá um prazo de 30 dias para emitir seu relatório 
conclusivo, que será enviado para decisão do Plenário do CFP. 
V - A avaliação poderá ser favorável quando, por decisão do Plenário do CFP, a versão apresentada 
possua evidência favorável quanto à equivalência entre as versões do instrumento, ou desfavorável, 
quando, por decisão do Plenário do CFP, a análise indicar divergências significativas entre as versões. 
Nesse caso, o parecer deverá apresentar as razões, bem como as orientações para que o problema seja 
sanado. 
VI - Após o envio da comunicação da avaliação, e nos casos em que ela for desfavorável, o requerente 
poderá apresentar recurso no prazo de 30 dias, a contar da data do envio da comunicação do resultado. 
VII - A análise do recurso à avaliação desfavorável será realizada pela CCAP, que terá o prazo de 30 
dias, a contar da data do recebimento do recurso do requerente. 
VIII - A CCAP encaminhará seu parecer para a Plenária do CFP, que fará a deliberação final. 
Parágrafo único - Os prazos previstos no caput deste artigo serão calculados em dias úteis e seguirão 
o calendário de Reuniões da CCAP e do Plenário do CFP. 
 
DA ATUALIZAÇÃO DE NORMAS DE TESTES PSICOLÓGICOS 
 
Art. 21- Define-se Atualização de Normas o processo de elaboração de novos estudos normativos para 
testes psicológicos aprovados e com evidências de validade vigentes. 
§1º - Não se trata de atualização de normas o estudo com amostras que possuam características 
sóciodemográficas diferentes das especificadas no Manual do teste aprovado pelo SATEPSI. 
§2º - Nesse caso, o material deverá ser submetido à nova avaliação pelo SATEPSI, seguindo as 
normas desta Resolução, incluindo-se as novas evidências de validade e estudos de precisão. 
 
Art. 22 - O material de atualização de normas deverá considerar os seguintes aspectos: 
I - Os resultados deverão ser decorrentes de coleta de dados com nova amostra de participantes, que 
contemple um estudo independente da versão aprovada pelo SATEPSI, abarcando os critérios desta 
Resolução. 
II - Os resultados deverão contemplar, preferencialmente, a representação demográfica de distintas 
regiões geopolíticas brasileiras. 
 
Art. 23 – Os procedimentos para atualização das normas terão tramitação interna na CCAP, de acordo 
com as seguintes etapas: 
I - Recepção; 
II - Análise; 
III - Avaliação; 
IV - Comunicação da avaliação aos requerentes, com prazo para recurso; 
V - Análise de recurso; 
VI - Avaliação final. 
 
Art. 24 - Os procedimentos e prazos para cada etapa descrita no Art. 23 desta Resolução são os 
seguintes: 
I - O envio deverá ser feito on-line pelo site do SATEPSI por meio do preenchimento dos dados de 
identificação do teste psicológico e da inserção dos seguintes documentos: 
a) estudo que gerou as novas normas, com descrição detalhada dos participantes, do período da coleta 
de dados e dos índices de precisão dos escores/indicadores; 
b) arquivo digital contendo a versão aprovada do manual; 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
22 
 
c) carta de anuência do responsável técnico do teste psicológico aprovado no SATEPSI. 
II – O material será analisado pela CCAP, que terá um prazo de 60 dias a partir do recebimento da 
solicitação, para encaminhar sua deliberação ao Plenário do CFP. 
III - A avaliação poderá ser favorável quando, por decisão do Plenário do CFP, a atualização de normas 
contemplar as determinações desta Resolução, ou desfavorável, quando, por decisão do Plenário do 
CFP, a análise indicar que a atualização das normas não está em consonância com a referida Resolução. 
No caso de parecer desfavorável, deverão ser apresentadas as razões, bem como as orientações para 
que o problema seja sanado. 
IV - Após o envio da comunicação da avaliação, e nos casos em que ela for desfavorável, o requerente 
poderá apresentar recurso no prazo de 30 dias, a contar da data do envio da comunicação do resultado. 
V - A análise do recurso à avaliação desfavorável será realizada pela CCAP, que terá o prazo de 30 
dias, a contar da data do recebimento do recurso do requerente. 
VI - A CCAP encaminhará seu parecer para a Plenária do CFP, que fará a deliberação final. 
Parágrafo único - Os prazos previstos no caput deste artigo serão calculados em dias úteis e seguirão 
o calendário de Reuniões da CCAP e do Plenário do CFP. 
 
Art. 25 - As normas atualizadas, a partir da data de aprovação, devem ser disponibilizadas juntamente 
com o teste psicológico. Cabe aos autores, editores, laboratórios, instituições e responsáveis técnicos do 
teste determinarem de que forma tal disponibilização será feita, não podendo este ser utilizado sem a 
versão mais atualizada de suas normas aprovadas pelo SATEPSI. 
Parágrafo único: A partir da data de aprovação das normas atualizadas, os autores, editoras, 
laboratórios e/ou responsáveis técnicos do material terão o prazo de 180 dias para aplicar o disposto no 
caput deste artigo. 
 
DA ATUALIZAÇÃO DE ESTUDOS DE VALIDADE DE TESTES PSICOLÓGICOS 
 
Art. 26 - Define-se Atualização de Estudos de Validade o processo de elaboração ou compilação de 
novos estudos de evidências de validade que não constem no manual de teste psicológico com parecer 
favorável pelo SATEPSI. 
 
Art. 27 - Os procedimentos para atualização de estudos de validade deverão ser submetidos paraapreciação da CCAP, e terá a seguinte tramitação: 
I - Recepção; 
II - Análise; 
III - Avaliação; 
IV - Comunicação da avaliação aos requerentes, com prazo para recurso; 
V - Análise de recurso; 
VI - Avaliação Final. 
 
Art. 28 - Os procedimentos e prazos para cada etapa descrita no Art. 27 desta Resolução são os 
seguintes: 
I - O envio deverá ser feito on-line pelo site do SATEPSI, por meio do preenchimento dos dados de 
identificação do teste psicológico e da inserção dos seguintes documentos: 
a) estudos com as novas evidências de validade, contendo a descrição detalhada dos participantes; 
b) arquivo digital contendo a versão aprovada do manual; 
c) carta de anuência do responsável técnico do teste psicológico aprovado no SATEPSI. 
II - O material será analisado por 1 (um) parecerista ad hoc, que terá um prazo de 20 dias a partir da 
data de aceitação da atribuição para emitir o parecer, podendo esse prazo ser prorrogado por igual 
período, mediante solicitação realizada no SATEPSI. 
III - A CCAP terá um prazo de 30 dias para emitir seu parecer, que será enviado para decisão do 
Plenário do CFP. 
IV - A avaliação poderá ser favorável quando, por decisão do Plenário do CFP, a versão apresentada 
possuir evidência favorável quanto aos estudos de evidência de validade, ou desfavorável, quando, por 
decisão do Plenário do CFP, a análise não indicar novos estudos de evidência de validade para o teste. 
Nesse caso, o parecer deverá apresentar as razões, bem como as orientações para que o problema seja 
sanado. 
V - Após o envio da comunicação da avaliação, e nos casos em que ela for desfavorável, o requerente 
poderá apresentar recurso no prazo de 30 dias, a contar da data do envio da comunicação do resultado. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
23 
 
VI - A análise do recurso à avaliação desfavorável será realizada pela CCAP, que terá o prazo de 30 
dias, a contar da data do recebimento do recurso do requerente. 
VII - A CCAP encaminhará seu parecer para a Plenária do CFP, que fará a deliberação final. 
Parágrafo único - Os prazos previstos no caput deste artigo serão calculados em dias úteis e seguirão 
o calendário de Reuniões da CCAP e do Plenário do Conselho Federal de Psicologia. 
 
Art. 29 - Os novos estudos de validade, a partir da data de aprovação, devem ser disponibilizados, 
juntamente com o teste psicológico comercializado. Cabe aos autores, editores, laboratórios e 
responsáveis técnicos do teste psicológico determinarem de que forma tal disponibilização será feita, não 
podendo este ser comercializado sem a versão mais atualizada dos estudos de validade aprovada pelo 
SATEPSI. 
Parágrafo único - A partir da data de aprovação dos novos estudos de validade, os autores, editoras, 
laboratórios e/ou responsáveis técnicos do material terão o prazo de 180 dias para aplicar o disposto no 
caput deste artigo. 
 
JUSTIÇA E PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA 
 
Art. 30 - Na Avaliação Psicológica, a psicóloga ou psicólogo deverão considerar os princípios e artigos 
previstos no Código de Ética Profissional das psicólogas e dos psicólogos, bem como atender aos 
requisitos técnicos e científicos definidos nesta Resolução. 
 
Art. 31 - À psicóloga ou ao psicólogo, na produção, validação, tradução, adaptação, normatização, 
comercialização e aplicação de testes psicológicos, é vedado: 
a) realizar atividades que caracterizem negligência, preconceito, exploração, violência, crueldade ou 
opressão; 
b) induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, raciais, de orientação 
sexual e identidade de gênero; 
c) favorecer o uso de conhecimento da ciência psicológica e normatizar a utilização de práticas 
psicológicas como instrumentos de castigo, tortura ou qualquer forma de violência. 
 
Art. 32 - As psicólogas e os psicólogos não poderão elaborar, validar, traduzir, adaptar, normatizar, 
comercializar e fomentar instrumentos ou técnicas psicológicas, para criar, manter ou reforçar 
preconceitos, estigmas ou estereótipos. 
 
Art. 33 - A psicóloga e o psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a 
produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias, atuarão considerando os processos de 
desenvolvimento humano, configurações familiares, conjugalidade, sexualidade, orientação sexual, 
identidade de gênero, identidade étnico-racial, características das pessoas com deficiência, classe social, 
e intimidade como construções sociais, históricas e culturais. 
 
Art. 34 - Casos omissos ou não referidos nesta Resolução serão analisados no âmbito da CCAP e 
deliberados pelo Plenário do CFP. 
 
Art. 35 - O descumprimento ao que dispõe a presente Resolução sujeitará o responsável às 
penalidades da lei e das Resoluções editadas pelo Conselho Federal de Psicologia. 
 
Art. 36 - Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as Resoluções 
CFP nº 002/2003 e 005/2012, as Notas Técnicas n° 01/2017 e n° 02/2017 e disposições em contrário. 
 
Rogério Giannini 
Conselheiro Presidente 
Conselho Federal de Psicologia 
 
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Anexo 1: https://atosoficiais.com.br/BR/CONSELHO.FEDERAL.DE.PSICOLOGIA/ANEXO-
RESOLUCAO-9-2018-CFP-BRa.zip 
Anexo 2: https://atosoficiais.com.br/BR/CONSELHO.FEDERAL.DE.PSICOLOGIA/ANEXO-
RESOLUCAO-DO-EXERCICIO-PROFISSIONAL-9-2018-CONSELHO-FEDERAL-DE-PSICOLOGIA-
BR.zip 
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24 
 
Questões 
 
01. (IGEPREV/PA - Técnico Previdenciário B - IADES/2018) Segundo a Resolução n° 9/2018 do 
Conselho Federal de Psicologia, que estabelece diretrizes para a realização de avaliação psicológica no 
exercício profissional de psicólogas e psicólogos, são consideradas(os) fontes fundamentais de 
informação 
(A) entrevistas psicológicas e registros de observação de comportamentos. 
(B) registros de observação de comportamentos e relatórios de equipes multiprofissionais. 
(C) testes psicológicos em aprovação pelo Conselho Federal de Psicologia e anamnese. 
(D) relatórios de equipes multiprofissionais e testes psicológicos aprovados pelo Conselho Federal de 
Psicologia. 
(E) anamnese e relatórios de equipes multiprofissionais. 
 
02. (CRP 2º Região - Psicólogo Orientador - Quadrix/2018) Em relação à Resolução n.° 9/2018 do 
CFP, que dispõe sobre a realização de avaliação psicológica no exercício profissional do psicólogo e 
regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), assinale a alternativa incorreta. 
(A) é facultativo aos Conselhos Regionais de Psicologia manter cadastro atualizado de pessoas físicas 
e jurídicas que, em sua jurisdição, comercializem testes psicológicos, uma vez que tal atribuição cabe às 
editoras. 
(B) Na comercialização de testes psicológicos, as editoras manterão procedimento de controle, no qual 
deverá constar o nome do psicólogo que os adquiriu, seu número de inscrição no CRP e o(s) número(s) 
de série dos testes adquiridos. 
(C) Em caso de irregularidade nos testes psicológicos, é atribuição dos Conselhos Regionais de 
Psicologia a notificação do psicólogo a respeito, dando prazo para a regularização. 
(D) Cabe aos Conselhos Regionais de Psicologia a representação contra profissional ou pessoa 
jurídica por falta disciplinar. 
(E) Os Conselhos Regionais de Psicologia deverão dar conhecimento às autoridades competentes de 
possíveis irregularidades no uso ou na comercialização dos testes psicológicos considerados como 
favoráveis pelo CFP. 
 
03. (AL/GO - Psicólogo Organizacional - IADES/2019) A avaliação psicológica é um procedimento 
frequentemente empregado na seleção de pessoas no setor privado, mas também é utilizada na seleção 
pública. A prática da avaliação psicológica é regulada pelo Conselho Federal de Psicologia, que 
recentemente publicou a Resolução n° 009/2018. Essa resolução tem o poder de regulamentar o Sistema 
de Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi)e também de 
(A) estabelecer diretrizes para a realização da avaliação psicológica no exercício profissional dos 
psicólogos, revogar as Resoluções n° 002/2003 e n° 006/2004 e manter as Notas Técnicas n° 001/2017 
e n° 002/2017. 
(B) revogar as Resoluções n° 002/2003 e n° 006/2004, manter a Nota Técnica n° 001/2017 e ainda 
revogar a n° 002/2017, que estabelece diretrizes para a realização da avaliação psicológica no exercício 
profissional dos psicólogos. 
(C) estabelecer diretrizes para a realização da avaliação psicológica no exercício profissional dos 
psicólogos, revogar a Resolução n° 002/2003 e a Nota Técnica n° 001/2017 e manter a Resolução n° 
006/2004 e a Nota Técnica n° 002/2017. 
(D) manter as Resoluções n° 002/2003 e n° 006/2004 e revogar as Notas Técnicas n° 001/2017 e n° 
002/2017, para proposição de novas diretrizes e para a realização da avaliação psicológica no exercício 
profissional dos psicólogos. 
(E) estabelecer diretrizes para a realização da avaliação psicológica no exercício profissional dos 
psicólogos, revogar as Resoluções n° 002/2003 e n° 006/2004 e revogar as Notas Técnicas n° 001/2017 
e n° 002/2017. 
 
04. (CRP/11ª Região - Psicólogo - INSTITUTO PRÓ-MUNICÍPIO/2019) A respeito do Sistema de 
Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), assinale a opção verdadeira: 
(A) Os testes com parecer favorável no SATEPSI com data anterior a publicação desta resolução terão 
vigência mantida para os estudos de validade (30 anos) e para normas (20 anos); 
(B) Os testes com parecer favorável no SATEPSI com data anterior a publicação desta resolução terão 
vigência mantida para os estudos de validade (20 anos) e para normas (10 anos); 
(C) Os testes com parecer favorável no SATEPSI com data anterior a publicação desta resolução terão 
vigência mantida para os estudos de validade (30 anos) e para normas (15 anos); 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
25 
 
(D) Os testes com parecer favorável no SATEPSI com data anterior a publicação desta resolução terão 
vigência mantida para os estudos de validade (20 anos) e para normas (15 anos). 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.A / 03. E / 04. D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: A 
Res 9/2018 
Art. 2º - Na realização da Avaliação Psicológica, a psicóloga e o psicólogo devem basear sua decisão, 
obrigatoriamente, em métodos e/ou técnicas e/ou instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente 
para uso na prática profissional da psicóloga e do psicólogo (fontes fundamentais de informação), 
podendo, a depender do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares 
de informação). 
Consideram-se fontes de informação: 
I – Fontes fundamentais: 
[ ] 
b) Entrevistas psicológicas, anamnese e/ou; 
c) Protocolos ou registros de observação de comportamentos obtidos individualmente ou por meio de 
processo grupal e/ou técnicas de grupo. 
 
02. Resposta: A 
Res 9/2018 
Art. 17 - Os CRPs adotarão as providências para o cumprimento desta Resolução, em suas respectivas 
jurisdições, procedendo à orientação, à fiscalização e ao julgamento, podendo: 
[ ] 
Parágrafo único - Os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) manterão cadastro atualizado de 
pessoas físicas e jurídicas que, em sua jurisdição, comercializem testes psicológicos. 
 
03. Resposta: E 
Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga 
e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as 
Resoluções n° 002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. 
 
04. Resposta: D 
Art. 14. §2º - Os testes com parecer favorável no SATEPSI com data anterior à publicação desta 
Resolução terão sua vigência mantida para os estudos de validade (20 anos) e para normas (15 anos). 
 
RESOLUÇÃO CFP Nº 8/20106 
 
Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe 
são conferidas pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971; pelo Código de Ética Profissional e pela 
Resolução CFP nº 07/2003: 
 
CONSIDERANDO a necessidade de estabelecimento de parâmetros e diretrizes que delimitem o 
trabalho cooperativo para exercício profissional de qualidade, especificamente no que diz respeito à 
interação profissional entre os psicólogos que atuam como peritos e assistentes técnicos em processos 
que tratam de conflitos e que geram uma lide; 
 
CONSIDERANDO o número crescente de representações referentes ao trabalho realizado pelo 
psicólogo no contexto do Poder Judiciário, especialmente na atuação enquanto perito e assistente técnico 
frente a demandas advindas das questões atinentes à família; 
 
 
6 Disponível em: https://atosoficiais.com.br/lei/dispoe-sobre-a-atuacao-do-psicologo-como-perito-e-assistente-tecnico-no-poder-judiciario-cfp?origin=instituicao 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
26 
 
CONSIDERANDO que, quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz 
será assistido por perito, por ele nomeado; 
 
CONSIDERANDO que o psicólogo perito é profissional designado para assessorar a Justiça no limite 
de suas atribuições e, portanto, deve exercer tal função com isenção em relação às partes envolvidas e 
comprometimento ético para emitir posicionamento de sua competência teórico-técnica, a qual subsidiará 
a decisão judicial; 
 
CONSIDERANDO que os assistentes técnicos são de confiança da parte para assessorá-la e garantir 
o direito ao contraditório, não sujeitos a impedimento ou suspeição legais; 
 
CONSIDERANDO que o psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e 
historicamente a realidade política, econômica, social e cultural, conforme disposto no princípio 
fundamental III, do Código de Ética Profissional; 
 
CONSIDERANDO que o psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os 
impactos dessas relações sobre suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em 
consonância com os demais princípios do Código de Ética Profissional, conforme disposto no princípio 
fundamental VII, do Código de Ética Profissional; 
 
CONSIDERANDO que é dever fundamental do psicólogo ter, para com o trabalho dos psicólogos e de 
outros profissionais, respeito, consideração e solidariedade, colaborando, quando solicitado por aqueles, 
salvo impedimento por motivo relevante; 
 
CONSIDERANDO que o psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos compartilhará 
somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confidencial 
das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo; 
 
CONSIDERANDO que a utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática psicológica 
obedecerá às normas do Código de Ética do psicólogo e à legislação profissional vigente, devendo o 
periciando ou beneficiário, desde o início, ser informado; 
 
CONSIDERANDO que os psicólogos peritos e assistentes técnicos deverão fundamentar sua 
intervenção em referencial teórico, técnico e metodológico respaldados na ciência Psicológica, na ética e 
na legislação profissional, garantindo como princípio fundamental o bem-estar de todos os sujeitos 
envolvidos; 
 
CONSIDERANDO que é vedado ao psicólogo estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro 
que tenha vínculo com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço 
prestado; 
 
CONSIDERANDO que é vedado ao psicólogo ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas 
quais seus vínculos pessoais ou profissionais, atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho 
a ser realizado ou a fidelidade aos resultados da avaliação; 
 
CONSIDERANDO que o psicólogo poderá intervir na prestação de serviços psicológicos que estejam 
sendo efetuados por outro profissional, a pedido desteúltimo; 
 
CONSIDERANDO decisão deste Plenário em reunião realizada no dia 18 de junho de 2010, 
 
RESOLVE: 
 
CAPÍTULO I 
REALIZAÇÃO DA PERÍCIA 
 
Art. 1º - O Psicólogo Perito e o psicólogo assistente técnico devem evitar qualquer tipo de interferência 
durante a avaliação que possa prejudicar o princípio da autonomia teórico-técnica e ético-profissional, e 
que possa constranger o periciando durante o atendimento. 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
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Art. 2º - O psicólogo assistente técnico não deve estar presente durante a realização dos 
procedimentos metodológicos que norteiam o atendimento do psicólogo perito e vice-versa, para que não 
haja interferência na dinâmica e qualidade do serviço realizado. 
 Parágrafo Único - A relação entre os profissionais deve se pautar no respeito e colaboração, cada 
qual exercendo suas competências, podendo o assistente técnico formular quesitos ao psicólogo perito. 
 
Art. 3º - Conforme a especificidade de cada situação, o trabalho pericial poderá contemplar 
observações, entrevistas, visitas domiciliares e institucionais, aplicação de testes psicológicos, utilização 
de recursos lúdicos e outros instrumentos, métodos e técnicas reconhecidas pelo Conselho Federal de 
Psicologia. 
 
 Art. 4º - A realização da perícia exige espaço físico apropriado que zele pela privacidade do atendido, 
bem como pela qualidade dos recursos técnicos utilizados. 
 
Art. 5º - O psicólogo perito poderá atuar em equipe multiprofissional desde que preserve sua 
especificidade e limite de intervenção, não se subordinando técnica e profissionalmente a outras áreas. 
 
CAPÍTULO II 
PRODUÇÃO E ANÁLISE DE DOCUMENTOS 
 
Art. 6º - Os documentos produzidos por psicólogos que atuam na Justiça devem manter o rigor técnico 
e ético exigido na Resolução CFP nº 07/2003, que institui o Manual de Elaboração de Documentos 
Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes da avaliação psicológica. 
 
Art. 7º - Em seu relatório, o psicólogo perito apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que 
possam diretamente subsidiar o Juiz na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua 
atuação profissional, sem adentrar nas decisões, que são exclusivas às atribuições dos magistrados. 
 
Art. 8º - O assistente técnico, profissional capacitado para questionar tecnicamente a análise e as 
conclusões realizadas pelo psicólogo perito, restringirá sua análise ao estudo psicológico resultante da 
perícia, elaborando quesitos que venham a esclarecer pontos não contemplados ou contraditórios, 
identificados a partir de criteriosa análise. 
Parágrafo Único - Para desenvolver sua função, o assistente técnico poderá ouvir pessoas envolvidas, 
solicitar documentos em poder das partes, entre outros meios. 
 
CAPÍTULO III 
TERMO DE COMPROMISSO DO ASSISTENTE TÉCNICO 
 
Art. 9º – Recomenda-se que antes do início dos trabalhos o psicólogo assistente técnico formalize sua 
prestação de serviço mediante Termo de Compromisso firmado em cartório onde está tramitando o 
processo, em que conste sua ciência e atividade a ser exercidas, com anuência da parte contratante. 
Parágrafo Único – O Termo conterá nome das partes do processo, número do processo, data de início 
dos trabalhos e o objetivo do trabalho a ser realizado. 
 
CAPÍTULO IV 
O PSICÓLOGO QUE ATUA COMO PSICOTERAPEUTA DAS PARTES 
 
Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de condições, é vedado ao psicólogo 
que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio: 
I - Atuar como perito ou assistente técnico de pessoas atendidas por ele e/ou de terceiros envolvidos 
na mesma situação litigiosa; 
II – Produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações 
à instância judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à exceção 
de Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003. 
Parágrafo único – Quando a pessoa atendida for criança, adolescente ou interdito, o consentimento 
formal referido no caput deve ser dado por pelo menos um dos responsáveis legais. 
 
 
 
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DISPOSIÇÕES FINAIS 
 
Art. 11 - A não observância da presente norma constitui falta ético-disciplinar, passível de capitulação 
nos dispositivos referentes ao exercício profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem 
prejuízo de outros que possam ser arguidos. 
 
Art. 12 - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. 
 
Art. 13 - Revogam-se as disposições em contrário. 
 
Brasília, 30 de junho de 2010. 
 
ANA MARIA PEREIRA LOPES 
 
Conselheira-Presidente 
 
Questões 
 
01. (TJ/GO - Analista Judiciário - FGV) A Resolução CFP nº 008/2010 foi criada com o objetivo de 
dispor sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário. Segundo tal 
documento: 
(A) o psicólogo assistente técnico pode estar presente durante a realização dos procedimentos 
metodológicos que norteiam o atendimento do psicólogo perito, sendo vedado o contrário 
(B) a relação entre os profissionais deve se pautar no respeito e colaboração, cada qual exercendo 
suas competências, sendo vedado ao assistente técnico formular quesitos ao psicólogo perito; 
(C) o trabalho pericial poderá contemplar observações, entrevistas, aplicação de testes psicológicos, 
utilização de recursos lúdicos e outros instrumentos, excetuando-se visitas domiciliares e institucionais, 
devendo estas serem feitas de forma interdisciplinar; 
(D) em seu relatório, o psicólogo perito apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que 
possam diretamente subsidiar o Juiz na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua 
atuação profissional, sem adentrar as decisões, atribuição exclusiva dos magistrados; 
(E) é vedado ao psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio 
atuar como perito, não havendo impedimento para o assistente técnico, desde que não interfira na 
qualidade e na dinâmica do serviço realizado. 
 
02. (IGP/RS - Perito Criminal - FUNDATEC/2017) Em relação à produção de documentos advindos 
do processo psicoterápico, a Resolução nº 08/2010 (CFP), que dispõe sobre a atuação do psicólogo como 
perito e assistente técnico no Poder Judiciário, estabelece que: 
(A) O psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio pode 
produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações à 
instituição judicial sobre seus pacientes, mesmo sem o consentimento deles. 
(B) O psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio deve 
produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações à 
instância judicial sobre seus pacientes, mesmo sem o conhecimento deles. 
(C) O psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio nunca 
deve pedir o consentimento dos seus pacientes sobre a produção de documentos advindos do processo 
psicoterápico com a finalidade de fornecer informações para qualquer solicitante. 
(D) É vedado ao psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um 
litígio produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações 
à instância judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à exceção 
de Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003. 
(E) A referida Resolução não trata sobre a produção de documentos advindos do processo 
psicoterápico. 
 
03. (TJ/PR - Analista Judiciário - PUC-PR/2017) A Resolução CFP nº 08/2010 dispõe sobre a 
atuação do psicólogo como perito e assistente técnico no Poder Judiciário, considerando, em seu teor, 
que: 
O psicólogo perito é profissional designado para assessorar a justiça no limite de suas atribuições e, 
portanto,deve exercer tal função com isenção em relação às partes envolvidas. 
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29 
 
E também estabelece que: 
Os assistentes técnicos são de confiança da parte para assessorá-la e garantir o direito ao 
contraditório, não sujeitos a impedimento ou suspeição legais. 
Sendo assim, quanto ao contexto de atuação profissional, previsto na referida Resolução, é CORRETO 
afirmar que 
(A) quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por 
perito 
(B) os psicólogos peritos e assistentes técnicos deverão fundamentar sua intervenção em referencial 
teórico, técnico e metodológico respaldados na Ciência Psicológica, no Direito, na ética e na legislação 
profissional. 
(C) o psicólogo perito deverá elaborar quesitos e endereçá-los ao(s) assistente(s) técnico(s), a fim de 
elucidar dúvidas surgidas durante a perícia. 
(D) o psicólogo perito e o(s) assistente(s) técnico(s) realizarão seu trabalho a fim de responder 
diretamente aos quesitos elaborados pelo juiz. 
(E) o psicólogo que atua como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio poderá atuar como 
perito ou assistente técnico, somente mediante autorização dos envolvidos. 
 
Gabarito 
 
01.D / 02.D / 03.A 
 
Comentários 
 
01. Resposta: D 
Resolução 8/2010 
Art. 7º - Em seu relatório, o psicólogo perito apresentará indicativos pertinentes à sua investigação que 
possam diretamente subsidiar o Juiz na solicitação realizada, reconhecendo os limites legais de sua 
atuação profissional, sem adentrar nas decisões, que são exclusivas às atribuições dos magistrados. 
 
 
02. Resposta: D 
Resolução 8/2010 
Art. 10 - Com intuito de preservar o direito à intimidade e equidade de condições, é vedado ao psicólogo 
que esteja atuando como psicoterapeuta das partes envolvidas em um litígio: 
( ) 
II – Produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a finalidade de fornecer informações 
à instância judicial acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à exceção 
de Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003. 
 
03. Resposta: A 
CONSIDERANDO que, quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz 
será assistido por perito, por ele nomeado; 
 
 
 
A Avaliação Psicológica é um processo técnico e científico que pode ser realizado em uma pessoa 
isoladamente ou com um grupo de pessoas em que se utilizam diversos métodos, técnicas e instrumentos 
de acordo com a finalidade para qual é proposta. 
Assim sendo, o profissional ao utilizar-se da Avaliação Psicológica deve atentar-se para os impactos 
que os resultados advindos dela podem causar nas pessoas, considerando os perigos e riscos caso seja 
realizada de forma indevida. 
Desta forma podem-se considerar diversos tipos de Avaliação Psicológica a partir de seu objetivo, seu 
campo de aplicação, as estratégias utilizadas, seu objeto de estudo, seu campo de atuação e o local onde 
ocorre e, considerando a recente história da Avaliação Psicológica no Brasil, fica difícil ao profissional da 
área exercer seu papel quando atua em um contexto no qual suas atividades tem caráter avaliativo como 
o que ocorre no contexto do trânsito, por exemplo. 
2 Avaliação psicológica e psicodiagnóstico. 2.1 Fundamentos e etapas da 
medida psicológica. 2.2 Instrumentos de avaliação. 2.2.1 Critérios de seleção, 
avaliação e interpretação dos resultados 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
30 
 
Refere-se a um conjunto de procedimentos confiáveis que permitem ao psicólogo julgar vários 
aspectos do indivíduo através da observação de seu comportamento em situações padronizadas e pré-
definidas. 
A Avaliação Psicológica é entendida como o processo técnico-científico de coleta de dados, estudos e 
interpretação de informações a respeito dos fenômenos psicológicos, que são resultantes da relação do 
indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, de estratégias psicológicas - métodos, técnicas e 
instrumentos. (Resolução CFP 07/2003) 
Tem por objetivo chegar a uma determinação sustentada a respeito de uma ou mais questões 
psicológicas através de coleta, avaliação e análise de dados apropriados ao objetivo em questão. 
 
Então, quais são as principais características de uma Avaliação Psicológica? 
 
Avaliação Psicológica é 
um processo dinâmico. 
Avaliação psicológica não é 
Um trabalho mecânico. 
Um processo de conhecimento do outro. Somente avaliar determinadas características. 
Um processo cientifico. Sinônimo de aplicação de testes. 
Um trabalho especializado. Um processo simples, rápido e fácil. 
A obtenção de amostras do 
comportamento. 
Um conhecimento definitivo sobre o comportamento 
observado. 
 
Passos a serem observados em um processo de Avaliação Psicológica 
- Identificar os objetivos da avaliação do modo mais claro e realista possível; 
- Proceder a seleção apropriada de instrumentos; 
- Aplicar de forma cuidadosa os instrumentos selecionados; 
- Fazer a correção dos instrumentos de forma cuidadosa; 
- Fazer a cuidadosa interpretação dos resultados; Desenvolver o uso criterioso dos dados coletados; 
- Produzir o relatório verbal ou escrito. 
 
Dimensões do Processo de Avaliação Psicológica7 
 
A Avaliação Psicológica tem se desenvolvido na direção de uma extrema complexidade. Os 
desavisados talvez não percebam, porém, as dimensões que a Avaliação Psicológica atinge vão além da 
simplicidade de aplicar testes ou fazer entrevistas com determinado objetivo. 
Qualquer psicólogo que pretenda trabalhar com avaliações deverá ter em mente as dimensões 
técnicas, relacionais, éticas, legais, profissionais e sociais diretamente implicadas em seu trabalho. Se 
todas estas percepções caminham juntas e se inter-relacionam, é provável que possamos perceber a 
infinitude de cuidados e preocupações que devemos ter como profissionais que buscam, principalmente 
e acima de tudo, o respeito e a “construção” daquele que nos procura para se submeter a um processo 
de Avaliação Psicológica. 
Avaliar nunca é simples, nem rápido, nem fácil. A respeito da dimensão técnica, o psicólogo necessita 
ter, antes de mais nada, um vasto conhecimento em relação às técnicas que pretende utilizar, assim como 
uma possibilidade de crítica consciente em relação aos instrumentos de avaliação que utiliza (testes, 
dinâmicas de grupo, observação, entrevista e outros). Obviamente, a formação dada pelas Faculdades 
de Psicologia nesta área é insuficiente para o pleno domínio das técnicas e de si mesmo, principalmente, 
porque ainda o nosso ensino é compartimentalizado e a formação prioriza o aspecto técnico e não o 
científico em geral. Aprendemos mecanicamente como aplicar diversas técnicas, mas não 
experienciamos a integração dos dados obtidos, a análise acurada dos mesmos, o levantamento de 
hipóteses a partir dos dados coletados, a dinâmica, afinal, que sempre estará presente em um processo 
de avaliação. Sempre, por melhor que tenha sido a formação do psicólogo, ele deve buscar cursos de 
pós-formação para aperfeiçoar os seus conhecimentos. 
Também a dimensão relacional é importantíssima, pois nos informa a respeito de mecanismos 
transferenciais e contra transferenciais que sempre estão presentes no momento da avaliação. Sem um 
conhecimento maior nessa área, os desavisados poderão entender manipulações evidentes, como 
simpatia, mecanismos de sedução como educação e aí por diante.... O desenvolvimento da percepção 
mais acurada de si mesmo e do cliente somente pode ser mais real e menos fantasioso através de um 
 
7 MACHADO, A. P.; SOUZA, C. M. de. Dimensões do processo de Avaliação Psicológica. Revista Contato, do Conselho Regional de Psicologia da 8ª Região – Ano 
21 – nº 104 – Set/Out 2000. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
31 
 
exercício constante de auto percepção e autocrítica que, muitas vezes, é acompanhado de um processo 
psicoterapêutico.A dimensão ética deve sempre direcionar qualquer trabalho, especialmente este que tratamos. 
Falamos aqui de respeito ao semelhante, à sua dor, às obrigações de causar o menor dano possível com 
a nossa intervenção e à sustentação dos resultados, mesmo que havendo pressões de todos os tipos 
(pais, chefias e outros). Também gostaria de ressaltar a obrigatoriedade de fazer entrevistas de 
devolução, premissa está muito esquecida pelos psicólogos, e que pode servir como um momento muito 
especial de crescimento para o nosso cliente, se bem realizada e levando em conta todas as dimensões 
citadas. 
A dimensão legal tem sido amplamente questionada: o Estado tem o direito de investigar a vida de 
um cidadão que pretende ter um emprego ou uma Carteira Nacional de Habilitação? Que consequências 
legais a interdição de um membro de uma determinada família trará para o mesmo? Qual o valor legal do 
uso de técnicas desatualizadas, não adaptadas à população brasileira? 
A dimensão profissional diz respeito a todas as implicações e consequências de ordem profissional 
no momento de uma avaliação, da entrega de um laudo ou da devolução de resultados. Qual é o nível de 
seriedade e isenção que esse profissional apresentou para tanto? Qual é o seu posicionamento a respeito 
de uma avaliação realizada pelo seu colega e que agora se encontra em suas mãos, em grau de recurso? 
Prefiro agradar o meu chefe e manter o meu emprego a ser coerente com um trabalho e uma imagem 
profissional? Quais as consequências para a classe de psicólogos de um trabalho malfeito, covarde, que 
cede a pressões? 
A dimensão social se refere às reflexões mais amplas da nossa sociedade. A instituição (Estado, 
empresa) tem o direito de investigar a vida de um cidadão que pretende ter um emprego ou uma Carteira 
Nacional de Habilitação? Em que mecanismos sociais segregatórios a avaliação psicológica pode 
colaborar? Qual o uso deste tipo de trabalho e que fins de manipulação ele pode ter? 
Desta forma, a avaliação psicológica nunca é simples, nunca é isenta de consequências que podem 
ser muito sérias para o cliente e para a imagem da nossa classe. Independentemente do local onde o 
psicólogo atue e dos objetivos de sua avaliação, não é possível a prática de aplicações e correções de 
testes sem consciência e sem compreensão da complexidade deste trabalho. 
 
Principais Técnicas de Avaliação Psicológica 
 
Entrevistas, observação, testes psicológicos, dinâmicas de grupo, observação lúdica, provas 
situacionais e outras.” 
Todas as técnicas acima citadas contribuem para a compreensão do outro (candidato, cliente, 
periciando, usuário, etc.), sujeito do processo de Avaliação Psicológica. Todas as técnicas são 
importantes para o processo de conhecimento do outro, não esquecendo que a Avaliação Psicológica 
requer o planejamento adequado, a execução cuidadosa do que foi planejado, a integração e análise dos 
dados obtidos através de todas as técnicas utilizadas. A partir dessa integração das informações 
coletadas é que será possível redigir ou entregar os resultados da mesma. 
 
Avaliação como Objetivação das Abordagens Teóricas8 
 
A avaliação psicológica é, talvez, uma das áreas mais antigas da psicologia. Ao nascer, teve uma de 
suas aplicações práticas - o desenvolvimento dos testes psicológicos e da psicometria - voltada para 
seleção de soldados nas grandes guerras. Dessa forma, a avaliação é muitas vezes identificada com um 
segmento particular da psicologia dedicado à criação de instrumentos e técnicas. No entanto, a avaliação, 
em geral, e, em particular, o desenvolvimento de instrumentos, representa uma área central da ciência 
psicológica porque permite a objetivação e operacionalização de teorias psicológicas. Em outro momento 
ressaltou-se esse aspecto: 
 A avaliação psicológica é geralmente entendida como uma área aplicada, técnica, de produção de 
instrumentos para o psicólogo, visão certamente simplista da área. A avaliação psicológica não é 
simplesmente uma área técnica produtora de ferramentas profissionais, mas sim a área da psicologia 
responsável pela operacionalização das teorias psicológicas em eventos observáveis. Com isso, ela 
fomenta a observação sistemática de eventos psicológicos, abrindo os caminhos para a integração teoria 
e prática. Ela permite que as teorias possam ser testadas, eventualmente aprimoradas, contribuindo para 
a evolução do conhecimento na psicologia. Portanto, a avaliação na psicologia é uma área fundamental 
de integração entre a ciência e a profissão. Disso decorre que o avanço da avaliação psicológica não é 
 
8 PRIMI, R. Avaliação psicológica no Brasil: fundamentos, situação atual e direções para o futuro. Psicologia: Teoria e Pesquisa 2010. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
32 
 
um avanço simplesmente da instrumentação, mas sobretudo das teorias explicativas do funcionamento 
psicológico. 
Segundo Muniz, o processo de validação de instrumentos psicológicos se constitui em um caso 
particular de um processo mais geral, de validação de hipóteses científicas. Em ambos os casos, tenta-
se validar explicações por meio de um processo hipotético-dedutivo, no qual se levantam hipóteses 
teóricas, planejam-se estudos empíricos, coletam-se e analisam-se dados, buscando-se testar as 
hipóteses explicativas, falseando-as ou corroborando-as. Esse processo interativo teoria-hipótese-
falseamento encontra-se na base do desenvolvimento do conhecimento e da maturidade da psicologia 
como ciência. A diferença entre validar uma teoria ou um teste situa-se nos seguintes fatos: no primeiro 
caso, há um processo mais amplo, visto que tenta-se validar a existência de construtos e as relações 
causais entre eles; e no segundo caso, tenta-se validar as interpretações sobre o construto psicológico 
que são feitas a partir do instrumento. 
O que se pode notar é que há uma relação estreita entre os instrumentos e a pesquisa científica uma 
vez que os estudos empíricos fazem uso dos instrumentos para observar determinados construtos no 
percurso de validar determinadas explicações sobre o comportamento humano. Wright, um dos pioneiros 
no desenvolvimento do modelo de Rasch nos Estados Unidos, propôs um modelo de filosofia da ciência 
envolvendo cinco estágios: exposição, observação, medida, análise e teoria. A produção do 
conhecimento científico se inicia com a exposição ou consciência dos fenômenos. Em seguida, são 
organizados meios mais sistemáticos de observação, como itens e testes. A essas observações são 
aplicados modelos matemáticos, como a Teoria de Resposta ao Item, transformando as observações em 
medidas. Só então é que essas medidas são transformadas em teorias entendidas como abstrações que 
servem para predizer eventos da realidade de maneira mais generalizada. 
Assim, a avaliação psicológica, especialmente aquela parte que se dedica ao desenvolvimento de 
instrumentos, é uma área nuclear da psicologia e de sua edificação enquanto ciência. Em primeiro lugar 
porque envolve a objetivação dos conceitos teóricos em elementos observáveis. Em segundo lugar 
porque requer aplicação de método científico baseado no conhecimento sobre quais delineamentos 
(levantamento correlacional, quase-experimental e experimental) são mais adequados ao conhecimento 
que se deseja ter. Em terceiro lugar porque envolve também o uso de modelagem matemática na 
representação dos processos psicológicos, abordagem que vem gradativamente substituindo o modelo 
clássico de análise de dados baseado somente no teste de significância da hipótese nula. E, por último, 
porque seus produtos (instrumentos de medida) são peças necessárias ao desenvolvimento do 
conhecimento científico dentro da psicologia. Por esses motivos, ao se tratar do tema avaliação, sua 
história e seu desenvolvimento, não se está falando de um assunto restrito a uma determinada área, mas 
sim dos fundamentos mais gerais da psicologia. 
 
Avaliação Psicológica, Testes Psicológicos e as Abordagens de PensamentoNomotético e 
Idiográfico 
 
Ao se tratar do termo amplo, avaliação psicológica, deve-se, em primeiro lugar, distingui-lo dos 
instrumentos de avaliação. 
A avaliação psicológica é uma atividade mais complexa e constitui-se na busca sistemática de 
conhecimento a respeito do funcionamento psicológico das pessoas, de tal forma a poder orientar ações 
e decisões futuras. Esse conhecimento é sempre gerado em situações que envolvem questões e 
problemas específicos. Já os instrumentos de avaliação constituem-se em procedimentos sistemáticos 
de coleta de informações úteis e confiáveis que possam servir de base ao processo mais amplo e 
complexo da avaliação psicológica. Portanto, os instrumentos estão contidos no processo mais amplo da 
avaliação psicológica. 
Em geral, os instrumentos são meios padronizados de se obter amostras/indicadores comportamentais 
que irão revelar diferenças individuais nos construtos, traços latentes ou processos mentais subjacentes. 
Presume-se, então, que os traços latentes são as variáveis causais dos comportamentos que se 
manifestam na situação de testagem. Dessa forma, o processo amplo de medida consiste em uma via 
indireta que, por meio da observação dos indicadores, torna possível se inferir algo sobre o construto que 
se deseja avaliar. Assim, de acordo com Borsboom, Mellenbergh e Heerden, os estudos de validade 
tentam provar a relação causal entre as variações no construto subjacente e as variações nos indicadores 
comportamentais avaliados pelo instrumento, justificando, dessa maneira, os sentidos atribuídos aos 
escores em relação ao construto. Essa conceituação deixa mais claro que, no âmago dos estudos de 
validade, há uma questão de relação de causalidade entre o construto e os indicadores. 
Consequentemente, o processo de validação dos testes envolve todos os desafios metodológicos ao se 
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33 
 
deparar com a necessidade de estabelecer relações funcionais entre duas variáveis, nesse caso, entre 
uma variável latente, o construto, e outra observada, os indicadores. 
Ao se tratar dos fundamentos da avaliação psicológica, é preciso entender a diversidade de estilos de 
pensamento que são subjacentes às práticas de diferentes grupos dentro da área. Essa diversidade de 
métodos e estilos revelam aspectos fundamentais da avaliação que precisam ser compreendidos e 
integrados em um modelo mais amplo com vários níveis que se tentará esboçar mais adiante. Cronbach 
define essas diferenças ao descrever as características dos estilos psicométrico (nomotético) e 
impressionista (idiográfico). Esses modos de raciocínio podem ser compreendidos por diferentes 
tradições, uma mais psicométrica, voltada à pesquisa e à descoberta de leis gerais, e outra mais aplicada, 
voltada à prática clínica e ao entendimento da riqueza de um indivíduo. 
A primeira delas, a tradição psicométrica, pode ser exemplificada ao olharmos, por exemplo, para o 
início das teorias fatoriais de personalidade nos trabalhos de Cattell. O autor afirma que: A mensuração 
é o fundamento da ciência. Mas, em personalidade, deve-se começar com a descoberta das formas 
naturais de padrões de comportamentos humanos. Devemos definir os traços unitários naturais, por 
exemplo, ansiedade, conscienciosidade, força do ego, dominância, que constituem a topografia (ou 
taxonomia) da personalidade. Somente depois estaremos prontos para construir escalas e baterias para 
medir tais traços. Chamo o primeiro passo de pesquisa da estrutura (ou taxonômica) e o segundo, 
desenvolvimento estrutural de escalas. 
Seguindo esse objetivo, Cattell passou a analisar estruturas manifestas em diferentes dados 
observacionais oriundos de três fontes: 
(a) respostas a questionários em que as pessoas são as próprias observadoras e relatoras de seu 
comportamento (dados Q), 
(b) dados de pessoas por meio de observações de terceiros que relatam o que vêm nelas em sua vida 
diária (dados L); e 
(c) medidas relativamente diretas de comportamentos em situação de testagem em laboratório (dados 
T). 
 
Usando a análise fatorial com o objetivo de sistematizar as correlações entre indicadores, de forma a 
inferir os traços unitários, Cattell encontrou mais de 23 traços básicos que supostamente seriam as forças 
causais dos comportamentos observados. Há uma analogia de Cattell que é muito interessante para 
esclarecer aspectos dessa metodologia: 
O problema que por muitos anos desconcertou os psicólogos era encontrar um método que 
deslindasse essas influências funcionalmente unitárias na floresta caótica do comportamento humano. 
Mas como é que numa floresta tropical de fato decide o caçador se as manchas escuras que vê são dois 
ou três troncos apodrecidos ou um só jacaré? Ele fica à espera de movimento. Se eles se movem juntos 
- aparecem e desaparecem juntos - ele conclui por uma única estrutura. Da mesma forma, como John 
Stuart Mill observou em sua filosofia da ciência, o cientista deveria ter em mira a “variação concomitante” 
na busca de conceitos unitários. 
Observa-se que os conceitos fundamentais da abordagem psicométrica (traços) são ancorados nas 
dimensões interindividuais que explicam consistências comportamentais. Abstraem-se as dimensões 
psicológicas a partir da análise da semelhança entre variáveis interindividuais. Por exemplo, se, dentro 
de um grupo de pessoas, observa-se que elas diferem em suas capacidades cognitivas, mas as mais 
habilidosas são igualmente boas em guardar nomes, rapidez de leitura, comunicação verbal e escrita 
(variáveis observadas), pode-se, a partir disso, inferir uma dimensão que poderia se chamar capacidade 
verbal (variável latente). Portanto, a atenção volta-se às variáveis abstraídas dos indivíduos. Nesse 
modelo, observa-se as diferenças individuais e, pela semelhança entre as variáveis (por meio das 
correlações entre elas), abstrai-se um conceito. Essa abordagem constitui-se como mais analítica ao 
buscar definir as dimensões da personalidade, descobrindo-as uma a uma, de forma a segmentar o 
indivíduo em seus elementos estruturais por meio de observações das diferenças individuais dentro de 
grupos, de forma a construir um sistema taxonômico que, subsequentemente, será utilizado para 
descrever um indivíduo de maneira mais completa. Assim, retomando a analogia de Cattell, essa 
abordagem, ao olhar para a floresta, focaliza a atenção nos jacarés. 
Em outro extremo, encontra-se a segunda tradição, o estilo impressionista, oriundo do modelo clínico 
que tem como foco o indivíduo e estudos de casos. Nessa tradição, busca-se compreender mais 
profundamente o indivíduo, considerando todas as variáveis disponíveis sobre a pessoa, bem como sua 
interação na configuração de um padrão individual único. Muitas vezes, entende-se que essa 
configuração é tão única que dificilmente se repetirá em outra pessoa, derivando-se daí a noção do 
idiossincrático. Um ponto importante a ser destacado refere-se ao fato de que os conceitos fundamentais 
dessa abordagem mais clínica (táxons) estão ancorados em configurações intraindividuais que são 
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34 
 
usadas para explicar e entender o sujeito. Retomando a analogia, essa abordagem focaliza a atenção na 
floresta, incluindo tudo o que a compõe, não somente o jacaré mas também todas as outras formas lá 
existentes que interagem com ele. 
Assim, em contextos mais clínicos da saúde, assim como na abordagem psicométrica, foram derivados 
sistemas taxonômicos a partir do estudo das semelhanças entre perfis, isto é, configurações de 
características internas de cada indivíduo. Um exemplo é o sistema de classificação constante no eixo II 
do DSM-IV, que define os transtornos de personalidade. Nesse, ao se observar em um indivíduo a 
combinação de pelo menos três das seguintes características: o fracasso em se conformar com as normas 
sociais, propensão a enganar, impulsividade, agressividade, desrespeito com asegurança, 
irresponsabilidade e ausência de remorso, de maneira estável e inflexível associada ao prejuízo no 
funcionamento social ou ocupacional, pode-se inferir uma configuração do transtorno antissocial, uma 
das categorias de classificação do Eixo II. Embora tais sistemas de classificação diagnóstica tenham sido 
originados de uma tradição mais clínica, os adeptos dessa abordagem, com um entendimento mais 
radicalmente idiossincrático, são bastante resistentes ao uso dessas classificações devido ao seu caráter 
nomotético e simplificador. 
Entretanto, um aspecto importante situa-se na diferença entre conceitos basilares dessas duas 
abordagens, uma iniciando sua conceituação pelas variáveis interindividuais abstraídas dos indivíduos, 
deixando-os em segundo plano, e a outra iniciando-se pelas configurações intraindividuais, de forma a 
colocar o indivíduo em primeiro plano e deixando as variáveis em segundo plano. A Figura 1 exemplifica 
esses focos diferenciados. Nela, há 10 indivíduos exibindo níveis diferentes de ansiedade e depressão. 
Há uma correlação significativa entre essas duas variáveis de 0,45 (p<0,05), indicando uma tendência a 
se observar que pessoas ansiosas tendem a ser deprimidas. Essa informação é abstraída da relação 
entre as variáveis e descreve o perfil de uma parcela importante dos indivíduos (alta depressão e 
ansiedade), mas não o de alguns deles que são só deprimidos ou só ansiosos. Então, no nível individual, 
pode-se notar uma quantidade considerável de contradições diante do sentido mais geral, indicado pela 
correlação entre as variáveis. Assim, é possível entender como, às vezes, esses dois focos diferenciados 
chegam a dados aparentemente contraditórios. 
O estilo de pensamento mais clínico e impressionista encontra-se na origem das técnicas projetivas, 
por exemplo, ao enfatizar interpretações mais holísticas e flexíveis e ao considerar de maneira mais livre 
o conjunto de variáveis expressas, de maneira a buscar a formulação de entendimentos mais amplos 
sobre a pessoa. Os exemplos contraditórios das predições nomotéticas da abordagem psicométrica, tal 
como o ilustrado na Figura 1, são enfatizados, sugerindo que os métodos mais psicométricos 
empobrecem a avaliação e não dão conta de entender toda a complexidade individual. Por outro lado, o 
estilo de pensamento mais psicométrico, que deu origem às escalas de autorrelato e aos testes de 
inteligência, afirma-se por meio do embasamento empírico e pelos procedimentos mais sistemáticos que 
culminam em um sistema taxonômico descritivo mais objetivo e sustentado, criticando outras abordagens 
justamente pela ausência desses elementos. 
 É claro que as interpretações validadas nomoteticamente a partir da análise das diferenças individuais 
não serão válidas para uma parcela importante de casos. Para essa parcela, uma abordagem idiográfica 
tentará explicar as incongruências encontradas, considerando-se outras informações disponíveis por 
meio da análise de configurações intraindividuais. Mas a abordagem puramente clínica-individual só seria 
justificada se a realidade fosse radicalmente idiográfica, isto é, se as combinações psicológicas 
características ocorressem somente uma vez e nunca mais se repetissem. Entretanto, o que se nota é a 
existência de tendências gerais que superam o acaso, de forma que adotar uma abordagem puramente 
idiográfica implicaria não se beneficiar dos inúmeros estudos que a psicologia tem produzido, cujos 
resultados têm indicado a existência de certas “regularidades” no comportamento humano. As predições, 
derivadas de estudos nomotéticos de validade, baseiam-se em fatos mais frequentes e, por isso, devem 
ser utilizadas como guias para as hipóteses iniciais em um processo de avaliação. 
Mas, eventualmente, essas interpretações precisarão ser adaptadas aos casos individuais para 
efetivamente se chegar a uma compreensão válida de um indivíduo. Nesse sentido, Tavares define essas 
adaptações com o termo “validade clínica”, argumentando que só assim poderemos chegar a 
compreensões efetivamente válidas sobre os indivíduos. 
Dessa forma, podemos ver que as duas abordagens não são contrárias, mas sim complementares, e 
representam estágios do raciocínio sistemático da psicologia, na tentativa de medir e avaliar, durante a 
busca pela compreensão do ser humano. Millon e cols. propõem o conceito de níveis de interpretação, 
um modelo multinível integrativo de diferentes abordagens, que pode ser aplicado aqui. Nesse modelo, 
os instrumentos de avaliação contêm itens ou indicadores que são combinados para produzir escalas. 
Tem-se aí, atrelados ao instrumento, dois níveis: o primeiro, dos indicadores, e o segundo, das escalas 
(medidas de traços) que agregam itens/ indicadores. Nesses níveis, os métodos psicométricos têm um 
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papel importante para validar os construtos (traços) e seus indicadores e também para produzir medidas 
nas quais é possível aplicar, por exemplo, o modelo de Rasch, com a finalidade de se criar medidas de 
cada dimensão, que consiste atualmente no estado da arte em construção de medidas quantitativas. Em 
seguida, em um nível hierarquicamente superior, estão os perfis (configurações de notas nas escalas ou 
de presença ou ausência de indicadores qualitativos) que irão caracterizar de maneira mais global cada 
indivíduo. Nesse nível, como ponto de partida, tornam-se relevantes os sistemas taxonômicos clínicos 
baseados em estudos das semelhanças entre perfis de indivíduos. Entretanto, convém salientar que: 
A abordagem idiográfica nos lembra que os construtos diagnósticos são somente pontos de referência 
que facilitam o entendimento. Se, por exemplo, o indivíduo é caracterizado como narcisista, a próxima 
questão seria: quão diferente essa pessoa é do tipo narcisista puro? Tais questões desviam a atenção de 
categorias diagnósticas simples em direção ao entendimento do indivíduo. Como o objetivo é o 
entendimento idiográfico da pessoa, a avaliação é, em realidade, um esforço para mostrar as limitações 
das variáveis e categorias diagnósticas ao descrever aquela pessoa avaliada ... o estudo da 
personalidade começa como ciência e termina com arte. 
 
 
 
Um último nível, hierarquicamente superior, refere-se a todas as outras variáveis referentes ao 
contexto, tais como outras características da pessoa e o contexto histórico imediato e de longo prazo que 
podem interferir ou interagir no sentido das variáveis e do perfil a ser interpretado. Como pode ser notado, 
essa concepção prevê diversos níveis, desde a testagem (itens e escalas) até a avaliação (perfis e 
contexto), dentro dos quais os diferentes estilos de pensamento precisam ser integrados de maneira a 
trazer as vantagens de sua abordagem, servindo ao entendimento mais amplo das pessoas. 
Nesse momento, é oportuno mencionar a existência de algumas correntes de pensamento muito 
influentes na psicologia, que possuem uma abordagem muito crítica em relação à avaliação psicológica. 
As críticas se baseiam na análise dos condicionantes históricos das concepções em psicologia, 
considerando-os como forma de legitimar algumas ideologias, resultando certos conceitos psicológicos 
em mecanismos sociais de perpetuação da dominação e das injustiças cometidas. Essa visão tem feito 
críticas à mensuração e a certos construtos na psicologia como, por exemplo, a personalidade antissocial, 
déficit de atenção e hiperatividade, questionando sua existência e mesmo a possibilidade de medi-los. 
Se, por um lado, há sim maus exemplos de uso preconceituoso e irrefletido de instrumentos de avaliação, 
por outro, a generalização acrítica dessa atitude pode criar um grande prejuízo para a psicologia, pois 
acaba por desmerecer conceitos e instrumentos com sólido valor para a prática e teoria. Os instrumentos 
podem, até mesmo, ser usados para a implementação de estudos e de intervenções sociais, como 
querem esses críticos. Os problemas do mau usoreforçam a necessidade constante de uma reflexão 
crítica sobre o contexto e a construção histórica de certos entendimentos em psicologia, mas a crítica 
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deve ter um caráter mais construtivo, melhorando a prática, e não destrutivo. Tal atitude negativa 
dissemina o preconceito em relação aos instrumentos e aos psicólogos que os utilizam, como se todos 
fossem acríticos e socialmente descompromissados. 
Novamente, não há porque haver contradição entre o raciocínio crítico mais amplo e uma prática mais 
técnica ligada à mensuração e avaliação, visto que são processos complementares. Como se salientou 
acima, o raciocínio tem vários níveis, e as reflexões críticas sobre o processo amplo (fundamento da 
avaliação, história das demandas) são elementos importantes em um nível mais amplo da prática em 
avaliação. Um conceito importante a esse respeito tem a ver com a validade consequencial. 
 
A Avaliação Psicológica na prática clínica9 
 
A área de Avaliação Psicológica vem sofrendo uma série de mudanças ao longo dos tempos, oscilando 
entre períodos de intensos movimentos contra sua prática e principalmente ao uso de testes, e outros, 
tão intensos quanto, de movimentos a seu favor. No entanto vive-se hoje uma era de grande produção e 
contribuições importantes para área, com pesquisadores de muitos lugares do Brasil interessados em 
qualificar a prática da Avaliação Psicológica e seu instrumental. Reflexo disso é a conquista do ano 
dedicado a Avaliação Psicológica pelo Sistema Conselhos, ao qual esta edição do jornal Entrelinhas se 
destina, e que se propõe a debater a respeito dos rumos que a Avaliação Psicológica irá tomar no país 
nos próximos anos. No que concerne a este tema, cabe uma reflexão também sobre as práticas da 
Avaliação Psicológica dentro do contexto clínico, tradicionalmente relacionado ao diagnóstico psicológico 
ou psicodiagnóstico. 
Psicodiagnóstico, de acordo com Jurema Cunha, autora de uma das mais importantes obras 
relacionadas a esta prática, trata-se de um processo que busca clarear uma situação, classificar por meio 
de um diagnóstico, descrever um comportamento e/ ou estabelecer um plano terapêutico, para isso, 
valendo-se de técnicas e testes psicológicos. Sobre o instrumental proposto, é relevante pensar que 
mesmo se tendo à disposição técnicas fiáveis e ferramentas válidas no que se refere a suas propriedades 
psicométricas, o melhor instrumento que o psicólogo tem à sua disposição ainda é ele mesmo e todo seu 
conhecimento da profissão. 
A partir das demandas cada vez mais complexas que chegam ao consultório de muitos psicólogos e a 
importante inserção deste profissional em diferentes espaços da saúde, como hospitais gerais, postos de 
saúde, serviços de saúde mental, entre outros, a exigência torna-se maior que simplesmente o 
estabelecimento, por exemplo, de um diagnóstico diferencial. 
A necessidade é pela sua contribuição crítica e capaz de contemplar o todo da situação que se impõe, 
considerando o indivíduo no presente e em sua história, no seu meio familiar e social, no contexto em 
que a avaliação se insere, retomando a identidade que diferencia a Psicologia de outras profissões, e a 
capacidade do olhar para a singularidade do indivíduo. E tal capacidade “diagnóstica” não é obtida nos 
resultados provenientes de técnicas e testes selecionados na avaliação, mas sim na “vida” que o 
profissional dá a estes em cada caso. 
Neste sentido, Tavares utiliza o termo validade clínica para demonstrar que os resultados, mesmo 
numéricos, de diferentes ferramentas devem ser adequados ao sujeito particular que está se submetendo 
a avaliação, obtendo-se assim um significado também particular daquelas informações, impressões estas 
que só podem tomar forma e fazer sentido a partir da interpretação do psicólogo, ficando claro assim que 
este também deve ser válido para o que se propõe a realizar. 
Assim, para o exercício da Avaliação Psicológica, em conformidade com a ética profissional e 
consciente da necessidade de humanização do processo, no âmbito clínico, e talvez em todos os âmbitos 
em que esta se insere, o avaliador deve, como bem lembra Tavares, estar habilitado no que diz respeito 
à perícia das estratégias eleitas (técnicas e testes psicológicos), levando em consideração as vantagens 
e limitações de cada uma e o conhecimento aprofundado das teorias que norteiam as mesmas. Desta 
forma, será possível assegurar de maneira efetiva a qualidade da Avaliação Psicológica e seu lugar na 
Psicologia, e, da mesma forma, estar em consonância com a responsabilidade do seu exercício no que 
se refere às repercussões para o sujeito e para a sociedade. 
 
Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica10 
 
O conceito de diagnóstico tem origem na palavra grega diagnõstikós, que significa discernimento, 
faculdade de conhecer, de ver através de. Na forma como vem sendo utilizado, na atualidade, significa 
estudo aprofundado realizado com o objetivo de conhecer determinado fenômeno ou realidade, por meio 
 
9 PARANHO, M. E.; MERG, M. Avaliação Psicológica na prática clínica. CR, 2011. 
10 ARAÚJO, M. DE F. Psicologia Teoria e Prática. Revista Mackenzie, 2007. 
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de um conjunto de procedimentos teóricos, técnicos e metodológicos. Tradicionalmente usado na 
Medicina, o termo foi incorporado aos discursos e às práticas profissionais de diferentes áreas de 
conhecimento. No âmbito da Psicologia, as práticas de diagnóstico e avaliação psicológica tiveram, e têm 
ainda hoje, um papel fundamental na formação e constituição da identidade profissional do psicólogo. 
A avaliação psicológica é um procedimento clínico que envolve um corpo organizado de princípios 
teóricos, métodos e técnicas de investigação tanto da personalidade como de outras funções cognitivas, 
tais como: entrevista e observações clínicas, testes psicológicos, técnicas projetivas e outros 
procedimentos de investigação clínica, como jogos, desenhos, o contar estórias, o brincar etc. A escolha 
das estratégias e dos instrumentos empregados é feita sempre de acordo com o referencial teórico, o 
objetivo (clínico, profissional, educacional, forense etc.) e a finalidade (diagnóstico, indicação de 
tratamento e/ou prevenção), conforme Ocampo et al., Arzeno e Trinca. 
Nos últimos anos, o ensino e a prática da avaliação psicológica têm sido objetos de inúmeros estudos. 
Embora desenvolvidos sob diferentes enfoques, todos eles têm preocupações comuns como a qualidade 
da formação em avaliação psicológica, o conteúdo das disciplinas, o uso e a validação dos testes 
psicológicos, e a integração ensino-aprendizagem e aplicação destes à prática profissional. 
Tais preocupações ganharam maior relevância com as crescentes críticas dirigidas aos testes 
psicológicos, entre elas, a falta de respaldo científico e o mau uso e elaboração de laudos psicológicos, 
que em geral “rotulam” e repetem jargões psicológicos sem fundamentação teórica. Tudo isso levou o 
Conselho Federal de Psicologia (CFP) a criar, em 1997, a Câmara Interinstitucional de Avaliação 
Psicológica, com o objetivo de fazer um diagnóstico das condições de ensino na área, e, posteriormente, 
implantar um Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos usados no Brasil. Com a implantação desse 
sistema e entrada em vigor da Resolução no 02/2003, o CFP passou a recomendar somente o uso dos 
testes avaliados com parecer favorável da Comissão Consultiva. Os demais, com parecer desfavorável 
ou ainda não avaliados, continuam sendo usados apenas em pesquisa. 
Embora essas medidas tenham sido cuidadas para dar maior cientificidade aos instrumentos, na 
opinião de alguns autores ocorre um fenômeno contraditório que diz respeito à desvalorização dos testes 
psicológicos nas práticas de avaliação. Por exemplo, Affonso comenta que, após a Resolução CRP no 
02/2003 e divulgação da lista dos testes com condições deuso, docentes e profissionais tiveram que 
rever suas estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Muitos cursos de Psicologia reduziram a 
oferta de disciplinas de testes psicológicos e técnicas projetivas e, também, alteraram o seu conteúdo 
para dar maior ênfase às técnicas de entrevistas e a outras áreas como a Psicologia Hospitalar, a 
Psicologia Jurídica etc. 
É possível que essa medida tenha acentuado um processo que já vinha em curso, conforme aponta 
pesquisa realizada por Alves, Alchieri e Marques sobre o panorama geral do ensino das técnicas de 
exame psicológico no Brasil. Segundo essa pesquisa, a média geral dos cursos avaliados (64) é de 3,98 
disciplinas, mas alguns têm apenas uma disciplina de testes e técnicas de avaliação psicológica. 
Sabe-se que essa desvalorização dos testes psicológicos e, por extensão, da área de avaliação 
psicológica é consequência também das mudanças ocorridas nas demandas de intervenção e atuação 
da Psicologia, na atualidade, em razão de novos processos de subjetivação e de questões sociais e 
políticas que interferem diretamente na qualidade de vida e saúde da população e exigem de nossas 
teorias e práticas constantes revisões e atualizações. Como apontam Féres-Carneiro e Lo Bianco, no 
âmbito da Psicologia Clínica isso resultou numa enorme expansão de abordagens teóricas - 
psicanalíticas, fenomenológico-existenciais, cognitivas, comportamentais, sistêmicas, corporais etc.; no 
desenvolvimento de novas modalidades de intervenção - grupal, familiar, comunitária; e na atuação em 
outros settings - instituições públicas e privadas, hospitais, unidades de saúde etc. 
Neste cenário, cresceram entre os alunos de Psicologia o ceticismo em relação aos testes psicológicos 
e o desinteresse pela área de avaliação psicológica. As críticas mais frequentes dos alunos é que os 
testes “rotulam” e não são confiáveis como instrumentos de diagnóstico e avaliação da personalidade, 
segundo apontam pesquisas. Daí a importância de envolver docentes e pesquisadores nessa discussão 
não só para resgatar o valor da área na formação profissional, mas, especialmente, para incorporar as 
recentes mudanças e oferecer aos alunos uma fundamentação teórica e técnica mais ampla que lhes 
permita trabalhar com criatividade e flexibilidade, com as inúmeras possibilidades de diagnóstico e 
avaliação, tendo em vista os diferentes contextos e necessidades. 
Sabe-se que, além das questões apontadas, a forma como essas técnicas são ensinadas interfere no 
interesse dos alunos, na apreensão e aplicação prática destas. Infelizmente, há professores que 
continuam reproduzindo mecanicamente o ensino de testes e técnicas sem nenhum questionamento ou 
articulação com as novas práticas e demandas da Psicologia. Este trabalho de revisão teórica tem como 
objetivos realizar uma sistematização do desenvolvimento das práticas de diagnóstico e avaliação 
psicológica, destacando suas principais influências e modelos. Em seguida, a revisão focaliza duas 
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estratégias diagnósticas amplamente utilizadas pela Psicologia Clínica: o psicodiagnóstico, procedimento 
clínico estruturado que utiliza testes psicológicos, e a entrevista clínica diagnóstica, que adota 
procedimentos menos estruturados de investigação da personalidade, como o jogo, o brincar livre e 
espontâneo, o desenhar e contar estórias. 
O recorte prioriza práticas e técnicas fundamentadas nas abordagens psicanalítica e fenomenológica. 
Tal escolha não significa, de forma alguma, que tais abordagens sejam mais importantes que outras 
fundamentadas em outros referenciais teóricos. A intenção é mostrar algumas possibilidades de 
intervenção dentro do vasto campo da avaliação psicológica. Ao final, reafirma-se a importância de 
contextualizar e atualizar a discussão dessas questões nos cursos de graduação em Psicologia, de forma 
a incorporar as mudanças que se processaram na área e na Psicologia, nos últimos anos. No momento 
atual isso é particularmente importante, tendo em vista a reforma curricular em curso nas instituições 
formadoras, para aplicação das Diretrizes Curriculares instituídas pela Câmara de Educação Superior do 
Conselho Nacional de Educação. 
 
Principais Influências e Modelos 
 
A Psicologia, assim como o desenvolvimento de suas práticas de avaliação psicológica, foi, ao longo 
da história, influenciada por duas principais tradições filosóficas: o positivismo e o humanismo. O 
positivismo, corrente filosófica que tem Augusto Comte como principal representante, defende o 
conhecimento objetivo, por meio da neutralidade científica e da experimentação. Essa corrente de 
pensamento fundamenta o método científico adotado pelas ciências naturais que foi, durante muito 
tempo, considerado “o modelo de ciência”. Na ótica positivista, o homem pode ser estudado como 
qualquer outro fenômeno da natureza, ou seja, pode ser tomado como um objeto de estudo observável e 
mensurável. 
Apoiam-se nessa tradição as práticas de avaliação psicológica, identificadas com os modelos médico 
e psicométrico, que caracterizam a primeira fase de atuação profissional do psicólogo - práticas que 
valorizam o uso dos testes psicológicos, a eficiência e a objetividade do diagnóstico como forma de 
garantir a cientificidade da psicologia. 
O modelo médico influenciou enormemente as práticas de avaliação psicológica, principalmente no 
início da expansão da Psicologia, quando os psicólogos atuavam, basicamente, como auxiliares do 
médico no diagnóstico diferencial de psicopatologias. Preocupados em avaliar com objetividade, para 
indicar o tratamento mais eficaz, os psicólogos incorporaram às suas práticas de avaliação características 
do modelo de diagnóstico médico, tais como: a ênfase nos sintomas, o uso da classificação nosológica e 
o emprego de testes (exames), para identificar determinadas características patológicas da personalidade 
do indivíduo. 
O modelo psicométrico manteve a preocupação de avaliar com objetividade e neutralidade e inaugurou 
uma fase de maior prestígio da Psicologia, em que os testes psicológicos passaram a ser usados na 
classificação e medida da capacidade intelectual e aptidões individuais. A Psicometria ampliou a área de 
atuação da Psicologia - da clínica para as áreas escolar (diagnóstico de dificuldades de aprendizagem 
das crianças) e profissional (seleção de indivíduos para funções específicas). Com essa expansão, o 
psicólogo ganhou maior autonomia: os resultados dos testes deixaram de ser obrigatoriamente entregues 
ao médico ou a outros profissionais; os próprios psicólogos começaram a prestar orientação aos pais e 
professores e até mesmo aos médicos. No modelo psicométrico, tornou-se menos importante detectar e 
classificar os distúrbios psicopatológicos; a ênfase passou a ser dada à identificação das diferenças 
individuais e orientações específicas. Esse modelo foi muito valorizado nos Estados Unidos, 
especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando se atribuiu à Psicologia a função de selecionar 
indivíduos aptos e não-aptos para o exército, bem como avaliar os efeitos da guerra sobre os que 
retornavam. 
O humanismo apoia-se em correntes filosóficas que se contrapõem à visão positivista e questionam a 
aplicação do método das ciências naturais às ciências humanas. Defende que não é possível uma total 
separação entre o sujeito e o objeto de estudo, pois a subjetividade tem uma importância essencial: o 
sujeito está implicado com o seu objeto de estudo, ele constitui o objeto e é constituído por ele. Se todo 
o conhecimento é estabelecido pelo homem, não se pode negar a participação da sua subjetividade, 
portanto não é possível estudar o homem como um mero objeto fazendo parte do mundo, pois o mundo 
não passa de um objeto intencional para o sujeito que o pensa. 
Essa forma de pensar teve um papel marcante no desenvolvimento de uma Psicologia humanista, 
influenciada por vertentes teóricas ligadas principalmenteà Fenomenologia e à Psicanálise que enfatizam 
a subjetividade, a intencionalidade, o sentido e o significado das experiências (e dos sintomas), o 
inconsciente e a relação entre sujeito e objeto de estudo. 
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39 
 
Entre suas principais influências, estão Heidegger e Freud. Contrapondo-se à visão reducionista da 
vertente positivista, a Psicologia humanista buscava uma compreensão global do homem, na apreensão 
do mundo e do seu significado. Sob esse influxo, passou-se a questionar os modelos de avaliação 
classificatória, baseados apenas nos testes psicológicos (estruturados e padronizados). Outras práticas 
de diagnóstico, mais identificadas com a Psicanálise e a Fenomenologia, foram surgindo dentro do 
chamado modelo psicológico, que deu origem ao psicodiagnóstico e a outros procedimentos de avaliação, 
como as entrevistas diagnósticas, com ou sem o uso de testes ou técnicas (estruturadas ou não) de 
investigação da personalidade. 
O psicodiagnóstico inaugurou uma nova visão da avaliação psicológica, diferente da realizada pelos 
“testólogos” da Psicometria. Ao adotar uma perspectiva clínica, mais identificada com a teoria 
psicanalítica ou fenomenológica, distanciou-se da preocupação com a neutralidade e a objetividade, 
passando a enfatizar a importância da subjetividade e dos aspectos transferenciais e contra 
transferenciais presentes na relação. E o uso dos testes passou a ser complementado com outros 
procedimentos clínicos, com o objetivo de integrar os dados levantados nos testes e na história clínica, 
para obter uma compreensão global da personalidade. 
No Brasil, o modelo de psicodiagnóstico, desenvolvido por Ocampo et al. e Arzeno, tem norteado o 
trabalho de grande parte dos profissionais da área. Além dele, os modelos compreensivo e 
fenomenológico também são bastante utilizados. O psicodiagnóstico proposto por Cunha é outra 
referência, não incluída no recorte aqui feito, mas igualmente importante no contexto brasileiro. 
 
O Psicodiagnóstico Segundo Ocampo e Arzeno 
 
Ocampo et al. e Arzeno sistematizaram o procedimento do psicodiagnóstico dentro do referencial 
psicanalítico, desenvolvendo uma concepção ampla e enriquecedora, que valoriza a entrevista clínica 
(em vez da tradicional anamnese descritiva), a relação transferencial/contra transferencial e a devolução, 
ao final do processo. 
Para essas autoras, o psicodiagnóstico é uma prática clínica bem delimitada, com objetivo, tempo e 
papéis definidos, diferenciada do processo analítico. É realizado sempre com o objetivo de obter uma 
compreensão profunda e completa da personalidade do paciente (ou do grupo familiar), incluindo 
elementos constitutivos, patológicos e adaptativos. 
Abrange aspectos presentes (diagnóstico atual) e futuros (prognóstico), sendo indicado para 
esclarecimento do diagnóstico, encaminhamento e/ou tratamento. Utiliza, como principais instrumentos, 
a entrevista clínica, a aplicação de testes e técnicas projetivas, a entrevista devolutiva e a elaboração do 
laudo (quando solicitado). Como em todo procedimento clínico, tem um cuidado especial com o enquadre: 
no início do processo, definem-se o objetivo; os papéis de cada um (psicólogo, paciente, pais e/ou família); 
a duração (em média quatro ou cinco sessões, que podem ser ampliadas ou reduzidas, de acordo com a 
necessidade); local, horário e tempo das entrevistas; honorários e forma de pagamento. 
Para Ocampo et al., o psicodiagnóstico é um processo que envolve quatro etapas. 
A primeira vai do contato inicial à primeira entrevista com o paciente; a segunda é a fase de aplicação 
dos testes e técnicas projetivas; a terceira é o encerramento do processo, com a devolução oral ao 
paciente (e/ou aos pais); e a quarta consiste na elaboração do informe escrito (laudo) para o solicitante. 
Arzeno detalha essas etapas em sete passos. O primeiro passo inclui desde a solicitação da consulta 
pelo cliente até o primeiro encontro pessoal com o profissional. Nessa fase, é importante observar como 
é feito o contato inicial, quais as primeiras impressões etc. O segundo passo envolve a realização das 
primeiras entrevistas, quando se busca identificar o motivo latente e manifesto da consulta, as ansiedades 
e defesas que o paciente, pais e/ou família apresentam, as expectativas e fantasias de doença e de cura 
que trazem. É importante observar como o paciente se coloca, o que é priorizado no relato, que tipo de 
relação estabelece com o psicólogo (e entre si, no caso do casal e/ou família), para identificar os aspectos 
transferenciais e contra transferenciais, bem como as resistências e a capacidade de elaboração e 
mudança. O terceiro passo é o momento de reflexão sobre o material colhido e análise das hipóteses 
iniciais, para planejamento dos passos seguintes e escolha dos instrumentos diagnósticos a serem 
empregados. O quarto passo é o momento da realização da estratégia diagnóstica planejada - entrevistas 
e aplicação dos testes e técnicas selecionadas, de acordo com o caso. Em geral, age-se conforme o 
planejado, mas, se houver necessidade, podem-se introduzir modificações, durante o processo. O quinto 
passo é o momento da análise e integração dos dados levantados. É o estudo conjunto do material 
apreendido nas entrevistas, nos testes e na história clínica, para obter uma compreensão global do caso. 
Essa fase exige do profissional domínio teórico-metodológico e grande capacidade analítica, a fim de 
identificar as recorrências e convergências entre os dados, assim como os aspectos mais relevantes 
dentro do material, que possibilitam uma compreensão ampla da personalidade do indivíduo e/ou da 
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dinâmica familiar e do casal. O sexto passo é o momento da devolução da informação, que pode ser feita 
em uma ou mais entrevistas. Geralmente, é realizada de forma separada - uma com o indivíduo que foi 
trazido como protagonista principal da consulta, e outra com os pais e o restante da família. 
Frequentemente, durante a entrevista devolutiva, surgem novos elementos, os quais ajudam a validar as 
conclusões ou esclarecer os pontos obscuros. O último passo envolve a elaboração do laudo psicológico 
com as conclusões diagnósticas e prognósticas, incluindo as recomendações terapêuticas adequadas ao 
caso. A elaboração do laudo é um aspecto importante do processo, pois, quando malfeito, pode prejudicar 
o paciente, em vez de ajudá-lo. 
 
O Modelo Compreensivo 
 
O processo diagnóstico do tipo compreensivo, desenvolvido por Trinca, é outro modelo muito difundido 
entre os profissionais brasileiros, que trabalham com avaliação psicológica na abordagem psicanalítica. 
Ele também busca uma visão totalizadora e integradora da personalidade, por meio de uma compreensão 
abrangente das dinâmicas psíquicas, intrafamiliares e socioculturais. Para isso, utiliza referenciais 
múltiplos - além da psicanálise, a análise é complementada com outros referenciais teóricos (teorias do 
desenvolvimento e maturação e da família). Tem ainda, como características importantes, a valorização 
do pensamento clínico e uma maior flexibilidade, na estruturação do processo. 
O modelo compreensivo se estrutura de acordo com o contexto. O uso ou não de testes psicológicos 
ou de outros procedimentos clínicos de investigação da personalidade fica na dependência do 
pensamento clínico empregado. Na interpretação dos dados, o pensamento clínico funciona como um 
princípio organizador, define critérios, procedimentos e esquemas de raciocínio, para integração dos 
dados e análise. Ele é influenciado não só pela teoria, mas, também, pela experiência clínica do 
profissional, pelo contexto e pelas personalidades do cliente e do psicólogo. Para Trinca: embora as 
teorias sejam fatores importantes no background do profissional, é mister que sua atividade clínica seja 
empreendida com o mínimo de interferência de suas teorias sobre sua capacidadede observar e captar 
os fatos relevantes. 
 
O Modelo Fenomenológico 
 
O psicodiagnóstico fenomenológico introduz algumas mudanças significativas no modelo proposto por 
Ocampo et al. e Arzeno. Dentre suas inovações, destacam-se quatro características principais: 
1. considera o processo psicodiagnóstico uma prática interventiva: diagnóstico e intervenção são 
processos simultâneos e complementares; 
2. propõe que a devolução seja feita durante o processo e não ao final; 
3. enfatiza o sentido da experiência dos envolvidos no processo; e 
4. redefine a relação paciente-psicólogo em termos de poder, papéis e realização de tarefas. 
 
No modelo fenomenológico, o cliente é um parceiro ativo e envolvido no trabalho de compreensão e 
eventual encaminhamento posterior. O psicólogo se afasta do lugar de técnico ou especialista detentor 
do saber e estabelece com o paciente uma relação de cooperação, em que a capacidade de ambas as 
partes, de observarem, aprenderem e compreenderem, constitui a base indispensável ao trabalho. 
Psicólogo e paciente se envolvem, a partir de pontos de vista diferentes, mas igualmente importantes, na 
tarefa de construir os sentidos da existência de um deles - o cliente. 
 
Entrevistas Diagnósticas e Outros Procedimentos Clínicos de Avaliação Psicológica 
 
O psicodiagnóstico, realizado segundo os modelos anteriormente descritos, apesar de continuar sendo 
uma importante estratégia de avaliação psicológica, fundamental na formação e atuação profissional dos 
psicólogos, tem sido, nos últimos anos, objeto de muitas críticas, especialmente pelo uso, muitas vezes 
desnecessário, de uma extensa bateria de testes psicológicos, pelo longo tempo gasto no processo e, 
também, pelo uso indevido de laudos, frequentemente mal elaborados. Tais críticas não anulam a 
importância e a indicação do psicodiagnóstico, principalmente em situações específicas que exigem um 
estudo mais aprofundado para um diagnóstico diferencial. Mas, frequentemente, se o profissional possui 
experiência clínica e um bom domínio teórico e técnico, é possível utilizar procedimentos de avaliação 
mais simplificados, que exploram com criatividade e profundidade os recursos da entrevista clínica 
diagnóstica. 
Atualmente, no nosso meio psicológico acadêmico e profissional, alguns profissionais de formação 
psicanalista rejeitam radicalmente o uso de qualquer teste ou técnica de investigação da personalidade. 
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No trabalho diagnóstico, utilizam apenas a entrevista psicanalítica nos moldes realizados por Freud, 
Lacan e Mannoni, conforme destaca Priszkulnik. 
Mas a prática mais comum, principalmente com crianças, introduz na entrevista diagnóstica técnicas 
menos estruturadas, como o “jogo do rabisco” de Winnicott; ou o brincar de forma livre e espontânea, 
como propõe Aberastury, na “hora do jogo”; ou ainda o desenhar e contar estórias, conforme Trinca no 
Procedimento de “Desenhos-Estórias”. 
Tradicionalmente usadas dentro do processo do psicodiagnóstico, essas técnicas são, hoje, 
frequentemente empregadas de forma mais flexível. Como aponta Trinca, a flexibilização do uso de 
técnicas auxiliares, na entrevista clínica, consolida uma nova maneira de realizar o diagnóstico psicológico 
como um procedimento predominantemente clínico. 
 
O Jogo do Rabisco de Winnicott 
 
Winnicott dava especial atenção às entrevistas diagnósticas, daí a sua preocupação em desenvolver 
uma técnica - o jogo do rabisco - para explorar ao máximo o material das primeiras entrevistas. Para 
distingui-las do trabalho da psicoterapia e da psicanálise, ele as denominou de “consultas terapêuticas”. 
As primeiras entrevistas ou consultas terapêuticas são, para Winnicott, momentos de avaliação 
diagnóstica, intervenção e ajuda psicológica, os quais se dão a partir da comunicação significativa que se 
estabelece entre o terapeuta e a criança, no brincar mútuo. Nesse jogo interacional, a criança tem total 
liberdade para escolher as formas de comunicação - desenho, jogos, brinquedos ou diálogo. 
O jogo do rabisco é uma técnica (apresentada como jogo) que facilita a comunicação de aspectos 
profundos do psiquismo e tem valor diagnóstico e terapêutico. É de fácil apreensão e muito bem-aceita 
pelas crianças. O fato de o terapeuta jogar livremente com a criança, na troca dos desenhos, tem grande 
importância para o sucesso da técnica, pois não dá à criança a impressão de que está sendo avaliada, 
como ocorre, com frequência, quando lhe é aplicado um teste psicológico. 
Não há regras, no jogo do rabisco, de sorte que as instruções são bastante simples, como diz Winnicott: 
Em um momento adequado, após a chegada do paciente [...] digo à criança: “Vamos jogar alguma coisa. 
Sei o que gostaria de jogar e vou lhe mostrar”. Há uma mesa entre a criança e eu, com papel e dois lápis. 
Primeiro apanho um pouco de papel e rasgo as folhas ao meio, dando a impressão de que o que 
estamos fazendo não é freneticamente importante, e então começo a explicar. Digo: “Este jogo que gosto 
de jogar não tem regras. Pego apenas o meu lápis e faço assim” [...] e, provavelmente, aperto os olhos e 
faço um rabisco às cegas. Prossigo com a explicação e digo: “Mostre-me se se parece com alguma coisa 
a você ou se pode transformá-lo em algo; depois faça o mesmo comigo e verei se posso fazer algo com 
o seu rabisco”. 
Uma sessão produz, em média, de vinte a trinta desenhos que, gradualmente, vão se tornando cada 
vez mais significativos, expressando, no seu conjunto, os conflitos, os medos e as angústias vividos pela 
criança. O jogo do rabisco é usado na primeira sessão, ou, no máximo, em duas ou três. Por sua 
flexibilidade, ele permite ao terapeuta utilizar os resultados de acordo com o conhecimento que tem da 
criança. 
 
A Hora do Jogo 
 
Esse procedimento consiste em uma entrevista diagnóstica que tem como base o brincar livre e 
espontâneo da criança. Foi originalmente apresentado por Aberastury, a partir de observações feitas 
durante o primeiro contato com a criança. Ela observou que a criança estrutura, por meio dos brinquedos, 
a representação de seus conflitos básicos, suas principais defesas e fantasias, permitindo, dessa forma, 
o aparecimento de uma perspectiva ampla a respeito do seu funcionamento mental. Ao brincar, a criança 
desloca para o exterior seus medos, angústias e problemas internos, dominando-os desse modo. Todas 
as situações excessivas para seu ego débil são repetidas no jogo, o que permite à criança um maior 
domínio sobre os objetos externos, tornando ativo o que sofreu passivamente. 
O valor do jogo e do brincar como formas de expressão de conflitos e desejos é reconhecido por 
diversos autores. Freud, observando um bebê de 18 meses brincando, descobriu o significado psicológico 
da atividade lúdica e compreendeu que a criança não brincava somente com o que lhe dava prazer, mas 
também jogava, repetindo situações dolorosas, elaborando assim o que era excessivo para o seu ego. 
Klein, ao usar o jogo como meio de acesso ao inconsciente infantil, reafirma essa compreensão de que a 
criança expressa, por meio do jogo e no brincar, suas fantasias, desejos e experiências, de forma 
simbólica. 
A sala onde se realiza a observação diagnóstica deve ser um lugar razoavelmente amplo, seguro e 
fácil de limpar, de maneira que dê liberdade à criança para se expressar. Os brinquedos são colocados à 
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sua disposição, para usá-los como quiser. Eles devem ser bastante variados, incluindo bonecos de 
plástico, animais domésticos e selvagens, carrinhos, caminhões e aviões de plástico, tinta de diversas 
cores, papel sulfite, lápis (preto e de cores), pincel, tesoura sem ponta, cola, barbante, argila, bacia ou 
pia com água etc. É importante observar como a criança dá início à estruturação do seu brincar - qual a 
sequência dos jogos, brinquedos preferidos, comentários verbais etc. A primeiraação que ela realiza, na 
hora do jogo, e o tempo que transcorre até seu início denotam sua atitude perante o mundo. O grau de 
inibição no jogo manifesta a gravidade da sua neurose. Por isso, a primeira sessão é tão importante, pois 
nela a criança mostra sua fantasia inconsciente de enfermidade e de cura e, também, como aceita ou 
rejeita o papel do terapeuta. 
A maior dificuldade da “hora do jogo diagnóstico” está na sua avaliação. Por ser um procedimento não 
estruturado, depende da experiência clínica do psicólogo e da sua capacidade de observação e 
interpretação. Na análise, levam-se em conta os aspectos evolutivos (desenvolvimento da criança, 
segundo a idade), desenvolvimento emocional, inibição/sociabilidade, bem como os conteúdos 
inconscientes expressos nos jogos - defesas, fantasias, ansiedades, agressividade e a capacidade 
adaptativa, criativa e simbólica da criança. 
 
O Procedimento de Desenhos-Estórias 
 
O desenho livre é um recurso auxiliar da entrevista, muito utilizado para levantar informações sobre 
vários aspectos da personalidade. Quando associado a estórias, como propõe Trinca, torna-se um 
método de investigação diagnóstica extremamente útil na prática clínica. 
O Procedimento de Desenhos-Estórias (D-E) é uma técnica não estruturada, baseada no método da 
associação livre, que dá liberdade à criança para criar e associar. É um procedimento clínico de 
investigação diagnóstica, o qual emprega recursos das técnicas gráficas e temáticas, a fim de construir 
uma nova abordagem da vida psíquica. Formado basicamente pela associação de processos expressivo-
motores (entre os quais se inclui o desenho livre) e processos aperceptivo-dinâmicos (verbalizações 
temáticas), o D-E consiste de cinco unidades de produção, realizadas pelo examinando, cada uma 
composta de um desenho livre, estória, inquérito e título. 
A técnica de aplicação é bastante simples, assim como o material: folhas de papel em branco, sem 
pauta, tamanho ofício, lápis de cor e lápis preto n° 2. O material é espalhado sobre a mesa, onde devem 
estar sentados, frente a frente, o aplicador e o examinando. Uma vez estabelecido um bom rapport, 
coloca-se diante do sujeito uma folha de papel na posição horizontal e pede-se a ele para fazer um 
desenho livre - o que quiser e como quiser. Em seguida, solicita-se ao examinando para, olhando o 
desenho, criar uma estória sobre ele - o que acontece, quem são seus personagens etc. Concluída a 
estória, faz-se um inquérito, com a finalidade de esclarecer os aspectos que não ficaram claros, no 
desenho ou na estória. O inquérito é importante na interpretação do material produzido, já que estimula 
o surgimento de novas associações. Ao final do inquérito, pede-se ao examinando para dar um título à 
sua produção. Se uma sessão não for suficiente para as cinco produções, pode-se marcar outra sessão 
para completá-las. Os desenhos podem ser cromáticos ou acromáticos. Durante a aplicação, toma-se 
nota detalhada da estória, das verbalizações do sujeito enquanto desenha, da ordem das figuras 
desenhadas, dos recursos auxiliares utiliza dos por ele, das perguntas e respostas na fase do inquérito, 
do título, bem como de todas as reações expressivas, verbalizações paralelas e outros comportamentos 
observados. 
Na análise é importante levar em conta os diversos componentes das cinco produções - aspectos do 
conjunto dos desenhos e estórias - em que o examinando expressa suas fantasias, angústias básicas e 
desejos. Cada unidade oferece um ângulo analítico. A análise pode começar pelos movimentos gráficos 
e verbais do conjunto da produção, seguida da análise de cada produção sobre os conflitos, defesas 
usadas e recursos adaptativos. O Procedimento de Desenhos-Estórias possibilita investigar aspectos 
fundamentais do funcionamento mental do paciente, ou seja, suas fantasias e ansiedades básicas, pontos 
de regressão e fixação, recursos defensivos, capacidade elaborativa do ego, tipo de relações objetais 
etc., para a obtenção de uma visão dinâmica da personalidade. 
Por ser um procedimento de fácil aplicação, pode ser empregado em condições nas quais o psicólogo 
dispõe de pouco tempo ou de parcos recursos técnicos para avaliação. 
Na análise dos resultados, é relevante ter em mente a integração dos diversos dados em um todo 
coerente. De um modo geral, é aconselhável que, em cada caso, o psicólogo possa relacionar as queixas 
e outras dificuldades com os conteúdos latentes apresentados nos Desenhos-Estórias. 
Quando surgiu, o D-E era usado com crianças e adolescentes entre 5 e 15 anos. Com o tempo, ele 
mostrou-se útil também com adultos. Posteriormente, Trinca desenvolveu uma versão para investigação 
diagnóstica das relações familiares (DF-E). 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
43 
 
Testes Neuropsicológicos11 
 
A avaliação neuropsicológica utiliza testes psicométricos e neuropsicológicos organizados em baterias 
fixas ou flexíveis. As baterias fixas são aplicáveis em pesquisas, em protocolos específicos para 
investigação de uma população particular. As baterias flexíveis são mais apropriadas para a investigação 
clínica pois estão mais voltadas para as dificuldades específicas do paciente. Considerando a variação 
dos testes neuropsicológicos, tempo de aplicação e indicação, recomendamos organizar um protocolo 
básico com a possibilidade de complementar a avaliação com outros testes sobre as funções mais 
comprometidas, a fim de realizar um exame mais detalhado. A sensibilidade e a especificidade dos testes 
para as funções a serem examinadas deve ser considerada nesta escolha. O psicólogo interessado nesta 
área deve estar ciente da complexidade de cada função e das formas de avaliá-la através de testes. 
Inteirado destas questões, aprofunda seus estudos sobre o funcionamento cerebral e as diversas 
patologias do Sistema Nervoso Central. 
Entre outros, os estudos sobre as epilepsias e as demências têm muito contribuído para a investigação 
da sensibilidade e especificidade dos testes neuropsicológicos. 
A avaliação neuropsicológica nas demências tem por objetivos colaborar no diagnóstico diferencial 
entre demências, depressão e Deficiência de Memória Associada a Idade. Através da avaliação é possível 
determinar o nível atual de funcionamento, as características predominantes dos quadros demenciais. 
Demências consistem em distúrbios cognitivos, sensorio-motores, das funções motoras e personalidade, 
suficientemente importantes para comprometer o funcionamento social e laboral do paciente. O 
diagnóstico é principalmente sintomatológico e a neuropsicologia tem uma participação importante neste. 
Dentre os testes mais sensíveis para detectar alterações precoces estão: Aprendizagem de Listas de 
Palavras, Figura de Rey (cópia e memória), Trail Making, Weigl Color Form Sorting Test, Fluência Verbal 
(Semântica e Categorias), e Semelhanças do WAIS R. 
As alterações das funções cognitivas relacionadas as epilepsias motivaram os epijeptologistas a 
investigar as características mais predominantes. Atualmente considera-se que as crises iniciadas 
prematuramente estão mais relacionadas com dificuldades cognitivas, assim como a localização do foco 
epileptogênico e alterações estruturais tais como esclerose mesial temporal. As drogas antiepilépticas 
individualmente interferem de modo sutil no funcionamento cognitivo, mas a politerapia tem efeitos mais 
comprometedores. Estes resultados baseiam-se em testes neuropsicológicas sensíveis aos efeitos de 
drogas (memória e concentração da atenção) e testes específicos para lateralização da memória de 
material específico. Estes últimos são extremamente úteis na avaliação e programação do tratamento 
cirúrgico das epilepsias de difícil controle. Citamos aqui alguns dos testes mais utilizados nos protocolos 
de avaliação neuropsicológica pré-cirúrgica: Testes de Memória: Rey Auditory Verbal Learning Test, Rey 
Visual Learning Test, Revised Benton Visual Retention Test, Rey Complex FigureTest (ou a forma de 
Taylor), Boston Naming Test e a Wechsler Memory Scale Revised. Testes de Flexibilidade Mental: 
Wisconsin Cards Sorting Test, Weigl Color Form Sorting Test, Stroop Test, Trail Making B.Testes de 
Organização Visuo-espacial: Rey Complex Figure (cópia). Testes de Linguagem: Fluência Verbal (FAS), 
Boston Naming Test e Token Test. Estas baterias contam ainda com avaliações de nível intelectual pelo 
WAISR. 
Atualmente temos poucos testes neuropsicológicos traduzidos e publicados no Brasil. A elaboração 
de um material próprio para nossa realidade pode ser bastante útil para a compreensão dos problemas 
específicos da população brasileira, mas dificultaria a análise destes resultados com base na literatura 
internacional. Quando o objetivo é o diagnóstico na clínica, é mais adequado utilizar técnicas bem 
respaldadas na literatura, mesmo que estrangeira, até que estejam disponíveis padronizações mais 
apropriadas. 
Propomos como Protocolo Básico para Avaliação Neuropsicológica Clínica uma composição de testes 
de orientação, atenção, percepção, inteligência geral, raciocínio, memória verbal e visual, de curto e longo 
prazo, testes de flexibilidade mental, linguagem e organização visuoespacial. O protocolo básico deve 
permitir ao examinador um panorama geral do funcionamento cognitivo do paciente, para posteriormente 
aprofundar sua avaliação com testes complementares. O resultado final deve fornecer um perfil 
neuropsicológico do paciente que, combinado a avaliação dos aspectos neurológicos, psicológicos e 
sociais, permitirá a orientação do paciente ou da família sobre o melhor aproveitamento de suas 
potencialidades. Conforme observamos o decorrer da história da neuropsicologia os métodos utilizados 
variam de acordo com a formação de base do profissional e os locais de treinamento. Os materiais 
disponíveis, na maioria na língua inglesa, abrem um amplo espectro e devem ser selecionados de acordo 
com as necessidades do examinador. Este deve também observar as particularidades de cada testes 
 
11 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931996000300003 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
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quanto a sua sensibilidade e especificidade, considerar os aspectos culturais e limitações do método 
utilizado. 
Citando Kevin Walsh (12), "na realidade, praticamente não existem testes neuropsicológicos, apenas 
o método de elaborar inferências sobre os testes é neuropsicológico". Sob este prisma, o mais importante 
o que avaliar e como avaliar. A avaliação Neuropsicológica não é apenas a aplicação de testes e sim a 
interpretação cuidadosa dos resultados somada a análise da situação atual do sujeito e contexto em que 
vive. Somente com base nesta compreensão global é possível sugerir um diagnóstico. 
 
Psicodiagnóstico para Crianças e Adolescentes 
 
Criança 
O processo avaliativo interventivo, quando realizado com crianças, configura-se como uma prática 
valiosa, porém, complexa. A criança possui funcionamento psíquico diferente do adulto neurótico, por isso 
sua sessão deve ser vista como um “convite ao sonho”. É por meio do brincar e de uma atmosfera de não 
exigência que o terapeuta realiza interpretações, intervenções e manejos, uma vez que a criança 
expressa seus desejos, fantasias e experiências de forma simbólica (GUELLER; SOUZA, 2008).12 
Quando se fala de brincar, no campo analítico, compreendemos o valor projetivo de um recurso que é 
capaz de esclarecer e demonstrar aspectos da personalidade infantil. Por isso, o objetivo não é brincar 
com a criança, mas possibilitar a expressão por meio da representação lúdica (AFFONSO, 2011). Na 
análise com crianças, Winnicott (1971) ressalta a importância de se valorizar o que acontece nos espaços 
intermediários entre paciente e terapeuta, pois é no inesperado, no encoberto e no transicional que se 
instaura a situação analítica e as possibilidades de um novo começo. 
O que se observa é que as dificuldades não se relacionam apenas à exploração e a interpretação dos 
aspectos lúdicos, mas também ao contexto e às várias psiques que precisam ser valorizadas no processo. 
Ressaltam-se nesse sentido, os pais, a família, o paciente, bem como o terapeuta. 
Muito se sabe que as questões emocionais das crianças se atrelam à dinâmica familiar. Devido à 
condição de dependência concreta e emocional existente, é fundamental que os pais demonstrem uma 
condição mental que viabilize o processo e, por isso, Sei, Souza e Arruda (2008), destacam a importância 
de incluir os pais em orientação psicológica a fim de que possam ser acolhidos em suas angústias e 
serem também desenvolvidos emocionalmente. 
No âmbito da avaliação interventiva, os pais são tomados como clientes, uma vez que o foco vai além 
da individualidade da criança. O psicólogo privilegia o meio familiar, compartilha as percepções e promove 
assim, uma construção conjunta da compreensão da criança e de si mesmos (DONATELLI; LOPES, 
2015). 
Há ainda, a necessidade de se valorizar aspectos transferenciais da relação. Antes mesmo de nos 
conhecer, o paciente já nos atribui parte de um imaginário desconhecido e cabe ao terapeuta atentar-se 
às suas ações para não agir de forma racional, pedagógica ou superegóica. Cabe ao analista enfrentar a 
transferência e sua possível dissolução (GUELLER; SOUZA, 2008) 
Com este trabalho, pode-se perceber que o brincar adquire conotação que ultrapassa seu sentido 
literal, básico e usual. A brincadeira é concebida no dicionário Aurélio como “Ato ou efeito de brincar; 
Brinquedo; Entretenimento, passatempo, divertimento; Gracejo, pilhéria (FERREIRA, 2010). 
O que se conclui é que, por meio do brincar, a intersubjetividade infantil, advinda das diferentes 
relações, são expressas. Através do lúdico a criança comunica o desejo de ser ouvida, em seu sintoma, 
em seu conflito, em seu desejo. 
O brincar contribui de forma essencial para que o psicodiagnóstico interventivo infantil seja reconhecido 
como um processo fidedigno, capaz de tornar o sujeito autor de seu próprio desenvolvimento e 
proporcionador de encaminhamentos mais seguros em relação a real necessidade do paciente. 
Sendo assim, este artigo, fundamentado na abordagem psicanalítica, foi elaborado com a finalidade 
de promover a reflexão de profissionais acerca do psicodiagnóstico infantil, sua evolução teórica e seus 
aspectos atuais. 
 
Objetivo e Método 
 
Objetivo 
Com este trabalho pretendeu-se explorar o psicodiagnóstico e suas modificações, abordar também a 
avaliação interventiva infantil, em que o processo de caráter lúdico mostra-se favorável à realização de 
intervenções voltadas a conhecer a realidade do paciente e toda sua psicodinâmica. Objetivou-se ainda, 
 
12 http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/23998/20000 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
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refletir sobre a complexidade dessa prática, que urge de uma visão conotativa do brincar, a fim de integrar 
aspectos interventivos e terapêuticos. 
Método 
Para conhecer o processo psicodiagnóstico interventivo infantil tal como se configura atualmente, uma 
revisão bibliográfica foi realizada. Mediante análise do conteúdo, foram abordadas fontes de bibliotecas 
universitárias, bem como artigos científicos de base de dados eletrônicos: Scielo e LILACS. Com relação 
aos artigos, levouse em consideração a abordagem psicanalítica para a sua respectiva seleção e, ainda, 
procurou-se priorizar o que havia de mais recente na literatura em questão. 
 
Apresentação dos Resultados 
 
Psicodiagnóstico infantil como processo de intervenção 
Com o intuito de melhor organizar conhecimentos que se referem à vida biológica, intrapsíquica e 
social do sujeito, aspectos da avaliação psicológica vêm sendo debatidos desde a regulamentação da 
profissão de psicólogo no Brasil a partir da década de 1960. Ancona-Lopez (2013) demonstra que as 
inquietações acerca do assunto surgem da constatação de que nossos recursossão limitados diante das 
novas e diferentes demandas. 
É importante contextualizar e relembrar que o psicodiagnóstico infantil tradicional possui objetivos bem 
definidos. Inicialmente o contato é com os pais para exploração da queixa, dinâmica familiar e 
desenvolvimento da criança. Posteriormente, o avaliado é submetido a testes e as informações obtidas 
são integradas de forma a serem devolvida aos pais, a fim de oferecerlhes conclusões diagnósticas e 
encaminhamentos (ANCONA-LOPEZ, 2013). 
Nos moldes tradicionais, o psicodiagnóstico se constitui como um momento de transição para o 
processo terapêutico, em que o sujeito encontrará, posteriormente, na psicoterapia, acolhida para seus 
sofrimentos. Ancona-Lopez (2013) indaga-se sobre esse pressuposto e defende a possibilidade de 
intervenções já no processo avaliativo, visto que, as questões trazidas são ao mesmo tempo investigadas 
e trabalhadas. 
O Psicodiagnóstico Interventivo vem sendo utilizado desde a década de 90. Milani, Tomael e Greinert 
(2014) relacionam sua boa repercussão à constatação de mudanças não intencionais já nas primeiras 
entrevistas, o que permitiu aos profissionais inferirem que o contato pacienteterapeuta já contribuiria na 
reorganização mental do paciente. No Brasil, o Psicodiagnóstico Interventivo de orientação psicanalítica, 
começou a ganhar cenário a partir do ano 2000, inovando o modelo tradicional a partir de uma visão 
compreensiva do paciente e geradora de mudanças. 
Várias mudanças e influências teóricas contribuíram para a evolução do psicodiagnóstico. Concebe-
se atualmente que tal processo vai além do modelo tradicional, voltado à mera análise de resultados e à 
postura neutra e distante do terapeuta. As novas perspectivas defendem o psicodiagnóstico como um 
período de grande riqueza, já que a relação terapeuta-paciente é valorizada e o processo, quando bem 
conduzido, torna-se significativamente terapêutico (LAZZARI; SCHMIDT, 2008). 
As estratégias, técnicas e procedimentos a serem adotados no Psicodiagnóstico Interventivo, 
dependem da proposta teórica adotada. AnconaLopez (2013) ressalta que cada abordagem valoriza de 
forma particular o processo avaliativo, com suas respectivas visões de homem e de mundo. 
Abordando-se a psicanálise no âmbito do Psicodiagnóstico Interventivo, Barbieri (2009) demonstra que 
com essa abordagem é possível reconhecer a essência do psiquismo do paciente, sua criatividade 
singular, suas significações, seu estilo de ser e de se relacionar, a forma que se adapta à realidade, bem 
como seu o funcionamento pulsional e suas adaptações. 
Não se pode esquecer que a ética profissional garante a legitimidade dos resultados e, nesse sentido, 
Barbieri (2009) salienta que o valor do Psicodiagnóstico depende da conduta do psicólogo em relação ao 
domínio que possui sobre teoria, prática clínica, desenvolvimento pessoal e cultural. Cabe ao profissional, 
identificar-se com seu paciente e atentar-se às suas respostas, com o intuito de assegurar um vínculo 
empático e valioso para a expressão subjetiva do outro. 
Contextualizando a prática interventiva psicodiagnóstica, ressaltam-se Stein, Pergher e Feix (2009), 
que, para compreenderem a saúde mental de crianças e adolescentes, vítimas de violência e em 
situações de vulnerabilidade, desenvolveram um material contemplando técnicas investigativas. Os 
autores demonstraram que é possível, mediante formas de intervenção psicodiagnóstica, tornar-se clara, 
visível e audível tal violência. 
Apesar desse contexto, o que se percebe é que a literatura a respeito das formas de intervenção 
psicodiagnóstica é escassa. Santos (2015) demonstra que no Brasil há pouco interesse, bem como, 
poucas condições de pesquisar ou produzir conhecimento científico neste âmbito. Os cursos de formação 
em psicologia preparam o aluno para aplicar e analisar testes, fazer uma anamnese, devolutivas e 
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encaminhamentos, mas pouco preparam para ter uma visão crítica da realidade e analisar quais 
procedimentos serão necessários, ou não, para uma melhor ação. 
Diferentes contribuições acerca da infância no processo psicodiagnóstico 
Freud, a princípio, baseou seus trabalhos na análise de adultos, porém, sem desconsiderar a infância, 
uma vez que relacionou os transtornos mentais com as primeiras fases do desenvolvimento humano. 
Seus descobrimentos ulteriores puderam expandir a psicanálise ao tratamento da neurose infantil 
mediante a interpretação dos conteúdos manifestados pela atividade lúdica, fantasias e sonhos. A 
linguagem pré-verbal substitui a associação livre e a experiência demonstrou que a criança era capaz de 
compreender a interpretação, bem como de estabelecer relação transferencial com o terapeuta 
(ABERASTURY, 1982). 
Muitos outros autores valorizaram o brincar na análise com crianças. Oliveira e Fux (2014) referem-se 
à Freud quando defendem o brincar como a capacidade da criança de criar um mundo de fantasias a 
partir de investimentos de grande emoção, onde ela consegue manejar o que é fantasia e o que é 
realidade. Geralmente, o que se observa, é que as brincadeiras têm em comum o desejo de ser adulto. 
Ressalta-se como exemplo as brincadeiras como as de papai e mamãe, em que preferem fazer o papel 
dos genitores; as brincadeiras de casinha, que permitem explorar o ambiente familiar; a brincadeira de 
médico que se volta à descoberta ampla do corpo humano; e, ainda, a identificação com os craques do 
futebol como forma de satisfazer o desejo de ser adulto e assegurar-se em seu desenvolvimento. 
Ainda, referindo-se a Freud, Oliveira e Fux (2014), ressaltam que o brincar tem também como 
fundamento o princípio do prazer, mecanismo que leva o ser humano a buscar o prazer, independente da 
realidade. Porém, vale ressaltar, que Freud amplia tais concepções e diz que mais do que buscar o prazer, 
o nosso organismo busca a repetição de um estado anterior através da pulsão de morte. Como exemplo 
de repetição de uma situação de desprazer, ressalta-se a brincadeira da criança que repete a perda do 
objeto. Tanto o princípio do prazer como o de morte, tem como objetivo a redução da tensão psíquica nas 
atividades lúdicas. O princípio de prazer e a compulsão a repetição se convergem, como por exemplo, 
histórias agradáveis que tendem a ser repetidas como uma fonte de prazer. 
Anna Freud destacou-se na Psicanálise pelos seus estudos relacionados à análise pedagógica da 
criança, pois acreditava que esta não seria capaz de estabelecer uma neurose de transferência. Em sua 
teoria, a autora descreve o papel de educador do analista, como um eu auxiliar à criança, exercendo uma 
autoridade ainda maior que a dos pais, sem desconsiderá-los no processo (COSTA, 2010). 
Francisco (1989), retomando a evolução da análise de crianças, ressaltou Melanie Klein como 
precursora de uma metodologia baseada nos movimentos lúdicos, onde o terapeuta interpreta o brincar, 
os desenhos e os jogos de forma neutra, agindo como observador do processo. Observa-se que nesse 
contexto, o brincar aparece como recurso para substituir a associação livre, sendo possível então a 
análise de crianças. 
O que se pode observar é que Anna Freud tem suas contribuições vinculadas à sua primeira formação 
como pedagoga e é Melanie Klein que rompe com a educação e sistematiza a técnica psicanalítica com 
crianças, privilegiando seu mundo interno (COSTA, 2010). 
Posteriormente, em D. W. Winnicott pode-se encontrar na análise infantil uma proposta mais 
participante, que valoriza duas áreas do brincar: a do paciente e a do terapeuta, tendo como 
consequência, maior vitalidade no comportamento lúdico do paciente (FRANCISCO, 1989). 
Araujo (2007) ressalta que para Winnicott, as primeiras entrevistas se dão a partir do brincar mútuo e 
da comunicação significativa com a criança, da qual possui liberdade para escolher suas formas de 
comunicação: desenho, jogos, brinquedos ou diálogos. 
Winnicott foi precursordo Psicodiagnóstico Interventivo, do qual ele considerava “Consulta 
Terapêutica”. Partindo de um clima de confiança e identificação mútua, tal como a relação mamãe-bebê, 
Winnicott fazia suas intervenções, às vezes, já na primeira entrevista, uma vez que defendia que nos 
momentos iniciais apareciaminformações que só poderiam reaparecer mais tarde em uma psicoterapia 
(MILANI; TOMAEL; GREINERT, 2014). 
Considerando as contribuições supracitadas, o ludodiagnóstico configura-se atualmente como recurso 
singular para alcançar o universo infantil. Trata-se de um rico instrumento de investigação, em que, 
através de brinquedos, estruturados ou não, o vínculo terapêutico se estabelece e propicia a auto 
expressão e projeção da criança (AFFONSO, 2012). 
De forma geral, opsicodiagnóstico interventivo constitui uma prática eficaz no tratamento com crianças, 
uma vez que permite a evolução do caso desde os momentos iniciais. Sendo assim, tal prática contribui 
para abreviar o psicodiagnóstico e amenizar a barreira entre diagnóstico e terapia. Milani, Tomael e 
Greinert (2014) ressaltou que a realização de intervenções durante todo o processo avaliativo, permite ao 
profissional conhecer a realidade da criança e sua psicodinâmica. 
A busca do Eu para além da atividade lúdica 
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Considerando o psicodiagnóstico no âmbito infantil, um dos desafios enfrentados é com relação a 
integrar aspectos que vão além da criança. AnconaLopez (2013) enfatiza a importância de abordar 
questões sociológicas e familiares. O mundo atual privilegia o consumo, a competitividade, o imediatismo 
e o individualismo, em que os laços adquirem valor superficial e provisório. Nesta mesma reflexão, é 
importante lembrar que as famílias vêm se constituindo em novos formatos e cabe ao psicólogo, no âmbito 
do psicodiagnóstico interventivo, explorar e questionar de que forma esses enlaces vêm repercutindo na 
constituição da criança, os significados e sentidos atribuídos. 
É importante lembrar que os pais possuem conhecimentos essenciais para o desenvolvimento do 
psicodiagnóstico e a informação que eles trazem são tão valorosas quanto a do profissional. Há de ser 
abordado o significado que atribuem à necessidade de atendimento psicológico do filho, o que eles 
entendem sobre o processo e suas expectativas com relação ao mesmo. Agir com esclarecimentos faz 
com que entendam a importância de sua participação, uma vez que se trata de uma situação de 
cooperação (YEHIA, 2002). 
Quando os pais buscam consulta para um filho, o primeiro passo é a entrevista com ambos e suas 
presenças, ou não, já revelam algo do funcionamento familiar. É comum que compareça só a mãe, ou, 
em alguns casos, que venham representados por algum familiar. Nesse momento conhecemos a criança 
sem a tê-la conhecido, pois são explorados muitos conteúdos: motivo da consulta, história de vida da 
criança, cenário de vida atual, suas relações interpessoais, etc. (ABERASTURY, 1982). 
Tavares (2012) ressalta que não podemos ignorar aspectos percebidos antes do primeiro contato, uma 
vez que a avaliação não é o simples produto da interação dos procedimentos utilizados. Pensar dessa 
forma seria um reducionismo contraditório com o que a prática clínica visa conhecer: o sujeito de forma 
integrada, profunda e complexa. 
Conforme já mencionado, os grupos familiares atuais se diversificaram e atenção deve ser dada às 
respectivas particularidades. Um ponto que vale ser ressaltado é com relação às atividades profissionais 
dos pais que se intensificaram, restando assim pouca disposição para lidar e cuidar de suas crianças. 
Diante deste contexto, os pais realizam uma terceirização do cuidado e optam por preparar cada vez mais 
cedo seus filhos para o futuro profissional, desejando que eles cumpram suas expectativas narcísicas 
(ANDRADE; MISHIMA-GOMES; BARBIERI, 2012). 
Em certos casos a psicoterapia aparece como mais um “extra” para a criança, uma vez que tranquiliza 
os pais, que sentem estar cuidando de seus filhos, mesmo indiretamente. Porém, Andrade, Mishima-
Gomes e Barbieri (2012) ressalta o quanto a criança necessita de um ambiente suficientemente bom que 
vá além da psicoterapia pois, muitas vezes, o sintoma se configura como forma de pedido de ajuda neste 
sentido. 
Tal como foi exemplificado, o sintoma pode resultar das dificuldades da criança com relação ao grupo 
familiar. Incluem-se nesse sentido as fantasias inconscientes bem como as expectativas e representações 
dos pais acerca do filho e, este, pode, ou não, se ajustar às demandas dos genitores. Faz-se necessário 
refletir sobre a dinâmica desses pais para que se possa intervir de forma a propiciar apoio e 
desenvolvimento infantil (ANDRADE; MISHIMAGOMES; BARBIERI, 2012). 
No âmbito do psicodiagnóstico interventivo, Ancona-Lopez (2013) demonstra que é importante aceitar 
o que os pais trazem, procurando sempre ampliar seu campo de visão. Para tanto, utilizase de 
assinalamentos a fim de promover novas possibilidades de compreensão, que podem ser aceitas, ou não, 
pelos pais. Trata-se de uma situação de cooperação. Tanto os pais como o psicólogo são levados a 
compreenderem o que está sendo vivenciado por eles e pela criança. 
Sabendo das distintas fases de desenvolvimento que permeiam a infância, a avaliação psicológica 
neste contexto necessita de vários recursos complementares para uma investigação segura 
(NASCIMENTO; PEDROSO; SOUZA, 2009). 
Atividade lúdica, entrevistas e testes são as formas mais utilizadas no psicodiagnóstico infantil. Mais 
do que compreender, o psicólogo é levado a conversar com a criança sobre sua percepção em relação a 
si mesma, com os outros e com o mundo (ANCONA-LOPEZ, 2013). 
De forma geral, no início do processo, a criança é convidada a conhecer sua caixa individual, símbolo 
do segredo e sigilo profissional e já na primeira sessão a criança comunica ao terapeuta suas fantasias 
de enfermidade e cura. Com a técnica do jogo é possível compreender como funciona a mente da criança. 
Já no início aparecem as expectativas de que o terapeuta se configure como algo para sua melhora, 
diferente da percepção negativa que possa ter dos objetos originários. Surgem ainda, muitas ansiedades, 
relativas ao processo de separação dos pais para estar ali no consultório (ABERASTURY, 1982). 
A “hora do jogo diagnóstica” foi elaborada por Aberastury, constituída a partir da observação de um 
brincar livre e espontâneo da criança e, por ser um procedimento não estruturado, necessita grande 
capacidade de observação e interpretação do psicólogo, uma vez que se deveria levar em consideração 
aspectos da etapa evolutiva do paciente, desenvolvimento emocional, inibição e sociabilidade, bem como 
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48 
 
conteúdos inconscientes percebidos no jogo. Este método proporciona uma compreensão ampla a 
respeito do funcionamento mental da criança, seus conflitos básicos, suas defesas, fantasias, angústias 
e medos, uma vez que conteúdos excessivos para a criança são repetidos no jogo, tornando ativos seus 
objetos internos (ARAUJO, 2007). 
Conforme defendeu Giacomello e Melo (2011), o brinquedo é terapêutico. Com o brincar, a criança 
deixa de ser espectadora e passa a ser agente transformador, destrói e constrói um mundo de acordo 
com suas necessidades subjetivas e consegue alívio e purificação de seus conteúdos (catarse). 
Conti e Souza (2010) exploram a questão lúdica e também defendem o brincar como uma modalidade 
diagnóstica. Da mesma forma, o contar histórias, se constitui como um espaço para o lúdico, pois permite 
ao paciente ir além da realidade concreta. Fantasiar se faz necessário para ampliar o espaço psíquico. 
A criatividade é a matéria-prima do brincar. É somente sendo criativo que o indivíduo descobre o seu 
eu (self), mas para auxiliar os pacientes temos que saber da sua criatividade singular e propiciar 
oportunidade para seus impulsos criativosem um espaçoconfigurado entre a realidade interna e externa 
do indivíduo (WINNICOTT, 1971) 
O brincar é usado pelas crianças para expressar seus sentimentos e, quando o psicólogo interpreta a 
brincadeira, já no psicodiagnóstico, a criança voltase à sua realidade, permitindo assim, a evolução do 
quadro já nas consultas iniciais (MILANI; TOMAEL; GREINERT, 2014). 
De acordo com Milani, Tomael e Greinert (2014), há no psicodiagnóstico interventivo a dificuldade em 
diferenciar a investigação da intervenção e, para tanto, a solução há de ser de forma criativa. O terapeuta 
deve atentar-se aos eventos, integrá-los e transformálos em intervenções direcionadas ao paciente. 
Cabe ao psicólogo, em uma situação de cooperação, compartilhar no âmbito da avaliação suas 
impressões à criança, a fim de serem legitimadas ou transformadas em uma nova compreensão. Nesse 
sentido, torna-se possível estabelecer relações entre o comportamento observado no atendimento com 
as ações da vida da criança. À medida que o sujeito entende a si mesmo, percebe-se como capaz de 
fazer escolhas, responsabiliza-se por elas e torna-se assim, responsável pelo seu desenvolvimento 
(ANCONA-LOPEZ, 2013). 
Os resultados estão relacionados também à qualidade do vínculo estabelecido entre o psicólogo e 
paciente, à forma que o profissional media as entrevistas e aos aspectos intrínsecos a sua pessoa: sexo, 
idade, visão de mundo, entre outros (TAVARES, 2012). 
Gueller e Souza (2008), ao abordarem a análise de crianças, exemplificam que algumas atitudes do 
terapeuta se dão a partir da angústia e aparecem como defesa frente ao desconhecido. Dessa forma, o 
profissional precisa-se atentar para não agir de forma pedagógica ou superegóica, o que levaria a uma 
experiência racionalizante da análise. 
Quando o terapeuta considera útil, precisa-se contar com os pais no tratamento, visto que uma criança 
é social e emocionalmente dependente, porém, não convém dar conselhos aos pais, já que os motivos 
do sintoma são inconscientes e não podem ser trabalhados por normas conscientes. Aconselhar uma 
mãe que a criança deixe de dormir com os pais e ganhe um novo quarto é algo errado, uma vez que se 
resolve superficialmente a questão e não explora os motivos originais. Se assim fizer, o terapeuta 
transforma-se em um superego e o tratamento vai ser intensificado por culpa e fracasso (ABERASTURY, 
1982). 
Nesse sentido, grande atenção deve ser dada para não influenciar os pais e não apontar erros na 
forma que educam. Um pai que recebeu um conselho sobre não bater no filho, deixará de fazê-lo apenas 
de forma transitória. Não basta modificar situações externas, esquecer que os pais possuem seus 
conflitos e apoiar somente na transferência positiva ali estabelecida (ABERASTURY, 1982). 
Scaglia, Mishima e Barbieri (2011), descrevem que, a transmissão daquilo que foi discriminado como 
diagnóstico e prognóstico, deveria sempre, ser realizado também com a criança, de maneira metafórica, 
por meio de uma estória, por exemplo, devido às dificuldades desta fase em elaborar os seus conflitos 
vivenciados. 
Muitas vezes, as crianças podem não compreender e não se interessar pelo que lhe dissemos, 
entretanto é notório que algo fica penetrado e é elaborado posteriormente. Elas são potencialmente 
capazes de influenciar o ambiente e modificá-lo, por menor que ela seja (ABERASTURY, 1982). 
Muitas vezes, ao final do psicodiagnóstico interventivo, os casos não precisam ser encaminhados, pois 
o benefício foi encontrado de forma suficiente. Porém, o objetivo desse processo não é substituir a 
psicoterapia quando ela se faz necessária, uma vez que o psicólogo tem a obrigatoriedade de efetuar 
encaminhamentos seguros com relação às reais necessidades do paciente e de sua família. (ANCONA-
LOPEZ, 2013). 
 
A partir de uma reflexão acerca do psicodiagnóstico e suas modificações, pode-se verificar que a 
ascensão da avaliação interventiva vem adquirindo credibilidade devido à constatação de modificações 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
49 
 
nos psicodinamismos dos pacientes já no momento da realização das primeiras entrevistas. No caso da 
avaliação infantil, percebe-se que seu caráter lúdico compõe um setting oportuno para a realização de 
intervenções, levando o profissional à compreensão da realidade da criança e toda sua psicodinâmica. 
Verificou-se aindaque uma avaliação quando participativa torna-se mais fidedigna e confiável com 
relação ao prognóstico e encaminhamento. Para tanto, há de ser pautada emassinalamentos e 
interpretações oportunas mediante a valorização do campo transferencial, em que o analista lança mão 
de estratégias que promovam desenvolvimento psíquico a partir do brincar. 
Da mesma forma, deve-se levar em consideração o contexto do sujeito, a dinâmica familiar e o 
comprometimento dos pais com a causa. Sendo assim, a eficácia do tratamento depende de um bom 
manejo do terapeuta, que junto à criança e seus pais, será corresponsável pelo alcance de seu 
desenvolvimento emocional. 
Em suma, conforme Milani, Tomael e Greinert (2014) concluiu-se que o psicodiagnóstico psicanalítico, 
quando realizado de forma interventiva, possibilita ao psicólogo realizar uma avaliação mais fidedigna. A 
partir da confiança no potencial do paciente é que ocorrem as mudanças, visto que ele se torna sujeito 
ativo de seu próprio desenvolvimento. O paciente se defronta com suas fantasias e tem a possibilidade 
de melhor se conhecer e reorganizar. Dessa forma, o psicodiagnóstico favorece um processo 
psicoterápico e é capaz até de substituir o mesmo. 
Não se pode falar em psicodiagnóstico interventivo infantil sem destacar o valor projetivo que o brincar 
emprega. A expressão bem como a intervenção só é possível quando o terapeuta procura relacionar os 
princípios da associação livre na interação com os materiais lúdicos. Sendo assim, o brincar adquire 
relevância que ultrapassa o seu sentido de entretenimento e divertimento. 
A partir de uma visão além do brincar, as reflexões apresentadas neste trabalho não pretendem ser 
conclusivas, mas indicar caminhos para a pesquisa. Ao abordar neste estudo o psicodiagnóstico 
interventivo infantil psicanalítico, constata-se que esse campo urge de uma melhor exploração, devido às 
raras publicações encontradas, já que esta proposta inova o modelo tradicional e configura-se como um 
método valioso, gerador de mudanças. 
 
Adolescente13 
 
O fenômeno da adolescência tem sido, nas últimas décadas, foco de pesquisas e estudos de diversas 
áreas do conhecimento. Todavia, ressalta-se a necessidade de um amadurecimento na compreensão e 
abordagem de tal período do desenvolvimento humano. Como destaca Osório (1989), a adolescência 
tem uma conceituação recente, o que se deve às mudanças ocidentais quanto à melhoria do modo de 
vida e à influência da modernidade com o advento da ciência que privilegiou a objetividade, deslocando 
o sujeito de suas representações subjetivas, dando então ao adolescente um lugar social definido 
objetivamente. 
Se por um lado é recente a nomenclatura adolescente/adolescência, é também hodierna a psicoterapia 
com adolescentes. Além de recente, a psicoterapia com adolescentes, no contexto nacional apresenta 
reduzido volume de publicações científicas (CASTRO; STÜRMER et al., 2009) 
A adolescência tem um caráter absímile, pois não encontra semelhança com nenhuma outra fase ou 
período do desenvolvimento da vida (GRAÑA, 1994), revelando nuances, e linguagens subjacentes que 
apontam necessidades e manifestam um quadro complexo de indecisão subjetiva. 
Ainda, o adolescente possui muitas dúvidas resultantes da posição que ocupa, pois já não é mais 
criança, nem tampouco, adulto (AGUIAR; EIZIRIK; SCHESTATSKY, 2005). 
Graña (1994) afirma que a adolescência produz intensos períodos de angústia, fazendo com que o 
adolescente lance-se de um estado de ansiedade e carência a um estado de quietude e satisfação com 
assustadora velocidade, e uma inquietantee difícil adaptação, porém, com solidez formativa de uma 
identidade em constituição. 
Aguiar, Eizirik, Schestatsky (2005) relatam que a adolescência é um momento crucial que se expressa 
de forma singular e complexa. Descrevem ainda que a definição e a compreensão sobre a adolescência 
vêm se expandindo ao longo da história. 
Desta forma, a adolescência é compreendida à luz de vários prismas, que não são contraditórios, mas 
complementares, e que subsidiam a compreensão holística dessa fase e de todas as suas consequências 
na experiência de vida. 
O adolescente vivencia uma nova etapa quanto à sua energia libidinal vista na mudança corporal 
(AGUIAR; EIZIRIK; SCHESTATSKY, 2005), tendo novas expressões de sua sexualidade, pois, como 
 
13 http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2011/anais/frank_souza_oliveira.pdf 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
50 
 
afirma Rodrigues (2006), a sexualidade faz parte da personalidade de cada um, e é uma necessidade 
básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros âmbitos da vida. 
Assim, Outeiral (2003) destaca alguns aspectos acerca da sexualidade na adolescência que são 
dignos de nota. Primeiro, a sexualidade na adolescência é um dos assuntos mais importantes e mais 
difíceis de ser abordado, tanto pelo próprio adolescente quanto por todos que o rodeiam. É um período 
no qual o adolescente recebe excessiva estimulação através da mídia. Segundo, a identidade sexual 
começa a se organizar desde o nascimento, adquirindo sua estrutura e seu perfil definitivo na 
adolescência. Nessa fase ocorre a passagem da bissexualidade infantil, para a heterossexualidade 
adulta. Terceiro, a identidade organiza-se a partir de identificações com os pais, desde a infância, através 
do Complexo de Édipo em seus aspectos mais positivos que consiste no fato do menino, em rivalidade 
com o pai, se apaixonar pela mãe. E negativos que consiste no enamoramento do menino pelo próprio 
pai. 
Essas e outras questões que os adolescentes vivenciam são abordadas e compreendidas na sua 
psicodinâmica dentro do processo de psicodiagnóstico que consiste numa metodologia científica, que 
levanta hipóteses, cria interrogações, faz perguntas, põe sob análise o diagnóstico previamente 
encaminhado, e se propõe a buscar a confirmação ou não dessas hipóteses (CUNHA, 2003). 
O psicodiagnóstico é imprescindível para se realizar um diagnóstico diferencial, determinando a 
relação entre os sintomas que levaram o indivíduo a procurar ajuda, e as causas psicodinâmicas do 
psiquismo do sujeito. O psicodiagnóstico é muito mais que um teste, ele é um conjunto de ações que 
auxiliam o psicólogo clínico na elaboração do diagnóstico e prognóstico do caso, tendo o endosso 
científico (CUNHA, 2003). 
No entanto, é mister configurar uma área específica de trabalho de psicoterapia psicanalítica com 
adolescentes, ou no mínimo, agregar de forma concisa, porém não resumida, um número significativo de 
teorias e técnicas que fomentem o pensamento e reflexão, a pesquisa e produção científicas (CASTRO; 
STÜRMER et al., 2009). 
Construir este campo específico de atuação, a saber, a psicoterapia psicanalítica com adolescentes é 
cogente por algumas razões. Inicialmente porque o conhecimento está em constante devir, em contínua 
transformação, sempre afirmando, negando e reafirmando, sempre construindo, desconstruindo e 
reconstruindo-se. Outra razão é porque o homem também está em processo contínuo de mutação e 
desenvolvimento, não permanecendo mais o mesmo em seu modo de pensar, sentir e agir. Por fim, é 
que a prática clínica está imbuída e circunscrita por este contexto de alterações e modificações históricas 
(CASTRO; STÜRMER et al., 2009). 
Considerando a problemática experimentada pelos adolescentes e a especificidade desse período, 
bem como as mudanças necessárias no fazer e pensar a psicoterapia clínica com adolescentes, 
questiona-se: de que forma é viável a abordagem com essa população? Qual a melhor estratégia de 
acesso aos conteúdos psíquicos reprimidos e recalcados por aqueles que vivem essa conturbadora 
experiência? Como entender as características psicodinâmicas da adolescência no século XXI? Quais as 
melhores técnicas de manejo com os adolescentes? 
Portanto, faz-se necessário o alceamento histórico de um processo de avaliação psicológica, chamada 
de psicodiagnóstico, para proporcionar um diagnóstico diferencial e conduzir um encaminhamento mais 
preciso. Além de contribuir para a expansão do conhecimento sobre as estratégias diagnósticas na 
adolescência, realizar com a comunidade científica trocas que construam ajustes e disseminem métodos, 
processos ou operações que consistem em reunir elementos diferentes, concretos ou abstratos, e fundilos 
num todo coerente para caracterizar o processo de psicodiagnóstico com adolescentes segundo o 
referencial psicanalítico. 
 
Questões 
 
01. (MANAUSPREV- Analista Previdenciário- FCC) Dentre as principais características de uma 
Avaliação Psicológica está que ela é 
(A) um processo simples, rápido e fácil. 
(B) um processo de autoconhecimento. 
(C) um conhecimento definitivo sobre o comportamento observado. 
(D) sinônimo de aplicação de testes. 
(E) uma avaliação de determinadas características, somente. 
 
02. (TRT 17 Região - Analista Judiciário - CESPE) No que diz respeito à avaliação psicológica e ao 
psicodiagnóstico, julgue os itens subsequentes. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
51 
 
O psicodiagnóstico, o exame psicológico e a perícia psicológica constituem modalidades da avaliação 
psicológica. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
03. (IFB - Psicólogo - FUNIVERSA). Acerca da avaliação psicológica, assinale a alternativa correta. 
(A) A aplicação de testes psicológicos pode ser feita por profissionais de outras áreas, desde que 
autorizada por um psicólogo responsável. 
(B) O teste psicológico é uma técnica de intervenção importante para alunos com dificuldade de 
aprendizagem. 
(C) A avaliação psicológica vale-se exclusivamente dos testes psicológicos para coleta de dados que 
visam descrever e classificar comportamentos dos indivíduos. 
(D) Por permitir uma atuação mais neutra do psicólogo, o teste psicológico sempre resulta em dados 
mais fidedignos quando da avaliação psicológica. 
(E) O processo de avaliação psicológica envolve, para além dos resultados, a análise de seus 
objetivos, sua finalidade e as consequências para os envolvidos na avaliação. 
 
04. (UFRN- Psicólogo Clinico- COMPERVE/2017) A entrevista psicológica é um recurso fundamental 
na prática clínica. Nesse contexto de prática psicológica, uma possibilidade para sua aplicação é 
(A) avaliação ou diagnóstico. 
(B) integração. 
(C) desligamento. 
(D) seleção. 
 
05. (TJ/RO - Psicólogo - FGV). A avaliação psicológica consiste em um estudo que requer 
planejamento prévio e cuidadoso, de acordo com a demanda e os fins para os quais se destina. 
Considerando a avaliação psicológica no contexto judiciário, é correto afirmar que: 
(A) de acordo com a especialização das competências na equipe técnica judicial, as visitas domiciliares 
e institucionais são recursos privativos do assistente social; 
(B) a aplicação de testes psicológicos objetivos e/ou projetivos é reservada ao psicodiagnóstico no 
contexto clínico, não cabendo seu uso pericial; 
(C) o juiz deverá requerer a autorização formal dos responsáveis legais para a avaliação psicológica 
quando se tratar de periciando menor de idade; 
(D) o psicólogo judicial está diretamente subordinado técnica e administrativamente à autoridade 
judiciária que demandou a avaliação; 
(E) na atuação em equipe multiprofissional, o psicólogo compartilhará somente informações relevantes 
para qualificar os serviços prestados. 
 
06. (TJ/SP - Psicólogo - VUNESP). Dentre os procedimentos técnicos envolvidos no trabalho do 
psicólogo judiciário, Shine (2003) destaca a importância da leitura dos autos. Para ele, esseprocedimento 
consiste em 
(A) incorporar elementos jurídicos na entrevista psicológica. 
(B) procurar subsídios para traçar uma estratégia de avaliação. 
(C) diminuir o tempo para a realização da avaliação. 
(D) garantir um enfoque multidisciplinar ao trabalho do juiz. 
(E) evitar discrepâncias entre o trabalho de avaliação e a perspectiva legal. 
 
Gabarito 
 
01.B / 02.Certo / 03.E / 04.A / 05.E / 06.B 
 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
De acordo com Cunha, são funções da avaliação psicológica: Levantar condições psicológicas de um 
ou mais indivíduos; Fornecer bases objetivas para seleção, treinamento, desenvolvimento, orientação 
vocacional e educacional. Contribuir para o autoconhecimento; Fornecer dados fidedignos e prognósticos 
sobre pessoas; Fundamentação para comparação entre grupos. 
 
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52 
 
02. Resposta: Certo 
Atualmente, o psicólogo utiliza estratégias de avaliação psicológica, com objetivos bem definidos, para 
encontrar respostas a questões propostas com vistas à solução de problemas. A testagem pode ser um 
passo importante do processo, mas constitui apenas um dos recursos de avaliação possíveis. 
Psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica, feita com propósitos clínicos; portanto, não abarca todos 
os modelos de avaliação psicológica de diferenças individuais. 
O exame psicológico, como um todo, ocupa-se, na clínica psicológica, prioritariamente com a 
horizontalidade e a extensão da personalidade em seus múltiplos aspectos. (Inteligência, personalidade 
etc) 
A perícia psicológica é a realização de uma avaliação psicológica para fins jurídico, na maioria das 
vezes, orientada para a produção de investigações (averiguação de fatos e incidências) e para 
comunicação de seus resultados (laudo, pareceres etc.). 
 
03. Resposta: E 
A avaliação psicológica nunca é simples, nunca é isenta de consequências que podem ser muito sérias 
para o cliente e para a imagem da nossa classe. Independentemente do local onde o psicólogo atue e 
dos objetivos de sua avaliação, não é possível a prática de aplicações e correções de testes sem 
consciência e sem compreensão da complexidade deste trabalho. 
 
04. Resposta: A 
A entrevista é muito usada no contexto clínico como por exemplo, a entrevista diagnóstica que visa 
estabelecer o diagnóstico e prognóstico do paciente, bem como as indicações terapêuticas adequadas. 
 
05. Resposta: E 
A elaboração de informes ou informações circunstanciadas sobre a demanda atendida costuma ser a 
primeira comunicação do psicólogo em processos verificatórios, quando o profissional realiza uma 
primeira abordagem do caso e propõe a necessidade de um estudo psicológico de caso. 
 
06. Resposta: B 
De acordo com Shine: 
Recomenda-se que, quando do recebimento do encaminhamento, proceda-se o recebimento, leitura 
e resumo dos autos. Concluindo em relação à leitura dos autos, destaca-se uma finalidade pragmática 
que não varia muito dentre os trabalhos: procura-se subsídios para traçar uma estratégia de avaliação. 
Shine complementa que um dos erros na perícia é a escolha errada das técnicas, lendo os autos 
poderá ajudar no planejamento da avaliação. 
 
 
 
A Entrevista Psicológica: Um breve histórico14 
 
A entrevista psicológica sofreu algumas modificações no início do século XIX, quando predominava o 
modelo médico. Naquela época, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento 
do paciente, e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as classificavam 
segundo a nosografia vigente. Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque 
psicobiológico (aspectos biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do entrevistado. A partir de 
Hartman e Anna Freud o interesse da entrevista se deslocou para as defesas do paciente. Isto é, a 
psicanálise teve sua influência na investigação dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto 
diagnóstico, antes valorizado. 
Nos anos cinquenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise Associativa 
que considerava importante registrar não somente o que o paciente dizia, mas, também, em fornecer 
informações sobre o mesmo. Desse modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatológico 
para o comportamento dinâmico. Ainda nesta década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno 
sociológico, uma díade de interferência mútua. 
 
14 SILVA, V. G. da. A Entrevista Psicológica e suas Nuanças. 
2.3 Técnicas de entrevista 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
53 
 
Após este período, a entrevista e o Aconselhamento Psicológicos se deixaram influenciar, entre outros, 
por Carl Rogers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou seja, em procurar compreender, 
de acordo com o seu referencial, significados e componentes emocionais, tendo como base a sua 
aceitação incondicional por parte do entrevistador. 
 
Definição de Entrevista Psicológica 
 
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o 
propósito previamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura saber o que acontece com a 
outra, o entrevistado, procurando agir conforme esse conhecimento. Enquanto técnica, a entrevista tem 
seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não somente se amplia e se verifica, mas, 
também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos disponíveis. Nesse sentido, Bleger 
define a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no qual se investiga a conduta e a 
personalidade de seres humanos”. Uma outra definição caracteriza a entrevista psicológica como sendo 
“uma forma especial de conversão, um método sistemático para entrar na vida do outro, na sua 
intimidade”. Enfim, Gil compreende a entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma 
das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. 
A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um ou mais entrevistadores 
e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da sua dinâmica, um fenômeno de 
grupo, mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador. 
 
Os Objetivos da Entrevista 
 
Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-se classificar a entrevista 
quanto aos seguintes objetivos: 
a) Diagnóstica – Visa estabelecer o diagnóstico e o prognóstico do paciente, bem como as indicações 
terapêuticas adequadas. Assim, faz-se necessário uma coleta de dados sobre a história do paciente e 
sua motivação para o tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais 
amplo de avaliação clínica que inclui testagem psicológica; 
b) Psicoterápica – Procura colocar em prática estratégia de intervenção psicológica nas diversas 
abordagens - rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioenergética (A. Lowen), 
logoterapia (V. Frankl) e outras -, para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando 
ajudá-lo à solucionar seus problemas; 
c) De Encaminhamento – Logo no início da entrevista, deve ficar claro para o entrevistado, que a 
mesma tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este não será conduzido pelo entrevistador. 
Devem-se obter informações suficientes para se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo evitar que o 
entrevistado desenvolva um vínculo forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar; 
d) De Seleção – O entrevistador deve ter um conhecimento prévio do currículo do entrevistado, do 
perfil do cargo, deve fazer uma sondagem sobre as informações que o candidato tem a respeito da 
empresa, e destacar os aspectos mais significativos do examinando em relação à vaga pleiteada, etc.; 
e) De Desligamento – Identifica os benefícios do tratamento por ocasião da alta do paciente, examina 
junto com ele os planos da pós-alta ou a necessidade de trabalhar algumproblema ainda pendente. Essa 
entrevista também é utilizada com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como o objetivo 
obter um feedback sobre o ambiente de trabalho, para providenciais intervenções do psicólogo em caso, 
por exemplo, de alta rotatividade de demissão num determinado setor; 
f) De Pesquisa – Investiga temas em áreas das mais diversas ciências, somente se realiza a partir da 
assinatura do entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
(Resolução CNS no 196/96), no qual estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e 
identificação, e liberdade de continuar ou não no processo. 
 
A Sequência Temporal das Entrevistas Diagnósticas 
 
Essa sequência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas subsequentes e entrevista de 
devolução, caracterizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos conforme o momento em 
que elas ocorram. 
 
a) Entrevista Inicial 
É a primeira entrevista de um processo de psicodiagnóstico. Semi dirigida, durante a qual o sujeito fica 
livre para expor seus problemas. Segundo Fiorini, o empenho do terapeuta nessa primeira entrevista pode 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
54 
 
ter uma influência decisiva na continuidade ou no abandono do tratamento. Pinheiro salienta que a mesma 
ocorre num certo contexto de relação constantemente negociada. O termo negociação se refere ao 
posicionamento definido como “um processo discursivo, através do qual [...] são situados numa 
conversação como participantes observáveis, subjetivamente coerentes em linhas de histórias 
conjuntamente produzidas”. 
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de um outro técnico, encaminhando 
o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a chamada do próprio entrevistado. Tem como 
objetivos discutir expectativas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o entrevistado, 
que não poderiam ser obtidas de outras fontes. As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua 
aparência, comportamento durante a espera, são dados que serão analisados pelo entrevistador, e que 
podem facilitar o processo de análise do caso. Para Gilliéron, a primeira entrevista deve permitir conhecer: 
- O modo de chagada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por alguém ou a conselho de 
alguém, etc.); 
- O tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu terapeuta; 
- As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira pela qual ele formula seu 
pedido de ajuda (ou sua ausência de pedido). 
A partir dessas impressões e expectativas, entrevistador e entrevistado constroem mutuamente suas 
transferências, contratransferências, e resistências que foram ativadas bem antes de ocorrer o encontro 
propriamente dito. Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o entrevistando 
revele seus pensamentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto, com menos distorções. No final 
dessa entrevista devem ficar esclarecidos os seguintes pontos: horários, duração das sessões, 
honorários, formas de pagamento (quando particular), condições para administrar instrumentos de 
testagem e para as condições de consulta a terceiros. 
 
b) Entrevistas Subsequentes 
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a pessoa do paciente, 
esclarecimentos sobre os motivos da procura, e realização do contrato de trabalho de psicodiagnóstico, 
via de regra são necessários mais alguns encontros. O objetivo das entrevistas subsequentes é a 
obtenção de mais dados com riqueza de detalhes sobre a história do entrevistado, tais como: fases do 
seu desenvolvimento, escolaridade, relações familiares, profissionais, sociais e outros. 
 
c) Entrevista de Devolução ou Devolutiva 
No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em relação ao que 
fundamenta a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo, elaboraram algumas recomendações 
sobre a entrevista de devolução: 
- Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em que consiste o 
psicodiagnóstico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada; 
- O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o processo de avaliação foi 
conduzido; 
- A devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente, ou seja, menos 
mobilizadores de ansiedade; 
- Deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões própria da ciência circulante entre os profissionais 
da área, em outras palavras “gíria profissional”), e iniciar por sintoma ligado diretamente à queixa principal; 
- A entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica. 
 
Diferença entre Entrevista, Consulta e Anamnese 
 
A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui procedimentos semelhantes que não 
devem ser confundidos e nem superpostos à entrevista psicológica. Consulta não é sinônimo de 
entrevista. A consulta consiste numa assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou 
satisfeita, entre as mais diversas modalidades, através da entrevista. A entrevista não é uma anamnese. 
Esta implica numa compilação de dados preestabelecidos, que permitem fazer uma síntese, seja da 
situação presente, ou da história de doença e de saúde do indivíduo. Embora, se faça a anamnese com 
base na utilização correta dos princípios que regem a entrevista, porém, são bem diferenciadas nas suas 
funções. 
Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o médico. Quando por 
razões estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares de uma instituição, muitas vezes, ela é 
feita pelo pessoal de apoio ou auxiliar. A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece 
sua vida e está, portanto, capacitado para fornecer dados sobre a mesma. Enquanto que, a hipótese da 
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entrevista é de que cada ser humano tem organizado a história de sua vida, e um esquema de seu 
presente, e destes temos que deduzir o que ele não sabe. Ou seja, “o que nos guia numa entrevista, do 
mesmo modo que em um tratamento, não é a fenomenologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa”. 
Nessa perspectiva, Bleger compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista 
psicológica tenta o estudo e a utilização do comportamento total do indivíduo em todo o curso da relação 
estabelecida com o técnico, durante o tempo que essa relação durar. 
A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte da vida do paciente. Mas, 
nesse contexto não consegue emergir a totalidade do repertório de sua personalidade, uma vez que não 
pode substituir, e nem excluir outros procedimentos de investigação mais extensos e profundos, a 
exemplo de um tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece para que 
possa emergir determinados núcleos da personalidade. Este tipo de assistência, também não pode 
prescindir da entrevista. Esta que apresenta lacunas, dissociações e contradições que levam alguns 
pesquisadores a considerá-la um instrumento pouco confiável. Mas, com diz Bleger, essas dissociações 
e contradições, são inerentes à condição humana, e a entrevista oferece condições para que as mesmas 
sejam refletidas e trabalhadas. 
 
Tipos de Entrevista 
 
Segundo Gil, as entrevistas podem ser classificadas em: informal, focalizada, por pautas e estruturada. 
a) Entrevista Informal (livre ou não-estruturada) – É o tipo menos estruturado, e só se distingue da 
simples conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. O que se pretende é a obtenção 
de uma visão geral do problema pesquisado, bem como a identificação de alguns aspectos da 
personalidade do entrevistado; 
b) Entrevista Focalizada (semiestruturada ou semidirigida) – É tão livre quanto a informal, todavia, 
enfoca um tema bem específico. Permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto,mas quando 
este se desvia do tema original o entrevistador deve se esforçar para sua retomada; 
c) Entrevista por Pautas (semiestruturada ou semidirigida) – Apresenta certo grau de estruturação, 
já que se guia por uma relação de pontos de interesses que o entrevistador vai explorando ao longo do 
seu curso. As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas 
perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas assimiladas. 
Quando este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de maneira sutil, para preservar a 
espontaneidade da entrevista; 
d) Entrevista Estruturada (fechada) – Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja 
ordem e redação permanecem invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em grande 
número. Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais 
adequado para o desenvolvimento de levantamentos sociais. 
 
A Entrevista quanto ao seu Referencial Teórico 
 
O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão vistas, em síntese, 
algumas das perspectivas: 
a) Perspectiva Psicanalítica – Tem como base os pressupostos dos conteúdos inconscientes. O 
entrevistador busca avaliar a motivação inconsciente, o funcionamento psíquico e a organização da 
personalidade do entrevistado. A entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica 
ou das relações objetais e funcionamento interpessoal; 
b) Perspectiva Existencial-humanista – Não procura formular um diagnóstico, e sim, verificar se o 
interesse do indivíduo está auto realizado ou não. Aqui não existe uma técnica específica de entrevista, 
estas são consideradas pelos existencialistas como manipulação. O entrevistador reflete o que ouve, 
pergunta com cuidado, e tenta reconhecer os sentimentos do entrevistado; 
c) Perspectiva Fenomenológica – Estuda a influência dos pressupostos e dos preconceitos sobre a 
mente, e que os acionam ao estruturar a experiência e atribuir-lhe um significado. Além de uma atitude 
aberta e receptiva, é necessário que o entrevistador atue como observador participante, e que, assim, 
seja capaz de avaliar criticamente, através de sua experiência clínica e conhecimento teórico, o que está 
ocorrendo na entrevista. 
 
 
 
 
 
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A Entrevista quanto ao seu Método 
 
Segundo Ribeiro, a realização da entrevista psicológica segue diferentes enfoques: 
a) Psicométrico – O entrevistador faz uso constante de uma série de instrumentos: testes, pesquisas, 
controle estatístico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a aquisição de conhecimentos 
sobre o entrevistado. Nessa situação, dificilmente o entrevistador conseguirá aprofundar a relação, o 
encontro permanece mais em nível formal e informativo do que espontâneo, criativo e transformador. Isto 
não quer dizer que seja menos válida ou mais superficial; 
b) Psicodinâmico – A relação poderá ser mais aprofundada devido ao fato do entrevistador contar 
com maior disponibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir a situação de maneira 
“menos estruturada”. Sua atenção não está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-
efeito na qual sub mensagens poderão dificultar a comunicação; 
c) Antropológico – Abrange a relação ambiente-organismo na compreensão da comunicação. 
Qualquer dado será considerado, mas, nem sempre, é possível dizer em que momento ele está e onde 
será utilizado. Esse tipo de entrevista parece mais complexo, assim sendo, exige mais prática do 
entrevistador para analisar as informações. 
 
Técnicas de Entrevista 
 
Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu 
transcurso. As observações são registradas em função das hipóteses que o entrevistado emite. O 
entrevistador ordena na seguinte disposição: observação, hipótese e verificação. Uma boa observação 
consiste, de algum modo, em formular hipóteses que vão sendo reformuladas durante a entrevista em 
função das observações subsequentes. No entender de Bleger, o trabalho do psicólogo somente adquire 
real envergadura e transcendência quando coincidem a investigação e a tarefa profissional, porque estas 
são as unidades de uma práxis que resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os outros. 
Assim, indagação e atuação, teoria e prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos 
inseparáveis do mesmo processo. 
 
Segundo Bleger, a entrevista se diferencia de acordo com o beneficiário do resultado: 
- A entrevista que se realiza em benefício do entrevistado, a exemplo da consulta psicológica ou 
psiquiátrica; 
- A entrevista cujo objetivo é a pesquisa, valorizando, apenas, o resultado científico da mesma; 
- A entrevista que se realiza para terceiro, neste caso, a serviço de uma instituição. 
 Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do entrevistador que desperte 
interesse ou motive a participação do entrevistado. 
 
Segundo Gil, as entrevistas podem se dá em duas modalidades: Face a face e por Telefone. A 
entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas últimas décadas vem sendo 
desenvolvida a entrevista por telefone. 
- Principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista pessoal: custos mais baixos; 
facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior aceitação dos moradores das grandes cidades, que 
temem abrir suas portas para estranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado para a 
realização da entrevista; 
- Limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo entrevistado; menor quantidade 
de informações; impossibilidade de descrever as características do entrevistado ou as circunstâncias em 
que se realizou a entrevista; parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou não tem 
seu nome na lista. 
 
Segundo Erickson, algumas recomendações devem ser aplicáveis ao processo de entrevista 
psicológica: 
- O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista numa conversa social. “Como 
posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma entrevista; 
- O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se evitar perguntas que 
induzam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do pensamento do entrevistado, a não 
ser que ele se perca em ideias que fogem dos tópicos da entrevista; 
- A atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências do entrevistado. Não deve 
haver discussão de pontos de vista; 
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- As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o entrevistador. Nesses momentos, 
possivelmente, o entrevistado está revivendo experiências que não consegue expressar verbalmente. 
Quando as pausas forem longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava sendo 
discutido; 
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será comunicado de quanto tempo dispõe. 
Se necessário, marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número de assuntos em cada sessão 
para não confundir o entrevistado; 
- É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões mais vagas, tais como: “parece 
que ...”; “parece melhor ...”; etc.; 
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de entrevista. E que o entrevistador 
faça uma síntese para o entrevistado do que foi abordado na sessão; 
- O término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, sem nenhuma relação com 
os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista. 
 
Segundo Foddy, é aconselhável o investigador ou entrevistador: 
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você ...”; 
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a pergunta sem rodeios 
de modo a que eles tenhamdificuldade em mentir; 
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a informação desejada sem 
terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas; 
- Colocar as perguntas perturbadoras na parte final do questionário ou da entrevista de modo a que as 
respostas não sofram qualquer consequência desse efeito. 
 
Segundo Gilliéron, pode-se estudar os comportamentos do paciente praticamente em relação a dois 
eixos: 
- A anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos repetitivos que dão uma ideia 
exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista histórico; 
- A observação do comportamento do paciente quando da primeira entrevista também fornece 
indicações muito precisas sobre a organização da sua personalidade. 
 
Dinâmica da Entrevista 
 
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história de vida. 
Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem entrar em relação 
comercial, de amizade ou de qualquer outro benefício que não seja o pagamento dos seus honorários. 
Para Gilliéron, a investigação repousará: 
- Na análise do comportamento do paciente com relação ao enquadre; 
- Num modelo preciso suscetível de evidenciar a dinâmica relacional que se estabelece entre o 
paciente e o terapeuta; modelo de apoio objetal. 
 
O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. Diante de informações 
prévias fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão mantidas em reserva. Em função 
de não abalar a confiança do entrevistado, estas lhe serão comunicadas. A reação contra transferencial 
deve ser encarada com um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da rejeição, inveja ou 
qualquer outro sentimento do entrevistado. As atitudes deste não devem ser “domadas” ou subjugadas, 
não se trata de querer triunfar e nem se impor perante o mesmo. Compete ao entrevistador averiguar 
como essas atitudes funcionam e como o afetam. O grau de repressão do entrevistado, de um certo 
modo, tem uma relação direta com o nível de repressão do entrevistador. 
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos relevantes das suas 
dificuldades. A linguagem que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser também uma maneira 
poderosa de se evitar uma verdadeira comunicação. Nem sempre, uma carga emocional intensa significa 
uma evolução no processo. O silêncio é uma expressão não-verbal que muitas vezes comunica bem mais 
que as palavras. O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser também 
uma tentativa de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito não consegue enfrentar. Castilho cita 
uma série de tipos de silêncio que são comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem, com 
bastante frequência, no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns tipos de 
silêncio: 
- Silêncio de Tensão – É a expressão da ansiedade. Facilmente observado através da postura corporal 
tensa ou inquieta do entrevistado, da sua respiração ofegante, do tamborilar dos dedos, etc.; 
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- Silêncio de Medo – Deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de fugir de uma situação 
psicologicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita tensão e, como consequência, forte descarga 
psicossomática; 
- Silêncio de Reflexão – Surge normalmente após a intervenção do entrevistador, ou logo após um 
feedback, ou mesmo depois do entrevistador ter passado por algum tipo de vivência. Nele, observa-se a 
ausência de tensão, há um recolhimento introspectivo de elaboração mental; 
- Silêncio de Desinteresse – O indivíduo perde o foco da atenção, camufla resistência, se desinteressa 
pela situação externa porque interiormente ela o atinge. 
 
A Ansiedade na Entrevista 
 
A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em grau variado, por vezes 
consiste em uma resposta adaptativa do organismo. Para Bion, se duas pessoas estão numa sala de 
análise sem angústia, não está havendo análise. Calligaris, percebe que em todo encontro, o outro está 
imediatamente implicado enquanto “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma tela, uma 
espécie de cumplicidade que supõe um sentido comum ao que estamos dizendo. Desse modo, a 
ansiedade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser controlada pelo 
entrevistador, a sua própria, e a que aparece no entrevistado. 
Durante a situação de entrevista, tanto à ansiedade quando os mecanismos de defesa do entrevistado 
podem aumentar, não somente devido a esse novo contexto externo que ele enfrenta, mas também 
devido ao perigo, em potencial, daquilo que desconhece em sua personalidade. O contato direto com 
seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença, conflitos e frustrações. 
Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua ansiedade torna-se um dos 
fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo pode oscilar facilmente entre a ansiedade e o 
bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resolver na medida em que surja. 
Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido, e o investigador deve ter 
a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação. Há casos em que o 
investigador, devido aos seus bloqueios e limitações, se vê oprimido pela ansiedade, e recorre a 
mecanismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a possibilidade de uma investigação eficaz, 
uma vez que conduz a entrevista de maneira estereotipada. Um outro problema frequente diz respeito a 
uma certa compulsão do entrevistador focalizar seu interesse ou encontrar perturbações exatamente na 
esfera que ele nega os seus próprios conflitos. 
A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência a personalidade do 
entrevistado, e o nível de timing (sincronização e ajustamento) que se tenha estabelecido na relação. 
Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao 
psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir. Nessa ótica, Almeida 
& Wetzel dizem que a interpretação algumas vezes vem de um desejo de intervenção com a finalidade 
de eliminar angústias (perda de continência), instados pela situação e autorizados pelo setting. 
Segundo Piaget, o bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar (não desviar nada, 
não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma 
teoria, verdadeira ou falsa, para controlar). Douglas corrobora com essa ideia quando afirma que 
entrevistar criativamente é ter determinação atendendo ao contexto, em vez de negar, ou não conseguir 
compreender. O que se passa numa situação de entrevista é determinado pelo processo de perguntas e 
respostas, a entrevista criativa agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo esta 
afetação vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, 
aumentando, assim, a descoberta das verdades. 
 
Transferência e Contratransferência 
 
a) Transferência 
Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) apenas um fragmento da repetição e que a 
repetição é uma transferência do passado esquecido (...) para todos os aspectos da situação atual. A 
transferência é designada pela psicanálise como um processo através do qual os desejos inconscientes 
se atualizam sobre determinados objetos, num certo tipo de relação estabelecida, eminentemente, no 
quadro da relação analítica. A repetição de protótipos infantis vividos com um sentimento de atualidade 
acentuada. Classicamente a transferência é reconhecida como o terreno em que se dá a problemática de 
um tratamento psicanalítico, pois são a sua instalação, as suas modalidades, a sua interpretação e a sua 
resoluçãoque as caracteriza. 
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A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em toda relação 
interpessoal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador, e se 
comporta em função dos mesmos, transfere situações e modelos para a realidade presente e 
desconhecida, e tende à configurar esta última como situação já conhecida, repetitiva. No entender de 
Gori, repetindo transferencialmente, evoca-se a lembrança e é somente por meio da lembrança que temos 
acesso a história [...] Por meio da transferência é forjado num lugar intermediário entre a vida real e um 
ensaio de vida, para que o drama humano possa ter um desfecho. 
A articulação do conceito de “momento sensível” passa pelo posicionamento do terapeuta. Esse 
instante preciso determina os mecanismos que instalam a transferência. Com efeito, é o momento em 
que uma relação de trabalho se torna possível. A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior 
é forte e expõe o paciente tanto ao melhor quanto ao pior dessa interação. 
Nessa perspectiva, Gilliéron diz que todo paciente procura obter alguma coisa do terapeuta. Ele não 
busca apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação. O entrevistado revela 
aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua onipotência e seu 
pensamento mágico. As transferências negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo, 
embora, quase sempre com predomínio relativo, estável ou alterado, de uma delas. Segundo Sang, é a 
situação analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor 
de transferência é essencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as 
pretensões amorosas da paciente. Deve sim, tratá-las como algo irreal. No que é confirmado por Yalom, 
quando diz que os sentimentos que surgem na situação terapêutica geralmente pertencem mais ao papel 
que à pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou 
charme pessoal irresistível. 
 
b) Contratransferência 
Na contratransferência emerge do entrevistador reações que se originam do campo psicológico em 
que se estrutura a entrevista. Porém, se constitui, quando bem conduzida, num indício de grande 
significação e valor para orientar o entrevistador no estudo que realiza. Seu manejo requer preparação, 
experiência e um alto grau de equilíbrio mental, para que possa ser utilizada com validade e eficiência. 
Na contratransferência, salienta Gilliéron, as emoções vividas pelo analista são consideradas reativas às 
do paciente, vinculando-se, portanto, ao passado deste último, e não dizendo respeito diretamente à 
pessoa do analista. 
Manfredi, distingue cinco tendências de abordagens desta questão: 
1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por 
ignorar a transferência do analista; 
2 - É problemático diferenciar a contratransferência normal da patológica (os dados à disposição do 
analista não permitem, quase sempre, uma diferenciação); 
3 - A tolerância à contratransferência já seria suficiente, dada, aqui, a dificuldade da diferenciação dos 
sentimentos envolvidos na dupla; 
4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não só 
procurar no analista; 
5 - A questão do confessar ou não, ou confessar/revelar até quando/quanto, os sentimentos contra 
transferenciais despertados. 
 
Sendo assim, para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no 
trabalho do psicólogo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta 
e norteia sua prática, mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio, 
supervisão; laboratório ou oficinas de sensibilidade. É preciso desenvolver a sensibilidade para 
entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a própria subjetividade e com a subjetividade do outro 
(entrevistando), facilitando assim que seu universo, um tanto livre das “ameaças”, se descortine. O 
entrevistador precisa adquirir à habilidade da “dissociação instrumental”, e ser capaz de adentrar esse 
universo, sem juízo de valor, sem preconceito, para que assim possa estar com o Outro, conhecer, não 
temer, se perder e se achar e, finalmente, voltar à realidade do contexto. E agora, de posse de sua 
bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações, de modo axiomático, 
considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os princípios éticos serão 
avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura de prevalência sobre a 
pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O que não significa ser 
“meloso”, por demais solicito, muito menos autoritário. O entrevistador deve habilitar-se em se inscrever 
na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa fluir. Ser a pessoa na figura do 
profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade sem perder sua essência humana. 
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Nesse investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras as reflexões 
sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade em 
reformulá-los, quando a necessidade aponte. Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em 
consequência do auto “mergulho” que lhe dará a base na qual se apoiam à sua atuação e intervenção 
com toda transparência. 
 
A entrevista é um instrumento insubstituível e indispensável nas diferentes tarefas que realiza um 
psicólogo (seleção, orientação, aconselhamento, terapia, etc.). De acordo com Kanfer e Phillips é o 
instrumento psicológico que mais se utiliza tanto na prática clínica, como nas situações escolares ou nas 
organizações. 
A maior parte dos autores coincidem em que existem uma serie de componentes que são 
característicos da entrevista: 
- Uma relação direta entre duas ou mais pessoas; 
- Uma via de comunicação simbólica, preferentemente oral; 
- Objetivos preestabelecidos e conhecidos (pelos menos pelo psicólogo). 
- Uma atribuição de papeis (entrevistador e entrevistado). 
Os dois últimos aspectos diferenciam a entrevista de uma conversa informal, já que na conversa não 
existem objetivos preestabelecidos nem uma atribuição de papeis 
Assim mesmo a atribuição de papeis e o estabelecimento e controlo dos objetivos por parte do 
psicólogo fazem com que a entrevista seja considerada como uma relação assimétrica. 
 
Funções da entrevista15 
 
A entrevista cumpre uma série de funções, entre as quais: 
- Ampla recolha da informação do cliente (história evolutiva, história laboral e profissional, situação 
socioeconômica, familiar...); 
- Função motivadora: estabelecimento de uma relação positiva, mudança de atitudes e expectativas, 
compreensão e clarificação dos problemas apresentados pelo cliente, etc. 
- Função terapêutica (dotar o cliente de estratégias de intervenção psicológica...) 
- Trata-se de uma técnica de utilização longitudinal (realiza-se ao longo de todo o processo 
psicológico). Desde o primeiro encontro entre o psicólogo e o cliente até o último realizam-se "cara a cara" 
e com um objetivo concreto (avaliação, diagnóstico, terapia, orientação, aconselhamento psicológico, 
etc.). 
 
De Acordo com a Finalidade 
 
De acordo com Nahoum, a entrevista pode ser classificada de acordo com a sua finalidade como 
entrevista de investigação, de diagnóstico e terapêutica. 
 
Entrevista de Investigação: Destina-se ao conhecimento objetivo de determinados parâmetros. Os 
dados são submetidos a um processamento da informação que não têm repercussão direta sobre o 
entrevistado, isto é o seu principal objetivo é a recolha de informação geral. O contato entre o entrevistadoe o entrevistador costuma ser fugaz e impessoal. 
 
Entrevistas de Diagnóstico: O objetivo deste tipo de entrevistas é o de recolher informação biográfica 
do sujeito, assim como dos conhecimentos do entrevistado, das suas competências, opiniões, atitudes, 
etc. Neste tipo de entrevistas não se pretende produzir mudanças no comportamento do entrevistado. 
Trata-se apenas de obter informação útil para desenhar e pôr em prática programas de intervenção. 
Dentro das entrevistas diagnósticas e atendendo às tarefas de avaliação, podemos falar, de acordo com 
Nay de entrevista de recepção (trata-se do primeiro contato com o cliente, e recolhe informação acerca 
do motivo de consulta, das áreas problema que apresenta, assim como dos comportamentos mais 
específicos e dos possíveis determinantes dos mesmos; a entrevista anamnésica que recolhe e explora 
áreas mais abrangentes da história de vida atual e passada do cliente, com especial ênfase na génese e 
evolução dos problemas que apresenta, e nos recursos do sujeito; e, finalmente, a entrevista de 
planeamento onde depois de ter obtido toda a informação relevante para o problema, conversa-se com o 
paciente acerca dos objetivos de intervenção e do programa de intervenção que irá ser implementado. 
 
 
15 ROS, A. A Entrevista Psicológica. 2009. 
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Entrevista Terapêutica: Este tipo de entrevista pretende avaliar, produzir mudanças no sujeito e 
resolver os problemas que apresenta. 
Existem no entanto, outro tipo de entrevistas cujo objetivo é conhecer ou descrever as características 
psicológicas de um sujeito e predizer o seu comportamento para resolver os problemas de uma terceira 
pessoa. Ora, enquanto a entrevista clínica e a de orientação vocacional pretendem resolver os problemas 
do entrevistado (de tipo clínico ou ajudando na toma de decisões que irão afetar o futuro do mesmo), a 
entrevista de seleção de pessoal tenta, fundamentalmente, resolver os problemas de uma terceira pessoa 
que é alheia à situação de entrevista (por ex. um empresário). Neste caso o papel do psicólogo consiste 
na escolha do melhor candidato para o preenchimento de um determinado posto de trabalho e não a 
resolução dos problemas que apresenta o entrevistado (por ex. desemprego ou encontrar um trabalho 
que se adapte às suas características e aptidões). Geralmente na seleção de pessoal a entrevista tem 
um papel secundário, costuma ser realizada no final do processo para corroborar as características 
despistadas pelas provas aplicadas, assim como para recolher informação acerca de outros aspectos do 
candidato tais como a experiência profissional, o aspecto físico, o nível de relações sociais, etc. 
 
Enquadramento teórico de referência: Em função da orientação teórica do psicólogo, podemos falar, 
de forma geral de três tipos de entrevista: 
 
Entrevista Psicanalítica: Nesta entrevista colocam-se em primeiro lugar os conteúdos relativos ao 
mundo interno do paciente e a relação terapêutica como reflexo simbólico dos mesmos. Neste contexto 
o terapeuta evita expressões e julgamentos valorativos. Realiza um trabalho interpretativo colocando 
hipóteses acerca dos conflitos e funcionamento psíquico do sujeito. 
 
Entrevista Fenomenológica: Baseia-se no trabalho de Carl Rogers. Este tipo de entrevista está 
concebida como uma relação interpessoal real entre terapeuta e paciente, centrando-se no aqui e agora 
da experiência relacional. Pretende definir uma relação terapêutica baseada em três atitudes: empatia; 
aceitação incondicional e autenticidade. Esta entrevista está orientada à tomada de consciência por parte 
do entrevistado acerca de si mesmo, facilitando a expressão de emoções e valores através do 
comportamento não diretivo do terapeuta. 
 
Cognitivo-Comportamental: Focaliza a atenção na identificação de problemas concretos esforçando-
se por operacionaliza-los, averiguando as características topográficas dos mesmos, assim como as 
relações funcionais com os estímulos do ambiente ou internos. Tenta recolher informação que preencha 
três critérios: que seja o mais concreta e específica possível, que possa ser organizada para a formulação 
de hipóteses preditivas e/ou explicativas e que a informação recolhida tenha a máxima validade possível. 
 
Desenvolvimento da Entrevista 
 
O desenvolvimento da entrevista é um processo que exige uma série de passos desde a elaboração 
até à interpretação. A seguir apresentam-se algumas indicações para o desenvolvimento da mesma. 
 
Preparação da Entrevista 
A principal tarefa na preparação da entrevista é fugir da improvisação e ter claro o que se quer avaliar. 
Podemos recorrer a guiãos de entrevista já elaborados. 
Para saber o que perguntar é necessário possuir bons conhecimentos acerca do/s problemas que 
apresenta o cliente. Seria ridículo tentar realizar uma entrevista a um paciente com febre sem ter nenhuma 
noção de medicina e sem saber o que é a febre. Isto é, não só devemos saber de psicologia como do 
tema concreto acerca do qual vamos realizar a entrevista: agorafobia, depressão, hipertensão, dor, 
orientação vocacional, problemas de rendimento escolar, etc. 
Por outro lado, quanto melhor preparada estiver a entrevista mais partido poderemos obter dela. Tal 
preparação refere-se ao conhecimento que temos do cliente, o seu problema e a história clínica, escolar, 
profissional, etc. Esta informação previa depende em grande medida do local onde nos encontremos a 
trabalhar. 
Convém preparar a entrevista para que tenha uma duração limitada, sem que isto implique 
inflexibilidade o rigidez excessiva. Por vezes o psicólogo não encontra o momento oportuno para finalizar 
a entrevista, pensar acerca disto durante a preparação pode ser uma boa estratégia para prever esse 
momento. 
 
 
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Fase Inicial 
O objetivo desta fase é estabelecer um rapport adequado. Devemos começar por realizar uma breve 
apresentação com o intuito de eliminar as falsas expectativas do cliente, explicando o processo de 
avaliação e os objetivos que pretendemos atingir. (Códigos de ética do S.N.P e S.P.P: Art. 21º- O 
psicólogo deve informar o cliente dos serviços ou do tipo de assistência a dar-lhe, definindo bem os seus 
compromissos a fim de que o cliente possa aceitar ou não os seus serviços, esclarecendo-o ainda sobre 
os eventuais prejuízos de uma interrupção da assistência a prestar; de acordo com a APPORT: Clarificam 
no início da prestação de serviços e na medida do possível, a natureza da relação profissional, 
nomeadamente o seu papel, a natureza do pedido, as partes envolvidas e o uso provável dos serviços 
prestados ou informação obtida). Devemos Também clarificar o papel do cliente no processo, o que se 
espera do mesmo e o papel específico de todos os participantes. Também é necessário informar da 
confidencialidade das informações fornecidas e do sigilo profissional e explorar as possibilidades de 
contrastação da informação através de outras fontes de informação (pais, conjugue, namorados/as.). 
Devemos ter em conta que a entrevista não se utiliza apenas para recolher informação do cliente, em 
ocasiões podemos realizar entrevistas para recolher informação proporcionada por pessoas próximas 
dele. Isto é na maior parte dos casos muito útil mas torna-se imprescindível quando o cliente não pode 
proporcionar dados fiáveis (por exemplo no caso de crianças pequenas, ou em adultos com perturbações 
graves). Em todo o caso a entrevista realizada às pessoas próximas do sujeito deve servir para contrastar 
os dados obtidos na entrevista com o mesmo. 
Outro fator importante neste momento é o desenvolvimento de um ambiente adequado que facilite a 
troca de informação. Nalgumas ocasiões e com alguns tipos de clientes pode ser útil a celebração de 
contratos para um maior envolvimento no processo. 
 
Corpo da Entrevista 
Dentro do corpo da entrevista podemosdistinguir três fases: 
- Fase inicial: Trata-se de uma fase aberta e facilitadora, onde o entrevistador realiza perguntas abertas 
e o entrevistado responde às perguntas sem ser interrompido. 
- Fase de especificação e clarificação: Nesta fase realizam-se perguntas mais fechadas e diretivas. 
- Fase de confrontação e sínteses. 
- Ficar bloqueado ou sem saber que perguntar é um aspecto da entrevista que não é alheio a nenhum 
psicólogo. No entanto, a diferença entre um psicólogo experimentado e outro que não o seja radica na 
habilidade que um e outro têm para que não se perceba que isto aconteceu. 
Devemos, na preparação da entrevista, preparar recursos por se isto acontece, por exemplo, podemos 
explorar um tema que até a altura não tenhamos tocado ou simplesmente, finalizar a entrevista. Se isto 
for feito com segurança o cliente não irá perceber se o psicólogo finalizou a entrevista porque recolheu 
toda a informação relevante ou porque não está em condições de continuar de forma adequada. 
 
Finalização da Entrevista 
Devemos tomar a decisão de finalizar a entrevista quando: 
- Tenha finalizado o tempo que tínhamos previsto; 
- Se observem sinais de cansaço no cliente ou no psicólogo que possam dificultar a tarefa; 
- Existam dificuldades de qualquer tipo que impeçam a obtenção de informação. 
Nesta fase há algumas tarefas específicas que devem ser realizadas: 
- Fazer com o entrevistado um resumo da entrevista para garantir que a informação foi bem 
compreendida por ambos; 
- Orientar a conversa para o futuro: expectativas de êxito, realização de tarefas para a próxima 
entrevista, etc.; 
- Finalizar a entrevista de forma positiva (não terminar a entrevista de forma abrupta deixando 
problemas por tratar ou quando o entrevistado manifesta (de forma verbal ou não verbal) estados de 
humor negativos. 
 
Recolha da Informação 
 
Pertinência da recolha da informação 
É necessário registar uma entrevista? A resposta é sempre sim. É necessário, em primeiro lugar, 
porque depois será preciso interpretar as informações obtidas, e em segundo lugar, porque, por um lado, 
a memória é reduzida e, por outro, a distorção da informação aumenta à medida que aumenta a 
quantidade de informação e o tempo desde que se recebe essa informação até que se interpreta. 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
63 
 
Procedimentos de registo da entrevista 
Existem tantas formas de recolher a informação como entrevistadores. É muito importante que o 
entrevistador se sinta confortável com o método de registo escolhido. 
No entanto, existem basicamente quatro modalidades de recolha da informação: 
1. Recolher a informação de forma simultânea enquanto o entrevistado fala. Este procedimento desvia 
a atenção do entrevistador interferindo na relação entre ambos. 
2. Recolher a informação imediatamente após a finalização da entrevista. Este procedimento facilita a 
relação mas implica a perda de alguma informação. 
3. Alguns entrevistadores optam por uma modalidade intermédia entre as duas anteriores: tomam 
algumas notas durante a entrevista e completam a informação no final da mesma. 
Estes três sistemas podem ser incluídos na categoria de procedimentos de registo de papel e lápis. 
Independentemente de qual dos três seja o escolhido, devemos ter cuidados para não cometer erros no 
processo de comunicação. Devemos ter em conta que as anotações são apenas um complemento da 
entrevista, nunca são o objetivo da mesma. Entre os erros que devemos evitar encontram-se os seguintes: 
- Não devemos converter o registo da informação numa situação de constante comprovação: deixe-
me ver o que escrevi, ou, pode repetir o último que disse? Se abusarmos deste tipo de erro, é muito 
provável que o desenvolvimento da entrevista seja incorreto, já que não poderemos dar a devida atenção 
ao entrevistado, deixando passar aspectos importantes e inibindo a comunicação por parte do mesmo. 
- As anotações nunca devem servir como desculpa para ganhar tempo para colocar uma pergunta ou 
responder a uma questão colocada pelo entrevistado. 
- Quando fazemos anotações durante a entrevista, o entrevistado pode sentir curiosidade pelo que 
estamos a escrever, por este motivo, um bom conselho é o de nunca escrever algo que o entrevistado 
não possa ler. É conveniente utilizar códigos que nos permitam registar o que é realmente importante e 
evitar situações indesejadas. 
4. Podemos também recorrer a procedimentos mecânicos para registar a entrevista, assim podemos, 
por exemplo, gravar a entrevista recorrendo a um gravador de áudio ou vídeo. Deve ser realizada de 
forma aberta e após o Consentimento Informado do paciente. Estes procedimentos não costumam ser 
utilizados em todas as sessões, utilizando-se maioritariamente em situações especiais ou naquelas cuja 
finalidade é a simulação ou a investigação. 
Em todos os casos devemos solicitar a autorização do entrevistado e explicar-lhe os motivos nos levam 
a registar a informação proporcionada durante a entrevista. Este aspecto é geralmente é interpretado pelo 
entrevistado como um sinal de interesse no problema por parte do entrevistador). 
 
Erros Mais Frequentes durante a Entrevista 
Dentro dos erros mais frequentes que se podem cometer durante a entrevista encontram-se os 
seguintes: 
- Efeito de primazia: a primeira impressão recebida do cliente serve para interpretar os dados que nos 
oferece posteriormente (por ex. forma de vestir). 
- Efeito de "halo": Trata-se de um erro frequente quando o entrevistador se centra numa característica 
ou particularidade (positiva ou negativa) do entrevistado, esquecendo outras características importantes. 
(por ex. simpatia). 
- Erro lógico: Comportamentos que, de acordo com o entrevistador, se encontram relacionados de 
forma lógica, são classificados de forma similar. (ex. este entrevistado pertence à religião muçulmana, 
por isso não deve beber álcool). 
- Erro de consenso: Aceitar como próprias opiniões de outras pessoas sem as verificar (ex. numa 
escola os professores informa-nos de que a criança que estamos a avaliar é agressiva). 
- Erro de generosidade: Avaliar um comportamento de forma mais positiva do que na realidade merece. 
(ex. maximizar o comportamento adequado de um jovem e minimizar o inadequado) 
- Categorizar por estereótipos: classificar o entrevistado de acordo com um conjunto de crenças 
populares acerca das características atribuídas a uma categoria de pessoas. (ex. no trabalho numa 
empresa não tentar avaliar o comportamento de uma pessoa de cor que falta ao trabalho 
sistematicamente às segundas feiras). 
- Atribuição de causa: inferir subjetivamente os motivos de um comportamento, baseando-nos apenas 
em impressões pessoais. (ex. A criança bateu no irmão porque tinha ciúmes). 
 
Outros erros frequentes são: 
- Não conseguir dirigir a entrevista, permitindo que seja o entrevistado a faze-lo 
- Excessiva diretividade da entrevista: incorreta proporção entre perguntas abertas e fechadas 
- Realizar ao entrevistado várias perguntas seguidas 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
64 
 
- Utilizar expressões que impliquem julgamentos de valor (acusações, advertências) 
- Mostrar uma proximidade excessiva com o entrevistado. 
 
Entrevista Lúdica 
 
Werlang entende que esse tipo de entrevista tem uma função importante no atendimento de crianças, 
pois se trata de uma técnica de avaliação, que permite a compreensão do pensamento infantil, 
repassando dados de grande importância do ponto de vista evolutivo, psicopatológico e psicodinâmico. 
Para obter sucesso em uma entrevista lúdica é necessário conceder à criança a oportunidade de 
brincar com todo material lúdico que lhe for fornecido, impondo-lhes algumas restrições, como por 
exemplo, o uso do espaço a ser utilizado. 
Quando um psicólogo fornece um brinquedo para a criança, ela expõe nele todos os seus sentimentos, 
os vínculos com objetos de seumundo interno. 
Compete ao psicólogo estimular a interação, conduzindo a situação de modo que possa deixar 
transparecer compreensão, respeitando e acolhendo a criança, de forma que ela se sinta segura e aceita. 
Em parte, o papel do psicólogo na entrevista lúdica diagnóstica é passivo, porque funciona como 
observador, mas também é ativo, na medida em que sua atitude é atenta na compreensão e formulação 
de hipóteses sobre a problemática do entrevistado, assim como na ação de efetuar perguntas para 
esclarecer dúvidas sobre a brincadeira. 
 
Questões 
 
01. (IF/AP - Psicólogo - FUNIVERSA/2016). Com relação ao papel da entrevista clínica, é correto 
afirmar que a 
(A) tensão entre necessidade e desejo é fundamental para a interpretação do sofrimento e o 
encaminhamento mais adequado do caso em atendimento por transtornos fóbicos. 
(B) transferência permite a construção dos laços sociais na relação entrevistado-entrevistador. 
(C) identificação projetiva é um mecanismo acessado quando o psicólogo, na entrevista clínica, 
mobiliza o narcisismo do entrevistado. 
(D) entrevista clínica é a técnica psicológica mais apropriada para o atendimento de transtornos de 
ansiedade. 
(E) entrevista clínica se aplica ao diagnóstico diferencial, como no caso dos transtornos 
psicossomáticos e fóbicos. 
 
02. (METRÔ/DF - Psicólogo - IADES). Com relação à entrevista clínica no contexto diagnóstico, 
assinale a alternativa correta. 
(A) Quanto ao aspecto formal, as entrevistas podem ser divididas em estruturadas ou 
semiestruturadas, sendo estas também conhecidas como entrevistas de livre estruturação. 
(B) A finalidade maior de uma entrevista é sempre a de descrever e avaliar para oferecer alguma forma 
de retorno. 
(C) Na entrevista psicodinâmica, a investigação do desenvolvimento psicossexual é algo irrelevante 
ou de pouca importância 
(D) A entrevista de triagem tem como objetivo único avaliar a demanda do sujeito. 
(E) A entrevista diagnóstica sempre prioriza aspectos sindrômicos em detrimento de aspectos 
psicodinâmicos. 
 
03. (UFPR - Psicólogo - NC-UFPR). A entrevista clínica é um procedimento fundamental na prática 
do psicólogo. Assinale a alternativa que apresenta as características básicas presentes em toda entrevista 
clínica, segundo Cunha (2000). 
(A) Requer uma etapa de descrição da demanda, deve ter estrutura fechada e ser pautada nos critérios 
do DSM ou CID. 
(B) Objetiva descrever e/ou avaliar o cliente, a condução deve ser feita por ele e pautada numa relação 
profissional delimitada temporalmente. 
(C) Requer uma etapa de encaminhamento, apresenta uma condução livre e fomenta a informalidade 
das relações. 
(D) Requer clareza de objetivos, a condução deve ser feita pelo cliente e pautada nos critérios 
diagnósticos da psicopatologia clássica. 
(E) Objetiva descrever e/ou avaliar o cliente, a condução deve ser dirigida pelo psicólogo e pautada 
numa relação profissional delimitada temporalmente. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
65 
 
Gabarito 
 
01.B / 02.B / 03.E 
 
Comentários 
 
01. Resposta: B 
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o 
propósito previamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura saber o que acontece com a 
outra, o entrevistado, procurando agir conforme esse conhecimento. 
 
02. Resposta: B 
De acordo com Nahoum, a entrevista pode ser classificada de acordo com a sua finalidade como 
entrevista de investigação, de diagnóstico e terapêutica. 
 
03. Resposta: E 
De acordo com Cunha: 
" Em psicologia, a entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, 
dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação 
profissional. Com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos 
(individual, casal, família, rede social), em um processo que visa a fazer recomendações, 
encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas" 
 
 
 
RESOLUÇÃO Nº 6, DE 29 DE MARÇO DE 201916 
 
Institui regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no exercício 
profissional e revoga a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP nº 
04/2019. 
 
O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso das atribuições legais e regimentais conferidas 
pela Lei nº 5.766, de 20 de dezembro de 1971; 
CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o), no exercício profissional, tem sido solicitada(o) a apresentar 
informações documentais com objetivos diversos e a necessidade de editar normativas que forneçam 
subsídio à(ao) psicóloga(o) para a produção qualificada de documentos escritos; 
CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que norteiam a atividade profissional da(o) 
psicóloga(o) e os dispositivos sobre avaliação psicológica contidos na Resolução CFP nº 10/2005, que 
institui o Código de Ética Profissional do Psicólogo - diploma que disciplina e normatiza a relação entre 
as práticas profissionais e a sociedade que as legitima -, cujo conhecimento e cumprimento se constitui 
como condição mínima para o exercício profissional; 
CONSIDERANDO que a Psicologia no Brasil tem, nos últimos anos, se deparado com demandas 
sociais que exigem da(o) psicóloga(o) uma atuação transformadora e significativa, com papel mais ativo 
na promoção e respeito aos direitos humanos, ponderando as implicações sociais decorrentes da 
finalidade do uso dos documentos escritos produzidos pelas(os) psicólogas(os); 
CONSIDERANDO que, com o objetivo de garantir a valorização da autonomia, da participação sem 
discriminação, de uma saúde mental que sustente uma vida digna às pessoas, grupos e instituições, a(o) 
psicóloga(o) encontra-se inserida(o) em diferentes setores de nossa sociedade, conquistando espaços 
emergentes que exigem normatizações que balizem sua ação com competência e ética; 
CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o) deve pautar sua atuação profissional no uso diversificado de 
conhecimentos, técnicas e procedimentos, devidamente reconhecidos pela comunidade científica, que se 
configuram nas formas de avaliação e intervenção sobre as pessoas, grupos e instituições; 
 
16 Disponível em: https://atosoficiais.com.br/cfp/resolucao-do-exercicio-profissional-n-6-2019-institui-regras-para-a-elaboracao-de-documentos-escritos-
produzidos-pela-o-psicologa-o-no-exercicio-profissional-e-revoga-a-resolucao-cfp-no-15-1996-a-resolucao-cfp-no-07-2003-e-a-resolucao-cfp-no-04-
2019?q=006/2019 Acesso em: 12/04/2019 às 17h 
2.4 Laudos, pareceres e relatórios psicológicos, estudo de caso, informação e 
avaliação psicológica 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
66 
 
CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o) deve atuar com autonomia intelectual e visão interdisciplinar, 
potencializando sua atitude investigativa e reflexiva para o desenvolvimento de uma percepção crítica da 
realidade diante das demandas das diversidades individuais, grupais e institucionais, sendo capaz de 
consolidar o conhecimento da Psicologia com padrões de excelência ética, técnica e científica em favor 
dos direitos humanos; 
CONSIDERANDO que a(o) psicóloga(o) deve: construir argumentos consistentes da observação de 
fenômenos psicológicos; empregar referenciais teóricos e técnicos pertinentes em uma visão crítica, 
autônoma e eficiente; atuar de acordo com os princípios fundamentais dos direitos humanos; promover a 
relação entre ciência, tecnologia e sociedade; garantir atenção à saúde; respeitar o contexto ecológico, a 
qualidade de vida e o bem-estar dos indivíduos e das coletividades, considerando sua diversidade; 
CONSIDERANDO a complexidade do exercício profissional da(o) psicóloga(o), tanto em processos de 
trabalho que envolvem a avaliação psicológica como em processos que envolvem o raciocínio 
psicológico, e a necessidade de orientar a(o) psicóloga(o) para a construção de documentos decorrentes 
do exercícioprofissional nos mais variados campos de atuação, fornecendo os subsídios éticos e técnicos 
necessários para a elaboração qualificada da comunicação escrita; 
CONSIDERANDO que toda a ação da(o) psicóloga(o) demanda um raciocínio psicológico, 
caracterizado por uma atitude avaliativa, compreensiva, integradora e contínua, que deve orientar a 
atuação nos diferentes campos da Psicologia e estar relacionado ao contexto que origina a demanda; 
CONSIDERANDO que um processo de avaliação psicológica se caracteriza por uma ação sistemática 
e delimitada no tempo, com a finalidade de diagnóstico ou não, que utiliza de fontes de informações 
fundamentais e complementares com o propósito de uma investigação realizada a partir de uma coleta 
de dados, estudo e interpretação de fenômenos e processos psicológicos; 
CONSIDERANDO a função social do Sistema Conselhos de Psicologia em contribuir para o 
aprimoramento da qualidade técnico-científica dos métodos e procedimentos psicológicos; 
CONSIDERANDO a Resolução CFP nº 01/1999, que estabelece normas de atuação para as(os) 
psicólogas(os) em relação à questão da Orientação Sexual; Resolução CFP nº 18/2002, que estabelece 
normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação ao preconceito e à discriminação racial; a 
Resolução CFP nº 01/2009, alterada pela Resolução CFP nº 005/2010, que dispõe sobre a 
obrigatoriedade do registro documental decorrente da prestação de serviços psicológicos; a Resolução 
CFP nº 01/2018, que estabelece normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação às pessoas 
transexuais e travestis e a Resolução CFP nº 09/2018 que estabelece diretrizes para a realização de 
Avaliação Psicológica no exercício profissional da(o) psicóloga(o), regulamenta o Sistema de Avaliação 
de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções nº 002/2003, nº 006/2004 e nº 005/2012 e 
Notas Técnicas nº 01/2017 e 02/2017; 
CONSIDERANDO que as(os) psicólogas(os) são profissionais que atuam também na área da saúde, 
em conformidade com a caracterização da Organização Internacional do Trabalho, Organização Mundial 
da Saúde e Classificação Brasileira de Ocupação; 
CONSIDERANDO que o artigo 13, parágrafo 1º, da Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, estabelece 
que é função da(o) psicóloga(o) a elaboração de diagnóstico psicológico; 
CONSIDERANDO a Resolução nº 218, de 06 de março de 1997 do Conselho Nacional de Saúde, que 
reconhece as(os) psicóloga(os) como profissionais de saúde de nível superior; 
CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em sessão realizada no dia 23 de fevereiro de 2019; 
 
RESOLVE: 
 
Capítulo I 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 1º Instituir as regras para a elaboração de documentos escritos produzidos pela(o) psicóloga(o) no 
exercício profissional. 
Parágrafo único. A presente Resolução tem como objetivos orientar a(o) psicóloga(o) na elaboração 
de documentos escritos produzidos no exercício da sua profissão e fornecer os subsídios éticos e técnicos 
necessários para a produção qualificada da comunicação escrita. 
 
Art. 2º As regras para a elaboração, guarda, destino e envio de documentos escritos produzidos pela(o) 
psicóloga(o) no exercício profissional, referido no artigo anterior, encontram-se dispostas nos seguintes 
itens: 
I - Princípios fundamentais na elaboração de documentos psicológicos; 
II - Modalidades de documentos; 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
67 
 
III - Conceito, finalidade e estrutura; 
IV - Guarda dos documentos e condições de guarda; 
V - Destino e envio de documentos; 
VI - Prazo de validade do conteúdo dos documentos; 
VII - Entrevista devolutiva. 
 
Art. 3º Toda e qualquer comunicação por escrito, decorrente do exercício profissional da(o) 
psicóloga(o), deverá seguir as diretrizes descritas nesta Resolução. 
§ 1º Os casos omissos, ou dúvidas sobre matéria desta normativa, serão resolvidos pela orientação e 
jurisprudência firmada pelos Conselhos Regionais de Psicologia e, naquilo que se aplicar, solucionadas 
pelo Conselho Federal de Psicologia, de acordo com os termos previstos no art. 6º, alíneas g e h da Lei 
nº 5.766/1971, art. 13, item XII, do Decreto nº 79.822/1977, art. 22 do Código de Ética Profissional do 
Psicólogo (Resolução CFP nº 010/2005), ou legislações que venham a alterá-las ou substituí-las, 
preservando o mérito aqui disposto. 
§ 2º A não observância da presente norma constitui falta ético-disciplinar, passível de capitulação nos 
dispositivos referentes ao exercício profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem 
prejuízo de outros que possam ser arguidos. 
 
Capítulo II 
DISPOSIÇÕES ESPECIAIS 
 
SEÇÃO I 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NA ELABORAÇÃO DE DOCUMENTOS PSICOLÓGICOS 
 
Documento Psicológico 
 
Art. 4º O documento psicológico constitui instrumento de comunicação escrita resultante da prestação 
de serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição. 
§ 1º A confecção do documento psicológico deve ser realizada mediante solicitação do usuário do 
serviço de Psicologia, de seus responsáveis legais, de um profissional específico, das equipes 
multidisciplinares ou das autoridades, ou ser resultado de um processo de avaliação psicológica. 
§ 2º O documento psicológico sistematiza uma conduta profissional na relação direta de um serviço 
prestado à pessoa, grupo ou instituição. 
§ 3º A(o) psicóloga(o) deverá adotar, como princípios fundamentais na elaboração de seus 
documentos, as técnicas da linguagem escrita formal (conforme artigo 6º desta Resolução) e os princípios 
éticos, técnicos e científicos da profissão (conforme artigos 5º e 7º desta Resolução). 
§ 4º De acordo com os deveres fundamentais previstos no Código de Ética Profissional do Psicólogo, 
na prestação de serviços psicológicos, os envolvidos no processo possuem o direito de receber 
informações sobre os objetivos e resultados do serviço prestado, bem como ter acesso ao documento 
produzido pela atividade da(o) psicóloga(o). 
 
Princípios Técnicos 
 
Art. 5º Os documentos psicológicos devem ser elaborados conforme os princípios de qualidade técnica 
e científica presentes neste regulamento. 
§ 1º Os documentos emitidos pela(o) psicóloga(o) concretizam informações fundamentais e devem 
conter dados fidedignos que validam a construção do pensamento psicológico e a finalidade a que se 
destina. 
§ 2º A elaboração de documento decorrente do serviço prestado no exercício da profissão deve 
considerar que este é o resultado de uma avaliação e/ou intervenção psicológica, observando os 
condicionantes históricos e sociais e seus efeitos nos fenômenos psicológicos. 
§ 3º O documento escrito resultante da prestação de serviços psicológicos deve considerar a natureza 
dinâmica, não definitiva e não cristalizada do fenômeno psicológico. 
§ 4º Ao produzir documentos escritos, a(o) psicóloga(o) deve se basear no que dispõe o artigo 1º, 
alínea "c", do Código de Ética Profissional do Psicólogo, prestando serviços psicológicos de qualidade, 
em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, 
conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na 
legislação profissional. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
68 
 
§ 5º Na realização da Avaliação Psicológica, ao produzir documentos escritos, a(o) psicóloga(o) deve 
se basear no que dispõe o artigo 2º da Resolução CFP nº 09/2018, fundamentando sua decisão, 
obrigatoriamente, em métodos, técnicas e instrumentos psicológicos reconhecidos cientificamente para 
uso na prática profissional da(o) psicóloga(o) (fontes fundamentais de informação), podendo, a depender 
do contexto, recorrer a procedimentos e recursos auxiliares (fontes complementares de informação). 
§ 6º A(o) psicóloga(o) deve resguardar os cuidados com o sigilo profissional, conforme previsto nos 
artigos 9º e 10º do Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
§ 7º Ao elaborar um documento em que seja necessário referenciar materialteórico técnico, as 
referências devem ser colocadas, preferencialmente, em nota de rodapé, observando a especificidade do 
documento produzido. 
§ 8º Toda e qualquer modalidade de documento deverá ter todas as laudas numeradas, rubricadas da 
primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) psicóloga(o) na última página. 
 
Princípios da Linguagem Técnica 
 
Art. 6º O documento psicológico constitui instrumento de comunicação que tem como objetivo registrar 
o serviço prestado pela(o) psicóloga(o). 
§ 1º A(o) psicóloga(o), ao redigir o documento psicológico, deve expressar-se de maneira precisa, 
expondo o raciocínio psicológico resultante da sua atuação profissional. 
§ 2º O texto do documento deve ser construído com frases e parágrafos que resultem de uma 
articulação de ideias, caracterizando uma sequência lógica de posicionamentos que representem o nexo 
causal resultante de seu raciocínio. 
§ 3º A linguagem escrita deve basear-se nas normas cultas da língua portuguesa, na técnica da 
Psicologia, na objetividade da comunicação e na garantia dos direitos humanos (observando os Princípios 
Fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo e as Resoluções CFP nº 01/1999, 18/2002 e 
01/2018, ou outras que venham a alterá-las ou substituí-las). 
§ 4º Os documentos psicológicos devem ser escritos de forma impessoal, na terceira pessoa, com 
coerência que expresse a ordenação de ideias e a interdependência dos diferentes itens da estrutura do 
documento. 
§ 5º Os documentos psicológicos não devem apresentar descrições literais dos atendimentos 
realizados, salvo quando tais descrições se justifiquem tecnicamente. 
 
Princípios Éticos 
 
Art. 7º Na elaboração de documento psicológico, a(o) psicóloga(o) baseará suas informações na 
observância do Código de Ética Profissional do Psicólogo, além de outros dispositivos de Resoluções 
específicas. 
§ 1º De modo especial, deverão ser observados os Princípios Fundamentais e os seguintes 
dispositivos normativos: 
I - Artigo 1º, alíneas `b`, `c`, `f`, `g`, `h`, `i`, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; 
II - Artigo 2º, alíneas `f`, `g`, `h`, `j`, `k`, `q`, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; 
III - Artigo 11, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; 
IV - Artigo 12, do Código de Ética Profissional do Psicólogo; 
V - Artigo 18, do Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
§ 2º Devem ser observados, ainda, os deveres da(o) psicóloga(o) no que diz respeito ao sigilo 
profissional em relação às equipes interdisciplinares, às relações com a justiça e com as políticas públicas, 
e o alcance das informações na garantia dos direitos humanos, identificando riscos e compromissos do 
alcance social do documento elaborado. 
§ 3º À(ao) psicóloga(o) é vedado, sob toda e qualquer condição, o uso dos instrumentos, técnicas 
psicológicas e experiência profissional de forma a sustentar modelo institucional e ideológico de 
segregação dos diferentes modos de subjetivação. 
§ 4º Sempre que o trabalho exigir, poderá a(o) psicóloga(o), mediante fundamentação, intervir sobre a 
demanda e construir um projeto de trabalho que aponte para a reformulação dos condicionantes que 
provocam o sofrimento psíquico, a violação dos direitos humanos e a manutenção ou prática de 
preconceito, discriminação, violência e exploração como formas de dominação e segregação. 
§ 5º A(o) psicóloga(o) deve prestar serviço responsável e de qualidade, observando os princípios éticos 
e o compromisso social da Psicologia, de modo que a demanda, tal como formulada, seja compreendida 
como efeito de uma situação de grande complexidade. 
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69 
 
§ 6º É dever da(o) psicóloga(o) elaborar e fornecer documentos psicológicos sempre que solicitada(o) 
ou quando finalizado um processo de avaliação psicológica, conforme art. 4º desta Resolução. 
§ 7º A(o) psicóloga(o) fica responsável ética e disciplinarmente pelo cumprimento das disposições 
deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal decorrentes das informações que fizerem 
constar nos documentos psicológicos. 
 
SEÇÃO II 
MODALIDADES DE DOCUMENTOS 
 
Art. 8º Constituem modalidades de documentos psicológicos: 
I - Declaração; 
II - Atestado Psicológico; 
III - Relatório; 
a) Psicológico; 
b) Multiprofissional; 
IV - Laudo Psicológico; 
V - Parecer Psicológico. 
 
SEÇÃO III 
CONCEITO, FINALIDADE E ESTRUTURA 
 
DECLARAÇÃO - Conceito e finalidade 
 
Art. 9º Declaração consiste em um documento escrito que tem por finalidade registrar, de forma 
objetiva e sucinta, informações sobre a prestação de serviço realizado ou em realização, abrangendo as 
seguintes informações: 
I - Comparecimento da pessoa atendida e seu acompanhante; 
II - Acompanhamento psicológico realizado ou em realização; 
III - Informações sobre tempo de acompanhamento, dias e horários. 
§ 1º É vedado o registro de sintomas, situações ou estados psicológicos na Declaração. 
 
Estrutura 
§ 2º A declaração deve apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma de itens 
ou texto corrido: 
I - Título: "Declaração". 
II - Expor no texto: 
a) Nome da pessoa atendida: identificação do nome completo ou nome social completo; 
b) Finalidade: descrição da razão ou motivo do documento; 
c) Informações sobre local, dias, horários e duração do acompanhamento psicológico. 
III - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste 
nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional e 
assinatura. 
 
Comentários e Fundamentação:17 
A Declaração é o documento psicológico mais objetivo e sucinto entre todos. Responde a solicitações 
pontuais que visam a informar situações que envolvem dia(s), horários e tempo de atendimento da(o) 
paciente/cliente e/ou da pessoa que a(o) acompanha. 
Diferente do Atestado Psicológico, a declaração NUNCA deve apresentar registro de sintomas, 
estados psicológicos, ou qualquer outra informação que diga respeito ao funcionamento psicológico da 
pessoa atendida. 
A especificação da finalidade do documento é essencial e refere-se a um item obrigatório. É por meio 
da identificação da finalidade ou motivo do documento que a(o) psicóloga(o) se resguarda em relação ao 
uso dado ao documento depois de sua entrega. 
 
 
 
 
 
17 https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/09/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n-06-2019-comentada.pdf, acessado em: 15/10/2019. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
70 
 
ATESTADO PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade 
 
Art. 10 Atestado psicólogo consiste em um documento que certifica, com fundamento em um 
diagnóstico psicológico, uma determinada situação, estado ou funcionamento psicológico, com a 
finalidade de afirmar as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita. 
§ 1º O atestado presta-se também a comunicar o diagnóstico de condições mentais que incapacitem 
a pessoa atendida, com fins de: 
I - Justificar faltas e impedimentos; 
II - Justificar estar apto ou não para atividades específicas (manusear arma de fogo, dirigir veículo 
motorizado no trânsito, assumir cargo público ou privado, entre outros), após realização de um processo 
de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscrevem a Resolução CFP nº 09/2018 e 
a presente, ou outras que venham a alterá-las ou substituí-las; 
III - Solicitar afastamento e/ou dispensa, subsidiada na afirmação atestada do fato. 
§ 2º Diferentemente da declaração, o atestado psicológico resulta de uma avaliação psicológica. É 
responsabilidade da(o) psicóloga(o) atestar somente o que foi verificado no processo de avaliação e que 
esteja dentro do âmbito de sua competência profissional. 
§ 3º A emissão de atestado deve estar fundamentada no registro documental, conforme dispõe a 
Resolução CFP nº 01/2009 ou aquelas que venham a alterá-la ou substituí-la, não isentando a(o) 
psicóloga(o) de guardar osregistros em seus arquivos profissionais, pelo prazo estipulado nesta 
resolução. 
§ 4º Os Conselhos Regionais podem, no prazo de até cinco anos, solicitar à(ao) psicóloga(o) a 
apresentação da fundamentação técnico-científica do atestado. 
 
Estrutura 
§ 5º A formulação desse documento deve restringir-se à informação solicitada, contendo 
expressamente o fato constatado. 
I - As informações deverão estar registradas em texto corrido, separadas apenas pela pontuação, sem 
parágrafos, evitando, com isso, riscos de adulteração. 
II - No caso em que seja necessária a utilização de parágrafos, a(o) psicóloga(o) deverá preencher 
esses espaços com traços. 
§ 6º O atestado psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo: 
I - Título: "Atestado Psicológico"; 
II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo 
e, quando necessário, outras informações sócio-demográficas; 
III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação 
foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário 
do processo de trabalho prestado ou por outros interessados; 
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; 
V - Descrição das condições psicológicas do beneficiário do serviço psicológico advindas do raciocínio 
psicológico ou processo de avaliação psicológica realizado, respondendo a finalidade deste. Quando 
justificadamente necessário, fica facultado à(ao) psicóloga(o) o uso da Classificação Internacional de 
Doenças (CID) ou outras Classificações de diagnóstico, científica e socialmente reconhecidas, como fonte 
para enquadramento de diagnóstico; 
VI - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que 
conste nome completo ou nome social completo da(do) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição 
profissional, com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura 
da(o) psicóloga(o) na última página. 
§ 7º É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do atestado psicológico, que este não poderá ser 
utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso e que se 
trata de documento extrajudicial. 
 
Comentários e Fundamentação: 
O atestado é oriundo de um processo de avaliação psicológica, realizado para verificar determinada 
situação ou condição do estado psicológico (diagnóstico psicológico). Ressalta-se que o diagnóstico 
psicológico a que se refere o Art. 10 não corresponde a diagnóstico nosológico, mas sim a descriçao de 
estado psicológico relativo aos construtos avaliados. Desta forma, o atestado psicológico serve para 
informar sobre a saúde mental do avaliando a partir de evidências científicas encontradas no âmbito da 
ciência psicológica. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
71 
 
Nos processos de avaliação psicológica compulsória, o documento a ser emitido pela(o) psicóloga(o) 
deverá ser o atestado psicológico. Contudo, quando solicitado, a(o) psicóloga(o), além do atestado 
psicológico pode emitir também um laudo psicológico. 
Vale ressaltar que o documento atestado psicológico indica a necessidade de afastamento e/ou 
dispensa da pessoa baseado na avaliação de aspectos psicológicos. Contudo, cabe observar aspectos 
legais relativos a esse afastamento e/ou dispensa. Por exemplo, nos casos em que a(o) psicóloga(o) 
perceba a necessidade de afastamento laboral da pessoa atendida por um período superior a quinze dias, 
a orientação, de acordo com a legislação brasileira, é encaminhar a pessoa atendida ao INSS. 
A(o) psicóloga(o) deve manter em seus arquivos uma cópia dos atestados psicológicos emitidos, junto 
a todo o material resultante do processo avaliativo, protocolado com data, local e assinatura de quem 
recebeu o documento, para fins de comprovação e fiscalização. 
 
RELATÓRIO PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade 
 
Art. 11 O relatório psicológico consiste em um documento que, por meio de uma exposição escrita, 
descritiva e circunstanciada, considera os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou 
instituição atendida, podendo também ter caráter informativo. Visa a comunicar a atuação profissional 
da(o) psicóloga(o) em diferentes processos de trabalho já desenvolvidos ou em desenvolvimento, 
podendo gerar orientações, recomendações, encaminhamentos e intervenções pertinentes à situação 
descrita no documento, não tendo como finalidade produzir diagnóstico psicológico. 
I - O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico, devendo conter narrativa 
detalhada e didática, com precisão e harmonia. A linguagem utilizada deve ser acessível e compreensível 
ao destinatário, respeitando os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
II - Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em 
conformidade com a Resolução CFP nº 01/2009 ou resoluções que venham a alterá-la ou substituí-la. 
III - O relatório psicológico não corresponde à descrição literal das sessões, atendimento ou 
acolhimento realizado, salvo quando tal descrição se justifique tecnicamente. Este deve explicitar a 
demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da(o) profissional, bem como suas 
conclusões e/ou recomendações. 
 
Estrutura 
§ 1º O relatório psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma 
de itens ou texto corrido. 
I - O relatório psicológico é composto de 5 (cinco) itens: 
a) Identificação; 
b) Descrição da demanda; 
c) Procedimento; 
d) Análise; 
e) Conclusão. 
 
Identificação 
§ 2º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: 
I - Título: "Relatório Psicológico"; 
II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo 
e, quando necessário, outras informações sócio-demográficas; 
III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação 
foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário 
do processo de trabalho prestado ou por outros interessados; 
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; 
V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o) 
responsável pela construção do documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de 
Psicologia. 
 
Descrição da demanda 
§ 3º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve descrever as informações sobre o 
que motivou a busca pelo processo de trabalho prestado, indicando quem forneceu as informações e as 
demandas que levaram à solicitação do documento. 
I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá apresentar o raciocínio técnico-
científico que justificará procedimentos utilizados, conforme o parágrafo 4º deste artigo. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
72 
 
Procedimento 
§ 4º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do relatório deve apresentar o raciocínio técnico-científico 
que justifica o processo de trabalho utilizado na prestação do serviço psicológico e os recursos técnico-
científicos utilizados, especificando o referencial teórico metodológico que fundamentou suas análises, 
interpretações e conclusões. 
I - Cumpre, à(ao) psicóloga(o) autora(or) do relatório, citar as pessoas ouvidas no processo de trabalho 
desenvolvido, as informações objetivas, o número de encontros e o tempo de duração do processo 
realizado. 
II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à complexidade do que esta´ sendo 
demandado. 
 
Análise 
§ 5º Neste item devem constar, de forma descritiva, narrativa e analítica, as principais características 
e evolução do trabalho realizado, baseando-se em um pensamento sistêmico sobre os dados colhidos e 
as situações relacionadas à demanda que envolveo processo de atendimento ou acolhimento, sem que 
isso corresponda a uma descrição literal das sessões, atendimento ou acolhimento, salvo quando tal 
descrição se justificar tecnicamente. 
I - A análise deve apresentar fundamentação teórica e técnica. 
II - Somente deve ser relatado o que for necessário para responder a demanda, tal qual disposto no 
Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
III - É vedado à(ao) psicóloga(o) fazer constar no documento afirmações de qualquer ordem sem 
identificação da fonte de informação ou sem a devida sustentação em fatos e/ou teorias. 
IV - A linguagem deve ser objetiva e precisa, especialmente quando se referir a informações de 
natureza subjetiva. 
 
Conclusão 
§ 6º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do relatório deve descrever suas conclusões, a partir do 
que foi relatado na análise, considerando a natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo. 
I - Na conclusão pode constar encaminhamento, orientação e sugestão de continuidade do 
atendimento ou acolhimento. 
II - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste 
nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com 
todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) 
psicóloga(o) na última página. 
III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório, que este não poderá ser utilizado para 
fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de 
documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao relatório por parte da pessoa, grupo 
ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva. 
 
Comentários e Fundamentação: 
A presente Resolução inova na distinção entre Relatório e Laudo Psicológico, visando a abarcar os 
diversos contextos, serviços e demandas em que a comunicação escrita a ser elaborada por 
psicólogas(os) pode ocorrer. Desse modo, a Resolução acolhe uma pluralidade de procedimentos, 
observações, análises e referenciais de atuação que possam ser comunicadas com finalidade informativa 
ou de intervenção pontual, resguardando-se a autonomia profissional para definir métodos e técnicas a 
serem relatados e o sigilo inerente à relação estabelecida com pessoas, grupos ou instituições atendidas. 
O Relatório Psicológico deverá atender aos objetivos dos serviços prestados; portanto, poderá 
abranger finalidades diversas a depender do contexto de solicitação. Podem ser elaborados Relatórios 
Psicológicos decorrentes de visitas domiciliares, para fins de encaminhamento, sobre um único 
atendimento — como em situações de orientação ou de acolhimento nos serviços — para prestar 
informações de referência e de contrarreferência; para subsidiar atividades de outros profissionais, entre 
outras situações que já ocorrem no exercício profissional, desde que constitua instrumento de 
comunicação escrita resultante da prestação de serviço psicológico à pessoa, grupo ou instituição, 
conforme artigo 4.º. Assim, deverá referir-se à atuação da(o) psicóloga(o) e atender às Resoluções CFP 
n.º 01/2009 e n.º 05/2010, que dispõe sobre a obrigatoriedade do registro documental decorrente da 
prestação de serviços psicológicos bem como todas as diretrizes éticas da profissão. 
Importante distinguir o Relatório Psicológico de outros documentos informativos que sejam de caráter 
administrativo ou protocolares, tais como Relatórios de Atividades ou relatos em ofícios, que são 
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73 
 
documentos frequentemente assinados por psicólogas(os), especialmente em serviços públicos, mas que 
não são elaborados com fim de relatar o atendimento psicológico realizado. 
A estrutura descrita para o Relatório refere-se aos conteúdos que devem constar no documento. O 
Relatório Psicológico refere-se a contextos e solicitações diversas, entre os quais poderíamos mencionar 
encaminhamentos, relatos de estudo de caso, relatórios de visita domiciliar, relatórios para solicitação de 
ampliação de número de sessões para planos de saúde. No item finalidade a(o) psicóloga(o) deverá 
apontar o contexto e/ou solicitação que originou o documento. 
O Relatório será elaborado a partir da demanda e/ou da solicitação, com base no registro documental, 
ressaltando-se, porém, que não se trata de transcrição ou de sistematização em texto desses registros. 
Os registros abrangem todas as informações referentes aos serviços psicológicos ou, em equipes 
multiprofissionais, também a outros atendimentos, providências e decisões tomadas. A construção do 
Relatório deve tomar esses registros como base, mas não se limita ao seu conteúdo. Portanto, se os 
registros são a base do Relatório, então o trabalho desenvolvido, a demanda atendida e a finalidade da 
solicitação do documento fazem parte de sua estrutura, e devem direcionar a argumentação analítica e/ou 
a comunicação informativa, a depender dos objetivos da solicitação e dos direitos das(os) usuárias(os), 
salvo contextos previstos no Código de Ética Profissional do Psicólogo e nas legislações vigentes. 
Conforme o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a solicitação de documentos decorrentes de 
serviços psicológicos é condicionada ao acordo de trabalho ou aos objetivos do serviço prestado, o que 
depende da relação e contratualidade entre psicóloga(o) e pessoa(s) atendida(s) e de deveres legais. Um 
apontamento importante é esse artigo parecer conflitar com as disposições da Resolução CFP n.º 
08/2010, quando diz que é vedado: “I - Produzir documentos advindos do processo psicoterápico com a 
finalidade de fornecer informações à instância judicial acerca das pessoas atendidas, sem o 
consentimento formal destas últimas à exceção de Declarações, conforme a Resolução CFP n.º 07/2003.” 
Contudo, a Resolução define que se apresente a finalidade do documento e a descrição da demanda 
de modo a propiciar a diferenciação necessária a partir de cada contexto de solicitação. Isto é, a(o) 
psicóloga(o) tem autonomia para decidir quais procedimentos, observações e análises serão 
comunicados, a depender dos contextos de solicitação, o que estará condicionado a resguardar as 
diretrizes, normativas e princípios éticos da profissão, os quais são orientados pelo respeito e defesa dos 
direitos e dignidade da pessoa humana e das coletividades, destacando-se, especialmente, as alíneas de 
“e” a “h”, do artigo 1.º, bem como as alíneas “a”, “b”, “c”, “f”, “g”, “j” e “k” do artigo 2.º do Código de Ética 
Profissional. 
Os procedimentos a serem descritos no Relatório dizem respeito a descrição de toda e qualquer 
atividade, técnica, argumentação técnico-científica e considerações éticas utilizadas na prestação de 
serviço psicológico e devem basear-se em evidências científicas. 
O Relatório abrange descrições e narrativas que sejam referidas aos procedimentos adotados, à 
demanda da solicitação e à evolução do trabalho, quando houver. Pode referir-se a ações e a relatos 
pontuais, como nos casos de encaminhamentos e de relatórios de visitas, ou pode referir-se a uma 
exposição analítica maior, quando necessário. Ainda que contemple análises ou considerações críticas, 
não cabe juízos de valor e opiniões pessoais que não possuam respaldo na ciência psicológica. As 
descrições literais apenas serão justificáveis quando forem necessárias à argumentação desenvolvida no 
texto e para evidenciar o contexto de que se trata, e não como resposta a solicitações que extrapolem a 
condição dos serviços psicológicos e que prejudiquem o sigilo e outras prerrogativas éticas da profissão. 
Recomenda-se que, na conclusão, seja retomada a finalidade da emissão do documento, registrado a 
entrevista devolutiva para a entrega do documento, indicadas as possibilidades de encaminhamento ou 
de continuidade dos serviços psicológicos, além de outras orientações. Essas recomendações são 
fundamentais em contextosnos quais os Relatórios Psicológicos possam subsidiar decisões pessoais e 
institucionais que tragam impactos para a vida da(s) pessoa(s) atendidas, o que ocorre regularmente nos 
serviços públicos e em contextos que envolvem processos judiciais. 
Nesse sentido, além dos prazos definidos pelas normativas e manuais referentes a métodos e técnicas 
de avaliação psicológica, que podem ser considerados aqui por analogia, devem ser explicitados na 
conclusão argumentos técnicos e éticos que delimitem não apenas a finalidade do documento, mas 
também a validade temporal das informações prestadas no documento, ressaltando-se a natureza 
dinâmica e não cristalizada do objeto de estudo bem como das intervenções, ações ou análises 
realizadas. 
 
RELATÓRIO MULTIPROFISSIONAL - Conceito e finalidade 
Art. 12 O relatório multiprofissional é resultante da atuação da(o) psicóloga(o) em contexto 
multiprofissional, podendo ser produzido em conjunto com profissionais de outras áreas, preservando-se 
a autonomia e a ética profissional dos envolvidos. 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
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I - A(o) psicóloga(o) deve observar as mesmas características do relatório psicológico nos termos do 
Artigo 11. 
II - As informações para o cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional devem ser 
registradas no relatório, em conformidade com o que institui o Código de Ética Profissional do Psicólogo 
em relação ao sigilo. 
 
Estrutura 
§ 1º O relatório multiprofissional deve apresentar, no que tange à atuação da(o) psicóloga(o), as 
informações da estrutura detalhada abaixo, em forma de itens ou texto corrido. 
I - O Relatório Multiprofissional é composto de 5 (cinco) itens: 
a) Identificação; 
b) Descrição da demanda; 
c) Procedimento; 
d) Análise; 
e) Conclusão. 
 
Identificação 
§ 2º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: 
I - Título: "Relatório Multiprofissional"; 
II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo 
e, quando necessário, outras informações sócio-demográficas; 
III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação 
foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário 
do processo de trabalho prestado ou por outros interessados; 
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; 
V - Nome das autoras(res): identificação do nome completo ou nome social completo das(os) 
profissionais responsáveis pela construção do documento, com indicação de sua categoria profissional e 
o respectivo registro em órgão de classe, quando houver. 
 
Descrição da demanda 
§ 3º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve descrever as informações sobre o 
que motivou a busca pelo processo de trabalho multiprofissional, indicando quem forneceu as 
informações e as demandas que levaram à solicitação do documento. 
I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá apresentar o raciocínio técnico-
científico que justificará procedimentos utilizados pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe multiprofissional, 
conforme o parágrafo 4º deste artigo. 
 
Procedimento 
§ 4º Devem ser apresentados o raciocínio técnico-científico, que justifica o processo de trabalho 
realizado pela(o) psicóloga(o) e/ou pela equipe multiprofissional, e todos os procedimentos realizados 
pela(o) psicóloga(o), especificando o referencial teórico que fundamentou suas análises e interpretações. 
§ 5º A descrição dos procedimentos e/ou técnicas privativas da Psicologia deve vir separada das 
descritas pelos demais profissionais. 
 
Análise 
§ 6º Neste item orienta-se que cada profissional faça sua análise separadamente, identificando, com 
subtítulo, o nome e a categoria profissional. 
§ 7º A(o) psicóloga(o) deve seguir as orientações que constam no § 5º do Art. 11 desta resolução (item 
Análise do Relatório Psicológico). 
I - O relatório multiprofissional não isenta a(o) psicóloga(o) de realizar o registro documental, conforme 
Resolução CFP nº 01/2009 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la. 
 
Conclusão 
§ 8º A conclusão do relatório multiprofissional pode ser realizada em conjunto, principalmente nos 
casos em que se trate de um processo de trabalho interdisciplinar. 
§ 9º A(o) psicóloga(o) deve elaborar a conclusão a partir do relatado na análise, considerando a 
natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo, podendo constar encaminhamento, 
orientação e sugestão de continuidade do atendimento ou acolhimento. 
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I - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste 
nome completo ou nome social completo dos profissionais, e os números de inscrição na sua categoria 
profissional, com todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura 
da(o) psicóloga(o) na última página. 
II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do relatório multiprofissional, que este não poderá 
ser utilizado para fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se 
trata de documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao relatório multiprofissional 
por parte da pessoa, grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva. 
 
Comentários e Fundamentação: 
Esta modalidade de documento contempla a atuação em equipes multiprofissionais e permite a 
elaboração conjunta, a responsabilidade compartilhada e referenciais interdisciplinares, resguardando-se 
a autonomia das demais categorias profissionais e do contexto de cada serviço/equipe multiprofissional. 
Na atuação profissional, especialmente nas áreas da saúde, da assistência social e do judiciário, tem 
se consolidado a nomenclatura “Relatório Psicossocial”; porém, com a variedade de contextos e de 
composição das equipes, a elaboração de relatórios com esta denominação abarca organização textual 
e referenciais de intervenção e de argumentação técnica muito variados. A Resolução acolhe essa 
diversidade e não define qualquer impedimento para que seja utilizada essa denominação. Da mesma 
forma, como define-se na modalidade de Relatório Psicológico, o documento deve conter como título 
“Relatório Multiprofissional”. Contudo, pode receber subtítulos diversos e variar em sua organização 
textual, a depender do serviço, da demanda e da solicitação, resguardando a necessidade de constar as 
informações especificadas na presente Resolução. Desta forma, o Relatório Multiprofissional pode referir-
se a Relatório Informativo, Relatório de Encaminhamento, entre outras, inclusive, podendo ser fruto de 
uma única intervenção/atendimento – nos casos, por exemplo, de visitas domiciliares, atendimentos para 
orientação ou de acolhimento, estudos de caso, mediação de conflitos, participação em grupos, 
procedimentos de saúde realizados em equipe, entre outros. Importante ressaltar o dever de assumir 
responsabilidades profissionais somente por atividades para as quais esteja capacitado pessoal, teórica 
e tecnicamente (Código de Ética Profissional, artigo 1.º, b), considerando-se que as demandas em 
equipes multiprofissionais possam gerar solicitações que extrapolem as atribuições da psicologia ou que 
excedam a possibilidade de observação e análise a partir dos procedimentos realizados, ou ainda, que 
não sejam pertinentes aos referenciais técnicos da(o) profissional. 
Reforça-se também a observância das alíneas de “e” a “h”, no artigo 1.º do Código de Ética 
Profissional, que concernem aos direitos de usuárias(os) dos serviços psicológicos, que devem ser 
inegociáveis nos diversos contextos de solicitação desses Relatórios e de outros documentos 
psicológicos, ainda que sejam solicitações feitas não pela(o) usuária(o), mas por outros profissionais, 
serviços e agentes públicos, inclusive quando advindas dedemandas e determinações do judiciário. O 
Relatório Multiprofissional é proveniente da atuação multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar. 
Cabe observar, quanto à atuação em equipe multiprofissional, que diversos procedimentos e 
referenciais são empregados e construídos de modo inter ou transdisciplinar e, portanto, sua escrita pode 
ser em conjunto com outros profissionais. Contudo, quando a atividade desenvolvida no atendimento a 
pessoa/grupo/instituição consistir em métodos e técnicas privativos da Psicologia, estes devem ser 
relatados em itens diferente dos demais profissionais, destacando que foram utilizados apenas pela(o) 
psicóloga(o) da equipe. Em todos os casos, a estrutura do Relatório Multiprofissional deve contemplar o 
estabelecido Resolução, e conforme haja acordo com as regulamentações das outras profissões 
envolvidas. A orientação para que a análise seja destacada na organização textual também se direciona 
a evidenciar argumentações, referenciais, observações, métodos e técnicas específicos e privativos da 
Psicologia. Caso as informações relatadas não se baseiem em métodos e técnicas privativas da 
Psicologia, a redação deste item pode ser em conjunto com outros profissionais, nos casos em que se 
trate de processos de trabalho interdisciplinares. Recomenda-se, porém, que essa compreensão seja 
explicitada no texto, conforme regulamentação das demais categorias profissionais envolvidas. Assim 
como na Análise, a Conclusão pode ser redigida em conjunto com outros profissionais nos casos em que 
se trate de processos de trabalho interdisciplinares. É importante o profissional encerrar o documento 
com data, local e assinatura a fim de atestar a veracidade das informações apresentadas no documento. 
Da mesma forma, a rubrica em todas as páginas assim como a numeração das mesmas é uma segurança 
ao profissional do conjunto do documento elaborado. 
 
LAUDO PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade 
Art. 13 O laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de 
subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta informações técnicas 
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e científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, 
grupo ou instituição atendida. 
I - O laudo psicológico é uma peça de natureza e valor técnico-científico. Deve conter narrativa 
detalhada e didática, com precisão e harmonia, tornando-se acessível e compreensível ao destinatário, 
em conformidade com os preceitos do Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
II - Deve ser construído com base no registro documental elaborado pela(o) psicóloga(o), em 
conformidade com a Resolução CFP nº 01/2009, ou outras que venham a alterá-la ou substituí-la, e na 
interpretação e análise dos dados obtidos por meio de métodos, técnicas e procedimentos reconhecidos 
cientificamente para uso na prática profissional, conforme Resolução CFP nº 09/2018 ou outras que 
venham a alterá-la ou substituí-la. 
III - Deve considerar a demanda, os procedimentos e o raciocínio técnico-científico da profissional, 
fundamentado teórica e tecnicamente, bem como suas conclusões e recomendações, considerando a 
natureza dinâmica e não cristalizada do seu objeto de estudo. 
IV - O laudo psicológico deve apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo de 
avaliação psicológica, limitando-se a fornecer as informações necessárias e relacionadas a demanda e 
relatar: o encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico, a hipótese diagnóstica, a 
evolução do caso, orientação e/ou sugestão de projeto terapêutico. 
V - Nos casos em que a(o) psicóloga(o) atue em equipes multiprofissionais, e havendo solicitação de 
um documento decorrente da avaliação, o laudo psicológico ou informações decorrentes da avaliação 
psicológica poderão compor um documento único. 
VI - Na hipótese do inciso anterior, é indispensável que a(o) psicóloga(o) registre informações 
necessárias ao cumprimento dos objetivos da atuação multiprofissional, resguardando o caráter do 
documento como registro e a forma de avaliação em equipe. 
VII - Deve-se considerar o sigilo profissional na elaboração do laudo psicológico em conjunto com 
equipe multiprofissional, conforme estabelece o Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
 
Estrutura 
§ 1º O laudo psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma de 
itens. 
I - O Laudo Psicológico é composto de 6 (seis) itens: 
a) Identificação; 
b) Descrição da demanda; 
c) Procedimento; 
d) Análise; 
e) Conclusão; 
f) Referências. 
 
Identificação 
§ 2º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: 
I - Título: "Laudo Psicológico"; 
II - Nome da pessoa ou instituição atendida: identificação do nome completo ou nome social completo 
e, quando necessário, outras informações sócio-demográficas; 
III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação 
foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário 
do processo de trabalho prestado ou por outros interessados; 
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; 
V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social completo da(do) 
psicóloga(o) responsável pela construção do documento, com a respectiva inscrição no Conselho 
Regional de Psicologia. 
 
Descrição da demanda 
§ 3º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento, deve descrever as informações sobre o 
que motivou a busca pelo processo de trabalho prestado, indicando quem forneceu as informações e as 
demandas que levaram à solicitação do documento. 
I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e deverá apresentar o raciocínio técnico-
científico que justificará procedimentos utilizados, conforme o parágrafo 4º deste artigo. 
 
 
 
1626177 E-book gerado especialmente para SILAS HORTA DA SILVA
 
77 
 
Procedimento 
§ 4º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve apresentar o raciocínio técnico-científico 
que justifica o processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e os recursos técnico-científicos 
utilizados no processo de avaliação psicológica, especificando o referencial teórico metodológico que 
fundamentou suas análises, interpretações e conclusões. 
I - Cumpre, à(ao) autora(or) do laudo, citar as pessoas ouvidas no processo de trabalho desenvolvido, 
as informações objetivas, o número de encontros e o tempo de duração do processo realizado. 
II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à complexidade do que esta´ sendo demandado 
e a(o) psicóloga(o) deve atender à Resolução CFP nº 09/2018, ou outras que venham a alterá-la ou 
substituí-la. 
 
Análise 
§ 5º Nessa parte do documento, a(o) psicóloga(o) deve fazer uma exposição descritiva, metódica, 
objetiva e coerente com os dados colhidos e situações relacionadas a` demanda em sua complexidade 
considerando a natureza dinâmica, não definitiva e não cristalizada do seu objeto de estudo. 
I - A análise não deve apresentar descrições literais das sessões ou atendimentos realizados, salvo 
quando tais descrições se justifiquem tecnicamente. 
II - Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico 
utilizado, bem como os princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das informações. Somente deve 
ser relatado o que for necessário para responder a demanda, tal qual disposto no Código de Ética 
Profissional do Psicólogo. 
III - A(o) psicóloga(o) não deve fazer afirmações sem sustentação em fatos ou teorias, devendo ter 
linguagem objetiva e precisa, especialmente quando se referir a dados de natureza subjetiva. 
 
Conclusão 
§ 6º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve descrever suas conclusões a partir do que 
foi relatado na análise, considerando a natureza dinâmica enão cristalizada do seu objeto de estudo. 
I - Na conclusão indicam-se os encaminhamentos e intervenções, diagnóstico, prognóstico e hipótese 
diagnóstica, evolução do caso, orientação ou sugestão de projeto terapêutico. 
II - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste 
nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com 
todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) 
psicóloga(o) na última página. 
III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do laudo, que este não poderá ser utilizado para 
fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de 
documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao laudo por parte da pessoa, grupo 
ou instituição, após a sua entrega em entrevista devolutiva. 
 
Referências 
§ 7º Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das fontes científicas ou referências 
bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente. 
 
Comentários e Fundamentação: 
Destaca-se o caráter específico do laudo psicológico, diferenciando-o do relatório psicológico. O laudo 
é fruto de um processo de avaliação psicológica diante de uma demanda específica e deve apresentar 
os itens descritos no § 1.º, com destaque para o procedimento conduzido, a análise realizada e a 
conclusão gerada a partir desse processo de avaliação. Em contrapartida, o relatório não envolve um 
processo de avaliação psicológica. 
O registro documental, em conformidade com a Resolução CFP n.º 01/2009 e a Resolução CFP n.º 
005/2010, inclui os “documentos produzidos pela(o) psicóloga(o) para o usuária(o)/instituição do serviço 
de psicologia prestado” e os “documentos resultantes da aplicação de instrumentos de avaliação 
psicológica”, a serem arquivados conforme determinado pelas resoluções citadas. 
O título "Laudo Psicológico" deve ser usado independentemente da orientação ou especificidade 
teórico-metodológica do processo. Se quiser, o(a) psicólogo(a) poderá colocar um subtítulo especificando 
o processo, por exemplo, "Laudo Psicológico – Avaliação neuropsicológica”. 
O laudo psicológico deve apresentar todos os itens da estrutura identificados separadamente. Em 
Procedimento, é necessário explicitar os recursos usados, as fontes fundamentais e complementares 
usadas, segundo a Resolução CFP n.º 09/2018, com citação de sua base técnica-científica e uso de 
referências. 
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Conforme os incisos V, VI e VII, o laudo psicológico poderá compor um documento único com a equipe 
multiprofissional, caso as conclusões necessárias para responder à demanda inicial sejam derivadas da 
integração das avaliações individuais dos profissionais da equipe, ou seja, ultrapassando suas avaliações 
disciplinares e demandando a análise conjunta. Nesse caso, deve-se resguardar as práticas privativas 
da(o) psicóloga(o), assim como sigilo profissional, conforme o inciso VII, de forma que apenas estejam 
descritos os resultados necessários para que a análise integrada seja realizada. Todos os itens de 
Estrutura devem estar presentes. 
Ainda que alguns itens possam ser apresentados de forma conjunta no documento multiprofissional 
(tais como Identificação, Descrição da demanda, Conclusão e Referências), deve-se garantir a 
apresentação dos itens Procedimento e Análise com uma redação independente por parte da(o) 
psicóloga(o), pois eles fazem referência a métodos, técnicas e procedimentos específicos da(o) 
profissional psicóloga(o). 
A conclusão deve estar em harmonia com os demais itens do Laudo psicológico. Nem todos os itens 
descritos no inciso I precisam estar descritos na Conclusão, porém, é necessário que seja apresentada 
uma conclusão a partir dos resultados e análise realizados e que alguma orientação de 
encaminhamento/intervenções ou diagnóstico/hipótese diagnóstica ou orientação/sugestão de projeto 
terapêutico seja oferecida. 
A hipótese diagnóstica ou o diagnóstico devem ter base técnica-científica. A critério da(o) psicóloga(o), 
poderão ser usados documentos classificatórios mundialmente reconhecidos na área da saúde mental, 
tais como a Classificação Internacional das Doenças (CID) ou o Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais (DSM) em suas edições mais atuais, bem como outras teorias reconhecidas na 
psicologia, desde que devidamente referenciadas. Deve-se consultar a legislação vigente a fim de garantir 
a escrita apropriada a demanda. 
A citação de referências é obrigatória no Laudo Psicológico. Orienta-se que sejam colocadas em notas 
de rodapé a fim de que o documento seja finalizado com a data e assinatura do profissional. Não deve 
ser colocada em folha a parte, pois esta poderia ser destacada do conjunto do documento, o que o tornaria 
incompleto. Destaca-se que as referências, além de descritas em nota de rodapé, devem ser citadas ao 
longo do texto como usual em materiais técnico-científicos. Por exemplo, ao nomear um instrumento de 
avaliação usado, apresentar no texto a citação do manual com sobrenomes e data e, no local apropriado 
(nota de rodapé), apresentar a citação completa. 
 
PARECER PSICOLÓGICO - Conceito e finalidade 
Art. 14 O parecer psicológico é um pronunciamento por escrito, que tem como finalidade apresentar 
uma análise técnica, respondendo a uma questão-problema do campo psicológico ou a documentos 
psicológicos questionados. 
I - O parecer psicológico visa a dirimir dúvidas de uma questão-problema ou documento psicológico 
que estão interferindo na decisão do solicitante, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta. 
II - A elaboração de parecer psicológico exige, da(o) psicóloga(o), conhecimento específico e 
competência no assunto. 
III - O resultado do parecer psicológico pode ser indicativo ou conclusivo. 
IV - O parecer psicológico não é um documento resultante do processo de avaliação psicológica ou de 
intervenção psicológica. 
 
Estrutura 
§ 1º O parecer psicológico deve apresentar as informações da estrutura detalhada abaixo, em forma 
de itens. 
I - O Parecer é composto de 5 (cinco) itens: 
a) Identificação; 
b) Descrição da demanda; 
c) Análise; 
d) Conclusão; 
e) Referências. 
 
Identificação 
§ 2º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no documento: 
I - Título: "Parecer Psicológico"; 
II - Nome da pessoa ou instituição objeto do questionamento (ou do parecer): identificação do nome 
completo ou nome social completo e, quando necessário, outras informações sócio-demográficas da 
pessoa ou instituição cuja dúvida ou questionamento se refere; 
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III - Nome do solicitante: identificação de quem solicitou o documento, especificando se a solicitação 
foi realizada pelo Poder Judiciário, por empresas, instituições públicas ou privadas, pelo próprio usuário 
do processo de trabalho prestado ou outros interessados; 
IV - Finalidade: descrição da razão ou motivo do pedido; 
V - Nome da(o) autora(or): identificação do nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o) 
responsável pela construção do documento, com a respectiva inscrição no Conselho Regional de 
Psicologia e titulação que comprove o conhecimento específico e competência no assunto. 
 
Descrição da Demanda 
§ 3º Destina-se à transcrição do objetivo da consulta ou demanda. Deve-se apresentar as informações 
referentes à demanda e finalidades do parecer. 
I - A descrição da demanda deve justificar a análise realizada. 
 
Análise 
§ 4º A discussão da questão específica do Parecer Psicológico se constitui na análise minuciosa da 
questão explanada e argumentada com base nos fundamentos éticos, técnicos e/ou conceituais da 
Psicologia, bem como nas normativas vigentes que regulam e orientam o exercício profissional. 
 
Conclusão 
§ 5º Neste item, a(o) psicóloga(o) apresenta seu posicionamentosobre a questão-problema ou 
documentos psicológicos questionados. 
I - O documento deve ser encerrado com indicação do local, data de emissão, carimbo, em que conste 
nome completo ou nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua inscrição profissional, com 
todas as laudas numeradas, rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura da(o) 
psicóloga(o) na última página. 
II - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do parecer, que este não poderá ser utilizado para 
fins diferentes do apontado no item de identificação, que possui caráter sigiloso, que se trata de 
documento extrajudicial e que não se responsabiliza pelo uso dado ao parecer por parte da pessoa, grupo 
ou instituição, após a sua entrega ao beneficiário, responsável legal e/ou solicitante do serviço prestado. 
 
Referências 
§ 6º Na elaboração de pareceres psicológicos, é obrigatória a informação das fontes científicas ou 
referências bibliográficas utilizadas, em nota de rodapé, preferencialmente. 
 
Comentários e Fundamentação: 
De acordo com a definição, o Parecer Psicológico é um documento em que a(o) parecerista emite o 
seu ponto de vista fundamentado cientificamente sobre uma questão solicitada que está relacionada ao 
âmbito da Psicologia e, portanto, não é decorrente de avaliação ou intervenção psicológica realizada pela 
parecerista. O parecer pode ser unicamente teórico, fruto do conhecimento científico da profissional 
acerca de um tema (questão específica ou ampla). Exemplo de situações onde se aplica a emissão de 
um parecer são: quando alguém solicita um parecer sobre se “o teste de Rorschach é confiável e válido 
para o seu uso no contexto jurídico”. Neste caso, o parecerista, especialista na área, irá emitir um parecer 
demonstrando cientificamente como o teste Rorschach é adequado para avaliação neste caso e contexto 
específico. 
Quando há a solicitação de apreciação de um documento produzido por outra(o) psicóloga(o). Por 
exemplo, em situações de perícias psicológicas em que é solicitado à(ao) psicóloga(o) assistente 
técnica(o) de uma das partes um parecer acerca do Laudo Psicológico elaborado pela perita nomeada 
pelo juiz. Neste caso, a análise do documento é feita, avaliando se o documento atende os preceitos 
científicos, técnicos e éticos da Psicologia. 
Assim, a(o) assistente poderia, com base em estudos científicos, questionar resultados de testes(ou 
de outras técnicas) aplicados pela(o) perita(o), fazer objeções aos seus diagnósticos e conclusões, como 
também apoiá-los, sempre fundamentando-se na ciência, na técnica e normativas da Psicologia. 
A construção do parecer precisa ser bem fundamentada, de forma que as contestações ou ratificações 
apontadas no documento analisado fiquem explícitas. Por isso, esse tipo de documento demanda uma 
expertise. 
Como nos demais documentos produzidos pela(o) psicóloga(o), as referências devem ser colocadas 
preferencialmente em nota de rodapé pois, por se tratar de um documento, é aconselhável que este 
termine com a data e assinatura de quem o emite. 
 
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80 
 
SEÇÃO IV 
GUARDA DOS DOCUMENTOS E CONDIÇÕES DE GUARDA 
 
Art. 15 Os documentos escritos decorrentes da prestação de serviços psicológicos, bem como todo o 
material que os fundamentaram, sejam eles em forma física ou digital, deverão ser guardados pelo prazo 
mínimo de 5 (cinco) anos, conforme Resolução CFP nº 01/2009 ou outras que venham a alterá-la ou 
substituí-la. 
§ 1º A responsabilidade pela guarda do material cabe à(ao) psicóloga(o), em conjunto com a instituição 
em que ocorreu a prestação dos serviços profissionais. 
§ 2º Esse prazo poderá ser ampliado nos casos previstos em lei, por determinação judicial, ou em 
casos específicos em que as circunstâncias determinem que seja necessária a manutenção da guarda 
por maior tempo. 
§ 3º No caso de interrupção do trabalho da(do) psicóloga(o), por quaisquer motivos, o destino dos 
documentos deverá seguir o recomendado no Art. 15 do Código de Ética Profissional do Psicólogo. 
 
Comentários e Fundamentação: 
A necessidade de guarda do material se faz pelo zelo e segurança da(o) psicóloga(o). Assim, em caso 
de fiscalização ou questionamentos, a(o) profissional terá condição de apresentar o material que levou à 
sua conclusão técnico científica. 
O material, de fato, pertence à instituição em que foi realizado o serviço, porém, cabe à(ao) 
psicóloga(o) adequar o local para garantir o sigilo necessário, de acordo com as resoluções vigentes, a 
saber o Código de Ética Profissional e a Resolução CFP n.º 01/2009. 
Em caso de desligamento da(o) psicóloga(o), o material permanece na instituição. O repasse deve 
seguir ao indicado no Código de Ética Profissional, e inclui a entrega do material com termo de repasse 
à nova profissional que venha a assumir o serviço ou lacre junto à fiscal do CRP da jurisdição. 
Destaca-se que cabe à(ao) psicóloga(o) que realizou o serviço ou intervenção concluir o trabalho com 
a emissão do documento que atenda à demanda realizada. Assim, não restarão pendências em sua 
atuação, mesmo por ocasião do desligamento. 
 
SEÇÃO V 
DESTINO E ENVIO DE DOCUMENTOS 
 
Art. 16 Os documentos produzidos pela(o) psicóloga(o) devem ser entregues diretamente ao 
beneficiário da prestação do serviço psicológico, ao seu responsável legal e/ou ao solicitante, em 
entrevista devolutiva. 
§ 1º É obrigatório que a(o) psicóloga(o) mantenha protocolo de entrega de documentos, com assinatura 
do solicitante, comprovando que este efetivamente o recebeu e que se responsabiliza pelo uso e sigilo 
das informações contidas no documento. 
 
§ 2º Os documentos produzidos poderão ser arquivados em versão impressa, para apresentação no 
caso de fiscalização do Conselho Regional de Psicologia ou instâncias judiciais, em conformidade com 
os parâmetros estabelecidos na Resolução CFP nº 01/2009 ou outras que venham a alterá-la ou substituí-
la. 
 
Comentários e Fundamentação: 
O beneficiário do serviço prestado sempre tem direito ao documento final, mesmo que este tenha sido 
solicitado por órgãos ou instituições. Neste caso, cabe a entrevista devolutiva, que deve funcionar como 
uma elucidação verbal daquilo que está escrito no documento. Sugere-se que, quando se tratar de 
resultados pra CNH ou Polícia Federal, entre outros, para o órgão seja liberado apenas aquilo que o 
beneficiário necessita para o trâmite de suas ações, ficando a(o) psicóloga(o) com a cópia do documento 
completo que foi repassado ao cliente, assinado por este, comprovando a entrega. 
Respeitando a Resolução CFP n.º 11/2018, que trata de atendimentos realizados por TICs, em caso 
de entrega de documentos neste parâmetro, é obrigatória a assinatura (certificação) digital da profissional 
e o protocolo de entrega pode ser a resposta ao endereço de correio eletrônico de envio, em que o cliente 
confirma o recebimento. 
Sugere-se a emissão de uma cópia do documento produzido em que o usuário assina que recebeu 
uma cópia idêntica e data; tal material deve ser acrescentado ao registro documental do usuário e 
arquivado em conjunto. 
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81 
 
Caso isso não seja possível por algum motivo como, por exemplo, pela evasão da(o) paciente, sugere-
se o registro do contato e tentativa de devolutiva no prontuário do mesmo. 
Ressalta-se que os documentos que podem ser entregues às(aos) pacientes são os aqui apresentados 
nesta Resolução e não protocolos de testes psicológicos. 
Sugere-se a guarda física deste material; porém, em caso de registros ou prontuários eletrônicos, todo 
material adicional à intervenção que tenha sido utilizado precisa estar salvaguardado, por exemplo, em 
caso de uso de testes psicológicos, a folha de protocolo deve ser escaneada e anexada ao registro digital 
 
SEÇÃO VI 
PRAZO DE VALIDADE DO CONTEÚDO DOS DOCUMENTOS 
 
Art. 17 O prazo de validade do conteúdo do documento escrito,decorrente da prestação de serviços 
psicológicos, deverá ser indicado no último parágrafo do documento. 
§ 1º A validade indicada deverá considerar a normatização vigente na área em que atua a(o) 
psicóloga(o), bem como a natureza dinâmica do trabalho realizado e a necessidade de atualização 
contínua das informações. 
§ 2º Não havendo definição normativa, o prazo de validade deve ser indicado pela(o) psicóloga(o), 
levando em consideração os objetivos da prestação do serviço, os procedimentos utilizados, os aspectos 
subjetivos e dinâmicos analisados e as conclusões obtidas. 
 
Comentários e Fundamentação: 
Este item deve ser considerado para os seguintes documentos: Atestado Psicológico, Laudo 
Psicológico e Relatório Psicológico. A permanência deste item na Resolução foi considerada com o 
objetivo de assegurar a informação do caráter dinâmico e não determinista do funcionamento dos 
fenômenos psicológicos envolvidos em processos avaliativos e de intervenção dos quais decorrem os 
documentos emitidos pela(o) profissional da Psicologia. 
Desta forma, é essencial que a(o) psicóloga(o)se aproprie com fundamentos teóricos, técnicos e éticos 
para se valer da natureza da finalidade de seu processo de trabalho no que diz respeito a decisão sobre 
a validade a ser indicada. Em cada situação a(o) psicóloga(o) deve ter autonomia para decidir se este 
item será exposto por meio de informação cronológica, que pode estar relacionada as normativas que 
dizem respeito aos procedimentos utilizados, ou a outras normativas inerentes ao próprio processo de 
avaliação psicológica (por exemplo, em um concurso público a avaliação realizada terá validade somente 
para aquele fim). De outra forma a validade pode estar relacionada aos aspectos qualitativos de uma 
determinada fase do desenvolvimento do sujeito envolvido no processo de trabalho da(o) psicóloga(o) 
como, por exemplo, em um processo de psicoterapia de um adolescente, fase esta onde muitas 
mudanças são esperadas e que o funcionamento dos fenômenos psicológicos podem alterar-se e, 
portanto, há necessidade de um acompanhamento frequente e sistemático. 
Neste item a(o) psicóloga(o)também pode considerar uma validade a partir de um prognóstico 
favorável levando em consideração a efetivação do encaminhamento sugerido. Da mesma forma com um 
prognóstico desfavorável caso não haja intervenção sugerida, podendo assim recomendar nova avaliação 
em um tempo cronológico determinado pelo resultado do raciocínio psicológico do profissional que 
resultou no prognóstico. 
Assim, é importante que a(o) psicóloga(o) compreenda que não há um modelo de prazo de validade 
para todos os casos. O que vai prevalecer para esta determinação é o entendimento da natureza do que 
está sendo avaliado e da finalidade do documento que está sendo produzido. É importante que seu 
documento expresse a dinamicidade dos fenômenos psicológicos assim como os condicionantes 
históricos e sociais que atuam sobre eles. 
 
SEÇÃO VII 
ENTREVISTA DEVOLUTIVA 
 
Art. 18 Para entrega do relatório e laudo psicológico, é dever da(o) psicóloga(o) realizar ao menos uma 
entrevista devolutiva à pessoa, grupo, instituição atendida ou responsáveis legais. 
§ 1º Na impossibilidade desta se realizar, a(o) psicóloga(o) deve explicitar suas razões. 
§ 2º Nos demais documentos produzidos com base nesta resolução, é recomendado à(ao) 
psicóloga(o), sempre que solicitado, realizar a entrevista devolutiva. 
 
Art. 19 Esta resolução entrará em vigor em 90 dias a partir da data de sua publicação. 
 
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Art. 20 Revogam-se a Resolução CFP nº 15/1996, a Resolução CFP nº 07/2003 e a Resolução CFP 
nº 04/2019, sem prejuízo das demais disposições em contrário. 
 
Rogério Giannini 
Conselheiro Presidente 
 
Questões 
 
01. Segundo a Res 06 de 2019, analise o item a seguir: 
O laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de subsidiar 
decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta informações técnicas e 
científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, 
grupo ou instituição atendida. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
02. De acordo com a Res 06 de 2019, analise o item a seguir: 
É faculdado que a(o) psicóloga(o) mantenha protocolo de entrega de documentos, com assinatura do 
solicitante, comprovando que este efetivamente o recebeu e que se responsabiliza pelo uso e sigilo das 
informações contidas no documento. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
03. Segundo a Res 06 de 2019, analise o item a seguir: 
Os documentos psicológicos devem ser elaborados conforme os princípios de qualidade técnica e 
científica presentes neste regulamento. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Gabarito 
 
01.Certo / 02.Errado / 03.Certo 
. 
Comentários 
 
01.Resposta: Certo 
Art. 13 O laudo psicológico é o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de 
subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda. Apresenta informações técnicas 
e científicas dos fenômenos psicológicos, considerando os condicionantes históricos e sociais da pessoa, 
grupo ou instituição atendida. 
 
02.Resposta: Errado 
Art. 16 
§ 1º É obrigatório que a(o) psicóloga(o) mantenha protocolo de entrega de documentos, com assinatura 
do solicitante, comprovando que este efetivamente o recebeu e que se responsabiliza pelo uso e sigilo 
das informações contidas no documento. 
 
03.Resposta: Certo 
Art. 5º Os documentos psicológicos devem ser elaborados conforme os princípios de qualidade técnica 
e científica presentes neste regulamento. 
 
 
 
Caro(a) candidato(a), este assunto é abordado nos tópicos 2 Avaliação psicológica e 
psicodiagnóstico. 2.1 Fundamentos e etapas da medida psicológica. 2.2 Instrumentos de 
avaliação. 2.2.1 Critérios de seleção, avaliação e interpretação dos resultados e 13 Psicologia 
jurídica. 13.1 Adoção, infância e juventude, idoso, família, adolescente em conflito com a lei, 
violência doméstica familiar e contra a mulher, área criminal, abuso sexual e suas interfaces. 
 
2.5 Perícia Psicológica 
 
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83 
 
 
 
O que é Psicoterapia Individual e para que Serve? 
 
Muitas vezes sentimos que nossa vida não está no rumo que gostaríamos, sentimos um vazio enorme, 
conflitos internos e externos ou até mesmo dúvidas e pensamentos que ocupam nossa cabeça trazendo 
ansiedade, interferindo em nosso dia a dia e em nossos relacionamentos. Nesse momento sintomas como 
a depressão, síndrome do pânico, compulsões alimentares ou diversos outros sintomas psicológicos 
podem surgir e colocar nossa saúde mental e saúde física em risco. Por isso, a psicoterapia é o tratamento 
mais recomendado, mas você sabe o que é psicoterapia? Ainda não?18 
 
Psicoterapia Individual 
 
Trata-se de um método profundo baseado na fala, que busca elementos inconscientes significantes e 
auxilia na tomada de consciência, fazendo com que as pessoas tenham maior conhecimento sobre elas 
mesmas e tenham poder sobre suas próprias vidas e escolhas. Através da psicoterapia individual é 
possível entender suas emoções, assim como pensamento reprimidos, desejos, sentimentos e condutas. 
 
Compreender seus desejos, emoções e atitudes é o primeiro passo para a autoestima e para a 
projeção futura. Além disso, quando conhecemos a fundo nosso ser, temos o poder de nos relacionar 
melhor com as pessoas em nossa volta. 
 
Como Funciona a Psicoterapia Individual? 
 
As sessões são feitas com um psicólogo, a psicoterapia é um processo e sua duração depende de 
cada paciente, não há um período definido. Geralmente a frequência é semanal, em alguns casos pode 
ser feita em mais de uma vez por semana, a duração de cada consulta é de 50 minutos. É importante 
identificar o que te causa mal estar e quais são seus reais problemas para poder enfrentar o mesmo de 
frente. 
A base de uma psicoterapiaé a fala, é necessário dizer ao profissional tudo o que vier a sua mente, 
para que diversos elementos possam ser trabalhados durante a análise. Através da psicoterapia individual 
é possível trabalhar vários aspectos como ansiedade, depressão, insegurança, assim como melhorar 
relacionamentos como um todo, por exemplo. 
 
Qual a Diferença entre Psicólogo e Psiquiatra? 
 
Essa é uma pergunta que sempre é feita por pacientes e pessoas que não sabem: Qual a diferença 
entre psicólogo e psiquiatra? 
O psiquiatra é um profissional formado em medicina e que após a faculdade fez uma especialização 
em psiquiatria, o diagnóstico e tratamento é feito através do sintoma e normalmente prescrita uma 
medicação que irá aliviar o sintoma, mas não irá tratar a causa. 
Por exemplo: Ele poderá prescrever um antidepressivo para aliviar os sintomas da depressão, mas 
dificilmente isso dará conta de um tratamento para a depressão, uma vez que a real causa está ligada 
com a história de vida do paciente, suas escolhas e sua condição psicológica. 
O psicólogo é um profissional formado em psicologia, que estuda durante os 5 anos de faculdade o 
funcionamento da mente humana em diversas abordagens e após a faculdade escolhe uma abordagem 
e uma área de especialização, uma delas é a psicologia clínica praticando a psicoterapia, seja ela 
individual, casal ou em grupo. Esse profissional irá buscar a causa do problema e trabalhar com o paciente 
visando aliviar seu sofrimento e poderá inclusive trabalhar em conjunto com o psiquiatra em alguns casos. 
 
 
 
 
18 https://bit.ly/2S4uJip 
3 Teorias e técnicas psicoterápicas. 3.1 Psicoterapia individual e grupal. 3.2 
Abordagens teóricas. 3.2.1 Psicanálise (Freud, M. Klein, Winnicott, Lacan), 
cognitivo-comportamental (Skinner, Beck), humanistaexistencial (Rogers, Perls), 
sócio-histórica (Vygotsky, Luria) e psicodrama (Moreno) 
 
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84 
 
TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS 
 
A diversidade das práticas psicoterápicas19 
 
Em maio de 2006, a partir de uma demanda do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, a 
Assembleia de Políticas Administrativas e Financeiras do Sistema Conselhos decidiu pela criação de um 
grupo de trabalho para discutir as questões da psicoterapia. O grupo, coordenado pelo CRPRJ e 
composto por representantes dos CRPs 02 (PE), 04 (MG) e 07 (RS) e do Conselho Federal, ficou 
responsável por discutir e organizar um Fórum Nacional sobre psicoterapia, com a finalidade de debater 
essas questões com os profissionais. 
Diversos assuntos foram sugeridos para o debate no GT, e consequentemente no Fórum. Entre elas, 
uma série de questões clássicas da psicoterapia como a definição do campo, suas diferentes correntes e 
uma possível regulamentação. Por acreditar que qualquer iniciativa visando uma regulamentação deve 
ser precedida de um debate muito amplo e visando incentivá-lo cada vez mais, o CRP-RJ decidiu levantar 
mais uma vez essas questões e perguntar: afinal, o que é psicoterapia? Existem padrões de 
comportamento ou diretrizes a serem adotadas pelos profissionais da área? 
Na verdade, não. A psicoterapia é muito rica em teorias, que foram sendo desenvolvidas através da 
história. Cada uma gerou uma abordagem terapêutica, que desenvolve um método diferente de terapia. 
Aqui apresentamos diversas delas. Vale salientar que além das práticas aqui mencionadas existem 
muitas outras correntes neste vasto campo das psicoterapias. O que se propõe é apresentar algumas 
delas sem esgotar as discussões e debates. 
Podemos dizer que a terapia, genericamente definida como cura pela palavra, originou-se na 
psicanálise. Criada no final do século XIX, pelo médico austríaco Sigmund Freud, a psicanálise inaugurou 
um conceito de cura separado da cura médica tradicional, que trata o sintoma ou uma doença. “Para a 
psicanálise, o processo de cura implica em passar pela singular experiência do inconsciente daquele que 
se submete ao método freudiano da associação livre”, diz o psicanalista e analista institucional Eduardo 
Losicer. Para a clínica psicanalítica, a “doença” tem um sentido que está afastado da consciência. Ao 
pedir ao paciente que fale livremente, sem censura ou crítica, ela permite que a pessoa fale mais do que 
sabe, pois o que o psicanalista pode ouvir do paciente, “não é apenas o que ele sabe e esconde de outras 
pessoas (a confissão), mas principalmente o que não sabe (o inconsciente)”. Assim, a cura dos sintomas 
virá como consequência do processo analítico e não como seu objetivo. E, longe de criar um diagnóstico 
médico de doença, a psicanálise trabalha com a ininquadrável singularidade do sujeito. “Apesar de ter 
nascido da neurologia, com base no diagnóstico da patologia orgânica, a psicanálise não é classificatória”, 
afirma Eduardo, “Ela tem mais a ver com o que a pessoa quer (inconscientemente) do que com o que ela 
tem ou é (identidade)”. 
A partir da teoria freudiana se originaram diversas outras correntes psicanalíticas. Desenvolvidas por 
colaboradores ou não de Freud, elas compartilham suas bases teóricas com a psicanálise, mas têm focos 
em pontos diferentes. A psicanálise junguiana, por exemplo. Desenvolvida pelo suíço Carl Gustav Jung, 
colaborador direto de Freud e responsável por uma série de conceitos ainda adotados da psicanálise 
freudiana, ela também trabalha com conceitos como os de inconsciente e recalque, mas introduz uma 
diferença, que Jung chamava de “inconsciente coletivo”. “Enquanto para Freud o inconsciente é algo 
recalcado, para Jung o inconsciente tem também algo que não foi vivido. 
O psiquismo para Jung tem um movimento em direção a uma totalidade, enquanto a consciência é 
sempre algo parcial. Tudo aquilo que falta na ‘minha’ parcialidade vai ser expresso por esse inconsciente. 
Então, a psicanálise junguiana não trabalha só com o inconsciente recalcado, mas também com os 
potenciais de desenvolvimento psíquico”, afirma Carlos Bernardi, psicólogo clínico junguiano e fundador 
do grupo RUBEDO. Além disso, a psicanálise junguiana é, segundo Carlos, aberta à diversidade. “Jung 
acreditava que nenhuma teoria dava conta do psiquismo. Por isso, incentivava a leitura de outros autores 
e teorias. Assim, dentro da própria psicanálise junguiana, os analistas trabalham com técnicas muito 
diferentes”. A psicanálise reichiana também é derivada da teoria freudiana. 
O austríaco Wilhelm Reich, responsável pela sua elaboração, colaborou durante muito tempo com 
Freud, mas começou a buscar alternativas par a abordagem clínica freudiana que, segundo ele, 
apresentava insuficiências em certas condições. “Reich começou a prestar atenção não só no conteúdo, 
mas na forma como as coisas eram ditas e a perceber que determinadas propriedades, dinâmicas e 
características corporais tinham relação direta com a vida emocional”, diz Nicolau José Maluf Junior, 
psicólogo analista reichiano, orgonomista e diretor do Instituto de Formação e Pesquisa Wilhelm Reich, 
“Nesse momento, o corpo real, não só o corpo representado, surge na clínica”. A partir disso, Reich criou 
 
19 Http://www.crprj.org.br/ 
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um instrumental que visava a alcançar, mobilizar e reestruturar estas dinâmicas e os comportamentos 
corpóreos, mas sem abandonar a dimensão inconsciente. Mas Nicolau salienta que, devido à grande 
extensão dos interesses de Reich, hoje existem muitas diferenças entre as interpretações sobre o que é 
uma abordagem reichiana. “Você tem hoje desde reichianos que têm parentesco com uma abordagem 
estritamente corporalista até reichianos que entendem que o trabalho se compõe de duas frentes: a 
análise do caráter (uma derivação da análise das resistências) conjugada a uma abordagem corporal”. 
Outra corrente que segue os princípios do tratamento psicanalítico é a winnicottiana. 
Criada por Donald Woods Winnicott, um pediatra e psicanalista inglês, a psicanálise winnicottiana 
tambémusa o manejo da transferência, o respeito pela resistência positivada do paciente e o emprego 
da interpretação do recalcado como instrumento para a elaboração dos conflitos afetivos. Só que 
Winnicott entendia que o método clássico psicanalítico era adequado às configurações neuróticas, m as 
não para os pacientes mais regredidos que se aventurava a atender. “Por isso, ele desenvolveu um estilo 
clínico no qual o psicanalista se disponibiliza para ser ‘usado’ pelo analisando, não no sentido de um feixe 
de projeções de fantasmas pré-existentes a serem interpretados, mas no sentido de poder ser 
reconhecido como uma substância diferente-de-si”, afirma Daniel Kupermann, psicólogo e psicanalista 
membro da Formação Freudiana e doutor em teoria psicanalítica pela UFRJ. “O espaço terapêutico, na 
corrente winnicottiana, pode ser definido como uma área de experimentação nomeada de brincar 
compartilhado, e o psicanalista não pretende se destacar das possibilidades criativas inauguradas pela 
constituição de tal espaço. O que se espera é que o analisando possa, gradualmente, se despojar das 
posições reativas rumo ao gesto espontâneo e ao viver criativo. Em última instância, que o paciente que 
não sabe brincar possa aprender a brincar com o psicanalista (este, claro, deve saber brincar, o que 
muitos preferem esquecer)”. Já o psicanalista Jacques Lacan propõe uma releitura do texto de Freud, 
levando às últimas consequências a tese do inconsciente. Assim como na psicanálise freudiana, “o que 
é visado no tratamento não é tanto a cura dos sintomas, mas um trabalho de construção de um saber 
inconsciente, que determina o sujeito e seu sintoma. 
Nesse sentido a psicanálise não se inclui no campo das psicoterapias”, afirma Letícia Balbi, 
psicanalista, membro da Escola Letra Freudiana e professora do Departamento de Psicologia da UFF. 
“Freud funda a psicanálise ao escutar as pacientes histéricas e verificar que suas queixas eram 
determinadas por uma outra lógica, a lógica do inconsciente - também responsável p elo trabalho dos 
sonhos. Lacan propõe uma releitura de Freud baseado em que tanto os sintomas histéricos como os 
sonhos são constituídos fundamentalmente por matéria verbal. Da mesma forma, a sexualidade humana 
é determinada pela linguagem. Daí sua afirmação de que o inconsciente é estruturado como uma 
linguagem”. Ela explica ainda que, na psicanálise, “mais fundamental do que fazer um diagnóstico 
baseado num saber técnico ou médico é sustentar a singularidade da causa do desejo de cada sujeito e 
de cada análise. 
Nesse sentido cada análise reinventa a psicanálise. Neste campo, portanto, não se trata de aplicação 
de técnicas psicoterápicas”. Letícia salienta que, por essas e outras especificidades, muitos psicanalistas 
não consideram a psicanálise como parte das psicoterapias. “Enquanto o psicoterapeuta responde à 
demanda de cura, identificando-se ao lugar de saber em que é colocado pelo paciente - respondendo, 
por exemplo, com conselhos e prescrições que garantem este saber -, o analista se abstém dessa mestria, 
suspendendo seu saber, suas boas intenções e até mesmo suas ambições terapêuticas, par a que o 
analisante possa desdobrar no campo das associações livres, suas questões e sua posição frente ao 
desejo e frente aos outros”. Podemos dizer que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é outra força 
entre as psicoterapias. Diferente da psicanálise, a TCC parte do pressuposto que os seres humanos são 
resultados de aprendizagens. “Cada pessoa aprende comportamentos, sentimentos e pensamentos. E 
esses nossos sentimentos dependem de como avaliamos os acontecimentos. O que acontece é que 
muitos desses sentimentos podem ocorrer a partir de avaliações distorcidas”, afirma Bernard Rangé, 
professor do programa de pós-graduação em psicologia da UFRJ, “Portanto, o que cabe é ajudar as 
pessoas a fazerem uma avaliação mais objetiva, mais realista daquilo, sem a influência dessas distorções. 
A TCC vai, então, se caracterizar por um questionamento das interpretações que as pessoas trazem e 
algo como um treino de habilidades para que as pessoas possam manejar melhor seus estados de 
ansiedade ou aprender habilidades sociais. A terapia vai se oferecer como uma oportunidade de novas 
aprendizagens”. Nesse sentido, a ideia de um diagnóstico faz parte da terapia cognitivo-comportamental, 
mas não exatamente a ideia de cura. “Acho que não se pode mais pensar em cura e sim em prejuízo 
melhor ou pior. Pensar em uma cura para o transtorno obsessivo compulsivo, por exemplo, seria 
teoricamente fazer com que a pessoa deixasse de ser higiênica ou parasse de se preocupar com detalhes 
em documentos. O conceito de cura não faz sentido propriamente. O que faz realmente sentido é você 
conseguir fazer com que o paciente melhore a sintomatologia que o fez procurar o tratamento”, afirma 
Bernard. A corrente humanista também está entre as psicoterapias e tem sua referência clássica na 
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86 
 
gestalt-terapia e na terapia centrada na pessoa. Surgida nos anos 50, a psicoterapia centrada na pessoa 
foi criada pelo psicólogo e pedagogo Carl Rogers e introduziu uma nova perspectiva nas terapias, 
rejeitando a ideia de que todo ser humano possui uma neurose básica. 
Além disso, modificou o papel do terapeuta, que não deveria impor suas interpretações. “Aqui, a 
vivência, o que o sujeito fala de si é o foco principal da terapia”, afirma Márcia Alves Tassinari, professora 
e supervisora do Serviço de Psicologia Aplicada da Universidade Estácio de Sá e sócia-fundadora do 
Centro de Psicologia da Pessoa. “Rogers parte de um princípio de tendência atualizante ou tendência à 
realização. Segundo ele, todas as pessoas têm capacidade de crescimento e desenvolvimento normais, 
então não há por que dirigi-las de fora. A tarefa da terapia seria criar um ambiente facilitador, para que o 
sujeito possa ter oportunidade de mudança, para que ele possa se r verdadeiramente quem é”. 
A abordagem dada por Rogers à terapia de grupo também foi inovadora. “Nos anos 60, percebendo 
que os grupos poderiam potencializar a tendência atualizante, ele desenvolveu uma metodologia muito 
específica para trabalhar com grupos, que chamou de ‘grupos de encontro’. Na década de 70, ele 
começou a trabalhar com grandes grupos, de 100, 200, 500, até 2000 pessoas, na tentativa de usar o s 
princípios dos grupos de encontro e da terapia na transformação da cultura, o que ele veio a chamar de 
‘workshop de grande grupo’. Isso é uma terapia com 2000 pessoas? Não. É uma iniciativa par a 
potencializar esses grupos par a que ele s possam ser multiplicadores em suas comunidades”. Também 
criada nos anos 50, a gestalt-terapia foi inicialmente baseada nas ideias da psicologia da gestalt e 
constituiu sua visão de homem a partir da filosofia humanista existencial. 
Desenvolvida por Friederich Perls, Laura Perls e Paul Goodman como modelo psicoterapêutico, a 
Gestalt se utiliza do método fenomenológico e combina concepções existencialistas, dialógicas e de 
campo ao processo de transformação e crescimento dos ser es humanos. “A gestalt vê como o 
processamento perceptivo que fazemos das coisas pode ser trabalhado também dentro da psicoterapia. 
Uma proposta da Gestalt é que você possa experimentar, ou se já, vivenciar as coisas. Não é algo que 
passe só por um entendimento r acional, mas por uma compreensão integral”, afirma Alexandra Tsallis, 
psicóloga e psicoterapeuta e professora da UFRJ. Nesse sentido, a gestalt-terapia espera que o paciente 
tenha a capacidade de perceber o que se passa dentro e fora de si no momento presente, em nível 
corporal, mental e emocional. “Se pensarmos em uma cura, ela é, na verdade, o aumento do leque de 
possibilidades. No texto Teoria Paradoxal da Mudança, Arnold Beisser discorrendo sobre o processo 
psicoterápico diz: ‘Em outras palavras consiste nisso: a mudança ocorre quando uma pessoa se torna o 
que é, e não quando tenta converter-se noque não é’. Nesse sentido, ‘a terapia é o processo pelo qual a 
pessoa pode ser o que ela já é’”, diz Alexandra. 
A terapia sistêmica, iniciada a partir da terapia de família também nos anos 50, trouxe uma visão menos 
intrapsíquica e mais relacional às terapias. “A terapia sistêmica considera o mundo interno como parte de 
um mundo de relações. A forma de cada um pensar é derivada de uma forma de relação e implica outras 
formas de relação”, afirma Rosana Rapizo, psicóloga, mestre em psicologia clínica e diretora do Instituto 
de Terapia de Família do Rio de Janeiro. “Então não usamos quase as categorias de diagnósticos no 
tratamento, porque elas foram pensadas para o indivíduo e não para relações”. Assim, segundo Tania 
Martins, psicóloga e terapeuta de casal e família, não há um objetivo fechado na terapia sistêmica, mas 
“ele vai sendo construído com o cliente na terapia. 
O terapeuta sai da posição de especialista e vê o paciente como especialista de seu próprio sofrimento. 
O diagnóstico é, então, pensado como uma hipótese dinâmica e provisória, a ser explorada no processo 
terapêutico. Ele pode ser revisto e transformado à medida e m que o trabalho vai se desenvolvendo, já 
que o ser humano está sempre em transformação”. O psicodrama é outra abordagem importante. Criado 
por Jacob Levy Moreno, médico psiquiatra romeno, o psicodrama originou-se de suas experiências em 
Viena, em 1924, com um novo tipo de teatro, chamado de “Teatro da Espontaneidade”, e desenvolveu-
se a partir da década de 30, nos Estados Unidos, para onde Moreno emigrou e se estabeleceu até se u 
falecimento em 1974. O psicodrama teve influência da fenomenologia e da filosofia existencialista e 
também traz uma visão sistêmica, do homem como um ser-em-relação. 
“O psicodrama funciona através da dramatização espontânea de cenas das questões trazidas por um 
cliente ou por todo um grupo, nas quais são postos em ação, no contexto dramático, os papéis privados 
e sociais dos membros do grupo. Segundo Moreno, nosso ego é formado pelos diversos papéis que 
desempenhamos na vida: filho, pai, mãe, profissional, amigo, político, cidadão, etc. Estes papéis podem 
estar bem desenvolvidos e harmonizados entre si, ou podem estar mal desenvolvidos, conflitivos, gerando 
sofrimento. 
O desempenho dos papéis no contexto dramático leva o cliente a entender como seus papéis se 
formaram no contexto familiar e social e se tornaram fonte de problemas e experimentar, através da 
dramatização, formas de ir transformando satisfatoriamente os seus papéis”, afirma Vitória Pamplona, 
psicoterapeuta psicodramatista e coordenadora de grupos de gestantes e casais grávidos. “Assim, a 
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terapia psicodramática tem como objetivo propiciar a capacidade do sujeito de dar respostas novas e 
adequadas às situações, compreendendo e levando em conta a si próprio, ao outro e à sociedade 
(espontaneidade e a criatividade), desenvolvendo a responsabilidade do homem por si e por todos os 
outros e sua capacidade de viver encontros”. A clínica transdisciplinar é um outro tipo de abordagem 
baseada em ideias desenvolvidas por Espinoza, Nietzsche, Michel Foucault, Giles Deleuze e Félix 
Guattari. 
No entanto, longe de ser uma técnica diferente, “sustentada por teorias repletas de categorias 
universais modeladoras, ela é uma prática preocupada com a produção de modos singulares e potentes 
de viver, agir e pensar – outros modos de subjetivação”, afirma a médica e analista Ana Rego Monteiro, 
“Entendemos que a clínica sempre se produz criando ao mesmo tempo o objeto de sua intervenção, ou 
seja, uma certa concepção de subjetividade”. Nesse sentido, a necessidade de um diagnóstico não cabe: 
“Partimos do pressuposto de que os quadros psicopatológicos descritos pela psiquiatria contemporânea 
fazem par te do processo de produção da subjetividade dominante. Desta maneira, afirmamos uma 
prática clínica micropolítica, nos afastando assim de uma perspectiva de cura para afirmar uma prática 
de sustentação de passagens. Analisamos em cada caso, com cada cliente, a trajetória de constituição 
do sintoma, como experiência singular de sofrimento que necessariamente se relaciona ao combate 
experimentado entre forças: forças aprisionadoras da vida e forças liberadoras da potência coletiva de 
uma vida”. 
Ana também explica que essas diferenças da clínica transdisciplinar influem no modo como a ética é 
pensada: “Definimos a clínica não como um espaço delimitado por fronteiras mor ais dadas, mas como 
atitude desviante que passa a afirmar uma ética em oposição à moral. Nosso trabalho comporta a 
distinção e escolha entre dois modos possíveis de subjetivação: o modo ascético e moral e o modo de 
vida ético. No primeiro, temos um modo as sujeitado às prescrições do que “tenho que” fazer, pensar e 
crer de acordo com os modelos difundidos como metas de “sucesso”. E um segundo, marcado pela 
atividade crítica como condição de criação de outras maneiras de viver. É est e último que define o que 
poderíamos chamar de atitude crítico-clínica: uma atitude que implica em escolhas ativas e define uma 
ética pela potência de afirmar um contínuo e incessante processo de diferenciação”. Apesar de terem 
visões tão diferentes quanto ao método, a maioria das abordagens concorda em relação ao objetivo das 
psicoterapias. Segundo Ana Monteiro, toda clínica trabalha “com o sofrimento humano”. Do mesmo modo, 
Márcia Tassinari afirma que “todas as correntes visam uma mudança, seja na personalidade, seja no 
comportamento”. Ou como Tania Martins resume, toda terapia procura “criar um bom encontro entre 
terapeuta e cliente, de modo que se crie um espaço favorável para que as mudanças aconteçam”. 
Além disso, as diferentes abordagens também concordam quanto à relação ética do terapeuta com o 
paciente: o respeito à autonomia do paciente e o conhecimento sobre as próprias limitações são pontos 
centrais nessa questão. É como afirma Daniel Kupermann: “O psicanalista deve se direcionar pelo que 
podemos chamar de uma ‘ética do cuidado’. Seu compromisso maio r é c om a pessoa que padece, e da 
qual se dispõe a tratar, buscando transformar o sofrimento restritivo e facilitar a emergência de processos 
criativos.” Do mesmo modo, Bernard Rangé afirma que “ética é respeitar o que o paciente traz. Aceitar a 
queixa que ele traz como algo significativo, fazê-lo ver que você está interessado em sua melhora, mostrar 
compreensão empática par a que ele s e abra e possa compartilhar”. Mas Eduardo Losicer salienta que 
nem sempre a ética é vista pela sociedade em seu sentido clássico: “A psicanálise sempre teve mais a 
ver com um rompimento c om determinadas éticas – a moral vitoriana da época do Freud, por exemplo - 
do que com uma ética própria pré-definida. Mas o que constatamos hoje é que a definição formal de uma 
ética é um problema do mercado, não do ofício. 
O mercado exige uma normalização na prática, que garanta a qualidade do ‘serviço’ a uma clientela”. 
André Martins, filósofo, psicanalista e professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, concorda e aponta 
que se o paciente chega ao consultório com essa ideia de uma ética, de um comportamento fechado, 
cabe ao terapeuta transformá-la: “Em um certo sentido, isso é o que acontece sempre. Acho que cabe ao 
psicoterapeuta observar essa demanda não entrando nela. Se o paciente chega com uma demanda de 
uma normalização, não cabe ao terapeuta negá-la e nem tampouco corresponder a ela. Cabe sim acolhê-
la e ajudar a transformá-la. Cabe a ele dizer, ‘vamos descobrir juntos’ o sentido de sua demanda”. Para 
alguns, “a linha teórica importa mais para o terapeuta, porque ela é uma reflexão que ele vai fazer a 
posteriori, então ele tem que se sentir confortável. Claro que as linhas são distintas e isso faz diferença 
no modo de intervir, mas elas não são hierarquicamente organizáveis, são apenas diferentes”, como 
afirma Alexandra Tsallis. O importante na verdade para que aterapia seja ética, em qualquer corrente, é 
pensar em garantir o respeito ao paciente. “Pensar só no resultado seria dizer que os fins justificam os 
meios e dentro da ideia de ética é exatamente o contrário. Fim nenhum justifica um caminho que não seja 
ético”, afirma André Martins. 
 
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Uma abordagem integrada 
 
A Psicologia Clínica ocupa um lugar fundamental na área da saúde, por oferecer uma visão integrada 
do ser humano, incluindo as dimensões psíquica, orgânica, social e espiritual agindo conjuntamente na 
produção da existência humana, assim como de seus equilíbrios e desequilíbrios. 
Não é possível hoje se falar em "doenças orgânicas" sem uma consideração pela dimensão psicológica 
e emocional, sendo evidente a natureza psicossomática da existência humana. 
 
Já há algum tempo as pesquisas científicas tem demonstrado que as experiências de vida influenciam 
diretamente o processo de ativação genética, assim como influenciam as mudanças estruturais que 
ocorrem no cérebro. Deste modo torna-se cada vez mais artificial a distinção entre doenças mentais e 
doenças orgânicas. 
Cada ser humano - psicossomático por natureza - vive uma história de interações, encontros e 
acontecimentos em que as doenças, quer se manifestem mais no corpo ou na "mente", sofrem forte 
influência dos desequilíbrios existenciais e de soluções inadequadas de vida. Os aspectos psicológicos 
participam não somente da formação de muitas doenças como tem um papel fundamental na sua 
recuperação. A psicoterapia oferece recursos importantes para uma compreensão mais ampla do 
processo de adoecimento assim como estratégias para uma vida mais saudável e integrada. 
 
As abordagens teóricas 
 
Há diversas escolas teóricas na Psicologia que podem ser agrupadas em cinco principais perspectivas, 
com seus ramos e derivações: 
 
- Psicodinâmica (Psicanálise, Psicologia Analítica, etc) 
- Humanista (Gestalt, Psicodrama, etc) 
- Corporal (Reichiana, Bioenergética, etc) 
- Cognitivo-comportamental 
- Sistêmica 
 
A diversidade decorre tanto da complexidade do tema - a psique humana - como da origem e 
desenvolvimento da Psicologia a partir da influência de diferentes ramos do conhecimento, da Filosofia, 
da Medicina, das Religiões, etc. 
No geral, as diferentes abordagens teóricas apresentam alguns elementos básicos, como: 
(1) uma teoria sobre o funcionamento mental, 
(2) uma teoria do desenvolvimento, 
(3) uma explicação sobre a origem do sofrimento (psicopatologia) e 
(4) uma visão sobre o processo terapêutico. 
Ultimamente tem sido comum que terapeutas de uma abordagem teórica utilizem técnicas originadas 
em outras escolas. A busca de melhores resultados na clínica parece estar promovendo estes 
intercâmbios. Talvez isto indique um movimento na Psicologia de integração entre as diferentes 
abordagens teóricas. 
 
Os tipos de psicoterapia 
 
Há alguns tipos de psicoterapia, conforme as necessidades e a configuração dos problemas, sendo o 
s principais: 
 
- Psicoterapia Individual para crianças, adolescentes, adultos e idosos. 
- Psicoterapia de Grupo 
- Psicoterapia de Casal 
- Psicoterapia de Família 
- Psicoterapia Institucional 
 
Um século de pesquisas e desenvolvimento permitem que a Psicoterapia alcance resultados cada vez 
maiores e mais significativos. 
No geral, os prazos de tratamento são relativos aos objetivos almejados e à gravidade do problema. 
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Há vários desenvolvimentos recentes em psicoterapias breves, que são focadas em objetivos 
específicos. Atualmente é possível atingir resultados significativos em períodos de 6 a 12 meses e há 
processos terapêuticos mais profundos que se encerram satisfatoriamente em prazos inferiores a 3 anos. 
Há casos que demandam um trabalho terapêutico mais demorado, geralmente com problemática mais 
séria, envolvendo traumas precoces, desorganização psicológica, problemas vinculares, imaturidade 
psicológica etc. Estes trabalhos podem exigir anos de trabalho contínuo, compensados por mudanças 
significativas que o trabalho psicoterapêutico pode propiciar. 
Algumas pessoas encontram na terapia um ambiente fundamental de acompanhamento de seu 
processo de vida, de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, onde são trabalhadas 
transformações profundas ao longo de vários anos. São situações em que o processo terapêutico não 
tem um prazo definido, em comum acordo entre o profissional e o cliente. 
Apesar de poder parecer, à primeira vista, um tratamento oneroso em termos de tempo e dinheiro, a 
psicoterapia tem se mostrado, na realidade, um modo econômico de tratamento. Pesquisas indicam, por 
exemplo, que a psicoterapia diminui os índices de consumo de medicamentos e de internações 
hospitalares. A psicoterapia tem se mostrado também um tratamento economicamente compensador por 
prevenir e tratar problemas psicológicos que, quando não tratados, trazem enormes prejuízos financeiros 
para as pessoas, as famílias e mesmo para a economia do país. 
Os tratamentos psicológicos demonstram uma grande potência de transformação das vidas, 
compensando os investimentos realizados. 
 
O vínculo na psicoterapia 
 
O ser humano nasce, cresce e vive em ambientes vinculares. Destes ambientes depende seu bem 
estar e suas realizações na vida. Os problemas vinculares - da primeira infância à terceira idade - afetam 
profundamente a capacidade que as pessoas têm de amar, trabalhar e viver. A psicoterapia é um espaço 
para se esclarecer e transformar estas dificuldades vinculares. Este processo ocorre através de uma 
relação saudável com um profissional eticamente comprometido e tecnicamente qualificado. 
A base de uma boa terapia está na relação terapêutica. A boa terapia se desenrola num enquadre 
clínico com um vínculo que favorece este processo. Aí está um dos segredos desta arte e ciência: criar 
um ambiente que permita a revelação do mundo interno e favoreça o desenvolvimento do processo 
singular de cada um. Neste clima é possível que o ser mais oculto e amedrontado-se mostre, seja ouvido 
e transforme-se, que o processo formativo possa prosseguir formando vida. 
 
Por que a psicoterapia funciona? 
 
As pesquisas demonstram uma grande eficácia da psicoterapia. Mesmo as recentes tecnologias de 
mapeamento cerebral têm permitido demonstrar como o tratamento psicológico age transformando o 
funcionamento cerebral. A eficácia do tratamento psicológico, que já era conhecida há várias décadas, 
tem sido corroborado recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências. 
Existem centenas de livros e pesquisas explorando e explicando porque a psicoterapia funciona. 
Porém, como simples exercício de compreensão, vamos listar alguns motivos para tentar entender um 
pouco sobre a efetividade da psicoterapia. 
No início da lista, organizada num continuum que vai do mais simples ao mais complexo, temos 
aqueles motivos que são comuns a outras relações de ajuda, mesmo não profissionais, como uma 
conversa íntima com um amigo, uma conversa sobre um problema pessoal com um professor, um médico, 
etc. Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são próprios da psicoterapia, até aqueles que 
lhe são exclusivos - possíveis pelo meticuloso treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em 
sua trajetória de formação profissional. 
 
Eis alguns motivos pelos quais a psicoterapia funciona: 
1 Ao dividir um problema você passa a ter "meio" problema. Compartilhar ajuda a aliviar a carga 
emocional e o sofrimento 
2 Os vínculos de ajuda têm um poder curativo. É mais fácil superar as dores através de uma relação 
autêntica de respeito mútuo do que sozinho. A relação terapêutica é uma relação de ajuda, de 
compreensão e apoio. 
3 O psicólogo clínico (psicoterapeuta) é um outro, com o olhar e a perspectiva de um outro, o que lhe 
ajudará ver a sua vida de um modo diferente, lhe fazer perguntas diferentes, ajudá-lo

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