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Introdução
O que a indústria química faz?
Antes de detalhar qualquer processo da indústria química, é necessário esclarecer o que faz a indústria quí-
mica. Pois bem, ela transforma substâncias que existem na natureza em produtos úteis para a vida que 
levamos no mundo moderno. 
Todos os dias, utilizamos materiais fabricados pela indústria química: alimentos; remédios; veículos de 
transporte; aparelhos de comunicação, como o telefone e a televisão; roupas; inúmeros objetos de plás-
tico; vários tipos de tintas, etc. Embora alguns produtos citados não venham diretamente da indústria 
química, tudo isso é fabricado com substâncias produzidas por ela.
Não é difícil perceber, nos jornais e na televisão, notícias veiculadas sobre acidentes com produtos quí-
micos. Esses acontecimentos talvez levem as pessoas a pensar que seria melhor acabar com essas in-
dústrias. Mas, se acabarmos com as indústrias químicas, como vamos fabricar os plásticos, o papel para 
jornal, livros e revistas ou os remédios de que necessitamos? Como foi dito acima, todos são advindos 
de reações químicas.
Na realidade, a indústria química faz as transformações de substâncias em escala industrial. Trans-
forma as substâncias que se encontram na natureza, e que não podem ser usadas diretamente, em 
substâncias com as características que queremos. Assim, podemos obter produtos farmacêuticos, 
perfumes, cosméticos, sabões e detergentes, defensivos agrícolas, fertilizantes, tintas, entre tantos 
outros produtos essenciais à sociedade (Figura 1).
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Para fabricar as substâncias e os produtos que nos interessam, é preciso fazer várias conversões quí-
micas e/ou físicas. Compostos como ácido sulfúrico, hidróxido de sódio, ácido clorídrico e cloro, 
por exemplo, são comumente usados para fazer essas reações. Esses compostos não aparecem no 
produto final que nós usamos, mas sem eles é impossível produzir as substâncias que nos interessam. 
A indústria química fabrica substâncias que não são usadas diretamente pelo público. Mas, sem 
essas substâncias, não é possível fabricar os produtos que nós usamos.
O ácido sulfúrico, por exemplo, é uma das substâncias mais importantes da indústria química, pois 
é fabricada em maior quantidade no mundo. No Brasil, o consumo de ácido sulfúrico é de pouco 
mais de 30 kg por pessoa. O leitor pode estar pensando “Eu nunca usei sequer um grama de ácido 
sulfúrico”. Na realidade, será raro ver alguém usando o ácido sulfúrico de maneira direta, mas ele é 
usado, por exemplo, na fabricação de adubos. Quando você come alguma coisa derivada de uma 
planta que foi adubada, você está consumindo ácido sulfúrico indiretamente. O mesmo acontece 
com outros produtos químicos. Dificilmente você vai ver alguém usando hidróxido de sódio ou 
amônia por aí. Aliás, isso acontece com a grande maioria dos produtos químicos.
É também o caso da água usada para fabricar latas de refrigerantes. A lata que nós usamos não 
tem água, mas foi necessária muita água para fabricá-la (em torno de 1000 L de água para cada kg 
de alumínio produzido). Sem a água, portanto, não seria possível fabricar a lata.
Outra questão importante a se observar é que as indústrias químicas geram produtos que são 
usados por muitas outras indústrias e em grandes quantidades. Como os custos de instalação e 
operação das fábricas são bastante altos, não vale a pena montar fábricas para produzir quanti-
dades pequenas.
Figura 1 Capilaridade da indústria química nos diversos setores da sociedade.
Indústria Química Pecuária
Alimentos 
e bebidas
Construção 
civil
Embalagens
Têxtil
Calçados e 
artigos de couro
Papel e 
celulose
MóveisPetróleo e gásMáquinas e 
equipamentos
Eletroeletrônicos
Aviação
Automobilística Produtos 
farmacêuticos Produtos inorgânicos
• Cloro e álcalis
• Intermediários para fertilizantes
• Gases industriais
Produtos orgânicos
• Petroquímicos básicos
• Intermediários para plásticos/resinas 
termofixas/fibras sintéticas/detergentes/
plastificantes
• Corantes e pigmentos
• Solventes industriais
• Plastificantes
Resinas e elastômeros
Produtos e preparados químicos diversos 
(aditivos, colas, catalisadores e outros)
Defensivos 
agrícolas
Adubos e 
fertilizantes
Tintas, esmaltes 
e vernizes
Outros
Sabões e 
detergentes
Higiene pessoal, 
perfumaria e 
cosméticos
Agricultura
Consumo e bem -estar 
das famílias
Produtos químicos de uso industrial
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Além disso, dificilmente se monta uma indústria química sozinha, em um lugar isolado. Geralmen-
te, existem várias fábricas instaladas muito perto umas das outras. Quando se faz uma reação para 
fabricar uma substância, comumente se formam outras substâncias que não interessam. Assim, é 
bom que se tenha uma fábrica por perto que use essa outra substância. Esse processo pode baratear 
o custo da fabricação, já que a primeira fábrica está descartando o produto. Por outro lado, também 
ajuda a resolver problemas ambientais, porque esses produtos não são jogados fora.
O local para se instalar uma indústria química tem de ser muito bem pensado, porque precisa ficar 
perto da matéria-prima, do consumidor e da fonte de energia. A indústria química consome muita 
energia, tanto na forma de calor como na forma de eletricidade. A localização da indústria está 
relacionada com o custo do produto: custa caro transportar matérias-primas, energia e o próprio 
produto fabricado. Por isso, vemos muitas fábricas juntas, uma usando como matéria-prima o pro-
duto final da outra, como ocorre nos distritos ou polos industriais.
A indústria química no Brasil: 
um breve relato
Uma vez esclarecido o que faz a indústria química, é importante que o leitor tenha uma breve 
noção de como ela está presente no Brasil. A indústria química no Brasil começou a ser implanta-
da em grande escala na década de 1970 com a montagem do parque petroquímico brasileiro. 
Procurando proteger o mercado interno, visou à substituição de importações de derivados petro-
químicos que ocorriam de forma massiva naquela época. 
As instalações de fábricas de química fina, produtos com maior valor agregado, ocorreram nas 
décadas seguintes. Passados 40 anos, somos menos dependentes das importações de derivados 
petroquímicos – embora elas ocorram, mas em menor proporção. Contudo, a química fina ainda 
tem muito a crescer, dada a quantidade e a qualidade das pesquisas científicas desenvolvidas nas 
universidades brasileiras nas últimas décadas.
A maioria das indústrias químicas do Brasil está nas regiões sul e sudeste, sendo o estado de São 
Paulo o que possui o maior número de fábricas de produtos químicos instaladas. A discrepância 
que existe entre o número de fábricas instaladas em São Paulo em relação aos demais estados 
brasileiros pode ser observada na Figura 2.
Dados de 2009 da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM)* indicam que há no Brasil 
um total de 1051 fábricas de produtos químicos, levando em consideração apenas as registradas no 
Guia da Indústria Química Brasileira. Essas fábricas produzem um faturamento líquido que coloca o 
Brasil na nona posição no ranking mundial das indústrias químicas (Tabela 1), estando à frente da 
Rússia e da Índia e de países que sediam empresas importantes, como a Holanda, a Bélgica e a Suíça.
* ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. A indústria química: estatísticas. São Paulo: Abiquim, 2009. 
Disponível em: <www.abiquim.org.br/pdfs/esta.pdf> Acesso em: 20 set. 2011.
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Apesar das cifras bilionárias, ao longo dos anos, a indústria química brasileira tem apresentado 
uma balança comercial deficitária, isto é, importa mais do que exporta produtos químicos, como 
pode ser observado na Figura 3.
Os motivos desse déficit requerem uma análise mais profunda de questõestributárias, do câmbio, 
do chamado custo Brasil, da falta de matérias-primas, entre outros fatores que fogem ao escopo 
desta obra. O segmento de intermediários para fertilizantes, por exemplo, contribui em parte para 
o déficit brasileiro de produtos químicos. 
A fabricação desses produtos não é suficiente para atender a demanda devido à falta de matérias-
-primas no país, principalmente de cloreto de potássio, que hoje representa quase metade do 
valor da importação de intermediários para fertilizantes. De fato, cerca de um terço da pauta bra-
sileira de importação é devido a fertilizantes, e outro terço baseia-se em plásticos e borrachas.
Contudo, a indústria química brasileira desfruta de uma situação bastante peculiar. No momento 
em que o aumento nos preços do petróleo é um fator de grande peso na rentabilidade da indús-
tria química global, o Brasil torna-se autossuficiente nessa produção. Ao mesmo tempo em que 
a falta de gás natural é um fator decisivo na perda de competitividade da indústria química dos 
Estados Unidos, são feitas grandes descobertas de gás no Brasil, com destaque para a Bacia de 
Santos, vizinha ao maior centro consumidor do país.
Figura 2 Principais polos da indústria química no Brasil.
Fonte: Associação Brasileira da Indústria Química (2010).*
600
75
SP RJ RS BA MG
10 principais estados
PR SC PE CE GO
73 71 67 56
32
15 12 8
* ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. A indústria química: apresentação sobre o setor. São Paulo: 
Abiquim, 2010. Disponível em: <www.abiquim.org.br/conteudo.asp?princ=ain>. Acesso em 20 set. 2011.
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Além disso, o Brasil tem uma posição privilegiada como produtor agrícola e, consequentemente, 
de derivados da biomassa. No país, a alcoolquímica tem uma longa história e a glicerina hoje des-
ponta como uma nova matéria-prima abundante e de baixo preço, que pode criar muitas oportu-
nidades, seja por meio de processos catalíticos seja de processos fermentativos.
Tabela 1 Faturamento líquido da indústria química mundial
 Posição País Faturamento (US$ bilhões)
 1o Estados Unidos 674
 2o China 635
 3o Japão 286
 4o Alemanha 213
 5o França 135
 6o Itália 105
 7o Coreia 104
 8o Brasil 101
 9o Reino Unido 97
 10o Índia 93
 11o Holanda 66
 12o Espanha 65
 13o Rússia 64
Fonte: Associação Brasileira de Indústria Química (2009).*
Figura 3 Balança comercial da indústria química de 1991 a 2010.
Fonte: Associação Brasileira da Indústria Química (2010).**
3,6 3,6 4,5 5,7
8,0
8,9 9,7 10,1 9,8 10,7 10,8 10,1
11,0
14,5 15,3
17,4
23,9
35,1 33,7
26,1
13,1
10,411,910,7
8,9
7,45,94,83,83,54,03,43,63,83,53,4
2,3 2,5 2,8
2,1
91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07
Exportações
Importações
08 09 10 (estimativa)
em US$ bilhões OFB
* ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. A indústria química: estatísticas. São Paulo: Abiquim, 2009. 
Disponível em: <www.abiquim.org.br/pdfs/esta.pdf> Acesso em: 20 set. 2011.
** ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA. A indústria química: apresentação sobre o setor. São Paulo: 
Abiquim, 2010. Disponível em: <www.abiquim.org.br/conteudo.asp?princ=ain>. Acesso em 20 set. 2011.
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Como a disponibilidade de matérias-primas é um elemento-chave no sucesso da indústria quími-
ca, pode-se afirmar que o Brasil tem hoje uma posição muito privilegiada e está sendo bastante 
bem explorado por todas as grandes empresas do setor, com investimentos bilionários, e por mui-
tas empresas de porte médio ou pequeno.
Perspectivas da indústria química
Por outro lado, as grandes fronteiras da inovação estão produzindo uma “revolução” não só na in-
dústria química. A substituição dos tubos de raios catódicos dos televisores por displays de cris-
tais líquidos, plasma ou de emissão de luz faz desaparecer um importante mercado de materiais 
luminescentes; uma eventual eletrônica molecular fará reduzir a demanda pelas muitas substâncias 
usadas na microeletrônica baseada em silício, e assim por diante. Da mesma forma, a genômica tem 
trazido soluções para a agricultura, que implicam uma redução importante no consumo de defensi-
vos e agroquímicos.
Algumas necessidades humanas são muito perenes: alimentação, higiene, saúde, transporte, ha-
bitação, segurança, vestuário, cultura e lazer. A satisfação de todas essas necessidades exige o 
consumo de quantidades enormes e crescentes de substâncias químicas. Muitas destas, como o 
sabão, os fertilizantes, as substâncias usadas na purificação de água e tratamento de efluentes, 
são necessidades da vida civilizada e continuarão provavelmente a fazer parte de nossas vidas nos 
próximos séculos. Além disso, deverão ser produzidas em quantidades crescentes, na medida em 
que a população mundial aumenta, para que populações hoje miseráveis tenham alguma melho-
ria na sua qualidade de vida. Essa é uma das lições do que se passa hoje na China: uma mudança 
na gestão econômica do país provocou um imenso aumento na demanda por matérias-primas de 
todos os tipos, especialmente dos produtos químicos – com reflexos no mundo todo.
Há vários fatores de mudança na indústria química na atualidade. Os principais são as grandes 
fronteiras da inovação: a nanotecnologia, a biotecnologia e as tecnologias de informação e co-
municação. Além disso, há o peso sempre crescente das preocupações ambientais que são hoje 
graves devido às mudanças climáticas, ao aumento nos preços do petróleo e do gás, ao sucesso 
nas novas tecnologias de produção de matérias-primas da biomassa e ao aumento do rigor das 
legislações de registro, controle e uso de produtos químicos.
Nanotecnologia
A nanotecnologia está emergindo como uma das principais áreas de investigação, integrando 
a química e a ciência dos materiais – e, em alguns casos, integrando ambas também à biologia 
– para criar novas e inéditas propriedades que possam ser exploradas, vindo a constituir-se em 
oportunidades de mercado, com produtos eletrônicos, biomédicos e materiais de alto desempe-
nho, todos nanoestruturados. A produção de fármacos associados à nanotecnologia é promissora 
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na elaboração de princípios ativos que agem diretamente nas células doentes, reduzindo efeitos 
colaterais indesejáveis. 
Biotecnologia
Os impactos da biotecnologia na indústria química, por sua vez, são tão amplos e diversificados 
quanto os da nanotecnologia. As aplicações mais conhecidas que temos são as biotecnologias de 
processos e as genômicas. A produção de álcool etílico e outros produtos de biomassa, usando 
processos fermentativos ou não, é o exemplo mais clássico da biotecnologia de processos. Já na 
área genômica, temos a alteração genética de sementes de soja para que sejam mais resistentes 
a certas pragas ou, ainda, a fabricação de fibras poliméricas* baseadas na inserção de genes de 
aranhas em cabras, vacas ou outras espécies. Neste último caso, o leite desses animais transgêni-
cos produz proteínas de teias de aranhas, que são reconhecidamente as fibras mais resistentes 
existentes em todo o mundo. Portanto, um rebanho desses animais, associado a uma usina de 
processamento do leite e extração de proteína de fibras, pode vir a competir com os produtores 
de fibras de carbono e outras fibras de alto desempenho.
Tecnologia da informação (TI)
As TI’s sobre a inovação química se fazem sentir nos laboratórios, desde os robôs que realizam ex-
perimentos até as múltiplas técnicas de simulação e modelagem, de planejamento experimental, 
análise de resultados, reconhecimento de padrões e controle de processos. Além disso, o acesso 
à informação propriamente dito está muito mais fácil do que há 30 anos. O acesso a banco de 
dados internacionais, tais como informações sobre patentes industriais e artigos científicos, por 
exemplo, está hoje disponível na internet. 
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