Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Montes Claros/MG - Maio/2015
Alysson Luiz Freitas de Jesus
História do Brasil 
império ii
REIMPRESSÃO
2015
Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro, s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) - Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Antônio Alvimar Souza 
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Jânio Marques Dias
EDITORA UNIMONTES
Conselho Consultivo
Adelica Aparecida Xavier
Alfredo Maurício Batista de Paula
Antônio Dimas Cardoso
Carlos Renato Theóphilo,
Casimiro Marques Balsa
Elton Dias Xavier
José Geraldo de Freitas Drumond
Laurindo Mékie Pereira
Otávio Soares Dulci
Marcos Esdras Leite
Marcos Flávio Silveira Vasconcelos Dângelo
Regina de Cássia Ferreira Ribeiro
CONSELHO EDITORIAL
Ângela Cristina Borges
Arlete Ribeiro Nepomuceno
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma Athayde Moraes
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Gisléia de Cássia Oliveira
Káthia Silva Gomes
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Sanzio Mendonça Henriques
Wendell Brito Mineiro
CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Camila Pereira Guimarães
Joeli Teixeira Antunes
Magda Lima de Oliveira
Zilmar Santos Cardoso
diretora do centro de ciências Biológicas da Saúde - ccBS/
Unimontes
Maria das Mercês Borem Correa Machado
diretora do centro de ciências Humanas - ccH/Unimontes
Mariléia de Souza
diretor do centro de ciências Sociais Aplicadas - ccSA/Unimontes
Paulo Cesar Mendes Barbosa
chefe do departamento de comunicação e Letras/Unimontes
Maria Generosa Ferreira Souto
chefe do departamento de educação/Unimontes
Maria Cristina Freire Barbosa
chefe do departamento de educação Física/Unimontes
Rogério Othon Teixeira Alves
chefe do departamento de Filosofi a/Unimontes
Alex Fabiano Correia Jardim
chefe do departamento de Geociências/Unimontes
Anete Marília Pereira
chefe do departamento de História/Unimontes
Claudia de Jesus Maia
chefe do departamento de estágios e Práticas escolares
Cléa Márcia Pereira Câmara
chefe do departamento de Métodos e técnicas educacionais
Káthia Silva Gomes
chefe do departamento de Política e ciências Sociais/Unimontes
Carlos Caixeta de Queiroz
Ministro da educação
Renato Janine Ribeiro
Presidente Geral da cAPeS
Jorge Almeida Guimarães
diretor de educação a distância da cAPeS
Jean Marc Georges Mutzig
Governador do estado de Minas Gerais
Fernando Damata Pimentel 
Secretário de estado de ciência, tecnologia e ensino Superior
Vicente Gamarano
reitor da Universidade estadual de Montes claros - Unimontes
João dos Reis Canela
vice-reitor da Universidade estadual de Montes claros - 
Unimontes
Antônio Alvimar Souza 
Pró-reitor de ensino/Unimontes
João Felício Rodrigues Neto
diretor do centro de educação a distância/Unimontes
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autor
Alysson Luiz Freitas de Jesus
Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo – USP (2011). 
Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG (2005). 
Graduado em História pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes (2003). 
Atualmente é professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes. Professor das Faculdades Santo Agostinho, bem como do Programa 
de Mestrado em História da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes – 
PPGH. Tem experiência na área de História, Cultura, Política, com ênfase em História do 
Brasil, História da África e da Escravidão. Atualmente realiza pesquisas na área de análise 
de imagens, mídias, iconografias, cinema e música, com ênfase em Arte e História da 
Arquitetura. Pesquisa e leciona também nas áreas de Direito e Ciência Política, com ênfase 
nos estudos sobre Direito e Diversidade e Criminologia. É autor de três livros, bem como 
de artigos publicados em periódicos de circulação regional e nacional, tendo como áreas 
de pesquisa a História, as relações entre História e Direito e as diversas formas de mídias no 
ensino e pesquisa das Ciências Humanas e Sociais.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
O Segundo Reinado: Transição e Consolidação Política. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Dom Pedro II e o Poder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 A Estrutura Política do Segundo Império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.4 Economia, Sociedade e Cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
1.5 A Consolidação da Monarquia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
O Segundo Reinado: da Guerra do Paraguai à Escravidão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Da Política Externa ao Início do Desgaste no Segundo Reinado . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 A Guerra do Paraguai e a Crise da Monarquia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
2.4 O Fim da Escravidão e a Intensificação da Crise da Monarquia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .39
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
A Transição do Império para a República . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
3.2 O Processo de Desgaste da Monarquia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
3.3 As “Questões” do Fim do Império. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
3.4 A Transição para a República: Diálogos do Nascente Poder Republicano . . . . . . . . . 50
Referências . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Referências Básicas, Complementares e Suplementares . . . .57
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
9
História - História do Brasil Império II
Apresentação
A disciplina História do Brasil Império II é uma das mais importantes para a formação do 
pesquisador e professor de História. A disciplina História tem as suas particularidades e suas sub-
divisões. É a partir destas que você compreenderá a disciplina em sua totalidade, pois a separa-
ção em diversas etapas da história permite compreender os processos sociais, políticos, econô-
micos e culturais que caracterizam a História em seus diversos tempos.
Você, como historiador e professor, perceberá que a disciplina História do Brasil Império II 
será de suma importância para a compreensão não só da História do Brasil, mas também da for-
mação de parte da Era Contemporânea, ao longo do século XIX. 
Além disso, o estudo do período monárquico brasileiro é uma oportunidade temática de re-
pensar valores, culturas e práticas políticas dos homens do passado, nesse caso, do passado pós
-independência. No caso da referida disciplina, estudaremos, com mais afinco, o período do Se-
gundo Reinado, especialmente o processo que configurou a transição para o período republicano.
Essa é, indiscutivelmente, uma das grandes questões que você deve ter em mente, como 
historiador e professor de História, já que ela é fundamental para 
o trabalho do pesquisador e docente.
Os objetivos dessa disciplina são muito claros e podem ser 
pensados a partir dos seguintes aspectos: 
•	 analisar o período conhecido como Segundo Reinado, en-
quanto o poder era exercido por Dom Pedro II e eventual-
mente pela Princesa Isabel, sua filha; 
•	 analisar a política, sociedade e economia do Brasil pós-1840; 
•	 avaliar os eventos que marcaram o processo inicial de des-
gaste da Monarquia no Brasil; 
•	 analisar o período final do Segundo Reinado e a transição 
para um regime republicano.
Após a definição dos objetivos, o material foi produzido e di-
vidido em três grandes unidades que tratam da segunda metade 
do século XIX, e o processo que levou à transição para a Repúbli-
ca brasileira.
Na primeira unidade, denominada “O Segundo Reinado: 
transição e consolidação política”, procura-se compreender o iní-
cio do governo de Dom Pedro II, desde as dificuldades políticas 
por ele enfrentadas, no início da regência, dadas as contínuas disputas políticas intra-elites, até o 
período de maior estabilidade do Segundo Império, sobretudo com as transformações políticas, 
econômicas e sociais pelas quais o Brasil passou.
Na Unidade 2, a proposta é analisar os primeiros elementos que propiciaram o desgaste de 
Dom Pedro I no poder, representados, aqui, por dois eventos de enorme importância para o fu-
turo do Segundo Reinado: a Guerra do Paraguai e o processo do fim do sistema escravista negro.
Por fim, na Unidade 3, intitulada “A transição do Império para a República”, avalia-se o des-
gaste definitivo do sistema monárquico no Brasil, bem como a incompatibilidade das estruturas 
monárquicas com o processo de transformação que o Brasil enfrentava, o que, em última instân-
cia, levou à proclamação da República, no Brasil, em 1889.
Dessa forma, a partir da análise de todo o material e a forma como ele foi concebido, pode-
se ressaltar que o período histórico a ser compreendido, através deste estudo, é de 1840 a 1889. 
Ou seja, o Segundo Reinado e suas estruturas de funcionamento são o primeiro objetivo do estu-
do da disciplina.
Na segunda parte, a disciplina parte para a análise da desagregação do sistema que, tal 
como ocorria em muitas nações da época, teria que conviver com transformações e mudanças 
que se operavam no mundo. No caso do Brasil, o resultado dessas mudanças foi a proclamação 
da República, marcando o fim do Império brasileiro.
Por fim, você perceberá que essa disciplina será fundamental para todo o seu curso. Em rela-
ção às demais disciplinas que tratam da História do Brasil, é imprescindível que você identifique, 
criteriosamente, como se deu o nosso passado monárquico, em todo o seu período, e quais me-
todologias são utilizadas no ensino da História do Brasil Império II.
◄ Figura 1: Clio – Deusa 
da História.
Fonte: Disponível em 
<http://www.tiempo-
dehistoria.com/imagenes/
mensajes/clio.jpg>. Acesso 
em 4 ago. 2010.
10
UAB/Unimontes - 5º Período
Para atender a esse propósito, o texto está estruturado a partir do desenvolvimento das uni-
dades e subunidades. A finalidade é permitir que você perceba que as questões para discussão e 
reflexão são muito importantes e acompanham o texto, assim como as sugestões para transitar 
do ambiente de aprendizagem aos sites, para acessar bibliotecas virtuais na web, etc. 
Em relação às sugestões e dicas, elas estão localizadas junto ao texto, aparecendo com os 
respectivos ícones. A leitura dos textos complementares indicados também é importante, pois 
aponta os possíveis desenvolvimentos e ampliações para o estudo e a discussão do tema pro-
posto. Trata-se de recursos que podem ser explorados de maneira eficaz, por você, uma vez que 
promovem atividades de observação e de investigação que permitem desenvolver habilidades 
próprias da análise sociológica e o exercício da leitura e a interpretação dos fenômenos sociais e 
culturais.
Agora é com você. Explore tudo. Abra espaços para a interação com os colegas, para o ques-
tionamento, para a leitura crítica do texto, e não se esqueça das atividades e leituras comple-
mentares.
Bons estudos!
O autor.
11
História - História do Brasil Império II
UnidAde 1
O Segundo Reinado: Transição e 
Consolidação Política
1.1 Introdução
A formação do sistema monárquico, no Brasil, teve início desde o processo da vinda da famí-
lia real para a colônia, no ano de 1808. Depois do evento, singular na história de toda a América, 
viu-se a formação de uma Monarquia no Brasil que, de forma efetiva e oficial, aconteceu com a 
Constituição de 1824.
O reinado de Dom Pedro I, que compreendeu 10 anos, foi marcado por grandes dificulda-
des, sobretudo pelo caráter centralizador e, muitas vezes, autoritário do nosso primeiro gover-
nante do período pós-independência. O Primeiro Reinado terminou com a abdicação do impe-
rador.
Nos 10 anos seguintes, a esse episódio, aconteceu a regência das elites brasileiras, marcada 
pela intensa disputa de poder intra-elites. O Período Regencial seria ainda mais agitado que o 
Primeiro Reinado e culminaria com o chamado Golpe da Maioridade, que colocou Dom Pedro II 
no poder. A partir desse fato, tem-se início o Segundo Reinado, que serviu de tema para a produ-
ção de nossa análise, nesta Unidade.
Assim, a primeira parte do material tratará exatamente dos primeiros passos de Dom Pedro 
II e de algumas das mudanças que o Segundo Reinado traria, se comparado aos períodos ante-
riores da Monarquia.
Com o Segundo Reinado, percebem-se não só algumas alterações na estrutura política do 
país, como também novas características na economia e na própria sociedade constituída por 
um mistura de escravos negros e imigrantes, que passaria a caracterizar a sociedade brasileira 
nas décadas seguintes.
Esses primeiros eventos marcaram o Segundo Reinado.
1.2 Dom Pedro II e o Poder
Os arranjos e desarranjos da política brasileira, durante 
o Período Regencial, só seriam resolvidos com muita habi-
lidade. As elites brasileiras permaneciam disputando o po-
der de forma cada vez mais violenta e repressiva, e as revol-
tas regências demonstram claramente o ambiente político 
que se vivia nos anos que se seguiram à abdicaçãode Dom 
Pedro I.
Nos últimos anos da Regência, as revoltas tornavam-se 
um problema cada vez maior. As elites, disputando poder 
internamente, não conseguiram evitar o impacto que as re-
voltas trariam ao seu próprio governo. E foi o que realmente 
aconteceu.
No final de 1839, políticos, que viriam a formar o Par-
lamento Liberal, começaram a defender o projeto de ante-
cipação da maioridade de D. Pedro II. Eles apresentaram a 
questão como uma solução para a crise de governabilidade. 
Na verdade, os liberais contavam com a possibilidade de 
◄ Figura 2: Dom Pedro II
Fonte: Disponível em 
<http://www.3.bp.
blogspot.com/.../s400/Pe-
dro_II_farda.jpg>. Acesso 
em 12 jan. 2010.
12
UAB/Unimontes - 5º Período
derrubar o ministério conservador de Araújo Lima e assumir 
o controle do governo, manipulando o imperador adoles-
cente. 
A fundação do Clube da Maioridade, em 1840, presidi-
do pelo liberal Antônio Carlos de Andrada e Silva e o papel 
da imprensa, igualmente hostil à centralização regencial, 
contribuíram para o chamado Golpe da Maioridade. 
Em 23 de julho de 1840, o imperador, com apenas 14 
anos, assumiu o Poder Executivo no Brasil, iniciando um rei-
nado que se estenderia até 1889. 
A partir do chamado Golpe da Maioridade, Dom Pedro 
II se tornaria a figura política mais importante da história 
monárquica brasileira. O Segundo Reinado, que durou qua-
se meio século, tornou-se período de maior estabilidade da 
Monarquia brasileira. 
Para Lúcia Guimarães, Dom Pedro II marcou a vida política brasileira, não apenas como im-
perador, mas como grande estadista que se tornou. Desde a sua infância, Dom Pedro foi prepara-
do para o ofício de imperador. Sua jornada diária era extensa e detalhada, digna de alguém que 
ocuparia um cargo de grande importância. Conforme a autora:
Assim, começou a reinar efetivamente aos 15 anos incompletos. Muito se discu-
tiu sobre esse episódio, havendo quem diga que o jovem monarca participou da 
trama. De todo modo, é fato que, ao ser indagado se desejava assumir o governo, 
respondeu com a célebre frase: ‘Quero já!’ (GUIMARÃES, 2002, p.199).
Para Lúcia Guimarães, Dom Pedro II tornou-se um homem bem educado, diferenciado, com 
espírito político para enfrentar os inúmeros desafios que o Império brasileiro exigiu. 
Durante quase 50 anos, o Brasil presenciaria a atuação política de um dos mais importantes 
homens da História do Brasil. O Segundo Reinado seria decisivo para os rumos que a Monarquia 
tomaria no Brasil, bem como para a consolidação de importantes setores econômicos, como a 
economia cafeeira e o ainda incipiente setor industrial. A atuação de Dom Pedro II e das elites, 
nesse sentido, seria decisiva.
Para José Murilo de Carvalho, na conclusão da sua obra “Teatro das sombras”, a Monarquia 
demonstrava as suas especificidades em relação a outros regimes e mesmo a outras Monarquias 
(CARVALHO, 2003). Assim, as elites se encontravam em um teatro, ou como o próprio autor ava-
lia, em um “teatro de sombras”, em que
[...] os atores perdiam a noção exata do papel de cada um. Cada um projetava 
sobre os outros suas expectativas de poder, criava suas imagens, seus fantasmas 
[...]. As distorções eram maiores quando se tratava do poder e do papel do rei. 
Fruto inicial de pacto político, o poder do rei passou a ser o centro do sistema. 
Um poder derivado, e que nunca deixara de ser, tornou-se, para efeito da realida-
de política, incontrastado (CARVALHO, 2003, p. 421).
1.3 A Estrutura Política do 
Segundo Império
Este é o período da história monárquica brasileira em que houve uma maior tranquilidade 
interna, diferentemente do Primeiro Reinado e do Período Regencial, como vimos no período an-
terior do curso. Por essa razão, os anos de 1840 a 1889 podem ser considerados como o auge da 
Monarquia, fazendo de Dom Pedro II o homem que mais tempo permaneceu no poder na histó-
ria política do país. Dom Pedro II governou o Brasil durante quase meio século (1840-1889). 
O início desse período foi marcado pelo fim do regresso conservador, articulado, na época 
regencial. A partir de 1850, o Império conheceu uma fase de calmaria na política interna, graças 
às leis centralizadoras e à estabilidade econômica proporcionada pelo desenvolvimento da eco-
nomia cafeeira. O momento é caracterizado pelo grande desenvolvimento que o café alcançou 
na economia nacional, tornando-se o grande carro chefe da nossa economia. 
AtividAde
Faça uma breve pes-
quisa sobre a biografia 
de Dom Pedro II e os 
eventos que se ligam 
diretamente à sua tra-
jetória política durante 
o Segundo Reinado. 
Comente sua opinião 
sobre o assunto no 
fórum de discussão.
dicA
Retorne ao seu Caderno 
anterior, de História do 
Brasil Império I, e pes-
quise novamente sobre 
as elites que se configu-
raram na época do 
Período Regencial. Você 
perceberá que a estru-
tura política montada 
agora, entre liberais e 
conservadores, tem sua 
base política criada no 
Período Regencial.
Figura 3: O menino 
Dom Pedro II
Fonte: Disponível em 
<http://www.chc.cienciah-
oje.uol.com.br/noticias>.
Acesso em 12 jan. 2010.
►
13
História - História do Brasil Império II
Outros pontos são ainda elucidativos desse período histórico. A pressão da Inglaterra para 
acabar com a prática da escravidão no país, o que só vai ocorrer no final do século, quando a 
Monarquia acaba com ela, é um deles. Após 1870, a indústria nacional vai apresentar alguns si-
nais de desenvolvimento, apesar de que somente no período republicano efetivou-se o processo 
industrializador do Brasil. 
Ainda, nesse contexto, ocorre um momento em que a Monarquia funciona com o parlamen-
tarismo, considerado por muitos como um “Parlamentarismo às avessas”. E, externamente, entre 
as várias questões ligadas à Monarquia, destaca-se a Guerra do Paraguai, um divisor de águas na 
vida política do Império, levando ao processo de transição para a República.
Esse apanhado geral da evolução política do Segundo Reinado é importante em função de 
ressaltar que o governo de Dom Pedro II teve, durante todo o Segundo Reinado, pelo menos três 
grandes momentos, que devem ser analisados cuidadosamente.
A primeira fase, que compreende o período de 1840 a 1850, foi o período de necessidade de 
estabilização do regime monárquico, tendo em vista as turbulências políticas que se deram entre 
o Primeiro Reinado e o Período Regencial. 
Nesses 10 primeiros anos, portanto, o nosso imperador necessitou lançar mão de estratégias 
políticas importantes, especialmente tendo em vista o processo de estabilidade necessária junto 
às elites. 
Nesse contexto, as disputas políticas intra-elites eram cada vez mais evidentes, e tinham 
marcado a evolução política de toda a Monarquia: 
Com a abdicação de D. Pedro I chega à revolução da Independência ao termo 
natural de sua evolução: A consolidação do “estado nacional”. O primeiro reinado 
não passara de um período de transição em que a reação portuguesa, apoiada 
no absolutismo precário do soberano, se conservara no poder. Situação absolu-
tamente instável que se tinha de resolver ou pela vitória da reação – a recoloniza-
ção do país, que várias vezes, como vimos, ameaçou o curso natural da revolução 
– ou pela consolidação definitiva da autonomia brasileira, noutras palavras, do 
“estado nacional”. É este o resultado a que chegamos com a revolta de 7 de abril 
(PRADO Jr., 1994, p. 64).
◄ Figura 4: A coroação de 
Dom Pedro II
Fonte: Disponível em 
<http://www.imperiobra-
zil.blogspot.com>. Acesso 
em 4 ago. 2010
◄ Figura 5: O poder 
político no Império. 
Fonte: Disponível em 
<http://www.2.bp.blogs-
pot.com/.../parlamento%-
2Bimpério.jpg>. Acesso 
em 4 ago. 2010.
14
UAB/Unimontes - 5º Período
A característica marcante das elites no Brasil na época era, sem sombra de dúvidas, a sua 
falta de homogeneidade,o que levou a disputas políticas. Essas disputas foram estudadas no pe-
ríodo anterior do curso, em História do Brasil Império I.
As elites apresentavam características distintas, o que revelava que, no caso do Brasil, di-
ferentemente de outras nações liberais, não havia uma homogeneidade das elites (CARVALHO, 
2003).Essa falta de homogeneidade já foi por nós constatada no próprio processo de indepen-
dência, quando se notou que as elites apresentavam percepções distintas de Estado, logo que o 
Brasil se tornasse independente (CARVALHO, 2003).
As elites agrárias e os profissionais liberais que compunham os partidos dominavam a vida 
politica nacional e controlavam o cidadão em todas as suas esferas, através do voto e das rela-
ções paternalistas advindas da estrutura politica colonial brasileira. 
As elites sugavam o Estado, conforme se vê até hoje diante da máquina política instalada e 
concentrada nas mãos de grupos políticos minoritários. Existiam grandes latifundiários e coronéis 
que dominavam a vida política em suas regiões de atuação, seus “currais eleitorais”.
Em meio ao Segundo Reinado, liberais e conservadores se confundiam, disputando poder 
de forma intensa e exigindo do Imperador estratégias de negociação capazes de estabilizar as 
relações entre império e as elites, elementos que, anteriormente, por terem sido mal conduzidos, 
levaram ao desgaste político do Primeiro Reinado e do Período Regencial, como vimos.
Foi nesse contexto que Dom Pedro II utilizou dois importantes elementos, tendo em vista o 
processo de estruturação política do Segundo Reinado: a criação do Ministério da Conciliação e 
o início de um sistema baseado no Parlamentarismo. 
É interessante observar que alguns fatores no início do Segundo Reinado fizeram com que 
liberais e conservadores passassem a defender interesses comuns, que estavam vinculados à uni-
dade territorial, a manutenção da escravidão e a estrutura do poder nas mãos da aristocracia ru-
ral escravista. 
GLoSSário
Liberalismo: 
1. Conjunto de ideias 
e doutrinas que visam 
assegurar a liberdade 
individual no campo da 
política, da moral, da 
religião, etc., dentro da 
sociedade.2. Qualidade 
de liberal. 3. Liberali-
dade.
conservadorismo: 
Corrente político-filo-
sófica que defende que 
as melhores instituições 
não são aquelas que 
resultam de projetos 
feitos a partir do nada, 
mas sim de uma evo-
lução gradual ao longo 
dos séculos. A base 
do conservadorismo é 
opessimismo antropo-
lógico, a ideia de que o 
homem é naturalmente 
egoísta.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
AtividAde
Faça uma pesquisa 
sobre as disputas 
políticas entre as elites 
brasileiras, típicas da 
nossa vida política atual, 
e verifique que não 
eram incomuns, mesmo 
no período monárquico, 
como fica evidente nas 
rivalidades, já no início 
do Segundo Reinado, 
entre liberais e conser-
vadores. Apresente seu 
ponto de vista sobre o 
assunto no fórum de 
discussões.
Figura 7: O 
parlamentarismo na 
Inglaterra
Fonte: Disponível em 
<http://www.sociales4en-
tresierras.wikispaces.com/
file/view/parlamento_in-
gles.jpg>. Acesso em 4 
ago. 2010.
►
Figura 6: O poder 
político no Império
Fonte: Disponível em 
<http://www.1.bp.blogs-
pot.com/.../s400/juramen-
to.jpg>. Acesso em 4 ago. 
2010.
►
15
História - História do Brasil Império II
Assim, atendo-se a esses propósitos, com o 
término de um ministério conservador em 1853, 
o Primeiro Ministro conservador Honório Herme-
to Carneiro Leão (Marquês do Paraná) influenciou 
a formação de um ministério composto tanto por 
conservadores quanto por liberais. A formação des-
se ministério, denominado de Ministério da Conci-
liação, representou uma trégua entre os membros 
dos dois partidos pelo fato de que ele representou 
– o que já era um passo importante na época – uma 
certa aproximação entre os grupos rivais, melhoran-
do em certo sentido as relações políticas entre os 
grupos. 
Mesmo não sendo responsável por homoge-
neizar os grupos políticos em questão, o Ministério 
da Conciliação, em um período político curto, deu a 
Dom Pedro II condições de governar de forma me-
nos turbulenta, como nas décadas anteriores à Mo-
narquia. Entretanto, após a morte do Marquês do 
Paraná, os conflitos voltaram a ocorrer, e o ministé-
rio terminou por se esfacelar em 1858.
Pode-se afirmar que Dom Pedro II também se 
mostrou como o centro de algumas situações e decisões políticas importantes, que marcariam a 
nossa estrutura monárquica de poder pós 1840. Destacamos aqui a criação do parlamentarismo. 
Como sabemos, no sistema parlamentar, o Poder Executivo fica sob responsabilidade do 
Parlamento, a exemplo do que ocorre na atual Inglaterra. Dessa forma, a Monarquia e o parla-
mento se estabilizam em uma relação política que permite uma reforma do Estado, em um nível 
liberal, tal como aconteceu no exemplo clássico da Inglaterra, entre os séculos XVII e XVIII. A esse 
respeito, vejamos o exemplo da Declaração de Direitos, que criou o sistema parlamentar clássico 
da Inglaterra. Alguns fragmentos desse documento permitem-nos uma boa comparação com o 
caso do Brasil de Dom Pedro II.
BOX 1
Bill of Rights
Os Lords, espirituais e temporais e os membros da Câmara dos Comuns declaram, desde 
logo, o seguinte:
1. Que é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para suspender as leis ou seu 
cumprimento. 
2. Que, do mesmo modo, é ilegal a faculdade que se atribui à autoridade real para dispen-
sar as leis ou o seu cumprimento, como anteriormente se tem verificado, por meio de 
uma usurpação notória. 
3. Que tanto a Comissão para formar o último Tribunal, para as coisas eclesiásticas, como 
qualquer outra Comissão do Tribunal da mesma classe são ilegais ou perniciosas. 
4. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob 
pretexto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. 
5. Que os súditos tem direitos de apresentar petições ao Rei, sendo ilegais as prisões, vexa-
ções de qualquer espécie que sofram por esta causa. 
6. Que o ato de levantar e manter dentro do país um exército em tempo de paz é contrário 
a lei, se não proceder autorização do Parlamento. 
7. Que os súditos protestantes podem Ter, para a sua defesa, as armas necessárias à sua 
condição e permitidas por lei. 
8. Que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento. 
9. Que os discursos pronunciados nos debates do Parlamento não devem ser examinados 
senão por ele mesmo, e não em outro Tribunal ou sítio algum. 
10. Que não se exigirão fianças exorbitantes, impostos excessivos, nem se imporão penas de-
masiado deveras. 
GLoSSário
Parlamentarismo: O 
sistema parlamentarista 
ou parlamentarismo é 
um sistema de gover-
no no qual o poder 
Executivo depende do 
apoio direto ou indireto 
do parlamento para 
ser constituído e para 
governar. Esse apoio 
costuma ser expresso 
por meio de um voto de 
confiança. Não há, nes-
se sistema de governo, 
uma separação nítida 
entre os poderes Exe-
cutivo e Legislativo, ao 
contrário do que ocorre 
no presidencialismo.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
◄ Figura 8: Imagem do Bill 
of Rights
Fonte: Disponível em 
<http://www.historianet.
com.br/imagens/rev_glo-
riosa3.jpg>. Acesso em 4 
ago. 2010.
16
UAB/Unimontes - 5º Período
11. Que a lista dos jurados eleitos deverá fazer-se em devida forma e ser notificada; que os 
jurados que decidem sobre a sorte das pessoas nas questões de alta traição deverão ser 
livres proprietários de terras. 
12. Que são contrárias as leis, e, portanto, nulas, todas as concessões ou promessas de dar aoutros os bens confiscados a pessoas acusadas, antes de se acharem estas convictas ou 
convencidas. 
13. Que é indispensável convocar com freqüência os Parlamentos para satisfazer os agravos, 
assim como para corrigir, afirmar e conservar as leis. 
14. Reclamam e pedem, com repetidas instâncias, todo o mencionado, considerando-o como 
um conjunto de direitos e liberdades incontestáveis, como também, que para o futuro não 
se firmem precedentes nem se deduza conseqüência alguma em prejuízo do povo. 
15. A esta petição de seus direitos fomos estimulados, particularmente, pela declaração de 
S. A. o Príncipe de Orange (depois Guilherme III), que levará a termo a liberdade do país, 
que se acha tão adiantada, e esperamos que não permitirá sejam desconhecidos os di-
reitos que acabamos de recordar, nem que se reproduzam os atentados contra a sua reli-
gião, direitos e liberdades. 
Fonte: Disponível em <http://www2.editorapositivo.com.br/pnld/anosfinais/historia8/ehh060.html>. Acesso em 10 
set. 2010.
No entanto, no Brasil foi diferente. O Poder Moderador que existia desde Dom Pedro I deu 
novos contornos a esse sistema no país; esse sistema ficou conhecido como “Parlamentarismo 
às avessas”. O poder era na verdade exercido pelo próprio imperador, ou seja, era como o se o rei 
reinasse e também governasse. 
Alguns parágrafos do documento que criou o “Parlamentarismo às avessas” são um exemplo 
importante para se compreender essa interferência do imperador no funcionamento do parla-
mento.
Podemos perceber aqui uma estratégia do imperador, que pretendia se mostrar, naquele 
contexto, como uma figura pretensamente liberal. 
Começou a funcionar um sistema de governo assemelhado ao parlamentar, mas 
que não se confunde com o parlamentarismo no sentido próprio da expressão. 
Em primeiro lugar, lembremos o fato de que a Constituição de 1824 não tinha 
nada de parlamentarista. De acordo com seus dispositivos, o Poder Executivo 
era chefiado pelo imperador e exercido por ministros de Estado livremente no-
meados por ele. Esse critério é diverso do parlamentarismo, pois nesse sistema o 
ministério – chamado de gabinete – depende essencialmente do Parlamento, de 
onde sai à maioria de seus membros (FAUSTO, 2002, p. 179).
Figura 9: O 
parlamentarismo no 
Segundo Reinado
Fonte: Disponível em 
<http://www.1.bp.blogs-
pot.com>. Acesso em 4 
ago. 2010.
►
17
História - História do Brasil Império II
Nesse sentido, já no final da década de 1840, Dom Pedro II iniciava um importante proces-
so de transição da Monarquia brasileira. Os anos de intensa disputa política entre as elites, bem 
como a eclosão de inúmeras revoltas, tiveram um interregno, e o momento passou a ser de uma 
relativa estabilidade, marcados especialmente pelo período que iria de 1850 a 1870, quando a 
economia e algumas alterações sociais marcariam o Segundo Reinado, permitindo que Dom Pe-
dro II permanecesse inegavelmente mais tempo no poder, sobretudo se comparado à grande 
agitação política do Primeiro Reinado e do Período Regencial. Assim, a economia e as mudanças 
na sociedade teriam um papel importante.
1.4 Economia, Sociedade e Cultura
Como explicitamos, o café seria, nesse contexto, o grande marco da nossa economia. Duran-
te todo o Segundo Reinado, as exportações do café foram sempre enormes, totalizando quase 
60% de todas as exportações do país. Como podemos perceber, a agricultura ainda era o grande 
setor desenvolvimentista do Brasil.
Durante o período colonial e até meados 
do século XX, a agricultura foi a atividade eco-
nômica predominante no Brasil. Pode-se afir-
mar que as atividades agrícolas forneceram à 
metrópole as maiores riquezas, nem mesmo a 
mineração contribuiu tanto para Portugal.
A implantação das fa-
zendas se deu pela for-
ma tradicional da planta-
tion, com o emprego de 
força de trabalho escra-
va. Não era impossível 
produzir café exportável 
em pequenas unidades, como o exemplo da Colômbia iria demonstrar. Entretan-
to, nas condições brasileiras de acesso à terra e de organização e suprimento de 
mão-de-obra, a grande propriedade se impôs (FAUSTO, 2002, p. 186).
Com o Segundo Reinado, o café adquire um caráter comercial, passando a ser um produto 
de extremo valor e altamente lucrativo. A plantação de café, no Brasil, vai tomar contornos dos 
mais amplos, sendo plantado em larga escala na região sudeste. 
É importante destacar que o café possibilitou uma dinâmica nova na sociedade brasileira, 
apesar de que não foi o único produto importante, destacando-se também outras culturas, como 
o próprio açúcar, o algodão, o cacau, o tabaco e a borracha. A cultura do café prevaleceu sobre 
as demais atividades econômicas até 1930, aproximadamente. Só a partir daí, quando o processo 
de industrialização conseguiu firmar-se definitivamente, é que a monocultura cafeeira deixou de 
constituir a base da economia brasileira.
AtividAde
Procure fazer uma pe-
quena pesquisa sobre 
o processo que levou o 
café a se popularizar no 
Brasil ao longo do sécu-
lo XIX. Você perceberá 
que o café também tem 
a sua própria “história”.
GLoSSário
Plantation: É um tipo 
de sistema agrícola ba-
seado em uma mono-
cultura de exportação 
mediante a utilização 
de latifúndios e mão 
de obra escrava. Foi 
bastante utilizado na 
colonização da América, 
principalmente no culti-
vo de gêneros tropicais, 
e é atualmente comum 
em países subdesenvol-
vidos.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2012.
◄ Figura 11: O café e a 
sua importância para a 
economia
Fonte: Disponível em <ht-
tp//:www.1.bp.blogspot.
com/cafe.JPG>. Acesso em 
4 ago. 2010.
◄ Figura 10: 
Trabalhadores no café
Fonte: Disponível em 
<http://www.novah-
istorianet.blogspot.
com/2009/01/o-cafe>. 
Acesso em 4 ago. 2010.
18
UAB/Unimontes - 5º Período
Antes, porém, despontou-se o poder dos grandes barões de café, que passaram a dirigir a 
nossa economia. A vida política brasileira foi influenciada pela aristocracia do café ainda por um 
bom tempo depois da proclamação da República. Quase todos os presidentes do Brasil até 1930 
eram ligados à cafeicultura.
Importante ainda destacar que o surgimento do café e o desenvolvimento que ele propi-
ciou à economia nacional não alteraram a ordem social vigente, sobretudo no que se refere ao 
tipo de mão de obra empregada para a sua exploração. O grosso da população não viu sua situa-
ção alterada, prevalecia o domínio dos grandes barões, e o braço que fazia do café o grande pro-
duto do Brasil ainda era o braço do escravo, tão ou mais explorado que nos períodos anteriores. 
Ainda era reservado ao cativo o título de mãos e pés dos senhores e proprietários, conforme o 
jesuíta Antonil dizia sobre as lides no período colonial (ANTONIL, 1997).
Embora o hábito de consumir café se generalizasse no Brasil, o mercado interno 
era insuficiente para absorver uma produção em larga escala. O destino dos ne-
gócios cafeeiros dependia, e ainda hoje depende, do mercado externo. O avanço 
da produção caminhou lado a lado com a ampliação do hábito de consumir café 
entre a classe média cada vez mais numerosa nos Estados Unidos e nos países 
da Europa. Os Estados Unidos tornaram-se o principal país consumidor do café 
brasileiro, exportado também para a Alemanha, os Países Baixos e a Escandinávia 
(FAUSTO, 2002, p. 189).
Mesmo com toda a importância que o café teve na economia do Segundo Reinado, cabe 
salientar outro aspecto relevante. Em relação à economia, a indústria teve, nesse momento, tam-
bém um papel a ser lembrado.
O século XVIII marcou a chamada “crise do sistema colonial”. A partir da segunda metade do 
século XVIII ocorrem as crises do Antigo Regime e, por conseguinte, a crise do Antigo Sistema 
Figura 13: Os escravos 
na produção cafeeira
Fonte: Disponível em 
<http://www.reporterbra-sil.org.br>. Acesso em 4 
ago. 2010.
►
Figura 12: Os barões 
do café
Fonte: Disponível em 
<http://www.paraelesee-
laseducacao.blogspot.
com>. Acesso em 4 ago. 
2010.
►
19
História - História do Brasil Império II
Colonial que sustentava o Estado Absolutista. O liberalismo, em seu caráter político e econômico, 
defendia práticas econômicas que se chocavam com o protecionismo do Pacto Colonial. A Revo-
lução Industrial seria fruto de toda essa mudança, tendo na Inglaterra um marco desse processo. 
(HOBSBAWM, 1999). 
Para José Murilo de Carvalho, os exemplos dos EUA e mesmo da Inglaterra revelam a forma-
ção de uma estrutura liberal de poder, configurando assim modelos para a organização dos Esta-
dos da América, entre os quais o Brasil. Interessado em compreender a vida política brasileira no 
Império, Carvalho analisa o modelo das duas nações acima, relacionando a crise do sistema colo-
nial com os processos liberais de nações que formaram os EUA e a Inglaterra, já que elas, para o 
autor, “representam revoluções burguesas de êxito” (CARVALHO, 2003, p. 28).
Não obstante, mesmo com todas essas transformações que se davam na evolução do siste-
ma industrial, muitos analistas que estudaram o Brasil consideram que, naquele momento, o país 
passaria por um “surto industrial”, o que merece, obviamente, ser discutido. 
A indústria brasileira efetivamente sofreu um surto e se desenvolveu em nível real somen-
te no período Republicano, mais precisamente, na Era Vargas. Aceitar que a indústria brasileira 
apresenta um desenvolvimento a ponto de se chamar de um fenômeno de industrialização, é 
acreditar numa falsa concepção. De qualquer maneira, percebemos que alguns resquícios da 
nossa máquina industrial surgem, aqui, pelo menos com alguns investimentos, principalmente 
de cunho privado. 
Durante o período monárquico 
brasileiro, a nossa industrialização foi 
bastante prejudicada pelos Tratados de 
1810, como se pode perceber no pro-
cesso que culminou com a indepen-
dência do país, cujo tema é recorrente 
na disciplina História do Brasil Império I. 
Buscando contrariar essa situação, 
foram implantados alguns mecanismos 
a favor da indústria nacional, como a 
Tarifa Alves Branco, que aumentava a 
taxa sobre os importados, e a extinção 
do tráfico negreiro, que vai ocorrer no 
ano de 1850, especialmente a Lei con-
tra o tráfico, denominada de Lei Eusé-
bio de Queiroz, tema da nossa próxima 
unidade. 
GLoSSário
Liberalismo econômi-
co: Doutrina que enfati-
za a iniciativa individual, 
a concorrência entre 
agentes econômicos, e 
a ausência de interfe-
rência governamental, 
como princípios de 
organização econômica. 
Fonte: <babylon.com/
download/dicionarioau-
relioda linguaportugue-
sa>. Acesso em 24 ago. 
2010.
AtividAde
Faça uma pequena pes-
quisa comparando duas 
tarifas muito importan-
te para compreender o 
processo industrial no 
século XIX: os Tratados 
de 1810 e a Tarifa Alves 
Branco. Tal pesquisa 
lhe permitirá entender 
como as duas tarifas re-
presentaram situações 
distintas para a nossa 
indústria no período 
monárquico.
◄ Figura 14: A Revolução 
Industrial.
Fonte: Disponível em 
<http://www.- lh3.ggpht.
com/.../s400/Histoblog105.
jpg>. Acesso em 4 ago. 
2010.
◄ Figura 15: Os 
trabalhadores nas 
fábricas
Fonte: Disponível em 
<http://www.coljxxiii.com.
br/webquest/braitrevind.
gif>. Acesso em 4 ago. 
2010.
20
UAB/Unimontes - 5º Período
Já em 1850, o Brasil possuía 72 esta-
belecimentos industriais; em 1889, esse 
número chegava a seiscentos. Apesar de a 
agricultura ainda permanecer como a ati-
vidade mais importante, a economia bra-
sileira começava a se diversificar (FAUSTO, 
2002). Para se ter uma ideia dos investimen-
tos particulares realizados na indústria bra-
sileira, podemos citar a atuação do Barão de 
Mauá, o maior empreendedor do Segundo 
Reinado. 
Entre outras realizações do mesmo 
período, podemos citar a criação do Ban-
co Mauá, as Companhias de Gás e Bonde e 
construção de estradas de ferro. No entanto, 
a falta de apoio do imperador leva esse em-
preendedor à falência. Nesse cenário, ainda 
se percebia aqui uma grande dependência 
em relação à Inglaterra.
Pode-se afirmar que boa parte do pro-
cesso de crescimento industrial do Brasil 
ficava dependente de investimentos priva-
dos, tais como os realizados pelo Barão de 
Mauá, o que, evidentemente, não é suficien-
te para um processo dinâmico da industria-
lização brasileira, como ocorreu em países 
como Inglaterra, França ou Estados Unidos. 
Essas importantes mudanças na econo-
mia internacional, atreladas aos princípios 
liberais, atingiam cada vez mais países da 
América, como o Brasil, fazendo com que 
uma transformação importante também se 
operasse no nível social. 
Entretanto, a sociedade permanecia 
escravista, mesmo com todas as pressões 
vindas da Inglaterra para que o Brasil colo-
casse fim no tráfico negreiro, fato que estu-
daremos adiante. Pode-se afirmar, contudo, 
que a manutenção da escravidão conviveria 
agora com a presença cada vez maior de 
imigrantes.
Nesse contexto, a dependência regio-
nal maior ou menor da mão de obra escrava 
teve reflexos políticos importantes no enca-
minhamento da extinção da escravatura. A 
solução alternativa consistiu em atrair mão 
de obra europeia para vir trabalhar nas fa-
zendas de café. Em relação a esse fenôme-
no, devemos nos perguntar, inicialmente, por que não se tentou transformar escravos em traba-
lhadores livres, ou por que não se incentivou a vinda de gente das áreas pobres do Nordeste. 
A resposta à primeira pergunta envolve dois aspectos: de um lado, o preconceito dos gran-
des fazendeiros dificultava ou mesmo impedia que eles imaginassem a hipótese de mudança de 
regime de trabalho da massa escrava; de outro, é duvidoso que, após anos de servidão, os escra-
vos estivessem dispostos a ficar em uma situação não muito diversa da que tinham. 
GLoSSário
imigrantes: Que, ou 
quem imigra; que, ou 
quem vem estabelecer-
se num país estranho. 
Considera-se como 
imigração o movimen-
to de entrada, com 
ânimo permanente ou 
temporário e com a in-
tenção de trabalho e/ou 
residência, de pessoas 
ou populações, de um 
país para outro.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/>. 
Acesso em 4 ago. 2010.
dicA
Apesar de todo o Brasil 
utilizar da mão de obra 
escrava negra, nem to-
das as nossas províncias 
dependiam da mesma 
forma do trabalho es-
cravo. Em seus estudos, 
procure identificar se 
essa dependência era 
maior em relação à pro-
dução do café, que fazia 
da mão de obra escrava 
um elemento central na 
exploração econômica 
do país. 
Figura 16: O Barão de 
Mauá
Fonte: Disponível em 
<http://www.tijolaco.
com>. Acesso em 4 ago. 
2010.
►
Figura 17: As ferrovias
Fonte: Disponível em 
<http://www.3.bp.blogs-
pot.com>. Acesso em 4 
ago. 2010.
►
21
História - História do Brasil Império II
Já a resposta à segunda pergunta tem a ver com a argumentação racista que ganhou a 
mentalidade dos círculos dirigentes do Império, a partir de autores europeus como Buckle e Go-
bineau. Eles não só desvalorizavam apenas os 
escravos ou ex-escravos, mas também os mes-
tiços nascidos ao longo da colonização portu-
guesa, considerados como seres inferiores. De 
acordo com essa concepção, a única salvação 
para o Brasil consistiria em europeizá-los o 
mais depressa possível. 
A história da imigração para as zonas ca-
feeiras de São Paulo começa no Segundo Rei-
nado, mas tem maior impacto nos anos poste-
riores à proclamação da Republica. O incentivo 
à vinda de imigrantes passou por alguns en-
saios e erros. Em 1847, Nicolau de Campos Ver-
gueiro, antigo regente do Império e fazendeiro, 
cuja fortuna provinha em boa parte do comér-
ciode importação de escravos, tentou uma pri-
meira experiência. Com recursos do governo 
imperial, trouxe imigrantes alemães e suíços 
para trabalhar em suas fazendas do Oeste Pau-
lista, pelo regime de parceria.

Figura 21: Imigrantes
Fonte: Disponível em <http://www.escolapanamericana.
com/.../image008.jpg>. Acesso em 5 ago. 2010.

Figura 22: Imigrantes
Fonte: Disponível em <http://www.penapolis.sp.gov.
br/.../imigrantes0003.jpg>. Acesso em 5 ago. 2010.
Os parceiros dedicavam-se principalmente ao trato e à colheita do café, dividindo, com o 
proprietário da terra, os lucros ou prejuízos anuais. A experiência resultou em inúmeros atritos.
AtividAde
Faça uma pesquisa 
sobre as teorias raciais 
no mundo, sobretudo 
nas décadas finais do 
século XIX, para perce-
ber como o negro era 
julgado inferior e como 
algumas nações passa-
ram a utilizar pessoas 
brancas para “melhorar” 
as raças nacionais.
Figura 20: Nicolau de 
Campos Vergueiro
Fonte: Disponível em 
<http://www.origem.biz/
fotos/senadorvergueiro.
gif>. Acesso em 5 ago. 
2010.

◄ Figura 18: Os escravos 
no café
Fonte: Disponível em 
<http://www.4.bp.blogs-
pot.com>. Acesso em 4 
ago. 2010.
◄ Figura 19: Conde Arthur 
de Gobineau
Fonte: Disponível em 
<http://www.upload.
wikimedia.org/.../127px-
Gobineau_a.png>. Acesso 
em 4 ago. 2010.
22
UAB/Unimontes - 5º Período

Figura 23: Imigrantes italianos
Fonte: Disponível em <http://www.4.bp.
blogspot.com/.../s320/immigranti_raidue.jpg>. 
Acesso em 5 ago. 2010.

Figura 24: Imigrantes alemães
Fonte: Disponível em <http://www.penapolis.com.
br>. Acesso em 5 ago. 2010.

Figura 25: Família de imigrantes
Fonte: Disponível em <http://www.guiasjp.com/
fotos_noticias/foto_1110801599.7566.jpg>. Aces-
so em 5 ago. 2010.
A retomada de esforços para atrair imigrantes ocorreu a partir de 1871, coincidindo com a 
aprovação da Lei do Ventre Livre. A relação entre essa Lei e a crescente substituição pela mão de 
obra livre será por nós estudada na próxima unidade.
Prosseguindo, pode-se afirmar que a atração dos imigrantes se fez através de companhias 
particulares, sem fins lucrativos, cujos recursos provinham do Estado. Vários fatores, de um lado e 
de outro do oceano, favoreceram o afluxo de imigrantes em grande número. A crise na Itália, que 
se abateu com mais força sobre a população pobre, resultante da unificação do país e das trans-
formações capitalistas, foi um fator fundamental. Ao mesmo tempo, o pagamento de transporte 
e o alojamento representaram, bem ou mal, um incentivo.
A maioria dos imigrantes que chegaram a São Paulo, até os primei-
ros anos do século XX, era formada por trabalhadores do campo ou pe-
quenos proprietários rurais do norte da Itália – das regiões de Vêneto e 
da Lombardia, sobretudo, – sem condições de sobreviver com o cultivo 
de seu pedaço de terra. 
Segundo Boris Fausto, nos últimos anos do império, a imigração para São Paulo, de qualquer 
procedência, saltou de 6.500 pessoas, em 1885, para 91.826, em 1888. Nesse último ano, os italia-
nos constituíam quase 90% do total. 
Significativamente, a colheita do café de 1888, que se seguiu à abolição da es-
cravatura, em maio daquele ano, pôde ser feita sem problemas de mão de obra 
disponível (FAUSTO, 2002, p. 206).

Figura 26: Guerras pela 
unificação da Itália
Fonte: Disponível em 
<http://www.4.bp.
blogspot.com/.../s1600/
image002.jpg>. Acesso 
em 9 ago. 2010.
Figura 27: Guerras 
pela unificação da 
Alemanha
Fonte: Disponível em 
<http://www.pt.wikipedia.
org>. Acesso em 9 ago. 
2010.
►
23
História - História do Brasil Império II
O império brasileiro, em grande parte, durante o período de governo de Dom Pedro II, tam-
bém foi palco de relações culturais variadas. A “vida privada” do Brasil Império viu algumas carac-
terísticas importantes sendo estruturadas, também em relação aos imigrantes. Segundo Luiz Fe-
lipe Alencastro e Maria Luiza Renaux, o cotidiano passou por modificações depois da entrada de 
imigrantes, isso sem contar as misturas culturais dinâmicas do país, tendo em vista a herança es-
cravista. Assim, com a vinda dos imigrantes, descobriu-se o proletariado europeu. Para os autores: 
A concentração de imigrantes pobres nas cidades confunde aqueles que conta-
vam utilizar a imigração branca para “civilizar” o país. Torna-se evidente uma rea-
lidade social cujos termos eram até então antinômicos: a existência de europeus 
pobres, nivelados ao estatuto dos escravos de ganho e do eito, exercendo ati-
vidades insalubres e personificando formas de decadência social que pareciam 
estar reservadas aos negros (ALENCASTRO e RENAUX, In: ALENCASTRO (Org.), 
1997, p. 310).
1.5 A Consolidação da Monarquia
O período que vai do golpe da maiorida-
de, no qual Dom Pedro II assumiu o poder, até 
meados da década de 1860, pode ser conside-
rado como um período de consolidação do Se-
gundo Reinado e, por que não dizer, da própria 
Monarquia brasileira.
Em grande parte, as questões econômicas 
e políticas analisadas acima são elementos fun-
damentais para essa compreensão, sobretudo, 
se comparado ao processo político que se dera 
entre o Primeiro Reinado e o Período Regencial. 
Dom Pedro I, mesmo sob a ideia de ter sido res-
ponsável pelo processo de independência, não 
conseguiu permanecer muito tempo no poder, 
conforme já afirmamos anteriormente. 
Tal processo levou ao fim do Primeiro 
Reinado, e com a abdicação do imperador, ini-
cia-se o chamado Período Regencial. Também, 
nessa época, várias agitações políticas marca-
ram a Monarquia, especialmente as que se re-
ferem às inúmeras revoltas acontecidas, algu-
mas das quais estudadas por nós no curso de 
História do Brasil Império I.
A Revolução Farroupilha, só para citarmos 
um exemplo, demonstrou com clareza as in-
tensas disputas políticas que se davam na épo-
ca, tendo a questão da autonomia provincial 
como motivação maior da eclosão dessas re-
voltas. Mesmo com a solução encontrada para 
o evento, ficou clara a necessidade de uma fi-
gura política mais conciliadora, mais prepara-
da, como Dom Pedro II mostrou-se no período 
que se conheceu como Segundo Reinado. 
É nesse sentido que o papel de Dom Pe-
dro II fez-se absolutamente central. Obviamen-
te, a conjuntura política e econômica da épo-
ca do Segundo Reinado era, no mínimo, mais 
equilibrada que a dos períodos anteriores. 
Dessa forma, para nos atermos ao exemplo do café, as elites políticas do Segundo Reinado 
viveram um grau de estabilidade maior, o que permitiu diminuir as tensões políticas. Soma-se a 
isso também o fato de que as disputas intra-elites normalmente retraíram, permitindo que mu-
◄ Figura 28: Dom Pedro I
Fonte: Disponível em 
<http://www.herisalves.
blog.uol.com.br/images/
indepe.jpg>. Acesso em 9 
ago. 2010.
◄ Figura 29: A Revolução 
Farroupilha
Fonte: Disponível em 
<http://www.4.bp.blogs-
pot.com/.../revfarroupi-
lha-bento.jpg>. Acesso em 
ago. 2010.
24
UAB/Unimontes - 5º Período
danças políticas como o parlamentarismo diminuíssem as rusgas entre liberais e conservadores, 
ou seja, trata-se de um esforço maior pela conciliação política liderado por Dom Pedro II. 
Em relação a esse fato, o papel de Dom Pedro II foi central. O imperador, desde menino, ti-
nha sido efetivamente criado para exercer o cargo, o que, inegavelmente, facilitava a sua atuação 
política. Dom Pedro II parecia efetivamente mais preparado para o exercício do poder monárqui-
co, sobretudo se comparado ao seu pai, que governou entre 1822 e 1831. Conforme nos esclare-
ce Lúcia Guimarães, Dom Pedro II marcaria a vida política brasileira, não apenas como imperador, 
mas como grande estadista que se tornaria. Suas palavras são novamente esclarecedoras:
Assim, começou a reinar efetivamente aos 15 anos incompletos. Muito se discu-
tiu sobre esse episódio, havendoquem diga que o jovem monarca participou da 
trama. De todo modo, é fato que, ao ser indagado se desejava assumir o governo, 
respondeu com a célebre frase: ‘Quero já!’ (GUIMARÃES, 2002, p. 199).
Para Lúcia Guimarães e para muitos outros autores, Dom Pedro II marcaria a vida política 
brasileira, e seria em parte responsável pela consolidação da Monarquia brasileira, nos seus qua-
se 50 anos no poder. Não obstante, Dom Pedro enfrentaria, entre as décadas de 1860 e 1870, no-
vas questões políticas, militares e sociais, que marcariam os rumos do Império brasileiro.
Referências
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. História da vida privada no Brasil – império. São Paulo: Cia das 
Letras, 1999. 
ANTONIL, André João. cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte, Rio de Janeiro: Itatiaia, 
1997.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem e o teatro das Sombras: a política impe-
rial e a construção da ordem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10. ed. São Paulo: Edusp, 2002.
GUIMARÃES, Lúcia. Dom Pedro II. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil im-
perial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 198-201.
HOBSBAWM, Eric. A revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das. concurdas e constitucionais: a cultura política da inde-
pendência. Rio de Janeiro: Renan/Faperj, 2003.
PRADO JR., Caio. evolução Política do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.
dicA
Você sabia que, mesmo 
sendo a Revolução 
Farroupilha uma revolta 
do Período Regencial, 
ela só foi resolvida pela 
ação política de Dom 
Pedro II já no Segundo 
Reinado?
Reflita se esse fato pode 
ser mais um elemento 
que explica o impor-
tante papel político 
de Dom Pedro II e, por 
conseguinte, o seu pa-
pel na consolidação da 
Monarquia brasileira.
25
História - História do Brasil Império II
UnidAde 2
O Segundo Reinado: da Guerra 
do Paraguai à Escravidão
2.1 Introdução
Os anos iniciais do Segundo Reinado, como vimos, presenciaram um processo de ajuste da 
estrutura política monárquica, sobretudo depois de anos de intensas disputas políticas no Pri-
meiro Reinado e Período Regencial. 
Dom Pedro II utilizou-se de importantes alterações políticas, tendo o parlamentarismo 
como grande exemplo, no intento de diminuir as tensões políticas. Mesmo “às avessas”, o parla-
mentarismo permitiu diminuir parte das rusgas entre liberais e conservadores. A economia, por 
sua vez, estabilizou parte da condição do imperador no poder, e o café passou a sustentar o Im-
pério, por décadas. Entretanto, uma mudança importante seria operada a partir de meados da 
década de 1860, quando, após a Guerra do Paraguai e a intensificação da decadência da escravi-
dão, o Império caminharia rumo ao seu fim. 
É dessa forma que se pode começar a analisar um novo momento no Segundo Reinado, que 
marcaria o início da decadência de Dom Pedro II e, anos depois, culminaria com o processo de 
transição da Monarquia para a República. 
2.2 Da Política Externa ao Início do 
Desgaste no Segundo Reinado 
As décadas de 1850 e 1860, além de presenciarem uma efetivação do poder de Dom Pe-
dro II, por razões discutidas na unidade anterior, também presenciariam algumas alterações nas 
relações políticas do Império. Se a política interna parecia abrandar, melhorando parte das rela-
ções entre liberais e conservadores, na qual o parlamentarismo teve importante efeito, a política 
externa parecia levar o Segundo Reinado para novos 
rumos. Rumos esses que marcariam uma importante 
transição na Monarquia brasileira.
As relações com a Inglaterra e com os países pla-
tinos, nossos vizinhos da América, demonstrariam o 
início de uma mudança na política de Dom Pedro II, 
que culminaria com a entrada na Guerra do Paraguai. 
No momento, atentemos primeiro às relações politi-
cas ediplomáticas com os britânicos. Desde o governo 
de Dom Pedro I, as relações diplomáticas entre Brasil e 
Inglaterra foram, de certo modo, deteriorando-se, em 
função dos desentendimentos quanto à questão es-
cravista, fato que contribuiu para culminar na chamada 
Questão Christie. 
Apesar da proximidade das relações com os ingle-
ses, ficava evidente que Brasil e Inglaterra matinham 
interesses distintos em muitos aspectos, como ficou 
comprovado pela questão da abolição do tráfico, que 
discutiremos ainda nesta unidade. 
dicA
A Inglaterra foi, durante 
muito tempo, uma 
nação escravista, mas, 
já em meados do século 
XIX, era a grande nação 
que se posicionava con-
tra o tráfico. Tal questão 
deve ser vista de acordo 
com os interesses eco-
nômicos dos ingleses, 
na ânsia por mercado 
consumidor na América. 
◄ Figura 30: Dom Pedro II.
Fonte: Disponível em 
<http://www.franklinmar-
tins.com.br>. Acesso em 9 
ago. 2010.
26
UAB/Unimontes - 5º Período
Em meio a esse processo, destaca-se a Questão Christie. O início da contenda ocorreu em 
1861, em razão de dois acontecimentos isolados que envolviam ingleses. O primeiro relaciona-se 
ao naufrágio de um navio inglês próximo ao Rio Grande do Sul, cuja carga foi pilhada pela po-
pulação local. Já o segundo, relaciona-se à prisão de 3 oficiais ingleses, que estando à paisana e 
embriagados, encontravam-se promovendo desordem pelas ruas do Rio de Janeiro. 
Na ocasião, Willian Christie, representante diplomático da Inglaterra no Brasil, passou a exi-
gir não só uma pesada indenização pela carga pilhada (3200 libras esterlinas), como também a 
liberdade dos oficiais presos e a punição dos militares brasileiros que os prenderam (FAUSTO, 
2002).
Entendendo como afronta a punição dos militares brasileiros que atuaram legalmente, Dom 
Pedro II concordou apenas com o pagamento da indenização e a liberdade dos oficiais. Não sa-
tisfeita, a Inglaterra aprisionou 5 navios brasileiros em uma ilha do Atlântico, fato que resultou 
em alguns conflitos entre brasileiros e comerciantes ingleses no Brasil. 
Em virtude desses incidentes e por não chegarem a um acordo, o rei Leopoldo I da Bélgi-
ca, atuando como árbitro internacional, apoiou o Brasil e considerou que a Inglaterra deveria 
retratar-se. Como se negou a fazê-lo, 
em 1863, as relações diplomáticas en-
tre Brasil e Inglaterra foram rompidas. 
Entretanto, em 1865, com o início da 
Guerra do Paraguai, a Inglaterra, em 
razão de seus interesses na região do 
Prata, formalizou o pedido de descul-
pas ao governo brasileiro, possibili-
tando reatamento das relações diplo-
máticas.
É interessante notar como tal 
rusga entre brasileiros e ingleses de-
monstra que o grau de estabilidade 
na relação entre os dois países já nao 
era o mesmo. Desde a independência, 
a relação entre Brasil e Inglaterra pas-
sava sempre por novas adaptações, 
com renovações de tratados e, espe-
cialmente, pelos problemas ligados ao 
tráfico.
Nesse contexto, aos poucos de-
senhava-se uma alteração na política 
externa brasileira, que culminaria com 
a entrada do país na Guerra do Para-
guai, que discutiremos à frente.
Um outro aspecto da política ex-
terna do Segundo Reinado que me-
rece maior atenção são as chamadas 
Guerras Platinas. As lutas travadas 
pelo controle da região do Prata en-
tre portugueses e espanhóis durante 
o período colonial e, posteriormente, 
entre brasileiros e argentinos, acaba-
ram contribuindo para a formação da 
República do Uruguai em 1828. 
Entretanto, devido o conjunto 
de interesses envolvidos na região, a 
nova República acabou sendo objeto 
de disputas políticas entre brasileiros 
e argentinos. Nesse sentido, o Uruguai 
via-se dividido entre o Partido Colora-
do vinculado aos brasileiros e o Parti-
do Blanco vinculado aos argentinos. 
Em meio a essa disputa, em 
1851, o blanco Manuel Oribe assumiuGLoSSário
tráfico negreiro: 
Chama-se de tráfico 
negreiro o transporte 
forçado de negros 
como escravos para as 
Américas e para outras 
colônias de países euro-
peus, durante o período 
colonialista. A escrava-
tura foi praticada por 
muitos povos, em dife-
rentes regiões, desde 
as épocas mais antigas. 
Eram feitos escravos, 
em geral, os prisioneiros 
de guerra. Na Idade 
Moderna, sobretudo 
a partir da descoberta 
da América, houve um 
florescimento da escra-
vidão. Desenvolvendo-
se então um cruel e 
lucrativo comércio de 
homens, mulheres e 
crianças entre a África e 
as Américas. A escravi-
dão passou a ser justifi-
cada por razões morais 
e religiosas e baseada 
na crença da suposta 
superioridade racial e 
cultural dos europeus.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download//
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
Figura 31: A região do 
Prata
Fonte: Disponível em 
<http://www.geografiapa-
ratodos.com.br>. Acesso 
em 9 ago. 2010.
►
Figura 32: O Uruguai
Fonte: Disponível em 
<http://www.guiageo
-americas.com/mapas/
mapa/uruguai.jpg>. Aces-
so em 9 ago. 2010.
►
27
História - História do Brasil Império II
o governo uruguaio, aliou-se a Juan Manuel 
Rosas da Argentina (que tinha a pretensão de 
restabelecer o Vice-Reino do Prata) e bloqueou 
o porto de Montevidéu, prejudicando o co-
mércio de brasileiros, ingleses e franceses na 
região. 
Diante dos acontecimentos e temendo 
que a Argentina passasse a controlar as duas 
margens do rio do Prata, o Brasil apoiado pela 
Inglaterra, iniciou a invasão do Uruguai. As tro-
pas brasileiras (boa parte farroupilha), coman-
dadas pelo futuro Duque de Caxias, contaram 
com o apoio do colorado Rivera (ex-presidente 
uruguaio) e do general argentino Urquiza (que 
se opunha a Rosas). No desencadear dos confli-
tos, os blancos foram derrotados e o colorado 
Rivera assumiu o governo Uruguaio. Em segui-
da, em 1852, após a batalha de Monte Caseros, 
Rosas foi derrotado e Urquiza assumiu o gover-
no argentino.
Apesar da vitória, em 1864, os blancos 
reassumiram o poder no Uruguai com a as-
censão de Aguirre à presidência. Assim, nova-
mente, o Brasil passou a se ver prejudicado e 
os conflitos se reiniciaram.Sem soluções por 
meios diplomáticos, tropas brasileiras coman-
dadas pelo General Mena Barreto (apoiadas pe-
los colorados) invadiram o Uruguai, enquanto a 
esquadra brasileira, comandada pelo Almiran-
teTamandaré, postou-se diante de Montevidéu. 
Sem dispor de condições para resistir, 
Aguirre acabou renunciando, fato que descon-
tentou o presidente paraguaio Solano López, 
que tinha boas ligações com os blancos uru-
guaios.
As questões explicitadas, bem como os 
seus detalhes, são reveladores de um aspecto 
ainda mais importante. À medida que avança-
va o século XIX, as disputas na região pareciam 
cada vez mais intensas, dando contornos de 
uma relação tensa que marcaria a história dos 
países envolvidos. Brasil, Argentina e Uruguai, 
em especial, faziam parte de um jogo que fatal-
mente levaria a conflitos e que se tornaria ain-
da mais agravante quando se desse a entrada 
de uma nova nação em cena. 
O Paraguai e o seu intenso crescimento 
seria o elemento que transformaria a relação 
na região do Prata em um barril de pólvora, 
ocasionando uma das maiores guerras da his-
tória do continente, e mudando definitivamen-
te os rumos do poder monárquico no Brasil. A 
Guerra do Paraguai dividiria a história brasilei-
ra, levando Dom Pedro II a uma crise crescente.
AtividAde
Faça uma breve pes-
quisa sobre a história 
da região platina, 
especialmente sobre a 
Argentina e o Uruguai. 
Você perceberá como se 
moldou parte das riva-
lidades entre os países, 
sobretudo devido às 
disputas territoriais que 
se deram ao longo de 
décadas. 
◄ Figura 35: Duque de 
Caxias
Fonte: Disponível em 
<http://www.jbitten.files.
wordpress.com/2010/03/
dqcaxias.gif>. Acesso em 9 
ago. 2010.
◄ Figura 34: Juan Manuel 
Rosas
Fonte: Disponível em 
<http://américa.info/wp-
content/uploads/2010/01/
Juan-Manuel-de-Rosas.
jpg>. Acesso em 9 ago. 
2010.
◄ Figura 33: Manuel Oribe
Fonte: Disponível em 
<http://www.biografiasy-
vidas.com/biografia/o/
fotos/oribe.jpg>. Acesso 
em 9 ago. 2010.
28
UAB/Unimontes - 5º Período
2.3 A Guerra do Paraguai e a Crise 
da Monarquia
Seria necessário um conflito em grandes proporções para marcar de forma decisiva a histó-
ria da Monarquia brasileira.
Após décadas e décadas de disputas políticas entre as elites brasileiras e portuguesas, e de 
diversas disputas entre poder central e poder provincial, assim como décadas de revoltas espa-
lhadas por todo o país, o governo monárquico, agora sob a liderança de Dom Pedro II, teria na 
Guerra do Paraguai um ponto decisivo. No final, o Brasil venceria o conflito, mas a Monarquia pa-
recia efetivamente derrotada, especialmente devido à crescente pressão exercida pelo exército 
brasileiro.
No contexto político externo desse momento, não há ponto de maior destaque quanto à 
Guerra do Paraguai. Ocorrida entre os anos de 1865 a 1870, esse conflito foi o responsável pela 
destruição do Paraguai, país em ascensão antes da Guerra. 
Após a independência do Paraguai, em 1811, seus governantes procuraram tornar a econo-
mia do país autossuficiente, incentivando o desenvolvimento da produção agrícola e manufatu-
reira, além disso, estabeleceram um eficiente sistema de educação pública e modernizaram os 
transportes e as comunicações. O governo paraguaio controlava a economia, com êxito, conse-
guindo superávits em sua balança comercial. Pode-se afirmar ainda que, depois da independên-
cia, o Paraguai passaria por um processo de intenso desenvolvimento, erradicando inclusive pro-
blemas sociais, como o analfabetismo. 
AtividAde
Faça uma breve pesqui-
sa sobre os grupos dos 
blancos e dos colorados 
no Uruguai, procurando 
notar com as suas dis-
putas políticas tinham 
grande semelhança 
com as disputas entre 
liberais e conservadores 
no Brasil, ao longo do 
século XIX.
AtividAde
Faça uma pesquisa 
sobre a atual condição 
social e econômica do 
Paraguai, e busque 
comparar com as condi-
ções mostradas aqui, na 
época da guerra. Você 
verá que o país, hoje, 
em grande parte, tem a 
pobreza como resultado 
do extermínio sofrido 
com a guerra. Comente 
sua opinião sobre o 
assunto no fórum de 
discussão.
dicA
Para complementar 
seus estudos, procu-
re conhecer sobre a 
biografia de Solano 
Lopes, líder político 
paraguaio, e perceba 
como o caráter político 
pode ser explicativo 
também de algumas 
das atitudes expan-
sionistas do Paraguai 
naquela época, o que, 
para muitos especialis-
tas, justifica as grandes 
rivalidades existentes 
entre o Paraguai e os 
países vizinhos, como 
foi o caso do Brasil. 
Figura 36: O Paraguai 
no século XIX
Fonte: Disponível em 
<http://www.200.135.34.3/
criacac/img/wiki_up/
map_par.gif>. Acesso em 
9 ago. 2010.
►
29
História - História do Brasil Império II
Gradativamente, o Paraguai buscou crescer, vinculando-se ao 
mercado externo. Aumentou então seu interesse pelo controle da 
navegação fluvial dos Rios Paraguai e Paraná e pelo livre trânsito 
através do porto de Buenos Aires. Foi nesse quadro que Solano 
López ascendeu ao poder em 1862, depois da morte de seu pai 
(FAUSTO, 2002, p. 211).
O Paraguai era o único país da região que não apresentava dívida externa, pois 
não dependia do capital da Inglaterra para sobrevivência da sua economia. Portan-
to, o Paraguai era um país nacionalista, que buscava um desenvolvimento autossufi-
ciente. 
Logicamente, tais fatores passam a incomodar nações como a Inglaterra, que 
veem no Paraguai um inimigo a ser derrotado, a “ovelha negra” da América doSul. 
Com isso, a Inglaterra vai estimular diretamente uma guerra contra aquele país. 
Já no ano de 1864, Solano Lopes inicia um possível processo de expansão de 
fronteiras no país, com o objetivo de encontrar uma saída pelo mar, buscando, as-
sim, melhorar o trânsito comercial paraguaio. No ano seguinte, Solano ocupa o Nor-
te da Argentina. 
Decorre daí o início da guerra, com a formação da tríplice aliança contra o Paraguai: Brasil, 
Argentina e Uruguai (estimulados e financiados pelos ingleses). 
Durante a guerra, a atuação dos ingleses é fundamental, pois parte do seu apoio leva à derro-
ta massacrante dos paraguaios frente aos seus adversários, no ano de 1870. O Brasil, por sua vez, 
teria papel decisivo no conflito, tendo em vista ter sido a nação que diretamente derrotou os para-
guaios nas batalhas continentais. Terminada a guerra, o Paraguai se vê numa situação de derrota 
absoluta. O processo de modernização do Paraguai tornou-se coisa do passado e o país conver-
teu-se em um exportador de produtos de pouca importância. Os cálculos mais confiáveis indicam 
que metade da população paraguaia morreu, caindo de aproximadamente 406 mil habitantes, em 
1864, para 231 mil, em 1872. A maioria dos sobreviventes era de velhos, mulheres e crianças.

Figura 37: Solano Lopez
Fonte: Disponível em 
<http://www.historiabra-
sileira.com/files/2009/12/
solano-lopez.jpg>. Acesso 
em 9 ago. 2010.
◄ Figura 39: O Paraguai e 
o contrabando atual
Fonte: Disponível em 
<http://www.noticiaspoli-
ciais.com.br>. Acesso em 9 
ago. 2010.
◄ Figura 38: A Guerra do 
Paraguai
Fonte: Disponível em 
<http://www.mnecho.
com/images/riachuelo.
jpg>. Acesso em 9 ago. 
2010.
30
UAB/Unimontes - 5º Período
Para os “vitoriosos”, a Guerra também custou caro. O Brasil, por exemplo, por esse motivo, 
aumentou a sua dívida com os ingleses, e consequentemente, a sua dependência em relação ao 
mesmo. Ainda, por causa da guerra, o Brasil perdeu milhares de soldados e contraiu pesados em-
préstimos no exterior para financiar as expedições contra o Paraguai.
O Exército brasileiro foi consolidando-se’ no correr da Guerra do Paraguai. Até 
então, o Império contara com um reduzido corpo profissional de oficiais e encon-
trara muitas dificuldades para ampliar os efetivos. Não havia serviço militar obri-
gatório, e sim um sorteio muito restrito, para servir no Exército. Os componentes 
da Guarda Nacional, que eram a grande maioria da população branca, estavam 
isentos desse serviço. Até a Guerra do Paraguai, a milícia gaúcha dera conta das 
campanhas militares do Brasil no Prata, mas ela se revelou incapaz de enfrentar 
um exército moderno como o paraguaio (FAUSTO, 2002, p. 214).
Depois de 1870, muita coisa mudaria na vida política do Segundo Reinado. A relação de de-
pendência do Brasil com a Inglaterra era somente um dos efeitos que o conflito teria no país. A 
questão do exército, com certeza, seria a mais marcante. A guerra tornaria-se o ponto maior na 
consolidação do exército brasileiro, que não tinha, até aquele conflito, sido efetivamente organi-
zado. Com a vitória sobre os paraguaios, uma nova situação política configurava-se, Dom Pedro II 
teria que ser extremamente hábil para lidar com a crescente influência política do exército, bem 
como com os seus interesses. 
Dessa forma, uma situação ligada à política externa do país, como fora o Paraguai, levaria 
agora a um novo problema de política interna e que, tempos depois, seria crucial nos rumos que 
a Monarquia brasileira tomaria. Antes, outra temática também marcaria os rumos da crise da Mo-
narquia no Brasil e que parecia cada vez mais de urgente resolução por parte do Estado: a ques-
tão da escravidão negra.
2.4 O Fim da Escravidão e 
a Intensificação da Crise da 
Monarquia
A escravidão do negro no Brasil é um dos temas de maior debate entre os historiadores. 
Você sabia que, no caso brasileiro, o negro foi escravizado por mais de três séculos? Você sabe da 
importância desses mesmos negros para a formação cultural e política do Brasil? E o mais impor-
tante: você sabia que boa parte das nossas atuais relações sociais e econômicas de trabalho têm 
resquícios na nossa relação escravista?
dicA
É importante notar que 
a atual situação do Pa-
raguai, uma economia 
atrasada e dependente, 
tem muito a ver com 
os problemas advindos 
da Guerra de 1865 a 
1870. Nesse caso, cabe 
pensarmos, então, no 
papel do Brasil como 
agente responsável por 
parte do atraso para-
guaio, tendo em vista a 
nossa decisiva atuação 
no massacre imposto 
àquele país. 
AtividAde
Faça uma pesquisa so-
bre a escravidão negra 
no Brasil por meio dos 
livros que foram pro-
duzidos sobre o tema. 
Você perceberá que o 
tema “escravidão” é um 
dos mais discutidos pela 
historiografia brasileira.
dicA
Você sabia que o Brasil 
foi um dos últimos 
países modernos a 
acabar com o regime de 
escravidão? Tal evento 
deu-se com a Lei Eusé-
bio de Queiroz.
Figura 40: O Paraguai e 
o contrabando atual
Fonte: Disponível em 
<http://www.gaz.com.
br/.../grande/87312_con-
trabando1.jpg>. Acesso 
em 9 ago. 2010.
►
31
História - História do Brasil Império II
Você deve ter notado que as questões 
acima não são de simples resposta. Muitos 
de nós não conseguimos estabelecer uma 
relação clara entre a escravidão negra bra-
sileira e as relações raciais e sociais de po-
breza no país. Você tem consciência dessa 
relação? Para isso, torna-se necessário com-
preender um pouco do nosso passado es-
cravista, por meio do estudo da cultura, das 
relações de trabalho coloniais e das formas 
de resistência dentro do sistema escravista.
Não obstante, preocuparemo-nos aqui 
com a desagregação do regime escravista 
negro no Brasil, tendo em vista que, na pri-
meira metade do século XIX, já se percebia 
uma forte pressão para o fim do tráfico ne-
greiro no Brasil e, por conseguinte, para o 
fim do regime escravista. Nesse contexto, 
a abolição da escravidão no Brasil passaria 
por um longo processo político. 
Assim, foi durante o Segundo Reinado 
que o processo para a abolição acelerou, 
tendo em vista a criação das principais leis 
antiescravistas, naquela época. Ao longo do 
século XIX, a escravidão continuava sendo 
a base das relações de trabalho, no Brasil, já 
que a mão de obra escrava era sobremanei-
ra superior à utilização do trabalho livre. Nesse sentido, o debate em torno da liberdade escrava 
era tão intenso e acabou se configurando como parte das rivalidades intra-elites do Império. Li-
berais e conservadores confundiam-se nos discursos pró e contra escravidão, dependendo dos 
interesses pessoais de determinados grupos.
As ideias abolicionistas existiram no Brasil mesmo antes da Independência. Entretanto, foi 
apenas no século XIX que, juntamente com a propagação dessas ideias, surgiram condições eco-
nômicas, sociais e políticas favoráveis à abolição da escravatura. O processo de extinção do tra-
balho escravo iniciou-se efetivamente em 1850, com a proibição do tráfico negreiro e terminou 
em 1888, com a assinatura da Lei Áurea.
As possibilidades de discussão acerca da abolição da escravidão no Brasil são diversas. Vá-
rios são os fatores discutidos que teriam contribuído para efetivar o fim da escravidão no Brasil. 
Discute-se muito o papel fundamental que a Inglaterra teria nesse contexto, e é importante dis-
cutir esse ponto. Em relação a isso, podemos avaliar a Lei Eusébio de Queiroz, responsável pelo 
fim do tráfico negreiro internacional praticado pelos brasileiros. 
A historiadora Hebe Mattos avalia que muito antes da promulgação da lei, em 1850, o tráfi-
co perdia legitimidade aos poucos, “até tornar-se ilegal na maioria dos países que o praticavam, 
nas primeiras décadas do século XIX” (MATTOS, In: VAINFAS, 2002, p. 474). É digna de destaque 
que a discussão sobre o fimdo tráfico levou à promulgação de uma lei, em 1831, a famosa lei 
conhecia como “lei para inglês ver”. A lei não pegou apesar dos esforços de parte da oposição li-
beral, especialmente nos anos 1830. Sobre essa lei, a autora Hebe Mattos destaca parte das pres-
sões da Inglaterra, interessada no fim definitivo do tráfico negreiro no Brasil. 
Num movimento de tensão internacional crescente, desenvolveu-se, especial-
mente na corte, um forte sentimento antibritânico associado à defesa do tráfico 
e à legitimidade da escravidão entre a população livre do país. Foi nesse contexto 
que um novo gabinete conservador, liderado por Euzébio de Queiroz, conseguiu 
aprovar no Parlamento, em 1850, a Lei n.º 581 (MATTOS, In: VAINFAS, 2002, p. 
474).
GLoSSário
Abolição: Ação ou efei-
to de abolir. O abolicio-
nismo foi um movimen-
to político que visou à 
abolição da escravatura 
e do comércio de escra-
vos. Teve as suas origens 
durante o Iluminismo 
no século XVIII e tornou-
se uma das formas mais 
representativas de ati-
vismo político do século 
XIX até a atualidade.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
dicA
Tenha a Lei Áurea no 
seu próprio computa-
dor. Faça um download 
da Internet e veja como 
uma lei tão importante 
não faz nenhuma men-
ção à situação do negro 
pós-escravidão.
◄ Figura 42: O cotidiano 
de crianças em trabalho 
pesado.
Fonte: Disponível em 
<http://www.estadao.
com.br/fotos/carvoarias.
jpg>. Acesso em 9 ago. 
2010.
◄ Figura 41: Johann 
Moritz Rugendas O 
cotidiano escravista 
colonial.
Fonte: Disponível em 
<http://www.exposi-
caomulheresreais.com/
voceSabia_modos.htm>. 
Acesso em 9 ago. 2010.
32
UAB/Unimontes - 5º Período
Dessa forma, a questão do tráfico constituiria-se em aspecto fundamental nos debates so-
bre o fim da escravidão negra no Brasil. Durante décadas, esse foi o principal tema presente nos 
debates entre as elites e, sobretudo, nas pressões que vinham da Inglaterra sob o Brasil (RODRI-
GUES, 2000). Portanto, a partir do estudo das questões que levaram ao fim o tráfico de escravos 
junto à África, não há como negar que a Inglaterra teve, sim, um papel de destaque nesse con-
texto, pois não se pode deixar de lado que a possibilidade de abolir a escravidão traria ao merca-
do mais consumidores. 
No entanto, é importante frisar que não seria tão fundamental essa questão, afinal o escravo 
livre e o imigrante, como grande braço de trabalho, não implicaria que eles gerariam um merca-
do consumidor. 
Mesmo com o fim do tráfico negreiro, o processo que levou à abolição da escravidão con-
tinuou em intenso debate e várias outras leis foram promulgadas, ao longo do século XIX, bus-
cando-se, gradualmente, abolir a escravidão no país. Destaca-se aqui a Lei do Ventre Livre, talvez 
singular quanto à possibilidade de se analisar o papel das elites junto ao poder no Segundo Rei-
nado. Promulgada em 28 de setembro, a Lei do Ventre Livre – como ficou conhecida – passou 
a regulamentar diversas situações relacionadas à liberdade escrava no Brasil. Algumas das suas 
disposições podem ser destacadas: 
BOX 2
Lei do ventre Livre
Art. 1º Os filhos da mulher escrava, que nascerem no Império desde a data desta Lei, se-
rão considerados de condição livre.
# 1º Os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas 
mães, os quais terão a obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos.
[...]
# 2º Qualquer desses menores poderá remir-se do ônus de servir, mediante prévia inde-
nização pecuniária, que por si ou por outrem ofereça ao senhor de sua mãe, procedendo-se 
à avaliação dos serviços pelo tempo que lhe resta preencher, se não houver acordo sobre o 
quantum da mesma indenização.
[...]
# 7º O direito conferido aos senhores no # 1º transfere-se nos casos de sucessão neces-
sária, devendo o filho da escrava prestar serviços à pessoa a quem nas partilhas pertencer a 
mesma escrava.
[...]
Art. 4º É permitido ao escravo a formação de um pecúlio com o que lhe provier de doa-
ções, legados e heranças, e com o que, por consentimento do senhor, obtiver do seu trabalho 
e economias. O governo providenciará nos regulamentos sobre a colocação e segurança do 
mesmo pecúlio. 
[...]
# 2º O escravo que, por meio de seu pecúlio, obtiver meios para indenização de seu valor, 
tem direito à alforria. Se a indenização não for fixada por acordo, o será por arbitramento. Nas 
vendas judiciais ou nos inventários o preço da alforria será o da avaliação.
dicA
Para complementar 
seus estudos, procure 
conhecer mais sobre a 
Revolução Industrial e 
veja como a Inglaterra 
tinha enormes interes-
ses em acabar com a 
escravidão nos países 
da América, entre os 
quais, o Brasil.
Figura 43: Johann 
Moritz Rugendas O 
tráfico negreiro
Fonte: Disponível em 
<http://www.materias-
neltonlandia.blogspot.
com/2007/03/civilizao-do
-acar.html>. Acesso em 9 
ago. 2010.
►
33
História - História do Brasil Império II
[...]
# 4º O escravo que pertencer a condôminos, e for libertado por um destes, terá direito à 
sua alforria, indenizando os outros senhores da quota do valor que lhes pertencer. Essa inde-
nização poderá ser paga com serviços prestados por prazo não maior de sete anos, em con-
formidade do parágrafo antecedente.
[...]
Art. 6º # 5º Em geral, os escravos libertados em virtude desta Lei ficam durante cinco 
anos sob a inspeção do governo.
Eles serão obrigados a contratar seus serviços sob pena de serem constrangidos, se vive-
rem vadios, e a trabalhar nos estabelecimentos públicos.
Fonte: ALANIZ, 1997, p. 103-107.
A transcrição de alguns 
dos artigos dessa Lei tem o ob-
jetivo de mostrar o quão com-
plexo era o tema, já que discutir 
a liberdade escrava pressupu-
nha analisar várias temáticas 
em conjunto e não apenas pro-
mover a libertação, até porque 
muitos interesses políticos se 
apresentavam. 
A Lei de 1871, dessa for-
ma, permite-nos entender boa 
parte do debate que se dava 
naquele contexto. Para deter-
minados autores, a Lei apenas 
refletiu uma luta anterior dos 
próprios escravos pela sua 
própria liberdade, pois, muito 
antes da referida Lei, os cativos 
já lutavam por antigos “direitos 
costumeiros”. Segundo Eduar-
do França, esses escravos, ho-
mens e mulheres, 
[...] construíram direitos costumeiros e que enfrentaram seus senhores tentan-
do fazer valer seus direitos de escravos por meio da Justiça de uma sociedade 
escravista parecem querer nos advertir sobre a 
necessidade premente de evitarmos a separação 
entre elas, embora reconhecendo suas especifi-
cidades. É enganoso imaginar que a dimensão 
da cultura prescinde da dimensão política e vice-
versa. No viver cotidiano, na construção de uni-
versos culturais, na elaboração de tradições e de 
práticas e na arte da política, os homens e mulhe-
res cativos do passado foram mestres competen-
tes e parecem ter muito a dizer aos pensadores 
de outros tempos (PAIVA, 2003, p. 29).
Nesse sentido, acreditamos tratar-se de um equívoco pensar na 
Lei de 1871 como a resolução dos problemas relativos à liberdade 
escrava no Brasil. O que efetivamente parece ter mudado foi a ima-
gem que a justiça fazia da situação, aumentando a importância que 
o Direito teve na luta contra a escravidão (CHALHOUB, 1990. MATTOS, 
1998). Deve-se deixar claro que não se trata aqui de diminuir a impor-
tância da referida Lei nas relações senhor-escravo, o que, fatalmente, 
seria um grande erro. Trata-se de redimensionar o papel da Lei e ana-
lisar até que ponto ela alterou as relações no sertão. Keila Grinberg es-
clarece:
Figura 45: Mulheres e 
crianças na escravidão 
Fonte: Disponível em 
<http://www.portalven-
trelivre.com>. Acesso em 9 
ago. 2010.

◄Figura 44: Crianças 
escravas
Fonte: Disponível em 
<http://www.marcelocoe-
lho.folha.blog.uol.com.
br/images/sweepers.jpg>. 
Acesso em 9 ago. 2010.
34
UAB/Unimontes - 5º Período
De fato, promulgada em 1871, depois de intensos debates, a Lei do Ventre Livre 
alterou radicalmente o status do escravo no Brasil, a partir do momento em que 
oficializou aquilo que quase todos esperavam, mas receavam tornar público: o 
fim do sistema escravista neste país, ao estabelecer que todos os filhos de escra-
vos nascidos a partir de então seriam considerados 
livres (GRINBERG, 2002, p. 317).
Em livro publicado recentemente, Alys-
son Luiz Freitas de Jesus analisou a referida Lei 
e o processo de debate entre as elites sobre o 
fim da escravidão no Brasil. Para o autor, a Lei 
acabou por moldar um novo discurso dos po-
líticos que se diziam abolicionistas e, por con-
seguinte, intensificou o processo de liberdade 
escrava, já que o tráfico negreiro já havia sido 
extinto (JESUS, 2007).
Mesmo sendo a Lei um passo para o fim 
da escravidão, o autor revela que as suas prer-
rogativas também beneficiaram os discursos 
das elites, em seu jogo entre liberalismo e es-
cravidão: 
Dessa forma, entendemos a lei a partir de uma aná-
lise thompsoniana, o que nos leva a avaliar que a Lei 
de 1871 – como qualquer outra – não servia apenas 
aos interesses de determinada classe, ou seja, as re-
gras legais não serviam apenas como instrumentos 
dos dominadores para oprimir os dominados. Justa-
mente por esse aspecto, não podemos ingenuamen-
te acreditar que, inversamente, a Lei do Ventre Livre servia apenas aos cativos. 
[...] A Lei era um espaço de conflito, e não pode ser explicada pela premissa de 
que foi elaborada para atender aos interesses de uma determinada classe em 
detrimento de outra (JESUS, 2007, p. 180).
Sidney Chalhoub, procurando avaliar o pa-
pel da mesma Lei na liberdade escrava, acen-
tua que a Lei de 1871 funcionaria como um es-
paço da “luta de classes” entre cativos e livres, 
pois, se por um lado favorecia o surgimento de 
ações por parte dos cativos que se considera-
vam no direito de efetivar juridicamente a sua 
liberdade, por outro, a Lei também era apro-
priada pela camada senhorial, que expunha 
por meio das ações todo um “repertório da 
resistência escravocrata à Lei de 1871” (CHA-
LHOUB, 2003, p. 258).
A Lei de 1871, portanto, revela que muitas 
questões ainda precisavam ser discutidas sobre 
o fim da escravidão, e outras duas leis ainda se-
riam decisivas no processo. Uma delas seria a 
Lei dos Sexagenários, de 1885.
A Lei dos Sexagenários marcaria de for-
ma singular o processo de discussão em torno 
do fim da escravidão no Brasil. Tratada muitas 
vezes até com ironia e sarcasmo, a Lei carrega 
em si importantes questões pensadas na épo-
ca e que devem ser valorizadas no debate em 
questão. 
Mendonça, em texto fundamental para a análise da Lei dos Sexagenários, faz uma impor-
tante análise da evolução do processo que levou à criação dessa Lei, no ano de 1885. Também 
conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe, a Lei libertava os escravos com mais de 60 anos existen-
tes no país. A autora demonstra que projetos anteriores foram apresentados para essa execução, 
Figura 47: Idosos na 
escravidão
Fonte: Disponível em 
<http://www.fotosantigas.
prati.com.br/>. Acesso em 
10 set. 2010.
►
Figura 46: Mulher e 
criança na escravidão 
Fonte: Disponível em 
<http://www.studium.iar.
unicamp.br>. Acesso em 
10 set. 2010.
►
35
História - História do Brasil Império II
discutindo questões como indenização ou cui-
dados dos senhores com os escravos inválidos. 
No entanto, projetos com esse tipo de discus-
são, com preocupações de caráter mais social 
ou humanitário sobre os escravos idosos foram 
violentamente rejeitados pela maioria da Câ-
mara dos Deputados (MENDONÇA, 1999).
Hebe Mattos, em análise sobre a Lei, tam-
bém avalia alguns dos seus pontos mais polê-
micos. Em uma comparação com a própria Lei 
do Ventre Livre, avalia a autora: 
Boa parte da historio-
grafia sobre o processo 
abolicionista destacou o 
pequeno impacto práti-
co das leis emancipacio-
nistas, tendo em vista que tanto os ingênuos nascidos após a Lei do Ventre Livre 
quanto os sexagenários libertos em 1885 estavam sujeitos à prestação de servi-
ços aos seus antigos senhores. [...] Tais avaliações têm sido revistas por pesquisas 
que têm privilegiado as questões jurídicas relativas à obtenção da liberdade e 
seus efeitos práticos na diminuição acelerada do número de escravos, nas últi-
mas décadas da escravidão (MATTOS, In: VAINFAS, 2002, p. 473).
Mesmo assim, afirma Hebe Mattos, a Lei de 1885 
“pôde ser favoravelmente apropriada por escravos e seus 
aliados em luta pela liberdade” (MATTOS, In: VAINFAS, 
2002, p. 473).
É importante salientar que, mesmo com todo o de-
bate que se pode fazer em torno dessas Leis, obviamente, 
todas tiveram um impacto fundamental no processo que 
levaria o fim a escravidão. Todas, em seu conjunto, culmi-
nariam com a Lei Áurea. 
Martha Abreu e Hebe Mattos, analisando a impor-
tância da Lei Áurea em todo o processo abolicionista, 
demonstram como ela foi resultado de um processo que 
envolve as Leis anteriores, conforme avaliamos ao longo 
deste tópico da Unidade 2. As autoras, em sua análise, 
avaliam como a Lei Áurea era diferente das demais, sobre-
tudo pelo fato de que ela surpreendia:
[...] pelas suas simples e curtas afir-
mações: extinguia-se a escravidão, 
sem nenhuma condição, revogadas 
as disposições em contrário. A rapi-
dez com que o projeto foi aprovado 
na Câmara e no Senado, pelos mes-
mos deputados e senadores que al-
guns meses antes apoiavam a perseguição ao movimento abolicionista, esteve 
diretamente relacionada à rápida alteração da conjuntura social e politica, sobre-
tudo as fugas em massa de escravos, especialmente na província de São Paulo, 
nos meses anteriores. Na segunda metade da década de 1880, era já significati-
vo o número de cidades e regiões que, na prática, não possuíam mais escravos 
(ABREU e MATTOS, In: VAINFAS, 2002, p. 464).
As autoras, procurando interpretar os significados daquele dia 13 de maio, com a promulga-
ção da Lei Áurea assinada pela princesa Isabel, são bem esclarecedoras: 
As interpretações desqualificadoras do impacto da Lei Áurea consideravam que, 
no momento de sua aprovação, os proprietários ainda necessitados de braços 
para a lavoura, sobretudo nas áreas cafeeiras novas, já vislumbravam alternativas 
por meio da imigração subvencionada pela província paulista. Nessa perspec-
tiva, o imigrantismo explicaria a abolição, determinando também a margina-
lização do negro no mercado de trabalho livre. Outra vertente historiográfica, 
porém, tem dado destaque aos significados sociais e políticos dos 13 de maio 
◄ Figura 49: Princesa 
Isabel.
Fonte: Disponível em 
<http://www.ihgs.com.br/
cadeiras/patronos/ima-
gens/princesaisabel.jpg>. 
Acesso em 10 set. 2010.
◄ Figura 48: Sátira sobre 
a Lei dos Sexagenários.
Fonte: Disponível em 
<http://www.icmc.usp.br/
ambiente/saocarlos/docs/
caricat_sexag_4.jpg>. 
Acesso em 10 set. 2010.
36
UAB/Unimontes - 5º Período
para os contemporâneos, resgatando os múltiplos agentes que forjaram aquela 
solução (ABREU e MATTOS, In: VAINFAS, 2002, p. 464-465).
Nesse sentido, ao longo do Primeiro Reinado, do Período Regencial e, sobretudo, do Segun-
do Reinado, percebem-se intensos debates políticos sobre a escravidão no Brasil, mesmo que 
seja necessário frisar que o processo de desagregação do regime escravista era lento, de forma 
bastante gradual.
As elites brasileiras, desejosas em não perder a sua influência e poder político, viam no final 
do regime escravista um perigo, especialmente devido ao fato de que boa parte dessa elite era 
altamente dependente da escravidão negra. Mesmoassim, após um longo debate político, após 
avanços e recuos, sucessos e fracassos, a escravidão no Brasil chegaria ao fim, apesar de todas as 
dificuldades que os negros enfrentariam. Nas palavras de Martha Abreu e Hebe Mattos: 
Figura 51: Escravos em 
ambientes urbanos.
Fonte: Disponível em 
<http://www.sabori-
zante.com/wp-content/
uploads/2007/04/rugen-
das_2.jpg>. Acesso em 10 
set. 2010.
►
Figura 50: Lei Áurea
Fonte: Disponível em 
<http://www.api.ning.
com/.../lei_aurea.jpg>. 
Acesso em 10 set. 2010.
►
37
História - História do Brasil Império II
É preciso reconhecer, porém, que se a Lei que extinguiu a escravidão no Brasil 
não indenizou os ex-senhores, também não compensou os anos de cativeiro aos 
ex-escravos. Não concedeu terra aos libertos, como chegaram a propor muitos 
abolicionistas, nem lhes propiciou instrução ou direitos políticos. Mas, em 13 de 
maio de 1888, a igualdade civil de todos os brasileiros pela primeira vez foi re-
conhecida. Pondo fim a uma ordem escravista que durara mais de 300 anos, ela 
garantiu nada mais que a liberdade aos últimos escravos das Américas (ABREU e 
MATTOS, In: VAINFAS, 2002, p. 466).
O fim da escravidão, mesmo com todo o seu impacto simbólico em um país como o Brasil, 
não resolveu em hipótese alguma a situação do negro. Uma análise sobre a questão racial, no 
final do século XIX, nos permite entender melhor a condição do negro naquele período. Nesse 
século, especialmente, nas suas últimas décadas, assistiu à emergência de inúmeras teorias ra-
ciais, muitas das quais responsáveis pelas ideias que comumente colocaram alguns grupos como 
inferiores, como foi o caso do negro.
Autores como Hannah Arendt preocupa-
ram-se com o tema, buscando compreender 
a relação entre os fenômenos políticos que se 
davam à época, como o caso do imperialismo, 
do nacionalismo e as teorias raciais. Hannah 
Arendt analisa algumas dessas teorias, pro-
curando estudar, especialmente, o caso das 
nações como Inglaterra, França e Alemanha. 
Nesse sentido, o racialismo crescente naquele 
momento explicava como alguns grupos so-
ciais seriam considerados inferiores (ARENDT, 
1989).
Atentando-se especificamente para o 
caso brasileiro, Lilia Moritz Schwartz dedicou 
parte das suas análises sobre a situação do ne-
gro no Brasil, sobretudo na época da abolição. 
No seu livro Retrato em branco e negro, a au-
tora procurou estudar a imagem exposta dos 
negros por meio dos jornais que circulavam no 
final do século XIX (SCHWARTZ, 1987). Nessa 
obra, a autora apresenta a emergência de al-
gumas dessas teorias raciais, na chamada épo-
ca de crescimento da “sciência”. Segundo Lilia 
Schwartz: 
Logo, enquanto a República surgia aos poucos, proclamando a igualdade e o 
direito de cidadania, a sciência e o jornal buscavam desmentir o que acusavam 
de “utopia”. Como diziam alguns artigos, “os homens não nascem iguaes”; parecia 
caber também à ciência e à imprensa comprová-lo (SCHWARTZ, 1987, p. 106).
AtividAde
Procure pesquisar 
algumas dessas teorias, 
especialmente as ideias 
de homens como 
Arthur de Gobineau, 
que apresentou teorias 
sobre a decadência 
das raças, tomando os 
mestiços, como grande 
exemplo, porque eles 
também atingiram a si-
tuação interna de países 
como o Brasil.
dicA 
Em estudos comple-
mentares, procure 
conhecer mais sobre a 
história da escravidão 
negra nos EUA e Cuba. 
Você perceberá que 
esses dois países têm 
muita semelhança com 
as práticas escravistas 
do Brasil. 
GLoSSário
Mestiçagem:
1. Cruzamento de espé-
cies diferentes.
2. Miscigenação. 
3. Conjunto de mesti-
ços.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/Dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa>. 
Acesso em 24 ago. 2010
◄ Figura 52: Johann 
Moritz Rugendas 
Escravos em ambientes 
urbanos
Fonte: Disponível em 
<http://cafehistoria.ning.
com> Acesso em 10 set. 
2010.
◄ Figura 53: As questões 
raciais entre brancos e 
negros
Fonte: Disponível em 
<http://umtironoescuro.
zip.net/images/racismo.
jpg>. Acesso em 10 set. 
2010.
38
UAB/Unimontes - 5º Período
Entretanto, é no livro O espetáculo das raças que a autora faz uma análise apurada sobre tal 
questão, fazendo um bom retrato sobre a situação de inferioridade racial, na qual o negro estava 
inserido. Estudando com afinco as teorias da época, bem como a situação do negro e do mes-
tiço diante do discurso racialista, Lilia Schwartz analisa como se dera a situação dos ditos infe-
riores naquele período de 1870 a 1930. Por outro lado, cientistas estrangeiros viam o fenômeno 
da mestiçagem brasileira com estranheza, ou mesmo desconhecimento. Enquanto isso, o tema 
tornava-se polêmico diante dos intelectuais locais (SCHWARTZ, 1993).
Assim, concluindo parte da sua análise, esclarece a autora sobre a questão racial: “O proble-
ma racial é, portanto, a linguagem pela qual se torna possível apreender as desigualdades obser-
vadas, ou mesmo certa singularidade nacional” (SCHWARTZ, 1993, p. 239).
Dessa forma, mesmo com a liberdade escrava efetivada com a Lei Áurea, a questão do negro 
não seria resolvida no ano de 1888. Para muitos, ela estava apenas começando, em grande parte, 
porque as questões racialistas que en-
volviam o discurso na época colocaram 
o negro em posição difícil, sobretudo 
no que se refere à sua condição inferior 
diante de brancos e povos ditos puros. 
Ao Brasil, na sua busca pelo pro-
gresso e desenvolvimento, talvez res-
tasse uma política de branqueamento, 
de melhoramento de raças, e que, de-
finitivamente, não incluía o negro, o ex
-escravo. Mais uma vez...
Com todas as questões levanta-
das, cabe uma última análise. O fim da 
escravidão, tendo revelado um impac-
to social e econômico bastante signifi-
cativo na história do Brasil, também foi 
responsável por uma importante mu-
dança na história da Monarquia brasi-
leira. 
Conforme fica claro no próprio tí-
tulo deste tópico, a crise da Monarquia 
parecia cada vez mais intensificada e a 
questão do fim da escravidão revelava 
ser essa crise iminente. 
Boa parte da elite nacional depen-
dia sobremaneira da sobrevivência do regime escravista negro. Latifundiários espalhados pelo 
país, especialmente nas regiões centrais do Brasil, onde a dependência da grande mão de obra 
GLoSSário
racismo:
1. Tendência do pen-
samento ou modo de 
pensar em que se dá 
grande importância à 
noção da existência de 
raças humanas distintas. 
2. Qualquer teoria que 
afirma ou se baseia na 
hipótese da validade 
científica do conceito 
de raça e da pertinência 
deste para o estudo dos 
fenômenos humanos.
3. Qualquer teoria ou 
doutrina que considera 
que as características 
culturais humanas são 
determinadas heredita-
riamente, pressupondo 
a existência de algum 
tipo de correlação entre 
as características ditas 
“raciais” (isto é, físicas e 
morfológicas) e aquelas 
culturais (inclusive atri-
butos mentais, morais, 
etc.) dos indivíduos, 
grupos sociais ou popu-
lações. 
4. Qualquer doutrina 
que sustenta a supe-
rioridade biológica, 
cultural e/ou moral de 
determinada raça, ou de 
determinada popu-
lação, povo ou grupo 
social considerado 
como raça. 
5. Qualidade ou sen-
timento de indivíduo 
racista; atitude precon-
ceituosa ou discrimi-
natória em relação a 
indivíduo(s) considera-
do(s) de outra raça. [Cf. 
segregacionismo.]
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/Dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa>. 
Acesso em 24 ago. 2010.
Figura 54: Escravos 
libertados pela Lei 
Áurea
Fonte: Disponível em 
<http://www.miniweb.
com.br/>. Acesso em 10 
set. 2010.
►
Figura 55: Negros na 
pobreza
Fonte: Disponível em 
<http://www2.uol.com.
br/sciam/reportagens/
img/abre_pobreza.jpg>. 
Acesso em 10 set. 2010.
►39
História - História do Brasil Império II
era enorme, viam no escravo um braço decisivo para a sua manutenção no poder e no aumento 
da sua capacidade produtiva. Logo, a relação entre o fim da escravidão e o fim da Monarquia é 
direta, e será por nós avaliada na unidade seguinte.
Referências 
ABREU, Martha, e MATTOS, Hebe. Lei Áurea. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do 
Brasil imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
ALANIZ, Anna Gicelle García. ingênuos e libertos: estratégias de sobrevivência familiar em épo-
cas de transição 1871-1895. Campinas: Unicamp, 1997.
ARENDT, Hannah. origens do totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem e o teatro das Sombras: a política imperial 
e a construção da ordem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CHALHOUB, Sidney. visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na 
Corte. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
CHALHOUB, Sidney. Machado de Assis: Historiador. São Paulo: Cia das Letras, 2003.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10. ed. São Paulo: Edusp, 2002.
GRINBERG, Keila. o fiador dos brasileiros. Cidadania, escravidão e direito civil no tempo de An-
tonio Pereira Rebouças. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
GUIMARÃES, Lúcia. Dom Pedro II. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil im-
perial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 198-201.
JESUS, Alysson Luiz Freitas de. no sertão das Minas: escravidão, violência e liberdade – 1830-
1888. São Paulo: Annablume, 2007.
MATTOS, Hebe Maria. das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista 
– Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
MATTOS, Hebe. Lei dos Sexagenários. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil 
imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
_________.Lei Eusébio de Queiróz. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil im-
perial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
MENDONÇA, Joseli. entre a mão e os anéis: a lei dos sexagenários e os caminhos da abolição no 
Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 1999.
PAIVA, Eduardo França. escravidão e Universo cultural na colônia: Minas Gerais, 1716-1789. 
Belo Horizonte: UFMG, 2003.
RODRIGUES, Jaime. o infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africa-
nos para o Brasil (1800-1850). Campinas: Editora da Unicamp, Cecult, 2000.
SCHWARTZ, Lilia Moritz. retrato em branco e negro: jornais, escravos e cidadãos em São Paulo 
no final do século XIX. São Paulo: Cia das Letras, 1987. 
_________. o espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-
1930. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
41
História - História do Brasil Império II
UnidAde 3
A Transição do Império para a 
República
3.1 Introdução
A opção pelo regime monárquico conferiu ao Brasil uma característica singular na América 
ao longo do século XIX, sobretudo no que se refere ao regime de governo escolhido.
Os anos de 1880 não foram suficientes para diminuir alguns dos atrasos do país, tendo em 
vista a permanência de determinadas relações de poder, baseadas em sistemas montados ainda 
durante o sistema colonial e tendo como herança a administração portuguesa ao longo de três 
séculos. 
O Brasil, portanto, parecia caminhar a passos lentos rumo ao progresso, à ordem, ao desen-
volvimento ou mesmo à civilização. A monarquia, nesse sentido, parecia um obstáculo à trans-
formação do país. É nesse sentido que se processou a transição da Monarquia brasileira para um 
regime republicano. Com o fim da Guerra do Paraguai, como vimos, e com o processo de deca-
dência do regime escravista, parecia cada vez mais evidente que a monarquia sofreria uma gran-
de pressão política, o que realmente aconteceria naqueles anos.
Assim, a presente unidade tem como objetivo maior analisar esse processo, que culminou 
com a Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889.
3.2 O Processo de Desgaste da 
Monarquia
A partir da década de 1870 começou a surgir uma série de sintomas de crise do Segundo 
Reinado. Entre eles, o início do movimento republicano e os atritos do governo imperial com o 
Exército e a Igreja. Além disso, o encaminhamento do problema da escravidão provocou des-
gastes nas relações entre o 
Estado e suas bases sociais 
de apoio (FAUSTO, 2002, p. 
217).
O regime imperial pas-
sou por diversas crises du-
rante o longo tempo em 
que vigorou no Brasil. De-
pois da Guerra do Paraguai, 
o país enfrentou uma série 
de problemas que culmi-
naram na Proclamação da 
República. A estrutura do 
Império estava abalada e 
não havia nada que pudesse 
restabelecer-lhe o prestígio. 
Ruindo o Império, o regime 
republicano pôde estabele-
cer-se no Brasil. 
GLoSSário
Monarquia:
1. Estado em que o 
soberano é monarca. 
2. Forma de governo na 
qual o poder supremo 
é exercido por um 
monarca. Dentro da 
forma de governo de-
nominada Monarquia, 
o rei ou monarca é o 
chefe de Estado. Através 
dos princípios básicos 
de hereditariedade e 
vitaliciedade, o poder é 
transmitido ao longo de 
uma linha de sucessão.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
◄ Figura 56: A Guerra do 
Paraguai
Fonte: Disponível em 
<http://www.upload.
wikimedia.org/wikipedia/
commons/1/1b/Tuyuti2.
jpg>. Acesso em 10 set. 
2010.
42
UAB/Unimontes - 5º Período
Como fica explícito pela citação acima, du-
rante o Império percebemos algumas situações 
que o levam a sua desagregação, culminando 
no início de um novo regime: a República. Vá-
rios foram os fatores que contribuem para esse 
fato, inseridos em um contexto propício ao fi-
nal do regime monárquico brasileiro.
Alguns autores preocuparam-se com o 
tema, em análises que procuravam explicar o 
advento do regime republicano relacionado às 
crises políticas do Império. 
Caio Prado Jr., em sua interpretação so-
bre o advento do regime republicano no Brasil, 
analisou os elementos que levaram à desagre-
gação da monarquia. Para o autor, a principal 
razão da queda monárquica teria sido a inade-
quação das suas próprias instituições ao pro-
gresso do país (PRADO Jr., 1988). Assim, ele-
mentos começaram a minar, silenciosamente, 
o Império, que não resistiu à desagregação que 
lhe era imposta. Incapaz de resolver os pro-
blemas que se apresentavam naquele final de 
século XIX, bem como de se adequar às trans-
formações do país, o Segundo Reinado não resistiria à tendência republicana que se apresentava 
(PRADO Jr., 1988).
Nelson Werneck Sodré, em Panorama do Segundo Império, foi ainda mais claro quanto a sua 
análise da desagregação do regime monárquico. Para o autor, o Império era fraco, sem bases sóli-
das, e, dessa forma, “vítima das suas próprias fraquezas”, o regime ruía aos poucos. 
A centralização de poder, elemento característico da monarquia naquelas décadas, é tão de-
batida diante das inúmeras revoltas provinciais do período, que demonstrava que o apoio das 
elites provinciais ao regime já não era decisivo, lançando o Segundo Reinado à sua própria sorte 
e abrindo espaço para o evento de 15 de novembro de 1889 (SODRÉ, 1939).
As análises de Caio Prado e Sodré, por se tratarem de estudiosos da trajetória política e eco-
nômica do Brasil, não se enquadravam necessariamente nas imagens que se faziam sobre o tema 
na época da transição Império-República, ou seja, das imagens que povoavam o discurso político 
e intelectual dos homens que vivenciaram o evento in loco.
Segundo Emilia Viotti da Costa, republicanos e monarquistas, no período em questão, ti-
nham impressões diferentes sobre a república e a monarquia, o que, obviamente, era absoluta-
mente natural. Já nos primeiros anos da república,portanto, surgiam duas linhas de interpreta-
ção sobre os regimes, as interpretações “dos vencedores e dos vencidos”. Os primeiros, ou seja, os 
republicanos,
[...] lembrando as revoluções e pronunciamentos que, desde a Inconfidência, 
tiveram por alvo instalar um regime republicano no Brasil, afirmam que a re-
pública sempre foi uma aspiração nacional. Esposando uma ideia já enunciada 
no Manifesto Republicano de 1870, consideram a Monarquia uma anomalia na 
América, onde só existem Repúblicas (COSTA, 1999, p. 387).
A versão dos monarquistas, por sua vez, apesar de abafada pela “euforia dos republicanos”, 
levava em conta o fato de que a proclamação da república não passava de um levante militar, 
alheio à vontade do povo. Dessa forma, a mudança operada em 15 de novembro de 1889 tinha 
sido um grande equívoco:
O regime monárquico dera ao país setenta anos de paz interna e externa garan-
tindo a unidade nacional, o progresso, à liberdade e o prestigio internacional. 
Uma simples parada militar substituíra esse regime por outro instável, incapaz de 
garantir a segurança e a ordem ou de promover o equilíbrio econômico e finan-
ceiro e, que além de tudo, restringia a liberdade individual (COSTA, 1999, p. 393).
Dessa forma, mais do que o próprio desgaste da Monarquia brasileira, a partir das questões 
religiosas, escravista e militar que estudaremos no próximo tópico, a ideia de Monarquia perdia 
GLoSSário
república:
1. Organização política 
de um Estado com vista 
a servir à coisa pública, 
ao interesse comum. 
2. Sistema de governo 
em que um ou vários 
indivíduos eleitos pelo 
povo exercem o poder 
supremo por tempo 
determinado. Forma 
de governo na qual um 
representante, normal-
mente chamado presi-
dente, é escolhido pelo 
povo para ser o chefe 
de estado, podendo ou 
não acumular com o 
poder executivo.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
AtividAde
Analise um pouco da 
trajetória política dos 
Estados Unidos da Amé-
rica e perceba como o 
país utilizou apenas da 
república em sua evolu-
ção política, diferente-
mente de países como 
o Brasil. 
dicA
Você sabia que, no final 
do século XIX, mui-
tas nações já haviam 
mudado para o regime 
republicano, tendo em 
vista a crise do modelo 
absolutista ao longo do 
século XVIII?
Figura 57: Dom Pedro já 
em idade avançada
Fonte: Disponível em 
<http://www.despolui-
caoideologica.blogspot.
com>. Acesso em 10 set. 
2010.
►
43
História - História do Brasil Império II
força nos discursos políticos da época, especialmente por não se enquadrar com o progresso do 
período. 
Muitas vezes, a comparação Monarquia-República fazia-se presente como instrumento de 
comparação e de elogio diante da escolha da República Federativa, mas, também, quando se 
procurava criticar a nascente República brasileira.
Nesse sentido, no âmbito da proposta comparativa entre regime monárquico e regime re-
publicano, Maria Tereza Mello analisa que o pensamento que procurava um ufanismo sobre o 
novo regime, via-o como a chance de completar a obra liberal iniciada na França, já que o século 
XIX, fruto da Revolução Francesa, deveria ser visto como o século da “República Universal”. É nes-
se contexto que se põe em confrontação um par antitético: Monarquia versus República. 
Além disso, valendo-se igualmente de uma linguagem retirada das ideias novas, 
que dominavam o panorama intelectual desde a década de 1870, os monarquis-
tas acabaram por fragilizar sua posição, começando a perder a guerra ideológica 
e simbólica quando outra semântica passou a dar conta da realidade. O uso e a 
assimilação do léxico e da semântica do adversário levaram à superação do sím-
bolo antigo (MELLO, 2007, p. 174) .
Portanto, como podemos observar, a ideia de República parecia crescente em países como 
o Brasil, em grande parte devido ao fato de que a Monarquia parecia não se enquadrar mais aos 
novos tempos que se avizinhavam. Monarquia como atraso colocava-se em oposição à ideia de 
República como progresso. O Brasil caminhava a passos largos para o fim do regime. 
Dessa forma, aspectos bem próprios do país colocariam-nos nos rumos da república, tendo 
a questão religiosa, escravista e militar como pontos centrais dessa transição.
3.3 As “Questões” do Fim do 
Império
Pelo menos em quatro aspectos é possivel con-
centrar a análise em torno do fim da Monarquia e a 
transição crescente para o regime republicano. 
O primeiro desses aspectos é a chamada ques-
tão religiosa, em que a Igreja e o Estado passam por 
uma relação tensa, ligada ao avanço da maçonaria 
nos meios intelectuais e de elite no Brasil e, em meio 
a isso, uma oposição crescente da Igreja sobre o 
tema. 
Por meio do regime de padroado, em um estado 
que manteve as suas relações políticas e administra-
tivas atreladas à Igreja, como foi o caso do Brasil du-
rante o século XIX, as questões sofreriam importan-
tes mudanças nas últimas décadas do século XIX.
Para alguns autores, como Emília Viotti da Costa, 
a questão religiosa chegou a dividir a nação em dois 
grupos: os que eram favoráveis aos bispos e os que 
se manifestavam de acordo com o governo. Por esse 
motivo, acontece o rompimento entre a Igreja e o Estado, aliado à extinção do regime de padroa-
do no Brasil. Em consequência disso, Dom Pedro II perdeu apoios advindos do clero. Assim, as es-
truturas básicas do Império estavam desgastadas e as crises ocorridas denunciavam o pouco in-
teresse pela instituição monárquica nos setores mais importantes em que o governo se apoiava.
É exagero supor que a questão religiosa que indispôs momentaneamente o Tro-
no com a Igreja foi dos fatores primordiais na proclamação da República. Para 
que isso acontecesse era preciso que a nação fosse profundamente clerical, a 
Monarquia se configurasse como inimiga da Igreja e a República significasse 
maior força e prestígio para o clero. De duas uma, ou a nação estava a favor dos 
bispos e contra Dom Pedro [...] ou a nação era pouco simpática aos bispos [...]
(COSTA, 1999, p. 456-457).
GLoSSário
Federalismo:
1. Forma de governo 
pela qual vários estados 
se reúnem numa só 
nação, sem perderem 
sua autonomia fora dos 
negócios de interesse 
comum.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/Dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa>. 
Acesso em 24 ago. 2010.
dicA
Procure conhecer mais 
sobre a ideia de fede-
ralismo na República 
dos Estados Unidos e 
perceba as diferenças 
entre o federalismo dos 
dois países, procurando 
evidenciar algumas 
das diferenças existen-
tes dentro da própria 
República. 
AtividAde
Pesquise na Internet so-
bre a bula Syllabus, um 
dos motivos que expli-
cam as brigas políticas 
entre Estado e Igreja no 
Brasil, levando ao fim do 
regime de padroado.
◄ Figura 58: O padre 
Diogo Feijó.
Fonte: Disponível em 
<http://www.passado.
com.br/ntc/fotos/dio-
go_feijo.jpg>. Acesso em 
16 ago. 2010.
44
UAB/Unimontes - 5º Período
Para a autora, portanto, apesar de se tratar de um elemento importante para explicar o fe-
nômeno que ocorria, não se pode concentrar apenas nesse aspecto para entender a transição 
para a república, já que, havia no Império padres republicanos e padres monarquistas, “e a Igreja 
muito pouco tem a ver com a instalação da república” (COSTA, 1999, p. 456-457).
Um segundo elemento importante é o crescimento da ideia republicana no Brasil. Apesar 
das ideias republicanas terem sido difundidas no Brasil desde o final do século XVIII, foi a partir 
de 1870 que elas passaram a ter maior amplitude. Nesse sentido, salienta-se a criação do primei-
ro Partido Republicano no Rio de Janeiro, em 1870, e o de São Paulo, em 1873. 
GLoSSário
Padroado:
1. Direito de protetor,adquirido por quem 
fundou ou dotou uma 
igreja. 
2. Direito de conferir 
benefícios eclesiásticos. 
O padroado foi criado 
através de um tratado 
entre a Igreja Católica e 
os Reinos de Portugal 
e de Espanha. A Igreja 
delegava aos monarcas 
desses reinos ibéricos a 
administração e organi-
zação da Igreja Católica 
em seus domínios. O rei 
mandava construir igre-
jas, nomeava os padres 
e os bispos, sendo estes 
depois aprovados pelo 
Papa.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
AtividAde
Faça uma breve pesqui-
sa sobre a biografia de 
padres como Frei Cane-
ca e Diogo Feijó, figuras 
políticas do Império 
no Brasil. Suas histórias 
revelam como os padres 
tinham importância so-
cial e política na história 
do país, o que justifica 
a aliança entre Estado e 
Igreja no século XIX. 
Figura 61: Minas Gerais 
no final do XIX
Fonte: Disponível em 
<http://www.petropo-
lisnoseculoxx.zip.net/
images/braganca5.JPG>. 
Acesso em 16 ago. 2010.
►
Figura 60: Rio de 
Janeiro no final do XIX
Fonte: Disponível em 
<http://www.bonheur.
blogger.com.br/botafogo.
jpg>. Acesso em 16 ago. 
2010.
►
Figura 59: São Paulo no 
final do XIX
Fonte: Disponível em 
<http://www.leiturasdah-
istoria.uol> Acesso em 16 
ago. 2010.
►
45
História - História do Brasil Império II
No livro Da Monarquia a República, Emília Viotti esclarece parte da ascensão dos partidos re-
publicanos no Brasil. Segundo a autora:
A partir de 1870, a situação se modificará, quando as novas condições sociais e 
econômicas que se implantavam progressivamente no país conferiram-lhe novo 
prestígio. Foi assim que, em 1870, no mesmo em que se instavala a Terceira Re-
pública na França, criou-se o partido republicano no Brasil (COSTA, 1999, p. 479).
Apesar de, em regra, os republicanos terem em comum a ideia do combate ao centralis-
mo do poder imperial, eles não concebiam a implementação da República no Brasil do mesmo 
modo, visto as divergências de interesses. 
Em meio a esse quadro, é possível destacar dois grupos republicanos com pensamentos dis-
tintos: os evolucionistas, que alguns autores também admitem como “republicanos históricos”, e 
os revolucionários ou radicais. 
O primeiro grupo (representado sobretudo pelos cafeicultores do oeste paulista) queria 
uma transição do Império para a república sem abalos e sem a participação popular, já que não 
lhe interessava grandes transformações sociais. Além disso, os membros desse grupo defendiam 
a implementação de uma República Federativa, a fim de garantirem maior representação junto 
ao governo central e, principalmente, o controle sobre as províncias. 
Já para o segundo grupo (representado sobretudo pelos setores médios urbanos), a repú-
blica deveria ser implementada por meio de uma revolução popular, que terminasse por resultar 
em transformações sociais.
Apesar da existência desses grupos, de um modo geral, os republicanos defendiam alguns 
pontos em comum estabelecidos pelo Manifesto Republicano de 1870, como a separação entre 
Estado e Igreja e o fim da escravidão, que também se prestavam aos interesses da Igreja e dos 
abolicionistas. 
Além disso, após a Guerra do Paraguai, em 1870, setores militares influenciados pelo Posi-
tivismo e em conflitos com o governo imperial, passaram a defender o republicanismo. Nesse 
sentido, o Exército Brasileiro passou a entender que por meio do republicanismo seria possível 
estabelecer a ordem interna necessária para o progresso do Brasil.
Segundo Emília Viotti da Costa: 
A propaganda que se desenvolveu a partir de 1870 contribuiu para solapar as 
bases do sistema monárquico e preparar a nação para aceitar tranquila a forma 
republicana de governo. 
A partir de 1885, o movimento republicano recrudesceu. Em 1888, vários jornais 
converteram-se ao republicanismo. As adesões multiplicaram-se (COSTA, 1999, 
p. 482).
Assim, movidos pelo interesse comuns de proclamarem uma República no Brasil, os repu-
blicanos articularam-se para esse fim, embora ela tenha ocorrido como queriam os republicanos 
históricos.
A base social do republicanismo nas cidades era constituía principalmente de 
profissionais liberais e jornalistas, um grupo cuja emergência resultou do desen-
volvimento urbano e da expansão do ensino. As ideias republicanas tiveram in-
fluência também entre os militares, mas o caso destes, por seus traços próprios, 
será tratado à parte. Os republicanos do Rio de Janeiro associavam a República à 
maior representação política dos cidadãos, aos direitos e garantias individuais, à 
federação, ao fim do regime escravista (FAUSTO, 2002, p. 228).
A chamada “questão escravista”, especialmente referente ao processo final da escravidão no 
Brasil, é um terceiro elemento importante. Em relação à essa questão, uma importante análise de 
Emília Viotti da Costa faz-se necessária: 
A Abolição não é propriamente causa da República, melhor seria dizer que am-
bas, Abolição e República, são sintomas de uma mesma realidade; ambas são 
repercussões no nível institucional, de mudanças ocorridas na estrutura econô-
mica do país que provocaram a destruição dos esquemas tradicionais (COSTA, 
1999, p. 455).
Na verdade, como vimos na unidade anterior, a crise da escravidão no Brasil iniciou-se em 
1850, quando, pela Lei Eusébio de Queirós, decretou-se o fim tráfico negreiro no País. 
GLoSSário
Unitarismo: Corrente 
de pensamento teoló-
gico cristão que afirma 
a unidade absoluta 
de Deus e, por conse-
quência, a natureza 
não divina de Jesus. 
Diverge do dogma da 
Santíssima Trindade 
uma vez que nesta 
crê-se na existência de 
um único Deus, mas 
que ao mesmo tempo é 
formado de três pessoas 
diferentes.
centralismo: Princípio, 
tendência ou sistema de 
centralização, espe-
cialmente no governo; 
centralização.
Republicanismo:
1. Qualidade do que é 
republicano.
2. Conjunto de ideias e 
sentimentos do que é 
republicano.
3. Forma ou sistema de 
governo republicano.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
dicA
Pesquise na Internet o 
Manifesto Republicano 
de 1870. A partir do tex-
to será possível analisar 
algumas das ideias da 
República no Brasil da 
época. 
46
UAB/Unimontes - 5º Período
A partir daí, o trabalho escravo começou a declinar, 
visto as dificuldades para a obtenção de novos escravos, 
a morte gradual dos existentes e o incentivo à imigração 
europeia. Além disso, alguns países como a Inglaterra in-
centivavam a abolição, bem como vários segmentos da 
sociedade civil brasileira, que passaram a encarar a escra-
vidão como um motivo de vergonha e um entrave ao pro-
gresso do Brasil. 
No mais, a participação dos negros na Guerra do 
Paraguai (sobretudo por meio dos Batalhões de Voluntá-
rios da Pátria) levou o Exército Brasileiro a encará-los com 
maior dignidade e a defender a causa abolicionista.
Em meio a esse quadro, a partir de 1850, o governo 
imperial tratou de criar algumas leis, com o intento de re-
tardar o fim imediato da escravidão, já que os proprietá-
rios rurais escravistas representavam a base de apoio ao 
Império. 
Assim, antes da Lei Áurea de 1888, que aboliu a es-
cravidão no Brasil, foram criadas a Lei do Ventre Livre, em 
1871, e a Lei dos Sexagenários em 1885. Todas essas Leis 
já foram, aqui, analisadas anteriormente.
Em relação à primeira Lei, em teoria, ela permitia a li-
berdade aos filhos dos escravos nascidos após sua criação, mas, na prática, estes continuavam 
como escravos até os 21 anos de idade. Já a segunda Lei, considerada uma ironia por muitos es-
pecialistas e abolicionistas, estabeleceu a liberdade para os escravos com mais de 60 anos, quan-
do a média de vida de muitosnem sempre atingia tal idade.
Ao contrário do que pretendiam os escravistas, a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários 
ampliaram o sentimento abolicionista e as discussões sobre o assunto. 
Enquanto os abolicionistas moderados (como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco) defen-
diam o fim da escravidão por meio de leis imperiais, os abolicionistas radicais (como Raul Pom-
GLoSSário
Positivismo:
1. Doutrina de Auguste 
Comte, caracterizada, 
sobretudo, pela orien-
tação antimetafísica 
e antiteológica que 
pretendia imprimir à 
filosofia, e por pre-
conizar como válida 
unicamente a admissão 
de conhecimentos 
baseados em fatos e 
dados da experiência; 
comtismo. 
2. Caráter das doutrinas 
inspiradas em A. Comte 
que fundamentam o 
conhecimento em da-
dos empíricos, cujo teor 
subjetivo geralmente 
acaba por ser privile-
giado (sensacionismo, 
intuicionismo, simbolis-
mo, etc.), muitas vezes, 
levando ao agnosticis-
mo, ao relativismo ou 
ao misticismo.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/Dicionarioaurelio-
dalinguaportuguesa>. 
Acesso em 24 de ago. 
2010.

Figura 62: Tráfico 
negreiro
Fonte: Disponível em 
<http://www.historianet.
com.br>. Acesso em 16 
ago. 2010.
Figura 63: A libertação 
dos escravos
Fonte: Disponível em 
<http://www.colegio-
sagrado.com.br/.../07/
imperio.jpg>. Acesso em 
16 ago. 2010.
►
47
História - História do Brasil Império II
péia e Luís da Gama) incentivavam os escravos a lutarem pela liberdade, chegando a formarem, 
para este fim, organizações como os Caifases em São Paulo.

Figura 64: Joaquim Nabuco.
Fonte: Disponível em <http://www.nordestewe
b.com/joaquimnabuco.jpg>. Acesso em 16 ago. 
2010.

Figura 65: José do Patrocínio.
Fonte: Disponível em <http://www.vieirareis.blo
gspot.com>. Acesso em 16 ago. 2010.

Figura 66: Luis da Gama.
Fonte: Disponível em <http://www.4.bp.
blogspot.com/Luiz_Gama.jpg>. Acesso em 16 
ago. 2010.
Assim, conforme já foi feita referência, diante de um processo irreversível, a escravidão no 
Brasil foi abolida em 1888, quando a princesa Isabel (que substituía o pai provisoriamente) as-
sinou a Lei Áurea. Com o fim da escravidão, boa parte da base de apoio do Império que se viu 
prejudicada acabou voltando-se contra ele e passando a apoiar os republicanos. O fato é que a 
abolição da escravidão enfraquece boa parte das bases que sustentavam o regime imperial, devi-
do ser esse sistema, e as elites que dele depen-
diam, o grande sustentáculo para o governo de 
Dom Pedro II. 
Com o fim da escravidão, o imperador vai 
perder esse apoio tão importante para a sus-
tentação do Império Brasileiro, afinal a escravi-
dão ainda era importante para os cafeicultores 
do Vale do Paraíba, que estavam em decadên-
cia e não tinham condições para mudar com-
pletamente o regime de produção. 
No entanto, esses fazendeiros ainda eram 
politicamente importantes. Sem o seu apoio, 
a monarquia perdeu uma importante base de 
sustentação. Mesmo diante dessas questões, 
cabe avaliar um aspecto fundamental: 
É preciso notar ainda 
que a abolição afetou 
apenas os setores que 
se mantinham apega-
dos ao trabalho escravo 
e estes, na década de 
1880, constituíam a par-
cela menos dinâmica do 
país, pois os setores mais 
progressistas já se preparavam para a utilização do trabalho livre. Continuavam 
apegados ao trabalho servil apenas os fazendeiros das áreas decadentes, roti-
neiras e impossibilitadas de evoluir para as novas formas de produção (COSTA, 
1999, p. 455).
GLoSSário
Abolicionistas: Per-
tencente ou relativo à 
abolição ou ao abolicio-
nismo. Partidário(a) do 
abolicionismo.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
Michaelismodernodi-
cionarioodalinguapor-
tuguesa>. Acesso em 24 
ago. 2010.
◄ Figura 67: As elites 
cafeeiras
Fonte: Disponível em 
<http://www.libertaria.
pro.br/brasil/images2/cas-
tro_lima.jpg>. Acesso em 
16 ago. 2010.
48
UAB/Unimontes - 5º Período
Por fim, como último desses aspectos de desagregação da Monarquia, a chamada questão 
militar pode ser vista como ponto decisivo. Esta também pode ser inserida nesse contexto desa-
gregador. O papel do exército no período monárquico foi de grande importância, principalmen-
te nas questões de sufocamento das revoltas internas. 
O problema surgido, nesse momento, é que após a Guerra do Paraguai percebe-se um des-
contentamento desse grupo com o regime imperial brasileiro. 
A relação entre a ascensão do exército e a Guerra do Paraguai não escapou à maioria dos 
especialistas: 
A ideia de que aos militares cabia a salvação da pátria generalizara-se no Exército 
a partir da Guerra do Paraguai, à medida que o Exército se institucionalizava. 
É claro que os militares estiveram em todos os tempos divididos entre várias 
opções e seria um grande equívoco imaginá-los como um todo (COSTA, 1999, 
p.459).
dicA
Você sabia que muitos 
homens ilustres da po-
lítica e da literatura da 
época foram entusistas 
da ideia abolicionista?
Um exemplo é o escritor 
Machado de Assis que, 
em muitas das suas 
obras, retratou a escra-
vidão negra e colocou 
questões importantes 
sobre a liberdade 
escrava.
dicA
Faça uma pesquisa 
em algumas obras de 
Machado de Assis, em 
sua fase realista, para 
perceber como o autor 
tratava a escravidão ne-
gra e a própria questão 
da liberdade escrava. 
Exemplos: Obras como 
Helena, Esaú e Jacó, 
Memórias Póstumas de 
Brás Cubas, entre outras. 
dicA
Para aprofundar seus es-
tudos, pesquise sobre a 
estrutura de hierarquia 
do Exército no Brasil, 
para que você possa 
perceber como se dão 
as diferenças de poder e 
de condição social entre 
os militares, elemento 
importante para se 
compreender como, 
na história do Brasil, 
somente as elites do 
Exército tiveram ligação 
direta com o poder.
Figura 69: A Guerra do 
Paraguai
Fonte: Disponível em 
<http://www.1.bp.
blogspot.com/.../Guerra+-
do+Paraguai.jpg>. Acesso 
em 18 ago. 2010.
►
Figura 68: As fazendas 
e suas escravarias
Fonte: Disponível em 
<http://www.blog.zequi-
nhabarreto>. Acesso em 
16 ago. 2010.
►
49
História - História do Brasil Império II
Como vimos, na unidade anterior, o exér-
cito brasileiro consegue definitivamente se er-
guer e se organizar com o fim dessa guerra. A 
partir dali, a estrutura do exército passa a con-
vergir em um interesse republicano. 
Além disso, podemos inserir aqui ideais 
republicanos que começavam a aparecer nos 
setores militares, aliado à questões que pre-
judicavam o setor militar, como os atrasos de 
pagamentos e morosidade no processo de pro-
moções.
Pode-se dizer que o papel do exército foi 
fundamental no processo que levaria à procla-
mação da República, portanto, subsestimar sua 
atuação no processo é praticamente negar to-
das as contradições que envolveram o evento, 
até que se fosse possível o sucesso do evento 
de 15 de novembro de 1889.
Para Emília Viotti da Costa: 
A proclamação da República não é um ato fortuito, nem obra do acaso, como 
chegaram a insinuar os monarquistas; não é tampouco o fruto inesperado de 
uma parada militar. Os militares não foram meros instrumentos dos civis, nem 
foi um ato de indisciplina que os levou a liderar o movimento ds manhã de 15 de 
novembro, como tem sido dito às vezes (COSTA, 1999, p. 459).
Nesse contexto, a oposição tornava-se 
crescente e fazia do Império um regime “vir-
tualmente” derrotado. Como em praticamen-
te toda a história do Brasil, percebemos, nesse 
movimento, uma participação popular inexis-
tente, frágil incipiente, isto é, mesmo sendo a 
República uma discussão real, ela ainda não ha-
via penetrado no seio do cotidiano popular.
O povo estava descrente da Monarquia, 
mas não havia,na época, uma crença genera-
lizada na República, como assinala o historia-
dor Oliveira Vianna e tantos outros cronistas da 
época. Por isso, o movimento de 15 de novem-
bro de 1889 não teve participação popular. O 
povo assistiu, sem tomar parte, à proclamação 
da República. Um povo bestializado?
Se esse processo teve um povo ativo ou 
não, é uma discussão que cabe à análise sobre 
a república em si, ou mesmo na sua transição, 
como faremos apontamentos no tópico a se-
guir. Mesmo assim, fica evidente que muitas 
alterações sociais não se processariam, pois as 
condições de muitos trabalhadores permace-
neriam as mesmas, assim como a dependência 
com relação ao capital estrangeiro. 
Dessa forma, a proclamação da República 
resultaria de um processo complexo, do qual 
fez parte algumas das “questões” aqui analisa-
das, como o republicanismo, a questão da Igre-
ja, o fim da escravidão e o papel do exército. 
Agora era o momento de se processar a 
transição para a república, tanto nos meios prá-
ticos que essa transição pressupunha, como no 
discurso. Talvez mais neste do que naquele. 
dicA
Você sabia que a histó-
ria do Brasil é recheada 
de eventos em que 
o Exército teve papel 
central? Observe, como 
exemplo, o caso da 
Revolução de 1930 e da 
própria Ditadura Militar.
dicA
Você sabia que apenas 
o Brasil, ao longo do 
século XIX, permanecia 
como um país monár-
quico, em meio ao con-
tinente americano que 
optara pela República?
◄ Figura 72: Floriano 
Peixoto.
Fonte: Disponível em 
<http://www.wikiwak.
com/image/Florianoviei-
rapeixoto.jpg>. Acesso em 
18 ago. 2010.
◄ Figura 71: Deodoro da 
Fonseca.
Fonte: Disponível em 
<http://www.wpclipart.
com>. Acesso em 18 ago. 
2010.
◄ Figura 70: Duque de 
Caxias
Fonte: Disponível em 
<http://www.2.bp.blogs-
pot.com/.../S220/duque-
decaxias.bmp>. Acesso em 
18 ago. 2010.
50
UAB/Unimontes - 5º Período
3.4 A Transição para a República: 
Diálogos do Nascente Poder 
Republicano
A proclamação da República consolidou-se como um novo marco na história política do 
país, sobretudo se levarmos em conta que a nossa opção pela República estava se comparando 
às demais nações do continente, mas no mínimo umas sete décadas atrasada. 
O Brasil, depois de um longo processo de construção do Estado Nacional, por meio de uma 
Monarquia, viveria agora uma nova transição política, marcada por mudanças e continuidades, 
especialmente, na forma como as elites lidariam agora com o poder. 
Em Minas Gerais – para citar um exemplo, entre as várias regiões do Brasil – a República se-
ria recebida com entusiasmo de alguns, mas também com desconfiança de outros. Discursos e 
mais discursos seriam reproduzidos sobre a República.
Como sabemos, a proclamação da República no Brasil suscitou inúmeros debates, em gran-
de parte voltados para a discussão fundamental sobre as mudanças que o país atravessaria. 
Décadas de formação monárquica teriam colocado o Brasil distante da modernização, re-
presentada, agora, pela formação de uma República Federativa, semelhante ao que aconteceu 
com os Estados Unidos da América. Não é demais lembrar que o Brasil era o único país do conti-
nente americano a sustentar um regime monárquico durante os Oitocentos.
Dessa forma, fez-se necessária e urgente a criação de um imaginário republicano para o Bra-
sil, conforme destaca José Murilo de Carvalho. A “formação das almas” republicanas se daria a 
partir da manipulação de um imaginário que desse conta de criar uma “comunidade de sentido” 
voltada para a ideia republicana. 
Tiradentes, o herói republicano; a mulher, como alegoria para a República, bem como uma 
bandeira e um novo hino, são exemplos do esforço de se criar esse imaginário no país. Sucesso? 
Pelo menos não é o que se nota pelas palavras de José Murilo de Carvalho: 
Falharam os esforços das correntes republicanas que tentaram expandir a legiti-
midade do novo regime para além das fronteiras limitadas em que a encurralara 
a corrente vitoriosa. Não foram capazes de criar um imaginário popular republi-
cano. Nos aspectos em que tiveram algum êxito, este se deveu a compromissos 
com a tradição imperial ou com valores religiosos (CARVALHO, 1990, p. 141).
Em livro sobre o Rio de Janeiro, no período em questão, Maria Tereza Chaves de Mello pro-
cura analisar a cultura democrática, política e científica no final do Império, sob a contestação da 
ideia de “bestializado” construída à época do evento. Com o propósito de compreender o pen-
samento sobre a República, na época, a autora avalia algumas das imagens feitas sobre os dois 
regimes em questão, ou nos dizeres de Emilia Viotti, as imagens “dos vencedores e dos vencidos”. 
Para Maria Tereza Mello, a grande vitória daqueles que procuraram fazer uma propaganda 
republicana, impondo uma impressão positiva sobre o novo regime, “foi assimilar à República o 
termo democracia”, o que trazia em seu bojo as ideias de avanço e progresso, tão caras ao regime 
que se instalava e ainda mais caras àqueles que elaboravam os seus discursos pós-novembro de 
1889 (MELLO, 2007).
A palavra ‘República’ vinha marcada com o sinal do futuro, da evolução necessá-
ria, da civilização, e foi ganhando as consciências. Os monarquistas não conse-
guiram impedir que essas marcas se colassem ao termo ‘República’, até porque 
eles mesmos estavam convertidos ao novo repertório intelectual. Mas quiseram 
os republicanos que também o passado lhes pertencesse. Para tanto, foram au-
xiliados pela generalizada sensação de renascença liberal que os movimentos de 
rua traziam à memória, configurando uma tradição republicana brasileira (MEL-
LO, 2007, p. 14).
A análise de Mello impõe ao estabelecimento do regime republicano uma ideia de “necessi-
dade histórica”, tendo em vista que o mesmo se apresentava como solução natural para as trans-
formações que se apresentavam. 
AtividAde
Faça uma pesquisa 
sobre as características 
do sistema republicano 
nos Estados Unidos. 
Perceba como existem 
semelhanças, mas tam-
bém diferenças entre o 
sistema político dos 2 
países. 
GLoSSário
Progresso:
1. Ato ou efeito de pro-
gredir; progredimento, 
progressão. 
2. Movimento ou mar-
cha para diante; avanço.
3. O conjunto das 
mudanças ocorridas 
no curso do tempo; 
evolução. 
4. Desenvolvimento ou 
alteração em sentido 
favorável; avanço, 
melhoria. 
5. Acumulação de 
aquisições materiais 
e de conhecimentos 
objetivos capazes de 
transformar a vida 
social e de conferir-lhe 
maior significação e 
alcance no contexto da 
experiência humana; 
civilização, desenvolvi-
mento.
6. Expansão, propaga-
ção.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
Dicionarioaureliooda-
linguaportuguesa>. 
Acesso em 24 ago. 2010.
ordem:
1. Disposição conve-
niente dos meios para 
se obterem os fins. 
2. Disposição metódica; 
arranjo de coisas segun-
do certas relações.
6. Tranquilidade pública 
resultante da conformi-
dade às leis.
16. Feição especial ou 
característica da organi-
zação política e social.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
Dicionarioaureliooda-
linguaportuguesa>. 
Acesso em 24 ago. 2010.
51
História - História do Brasil Império II
É nesse sentido que a autora demonstra a associação imediata entre o novo regime e “o si-
nal do futuro, da evolução necessária, da civilização”, elementos que passariam a fazer parte das 
“consciências” de muitos. 
Além disso, acentua a autora, também o passado foi utilizado pelos adeptos do republica-
nismo, sobretudo quando se retomou o liberalismo das revoltas e diversas manifestações que o 
país tinha passado, desde o final do século XVIII e durante todo o século XIX, identificadas como 
manifestações já republicanas em sua essência, e por isso mesmo, configuradoras de “uma tradi-ção republicana brasileira”.
Em uma análise que pode se voltar para a região de Minas Gerais, também nos é possível 
avaliar o processo de transição da Monarquia para a República nessa regiao. 
No âmbito da política mineira, o presidente da província de Minas Gerais, no ano de 1894, 
fazia alusão ao regime novo em comparação com o anterior, especialmente para se reforçar o 
fim de um “cyclo” e o início de outro. Dessa forma, procurava-se acentuar o caráter positivo da 
República, nunca se esquecendo de reivindicar o passado com o propósito da legitimação do 
presente.
A instituição monarchica teve seu cyclo histórico encerrado em 15 de novembro 
de 1889; sua missão terminou na América. 
O exemplo do México ahi está para mostrar qual o destino das restaurações no 
território do Novo Mundo. [...]Um facto que demonstra quão profundamente 
está enraizado no povo mineiro o sentimento democrático e essa aptidão para o 
self government, é a facilidade com que vão funccionando as liberrimas institui-
ções locaes, que a nossa Constituição lhe garantiu (Relatório dos Presidentes de 
Província de Minas Gerais, 1894).
Democracia, República, Liberdade, Igualdade, Progresso... Juntam-se a esses, tantos e tantos 
outros elementos que faziam parte do emaranhado discursivo que se montava naqueles tempos, 
por todo o país, por toda a província de Minas Gerais, por todo o sertão norte-mineiro. 
As ideologias que circulavam na época, e que se infiltravam nos debates políticos travados, 
demonstram como os políticos do sertão das Minas se apropriavam dos conceitos que lhes eram 
apresentados, entre afirmações e ideologias variadas, muitas vezes de cunho teórico complexo, 
mas, nas suas exposições, de aplicação simples. 
GLoSSário
civilização:
1. Ato, processo ou efei-
to de civilizar(-se). 
2. Estado ou condição 
do que se civilizou.
3. O conjunto de carac-
terísticas próprias à vida 
social coletiva; cultura. 
4. Processo pelo qual 
os elementos culturais 
concretos ou abstratos 
de uma sociedade (co-
nhecimentos, técnicas, 
bens e realizações 
materiais, valores, 
costumes, gostos, etc.) 
são coletivos e/ou 
individualmente elabo-
rados, desenvolvidos e 
aprimorados. 
5. O estado de aprimo-
ramento ou desenvolvi-
mento social e cultural 
assim atingido. 
6. Tipo de sociedade re-
sultante de tal processo, 
ou o conjunto de suas 
realizações; em especial, 
aquele marcado por 
certo grau de desenvol-
vimento tecnológico, 
econômico e inte-
lectual, considerado, 
geralmente, segundo o 
modelo das sociedades 
ocidentais modernas, 
caracterizadas por dife-
renciação social, divisão 
do trabalho, urbaniza-
ção e concentração de 
poder político e econô-
mico.A civilização é o 
estágio da cultura social 
e da civilidade de um 
agrupamento humano 
caracterizado pelo pro-
gresso social, científico, 
político, econômico e 
artístico. Quanto maior 
a civilidade e mais 
evoluída uma nação, 
maior é o seu grau de 
civilização.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.ba-
bylon.com/download/
Dicionarioaureliooda-
linguaportuguesa>. 
Acesso em 24 ago. 2010.
◄ Figura 73: A Revolução 
Francesa.
Fonte: Disponível em 
<http://www.1.bp.blogs-
pot.com>. Acesso em 18 
ago. 2010.
52
UAB/Unimontes - 5º Período
Para José Murilo de Carvalho, tratava-se de um grande manancial de ideologias que se es-
palhavam, fornecendo a esses homens da elite, “um rico material em que se inspirou”, sobretudo 
nas ideias liberais que se importava da França ou dos Estados Unidos, modelos de inspiração li-
beral e republicana. 
Os republicanos brasileiros que se voltavam para a França como seu modelo ti-
nham à disposição, portanto, um rico material em que se inspirar. O uso dessa 
simbologia revolucionária era facilitado pela falta de competição por parte da 
corrente liberal, cujo modelo era os Estados Unidos (CARVALHO, 1990, p. 12).
Esse manancial de ideologias, obviamente, atingia a todos os níveis do discurso político re-
publicano, tal como na associação imediata entre República e Democracia, tão presente nos do-
cumentos apresentados, ou mesmo nas comparações entre República e Monarquia, por meio da 
insistente dualidade estabelecida. 
Segundo Maria Tereza Mello, em livro citado anteriormente, a ideia de República no Brasil 
acabou por se estabelecer com a ideia de Democracia uma espécie de “sinonímia”. 
A associação dos termos era tão difundida que, por vezes, servia inclusive como imagem 
literária, como demonstra a autora. Dessa forma, Mello demonstra como se dava de forma tão 
comum a associação entre os dois termos: 
Democracia era, agora, a fatalidade da história, a realização do dístico “igualda-
de” que se sucedia ou completava a “liberdade” da Revolução. Era a percepção 
da entrada do Terceiro Estado na política. Era a complementação necessária da 
obra de destruição do Antigo Regime, que, primeiro, acabara com o absolutismo 
para, em seguida, instalar o regime republicano, com o qual findava a sociedade 
de privilégios. Por acréscimo, era o regime com o qual a América brindara a civi-
lização com uma originalidade histórica. [...] Democracia não mais se confundia 
com liberalismo. Tinha agora uma clara conotação social. Significava a extinção 
da sociedade de privilégios, o regime da igualdade (MELLO, 2007, p. 140-141).
Segundo Renato Janine Ribeiro, é muito comum que se tome República e Democracia como 
termos quase que intercambiáveis. Propondo uma análise filosófica sobre os dois termos, o au-
tor nos coloca diante de importantes questionamentos sobre o uso desses conceitos. Questio-
namentos esses que, fatalmente, não fazia parte das dúvidas conceituais dos homens que cons-
truíam os discursos entre o final do século XIX e início do século XX.
Para Renato Janine, na tentativa de resumir o escopo diferencial entre os dois termos, 
[...] poderíamos dizer que enquanto a democracia tem no seu cerne o anseio da 
massa por ter mais, o seu desejo de igualar-se aos que possuem mais bens do 
que ela, e portanto é um regime do desejo, a República tem no seu âmago uma 
disposição ao sacrifício, proclamando a supremacia do bem comum sobre qual-
quer desejo particular. Evidentemente, é possível criticar a República dizendo-se 
Figura 74: A 
independência dos EUA
Fonte: Disponível em 
<http://www.elephant-
journal.com>. Acesso em 
18 ago. 2010.
►
GLoSSário
democracia:
1. Governo do povo; 
soberania popular; 
democratismo. 
2. Doutrina ou regime 
político baseado nos 
princípios da soberania 
popular e da distri-
buição equitativa do 
poder, ou seja, regime 
de governo que se ca-
racteriza, em essência, 
pela liberdade do ato 
eleitoral, pela divisão 
dos poderes e pelo 
controle da autoridade, 
i. e., dos poderes de 
decisão e de execução; 
democratismo.
3. País cujo regime é 
democrático. 
4. As classes populares; 
povo, proletariado.
Democracia é um 
regime de governo 
onde o poder de tomar 
importantes decisões 
políticas está com os 
cidadãos (povo), direta 
ou indiretamente, por 
meio da eleição de 
representantes - forma 
mais usual. Pode ser 
num sistema presiden-
cialista ou parlamen-
tarista, republicano ou 
monárquico.
Fonte: Disponível em 
<http://portugues.
babylon.com/down-
load/dicionarioaurelioo-
dalinguaportuguesa/
wikipedia>. Acesso em 
24 ago. 2010.
53
História - História do Brasil Império II
que o suposto bem comum é, na verdade, um bem de classe, e que os sacrifícios 
que se fazem em nome da Pátria são desigualmente repartidos e, sobretudo, ja-
mais põem em xeque a dominação de um pequeno grupo sobre a maioria. Mas 
o que eu gostaria de enfatizar na temática republicana é a idéia de dever que nela 
está saliente (RIBEIRO, In: BIGNOTTO, 2000, p. 18).
Agora, em meio à nova transição política brasileira, que migrava de um regime monárquico 
para um regimerepublicano, sob a expectativa de anos e anos de desgaste do Segundo Reinado, 
os homens do norte de Minas mais uma vez faziam-se ouvir, faziam-se representar, muitas vezes 
afinados com os discursos que se davam por todo o Império, por todos os grandes centros do 
país, ou pelas Minas como um todo. Não obstante, em outros momentos também faziam impres-
sões particulares, por meio de tons críticos e/ou irônicos diante da nossa nova realidade política. 
Uma das marcas da transição política brasileira para a República era a ideia da transforma-
ção, das mudanças pelas quais o Brasil necessitava passar, especialmente diante do seu atraso 
frente às nações liberais e ocidentais que se estabeleceram como potências durante o século XIX, 
como a Inglaterra, a França, os Estados Unidos e a Alemanha.
Diante dessas transformações políticas absolutamente necessárias, fazia-se necessário tam-
bém a conformação de um novo “povo”, de uma cidadania mais plena, tal qual a República pan-
fletava em torno do seu ideal político. 
Dessa forma, a ordem e o progresso deveriam ser, também, sociais, preparando o Brasil e o 
brasileiro para as transformações que se operariam dali em diante.
Referências 
ARENDT, Hannah. origens do totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem e o teatro das Sombras: a política impe-
rial e a construção da ordem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
COSTA, Emília Viotti da. da Monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: UNESP, 
1999.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10. ed. São Paulo: Edusp, 2002.
GUIMARÃES, Lúcia. Dom Pedro II. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil im-
perial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 198-201.
JESUS, Alysson Luiz Freitas de. no sertão das Minas: escravidão, violência e liberdade – 1830-
1888. São Paulo: Annablume, 2007.
MELLO, Maria Thereza Chaves de. A república consentida: cultura democrática e científica no 
final do Império. Rio de Janeiro: FGV/UFRRJ, 2007.
PRADO Jr., Caio. Historia econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1988. 
RIBEIRO, Renato Janine. Democracia versus República. In: BIGNOTTO, Newton. (org.) Pensar a re-
pública. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
SCHWARTZ, Lilia Moritz. o espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Bra-
sil – 1870-1930. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
SODRÉ, Nelson Werneck. Panorama do Segundo império. São Paulo: Brasiliense, 1939.
55
História - História do Brasil Império II
resumo 
O presente material de História do Brasil Império II tem como objetivo analisar as condições 
políticas, sociais, culturais e econômicas do Brasil durante a segunda parte do regime monárquico. 
A partir do ano de 1840, estruturou-se o Segundo Reinado no Brasil, sob a administração de 
Dom Pedro II. Dessa forma, o regime atingiu o seu momento de maior estabilidade, mas, também, 
presenciou a formação de elementos que marcariam a desagregação da Monarquia no Brasil. 
Nesse sentido, a divisão das unidades do material procurou avaliar todo esse processo, cul-
minando nos eventos que levariam à transição da Monarquia para um regime republicano no 
país, no dia 15 de novembro de 1889. 
A Primeira Unidade, intitulada “O Segundo Reinado: transição e consolidação política”pro-
curou compreender o início do governo de Dom Pedro II, desde as suas dificuldades políticas no 
início da regência, dadas as contínuas disputas políticas intra-elites, até o período de maior esta-
bilidade do Segundo Império, sobretudo com as transformações políticas, econômicas e sociais 
que o Brasil passou.
Na Unidade 2, a proposta foi analisar os primeiros elementos que levaram a um desgaste de 
Dom Pedro II no poder, representado aqui por dois eventos de enorme importância para o futuro 
do Segundo Reinado: a Guerra do Paraguai e o processo de fim do sistema escravista negro.
Por fim, na Unidade 3, intitulada “A transição do Império para a República” avaliamos o des-
gaste definitivo do sistema monárquico no Brasil, bem com a incompatibilidade das estruturas 
monárquicas com o processo de transformação que o Brasil passava, o que, em última instância, 
levou à proclamação da República no Brasil em 1889.
Dessa forma, a partir da análise de todo o material e a maneira como o mesmo foi concebi-
do, é importante ressaltar que o período histórico estudado, aqui, é o de 1840 a 1889. Nesse sen-
tido, o Segundo Reinado e suas estruturas de funcionamento são o primeiro objetivo do estudo 
da disciplina. 
Na segunda parte, a disciplina parte para a análise da desagregação do sistema que, tal 
como ocorria em muitas nações da época, teria que conviver com transformações e mudanças 
que se operavam no mundo. No caso do Brasil, o resultado dessas mudanças foi a proclamação 
da República, marcando o fim do Império brasileiro.
57
História - História do Brasil Império II
referências 
Básicas
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. História da vida privada no Brasil: Império. São Paulo: Cia das Le-
tras, 1999. 
FIGUEIREDO, Betânia Gonçalves. A arte de curar: cirurgiões, médicos, boticários e curandeiros 
no século XIX em Minas Gerais. Rio de Janeiro: Vício de leitura, 2002. 
MELLO, Maria Thereza Chaves de. A república consentida: cultura democrática e científica no 
final do Império. Rio de Janeiro: FGV/UFRRJ, 2007.
RAEDERS, George. o inimigo cordial do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 1988. 
SCHWARTZ, Lilia Moritz. o espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Bra-
sil – 1870-1930. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
Complementares
ABREU, Martha, e MATTOS, Hebe. Lei Áurea. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do 
Brasil imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
ALANIZ, Anna Gicelle García. ingênuos e libertos: estratégias de sobrevivência familiar em épo-
cas de transição 1871-1895. Campinas: Unicamp, 1997.
ANTONIL, André João. cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte-Rio de Janeiro: Editora Ita-
tiaia, 1997.
ARENDT, Hannah. origens do totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
AZEVEDO, Célia Maria Marinho de. onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites 
– século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
BARROS, José D´Assunção. o campo da história: especialidades e abordagens. Petrópolis-RJ: Vo-
zes, 2004.
BLOCH, Marc. Apologia da História, ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Edi-
tor, 2001. 
CARDOSO, Ciro Flamarion. VAINFAS, Ronaldo (orgs.). domínios da história: ensaios de teoria e 
metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
______. (org.) nação e cidadania no império: novos horizontes. Rio de Janeiro: Civilização Bra-
sileira, 2007. 
______. A construção da ordem e o teatro das Sombras: a política imperial e a construção da 
ordem. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CHALHOUB, Sidney. visões da Liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na 
Corte. São Paulo: Cia das Letras, 1990.
______. Machado de Assis: Historiador. São Paulo: Cia das Letras, 2003.
58
UAB/Unimontes - 5º Período
COSTA, Emília Viotti da. da Monarquia à república. 7. ed. São Paulo: UNESP, 1999.
ENGEL, Magali Gouveia. Regências. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil im-
perial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 10. ed. São Paulo: Edusp, 2002.
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens Livres na ordem escravocrata. 4. ed. São Paulo: 
Fundação Editora da UNESP, 1997.
GRINBERG, Keila. o fiador dos brasileiros. Cidadania, escravidão e direito civil no tempo de An-
tonio Pereira Rebouças. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
GUIMARÃES,Lúcia. Dom Pedro II. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil im-
perial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 198-201.
HOBSBAWM, Eric. A revolução Francesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
HOLANDA, Sérgio Buarque de (Dir.). História Geral da civilização Brasileira. Tomo I. Vol. I. São 
Paulo: Difusão Européia do Livro, 1963.
JESUS, Alysson Luiz Freitas de. no sertão das Minas: escravidão, violência e liberdade – 1830-
1888. São Paulo: Annablume, 2007.
MATTOS, Hebe Maria. das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista 
– Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998.
______. Lei dos Sexagenários. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil impe-
rial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p.
______. Lei Eusébio de Queiróz. Verbete. In: VAINFAS, Ronaldo (dir.). dicionário do Brasil impe-
rial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 
MATTOS, Ilmar. o tempo saquarema. Sao Paulo: Hucitec, 1987. 
MORELLI, Jonice dos Reis Procópio. escravos e crimes – fragmentos do cotidiano. Montes Cla-
ros de Formigas no Século XIX. Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte: UFMG, 2002.
REIS, José Carlos. História & teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. 3. ed. 
Rio de Janeiro: FGV, 2006.
RIBEIRO, Renato Janine. Democracia versus República. In: BIGNOTTO, Newton. (org.) Pensar a re-
pública. Belo Horizonte: UFMG, 2000.
RODRIGUES, Jaime. o infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africa-
nos para o Brasil (1800-1850). Campinas: Editora da Unicamp, Cecult, 2000.
SCHWARTZ, Lilia Moritz. retrato em branco e negro: jornais, escravos e cidadãos em São Paulo 
no final do século XIX. São Paulo: Cia das Letras, 1987.
SODRÉ, Nelson Werneck. Panorama do Segundo império. São Paulo: Brasiliense, 1939.
VAINFAS, Ronaldo (org.). dicionário do Brasil imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
Suplementares
BLOCH, Marc. Apologia da História, ou o oficio de Historiador. Rio de janeiro: Jorge Zahar Edi-
tor, 2001.
CHALHOUB, Sidney. trabalho, lar e botequim. São Paulo: Brasiliense, 1986.
59
História - História do Brasil Império II
DARNTON, Robert. o grande massacre de gatos. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
FREITAS, Marcos Cezar. Historiografia Brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 2000.
GORENDER, Jacob. A escravidão reabilitada. São Paulo: Ática, 1990. 
HOBSBAWM, E. Sobre História. São Paulo: Cia das Letras, 2003.
LE GOFF, Jacques. A História nova. Sao Paulo: Martins Fontes, 1988.
MOURA, Clóvis. As injustiças de clio. Belo Horizonte: Oficina de Livros, 1990. 
REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
SOUZA, Laura de Mello e. desclassificados do ouro. Rio de Janeiro: Graal, 1982. 
THOMPSON, E. P. costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: 
Cia das Letras, 2002.
61
História - História do Brasil Império II
Atividades de 
Aprendizagem - AA
1) Conforme José Murilo de Carvalho, o povo acompanhou bestializado a criação do regime re-
publicano no Brasil. Isso pode explicar nossa Proclamação da República no Brasil como:
a. ( ) Um golpe militar ou quartelada que criou novo modelo político nos moldes que tivemos 
mais tarde em 1964.
b. ( ) Afirmação de uma nova ordem social, que gerava a igualdade social com base na organiza-
ção do trabalho e inserção do escravo a pouco libertado.
c. ( ) Adoção das teorias sobre ordem e progresso, surgidas na revolução norte-americana do 
século XVIII.
d. ( ) Uma separação entre os valores liberais, instituídos pelo ideário dos membros do clube 
militar do Rio de Janeiro.
2) Marque a alternativa corretA sobre as ideologias políticas que serviram de inspiração aos 
grupos que defenderam o fim da Monarquia e a implantação da República no Brasil.
a. ( ) A ideologia positivista seduziu vários grupos militares que defendiam a necessidade de um 
poder executivo forte.
b. ( ) O jacobinismo, em virtude da inspiração na Revolução Francesa, foi a ideologia básica de 
todos os grupos republicanos, que defendiam uma real democratização do país. Inclusive a 
maior marca da República brasileira foi a participação popular.
c. ( ) Os grupos participantes do feito não aderiram a nenhuma forma ideológica, pois, isso era 
perda de tempo, enquanto seu verdadeiro interesse era a ascensão econômica.
d. ( ) As Oligarquias Cafeeiras paulista se opunham a ideologia liberal que previa o federalismo e 
autonomia das províncias.
3) Em texto de 13 de maio de 1888, a então Princesa Izabel declara, em nome do Imperador D. 
Pedro II, extinta a escravidão no Brasil. Isso representa o fim de um longo processo, do qual parti-
ciparam vários atores sociais. Sobre esse processo, assinale a alternativa incorretA.
a. ( ) O abolicionismo contou com o apoio de fazendeiros do sudeste cafeeiro que estariam 
interessados na rápida substituição da mão de obra escrava pelo trabalhador livre.
b. ( ) Tendo acontecido o fim do tráfico internacional em 1850, a reposição da mão-de-obra 
escrava no Brasil passou a depender da reprodução natural.
c. ( ) A Lei do Ventre Livre estabelecia que todas as crianças, filhas de mães escravas nasceriam 
livres. Mas assegurava que os senhores podiam dispor de sua mão-de-obra até a idade de 21 
anos.
d. ( ) A abolição do trabalho escravo foi resultado de um processo gradual, perceptível pelos 
decretos anteriores de fim do tráfico e das leis do Ventre Livre e Sexagenários.
4) Em praticamente todo o período do Segundo Reinado, o Parlamentarismo foi mantido. Essa 
manutenção está relacionada:
a. ( ) À concessão de amplo poder ao imperador e à rotatividade dos partidos liberal e conser-
vador, no governo, promovendo com isso uma alternância entre os partidos.
b. ( ) Ao apoio dos liberais, ao monarca, de maneira que o poder dos conservadores se manti-
vesse restrito às áreas interioranas do país.
c. ( ) À não execução de eleições para a escolha dos deputados e senadores, todos eram indica-
dos pelo imperador.
d. ( ) À permanência do cargo de presidente do Conselho de Estado, este era nomeado pela 
Câmara dos Deputados.
5) Promulgada em setembro de 1850, a Lei Eusébio de Queirós, no decorrer do Segundo Reina-
do, promoveu a extinção do tráfico negreiro. Isso foi o resultado:
62
UAB/Unimontes - 5º Período
a. ( ) De uma coação do governo britânico, que, depois da Revolução Industrial do século XVIII, 
desejava ampliar seu mercado consumidor para os produtos que manufaturavam.
b. ( ) Da crescente pressão imposta pela opinião pública nacional, de não aceitaram à escravi-
dão, por promover um choque com os interesses econômicos internacionais, sumariamente 
da Inglaterra.
c. ( ) Do ultimato britânico, que exigia o fim do tráfico negreiro como cláusula para reconhecer 
o Brasil como independente.
d. ( ) Do exemplo dos britânicos e da pressão, que, por questões religiosas, não permitiam o 
trabalho compulsório, apregoando e defendendo o trabalho assalariado e livre.
6) Segundo Ilmar Rohloff, em sua obra O Tempo Saquarema, era comum ouvir-se dizer, em mea-
dos do século passado, não haver nada tão parecido com um saquarema como um Luzia no po-
der. No período do Império brasileiro, Luzias e Saquaremas, ambos correspondiam, respectiva-
mente a:
a. ( ) Liberais e Conservadores.
b. ( ) Republicanos e Conservadores.
c. ( ) Liberais e progressistas.
d. ( ) Nacionalistas e Liberais.
7) Segundo a historiadora Emília Viotti da Costa, o movimento resultou da conjugação de três 
forças: uma parcela do exército, fazendeiros do oeste paulista e representantes das classes mé-
dias urbanas. Momentaneamente unidas, segundo a autora, conservaram profundas divergên-cias na organização do novo regime. Identifique o fato histórico que é relatado no texto.
a. ( ) Proclamação da República.
b. ( ) Guerra do Paraguai.
c. ( ) Abdicação do imperador Pedro I.
d. ( ) Revolta Praieira.
8) Entre os principais produtos de exportação agrícola do Segundo Reinado (1840-1889), 
o(a)_______ mantinha-se em primeiro lugar:
a. ( ) Café.
b. ( ) Farinha.
c. ( ) Soja.
d. ( ) Açúcar.
9) A chamada Guerra do Paraguai (1864-1870):
a. ( ) Foi marcada pela extremada violência e aniquilou economicamente o Paraguai; o Brasil, 
por meio da guerra, organizou-se militarmente e expandiu sua interferência política na região 
do Prata.
b. ( ) Colocou Argentina e Uruguai contra o Paraguai de Solano López; o Brasil sustentou o go-
verno paraguaio, que conseguiu, apesar da grande perda de soldados, vencer o conflito.
c. ( ) Começou logo após desentendimentos militares e diplomáticos na região do Prata; o 
Brasil, juntamente com a Argentina, lutou contra o Uruguai, que foi agrupado ao território 
brasileiro após o conflito.
d. ( ) Acabou com a derrota do Paraguai para a Tríplice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai). O 
Brasil ajudou, após o conflito, na recuperação do Paraguai por meio da realização de obras 
conjuntas.
10) Em 1888, com a Lei Áurea, a abolição da escravidão sancionou uma situação inevitável e já 
existente, como se observa no(a):
a. ( ) Substituição, cada vez mais em ascensão, dos escravos por trabalhadores livres nas novas 
áreas de expansão cafeeira, como o oeste paulista.
b. ( ) Abolição da escravidão nas principais Províncias do Império, antes da Lei Áurea, como já 
havia ocorrido em Minas Gerais.
c. ( ) Retomada da produção do café no Vale do Paraíba, aproveitando os resultados da imigra-
ção.
d. ( ) Modo de revolução social resultante da junção do abolicionismo com os movimentos de 
resistência negra.

Mais conteúdos dessa disciplina