Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA (UNIP ALPHAVILLE) INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS CURSO DE DIREITO TÍTULOS DE CRÉDITO “ENDOSSO IMPRÓPRIO E PLURALIDADE DE AVAIS” ALUNA: Ivone Irene da Silva RA: N3270H-0 TURMA: DR4Q06 SALA 90 PROFESSORA PRISCILA ZINCZYNSZIN SANTANA DE PARNAÍBA (SP) SETEMBRO DE 2019 ENDOSSO IMPRÓPRIO Por meio do endosso impróprio lança-se na cambial um ato que torna legítima a posse do endossatário sobre o documento, sem que ele se torne credor. Chama-se impróprio o endosso exatamente porque um de seus efeitos normais (a transferência da titularidade do crédito) não se opera. Em síntese, o endosso impróprio é aquele que não transfere a titularidade do crédito, mas tão somente o exercício de seus direitos, este se subdivide em: endosso mandato e endosso caução. Pelo endosso mandato, o endossatário é investido na condição de mandatário do endossante, e no endosso caução o endossatário é investido na condição de credor pignoratício do endossante. ENDOSSO MANDATO OU ENDOSSO PROCURAÇÃO: Permite que o endossatário aja como representante do endossante, podendo exercer os direitos inerentes ao título. Permite ao endossatário cobrar o valor do título de crédito que deve ser entregue ao endossante, trata-se de uma procuração que o credor realiza no próprio título de crédito para que a terceira pessoa o receba por ele. Este tipo de endosso é viabilizado na prática pelas expressões “para cobrança”, “por procuração” ou “endosso mandato” lançadas no título. No endosso mandato o que vai ser transferido do endossante para o endossatário é o exercício de direitos, de modo a criar uma relação de representação, onde o endossante mandante transfere poderes ao endossatário mandatário para que ele atue em nome e por conta do endossante mandante. Dessa forma, o endossante passa a ser representado pelo endossatário. A relação de representação é usada para a efetivação da cobrança do título e confere poderes para que outra pessoa faça a cobrança em seu nome, sendo muito usada no âmbito bancário. Ao lado ou abaixo da assinatura vai conter menções específicas, como dito anteriormente, indicando que não está sendo transferida a propriedade do título, mas sim, os exercícios do direito. Há uma responsabilidade do endossatário perante o endossante. O endossatário tem o dever de conservar o título física e juridicamente tomando todas as providências necessárias à preservação dos direitos do endossante. A Lei Uniforme de Genebra quando dispôs sobre o endosso mandato, faz menção a possibilidade do endossatário mandatário fazer um novo endosso no título. Ele não pode transferir a propriedade, mas pode transferir os poderes que lhe foram conferidos. Se ele faz um novo endosso tem os efeitos de um substabelecimento. Confere os poderes que recebeu a uma outra pessoa, repassa os poderes, de modo que é permitida a cláusula que veta novos endossos. O endosso mandato é uma situação em que se apresenta relação de representação de natureza objetiva, ou seja, no endosso não ocorre o contrato, a relação não é “institui personae”, é de natureza objetiva. Se o mandante morre extingue o contrato, aqui a relação é de representação, se o endossante morrer não se extingue, é de natureza objetiva, mas se morrer lá no mandato extingue o contrato. Aqui a relação não termina, ela se prolonga no tempo. É comum ver ação de indenização movida contra o endossatário mandatário, ocorre a ilegitimidade passiva e quem responde é o endossante mandante. Em síntese, pode ser dito que o endosso mandato é o ato apropriado para o endossante imputar a uma pessoa a tarefa de proceder a cobrança do crédito representado pelo título. Imagina-se que o credor não possa, no dia do vencimento, procurar o devedor da letra de câmbio, para receber o pagamento. Poderá, naturalmente, encarregar um empregado de sua confiança para receber. Deve, no entanto, praticar na própria letra um ato pelo qual se legitime a posse do título por esse empregado. Se o título não ostente um ato com tal sentido, o devedor poderá recusar-se a pagá-lo sob a alegação de que nada o autoriza a crer que o portador da letra representa realmente o credor. De fato, o devedor somente estaria validamente desobrigado se pagasse o título a quem se pudesse considerar credor, de acordo com os endossos constantes da letra. O endosso mandato se expressa pela assinatura do endossante mandante sob a expressão “pague-se, por procuração, a Darcy”, ou outra equivalente. ENDOSSO CAUÇÃO OU ENDOSSO PIGNORATÍCIO: Figura como mera garantia dada ao endossatário de uma dívida do endossante para com ele, representada pelo título de crédito, que não se transfere permanentemente para aquele que esteja recebendo a garantia, mas provisioramente, até que satisfeita a obrigação garantida. Deve sempre conter a cláusula “valor em garantia” ou “valor em penhor”. É o penhor de bens móveis constituído sobre o título de crédito como garantia de um negócio qualquer. Tendo, portanto, o endossante cumprido a obrigação para a qual se destinou garantia, poderá rever o título de crédito. No endosso caução, o penhor é visto como direito real de garantia, em que se institui e transfere penhor sobre coisa móvel. Sendo possível conferir um título de crédito como garantia de uma dívida, como no caso em que, o endossante pignoratício é devedor e ele está transferindo o penhor em favor do endossatário pignoratício que é credor. O endossante tem uma obrigação pendente em relação ao endossatário. O endossante tem a propriedade e transfere apenas o penhor, para que fique como garantia do pagamento da dívida. O credor fica na posse do título para que se não houver o cumprimento da dívida ele satisfaça através do título de crédito, já que o penhor estará recaindo sobre um título. Com relação a forma, ao lado ou abaixo da assinatura do endossante, vai figurar a expressão, “por penhor” ou “em garantia”. O endossante transfere a posse do documento ao endossatário e este tem responsabilidade pela conservação física e jurídica do documento. A Lei Uniforme de Genebra prevê que o endossatário possa fazer um novo endosso do título de crédito, esse endosso é o endosso mandato, só pode transferir o exercício de direitos. Ao não ser paga a dívida garantida é que o endossatário pode se valer do título para receber, este tipo de endosso caução é muito usado em contrato de abertura de crédito rotativo. Em síntese, diz-se que o endosso caução é o instrumento adequado para a instituição de penhor sobre o título de crédito. Imagine-se que Carlos, tomador da letra, pretende contrair empréstimo junto a Darcy, que exige para isso uma garantia real. Essa garantia pode recair, se as partes concordarem, sobre bens móveis, entre os quais se consideram os títulos de crédito. Como a garantia pignoratícia se constitui, via de regra, pela efetiva tradição da coisa empenhada, faz-se necessária a entrega da letra de câmbio ao credor, sem que se transfira a titularidade do crédito representado pela cambial. O ato que viabiliza a constituição da garantia é o endosso caução, praticado pelo endossante caucionário em favor do endossatário caucionado. Expressa-se pela fórmula “pague-se, em garantia, a Darcy”, ou outra equivalente, escrita sobre a assinatura do credor da letra de câmbio. PLURALIDADE DE AVAIS Diversos avalistas podem se obrigar em um mesmo título, estes avais podem ser simultâneos ou sucessivos, de acordo com a responsabilidade assumida por cada avalista. AVAIS SIMULTÂNEOS: Ocorrem quandovários avalistas garantem o mesmo avalizado, neste caso, o avalista que paga poderá cobrar de cada um dos outros avalistas a cota-parte que lhes couber, ou ainda, o valor integral do devedor principal. Apenas para relembrar, esta é a única hipótese em que se pode falar em solidariedade no Direito Cambiário. O devedor cambial pode ter a sua obrigação garantida por mais de um avalista, é a hipótese de avais simultâneos ou coavais. Se o anverso da letra de câmbio apresenta, além da assinatura do sacador e do aceitante, também a de outras pessoas, define-se que essas praticaram aval em branco. Outra hipótese é a existência de mais de um aval em preto, em favor do mesmo avalizado, nos dois casos, os avalistas são simultâneos, no sentido de que garantem solidariamente o cumprimento da obrigação avalizada. No aval simultâneo todos os avalistas garantem diretamente o avalizado. O avalista que pagar a obrigação só pode cobrar dos demais avalistas as respectivas quotas-partes. Assim, o aval simultâneo ocorre quando um avalista garante a obrigação de avalista anterior. É o avalista do avalista. Os avais simultâneos decorrem da possibilidade de existir múltiplos avais para garantir uma mesma obrigação. Os simultâneos são aqueles prestados por várias pessoas à obrigação assumida por devedor ou devedores que se encontram na mesma posição. São os devedores solidários. O pagamento feito por um dos avalistas exonera a obrigação dos outros. Já a totalidade paga por um dos avalistas, poderá o avalizado o direito de exigir dos demais coavalistas o correspondente ao valor pago, subtraída a parte que como avalista, lhe competia. Nos avais simultâneos os avalistas não estabeleceram distinção de grau de responsabilidade, se colocaram no mesmo patamar de responsabilidade, portanto, os avalistas são coobrigados solidariamente. Exemplo: A, B, C são avalistas simultâneos. O credor do título poderá cobrar de qualquer um deles o valor inteiro do título. O que pagar pode solicitar o rateio entre os outros avalistas. AVAIS SUCESSIVOS: Ocorre quando um avalista garante outro, neste caso, o avalista que paga poderá cobrar de seu avalizado a quantia integral que pagou, não se falando em cota-parte. O aval sucessivo ocorre quando mais de um avalista garante ao mesmo tempo a obrigação de um único avalizado, logo, o aval sucessivo são os avais superpostos, ou seja, um avalista garante outro avalista. O avalista que pagar a obrigação pode cobrar do seu avalizado integralmente. Os avais sucessivos surgem para garantir outro aval. É o aval do aval. Esse tipo de aval é regido pela regra da solidariedade passiva, já que as relações jurídicas que possam existir entre coavalistas são, necessariamente, extracambiárias, com referência ao título em que apuseram os seus aveles. A norma de regência é cambial, o avalista sucessivo possui como qualquer outro signatário de uma letra quando a tenha pago, o direito de acionar todas as pessoas que lhe precedem sem estar adstrito a observar a ordem por que elas se obrigaram. Nos avais sucessivos os avalistas estabeleceram graus diferentes de responsabilidade. Aquele que paga só pode solicitar o rateio dos valores diante daquele que possui mais responsabilidade do que ele. Exemplo: A (1º grau), B (2º grau), C (3º grau). Se B paga terá direito a pedir reembolso total de A. Não há mais solidariedade passiva simples, mas sim solidariedade especial, onde teremos o reembolso completo. REFERÊNCIAS DE PESQUISA COELHO, FÁBIO ULHOA. “Curso de Direito Comercial: volume 1: direito de empresa: 23ª edição. Editora Thompson Reuters Brasil. São Paulo, 2019. JUS BRASIL. Endosso e suas modalidades. Disponível em: https://www.andreiatelles.jusbrasil.com.br/artigos/titulosdecreditoegarantiaspes soais Acessado em: 03/09/2019 JUS BRASIL. O aval e suas formas. Disponível em: https://www.marcelodez.jusbrasil.com.br/artigos/oavalesuasformas Acessado em: 03/09/2019