Prévia do material em texto
2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 PRIMEIRAS PÁGINAS © desta edição [2017] 2017 - 09 - 08 © desta edição [2017] Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 SOBRE OS AUTORES PAULO EDUARDO VILCHEZ VICECONTI Mestre em Administração de Empresas pela FGV – São Paulo (1980). Economista formado pela USP (1969). Técnico em Contabilidade pela Fundação Álvares Penteado (1965). Auditor Fiscal da Receita Federal aposentado (1970-1998). Professor de Contabilidade Societária e Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas no curso de Pós- graduação da Fundação Álvares Penteado. Autor de quatro livros versando sobre Contabilidade e Economia. SILVÉRIO DAS NEVES Graduado em Contabilidade e Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie – São Paulo. MBA Executivo em Gestão de Negócios pelo Instituto Nacional de Pós-graduação (INPG de São Paulo). Ex-Auditor Fiscal da Receita Federal. Foi chefe da Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal em São Paulo. Professor de Contabilidade, Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e Gerenciamento das Contribuições Sociais nos cursos de Pós-graduação e MBA da Fundação Getúlio Vargas, na Fundação Escola de Comércio Alvares Penteado (FECAP), na Escola de Comércio Sustentare de Joinville-SC e na Receita Federal de São Paulo, nos anos de 2011 a 2015. 2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 INTRODUÇÃO À 17.ª EDIÇÃO INTRODUÇÃO À 17.ª EDIÇÃO A presente edição significa um grande triunfo para os autores. Cremos ter conseguido, de forma pioneira, ser um dos primeiros a escrever um livro sobre os efeitos da Lei 12.973/2014 e sua regulamentação pelas IN RFB 1.515/2014, 1.520/2014 e suas alterações. No ano-calendário de 2017, a Receita Federal do Brasil editou a IN RFB 1.700/2017 e revogou a IN RFB 1.515/2014 e suas alterações. A primeira edição, realizada no próprio ano de 2015, apresentava algumas lacunas naturais, já que o assunto era totalmente novo e os próprios autores estavam progressivamente aprofundando o conhecimento dos novos dispositivos legais. Cremos ter progredido significativamente em relação à primeira edição. Para isso contribuiu o fato de que os autores têm dado regularmente cursos sobre o efeito desses dispositivos legais que tratam dos tributos sobre o lucro das pessoas jurídicas, tanto o Imposto de Renda quanto a Contribuição Social. Temos assistido a um interesse muito grande dos participantes para entender todas as mudanças ocorridas com a regulamentação fiscal das novas normas contábeis internacionais, introduzidas pelas Leis 12.637/2008 e 11.941/2009 e por todos os Pronunciamentos Técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que foram endossados por Deliberações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e por Resoluções do Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Trata-se a rigor de uma revolução no ensino da contabilidade, já que as normas internacionais instrumentadas pelos IFRS (International Financial Report Standings) e adaptadas em nosso país pelo CPC têm uma abrangência muito grande e foram geradas em países de primeiro mundo, onde a contabilidade societária evoluiu muito, dada a complexidade dos negócios realizados nesses ambientes econômicos. Esse contexto leva todos os autores brasileiros a uma seara extremamente sofisticada e abrangente, em que, a rigor, todos são aprendizes. Isso tem como consequência que todos os livros a respeito do assunto e da sua regulamentação pelo fisco brasileiro não têm um caráter definitivo, já que se trata de farto material cujo estudo deve ser aprofundado sempre. Em relação à primeira edição, os autores resolveram eliminar os capítulos relativos à consulta tributária (antigo capítulo 12) e ao resumo dos atos do CPC (antigo capítulo 14), para apresentar um texto mais enxuto, focando as principais modificações ocorridas na legislação tributária, que são objeto dos demais capítulos. Ressaltamos que as principais modificações se encontram nos capítulos relativos à equivalência patrimonial (capítulo 6) e combinações de negócios (capítulo 8), principalmente em relação às participações societárias realizadas em estágios, em que os autores mudaram seu entendimento em relação à posição adotada na primeira edição. © desta edição [2017] Outros capítulos que sofreram modificações importantes foram o capítulo 10, que trata de rendimentos tributáveis do exterior, e o capítulo 12 (antigo capítulo 13), que trata da adoção inicial da Lei 12.793/2014, no qual foram feitas modificações na redação e acréscimos nos exemplos dados pela primeira edição. No capítulo 5, que trata da avaliação a valor justo, houve uma mudança na ordem de exposição das matérias, visando facilitar seu entendimento pelos leitores. Em todos os outros capítulos há também modificações, mas em menor número, que refletem o aprofundamento do pensamento dos autores sobre as matérias neles tratadas. Esperamos que essa nova edição venha a ajudar de forma significativa todos aqueles que se debruçam sobre temas tão interessantes e sofisticados concernentes aos efeitos fiscais relativos às novas normas contábeis. São Paulo, março de 2017. OS AUTORES 2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 INTRODUÇÃO À 16.ª EDIÇÃO INTRODUÇÃO À 16.ª EDIÇÃO O ano-calendário de 2013 foi muito tumultuado do ponto de vista da tributação da renda das pessoas jurídicas. Em primeiro lugar, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), representando várias pessoas jurídicas que tinham participação societária em controladas e coligadas no exterior se insurgiu contra a constitucionalidade do art. 74 da Medida Provisória 2.158- 2001, impetrando contra a União a ADIn (Ação Direta de Inconstitucionalidade) 2.588. O artigo em comento estabeleceu que, a partir do ano-calendário de 2002, para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior seriam considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tivessem sido apurados. A legislação anterior previa que esses lucros somente seriam tributados se disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. O STF, depois de prolongada decisão, decidiu pelo provimento parcial da ADIn procedente a ação para, com eficácia erga omnes e efeito vinculante (ou seja, aplicável a todas as pessoas jurídicas interessadas na matéria e vinculando a sua adoção pelas instâncias inferiores do Poder Judiciário), interpretando que o art. 74 da Medida Provisória 2.158-35/2001 não se aplicava às empresas coligadas localizadas em países sem tributação favorecida (ou seja, que não tributassem a renda a uma alíquota inferior à 20%), e que o referido dispositivo se aplicava às empresas controladas localizadas em países de tributação favorecida ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”). O Tribunal também deliberou pela não aplicabilidade retroativa do parágrafo único do art. 74 da Medida Provisória 2.158-35/2001, que determinava que os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31.12.2001 seriam considerados disponibilizados em 31.12.2002, salvo se ocorridas, antes desta data, quaisquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Ou seja, esses lucros somente deveriam ter sido oferecidos à tributação quando de sua efetiva disponibilização para a investidora brasileira. Outro fato importante foi a edição da IN RFB 1.397/2013, que estabelecia, em seu art. 26, parágrafo único, que somente gozariam de isenção fiscal na fonte e na declaração dos sócios ou acionistas osdividendos obtidos com observância dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007. Isso significava que, na hipótese da distribuição do lucro contábil obtido com a obediência das normas contábeis internacionais, cujo efeito fiscal ainda não tinha sido regulado pela Receita Federal, e que este fosse superior ao lucro obtido com a aplicação da legislação anterior, a diferença deveria ser oferecida à tributação. A edição da referida instrução normativa, com efeito retroativo, já que interpretava o alcance do art. 10 da Lei 9.249/1995, teve o efeito de uma bomba relógio no mercado. Os protestos foram tão grandes que a própria Receita resolveu suspender provisoriamente os efeitos desse ato, anunciando que iria regulamentar os efeitos fiscais das novas normas contábeis brasileiras. Em 11.11.2013, foi editada a Medida Provisória 627, contendo a referida regulamentação. A Medida Provisória 627 vigeria para o exercício financeiro de 2015, mas previa que as pessoas jurídicas que desejassem evitar a tributação do excesso do lucro contábil societário distribuído em relação ao lucro apurado de acordo com as normas contábeis vigentes em 31.12.2007, deveriam, por força do disposto no art. 70 da citada medida provisória, optar pelas novas normas de tributação ainda no exercício de 2014. Entretanto, na conversão da referida medida provisória na Lei 12.973, de 13.05.2014, o referido art. 70 não foi mantido e o excesso mencionado não será tributado em qualquer pessoa jurídica, mesmo as que não fizerem a opção pela vigência da Lei já em 2014. Entretanto, com a edição da IN RFB 1.492, de 17.09.2014, o Fisco novamente surpreendeu o mercado, ao estabelecer que as pessoas jurídicas que não fizerem a opção pela vigência da Lei 12.973/2014 já no ano calendário de 2014, somente poderão distribuir com isenção os lucros apurados em 2014 de acordo com as normas contábeis e fiscais vigentes em 31.12.2007. Ademais, as pessoas jurídicas também poderão optar pela aplicação, já no exercício de 2014, das novas regras da tributação da renda das pessoas jurídicas em bases universais, adaptadas à decisão da Corte Suprema, que correspondem aos arts. 76 a 92 da Lei 12.973/2014. Tendo em vista a possibilidade de existirem duas vigências distintas para as modificações introduzidas pela Lei 12.973/2014, os autores decidiram, em conjunto com a editora, elaborar um livro para 2014 contendo apenas a regulamentação das novas normas contábeis efetuada pela referida lei. Mantivemos, entretanto, o capítulo do livro de 2013 que analisava as mudanças das normas brasileiras de contabilidade para adaptá-las às internacionais, bem como o capítulo sobre a consulta tributária, pelo fato de este instituto ter sofrido modificações que não constam da Lei 12.973/2014. No capítulo 11, também foi mantida a explicação do conceito e da forma de apuração do lucro da exploração. Dessa forma, as pessoas jurídicas que não optaram pela aplicação imediata das disposições da Lei 12.973 em 2014 não precisarão consultar as modificações por ela introduzidas para fins de entrega da Escrituração Fiscal Digital do IRPJ e da CSLL (EFD – IRPJ/CSLL) de 2015 e poderão consultar a edição de nosso livro de 2013 (disponível na Editora Fiscosoft), porque, excetuada a Lei 12.973/2014, as alterações introduzidas na legislação foram de pouca monta. Importante considerar que as pessoas jurídicas que optaram pela vigência da Lei 12.973 em 2014 não mais estarão obrigadas a apurar duas demonstrações de resultado (a societária e a com os critérios contábeis vigentes em 31.12.2007) bem como não precisarão utilizar mais o programa FCONT. A estrutura do presente livro foi dividida assim: 1. Regimes de tributação pelo IRPJ e CSLL. Adoção inicial das novas regras da Lei 12.973/2014. 2. Convergências das normas brasileiras de contabilidade para as internacionais. 3. Ajustes a Valor Presente. Reflexos no IRPJ e CSLL. Reflexos no PIS e na Cofins. © desta edição [2017] 4. Tratamento de algumas das principais receitas e despesas previstas na nova norma contábil. 5. Ajustes a Valor Justo, inclusive na subscrição de ações. Reflexos no IRPJ e CSLL. Reflexos no PIS e na Cofins. 6. Equivalência patrimonial. 7. Ganhos e perdas de capital. 8. Incorporação, fusão e cisão. 9. Contratos de construção e de concessão. 10. Resultados de investimentos no exterior. 11. Lucro da exploração. 12. Novas disposições sobre consulta tributária. 13. Procedimentos na adoção inicial da Lei 12.973/2014. 14. Atos elaborados pelo CPC. Elaboramos um capítulo (13), para tratar das regras estabelecidas pela Receita Federal do Brasil por meio da IN RFB 1.493/2014, que trata da adoção inicial das disposições da nova lei tributária. O capítulo 14 foi inserido para facilitar a consulta às novas normas de contabilidade brasileiras adaptadas às internacionais, que serão citadas ao longo do livro. IMPORTANTE: Por se tratar de um livro sobre o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e tributos conexos, as contabilizações sugeridas pelos autores usam contas de controle interno que facilitam o cumprimento das obrigações fiscais. De acordo com o Pronunciamento Técnico n. 30 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), por exemplo, a divulgação da receita na demonstração do resultado deve ser feita a partir das receitas conforme conceituadas nesse Pronunciamento, sendo que a entidade deve fazer uso de outras contas de controle interno, como “Receita Bruta Tributável”, para fins fiscais e outros. A conciliação entre os valores registrados para finalidades fiscais e os valores contabilizados de acordo com os Pronunciamentos do CPC e as Normas Brasileiras de Contabilidade deverá ser evidenciada em nota explicativa às demonstrações contábeis. São Paulo, 24 de novembro de 2014 Os Autores 2017 - 09 - 08 © desta edição [2017] Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 AGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOS Nossos Agradecimentos: • a nossas esposas, cujo apoio e compreensão foram fundamentais para a elaboração deste livro; • a André, Andressa, Cláudia, Fábio, Karina e Paulo, nossos filhos, razão última de nossa existência; • ao Edson Vianna de Brito – in memoriam, grande colega e amigo, por nos ter ajudado muito na elaboração do conteúdo das primeiras edições do presente livro. ESTE LIVRO É DEDICADO AOS NOSSOS ALUNOS, CUJAS DEMONSTRAÇÕES DE APREÇO PELO TRABALHO DESENVOLVIDO EM SALAS DE AULA CONSTITUÍRAM A MOTIVAÇÃO PRIMEIRA PARA A SUA CONSECUÇÃO. São Paulo, março de 2017. Os Autores 2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 CAPÍTULO 1. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS. FATO GERADOR. BASE DE CÁLCULO. ALÍQUOTAS. IMUNIDADES, ISENÇÕES E NÃO INCIDÊNCIA Em 28.12.2007, o Governo Federal sancionou a Lei 11.638, que modificou vários artigos da Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976), com o objetivo de adaptar o regime de escrituração comercial dessas sociedades às normas contábeis internacionais. Segundo os idealizadores do projeto de lei, essa adaptação deveria ser realizada sem aumento da carga tributária. No decorrer do exercício de 2008, houve uma série de incertezas se a Receita Federal do Brasil iria aceitar a pretendida neutralidade tributária. Entretanto, no final do exercício de 2008, o Governo Federal editou a MP 449, quando foi instituído o Regime Transitório de Tributação (RTT), que disciplinou o efeito tributário das modificações na lei societária e que foi posteriormente convertida na Lei 11.941/2009. As novas normas contábeis brasileiras e o RTT serão comentados em detalhes no Capítulo 2 deste livro. Essas novas normas foram introduzidas pela Lei 11.638/2007, pela Lei 11.941/2009 e pelos Pronunciamentos Técnicos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis).Quanto ao RTT, em síntese, as pessoas jurídicas que optassem por esse regime seriam tributadas de acordo com as normas vigentes em 31.12.2007, ou seja, as modificações na escrituração contábil não deveriam interferir na apuração da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), bem como da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Conforme já explicado na introdução da presente edição, em 2014, a União promulgou a Lei 12.973, que disciplinou os efeitos fiscais das normas contábeis internacionais. Como essa lei entrou em vigor em 2015 (embora as pessoas jurídicas tenham tido a opção de adotar a produção de seus efeitos já no ano-calendário de 2014), os autores decidiram reestruturar o livro e comentar apenas as modificações decorrentes da referida lei. Uma exceção foi feita ao atual capítulo 2, por se tratar de uma explicação detalhada das principais normas contábeis internacionais. Também foi decidido que neste capítulo 1, por abordar conceitos básicos, serão explicadas, de forma sucinta, as normas gerais de tributação do IRPJ e da CSLL de acordo com a legislação vigente em 31.12.2007 e com as atualizações promovidas pela Receita Federal do Brasil, sendo comentado no último item do capítulo o que muda com a vigência da Lei 12.973/2014, ou seja, os efeitos de sua adoção inicial. Foram deixados de lado alguns tópicos, como imunidades, isenções e não incidência, que não tiveram mudança significativa nos últimos anos-calendários. Nos Capítulos 3 a 11, será feita a exposição detalhada dos procedimentos necessários para a determinação do lucro real (IRPJ) ou resultado ajustado (CSLL) de acordo com as novas normas estabelecidas pela Lei 12.973/2014, conforme estrutura já explicada na apresentação desta obra. No Capítulo 11, que trata do lucro da exploração, os autores decidiram manter a explicação do conceito do lucro de exploração, bem como a forma de sua determinação, além de abordar as modificações introduzidas pela Lei 12.973/2014. No Capítulo 12, serão analisados os procedimentos a serem seguidos pelas pessoas jurídicas na data da adoção inicial da Lei 12.973/2014. 1.1. Noções gerais 1.1.1. Fato Gerador O fato gerador do imposto sobre a renda, segundo o art. 43 do CTN (Lei 5.172/1966, que tem status de Lei Complementar) é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou proventos de qualquer natureza. A expressão “aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda” significa a obtenção de um conjunto de bens, valores e/ou títulos por uma pessoa física ou jurídica, passíveis de serem transformados ou convertidos em numerário. Para ser tributada pelo Imposto de Renda, a disponibilidade deve ser efetivamente adquirida; não se cogita a sua incidência se houver, apenas, potencialidade de adquiri-la. Em termos contábeis, a aquisição da disponibilidade econômica da renda está configurada quando esta é recebida (regime de caixa). A aquisição da disponibilidade jurídica ocorre quando a renda foi ganha, embora vá ser recebida no futuro (regime de competência). A renda é definida, no sentido estrito, como o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, e os proventos de qualquer natureza como acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito estrito de renda. Por exemplo, uma pessoa jurídica adquire um terreno por R$ 100.000,00, com o objetivo de utilizá-lo com fins operacionais. Se ela decidir vendê-lo por R$ 130.000,00, embora não tenha incorrido em uma renda propriamente dita (não foi produto do capital, nem do trabalho e nem da combinação de ambos), ela obteve nessa transação um acréscimo patrimonial (provento) de R$ 30.000,00. A renda das pessoas jurídicas é auferida por meio da percepção de resultados positivos (lucros) em suas operações industriais, mercantis ou de prestação de serviços, além dos acréscimos patrimoniais decorrentes de ganhos de capital (os denominados lucros não operacionais para fins tributários). O imposto será devido à medida que os rendimentos, ganhos e lucros forem sendo auferidos. 1.1.2. Período de Apuração A partir de 01.01.1997, o período de apuração do imposto passou a ser o trimestre civil, ou seja, aqueles encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. Conforme se verá mais adiante, há uma exceção para as empresas tributadas com base no lucro real, que podem optar pelo período de incidência anual (subitem 1.2.4). 1.1.3. Base de Cálculo A base de cálculo do imposto, que deve ser determinada segundo a legislação vigente na data da ocorrência do fato gerador, é o Lucro Real, Lucro Presumido ou Lucro Arbitrado, correspondentes ao período de apuração. Estas várias bases de cálculo serão explicadas mais adiante. Desde o dia 01.01.1995, com a extinção da correção monetária, tanto as bases de cálculo quanto o valor dos tributos e contribuições federais são expressos em moeda corrente nacional, ou seja, em reais (R$). Isso significa que o Brasil adotou o nominalismo, ou seja, a renda tributada é a renda nominal, da qual não é descontada a taxa de inflação do período. 1.1.4. Alíquota e Adicional Para fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.1996, a alíquota do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas é de 15%, a ser aplicada sobre a base de cálculo expressa em reais (R$). 1.1.4.1. Adicional Além do imposto cobrado à alíquota de 15%, há a incidência de um adicional de 10% sobre a parcela da base de cálculo (seja ela o lucro real, presumido ou arbitrado) que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração. Exemplo: A Cia. ABC apresentou, no segundo trimestre do ano-calendário, lucro real equivalente a R$ 100.000,00. IMPOSTO: 15% × R$ 100.000,00 R$ 15.000,00 ADICIONAL: 10% × R$ 40.000,00* R$ 4.000,00 TOTAL: R$ 19.000,00 * R$ 100.000,00 menos R$ 60.000,00 (R$ 20.000,00 × 3 meses). 1.1.5. Prazo de Recolhimento O prazo de recolhimento do imposto é até o último dia útil do mês subsequente ao último mês do trimestre encerrado. Entretanto, à opção da pessoa jurídica, o imposto devido poderá ser pago em até 3 (três) quotas mensais iguais e sucessivas, vencíveis no último dia útil dos três meses subsequentes ao encerramento do trimestre. Nenhuma dessas quotas pode ter valor inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) e o imposto de valor inferior a R$ 2.000,00 (dois mil reais) deverá ser pago em cota única. Adicionalmente, as quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes: a) à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (taxa Selic) para títulos federais, acumulada mensalmente, calculadas a partir do primeiro dia do segundo mês subsequente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento; b) a 1% (um por cento) no mês de pagamento. A primeira quota, quando paga até o vencimento, não sofrerá incidência de juros. Exemplo: A Cia. Marajoara apurou lucro real, referente ao 2º trimestre de determinado ano-calendário, no valor de R$ 40.000,00. Os valores hipotéticos da taxa Selic estão na tabela a seguir: Mês Taxa Selic Julho 0,75% Agosto 0,80% Setembro 0,85% O imposto devido com base no lucro real será de R$ 6.000,00 (15% × R$ 40.000,00). Não há incidência do adicional, pois o limite de R$ 60.000,00 não foi atingido. Se a companhia optar por parcelar o imposto em três cotas de R$ 2.000,00, deverá recolher os seguintes valores: Cotas Vencimento Principal (R$) Juros (R$) Total (R$) 1ª 31/julho 2.000,00 0,00 2.000,00 2ª 31/agosto 2.000,00 20,00 2.020,00 3ª 30/setembro 2.000,00 36,00 2.036,00 A primeira cota é paga sem a incidência de juros. A segunda é paga com juros de 1% (R$ 20,00 = R$ 2.000,00× 1%). A terceira é paga com juros de 1,8%, correspondente à soma de 1% com a taxa Selic de agosto, que é de 0,8% (R$ 36,00 = R$ 2.000,00 × 1,8%). 1.1.6. Declaração de Informações da Pessoa Jurídica (DIPJ) Até o exercício de 2014 (ano-calendário de 2013), as pessoas jurídicas estavam obrigadas a apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) no ano- calendário subsequente ao da apuração do imposto (por exemplo, DIPJ entregue no exercício de 2014, relativa ao ano-calendário de 2013). A partir do exercício de 2015, existem alterações, como pode ser constatado no subitem a seguir. 1.1.7. Escrituração Contábil Fiscal - ECF A Instrução Normativa RFB nº 1.422, de 19-12-2013 e suas alterações dispõem sobre a Escrituração Contábil Fiscal (ECF), obrigatória para as todas as pessoas jurídicas (Lucro Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado). Essa obrigação é extensiva às sócias ostensivas das Sociedades em Conta de Participação (SCP), que deverá transmitir a sua própria ECF e, separadamente, a de cada SCP. Para o ano-calendário de 2014 (exercício de 2015), a ECF foi transmitida ao Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) até o último dia útil do mês de setembro de 2015 (IN RFB nº 1.524, de 2014). Para o ano-calendário de 2015 (exercício de 2016), a ECF foi transmitida ao SPED até o último dia útil do mês de julho de 2016 (alteração da IN RFB nº 1.633, de 2016). Para os contribuintes que apuram o IRPJ pela sistemática do lucro real, a ECF representa os Livros Eletrônicos de Apuração do Lucro Real (LALUR) e de apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (LACS) de que trata o inciso I do art. 8º, do Decreto Lei nº 1.598, de 1977 (alterado artigo 2º da Lei nº 12.973, de 2014). O sujeito passivo deverá informar, na ECF, todas as operações que influenciem a composição da base de cálculo e o valor devido do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), especialmente quanto à apresentação do Demonstrativo de Livro-Caixa, a partir do ano-calendário 2016, para as pessoas jurídicas optantes pela sistemática do lucro presumido que se utilizem da prerrogativa de substituir a escrituração contábil pela escrituração do livro-caixa (§ único do art. 45 da Lei nº 8.981, de 1995), e cuja receita bruta no ano-calendário seja superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), ou proporcionalmente ao período a que se refere (incluído pela IN RFB nº 1.595, de 2015). As pessoas jurídicas ficam dispensadas, em relação aos fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, da escrituração do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) em meio físico e da entrega da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ (incluído IN RFB nº 1.489, de 2014). 1.2. Lucro real 1.2.1. Conceito O Lucro Real é o resultado contábil (Lucro ou Prejuízo) do período de apuração (antes de computar a despesa com a constituição da provisão para o imposto de renda), ajustado pelas adições, exclusões e compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do imposto sobre a renda. Verifica-se de imediato que, como o ponto de partida para determinação do lucro real é o resultado líquido apurado na escrituração comercial, as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real são obrigadas a mantê-la em boa ordem e guarda, com a estrita observância das leis comerciais e fiscais e dos princípios contábeis. Nos anos-calendário de 2008 a 2013, na vigência do Regime Tributário de Transição (RTT), as pessoas jurídicas deveriam produzir duas demonstrações de resultado: uma de acordo com a legislação societária e outra de acordo com os critérios contábeis e fiscais vigentes em 31.12.2007. A razão desse procedimento era que a Receita Federal não tinha disciplinado o tratamento fiscal das normas contábeis internacionais. Então a tributação era feita nos mesmos moldes das normas vigentes em 31.12.2007. A transformação do resultado societário para o resultado de acordo com as regras de 31.12.2007 era feita por meio do programa Controle Contábil e Fiscal de Transição (FCONT). Após a data da entrada em vigor da Lei 12.973, de 2014 (no próprio ano-calendário de 2014 por opção da empresa ou no ano-calendário de 2015, para as demais hipóteses) , basta apurar o resultado contábil/societário antes do Imposto de Renda e proceder aos devidos ajustes (adições, exclusões e compensações). Para se entender a natureza das adições, exclusões e compensações do lucro líquido para determinação do lucro real, far-se-á um exemplo simplificado de sua determinação. 1.2.2. Exemplo de determinação do lucro real e do cálculo do imposto A Cia. Comercial Silpa apresentou a seguinte Demonstração de Resultado1 relativa a determinado trimestre do ano-calendário, elaborada de acordo com as normas contábeis e fiscais vigentes em 31.12.2007, cujos valores estão expressos em reais (R$): 1. Receita Bruta de Vendas 360.000,00 2. (–) Deduções da Receita Bruta: 2.1. Devoluções e Abatimentos 5.000,00 2.2. Tributos sobre Vendas (ICMS, PIS e COFINS) 75.000,00 (80.000,00) 3. (=") Receita" Líquida de Vendas 280.000,00 4. (–) Custo das Mercadorias Vendidas(CMV) (110.000,00) 5. (=") Lucro" Bruto (Lucro OperacionalBruto) 170.000,00 6. (–) Despesas Operacionais 6.1. Despesas com Vendas 10.000,00 6.2. Despesas Administrativas: – Pessoal e Encargos Sociais 30.500,00 – Multas ambientais 6.000,00 – Provisão para Assistência Técnica 9.000,00 – Outras 18.500,00 64.000,00 6.3. Despesas Financeiras (Líquidas): – Despesas Financeiras 34.000,00 – Receitas Financeiras (20.000,00) 14.000,00 (88.000,00) 7. Outras Receitas e DespesasOperacionais 7.1. Receita de Dividendos 10.000,00 8 (=") Lucro" Operacional Líquido 92.000,00 9. (+) Resultado não operacional (9.000,00) 10. (=") Resultado" do período antes dasParticipações 83.000,00 11. (–) Participações nos lucros 11.1 Debêntures 5.000,00 11.2 Empregados 8.000,00 (13.000,00) 12. (=") Resultado" antes da ContribuiçãoSocial sobre o Lucro 70.000,00 13. (–) Contribuição Social sobre o Lucro (6.750,00) 14. (=") Resultado" do Período antes doImposto de Renda 63.250,00 A companhia apurou, portanto, um lucro líquido, antes de se computar o imposto sobre a renda, de R$ 63.250,00. Notas: 1ª) Observe que, ao contrário da Demonstração de Resultado elaborada com base na legislação societária vigente até 31.12.2007, as participações no lucro são deduzidas antes da Contribuição Social sobre o Lucro e da Provisão para o Imposto de Renda. A razão deste procedimento é que essas participações podem ser dedutíveis na base de cálculo desses dois tributos, de modo que esta forma de apresentação é mais adequada sobre o prisma tributário; 2ª) as Contribuições para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e para o Programa de Integração Social (PIS), que aparecem na demonstração do resultado são despesas redutoras da Receita Bruta de Vendas e Serviços. 1.2.2.1. Adições A legislação do imposto sobre a renda não admite a multa ambiental como dedução do lucro real nem qualquer outro tipo de multa por infração de natureza não tributária, por considerar que não é uma despesa necessária à manutenção da atividade da empresa e para não incentivar o desrespeito às normas legais do país. De fato, a companhia poderia ter apurado o resultado respeitando as leis ambientais, motivo pelo qual esta despesa não é computada na determinação do lucro real e, para isto, é feita sua adição ao lucro líquido. Caso esta fosse a única adição e não houvesse exclusões e compensações, a determinação do lucro real da Cia. Silpa ficaria assim: Lucro Líquido antes do IR R$ 63.250,00 (+) Multas Ambientais R$ 9.500,00 (=")" Lucro Real R$ 72.750,00 Ressalte-se que esse seria o resultado obtido na escrituração comercial caso a pessoa jurídica não tivesse lançado a despesacom as multas ambientais. O objetivo da adição é, portanto, evitar que seja computada na base de cálculo do tributo uma despesa que diminuiu o lucro líquido, mas que a legislação tributária considera indedutível e que, não deve, portanto, influir na apuração do lucro real. Observe-se, também, que, entre as despesas operacionais da empresa, consta uma relativa à constituição de provisão para assistência técnica dos produtos vendidos pela companhia no período de apuração. Embora a constituição desta provisão esteja de acordo com o Princípio da Competência dos Exercícios, a legislação do IR não permite que essa despesa seja dedutível por ser uma estimativa que era hipertrofiada para postergar o pagamento do imposto. Há, portanto, que se fazer a adição desta despesa ao lucro líquido para se determinar o lucro tributável. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido2 é uma contribuição cobrada sobre o lucro das pessoas jurídicas com a finalidade de financiar a seguridade social. Até 31.12.1996, o seu valor era dedutível na determinação do lucro real. A partir de 01.01.1997, por força do disposto na Lei 9.316/1996, a Contribuição Social sobre o Lucro passou a ser indedutível para a apuração do Lucro Real, de forma que o seu valor também deve ser adicionado ao lucro líquido para se determinar a base de cálculo do imposto. As adições também são constituídas pelos resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser computados na determinação do lucro real (Exemplo: lucros oriundos do exterior – veja o Capítulo 10). Para a lista completa das adições, a partir de 2015, deve-se consultar o Bloco M 300 do programa Escrituração Contábil Fiscal – ECF. 1.2.2.2. Exclusões Fez parte do lucro da Cia. Silpa uma receita dos dividendos de empresas nas quais a companhia tem participação societária. Estes dividendos foram originados por lucros auferidos naquelas empresas e que, portanto, nelas já foram tributados. Nessa hipótese, a legislação do imposto de renda permite que tais dividendos sejam excluídos do lucro líquido para determinação do lucro real para evitar a dupla tributação da mesma base econômica. O objetivo das exclusões é o de não computar na base de cálculo do imposto receitas que aumentaram o lucro líquido da pessoa jurídica, mas que a legislação do imposto sobre a renda considera como não tributáveis. Ao excluir-se a receita de dividendos do lucro líquido, o lucro real fica diminuído desta receita, que não será tributada na Cia. Silpa. As exclusões representam também valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração (exemplo: depreciação acelerada incentivada – depreciação que é deduzida de forma extracontábil na parte A e controlada na parte B do LALUR/LACS). Para a lista completa das exclusões, a partir de 2015, deve-se consultar o Bloco M 300 do programa Escrituração Contábil Fiscal – ECF. 1.2.2.3. Compensações A legislação admite que, se a pessoa jurídica houver incorrido em prejuízo fiscal (lucro real negativo) em períodos de apuração anteriores, este prejuízo seja compensável, com lucros futuros (ou seja, possa ser deduzido de lucros de períodos de apuração subsequentes). Esta compensação não poderá reduzir o valor do lucro real, antes de ocorrida, em mais de 30% (trinta por cento). Se o prejuízo for maior que esse limite, ele poderá ser compensado em períodos posteriores, não havendo prazo para prescrição desse direito. Em nosso exemplo, vamos admitir a hipótese de que o prejuízo compensável da Cia. Silpa seja equivalente a R$ 18.000,00. 1.2.2.4. Demonstração do Lucro Real Essa demonstração tem caráter extracontábil e é realizada exclusivamente em um livro fiscal denominado Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR em sua parte A. A Parte B do LALUR serve para controle de valores que influenciarão a tributação em períodos de apuração futuros, como, por exemplo, o prejuízo fiscal a compensar apurado no período. DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO REAL DO 1º TRIMESTRE (valores em R$) 1. RESULTADO DO PERÍODO (SEM O IR) 63.250,00 2. (+) ADIÇÕES 2.1. Multa Ambiental 6.000,00 2.2. Provisão Indedutível 9.000,00 2.3. CSLL 6.750,00 21.750,00) 3. (–) EXCLUSÕES 3.1. Dividendos Recebidos (10.000,00) 4. (=") LUCRO" REAL ANTES DA COMPENSAÇÃO 75.000,00) 5. (–) COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS (18.000,00) 6. (=") LUCRO" REAL 57.000,00) A compensação de prejuízos foi efetuada pelo seu valor total de R$ 18.000,00, uma vez que a redução do lucro real foi inferior a 30% do Lucro Real antes da Compensação de Prejuízos (R$ 22.500,00 = 30% × R$ 75.000,00). Portanto, é incorreto afirmar que a compensação do prejuízo está limitada a 30% do seu valor. A compensação pode ser de 100% do valor do prejuízo fiscal como nessa hipótese. O que é proibido é a compensação reduzir o valor do lucro real antes dela em mais de 30%. Por exemplo, se o prejuízo fiscal compensável fosse de R$ 30.000,00, a compensação estaria limitada a R$ 22.500,00. O Lucro Real seria de R$ 52.500,00 (R$ 75.000,00 menos R$ 22.500,00). A parcela não aproveitada do prejuízo, R$ 7.500,00 (R$ 30.000,00 menos R$ 22.500,00), será controlada na parte B do LALUR e poderá ser utilizada em períodos de apuração posteriores, não havendo prazo para prescrição desse direito. 1.2.2.5. Cálculo do Imposto Lucro Real do 1º trimestre )R$)57.000,00 (×) Alíquota _ 15% (=")" Imposto devido R$8.550,00 A pessoa jurídica poderá diminuir do imposto devido: a) o valor dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos da legislação vigente (consultar o Capítulo 17 do livro de 2013); b) o valor dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração (consultar o Capítulo 11 deste livro); c) o imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas no lucro real; d) o imposto de renda pago indevidamente ou a maior em períodos anteriores; e) o saldo negativo apurado na DIPJ ou na ECF de períodos anteriores. Caso o lucro real do trimestre fosse superior a R$ 60.000,00, haveria a incidência do adicional já comentada no subitem 1.1.4.1. Atenção: Sobre o valor do adicional não serão permitidas quaisquer deduções, devendo ser recolhido integralmente. 1.2.2.6. Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Assumimos até o momento que o valor da CSLL era de R$ 6.750,00, sem qualquer explicação sobre como teria sido calculada essa importância. Observe a seguir o cálculo da CSLL. A base de cálculo dessa contribuição, denominada resultado ajustado, é obtida de forma similar à do IRPJ e suporemos que a companhia, ao contrário do IRPJ, não possui base de cálculo negativa a compensar de período anterior. O resultado contábil do período antes da CSLL é o ponto de partida para cálculo do resultado ajustado (em R$) e a alíquota dessa contribuição é de 9% para as empresas em geral: 1. Resultado do período antes da CSLL 70.000,00 2. (+) Adições 2.1. Multas ambientais 6.000,00 2.2. Provisão indedutível 9.000,00 15.000,00 3. (–) Exclusões 3.1. Dividendos recebidos (10.000,00) 4. (=") Resultado" ajustado antes da compensação 75.000,00 5. (–) Base de cálculo negativa a compensar (0,00) 6. (=") Base" de cálculo da CSLL 75.000,00 7. (×) Alíquota 9% 8. (=") CSLL" devida 6.750,00 Notas: 1ª) Da mesma forma que o lucro real, o resultado ajustado da CSLL antes da compensação também só pode ser reduzido em 30% se houver saldo de base de cálculo negativa de períodos anteriores. 2ª) Não há previsão na lei que instituiu a CSLL (e nas que as modificaram) para adição da multa ambiental, entretanto, como a IN SRF 390/2004, em seu art. 57, estabeleceu que as multas por infração não tributária são indedutíveisda base de cálculo da contribuição, a pessoa jurídica que não a adicionar no resultado ajustado poderá ser autuada pela Receita Federal. Neste livro, optamos pela sua inclusão, embora tenhamos convicção de que essa adição não tem base legal e pode ser questionada na área administrativa ou Judicial na hipótese de auto de infração fiscal por parte da Receita Federal do Brasil. 3ª) A pessoa jurídica que for tributada pelo IRPJ com base no lucro real está obrigada a ser tributada pelo resultado ajustado na CSLL. Tal homogeneidade também ocorre em relação ao lucro presumido. 4ª) Até 31.12.2018 a alíquota da CSLL para instituições financeiras e assemelhadas é de 20% e para as cooperativas de crédito é de 17%. A partir de 1º.01.2019 essas alíquotas voltarão a ser de 15%. 1.2.3. Pessoas Jurídicas obrigadas à tributação com base no Lucro Real Estão obrigadas à tributação com base no Lucro Real as pessoas jurídicas: I – cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 meses; II – cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III – que tiverem lucros, rendimentos e ganhos de capital oriundos do exterior; IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução de imposto; V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal por estimativa pura (com base na receita bruta e acréscimos) ou tenham reduzido ou suspendido o pagamento mensal por estimativa pura, mediante levantamento de balanço ou balancete específico para este fim – estimativa monitorada (ver subitem 1.2.4 deste capítulo); VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII – que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio. VIII – agências de fomento. A securitização de créditos, segundo Eduardo Fortuna, em sua consagrada obra sobre o mercado financeiro, consiste em uma operação realizada por uma sociedade de propósito específico (criada especificamente para realizar esse tipo de operação – SPE), cujo objetivo será exclusivamente adquirir os recebíveis de pessoas jurídicas com recursos obtidos pela emissão de debêntures com lastro nesses ativos. Como os recebíveis são normalmente de curto prazo e, as debêntures, de longo prazo, a SPE vai ter caixa muito antes do vencimento das debêntures. Existe a possibilidade de a SPE ser constituída pela própria pessoa jurídica detentora dos recebíveis. As agências de fomento são instituições financeiras não bancárias, regulamentadas pelo Banco Central do Brasil (BACEN), cujo objetivo social é a concessão de financiamento de capital fixo e de giro associados a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede. Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle de Unidade da Federação, sendo que cada Unidade só pode constituir uma agência. A instituição da figura de agência de fomento objetiva substituir a antiga figura de banco de desenvolvimento. Também são obrigadas ao lucro real, segundo norma da Receita Federal do Brasil, as pessoas jurídicas que exerçam as atividades de construção, incorporação, compra e venda de imóveis, enquanto não concluídas as operações imobiliárias para as quais haja registro de custo orçado. O artigo 56 da Lei Complementar nº 147/2014 permitiu às Microempresas e a Empresas de Pequeno Porte optantes pelo Simples Nacional a realização de negócios de compra e venda de bens, para os mercados nacional e internacional, por meio de Sociedade de Propósito Específico (SPE). Entretanto, condicionou a obrigatoriedade de, nessa hipótese, a SPE ser tributada com base no Lucro Real. Atenção: A empresa que houver pago o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano calendário, incorrer em situação de obrigatoriedade de apuração do lucro real por ter auferido lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ sob o regime do lucro real trimestral a partir, inclusive, do trimestre de ocorrência do fato (ADI SRF 5/2001, art. 2º). A partir de 1º de janeiro de 2014, o limite para opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido foi aumentado de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais) para R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), por meio da edição da Lei 12.814/2013. Assim, a pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$ 78.000.000,00 ou a R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade do ano- calendário anterior, quando inferior a doze meses, poderá optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Notas: 1ª) As pessoas jurídicas que não se enquadrarem nas hipóteses anteriores poderão optar, por ocasião do pagamento do imposto correspondente ao ano-calendário em vigor, pela tributação com base no Lucro Presumido; 2ª) considera-se receita total, para fins de determinação do limite de R$ 78 milhões ou seu equivalente proporcional, o somatório: a) da receita bruta total; b) das demais receitas e ganhos de capital; c) dos ganhos líquidos obtidos em operações realizadas nos mercados de renda variável; d) dos rendimentos nominais produzidos por aplicações financeiras de renda fixa; e) da parcela das receitas auferidas nas exportações às pessoas vinculadas ou aos países com tributação favorecida que exceder ao valor já apropriado na escrituração da empresa, na forma da IN SRF 243, de 11.11.2002 e suas alterações (veja o Capítulo 3 do livro de 2013); 3ª) os agentes autônomos de seguros (corretores de seguros) não são considerados instituições financeiras e, portanto, não são obrigados à tributação com base no lucro real; 4ª) a pessoa jurídica que auferir receita de exportação de mercadorias e/ou prestação direta de serviços ao exterior não está enquadrada na hipótese de auferir lucros, rendimentos e ganhos de capital oriundos do exterior). 1.2.4. Opção pelo Lucro Real anual e pagamento mensal por Estimativa Se a pessoa jurídica não for obrigada à tributação com base no lucro real, ela poderá optar por esse regime de tributação. Essa opção é irretratável para todo o ano-calendário e somente poderá ser modificada no ano-calendário seguinte. Embora o período de apuração do IRPJ e da CSLL seja em regra trimestral, a legislação tributária faculta à pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, a opção de determiná-lo somente em 31 de dezembro do ano-calendário, na data do evento nos casos de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades ou no dia de encerramento de suas atividades. O objetivo dessa medida foi diminuir o trabalho das empresas que teriam que levantar quatro balanços ao ano na sistemática trimestral. A pessoa jurídica que optar por determinar o lucro real anual, está obrigada a fazer pagamentos mensais por estimativa, que constituirão uma antecipação do imposto devido no final do ano- calendário. A diferença entre o imposto devido com base no lucro real anual e o somatório das importâncias pagas por estimativa será: a) caso positiva,pago em quota única até o último dia do mês de março do ano subsequente, acrescido de juros equivalentes à soma: I – da taxa Selic a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e II – de um por cento no mês do pagamento; b) caso negativa, compensado com o imposto devido a partir do mês de janeiro do ano-calendário subsequente, assegurada a alternativa de requerer a restituição do montante pago a maior; esse saldo será acrescido de juros equivalentes à taxa Selic, acumulada mensalmente a partir do mês subsequente ao do encerramento do período de apuração até o mês anterior ao da restituição ou compensação, mais um por cento relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada.3 Exemplos: 1) Imposto devido com base no lucro real de 31.12.20X0 R$ 130.000,00 • Imposto pago por estimativa no decorrer do ano-calendário R$ 115.000,00 A diferença de R$ 15.000,00 (R$ 130.000,00 – R$ 115.000,00) deverá ser paga até 31.03.20X1, acrescida de juros, calculados a partir de fevereiro de 20X1 até o mês do pagamento. 2) Imposto devido com base no lucro real de 31.12.20X0 R$ 90.000,00 • Imposto pago por estimativa R$ 98.000,00 O imposto de R$ 8.000,00 (R$ 98.000,00 – R$ 90.000,00), recolhido a maior, poderá ser compensado com imposto de renda devido a partir de janeiro de 20X1 ou, à opção do contribuinte, ser objeto de pedido de restituição ou de compensação (PERD/COMP). Notas: 1ª) A opção pelo pagamento por estimativa será irretratável para todo o ano calendário e será manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade; 2ª) a pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto mensal por estimativa, caso demonstre que os valores já pagos, correspondentes a meses anteriores, excedem o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso, pela elaboração de balanços ou balancetes levantados para tal fim (veja o subitem 1.2.6 mais adiante). 1.2.4.1. Cálculo e recolhimento do imposto por Estimativa Pura com base na receita bruta ajustada e acréscimos O imposto mensal a ser pago por estimativa é calculado com base na receita bruta ajustada da pessoa jurídica e acréscimos (demais rendimentos e ganhos de capital). Esse tipo de estimativa é denominado estimativa pura para diferenciá-la da estimativa calculada com base no balanço ou balancete de suspensão ou redução (estimativa monitorada), que será analisada no subitem 1.2.6 mais adiante. A base de cálculo do imposto por estimativa pura corresponderá à soma de duas parcelas: I – o resultado da multiplicação de determinados percentuais sobre a receita bruta mensal ajustada da pessoa jurídica. Esses percentuais variam de acordo com a atividade desenvolvida pela pessoa jurídica, conforme tabela anexa no subitem 1.2.4.2; II – demais rendimentos, receitas e ganhos de capital auferidos pela pessoa jurídica (acréscimos) que devem ser incluídos na sua totalidade (100%), permitida a dedução de despesas necessárias para a percepção desses rendimentos. A receita bruta ajustada compreende o produto da venda de bens nas operações por conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações de conta alheia, excluídos desse valor as vendas canceladas, as devoluções de vendas e os descontos incondicionais concedidos. Os demais rendimentos são: a) receita de locação de imóvel, ou de outros bens do Ativo Não Circulante, quando não for este o objeto social da pessoa jurídica (podendo ser deduzidas as despesas pagas à empresa administradora do imóvel para fins de locação); b) juros ativos; c) descontos financeiros obtidos (veja conceito no Capítulo 7, item 7.2, do livro de IRPJ de 2013); d) ganhos de capital na alienação de bens do Ativo Não Circulante; e) outros valores. A pessoa jurídica tem o direito de compensar o imposto retido na fonte sobre os rendimentos que integraram a base de cálculo da estimativa com o imposto dela decorrente. Assim, por exemplo, as empresas tomadoras de determinados serviços efetuam a retenção do imposto de renda na fonte sobre os rendimentos auferidos pelas empresas prestadoras dos serviços. Nesse caso, como os rendimentos auferidos pelas empresas prestadoras de serviços compuseram a base de cálculo da estimativa, elas têm direito a compensar o imposto retido na fonte sobre esses serviços. Atenção: Não são incluídos na base de cálculo do IRPJ da estimativa pura os rendimentos financeiros de títulos de renda fixa e os ganhos líquidos de mercados de renda variável, embora estes integrem o lucro real, uma vez que esses rendimentos são tributados na fonte pagadora ou recolhidos pelo próprio contribuinte como antecipação, como está explicado no Capítulo 14 do livro de 2013. Não haveria sentido incluí-los em outra antecipação. Entretanto, eles são incluídos na base de cálculo da estimativa da CSLL, por não haver nem retenção na fonte e nem recolhimento pelo próprio contribuinte (veja o subitem 1.2.5, mais à frente). Esses valores também devem ser considerados na apuração da estimativa monitorada com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução. Também não são computados no lucro estimado com base na receita bruta e acréscimos as seguintes receitas: a) as recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas; b) a reversão de saldo de provisões não dedutíveis exceto as técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência complementar; c) os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias avaliadas pelo custo de aquisição e a contrapartida do ajuste por aumento do valor de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; d) os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante, além do preço do bem ou serviço, e dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário (IPI); e) os juros sobre o capital próprio auferidos. 1.2.4.2. Tabela dos coeficientes da estimativa para o IRPJ COEFICIENTES PERCENTUAIS PARA DETERMINAR A BASE DE CÁLCULO DA ESTIMATIVA DO IRPJ COM BASE NA RECEITA BRUTA a) Comerciais e industriais em geral; atividades de loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, atividade rural, atividade gráfica quando atuar nas áreas comercial e industrial e industrialização por encomenda em que a matéria-prima, o produto intermediário, o material de embalagem tenham sido fornecidos por quem encomendou a industrialização; 8% b) de prestação de serviços hospitalares e de transportes de cargas; 8% c) demais serviços de transporte; 16% d) de prestação de serviços, cuja receita remunere essencialmente o exercício pessoal por parte dos sócios, de profissões que dependam de habilitação legalmente exigida; 32% e) de intermediação de negócio, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; 32% f) de construção por administração ou empreitada unicamente de mão de obra (sem o emprego de materiais); 32% g) de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia e mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços – factoring; 32% h) de prestação de serviços em geral, inclusive atividade gráfica nas hipóteses de prestação de serviços com ou sem o fornecimento do material, exceto os citados nas letras “b” e “c”; 32% i) de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta e agências de fomento(Instituições Financeiras e Assemelhadas); 16% j) de revenda, para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural. 1,6% ATENÇÃO: Se a empresa tiver mais de uma atividade, a cada qual será aplicado o percentual respectivo. A base de cálculo do imposto será o somatório correspondente. Exemplo: Receita bruta mensal ajustada da revenda de mercadorias R$ 95.000,00 (×) Percentual para estimativa do lucro 8% (=")" Lucro estimado com base na receita bruta ajustada R$ 7.600,00 (+) Juros ativos no recebimento de créditos R$ 2.400,00 (=")" Lucro Estimado com base na receita bruta e acréscimos (Estimativa Pura) R$ 10.000,00 (×) Alíquota 15% (=")" Imposto mensal a ser pago por Estimativa Pura R$ 1.500,00 Caso a base de cálculo mensal seja superior a R$ 20.000,00 haverá a incidência do adicional de 10%, referido no subitem 1.1.4.1 deste capítulo, sobre o excesso. Veja o exemplo a seguir: Receita bruta mensal ajustada da prestação de serviços R$ 300.000,00 (×) Percentual para estimativa do lucro 32% (=")" Lucro Estimado com base na receita bruta R$ 96.000,00 (+) Ganho de capital na alienação de bens do imobilizado R$ 4.000,00 (=")" Lucro Estimado com base na receita bruta e acréscimos R$ 100.000,00 Imposto: 15% × R$ 100.000,00 R$ 15.000,00 Adicional: 10% × (R$ 100.000,00 – R$ 20.000,00) R$ 8.000,00 Imposto mais Adicional R$ 23.000,00 O imposto (inclusive o adicional, se for o caso) calculado por estimativa (pura ou monitorada) deverá ser pago até o último dia útil do mês subsequente àquele a que se referir. Atenção: As concessionárias de serviços públicos nas atividades de prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público, a partir da vigência da Lei 12.973/2014, passaram a ter o percentual de 32% para o lucro estimado. Esse comando deve ser aplicado a partir de 01.01.2014 para quem fizer a opção pela vigência imediata da Lei 12.973/2014, ou a partir de 01.01.2015, para quem não fizer a mencionada opção. 1.2.5. Pagamento da CSLL por Estimativa Pura (receita bruta e acréscimos) A pessoa jurídica optante pelo pagamento do IRPJ pelo lucro real anual e obrigada aos pagamentos mensais por estimativa deverá recolher a CSLL também por esta sistemática. A base de cálculo da CSLL por estimativa pura com base na receita bruta e acréscimos corresponderá à soma dos seguintes valores: a) 12% ou 32%, conforme a atividade da pessoa jurídica e a época da ocorrência do fato gerador (ver subitem 1.2.5.3) da receita bruta mensal ajustada; b) juros ativos e descontos financeiros obtidos; c) rendimentos e ganhos líquidos provenientes de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável; d) ganhos de capital na alienação de bens do Ativo Não Circulante (Investimentos, Imobilizado e Intangível; e) outros valores, analisados no Capítulo 18 do livro de 2013. Exemplo: 12% da receita bruta mensal ajustada de R$ 500.000,00 R$ 60.000,00 (+) Rendimento de aplicações financeiras de renda fixa R$ 9.300,00 (+) Juros Ativos R$ 400,00 (+) Descontos Financeiros Obtidos R$ 300,00 (=")" Base de cálculo da CSLL por Estimativa Pura R$ 70.000,00 (×) Alíquota 9% (=")" CSLL devida por Estimativa Pura R$ 6.300,00 1.2.5.1. Apuração do saldo a pagar ou a restituir/compensar De forma similar ao IRPJ, a pessoa jurídica deverá determinar a base de cálculo da CSLL devida com base em balanço a ser levantado em 31 de dezembro do período de apuração (Estimativa Monitorada). A diferença entre o valor devido e o valor pago por estimativa terá o mesmo tratamento já analisado para o IRPJ no subitem 1.2.4. 1.2.5.2. Base de Cálculo de 32% O coeficiente de 32% para determinação da base de cálculo da estimativa com base na receita bruta e acréscimos (Estimativa Pura) será utilizado pela pessoa jurídica que tenha a atividade de factoring e para as seguintes atividades (Lei 10.684, de 30.05.2003): a) prestação de serviços em geral, exceto as de serviços hospitalares e de transporte; b) intermediação de negócios; c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; d) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público (item introduzido pela Lei 12.973/2014. As demais pessoas jurídicas que não exerçam essas atividades utilizarão o coeficiente de 12%. Caso Prático: • Receita bruta de abril de 20X0 R$ 250.000,00 • Demais receitas e ganhos de capital 35.000,00 Base de cálculo Receita bruta 04/20X0 R$ 250.000,00 (×) Coeficiente 32% (=")" Resultado estimado com base na receita bruta R$ 80.000,00 (+) Demais receitas e ganhos R$ 35.000,00 (=")" Resultado Estimado com base na Receita Bruta Ajustada e Acréscimos R$ 115.000,00 1.2.6. Balanço ou Balancete de Suspensão ou Redução (Estimativa Monitorada) 1.2.6.1. Estimativa Monitorada Ocorre a estimativa monitorada quando a pessoa jurídica comprova pela elaboração de balanço ou balancete de redução ou suspensão do imposto que já pagou ou pagará por estimativa pura com base na receita bruta e acréscimos um valor superior ao imposto devido com base no lucro real determinado no período de apuração dos referidos demonstrativos. Um caso prático ajudará a elucidar esse complexo tema. Suponha-se que a pessoa jurídica tenha efetuado os seguintes recolhimentos por estimativa pura (com base na receita bruta e acréscimos) durante o ano-calendário de 20X0: Meses de Competência Meses de Pagamento Valor Mensal Pago (R$) Valor Acumulado em R$ Janeiro Fevereiro 30.000,00 30.000,00 Fevereiro Março 25.000,00 55.000,00 Março Abril 40.000,00 95.000,00 Abril Maio 50.000,00 145.000,00 O imposto calculado por estimativa pura com base na receita bruta e acréscimos de maio de 20X0, a ser pago no último dia útil do mês de junho de 20X0, é de R$ 60.000,00. 1.2.6.2. Suspensão do Pagamento por Estimativa Pura Ocorre a suspensão quando a pessoa jurídica demonstra, com base em balanço ou em balancete,4 que incorreu em prejuízo ou que o imposto devido com base no lucro real do período em curso é inferior ao valor já recolhido por estimativa no próprio período. Para se determinar o lucro real, o resultado do período deve ser ajustado por todas as adições, exclusões e compensações autorizadas e admitidas pela legislação do IRPJ. Em maio de 20X0, a empresa referida no subitem anterior levantou balanço/balancete e constatou que o lucro real do período janeiro a maio de 20X0 foi de R$ 600.000,00. Ressalte-se que ela pagará adicional sobre o valor da base de cálculo que superar R$ 100.000,00 (5 meses de período de apuração × R$ 20.000,00 mensais). CÁLCULO DO IRPJ DEVIDO: Valores R$ a) Imposto: R$ 600.000,00 × 15% R$ 90.000,00 b) Adicional: [10% × R$ 500.000,00 (R$ 600.000,00 – R$ 100.000,00)] R$ 50.000,00 c) (=")" Total Devido (a + b) R$ 140.000,00 A sociedade poderá suspender o pagamento da estimativa pura referente ao mês de maio a ser efetuado em junho, por já ter recolhido R$ 145.000,00 de estimativa pura com base na receita bruta e acréscimos até o mês de maio (competência abril). Este valor é maior do que o devido no período em curso que é de R$ 140.000,00, conforme os cálculos anteriores. Ou seja, a pessoa jurídica já pagou mais do que devia segundo o imposto calculado com base no lucro real para o período em curso e não precisa pagar mais nada até esse mês. 1.2.6.3. Redução do Pagamento por Estimativa Pura Ocorre a redução quando o valor do pagamento mensal por estimativa for inferior à diferença de imposto entre o que é devidono período e o que a empresa já recolheu. Utilizando-se os dados do exemplo do subitem anterior e supondo-se que o lucro real seja R$ 800.000,00 em vez de R$ 600.000,00, obtêm-se os seguintes valores para o imposto e o adicional: a) IRPJ e adicional devidos com base no lucro real: Imposto: R$ 800.000,00 × 15% R$120.000,00 Adicional: [10% × R$ 700.000,00 (R$ 800.000,00 – R$ 100.000,00)] R$70.000,00 (=")" IRPJ Devido R$190.000,00 b) Imposto recolhido por estimativa até maio R$145.000,00 c) Diferença a se recolhida com base no balanço (a – b) R$45.000,00 d) Imposto por estimativa pura a ser recolhido com base na receita R$60.000,00 e) Imposto por estimativa a ser recolhido em junho (menor entre c e d) R$45.000,00 Logo, houve uma redução do imposto a ser pago por estimativa pura (com base na receita bruta e acréscimos) de R$ 60.000,00 para R$ 45.000,00 em função do balanço ou balancete de redução. 1.2.6.4. Exemplo de Estimativa Monitorada, considerando todo o ano-calendário A empresa poderá escolher o menor recolhimento mensal entre a Estimativa Pura ou Monitorada objetivando reduzir ou minimizar o valor a ser pago por Estimativa. Nessa hipótese, terá que realizar os dois cálculos em todos os meses do ano, fazer a comparação e escolher o menor valor para fins de recolhimento. Caso Prático: Ano Estimativa calculada combase na/no Valores efetivamente pagos com base Total pago Meses Receita Bruta e acréscimos Balanço ou Balancete na Receita Bruta e acréscimos no Balanço ou Balancete Janeiro 18.000,00 20.000,00 18.000,00 18.000,00 Fevereiro 19.500,00 39.000,00 19.500,00 37.500,00 Março 22.000,00 58.000,00 R =20.500,00 58.000,00 Abril 21.500,00 77.000,00 R =19.000,00 77.000,00 Maio 23.000,00 90.000,00 R =13.000,00 90.000,00 Junho 20.000,00 110.000,00 R =20.000,00 110.000,00 Julho 22.700,00 109.000,00 Suspensão 110.000,00 Agosto 23.600,00 134.000,00 23.600,00 133.600,00 Setembro 25.300,00 171.000,00 25.300,00 158.900,00 Outubro 26.400,00 195.000,00 R =26.400,00 185.300,00 Novembro 28.000,00 225.800,00 28.000,00 213.300,00 Dezembro 30.000,00 256.000,00 30.000,00 243.300,00 TOTAL 280.000,00 144.400,00 98.900,00 243.300,00 No mês de janeiro, a pessoa jurídica paga com base na receita bruta e acréscimos porque o valor de R$ 18.000,00 é menor que os R$ 20.000,00 apurados no balanço ou balancete. No mês de fevereiro, ela apurou um imposto de R$ 39.000,00 no balanço ou balancete. Como pagou R$ 18.000,00 em janeiro, ela teria que pagar em fevereiro R$ 21.000,00 (R$ 39.000,00 menos R$ 18.000,00). Novamente é melhor para ela pagar com base na receita bruta e acréscimos, cujo valor é de R$ 19.500,00. Já em março, como o imposto devido com base no balanço ou balancete é R$ 58.000,00, ela poderá pagar R$ 20.500,00 (R$ 58.000,00 menos R$ 37.500,00), reduzindo o pagamento com base na estimativa pura (receita bruta e acréscimos), que corresponderia a R$ 22.000,00. Com base nesse mesmo raciocínio, convidamos o leitor a descobrir por si mesmo os valores mínimos a serem pagos na estimativa no restante do ano. NOTAS: 1ª Se a empresa apurar prejuízo fiscal em janeiro, ela poderá suspender o pagamento da estimativa pura (receita bruta ajustada e acréscimos) nesse mês. 2ª Os balanços ou balancetes deverão ser levantados com observância de todas as leis comerciais e fiscais e, somente, produzirão efeitos para suspender ou reduzir o pagamento por estimativa pura. O imposto devido será calculado com base no lucro real apurado no período. 3ª O Balanço/Balancete deverá ser reproduzidos no livro Diário ou no LALUR. A apresentação dos livros digitais na forma prevista na IN RFB 1.420/2013 supre a obrigatoriedade de transcrição desses demonstrativos no livro Diário ou no LALUR. Cumpre lembrar que na hipótese de a pessoa jurídica reduzir e/ou suspender os pagamentos por estimativa pura (receita bruta e acréscimos) em todos os meses do ano-calendário, ela deverá elaborar 12 balanços ou balancetes de suspensão e redução. 1.3. Lucro presumido As pessoas jurídicas que não estão obrigadas à tributação com base no lucro real (ver subitem 1.2.3) podem optar por serem tributadas com base no lucro presumido. À semelhança da estimativa mensal, o lucro presumido é calculado aplicando-se um coeficiente sobre a receita bruta ajustada e acrescentando-se ao valor obtido os demais rendimentos e ganhos de capital. 1.3.1. Opção pelo Regime A opção pela tributação com base no lucro presumido será manifestada com o pagamento da primeira ou da única quota do imposto correspondente ao primeiro período de apuração (1º trimestre) e será aplicada em relação a todo o período de atividade da pessoa jurídica no respectivo ano-calendário. Caso a empresa tenha iniciado atividade a partir do segundo trimestre, manifestará a opção com o pagamento da primeira ou única quota relativa ao período de apuração do início de atividade. As pessoas jurídicas que: a) resultarem de incorporação, fusão ou cisão, desde que não estejam obrigadas à tributação pelo lucro real, poderão optar pela tributação com base no lucro presumido; b) em qualquer trimestre do ano-calendário, tiverem seu lucro arbitrado, poderão, por ocasião da entrega da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), optar pela tributação com base no lucro presumido, relativamente aos demais trimestres do ano-calendário. Atenção: A empresa que houver pago o imposto com base no lucro presumido e que, em relação ao mesmo ano calendário, incorrer em situação de obrigatoriedade de apuração do lucro real por ter auferido lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior, deverá apurar o IRPJ sob o regime do lucro real trimestral a partir, inclusive, do trimestre de ocorrência do fato (ADI SRF 5/2001, art. 2º). 1.3.2. Necessidade de Escrituração Contábil ou do livro Caixa e do Livro de Registro de Inventário A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter escrituração contábil nos termos da legislação comercial, entretanto, poderá ficar dispensada da escrituração contábil a pessoa jurídica que, no decorrer do ano-calendário, mantiver livro Caixa, no qual deverá ser escriturada toda a movimentação financeira, inclusive a bancária. É preciso esclarecer, entretanto, que essa dispensa de escrituração é apenas para fins da legislação do imposto de renda, sendo que nada impede que, por exemplo, o Poder Judiciário exija escrituração contábil com o objetivo de avaliar o montante de ativos da empresa para fins de decretação de falência ou recuperação judicial. Em qualquer caso, a pessoa jurídica deverá: a) caso se dedique a atividades industriais ou comerciais, escriturar o Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar os estoques existentes de cada produto no término do ano- calendário; b) manter, em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhe sejam pertinentes, todos os livros obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração comercial e fiscal. É conveniente para a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido manter escrituração comercial regular (livros diário e razão), porque esse procedimento lhe garante um maior valor de distribuição de lucros aos sócios, isenta de imposto de renda, já que, na hipótese de o lucro contábil ser superior ao lucro presumido, a empresa poderá distribuir, sem tributação, todo o lucro contábil. 1.3.3. Determinação do Lucro Presumido O lucro presumido será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas: I – o valor resultante da aplicação de coeficientes, variáveis conforme o ramo de atividade da pessoa jurídica, sobre a receita bruta ajustada nos trimestres civis do ano-calendário; II – os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidosauferidos em aplicações financeiras de renda fixa e renda variável e todos os resultados positivos decorrentes de receitas de atividades acessórias da pessoa jurídica; III – demais parcelas de valores controlados na parte B do LALUR, que deveriam ter sido adicionadas ao lucro real e cuja tributação tenha sido diferida; IV – outros valores. Notas: 1ª) Diferentemente do pagamento do imposto por estimativa (veja subitem 1.2.4.1), os rendimentos de aplicações financeiras e os ganhos líquidos em mercado de renda variável integram a base de cálculo do imposto com base no lucro presumido e o imposto de renda retido na fonte ou pago pelo contribuinte sobre tais rendimentos poderá ser compensado com o imposto devido com base no lucro presumido; 2ª) Os coeficientes do lucro presumido são os mesmos utilizados para o cálculo da estimativa mensal, mencionados no subitem 1.2.4.2, exceto os utilizados para empresas de factoring e instituições financeiras, que são pessoas jurídicas obrigadas à apuração do lucro real e, portanto, não podem optar pelo lucro presumido; 3ª) A receita bruta ajustada corresponde à receita bruta total menos as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos; 4ª) O art. 34 da Lei 11.196/2005 deu nova redação ao art. 15 da Lei 9.249/1995 para permitir que o percentual de 8% também seja aplicado sobre a receita financeira da empresa que explore as atividades imobiliárias relativas ao loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato. Ou seja, tais receitas financeiras não serão tributadas em 100, mas farão parte da receita bruta ajustada dessas entidades, que está sujeita à aplicação do percentual de 8% para determinar a base de cálculo. 1.3.4. Alíquota, Adicional e Prazo de Recolhimento São os mesmos já referidos nos subitens 1.1.4 e 1.1.5. Exemplo: Receita bruta auferida no 2.º trimestre do ano-calendário R$ 850.000,00 Coeficiente de Presunção 8% Ganho de capital na alienação de bem do Ativo Imobilizado R$ 30.000,00 Lucro Presumido: Receita de Vendas (8% × R$ 850.000,00) R$ 68.000,00 (+) Ganho de Capital na venda do Imobilizado R$ 30.000,00 (=")" Total (Base de Cálculo do Lucro Presumido) R$ 98.000,00 (×) Alíquota 15% (=")" Imposto R$ 14.700,00 (+) Adicional = 10% × R$ 38.000,00 (R$ 98.000,00 menos R$ 60.000,00) R$ 3.800,00 (=")" IRPJ = Imposto mais adicional R$ 18.500,00 O IRPJ poderá ser recolhido em cota única até o último dia útil de julho do ano-calendário sem qualquer acréscimo ou recolhido em até três cotas até o último dia útil de julho, de agosto e setembro do ano-calendário (nesse caso, haverá incidência de juros Selic, conforme já explicado no subitem 1.1.5). Atenção: Para fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.1998 (art. 10 da Lei 9.532/1997), no imposto apurado com base no lucro presumido, não será permitida qualquer dedução a título de incentivo fiscal. 1.3.5. Mudança de Opção A opção pela tributação com base no lucro presumido será definitiva em relação a todo o ano- calendário, não sendo, portanto, permitida alteração na opção (Lei 9.718/1998, art. 13, § 1º). A única exceção ocorre se, no decorrer do ano-calendário, a pessoa jurídica incorrer em uma das hipóteses em que a tributação pelo lucro real seja obrigatória (por exemplo, estabelecer uma filial no exterior). Nesse caso, no próprio trimestre do fato, ela será obrigada a mudar sua tributação para o lucro real, sendo que o lucro presumido dos trimestres anteriores é definitivo (consulte no subitem 1.3.1 o ADI nº 05, de 2001). Somente no ano-calendário seguinte a pessoa jurídica poderá alterar sua opção para lucro real. Conforme visto no subitem 1.2.1, a mesma restrição se aplica às empresas optantes pela tributação com base no lucro real, que somente poderão alterar a sua opção no ano-calendário seguinte. 1.3.6. Regime de Apuração das Receitas A pessoa jurídica poderá, à sua opção, considerar as receitas, para fins de opção pela tributação com base no Lucro Presumido, segundo o regime de competência ou de caixa. Essa opção é somente para efeitos tributários, ou seja, para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Se a pessoa jurídica mantiver escrituração contábil regular, esta deverá obedecer obrigatoriamente ao regime de competência. Uma vez efetuada a opção, ela é definitiva em relação ao ano-calendário. Se a pessoa jurídica pretender continuar sendo tributada pelo lucro presumido no ano-calendário seguinte, o cálculo da receita total anual para fins de enquadramento no limite de R$ 78.000.000,00 será efetuado de acordo com sua opção no ano-calendário corrente (pelo regime de caixa ou pelo regime de competência). 1.3.7. CSLL para as empresas tributadas pelo Lucro Presumido. Base de Cálculo e Alíquota A tributação pelo IRPJ com base no lucro presumido implica a tributação com base no resultado presumido para a CSLL no mesmo ano-calendário. A base de cálculo da CSLL corresponderá à soma dos seguintes valores: I – 12% ou 32% da receita bruta ajustada (deduzida das vendas canceladas e dos descontos incondicionais) no trimestre, conforme a natureza da atividade; II – ganhos de capital, rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, demais receitas e resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas no item precedente; III – outras importâncias, cuja análise pormenorizada pode ser encontrada no Capítulo 25 do livro de IRPJ de 2013. O coeficiente de 32% para o cálculo da receita bruta ajustada deverá ser utilizado pelas pessoas jurídicas que exercem as seguintes atividades: a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transportes; b) intermediação de negócios; c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; d) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público (item incluído pela Lei 12.793/2014, cuja vigência poderá se iniciar no próprio ano-calendário de 2014 ou de 2015, à opção do contribuinte). As demais pessoas jurídicas utilizarão o coeficiente de 12%. A alíquota da CSLL sobre o resultado presumido é de 9% existindo, ainda, a possibilidade de se utilizar (deduzir), quando do recolhimento, o bônus de 1% instituído pela Lei 10.637/2002. Caso Prático de atividade de revenda de mercadorias – Dados trimestrais 12% da Receita Bruta Ajustada de R$ 300.000,00 R$36.000,00 (+) Rendimento nominal de Aplicações Financeiras R$8.000,00 (+) Ganho de Capital na alienação de bem do Ativo Não Circulante (ANC) R$2.000,00 (=")" Base de Cálculo R$46.000,00 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Devida (9% × R$ 46.000,00) R$4.140,00 1.4. Lucro Arbitrado O lucro arbitrado é uma forma de tributação que, em princípio, deverá ser aplicado pela autoridade fiscal, nas seguintes hipóteses de descumprimento das disposições legais relativas ao Lucro Real e ao Lucro Presumido: a) o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração nas formas das leis comerciais ou fiscais ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; b) a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária ou determinar o lucro real; c) o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, nos quais deverá estar escriturada a movimentação financeira,inclusive bancária; d) o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior; e) o contribuinte não mantiver, em boa ordem e guarda segundo as normas contábeis recomendadas, livro razão ou fichas utilizadas para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no livro Diário; f) o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; g) o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2º do art. 177 da Lei 6.404/1976 e § 2º do art. 8º do Decreto-lei 1.598/1977. É permitido o autoarbitramento (arbitramento efetuado pela própria pessoa jurídica), quando ocorre o extravio da documentação nos casos fortuitos ou de força maior, conforme definido na Lei Civil, quando devidamente comprovados e quando receita bruta for conhecida. O Lucro Arbitrado (art. 531 do RIR/99) remete à receita bruta ajustada definida 279 do RIR/99, portanto, deve ser considerada pelo pelo Regime de Competência. 1.4.1. Receita Bruta conhecida Nesta hipótese, o lucro arbitrado resultará da aplicação de coeficientes percentuais específicos sobre o valor da receita bruta trimestral ajustada, que variará de acordo com o setor de atividade da pessoa jurídica. Esses coeficientes são os mesmos utilizados para o cálculo do lucro presumido agravados em 20%. Assim, por exemplo, o coeficiente de 8% passa a ser 9, 6% (120% × 8%) etc. A exceção são as instituições financeiras e assemelhadas, cujo coeficiente sofre um agravamento bem maior para 45%. Os coeficientes percentuais estão listados na tabela a seguir: COEFICIENTES PERCENTUAIS PARA DETERMINAR O LUCRO ARBITRADO COM BASE NA RECEITA BRUTA a) Comerciais e industriais em geral; atividades de loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou adquiridos para revenda, atividade rural, atividade gráfica quando atuar nas áreas comercial e industrial e industrialização por encomenda em que a matéria-prima, o produto intermediário, o material de embalagem tenham sido fornecidos por quem encomendou a industrialização; 9,6% b) de prestação de serviços hospitalares e de transportes de cargas; 9,6% c) demais serviços de transporte; 19,2% d) de prestação de serviços, cuja receita remunere essencialmente o exercício pessoal por parte dos sócios, de profissões que dependam de habilitação legalmente exigida; 38,4% e) de intermediação de negócio, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; 38,4% f) de construção por administração ou empreitada unicamente de mão de obra (sem o emprego de materiais); 38,4% g) de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia e mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços – factoring; 38,4% h) de prestação de serviços em geral, inclusive atividade gráfica nas hipóteses de prestação de serviços com ou sem o fornecimento do material, exceto os citados nas letras “b” e “c”; 38,4% i) de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedade de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, entidades de previdência privada aberta e agências de fomento (Instituições Financeiras e Assemelhadas); 45% j) de revenda, para consumo de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural. 1,92% ATENÇÃO: Se a empresa tiver mais de uma atividade, a cada qual será aplicado o percentual respectivo. A base de cálculo do imposto será somatório correspondente. No caso de atividades diversificadas, será aplicado o percentual correspondente a cada atividade. As pessoas jurídicas que se dedicarem à venda de imóveis (construídos ou adquiridos para revenda), ao loteamento de terrenos e incorporação de prédios em condomínio poderão deduzir, da receita bruta trimestral ajustada, o custo do imóvel devidamente comprovado, para fins de determinação do lucro arbitrado. O lucro arbitrado será tributado proporcionalmente à receita recebida. As pessoas jurídicas que explorem atividades imobiliárias relativas ao loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, podem também aplicar o percentual de 9,6% sobre a receita financeira quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meios de índices ou coeficientes previstos em contrato. Essa permissão decorreu do art. 34 da Lei 11.196/2005, que deu nova redação ao art. 15 da Lei 9.249/1995. 1.4.2. Receita Bruta não conhecida No caso da receita bruta não conhecida, os percentuais de arbitramento recaem sobre outros parâmetros que estão discriminados na tabela a seguir. Receita Bruta Não Conhecida Coeficientes a) Lucro real auferido no último período em que a empresa manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais; 1,50 b) Valor do aluguel devido em cada mês; 0,90 c) Soma dos valores devidos em cada mês a empregados (critério a ser utilizado, de preferência, em caso de prestação de serviços); 0,80 d) Soma do valor das compras de mercadorias efetuadas em cada mês (critério a ser 0,40 utilizado, de preferência, em caso de atividade comercial); e) soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem (em caso de indústria); 0,40 f) valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade; 0,07 g) valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido; 0,05 h) soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo e permanente (esses dois últimos itens compõem o atual ativo não circulante – ANC), existentes no último balanço patrimonial conhecido. 0,04 Notas: 1ª) Para efeito de aplicação do critério da alínea da alínea a, quando o último lucro real conhecido for decorrente de período anual ou mensal, o valor que servirá de base ao arbitramento será proporcional ao número de meses do período de apuração a ser considerado; 2ª) no caso das letras f, g, h, os coeficientes deverão ser multiplicados pelo número de meses do período de apuração. A critério da autoridade lançadora os coeficientes poderão ser adotados isoladamente em cada atividade, no caso de empresas com atividade mista; 3ª) no caso das letras b, c, d, e, o lucro arbitrado será a soma dos valores apurados para cada mês do período de apuração. 1.4.3. Acréscimos ao resultado apurado e opção pela tributação com base no Lucro Presumido ou Lucro Real para os demais trimestres Ao resultado apurado pela aplicação dos percentuais referidos no subitem 1.4.1 ou 1.4.2 sobre o valor da receita bruta ajustada, serão acrescidos: a) ganhos de capital, demais receitas e os resultados positivos decorrentes das receitas não compreendidas nos itens anteriores; b) rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras; c) demais parcelas de valores controlados na parte B do LALUR, que deveriam ter sido adicionadas ao lucro real e cuja tributação tenha sido diferida (a respeito, consultar o Capítulo 19 do livro de IRPJ de 2013); d) juros sobre o capital próprio auferidos (consultaro Capítulo 8 do livro de 2013); e) os valores recuperados, correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, salvo se a pessoa jurídica comprovar não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro real ou no art. 1º do Decreto-lei 2.397/1987 (sociedade civil) ou que se refiram a período no qual se tenham submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado (ver o Capítulo 6 do livro de 2013); f) valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o subitem 1.4.1 sobre as parcelas das receitas auferidas em cada atividade, no respectivo período de apuração, nas exportações às pessoas vinculadas ou aos países com tributação favorecida que exceder o valor já apropriado na escrituração da empresa, na forma da IN SRF 243/2002 e suas alterações (ver o Capítulo 3 do livro de 2013); g) o valor dos encargos suportados pela mutuária que exceder o limite calculado com base na taxa Libor, para depósitos em dólares dos Estados Unidos da América, pelo prazo de seis meses, acrescida de 3% anuais a título de spread, proporcionalizados em função do período a que se referirem os juros, quando pagos ou creditados a pessoa vinculada no exterior e o contrato não for registrado no Banco Central do Brasil – BACEN (ver Capítulo 3 do livro de 2013); h) a diferença de receita correspondente ao valor calculado com base na taxa a que se refere a letra g e o valor contratado, quando este for inferior, caso o contrato, não registrado no Banco Central do Brasil (BACEN), for realizado com mutuária definida como pessoa vinculada domiciliada no exterior (ver Capítulo 3 do livro de 2013); i) as multas ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica, ainda que a título de indenização, em virtude de rescisão de contrato. Os valores constantes nas letras f a h serão apurados anualmente e acrescidos à base de cálculo do último trimestre do ano-calendário, para efeito de determinar o imposto devido. A apuração do imposto de renda com base no lucro arbitrado abrangerá todo o período de apuração (trimestre), assegurada: a) a tributação com base no lucro real relativa aos trimestres não submetidos ao arbitramento, se a pessoa jurídica dispuser da escrituração exigida pela legislação comercial e fiscal que demonstre o lucro real dos períodos não abrangidos por aquela modalidade de tributação; b) a opção pela tributação com base no lucro presumido relativamente aos demais trimestres desse ano-calendário, desde que não obrigada à apuração do lucro real. 1.4.4. Alíquota, Adicional e Prazos de Recolhimento São os percentuais e prazos já referidos nos subitens 1.1.4 e 1.1.5. Nota: Apurado o imposto, não haverá deduções e compensações que o reduzam, a não ser o imposto de renda retido na fonte sobre receitas que integraram a base de cálculo do imposto e o imposto de renda pago indevidamente em períodos anteriores. O art. 10 da Lei 9.532/1997 proibiu, a partir de 01.01.1998, qualquer dedução do imposto com base no lucro arbitrado a título de incentivo fiscal. 1.4.5. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 1.4.5.1. Receita Bruta conhecida A base de cálculo da CSLL corresponderá a 12% ou 32% (os coeficientes são os mesmos da contribuição social incidente sobre o lucro presumido) da receita bruta trimestral ajustada, importância à qual deverão ser acrescidos os ganhos de capital, rendimentos e ganhos líquidos de aplicações financeiras e demais resultados positivos de atividades acessórias e outros valores. 1.4.5.2. Receita Bruta não conhecida O lucro arbitrado será determinado por meio de procedimento de ofício, mediante a aplicação dos percentuais constantes no quadro do subitem 1.4.2, e constituirá também base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL), com a adição dos acréscimos referidos no subitem 1.4.5.1. 1.4.5.3. Alíquota A alíquota da CSLL é de 9%, exceto para instituições financeiras e assemelhadas que são tributadas à alíquota de 20% e 17% para as cooperativas de crédito. 1.4.5.4. Caso Prático A) Dados do 3º trimestre Receita Bruta Ajustada: • Revenda de Mercadorias R$ 600.000,00 • Prestação de Serviços em Geral R$ 100.000,00 Ganho de Capital na Venda de Imobilizado R$ 10.000,00 A pessoa jurídica foi tributada com base no Lucro Real no ano-calendário anterior e existem parcelas controladas na parte B do LALUR a serem adicionadas à base de cálculo do IRPJ no valor de R$ 20.600,00. B) Cálculo do Lucro Arbitrado Receita Bruta Ajustada: • Revenda de Mercadorias: R$ 600.000,00 × 9,6% R$ 57.600,00 • Prestação de Serviços em Geral: R$ 100.000,00 × 38,4% R$ 38.400,00 (+) Ganho de Capital na Venda do Imobilizado R$ 10.000,00 (+) Parcelas Controladas na parte B do LALUR R$ 20.600,00 (=")" Base de Cálculo do IRPJ R$ 126.600,00 C) Cálculo do imposto e do adicional Imposto: R$ 126.600,00 × 15% R$ 18.990,00 Adicional: 10% × (R$ 126.600,00 – R$ 60.000,00) R$ 6.660,00 (=")" Imposto e Adicional Devidos R$ 25.650,00 D) Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Revenda de Mercadorias = 12% de R$ 600.000,00 R$ 72.000,00 Prestação de Serviços = 32% de R$ 100.000,00 R$ 32.000,00 (+) Ganho de capital R$ 10.000,00 (=")" Base de cálculo R$ 114.000,00 (×) Alíquota 9% (=")" Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) R$ 10.260,00 1.5. Tributação específica – Veículos usados A Lei 9.716, de 26.11.1998, dispôs que as pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores, poderão equiparar, para efeitos tributários, à operação de consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem como os recebidos como parte do preço de venda de veículos novos e usados. Os veículos usados, recebidos como parte do preço ou adquiridos de terceiros, serão objeto de Nota Fiscal de Entrada e, quando da venda, de Nota Fiscal de Saída, sujeitando-se ao respectivo regime fiscal aplicável às operações de consignação. 1.5.1. Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, inclusive pagamentos mensais por Estimativa Nas operações de vendas de veículos usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, as pessoas jurídicas poderão, para fins de determinação do imposto de renda das pessoas jurídicas (IRPJ), da contribuição social sobre o lucro (CSLL), da contribuição para o PIS/Pasep e da contribuição para financiamento da seguridade social (COFINS), computar apenas a diferença entre o valor pelo qual o veículo houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da Nota Fiscal de Entrada (IN SRF nº 152, de 1998). Notas: 1ª) O custo de aquisição do veículo usado é o preço ajustado entre as partes; 2ª) a pessoa jurídica deverá manter em boa ordem e guarda, à disposição da Secretaria da Receita Federal do Brasil, os demonstrativos de apuração da base de cálculo dos tributos e contribuições recolhidas de acordo com a IN SRF 152/1998, acima mencionada; 3ª) o disposto na referida IN SRF aplica-se aos contribuintes sujeitos à tributação com base no Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, inclusive aos que efetuarem pagamentos mensais por estimativa; 4ª) consignação é a operação pela qual uma pessoa (consignador ou consignante) entrega, ou consigna, alguma coisa a outra (consignatário), para determinado fim. No caso em tela, o consignatário é o responsável pela emissão da nota fiscal para o comprador do bem e o consignante, se pessoa jurídica, emitirá a nota fiscal para o consignatário. Exemplo: Valor de Alienação do veículo usado R$ 20.000,00 (–) Custo de aquisição do veículo usado R$ (17.000,00) (=")" Valor a ser oferecido à Tributação R$ 3.000,00 1.6. Liquidação extrajudiciale falência As entidades submetidas aos regimes de liquidação extrajudicial e de falência sujeitam-se às normas de incidência dos impostos e contribuições de competência da União aplicáveis às pessoas jurídicas, em relação às operações praticadas durante o período em que perdurarem os procedimentos para a realização de seu ativo e o pagamento do passivo, inclusive a entrega da Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) até o ano-calendário de 2013, exercício de 2014 ou da Escrituração Contábil Fiscal – ECF a partir do ano-calendário de 2014, exercício de 2015. O Ato Declaratório 97, de 02.12.1999, da SRF dispõe que as instituições financeiras submetidas a regime de liquidação extrajudicial sujeitam-se às mesmas normas da legislação tributária aplicáveis às instituições ativas, relativamente aos impostos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil, inclusive quanto à não incidência do imposto de renda na fonte sobre rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa de sua titularidade. 1.7. Imunidades, isenções e não incidência Sobre esse assunto, consultar capítulo 1 do livro de IRPJ de 2013. 1.8. Modificações produzidas pela Lei 12.973/2014 A edição dessa lei veio, finalmente, regulamentar os efeitos fiscais das novas normas contábeis brasileiras em seu processo de convergência para as normas contábeis internacionais (no capítulo 2 deste livro, há um resumo dessas principais modificações nas normas contábeis brasileiras). As pessoas jurídicas puderam optar pela vigência da Lei 12.973/2014 já no ano-calendário de 2014 ou no ano-calendário de 2015. A partir da entrada em vigor da Lei 12.973/2014 (2014 por opção ou 2015 para os demais), a empresa deverá fazer todos os ajustes na apuração da base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro (CSLL e IRPJ) no LALUR/LACS eletrônico apresentados no Bloco M da ECF. Atenção: No capítulo 13, serão descritos os procedimentos a serem seguidos pelas pessoas jurídicas na data da adoção inicial da Lei 12.973/201. Importante: Por se tratar de um livro sobre o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e tributos conexos, as contabilizações sugeridas pelos autores usam contas de controle interno que facilitam o cumprimento das obrigações fiscais. De acordo com o CPC 30, por exemplo, a divulgação da receita na demonstração do resultado deve ser feita a partir das receitas conforme conceituadas nesse Pronunciamento, sendo que a entidade deve fazer uso de outras contas de controle interno, como “Receita Bruta Tributável”, para fins fiscais e outros. A conciliação entre os valores registrados para finalidades fiscais e os valores contabilizados de acordo com os Pronunciamentos do CPC e as Normas Brasileiras de Contabilidade deverá ser evidenciada em nota explicativa às demonstrações contábeis. Exceto o capítulo 2, em que serão tratadas as modificações decorrentes da convergência das normas contábeis brasileiras às normas internacionais, nos demais capítulos, os autores utilizaram a contabilização com contas de controle interno, para fins fiscais. 1.9. IN RFB 1.515/2014 E IN RFB 1.700/2017 Nos anos-calendário de 2014 a 2016, vigeu a IN RFB 1.515/2014. A partir do ano-calendário de 2017, esta instrução foi substituída pela IN RFB nº 1.700/2017. Uma novidade introduzida pela IN RFB nº 1.700/2017 é que houve a divulgação dos Anexos I e II, onde são relacionadas as adições e exclusões à base de cálculo dos tributos sobre o lucro, inclusive as decorrentes das alterações das normas internacionais de contabilidade. FOOTNOTES 1 . A companhia elaborou a Demonstração de Resultado pelas normas contábeis vigentes e fez as adaptações no programa FCONT para obter a mesma demonstração elaborada de acordo com as normas vigentes em 31.12.2007. 2 . Essa contribuição tem base de cálculo muito semelhante ao do imposto de renda no caso de opção pela © desta edição [2017] tributação com base no lucro real. Sua alíquota é de 9% para empresas em geral, 20% para instituições financeiras e assemelhadas e de 17% para as cooperativas de crédito. A partir de 1º.01.2019 estas duas últimas sociedades voltaram a se sujeitar à alíquota de 15%. 3 . O art. 858 do Decreto 3.000/1999 (RIR/99), que regulamentou a legislação do imposto de renda, estabeleceu que a compensação ou restituição do saldo negativo somente poderia ser efetuada a partir de abril do ano subsequente ao do período de apuração; entretanto, a Secretaria da Receita Federal editou o Ato Declaratório Normativo nº 3, de 07.01.2000, em que estabeleceu que a compensação ou restituição referidas poderiam ser efetuadas a partir de janeiro do ano-calendário subsequente ao do período de apuração. 4 . A diferença entre balanço e balancete é que, no primeiro, as contas de resultado já foram encerradas, enquanto no segundo, não. 2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 CAPÍTULO 2. CONVERGÊNCIA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE 2.1. Introdução A Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404, de 15.12.1976) depois de sua publicação e ao longo dos últimos anos-calendário, teve as seguintes alterações: a) Lei 9.457, de 05.05.1997; b) Lei 10.303, de 31.10.2001; c) Lei 11.638, de 28.12.2007; e d) Lei 11.941/2009 (conversão da MP 449, de 03.12.2008), que alterou a Lei 11.638/2007, e disciplinou sobre os seus aspectos tributários; e) Lei 12.431, de 2011. Nota: As alterações previstas nas letras “c” e “d” acima tiveram por objetivo adaptar a legislação contábil brasileira às normas e padrões internacionais de contabilidade que constituirão o foco deste capítulo. Nos capítulos seguintes faremos uma análise da adaptação do padrão internacional de contabilidades às normas tributárias federais (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), estabelecidas pela Lei 12.973/2014 (regulamentada pela IN RFB 1.515/2014, posteriormente, revogada pela IN RFB 1.700/2017). 2.2. Da convergência às normas internacionais Vivemos uma época em que a produção de uma empresa multinacional é elaborada em diversos países do mundo, tendo por objetivo minimizar custos e aperfeiçoar a eficiência dos recursos empregados. Um dos objetivos básicos da convergência para as normas internacionais de contabilidade foi facilitar a consolidação das demonstrações contábeis dessas empresas, que têm controladas e filiais em países que possuem normas contábeis diferentes e que se beneficiariam com a harmonização dessas normas. Outro objetivo básico da convergência para as normas internacionais de contabilidade foi o de facilitar a análise dos investidores internacionais, pois a necessidade de manusear diversas demonstrações financeiras com várias normas distintas e diferenciadas dificultava sobremaneira a comparação destas e, consequentemente, a aplicação dos recursos pelos mencionados investidores residentes ou domiciliados em outros países. Dessa forma, a convergência é uma contribuição da classe contábil ao crescimento da economia global, pois viabiliza o fluxo de capitais e os investimentos provenientes do exterior. As normas internacionais são compostas por um conjunto de cinco tipos de pronunciamentos técnicos, a saber: • Framework: O framework (Estrutura Conceitual) não é formalmente um pronunciamento técnico, mas estabelece as principais linhas mestras (ou princípios) da contabilidade, ao tratar da definição, mensuração e reconhecimento de ativos, passivos, despesas e receitas. • IAS: Os pronunciamentos IAS (International Accounting Standards) são os primeiros pronunciamentos emitidos pelo IASC (International Accounting Standards Committee). • SIC: As interpretações SIC (Standing Interpretations Committee). • IFRS: Os pronunciamentos IFRS (International Financial Reporting Standards) emitidos pelo IASB (International Accounting Standards Board). Eles são, portanto, os mais recentes.• IFRIC: As interpretações IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee). Elas são, portanto, as interpretações mais recentes. O seguinte texto foi extraído de matéria publicada na revista Mundo Corporativo nº 22 no 4º trimestre de 2008: “O Conselho Internacional de Normas Contábeis (IASB, Internacional Accounting Standards Board), entidade responsável pelo estabelecimento das normas, acredita que, em 2011, 150 países já teriam aderido integralmente ao modelo. Ou seja, está em curso a consolidação de uma linguagem única, global, para a apresentação da contabilidade das empresas. O Japão e a China já declararam estar comprometidos com a convergência e outros países mais ricos do mundo aceitam a adoção plena do IFRS, sem adaptações”. O XIV Congresso de Controladoria e Contabilidade da USP, realizado de 21 a 23.06.2014, analisou os Impactos de Adoção Completa das IFRS nas Métricas de Valor das Companhias Abertas Brasileiras. Notas: 1ª) Os pronunciamentos internacionais são publicados pelo IASB (International Accounting Standards Board) em língua inglesa; 2ª) O equivalente do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC Nacional (veja o subitem seguinte) é chamado de IASC (International Accounting Standards Committee) foi criado em 1973 pelos organismos profissionais de contabilidade de dez países: Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos da América, França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. 2.2.1. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) Criado pela Resolução CFC 1.055/2005 (alterada pela Resolução CFC 1.075/2006), tem por objetivo o estudo, preparo e emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização de seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. O CPC foi idealizado em função das necessidades de: a) Convergência Internacional das normas contábeis (redução de custos de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises de decisões, redução de custo de capital); b) promover discussões buscando o alinhamento das normas nacionais às internacionais; c) centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidades o fazem); d) representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo). Notas: 1.ª) O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas; 2.ª) o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) fornece a estrutura necessária; 3.ª) os membros do CPC, dois por entidades, na maioria Contadores, não auferem remuneração; 4.ª) produtos do CPC: Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações. 2.2.1.1. Composição do CPC O CPC é composto pela Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca); Associação dos Analistas e profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec Nacional); Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa); Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). Entidades que estão convidadas a participar dos trabalhos: • Banco Central do Brasil (Bacen); • Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB); • Superintendência de Seguros Privados (Susep); • Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os Pronunciamentos do CPC são validados por meio de audiências públicas e reconhecidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), vinculando-os às companhias abertas e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) vinculando-os as demais empresas. 2.2.1.2. Principais pronunciamentos técnicos editados Na relação a seguir, estão elencados os principais pronunciamentos técnicos editados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), aprovados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), relativamente a convergências para padrões internacionais de contabilidade, ou seja, mantém correlação com os atos do IASB. Pronunciamentos editados pelo CPC e aprovados pela CVM e pelo CFC CPC nº Deliberação CVM nº Resolução CFC nº NBCTG Descrição e Objetivo 00 675/2011 1.374/2011 (R1) Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação de relatório Contábil-Financeiro. 01 639/2010 1.292/2010 01(R2) Redução ao Valor Recuperável de Ativos. 02 640/2010 1.295/2010 02(R2) Efeitos nas Mudanças das Taxas de Câmbio e conversão de Demonstrações Contábeis 03 641/2010 1.296/2010 03(R2) Demonstração dos Fluxos de Caixa. 04 644/2010 1.303 de2010 04 (R2) Ativos Intangíveis. 05 642/2010 1.297/2010 05(R3) Divulgação de Partes Relacionadas. 06 645/2010 1.304/2010 06(R1) Operações de Arrendamento Mercantil. 07 646/2010 1.305/2010 07(R1) Subvenções e Assistências Governamentais. 08 649/2010 1.313/2010 08 Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários. 09 557/2008 1.138/2008e 1.162/2009 09 Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 10 650/2010 1.314/2010 10(R2) Pagamento Baseado em Ações. 11 563/2008 1.150/2009 11(R1) Contratos de Seguro. 12 564/2008 1.151/2009 12 Ajuste a Valor Presente. 13 565/2008 1.152/2009 13 Adoção Inicial da Lei 11.638/2007 eda MP 449/08 (Lei 11.941, de 2009). 14 -o- -o- -o- Este Pronunciamento foi atualizado e corresponde à Orientação OCPC 03 e deixa de ter aplicabilidade após a utilização do CPC 38, 39 e 40. 15 665/2011 1.350/2011 15(R3) Combinação de Negócios. 16 575/2009 675/2010 1.170/2009 e 1.273/2010 16 (R1) Estoques. 17 691/2012 1.411/2012 17(R1) Contratos de Construção. 18 696/2012 1.242/2009 e 1.424/2013 18 (R1) Investimento em Coligada, Controlada e em Empreendimentos Controlados em Conjunto 19 694/2012 1.242/2009, 1.351/2011 e 1.415/201 19 (R1) Negócios em Conjunto. 20 672/2011 1.172/2009e 1.359/2011 20 Custos dos Empréstimos. 21 673/2011 1.174/2009e 1.359/2011 21 (R2) Demonstração Intermediária. 22 582/2009 1.176/2009 22(R1) Informações por Segmento. 23 592/2008 1.179/2009 23 (R1) Políticas Contábeis, Mudanças de Estimativa e Retificação de Erro. 24 593/2009 1.184/2009 24(R1) Evento Subsequente. 25 594/2009 1.180/2009 25(R1) Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. 26 676/2011 1.185/2009e 1.376/2011 26 (R2) Apresentação de Demonstrações Contábeis. 27 583/2009 1.177/2009 27(R2) Ativo Imobilizado. 28 28 584/2009 1.178/2009 (R2) Propriedade para Investimento. 29 596/2009 1.186/2009 29(R1) Ativo Biológico e Produto Agrícola. 30 692/2012 1.412/2012 30 Receitas. 31 598/2009 1.188/2009 31(R2) Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada. 32 599/2009 1.189/2009 32(R2) Tributos sobre o Lucro. 33 695/2012 1.193/2009 33(R1) Benefícios e Empregados. 35 693/2012 1.413/2012 35(R2) Demonstrações Separadas. 36 698/2012 1.240/2009, 1.273/2010 e 1.351/2011 36 (R3) Demonstrações Consolidadas. 37 647/2010 1.306/2010 37(R3) Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade. 38 604/2009 1.196/2009 38(R3) Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração. 39 604/2009 1.197/2009 39(R3) Instrumentos Financeiros: Apresentação. 40 684/2012 1.198/2009 e 1.399/2012 40 (R1) Instrumentos Financeiros: Evidenciação. 41 636/2010 1.287/2010 41(R1) Resultado por Ação. 43 651/2010 1.315/2010 43 Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 41. 44 45 708/2013 697/2012 44 45 (R2) Demonstrações Combinadas. Divulgação de Participações em Outras Sociedades 46 46 1.428/2013 (R1) Mensuraçãodo Valor Justo. PME 1.255/2009 1000 Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas (R1) (com Glossário de Termos). Nota: Os Pronunciamentos Contábeis 34 e 42 ainda não foram elaborados. De acordo com o Pronunciamento Técnico 43, os Pronunciamentos Técnicos 1 a 14 foram todos aplicados já em 2008, por força da própria Lei 11.638/2007, e da normatização de quase todos os órgãos reguladores contábeis brasileiros. Ainda, de acordo com o Pronunciamento CPC 43, a segunda etapa da adaptação das normas contábeis brasileiras às internacionais foi se cumprindo, com a edição dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 40 (com exceção do CPC 34)1 e Interpretações diversas. Esses documentos emitidos em 2009 estão sendo sugeridos como de adoção obrigatória por parte dos órgãos reguladores que já se manifestaram quanto aos referidos documentos para 2010, com efeito retroativo para 2009 para fins comparativos. Consequentemente, o ano de 2009 está sendo regido ainda pelos documentos da primeira fase. 2.3. Balanço patrimonial – Novos grupos de contas As alterações inseridas nos arts. 178, 180 e 182 da Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976), pela Lei 11.638/2007, e posteriormente, pela Lei 11.941/2009 (conversão da MP 449/2008), disponibilizaram a adoção de uma nova estrutura para o Balanço Patrimonial, que poderá visualizada a seguir. BALANÇO PATRIMONIAL – NOVA ESTRUTURA BÁSICA A PARTIR DE 01.01.2008 1 – Ativo 2 – Passivo – Circulante (AC) 1.2 – Não Circulante (ANC) 1.2.1 Realizável a LP (ARLP) 1.2.2 Investimentos 1.2.3 Imobilizado 1.2.4 Intangível 2.1 – Circulante (PC) 2.2 – Não Circulante (PNC) 2.2.1 Exigível a Longo Prazo (PELP) 2.2.2 Resultado Diferido 2.3 – Patrimônio Líquido (PL) 2.3.1 Capital Social 2.3.2 (+) Reservas de Capital 2.3.3 (+) Reservas de Lucros 2.3.4 (±) Ajustes de Avaliação Patrimonial 2.3.5 (±) Ajustes Acumulados de Conversão 2.3.6 (–) Prejuízos Acumulados 2.3.7 (–) Ações em Tesouraria Nota: Na nova estrutura patrimonial, deixaram de existir os seguintes subgrupos: a) Ativo Diferido do antigo Ativo Permanente; b) Resultado de Exercícios Futuros (REF). 2.3.1. Ativo Diferido O saldo existente em 31.12.2008 no ativo diferido que, pela sua natureza, não puder ser alocado a outro grupo de contas, poderá permanecer no ativo sob essa classificação até sua completa amortização, sujeito à análise sobre a recuperação de que trata o § 3.º do art. 183 (art. 299-A da Lei das S/A). Trata-se do teste de recuperabilidade do valor de ativos (ver subitem 2.3.3, adiante). 2.3.2. Ativo Intangível22 A Lei 11.638/2007 criou mais um subgrupo no ativo não circulante com o título de intangível (inciso VI do art. 179 da Lei 6.404/1976). Esse novo subgrupo deverá destacar, contabilmente, os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Consideram-se, ainda, intangíveis os seguintes bens: marcas, patentes e semelhantes adquiridos, direitos autorais, direitos sobre recursos naturais (custo de obtenção dos direitos de exploração de jazidas de minérios, pedras preciosas e similares), autorizações e concessões etc. A Deliberação CVM 664/2010, que aprovou o Pronunciamento do CPC 04/2008 sobre o ativo intangível tem por objetivo definir o tratamento contábil dos ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente em outro Pronunciamento. Assim, o mencionado pronunciamento: a) estabelece quando uma entidade deve reconhecer um ativo intangível; b) especifica como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis; c) estabelece o alcance aplicado à contabilização dos ativos intangíveis. 2.3.3. Avaliação Permanente de Recuperação de Ativos O § 3º do art. 183, da Lei 6.404/1976 dispõe que a companhia, periodicamente,3 deverá realizar análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, objetivando reconhecer as perdas de valor do capital aplicado e dos ajustes da vida útil econômica estimada dos referidos bens com a finalidade de proporcionar a correta avaliação patrimonial (realidade patrimonial). A mencionada avaliação sugere a aplicação de novos critérios e percentuais de depreciação, amortização e exaustão, objetivando recuperar, em termos de apropriação na apuração do resultado do exercício, os valores contabilizados nestes subgrupos, reconhecendo as perdas do capital aplicado pelos ajustes da nova vida útil estimada dos bens a serem classificados nesses subgrupos. A Deliberação CVM 639/2010 que aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 01 (Resolução CFC 1.374/2011, aprovou a NBC TG Estrutura Conceitual), sobre a Redução Recuperável de Ativos, estabelece, resumidamente, que: 1º) O objetivo da norma é definir procedimentos visando assegurar que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior àquele passível de ser recuperado por uso ou venda. Caso existam evidências claras de que ativos estão avaliados por valor não recuperável no futuro, a entidade deve imediatamente reconhecer a desvalorização (também conhecida pela expressão impairment); 2º) A entidade deve avaliar, no mínimo ao fim de cada exercício social, se há alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se houver alguma indicação a entidade deve estimar o valor recuperável do ativo; 3º) Independentemente de existir ou não qualquer indicação de redução ao valor recuperável à entidade deve testar: a) no mínimo, anualmente, a redução ao valor recuperável de um ativo intangível com vida útil indefinida ou de um ativo intangível ainda não disponível para uso, comparando seu valor contábil com seu valor recuperável; b) anualmente, o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em uma aquisição de entidades (consultar itens 77 a 95 da norma). Evidências indicativas da aplicação dessa norma são, por exemplo, o declínio significativo no valor de mercado de um ativo; as mudanças adversas da tecnologia, do mercado ou do ambiente econômico ou legal; aumento nas taxas de juros do mercado ou de outras taxas de retorno sobre investimentos, às situações em que os ativos líquidos tornam-se maiores do que o valor de capitalização de mercado (preço de mercado em circulação multiplicado pela quantidade dessas ações); a obsolescência ou dano físico de um ativo; as decisões sobre planos de descontinuidade ou reestruturação das operações; e os ativos com desempenho abaixo do esperado. Principais definições: a) Valor Recuperável de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa é o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo e seu valor em uso. Um ativo está desvalorizado quando seu valor contábil excede seu valor recuperável; b) Valor em Uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros estimados, que devem resultar do uso de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa; c) Valor Líquido de Venda é o valor a ser obtido pela venda de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa em transações em bases comutativas, entre partes conhecedoras do negócio e interessadas, menos as despesas estimadas de vendas. Caso Prático: • Valor do Ativo Imobilizado R$ 270.000,00 • (–) Depreciação Acumulada R$ 120.000,00 • (=")" Custo contábil do bem R$ 150.000,00 • Valor Justo4 (receita líquida de venda) R$ 120.000,00 Valor em Uso: valor do fluxo de caixa descontado, estimando-se receitas líquidas anuais de R$ 30.000,00 durante 5 anos a uma taxa de desconto de 10% ao ano = R$ 30.000,00 × 3,79(*) R$ 113.700,00 (*) Fator de Valor Atual de uma série de recebimentos iguais.5 Valor Recuperável: o maior dos dois (Valor Justo ou Valor em Uso), portanto o valor recuperável será de R$ 120.000,00. Valor da Perda:6R$ 30.000,00 (R$ 150.000,00 – R$ 120.000,00). Quanto à contabilização a Lei 12.973/2014, determina que o contribuinte deve evidenciar contabilmentea diferença em subconta vinculada ao ativo, objetivando reconhecer a perda na apuração do lucro quando ocorrer a alienação ou baixa do bem assim a contrapartida da perda deverá ser registrada em conta retificadora de ativo com a denominação de perda estimada ou perda provável. Contabilização: D – Perdas com Redução do Valor Recuperável de Ativos (Resultado) C – Perda de Avaliação a VJ de Ativos (redutora do ANC) 30.000,00 (*) (*) [R$ 150.000,00 – R$ 120.000,00] O que é inequívoco é que o novo valor contábil do ativo, no caso, R$ 120.000,00 é o que deve ser utilizado como base para futuras depreciações, amortizações ou exaustões.7 2.3.4. Resultado de Exercícios Futuros (REF) O saldo porventura existente no grupo Resultado de Exercício Futuro em 31.12.2008 deverá ser reclassificado para o passivo não circulante (PNC). O registro do saldo deverá evidenciar a receita diferida e o respectivo custo diferido (art. 299-B da Lei 6.404/1976, redação dada pela Lei 11.941/2009). 2.3.5. Patrimônio Líquido 2.3.5. Patrimônio Líquido 2.3.5.1. Reservas de Capital O art. 1º da Lei 11.638/2007, revogou as alíneas c e d do art. 182 da Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) que permitia a essas sociedades classificar o prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e subvenções governamentais para investimentos como reservas de capital. Em decorrência dessa revogação, tais importâncias passaram a ser consideradas contas de resultado. Tal procedimento está de acordo com a estrutura conceitual da contabilidade, uma vez que essa mais-valia incorporada no ativo proveio de relações com terceiros. As normas contábeis preceituam que somente devem ser classificadas como reservas de capital as contribuições feitas pelos sócios ou acionistas que não se destinem ao aumento do capital social. 2.3.5.1.1. Doações e Subvenções para Investimentos As doações e subvenções governamentais são concedidas pelo Governo à entidade em troca de determinada condição a ser cumprida pela entidade. O Pronunciamento Técnico CPC 7 R1 (aprovado pela Deliberação CVM 646/2010 e pela Resolução CFC 1.313/2010) estabelece que as doações e subvenções governamentais não devam ser reconhecidas até que exista segurança de que: a) a entidade cumprirá todas as condições estabelecidas; b) a subvenção será recebida. O mesmo pronunciamento estabelece que, enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento no resultado, a contrapartida da subvenção governamental registrada no ativo deve ser em conta específica do passivo. No caso de a subvenção governamental ter por objetivo compensar determinados gastos a serem efetuados pela entidade, deve ser reconhecida como receita ao longo do período confrontada com as despesas que pretende compensar, em base sistemática, desde que atendidas às condições desta Norma. Casos práticos: 1. O Governo Federal concede redução de imposto de renda para as empresas que instalarem projetos industriais nas áreas do Nordeste e da Amazônia. Essa redução corresponde a uma subvenção para investimento. Como a entidade já cumpriu o requisito (instalou o projeto na área incentivada) e já recebeu a subvenção, a contabilização da subvenção será feita em conta de receita, já que não há despesas a compensar. 2. Uma prefeitura doa um terreno a uma sociedade com a condição que ela construa uma planta industrial para funcionar no município. Enquanto não concluída a planta, a importância relativa ao recebimento do terreno será classificada no Passivo. De acordo com o pronunciamento do CPC, a subvenção relacionada a ativo depreciável deve ser reconhecida como receita ao longo do período da vida útil do bem e na mesma proporção de sua depreciação. O art. 2º da Lei 11.638/2007, acrescentou o art. 195-A ao texto da Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976) que determina que a assembleia geral possa destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos. Essa importância poderá, ainda, ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório. Dessa forma, as doações e subvenções governamentais para investimentos devem compor o resultado do exercício e, seu montante pode ser convertido em reserva de lucros denominada reserva de incentivos fiscais. Uma vez preenchidas as condições para ser reconhecida como receita, a contabilização das doações e/ou subvenções será: REGISTROS CONTÁBEIS A) VALOR RECEBIDO D – Ativo (Valor Recebido em Doação ou Subvenção) C – Receitas (Apuração do Resultado do Exercício) (*) Valor em R$ (*) Receita Diferida (Passivo) B) CONSTITUIÇÃO DA RESERVA DE INCENTIVOS FISCAIS D – Lucros Acumulados (PL) C – Reserva de Incentivos Fiscais (Reserva de Lucros) Valor em R$ Notas: 1ª) A sociedade pode receber doações em dinheiro, em crédito ou bens. Os bens recebidos em doações devem ser avaliados a valor justo para fins de registro contábil (art. 8º da Lei 6.404/1976); 2ª) As subvenções recebidas para custeio, mesmo antes do advento da Lei 11.638/2007, já eram contabilizadas como receitas operacionais da sociedade (PN CST nº 02, de 2-1- 1976); 3ª) Consultar, ainda, a respeito do tema em análise o PN CST nº 112/1978 e PN CST nº 113/1979 e a recente Deliberação CVM 646/2010, que aprovou o Pronunciamento Técnico do CPC 7, de 2008 (veja o subitem 2.3.5.1.3, adiante). 2.3.5.1.2. Pronunciamento Técnico CPC 07 A Deliberação CVM 646/2010 que aprovou o Pronunciamento Técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 07, que trata das Subvenções e Assistências Governamentais para Investimentos, em síntese, determina que: 1º) A subvenção governamental: a) Não deve ser reconhecida até que exista segurança de que a entidade cumprirá todas as condições estabelecidas e de que a subvenção será recebida; b) Deve ser reconhecida como receita ao longo do período confrontada com as despesas que pretende compensar, não podendo ser creditada diretamente no patrimônio líquido (PL); c) Na forma de compensação por gastos ou perdas já incorridos ou para a finalidade de dar suporte financeiro imediato à entidade sem qualquer despesa futura relacionada deve ser reconhecida como receita no período em que se tornar recebível; d) Representada por ativo não monetário (terreno e outros) deve ser reconhecido pelo valor justo e na impossibilidade de determiná-lo pelo valor nominal. Nessa hipótese a contabilização deverá ser realizada no passivo, tendo em vista que os benefícios econômicos pela utilização desses ativos somente são obtidos pelo uso (depreciação, amortização, exaustão) ou alienação; 2º) Reconhecimento da receita de subvenção governamental no momento do seu recebimento somente é admitido nos casos em que não há base de alocação de subvenção ao longo dos períodos beneficiados; 3º) Também representam subvenções governamentais a: a) Aplicação de parte do imposto em fundos de investimentos regionais (Finor, Finam e Funres). Devem ser registrados pelo valor justo no momento do fato gerador, ou seja, quando do pagamento da parcela do IRPJ. Nessa operação pode, ainda, existir deságio do valor justo em relação ao valor nominal; b) Redução ou isenção de tributos em área incentivada (Lucro da Exploração); nessa hipótese, o imposto total deve ser reconhecido no resultado do exercício como se devido fosse, em contrapartida à receita de subvenção equivalente, a serem demonstrados um deduzido do outro; 4º) Entidade deve divulgar em Notas Explicativas às demonstrações financeiras as seguintes informações: a) Política contábil adotada para as subvenções governamentais, incluindo os métodos de apresentação adotados nas demonstrações financeiras; b) A natureza e os montantes reconhecidos das subvenções governamentais ou das assistências governamentais, bem como a indicação de outras formas de assistência governamental de que a entidade tenha diretamentese beneficiado; c) Condições a serem regularmente satisfeitas ligadas à assistência governamental que tenha sido reconhecida; d) Descumprimento de condições relativas às subvenções ou existência de outras contingências; e) Eventuais subvenções a reconhecer contabilmente, depois de cumpridas as condições contratuais; f) Premissas utilizadas para o cálculo do valor justo exigido pelo Pronunciamento Técnico do CPC mencionado; g) Informações relativas às parcelas aplicadas em fundos de investimentos regionais e às reduções ou isenções de tributos em áreas incentivadas. 2.3.5.1.3. Prêmio na Emissão de Debêntures Para fatos geradores ocorridos a partir de 01.01.2008, as empresas que alienarem debêntures por um preço superior ao seu valor nominal, deverão registrar essa diferença em conta de resultado. De acordo com o disposto no art. 19 da Lei 11.941/2009, a sociedade está autorizada a manter o valor referente à parcela do lucro líquido do exercício decorrente do prêmio na emissão de debêntures em reserva específica de lucros, à semelhança do que ocorre com as doações e subvenções governamentais para investimento. Conforme esclarece o Pronunciamento CPC 13 (aprovado pela Resolução CFC 1.152/2009 e pela Deliberação CFC 565/2008), os prêmios recebidos na emissão de debêntures a partir do início do período ou do exercício de adoção inicial da Lei 11.638/2007 e MP 449/2008 (convertida na Lei 11.941/2009), devem ser registrados em conta de passivo, para apropriação ao resultado periodicamente nos termos das disposições contábeis aplicáveis previstas no Pronunciamento CPC 08 que trata dos Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários. Observe o caso prático a seguir, em que é suposto que o prazo de vencimento as debêntures seja de 5 (cinco) anos. Embora o Pronunciamento Técnico CPC 08 utilize o critério exponencial para apropriação do prêmio, para fins de simplicidade, utilizaremos o critério linear. DADOS DA ALIENAÇÃO DAS DEBÊNTURES Valores R$ Títulos Alienados por R$ 230.000,00 (–) Valor nominal dos títulos R$ 200.000,00 (=")" Prêmio na emissão (conta de passivo) R$ 30.000,00 CONTABILIZAÇÃO: 1 – NO RECEBIMENTO DO VALOR DAS DEBÊNTURES D – Disponível 230.000,00 C – Debêntures a Pagar (PELP) 200.000,00 C – Prêmio de Debêntures a Apropriar (PNC) 30.000,00 2 – APROPRIAÇÃO ANUAL DO PRÊMIO D – Prêmio de Debêntures a Apropriar (PNC) C – Receita de Prêmio na Emissão de Debêntures (ARE) 6.000,00 (*) (*) [R$ 30.000,00 ÷ 5 anos = R$ 6.000,00] 3 – TRANSFERÊNCIA PARA RESERVA DE LUCROS D – Lucros Acumulados (PL) C – Reserva de Prêmio na Emissão de Debêntures 6.000,00 (**) (**) Reserva de Lucros (reserva específica) 2.3.5.1.4. Saldos atuais das Reservas Os saldos das reservas de capital referentes aos prêmios recebidos na emissão de debêntures e às doações e subvenções para investimento, existentes no início do exercício social em que a entidade adotar pela primeira vez a Lei 11.638/2007 e MP 449/2008 (convertida na Lei 11.941/2009), portanto exercícios iniciados a partir de 01.01.2008, devem ser mantidos nessas contas até sua total utilização, na forma prevista na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976). 2.3.5.2. Reservas de Lucros 2.3.5.2.1. Reserva de Lucros a Realizar A nova legislação societária alterou o inciso II do art. 197, considerando como parcela não realizada do lucro líquido do exercício, além do resultado positivo na equivalência patrimonial, a parcela correspondente aos lucros, rendimentos ou ganhos líquidos provenientes de contabilização de ativo e passivo pelo valor justo, cuja realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte (contas de longo prazo), ou seja, os ajustes de avaliação patrimonial positivos. Assim, esse novo item veio a ser adicionado aos antigos componentes dessa reserva, a saber: a) o resultado positivo na equivalência patrimonial; b) o lucro, rendimento ou ganhos líquidos em operações cuja realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte (contas de longo prazo). Notas: 1ª) Registro da Reserva de Lucros a Realizar – O art. 197 da Lei 6.404/1976, dispõe: “No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela realizada do lucro líquido do exercício, a assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à constituição de reserva de lucros a realizar”; 2ª) mais detalhes podem ser encontrados no Capítulo 6 do livro de Contabilidade Avançada, 17ª edição, dos mesmos autores. 2.3.5.2.2. Limite do saldo das Reservas de Lucros A nova redação do art. 199 da Lei 6.404/1976, dispõe: “O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingido esse limite, a assembleia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos”. Note que a nova redação passou a incluir a nova Reserva de Incentivos Fiscais (artigo 195-A), constituída com o valor das doações e subvenções governamentais para investimento. O art. 19 da Lei 11.941/2009 também mandou incluir no rol dessas reservas não sujeitas ao limite, a reserva específica correspondente aos prêmios recebidos na emissão de debêntures. CASO PRÁTICO – DADOS: 1 – RESERVAS DE LUCROS: VALORES R$ ▪ Reserva Legal ▪ Reservas Estatutárias ▪ Reservas de Retenção de Lucros 1.400.000,00 4.200.000,00 3.150.000,00 8.750.000,00 2 – CAPITAL SOCIAL 7.000.000,00 3 – (=")" EXCESSO (1 – 2) 1.750.000,00 Contabilização: AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL D – Reserva de Lucros (PL) C – Capital Social (PL) 1.750.000,00 ou DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS D – Reserva de Lucros (PL) C – Dividendos a Pagar (PC) 1.750.000,00 2.3.5.3. Prejuízos Acumulados Na representação do Balanço Patrimonial das sociedades anônimas a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados (LPA) foi substituída pela conta isolada Prejuízos Acumulados (PA). Esse procedimento é decorrente da alteração provocada no artigo 202, § 6.º da Lei Societária (Lei 6.404/1976), pela Lei 10.303/2001, que dispõe: “Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 deverão ser distribuídos como dividendos”. Assim, deverão ser distribuídos como dividendos os lucros não destinados para a constituição das seguintes reservas de lucros: a) Reserva Legal (art. 193); b) Reservas Estatutárias (art. 194); c) Reservas para Contingências (art. 195); d) Reserva de Incentivos Fiscais (art. 195-A); e) Reserva de Planos para Investimentos (art. 196); f) Reserva de Lucros a Realizar (art. 197). Notas: 1ª) Tendo em vista que o montante da conta Lucros Acumulados deverá ser destinado para a constituição das reservas de lucros (anteriormente elencadas) ou para a distribuição de dividendos, somente o saldo devedor (prejuízo acumulado) porventura apurado por ocasião do levantamento do Balanço Patrimonial deverá ser nele inserido, entre as contas do patrimônio líquido contábil justificando, dessa forma, a correção da alteração provocada pelo diploma legal em comento; 2ª) É muito importante ressaltar, entretanto, que: a) a não manutenção do saldo credor (saldo positivo) na conta Lucros Acumulados só pode ser exigida para as sociedades por ações e não para os demais tipos societários e entidades em geral; b) a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados (LPA) deve permanecer no Plano de Contas das entidades, inclusive das sociedades por ações, pois receberá o registro do resultado do exercício, bem como a sua destinação (Constituição de Reservas de Lucros, capitalização de lucros, distribuição de lucros ou dividendos etc.). 2.3.5.4. Reserva de Reavaliação A possibilidade de constituição de novas reservas de reavaliação deixou deexistir com a edição dos diplomas legais em análise. Entretanto é imprescindível observar que o artigo 6º da Lei 11.638/2007, dispõe que os saldos existentes nas reservas de reavaliação em 31.12.2007 poderão ser mantidos até a sua efetiva realização ou estornados até o final do exercício social em que a mencionada Lei entrar em vigor, ou seja, até 31.12.2008. Sob o aspecto tributário o saldo dessa reserva: • porventura estornado, não será computado na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL); • mantido na conta em 31.12.2007 será tributado à medida da realização do bem objeto da referida reavaliação mediante depreciação, amortização, exaustão ou baixa do bem objeto de reavaliação. Recentemente, o Conselho Monetário Nacional aprovou resolução que veda para as instituições financeiras, novos registros decorrentes da reavaliação de bens imóveis de uso próprio como reserva de reavaliação. Esta proibição atende ao disposto na Lei 11.638/2007. O item 6, letra e, da Res. CFC 1.159/2009 (alterada pela Resolução CFC 1.329/2011), estabelece a proibição da prática de reavaliação espontânea de ativos, após a publicação do mencionado texto legal. Por sua vez o art. 60 da Lei 12.973/2014, dispõe sobre os saldos dessa reserva existentes em 31.12.2013, para os optantes conforme artigo 75, ou em 31.12.2014, para os não optantes, até a sua completa realização. 2.3.5.5. Ajustes de Avaliação Patrimonial A legislação societária analisada alterou o § 3º, do art. 182 da Lei 6.404/1976, para instituir os denominados “Ajustes de Avaliação Patrimonial”. Esses ajustes englobam as contrapartidas de aumentos ou diminuições do valor justo atribuído a elementos do ativo e do passivo, enquanto não computados no resultado do exercício, em obediência ao regime de competência, serão classificados no patrimônio líquido (art. 178, § 1º, d, da Lei das Sociedades por Ações). O leitor interessado poderá consultar outros detalhes a respeito na 17ª edição, Capítulo 12, do livro de Contabilidade Avançada, dos mesmos autores. Entretanto, pode-se consultar também caso prático relativo a ajuste de avaliação patrimonial no subitem 2.7.1.1, mais adiante. 2.3.6. Equivalência Patrimonial Na redação atual do art. 248 da Lei 6.404/1976, não consta mais a condição de investimento relevante para fins da definição das participações societárias sujeitas à avaliação pelo método da equivalência patrimonial. Foram incluídas, ainda, nessa sistemática de avaliação as participações societárias em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum. Do ponto de vista prático, tais fatos, indubitavelmente, provocarão a ampliação do rol das participações societárias a serem avaliadas pelo método da equivalência patrimonial. Por exemplo, a sociedade A tem 15% das ações sem direito a voto da companhia B e não tem influência significativa na sua administração. Logo, esse investimento não seria avaliado pelo método da equivalência patrimonial (MEP). Entretanto, se A e B forem controladas pela empresa C ou até por uma pessoa física que exerça o controle dessas sociedades, essa participação societária será avaliada pelo MEP porque ambas, A e B, possuem um controle comum. A Lei 11.941/2009 (MP 449/2008), também redefiniu o conceito de coligada. Anteriormente, duas pessoas jurídicas eram consideradas empresas coligadas quando a investidora detivesse pelo menos 10% do capital votante da investida. A partir da vigência do mencionado diploma legal, duas empresas são consideradas coligadas quando a investidora possui influência significativa na administração da investida. Assim, para registros contábeis ocorridos a partir de 01-01-2008, somente poderão ser avaliadas pelo método da equivalência patrimonial as participações societárias classificadas no ANC Investimentos efetuadas em: a) sociedade controlada; b) sociedade coligada, c) outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sobre controle comum. Notas: 1ª) Consulte a respeito do tema o capítulo nº 6, deste livro; 2ª) Os §§ 4º e 5º do art. 243 da Lei 6.404/1976 (com redação dada pela Lei 11.941/2009), definem influência significativa. Observe, a seguir, a redação dos referidos parágrafos. “§ 4º Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la. § 5º É presumida influência significativa quando a investidora for titular de vinte por cento ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la;” 3ª) O art. 247 da Lei 6.404/1976, com a redação dada pela Lei 11.941/2009, determinou regras de elaboração e divulgação das notas explicativas relativas às participações societárias em coligadas e controladas. 2.4. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) O quadro a seguir apresenta, de forma resumida, a DRE segundo as normas da legislação societária, portanto, as alterações realizadas nos inciso IV (Resultado Operacional e Outras Receitas e Outras Despesas) e VI (Participações nos Lucros) do artigo 187 da Lei 6.404, de 15.12.1976, podem ser nele visualizadas: ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE N° ELEMENTOS VALORESR$ 01 Receita Operacional Bruta (Vendas Brutas) 02 (–) Deduções da Receita Bruta: • Devoluções de Vendas • Descontos e Abatimentos Incondicionais Concedidos • Tributos Incidentes sobre a Receita 03 (=) Receita Operacional Líquida – Vendas Brutas Líquidas (01-02) 04 (–) Custo das Vendas (CMV, CPV, CSP) 05 (=) Resultado Operacional Bruto (03-04) 06 (–) Despesas Operacionais (Vendas, Gerais, Administrativas, DespesasFinanceiras deduzidas das Receitas Financeiras e Outras DespesasOperacionais) 07 (=) Resultado Operacional Líquido (05 – 06) 08 (+) Outras Receitas e Outras Despesas (antigas não operacionais) 09 (=) Resultado do Exercício antes da CSLL (07 + 08) 10 (–) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) 11 (=) Resultado do Exercício antes do IRPJ (09 – 10) 12 (–) Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) 13 (=) Resultado do Exercício depois do IRPJ (11 – 12) 14 (–) Participações nos Lucros (*) 15 (=) Resultado Líquido do Exercício (13 – 14) Resultado por Ação = Resultado Líquido do Exercício (Linha 15) NA (nº de Ações do Capital Realizado) Notas: 1ª) Na redação anterior do inciso IV do artigo 187 constava: “IV – o Lucro Operacional e as Receitas e Despesas não operacionais”. A redação atual do mencionado inciso descreve “IV – o Lucro Operacional e as outras Receitas e as outras Despesas”; 2.ª) A Lei 11.638/2007, havia retirado do inciso VI – Participações nos Lucros – a participação de Partes Beneficiárias, posteriormente, a Lei 11.941/2009, reintegrou tal participação no mencionado inciso, tendo em vista que as companhias fechadas podem emitir tais títulos, somente às companhias abertas estão impedidas de fazê-lo (parágrafo único do artigo 47 da Lei 6.404/1976); 3.ª) A redação atual da Lei 6.404/1976, após as modificações introduzidas pela Lei 11.638/2007 e Lei 11.941/2009, continua mandando apresentar, na Demonstração do Resultado do Exercício, o valor das despesas financeiras líquidas deduzidas das receitas financeiras. A Resolução CFC 1.185/2009, alterada pelas Resoluções CFC 1.273, 1.329 e 1.376, de 2010 e 2011, que aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 26, estabeleceu que: “82. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: (a) receitas; (b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) lucro bruto; (d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (f) resultado antes das receitas e despesasfinanceiras (g) despesas e receitas financeiras; (h) resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) despesa com tributos sobre o lucro; (j) resultado líquido das operações continuadas; (k) valor líquido dos seguintes itens: (I) resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; (II) resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada; (l) resultado líquido do período”. Pode-se inferir que aparentemente o CFC não estabeleceu uma nova estrutura formal para a Demonstração de Resultado, mas apenas listou os elementos mínimos que a devem compor. Entre esses elementos mínimos não constam as participações nos lucros. As novidades são a apresentação do resultado obtido após todas as demais receitas e despesas operacionais. Porém, antes das despesas e receitas financeiras, bem como, a representação do valor líquido das operações descontinuadas. 2.4.1. Exclusão dos Tributos sobre Vendas na Receita De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 30, aprovado pela Deliberação CVM 692/2012 e pela Resolução CFC 1.412/2012, para fins de apresentação da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) a receita inclui somente os ingressos originários de suas próprias atividades. As quantias cobradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre vendas e tributos sobre valor adicionado – não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e, consequentemente, não resultam em aumento do patrimônio líquido. Portanto, são excluídos da receita esses tributos, bem como os ingressos brutos por operações efetuadas por agente, por conta de operador. O mesmo raciocínio é aplicado quanto a valores cobrados por bens e serviços por conta de terceiros, consignações genuínas etc. Consignações, que na essência são operações de compra, são tratadas como tais. Nota: Este Pronunciamento entrou em vigor em 31.12.2010. Em função das disposições contidas no referido pronunciamento, a contabilização dos tributos sobre vendas será efetuada diretamente em conta de passivo. Observe o caso prático a seguir: DADOS VALORES R$ • Valor das Vendas 140.000,00 • ICMS incluso no valor da venda (18%) 25.200,00 • COFINS incidente sobre vendas (7,6%) 10.640,00 • PIS incidente sobre vendas (1,65%) 2.310,00 Contabilização D – Disponível ou Duplicatas a Receber 140.000,00 C – Receita Operacional Bruta de Vendas (ARE) 101.850,00 C – ICMS a Recolher (PC) 25.200,00 C – COFINS a Recolher (PC) 10.640,00 C – PIS a Recolher (PC) 2.310,00 Consequentemente na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), o valor dos tributos sobre vendas não estará incluso no montante da receita bruta de vendas, nas devoluções de vendas destacada entre as deduções da receita bruta. Observe a demonstração a seguir. DESCRIÇÃO VALORESR$ • Receita Operacional Bruta de Vendas (Vendas Brutas) 101.850,00 • (–) Deduções da Receita Bruta: • Devoluções, Abatimentos e Descontos Incondicionais -o- . • (=")" Receita Operacional Líquida (Vendas Líquidas) 101.850,00 2.4.2. Receita Bruta e Líquida – Aspectos tributários A Receita Federal do Brasil continuará a solicitar o preenchimento da antiga Ficha 06-A da DIPJ (até o ano-calendário de 2013, exercício de 2014), atualmente Bloco L da Escrituração Contábil Fiscal – ECF a partir do ano-calendário de 2014 (exercício de 2015), ou seja, a DRE, na forma estabelecida pelos artigos 279 e 280 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – RIR/1999 com as alterações promovidas nos conceitos de receita bruta e receita líquida, promovidas pelo artigo 2º da Lei 12.973/2014, representando a Receita Bruta com o montante dos tributos que dela façam parte (tributos calculados “por dentro”) e a exclusão desses tributos do valor da Receita Bruta para fins de apuração da Receita Líquida, conforme dispõe os artigos 279 e 280 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/1999). Para solucionar esta diferença entre a forma de representação exigida pela técnica contábil (Pronunciamento Técnico CPC 30) e a forma requerida pela legislação do imposto de renda (RIR/1999) a empresa poderá realizar o registro contábil utilizando a conta denominada “Faturamento Bruto”. Os tributos serão contas redutoras do Faturamento Bruto objetivando apurar o montante da Receita Bruta e da Receita Líquida. Dessa forma será possível atender as exigências das duas legislações (contábil e tributária). Observe a seguir a contabilização dos dados anteriores na forma mencionada neste parágrafo. a) PELO FATURAMENTO BRUTO D – Duplicatas a Receber (AC) C – Faturamento Bruto (ARE) 140.000,00 b) PELOS TRIBUTOS CONTIDOS NO FATURAMENTO BRUTO D – ICMS Faturado (ou sobre vendas) 25.200,00 D – COFINS Faturado (ou sobre vendas) 10.640,00 D – PIS Faturado (ou sobre vendas) 2.310,00 C – Tributos a Recolher (Passivo Circulante) 38.150,00 Notas: 1ª) Observe que o valor da Receita Bruta para fins da legislação societária (Pronunciamento Técnico CPC 30) será de R$ 101.850,00 = R$ 140.000,00 – R$ 38.150,00 (tributos incidentes sobre vendas); 2ª) Para fins tributários a Receita Bruta será evidenciada na DRE contendo o valor dos tributos incidentes sobre vendas, exceto o IPI e o ICMS Substituição Tributária; 3ª) Segundo parágrafo único do artigo 279 do RIR/1999 na Receita Bruta não se incluem os tributos não cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou do contratante, dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário (IPI e ICMS Substituição Tributária). Observe, a seguir, a representação da DRE segundo a norma tributária (artigos 279 e 280 do RIR/1999). DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO PELA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DESCRIÇÃO VALORES R$ • Receita Operacional Bruta de Vendas (Vendas Brutas) 140.000,00 • (–) Deduções da Receita Bruta: ▪ Devoluções, Abatimentos e Descontos Incondicionais -o- ▪ Impostos Incidentes sobre Vendas 38.150,00 • (=")" Receita Operacional Líquida (Vendas Líquidas) 101.850,00 Seria aconselhável que a empresa mantivesse a contabilização das receitas (bruta e líquida) na forma estabelecida pelos artigos 279 e 280 do RIR/1999 com as alterações provocadas pelo art. 2º da Lei 12.973/2014 (registro da receita com os tributos calculados “por dentro” que dela façam parte) e apenas quando for levantar a DRE para fins societários excluir os mencionados tributos do valor da receita bruta para atender as normas estabelecidas pelo Pronunciamento Técnico CPC 30. Este procedimento evitará sérios problemas quando da apresentação das declarações eletrônicas à Receita Federal do Brasil (DIPJ, SPED, EFD8 – Contribuições, ECF- e outras). Notas: 1ª) O leitor interessado nas diversas formas de registrar e contabilizar os tributos calculados “por dentro” e “por fora”, inclusive as contribuições para o PIS e para a COFINS poderá consultar o Capítulo 7 da 15ª edição do livro Contabilidade Básica, dos mesmos autores; 2ª) O Pronunciamento Técnico CPC 26 deu uma nova estrutura à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), por sua vez, o Pronunciamento Técnico CPC 30, ao definir receita manda contabilizá-la pelo valor líquido dos tributos e dos ajustes a valor presente; 3.ª) O leitor interessado em maiores detalhes na forma de calcular e contabilizar os “ajustes a valor presente” deverá consultar no subitem 2.7.1.3, deste capítulo, o Caso Prático nº 3, bem como, o capítulo 3 deste livro e o capítulo 12 do livro Contabilidade Avançada, edição 2013, dos mesmos autores. 2.5. Sociedades de grande porte O art. 3º da Lei 11.638/2007, dispõe que as companhias de grande porte,9 ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, devem obedecer às disposições contidas na Lei 6.404, de 15.12.1976, sobre escrituração e elaboração de demonstraçõesfinanceiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 2.5.1. Publicação das Demonstrações Contábeis A CVM, ao manifestar seu entendimento preliminar acerca da Lei 11.638/2007, por meio de Comunicado ao Mercado de 14.01.2008, ajudou a esclarecer eventuais dúvidas que pairassem a respeito da obrigatoriedade ou não da publicação. A CVM se pronunciou da seguinte forma: “Como já mencionado, a Lei 11.638/2007 estendeu às sociedades de grande porte (...) a obrigatoriedade de manter escrituração e de elaborar demonstrações financeiras com observância às disposições da lei societária. Assim, embora não haja menção expressa à obrigatoriedade de publicação dessas demonstrações financeiras, qualquer divulgação voluntária ou mesmo para atendimento de solicitações específicas (credores, fornecedores, clientes, empregados etc.), as referidas demonstrações deverão ter o devido grau de transparência e estar totalmente em linha com a nova lei (art. 3º)”. 2.6. Novas demonstrações financeiras A legislação societária alterada pelo padrão internacional de contabilidade instituiu, ainda, duas novas Demonstrações Contábeis, a saber: a) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) que veio a substituir a antiga Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (Doar), cuja elaboração não é mais obrigatória a partir de 01.01.2008. A companhia fechada (S/A de capital fechado) com patrimônio líquido na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 não será obrigada à elaboração e publicação desta demonstração (art. 176, § 6º, da Lei 6.404/1976); b) Demonstração do Valor Adicionado (DVA), obrigatória apenas para as Companhias abertas (art. 176, V, da Lei 6.404/1976). Nota: O leitor interessado em maiores detalhes sobre as mencionadas demonstrações poderá consultar o Capítulo 10, 17ª edição do livro Contabilidade Avançada, dos mesmos autores. 2.7. Critérios de avaliação 2.7.1. Do Ativo Os critérios de avaliação do ativo estão previstos no art. 183 da Lei 6.404/1976, com a redação dada pela Lei 11.638/2007, e pela Lei 11.941/2009. Observe a seguir a redação do mencionado artigo. “Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I – as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos10, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo: a) pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou disponíveis para venda; e b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito; II – os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior; III – os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos arts. 248 a 250, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; IV – os demais investimentos, pelo custo de aquisição, deduzido de provisão para atender às perdas prováveis na realização do seu valor, ou para redução do custo de aquisição ao valor de mercado, quando este for inferior; V – os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão; VI – (revogado); VII – os direitos classificados no intangível, pelo custo incorrido na aquisição deduzido do saldo da respectiva conta de amortização; VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. § 1º Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor justo: a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líquido de realização mediante venda no mercado, deduzidos os impostos e demais despesas necessárias para a venda, e a margem de lucro; c) dos investimentos, o valor líquido pelo qual possam ser alienados a terceiros. d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para determinado instrumento financeiro: 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou 3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros. § 2º A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado e intangível será registrada periodicamente nas contas de: a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência; b) amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado; c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração. § 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização. § 4º Os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado, quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil.” (Os destaques não são do original). Atenção: Existem diversas incoerências na redação do artigo, nos seus incisos e nos parágrafos. Há momentos em que o legislador usa a expressão valor justo e em outros, valor de mercado. Por exemplo, no § 4º, está disposto que os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado. Não deveria ser valor justo? O valor de mercado pode diferir do valor justo. Lembremo-nos de que o valor justo (ver nota de rodapé 3 deste capítulo – subitem 2.3.3) é o valor pelo qual o ativo pode ser negociado em situação normal de concorrência entre partes independentes. Se o ativo for negociado entre partes relacionadas é um valor de mercado, mas não é um valor justo. Outra incoerência grave: as matérias-primas e os bens em almoxarifado, segundo o § 1º, alínea a, devem ser avaliados pelo preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado (valor justo). Entretanto, o inciso II reza que os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, devem ser avaliados pelocusto de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior. Ora, o que acontecerá se o valor justo for superior ao do custo de aquisição? 2.7.1.1. Primeira novidade Representa a avaliação dos instrumentos financeiros11 pelo seu valor justo. Para esse fim consultar a alínea d do § 1º do art. 183 da Lei 6.404/1976, em que são descritas as formas para avaliação a valor justo. Entendemos que desde a primeira aquisição esses instrumentos deverão ser avaliados a valor justo. Os instrumentos financeiros antigos deverão também ter seu valor de aquisição reajustado a valor justo. Esses reajustes, que podem ser positivos ou negativos, deverão ser realizados tendo como contrapartida à conta de Ajustes de Avaliação Patrimonial, criada pela legislação em função das alterações promovidas pelo padrão internacional de contabilidade, classificada no patrimônio líquido (ou seja, os referidos ajustes não deverão transitar de imediato por contas de resultado). Idêntico procedimento deve ser adotado em relação às futuras variações desses instrumentos que podem ocorrer no preço de mercado desses ativos. Caso Prático nº 1: O valor de um título financeiro varia no tempo entre o dia da aplicação e o dia de seu resgate, de acordo com a taxa de juros pactuada entre as partes. Dessa forma, um CDB (certificado de depósito bancário) cujo valor é de R$ 140.000,00 no dia da aplicação, com uma taxa de juros prefixada de 10% ao semestre e com vencimento em 180 dias, valerá R$ 154.000,00 na data de vencimento. Até o presente momento temos apenas conhecimento do valor do CDB na data da aplicação e na data de vencimento. Entretanto, como os juros são compostos, eles são capitalizados diariamente. Em consequência, o valor do CDB varia diariamente e seu montante diário pode ser calculado dia a dia por intermédio da seguinte expressão: • R$ 140.000,00 * (1 + 0,1) n/180 Dessa forma, no final do trigésimo dia, o valor do CDB será: • R$ 140.000,00 * (1,1) 30/180 Utilizando uma planilha Excel ou uma calculadora financeira pode-se resolver essa expressão, o valor do CDB será: • R$ 154.000,00 ÷ (1,1) 30/180 = R$ 142.241,66 Poder-se-ia também fazer a operação inversa, calculando o valor atual do CDB no trigésimo dia: R$ 154.000,00 ÷ (1,01) 150/180 = R$ 142.241,66. Vamos admitir que, nesse trigésimo dia, a taxa de mercado desse título se eleva para 12% ao semestre. Como a taxa de juros está prefixada por 10%, o valor justo do CDB, ou seja, o preço que qualquer investidor racional irá pagar pelo papel equivalerá ao seu valor atual calculado com a taxa de juros de 12%: • Valor atual do CDB no trigésimo dia = R$ 154.000,00 ÷ (1,12) 150/180 = R$ 140.121,80 Portanto, o valor justo do CDB é inferior ao custo de aquisição em R$ 2.119,86 (R$ 142.241,66 – R$ 140.121,80). Ajuste contábil: D – Ajuste de Avaliação Patrimonial (PL) C – Ativo Financeiro – CDB 2.119,86 Nota: Esses ajustes não transitam pela conta de resultado porque o efeito nessa conta somente será reconhecido por ocasião da alienação ou baixa efetiva do referido instrumento financeiro. 2.7.1.2. Segunda novidade Representa o novo critério de avaliação dos direitos classificados no ativo intangível, que deve corresponder ao custo incorrido de aquisição deduzido do saldo da respectiva conta de amortização (artigo 183, VII, Lei 6.404/1976). O prazo de amortização será estabelecido quando da avaliação periódica da recuperação dos valores registrados nesse subgrupo, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 1 (§ 3º do art. 183 da Lei 6.404/1976). 2.7.1.3. Terceira novidade Ajuste dos elementos do ativo de operações longo prazo, a seu valor presente (art. 183, VIII, Lei 6.404/1976). Calcula-se o valor presente de um ativo multiplicando-se a importância contabilizada (preço justo ou custo de aquisição) por um fator de valor atual representado pela expressão [1 / (1 + i) n], onde “i” representa a taxa de juros de mercado e “n” o prazo. Caso Prático nº 2: ● Valor de venda de um ativo para recebimento em parcela única no final de 5 anos.............................................................................................................. R$ 700.000,00 ● Taxa anual Taxa Anual de juros de mercado ........................................... 6% ● Valor Presente do ativo = [R$ 700.000,00 ÷ (1 + 0,06) 5] ............................ R$ 523.082,00 Com a utilização de uma tabela financeira ou de uma calculadora financeira, obtém-se que [1 ÷ (1 + 0,06)5] é igual a 0,74726. Logo, o valor presente do ativo será: R$ 523.082,00 (R$ 700.000,00 × 0,74726). Em conformidade com os exemplos de registros de venda de ativos efetuados pelo Pronunciamento Técnico CPC 12 (aprovado pela Resolução CFC 1.151/2009 e pela Deliberação CVM 564/2008), a contabilização do valor do ativo deverá ser realizada pelo valor presente e a diferença entre este e o valor da transação deverá ser reconhecida como receita financeira (ou despesa financeira, na ponta do comprador). Dessa forma, a contabilização será: D – Créditos (conta do ARLP) 700.000,00 C – Receita (ARE) 523.082,00 C – Ajustes a Valor Presente [(-) ARLP] 176.918,00 À medida que o prazo de vencimento do ativo for transcorrendo, será feito um reajuste no valor presente. No exemplo citado, quando faltarem 4 anos para o vencimento do ativo, o fator de valor atual é menor, ou seja, [1 ÷ (1 + 0,06)4], que é igual a 0,79209. O valor presente passará a ser R$ 554.463,00 (R$ 700.000,00 × 0,79209). Logo, será feito um ajuste positivo no valor do ativo, correspondente à diferença, ou seja, R$ 27.181,00 (R$ 554.463,00 – R$ 527.282,00). A contrapartida credora será feita na conta de receita financeira. A contabilização será: D – Ajustes a Valor Presente [(-) Ativo] C – Receita Financeira (Receita de AVP) 27.181,00 O objetivo de tal procedimento é que, uma vez efetuada a alienação de um ativo a prazo, o valor de alienação já embute uma taxa de juros, logo o valor de R$ 700.000,00 corresponderá na realidade ao valor do ativo no final dos cinco anos. Se houver efeito relevante sobre as Demonstrações Financeiras esse procedimento de ajustar o ativo ao valor presente poderá ser estendido aos ativos de curto prazo (classificados no Ativo Circulante – AC). O valor presente também pode ser calculado tomando-se como referência o valor da transação, se efetuada à vista. Caso Prático nº 3: A empresa negociou, em fevereiro de 2015, por R$ 58.800,00, uma máquina industrial que deverá ser paga em 7 parcelas de R$ 8.400,00, mensais e sucessivas, a partir de março de 2015. Os dados relativos à máquina vendida constantes nos livros de escrituração da sociedade na data da transação, indicam: • Valor da Máquina .................................................. R$ 29.400,00 • Depreciação Acumulada ....................................... R$ 12.600,00 De acordo com as antigas normas contábeis estabelecidas pela Lei 6.404/1976, a sociedade deveria realizar o seguinte registro contábil: D – Contas a Receber de LP 58.800,00 D – Depreciação Acumulada 12.600,00 C – Máquinas 29.400,00 C – Ganho de Capital na Alienação 42.000,00 Atualmente, as novas normas contábeis estabelecidas pela Lei 11.638/2007, e pelos Pronunciamentos Técnicos do CPC, se essa operação de financiamento de curto prazo for relevante, deve-se calcular o valor presente do ativo vendido para realizar o registro contábil da operação. Segundo a Estrutura Conceitual de Contabilidade aprovada pela Resolução 1.374/2011 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a informação contábil-financeira é considerada relevante quando é capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A informação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo no caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração, ou já tiverem tomado ciência desua existência por outras fontes. Assumindo-se que o valor presente seja estimado em R$ 35.000,00, que corresponde ao valor de venda da máquina à vista, a sociedade deveria realizar o seguinte lançamento contábil: D – Contas a Receber 58.800,00 D – Depreciação Acumulada 12.600,00 C – Máquinas 29.400,00 C – Ajuste a Valor Presente (redutora de Contas a Receber) 23.800,00 C – Ganho de Capital na Alienação 18.200,00 A diferença entre os R$ 58.800,00 a serem recebidos pela venda e o valor presente dessa venda R$ 35.000,00, correspondente a R$ 23.800,00, será apropriada como receita financeira pro rata temporis. Para essa finalidade, temos que calcular a taxa de juros implícita nessa operação que corresponderá a taxa de juros i que representar a solução da seguinte equação: Realizando o cálculo com a utilização de uma calculadora financeira, de uma planilha Excel ou similar, obtém-se o valor dessa taxa de juros que é 14,95% ao mês. Observe as tabelas a seguir, onde demonstramos, através de uma planilha Excel, que R$ 35.000,00 é o valor presente de 7 (sete) parcelas, mensais e sucessivas, de R$ 8.400,00 (Tabela 1). A diferença entre cada parcela de R$ 8.400,00 e o seu valor presente corresponderá à receita financeira da operação (Tabela 2). A Tabela 3 corresponde ao plano de amortização, onde o saldo devedor do período é acrescido à receita financeira (juros) e deduzido da prestação paga, formando o saldo devedor do período seguinte. Prosseguindo dessa forma, no final do 7º mês, verificaremos que a dívida estará totalmente amortizada (houve uma pequena diferença imaterial de R$ 0,01, que foi arredondada). TABELA 1 PRESTAÇÃO FATOR DE VALOR DAPRESTAÇÃO VALOR PRESENTE DA PRESTAÇÃO 8.400,00 1,1495 7.307,53 8.400,00 1,3214 6.357,13 8.400,00 1,5189 5.530,35 8.400,00 1,7460 4.811,09 8.400,00 2,0070 4.185,38 8.400,00 2,3070 3.641,04 8.400,00 2,6519 3.167,50 58.800,00 -o- 35.000,00 TABELA 2 PRESTAÇÃO VALOR PRESENTE DAPRESTAÇÃO RECEITA FINANCEIRA 8.400,00 7.307,53 1.092,47 8.400,00 6.357,13 2.042,87 8.400,00 5.530,35 2.869,65 8.400,00 4.811,09 3.588,91 8.400,00 4.185,38 4.214,62 8.400,00 3.641,04 4.758,96 8.400,00 3.167,50 5.232,50 58.800,00 35.000,00 23.800,00 TABELA 3 SALDO DEVEDOR RECEITA FINANCEIRA SALDO DEVEDOR MAIS JUROS PRESTAÇÃO (AMORTIZAÇÃO) SALDO DEVEDOR ATUALIZADO 35.000,00 1.092,47 36.092,47 8.400,00 27.692,47 27.692,47 2.042,87 29.735,34 8.400,00 21.335,34 21.335,34 2.869,65 24.204,99 8.400,00 15.804,99 15.804,99 3.588,91 19.393,91 8.400,00 10.993,91 10.993,91 4.214,62 15.208,53 8.400,00 6.808,53 6.808,53 4.758,96 11.567,49 8.400,00 3.167,50 3.167,50 5.232,50 8.400,00 8.400,00 0,00 Posto isto, no final do primeiro mês, serão feitos os seguintes lançamentos: 1) PELA APROPRIAÇÃO DA RECEITA FINANCEIRA: D – Ajuste a Valor Presente C – Receitas Financeiras (ARE*) 1.092,47 * Utilizar conta analítica (Receita de Ajuste a Valor Presente). 2) PELO RECEBIMENTO DA 1ª PRESTAÇÃO D – Disponível (AC) C – Contas a Receber (AC) 8.400,00 Ao final do 7º mês, o saldo de Contas a Receber estará zerado e a conta de Receita Financeira (Receita de Ajustes a Valor Presente) registrará um valor total auferido pela entidade na operação corresponderá de R$ 23.800,00. Se os dados apresentados neste caso fossem relativos à venda de mercadorias, os lançamentos contábeis seriam semelhantes: 1) PELA VENDA A PRAZO: D – Contas a Receber (AC) 58.800,00 C – Receita de Vendas (ARE) 35.000,00 C – Ajustes a Valor Presente (*) 23.800,00 (*) Conta redutora de Duplicatas a Receber 2) PELA APROPRIAÇÃO MENSAL DA RECEITA FINANCEIRA: D – Ajustes a Valor Presente C – Receitas Financeiras * (ARE) 1.092,47 * Receita de Ajustes a Valor Presente (Conta Analítica). Notas: 1ª) Ao final do 7º mês, o saldo de Contas a Receber será de R$ 58.800,00 (depois de eliminada a sua conta retificadora no montante de R$ 23.800,00, pela transferência dessa importância para o resultado do exercício como receitas financeiras). O valor total das receitas a serem computadas na apuração do resultado do exercício, também será de R$ 58.500,00, ou seja, R$ 35.000,00 como receita de vendas e o R$ 23.800,00, como receitas financeiras (conta sintética) ou, ainda, receita de ajustes a valor presente (conta analítica); 2.ª) O leitor interessado poderá obter maiores detalhes sobre ajustes a valor presente consultando o Pronunciamento Técnico CPC 12, de 2008. Esses ajustes, bem como os ajustes de avaliação patrimonial e os ajustes a valor recuperável, estão explicados pormenorizadamente no Capítulo 12 do livro de Contabilidade Avançada, edição 2013, dos mesmos autores, Editora Saraiva. 2.7.1.4. Quarta novidade É a possibilidade do registro de perda de capital de ativos quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação do valor (art. 183, § 3º, I, Lei 6.404/1976). Junto a essa possibilidade, também ocorre a permissão para revisão e ajustes de critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada do bem e, consequentemente, para o cálculo da depreciação, amortização ou exaustão (art. 183, § 3º, II, Lei 6.404/1976). 2.7.2. Do Passivo Os critérios para a avaliação do passivo estão previstos no arts. 184 e 184-A, da Lei 6.404/1976, com a redação dada pela Lei 11.638/2207, e pela Lei 11.941/2009. Veja, a seguir, a redação dos mencionados artigos. “Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: I – as obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive Imposto sobre a Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão computados pelo valor atualizado até a data do balanço; II – as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço; III – as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.” Critérios de Avaliação em Operações Societárias: “Art. 184-A. A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá, com base na competência conferida pelo § 3º do art. 177, normas especiais de avaliação e contabilização aplicáveis à aquisição de controle, participações societárias ou segmentos de negócios” (os destaques não são do original). 2.7.2.1. Quinta novidade De forma análoga aos critérios de avaliação do ativo, o art. 184, III, da Lei 6.404, de 15.12.1976, dispõe que as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante também poderão ser ajustadas a valor presente, sendo que as demais obrigações também poderão ser ajustadas quando houver efeito relevante. 2.8. Arrendamento mercantil ou leasing Arrendamento Mercantil (leasing) representa um acordo pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário em troca de um pagamento ou série de pagamentos o direito de usar um ativo por um período de tempo acordado. Encontra-se disciplinado na Lei 6.099, de 12.09.1974, consolidada no art. 356 do RIR/1999, que permite a dedução como custo ou despesa operacional das contraprestações pagas por força do contrato de arrendamento mercantil que atenda as normas previstas no mencionado diploma legal. Após o advento da Lei 11.638/2007, aventou-se a probabilidade de registro de alguns tipos de arrendamento mercantil como contas do ativo em função da redação dada ao inciso IV do art. 179 da Lei 6.404/1976, que disciplina a classificação de valores no imobilizado, ou seja: “IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive osdecorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens” (os destaques não são do original). Posteriormente, o Pronunciamento Técnico CPC 06, aprovado pela Resolução CFC 1.304/2010, e pela Deliberação CVM 645/2010, que aprovou para os arrendatários e arrendadores, políticas contábeis e divulgações apropriadas a serem aplicadas em relação aos arrendamentos mercantis, em seu item nº 08, destaca: “Um arrendamento mercantil é classificado como financeiro se ele transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. Um arrendamento mercantil é classificado como operacional se ele não transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade” (os destaques não são do original). Dessa forma, um leasing financeiro, ou seja, um contrato com a forma de arrendamento mercantil, porém com característica de compra e venda financiada de bens, passou a ser registrada no imobilizado e em financiamentos (passivo), tanto pela norma internacional, quanto pelas modificações introduzidas pela Lei 11.638/2007. No Capítulo 4, fizemos uma análise do arrendamento mercantil financeiro e operacional (leasing financeiro e operacional) e suas consequências tributárias, posteriormente a publicação da Lei 12.973/2014. 2.9. Primazia da essência sobre a forma As alterações provocadas pela convergência ao padrão internacional de contabilidade objetivam destacar a primazia da essência sobre a forma, ou seja, as normas contábeis devem ser orientadas por princípios,12 jamais por regras detalhadas. Para que a informação represente adequadamente as transações e outros eventos que ela se propõe a representar, é necessário que essas transações e eventos sejam contabilizados e apresentados de acordo com a sua substância e realidade econômica, e não meramente sua forma legal. A essência das transações ou outros eventos nem sempre é consistente com o que aparenta ser com base na sua forma legal ou artificialmente produzida. Assim, haverá a necessidade cada vez maior da apreciação e do julgamento do profissional da área contábil no registro dos fatos contábeis. Embora diversos atos publicados13 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) já tivessem como objetivo a primazia da essência sobre a forma, somente as duas últimas Leis que modificaram a Lei 6.404/1976 (Leis 11.638/2007 e 11.941/2009) impuseram força legal às mencionadas disposições e à sua completa adoção pelos profissionais da área contábil. Para exemplificar pode-se verificar a contabilização do arrendamento mercantil financeiro, abordado no item 2.8, desse capítulo. O inciso IV do art. 179 da Lei 6.404/1976 (redação dada pela Lei 11.938/2007) determina a classificação no ativo imobilizado das “operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens”. Consulte a respeito do tema item específico no capítulo 4. Nota: Pela relevância do tema em análise a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou, em 22 de setembro de 2011, o Parecer de Orientação 22, que esclarece e recepciona os conceitos de representação verdadeira e apropriada (true and fair view) e da primazia da essência sobre a forma no ordenamento contábil brasileiro. 2.10. Aspectos tributários (IRPJ, CSLL, PIS E COFINS) antes da edição da lei 12.973, de 2014 2.10.1. Introdução A Lei 11.941, de 27.05.2009 (conversão da MP 449/2009), instituiu o Regime Tributário de Transição (RTT) para a apuração do Lucro Real. Este regime que tratava dos aspectos tributários decorrentes dos novos métodos e critérios contábeis introduzidos pela Lei 11.638/2007, determinava que essas alterações não poderiam provocar efeitos tributários aos optantes deste regime. O RTT foi optativo para os anos-calendário de 2008 e 2009 e obrigatório a partir do ano-calendário de 2010, exercício de 2011. O Regime Tributário de Transição – RTT (vigeria até a entrada em vigor de lei que disciplinasse os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis, buscando sempre a neutralidade tributária) foi obrigatório a partir do ano-calendário de 2010, inclusive para a apuração com base no Lucro Presumido ou Arbitrado do IRPJ, da CSLL e das contribuições para o PIS e a COFINS. Posteriormente foi editada a Lei 12.973, de 2014, que adaptou as normas contábeis internacionais à legislação tributária federal revogando o RTT e o FCONT (veja o subitem 2.10.8.2). Nota: O Regime Tributário de Transição (RTT) foi revogado pela Lei 12.973/2014, que adaptou as normas da contabilidade internacional à legislação tributária federal (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), porém, se o contribuinte não fizesse a opção de que trata o art. 75 do mencionado diploma legal a legislação anterior, inclusive o RTT e o FCONT seriam aplicadas também para o ano de 2014. As principais orientações tributárias do RTT são: 1ª) Não produziriam efeitos na apuração do Lucro Real dos optantes pelo RTT, as alterações introduzidas pela Lei 11.638/2007, e pela Lei 11.941/2009 que alterassem o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na apuração do Lucro Líquido do Exercício (LLE – art. 191 da Lei das S.A.). Assim, para fins de tributação deveriam ser considerados os métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007. O disposto aplicava-se também às normas expedidas pela CVM e pelos demais órgãos reguladores que objetivassem alinhar a legislação específica com os padrões internacionais de contabilidade; 2ª) Na apuração trimestral do lucro real dos trimestres já transcorridos no ano- calendário de 2008, a eventual diferença entre os tributos apurados pelo RTT e os tributos antes apurados deveria ser recolhida até o último dia útil do mês de junho14 de 2009 (sem acréscimos de multa e/ou juros) ou compensada, conforme o caso. 2.10.2. Critérios contábeis diferenciados Caso as disposições da legislação tributária conduzissem ou incentivassem a adoção de métodos ou critérios diferentes daqueles produzidos pela Lei 6.404/1976, com as alterações da Lei 11.638/2007, ou dos adotados pela Lei 11.941/2009, ou, ainda, pelas normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e demais órgãos reguladores, a sociedade deveria adotar o seguinte procedimento: 1º) apurar o resultado líquido contábil antes do IRPJ (inciso. V do art. 187 da Lei 6.404/1976, já deduzido das participações previstas no inciso VI) pelos métodos e critérios definidos pela legislação societária, com a adoção: a) dos métodos e critérios introduzidos pela Lei 11.638/2007, e pelos arts. 37 e 38 da Lei 11.941/2009 e das determinações das CVM, no caso de companhias abertas e outras que optassem por sua observância; b) dos ajustes ao resultado líquido apurado na letra anterior, no LALUR que revertessem o efeito da utilização desses métodos e critérios contábeis diferentes daqueles previstos na legislação tributária vigente em 31.12.2007; c) dos demais ajustes, no LALUR, de adição, exclusão e compensação, prescritos ou autorizados pela legislação tributária para apuração da base de cálculo do imposto. 2º) Na hipótese de ajustes temporários15 realizados na vigência do RTT e decorrentes de fatos ocorridos nesse período, que implicassem ajustes em períodos subsequentes, permanecia: a) a obrigação de adições relativas a exclusões temporárias; e b) a possibilidade de exclusões relativas a adições temporárias. Nota: A sociedade que observasse essas normas ficava dispensada de realizar, em sua escrituração comercial, qualquer procedimento contábil determinado pela legislação tributária que alterasse os saldos das contas patrimoniais ou de resultado quando em desacordo com: a) os métodos e critérios estabelecidos pela Lei 6.404/1976, alterada pela Lei 11.638/2007, e pela Lei 11.941/2009; b) das normas expedidas pela CVM e pelos demais órgãos reguladores. 2.10.3. Reservas de Capitale Reservas de Lucros 2.10.3.1. Reservas de Capital 2.10.3.1.1. Doações, subvenções para investimento e prêmio na emissão de debêntures Com relação a doações e subvenções governamentais para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou à expansão de empreendimentos econômicos, as doações, feitas pelo Poder Público (art. 38 do Decreto-lei 1.598/1977) e aos prêmios recebidos na emissão de debêntures, a empresa deveria: 1º) reconhecer o valor da Doação, Subvenção ou do Prêmio na Emissão de Debêntures em conta de Resultado (Receita) pelo Regime de Competência, observando as determinações da CVM, no caso de Companhia Abertas e outras que optem pela sua observância; 2º)excluir na parte A do LALUR, o montante do Lucro Líquido do Exercício (LLE), decorrente das Doações, Subvenções Governamentais para Investimentos e do Prêmio na Emissão de Debêntures; 3º)constituir Reserva de Incentivos Fiscais (Reserva de Lucros) a que se refere o art. 195- A da Lei 6.404/1976, com o montante das Reservas de Doações e Subvenções para Investimentos, computadas na apuração do LLE; e constituir Reserva Específica de Lucros com o montante decorrente do Prêmio na Emissão de Debêntures; 4º) as reservas mencionadas anteriormente somente poderiam ser constituídas até o limite do LLE; caso a pessoa jurídica apurasse lucro líquido inferior à receita decorrente de subvenções e doações para investimentos e do prêmio na emissão de debêntures ou apurasse prejuízo contábil, o valor da reserva, porventura, não constituída no atual período de apuração em razão dessa limitação, deveria ser constituída em período(s) de apuração subsequente(s); 5.º) o montante das Doações e Subvenções para Investimentos e dos Prêmios na Emissão de Debêntures seriam tributadas (adicionadas na parte A do LALUR) caso fosse dada destinação diversa da anteriormente prevista, inclusive nas hipóteses de: a) cômputo dos valores na base de cálculo dos dividendos obrigatórios; b) restituição de capital aos sócios ou ao titular de empresa individual, mediante redução do Capital Social, nos 5 (cinco) anos anteriores à data da doação ou da subvenção para investimentos, com posterior capitalização da importância relativa às Doações ou Subvenções; c) capitalização e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular de empresa individual, mediante redução de capital social. 2.10.4. Opção pelo Lucro Presumido A opção pelo RTT foi aplicada também à empresa optante pela tributação do IRPJ com base nos critérios do Lucro Presumido. Esta opção foi aplicada a todos os trimestres dos mencionados dos anos-calendário a partir do ano-calendário de 2008, até a adoção inicial da Lei 12.973/2014 (consulte a respeito do assunto o capítulo da Adoção Inicial da Lei 12.973/2014). 2.10.5. Demais tributos (CSLL, PIS e COFINS) A adoção do RTT prevista nos arts. 15 a 20 da Lei 11.941/2009, aplicava-se, também, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e às Contribuições para o PIS e para a COFINS. Assim poderiam ser excluídas da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, quando registrados em conta de resultado como receita o valor: a) das Subvenções e Doações feitas pelo Poder Público, previstas no art. 18 da mencionada lei; b) do Prêmio na Emissão de Debêntures de que tratava o art. 19 da legislação retro mencionada. 2.10.6. Juros sobre o Capital Próprio (JCP) Para fins de cálculo dos juros sobre o capital a que se referia o art. 9.º da Lei 9.249, de 26.12.1995, não se incluiam entre as contas do patrimônio líquido sobre as quais os juros deveriam ser calculados, os valores relativos aos ajustes de avaliação patrimonial. A única exceção eram aqueles decorrentes da variação cambial de investimentos no exterior, a que se referia o § 3º do art. 182 da Lei 6.404/1976, com redação dada pela Lei 11.638/2007. Consultar no Capítulo 4 as alterações introduzidas pela Lei 12.973/2014. 2.10.7. Compensação de Prejuízos Não Operacionais1616 O art. 37 da Lei 11.941/2009, alterou o inciso IV do art. 187 da Lei 6.404/1976, que disciplinava o tratamento dos resultados não operacionais. Cabe notar que para efeitos tributários, o conceito de resultados operacionais e não operacionais permanecia para fins de compensação de prejuízos fiscais, conforme estabelecia o art. 60 da Lei 11.941/2009. “Art. 60. O disposto no inciso IV do art. 187 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, com a redação dada por esta Lei não altera o tratamento dos resultados operacionais e não operacionais para fins de apuração e compensação de prejuízos fiscais.” Notas: 1.ª) O inciso IV do art. 187 da Lei 6.404, de 197, dispõe: “IV – o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;” 2.ª) A legislação anterior previa: “IV – o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais”. Para saber mais sobre compensação de prejuízos fiscais operacionais e não operacionais, consulte o Capítulo 4 deste livro e o art. 43 da Lei 12.973/2014, bem como o Capítulo 7 do livro de Contabilidade Avançada de 2013 dos mesmos autores. 2.10.8. Escrituração O art. 39 da Lei 11.941/2009, alterou o art. 8.º do Decreto-lei 1.598/1977, adiante reproduzido em sua íntegra. “Art. 39. O art. 8.º do Decreto-lei 1.598, de 26 de dezembro de 1977, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 8.º (...) § 2.º Para fins da escrituração contábil, inclusive da aplicação do disposto no § 2º do art. 177 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, os registros contábeis que forem necessários para a observância das disposições tributárias relativos à determinação da base de cálculo do imposto de renda e, também, dos demais tributos, quando não devam, por sua natureza fiscal, constar da escrituração contábil, ou forem diferentes dos lançamentos dessa escrituração, serão efetuados exclusivamente em: I – livros ou registros contábeis auxiliares; ou II – livros fiscais, inclusive no livro de que trata o inciso I do caput. § 3º O disposto no § 2º será disciplinado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.” Os destaques não são do original. A Receita Federal do Brasil, no uso de sua competência, editou a IN RFB 949, de 16.06.2009 (alterada pela IN RFB 1.139/2011), que instituiu o FCONTt (Controle Fiscal Contábil de Transição), que será analisado no subitem 2.10.8.2, mais adiante. 2.10.8.1. Livros e Registros Auxiliares O art. 40 da Lei 11.941/2009, alterou o art. 47 da Lei 8.981/1995, que dispõe sobre a apresentação à autoridade fiscal dos livros e registros auxiliares previstos no art. 270 do RIR/1999. Observe a seguir a descrição da referida alteração. “Art. 40. O art. 47 da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso: ‘VIII – o contribuinte que não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2º do art. 177 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e § .º do art. 8.º do Decreto-lei 1.598/1977.’ A nova redação do § 2º do art. 177 da Lei 6.404/1976, dispõe: ‘§ 2º A companhia observará exclusivamente em livros ou registros auxiliares, sem qualquer modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam, conduzam ou incentivem a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras.’” Os destaques não são do original. 2.10.8.2. FCONT (Controle Fiscal e Contábil de Transição) A Receita Federal do Brasil, no uso de suas atribuições, editou a IN RFB 949, de 16.06.2009 (alterada posteriormente pela IN RFB 1.139/2011), que disciplina os procedimentos a serem adotados pelas pessoas jurídicas sujeitas ao RegimeTributário de Transição (RTT), instituído pela Lei 11.941, de 27.05.2009. As alterações introduzidas na legislação societária que modificaram o critério de reconhecimento de receitas, custos e despesas computadas na escrituração contábil, para apuração do lucro líquido do exercício não terão efeitos tributários. Ou seja, para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), as pessoas jurídicas optantes pelo RTT deveriam considerar, para fins tributários, os métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007. O mesmo procedimento foi aplicado no caso de normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com base na competência regulamentar conferida pelo § 3º do art. 177 da Lei 6.404/1976, e pelos demais órgãos reguladores que visem alinhar a legislação específica com os padrões internacionais de contabilidade. A pessoa jurídica sujeita ao RTT, para reverter o efeito da utilização de métodos e critérios contábeis diferentes daqueles previstos na legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31.12.2007, deveria: 1º)utilizar os métodos e critérios da legislação societária para apurar, em sua escrituração contábil, o resultado do período antes do Imposto sobre a Renda já deduzido das participações nos lucros; 2º) utilizar os métodos e critérios contábeis aplicáveis à legislação tributária, vigentes em 31.12.2007, para apurar o resultado do período de apuração, para efeitos fiscais; 3.º) determinar a diferença entre os valores apurados nos itens 1º e 2º; e 4.º) ajustar, exclusivamente no LALUR, o resultado do período, apurado nos termos do item 1º, pela diferença apurada no item 3º. Para a realização do ajuste específico no LALUR, de que tratava o item 4º a empresa deveria manter a escrituração do Controle Fiscal Contábil de Transição (FCONT). O ajuste específico no LALUR, referido no item 4º, não dispensa a realização dos demais ajustes de adição e exclusão, prescritos ou autorizados pela legislação tributária em vigor, para apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL). O FCONT era uma escrituração, das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que considerava os métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação tributária, vigentes em 31.12.2007. A utilização do FCONT é necessária à realização dos ajustes previstos, ou seja, diferenças entre o lucro contábil societário e o lucro calculado com base na legislação vigente em 31.12.2007, não podendo ser substituído por qualquer outro controle ou memória de cálculo. Para fins de escrituração do FCONT, poderia ser utilizado critério de atribuição de custos fixos e variáveis aos produtos acabados e em elaboração mediante rateio diverso daquele utilizado para fins societários, desde que estivesse integrado e coordenado com o restante da escrituração, nos termos do art. 294 do Decreto 3.000/1999 (RIR/1999). A elaboração e escrituração do FCONT são obrigatórias, mesmo no caso de não existir lançamento com base em métodos e critérios diferentes daqueles prescritos pela legislação tributária, baseada nos critérios contábeis vigentes em 31.12.2007. O prazo limite de entrega, referente ao ano-calendário 2013 e às situações especiais ocorridas até maio de 2014, foi o último dia útil do mês de junho de 2014, mediante a utilização de aplicativo disponibilizado no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil na Internet, no endereço www.receita.fazenda.gov.br. Para a apresentação do FCONT é obrigatória a assinatura digital mediante utilização de certificado digital válido. 2.10.8.3. Receitas decorrentes de Doações e Subvenções para Investimento e de Prêmio na Emissão de Debêntures Desde que atendidas todas as regras expostas no subitem 2.10.3, o montante das receitas mencionadas neste subitem não seriam computadas na apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS). 2.10.8.4. Aplicação do RTT ao Lucro Presumido Para as pessoas jurídicas sujeitas ao RTT, o lucro presumido deveria ser apurado de acordo com a legislação de regência do tributo, com utilização dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007, independentemente da forma de contabilização determinada pelas alterações da legislação societária e da respectiva regulamentação. Na apuração da base de cálculo, proceder-se-ia aos seguintes ajustes: 1º) exclusão de valores referentes à receita auferida cuja tributação poderia ser diferida para períodos subsequentes, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária; 2.º) adição de valores não incluídos na receita auferida cuja tributação fora diferida de períodos anteriores, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária. Para fins do controle dos ajustes retro mencionados, o contribuinte deveria manter memória de cálculo que permitisse: a) identificar o valor da receita auferida em cada período; e b) controlar os montantes das respectivas exclusões e adições à base de cálculo do lucro presumido. 2.10.8.5. Aplicação do RTT para o PIS/PASEP e para a COFINS As empresas sujeitas ao RTT deveriam apurar a base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS de acordo com a legislação de regência de cada contribuição, utilizando-se dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007, independentemente da forma de contabilização determinada pelas alterações da legislação societária e de sua regulamentação. O disposto aplicava-se também à apuração dos créditos decorrentes do regime de não cumulatividade, que deveriam ter por base os registros do FCONT a que se referia o item 2.10.8.2. Deveriam ser realizados os seguintes ajustes, para apuração da base de cálculo dessas contribuições: 1º) exclusão de valores referentes à receita auferida cuja tributação poderia ser diferida para períodos subsequentes, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária; 2º) adição de valores não incluídos na receita auferida cuja tributação tivesse sido diferida de períodos anteriores, em decorrência de diferenças de métodos e critérios contábeis determinados pela legislação societária, em relação àqueles aplicáveis à legislação tributária. 2.11. Companhias fechadas A Lei 11.638/2007, acrescentou o § 6º ao art. 177 da Lei 6.404/1976, que facultou às companhias fechadas à observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para as Companhias Abertas. 2.12. Conselho Federal de Contabilidade (CFC) O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) emitiu o Comunicado Técnico 1, aprovado pela Resolução nº 1.159/2009, cujo item 2 estabeleceu que todas as sociedades estão obrigadas a adotar as definições da Lei 11.638/2007 e da Lei 11.941/2009 para efetuar sua escrituração contábil. O CFC adotou este procedimento objetivando acelerar a convergência das normas contábeis brasileiras às normas internacionais, processo que irreversível. 2.13. Receita Federal do Brasil Ao dispor sobre as Demonstrações Financeiras obrigatórias para as empresas tributadas com base no lucro real, o § 1º do art. 274 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/1999), estabeleceu: “§ 1º O lucro líquido do período deverá ser apurado com observância das disposições da Lei 6.404, de 1976 (Decreto-lei 1.598, de 1977, art. 7.º, § 4.º, e Lei 7.450, de 1985, art. 18).” Os destaques não são do original. Analisando o mencionado texto legal depreende-se que a nova legislação societária (Leis 11.638/2007 e 11.941/2009) foi de observância obrigatória para todas as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, pelo Empresário17 e porqualquer tipo de sociedade (Limitada, Anônima, em Comandita por Ações, em Conta de Participação e outras). 2.14. Alterações provocadas pela Lei 12.973/2014 A referida Lei revogou o Regime Tributário de Transição (RTT) e adaptou as regras do padrão internacional de contabilidade à legislação tributária federal (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS). O art. 64 do mencionado texto legal dispõe: “Art. 64. Para as operações ocorridas até 31 de dezembro de 2013, para os optantes conforme art. 75, ou até 31 de dezembro de 2014, para os não optantes, permanece a neutralidade tributária estabelecida nos arts. 15 e 16 da Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, e a pessoa jurídica deverá proceder, nos períodos de apuração a partir do mês de janeiro de 2014, para os optantes conforme o art. 75, ou a partir de janeiro de 2015, para os não optantes, aos respectivos ajustes nas bases de cálculo do IRPJ, da CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, observado o disposto nos arts. 66 e 67”. Nos capítulos seguintes deste livro abordaremos as alterações constantes no referido diploma legal para as pessoas jurídicas optantes pelo art. 75 e, consequentemente, obrigadas a proceder aos ajustes nas bases de cálculo dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) a partir do mês de janeiro de 2014. Caso a pessoa jurídica não tenha feito à opção prevista no mencionado art. 75 os referidos ajustes somente serão obrigatórios a partir de 01.01.2015. O leitor interessado poderá consultar também a IN RFB 1.515/2014,18 e suas alterações que disciplinam os arts. 1º, 2º e 4º a 75 da Lei 12.973/2014 que altera a legislação tributária federal adaptando-a ao padrão internacional de contabilidade, bem como, revoga o Regime Tributário de Transição (RTT), e o Controle Contábil e Fiscal de Transição (FCONT) instituídos pela Lei 11.941/2009. No ano-calendário de 2017, a IN RFB 1.700/2017 passou a disciplinar o assunto em tela, revogando a IN RFB 1.515/2014. FOOTNOTES 1 . O Pronunciamento Técnico CPC 34 – Exploração e Avaliação de Recursos Minerais não foi emitido, mesmo tendo ido à audiência pública, por não ser de aplicação compulsória pelo IASB, já que não está completo com relação a todas as fases relativas à prospecção, exploração, avaliação e extração de minérios. 2 . É um ativo não monetário identificável sem substância física (Deliberação CVM 664/2010 e Resolução CFC 1.303/2010, que aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 04). 3 . Pelo menos uma vez por ano segundo o Pronunciamento Técnico CRC 01. 4 . É o valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre as partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. 5 . O fator de valor atual dessa série de receitas iguais corresponde a seguinte soma: 1 + 1 + 1 + 1 + 1 = 3,79 (1 + 0,1) (1 + 0,1)2 (1 + 0,1)3 (1 + 0,1)4 (1 + 0,1)5 Esse fator pode ser obtido em tabelas constantes de livros sobre Matemática Financeira ou calculado por planilha Excel. 6 . Perda por desvalorização representa o montante pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável (Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos). 7 . A Receita Federal do Brasil publicou, em 09.08.2011 no DOU, o Parecer Normativo 01, de 29.07.2011, que trata das diferenças entre os cálculos da depreciação de bens do imobilizado pela legislação tributária e pelas regras do padrão internacional de contabilidade dispondo que essas diferenças não terão efeitos para fins da determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ, CSLL) e dos cálculos dos créditos das contribuições sociais (PIS e COFINS) da pessoa jurídica sujeita ao RTT (Regime de Transferência de Transição). Consulte, também, art. 32 e 40 da Lei 12.973/2014, bem como, artigos 65 a 68 da IN RFB nº 1.515, de 2014. 8 . DIPJ – Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica obrigatória até o exercício de 2014 (ano-calendário de 2013). SPED – Sistema Público de Escrituração Digital. EFD – Escrituração Fiscal Digital do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e ECF – Escrituração Contábil Fiscal obrigatória a partir do exercício de 2015 (ano- calendário de 2014). 9 . Sociedade ou conjunto de sociedade sob controle comum que tiver no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00. 10 . Derivativo é um contrato no qual se estabelecem pagamentos futuros, cujo montante é calculado com base no valor assumido por uma variável, tal como o preço de um outro ativo (e.g. uma ação ou commodity), a inflação acumulada no período, a taxa de câmbio, a taxa básica de juros ou qualquer outra variável dotada de significado econômico. Derivativos recebem esta denominação porque seu preço de compra e venda deriva do preço de outro ativo, denominado ativo-objeto (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre). 11. A ressalva se refere aos investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial (MEP). Consulte a respeito o Capítulo 6, deste livro. © desta edição [2017] 11 . Todo o contrato que dá origem a um ativo financeiro em uma entidade e a um passivo financeiro ou título representativo do patrimônio em outra entidade (Instrução CVM 235/1995). Os Pronunciamentos Técnicos CPC 38, 39 e 40, também tratam da matéria em tela. A Resolução 3.534, de 31.01.2008, do Conselho Monetário Nacional (CMN), define instrumentos financeiros para fins de registro contábil. 12 . Este evento aumenta a responsabilidade técnica dos profissionais da área contábil (auditores e contadores) na gestão da empresa, pois, para o desempenho de suas funções, existe a necessidade do conhecimento da operação e da essência econômica e não de regras preestabelecidas para tal fim. 13 . Deliberações CVM 29/1986 e 488/2005, bem como Resolução do CFC 750/1983. 14 . Mês subsequente ao da data de publicação da Lei 11.941, de 28.05.2009. 15 . O leitor interessado em maiores detalhes sobre o assunto poderá consultar o item 18.19 do livro Contabilidade Avançada, de 2013, dos mesmos autores. 16 . Considerada pelo padrão internacional de contabilidade como outras receitas e outras despesas. Consulte a respeito o art. 37 da Lei 11.941/2009. 17 . Consulte a respeito a Lei 10.406/2002, art. 966 (Código Civil). 18 . O art. 188 da referida Instrução Normativa, revogou a IN RFB 1.493/2014, que disciplinava sobre a referida matéria. 2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 CAPÍTULO 3. AJUSTES A VALOR PRESENTE E SEUS REFLEXOS 3.1. Definição de Ajustes a Valor Presente (avp) São ajustes realizados em ativos e passivos monetários em função do valor do dinheiro no tempo. Admitindo-se que a taxa de juros de mercado reflita adequadamente a variação do valor do dinheiro no tempo, os valores a serem recebidos ou pagos em determinado período de tempo definido serão recalculados levando-se em conta o valor presente (valor na data atual) desse fluxo de caixa futuro. VP = VF/∑(1+i)n, onde: VP = Valor presente do recebível ou da obrigação VF = Valor do recebível ou da obrigação na data futura correspondente a seu prazo de vencimento i = Taxa de desconto ou taxa de juros de mercado n = Prazo de vencimento do título ∑ = símbolo de somatório das n parcelas Se o pagamento futuro for efetuado em uma data única, a fórmula do valor presente passa a ser: VP = VF/(1+i)n 3.1.1. Ativos e Passivos Financeiros De acordo com o CPC 39, ativo financeiro é qualquer ativo que seja: (a) caixa; (b)instrumento patrimonial de outra entidade (ações, quotas etc.); (c)direito contratual de receber caixa ou outro ativo financeiro de outraentidade (recebíveis ou instrumentos financeiros, tais como duplicatas a receber, aplicações financeiras em depósitos a prazo fixo, em fundos de investimento etc.). Também de acordo com o mesmo pronunciamento, passivo financeiro é uma obrigação contratual de entregar caixa ou outro ativo financeiro a uma entidade. 3.2. Taxa de juros a ser utilizada1 Segundo o Pronunciamento Técnico do CPC 12, é necessário utilizar uma taxa de desconto que reflita juros compatíveis com a natureza, o prazo e os riscos relacionados à transação, levando-se em consideração, ainda, as taxas de mercados praticadas na data inicial da transação entre partes conhecedoras do negócio, que tenham a intenção de efetuar a transação em condições usuais de mercado. Portanto, a taxa de juros a ser utilizada é a taxa de mercado, ajustada pelo risco e pelo prazo da operação. Conforme se pode depreender do item 14 do Pronunciamento Técnico CPC 12, em muitas situações não é possível se chegar a uma estimativa confiável para o prêmio pelo risco ou, em sendo possível, o montante estimado pode ser relativamente pequeno se comparado a erros potenciais nos fluxos de caixa estimados. Nesses casos, excepcionalmente, o valor presente pode ser obtido com a adoção de taxa de desconto que reflita unicamente a taxa de juros livre de risco, desde que com ampla divulgação do fato e das razões que levaram a esse procedimento. 3.2.1. AVP utilizando a planilha Excel Definida a taxa de juros de mercado, o cálculo do valor presente pode ser facilmente elaborado por meio de uma planilha Excel. Caso Prático: A Cia. Comercial do Oeste efetuou uma venda a prazo de um bem para um consumidor por R$ 20.000,00 divididos em 20 prestações de R$ 1.000,00. O contador, em conjunto com o departamento financeiro da companhia, levando em consideração o risco de crédito da operação, definiu a taxa de juros em 1,2% (Selic média + prêmio de risco). Para se determinar o valor presente da venda, ele utilizou uma planilha Excel, reproduzida a seguir: A B C D = B/C Mês (n) Prestação (=")" (1+i)n Valor Presente 1 1.000,00 1,012000 988,14 2 1.000,00 1,024144 976,43 3 1.000,00 1,036434 964,85 4 1.000,00 1,048871 953,41 5 1.000,00 1,061457 942,10 6 1.000,00 1,074195 930,93 7 1.000,00 1,087085 919,89 8 1.000,00 1,100130 908,98 9 1.000,00 1,113332 898,20 10 1.000,00 1,126692 887,55 11 1.000,00 1,140212 877,03 12 1.000,00 1,153895 866,63 13 1.000,00 1,167741 856,35 14 1.000,00 1,181754 846,20 15 1.000,00 1,195935 836,17 16 1.000,00 1,210287 826,25 17 1.000,00 1,224810 816,45 18 1.000,00 1,239508 806,77 19 1.000,00 1,254382 797,21 20 1.000,00 1,269434 787,75 TOTAIS 20.000,00 17.687,30 Na primeira coluna (A), estão reproduzidos os meses referentes à operação de venda a prazo. Na segunda (B), o valor da prestação (na planilha Excel, basta colocar R$ 1.000,00 na primeira linha e usando o recurso “arrasta”, ela reproduz as 19 linhas restantes). Na terceira coluna (C), é colocada a taxa de desconto referente ao mês da operação. A primeira linha corresponde a 1,012 (101,2%), que representa o fator de desconto do primeiro mês. Como estamos utilizando juros compostos, a segunda linha será 1,012 x 1,012 = 1,024144. Na planilha Excel, basta preencher a segunda linha dessa forma: = C1 x 1,012. Ele calculará automaticamente. Em seguida usando o recurso “arrasta”, a própria planilha calcula os 18 seguintes. Na quarta (D), preenchemos a primeira linha da seguinte forma: = B1/C1. A planilha vai achar o valor presente da primeira parcela, R$ 988,14. Observe que R$ 988,14 x 1,012 = R$ 1.000,00, confirmando o acerto de nossos cálculos. Para a segunda linha e as demais 18 restantes, usa-se o recurso “arrasta” e a planilha calcula todos os demais valores presentes. Na 21ª linha, calculamos a soma dos valores presentes, pressionando a tecla auto soma (∑), o que vai dar R$ 17.710,92, que o valor presente dessa venda a prazo. Em seguida, vamos elaborar o quadro da amortização da dívida do comprador. E F G H I Meses Saldo Devedor(SD) SD + Juros SD + Juros (-) prestação Juros 1 17.687,30 17.899,55 16.899,55 212,25 2 16.899,55 17.102,34 16.102,34 202,79 3 16.102,34 16.295,57 15.295,57 193,23 4 15.295,57 15.479,11 14.479,11 183,55 5 14.479,11 14.652,86 13.652,86 173,75 6 13.652,86 13.816,70 12.816,70 163,83 7 12.816,70 12.970,50 11.970,50 153,80 8 11.970,50 12.114,14 11.114,14 143,65 9 11.114,14 11.247,51 10.247,51 133,37 10 10.247,51 10.370,48 9.370,48 122,97 11 9.370,48 9.482,93 8.482,93 112,45 12 8.482,93 8.584,73 7.584,73 101,80 13 7.584,73 7.675,74 6.675,74 91,02 14 6.675,74 6.755,85 5.755,85 80,11 15 5.755,85 5.824,92 4.824,92 69,07 16 4.824,92 4.882,82 3.882,82 57,90 17 3.882,82 3.929,41 2.929,41 46,59 18 2.929,41 2.964,57 1.964,57 35,15 19 1.964,57 1.988,14 988,14 23,57 20 988,14 1.000,00 0,00 11,86 2.312,70 Na coluna (E), estão os meses da dívida. Na coluna (F), é demonstrado o saldo devedor de cada mês. A primeira linha dessa coluna corresponde ao preço à vista, que representa a dívida do comprador que será financiada. Na coluna (G), é demonstrado o valor dos juros (0,012 x F), na coluna (H), será apurada a soma do saldo devedor com os juros (F + G) e na coluna (I), é deduzido R$ 1.000,00 da prestação paga (coluna H – R$ 1.000,00) o que indicará o saldo devedor para o próximo mês. Uma vez elaborada a primeira linha da tabela, na segunda linha da coluna F(F2) será demonstrado o atual saldo devedor: = I1. Em seguida, usando a tecla “arrasta”, vamos obter os saldos devedores dos próximos 18 meses. Nesse primeiro momento, esses saldos devedores aparecerão com o saldo zero, já que a coluna (I) ainda não foi atualizada. Usamos a tecla “arrasta” na coluna (H) vamos obter o valor do saldo devedor do segundo mês corrigido pelos juros, ou seja, R$ 17.102,34. Nos outros dezoito meses, momentaneamente, essa coluna estará zerada. Em seguida, usamos de novo a tecla “arrasta” na coluna (I), e vamos obter o saldo devedor corrigido para todos os meses. Agora todas as colunas aparecerão preenchidas. Observe que o saldo devedor correspondente ao vigésimo mês é zero, confirmando o acerto de nossos cálculos. Finalmente, usando a tecla “arrasta” na coluna (G), obtemos os valores dos juros. Usamos a tecla auto soma (∑) e obtemos o total dos juros (R$ 2.312,70). Não é fácil? 3.2.2. Taxa de Juros Implícita usando a planilha Excel I – Operação com prestação única O Pronunciamento Técnico CPC 12 determina que quando a entidade pratica preços diferentes, à vista ou a prazo, para a venda de um ativo, o preço à vista pode ser utilizado como uma estimativa do valor presente da alienação. Nesse caso, a taxa de juros é implícita (não prevista no contrato de compra e venda) e deve ser calculada. A utilização da planilha Excel facilita esse cálculo quando a venda é efetuada em uma única prestação a prazo. Caso Prático: A Cia. Comercial Laranjeira vende uma mercadoria que custa R$ 2.000,00 à vista por R$ 2.200,00 para vencimento em 20 meses após a data da aquisição. O preço à vista corresponde ao valor presente da venda. Qual, entretanto, será a taxa de juros para apropriar as receitas financeiras decorrentes da venda? Na planilha Excel, ditamos em uma célula: = 2.200/2000. O resultado será 1,1, o que significa que o preço a prazo representa 110% (110/100 = 1,1) do preço a vista, ou seja, ultrapassa o preço à vista em 10%. Como o prazo da venda é de 20 meses, temos que achar a taxa de juros mensal equivalente a 10% em 20 meses (ou seja, a taxa de juros mensal que aplicada ao valor da dívida, equivale a 10% em 20 meses). Digitamos numa célula da planilha: 1,1^(1/20). Essa fórmula nos dará a taxa de juros mensal que desejamos. O símbolo ^, na planilha Excel, representa potência, ou seja, vou achar a potência 1/20 de 1,1 (em termos matemáticossignifica calcular a raiz vigésima de 1,1). O resultado será 1,004777 (seis casas decimais). De posse da taxa implícita mensal, será fácil elaborar um quadro de amortização similar ao demonstrado no subitem 3.2.1: Mês Saldo Devedor (SD) Coluna I 1,1^(1/20) Coluna II SD + Juros Coluna III = I x II Juros Coluna IV = III - I 1 2.000,00 1,004777 2.009,55 9,55 2 2.009,55 1,004777 2.019,15 9,60 3 2.019,15 1,004777 2.028,80 9,65 4 2.028,80 1,004777 2.038,49 9,69 5 2.038,49 1,004777 2.048,23 9,74 6 2.048,23 1,004777 2.058,01 9,78 7 2.058,01 1,004777 2.067,84 9,83 8 2.067,84 1,004777 2.077,72 9,88 9 2.077,72 1,004777 2.087,65 9,93 10 2.087,65 1,004777 2.097,62 9,97 11 2.097,62 1,004777 2.107,64 10,02 12 2.107,64 1,004777 2.117,71 10,07 13 2.117,71 1,004777 2.127,82 10,12 14 2.127,82 1,004777 2.137,99 10,16 15 2.137,99 1,004777 2.148,20 10,21 16 2.148,20 1,004777 2.158,46 10,26 17 2.158,46 1,004777 2.168,78 10,31 18 2.168,78 1,004777 2.179,14 10,36 19 2.179,14 1,004777 2.189,55 10,41 20 2.189,55 1,004777 2.200,01 10,46 De posse do quadro de amortização, sabemos o valor dos juros a apropriar como receita financeira nos 20 meses de prazo, por meio do lançamento (primeiro mês): D – Ajuste a Valor Presente (Redutora de Recebível) C – Receita Financeira (Juros Ativos a Valor Presente) 9,55 E assim por diante. II – Operação com Diversas Prestações Iguais O cálculo, nesse caso, é bem mais complicado. Mas nada que não possa ser resolvido com a ajuda planilha Excel. Os profissionais que conhecem a calculadora HP-12 podem determinar de forma mais fácil o cálculo utilizando-a. Na planilha Excel, temos que determinar a taxa por tentativa e erro. Caso Prático: A Cia. Jaboatão vendeu uma mercadoria, cujo preço à vista era R$ 2.000,00 por 20 parcelas mensais, iguais e sucessivas, de R$ 110,00, totalizando R$ 2.200,00, sendo que a primeira vence no mês subsequente ao da venda. Nesse caso, para determinar a taxa de juros, temos que elaborar uma tabela de valor presente com 20 prestações de R$ 110,00 em uma coluna, reservar uma coluna para a taxa de juros (a ser determinada por tentativa e erro, o que no Excel é muito fácil) e uma última coluna para representar o valor presente (valor da prestação dividido pela taxa de juros mensal correspondente). Começamos com 1% ao mês e o valor presente foi superior a R$ 2.000,00, o que indicou que devíamos baixar a taxa de juros. Após mais algumas tentativas, achamos a taxa correta de 0,9254 ao mês: A B C D = B/C Mês (n) Prestação Tentativa e erro Valor Presente(VP) 1 110,00 1,009254 108,99 2 110,00 1,018594 107,99 3 110,00 1,028020 107,00 4 110,00 1,037533 106,02 5 110,00 1,047134 105,05 6 110,00 1,056825 104,09 7 110,00 1,066604 103,13 8 110,00 1,076475 102,19 9 110,00 1,086436 101,25 10 110,00 1,096490 100,32 11 110,00 1,106637 99,40 12 110,00 1,116878 98,49 13 110,00 1,127214 97,59 14 110,00 1,137645 96,69 15 110,00 1,148173 95,80 16 110,00 1,158798 94,93 17 110,00 1,169521 94,06 18 110,00 1,180344 93,19 19 110,00 1,191267 92,34 20 110,00 1,202291 91,49 Totais 2.200,00 2.000,00 Fazendo-se a tabela de amortização da forma já explicada, obtemos: E F G = F + I H = G – 110,00 I = G - F Meses SaldoDevedor (SD) SD + Juros SD + Juros – Prestação Juros Mensais 1 2.000,00 2.018,51 1.908,51 18,51 2 1.908,51 1.926,17 1.816,17 17,66 3 1.816,17 1.832,98 1.722,98 16,81 4 1.722,98 1.738,92 1.628,92 15,94 5 1.628,92 1.643,99 1.533,99 15,07 6 1.533,99 1.548,19 1.438,19 14,20 7 1.438,19 1.451,50 1.341,50 13,31 8 1.341,50 1.353,91 1.243,91 12,41 9 1.243,91 1.255,42 1.145,42 11,51 10 1.145,42 1.156,02 1.046,02 10,60 11 1.046,02 1.055,70 945,70 9,68 12 945,70 954,46 844,46 8,75 13 844,46 852,27 742,27 7,81 14 742,27 749,14 639,14 6,87 15 639,14 645,05 535,05 5,91 16 535,05 540,01 430,01 4,95 17 430,01 433,98 323,98 3,98 18 323,98 326,98 216,98 3,00 19 216,98 218,99 108,99 2,01 20 108,99 110,00 0,00 1,01 Total ........................................................................................................... 200,00 O que permite fazer a apropriação mensal dos juros. 3.3. Classificações dos Ajustes a Valor Presente Conforme determina o Pronunciamento Técnico CPC 12, os ajustes a valor presente deverão ser apropriados nas contas a que se vinculam (redução dos ativos e dos passivos). Essas importâncias deverão ser revertidas contra o resultado do exercício assim, os ajustes dos (as): • Recebíveis retificarão os valores a receber classificados no ativo de longo prazo (ou de curto prazo quando houver efeito relevante). As apropriações (reversões) dos respectivos ajustes deverão ser consideradas como receitas financeiras na apuração do resultado do exercício (ARE). Escriturar a Receita em conta analítica, por exemplo, Receita de Juros a Valor Presente; • Obrigações retificarão os valores a pagar de longo prazo (ou de curto prazo quando houver efeito relevante). As apropriações (reversões) dos respectivos ajustes deverão ser consideradas como despesas financeiras na apuração do resultado do exercício (ARE). Escriturar a Despesa em conta analítica, por exemplo, Despesas de Juros a Valor Presente; 3.3.1. Reversão dos AVP Reversão é a operação de transferência por competência na qual o montante registrado como Ajuste a Valor Presente – AVP (conta redutora do crédito ou da obrigação) é transferido da referida conta redutora para conta de receita ou despesa financeira, conta da Apuração do Resultado do Exercício – ARE), na forma pro rata temporis (proporcional ao tempo ou prazo, assumindo-se juros compostos, ou seja, a proporcionalização é exponencial, o que implica em juros maiores no início do período e menores no final) para que, na data de vencimento final do direito ou da obrigação, o montante da mencionada conta redutora esteja totalmente revertido (integralmente computado em conta de apuração do resultado do exercício = ARE). 3.4. Ajustes relativos à avaliação do ativo O inc. VIII do art. 183 da Lei 6.404/1976 (inc. incluído pela Lei 11.638/2007), dispõe: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ATIVO Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: (...) VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. (Os destaques não são do original). 3.4.1. Caso Prático Determinada empresa realiza venda a prazo no mês de maio de 2014 por R$ 200.000,00, importância que deverá ser recebida em setembro de 2015. O valor presente deste recebimento é de R$ 140.000,00, portanto, os juros incluídos no recebimento futuro montam em R$ 60.000,00. Registro contábil da mencionada operação pelas normas societárias previstas no Pronunciamento Técnico CPC 12: PELA VENDA A PRAZO: D – Contas a Receber (ARLP) 200.000,00 C – Receita de Vendas (ARE) 140.000,00 C – Ajustes a Valor Presente (*) 60.000,00 ARLP – Ativo Realizável a Longo Prazo; ARE – Apuração do Resultado do Exercício; (*) Conta redutora de Contas a Receber cujo valor deverá ser apropriado em conta de resultado mensalmente de maio de 2014 a setembro de 2015 (17 meses). Consulte, no subitem 3.4.4 deste capítulo, os critérios previstos na legislação tributária federal para registro da mencionada operação. Observe, a seguir, na data inicial da operação de venda a representação na estrutura do Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO NÃO CIRCULANTE (ANC) VALORES R$ ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO (ARLP) ● Contas a Receber........................................ R$ 200.000,00 ● (-) Ajustes a Valor Presente (AVP)............... R$ 60.000,00 140.000,00 3.4.2. Realização mensal do AVP Mensalmente a pessoa jurídicadeverá reconhecer na apuração do resultado do exercício de forma exponencial a parcela do AVP, segundo o regime da competência, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 12, da seguinte forma: D – Ajustes a Valor Presente [(-) do Crédito] C – Receitas Financeiras * (ARE) 2.980,00 * Registrar em conta analítica Receita de Ajuste a Valor Presente. Observe a seguir, após o reconhecimento da receita financeira relativa ao primeiro mês, a nova representação na estrutura do Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO NÃO CIRCULANTE (ANC) VALORES R$ ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO (ARLP) ● Contas a Receber........................................ R$ 200.000,00 ● (-) Ajustes a Valor Presente (AVP)............... R$ 57.020,00 142.980,00 3.4.3. Tributos incluídos no valor das Receitas O Pronunciamento Técnico CPC 12 estabelece que, para efeitos de desconto a valor presente de ativos e passivos, a taxa a ser aplicada não deve ser líquida de efeitos fiscais e, sim antes dos tributos incidentes sobre o valor das receitas de vendas e serviços. Este fato implica que no cálculo do valor presente das receitas (vendas e serviços) os tributos sobre elas incidentes tais como o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), PIS (Contribuição para o Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e ISS/QN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) não devem ser ajustados a valor presente e sim mantidos pelo seu valor original. 3.4.4. Aspectos Tributários dos AVP dos Ativos 3.4.4.1. Reflexos na receita bruta e líquida Conforme dispõe o art. 4º da Lei 12.973/2014 (regulamentado pelos art. 3º e 34 a 36 da IN RFB 1.515/20142 - atuais artigos 26 e 90 a 92 da IN RFB 1700/2017) os AVP relativos a cada operação, somente serão considerados na determinação do lucro real no mesmo período de apuração em que a receita ou resultado da operação deva ser oferecido à tributação. Os valores decorrentes do ajuste a valor presente (AVP) serão: • Registrados a débito de conta de resultado (conta de dedução da receita bruta para fins de apuração da receita líquida), em contrapartida à conta retificadora do crédito de longo prazo (ou de curto prazo quando houver efeito relevante), representativa dos juros a serem apropriados nos meses subsequentes (da data inicial da operação até a data de recebimento final do crédito correspondente); • Adicionados ao lucro líquido para fins de determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) relativa ao período de apuração em que a receita ou resultado da venda deva ser oferecido à tributação. 3.4.4.2. Apropriação mensal da Receita Financeira Os valores apropriados mensalmente como receita financeira poderão ser excluídos do lucro líquido para determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL nos períodos de apuração relativos às apropriações (da data da operação até a data do recebimento final do crédito), já que o ajuste a valor presente foi integralmente tributado no período de apuração relativo à data da transação. 3.4.4.3. Demais operações sujeitas ao AVP Os AVP das demais operações também serão registrados conta de resultado (despesa), tendo como contrapartida conta representativa dos juros a serem apropriados nos meses subsequentes (redutora do ativo correspondente). O montante da despesa retro mencionada deverá ser adicionado à base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A e controlado na parte B do LALUR/LACS. A adição deverá ocorrer no período de apuração em que a receita ou o resultado deva ser oferecido à tributação. Os valores apropriados mensalmente como receita financeira poderão ser excluídos do lucro líquido para a determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) nos períodos de apuração relativos às apropriações. A apropriação mencionada provocará redução do montante controlado na parte B e a sua exclusão na parte A do LALUR/LACS. 3.4.4.4. Outros ativos, custos ou despesas Se o AVP estiver relacionado a: • outro ativo, a adição deverá ser realizada à medida que esse ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa; • uma despesa, a adição será feita no período de apuração em que a despesa for incorrida; ou • um custo de produção de bens ou serviços, a adição será realizada no período de apuração em que o custo for incorrido. 3.4.4.5. Casos Práticos 3.4.4.5.1. Utilização dos dados do subitem 3.4.1 Utilize os dados do subitem 3.4.1 (a seguir reproduzidos, novamente) para registrar a operação sobre o aspecto da legislação tributária. Determinada empresa realiza venda a prazo no mês de maio de 2014 por R$ 200.000,00, importância que deverá ser recebida em setembro de 2015. O valor presente deste recebimento é de R$ 140.000,00, portanto, os juros incluídos no recebimento futuro montam em R$ 60.000,00. CONTABILIZAÇÃO: D – Contas a Receber (ARLP) C – Receita de Bruta de Vendas (ARE) 200.000,00 D – Despesas com Ajuste a Valor Presente (ARE) (*) C – Ajustes a Valor Presente (AVP) (**) 60.000,00 (*) Conta Redutora da Receita Bruta para fins de apuração da Receita Líquida. Esta importância deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ e CSLL na parte A do LALUR/LACS e controlada na parte B desses livros; (**) Conta Redutora dos Créditos (Contas a Receber do ARLP). 3.4.4.5.2. Realização mensal do AVP Assim, à medida que a empresa for reconhecendo mensalmente o valor da Receita Financeira, decorrente do Ajuste a Valor Presente, objetivando atender as normas societárias decorrentes da contabilidade internacional (especificamente o Pronunciamento Técnico CPC 12) ela deverá baixar o respectivo valor na parte B e excluí-lo na parte A do LALUR/LACS. CONTABILIZAÇÃO MENSAL: D – Ajustes a Valor Presente [(-) do Crédito] C – Receitas Financeiras * (ARE) 2.980,00 * Registrar em conta analítica, por exemplo, Receita de Ajuste a Valor Presente. Nota: Consulte no item 3.14, deste capítulo, caso prático especial comparativo relativo ao registro dos AVP sobre ativos e passivos, pelas normas das legislações societária e tributária. 3.5. AVP relativos à avaliação do passivo Por sua vez o inc. III do art. 184 da Lei 6.404/1976 (incluído pela Lei 11.638/2007), dispõe: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PASSIVO Art. 184. No balanço, os elementos do passivo serão avaliados de acordo com os seguintes critérios: III – as obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. Os destaques não são do original. 3.5.1. Obrigatoriedade Legal de Ajustar Os textos legais mencionados neste item e no item anterior (arts. 183, VIII e 184, III, da Lei 6.404/1976) estabelecem a obrigatoriedade de ajustar a valor presente os elementos do ativo e passivodecorrentes de operações de longo prazo, sendo que os demais (ativos e passivos de curto prazo) devem ser ajustados quando houver efeito relevante.3 3.5.2. Caso prático pela legislação societária Determinada empresa efetua aquisição de uma Máquina para utilização no Ativo Não Circulante – Imobilizado (ANC Imobilizado), cujo pagamento será realizado a longo prazo (PELP – grupo classificado no Passivo Não Circulante do Balanço Patrimonial) em conformidade com os seguintes dados: • Valor Bruto da Aquisição........................................ R$ 200.000,00 • Valor do ICMS a Recuperar....................................... R$ 36.000,00 • Valor do PIS a Recuperar............................................ R$ 3.300,00 • Valor da COFINS a Recuperar................................... R$ 15.200,00 • AVP das obrigações de Longo Prazo......................... R$ 25.500,00 CONTABILIZAÇÃO – PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 12: D – Máquinas (ANC – Imobilizado)120.000,00 D – ICMS a Recuperar (AC) 9.000,00 (*) D – ICMS a Recuperar (ARLP) 27.000,00 (*) D – PIS a Recuperar 3.300,00 (**) D – COFINS a Recuperar 15.200,00 (**) D – Ajustes a Valor Presente (PNC- PELP) 25.500,00 (***) C – Contas a Pagar (PNC – PELP) 200.000,00 (*) ICMS a Recuperar em 48 meses. Os 12 primeiros meses serão classificados no Ativo Circulante (AC) e os 36 meses restantes serão classificados no Ativo Realizável a Longo Prazo (ARLP); (**) PIS e COFINS a Recuperar em parcela única (Lei 12.546/2011); (***) Conta redutora das obrigações de Longo Prazo, classificadas PELP. Notas: (1ª) A pessoa jurídica optou por considerar os créditos (recuperação das contribuições para o PIS e para a COFINS) sobre o montante da aquisição do bem fixo ou imobilizado. O crédito poderá compensado em parcela única na forma estabelecida pela Lei 12.546/2011; (2ª) Poderão ser computados na base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS os tributos incidentes sobre vendas (ICMS, PIS e COFINS), bem como, o montante dos Ajustes a Valor Presente (AVP). Observe na data inicial da operação da compra a prazo da máquina a representação na estrutura do Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE (PNC) VALORES R$ PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (PELP) ● Contas a Pagar ........................................... R$ 200.000,00 ● (-) Ajustes a Valor Presente (AVP) ............. R$ 25.500,00 174.500,00 3.5.3. Realização mensal do AVP Mensalmente a pessoa jurídica deverá reconhecer, pelo regime de competência, na apuração do resultado do exercício de forma exponencial a parcela do AVP, segundo o regime da competência, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 12, da seguinte forma: D – Despesas Financeiras * (ARE) C – Ajustes a Valor Presente [(-) das obrigações do PELP] 1.800,00 * Registrar em Conta Analítica Despesas com Ajustes a Valor Presente. Observe a representação na estrutura do Balanço Patrimonial, após o reconhecimento da despesa financeira relativa ao primeiro mês. O novo montante do AVP será de R$ 23.700,00 (R$ 25.500,00 – R$ 1.800,00). BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO NÃO CIRCULANTE (PNC) VALORES R$ PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (PELP) ● Contas a Pagar ........................................... R$ 200.000,00 ● (-) Ajustes a Valor Presente (AVP) ............. R$ 23.700,00 176.300,00 3.5.4. Aspectos Tributários dos AVP das Obrigações O art. 5º da Lei 12.973/2014 (artigos 37 a 39 da IN RFB 1.515/2014), dispõe sobre o tratamento tributário dos AVP das obrigações: Art. 5º Os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso III do caput do art. 184 da Lei 6.404/1976, relativos a cada operação, somente serão considerados na determinação do lucro real no período de apuração em que: I – o bem for revendido, no caso de aquisição a prazo de bem para revenda; II – o bem for utilizado como insumo na produção de bens ou serviços, no caso de aquisição a prazo de bem a ser utilizado como insumo na produção de bens ou serviços; III – o ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, no caso de aquisição a prazo de ativo não classificável nos incisos I e II do caput; IV – a despesa for incorrida, no caso de aquisição a prazo de bem ou serviço contabilizado diretamente como despesa; e V – o custo for incorrido, no caso de aquisição a prazo de bem ou serviço contabilizado diretamente como custo de produção de bens ou serviços. § 1º Nas hipóteses previstas nos incisos I, II e III do caput, os valores decorrentes do ajuste a valor presente deverão ser evidenciados contabilmente em subconta vinculada ao ativo. § 2º Os valores decorrentes de ajuste a valor presente de que trata o caput não poderão ser considerados na determinação do lucro real: I – na hipótese prevista no inciso III do caput, caso o valor realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, não seja dedutível; II – na hipótese prevista no inciso IV do caput, caso a despesa não seja dedutível; e III – nas hipóteses previstas nos incisos I, II e III do caput, caso os valores decorrentes do ajuste a valor presente não tenham sido evidenciados conforme disposto no § 1.º. (Os destaques não são do original). Notas: 1ª) Os contribuintes terão que conviver com duas situações opostas e completamente antagônicas (sob o ponto de vista das normas societárias e tributárias), a saber: a) Para fins da legislação tributária, na apuração da Receita Bruta e Líquida, os AVP deverão ser considerados na data da operação (venda ou serviços), portanto, além de serem indevidamente considerados como receitas das atividades principais da empresa, serão computados imediatamente na base de cálculo dos tributos (IRPJ, CSLL, IPI, ICMS, ISS, Previdência Social, PIS e COFINS) ferindo, dessa forma, o princípio de competência dos exercícios e, consequentemente, a disponibilidade econômica ou jurídica de renda (art. 43 da Lei 5.172/1966 – CTN); b) Os AVP decorrentes de obrigações deverão ser considerados na base de cálculo dos tributos segundo a efetiva realização dos bens que foram adquiridos a prazo na forma descrita no art. 5.º da Lei 12.973/2014 (arts. 33 a 40 da IN RFB 1.515/2014 - atualmente arts. 93 a 95 da IN RFB 1.700/2017); 2ª) Para fins tributários, a depreciação terá por base de cálculo o montante de R$ 145.500,00 (R$ 120.000,00 + R$ 25.500,00), ou seja, valor do imobilizado mais a importância registrada como Ajuste a Valor Presente (AVP) que, nessa hipótese, fará parte do custo de aquisição da máquina (veja, a seguir, o registro contábil pelas normas tributárias); 3ª) Para fins da legislação societária, os AVP sendo considerados como receitas e despesas financeiras não integram o montante da receita bruta, nem tampouco devem ser considerados no custo de aquisição dos bens e serviços adquiridos. 3.5.4.1. IN RFB 1.515/2014 (ATUALMENTE IN RFB 1.700/2017) Os arts. 37 a 39 da IN RFB 1.515, de 2.0144 (atuais arts. 93 a 95 da IN RFB 1.700/2017) estabelecem os procedimentos tributários decorrentes do AVP relativo às obrigações, dessa forma, os valores decorrentes desses ajustes serão registrados em subconta vinculada ao passivo,tendo como contrapartida à conta de juros a apropriar ou conta equivalente. 3.5.4.1.1. Registro para fins Tributários Na aquisição a prazo, os valores sujeitos ao AVP serão registrados a débito de conta juros a apropriar ou equivalente (redutora do passivo correspondente), representativa dos juros a serem apropriados nos meses subsequentes como despesas financeiras, tendo como contrapartida subconta credora vinculada ao ativo. Veja a seguir como ocorrerá a baixa da referida subconta. ► SUBCONTA VINCULADA AOS ESTOQUES O valor da subconta vinculada ao ativo será baixado: • no período de apuração em que o bem for vendido, na hipótese de aquisição de bens para revenda; • no período de apuração em que o bem for utilizado como insumo na produção de bens e/ou serviços, na hipótese de aquisição de bens (insumos) para uso na produção de bens e/ou serviços. Nas situações mencionadas, o valor correspondente poderá ser excluído do lucro líquido para fins de determinação da base de cálculo dos tributos (CSLL e IRPJ) no período de apuração relativo à baixa. ► SUBCONTA VINCULADA AO ATIVO NÃO CIRCULANTE O valor da subconta vinculada ao ativo não circulante (imobilizado ou intangível) será baixado à medida que o ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa. Se o valor realizado do ativo for dedutível, o valor baixadoserá excluído do lucro líquido para fins de determinação da base de cálculo dos tributos (CSLL e IRPJ). Caso o valor realizado do ativo seja indedutível, o valor da subconta baixado não poderá ser excluído na base de cálculo dos mencionados tributos. 3.5.4.1.2.Apropriação Mensal da Despesa Financeira Os valores mencionados no subitem anterior, baixados da conta de juros a apropriar ou equivalente contabilizados mensalmente como despesas financeiras (em conta analítica, por exemplo, Despesas de AVP) serão adicionados à base de cálculo do dos tributos (IRPJ e da CSLL). 3.5.4.1.3. Exclusão na Base de Cálculo (IRPJ E CSLL) A pessoa jurídica poderá ser excluir (LALUR/LACS) da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) o valor da subconta baixada vinculada ao ativo, nos períodos de apuração: a) relativos à baixa nos casos de bens adquiridos para revenda ou de insumos adquiridos para a produção de bens ou de serviços; c) relativos às apropriações mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa no caso de aquisição a prazo de ativo não classificável na letra “a”. 3.5.4.2. Caso Prático pela Legislação Tributária Utilizando os dados do item 3.5.2 (a seguir transcritos novamente), registre as operações sob o ponto de vista da legislação tributária. Determinada empresa efetua a Compra uma Máquina para utilização no Ativo Não Circulante – Imobilizado (ANC Imobilizado), cujo pagamento será realizado a longo prazo (PELP – grupo classificado no Passivo Não Circulante do Balanço Patrimonial) em conformidade com os seguintes dados: • Valor Bruto da Aquisição........................................ R$ 200.000,00 • Valor do ICMS a Recuperar....................................... R$ 36.000,00 • Valor do PIS a Recuperar............................................ R$ 3.300,00 • Valor da COFINS a Recuperar................................... R$ 15.200,00 • AVP das obrigações de Longo Prazo......................... R$ 25.500,00 CONTABILIZAÇÃO PELA AQUISIÇÃO À PRAZO DA MÁQUINA D – Máquinas (ANC – Imobilizado) 145.500,00 D – ICMS a Recuperar (AC) 9.000,00 D – ICMS a Recuperar (ARLP) 27.000,00 D – PIS a Recuperar (AC) 3.300,00 D – COFINS a Recuperar (AC) 15.200,00 C – Contas a Pagar (PNC – PELP) 200.000,00 PELO REGISTRO DO AVP DA OPERAÇÃO D – Ajustes a Valor Presente [(-) das obrigações – PELP] C – AVP – Máquinas e Equipamentos – ANC (*) 25.500,00 (*) Conta redutora do ANC Imobilizado – Máquinas. Observe na data inicial da operação de compra a prazo da máquina (ANC – Imobilizado) a representação na estrutura do Balanço Patrimonial. BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO NÃO CIRCULANTE (ANC) VALORES ● IMOBILIZADO ○ Máquinas ................................................................. R$ 145.500,00 ○ (-) AVP – Máquinas .................................................. R$ 25.500,00 120.000,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE (PNC) VALORES ● PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (PELP) ○ Contas a Pagar ............................................................ R$ 200.000,00 ○ (-) Ajustes a Valor Presente (AVP – Obrigações) ....... R$ 25.500,00 174.500,00 3.5.4.2.1. Aspectos Tributários Os valores decorrentes do AVP serão registrados a débito de juros a apropriar ou conta equivalente e a crédito de subconta vinculada ao ativo (veja a contabilização no subitem anterior). 3.5.4.2.2. Realização Mensal do AVP Mensalmente a pessoa jurídica deverá reconhecer na apuração do resultado do exercício (ARE) de forma exponencial a parcela do AVP, segundo o regime da competência, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 12, da seguinte forma: D – Despesas Financeiras – ARE (*) C – Ajustes a Valor Presente [(-) das obrigações do PELP] 1.800,00 (*) Adicionar na parte A e controlar na parte B do LALUR. DEPRECIAÇÃO CONTÁBIL DO BEM (SUPONDO TAXA DE 10%) D – Despesas de Depreciação (ARE) C – Depreciação Acumulada – AVP [(-) ANC] 12.000,00 (**) (**) [10% x R$ 120.000,00] BAIXA DA CONTA AVP – MÁQUINAS D – AVP – Máquinas (ANC – Imobilizado) C – Depreciação Acumulada – AVP [(-) ANC] 2.550,00 (***) (***) [10% x R$ 25.500,00] (***) Esta importância deverá ser baixada na parte B e excluída na parte A do LALUR/LACS. Note, ainda, que o valor deduzido da Depreciação R$ 14.550,00 [R$ 12.000,00 (como despesa) mais R$ 2.550,00 (como exclusão no LALUR/LACS)], representa exatamente a aplicação da taxa de depreciação sobre o valor da conta Máquinas sem considerar o AVP, ou seja, (10% x R$ 145.500,00), portanto, foram respeitadas as normas contábeis e tributárias e a neutralidade tributária. 3.5.5. – EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/COFINS Consulte, no subitem 4.1.5 deste livro, a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da exclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS). Em tese, tecnicamente, essa decisão deveria provocar alterações no crédito de PIS e COFINS calculados sobre o valordoICMScontidonovalordaaquisição de mercadorias para revenda, insumos para área industrial e de serviços, ativos imobilizados e outros ativos, mas não se sabe ainda se a União tomará alguma medida nesse sentido, pois seria necessário editar uma lei nova sobre o assunto. 3.6. Caso prático – AVP no ganho ou perda de capital 3.6.1. Depreciação Contábil e Tributária (Fiscal) A Cia. Pintassilgo adquiriu, em janeiro de 2014, um equipamento industrial no valor de R$ 240.000,00 em 24 prestações de R$ 10.000,00. O valor presente da aquisição correspondeu a R$ 189.139,26. O passivo foi registrado pelo valor nominal de R$ 240.000,00, reduzido por um ajuste a valor presente de R$ 50.860,74. Durante o ano de 2014, o equipamento foi depreciado na contabilidade à razão de 1/48 ao mês (foi suposto, por simplicidade, que a taxa contábil fosse igual à fiscal) de R$ 189.139,26, ou seja, R$ 3.940,40 (R$ 189.149,26 : 48 meses). Portanto, no final do ano o valor contábil do equipamento tinha sofrido uma depreciação de R$ 47.284,80 (12 x R$ 3.940,40). O valor contábil do equipamento em dezembro de 2014 correspondia a R$ 141.854,46 (R$ 189.139,26 menos R$ 47.284,80). No último dia útil de dezembro, o equipamento foi vendido à vista por R$ 200.000,00. O ganho de capital contábil apurado foi: ELEMENTOS VALORES R$ Valor da Alienação do Equipamento .................................. (-) Valor Contábil do Equipamento ...................................... 200.000,00 - 141.854,46 (=")" Ganho de Capital ............................................................. 58.145,54 A pessoa jurídica, para fins de determinação do lucro real e do resultado ajustado, poderá deduzir o ajuste a valor presente na parte A do LALUR/LACS, calculado de acordo com os seguintes procedimentos: a) calcular inicialmente o quociente entre o valor contábil do ativo na data da alienação e o valor do mesmo ativo sem considerar eventuais realizações anteriores, inclusive mediante depreciação, amortização ou exaustão, e a perda estimada por redução ao valor recuperável. b) a parcela a ser considerada no ajuste no LALUR/LACS corresponderá ao produto dos valores decorrentes do ajuste a valor presente com o quociente obtido de acordo com a letra “a”. Logo, tal valor será: • R$ 38.145,55 = [(141.854,46/189.139,26) x R$ 50. 860,74]. Na sistemática antiga, a depreciação acumulada do equipamento corresponderia a 12/48 do valor nominal da aquisição (R$ 240.000,00), ou seja, R$ 60.000,00. O valor contábil do equipamento equivaleria a R$ 180.000,00 (R$ 240.000,00 menos R$ 60.000,00). Logo, o ganho de capital tributável seria: ELEMENTOS VALORES R$ Valor da Alienação do Equipamento .................................................................. (-) Valor Contábil do Equipamento .................................................................... 200.000,00 - 180.000,00 (=")" Ganho de Capital ..................................................................................... 20.000,00 Observe que, somando-se o ganho de capital contábil de R$ 58.145,54 na sistemática nova com o ajuste negativo na parte A do LALUR/LACS de R$ 38.145,55, vamos obter o mesmovalor tributado que na sistemática antiga (R$ 20.000,00), ou seja, foi mantida a neutralidade tributária. Se a taxa de depreciação contábil fosse de 1/24, ou seja, metade da fiscal (1/48), o valor do ganho de capital seria menor, mas a diferença entre a depreciação contábil e a fiscal deveria ser adicionada na parte A do LALUR/LACS, o que levaria ao mesmo resultado. Vamos aos números (em R$): ELEMENTOS VALORES R$ Depreciação Contábil [(1/24 x R$ 189.139,26) x 12] ........................................... (-) Depreciação Fiscal (1/48 x R$ 189.139,26) x 12] ........................................... 94.569,63 - 47.284,82 (=")" Diferença no cálculo da Depreciação (contábil – fiscal) .............................. 47.284,81 O valor contábil do bem é de R$ 94.569,63 (R$ 189.139,26 menos R$ 94.569,63). Logo o ganho de capital contábil será: ELEMENTOS VALORES R$ Valor da Alienação do Equipamento ............................................................... (-) Valor Contábil do Equipamento ................................................................... 200.000,00 - 94.569,63 (=")" Ganho de Capital .................................................................................... 105.430,37 Conclusão:A importância a ser deduzida do valor presente é o mesmo do anterior porque deverá ser utilizada a taxa de depreciação fiscal (tributária) e não a contábil. Deduções: • R$ 38.145,55 = [(141.854,46/189.139,26) x R$ 50.860,74]. A diferença de depreciação a ser deduzida é R$ 47.284,81. Somando as duas deduções, obtemos R$ 85.430,36 (R$ 38.145,55 + R$ 47.284,81). Deduzindo essa importância do ganho contábil de R$ 105.430,37 obtém-se o mesmo ganho de capital da sistemática anterior, ou seja, R$ 20.000,01 (R$ 105.430,37 – R$ 85.430,36). 3.7. Casos práticos Observe os dados abaixo para registrar a aquisição para pagamento a longo prazo de mercadorias (atividade comercial) e matérias primas (atividade industrial). A pessoa jurídica é contribuinte do PIS e da COFINS pelo regime da não cumulatividade. NOTA FISCAL DE COMPRA A PRAZO VALORES Valor de Aquisição ......................................................................................... (+) IPI (supondo alíquota de 20%) ................................................................. (=")" Valor Total da Nota Fiscal ........................................................................ ICMS Destacado (18%) .................................................................................. 100.000,00 20.000,00 120.000,00 18.000,00 • PIS e COFINS a Recuperar – O IPI não recuperável e o ICMS integram o valor das aquisições de bens e serviços para efeito de cálculo do crédito do PIS/PASEP e da COFINS. Os cálculos serão realizados da seguinte forma: • ATIVIDADE COMERCIAL (IPI CUSTO DE AQUISIÇÃO): • PIS ............ R$1.980,00 (1,65% x R$ 120.000,00) • COFINS ....... R$9.120,00 (7,6% X R$ 120.000,00) • ATIVIDADE INDUSTRIAL (IPI RECUPERÁVEL NÃO INTEGRA O CUSTO): • PIS ............ R$1.650,00 (1,65% x R$ 100.000,00) • COFINS ....... R$7.600,00 (7,6% X R$ 100.000,00) • AVP CONTIDO NA OPERAÇÃO .........................R$ 30.000,00 ► CONTABILIZAÇÃO – ATIVIDADE COMERCIAL CONTABILIZAÇÃO PARA EFEITOS TRIBUTÁRIOS: D – Mercadorias em Estoque (AC) 90.900,00 D – ICMS a Recuperar (AC) 18.000,00 D – PIS a Recuperar (AC) 1.980,00 D – COFINS a Recuperar (AC) 9.120,00 C – Fornecedores (PC) 120.000,00 D – Ajuste a Valor Presente [(-) do Passivo] C – AVP – Mercadorias em Estoque [(-) do Estoque] 30.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO CIRCULANTE (AC) VALORES ● ESTOQUES ○ Mercadorias em Estoque ................................................... R$ 90.900,00 ○ (-) AVP – Mercadorias em Estoques .................................... R$ 30.000,00 60.900,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE (PNC) ● PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (PELP) ○ Fornecedores .................................................................... R$ 120.000,00 ○ (-) Ajustes a Valor Presente (AVP – Obrigações) .............. R$ 30.000,00 90.000,00 Quando a referida mercadoria for vendida a empresa realizará o valor dos referidos estoques e, consequentemente, dos AVP para fins contábeis e tributários: PELO REGISTRO MENSAL DA DESPESA FINANCEIRA D – Despesas Financeiras C – Ajustes a Valor Presente [(-) do Passivo] 200,00 (*) (*) Adicionar no LALUR/LACS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. PELA BAIXA DO AVP – MERCADORIAS EM ESTOQUE D – AVP – Mercadorias em Estoque [(-) do Estoque] C – Mercadorias em Estoque (AC) 30.000,00 (**) (**) Excluir no LALUR/LACS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. PELO CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (CMV) D – Custo das Mercadorias Vendidas – CMV (ARE) C – Mercadorias em Estoque (AC) 60.900,00 (R$ 90.900,00 – R$ 30.000,00) Observe que pelas normas da contabilidade internacional (CPC 12), o montante do AVP não integraria o custo de aquisição dos bens. Nessa hipótese, a conta de Mercadorias em Estoque estaria representada no ativo circulante (AC) do Balanço Patrimonial pela importância de R$ 60.900,00 (R$ 90.900,00 – R$ 30.000,00), caso a empresa adotasse a contabilização prevista no Pronunciamento Técnico CPC 12. ► CONTABILIZAÇÃO – ATIVIDADE INDUSTRIAL CONTABILIZAÇÃO PARA EFEITOS TRIBUTÁRIOS: D – Matéria Prima em Estoque (AC) 72.750,00 D – IPI a Recuperar (AC) 20.000,00 D – ICMS a Recuperar (AC) 18.000,00 D – PIS a Recuperar (AC) 1.650,00 D – COFINS a Recuperar (AC) 7.600,00 C – Fornecedores (PC) 120.000,00 D – Ajuste a Valor Presente [(-) do Passivo] C – AVP – Matéria Prima em Estoque (AC) 30.000,00 BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO CIRCULANTE (AC) VALORES ● ESTOQUES ○ Matéria Prima em Estoque .......................................... R$ 72.750,00 ○ (-) AVP – Matéria Prima em Estoques ......................... R$ 30.000,00 42.750,00 PASSIVO NÃO CIRCULANTE (PNC) ● PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO (PELP) ○ Fornecedores .............................................................. R$ 120.000,00 ○ (-) Ajustes a Valor Presente (AVP – Obrigações) ...... R$ 30.000,00 90.000,00 Quando a referida matéria prima for utilizada como insumo na produção de bens ou serviços, a empresa realizará o respectivo valor do estoque e, consequentemente, dos AVP para fins contábeis e tributários: PELO REGISTRO MENSAL DA DESPESA FINANCEIRA D – Despesas Financeiras – ARE (*) C – Ajustes a Valor Presente [(-) do Passivo] 200,00 (**) (*) Utilizar conta analítica Despesas com Ajuste a Valor Presente. (**) Adicionar no LALUR/LACS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. PELA BAIXA DO AVP – MATÉRIA PRIMA EM ESTOQUE D – AVP – Matéria Prima em Estoque [(-) do Estoque] C – Matéria Prima em Estoque (AC) 30.000,00 (***) (***) Excluir na parte A do LALUR/LACS na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. PELA APROPRIAÇÃO DA MP AOS CUSTOS DE PRODUÇÃO D – Material Direto (Custo de Produção) C – Matéria Prima em Estoque (AC) 42.750,00 (R$ 72.750,00 – R$ 30.000,00) Observe que, pelas normas internacionais de contabilidade, o montante do AVP não integraria o custo de aquisição dos bens, nessa hipótese, a conta de Matéria Prima em Estoque estaria representada no ativo circulante (AC) do Balanço Patrimonial pela importância de R$ 42.750,00, caso a empresa adotasse a contabilização prevista no Pronunciamento Técnico CPC 12. 3.8. Outros Ajustes a Valor Presente (AVP) 3.8.1. Outros Ativos e Receitas – Aspectos Tributários Nas demais operações sujeitas ao AVP de elementos do ativo, os valores decorrentes dos referidos ajustes também serão registrados a crédito em conta de juros a apropriar ou equivalente (conta redutora do ativo ou do passivo). Os valores apropriados como receita financeira a partir da conta de juros a apropriar ou equivalente poderão ser excluídosdo lucro líquido para fins de determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) nos períodos de apuração relativos às apropriações dos referidos valores. 3.8.1.1. Realização dos demais AVP Os valores decorrentes do AVP de outros elementos do ativo serão adicionados à base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) no período de apuração em que a receita ou resultado relacionado à operação deva ser oferecido à tributação. 3.8.2. Outros Passivos e Despesas Os valores decorrentes de AVP de elementos do passivo não poderão ser considerados na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) caso: ► não seja dedutível o valor realizado do ativo não circulante (Imobilizado e Intangível), inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa; ► a despesa incorrida não seja dedutível; e ► os valores decorrentes do AVP não tenham sido evidenciados contabilmente em subconta vinculada ao ativo quando se referir a aquisição: a) de bem para revenda (Mercadorias em Estoque); b) de insumo para utilização na produção de bens ou serviços; c) a prazo de ativo não classificável nas letras “a” e “b”. Notas: 1ª) Na determinação do período de apuração em que a mercadoria for revendida ou o bem for utilizado como insumo na produção de bens ou serviços, se não houver controle individual das unidades em estoque, a empresa poderá utilizar o método PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai), independentemente de haver ou não registro permanente de estoque, ou do registro permanente ser feito com base no custo médio ponderado; 2ª) Caso o valor realizado do ativo seja indedutível, o valor da subconta baixada não poderá ser excluído na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL). 3.8.3. Vinculação à Subconta do Ativo Os valores decorrentes dos AVP não poderão ser computados na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) quando a aquisição dos bens previstos no subitem anterior não for evidenciada contabilmente em subconta vinculada ao ativo. 3.8.4. Outras Importâncias e Valores 3.8.4.1. Despesa Dedutível Se o AVP estiver relacionado a uma despesa dedutível, os valores decorrentes do referido ajuste poderão ser excluídos na apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), no período de apuração em que a despesa for incorrida. 3.8.4.2. Despesa Indedutível Na hipótese de aquisição a prazo de bens ou serviços contabilizados diretamente como despesa, os valores decorrentes de AVP de elementos do passivo, não poderão ser deduzidos na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) quando a despesa for indedutível. Assim, se o AVP estiver relacionado a uma despesa indedutível, os valores decorrentes do referido ajuste não poderão ser excluídos na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL). 3.8.4.3. Custo de Produção de Bens e Serviços Caso o AVP estiver relacionado a um custo de produção de bens ou serviços, os valores decorrentes do referido ajuste poderão ser excluídos da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) no período de apuração em que o custo for incorrido. 3.9. Controle dos AVP em subcontas Conforme exemplificamos nos casos práticos desenvolvidos nos itens e subitens anteriores, deste capítulo, é imperioso que a pessoa jurídica mantenha controle dos AVP em subcontas vinculadas ao ativo e passivo, objetivando não elidir o cômputo das receitas na apuração do resultado do exercício, bem como, não permitir a dedução das despesas correspondentes na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL). Nessa hipótese, a pessoa jurídica não poderá computar os mencionados valores na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) à medida da efetiva realização dos ativos e passivos, ou seja, mediante depreciação, amortização, exaustão, baixa ou liquidação. Os ajustes de adição e exclusão na determinação na base de cálculo dos tributos (CSLL e IRPJ) controlados por subcontas têm por objetivo manter a neutralidade tributária prevista na legislação de regência (art. 161 da IN RFB nº 1.515, de 2014). 3.9.1. Subcontas Analíticas55 As mencionadas subcontas deverão ser analíticas e registrar os lançamentos contábeis em último nível de detalhamento contábil. A soma do saldo da subconta com o saldo da conta do ativo ou passivo a que a subconta estiver vinculada resultará no valor do ativo ou passivo mensurado de acordo com as disposições da legislação societária (Lei 6.404/1976). Na hipótese de: ► ativos ou passivos representados por mais de uma conta, tais como bens depreciáveis, o controle deverá ser feito com a utilização de uma subconta para cada conta principal; ► conta que se refira a grupo de ativos ou passivos, de acordo com a natureza desses, a subconta poderá se referir ao mesmo grupo de ativos ou passivos, desde que haja livro razão auxiliar que demonstre o detalhamento individualizado por ativo ou passivo. No caso de diferenças a serem adicionadas ou excluídas (ativo e passivo), o contribuinte poderá, alternativamente, evidenciar as diferenças por intermédio da utilização de duas subcontas (alteração inserida pela IN RFB nº 1.575, de 2015). 3.9.2. Livro Razão Auxiliar (RAS) Nos casos previstos na IN RFB no 1.515, de 2014 (adoção Inicial artigos 163 a 168), haverá a necessidade de informação do livro razão auxiliar referente a subcontas. O livro Razão Auxiliar das Subcontas (RAS) não precisará mais ser transmitido via Sistema Público de Escrituração Digital - SPED. Empresas Obrigadas ao Razão Auxiliar a partir do ano-calendário 2014. Devem produzir o livro “Z” no formato RAS a partir do ano-calendário 2014. Empresas Obrigadas ao Razão Auxiliar a partir do ano-calendário 2015. Devem produzir o livro “Z” no formato RAS a partir do ano-calendário 2015. As pessoas jurídicas devem manter o livro “Z” no formato RAS definido no Manual de Orientação do Leiaute da ECD (item 1.25) e apresentá-lo assinado digitalmente, caso sejam intimadas em uma eventual auditoria da Receita Federal do Brasil. Ainda que tenham que apresentar o livro "Z" posteriormente, caso as pessoas jurídicas não tenham outros livros auxiliares, deverão transmitir o livro "G" (Livro Diário) como livro principal. O controle por meio das subcontas mencionadas, registradas no referido livro, dispensará o controle das referidas importâncias na Parte B do LALUR/LACS. 3.9.2.1. Forma de Apresentação e Utilização do Livro Cada subconta deve se referir a apenas uma única conta de ativo ou passivo e cada conta de ativo ou passivo poderá se referir a mais de uma subconta, caso haja fundamentos distintos para sua utilização. A COFIS6 editou a O Ato Declaratório Executivo COFIS nº 34, de 2016, que apresenta o Manual de Orientação do Leiaute da Escrituração Contábil Digital (ECD) em que em seu subitem 1.25 constam as regras para apresentação e escrituração do Razão Auxiliar das Subcontas (RAS). 3.10. Outras normas societárias relativas ao AVP 3.10.1. Renegociação do Direito ou da Obrigação Deve-se observar que, caso haja uma renegociação do direito ou da obrigação, uma nova mensuração do ajuste a valor presente (AVP) deve ser realizada, gerando, consequentemente, um novo reconhecimento do valor patrimonial e da receita ou despesa financeira correspondente. 3.10.2. Valores idênticos à Vista ou a Prazo Mesmo nos casos em que as partes afirmem que os valores à vista e a prazo são idênticos, os AVP devem ser calculados e, se relevante, registrados contabilmente. Por definição, valor presente “representa o valor atual de um fluxo de caixa futuro”. Assim, se a pessoa jurídica informa que a negociação à vista ou a prazo possui valores idênticos, por exemplo, o preço de venda a prazo e à vista de determinado bem é de R$ 100,00, o preço de custo desse bem é de R$ 82,00, nessa operação, será apurado um resultado (lucro na venda) de R$ 18,00. Se o valor da venda a prazo fosse ajustado a valor presente conforme prevê o Pronunciamento Técnico CPC 12, indicando,por exemplo, um fluxo de caixa presente de R$ 80,00, a mencionada operação passaria a gerar um prejuízo de R$ 2,00 (R$ 80,00 – R$ 82,00) e um ganho financeiro de R$ 20,00, o que resultaria um lucro final de R$ 18,00 (- R$ 2,00 + R$ 20,00). Note que, ajustando o montante da operação a valor presente, a operação passa a indicar o que de fato ocorreu e não mascara a apresentação simbólica de dados como aconteceu na hipótese anterior em que o AVP da operação não teria sido registrado, gerando um lucro na venda de R$ 18,00, quando na verdade ocorreu um prejuízo na venda no valor de R$ 2,00 e um ganho financeiro nesta operação na importância de R$ 20,00. 3.10.3. Alteração no Status dos AVP (Estorno Pendente) Existem diversas situações que podem alterar o status dos AVP registrados anterior assim, na alteração do valor original da operação, na data de emissão ou na data de vencimento do lançamento financeiro, podendo gerar: • Inclusão ou no cancelamento de fatura; • Inclusão ou no cancelamento do acordo entre as partes; • Cancelamento ou baixa parcial (Devolução total ou parcial). Na devolução total ou parcial de vendas e/ou compras deve-se ajustar o montante do valor presente contabilizado anteriormente a esta operação. Consulte os casos práticos no subitem 3.14 e no Capítulo 4, deste livro. 3.11. Casos práticos Observe os dados a seguir para registrar as operações decorrentes de ajustes a valor presente (AVP) de direitos e de obrigações (ativo e passivo de longo prazo). Dados: • Data da Operação (venda e compra) em 30 de agosto de 2.015; • Valor Bruto (Total da operação venda/compra) – R$ 420.000,00; • Prazo de recebimento/pagamento: de 30.09.2015 a 30.11.2016; • Número total de parcelas recebidas/pagas: 15 (de 30.09.2015 a 30.11.2016); • Valor Mensal (recebido/pago) R$ 28.000,00 (R$ 420.000,00: 15 meses); • Taxa de Desconto (Juros) nas operações é de 1% ao mês. Considere os respectivos valores para registrar os AVP do ativo (direitos), bem como, para registrar as obrigações (passivo). 3.11.1. Cálculos da Operação – AVP A determinação dos valores mensais do AVP da operação (venda e compra) encontra-se especificada na tabela a seguir: MESES PRESTAÇÕES (1+i)n VALOR PRESENTE (VP) JUROS MENSAIS 1 2 3 4 = (2 : 3) 5 = 2 – 4 30.09.2015 28.000,00 1,0100 27.722,77 277,23 30.10.2015 28.000,00 1,0201 27.448,29 551,71 30.11.2015 28.000,00 1,0303 27.176,55 823,45 30.12.2015 28.000,00 1,0406 26.907,55 1.092,45 30.01.2016 28.000,00 1,0510 26.641,29 1.358,71 29.02.2016 28.000,00 1,0615 26.377,77 1.622,23 30.03.2016 28.000,00 1,0721 26.116,97 1.883,03 30.04.2016 28.000,00 1,0829 25.856,50 2.143,50 30.05.2016 28.000,00 1,0937 25.601,17 2.398,83 30.06.2016 28.000,00 1,1046 25.348,54 2.651,46 30.07.2016 28.000,00 1,1157 25.096,35 2.903,65 30.08.2016 28.000,00 1,1268 24.849,13 3.150,87 30.09.2016 28.000,00 1,1381 24.602,41 3.397,59 30.10.2016 28.000,00 1,1495 24.358,42 3.641,58 30.11.2016 28.000,00 1,1610 24.117,14 3.882,86 TOTAIS 420.000,00 -o- 388.220,85 31.779,15 3.11.2. Contabilização dos Direitos AVP Se a operação fosse relativa a venda de bens ou de serviços a contabilização da operação poderia ser realizada da seguinte forma: 3.11.2.1. Pela Legislação Societária NA DATA DA OPERAÇÃO (30.08.2015) D – Duplicatas a Receber (ARLP) 420.000,00 C – Receita Bruta de Vendas (ARE) 388.220,85 C – Ajustes a Valor Presente [(-) ARLP] 31.779,15 APROPRIAÇÃO MENSAL DOS JUROS (DE SET/15 A NOV/16) D – Ajustes a Valor Presente [(-) ARLP] C – Receitas Financeiras (ARE) (*) (*) Representa o valor dos juros (coluna 5) de setembro de 2015 a novembro de 2016. O Valor mensal contabilizado será excluído na parte A e controlado na parte B do LALUR/LACS (consulte o subitem seguinte). A Receita Financeira deve ser registrada em conta analítica. 3.11.3. Pela Legislação Tributária Para atender às normas tributárias, especialmente as que tratam dos novos conceitos de receita bruta e receita líquida (art. 2º da Lei 12.973/2014 – consulte a respeito o próximo capítulo) os registros contábeis deveriam ser realizados da seguinte forma: NA DATA DA OPERAÇÃO (30.08.2015) D – Duplicatas a Receber (ARLP) C – Receita Bruta de Vendas (ARE) 420.000,00 REGISTRO DOS AVP (30.08.2015) D – Despesas com Ajustes a Valor Presente (ARE) C – Ajustes a Valor Presente [(-) ARLP] 31.779,15 (*) (*) Redutora da Receita Bruta para fins de apuração da Receita Líquida. Este valor deverá ser adicionado na parte A e controlado na parte B do LALUR/LACS. APROPRIAÇÃO MENSAL DOS JUROS (DE SET/15 A NOV/16) D – Ajustes a Valor Presente [(-) ARLP] C – Receitas Financeiras (ARE) (**) (**) Representa o valor dos juros (coluna 5) de setembro de 2015 a novembro de 2016. Mensalmente a pessoa jurídica deverá baixar o valor contabilizado na parte B e excluí-lo na parte A do LALUR/LACS para não computar em duplicidade a mencionada importância na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL). A Receita Financeira relativa aos AVP não deve ser computada na base de cálculo do PIS e da COFINS porque fez parte da Receita Bruta e, portanto, já foi considerada na base de cálculos dessas contribuições sociais e, finalmente, a Receita Financeira decorrente do AVP deve ser registrada em conta analítica (Receitas de AVP). 3.11.4. Obrigações Se a operação acima fosse relativa a compraa prazo de máquinas a contabilização da operação poderia ser realizada da seguinte forma: 3.11.4.1. Pela Legislação Societária NA DATA DA OPERAÇÃO (30.08.2015) D – Máquinas (ANC – Imobilizado) 388.220,85 D – Ajustes a Valor Presente [(-) PELP] 31.779,15 C – Contas a Pagar (PELP) 420.000,00 DEPRECIAÇÃO DO BEM ADQUIRIDO D – Despesas de Depreciação (ARE) D – Depreciação Acumulada (ANC) 38.822,08 (*) (*) [10% x R$ 388.220.85] APROPRIAÇÃO MENSAL DOS JUROS (DE SET/14 A NOV/15) D – Despesas Financeiras (ARE) C – Ajustes a Valor Presente [(-) PELP] (**) 277,23 (**) Representa o valor dos juros (coluna 5) de setembro de 2015 a novembro de 2016. O Valor mensal contabilizado será adicionado na parte A e controlado na parte B do LALUR/LACS; ARE – Apuração do Resultado do Exercício - ARE [prejuízo de R$ 39.099,31 (R$ 38.822,08 + R$ 277,23) ]. Na inexistência de outros valores esta importância representa o Lucro Antes do IRPJ (LAIR). DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO REAL (CÁLCULO PELA LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIO) ELEMENTOS VALORES Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) ........................................................... (+) Adição (Despesa Financeira) ............................................................................. (-) Exclusão [Depreciação AVP (10% x R$ 31.779,15] ............................................. (=")" Lucro Real Negativo (Valor da Depreciação Total) ........................................... - 39.099,31 + 277,23 – 3.177,92 - 42.000,00 Note que o lucro real negativo (prejuízo fiscal) representa a efetivadespesa de depreciação do período, ou seja, R$ 42.000,00 (10% de R$ 420.000,00). 3.11.4.2. Pela Legislação Tributária Para atender às normas da legislação tributária, especialmente as contidas no art. 5º da Lei 12.973/2014, que trata do cômputo dos AVP, relativos ao inciso III do caput do art. 184 da Lei 6.404/1976, para fins de apuração de tributos (IRPJ e CSLL) – os registros contábeis poderiam ser realizados da seguinte forma: NA DATA DA OPERAÇÃO (30.08.2015) D – Máquinas (ANC – Imobilizado) C – Contas a Pagar (PELP) 420.000,00 AVP CORRESPONDENTE Á OBRIGAÇÃO D – Ajustes a Valor Presente [(-) PELP] C – Máquinas – AVP [(-) ANC – Veículos] 31.779,15 APROPRIAÇÃO MENSAL DOS JUROS (SET/15) D – Despesas Financeiras – ARE (*) C – Ajustes a Valor Presente [(-) PELP] 277,23 (*) Contabilizar em conta analítica (Despesas com AVP). DEPRECIAÇÃO DO BEM ADQUIRIDOD – Despesas de Depreciação (ARE) [*] 38.822,08 D – Depreciação Acumulada (AVP) [**] 3.177,92 C – Depreciação Acumulada (AVP) [***] 42.000,00 [*] (10% x R$ 388.220,85) [**] (10% x R$ 31.779,20) [***] (10% x R$ 420.000,000) ARE – Apuração do Resultado do Exercício [prejuízo de R$ 39.099,31 (R$ 38.822,08 + R$ 277,23)]. Na inexistência de outros valores esta importância representa o Lucro Antes do IRPJ (LAIR). REPRESENTAÇÃO NO BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO NÃO CIRCULANTE (ANC) VALORES IMOBILIZADO ● Máquinas .................................................................. R$ 420.000,00 ● (-) Máquinas (AVP) .................................................... R$ 31.779,15 ● (-) Depreciação Acumulada ..................................... R$ 42.000,00 ● (+) Depreciação Acumulada (AVP) ......................... R$ 3.177,92 388.220,85 - 38.822,08 349.398,77 Note que o valor das Máquinas para fins societários é de R$ 388.220,85, portanto, sua depreciação seria de R$ 38.822,08 (10% x R$ 388.220,85) assim, o valor contábil desse bem seria R$ 349.398,77 (R$ 388.220,85 – R$ 38.822,08), portanto, idêntico ao acima apurado na representação do ativo não circulante – imobilizado. DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO REAL ELEMENTOS VALORES Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) ............................................................... (+) Adição (Despesas Financeiras – AVP) ............................................................... (-) Exclusão (Depreciação Acumulada – AVP)) ....................................................... (=")" Lucro Real (Valor da Depreciação Total) .......................................................... - 39.099,31 + 277,23 – 3.177,92 - 42.000,00 Note que o lucro real negativo (prejuízo fiscal) representa a efetivadespesa de depreciação do período, ou seja, R$ 42.000,00 (10% de R$ 420.000,00). Esta segunda representação contábil e tributária parece ser àquela que atende mais especificamente as definições e prioridades contidas na Lei 12.973/2014. 3.12. Reflexos dos AVP O cálculo e o registro contábil dos Ajustes a Valor Presente (AVP) provocaram diversas alterações na apuração de tributos federais (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS). A Lei 12.973/2014, trata do assunto nos seguintes artigos: • 4º – que trata do AVP do Ativo, conforme previsão legal contida no inciso VIII do art. 183 da Lei 6.404/1976; • 5º – que trata do AVP do Passivo, conforme previsão legal no inciso III do art. 184 da Lei 6.404/1976; • 6º – que altera o art. 29 da Lei 9.430/1996, que trata da CSLL das empresas sem escrituração contábil; • 8º – que trata dos AVP das Variações Cambiais das empresas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado; • 9º – que alterou os §§ 3º e 4º do art. 32, bem como, no § 4º do art. 51 da Lei 8.981/1995, que trata da apuração do lucro arbitrado quando não for conhecida a receita bruta da pessoa jurídica; • 12 – que trata dos AVP das Variações Monetárias (Lucro Real); • 53, 54 e 55 – que tratam dos AVP na apuração das contribuições sociais (PIS e COFINS) nas importações, bem como, na apuração não cumulativa do PIS e da COFINS. 3.13. Regulamentações da Lei 12.973/2014 A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil (IN RFB) 1.515/20147 e suas alterações (atualmente IN RFB 1.700/2017) regulamentaram os artigos da Lei 12.973/2014, que adaptou a legislação tributária federal (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) às regras da contabilidade internacional e revogou o Regime Tributário de Transição (RTT). A avaliação decorrente dos ajustes a valor presente (AVP) está inserida nos arts. 89 a 96 da IN RFB 1.700/2017, cuja ordem de distribuição da matéria é a seguinte: • Art. 89 - Controle por Subcontas; • Art. 90 a 92 – AVP de Ativo; • Art. 93 a 95 – AVP de Passivo; • Art. 96 – AVP – Variações Cambiais. Nos itens anteriores analisamos e exemplificamos os AVP de ativos e passivos pelas normas societárias e tributárias, inclusive a normatização prevista na IN RFB 1.700/2014. A IN RFB 1.700/2017, dispôs também sobre a determinação e o pagamento do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas, disciplinou o tratamento tributário das contribuições sociais (PIS e COFINS) no que se refere às alterações introduzidas pela Lei 12.973, de 13 de maio de 2014, e deu outras providências. 3.14. Diferenças entre valor presente e valor justo O Ajuste a Valor Presente (AVP) não deve ser entendido como sinônimo de Ajuste a Valor Justo (AVJ) – fair value, embora sejam muitas vezes coincidentes. Conforme definição contida no Pronunciamento Técnico CPC 12, o AVP tem por objetivo efetuar o ajuste para identificar o valor presente de um fluxo de caixa futuro, ou seja, representa o valor relativo a direito ou obrigação descontada a taxa de juros incluída no valor original dessas operações. Portanto, esses juros devem ser considerados como receitas ou despesas financeiras; enquanto que o ajuste a valor justo (AVJ) representa o valor pelo qual um ativo pode ser negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação compulsória. Ao realizar o ajuste a valor presente (AVP) a taxa de juros livre de risco ao prêmio de risco correspondente ao crédito concedido ao comprador, o valor presente e o valor justo coincidem. Posteriormente, a taxa de juros utilizada para calcular o valor presente permanece a mesma, enquanto a taxa de juros livre de risco pode flutuar para mais ou para menos do valor original. Nesse caso, o valor presente e o valor justo do recebível ou do passivo não mais são iguais. Para esclarecer, em termos práticos, essa diferença vamos tomar emprestado um exemplo citado no apêndice do CPC 12: Cenário: a entidade efetua uma venda a prazo no valor de R$ 10.000 mil para receber o valor em parcela única, com vencimento em cinco anos. Caso a venda fosse efetuada à vista, o valor da venda teria sido de R$ 6.210 mil, o que equivale a um custo financeiro anual de 10% (taxa livre de risco + prêmio pelo risco do cliente). Verifica-se que essa taxa é igual à taxa de mercado, na data da transação. No primeiro momento, a transação deve ser contabilizada considerando o seu valor presente, cujo montante de R$ 6.210 mil é registrado como contas a receber, em contrapartida de receita de vendas pelo mesmo montante. Nota-se que, nesse primeiro momento, o valor presente da transação é equivalente a seu valor de mercado ou valor justo (fair value). No caso de aplicação da técnica de ajuste a valor presente, passado o primeiro ano, o reconhecimento da receita financeira deve respeitar a taxa de juros da transação na data de sua origem (ou seja, 10% ao ano), independentemente da taxa de juros de mercado em períodos subsequentes. Assim, depois de um ano, o valor das contas a receber, para fins de registros contábeis, será de R$ 6.830 mil, independentemente de variações da taxa de juros no mercado (R$ 6.210 mil x 1,10). Se esta, entretanto, tivesse aumentado para 15% ao ano nesse exercício, o valor justo do recebível seria R$ 5.718 mil (R$ 10.000 mil/1,154). Nesse caso, o valor justo do recebível seria inferior ao seu valor contábil, uma vez que a taxa de juros de mercado se elevou nesse ano. O termo R$ 10.000 mil dividido por 1,154 representa o valor presente do recebível ajustado pela taxa de juros de mercado (15%) elevada à quarta potência porque faltam 4 anos para que o título seja pago. O leitor interessado poderá constatar as diferenças contábeis e tributárias entre as avaliações decorrentes dos ajustes a valor: a) Presente (AVP) neste capítulo e no Capítulo 4 deste livro; b) Justo (AVJ) no Capítulo 5 deste livro. FOOTNOTES 1 . As taxas de juros podem ser implícitas (quando conhecidas e descritas contratualmente) ou explícitas (quando desconhecidas,porém, incluídas no preço inicial da operação). 2 . Regulamentação anterior: arts. 20 e 21 da IN RFB 1.493/2014, posteriormente, esta instrução normativa foi revogada pela IN RFB 1.515/2014, que a sucedeu. 3 . Embora não exista definição a respeito do tema, efeito relevante pode ser considerado como uma importância que tenha materialidade em relação ao montante da operação, portanto, representa uma informação importante, cuja omissão pode provocar distorções nas informações societárias e, consequentemente, no processo de tomada de decisões dos usuários das informações contábeis. 4 . Correspondem aos arts. 23 a 25 da IN RFB 1.493/2014 (revogada pela IN RFB 1.515/2014). © desta edição [2017] 5 . Contas sintéticas representam as contas genéricas, pois, corresponde a totalização de um conjunto de contas analíticas. Por sua vez analíticas representam as contas específicas onde são realizados os lançamentos contábeis. Contas analíticas representam àquelas que registram em último nível os lançamentos contábeis (§ 4º do art. 8º do Decreto-lei 1.598/1977, redação dada pelo art. 2º da Lei 12.973/2014). 6 . Coordenação-Geral do Sistema de Fiscalização (Órgão da Receita Federal em Brasília). 7 . Constaram também na IN RFB 1493, de 18.09.2014, que havia regulamentado os arts. 1º, 2º e 4º a 75 da Lei 12.973/2014, porém, esta instrução normativa foi, posteriormente, revogada pela IN RFB 1.515/2014. 2017 - 09 - 08 Curso Prático de Imposto de Renda [Pessoa Jurídica e Tributos Conexos CSLL PIS COFINS] Edição 2017 CAPÍTULO 4. RATAMENTO DAS RECEITAS, DESPESAS E CUSTOS PREVISTOS NA LEI 12.973/2014 4.1. Receita bruta e receita líquida 4.1.1. Novo conceito O art. 2º da Lei 12.973, de 13 de maio de 2014, redefiniu os conceitos de receita bruta e de receita líquida para fins tributários, promovendo alterações no art. 12 do Decreto-lei 1.598, de 26.12.1977 (matriz legal dos arts. 279 e 280 do RIR/1999, que tratam do assunto). Observe a sinopse das alterações no quadro a seguir: 1-2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) ELEMENTOS VALORES Faturamento Operacional Bruto ○ (-) IPI Faturado (consulte a 2.ª nota a seguir) ○ (-) ICMS Substituição Tributária – ICMS/ST (veja a 2.ª nota seguir) (=")" Receita Operacional Bruta (consulte as notas a seguir) (-) Deduções da Receita Bruta: ○ Devolução de Vendas e Vendas Canceladas ○ Descontos Concedidos Incondicionalmente1 ○ Tributos incidentes sobre a Receita Bruta2 ○ Ajustes a Valor Presente – AVP (consulte o Capítulo 3) (=")" Receita Operacional Líquida (Receita Líquida) Notas: 1ª)Integra o montante da receita bruta o valor da Receita da Atividade ou Objeto Principal da Pessoa Jurídica, não compreendido no produto da venda de bens nas operações de conta própria,3 no preço da prestação de serviços em geral e no resultado auferido nas operações de conta alheia4. Note que a Lei 12.973/2014, art. 2º, Inciso IV, inovou ao estabelecer que o valor da Receita da Atividade ou Objeto Principal da Pessoa Jurídica, que não esteja compreendido no produto da venda de bens nas operações de conta própria, no preço da prestação de serviços em geral e no resultado auferido nas operações de conta alheia também integra o montante da receita bruta; 2ª) Na Receita Bruta incluem-se: Os Ajustes a Valor Presente (AVP), ou seja, a diminuição do valor dos recebíveis decorrentes de operações de venda de longo prazo ou de curto prazo, se relevantes, em função dos juros cobrados na transação, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei 6.404/1976. Consulte a respeito o Capítulo 3; O montante dos tributos sobre ela incidentes,5 exceto o valor dos tributos não cumulativos cobrados “por fora” do preço de venda, ou seja, cobrado destacadamente, do comprador ou do contratante dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja um mero depositário (IPI e ICMS/ST). Na regulamentação do referido artigo, a Receita Federal do Brasil não incluiu entre os mencionados tributos a parcela patronal da previdência social, quando seu montante for apurado com base no valor da receita bruta, conforme prevê a Lei 12.546/2011 e alterações posteriores; 3ª)Pelas regras do Pronunciamento Técnico CPC 30, para efeitos societários, a receita operacional das atividades principais da pessoa jurídica (arts. 279 e 280 do RIR/99 que tratam da receita bruta e da receita líquida para a Legislação Tributária) a ser considerada na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) não poderá conter nenhum tributo incidente sobre vendas ou sobre o valor adicionado. 4.1.2. AVP relativos à Avaliação do Ativo66 4.1.2.1. Aspectos da legislação tributária No Capítulo 3, deste livro, analisamos principalmente a contabilização segundo as disposições da legislação societária. Porém, objetivando atender as alterações provocadas nos conceitos de receita bruta e receita líquida (art. 2º da Lei 12.973/2014 que alterou o art. 12 do Decreto-lei 1.598/1977, recentemente normatizado pelos arts. 3 e 34 a 40 da IN RFB 1.515/20147 – atual IN RFB 1.700/2017, arts. 26 e 90 a 96), a contabilização, para efeitos tributários, de uma operação de venda a ser recebida a longo prazo no valor de R$ 300.000,00, já incluso o montante do ajuste a valor presente na importância de R$ 90.000,00, poderá ser realizada da seguinte forma: Contabilização: D – Contas a Receber (ARLP) C – Receita de Bruta de Vendas (ARE) 300.000,00 D – Despesas com Ajuste a Valor Presente (ARE) (*) C – Ajustes a Valor Presente (AVP) (**) 90.000,00 ARLP – Ativo Realizável a Longo Prazo; ARE – Apuração do resultado do Exercício; (*) Conta Redutora da Receita Bruta para fins de apuração da Receita Líquida; (**) Conta Redutora dos Créditos (Contas a Receber do ARLP). 4.1.2.2. Ajustes a serem realizados no LALUR O valor contabilizado como despesa (conta redutora da receita bruta para fins de apuração da receita líquida no montante de R$ 90.000,00) deverá ser adicionado na parte A e controlado na parte B do LALUR/LACS para atender à disposição contida no art. 4º da Lei 12.973/2014, a seguir transcrito: Art. 4º Os valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, relativos a cada operação, somente serão considerados na determinação do lucro real no mesmo período de apuração em que a receita ou resultado da operação deva ser oferecido à tributação (os destaques não são do original). 4.1.2.3. Realização mensal do AVP Assim, à medida que a empresa for reconhecendo mensalmente o valor da Receita Financeira, decorrente do Ajuste a Valor Presente (AVP), objetivando atender as normas da contabilidade internacional (especificamente o Pronunciamento Técnico CPC 12), ela deverá baixar o respectivo valor na parte B e excluí-lo na parte A do LALUR/LACS. Supondo que a receita financeira do primeiro mês seja de R$ 3.200,00 a contabilização seria: D – Ajustes a Valor Presente [(-) do Crédito] C – Receitas Financeiras – ARE (*) 3.200,00 (*) Utilizar conta analítica, por exemplo, Receita de Ajuste a Valor Presente. 4.1.3. Exclusão dos Tributos Incidentes sobre Vendas O Pronunciamento Técnico CPC 30, define receita como sendo o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período observado no curso das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto aqueles relacionados às contribuições dos proprietários. Em conformidade com o referido pronunciamento, para fins de divulgação na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a receita inclui somente os ingressos originários de suas atividades próprias. As quantias cobradas por conta de terceiros – tais como tributos sobre vendas, tributos sobre bens e serviços e tributos sobre valor adicionado não são benefícios econômicos que fluam para a entidade e não resultam em aumentodo patrimônio líquido. Portanto, são excluídos da receita. Da mesma forma, na relação de agenciamento (entre o principal e o agente), os ingressos brutos de benefícios econômicos provenientes dos montantes arrecadados pela entidade (agente), em nome do principal, não resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade (agente), uma vez que sua receita corresponde tão somente à comissão combinada entre as partes contratantes. A divulgação da receita na demonstração do resultado deve ser feita a partir das receitas conforme conceituadas no Pronunciamento Técnico CPC 30. A entidade deve fazer uso de outras contas de controle interno, como “Receita Bruta Tributável”, para fins fiscais e outros. A conciliação entre os valores registrados para finalidades fiscais e os evidenciados como receita para fins de divulgação societária será evidenciada em nota explicativa às demonstrações contábeis. Dessa forma, a pessoa jurídica poderá manter a contabilização prevista na norma da legislação tributária e, somente, quando for levantar a DRE para fins societários, deverá diminuir do valor das receitas e das devoluções de vendas os tributos incluídos nessas contas. Poderá, ainda, contabilizar as operações utilizando forma alternativa que permita atender tanto as disposições da legislação societária quanto as da legislação tributária. Observe o caso prático a seguir. Caso Prático – Dados: • Faturamento Bruto (ARLP) ............ R$ 330.000,00 • Ajuste a Valor Presente .................... R$ 70.000,00 • IPI Faturado ou IPI sobre Vendas ..... R$ 30.000,00 • Tributos sobre Valor Adicionado: • ICMS .............. R$ 54.000,00 • PIS ................... R$ 4.950,00 • COFINS ........... R$ 22.800,00 ....... R$ 81.750,00 Contabilização: Faturamento bruto: D – Duplicatas a Receber (ARLP) C – Faturamento Bruto 330.000,00 Ajuste a Valor Presente (AVP) D – Despesa com Ajuste a Valor Presente (ARE) C – Ajuste a Valor Presente [(-) ARLP] 70.000,00 Tributos computados no faturamento D – IPI Faturado ou IPI sobre Vendas 30.000,00 D – ICMS sobre Vendas (ARE) 54.000,00 D – PIS Dedução da Receita Bruta (ARE) 4.950,00 D – COFINS Dedução da Receita Bruta (ARE) 22.800,00 C – Tributos a Recolher (AC) 111.750,00 Receita bruta para fins: • Tributários R$ 300.000,00 (330.000,00 – 30.000,00 = IPI) • Societários R$ 148.250,00 (330.000,00 – 111.750,00 – 70.000,00) DRE PARA FINS TRIBUTÁRIOS (LEI 12.973/2014) ELEMENTOS VALORES Faturamento Operacional Bruto ............................................................................... (-) IPI Faturado ou IPI sobre Vendas ......................................................................... (=")" Receita Operacional Bruta .................................................................................. (-) Deduções da Receita Bruta: ○ Devolução de Vendas ............................................................. R$ -o- ○ Desc. Incondicionais Concedidos ............................................ R$ -o- ○ Despesas com Ajustes a Valor Presente ................................... R$ 70.000,00 ○ Tributos sobre Vendas (ICMS, PIS E COFINS) ................................. R$ 81.750,00 (=")" Receita Operacional Líquida ............................................................................... 330.000,00 - 30.000,00 300.000,00 151.750,00 148.250,00 DRE PARA FINS SOCIETÁRIOS (CPC 12 E 30) ELEMENTOS VALORES Faturamento Operacional Bruto (330.000,00 – 70.000,00 = AVP) (-) Tributos computados no Faturamento ...................................... Receita Operacional Bruta .............................................................. (-) Deduções da Receita Bruta: ○ Devolução de Vendas ...................................... R$ -o- ○ Descontos Incondicionais Concedidos ........... R$ -o- (=")" Receita Operacional Líquida .................................................... 260.000,00 - 111.750,00 148.250,00 . -o- . 148.250,00 Notas: 1ª) Sob o aspecto da legislação societária (Pronunciamentos Técnicos CPC 12 e 30) a pessoa jurídica deverá: a) Reconhecer de forma exponencial, mensalmente, da data da venda até a data de recebimento final do crédito o valor da receita financeira contida no montante dos Ajustes a Valor Presente - AVP; b) excluir os tributos incidentes vendas e serviços do valor da receita bruta e das devoluções de vendas. Note que na receita bruta representada na DRE foram excluídos todos os tributos incidentes sobre vendas; 2ª) Observe o caso prático a seguir onde realizaremos todos os ajustes previstos nos referidos Pronunciamentos do CPC. 4.1.4. Caso Prático Observe os dados a seguir: NOTAS FISCAIS A PRAZO DE: ELEMENTOS Vendas Devoluçãode Vendas Valor Bruto ............................................................................ (-) Descontos Incondicionais .................................................. (=")" Valor total da Nota Fiscal ............................................... ICMS Destacado (18%) ......................................................... 110.000,00 10.000,00 100.000,00 18.000,00 11.000,00 1.000,00 10.000,00 1.800,00 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS NÃO CUMULATIVAS: ● PIS .......... (1,65% x Valor total das Notas Fiscais) ● COFINS .... (7,6% x Valor total das Notas Fiscais) 1.650,00 7.600,00 165,00 760,00 INVENTÁRIO PERMANENTE: ● CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS (CMV) .............. 30.000,00 3.000,00 AJUSTES A VALOR PRESENTE (AVP): ● INSERIDOS NA VENDA E NA DEVOLUÇÃO ................... 20.000,00 2.000,00 Tomando por base os dados anteriormente apresentados, pede-se: a) Contabilize as referidas operações sabendo que a venda e a devolução de venda referem-se ao mesmo período de apuração;8 b) Apresente a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) segundo as normas da legislação societária (Pronunciamentos Técnicos do CPC 12 e 30, que tratam dos Ajustes a Valor Presente e das Receitas); c) Apresente a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) segundo as normas da legislação tributária com as alterações previstas na Lei 12.973/2014. 4.1.4.1. Pela Legislação Tributária • NF DE VENDA A PRAZO: D – Duplicatas a Receber (AC) 100.000,00 D – Descontos Incondicionais Concedidos 10.000,00 C – Receita Bruta (ARE) 110.000,00 D – ICMS sobre Vendas (ARE) C – ICMS a Recolher (PC) 18.000,00 D – COFINS Dedução da Receita Bruta (ARE) C – COFINS a Recolher (PC) 7.600,00 D – PIS Dedução da Receita Bruta – ARE C – PIS a Recolher (PC) 1.650,00 D – Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) C – Mercadorias em Estoque (AC) 30.000,00 D – Despesas com Ajuste a Valor Presente (ARE) C – Ajustes a Valor Presente (AVP) 20.000,00 • NF DE DEVOLUÇÃO DE VENDAS: D – Devolução de Vendas 11.000,00 C – Duplicatas a Receber (AC) 10.000,00 C – Descontos Incondicionais Concedidos 1.000,00 D – ICMS a Recuperar (AC) C – ICMS sobre Vendas (ARE) 1.800,00 D – COFINS a Recuperar (AC) C – COFINS Dedução da Receita Bruta (ARE) 760,00 D – PIS a Recuperar (AC) C – PIS Dedução da Receita Bruta (ARE) 165,00 D – Mercadorias em Estoque (AC) C – Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) 3.000,00 D – Ajuste a Valor Presente (AVP) C – Despesas com Ajustes a Valor Presente (ARE) 2.000,00 A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) pelas normas da legislação tributária deverá ser representada da seguinte forma: DRE PARA EFEITOS TRIBUTÁRIOS ELEMENTOS VALORES Receita Operacional Bruta .................................................................................. (-) Deduções da Receita Bruta: ○ Devolução de Vendas.............................................................. R$ 11.000,00 ○ Desc. Incondicionais Concedidos (10.000,00 – 1.000,00) ....... R$ 9.000,00 ○ Ajustes aValor Presente (20.000,00 – 2.000,00) .................. R$ 18.000,00 ○ Tributos Incidentes sobre Venda ............................................ R$ 24.525,00 • ICMS (18.000-1.800) PIS (1.650-165) COFINS (7.600-760) .................... (=")" Receita Operacional Líquida ......................................................................... (-) Custo das Mercadorias Vendidas – CMV (30.000,00-3.000,00) .......................... (=")" Lucro Operacional Bruto (Lb) . ………………………………............................................. 110.000,00 62.525,00 47.475,00 27.000,00 20.475,00 A representação acima parte do pressuposto que os valores da Receita Operacional Bruta (Vendas Brutas) e da Devolução de Vendas referem-se ao mesmo período de apuração. Note que o valor da Receita Operacional Líquida (Vendas Líquidas) correspondente exatamente ao valor líquido da Nota Fiscal de Vendas, deduzido do valor do valor líquido da Nota Fiscal de Devolução de Vendas, do valor líquido dos tributos incidentes sobre Vendas (ICMS, PIS e COFINS) e do valor líquido dos AVP. Observe o cálculo a seguir: ● Valor Bruto (R$ 110.000,00 – R$ 11.000,00) ............................................................... R$ 99.000,00 ● (-) Desconto Incondicional (R$ 10.000,00 – R$ 1.000,00) .......................................... R$ 9.000,00 ● (=")" Subtotal (R$ 100.000,00 – R$ 10.000,00) ............................................................... R$ 90.000,00 ● (-) Ajustes a Valor Presente (R$ 20.000,00 – R$ 2.000,00) ......................................... R$18.000,00 ● (-) Tributos Incidentes sobre Venda: ○ ICMS (R$ 18.000,00 – R$ 1.800,00) ............. R$ 16.200,00 ○ PIS (R$ 1.650,00 – R$ 165,00) ..................... R$ 1.485,00 ○ COFINS (R$ 7.600,00 – R$ 760,00) ............... R$ 6.840,00 ............................... R$ 24.525,00 (=")" Receita Líquida (R$ 90.000,00 – R$ 18.000,00 – R$ 24.525,00) ................................ R$ 47.475,00 ● (-) Custo das Mercadorias Vendidas (R$ 30.000,00 – R$ 3.000,00) ........................... R$ 27.000,00 (=")" Lucro Operacional Bruto (Lucro Bruto) ..................................................................... R$ 20.475,00 Os valores dos Tributos Incidentes sobre Vendas (calculados “por dentro”) correspondem exatamente à aplicação da alíquota do tributo sobre a base de cálculo líquida (subtotal acima no valor de R$ 90.000,00), assim: ● ICMS (18% x R$ 90.000,00) ............................... R$ 16.200,00 ● PIS (1,65% x R$ 90.000,00) ............................... R$ 1.485,00 ● COFINS (7,6% x R$ 90.000,00) .......................... R$ 6.840,00 ..................................... R$ 24.525,00 O valor da receita operacional líquida será: R$ 47.475,00 (R$ 90.000,00 – R$ 18.000,00 – R$ 24.525,00). 4.1.4.2. Exclusão dos AVP e dos Tributos Incidentes sobre Vendas A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) pelas normas parciaisda legislação societária (Pronunciamentos Técnicos CPC 12 e 30) poderia ser representada da seguinte forma: DRE PARA EFEITOS SOCIETÁRIOS ELEMENTOS VALORES Receita Operacional Bruta........................................................................................ (-) Deduções da Receita Bruta: ○ Devolução de Vendas................................................................ R$ 6.275,00 ○ Desc. Incondicionais Concedidos (10.000,00 – 1.000,00) ........ R$ 9.000,00 (=")" Receita Operacional Líquida............................................................................. (-) Custo das Mercadorias Vendidas – CMV (30.000,00-3.000,00) ......................... (=")" Lucro Operacional Bruto (Lb) .......................................................................... 62.750,00 15.275,00 47.475,00 27.000,00 20.475,00 Notas: 1ª) Pelas normais parciais dos Pronunciamentos Técnicos CPC 12 e 30 a Receita de Vendas, bem como, as Devoluções de Vendas não poderão conter valores relativos aos tributos incidentes sobre vendas ou sobre o valor adicionado, bem como, os Ajustes a Valor Presente (Receitas Financeiras) assim, os mencionados valores seriam: a) Receita de Vendas ou Vendas Brutas R$ 62.750,00 (R$ 110.000,00 – R$ 18.000,00 – R$ 1.650,00 – R$ 7.600,00 – R$ 20.000,00); b) Devolução de Vendas R$ 6.275,00 (R$ 11.000,00 – R$ 1.800,00 – R$ 165,00 – R$ 760,00 – R$ 2.000,00); 2ª) Os Ajustes a Valor Presente (AVP) devem ser reconhecidos mensalmente como Receitas Financeiras da data da operação de venda até a data do recebimento final do crédito para atender as normas do Pronunciamento Técnico CPC 12. Para essa finalidade os referidos ajustes que devem ser considerados como Receitas Financeiras na apuração do resultado do exercício (ARE), corresponderão ao AVP sobre o montante das vendas, menos o AVP sobre o montante da devolução de vendas, ou seja, R$ 18.000,00 (R$ 20.000,00 – R$ 2.000,00)]; 3ª) Os Descontos Incondicionais Concedidos e o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) conservariam os mesmos valores apurados na DRE da Legislação Tributária, a saber, (R$ 11.000,00 e R$ 27.000,00); 4ª) Note que os valores da Receita Líquida e do Lucro Bruto são idênticos tanto na apuração pelas regras da legislação tributária, quanto pelas regras da legislação societária, ou seja, correspondem nessa hipótese a R$ 47.475,00 e R$ 20.475,00, respectivamente; 5ª) A pessoa jurídica que publicar suas demonstrações contábeis, deverá fazê-lo na forma exigida pela legislação societária assim deverá, também, inserir nota explicativa indicando como seria levantada a DRE, segundo as normas da legislação tributária previstas nos arts. 279 e 280 do RIR/1999 com as alterações provocadas pela Lei 12.973/2014. A seguir deverá transcrever a parte inicial da DRE pela legislação tributária constante no subitem 4.1.4.1, deste capítulo. 4.1.4.2.1. Nova opção da DRE – Legislação Societária Relativamente aos Descontos Incondicionais Concedidos e as Devoluções de Vendas é importante, ainda, reproduzir os itens 10 e 17 do Pronunciamento Técnico CPC 30 que trata das Receitas. Assim, segue a transcrição literal dos mencionados itens: 10. O montante da receita proveniente de uma transação é geralmente estabelecido entre a entidade e o comprador ou usuário do ativo. É mensurado pelo valor justo da contraprestação recebida, ou a receber, deduzida de quaisquer descontos comerciais (trade discounts) e/ou bonificações (volume rebates) concedidos pela entidade ao comprador. 17. Se a entidade retiver somente um risco insignificante inerente à propriedade, a transação é uma venda e a receita deve ser reconhecida. Por exemplo, um vendedor pode reter a titularidade legal sobre os bens unicamente para garantir o recebimento do valor devido. Em tal caso, se a entidade tiver transferido os riscos e benefícios significativos inerentes à propriedade, a transação é uma venda e a receita deve ser reconhecida. Outro exemplo de entidade retendo tão só um insignificante risco de propriedade diz respeito às vendas a varejo em que o valor da compra pode ser reembolsado se o cliente não ficar satisfeito. A receita em tais casos deve ser reconhecida no momento da venda, desde que o vendedor possa estimar com confiabilidade as devoluções futuras. O passivo correspondente a tais devoluções deve ser mensurado tomando por base experiências anteriores e outros fatores relevantes (os destaques não são do original). Posto isto, entendemos que na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) a Receita a ser reconhecida deve ser o valor líquido dos descontos incondicionais e a devolução de vendas deve ser provisionada como passivo. Assim, utilizando os dados da exemplificação anterior a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) pelas normas da legislação societária retromencionadas poderia ser representada da seguinte forma: DRE PARA EFEITOS SOCIETÁRIOS ELEMENTOS VALORES(=")" Receita Operacional ........................................................................................... (-) Custo das Mercadorias Vendidas – CMV (30.000,00-3.000,00) ......................... (=")" Lucro Operacional Bruto (Lb) ………………………………........................................... 47.475,00 27.000,00 20.475,00 4.1.5. EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/COFINS O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu no mês de março de 2017 que a União não pode incluir o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na base de cálculo das contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Os seis ministros que votaram pela desvinculação do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS avaliaram que o ICMS não compõe o faturamento ou a receita bruta das empresas. A decisão da Suprema Corte terá repercussão geral no Judiciário, ou seja, a partir de agora, as instâncias inferiores da Justiça também terão de seguir essa orientação. Essas contribuições (PIS e COFINS) são tributos pagos por empresas de todos os setores e ajudam a financiar a Previdência Social e o seguro-desemprego. Em nota, o Ministério da Fazenda informou que a União ingressará com o recurso de embargos de declaração quando o acórdão for publicado, "a fim de que o seu pedido de modulação de efeitos seja apreciado pela Corte". Nele, a União deverá requerer que a decisão do STF tenha efeitos a partir de 2018. Assim, a entrada em vigor da decisão ainda depende da apreciação pelo Supremo Tribunal Federal – STF - dos recursos que serão apresentados pelo governo, os quais, segundo a imprensa, devem demandar a modulação dos efeitos da decisão, de forma a que a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS entre em vigor apenas a partir do ano-calendário de 2018. 4.1.5.1. NOVOS CÁLCULOS DO PIS E DA COFINS A partir da data da entrada em vigor da referida decisão o cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS) poderá ser realizado da seguinte forma: ● CONTRIBUIÇÕES CUMULATIVAS: Fórmula para o caso do PIS e da COFINS (3,65%): PV = PL + PV 18% (ICMS) + 82% x 3,65% PV Onde: PV = Preço de Venda PL = Preço Líquido de impostos (o preço que o produtor deseja obter livre dos tributos) Desenvolvendo a Fórmula: PV = PL + 18% PV + 2,993% PV PV = PL + 20,993% PV PL = 79,007% PV PV = PL/79,007% Suponha que o produtor queira um PL de R$ 1.580,14: PV = R$ 2.000,00 (R$ 1.580,14/79,007%) ICMSR$ 360,00 (18% x R$ 2.000,00) PIS + COFINS = 3,65% x R$ 1.640,00 R$ 1.640,00 = (R$ 2.000,00 – R$ 360,00) PIS R$ 10,66 (0,65% x R$ 1.640,00) COFINSR$ 49,20 (3% x R$ 1.640,000) PL = R$ 1.580,14 (R$ 2.000,00 – R$ 360,00 – R$ 10,66 – R$ 49,20) ● CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS: Fórmula para o caso do PIS e da COFINS (9,25%): PV = PL + PV 18% (ICMS) + 9,25% x 82% PV Onde: PV = Preço de Venda PL = Preço Líquido de impostos (o preço que o produtor deseja obter livre dos tributos) Desenvolvendo a Fórmula: PV = PL + 18% PV + 7,585% PV PV = PL + 25,585% PV PL = 74,415% PV PV = PL/74,415% Suponha que o produtor queira um PL de R$ 744,15: PV = R$ 1.000,00 (R$ 744,15/74,415%) ICMS R$ 180,00 (18% x R$ 1.000,00) PIS + COFINS = 9,25% x R$ 820,00 R$ 820,00 = (R$ 1.000,00 – R$ 180,00) PISR$ 13,53 (1,65% x R$ 820,00) COFINSR$ 62,32 (7,6% x R$ 820,00) PL = R$ 744,15 (R$ 1.000,00 – R$ 180,00 – R$ 13,53 – R$ 62,32) 4.1.5.2. CRÉDITO DE PIS E COFINS SOBRE O ICMS Após a decisão do STF sobre a exclusão do valor do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), é possível que a União proponha, por meio de lei específica, a vedação do crédito de PIS e COFINS calculado sobre o valor do ICMS contido no valor da aquisição de mercadorias para revenda, insumos para área industrial e de serviços, ativos imobilizados e outras aquisições (consulte a respeito do assunto o item nº 3.5, subitens 3.5.2 e 3.5.4.2, deste livro). 4.2. Alterações no conceito de receita bruta e líquida 4.2.1. Reflexos na Estimativa9 mensal (Lucro Real)9 O art. 6º da Lei 12.973/2014, alterou o art. 2º da Lei 9.430/1996, objetivando adequar o novo conceito de Receita Bruta para fins de apuração do IRPJ e da CSLL determinados com base na estimativa pura (calculada sobre o montante da receita bruta ajustada e acréscimos). No montante da Receita Bruta Ajustada não se incluem as devoluções de vendas, vendas canceladas e os descontos concedidos incondicionalmente (art. 224 do RIR/1999). Veja no quadro a seguir um resumo dessa forma de tributação. Os arts. 4º a 6º da IN RFB 1.515/2014 (atuais arts. 32 a 40 da IN RFB 1.700/2017), regulamentou a sistemática do pagamento mensal por estimativa pura (com base na receita bruta e acréscimos) e da estimativa monitorada (com base em balanço ou balancete de suspensão ou redução). CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL – ESTIMATIVA PURA (COM BASE NA RECEITA BRUTA AJUSTADA E ACRÉCIMOS) N. ELEMENTOS VALORES 01 Receita Bruta Ajustada do mês [Receita Bruta menos Devoluções de Vendas, Vendas Canceladas, Descontos Incondicionais Concedidos, IPI e ICMS/ST – art. 224 do RIR/1999 (incluindo os Ajustes a Valor Presente)] 02 (x) Coeficientes da Estimativa Mensal (arts. 223 a 227 do RIR/1999) 03 (=")" Subtotal (1 x 2) 04 (+) Demais Receitas, Rendimentos e Ganhos de Capital (incluindoos Ajustes a Valor Presente desses itens) 05 (=")" Base de Cálculo do IRPJ (3 + 4) Os coeficientes para a apuração da CSLL são 12% e/ou 32% (este último para as atividades previstas na Lei 10.684/2003). Nota: Entretanto a empresa poderá recolher o valor apurado no mês com base no levantamento mensal de Balanço ou Balancete específico para essa finalidade (Estimativa Monitorada). O resultado apurado deverá ser ajustado por todas as adições, exclusões e compensações previstas ou autorizadas pela legislação tributária. Veja, a respeito, o capítulo 1, subitem 1.2.6. 4.2.2. Reflexos no Lucro Presumido e Arbitrado Tendo em vista que o montante dos Ajustes a Valor Presente (AVP) compõe o valor da receita bruta, a referida importância será computada também na base de cálculo do Lucro Presumido e do Lucro Arbitrado, tendo em vista que o cálculo do IRPJ e da CSLL é realizado pela aplicação dos percentuais de presunção ou de arbitramento sobre o valor da receita bruta ajustada (coeficientes previstos nos arts. 519 e 532 que consideram a receita bruta ajustada definida no art. 224 do RIR/1999). Nessa hipótese, o reconhecimento mensal da Receita Financeira decorrente do AVP não deverá compor novamente a base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), pois já foi considerada como Receita Bruta na data da operação de venda. Tampouco deverá compor a base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS) pela mesma razão. Entretanto se o valor do AVP não fosse considerado como Receita Bruta e sim como Receita Financeira em conformidade com as normas do Pronunciamento Técnico CPC 12, essa importância seria computada integralmente na base de cálculo do lucro presumido e arbitrado como Demais Receitas, Rendimentos ou Ganhos de Capital, porém, na forma pro rata temporis (proporcional ao tempo) da data da operação até a data do recebimento final do crédito e, dessa forma, não se aplicariam os percentuais de presunção ou de arbitramento sobre os mencionados valores. A forma de apuração do lucro presumido e arbitrado está prevista nos arts. 516 a 528 (Lucro Presumido) e arts. 529 a 540 (Lucro Arbitrado) do RIR/1999. As referidas formas de apuração do IRPJ e da CSLL poderão ser, resumidamente, visualizadas no quadro a seguir:10 CÁLCULO TRIMESTRAL DO IRPJ E DA CSLL (LUCRO PRESUMIDO E ARBITRADO) Nº ELEMENTOS VALORES 01 Receita Bruta Ajustada do Trimestre10 [Receita Bruta menos Devoluções de Vendas, Vendas Canceladas, Descontos Incondicionais Concedidos,IPI e ICMS/ST – art. 224 do RIR/1999 (incluindo os Ajustes a Valor Presente)] 02 (x) Coeficientes de Presunção ou de Arbitramento (arts. 518 a 520e 532 a 534, respectivamente do RIR/1999) 03 (=")" Subtotal (1 x 2) 04 (+) Demais Receitas, Rendimentos e Ganhos de Capital (incluindoos Ajustes a Valor Presente desses itens) 05 (=")" Base de Cálculo do IRPJ (3 + 4) Os coeficientes para a apuração da CSLL são 12% e/ou 32% (este último para as atividades previstas na Lei 10.684/2003). Notas: 1.ª) O art. 6º da Lei 12.973/2014, alteraram os incisos I e II e parágrafos do artigo: a) 25 da Lei 9.430/1996, que dispõe sobre a base de cálculo do Lucro Presumido, objetivando adequar esta forma de tributação ao novo conceito de Receita Bruta especificada no mencionado diploma legal; b) 27 da Lei 9.430/1996, que dispõe sobre a base de cálculo do Lucro Arbitrado, objetivando adequar esta forma de tributação ao novo conceito de Receita Bruta especificada no mencionado diploma legal; 2ª) Por opção da pessoa jurídica, o lucro presumido poderá considerar na apuração da base de cálculo o montante das receitas pelo regime de competência ou de caixa, porém, o Lucro Arbitrado deverá considerar as receitas em conformidade com as disposições do regime de competência. 4.2.3. Reflexos na CSLL O art. 6º da Lei 12.973/2014, alterou os incisos I e II do art. 29 da Lei 9.430/1996, que dispõe sobre a base de cálculo da CSLL das pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Presumido e Arbitrado e das demais empresas dispensadas de escrituração contábil, ou seja, devem considerar os valores correspondentes às demais receitas, bem como, os resultados positivos decorrentes de receitas que não integram as atividades principais da empresa com os valores dos AVP (inciso VIII, art. 183 da Lei 6.404/76). 4.2.4. Reflexos nas contribuições sociais (PIS E COFINS) Compondo o montante da receita bruta, os AVP também serão computados na base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS). Nessa hipótese, o reconhecimento mensal da Receita Financeira decorrente do AVP não deverá compor novamente a base de cálculo dos tributos (PIS e COFINS), pois, já foi considerada como Receita Bruta na data da operação da venda ou da prestação de serviços. 4.2.4.1. Crédito das contribuições sociais (PIS E COFINS) Entretanto, a pessoa jurídica poderá calcular os créditos das contribuições para o PIS e para a COFINS sobre o montante dos AVP contidos nos preços de compras a prazo (inciso III caput do art. 184 da Lei 6.404/1976) de insumos, mercadorias, produtos e demais bens e valores sujeitos à incidência não cumulativa. Esta previsão está contida nos seguintes artigos da Lei 12.973/2014: • Art. 53 que alterou a Lei 10.865/2004 (PIS e COFINS Importação, crédito previsto no art. 15, I, § 13); • Art. 54 que alterou a Lei 10.637/2002 (PIS Não Cumulativo, crédito previsto no art. 3.º, § 17); • Art. 55 que alterou a Lei 10.833/2003 (COFINS Não Cumulativa, crédito previsto no art. 3.º, § 25). 4.2.4.2. PIS E COFINS – Regime da Cumulatividade O art. 52 da Lei 12.973/2014, alterou os art. 3º e parágrafos da Lei 9.718/1998, que dispõe sobre a base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS) apuradas pelo regime da cumulatividade, objetivando adequar esta forma de tributação ao novo conceito de Receita Bruta previsto na Lei 12.973/2014. Inseriu também inciso VI no § 2º permitindo a exclusão da receita reconhecida pela construção, recuperação, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, no caso de contratos de concessão de serviços públicos. 4.2.4.2.1. Créditos do ICMS – Regime da Cumulatividade O inciso VII do art. 117 da Lei 12.973/2014, revogou, a partir de janeiro de 2015, o inciso V do § 2º do art. 3º da Lei 9.718/1998, que correspondia à exclusão na base de cálculo do PIS e da COFINS da receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação. Entendemos que o objetivo dessa revogação é considerar o referido valor na base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), observe o caso prático a seguir: Dados: • Crédito do ICMS decorrente de compra de mercadorias no mercado interno, destinadas a importação ............................................................................... R$ 1.800.000,00; • Venda desses créditos à vista por ............................... R$ 1.500.000,00. Os registros contábeis indicariam: Pela Venda à Vista D – Disponível (AC) C – Receita de Alienação de Créditos de ICMS (ARE) 1.500.000,00 Baixa do valor dos créditos D – Custo dos Créditos de ICMS Alienados (ARE) C – ICMS a Compensar (Exportação) – AC 1.800.000,00 Notas: 1ª) A referida operação registrou um prejuízo no valor de R$ 300.000,00 (R$ 1.500.000,00 – R$ 1.800.000,00). Entendemos que a referida Perda é Dedutível na apuração da base de cálculos dos tributos (IRPJ e CSLL); 2ª) A partir da vigência de aplicação do referido artigo mencionado neste item, o valor da Receita de Alienação de Créditos de ICMS no valor de R$ 1.500.000,00 passaria a ser computada na base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS); 3ª) Se o crédito correspondente fosse compensado integralmente com débitos de ICMS, registrado no Passivo Circulante (PC), a pessoa jurídica deixaria de recolher a importância de R$ 1.800.00,00 e, nessa hipótese, não haveria nenhuma incidência tributária. Observe a seguir o registro contábil da referida compensação: D – ICMS a Recolher (PC) C – ICMS a Compensar (Exportação) – AC 1.800.000,00 4.2.5. Contratos de Construção a Longo Prazo As contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na hipótese de contratos, com prazo de execução superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços a serem produzidos será calculada sobre a receita apurada de acordo com os critérios de reconhecimento adotados pela legislação do imposto sobre a renda, previstos para a espécie de operação. Geralmente nessas situações é permitido o pagamento dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) pelo regime de caixa. 4.2.6. Contratos de Concessão No caso de contratos de concessão de serviços públicos, a receita reconhecida pela construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento da infraestrutura, cuja contrapartida seja ativo intangível representativo de direito de exploração, não integrará a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A tributação ocorrerá quando houver a alienação do direito como ganho de capital que constituirá a diferença positiva entre o valor da alienação e o valor dos custos incorridos na sua obtenção, deduzido da correspondente amortização (art. 44 da Lei 12.973/2014). 4.2.7. Mudança de Lucro Presumido para Lucro Real A empresa que possuir ganhos decorrentes da avaliação a valor justo (consulte o capítulo 5, deste livro), relativo aos ativos constantes em seu patrimônio deverá, na data da transição (alteração do Lucro Presumido para o Lucro Real), tomar as seguintes providências (art. 16 da Lei 12.973/2014): • evidenciar contabilmente o valor dos ganhos em subconta vinculada ao ativo e passivo; • tributar o valor do ganho pelo Lucro Presumido; ou • diferir o valor do ganho a partir da opção pela tributação com base no Lucro Real e computar o referido ganho na apuração da base de cálculo à medida que o ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, alienação ou baixa. Notas: 1ª) O disposto neste item aplica-se também na hipótese de avaliação com base no valor justo de passivos vinculados a ativos, ainda não realizados totalmente na data de transição para o Lucro Real; 2ª) Se o valor do ativo for não dedutível o ganho não deverá ser computado na apuração do Lucro Real (§ 2º do art. 13); 3ª) O art.2º do Ato Declaratório Interpretativo (ADI) SRF 5, de 2001, trata da referida alteração na forma de tributação (lucro presumido para lucro real) em situação especial, ou seja, durante o ano-calendário em que a pessoa jurídica incorrer em situação que a obrigue à apuração do lucro real. 4.2.7.1. Tributação dos Valores Diferidos A pessoa jurídica que, até o ano-calendário anterior, houver sido tributada com base no lucro real deverá adicionar à base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), correspondente ao primeiro período de apuração no qual houver optado pela tributação com base no lucro presumido ou for tributada com base no lucro arbitrado, os saldos dos valores cuja tributação havia diferido, independentemente da necessidade de controle na parte B do LALUR O disposto aplica-se inclusive aos valores controlados por meio de subcontas referentes às diferenças na adoção inicial (consulte o Capítulo 12) e à avaliação de ativos ou passivos com base no valor justo (consulte o Capítulo 5). 4.2.8. Avaliação a Valor Justo – Ganho de Capital Os ganhos decorrentes de avaliação de ativos e passivos com base no valor justo (consulte o Capítulo 5 deste livro) não integrarão a base de cálculo do imposto, no momento em que forem apurados. Os ganhos e perdas decorrentes dessa avaliação não serão considerados como parte integrante do valor contábil dos bens para fins de determinação do ganho de capital na alienação de bens, desde que os ganhos não tenham sido computados anteriormente na base de cálculo do IRPJ e da CSLL. 4.3. Lucro real 4.3.1. Custo dos Bens e dos Serviços O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matérias-primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção; b) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; c) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; d) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; e) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda de 5% do custo total dos produtos vendidos no exercício social anterior, poderá ser registrada diretamente como custo. Por sua vez, o art. 2º da Lei 12.973/2014, acrescentou os §§ 3º e 4º ao art. 13 do Decreto Lei 1.598/1977 (matriz legal do art. 290 do RIR/1999) determinando que o disposto nas letras “c”, “d” e “e” do texto anterior não alcança os encargos de depreciação, amortização e exaustão gerados por bem de arrendamento mercantil11 na pessoa jurídica arrendatária. Assim, a pessoa jurídica deverá proceder ao ajuste no lucro líquido para fins de apuração do lucro real no período de apuração em que o referido encargo for apropriado como custo de produção. Veja maiores detalhes sobre o arrendamento mercantil no item 4.3.9 deste capítulo. 4.3.1.1. Caso Prático Supondo que uma empresa arrendatária tenha registrado um bem adquirido por arrendamento mercantil financeiro no Ativo Não Circulante – Imobilizado, os encargos de depreciação, amortização ou exaustão do referido bem, contabilizados como custo de produção, deverão ser adicionados à base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A do LALUR. Caso Prático: Elementos do Custo de Produção: Valores Material Direto Aplicado (MD) 200.000,00 Mão de Obra Direta (MOD) 140.000,00 Custos Indiretos de Fabricação (CIF) 160.000,00 Depreciação de bem Arrendado 40.000,00 Total 540.000,00 4.3.1.1.1. Ajuste no LALUR/LACS Tendo em vista que a depreciação de bem adquirido por arrendamento mercantil financeiro no valor de R$ 40.000,00, computado no custo de produção, não poderá ser deduzido na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), a referida importância deverá ser adicionada na parte A do LALUR/LACS. Note que a empresa registrou o valor da contraprestação paga como exclusão na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A do LALUR/LACS. 4.3.2. Acréscimo de Atividades O art. 9º da Lei 12.973/2014 alterou o art. 15 da Lei 9.430/1995, incluindo a alínea “e” para acrescentar a atividade se serviços de construção, recuperação, reforma, ampliações ou melhoria de infraestrutura vinculados a contratos de concessão de serviços públicos,12 sobre a qual deverá ser aplicado o percentual de 32% para fins de obtenção da base de cálculo estimada, calculada sobre o montante da receita bruta ajustada e acréscimos do mês (estimativa pura). Consulte a respeito o Capítulo 9 deste livro. 4.3.3. Despesas Pré-operacionais ou Pré-industriais1313 Para fins de determinação do lucro real, não serão computadas, no período de apuração em que incorridas, as despesas: a) de organização, pré-operacionais ou pré-industriais, inclusive da fase inicial de operação, quando a empresa utilizou apenas parcialmente o seu equipamento ou as suas instalações; e b) de expansão das atividades industriais. As mencionadas despesas poderão ser excluídas para fins de determinação do lucro real, em quotas fixas mensais no prazo mínimo de 5 (cinco) anos, a partir do início das operações ou da plena utilização das instalações, no caso da letra “a”; e do início das atividades das novas instalações, no caso letra “b”. 4.3.3.1. Ajustes no LALUR/LACS Ao contabilizar as referidas despesas em conta de resultado, a pessoa jurídica deverá adicionar o referido valor na parte A e controlá-lo na parte B do LALUR/LACS. A partir do mês inicial da exclusão deverá baixar 1/60 desse montante na parte B e excluí-lo na parte A do LALUR/LACS para fins de apuração da Base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL). Caso Prático: • Gastos pré-operacionais registrados como despesas R$ 600.000,00. Valor adicionado na parte A e controlado na parte B do LALUR/LACS; • Início das operações normais da empresa: janeiro de 2016. Cálculo e Ajuste no LALUR/LACS: • Valor mensal da exclusão a partir de janeiro de 2016 R$ 10.000,00 (R$ 500.000,00/60 meses). Valor a ser baixado na parte B e excluído na parte A do LALUR/LACS. 4.3.4. Depreciação A legislação tributária permite que a dedução da despesa de depreciação seja feita pela taxa fiscal, mesmo que o contribuinte tenha usado uma taxa de depreciação contábil inferior. O contribuinte pode deduzir a diferença na parte A do LALUR/LACS e controlá-la na parte B. Quando a depreciação para fins tributários atingir 100% do valor do bem, o contribuinte deve passar a adicionar o valor da despesa de depreciação contábil na parte A e dar baixa na parte B dos mencionados livros (art. 40 da Lei 12.973/2014). A possibilidade de excluir a quota de depreciação registrada a menor na contabilidade do contribuinte foi permitida para atender às disposições da legislação societária contida no § 3º do art. 183 da Lei 6.404/1976, a seguir transcrito. Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: § 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente,14 análise sobre a recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a fim de que sejam: I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou (Incluído pela Lei 11.638, de 2007 – Veja exemplificação no item 4.5, deste material) II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização (os destaques não são dooriginal). Notas: 1ª) A matéria prevista no artigo acima se encontra disciplinada no Pronunciamento Técnico CPC 01 que trata da Redução ao Valor Recuperável dos Ativos; 2ª) A Receita Federal do Brasil trata do assunto especificado no item II do § 3º do art. 183 da Lei 6.404/1976 no Parecer Normativo RFB 01, de 29.07.2011; 3ª) A matéria disposta no art. 40 da Lei 12.973/2014, encontra-se regulamentada nos arts. 65 a 68 da IN RFB 1.515/2014. Caso Prático – Dados: Custo de Aquisição de Bem Fixo (Imobilizado) .................... R$ 250.000,00 (-) Perda por Desvalorização de Ativos (Recuperabilidade) ... R$ 30.000,00 A empresa estipulou um valor residual de R$ 20.000,00 para o referido bem e uma taxa de depreciação anual de 6% na avaliação de ativos em decorrência da avaliação prevista no Pronunciamento Técnico CPC 01. Para fins tributários, a IN SRF 162/1998, define como taxa anual de depreciação fiscal desse bem: 10%. Base de Cálculo para fins de Depreciação Societária (Contábil) R$ 200.000.00 (R$ 250.000,00 – R$ 30.000,00 – R$ 20.000,00). Base de Cálculo para fins de Depreciação Tributária R$ 250.000,00 (Custo de Aquisição). Depreciação Tributária, Contábil e Ajustes: • Depreciação Tributária (10% x R$ 250.000,00) ....................... R$ 25.000,00 • Depreciação Contábil (6% x R$ 200.000,00) ........................... R$ 12.000,00 • (=")" Exclusão Permitida no LALUR/LACS (IRPJ e CSLL) ............. R$ 13.000,00 O valor de R$ 13.00,00 poderá ser excluído na parte A, porém, deverá ser controlado na parte B do LALUR/LACS. Quando a depreciação contábil somada à exclusão realizada no LALUR/LACS atingir o custo de aquisição do bem, a despesa registrada na contabilidade a parte desse momento deverá ser baixada na parte B e adicionada na parte A do LALUR/LACS. Consulte a respeito os itens 30 e 31 do Parecer Normativo RFB 1/2011, bem como, os arts. 65 a 68 da IN RFB 1.505/2014 (atuais arts. 121 a 124 da IN 1.700/2017). 4.3.5. Bens de Pequeno Valor – Imobilizado e Intangível O custo de aquisição de bens do ativo não circulante imobilizado e intangível poderá ser deduzido como despesa operacional, se o bem adquirido tiver valor unitário até o montante de R$ 1.200,00 ou prazo de vida útil não superior a um ano (art. 2º da Lei 12.973/2014 e art. 120 da IN RFB 1.700/2017). A matéria em questão encontra-se disciplinada no art. 301 do RIR/1999 e o valor anterior era de R$ 326,61. O Parecer Normativo CST 100/1978 disciplina a questão, acrescentado, além do valor unitário e o prazo de vida útil, as seguintes condições: • o direito de dedução deverá ser manifestado no momento da aquisição do bem pelo respectivo registro contábil; • o bem deve ter utilidade individual, assim, o valor não poderá ser deduzido como despesas quando a atividade exercida pela empresa exija utilização de um conjunto de bens da mesma natureza. Notas: 1ª)O custo de aquisição compreende o valor da aplicação de capital mais as despesas normais (despesas de fretes, seguro e tributos, exceto os recuperáveis), necessárias à integração de bem ao patrimônio da pessoa jurídica (PN CST nº 58/76); 2ª)O limite retromencionado para fins de registro como despesa é fiscal. Os critérios para reconhecimento e mensuração de ativos do ponto de vista da legislação societária encontram-se disciplinados no Pronunciamento Técnico CPC 01 que trata da redução ao valor recuperável de ativos. 4.3.6. Receitas e Despesas Financeiras Sem prejuízo das vedações das deduções na base de cálculo do IRPJ e da CSLL previstas no art. 13 da Lei 9.249/1995, os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas: a) os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, a correção monetária prefixada e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito deverão ser apropriados, pro rata tempore, nos exercícios sociais a que competirem;15 e b) os juros e outros encargos, associados a empréstimos contraídos, especificamente ou não, para financiar a aquisição, construção ou produção de bens classificados como estoques de longa maturação, propriedade para investimentos, ativo imobilizado ou ativo intangível, podem ser registrados como custo do ativo, desde que incorridos até o momento em que os referidos bens estejam prontos para seu uso ou venda.16Considera-se como encargo associado a empréstimo aquele em que o tomador deve necessariamente incorrer para fins de obtenção dos recursos. Consulte a respeito o art. 73 da IN RFB 1.515/2014 (atual art. 144 da IN RFB 1700/2017). 4.3.6.1. Ajustes no LALUR/LACS Alternativamente, nas hipóteses a que se refere a mencionada letra “b”, os juros e outros encargos poderão ser excluídos da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) quando incorridos, devendo ser adicionados na parte A do LALUR/LACS quando o respectivo ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa. 4.3.6.2. Variações Monetárias decorrentes de AVP As variações monetárias em razão da taxa de câmbio referentes aos saldos de valores a apropriar decorrentes de ajuste a valor presente (AVP) não serão computadas na determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), ou seja, deverão ser adicionadas ou excluídas na parte A do LALUR/LACS. Adição – O AVP incidente sobre as variações monetárias passivas registradas como despesas financeiras deverá ser adicionado à base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A do LALUR/LACS. Exclusão – O AVP incidente sobre as variações monetárias ativas registradas como receitas financeiras poderá ser excluído da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A do LALUR/LACS. 4.3.7. Juros sobre o Capital Próprio (JCP) A Lei 11.638/2007 que introduziu as normas da contabilidade internacional no País provocou diversas modificações na estrutura das contas do patrimônio líquido (PL). Objetivando adaptar essa nova estrutura à base de cálculo dos juros sobre o capital próprio (JCP) o art. 9.º da Lei 12.973/2014, promoveu alterações nos §§ 8º e 11 do art. 9º da Lei 9.249/1995 que trata do JCP. A matéria encontra-se regulamentada pelo art. 28 da IN RFB 1.515/2014 (atual art. 75 da IN RFB 1.700/2017). Verifique no quadro a seguir as contas do PL a serem computadas na base de cálculo dos Juros sobre o Capital Próprio (JCP):17 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) Capital Social Reservas de Capital Reservas de Lucro (-) Ações em Tesouraria17 (-) Prejuízos Acumulados (Lei 10.303/2001) A Lei 10.303/2001 inseriu o § 6º do art. 202 da Lei 6.404/76, dispondo: “Os lucros não destinados nos termos dos arts. 193 a 197 (Reservas de Lucros) deverão ser distribuídos como dividendos”. Baseada nessa disposição legal, a Lei 11.941/2009, na nova estrutura do Balanço Patrimonial, excluiu das contas do Patrimônio Líquido o saldo positivo da conta Lucros Acumulados, tendo em vista que o mencionado valor deverá ser todo destinado para a constituição das reservas de lucros e/ou para a distribuição de dividendos. Entretanto, a obrigatoriedade da referida destinação alcança apenas as empresas constituídas sob a forma de sociedade anônima (item 47 da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC 1.159/2009). Notas: (1ª) Conforme texto legal retro citado, o saldo porventura existente na conta de lucros acumulados para as empresas não constituídas sob a forma de sociedade anônima (art. 47 da Resolução CFC 1.159/2009), não poderá ser computado na base de cálculo dos Juros sobre o Capital Próprio (JCP). Assim, para evitar futuros problemas junto à Receita Federal do Brasil, sugerimos que a sociedade limitada, tributada com base no lucro real, que pretenda distribuir JCP transfira, na data do balanço, o saldo, porventura existente na conta de lucros acumulados, para a conta de reservas de lucros, objetivando incluiro mencionado saldo na base de cálculos dos referidos juros. Sugerimos, ainda, que a sociedade promova uma alteração no seu contrato social para nele incluir cláusula sobre a constituição da Reserva de Lucros com o saldo de Lucros Acumulados, não distribuídos na data do Balanço Patrimonial; (2ª) A dedução dos JCP pelas empresas tributadas com base no lucro real alcança também a base de cálculo da CSLL [§ 11 do art. 9º da Lei 9.249/1995 (inserido pelo art. 9º da Lei 12.973/2014)]; (3ª) Para os anos-calendário de 2008 a 2013, a empresa poderá utilizar as contas do PL mensurado de acordo com as disposições da Lei 6.404/1976, porém, não poderá computar os valores relativos aos ajustes de avaliação patrimoniais previstos no § 3º do art. 182 da Lei 6.404/76. Para o ano-calendário de 2014, a referida alternativa será aplicada de forma restrita aos não optantes pelas disposições contidas nos arts. 1º e 2º e 4º a 70 no novo texto legal (art. 73 da Lei 12.973/14). Consulte a respeito o Capítulo 12. Caso Prático: A Companhia PVSN no ano-calendário de 2015 (apuração anual do lucro real) decidiu creditar juros sobre o capital próprio aos seus acionistas. Observe os dados a seguir para calcular e contabilizar os JCP: PATRIMÔNIO LÍQUIDO EM 31.12.2014 COMPONENTES VALORES ● Capital Social ........................................................................................... ● Reservas de Capital ................................................................................ ● Reservas de Lucros .................................................................................. ● Ajustes de Avaliação Patrimonial .......................................................... ● (-) Prejuízos Contábeis ............................................................................. 1.150.000,00 350.000,00 400.000,00 300.000.00 -200.000,00 Total do Patrimônio Líquido ....................................................................... 2.000.000,00 DEMAIS DADOS: ● Não houve alteração nas contas do PL no ano-calendário de 2015; ● Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) Média de 2014 6%; ● Lucro apurado em 31.12.2015, depois da CSLL, antes dos juros sobre o capital próprio e do IRPJ monta em R$ 800.000,00. Cálculos: • Base de Cálculo R$ 1.700.000,00 [R$ 2.000.000,00 – R$ 300.000,00 (Ajustes de Avaliação Patrimonial)]; • Juros sobre o Capital Próprio R$ 102.000,00 (6% x R$ 1.700.000,00); • Limites para fins de dedução na base de cálculo (CSLL e IRPJ): 1º Limite 50% do Lucro depois da CSLL, antes JCP e do IRPJ R$ 400.000,00 (50% x R$ 800.000,00); 2º Limite 50% do saldo de Lucros Acumulados e de Reservas de Lucros R$ 200.000,00 [50% de R$ 400.000,00 (Reservas de Lucros)]; • Portanto é dedutível o valor de R$ 102.000,00 a título de JCP; • IRRF sobre JCP R$ 15.300,00 (15% x R$ 102.000,00); • JCP a Pagar R$ 86.700,00 (R$ 102.000,00 – R$ 15.300,00). Contabilização: D – Despesas de Juros sobre o Capital Próprio (*) 102.000,00 C – Juros sobre o Capital Próprio a Pagar (PC) 86.700,00 C – IRRF sobre JCP a Recolher (PC) 15.300,00 (*) Despesa Financeira dedutível na base de cálculo dos tributos (CSLL e IRPJ). 4.3.8. Provisões 4.3.8.1. Aspectos da Legislação Societária O item 7 do Pronunciamento Técnico CPC 25, dispõe in verbis: Este Pronunciamento Técnico define provisão como passivo de prazo ou valor incerto. Em alguns países o termo “provisão” é também usado no contexto de itens tais como depreciação, redução ao valor recuperável de ativos e créditos de liquidação duvidosa: estes são ajustes dos valores contábeis de ativos e não são tratados neste Pronunciamento Técnico (os destaques não são do original). O item 10 do referido pronunciamento esclarece, ainda, que “Provisão é um passivo de prazo ou de valor incertos. Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos” (os destaques não são do original). Posto Isto, as antigas provisões classificadas como contas redutoras do ativo, passaram a ser denominadas de Perdas Prováveis ou Perdas Estimadas, pois, como não se referem a contas de passivo não tem características de provisões, conforme disposições contidas no Pronunciamento Técnico CPC 25. 4.3.8.2. Aspectos da Legislação Tributária O art. 59 da Lei 12.973/2014 esclarece, ainda, que no âmbito de suas atribuições a Receita Federal do Brasil dispôs que, para “fins da legislação tributária federal, as referências a provisões alcançam as perdas estimadas no valor de ativos, inclusive as decorrentes de redução ao valor recuperável”18 (os destaques não são do original). Portanto, a Receita Federal continua a usar o termo provisão para se referir a perdas estimadas no valor do ativo, apesar da definição do referido CPC. 4.3.9. Arrendamento Mercantil19 Financeiro19 4.3.9.1. Tipos de contrato de Arrendamento Mercantil Conforme disposições contidas no Pronunciamento Técnico CPC 06, os contratos de arrendamento mercantil podem ser considerados como: • Financeiros – quando há transferência substancial dos riscos e benefícios inerente a propriedade de um ativo; ou • Operacionais – quando não há transferência dos riscos e benefícios e sim efetivo aluguel do bem posto à disposição da empresa arrendatária. 4.3.9.2. Pessoa Jurídica Arrendatária Conforme esclarecemos na nota de rodapé nº 11, deste capítulo, o arrendamento mercantil financeiro deverá ser ativado, pois, segundo disposição prevista no inciso IV do art. 179 da Lei 6.404/1976,20 o referido contrato representa a aquisição a prazo de bens financiados na forma de arrendamento mercantil. Porém, o art. 47 da Lei 12.973/2014, permite que a pessoa jurídica arrendatária, considere como dedutíveis21 na apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), o valor das contraprestações pagas ou creditadas relativas a bens móveis e imóveis intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização de bens e serviços,22 inclusive as despesas financeiras nelas consideradas. Dessa forma, serão indedutíveis: a) os encargos de depreciação, amortização e exaustão gerados pelos bens adquiridos por intermédio de arrendamento mercantil financeiro, computados como custo de produção dos bens ou serviços vendidos, tendo em vista que as contraprestações do arrendamento mercantil serão excluídas na base de cálculo dos mencionados tributos (IRPJ e CSLL); b) os valores contabilizados como despesas financeiras, inclusive decorrentes de ajuste a valor presente, incorridas pela arrendatária em contratos de arrendamento mercantil financeiro. 4.3.9.2.1. Outras Indedutibilidades Aos contratos de arrendamento mercantil financeiro, assim contabilizados por força de normas contábeis e da legislação comercial, são vedadas as deduçõesna base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) das despesas de depreciação, amortização e exaustão, porventura, contabilizadas pela pessoa jurídica arrendatária, inclusive como custo de produção de bens e serviços23 (veja subitem 4.3.1). A pessoa jurídica arrendatária não poderá, ainda, tomar crédito de PIS e COFINS, inclusive para fins de importação de bens, sobre o montante das referidas despesas. 4.3.9.3. Pessoa Jurídica Arrendadora 4.3.9.3.1. Lucro Real 4.3.9.3.1.1. Arrendamento Mercantil Financeiro As pessoas jurídicas arrendadoras deverão reconhecer, para fins de apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), o resultado24 relativo à operação de arrendamento mercantil financeiro proporcionalmente ao valor de cada contraprestação durante o período de vigência do contrato. Os ajustes, nessa hipótese, poderão ser realizados no LALUR/LACS. O resultado da operação deve ser apurado no começo do contrato de arrendamento mercantil, que corresponde à data a partir da qual o arrendatário passa a poderexercer o seu direito de usar o ativo arrendado. Entende-se por resultado a diferença entre o valor do contrato de arrendamento e o somatório dos custos diretos iniciais e o custo de aquisição, produção ou construção dos bens arrendados. O disposto neste item também se aplica aos contratos não tipificados como arrendamento mercantil que contenham elementos contabilizados como arrendamento mercantil por força de normas contábeis e da legislação comercial. Para efeitos do disposto neste item consideram-se: a)Valor do Contrato de Arrendamento Mercantil – somatório dos valores a serem pagos pela arrendatária a arrendadora em decorrência do contrato, excluídos os acréscimos decorrentes da mora no cumprimento das obrigações ou pelo descumprimento de cláusulas contratuais; b) Custos Diretos Iniciais – são os custos incrementais que são diretamente atribuíveis à negociação e estruturação de um arrendamento mercantil. Não será dedutível, para fins de apuração do lucro real a diferença a menor entre o valor contábil residual do bem arrendado e o seu preço de venda, quando do exercício da opção de compra. 4.3.9.3.1.2. Créditos de PIS e COFINS As pessoas jurídicas arrendadoras sujeitas ao regime da não cumulatividade, poderão descontar créditos de PIS e COFINS calculados sobre o valor do custo de aquisição ou construção dos bens arrendados proporcionalmente ao valor de cada contraprestação durante o período de vigência do contrato. 4.3.9.3.1.3. Arrendamento Mercantil Operacional Na apuração do lucro real de pessoa jurídica arrendadora que realize operações sujeitas ao tratamento tributário disciplinado pela Lei 6.099, de 1.974: a) o valor da contraprestação é considerado receita da atividade da pessoa jurídica; b) são dedutíveis os encargos de depreciação gerados por bem objeto de arrendamento mercantil, calculados na forma da legislação vigente. O disposto neste subitem também se aplica às operações não sujeitas ao controle e fiscalização do Banco Central do Brasil (BACEN), conforme disciplinado pela Lei 6.099/1974, desde que não haja transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo. 4.3.9.3.2. Lucro Presumido A pessoa jurídica arrendadora que realize operações em que haja transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo e que não esteja sujeita ao tratamento tributário disciplinado pela Lei 6.099/1974, deverá computar o valor da contraprestação na determinação da base de cálculo do lucro presumido. O disposto também se aplica aos contratos não tipificados como arrendamento mercantil que contenham elementos contabilizados como arrendamento mercantil por força de normas contábeis e da legislação comercial. 4.3.9.4. Contratos Existentes na Adoção Inicial Para os contratos de arrendamento mercantil em curso (art. 172 da IN RFB 1.515/2014 – atual art. 303 da IN RFB 1.700/2017) na data da adoção inicial da Lei 12.973/2014, nos quais haja transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade do bem arrendado (Arrendamento Mercantil Financeiro), não se aplica o controle por subcontas de que tratam os arts. 163 a 169 da IN RFB 1.515/2014 – atual arts. 294 a 300 da IN RFB 1.700/2017, devendo, a partir da data da adoção inicial, ser observado o tratamento tributário previsto na mencionada lei. O disposto neste subitem aplica-se, inclusive, aos contratos não tipificados como arrendamento mercantil que contenham elementos contabilizados como arrendamento mercantil por força das normas contábeis e da legislação comercial (art. 49 da Lei 12.973/2014). 4.4. Custo de emissão de ações25 O Pronunciamento Técnico CPC 08 (R1), em seus itens 4 a 8, dispõe que os custos com as operações de emissão de ações devem ser contabilizados em conta redutora do patrimônio líquido, por se tratarem de operações com os sócios da entidade, e não como despesas. Não obstante, obedecendo ao princípio da neutralidade tributária, o art. 2º da Lei 12.973/2014, incluiu o art. 38-A no Decreto-lei 1.598/1977, para dispor que os custos com a emissão de ações, para fins da legislação do IRPJ e da CSLL, devem ser tratados como despesa dedutível na base de cálculo desses dois tributos. Isso, evidentemente, se a pessoa jurídica optar ou for obrigada à tributação com base no lucro real. Nessa hipótese, o custo de emissão de ações deve ser excluído da base de cálculo desses tributos por meio da sua exclusão na parte A do LALUR/LACS. Como o Pronunciamento Técnico CPC 08 estabelece que o custo de emissão de ações deva ser contabilizado líquido de efeitos fiscais, cabe à pessoa jurídica calcular a diminuição dos tributos sobre a renda em virtude de sua dedução como despesa e deduzi- la do custo a ser contabilizado em conta redutora do patrimônio líquido (PL). Caso a emissão de ações ocorra com ágio, o referido custo deverá ser contabilizado como conta redutora da reserva de capital oriunda da cobrança do ágio. Caso Prático 1 A Cia. ABC efetuou um aumento de capital no valor de R$ 500.000,00, tendo gasto R$ 30.000,00 como custo de emissão dessas ações. Se ela estiver sujeita à tributação com base no lucro real e estiver também sujeita à alíquota marginal de 34% (15% de IRPJ mais 10% de adicional de IRPJ e 9% de CSLL), a economia fiscal ao se registrar esse custo como despesa dedutível será de R$ 10.200,00 (34% x R$ 30.000,00). Logo, a PJ contabilizará um custo de emissão de ações de R$ 19.800,00 (R$ 30.000,00 – R$ 10.200,00) como conta redutora do capital social: Contabilização D – Disponível 470.000,00 D – Custo de emissão de ações [(-) da conta Capital] 19.800,00 D – Tributo Diferido (AC representativa do ativo fiscal) 10.200,00 C – Capital Social 500.000,00 Ao calcular o imposto de renda, de acordo com as normas internacionais de contabilidade, a provisão do imposto de renda será constituída sobre a base contábil (ou seja, sem deduzir a despesa com a emissão de ações) e diminuída pela compensação com o ativo fiscal. BALANÇO PATRIMONIAL ELEMENTOS VALORES ATIVO CIRCULANTE (AC) CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS ● Tributos Diferidos 10.200,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) ● Capital Social ● (-) Custo na Emissão de Ações 500.000,00 – 19.800,00 480.200,00 Caso Prático 2 A Companhia Fechada DEF, resolveu abrir o seu Capital Social e contratou, com um banco de investimento, um IPO (Initial PublicOffer, ou seja, Oferta Inicial de Ações) de um lote de um milhão de ações preferenciais, correspondente a um aumento de capital no valor de R$ 20.000.000,00. A oferta foi bem sucedida, sendo todas ações adquiridas pelo mercado com um ágio total de R$ 5.000.000,00. O custo da emissão de ações, incluindo os gastos com o banco de investimento, totalizou R$ 2.000.000,00. Se a Cia. DEF estiver sujeita à alíquota marginal de 34% (15% de IRPJ mais 10% de adicional de IRPJ e 9% de CSLL), haverá uma economia fiscal ao se registrar esse custo como despesa dedutível de R$ 680.000,00 (R$ 2.000.000,00 x 34%). Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 08, o valor do custo de emissão de ações, líquido do efeito fiscal, que corresponde a R$ 1.320.000,00 (R$ 2.000.000,00 – R$ 680.000,00), será contabilizado como conta redutora da reserva de capital do ágio na emissão de ações de R$ 5.000.000,00. O lançamento contábil, nessa hipótese, será realizado da seguinte forma: D – Disponível 23.000.000,00 D – Custo de emissão de ações (redutora da conta Reserva de Ágio) 1.320.000,00 D – Tributo Diferido (AC representativa do ativo fiscal) 680.000,00 C – Capital Social 20.000.000,00 C – Reserva de Ágio na Emissão de Ações 5.000.000,00 Da mesma forma que no caso prático anterior, ao calcular o imposto de renda, de acordo com as normas internacionais de contabilidade, a provisão do imposto de renda será constituída sobre a base contábil (ou seja, sem deduzir a despesa com a emissão de ações) e diminuída pelacompensação com o ativo fiscal. Veja, a seguir, a representação no patrimônio da sociedade. BALANÇO PATRIMONIAL ELEMENTOS VALORES ATIVO CIRCULANTE (AC) CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS ● Tributos Diferidos 680.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) ○ Capital Social RESERVAS DE CAPITAL ○ Reserva de Ágio na Emissão de Ações ○ (-) Custo na Emissão de Ações 5.000.000,00 - 1.320.000,00 20.000.000,00 3.680.000,00 4.5. Teste de recuperabilidade O teste retromencionado tem o objetivo de verificar se o ativo não está desvalorizado em relação ao seu valor justo.26 Quando ocorrer a alienação ou baixa do bem, a pessoa jurídica poderá reconhecer na apuração do lucro real somente os valores contabilizados como redução ao valor recuperável de ativos que não tenham sido objeto de reversão. No caso de alienação ou baixa de um ativo que compõe uma unidade geradora de caixa,27 o valor a ser reconhecido na apuração do lucro real deve ser proporcional à relação entre o valor contábil desse ativo e o total da unidade geradora de caixa à data em que foi realizado o teste de recuperabilidade. Além das notas de rodapé neste capítulo, o leitor interessado encontrará no Capítulo 2, subitem 2.3.3.3, as definições de Valor em Recuperável, Valor Líquido em Uso, Valor Justo e Valor Líquido de Venda. Caso Prático 1 • Valor contábil do bem (Máquinas) ......................... R$ 300.000,00; • Valor Justo ................................................................ R$ 240.000,00; • Valor Líquido de Uso28 ............................................ R$ 230.000,00. Valor Recuperável o maior dos dois (valor justo ou valor de uso, no caso valor justo R$ 240.000,00). Assim, o valor da perda será de R$ 60.000,00 (R$ 300.000,00 – R$ 240.000,00). Caso o valor recuperável seja superior ao valor contábil não existirá perda a ser registrada na contabilidade. Se, em nova avaliação, o valor do bem vier a aumentar a empresa poderá reconhecer o aumento até o valor registrado na primeira avaliação (no caso o valor de R$ 60.000,00). Contabilização: D – Perdas Estimadas de Redução de Ativos – Valor Recuperável – ARE (*) C – Perdas Estimadas por Desvalorização do Ativo (Redutora do Ativo) 60.000,00 (*) Adicionar na Parte A e controlar na Parte B do LALUR/LACS. Supondo que o valor da Perda Estimada por Desvalorização do Ativo fosse de R$ 60.000,00, que o valor de aquisição do bem fosse de R$ 400.000,00 e que o valor contabilizado como depreciação acumulada fosse à importância de R$ 100.000,00. O Ativo Não Circulante – Imobilizado após o registro da perda estaria representado da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ELEMENTOS VALORES ATIVO NÃO CIRCULANTE (ANC) IMOBILIZADO ● Máquinas ............................................................... R$ 400.000,00 ● (-) Perda Estimada de Redução de Ativos ............. R$ 60.000,00 ● (-) Depreciação Acumulada .................................... R$ 100.000,00 240.000,00 Se a empresa alienasse o valor da referida máquina por R$ 250.000,00 ela estaria registrando contabilmente um lucro não operacional (ganho de capital) no valor de R$ 10.000,00 (R$ 250.000,00 – R$ 240.000,00). Na data da alienação, ao excluir o valor da perda (R$ 60.000,00) na parte A e baixar na parte B do LALUR/LACS, registraria um prejuízo de R$ 50.000,00 [R$ 10.000,00 (lucro contábil) – R$ 60.000,00). Note que este prejuízo também poderia ser apurado da seguinte forma: APURAÇÃO DO RESULTADO NA VENDA DO IMOBILIZADO ELEMENTOS VALORES Receita de Venda de Bens do Ativo Não Circulante (ARE) ....................................... (-) Custo do Ativo Imobilizado Vendido (ARE): ● Máquinas (Custo de Aquisição) ........................ R$ 400.000,00 ● (-) Depreciação Acumulada ............................. R$ 100.000,00 (=")" Resultado Não Operacional (Perda de Capital) ................................................... 250.000,00 300.000,00 (50.000,00) Nota: (1ª) O art. 59 da Lei 12.973/2014 dispõe que a referência a provisões alcança as perdas estimadas no valor de ativos, inclusive decorrentes de redução ao valor recuperável. Consulte a respeito o item 4.3.8, deste capítulo; (2ª) A pessoa jurídica poderá reconhecer na apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) os valores contabilizados como redução ao valor recuperável de ativos que não tenham sido objeto de reversão, quando ocorrer a alienação ou baixa do bem correspondente. Assim, a referida perda no valor de R$ 60.000,00 será adicionada na parte A e controlada na parte B do LALUR/LACS; quando ocorrer a alienação do bem o referido valor será baixado na parte B e excluído na parte A do LALUR/LACS; (3ª) As reversões das perdas por desvalorização de bens que foram objeto de redução ao valor recuperável de ativos não serão computadas na apuração do imposto sobre a renda pessoa jurídica (art. 75 da IN RFB 1.515/2014 – atual art. 130 da IN RFB 1.700/2017). Veja o caso prático a seguir: Caso Prático 2 Utilizando os mesmos dados do Caso Prático 1, na hipótese de uma nova avaliação da máquina determinar que o valor justo do referido bem tenha aumentado para R$ 270.000,00 a empresa poderá reverter o valor de R$ 30.000,00 (R$ 270.000,00 – R$ 240.000,00) do montante da Perda por Desvalorização do Ativo. Nessa hipótese o registro contábil seria realizado da seguinte forma: D – Perdas de Desvalorização do Ativo (Redutora do Ativo) C – Reversão de Perdas Estimadas de Redução de Ativos (ARE) 30.000,00 (*) (*) Excluir na Base de Cálculo do IRPJ e da CSLL na parte A e baixar na parte B do LALUR/LACS. Caso a empresa tivesse realizado a reversão parcial das Perdas de Desvalorização do Ativo, conta redutora do ANC – Imobilizado (consulte o caso prático na terceira nota anterior), o Ativo Não Circulante – Imobilizado após o registro da referida reversão estaria representado da seguinte forma: BALANÇO PATRIMONIAL ELEMENTOS VALORES ATIVO NÃO CIRCULANTE (ANC) IMOBILIZADO ● Máquinas ............................................................ R$ 400.000,00 ● (-) Perda Estimada de Redução de Ativos ........... R$ 30.000,00 ● (-) Depreciação Acumulada ................................. R$ 100.000,00 270.000,00 Se a empresa alienasse o valor da referida máquina por R$ 250.000,00 ela estaria registrando contabilmente um prejuízo não operacional29 no valor de R$ 20.000,00 (R$ 250.000,00 – R$ 270.000,00). Ao excluir o valor da perda (R$ 30.000,00) na parte A e baixar na parte B do LALUR/LACS, registraria um prejuízo não operacional de R$ 50.000,00 (-R$ 20.000,00 – R$ 30.000,00). Note que este prejuízo também poderia ser apurado da seguinte forma: APURAÇÃO DO RESULTADO NA VENDA VALORES Receita de Venda de bens do ativo não circulante (ARE) ....................................... (-) Custo do Imobilizado Vendido (ARE): ● Máquinas (Custo de Aquisição) ....................................... R$ 400.000,00 ● (-) Depreciação Acumulada ............................................. R$ 100.000,00 (=")" Resultado Não Operacional (Perda de Capital) .................................................. 250.000,00 - 300.000,00 (50.000,00) 4.5.1. Como Estimar o Valor em Uso Caso Prático – Como estimar o Valor em Uso de um Equipamento Industrial. Suponhamos que a Cia. Industrial Parintins precisou estimar o valor em uso de um equipamento industrial que produz determinado bem X, para o teste de recuperabilidade que fez no final do exercício social de 2015. O Departamento de Contabilidade da companhia apresentou as seguintes informações relativas aos últimos cinco anos das vendas desse produto, onde estão destacadas as receitas obtidas e as despesas respectivas (evidentemente, para produzir essas informações a companhia deverá dispor de um bom sistema de custos, para alocar os Custos Indiretos de Fabricação aos produtos por ela fabricados):Anos Receita R$ Despesa R$ 2011 3.000.000,00 2.600.000,00 2012 3.280.000,00 2.720.000,00 2013 3.327.500,00 2.800.160,00 2014 3.427.875,00 2.924.646,00 2015 3.646.518,75 3.041.632,26 O departamento calculou, então, a média anual da taxa de crescimento das receitas e despesas, por meio da fórmula: (Valor de 2015/Valor de 2014)1/4 ou seja, calculou a raiz quarta da variação registrada no período. Na planilha Excel, basta colocar a divisão dos dois valores entre parênteses, apertar a tecla de maiúscula e a tecla ^. Fazendo-se esse procedimento, obter-se-ão respectivamente os fatores 1,05 e 1,04, que indicam que as receitas cresceram a uma taxa média anual de 5% e as despesas, de 4%. Para se assegurar que os cálculos estão corretos, o departamento apresentou outra tabela, onde a importância relativa à receita de cada ano-calendário representa o valor do ano anterior multiplicado por 1,05 (ou 105%) e da despesa, por 1,04 (ou 104%). Anos Receita R$ Despesa R$ 2011 3.000.000,00 2.600.000,00 2012 3.150.000,00 2.704.000,00 2013 3.307.500,00 2.812.160,00 2014 3.472.875,00 2.924.646,40 2015 3.646.518,75 3.041.632,26 Observa-se que foram obtidos os mesmos valores finais para a receita e despesa do ano de 2015. O passo seguinte é projetar as receitas e despesas para os próximos anos de vida útil do equipamento (em nosso exemplo, usaremos apenas 5 anos para simplificar os cálculos), obtendo o fluxo de caixa referente a esse período e depois escolhendo uma taxa de juros (no exemplo 6% ao ano) para obter o valor presente do fluxo de caixa descontado: Anos Receitas R$ DespesasR$ FC Líquido R$ VP FCL R$ 1 2 3 4 = 2 – 3 5 = 4 : 1,06n 2016 3.828.844,69 3.163.297,55 665.547,14 627.874,66 2017 4.020.286,92 3.289.829,45 730.457,47 650.104,55 2018 4.221.301,27 3.421.422,63 799.878,64 671.593,53 2019 4.432.366,33 3.558.279,54 874.086,80 692.358,61 2020 4.653.984,65 3.700.610,72 953.373,93 712.416,46 Total .......................................................................... 3.354.347,81 A coluna Fluxo de Caixa Líquido (FC Líquido) foi obtida da diferença positiva entre as receitas e despesas de cada ano. A coluna do Valor Presente do Fluxo de Caixa Descontada (VP FCL) foi obtida dividindo-se o Fluxo de Caixa Líquido pelo fator de valor presente (1+ taxa de juros = 1,06 n, onde n representa o número de anos após 2015) e somando-se os valores. Assim, o valor em uso desse equipamento será R$ 3.354.347,81. É importante que a taxa de juros utilizada para descontar o Fluxo de Caixa Futuro seja definida, não com precisão, mas com a explicitação de todas as hipóteses feita para sua estimativa. Um procedimento simples é usar a taxa média de rentabilidade do patrimônio líquido da empresa, se os seus sócios ou acionistas estiverem satisfeitos com o desempenho dela. 4.6. Amortização de intangíveis A amortização de direitos classificados no ativo não circulante intangível é considerada dedutível na determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), relativamente às despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, quando estiverem intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços.30 4.6.1. Gastos com Inovação Tecnológica Poderão ser excluídos da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) os gastos com desenvolvimento de inovação tecnológica,31 quando registrados no ativo não circulante intangível, no período de apuração em que forem incorridos. Os valores que constituírem exclusão na base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A do LALUR/LACS, serão controlados na parte B dos referidos livros para serem adicionados à medida da realização do ativo, inclusive por amortização, alienação ou baixa. 4.7. Custos estimados de desmontagem e restauração Os gastos de desmontagem e retirada de item de ativo imobilizado ou restauração do local em que está situado somente poderão ser deduzidos na base de cálculo do IRPJ e da CSLL quando efetivamente incorridos. Na hipótese de constituição de provisão para gastos de desmontagem e retirada de item de ativo imobilizado ou de restauração do local em que se encontra instalado a empresa deverá proceder ao ajuste (adição do valor da provisão na parte A e controle na parte B do LALUR/LACS) para fins de apuração da base de cálculo dos mencionados tributos. Efeitos eventuais contabilizados no resultado do exercício, provenientes de ajustes ou atualização no valor da provisão, não serão computados na determinação da base da CSLL e do IRPJ, ou seja, serão adicionados na parte A e controlados na parte B do LALUR/LACS. No período de apuração em que o imobilizado for realizado, inclusive por depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa o valor controlado na parte B deverá ser baixado e excluído na parte A do LALUR/LACS. A baixa deverá ser efetuada de forma proporcional à realização do respectivo valor. 4.8. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) Aplicam-se à apuração da base de cálculo da CSLL as disposições contidas nos arts. 2º a 8º, 10 a 42 e 44 a 49 da Lei 12.973/2014 (arts. 3º, 7º, 28, 33 a 114, 124 a 127, 133 a 135 da IN RFB 1.515/2014 – atuais arts. 26, 41, 75, 89 a 200, 217 a 220, 229 231 da IN RFB 1.700/2017). Os arts. 1ª, 9º e 43 da mencionada lei que não se aplicam a CSLL, estatuem: • Art. 1º trata dos tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) previstos em legislação específica, com as alterações provocadas pela mencionada lei; • Art. 9º dispõe sobre a base de cálculo dos Juros sobre o Capital Próprio32 (JCP); • Art. 43 – dispõe a apuração e compensação de prejuízos fiscais não operacionais. 4.8.1. Livros Fiscais Aplicam-se à CSLL as disposições contidas no art. 8º do Decreto-lei 1.598/1977,33 devendo ser informados nos livros fiscais LALUR e/ou LACS: ► os lançamentos de ajustes do lucro líquido do período, relativos a adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária; ► a demonstração da base de cálculo e o valor da CSLL devida com a discriminação das deduções, quando aplicáveis; e ► os registros de controle de base de cálculo negativa da CSLL a compensar em períodos subsequentes, e demais valores que devam influenciar a determinação da base de cálculo da CSLL de período futuro e não constem de escrituração comercial. Os contribuintes que deixarem de apresentar o LALUR/LACS nos prazos fixados pela legislação ou que o apresentarem com inexatidões, incorreções ou omissões, ficam sujeitos à aplicação de multa.34 A multa será considerada uma única vez na hipótese de registros idênticos para efeitos de ajuste nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. 4.8.2. Empresas Desobrigadas de Escrituração A base de cálculo da CSLL é o valor do resultado do exercício antes do IRPJ, sendo permitida a exclusão dos lucros e dividendos derivados de participações societárias em pessoas jurídicas domiciliadas no Brasil que tenham sido computados como receita,35 ou seja, de participações societárias avaliadas pelo custo de aquisição. Consulte a respeito o capítulo 6, deste livro. 4.8.3. CSLL – Instituições Financeiras e Assemelhadas As instituições financeiras e assemelhadas que optarem pelo pagamento parcelado de débitos na forma da legislação vigente,36 poderão utilizar para redução dos valores de multas, juros de mora e encargo legal, os saldos próprios de prejuízos fiscais e da base de cálculo negativa da CSLL acumulados de exercícios anteriores, sendo que o valor a ser utilizado será determinado mediante a aplicação da alíquota de 25% sobre o montante do prejuízo fiscal e de 15% sobre a base de cálculo negativa da CSLL. A utilização da alíquota de 15% (quinze por cento) sobre a base de cálculo negativa da CSLL, para manter a isonomia de alíquotas.37 4.8.4. Arbitramento do Lucro Sem prejuízodas penalidades previstas na nota de rodapé 35 (subitem 4.8.1), deste capítulo, aplica-se o arbitramento do lucro38 para a empresa que não escriturar o LALUR/LACS Digital em conformidade com disposições previstas na legislação tributária pertinente à matéria. 4.9. Doações e subvenções para investimentos39 4.9.1. Constituição da Reserva de Incentivos Fiscais As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão computadas na determinação da base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro (CSLL e IRPJ), desde que sejam registradas em reserva de lucros a que se refere o art. 195-A da Lei 6.404/1976,40 que somente poderá ser utilizada para: ► absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou ► aumento do Capital Social. Notas: 1ª) O valor da receita relativa às subvenções para investimentos e doações realizadas pelo poder público, poderá ser excluído da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) na parte A do LALUR/LACS. O valor excluído deverá ser controlado na parte B e será baixado no momento: • de sua utilização para aumento do capital social; ou • em que for adicionado à base de cálculo da CSLL e do IRPJ na parte A do LALUR/LACS, caso seja dada destinação diversa da prevista na legislação de regência (veja adiante o subitem 4.9.3); 2ª) Na hipótese de absorção de prejuízos, a pessoa jurídica deverá recompor a reserva à medida que forem apurados lucros nos períodos subsequentes; 3ª) Os valores recebidos a título de subvenção para investimentos ou doações efetuadas pelo poder público, caso estas estejam condicionadas ao cumprimento de determinadas obrigações que deverão ser satisfeitas pelas pessoas jurídicas donatárias, serão, conforme preceitua o Pronunciamento Técnico CPC 07 (R1), contabilizadas como receitas diferidas no Passivo da entidade. As receitas diferidas serão apropriadas ao resultado do exercício à medida que a donatária for cumprindo as condições estabelecidas para o recebimento do subsídio fiscal. 4.9.2. Apuração de Prejuízo Contábil Se, no período de apuração, a pessoa jurídica apurar prejuízo contábil ou lucro líquido contábil inferior à parcela decorrente de doações e de subvenções governamentais e, nesse caso, não puder ser constituída como a reserva de lucros de que trata o art. 195-A da Lei 6.404/1976, esta deverá registrada contabilmente à medida que forem apurados lucros nos períodos subsequentes. No caso de período de apuração trimestral, o registro na reserva de incentivos fiscais deverá ser efetuado até 31 de dezembro do ano em curso. 4.9.3. Destinação Diversa – Tributação As doações e subvenções serão tributadas caso seja dada destinação diversa da que está prevista na legislação que rege a matéria, inclusive nas hipóteses de: a) capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos; b) restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos 5 anos anteriores à data da doação ou da subvenção, com posterior capitalização do valor da doação ou da subvenção, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitada ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou de subvenções governamentais para investimentos; ou c) integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios. 4.9.4. Caso Prático A empresa SNPV recebeu do governo subvenções para investimentos, por meio de depósito em sua conta corrente bancária, no valor de R$ 1.200.000,00. A entidade já cumpriu todas as condições requeridas para o recebimento do subsídio governamental, de modo que a subvenção será contabilizada diretamente como conta de resultado. Registros contábeis: ■ Pelo recebimento das Subvenções: D – Disponível (Bancos conta Movimento) C – Receitas (ARE) 1.200.000,00 (*) (*) Excluir na apuração da base de cálculo da CSLL e IRPJ no LAUR/LACS. ■ Pela transferência para o Resultado do Exercício D – Receitas (ARE) C – Apuração do Resultado do Exercício (ARE) 1.200.000,00 ■ Pela transferência da ARE para Lucros Acumulados (PL) D – Apuração do Resultado do Exercício (ARE) C – Lucros Acumulados (PL) 1.200.000,00 ■ Pela transferência para Reserva de Lucros (PL) D – Lucros Acumulados (PL) C – Reserva de Incentivos Fiscais (PL) * 1.200.000,00 * Reserva de Lucros. 4.10. Prêmio para emissão de debêntures 4.10.1. Cômputo na Apuração do Resultado do Exercício - ARE O valor da receita relativa ao prêmio na emissão de debêntures poderá ser excluído da base de cálculo dos tributos (CSLL e IRPJ) na parte A do LALUR/LACS. O valor excluído deverá ser controlado na parte B e será baixado no momento: • de sua utilização para aumento do capital social; ou • em que for adicionado à base de cálculo da CSLL e do IRPJ na parte A do LALUR/LACS, caso seja dada destinação diversa da prevista na legislação de regência (veja adiante o subitem 4.10.3). 4.10.2. Cômputo na Base de Cálculo dos Tributos O prêmio na emissão de debêntures não será computado na determinação do lucro real, desde que: a) a titularidade da debênture não seja de sócio ou titular da pessoa jurídica emitente;41 e b) seja registrado em reserva específica de lucros, que somente poderá ser utilizada para: ► absorção de prejuízos contábeis, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou ► aumento do capital social. 4.10.3. Reconstituição da Reserva Específica de Lucros Nas hipóteses de apuração de prejuízo contábil no período em que a prêmio na emissão de debêntures for recebido ou de utilização do saldo da reserva para compensar prejuízos contábeis, a pessoa jurídica deverá recompor o montante da reserva específica de lucros à medida que forem apurados lucros contábeis em períodos subsequentes. No caso de período de apuração trimestral, o registro na reserva de incentivos fiscais deverá ser efetuado até 31 de dezembro do ano em curso. 4.10.4. Destinação Diversa – Tributação O prêmio na emissão de debêntures será tributado caso seja dada destinação diversa da que está prevista na legislação que rege a matéria, inclusive nas hipóteses de: ► capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes do prêmio na emissão de debêntures; ► restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos 5 anos anteriores à data da emissão das debêntures, com posterior capitalização do valor do prêmio na emissão de debêntures, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitada ao valor total das exclusões decorrentes de prêmio na emissão de debêntures; ou ► integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios. 4.10.5. Limite das Reservas de Lucros Para fins do limite de constituição das reservas de lucros que trata o art. 199 da Lei 6.404/1976,42 a reserva específica de lucros terá o mesmo tratamento dado à reserva de lucros (reserva de incentivos fiscais) prevista no art. 195-A da referida lei. 4.11. Pagamento baseado em ações43 4.11.1. Adição à Base de Cálculo dos Tributos O valor da remuneração dos serviços prestados por empregados, dirigentes ou similares, efetuada por meio de acordo com pagamento baseado em ações, deve ser adicionado ao lucro líquido para fins de apuração dabase de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro (CSLL e IRPJ) relativa ao período de apuração em que o custo ou a despesa forem apropriados. Consideram-se empregados e similares os indivíduos que prestam serviços personalizados à entidade e também: a) são considerados como empregados para fins legais ou tributários; b) trabalham para a entidade sob sua direção, da mesma forma que os indivíduos que são considerados como empregados para fins legais ou tributários; ou c) cujos serviços prestados são similares àqueles prestados pelos empregados, tais como o pessoal da administração que têm autoridade e responsabilidade para planejamento, direção e controle das atividades da entidade, incluindo diretores não executivos. Incluem-se no conceito de diretores não executivos os membros de conselhos da entidade. Aplica-se o disposto neste subitem ainda que empregado ou os similares já sejam detentores de instrumentos patrimoniais da sociedade. 4.11.2. Dedutibilidade do Pagamento A remuneração mencionada será dedutível somente após o pagamento, quando forem liquidadas em caixa ou outro ativo, ou depois da transferência da propriedade definitiva das ações ou opções,44 quando liquidados com instrumentos patrimoniais.45 O valor a ser excluído será: • o efetivamente pago, quando a liquidação baseada em ação for efetuada em caixa ou outro ativo financeiro; ou • o reconhecido no patrimônio líquido nos termos da legislação comercial, quando a liquidação for efetuada em instrumentos patrimoniais. Não são dedutíveis os valores de remuneração dos serviços prestados por pessoas físicas não relacionadas nas letras “a”, “b” e “c” do subitem 4.11.1, cujo pagamento seja efetuado por meio de acordo com pagamento baseado em ações. 4.11.3. Efeitos nos Juros sobre o Capital Próprio As aquisições de serviços,46 liquidadas com instrumentos patrimoniais, terão efeitos no cálculo dos juros sobre o capital próprio (JCP) somente depois da transferência definitiva da propriedade dos referidos instrumentos patrimoniais. 4.11.4. Controle no LALUR/LACS A importância contabilizada como custo ou despesa, anterior à data de efetivo pagamento, deverá ser adicionada à base de cálculo da CSLL e do IRPJ na parte A do LALUR/LACS. O valor adicionado deverá ser controlado na parte B do referido livro. Quando houver o efetivo pagamento nas formas mencionadas no subitem 4.11.2 o valor correspondente deverá ser baixado na parte B e excluído na parte A do LALUR/LACS para fins de apuração da base de cálculo dos mencionados tributos. O valor reconhecido no patrimônio líquido nos termos da legislação comercial a ser excluído é o valor que teve como contrapartida contábil a remuneração registrada em custo ou despesa. 4.12. Prejuízos não operacionais47 Os prejuízos decorrentes da alienação de bens e direitos do ativo imobilizado, investimento e intangível, ainda que reclassificados para o ativo circulante com intenção de venda poderão ser compensados, nos períodos de apuração subsequentes ao de sua apuração, somente com lucros de mesma natureza, observado o limite de 30% previsto no art. 15 da Lei 9.065/1995. Este fato não se aplica em relação às perdas decorrentes de baixa de bens ou direitos em virtude de terem se tornado imprestáveis ou obsoletos ou terem caído em desuso, ainda que posteriormente venham a ser alienados como sucata. O resultado não operacional será igual à diferença, positiva ou negativa entre valor pelo qual o bem ou direito houver sido alienado e o seu valor contábil, assim entendido o que estiver registrado na escrituração da empresa, diminuído, se for o caso, da depreciação, amortização ou exaustão acumulada e das perdas estimadas no valor de ativos. Nota: O prejuízo fiscal apurado por Sociedade em Conta de Participação48 (SCP) somente poderá ser compensado com o lucro real decorrente da mesma SCP, portanto, é vedada a compensação de prejuízos fiscais e lucros entre duas ou mais SCP ou entre estas e o sócio ostensivo.49 4.13. Regime Tributário de Transição (RTT) 4.13.1. Distribuição de Lucros até 31.12.2013 Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados entre 01.01.2008 e 31.12.2013, pelas empresas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, em valores superiores aos apurados com observância dos métodos e critérios contábeis vigentes em 31.12.2007, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo da CSLL e do IRPJ do beneficiário do rendimento, pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliado no País ou no exterior (art. 72 da Lei 12.973/2014). 4.13.2. Distribuição de Lucros no ano-calendário de 2014 Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da IN RFB 1.397, de 16.09.2013 (art. 141 da IN RFB 1.515/2014). 4.13.2.1. PJ que não fizerem a opção pela Lei 12.973/2014 Por sua vez o Capítulo III da INRFB 1.397/2013 (com redação dada pela IN RFB 1.492/2014), dispõe que a parcela excedente50 de lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados no ano-calendário de 2014 deverá: I – estar sujeita à incidência do IRRF calculado de acordo com a Tabela Progressiva Mensal e integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do ano-calendário do recebimento, no caso de beneficiário pessoa física residente no País; II – ser computada na base de cálculo do Imposto sobre a Renda e da CSLL, para as pessoas jurídicas domiciliadas no País; III – estar sujeita à incidência do IRRF calculado à alíquota de 15%, no caso de beneficiário residente ou domiciliado no exterior; IV – estar sujeita à incidência do IRRF calculado à alíquota de 25%, no caso de beneficiário residente ou domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida a que se refere o art. 24 da Lei 9.430, de 1996. Nota: Caso a pessoa jurídica tenha feito à opção mencionada no art. 96 da Lei 12.973/2014 (veja nota de rodapé nº 56 no item 4.13.451), poderá distribuir o lucro apurado na escrituração contábil de 2014 sem tributação na fonte ou na declaração de rendimentos do beneficiário. 4.13.3. Distribuição de Lucros a partir de 01.01.2015 4.13.3.1. Lucro Real, Presumido e Arbitrado O art. 141 da IN RFB 1.515/2014 (atual art. 238 da IN RFB 1.700/2017), disciplina sobre a distribuição de lucros e dividendos pelas empresas tributadas com base no lucro real, presumido e arbitrado, dispondo que não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. A isenção mencionada: • somente se aplica em relação aos lucros e dividendos distribuídos por conta de lucros apurados no encerramento de período de apuração ocorrido a partir do mês de janeiro de 1996; • inclui os lucros ou dividendos pagos ou creditados a beneficiários de todas as espécies de ações,52 ainda que a ação seja classificada em conta de passivo ou que a remuneração seja classificada como despesa financeira53 na escrituração comercial; • não abrange valores pagos a outro título, tais como “pró-labore”, aluguéis e serviços prestados. 4.13.3.2. Distribuição – Lucro Presumido e Arbitrado A pessoa jurídica tributada com base no Lucro Presumido ou Arbitrado, poderá ser distribuir, sem incidência de imposto: a) o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; b) a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado na letra “a”, desde que a empresa demonstre, mediante escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumidoou arbitrado. 4.13.3.3. Parcela Excedente à Escriturada A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio ou acionista ou ao titular da pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, ainda que por conta de período de apuração não encerrado, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputada aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto sobre a renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. O disposto não abrange a distribuição do lucro presumido ou arbitrado após o encerramento do trimestre correspondente. Ressalvado o disposto na letra “a” do subitem 4.13.3.2, a distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos que não tenham sido apurados em balanço estará sujeita à incidência do imposto sobre a renda na forma prevista no subitem 4.13.2. Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será submetida à tributação nos termos dos incisos I a IV do parágrafo único do art. 28 da IN RFB 1.397/2013 (consulte subitem 4.13.2). 4.13.4. Juros sobre o Capital Próprio (JCP) Para fins do cálculo do limite previsto para distribuição dos Juros sobre o Capital Próprio (JCP)54 relativo aos anos-calendário de 2008 a 2014, a pessoa jurídica poderá utilizar as contas do patrimônio líquido mensurado de acordo com as disposições da legislação societária (Lei 6.404/1976). No cálculo da parcela a deduzir não serão considerados os valores relativos a ajustes de avaliação patrimonial.55 A referida situação para o ano-calendário de 2014 ficará restrita apenas aos não optantes56 das disposições contidas nos arts. 1º e 2º e 4º a 70 da Lei 12.973/2014. 4.13.5. Equivalência Patrimonial Para os anos-calendário de 2008 a 2014, o contribuinte poderá avaliar o investimento pelo valor de patrimônio líquido da coligada ou controlada, determinado de acordo com as disposições da legislação societária (Lei 6.404/1976). Consulte a respeito no capítulo 6 deste livro. A referida situação para o ano-calendário de 2014 ficará restrita aos apenas aos não optantes das disposições contidas nos arts. 1º e 2º e 4º a 70 da Lei 12.973/2014. Veja nota de rodapé nº 51 do subitem 4.13.2.1. 4.13.6. Neutralidade Tributária Para as operações ocorridas anteriormente à data da adoção inicial da Lei 12.973/2014, permanece a neutralidade tributária estabelecida nos arts. 15 e 16 da Lei 11.941/2009. A pessoa jurídica deverá proceder nos períodos de apuração a partir dessa data, aos respectivos ajustes na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, observado o disposto nos arts. 163 a 169 da IN RFB 1.515/2014 (atual arts. 294 a 300 da IN RFB 1.700/2017). Os ajustes de adição e exclusão na determinação do lucro real controlados pelas subcontas de que tratam os mencionados artigos têm como objetivo manter a neutralidade tributária prevista na legislação de regência. Veja, a respeito, o capítulo 12. 4.14. Outros elementos e valores 4.14.1. Novos Métodos e Critérios Contábeis A modificação ou a adoção de métodos e critérios contábeis, por meio de atos administrativos57 emitidos com base em competência atribuída em lei comercial, que sejam posteriores à publicação da Lei 12.973/2014, não terá implicação na apuração dos tributos federais até que lei tributária regule a matéria. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil, no âmbito de suas atribuições, identificar os atos administrativos e dispor sobre os procedimentos para anular os efeitos desses atos sobre a apuração dos tributos federais. Nota: A situação relativa a esses novos atos administrativos poderá consignar uma relação similar à do antigo Regime Tributário de Transição (RTT), revogado pela referida legislação (Lei 12.973/2014). 4.14.2. Reserva de Reavaliação5858 As disposições contidas na legislação tributária sobre reservas de reavaliação aplicam- se somente aos saldos remanescentes na escrituração comercial na data da adoção inicial (ano-calendário de 2014, por opção do contribuinte ou ano-calendário de 2015), e até a sua completa realização. 4.14.2.1. Diferença Negativa Apurada A diferença negativa verificada na data da adoção inicial entre a reserva de reavaliação na contabilidade societária e a reserva de reavaliação no Fcont deverá ser controlada na parte B do LALUR/LACS (arts. 177 e 178 da IN RFB 1.515/2014). Caso a reserva de reavaliação tenha sido constituída em contrapartida a aumento no valor do investimento em coligada ou controlada, em virtude de reavaliação de bens do ativo da investida, a diferença, controlada no LALUR/LACS: a) será baixada à medida que os bens reavaliados da investida se realizarem por depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, e não será computada na determinação da base de cálculo da CSLL e do IRPJ; b) deverá ser computada na determinação da base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro do período de apuração em que o contribuinte alienar ou liquidar o investimento, ou em que utilizar a reserva de reavaliação para aumento do seu capital social. Caso a reserva de reavaliação tenha sido constituída em função de aumento no valor de bens do ativo incorporados ao patrimônio de outra pessoa jurídica, na subscrição em bens de capital social, ou de valores mobiliários emitidos por companhia, a diferença, controlada na parte B do LALUR/LACS, deverá ser computada na determinação da base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro (IRPJ e CSLL): • na alienação ou liquidação da participação societária ou dos valores mobiliários, pelo montante realizado; • em cada período de apuração, em montante igual à parte dos lucros, dividendos, juros ou participações recebidas pelo contribuinte, que corresponder à participação ou aos valores mobiliários adquiridos com o aumento do valor dos bens do ativo; ou • proporcionalmente ao valor realizado, no período de apuração em que a empresa que houver recebido os bens reavaliados realizar o valor dos bens mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa, ou com eles integralizar capital de outra pessoa jurídica. Na existência de hipóteses não contempladas nos itens acima, a diferença, controlada no LALUR/LACS, deverá ser computada na determinação da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL) à medida que o ativo a que a reserva de reavaliação se referia for sendo realizado por depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa. O disposto aplica-se inclusive nos casos em que a reserva de reavaliação tenha sido incorporada ao capital social anteriormente à data da adoção inicial. 4.14.3. Falta de Registro de Despesas e Receitas A falta de registro na escrituração comercial das receitas e despesas relativas aos resultados não realizados, não elide a tributação de acordo com a legislação de regência. Para essa finalidade consideram-se não realizados: ► Equivalência Patrimonial – “o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas”. Inciso I do art. 248 da Lei 6.404/1976; ► Resultados não Realizados – “as parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do custo de estoques ou do ativo não circulante que corresponderem a resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades” (redação dada pela Lei 11.941/2009). Inciso III do art. 250 da Lei 6.404/1976). 4.14.4. Reconhecimento em Moeda Corrente NacionalO contribuinte do IRPJ deverá, para fins tributários, reconhecer e mensurar os seus ativos, passivos, receitas, custos, despesas, ganhos, perdas e rendimentos com base na moeda corrente nacional, ou seja, o Real (R$). Na hipótese de o contribuinte adotar, para fins societários, moeda diferente da moeda nacional no reconhecimento e na mensuração dos valores retromencionados, a diferença entre os resultados apurados com base naquela moeda e na moeda corrente nacional deverá ser adicionada ou excluída na determinação da base de cálculo dos tributos incidentes sobre o lucro (CSLL e IRPJ). 4.14.5. Ajustes no LALUR/LACS Os ajustes relativos a adição, exclusão ou compensação prescritos ou autorizados pela legislação tributária para apuração da base de cálculo dos tributos (IRPJ e CSLL), deverão ser realizados com base nos valores reconhecidos e mensurados em moeda corrente nacional. 4.14.6. Lucro Presumido e Arbitrado A mensuração e o reconhecimento em moeda corrente nacional aplicam-se também à apuração do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS apurados com base no Lucro Presumido ou Arbitrado. 4.14.7. Controles Específicos A Secretaria da Receita Federal do Brasil definirá controles específicos na hipótese de o contribuinte adotar, para fins societários, moeda diferente da moeda nacional. 4.15. Perdas no recebimento de créditos O § 11 do art. 24 da IN RFB 1.515/2014 (art. 71 da IN RFB 1.700/2017) alterou os valores previstos no § 1º, art. 9º, da Lei 9.430/1996, relativos aos contratos inadimplidos a partir de 8 de outubro de 2014, que poderão ser registrados como perda dedutível na apuração da base de cálculo da CSLL e do IRPJ considerando os seguintes créditos: I – em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II – sem garantia,59 de valor: a) até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por operação,60 vencidos há mais de 6 (seis) meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b) acima de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) até R$ 100.000,00 (cem mil reais), por operação, vencidos há mais de 1 (um) ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e c) superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), vencidos há mais de 1 (um) ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III – com garantia, vencidos há mais de 2 (dois) anos, de valor: a) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto61 das garantias; e b) superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e IV – contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata62 ou recuperação judicial,63 relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar. A dedução da perda será admitida a partir da data da decretação da falência64 ou do deferimento do processamento da concordata ou recuperação judicial, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessários para o recebimento do crédito. 4.16. Contribuições sociais (PIS E COFINS) 4.16.1. Regime de Incidência Cumulativa O art. 52 da Lei 12.973/2014, dispõe in verbis: Art. 52. A Lei 9.718, de 27 de novembro de 1998, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 3.º O faturamento a que se refere o art. 2.º compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-lei 1.598, de 26 de dezembro de 1977” (os destaques não são do original). A redação anterior da Lei 9.718/1998, dispunha que: Art. 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide MP 2.158-35, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide MP 2.158-35, de 2001) (Vide MP 627/2013) § 1º Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade e a classificação contábil adotada para a s receitas. (Revogado pela Lei 11.941/2009) (os destaques não são do original). 4.16.2. Regime de Incidência Não Cumulativa A redação anterior das Leis 10.637/2002 (PIS não cumulativo) e 10.833/2003 (COFINS não cumulativa) dispunham, respectivamente, que: Lei 10.637/2002 Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (MP 627, de 11 de novembro de 2013). Lei 10.833/2003 Art. 1º A contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Vide arts. 52 e 98 da MP 627, de 11 de novembro de 2013) (os destaques não são do original). 4.16.3. Análise dos Diplomas Legais retromencionados Analisando os diplomas legais retromencionados chega-se às seguintes conclusões: 1º) As Leis nº 9.718/1998 (cumulatividade), 10.637/2002 e 10.833/2003 (não cumulatividade) consideravam como base de cálculo para a tributação de PIS e COFINS o faturamento; 2º) Com a revogação do § 1º, art. 3.º da Lei 9.718/1998 (cumulatividade), pela Lei 11.941/2009, o faturamento mencionado no referido ato legal passou a ser apenas a receita bruta ajustada65 da pessoa jurídica, conforme definição constante no art. 279 do RIR/1999 (art. 12 do Decreto-lei 1.598/1977); 3º) O faturamento previsto e definido nas Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 (incidência não cumulativa), correspondia ao “total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Dessa forma passamos a ter dois conceitos de faturamento para a incidência das contribuições sociais, a saber: Contribuições Cumulativas – conceito previsto na Lei 9.718/1998, ou seja, o valor da receita bruta; e Contribuições Não Cumulativas – conceito previsto nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, ou seja, a totalidade das refeitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. 4.16.3.1. Alterações da Lei 12.973/2014 Parece um contrassenso inadmissível, ou seja, dois conceitos diferentes para representar fatos semelhantes. Dessa forma a Lei 12.973/2014 “corrigiu” a mencionada “distorção”, dispondo que as contribuições cumulativas incidem sobre o faturamento que “compreende a receita bruta66 de que trata o art. 12 do Decreto-lei 1.598, de 26 de dezembro de 1977”. Já no que se refere às contribuições não cumulativas “evitou” o termo faturamento dispondo que as contribuições incidem sobre “o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. 4.16.4. Alterações da Lei 13.043/2014 Arts. 30 a 32 da referida lei dispõe sobre a incidência cumulativa e não cumulativa das contribuições para o PIS e para a COFINS, incidentes sobre a Receita de Alienação de Participações Societárias. 4.16.4.1. Incidência Cumulativa A pessoa jurídica poderá excluir da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS incidentes sobre a receita decorrente da alienação de participação societária o valor despendido para aquisição dessa participação, desde que a receita de alienação não tenha sido excluída da base de cálculo das mencionadas contribuições.67 Note que a possibilidade de exclusão se refere apenas às participações classificadas como investimentos no grupo do ativo não