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PRÁTICA DE ESTÁGIO: APROXIMAÇÕES DA REALIDADE Aula 1 TEMA 1 – O SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL O Serviço Social no Brasil apresenta uma trajetória histórica a partir da década de 1920, estando sua atuação relacionada ao acompanhamento das desigualdades sociais face à exploração do trabalho de homens, mulheres e crianças. Inicialmente atrelado às concepções ideológicas da Igreja Católica, o Serviço Social realiza uma transformação na concepção ideológica e prática a partir da década de 1960 com o Movimento de Reconceituação, que deu um novo rumo à profissão, abrindo, segundo Martinelli (2010), espaços para debate, reflexão e crítica acerca das questões sociais e da atuação dos profissionais. De acordo com Barroco (2008), o Serviço Social, a partir dos anos 1980, realiza uma articulação com a luta dos trabalhadores e a produção marxista, empenhando-se na criação de uma sociedade que respeite sua liberdade, “onde o livre desenvolvimento de cada um é condição do livre desenvolvimento de todos” (Barroco, 2008, p.197). O Código de Ética do Assistente Social de 1986 realiza avanços no entendimento do compromisso da profissão com a classe trabalhadora. Tal compromisso se consolida no Código de Ética do Serviço Social de 1993, alinhando-se à corrente teórica marxista, na busca por uma sociedade livre de exploração e igualitária, pautada pelos princípios fundamentais que dizem respeito ao reconhecimento da liberdade como valor ético central, à defesa intransigente dos direitos humanos, à ampliação e consolidação da cidadania, à defesa e ao aprofundamento da democracia. O documento, ainda, posiciona-se a favor da equidade e justiça social, empenha-se na eliminação de todas as formas de preconceito, garante o pluralismo, opta por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, articula-se com movimentos de outras categorias profissionais, compromete-se com a qualidade dos serviços prestados à população e pratica o exercício do Serviço Social sem ser discriminado ou discriminar. TEMA 2 – POLÍTICA NACIONAL DE ESTÁGIO Com o objetivo de preparar o estudante técnica e psicologicamente a fim de capacitá-lo para o mundo do trabalho, o estágio apresenta, para Souza (2010), relevante importância diante do desenvolvimento tecnológico e científico e da necessidade de respostas às necessidades sociais que carecem de conhecimento da realidade e práticas efetivas de enfrentamento dos desafios que se apresentam. A fim de garantir um estágio de qualidade, segundo a Lei n. 11.788/2008 (Brasil, 2008), deve-se celebrar termo de compromisso entre o estudante, a instituição de ensino e a instituição concedente, avaliar as instalações do local onde o estágio será realizado, analisando sua adequação à formação profissional e cultural do aluno, indicando professor orientador responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário que, periodicamente, apresentará relatório das atividades desenvolvidas no campo de estágio. Nas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), o estágio supervisionado em Serviço Social representa a síntese entre o conhecimento teórico e a prática do assistente social, articulando pesquisa e intervenção nos diferentes espaços de atuação, tanto públicos quanto privados. O perfil do profissional assistente social também é definido pelas Diretrizes Curriculares (1999), sendo esperado um profissional que atue nas expressões da questão social, formulando propostas para seu enfrentamento por meio de políticas públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais. Sua formação intelectual deve ser generalista crítica, de modo que o profissional esteja comprometido com os valores e princípios do Código de Ética do Serviço Social, destacando os princípios de indissociabilidade entre as dimensões teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas, entre estágio, supervisão acadêmica e de campo, e entre formação e exercício profissional, unidade entre teoria e prática e articulação entre ensino, pesquisa e extensão. TEMA 3 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-METODOLÓGICA DO ESTÁGIO A relação entre educação e trabalho no Brasil, segundo Souza (2010), não existia até 1940. A partir desta data é que se iniciaram discussões a respeito do estágio como espaço de aprendizagem. Foi somente nos anos 1970 que educação e trabalho iniciaram uma aproximação, buscando subsidiar a atuação do profissional no mercado de trabalho com a prática nos campos de estágio. A Lei n. 11.788/2008 define estágio como ato educativo escolar supervisionado, que visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular e objetiva o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. O estágio em Serviço Social é entendido nas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social (1999) como importante processo de ensino aprendizagem, tendo como objetivo capacitar o aluno para o exercício profissional, buscando adquirir competências para atuar nas questões sociais de forma crítica e comprometida com o Código de Ética. Para tanto, deve ser pautado nos princípios de liberdade, na defesa dos direitos humanos, democracia, cidadania, equidade e justiça social, eliminação do preconceito, pluralismo, não-subalternidade, qualidade de serviços, articulação com movimentos sociais e construção de nova ordem societária. Os assistentes sociais atuam, para Iamamoto (2009), nas manifestações das questões sociais que se apresentam nas classes sociais subalternas em sua relação com o poder. As questões sociais do processo de produção e reprodução capitalista são amalgamadas pelo capital por meio da exploração do trabalho, sendo a relação social determinante para “a dinâmica e a inteligibilidade de todo o processo da vida social” (Carvalho; Iamamoto, 2014). As questões sociais dos campos de estágio necessitam ser compreendidas sob a ótica crítica, como fruto da distribuição desigual dos meios de vida e de trabalho. A questão social e a sociabilidade capitalista são, para Iani (1992), indissociáveis e envolvem lutas políticas e culturais contra as desigualdades produzidas, compondo o universo em que atuam os assistentes sociais. TEMA 4 – O ESTÁGIO E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL Durante o estágio supervisionado, habilidades e atitudes são formadas oportunizando ao aluno aprender associando teoria à prática, sempre com o olhar voltado à percepção crítica da realidade social que se apresenta. Segundo Souza (2010), o estágio, além da articulação entre teoria e prática, oportuniza o processo de ensino e aprendizagem ao mesmo tempo em que promove a interação entre instituição de ensino, organizações e sociedade. A respeito do estágio e formação profissional, Buriolla (1995) entende ser o estágio essencial à formação profissional do aluno do curso de Serviço Social, pois oportuniza conhecimento e reflexão sobre a ação profissional, bem como uma visão crítica acerca das relações do campo institucional, sempre “apoiadas na supervisão enquanto processo dinâmico e criativo tendo em vista possibilitar a elaboração de novos conhecimentos” (1995, p.17). Na formação integral do assistente social, o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) entende que o estágio deve superar uma concepção praticista e imediatista, concebendo estágio e supervisão como unidades indissociáveis. Para Lewgoy (2010), as atividades desenvolvidas entre campos de estágio e instituições de ensino necessitamde construção permanente por meio de supervisões conjuntas dos supervisores acadêmicos e de campo, buscando a qualificação do processo de ensino aprendizagem. A supervisão das atividades de estágio constitui-se, na opinião de Buriolla (1995), um processo educativo que possibilita aprendizagem do supervisor e do supervisionado por meio da troca, de reflexões e de debates. Relativo ao estágio e supervisão, Lewgoy (2010) destaca que as atividades técnico-operativas devem estar embasadas em profundidade pelas questões ético-políticas e teórico-metodológicas que norteiam a profissão. O processo de formação profissional envolve reflexões empírico-teóricas que requerem pensar contradições da organização do trabalho, superando condições adversas “para humanização plena do conjunto dos homens em sociedade” (Lewgoy, 2010, p. 50). TEMA 5 – DESAFIOS DO ESTÁGIO O Estágio Supervisionado em Serviço Social representa importante papel na formação de qualidade do profissional assistente social e, para tanto, 6 supervisores e alunos devem estar comprometidos com o caráter de aprendizagem do estágio, respeitando a legislação de estágio regulamentada pela Lei n. 11.788/2008 e pela Resolução n. 533/2008. Uma questão desafiadora que se apresenta nos campos de estágio refere-se à identificação do estagiário como profissional, dele exigindo papéis não inerentes à sua condição de aluno em aprendizagem. Isso, segundo Lewgoy (2010), desrespeita a legislação de estágio, dificultando, para o aluno, o importante exercício da crítica sobre a ação. Outro desafio que se apresenta ao Estágio Supervisionado diz respeito ao conhecimento e compromisso dos supervisores, tanto de campo quanto acadêmicos, a respeito do domínio das habilidades requeridas aos supervisores. A supervisão, segundo Oliveira (2004, p.70) “requer um profissional que tenha competência e domínio das particularidades e habilidades inerentes à ação supervisora”. A relação entre supervisor e aluno também se constitui em desafio. Para Rodrigues (2010, p.194), forma-se uma relação de cumplicidade, devendo instituição de ensino e instituição concedente trabalhar em conjunto na criação de ações que atendam os usuários de forma criativa e inovadora. A autora aponta insuficiente carga horária de acompanhamento do supervisor de campo nas atividades do estagiário e insuficiente carga horária para o acompanhamento do supervisor acadêmico junto aos supervisores de campo com desafios postos “pela própria dinâmica do assistente social frente a uma lógica neoliberal” (2010, p. 194). A identificação das reais necessidades dos usuários e o entendimento das questões históricas, políticas e ideológicas que permeiam a realidade na qual o campo de estágio se insere constituem-se, para Lewgoy (2010, p.176), “a superação da imediaticidade”, buscando, como compromisso, “a compreensão da realidade a ser trabalhada numa perspectiva de totalidade social”. Aula 2 TEMA 1 – HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DAS DIRETRIZES BÁSICAS PARA O CURSO DE SERVIÇO SOCIAL Com o objetivo de preparar o estudante técnica e psicologicamente, a fim de capacitá-lo para o mundo do trabalho, o Estágio Supervisionado apresenta, segundo Souza (2010), relevante importância diante do desenvolvimento tecnológico e científico, da necessidade de respostas às necessidades sociais que carecem de conhecimento da realidade, e das práticas efetivas de enfrentamento aos desafios que se apresentam. A proposta das Diretrizes Curriculares se apresenta como resultado de encontros e debates realizados pelas unidades de ensino a partir de 1994, impelidos pela necessidade de revisão do currículo mínimo para o curso em vigor desde o ano de 1982, diante da necessidade de enfrentamento às novas exigências da sociedade contemporânea. As Diretrizes Curriculares, portanto, buscam assegurar flexibilidade, descentralização e pluralidade no ensino em Serviço Social, a fim de que o futuro profissional possa acompanhar as transformações produtiva e tecnológica que 3 requerem qualificação profissional e modificações no ensino para, então, garantir a qualidade na atuação profissional. TEMA 2 – PRESSUPOSTOS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL O Estágio Supervisionado constitui-se em excepcional momento para a reflexão da vida profissional e para o entendimento das questões e nuances que permeiam a sociedade e suas relações. As Diretrizes Curriculares destacam a redefinição do projeto profissional a partir dos anos 80, visto como especialização do trabalho coletivo inserido na divisão social e técnica do trabalho, compreendendo a profissão enquanto processo. Com os processos de produção dos anos 90, o trabalho do assistente social também se vê afetado pelas mudanças na área da divisão sócio-técnica do trabalho, o que leva à proposta de pressupostos norteadores da formação profissional do assistente social face às transformações sociais, políticas e econômicas que se apresentam. Tais pressupostos, contidos na revisão curricular, inserem o Serviço Social como profissão interventiva nas questões sociais, fruto das contradições do desenvolvimento do capitalismo monopolista. Conforme Netto (1996), as funções políticas do Estado misturam-se com suas funções econômicas, atuando nas questões sociais sob uma ótica de individualização, convertendo questões estruturais em questões de ordem natural. Os processos sócio-históricos e teórico-metodológicos mediam a relação da profissão com as questões sociais agravadas pela reestruturação produtiva no Brasil, sendo o processo de trabalho do Serviço Social determinado pelas configurações estruturais e conjunturais da questão social, bem como pelas formas históricas de enfrentamento. TEMA 3 – PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL Os princípios que fundamentam a formação profissional são direcionados a uma formação pautada pelos princípios éticos, superando a fragmentação de conteúdos, buscando a interdisciplinaridade e o pluralismo com rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social. As capacitações teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, definidas como imprescindíveis à formação profissional do assistente social segundo as Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social (ABEPSS, 1996b), devem levar a uma apreensão crítica do processo histórico como totalidade; a uma investigação sobre a formação histórica e os processos sociais contemporâneos que conformam a sociedade brasileira; à apreensão do significado social da profissão; e à apreensão das demandas consolidadas e emergentes postas ao Serviço Social e ao exercício profissional condizentes com as atribuições previstas na legislação profissional. A respeito da formação profissional, Buriolla (1995) reconhece o estágio como de extrema relevância para a formação profissional, pois proporciona reflexão e visão crítica acerca das relações sociais existentes, contribuindo tanto para a formação do aluno quanto para o desenvolvimento da instituição de ensino e do campo de estágio. Isso confere ganhos significativos aos usuários de Serviço Social, “que passam a encontrar no atendimento qualificado nas instituições o justo acesso à garantia dos direitos sociais e humanos”. (Buriolla, 2010, p. 27) TEMA 4 – NÚCLEOS DE FUNDAMENTAÇÃO Os núcleos de fundamentação, segundo dados da ABEPSS/CEDEPSS, articulam os conteúdos necessários à formação do assistente social desdobrando-se “em áreas de conhecimento que, por sua vez, se traduzem pedagogicamente através do conjunto de componentes curriculares” (1996, p.63). Com base em tais núcleos, são construídas propostasde seminários, oficinas e atividades integradoras do currículo, como o Estágio Supervisionado, que compõe 15% da carga horária total do curso, além do trabalho de conclusão de curso. O Núcleo de Fundamentos Teórico-Metodológicos da Vida Social, considerando o ser social em sua totalidade histórica, entende o trabalho como processo de produção e reprodução da vida social na sociedade burguesa e o conhecimento como expressão da capacidade humana de compreensão e explicação da realidade que se apresenta na compreensão dos fundamentos das filosofias e teorias. O Núcleo de Fundamentos da Formação Sócio-Histórica da Sociedade Brasileira aprofunda-se no conhecimento da sociedade brasileira em seu viés econômico, social, político e cultural, pautando sua análise nas diversidades regionais e locais, bem como nas questões agrária e agrícola e no conhecimento dos movimentos que conduziram ao desenvolvimento do sistema capitalista no país. Analisam-se, pois, os padrões de produção capitalista, a constituição do Estado brasileiro, o Serviço Social e seus desafios enquanto profissão de caráter contraditório em face aos confrontos de classe expressos na sociedade e nas instituições públicas e privadas. O Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional utiliza os fundamentos históricos, teóricos e metodológicos no entendimento do trabalho profissional, discutindo estratégias e técnicas de intervenção, sempre embasados em referenciais teórico-críticos. TEMA 5 – ESTÁGIO E CURRÍCULO O estágio é considerado uma das atividades indispensáveis integradoras do currículo. A respeito desta disciplina e de sua formação profissional, Buriolla entende que o estágio é essencial à formação profissional do aluno do curso de Serviço Social, pois oportuniza conhecimento e reflexão sobre a ação profissional com uma visão crítica das relações do campo institucional, sempre “apoiadas na supervisão enquanto processo dinâmico e criativo tendo em vista possibilitar a elaboração de novos conhecimentos”. (Buriolla, 1995, p.17) O compromisso com o Código de Ética Profissional do Serviço Social (Brasil, 1993) deve nortear o estágio supervisionado em Serviço Social, buscando garantir o conhecimento da realidade e das contradições que nela se apresentam, oportunizando, por meio de reflexões críticas, ações de intervenção de qualidade. Aula 3 TEMA 1 – A LEGISLAÇÃO FEDERAL DE ESTÁGIO A Lei 11.788, de 25 de setembro de 2008, regulamenta o estágio de estudantes, definindo o oferecimento de estágios por pessoas jurídicas de direito privado e órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer um dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados nos respectivos conselhos de fiscalização profissional. O estágio deve estar condicionado ao termo de compromisso firmado entre as instituições de ensino e estagiário e instituição concedente. A esta cabe garantir instalações adequadas à realização do estágio, indicando o supervisor para acompanhamento do aluno, devendo garantir a contratação de seguro contra acidentes pessoais, providenciando termo de realização do estágio quando do desligamento do estagiário, encaminhando relatório de atividades à instituição de ensino com periodicidade mínima de 6 meses e mantendo para fins de fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio. Quanto à jornada de estágio, os estudantes de educação especial e dos anos finais de Ensino Fundamental podem realizar 4 (quatro) horas diárias e 20 (vinte) horas semanais, na modalidade profissional de educação de jovens e adultos e 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, para estudantes do Ensino Superior, da Educação Profissional de nível médio e do Ensino Médio regular. TEMA 2 – LEGISLAÇÃO DA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social (1996) concede ao estágio supervisionado o papel de capacitar o aluno para o exercício profissional aliando as dimensões teórico-prático e técnico-operativo com a inserção do aluno em diferentes campos de atuação, buscando o conhecimento da realidade e sua problematização, elaborando-se plano de intervenção do estagiário com articulação de discussões teórico-metodológicas aliadas ao uso de instrumental pertinente da profissão de Serviço Social. A Resolução CFESS 533/2008, a respeito do processo de supervisão direta, concebe como atribuição do supervisor acadêmico e do estagiário a construção de plano de estágio a cada semestre/ano letivo. O número de estagiários por supervisor de campo não deverá exceder o limite de 1 (um) estagiário a cada 10 (dez) horas semanais de trabalho do profissional assistente social, estabelecendo condições que assegurem espaço físico adequado, equipamentos, sigilo e disponibilidade do supervisor de campo. A Lei 8.662/1993, que regulamenta a profissão, institui como atribuição privativa do assistente social a supervisão direta a estagiários do curso de Serviço Social. Para tanto, o profissional deve estar regularizado, gozando de seus direitos profissionais junto aos órgãos de classe, cabendo às unidades de ensino o encaminhamento para credenciamento dos campos de estágio e dos supervisores e alunos junto aos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), averiguando os supervisores das condições do campo de estágio para uma aprendizagem de qualidade. TEMA 3 – A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO EM SERVIÇO SOCIAL A supervisão de estágio em Serviço Social é realizada pelo supervisor acadêmico e pelo supervisor de campo, entendida como atribuição privativa do assistente social, devendo as atividades realizadas em estágio terem caráter formador, não apresentando o viés de trabalho. A prática da supervisão deve, para Oliveira (2004), envolver tanto a teoria quanto a prática, buscando a formação do assistente social, tornando-o apto a responder às exigências e aos desafios do mercado de trabalho na atualidade. A respeito da supervisão, Buriolla (2010) destaca a necessidade de conhecimento teórico e a experiência prática pelos supervisores que devem pautar sua orientação nos preceitos da lei que regulamenta a profissão e do Código de Ética Profissional. A importância da indissociabilidade entre teoria e prática constitui-se em fator primordial na prática da supervisão. Segundo Buriolla (2009), campo de estágio e unidade de ensino não podem se dissociar, devendo caminhar juntos. A supervisão de estágio deve oportunizar, de acordo com Lewgoy (2013), a investigação, a reflexão, a discussão, o acompanhamento e a intervenção, buscando transformar a realidade, sendo a relação supervisor- aluno “balizadora da formação da identidade profissional”. A autora destaca que, para além do ensino dos procedimentos metodológicos, a supervisão deve estar comprometida com a crítica aos processos sociais, entendida como esclarecimento e aprofundamento aos vínculos sócio-históricos que se constitui para a ABEPSS (2004) em uma das competências necessárias ao assistente social, listadas pelas Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social. TEMA 4 – TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO A apreensão da realidade por meio de leituras pertinentes ao campo de estágio e ao Serviço Social contribui para o aprofundamento do conhecimento do aluno da realidade de atuação, e a atualização frequente do acervo bibliográfico constitui-se, segundo Lewgoy (2010), de uma das inúmeras atribuições da supervisão de estágio. Buscando a superação da compreensão imediatada realidade que se apresenta nos campos de estágio, o compromisso é construir de forma permanente as atividades realizadas tanto na instituição de ensino quanto na instituição concedente do estágio. A respeito do acompanhamento realizado pelo supervisor acadêmico, Lewgoy (2010) aponta a necessidade de acompanhamento sistemático do supervisor na construção e apresentação do plano individual de estágio, diário de campo, relatórios de prática, projeto de intervenção, projeto de pesquisa, folha de frequência, relatórios semestrais de avaliação e relatórios de supervisão, destacando que a supervisão realizada em campo de estágio deve se realizar em conjunto com o supervisor de campo e estagiário. Os instrumentos e as técnicas utilizadas pelos supervisores no acompanhamento ao estágio supervisionado devem ter articulação com o projeto ético-político da profissão, pensando criticamente a realidade e os instrumentos utilizados para a apropriação dessa realidade durante o estágio, não se utilizando os instrumentos e as técnicas como um fim em si mesmos, sendo necessário a apropriação dos processos de trabalho do assistente social. TEMA 5 – DESAFIOS DA SUPERVISÃO DE ESTÁGIO Ao entender o estágio como atividade refletida, Buriolla (2009) afirma a necessidade do planejamento gradativo e sistemático das atividades do estágio pautado no princípio da indissociabilidade entre a teoria e a prática profissional. Isso requer a visão do estágio como campo de aprendizado que permita a reflexão e o conhecimento das questões sociais que nele se apresentam. Um dos desafios consiste no entendimento do estágio como trabalho, e não como local que oportunize a aprendizagem. Como afirma Lewgoy (2010, p. 138), o estágio constitui-se em espaço para formação, não podendo o aluno exercer em hipótese alguma a função ou atividades de um profissional ocorrendo segundo a autora o “abuso na utilização de estagiários em situações em que o aprendizado nem sempre está em primeiro plano”. O entendimento voluntarista da supervisão de campo que incorpora o acompanhamento ao aluno na supervisão dentro da carga horária de trabalho do profissional acarreta, para Lewgoy (2010), uma sobrecarga de trabalho, visto não considerar o tempo necessário à supervisão, delegando ao supervisor de campo tarefa extra que não consegue ser desenvolvida de forma satisfatória ao longo de seu tempo de serviço, acarretando dificuldades dos alunos na compreensão da ação. A supervisão acadêmica também perece para a autora de insuficiência de tempo para a supervisão, em que leituras, análise de documentação e visitas aos campos de estágio, assim como reuniões com os supervisores de campo, não são contabilizadas, constituindo-se em aumento da jornada de trabalho sem remuneração apropriada. A supervisão tanto acadêmica quanto de campo faz parte, para Lewgoy (2010, p. 110), do trabalho profissional, “logo faz parte das condições objetivas dos assistentes sociais e do professor”. Aula 4 TEMA 1 – ANÁLISE DA CONJUNTURA A análise da conjuntura é de grande valia na tomada de decisões do assistente social e, para Iamamoto (2011, p. 125), “exige recursos teóricos e um horizonte político para decifrar a dinâmica conjuntural, os sujeitos coletivos aí presentes e suas relações com a profissão”. A respeito da análise de conjuntura, Torres (s/d) esclarece que a análise permite ao assistente social compreender as relações existentes da realidade social, demandas identificadas e implicações que permeiam a questão a ser trabalhada, permitindo o estabelecimento de relações entre as condições de vida do usuário, a organização e a realidade social. A análise de conjuntura deve avançar para além das aparências e, para Alves (s/d), constitui-se em desafio compreender as inter-relações das partes que formam o todo, composto por forças econômicas, políticas e sociais. Para a realização da análise de conjuntura, segundo Souza (1991), os acontecimentos, cenários, atores, relações de força e articulação entre estrutura e conjuntura devem ser observados. A compreensão da realidade deve ocorrer com base nas diversas interpretações das classes que compõe a sociedade e nos diferentes interesses, muitas vezes antagônicos dos grupos, não podendo ser baseada em uma visão fragmentada e unilateral. A respeito da análise de conjuntura, Martinelli (2013) a reconhece como uma oportunidade para o conhecimento da realidade de forma crítica, realidade esta que se constitui em campo de trabalho do assistente social. A autora define a análise de conjuntura como uma leitura da realidade, realizada de forma crítica, intencional e complexa, “penetrando nas suas tramas constitutivas, de forma a identificar a relação de forças que aí se processa e o fundamento crítico dessa relação” (Martinelli, 2013, p. 12). TEMA 2 – RELAÇÃO CONJUNTURA-ESTRUTURA A conjuntura composta de ações e acontecimentos geradores de uma situação tem para Souza (1991) uma relação com a história, apresentando vínculo com as relações sociais, econômicas e políticas. A fim de se entender os acontecimentos, pode-se, para Souza (1991), realizar uma análise com base no ponto de vista dominante ou a partir do ponto de vista de oposição ao poder dominante. A estrutura relaciona-se a ciclos de longo prazo, referindo-se à organização da vida social, sendo que a mudança estrutural requer transformações na organização global da sociedade, relacionando-se com a forma de produção que no capitalismo abrange conceitos relativos a trabalho, propriedade, classes. Para Alves (s/d, p. 5) o “modo de produção e reprodução das condições materiais e imateriais da vida é definido pelo conjunto de forças produtivas e das relações sociais de produção”. O autor afirma que o modo de produção engloba “a infraestrutura econômica (base material e técnica da sociedade) e a superestrutura político- jurídico, abrangendo leis e organização do Estado além dos instrumentos de reprodução da consciência social”. A fim de se realizar uma análise de conjuntura, faz-se necessário entender a estrutura que alicerça a sociedade. Para Alves (s/d), as mudanças estruturais ocorrem quando há mudanças no modo de produção (por exemplo do feudalismo para o capitalismo) ou quando ocorrem mudanças dentro do modo de produção (por exemplo da 1ª Revolução Industrial – uso de energia a vapor, indústria têxtil e do ferro – para a 2ª Revolução Industrial – uso de energia elétrica, petróleo e aço. As mudanças institucionais dizem respeito aos fenômenos que ocorrem na superestrutura jurídico-política, ideológica ou cultural (ex.: mudanças no setor privado, criação e atuação das organizações não governamentais etc.). TEMA 3 – ATORES E RELAÇÕES DE FORÇA NA ANÁLISE DE CONJUNTURA A sociedade capitalista tem por característica, segundo Alves (s/d), constante movimento na dinâmica da sociedade, em que o desenvolvimento da tecnologia e das forças produtivas interfere na dinâmica social sendo “um processo marcado por períodos de maior ou menor dinamismo e por mudanças nas representações, comportamentos e na correlação de forças entre os atores sociais. Em constante relação uns com os outros, os atores sociais desenvolvem entre si relações de confronto, coexistência e cooperação, que revelam para Martinelli (2013) dominação, subordinação ou igualdade. A identificação das relações de força entre os diferentes atores é fundamental para a realização da análise de conjuntura, alterando-se permanentemente conforme o processo histórico e a estrutura social. Constituindo-se em leitura críticada realidade, a análise de conjuntura busca na identificação de forças, para Martinelli (2013), o fundamento crítico dessas relações de forças. A sociedade capitalista sustenta-se, segundo Alves (s/d), em “um equilíbrio instável e meio anárquico”, sendo que as relações de força na sociedade capitalista são permeadas por interesses, contradições e conflitos. Para o autor, os fatos que ocorrem no curto prazo relacionam-se com questões referentes à conjuntura e os fatos que se mantêm a longo prazo relacionam-se com questões estruturais, podendo estes últimos “levar a mudanças estruturais na base técnico-produtiva ou nas instituições políticas e ideológicas. TEMA 4 – A INFORMAÇÃO NA ANÁLISE DE CONJUNTURA E NA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL Para a realização da análise de conjuntura, a informação subsidiando a análise agrega ao processo a possibilidade de análise e comparação. A respeito da informação e sua importância, Iamamoto (2011) afirma que a informação se completa com a dimensão formativa e envolve reflexão sobre valores, posturas e atitudes. A informação, portanto, é de extrema importância para a análise de conjuntura e para o Serviço Social, mas necessário se faz entender a diferença entre informação e conhecimento. Segundo esclarecimentos de Davenport e Prusak (1998), a informação constitui-se de dados dotados de relevância e propósito, requerendo unidade de análise e consenso, e o conhecimento inclui reflexão, síntese e contexto. Diante disto, faz-se necessário para a realização de uma análise de conjuntura a informação acompanhada do conhecimento por ela produzida. A respeito da importância do estágio e dos processos de formação dele advindos, Lewgoy (2010) afirma que no estágio o aluno transforma o que aprendeu em posturas, produtos, serviços e informações. Urge para o assistente social realizar a reflexão contemporânea que deve, para Iamamoto (2011), estar imbuída da análise que contém dados, informações, indicadores que possibilitem identificar tanto as questões sociais quanto os processos sociais que as reproduzem. No campo de estágio, Buriolla (2009) argumenta quanto à importância da análise da realidade como elemento que promove intervenção eficiente do assistente social. O modo de intervir modifica-se e diversifica-se conforme se apresentam e se situam historicamente as realidades e os problemas econômicos, sociais, políticos e culturais. TEMA 5 – A CULTURA ORGANIZACIONAL Com relação à cultura e à comunicação dentro de uma organização, Marchiori (2008) afirma que as modificações dentro de uma organização só ocorrem efetivamente por meio de sua cultura. A cultura para a autora constituise na personalidade da organização, estando a comunicação em íntima relação com a cultura, ligadas ambas à análise de processos e relacionamentos. Os caminhos para o conhecimento da cultura de uma organização passam, segundo Fleury e Fischer (1989), pelo conhecimento do histórico das organizações, socialização de seus membros, política de recursos humanos e pelo processo de comunicação. Relativo ao conhecimento do histórico da organização, levantar o momento de criação da organização, conhecendo os processos de sua fundação e seu fundador, torna-se necessário a fim de se compreenderem natureza, objetivos e metas desta organização. Também os chamados incidentes críticos, representados por crises, expansões, fracassos ou sucessos devem ser conhecidos, tanto em seu aspecto macro (que afeta a estrutura da organização) quanto em seu aspecto micro (afetando a força de trabalho). O conhecimento do processo de socialização dos membros da organização que diz respeito às estratégias utilizadas na socialização, como festas, seminários e treinamentos contribui para o conhecimento da cultura organizacional, demonstrando inclusão e exclusão de membros. A política de recursos humanos media capital e trabalho, impactando na construção da identidade organizacional. Realizar a análise das políticas de capacitação e desenvolvimento de recursos humanos auxilia na interpretação dos padrões culturais de determinada organização. A forma como a organização comunica interfere diretamente, segundo Fleury e Fischer (1989), tanto na criação como na transmissão e na fixação do comportamento e do universo simbólico dessa organização, sendo necessário mapear tanto meios formais quanto informais de comunicação. Aula 5 TEMA 1 – CONCEITOS OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DO ESTÁGIO Conforme o Regulamento do Estágio Supervisionado UNINTER (2016), o estágio supervisionado obrigatório do Curso de Serviço Social da UNINTER, pautado na legislação que regulamenta a profissão, objetiva oportunizar ao aluno o contato com o ambiente de trabalho, buscando o desenvolvimento de competências e habilidades em conformidade com a proposta pedagógica do curso de Bacharelado em Serviço Social. Apresentando as modalidades de estágio curricular obrigatório e não obrigatório, o estágio obrigatório é requisito para a integralização da matriz curricular e obtenção de diploma. Já a modalidade de estágio não obrigatório ocorre por iniciativa do estudante, que busca favorecer o processo de aprendizagem, promovendo o aprimoramento por meio da prática profissional. Com carga horária de 540 horas, o estágio curricular supervisionado obrigatório compreende carga horária máxima de 6 (seis) horas diárias e 30 (trinta) horas semanais, distribuídas na modalidade quadrimestral e EAD em 90 horas por quadrimestre. A partir dos primeiros seis quadrimestres de curso, a disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social 1 busca promover aproximações à realidade dos campos de estágio, sendo desenvolvido no Estágio Supervisionado em Serviço Social 2 o projeto de intervenção no campo de estágio pelo aluno. Na disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social 3, ocorre a avaliação e redefinição do projeto de intervenção, sendo realizada no Estágio Supervisionado 4 e Estágio Supervisionado 5 a sistematização da prática de estágio 1 e 2, seguido do relatório final, que deve ser construído ao longo do período da disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social. O tempo máximo de duração do estágio tanto obrigatório quanto não obrigatório segundo a Lei 11.788/2008 é de 2 (dois) anos na mesma instituição concedente de estágio, exceto para alunos com deficiência. TEMA 2 – ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS Os atores envolvidos no estágio supervisionado em Serviço Social na UNINTER são: coordenador de estágio; supervisor acadêmico; tutor, supervisor acadêmico no Polo de Apoio Presencial, supervisor de campo e estagiário. A coordenadoria de estágio é exercida por um docente escolhido pela Coordenadoria do curso de Bacharelado em Serviço Social e homologada pelo Colegiado do Curso. As atribuições do coordenador de estágio, segundo a Política Nacional de Estágio (2010), consistem em realizar diversas e importantes ações, dentre elas, propor normas e diretrizes para a operacionalização de uma política de estágio condizente com os critérios e objetivos da formação profissional, acompanhando e avaliando o desenvolvimento do estágio. A política também enfatiza o papel do coordenador no contato com as instituições na verificação da possibilidade de abertura de novas vagas. A supervisão acadêmica é realizada pelos professores da unidade de ensino que acompanham o desenvolvimento acadêmico pedagógico do aluno em processo de estágio supervisionado. Suas atribuições, segundo a Política Nacional de Estágio (2010), consistem, dentre outras, em orientar os estagiários na elaboraçãodo Plano de Estágio em conjunto com os supervisores de campo, sempre considerando o projeto pedagógico e demandas específicas do campo de estágio entre estudantes e supervisores. As atribuições desempenhadas pelo supervisor acadêmico nos cursos a distância são realizadas pelo tutor supervisor acadêmico, nos Polos de Apoio Presencial. Cabe ao supervisor de campo, segundo o Regulamento de Estágio Supervisionado UNINTER (2016), disponibilizar ao estagiário a documentação da instituição de estágio e informações pertinentes ao campo, contribuindo ativamente na elaboração do Plano de Estágio, cabendo ao estagiário cumprir o Regulamento de Estágio, dentre outras responsabilidades, em consonância com o Projeto Ético Político Profissional. A fim de exercer a supervisão, constitui-se exigência que o assistente social esteja em dia com seus compromissos legais, que consistem em inscrição no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS) da região onde atua e com a anuidade do conselho em dia. TEMA 3 – FASES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO A fim de organizar o aprendizado, concedendo tempo necessário para apreensão e maturidade dos conteúdos e da vivência de estágio, o período de estágio supervisionado foi subdividido em fases, com o intuito de preparar e acompanhar o aluno, conduzindo a um aprofundamento teórico e prático. A primeira fase do estágio supervisionado ocorre no Estágio Supervisionado I, no qual, segundo o Regulamento de Estágio Supervisionado UNINTER (2016), o aluno aproxima-se da realidade realizando a sistemática observação do campo de estágio, conhecendo e caracterizando a instituição em que estagia e a população usuária dos serviços. A segunda fase do estágio supervisionado ocorre com a elaboração, execução e/ou inserção em projeto de intervenção profissional. Nesta fase, o aluno aprofunda-se na análise conjuntural e institucional durante a realização do Estágio Supervisionado II. O Estágio Supervisionado III oportuniza a avaliação e redefinição do projeto de intervenção, redefinindo-se se necessário objeto e o próprio projeto de intervenção. Na quarta fase do Estágio Supervisionado, ocorre a sistematização da prática de estágio, em que o aluno realiza a avaliação do projeto de intervenção, refletindo, fundamentando e sistematizando a prática de estágio durante a realização do Estágio Supervisionado IV. No Estágio Supervisionado V, ocorre a sistematização da Prática de Estágio II, com a execução do projeto de intervenção, sistematizando, fundamentando e avaliando os resultados do estágio, incluindo o projeto de intervenção. A sexta e última fase do Estágio Supervisionado contempla o momento do Relatório Final, avaliando as atividades desenvolvidas e os impactos do processo de intervenção. A avaliação é realizada sob a ótica do aluno e do campo de estágio, encerrando-se no Estágio Supervisionado VI as fases que compõem o Estágio Supervisionado UNINTER. TEMA 4 – DOCUMENTAÇÃO DE ESTÁGIO Para a realização do estágio supervisionado, é exigida, conforme legislação que regulamenta o estágio supervisionado, documentação administrativa e técnica, sendo a regulamentação da supervisão direta conforme Resolução 533/2008 de competência exclusiva do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS). No âmbito administrativo, a documentação exigida constitui-se de Termo de Compromisso de Estágio e Carta de Apresentação do Estagiário. O Termo de Compromisso de Estágio Obrigatório apresenta dados da instituição de ensino, instituição concedente do estágio e estagiário, condicionando o estágio à criação de vínculo empregatício, evidenciando o caráter colaborativo entre instituição de ensino e instituição concedente, definindo a carga horária do estagiário, que não deve ultrapassar 6 horas diárias e 30 horas semanais. No que se refere à documentação técnica do estágio supervisionado, é composta de: grade curricular do curso; quadro de fases do estágio; plano individual de estágio; ficha de frequência do estágio; ficha de avaliação do supervisor de campo; ficha de avaliação do supervisor acadêmico; relatório final de atividades; declaração de realização de estágio; diário de campo e ficha de visita de campo. O Plano Individual de Estágio consiste em documento produzido pelo estagiário sob supervisão, que contém a identificação do aluno, instituição e supervisor de campo, assim como período e carga horária de estágio. Neste documento, a história da instituição e os objetivos do Serviço Social na instituição são explicitados, sendo também descritas as atividades realizadas pelo setor de Serviço Social da instituição. Por meio da Ficha de Frequência, realiza-se o acompanhamento do horário de estágio realizado pelo aluno com descrição das atividades realizadas. TEMA 5 – AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO A avaliação do estágio supervisionado é realizada pelos supervisores de campo e acadêmico, devendo o aluno ao final do semestre/quadrimestre apresentar à coordenação do estágio a Ficha de Frequência Diária das Atividades, Relatório semestral/quadrimestral das atividades, Avaliação semestral/quadrimestral, Avaliação Final e a Declaração de Realização do Estágio. A avaliação qualitativa do acadêmico é realizada pelo supervisor de campo, que acompanha as atividades do aluno no campo de estágio, devendo o supervisor preencher o Formulário de Avaliação utilizando segundo o Regulamento de Estágio Supervisionado UNINTER (2016, p. 16) os critérios de percepção e análise da realidade, planejamento de trabalho, desempenho de atividades, trabalho em equipe, registro e relato de atividades, avaliação crítica das atividades, responsabilidade com os usuários e com a instituição, atividades e comportamentos éticos e entrega de documentos ou trabalhos em data estabelecida pelos supervisores. A responsabilidade da média dos conceitos cabe ao supervisor acadêmico, que a apresenta à coordenação de estágio e à coordenação de curso, devendo o aluno alcançar a média 7,0(sete) para aprovação. Na avaliação de estágio, são utilizados os instrumentos Plano Individual de Estágio, Ficha de Avaliação do desempenho do estagiário, Diários de Campo, atividades previstas no regulamento e relatórios parciais e final de estágio. A Resolução CFESS 533/2008(p. 4) “entende que a conjugação entre a atividade de aprendizado desenvolvida pelo aluno no campo de estágio, sob acompanhamento direto do supervisor de campo e a orientação e avaliação realizadas pelo supervisor acadêmico, resulta na supervisão direta”, constituindo a avaliação momento de grande importância no processo de estágio e no processo de formação e qualificação profissional. Aula 6 TEMA 1 – ORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO E DA ESCRITA Na formação do assistente social, segundo as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Serviço Social (1996), os princípios que regem a formação do assistente social relacionam-se a um compromisso do entendimento da realidade social nas perspectivas histórica, teórica e metodológica, sob o prisma da investigação e posterior intervenção. Para tanto, faz-se necessária a decodificação dessa realidade com um entendimento que rompa com o senso comum, contribuindo efetivamente na transformação dessa realidade. Exige-se na formação profissional uma qualificação que reforce e amplie, segundo Iamamoto (2011), sua competência crítica no pensamento, análise, pesquisa e ações. Muitos são os desafios na formação desse profissional, a começar pela fragilidade do ensino das séries fundamentais no país e o pouco hábito de leitura e escrita desenvolvido durante as séries iniciais. O conhecimentoe a descrição da realidade dos campos de estágio são elementos centrais na construção do Plano de Estágio, sendo necessário ao estagiário aprimorar sua observação, seu entendimento, sua crítica, seu pensamento e sua escrita. Buscando desenvolver o entendimento crítico do aluno e suas aptidões para a leitura e escrita, Fraga et al. (2015) sugere o uso de leitura e fichamento como estratégia para qualificar a escrita, além da utilização de filmes que possam suscitar o debate e aprofundamento das questões neles apresentadas, desenvolvendo também a sensibilidade quanto aos temas discutidos. A autora compreende que a leitura e o reforço da sensibilidade contribuem para o aperfeiçoamento da escrita, matéria-prima na formação do assistente social. TEMA 2 – A IDENTIFICAÇÃO E A HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO A identificação do aluno e da instituição de trabalho no Plano de Estágio, assim como a identificação do assistente social supervisor de campo e da carga horária realizada pelo aluno no campo, constitui a parte inicial do Plano Individual de Estágio. As informações devem ser atualizadas no Plano de Estágio a cada modificação de dados da empresa e da mudança de campo de estágio pelo aluno. A história da instituição deve ser minuciosamente contada no Plano de Estágio, devendo o aluno pesquisar a respeito do histórico da instituição. Construir o histórico de uma instituição é preservar sua memória, compreendendo sua origem, sua cultura e símbolos, descobrindo seus valores. Todo resgate histórico da instituição concedente do estágio é realizado no Plano de Estágio, em que se rememoram finalidades, objetivos e demandas, contribuindo com a informação e com o resgate histórico da instituição. O conhecimento a respeito da população atendida na instituição, ressaltando suas características, constitui-se em importante levantamento para o entendimento da realidade dessa população, subsidiando possíveis intervenções e pesquisa. Faz-se necessário também entender a forma como se organiza a instituição, sua hierarquia, sua política, assim como sua missão, visão e valores, o que garante no processo de aprendizagem situar o estagiário quanto ao funcionamento institucional, buscando compreender a dinâmica interna da organização de seu campo de estágio. As relações de força na instituição, assim como os recursos financeiros utilizados na consecução de seus objetivos, constituem-se de informações relevantes para o Plano de Estágio, auxiliando no entendimento da atuação profissional e na visualização de possibilidades de intervenção. TEMA 3 – OBJETIVO DO SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO Tratar e descrever o Serviço Social na instituição requer pensar a prática do assistente social. A respeito da prática, Braz e Teixeira (2009) esclarecem que, ao pensar a prática, devemos considerar o caráter político eminente em toda prática realizada em uma sociedade de classes. Segundo os autores, diferentes são as formas de prática como a política, a produtiva e a prática profissional. Todas elas relacionam-se ou ao controle da natureza ou ao controle do comportamento e formas de agir humanas. A atuação do Serviço Social constitui- se para Braz e Teixeira (2009), em atuação comprometida e não isenta que segue e atende interesses sociais, políticos, ideológicos e econômicos, o que forma uma identidade profissional, definida por Netto (1999) como imagem da profissão que toma forma de projeto profissional. O Serviço Social na instituição organiza-se com base no projeto ético político da profissão, que deve ser compreendido em sua prática pelo aluno em formação, durante o estágio supervisionado Relembrando o projeto ético político do Serviço Social, Braz e Teixeira (2009) relembram a vinculação do projeto ético político brasileiro a um projeto de transformação social, que se efetiva na prática e no direcionamento dado no atendimento pelo assistente social, direcionamento este que, condizente com o projeto ético político da categoria, deve considerar a dimensão teóricometodológica (no aprofundamento de embasamentos teóricos, criando formas de transformação da realidade), ético-política (no entendimento da não neutralidade, afirmando o compromisso com as classes trabalhadoras) e técnico-operativa (apropriando-se de habilidades técnicas para o atendimento da população), compromissada, segundo Netto (1999), com os ideais de igualdade e liberdade, em uma sociedade mais justa e sem exploração. TEMA 4 – POPULAÇÃO-ALVO DO SERVIÇO SOCIAL E ATIVIDADES DO SERVIÇO SOCIAL NA INSTITUIÇÃO No Plano de Estágio, o aluno deverá conhecer e descrever as principais características da população-alvo do Serviço Social do campo de estágio. Conhecer quem são, quantos são, de que forma acessam o serviço e quais são suas peculiaridades é indispensável para um bom diagnóstico da realidade do campo. Conhecer os atores envolvidos e as relações de força do campo de estágio propicia o conhecimento do cenário mais complexo das relações de atendimento e dos interesses que permeiam essas relações, configurando-se em relações antagônicas ou de cooperação. As atividades do Serviço Social deverão ser apontadas e descritas, reconhecendo as competências do assistente social e suas atribuições privativas. Devemos sempre considerar na atuação do assistente social o compromisso dessa atuação com os princípios éticos que norteiam o projeto profissional apontados no Código de Ética Profissional (1993, p.23-24), a saber: reconhecimento da liberdade, defesa intransigente dos direitos humanos, ampliação e consolidação da cidadania, defesa e aprofundamento da democracia, posicionamento em favor da equidade e justiça social,empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, garantia do pluralismo, projeto profissional vinculado a construção de uma nova ordem societária,articulação com outros movimentos profissionais, compromisso com a qualidade dos serviços e exercício profissional sem ser discriminado ou discriminar . As atividades do Serviço Social na instituição deverão estar pautadas no projeto ético-político da profissão, concretizando direitos, assumindo por vezes a mediação dos conflitos no ambiente de trabalho, porém centralizado em seu compromisso com o trabalhador. TEMA 5 – ATIVIDADES E AVALIAÇÃO DO ESTAGIÁRIO Descrever as atividades realizadas durante o estágio supervisionado fornece um mapa de como o estágio se organiza e quais as contribuições para o aprendizado efetivo das atividades inerentes ao assistente social. Ao informar a respeito das atividades realizadas, aluno e supervisores têm a oportunidade de realizar uma avaliação crítica da realidade profissional do campo, o que possibilita, para Almeida (s/d, p.2), o repensar da prática, identificando lacunas, buscando “meios para uma atuação mais qualificada comprometida com a realidade social”. A análise da atuação do estagiário e do assistente social na instituição proporcionada pela descrição das atividades possibilita um olhar de completude das atividades diárias, o que se constitui, para Martinelli (2009), em desafio no reconhecimento da herança sócio-histórica da atuação profissional, atrelada aos interesses da manutenção da sociedade e do sistema produtivo. Durante a realização do estágio, o estagiário deve realizar suas atividades em consonância com o projeto ético-político do Serviço Social, respeitando o sigilo inerente às informações por ele acessadas, agindo com competência técnica e política nas atividades a ele designadas. A avaliação do supervisor de campo deve se pautar no acompanhamento feito ao aluno, realizando, conformeRegulamento de Estágio Supervisionado em Serviço Social (2016), encontros sistemáticos para acompanhamento das atividades de estágio, emitindo parecer e nota no instrumento de avaliação. O encaminhamento de sugestões e dificuldades do estagiário deve ser realizado com muita responsabilidade pelo supervisor de campo, visto o caráter de aprendizado do estágio.