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TRABALHOS CIENTÍFICOS
Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada, desenvolvida e redigida de
acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência. É o método de abordagem de um
problema em estudo que caracteriza o aspecto científico de uma pesquisa (RUIZ, 1996, p. 48).
CONCEITO DE TRABALHO CIENTÍFICO
Salomon (2014, p. 148-149), ao ocupar-se de responder o que é um trabalho científico, entende ser necessário
justificar a acepção do termo ciência. Postula então ser propriedades e características da ciência: (1) Constituir-se
em método de abordagem. (2) Ser processo, de certa forma cumulativo, ressaltando-se, porém, que a verdade se
reveste de caráter provisório e o resultado da ciência nunca é produto acabado do conhecimento. (3) Comportar
conhecimento em processamento. (5) Ser um corpo de verdades provisórias. (6) Ser método de abordagem da
explicação, da predição, da classificação, da descrição e da interpretação dos fenômenos. (6) “Ter rigor como
característica fundamental nos processos de obtenção e análise de dados”. Daí definir: “Uma atividade é
denominada científica quando: (i) produz ciência; (ii) ou dela deriva; (iii) ou acompanha seu modelo de tratamento.”
E, adiante, conclui: “Trabalho científico passa a designar a concreção da atividade científica, ou seja, a pesquisa e o
tratamento por escrito de questões abordadas metodologicamente” (p. 150).
Tomando a expressão trabalho científico em sentido amplo, Severino (2016, p. 17) considera que ele se refere
“ao processo de produção do próprio conhecimento científico, atividade epistemológica de apreensão do real”.
Entende ainda que ela se refere “ao conjunto de processos de estudo, de pesquisa e de reflexão que caracterizam a
vida intelectual do estudante”. Finalmente, acrescenta que também se refere “ao relatório técnico que registra
dissertativamente os resultados de pesquisas científicas, caso em que significa a própria monografia científica”.
Vários são os trabalhos classificados como científicos, ou seja, escritos que resultam de pesquisa científica,
como: resenhas bibliográficas, artigos científicos, papers, comunicações científicas, informes científicos, relatórios
científicos, seminários, dissertações de mestrado, tese de doutorado, trabalho de conclusão de curso (TCC).
CONCEITO DE MONOGRAFIA
Monografia é comumente definida como trabalho científico escrito que focaliza e aprofunda o conhecimento de
um só tema (tratamento de um tema bem delimitado), utiliza métodos de pesquisa e tem como objetivo apresentar
uma contribuição relevante à ciência. A essas características, Salomon (2014, p. 256) acrescenta que elas são
descritivas, analíticas e a reflexão é sua tônica.
A expressão monografia compreende um conjunto de trabalhos, como dissertações científicas, dissertações de
mestrado, tese de doutorado, TCC, tesinas, memórias científicas. Esses trabalhos diferenciam-se basicamente pela
profundidade da pesquisa teórica.
Duas questões podem ser postas aqui: uma sobre a extensão e outra sobre a originalidade. Em relação à
primeira, afirma Salomon (2014, p. 260) que “a monografia não é, como muitos equivocadamente pensam, um
trabalho caracterizado pela pouca extensão da abordagem”. A questão da originalidade, que se diz normalmente ser
característica das teses de doutorado, é elucidada por Asti Vera (1983, p. 102). Com apoio na etimologia, elucida
que originalidade provém de origem (princípio, arché = fonte originária das coisas); significa “volta às fontes”,
visto que origem é princípio, não propriamente novidade, singularidade.
3
Essa a razão da afirmação de Salomon (2014, p. 257): “exigir originalidade como total novidade num trabalho,
para que seja tese ou monografia, é uma colocação ingênua, para não dizer inatingível”. E justifica seu
posicionamento: exigir originalidade como total novidade em uma tese é inatingível porque a ciência é um processo
em parte cumulativo (em verdade, o processo chamado ciência é “progressivo-regressivo, contínuo descontínuo”;
historicamente se pode confirmar que as teorias e as descobertas científicas não se sucedem cumulativamente, como
bem ressalta Kuhn (1998); porque a exigência de originalidade para teses e monografias diz respeito à atualização;
porque desde muito tempo se considera original “trabalho que apresenta modo novo de abordar um assunto já
tratado ou que consegue estabelecer relações novas”, ou “se propõe nova interpretação de questões controversas”.
Salomon (2014, p. 259) entende ser a reflexão a característica fundamental de todo trabalho monográfico, de
todo trabalho científico: “Sem a marca da reflexão, a monografia transforma-se facilmente em ‘mero relatório do
procedimento da pesquisa’ ou ‘compilação de obras alheias’ ou ‘medíocre divulgação’.”
Comumente, há ligeiro equívoco no uso de expressões como dissertação, tese, monografia. Esta última
identificaria trabalhos científicos realizados por graduandos e apresentados ao final de um curso de graduação; a
dissertação de mestrado seria o trabalho apresentado por candidato à obtenção do grau de mestre; a tese de
doutorado seria o trabalho exigido para a obtenção do grau de doutor. Alguns afirmam ainda haver necessidade de
originalidade na realização de uma tese. Evidentemente, tal afirmação é imprópria, como já expusemos. Sejam
trabalhos de mestrado, sejam de doutorado, eles sempre devem ser inéditos, apresentarem novas descobertas ou
nova visão sobre pesquisas anteriormente realizadas e não só contribuir “para a ampliação de conhecimentos ou a
compreensão de certos problemas, mas também servirem de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos”
(LAKATOS, 1991a, p. 234).
Também não se justifica a nomenclatura difundida de que a tese pertence ao nível de doutorado e a dissertação
ao nível de mestrado. Dissertações de mestrado e artigos científicos também defendem teses. Não haveria razão para
escrevê-los se não houvesse necessidade de defender um posicionamento, uma proposição, com base em
determinada hipótese.
Ora, tanto a chamada dissertação de mestrado quanto a tese de doutorado são textos de tipo dissertativo (ou de
sequências dominantemente dissertativas) e em ambos pode haver a defesa de uma ou várias teses. Em geral, tanto
um como outro tipo de trabalho científico constitui-se em monografia, no sentido de que se ocupam de um tema
específico, delimitado, para que a análise ganhe em profundidade.
TESE DE DOUTORADO
Etimologicamente, o termo tese remonta ao grego tésis: “ação de pôr, de colocar”. Assim, tema e tese assentam-
se ambos no verbo grego títemi.
Filosoficamente, tese é ponto de vista doutrinário que se sustenta contra possíveis objeções.
Na práxis universitária, tese é obra composta para se alcançar o grau de doutor, com o objetivo de demonstrá-la
e defendê-la.
Como toda tese envolve um problema, uma questão, Ide (1995, p. 58) considera tese equivalente a
problemática.
Para Martins (1990, p. 8), na tese de doutorado, seu autor “deve demonstrar capacidade de fazer avançar a área
de estudo a que se dedica”. Se da dissertação se espera sistematização do conhecimento, da tese se deseja uma
descoberta ou contribuição para a ciência.
O volume 2 de Normas para apresentação de documentos científicos: tese, dissertações, monografias e
trabalhos acadêmicos caracteriza tese como trabalho que apresenta os resultados de um estudo científico ou de uma
pesquisa experimental, cujo tema é específico e delimitado e “é elaborada com base em investigação original”.
Realizada sob a orientação de um professor-doutor, objetiva a obtenção do título de doutor, livre-docente, professor
titular (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ, 2002, p. 1).
Severino (2016, p. 234) entende que a tese de doutorado constitui a forma mais representativa de trabalho
científico monográfico. Postula que ela aborda um temaúnico e exige pesquisa com métodos e instrumentos
apropriados. Para ele, essa pesquisa pode ser teórica, experimental, de campo, documental, histórica, filosófica.
Quadro 6.1
Para Salomon (2014, p. 269), a tese de doutorado compreende termos amplos: “é um trabalho de pesquisa, de
fôlego, de alto nível de qualificação”. Indica a necessidade de originalidade e acrescenta que uma de suas
características é a “profunda reflexão no tratamento de questões teóricas, mesmo quando se identifica com pesquisa
empírica”. Fudamentalmente, deve apresentar contribuição “pessoal e relevante” para o avanço científico.
A definição de Eco (1989, p. 2) por especificar o que entende por originalidade, também vale a pena conhecer.
Trata-se
efetivamente de pesquisa original, onde é necessário conhecer a fundo o quanto foi dito sobre o mesmo
argumento pelos demais estudiosos. Sobretudo, é necessário “descobrir” algo que ainda não foi dito por eles.
Quando se fala em “descoberta”, em especial no campo humanista, não cogitamos de invenções
revolucionárias como a descoberta da fissão do átomo, a teoria da relatividade ou uma vacina contra o
câncer: podem ser descobertas mais modestas, considerando-se resultado “científico” até mesmo uma
maneira nova de ler e entender um texto clássico, a identificação de um manuscrito que lança nova luz sobre
a biografia de um autor, uma reorganização e releitura de estudos precedentes que conduzem à maturação e
sistematização das ideias que se encontravam dispersas em outros textos.
A confusão terminológica que envolve tese, dissertação de mestrado e trabalho de conclusão de curso pode
levar a pensar que para diferentes tipos de trabalho acadêmico haja uma estrutura específica, uma sequência diversa
de elementos constituintes. Enganam-se os que assim pensam: o trabalho acadêmico, seja de que tipo for, tem
sempre a mesma estrutura. Os elementos que lhe são essenciais também devem estar presentes em qualquer deles. A
ordem em que devem aparecer também é a do Quadro 6.1.
Elementos de um trabalho acadêmico.
Estrutura Elemento
Parte externa Capa (obrigatório) (entidade, título e subtítulo se houver, autor, local, data)
Lombada (opcional)
Pré-textuais
Folha de rosto (obrigatório) (nome do autor, título e subtítulo se houver,1 natureza
[tese de doutorado, dissertação de mestrado, trabalho de conclusão de curso] e
objetivo [grau pretendido; aprovação em disciplina], nome da instituição a que é
submetido, área de concentração, nome do orientador, local da instituição onde
deve ser apresentado o trabalho, ano)
Verso da folha de rosto (“deve conter os dados da catalogação na publicação,
conforme o Código de Catalogação Anglo-americano vigente” [NBR 14724:2011])
Errata (opcional)
Folha de aprovação (obrigatório)2
Dedicatória(s) (opcional)
Agradecimento(s) (opcional)
Epígrafe (opcional)
Resumo na língua vernácula (obrigatório)3
Resumo em língua estrangeira (obrigatório)
Lista de ilustrações (opcional)
Lista de tabelas (opcional)
Lista de abreviaturas e siglas (opcional)
Lista de símbolos (opcional)
Sumário (obrigatório)
Textuais Introdução: objeto (problema, hipótese, variáveis), objetivo, tema, delimitação do
tema, justificativa, metodologia, embasamento teórico (teoria de base)
Desenvolvimento: revisão da literatura, apresentação dos dados e sua análise
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Conclusão
Pós-textuais
Referências (obrigatório)
Glossário (opcional)
Apêndice(s) (opcional)
Anexo(s) (opcional)
Índice(s) (opcional)
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
O termo dissertação forma-se de dis (prefixo indicador de separação, afastamento, dispersão) + sertare (ajuntar,
enlaçar, ligar, entrelaçar). O prefixo dis pode causar estranheza; entende-se, porém, que, para enlaçar, ajuntar,
necessário é afastar, separar o que não convém.
Para Ernout e Meillet (1951, p. 1092), o termo pertence à lógica e significa “raciocinar logicamente sobre”.
Consoante Machado (1967, p. 824), o termo já se encontra em 1758 no título de um livro de Joaquim José
Moreira de Mendonça: Dissertação phisica sobre as causas geraes dos terremotos…
No estudo dos tipos textuais, dissertação é uma sequência textual em que predomina a exposição e o
desenvolvimento (oral ou escrito) de assunto determinado, por meio de argumentos, provas, demonstrações,
análises. Em outras palavras: dissertação é o discurso de caráter predominantemente reflexivo, em que se discute um
assunto. Nesse sentido, é um processo de realização de um texto, que pode ser uma dissertação de mestrado, uma
tese de doutorado, um TCC. A dissertação de mestrado discute um tema; a tese de doutorado discute um tema; um
TCC discute um tema.
Garcia (1980, p. 397) afirma que, nas dissertações científicas “precipuamente destinadas a publicação [de
artigos científicos] em periódicos especializados, inclui-se uma grande variedade de trabalhos, com frequência,
genérica e sumariamente designados ‘artigos’ (às vezes, ‘estudos’, às vezes, ‘ensaios’)”.
O autor citado entende que não há um critério satisfatório para a classificação e caracterização dos principais
tipos dessas dissertações científicas, não obstante várias tentativas nesse sentido. E afirma (1980, p. 398) que as
dissertações científicas (excluem-se a recensão, a resenha, o resumo, a sinopse) devem implicar pesquisa (de campo,
de laboratório ou bibliográfica), rigor metodológico, apresentação de bibliografia. Para Garcia, ainda, a maioria
dessas dissertações científicas assemelha-se a relatórios técnicos ou científicos, visto que relatam experiências ou
pesquisas, seguem um método, discutem resultados, propõem conclusões.
Silva et al. (197-, p. 175 e 181) entendem que a dissertação “consiste na ordenação de ideias sobre um tema
determinado”. Parece excessivamente ampla a definição apresentada, visto que outras categorias de trabalhos
científicos também ordenam ideias sobre um tema específico. Em seguida, os autores afirmam exigir a dissertação
capacidade de sistematização das informações coletadas. Distinguem ainda dois tipos de dissertação: a expositiva e
a argumentativa. No primeiro caso, o autor apenas reúne material de variadas fontes e faz uma apresentação
compreensiva de um assunto. Nesse caso, é necessário habilidade para coletar e organizar material. No segundo
caso, é preciso expor interpretação das ideias e posição do autor diante delas.
Alguns autores, por causa da exigência de tema único, chamam indistintamente de monografia as teses de
doutorado, as dissertações de mestrado, os TCCs, mas eles não se confundem. Para Lakatos e Marconi (1992, p.
154), o que os diferencia uns dos outros é o “nível da pesquisa, a profundidade e a finalidade do estudo, a
metodologia utilizada e a originalidade do tema e das conclusões”.
Segundo Normas para apresentação de documentos científicos: tese, dissertações, monografias e trabalhos
acadêmicos,
dissertação é o trabalho que apresenta o resultado de um estudo científico, de tema único e bem delimitado
em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o
conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização e domínio do tema
escolhido. Também é feita sob orientação de um pesquisador, visando à obtenção do título de mestre. Teses e
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dissertações são trabalhos de pesquisa defendidos em público (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ,
2002, p. 1).
Para Salomon (1977, p. 222), a dissertação de mestrado, ou dissertação científica, é um trabalho que implica um
tema preciso, o recolhimento de documentação sobre ele, ordenação dos documentos, reexame do tema à luz da
documentação recolhida, organização das informações precedentes, empenho em tornar compreensível para que o
leitor possa, se desejar, recorrer à mesma documentação para retomar o tema por conta própria.
Severino (2016, p. 235) postula que a dissertação de mestrado ocupa-se de comunicar os resultados de uma
pesquisa, análisee reflexão, versando sobre um tema único e delimitado:
tanto a tese de doutorado como a dissertação de mestrado são, pois, monografias científicas que abordam
temas únicos delimitados, servindo-se de um raciocínio rigoroso, de acordo com as diretrizes lógicas do
conhecimento humano, em que há lugar tanto para a argumentação puramente dedutiva, como para o
raciocínio indutivo baseado na observação e na experimentação.
No desenvolvimento do texto dissertativo, Silva et al. (197-, p. 175) indicam três tipos de movimentos: para
fora, para dentro e em zigue-zague. No primeiro caso, o texto inicia-se com o concreto, o específico, o próximo e
caminha em direção ao geral, à lei. Direciona-se do particular para o universal. Afirmam os autores citados:
O ponto de partida é o que está mais próximo do autor: sua experiência, sua época, o meio ambiente em que
vive, detalhes específicos. A partir disso, o autor move-se em direção à experiência dos homens em geral,
outras épocas, outros meios ambientes, teorias.
Os textos que se movimentam para o particular têm característica dedutiva. Inicia-se o texto com uma
generalização para chegar a um caso específico. Os textos de movimento em zigue-zague utilizam confrontos e
comparações de ideias, fatos ou situações.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)
Os trabalhos apresentados ao final dos cursos de graduação recebem variados nomes: Trabalho de Graduação
Interdisciplinar (TGI), Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização, Trabalho de Conclusão de Curso de
Aperfeiçoamento (cursos lato sensu).
A NBR 14724:2011 assim define esse tipo de trabalho acadêmico:
Documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido,
que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e
outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador.
Considerando que normalmente se identifica (impropriamente, diga-se) trabalho de conclusão de curso com
monografia, vejamos o sentido desse termo, que provém do grego: monos (um, único) + graphia (escrita). O sentido
literal é, pois, “escrito de um só assunto”.
O termo teria origem em um trabalho de Le Play (1806-1882), Les ouvriers européens, publicado em 1855,
conforme no-lo diz Salomon (2014, p. 254-255; cf. também MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 90):
Paul Bureau saudou a publicação de Le Play, afirmando que “acabava de ser inventado um verdadeiro
método científico para o estudo dos fenômenos sociais”. […] Julgou, entretanto, ser impossível realizar a
pretendida observação e o conhecimento completo da família operária se não constatasse o que ela produz e
o que ela consome: afinal todos os fatos importantes da vida se traduzem por uma receita e por uma despesa.
Seu método ficou reduzido à “monografia da família operária pelo orçamento”.
São características do trabalho de conclusão de curso: a sistematicidade e completude, a unidade temática, a
investigação pormenorizada e exaustiva dos fatos, a profundidade, a metodologia, a contribuição da pesquisa para a
ciência. Embora alguns autores considerem a extensão sua característica essencial, seu princípio regulador básico é
6
a delimitação do assunto e o nível da pesquisa. Neste último caso, o resultado depende dos objetivos previamente
fixados.
A estrutura do TCC compreende: introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, o pesquisador
formula claramente o objeto da investigação. Apresenta sinteticamente a questão a ser solucionada. Portanto, há
necessidade de problematizar a realidade para se buscar uma solução. Se não há problemas para resolver, não há por
que iniciar a pesquisa e a redação do TCC. Na introdução, ainda, apresentam-se a justificativa do trabalho e a
metodologia utilizada na pesquisa (levantamento bibliográfico, pesquisa de campo, uso de questionários) e faz-se
referência à literatura relativa ao assunto, anteriormente publicada.
Escrita a introdução, o pesquisador passa para nova etapa do TCC: o desenvolvimento, que compreende
explicação, discussão e demonstração. Portanto, etapa de exposição dos fundamentos lógicos do trabalho realizado;
etapa de explicitação, de esclarecimento, de análise, de exame e demonstração do raciocínio, de apresentação de
provas, de argumentação.
Finalmente, a conclusão retoma as pré-conclusões anteriormente expostas em variadas partes do texto e reforça
a linha de pensamento que dá sustentação ao TCC. Nesse momento, o pesquisador procura firmar a unidade
temática, as ideias contidas na exposição. Trata-se de um resumo das conclusões espalhadas pelo texto, uma síntese
das ideias defendidas na obra.
Para organizar os elementos de um TCC, verifique-se a disposição apresentada no Quadro 6.1.
Em geral, os TCCs são, propriamente, pesquisa bibliográfica, o que não exclui capacidade investigativa das
elaborações dos autores consultados; também não é vedado ao pesquisador apresentar um trabalho de campo.
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, TESE DE
DOUTORADO E TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Definidos que foram os termos, soa oportuno assinalar as semelhanças e diferenças entre os três principais tipos
de trabalho acadêmico.
Semelhanças: tese de doutorado, dissertação de mestrado, trabalho de conclusão de curso têm por objetivo
expor, explicar, refletir e interpretar um assunto (tema, objeto de uma pesquisa). Na interpretação é que o autor do
texto se torna, de fato, o agente ativo, com sua contribuição pessoal. Essa contribuição, esse toque pessoal é que
constitui a originalidade nesses três tipos de trabalho acadêmico.
Todos se estruturam da mesma forma: introdução, desenvolvimento (exposição, argumentação) e conclusão.
As diferenças dizem respeito ao grau de profundidade da pesquisa, do levantamento teórico, da capacidade
argumentativa e reflexiva do autor.
Nos três tipos de trabalhos acadêmicos, a escolha do tema depende de critérios de seleção, como: interesse do
pesquisador, importância teórica e prática, possibilidade de tempo (viabilidade) e recursos bibliográficos
(referências) e financeiros. O pesquisador pode ter como fonte influenciadora para o desenvolvimento de seu
trabalho: o momento profissional em que se encontra, o contato com artigos de revistas especializadas, a leitura de
livros, dissertações, teses, aulas presenciadas, palestras ouvidas, congressos de que se participou. É de salientar que
temas genéricos não proporcionam bons resultados, ou resultados profundos. Nada que se pareça com uma
enciclopédia ou tratado pode servir para um trabalho científico.
Tanto a tese de doutorado, como a dissertação de mestrado pode ser de três tipos: análise teórica de um assunto
constante de diversas fontes de referência (bibliografia), estudo de caso, trabalho de campo (análise teórico-
empírica). A mais simples delas é a de análise teórica. Compreende simples organização das ideias colhidas nas
referências pesquisadas e análise crítica ou comparativa de obras, teorias ou modelos existentes. Nesse tipo de
trabalho, prevalece a pesquisa de autores consagrados que tratam do tema objeto da pesquisa. Nada, porém, de
temas ambiciosos. No estudo de casos, examina-se a aplicação de uma teoria ou modelos a um caso específico. Na
análise teórico-empírica, o autor pode apresentar um trabalho original, com base em dados primários relativos ao
objeto de estudo.
Há diferenças no tocante ao modo de avaliação.
O mestrando e o doutorando são submetidos a uma arguição oral de banca examinadora, composta de três
doutores para mestrado e de cinco doutores para doutorado. Em relação ao TCC, a Portaria do MEC nº 1.886/1994
7
reza que a monografia jurídica deve ser defendida perante banca examinadora, sem estabelecer o número dos
componentes da banca.
RESENHA
Entre os trabalhos científicos, há um que merece destaque: a resenha. Em geral, confunde-se erroneamente
resenha com resumo, mas este é apenasum elemento da estrutura da resenha, que compreende: (1) Referência
bibliográfica. (2) Credenciais do autor. (3) Resumo. (4) Conclusões do autor. (5) Principais teorias utilizadas pelo
autor. (6) Apreciação: comentário crítico.
A referência bibliográfica é constituída pelo nome do autor, título da obra e subtítulo, local, editora, ano,
número de páginas, tamanho do volume (em centímetros). Evidentemente, não se trata de apresentar informações de
forma descritiva (os dados tão somente), mas elaborar uma exposição com tais informações. Escreve-se um
parágrafo com esses dados, para que o leitor, de posse de tais informações, possa tomar a decisão de adquirir a obra,
ou localizá-la em uma biblioteca, para lê-la oportunamente.
As credenciais do autor compreendem seu currículo: informações sobre sua formação acadêmica, sua
profissão, suas publicações. Quando fez o estudo? Onde? Por quê? A resposta a essas questões possibilita verificar a
autoridade do autor, sua experiência, o contexto de realização da pesquisa, a sua justificação.
O resumo da obra deve responder às seguintes perguntas: De que trata o texto? (objeto). Qual o objetivo do
autor? Como foi abordado o assunto? De que perspectiva tratou o assunto: penal? Civil? Trabalhista?
Constitucional? Que embasamento teórico lhe dá sustentação? São necessários conhecimentos prévios para entender
a obra?
As conclusões espalhadas por toda a obra devem ser apresentadas de forma natural. Evite-se a obtenção de tais
informações colhidas apenas da conclusão final. Lendo simultaneamente a introdução e as conclusões, é possível
verificar se o autor cumpriu o que prometeu, se seus objetivos foram alcançados.
As principais teorias utilizadas pelo autor compreendem os autores que foram citados em toda a obra, o modelo
teórico utilizado, a linha metodológica, a teoria que lhe serviu de embasamento. A abordagem é positivista? É
histórica? É normativista?
Na apreciação, faz-se uma apreciação (da obra: Como se posiciona o autor com relação à teoria? Qual o mérito
da obra? Que contribuição oferece? É original? É claro, conciso, preciso? Em relação à linguagem, vale-se do
registro que é prestigiado no meio? A argumentação é lógica? A quem a obra é dirigida?
Resenha é, portanto, um texto, em geral, escrito por especialista da área, em que se apresenta o autor, o
conteúdo de seu livro (ou espetáculo, álbum de música, peça de teatro etc.), bem como comentários críticos.
Suponhamos, a título de exemplificação, uma resenha de um texto que não é jurídico, mas trata de um assunto
de interesse também para profissionais de direito:
Nana Queiroz, ativista feminista e jornalista, apresenta em seu livro Presos que menstruam (Record, 2015,
294 páginas) o resultado de uma pesquisa empreendida de 2010 a 215. Depois de uma conversa com Rosália
Naves, profissional que atuou no sistema carcerário nacional durante muitos anos, ficou atraída pelas
histórias que ouvira. Iniciou então o recolhimento de dados que lhe dariam suporte para seu livro, não sem
antes sentir-se frustrada com a carência de informações e o silêncio sobre o tema. Em linhas gerais, o livro
focaliza a vida de algumas presidiárias brasileiras, com a habilidade de quem, ao mesmo tempo que informa,
provoca curiosidade e emoção.
Em entrevista à revista digital Ovelha, afirma que durante um jantar com Rosália Naves ficou “hipnotizada”:
“Tentei ler mais sobre o tema depois do jantar, mas quando comecei a pesquisar na internet, não tinha
nenhum livro, não tinha nenhum artigo, não tinha nada sobre as mulheres presas: elas eram completamente
invisíveis. Eu tinha que quebrar esse silêncio. A pesquisa começou em 2010 e todo o processo de criação do
livro durou pouco menos de cinco anos. Mas não posso dizer que minha relação com o feminismo tenha
começado ali” (Ovelha. Disponível em: <http://ovelhamag.com/entrevista-nana-queiroz/>. Acesso em: 23
dez. 2016)
8
Em relação aos obstáculos para obter informações, Nana fala no prefácio sobre a pouca disposição das
autoridades da área de segurança para atenderem às suas solicitações. Em geral, negavam os pedidos de
visita. Tomou então a decisão de recorrer a um método próprio: fez amizade com parentes dos presos, trocou
correspondência com eles, ofereceu-se para trabalhos voluntários, o que lhe permitiu entrevistar presidiárias
das mais diversas regiões do Brasil: São Paulo, Brasília, Bahia, Pará, Rio Grande do Sul.
O texto focaliza principalmente a vida de sete presidiárias, que no livro ganham nomes fictícios, embora a
elas se juntem outras personagens que foram surgindo durante a pesquisa. Ressalta a autora como as
presidiárias vivem, a precariedade do ambiente, a falta de higiene, a carência de serviços de saúde. Afirma,
então, à página 68: “Uma tese em voga entre ativistas da área é a de que a emancipação da mulher como
chefe da casa, sem a equiparação de seus salários com os masculinos, tem aumentado a pressão financeira
sobre elas e levado mais mulheres ao crime no decorrer dos anos. Dados comprovam a teoria.”
A autora afirma ainda na entrevista à revista Ovelha que, quando escreveu as histórias do livro, “esperava
sinceramente que houvesse uma Safira para cada pessoa que lesse. Que cada um pudesse se encontrar ali em
alguma daquelas mulheres e ver que monstros só existem em histórias de crianças e filmes ruins de
Hollywood. Na vida real só existem pessoas como nós que, diante de situações difíceis, tomaram decisões
ilegais ou pouco acertadas. Mas continuam sendo gente e, em sua maioria, mais parecidas conosco do que
imaginamos”. O perfil das presidiárias brasileiras mostra que, em geral (segundo dados do Ministério da
Justiça, de 2007-2012), é composto por pessoas que cometeram o delito de tráfico de entorpecentes, muitas
vezes como complemento de renda para saciar a fome de seus filhos.
O livro mostra ainda o tratamento nada humano que mães grávidas recebem mesmo à hora do parto e a
convivência com seus filhos no interior de celas superlotadas.
Enfim, é um livro que, pela curiosidade que desperta e pelas emoções que mobiliza, leva o leitor a envolver-
se de tal forma que, dificilmente, quer interromper a leitura.
ARTIGO CIENTÍFICO
Entre os trabalhos científicos, um deles goza de especial prestígio nos tempos modernos: o artigo científico. Ele
se constitui hoje em um tipo de texto fundamental quer para quem escreve, por causa de pontuação que adiciona ao
currículo Lattes, quer para o pesquisador, que o elege, com justeza, como principal fonte de informação científica
atualizada. Além disso, com a Internet cresceu enormemente as possibilidades de publicação, visto que o número de
periódicos especializados eletrônicos se multiplicou em todas as áreas do conhecimento.
Se focaliza um objeto de pesquisa original ou se constitui em uma abordagem original, recebe o nome de artigo
original. Se se ocupa de outros trabalhos, objetivando tão somente resumir, analisar e discutir textos já publicados, é
denominado artigo de revisão.
Em geral, estruturalmente um artigo científico é composto de um objeto (tema), que deve ser delimitado para
permitir aprofundamento da análise, da pesquisa, da discussão; objetivo que se tem em vista alcançar ao final de sua
redação; problema que se quer resolver (não há pesquisa científica, se não há um problema para resolver); hipóteses
e variáveis; embasamento teórico; metodologia; análise e discussão dos dados; resultados; referências bibliográficas.
É comum, nos mais diversos periódicos, a exigência de um resumo, que deve ser posto no início do artigo
científico ou no final dele. Em geral, os periódicos oferecem normas de organização do texto. Um resumo de artigo
científico segue a estrutura do texto: objeto, objetivo, problema, hipóteses, variáveis, teoria de base, metodologia,
resultados. Nesse particular, talvez por desconhecimento de regras metodológicas, nem sempre os articulistas são
consistentes.
Em relação à pessoalidade verbal,encontram-se artigos escritos em primeira pessoa do plural (realizamos,
fizemos, discutimos, referimo-nos etc.) e em terceira pessoa (realizou-se, fez-se, discutiu-se, referiu-se, ou foi
realizado(a), foi feito(a), foi discutido(a), está-se referindo etc.). É menos usual o uso de primeira pessoa do
singular, mas também não se pode dizer que seja completamente incompatível com a atividade acadêmica,
sobretudo porque hoje se sabe que não é o uso de pessoa verbal que adiciona neutralidade à ciência. A subjetividade
existe sempre. O enunciador deixa suas marcas no texto. Além disso, é subjetiva a escolha do objeto de pesquisa, da
modalidade de pesquisa, dos juízos avaliativos etc. As ciências, sejam sociais, sejam naturais, envolvem sempre
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uma ideologia. Nas Ciências Sociais, a ideologia é intrínseca; nas Ciências Naturais, a ideologia é extrínseca.
Enquanto o objeto das Ciências Naturais não é ideológico, mas ideológico é o uso que se faz delas; o objeto das
Ciências Sociais é intrinsecamente ideológico, “por que a ideologia está alojada em seu interior, inevitavelmente”
(DEMO, 2016b, p. 17). O enunciador, ao escolher uma ou outra pessoa, cria efeito de sentido de afastamento,
distanciamento, ou de aproximação. Estrategicamente, pode sentir a necessidade de afastar-se do enunciatário, assim
como pode, para persuadi-lo, criar o efeito de proximidade e, nesse caso, envolvendo-o. Ressalte-se que há
periódicos que podem pedir o uso exclusivo da terceira pessoa.
O resumo é uma exceção: em geral, não se admite outro uso que não seja o da terceira pessoa.
Citações devem seguir as normas da ABNT (ver Capítulo 9 deste livro) ou outra similar. Referências
bibliográficas, igualmente, seguem as normas da ABNT (ver Capítulo 10 deste livro).
1 Para a NBR 14724:2011, se houver subtítulo, “deve ser precedido de dois-pontos, evidenciando a sua
subordinação ao título”.
Deve vir essa página logo após a folha de rosto; é constituída “pelo nome do autor do trabalho, título do
trabalho e subtítulo (se houver), natureza (tipo do trabalho, objetivo, nome da instituição a que é submetido,
área de concentração), data de aprovação, nome, titulação e assinatura dos componentes da banca examinadora
[e nome das] instituições a que pertencem. A data de aprovação e as assinaturas dos membros componentes da
banca examinadora devem ser colocadas após a aprovação do trabalho” (NBR 14724:2011).
É constituído de uma sequência de frases objetivas e não de uma simples enumeração de tópicos; não deve
ultrapassar 500 palavras, seguido, logo abaixo, das palavras representativas do conteúdo do trabalho, isto é,
palavras-chave.

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