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R e s e n h a C r í t i c a s o b r e o L i v r o : I n t r o d u ç ã o C r í t i c a a o D i r e i t o P e n a l B r a s i l e i r o R i o d e J a n e i r o : R e v a n , 1 1 a e d i ç ã o , 2 0 0 7 . P á g i n a s : 1 7 , 2 1 , 2 3 , 2 7 , 3 4 , 4 3 , 4 4 , 4 8 , 5 3 , 5 6 6 2 , 6 7 , 7 5 , 7 8 , 8 1 , 8 2 , 8 9 , 9 5 , 1 0 0 , 1 0 7 , 1 1 1 , 1 2 4 , 1 3 0 , 1 3 6 E S T Á C I O F A S E A d d r i e l R a m m o n F e r r e i r a S i l v a S i n o p s e : A t r a v é s d e d a d o s , f a t o s h i s t ó r i c o s e a l g u n s o u t r o s a r t i f í c i o s , N i l o B a t i s t a b u s c a e n f a t i z a r a i m p o r t â n c i a d e c o m p r e e n d e r a a p a r i ç ã o h i s t ó r i c a d o D i r e i t o ; t r a z à t o n a a d i f e r e n ç a e n t r e D i r e i t o P e n a l e S i s t e m a P e n a l ; p r o p õ e a d e f i n i ç ã o d e C r i m i n o l o g i a ; c r i t i c a v e e m e n t e m e n t e a c r i m i n o l o g i a p o s i t i v i s t a ; t r a z a s a c e p ç õ e s d a e x p r e s s ã o ' ' D i r e i t o P e n a l , o s p r i n c í p i o s b á s i c o s d e s t e ; d i a l o g a s o b r e o p r i n c í p i o d a i n t e r v e n ç ã o m í n i m a , s o b r e o p r i n c í p i o d a l e s i v i d a d e , d a h u m a n i d a d e e d a c u l p a b i l i d a d e ; p r o c u r a d e b a t e r s o b r e a m i s s ã o e a c i ê n c i a d o D i r e i t o P e n a l . C o m t u d o i s s o d e b a t i d o , N i l o B a t i s t a p r e t e n d e f a z e r a s p e s s o a s e n t e n d e r e m q u e o D i r e i t o P e n a l n ã o t r a t a a p e n a s d a q u i l o q u e é c r i m e o u n ã o , e s i m m u i t o m a i s d o q u e i s s o . P a r a c o m e ç a r , o a u t o r t r a t a d o D i r e i t o P e n a l n a s o c e i d a d e , a f i r m a n d o q u e o s t r a b a l h o s b r a s i l e i r o s d e i n i c i a ç ã o a o D i r e i t o P e n a l c o s t u m a m s e r a b e r t o s c o m o b s e r v a ç õ e s s o b r e a s r e l a ç õ e s e n t r e a s o c i e d a d e e o d i r e i t o . D e f a t o , é a s s i m q u e a c o n t e c e , o p e n s a m e n t o s e v o l t a s e m p r e e m f a v o r d o p o v o , c o m o é d e i x a d o c l a r o n o a r t i g o 1 o d a n o s s a C o n s t i t u i ç ã o F e d e r a l . E s s a p a r t e é t r a t a d a d e u m a m a n e i r a m u i t o a m p l a , d i t a p o r N i l o q u e o d i r e i t o p e n a l v e m a o m u n d o p a r a c u m p r i r f u n ç õ e s c o n c r e t a s d e n t r o d e e p a r a u m a s o c i e d a d e q u e , c o n c r e t a m e n t e , s e o r g a n i z o u d e d e t e r m i n a d a m a n e i r a . O a u t o r t r a z à t o n a c o m p a r a ç õ e s d e d i r e i t o s p e n a i s p o r d i v e r s o s p a í s e s , e m d i v e r s a s é p o c a s , c o m o o d i r e i t o a s s í r i o , r o m a n o e a t é m e s m o o d i r e i t o a l e m ã o n a z i s t a . V a l e a p e n a t a l d i s c u s s ã o , p o i s o B r a s i l é u m p a í s e x t r e m a m e n t e m i s c i g e n a d o , q u e t e v e i n f l u ê n c i a s h i s t ó r i c a s , p o l í t i c a s , e c o n ô m i c a s e i d e o l ó g i c a s d e d i v e r s a s p a r t e s d o m u n d o . T r a z t a m b é m a i m p o r t â n c i a d e c o n h e c e r a s f i n a l i d a d e s d o D i r e i t o P e n a l , q u e é c o n h e c e r o s o b j e t i v o s d a c r i m i n a l i z a ç ã o d e d e t e r m i n a d a s c o n d u t a s p r a t i c a d a s p o r d e t e r m i n a d a s p e s s o a s , e o s o b j e t i v o s d a s p e n a s e o u t r a s e m d i d a s j u r í d i c a s d e r e a ç ã o a o c r i m e , n ã o é t a r e f a q u e u l t r a p a s s e a á r e a d o j u r i s t a , c o m o à s v e z e s s e i m a g i n a . E m s e g u i d a , o a u t o r t r a t a d a d i s t i n ç ã o e n t r e D i r e i t o P e n a l e S i s t e m a P e n a l . P r o v i s o r i a m e n t e , d i r e m o s q u e o D i r e i t o P e n a l é o c o n j u n t o d e n o r m a s j u r í d i c a s q u e p r e v e ê m o s c r i m e s e l h e s c o m i n a m s a n ç õ e s , b e m c o m o d i s c i p l i n a m a i n c i d ê n c i a e v a l i d a d e d e t a i s n o r m a s , a e s t r u t u r a g e r a l d o c r i m e , e a a p l i c a ç ã o e e x e c u ç ã o d a s s a n ç õ e s c o m i n a d a s . E m m i n h a o p i n i ã o , é u m a d i s c u s s ã o v á l i d a , p o r é m p o u c o e f i c i e n t e , p o i s d i g a m o s q u e o d i r e i t o é a q u i l o q u e d e v e s e r s e g u i d o , m a s t e m q u e e s t a r i n c l u í d o n o s s i t e m a , p o r m a i s q u e s e j a m c o i s a s d i f e r e n t e s . A p ó s t r a t a r a d i f e r e n ç a e n t r e D i r e i t o P e n a l e S i s t e m a P e n a l , N i l o B a t i s t a f a l a s o b r e a c r i m i n o l o g i a , t r a z e n d o u m p e n s a m e n t o d e u m a b e m c o n c e i t u a d a a d v o g a d a p e n a l i s t a , L o l a A n i y a r d e C a s t r o , e e s t a d i z : ' ' É a a t i v i d a d e i n t e l e c t u a l q u e e s t u d a o s p r o c e s s o s d e c r i a ç ã o d a s n o r m a s p e n a i s e d a s n o r m a s s o c i a i s q u e e s t ã o r e l a c i o n a d a s c o m o c o m p o r t a m e n t o d e s v i a n t e ; o s p r o c e s s o s d e i n f r a ç ã o e d e d e s v i o d e s t a s n o r m a s ; e a r e a ç ã o s o c i a l , f o r m a l i z a d a o u n ã o , q u e a q u e l a s i n f r a ç õ e s o u d e s v i o s t e n h a m p r o v o c a d o ; o s e u p r o c e s s o d e c r i a ç ã o , a s u a f o r m a d e c o n t e ú d o e o s s e u s e f e i t o s . ' ' D e f a t o , n ã o t r a t a a p e n s a d a s n o r m a s p e n a i s , m a s t a m b é m d a s n o r m a s s o c i a i s q u e e s t ã o r e l a c i o n a d a s c o m o c o m p o r t a m e n t o d e s v i a n t e , m a i s u m a v e z r e s s a l t a n d o q u e o D i r e i t o P e n a l e s u a s l i n h a s d e p e n s a m e n t o n ã o c u i d a m a p e n a s d a s i n d a g a ç õ e s p e n a i s , m a s d e o u t r a s t a m b é m , c o m o é o c a s o d a s s o c i a i s . D a n d o c o n t i n u i d a d e à e s c r i t a d o s e u b r i l h a n t e l i v r o , o a u t o r t r a z a d i s c u s s ã o s o b r e a p o l í t i c a c r i m i n a l , q u e a p r a e l e s e t r a t a d e u m c o n j u n t o d e p r i n c í p i o s : o i n c e s s a n t e p r o c e s s o d e m u d a n ç a s o c i a l , d o s r e s u l t a d o s q u e a p r e s e t n a m n o v a s o u a n t i g a s p r o p o s t a s d o D P i r e i t o P e n a l , d a s r e v e l a ç õ e s e m p í r i c a s p r o p i c i a d a s p e l o d e s e m p e n h o d a s i n s t i t u i ç õ e s q u e i n t e g r a m o s i s t e m P e n a l , d o s a v a n ç o s e d e s c o b e r t a s d a c r i m i o l o g i a , s u r g e m p r i n c í p i o s e r e c o m e n d a ç õ e s p a r a a r e f o r m a o u t r a n s f o r m a ç ã o d a l e g i s l a ç ã o c r i m i n a l e d o s ó r g ã o s e n c a r r e g a d o s d e s u a a p l i c a ç ã o . Em seguida,Nilo trazuma pergunta que sempre causa polêmica:''direito penal ou direito criminal''.O especialista Leonardo Aguiar,Juiz Federal titular do TRF da primeira região,professor-doutor do direito Penal explica:''A denominação Direito Penal é mais comum nos países ocidentais,enquanto que o termo direito criminal(expressão mais abrangente) é utilizada pelo sanglo-saxôes.A questão é meramente terminológica,embora alguns autores apontem que o enfoque de um é maior no crime e do outro,na punição.''É justamente isso que Nilo Batista afirma em seu livro.Uma conduta humana passa a ser chamada ''ilícita'' quando se opõe a uma norma jurídica ou indevidamente produz efeitos que a ela se opõem.Portanto,o elemento que transforma o ilícito em crime é a decisão política-o ato legislativo,que o vincula a uma pena. Depois de fazer seus leitores se questionarem sobre o nome a ser utilizado,penal ou criminal,Nilo traz à tona as três acepções do Direito Penal.A primeira seria o direito penal objetivo,a segunda seria o direito penal subjetivo,e a terceira seria Ciência do direito Penal.Ele explica muito bem todas três,mostrando o que o titular pode fazer em relação às penas aplicadas a tal situação.Logo sem seguida,fala de Direito penal como direito público,citando Magalhães Noronha, outro brilhante escritor do Direito Penal e que tem créditos suficientes para aparecer nessa discussão>''Pertence o direito penal ao direito público.Violada a norma penal,efetiva-se o ''jus puniendi''do Estado;Miguel Reale:''O direito penal é um direito público,uma vez que visa assegurar bens essenciais à sociedade toda.''Mais uma evidência do que estou frizando o tempo inteiro:o direito penal não se remete apenas as normas penais e aos crimes,e sim à sociedade como um todo. Depois disso tudo,o autor trata dos princípios básicos do Direito Penal,que são:legalidade,intervenção mínima, lesividade,humanidade e culpabilidade.O primeiro,para o direito penal,serve para manter a segurança jurídica.Além de assegurar a possibilidade de prévio conhecimento dos crimes e das penas,tammbém garante que o cidadão não será submetido à coerção penal distinta daquela predisposta na lei.O segundo preza que o direito penal só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes.Para esse,se relacionam duas características do direito penal:a fragmentariedade,que impõe uma seleção seja dos bens jurídicos ofendidos a proteger-se,seja das formas de ofensa;e a subsidiariedade,que diz que a intervenção do direito penal se daá ''unicamente quando fracassam as demasi barreiras protetoras do brm jurídico predispostas por outros ramos do direito.''O terceiro possui quatro funções:proibir a incriminação de uma atitude interna;proibir a incriminação de uma conduta que não exceda o âmbito do próprio auto;proibir a incriminação de simples estados ou condições existenciais;proibir a incriminação de condutas desviadas que não afetam qualquer bem jurídico.O quarto,segundo o pensamento correto de Nilo,postula da pena uma racionalidade e proporcionalidade.''As penas devem ser proporcionais ao delito e úteis á sociedade.''.O último,e não menos importante,impõe a subjetividade da responsabilidade penal.''A culpabilidade não se presume.''Também tem a personalidade da responsabilidade penal,da qual derivam duas consquências:intranscendência e individualização. Segundo Geneviene Aline Gomes,autora de um dos melhores resumos sobre esses princípios,traz à tona a seguinte frase:''Os princípios aplicados ao Direito Penal são vetores que se irradiam para condutas tanto daqueles que elaboram as leis,quantos dos que devem aplicá-la. O direito penal subjetivo,assimc omo pela maioria dos autores brasileiros especializados na área,é aceito por Nilo Batista.É a ''facultas agendi'' do estado de criar as infrações penais e as respectivas sanções,de natureza penal,e de aplicar essas mesmas sanções,na forma do preceituado em lei,executando-as. Para finalizar,Nilo traz a discussão sobre a missão(fim) do Direito Penal.Ele já começa afirmando que estes fins não são os mesmos fins da pena.Qouando se fala em fins(ou missão) do direito penal,pensa-se principalmente na interface pena-sociedade e subsidiariamente num criminoso antesro do crime.já quando se fala nos fins (objetivos ou funções) da pena,pensa-se nas interferências do criminoso depois do crime.Em suma,a missão do direito penal é de defender(a sociedade),proteger(bens,valores ou interesses),garantir(a segurança jurídica) e confirmar(a validade das normas). Por fim,o autor fala sobre a ciência do direito penal,afirmando ser o estudo de ordenamento jurídico positivo;é uma dogmática jurídica penal.Tem por finalidade permitir uma aplicação equitativa e justa da lei penal. Lidos todos os capítulos,é de se afirmar que é um livro completo,que prepara muito bem qualquer aluno para entrar no mundo do Direito Penal,e que traz à tona o quanto o Direito Penal é próximo da sociedade como um todo.Bastante satisfatório,recheado de pensamentos de pessoas muito bem conceituadas na área,algumas vezes até conflitando esses pensamentos,fazendo com que o leitor reflita e fique indagado a saber mais sobre o assunto.Escrever sobre esse livro é uma satisfação imensa,e me deixa motivado para procurar saber sobre tudo que o direito penal brasileiro é capaz de fazer e proporcionar.Nilo,ao longo dos fatos que ele vai trazendo no livro se demonstra um escritos e uma pessoa capaz de debater com qualquer outro sobre o universo do direito penal,pois ele é bem sucinto e seguro nas suas informações ,conceitos e opiniões.