Prévia do material em texto
Resumo Expandido - ARIM 2015 1 EVOLUÇÃO CRUSTAL E METALOGENIA DA PROVÍNCIA MINERAL DE CARAJÁS NOME RESUMIDO: ARIM Carajás EXECUÇÃO: SUREG - BELÉM COORDENAÇÃO GERAL: DEREM/DIGECO RESPONSABILIDADE TÉCNICA: Ulisses Antônio Pinheiro da Costa, Cintia Maria Gaia da Silva, Desaix Paulo Balieiro Silva, Felipe Mattos Tavares, Jaime Dos Passos De Oliveira Barbosa, Junny Kyley Mastop de Oliveira, Marcelo Januário de Sousa, Raphael Neto Araújo, Rodolfo Reis de Paula, Iago Sousa Lima Costa, João Batista Freitas de Andrade. 1 - RESUMO A área do Projeto ARIM Carajás está localizada no sudeste do estado do Pará, e é constituída por 18 folhas cartográficas na escala 1:100.000, perfazendo cerca de 54.000 km². O projeto engloba a Província Mineral de Carajás, região internacionalmente conhecida por conter depósitos de classe mundial de ferro (18.000Mt @ 65% Fe), cobre-zinco, cobre-ouro (4.000Mt @ 1% Cu), níquel, paládio-platina (100t @ 1,0 g/t EGP), ouro e manganês (50Mt @ 40% Mn). A maioria dos depósitos ocorre espacialmente associada a sequências vulcanossedimentares neoarqueanas. No ano de 2015 o projeto teve abordagem em três temas: 1) Integração Geológico-Geofísica da ARIM Carajás, 2) Controle Tectono-Estrutural das Mineralizações de Cu e Au, e 3) Controle Estratigráfico das Mineralizações de Mn. Como resultados principais destaca-se, dentro do tema 1, o avanço da cartografia geológica regional, refletido no Mapa de Integração Geológico-Geofísica da ARIM Carajás (escala 1:250.000). O tema 2, foi proposto para estudar as grandes zonas de cisalhamento que condicionam as mineralizações de Cu e Au tipo IOCG, e em 2015 as atividades se concentraram ao longo do Lineamento Cinzento, situado no extremo norte da Província de Carajás, com resultados apresentados em Mapa Geológico-Estrutural do Lineamento Cinzento (escala 1:100.000). O estudo dos principais depósitos de Mn da ARIM Carajás, compõem o tema 3, que estabeleceu como alvos a região do Azul, do Sereno e da Burutirama, com os resultados apresentados em um painel ilustrativo, que caracteriza geologicamente estes 3 depósitos. 2 - INTRODUÇÃO Embora seja uma região com 30 anos de produção mineral, Carajás ainda atrai o maior número de projetos e investimentos em pesquisa e prospecção mineral no Brasil. Uma grande diferença entre Carajás e outros polos globais de produção mineral é o insuficiente nível de conhecimento geológico básico. Isso indica que o seu potencial para novas descobertas ainda é considerável, ao contrário de outros distritos mundiais já em fase final de produção e exaustão de reservas. Até o início de 2015, a cartografia geológica compatível com a escala 1:100.000 existia apenas para 4 folhas (12.000 km²), localizadas na porção leste da área. Grande parte da área possuía apenas mapas na escala 1:250.000, oriundos de projetos de cartografia geológica desenvolvidos pela CPRM, entre 1991 e 1997. Estudos de maior detalhe, incluindo as pesquisas acadêmicas das universidades, estão restritas às áreas dos depósitos minerais. O Projeto ARIM Carajás foi proposto com objetivo de avançar na compreensão da evolução geotectônica desta região, contribuindo no entendimento dos principais condicionantes metalogenéticos, na identificação de novas áreas favoráveis para prospecção mineral, e de induzir a descoberta de novos depósitos minerais na maior província metalogenética do Brasil. O projeto teve início em janeiro de 2015, tendo como uma das metas avançar na cartografia geológica da área, com nível de observação na escala de 1:100.000 em áreas de maior apelo Resumo Expandido - ARIM 2015 2 metalogenético, com subsídio de trabalhos de campo e de dados aerogeofísicos de alta resolução. Estudos geológicos-geofísicos-estruturais mais detalhados em zonas mineralizadas de Cu-Au, já conhecidas, e estudos sedimentológicos detalhados em depósitos de Mn definiram o escopo deste projeto. 3 - CONTEXTO GEOLÓGICO O Domínio Carajás localiza-se na borda sudeste do Cráton Amazônico, e faz limite com diversos domínios tectônicos, de origens e idades distintas: a norte com o Domínio Bacajá (Paleoproterozoico), a sul com o Domínio Rio Maria (Mesoarqueano), a oeste com Domínio Iriri- Xingu (Paleoproterozoico), e a leste com Cinturão Araguaia (Neoproterozoico) (Figura 1). O Domínio Carajás foi considerado durante décadas como uma porção de crosta formada e estabilizada no Arqueano, supostamente não afetada por orogêneses mais jovens. Contudo, trabalhos recentes efetuados pela CPRM apontam para diferentes níveis de retrabalhamento das suas bordas norte, oriental e setentrional após o Arqueano, especialmente durante o Paleoproterozoico. O segmento oriental do Domínio Carajás é a porção mais bem conhecida, apresentando grande relevância econômica por concentrar depósitos minerais de Fe, Mn, Cu, Au, Ni, EGP e Cr. A maior parte dos depósitos concentra-se nas sequências metavulcanossedimentares neoarqueanas (~2,75 Ga) do Supergrupo Itacaiúnas, interpretadas por diversos autores como geradas em ambientes de ritfe continental, ou alternativamente, de arcos magmáticos. Contemporâneo ao evento vulcanossedimentar Itacaiúnas ocorreu um magmatismo granítico regional (2,76–2,73 Ga), subalcalino (tipo A) a cálcio-alcalino, cujo significado tectônico ainda não é bem compreendido. Eventos metamórfico-hidrotermais e magmáticos em torno de 2,5 e 1,8 Ga também fazem parte da evolução geotectônica desta província. O embasamento é mesoarqueano (>2,86 Ga), representado por ortognaisses e migmatitos do Complexo Xingu, Ortogranulito Chicrim-Cateté e por granitoides na região de Canaã dos Carajás. A Formação Águas Claras representa uma expressiva cobertura sedimentar na parte central da estrutura de Carajás, constituída por depósitos de plataforma, litorâneos e fluviais, que recobrem várias unidades estratigráficas, com idade ainda controversa. Figura 1 - Localização e contexto tectônico da área do Projeto ARIM Carajás. Resumo Expandido - ARIM 2015 3 Extensivo magmatismo paleoproterozoico registrado no Cráton Amazônico é representado no Domínio Carajás pela colocação de intrusões graníticas alcalinas tipo A (ex. granitos Cigano, Serra dos Carajás) e enxames de diques máficos e félsicos NE e NW. 4 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS A etapa inicial, pré-campo, envolveu a recuperação/categorização/espacialização e em alguns casos, reavaliação, de informações prévias de projetos anteriores da CPRM e estudos acadêmicos na área do projeto, consistência de bases planimétricas, interpretação de sensores remotos e de mapas aerogeofísicos, que culminaram com a geração de mapas preliminares de campo. Os dados aeromagnéticos e aerogamaespectrométricos são oriundos dos projetos Tucuruí, Rio Maria e Oeste de Carajás, executados pela CPRM, com linhas de vôo de direção N-S e com espaçamento de 500m. Durante os trabalhos de campo os perfis geológicos foram executados respeitando uma densidade de estações compatível com a escala 1:100.000, ou até maior, objetivando a coleta de informações geológicas ao nível de detalhamento necessário a cada um dos temas. Descrições e amostragem de testemunhos de sondagem foram realizadas durante as campanhas de campo. Parte desse trabalho envolveu a utilização de gamaespectrômetro e magnetômetro portáteis. 5 - RESULTADOS ALCANÇADOS O tema Integração geológico-geofísica da ARIM Carajás foi desenvolvido em 2015 por quatro geólogos, que realizaram duas etapas de campo. Houve avanço significativo na cartografia geológica, especialmente na porção oeste da área do projeto, destacando-se: 1) redefinição de unidades de embasamentomesoarqueano; 2) subdivisão das sequências metavulcanossedimentares dos grupos Aquiri, São Felix, São Sebastião; 3) modificação significativa dos limites cartográficos dos greenstone belts Sapucaia e Tucumã; 4) cartografia de novos corpos granitoides e máfico/ultramáficos associados com o magmatismo síncrono à abertura da Bacia Carajás; 5) cartografia de coberturas vulcânicas/piroclásticas orosirianas, que caracterizam o Domínio Iriri- Xingu, em porções mais internas do Domínio Carajás; 6) caracterização do limite entre os domínios Bacajá e Carajás na porção oeste da área, com o reconhecimento do predomínio da tectônica transcorrente; 7) reconhecimento de diferentes fases de deformação nas unidades mapeadas, especialmente nas sequências metavulcanossedimentares; 8) reconhecimento de novos indícios e ocorrências de Au e Fe, além de indícios de alterações hidrotermais características de depósitos do tipo IOCG; 9) caracterização de greisens portadores de cassiterita e veios com wolframita associados a granitoides na porção ocidental da área. Os produtos do ano de 2015 referentes a este tema são o mapa de integração geológico-geofísica da ARIM Carajás, apresentado em escala 1:250.000 (Figura 2), o SIG simplificado do projeto, além de relatório técnico anual. Com relação ao tema Controle Tectono-Estrutural das Mineralizações de Cu e Au, foi realizada a cartografia geológica do Lineamento Cinzento, atualizada em escala 1:100.000, com participação de dois geólogos. Como principais resultados, destaca-se: 1) o reconhecimento de estruturas geradas em fases deformacionais distintas, e associação das ocorrências/depósitos minerais com os eventos/estruturas; 2) a definição da cinemática das fases de deformação dúctil-rúptil; 3) caracterização do Lineamento Cinzento como um sistema transpressivo sinistral; e 4) o reconhecimento preliminar de distintos eventos mineralizantes (a partir de paragênese de minério) e correlação com eventos deformacionais. O produto gerado em 2015 está representado por um mapa geológico-estrutural do Lineamento Cinzento (Figura 3), com estruturas hierarquizadas e individualizadas conforme a fase deformacional e mineralizações associadas, contendo diversos encartes geofísicos (ex: fator F, urânio anômalo, primeira derivada vertical do campo magnético anômalo) e geoquímicos, com objetivo de Resumo Expandido - ARIM 2015 4 integrar todas as informações existentes, avaliando os padrões de mineralizações conhecidas, como Salobo e Furnas, e definir áreas com assinaturas semelhantes ao longo do lineamento. Este mapa é acompanhado de relatório técnico anual. O tema Controle estratigráfico das mineralizações de Mn foi desenvolvido por dois geólogos, em 3 alvos principais: 1) depósito de Mn do Azul, onde a origem do Mn está relacionada à deposição dos sedimentos siliciclásticos da Formação Águas Claras; 2) depósito de Mn do Sereno, localizado na serra homônima, onde o protominério está relacionado a rochas metassedimentares do Membro Sereno (Formação Buritirama); 3) depósito da Serra da Buritirama, com rochas metassedimentares da Formação Buritirama, como hospedeiras dos depósitos. Os avanços alcançados neste tema foram: 1) caracterização da Formação Águas Claras na região do Azul como uma sequência tipicamente progradante, com estabilização de uma bacia de margem passiva marcada por sedimentação fluvial braided de topo, onde as camadas ricas em MnO estão associadas a depósitos de offshore transition, relativamente próximos a zonas de influência de onda e depositados em condições oxidantes. Foram caracterizados também eventos deformacionais de caráter dúctil-rúptil e rúptil-dúctil que geraram dobramentos de grande amplitude e deslocamento das camadas, além de descontinuidades por onde houve remobilização de Mn. Foram notadas similaridades com outros depósitos de Mn ao redor do mundo, relacionados ao GOE (Great Oxidation Event); 2) estudo da sequência metassedimentar da Serra do Sereno (quartzitos, metaconglomerados, xistos, filito grafitoso, metapelitos), que pode ser correlata ao Grupo Águas Claras, porém com maior grau de deformação e metamorfismo; 3) estudo da sequência metassedimentar da Serra da Buritirama, caracterizada por quartzitos, xistos em associação com metapelitos manganesíferos friáveis e anfibolitos, onde foi detectada intensa deformação sob um regime transpressivo sinistral e metamorfismo de grau mais elevado do que observado nas regiões do Azul e Serra do Sereno, além de espesso manto intempérico. Nos vários alvos estudados foram observados os controles primários (deposicionais) do Mn, que compõem o minério principal, remobilizações de óxidos de Mn em falhas e fraturas condicionadas por fluidos hidrotermais (mais expressivos na região da Serra da Buritirama) e concentração supergênica. Os produtos gerados em 2015 referente ao Tema 3 foram um painel ilustrativo sintetizando todas as informações obtidas (Figura 4), além de relatório técnico anual. Resumo Expandido - ARIM 2015 Figura 2 – Mapa de integração geológico-geofísica da ARIM Carajás, versão dezembro 2015. Resumo Expandido - ARIM 2015 Figura 3 – Mapa de controles estruturais das mineralizações de Cu e Au na área do Lineamento Cinzento, versão dezembro 2015. Resumo Expandido - ARIM 2015 Figura 4 - Painel ilustrativo sobre os Controles Estratigráficos das Mineralizações de Mn, versão dezembro 2015.