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CAPÍ T ULO 6 Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células T Funções das Células T na Defesa do Hospedeiro Tipos de reações imunes mediadas por células T Desenvolvimento e funções dos linfócitos t EFETORES CD4+ Subgrupos de Células T CD4+ Auxiliares Diferenciadas por Perfis de Citocinas Células Th1 Células Th2 Células Th17 Desenvolvimento e funções dos linfócitos t citotóxicos CD8+ Resistência de microrganismos patogênicos à imunidade mediada por célula Resumo A defesa do hospedeiro em que os linfócitos T servem como células efetoras é denominada imunidade mediada por células. As células T são essenciais para a eliminação de microrganismos que sobrevivem e se replicam no interior de células e para a erradicação de infecções por alguns microrganismos extracelulares, com frequência pelo recrutamento de outras células para eliminar os patógenos infecciosos. As respostas imunes mediadas por células começam pela ativação de células T imaturas que proliferam e se diferenciam em células efetoras. Essas células T efetoras então migram para locais da infecção e funcionam para eliminar os microrganismos. Descrevemos no Capítulo 3 a função das moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC; do inglês, major histocompability complex) na apresentação de antígenos de microrganismos intracelulares para o reconhecimento pelos linfócitos T, e discutimos no Capítulo 5 os primeiros eventos na ativação de linfócitos T imaturos. Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões: • Qual tipo de células T efetoras está envolvido na eliminação de microrganismos? • Como as células T desenvolvem de células T imaturas, e como células T efetoras erradicam infecções por diversos microrganismos? • Qual é o papel dos macrófagos e de outros leucócitos na destruição de patógenos infecciosos? Tipos de reações imunes mediadas por células T Dois tipos principais de reações imunes mediadas por células são designados para eliminar diferentes tipos de microrganismos: as células T CD4+ auxiliares secretam citocinas que recrutam e ativam outros leucócitos para fagocitar (ingerir) e destruir microrganismos. As células T citotóxicas CD8+ (CTL; do inglês, cytotoxic T lymphocytes) matam qualquer célula infectada contendo proteínas microbianas no citosol, eliminando os reservatórios celulares de infecção (Fig. 6-1). As infecções microbianas podem ocorrer em qualquer ponto do corpo, e alguns patógenos infecciosos são capazes de infectar células do hospedeiro e de viver dentro delas. Os microrganismos patogênicos que infectam células do hospedeiro e sobrevivem no interior delas incluem (1) muitas bactérias, fungos e protozoários que são ingeridos por fagócitos, mas resistem aos mecanismos de destruição desses fagócitos e, por isso, sobrevivem em vesículas ou no citoplasma, e (2) vírus que infectam células fagocitárias e não fagocitárias e se replicam no citoplasma dessas células (Cap. 5, Fig. 5-1). As diferentes classes de células T reconhecem microrganismos em compartimentos celulares distintos e diferem na natureza da reação por elas evocadas. De modo geral, as células T CD4+ reconhecem antígenos de microrganismos em vesículas fagocitárias e secretam citocinas que recrutam e ativam leucócitos que matam os microrganismos, enquanto as células CD8+ reconhecem antígenos de microrganismos que estão presentes no citosol e destroem as células infectadas. FIGURA 6-1 Imunidade mediada por células contra microrganismos intracelulares. A, Células T auxiliares efetoras dos subgrupos CD4+ Th1 e Th17 reconhecem antígenos microbianos e secretam citocinas que recrutam leucócitos (inflamação) e ativam fagócitos para matar os microrganismos. Células efetoras do subgrupo Th2 (não mostrados) funcionam para erradicar infecções de parasitas helmínticos. B, Linfócitos T CD8+ citotóxico (CTL) matam células infectadas com microrganismos dentro do citoplasma. Células CD8+ também produzem citocinas que induzem inflamação e ativam macrófagos (não mostrado). A imunidade mediada por célula contra patógenos foi descoberta como uma forma de imunidade para uma infecção intracelular por bactéria que poderia ser transferida de animais imunes para animais não imunizados por células (agora conhecido como linfócitos T), mas não por soro com anticorpo (Fig. 6-2). É conhecido desde os primeiros estudos que a especificidade de imunidade mediada por célula contra microrganismos distintos era função de macrófagos ativados. Como mencionado antes, células T CD4+ são principalmente responsáveis por esse tipo de classe de imunidade mediada por célula, enquanto células T CD8+ podem erradicar infecções sem um requerimento por fagócitos. FIGURA 6-2 Imunidade mediada por célula para uma bactéria intracelular, Listeria monocytogenes. Nestes experimentos, uma amostra de soro ou linfócitos (uma fonte de anticorpos) foi coletada a partir de um camundongo que tinha anteriormente sido exposto a uma dose subletal de organismos Listeria (camundongo imune) e transferido para um camundongo normal (sem exposição a Listeria), e o destinatário da transferência adotiva foi desafiado com as bactérias. O número de bactérias foi medido no baço do rato destinatário para determinar se a transferência tinha imunidade conferida. Proteção contra o desafio bacteriano (visto pela redução de recuperação de bactérias vivas) foi induzida pela transferência de células linfoides imunes, agora conhecidas como células T (A), mas não pela transferência do soro (B). As bactérias foram mortas in vitro por macrófagos ativados, mas não pelas células T (C). Portanto, a proteção depende de linfócitos T específicos para o antigénio, mas a morte bacteriana é a função dos macrófagos ativados. As reações imunes mediadas por células T consistem em múltiplas etapas (Cap. 5, Fig. 5-2). As células T imaturas são estimuladas por antígenos microbianos nos órgãos linfoides periféricos (secundário), dando origem a células T efetoras cuja função é erradicar microrganismos intracelulares. As células T efetoras diferenciadas migram então para o local da infecção. Nesses locais, os fagócitos que ingeriram os microrganismos para vesículas intracelulares apresentam fragmentos peptídicos de proteínas microbianas ligados a moléculas MHC classe II na superfície celular para reconhecimento pelas células T efetoras CD4+. Os antígenos peptídicos derivados de microrganismos vivendo no citosol de células infectadas são apresentados por moléculas de MHC de classe I para o reconhecimento por células T efetoras CD8+. O reconhecimento de antígenos ativa as células T efetoras a executar sua tarefa de eliminar os patógenos infecciosos. Portanto, na imunidade mediada por células (CMI; do inglês, cell-mediated immunity), as células T reconhecem antígenos proteicos em dois estágios. Em primeiro lugar, células T imaturas reconhecem antígenos em tecidos linfoides e respondem proliferando e se diferenciando em células efetoras (Cap. 5). Segundo, as células T efetoras reconhecem os mesmos antígenos em qualquer lugar do corpo e respondem eliminando esses microrganismos. Este capítulo descreve como células T efetoras CD4+ e CD8+ desenvolvem resposta a microrganismos e os eliminam. Como linfócitos T CD4+ auxiliares e CTL CD8+ aplicam mecanismos distintos para combater infecções, o desenvolvimento e as funções das células efetoras dessas classes de linfócito são discutidos individualmente. Concluímos por descrever como as duas classes de linfócitos podem cooperar para eliminar micrororganismos intracelulares. Desenvolvimento e funções dos linfócitos T efetores CD4+ No Capítulo 5, foi introduzido o conceito de que células efetoras da linhagem CD4+ podem ser diferenciadas baseando-se nas citocinas que elas produzem. Estes subgrupos de células T CD4+ diferem em sua função e servem a papéis distintos na imunidade mediada por célula.Subgrupos de Células T CD4+ Auxiliares Diferenciadas por Perfis de Citocinas Análises de produção de citocina por células T auxiliares têm mostrado que existem subgrupos de CD4+ funcionalmente distintos que produzem citocinas diferentes. A existência desses subgrupos explica como o sistema imune responde diferentemente para microrganismos diferentes. Por exemplo, microrganismos intracelulares como micobactérias são ingeridos por fagócitos, mas resistem à morte no interior da célula. A resposta imune adaptativa para tais microrganismos resulta na ativação dos fagócitos para matar os microrganismos ingeridos. Em contraste, a resposta imune para helmintos é dominada pela produção de anticorpo de imunoglobina E (IgE) e a ativação de eosinófilos, que destroem os helmintos. Ambos desses tipos de resposta imune dependem de células T CD4+auxiliares, mas por muitos anos não estava claro como as células CD4+ auxiliares são capazes de estimular tal mecanismo efetor de imunidade distinta. Agora sabemos que essas respostas são mediadas por subpopulações de células T CD4+ efetoras que produzem citocinas diferentes. Células T CD4+ auxiliares podem se diferenciar em três principais subgrupos de células efetoras que produzem grupos distintos de citocinas na defesa do hospedeiro (Fig. 6-3) (um quarto subgrupo, células T auxiliares foliculares, que é importante em resposta imune humoral, é discutido no Capítulo 7). Os subgrupos definidos primeiro são chamados de células Th1 e células Th2 (para células T auxiliares do tipo 1 e células T auxiliares do tipo 2); uma terceira população, identificada mais tarde, é chamada de células Th17 porque sua citocina marcadora (assinatura) é interleucina (IL)-17. A descoberta dessas subpopulações tem sido um marco importante para o entendimento das respostas imunes e para fornecer modelos para o estudo dos processos da diferenciação celular. Assim, é necessário observar que muitas células T CD4+ ativadas podem produzir diversas citocinas e, portanto, não podem ser prontamente classificadas dentro desses subgrupos, e podem apresentar notável plasticidade nessas populações, tanto que um subgrupo pode ser convertido em outro sob algumas condições. FIGURA 6-3 Características dos subgrupos de linfócitos T CD4+ auxiliares. Uma célula T CD4+ imatura pode se diferenciar em subgrupos diferentes que produzem citocinas, que recrutam e ativam diferentes tipos de células (referido como células-alvo) e combate diferentes tipos de infecções em defesa do hospedeiro. Esses subgrupos também estão envolvidos em vários tipos de doenças inflamatórias. A tabela resume as principais diferenças entre os subgrupo Th1, Th2 e Th17 de células T auxiliares. IFN, interferon; IL, interleucina. As citocinas produzidas na resposta imune adaptativa incluem aquelas produzidas pelos três grupos Th, assim como as citocinas produzidas por células T regulatórias CD4+ e células T CD8+. Essas citocinas da imunidade adaptativa compartilham algumas propriedades gerais, mas elas têm atividades biológicas diferentes e desempenham papéis únicos na fase efetora ou regulação dessas respostas (Fig. 6-4). As funções dos grupos de célula T CD4+ refletem as ações das citocinas que elas produzem. FIGURA 6-4 Propriedades das principais citocinas produzidas pelos linfócitos T CD4+ auxiliares. A, Propriedades gerais de citocinas produzidas durante as respostas imunitárias adaptativas. B, Funções de citocinas envolvidas na imunidde mediada pela célula. Note que a IL–2, que é produzida pelas células T após a ativação e foi a primeira citocina identificada de células T, foi discutida no Capítulo 5, no contexto da ativação das células T. O fator de crescimento de transformação β (TGF-β) funciona principalmente como um inibidor de respostas imunes; o seu papel é discutido no Capítulo 9. As citocinas de imunidade inata são mostradas na Figura 2-14. Mais informações sobre estas citocinas e seus receptores são fornecidas em Apêndice II. IgE, imunoglobulina E; IL, interleucina. Cada subgrupo de células T CD4+ se desenvolve em resposta para o tipo de microrganismos cujo subgrupo é melhor em erradicar. Microrganismos diferentes induzem a produção de citocinas diferentes e provenientes de células dentríticas e outras células, e estas citocinas direcionam a diferenciação de células T ativadas para um ou outro subgrupo. Assim, esses subgrupos de células T são excelentes exemplos da especialização da imunidade adaptativa, porque eles medeiam respostas especializadas para combater uma diversidade de patógenos que podem ser encontrados. Posteriormente, serão mostrados exemplos de tais especializações ao discutir cada um dos principais subgrupos. Células Th1 O subgrupo Th1 é induzido por microrganismos que são ingeridos por macrófagos e ativam essas células de defesa (Fig. 6-5). A assinatura da citocina das células Th1 é interferon-γ (IFN-γ), a citocina mais potente de ativação de macrófago conhecida. (O nome “interferon” originou-se do descobrimento dessa citocina como uma proteína que inibiu ou interferiu na infecção viral, mas IFN-γ é uma citocina muito menos potente como antiviral que IFN [Cap. 2]). FIGURA 6-5 Funções das células Th1. Células Th1 produzem a citocina Interferon-γ (IFN-γ), que ativa macrófagos para matar microrganismos fagocitados (via clássica da ativação de macrófago). Em algumas espécies, o IFN-γ estimula a produção de anticorpos IgG, mas células T auxiliares foliculares podem ser a fonte do IFN-γ nesse caso, e o papel das citocinas Th1 na troca de isotipo para IgG não foi estabelecido em humanos. APC, Célula apresentadora de antígeno. Células Th1 agem através de ligante-CD40 e IFN-γ e aumentam a habilidade de macrófagos em matar microrganismos fagocitados (Fig. 6-6). Macrófagos ingerem e tentam destruir microrganismos como parte da resposta imune inata (Cap. 2). A influência desse processo é substancialmente aumentada pela interação de células Th1 com os macrófagos. Quando os microrganismos são ingeridos dentro dos fagossomos dos macrófagos, peptídeos microbianas são apresentados na superfície de MHC classe II e são reconhecidos por células T CD4+. Se essas células T pertencem ao subgrupo Th1, elas expressam o ligante CD40 (CD40L, ou CD154) e secretam IFN-γ. A ligação do CD40L ao CD40 nas funções do macrófago juntamente com a ligação do IFN-γ ao seu receptor no mesmo macrófago desencadeia vias de sinalização bioquímica que levam à ativação de vários fatores de transcrição. Esses fatores induzem a expressão de genes que codificam proteases lisossomais e enzimas que estimulam a síntese de espécie reativa de oxigênio e óxido nítrico, potentes destruidores de microrganismos. O resultado da ativação mediada pelo CD40 e IFN-γ é que macrófagos se tornam fortemente microbicidas e podem destruir a maioria dos microrganismos ingeridos. Esta via de ativação dos macrófagos pelo CD40L e IFN-γ é chamada de ativação clássica de macrófagos, em contraste à ativação alternativa de macrófagos, mediada por Th2 e discutida posteriormente. Classicamente, macrófagos ativados, frequentemente chamados de macrófagos M1, também secretam citocinas que estimulam a inflamação e aumentam a expressão de moléculas de MHC e coestimulação, o que amplifica a resposta da célula T. As células T CD8+ também secretam IFN-γ e podem contribuir para ativação de macrófagos e matar os microrganismos ingeridos. FIGURA 6-6 Ativação de macrófagos por linfócitos Th1. Os linfócitos T efetores do subgrupo Th1 reconhecem os antígenos de microrganismos ingeridos em macrófagos. Em resposta a esse reconhecimento, os linfócitos T expressam CD40L, que engaja CD40 nos macrófagos, e as células T secretam interferon-γ (IFN-γ), que se liga a receptores para IFN-γ nos macrófagos. Essa combinação de sinais ativa os macrófagos a produzir substâncias microbicidas que matam os microrganismos ingeridos. Os macrófagosativados também secretam fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1 (IL-1) e quimiocinas, as quais induzem inflamação, e IL-12, que promove respostas do Th1. Esses macrófagos támbem expressam mais moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) e coestimuladores, que aumentam as respostas das células T. A, A ilustração mostra uma célula T CD4+ reconhecendo peptídeos associados ao MHC classe II e ativando os macrófagos. B, A tabela resume as respostas dos macrófagos e seu papel na imunidade mediada por células. Em roedores, o IFN-γ produzido por células Th1 ou por células T auxiliares foliculares (Tfh) estimula a produção de anticorpos IgG, o que promove a fagocitose de microrganismos, porque esses anticorpos se ligam direto a receptor Fc do fagócito e ativam o complemento, gerando produtos que ligam ao receptor do complemento no fagócito (Cap. 8). Assim, anticorpos dependentes de IFN-γ e a ativação clássica de macrófagos trabalham juntos na defesa do hospedeiro, mediada por fagócito. O papel crítico das células Th1 em defesa contra microrganismos intracelulares é o motivo pelo qual indivíduos com defeitos hereditários no desenvolvimento ou função desses subgrupos são suscetíveis a infecções por tais microrganismos, especialmente micobactéria atípica normalmente inofensiva (não tuberculosa). Essencialmente a mesma reação, consistindo em recrutamento de leucócito e ativação, pode ser provocada pela injeção de uma proteína microbiana na pele de um indivíduo que tenha sido imunizado contra os microrganismos por infecção prévia ou vacinação. Esta reação é chamada de hipersensibilidade do tipo retardada (DTH; do inglês, delayed type hypersensitivity) e é descrita no Capítulo 11 quando, ao discutirmos reações imunes prejudiciais. Desenvolvimento das Células Th1 A diferença de células T CD4+ para células efetoras Th1 é regida por uma combinação das citocinas IL-2 e IFN-γ (Fig. 6-7, A). Em resposta a muitas bactérias (especialmente bactéria intracelular) e vírus, células dentríticas e macrófagos produzem IL-12 e células NK (natural killers) produzindo IFN-γ. Quando a célula T imatura reconhece os antígenos desses microrganismos, as células T são expostas a IL-12 e IFN-γ. IFN tipo 1, produzidos em resposta a infecções virais, também promovem diferenciação de Th1. FIGURA 6-7 Desenvolvimento de células Th1, Th2, e Th17 efetoras. As células dendríticas e outras células do sistema imunológico que respondem aos diferentes tipos de microrganismos secretam citocinas que induzem o desenvolvimento de células T CD4+ ativadas por antígenos em subgrupos Th1 (A), Th2 (B), e Th17. Os fatores de transcrição envolvidos na diferenciação de células T são indicados nos boxes dentro das células ativadas por antígeno Essas citocinas ativam fatores de transcrição (chamado T-bet, Stat4 e Stat1) que promovem a diferenciação das células T para os subgrupos Th1. O IFN-γ não apenas ativa macrófagos para matar microrganismos, mas também promove mais desenvolvimento de Th1 e inibe o desenvolvimento de Th2 e células Th17. Assim, o IFN-γ cada vez mais polariza a resposta para o subgrupo Th1. Células Th2 As células Th2 são induzidas em infecções causadas por vermes parasitas e promovem a destruição desses parasitas mediada por IgE, mastócitos e eosinófilos (Fig. 6-8). As citocinas Th2 características (IL-4, IL-5, e IL-13) funcionam cooperativamente em erradicar vermes. Os helmintos são grandes demais para serem fagocitados; assim, outros mecanismos, além de ativação de macrófagos, são necessários para a destruição desses vermes. Quando células Th2 e Tfh relacionadas encontram o antígeno de helmintos, as células T secretam suas citocinas. A IL-4 produzida por células Tfh estimula a produção de anticorpos IgE, que revestem os helmintos. Os eosinófilos usam seus receptores Fc para ligar a IgE e são ativados por IL-5 produzida pelas células Th2, bem como pelos sinais dos receptores Fc. Os eosinófilos ativados liberam o conteúdo de seus grânulos, que são tóxicos para parasitas. A IL-13 estimula a secreção de muco e a peristalse do intestino, aumentando a expulsão do parasita do intestino. A IgE também reveste mastócitos e é responsável pela ativação dos mastócitos; o papel dessa reação no hospedeiro não está clara. FIGURA 6-8 Funções de células Th2. As células Th2 produzem as citocinas interleucina-4 (IL-4), IL-5 e IL-13. IL-4 (e IL-13) atuam sobre as células B para estimular a produção de anticorpos IgE, que se ligam aos mastócitos. A ajuda para produção de anticorpo pode ser fornecida por células Tfh que produzem citocinas Th2 e residem em órgãos linfoides, e não por células Th2 clássicas. A IL-5 ativa os eosinófilos, uma resposta que é importante na destruição de helmintos. APC, célula apresentadora de antígeno; Ig, imunoglobulina; IL, interleucina. As citocinas Th2 inibem a ativação clássica de macrófagos e estimulam a via alternativa da ativação de macrófagos (Fig. 6-9). IL-4 e IL-3 desligam a ativação de macrófagos inflamatórios, finalizando essas reações potencialmente prejudiciais. Essas citocinas também podem ativar macrófagos para secretar fatores de crescimento que agem sobre fibroblastos para aumentar a síntese de colágeno e induzir fibrose. Esse tipo de resposta de macrófago é chamado de ativação alternativa de macrófago, para distingui-la da ativação clássica, que aumenta funções microbicidas. A ativação alternativa do macrófago é mediada por citocinas Th2 que podem desempenhar um papel no reparo de tecidos após lesão e podem contribuir para fibroses em uma variedade de doenças. Macrófagos alternativamente ativados são também chamados de macrófagos M2. FIGURA 6-9 Ativação clássica e alternativa dos macrófagos. Macrófagos classicamente ativados (M1) são induzidos por produtos microbianos que se ligam a TLR e citocinas, particularmente interferon-y (IFN-γ), e são microbicidas e pró-inflamatórios. Macrófagos alternativamente ativados (M2) são induzidos por interleucina-4 (IL-4) e IL-13 (produzidos por determinados subconjuntos de linfócitos T e outros leucócitos) e são importantes na reparação de tecidos e fibrose. NO, óxido nítrico; ROS, espécies reativas de oxigênio; TGF-β, fator de crescimento transformante β. Células Th2 estão envolvidas em reações alérgicas para antígenos ambientais. Os antígenos que provocam tais reações são chamados alérgenos. Eles induzem respostas Th2 em indivíduos geralmente suscetíveis, e a exposição repetida aos alérgenos desencadeia ativação de mastócitos e eosinófilos. As alergias são os tipos mais comuns de distúrbio imune; retornaremos a abordar essas doenças no Capítulo 11, ao discutir reações de hipersensibilidade. Antagonistas e IL-13 são efetivos em tratamento de pacientes com asma severa que tiveram forte resposta a Th2, e agentes que bloqueiam receptores IL- 4 ou a citocina IL-5 estão sendo testados em asma e outros transtornos alérgicos. A ativação relativa de células Th1 e Th2 em resposta à infecção de microrganismos pode determinar os resultados da infecção (Fig. 6- 10). Por exemplo, o protozoário parasita Leishmania major vive dentro de macrófagos, e sua eliminação requer a ativação de macrófagos por células Th1 específica para L. major. Camundongos isogênicos desenvolvem resposta Th1 efetiva ao parasita e são, portanto, capazes de erradicar a infecção. Em algumas linhagens isogênicas, no entanto, a resposta a L. major é dominada pelas células Th2, e esses camundongos sucumbem. Mycobacterim leprae, a bactéria que causa hanseníase, é um patógeno de humanos que também sobrevive dentro de macrófagos e pode ser eliminado por mecanismo imune mediado por células. Algumas pessoas infectadas com M. leprae são incapazes de erradicar a infecção, que, se deixada sem tratamento, progredirá para a forma destrutiva da infecção, chamada hanseníase lepromatosa. Em contraste, em outros pacientes, abactéria induz forte resposta imune mediada por células com a ativação de células T e macrófagos em volta do local da infecção e poucos microrganismos sobreviventes; esta forma menos danosa de infecção é chamada de hanseníase tuberculoide. A forma tuberculoide é associada à ativação de células Th1 específica para M. leprae; enquanto a forma lepromatosa destrutiva está associada a um defeito na ativação da célula Th1 e às vezes a uma forte resposta Th2. O mesmo princípio – de que a resposta de citocinas de células T a um patógeno infeccioso é um determinante importante do resultado da infecção – pode ser verdade para outras doenças infecciosas. FIGURA 6-10 Equilíbrio entre a ativação de células Th1 e Th2 determina o resultado de infecções intracelulares. Linfócitos T CD4+ imaturos podem diferenciar-se em células Th1, que ativam os fagócitos para matar microrganismos ingeridos, e células Th2, as quais inibem a ativação clássica de macrófagos. O equilíbrio entre estes dois subgrupos pode influenciar no resultado de infecções, como ilustrado pela infecção por Leishmania em camundongos e hanseníase em humanos. IFN, interferon; IL, interleucina; TNF, fator de necrose tumoral. Desenvolvimento de Células Th2 A diferenciação das células T CD4+ imaturas para células Th2 é estimulada por IL-4, que pode ser produzida pelos mastócitos, outras células de tecidos, e células T próprias nos locais de infecção helmíntica (Fig. 6-7, B). A combinação de estimulação com antígeno e IL-4 ativa os fatores de transcrição GATA-3 e STAT6, que, em conjunto, promovem a diferenciação para o subgrupo Th2. Essas células produzem mais IL-4 e, assim, amplificam ainda mais a resposta de Th2. Células Th17 As células Th17 se desenvolvem em infecções envolvendo bactérias e fungos e induzem reações inflamatórias que destroem bactérias extracelulares e fungos, e podem contribuir para várias doenças inflamatórias (Fig. 6-11). As principais citocinas produzidas por células Th17 são IL-17 e IL-22. Este subgrupo de células T foi descoberto durante estudos de doenças inflamatórias, muitos anos após os subgrupos Th1 e Th2 serem descritos, e o seu papel na defesa do hospedeiro foi estabelecido mais tarde. FIGURA 6-11 Funções das células Th17. Células Th17 produzem a citocina interleucina-17 (IL-17), que induz produção de quimiocinas e outras citocinas por várias células, e estas recrutam neutrófilos (e monócitos, não mostrado) para o local da inflamação. Algumas das citocinas produzidas por células Th17, notavelmente IL-22, funcionam para manter a função de barreira epitelial no trato intestinal e outros tecidos. APC, célula apresentadora de antígeno; CSFs, fatores estimulantes de colônias; TNF, fator de necrose tumoral. A principal função de células Th17 é estimular o recrutamento de neutrófilos e, em menor escala, os monócitos, induzindo assim a inflamação que acompanha muitas células T mediadas por resposta imune adaptativa. Lembre-se que a inflamação é também uma das principais reações da imunidade inata (Cap. 2). Em geral, quando as células T estimulam a inflamação, a reação é mais forte e mais prolongada do que quando é provocada somente por respostas imunes inatas. A IL- 17 secretada pelas células Th17 estimula a produção de quimiocinas a partir de outras células, e estas quimiocinas são responsáveis pelo recrutamento de leucócitos. Células Th17 também estimulam a produção de substâncias antimicrobianas, chamadas defensinas, que funcionam como antibióticos endógenos produzidos localmente. IL– 22, produzida por células Th17, ajuda a manter a integridade das barreiras epiteliais e pode promover a reparação do epitélio danificado. Essas reações das células Th17 são essenciais para a defesa contra infecções fúngicas e bacterianas. Raros indivíduos que herdaram defeitos nas respostas Th17 estão aptos a desenvolver candidíase mucocutânea crônica e abcessos bacterianos na pele. As células Th17 também estão implicadas em várias doenças inflamatórias, e antagonistas de IL-17 são muito efetivos na doença cutânea psoríase. Um antagonista que neutraliza IL-12 e IL-23 (por ligação a uma proteína partilhada por essas citocinas de cadeias duplas) e, portanto inibe o desenvolvimento de ambas as células Th1 e Th17, é utilizado para o tratamento da doença inflamatória intestinal e psoríase. Desenvolvimento de Células Th17 O desenvolvimento de células Th17 a partir de células CD4+ imaturas é impulsionado por citocinas secretadas por células dendríticas (e macrófagos) em resposta ao ataque de fungos e bactérias extracelulares (Fig. 6-7, C). O reconhecimento de glicanos fúngicos e peptidoglicanas bacterianas e lipopeptídeos pelos receptores imunes inatos nas células dendríticas estimula a secreção de várias citocinas, em particular IL-1, IL-6 e IL-23. Estas agem em conjunto para ativar os fatores de transcrição RORγt e Stat3, que induzem a diferenciação Th17. Outra citoquina, TGF-β, também participa neste processo. Curiosamente, o TGF-β é um poderoso inibidor de respostas imunes, mas quando presente em conjunto com IL-6 ou IL-1, promove o desenvolvimento de células Th17. Desenvolvimento e funções dos linfócitos T citotóxicos CD8+ Fagócitos são melhores em matar microrganismos que estão confinados a vesículas, e microrganismos que entram diretamente no citoplasma (p. ex., vírus) ou escapam de fagossomos para o citosol (p. ex., algumas bactérias ingeridas) são relativamente resistentes a mecanismos microbicidas de fagócitos. A erradicação de tais agentes patogênicos requer outro mecanismo efetor da imunidade mediada por células T: linfócitos T citotóxicos CD8+ (CTL). Linfócitos T CD8+ ativados por antígenos e outros sinais diferenciam-se em CTL capazes de matar células infectadas expressando o antígeno. As células T CD8+ imaturas podem reconhecer antígenos, mas não são capazes de matar as células que expressam os antígenos. A diferenciação de células T CD8+ imaturas em CTL plenamente ativas é acompanhada pela síntese de moléculas envolvida na morte celular, dando a estas células T efetoras a capacidade funcional, que é a base para a sua designação como citotóxicas. Linfócitos T CD8+ reconhecem peptídeos associados a MHC classe I em células infectadas e algumas células tumorais. As fontes de peptídeos associados à classe I são antígenos de proteínas sintetizadas no citoplasma e antígenos de proteína de microrganismos fagocitatos que escaparam das vesículas fagocíticas para o citosol (Cap. 3). Além disso, algumas células dendríticas podem capturar os antígenos de células infectadas e tumores, transferir esses antígenos para o citosol, e, assim, apresentar os antígenos ingeridos sobre moléculas de MHC classe I, pelo processo conhecido como apresentação cruzada (Fig. 3-16, Cap. 3). A diferenciação das células T CD8+ imaturas em CTL funcionais e células de memória não requer apenas reconhecimento do antígeno, mas também a coestimulação e, em algumas situações, a ajuda de células T CD4+ (Fig. 5-7, Cap. 5). CTL CD8+ reconhecem complexos peptídicos de MHC classe I sobre a superfície de células infectadas e matam essas células, eliminando assim o reservatório de infecção. As células T reconhecem peptídeos associados ao MHC por seu receptor de célula T (TCR) e o correceptor de CD8 (essas células infectadas são também chamadas de alvos de CTL, porque são atacadas por CTL). O TCR e o CD8, bem como outras proteínas de sinalização, agrupam na membrana do CTL, no local de contato com a célula-alvo e estão rodeados pela integrina LFA -1. Essas moléculas conectam-se aos seus ligantes nas células-alvo, que firmemente detêm as duas células juntas, formando uma sinapse imunológica (Cap. 5) em que os CTL segregam proteínas citotóxicas. Reconhecimento de antígenos pelas CTL resulta na ativação das vias de transdução de sinal que levam à exocitose dos conteúdos de grânulos das CTL para a sinapseimune entre o CTL e a célula-alvo (Fig. 6-12). Uma vez que os CTL diferenciados não requerem coestimulação ou auxílio de células T para a ativação, eles podem ser ativados e são capazes de matar qualquer célula infectada em qualquer tecido. Os CTL matam células-alvo principalmente como resultado da entrega de proteínas dos grânulos para as células-alvo. Dois tipos de grânulos de proteínas cruciais para matar são as granzimas (grânulos de enzimas) e perforina. A granzima B cliva e, assim, ativa enzimas chamadas caspases (proteases de cisteína que clivam proteínas depois de resíduos de ácido aspártico) que estão presentes no citosol de células-alvo e cuja função principal é induzir a apoptose. A perforina perturba a integridade das membranas plasmáticas da célula-alvo e endossomal, facilitando assim a entrega de granzimas para o citosol e o início da apoptose. FIGURA 6-12 Mecanismos de morte de células infectadas por linfócitos T CD8+ citotóxicos (CTL). CTL reconhecem peptídeos de microrganismos citoplasmáticos de células infectadas associados a MHC classe I e formam aderências apertadas (conjugados) com essas células. As moléculas de adesão, tais como integrinas estabilizam a ligação do CTL a células infectadas (não mostrado). As CTL são ativadas para liberar (exocitose) seu conteúdo de grânulos (perforina e granzimas) em direção à célula infectada, referida como a célula-alvo. Granzimas são entregues para o citosol da célula-alvo por um mecanismo dependente de perforina. Granzimas induzem a apoptose. ICAM-1, molécula de adesão intercelular 1; LFA-1, função dos leucócitos associados a antígeno 1. Os CTL ativados expressam também uma proteína de membrana chamada Fas ligante, que se liga a um receptor de indução de morte, chamada Fas (CD95), nas células-alvo. A ligação do Fas ativa caspases e induz a apoptose de células-alvo; esta via não requer exocitose de grânulo e, provavelmente desempenha apenas um papel menor em matar por CTL CD8+. O resultado líquido destes mecanismos efetores das CTL é que as células infectadas são mortas. Células que tenham sido submetidas à apoptose são rapidamente fagocitadas e eliminadas. Os mecanismos que induzem fragmentação de DNA da célula-alvo, que é a marca da apoptose, também podem quebrar o DNA de microrganismos vivendo no interior de células infectadas. Cada CTL pode matar um alvo celular, separar e prosseguir para matar alvos adicionais. Embora tenhamos descrito as funções efetoras de células T CD4+ e células T CD8+ separadamente, esses tipos de linfócitos T podem funcionar cooperativamente para destruir microrganismos intracelulares (Fig. 6-13). Se os microrganismos são fagocitados e permanecem sequestrados em vesículas de macrófagos, as células T CD4+ podem ser adequadas para erradicar essas infecções através da secreção de IFN-γ e ativação dos mecanismos microbicidas dos macrófagos. No entanto, se os microrganismos são capazes de escapar a partir de vesículas para o citoplasma, eles se tornam insuscetíveis à ativação de macrófagos mediada por células T, e a sua eliminação requer morte das células infectadas por CTL CD8+. FIGURA 6-13 Cooperação entre células T CD4+ e CD8+ na erradicação de infecções intracelulares. Em um macrófago infectado por uma bactéria intracelular, algumas das bactérias são sequestradas em vesículas (fagossomos) e outras podem escapar para o citoplasma. As células T CD4+ reconhecem antígenos derivados dos microrganismos vesiculares e ativam os macrófagos a matar os microrganismos nas vesículas. As células T CD8+ reconhecem antígenos derivados das bactérias citoplasmáticas e são necessárias para destruir a célula infectada, eliminando assim o reservatório de infecção. CTL, linfócito T citotóxico; IFN, interferon. Resistência de microrganismos patogênicos à imunidade mediada por célula Diferentes microrganismos desenvolveram mecanismos diversos para resistir à defesa do hospedeiro mediada por linfócitos T (Fig. 6- 14). Muitas bactérias intracelulares, como Mycobacterium tuberculose, Legionella pneumophila e Listeria monocytogenes, inibem a fusão de fagossomos com os lisossomos ou criam poros na membrana dos fagossomos, permitindo que esses organismos escapem para o citosol. Assim, esses microrganismos são capazes de resistir a mecanismos microbicidas dos fagócitos e sobreviver ainda dentro dos fagócitos. Muitos vírus inibem a apresentação de antígeno associado a MHC de classe I por inibição da produção ou expressão de moléculas classe I, para bloquear o transporte de peptídeos antigênicos a partir do citosol para o retículo endoplasmático (RE), e removendo moléculas de classe I recentemente sintetizadas a partir do RE. Todos esses mecanismos virais reduzem o carregamento de moléculas de classe I do MHC por peptídeos virais. O resultado dessa carga defeituosa é a redução da expressão na superfície de moléculas de MHC classe I, porque as moléculas de classe I vazias são instáveis e não são expressas na superfície da célula. É interessante que as células natural killer (NK) são ativadas por células de classe I deficiente (Cap. 2). Assim, as defesas do hospedeiro têm evoluído para combater os mecanismos de evasão imune de microrganismos: CTL reconhecem peptídeos virais associados ao MHC classe I, inibição viral da expressão de MHC classe I, e as células NK reconhecem a ausência de moléculas de MHC de classe I. FIGURA 6-14 Evasão da imunidade mediada por células (CMI) pelos microrganismos. Exemplos selecionados de diferentes mecanismos pelos quais bactérias e vírus resistem aos mecanismos efetores da CMI. CTL, linfócito T citotóxico; RE, retículo endoplasmático; IFN, interferon; IL, interleucina; TAP, transportador associado ao processamento de antígenos. Outros vírus produzem citocinas inibidoras ou receptores solúveis de citocinas que se ligam e neutralizam citocinas, como IFN-γ, reduzindo a quantidade de citocinas disponíveis para desencadear reações imunológicas mediadas por células. Alguns vírus escapam da eliminação e estabelecem infecções crônicas por estimular a expressão de receptores inibitórios, incluindo PD-1 (proteína de morte [celular] programada 1; Cap. 9) em células T CD8+, inibindo assim as funções efetoras de CTL. Este fenômeno, em que as células T montam uma resposta inicial contra o vírus, mas a resposta é terminada prematuramente, tem sido chamado de células T exaustão (Fig. 6-15). Ainda, outros vírus infectam diretamente e matam células do sistema imunológico, sendo o melhor exemplo o vírus da imunodeficiência humana (HIV), que é capaz de sobreviver em pessoas infectadas matando as células T CD4+. FIGURA 6-15 Ativação das células T e exaustão. A, Em uma infecção viral aguda, células T CD8+ específicas do vírus proliferam, diferenciam-se em CTL efetoras e células de memória e eliminam o vírus. B, Em algumas infecções virais crônicas, as células T CD8+ montam uma resposta inicial, mas começam a expressar receptores inibitórios (como PD-1 e CTLA-4) e são inativadas, levando à persistência do vírus. Este processo é chamado de exaustão porque as células T fazem uma resposta, mas esta é de curta duração. O resultado das infecções é influenciado pela força de defesas do hospedeiro e a capacidade dos patógenos em resistir a essas defesas. O mesmo princípio é evidente quando os mecanismos efetores da imunidade humoral são considerados. Uma abordagem para inclinar o equilíbrio entre o hospedeiro e microrganismos em favor de uma imunidade protetora é vacinar os indivíduos para aumentar as respostas imunes mediadas por células. Os princípios subjacentes às estratégias de vacinação são descritos no final do Capítulo 8, após a discussão de imunidade humoral. Resumo ▪ A imunidade mediada por células é a alça da imunidade adaptativa que erradica infecções por microrganismos associados a células. Essa forma de defesa do hospedeiro utiliza dois tiposde células T: as células T CD4+ auxiliares recrutam e ativam fagócitos para destruir microrganismos ingeridos e alguns microrganismos extracelulares, e os linfócitos T CD8+ citotóxicos (CTL) destroem células portadoras de microrganismos em seu citosol, eliminando reservatórios de infecção. ▪ As células T CD4+ podem diferenciar-se em células efetoras que fazem citocinas diferentes e executam funções distintas. ▪ As células efetoras do subconjunto Th1 reconhecem os antígenos de microrganismos que tenham sido ingeridos por macrófagos. Essas células T segregam IFN-γ e expressam ligante CD40, que funciona cooperativamente para ativar macrófagos. ▪ Classicamente, macrófagos ativados produzem substâncias, incluindo espécies reativas de oxigênio, óxido nítrico e enzimas lisossomais, que matam microrganismos ingeridos. Os macrófagos também produzem citocinas que induzem inflamação ▪ As células Th2 estimulam a inflamação eosinofílica e desencadeam a via alternativa de ativação de macrófagos, células Tfh induzidas no gatilho da produção paralela de IgE. IgE e eosinófilos são importantes na defesa do hospedeiro contra parasitas helmínticos ▪ O equilíbrio entre a ativação de células Th1 e Th2 determina os resultados de muitas infecções com células Th1 e promove células Th2 a suprimir a defesa contra microrganismos intracelulares. ▪ Células Th17 melhoram o recrutamento de neutrófilos, monócitos e inflamação aguda, que é essencial para a defesa contra determinados fungos e bactérias extracelulares. ▪ As células T CD8 + se diferenciam em CTL que matam células infectadas, principalmente por indução de apoptose das células infectadas. As células T CD4+ e CD8+ T frequentemente funcionam de forma cooperativa para erradicar infecções intracelulares. ▪ Muitos microrganismos patogênicos desenvolveram mecanismos para resistir à imunidade mediada por células. Esses mecanismos incluem inibição da fusão de fagolisossomos, escape das vesículas dos fagócitos, inibição da montagem de complexos peptídeos- MHC classe I e produção de citocinas inibitórias ou de receptores para citocinas armadilhas (decoy), e inativando células T, encerrando prematuramente a resposta de células T. Perguntas de revisão 1. Quais são os tipos de reações imunes mediadas por linfócitos T que eliminam microrganismos que estão sequestrados nas vesículas de fagócitos e microrganismos que vivem no citoplasma de células do hospedeiro infectadas? 2. Quais são os principais subgrupos de células T CD4+ efetoras, como eles diferem e quais são suas funções na defesa contra diferentes tipos de patógenos infecciosos? 3. Quais são os mecanismos pelos quais as células T ativam os macrófagos e quais são as respostas dos macrófagos que acarretam a destruição dos microrganismos ingeridos? 4. Como os CTL CD8+ destroem células infectadas por vírus? 5. Quais são alguns dos mecanismos pelos quais os microrganismos intracelulares resistem aos mecanismos efetores da imunidade mediada por células? As respostas e as discussões das Perguntas de Revisão estão disponíveis em www.studentconsult.com.br. Folha de rosto Sumário Copyright Revisão científica e tradução Dedicatória Prefácio Capítulo 1: Introdução ao Sistema Imune Imunidade inata e adaptativa Tipos de imunidade adaptativa Propriedades das respostas imunes adaptativas As células do sistema imune Os tecidos do sistema imune Visão geral das respostas imunes aos microrganismos Resumo Perguntas de revisão Capítulo 2: Imunidade Inata Características gerais e especificidade das respostas imunes inatas Receptores celulares para os microrganismos e células danificadas Componentes da imunidade inata Reações imunes inatas Papel da imunidade inata na estimulação das respostas imunes adaptativas Resumo Perguntas de revisão Capítulo 3: Captura e Apresentação de Antígenos aos Linfócitos Antígenos reconhecidos pelos linfócitos T Captura de antígenos proteicos pelas células apresentadoras de antígenos Estrutura e função das moléculas do complexo principal de histocompatibilidade Processamento e apresentação de antígenos proteicos Funções das células apresentadoras de antígenos além da apresentação Reconhecimento de antígenos pelas células B e outros linfócitos Resumo Perguntas de revisão Capítulo 4: Reconhecimento Antigênico no Sistema Imunológico Adaptativo Receptores antigênicos dos linfócitos Desenvolvimento dos repertórios imunes Resumo Perguntas de revisão Capítulo 5: Imunidade Mediada pelas Células T Etapas das respostas das células T Reconhecimento do antígeno e coestimulação Vias bioquímicas da ativação das células T Respostas funcionais dos linfócitos t aos antígenos e à coestimulação Migração dos linfócitos t em reações imunes mediadas por células Resumo Perguntas de revisão Capítulo 6: Mecanismos Efetores da Imunidade Mediada por Células T Tipos de reações imunes mediadas por células T Desenvolvimento e funções dos linfócitos T efetores CD4+ Desenvolvimento e funções dos linfócitos T citotóxicos CD8+ Resistência de microrganismos patogênicos à imunidade mediada por célula Resumo Perguntas de revisão Capítulo 7: Respostas Imunes Humorais Fases e tipos de respostas imunes humorais Estimulação dos linfócitos B pelos antígenos Função dos linfócitos T auxiliares nas respostas imunes humorais aos antígenos proteicos Respostas dos anticorpos aos antígenos independentes de T Regulação das respostas imunes humorais: retroalimentação de anticorpos Resumo Perguntas de revisão Capítulo 8: Mecanismos Efetores da Imunidade Humoral Propriedades dos anticorpos que determinam função efetora Neutralização de microrganismos e toxinas microbianas Opsonização e fagocitose Citotoxicidade celular dependente de anticorpos Reações mediadas por imunoglobulina e eosinófilos/mastócitos O sistema complemento Funções dos anticorpos em locais anatômicos especiais Evasão da imunidade humoral por microrganismos Vacinação Resumo Perguntas de revisão Capítulo 9: Tolerância Imunológica e Autoimunidade Tolerância imunológica: significado e mecanismos Tolerância central de linfócitos T Tolerância periférica de linfócitos T Tolerância de linfócitos B Tolerância a microrganismos comensais e antígenos fetais Autoimunidade Resumo Perguntas de revisão Capítulo 10: Respostas Imunes Contra Tumores e Transplantes Respostas imunes contra os tumores Respostas imunes contra transplantes Resumo Perguntas de revisão Capítulo 11: Hipersensibilidade Tipos de reações de hipersensibilidade Hipersensibilidade imediata Doenças causadas por anticorpos e complexos antígeno-anticorpo Doenças causadas por linfócitos T Resumo Perguntas de revisão Capítulo 12: Imunodeficiências Congênita e Adquirida Imunodeficiências congênitas (primárias) Imunodeficiências adquiridas (secundárias) Síndrome da imunodeficiência adquirida Resumo Perguntas de revisão Leituras Selecionadas Apêndice I: Glossário Apêndice II: Citocinas Apêndice III: Principais Características das Moléculas CD Selecionadas Apêndice IV: Casos Clínicos Índice