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Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Francisco José Pinheiro Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora de Desenvolvimento da Escola Maria da Conceição Ávila de Misquita Vinãs Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Thereza Maria de Castro Paes Barreto 1 INTODUÇÃO E HISTÓRIA DA CONTABILIDADE A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da civilização. Está ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade social de proteção à posse e de perpetuação e interpretação dos fatos ocorridos com o objeto material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos. Deixando a caça, o homem voltou-se à organização da agricultura e do pastoreio. A organização econômica acerca do direito do uso do solo acarretou em separatividade, rompendo a vida comunitária, surgindo divisões e o senso de propriedade. Assim, cada pessoa criava sua riqueza individual. Ao morrer, o legado deixado por esta pessoa não era dissolvido, mas passado como herança aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris), denominou-se patrimônio. O termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados. A origem da Contabilidade está ligada a necessidade de registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram dos fenícios. A prática do comércio não era exclusiva destes, sendo exercida nas principais cidades da Antiguidade. A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas as cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora rudimentares. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a.C. À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores, preocupava-lhe saber quanto poderiam render e qual a forma mais simples de aumentar as suas posses; tais informações não eram de fácil memorização quando já em maior volume, requerendo registros. Foi o pensamento do "futuro" que levou o homem aos primeiros registros a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção etc. Com o surgimento das primeiras administrações particulares aparecia a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar conta da coisa administrada. É importante lembrarmos que naquele tempo não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas eram à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios. A medida em que as operações econômicas se tornam complexas, o seu controle se refina. As escritas governamentais da República Romana (200 a.C.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. Por esse motivo surgiu a necessidade de controlar o patrimônio da pessoas físicas e jurídicas. 1.1 CONCEITO A Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica. A Contabilidade é um conjunto de técnicas para controlar o patrimônio das organizações mediante a aplicação do seu grupo de princípios, técnicas, normas e procedimentos próprios, medindo, interpretando e informando os fatos contábeis aos donos das empresas. Tem-se por objeto de estudo o Patrimônio das entidades/empresas (pessoa jurídica) ou das pessoas (pessoa física). Este patrimônio é administrável e está sempre em constante mudança. O objetivo da contabilidade é o estudo e o controle do patrimônio e de suas variações visando ao fornecimento de informações que sejam úteis para tomada de decisões. Dentre as informações destacam-se aquelas de natureza econômica e financeira. As de natureza econômica compreendem, principalmente, os fluxos de receitas e de despesas, que geram lucro ou prejuízos, e são responsáveis pelas variações no patrimônio líquido. As de natureza financeira abrangem principalmente os fluxos de caixa e capital de giro. 1.2 USUÁRIOS DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Compreendem todas as pessoas físicas e jurídicas que, direta e indiretamente, tenham interesse na avaliação da situação e do desenvolvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios ou acionistas (empresas societárias), administradores, governo (fisco), fornecedores, clientes, investidores que atuam no mercado de capitais, bancos, etc. 1.3 TÉCNICAS CONTÁBEIS São inúmeras as técnicas utilizadas pela contabilidade. Veja as mais expressivas: Escrituração: consiste no registro, em livros próprios (Diário, Razão, Caixa e Contas Correntes), de todos os fatos administrativos, bem como atos administrativos relevantes que ocorrem no dia a dia das empresas; Demonstrações contábeis: são os relatórios (quadros) técnicos que apresentam dados extraídos dos registros contábeis da empresa. As demonstrações mais conhecidas são Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício; Auditoria: é a verificação da exatidão dos dados contidos nas demonstrações contábeis, através do exame minucioso dos registros de contabilidade e dos documentos que deram origem a eles; Análise de balanços: compreende o exame e a interpretação dos dados contidos nas demonstrações contábeis, a fim de transformar esses dados em informações úteis aos diversos usuários da contabilidade; Consolidação de balanço: corresponde à unificação das demonstrações contábeis da empresa controladora e de suas controladas, visando apresentar a situação econômica e financeira de todo grupo, como se fosse uma única empresa. 1.4 CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE Estudar o campo de aplicação da contabilidade significa saber onde ela é utilizada, ou seja, em que os contabilistas trabalham. Assim, o campo de aplicação da contabilidade abrange todas as entidades econômico-administrativas. Entidades econômico-administrativas são organizações que reúnem os seguintes elementos: pessoas, patrimônio, titular, capital, ação administrativa e fim determinado. Quanto ao fim a que se destinam, as entidades econômico-administrativas podem ser assim classificadas: a) entidades com fins econômicos – denominadas empresas, visam ao lucro para preservar ou aumentar o patrimônio líquido. Exemplo: empresas comerciais, industrias, agrícolas, prestadoras de serviços, etc; b) Entidades com fins econômicos – intituladas instituições, visam ao superavit que reverterá em benefício de suas integrantes. Exemplo: associações de classe, clubes sociais, etc; c) Entidades com fins sociais – também chamadas instituições, têm por obrigação atender às necessidades da coletividade a que pertencem. Exemplo: a União, os Estados e os Municípios. 2. PATRIMÔNIO Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma pessoa ou a uma entidade. É o objeto de estudo da contabilidade. Abrange tudo aquilo que a pessoa tem (bens e direitos) e tudo aquilo que a pessoa deve (obrigações).Do ponto de vista contábil, são considerados apenas os bens, direitos e obrigações que podem ser avaliados em moeda. Os bens e direitos constituem a parte positiva do Patrimônio, chamada Ativo e as obrigações representam a parte negativa do Patrimônio, chamada Passivo. 2.1 BENS Bens: São bens tudo o que possui valor econômico e que pode ser convertido em dinheiro, sendo utilizado na realização do objetivo principal de seu proprietário. São as coisas úteis, capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e das empresas. Os bens classificam-se em: bens materiais e imateriais. Bens materiais: são aqueles que possuem corpo, matéria. Por sua vez, dividem-se em: Bens móveis: os que podem ser removidos do seu lugar. Exemplos: mesas, veículos, computadores, estoque, etc. Bens imóveis: os que não podem ser deslocados de seu lugar. Exemplos: terrenos, edifícios, etc. Bens imateriais: são aqueles, embora considerados bens, não possuem corpo, não têm matéria. São determinados gastos que a empresa faz, os quais, pela sua natureza, devem ser considerados parte integrante do Patrimônio e, por esse motivo, são registrados pela Contabilidade como bens. Não há muita variedade. Os mais comuns são: Fundo de comércio: suponhamos que sua empresa (comércio de calçados) tenha decidido ampliar os negócios, abrindo uma filial. Para isso, comprou, à vista, por R$ 50.000,00, um imóvel onde estava instalada uma empresa concorrente. Vamos assumir que o antigo proprietário tenha cobrado R$ 30.000,00 pelo valor de mercado do imóvel, que era igual ao valor registrado nos livros contábeis da empresa, e R$ 20.000,00 pelo ponto comercial, ou seja, pela clientela que já estava formada. Nesse caso, a sua empresa registrará na contabilidade R$ 30.000,00 como bem material, com o título imóveis, e R$ 20.000,00 como bem imaterial, com o título de Fundo de Comércio. Marcas e Patentes: são valores gastos com o registro ou com a compra de uma marca (nome comercial ou industrial) ou de uma patente de invenção. 2.2 DIREITOS Direitos – é comum as empresas efetuam vendas de mercadorias a prazo. Quando uma empresa vende mercadorias a prazo, ela não recebe dinheiro no momento da venda, mas alguns dias depois, semanas ou até mesmo meses. Dessa forma, na venda de mercadorias a prazo, essa empresa passa a ter direito de receber do cliente o valor da respectiva venda no prazo determinado. Convém salientar que os direitos podem se organizar não só das vendas de mercadorias a prazo como também das vendas a prazo de outros bens ou serviços, ou em decorrência de outras transações, como aluguel de bens móveis ou imóveis, empréstimos de dinheiro efetuados a terceiros, etc. Esses direitos geralmente aparecem registrados nos livros contábeis de empresas, com o nome do elemento representativo do respectivo direito, seguido da expressão: a receber. Exemplos: ELEMENTOS EXPRESSÃO Duplicatas a Receber Promissórias a Receber Aluguéis a Receber 2.3 OBRIGAÇÕES É comum, também, as empresas efetuam compras de mercadorias a prazo. Quando uma empresa compra mercadorias a prazo, ela não paga o valor das mercadorias no momento da compra, mas alguns dias depois, semanas ou até mesmo meses. Desta forma, na compra de mercadorias a prazo, essa empresa cria uma obrigação de pagar ao fornecedor o valor da respectiva compra no prazo determinado. Convém salientar que as obrigações podem se organizar não só das compras de mercadorias a prazo como também das compras a prazo de outros bens e serviços, ou em decorrência de outras transações, como aluguel de bens móveis ou imóveis, empréstimos de dinheiro captados de terceiros, etc. As obrigações geralmente aparecem registradas nos livros contábeis das empresas, com o nome do elemento representativo da respectiva obrigação, seguido da expressão: a pagar. Exemplos: ELEMENTOS EXPRESSÃO Duplicatas a Pagar Promissórias a Pagar Aluguéis a Pagar Salários a Pagar Impostos a Pagar 2.4 ASPECTO QUALITATIVO E QUANTITATIVO DO PATRIMÔNIO A contabilidade estuda o patrimônio nos seus aspectos qualitativos e quantitativos. O aspecto qualitativo refere-se á expressão dos componentes patrimoniais segundo a natureza de cada um. Bens: Dinheiro Veículo Máquinas Direitos: Duplicatas a pagar Promissórias a pagar Obrigações: Duplicatas a pagar Impostos a pagar Trata do detalhamento desses componentes, segundo a sua espécie. O aspecto quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em termos monetários. Bens: Dinheiro.........5.000 Veículo.........50.000 Máquinas......10.000 Direitos: Duplicatas a pagar.......3.000 Promissórias a pagar....2.000 Obrigações: Duplicatas a pagar........8.000 Impostos a pagar.................500 Finalmente, depois de ressaltar os aspectos qualitativo e quantitativo, ficou mais fácil avaliar o tamanho do Patrimônio da empresa, pois agora você conhece o que e quanto a empresa possui em Bens, Direitos e Obrigações. 2.5 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO PATRIMÔNIO Podemos representar o patrimônio por um gráfico em forma de T. O lado esquerdo do gráfico é chamado de lado positivo, pois os Bens e os Direitos representam a parte positiva do Patrimônio da empresa (é o que a empresa tem efetivamente – Bens e o que ela tem a receber – Direitos). O lado direito é chamado de lado negativo, pois as Obrigações representam a parte negativa do Patrimônio da empresa (é o que a empresa tem a pagar). Os elementos positivos são denominados componentes Ativos, e o seu conjunto forma o Ativo. Os elementos negativos são denominados componentes Passivos, e o seu conjunto forma Passivo. Veja: PATRIMÔNIO Ativo Passivo Bens Direitos Obrigações 2.6 EQUAÇÃO PATRIMONIAL O gráfico em T, quando utilizado para representar a situação patrimonial de uma empresa, denomina-se Balanço Patrimonial. Para que o Balanço Patrimonial reflita adequadamente a situação econômica e financeira da empresa, o total do lado do Ativo tem de ser igual ao total do lado do Passivo. ___Ativo = Passivo (bens + direitos) (obrigações) Na prática, entretanto, nem sempre a soma de bens e direitos tem o mesmo tamanho das obrigações. Assim, a diferença entre o Ativo (bens e direitos) e o Passivo (obrigações), denominada Situação Líquido, será colocada no gráfico sempre no lado Passivo, como se fosse um peso no prato da balança, para manter o equilíbrio entre os dois lados. ATIVO = PASSIVO +/- SITUAÇÃO LÍQUIDA 2.7 PATRIMÔNIO LÍQUIDO O patrimônio líquido é o mesmo que Situação Líquida. Embora sejam duas expressões utilizadas como sinônimos, nos meios contábeis há momento em que o uso de uma é mais adequado que o da outra. A lei nº 6.404/76, em seu artigo 178, estabelece que no Balanço as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, em Ativo e Passivo. No Ativo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: Ativo Circulante; e Ativo Não Circulante, composto por Ativo Realizável a Longo Prazo, Investimentos, imobilizado e Intangível. No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: Passivo Circulante; Passivo Não Circulante; e Patrimônio Líquido, dividido em capital Social, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Ajustes de Avaliação Patrimonial, Ações em Tesouraria e Prejuízos Acumulados. Assim,quando elabora o Balanço Patrimonial, não pode denominar “Situação Líquida” o grupo de contas representa o capital próprio da empresa, pois, segundo a Lei nº 6.404/76, deve receber a denominação de Patrimônio Líquido. 2.8 ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS Ao observar um Balanço Patrimonial, você pode visualizar o total de recursos que a empresa obteve e que estão à sua disposição. O lado do Passivo mostra onde a empresa conseguiu esses recursos; o lado do Ativo, onde ela aplicou os referidos recursos. Veja Melhor: Origem dos recursos No lado do Passivo, como você já sabe, são representados dois grupos de elementos patrimoniais: Obrigações: correspondem à parte do Patrimônio que a empresa deve a terceiros. Por isso, são também chamadas de Capitais de Terceiros. No desenvolvimento normal de suas atividades, uma empresa efetua diariamente uma série de operações que poderão acarretar Obrigações, as quais serão representadas por Duplicatas a Pagar, promissórias a pagar, etc. Essas Obrigações terão de ser pagar a fornecedores, empregados, Governo, bancos, etc. Patrimônio Líquido: é a parte do Patrimônio que pertence ao proprietário da empresa. São os Capitais Próprios, que podem se originar de duas fontes: A) Recursos do Proprietário: é o caso do Capital Inicial e dos aumentos posteriores, quando esses aumentos forem efetuados com recursos do proprietário, oriundo de fora da empresa. B) Evolução normal da empresa: a gestão do patrimônio gera acréscimos no Patrimônio Líquido, em decorrência dos lucros apurados. Ativo: aplicação dos recursos Os Capitais Próprios e de Terceiro, cujas origens são demonstradas mediante os elementos que compõem o Passivo, são aplicados na empresa em Bens e Direitos, conforme mostram os elementos que compõem o Ativo. Portanto, os recursos que a empresa utilizou para ter no Ativo os Bens e os Direitos forma obtidos conforme mostram os elementos do Passivo. RESUMINDO: Passivo (origem dos recursos) Obrigações = Capital de Terceiros Patrimônio Líquido = Capitais Próprios Ativo (aplicações dos recursos) Bens Direitos 3. CONTAS Conta é o nome técnico que identifica um componente Patrimonial (bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido) ou um componente de Resultado (despesas e receitas). Todos os acontecimentos que fazem parte do dia a dia da empresa, responsáveis pela gestão do patrimônio – como compras, vendas, pagamentos, recebimentos, etc. - ,são registradas pela contabilidade por meio de contas. Assim, toda movimentação de dinheiro (entrada e saída) efetuada dentro da empresa é registrada em uma conta denominada Caixa; os objetivos comercializados pela empresa são registrados em uma conta denominada Mercadorias, os Bens de uso da empresa são registrados em contas que evidenciam a espécie do respectivo Bem, como Móveis e Utensílios, Computadores, Veículos, e assim por diante. 3.1 CLASSIFICAÇÕA DAS CONTAS As contas podem ser classificadas em dois grupos: Contas patrimoniais; e Contas de resultado (teoria patrimonial). Conta Patrimonial As Contas patrimoniais são as que representam os elementos componentes do patrimônio. Dividem-se em Ativas (representativas dos Bens e dos Direitos) e Passivos (representativas das Obrigações e do Patrimônio Líquido) e são elas que representam o Patrimônio da empresa num dado momento, mediante o Balanço Patrimonial. Veja: BALANÇO PATRIMONIAL Ativo Passivo Bens Caixa Veículo Direitos Duplicatas a Receber Promissórias a Receber Obrigações Fornecedores Duplicatas a Pagar Patrimônio Líquido Capital Lucro Acumulado Contas Resultado As Contas de Resultado são as que representam as variações patrimoniais. Dividem-se em contas de despesas e contas de receitas. Aparecem durante o exercício social, encerrando-se no final de tal exercício. Não fazem parte do Balanço Patrimonial, mas é por meio delas que sabemos se a empresa apresentou lucro ou prejuízo em suas atividades. Despesas: As despesas decorrem do consumo de Bens e da utilização de serviços. Por exemplo: a energia elétrica consumida, os materiais de limpeza consumidos, material de expediente consumidos, etc. As despesas são registradas pela Contabilidade por meio das Contas de Resultado. Exemplos de Contas de Despesas, veja: Água e Esgoto Aluguéis Passivos Descontos Concedidos Juros Passivos Energia Frete Salários Receitas As Receitas decorrem da venda de bens e da prestação de serviços. Há um número menos de receitas que de despesas, sendo as mais comuns representadas pelas seguintes: Aluguéis Ativos Descontos Obtidos Juros Ativos Receitas de Serviços Há contas de Resultado que podem aparecer tanto no grupo das Despesas quanto no grupo das Receitas. É o caso de aluguéis, juros e dos descontos. Como saber quando tais contas representam Despesas e quando representam Receitas? Na Língua Portuguesa, há palavras que possuem vários significados, dependendo da sua colocação. Veja a diferença entre uma conta de aluguel que representa despesas e que representa receita: A conta Aluguel Passivo é Despesa A conta Aluguel Ativo é Receita A conta Juros Passivos é Despesa A conta Juros Ativos é Receita No caso de Descontos, são Despesas quando concedidos pela empresa; daí serem registrados na conta Descontos Concedidos. E são receitas quando obtidos pela empresa; daí serem registrados na conta Desconto Obtidos. Função das Contas Função é a missão da conta, a razão de sua existência, para que ela serve. As contas exercem papel de grande importância no processo contábil. Por meio delas a contabilidade controla a movimentação de todos os componentes patrimoniais (contas patrimoniais), extrapatrimoniais (contas de compensação) e das variações do Patrimônio Líquido (contas de resultado). Usando as contas, a contabilidade atinge sua principal finalidade: suprir os usuários de informações acerca do patrimônio e de suas variações. 3.2 NOÇÕES DE DÉBITO E CRÉDITO Mais um alerta para não confundir termos da linguagem comum, quando usados na terminologia contábil. Débito: na linguagem comum, significa: Dívidas; Situação negativa; Estar em débito com alguém; Estar devendo para alguém, etc. Quando falamos na palavra débito, procure não ligar o seu significado do ponto de vista técnico com o que ela representa na linguagem comum. Na terminologia contábil, essa palavra tem vários significados, os quais raramente correspondem aos da linguagem comum. Neste tópico é importante memorizar o seguinte: a) Na representação gráfica em forma de T, que estamos usando para representar as contas que compõem o Patrimônio (Balanço Patrimonial), o lado esquerdo é o lado do Débito. b) Na representação gráfica, também em forma de T, que vamos usar para representar as Contas de Resultado, o lado esquerdo é o lado do Débito. Crédito: na linguagem comum, significa: Ter crédito com alguém, em uma loja, etc; Situação Positiva; Poder comprar a prazo, etc. Na terminologia contábil, palavra crédito também possui vários significados. As mesmas observações que fizemos para a palavra débito aplicam-se à palavra crédito. Portanto, neste momento é importante memorizar: a) Na representação gráfica em forma de T, que estamos usando para representar as contas que compõem o patrimônio (Balanço Patrimonial),o lado direito é o lado do crédito. b) Na representação gráfica, também em forma de T, que vamos usar para representar as Contas de Resultado, o lado direito é o lado do crédito. CONTA PATRIMONIAL ATIVO = DÉBITO PASSIVO = CRÉDITO Bens ( + ) Obrigações ( - ) Direitos ( + ) Patrimônio Líquido ( + ou - ) CONTAS DE RESULTADO DÉBITO CRÉDITO Despesas ( - ) Receitas ( + ) Nesses gráficos, o contabilista controlará a movimentação de cada elemento, registrando seus aumentos (ingressos, entradas, compras) e as diminuições (saídas, vendas). Para facilitar o conhecimento, vamos pensar em uma conta que identifique um elemento representativo de Bem material: a conta Caixa. A quantidade de dinheiro existente no caixa aumenta pelas entradas de numerários e diminui pelas saídas deles. Esse é o fundamento do controle de cada conta: aumento (entrada) e diminuição (saída). Pois bem: o controle da conta Caixa é feito mediante o registro das entradas e das saídas de dinheiro. A contabilidade utiliza o gráfico em T para controlar o movimento de cada conta, propositalmente, porque ele tem dois lados: de um lado serão registradas as entradas e do outro, as saídas. Estabeleceu-se, ainda, considerar as contas do Ativo e as contas de despesas como sendo de natureza devedora; e as contas do Passivo, bem como as contas de receitas, sendo de natureza credora. Resumindo: Entradas de dinheiro no caixa = débitos da conta caixa (lança-se no lado esquerdo do gráfico) Saídas de dinheiro do caixa = créditos da conta caixa (lança-se no lado direito do gráfico) As contas de natureza devedora são contas que possuem saldos de natureza devedora, ficará mais fácil entender o mecanismo do débito e do crédito das contas, isto é: a) As contas com saldos de natureza devedora serão debitadas sempre que ocorrer entradas de valores nas respectivas contas, ou seja, serão debitadas para registrar os aumentos em seus saldos; da mesma forma essas contas serão creditadas para registrar saídas de valores, ou seja, diminuições em seus saldos; b) As contas com saldos de natureza credora serão creditadas sempre que ocorrer entradas de valores nas respectivas contas, ou seja, serão creditadas para registrar os aumentos em seus saldos; da mesma forma essas contas serão debitadas para registrar saídas de valores, ou seja, diminuições em seus saldos. Finalmente, as palavras “débito” e ‘crédito” em contabilidade, considerando o enfoque do presente item, podem ser consideradas sinônimas de aumento e diminuição dos saldos das contas. No entanto, é preciso cautela: para as contas de natureza devedora, a palavra “débito” representa aumento do saldo e a palavra “crédito” representa diminuição do saldo; por outro lado, para as contas de natureza credora, o raciocínio é o inverso: “débito” representa diminuição do saldo e “crédito” representa aumento do saldo. 4. ATOS E FATOS ADMINISTRATIVOS O patrimônio das empresas está em constante movimento, por causa dos acontecimentos que ocorrem diariamente. Esses acontecimentos podem ser divididos em dois grupos: Atos administrativos, e Fatos administrativos. Atos administrativos São os acontecimentos que ocorrem na empresa e não provocam alterações no Patrimônio. Por exemplo: admissão de empego, assinatura de contratos de compra e venda, assinatura de contratos de seguro, finanças em favor de terceiros, etc. Por não provocarem modificações no patrimônio, os atos administrativos não são objetos de contabilização. Entretanto, alguns deles, considerados relevantes, tendo em vista que seus efeitos podem se traduzir em modificações futuras no patrimônio da empresa, deverão ser contabilizados por meio das contas de compensação. Remessas de bens a terceiros para industrialização e conserto ou como empréstimos; Recebimento de bens de terceiro para industrialização e conserto ou como empréstimos; Remessa de títulos ao banco para cobrança simples; Fatos administrativos São os acontecimento que ocorrem na empresa e que provocam modificações no patrimônio, sendo, portanto, objeto de contabilização por meio das contas patrimoniais ou das contas de resultados, podendo ou não alterar o Patrimônio Líquido (situação líquida). Podem ser classificadas em três grupos: a) Permutativos – representam permutas (trocas) entre elementos ativos, passivos ou entre ambos simultaneamente, sem provocar as variações no Patrimônio Líquido; b) Modificativos – provocam variações (modificações) no Patrimônio Líquido; c) Mistos – envolvem, ao mesmo tempo, um fato permutativo e modificativo. 5. ESCRITURAÇÃO Escrituração é uma técnica contábil que consiste em registrar nos livros próprios (diário, razão, caixa, etc) todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial. Segundo estabelece o artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002), todas as empresas (sejam elas caracterizadas como empresário – antiga empresa individual – ou como sociedade empresária) estão obrigadas a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva. 5.1 LIVROS UTILIZADOS NA ESCRITURAÇÃO Os principais livros utilizados pela contabilidade são o Diário e o Razão. Esses dois livros são obrigatórios. A contabilidade utiliza, ainda, livros auxiliares que podem servir de suporte para a escrituração do Diário e do Razão. São exemplos, o Caixa, Contas correntes, contas a receber, contas a pagar, etc. As empresas podem utilizar, ainda, livros exigidos pela legislação societária, fiscal, trabalhista e previdenciária. São livros obrigatórios em decorrência da forma jurídica, do ramo de atividade ou por outro motivo definido em Lei. Alguns deles também podem ser utilizados como auxiliares do Diário e do Razão, como ocorre com o livro de Registro de Entradas, Registro de Saídas, Registro de Inventário, Registro de Empregados, Ponto, etc. O Diário é um livro obrigatório. Nele são lançadas, com individualização, clareza e indicação do documento comprobatória, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todos os acontecimentos que ocorrem na empresa e que provocam modificações no patrimônio. O Razão é um livro de grande utilidade para a Contabilidade porque nele é registrado o movimento individualizado de todas as contas. O livro Caixa também é auxiliar. Nele são registrados todos os fatos administrativos que envolvam entradas e saídas de dinheiro. 5.2 MÉTODOS DE ESCRITURAÇÃO Método das partidas simples Consiste no registro de operações específicas envolvendo o controle de um só elemento. No livro Caixa, por exemplo, os eventos são registrados visando apenas ao controle do dinheiro, sem a preocupação de controlar outros elementos patrimoniais ou até mesmo de se evidenciar o lucro ou prejuízo decorrente das respectivas transações. Outro exemplo de registro pelo método das partidas simples ocorre com o Livro de Contas a Pagar, no qual só interessa o controle específico das obrigações. Método das Partidas Dobradas De uso universal, esse método foi apresentado pela primeira vez pelo frade Francisco Luca Pacioli, na cidade de Veneza . Sua adoção permite o controle de todos os componentes patrimoniais bem como das variações do Patrimônio Líquido, que poderão resultar em lucro ou prejuízo. O princípio fundamental do método é o de que não há devedor sem que haja credor, correspondendoa cada débito um crédito de igual valor. Por meio desse método, os eventos são registrados inicialmente no Livro Diário e, posteriormente, no Livro Razão. 5.3 LANÇAMENTOS Lançamentos é o meio pelo qual se processa a escrituração. É a forma contábil de se processar o registro dos fatos no Livro Diário. Como elaborar o lançamento Na vida prática, ao deparar-se com um evento a ser contabilizado no Livro Diário, o contabilista precisa registrá-lo obedecendo a uma determinada disposição técnica. Por isso, apresentamos os cinco elementos essenciais do lançamento. Para isso é preciso seguir os cinco passos: Primeiro – identificar o local e a data da ocorrência do fato. Segundo – Verificar que documento foi emitido para comprovar à operação. Terceiro – Identificar, no fato, os elementos envolvidos. Quarto – Identificar as contas que serão utilizadas para registrar os elementos envolvidos no fato. Quinto – Identificar que conta será debitada e que conta será creditada. Após identificadas as contas que utilizaremos para registrar os elementos envolvidos no fato em questão, precisando saber qual delas será debitada e qual será creditada. Exemplo: compra de uma motocicleta, marca Lunar, da Casa Estrela, conforme Nota Fiscal nº 5.390, no valor de R$ 5.000, nas seguintes condições: a) Pagamento, no ato, de R$ 3.000, em dinheiro, como entrada; b) O restante será pago após 30 dias, conforme aceite da Duplicata nº 0001. Assim temos: ELEMENTOS CONTAS VALOR D/C Motocicleta Veículo 5.000 D Dinheiro Caixa 3.000 C Duplicatas Duplicatas a Pagar 2.000 C Quando nós pagamos juros (Despesas) Exemplo: pagamento da Duplicata, no valor de 1.000, com 2% de juros pelo atraso. O pagamento foi feito em dinheiro. ELEMENTOS CONTAS VALOR D/C Duplicatas Duplicatas a Pagar 1.000 D Juro Juros Passivos 20 D Dinheiro Caixa 1.020 C Quando nós recebemos os juros (Receita) Exemplo: Recebimento da Duplicata, no valor de R$ 1.000, com 5% de juros pelo atraso. ELEMENTOS CONTAS VALOR D/C Duplicatas Duplicatas a Receber 1.000 C Juro Juros Ativos 50 C Dinheiro Caixa 1.050 D Quando nós ganhamos o Desconto (Receita) Exemplo: pagamento, em dinheiro, no valor de R$ 5.000, com 10% de desconto. ELEMENTOS CONTAS VALOR D/C Duplicatas Duplicatas a Pagar 5.000 D Desconto Desconto Obtido 500 C Dinheiro Caixa 4.500 C Quando nós oferecemos o Desconto (Despesas) Exemplo: recebimento, em dinheiro, correspondente à Duplicata, no valor de R$ 5.000, com 10% de desconto. ELEMENTOS CONTAS VALOR D/C Duplicatas Duplicatas a Receber 5.000 C Desconto Desconto Concedido 500 D Dinheiro Caixa 4.500 D Para isso, você poderá escolher uma das seguintes opções: Primeira opção: adotaremos essa opção, o raciocínio do débito e do crédito torna-se simples, ou seja, identificar a aplicação de recursos e a origem de recursos. Segunda opção: aumento ou diminuição do saldo da conta. 6. RAZONETE E BALANCETE Também denominado gráfico em T ou conta em T, o Razonete nada mais é do que uma versão simplificada do Livro Razão. Entre os quatro principais livros utilizados pela contabilidade (Diária, razão, Caixa e Contas Correntes), o razão é o mais importante sob o ponto de vista contábil, pois por meio dele se controla separadamente o movimento de cada conta. O controle individualizado das contas é importante para se conhecer os seus saldos, possibilitando a apuração de resultados e a elaboração de demonstrações contábeis, como o Balancete de Verificação do Razão, o Balanço patrimonial e muitas outras. Esse mesmo gráfico em T, que é utilizado para representar o Balanço Patrimonial, será agora empregado para o controle individualizado de cada conta. Veja um modelo de Razonete: RAZONETE Débito Crédito Este é o modelo de Razonete. No lado esquerdo, lado do débito, devem ser lançadas todas as importâncias que representam entradas, no lado direito, lado do crédito, devem ser lançadas todas as importâncias que representarem saídas. Exemplo Prático Escriturar no Diário e nos Razonetes os seguintes eventos: 1. Investimento inicial, em dinheiro: R$ 600 2. Compra de um Veículo, à vista: R$ 400 3. Depósito efetuado no Banco do Brasil S/A: R$ 50 Solução: a) Lançamentos de diário (1) Credita: capital 600 Debita: caixa 600 (2) Credita: caixa 400 Debita: veículo 400 (3) Credita: caixa 50 Debita: banco 50 b) Razonte CAIXA (1) 600 (2) 400 (3) 50 TOTAL - 450 CAPITAL (1) 600 VEÍCULO (2) 400 BANCO (3) 50 Devem ser utilizados tantos Razonetes em T quantas forem as contas utilizadas na escrituração do Diário. Observe que lançamentos os valores no débito ou no crédito de cada conta em seu respectivo Razonete, conforme esteja debitada ou creditada no Diário. Para facilitar a identificação da origem dos valores lançados nos Razonetes, colocamos à esquerda de cada um, entre parênteses, o número do lançamento do Diário de onde foi extraído Após elaboramos os Razonetes, somamos os movimentos de cada conta. c) Saldo da Conta Saldo da conta é a diferença entre o total dos valores lançados a débito e o total dos valores a crédito na referida conta. Esse saldo será devedor quando o total dos valores lançados a débito for superior ao total dos valores lançados a crédito na mesma conta; por outro lado, o saldo será credor quando o total dos valores lançados a crédito for superior ao total dos valores lançados a débito na mesma conta. Veja: CAIXA (1) 600 Total 600 (2) 400 (3) 50 Total 450 Observe que o lado do débito totalizou 600 e o lado do crédito, 450. Faremos: Total do débito.................................................600 ( - ) Total do Crédito..........................................450 ( = ) Saldo.........................................................150 Neste caso, como o débito superou o crédito, o saldo é devedor e deverá ser colocado no Razonete abaixo dos totais, no lado correspondente ao débito. Veja, então, como ficará o Razonete com o respectivo saldo indicado: CAIXA (1) 600 (2) 400 (3) 50 Total 600 Total 450 Saldo 150 Balancete é uma relação de contas extraídas do Livro Razão (ou dos Razonetes), com seus respectivos saldos devedores e credores. Os balancetes podem diferir uns dos outros com relação ao número de colunas utilizadas: uns poderão conter apenas duas colunas, sendo uma destinada aos saldos devedores e outra aos saldos credores; outros poderão conter colunas destinadas ao movimento (total do débito e do crédito de cada conta) ou até mesmo para se lançar valores dos lançamentos de ajustes, conforme o interesse do contabilista. Veja como é fácil elaborar um Balancete de verificação, partindo dos Razonetes abaixo: IMÓVEIS DÉBITO CRÉDITO 4.000 20.000 TOTAL 24.000 VEÍCULO DÉBITO CRÉDITO 2.000 3.000 TOTAL 5.000 MÓVEIS E UTENSÍLIOS DÉBITO CRÉDITO 1.000 4.000 TOTAL 5.000 DUPLICATAS A PAGAR DÉBITO CRÉDITO 3.000 4.000 SALDO 1.000 ESTOQUE DÉBITO CRÉDITO 3.500 1.500 2.000 SALDO 3.000 CAIXADÉBITO CRÉDITO 1.000 2.000 3.000 1.500 SALDO 4.500 IMPOSTOS DÉBITO CRÉDITO 1.500 7.000 1.000 8.000 SALDO 6.500 CAPITAL DÉBITO CRÉDITO 3.000 FORNECEDORES DÉBITO CRÉDITO 4.000 BALANCETE DE VERIFICAÇÃO CONTAS SALDO DEVEDOR CREDOR 1. Imóveis 2. Veículo 3. Móveis e Utensílios 4. Duplicatas a pagar 5. Estoque 6. Caixa 7. Impostos 8. Capital 9. Fornecedores Total 24.000 5.000 5.000 - 3.000 4.500 - - - 41.500 - - - 1.000 - - 6.500 30.000 4.000 41.500 Note que, do Balancete apresentado, fizemos constar todas as contas que figuram nos Razonetes, com seus respectivos saldos transcritos. A soma da coluna do saldo devedor tem de ser igual à soma da coluna do Saldo Credor, porque os fatos contábeis são registrados no Livro Diário pelo método das partidas dobradas, cujo princípio fundamental estabelece que, na escrituração, a cada débito deve corresponder um crédito de igual valor. Assim, ao relacionarmos em um Balancete todas as contas utilizadas pela contabilidade de uma empresa, com seus respectivos saldos devedores e credores, a soma da coluna do débito terá de ser igual à soma da coluna do crédito. 7. APURAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO Apurar o Resultado do Exercício consiste em verificar, por meio das Contas de Resultado (despesas e receitas), se a movimentação do Patrimônio da empresa apresentou lucro ou prejuízo durante o exercício social. A apuração simplificada do Resultado do Exercício de uma empresa de prestação de serviços pode ser resumida em uma única operação: confronto das Receitas com as Despesas. A diferença será lucro (quando as receitas superarem as despesas) ou prejuízo (quando as despesas superarem as receitas). 7.1 ROTEIRO PARA APURAÇÃO DO RESULTADO Agora você conhecerá a sequência ideal dos procedimentos que devem ser tomados para se apurar o Resultado do Exercício de uma empresa de prestação de serviços. ROTEIRO 1. Elaborar um balancete de Verificação composto por contas cujos saldos serão extraídos do Livro razão ou dos razonetes. 2. Transferir os saldos das Contas de Despesas para a conta transitória Resultado do Exercício. 3. Transferir os saldos das Contas de receitas também para a conta transitória Resultado do Exercício. 4. Apurar – no livro Razão ou no Razonete – o saldo da Conta Resultado do Exercício. A conta Resultado do Exercício receberá, a seu débito, os saldos das Contas de Despesas e, a seu crédito, os saldos das Contas de Receitas. Logo, se o saldo desta conta for devedor, o Resultado do Exercício corresponderá a prejuízos; se o saldo for credor, o Resultado do Exercício corresponderá a lucro. 5. Transferir o resultado da conta Resultado do Exercício para a conta Lucros Acumulados, se for lucro, ou para conta Prejuízos Acumulados, se for prejuízos. Essas contas são patrimoniais, do grupo do Patrimônio Líquido. 6. Levantamento o Balanço Patrimonial. 7. Transcrever o Balanço Patrimonial no livro Diário. 7.2 PROCEDIMENTOS E CONTABILIZAÇÃO Exemplo prático Suponhamos que uma empresa de prestação de serviços tenha encerrado seus registros contábeis relativos ao exercício x3 e que, em 31 de dezembro, no livro Razão, constavam as seguintes contas com seus respectivos saldos: RAZONETES CAIXA 10.000 CONTAS A PAGAR 5.000 IMPOSTOS 1.000 RECEITAS DE SERVIÇOS 3.500 MÓVEIS 3.000 CAPITAL 6.000 ALUGUÉIS PASSIVOS 500 BALANCETE DE VERIFICAÇÃO CONTAS SALDO DEVEDOR CREDOR 1. Caixa 2. Móveis e Utensílios 3. Contas a Pagar 4. Capital 5. Impostos 6. Aluguel Passivo 7. Receita de Serviço Total 10.000 3.000 - - 1.000 500 - 14.500 - - 5.000 6.000 - - 3.500 14.500 A conta Resultado do Exercício é transitório e não foi utilizada durante o ano para o registro das operações normais da empresa. É esta conta que possibilita a apuração do Resultado do Exercício. Para fazermos essa apuração, precisamos transferir para a conta transitória os saldos de todas as Contas de Despesas, bem como os saldos de todas as Contas de receitas. Neste momento, vamos exemplificar a transferência dos saldos das Contas de Despesas e contas de Receitas. No livro Razão (Razonetes) da empresa em questão, constam apenas duas Contas de Despesas e duas contas de receitas, que são: IMPOSTOS 1.000 ALUGUÉIS PASSIVOS 500 RECEITAS DE SERVIÇOS 3.500 Vamos, inicialmente transferir o saldo da conta Impostos para a conta Impostos para a conta Resultado do Exercício. O que significa transferir o saldo de uma conta? Transferir o saldo de uma conta para outas, ou seja, de um Razonete para outro, significa zerar o saldo da conta de origem (no Razonete do qual foi transferido) e lançar o respectivo valor da conta de destino (no razonete para o qual foi transferido), sendo que este valor deverá ficar no razonete da conta de destino, na mesma posição em que era mantido no Razonete da conta de origem. Assim, se o valor na conta de origem estiver no débito, ele deverá ficar no débito da conta de destino; se estiver no crédito na conta de origem, deverá ficar no crédito da conta de destino. Agora, vamos transferir os valores das despesas e depois registrá-lo nos Razonetes: (1) Creditar: impostos 1.000 Debitar: ARE 1.000 (2) Creditar: aluguel 500 Debitar: ARE 500 IMPOSTOS 1.000 (1) 1.000 ALUGUÉIS PASSIVOS 500 (2) 500 Agora, vamos transferir os valores das receitas e depois registrá-lo nos Razonetes: (3) Debitar: receitas de serviços 3.500 Creditar: ARE 3.500 RECEITAS DE SERVIÇOS 3.500 RESULTADO DO EXERCÍCIO (1) 1.000 (2) 500 SOMA 1.500 (3) 3.500 SALDO 2.000 Agora, vamos transferir o resultado da conta Resultado do Exercício para a conta Lucros Acumulados. (4) Creditar: lucros acumulados 2.000 Debitar: ARE 2.000 RESULTADO DO EXERCÍCIO (1) 1.000 (2) 500 SOMA 1.500 (3) 3.500 (4) 2.000 SALDO 2.000 LUCRO ACUMULADO (4) 2.000 8. CONCEITO, ESTRUTURA E MODELO DO BALANÇO PATRIMONIAL O Balanço Patrimonial é a demonstração financeira (contábil) destinada a evidenciar, quantitativamente, numa determinada data, a posição patrimonial e financeira da empresa. Deve compreender todos os Bens, Direitos (ativo), as Obrigações (passivo) e o Patrimônio Líquido da entidade de uma determinada data. O Balanço Patrimonial é composto por duas partes: Ativo e Passivo. Tradicionalmente, o Balanço Patrimonial é apresentado em um gráfico em forma de T. O Balanço Patrimonial representado no gráfico em forma de T, o lado direito (lado do Passivo, composto por obrigações e Patrimônio Líquido) revela a origem dos recursos (capitais) totais que a empresa tem à sua disposição e que estão aplicados no patrimônio. O ativo revela a aplicação desses recursos (capitais) totais, isto é, mostra onde a empresa investiu todo o capital (próprio e de terceiros) que tem à sua disposição. Ativo Circulante – é composto pelos bens e pelos direitos que estão frequente circulação no Patrimônio. È o capital de giro da empresa. Representam o ativo circulante:caixa, banco, aplicações financeiras, estoques, clientes até 12 meses, etc. Ativo Não Circulante – é dividido em realizável em longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. Passivo Circulante – são classificadas as contas representativas das obrigações cujos vencimentos ocorram durante o exercício seguinte. Esse grupo poderá conter subdivisões, de acordo com a natureza de cada obrigação, como: fornecedores, empréstimos e financiamento, obrigações tributárias, obrigações trabalhistas, etc. Passivo não Circulante – nesse grupo podem figurar as mesmas contas representativas de obrigações classificadas no Passivo Circulante, com seus respectivos subgrupos, porém vencíveis após o término do exercício social seguinte (acima de 12 meses). Patrimônio Líquido – é a parte do Balanço Patrimonial que corresponde aos capitais próprios, são classificadas da seguinte maneira: capital social, reserva de capital, reservas de lucros, ações em tesouraria, etc. Agora, vamos levantar o balanço patrimonial e veja, finalmente, como ficará o Balanço Patrimonial da empresa deste nosso exemplo prático: BALANÇO PATRIMONIAL Ativo circulante Caixa....................................10.000 Ativo Não Circulante Móveis e Utensílios ............3.000 Total do Ativo .....................13.000 Passivo Circulante Contas a Pagar................5.000 Patrimônio líquido Capital.............................6.000 Lucros Acumulados........2.000 Total do Passivo................13.000 FINANÇAS – Introdução à Contabilidade Hino Nacional Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Hino do Estado do Ceará Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!