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GUIA 5- custo na pecuária CONTABILIDADE RURAL 1.Introducao Uma das preocupações da pecuária, trata dos controles dos custos de suas operações, principalmente porque o giro de seu estoque pode levar em média de três a quatro anos. Desta forma, neste guia iremos observar a mensuração de custos na pecuária. 1.1 Conceito Nas atividades da pecuária, no que se refere à contabilização de custos do rebanho podemos utilizar duas metodologias, podemos inventariar pelo preço real, classificado por alguns autores como método de custos, ou pelo preço corrente, classificado como método mercado ou valor justo. O método de custo irá assemelhar-se aos custos controlados em uma indústria: todo o custo da formação do rebanho e acumulado ao plantel e destacado no estoque (Ativos Biológicos), por ocasião da venda, realiza-se a baixa do estoque e debita o custo do gado vendido, desta forma, apuração do lucro apenas ocorre no momento da venda. O método de mercado ou valor justo, neste critério considera-se o preço de mercado do plantel que normalmente e maior que o custo, reconhece o ganho econômico anualmente, em virtude do desenvolvimento natural do rebanho. Nesta metodologia o gado fica destacado no estoque-Ativos Biológicos pelo seu custo de mercado e não de aquisição, e no resultado e reconhecido o ganho econômico do período, realizando a análise entre o período atual e anterior, conforme mencionamos em aulas anteriores denomina-se ganho econômico porque uma não ocorreu a entrada de dinheiro, mas sim, a valorização do rebanho. Iremos a seguir demonstrar por meio de um exemplo a diferenciação ambos os métodos. A fazenda “Luz da Manhã” possui em seu estoque, no início de 20x1, dez cabeças de gado registradas a R$ 900,00 totalizando R$ 9.000,00. Durante o ano de 20x1 nada se vendeu nada se comprou em termos de rebanho bovino. Constatou-se que durante esse ano um custo de manutenção de rebanho de R$ 10.600,00. O valor de mercado de cada cabeça no final do ano era de R$ 2.100,00 totalizando R$ 21.000,00. (Adaptado de Marion, 2014) Apresentação de ambos os métodos MÉTODO DE CUSTO Balanço Patrimonial DRE Ativo Circulante Nada se registra, pois não ocorreu venda do gado: portanto não se apura. Estoque Ativos Biológicos 9.000,00 Resultado *+ Custos Acumulados 10.600,00 Total 19.600,00 O crescimento biológico e o ganho de peso não são reconhecidos como GANHO ECONÔMICO MÉTODO A VALOR DE MERCADO Balanço Patrimonial DRE Ativo Circulante Estoque Variações Patrimoniais Líquidas. 12.000,00 Ativos Biológicos 9.000,00 Custo de Produção....................... -10.600,00 *+ Valorização 12.000,00 Lucro Econômico.......................... 1.400,00 Total 21.000,00 O crescimento biológico e o ganho de peso não são reconhecidos como GANHO ECONÔMICO 1.1 Custo histórico Conforme Amorin (2015), a contabilização pelo custo histórico irá causar alguns inconvenientes quanto à demonstração do valor dos estoques já que quando se há inflação, com o passar do tempo os itens ativados pelo valor de custo se distanciam dos seus valores correntes de mercado, prejudicando os relatórios contábeis; outro problema é que para a contabilidade rural, este método não reconhece o ganho econômico decorrente do crescimento do gado proporcionado pela natureza. Na busca de resolver este problema, uma técnica adotada poderá ser a apropriação dos custos do período para o gado contabilizado no estoque; desta forma, todos os custos (salários, alimentação do gado, exaustão da pastagem, depreciação dos reprodutores, cuidados veterinários, etc.) seriam periodicamente rateados em partes iguais para cada cabeça de gado. Outro detalhe é que o gado reprodutor, que também contribui para a formação destes custos, não receberá a parcela deste rateio, apenas o rebanho em formação é que receberá. (AMORIN,2015) Amorin(2014) aponta que no caso de morte de animais, existem duas possibilidades de ocorrerem – acidentais e aleatórias ou então normais e inerentes ao processo de criação; no primeiro caso, serão contabilizadas como perdas do período, indo diretamente para o resultado (não operacional). Já as mortes normais serão tratadas como custos normais – “custo do rebanho” e serão diluídas para todo o rebanho. Considerando que o ciclo dura em média quatro anos e que há muita movimentação (nascimento, morte, venda, abate, etc.) Segundo Marion(2014). Os ativos são incorporados a entidades pelo custo de aquisição ou pelo custo de fabricação, aqui observamos que deve ser incluído todos os gastos necessários para colocar o ativo em condições de gerar benefício para empresa. Alguns aspectos de custo histórico são evidenciados para justificar o uso do princípio. Objetividade: O custo histórico e uma medida impessoal, isto e, não depende de quem esteja avaliando os ativos; Verificabilidade: como decorrência do aspecto anterior, qualquer valor do ativo, por meio de exame a qualquer tempo e por qualquer pessoa, poderá ser verificável, constatando-se o mesmo valor (o que facilita o trabalho dos auditores); Realização do lucro: por meio desse princípio, reconhece-se somente o lucro realizado por negociação (venda), ou seja, não se reconhece o ganho econômico, como, por exemplo, a manutenção de estoque (ganho de estocagem). Quadro adaptado (Marion, 2014) Apesar das observações realizadas por AMORIN(2015), MARION (2014), que o custo histórico devido sua facilidade operacionalidade e amplamente utilizado pelos contadores e aceito pelos auditores. 1.2 Custo de Mercado Para uma ampliação da compreensão do custo de mercado ou valor justo, iremos abordar este tópico a luz dos esclarecimentos do Professor Amorin (2015). O fundamento principal deste método é o “regime de competência” e com relação às receitas incorridas, o momento ideal para seu reconhecimento é no exato momento de seu acontecimento, mesmo que não tenha sido realizada como é o caso das provisões. No caso de venda de mercadorias, não restam dúvidas de que o momento da contabilização será o momento da venda, agora, para o caso em que o ciclo operacional é longo, algumas receitas já ocorrem antes deste momento, como no caso do crescimento das plantações ou dos animais. (Amorin, 2015) Na contabilidade rural, o foco principal deste método está nos estoques que, ao final de certos períodos, serão reavaliados reconhecendo a receita já auferida, mesmo sem realização financeira, com o passar do tempo e o consequente crescimento com a valorização de tais estoques; o aumento de valor nestes estoques será contabilizado contra a conta “superveniências ativas” que afetarão diretamente na determinação do lucro do período. No entanto, simultaneamente ao aumento de valor de mercado dos estoques, não teremos as despesas com as vendas destes estoques (impostos, transportes, etc.); com isto, faz-se uma provisão para tais gastos ou então contabilizaremos a valorização pelo seu valor liquido destes gastos. (Amorin, 2015) Uma vez feita esta contabilização, basta que no momento da venda, faça a baixa do valor do estoque que já estará a valor de mercado, caso ainda existam distorções de valores para mais ou para menos, teremos lucros ou prejuízo com tal venda. De acordo com o citadoregime de competência, devem-se reconhecer as receitas no momento em que realmente ocorreram isto quer dizer que no caso de ciclos que durem em média quatro anos, não podemos afirmar que as receitas foram auferidas somente no quarto ano – ano da venda, mas em todos os quatro anos ocorreram receitas pela valorização dos ativos – estoques provocadas pelo seu crescimento natural, mesmo sem a sua realização financeira e a não observância deste procedimento iria afetar diretamente a apuração de resultados de todos os anos, nos primeiros não seriam contabilizados e então descarregados totalmente no último ano apurando um resultado muito diferente do que compete realmente àquele ano.(Amorin, 2015) Este fato de contabilização das receitas sem sua realização financeira traz alguns inconvenientes, dentre eles a distribuição (ou não) de dividendos; para não ter problemas quanto a isto, a empresa S/A deverá incluir em seu estatuto uma cláusula prevendo tal circunstancia e sua não disponibilização em forma de dividendos enquanto não houver a realização financeira. O referido autor ainda esclarece que outro possível problema seria com relação à obrigação de antecipar Imposto de Renda, neste caso, para as empresas que não tenham algum benefício fiscal, o RIR prevê que “os estoques de produtos agrícolas, animais e extrativos poderão ser avaliados aos preços correntes de mercado, conforme as práticas usuais em cada tipo de contabilidade”. Quanto ao momento correto para a avaliação do estoque, acontecem muitas particularidades e realidades – uma delas é o caso de empresas que planejam os nascimentos, aí fica fácil definir o ciclo operacional e também fazer a avaliação da idade do gado. Outro meio seria pela mudança de categoria: anual, semestral ou no encerramento do balanço. (Amorin, 2015). No caso de categoria anual, o bezerro seria avaliado no seu nascimento e em cada aniversário, no entanto, este critério não traz resultados muito efetivos já que em alguns casos o bezerro poderá fazer aniversário logo após o encerramento do balanço e então teria uma distorção nas informações. Para evitar grandes distorções, surge o critério de avaliação semestral que é amplamente usado, neste caso a única coisa que muda é o tempo de avaliação que passa a ser de seis meses, continuam existindo imperfeições com informações não tão exatas, mas é o método ideal. Amorin(2015) descrever que o ultimo critério – encerramento do balanço seria o ideal já que seriam feitas avaliações de todo o gado nesta data, mesmo que sejam apenas alguns meses, para isto teremos muito trabalho e um controle rígido, mas as informações contábeis não sofrerão distorções; neste caso, se faz avaliação mensal de todo o estoque de gado. Adotando este método, as receitas são reconhecidas a todo o momento e também as despesas o serão, isto quer dizer que a contabilização das despesas também será no resultado e não no ativo. Também os tributos incidentes sobre as vendas, que somente serão devidos no momento da emissão do documento fiscal de venda, deverão ser provisionados à medida que já forem reconhecidas as receitas, evitando distorções nos resultados. 2. Exercícios para ampliação do conhecimento 1. Em custo do rebanho há: (x) Salários de vaqueiro, sal, rações; ( ) Juros e correção monetária; ( ) Bezerros e novilhos; ( ) Custo do gado vendido. 2. São considerados ativos: ( ) Salários de vaqueiro, sal, rações; ( ) Juros e correção monetária; (x) Bezerros e novilhos; ( ) Custo do rebanho. 3. Como base para a apuração do lucro bruto na venda há: ( ) Salários de vaqueiro, sal, rações; ( ) Juros e correção monetária; ( ) Bezerros e novilhos; (x) Custo do gado vendido. 4. As mortes acidentais são tratadas como: ( ) Ativo; (x) Perdas do período; ( ) Passivo; ( ) Custo do Rebanho. 5. Os reprodutores matrizes são classificados no seguinte grupo de contas: (x) Estoque; ( ) Imobilizado; ( ) Todo o ativo; ( ) Passivo. 6. O plantel em crescimento será classificado em: (x) Estoque; ( ) Imobilizado; ( ) Todo o ativo; ( ) Passivo. 7. O princípio da realização da receita, como regra geral, prevê (para atividade rural): (x) Reconhecimento da receita na venda; ( ) Reconhecimento da receita na valoração do estoque; ( ) Reconhecimento da receita após a venda; ( ) Reconhecimento da receita no recebimento do dinheiro. 8. Como peculiaridade na pecuária tem-se: ( ) Ciclo operacional curto; (x) Crescimento natural; ( ) Estoque que não sobe de preço; ( ) Permanente baixo. 9. A avaliação a preço de mercado pode trazer problemas: ( ) No permanente; ( ) Nos estoques; ( x) Nos Dividendos e Imposto de Renda; ( ) No Balanço Patrimonial. 10. A confrontação da despesa está ligada ao principio: ( ) Do conservadorismo; ( ) Da relevância; ( ) Da consistência; (x) Da realização da receita. 11. Contabilizando-se bezerro ao valor de mercado como estoque, a contrapartida será: ( ) Caixa; ( ) Contas a pagar; (x) Variação patrimonial liquida; ( ) Imobilizado.