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Direito Ambiental / Aula 2 - Princípios Norteadores do Direito Ambiental
Princípios Norteadores do Direito Ambiental
Você conhece a origem do termo princípio?
Ele vem do latim principium e significa a ideia de começo, início, origem, ponto de partida, ou, ainda, a ideia de verdade primeira, que serve de fundamento ou de base para algo. Etimologicamente, princípio origina-se de principal, primeiro, demonstrando origem de algo, de uma ação ou de um conhecimento.
No Direito, os princípios são vetores, considerados os mandamentos, o alicerce de determinado sistema jurídico, influenciando todas as normas que o compõem, criando um sentido lógico, harmônico, racional e coerente. Deles se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a forma pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade.
Na conceituação de Celso Antônio Bandeira de Melo:
“é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele”. Constituem, as proposições primárias do direito, estão vinculados àqueles valores fundamentais de uma sociedade.
Para Luis Cláudio Martins de Araújo:
“princípios são normas jurídicas impositivas que traduzem os valores ou os conceitos básicos materiais da sociedade, superada a concepção que via nos Princípios simples diretivas teóricas”.
Princípios do Direito Ambiental
Por ser uma ciência autônoma, o Direito Ambiental é fundamentado por princípios próprios que regulam seus objetivos e diretrizes e que auxiliam no entendimento e na identificação da unidade e coerência existentes entre todas as normas jurídicas que compõem o sistema legislativo ambiental. 
Pelos princípios, se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a maneira pela qual a proteção do meio ambiente é vista na sociedade.
Marcelo Abelha Rodrigues esclarece que os princípios encontram-se enraizados na Constituição Federal, e deles decorrem outros que lhe são derivados, mas não são expressos pelo legislador, por isso, a enumeração dos princípios do Direito Ambiental não é uniforme na doutrina.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que ocorreu em 1972, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia, estabeleceu 26 princípios que praticamente resumem as preocupações com o desenvolvimento e o meio ambiente. Esses princípios foram importantes fontes para os princípios norteadores do Direito Ambiental Brasileiro.
Em junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada na cidade do Rio de Janeiro, conhecida como Rio-92, estabeleceu 27 princípios.
Principais princípios do Direito Ambiental
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana;
Princípio do Desenvolvimento sustentável;
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação;
Princípio da Participação ou Democrático;
Princípio da Educação Ambiental;
Princípio do Poluidor–Pagador;
Princípio da Prevenção;
Princípio da Precaução;
Princípio da Precaução;
Princípio do Usuário–Pagador;
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização;
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente;
Princípio do Equilíbrio Resultado global;
Princípio do Limite;
Princípio da função socioambiental da propriedade.
Princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana
Esse princípio é considerado uma extensão do direito à vida, portanto um direito humano.
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 estabelece, em seu art. 1º, que entre os fundamentos do Estado Democrático de Direito, está o da dignidade da pessoa humana, art. 1º, inciso III, o fundamento precípuo de todo o sistema constitucional.
O princípio Fundamental do Direito Humano está vinculado ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, como direito fundamental à sadia qualidade de vida, que deve ser protegido para as gerações presentes e futuras, conforme dispõe o artigo 225, caput da CRFB.
Esse princípio também está previsto na Declaração de Estocolmo como princípio comum para inspirar e guiar os povos do mundo na preservação e na melhoria do meio ambiente.
Dentro da Declaração de Estocolmo esse princípio encontra-se consagrado nos princípios n. 1 e 8.
Quanto à Declaração Rio-92, esse princípio encontra amparo no Princípio 1 que esclarece, que “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza”.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, em seu artigo 2º, dispõe sobre esse princípio: “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável
É um dos mais importantes princípios do Direito Ambiental, sabe por quê? 
Ele procura coadunar a proteção ao meio ambiente com o desenvolvimento socioeconômico com o objetivo de gerar melhoria na qualidade de vida do homem.
A Constituição Federal de 1988, expressa esse princípio ao referenciar o dever de defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, no caput do artigo 225 ao afirmar que, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Ainda na Constituição, no capítulo da Ordem Econômica, também se faz menção à defesa do meio ambiente ao afirmar que a ordem econômica que é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, dentre outros princípios, a proteção ambiental, art. 170, VI da CRFB. 
O desenvolvimento sustentável exige dos governos: políticas públicas de saneamento, educação ambiental, fiscalização no efetivo cumprimento das normas ambientais, diminuição do consumismo, eliminação da pobreza e da poluição.
Princípio da Ubiquidade ou Princípio da Cooperação
Qual o objetivo desse princípio?
Ele vem evidenciar que o objeto de proteção do meio ambiente, deve ser levado em consideração sempre que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade ou obra tiver que ser criada e desenvolvida.
Isso ocorre porque o Direito Ambiental tutela a vida e a qualidade de vida, assim, tudo que se pretende fazer, criar ou desenvolver, deve antes passar por uma consulta ambiental para saber se há ou não possibilidade de degradação ambiental.  
É indispensável cooperar para controlar, evitar, reduzir e eliminar eficazmente os efeitos prejudiciais que determinadas atividades venham a produzir no meio ambiente.
Está presente na Conferência de Estocolmo:
Princípio 22
Os Estados devem cooperar para continuar desenvolvendo o direito internacional, no que se refere à responsabilidade e à indenização das vítimas da poluição e outros danos ambientais, que as atividades realizadas dentro da jurisdição ou sob controle de tais Estados, causem às zonas situadas fora de sua jurisdição.
Princípio 24
Todos os países, grandes e pequenos, devem ocupar-se com espírito e cooperação e em pé de igualdade das questões internacionais relativas à proteção e melhoramento do meio ambiente.
Quanto à Declaração celebrada na Conferência Rio-92, o Princípio da Cooperação está previsto nos princípios n. 5, n. 7, n. 9 e n. 12.
Princípio da Participação ou Democrático
Esse princípio assegura a todos os cidadãos o direito pleno de participar na elaboração de políticas públicas ambientais.
São mecanismos de participação popular na elaboração de políticas públicas ambientais:
	
A participação de iniciativa popular nos procedimentos legislativos, a realização de referendos sobre leis e a atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados dotados de poderes normativos.A sociedade também pode atuar diretamente na defesa do meio ambiente, participando na formulação e na execução de políticas ambientais, por intermédio da atuação de representantes da sociedade civil em órgãos colegiados responsáveis pela formulação de diretrizes e pelo acompanhamento da execução de políticas públicas.
	
	
A utilização de instrumentos processuais que permitem a obtenção da prestação jurisdicional na área ambiental e que estão à disposição do cidadão e da coletividade brasileira na tutela do meio ambiente, como a Ação Popular, a Ação Civil Pública e o Mandado de Segurança Coletivo
A participação popular e o acesso à informação são elementos básicos para garantir a proteção do meio ambiente e um permanente envolvimento nas questões ambientais.
Este princípio está previsto no Princípio n. 10 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, estabelecida na Rio-92. 
Princípio da Educação Ambiental
Educação ambiental está outorgada como um direito do cidadão desde 1988, através da Lei nº 9.795/99 que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental.
A Lei 9.795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 1° conceitua a educação ambiental como sendo:
“os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
A norma continua em seu artigo 2° esclarecendo que:
“a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal”.
Você sabe qual é o objetivo fundamental da educação ambiental?
O objetivo fundamental da educação ambiental é fazer com que os indivíduos e a coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio ambiente criado pelo homem, resultante da interação de seus aspectos biológicos, sociais, econômicos e culturais.
O princípio da educação ambiental está expressamente previsto no art. 225, § 1º, inciso VI da Constituição Federal de 1988 e na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, em seu art. 2º, inciso X.Esse princípio está ainda previsto na Declaração de Estocolmo, princípio n. 19.
Princípio do Poluidor-Pagador
Impõe ao poluidor o dever de arcar com as despesas de evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter preventivo) e, ocorrido o dano, em razão da atividade desenvolvida, ser responsável por sua reparação (caráter repressivo).
Objetiva evitar o dano e ser responsabilizado quando o dano houver sido causado.
Como escreve Romeu Thomé, o princípio é “considerado como fundamental na política ambiental, pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. Para sua aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção (v.g. valor econômico decorrentes de danos ambientais) devem ser internalizados, ou seja, o custo resultante da poluição deve ser assumido pelos empreendedores de atividades potencialmente poluidoras, nos custos da produção. Assim, o causador da poluição arcará com os custos necessários à diminuição, eliminação ou neutralização do dano ambiental.”
Tem como fundamento legal o artigo 14, § 1º da PNMA, Lei 6.938/81 e o artigo art.225,§ 3º da CRFB.
O princípio do Poluidor Pagador tem como fundamento o princípio n. 16 da Declaração da Rio-92.
Sobre o tema também escreveu o Ministro Relator Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.165.284 - MG (2009/0217030-6) de 12/04/2012.
“[...] Com efeito, vigora em nosso sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano ambiental, do qual é corolário o princípio do poluidor-pagador, a impor a responsabilização por todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, incluindo o prejuízo suportado pela sociedade, até que haja a fundamental e absoluta recuperação in natura do bem lesado. Se a recuperação é imediata e plena, não há, como regra, falar em indenização. Contudo, casos existem em que ela é lenta, podendo haver um remanescente de prejuízo coletivo (e também individual) até o completo retorno ao status quo ante ecológico [...]”.
Princípio da Prevenção
A prevenção refere-se ao dano conhecido.
É possível que você esteja se perguntando... Quando ele ocorre?
Ocorre quando o perigo é certo e se tem elementos seguros para afirmar que uma atividade específica é efetivamente perigosa.
Neste caso, existe o conhecimento dos efeitos de determinadas atividades e das medidas que se impõem ações no sentido de evitá-las ou, pelo menos, minimizá-las.
Este princípio tem o objetivo de impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, adotando-se medidas acautelatórias prévias à instalação, obra ou implantação de determinado empreendimento ou atividade consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras.
O princípio da prevenção, está previsto no caput do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, ao narrar que é dever do Poder Público e à coletividade defender e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações.
Um exemplo de aplicação do princípio da prevenção é o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente.
Romeu Thomé disciplina que este princípio é:
“orientador no Direito Ambiental, enfatizando a prioridade que deve ser dada às medidas que previnam (e não simplesmente reparem) a degradação ambiental. A finalidade ou o objetivo principal do princípio da prevenção é evitar que o dano possa chegar a produzir-se. Para tanto, necessário se faz adotar medidas preventivas”.
Princípio da Precaução
Por este princípio, não existe prova definitiva de que o dano ao meio ambiente ocorrerá, trata-se de mera possibilidade, ameaça de que o dano ambiental se materializará.
Como escreve Romeu Thomé, “o princípio da precaução é considerado uma garantia contra os riscos potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados.”
Explica Édis Milaré que “a invocação do princípio da precaução é uma decisão a ser tomada quando a informação científica é insuficiente, inconclusiva ou incerta e haja indicações de que os possíveis efeitos sobre o meio ambiente, a saúde das pessoas ou dos animais ou a proteção vegetal possam ser potencialmente perigosos e incompatíveis com o nível de proteção escolhido”.
IMPORTANTE: Este princípio não deve ser confundido com o princípio da prevenção, muito embora possa ser entendido, para alguns autores, como um desdobramento deste. O princípio da prevenção pressupõe uma razoável previsibilidade dos danos que poderão ocorrer a partir de um determinado impacto, já o princípio da precaução pressupõe, ao contrário, uma razoável imprevisibilidade dos danos que poderão ocorrer, dada a incerteza científica dos processos ecológicos envolvidos.
O Princípio da Precaução decorre do princípio n. 15 da Declaração do Rio-92.
Princípio do Usuário Pagador
Consiste na cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental. Este princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos. Este valor não se deve constituir em uma taxa abusiva ou um enriquecimento sem causa.
Não tem a natureza reparatória e punitiva prevista no princípio do poluidor pagador, pois não está associado à infração ou ilicitude.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, em seu art. 4º, inciso VII, dispõe que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.
Princípio da Responsabilidade ou daResponsabilização
Engloba a responsabilidade Civil, Penal e Administrativa da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica que causa dano ao meio ambiente. Tem sua origem na responsabilidade objetiva e está previsto no art. 14, § 1º da Lei nº 6.938/81(Política Nacional do Meio Ambiente), e no § 3º do art. 225 da Constituição Federal de 1988.
Por este princípio, o poluidor, pessoa física ou jurídica, responde por suas ações ou omissões que causaram dano ao meio ambiente, ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas.
Parte do relatório proferido pelo Ministro relator Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.328.753 - MG (2012/0122623-1). 03.02.2015.
“[...] Álvaro Luiz Valery Mirra, magistrado em São Paulo, leciona que o princípio da reparação integral "deve conduzir o meio ambiente e a sociedade a uma situação na medida do possível equivalente à de que seriam beneficiários se o dano não tivesse sido causado" (Ação Civil Pública e a Reparação do Dano Ambiental , 2ª ed., São Paulo, Editora Juarez de Oliveira, 2004, fl. 314). Prossegue o autor (p. 315, grifos no original):
Nesse sentido, a reparação integral do dano ao meio ambiente deve compreender não apenas o prejuízo causado ao bem ou recurso ambiental atingido, como também, na lição de Helita Barreira Custódio, toda a extensão dos danos produzidos em consequência do fato danoso, o que inclui os efeitos ecológicos e ambientais da agressão inicial a um bem ambiental corpóreo que estiverem no mesmo encadeamento causal, como, por exemplo, a destruição de espécimes, habitats, e ecossistemas inter-relacionados com o meio afetado; os denominados danos interinos, vale dizer, as perdas de qualidade ambiental havidas no interregno entre a ocorrência do prejuízo e a efetiva recomposição do meio degradado; os danos futuros que se apresentarem como certos, os danos irreversíveis à qualidade ambiental e os danos morais coletivos resultantes da agressão a determinado bem ambiental.”
Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente
Dispõe o artigo 225, caput da Constituição Federal que cabe ao poder público o dever de defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações, nesse sentido este princípio decorre da natureza indisponível do direito ao meio ambiente saudável.
Esse princípio tem por base a atuação obrigatória do Estado na proteção ambiental em decorrência da natureza indisponível do meio ambiente, “cuja a proteção é reconhecida hoje como indispensável à dignidade e à vida de toda pessoa – núcleo essencial dos direitos fundamentais” (Thomé, 2016).
Está disciplinado no artigo 174, da Constituição Federal de 1988, ao consagrar que “como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.
Também consta no item 17 da Declaração de Estocolmo de 1972 (Conferência da ONU sobre meio ambiente).
Dispõe a declaração que:
“Deve ser confiada, às instituições nacionais competentes, a tarefa de planificar, administrar e controlar a utilização dos recursos ambientais dos Estados, com o fim de melhorar a qualidade do meio ambiente”.
Tais dispositivos consignam expressamente o dever do Poder Público atuar na defesa do meio ambiente, tanto no âmbito administrativo, quanto no âmbito legislativo e até no âmbito jurisdicional, cabendo ao Estado adotar as políticas públicas e os programas de ação necessários para cumprir esse dever imposto.
Princípio do Equilíbrio Resultado global
É o princípio pelo qual devem ser pesadas todas as implicações de uma intervenção no meio ambiente, buscando-se adotar a solução que melhor concilie um resultado globalmente positivo. Esse princípio é voltado para a Administração Pública, a qual deve sopesar todas as implicações que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no meio ambiente, devendo adotar a solução que busque alcançar o desenvolvimento sustentável. Ele possui como característica básica a ponderação de valores.
Princípio do Limite
É o princípio pelo qual a administração pública tem o dever de fixar parâmetros para as emissões de partículas, de ruídos e de presença a corpos estranhos no meio ambiente, levando em conta a proteção da vida e do próprio meio ambiente. Está diretamente ligado ao exercício do Poder de Polícia do Estado, pois cabe a este fiscalizar e orientar a sociedade quanto aos limites em usar e aproveitar o bem ambiental.
Édis Milaré escreve que este princípio:
“resulta de intervenções necessárias à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais com vista á sua utilização racional e disponibilidade permanente.”
Princípio da função socioambiental da propriedade
Este princípio consagra a sobreposição do interesse público ao interesse privado. O poder estatal, que é em tese ilimitado, será limitado todas as vezes que atingir direitos e garantias individuais, contudo, o interesse na proteção do meio ambiente, por ser de natureza pública, deve prevalecer sempre sobre os interesses individuais privados, ainda que legítimos.
A Constituição Federal de 1988, ao mesmo tempo em que garante o Direito de Propriedade em seu art. 5º, inciso XXII, deixa claro que este tem uma função social a cumprir, prevista no:
ARTIGO 5º, INCISO XXIII
CRFB, art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
ARTIGO 170, INCISO III
CRFB, art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade.
ARTIGO 182, §2º(FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA)
CRFB, art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
ARTIGO186, INCISO II (FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE RURAL)
CRFB, art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente.
Atividade
1 - Analise o Recurso Especial e verifique se na ementa em análise se encaixariam alguns princípios norteadores do Direito Ambiental.
GABARITO
Espera-se que este caso, seja identificado pelo menos os seguintes princípios:
Princípio do Poluidor Pagador: Objetiva evitar o dano e ser responsabilizado quando o dano houver sido causado.
Princípio da Responsabilidade ou da Responsabilização: Engloba a responsabilidade Civil, Penal e Administrativa da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica que causa dano ao meio ambiente.
Princípio da função socioambiental da propriedade: Este princípio consagra a sobreposição do interesse público ao interesse privado.
2 - Após o estudo de toda a matéria desta aula analise: Muitos dos princípios da política global do meio ambiente, formulados inicialmente na Conferência de Estocolmo em 1972 e revistos e ampliados na Rio-92, foram integrados ao nosso ordenamento jurídico e, em grande parte, recepcionados pela Constituição Federal de 1988. Identifique quais princípios, das duas declarações, estão previstos no Art. 225, caput da CRFB de 1988.
GABARITO
Seria interessante destacar pelo menos três princípios, podendo ser: Princípio do meio ambiente, ecologicamente equilibrado comodireito fundamental da pessoa humana; Princípio do Desenvolvimento Sustentável; Princípio da Educação Ambiental; Princípio do Poluidor Pagador; Princípio da Precaução; Princípio da Obrigatoriedade da Intervenção Estatal na Defesa do Meio Ambiente.
Direito Ambiental / Aula 3 - O Direito Ambiental e sua proteção constitucional. Competência Constitucional Ambiental
O Direito Ambiental e sua proteção constitucional
A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 1988, elevou o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio para o mesmo no artigo 225 (Capítulo VI – Do Meio Ambiente, dentro do Título VIII - Da Ordem Social).
	
A norma constitucional deixa claro que:
“todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
	
	
Desse modo, o bem ambiental é um direito de todos, bem de uso comum do povo e dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A Constituição Federal é a principal fonte formal do Direito Ambiental. A norma trata a questão ambiental de forma abrangente, apresenta uma série de preceitos quanto à tutela ambiental em seu texto ou de forma fragmentada ou em diversos capítulos, além, é claro, do art. 225 e seus parágrafos.
Antes de continuar seus estudos, veja alguns exemplos de artigos da CRFB que tratam, de alguma maneira, do bem ambiental.
Para possibilitar a ampla proteção, a Constituição Federal de 1988 previu diversas regras, divisíveis em quatro grandes grupos, que são:
	
Regras Gerais
As Regras Gerais são aquelas previstas, de forma direta ou indireta, em vários textos da Constituição Federal.
	
	
Regras de Competência
As Regras de Competência são divididas em legislativas e administrativas; a primeira diz respeito ao poder de legislar dos Entes Federativos, e a segunda atribui ao Poder Público, a prática de atos administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.
	
Regras Específicas
São Regras Específicas as previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no artigo 225 e seus parágrafos da Constituição Federal.
	
	
Regras de Garantia
As Regras de Garantia são as tutelas processuais ambientais, como a ação popular, a ação civil pública, entre outras.
Neste momento, faremos uma análise detalhada do artigo 225, caput e seus parágrafos da Constituição Federal.
	CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
	
	Para Paulo de Bessa Antunes, a palavra todos, existente no caput do artigo 225, “tem o sentido de qualquer indivíduo que se encontre em território nacional, independentemente de sua condição jurídica perante o nosso ordenamento jurídico”. São todos os seres humanos, não havendo a exigência da condição de cidadão.
	
	Por este entendimento, até o estrangeiro não residente no país e aqueles que, por qualquer motivo, tenham suspensos seus direitos de cidadania, ainda que parcialmente, se encaixam como destinatários da norma contida no caput do artigo 225 da CRFB.
Atenção!
Quando a norma trata que o bem ambiental é um bem de uso comum do povo, trata o meio ambiente como um bem jurídico, possuindo valor econômico e social. A proteção ambiental é um dever do Poder Público e a toda a coletividade, com o objetivo de protegê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A Constituição Federal impõe o dever de conservar o bem ambiental não somente para a geração presente, mas também para as gerações que estão por vir (futuras gerações). Com isto, é dever do homem criar mecanismos em prol do desenvolvimento sustentável.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938, sancionada em 1981, em seu artigo 2°, inciso I, consagra que o meio ambiente como um patrimônio público deve ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Bom destacar que esta norma consagra o conceito de meio ambiente natural, em seu artigo 3°, inciso I que dispõe que meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Art. 225, §1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
No artigo 225, §1º e seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza obrigatória, que deve o Poder Público dispor para a defesa do meio ambiente.
O Poder Público para assegurar a proteção do meio ambiente deve:
I - PRESERVAR E RESTAURAR OS PROCESSOS ECOLÓGICOS ESSENCIAIS E PROVER O MANEJO ECOLÓGICO DAS ESPÉCIES E ECOSSISTEMAS
Sobre o inciso I, §1º, art. 225 da CRFB: “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”, merece destaque identificar os conceitos de preservação e restauração, uma vez que possuem significados diversos. Para Aurélio Buarque de Holanda, preservar significa livrar de algum mal, manter livre de perigo ou dano, conservar. Restaurar é recuperar, reparar, compor.
Romeu Thomé enfoca que compreende-se por “preservação o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção, a longo prazo, das espécies, habitats e ecossitemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais.” Restauração, destaca o autor, “significa a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original”.
II - PRESERVAR A DIVERSIDADE E A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO GENÉTICO DO PAÍS E FISCALIZAR AS ENTIDADES DEDICADAS À PESQUISA E MANIPULAÇÃO DE MATERIAL GENÉTICO
O inciso II, do §1º do artigo 225 da CRFB é regulamentado, entre outros, pela Lei 9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), pela Lei 11.105/2005, que disciplina a Política Nacional de Biossegurança e a Lei n. 13.123/2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade.
III - DEFINIR, EM TODAS AS UNIDADES DA FEDERAÇÃO, ESPAÇOS TERRITORIAIS E SEUS COMPONENTES A SEREM ESPECIALMENTE PROTEGIDOS, SENDO A ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, VEDADA QUALQUER UTILIZAÇÃO QUE COMPROMETA A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS QUE JUSTIFIQUEM SUA PROTEÇÃO
“Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”, é a redação do texto legal contido no inciso III, do §1º. Este dispositivo é regulamentado pela Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).
As unidades de conservação estão definidas no art. 2º, I, da Lei n. 9.985, que esclarece que unidade de conservação é o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
Sobre o inciso III do artigo 225, §1º, destaca Thomé que, “uma vez instituída uma área ambientalmente protegida (como uma unidade de conservação da natureza), seja por decreto do Executivo ou por lei formal, a redução dos seus limites (alteração) ou a sua supressão total somente serão permitidas através de lei específica. O Constituinte é de dificultar o procedimento legal de alteração ou supressãode uma área ambientalmente protegida, e de facilitar a criação das mesmas, em respeito ao preceito constitucional de proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
IV - EXIGIR, NA FORMA DA LEI, PARA INSTALAÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE POTENCIALMENTE CAUSADORA DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL, A QUE SE DARÁ PUBLICIDADE
O artigo 225, §1º, inciso IV, proclama que é exigido, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. A norma faz menção direta ao procedimento administrativo, licenciamento ambiental, consagrado como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, artigo 9°, inciso IV.
Dispõe a redação do artigo 9°, inciso IV, da PNMA:
PNMA, art. 9°, inciso IV: São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
[...]
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V - CONTROLAR A PRODUÇÃO, A COMERCIALIZAÇÃO E O EMPREGO DE TÉCNICAS, MÉTODOS E SUBSTÂNCIAS QUE COMPORTEM RISCO PARA A VIDA, A QUALIDADE DE VIDA E O MEIO AMBIENTE
O inciso V do artigo 225, §1° da Carta Cidadã dispõe: “controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”, trata o caso do controle e da produção de substancias que importem em risco, como os transgênicos e os agrotóxicos.
Esclarece Romeu Thomé que “desta forma o constituinte estabeleceu os fundamentos para a gestão dos riscos em matéria ambiental”. E continua a analisar que “trata-se de aplicação do princípio do controle do poluidor pelo Poder Público ou princípio do limite”.
VI - PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO E A CONSCIENTIZAÇÃO PÚBLICA PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
O inciso VI, do §1º do artigo 225 da Constituição Federal é regulamentado pela Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/99, que determinou ser atribuição do Poder Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, assim como proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade, inciso VII do artigo 225, §1°.
VII - PROTEGER A FAUNA E A FLORA, VEDADAS, NA FORMA DA LEI, AS PRÁTICAS QUE COLOQUEM EM RISCO SUA FUNÇÃO ECOLÓGICA, PROVOQUEM A EXTINÇÃO DE ESPÉCIES OU SUBMETAM OS ANIMAIS A CRUELDADE
Este inciso do §1º do artigo 225 da Constituição Federal disciplina que incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
Destaca Romeu Thomé que “ao se referir à relevante função ecológica da fauna e da flora, a Carta Magna reportou-se ao papel desempenhado pelos animais e plantas no ecossistema, possibilitando seu perfeito funcionamento”.
Há um grande número de leis que regulamentam o texto deste inciso:
Lei n. 12.651/2012, novo Código Florestal;
Lei n. Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC);
Lei n. 9.605/1998 conhecida como Lei de Crimes Ambientais.
Art. 225, §2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
O §2º do artigo 225 da Constituição Federal destaca que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Essa norma deixa cristalina a presença dos princípios ambientais do poluidor-pagador e da responsabilidade para aquele que explorar recursos minerais sendo este obrigado a recuperar o bem ambiental que veio a degradar fruto da atividade extrativista.
Art. 225, §3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
O §3º do artigo 225 da CRFB, deixa claro a responsabilidade por aquele que causar dano ao meio ambiente. Esta responsabilidade pode ser tanto na esfera administrativa, quanto na criminal, sem esquecer da responsabilidade civil de reparar os danos causados.
A PNMA, em seu artigo 14, §1º, já consagrava a responsabilidade do agente que causa dano ambiental, dispõe a norma que:
“sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.
Art. 225, §4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Quanto ao §4° do texto legal, merece destaque observar que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são considerados patrimônios nacionais, não se confundindo com propriedade pública. Essas áreas não são bens da União, destaca José Afonso da Silva que:
“declara a Constituição que os complexos ecossistemas referidos no art. 225, §4°, são patrimônio nacional. Isso não significa transferir para a União o domínio sobre as áreas particulares, estaduais e municipais situadas nas regiões mencionadas”.
Estando a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira em terras particulares, nada obsta a sua utilização por estes dos recursos naturais existentes nessas áreas, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental.
A Lei n. 13.123/2015 que disciplina sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade, também surgiu com o fim de regulamentar o §4°do artigo 225 da Carta Magna.
Art. 225, §5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Neste parágrafo, importante destacar o conceito de terras devolutas. Terras devolutas podem ser conceituadas como:
“sendo todas as terras existentes no território brasileiro, que não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não afetadas a qualquer uso público”. (Di Pietro, 2010).
Elas integram a categoria de bens públicos dominicais pois não há destinação pública.
Escreve Thomé que “há uma importante exceção constitucional às regras tradicionalmente adotadas para as terras devolutas, prevista no artigo 225, §5º da CRFB/1988.
Art. 225, §6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Esse parágrafo do artigo 225 da Constituição Federal trata das usinas nucleares. Como se verá a seguir, a competência para legislar sobre as atividades nucleares é privativa da União, artigo 22, inciso XXXVI da CRFB. Da mesma forma, os recursos minerais são bens da União, conforme determina o artigo 20, inciso IX do texto legal.
Competência Constitucional Ambiental
A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, reparte as competências entre todos os entes da federação brasileira, isto é, entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, segundo destaca o artigo 18, caput da Constituição Federal.
A principal característicada Federação é a autonomia das unidades federadas, que caracteriza-se pela capacidade das unidades federativas de se auto-organizar, observando os princípios do pacto federal.
A doutrina divide a competência dos entes públicos em:
Competência Administrativa ou material e Competência Legislativa.
Vejamos cada uma, com mais detalhes.
Competência Administrativa ou material
A Competência Administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de atividades ambientais. Romeu Thomé destaca que esta competência:
“cuida da atuação concreta do ente, através do exercício do poder de polícia.”
A competência administrativa ou material se divide em:
Competência administrativa (ou material) exclusiva; e Competência administrativa (ou material) comum.
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Antes de continuar, clique aqui e saber mais sobre competência administrativa exclusiva e comum.
Competência Legislativa. A Competência legislativa é atribuída aos entes federativos o ato de legislar. A Competência Legislativa é dividida em:
1 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA
A Competência Legislativa Privativa está prevista no artigo 22 da Constituição Federal. Esta competência legislativa privativa é inerente à União, que é quem tem o poder de legislar sobre as matérias específica do artigo 22 da CRFB.
Esta competência tem a possibilidade de delegação, conforme dispõe o parágrafo único do citado artigo que narra que “lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”.
No que tange ao bem ambiental, este está discriminado nos incisos IV, X, XII, XIV, XVIII e XXVI, do artigo 22.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
[...]
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EXCLUSIVA
A Competência Legislativa Exclusiva diz respeito aos Estados e aos Municípios e é aquela reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação. Está prevista no art. 25, §§2º e 3° além, no que concerne ao estudo de nossa disciplina, o art. 30, inciso I da Constituição Federal.
CRFB, art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
[...]
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
CRFB, art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
3 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA RESIDUAL
A Competência Legislativa Residual também é denominada de competência legislativa remanescente ou ainda reservada. Trata-se de competência residual dos Estados, conforme prevista no artigo 25, §1° CRFB.
Romeu Thomé escreve que “a Constituição determina que são reservadas aos Estados as competências legislativas que não sejam vedadas pelo texto constitucional, podendo assim, os Estados legislar sobre as matérias que não lhes estiverem implícita ou explicitamente.”
CRFB, artigo 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
§1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
4 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE
A Competência Legislativa Concorrente permite que a União, Estados e Distrito Federal legislem sobre a mesma matéria. Possui como característica a atribuição de uma mesma matéria a mais de um ente federativo. Tem seu fundamento no art. 24 da Constituição Federal.
No que diz respeito ao meio ambiente, os incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VII do artigo 24 disciplina a questão.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, §1° da CRFB/1988), que deverá ser observada por todos.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
5 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLEMENTAR
Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados, as normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão suplementa-la.
Sobre os Estados, o artigo 24, §2° CRFB estabelece que a competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
CRFB, artigo 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
No que tange aos municípios, a redação do artigo 30, inciso II da Constituição Federal destaca que compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
CRFB, artigo 30. Compete aos Municípios:
[...]
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
6 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLETIVA
Como destaca Thomé (2016), “a competência legislativa supletiva decorre da inércia da União em editar a lei federal sobre normas gerais, adquirindo então os Estados e o Distrito Federal competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas sobre os assuntos relacionados no artigo 24 da Constituição Federal (art. 24, §3°)”. Continua o autor a afirmar que “a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei estadual (ou distrital), no que lhe for contrário (art. 24, §4° da CRFB/1988)”.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Atividades Propostas
1 - Leia o caput do artigo 225 da Constituição Federal e identifique a natureza difusa e transindividual do meio ambiente.
GABARITO
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”. Todos têm o sentido de qualquer indivíduo que se encontre em território nacional, independentemente de sua condição jurídica peranteo nosso ordenamento jurídico. Trata-se de bem transindividual, é um direito de todos, é de cada pessoa, mas não é só dela, ultrapassa o âmbito individual, por não pertencerem ao indivíduo de forma isolada, bem difuso por ser de natureza indivisível, pois não é possível individualizar a pessoa atingida pela lesão gerada da violação ao direito, neste caso, o dano provocado ao meio ambiente.
2. Analise o texto, publicado na imprensa virtual, em março de 2016, e discorra se o caso em análise é de competência administrativa ou legislativa do município para autorizar a construção de um campo de golfe em uma Área de Proteção Ambiental (APA).
GABARITO
A reposta a esta questão está no no artigo 225, §1°, inciso III da CRFB:
CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
Esclarece Thomé, sobre o inciso III do artigo 225, §1º, “uma vez instituída uma área ambientalmente protegida (como uma unidade de conservação da natureza), seja por decreto do Executivo ou por lei formal, a redução dos seus limites (alteração) ou a sua supressão total somente serão permitidas através de lei específica. O Constituinte é de dificultar o procedimento legal de alteração ou supressão de uma área ambientalmente protegida, e de facilitar a criação das mesmas, em respeito ao preceito constitucional de proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
Trata-se de Competência Legislativa, por ser uma unidade de conservação sustentável, especificamente uma área de proteção ambiental (Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza), então só poderá ser alterada por Lei específica. No caso, a alteração ocorreu através da Lei Complementar Municipal n. 125, de 14 de janeiro de 2013.
Lei complementar. Disponível aqui.
Direito Ambiental / Aula 4 - Política Nacional do Meio Ambiente
Política Nacional do Meio Ambiente - Lei n. 6.938/81
De acordo com a Declaração de Estocolmo 1972, em razão da necessidade de se estabelecer uma visão global e princípios comuns para a preservação e melhoria do ambiente humano, através de políticas e ações ambientais, foi instituída, no Brasil, em 1981, a Lei 6.938/81, conhecida como:
Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA).
A PNMA foi a principal Lei Federal ambiental sancionada antes da Constituição Federal de 1988 e amplamente recepcionada por esta. A norma visa dar efetividade ao princípio matriz contido no artigo 225, caput, da Constituição consubstanciado no direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo um conjunto de instrumentos legais, técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento sustentável
Fonte: kotoffei / Shutterstock
Trata-se de uma norma de Gestão Ambiental que organiza e orienta o Poder Público sobre o poder de polícia ambiental, através do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), e estabelece objetivos, princípios, diretrizes, conceitos básicos sobre meio ambiente e poluição e instrumentos administrativos, penais, civis e econômicos de proteção ao meio ambiente, hábeis à sua realização.
PNMA, art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui o Cadastro de Defesa Ambiental.
Fonte: Yakan / Shutterstock
	A norma em seu artigo 2º, caput consagra seu objetivo geral como sendo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
	
	PNMA, art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana [...].
O que é qualidade ambiental?
A qualidade ambiental é o estado do meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme preceitua o art. 225, caput da Constituição Federal. É pelo estudo da qualidade ambiental que o Direito Ambiental vai traçar sua política nas diversas esferas da Federação.
Assim:
	Preservar é impedir a intervenção humana;
	
	Melhorar é permitir a intervenção humana no meio ambiente, com o objetivo de aprimorar a qualidade dos recursos ambientais, realizando o manejo adequado desses bens;
	
	Recuperar é permitir a intervenção humana, buscando a reconstituição dos bens degradados, fazendo com que eles voltem a ter as mesmas características.
Princípios
Os princípios da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) são os orientadores da ação governamental, conforme o disposto no art. 2º, inciso I a X da norma, tendo em vista o Objetivo Geral, de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental que assegurem ao país as condições de desenvolvimento sustentável, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da pessoa humana. 
Os princípios da PNMA não se confundem com os princípios do direito ambiental, pois são específicos e instrumentais da política ambiental, alguns como mera orientação da ação governamental.
Conforme disciplinado no art 2º, são princípios da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo;
II. racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
III. planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV. proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V. controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI. incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais;
VII. Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII. recuperação de áreas degradadas;
IIX. proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X. educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Conceitos
O artigo 3° da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6938/81, disciplina importantes conceitos para o estudo do Direito Ambiental, são eles:
Meio ambiente:
É “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
A doutrina já estabeleceu que este artigo trata apenas do conceito de meio ambiente natural, constituído pela água, solo, ar, flora e fauna. Verá nas próximas aulas que o meio ambiente se divide ainda em meio ambiente cultural, previsto no artigo 215 e 216 da Constituição Federal, que trata da proteção do patrimônio histórico, artístico, paisagístico, turístico e arqueológico, meio ambiente artificial, artigos 182 e 183 da Carta Magna, que é o meio ambiente construído, o conjunto de edificações e equipamentos públicos como praças e rua e meio ambiente do trabalho, artigo 7°, inciso XXII e artigo 200, inciso VIII do mesmo diploma legal que consiste na qualidade de vida no meio ambiente do trabalho, nas relações laborais.
	Degradação da qualidade ambiental:
É “a alteração adversa das característicasdo meio ambiente”.
	
	Poluição:
É a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente venham a prejudicar a saúde, a segurança e o bem-estar da população, ou que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, ou venham a afetar a forma desfavorável o biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, ainda, que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
	Poluidor:
É a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, de forma direta ou indireta, por atividade causadora de degradação ambiental.
	
	Recursos ambientais:
São a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Objetivos
O artigo 4° da Política Nacional do Meio Ambiente elenca os objetivos específicos que devem ser perseguidos e alcançados, visando à harmonização do meio ambiente com o desenvolvimento sustentável e a dignidade da pessoa humana, conforme o estabelecido no art. 2º da Lei.
Esses objetivos gerais serão agora analisados: 
Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
	I - À compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico.
	
	A compatibilização do desenvolvimento econômio-social está previsto também na Constituição Federal no capítulo que trata da Ordem Econômica, artigo 170, inciso VI: “defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”.
	II - À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.
	
	O Poder Público, por meio do Poder Executivo nas três esferas da Federação deve editar políticas públicas que tenham por finalidade a preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico, conforme afirma Antonio Beltrão.
As áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico estão previstas também em nossa Constituição Federal, artigo 225, §1º, inciso III, quando dispõe: “espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, e criados, nas três esferas da Federação”. 
Entre as áreas prioritárias têm-se as áreas de preservação permanente (APP), que estão previstas no Código Florestal, Lei 12.651/12 e as unidades de conservação (UCs) dispostas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei 9.985/00.
	III - Ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais.
	
	A Política Nacional do Meio Ambiente deve fixar os critérios e padrões de qualidade a serem observados para a utilização dos recursos ambientais.
	IV - Ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais.
	
	O uso de tecnologia é essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável. Assim, o Poder Público tem importante papel como fomentador de pesquisas e de novas tecnologias, com o objetivo de melhorar o processo produtivo.
	V - À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico.
	
	A Lei 10.650/2003, dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA.
	VI - À preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida.
	
	Conforme orienta Beltrão, uma das características comuns dos recursos naturais é a sua escassez, por serem bens finitos. Daí a necessidade da intervenção governamental para regulá-los, evitando os conflitos, em sua utilização, através de planejamento racional por parte das autoridades, de modo a propiciar a disponibilidade dos recursos assegurando o interesse da coletividade e o equilíbrio ambiental.
	VII - À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
	
	Tem como base o princípio do poluidor pagador, que decorre da teoria econômica segundo a qual devem-se internalizar os custos externos, impondo-se ao poluidor a responsabilidade pelo custo social da degradação ambiental por ele produzida. Em continuidade, o princípio do usuário pagador, do qual se impõe a cobrança de um valor econômico pela utilização de um bem ambiental, de natureza meramente remunerativa – e não punitiva.
Diretrizes
O que é diretriz?
Para Aurélio Buarque de Holanda, diretriz é:
“a linha reguladora de um caminho, o conjunto de instruções ou indicações para se tratar e levar a termo um plano, uma ação”.
	Para que os objetivos específicos elencados na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, no artigo 4º não fiquem somente no papel, o artigo 5º estabelece que as diretrizes serão formuladas em normas e planos de orientação às ações governamentais, sempre em observância aos princípios apresentados no artigo 2º.
	
	PNMA, art 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente.
Instrumentos
A Política Nacional do Meio Ambiente destaca 13 instrumentos para execução de sua política. Tratam-se de instrumentos administrativos de gestão ambiental, podem ser conceituados como mecanismos estatais, legalmente instituídos na visão de Milaré (2014).
São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, instituídos no artigo 9° da norma:
I - O ESTABELECIMENTO DE PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL.
Maria Luiza Machado Granziera ensina que padrão é, em sentido estrito, o nível ou grau de qualidade de um elemento (substância ou produto) que é próprio ou adequado a determinado propósito. O papel dos padrões ambientais é o de estabelecer parâmetros que indiquem determinado estado de equilíbrio ambiental.
Os padrões de qualidade ambiental consistem, portanto, em parâmetros fixados pela legislação para regular o lançamento/emissão de poluentes. Variam, portanto, conforme a toxicidade do poluente, seu grau de dispersão, o uso do bem ambiental explica Beltrão.
O estabelecimento dos padrões de qualidade ambiental visa fundamentalmente o controle de substâncias potencialmente prejudiciais à saúde humana, como os padrões fixados de qualidade da água, do ar, dos níveis de ruídos.
Os padrões são estabelecidos por meio das Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA: Padrões de qualidade da água, Padrões de qualidade do ar e Padrões de qualidade para ruídos.
II - O ZONEAMENTO AMBIENTAL.
O zoneamento ambiental, como uma ferramenta de planejamento integrado, aparece como uma solução possível para o ordenamento do uso racional dos recursos, garantindo a manutenção da biodiversidade, os processos naturais e serviços ambientais ecossistêmicos.
Esta necessidade de ordenamento territorial faz-se necessária frente ao rápido avanço da fronteira agrícola, a intensificação dos processos de urbanização e industrialização associados à escassez de recursos orçamentários destinados ao controle dessas atividades.
III - A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS (AIA).Esclarece Romeu Thomé (2016) que “a implantação de qualquer atividade que de alguma forma cause impacto (modificação) ao meio ambiente é condicionada a uma avaliação prévia (AIA) para que se possa, primeiramente, autorizar ou não o empreendimento e, em um segundo momento, exigir do empreendedor as medidas necessárias para corrigir, mitigar e/ou compensar os efeitos negativos que elas poderão acarretar ao ecossistema. Os referidos estudos subsidiarão os órgãos ambientais competentes para a análise dos requerimentos de licença ambiental”.
IV - O LICENCIAMENTO E A REVISÃO DE ATIVIDADES EFETIVA OU POTENCIALMENTE POLUIDORAS.
O Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo, uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou que venha de qualquer forma a degradar o meio ambiente. Está previsto na Resolução CONAMA n. 237/97 e na Lei Complementar n. 140/2011.
V - OS INCENTIVOS À PRODUÇÃO E INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS E A CRIAÇÃO OU ABSORÇÃO DE TECNOLOGIA, VOLTADOS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE AMBIENTAL.
Esse instrumento tem como finalidade incentivar a adoção de novos métodos de produção que contribuam para reduzir os impactos negativos provocados pela atividade produtiva no meio ambiente, melhorando assim a qualidade ambiental.
A tecnologia consiste em um instrumento fundamental para a proteção do meio ambiente e o combate à poluição.
VI - A CRIAÇÃO DE ESPAÇOS TERRITORIAIS ESPECIALMENTE PROTEGIDOS PELO PODER PÚBLICO FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL, TAIS COMO ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO E RESERVAS EXTRATIVISTAS.
As áreas protegidas são espaços territorialmente demarcados, cuja principal função é a conservação e/ou a preservação de recursos, naturais e/ou culturais a elas associados.
Área protegida, segundo o artigo 2º da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), “significa uma área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação”.
Artigo 225, § 1º, inciso III da Constituição Federal estabelece o dever de definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos a fim de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
É importante obervar que espaços territoriais especialmente protegidos não se confundem com unidades de conservação. Estas são espécies do gênero espaços territoriais especialmente protegidos.
VII - O SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE O MEIO AMBIENTE (SINIMA).
O Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA) é considerado, pela Política de Informação do Ministério do Meio Ambiente, como uma plataforma conceitual baseada na integração e compartilhamento de informações entre os diversos sistemas existentes ou a se construir no âmbito do SISNAMA, conforme dispõe a Portaria nº 160, de 19 de maio de 2009. Trata-se assim, de instrumento responsável pela gestão da informação no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). 
O Decreto n. 99.274/90 regulamentou o SINIMA como instrumento da Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente para coordenar o intercâmbio de informações entre os órgãos integrantes do SISNAMA.
VIII - O CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES E INSTRUMENTOS DE DEFESA AMBIENTAL.
O Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental foi instituído sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Tem por fim o registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam à consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras.
IX - AS PENALIDADES DISCIPLINARES OU COMPENSATÓRIAS AO NÃO CUMPRIMENTO DAS MEDIDAS NECESSÁRIAS À PRESERVAÇÃO OU CORREÇÃO DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL.
Esse instrumento tem por finalidade obrigar a adoção de medidas preventivas, corretivas e/ou de recuperação do meio ambiente, por aqueles que provocaram danos ambientais durante a instalação e funcionamento de atividades produtivas.
Tem como base o princípio poluidor-pagador, que imputa àquele que causa dano ao meio ambiente a obrigatoriedade de reparação do dano.
X - A INSTITUIÇÃO DO RELATÓRIO DE QUALIDADE DO MEIO AMBIENTE, A SER DIVULGADO ANUALMENTE PELO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA.
O Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQMA) é um documento de publicação periódica, previsto pela Política Nacional de Meio Ambiente, que visa apresentar o panorama do estado da qualidade ambiental no Brasil.
Este relatório sintetiza, sistematiza e analisa informações ambientais para a gestão dos recursos naturais e conservação dos ecossistemas em nosso país.
O público-alvo são os gestores de meio ambiente federais, estaduais e municipais, atores privados de educação e pesquisa, organismos internacionais, organizações não governamentais; meios de comunicação e o público em geral.
A proposta de elaboração do RQMA pelo IBAMA consiste na fundamentação legal deste mandato institucional, da definição de uma metodologia e da proposição de estratégias e de ações conjuntas para o cumprimento dos objetivos propostos.
Divulgado anualmente, este instrumento de informação ambiental tem como objetivo informar a sociedade brasileira o status da qualidade ambiental dos diversos ecossistemas brasileiros ou mais intrinsecamente dos seus compartimentos ambientais.
XI - A GARANTIA DA PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES RELATIVAS AO MEIO AMBIENTE, OBRIGANDO-SE O PODER PÚBLICO A PRODUZI-LAS, QUANDO INEXISTENTES.
Esse instrumento obriga o Poder Público a produzir informações relativas ao meio ambiente, de interesse da sociedade se elas não existirem. Para a operacionalização desse instrumento é feito um esforço coletivo, por parte dos órgãos públicos, de instituições – ONGs ambientalistas, empresas nacionais e multinacionais, organismos multilaterais e universidades.
A Lei 10.650/2003, “dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA”.
XII - O CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS E/OU UTILIZADORAS DOS RECURSOS AMBIENTAIS.
O Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais, foi instituído sob a administração do Instituto Brasileiro do meio ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 
Constitui no registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. Também devem se cadastrar as pessoas que realizam atividades com substâncias que destroem a Camada de Ozônio (sujeitas ao controle pelo Protocolo de Montreal).
XIII - INSTRUMENTOS ECONÔMICOS, COMO CONCESSÃO FLORESTAL, SERVIDÃO AMBIENTAL, SEGURO AMBIENTAL E OUTROS.
Os Instrumentos Econômicos (IEs) foram implantados inicialmente nos países da Comunidade Europeia, propagando-se, posteriormente, pelos países em desenvolvimento.
A finalidade dos IEs é remediar as deficiências do mercado no que se refere à internalização das externalidades negativas, geradas pelas atividades produtivas e melhorar o desempenho da gestão ambiental, em complementação aos instrumentos tradicionais de Comando e Controle.
A concessão florestal e a servidão ambiental relacionam-se com áreas de floresta, enquanto o seguro ambiental está direcionado para atividades produtivas que apresentem potencial de ocorrer acidentes que possam causar danos significativos ao meio ambiente.
Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi instituído pela PNMA, artigo 6° e regulamentado pelo Decreto 99.274/90, de 06 de Junhode 1990.
Esse sistema é constituído por entidades e órgãos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fundações instituídas pelo Poder Público, investidos do poder de polícia ambiental com suas competências (material/administrativa).
É possível que você esteja se perguntando...Qual a sua finalidade?
Dar cumprimento ao princípio matriz previsto no artigo 225 da Constituição Federal de 1988, isto é, proteção e melhoria da qualidade ambiental e ainda estabelecer uma rede de agências governamentais, nos diversos níveis da Federação, visando assegurar os mecanismos capazes de implantar a Política Nacional do Meio Ambiente.
Fonte: Levent Konuk / Shutterstock
Sua estrutura é formada por:
	Órgão Superior
É o Conselho de Governo.
	
	Órgão Consultivo e Deliberativo
É o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
	Órgão Central
É o Ministério do Meio Ambiente(MMA).
	
	Órgãos Executores
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
	Órgão Seccionais
São os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
	
	Órgãos Locais
São os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.
O Ministério do Meio Ambiente deixa claro que “a atuação do SISNAMA se dará mediante articulação coordenada dos órgãos e entidades que o constituem, observado o acesso da opinião pública às informações relativas as agressões ao meio ambiente e às ações de proteção ambiental, na forma estabelecida pelo CONAMA”. Continua o órgão a destacar que “cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a regionalização das medidas emanadas do SISNAMA, elaborando normas e padrões supletivos e complementares”. (Fonte: http://www.mma.gov.br/port/conama/estr1.cfm)
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA
O Conselho Nacional do Meio Ambiente foi criado pela PNMA, em seu artigo 7°.
Qual o seu objetivo?
Tem por objetivo “assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida”, artigo 6°, inciso II da PNMA.
O Conselho é um colegiado representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil.
Atualmente, a estrutura do CONAMA se compõe da seguinte forma: Plenário, Comitê de Integração de Políticas Ambientais (CIPAM), Câmaras Técnicas, Grupos de Trabalho, Grupos Assessores, Câmara Especial Recursal.
Poder de Polícia
O poder de polícia administrativo é a atividade da Administração Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e a propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva.
Sob o ponto de vista legal, o único conceito encontrado no ordenamento jurídico brasileiro é o expresso no art. 78 do Código Tributário Nacional, da Lei Federal 5.172/66.
CTN, artigo 78:
“Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, em razão do interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder”.
O poder de polícia aplicado ao plano ambiental advém da polícia administrativa, ou seja, aquela que incide sobre bens, direitos e atividades, inerente a toda Administração Pública. Está definido no artigo 225 da Constituição Federal, é prerrogativa do Poder Público no âmbito do executivo, “dotado dos atributos da discricionariedade, da autoexecutoriedade e da coercitividade, inerentes aos atos administrativos” (Milaré; 2014).
Assim, é através do poder de polícia ambiental que o Estado, cumprindo uma disposição constitucional, protege o meio ambiente, elevado à condição jurídica de bem de uso comum do povo.
Para Paulo Affonso Leme Machado:
“o poder de polícia ambiental é a atividade da Administração Pública que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a obtenção de fato em razão de interesse público concernente à saúde da população, à conservação dos ecossistemas, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas ou de outras atividades dependentes de concessão, autorização/permissã atividades possam decorrer poluição ou agressão à natureza”.
Ele é exercido pelas autoridades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), conforme dispõe a Lei nº 6.938, PNMA. 
As sanções no campo ambiental devem observar uma gradação das penalidades, de modo a evitar que sejam desnecessárias, inadequadas ou desproporcionais. Podem ser:
✔ Advertência;
✔ Multa simples;
✔ Multa diária; 
✔ Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; 
✔ Destruição ou inutilização do produto; 
✔ Suspensão de venda e fabricação do produto; 
✔ Embargo de obra ou atividade; demolição de obra; 
✔ Suspensão parcial ou total de atividades e restritiva de direitos.
Vale destacar que, além das sanções oriundas do poder de polícia, a preservação dos recursos naturais pode ser feita por limitações administrativas de uso, gerais e gratuitas, sem impedir a normal utilização econômica do bem, nem retirar a propriedade do particular.
Atividade
Vamos exercitar os seus conhecimentos!
1) Após o estudo desta aula você seria capaz de identificar mecanismos que ajudem a minimizar os impactos ambientais?
GABARITO
Pode-se destacar os seguintes mecanismos: licenciamento ambiental, estudo de impacto ambiental, incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental, compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, entre outros.
Atividade
2) Leia a Ementa. Com base nela, quais princípios, objetivos e instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente você consegue identificar?
GABARITO
Conforme o artigo 2° da PNMA, pode-se destacar os seguintes princípios: ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; recuperação de áreas degradadas.
Sobre os objetivos estabelecidos específicos tratados no artigo 4° da norma tem-se: quanto à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; quanto à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas a sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; quantoà imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Questões para a aula
1) Quanto à constituição e ao funcionamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), julgue os itens que se seguem.
I. A participação dos membros do CONAMA é considerada serviço de natureza relevante e não será remunerada, cabendo às instituições representadas o custeio das despesas de deslocamento e estadia.
II. O CONAMA é composto pelo plenário, pelas câmaras técnicas e pelos diretórios regionais de políticas socioambientais.
III. Nesse Conselho, é obrigatória a presença de um representante de sociedade civil legalmente constituída, de cada uma das regiões geográficas do país, cuja atuação esteja diretamente ligada à preservação da qualidade ambiental e cadastrada no Cadastro Internacional das Organizações Não Governamentais Ambientalistas.
Assinale a opção correta.
Apenas o item I está certo.
Apenas o item II está certo.
Apenas o item III está certo.
Os itens II e III estão certos.
Os itens I e III estão certos.
2) São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I. O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental e o zoneamento ambiental.
II. A avaliação de impacto ambiental e o licenciamento e a revisão de atividades efetivamente ou potencialmente poluidoras.
III. Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental e a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas.
Assinale a opção correta.
Apenas os itens I e II estão certos.
Apenas os itens I e III estão certos.
Apenas os itens II e III estão certos.
Todos os itens estão certos.
Nenhum item está certo.
3) Os órgãos previstos no SISNAMA têm competências delimitadas em lei. São eles, exceto:
Órgão Superior
Órgão Consultivo e Deliberativo
Órgão Central
Órgãos Executores
Órgãos Validadores
4) É competência do CONAMA:
I - Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluídoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA.
II - Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito.
III - Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes.
Apenas os itens I e II estão certos.
Apenas os itens I e III estão certos.
Apenas os itens II e III estão certos.
Todos os itens estão certos.
Nenhum item está certo.
5) O poder de polícia aplicado ao plano ambiental advém da polícia administrativa, sobre isso é correto afirmar:
Apenas a polícia judiciária exerce o Poder de Polícia Ambiental.
É atividade da Administração Pública.
É atividade do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Apenas a polícia federal pode exercer o Poder de Polícia Ambiental.
É atividade exclusiva da União.
Direito Ambiental / Aula 5 - Licenciamento Ambiental
Licenciamento Ambiental
A qualidade da vida humana e de todos os seres depende do meio ambiente ecologicamente equilibrado, conforme previsto no artigo 225, caput da Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB).
CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
A defesa do meio ambiente está prevista também no artigo constitucional norteador da atividade econômica, artigo 170, inciso VI da CRFB. Entretanto, na maioria das vezes, as pressões e interesses de mercado sobrepujam a proteção ambiental, privilegiando o crescimento econômico em detrimento do meio ambiente sadio como um direito fundamental de todos. Neste contexto, o licenciamento ambiental torna-se o instrumento fundamental na busca do desenvolvimento sustentável.
O Licenciamento Ambiental torna-se, portanto, um instrumento de caráter preventivo, essencial à atuação do Estado na proteção e preservação do meio ambiente. As atividades utilizadoras de recursos ambientais, e quaisquer outras, efetiva ou potencialmente poluidoras, ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, serão submetidas ao controle do poder da polícia ambiental dos entes federados, que irá estabelecer condições e limites para o exercício dessas atividades, por meio do licenciamento ambiental.
A contribuição desse instrumento, estabelecido no artigo 9°, inciso IV, da Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) é fundamental para compatibilizar o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente, visando o necessário equilíbrio entre eles, isto é, desenvolvimento sustentável.
Fonte: Shutterstock
Conceito de Licenciamento Ambiental
Política Nacional de Meio Ambiente
A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, em seu artigo 10 determina que o Licenciamento Ambiental é necessário para construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. A redação atual do artigo foi estabelecida pela Lei Complementar n. 140/2011.
Resolução do CONAMA
A Resolução do CONAMA n. 237/97, em seu artigo 1°, inciso I conceituou licenciamento ambiental como sendo o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Lei Complementar
Posteriormente, em 2011, a Lei Complementar n. 140, o artigo 2°, inciso I, estabeleceu que o licenciamento ambiental é o procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.
Licenças ambientais
Conforme preceitua o artigo 2°, caput e §1º da Resolução CONAMA n. 237/97:
Exemplo
São exemplos de atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, entre outras:
• Extração e tratamento de minerais; indústria de produtos minerais não metálicos;
• Indústria metalúrgica;
• Indústria mecânica;
• Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações;
• Indústria de material de transporte;
• Indústria de madeira;
• Indústria de papel e celulose;
• Indústria de borracha;
• Indústria de couros e peles;
• Indústria química;
• Indústria de produtos de matéria plástica;
• Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos;
• Indústria de produtos alimentares e bebidas;
• Indústria de fumo.
O licenciamento ambiental está apoiado também em outros instrumentos de gestão, como:
• O zoneamento ecológico econômico (ZEE);
• Planos de bacia (Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.433/1997);
• Planos de manejo de unidades de conservação (Sistema de Unidades de Conservação - SNUC, Lei 9.60519/98);
• Identificação ou não de Áreas de Proteção Permanente (APP), (Código Florestal - Lei 12.651/2012).
A Resolução do CONAMA n. 237/97, regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos naPolítica Nacional de Meio Ambiente e conceitua, em seu artigo 1º, inciso II a licença ambiental, dispõe a norma que a Licença Ambiental é o...
A licença ambiental é uma autorização emitida pelo órgão ambiental competente ao empreendedor para exercer seu direito à livre iniciativa, atendidas as solicitações previstas pelo órgão competente para o licenciamento. Tem caráter preventivo e também precário, pois a licença ambiental pode ser cassada, caso as condições estabelecidas não sejam cumpridas. O interessado é obrigado a se reportar ao Estado para solicitar os procedimentos necessários para a obtenção da licença ambiental, ao pretender desenvolver uma atividade considerada potencialmente causadora de significativa degradação ambiental.
Como observa a Resolução do CONAMA n. 237/97, em seus artigos 8º e 18, o licenciamento ambiental é composto por três tipos de licença, são elas:
LICENÇA PRÉVIA (LP)
Como escrito na redação do artigo 8°, inciso I, a licença prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade. Assim, deve ser solicitada ao órgão ambiental competente na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. É bom destacar que esta licença não autoriza a instalação do projeto, e sim aprova a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua localização e concepção tecnológica. Estabelece ainda as condições a serem consideradas no desenvolvimento do projeto.
Resolução CONAMA 237/97, art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
I - Licença Prévia (LP): concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação.
Como escrito na redação do artigo 8°, inciso I, a licença prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade. Assim, deve ser solicitada ao órgão ambiental competente na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. É bom destacar que esta licença não autoriza a instalação do projeto, e sim aprova a viabilidade ambiental do projeto e autoriza sua localização e concepção tecnológica. Estabelece ainda as condições a serem consideradas no desenvolvimento do projeto.
A Licença Prévia autoriza somente a localização e a concepção tecnológica, além de conter orientações que guiarão o desenvolvimento do projeto e define as medidas mitigadoras e compensatórias dos impactos negativos do projeto.
A viabilidade ambiental é comprovada, na fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais do uso do solo.
Para as atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental, a concessão da licença prévia dependerá do Estudo Prévio do Impacto Ambiental (EIA) e respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA), como previsto no art. 3º e parágrafo único da Resolução CONAMA 237/97.
Resolução CONAMA 237/97, art. 3º. “A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação”.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento.
O prazo de validade da licença prévia não poderá ultrapassar cinco anos, Resolução CONAMA n. 237/97, artigo 18, inciso I.
LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI)
Autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante”, artigo 8º, inciso II da Resolução CONAMA n. 237/97.
A licença de instalação deverá ser solicitada junto ao órgão ambiental que deverá verificar se a atividade, obra ou empreendimento está de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado. Após a obtenção da licença prévia, o empreendedor está autorizado a iniciar a sua obra.
Resolução CONAMA n. 237/97, art. 8°. O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
II. Licença de Instalação (LI): autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.
A licença de instalação deverá ser solicitada junto ao órgão ambiental que deverá verificar se a atividade, obra ou empreendimento está de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado. Após a obtenção da licença prévia, o empreendedor está autorizado a iniciar a sua obra.
O órgão ambiental licenciador realizará o monitoramento das condicionantes determinadas na concessão da licença, ao longo do processo de instalação. O prazo de validade é determinado pelo cronograma das obras, mas não pode ser superior a seis anos, conforme artigo18, inciso II da Resolução CONAMA n. 237/ 97.
LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO)
Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação”, artigo 8º, inciso III da Resolução CONAMA n. 237/97.
Esta licença será autorizada para o início da atividade após o órgão ambiental responsável verificar se as exigências, anteriormente determinadas, foram cumpridas, isto é, se todas as condicionantes estipuladas nas etapas anteriores foram realizadas.
Resolução CONAMA n. 237/97, art. 8º, O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
III. Licença de Operação (LO): autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.
A licença de operação não tem caráter definitivo e estará sujeita à renovação, com condicionantes supervenientes. Qualquer modificação posterior deverá ser levada novamente à análise do órgão ambiental licenciador.
O prazo mínimo de validade da licença de operação é de quatro anos e o prazo máximo será de dez anos, Resolução do CONAMA n. 237/97, artigo. 18, inciso III.
Cada uma dessas licenças são distintas umas das outras e poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade, parágrafo único, artigo 8º.
Para cada etapa do licenciamento ambiental é necessária a licença adequada. Para o planejamento de um empreendimento ou de uma atividade tem-se a Licença Prévia (LP), na construção da obra há a Licença de Instalação (LI) e na operação ou funcionamento, a Licença de Operação.
Etapas do Licenciamento Ambiental
Segundo estabelece a Resolução do CONAMA n. 237/97, as etapas do licenciamento ambiental estão disciplinadas em seu artigo 10, são elas:
Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida.
Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade.
Análise peloórgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias.
Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios.
Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;
Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;
Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;
Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade;
A norma ainda deixa claro que “os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, a expensas do empreendedor.
Parágrafo único. O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais”. Resolução CONAMA n. 237/97, Art. 11.
Competência para o Licenciamento Ambiental
A Lei Complementar n. 140, de 08 de dezembro de 2011, estabelece a competência para o licenciamento ambiental, destacando as atribuições de cada ente federativo no exercício da competência comum, além de prever as atribuições de cada ente quanto ao licenciamento e fiscalização de empreendimentos potencialmente poluidores, prevê outras ações de gestão ambiental sob a responsabilidade de cada ente.
A norma disciplina a competência federal, estadual e municipal para o licenciamento, tendo como base a localização em que será instalado o empreendimento ou efetivada a obra. Manteve-se assim o critério da abrangência do impacto, conforme previsto na Resolução CONAMA n. 237/97. Assim, significa dizer que a competência para o licenciamento ambiental será municipal se o empreendimento ou obra forem de âmbito local; se extrapola mais de um município dentro de um mesmo estado, caberá ao Estado o licenciamento; agora, se a atividade ultrapassar as fronteiras do estado ou do país cabe à União, através de seu órgão federal específico, isto é, ao IBAMA, o procedimento administrativo.
Observe, abaixo o que diz os artigos da Lei Complementar n. 140/2011.
ARTIGO 7
A Lei Complementar n. 140/2011, artigo 7o, incisos XIV e XV, destaca a Competência da União:
[...]
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;
XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:
[...]
b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pela União. 
Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre e marítima da zona costeira será de atribuição da União exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento.
ARTIGO 8
A Lei Complementar n. 140/2011 continua, em seu artigo 8°, incisos XIV, XV e XVI, a disciplinar que são ações administrativas dos Estados:
[...]
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º; 
XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações sucessoras em:
[...]
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Estado.
ARTIGO 9
Já a competência para os Municípios promoverem o licenciamento ambiental, está destacada na redação do artigo 9°, incisos XIV e XV da Lei Complementar n. 140/2011, que destaca que a atuação dos municípios, no que se refere ao critério de competência para o licenciamento ambiental deverá ser a do interesse local, observando-se, naturalmente, os aspectos relativos ao porte, potencial poluidor e natureza da atividade.
Lei Complementar n. 140/2011, art. 9º São ações administrativas dos Municípios:
[...]
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou 
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, aprovar: [...] b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.
ARTIGO 10
A norma ainda destaca, artigo 10, a competência do Distrito Federal para o licenciamento ambiental.
Lei Complementar n. 140/2011, art. 10. São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8º e 9º.
Atenção
Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar, Lei Complementar n. 140/2011, art. 13. 
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é um instrumento disciplinado na Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938/81, artigo 9°, inciso III. É o conjunto de procedimentos capazes de assegurar que, desde o início do processo, se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de um determinado projeto, programa, plano ou política e das alternativas viáveis. Os resultados da AIA devem ser apresentados de forma adequada e clara ao público e aos responsáveis pela tomada da decisão.
São instrumentos legais de implementação da Avaliação de Impacto Ambiental, que é gênero que abarca algumas espécies, entre elas:
• Estudo deImpacto Ambiental (EIA)
• Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)
• Plano de Controle Ambiental (PCA)
• Relatório de Controle Ambiental (RCA)
• Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD)
• Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV)
O Estudo de Impacto de Vizinhança merece destaque, pois permite a avaliação dos impactos causados por empreendimentos e atividades urbanas. Depende de regulamentação Municipal.
A partir da análise dos impactos é possível avaliar a pertinência da implantação do empreendimento ou atividade no local indicado. O EIV é um instrumento de gestão previsto para avaliação de impactos urbanos previsto no Estatuto da Cidade, Lei. 10.257/2001, artigo 36, artigo 37 e artigo 38.
Impacto Ambiental
O impacto ambiental tem seu conceito determinado pelo art. 1º da Resolução do CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986:
Resolução do CONAMA nº 001/86, art. 1º - Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam:
I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II. as atividades sociais e econômicas;
III. a biota;
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V. a qualidade dos recursos ambientais.
Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA ou EPIA)
O Estudo Prévio de Impacto Ambiental ou Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é uma modalidade de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). O estudo de impacto ambiental pressupõe o controle preventivo de danos ambientais. Uma vez constatado o perigo ao meio ambiente, deve-se ponderar sobre os meios de evitar ou minimizar o prejuízo.
A existência do EIA é de natureza preventiva ao dano ambiental. Ele tem abrangência mais restritiva entre as outras formas de avaliação ambiental, e é exigido nos licenciamentos de qualquer obra ou atividade que possa causar significativa degradação ao meio ambiente, conforme previsão no artigo 225, § 1º, inciso IV da Constituição Federal, in verbis:
CRFB, art. 225, § 1º, IV. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
[...]
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.
Fonte: Shutterstock
Thomé (2016) destaca que...
A Resolução do CONAMA n. 237/97 introduziu a definição sobre o estudo do impacto ambiental:
	Resolução do CONAMA n. 237/97, art. 3º
	
	A Licença Ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação.
	Resolução do CONAMA n. 01/86, artigo 8º
	
	Correrão por conta do proponente do projeto todas as despesas e custos referentes à realização do estudo de impacto ambiental, tais como: coleta e aquisição dos dados e informações, trabalhos e inspeções de campo, análises de laboratório, estudos técnicos e científicos e acompanhamento e monitoramento dos impactos, elaboração do RIMA e fornecimento de pelo menos 5 (cinco) cópias.
	Resolução do CONAMA n. 237/97, art. 11º
	
	Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor.
Parágrafo único - O empreendedor e os profissionais que subscrevem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais.
Relatório de Impacto Ambiental
Você já ouviu falar do RIMA?
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é o documento público que reflete as informações e conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). É apresentado de forma clara, objetiva e acessível para toda a população e interessados.
Determina o artigo 2° da Resolução do CONAMA n. 01/86, que o licenciamento ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente, “dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório que serão submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e do IBAMA em caráter supletivo”.
O relatório de impacto ambiental (RIMA) deve refletir as conclusões do estudo de impacto ambiental, conter os objetivos e justificativas do projeto e “cujas informações destinam-se a possibilitar a avaliação do potencial impactante do EIA (que normalmente é complexo, redigido em linguagem técnica). Através da utilização de linguagem simples, mapas, quadros e gráficos o RIMA busca explicar as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação” (Thomé, 2016).
Nessa etapa do licenciamento ambiental são realizadas Audiências Públicaspara que a comunidade interessada e/ou afetada pelo empreendimento seja consultada.
Trata-se do único mecanismo de participação social previsto na legislação ambiental brasileira para o processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
Fonte: Shutterstock
Atividade
Vamos exercitar os seus conhecimentos!
1) Assista ao vídeo até 10:27 min e responda:
Qual é a importância do procedimento administrativo, licenciamento ambiental, para a proteção do meio ambiente e a qualidade de vida das presentes e futuras gerações?
GABARITO
O licenciamento ambiental é o procedimento administrativo realizado pelo órgão ambiental competente, que pode ser federal, estadual ou municipal, para licenciar a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que utilizam recursos naturais, ou que sejam potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental. Trata-se de um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecidoS pela Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n.º 6938/81.
Como algumas atividades causam danos ao meio ambiente, principalmente na sua instalação, o licenciamento tem importante papel na proteção ambiental, pois nele são avaliados os impactos que determinada obra ou empreendimento causam ao bem ambiental. Através dele há a conciliação do desenvolvimento econômico com o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a sustentabilidade do meio ambiente, nos seus aspectos físicos, socioculturais e econômicos.
Algumas atividades econômicas geram impactos ao meio ambiente, impactos estes que, se desregrados, podem ser irreversíveis a aquele e a qualidade de vida de todos, já que o meio ambiente ecologicamente equilibrado está ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana, artigo 225, caput e artigo 1°, inciso III da CRFB.
Atividade
2) Existe em trâmite no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda da Constituição (PEC) que muda as regras do licenciamento ambiental no Brasil. Esta PEC tem por objetivo flexibilizar as regras ambientais de grandes empreendimentos. Após o estudo desta aula, você acha que flexibilizar o procedimento administrativo, licenciamento ambiental, seria uma boa opção governamental na busca do desenvolvimento sustentável? Explique e fundamente a sua resposta.
GABARITO
O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente. Por meio dele é exercido o necessário controle sobre as atividades humanas que interferem nas condições ambientais. Assim, flexibilizar o licenciamento ambiental pode ser um risco à proteção e preservação ambiental e a consequente qualidade de vida de todos.
Questões para a aula
1) (XV Exame Unificado da OAB). Antes de dar início à instalação de unidadeindustrial de produção de roupas no Município X, Julio Cesar consulta seu advogado acerca dos procedimentos prévios ao começo da construção e produção. Considerando a hipótese, assinale a afirmativa correta.
Caso a unidade industrial esteja localizada em terras indígenas, ela não poderá ser instalada.
Caso a unidade industrial esteja instalada em dois estados da federação, ambos terão competência para o licenciamento ambiental.
Caso a unidade industrial seja inserida em qualquer Unidade de Conservação, a competência para o licenciamento será do IBAMA.
Caso o impacto seja de âmbito local, licenciamento ambiental será do Município.
Caso o impacto seja de âmbito local, licenciamento ambiental será do Estado.
2) (XV Exame Unificado da OAB). Kellen, empreendedora individual, obtém, junto ao órgão municipal, licença de instalação de uma fábrica de calçados. A respeito da hipótese formulada, assinale a afirmativa correta.
A licença não é válida, uma vez que os municípios têm competência para a análise de estudos de impacto ambiental, mas não para a concessão de licença ambiental.
Com a licença de instalação obtida, a fábrica de calçados poderá iniciar suas atividades de produção, gerando direito adquirido pelo prazo mencionado na licença expedida pelo município.
A licença é válida, porém não há impedimento que um Estado e a União expeçam licenças relativas ao mesmo empreendimento, caso entendam que haja impacto de âmbito regional e nacional, respectivamente.
Para o início da produção de calçados, é imprescindível a obtenção de licença de operação, sendo concedida após a verificação do cumprimento dos requisitos previstos nas licenças anteriores.
A licença não é válida, uma vez que os municípios têm competência para a análise de estudos de impacto ambiental, mas para a concessão de licença ambiental, esta deve ser concedida pelo IBAMA.
3) Sobre a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é correto afirmar que:
É estabelecida pela Constituição da República Federativa do Brasil.
É considerado o conjunto de procedimentos capazes de assegurar, desde o início do processo, que se faça um exame sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta (projeto, programa, plano ou política) e de suas alternativas.
É sinônimo de Licenciamento Ambiental, que é um instrumento de caráter preventivo, essencial, a atuação do Estado na proteção e preservação do meio ambiente.
Trata-se de um Estudo de Impacto Ambiental capaz de verificar o dano que determinado empreendimento pode causar no meio ambiente.
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) é uma das licenças concedidas na fase do Licenciamento Ambiental.
4) São licenças oriundas do procedimento administrativo licenciamento ambiental:
Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação.
Licença Prévia, Avaliação de Impacto Ambiental e Licença de Operação.
Avaliação de Impacto Ambiental, Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.
Estudo de Impacto Ambiental, Licença de Operação e Relatório de Impacto Ambiental.
Licença Prévia, Licença de Construção e Licença de Funcionamento.
5) Estão corretas as seguintes afirmativas:
I. As Audiências Públicas têm por finalidade expor aos interessados o conteúdo do Relatório de Impacto Ambiental, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões a respeito.
II. Para cada etapa do licenciamento ambiental é necessária a licença adequada. 
III. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo.
Todas as opções estão corretas.
Apenas a I está correta.
Apenas a II está correta.
Apenas a I e III estão corretas.
Apenas a II e III estão corretas.

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