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1 
UNIP – UNIVERSIDADE 
PAULISTA 
 
 
 
HOMEM E SOCIEDADE 
Profª Teresinha Minelli Tavares 
 
 
 
 
 
 2 
 
ALUNO (A) _________________________CURSO:____________________ 
PERÍODO: ( ) MANHÃ ( ) NOTURNO 
 
PRINCIPAIS VISÕES SOBRE A ORIGEM HUMANA: 
O EVOLUCIONISMO 
 
O Evolucionismo é uma teoria fundamentada em achadosde 
fósseis concretos ou em experiências bio-genéticasrealizadas, 
embora eventualmente questionadas em suasconclusões: 
 
 A teoria evolucionista e a explicação da biologia para a origem e 
evolução do ser humano; 
A colaboração da teoria antropológica sobre a visão da biologia e do 
evolucionismo a antropologia defende que a explicação puramente 
biológica é apenas uma parte de nossa complexa evolução o papel 
do comportamento cultural também foi determinante para 
surgimento de nossa espécie como é hoje. 
A antropologia afirma que é falsa a afirmação que o ser humano é 
determinado pelo clima ou pela herança genética; sim, as 
populações se adaptam a diferentes meio ambientes para sobreviver, 
mas não é o meio ambiente que determina nosso comportamento; 
sim, cada indivíduo é resultado de uma herança genética, o que não 
significa que é “escravo” dessa herança. 
 Voltar às origens da cultura é também voltar à origem da 
humanidade. Ter costumes e hábitos aprendidos é um 
comportamento relacionado com a nossa sobrevivência e evolução 
enquanto espécie. O tema possibilita uma abordagem que ressalta a 
importância da compreensão do ser humano como um ser bio-psico-
social, ou seja, somos seres cujo comportamento é determinado ao 
mesmo tempo: 
 3 
BIO - por nossas características orgânicas (o tipo de aparelho físico 
que temos e como podemos utilizá-lo); 
PSICO - por nossas experiências pessoais racionais e afetivas de 
mundo e; 
SOCIAL - pelo meio social onde vivemos. 
 
 Parece a você que todo ser humano tem como qualidade inata (que 
nos pertence desde o nascimento) certos comportamentos como 
preferir alguns tipos de roupas ou alimentos, e ainda se comunicar 
através desta ou daquela língua? 
Pois a Antropologia, junto com outras ciências como a Arqueologia, a 
Paleontologia e a História, tem explorado profundamente essa 
questão sobre a diferença do Homem em relação ao resto do mundo 
animal que nos cerca. Até o momento puderam concluir que nosso 
comportamento é fruto de um processo histórico no qual BIOLOGIA e 
CULTURA modelaram nossos ancestrais. 
 
CULTURA - rede de significados que dão sentido ao mundo que cerca um 
indivíduo, ou seja, a sociedade. Essa rede engloba um conjunto de 
diversos aspectos, como crenças, valores, costumes, leis, moral, línguas, 
etc. 
http://www.alunosonline.com.br/filosofia/o-que-e-cultura/ 
 
Esse trabalho conjunto entre nosso desenvolvimento biológico e a 
cultura foram responsáveis por tamanhas mudanças em nossa 
espécie, que hoje achamos um fato “natural” não necessitarmos 
entrar na “luta pela sobrevivência”, na “lei da selva”. 
Quem começou a inventar palavras para dar nomes às coisas, ou 
saber que alimentos são comestíveis e como devemos prepará-los? 
Quem inventou o primeiro tipo de calçado, ou descobriu como 
fabricar o vidro? Enfim, como surgiu a cultura? Que importância 
decifrar esse fato pode ter para nossa compreensão de ser humano? 
Essas questões devem ser respondidas ao longo desse tema. 
 4 
 No séc. XIX Charles Darwin (biólogo), afirmou que todas as espécies 
vivas resultam de uma EVOLUÇÃO ao longo do tempo. Isso significa, 
que se retornássemos em nosso planeta há milhões de anos atrás 
não encontraríamos as espécies conforme as vemos hoje. Cada ser 
vivo, para chegar até hoje, passou por sucessivas e pequenas 
transformações que possibilitaram sua sobrevivência; esse processo 
de mudanças orgânicas ocorre por necessidade de ADAPTAÇÃO AO 
MEIO. Consideremos que as condições do meio como clima, 
quantidade na oferta de alimentos e todas as questões relacionadas 
às condições ambientais, estão em constante mudança. Pois bem, as 
formas de vida existentes precisam acompanhar essas mudanças, 
estando sujeitas – segundo Darwin – a dois destinos: 
a) podem se adaptar e ao longo de muitas gerações apresentarem 
mudanças visíveis; 
b) não conseguem se adaptar, entrando em extinção. 
 Quais são as espécies que conseguem se adaptar? 
São as que possuem alguns indivíduos do grupo dotados de 
características tais que o permitem sobreviver e gerar uma prole 
(conjunto de filhos/as) que dá continuidade a essas características. 
Os outros indivíduos de sua mesma espécie que não possuam tais 
características, não conseguindo “lutar” pela sobrevivência, têm mais 
chances de morrer sem deixarem descendentes. Assim, após muitas 
gerações, temos uma espécie que já não se parece com seu primeiro 
exemplar. 
A possibilidade da geração de uma prole com características que 
permitam a adaptação ao meio é, para os evolucionistas, chamada de 
“seleção natural” – sobrevivem apenas aqueles indivíduos com 
traços que os permitam a sobrevivência. Ao lado da seleção natural, 
as mutações aleatórias também são responsáveis pelas modificações 
de um organismo ao longo do tempo. 
Uma das dificuldades do senso-comum em aceitar as idéias 
evolucionistas, está no fato que não podemos “ver” a evolução 
acontecendo apesar de ela estar sempre acontecendo , isto é, não 
testemunhamos alterações expressivas, pois as mudanças são muito 
 5 
sutis e ao longo de períodos de tempo muito longos do ponto de vista 
do ser humano. 
As alterações podem ser consideradas em intervalos de tempo não 
inferiores a cem ou duzentos mil anos. Portanto, muito além de 
qualquer evento que possamos acompanhar. Mas podemos 
acompanhar sim a luta pela sobrevivência e a mudança de hábitos 
em muitas espécies, como os pombos que povoam as cidades, mas 
não estão tão concentrados demograficamente nos campos. Essa 
espécie encontrou um ambiente ótimo nas cidades construídas pelos 
seres humanos, aprendendo rapidamente como obter abrigo e 
alimento, com a vantagem de estar livre de predadores como nas 
florestas e campos. Faz parte de sua evolução esse novo ambiente. 
Assim entendemos que a evolução biológica de todas as espécies 
vivas não acontece sem influência de muitos fatores, não acontece de 
forma “mágica” e independente do tipo de meio e hábitos que 
podemos observar. 
Hoje em dia o darwinismo está com uma nova roupagem e temos 
teorias como o pós-darwinismo ou neo-darwinismo, que são 
conseqüência do desenvolvimento de nossa tecnologia de pesquisa, e 
do próprio conhecimento cujas portas foram abertas por Charles 
Darwin para seus sucessores. 
 
"O APARECIMENTO DO HOMO SAPIENS 
“uma espécie que trabalha" 
 
 O homem descende do macaco. Essa foi à afirmação 
polêmica de Darwin na segunda metade do séc. XIX e que dividiu 
opiniões na sociedade moderna. Essa polêmica permanece até hoje, 
pois encontrou como opositor o ponto de vista de uma prática 
humana muito mais antiga que a teoria da evolução: a religião. Não 
conhecemos nenhuma crença, em nenhuma cultura que coincida e 
concorde totalmente com a afirmação de Darwin. Da perspectiva das 
crenças, a criação da vida é atribuída a um “ser criador”, a algo 
externo e superior a toda a vida existente. Ao conjunto de teorias e 
 6 
explicações que partem desse tipo de raciocínio, denominamos 
“criacionismo”. Pois bem, para pensar como Darwin e a maior parte 
dos cientistas até hoje, esqueça suas crenças. A ciência não 
reconhece como possível a existência de seres superiores que tenham 
dado origem à vida, e muito menos entendeque o ser humano é uma 
espécie “privilegiada” ou “superior”, seja pela capacidade de 
raciocínio, seja pela capacidade de criar crenças. 
 Para os evolucionistas, todas as espécies vivas foram 
surgindo das transformações de outras já existentes, dando origem a 
novas espécies, enquanto outras se extinguiram. Os primeiros 
humanos, chamados cientificamente de hominídeos, surgiram 
das transformações de algumas famílias de símios que fazem parte 
dos chimpanzés. 
 
 
 
 Nossa espécie surgiu devido a mudanças biológicas e ao 
surgimento da cultura. Que mudanças biológicas são essas que nos 
diferenciam dos símios? 
 
 O aumento da caixa craniana que nos dotou de um volume 
cerebral muitas vezes maior que o de um macaco. 
 A postura ereta, que possibilita utilizarmos apenas os membros 
inferiores para nos locomover. 
 E o surgimento do polegar opositor, que possibilita a nossa 
espécie da capacidade do chamado “movimento de pinça”. 
 7 
 
São a partir dessas três características básicas que 
desenvolvemos inúmeras outras características fascinantes 
como a capacidade da fala ou ainda a de fabricar instrumentos 
para nossa sobrevivência. 
 
 Mas essas características como inteligência, fala e indústria 
não teria surgido em nossos ancestrais se não fosse à presença de 
um tipo de comportamento que ajudou a modelar o corpo de nossos 
ancestrais, que é o comportamento baseado na CULTURA. Ou seja, a 
necessidade de comunicação, cooperação e divisão de tarefas facilitou 
o desenvolvimento dessas características BIOLÓGICAS. 
 
 Características biológicas: forma, funcionamento e estrutura 
do corpo. É a nossa anatomia, características herdadas 
biologicamente e que não são resultado da nossa escolha 
pessoal. 
 Características culturais: todo comportamento que não é 
baseado nos instintos, mas nas regras de comportamento em 
grupo que nos permite transformar a natureza para a 
sobrevivência (trabalho), e nos permite atribuir significados e 
sentidos ao mundo através dos símbolos (a cor branco 
simboliza a paz, ou o tipo de vestimenta simboliza status). 
 
 Durante muito tempo pensou-se que o ser humano já teria surgido 
plenamente dotado dessas características em conjunto. Hoje 
sabemos que nossa cultura foi determinante para modelar nossas 
características biológicas ao longo do tempo, e vice-versa. Nossos 
ancestrais foram lentamente se transformando em humanos, e essa 
espécie que somos agora, foi aos poucos sofrendo pequenas 
transformações que ao longo de milhões de anos nos diferenciaram 
totalmente de qualquer ancestral símio. 
No início da história humana, nossos ancestrais eram muito 
semelhantes a um macaco. Tinham mais pelos pelo corpo, o cérebro 
 8 
era menor e a mandíbula maior. A postura não era totalmente ereta, 
e as mãos não tinham muita habilidade, pois o polegar ficava mais 
próximo dos outros dedos. O tamanho do cérebro foi aumentando 
muito devagar, como também a postura ereta surgiu gradualmente, e 
igualmente o polegar opositor não surgiu repentinamente. A cada 
geração, mudanças muito sutis transformaram a espécie, e nesse 
processo a cultura teve um papel fundamental, pois possibilitou ou 
exigiu que nosso ancestral desenvolvesse comportamentos capazes 
de mudar nossa estrutura biológica. 
Um exemplo: sabemos que o surgimento da fala tem relação com 
duas características que são a posição da laringe resultante da 
postura ereta e a utilização das mãos para trabalhos de fabricação de 
instrumentos. Ao fabricar os chamados instrumentos de “pedra 
lascada”, nosso ancestral permitiu operações mais complexas e 
passou a utilizar uma área do cérebro, que é a mesma que nos 
permite falar. 
É importante compreender que nossa espécie não é fruto de coisas 
inexplicáveis, mas resulta de um longo e lento processo de 
evolução, que significa mudanças ao longo do tempo. Essas 
mudanças por sua vez, são fruto de uma dura luta por parte de 
nossos ancestrais para sobreviver em condições pouco favoráveis e 
convivendo com espécies mais fortes e predadores mais bem 
preparados fisicamente para tal. Nossos ancestrais não tinham a 
mesma caixa craniana que temos hoje, e não eram tão inteligentes; 
não tinham a postura totalmente ereta, e não viviam em cidades. 
Eram mais uma espécie entre tantas outras, e o pouco que puderam 
fazer então determinou sua sobrevivência, e mais que isso, 
determinou COMO somos hoje. 
Sobreviveram lascando uma pedra na outra para conseguir objetos 
pontiagudos e cortantes que serviam como arma de caça, como 
raspador de alimentos ou qualquer utilidade para a vida humana. 
Dormiam em cavernas, ao invés de fabricar abrigos. Durante muito 
tempo o domínio do fogo era um mistério, portanto não comiam 
muitos alimentos cozidos. Nessa época não havia escrita, e os únicos 
 9 
vestígios de comunicação encontrados são as pinturas em cavernas 
(arte rupestre) e pequenas estatuetas representando figuras 
femininas. Eram organizados em bandos que praticavam caça e 
coleta, por isso dependiam de deslocamentos constantes em busca de 
alimento. Durante quase quatro milhões de anos sobreviveram dessa 
forma, e nesse período de tempo nossa forma física foi se alterando, 
até que no chamado período “neolítico”, houve uma revolução. 
A “revolução neolítica” foi um período marcante em nossa 
evolução, durante o qual o ser humano desenvolveu técnicas 
determinantes para a história de nossa espécie: 
 
 A agricultura e a domesticação de animais, que permitiram o 
sedentarismo (começamos a construir abrigos e povoados ao 
invés de habitar em abrigos naturais). A agricultura e a 
domesticação de animais significaram a garantia de 
alimentação dos grupos humanos, independente do sucesso na 
caça e coleta. Isso permitiu à nossa espécie se fixar por 
períodos prolongados em determinados lugares, formando 
aldeias e também colaborou para o crescimento demográfico. É 
nesse momento que o ser humano começa a TRABALHAR, e 
não mais viver da caça/coleta que o tornava dependente dos 
recursos nos territórios habitados. A introdução do trabalho 
como estratégia de sobrevivência, segue um padrão 
estabelecido em nossa evolução para obter resultados: 
 
 A divisão de tarefas; 
 A cooperação com o grupo; 
 E a especialização. 
 
Essas características são importantes uma vez que possibilita que 
cada um de nós realize apenas um tipo de tarefa. Não é possível 
produzir sozinho tudo que necessitamos em nossa vida. Se não 
tivessem desenvolvido a capacidade de trabalho, baseado nos 
princípios acima, provavelmente, nossos ancestrais não teriam tido 
 10 
sucesso em sua evolução, e nenhum de nós estaria aqui hoje, 
compartilhando a condição se HUMANOS. 
Até hoje utilizamos essas habilidades de trabalho em grupo para 
viabilizar nossa existência social. A capacidade de dividir tarefas 
cooperar e se especializar permite atingir objetivos com resultados 
mais efetivos e também possibilita um conjunto social com melhor 
qualidade de vida. 
O conjunto de tudo que o grupo social produz torna viável uma 
existência cultural, nos libertando da “lei da selva”. O trabalho 
humano se fundamenta em características básicas como comunicação 
e cooperação. Fixando-se em um lugar, inaugurando o sedentarismo, 
o ser humano passa a viver em uma sociedade organizada. 
Mais alimentos disponíveis, mais segurança com as casas fabricadas, 
maior permanência do grupo, isso tudo levou a uma maior 
reprodução da espécie. Tais condições permitiram aos nossos 
ancestrais uma organização social mais complexa baseada na 
SOCIEDADE, e não mais em bandos.A comunicação também sofre 
uma revolução que foi o surgimento da ESCRITA. 
A partir da escrita e do surgimento das grandes civilizações da 
Antiguidade como Egito, Grécia e China, conhecemos exatamente 
como a humanidade se desenvolveu. Mas para chegar até esse ponto, 
nossos ancestrais percorreram um longo caminho. Ele é o resultado 
de um processo muito longo no tempo, e para os quais foram 
determinantes: 
 
 A postura ereta; 
 A capacidade craniana; 
 O polegar opositor; 
 E a aquisição da fala. 
 
Entretanto, nenhuma dessas características nos valeria muita coisa se 
não tivéssemos desenvolvido um tipo de comportamento baseado 
em regras de convivência social, divisão de grupos em 
parentesco, divisão do trabalho e uma mente dotada de raciocínio 
 11 
lógico e abstrato ligado à criatividade e imaginação. Foram nossas 
capacidades de ORGANIZAÇÃO e COMUNICAÇÃO que definiram tal 
resultado, afastando nossa espécie do comportamento instintivo e 
determinando essa longa e rica viagem chamada HUMANIDADE. 
 
“Clifford GEERTZ – como a Antropologia evidencia a 
importância da cultura na evolução da espécie humana.” 
 Silas GUERRIERO afirma na pg. 24 do texto “A origem do antropos”, 
indicado na bibliografia: 
 
CURIOSIDADES DE ALGUMAS ESPÉCIES 
 
Homo habilis conseguia fazer utensílios de pedra, inclusive armas, 
com as quais podia caçar animais, o que lhe permitiu incluir a carne 
na sua dieta. 
Homo erectus, um descendente direto do Homo habilis. Seu corpo e 
crânio eram maiores (cerca de 900 centímetros cúbicos). Sabia usar, 
também, o fogo, vivia em cavernas e conseguia construir elaborados 
instrumentos de pedra. 
Finalmente, há cerca de 200 mil anos, surgiu o Homo sapiens, cujo 
crânio media 1.500 centímetros cúbicos. Ele é o nosso antepassado 
mais próximo, e foi o que melhor soube transformar a natureza em 
seu benefício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
 
 
 
 
 
 CRIACIONISMO 
AULA 
01 
EVOLUCIONISMO 
Deus criou o homem e os 
demais seres vivos já na 
forma atual há menos de 
10 mil anos 
X 
O homem e os demais 
seres vivos são resultado 
de uma lenta e gradual 
transformação que 
remonta há milhões de 
anos 
Os fósseis (inclusive de 
dinossauros) são animais 
que não conseguiram 
embarcar na Arca de Noé 
a tempo de salvarem-se 
do dilúvio 
X 
Os fósseis e sua datação 
remota confirmam que a 
extinção de espécies 
também faz parte do 
processo evolutivo 
Deus teria criado todos os 
seres vivos seguindo um 
propósito e uma intenção 
X 
As transformações 
evolutivas são resultado de 
mutações genéticas 
aleatórias expostas à 
seleção natural pelo 
ambiente 
O homem foi feito à 
imagem e semelhança de 
Deus e, portanto, não 
descende de primatas 
X 
O homem não é 
descendente dos primatas 
atuais, mas tem uma 
relação de parentesco. 
Ambos descendem de um 
ancestral comum já extinto 
(simios) 
 
A origem da vida ainda 
não é explicada de modo 
satisfatório pelos 
X 
Aspectos fundamentais 
envolvendo a origem da 
vida ainda precisam ser 
 13 
evolucionistas mais bem esclarecidos, 
mas o método científico e 
não-dogmático é o 
caminho mais adequado 
para atingir esses 
objetivos 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 - Sobre a evolução da espécie humana, podemos afirmar que: 
 
I. O desenvolvimento de habilidades físicas e intelectuais na 
espécie humana deve-se principalmente ao fato de nossa 
hereditariedade garantir aos novos membros da espécie 
características vantajosas como a capacidade intelectual e 
do uso da razão, bem como habilidades motoras como o 
polegar opositor. 
II. Nossa evolução deve-se ao mesmo tempo a fatores de três 
ordens diferentes - às respostas do nosso organismo às 
demandas impostas pelo meio ambiente, às demandas 
coletivas desenvolvidas por nossa característica gregária e 
às lentas modificações físicas que disso se sucederam. 
III. O desenvolvimento de um cérebro maior, da postura ereta e 
o surgimento do polegar opositor foram fatores 
determinantes para que nossos ancestrais tivessem 
sobrevivido. Entretanto, os biólogos não admitem que essas 
sejam características que nos atribuam superioridade em 
relação aos outros seres vivos. 
IV. De acordo com a teoria evolucionista a espécie humana teve 
origem ao mesmo tempo em todos os continentes, isso 
explica o fato de que em cada lugar encontramos 
características biológicas diferenciadas como a cor da pele, 
dos olhos, estatura média do grupo e assim por diante. 
 
 14 
A) Estão corretas as alternativas I, II e IV 
B) Estão corretas as alternativas II, III e IV 
C) Estão corretas as alternativas II e IV 
D) Estão corretas as alternativas I, II e III 
E) Estão corretas as alternativas II e III 
 
02 - A respeito do evolucionismo, podemos afirmar que: 
 
A) Os evolucionistas e antropólogos encaram a espécie humana como 
um exemplo especial da evolução uma vez que as outras espécies 
vivas evoluem muito mais lentamente pelo fato de não terem 
desenvolvido um cérebro equivalente ao nosso. Isso permitiu que 
nossa espécie sofresse modificações que dificilmente serão igualadas 
por qualquer outro ser vivo. 
B) Segundo o evolucionismo, todas as espécies conseguem evoluir, 
portanto não existe possibilidade de mudança na quantidade de 
espécies existente, e sim na sua condição biológica que sofre 
alteração a cada passo da evolução. 
C) Para os evolucionistas, todo organismo EVOLUI. Evolução para 
eles significa que todas as espécies que evoluem se tornam 
necessariamente melhores, mais complexas e com organismos 
superiores aos que tinham há milhares de anos atrás. 
D) A busca de restos humanos pré-históricos nos obrigou a 
considerar a evolução da espécie humana como um outro animal 
qualquer. Além disso, segundo essa teoria todas as espécies vivas 
são fruto de uma longa e lenta evolução, não apenas o ser humano. 
Devemos então compreender que o processo da vida é evolutivo, 
inacabado e sem um objetivo ou plano pré-definido. 
E) Segundo o evolucionismo, apenas as espécies superiores evoluem, 
enquanto as inferiores acabem sofrendo extinção. 
 
03 - Entre as características que definem e marcam as 
especificidades da espécie humana, podemos apontar: 
 
A) É uma espécie que dependeu das características biológicas para 
definir a Humanidade. A única diferença entre o Humano e as outras 
espécies, pode ser resumida à evolução biológica de um cérebro 
capaz de efetuar operações complexas. 
B) Organiza agrupamentos de indivíduos que definem formas 
coletivas e ordenadas de práticas, pensamento, comportamento, 
convivência e sobrevivência. Não podemos compreendê-la sem 
considerar como a evolução cultural interferiu na evolução biológica. 
C) Define-se coletivamente dentro de grupos que compartilham a 
mesma história e que ignoram as diferenças e hierarquizações entre 
as diversas sociedades e culturas existentes. 
 15 
D) Trata-se de uma espécie que tem garantido em sua carga genética 
a capacidade de aprendizado e socialização, reproduzindo através da 
história sempre as mesmas respostas às mesmas necessidades, que 
são únicas para todos os indivíduos da espécie. 
E) Pode ser explicada através da capacidade para inovação, 
transformação e adaptação das formas de vida socioculturais que, a 
cada geração procura garantir inevitavelmente o progresso. 
 
 
04 - Segundo a teoria evolucionista: 
 
A) a espécie humana é uma das mais antigas existentes no planeta, 
tendo surgido praticamente no momento em que o nosso planeta 
resfriouo suficiente para permitir a existência de uma imensa 
diversidade biológica. 
B) nossa espécie é um exemplo de evolução; nenhuma outra espécie 
foi capaz de evoluir tanto quanto a nossa, por isso encontramos 
humanos que habitam em todas as partes do planeta, enquanto as 
outras espécies se restringem a territórios específicos. 
C) cada espécie surgiu em um determinado momento, de acordo com 
a maior capacidade de sobreviver naquele ambiente; assim, nossos 
antepassados humanos tiveram que conviver com mamíferos como 
os dinossauros, pois ambos necessitam do mesmo tipo de condição 
climática e ambiental. 
D) evoluir é uma medida da superioridade de uma espécie; assim, 
todas as espécies que sobreviveram à extinção podem ser 
consideradas melhores que seus antepassados. O melhor exemplo 
disso é o ser humano. 
E) a espécie humana evoluiu de antepassados que foram adquirindo 
lentamente capacidades que os diferenciavam de um ancestral 
comum aos macacos, e nessa cadeia evolutiva podemos encontrar as 
famílias de Australopitecus, os Homo Habilis e os Homo Erectus. 
 
05 - A explicação evolucionista mais aceita sobre a origem geográfica 
do ser humano afirma que: 
 
A) nossa espécie teve origem de algumas famílias de macacos da 
África, e só mais tarde surgiram os primeiros hominídeos no Norte 
(Europa) e Oriente Médio. 
B) o ser humano teria surgido ao mesmo tempo em dois pontos do 
globo – África e Europa – tendo se dispersado pelo resto do mundo a 
partir das eras glaciais. 
C) somos originários da Europa, por isso durante muito tempo ela foi 
chamada de o “velho continente”; dali partiram as correntes 
migratórias para o resto do globo. 
D) nossa espécie teve origem indeterminada geograficamente; as 
evidências fósseis são bastante confusas e não possibilita afirmarmos 
de onde viemos. 
 16 
E) o ser humano teve origem de algumas famílias de hominídeos 
africanos, que se dispersaram pelo globo em busca de alimento, 
adquirindo características locais em conseqüência da adaptação a 
diferentes ambientes. 
 
 
 
 
 
06 - Assinale a alternativa correta. De acordo com as descobertas da 
arqueologia e da paleontologia, o homo sapiens-sapiens se 
desenvolveu: 
 
A) A partir da criação de uma espécie dotada de capacidades 
especiais, reproduzidas à imagem e semelhança de formas superiores 
e sobrenaturais, tendo permanecido estável e imutável através dos 
tempos com o destino de povoar e dominar o planeta. 
B) A partir de transformações anatômicas sucessivas e formas de 
adaptação ao meio e às demais espécies, pertencendo a um grupo de 
espécies que desenvolveram uma capacidade simbólica como 
instrumento adaptativo e de organização das relações com o 
ambiente e com os demais indivíduos da espécie através de regras e 
cooperação. 
C) Como a forma mais sofisticada de evolução, sendo portanto o 
resultado de um processo contínuo de progresso das espécies em 
direção a uma forma definitiva e superior de vida biológica, podendo 
ser tomada como modelo do projeto evolutivo pelo qual todas as 
espécies devem passar. 
D) Como resultado de uma evolução prevista, pois nenhuma outra 
espécie teria tido capacidade de desenvolver raciocínio, postura ereta 
e comportamento modelável pela cultura. 
E) A partir da evolução casual de uma família de símios que começou 
a gerar uma prole com cérebro avantajado e a postura ereta 
 
07 - As principais vertentes de explicação sobre a origem humana 
atualmente, segundo o texto de Silas GUERRIERO “As origens do 
antropos” são respectivamente: 
 
A) a evolucionista que defende que viemos dos macacos, a 
funcionalista que defende que nossa espécie cumpre a função de 
manter a evolução e a criacionista, baseada em um conjunto de 
evidências sobre a criação de nossa espécie por um ser superior. 
B) a criacionista que defende que somos criados pelos macacos, a 
evolucionista que afirma baseada em evidencias que somos fruto de 
uma evolução critica, e a estruturalista, responsável pela afirmação 
que nossa estrutura biológica foi favorecida por eventos climáticos. 
C) a evolucionista, baseada em um conjunto de evidências que 
sugerem que somos fruto de uma evolução que partiu dos símios e a 
criacionista, baseada em um conjunto de dogmas e crenças que 
 17 
partem da idéia de um ser superior que criou a vida humana 
exatamente como ela é hoje, e procuram na ciência um 
embasamento para essa afirmação. 
D) a teoria do ponto crítico, que defende que nossos ancestrais sofreram 
uma “revolução” evolucionista que o transformou em ser humano; a 
evolucionista, que afirma ter sido nossa evolução do macaco ao homem um 
longo e lento processo e a metodológica, responsável pela idéia segundo a 
qual a natureza tem seu próprio método de evolução, independente de 
forças superiores. 
E) a científica representada pelo ponto crítico, e as religiosas representadas 
pelo evolucionismo teológico. 
 
08 - Afinal, o ser humano é fruto de uma evolução? 
 
A) Não. O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus 
B) Sim. De acordo com a teoria da evolução somos apenas mais uma 
espécie animal 
C) Não. A teoria da evolução não está provada 
D) Sim. Evoluiu a partir do macaco, que por sua vez não evoluiu 
E) Não. As descobertas científicas atuais colocam em dúvida a 
evolução e mostram que, desde o início, o ser humano já possuía 
essa forma atual 
 
DETERMINAÇÕES BIOLÓGICAS E PROCESSO CULTURAL 
 
Cada indivíduo possui um fenótipo, que corresponde à aparência 
física, entretanto somos portadores de genótipos que são genes que 
carregamos. 
FENÓTIPO: (características - pele clara e olhos azuis) 
GENES: (são as informações hereditárias de um organismo ) 
• Durante muito tempo acreditava-se que cada raça correspondia 
uma cultura. Dessa perspectiva ultrapassada surgiram as 
teorias deterministas. 
• DETERMINISMO BIOLÓGICO – Defendia que a herança 
genética seria responsável pelo comportamento diferenciado do 
ser humano dentro de cada cultura. 
• DETERMINISMO GEOGRÁFICO – Defendia que o meio 
ambiente no qual essa ou aquela população se desenvolveu, 
 18 
também seria um fator determinante para a cultura ali 
desenvolvida. Portanto, populações de lugares com clima 
quente, ou muito frio teriam sofrido influências que somadas ao 
fator biológico, explicariam costumes, mentalidade, valores e 
tradições. 
• Então a geografia desempenhou um importante papel para a 
diversidade de tipos humanos? Sem dúvida! Ao longo do 
processo evolutivo, mudanças importantes ocorreram para 
permitir a sobrevivência de nossa espécie em diferentes meios. 
A quantidade de melanina na pele e a dimensão do aparelho 
nasal foram sendo modelados para permitir nossa 
sobrevivência. Como a grande família humana foi seguindo 
rumos diferentes, os grupos migravam para esse ou aquele 
lugar, carregavam um conjunto genético que foi se 
estabilizando ao longo da história. Isso foi criando fenótipos 
próprios a cada população humana que viveram praticamente 
isoladas umas das outras durante tempo suficiente para que 
fosse surgindo um tipo de “padrão” que chamamos etnia 
• Mas não existe uma determinação biológica/geográfica que 
sustente a explicação sobre a diversidade cultural. Esses 
fatores são importantes na relação do ser humano com o meio, 
seja para sobreviver, seja para se relacionarem com os outros, 
mas não são determinantes. 
 
Exemplos: Nós não dependemos dos genes para isto ou aquilo, 
podemos com esforço chegarmos onde queremos, porém indivíduos 
que carregam genes para alguma coisa chega ao mesmo resultado 
com mais facilidades 
Para qualquer comportamento humano que seja levantado, a 
resposta é que o meio e a genética podem ser elementos que 
influenciamos grupos humanos, mas não há como afirmar que 
eles definem por si sós a nossa espécie. 
 19 
Ter tendência a gostar mais de arroz e feijão ou de peixe cru, faz 
parte de algo que aprendemos, e não de uma informação genética 
que não pode ser manipulada. 
• E claro que carregamos a herança genética, mas não podemos 
afirmar, por exemplo, que um filho de alcoólatra possa ser alcoólatra 
também. O ser humano é uma espécie moldável e criativa. Em cada 
grupo social as respostas às necessidades e a qualidade dos vínculos 
sociais resultam de uma história que é única aquele grupo. 
Portadores das marcas da história, das experiências coletivamente 
vividas, das soluções criadas, cada grupo vai construindo um 
conjunto absolutamente único que é sua CULTURA. 
EXERCÍCIOS 
 
01 - Durante muito tempo acreditava-se que cada raça 
correspondia uma cultura. Dessa perspectiva ultrapassada surgiram 
algumas teorias, quais foram? Explique-as. 
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02 - AS MENINAS LOBO 
 
Após ler o texto escreva um texto (minimo 15 linhas, 
descrevendo as possiveis causas que as meninas lobos não 
conseguiram se adaptar a vida humana. 
 20 
NA Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente 
numerosos, descobriram-se, em 1920, duas crianças. Amala e 
Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha 
um ano e meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de 8 
anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seu 
comportamento era exatamente semelhante aquele de seus irmãos 
lobos. 
Elas caminhavam de quatro patas, apoiando-se sobre os joelhos e 
cotovelos para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os 
trajetos mais longos e rápidos. 
Eram incapazes de permanecer de pé. Só se alimentavam de carne 
crua ou podre, comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça 
para frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram 
recolhidas, passaram o dia acabrunhadas (abatidas) . Eram ativas e 
ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. 
Nunca choraram ou riam. 
Kamala viveu durante oito anos na instituição que a acolheu, 
humanizando-se lentamente. Ela necessitou de seis anos para 
aprender a andar e pouco antes de morrer só tinha um vocabulário 
de cinqüenta palavras. Atitudes afetivas foram aparecendo aos 
poucos. 
Ela chorou pela primeira vez por ocasião da morte de Amala e se 
apegou lentamente às pessoas que cuidaram dela e às outras 
crianças com que mais conviveu. 
A sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se com outros por gestos, 
inicialmente, e depois por palavras de um vocabulário rudimentar 
(não desenvolvido), aprendendo a executar ordens simples. 
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 21 
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03 - Procure informar-se sobre a história de Tarzan. Com base no 
que foi estudado no texto acima sobre as meninas-lobo, explique 
por que essa lenda é inverossímil. (mínimo 15 linhas) 
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04 - Sabemos que desde a Antiguidade, o Homem procura 
explicações para a grande diversidade cultural, que é característica 
do conjunto das sociedades humanas. Entre essas explicações, 
existem aquelas que atribuem à diversidade cultural a fatores 
geográficos e biológicos. Sobre essas afirmações, uma das 
alternativas abaixo é correta. Assinale-a: 
 
A - Não é correto que fatores como clima, oferta de alimentos e raça 
influencia a cultura, uma vez que a cultura é uma herança social que 
não depende de fatores externos à própria sociedade. 
B - É correta essa afirmação, uma vez que a cultura é apenas uma 
solução para os problemas de sobrevivência da espécie humana, e 
dependendo do clima e do espaço onde se desenvolve uma cultura 
ela será uma resposta a essas condições; além disso, é sabido que o 
fator racial influencia em questões como a capacidade de 
desenvolvimento tecnológico e de organização institucional. 
 22 
C - Geografia e biologia são fatores importantes, mas não 
determinantes para o desenvolvimento de uma cultura, pois podemos 
encontrar populações que vivem em meio ambientes muito 
semelhantes, porém suas culturas são diferentes. A cultura não é 
apenas resposta ao meio ou de capacidades inatas, mas um conjunto 
de hábitos e costumes, saberes e instituições que se desenvolve de 
maneira única em cada sociedade. 
D -Não é correta essa afirmação, pois apesar da geografia não ser 
determinante para as características de uma cultura, a biologia é que 
consiste num aspecto fundamental; podemos perceber isso através 
de culturas que se desenvolvem igualmente para cada raça humana, 
ou seja, as culturas dos brancos, negros, amarelos e índios. 
E - É correta essa afirmação, pois a geografia influencia uma cultura 
através de aspectos como clima, qualidade do solo, distâncias em 
relação ao mar; já a biologia influencia em aspectos como a 
diversidade biológica à disposição de uma população em seu meio e 
que é fundamental como recurso para sua sobrevivência. Utilizando 
os recursos adequadamente, uma cultura se desenvolve melhor. 
 
05- Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam 
a teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias 
constituiriam um fator de importância primordial entre as causas das 
diferenças que se manifestam entre as culturas e as obras das 
civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Elesnos informam, 
pelo contrário, que essas diferenças se explicam antes de tudo pela 
história cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram um papel 
preponderante na evolução do homem são a sua faculdade de 
aprender e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de 
todos os seres humanos. Ela constitui, de fato, uma das 
características específicas do Homo Sapiens”. 
(Declaração redigida por vários cientistas em 1950, no pós-nazismo, 
no encontro da Unesco em Paris) 
“Nada, no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade ou 
a inferioridade intelectual de uma raça em relação à outra”. 
Claude Lévi-Strauss, “Raça e cultura” 
 
Os dois pensamentos citados acima têm como objetivo: 
 
A) confirmar as teses que atribuíram características e aptidões raciais 
inatas. 
 23 
B) afirmar que as diferenças do ambiente físico condicionam a 
diversidade cultural. 
C) negar a grande diversidade cultural da espécie humana. 
D) negar as teses deterministas biológicas, lutando contra o 
preconceito racista e todas as tentativas de discriminação e de 
exploração. 
E) legitimar a hierarquia de raças. 
 
06 - “Folha - A senhora leu as declarações do presidente da 
Universidade Harvard, Lawrence Summers, que sugeriu que 
diferenças biológicas inatas entre homens e mulheres poderiam 
explicar a existência de um número menor de pesquisadoras nas 
ciências exatas? 
Collin - Ele disse isso? 
 “Folha - A senhora leu as declarações do presidente da Universidade 
Harvard, Lawrence Summers, que sugeriu que diferenças biológicas 
inatas entre homens e mulheres poderiam explicar a existência de 
um número menor de pesquisadoras nas ciências exatas? 
Collin - Ele disse isso? 
Folha - Disse. 
Collin - É um comentário estúpido. Isso me lembra de um comentário 
de um jornalista que disse que o nível das universidades francesas 
tinha caído por causa do número grande de mulheres que estavam 
estudando. 
Ele foi processado e, no processo, várias mulheres levaram livros de 
sua autoria para a mesa do juiz. Elas encheram a mesa com livros e 
ganharam o processo. 
Folha - No entanto, testes oficiais aplicados em estudantes no Brasil e 
em outros países do mundo mostram que meninos têm, em média, 
melhor desempenho em matemática, enquanto meninas têm notas 
melhores em português ou em sua língua materna. Negar essas 
diferenças não prejudica o entendimento dessa questão? 
Collin - Mesmo se essas estatísticas que você citou forem realmente 
corretas, elas têm que ser analisadas a partir do contexto cultural. Se 
 24 
for realmente verdade, e não estou dizendo que é, isso não permite 
dizer que essas diferenças ocorrem por razões naturais. Uma menina 
que recebeu menos incentivo da família do que um garoto poderá ter 
desempenho pior, mesmo se estudar na mesma classe. Essas 
diferenças, caso existam, são muito sensíveis ao contexto cultural.” 
(Jornal Folha de São Paulo, Segunda-feira, 2 de maio de 2005, 
“ENTREVISTA DA 2ª” com FRANÇOISE COLLIN, por ANTÔNIO GOIS) 
De acordo com a posição que Françoise Collin assume nesta 
entrevista, qual das afirmações abaixo é INCORRETA: 
 
A) as diferentes aptidões de homens e mulheres não se devem a 
causas naturais. 
B) homens e mulheres agem diferentemente sobretudo por terem 
sempre recebido um aprendizado diferenciado. 
C) a constituição genética feminina é o que determina o pior 
desempenho das mulheres em matemática. 
D) uma menina que recebeu menos incentivo de seu grupo cultural 
para gostar de matemática tenderá a ter um desempenho mais fraco 
do que o de um menino que tenha sido estimulado a gostar das 
ciências exatas. 
E) é falso que as diferenças de comportamento existentes entre 
pessoas de sexo diferentes sejam determinadas geneticamente. 
 
07 - Muita gente ... acredita que os nórdicos são mais inteligentes do 
que os negros; que os alemães têm mais habilidade para a mecânica; 
que os judeus são avarentos e negociantes; que os norte-americanos 
são empreendedores, traiçoeiros e cruéis; que os ciganos são 
nômades por instinto, e, finalmente, que os brasileiros herdaram a 
preguiça dos negros, a imprevidências dos índios e a luxúria dos 
portugueses.” (LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito 
antropológico. 17ª ed. RJ: Zahar,2004, p.17). 
Escolha a alternativa CONTRÁRIA à forma de pensar apresentada na 
citação acima. 
 
 25 
A) A cultura do homem é determinada pela quantidade de livros lidos. 
B) A cultura do homem é determinada pelos aspectos geográficos. 
C) A cultura do homem é determinada pela sua genética. 
D ) A cultura do homem é resultado do criacionismo. 
E) A cultura do homem não é determinada pelo aspecto biológico. 
 
 
CULTURA 
 
A antropologia propõe que a cultura é à base de nossa forma de 
encarar o mundo à nossa volta e dar formas e significados a ele. 
Vamos considerar que grande parte das coisas que realizamos em 
nosso dia-a-dia, incluindo planos pessoais e organização de regras de 
convivência, é resultado de um modelo coletivo de pensar como 
devemos ser? 
Isto significa que aprendemos a estar no mundo, e não 
simplesmente somos “jogados” nele. Desde a língua que falamos 
para nos comunicar, até os símbolos que associamos a crenças, 
sonhos e mensagens, são criados de acordo com uma mentalidade 
coletiva comum. Esse “modelo” para nos comunicar e dar sentido ao 
que pensamos, é dado pela nossa cultura. 
E em cada uma das culturas humanas, aquilo que nos faz rir, chorar 
ou sonhar varia imensamente. 
Para Edward Tylor, (antropólogo) cultura é um conjunto complexo 
que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a lei, a moral, os 
costumes e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo 
homem enquanto membro de uma sociedade. E claro que para outros 
autores o conceito é diferente, pois cada um tem uma forma de 
analisar a palavra. 
 
CULTURA NA VISÃO DE ALGUNS AUTORES 
 
 26 
• Franz Boas– relação entre o individuo e a sociedade, ou seja, as 
reações do individuo na medida em que são afetadas pelos 
costumes do grupo que vive; 
• B.Malinoswski – E a totalidade 
• Goodenough – e uma organização de tudo que a sociedade 
conhece e acredita 
• M.Harris – Estilo de vida pessoal 
• Anthony Giddens – Conjunto de regras, valores e a produção de 
bens materiais. 
• Geertz, podemos afirmar que a cultura é produto do humano, 
mas o humano é também produto da cultura. Não fosse essa 
extraordinária capacidade de articulação e fabricação de 
símbolos, provavelmente não teríamos sobrevivido e, se o 
tivéssemos conseguido, não teríamos diferenças anatômicas tão 
marcantes frente a nossos parentes mais próximos. Em outras 
palavras, não estaríamos aqui contando essa história.” 
 
Concluindo, entre todas as definições de cultura que foram 
apresentadas, hoje em dia na antropologia, o consenso gira em torno 
de nossa capacidade de simbolização. 
Para expressar a cultura dependemos da utilização dos símbolos. 
Língua, conceitos, valores, idéias, crenças, tudo que faz parte da 
cultura humana é baseada em símbolos que precisam de uma 
convenção social para serem associados pelos indivíduos a um 
mesmo significado, e faz com que seja possível a interpretação dos 
conteúdos comunicados. 
 Cada local tem a sua simbologia, porém alguns símbolos são 
mundiais 
 
 
 
 27 
ENDOCULTURAÇÃO: é o processo permanente de aprendizagem de 
uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a 
partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a 
morte. Este processo de aprendizagemé permanente, desde a 
infância até à idade adulta de um indivíduo. 
A medida que o individuo nasce, cresce, e desenvolve, ele aprende 
envolvendo-se cada vez mais a agir da forma que lhe foi ensinado 
 
 
Senso comum 
 
O senso comum ou conhecimento espontâneo é a primeira 
compreensão do mundo resultante da herança do grupo a que 
pertencemos e das experiências atuais que continuam sendo 
efetuadas. Baseia-se em conhecimentos espontâneos e intuitivos, 
uma forma de conhecimento que fica no nível das crenças. Este 
conhecimento vai do hábito à tradição, muitos deles, aprendemos 
com os nossos pais que aprenderam com nossos avós ... 
 
EX.: Peixe 
 
Senso comum fatores 
 
• Fatores como crenças, desejos, tradição, fazem com que haja 
um apego ao senso comum. Não são raros os casos em que as 
crenças do senso comum produziram comportamentos 
preconceituosos, com base numa postura dogmática diante da 
compreensão dos fenômenos. 
• Durante muito tempo, acreditou-se que uma determinada raça 
fosse superior à outra. Não raro, o radicalismo em torno dessas 
crenças levou à condenação de pessoas que foram perseguidas 
 28 
pelo simples fato de criticá-las ou por se enquadrarem como 
hereges ou como membros de uma etnia inferior. 
 
 
 
 
 
 
 
O conhecimento científico 
 
• É o que é produzido pela investigação científica, através de 
seus métodos. 
• O pensamento científico é uma forma de o homem tentar 
alterar uma realidade através da corroboração (confirmação) 
de uma lei. 
Ex.: Bom ou ruim? Depende? 
Vacinas / Bombas 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 “... é o conjunto dos comportamentos, saberes e saber fazer 
característicos de um grupo humano ou de uma sociedade dada, 
sendo essas atividades adquiridas através de um processo de 
aprendizagem, e transmitidas ao conjunto de seus membros." 
(LAPLANTINE, 1995, p.120). 
Escolha a alternativa que corresponda ao conceito acima. 
 
A) Cultura 
B) Antropologia 
C) Sociologia 
D) Sociedade 
E) Vida 
 
 29 
“02 - Os operários alemães são muito cultos.” 
“Aquela menina não tem cultura nenhuma.” 
As frases acima expressam que tipo de pensamento ou explicação: 
 
A) senso crítico 
B) senso comum 
C) explicação científica 
D) explicação crítica 
E) bom senso 
03 - Podemos identificar uma cultura através de: 
 
1) dinâmica e adaptação 
2) repetição e ritualização 
3) traços materiais, linguagem, artes etc. 
4) maior ou menor quantidade e qualidade de conhecimentos. 
 
A) são corretas as alternativas 1, 2 e 4 
B) são corretas apenas as alternativas 1, 2 e 3 
C) são corretas apenas as alternativas 1 ,3 e 5 
D) todas as alternativas são corretas 
E) apenas as alternativas 3 e 4 são corretas 
 
04- “É a parte do ambiente feita pelo homem.” (Herskovits). Tal 
afirmação se refere ao conceito de: 
 
A) tecnologia 
B) natureza 
C) cultura 
D) criacionismo 
E) relativismo cultural 
 
05 - É correto afirmar que: 
 
1) existem diferentes explicações sobre a origem do homem 
 30 
2) todos são incultos 
3) uma sociedade não existe sem cultura 
4) o homem não é um ser cultural 
5) uma cultura não existe sem sociedade 
 
A) as alternativas 2, 3 e 4 estão corretas 
B) todas as alternativas estão corretas 
C) as alternativas 1, 3, 4 e 5 são corretas 
D) as alternativas 2 e 5 estão corretas 
E) as alternativas 1 - 3 e 5 estão corretas 
 
06 - Ao adquirir a cultura, podemos dizer que o homem: 
 
A) não perdeu a propriedade animal, geneticamente determinada, de 
repetir os atos de seus antepassados 
B) desenvolveu a propriedade animal, de repetir os atos de seus 
antepassados, com a necessidade de copiá-los e sem se submeter a 
um processo de aprendizado. 
C) manteve intacto o processo de transmissão de conhecimento 
determinado pela genética aos seus descendentes. 
D) perdeu a propriedade animal, geneticamente determinada, de 
repetir os atos de seus antepassados, sem a necessidade de 
simplesmente copiá-los e passou a se submeter a um processo de 
aprendizado que é cultural. 
E sofreu uma mutação biológica que o possibilitou, alterar 
geneticamente a sua mente. 
 
07- A cultura interfere em nosso plano biológico. Essa afirmação pode 
ser considerada: 
 
A) Verdadeira, pois em cada cultura nascemos com uma herança 
biológica diferente; assim, os traços físicos de um japonês serão 
diferentes de um mexicano, e assim por diante. 
B) Falsa, pois a cultura faz parte do nosso comportamento, sem ter 
qualquer relação com nossas características biológicas. 
 31 
C) Verdadeira, pois de acordo com cada costume os indivíduos se 
relacionam diferentemente com seus corpos, e as doenças 
psicossomáticas são um exemplo dos efeitos possíveis de um tipo de 
vida sobre nosso organismo. 
D) Verdadeira, pois em todas as culturas as mulheres praticam 
necessariamente rituais que modelam ou alteram a forma física. 
E) Falsa, pois a biologia não determina nenhum tipo de cultura. 
 
 
08- fatores. Assim, a cultura que recebemos de nossos pais, não será 
a mesma que nossos netos conhecerão. Essas transformações podem 
ser explicadas como se segue: 
 
I. A capacidade de aprendizado faz com que a cultura tenha a 
característica de ser acumulativa; a cada geração selecionamos, 
descartamos ou aperfeiçoamos a herança cultural recebida. 
II. O contato com outras culturas agiliza as mudanças; muitas vezes 
esse contato pode influenciar algumas características, transformando-
as. 
III. As transformações podem ser resultados do impacto de alguns 
fatos históricos como guerras e revoluções, por isso culturas 
semelhantes em um momento histórico podem ser diferentes um 
pouco depois. 
IV. As transformações culturais são resultados da capacidade que 
cada cultura tem para se adaptar a uma nova situação histórica, 
funcionando como uma espécie de “seleção natural”, as mudanças 
culturais podem determinar quais sociedades serão dominantes e 
quais serão dominadas. 
 
A) Estão corretas II e III. 
B) Apenas I está correta. 
C) Todas estão corretas. 
D) Estão corretas I e IV. 
E) Estão corretas I, II e III. 
 32 
 
09 - O Professor Pardal é uma personagem de Banda Desenhada que 
representa um cientista muito inteligente, criativo e inventivo. Nesta 
imagem podemos vê-lo a evitar passar por debaixo de uma escada, 
pois isso supostamente dá azar - mas sem reconhecer, sem assumir 
o receio. Ele sabe que a ciência é incompatível com a superstição. Só 
que... 
 
Porque serão as superstições tão resistentes à análise racional e 
científica? 
_____________________________________________
_____________________________________________ 
 
 
10 - Os textos a seguir apresentados referem vários conhecimentos. 
Identifique quais são conhecimentos científicos e quais são 
vulgares. 
 
1. Muitos habitantes de Faro sabem onde fica a sede da Câmara 
Municipal de Faro. _____________________ 
2. Em Portugal (nas zonas urbanas, mas, sobretudo nas zonas 
rurais) é muito frequente a crença de que alimentos como a 
 33 
canja de galinha e os citrinos (laranjas, tangerinas, limões, 
etc.) ajudam a curar as constipações. _______________ 
3. «Numa tradução da História Natural, de Plínio, escrita no início 
da era cristã, pode ler-se o seguinte parágrafo (...): “A mão da 
mulher com a menstruação torna o vinho em vinagre, seca as 
colheitas, mata as sementes, murcha os jardins, embacia os 
espelhos, oxida o ferro e o latão(sobretudo quando a Lua está 
na fase de quarto minguante), mata as abelhas, o marfim 
perde o seu brilho, os cães enlouquecem se lambem o seu 
mênstruo...” (...) Algumas comunidades judaicas da Europa 
Oriental acreditam que, se as mulheres se aproximarem das 
conservas durante a menstruação, estas estragar-se-ão. Na 
Carolina do Norte mantém-se a crença tradicional de que, se a 
mulher amassar um bolo durante o período, este não será 
comestível.» _________________ 
4. Plutão leva 247,7 anos a completar uma volta em torno do Sol. 
____________________________________________ 
5. A temperatura média na superfície de Plutão é de 237 graus 
negativos. _________________________ 
6. No planeta Mercúrio, que é o mais próximo do Sol, chegam a 
registar-se temperaturas de 430 graus (positivos). 
________________________ 
 
HERANÇA CULTURAL 
 
Da mesma forma como cada família pode deixar aos seus 
descendentes uma herança material (patrimônio familiar), a nossa 
sociedade nos deixa uma HERANÇA de valores, modos de agir e 
pensar, conhecimentos, e assim por diante. É parte da nosso 
PATRIMÔNIO CULTURAL, seja material ou imaterial. 
 Então, temos que a CULTURA influencia nossas vidas em diversos 
níveis: 
 
 A moral; 
 34 
 As noções de higiene pessoal; 
 Os sentimentos; 
 Nossa alimentação; 
 Os critérios de beleza; 
 As necessidades e o uso da tecnologia; 
 O que entendemos como SAÚDE e também a DOENÇA; 
 Nosso gestual e a forma como utilizamos o corpo, entre tantos 
outros. 
 Assim, podemos identificar facilmente indivíduos de diferentes 
culturas por características como: 
 
 Modo de agir 
 De vestir 
 De caminhar 
 De comer 
 Ou mesmo pela mais simples delas - a língua que cada um 
deles fala 
 
Desde que fase de nossas vidas essa influência 
acontece? 
 
 Desde o parto, somos condicionados pela nossa cultura. 
 
 35 
 
Da esquerda para a direita: 
África, Índia, Inglaterra, Nova Zelândia, Brasil. 
 
A CULTURA INTERFERE NO PLANO BIOLÓGICO 
 
Ao longo de nossas vidas o nosso corpo físico é intensamente afetado 
pelas nossas experiências culturais. 
 Para manter tradições, obedecer a regras e principalmente, para nos 
sentirmos INCLUÍDOS (o que dá aquela sensação de confiança e auto 
estima, quando nos sentimos parte de um todo, quando 
“pertencemos” a um lugar social), nosso corpo físico é submetido 
frequentemente a exigências. 
Portanto, o que o autor chama de “PLANO BIOLÓGICO” é exatamente 
nossa forma física, saúde e aparência corporal. 
 Pense em quantas situações ao longo de nossas vidas nosso corpo é 
atingido em função de experiências culturais. Para lembrar alguns 
exemplos: 
 
 O tipo de parto que cada cultura oferece e considera melhor; 
 Perfuração ou alargamento de lóbulos, lábios, pálpebras; 
 Técnicas de desenhos ou formação de saliências na pele como 
Tatuagens, e implantes; 
 A dieta cotidiana que pode incluir desde insetos; carnes dos 
mais variados tipos e partes de animais (cruas ou cozidas); 
 36 
ingestão de bebidas alcoólicas ou qualquer outra que altere 
igualmente a percepção e reações; 
 Alimentos processados industrialmente; vegetais, raízes, 
sementes, folhas, frutas e flores; grãos e castanhas. 
 
 Neste item você pode ter considerado algumas coisas muito normais 
e outras repugnantes. Pense que se você tivesse sido socializado em 
outra cultura, suas escolhas poderiam ter sido completamente 
invertidas. 
Formas de tratamento de doenças que podem incluir uma imensa 
lista como a ingestão de fitoterápicos, preparados químicos 
conhecidos como remédios; rituais que envolvem ou não a 
participação e presença física do doente que pode ser submetido a 
todo tipo de intervenção passiva ou ativa – às vezes o doente precisa 
ingerir, inalar, sugar outras vezes ele é sugado; cortes, incisões, 
perfurações, com ou sem anestesias, e muitos outros tipos. 
- modelagem do corpo com muitas técnicas diferentes como dietas, 
cirurgias e implantes, ou treinos especiais (militares, esportivos, 
rituais ou de espetáculos); 
- uso de vestuário e adornos corporais. Neste item você pode se 
perguntar como nossa indumentária pode interferir no plano 
biológico, mas é possível sim. As famosas “mulheres girafas” da 
Tailândia (Ásia), que desde os cinco anos começam a utilizar argolas 
no pescoço com o objetivo de esticá-los; as mulheres chinesas que 
durante séculos enfaixavam os pés para evitar seu livre crescimento; 
o processo de treinamento das modelos ocidentais que para serem 
vistas com roupas e acessórios à venda pela indústria da moda se 
submetem a dietas incríveis de emagrecimento e treino para o 
controle do corpo, movimento e expressões faciais na passarela. 
A participação em festas e ocasiões especiais, que além de exigir o 
controle da postura e gestual em função da utilização de vestimentas 
especiais, exigem também a submissão (em alguns casos) de horas 
em jejum e em seguida horas de ingestão de uma quantidade incrível 
de alimentos e bebidas; 
 37 
A submissão a rotinas que podem gerar lesões físicas e/ou 
desconfortos psicológicos dos mais variados graus; 
O desenvolvimento de doenças psicossomáticas; a reação do 
organismo na forma de doença a experiências negativas; 
 Você pode fazer o exercício de encontrar outros e tantos inúmeros 
exemplos. Não restam dúvidas do quanto submetemos nossos corpos 
em função das experiências culturais. 
Interpretamos isso como algo “natural”. Entretanto é muito comum a 
reação de espanto, indignação ou repúdio ao que os “outros” fazem 
com seus corpos. Ter a vida de uma modelo da moda pode parecer 
normal entre nós, mas pode ser considerado incompreensível aos 
outros, tanto quanto perfurar lábios para o uso de botoques nos 
parece. 
 
 
 
 
 38 
 
 
Da esquerda para a direita: 
Kayapó (Xingú, Brasil) foto de Jean P. DUTILEUX 
 Foto em revista de forma física e saúde 
Sumotori Tailandesa 
 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 - Alfred KROEBER afirma que existe uma diferença muito grande 
entre a evolução biológica dos animais e do ser humano. Para 
fundamentar sua idéia, ele cita o fato que os ursos polares 
desenvolveram ao longo de muitas gerações grossas camadas de 
pelos para sobreviver ao clima de seu meio ambiente, enquanto o ser 
humano ao invés de desenvolver pelos, utiliza roupas e cobertas. 
 
Ao realizar essa comparação, o autor está: 
 
A) demonstrando a importância da superioridade humana em relação 
aos outros animais, uma vez que nossa espécie é capaz de se adaptar 
a qualquer meio ambiente. 
 39 
B) demonstrando a inferioridade da espécie humana, que depende 
dos recursos extra-orgânicos (exteriores ao corpo) para sobreviver, 
enquanto os outros animais são capazes de desenvolver 
características ideais de adaptação. 
C) ressaltando as diferenças entre animais e seres humanos, 
baseando-se em conceitos exclusivos da biologia; essa ciência é a 
única a definir de forma coerente e correta essa diferença. 
D) afirmando que apenas com a cultura é possível uma espécie 
evoluir; como os animais não utilizam a cultura, eles não evoluem. 
E) demonstrando que a evolução biológica do ser humano é diferente, 
pois nossa espécie não necessitou de uma adaptação biológica a 
diferentes meios. A cultura se mostrou como uma forma de 
adaptação ainda melhor e superior ao possibilitar a adaptação a 
qualquer ambiente sem necessidade da lenta adaptação genética. 
 
 
 
 
 
02 - Sabemos que a cultura interfere no plano biológico dos 
indivíduos. A esserespeito é correto afirmar que: 
 
A) Ao evoluir culturalmente uma cultura proporciona a evolução 
biológica aos indivíduos, pois ambas não podem ser separadas. 
B) Não é possível observarmos claramente essa interferência, uma 
vez que é uma teoria antropológica e não da biologia. 
C) Em cada cultura o ser humano dispõe de um plano biológico 
distinto, assim não podemos comparar o organismo de alguém da 
cultura árabe com outros da cultura ocidental, por exemplo. 
D) A cultura possibilita conhecermos melhor nosso plano biológico, 
através da evolução de conhecimentos que desvendam seu 
funcionamento. 
E) As doenças psicossomáticas são exemplos visíveis da forma como 
os hábitos de uma cultura afetam nossa saúde. 
 40 
 
 03 - Alguns africanos que foram transportados violentamente como 
escravos para um continente desconhecidos passaram a apresentar 
uma apatia profunda, que podia provocar a morte. Denominou-se a 
essa doença o nome de “banzo”. Esse é um dos fatos que prova que: 
 
A) os africanos não tinham tanta capacidade de se adaptar ao novo 
continente e condições de vida diferentes da anterior. 
B) a cultura africana não facilitava a motivação para uma nova 
situação. 
C) a cultura interfere no funcionamento biológico de seus indivíduos. 
D) o novo continente não facilitou a adaptação dos africanos, que 
sofreram a seleção natural. 
E) deveriam ter sido escravizados no próprio continente africano para 
evitar essas mortes. 
 
 
 
 
04 - Leia o texto abaixo e responda o que se pede: 
 
“Anorexia Nervosa é um transtorno do comportamento 
alimentar que se desenvolve principalmente em meninas 
adolescentes e caracteriza-se por uma grave restrição da 
ingestão alimentar, busca pela magreza, distorção da imagem 
corporal e amenorréia (suspensão da menstruação). 
(...)Acrescentando a todas estas dificuldades* o apelo da moda 
e o culto à magreza, dá para entender que ser mulher e 
adolescente, no mundo de hoje, é um duplo fator de risco para 
o desencadeamento de um transtorno alimentar.” Cybelle 
Weinberg, publicado pelo “Portal Psi”, no endereço eletrônico: 
http://www.redepsi.com.br 
 
 41 
[*] no texto original a autora descreve o quadro psico-social de 
transformações muito observadas na puberdade. 
 
É possível perceber através da descrição feita pela autora que: 
 
 A) em nossa cultura, todos os adolescentes têm sua forma física e 
saúde afetados pelos apelos da moda e o culto à magreza. 
B) não há como evitar o desencadeamento da anorexia nervosa, pois 
faz parte da visão de mundo dos adolescentes. 
C) ser mulher e adolescente no mundo de hoje é um fator de risco 
para a saúde. 
D) os apelos da cultura da moda e do culto à magreza são fatores de 
risco para o desencadeamento de um transtorno alimentar. 
E) o transtorno alimentar entre as adolescentes é comum apenas 
quando elas fazem parte do mundo da moda, onde o apelo à magreza 
se transformou em culto. 
 
 
 
 
05 – Olhe a foto, após isto responda: 
 
Porque as Tailandesas utilizam este tipo de argola no Pescoço? 
 
 
 
__________________________________ 
 
 42 
06 – Escreva alguns conceitos brasileiros que possam serem vistos 
como não natural na visão de outros paises: 
 
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
07- Em nossas vidas nosso corpo é atingido em função de 
experiências culturais, a qual podemos citar: 
 
I - tipo de parto que cada cultura oferece e considera melhor; 
II - Perfuração ou alargamento de lóbulos, lábios, pálpebras; 
III - Técnicas de desenhos ou formação de saliências na pele como 
Tatuagens, e implantes; 
IV - A dieta cotidiana que pode incluir desde insetos; carnes dos mais 
variados tipos e partes de animais (cruas ou cozidas); ingestão de 
bebidas alcoólicas ou qualquer outra que altere igualmente a 
percepção e reações; 
 
Estão corretas as alternativas: 
 
A) Todas 
B) I e II 
C) III – IV 
D) I e III 
E) III e IV 
08 – Escreva duas atitudes ou hábitos que lhe causam indignação 
ou repúdio ao que os “outros” fazem com seus corpos. Explique por 
que! 
 
_____________________________________________________ 
 
09– Em que temos a CULTURA influencia nossas vidas: 
 
I - A moral 
II - As noções de higiene pessoal 
III - Os sentimentos; 
IV - Nossa alimentação 
V - Os critérios de beleza 
 
Estão corretas as alternativas: 
 43 
 
A – Todas 
B – I apenas 
C – I e II 
D – II e III 
E – III – IV e V 
 
10- Como podemos identificar indivíduos de diferentes culturas? 
 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
OS INDIVÍDUOS PARTICIPAM DIFERENTEMENTE DE SUA 
CULTURA 
 
É impossível todos os indivíduos de um grupo terem exatamente o 
mesmo comportamento, apesar de compartilharem a mesma “visão 
mundo”. 
A individualidade está garantida em primeiro lugar pelo fato de que 
nem uma pessoa pode sozinha conhecer e dominar todos os 
conhecimentos, a história e o conjunto de valores de seu próprio 
povo. 
Somos socializados e aprendemos ao longo da vida aquilo que é mais 
importante para sermos aceitos e participarmos de uma cultura. Mas 
nossa participação é sempre diferente de um indivíduo para o outro. 
Em que critérios se baseiam essas diferenças individuais? 
 
 As diferenciações baseadas no sexo dos indivíduos: 
 
Com exceção de algumas sociedades africanas - nas quais as 
mulheres desempenham papéis importantes na vida ritual e 
 44 
econômica, a maior parte das sociedades humanas permite uma mais 
ampla participação na vida cultural aos elementos do sexo masculino. 
 
 As diferenciações baseadas na idade dos indivíduos: 
 
Uma criança não está apta a exercer as funções dos adultos, portanto 
os motivos biológicos ficam explícitos nesses casos. 
Porém, há impedimentos etários totalmente arbitrários e criados pela 
nossa cultura: p.ex., por que podemos ter licença para dirigir e votar 
aos 18 anos, e não aos 16, ou 20? 
 
 As diferenciações baseadas na impossibilidade de TODOS os 
indivíduos serem socializados da MESMA forma: 
 
Alguns aspectos se sobrepõem a outros, alguns traços são reforçados 
e outros não: Einstein era um gênio na física, mas provavelmente um 
desastre ao piano, e incapaz de pintar um quadro. 
É impossível que todos nós recebamos as MESMAS informações 
durante nosso crescimento, portanto existe um espaço na cultura, 
onde o grupo não determina totalmente sua vida. 
 
 As diferenciações baseadas nas diferenciações de classe social: 
 
Nas sociedades que diferenciam os indivíduos de acordo com o 
pertencimento a determinadas classes sociais, existem tendências e 
limites para a socialização, que impedem que aqueles que estão mais 
abaixo na pirâmide social, tenham acesso à grande parte da cultura 
produzida pelo seu grupo. 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 - A história de um povo pode interferir de muitas formas em sua 
cultura. Podemos perceber isso principalmente através do que segue: 
 
 45 
A) A história precisa ser conhecida pelos indivíduos de um grupo, do 
contrário eles não podem ser influenciados por ela. 
B) É através da relação com a história através de uma herança 
cultural, que não se dá de forma consciente, que os indivíduos atuam 
em uma sociedade. 
C) Apesar de percebermos a influência da história em nossa cultura, 
não existe qualquer tipo de pesquisa cientificaque comprove isso. 
D) Os mesmos fenômenos históricos afetam de forma idêntica 
culturas que são diferentes. 
E) É principalmente através da cultura material que percebemos a 
influência da história em nossa cultura, pois a cultura imaterial não 
nos influencia tanto. 
 
02 - Partindo do princípio de que a cultura é uma lente através da 
qual o homem vê o mundo, pessoas de culturas diferentes usam 
lentes diferentes e, portanto, têm visões distintas das coisas. Escolha 
a alternativa correta: 
 
A) A visão de mundo determina as respostas e o comportamento 
humano a partir da sociedade em que está inserido. 
B) O processo de alimentar-se é característica de todo ser vivo, 
portanto, o homem se alimenta de uma mesma maneira em qualquer 
que seja a cultura de que faça parte. 
C) Não há diferenças entre as visões de mundo, a cultura sempre se 
apresenta de uma mesma forma seja qual for a sociedade. 
D) Um índio amazonense concebe o mundo e a sua forma de vida da 
mesma maneira de um paulistano que sempre viveu na cidade de 
São Paulo. 
E) Na concepção de mundo, todo ser humano deve se submeter aos 
seus instintos e desprezar a cultura em que vive. 
 
 
03 - Leia a seguinte afirmação: 
 
“Mesmo em um país de maioria católica, encontramos crenças e 
práticas de muitas outras religiões.” 
 Essa afirmativa está corretamente associada ao que segue: 
 
 A) uma vez que os indivíduos participam diferentemente de sua 
cultura, é possível que muitos deles sejam estimulados a participar 
de religiões diversas. 
B) todas as culturas devem estimular a diversidade religiosa uma vez 
que a visão de mundo impede a existência de uma única crença. 
C) a presença de muitas religiões tem relação com o etnocentrismo 
que caracteriza as culturas mais antigas. 
D ) as lentes através das quais enxergamos o mundo se tornam mais 
precisas quanto mais religiões uma cultura tiver. 
 46 
E) a presença de muitas religiões é um sinal de que uma cultura não 
possui visão de mundo. 
 
 
04 - Leia a seguir a parábola de Roger Keesing: 
 
“Uma jovem da Bulgária ofereceu um jantar para os estudantes 
americanos, colegas de seu marido, e entre eles foi convidado 
um jovem asiático. Após os convidados terem terminado os 
seus pratos, a anfitriã perguntou quem gostaria de repetir, pois 
uma anfitriã búlgara que deixasse os seus convidados se 
retirarem famintos estaria desgraçada. O estudante asiático 
aceitou um segundo prato, e um terceiro – enquanto a anfitriã 
ansiosamente preparava mais comida na cozinha. Finalmente, 
no meio de seu quarto prato o estudante caiu ao solo, 
convencido de que agiu melhor do que insultar a anfitrião pela 
recusa da comida que lhe era oferecida, conforme o costume 
de seu país”. (Apud LARAIA, Cultura – um conceito 
antropológico, 2005: 72) 
 
 
 
 
 
O trecho acima descreve corretamente o seguinte: 
 
A) que os envolvidos estão tentando impor seu ponto de vista como o 
mais correto a todos que estão presentes. 
B) que devemos deixar de lado nossas regras sempre que estamos 
perante o diferente. 
C) que quando pessoas de culturas diferentes estão em contato, 
necessariamente elas seguem impulsos instintivos, deixando sua 
cultura em segundo plano. 
D) que os envolvidos estão praticando o relativismo cultural, por isso 
não conseguem chegar a um consenso sobre a atitude correta a ser 
tomada na situação. 
 47 
E) que a cultura condiciona a nossa visão de mundo, ficando claro 
nesse tipo de situação que cada um procura agir de acordo com seus 
valores próprios, sem perceber os valores dos outros. 
 
05 - Leia o trecho abaixo: 
 
“Antigamente os jovens entravam em conflito sobre valores 
sociais, políticos, econômicos, religiosos, estéticos e 
comportamentais (brigavam pelo direito de usar os cabelos 
compridos e vestir uma calça velha-azul-e-desbotada). (...) As 
crianças e os jovens do início do terceiro milênio não vivem um 
sonho coletivo de mudança social. Seu sonho é meramente 
subjetivo, tribal e plural. São mais propensos à discussão sobre 
assuntos menores do cotidiano como os games, amigos, 
namoro, aparência, do que os „grandes temas‟ da década de 
1970. Os pais mais à esquerda já não conseguem conversar 
com os filhos os assuntos que eles, na sua época, consideravam 
importantes. Também, não conseguem fazê-los cumprir as 
pequenas coisas: regrar a hora de eles voltarem para casa, o 
tempo de ficar nos games, ler os jornais e revistas.” (Raimundo 
DE LIMA, Revista Espaço Acadêmico, nº 61, Junho 2006, 
disponível no endereço eletrônico - 
http://www.espacoacademico.com.br/061/61lima.htm) 
 
 
 
 
 
Esse texto está corretamente associado com a seguinte afirmação 
 
A) a cultura tem uma lógica própria, assim quando uma geração é 
pressionada procura novas soluções mesmo que desagradem os mais 
velhos. 
B) a cultura é dinâmica, e as mudanças às vezes podem colocar em 
conflito interesses e valores das gerações mais velhas com as novas. 
C) a visão de mundo dos mais velhos está incorreta, e os jovens 
devem buscar novas formas de comportamento mesmo que a 
sociedade esteja em conflito com essa atitude. 
 48 
D) a lógica de mundo da nova geração está incorreta e os mais 
velhos deveriam orientar melhor seus próprios filhos para garantir um 
comportamento mais adequado. 
E) a cultura é dinâmica, e esse conflito de gerações vai 
necessariamente levar a novas mudanças que acabem com qualquer 
comportamento indesejado. 
 
06 - Somos socializados e aprendemos ao longo da vida aquilo que é 
mais importante para sermos aceitos e participarmos de uma cultura. 
Mas nossa participação é sempre diferente de um indivíduo para o 
outro. 
Em que critérios se baseiam essas diferenças individuais? 
 _______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
DIVERSIDADE CULTURAL – ETNOCENTRISMO 
RELATIVISMO CULTURAL 
 
DIVERSIDADE CULTURAL 
É norma socialmente reconhecida entre nós que devemos cuidar dos 
nossos pais e de familiares quando atingem uma idade avançada; os 
Esquimós deixam-nos morrer de fome e de frio nessas mesmas 
condições. Algumas culturas permitem práticas homossexuais 
enquanto outras as condenam (pena de morte na Arábia Saudita). 
Em vários países muçulmanos a poligamia é uma prática normal, ao 
 49 
passo que nas sociedades cristãs ela é vista como imoral e ilegal. 
Certas tribos da Nova Guiné consideram que roubar é moralmente 
correto; a maior parte das sociedades condenam esse ato. O 
infanticídio (morte dada a uma criança) é moralmente repelente para 
a maior parte das culturas, mas algumas ainda o praticam. Em certos 
países a pena de morte vigora, ao passo que noutras foi abolida; 
algumas tribos do deserto consideravam um dever sagrado matar 
após terríveis torturas um membro qualquer da tribo a que 
pertenciam os assassinos de um dos seus. 
Podemos notar através destes exemplos a diversidade cultural, 
existentes . 
 
ETNOCENTRISMO 
 
É a atitude característica de quem só reconhece legitimidade e 
validade às normas e valores vigentes na sua cultura ou 
sociedade. Tem a sua origem na tendência de julgarmos as 
realizações culturais de outros povos a partir dos nossos próprios 
padrões culturais, pelo que não é de admirar que consideremos o 
nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros. Os 
valores da sociedade a que pertencemos são, na atitude etnocêntrica, 
declarados comovalores universalizáveis, aplicáveis a todos os 
homens, ou seja, dada a sua "superioridade" devem ser seguidos por 
todas as outras sociedades e culturas. Adaptando esta perspectiva, 
não é de estranhar que alguns povos tendam a intitular-se os únicos 
legítimos e verdadeiros representantes da espécie humana. 
 
RELATIVISMO CULTURAL 
 
É considerar o mundo DO PONTO DE VISTA DO OUTRO, 
entendendo seu sistema simbólico, seus próprios valores de mundo 
como beleza, justiça, honra, medo, e assim por diante. 
É deixar de tomar a NOSSA própria cultura (visão de mundo) como 
medida para julgar os outros. 
 50 
Se pensarmos que a cada cultura corresponde uma diferente “visão 
de mundo”, percebemos que os indivíduos se organizam 
mentalmente para estar no mundo de acordo com os valores 
introjetados de sua cultura. Tornamos “nosso” aquilo que é cultural. 
 Exercitando. Vamos pensar sobre os sentimentos humanos. 
Obviamente, nossas emoções são universais. Amor, ódio, paixão, 
rivalidade, raiva, afeto, ironia, alegria, euforia e tudo quanto 
possamos lembrar agora, fazem parte da humanidade. 
Entretanto, as EXPERIÊNCIAS QUE SUSCITAM este ou aquele 
sentimento, e a forma como expressamos o que sentimos isso é 
cultural. 
 Muitas situações que fazem um brasileiro rir podem não ter o mesmo 
efeito em pessoas de outros povos. Ou ainda, situações como o 
funeral que exigem circunspecção e tristeza em algumas culturas 
 podem exigir expressões de alegria em outras. 
 O exercício de relativizar é se colocar na condição do outro. 
Pois bem, muitas vezes fazemos julgamento equivocados do 
comportamento alheio, simplesmente pelo fato de desconhecer as 
motivações que levaram a tal ou qual atitude. 
Quando não temos a “chave simbólica” que permite a relativização 
dos costumes, tendemos a nos fechar em nosso etnocentrismo. 
 Tudo bem, precisamos relativizar, não é mesmo? 
Sim, é correto que tenhamos reações mais respeitosas e éticas com 
os “outros”. Mas tanto o relativismo cultural como o etnocentrismo 
podem ser encontrados em diferentes graus, e quando praticados de 
forma radical, se tornam destrutivos das relações humanas. 
Quer dizer que relativizar demais pode ser perigoso? 
 Sim! Quando apenas relativizamos tudo, aceitando qualquer atitude 
alheia como normal, natural e aceita, podemos correr o risco de não 
ter mais referencial ético de mundo. 
Em termos práticos, isso significaria, por exemplo, tornar aceito como 
normal as mutilações dos órgãos genitais femininos praticados em 
algumas sociedades de cultura mulçumana, principalmente em 
comunidades africanas. Percebe que deve existir um limite para a 
 51 
prática do relativismo? Relativizar deve ser algo estimulado 
socialmente, mas dentro de padrões de respeito à integridade física, 
psíquica e moral do outro. 
 O oposto também é verdadeiro. Etnocentrismo é sempre 
ruim? 
Não! Na verdade, todas as culturas praticam etnocentrismo de 
alguma forma. Quando reagimos com aversão ao fato da alimentação 
em algumas culturas incluir pratos com animais como insetos, cães 
ou lesmas (o famoso “escargot” francês), preferindo um bom arroz 
com feijão, estamos sendo um pouco etnocêntricos. Isso é 
necessariamente ruim? 
Bem, na medida em que pode servir para reforçar nossa identidade 
cultural e nos trazer bem estar dentro de nosso próprio padrão 
cultural, não é uma atitude ruim. Mas quando a aversão ao outro 
é tão grande que precisamos excluí-lo, destruir seus costumes 
estamos atingindo um grau de etnocentrismo inaceitável. 
 O relativismo extremo pode levar à ausência de noções éticas. O 
etnocentrismo extremo pode levar ao genocídio e às práticas racistas 
/ preconceituosas. 
 Relativismo cultural e etnocentrismo supõem a presença da 
DIFERENÇA. 
Esse “outro” que aparece nas frases acima, pode estar ao nosso lado. 
Atualmente o mundo todo reflete de uma forma mais intensa sobre o 
convívio entre as diferentes culturas/etnias. 
 
MORAL – ÉTICA 
• Moral : Hábitos- Costumes - O que diz respeito à ética 
• Estabelece regras de condutas, construção do caráter. 
• Algumas passagens nossa: 
• Anomia – Sem regras (a etapa das crianças pequenas: com 
seu egocentrismo natural da infância, elas querem fazer 
somente o que desejam, sem considerar os outros e sem seguir 
regras e normas, acham que pode tudo) 
• Heteronomia – Faço pelos outros – Ex. Vou chamar seu pai. 
 52 
• Autonomia – De dentro para fora (faço porque acho correto) 
• ETICA – estudo dos juízos (ato de julgar) de apreciação 
referentes à conduta humana do ponto de vista do bem e o 
mal. Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa 
conduta do ser humano. 
 
Exercícios 
 
01 - Em seu texto “O etnocentrismo”, Claude Lévi-Strauss afirma que 
é muito antiga a atitude que “consiste em repudiar pura e 
simplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e 
estéticas mais afastadas daquelas com que nos identificamos”. 
 
A) consiste numa visão de mundo em que nosso próprio grupo é 
tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e 
sentidos através de nossos valores, nossos modelos, e nossas 
definições do que é a existência 
B) significa a supervalorização da própria cultura em detrimento das 
demais. 
C) é uma atitude universal, pois todos os indivíduos crêem que a 
própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única 
expressão. 
D)as apreciações negativas dos padrões culturais dos povos 
diferentes nunca foram utilizadas para justificar a violência praticada 
contra “o outro”. 
E) a propensão em considerar o nosso modo de vida como o mais 
natural e o mais correto pode levar a numerosos conflitos sociais, tais 
como a xenofobia, o racismo, as guerras étnicas, o preconceito e os 
estigmas, a segregação e a discriminação baseadas na raça, na etnia, 
no gênero, na idade ou na classe social. 
 
 
02 - „Buda nasceu estando sua mãe, Mãya, agarrada, reta, a um 
ramo da árvore. Ela deu à luz em pé. Boa parte das mulheres na 
Índia ainda dão à luz desse modo‟. Para nós, a posição normal é a 
mãe deitada sobre as costas, e entre os Tupis e outros índios 
brasileiros a posição é de cócoras”. 
(Roque LARAIA, “A cultura condiciona a visão de mundo do homem”, 
citado na bibliografia do conteúdo) 
Com essa descrição das técnicas do nascimento e da obstetrícia, o 
autor procura demonstrar que: 
 
A) Não existem diferentes maneiras culturais de efetuar ações que 
são fisiológicas. 
 53 
B) Mesmo em atos que podem ser classificados como naturais, há 
diferenças culturais 
C)Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico e 
por isso a utilização do mesmo é determinada geneticamente. 
D) o exercício de atividades consideradas como parte da fisiologia 
humana não reflete diferenças de cultura. 
E) as técnicas de obstetrícia da chamada civilização ocidental são 
mais evoluídas e, por isso, deveriam ser imitadas pelos demais 
povos. 
 
03 - Diversidade cultural é corretamente definida como: 
 
A) Um modelo ideal da Antropologia, que, no entanto não 
corresponde à realidade das culturas humanas. 
B) Característica inata do ser humano, que o leva a ter um 
comportamento único para cada tipo de situação enfrentada. 
C) Observação que comprova que todas as sociedades possuem uma 
tendência natural para evoluir. 
D) A forma como a Antropologia pratica sua metodologia de 
pesquisa, com o objetivo de garantir que nenhum grupo cultural 
deixe suas tradições e prefira as mudanças ou inovações. 
E) Característica do comportamento humano, que considera as 
influências do meio ambiente, da herança cultural e da história do 
povo de um local sobre ocomportamento correspondente à média 
dos indivíduos de um grupo social. 
04 – Leia o texto, em seguida responda: O autor esta correto em 
suas afirmações? Justifique a resposta 
Existem verdades para descobrir no domínio moral, mas nenhuma 
cultura possui o monopólio destas verdades. As diferentes culturas 
necessitam de aprender umas com as outras. Para que tomemos 
consciência dos erros e dos nossos valores, é necessário conhecer 
como procedem as outras culturas, e de que forma reagem ao que 
nós fazemos. Aprender com diferentes culturas pode ajudar-nos a 
 54 
corrigir os nossos valores e a aproximar-nos da verdade acerca do 
modo como devemos viver. 
 
A- Por que existem diferenças culturais? 
___________________________________________ 
___________________________________________ 
___________________________________________ 
 B - O etnocentrismo existe ainda hoje no Brasil? Dê exemplos. 
_____________________________________________
_____________________________________________
_____________________________________________ 
 
05 - No planeta Terra existe uma enorme diversidade cultural. As 
diferentes comunidades humanas desenvolveram diferentes línguas, 
costumes, normas, valores, etc. Por isso, existem milhares de 
culturas diferentes. Por vezes, as pessoas de uma sociedade não 
respeitam as culturas de outras sociedades, consideram-nas 
inferiores e “atrasadas”. A essa atitude chama-se 
_________________ Este é a atitude característica de quem só 
reconhece legitimidade e validade às normas e valores vigentes na 
sua própria cultura. As pessoas que pensam desse modo, consideram 
frequentemente que, sendo a sua cultura superior, têm o direito de a 
impor (pela força se necessário) a outros povos. Existem exemplos de 
atitudes etnocêntricas em muitas sociedades. Na Europa foi uma 
atitude habitual durante séculos, ostentada não só pelas pessoas do 
povo como por intelectuais. 
06 - O que vem a ser relativismo cultural ? 
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
________________________________________________ 
07 – Analise o texto e responda que tipo de conceito foi utilizado pelo 
pai, depois responda: _______________________________ 
 55 
a) O pai estava certo? Por quê? 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________ 
b) Se você fosse o pai do menino como agiria? Por quê? 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
______________________________________________________ 
 
 
 
 
 
- A temporada de pesca começaria no dia seguinte, mas o menino, 
de onze anos, sempre queria ir pescar... Saiu com seu pai no 
final da tarde para pegar peixes-lua e percas, cuja pesca era 
liberada. Amarrou uma isca e começou a praticar arremessos, 
provocando ondulações coloridas na água. Logo as ondulações se 
tornaram prateadas por causa do efeito da Lua nascendo sobre o 
lago. 
Quando o caniço vergou, soube haver algo enorme do outro lado da 
linha. O pai o olhava com admiração enquanto habilmentearrastava 
 56 
o peixe ao longo do cais. Finalmente, com cuidado, levantou o 
peixe. 
Era o maior que havia visto. Mas era um peixe cuja pesca só seria 
permitida na temporada, que iniciava no dia seguinte, dali a algumas 
horas. 
Ele e o pai olharam para o peixe, tão bonito, as guelras para trás e 
para à frente sob a luz da lua. O pai acendeu um fósforo e olhou o 
relógio. Eram dez da noite - faltavam duas horas para a abertura da 
temporada. O pai olhou para o peixe, depois para o menino. 
- Você tem de devolvê-lo, filho - disse. 
- Mas, papaiiii ! – reclamou. 
- Vai aparecer outro peixe - disse o pai. 
- Não tão grande como este – choramingou... 
Observou à volta do lago. À forte luz do luar podia ver que não 
havia outros pescadores nem barcos. Mesmo sem ninguém por 
perto sabia, pela clareza da voz do pai, que a decisão não era 
negociável. Devagar tirou o anzol da boca do enorme peixe e o 
devolveu à água escura. 
A criatura movimentou rapidamente seu corpo poderoso e 
desapareceu. 
Desconfiou que jamais veria um peixe tão grande como aquele. 
Isso aconteceu há trinta e quatro anos. Hoje, aquele menino é 
um arquiteto de muito sucesso em Nova Iorque. O chalé do pai 
ainda está lá, numa ilha em meio do lago, perto o mesmo cais. 
Mas há três décadas, ambos estavam certos. O menino estava 
certo ao pensar que nunca mais conseguiria pescar um peixe tão 
maravilhoso como aquele, mas não houve perda, porque o pai 
também estava certo ao exigir da devolução: 
 
 
08 - Sobre o relativismo cultural, é correto afirmar: 
 
 57 
A) É uma forma de encarar a diversidade cultural rejeitando 
qualquer etnocentrismo, ao propor que a cada cultura corresponde 
uma lógica própria, e que devemos respeitar o ponto de vista de seus 
indivíduos, sem tentar impor rótulos. 
B) É uma teoria baseada nos princípios estruturalistas desenvolvidos 
por Lévi-Strauss, que defende que não há nenhuma característica 
universal que iguale o ser humano. 
C) O relativismo defende que todas as culturas tendem a se 
assemelhar com o passar do tempo, e que ao difundir nossos hábitos 
estamos colaborando com esse processo. 
D) Deriva das concepções antropológicas que defendem que existe 
uma única cultura que deu origem a todas as outras. 
E) É uma teoria profundamente influenciada pelo evolucionismo e 
que defende privilégios às culturas mais avançadas. 
 
 RELAÇÕES ÉTNICO-CULTURAIS 
 
As relações étnico-culturais são todas as situações nas quais 
diferentes culturas/etnias são colocadas em contato, ou precisam 
negociar interesses, debater questões em comum. 
 Que tal pontuar algumas questões e situações do mundo atual nas 
quais as relações étnico-culturais estão no centro dos debates e 
suscitam a reflexão? São questões que trazem à tona o relativismo 
cultural e o etnocentrismo, além de boas doses de ética, justiça e 
novos parâmetros para as relações humanas. 
 Essas questões / situações seriam: 
 - Qual é a realidade dos povos indígenas 
que convivem com a nossa sociedade 
nacional aqui no Brasil? E quais são suas 
reivindicações? 
 
 58 
- Qual é a importância da eleição de 
Barack Hussein Obama como Presidente 
dos Estados Unidos da America? 
 
- Quais são os principais argumentos a 
favor e contra a política de cotas para 
afrodescendentes ingressarem nas 
universidades públicas brasileiras? 
 
- Como e por que é exercido o 
preconceito contra nordestinos nas 
regiões sul e sudeste do 
Brasil? 
 
 
As respostas a essas questões não possuem um consenso, são 
polêmicas sociais. Elas dependem em grande parte da posição e dacapacidade de imparcialidade de quem as responde. De qualquer 
forma, pode-se caracterizar certas respostas como resultado de 
atitudes etnocêntricas ou relativistas. 
 Dependendo da perspectiva a partir da qual se avalia essas 
questões, podemos obter respostas muito desencontradas. 
 Em um mundo globalizado, onde o contato entre as diferentes 
culturas e povos é cada vez mais intenso e necessário, existe uma 
preocupação geral e a tendência a considerar reprováveis as atitudes 
que resultem em discriminação, preconceito, exclusão ou práticas 
moralmente/fisicamente agressivas. 
A garantia dos direitos humanos e as lutas pelo tratamento igualitário 
entre os povos têm trazido à tona importantes discussões sobre as 
relações étnico-culturais. 
 59 
 O que nos leva de volta ao conceito de CULTURA. 
Cada cultura desenvolve um sistema simbólico que permite aos 
indivíduos se relacionarem dentro de uma mesma linguagem de 
mundo. 
Ocorre que durante muitos séculos, um relativo isolamento entre os 
povos teve como resultado o surgimento de muitas etnias diferentes 
ao redor do mundo. 
Vamos desenvolver o conceito de ETNIA. 
 Segundo o dicionário HOUAISS: 
Etnia. ANTROPOL coletividade de indivíduos que se diferencia por sua 
especificidade sociocultural, refletida principalmente na língua, 
religião e maneiras de agir; grupo étnico [Para alguns autores, a 
etnia pressupõe uma base biológica, podendo ser definida por uma 
raça, uma cultura ou ambas; o termo é evitado por parte da 
antropologia atual, por não haver recebido conceituação precisa]. 
 Na história da Antropologia, desde final do século XIX teve início um 
movimento de recusa às teorias evolucionistas, que 
relacionavam a base biológica das populações humanas com a 
cultura. 
Quais eram os pressupostos do EVOLUCIONISMO SOCIAL? 
Parte da idéia de que haveria uma “escala evolutiva” entre os povos. 
De acordo com esse pensamento, poderíamos encontrar 
povos/culturas “mais evoluídos” e outros “menos evoluídos”. O 
resultado óbvio foi o sentimento de superioridade de algumas 
culturas sobre outras, que justificou decisões políticas como invasões, 
extermínios e a prática da discriminação e do racismo. Esse 
pensamento partia do pressuposto que a cultura é determinada pela 
herança genética de uma população. 
 Ao recusar essas teorias, a antropologia substituiu o conceito de 
RAÇA (de base extremamente biologizante) pelo de ETNIA. 
 Atualmente é consenso na antropologia, que a cultura não é 
determinada pelo padrão de herança genética de uma população. 
 60 
O conceito de “raça” mostra-se impreciso uma vez que tenta 
determinar divisões em uma espécie que é única: o ser humano. 
Raça é uma construção social, e não uma realidade biológica. 
O conceito de etnia, contrariamente ao de raça, dá ênfase aos 
aspectos da herança cultural de um povo como forma de caracterizar 
a diferença de comportamento entre as várias populações humanas. 
 Sempre que o assunto envolve questões de conflito de interesses 
entre populações, e este conflito revela questões culturais de 
qualquer abrangência, trata-se de questões étnico-raciais. 
Esses conflitos podem se revelar com diferentes graus de expressão e 
intolerância. Um povo pode expressar seu preconceito, racismo ou 
ódio, tanto por questões bastante específicas como a religião, ou os 
hábitos de vestuário / alimentação / higiene, ou ainda através de 
repúdio total ao outro. 
Entretanto não existe intolerância mais aceitável ou menos aceitável, 
simplesmente pelo fato dela abranger apenas um aspecto da cultura 
alheia, ou por ter se tornado tão profunda que apenas se resolve com 
o extermínio desse outro. 
É necessário perceber que a intolerância em qualquer dos casos é 
desnecessária, condenável e pouco efetiva no sentido de resolver 
conflitos de interesses entre dois ou mais povos. 
Um povo pode e deve saber valorizar suas próprias características 
sem que seja necessário diminuir, discriminar ou repudiar os que são 
diferentes. 
 Percebemos que há um uso político dessas intolerâncias, e que serve 
como justificativa para ações que atinjam moral, física e socialmente 
muitos povos. 
 Abaixo, um trecho do documento “Diretrizes curriculares nacionais 
para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de 
história e cultura afro-brasileira e africana”, publicado pela Secretaria 
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. MEC, Brasília: 
2004 e que pode ser encontrado na íntegra no endereço eletrônico: 
 http://www.espacoacademico.com.br/040/40pc_diretriz.htm 
 61 
 Esse trecho traz importantes conceitos e revela uma importante 
questão das relações étnico-raciais no Brasil atualmente. 
 
 Questões introdutórias 
O parecer procura oferecer uma resposta, entre outras, na área da 
educação, à demanda da população afrodescendente, no sentido de 
políticas de ações afirmativas, isto é, de políticas de reparações, e de 
reconhecimento e valorização de sua história, cultura, identidade. Trata, 
ele, de política curricular, fundada em dimensões históricas, sociais, 
antropológicas oriundas da realidade brasileira, e busca combater o 
racismo e as discriminações que atingem particularmente os negros. 
Nesta perspectiva, propõe à divulgação e produção de 
conhecimentos, a formação de atitudes, posturas e valores que 
eduquem cidadãos orgulhosos de seu pertencimento étnico-racial 
- descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de 
europeus, de asiáticos – para interagirem na construção de uma 
nação democrática, em que todos, igualmente, tenham seus 
direitos garantidos e sua identidade valorizada. 
É importante salientar que tais políticas têm como meta o direito dos 
negros se reconhecerem na cultura nacional, expressarem visões de 
mundo próprias, manifestarem com autonomia, individual e coletiva, 
seus pensamentos. É necessário sublinhar que tais políticas têm, 
também, como meta o direito dos negros, assim como de todos cidadãos 
brasileiros, cursarem cada um dos níveis de ensino, em escolas 
devidamente instaladas e equipadas, orientados por professores 
qualificados para o ensino das diferentes áreas de conhecimentos; com 
formação para lidar com as tensas relações produzidas pelo racismo e 
discriminações, sensíveis e capazes de conduzir a reeducação das 
relações entre diferentes grupos étnico-raciais, ou seja, entre 
descendentes de africanos, de europeus, de asiáticos, e povos indígenas. 
Estas condições materiais das escolas e de formação de professores são 
indispensáveis para uma educação de qualidade, para todos, assim como 
o é o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos 
 62 
descendentes de africanos. 
 
Políticas de Reparações, de Reconhecimento e Valorização, de 
Ações Afirmativas 
 
A demanda por reparações visa a que o Estado e a sociedade 
tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos 
negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e 
educacionais sofridos sob o regime escravista, bem como em 
virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da 
população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos 
com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no 
pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em 
iniciativas de combate ao racismo e a toda sorte de discriminações. 
Cabe ao Estado promover e incentivar políticas de reparações, no que 
cumpre ao disposto na Constituição Federal, Art. 205, que assinala o 
dever do Estado de garantir indistintamente, por meio da educação, 
iguais direitos para o pleno desenvolvimento de todos e de cada um, 
enquanto pessoa,cidadão ou profissional. Sem a intervenção do Estado, 
os postos à margem, entre eles os afro-brasileiros, dificilmente, e as 
estatísticas o mostram sem deixar dúvidas, romperão o sistema 
meritocrático que agrava desigualdades e gera injustiça, ao reger-se por 
critérios de exclusão, fundados em preconceitos e manutenção de 
privilégios para os sempre privilegiados. 
Políticas de reparações voltadas para a educação dos negros devem 
oferecer garantias a essa população de ingresso, permanência e sucesso 
na educação escolar, de valorização do patrimônio histórico-cultural afro-
brasileiro, de aquisição das competências e dos conhecimentos tidos 
como indispensáveis para continuidade nos estudos, de condições para 
alcançar todos os requisitos tendo em vista a conclusão de cada um dos 
níveis de ensino, bem como para atuar como cidadãos responsáveis e 
participantes, além de desempenharem com qualificação uma profissão. 
A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, 
 63 
valorização e afirmação de direitos, no que diz respeito à educação, 
passou a ser particularmente apoiada com a promulgação da Lei 
10639/2003, que alterou a Lei 9394/1996, estabelecendo a 
obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e 
africanas. 
Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, 
culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade 
daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem 
a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, 
raciocínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas 
negras. Requer também que se conheça a sua história e cultura 
apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente 
desconstruir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; 
mito este que difunde a crença de que, se os negros não atingem 
os mesmos patamares que os não negros, é por falta de 
competência ou de interesse, desconsiderando as desigualdades 
seculares que a estrutura social hierárquica cria com prejuízos 
para os negros. 
Reconhecimento requer a adoção de políticas educacionais e de 
estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar 
a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira, nos 
diferentes níveis de ensino. 
Reconhecer exige que se questionem relações étnico-raciais baseadas 
em preconceitos que desqualificam os negros e salientam estereótipos 
depreciativos, palavras e atitudes que, velada ou explicitamente 
violentas, expressam sentimentos de superioridade em relação aos 
negros, próprios de uma sociedade hierárquica e desigual. 
Reconhecer é também valorizar, divulgar e respeitar os processos 
históricos de resistência negra desencadeados pelos africanos 
escravizados no Brasil e por seus descendentes na contemporaneidade, 
desde as formas individuais até as coletivas. 
Reconhecer exige a valorização e respeito às pessoas negras, à sua 
descendência africana, sua cultura e história. Significa buscar, 
 64 
compreender seus valores e lutas, ser sensível ao sofrimento causado 
por tantas formas de desqualificação: apelidos depreciativos, 
brincadeiras, piadas de mau gosto sugerindo incapacidade, 
ridicularizando seus traços físicos, a textura de seus cabelos, fazendo 
pouco das religiões de raiz africana. Implica criar condições para que os 
estudantes negros não sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele, 
menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados 
como escravos, não sejam desencorajados de prosseguir estudos, de 
estudar questões que dizem respeito à comunidade negra. 
Reconhecer exige que os estabelecimentos de ensino, freqüentados em 
sua maioria por população negra, contem com instalações e 
equipamentos sólidos, atualizados, com professores competentes no 
domínio dos conteúdos de ensino, comprometidos com a educação de 
negros e brancos, no sentido de que venham a relacionar-se com 
respeito, sendo capazes de corrigir posturas, atitudes e palavras que 
impliquem desrespeito e discriminação. 
Políticas de reparações e de reconhecimento formarão programas 
de ações afirmativas, isto é, conjuntos de ações políticas 
dirigidas à correção de desigualdades raciais e sociais, orientadas 
para oferta de tratamento diferenciado com vistas a corrigir 
desvantagens e marginalização criadas e mantidas por estrutura 
social excludente e discriminatória. Ações afirmativas atendem ao 
determinado pelo Programa Nacional de Direitos Humanos, bem como a 
compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, com o objetivo de 
combate ao racismo e a discriminações, tais como: a Convenção da 
UNESCO de 1960, direcionada ao combate ao racismo em todas as 
formas de ensino, bem como a Conferência Mundial de Combate ao 
Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Discriminações Correlatas de 
2001. 
 Nos trechos em itálico e sublinhado estão destacados alguns 
importantes princípios das políticas de ações afirmativas traçadas 
pelo Programa Nacional de Direitos Humanos. 
 
 65 
 Vamos a algumas questões que estão esclarecidas nos 
trechos em destaque: 
 
01 - Quais populações são alvos da preocupação sobre a condição de 
exclusão ou tratamento preconceituoso? 
_________________________________________________
_________________________________________________ 
 02 - Qual o argumento do documento sobre a ênfase nas políticas de 
reparação voltadas à comunidade de afro descendentes pelo Estado 
brasileiro? 
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
________________________________________________ 
03 - Como o documento define “ações afirmativas”? 
 _______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
04 - Para compreender a importância das discussões que envolvem 
as relações étnico-culturais atualmente, leia abaixo uma das questões 
dissertativas do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de 
Estudantes) realizado pelo MEC anualmente. 
 
 
 
 ENADE 2006 – Prova de FORMAÇÃO GERAL para todos os 
cursos (QUESTÃO 9 – DISCURSIVA): 
 
Sobre a implantação de “políticas afirmativas” relacionadas à adoção 
de “sistemas de cotas” por meio de Projetos de Lei em tramitação no 
Congresso Nacional, leia os dois textos a seguir. 
 
 66 
Texto I 
“Representantes do Movimento Negro Socialista entregaram ontem 
no Congresso um manifesto contra a votação dos projetos que 
propõem o estabelecimento de cotas para negros em Universidades 
Federais e a criação do Estatuto de Igualdade Racial. 
As duas propostas estão prontas para serem votadas na Câmara, 
mas o movimento quer que os projetos sejam retirados da pauta. 
(...) Entre os integrantes do movimento estava a professora titular de 
Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Yvonne 
Maggie. „É preciso fazer o debate. Por isso ter vindo aqui já foi um 
avanço‟, disse.” 
(Folha de S.Paulo – Cotidiano, 30 jun. 2006, com adaptação.) 
 Texto II 
“Desde a última quinta-feira, quando um grupo de intelectuais 
entregou ao Congresso Nacional um manifesto contrário à adoção de 
cotas raciais no Brasil, a polêmica foi reacesa. (...) O diretor 
executivo da Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes 
(Educafro), frei David Raimundo dos Santos, acredita que hoje o 
quadro do país é injusto com os negros e defende 
a adoção do sistema de cotas.” 
(AgênciaEstado-Brasil, 03 jul. 2006.) 
 Ampliando ainda mais o debate sobre todas essas políticas 
afirmativas, há também os que adotam a posição de que o critério 
para cotas nas Universidades Públicas não deva ser restritivo, mas 
que considere também a condição social dos candidatos ao ingresso. 
Analisando a polêmica sobre o sistema de cotas “raciais”, identifique, 
no atual debate social. 
 Analisando a polêmica sobre o sistema de cotas “raciais”, e 
seu conhecimento de mundo RESPONDA: 
a) Por que o manifesto dos negros estão contra a votação dos 
projetos que propõem o estabelecimento de cotas para negros em 
Universidades Federais e a criação do Estatuto de Igualdade Racial? 
(8 a 10 linhas) 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
 67 
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_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
b) Por que o diretor executivo da Educação e Cidadania de 
Afrodescendentes e Carentes (Educafro), frei David Raimundo dos 
Santos, defende a adoção do sistema de cotas.” (8 a 10 linhas) 
 
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________ 
 
05 - O conceito de etnia veio a substituir o de raça, pois: 
A) era uma necessidade de modernização dos referenciais 
conceituais tradicionais das ciências a partir dos movimentos sociais 
da década de 1960. 
B) as mudanças políticas do séc. XX que trouxeram a hegemonia 
norte-americana impediram a continuidade do uso do conceito de 
raça, pois tratava-se de uma teoria européia. 
C) não existe base científica que comprove a validade do uso do 
conceito de raça, e os abusos ideológicos de povos dominantes que o 
utilizaram como justificativa histórica para subjugar e exterminar 
povos, trataram de bani-lo. 
D) o conceito de etnia faz parte do senso comum, sendo melhor 
interpretado que o conceito de raça. 
E) a identidade racial é um conceito menos abrangente que o de 
identidade étnica; apesar do primeiro ser mais explicativo, considera-
se menos útil da perspectiva antropológica, daí a preferência pelo 
conceito de etnia. 
 
06 - Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam 
a teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias 
constituiriam um fator de importância primordial entre as causas das 
diferenças que se manifestam entre as culturas e as obras das 
civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Eles nos informam, 
pelo contrário, que essas diferenças se explicam antes de tudo pela 
história cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram um papel 
 68 
preponderante na evolução do homem são a sua faculdade de 
aprender e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de 
todos os seres humanos. Ela constitui, de fato, uma das 
características específicas do Homo Sapiens”. 
(Declaração redigida por vários cientistas em 1950, no pós-nazismo, 
no encontro da Unesco em Paris) 
 
 “Nada, no estado atual da ciência, permite afirmar a superioridade 
ou a inferioridade intelectual de uma raça em relação à outra”. 
Claude Lévi-Strauss, “Raça e cultura” 
 
 Os dois pensamentos citados acima têm como objetivo: 
 
A) confirmar as teses que atribuíram características e aptidões 
raciais inatas. 
B) afirmar que as diferenças do ambiente físico condicionam a 
diversidade cultural. 
C) negar a grande diversidade cultural da espécie humana. 
D) negar as teses deterministas biológicas, lutando contra o 
preconceito racista e todas as tentativas de discriminação e de 
exploração. 
E) legitimar a hierarquia de raças. 
 
 
 
 
 
07 - Podemos apontar como exemplos de “políticas afirmativas” para 
resgatar a condição social de um grupo dentro de uma sociedade que 
praticou exploração e preconceito contra uma etnia: 
 
A) mudanças no currículo educacional que valorizem a experiência 
histórica desse grupo; instituição de cotas para acesso ao ensino 
público superior; valorização de sua cultura. 
 69 
B) obrigatoriedade de freqüência a escolas de uso exclusivo de 
indivíduos dessa etnia; proibição de casamentos interraciais para 
garantir a integridade étnica de cada grupo. 
C) instituição de modelos de comportamento aceitáveis para que os 
indivíduos desse grupo se sintam mais integrados à sociedade; banir 
o uso de imagens dos indivíduos desse grupo étnico em publicidade e 
livros didáticos; tornar obrigatório o uso de vestimentas étnicas. 
D) utilizar com maior frequência imagens dos indivíduos desse grupo 
étnico em publicidade e livros didáticos; legalizar práticas criminosas 
de grupos radicais que se supõem defensores de direitos étnicos. 
E) conscientizar toda a população da necessidade do convívio étnico 
baseado na democracia e direitos plenos; atribuir privilégios legais 
aos indivíduos das etnias em desvantagem social em todas as 
instâncias da vida coletiva. 
 
08 - Os conflitos étnico-culturais podem ser percebidos através de 
manifestações como: 
 
A) Pactos de amizade e compreensão entre diferentes povos. 
B) Atos de racismo, ódio ou preconceito entre diferentes povos. 
C) Estudos antropológicos mais aprofundados sobre povos exóticos e 
distantes. 
D) Políticas que procuram reconhecer o direito de todos. 
E) Atos de união entre indivíduos que tem a mesma herança 
biológica. 
 
 
CULTURA NA SOCIEDADE ATUAL - CULTURA POPULAR – 
CULTURA ERUDITA – MEIOS DE COMUNICAÇÃO 
 O PODER DA CULTURA 
 
É muito comum que as pessoas em seu dia-a-dia não se dêem conta 
que nossos hábitos, costumes valores morais ou formas de 
 70 
julgamento são o resultado de um processo histórico de nosso 
grupo social. 
Entretanto, facilmente consegue-se relacionar a nossa vida material 
como a tecnologia, por exemplo, como resultante de um processo 
complexo de desenvolvimento que envolve conhecimento e condições 
técnicas-econômicas de implantação. 
Isso porque, no primeiro exemplo, estamos falando de um aspecto 
imaterial, simbólico, da cultura humana. Em geral, as pessoas 
tendem a naturalizar mais essa dimensão humana, dando como certo 
que se trata de algo que não procede de escolhas e muito menos de 
formas coletivas de vivência. 
 O fato é que a história de qualquer grupo social interfere o 
tempo todo em seu presente, sendo impossível separarmos a 
cultura de um povo de sua história. 
 As diferentes histórias de cada povo podem ser interpretadas 
antropologicamente, como estratégias locais de sobrevivência e 
reprodução, mas não se encontram desvinculadas da história da 
espécie humana como um todo. 
Assim, podemos afirmar que estamos em um mesmo momento da 
história de nossa espécie, em âmbitos que envolvem nossa evolução 
e nossa relação com o meio ambiente. 
 Entretanto, cada povo em seu local específico, é o resultado das 
relações entre os indivíduos e seu grupo social. Como resultado das 
interferências pessoaisem um dado conjunto de instituições, regras, 
leis e tecnologia que formam uma totalidade social é que podemos 
perceber a CARACTERÍSTICA, a ESPECIFICIDADE de uma cultura. 
 É possível observar um grupo social a partir de sua perspectiva 
histórica, e como resultado percebemos que cada grupo é único, 
mesmo quando passa por eventos semelhantes e utiliza as mesmas 
convenções sociais. 
Portanto, a cultura nesse caso, é um elemento agregador que 
promove a intermediação das relações entre os indivíduos. Mas 
quando observamos a passagem do tempo (= história) em dois 
grupos diferentes que utilizam o mesmo referencial cultural, 
 71 
percebemos que não é possível encontrar os mesmos resultados. Esta 
é a base do que denominamos CULTURA REGIONAL. 
 No Brasil, temos a existência de regiões geográficas que definem 
regiões culturais diferentes. 
A experiência histórica em cada uma delas determinou características 
particulares dentro da grande totalidade que chamamos de “cultura 
brasileira”, ou cultura nacional. 
Assim como ocorre com os regionalismos, ocorre também com 
relação à sociedade nacional. 
Portanto as culturas regionais e nacionais se referem sempre a 
experiências compartilhadas por uma população durante um período 
de tempo suficiente para deixar marcas nas relações sociais, na visão 
de mundo desse povo. 
 Neste âmbito é que reside a questão da relação indivíduo-sociedade. 
Ao mesmo tempo em que cada um de nós é marcado pela história de 
nosso grupo social, também marcamos essa história, com a 
possibilidade de reforçar certos comportamentos, repetindo-os e 
mantendo-os atuantes, ou recusando-os e enfraquecendo sua 
importância. 
Somos ao mesmo tempo resultados de uma HERANÇA cultural e 
produtores dessa herança para as próximas gerações. Não nos damos 
conta disso em nosso cotidiano, e a única forma de consciência disso 
se expressa através da necessidade pessoal em defender e preservar 
certos traços de comportamento e recusar outros. 
 Se partirmos dessa compreensão de cultura como resultado da vida 
sócio-histórica dos indivíduos que atuam em um grupo, podemos 
então detalhar alguns aspectos importantes da vida cultural em nossa 
sociedade atualmente. 
 Nossas condições materiais de existência afetam nossas condições 
psíquicas e culturais, e vice-versa. Em nossa sociedade, existe a 
questão do pertencimento a classes sociais, ou em outras palavras, 
da renda como determinante das posições na hierarquia social. 
 Assim, notamos certos padrões de comportamento que se associam 
a padrões de consumo, e que por sua vez se associam a um conjunto 
 72 
de valores morais, ou estéticos, ou de gosto, capazes de criar grupos 
de pessoas que se identificam e mantêm características e hábitos 
próprios. 
Para facilitar a compreensão desse fenômeno, utilizamos os conceitos 
de cultura popular, cultura erudita e cultura de massa. 
 
José Luiz dos SANTOS explica: 
 
Comecemos por esta última indagação, a qual é bem antiga na 
história das preocupações com cultura. É que, a partir de uma idéia 
de refinamento pessoal, cultura se transformou na descrição das 
formas de conhecimento dominantes nos Estados nacionais que se 
formavam na Europa a partir do fim da Idade Média. Esse aspecto 
das preocupações com a cultura nasce assim voltado para o 
conhecimento erudito ao qual só tinham acesso setores das classes 
dominantes desses países, esse conhecimento erudito se contrapunha 
ao conhecimento havido pela maior parte da população, um 
conhecimento que supunha inferior, atrasado, superado, e que aos 
poucos passou também a ser entendido como uma forma de cultura, 
a cultura popular. 
As preocupações com cultura popular são tentativas de classificar as 
formas de pensamento e ação das populações mais pobres de uma 
sociedade, buscando o que há de específico nelas, procurando 
entender a sua lógica interna, sua dinâmica e principalmente, as 
implicações políticas que possam ter. 
(...) De fato, ao longo da história a cultura dominante desenvolveu 
um universo de legitimidade própria, expresso pela filosofia, pela 
ciência e pelo saber produzido e controlado em instituições da 
sociedade nacional, tais com a universidade, as academias, as ordens 
profissionais (de médicos, advogados, engenheiros e outras). Devido 
à própria natureza da sociedade de classes em que vivemos, essas 
instituições estão fora do controle das classes dominadas. Entende-se 
por cultura popular as manifestações culturais dessas classes, 
manifestações diferentes da cultura dominante, que estão fora de 
 73 
suas instituições, que existem independentemente delas, mesmo 
sendo suas contemporâneas. 
(Santos, J.L. 2006, pp.54-55) 
 
 A conclusão é que denominamos cultura erudita toda a produção 
material e imaterial resultante de conhecimento intelectual e 
técnicos especializados, letrados, que dependem de 
treinamento constante e dedicação – de tempo e de 
investimentos financeiros. 
 Já a cultura popular é uma produção resultante de 
conhecimentos da tradição oral, do convívio e da 
informalidade. O treinamento normalmente é proporcionado 
com baixos investimentos, ou mesmo como estratégia de 
sobrevivência. São artistas, artesãos, ou trabalhadores que 
dominam sua técnica de forma autodidata e reproduzem 
aprendizados que passam de geração a geração. 
 
E quanto à cultura de massa? 
 
Bem, é um fenômeno que depende da existência dos meios de 
comunicação de massa como o rádio, a televisão, o cinema, a 
imprensa, a Internet e assim por diante. 
A cultura de massa resulta do trabalho empresarial sobre produtos e 
artistas tanto da cultura erudita quanto da cultura popular. 
 Não há criadores espontâneos da cultura de massa. Há empresários 
e técnicos, atrelados a uma empresa (editoras, gravadoras, 
produtoras, grupos de comunicação) que visa lucro com os 
produtos culturais. 
Eles se apropriam dessa cultura através de contratos e divulgam todo 
tipo de produção cultural através do mercado para que as pessoas 
adquiram esse material. São classificados como “de massa”, porque o 
mesmo conteúdo atinge um imenso número de pessoas ao mesmo 
tempo. A massa é ao mesmo tempo um fenômeno quantitativo, pois 
são muitas pessoas, e psicológico. O indivíduo que faz parte da 
 74 
massa responde de forma imatura ao que recebe. Repete as opiniões 
alheias, pois não é capaz de ter opinião própria, e tem uma relação 
mais emocional que crítica em relação ao gosto. Gosta porque 
todos gostam, porque está na moda, e assim o inclui em um 
movimento; gosta porque esse consumo lhe dá status e uma 
boa visibilidade social. Na massa, o indivíduo gosta de ser 
diferente, mas igual. Quer ter personalidade, mas não quer 
chamar a atenção. 
 Portanto podemos falar em uma cultura popular de massas, e uma 
cultura erudita de massas? Sim! Para exemplificar, os livros que se 
tornam campeões de vendas, normalmente são um exemplo da 
cultura erudita de massas. Já a maior parte dos programas 
televisivos de auditório, exemplifica a cultura popular de 
massa. Esse tipo de programa se baseia na antiga receita do circo, 
um palco e uma audiência que espera ser entretida por um 
apresentador que lhes proporciona carisma, admiração e que lhes 
mostra a vida como um espetáculo. 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 - Leia o trecho a seguir e escolha entre as alternativas aquela que 
corresponde ao pensamento expresso pelo autor: 
 
“Da mesma forma, como a cultura erudita é desde sempre 
associada com as classes dominantes, sua expansão pode ser 
vista como uma expansão colonizadora. A ampliação de seus 
domínios como, por exemplo, através da expansãoda rede de 
escolas e de atendimento médico, pode ser entendida como 
uma forma de controle social, que mantêm as desigualdades 
básicas da sociedade em benefício da minoria da população.” 
(SANTOS, J.L. O QUE É CULTURA, pg. 56) 
 
 75 
A) para o autor, a divisão entre cultura erudita e popular mostra 
uma relação de poder, pois uma minoria tem acesso ao conhecimento 
erudito, mas não toda a população. 
B) ele demonstra como a compreensão de como dividimos entre 
cultura erudita e popular tem interesse apenas para os médicos e 
professores que ocupam cargos públicos para atendimento à 
população. 
C) conclui que as desigualdades da sociedade poderiam ser resolvidas 
se a classe dominante providenciasse a expansão das redes de 
educação e atendimento à saúde da população. 
D) o autor se posiciona nitidamente a favor da colonização e da 
expansão das desigualdades básicas que atingem de forma 
inaceitável a minoria da população. 
E) a expansão da rede de escolas e de atendimento médico podem 
ser exemplos de cultura erudita e cultura popular respectivamente. 
 
02- Em nossa sociedade os meios de comunicação de massa fazem 
parte da paisagem social moderna. Esta afirmação pode ser 
considerada correta se associada às seguintes observações: 
 
A) Nossa sociedade estabelece uma hierarquia de status através da 
imposição de uma mesma cultura para todos os indivíduos. A essa 
imposição denominamos cultura de massa. 
B) Não podemos saber exatamente que tipo de influência cultural 
cada indivíduo recebeu em nossa sociedade, pois as culturas erudita, 
popular e de massa são muito semelhantes entre si. 
C) A história cultural recente de nossa sociedade revela que os 
indivíduos já não se relacionam mais com seu passado como era o 
costume nas gerações anteriores. As pessoas não são influenciadas 
pela história de sua cultura. 
D) Esses meios estão presentes em todas as esferas de nossa vida 
social tais como a religião, a profissão, o lazer, a educação ou a 
política; eles difundem formas de comportamento e estilos de vida. 
E) Apesar da influência da cultura de massa no gosto de grande 
parcela da população, os indivíduos que fazem parte da massa não se 
deixam influenciar em termos de comportamento pelo gosto alheio. 
 
03 - Podemos afirmar que a massa é um fenômeno ao mesmo tempo 
quantitativo e psicológico. Essa colocação está: 
 
 A) Errada, pois a massa significa apenas uma grande quantidade de 
pessoas, não atingindo a afetividade dos indivíduos. 
 76 
B) Correta, pois a massa é ao mesmo tempo um fenômeno 
demográfico de concentração urbana, e psicológico, uma vez que os 
indivíduos são influenciáveis pelos produtos dessa cultura. 
C) Correta, pois ao mesmo tempo em que falar em massa significa 
falar em um grande número de pessoas, elas são afetadas 
psicologicamente, pois resistem às possíveis influências dos meios de 
comunicação de massa, o que as torna estressadas. 
D) Errada, pois não é possível perceber como o fenômeno associado 
à existência de uma massa de pessoas pode afetar psicologicamente 
os indivíduos. 
E) Correta em termos, pois ao mesmo tempo em que podemos 
perceber que fazer parte da massa significa que há muitas pessoas 
envolvidas em processos semelhantes, não há evidências de que isso 
possa afetar psicologicamente os indivíduos. 
 
04 - Quando pensamos a cultura de um grupo social, é possível 
ressaltar diferentes aspectos que a caracterizam. É muito comum 
associarmos essa cultura a modos de ser e sentir que são 
característicos desse grupo, que são seu patrimônio. 
 Essa ênfase da cultura como patrimônio de um povo está associado 
a que tipo de cultura? 
 
A) cultura erudita 
B) cultura de classe 
C) cultura popular 
D) cultura de massa 
E) cultura patrimonial 
 
 
 
 
 
 
05 - Atualmente é nítida a grande influência dos meios de 
comunicação de massa como a televisão, o cinema e a Internet na 
vida cultural de todos os povos. Quase todo o conteúdo que circula 
nesses meios, como filmes novelas, reality shows, publicidade, é 
chamado de “indústria cultural”. Isto porque são produtos feitos de 
 77 
forma padronizada para atingir um imenso numero de pessoas ao 
mesmo tempo, como os bens produzidos em uma indústria. 
 Esse tipo de cultura que predomina como forma de expressão em 
nossa sociedade está associado a que tipo de cultura das listadas 
abaixo? 
 
A) cultura erudita. 
B) cultura de classe. 
C) cultura popular. 
D) cultura de massa. 
E ) cultura patrimonial. 
 
06 - Questão do ENADE 2006 – Prova de Conhecimentos Gerais 
para todos os cursos avaliados, (QUESTÃO 3) 
 
Jornal do Brasil, 3 ago. 2005. 
Tendo em vista a construção da idéia de nação no Brasil, o 
argumento da personagem expressa: 
 
A) a afirmação da identidade regional. 
B) a fragilização do multiculturalismo global. 
C) o ressurgimento do fundamentalismo local. 
D) o esfacelamento da unidade do território nacional. 
E) o fortalecimento do separatismo estadual. 
 
07 - O Brasil possui regiões que são delimitadas geograficamente 
como Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Em cada uma 
delas existe um tipo característico de comportamento muito 
marcante, que diferencia as pessoas que ali vivem. A esse fenômeno 
chamamos: 
 78 
 
A) Culturas regionais. 
B) Evolucionismo social. 
C) Etnocentrismo. 
D) Cultura globalizada. 
E) Conflito étnico-cultural. 
 
08 - De acordo com os versos de uma canção de Chico Buarque, 
como reproduzidos abaixo, assinale a alternativa correta: 
 
"O meu pai era paulista/ Meu avô, pernambucano/ O meu bisavô, 
mineiro/ Meu tataravô, baiano/ Meu maestro soberano/ Foi Antonio 
Brasileiro." 
("Paratodos", canção gravada por Chico Buarque em 1993.) 
 
A) Podemos perceber a denúncia preconceituosa que se manifesta 
contra a miscigenação de indivíduos originários de diferentes 
culturas. 
B) O autor poetiza o processo histórico de movimentação das 
populações no território nacional e a mistura que resulta do encontro 
das culturas regionais. 
C) Fica nítido o posicionamento do autor a favor das lutas em torno 
do direito à diferença. 
D) Ele tenta provocar polêmica sobre a questão dos regionalismos 
culturais no Brasil, colocando como superior a influência de um 
maestro e inferior a influência de baianos, mineiros ou paulistas. 
E) É uma forma poética de explicar o processo de globalização 
cultural. 
 
09 - Assinale a alternativa correta. O rádio, a televisão, o cinema, 
o jornal, as revistas, as publicações em geral, são meios de 
comunicação cujos interesses de lucro procuram dar mais espaço 
para a divulgação dos produtos: 
 
 79 
A) Da cultura popular. 
B) Da cultura de elite. 
C) Do folclore. 
D) Da cultura de massa. 
E) Do regionalismo cultural. 
 
10 – Defina: Cultura Erudita – Cultura Popular: 
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A SOCIEDADE 
IDENTIDADE CULTURAL NA ATUALIDADE 
MULTICULTURALISMO – TRIBALISMO URBANO 
 PESQUISA ANTROPOLOGICA 
 
Segundo Stuart HALL - 
MULTICULTURAL: características sociais e problemas de 
governabilidade apresentados por sociedades com diferentes 
comunidadesculturais. 
MULTICULTURALISMO: estratégias e políticas usadas para 
governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade 
em sociedades multiculturais. 
É um termo que descreve a existência de muitas culturas 
numa localidade, cidade ou país, sem que uma delas 
predomine. 
 
 Muitos países no mundo de hoje são sociedades multiculturais, e 
enfrentam muitos problemas políticos para que todos se sintam 
 80 
INCLUÍDOS; não apenas com direitos iguais, mas que sejam 
igualmente valorizados como parte de uma sociedade múltipla. 
Portanto o debate do multiculturalismo nos leva aos conceitos de 
IDENTIDADE CULTURAL, e conseqüentemente de DIFERENÇA 
CULTURAL. 
Quem é igual a quem em uma sociedade multicultural? Ou mais, 
quem quer ser igual a quem, quem quer ser diferente e mesmo assim 
tratado igualmente? 
 O conceito de identidade cultural permite compreender os processos 
através dos quais os indivíduos passam a tomar como “gosto” ou 
“preferência pessoal” um conjunto que expressa sua subjetividade e o 
coloca nas relações interpessoais de forma a sentir que pertence a 
um coletivo. 
 A identidade cultural de um grupo se manifesta tanto externamente, 
através de práticas coletivas próprias, rituais, vestuário e adornos 
corporais, por exemplo; como intersubjetivamente, quando cada 
indivíduo entende como próprio de si mesmo um conjunto de hábitos 
e formas de sensibilidade que foram coletivamente constituídas. 
 Para constituir uma identidade, os indivíduos passam pelos 
processos de socialização, endoculturação, recebem a visão de 
mundo de sua cultura, introjetam os valores. Todos os conceitos 
trabalhados anteriormente nos outros módulos fazem parte dos 
processos de identificação. 
A diferença está no seguinte ponto. A cada cultura corresponde um 
imenso e vasto repertório de hábitos, saberes, valores, técnicas. 
Nenhum indivíduo, de qualquer cultura que seja, pode conhecer, 
entrar em contato e experimentar a totalidade desse conjunto. 
Ao entrar em contato com diferentes setores e ordens da sociedade, 
cada indivíduo entra em um processo de identificação, onde os 
elementos de sua subjetividade vão se reorganizando em função de 
novas experiências. A cada uma delas o sujeito avalia qual seu grau 
de envolvimento e como delas se aproxima. Perguntas como: “Fazer 
isso, DESTA forma, me dá prazer?”; “Eu me sinto bem ao pensar 
sobre esse assunto DESTA maneira?”; “Eu considero justo que as 
 81 
pessoas tomem ESTA tal atitude em tal situação?”; “Eu percebo 
beleza NESTA forma de aparência social?” 
Tais questionamentos fazem parte da capacidade de REFLEXÃO que 
cada um de nós possui, e que nas sociedades contemporâneas faz 
parte de uma exigência para nossos posicionamentos e atitudes. 
Somos o tempo todo “cobrados” a uma “opinião pessoal”, a um 
“estilo pessoal”, a uma “atitude pessoal”, a “ter personalidade” 
Somos cobrados a “ter identidade” (também uma outra noção do 
senso comum bastante confusa, pois entende que podemos “perder” 
nossa identidade). 
Bem, em nossa trajetória pessoal e os contatos sociais que vão se 
sucedendo ao longo da vida, temos a oportunidade de obter 
informações ou participar de diferentes grupos que relacionam os 
elementos culturais de forma original e passam a construir uma 
“identidade própria”. Nesse contato, podemos nos identificar mais, ou 
menos com cada tipo de comportamento, nos fazendo mais próximos 
ou distantes de uma ou outra forma de identidade coletiva. 
 Essa identidade pode ser compreendida dentro dos seguintes 
processos: 
 
 Relacional: é “em relação” ao outro que afirmamos nossa 
identidade. 
 Processual: faz parte de um sistema complexo (pois inclui a 
referência dada pelo grupo, a subjetividade, as relações entre 
os vários grupos com diferentes identidades e assim por 
diante), e contínuo ao longo da vida de cada indivíduo. 
 Contrastiva: para que se destaque de forma única, cada grupo 
precisa se fazer contrastar dos demais. A referência da 
diferença é o que faz a identidade. 
 Nas sociedades modernizadas atualmente, podemos encontrar um 
amplo espectro (fantasma) de grupos que se identificam de forma 
bem distinta, o que faz com que pareça que identidade é sempre uma 
questão de escolha, uma opção. 
Mas não é exatamente assim que acontece no cotidiano das pessoas. 
 82 
Para cada grupo social existem identidades que são hegemônicas, ou 
seja, dominantes em relação a muitas outras. Estamos falando sobre 
a forma como certos grupos exercem PODER sobre outros. 
As identidades hegemônicas correspondem a modelos do padrão 
moral, que são impostos a todos os indivíduos dessa dada sociedade, 
tanto através de mecanismos de socialização, como através da 
punição moral e da vigilância através de normas e leis. 
 Desta forma, há como um “padrão” de comportamento social, e 
desde que as atitudes dos indivíduos se enquadrem dentro desse 
padrão aceito, a identidade cultural de um ou outro grupo que crie 
uma identidade será aceita pela maioria que segue o modelo imposto. 
 Entretanto, existem processos de constituição de grupos com 
identidades que de alguma forma negam ou entram em conflito com 
esse padrão hegemônico. 
Nesse caso, a sociedade tenta reprimir o processo de 
desenvolvimento dessas identidades, tratando os indivíduos 
participantes através de estratégias que geram exclusão social – o 
estereótipo (modelo), o estigma, o preconceito. 
 Quando há uma severa desaprovação relacionada à certa identidade 
social, seus participantes passam a receber um tratamento social 
desigual cuja mensagem bastante clara é: “não aceitamos sua 
identidade”. Ser estigmatizado em função de características de 
comportamento ou crenças é algo que podemos encontrar em 
referência a diversas identidades sociais ao longo da história. 
 O estereótipo se realiza quando a sociedade cria uma imagem 
mental (um imaginário) falso com idéias que reduzem a identidade 
cultural de um certo grupo a conteúdos que pretendem denegrir, 
diminuir a importância desse tipo de comportamento. É como 
comumente se diz “rotular alguém”. Os critérios que possibilitam criar 
essas idéias não possuem comprovação e não são demonstráveis, 
mas possuem força moral sobre a maioria dos indivíduos do grupo. 
 O preconceito é um julgamento estabelecido previamente a qualquer 
conhecimento aceitável. É um conceito sobre pessoas que é pré-
estabelecido. Um pré-conceito de fato, pois se organiza em torno de 
 83 
associações lógicas questionáveis e sem contato com a realidade 
sobre a qual pretende afirmar qualquer coisa. Essas associações 
fazem a ligação entre características físicas e conteúdo mental, 
psicológico ou moral dos “outros”. “Os negros são inferiores”, “as 
louras são burras”, “os pobres são ladrões” são afirmações 
carregadas de preconceito. 
 O termo “minorias sociais” surge a partir da década de 70 do séc. 
XX. Ele procurava designar a existência de grupos dentro da 
sociedade contemporânea, cujos traços característicos ou 
comportamento expresso não correspondiam ao modelo hegemônico. 
Por que essa referência de dimensões? Minoria e maioria? 
Exatamente a o que elas se referem? Apenas ao número de pessoas? 
Entendia-se que estatisticamente, a maioria das pessoas 
correspondia às expectativas dos padrões morais que regem a 
conduta dentro de nossa sociedade. Também correspondia ao termo 
maioria, por conseguir impor através da hegemonia (fatores que 
influenciam nas decisões) um modelo padrão de identificação. 
À minoria corresponderia então grupos estatisticamente inferiores, e 
inferiores também em termos de poder ou alcance para fazer valer a 
legitimidadede sua identidade coletiva. 
 Atualmente o conceito de minoria se refere a essa dimensão da 
posse do poder de controle sobre a moral da sociedade ou da 
ausência desse mesmo poder. À posse do discurso sobre os direitos 
ou da ausência do reconhecimento social de direitos iguais. Não 
existe mais a noção de maioria ou minoria estatística, mesmo porque 
essa questão é muito relativa ao universo social ao qual esse ou 
aquele grupo pode estar relacionado. Num certo contexto a minoria é 
realmente menor estatisticamente em relação a certo universo de 
pessoas, mas em outro contexto essa minoria pode representar até 
mesmo uma maioria estatística. 
 Uma minoria pode ser constituída por traços básicos de uma etnia, 
ou de uma forma de orientação da sexualidade, ou de uma crença. 
Um determinado grupo social passa a ser reconhecido como “minoria 
social” quando vem de alguma forma se expressar, exigindo um 
 84 
tratamento que não gere exclusão social ou desigualdade de direitos 
aos cidadãos. 
 Um dos traços marcantes da sociedade contemporânea tem sido 
exatamente esse. Setores da sociedade que possuem características 
marcantes o suficiente para que lhes seja atribuída uma identidade, e 
que se organizam em torno de reivindicações de direitos sociais. É 
uma nova forma de atuação política, que foge dos padrões 
tradicionais e se organiza em torno de propostas de ação que gere 
impacto positivo, esclarecimento e receptividade da sociedade. São 
as chamadas “ações afirmativas”, cuja mobilização procura gerar um 
debate na sociedade em termos de direitos de igualdade e reverter 
situações de preconceito, estigma ou estereótipos. 
Afinal, quando as pessoas tomam contato com a realidade do outro 
há uma possibilidade de se abandonar preconceitos. 
 São chamadas minorias hoje, principalmente grupos étnicos que em 
muitos lugares são oprimidos por sua condição de origem; grupos de 
orientação sexual não heterossexual (homossexuais, travestis, 
bissexuais); grupos de orientação religiosa não católica ou 
protestante. 
 Ao lado das chamadas minorias sociais, podemos encontrar grupos 
que se organizam em torno de propostas de lazer, consumo, 
atividades lúdicas, arte e que em alguns casos, a atuação política se 
faz também presente. 
São as chamadas “tribos urbanas”. 
Em grandes cidades do mundo todo, desde o final da II Guerra 
Mundial, podemos testemunhar o fenômeno da formação desse tipo 
de constituição de uma coletividade. Com o crescimento do mercado 
capitalista de consumo, surgiu uma forma de expressão de 
identidades que com ele dialoga às vezes rejeitando os mecanismos 
que seduzem os indivíduos a participar dele, às vezes colaborando 
para aumentar seu repertório. Esses grupos se constituem em torno 
de estilos de vida, construindo uma estética própria, atividades de 
sociabilidade, valores e rituais que os diferenciam da sociedade em 
geral. 
 85 
Vamos citar alguns: “rappers”, “metaleiros”, “jipeiros”, “skatistas”, 
“emos”, “góticos”, “moto bikers”, “modernos primitivos” (que 
praticam muitos estilos de modificação corporal como tatuagens, 
piercings, implantes, entre outros). 
Os grupos que se organizam em torno de estilos de vida, formando 
essas “tribos” são a expressão de novas formas de sensibilidade 
social. Normalmente, o senso comum considera “exagero” e reprime 
ou procura desmoralizar através do estigma, as pessoas que 
participam dessas tribos. 
O que esse fenômeno social nos mostra, para além do que o senso 
comum consegue compreender, é que atualmente os indivíduos 
procuram refletir sobre sua subjetividade e expressá-la de formas 
criativas e originais. Através da convivência nesses grupos, 
experimentam novas formas de convívio social e colocam em jogo 
novos valores. Sem a pretensão de se tornarem hegemônicos, eles 
provocam na sociedade uma reflexão sobre nossos padrões de 
conduta. 
 
E sobre a pesquisa antropológica? 
 
Qual sua importância para essa temática das identidades 
contemporâneas? 
 A pesquisa de campo reescreveu a história da antropologia. 
Ela veio a ser uma alternativa às chamadas “pesquisas de gabinete”, 
que se caracteriza por manter o pesquisador distante da vida real dos 
indivíduos que pretende conhecer. 
A partir do contato direto entre pesquisador e cultura pesquisada, os 
pressupostos sobre cultura e comportamento humano sofreram 
mudanças importantes. 
 Nesse tipo de pesquisa, o cientista passa um longo período de tempo 
convivendo na cultura que quer conhecer. Ele se torna o que 
chamamos de “observador participante”. Ou seja, ele não chega com 
questionários prontos e não se preocupa com a quantidade de 
respostas obtidas para a mesma questão. 
 86 
Sua principal preocupação é obter “informantes”, que são pessoas 
que lhe facilitam o trânsito, os contatos e debatem com o 
pesquisador sobre suas dúvidas a respeito do que está sendo 
observado. 
Ele também não se limita a ser um observador, mas passa a 
participar de algumas atividades com seus anfitriões, procurando se 
colocar sempre que possível no lugar do outro. 
O principal, portanto, é tentar encontrar uma perspectiva de 
abordagem desse outro, que seja diferente do olhar imparcial e 
distante do observador de laboratório. Ao observar, mas também 
participar, o pesquisador tem a oportunidade de utilizar o “olhar 
antropológico”. 
Ao mudar sua própria subjetividade, o pesquisador promove uma 
mudança interna de valores e permite que o outro seja interpretado 
dentro de seu próprio conjunto de conceitos, dentro de sua própria 
visão de mundo. 
Após a permanência em campo, o pesquisador se retira, física e 
subjetivamente. Esse distanciamento posterior é o período de 
reflexão sobre os dados obtidos, quando ele pode garantir que não 
estará sendo etnocêntrico, mas também procura evitar o risco de se 
transformar no outro. Como cientista, é necessária uma 
imparcialidade em seu discurso, e há a procura de um meio termo, 
no qual o pesquisador consiga falar sobre o outro sem ser 
etnocêntrico, de fora para dentro, ou etnocêntrico, de dentro para 
fora. Assim, ele deve procurar a elaboração de uma interpretação que 
possa garantir a imparcialidade. Não está “em defesa” de ninguém, 
nem de sua própria cultura, nem da do outro. 
 Os relatos produzidos pelos antropólogos em campo são chamados 
de “etnografias”, que literalmente significa o registro escrito da 
experiência étnica. 
 As técnicas de observação de campo da antropologia passaram a 
influenciar muitos campos de estudo, que passaram a produzir 
pesquisas semelhantes. 
 87 
O resultado é que temos hoje uma grande produção de textos, 
teorias, teses e artigos que abordam ENCONTROS COM O OUTRO. 
 
EXERCÍCIOS 
 
 
01 - Uma característica marcante das identidades culturais no mundo 
globalizado contemporâneo é a que segue: 
 
A) a imposição de um único modelo referencial para a constituição 
das identidades, anulando a possibilidade da diversidade cultural; 
B) tem predominado a consciência sobre a necessidade de respeitar 
a diversidade cultural, por isso existe uma intensa troca de 
experiências culturais para definir todas as identidades atualmente; 
C) as identidades nacionais passam a ser mais importantes que as 
identidades globalizadas e desenraizadas; 
D) deixa de existir um único modelo de referências simbólicas para a 
construção das identidades, surgindo um número imenso de 
identidades grupais dentro de uma mesma sociedade; 
E) existe uma maior flexibilidade para que cada sociedade escolha 
qual cultura quer adotar como modelo; esse processo é portanto 
unicamente de caráter político, pois pressupõe que uma sociedadese 
posicione criticamente em relação ao multiculturalismo presente na 
mundialização (globalização) cultural. 
 
 
02 - A importância da pesquisa de campo na observação 
antropológica do outro, pode ser corretamente associada com: 
 
A) pelo fato de terem oportunidade de conviver com o “outro”, os 
antropólogos podem compreender melhor e desenvolver planos de 
ação mais viáveis para as culturas estudadas, interferindo naquela 
realidade. 
B) o antropólogo necessita apoio áudio-visual de uma equipe 
especializada, pois a permanência em campo exige o registro 
imediato de todas as situações vividas. 
C) a antropologia aconselha aos pesquisadores que não abram mão 
de seus próprios valores, não se deixando influenciar pelo “outro” na 
experiência da observação participante. 
D) esse tipo de pesquisa exige uma mudança de valores por parte do 
pesquisador, para que seja possível compreender o “outro” a partir 
de sua própria visão de mundo. 
E) o objetivo da pesquisa de observação participante é dar voz ao 
“outro”; ao dar oportunidade do outro se posicionar, o antropólogo 
pode permanecer imparcial, sem se deixar influenciar pelas opiniões 
de seus entrevistados. 
 88 
 
 
03 - Constituem elementos através dos quais podemos perceber a 
identidade e a manipulação simbólica que uma “tribo urbana” realiza: 
 
A) a coerência e a previsibilidade de seu comportamento perante os 
outros 
B) a presença de traços que permitem aos “outros” reconhecê-los, 
podendo estar em sua vestimenta, gírias, crenças entre outros 
C) a coerência e a previsibilidade de seus traços específicos como 
Forma de distinguir-se dos demais; a coerência e a previsibilidade de 
seus traços específicos como forma de distinguir-se dos demais 
D) a seleção totalmente arbitrária e incoerente de características que 
os tornem irreconhecíveis perante os outros 
E) o “estilo” que se resume à sua aparência 
 
04 - Malinowski foi o primeiro antropólogo a desenvolver a 
metodologia de pesquisa de campo que caracteriza até hoje a 
Antropologia. O tipo de pesquisa por ele criado é chamado de: 
 
A) Estruturalismo 
B) Pesquisa de observação participante 
C) Metáfora orgânica 
D) Pesquisa de modelos culturais e diversidade 
E) Antropologia Cultural 
 
05 - Quando as tradições culturais de um grupo constituem o único 
modelo de referência para a construção da identidade cultural de 
seus indivíduos, podemos caracterizar essa sociedade como: 
 
A) comunidade relacional 
B) sociedade tradicional 
C) sociedade moderna 
D) grupo complementar de identidade 
 89 
E) modelo de diversidade cultural 
 
06 - Quando as tradições culturais de um grupo deixam de ser o 
único modelo de referência para a construção da identidade cultural 
de seus indivíduos; além das tradições, os meios de comunicação 
 podem influenciar os valores coletivos. Então podemos caracterizar 
essa sociedade como: 
 
A) comunidade relacional 
B) sociedade tradicional 
C) sociedade moderna 
D) grupo complementar de identidade 
E) modelo de diversidade cultural 
 
07 - Leia o trecho do artigo de José Magnani, transcrito abaixo, utilize 
os conhecimentos adquiridos sobre o tema, e selecione a alternativa 
correta: 
 
Um primeiro significado, mais geral, de tribo urbana, tem como 
referente determinada escala que serve para designar uma tendência 
oposta ao gigantismo das instituições e do Estado nas sociedades 
modernas: diante da impessoalidade e anonimato destas últimas, 
tribo permitiria agrupar os iguais, possibilitando-lhes intensas 
vivências comuns, o estabelecimento de laços pessoais e lealdades, a 
criação de códigos de comunicação e comportamento particulares. 
Em outro contexto, tribo evoca o „primitivo‟ e designa pequenos 
grupos concretos com ênfase não já em seu tamanho, mas nos 
elementos que seus integrantes usam para estabelecer diferenças 
com o comportamento „normal‟: os cortes de cabelo e tatuagens de 
punks, carecas, a cor da roupa dos darks e assim por diante. 
(http://www.aguaforte.com/antropologia/magnani1.html.) 
 
 
 90 
A) as tribos urbanas refletem a tentativa de alguns jovens de fugir da 
massificação imposta pelo ritmo das grandes cidades e do 
capitalismo. 
B) as tribos urbanas refletem o comportamento selvagem de alguns 
jovens que não possuem cultura. 
C) tribos urbanas são os aglomerados de jovens que não estão 
inseridos no mercado de trabalho. Como índio também não está 
acostumado a trabalhar, deu-se o nome de “tribo” a estes grupos. 
D) o jovem que participa de uma tribo urbana é um arruaceiro, sem 
cultura. 
E) tribos urbanas é um nome diferenciado para designar um bando de 
delinqüentes 
 
08 - O contato com a diferença é necessário para que um povo tome 
consciência de sua própria identidade cultural. Essa afirmação: 
 
A) Está correta, pois no encontro com o outro realizamos a 
alteridade, abandonando a perspectiva que naturaliza a cultura e as 
identidades que ela produz. 
B) Pode ser considerada errada, pois cada povo constrói ao longo de 
sua história uma identidade de forma consciente e racional, sendo 
desnecessário o contato com a diferença para que sua própria 
identidade seja valorizada 
C) Está errada, pois a identidade cultural faz parte da essência, da 
alma de um povo, dispensando qualquer processo de contato 
D) Pode ser considerada correta, pois não existem exemplos na 
história de povos que refletissem conscientemente de sua própria 
identidade cultural sem o conflito com a diferença 
E) Pode estar correta, quando se trata de traços individuais da 
identidade; está errada quando nos referimos a traços que dão 
identidade às práticas coletivas de uma cultura 
 
09 - Sobre a metodologia de pesquisa antropológica, é correto 
afirmar: 
 
A) A antropologia sempre se distinguiu das outras ciências humanas 
pela sua metodologia de pesquisa que inclui a coleta de dados direta 
por parte do pesquisador. 
B) Houve uma mudança histórica importante na pesquisa 
antropológica a partir do momento em que os pesquisadores 
 91 
deixaram de coletar dados indiretamente e desenvolveram técnicas 
de pesquisa de campo. 
C) A pesquisa antropológica exige que o pesquisador faça uma 
pesquisa de gabinete antes de proceder a coleta direta dos dados em 
sua pesquisa de campo. 
D) Para a antropologia, é indiferente que o pesquisador colete os 
dados diretamente ou não, pois o importante é seu trabalho posterior 
de análise conceitual do material. 
E) Houve uma mudança histórica importante na pesquisa 
antropológica a partir do momento em que os pesquisadores 
deixaram de coletar dados diretamente e desenvolveram técnicas de 
pesquisa de gabinete. 
 
10- A respeito do conceito de “minorias sociais”, assinale a 
alternativa correta: 
 
A) Elas surgem como resultado de uma nova forma de organização 
política em nossa sociedade, quando grupos identificados com 
questões sociais comuns em relação à desigualdade passam a 
reivindicar direitos civis. 
B) São minorias os grupos que podemos identificar como pouco 
representativos da ordem geral de uma sociedade. 
C) Elas surgem como resultado de movimentos políticos oficiais, que 
reconhecendo a falta de direitos iguais, incitam parte da sociedade a 
se organizar. 
D) As minorias são os grupos pouco expressivos quantitativamente, 
portanto não têm interesse para a sociedade em geral, sendo apenas 
uma forma de identidade cultural. 
E) As minorias são sempre o equivalente a “tribos urbanas”. 
 
 
 
 
INFORMAÇÕES IMPORTANTES 
 
NOTAS – NP1 ________ SUB ________ MÉDIA : _______ 
 NP2 ________ EXAME _________ 
 
 92 
DATASAVALIAÇÕES : NP1 : ____/____/________ 
 NP2 : ____/____/________ 
 SUB: ____/____/________ 
 EXAME: ____/____/________ 
 
 
 
FIM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
Grande parte deste material foi cedido pela líder de disciplina de 
Homem e Sociedade ( DP online), extraído das seguintes referências: 
 
 93 
 E Roque de Barros LARAIA, na pg. 58 do texto “Idéia sobre a origem 
da cultura” no livro “CULTURA – UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO”: 
 “O desenvolvimento do conceito de cultura”, “Teorias modernas 
sobre a cultura”, in LARAIA, R.B. CULTURA - Um Conceito 
Antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 17ª ed., 2005. pp 30-
52; 59-64. 
 
“Primeiros movimentos”, “O Passaporte”, in ROCHA, Everardo. O 
QUE É ETNOCENTRISMO, São Paulo: Brasiliense, 19ª ed., 2004, 
pp. 23-55. 
 
“Os pais fundadores da etnografia – Boas e Malinowski”, in 
LAPLANTINE, F. APRENDER ANTROPOLOGIA, SP: Brasiliense, 
2007. PP. 75-92 
 
LARAIA, Roque de B. – “A cultura condiciona a visão de mundo do 
homem”; “A cultura interfere no plano biológico”; “Os indivíduos 
participam diferentemente de sua cultura”, in CULTURA – um 
conceito antropológico, Rio de Janeiro: JORGE ZAHAR, 21ª Ed, 2007. 
Pp. 67 – 86. 
 
 RIBAS, João C. “O olhar”, in GUERRIERO, Silas (org). ANTROPOS E 
PSIQUE – o outro e sua subjetividade. SP: Olho d´Água, 2003. Pp 
87-96. 
 
“Pensando em partir”, “Primeiros movimentos”, in ROCHA, E. O QUE 
É ETNOCENTRISMO, SP: Brasiliense, 12ª ed., 1996. 
 
BOAS, Franz. “Raça e Progresso”, in CASTRO, C. (org.)– Antropologia 
Cultural, Jorge Zahar, 2004, PP. 67-86. 
 
 “Os métodos da etnologia”, in CASTRO, Celso (org.) Franz BOAS - 
ANTROPOLOGIA CULTURAL, Jorge Zahar, 2004. 
 
SANTOS, J. L. O QUE É CULTURA, SP: Brasiliense, 2006 “A cultura em 
nossa sociedade”, in. pp. 51-79; “Cultura e relações de poder”, pp. 
80-86. 
 
KEMP, K. “Identidade cultural”, in GUERRIERO, S (Org.). ANTROPOS 
E PSIQUE. O outro e sua subjetividade. São Paulo: Ed. Olho D‟água, 
5ª. Ed., 2004. LAPLANTINE, F. “Os pais fundadores da etnografia – 
Boas e Malinowski”, in Aprender Antropologia, Brasiliense, PP.75-92. 
 
HALL, Stuart. IDENTIDADE CULTURAL NA PÓS-MODERNIDADE, Rio 
de Janeiro: DP&A, 2003, 7ª ed. 
 
PASSADOR, Luiz Henrique. O campo da antropologia: constituição de 
uma ciência do homem, in ANTROPOS E PSIQUE – o outro e sua 
subjetividade, SP: Olho d´Água, 2003. pp 29-49. 
 
ELETRÔNICAS 
 94 
 
MINER, Horace. Ritos Corporais entre os Nacirema, disponível na 
Web, <http://www.aguaforte.com/antropologia/nacirema.htm> 
 
Relações étnico-culturais. “Diretrizes curriculares nacionais para a 
educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e 
cultura afro-brasileira e africana.” Secretaria Especial de Políticas de 
Promoção da Igualdade Racial. MEC, Brasília: 2004. Texto disponível 
eletronicamente no endereço, 
<http://www.espacoacademico.com.br/040/40pc_diretriz.htm> 
 
<http://www.alunosonline.com.br/filosofia/o-que-e-cultura/> acesso 
em 20 fev. 2010

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