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� O bioma caatinga ocupa uma extensa área, estimada em cerca de 850.000km2, correspondendo à maior parte da região semi-ári- da do Nordeste brasileiro, estendendo-se desde ca. 02°50’S em seu limite norte, nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, a ca. 17°20’S no norte do estado de Minas Gerais. A deficiência de água durante uma grande parte do ano e a irregularidade temporal na distribuição das chuvas são os principais fatores que determinam a existência da caatinga. Essa deficiência hídrica ocorre por uma combinação de elevada evapotranspiração potencial (1500-2000 mm.ano-1) com precipitações baixas (300-1000 mm.ano-1) e concentradas em 3-5 meses. O nome caatinga deriva da língua Tupi, significando “mata clara” [ca’a: planta ou floresta; tî: branco, em forma contraída de morotî; ’ngá: semel- hante a], fazendo referência ao aspecto acinzentado e claro na estação seca, quando a maioria das árvores e arbustos encontram-se sem folhas e a luz pode penetrar até o nível do solo. Na classificação fitogeográfica de Mar- tius, a caatinga foi denominada de “Hamadryades” e descrita como “silva aestu aphylla”, referindo-se à ausência de folhas no “verão”, ou ainda como “silva horrida”, demonstrando a forte impressão que o ambiente hostil da INTRODUÇÃO O BIOMA CAATINGA RICARDO Texto digitado RICARDO Nota pesquisado e realçado termos : forrage bovino pasteja � caatinga deve ter provocado em um naturalista europeu. Existe alguma confusão, especialmente nos meios de comunicação, en- tre caatinga e semi-árido. Algumas vezes o termo caatinga é usado para designar uma região e o termo semi-árido o é para um tipo de vegetação. O semi-árido corresponde à região do Nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais incluída em um polígono delimitado pela isoieta de 1000mm.ano- 1 de precipitação pluvial média. Essa delimitação coincide com a adotada pelo governo brasileiro para a região do “polígono das secas”. Assim, o ter- mo semi-árido pode ter uma conotação geográfica, a região onde predomi- na o clima semi-árido, ou política, coincidindo, nesse caso, com o polígono das secas. Os limites externos da caatinga podem ser considerados como coincidentes com os da região semi-árida mas é importante ressaltar que dentro desses limites há ambientes mais úmidos com vegetação diferente da caatinga tanto em fisionomia quanto em composição florística. Outro termo comumente utilizado para se referir à caatinga é sertão. Alguns autores chegaram a usar este termo para designar a vegetação das áreas mais secas no bioma caatinga (Vasconcelos-Sobrinho 1941, An- drade-Lima 1954). No entanto, sertão é uma palavra que tem sido usada com diferentes significados, sendo o mais comum deles o que designa o interior inóspito do Brasil. Isso é exemplarmente ilustrado pelo grande es- critor Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas ao dizer que “O sertão aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é o Chapadão, lá acolá é a caatinga.” Assim, o uso de sertão para se referir à caatinga como um todo ou a parte dela é mais aceitável de um ponto de vista literário ou cultural mas deve ser evitado de um ponto de vista científico pois introduz mais imprecisão na nomenclatura fitogeográfica. A vegetação incluída no semi-árido, longe de ser homogênea, apresen- ta uma grande variação fisionômica e florística. Essa variação reflete uma grande heterogeneidade de condições ambientais e fatores históricos que � alteraram a distribuição das biotas provavelmente desde o Terciário (Quei- roz 2006). Dentre as primeiras podemos citar o relevo e o solo; dentre as segundas, flutuações climáticas e eventos tectônicos. Resulta disso que a vegetação do semi-árido nordestino é uma das mais complexas e difíceis de classificar dentre os grandes domínios morfoclimáticos brasileiros. Meio Físico Geologia e geomorfologia Do ponto de vista geomorfológico, a região incluída no semi-árido está longe de ser uma região homogênea (Fig. 1). A interação dos fatores do clima e do solo com a geomorfologia local permite reconhecer diferentes unidades de paisagem, das quais as principais são apresentadas a seguir. Figura 1 - Aspectos geomorfológicos do Nordeste do Brasil e sua relação com a vegetação do Bioma Caatinga: CT: Caatinga em áreas de depressão; CA: Carrasco em superfícies sedimentares residuais; FS: Florestas serranas (”brejos”); FC: florestas ciliares; FE: Florestas estacionais e caatinga arbórea na encosta das serras; CE: Cerrados e campos rupestres sobre serras; FT: Florestas pluviais litorâneas (Mata Atlântica); TB: superfícies de tabuleiros costeiros com vegetação semelhante à do cerrado (modificado de Coe 1960). � A principal feição geomorfológica onde se encontra a vegetação da caatinga corresponde à das grandes depressões, também conhecida como depressão sertaneja. As depressões constituem a unidade de paisagem mais típica do bioma caatinga, caracterizando-se por extensas superfícies aplain- adas, totalizando cerca de 368.216km2 (ca. 43,3% da superfície total do bioma). As principais áreas de depressão são conhecidas como Depressão Sanfranciscana, situada ao longo do percurso do rio São Francisco; a De- pressão Cearense, limitada pela Chapada do Araripe (a sul), pelo Planalto da Borborema (a leste) e pelas cuestas da Serra do Ibiapaba (a oeste); a De- pressão do Meio-Norte, localizada no Nordeste Ocidental, tem sua área de caatinga incluída no estado do Piauí. Nesta grande área aflora, na sua maior parte, o embasamento cristalino pré-cambriano, na forma de granitos, gnaisses e xistos. Essa exposição do embasamento cristalino é resultado de um grande processo de pediplanação que vem ocorrendo desde o Terciário superior (Ab’Sáber 1974). Relevos re- siduais na forma de inselbergs, serras ou chapadas, ocorrem ao longo de toda a área de depressão, testemunhando estes ciclos de erosão intensa. Prev- elecem solos rasos e pedregosos que, no entanto, variam bastante em estru- tura, granulometria, fertilidade e salinidade. Nessa região predominam dois regimes de chuvas distintos. O primeiro, mais característico das áreas mais secas, tem as chuvas concentradas entre outubro e abril enquanto as áreas localizadas mais à leste, na região denominada de agreste, possui o período chuvoso entre janeiro e junho (Sá et al. 2004). A precipitação média anual em toda a área é da ordem de 500 a 800mm. As chapadas altas são regiões onde predominam platôs com altitudes superiores a 800m. Somam cerca de 147.059km2, o que corresponde a cer- ca de 17,3% da área do bioma. Associadas a relevos residuais encontram-se superfícies sedimentares, sendo as mais extensas encontradas na Chapada do Araripe (estados do � Ceará, Pernambuco e Piauí), na serra Serra do Ibiapaba (limites dos esta- dos do Ceará e Paiuí) e nas bacias sedimentares do Tucano-Jatobá. Essas áreas apresentam solos predominantemente arenosos e profundos, em geral distróficos. A Chapada Diamantina constitui o principal maciço montanhoso inserido no semi-árido, ocupando a porção central do estado da Bahia. Apresenta serras com altitudes médias superiores a 1.000m, alcançando até 2.033m no Pico do Barbado, circundada pela caatinga nas terras mais baixas. As condições climáticas são distintas das áreas de depressão, ap- resentando índices de pluviosidade mais elevados e, em conseqüência da interação de fatores climáticos, de solo e de relevo muito especiais, apre- sentam mosaicos de tipos de vegetação adaptadas a condições de maior umidade, incluindo campos rupestres, cerrados de altitude e diferentes ti- pos de florestas de altitude (Harley 1995, Juncá et al. 2005). No entanto, há extensas áreas de caatinga na Chapada Diamantina, especialmente nas suas porções setentrionais e nos vales encaixados entre as principais serras (Queiroz et al. 2005). O Planalto da Borborema ocupa uma área de em formade arco na porção oriental dos estados do Rio Grande Norte até Alagoas, constituído por serras e platôs com altitude variando de 600 a 1.000m. Há uma grande variação de clima e solos, predominando solos de fertilidade média a alta. A precipitação pluvial média varia de 400 a 600mm.ano-1, mas apresentando áreas úmidas com até 1.300mm.ano-1, até algumas das áreas mais secas do Nordeste, como as regiões dos Cariris e do Curimataú, ambos no estado da Paraíba. Duas outras feições geomorfológicas merecem destaque, apesar de serem reduzidas em áres. A primeira é a das superfícies cársticas, áreas relacionadas a afloramentos calcários. Essas superfícies ocorrem de forma descontínua e as áreas suas maiores extensões encontram-se na Chapada � do Apodi (Rio Grande do Norte), chapadão de Irecê (centro-norte da Ba- hia) e encostas orientais dos Gerais (Bahia) e borda oriental do planalto do São Francisco (Minas Gerais), entre Bom Jesus da Lapa (Bahia) e Januária (norte de Minas Gerais). Essas áreas geralmente apresentam solos de ferti- lidade elevada que suportam formas mais arbóreas de caatinga, com dossel a ca. 15-20m de altura. A segunda corresponde às áreas de dunas continen- tais, encontradas principalmente na região do baixo-médio São Francisco, em Barra, Pilão Arcado e Casa Nova, no estado da Bahia. Essas dunas constituem depósitos eólicos, com até 100m de altura, de areias quartzo- sas distróficas e vegetação característica em moitas. Nos vales interdunares ocorrem veredas com solos hidromórficos e ocorrência característica da carnaubeira (Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore). Clima A área do biom a caatinga apresenta um clima megatérmico semi-árido. As temperaturas médias anuais estão dentre as mais elevadas do Brasil, var- iando entre 26 e 28°C, embora as médias das temperaturas máximas rara- mente ultrapassem 40°C (Nimer 1972). No entanto, dentre os parâmetros meteorológicos, os que mais caracterizam o clima do bioma caatinga são as precipitações pluviais baixas e irregulares, limitadas, na maior parte da área, a um período muito curto do ano. A delimitação do bioma caatinga, coin- cide, a grosso modo, com uma isoieta de 1.000mm.ano-1 de precipitação pluvial média (Nimer 1972, Reis 1976). Cerca da metade da área do bioma recebe menos de 750mm.ano-1 (Nimer 1972) havendo núcleos onde essas taxas são menores do que 500mm.ano-1, estes localizados principalmente em uma faixa que se estende do nordeste de Alagoas ao sul do Rio Grande do Norte, incluindo a maior parte dos estados de Pernambuco e Paraíba, associada à sombra de chuvas do Planalto da Borborema (Fig. 2B). No entanto, dois outros fatores relacionados aos regimes de chuvas têm � grande influência na vegetação. Um diz respeito à distribuição das chuvas ao longo do ano. Em quase toda a área do bioma caatinga, 50 a 70% da pre- cipitação anual estão concentrados em três meses consecutivos (Fig. 2A), Figura 2 - Aspectos relacionados ao clima na região do Bioma Caatinga. A: número de meses secos por ano; B: isoietas de precipitação média anual (em cor, áreas com até 1000mm.ano); C: percentual de precipitação nos três meses mais chuvosos; D: percentual anual de desvio das médias (A e C de Velloso et al. 2002; B e D de Nimer 1972). � caracterizando um clima marcadamente sazonal com estação seca muito longa, via de regra variando de seis a nove meses, chegando, em alguns núcleos mais secos, a dez ou onze meses (Fig. 2C), como é o caso do Raso da Catarina, na Bahia, e da região dos Cariris Velhos, na Paraíba (Nimer 1972). Assim, mais do que a precipitação pluvial total, é a concentração das chuvas em curtos períodos intercalados por longos períodos secos, que exerce efeito mais acentuado sobre as características morfofuncionais das plantas que ocorrem nesta área. Além da concentração do total de chu- vas de um ano em uma estação muito curta, o clima do bioma caatinga caracteriza-se, também, pela grande irregularidade das chuvas de um ano para outro. Esse desvio da moda pode ser superior a 50%, com alguns anos praticamente sem chuvas, caracterizando períodos de secas mais prolonga- das do que os usuais (Fig. 2D). As principais massas atmosféricas que influenciam o clima da caatinga encontram-se descritas em Reis (1976). Solos Os solos encontrados na região do bioma caatinga são extremamente di- versos mesmo em escalas locais, produzindo um mosaico de tipos de difícil caracterização em uma escala mais ampla. De modo geral, os solos sobre o embasamento cristalino tendem a ser rasos, argilosos e pedregosos, com a rocha-mãe pouco intemperizada e localizada a pequenas profundidades, freqüentemente aflorando na forma de lajedos (Tricart 1961, Ab’Sáber 1974); estes solos são geralmente classificados como litossolos, regossolos e brunos não-cálcicos. Os localizados sobre as superfícies sedimentares ten- dem a ser profundos e arenosos, geralmente classificados como latossolos, podzólicos e areias quartzosas (Sampaio 1995). Montmorilonita é o tipo de argila predominante nos solos da caat- inga (Tricart 1972). Esse fato pode ser relacionado ao regime de chuvas 10 da região pois a formação de caolinita ou montmorilonita dependem do pH do solo em formação. Em uma área de clima úmido, com chuvas bem distribuídas, há uma contínua lixiviação de sais que produzem pH alcalino resultando em meio ácido e formação de caolinita. No caso dos solos da caatinga, filmes de sal acumulam-se no solo indicando a lixiviação incipi- ente desses sais, resultando em um pH alcalino e a conseqüente formação de montmorilonita. A presença desse tipo de argila determina a existência de tipos particulares de solo, especialmente grumissolos e vertissolos. Vegetação do bioma caatinga Pela predominância de um estrato arbóreo ou aubustivo-arbóreo e características morfofuncionais das plantas, a vegetação da caatinga pode ser conceituada como um tipo de floresta de porte baixo, com dossel geral- mente descontínuo, folhagem decídua na estação seca e árvores com rami- ficação profusa, comumente armadas com espinhos ou acúleos. Microfilia e características xeromorfas são, também, freqüentes. No entanto, ao longo da extensão do bioma, há uma grande variação na vegetação, variação essa observada tanto do ponto de vista fisionômico, quanto do ponto de vista florístico e de aspectos morfofuncionais. Essa diversidade de tipos vegetacionais responde primariamente às grandes uni- dades geomorfológicas e, secundariamente, à variação na intensidade do déficit hídrico, topografia e condições físicas e químicas do solo em escala local. De um modo geral, a vegetação de caatinga é encontrada nas grandes depressões, em parte das chapadas sedimentares, nas superfícies cársticas e nos campos de dunas. Na maior parte das chapadas altas predomina vegetação de cerrado, as quais se encontram disjuntas de sua área-core no Brasil Central enquanto no alto de serras isoladas encontramos florestas montanas (Fig. 1), denominadas de ‘brejos’ nos estados de Pernambuco e Paraíba. Na Chapada Diamantina verifica-se uma situação particular, com 11 os campos rupestres predominando acima de 900m.s.n.m., cerrados de al- titude recobrindo os platôs arenosos, diferentes tipos de florestas nas áreas mais úmidas e com solos mais profundos e férteis, e caatinga nos vales encaixados e áreas de menor altitude. Caracterização da vegetação Rodal & Sampaio (2002) propuseram três critérios para reconhecimen- to e delimitação do bioma caatinga. O primeiro critério é geográfico, ou seja, a vegetação que recobre uma área mais ou menos contínua sob clima quente e semi-árido, circundada por áreas de clima mais úmido. O segundo critério é referente a características estruturais e adaptativas à deficiência hídrica: caducifolia, herbáceas anuais, suculência, armamento, predom- inância de arbustose árvores de pequeno porte e cobertura descontínua das copas. O terceiro é florístico: presença de espécies endêmicas e outras que ocorrem na caatinga e outras áreas secas mais ou menos distantes, mas não ocorrem nas áreas úmidas que fazem limite com a caatinga. O critério florístico será discutido mais adiante, enfatizando a família Leguminosae (ver seção Tipos de Vegetação, pág. xx) de modo que, nesta seção, serão trata- dos com mais detalhe os aspectos estruturais e adaptativos relacionados aos critérios morfofuncionais da vegetação. Formas de vida Árvores e arbustos predominam na caatinga. De modo geral, estas plan- tas caatinga apresentam porte mais baixo e formato de copa distinto do de plantas de florestas. Na maior parte das áreas de caatinga, a altura das copas está em torno de 4 a 7m. Algumas emergentes podem alcançar até 10m como, por exemplo, Anadenanthera colubrina e Pseudobombax simplicifolius A.Robyns (Bombacaceae). A maioria das espécies apresenta uma ramifi- cação muito intensa e uma lignificação precoce que resultam, no conjunto, 1� em uma profusão de galhos em copas abertas, geralmente tomando a forma de uma pirâmide invertida. Em geral, as copas não chegam a formar um dossel contínuo, como nas florestas. Muitas espécies têm os ramos arma- dos por espinhos ou acúleos ou, não raramente, apresentam tricomas urti- cantes. Um aspecto freqüentemente mencionado para a caatinga, relacionado com características morfológicas das plantas, é a redução da superfície fo- liar. Esta se dá pela ausência de folhas ou sua transformação em espinhos, como em cactáceas e eufórbias cactiformes, como pela presença de folhas compostas com folíolos reduzidos. Esta situação ocorre em muitas espécies de Leguminosae, Anacardiaceae, Burseraceae e Rutaceae. É importante ressaltar que algumas espécies lenhosas possuem uma entrecasca clorofi- lada e, com isso, apresentam o potencial de manter um certo nível de ativi- dade fotossintética mesmo quando desprovidas de folhas na estação seca. Um exemplo notável deste fato é o da umburana, Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillet (Burseraceae) mas o mesmo pode ser obervado em Am- burana cearensis, assim como em espécies de Jatropha ( J. mollissima Baill. e J. mutabilis (Pohl) Baill., Euphorbiaceae), em Cissus decidua Lombardi (Vitaceae) e em espécies de Pseudobombax (Malvaceae). Estas espécies ap- resentam em comum, além da entrecasca verde, a casca muito fina, lisa e descamante. Há, no entanto, uma grande heterogeneidade estrutural que pode estar relacionada a variações locais no déficit hídrico, ao relevo e ao tipo de sub- strato. Nas áreas onde o déficit hídrico é menor e os solos mais profundos há uma predominância do estrato arbóreo, o qual atinge um porte mais el- evado. Em outros casos pode haver adensamento do estrato arbustivo com diminuição do número de árvores ou, em outros, diminuição do número de espécies armadas. Estas características tem sido usadas para definir tipos e subtipos de caatinga. 1� Suculentas podem ser observadas tanto no estrato arbustivo-arbóreo quanto no herbáceo-subarbustivo. Dentre as herbáceas, destacam-se várias espécies de Potulacca (Portulaccaceae), além de espécies de Bromeliaceae (especialmente dos gêneros Bromelia e Neoglaziovia) e de Cactaceae, par- ticularmente do gênero Melocactus e, nas áreas mais arenosas, Tacinga in- amoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy. No estrato arbóreo-arbustivo as suculentas são principalmente da família Cactaceae, com espécies de muitos gêneros presentes, destacando-se Pilosocereus, Tacinga, Cereus, Arro- jadoa, dentre outros (Taylor & Zappi 2004). Algumas espécies cactiformes de Euphorbiaceae também estão presentes, destacando-se Euphorbia phos- phorea Mart. Além da existência de espécies suculentas, órgãos armazenadores de água ocorrem com freqüência em espécies não suculentas, como pode ser observado, por exemplo, nos troncos bojudos de Cavanillesia arborea (Willd.) K.Schum. e Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. (ambas da sub- família Bombacoideae da família Malvaceae, denominadas de barriguda- lisa e barriguda-de-espinho, respectivamente), pelos ramos dilatados de Jatropha mollissima e J. mutabilis (Euphorbiaceae) e nas raízes tuberosas de Spondia tuberosa Arr.-Câmara (Anacardiaceae) e de muitas espécies de Manihot (Euphorbiaceae). Lianas não são muito freqüentes e são representadas, principalmente, por espécies de Bignoniaceae. Dentre as leguminosas, espécies de Dioclea e de Phanera estão entre os poucos exemplos. Trepadeiras são, no entanto, relativamente freqüentes na estação chuvosa, particularmente da família Convolvulaceae (espécies de Ipomoea, Jacquemontia e Merremia) e da subfamília Papilionoideae (espécies de Canavalia, Chaetocalyx, Galactia, Macroptilium e Rhynchosia). Palmeiras são relativamente raras embora em algumas áreas arenosas Syagrus coronata (Mart.) Becc., conhecida como licurizeiro ou ouricurizei- 1� ro, seja uma das espécies dominantes. Epífitas são praticamente ausentes. Na caatinga, as epífitas ocorrem principalmente nas bainhas foliares do licurizeiro (Syagrus coronata) e, por- tanto, a distribuição de muitas espécies é limitada às áreas onde ocorre esta palmeira. São exemplos destas espécies Billbergia porteana Beer., B. fosteri- ana L.B.Sm. (Bromeliaceae), Catasetum luridum Lindl. e Cyrtopodium gi- gas (Vell.) Hoehne (Orchidaceae). Em algumas áreas de caatinga arbórea ocorre Oncidium cebolleta ( Jacq.) Sw. (Orchidaceae). Ritmos fenológicos A caducifolia marcante do estrato arbóreo-arbustivo é, provavelmente, a característica adaptativa mais marcante da vegetação da caatinga, em- bora também haja sincronia na atividade reprodutiva. O contraste entre o aspecto exuberante no período chuvoso e a desolação no auge da estação seca é impressionante. Euclides da Cunha, em Os Sertões, sintetizou esta impressão com maestria em uma única frase: “Barbaramente estéreis; mar- avilhosamente exuberantes...” O nome caatinga ressalta esse aspecto aberto da vegetação quando, na estação seca, as copas estão sem folhas e a luz pode penetrar até o nível do solo. Poucas espécies mantém as folhas na estação seca. Exemplos que são freqüentemente citados são o juazeiro (na verdade duas espécies de Rhamnaceae do gênero Ziziphus: Z. joazeiro Mart. e Z. cotinifolia Reiss.), a oiticica (Licania rigida Benth., Chrysobalanaceae) e o icó (Capparis yco (Mart.) Eichl., Capparaceae). Deve-se ressaltar, no en- tanto, que, com exceção do icó, as espécies com folhagem perene ocorrem com mais freqüência em margem de rios que, mesmo temporários, podem apresentar maior reserva de água próximo ao solo, possível de ser explorada pelo sistema radicular destas plantas. As espécies de leguminosas arbóreas e arbustivas são, quase todas, caducifolias. Uma exceção notável é Parkinsonia aculeata mas, da mesma forma que as citadas acima, ela habita preferencial- 1� mente margem de rios e riachos temporários. Contrastando com o aspecto desolador da estação seca, após as primei- ras chuvas as plantas arbóreas reverdessem quase que instantaneamente. No caso das leguminosas, isso parece estar associado à ocorrência de gemas peruladas que, à semelhança de plantas das florestas temperadas, apresen- tam folhas pré-formadas que se expandem rapidamente quando há água disponível. O estrato herbáceo-subarbustivo na caatinga está presente, em geral, apenas na estação chuvosa. A maioria das espécies herbáceas cresce ap- enas neste período, quer a partir de sementes (espécies anuais), quer por brotamento a partir de órgãos subterrâneos (geófitas). Dentre as anuais destacam-se várias espécies de gramíneas (p.ex., Aristida longifolia Trin. e A. setifolia Kunth), Convolvulaceae (Evolvulus spp.) e plantas que crescem em brejos temporários como, por exemplo, Anamaria heterophylla (Giul. &V.C.Souza) V.C.Souza (Scrophulariaceae) e Heterantia decipiens Ness & Mart. (Solanaceae). Espécies anuais de leguminosas podem ser encontra- das nos gêneros Crotalaria, Macroptilium, Stylosanthes e Zornia. As plantas geófitas passam a estação seca na forma de bulbos ou rizomas e rebrotam rapidamente no início da estação chuvosa. Esta estratégia pode ser obser- vada em várias espécies de monocotiledôneas, especialmente nos gêneros Habranthus e Zephiranthes (Amaryllidaceae), e em poucas dicotiledôneas, como algumas espécies de Oxalis (Oxalidaceae). Entre as leguminosas de caatinga são desconhecidas espécies geófitas. Outro aspecto que pode ser influenciado pelos ritmos fenológicos da vegetação são as estratégias reprodutivas. Durante a estação seca, a maioria das plantas não está apenas sem folhas, está também sem flores. Assim, du- rante a curta estação chuvosa, as plantas devem investir tanto na produção de folhas quanto no esforço reprodutivo. Uma estratégia relativamente comum em árvores e arbustos da caatinga é a floração concomitante à expansão das 1� novas folhas, no início do período chuvoso (Bullock 1995, Machado et al. 1997), como ocorre em muitas espécies de leguminosas. Menos freqüente é a floração maciça antes da expansão das folhas; exemplos notáveis ocorrem em espécies de Ptilochaeta (Malpighiaceae), Pterogyne nitens e Chloroleucon foliolosum (Leguminosae). Em ambos os casos a floração é muito conspícua pois se dá quando há relativamente poucas folhas na vegetação como um todo. A influência destas estratégias no aspecto geral da paisagem fica bem visível quando se comparam anos “típicos”, ou seja aqueles com estação seca prolongada, com alguns anos “atípicos”, quando ocorrem chuvas prati- camente todo o ano. Enquanto naqueles anos o início da estação chuvosa é marcado por uma explosão da floração, quase apoteótica, nestes as flores são muito menos visíveis, encobertas que estão pela folhagem viçosa, e não concentradas em um curto período do ano. Nas áreas sedimentares, especialmente nas que ocorrem sobre areias quartzosas, os ritmos fenológicos não mostram a sazonalidade marcante apresentada pelas áreas situadas sobre o cristalino. Um estudo realizado por Rocha et al. (2004) em um campo de dunas na região do Baixo-Médio São Francisco demonstrou que a vegetação apresenta uma caducifolia relativa- mente baixa com cerca de 50% dos indivíduos lenhosos produzindo folhas ao longo do ano. A floração não é sincronizada entre as espécies e não apresenta dependência das chuvas. Assim, além da composição florística, a fenologia da vegetação também sugere a existência de biotas distintas no bioma caatinga. Classificação da vegetação A classificação da vegetação do bioma caatinga tem sido muito contro- versa. Isso reflete, por um lado, a heterogeneidade de padrões fisionômicos e florísticos e, por outro, a carência de informações para muitas das áreas incluídas no bioma caatinga. 1� Numa escala mais ampla, a caatinga pode ser reconhecida como uma unidade por apresentar um conjunto da características florísticas, estruturais e morfofuncionais distintas dos biomas circundantes. Estas características incluem uma vegetação lenhosa, geralmente de porte baixo, Rodal & Sampaio (2002) ressaltaram que a informação florística, as características morfofuncionais das plantas e os fatores ambientais que condicionam sua distribuição tem sido substituídos “pelo conhecimento sub- jetivo de alguns poucos estudiosos, com experiência suficiente para definir alguns conjuntos coerentes mas imprecisamente caracterizados”. Apesar de distintas, as vegetações do cristalino e das superfícies sedi- mentares mostram um certo grau de paralelismo na variação da fisionomia, o qual pode representar modificações locais determinadas por variações menores na topografia, regime de chuvas e solo. Os principais atributos da vegetação que podem refletir essas variações do meio físico são a altura do dossel, densidade do estrato arbustivo, grau de cobertura do solo por bromélias e plantas suculentas e freqüência de grupos com hábitos par- ticulares como cactáceas e palmeiras. O reconhecimento dessas variações locais resulta em classificações fisionômicas que, embora pouco informa- tivas quanto a aspectos históricos e da composição taxonômica, podem ser bons indicadores dos fatores ambientais determinantes. Um exemplo desse tipo de classificação é a proposta por Eiten (1983), baseado na densidade relativa dos estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo, reconhecendo as seg- uintes categorias: (1) caatinga arbórea aberta com estrato arbustivo aberto, (2) caatinga arbóreo-arbustiva com estrato arbustivo fechado, (3) caatinga arbus- tiva espinhosa fechada com árvores baixas espalhadas, (4) caatinga arbustiva espinhosa fechada, (5) caatinga arbustiva aberta, savana arbustiva com camada de gramíneas (‘seridó’) e (6) palmares de Copernicia. Outros autores propuseram sistemas de classificação florístico-ecológi- cos, enfatizando a relação entre a composição florística e possíveis fatores 1� ecológicos condicionantes, como as classificações propostas por Luetzel- burg (1922-23) e Andrade-Lima (1981). No entanto, os essas propostas foram baseadas em um conhecimento muito fragmentado da flora o que, por um lado, resultou no reconhecimento de muitos tipos e subtipos e, por outro, limitou o reconhecimento de relações entre eles. Além disso, os critérios para reconhecimento de tipos e subtipos não são claramente explicitados nem eles são mapeados, o que dificulta sua aplicação. Prado (2003) adotou a classificação proposta por Andrade-Lima acrescentando um novo tipo, mas sem corrigir os problemas aqui apontados (Tabela 1). Velloso et al. (2002) utilizaram outro tipo de abordagem, combinando dados de distribuição da biota com os principais fatores abióticos, recon- hecendo oito ecorregiões para o bioma caatinga (Fig. 3). A delimitação dessas ecorregiões representa um avanço importante para o conhecimento da espacialização da biota do bioma caatinga permitindo testar tais limites com informações biogeográficas de diferentes grupos de organismos. Queiroz (2006), baseado no estudo dos padrões fitogeográficos da família Leguminosae, reconheceu dois conjuntos florísticos distintos no bi- oma caatinga, esses associados às superfícies expostas do embasamento cris- talino ou aos solos arenosos das superfícies sedimentares. Essa proposição reforça dados que demonstram a distinção dessas duas biotas (Rodal & Sampaio 2002, Rodrigues 2003, Araújo et al. 2005). Esses dois conjuntos, além de ocorrer sobre solos distintos, apresentam diferentes características fenológicas e morfofuncionais e são, provavelmente, derivados de difer- entes estoques florísticos. Assim, Queiroz (2006) propôs a hipótese de que a vegetação das superfícies arenosas poderia ter tido uma distribuição mais ampla no Terciário superior, quando o intenso processo de pediplanação (Ab’Sáber 1974) acabou por isolar sua biota nas superfícies sedimenta- res residuais e, ao mesmo tempo, abrir caminho para a “invasão” da flora das florestas sazonalmente secas do Neotrópico que passou a dominar a 1� vegetação das superfícies do cristalino. Essa hipótese é reforçada pela con- statação de que as vegetações das áreas do cristalino e sedimentares diferem, não apenas em composição, mas também em estrutura, ritmos fenológicos e grau de escleromorfismo (Tabela 2). E c o r r e g iã o C a r a c t e r ít ic a s p r in c ip a is D e p r e s s ã o S e r t a n e j a S e t e n t r io n a l E x t e n s a p la n íc ie b a ix a d e r e le v o p r e d o m in a n t e m e n t e s u a v e -o n d u la d o e e le v a ç õ e s r e s id u a is d is s e m in a d a s . S o lo s r a s o s , p e d r e g o s o s , d e o r ig e m c r is t a li n a e fe r t il id a d e m é d ia a a lt a . A lt it u d e d e 2 0 a 5 0 0 m . N ã o c o n t e m r io s p e r m a n e n t e s . V e g e t a ç ã o d e c a a t in g a a r b u s t iv a a a r b ó r e a . D e p r e s s ã o S e r t a n e j a M e r id io n a l E x t e n s a p la n íc ie b a ix a d e r e le v o p r e d o m in a n t e m e n t e s u a v e - o n d u la d o e e le v a ç õ e s r e s id u a is d is s e m in a d a s , p r e s e n ç a d e a lg u m a s á r e a s d e p la n a lt o , n o s u d e s t e d a e c o r r e g iã o , e d e a lg u n s a fl o r a m e n t o s c a lc á r io s . G r a n d e d iv e r s id a d e d e s o lo s q u e , e m g e r a l, s ã o m a is p r o fu n d o s d o q u e n a a n t e r io r . C a a t in g a a r b u s t iv a a a r b ó r e a , d e p o r t e m a is a lt o q u e n a a n t e r io r , e s p e c ia lm e n t e n a s á r e a s c á r s t ic a s . C o m p le x o d e C a m p o M a io r S o lo s s e d im e n t a r e s m a l d r e n a d o s q u e f o r m a m p la n íc ie s in u n d á v e is c o m 5 0 a 2 0 0 m d e a lt it u d e . P r e d o m in a m e c ó t o n o s c a a t in g a - c e r r a d o e c e r r a d o - fl o r e s t a , c o m v e g e t a ç ã o e s t a c io n a l c a d u c if ó li a o u s u b c a d u c if o li a , e p r e s e n ç a d e c a r a n u b a is n a s p la n íc ie s i n u n d á v e is . C o m p le x o I b ia p a b a - A r a r ip e I n c lu i a s C h a p a d a s d o I b ia p a b a e d o A r a r ip e , e m a lt it u d e s d e 6 5 0 a 9 5 0 m ( c a in d o a 1 0 0 - 7 0 0 m n o r e v e r s o d a c u e s t a ) . S o lo s p r o fu n d o s d e fe r t il id a d e b a ix a , g e r a lm e n t e a r e n o s o s e b e m d r e n a d o s . F lo r e s t a s n a s e n c o s t a s l e s t e d a s c h a p a d a s , c e r r a d ã o e c a r r a s c o n o t o p o d a s s e r r a s . P la n a lt o d a B o r b o r e m a M a c iç o g r a n ít ic o d e r e le v o m o v im e n t a d o , c o m a lt it u d e s d e 1 5 0 - 6 5 0 m e p ic o s d e 6 5 0 - 1 0 0 0 m . S o lo s d e p r o fu n d id a d e e f e r t il id a d e v a r iá v e is , g e r a lm e n t e fé r t e is . A lg u n s r io s p e r e n e s d e p e q u e n a v a z ã o . C a a t in g a a r b u s t iv a a b e r t a a c a a t in g a a r b ó r e a e á r e a s d e fl o r e s t a s m o n t a n a s . C o m p le x o d a C h a p a d a D ia m a n t in a Á r e a m a is e le v a d a , e m g e r a l a c im a d e 5 0 0 m , c o m p ic o s a c im a d e 2 0 0 0 m . G r a n d e d iv e r s id a d e d e s o lo s , g e r a lm e n t e d e r iv a d o s d e a r e n it o s . M o s a ic o v e g e t a c io n a l q u e i n c lu i c a a t in g a , c e r r a d o , fl o r e s t a s e c a m p o s r u p e s t r e s . D u n a s d o S ã o F r a n c is c o D e p ó s it o s e ó li c o s d e a r e ia c o m a t é 1 0 0 m d e a lt u r a q u e f o r m a m s o lo s p r o fu n d o s , m u it o d r e n a d o s , d e fe r t il id a d e m u it o b a ix a . C a a t in g a a g r u p a d a e m m o it a s c o n s t it u íd a s p o r a r b u s t o s e a r v o r e t a s e b r o m é li a s t e r r e s t r e s . N a s á r e a s d e t a b u le ir o a Figura 3 – Ecorregiões propostas para o bioma caatinga, de acordo com Velloso et al. (2002). �0 Tabela 1. Unidades e tipos de vegetação encontrados no bioma caatinga propostos por Andrade-Lima (1981) e modificado por Prado (2005). Unidade Tipo de Vegetação Fisionomia e distribuição Substrato I 1 Tabebuia- Anadenanthera- Myracrodruon- Cavanillesia-Schinopsis Floresta de caatinga alta (caatinga arbórea). Norte da Minas Gerais e Centro-Sul da Bahia Rochas calcárias da formação Bambuí ou rochas cristalinas do Pré-Cambriano 2 Myracrodruon-Schinopsis-Caesalpinia Floresta de caatinga média. Maior parte do centro do bioma Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano 3 Caesalpinia-Spondias- Commiphora- Aspidosperma Floresta de caatinga média. Áreas mais secas do que as do tipo anterior Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano 4 Mimosa-Syagrus-Spondias-Cereus Floresta de caatinga baixa. Centro-norte da Bahia Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano 6 Cnidoscolus-Commiphora-Caesalpinia Caatinga arbórea aberta. Sudoeste do Ceará e áreas medianamente secas com solos soltos e ácidos Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano II 13 Auxemma-Mimosa-Luetzelburgia-Thiloa Floresta de caatinga média. Oeste do Rio Grande do Norte e centro do Ceará Principalmente solos aluviais III 5 Pilosocereus-Poeppigia-Dalbergia-PiptadeniaFloresta de caatinga baixa. Solos arenosos da série Cipó Arenitos da série Cipó 7 Caesalpinia-Aspidosperma-Jatropha Caatinga arbustiva. Áreas mais secas do vale do rio São Francisco Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano 8 Caesalpinia-Aspidosperma Caatinga arbustiva aberta. Cariris Velhos, Paraíba Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano 9 Mimosa-Caesalpinia-Aristida Caatinga arbustiva aberta (seridó). Rio Grande do Norte e Paraíba Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano IV 10 Aspidoseprma-Pilosocereus Caatinga arbustiva aberta. Cabaceiras, Paraíba Principalmente rochas cristalinas do Pré- Cambriano V 11 Calliandra-Pilosocereus Caatinga arbustiva aberta. Pequenas áreas restritas e espalhadas com solos ricos em cascalhos Principalmente rochas metamórficas do Pré- Cambriano VI 12 Copernicia-Geofforoea-Licania Floresta de galeria. Vales dos rios do Ceará e Rio Grande do Norte Principalmente solos aluviais ao longo dos vales dos rios �1 Tipos de vegetação Os principais tipos de vegetação encontrados no bioma caatinga são condicionados pela interação de fatores abióticos atuais e da história da sua biota. Enquanto os primeiros influenciam fortemente a fisionomia e respostas adaptativas, a história tem uma influência mais direta na com- posição de espécies de uma dada área. Foram excluídos os tipos de vegetação que, apesar de estarem incluí- dos na área delimitada para o bioma caatinga, claramente representam dis- junções de outros conjuntos florísticos, como é o caso dos cerrados, que ocorrem nos platôs de algumas serras com complementos florísticos rela- cionados à flora do Brasil Central. Também os campos rupestres não foram tratados como um tipo vegetacional do bioma caatinga; dentro da área do bioma, eles ocorrem apenas na Chapada Diamantina, em altitudes acima de 900m, e apresentam uma composição florística muito distinta da encon- trada na caatinga. Assim, os tipos de vegetação reconhecidos como parte do bioma caat- inga são a caatinga s.s., o carrasco e as florestas estacionais e serranas. Caatinga s.s. – corresponde ao tipo de vegetação mais característico do bioma caatinga. Pode ser diagnosticado pelo estrato arbóreo de porte baixo (3-7m de altura), geralmente sem formar um dossel contínuo; ár- vores e arbustos geralmente com troncos finos e perfilhos ao nível do solo, freqüentemente com folhas pequenas ou compostas, decíduas na estação seca, e muitas vezes armadas com espinhos ou acúleos; cactáceas coluna- res e bromélias terrestres são comuns; estrato herbáceo efêmero, presente apenas na estação chuvosa, constituído principalmente por ervas anuais e algumas geófitas. Algumas espécies características desse tipo de vegetação são Poin- cianella pyramidalis, Anadenanthera colubrina, Senegalia langsdorffii, Chloro- leucon foliolosum (Leguminosae), Cereus jamacaru DC., Pilosocereus gounel- �� lei (F.A.C.Webber) Byles & G.D.Rowley (Cactaceae), Croton sonderianus Müll.Arg., Cnidoscolus obtusifolius Pohl ex Baill. (Euphorbiaceae), Spondias tuberosa Arruda (Anacardiaceae). Florestas estacionais e serranas – ocorrem principalmente próximas aos limites orientais do bioma e em áreas centrais onde as condições climáticas são mais amenas, geralmente também associadas a solos mais férteis. Essas florestas apresentam uma gradação de formas que variam desde florestas serranas perenifólias até florestas estacionais deciduais pouco diferenciadas de formas arbóreas de caatinga. As florestas serranas (‘brejos’) mostram- se muito variáveis em composição florística e provavelmente não formam uma unidade distinta das florestas estacionais ou da Mata Atlântica. Santos (2002) mostrou que as florestas serranas de Pernambuco mais próximas do litoral apresentam composição florística semelhante à da Mata Atlântica enquanto as localizadas mais para o interior apresentam muitas espécies típicas das florestas estacionais. As florestas estacionais possuem um porte mais elevado do que a caat- inga (10-20m de altura), dossel contínuo; presença de sub-bosque; cactá- ceas colunares raras; lianas e epífitas freqüentes. As árvores são predomi- nantemente caducifólias na estação seca, mas o grau de deciduidade da folhagem depende da intensidade da seca. Espécies características do dos- sel são Piptadenia viridiflora, Anadenanthera colubrina, Poincianella bracteosa (Leguminosae), Myracrodruon urundeuva Allemão, Schinopsis brasiliensis Engl. (Anacardiaceae), Brasiliopuntia brasiliensis (Willd.) Haw. (Cactaceae), Ruprechtia laxiflora Meisn. (Polygonaceae), Cavanillesia arborea (Willd.) K.Schum. (Malvaceae). No sub-bosque, são comuns espécies de Myrta- ceae (p.ex. Myrcia rostrata DC.) e Rubiaceae (p.ex. Psychotria carthagenensis Jacq.). Carrasco – o termo carrasco tem sido usado para designar diferentes tipos vegetacionais. No entanto, tem se fixado um conceito de carrasco �� �� como um tipo de vegetação do semi-árido, uniestratificado, com estrato arbóreo-arbustivo muito denso constituído por plantas com troncos finos, baixa representatividade de plantas armadas e quase ausência de cactáceas e bromélias terrestres que cresce sobre areias quartzosas da serra do Ibiapaba, no estado do Ceará (Fernandes 1990, Fernandes & Bezerra 1990, Araújo et al 1999). Mais recentemente, Queiroz (2006) demonstrou que existe uma unidade florística entre diferentes superfícies sedimentares com solos arenosos, no caso os da serra do Ibiapaba, do Raso da Catarina, das dunas do rio São Francisco e das baixadas inundáveis do norte da Bahia, sul do Piauí e sudoeste de Pernambuco. Assim, o termo carrasco está sendo usado, nesse trabalho, em um sentido mais amplo, incluindo a vegetação de todas as citadas superfícies sedimentares. Essa unidade florística pode ser demonstrada pela presença de espécies características e que ocorrem disjuntas entre essas diferentes áreas como, por exemplo, Lonchocarpus araripensis, Trischidium molle, Cratylia mollis (Leguminosae), Harpochilus neesianus Mart.ex Nees (Acanthaceae) e Tac- inga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (Cactaceae). �� SUBFAMILIA LEGUMINOSAE As leguminosas estão entre as plantas mais familiares para as pes-soas de diversas partes do mundo. Muitas são as plantas que usamos como alimento, como feijão, fava, soja, amendoim, ervilhas, grão- de-bico, entre outras. Outras são cultivadas na arborização de ruas como o flamboyant (Delonix regia (Bpjer ex Hook.) Raf.), a sibipiruna (Caesalpi- nia [Poincianella] pluviosa) e várias espécies de Erythrina, Acacia, Bauhinia, dentre outras. Para a população do meio rural da caatinga, as leguminosas são mais do que plantas alimentícias e ornamentais. Além de apresentar um sistema de produção baseado em feijão e milho, os sertanejos apresentam uma relação íntima com as plantas da caatinga e as leguminosas estão entre elas, forne- cendo-lhes alimento, pastagens naturais, lenha, material para construção, produtos medicinais e até mesmo fazendo parte de seu folclore e rituais religiosos. Leguminosae é a terceira maior família de plantas. Tem distribuição cosmopolita e inclui 727 gêneros e 19.327 espécies. Em importância eco- nômica é superada apenas pelas gramíneas (a família do arroz, milho, trigo e outros cereais). Espécies de leguminosas são encontradas em praticamen- �� te todos os ambientes terrestres, desde a beira do mar até o alto das monta- nhas. Podem ocorrer desde florestas pluviais luxuriantes até desertos, desde de áreas quentes equatoriais até próximo aos pólos. Variam desde pequenas ervas efêmeras e anuais, até árvores emergentes em florestas tropicais úmi- das, como a Dinizia excelsa Ducke da floresta amazônica, reputada como uma das maiores árvores do Brasil. Partedo sucesso das Leguminosas pode ser explicado pela associação com bactérias fixadoras de Nitrogênio que habitam nódulos nas suas raízes. Isso ocorre em outras famílias de plantas, em especial no chamado clado fixador de Nitrogênio que inclui as ordens Fabales (onde se encontram as Leguminosas), Rosales, Cucurbitales e Fagales. Mas em nenhum ou- tro grupo essa associação é tão desenvolvida nem tão eficente como nas Leguminosas. Graças a isso, elas podem colonizar ambientes pobres em Nitrogênio e estocar maior quatidade de compostos nitrogenados em suas sementes. As Leguminosas apresentam uma grande diversidade morfológica, como pode ser visto a seguir. De modo geral, a família pode ser caracteriza- da pela seguinte combinação de características: folhas alternas, compostas, com estípulas; flores pentâmeras, períginas ou hipóginas, diclamídeas, di- plostêmones, apresentando um ovário súpero, unicarpelar, unilocular, com os óvulos inseridos de forma alterna em uma placenta marginal. No entan- to, existem exceções para praticamente todas essas características. A seguir são apresentados alguns aspectos relacionados à morfologia, filogenia e classificação das Leguminosas, dando-se ênfase aos grupos en- contrados na caatinga. MORFOLOGIA COM ÊNFASE NOS GRUPOS DE CAATINGA Hábito As leguminosas da caatinga apresentam praticamente toda a diversi- �� dade de hábitos encontrada na família, desde árvores de grande porte até ervas anuais ou perenes ou ainda trepadeiras ou lianas. As espécies arbóreas apresentam porte muito variável a depender das con- dições locais. Freqüentemente uma mesma espécie pode ser encontrada como uma árvore de grande porte, com 15 a 20m de altura, em áreas com estação seca mais curta e solos de maior fertilidade, ou como plantas mais baixas, com cerca de 3m de altura, onde clima é mais árido ou os solos são mais rasos e de menor fertilidade. Isso pode ser observado em muitas es- pécies como, por exemplo, Anadenanthera colubrina, Pterogyne nitens e Ge- offroea spinosa. O hábito arbustivo é o mais comumente encontrado em espécies da caatinga. Muitas leguminosas arbustivas apresentam-se ramificadas no ní- vel do solo, com vários perfilhos, copa aberta e ramificação profusa. De modo semelhante ao observado para as árvores, há uma grande variação intraespecífica no porte e no grau de ramificação, provavelmente também dependente das condições ambientais. No entanto, algumas espécies apa- recem consistentemente como arbustos anões, apresentando-se extrema- mente ramificadas e ramos fortemente lenhosos mas com altura inferior a 1m, como pode ser observado em espécies como Calliandra depauperata e Calliandra leptopoda. Praticamente todas as leguminosas arbóreas e arbustivas da caatinga perdem as folhas na estação seca. Um aspecto morfológico importante que pode influenciar na fenologia dessas espécies é a ocorrência de gemas axi- lares dormentes. Elas são chamadas de gemas peruladas pelo fato de se- rem revestidas por profilos imbricados conspícuos (pérulas) e permanecem dormentes durante todo o estio. No início da estação chuvosa, essas gemas retomam o crescimento e rapidamente as folhas, que se encontravam pré- formadas no interior da gema, expandem-se e a planta rapidamente cobre- se de novas folhas. Esse é um tipo de adaptação observado também em �� plantas de florestas temperadas decíduas na qual há uma forte restrição de água para as plantas durante o inverno. Nas plantas da caatinga, isso pode ser observado em grupos não relacionados como, por exemplo, em espécies de Poincianella (Caesalpinioideae), Chloroleucon, Enterolobium (Mimosoi- deae) e Luetzelburgia (Papilionoideae). Subarbustos e ervas aparecem principalmente em grupos de Papilio- noideae, embora ocorram em gêneros de outras subfamílias como Chama- ecrista (Caesalpinioideae) e Mimosa (Mimosoideae). As espécies herbáceas e subarbustivas da caatinga fenecem na estação seca. Algumas dessas es- pécies são anuais, ou seja, os indivíduos que nascem no início do período chuvoso apresentam crescimento rápido e completam o ciclo reprodutivo em um período curto, produzindo novas sementes antes da estação seca seguinte. Essas plantas não apresentam estruturas de reserva e podem ser exemplificadas por espécies do gênero Zornia e Stylosanthes. Em outros ca- sos, a parte aérea fenece estação seca mas a planta rebrota após as primeiras chuvas, como ocorre, por exemplo, em Mimosa xiquexiquensis. Trepadeiras herbáceas (aqui simplesmente referidas como trepadei- ras) e lianas (trepadeiras lenhosas) também ocorrem dentre as espécies de caatinga. A grande maioria delas apresenta o caule volúvel; apenas no gênero Phanera são observadas espécies de lianas com gavinhas. As trepa- deiras apresentam comportamento fenológico semelhante ao das ervas e subarbustos, fenecendo durante a seca e crescendo vigorosamente durante a estação chuvosa, algumas se comportando como pioneiras ou invasoras, como é o caso de Macroptilium martii e Chaetocalyx scandens var. pubescens. As lianas, por sua vez, têm um comportamento fenológico semelhante ao das árvores e arbustos, possuindo folhagem decídua na estação seca como, por exemplo, Dioclea grandiflora e Phanera microstachya. Armamento – um aspecto importante do hábito das leguminosas da caa- tinga diz respeito ao armamento dos ramos. Muitas espécies são inermes, �� mas é comum encontrarmos espécies armadas com espinhos ou acúleos. Espinhos são órgãos modificados com ápice pungente e função de pro- teção. Nas leguminosas os espinhos ocorrem associados ao nó. A origem mais comum dos espinhos é a modificação das estípulas. Nesse caso, os es- pinhos aparecem aos pares em posição lateral às folhas, como, por exemplo, em Parkinsonia aculeata, Piptadenia viridiflora e Vachellia farnesiana. Em Chloroleucon os espinhos são derivados da modificação de ramos jovens e, portanto, eles aparecem isolados em posição axilar às folhas. Diferentemente dos espinhos, acúleos não são órgãos modificados e sim especializações da epiderme. Portanto, os acúleos não guardam uma posi- ção constante e bem definida em relação aos demais órgãos aéreos, sendo encontrados principalmente nos entrenós. Freqüentemente os acúleos que ocorrem nos ramos estendam-se até as folhas. Os acúleos freqüentemente apresentam número indefinido e ocorrem em diferentes posições nos en- trenós, tendo sido aqui denominados de acúleos dispersos. Isso pode ser observado, por exemplo, em espécies de Senegalia e Mimosa. Em outras es- pécies, os acúleos estão organizados em fileiras longitudinais sobre costelas do entrenó, geralmente se continuando pela superfície inferior do pecíolo e da raque foliar. Esse tipo de acúleo ocorre, por exemplo, em Senegalia mar- tiusiana e Mimosa invisa; são aqui denominados de acúleos seriais. Em al- gumas espécies de Mimosa (p.ex. M. pudica, M. ursina), os acúleos formam um complexo infranodal, geralmente aparecendo em grupos de três abaixo da folha e são aqui denominados de acúleos infranodais. Folhas As leguminosas apresentam, caracteristicamente, folhas alternas, com- postas, estipuladas, com base dilatada e modificada em pulvino. Folhas opostas ocorrem apenas no gênero Platymiscium. As estípulas são freqüentemente caducas e, portanto, são visíveis ape- nas nas partes jovens dos ramos. Apresentam grande variação morfológica, �0 ocorrendo desde setáceas e inconspícuas até foliáceas, às vezes chegando a obscurecer a folha adjacente. Em alguns gêneros são modificadas em espi- nhos (ver armamento). A posição das estípulas é, geralmente, lateral com exceção dos representantes da tribo Detarieae que apresentam estípulas intrapeciolares. Em alguns gêneros, as estípulas podem apresentar-se sol- dadas ao pecíolo, condição observada nos gêneros Arachis e Stylosanthes. Em outros casos, pode estar soldada a parte do entrenó,ficando decurrente sobre o caule, como em algumas espécies de Crotalaria. Em geral as estí- pulas estão presas ao caule pela sua base. No entanto, em algumas espécies de Aeschynomene, Dioclea e Vigna e no gênero Zornia, as estípulas tem a base prolongada abaixo do seu ponto de inserção, sendo denominadas de estípulas peltadas. No caso das folhas compostas, podem existir pequenos apêndices na raque, associados aos pontos de inserção dos folíolos, chamados de estipe- las. Essas estruturas estão presentes principalmente em representantes da subfamília Papilionoideae. O pulvino é uma dilatação da base do pecíolo, freqüentemente res- ponsável pelos movimentos foliares. Além dos pulvinos, os folíolos podem apresentar pulvínulos, que também promovem movimentos dos folíolos em relação à raque. Nectários extraflorais podem estar presentes no pecíolo e/ou na ra- que. Tais nectários são comuns nos representantes das Mimosoideae que podem, então, ser reconhecidos pela combinação de folhas bipinadas com nectários (fazem exceção todas as espécies de Calliandra e a maioria das espécies de Mimosa que têm folhas bipinadas sem nectários, e Inga vera que tem folhas paripinadas com nectários). Além das Mimosoideae, nectários foliares podem ser observados em espécies de Senna e Chamaecrista, tendo a superfície secretora convexa no primeiro e côncava no segundo. Uma das principais características das leguminosas é a folha composta, �1 ou seja, com o limbo dividido em folíolos. Entre as espécies de caatinga, há poucos exemplos de plantas com folhas simples, como é o caso de Zoller- nia ilicifolia e Pterocarpus monophyllus. Nesse caso, as partes constituintes da folha são o pecíolo e a lâmina foliar. O tipo de folha composta mais comum nas espécies de caatinga é o pi- nado. Nesse caso a folha apresenta um eixo constituído pelo pecíolo e pela raque. Quando for necessário fazer referência conjunta ao pecíolo e à raque, será utilizado o termo eixo foliar. Os folíolos estão inseridos ao longo da raque podendo se dispor de forma oposta ou alterna. Folhas paripinadas terminam por um par de folíolos e são comuns nas Caesalpinioideae e no gênero Inga (Mimosoideae). Folhas imparipinadas terminam por um único folíolo e são comuns nas Papilionoideae. Há no entanto exceções como é o caso dos gêneros Apuleia, Martiodendron e Melanoxylon, das Caesalpinioi- deae, que apresentam folhas imparipinadas, e dos gêneros Arachis, Poiretia, Sesbania e Coursetia, das Papilionoideae, que apresentam folhas paripina- das. Folhas bipinadas possuem pinas ao longo da raque, em lugar de folío- los. Neste caso, os folíolos inserem-se nas pinas. De modo geral as pinas são opostas enquanto os folíolos podem ser alternos ou opostos em cada pina. Esse tipo de folha ocorre em todas as espécies de Mimosoideae da caatin- ga exceto em Inga vera. Nas Caesalpinioideae estão presentes em alguns gêneros da tribo Caesalpinieae (Erythrostemon, Poincianella, Libidibia, Pel- tophorum e Parkinsonia). Estão ausentes nas Papilionoideae. Geralmente as folhas bipinadas terminam em um par de pinas. No entanto, em Erythros- temon, Libidibia e Poincianella as folhas podem apresentar uma única pina terminal (folhas impari-bipinadas). �� �� �� Folhas palmadas (ou digitadas) são caracterizadas pela presença de três ou mais folíolos e ausência de raque, ficando os folíolos inseridos dire- tamente no ápice do pecíolo. Ocorrem em alguns gêneros de Papilionoide- ae como em espécies tetrafolioladas de Zornia e em espécies trifolioladas de Crotalaria. Alguns grupos podem ser caracterizados pelo número constante de folíolos na folha. Folhas trifolioladas ocorrem apenas na subfamília Pa- pilionoideae. Podem apresentar uma raque foliar (pinado-trifolioladas), condição comum nos gêneros da tribo Phaseoleae além dos gêneros Des- modium e Stylosanthes. No gênero Crotalaria a raque está ausente (folhas palmado-trifolioladas). Folhas bifolioladas caracterizam alguns gêneros de Caesalpinioideae como Hymenaea, Peltogyne e Guibourtia. Ocorrem também em algumas espécies de Phanera e Chamaecrista, da mesma subfa- mília, e em espécies de Zornia (Papilionoideae). Com relação às folhas dos gêneros Bauhinia e Phanera, existe muita discussão na literatura em considerá-las como (i) folhas bifolioladas unidas lateralmente, (ii) folhas simples com limbo bilobado ou (iii) folhas unifo- lioladas com folíolo lobado. A terminologia utilizada varia, também, de acordo com o conceito adotado. Nesse trabalho, as folhas das espécies des- ses gêneros são tratadas como simples com nervação palminérvia e limbo inteiro ou bilobado. A presença de um pulvino na base do limbo e a exis- tência de variação intraespecífica, em algumas plantas, de folhas bifoliola- das a bilobadas, indica sua derivação das folhas simples a partir da fusão dos dois folíolos de uma folha bifoliolada. Inflorescência A maioria das espécies de leguminosas de caatinga apresenta flores agrupadas em inflorescências. Flores isoladas são relativamente raras, ocorrendo, por exemplo, nas espécies de Arachis. Racemo é o tipo de inflo- �� rescência mais comum; é caracterizado pelas flores pedicleadas dispostas ao longo de um eixo alongado (raque). Brácteas podem estar presentes na raque, nos pontos de inserção das flores. Bractéolas, quando presentes, ocorrem em um par, opostas ou alternas, ao longo do pedicelo. Nas Papilio- noideae é comum que as duas bractéolas sejam opostas e estejam no ápice do pedicelo aparecendo, portanto, lateralmente ao cálice. O pseudoracemo é uma modificação do racemo ocorre em algumas Papilionoideae (tribos Millettieae, Phaseoleae e Desmodieae) e algumas espécies do gênero Bauhinia. Esse tipo de inflorescência apresenta um eixo racemoso mas de cada bráctea parte um fascículo de duas ou mais flores em vez de apenas uma flor, como nos racemos. O ponto de inserção dos fascículos pode ser indiferenciado (pseudoracemo não nodoso) ou pode apresentar ramos curtos e espessados, denominados de braquiblastos, e, então, a inflorescência é denominada de pseudoracemo nodoso. Panículas ocorrem em diferentes grupos de Caesalpinioideae e Papi- lionoideae como, por exemplo, nos gêneros Melanoxylon e Andira. Inflores- cências cimosas ocorrem em grupos não relacionados como, por exemplo, nos gêneros Apuleia e Hymenaea, das Caesalpinioideae, e em espécies de Dalbergia, Machaerium e Aeschynomene, das Papilionoideae. Nas Mimosoideae as inflorescências apresentam uma grande condensa- ção, aparecendo geralmente como espigas ou glomérulos, menos freqüen- temente como umbelas. As espigas assemelham-se aos racemos pela pre- sença da raque mas as flores são sésseis. Glomérulos e umbelas não têm raque e diferenciam-se pelos pedicelos, ausentes nas primeiras e presentes nas segundas. Espigas são encontradas também em algumas Papilionoide- ae como, por exemplo, no gênero Zornia. Flor A flor das leguminosas pode ser caracterizada como pentâmera, com �� dois verticilos protetores distintos (cálice e corola), hermafrodita, diplostê- mone, com um pistilo apresentando um ovário monômero. Um hipanto de natureza receptacular está geralmente presente, podendo estar ausente em grupos das três subfamílias. As flores são, portanto, períginas ou hipóginas. A forma do hipanto, quando presente, é muito variável, em geral ocorrendo de campanulado a oblongo. Em Arachis e Stylosanthes, o hipanto é linear e muito alongado, simulando um pedicelo, especialmente no primeiro, no qual pode alcançar até 7 cm de comprimento. O ovário pode ser séssil ou estar no ápice de um estípite (ovário estipitado). Há, no entanto, uma imensa diversidade de variações nesse padrão floral que definem grupos de diferentes níveis hierárquicos, as quais são breve- mente apresentadas abaixo. Duas características florais são, entretanto, mais constantese podem caracterizar a flor da família. A primeira é a orientação da flor em relação ao eixo da inflorescência, deixando a pétala adaxial em posição mediana (situação que pode ser alterada em caso de flores ressupi- nadas). O segundo caráter floral diagnóstico da família é o ovário súpero, monômero (unicarpelar), unilocular, com dois ou mais óvulos formando duas fileiras alternas em uma placenta marginal (ou sutural). Em alguns grupos, especialmente em algumas Papilionoideae herbáce- as, podem existir flores menores do que as flores ‘normais’ e que se mantêm fechadas e produzem frutos por processos de autogamia. Essas flores são chamadas de cleistógamas e ocorrem ao mesmo tempo que as flores cas- mógamas. Exemplos podem ser encontrados em espécies de Centrosema e Arachis. Dada a diversidade de tipos florais encontrados nas leguminosas, aspec- tos da morfologia floral são apresentados por subfamília. Flor das Mimosoideae – as Mimosoideae apresentam a organização floral mais simples e mais conservada. O cálice é gamossépalo e a corola é ge- ralmente gamopétala com simetria actinomorfa e pré-floração valvar. O �� perianto é relativamente curto e inconspícuo em relação aos estames, que são longamente exsertos e constituem o elemento atrativo da flor. O androceu é diplostêmone na maioria dos gêneros da tribo Mimoseae. No entanto, no gênero Mimosa pode haver perda de um verticilo de esta- mes e a flor ser isostêmone. Também nesse gênero pode ocorrer variação do nível de meria e as flores serem tetrâmeras ou trímeras. Nas demais tribos (Acacieae e Ingeae) ocorre um aumento do número de estames e flores, portanto, polistêmones. Em Acacieae os estames são livres e em Ingeae concrescidos em tubo. O pólen nessa subfamília tende a ser liberado de forma agrupada. Em muitos grupos é liberado na forma de tétrades mas é comum o agrupa- mento em massas com maior número de células, denominadas de polía- des. Em alguns gêneros da tribo Mimoseae, as anteras apresentam uma pe- quena glândula apical, caduca após a antese. Essa estrutura está presente em Plathymenia, Prosopis, Pseudipiptadenia, Piptadenia, Parapiptadenia e em Anadenanthera colubrina. Dimorfismo floral ocorre em alguns gêneros com inflorescências con- gestas (glomérulos ou umbelas). Um dimorfismo discreto ocorre em al- gumas espécies de Mimosa nas quais as flores periféricas são masculinas e as demais hermafroditas. Em Neptunia e Desmanthus esse dimorfismo é muito acentuado, com as flores periféricas estéreis com estaminódios pe- talóides e flores centrais hermafroditas. Em outros gêneros, a flor central pode se diferenciar das demais apresentando um perianto maior, um tubo estaminal mais longo ou mais largo ou ambos; isso pode ser observado em espécies de Calliandra, Blanchetiodendron, Chloroleucon, Samanea e Albizia. Flor das Caesalpinioideae – a estrutura floral das Caesalpinioideae é muito variável, o que é esperado pelo fato do grupo não ser monofilético. �� O cálice está sempre presente nas espécies de caatinga (embora possa estar ausente em outras espécies) e é geralmente dialissépalo. Cálice ga- mossépalo é observado em Poeppigia e em espécies de Bauhinia que pode se abrir irregularmente ou como uma espata (cálice espatáceo). A corola é dialipétala, estando ausente em Copaifera e Guibourtia. A pré-floração é imbricativa com a pétala adaxial (“estandarte”) ocupando posição interna no botão sendo, então, chamada de imbricativa ascenden- te ou carenal. O androceu é, geralmente diplostêmone, apresentando os estames li- vres. Nas Cassiinae (Cassia, Senna e Chamaecrista) o androceu mostra-se mais especializado: as anteras são poricidas ou se abrem por pequenas fen- das apicais; alguns estames (geralmente os três adaxiais) são modificados em estaminódios em Senna e Cassia; os três estames abaxiais em Cassia têm os filetes sigmóides. Freqüentemente os poros apontam para as pétalas e não para o centro da flor e Westerkamp (2004) demonstrou que essa é uma estratégia para colocar o pólen sobre o corpo das abelhas visitantes em uma posição inacessível para elas por meio de ricohetes (polinização por ricochete). Anteras poricidas podem ser, também, encontradas em Martio- dendron. Flor das Papilionoideae – esta subfamília apresenta as flores mais especia- lizadas das leguminosas, a flor papilionóide. Esse tipo de flor é caracteri- zado pela simetria fortemente zigomorfa, por um tipo peculiar de pré-flo- ração e por uma organização particular dos elementos da corola, androceu e gineceu. A pré-floração típica das Papilionoideae é imbricativa mas, ao contrário das Caesalpinioideae, tem a pétala adaxial mais externa no botão, sendo, portanto, denominada de imbricativa descendente ou vexilar. O cálice é gamossépalo. As pétalas apresentam uma forte diferencia- ção dorsiventral. A pétala adaxial é denominada de estandarte (ou vexilo); �� é geralmente maior do que as demais e na antese fica reflexa e oposta às outras pétalas as quais são mantidas, em conjunto, em posição horizontal. Há duas pétalas laterais, denominadas de alas (ou asas). As duas pétalas mais internas podem ser livres entre si ou, mais freqüentemente, soldadas próximo ao ápice constituindo a carena (ou quilha). Pela disposição das alas e das pétalas da carena, os elementos reprodutivos da flor geralmente não ficam expostos. �0 �1 O androceu é constituído por dez estames. Raramente há um núme- ro maior de estames, como no gênero Trischidium. Os estames são livres apenas em Trischidium e nos gêneros da tribo Sophoreae (Amburana, Zol- lernia e Luetzelburgia); nas demais Papilionoideae, os estames apresentam os filetes concrescidos de diferentes maneiras ao redor do pistilo. Os dez estames podem estar concrescidos em um tubo, sendo nesse caso, denomi- nado de monadelfo. Às vezes o tubo é inteiro, outras vezes apresenta duas aberturas na base sendo, então, chamado de pseudomonadelfo. Androceu diadelfo ocorre quando os estames organizam-se em dois conjuntos. Fre- qüentemente o androceu apresenta nove estames soldados em uma bainha e o estame adaxial (“vexilar”) livre. Outras vezes os estames são soldados em duas falanges de cinco estames cada, como acontece em espécies de Dalbergia e Aeschynomene. As anteras são geralmente uniformes. Porém, há casos de anteras di- mórficas, ou seja, estames com anteras maiores (férteis) alternando com es- tames com anteras menores (geralmente estéreis). Isso pode ser observado nos gêneros Dioclea, Stylosanthes, Crotalaria e Poecilanthe. A carena pode ser constituída por pétalas levemente conadas apenas próximo ao ápice, ao longo da margem inferior. No entanto, há grupos em que as pétalas da carena são soldadas dos dois lados exceto pelo ápice, deixando um orifício através do qual passam as anteras e o estilete por oca- sião da visita de polinizadores. Essa situação está geralmente relacionada à ocorrência de anteras dimórficas, com as anteras menores formando uma barreira que impede o refluxo do pólen para dentro da flor, como pode ser observado em espécies de Dioclea e Stylosanthes. Em outros gêneros, essa morfologia da carena está associada a modificações do estilete, que se torna dilatado e piloso, funcionando como uma escova que “varre” para o exterior o pólen do tubo formado pelo ápice da carena. Outro tipo de especialização na estrutura floral ocorre, por exemplo, �� em Desmodium e Indigofera. Nesses gêneros, as pétalas da carena são total- mente fusionadas e unidas, ainda, às alas. Esse conjunto de pétalas cresce em direção oposta à do conjunto androceu-gineceu de modo que, na flor adulta, as pétalas ficam submetidas a uma forte tensão. Quando um visitan- te pousa na flor, seu peso provoca a abertura da carena que, devido à tensão a que estava submetida, rompe-se de modo explosivo. Os estames liberam, então, uma nuvemde pólen sobre o polinizador. Flores menos especializadas ocorrem nos gêneros de Swartzieae e So- phoreae. Trischidium tem flores abertas com apenas uma pétala (o estan- darte). Nas Sophoreae, Amburana também tem flores em que o estandarte é a única pétala presente mas possui um hipanto alongado. Myrocarpus e Acosmium possuem flores quase actinomorfas com pétalas pouco diferen- ciadas entre si. Luetzelburgia apresenta uma flor semelhante à papilionóide, com o estandarte bem diferenciado e ereto mas as demais pétalas livres entre si. Fruto O fruto típico das leguminosas é o legume, um fruto derivado de um ovário monômero, seco, deiscente pelas duas margens: a margem superior, correspondendo à sutura, e a margem inferior, correspondendo à costa (nervura principal) da folha carpelar. Esse tipo de deiscência resulta na for- mação de duas valvas que, geralmente, se torcem e expulsam as sementes. Há, no entanto, uma grande variação de tipos de fruto na família. Fru- tos deiscentes do tipo folículo ocorrem em alguns gêneros de Mimosoide- ae como, por exemplo, Anadenanthera e Pseudopiptadenia. Frutos indeiscentes são também comuns. Nos gêneros Arachis (Papi- lionoideae), Hymenaea (Caesalpinioideae), Vachellia e Samanea (Mimosoi- deae) ocorrem legumes indeiscentes. Esse tipo de fruto pode ser definido como um fruto seco, indeiscente, derivado de um ovário monômero, com �� as sementes não aderidas ao pericarpo. Às vezes o pericarpo pode se tor- nar carnoso e o fruto pode ser definido como um legume bacáceo; esse tipo é encontrado, por exemplo, no gênero Enterolobium (Mimosoideae) e em algumas espécies de Senna (Caesalpinioideae). Drupas caracterizam-se pelo endocarpo aderido ao tegumento da semente formando um pireno (“caroço”) e podem ser encontradas nos gêneros Andira e Geoffroea. Frutos alados ou sâmaras ocorrem em gêneros de diferentes subfamí- lias. Sâmaras com núcleo seminífero basal e ala cultriforme distal ocor- rem nos gêneros Machaerium, Luetzelburgia, Centrolobium (Papilionoideae) e Pterogyne (Caesalpinioideae). Em Machaerium e Pterogyne os núcleos se- miníferos são achatados, planos ou quase planos; em Petrogyne apresenta um pequeno bico excêntrico que representa um resquício do estilete. Em Luetzelburgia e Centrolobium o núcleo seminífero é dilatado, sendo qua- se orbicular em seção tranversal; no primeiro ele é ladeado por uma ala acessória e no secundo revestido por longos acúleos. Sâmaras com núcleo seminífero distal e ala cultriforme basal ocorre no gênero Platypodium. Outros gêneros apresentam sâmaras com núcleo seminífero central e ala marginal. Esse tipo de fruto ocorrem em gêneros das seguintes tribos: Dalbergieae (Dalbergia, Platymiscium, Pterocarpus, Riedeliella), Sophoreae (Myrocarpus e Acosmium), Caesalpinieae (Peltophorum), Cassieae (Martio- dendron) e Cercideae (Phanera). Diferentes tipos de frutos articulados também ocorrem nas legumino- sas. Lomento é um tipo de fruto que se quebra em artículos monospérmi- cos sem deixar replo. Aparece em Desmodium, Aeschynomene, Chaetocalyx, Poiretia e Zornia. Em Discolobium o lomento apresenta apenas três artícu- los suborbiculares dos quais apenas o mediano é fértil. Em Mimosa o fruto é semelhante ao lomento mas as margens do fruto persistem após a queda dos artículos constituindo um replo. O fruto é, então, denominado de cras- pédio. �� Algumas modificações do fruto afetam apenas o endocarpo. Em Pla- thymenia, Melanoxylon e em Albizia inundata, o fruto é deiscente mas o endocarpo fragmenta-se em envelopes paleáceos que são dispersos pelo vento como artículos monospérmicos. Podem ser, então, denominados de criptolomentos. Por sua vez, o fruto de Amburana cearensis apresenta o en- dosperma formando uma ala basal e possuindo uma dilatação distal onde se aloja a semente; pode ser definido como uma criptosâmara. Sementes As leguminosas apresentam sementes com embrião conspícuo e prati- camente sem endosperma. O funículo pode se espessar e tornar-se carnoso formando um arilo, como, por exemplo, em Copaifera, Peltogyne e Pithe- cellobium. A testa pode não se diferenciar, situação em que as sementes ficam revestidas por um tecido membranáceo e não tem forma definida; são denominadas de overgrown seeds e podem ser observadas em Inga e Arachis. Nas Caesalpinioideae e Mimosoideae as sementes apresentam um hilo diminuto e terminal, ou seja, localizado na extremidade da semente. O em- brião é reto nestas subfamílias. Na maioria das Mimosoideae a superfície da semente é marcada por uma linha translúcida chamada de pleurogra- ma, geralmente em forma de “U”, com a abertura voltada para a região do hilo. As Papilionoideae apresentam sementes com morfologia mais dife- renciada. Elas são, comumente, reniformes com hilo alongado, localizado na porção mediana. Abaixo do hilo encontra-se a micrópila. O embrião é curvo com eixo hipocótilo-radicular infletido em relação aos cotilédones. Sementes de alguns grupos apresentam o hilo ainda mais alongado, cir- cundando de ½ a ¾ da circunferência da semente. Sementes com tais hilos lineares são encontrados, por exemplo, em Dioclea e Canavalia. �� �� FILOGENIA Estudos de filogenia, desenvolvidos princialmente a partir da década de 1980, produziram mudanças substanciais na compreensão das relações evolutivas entre os grupos de Leguminosae e seu relacionamento com ou- tros grupos de plantas. Sistemas taxonômicos pré-cladísticos incluiam a família nas Rosidae e diferentes famílias foram consideradas como mais afins às Legumino- sae como, por exemplo, Connaraceae, Chrysobalanaceae, Krameriaceae e Sapindaceae (ver revisões em Dickison 1981 e Thorne 1992). Um estudo clássico de filogenia das angiospermas realizado por Chase et al. (1993) com base no gene de cloroplasto rbcL revelou, no entanto, que as Legu- minosas formam um clado com as Polygalaceae e Surianaceae. Estudos subseqüentes utilizando várias outras regiões do genoma nuclear ou dos plastídios (Soltis et al. 1995, 2000, Källersjö et al. 1998, Savolainen et al. 2000, Steele et al. 2000) deram grande suporte a essa hipótese e mostra- ram, ainda, que o gênero Quillaja (antes classificado na família Rosaceae) é relacionado a essas famílias. Nos sistemas de classificação mais modernos para as Angiospermas (APG 1998, APG II 2003) a família Leguminosae está posicionada na ordem Fabales que inclui, também, as Polygalaceae, Surianaceae e Quillajaceae. Um outro aspecto interessante revelado pelos estudos filogenéticos é o fato de que as ordens nas quais se encontram plantas que fazem associa- ção com bactérias fixadoras de Nitrogênio aparecem juntas em um grupo monofilético denominado de clado fixador de Nitrogênio. Este inclui, além das Fabales, as ordens Rosales, Cucurbitales e Fagales e uma sinapomorfia não molecular dessa ordem é exatamente a habilidade de desenvolver asso- ciações com organismos fixadores de Nitrogênio. A família Leguminosae tem sido sustentada como monofilética com base em diferentes marcadores moleculares (rbcL, trnL, matK; ver revisão �� em Wojciechowsky 2004). Várias possíveis sinapomorfias não moleculares também sustentam o mo- nofiletismo das Leguminosae (Chappill 1995, Doyle et al. 2000). Destas, a mais evidente é o gineceu monômero que dá origem ao fruto legume. Ou- tras sinapomorfias morfológicas incluem a pré-floração imbricativa com o par de pétalas abaxiais (‘pétalas da carena) interna às laterais (‘alas’), pétala adaxial em posição mediana, óvulos dispostos em placentação marginal, es- pessamento das paredes das células do endotécio das anteras espessamento com menos de seis costelas e espassamento entre as costelas menor do que o dobro do comprimento das costelas. Além destas, potenciais sinapomor- fias das Leguminosae são a presença de células-ampulheta e de umacama- da de mucilagem na testa da semente.A classificação tradicional das Leguminosae reconhece três subfamí- lias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. Trabalhos de filo- genia baseados tanto em dados morfológicos quanto em dados molecula- res apoiam o monofiletismo da família. As Papilionoideae e Mimosoideae (com a possível exclusão de Dinizia) são apoiadas como monofiléticas mas aninhadas na subfamília Caesalpinioideae que é, portanto, parafilética. A tribo Cercideae (incluindo os gêneros Cercis, Bauhinia e Phanera) aparece consistentemente como a principal divergência basal. As flores de Cercis são fortemente zigomorfas, um caráter mais associado às Papilionoi- deae, o que contradiz as idéias tradicionais de que as flores primitivas nas Leguminosae seriam actinomorfas. Por outro lado, isso pode estar mais de acordo com as hipóteses atuais que colocam as Polygalaceae, que também possui flores zigomorfas, como um possível grupo irmão das Legumino- sae. Dentre os próximos clados a divergir está o clado Detarieae s.l. Este clado corresponde às tribos Detarieae e Amherstieae, é mais diverso na África tropical e é representado na caatinga por gêneros como Goniorhachis, �� Copaifera, Guibourtia e Hymenaea. Esse clado é marcado por uma altera- ção nas estípulas para uma posição intrapeciolar e muitas modificações na morfologia floral, como perda de pétalas, de sépalas ou de estames, muitas vezes determinada pela formação de um meristema floral em anel (Tucker 2001, 2003). Figura 8 – Cladograma representando a filogenia das Leguminosae, ressaltando o parafiletismo das Caesalpinioideae em relação às Mimosoideae e às Papilionoideae �� As tribos Cassieae e Caesalpinieae aparecem como polifiléticas. Um clado incluindo Poeppigia (tribo Caesalpinieae) e as Dialiinae (tribo Cas- sieae, do qual o gênero Martiodendron é representado na caatinga) aparece como grupo irmão do restante das Leguminosae, as quais incluem parte dos gêneros tradicionalmente classificados em Cassieae e Caesalpinieae além de todas as Mimosoideae e Papilionoideae. Assim, a circunscrição das Dialiinae foi ampliada para incluir o gênero Poeppigia e uma possível sinapomorfia para esse clado é a inflorescência cimosa. O grupo irmão das Dialiinae inclui dois grandes clados: as Papilionoi- deae e o clado Cesalpinióide (o qual também abrange as Mimosoideae; Wojciechowski et al. 2004). Dentro desse clado Cesalpinióide, um subcla- do, denominado de clado Umtiza (Herendeen et al. 2003a, b), diverge do restante do clado Cesalpinióide e inclui gêneros geográfica e morfologi- camente isolados, antes classificados nas tribos Caesalpinieae (Acrocarpus, Gleditsia, Gymnocladus e Tetrapterocarpon), Cassieae (Ceratonia) e Detarie- ae (Umtiza). A relação filogenética entre os demais grupos do clado Cesalpinióide apresenta conflitos entre diferentes estudos. A subtribo Cassiinae, que in- clui os gêneros Cassia, Senna e Chamaecrista, é apoiada como monofilética mas a relação entre esses gêneros não é muito clara. Alguns estudos apoiam Cassia como grupo irmão de Senna e esse clado não relacionado com Cha- maecrista (Bruneau et al. 2001). Outros apoiam Senna como grupo irmão de Chamaecrista mas não relacionado a Cassia (Herendeen et al. 2003a). Outra relação suportada por alguns estudos mas não por outros inclui a observa- da entre o gênero Pterogyne (tribo Caesalpinieae) e o grupo Caesalpinia. Este último grupo corresponde aos gêneros afins a Caesalpinia, o qual não é apoiado como monofilético. Do grupo Caesalpinia estão representados na caatinga os gêneros Libidibia, Poincianella, Erythrostemon e Cenostigma. O gênero Pakinsonia, considerado por Polhill & Vidal (1981) como parte �0 do grupo Caesalpinia parece ser mais relacionado ao grupo Peltophorum. Gêneros do grupo Peltophorum representados na caatinga incluem, além de Parkinsonia, Melanoxylon e Peltophorum. O grupo Dimorphandra inclui gêneros considerados transicionais entre as Casalpinioideae e as Mimosoideae. Esse grupo aparece como um grado parafilético que inclui a subfamília Mimosoideae (Herendeen et al. 2003a) ou com o gênero Dinizia (Mimosoideae) como irmão de Erythrophleum (Caesalpinioideae; Lucow et al. 2003). �1 A subfamília Mimosoideae é sustentada como monofilética com a possí- vel exceção de Dinizia, que aparece como grupo irmão de Erythrophleum (Casalpinioideae). O clado das Mimosoideae mostra relacionamentos mal resolvidos ou ramos internos mais curtos do que os observados em outros clados de Leguminosae, sugerindo uma taxa baixa de substituição de nu- cletídeos ou uma diversificação relativamente recente (Wojciechowski et al. 2004). Possíveis sinapomorfias morfológicas do grupo incluem a pétala mediana em posição abaxial, pré-floração da corola valvar, estames proemi- nentemente exsertos, pólen agrupado em políades tetracelulares e semen- tes com pleurograma (Chappill 1995) Outras sinapomorfias potenciais são a presença de filamentos protéicos nos plastídios dos elementos de tubo crivado, placa basal do endotécio ausente e espessamentos costelares do endotécio mais de seis, colunaes e não ramificadas (Doyle et al. 2000). No entanto, esses caracteres do floema e do endotécio não foram investigados para os grupos Dimorphandra e Sclerolobium e, portanto, podem definir um grupo maior do que apenas a subfamília Mimosoideae. Folhas bipinadas podem ser uma sinapomorfia do clado que inclui as Mimosoideae e o gru- po Dimorphandra das Caesalpinioideae. SUBFAMÍLIA MIMOSOIDEAE �� A classificação das Mimosoideae em tribos leva em consideração prin- cipalmente caracteres florais. As tribos Parkieae e Mimozygantheae são Figura 9 – Sumário de hipóteses de filogenia das Mimosoideae. Nenhuma das tribos reconhecidas por Polhill (1994) são sustentadas como monofiléticas (a tribo monogenéica Mimozyganthae não está respresentada). O gênero Dinizia aparece como mais relacionado às Caesalpinioideae. Os subgêneros representados de Acacia são denominados de Vachel- lia (subgn. Acacia), Senegalia (subgn. Aculeiferum) e Acacia (subgn. Phyllodinae) (ver discussão no texto). �� definidas pelo cálice com pré-floração imbricativa (com sépalas livres em Mimozygantheae e conadas em Parkieae) enquanto nas demais tribos a pré-floração do cálice é valvar. A tribo Mimoseae é definida pelo andro- ceu diplostêmone (ou secundariamente isostêmene) enquanto Acacieae e Ingeae possuem androceu polistêmone, sendo diferenciadas pelos estames livres em Acacieae e conados em tubo em Ingeae. Mimozygantheae inclui apenas Mimozyganthus carinatus (Griseb.) Burkart. Nenhuma das demais tribos de Mimosoideae é sustentada como monofilética. No nível genérico, os dados publicados por Lucow et al. (2003) rejeitam o monofiletismo de Piptadenia já que P. viridiflora aparece mais relacionado ao gênero Anadenanthera mas com baixo suporte de bootstrap, indicando a necessidade de mais estudos. O monofiletismo de Acacia também é rejeita- do (Miller & Bayer 2001, Lucow et al. 2003) e uma proposta de conserva- ção de um novo tipo de Acacia para uma planta do subgênero Phyllodinae, aceita pelo comitê de nomenclatura, obrigará renomear todas as espécies americanas, incluindo as apresentadas neste livro, para os gêneros Senegalia e Vachellia. �� As Papilionoideae aparecem como um grupo sustentado por diferentes seqüências de DNA. Estes estudos permitem rejeitar algumas classificações anteriores que excluíam os gêneros da tribo Swartzieae das Papilionoideae e os classificavam nas Caesalpinioideae. Possíveis sinapomorfias do grupo incluem as folhas imparipinadas, pétalas ungüiculadas, sementes com hilo lateral, sulco hilar e barra de traqueídios, embrião com radicula curva, xi- lema com pontuações guarnecidas e sépalas com iniciação unidirecional (Doyle et al. 2000). Um grupo que inclui elementos das tribos Swartzieae, Sophoreaee Dipterygeae é resolvido como grupo irmão das demais Papilionoidae ba- seado em dados de matK (Wojciechowski et al. 2004), aqui denominado de clado Swartzióide. Esse clado Swartzióide é fortemente concentrado no Neotrópico e apresenta dois subclados.Um dos subclados deste clado basal corresponde às core-Swartzióides (clado Swartzióide de Ireland et al. 2000, Pennington et al. 2001), que inclui, além de Swartzia e Bocoa, o gênero Trischidium, representado na caatinga. Os membros desse subclado apresentam um meristema floral em anel e produzem nódulos radiculares. O outro subclado inclui Amburana, Myrocarpus e gêneros afins e a tribo SUBFAMÍLIA PAPILIONOIDEAE �� Dipterygeae (Dipteryx e Pterodon), gêneros que aparentemente não têm habilidade em nodular (Sprent 2000, 2001). No restante das Papilionoideae ocorre a divergência de linhagens tradi- Figura 10 – Filogenia das Papilionoideae mostrando os grandes grupos sustentados por dados moleculares, dos quais os clados Swartzióide, Genistóide, Dalbergióide e o clado acumulador de canavanina estão representados na caatinga. Uma sinapomorfia molecular para um grupo que inclui a grande maiorias das Papilionoideae é uma inversão de 50 kbases no genoma do cloproplasto, indicada por uma seta. �� cionalmente classificadas na tribo Sophoreae, caracterizadas pela condição plesiomórfica de estames livres. Dentro desse grado Sophoróide, apenas o clado Vataireóide apresenta represententes na caatinga. Esse grupo foi ini- cialmente reconhecido em análises de trnL (Ireland et al. 2000, Pennington et al. 2001) e confirmado em análises de matK (Wojciechowski et al. 2004) e inclui gêneros neotropicais antes classificados nas tribos Swartzieae e So- phoreae dos quais Luetzelburgia é representado na caatinga. Um grande clado das Papilionoideae é marcado por uma inversão de 50 kb no genoma do cloroplasto. A maior parte das linhagens consideradas primitivas das Papilionoideae não apresentam essa inversão. Dentro des- te grande grupo, evidências crescentes tem apoiado a resolução de quatro grandes clados: (1) clado Genistóide – a definição aqui adotada corresponde às Genis- tóides s.l. (Wojciechowski et al. 2004) que também inclui as Brongniar- tieae. Além de dados de seqüências de DNA, esse clado é apoiado pela presença de alcalóides quinolizidínicos. Abriga um clado bem sustentado que inclui linhagens principalmente africanas e eurasiáticas das tribos Ge- nisteae, Crotalarieae, Thermopsideae, Podalyrieae [incluindo Liparieae] e Sophoreae s.s. [incluindo Euchresteae], denominadas de core-Genistóides (Crisp et al. 2000, Wojciechowski et al. 2004). Esse clado core-Genistóide encontra-se aninhado em um grado basal do qual derivam dois subclados: (a) as Brongniartieae, um grupo predominantemente americano mas com um representante australiano (o gênero Hovea) que, na circunscrição atual, inclui também os gêneros Cycloclobium e Poecilanthe, antes classificados na tribo Millettieae; (b) um clado que reúne gêneros arbóreos sulamericanos tradicionalmente classificados na tribo Sophoreae, como os gêneros Acos- mium, Bowdichia e Diplotropis. (2) clado Dalbergióide – compreende as tribos Adesmieae, Aeschynome- neae, a subtribo Bryinae da tribo Desmodieae e a tribo Dalbergieae (ex- �� ceto pelos gêneros Andira, Hymenolobium, Vatairea e Vataireopsis) (Lavin et al. 2001). Esse grupo é predominantemente tropical com 44 gêneros e ca. 1.100 espécies. Além de caracteres moleculares, esse grupo pode ser caracterizado pela não acumulação de canavanina, nódulos radiculares aes- chynomenóides e inflorescências cimosas. Além disso, possuem frutos in- deiscentes do tipo lomento ou sâmara. Figura 11 – Filogenia do grupo Dalbergióide, ressaltando a inclusão de gêneros antes classificados nas tribos Dalber- gieae, Aeschynomeneae e Desmodieae. �� (3) clado Millettióide (ou Millettióide-Phaseolóide) – inclui as tribos Mil- lettieae, Phaseoleae, Abreae, Psoraleeae e as subtribos Desmodiinae e Les- pedezinae da tribo Desmodieae (Lavin et al. 1998, Hu et al. 2000, Kajita et al. 2001). A tribo Indigofereae aparece como grupo irmão desse clado com suporte moderado (Wojciechowski et al. 2004). Uma possível sinapomor- fia desse clado é a inflorescência pseudoracemosa. A maioria dos gêneros Figura 12 – Filogenia do clado acumulador de canavamina, caracterizado pelo acúmulo desse aminoácido nãoprotéico na semente. Esse clado é mais representado no Velho Mundo e inclui dois grandes grupos. Um desses grupos é definidos pela inflorescência em pseudoracemo (Indigofereae + clado Millettióide). O segundo, o clado Hologalegina, é mais diversificado em �� estão agrupados em dois clados principais. O primeiro compreende princi- palmente gêneros classificados na tribo Millettieae além de representantes das subtribos Diocleinae e Ophrestiinae (Phaseoleae), incluindo os gêne- ros Lonchocarpus, Tephrosia, Dioclea, Canavalia e Galactia, representados na caatinga. O segundo corresponde principalmente a tribo Phaseoleae ani- nhando os gêneros das tribos Desmodieae e Psoraleeae. Outros grupos de Millettieae são relacionados às Brongniartieae (Cycloclobium e Poecilanthe) ou ao clado Hologalegina (Wisteria e gêneros relacionados). (4) clado Hologalegina – esse clado compreende dois subclados principais: o clado IRL e as Robinióides. O clado IRL é assim denominado pois uma de suas pricipais sinapomorfias é a ausência de uma das duas cópias da seqüência invertida-repetida do genoma do cloroplasto, com 25 kb (em inglês: inverted-repeat-lacking clade ou IRLC; Lavin et al. 1990). Corres- ponde ao grupo herbáceo temperado de Polhill (1981), compreendendo todos os membros das tribos Carmichaelieae, Cicereae, Hedysareae, Tri- folieae, Vicieae e Galegeae, além dos gêneros Afgekia, Callerya e Wisteria (Millettieae). É definido por várias sinapomorfias como o hábito herbáceo, folhas compostas sem pulvinos, número cromossômico básico n = 7 ou n = 8. O grupo irmão do clado IRL é o clado Robinióide, primariamente distribuído no hemisfério norte do Novo Mundo, Europa e África (Lavin & Sousa 1995). Corresponde às tribos Robinieae e Loteae. Todo o clado Hologalegina é mal representado na caatinga, apresentando poucas espé- cies de Coursetia e Sesbania. CLASSIFICAÇÃO A classificação atual das Leguminosae ainda sofre grande influência das propostas taxonômicas de Bentham (1865) e Polhill (1994). Alguns grupos não monofiléticos continuam sendo aceitos, principalmente por- que hipóteses sobre a filogenia de alguns grupos críticos ainda apresentam �0 pequeno suporte. Assim, a classificação apresentada aqui (seguindo Lewis et al. 2005) deve sofrer grandes alterações em um futuro próximo, especial- mente com a subdivisão das Caesalpinioideae em quatro ou cinco novas subfamílias e reorganização das tribos. Atualmente, são reconhecidas três subfamílias e 36 tribos de Legumi- nosae (Lewis et al. 2005). Os gêneros nativos da caatinga distribuem-se em 18 tribos das três subfamílias. �1 Tabela 2. Classificação dos gêneros de Leguminosae nativos da caatinga (de acordo com Lewis et al. 2005). 1. Subfamília CAESALPINIOIDEAE Tribo Cercideae Bauhinia L. Phanera Lour. Tribo Detarieae Goniorhachis Taub. Peltogyne Vogel Hymenaea L. Guibourtia Benn. Copaifera L. Tribo Cassieae Poeppigia C.Presl Apuleia Mart. Martiodendron Gleason Chamaecrista Moench Senna Mill. Cassia L. Tribo Caesalpinieae Pterogyne Tul. Erythrostemon Cav. Poincianella Britton & Rose Cenostigma Tul. Libidibia (DC.) Schltdl. Melanoxylon Schott Peltophorum (Vogel) Benth. Parkinsonia L. Diptychandra Tul. 2. Subfamíla MIMOSOIDEAE Tribo Mimoseae Plathymenia Benth. Prosopis L. Neptunia Lour. Desmanthus Willd. Anadenanthera Speg. Pseudopiptadenia Rauschert Piptadenia Benth. ParapiptadeniaBrenan Mimosa L. Tribo Acacieae Senegalia Raf. Vachellia Wight & Arn. Tribo Ingeae Zapoteca H.M.Hern. Calliandra Benth. Inga Mill. Zygia P.Browne Blanchetiodendron Barbenby & J.W.Grimes Leucochloron Barbenby & J.W.Grimes Chloroleucon (Benth.) Britton & Rose Pithecellobium Mart. Samanea (Benth.) Merr. Albizia Durazz. Enterolobium Mart. 3. Subfamília PAPILIONOIDEAE Tribo Swartzieae Trischidium Tul. Amburana Schwacke & Taub. Zollernia Wied.-Neuw. & Nees Tribo Sophoreae Luetzelburgia Harms Acosmium Schott Tribo Brongniartieae Poecilanthe Benth. Tribo Crotalarieae Crotalaria L. Tribo Dalbergieae Andira Lam. Zornia J.F.Gmel. Poiretia Vent. Chaetocalyx DC. Riedeliella Harms. Discolobium Benth. Platymiscium Vogel Platypodium Vogel Centrolobium Mart. ex Benth. Pterocarpus Jacq. Geoffroea Jacq. Stylosanthes Sw. Arachis L. Dalbergia L.f. Machaerium Pers. Aeschynomene L. Tribo Indigofereae Indigofera L. Tribo Millettieae Lonchocarpus Kunth Tephrosia Pers. Tribo Phaseoleae Dioclea Kunth Canavalia DC. Cratylia Mart. ex Benth. Galactia P.Browne Centrosema (DC.) Benth. Periandra Mart. ex Benth. Rhynchosia Lour. Erythrina L. Calopogonium Desv. Vigna Savi Macroptilium (Benth.) Urb. Mysanthus G.P.Lewis & A.Delgado Tribo Desmodieae Desmodium Desv. Tribo Sesbanieae Sesbania Adans. Tribo Robinieae Coursetia DC. �� FORMATO E CRITÉRIOS Critérios de inclusão Uma dificuldade enfrentada na elaboração desse trabalho foi delimitar uma área a ser considerada como “caatinga”, o que depende de um conceito a ser empregado. Por um lado, a aplicação de um conceito restritivo, como o de Luetzelburg (1922-23), resultaria na perda de informação relevante para muitos grupos. Por outro, considerar os limites externos do bioma sem excluir as áreas recobertas por outros tipos vegetacionais nos levaria a inclusão de elementos típicos de cerrado e de campos rupestres os quais não são relacionados à flora da caatinga. Nesse trabalho, foi adotado uma delimitação de área pelos limites externos do semi-árido, definidos por uma isoieta de 1.000mm.ano-1, o que corresponde a uma área de quase 900.000 km2. Diferentes fisionomias de caatinga e florestas estacionais presentes nessa grande área foram, então, cobertas nesse trabalho. No entanto, foram excluídas áreas de cerrado e campos rupestres que se encontravam dentro desses limites como, por exemplo, grande parte das áreas mais elevadas da Chapada Diamantina, na Bahia, e da Chapada do Araripe, no sul do Ceará e norte de Pernambuco. Outra dificuldade diz respeito às áreas limítrofes do Bioma Caatinga. �� A leste, a caatinga faz limite com a Mata Atlântica, que penetra mais para o interior ao longo dos vales de alguns rios ou em algumas áreas de serras. Espécies presentes na apenas nessas áreas úmidas e na Mata Atlântica foram consideradas como parte desse bioma e não foram incluídas nesse trabalho. Esse mesmo critério foi adotado para muitas plantas das ‘matas de cipó’ do Planalto de Vitória da Conquista que ocorriam apenas na Mata Atlântica e nessas matas mais baixas e densas. Situação semelhante ocorre a oeste, onde a caatinga faz fronteira com o cerrado. Plantas típicas do cerrado que foram encontradas apenas nessa áreas limítrofes do Bioma Caatinga foram consideradas como elementos do Bioma Cerrado e não foram incluídas nesse trabalho. Situação mais complicada foi encontrada para plantas coletadas no sul do Piauí e noroesta da Bahia, onde manchas de cerrado e caatinga ocorrem lado a lado. Em casos de hesitação, optei por incluir a espécie e fazer um breve comentário no texto. Apresentação dos gêneros Os gêneros são apresentados por subfamília de acordo com a classificação proposta por Lewis et al. (2005). Gêneros que não têm sido sustentados como monofiléticos aparecem, na classificação desses autores, divididos em gêneros menores e mais naturais. No caso dos grupos de caatinga isso afeta os gêneros Bauhinia e Caesalpinia. No caso do primeiro, ocorrem na caatinga representantes dos gêneros Bauhinia (s.s.) e Phanera. No caso de Caesalpinia, as espécies de caatinga pertencem aos gêneros Erythrostemon, Libidibia e Poincianella e o gênero Caesalpinia (s.s.), nesse novo conceito, não mais ocorre na caatinga. Por outro lado, no caso do gênero Acacia optei por um tratamento diferente do de Lewis et al. (2005). Esses autores reconheceram Acacia no seu sentido tradicional, contendo os subgêneros Acacia, Aculeiferum e Phyllodinae. No entanto, há forte suporte para a �� hipótese de que Acacia é um grupo polifilético. Assim, aqui são reconhecidos os gêneros Vachellia e Senegalia, segregados de Acacia de acordo com a proposta de Orchard & Maslin (2003) de conservação de um novo tipo para Acacia. Essa proposta foi aprovada na Sessão de Nomenclatura no Congresso Internacional de Botânica de Viena em 2005 e o nome Acacia hoje é aplicado apenas ao subgênero Phyllodinae, concentrado no continente australiano, não representado na caatinga. Para gêneros com mais de uma espécie é apresentada uma descrição baseada nas espécies de caatinga, seguida de uma chave para identificação das espécies da caatinga. Gêneros representados na caatinga por apenas uma espécie não apresentam uma descrição do gênero. Apresentação das espécies Cada espécie apresenta uma referência completa do protólogo e os sinônimos principais, aqui considerados como os nomes presentes na Flora Brasiliensis, em Legumes of Bahia (Lewis 1987), em monografias taxonômicas e em catálogos agronômicos como, por exemplo, o de espécies forrageiras do CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical, Cali, Colômbia) e do USDA (United States Department of Agriculture). As descrições das espécies levam em consideração apenas a variação observada nos espécimes de caatinga. Quando necessário, as descrições foram complementadas com informações de espécimes de outras localidades e isso está indicado no texto. Há uma boa dose de assimetria nas descrições. Quando a espécie é a única representante de um gênero na caatinga, sua descrição é mais completa. No caso de gêneros representados por mais de uma espécie, as descrições de suas espécies em geral complementam a descrição do gênero. Algumas exceções foram feitas para gêneros de maior complexidade taxonômica ou para gêneros cujas espécies são mal conhecidas, quando se optou por descrições mais competas. As descrições RICARDO Realce �� são complementadas com comentários taxonômicos que objetivam auxiliar o leitor na sua identificação, dando-se ênfase na comparação com espécies com as quais ela pode ser confundida. Além da descrição, é apresentado um mapa de distribuição de cada espécie no Bioma Caatinga. Os pontos presentes no mapa representam principalmente espécimes depositados em herbários cujas etiquetas contêm coordenadas geográficas. Em grande parte, essas informações foram baseadas nos bancos de dados do herbário HUEFS e do projeto “Instituto do Milênio do Semi-árido” (IMSEAR), que reúne dados de coletas recentes dos principais herbários do Nordeste. Além disso, foram complementados com pontos de um banco de dados elaborado por mim com base em espécimes depositados nos herbários analisados (ver Apêndice 1, pág. xxx). Alguns comentários sobre a distribuição e aspectos da ecologia da planta são apresentados. Dados da distribuição geral da planta foram retirados da literatura mas sua distribuição no Bioma Caatinga é baseada em informações de exsicatas. Finalmente, há uma lista de materiais examinados ou selecionados. Em geral, um espécime é referido por município ou grande área (p.ex., Raso da Catarina). Tipos nomenclaturais analisados, coletados no Bioma Caatinga, são indicados dentro do material examinado. Nomes vernaculares,se presentes, foram baseados em informações de exsicatas. Alguns nomes adicionais foram extraídos de Lewis (1987) se eu estivesse seguro de que se tratava de um nome usado na área da caatinga. Alguns comentários foram feitos sobre esses nomes baseados em minha própria experiência. Chaves de identificação Nesse livro são usados dois tipos de chaves de identificação. A primeira �� é uma chave dicotômica tradicional. A segunda é uma chave multientrada na forma de uma matriz. Às vezes os dois tipos de chave estão presentes para o mesmo grupo. Essa estratégia objetivou oferecer maiores recursos para o leitor proceder a identificação dos táxons. Em geral, as matrizes de identificação permitem identificar grupos de táxons mais semelhantes e reduz, assim, o número de escolhas possíveis. No caso de uma determinada célula da matriz conter um grupo de táxons, ela remete a uma chave auxiliar onde a identificação final pode ser feita. �� CHAVE PARA AS SUBFAMÍLIAS 1. Folhas bipinadas 2. Flores actinomorfas, pequenas, em espigas, glomérulos ou umbelas; corola com pré-floração valvar; sementes com pleurograma em forma de ‘U’ .............................................................. Mimosoideae 2. Flores zigomorfas, em racemos ou panículas; corola com pré-floração imbricativa; sementes sem pleurograma ..............Caesalpinioideae 1. Folhas não bipinadas 3. Folhas simples ou unifolioladas 4. Folhas 3-multinervadas, bilobadas ou inteiras ...Caesalpinioideae 4. Folhas peninérvias, com apenas uma nervura principal ............................................................ Papilionoideae 3. Folhas compostas com mais de um folíolo 5. Folhas com dois folíolos 6. Árvores, arbustos ou lianas; pétalas brancas, rosa ou �� vermelhas ...................................................Caesalpinioideae 6. Ervas ou subarbustos; pétalas amarelas 7. Flores isoladas, axilares; corola não papilionóide; fruto legume...................................................Caesalpinioideae 7. Flores em espigas; corola papilionóide; fruto lomento ......... Papilionoideae 5. Folhas com três ou mais folíolos 8. Folhas palmadas (raque foliar ausente) ........ Papilionoideae 8. Folhas pinadas (raque foliar presente) 9. Folhas terminando em um folíolo (imparipinadas) 10. Corola papilionóide, com pétalas diferenciadas em estandarte, alas e carena ou corola reduzida a uma pétala .............................................. Papilionoideae 10. Corola não papilionóide, sempre com cinco pétalas ..........................................Caesalpinioideae 9. Folhas terminando em dois folíolos (paripinadas) 11. Flores actinomorfas; corola com pré-floração valvar; estames numerosos concrescidos em tubo .................................................. Mimosoideae 11. Flores zigomorfas ou assimétricas; corola com pré- floração imbricativa; estames 10 ou menos 12. Flores papilionóides, com pétalas diferenciadas em estandarte, alas e carena; androceu monadelfo..... Papilionoideae �� 12. Flores não papilionóides ou sem pétalas; estames livres ........................................Caesalpinioideae �0 Subfamília Caesalpinioideae 1. Folhas simples com ápice bilobado a inteiro e 5 a 9 nervuras principais 2. Arbustos ou árvores; gavinhas ausentes; flores com hipanto longo, estreitamente cilíndrico; sépalas formando um cálice espatáceo ou irregularmente conadas .............................................. Bauhinia 2. Lianas com gavinhas; flores com hipanto curto; sépalas conadas em cálice campanulado a urceolado ...................................Phanera 1. Folhas compostas por 2 ou mais folíolos 3. Folhas bipinadas 4. Ramos com espinhos nodais; folhas com um par de pinas, pecíolo subnulo e raque das pinas achatado; fruto moniliforme.............................................................Parkinsonia 4. Ramos inermes; folhas pecioladas; raque das pinas cilíndrica; fruto plano 5. Folhas terminado em um par de pinas; estandarte �1 não difernciado das demais pétalas em coloração ou consistência; fruto sâmara com uma semente ....Peltophorum 5. Folhas terminando em uma pina, raramente em um par; estandarte carnoso, geralmente também diferenciado em coloração das demais pétalas membranáceas; fruto legume deiscente ou indeiscente, com mais de uma semente 6. Folíolos alternos na raque da pina, ± rombóides com base fortemente assimétrica ...........................Poincianella 6. Folíolos opostos na raque da pina, elípticos a oblongos com base simétrica 7. Inflorescência panícula; frutos inflados, indeiscentes; árvores, tronco com casca fina e descamante revelando a entrcasca verde ............................ Libidibia 7. Inflorescência racemo; frutos plano-compressos, deiscentes; arbustos, tronco com casca não descamante ........................................... Erythrostemon 3. Folhas bifolioladas ou pinadas, nunca bipinadas 8. Flores bifolioladas 9. Ervas ou subarbustos prostrados a decumbentes; pétalas amarelas ........................................................... Chamaecrista 9. Árvores, arbustos ou lianas; pétalas brancas 10. Lianas com gavinhas ........................................... Bauhinia 10. Árvores ou arbustos 11. Folíolos com pontuações glandulares translúcidas; flores apétalas ............................................. Guibourtia �� 11. Folíolos sem pontuações translúcidas; flores com pétalas 12. Inflorescência com ramos robustos, ca. 5 mm diâm.; frutos indeiscentes, cilíndricos, lenhosos, com mais de uma semente ......................Hymenaea 12. Inflorescência com ramos delgados; frutos deiscentes, suborbiculares a triangulares, com valvas coriáceas e apenas uma semente .....Peltogyne 8. Folhas pinadas com mais de dois folíolos 13. Folhas terminando por um folíolo 14. Flores 3-5 mm diâm. em inflorescências curtas e pêndulas; fruto sâmara com núcleo seminífero basal ..................................................................Pterogyne 14. Flores maiores (> 5 mm diâm.); inflorescências dicásios ou panículas; fruto samaróide com núcleo seminífero central ou fruto deiscente 15. Flores ca. 1 cm diâm.; pétalas 3, brancas; fruto samaróide, alado apenas na margem superior ...Apuleia 15. Flores maiores do que 1 cm diâm.; pétalas 5, amarelas; fruto sâmara com alas nas duas margens ou fruto deiscente 16. Estames (3-)4 com anteras longas e deiscentes por pequenas fendas apicias (“poricidas”); fruto sâmara .............................................Martiodendron 16. Estames 10 com anteras curtas e rimosas; fruto deiscente, bivalvar, internamente �� septado, liberando as sementes em envelopes monospérmicos do endocarpo (criptolomento) ................................... Melanoxylon 13. Folhas terminando por um par de folíolos 17. Folhas com nectários no pecíolo ou na raque 18. Nectários clavados, com superfície secretora convexa; pedicelo não bracteolado; frutos indeiscentes ou deiscentes mas com valvas não espiraladas após a deiscência ........................................................... Senna 18. Nectários discóides, com superfície secretora côncava; pedicelo com duas bractéolas alternas; frutos deiscentes com valvas espiraladas após a deiscência ............................................... Chamaecrista 17. Folhas desprovidas de nectários 19. Estípulas intrapeciolares, caducas; flores apétalas ou com pétalas brancas 20. Flores apétalas, sésseis, apresentando disposição dística nos ramos da inflorescência; frutos suborbiculares a triangulares; semente 1, elipsóide, arilada....................................... Copaifera 20. Flores com pétalas, dispostas em panículas obpiramidais; frutos oblongos a oblongo- lineares,compressos; sementes 1-3, compressas, não ariladas ........................................Goniorrhachis 19. Estípulas laterais ou ausentes; flores com pétalas amarelas �� 21. Flores sem hipanto com anteras deiscentes por poros ou pequenas fendas apicais 22. Inflorescência pêndula; pedicelo apresentando duas bractéolas na base; filetes dos três estames abaxiais sigmóides ........................Cassia 22. Inflorescência patente ou ereta; pedicelo sem bractéolas ou com duas bractéolas a partir do meio; filetes não sigmóides 23. Bractéolas ausentes; fruto cilíndrico e indeiscente ou compresso e deiscente, então com valvas não espiraladas após a deiscência ............................................. Senna 23. Duas bractéolas presentes do meio para o ápice do pedicelo; fruto compresso e deiscente, valvas tornando-se espiraladas após a deiscência ....................... Chamaecrista 21. Flores com hipanto; anteras deiscentes por fendas laterais 24. Indumento de tricomas ramificados, arborescentes; flores ca. 3 cm diâm.; fruto com uma crista basal na margem superior e valvas lenhosas ................................. Cenostigma 24. Indumento de tricomas simples; flores com menos de 1 cm diâm.; fruto sem crista basal, com valvas coriáceas 25. Folhas dísticas com mais de 8 pares de �� folíolos; flores zigomorfas com estandarte ereto e as demais pétalas retas, simulando uma corola papilionóide; fruto indeiscente com menos de 5 cm compr. e margem superior com uma ala estreita; sementes não aladas ....................................... Poeppigia 25. Folhas espiraladas com 2 pares de folíolos; flores actinomorfas com corola não pseudopapilionóide; fruto deiscente com mais de 8 cm compr. e margens não aladas; sementes aladas ........................ Diptychandra Matriz para identificação dos gêneros e chaves auxiliares: Folhas compostas Folhas pinadas Caesalpinioideae Folhas simples Folhas bipinadas Folhas bifolioladas Folhas paripinadas Folhas imparipinadas Grupo 3 Flores brancas Bauhinia Grupo 2 Bauhinia Guibourtia Hymenaea Peltogyne Copaifera Goniorrhachis Apuleia Á rv or es o u ar bu st os Flores amarelas Grupo 1 Parkinsonia Peltophorum Erythrostemon Libidibia Poincianella Grupo 4 Cassia Cenostigma Chamaecrista Diptychandra Poeppigia Senna Grupo 6 Pterogyne Martiodendron Melanoxylon Lianas Phanera Phanera Ervas ou subarbustos Chamaecrista Grupo 5 Chamaecrista Senna �� Chaves auxiliares Grupo 1: 1. Ramos armados por espinhos nodais pareados; folhas com pecíolo curto ou ausente; raque das pinas achatada, verde, com folíolos reduzidos e esparsos; fruto moniliforme ...........................Parkinsonia 1. Ramos inermes; folhas pecioladas; raque cilíndrica; folíolos desenvolvidos; fruto não moniliforme 2. Folhas terminando por um par de pinas; estandarte não diferenciado em cor e consistência das demais pétalas; fruto sâmara com núcleo seminífero central ........................Peltophorum 2. Folhas terminando em uma pina; estandarte carnoso, diferenciado em consistência das demais pétalas membranáceas, geralmente também diferenciado em cor; fruto legume deiscente ou indeiscente 3. Folíolos alternos na raque da pina, ± rombóides com base fortemente assimétrica ............................................Poincianella 3. Folíolos opostos na raque da pina, elípticos a oblongos com base simétrica 4. Inflorescência panícula; frutos inflados, indeiscentes; árvores, tronco com casca fina e descamante revelando a entrcasca verde ........................................................ Libidibia 4. Inflorescência racemo; frutos plano-compressos, deiscentes; arbustos, tronco com casca não descamante ... Erythrostemon �� Grupo �: 1. Ramos armados com um par de espinhos em cada nó ............. Bauhinia 1. Plantas inermess 2. Flores apétalas; folíolos apresentando pontuações translúcidas ........ Guibourtia 2. Flores com pétalas; folíolos sem pontuações translúcidas 3. Eixos da inflorescência robustos, ca. 5 mm diâm. ou mais espessos; fruto indeiscente, cilíndrico, com 2 ou mais sementes; sementes sem arilo .......................................................Hymenaea 3. Eixos da inflorescência delgados; fruto deiscente, suborbicular a triangular, com apenas 1 semente; semente com arilo .Peltogyne Grupo �: 1. Flores dísticas nos ramos da inflorescências; pétalas ausentes; fruto suborbicular a triangular com apenas 1 semente; semente com arilo ..................................................................................... Copaifera 1. Flores dispostas de modo espiralado nos eixos da inflorescência; pétalas presentes; fruto oblongo a oblongo-linear, com 2 ou mais sementes; sementes sem arilo .........................................Goniorrhachis Grupo �: 1. Folhas com nectários no pecíolo ou na raque 2. Nectários clavados, superfície secretora convexa; pedicelos não bracteolados; frutos cilíndricos e indeiscentes ou compressos e deiscentes mas, então, com valvas não espiraladas após a �� deiscência .............................................................................. Senna 2. Nectários discóides, superfície secretora côncava; pedicelos com duas bractéolas; frutos compressos, discentes, com valvas espiraladas após a deiscência ..................................... Chamaecrista 1. Folhas sem nectários 3. Frutos cilíndricos, indeiscentes, com pericarpo lenhoso ou carnoso 4. Pedicelo com um par de bractéolas na base; 3 estames abaxiais com filetes sigmóides ........................................................Cassia 4. Pedicelo não bracteolado; filetes não sigmóides ................... Senna 3. Frutos compressos, deiscentes ou indeiscentes, se indeiscentes com pericarpo seco e coriáceo 5. Anteras poricidas 6. Pedicelo com duas bractéolas; frutos com deiscência elástica, valvas espiraladas após a deiscência .................. Chamaecrista 6. Pedicelo sem bractéolas; frutos com deiscência inerte, valvas não espiraladas após a deiscência ................................. Senna 6. Anteras rimosas 7. Indumento de tricomas ramificados, arborescentes; flores com sépala abaxial maior, cimbiforme; fruto deiscente, com valvas lenhosas; sementes não aladas ........... Cenostigma 7. Indumento de tricomas simples; sépala abaxial não cimbiforme; fruto indeiscente ou deiscente mas então com valvas coriáceas e sementes aladas 8. Folhas dísticas com mais de 8 pares de folíolos; flores zigomorfas com estandarte ereto e as demais pétalas �� retas, simulando uma corola papilionóide; fruto indeiscente com menos de 5 cm compr. e margem superior com uma ala estreita; sementes não aladas ................................................................ Poeppigia 8. Folhas espiraladas com 2 pares de folíolos; flores actinomorfas com corola não pseudopapilionóide; fruto deiscente com mais de 8 cm compr. e margens não aladas; sementes aladas ......................... Diptychandra Grupo �: 1. Nectários clavados, superfície secretora convexa; pedicelos não bracteolados; frutos cilíndricos e indeiscentes ou compressos e deiscentes mas, então, com valvas não espiraladas após a deiscência ................................................................................... Senna 1. Nectários discóides, superfície secretora côncava; pedicelos com duas bractéolas; frutos compressos, discentes, com valvas espiraladas após a deiscência ............................................................ Chamaecrista Grupo �: 1. Flores pequenas, menores do que 5 mm diâm., agrupadas em inflorescências pêndulas, curtas; fruto sâmara com núcleo seminíferobasal ...................................................................Pterogyne 1. Flores grandes, maiores do que 10 mm diâm., agrupadas em panículas terminais; fruto deiscente ou sâmara com núcleo seminífero central 2. Estames 4 com anteras deiscentes por pequenas fendas apicais; fruto sâmara com núcleo seminífero central ...........Martiodendron �0 2. Estames 10 com anteras rimosas; fruto deiscente, internamente septado, com sementes liberadas em um envelope do endocarpo .................................................................. Melanoxylon Bauhinia L. Arbustos ou lianas, menos freqüentemente pequenas árvores, inermes ou armadas com espinhos estipulares ou acúleos infranodais. Folhas geralmente simples, bilobadas ou inteiras, 5-11-nervadas, mais raramente divididas em dois folíolos. Inflorescências em pseudoracemos a espigas terminais ou em fascículos opositifólios ou supra-axilares. Flores pentâmeras; hipanto longo e tubular até obsoleto; sépalas livres ou concrescidas; pétalas brancas ou róseas; androceu diplostêmone, com os 10 estames férteis ou, mais raramente, com 5 estames férteis alternos a 5 estames estéreis; ovário estipitado, pluriovulado. Fruto linear, elasticamente deiscente, valvas lenhosas. Bauhinia, na circunscrição atual, inclui 150-160 espécies com distribuição pantropical concentradas principalmente no Neotrópico. O gênero homenageia os irmãos Jean e Gaspar Bauhin, médicos e botânicos suíços do século XVII, representados pelas folhas geminadas de suas espécies. Diferentes circunscrições têm sido utilizadas para Bauhinia, na mais ampla sendo quase coincidente com a subtribe Bauhiniinae da tribo Cercideae (Wunderlin et al. 1987), mais comumente segregado em vários gêneros. Atualmente são aceitos seis gêneros que estiveram na circusncrição mais ampla do gênero (Lewis et al. 2005), dos quais Bauhinia s.s. e Phanera estão representados na caatinga. Bauhinia é facilmente reconhecível pela combinação do hábito com caracteres foliares e florais. As folhas são tecnicamente folhas simples �1 embora devam ter resultado de um processo de fusão lateral de dois folíolos, o que pode ser parcialmente justificado pela presença de um pulvino na base da lâmina que possibilita o movimento de fechamento da folha ao longo da nervura mediana. O grau de fusão entre os “folíolos” varia e a folha pode se apresentar tanto inteira quanto lobada. O tamanho dos lobos em relação ao comprimento da folha, assim como o número de nervuras e o indumento são caracteres importantes na taxonomia das espécies de caatinga. Phanera também apresenta folhas lobadas, semelhantes às observadas em Bauhinia. Estes gêneros podem ser diferenciados pelo hábito (arbustos ou árvores em Bauhinia vs. lianas com gavinhas em Phanera), pelo hipanto (estreitamente cilíndrico vs. obsoleto, respectivamente) e pelo cálice (sépalas soldadas irregularmente ou formando um cálice espatáceo vs. sépalas soldadas formando um cálice campanulado com lacínias livres no ápice). A taxonomia das espécies neotropicais é bastante confusa devido, talvez, à ênfase em caracteres vegetativos quantitativos, os quais podem estar sujeitos a certa plasticidade ambiental e a possíveis paralelismos. O tratamento dado às espécies de caatinga foi extremamente pragmático e alguns espécimes permanecem não identificados. Recentemente, um avanço significativo foi dado pelo trabalho de Vaz & Tozzi (2003). Bauhinia ungulata L., uma espécie amplamente distribuída no Neotrópico, ocorre dentro da área de domínio de caatinga, nos estados do Ceará e Piauí, mas os espécimes examinados foram coletados em cerrado e florestas serranas, não sendo, então, incluída neste trabalho. �� Chaves auxiliares: Grupo 1: 1. Folhas ovais, mais longas do que largas, inteiras ou divididas menos de 1/4 do seu comprimento, os lobos resultantes agudos 2. Folhas divididas por 1/5-1/4 do seu comprimento em lobos agudos, (7-) 9-nervadas; nervuras secundárias muito numerosas, quase perpendiculares às principais e não ramificadas ......B. brevipes 2. Folhas inteiras, 5-7-nervadas, com nervuras secundárias formando um ângulo de ca. 45° com as principais 3. Folhas com ápice arredondado ou emarginado, face abaxial pubescente; botões clavados .......................................B. acuruana 3. Folhas com ápice acuminado, glabras; botões cilíndricos ..B. dubia 1. Folhas largo-ovais a orbiculares, tão ou mais largas do que longas, divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, os lobos resultantes Bauhinia Folhas com comprimento maior do que a largura Folhas tão ou mais largas do que longas Grupo 1: P la nt as in er m es Fl or es e m ps eu do ra ce m os te rm in ai s B. acuruana B. brevipes B. dubia B. cheilantha B. dumosa B. pulchella B. subclavata Grupo 2 P la nt as a rm ad as Fl or es is ol ad as o u pa re ad as , op os iti fo lia s B. aculeata B. forficata B. pentandra B. aculeata B. bauhinioides B. cacovia �� arredondados, raramente inteiras (então folhas suborbiculares ca. 8- 9 x 7-8 cm) 4. Folhas grandes, com pelo menos 6 cm de comprimento e 6 cm de largura; botões florais clavados, dilatados no ápice 5. Folhas divididas por 1/3 a 1/2 do seu comprimento, com 11-13 nervuras; pétalas obovais com ca. 20 mm larg.; botões florais não estriados no ápice ...............................................B. cheilantha 5. Folhas divididas por até 1/4 do seu comprimento ou quase inteiras, com 9 nervuras; pétalas lineares com ca. 1 mm larg.; botões florais com ápice 5-costado a estreitamente 5-alado ..................................................................... B. subclavata 4. Folhas com até 4 cm de comprimento e 4 cm de largura (em geral bem menores); botões florais cilíndricos, não dilatados no ápice 6. Folhas tomentosas na face abaxial, não glaucas; nervuras secundárias salientes, numerosas e ± perpendiculares às primárias .......................................................................B. dumosa 6. Folhas glaucas com face abaxial glabra exceto por tricomas esparsos sobre as nervuras; nervuras secundárias inconspícuas ................................................................B. pulchella Grupo �: 1. Folhas divididas por mais da metade do seu comprimento ou bifolioladas; armamento constituído por apenas um par de espinhos nodais; estames férteis 5 alternos a 5 estaminódios; pétalas lineares, até 1 mm larg. 2. Folhas glaucas, grandes, de pelo menos 5 cm compr., divididas �� por ca. 2/3 do seu comprimento, os lobos resultantes oblongos e fortemente divergentes; cálice no botão costado até alado .............................................................................B. pentandra 2. Folhas menores, de até 2,5 cm compr., não glaucas, bifolioladas; cálice não costado nem alado no botão ......................B. bauhinioides 1. Folhas divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento; acúleo infranodal presente logo abaixo da base do pecíolo; estames férteis 10; pétalas obovais, 6-10 mm larg. 3. Folhas grandes, com pelo menos 7,5 cm de comprimento e 5 cm de largura, dividida por até 1/4 do seu comprimento; lobos resultantes agudos; árvores copadas; frutos de 20 cm compr. ou maiores .............................................................................B. forficata 3. Folhas menores, divididas por 1/3-1/2 do seu comprimento; lobos obtusos a arredondados (se alcançando as dimensões acima então folhas divididas por ca. 1/3 e lobos nunca agudos); arbustos; frutos de até 15 cm compr. 4. Folhas pubescentes em ambas as faces, na face abaxial tomentosas com tricomas longose flexuosos; lobos arredondados e paralelos; gemas axilares ovais, conspícuas ...................B. aculeata 4. Folhas glabras, às vezes esparsamente pubérula na face abaxial; lobos obtusos; gemas axilares inconspícuas ou ausentes 5. Folhas glaucas com face abaxial glabra exceto por tricomas esparsos sobre as nervuras; nervuras secundárias inconspícuas ...........................................................B. pulchella 5. Folhas não glaucas, com face abaxial esparsamente pubérula, tricomas curtos e retos.............................................. B. cacovia �� Bauhinia aculeata L., Sp. Pl.: 374. 1753.1753. Bauhinia catingae Harms, Bot. Jahrb. 42: 109. 1908.42: 109. 1908. Arbusto 1-3 m alt., ± virgado, copado; ramos jovens fractiflexos, densamente pubérulos, armados com um acúleo infranodal cônico, ligeiramente recurvado, às vezes muito pequeno ou ausente; gemas axilares conspícuas, ovóides. Pecíolo 4-5(-17) mm; lâmina cartácea, 1,8- 3,5(-6) x 1,4-3,1(-4,1) cm, contorno elíptico a oval, 1,1-1,5x mais longa do que larga, dividida no ápice por ca. 1/4 do seu comprimento, lobos arredondados, paralelos, base cordada, nervuras 7, salientes na face abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial curtamente pubérula, face abaxial tomentosa, tricomas glandulares esparsos na face abaxial. Botões estreitamente elipsóides, 5-costados, ligeiramente constritos no ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 3,5 cm compr. Flores isoladas, opositifolias; hipanto cilíndrico, ca. 6-7 mm compr.; cálice verde, 17-26 x 8-10 mm, espatáceo, oval; pétalas brancas, 35-40 x 10- 16 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 25 mm compr., recurvados no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro mas com tricomas glandulares densos. Legume 8-9,5 x 1,6-1,7 cm, linear-obovado, apiculado, elasticamente deiscente; estípite 0,5-1,2 cm; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Espécie de caatinga, ocorrendo na região Nordeste do estado do Ceará ao estado da Bahia, em altitudes de 400 a 600 m. Floração: x-xii. Frutificação: xii. Apresenta maior afinidade a B. forficata e B. cacovia das quais se diferencia pelas folhas pubescentes, menores e com lobos arredondados. Esta espécie apresenta gemas axilares dormente conspícuas e revestidas por vários catáfilos, as quais persistem na estação seca, quando as folhas caem, e permitem uma rápida expansão de nova folhagem no início da estação �� chuvosa. Nomes vernaculars: mororó ou miriró (geral), unha-de-vaca (Ceará), mororozinho, coração-de-cágado (ambos em Tucano, BA). Material selecionado: Bahia: Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2653 (CEPEC, K); Conceição do Coité, L. P. Queiroz et al. 1109 (HUEFS, K); Euclides da Cunha, C. Correia et al. 244 (HUEFS); Iaçu, L. P. Queiroz et al. 9162 (HUEFS); Ichu, A. S. Carneiro 11 (HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & C. Correia 25 (HUEFS); Jussara, H. P. Bautista & O. A. Salgado 923 (HRB, HUEFS); Livramento do Brumado, R. M. Harley & N. Taylor 27069 (CEPEC, K); Manoel Vitorino, A. M. de Carvalho et al. 2653 (CEPEC, K); Maracás, M. M. Silva et al. 285 (HUEFS); Marcionílio Souza (“Tamburi“), E. Ule 7277 (isótipo de B. catingae: K, foto HUEFS); Ponto Novo, T. S. Nunes et al. 594 (HUEFS); Retirolândia, R. P. Oliveira et al. 274 (HUEFS); Santa Bárbara, L. P. Queiroz et al. 3034 (HUEFS, K); Serrinha, G. L. Webster et al. 25693 (HUEFS, K); Tucano, D. Cardoso 98 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et al. 397 (HRB, HUEFS). Ceará: Pereiro, A. Sarmento & J. A. de Assis 737 (HRB, K). Minas Gerais: Januária, J. A. Lombardi & L. G. Temponi 2206 (HUEFS). Pernambuco: Inajá, A. M. Miranda 1233 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, L. M. Cordeiro 45 (HUEFS, Xingo). Bauhinia acuruana Moric., Pl. nouv. Amér. 6: 77, tab. 5. 1840. Bauhinia acuruana var. nitida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 187. 1870.15 (2): 187. 1870. Bauhinia lamprophylla Harms, Bot. Jahrb. 33 (72): 22. 1903.33 (72): 22. 1903. Arbusto de 2-4 m alt., pouco ramificado, ramos ± virgados, ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos. Pecíolo 2-6 mm; lâmina coriácea, 4,5-7,4(-9,8) x 2,7-3,9(-6) cm, oval, 1,5-2x mais longa do que larga, inteira ou ligeiramente emarginada no ápice, base cordada, nervuras 5, salientes na face abaxial, nervuras secundárias numerosas, ± perpendiculares às principais, face adaxial glabra ou glabrescente e rugosa, face abaxial �� densamente pubescente, principalmente sobre as nervuras, tricomas esbranquiçados ou amarelados e tricomas glandulares muito esparsos. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, ligeiramente dilatados e estriados no ápice, encurvados para cima, na pre-antese ca. 45 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 15-21 mm compr., sépalas 30-40 x 1-1,5 mm, lineares, espiraladas e torcidas na antese; pétalas brancas, 20-30 x 0,5 mm, lineares; estames férteis 10, ca. 35 mm compr.; ovário estipitado, tomentoso. Legume 14-17,5 x 1-1,4 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,5-4 cm; valvas lenhosas glabras a pubérulas. Ocorre nos estados de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, geralmente associada a áreas de caatinga arenosa em serras com embasamento de quartzito do complexo do Espinhaço, em altitudes de 790 a 1000 m. Floração: xii-ii. Frutificação: ii-v. Apresenta grande semelhança a B. brevipes, ambas apresentando folhas de forma e tamanho similares. B. acuruana diferencia-se de B. brevipes principalmente pelas folhas inteiras (vs. lobadas) e com menor número de nervuras primárias (5 em B. acuruana vs. 9, ocasionalmente 7, em B. brevipes). Além disso, B. acuruana possui o botão floral estriado, condição não observada nos botões de B. brevipes. Nomes vernaculars: miroró, mororó (comuns na Bahia e Piauí), unha-de- vaca (local em Morro do Chapéu, BA). Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3934 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5824 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7939 (ALCB, HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6231 (HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9108 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 180948 (CEPEC, K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6621 (CEN, K); Ipupiara, E. Saar et al. 68 (ALCB, HUEFS); Morpará, M. L. S. Guedes et al. 7794 (ALCB, HUEFS); Morro do Chapéu, A. M. Giulietti et al. PCD 2286 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, T. S. Nunes �� et al. 1074 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz et al. 7274 (HUEFS); Remanso, E. Ule 7380 (K); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2825 (isótipo de B. acuruana: K, foto HUEFS). Minas Gerais: Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7512 (HUEFS). Pernambuco: Buíque, A. Laurênio et al. 23 (K, PEUFR); Ibimirim, L. B. Oliveira et al. 53 (Hst, HUEFS). Piauí: Caracol, R. Barros et al. 1412 (HUEFS, TEPB); Floresta, L. P. Queiroz et al. 10139 (HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2152 (K); Padre Marcos, M. E. Alencar 245 (HUEFS, TEPB); São Braz do Piauí, L. P. Queiroz 10124 (HUEFS). Bauhinia bauhinioides (Mart.) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22. 1919. Perlebia bauhinioides Mart., Reise Bras. 1: 555. 1823. Bauhinia microphylla Vogel, Linnaea 13: 301. 1839. Arbusto ca. 1,8 m alt.; ramos glabrescentes armados em cada nó por um par de espinhos estipulares cônico-subulados, retos ou ligeiramente curvos para cima, acúleo infranodal ausente; gemas axilares inconspícuas. Folha bifoliolada; pecíolo 8-12 mm; folíolos papiráceos, 2,3-2,5 x 1,6-1,8 cm, largamente elípticos, ca. 1,4x mais longos do que largos, ápice e base arredondados, nervuras 3, salientes na face abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial glabra, face abaxial revestida por tricomas muito curtos e adpressos. Botões cilíndricos, não costados, em pré-antese ligeiramentedilatados no ápice, curvados para cima e medindo ca. 3 cm compr. Flores pareadas, supra-axilares; hipanto cilíndrico, estriado, ca. 12 x 5 mm, cálice ca. 20 x 9 mm, espatáceo, oval; pétalas esverdeadas (seg. material do Paraguai), ca. 20 x 1 mm, lineares, densamente barbadas; androceu dimórfico, filetes soldados na base em tubo viloso, estames férteis 5, ca. 22 mm compr., curvados para cima no ápice; estaminódios 5, pouco desenvolvidos além da base soldada; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, curtamente tomentoso. Legume 10,5-12 x 0,9-1,2 �� cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,8-3 cm; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Espécie relativamente pouco coletada, ocorrendo esporadicamente no leste- nordeste do Brasil, no Paraguai-Mato Grosso do Sul e em Cuba. Parece ser uma espécie localmente rara e aparentemente possui uma preferência por bancos inundáveis de rios. Floração e frutificação: viii. Bauhinia bauhinioides apresenta redução do número de estames férteis a 5, semelhante ao observado em B. pentandra. No entanto, estas duas espécies podem ser facilmente diferenciadas pelo tamanho e forma das folhas, como pode ser notado na chave de identificação. Além disso, B. bauhinioides possui a folha completamente dividida em dois folíolos, sendo a única espécie arbustiva do gênero a apresentar esse caráter. Material exaMinado: Bahia:Jacobina, A. M. Amorim et al. 1789 (CEPEC, K); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3919 (HUEFS). Piauí: local exato não especificado, “banks Gurgeia”, G. Gardner 2352 (K). Bauhinia brevipes Vogel, Linnaea 13: 307. 1839. Bauhinia bongardii Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 191. 1840. Arbusto ca. 2-3 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos. Pecíolo 3-5 mm; lâmina coriácea, 3.1-4,4 x 1,8-2,7 cm, oval, 1,5-1,8x mais longa do que larga, dividida no ápice menos de 1/4 do seu comprimento, lobos agudos, paralelos, base cordada, nervuras (7-) 9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias numerosas, ± perpendiculares às principais, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, rugosa, face abaxial densamente pubescente sobre as nervuras, tricomas ferrugíneos, tricomas glandulares numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, ligeiramente dilatados no ápice, não estriados, retos, �0 na pre-antese ca. 38-40 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 9-13 mm compr., sépalas 24-32 x 2 mm, lineares, espiraladas e torcidas na antese; pétalas brancas, 20-23 x 1-2,5 mm, lineares; estames férteis 10, ca. 25-28 mm compr.; ovário estipitado, tomentoso. Legume 10-11 x 0,9 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,4-3,2 cm; valvas lenhosas velutinas. Bauhinia brevipes é caracteristicamente uma espécie do cerrado, ocorrendo no Brasil central (estados de Mato Grosso e Goiás) e leste e nordeste do Brasil (estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais). Na caatinga, ocorre principalmente em áreas de contato caatinga-cerrado na Bahia e no Piauí, em altitudes de 500 a 1000 m. Floração: vi-viii. Frutificação: vii- viii. Esta espécie apresenta grande semelhança e pode ser facilmente confundida com B. acuruana. Os caracteres diferenciais entre estas plantas estão mencionados na discussão de B. acuruana. Dentro do domínio da caatinga, as áreas de distribuição destas duas espécies apresentam pouca sobreposição pois, enquanto B. brevipes distribui-se principalmente a oeste do rio São Francisco com apenas uma coleta em Bom Jesus da Lapa, próximo ao limite meridional da caatinga, B. acuruana distribui-se principalmente a leste do rio São Francisco, próximo aos limites dos estados da Bahia, Pernambuco e Piauí. É uma planta referida como apreciada por caprinos (fide L. Coradin 5749 in sched.). Nome vernacular: miroró (Riachão das Neves, BA). Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6351 (CEN, HUEFS, K); Malhada, T. R. S. Silva et al. 152 (HUEFS); Riachão das Neves, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4119 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et al. 5749 (CEN, K); Urandi, T. Ribeiro et al. 421 (HRB, HUEFS). Piauí: Cristiano Castro, L. P. Félix 7928 (Hst, �1 HUEFS); vale do rio Gurguéia, G. Gardner 2530 (K). Bauhinia cacovia R.Wunderlin subsp. blanchetiana R.Wunderlin, sp. e subsp. ined. Arbusto até pequena árvore de 2-3,5 m alt.; ramos jovens ± fractiflexos, curtamente pubérulos; armamento constituído por um par de espinhos nodais curtos e curvados para cima, aparentemente derivados da base da estípula, e por um acúleo (espinho ?) infranodal conspícuo, cônico, ligeiramente recurvado; gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 10-16 mm; lâmina papirácea, 5,4-7,8 x 4,1-7,2 cm, contorno subquadrado a largo- oval, 1,1-1,3x mais longa do que larga, dividida no ápice por ca. 1/3 do seu comprimento, lobos obtusos, divergentes (ângulo ca. 30°-45°), base cordada; nervuras (7-)9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial glabra, face abaxial curta e esparsamente pubérula, tricomas glandulares esparsos na face abaxial. Botões estreitamente elipsóides, não costados, constritos no ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 4,5 cm compr. Flores pareadas, supra-axilares; hipanto estreitamente infundibuliforme, ca. 7-9 mm compr.; cálice 27-35 x 11-16 mm, na antese espatáceo, oval-lanceolado; pétalas brancas, 35-40 x 7-10 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 40 mm compr., recurvados no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, densamente pubérulo. Legume (não completamente maduro) ca. 15 x 1,1 cm, linear, apiculado; estípite ca. 2 cm; valvas lenhosas, castanho-nigrescentes, curtamente pubérula. Bauhinia cacovia é um nome usado por Wunderlin para espécimes relacionados a B. forficata e B. aculeata mas, infelizmente, ainda não publicado. Apesar disso, tem sido usado em trabalhos florísticos, como é o caso das leguminosas da Bahia (Lewis, 1987) e deste trabalho. Baseado �� nos espécimes identificados por Wunderlin, duas subespécies podem ser reconhecidas, a subsp. cacovia distribuída no litoral sul da Bahia (região da mata atlântica sul-baiana) e a subsp. blanchetiana, distribuída apenas na Bahia, em caatinga e floresta estacional (“mata de cipó”). Floração: ii-iii(vi). Frutificação: iv. Intermediária entre B. aculeata e B. forficata em caracteres vegetativos, apresentando folhas maiores do que as de B. aculeata (1,8-3,5 cm compr. em B. aculeata vs. 5,4-7,8 cm compr. em B. cacovia), com indumento mais esparso (face adaxial glabra e abaxial glabrescente) e lobos mais obtusos do que arredondados. As flores aprecem em pares opositifolios mas em posição supra-axilar. O armamento é constituído por uma tríade de espinhos, dois laterais e um terceiro logo abaixo da folha. Os dois laterais poderiam ser interpretados como estípulas modificadas mas o exame de alguns espécimes revela que a lâmina da estípula e o acúleo podem estar presentes ao mesmo tempo, derivando do mesmo ponto do nó e representando, talvez, uma especialização da base da estípula. Estudos ontogenéticos seriam extremamente importantes para elucidar a natureza destas estruturas. Material selecionado: Bahia: Anagé, L. P. Félix 5204 (Hst, HUEFS); Iraquara, S. A .Mori et al. 14434 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1871 (CEPEC, HUEFS, K); Poções, S. A. Mori et al. 9510 (CEPEC, K); Santa Inês, D. A. Lima 58-2913 (K). Minas Gerais: Janaúba, L. P. Queiroz et al. 7482 (HUEFS). Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 191. 1840. Pauletia cheilantha Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math.Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 4 (2): 120. 1836. Bauhinia aromatica Ducke, An. Acad. Brasil. Ciênc. 31: 295. 1959. Arbusto 1,5-3,5 m alt.;ramos jovens densamente pubérulos, tricomas �� curtos e amarelados. Pecíolo 15-25 mm; lâmina cartácea, 6-14 x 6,2-13 cm, suborbicular, ± tão longa quanto larga, dividida no ápice por 1/3 a 1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados, ligeiramente divergentes (ângulo < 30°), base cordada, nervuras 11 (-13), salientes na face abaxial, nervuras secundárias salientes e ± perpendiculares às primárias, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa, tricomas glandulares esparsos a numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos terminais. Botões clavados, não estriados, retos, na pré-antese ca. 28-35 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 14-15 mm compr., sépalas 20-22 x 3-5 mm, lineares, reflexas na antese; pétalas brancas, ca. 45 x 20 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 30 mm compr.; ovário estipitado, tomentoso. Legume 11-13 x 1,5 cm, linear, elasticamente desicente; estípite ca. 1,5 cm; valvas lenhosas, pubérulas. Bauhinia cheilantha tem uma distribuição bicêntrica, ocorrendo no nordeste do Brasil, do Piauí e Ceará à Bahia, e do Mato Grosso ao Paraguai, geralmente associada a florestas estacionais. Na caatinga, B. cheilantha ocorre principalmente em formações mais abertas, vegetando bem sobre solos pobres e pedregosos, em altitudes de 350 a 560 m. Floração: i, viii. Frutificação: i-vii Diferencia-se das demais espécies de Bauhinia da caatinga pelas suas pétalas largas e obovais. No entanto, assemelha-se muito a B. dumosa e B. subclavata em caracteres vegetativos, todas elas apresentando folhas com lobos arredondados e revestidas por indumento tomentoso acinzentado. Em geral, B. cheilantha apresenta folhas maiores do que B. dumosa (6-14 x 6,2-13 cm em B. cheilantha e 2-3,7 x 3,2-4 cm em B. dumosa) e folhas com indumento mais denso e lobos mais profundos do que B. subclavata. Esta espécie é reputada como boa forrageira para bovinos. Nomes vernaculars: miroró, mororó, mão-de-vaca, pata-de-vaca, unha-de- RICARDO Realce RICARDO Realce RICARDO Realce �� vaca (todos usados comumente na area de distribuição da espécie), mororó- de-boi (Canudos, BA), merosa (São José dos Cordeiros, PB). Material selecionado: Alagoas: Piranhas, L. M. Cordeiro 105 (HUEFS, Xingo). Bahia: Bendegó, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1776 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6222 (HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz et al. 9054 (HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9061 (HUEFS); Ipirá, E. A. Dutra 39 (HUEFS, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3391 (HUEFS, K); Juazeiro, M. R. Fonseca et al. 1334 (ALCB, HUEFS); Marcionílio Souza, L. P. Queiroz 5704 (HUEFS); Monte Santo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4615 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al. 10063 (HUEFS); Serra Preta, H. C. de Lima et al. 3878 (K); Xique Xique, E. Ule 7542 (K). Ceará: Aiuaba, J. R. Lemos 178 (HUEFS, Uva); Quixeré, E. de O. Barros et al. 136 (EAC, HUEFS). Paraíba: Camalau, J. E. R. Collare et al. 201 (HRB, HUEFS); São José dos Cordeiros, M. R. Barbosa et al. 2351 (HUEFS). Pernambuco: Betânia, E. L. Araújo et al. 434 (PEUFR); Pombos, L. Coradin et al. 2449 (CEN, HUEFS); Serra Talhada, R. M. Harley & A. M. Giulietti 54118 (HUEFS); Sertânia, R. M. Harley & A. M. Giulietti 54176 (HUEFS). Piauí: Boa Esperança, G. Gardner 2i55 (K); Picada Grande, Ph. von Luetzelburg 362A (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1105 (K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. M. Harley et al. 54288 (HUEFS). Bauhinia dubia G.Don, Gen. Syst. 2: 463. 1832. Bauhinia nitida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 184. 1870.Brasil. 15(2): 184. 1870. Bauhinia viridiflora Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 105. 1922. Arbusto; ramos jovens glabros a glabrescentes. Pecíolo 5-15 mm; lâmina papirácea, 6-14 x 3,2-8 cm, inteira, oval, ca. 2x mais longa do que larga, ápice acuminado, base cordada a truncada, nervuras 5-7, salientes na face abaxial, nervuras secundárias salientes, face adaxial glabra, face abaxial glabra, às vezes com tricomas glandulares esparsos nas áreas intervenais. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, não estriados, RICARDO Realce �� retos, na pré-antese ca. 70 mm compr. Flores com hipanto curto-cilíndrico, 10 mm compr.; sépalas 35-40 x 2 mm, lineares, retorcidas e espiraladas na antese; pétalas brancas, ca. 20 x 1 mm, lineares; estames férteis 10, 34-40 mm compr.; ovário estipitado, glabro, com tricomas glandulares esparsos. Fruto ca. 14 x 1,2 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite ca. 3,5 cm; valvas lenhosas, glabras. Ocorre principalmente na região meio-norte, do leste do Pará ao Ceará e, para o sul, ao oeste de Pernambuco, sudeste do Piauí e norte de Tocantins. É principalmente uma espécie de cerrado e florestas estacionais, apenas ocasionalmente ocorrendo em caatinga sobre solo arenoso, em altitudes de 350 a 560 m. Floração: i-iii. Frutificação: v. Bauhinia dubia é uma espécie de reconhecimento relativamente fácil pelas suas folhas papiráceas, glabras, mais longas do que largas e com ápice inteiro e acuminado. Nome vernacular: mororó-da-folha-inteira (Crateús, CE, fide F.S.Araújo 1397) Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, M. L. S. Guedes et al. 6796 (ALCB, HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1397 (EAC, HUEFS). Piauí: Piracuruca, A. Carvalho & C. G. Lopes 101 (HUEFS, TEPB). Bauhinia dumosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 194. 1870.Brasil. 15(2): 194. 1870. var. dumosa Arbusto 1,5-1,7 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, tricomas curtos, acinzentados. Pecíolo 7-20 mm; lâmina cartácea, 2-3,7 x 3,2-4 cm, largamente oval a suborbicular, ± tão longa quanto larga, dividida no ápice por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados, �� divergentes (ângulo ca. 30°), base cordada, nervuras 7-9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias salientes e ± perpendiculares às primárias, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa, tricomas glandulares numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, discretamente estriados. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 16 mm compr.; sépalas ca. 26 x 2-4 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas; pétalas brancas, lineares; estames férteis 10, 22- 30 mm compr.; ovário estipitado, densamente pubérulo. Legume (descrito a partir de material de Goiás) 10-11,6 x 0,9 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2-2,2 cm; valvas lenhosas, velutinas. Bauhinia dumosa ocorre esporadicamente em Goiás e na Bahia. Aparentemente é sempre uma planta rara, ocorrendo sempre em pequenas populações em cerrado e caatinga. Floração: vii-viii. Frutificação: ? Esta espécie parece ser mais relacionada a B. subclavata e B. pulchella, apresentando as folhas com tamanho e forma semelhantes às da segunda mas com o indumento mais característico da primeira. É possível que se trate de um híbrido natural entre estas espécies. Material selecionado: Bahia: Juazeiro, K. F. P. von Martius s. n., s. d. (“in sylvis ad fl. S. Franc. prope Juazeiro in Prov. Bahia, inundatis”; foto do síntipo de M: K); Queimadas, K. F. P. von Martius s. n., s. d. (“Habitat in sylvis catingas interiores Prov. Bahia ad Queimadas” foto do síntipo de M: K); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3469 (HUEFS, K); Remanso, T. S. Nunes et al. 677 (HUEFS). Bauhinia forficata Link, Enum. Pl. Hort. Berol. 1: 404. 1821. Árvore de 3-7 m alt., copada; ramos jovens não fractiflexos, glabros; armamento constituído por um par de espinhos nodais curtos e curvados para cima, aparentemente derivados da base da estípula, e por um �� espinho infranodal conspícuo, cônico, ligeiramente recurvado; gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 8-16 mm; lâmina papirácea, 7,5-13 x 5-7,8 cm, contorno elíptico, 1,5-1,8x mais longa do que larga, dividida no ápice até 1/4 do seu comprimento, lobos agudos, paralelos, base truncada a ligeiramente cordada, nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias ramificadas, formando um ângulo de ca. 45° com as principais, face adaxial glabra, face abaxial glabra exceto por tricomas esparsos sobre as nervuras. Botões estreitamente elipsóides, 5-costados, constritos no ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 5 cm compr. Flores pareadas, supra-axilares; hipanto estreitamente infundibuliforme, 8-9 mm compr.; cálice verde-amarelado, 45-48 x 14-16 mm, espatáceo, oval-lanceolado; pétalas brancas, ca. 60 x 6 mm, oblanceoladas; estames férteis 10, ca. 77 mm compr., recurvados no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro mas com tricomas glandulares densos. Legume 22-24 x 3- 4,5 cm, linear; estípite 3-4,5 cm; valvas lenhosas, nigrescentes, glabras. Espécie arbórea relativamente bem distribuída em mata atlântica e florestas estacionais do leste do Brasil. Na caatinga tem sido raramente coletada, especialmente na região sudeste da Bahia, próximo à cidade de Jequié, e no Piauí, em altitude de ca. 320 m. Floração: x-xii. Frutificação: x-iii. Pode ser diferenciada das demais espécies de Bauhinia da caatinga pelos lobos das folhas agudos e relativamente curtos (geralmente menores do que 1/4 do comprimento total da lâmina). Das espécies mais afins (B. aculeata e B. cacovia), pode ser diferenciada por, além dos caracteres já mencionados, apresentar folhas, flores e frutos significativamente maiores. Nome vernacular: miroró ( Jequié, BA). Material selecionado: Bahia: Itaberaba, L. P. Queiroz et al. 9815 (HUEFS); Jequié, G. P. Lewis el al. 984 (CEPEC, K). Piauí: Esperantina, E. A. Franco 170 (HUEFS, TEPB). �� Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 992. 1840. Pauletia pentandra Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 4 (2): 126. 1836. Bauhinia heterandra Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 196. 1870. Arbusto ca. 2-3 m alt., virgado, às vezes escandente; ramos jovens curtamente pubérulos, armados em cada nó por um par de espinhos estipulares cônicos, ligeiramente recurvos, acúleo infranodal ausente; gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 11-20 mm; lâmina cartácea a coriácea, verde-azulada, 5-10,5 x 2,5-6,4 cm, o contorno geralmente obtrapezoidal com 1/3 inferior ligeiramente pandurado, largamente elípticos, ca. 1,5-2x mais longos do que largos, dividida por ca. 2/3-3/4 do seu comprimento, lobos oblongos, estreitamente arredondados no ápice, divergentes (ângulo ca. 60°), base truncada a ligeiramente cordada, nervuras 9, discolores na face adaxial, salientes na face abaxial, nervuras secundárias salientes, fortemente ramificadas, deixando a face abaxial reticulada, face adaxial glabra, face abaxial glabra, raramente pubérula. Botões subclavados, 5-costados a 5-alados, em pré-antese dilatados no ápice, curvados para cima e medindo ca. 6,5 cm compr. Flores pareadas, supra-axilares, geralmente aparecendo no meio do internó; hipanto cilíndrico, estriado, 21-25 x 6 mm; cálice 37-45 mm, na antese dividido em 2-4 segmentos, sépalas individuais geralmente corniculadas no dorso próximo ao ápice; pétalas verde-esbranquiçadas, ca. 22 x 0,5 mm, lineares, esparsamente barbadas na base; androceu dimórfico, estames férteis 5, ca. 40 mm compr., curvados para cima no ápice; estaminódios 5, ca. 2/3 do comprimento dos estames, sem anteras ou com anteras atrofiadas; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro. Legume 15-16,5 x 1,5-1,7 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 3,5-4 cm; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. �� Distribuída principalmente no nordeste do Brasil, dos estados do Piauí a Ceará até a Bahia e norte de Minas Gerais, no Brasil central (Mato Grosso e Goiás) até o estado de São Paulo. É uma planta encontrada associada a vegetação sujeita a secas sazonais, como é o caso da caatinga e de florestas estacionais, mas comumente ocorre em áreas alagáveis dentro destes ambientes. No domínio da caatinga, ocorre em diferentes fisionomias tanto sobre solo arenoso quanto argiloso, a altitudes de 220 a 45o m. Floração: i-ii. Frutificação: i-iv. Bauhinia pentandra é relativamente fácil de ser reconhecida dentre as espécies arbustivas pelas suas folhas glaucas relativamente grandes, profundamente divididas com lobos oblongos e divergentes, além das flores com androceu dimórfico apresentando 5 estames férteis alternos a 5 estaminódios com filetes mais curtos e anteras ausentes ou atrofiadas. Esta planta é referida como boa forrageira para caprinos e bovinos que pastam suas folhas e frutos jovens (fide Nascimento 425 in sched.). Nomes vernaculares: mororó-de-bode, pé-de-bode, embira-de-bode (todos registrados no Piauí). Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6710 (HUEFS, MAC). Bahia: Barra do Mendes, M. V. O. Moraes 172 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21548 (CEPEC, K); Casa Nova, K. R. B. Leite et al. 395 (HUEFS); Ibiraba, L. P. Queiroz 4892 (HUEFS, SPF); Ipupiara, M. L. S. Guedes et al. 7942 (ALCB, HUEFS); Morpará, M. L. S. Guedes et al. 7775 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6596 (HUEFS); Santana, L. P. Queiroz et al. 6018 (HUEFS); Serra do Ramalho, J. G. Jardim et al. 3446 (CEPEC, HUEFS); Sobradinho, L. Coradin et al. 5984 (CEN, HUEFS, K). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1411 (EAC, HUEFS); Icó, G. Gardner 1565 (lectótipo de Bauhinia heterandra Benth.: K); Quixadá, A. Gentry et al. 50211 (K). Minas Gerais: Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7518 (HUEFS). Pernambuco: Buíque, E. Inácio et al. 48 (K, PEUFR). Piauí: Oeiras, g. Gardner 2156 (K); Picos, G. Eiten & L. T. RICARDO Realce 100 Eiten 10837 (K); São João do Piauí, M. S. B. Nascimento 425 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1158 (CEPEC, K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. Silva 1469 (HUEFS, Xingo). Bauhinia pulchella Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 190, tab. 49. 1870.Brasil. 15(2): 190, tab. 49. 1870. Bauhinia pulchella var. parvifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 190. 1870.Brasil. 15(2): 190. 1870. Arbusto 1,5-3 m alt., ± virgado, ramificação aberta; ramos jovens glabros, geralmente cerosos. Pecíolo 4-10 mm; lâmina cartácea, 2-3,5(-4,1) x 3,2- 3,9 cm, suborbicular a depressamente suborbicular, tão ou mais larga do que longa, dividida no ápice por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados, divergentes (ângulo ca. 30°), base cordada; nervuras 7, discolores na face adaxial, pouco salientes na face abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial glabra, glauca, face abaxial glabra exceto ocasionalmente por tricomas curtos, esparsos e ferrugíneos sobre as nervuras, tricomas glandulares numerosos na face abaxial. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, discretamente estriados, em pre-antese com ápice curvado para cima, medindo ca. 3,5-5,5 cm compr. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 12-15 mm compr.; sépalas ca. 36-55 x 1,5 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas; pétalas brancas, ca. da metade do comprimento das sépalas, ca. 0,5 mm larg., lineares; estames férteis 10, 40-70 mm compr.; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabrescente mas com tricomas glandulares densos. Legume 7-8,5 x 0,8 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 3,5 cm; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Bauhinia pulchella ocorre principalmente em cerrado, campos e campos rupestres do Brasil Central, Pará, Rondônia e Nordeste até Minas Gerais. Na caatinga ocorre principalmente sobre serras e em áreas de contato com cerrado nos estados da Bahiae do Piauí, em altitudes de 500 a 1000 m. RICARDO Realce 101 Floração: ii-viii. Frutificação: iii-vi. Esta espécie é facilmente diferenciada das demais espécies arbustivas e inermes da caatinga pelas suas folhas glabras e glaucas, relativamente pequenas, nervuras secundárias inconspícuas, flores relativamente maiores e frutos mais estreitos. Planta referida como pastejada por asininos, caprinos, bovinos e ovinos que comem as folhas e frutos jovens tanto na estação seca quanto na chuvosa (fide Nascimento 1080 in sched.). Nomes vernaculares: mororó-de-bode (Ceará e Piauí), miroró, pata-de- cabra (ambos em Campo Alegre de Lourdes, BA), pata-de-bode (Gentio do Ouro, BA), catingueira (Crateús, CE) Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 3087 (HUEFS, K, SPF); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6178 (HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6064 (CEN, HUEFS); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16858 (CEPEC, K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7864 (ALCB, HUEFS); Remanso, L. Coradin et al. 5942 (CEN, K); Rio de Contas, A. M. Giulietti et al. 2020 (HUEFS); Santo Inácio, E. Ule 7209 (K); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2897 (K); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5243 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et al. 416 (HRB, HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 220 (EAC, HUEFS); Crateús, F. S. Araújo 1563 (EAC, HUEFS); Serra da Meruoca, A. Fenandes s.n. (EAC, HUEFS 80711). Piauí: Correntes, L. Coradin et al. 5813 (CEN, HUEFS, K); Oeiras, G. Gardner 2150 (K). Bauhinia subclavata Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 188. 1870.Brasil. 15(2): 188. 1870. Arbusto 1,5-3 m alt.; ramos jovens pubérulos, raramente glabros. Pecíolo 20-33 mm; lâmina cartácea, 8-13 x 7-10 cm, suborbicular, ± tão ou larga quanto longa, dividida no ápice por ca. 1/4 do seu comprimento até quase inteira, lobos largamente arredondados, pouco divergentes (ângulo < RICARDO Realce RICARDO Realce 10� 30°), base truncada e ligeiramente cordada, nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias salientes e geralmente perpendiculares às principais, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, face abaxial curtamente tomentosa até glabrescente. Pseudoracemos terminais longamente exsertos. Botões cilíndricos, no ápice dilatados e 5-costados até 5-alados. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 11 mm compr.; sépalas ca. 25 x 2 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas; pétalas brancas, ca. da metade do comprimento das sépalas, ca. 1 mm larg., lineares; estames férteis 10, 30 mm compr.; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, pubérulo. Legume 11-19 x 1,1-1,7 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,6-4,5 cm; valvas lenhosas, pubérulas a glabras, nigrescentes a castanhas. Conhecida principalmente na caatinga setentrional, distribuindo-se do Piauí até o Rio Grande do Norte e, para o sul, até a região limítrofe entre os estados de Pernambuco e Alagoas, estendendo-se para oeste até o Maranhão. Na Bahia é conhecida por poucas coletas na região do médio São Francisco (Bom Jesus da Lapa a Ibotirama). Ocorre em caatinga sobre solo arenoso e área de contato caatinga-cerrado, em altitudes de 200-250 m. O material abaixo referido para o estado da Bahia necessita ser melhor estudado e pode pertencer a outro táxon afim a esta espécie. Floração: iv-vi (-viii). Frutificação: iv-viii. Bauhinia subclavata é reconhecida principalmente pelos botões florais dilatados no ápice, fortemente costados até estreitamente alados no ápice. Na ausência de flores é difícil separá-la de B. cheilantha (ver discussão sob essa espécie). Por outro lado, apresenta grande variação nos atributos foliares, especialmente no indumento e na extensão dos lobos. É possível que um estudo mais detalhado das plantas de caatinga resulte no reconhecimento de mais de uma espécie. Wunderlin (in sched.) identificou um espécime relacionado a B. subclavata (R. M. Harley et al. 16521) como B. bonfimensis, 10� Figura 13 A: Bauhinia pulchella (1 - hábito; 2 - flor; 3 - corte longitudinal 10� um táxon ainda inédito. Planta referida como boa forrageira para diferentes tipos de animais (fide M. S. B. Nascimento in sched.). Nomes vernaculares: miroró (geral), mororó-de-boi, mororó-da-chapada, embira-de-bode (todos no Piauí), pata-de-vaca (Itatim, BA). Material selecionado: Bahia: Ibotirama, L. Coradin et al. 6594 (CEN, HUEFS, K); Itatim, E. Melo et al. 1560 (HUEFS); Pilão Arcado, L. Passos et al. 400 (ALCB, HUEFS); Senhor do Bonfim, K. R. B. Leite et al. 410 (HUEFS); Tucano, D. Cardoso 158 (HUEFS). Pernambuco: Pesqueira, M. Correia 436 (HUEFS). Piauí: Castelo do Piauí, M. E. Alencar 1089 (K); Colônia do Piauí, F. G. Alcoforado f. (K); Corrente, M. S. B. Nascimento 528 (K); Gilbués, L. Coradin et al. 5854 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2154 (tipo de B. subclavata: K, foto HUEFS); Padre Marcos, M. E. Alencar 244 (HUEFS, TEPB); São Braz do Piauí, L. P. Queiroz et al. 10090 (HUEFS); Serra Branca, E. Ule 7162 (K). Phanera Lour. Lianas inermes, gavinhas axilares ou na base da inflorescência. Folhas geralmente simples, bilobadas ou inteiras, 5-11-nervadas, mais raramente divididas em dois folíolos. Inflorescências espigas ou racemes terminais. Flores pentâmeras; hipanto curto; cálice campanulado a urceolado, lacínias mais curtas do que o tubo; pétalas brancas ou róseas, estandate indiferenciado ou diferenciado; androceu diplostêmone, 10 estames férteis; ovário séssil, 1-5-ovulado. Fruto oblongo a elíptico, indeiscente ou com deiscência elástica, valvas coriáceas a lenhosas. Phanera inclui 120-130 espécies distribuídas no Novo Mundo, sul da Ásia e Malásia. Foi tratado como um subgênero de Bauhinia por Wunderlin et al. (1987) e na maioria dos herbários e trabalhos florísticos tem suas espécies RICARDO Realce 10� tratadas como Bauhinia. É possível que estudos filogenéticos que incluam uma maior representatividade de táxons do Novo Mundo revelem que as espécies de Phanera deste hemisfério devam ser classificadas no gênero Schnella, atualmente considerado como sinônimo de Phanera (Lewis et al. 2005). Phanera assemelha-se a Bauhinia pelas folhas bilobadas com nervação palminérvia podendo ser diferenciado pelo hábito de liana com gavinhas (vs. arbustos ou árvores) e pelas flores com hipanto predominantemente campanulado (vs. estreitamente cilíndrico). Chave para as espécies de Phanera da caatinga 1. Botões florais com 3-5 mm compr., ovóides, terminando em ápice inteiro e obtuso; frutos achatados, papiráceos, com uma só semente 2. Flores sésseis; folhas divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, com indumento denso e ferrugíneo na face abaxial ... P. microstachya 2. Flores pediceladas; folhas divididas por mais de 2/3 do seu comprimento até bifolioladas, glabras ...............................P. flexuosa 1. Botões florais com 8-12 mm compr., obcônicos, abruptamente constritos em uma coroa de 5 lacínias; frutos lenhosos a papiráceos com mais de 2 sementes 3. Folhas divididas por até 1/3 do seu comprimento, os lobos resultantes largamente arredondados e face abaxial glabra exceto sobre as nervuras de maior porte; pétalas rosa-choque P. trichosepala 3. Folhas divididas por mais da metade do seu comprimento até bifolioladas, o ápice dos lobos (ou dos folíolos) acuminados e face abaxial densamente seríceo-ferrugínea; pétalas brancas .............. P. outimouta 10� Phanera flexuosa (Moric.) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 6. 2006. Bauhinia flexuosa Moric., Pl. nouv. Amér. 6: 80, tab. 53. 1840. Schnella flexuosa (Moric.) Walp.Walp., Repert. Bot. Syst. (Walpers) 5: 572. 1846.1846. Liana escandendo a 3,5-5 m; ramos glabros; gavinhas geralmente axilares nas folhas da base da inflorescência. Pecíolo 6-15 mm; lâmina coriácea, 1,7-4,2x 1,9-5,1 cm, ligeiramente mais largas do que longas, profundamente bilobadas por mais da metade do comprimento até bifolioladas, lobos arredondados, paralelos ou divergentes; base profundamente cordada; nervuras 7, discolores em ambas as faces, nervação de menor porte reticulada. Racemos laxos, axilares ou terminais; pedicelo 3-7 mm compr. Botões ovóides, obtusos. Flores com cálice campanulado, tubo ca. 1,5 mm, lacínias 1,5-3,5 mm compr; pétalas brancas, 3-5 x 3-4 mm, obovais; estames férteis 10, brancos; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 1- ovulado. Fruto indeiscente (ou tardiamente deiscente ?), séssil, oblongo- elíptico, 1,7-2,5 x 0,9-1,3 cm, glabro, papiráceo. Phanera flexuosa é conhecida principalmente de caatinga e florestas estacionais no nordeste do Brasil e de algumas coletas antigas (final do século XIX) do Rio de Janeiro. Ocorre principalmente em caatinga arbórea do Piauí ao sul da Bahia, sendo mais comum nos limites meridionais da caatinga, entre Bom Jesus da Lapa e Brumado (estado da Bahia), em altitudes de 300 a 450 m. Floração: xii-iii. Frutificação: i-iv. Dentre as espécies de Phanera, P. flexuosa é de fácil reconhecimento pela combinação de flores pequenas, alcançando no máximo 5 mm compr., pediceladas e frutos também relativamente pequenos (até 2,5 cm compr.). Apresenta maior afinidade com P. microstachya da qual se distingue pelos folíolos glabros e profundamente divididos, lobos amplamente arredondados, além das características já referidas. 10� As flores são referidas como fortemente perfumadas e visitadas por abelhas e borboletas (fide Lewis 1148 in sched.). Nomes vernaculares: escada-de-macaco-da-catinga (Bahia), cipó-de-mixla (Piauí), miroró (Boquira, BA, nome comumente usado para várias espécies de Bauhinia). Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21551 (CEPEC, K); Boquira, H.P.Bautista et al. 861 (HRB, HUEFS); Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2645 (CEPEC, K); Caetité, B.L.Stannard et al. PCD 5313 (ALCB, HUEFS, K); Don Basílio, L.P.Queiroz et al. 7070 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, E.B.Miranda et al. 329 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1878 (CEPEC, K); Morpará, M.L.S.Guedes & D.P.Filho 7843 (ALCB, HUEFS); Remanso, T.S.Nunes et al. 676 (HUEFS); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2853 (síntipo de Bauhinia flexuosa: K, foto HUEFS). Piauí: s.l., entre Boa Esperança e Santana das Mercês, G. Gardner 2157 (síntipo de Bauhinia flexuosa: K, foto HUEFS); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1148 (K). Phanera microstachya (Raddi) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 6. 2006. Schnella microstachya Raddi, Mem. Mat. Fis. Soc. Ital. Sci. Modena, Pt. Mem. Fis. 18: 411. 1820. Bauhinia langsdorffiana Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 4 (2): 109. 1836.1836. Bauhinia bahiensis Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 4 (2): 114. 1836. Bauhinia langsdorffiana var. bahiensis (Bong.) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2):Brasil. 15 (2): 204. 1870. Bauhinia microstachya (Raddi) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22. 1919. Bauhinia microstachya var. bahiensis (Bong.) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22. 1919. 10� Liana, ramos jovens longitudinalmente estriados, densamente velutinos, ferrugíneos; gavinhas localizadas próximo ou acima do meio do pedúnculo da inflorescência. Pecíolo 1,5-10 mm; lâmina coriácea, 2,4-5,4 x 2,6-3 cm, muito variáveis em forma e grau de divisão dos lobos, o contorno desde oval, ca. 2x mais longo do que largo, até sub-retangular, ca. 1,5x mais longo do que largo, lobos de 1/5 a ca. 1/2 do comprimento da lâmina, obtusos a estreitamente arredondados, paralelos ou ligeiramente divergentes; base ligeiramente cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras de menor porte inconspícuas; face adaxial glabrescente, nítida e rugosa, face abaxial velutina, tricomas ferrugíneos. Espigas laxas terminais, tendendo a se agrupar em panículas no ápice dos ramos. Botões ovóides, obtusos. Flores com cálice campanulado, tubo ca. 2 mm, lacínias ca. 3 mm compr; pétalas brancas, ca. 6 mm compr., obovais; estames férteis 10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 1-ovulado. Fruto indeiscente, séssil, oblongo, 4-4,5 x 1,5 cm, papiráceo, indumento velutino, ferrugíneo. Phanera microstachya ocorre principalmente de florestas úmidas, presente tanto na Amazônia quanto na mata atlântica. Na região de domínio da caatinga, é encontrada em áreas de transição com as florestas litorâneas, em formações conhecidas como matas de cipó e, mais raramente, em algumas áreas de caatinga arbórea, em altitudes próximas a 900 m. Floração: ii-v. Frutificação: v. Esta espécie é muito variável na forma e dimensões das folhas e é possível que um estudo mais detalhado de sua variação revele que mais de uma espécie esteja camuflada em sua variação. No contexto das espécies de Phanera da caatinga, apresenta maior afinidade com P. flexuosa da qual difere principalmente pelas flores sésseis e folhas com indumento velutino e ferrugíneo na face abaxial. Além disso, as folhas são lobadas a até metade do seu comprimento enquanto B. flexuosa tem folhas com lobos alcançando 2/3 ou mais do comprimento total da folha. 10� Material selecionado: Bahia: s.l., S. J. Blanchet 1721 (K); Encruzilhada, A. M. de Carvalho et al. 6962 (CEPEC, HUEFS); Itiruçu, J. A. de Jesus & T. S. dos Santos 438 (CEPEC, K); Lajedo do Tabocal, L. C. Sena et al. 14 (HUEFS); Maracás, S. A. Mori & T. S. dos Santos 11787 (CEPEC, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 31164 (K). Paraíba: Itapororoca, L. P. Félix 7122 (Hst, HUEFS). Phanera outimouta (Aubl.) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 7. 2006. Bauhinia outimouta Aubl., Hist. Pl. Guiane 1: 375, t. 144. 1775. Bauhinia rubiginosa Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 4 (2): 112. 1836. Liana, ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos. Estípulas reniformes, 6-8 x 7-10 mm. Pecíolo 25-42 mm; lâmina coriácea, largamente oval, um pouco mais longa do que larga, dividida por mais da metade de seu comprimento até bifoliolada, medindo 8-8,5 x 7-7,2 cm, quando bifoliolada os folíolos medindo 7,5-9 x 3-3,5 cm; lobos acuminados, divergentes (ângulo ca. 30°); base cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras de menor porte inconspícuas; face adaxial glabra e nítida, face abaxial serícea, ferrugínea. Espigas densas axilares ou terminais. Botões obcônicos, constritos e 5-apendiculados no ápice. Flores com cálice ± urceolado, estriado, truncado, 6-7 mm compr., lacínios 3-4 mm compr; pétalas brancas, 10-14 x 5-8 mm, obovais, unguiculadas; estames férteis 10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 4-5-ovulados. Legume elasticamente deiscente, séssil, oblongo-linear, ca. 8 x 2,4 cm; valvas lenhosas revestidas por indumento pubérulo e ferrugíneo. Phanera outimouta é uma espécie mais característica de florestas úmidas, ocorrendo desde a região amazônica até a mata atlântica e em matas ciliares do Brasil central. Na região de domínio da caatinga é encontrada principalmente em matas ciliares e áreas de contato com vegetação florestal 110 de condições mais úmidas, especialmente nos estados do Ceará e Paraíba, em altitudes de ca. 600 m. Floração: ix-x. Frutificação: ix. No contexto das espécies de caatinga, P. outimouta possui maior afinidade com P. trichosepala, da qual se diferencia pelas folhas mais profundamente lobadas com lobos acuminados e face abaxial serícea e ferrugínea, além das flores com pétalas brancas. Ambas essas espécies apresentam a pétala adaxial bem diferenciada, com consistência carnosa e ungüículo dobrado formando um canal que pode representar um guia de néctar. Dessa forma, essapétala pode desempenhar um papel no posicionamento de visitantes florais que podem atuar como polinizadores efetivos. Nome vernacular: cipó-de-escada (Mulungu, CE). Material selecionado: Bahia: Brotas de Macaúbas, L. Coradin et al. 8545 (CEN, HUEFS). Ceará: Crato, G. Gardner 1566 (K); Mulungu, A. S. F. Castro s.n. (EAC, HUEFS 80692). Serra do Baturité, E. Ule 9052 (K). Paraíba: Areias, V. P. B. Fevereiro M57 (K). Phanera trichosepala L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 7. 2006. Liana, alcançando ca. 7-10 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos; gavinhas axilares nas folhas da base da inflorescência. Estípulas setáceas. Pecíolo (6-) 21-26 mm; lâmina 4,4-6 x 5,4-8 cm, cartácea, suborbicular, um pouco mais larga do que longa, dividida por 1/4 - 1/3 de seu comprimento; lobos amplamente arredondados, divergentes (ângulo ca. 30°); base fortemente cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras de menor porte ± reticuladas, face adaxial glabrescente e rugosa, face abaxial glabrescente exceto tricomas velutinos e ferrugíneos sobre as nervuras maiores. Espigas densas, terminais. Botões obcônicos, constritos e 5-apendiculados no ápice. Flores com cálice largamente cilíndrico, estriado, truncado, ca. 6 mm compr., lacínias ca. 2 mm compr; 111 pétalas rosa-choque, ca. 25 x 10 mm, obovais, unguiculadas; estames férteis 10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 4-5-ovulado. Legume indeiscente, estipitado, elíptico-linear, ca. 16 x 4,6 cm, coriáceo, glabro e nigrescente. Phanera trichosepala ocorre em caatinga arbórea e matas estacionais, principalmente sobre solos mais ricos, muitas vezes associada a regiões próximas a afloramentos calcáreos e altitudes de 800 a 1000 m. Floração: iii-v. Frutificação: iv-vii. O nome Bauhinia trichosepala foi proposto por Wunderlin mas nunca publicado. Esse nome tem sido usado desde a década de 1980 em espécimes de herbário e trabalhos florísticos (e.g. Lewis 1987). É uma planta extremamente decorativa, especialmente pelas suas belas flores de coloração rosa brilhante. A cor da flor já permite reconhecer esta espécie dentre as demais de Phanera da caatinga, pois todas as demais tem pétalas brancas. Plantas do sudoeste da Bahia tem as flores visitadas por várias espécies de borboletas (Queiroz 5990 in sched.). Nomes vernaculares: escada-de-macaco (Itaberaba, BA), mororó (Casa Nova, BA) Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1754 (HUEFS, K, SPF); Andaraí, A. M. Giulietti & R. M. Harley 2082 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6353 (CEN, K); Casa Nova, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS 1506); Encruzilhada, R. P. Belém 3625 (K); Formosa do Rio Preto, R. M. Harley et al. 53782 (HUEFS); Ibotirama, T. S. dos Santos 1592 (CEPEC, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3045 (HUEFS, K); Itaberaba, L. P. Queiroz et al. 10725 (HUEFS); Morro do Chapéu, R. M. Harley et al. 19397 (CEPEC, K); Ruy Barbosa, D. Cardoso 281 (HUEFS); Santa Maria da Vitória, L. P. Queiroz et al. 5948 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, E. Melo et al. 2743 (HUEFS); Santana, L. P. Queiroz et al. 5990 (HUEFS); Saúde, M. L. S. Guedes et al. PCD 2901 11� (ALCB, HUEFS); Utinga, G. P. Silva et al. 3618 (CEN, HUEFS). Minas Gerais: s.l., BR 122 próx. trevo para Coronel Enéas, G. Hatschbach et al. 61845 (HUEFS, MBM). Goniorrhachis Taub. Gênero monoespecífico, conhecido apenas da Bahia e norte de Minas Gerais, em caatinga e florestas estacionais. Goniorrhachis tem um relacionamento ainda mal resolvido com outros gêneros da subfamília Caesalpinioideae mas, morfologicamente, parece muito relacionado ao gênero Brodriguesia (da mata atlântica do sul da Bahia), com o qual compartilha as flores com hipanto alongado, cálice com 4 sépalas e ovário adnado à porção lateral do hipanto. É possível que estudos futuros revelem que são co-genéricos. Goniorrhachis marginata Taub., Flora 75: 77. 1892. Goniorrhachis marginata var. bahiana R.S.Cowan, Brittonia 33: 14. 1981, syn. nov. Árvore 9-15(-30) m alt., copada; tronco 10-50 cm DAP, com casca lisa, cinza-escura; ramos geralmente aparecendo anualmente a partir de gemas terminais ou subterminais peruladas, os profilos persistentes na base dos rebrotos, ramos floríferos então marcadamente diferenciados em uma parte distal folhosa, acastanhada, pubescente, com lenticelas brancas, e uma porção proximal acinzentada, glabra, geralmente áfila, com lenticelas amarrozadas. Estípulas não observadas. Folhas dísticas, sem nectários extraflorais; pecíolo 12-14 mm compr.; raque 1,7-2,6 cm; folíolos 2 pares, opostos, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente ou eqüilongos, os distais 49-85 x 22-35 mm, 2-2,5x mais longos que largos, falcadamente ovais a lanceolados, ápice obtuso, base fortemente ineqüilateral, fortemente cordada no lado externo, obtusa no interno, margens crenadas e onduladas, 11� glabros, nervura principal fortemente excêntrica, saliente em ambas as faces, nervuras secundárias e terciárias salientes e reticuladas em ambas as faces, pontuações translúcidas ausentes. Panículas terminais, 8-11 cm, às vezes com folhas reduzidas nos nós, o eixo principal fractiflexo, com 4-7 espigas dispostas disticamente, as espigas basais com 3-5,5 cm, também com eixo fractiflexo e 5-9 flores com disposição dística; flores sésseis com brácteas e bractéolas persistentes na base da flor formando uma estrutura caliciforme, às vezes parecendo pediceladas pela redução dos eixos da espiga a 1 flor na base da panícula. Botão claviforme, ca. 10 x 4 mm na pré- antese. Flores perfumadas, pentâmeras, actinomorfas, ca. 15 mm diâm.; hipanto infundibuliforme, ca. 5 x 3 mm; sépalas 4, reflexas na antese, 5-6 x 3-4 mm, externamente puberulentas, internamente glabras, fortemente imbricadas; pétalas brancas, 9-11 x 3-6 mm, obovais a oblanceoladas; estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos com filetes glabros de ca. 11 mm compr., anteras deiscentes por fendas laterais, oblongas, ca. 2 mm compr.; disco ausente; ovário 10-13-ovulado, posicionado lateralmente no ápice do hipanto pela adnação do estípite ao hipanto, cilíndrico, ca. 4-5 mm compr., viloso em toda a superfície ou apenas nas mergens, tricomas brancos. Legume 5,5-8,5 x 2,2-2,7 cm, oblongo, oblongo-linear ou largamente elíptico, fortemente compresso, sutura espessada, costada, ápice mucronado, estipitado, estípite 3-5 mm; valvas rígido-coriáceas, pubescentes, marrons. Sementes 1-3, ± triangulares, planas, fortemente compressas, 21-23 x 20 mm. Goniorhachis marginata é conhecida da região centro-sul da Bahia e norte de Minas Gerais. Ocorre em florestas estacionais e caatinga, especialmente caatinga arbórea sobre solos mais ricos e na margem de rios temporários, em altitudes de 240-670 m. Floração: ii-iii. Frutificação: iv-vi(-ix). É uma espécie taxonomicamente isolada e bem distinta das demais Caesalpinioideae de caatinga, principalmente pelo seu hipanto longo 11� e infundibuliforme com o ovário lateralmente posicionado no seu ápice pela adnação do estípite, dando à flor um aspecto semelhante ao de muitas Connaraceae. O tipo de G. marginata foi citado por Taubert (1892) como procedente do Rio de Janeiro e é esta a localidade que consta no espécime (Glaziou 13726). No entanto, em sua lista, Glaziou faz referência ao local de coleta desta planta como Serra da Babilônia, em Minas Gerais, de onde é mais provável que este material seja originado dada a distribuição modernamente conhecida. Cowan (1981) publicou uma nova variedade (var. bahiana) baseado em diferenças no porte e no indumento do ovário, caracteres que apresentam muita variação local, razão pela qual optamos por tratá-las como sinônimos. Esta planta é potencialmente uma grandeárvore e um dos remanescentes da flora de caatinga arbórea, hoje muito degradada. As plantas coletadas em caatinga florescem massivamente após as chuvas e suas flores perfumadas são visitadas por abelhas dos gêneros Centris e Apis (fide Lewis 1909 in sched.). Nomes vernaculares: itapicuru, itapicuru-preto. Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach & J. M. Silva 50495 (K, MBM); Castro Alves, Scardino in Grupo Pedra do Cavalo 1129 (ALCB, K); Itatim, F. França et al. 1855 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1909 (CEPEC, K); Paratinga, G. Hatschbach et al. 61892 (K, MBM); Santa Terezinha, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3857 (HUEFS). Minas Gerais: Januária, J. A. Ratter et al. 3237 (K); Monte Azul, G. Hatschbach et al. 64990 (HUEFS, MBM); Serra da Babilônia (como “environs of Rio de Janeiro”), A. Glaziou 13726 (tipo de G. marginata; isótipo: K). Peltogyne Vogel 11� Gênero americano com 23 espécies distribuídas do México e Antilhas até o sudeste do Brasil, a maioria na Amazônia (Silva 1976). Peltogyne é representado na caatinga por apenas uma espécie, P. pauciflora. Silva (1976: 12) indica duas espécies para a caatinga, P. catingae Ducke e P. pauciflora. No entanto, ao fazer esta afirmação a autora está igualando dois tipos de vegetação completamente diferentes, as caatingas do nordeste brasileiro, onde ocorre P. pauciflora, e as catingas amazônicas, onde ocorre P. catingae. P. confertiflora (Hayne) Benth. é uma espécie que ocorre no oeste da Bahia e sul do Piauí, mas sempre associada ao bioma cerrado, não sendo, portanto, incluída neste trabalho. Peltogyne pauciflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 234. 1870.Brasil. 15 (2): 234. 1870. Cynometra glaziovii Taub., Flora 75: 76. 1892.1892. Peltogyne glaziovii (Taub.) Dwyer, Ann. Missouri Bot. Gard. 45: 342. 1958.Missouri Bot. Gard. 45: 342. 1958. Arbusto ou arvoreta (1-)3-6 m alt., ramificado desde a base; ramos geralmente aparecendo anualmente a partir de gemas terminais ou subterminais peruladas, os profilos persistentes na base dos rebrotos, então densamente velutinos com tricomas ferrugíneos. Estípulas ca. 6 x 1,5 mm, oblongo-lineares, precocemente caducas. Folhas bifolioladas, dísticas, sem nectários extraflorais; pecíolo 4-10 mm compr.; folíolos 1 par, opostos, cartáceos a coriáceos, 31-51 (-75) x 10-21 (-40) mm, 2,5- 3x mais longos que largos, falcadamente lanceolados, ápice obtuso, base fortemente ineqüilateral, cordada a arredondada no lado externo, cuneada no interno, face adaxial glabra, face abaxial esparsamente pubérula (glabrescente) até pilosa, nervura principal fortemente excêntrica e muito saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias salientes e reticuladas na face abaxial, inconspícuas na adaxial, pontuações glandulares translúcidas presentes. Panículas terminais curtas, 3-6 cm 11� compr., constituída de racemos curtos, os basais 1,5-2,5 cm; pedicelo 2-4 mm. Botão globoso, ca. 2 mm diâm. na pré-antese. Flores pentâmeras, actinomorfas, ca. 4-5 mm diâm.; sépalas 5, ca. 3,5-4 x 2,5-3 mm, obovais, obtusas, externamente puberulentas, internamente glabras, fortemente imbricadas; pétalas brancas, ca. 4 x 1 mm, oblanceoladas; estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos com filetes glabros de ca. 5 mm compr., anteras deiscentes por fendas laterais, elípticas, ca. 1,2 mm compr.; disco inconspícuo; ovário 6-8-ovulado, compresso, largamente elíptico, ca. 2,5 x 1,25 mm, glabro. Legume ca. 3,2 x 3,1 cm, suborbicular, fortemente compresso, sutura não alada, ápice mucronado, estipitado, estípite ca. 1,5 mm; deiscência passiva ao longo da sutura ventral; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Semente elíptica, compressa, 11-13 x 7 x 2 mm; testa óssea, lisa, castanho-escura. Peltogyne pauciflora é uma espécie característica da caatinga, distribuindo- se do Ceará ao norte de Minas Gerais (Silva 1976). Cresce principalmente sobre areia, em dunas interiores, bancos arenosos de rios e ‘caatingas de areia’, em altitudes de 250 a 400 m. Floração: x-ii. Frutificação: iii-ix. Esta espécie pode ser diagnosticada, no contexto das plantas de caatinga, pelas folhas bifolioladas com folíolos pontuados, flores pequenas (ca. 5 mm diâm.) com pétalas e frutos monospérmicos fortemente compressos. Os outros gêneros da tribo Detarieae que incluem espécies com folhas bifolioladas são Guibourtia e Hymenaea. De Guibourtia esta espécie pode ser separada pelas flores com pétalas e de Hymenaea pelas flores muito menores e frutos compressos (em Hymenaea as flores medem mais de 10 mm e os frutos são robustos, indeiscentes, com 2 ou mais sementes). Nomes vernaculares: buranhê, imburanhê (gerais na Bahia), coração-de- negro (Glória, BA). Material selecionado: Bahia: s.l. (“Jacobina” ou “Villa da Barra”), J. S. Blanchet 3150 (tipo 11� de P. pauciflora; holótipo: K, foto HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6065 (CEN, K); Cansanção, R. M. Harley et al. 16400 (CEPEC, K); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7920 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16146 (CEPEC, K); Glória, F. P. Bandeira 132 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3644 (HUEFS, K); Itaberaba, G. C. P. Pinto 97-84 (HRB, HUEFS); Itatim, F. França et al. 1481 (HUEFS); Pilão Arcado, A. M. Miranda et al. 3025 (Hst, HUEFS); Rio de Contas, A. M. Giulietti et al. 2009 (HUEFS); Serra do Açuruá, H. C. de Lima et al. 3948 (K, RB); Xique Xique, A. M. Giulietti et al. PCD 2977 (ALCB, HUEFS). Paraíba: Serra Branca, M. R. Barbosa et al. 2208 (HUEFS). Pernambuco: Buíque, K. Andrade et al. 49 (K, PEUFR). Segipe: Canindé do São Francisco, R. Silva & D. Moura 1736 (HUEFS, Xingo). Hymenaea L. Árvores grandes, copadas, menos freqüentemente arbustos, inermes; tronco com exsudado resinoso. Folhas bifolioladas, dísticas, sem nectários extraflorais; folíolos, sem pontuações glandulares translúcidas (pelo menos não visíveis nas espécies de caatinga). Inflorescências panículas, as unidades da inflorescência racemos, cada um com flores disticamente dispostas; botões globosos. Flores pentâmeras, actinomorfas; hipanto campanulado; sépalas 4, carnosas, fortemente imbricadas, pubescentes externa e internamente; pétalas 5, brancas a creme, obovadas, sésseis ou ungüiculadas; estames 10; anteras deiscentes por fendas laterais, oblongas; disco intraestaminal presente; ovário 5-10-ovulado, estipitado, compresso, glabro ou viloso, às vezes com apenas um tufo de tricomas na base. Fruto indeiscente, lenhoso, oblongo a ± rombóide, cilíndrico a ligeiramente compresso, a superfície rugosa devido à presença de lenticelas e bolsas resinosas. Sementes 3-6, elipsóides a ± cuboidais, envolvidas por endocarpo farináceo. Hymenaea inclui cerca de 14 espécies, 13 das quais ocorrem no Neotrópico, 11� do México ao norte da Argentina, e uma espécie na costa oriental da África (Lee & Langenheim 1975). O gênero pode ser reconhecido pela combinação das folhas bifolioladas com as flores relativamente grandes, com pétalas, e frutos robustos, lenhosos e indeiscentes. As flores são relativamente maciças com antese noturna, período no qual libera um forte odor frutífero. Estes caracteres podem ser associados à polinização por morcegos, o que tem sido confirmado por estudos de ecologia da polinização de diferentes espécies do gênero. Hymenaea maranhensis Y.-T. Lee & Langenheim não foi incluída neste trabalho. Ela é conhecida do sudeste do Maranhão, em área de cerrado, sobre solo arenoso. Uma coleta feita sobre afloramentos rochosos em Serra Branca (provavelmente sul do Piauí, Ule 7149) pode pertencer a esta espécie, apresentando o mesmo tipo de indumento do ovário descrito por Lee & Langenheim (1975), viloso na base e ao longo de uma das margens,mas não apresenta os demais caracteres diagnósticos referidos por estes autores. Estranhamente, este espécime não foi referido na monografia do gênero, apesar de ter sido visto pelos autores. 1. Ovário viloso em toda sua extensão; pecíolo curto, com 2-5 mm compr. ..................................................................................H. eriogyne 1. Ovário glabro ou com um tufo de tricomas apenas na base; pecíolo com pelo menos 10 mm compr. 2. Folíolos com face abaxial pubérula até densamente tomentosa ...................................................................... H. martiana 2. Folíolos glabros nas duas faces 3. Folíolos com base bastante prolongada e amplamente cordada 11� no lado externo; ápice arredondado a emarginado ......H. velutina 3. Folíolos falcados, com a base arredondada ou ligeiramente cordada no lado externo; ápice agudo a obtuso ..........H. courbaril Hymenaea courbaril L., Sp. Pl.: 1192. 1753.1753. Árvore 8-15 m alt., tronco 25-50 cm DAP; ramos jovens glabros. Folhas dísticas; pecíolo 13-17 mm compr.; folíolos coriáceos, 40-120 x 25-70 mm, ca. 1,5-2x mais longos que largos (ver variedades), falcadamente lanceolados a elítpicos, ápice agudo a truncado e atenuado em ponta aguda (ver variedades), base fortemente assimétrica, arredondada a fortemente cordada no lado externo, cuneada a arredondada no interno, glabros, nervura principal fortemente excêntrica, saliente na face abaxial; pontuações translúcidas ausentes. Panícula terminal, 10-15 cm, eixos glabros; pedicelo 6-10 mm compr. Botão obovóide, ca. 15 x 10 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 6 x 5 mm; sépalas 18- 22 x 8-18 mm, obovais, externamente pubescentes, tricomas ferrugíneos, internamente seríceas, tricomas amarelos; pétalas brancas, 20-21 x 9- 10 mm, obovais; estames 35-40 mm compr.; ovário compresso, glabro, estipitado, estípite 4-10 mm compr.; estilete ca. 25-30 mm. Fruto maduro 8- 15 x 4-6 x 2-5,5 cm, oblongo, cilíndrico, ligeiramente compresso, superfície marrom-escura, lenticelosa. Hymenaea courbaril é a espécie de Hymenaea com distribuição mais ampla, ocorrendo do sul do México e Antilhas ao sudeste do Brasil (Lee & Langenheim 1975). É, também, uma espécie muito variável em caracteres morfológicos e seis variedades foram reconhecidas por Lee & Langenheim, duas das quais ocorrem na caatinga (abaixo referidas). No contexto das plantas de caatinga, H. courbaril pode ser facilmente 1�0 reconhecida pela combinação dos folíolos glabros e predominantemente lanceolados a oblongos, com ápice agudo e obtuso. Chave para as variedades 1. Folíolos elípticos com ápice arredondado atenuado em ponta obtusa, de 8 a 12 cm compr. e 4 a 7 cm larg. ................................ var. longifolia 1. Folíolos falcadamente lanceolados, agudos, de 5 a 7 cm compr. e 2,5- 3 cm larg. .................................................................. var. courbaril Hymenaea courbaril L. var. courbaril Planta com ampla distribuição geográfica, coincidente com a referida para a espécie. É mais característica de ambientes florestais. Nome vernacular: jatobá. Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6244 (HUEFS); Quixaba, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7928 (ALCB). Hymenaea courbaril var. longifolia (Benth.) Y.-T.Lee & D.A.Lima, J. Arn. Arb. 55: 448. 1974.1974. Hymenaea splendida var. longifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 237. 1870. Esta planta apresenta uma distribuição relativamente restrita, sendo conhecida do sul do Caerá (Serra do Araripe) à Bahia, referida por Blanchet (in sched.) como “Villa da Barra”. Infelizmente as amostras existentes não têm boas indicações do habitat e as áreas onde esta espécie ocorre contêm transições entre caatinga, cerrado e florestas estacionais. Floração: xi-xii. Frutificação: ix. Nomes vernaculares: jatobá (geral), jatobá-de-porco (Brasileira, PI). 1�1 Material selecionado: Bahia: s.l. (“Villa da Barra”), J. S. Blanchet 3135 (tipo de H. splendida var. longifolia; holótipo: K, isótipo: R); Gentio do Ouro, R. Tourinho et al. 28 (HRB, HUEFS). Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1938 (K); Chapada do Araripe, Y.-T. Lee & D. A. Lima 110 (IPA, K). Piauí: Brasileira, M. E. Alencar et al. 812 (HUEFS, TEPB). Hymenaea eriogyne Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 237. 1870.Brasil. 15 (2): 237. 1870. Árvore de 3-8 (-12) m alt., tronco com ca. 20 cm DAP, casca lisa e acinzentada; ramos jovens glabros até vilosos. Folhas dísticas; pecíolo 2-4 mm compr.; folíolos coriáceos, 20-55 x 25-34 mm, ca. 1,5x mais longos que largos, largamente oblongos a obovais, ápice arredondado a emarginado, base fortemente assimétrica, cordada no lado externo, cuneada no interno, margem espessa, revoluta, face adaxial glabra, nítida, face abaxial pubérula até glabra, nervura principal fortemente excêntrica, juntamente com os 6-7 pares de nervuras seundárias salientes na face abaxial e imersas na adaxial, pontuações translúcidas ausentes. Racemo ou panícula paucirramosa terminal, 7-15 cm; pedicelo 2-3 mm compr. Botão elipsóide, ca. 26 x 14 mm na pré-antese. Flores ca. 2,6 cm diâm.; hipanto campanulado ca. 7 x 7 mm; sépalas 15-25 x 12-15 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas ferrugíneos, internamente seríceas, tricomas branco-amarelados; pétalas brancas, 18-22 x 8-12 mm, oblanceoladas; estames 24-28 mm compr.; ovário compresso, oblongo, ca. 9 x 4 mm, densamente canescente-lanoso; estilete ca. 21-25 mm. Fruto maduro 9-14 x 3-4,5 x ca. 3 cm (quando coletado imaturo freqüentemente compresso), oblongo, subcilíndrico, superfície marrom revestida por numerosas lenticelas. Hymenaea eriogyne é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se pelos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e Bahia. Ocorre com freqüência em áreas de solo arenoso e/ou pedregoso, em altitudes de 300 a 500 m, 1�� alcançando ca. 850 m na serra do Curral Feio (centro-norte da Bahia). Floração: ii-iv. Frutificação: vi-ix. Esta espécie é relativamente distinta das demais de caatinga pelas suas folhas relativamente pequenas, com pecíolo e folíolos mais curtos do que os das demais espécies. Além disso, é a única espécie de caatinga que apresenta o ovário tomentoso em toda sua extensão. Quando apresentando folhas novas, H. martiana pode ser confundida com H. eriogyne, pois ambas apresentam folíolos obovais com ápice arredondado mas H. martiana tem folhas, mesmo jovens, com pecíolo de pelo menos 10 mm compr., associado ao ovário glabro ou com um tufo de tricomas na base. Nomes vernaculares: jatobá (geral), jatobá-batinga (Crateús, CE). Material selecionado: Bahia: s.l. (como “Villa da Barra” ou “Jacobina”), J. S. Blanchet 3096 (tipo de H. eriogyne; holótipo: K, foto HUEFS); Gentio do Ouro, E. Melo et al. 2701 (HUEFS); Juazeiro, H. S. Curran 250 (US); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16782 (CEPEC, K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7901 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, A. M. Miranda et al. 3019 (Hst, HUEFS); Quixaba, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7929 (ALCB, HUEFS); Santo Inácio, R. M. Harley at al. 19016 (CEPEC, K); Serra do Açuruá, H. C. de Lima et al. 3947 (K, RB); Xique Xique, H. S. Brito et al. 316 (CEPEC, K). Ceará: s.l., Ph. von Luetzelburg 26320 (M); Crateús, F. S. Araújo 1383 (EAC, HUEFS). Pernambuco: Araripina, D. A. Lima & M. Magalhães 52-1094 (IPA). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 5873 (CEN, K). Hymenaea martiana Hayne, Arzneik. gebräuchl. 11, pl. 15. 1830. Hymenaea sellowiana Hayne, Arzneik. gebräuchl. 11, p. 16. 1830.11, p. 16. 1830. Árvore de 5-12 (-30) m alt., tronco 20-40 (-50) cm DAP, casca lisa, cinza, com algumas faixas horizontais mais claras; ramos jovens pubérulos. Folhas dísticas; pecíolo 10-18 mm compr.; folíoloscoriáceos, 48-78 x 27- 1�� Figura 14 A: Goniorrhachis marginata (1 - hábito; 2 - botão floral; 3 - flor aberta; 4 - estame); B: Hymenaea courbaril (1 - hábito; 2 - estame no botão 1�� 41 mm, ca. 1,8-2,3x mais longos que largos, obliquamente lanceolados a elípticos, ápice arredondado, freqüentemente com uma ponta adicional obtusa, base fortemente assimétrica, arredondada no lado externo, cuneada no interno, margem espessa mas plana, face adaxial glabra, nítida, face abaxial densamente tomentosa, raramente com indumento mais esparso e pubérulo, nervura principal fortemente excêntrica, juntamente com os 7-8 pares de nervuras seundárias salientes na face abaxial e planas na adaxial, pontuações translúcidas ausentes. Panícula curta, compacta, multiflora, terminal, 8-9 cm; pedicelo 4-7 mm compr. Botão elipsóide, ca. 24 x 12 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 7 x 7 mm; sépalas 12-14 x 8-10 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas ocráceos, internamente seríceas, tricomas esbranquiçados; pétalas brancas, 15-17 x 6-8 mm, oboval-oblanceoladas; estames 24-26 mm compr.; ovário compresso, oblongo, ca. 5 x 2,5-3 mm, totalmente glabro ou, mais freqüentemente, com um tufo de pêlos longos na base; estilete ca. 18 mm. Fruto maduro 9-12 x 3-4,5 x 2,5-3 cm, oblongo, cilíndrico ou ± compresso, superfície marrom a nigrescente, lisa a lenticelosa. Hymenaea martiana distribui-se no leste da América do Sul, do sul do Ceará ao norte da Argentina, sendo encontrada principalmente em cerrado e caatinga (Lee & Langenheim 1975). No bioma caatinga, ocorre principalmente em áreas de contato com cerrado e com florestas estacionais ou em margens arenosas de riachos temporários. Floração: xii. Frutificação: i-iii. Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação do ovário glabro ou com um tufo de tricomas na base e folíolos predominantemente obovais e pubescentes na face abaxial. Alguns espécimes com folhas jovens podem ser confundidos com H. eriogyne, podendo ser distinguidos principalmente pelo comprimento do pecíolo e indumento do ovário (ver discussão de H. eriogyne). 1�� Nome vernacular: jatobá. Material selecionado: Bahia: Barro Alto, T. S. Nunes et al. 922 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21570 (CEPEC, K); Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 7833 (HUEFS); Canudos, F. H. F. Nascimento et al. 346 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2648 (K); Gentio do Ouro, E. R. Souza et al. 283 (HUEFS); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3658 (HUEFS, K); Pernambuco: Parnamirim, Y.-T. Lee & D. A. Lima 125 (IPA, K). Piauí: Paranaguá, G. Gardner 2533 (K, foto HUEFS, material impropriamente designado como neótipo de H. martiana); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1123 (K). Hymenaea velutina Ducke, Archiv. Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 48. 1925.Rio de Janeiro 4: 48. 1925. Árvore de 2-5 m alt., tronco com casca lisa, acinzentada; ramos jovens glabros, acastanhados, revestidos por lenticelas oblongas, esbranquiçadas. Folhas dísticas; pecíolo 13-25 mm compr.; folíolos coriáceos, 40-98 x 20-52 mm, ca. 1,5-2x mais longos que largos, obliquamente oblongos a obovais, ápice arredondado, freqüentemente com uma ponta adicional obtusa, base fortemente assimétrica, fortemente cordada no lado externo, obtusa a arredondada no interno, margem plana, glabros, nervura principal fortemente excêntrica, apenas saliente na face abaxial, as demais inconspícuas, incluindo os 7-8 pares de nervuras secundárias, pontuações translúcidas ausentes. Panícula terminal paucirramosa, 9-13 cm, eixos velutinos, ferrugíneos; pedicelo 6-8 mm compr. Botão obovóide, ca. 30 x 10 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 8 x 7 mm; sépalas 18-20 x 9-12 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas ocráceos, internamente seríceas, tricomas amarelos; pétalas brancas, 20- 23 x 13-15 mm, obovais; estames 24-26 mm compr.; ovário compresso, glabro, estipitado, estípite ca. 6 mm compr.; estilete ca. 18 mm. Fruto maduro 6,5-11 x 2,5-5 x 1,7-3 cm, oblongo, cilíndrico, superfície marrom- 1�� clara a escura, lenticelosa e densamente reticulada. Endêmica do nordeste do Brasil (Lee & Langenheim 1975), distribuindo- se do norte dos estados do Maranhão e Piauí ao centro-norte e oeste da Bahia, a oeste do rio São Francisco. Os habitats desta planta no bioma caatinga são pobremente registrados. Registros confiáveis indicam sua presença sobre areia (tanto em áreas tabulares quanto em dunas interiores). Floração: ix.xii. Frutificação: xii. Hymenaea velutina apresenta alguma semelhança na forma dos folíolos com H. eriogyne e H. martiana, todas elas possuindo folíolos ovais ou obovais com ápice arredondado. No entanto, os folíolos de H. velutina são completamente glabros e apresentam a base bastante prolongada e auriculada do lado externo, condições não observadas nos folíolos das outras espécies citadas. Folíolos glabros são também encontrados em H. courbaril mas esta espécie possui folíolos predominantemente lanceolados a oblongos com ápice agudo a obtuso, nunca com ápice arredondado como em H. velutina. Nomes vernaculares: jatobá-da-casca-fina, jatobá-da-catinga (ambos na Bahia), jatobá-de-porco, jatobá-de-véia (ambos no Ceará). Material selecionado: Bahia: Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7404 (HUEFS); Gentio do Ouro, A. M. de Carvalho & J. Saunders 2900 (CEPEC, K); Santa Rita de Cássia (como “Santa Rita”), L. Zehntner 375 (R). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1489 (EAC, HUEFS). Piauí: Bom Jesus da Gurguéia, L. P. Félix 7943 (Hst, HUEFS); Parnaíba, D. A. Lima 54- 2091 (IPA); Picos, Y.-T. Lee & D. A. Lima 115 (IPA, K). Guibourtia J.J.Benn. Pequeno gênero tropical, com cerca de 14 espécies, a maioria da África e apenas uma espécie nas Américas. 1�� Guibourtia pode ser diagnosticado pelas folhas bifolioladas com folíolos falcados e pontuados por glândulas translúcidas, racemos axilares, flores apétalas com as 5 sépalas formando um cálice cruciforme, fruto folículo e sementes com arilo carnoso. O gênero é claramente afim a Copaifera, compartilhando os folíolos pontuados e as flores apétalas com cálice cruciforme. Os caracteres que permitem distinguir os dois gêneros estão referidos na discussão de Copaifera. No contexto das plantas de caatinga, é possível confundir Guibourtia com espécies de Hymenaea e Peltogyne, todos apresentando folhas bifolioladas com folíolos falcados. Guibourtia é facilamente diferenciado de Hymenaea pelos folíolos pontuados, pelas flores apétalas e pelo fruto compresso, monospérmico e deiscente (em Hymenaea o fruto é cilíndrico, indeiscente e com 3 ou mais sementes). De Peltogyne é diferenciado pelas flores apétalas. As espécies Copaifera com folhas unijugas foram reconhecidas como distintas deste gênero quando Britton & Wilson (1929) criaram o gênero Pseudocopaiva para acomodá-las. Posteriormente, Léonard (1949) reconheceu a identidade de Pseudocopaiva com o gênero Guibourtia, até então exclusivamente africano, e transferiu para Guibourtia as quatro espécies americanas de Copaifera com folhas unijugas. Barneby (1996) reuniu todas estas espécies em G. hymenaeifolia que, no conceito atual, é a única para as Américas. Guibourtia hymenaeifolia (Moric.) J.Léonard, Bull. Jard. Bot. État 19: 401. 1949. Copaifera hymenaeifolia Moric., Mém. Soc. Phys. Genéve 6: 529, tab. 1. 1833. Copaifera confertiflora Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (2): 241. 1870 (erroneamenteBras. 15 (2): 241. 1870 (erroneamente grafado como ‘confertifolia’ por Dwyer 1951). 1�� Pseudocopaiva hymenaeifolia (Moric.) Britton & Wilson, Trop. Woods. 20: 28. 1929. Guibourtia confertiflora (Benth.) J.Léonard, Bull. Jard. Bot. État 19: 401. 1949.Jard. Bot. État 19: 401. 1949. Arbustoou arvoreta, inerme; ramos jovens pubérulos. Estípulas lineares, ca. 5 x 1 mm. Folhas bifolioladas, espiraladas, sem nectários extraflorais; pecíolo 4-22 mm compr.; folíolos 1 par, opostos, papiráceos, 55-75 x 24-32 mm, ca. 2,3x mais longos que largos, falcadamente lanceolados, agudos a obtusos, base fortemente ineqüilateral, cordada a arredondada no lado externo, cuneada no interno, glabros nas duas faces; nervura principal fortemente excêntrica, saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias apenas ligeiramente salientes e reticuladas nas duas faces; pontuações glandulares translúcidas presentes. Racemos axilares, isolados ou geminados, 2,5-4,5 cm, mais curtos do que as folhas subjacentes, flores dispostas congesta e espiraladamente no ápice do eixo reto. Botão globoso, ca. 2 mm diâm. na pré-antese. Flores pentâmeras, actinomorfas, ca. 9 mm diâm.; sépalas 5, brancas, 2 das quais coniventes e côncavas no ápice, resultando em um cálice cruciforme, ca. 4 x 1,8 mm, oval-lanceoladas, agudas, externamente puberulentas, internamente curta e densamente pubescentes, fortemente imbricadas; pétalas ausentes; estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos com filetes glabros de ca. 8 mm compr., anteras deiscentes por fendas laterais, elípticas, ca. 1,5 mm compr.; disco inconspícuo; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 1,5 x 1,2 mm, margens hirsutas. Folículo 1,7- 2,5 x 1,3-1,4 x 0,5 cm, hemi-orbicular a largamente oblongo, compresso, muito assimétrico no ápice e na base, apiculado, estipitado, estípite 1- 3 mm; deiscência passiva ao longo da sutura ventral; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Semente 1, elipsóide, ca. 11 x 7 x 4 mm; testa lisa, castanha; arilo laranja, carnoso, ca. ¼ do comprimento da semente. 1�� Guibourtia hymenaeifolia é uma espécie descontinuamente distribuída nas Antilhas e América do Sul, ocorrendo em três áreas principais: Cuba e ilha de Hispaniola, leste da Bolívia, norte do Paraguai e estado do Mato Grosso do Sul (Brasil), e leste do Brasil, onde é conhecida por poucas coletas no norte de Minas Gerais e sul do Piauí. Esta espécie foi incluída com alguma hesitação pois não há indicação positiva de que ocorra no bioma caatinga. Os materiais do norte de Minas Gerais foram coletados em áreas onde há caatinga, cerrados e matas ciliares ( Jacinto, Januária e Pedra Azul), o mesmo podendo ser verificado no sul do Piauí. Optei por incluí-la neste trabalho a fim de chamar a atenção para a necessidade de novas coletas que possam melhorar o conhecimento sobre essa planta. Floração: ?. Frutificação: ii-iv. Dwyer (1951) estranhamente aceitou esta planta como uma espécie de Copaifera (erroneamente grafada como ‘confertifolia’), apesar de aceitar o gênero Pseudocopaia (Dwyer 1951: 149) praticamente na mesma circunscrição moderna de Guibourtia. Material selecionado: Bahia: Senhor do Bonfim, D. Cardoso 727 (HUEFS); Minas Gerais: Jacinto, G. Hatschbach & J. Cordeiro 52720 (K, MBM); Januária, W. R. Anderson 9115 (K). Piauí: s.l. (provavelmente próximo a Oeiras), K. F. Ph. von Martius s. n., s. d. (M). Copaifera L. Árvores ou arvoretas, menos freqüentemente arbustos, inermes; tronco com exsudado claro mas avermelhado quando oxidado, casca freqüentemente aromática. Folhas paripinadas, dísticas, sem nectários extraflorais; folíolos (sub-) opostos até alternos, 1-5 pares, com ou sem pontuações glandulares translúcidas. Inflorescências panículas, as unidades da inflorescência espigas dispostas disticamente, cada espiga com flores dísticas; botões globosos. Flores pentâmeras, actinomorfas; 1�0 sépalas 5, 2 das quais coniventes e côncavas no ápice, resultando em um cálice cruciforme, apenas ligeiramente imbricadas, subvalvares, geralmente brancas na face interna; pétalas ausentes; estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, anteras deiscentes por fendas laterais, oblongas a elípticas; disco conspícuo intraestaminal, carnoso; ovário 1- 2-ovulado, curtamente estipitado, compresso, glabro ou com margens hirsutas, estilete recurvado em gancho no ápice. Fruto ± suborbicular, passivamente deiscente; valvas lenhosas a rígido-coriáceas, ± carnosas. Semente 1, elipsóide, nigrescente; arilo carnoso, amarelo ou branco. Copaifera é um gênero com cerca de 25-35 espécies, a maioria do Novo Mundo e 4 espécies na África. É um grupo com taxonomia complexa, apresentando limites imprecisos em relação a outros gêneros da tribo Detarieae (p.ex. Guibourtia). No nível intragenérico também apresenta uma taxonomia confusa, especialmente na delimitação de suas espécies. O trabalho mais recente sobre a taxonomia das espécies neotropicais (Dwyer 1951) apresenta muitos problemas, desde uma má delimitação dos táxons até uma chave que é quase impossível de ser utilizada por conta de erros cometidos pelo autor (ver, por exemplo, comentários sobre C. coriacea). Necessita de uma urgente revisão, combinando um intenso trabalho de herbário com trabalhos de campo e dados moleculares a fim de estabelecer limites interespecíficos mais precisos. Estudos de biologia de suas espécies também são extremamente necessários pois nas zonas de contato entre diferentes táxons parece haver formação de enxames de híbridos que podem ter como conseqüência uma grande sobreposição em caracteres diagnósticos. As espécies de caatinga pertencem a três complexos, cada um dos quais com espécies muito semelhantes entre si e com caracteres diagnósticos que podem ser interpretados como resultantes de diferentes condições 1�1 ecológicas às quais diferentes populações encontram-se submetidas. Um destes complexos inclui C. langsdorffii, caracterizado pelo porte arbóreo robusto e folhas multijugas com folíolos pontuados e arredondados no ápice. Um segundo envolve C. cearensis e é caracterizado pelas folhas paucijugas (2-3 pares de folíolos) com folíolos pontuados e atenuados no ápice. Este complexo inclui ainda espécies como C. duckei, C. guianensis e C. officinalis cuja separação de C. cearensis é muito tênue. O terceiro complexo inclui as espécies semelhantes a C. coriacea e C. rigida, particularmente C. martii e C. luetzelburgii, sendo caracterizado pelas folíolos coriáceos e não pontuados. Um cuidado que se deve ter ao usar quaisquer dos trabalhos disponíveis (inclusive este) para identificar espécies de Copaifera é a observação das pontuações. Em geral este caráter é geralmente de fácil observação mas pode ser dependente mais da espessura do limbo do que da presença ou não de estruturas secretoras. Em material fresco, as glândulas, quando presentes, em geral são facilmente visíveis quando os folíolo são observados contra a luz. O mesmo é verdade para materiais secos embora, neste caso, materiais herborizados com álcool possam ter as glândulas escuras e confundidas com o mesofilo. No contexto dos gêneros de caatinga, as espécies de Copaifea podem ser facilmente reconhecidas pelas flores apétalas e inflorescências com ramos dísticos. Os frutos também são bem característicos, apresentando forma ± orbicular e são deiscentes com apenas uma semente, esta apresentando um arilo conspícuo branco ou amarelo. Os caracteres das flores e dos frutos podem também ser encontrados no gênero Guibourtia do qual Copaifera se diferencia pelas folhas com 2 ou mais pares de folíolos (em Guibourtia as folhas têm, sempre, exatamente 1 par de folíolos), pela filotaxia dística tanto das folhas quanto dos eixos secundários da panícula (em Guibourtia ambos são espiralados), pelas flores sésseis (vs. pediceladas) e pela deiscência do 1�� fruto (legume bivalvar em Copaifera e folículo em Guibourtia. 1. Folíolos pontuados por glândulas translúcidas 2. Folíolos em 2-3 pares, ovais, com ápice atenuado e obtuso...............C. cearensis 2. Folíolos em (3-) 4-5 pares, oblongos a elípticos, com ápice arredondado e emarginado ..........................................C. langsdorffii 1. Folíolos sem pontuações translúcidas 3. Folíolos em 4-5 pares com até 25 mm compr. e 15 mm larg.; raque foliar com segmentos interfoliolares de 9-11 mm ... C. coriacea 3. Folíolos em 2-3 pares com pelo menos 40 mm compr. e 20 mm larg. (geralmente maiores); raque foliar com segmentos interfoliolares de 17-26 mm .......................................................................C. rigida Copaifera cearensis J.Huber ex Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 291. 1959. Árvore 5-7 m alt., copada, copa densa, ca. 5 m diâm., às vezes florescendo com ca. 1,5 m alt., tronco com casca lisa e acastanhada, essencialmente glabra. Pecíolo 15-20 mm compr.; raque 2,1-5,5 cm; segmentos interfoliolares 15-35 mm; folíolos 2-3 pares, (sub-) opostos, coriáceos, acrescentes distalmente, os distais 48-66(-73) x 29-45 mm, 1,5-1,8(-2,2)x mais longos que largos, largamente-ovais a, raramente, oval-elípticos, atenuados em ápice obtuso a acuminado e ligeiramente retuso, base cordada, menos freqüentemente arredondada, glabros, nervura principal ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 10-19 pares, divergindo na principal em ângulo de ca. 60°, todas as nervuras, incluindo as de menor porte salientes e fortemente reticuladas em ambas as faces, definindo 1�� aréolas ± quadradas de ca. 1 mm diâm., pontuações pequenas (ca. 1/5 mm) ocupando o centro da aréola, amarelo-amarronzadas. Panícula axilar, 6-8 cm, ± do mesmo comprimento da folha subjacente, com eixo fractiflexo e 6-9 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo de ca. 45°; espigas basais 2-3 cm compr., 6-9-floras; brácteas ca. 1 x 1 mm, largamente oval, precocemente caduca. Botão globoso, ca. 4 mm diâm. na pré-antese. Flores ca. 9 mm diâm.; sépalas ca. 4 x 1,5 mm, lanceoladas, acuminadas, externamente glabras, internamente hirsutas com tricomas branco-amarelados; estames 10, filetes glabros, 5-6 mm, anteras dorsifixas, oblongas, ca. 2 mm, com conectivo muito espesso separando as duas tecas; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 1,8 x 1,2 mm, margens hirsutas; estilete geniculado na base e recurvado em gancho no ápice. Legume 2,4-2,6 (-3,5) x 1,7-2,1 (-2,4) x 1-1,3 cm, obliquamente oblongo, em seção transversal elíptico, assimétrico no ápice e na base, apiculado, séssil ou estipitado, estípite 2-4 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, castanhas. Semente elipsóide, ca. 19 x 10 x 8 mm; testa nigrescente; arilo cupuliforme ântero-lateral, amarelo. Copaifera cearensis é uma espécie aparentemente endêmica do nordeste do Brasil, distribuída nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia (Ducke 1959), ocorrendo em caatinga florestas plúvio-nebulares, assim como em dunas litorâneas. Dwyer (1951) incluiu as plantas da região da serra do Baturité em C. duckei Dwyer. O material estudado de C. duckei, proveniente do Pará, mostra folíolos mais delgados e inflorescências mais longas com ramos mais delicados do que o observado em C. cearensis. É possível que após um estudo mais amplo da variação neste grupo se conclua que se tratam, realmente, de uma só espécie. Até então, estou mantendo C. cearensis como uma espécie boa diferenciada de C. duckei pelos seus folíolos mais coriáceos, ramos da inflorescência mais robustos e botões florais maiores. 1�� Esta espécie pode ser reconhecida pelos seus folíolos pontuados, ovais, atenuados em ápice obtuso, em 2 a 3 pares. A forma e dimensões dos folíolos são semelhantes aos de C. martii, espécie que, diferentemente de C. cearensis, apresenta os folíolos desprovidos de pontuações. C. langsdorfii, da mesma forma que C. cearensis, apresenta os folíolos pontuados mas estes ocorrem em maior número (3 a 5 pares, em plantas de caatinga) e tem a forma predominantemente oblonga com ápice arredondado (não atenuado). Além disso, as pontuações em C. langsdorffii são muito mais conspícuas, ca. 0,5-1 mm compr. Ducke (1959) reconheceu duas variedades, as duas ocorrendo na caatinga, as quais são diferenciadas principalmente pelo número de folíolos, como pode ser visto na chave abaixo. Além do número de folíolos, a var. arenicola tende a apresentar folíolos proporcionalmente mais largos e mais rígidos do que na var. cearensis. 1. Folíolos em 2 pares com margem espessa e revoluta .......... var. arenicola 1. Folíolos em 3 pares com margem espessa mas plana ...........var. cearensis Copaifera cearensis var. arenicola Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 293. 1959. Raque foliar 1,5-2,4 cm; folíolos em 2 pares, largamente ovais, os distais 50-60-63 x 29-35-34 mm, ca. 1,7-1,9x mais longos do que largos, margem espessa e revoluta; nervuras secundárias 10-13 pares. Ocorre em dunas litorâneas e em caatinga, sempre em solos muito arenosos, no Ceará e Rio Grande do Norte, reaparecendo na Bahia na região do Raso da Catarina, em altitudes de até 300 m. Floração: xi-xii. Frutificação: v-vi. Nome vernacular: pau-d’óleo (Bahia). 1�� Material selecionado: Bahia: Canudos, L. P. Queiroz et al. 7186 (HUEFS); Raso da Catarina, C. C. Bichara f. s. n. 17.xii.1982 (ALCB, K); Tucano, L. M. Gonçalves 107 (HRB, K). Ceará: Fortaleza, A. Ducke 2368 (K; material de dunas litorâneas). Copaifera cearensis J.Huber ex Ducke var. cearensis Raque foliar 4,6-6,5 cm; folíolos em 3 pares, oval-elípticos, os distais 5-5,5 x 2,1-2,7, ca. 1,8-2,2x mais longos do que largos, raramente largamente ovais, margem espessa mas plana; nervuras secundárias 17-19 pares. Planta de caatinga e florestas estacionais sobre serras, sendo particularmente comum na serra do Baturité (estado do Ceará). É referida por Ducke (1959) para os estados do Ceará e Bahia mas eu só consegui confirmar sua presença no Ceará, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: vi. Frutificação: vi-ix. Nome vernacular: pau-d’óleo (Ceará). Material selecionado: Ceará: Alcântara, A. Fernandes s.n. EAC 17048 (EAC, HUEFS); Alto da Jibóia, A. Ducke 2446 (tipo de C. cearensis: K, foto HUEFS); Crato, P. Botelho s. n. viii.1955 (K); Guaramiranga, F. Linhares s. n. ix.1955 (K); Serra da Aratanha, P. Bezerra s. n. viii.1955 (K). Copaifera coriacea Mart., Reise Bras. 1: 285. 1823. Copaifera cordifolia Hayne, Arzneyk. Gebräu. 10: 21. 1825. Arvoreta ou árvore de 1-5 m alt.; ramos jovens glabrescentes ou curtamente pubérulos, tricomas amarronzados. Pecíolo 6-9 mm compr.; raque 2,9-3,3 cm; segmentos interfoliolares curtos, 9-11 mm, deixando os folíolos ± sobrepostos; folíolos (4-) 5 pares, opostos, fortemente coriáceos, ligeiramente decrescentes em cada extremidade da raque, os distais 19- 25 x 12-15 mm, 1,6-1,8x mais longos que largos, elíptico-obovais, ápice 1�� arredondado, emarginado, base arredondada a ligeiramente cordada, face adaxial glabra, face abaxial curtamente pubérula, nervura principal ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 8-10 pares, divergindo da principal em ângulo de ca. 60°, nervuras salientes e fortemente reticuladas na face adaxial, menos evidentes na abaxial, aréolas ± quadradas, muito densas, ca. 0,3 mm diâm., pontuações ausentes. Panícula axilar ou terminal, 9-11 cm, mais longa do que a folha subjacente, com eixo fractiflexo e 9-11 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo de ca. 60°; espigas basais 3,5-4,5 cm compr., 12-14-floras; brácteas ca. 2 x 1,5 mm, suborbiculares, caducas. Botão globoso, ca. 3,5 mm diâm. na pré- antese. Flores ca. 6 mm diâm.; sépalas ca. 3 x 1,5 mm, oval-lanceoladas, agudas, externamente glabras ou esparsamente pubérulas, internamente hirsutas com tricomas branco-amarelados; filetes glabros, 3-4 mm, anteras dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm;ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 1,3 x 1 mm, margens hirsutas. Legume 1,7 x 1,4 x 0,8 cm, obliquamente suborbicular, assimétrico no ápice e na base, mucronado, curtamente estipitado, estípite ca. 1 mm; valvas rígido-coriáceas, ± suculentas, glabras, avermelhadas. Semente elipsóide, ca. 12 x 9 mm; testa nigrescente; arilo cobrindo ca. ¼ do comprimento da semente. Copaifera coriacea é uma espécie de caatinga, ocorrendo ao norte da Chapada Diamantina e no sul do Piauí, especialmente em solo arenoso, sendo particularmente comum na região do baixo-médio São Francisco e na serra do Açuruá (Bahia), de 500 a 700 m alt. Floração: ii-iv, ix Frutificação: iv- vi. Esta espécie representa a forma mais reduzida das espécies de Copaifera com folíolos não pontuados. Pode ser reconhecida pelos seus folíolos pequenos e geralmente sobrepostos, pubérulos na face abaxial. Dwyer (1959) indicou para esta espécie 8-10 pares de folíolos mas, analisando o mesmo material citado por este autor encontramos 4 a 5 pares (8 a 10 folíolos). 1�� Nome vernacular: sapucaia (Ibiraba, BA), cacuricabra (Casa Nova, BA), podói-mirim (Piracuruca, PI). Material selecionado: Bahia: Barra, J. S. Blanchet 3091 (BR, K, W); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7419 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 19147 (CEPEC, K); Ibiraba, L. P. Queiroz 4789 (HUEFS, SPF); Juazeiro, K. F. Ph. von Martius 2888 (tipo de C. coriacea: M); Serra de Santo Inácio, E. Ule 7525 (K). Piauí: Campo Maior, C. G. Lopes et al. 152 (HUEFS, TEPB); Oeiras, G. Gardner 2090 (K); Piaracuruca, M. E. Alencar 1261 (TEPB). Copaifera langsdorffii Desf., Mem. Mus. Paris 7: 377. 1821. Árvore 4-12 m alt., copada, às vezes florescendo com ca. 2 m alt., tronco com ca. 22-40 cm DAP, casca rugosa, amarronzada, fissurada, a entrecasca alaranjada, com exsudado translúcido quando cortada; ramos jovens e eixos da inflorescência densa e curtamente pubérulos, tricomas acastanhados. Pecíolo 5-10 (-18) mm compr.; raque 3,1-3,7 (-7) cm; segmentos interfoliolares 14-25 mm; folíolos 3-5 pares, (sub-) opostos a alternos, coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 33-57 x 16-29 mm, 2-2,2x mais longos que largos, elípticos, ápice arredondado a obliquamente obtuso, emarginado, base arredondada a cuneada, margem nerviforme, discolor, avermelhada, glabros, às vezes esparsa e muito curtamente pubérulos sobre a nervura principal, nervura principal ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 11-12 pares, divergindo na principal em ângulo de ca. 60°, todas as nervuras incluindo as de menor porte salientes e fortemente reticuladas em ambas as faces definindo aréolas ± quadradas de ca. 1 mm diâm., pontuações numerosas, conspícuas (ca. 0,5-1 mm compr.), translúcidas, amarelo-claras. Panícula axilar, 9,5 cm, ± do mesmo comprimento da folha subjacente, com eixo fractiflexo e 9-15 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo 1�� de ca. 45°; espigas basais 1,5-1,8 cm compr., 5-10-floras; brácteas < 0,5 mm compr. Botão globoso, ca. 2,5 mm diâm. na pré-antese. Flores ca. 7 mm diâm.; sépalas creme-esverdeadas, 3-3,5 x 1-1,5 mm, lineares a lanceoladas, agudas, externamente glabras, internamente hirsutas com tricomas branco-amarelados; estames 10, filetes glabros, 5 mm, anteras dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm, apiculadas, com conectivo não espessado; disco verde-escuro, quase preto; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 1-1,5 x 0,8-1 mm, margens hirsutas; estilete reto na base e recurvado em gancho no ápice. Legume 2,1-2,8 x 1,5-1,9 x 0,6 cm, largamente elíptico, ligeiramente compresso, em seção transversal estreitamente elíptico, assimétrico no ápice e na base, mucronado, estipitado, estípite ca. 2 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, avermelhadas. Semente elipsóide, ca. 18 x 10 x 8 mm; testa nigrescente; arilo alcançando ca. ¾ do comprimento da semente, avermelhado. Copaifera langsdorffii é amplamente distribuída na América do Sul, das Guianas até o Paraguai, sendo uma espécie relativamente comum em florestas decíduas e cerradão. Não é uma planta muito característica da caatinga e é provável que sua presença neste domínio ocorra apenas em áreas de contato com estas outras formações, pois é coletada pricipalmente em áreas de serras, de 600 a 950 m alt. Floração: xii-i. Frutificação: ii-iv. É uma espécie taxonomicamente complexa e extremamente variável. Bentham (1870) reconheceu quatro variedades que foram também aceitas por Dwyer (1951), que ainda acrescentou uma variedade para a região amazônica. É possível que, aplicando os conceitos de Bentham e Dwyer, as plantas de caatinga se enquadrem nas variedades langsdorffii e grandifolia. No entanto é necessário um bom estudo da variação desta espécie, inclusive com o estabelecimento de limites mais naturais em relação a outras espécies, pois muitos dos caracteres citados como diagnósticos por estes autores se sobrepõem amplamente. 1�� O conceito adotado neste trabalho de C. langsdorffii e que permite separá- la das demais espécies de caatinga é o de plantas com 3-4 pares de folíolos, pontuados, glabros, predominantemente oblongos a oblongo-elípticos e com o cálice externamente glabro e internamente hirsuto. Infelizmente esta circunscrição é insuficiente para diagnosticar essa espécie ao longo de toda a sua área de distribuição. No contexto das plantas de caatinga, alguns espécimes depauperados de C. langsdorffii podem ser confundidos com C. coriacea mas esta espécie tem folíolos mais espessos, fortemente coriáceos e sem pontuações glandulares. Nomes vernaculares: copaíba, pau-d’óleo, podói (gerais). Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1507 (HUEFS, K, SPF); Barra, J. S. Blanchet 3113 (síntipo de C. langsdorffii var. grandifolia Benth.: K, foto HUEFS); Brotas de Macaúbas, G. Hatschbach et al. 67695 (HUEFS, MBM); Caetité, A. M. de Carvalho et al. 1741 (CEPEC, K); Ipupiara, E. Saar et al. 54 (ALCB); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3403 (HUEFS, K); Jacobina, A. M. Amorim et al. 992 (CEPEC, K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16854 (CEPEC, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1907 (CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori et al. 10047 (CEPEC, K); Rio de Contas, R. M. Harley et al. 27718 (CEPEC, K). Urandi, J. G. Jardim et al. 3340 (CEPEC, HUEFS). Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1929 (K); Crato, A. H. Gentry et al. 50032 (K); Crato, A. M. Miranda & D. Lima 3100 (Hst, HUEFS). Minas Gerais: Januária, J. Costa 359 (HUEFS); Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7515 (HUEFS). Pernambuco: Brejo da Madre de Deus, L. M. Nascimento & A. G. da Silva 519 (HUEFS, PEUFR) Piauí: Castelo do Piauí, J. M. Costa et al. 91 (HUEFS, TEPB). Copaifera rigida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 243. 1870, excl. syn.Brasil. 15 (2): 243. 1870, excl. syn. Copaifera martii Hayne. Arbusto ou arvoreta 1,5-3 m alt.; ramos jovens curta e densamente 1�0 pubérulos, tricomas amarronzados a ferrugíneos. Pecíolo 6-17 mm compr., raramente ausente; raque 2,5-5,5 cm; segmentos interfoliolares 17-26 mm; folíolos 2-3 pares, (sub-) opostos, fortemente coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais (40-) 42-53 x (20-) 25-34 mm, 1,5-1,7 (-2)x mais longos que largos, largamente elípticos a largamente obovais, ápice arredondado, emarginado, base arredondada, face adaxial glabra, face abaxial curtamente pubérula, às vezes pilosa sobre a nervura principal, margens revolutas, nervura principal ligeiramente excêntrica, muito mais saliente do que as demais na face abaxial, nervuras secundárias 13-15 pares, divergindo da principal em ângulo de quase 90°, pouco evidentes mas as nervuras de menor porte salientes e fortemente reticuladas nas duasfaces, aréolas ± quadradas, muito densas, ca. 0,3 mm diâm., pontuações ausentes. Panícula axilar ou terminal, 11-17 cm, mais longa do que a folha subjacente, com eixo reto ou ligeiramente sinuoso; espigas 15-21, divergindo em ângulo de ca. 45°; as basais 4-5,5 cm compr., 23-31- floras; brácteas ca. 2-3 x 1,5-2 mm, largamente ovais, obtusas, caducas. Botão globoso, ca. 3,5 mm diâm. na pré-antese. Flores ca. 7 mm diâm.; sépalas ca. 3,5 x 2 mm, oval-lanceoladas, agudas, externamente glabras ou esparsamente pubérulas no ápice, internamente hirsutas com tricomas amarelados; filetes glabros, ca. 4 mm, anteras dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm; ovário 1-2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 2,5 x 2 mm, margens hirsutas. Legume ca. 1,7-1,9 x 1,2-1,3 x 1,1 cm, obliquamente elíptico, muito assimétrico no ápice e na base, mucronado, curtamente estipitado, estípite ca. 2 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, avermelhadas. Semente elipsóide, ca. 10 x 7 mm; testa nigrescente; arilo cobrindo ca. ¼ do comprimento da semente. Copaifera rigida ocorre no nordeste do Brasil, no sul dos estados do Ceará e Piauí e norte e noroeste da Bahia, onde ocorre em caatingas arbustivas, geralmente sobre solos pedregosos. Floração: iii-vi. Frutificação: vi-ix (- 1�1 xii). Copaifera rigida foi considerada por Ducke (1959) como uma variedade de C. martii Hayne, e por Dwyer (1951) como um sinônimo desta espécie. Analisando vários espécimes destes dois táxons, verifica-se que C. rigida distingue-se de C. martii pelos folíolos largamente elípticos com ápice arredondado e emarginado, com margem revoluta (em C. martii os folíolos são ovais com ápice atenuado e obtuso e margem plana). Além disso, os morfos associados a C. martii ocorrem na região amazônica enquanto os relacionados a C. rigida são procedentes de caatinga e, talvez, de cerrado. É possível que após um estudo mais aprofundado deste complexo se conclua que estes táxons são realmente co-específicos mas, até lá, prefiro manter C. rigida como uma espécie distinta. Por outro lado, é possível que C. rigida seja co-específica com C. luetzelburgii, um táxon mais característico de cerrado e com morfologia muito semelhante à de C. rugida. Harms (1924) distinguiu C. luetzelburgii de C. rigida principalmente pelas brácteas maiores e folíolos mais pubescentes, caracteres variáveis em C. rigida, embora populações mais típicas de cerrado apresentem, em geral, brácteas maiores. Os espécimes-tipo de C. luetzelburgii não foram vistos de modo que estou mantendo C. rigida como uma espécie distinta de C. luetzelburgii, a primeira sendo encontrada proncipalmente na caatinga e a segunda no Brasil Central em cerrado e matas ciliares. Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4070 (HUEFS, K); Gentio do Ouro, R. T. Pennington & H. S Britto 255 (K) Ceará: Aracati, F. J. Mattos s. n. iii.1956 (K); Crato, P. Botelho s. n. ix.1955 (K). Piauí: Correntes, L. Coradin et al. 5825 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2089 (tipo de C. rigida; holótipo: K, foto HUEFS). 1�� Poeppigia C.Presl Gênero neotropical com apenas uma espécie, distribuída em três grandes centros (ver discussão da espécie). Poeppigia é um gênero relativamente isolado na subfamília Caesalpinioideae, sendo caracterizado pela corola pseudopapilionóide, com a pétala adaxial ereta, simulando um estandarte, e as demais quatro pétalas ± encurvadas, as abaxiais ladeando o androceu de modo semelhante às pétalas da carena. Os frutos são indeiscentes, fortemente compressos, com uma estreita ala dorsal. Estes caracteres, associados aos numerosos e relativamente pequenos folíolos oblongos, podem diferenciar prontamente Poeppigia dos demais grupos de caatinga. Poeppigia procera C.Presl, Symb. Bot. 1: 16. 1830. var. conferta Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 54. 1870.Brasil. 15 (2): 54. 1870. Poeppigia densiflora Tul., Ann. Sc. Nat. 4: 122. 1844. Árvore (3-) 4-12 m alt., copada, DAP 8-15 cm, inerme, tronco com casca lisa e acinzentada; ramos jovens pubérulos, precocemente lenhosos; gemas ovóides, revestidas por profilos imbricados, presentes na axila de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação, às vezes visíveis na base dos ramos em expansão. Estípulas lineares, ca. 3 x 0,5 mm, caducas. Folhas dísticas, paripinadas, sem nectários extraflorais; pecíolo 4-6 mm; raque 4,5-6,5 cm; segmentos interfoliolares 3-5 mm; folíolos opostos, (8-)12-17 pares, papiráceos, ligeiramente decrescentes nas duas extremidades da raque, os medianos 10-13 x 3,5-5 mm, ca. 2,6- 3,3x mais longos que largos, oblongos, ápice arredondado a truncado, face adaxial glabra, face abaxial glabra a pubérula; nervura principal mediana, juntamente com as secundárias saliente na face adaxial. Inflorescências em dicásios axilares nas folhas distais dos ramos, com 3-4 ordens de 1�� ramificação, 3,5-4 cm compr., mais curtos do que a folha sujacente e imersos na folhagem; pedicelo 4-5 mm. Botões oblongóides. Flores ca. 0,8 cm diâm., zigomorfas; hipanto campanulado, 2,5-3 mm compr.; sépalas verde-amareladas, 0,8-1 x 0,5-1,2 mm, deltóides, agudas, eretas; pétalas amarelas, ca. 9-10 x 2-3 mm, elípticas, ungüiculadas, a vexilar ereta simulando um estandarte, as demais retas simulando alas e carena, o perianto assim pseudo-papilionóide; estames 10, 8-10 mm compr., alternadamente mais longos e mais curtos, anteras curtas deiscentes por 2 fendas introrsas; ovário estipitado, exserto do hipanto, 8-10-ovulado, tomentoso. Fruto indeiscente, 3,5-4,5 x 1,1-1,4 cm, oblongo, fortemente compresso, margem dorsal com ala estreita de 1-1,5 mm larg.; pericarpo papiráceo, glabro, verde-amarronzado. Poeppigia procera é uma espécie com três áreas principais de distribuição, do sul do México, Antilhas e América Central até o Paraguai, na parte sul da Amazônia brasileira e no nordeste do Brasil até Minas Gerais (Prado 1991). Não existe um estudo taxonômico recente de sua variação mas Bentham (1870) reconheceu duas variedades, as plantas de caatinga correspondendo à var. conferta. Na caatinga, esta planta ocorre do sul do Ceará e sudeste do Piauí até o centro sul da Bahia (provavelmente também no norte de Minas Gerais), principalmente em caatinga arbórea e sobre solos arenosos, argilosos ou pedregosos, em altitudes de 320 a 925 m. Floração: xi-iii. Frutificação: xii-vi. Esta espécie pode ser reconhecida pela sua corola pseudopapilionóide associada aos folíolos pequenos, oblongos e numerosos (12-17 pares) e aos frutos papipráceos, fortemente compressos, com estreita ala dorsal. Alguns dos nomes vernaculares sugerem que esta planta possui madeira dura. A casca, quando cortada, apresenta odor semelhante ao de ervilha-de- jardim, segundo alguns coletores ingleses. Provavelmente isso está associado 1�� a substâncias presentes na casca que, em contato com a água, produz espuma e, por isso, é usada como shampoo para lavagem de cabelo. Nomes vernaculares: sabão, sabonete, saboeiro (Bahia), coração-de-negro (Piauí), lava-cabeça (Caetité, BA), pau-branco (Glória, BA), sussarana (Canudos, BA), pau-de-machado, pau-liso, cabo-enchó (São Raimundo Nonato, PI). Material exaMinado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 50497 (HUEFS, K, SPF); Araci, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1714 (HUEFS); Boninal, G. Hatschbach & J. M. Silva 50159 (KM, MBM); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3641 (HUEFS); Canudos, F. H. M. Silva et al. 301 (HUEFS); Glória, F. P. Bandeira 115 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3610 (HUEFS); Itatim, F. França et al. 1955 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2667 (síntipo de P. procera var. conferta: K); Jequié, A. M. de Carvalho 138 (CEPEC, K); Jeremoabo, R. P. Orlandi 428 (HRB, K); Jussiape, G. P. Lewis et al. CFCR 6940 (K, SPF); Milagres,R. M. Harley 19414 (CEPEC, K); Paramirim, R. M. Harley & N. Taylor 27027 (CEPEC, K); Remanso, T. S. Nunes et al. 683 (HUEFS); Santa Terezinha, L. P. Queiroz 3850 (HUEFS); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2796 (síntipo de P. procera var. conferta: K); Tucano, A. M. de Carvalho & D. J. N. Hind 3866 (CEPEC, HUEFS). Ceará: Campos Sales, A. H. Gentry et al. 50126 (K). Pernambuco: Araripina, A. M. Miranda et al. 2943 (Hst, HUEFS). Piauí: Jaicós, G. P. Lewis et al. 1338 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1125 (K);s.l., entre Boa Esperança e Santana das Mercês, G. Gardner 2142 (síntipo de P. procera var. conferta: K). Apuleia Mart. Árvores inermes, copadas, florescendo precocemente antes da expansão das folhas a partir de gemas dormentes, estas protegidas por profilos imbricados. Estípulas ovais, cedo caducas Folhas sem nectários extraflorais, imparipinadas; folíolos alternos, nervação peninévia, 1�� broquidódroma. Inflorescências dicásios com 3-4 ordens de ramificação, geralmente agrupados em fascículos, geralmente partindo de braquiblastos laterais ou de ramos áfilos em início de expansão. Flores pequenas, < 1 cm compr.; hipanto campanulado. sépalas fortemente reflexas na antese; pétalas 3, brancas ou amareladas; estames 3(-4) com filetes espessados, anteras basifixas deiscentes por 2 pequenas fendas apicais; ovário curtamente estipitado, 1-4-ovulado, estilete espessado, estigma truncado e oblíquo. Fruto indeiscente, plano-compresso, estipitado, largamente elíptico a suborbicular, margem dorsal estreitamente alada. Pequeno gênero da América do Sul, com duas a três espécies distribuídas da Amazônia peruana e brasileira ao Paraguai passando pelo Nordeste do Brasil e matas ciliares do Brasil Central. O padrão de variação apresentado por diferentes populações de Apuleia sugerem a existência de uma variação clinal no número, tamanho e indumento dos folíolos assim como no tamanho dos frutos, caracteres tradicionalmente usados para diagnosticar espécies neste gênero. Há, portanto, desacordo entre diferentes autores quanto ao número de espécies a serem reconhecidas em Apuleia e o gênero mereceria um bom estudo morfométrico a fim de se avaliar com mais objetividade a sua problemática taxonômica. As duas espécies existentes na área de domínio da caatinga podem ser separadas pelos seguintes caracteres: 1. Fruto com ápice cuspidado e corpo medindo 4-4,5 cm compr.; sépalas densamente pubérulas; restrita à Chapada do Ibiapaba (Ceará) ............................................................................ A. grazielanae 1. Frutos com ápice mucronado, o corpo medindo até 3 cm 1�� compr.; sépalas esparsamente pubérulas; centro-sul e sudeste da Bahia ....................................................................................A. leiocarpa Apuleia grazielanae Afr.Fern., Bradaea 6 (33): 284. 1994. Árvore ca. 5 m alt.; ramos jovens pubérulos, castanho-escuros, lenticelosos. Pecíolo 8-10 mm; raque 4-4,7 cm; segmentos interfoliolares 11-14 mm; folíolos 5-7, cartáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 28- 35 x 15-19 mm, ca. 2x mais longos que largos, elípticos a oblongos, ápice arredondado a ligeiramente retuso, face adaxial curtamente pubérula, face abaxial pubérula; nervura principal mediana, muito saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias discolores na face adaxial, salientes e reticuladas em ambas as faces. Dicásios (poucos vistos) com eixo ca. 25 mm compr., congestos; pedicelos ca. 9 mm compr. Hipanto ca. 1 mm compr.; sépalas ca. 4 x 1,5 mm, oblongo-lineares, densamente pubérulas na face externa; pétalas (não vistas, descritas a partir de Fernandes 1994) amarelas, menores do que as sépalas, obovais ou oblongas. Fruto 4- 4,5 x 2,4-4,8 cm, suborbicular a largamente elíptico, atenuado na base em estípite de 12-13 mm, ápice cuspidado por 10-13 mm, ala dorsal ca. 1,5-2 mm larg.; valvas rígido-coriáceas, densamente seríceas, tricomas dourados. Apuleia grazielanae é uma espécie endêmica da área de domínio da caatinga, ocorrendo apenas na Chapada do Ibiapaba sobre solos arenosos, em vegetação localmente denominada de carrasco, em altitudes de ca. 700 m (fide Fernandes 1994). Floração e frutificação: xii (?). Os caracteres diferencias entre A. leiocarpa (+ A. molaris) e A grazielanae são relativamente instáveis em A. leiocarpa (forma, ápice e indumento dos folíolos, forma dos dos frutos) exceto o ápice do fruto que nunca 1�� se apresenta cuspidado como em A. grazielanae, sendo este o caráter usado neste trabalho para separar estas duas espécies. Outro caráter que pode auxiliar o reconhecimento desta espécie são as sépalas densamente pubérulas, condição não observada em A. leiocarpa. Como foram observados poucos espécimes desta planta de caatinga, este caráter deve ser usado com precaução. De qualquer modo, A. grazielanae tem distribuição restrita à Chapada do Ibiapaba, no Ceará, portanto alopátrica em relação a A. leiocarpa. Material exaMinado: Ceará: Viçosa do Ceará, A. Fernandes & Matos s. n. 14.xii.1985 (K). Apuleia leiocarpa (Vogel) Macbride, Contr. Gray Herb. 59: 23. 1919. Leptolobium ? leiocarpum Vogel, Linnaea 11: 393. 1837. Apuleia praecox Mart., Herb. Fl. Bras.: 123. 1837. Árvore 4-6 m alt.; tronco ca. 15 cm DAP, casca lisa, descamante em placas irregulares, caducifolia, geralmente florescendo antes da expansão das folhas e, portanto, as folhas adultas encontradas apenas no espécimes com frutos; ramos esparsamente pubérulos, castanho- escuros, lenticelosos. Pecíolo 10-14 mm; raque 3,8-5,2 cm; segmentos interfoliolares 9-12 mm; folíolos 7-9, cartáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 28-40 x 13-19 mm, ca. 2x mais longos que largos, elípticos a elíptico-oblongos, ápice arredondado a ligeiramente retuso, face adaxial curtamente pubérula, face abaxial pubérula; nervura principal mediana, muito saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias discolores na face adaxial e salientes na abaxial, reticuladas. Dicásios curtos, eixo 5-14 mm compr., congestos; pedicelos 6-7 mm compr. Hipanto ca. 1 mm compr.; sépalas esverdeadas, ca. 4 x 1 mm, oblanceoladas, esparsamente pubérulas, reflexas na antese; pétalas brancas, ca. 4 x 2 mm, elípticas a obovais, reflexas a patentes na antese. Fruto 2,8-3 x 2,2- 1�� 2,4 largamente elíptico a suborbicular, atenuado na base em estípite de 10-15 mm, ápice mucronado, ala dorsal ca. 1,5-2 mm larg.; valvas rígido- coriáceas, densamente seríceas, tricomas dourados. Apuleia leiocarpa é uma espécie amplamente distribuída no leste do Brasil até a Argentina e Paraguai, ocorrendo em mata atlântica e florestas estacionais. É provavelmente co-específica com A. mollaris Spruce ex Benth., o que aumenta sua área de distribuição à região amazônica. Na caatinga pode ser encontrada em caatinga arbórea em área de transição com florestas estacionais (“matas de cipó”) no centro-sul e sudeste do estado da Bahia, em altitudes de 600-750 m alt. Floração: ix (baseado em poucos espécimes). Frutificação: i-iii. Os caracteres diferencias entre A. leiocarpa e A grazielanae estão referidos na discussão desta espécie. Nomes vernaculares: garapa (geral), pau-de-rato (Boquira, BA), mulateira (Tanque Novo, BA), jitaí-amarelo (Gentio do Ouro, BA). Material exaMinado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1178 (HUEFS, K, SPF); Boquira, H. P. Bautista & O. S. Salgado 846 (HRB, HUEFS); Caetité, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 66 (AAU, K, RB); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3650 (HUEFS); Poções, S. A. Mori et al. 9523 (CEPEC, K); Tanque Novo, S. B. da Silva 198 (HUEFS). Martiodendron Gleason Pequeno gênero com quatro espécies, distribuído no norte e leste daAmérica do Sul, principalmente na Amazônia (Koeppen & Iltis, 1962). Apenas uma espécie ocorre na caatinga (ver descrição abaixo). Martiodendron é um gênero bem diferenciado dos demais da subfamília Caesalpinioideae principalmente pela redução dos estames a 4, filetes muito curtos e anteras muito longas e deiscentes por 2 pequenas fendas 1�� apicais, dispostas formando um cone em volta do ovário, lembrando, superficialmente, uma flor de Solanum. Além disso, apresenta fruto do tipo sâmara e folhas imparipinadas com folíolos alternos. Martiodendron mediterraneum (Benth.) Koeppen, Brittonia 14: 203. 1962. Amphymenium mediterraneum Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 31. 1837. Martiusia parvifolia Benth., J. Bot. (Hooker) 2: 103. 1840. Martia parvifolia (Benth.) Benth. , J. Bot. (Hooker) 2: 146. 1840. Martiodendron parvifolium (Benth.) Gleason, Phytologia 1: 141. 1935.1935. Árvore 3-7 m alt., às vezes florescendo como arbusto de 2 m alt., inermes; ramos jovens densa e curtamente pubérulos, precocemente lenhosos; gemas ovóides, revestidas por profilos estriados e imbricados, presentes na axila de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação. Estípulas ca. 8 x 5 mm, ovais, carenadas, caducas. Folhas imparipinadas, espiraladas, sem nectários extraflorais; pecíolo 5-16 mm; raque 4,5-8,5 cm; segmentos interfoliolares 17-25 mm; folíolos alternos, 7-9, cartáceos a coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, o terminal 42-65 x 21- 30 mm, ca. 2x mais longos que largos, oblongos a oblongo-lanceolados, obtusos e ligeiramente emarginados, cordados, face adaxial glabra, face abaxial esparsa e curtamente pubérula; nervura principal mediana, saliente na face abaxial, as secundárias e terciárias inconspícuas mas a face abaxial finamente reticulada. Inflorescência consistindo de uma série de dicásios agrupados em tirsos terminais amplos e abertos, 9-15 cm compr., exsertos da folhagem. Botões lanceolados, acuminados, geralmente com ápice encurvado. Flores ca. 4,5 cm diâm., ligeiramente zigomorfas; sépalas 20-21 x 2,5 mm, lineares, acuminadas, reflexas na antese, externa e internamente densamente pubescentes, tricomas marrom-amarelados; pétalas amarelo-alaranjadas, 23 x 10 mm, obovais, a vexilar ligeiramente 1�0 Figura 15 A: Martiodendron mediterraneum (1 - hábito; 2 - fruto); B: Apuleia leiocarpa (1 - hábito, ramos vegetativos e floríferos; 2 - flor); C: Poeppigia 1�1 mais larga; estames (3-) 4, com filetes muito curtos, ca 1,5 mm compr., e anteras muito longas, bege, linear-lanceoladas, alternadamente 2 mais longas, ca. 15 mm compr., e 2 mais curtas, ca. 10 mm compr., todas deiscentes por 2 fendas curtas distais; ovário séssil, 1-ovulado, densa e curtamente pubérulo, afilando gradualmente até o estilete glabro e reflexo. Fruto sâmara, castanho-avermelhado, indeiscente, 8-10 x 3,4 cm, oblongo, fortemente compresso, alado a partir das duas suturas, ala dorsal 10-14 mm larg., ala ventral 5-7 mm larg.; pericarpo coriáceo, esparsa e curtamente pubérulo. Martiodendron mediterraneum ocorre no leste do Maranhão ao sul-sudeste do Piauí, sendo conhecida por apenas uma coleta do século XIX do estado da Bahia (serra de Itiúba, grafado como “Tiuba”) feita por Martius. Até o presente nunca foi recoletada na Bahia. As poucas informações disponíveis sobre esta espécie indicam que ela ocorre principalmente em caatinga arbórea e florestas estacionais. Floração:iii-iv. Frutificação: iii-vii. Esta espécie é facilmente diagnosticada pelas folhas imparipinadas com folíolos alternos em combinação com as flores relativamente grandes (ca. 4,5 cm diâm.) com apenas 4 estames e anteras muito mais longas do que os filetes, deiscentes por duas pequenas fendas apicais, além do fruto sâmara com as duas margens aladas. As folhas imparipinadas com folíolos alternos e os frutos alados são caracteres que poderiam, em uma análise pouco cuidadosa, levar a confundir esta espécie com grupos da subfamília Papilionoideae mas a flor não papilionóide com número reduzido de estames, as anteras “poricidas” são caracteres não encontrados nas Papilionoideae. Além disso, a sâmara em Martiodendron tem forma muito característica, além de apresentar duas nervuras conspícuas na base de cada ala. Nomes vernaculares: quebra-machado (Irati, PI), violeta, violete (Piracuruca, PI). 1�� Material exaMinado: Bahia: Itiuba (como “Serra da Tiuba”), K. F. Ph. von Martius 73 (lectótipo de Amphymenium mediterraneum: M, foto K); Piauí: Irati, M. S. B. Nascimento 256 (Cpmn, HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2149 (tipo de Martiusia parvifolia; holótipo: K); L.P.Queiroz et al. 10188 (HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar et al. 637 (HUEFS, TEPB); Teresina, F. C. e Silva 63 (K). Chamaecrista Moench Arbustos, ervas ou subarbustos eretos ou prostrados, raramente árvores, quando ervas freqüentemente monocárpicas e invasoras, inermes; tricomas víscido-setosos presentes ou ausentes nos ramos, pecíolo e/ou eixos da inflorescência. Folhas paripinadas com 1 a muitos pares de folíolos opostos; nectários extraflorais presentes ou ausentes, quando ausentes as plantas apresentam tricomas víscido-setosos, quando presentes sésseis e discóides a crateriformes ou estipitados e caliciformes a cilíndricos, com superfície secretora sempre côncava, localizados no pecíolo ou raramente, na raque entre os pares de folíolos. Inflorescências em (1) racemos terminais, corimbosos ou não, (2) racemos curtos, ramifloros ou (3) fascículos axilares ou supra-axilares; bractéolas alternas sempre presentes próximo ou acima do meio do pedicelo. Flores pentâmeras, assimétricas; hipanto geralmente indistinto; sépalas livres, eqüilongas ou fortemente graduadas, as intermas maiores do que as externas; pétalas amarelas, laranja ou rosa, uma das pétalas abaxiais, o cuculo, geralmente diferenciada e oblíqua; estames 5-10; anteras deiscentes por 2 pequenas fendas apicais, ciliadas ao longo das suturas laterais. Fruto legume, plano- compresso, elasticamente deiscente, as valvas papiráceas, cartáceas ou lenhosas tornando-se espiraladas após a liberação das sementes. Chamaecrista é um gênero pantropical, com cerca de 330 espécies, tendo seu centro de diversidade na América tropical onde ocorrem cerca de 266 1�� (Irwin & Barneby 1982). Em muitos tratamentos florísticos, incluindo a Flora Brasiliensis (Bentham 1870), as espécies referidas para Chamaecrista estão incluídas em Cassia. Apesar de ser um gênero bem representado na caatinga (27 espécies), muitas delas são plantas invasoras com ampla distribuição nas Américas, especialmente as espécies herbáceas. Um grupo bem diversificado na caatinga é o dos arbustos com folhas 4-folioladas e sem nectários extraflorais (seção Absus série Absoideae, Irwin & Barneby 1978, 1982). O gênero tem taxonomia complexa, especialmente na seção Xerocalyx, que tem sofrido dramáticos rearranjos taxonômicos. Por exemplo, Irwin (1964) classificou a variação observada nesse grupo em 16 espécies, posteriormente reduzidas a três espécies (Chamaecrista desvauxii, C. ramosa e C. diphylla)e 17 variedades por Irwin & Barneby (1982). Os limites entre essas espécies é reconhecidamente artificial. Fernandes & Nunes (2005) assumem uma posição intermediária e reconhecem dez espécies. Apesar desse estudo não representar uma posição definitiva, as conclusões taxonômicas desses autores são utilizadas neste trabalho. Assim, Chamaecrista langsdorfii e C. ramosa são reconhecidas como espécies distintas de C. desvauxii, e C. curvifolia como distinta de C. ramosa, diferentemente de Irwin & Barneby (1982). As flores lembram superficialmente as de espécies dos gêneros Cassia e Senna. Destes gêneos, as espécies de caatinga de Chamaecrista podem ser diferenciadas por algumascombinações de caracteres diagnósticos: - ervas ou subarbustos com nectários extraflorais discóides ou calicióides, sésseis ou estipitados localizados no pecíolo (em Senna, as poucas espécies herbáceas tem nectários clavados localizados entre o par basal de folíolos); 1�� - ervas ou subarbustos prostrados, sem nectários extraflorais mas com tricomas glandulosos deixando a planta viscosa; - arbustos com folhas 4-folioladas, desprovidos de nectários extraflorais e fruto plano-compresso elasticamente deiscente (em Senna são comuns espécies 4-folioladas mas, neste caso, todas têm folhas com nectários extra-florais entre o par basal de folíolos); - árvores com inflorescências ramifloras. As 27 espécies encontradas na área de domínio da caatinga podem ser agrupadas de acordo com o diagrama abaixo. Chaves auxiliares Grupo 1: Este grupo corresponde à seção Xerocalyx. As espécies nele incluídas são muito polimórficas e os limites propostos por Irwin & Barneby (1982) Nectários foliares ausentes Nectários foliares presentes Folíolos em 2 pares Folíolos em mais de 2 pares Chamaecrista Folíolos em 1 par Folíolos peninérvios Folíolos palminérvios Grupo 2 Grupo 1 In flo re sc ên ci a ax ila r Ch. rotundifolia Ch. curvifolia Ch. desvauxii Ch. langsdorffii Ch. linearis Ch. ramosa Ch. calycioides Ch. duckeana Ch. flexuosa Ch. serpens Ch. supplex Ch. swainsonii Ch. tenuisepala Grupo 3 Fl or es is ol ad as o u em fa sc íc ul os In flo re sc ên ci a su pr a- ax ila r Ch. cuprea Ch. duckeana Ch. nictitans Ch. pascuorum Ch. repens Grupo 4 Er va s ou s ub ar bu st os Ch. absus Ch. amiciella Ch. carobinha Ch. fagonioides Ch. hispidula Grupo 5 In flo re sc ên ci a te rm in al Ch. acosmifolia Ch. barbata Ch. belemii Ch. brevicalyx Ch. viscosa Ch. zygophylloides A rb us to s ou á rv or es Fl or es e m ra ce m o In fl. ra m ifl or a Ch. eitenorum Ch. eitenorum 1�� parecem bastante artificiais. Mesmo no contexto das plantas de caatinga é difícil estabelecer critérios naturais para diferenciá-las. Assim, duas chaves são apresentadas, uma para as duas espécies de caatinga, usando os critérios quantitativos de Irwin & Barneby (1982) e uma outra reunindo o conjunto de variedades presentes na caatinga para as duas espécies que ocorrem neste bioma. Chave para as espécies do Grupo 1 1. Folíolos com pelo menos 10 mm compr. 2. Nectários extraflorais estipitados; estípulas ca. 8-9 mm compr., recobrindo 2/3 a todo o internó; pedicelo 15-18 mm, maior ou igual à folha subjacente e às sépalas ............................. Ch. desvauxii 2. Nectários extraflorais sésseis; estípulas com até 5 mm compr., mais curtas do que 1/3 do internó; pedicelo 3-4 mm, menor do que a folha subjacente e do que as sépalas 3. Folíolos lineares, acuminados a agudos, com até 2,5 mm larg. ..................................................................................Ch. linearis 3. Folíolos obovais a oblanceolados, ápice obtuso a arredondado, ca. 6 mm larg. .................................................................Ch. langsdorffii 1. Folíolos com até 7 mm compr. 1. Folíolos obovados com nervura principal reta; nectário extrafloral estipitado ........................................................................ Ch. ramosa 1. Folíolos falcadamente obovados, com nervura principal encurvada; nectário extrafloral séssil .............................................. Ch. curvifolia Chave para as espécies e variedades do Grupo 1 1�� 1. Nectários extraflorais estipitados 2. Estípulas maiores ca. 9 x 5 mm, recobrindo todo ou mais da metade do internó; folíolos maiores ca. 13 x 7 mm; ramos, pecíolo e face abaxial dos folíolos pubérulos ...................Ch. desvauxii var. latifolia 2. Estípulas maiores ca. 4 x 1,5 mm, menores do que 1/3 do comprimento do internó; folíolos maiores ca. 7 x 4 mm; planta essencialmente glabra ....................................Ch. ramosa var. ramosa 1. Nectários extraflorais sésseis 3. Nervura principal dos folíolos encurvadas, os folíolos então falcadamente obovados e medindo ca. 3 mm compr. ........................................................Ch. ramosa var. curvifolia 3. Nervura principal e folíolos retos, os folíolos medindo 13-25 mm compr. 4. Folíolos lineares com ápice acuminado e com até 2,5 mm larg. ...................................................... Ch. desvauxii var. linearis 4. Folíolos obovais a oblanceolados, ≥ 6 mm larg., com ápice obtuso a arredondado.......................... Ch. desvauxii var. brevipes Grupo �: 1. Sépalas multiestriadas com muitas nervuras salientes e paralelas 2. Ervas prostradas; estípulas 3-5 mm compr.; folíolos em 6-7 pares .............................................................................Ch. calyciodes 2. Subarbustos eretos, mais de 1 m alt.; estípulas 8-17 mm; folíolos 12-24 pares ................................................................... Ch. duckeana 1. Sépalas não estriadas, as nervuras inconspícuas e reticuladas 1�� 3. Ramos fortemente fractiflexos; folíolos com duas nervuras conspícuas definindo uma aréola sem nervuras 4. Folhas com 3 a 9 pares de folíolos; folíolos com ápice cuspidado e espinescente; estípulas largamente ovais, com 9-15 mm larg. ........................................................................Ch. swainsonii 4. Folhas com 25 a 60 pares de folíolos; folíolos com ápice mucronado; estípulas oval-lanceoladas com 3-5 mm larg. ............................................................................ Ch. flexuosa 3. Ramos não fractiflexos; nervuras dos folíolos não formando aréola sem nervuras 5. Estípulas com base cordada; estames 3-5; fruto 9-10 mm compr.; pedicelo curto, 2-5 mm compr.; flores pequenas, com ca. 3 mm diâm.............................................................Ch. supplex 5. Estípulas com base obtusa a arredondada, não cordada; estames 10; fruto 19-45 mm compr.; pedicelo maior, 17-22 mm compr.; flores maiores, com pelo menos 7 mm diâm. 6. Subarbustos ou pequenos arbustos eretos, pelo menos com a base do caule lenhosa; folhas com 4(-5) pares de folíolos; flores 15-20 mm diâm. .....................................Ch. tenuisepala 6. Ervas prostradas com caule delgado, herbáceo; folhas com 6-8 pares de folíolos; flores 7-9 mm diâm. ............. Ch. serpens Grupo �: 1. Sépalas multiestriadas com muitas nervuras salientes e paralelas ............................................................................Ch. duckeana 1�� 1. Sépalas não estriadas, as nervuras inconspícuas e/ou reticuladas 2. Folíolos em 9 a 20 pares; raque foliar com pelo menos 4 cm compr. 3. Subarbustos com base lenhosa; folíolos com nervura principal fortemente excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção de > 1:2,5; nectário peciolar séssil ou elevado em uma coluna tão ou mais larga quanto seu diâmetro ..........................Ch. repens 3. Ervas anuais; folíolos com nervura principal apenas ligeiramente excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção de ca. 1:1,5; nectário peciolar estipitado, o estípite claramente mais estreito do que o diâmetro da cabeça ..................................... Ch. nictitans 2. Folíolos em 3 a 7 pares; raque foliar com até 3 cm compr. 4. Estípulas 6-10 mm compr.; folíolos 10-17 mm compr., pubescentes em ambas as faces, em 4 a 7 pares nas folhas maiores ..................................................................Ch. pascuorum 4. Estípulas 1,5-2,5 mm compr.; folíolos 2,5-7 mm compr.,glabros na face adaxial, glabros ou esparsamente pubérulos na abaxial, em 2-4 pares (3 pares na maioria das folhas) ... Ch. cuprea Grupo �: 1. Folhas dísticas apresentando na raque, entre cada par de folíolos, um apêndice lingüiforme; flores pequenas, 6-7 mm diâm.; cuculo não diferenciado; estames 2 a 7; estilete curto, 1,5-2 mm compr., dilatado e reflexo ..................................................................... Ch. absus 1. Folhas espiraladas, sem apêndices na raque; flores maiores ca. 15-20 mm diâm.; uma das pétalas abaxiais diferenciadas, ± reniforme e dobrada sobre os estames (cuculo); estames 10; estilete não dilatado 1�� nem reflexo 2. Pecíolo proporcionalmente longo, ca. 2x ou mais o comprimento dos folíolos proximais 3. Botões florais obtusos; folíolos 4-10 mm compr.; sépalas com ápice obtuso, até 5 mm compr.; pétalas até 10 mm compr.; folíolos concolores verdes ou com margem avermelhada ..............................................................Ch. amiciella 3. Botões florais agudos; folíolos 20-23 mm compr.; sépalas com ápice agudo 8-11 mm compr.; pétalas 14-16 mm compr.; folíolos freqüentemente discolores na face adaxial com padrões de púpura ao lado das nervuras (só visíveis em material fresco) ........................................................ Ch. hispidula 2. Pecíolo mais curto ou até 1,4x mais longo do que os folíolos proximais 3. Botões florais e sépalas agudos; pétalas amarelas ..... Ch. carobinha 3. Botões florais e sépalas obtusos; pétalas laranja ou rosa ....................................................................... Ch. fagonioides Grupo �: 1. Epiderme dos ramos jovens tornando-se precocemente pálida (quase branca em plantas secas) e exfoliante 2. Pecíolo proporcionalmente longo, pelo menos 1,5x mais longo do que os folíolos proximais ............................................ Ch. brevicalyx 2. Pecíolo proporcionalmente mais curto, pouco menor ou pouco maior do que os folíolos proximais 1�0 3. Folíolos oval-lanceolados, 2,5-3x mais longos que largos, os distais com pelo menos 55 mm compr.; racemos não corimbosos, alongados, longamente exsertos da folhagem ........ Ch. barbata 3. Folíolos elíptico-obovados, 1,4-1,7x mais longos do que largos, com até 24 mm compr.; racemos corimbosos, curtamente exsertos da folhagem ................................................... Ch. belemii 1. Epiderme dos ramos jovens não se tornando pálida e exfoliante, às vezes longitudinalmente estriada 4. Folíolos obdeltóides com ápice obcordado ........................Ch. viscosa 4. Folíolos elípticos a obovados com ápice obtuso a arredondado 5. Folíolos distais 27-45 cm compr.; arbusto delgado com caule ± sarmentoso e virgado ............................................ Ch. acosmifolia 5. Folíolos distais 5-22 cm compr.; arbustos eretos com caule muito ramificado 6. Flores com ca. 2 cm diâm.; pétalas 14-16 mm compr.; pecíolo um pouco mais curto ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais ........................................ Ch. belemii 6. Flores com ca. 1 cm diâm.; pétalas 7-10 mm compr.; pecíolo proporcionalmente mais longo, ca. 1,5x maior do que os folíolos proximais ........................................ Ch. zygophylloides Chamaecrista absus (L.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 664. 1982. Cassia absus L., Sp. Pl..: 376. 1753.1753. var. absus 1�1 Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos, esparsamente pubérulos e com tricomas setosos glandulares. Estípulas 2-3 x 1 mm, estreitamente triangulares, acuminadas. Pecíolo 15-45 mm, ca. 1-2x o comprimento dos folíolos proximais; raque 6-11 mm; nectários extraflorais ausentes; apêndices foliáceos presentes na raque entre cada par de folíolos; folíolos 2 pares, fortemente acrescentes distalmente, os distais 30-45 x 15-25 mm, obliquamente largo-obovais, 2-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, curtamente mucronado, adpresso-pilosos nas duas faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana. Racemo terminal, curto, imerso na folhagem, 1-3 cm compr.; pedicelo 2-3 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores 0,6-0,7 cm diâm.; sépalas estreitamente oblongas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 3,5 x 1 mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), oboval-oblanceoladas, ca. 6 x 4 mm; estames 2-7. Legumes 3,7-4 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongos, patentes; valvas papiráceas, híspido-setosas e com tricomas glandulares. Erva monocárpica invasora, pantropical, amplamente distribuída nas Américas. Apesar de Irwin & Barneby (1978) considerarem sua possível ausência no nordeste do Brasil, esta planta é conhecida da área de caatinga por uma coleta relativamente recente (1993), em áreas degradadas e sazonalmente úmidas, transicionais entre caatinga e floresta estacional. Floração e frutificação: viii. Chamaecrista absus é uma espécie taxonomicamente isolada, combinando o indumento glandular das demais espécies da seção Absus (grupos 4 e 5), com o comportamento monocárpico e flores reduzidas e possivelmente cleistógamas encontrados em algumas espécies da seção Chamaecrista (grupos 2 e 3). No contexto das espécies de caatinga, pode ser superficialmente confundida com Ch. hispidula e Ch. amiciella, todas combinando o hábito herbáceo prostrado com as folhas 4-folioladas. No entanto, estas duas espécies apresentam flores significativamente maiores, com 1,5 mm diâm. 1�� ou mais, androceu com 10 estames e cuculo bem diferenciado. Ch. hispidula, por sua vez, comumente apresenta os folíolos com a região adjacente às nervuras de maior porte discolores, verde-prateadas. Material exaMinado: Bahia: Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimanto 3555 (HUEFS, K). Chamaecrista acosmifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia acosmifolia Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 133. 1870.15 (2): 133. 1870. var. acosmifolia Arbusto delgado até 2 m alt., ramos virgados e ± flexuosos, velutinos e com tricomas setosos glandulares densos. Estípulas subuladas, 3-4 x 0,5 mm. Pecíolo 30-34 mm, um pouco mais curto ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais; raque 10-16 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, os distais 27-45 x 11- 22 mm, elípticos, 2-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, curtamente mucronado, margem revoluta, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial pilosa; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana. Racemos terminais não corimbosos, 1-3 cm compr., 6,5-8 cm, exserto da folhagem, freqüentemente agrupados em panículas; pedicelo 12-21 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas estreitamente ovais a obovais, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8-9 x 3-4 mm; pétalas amarelas, 4 eretas (perianto ± campanulado), obovais, 13-15 x 8-9 mm, cuculo hemi- oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,4-4,5 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongo; valvas cartáceas, pubérulas e viscosas. Chamaecrista acosmifolia ocorre em caatinga e cerrado no nordeste do Brasil até Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso (Irwin & Barneby 1978). Das três variedades reconhecidas por estes autores, apenas a variedade acosmifolia 1�� ocorre na caatinga, sendo registrada para os estados da Bahia e do Piauí, em altitudes de 500-600 m. Floração: i-iii. Frutificação: i-v. Esta espécie assemelha-se a Ch. barbata da qual pode ser diferenciada pela epiderme dos ramos não se tornando pálida (em Ch. barbata os ramos ficam quase brancos nas plantas secas) e pelas flores distribuídas em panículas de racemos relativamente curtos (vs. racemo simples, terminal, muito longo em Ch. barbata). Os espécimes do Piauí citados na Flora Brasiliensis (Bentham 1870)como Cassia desertorum correspondem a esta espécie. Material selecionado: Bahia: Andaraí, A. M. Giulietti & R. M. Harley 2080 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18902 (CEPEC, K); Jacobina, L. P. Queiroz et al. 2444 (HUEFS); Morro do Chapéu, F. França et al. 2855 (HUEFS); Seabra, L. C. de Oliveira f. & J. C. A. Lima 102 (K, MBM). Piauí, Paranaguá, G. Gardner 2547 (K). Chamaecrista amiciella (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia amiciella H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 267. 1978.New York Bot. Gard. 30: 267. 1978. Erva prostrada a procumbente, até 30 cm alt.; ramos delgados, herbáceos, indumento pubérulo associado a tricomas víscido-setosos e setas < 1 mm compr. Estípulas setáceas, 1-1,5 x 0,5 mm. Pecíolo 12-15 mm, ca. 2x mais longo do que os folíolos proximais; raque 1-4 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, eqüilongos ou ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 4-10 x 2-6 mm, obovais, 1,7-2x mais longos do que largos, ápice obtuso e apiculado ou emarginado, margem plana, cuneados na base, glabros ou curta e esparsamente pubérulos em ambas as faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias inconspícuas. Racemos terminais ± 1�� corimbosos, 2-12 cm compr.; pedicelo 14-18 mm. Botões globosos, obtusos e discretamente apiculados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas esverdeadas, estreitamente elípticas, obtusas, ± eqüilongas, 4,5-5 x 1,5-2 mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 9-10 x 4-6 mm, cuculo hemi-oval, falcado, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 1,5-3 x 0,3-0,4 cm, linear-oblongo; valvas cartáceas, víscido-setosas. Chamaecrista amiciella é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida do sul do Ceará e oeste da Paraíba e norte da Bahia (Irwin & Barneby 1978). Ocorre principalmente sobre solo arenoso em altitudes de 150 a 500 m. Floração e frutificação: ii-vi. Esta espécie é relativamente mal representada nos herbários devido, provavelmente, ao seu ciclo rápido de crescimento, floração e produção de sementes. É possível, portanto, que tenha distribuição mais ampla do que a indicada acima. Vegetativamente, Ch. amiciella assemelha-se a Ch. hispidula da qual se diferencia pelos tricomas setosos menores (< 1 mm em Ch. amiciella e > 1 mm em Ch. hispidula) e, principalmente, pelos botões florais obtusos (agudos em Ch. hispidula) e pelas flores menores, com sépalas de até 5 mm compr. (vs. ≥ 7,5 mm compr. em Ch. hispidula). Estas características do botão e das flores a aproxima de Ch. fagonioides, da qual se diferencia facilmente pelo pecíolo proporcionalmente mais longo, ca. 2x o comprimento dos folíolos proximais (em Ch. fagonioides o pecíolo é aproximadamente do mesmo comprimento dos folíolos proximais). Material selecionado: Bahia: Ibotirama, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Itatim, E. Melo & F. França 1175 (HUEFS); Jacobina, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Queimadas, Rose & Russell 19837 (isótipo de Cassia amicilella: NY). Pernambuco: entre Ouricuri e Parnamirim, E.P.Heringer et al. 632 (IPA). 1�� Figura 16 A: Chamaecrista acosmifolia (hábito); B: Chamaecrista eitenorum (1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - fruto); C: Chamaecrista belemii (1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - inflorescência); D: Chamaecrista zygophylloides ( 1 folha; 2 - detalhe de um folíolo); E: Chamaecrista barbata (1 - folha; 2 - fruto); 1�� Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia barbata Nees & Mart., Nov. Act. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat. Cur. 12: 32. 1823. Cassia barbata var. mollis Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 133. 1870.Brasil. 15 (2): 133. 1870. Arbusto delgado, pouco ramificado, 1,5-2 m alt.; ramos vilosos e víscido- setulosos, a epiderme tornando-se precocemente pálida e exfoliante. Estípulas setosas, 2,5-3,5 x 0,5 mm. Pecíolo 35-50 mm, um pouco mais curto ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais; raque 15-20 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, acrescentes distalmente, os distais 55-85 x 21-37 mm, oval-lanceolados, 2,5-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, às vezes também longamente mucronado, margem revoluta, face adaxial glabra, reticulada, raramente rugosa, face abaxial esparsa ou densamente pilosa, setosa sobre as nervuras; nervação peninérvia, nervura principal mediana, nervuras de menor porte fortemente reticuladas formando uma rede de aréolas fechadas ca. 1 mm diâm. Racemos terminais não corimbosos, 8-36 cm compr., longamente exsertos da folhagem, não agrupados em panículas; pedicelo 10-16 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verdes, às vezes tingidas de vermelho, elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 6-12 x 2-3 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 16-18 x 9-10 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 5,2-6 x 0,8-0,9 cm, linear-oblongo, ascendente; valvas pubérulas e setosas, viscosas. Chamaecrista barbata ocorre principalmente na caatinga da Bahia, a leste do rio São Francisco, e oeste de Pernambuco (Irwin & Barneby 1978), podendo também ocorrer em áreas de transição caatinga-cerrado na Chapada Diamantina, em altitudes de 650 a 1000m. Floração: x-iii. 1�� Frutificação: x-iii. Esta espécie é relativamente fácil de ser reconhecida pela síndrome de folíolos oval-lanceolados, revolutos na margem e densamente reticulados e racemos longos e densamente multifloros. Material selecionado: Alagoas: Arapiraca, D.Andrade-Lima 62-4069 (IPA). Bahia: Andaraí, L. P. Queiroz et al. 1880 (HUEFS); Caetité, G. Hatschbach et al. 65844 (HUEFS, MBM); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3550 (HUEFS);Ituaçu, L. P. Queiroz 1652 (HUEFS); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16763 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1996 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30724; Senhor do Bonfim, R. Mello-Silva et al. CFCR 7593 (K, SPF). Pernambuco: Taquaritinga, D.Andrade-Lima 66-4452 (IPA). Chamaecrista belemii (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia belemii H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 241. 1978.New York Bot. Gard. 30: 241. 1978. Arbusto profusamente ramificado, 1,5-3 m alt.; ramos pubérulos e víscido- setulosos, a epiderme tornando-se precocemente pálida e exfoliante. Estípulas setosas, ca. 2 x 0,5 mm. Pecíolo 6-14 mm, um pouco mais curto ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais (ver variedades); raque 4-5 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais 9-24 x 5-13 mm, elíptico- obovados, 1,4-1,7x mais longos do que largos, ápice arredondado a ligeiramente emarginado, margem plana, geralmente glabros exceto por um tufo de tricomas lateralmente na base da nervura principal, raramente pubérulos nas duas faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, nervuras de menor porte salientes e reticuladas em ambas as faces. Racemos terminais ± corimbosos, 2,5-5 cm compr., apenas curtamente exsertos da folhagem, às vezes agrupados em panículas 1�� curtas; pedicelo 15-21 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verdes, elípticas a oblongas, obtusas, ± eqüilongas, 6-9 x 3- 4 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto ± campanulado), obovais, 14-16 x 6-9 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3-4,2 x 0,6-0,7 cm, linear-oblongo, ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas. Chamaecrista belemii poderepresentar a forma mais xeromórfica das espécies de Chamaecrista de caatinga, com o hábito arbustivo profusamente ramificado e precocemente lenhoso, além dos folíolos menores e mais consistentes do que o das demais espécies 4-folioladas. As folhas lembram as de Ch. zygophylloides que, no entanto, pode ser diferenciada pelos folíolos maiores. Por outro lado, a epiderme dos ramos torna-se pálida e precocemente exfoliante, de modo semelhante ao observado em Ch. barbata, embora estas duas espécies sejam difíceis de confundir pois Ch. belemii apresenta folíolos elíptico-obovados (não oval-lanceolados) e significativamente menores (9- 24 mm vs. 55-85 mm), além de possuir racemos mais curtos (2,5-5 cm vs. 8-36 cm) e ± corimbosos, com os botões em pré-antese ficando ± na mesma altura das flores abertas. Aparentemente endêmica da caatinga do estado da Bahia a leste do rio São Francisco. Irwin & Barneby (1978, 1982), reconhecem duas variedades, ambas ocorrendo na caatinga e diferenciadas pela chave apresentada abaixo. Os caracteres apresentados são relativamente instáveis e é possível que uma análise mais cuidadosa revele que tratam-se de pequenas variações locais sem muito significado taxonômico. 1.Superfície dos folíolos e dos frutos glabras ou quase glabras; pedicelos bracteolados abaixo do meio; folhas com raque de 3-6 mm .var. belemii 1. Superfície dos folíolos e dos frutos pubérulas; pedicelos bracteolados 1�� acima do meio; folhas com raque de 1,5-2,5 (-3)mm ..... var. paludicola Chamaecrista belemii (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby var. belemii Planta de caatinga, distribuída principalmente no centro-leste da Bahia, especialmente sobre solos arenosos, em altitudes de 200 a 600 m. Floração: i-iii. Frutificação: i-v. Nome vernacular: flor-de-são-joão. Material selecionado: Bahia: s.l., BR-4 220 km S de Salvador, R. P. Belém & J. M. Mendes 316 (tipo de Cassia belemii; holótipo UB, isótipo: K, foto HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7908 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3552 (HUEFS, K); Itatim, E. Melo et al. 1880 (HUEFS); Jeremoabo, L. P. Queiroz 3725 (HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19439 (CEPEC, K); Ruy Barbosa, F. França et al. 2666 (HUEFS); Santa Brígida, L. P. Queiroz 385 (ALCB, HUEFS). Pernambuco: Arcoverde, L. P. Félix et al. 5663 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, D. M. Coelho & R. A. Silva 148 (HUEFS, Xingo). Chamaecrista belemii var. paludicola (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia belemii var. paludicola H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30:Gard. 30: 243. 1978. Em caatinga, sendo freqüentemente encontrada sobre afloramentos graníticos, a 300-600 m alt. Floração: iii. Frutificação: iii-v. Material selecionado: Bahia: s.l., “marais de Tapira”, J. S. Blanchet 3093 (tipo de Cassia belemii var. paludicola; isótipo: K, foto HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19417 (CEPEC, K); Raso da Catarina, H. P. Bautista et al. 459 (HRB, K). Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York 1�0 Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia brevicalyx Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 134. 1870.Brasil. 15 (2): 134. 1870. Arbusto ramificado, 1-3 m alt.; tricomas glanduloso-setosos densos sobre os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, a epiderme tornando-se precocemente pálida (quase branca em material seco) e exfoliante. Estípulas lineares, ca. 1-2 x 0,5-0,8 mm. Pecíolo longo, 30-55 mm, pelo menos 1,5x maior do que os folíolos proximais; raque 4-8 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 22-38 x 12-20 mm, largamente ovais a suborbiculares, ca. 1,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a arredondado ou elípticos com ápice agudo (ver variedades), margem plana, glabros ou pubérulos em ambas as faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e as nervuras de menor porte salientes e abertamente reticuladas em ambas as faces. Racemos terminais não corimbosos, longos, 9-28 cm compr., longamente exsertos da folhagem, raramente agrupados em panículas terminais; pedicelo 15-30 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas verde-amareladas, elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8- 11 x 3-5 mm, reflexas na antese; pétalas amarelas, ascendentes (perianto amplamente campanulado), obovais, 17-21 x 11-14 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,7-6 x 0,6-0,7 cm, linear- oblongo, ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas. Chamaecrista brevicalyx ocorre principalmente em cerrado e caatinga no leste do Brasil, da região central do Piauí até o norte de Minas Gerais passando pelos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia. A descamação precoce da epiderme dos ramos, deixando-os pálidos, associada aos racemos longos e multifloros e às flores relativamente grandes aproximam esta espécie de Ch. barbata, da qual pode ser diferenciada pelo 1�1 pecíolo proporcionalmente mais longo, ca. 1,5-2x mais longo do que o primeiro par de folíolos. Os folíolos proporcionalmente mais largos (largamente ovais a suborbiculares, não oval-lanceolados) também podem servir para diferenciar estas espécies exceto pela rara variedade elliptica (ver características abaixo). O comprimento relativo do pecíolo a aproxima de Ch. zygophylloides, da qual pode ser diferenciada pelas flores significativamente maiores (ca. 3 cm diâm. com pétalas de 17-21 mm compr. em Ch. barbata vs. ca. 1 cm de diâm. com pétalas de 8-15 mm compr. em Ch. zygophylloides), além da já referida peculiaridade da epiderme dos ramos. Irwin & Barneby (1978, 1982) reconhecem duas variedades, as duas ocorrendo na caatinga, podendo ser diferenciadas pela seguinte chave. 1. Folíolos largamente ovais a suborbiculares, glabros ..........var. brevicalyx 1. Folíolos elípticos, pubérulos em ambas as faces ....................var. elliptica Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S.Irwin & Barneby var. brevicalyx Planta de caatinga e cerrado, com distribuição coincidente com a da espécie. Na caatinga ocorre principalmente sobre solo arenoso, de 400 a 1000 m alt. Floração: xi-iii. Frutificação: i-iii. Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2818 (HUEFS, K, SPF); Boninal, G. Hatschbach & J. M. Silva 50158 (K, MBM); Caetité, G. Hatschbach et al. 65878 (HUEFS, MBM); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7642 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz 456 (ALCB, HUEFS, K); Santa Brígida, L. P. Queiroz et al. 7290 (HUEFS). Paraíba: J. C. Moraes 1979 (K). Pernambuco: Buíque, L. P. Félix et al. 7444 (Hst, HUEFS). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2122 (holótipo de Cassia brevicalyx: K, foto HUEFS); Piracuruca, A. Carvalho & C. G. Lopes 118 (HUEFS, TEPB). 1�� Chamaecrista brevicalyx var. elliptica (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia brevicalyx var. elliptica H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.New York Bot. Gard. 30: 252. 1978. Conhecida por apenas uma coleta em área de transição caatinga-cerrado no norte da Bahia. Como afirmado por Irwin & Barneby (1978), é possível que se trate de uma espécie distinta mas mais material seria necessário para avaliar seu padrão de variação.Planta de caatinga e cerrado, com distribuição coincidente com a da espécie. Na cattinga ocorre principalmente sobre solo arenoso, de 400 a 1000 m alt. Floração e frutificação: ii. Material exaMinado: Bahia: Lagoinha, R. M. Harley et al. 16785 (tipo de Cassia brevicalyx var. elliptica; isótipo: K, foto HUEFS). Chamaecrista calycioides (Collad.) Greene, Pittonia 4: 32. 1899. Cassia calyciodes Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 125, t. 120, fig. B. 1816.Casses: 125, t. 120, fig. B.1816. var. calyciodes Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos, pubérulos e com tricomas setosos ca. 1,5 mm compr. Estípulas 3-4 x 1,5-2 mm, oval-lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 2,5-3,5 mm; raque 1,2-1,6 cm; segmentos interfoliolares 1 mm; nectário peciolar 1, delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par proximal de folíolos; folíolos 8-10 pares, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente, os medianos 7-8 x 1,5-2 mm, oblongo-lineares, 3,5-5x mais longos do que largos, ápice obtuso, às vezes adicionalmente mucronado, glabros nas duas faces ou face abaxial esparsamente pubérula; nervura principal fortemente excêntrica, submarginal. Pedicelo axilar, isolado, 0,5-1 mm. Botões ovóides, acuminados. Flores 0,8-1 cm diâm.; sépalas lanceoladas, 1�� acuminadas, ± eqüilongas, ca. 9 x 1,3 mm, nervuras paralelas, salientes; pétalas amarelas, obovadas, ca. 6 x 5 mm. Legume 2,1-3,4 x 0,4 cm, linear, reflexo; valvas papiráceas, pilosas. Planta monocárpica invasora, amplamente distribuída na América tropical, desde o Texas (U.S.A.) até a Argentina (Irwin & Barneby 1982). Das duas variedades reconhecidas por estes autores, apenas a variedade calyciodes ocorre na caatinga, geralmente em áreas degradadas e sazonalmente inundadas. Floração e frutificação: provavelmente após as chuvas. No seu aspecto geral, Ch. calyciodes assemelha-se a Ch. serpens, compartilhando o hábito delicado e prostrado e os nectários delgadamente estipitados. Um exame das sépalas permite separá-las com facilidade pois Ch. calycioides apresenta sépalas multi-estriadas, com várias nervuras paralelas e salientes. Além disso, o pedicelo das flores de Ch. calycioides é muito mais curto do que o de Ch. serpens (0,5-1 mm vs. 17-20 mm, respectivamente). Este caráter a aproxima de Ch. supplex, da qual difere pelo número maior de folíolos (8 a 10 pares em Ch. calyciodes vs. 5-6 pares em Ch. supplex). Material exaMinado: Alagoas: Pão de Açúcar¸R.P.Lyra-Lemos 4850 (MAC). Bahia: Remanso, L. Coradin et al. 5937 (CEN, K). Paraíba: Esperança, J.C.de Moraes s.n. IPA 13095 (IPA). Pernambuco: Lajedo, L. B. Oliveira & A. M. Miranda 142 (Hst, HUEFS); Sertânia, A. M. Miranda et al. 2616 (Hst, HUEFS). Piauí: Colônia do Gurguéia, L. P. Félix 7749 (Hst, HUEFS); Irati, M. S. B. Nascimento 229 (Cpmn, HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2130 (K); Palmas, M. S. B. Nascimento et al. 429 (Cpmn); São Sebastião, M. S. B. Nascimento 147 (Cpmn, HUEFS). Chamaecrista carobinha (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia carobinha H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 270. 1978.New York Bot. Gard. 30: 270. 1978. 1�� Erva prostrada a procumbente, às vezes sarmentosa e ascendente até 1-1,5 m; ramos delgados, herbáceos, indumento pubérulo associado a tricomas víscido-setosos ca. 0,5 mm compr. Estípulas setáceas, 1-2,5 x 0,5 mm. Pecíolo 13-32 mm, um pouco mais longo ou mais curto do que os folíolos proximais; raque 5-17 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, acrescentes distalmente, os distais 10-40 x 5-17 mm, oval-elípticos, ca. 2x mais longos do que largos, ápice obtuso ou emarginado, margem revoluta, densamente pubérulos em ambas as faces e, adicionalmente, esparsamente setosos sobre as nervuras; nervura principal mediana, peninérvia, juntamente com as secundárias inconspícuas. Racemos terminais não corimbosos, laxos, 10-30 cm compr.; pedicelo delgado, 14-22 mm. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, lanceoladas, agudas, ± eqüilongas, 8-9 x 2-3 mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), obovais a oblanceoladas, 13-14 x 5-8 mm, cuculo falcado-elíptico, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume ca. 3 x 0,5 cm, linear-oblongo, pêndulo; valvas cartáceas, pubérulas e esparsamente víscido-setosas. Chamaecrista carobinha é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida apenas do sul do Piauí e norte da Bahia, de Juazeiro até o extremo setentrional da Chapada Diamantina. Floração: iii-v. Frutificação: ? Esta espécie combina os botões florais agudos, semelhantes aos de Ch. hispidula, com o pecíolo proporcionalmente curto, como o de Ch. fagonioides. A combinação destes dois caracteres diagnostica esta espécie e permite separá-la tanto de Ch. hispidula (que tem pecíolo proporcionalmente muito longo) como de Ch. fagonioides (que tem o botão obtuso e, adicionalmente, pétalas laranja, não amarelas como em Ch. carobinha). Material exaMinado: Bahia: Juazeiro, Löfgren 891 (holótipo de Cassia carobinha: RB); Morro do Chapéu, G. Hatschbach & O. Guimarães 42346 (MBM). Piauí, Paranaguá, Ph. 1�� von Luetzelburg 1490 (M). Chamaecrista cuprea H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 749. 1982. Pequeno subarbusto 10-20 cm alt., formando pequenas moitas com ramos encurvados e ascendentes, esparsamente pubérulos. Estípulas 1,5-2,5 x 0,5-1 mm, ovais a triangulares. Pecíolo 1,5-3,5 mm; raque 0,2-0,7 cm; segmentos interfoliolares 2,5-3 mm; nectário peciolar 1, estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos 3 (- 4) pares, glaucos, ligeiramente suculentos, discretamente decrescentes proximal e distalmente, os medianos 2,5-7 x 1-4,5 mm, oblongo-obovados, ca. 1,5-2,5x mais longos do que largos, ápice obtuso e mucronado, face adaxial glabra, face abaxial glabra a esparsamente pubérula; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelos supra- axilares, deslocados por 1,5-6 mm, isolados ou pareados, 5-11 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, ± eqüilongas, 7-10 x 2,5-3 mm; pétalas laranja-avermelhadas com margens amarelas, heteromórficas com a adaxial e uma adjacente oblanceoladas, menores (ca. 8-11 mm compr.), duas obovadas maiores (ca. 12-14 mm) e o cuculo em forma de bumerangue; estames 10, com filetes alternadamente mais longos e mais curtos. Legume 2,5-3,5 x 0,4 cm, linear, ascendente; valvas papiráceas. Chamaecrista cuprea é conhecida apenas do espécime-tipo, procedente de áreas arenosas sazonalmente inundadas no médio São Francisco, a ca. 300- 400 m alt. Floração e frutificação (mal documentada): ii. Esta espécie é claramente afim a Ch. pascuorum, da qual difere mais por caracteres quantitativos, mostrando-se em geral reduzida em estatura e dimensões das estípulas e das folhas em relação a esta espécie (ver chave). 1�� Ch. pascuorum, como ressaltado por Irwin & Barneby (1982), é uma espécie muito variável mas se mostra consistentemente mais robusta, embora não se possa descartar a possibilidade de que Ch. cuprea represente um extremo da variação de Ch. pascuorum. Material exaMinado: Bahia: Xique Xique (Lagoa Itaparica), R. M. Harley et al. 19123 (tipo de Ch. pascuorum: holótipo: RB; isótipos: CEPEC, K [foto HUEFS]). Chamaecrista curvifolia (Vogel) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref. Tax. Chamaecrista: 41. 2005. Cassia curvifolia Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837. Chamaecrista ramosa var. curvifolia (Vogel) G.P.Lewis, Legumes of Bahia: 84. 1987. var. curvifolia Subarbusto virgado a procumbente, 10-60 cm alt.; ramos jovens glabros a pubérulos. Estípulas ovais, cordadas, ca. 2,5 x 1,5 mm, recobrindo menos de 1/3 do internó. Pecíolo 0,5-2 mm; raque 0,5-1 mm; nectário séssil localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriácos, acrescentes distalmente, 3-7 x 1,5-4 mm, folíolos 2,5-3,5 x 1,5 mm, falcadamente obovais; nervura principal e, freqüentemente, também uma segunda nervura basal encurvadas; nervação palmi-peninérvia com 3-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana,reta a encurvada, ramificada (ver variedades). Pedicelos axilares, isolados, 6-7 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 7-11 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-11 x 6 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume 1�� 2,4-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho- escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas. Planta de hábitats abertos, em campos, restingas ou sobre rochas, distribuída principalmente na costa leste do Brasil, do Amapá e Pará até o estado do Paraná, penetrando para o interior nos estados do Ceará, Bahia e Minas Gerais, onde ocorre principalmente associada a serras. É relativamente pouco coletada dentro da área de domínio da caatinga embora algumas coletas recentes confirmem sua ocorrência neste bioma, principalmente sobre solo arenoso em áreas transicionais para cerrado. Floração e frutificação: ix. Esta espécie corresponde ao morfo mais reduzido e xeromórfico do complexo de táxons afins a Ch. ramosa, com a folhagem diminuta e ± ericóide, na delimitação adotada por Irwin & Barneby (1982, como Ch. ramosa var. mollissima). Fernandes & Nunes (2005) reconheceram Ch. curvifolia como distinta de Ch. ramosa. É facilmente reconhecida pelos folíolos oblíquos e falcados, acompanhando a curvatura da nervura principal ou das nervuras de maior porte. Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4147 (HUEFS); Umburanas, E. Melo et al. 2825 (HUEFS). Piauí: . Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip, Brittonia 3 (2): 165. 1939. Cassia desvauxii Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 131. 1816. var. latifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 873. 1982. Cassia uniflora var. latifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 158. 1870.Brasil. 15 (2): 158. 1870. Cassia piauhiensis H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 61. 1964. Subarbusto prostrado a procumbente, ca. 30 cm alt.; ramos jovens 1�� pubérulos. Estípulas persistentes, ovais, cordadas, 8-9 x 5 mm, recobrindo de 2/3 a todo o internó. Pecíolo 4-5 mm; raque ca. 2 mm; nectário estipitado, ca. 1 mm compr.localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 10-13 x 6-7 mm, glaucos, densa e curtamente pubérulos nas duas fabes ou só na abaxial, nervação palmi-peninérvia com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 15-18 mm compr., tão ou mais longo do que a folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 8- 12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 2,2 x 1 cm, oblongo- linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas. Chamaecrista desvauxii é uma espécie amplamente distribuída nas Américas, com exceção das Antilhas. Nas circunscrições adotadas por Irwin & Barneby (1982) e por Fenandes & Nunes (2005) é uma espécie polirracial com padrão de variação complexo. A var. latifolia é uma planta essencialmente de caatinga, conhecida principalmente do estado da Bahia e sul do Piauí, e por uma coleta no norte de Minas Gerais (Serra do Calixto, fide Irwin & Barneby 1982). Ocorre sobre solo arenoso em altitudes de ca. 200 a 500 m. Floração e frutificação: i-ii(v). Material selecionado: Bahia: Conceição de Feira (referida como ‘Feira de Conceição’), K. P. F. von Martius 2210 (holótipo de Cassia uniflora var. latifolia: M, foto K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 19137 (CEPEC, K); Remanso, E. Ule 7379 (K). Piauí: Campo Grande, Ph. von Luetzelburg 366 (holótipo de Cassia piauhiensis: NY); Irati, M. S. B. Nascimento 242 (Cpmn, HUEFS). 1�� Chamaecrista duckeana (P.Bezerra & Afr.Fern.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 861. 1982. Cassia duckeana P.Bezerra & Afr.Fern.., Bradaea 2 (50): 337. 1979.1979. Subarbusto ereto, 1-1,5 m alt.; ramos pilosos. Estípulas 8-17 mm compr., estreitamente lanceoladas. Eixo foliar 3-9 cm; nectário peciolar 1, estipitado, localizado logo abaixo do par proximal de folíolos; folíolos 14-24 pares, 8-20 x 3-4 mm, oblongo-lineares, agudos ou obtusos, mucronados, glabros ou pilósulos; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelo discretamente supra-axilar, fasciculados, 5-15 mm. Sépalas 12-14 mm compr., nervuras paralelas, salientes; pétalas ca. 25 mm. Legume 4-8 x 0,4-0,5 cm, linear; valvas papiráceas, glabrescentes. Esta planta foi incluída com hesitação pois é conhecida por apenas duas amostras procedentes da serra da Meruoca (Bezerra & Fernandes 1979) e na Chapada do Apodi, no estado do Ceará, em habitat não registrado. Chamaecrista duckeana parece representar uma forma mais robusta de Ch. calyciodes, as duas constituindo um grupo taxonomicamente isolado dentro do gênero Chamaecrista (seção Caliciopsis), combinando caracteres da seção Chamaecrista (folíolos peninérvios, flores não ressupinadas e sépalas ± eqüilongas) com as sépalas multi-estriadas com várias nervuras paralelas e salientes, típicas da seção Xerocalyx. Os caracteres diferenciais entre estas espécies estão referidos na discussão de Ch. calycioides. Material exaMinado: Ceará: Quixeré, L. W. Lima-Verde et al. 268 (EAC, HUEFS). Chamaecrista eitenorum (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 642. 1982. Cassia eitenorum H.S.Irwin & Barneby, Brittonia 29: 285. 1977.1977. 1�0 Árvores 3-8 m alt., tronco até 20 cm DAP, casca lisa com faixas horizontais de várias tonalidades de cinza; ramos glabros. Estípulas obsoletas ou caducas. Pecíolo 20-25 mm; raque variando de acordo com as variedades; nectário discóide, séssil ou curtamente estipitado, localizado entre os dois primeiros pares de folíolos; folíolos 2-4 pares (ver variedades), ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 5-9 x 2-5 cm, ca. 2x mais longos do que largos, elípticos, ápice arredondado e, às vezes, também curtamente acuminado, base ligeiramente cordada, glabros; nervação peninérvia, nervura primária 1, mediana. Racemos ramifloros, 1-3-fasciculados, 1-3 cm compr.; pedicelos 1-2 cm; bractéolas localizadas próximo ou abaixo do meio. Botões globosos. Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas ca. 5 x 2 mm, ovais, agudas; pétalas amarelas, pouco heteromórficas, as 3 adaxiais oblanceoladas, uma abaxial obovada e o cuculo ligeiramente falcado; estames 10. Legume 16,5-17,5 x 1,7-1,8 cm, linear; valvas lenhosas, glabras. Espécie do nordeste do Brasil, ocorrendo no Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais. Ch. eitenorum é facilmente diferenciada das demais espécies de Chamaecrista de caatinga pela combinação do hábito arbóreo, racemos nascendo nos ramos, abaixo das folhas, nectários localizados na raque entre os pares de folíolos e frutos grandes e lenhosos. A forma dos folíolos e a posição dos nectários lembra superficialmente espécies do gênero Inga, da subfamília Mimosoideae. Irwin & Barneby (1977, 1982) reconhecem duas variedades para esta espécie, as quais podem ser diferenciadas pelos seguintes caracteres: 1. Folhas com exatamente 2 pares de folíolos; nectário entre o primeiro par de folíolos estipitado, estreito, não ou ligeiramente mais largo do que o pecíolo................................................................... var. eitenorum 1�1 1. Folhas com 3-4 pares de folíolos; nectário entre o primeiro par diferenciado, discóide, séssil, mais largo do que o pecíolo .... var. regana Chamaecrista eitenorum (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby var. eitenorum Planta conhecida da caatinga no estado do Piauí, penetrando para oeste até o leste do Maranhão em florestas decíduas, ocorrendo ainda disjunta na caatinga do norte de Minas Gerais. Ocorre principalmente em caatinga arbustiva e em transição caatinga-cerrado a 300-450 m alt. Floração: i-iii. Frutificação: ? Nomes vernaculares: birro-preto, catingueiro (ambos no Piauí). Material selecionado: Minas Gerais: Jacinto, G. Hatschbach & J. Cordeiro 52718 (K, MBM). Piauí: Campo Largo, F. G. Alcoforado & J. H. de Carvalho 304 (HUEFS, TEPB); Picos, G. Eiten & L. T. Eiten 10839 (tipo de Cassia eitenorum; isótipo: K, foto HUEFS); São José do Piauí, M. R. A. Mendes et al. 300 (HUEFS, TEPB); Serra Branca, E. Ule 7189 (K); Valença do Piauí, G. P. Lewis et al. 1347 (K). Chamaecrista eitenorum var. regana (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 642. 1982.Gard. 35: 642. 1982. Cassia eitenorum var. regana H.S.Irwin & Barneby, Brittonia 29: 287. 1977. Planta conhecida de caatinga arbórea e florestas estacionais na Chapada Diamantina (estado da Bahia, em altitudes de ca. 1000 m. Floração: ii. Frutificação: v-vii. Nome vernacular: sem nome registrado para área de caatinga mas conhecida por sena na região de Lençóis (BA). Material selecionado: Bahia: Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3395 (HUEFS); Seabra, H. S. Irwin et al. 31244 (tipo de Cassia eitenorum var. regana; holótipo: UB, isótipos: K [foto HUEFS], RB). 1�� Chamaecrista fagonioides (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia fagonioides Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 50. 1837. Cassia hispidula var. fagonioides (Vogel) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 131. 1970. var. macrocalyx (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia fagonioides var. macrocalyx H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.New York Bot. Gard. 30: 276, 1978. Erva prostrada a procumbente, às vezes sarmentosa e ascendente até 1,5 m; muito viscosa, ramos delgados, herbáceos, indumento víscido- setuloso associado a setas ≥ 1 mm compr. Estípulas setáceas, 2-3 x 0,5 mm. Pecíolo 11-17 mm, um pouco mais curto a até ca. 1,4x mais longo do que os folíolos proximais; raque 5-8 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, verde-azulados, às vezes com manchas esbranquiçadas na base, acrescentes distalmente, os distais 10-21 x 7-14 mm, elíptico-obovados, ca. 1,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a arredondado, curtamente mucronado, margem plana a revoluta, pubérulos em ambas as faces e víscido-ciliados nas margens; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e terciárias salientes na face abaxial. Racemos terminais não corimbosos, laxos, 7,5- 12 cm compr.; pedicelo delgado, 15-28 mm. Botões globosos, obtusos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, estreitamente elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8 x 3 mm; pétalas laranja ou rosa com ápice laranja, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 15-16 x 6-7 mm, cuculo falcado-elíptico, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3-3,5 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongo, pêndulo; valvas densamente híspidas e glandulosas. 1�� Chamaecrista fagonioides é uma espécie invasora que, segundo Irwin & Barneby (1978) está amplamente distribuída na costa atlântica e caribenha da América do Sul e América Central (var. fagonioides), conhecida no interior apenas no nordeste do Brasil até Minas Gerais e Mato Grosso (var. macrocalyx). Na caatinga, ocorre apenas a var. macrocalyx, um táxon mais característico de cerrados que, na área de domínio da caatinga, encontra-se principalmente em áreas degradadas, geralmente sobre solos arenosos periodicamente inundados, em altitudes de ca. 500 m. Floração e frutificação: iv-v. Esta planta é muito semelhante na morfologia vegetativa a Ch. hispidula, ao ponto em que ela foi tratada como variedade desta espécie na Flora Brasiliensis (Bentham 1870). Ch. fagonioides pode ser diferenciada pelas suas pétalas de cores vivas, laranja (não amarelas), pecíolos proporcionalmente mais curtos (0,9-1,4x o comprimento dos folíolos proximais em Ch. fagonioides e ca. 2x em Ch. hispidula) , folíolos com nervação saliente na face abaxial e sépalas obtusas que resultam em um botão globoso (não agudo como em Ch. hispidula). Material selecionado: Bahia: Ibitiara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3414 (HUEFS); Rio de Contas, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1944 (CEPEC, K). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2126 (K). Chamaecrista flexuosa (L.) Greene, Pittonia 4: 27. 1899. Cassia flexuosa L., Sp. Pl.: 379. 1753. var. flexuosa Cassia flexuosa var. pubescens Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 169. 1870. Erva ou subarbusto, ereta, 10-30 cm alt.; ramos fractiflexos, quadrangulares, quando jovens glabrescentes até densamente pubérulos. Estípulas 6-15 x 1�� 3-5 mm, oval-lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 4-7 mm; raque 6,5-8,1 cm; segmentos interfoliolares 1,5-2 mm; nectários peciolares 2-3, sésseis ou curtamente estipitados; folíolos em 25-60 pares, coriáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 5-8,5 x 1-2 mm, lineares, 4,5-5x mais longos do que largos, mucronados a curtamente aristados, glabros ou pubescentes em ambas as faces; nervação palminérvia; nervura principal excêntrica, submarginal, nervura primária adjacente igualmente saliente e paralela, as duas anastomosadas no ápice definindo uma aréola sem nervuras e continuando no mucro. Pedicelos axilares, isolados ou pareados, 10-21 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, agudas, ± eqüilongas, 10-16 x 4-4,5 mm; pétalas amarelo-pálidas, obovadas, 14-20 x 8 mm, o cuculo abaxial, obliquamente oval; estames 10. Legume 4-5 x 0,4 cm, linear, ascendente; valvas cartáceas, castanhas, glabras a pubérulas. Espécie invasora distribuída desde o sul do México até a Argentina, geralmente ocorrendo em ambientes degradados e áreas de cultivo, sendo freqüente em gramados e plantações. Das duas variedades reconhecidas por Irwin & Barneby (1982), apenas a variedade típica ocorre na área do bioma caatinga, onde também cresce nos citados tipos de ambientes, sobre diferentes tipos de solos, em altitudes de 150 a 700 m. Floração e frutificação: ao longo do ano, mais concentrada em x-iv. Chamaecrista flexuosa é uma espécie relativamente fácil de ser reconhecida no campo pela combinação dos ramos 4-costados e fractiflexos com o número elevado de folíolos (25 a 60 pares) e com o padrão peculiar de nervação dos folíolos, com duas nervuras primárias anastomosadas circundando uma aréola sem nervuras. Os ramos fractiflexos e a nervação dos folíolos a aproxima de Ch. swainsonii de quem se diferencia pelo maior número de folíolos e pelas estípulas menores pelo ápice dos folíolos não cuspidado e 1�� espinescente, característico de Ch. swainsonii. Nome vernacular: rapa-canela (Piauí). Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6043 (CEN, K); Feira de Santana, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 2630 (HUEFS); Gentio do Ouro, E. Ule 7527 (K); Itatim, F. França et al. 1469 (HUEFS); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. Fraga 3289 (HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19415 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, R. M. Harley et al. 19301 (CEPEC, K); Seabra, E. R. Souza et al. 318 (HUEFS). Pernambuco: s.l., Serra daMandioca, G. Gardner 989 (K); Buíque, A. M. Miranda et al. 2808 (Hst, HUEFS). Piauí: Demerval Lobão, G. P. Lewis 1361 (CEPEC, K); Oeiras, G. Gardner 2131 (holótipo de Cassia flexuosa var. pubescens: K, foto HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar 567 (HUEFS, TEPB). Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia hispidula Vahl, Eclog. Amer. 3: 10. 1807. Cassia tetraphylla Martyn in Mill., Gard. Dict., ed. 8,Dict., ed. 8, Cassia n° 20. 1768. Cassia pauciflora Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 360. 1824. Erva prostrada a procumbente; ramos delgados, herbáceos, indumento curtamente pubérulo associado a tricomas víscido-setulosos curtos e, nas parte mais jovens, a setas híspidas ≥ 1 mm compr., estas mais freqüentes sobre o pecíolo. Estípulas subuladas, 1-2 x 0,5 mm. Pecíolo 25-35 mm, ca. 2x mais longo do que os folíolos proximais; raque 5-10 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos, verde-escuros na face adaxial com margem avermelhada e padrões de púrpura ao lado das nervuras de maior porte, face abaxial glauca, acrescentes distalmente, os distais 20-23 x 12-20 mm, elípticos a suborbiculares, 1-1,7x mais longos do que largos, ápice obtuso a arredondado, às vezes ligeiramente 1�� emarginado, margem plana, glabros exceto por ocasionalmente pubérulos sobre a nervura principal na face abaxial e víscido-ciliados nas margens; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias pouco salientes na face abaxial, as terciárias não visíveis. Racemos terminais ou opositifolios, não corimbosos, laxos, 5,6-12,5 cm compr.; pedicelo delgado, 14-20 mm. Botões globosos, agudos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, oblongas, agudas, ± eqüilongas, 8-11 x 2-3 mm; pétalas amarelo-ouro, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 14-16 x 6-7 mm, cuculo falcadamente hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,7-4 x 0,7 cm, linear-oblongo, patente; valvas castanhas, glutinosas, esparsamente pubérulas associada com tricomas híspidos muito esparsos. Chamaecrista hispidula é uma planta de áreas abertas, comportando-se freqüentemente como invasora e apresentando uma ampla distribuição na costa atlântica da América do Sul, desde Trinidad até a Bahia e ocorrendo em manchas isoladas no interior do continente (para detalhes da distribuição da espécie ver Irwin & Barneby 1978). Na caatinga, ocorre principalmente em áreas degradadas, geralmente sobre solos arenosos e, menos freqüentemente, sobre afloramentos graníticos, de 200 a 650 m alt. Floração e frutificação: ii-vii. Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação do pecíolo proporcionalmente muito longo (ca. 2x mais longo do que os folíolos proximais), com as pétalas amarelas (não laranja) e, principalmente, botões florais e sépalas agudos no ápice. O pecíolo longo associado à raque curta, os 4 folíolos parecendo agrupados no ápice do folíolo, são caracteres compartilhados com Ch. amiciella embora estas espécies sejam dificilmente confundíveis dada a diferença significativa de tamanho nas folhas (folíolos 4-10 mm compr. em Ch. amiciella vs. 20-23 mm em Ch. hispidula) e flores (pétalas com 9-10 mm compr. em Ch. amiciella vs. 14-16 mm em Ch. 1�� hispidula). Na morfologia vegetativa, especialmente nas dimensões dos folíolos, assemelha-se a Ch. fagonioides, embora uma análise cuidadosa permita diferenciá-las com certa facilidade (ver caracteres diferenciais na discussão de Ch. fagonioides var. macrocalyx). Nome vernacular: mundubim-brabo (Pernambuco, provavelmente por confusão ou semelhança com espécies de Arachis). Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, W. W. Thomas et al. 9686 (CEPEC, HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4333 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 526 (BAH, HUEFS); Jacobina, H. P. Bautista et al. 3084 (HRB); Monte Santo, R. M. Harley et al. 16405 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7641 (HUEFS). Paraíba: s.l. (“região do agreste”), J. C. Moraes 1998 (K). Pernambuco: Inajá, A. M. Miranda 1236 (Hst, HUEFS); Itacuruca, R. P. Orlandi 849 (HRB, HUEFS); Piauí: Campo Maior, R. R. Farias & M. R. A. Mendes 492 (HUEFS, TEPB); Lagoa Comprida, G. Gardner 2121 (K). Chamaecrista langsdorffii (Vogel) Britton ex Pittier, Third Conf. Interamer. Agric. Caracas: 373. 1945. Cassia langsdorffii Kunth ex Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837. var. brevipes (H.S.Irwin & Barneby) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref. Tax. Chamaecrista: 41. 2005.Chamaecrista: 41. 2005. Cassia brevipes DC. ex Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 119, t. 9, fig. A. 1816. Cassia desvauxii var. brevipes Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 157. 1870. Subarbusto virgado, 30-50 cm alt.; ramos jovens pubérulos. Estípulas persistentes, ovais, cordadas, 4-5 x 2 mm, recobrindo menos de 1/3 do internó. Pecíolo 4-5 mm; raque ca. 2 mm; nectário séssil, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 21-22 x 6-7 mm, 3-3,5x mais longos do que 1�� largos, esparsamente pubérulos na face abaxial, nervação palmi-peninérvia com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 3-4 mm, mais curto do que a folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. ca. 1,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 8-12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 2,2 x 1 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas. Planta principalmente de habitats campestres, bicentricamente distribuída desde a América Central (Honduras e Nicarágua) até as Guianas e norte do Brasil (Amapá e Roraima) e do sul do Ceará ao Mato Grosso, leste da Bolívia e norte do Paraguai (Irwin & Barneby 1982). Esta planta foi incluída neste trabalho com alguma hesitação pois o único material disponível proveniente da área de domínio da caatinga não tinha detalhes do ambiente e foi coletado em uma região onde ocorre transição entre a caatinga e áreas disjuntas de cerrado, na Chapada do Araripe (Ceará). Coletas mais recentes nesta região podem estabelecer com mais clareza a presença deste táxon na caatinga. Material exaMinado: Ceará: s.l., entre Crato e Brejo Grande, G. Gardner 2412 (K). Chamaecrista linearis (H.S.Irwin & Barneby) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref. Tax. Chamaecrista: 41. 2005. var. linearis Cassia tetraphylla var. linearis H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 194. 1�� 1964. Chamaecrista desvauxii var. linearis (H.S.Irwin) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 878. 1982. Subarbusto virgado 40-50 cm alt.; ramos jovens pubérulos. Estípulas persistentes, ovais, cordadas, 4-5 x 1,5 mm, recobrindo menos de 1/3 do internó. Pecíolo 2-4 mm; raque ca. 2 mm; nectário séssil; folíolos em 2 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 17-25 x 1,5-2,5 mm, ca. 10x mais longos do que largos, lineares, agudos a acuminados, glabros ou pubérulos na face abaxial; nervação palmi-peninérvia com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 3-4 mm, mais curto do que a folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 8-12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que asexternas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 2,2 x 1 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas. Planta conhecida por poucas coletas, ocorrendo no interior de Pernambuco e no oeste da Bahia (Espigão Mestre). Esta variedade também foi incluída com alguma hesitação pois não há referência ao hábitat no único material disponível proveniente da área de domínio da caatinga. Este material foi referido por Gardner como proveniente de Pernambuco (“banks of the Rio Preto”) mas é provável que a procedência exata seja no extremo noroeste da Bahia, na região de Formosa do Rio Preto, e que concorda com a distribuição mais moderna desta veriedade. Material exaMinado: Bahia: s.l., banks of the Rio Preto (citado como de Pernambuco), G. 1�0 Gardner 2828 (K, foto HUEFS). Chamaecrista nictitans (L.) Moench, Methodus (Moench): 272. 1794.1794. Cassia nictitans L., Sp. Pl.: 380. 1753. Erva monocárpica, decumbente, 30-40 cm alt.; ramos cilíndricos, pubérulos e com tricomas hirsutos de 1-2 mm. Estípulas 6-7 x 1,5-2 mm, lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 3-4 mm; raque 4-4,3 cm; segmentos interfoliolares ca. 2,5 mm; nectário peciolar 1-2, estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos e próximo ao meio do pecíolo; folíolos 18-20 pares, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 10-12 x 2-3 mm, linear-oblongos, ca. 5-5,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a arredondado, mucronado, esparsamente pilosos em ambas as faces; nervação palminérvias, nervuras primárias 4-5, nervura principal mediana a ligeiramente excêntrica, ramificada. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 4-8 mm, isolados ou pareados, 6-9 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, ± eqüilongas, 5-8 x 2,5-3 mm; pétalas amarelas, heteromórficas, as três adaxiais oblanceoladas, menores (ca. 7-9 mm compr.), uma abaxial obovada, maior (ca. 9-10 mm) e o cuculo reniforme; estames 10, com 2-3 maiores do que o restante. Legume 4,2- 4,5 x 0,3-0,4 cm, linear, ascendente; valvas papiráceas, pilosas. Chamaecrista nictitans é uma espécie invasora separada de Ch. fasciculata (Michx.) Greene pelo comportamento monocárpico. Distribui-se amplamente nas Américas, dos Estados Unidos até a Argentina. Irwin & Barneby (1982) classificam a variação observada nesta espécie em 4 subspécies e 11 variedades, das quais, apenas as variedades disadena e pilosa ocorrem na caatinga. São plantas muito semelhantes mas que parecem representar morfos braquistilos e dolicostilos, diferenciados, portanto, 1�1 basicamente pelo comprimento do estilete (ver chave abaixo). No contexto das plantas de caatinga, esta espécie aproxima-se de Ch. repens var. multijuga pela combinação das folhas mutifolioladas (+ 10 pares de folíolos) com as inflorescências supra-axilares. Estas duas espécies podem ser diferenciadas pela forma do nectário peciolar (séssil ou com estípite robusta em Ch. repens vs. delgadamente estipitado em Ch. nictitans), pela posição da nervura principal dos folíolos (fortemente excêntrica em Ch. repens vs. mediana a ligeiramente excêntrica em Ch. nictitans) e pelo número de folíolos (8-16 pares nas folhas maiores de Ch. repens vs. 20-24 em Ch. nictitans). 1. Estilete linear, 3-6 mm compr.; pétalas 8-10 mm compr. ... var. disadena 1. Estilete dilatado no ápice com até 2 mm compr.; pétalas 5-7 mm compr. .................................................................................... var. pilosa Chamaecrista nictitans var. disadena (Steud.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 826. 1982. Cassia disadena Steud., Flora 26: 760. 1843. Cassia stenocarpa Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 68. 1837.Gen. Cassiae: 68. 1837. Planta invasora, crescendo em terrenos degradados, ocorrendo do sul do México ao norte da América do Sul e no leste do Brasil, do Ceará a Minas Gerais(Irwin & Barneby, 1982). Na caatinga, ocorre em áreas antropizadas, especialmente como invasora de pastagens e áreas cultivadas, florescendo e produzindo sementes pouco tempo após o início do período chuvoso. Floração e frutificação ao longo do ano, provavelmente em seguida ao período chuvoso. 1�� Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6674 (HUEFS). Bahia: Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3554 (HUEFS); Caetité, T. Ribeiro et al. 230 (HRB, HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5228 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3659 (CEPEC, HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1496 (ALCB, HUEFS); Santa Brígida, L. P. Queiroz 295 (ALCB, HUEFS); Vitória da Conquista, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi 2163 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1368 (EAC). Minas Gerais: Januária, W. R. Anderson 9193 (K). Chamaecrista nictitans var. pilosa (Steud.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 829. 1982. Cassia riparia var. pilosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 174. 1870.Brasil. 15 (2): 174. 1870. Planta invasora, monocárpica mas de ciclo mais longo que a var. disadena, tornando-se então subarbustiva, com padrão de distribuição semelhante ao da variedade precedente (Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, foi observado material apenas do estado da Bahia mas é provável que tenha uma maior distribuição na área deste bioma. Floração e frutificação ao longo do ano, provavelmente em seguida ao período chuvoso. Material selecionado: Bahia: Don Macedo Costa, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3966 (HUEFS, K); Feira de Santana, M. L. S. Matos et al. 5 (HUEFS); Ipecaetá, L. R. Noblick & C. G. Lobo 4300 (HUEFS, K); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira et al. 706 (BAH, HUEFS); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4146 (HUEFS, K). Chamaecrista pascuorum (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 747. 1982. Cassia pascuorum Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 165. 1870.15 (2): 165. 1870. Cassia aristulifera Harms, Bot. Jahrb. 42: 209. 1908. Erva a subarbusto perene, 20-70 cm alt., formando pequenas moitas, ramos encurvados densamente pubérulos e com tricomas hípidos ca. 1�� 1-2 mm. Estípulas 6-10 x ca. 1 mm, linear-lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 3-7 mm; raque 2-2,8 cm; segmentos interfoliolares 5-7 mm; nectário peciolar 1, curtamente estipitado, localizado logo abaixo ou até o meio do pecíolo; folíolos 4-7 pares, cartáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 2,5-7 x 1-4,5 mm, largamente obongos a oblongo-obovados, 2,3-3,2x mais longos do que largos, ápice arredondado a obtuso, cuspidado, face adaxial densa e curtamente pubérula até glabra, face abaxial variando de velutina a pilosa até, raramente, glabra com as margens ciliadas; nervação palminérvia, nervura primárias 5-7, a principal ligeiramente excêntrica, ramificada, nervuras secundárias anastomosadas com uma nervura marginal. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 2- 5 mm, isolados ou pareados, 11-15 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas lanceoladas, ± eqüilongas, 11-15 x 2-2,5 mm; pétalas amarelas, quatro obovais ou oblanceoladas 15-20 x 9-10 mm, o cuculo reniforme; estames 10, com filetes alternadamente mais longos e mais curtos. Legume 5,5-6 x 0,4 cm, linear, ereto; valvas papiráceas, nigrescentes, pubérulas. Chamaecrista pascuorum ocorre em formações vegetacionais abertas no nordeste do Brasil, do sul do Maranhão ao sul da Bahia, às vezes se tornando ± ruderal à beira de estradas em áreas onde ela é nativa. Na caatinga, ocorre principalmente sobre solos arenosos entre 500 e 700 m alt., ascendendo até ca. 1000 m alt. naChapada Diamantina (estado da Bahia). Floração e frutificação: principalmente xii-iii. Esta espécie é relacionada a Ch. repens, que apresenta hábito e indumento geral semelhante mas que se diferencia facilmente pelo número maior de folíolos (9-16 pares em Ch. repens vs. 4-7 pares em Ch. pascuorum), pela nervura principal mais excêntrica (em Ch. pascuorum a nervura principal divide o folíolo em uma proporção de ca. 1:1,5 e não 1:2 ou mais como em Ch. repens) e pelo nectário séssil ou com estípite robusta, mais larga do que 1�� o diâmetro da cebeça. Também se relaciona com Ch. cuprea e os caracteres diferencias entre elas encontram-se referidos na discussão de Ch. cuprea. Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6840 (HUEFS). Bahia: Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2621 (CEPEC, K); Caetité, N. Roque et al. 629 (HRB, HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5142 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4437 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1883 (CEPEC, K); Monte Santo, C. M. L. Aguiar 24 (HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30666 (K); Poções, S. A. Mori et al. 9513 (CEPEC, K); Remanso, G. Cavalcanti et al. 16 (ALCB); Santa Terezinha, A. A. Ribeiro-Filho 176 (HUEFS); Santo Inácio, E. Ule 7526 (parátipo de Cassia aristulifera Harms: K). Ceará: Aiuaba, M. I. Bezerra-Loiola et al. 180 (EAC). Pernambuco: Gravatá, A. M. Miranda et al. 5274 (Hst, HUEFS); Serra da Russa, A. M. Miranda et al. 2972 (Hst, HUEFS). Piauí: Floriano, L. P. Félix et al. 7871 (Hst). Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 884. 1982. Cassia ramosa Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837. var. ramosa Cassia uniflora var. ramosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 158. 1870. Cassia ramosa var. maritma H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 77. 1964. Subarbusto ereto, profusamente ramificado, ca. 20 cm alt.; ramos jovens glabros a pubérulos. Estípulas ovais, cordadas, ca. 4 x 1,5 mm, recobrindo menos de 1/3 do internó. Pecíolo 0,5-2 mm; raque 0,5-1 mm; nectário estipitado, ca. 1 mm compr.localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriácos, acrescentes distalmente, 3-7 x 1,5-4 mm, folíolos distais 5-7 x 2,5-4 mm, obovais, retos; nervura principal reta; nervação palmi-peninérvia com 3-5 nervuras salientes em ambas 1�� e faces e nervura principal mediana, reta a encurvada, ramificada (ver variedades). Pedicelos axilares, isolados, 6-7 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 7-11 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-11 x 6 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume 2,4-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas. Chamaecrista ramosa é uma espécie polirracial distribuída na América do Sul, da Venezuela ao sudeste do Brasil (Irwin & Barneby 1982, Fernandes & Nunes 2005). A var. ramosa ocorre do norte da América do Sul (Venezuela, Guianas e norte do Brasil) ao leste do Brasil onde ocorre principalmente no litoral mas com disjunções nas serras da Chapada Diamantina (estado da Bahia). Dentro da área de domínio da caatinga, é conhecida apenas de áreas de contato caatinga-cerrado na Chapada Diamantina, sobre solo arenoso. Nome vernacular: vassourinha. Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz 4783 (HUEFS, SPF); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18997 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, W. N. Fonseca 334 (HRB, HUEFS); Rodelas, R. P. Orlandi 835 (HRB, HUEFS). Pernambuco: Arcoverde, P. Montouchet 2212 (HUEFS). Chamaecrista repens (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 742. 1982. Cassia repens Vogel, Syn. Gen. Casses: 60. 1837. var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 1�� Figura 17 A: Chamaecrista rotundifolia (1 - hábito; 2 - folha); B: Chamaecrista supplex (1 - hábito; 2 - folha; 3 - fruto); C: Chamaecrista swainsonii (1 - folío- 1�� Gard. 35: 745. 1982. Cassia brachypoda (?) var. multijuga Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 172. 1870. Cassia drepanophylla Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 170. 1870.Brasil. 15 (2): 170. 1870. Cassia subtriflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 176. 1870. Subarbusto perene, 30-100 cm alt., ereto ou ascendente, ramificado, ramos densamente pubérulos, quando jovens os tricomas freqüentemente amarelados. Estípulas 4-7 x 1,5-2 mm, linear-lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 5-8 mm; raque 45-40 cm; segmentos interfoliolares 7-9 mm; nectário peciolar 1, massivo, séssil ou curtamente estipitado, estípite robusto tão ou mais largo do que a cabeça, localizado próximo ao meio do pecíolo; folíolos (8-) 9-16 pares, cartáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 14-23 x 3-5 mm, linear-obongos, 3,5-4,5x mais longos do que largos, ápice obtuso, mucronado a cuspidado, densamente pilosos nas duas faces; nervação palminérvia, nervuras primárias 4-5, a principal ramificada, fortemente excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção de 1:2-2,25 na base. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 5-10 mm, isolados ou 2-3-fasciculados, 9-10 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, ± eqüilongas, 13-14 x 2,5-3 mm; pétalas amarelas, 3 adaxiais oblanceoladas menores (11-12 mm compr.), uma abaxial largamente oboval (ca. 14-15 mm compr.) e o cuculo reniforme (ca. 19 mm compr.); estames 10, com filetes alternadamente mais longos e mais curtos. Legume 3,6-5 x 0,3-0,4 cm, linear, ereto ou ascendente; valvas papiráceas, esparsamente pubérulas. Chamaecrista repens é uma planta campestre, às vezes tornando-se ruderal, com distribuição disjunta associada às duas variedades reconhecidas por Irwin & Barneby (1982): a var. repens ocorrendo em área extratopical da Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil e a var. multijuga no nordeste 1�� do Brasil até Minas Gerais. Apenas esta variedade ocorre na caatinga, sobre diferentes tipos de solos e em altitudes de 500 a 1000 m. Floração e frutificação: x-iii. Dentre as espécies herbáceas e subarbustivas, Ch. repens destaca-se pelo seu porte robusto e ereto, pela presença de um nectário peciolar robusto e nervura principal fortemente excêntrica. As características de hábito e o indumento são parcialmente compartilhadas com Ch. pascuorum da qual ela se diferencia, além das características já citadas, pelo maior número de folíolos (ver comentários em Ch. pascuorum). Nome vernacular: angiquinho. Material selecionado: Bahia: Caetité, R. M. Harley et al. 21111 (CEPEC, K); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7198 (HUEFS); Feira de Santana, M. J. S. Lemos 15 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3596 (HUEFS, K); Itaberaba, L. R. Noblick et al. 3136 (HUEFS); Lagedo do Tabocal, R. P. Oliveira et al. 333 (HUEFS); Maracás, L. C. Senra et al. 5 (HUEFS); Morpará, H. P. Bautista & O. A. Salgado 900 (HRB, HUEFS); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz 3538 (HUEFS); Poções, S. A. Mori et al. 9514 (CEPEC, K); Rio de Contas, R. M. Harley et al. 27716 (CEPEC, K); Vitória da Conquista, D. A. Lima 58-2927 (K); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3948 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1484 (EAC, HUEFS); Serra do Araripe, G. Gardner 1572 (lectótipo de Cassia drepanophylla: K, foto HUEFS). Paraíba: Teixeira, M. F. Agra et al. 5924 (HUEFS). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2127 (síntipo de Cassia subtriflora: K, foto HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar et al. 633 (HUEFS, TEPB).Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene, Pittonia 4: 31. 1899. Cassia rotundifolia Pers., Syn. Pl. (Persoon) 1: 456. 1805. Erva prostrada ou subarbusto ascendente, ramos glabros a densamente pubérulos e, adicionalmente, híspido-setosos. Estípulas 6-12 x 2,5-4 mm, 1�� ovais a lanceoladas, adpressas aos ramos. Pecíolo 3-6 mm; nectário peciolar ausente; folíolos 1 par, 19-40 x 11-25 mm, obliquamente obovados, ca. 1,3-1,7x mais longos do que largos, ápice arredondadp, truncado a emarginado, pubérulos em ambas as faces ou facialmente glabros com margens ciliadas; nervção palminérvia, nervuras primárias 4-5, a principal excêntrica. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 1-3 mm, isolados, raramente pareados, 12-26 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões deflexos, ovóides, acuminados. Flores com dimensões variáveis (ver variedades); sépalas oval-lanceoladas, ± eqüilongas; pétalas amarelas, obovadas, ± homomórficas, o cuculo pouco diferenciado das demais; estames 5, às vezes com 2-3 estaminódios. Legume 3,5-4 x 0,4- 0,6 cm, linear; valvas papiráceas esparsamente pubérulas. Chamaecrista rotundifolia é uma espécie amplamente distribuída no Neotrópico, desde a Flórida (U.S.A.) e México até a Argentina, ocorrendo em áreas abertas e, principalmente, antropizadas, onde se comporta como planta invasora. Irwin & Barneby (1982) reconhecem duas variedades, diferenciadas basicamente pelo tamanho das flores. No contexto das plantas de caatinga, há, também, diferenças significativas no hábito, como pode ser verificado na chave a seguir. 1. Flores relativamente pequenas, 5-7 mm diâm.; sépalas 3,5-4 mm compr.; pétalas 3-5 mm compr.; ervas prostradas ......... var. rotundifolia 1. Flores maiores, 13-18 mm diâm.; sépalas 10-12 mm compr.; pétalas 14-15 mm compr.; subarbustos ou pequenos arbustos eretos ..............................................................................var. grandiflora Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S.Irwin &H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 732. 1982. Cassia rotundifolia var. grandiflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 162. 1870.Brasil. 15 (2): 162. 1870. �00 Subarbustos ascendentes, formando touceiras, lenhosos na base, 30-70 (-100) cm alt. Flores 1,3-1,8 cm diâm.; sépalas lanceoladas, 10-12 x 2-3 mm; pétalas 14-15 x 6-7 mm. Esta planta encontra-se descontinuamente distribuída dentro da área de distribuição geral da espécie, ocorrendo em pontos isolados na América Central e norte da América do Sul, planalto central do Brasil e, no leste do Brasil, na Bahia e Espírito Santo (para mais detalhes da distribuição desta variedade ver Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, esta planta ocorre como subarbusto ascendente e formando touceiras, comumente encontrada sobre afloramentos graníticos, em altitudes de 400 a 900 m. Floração e frutificação: ii-iv. Nomes vernaculares: mata-pasto ( Jacobina, BA, talvez confusão com Senna obtusifolia). Material selecionado: Bahia: Itaberaba, L. R. Noblick & A. Carvalho 3158 (HUEFS); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16945 (CEPEC, K); Maracás, L. A. Mattos-Silva et al. 252 (CEPEC, K); Monte Santo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4591 (HUEFS); Ruy Barbosa, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS). Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene var. rotundifolia Ervas prostradas, ramos delicados, herbáceos. Flores 0,5-0,7 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, 3,5-4 x 1 mm; pétalas 3-5 x 2-3 mm. Distribuição coincidente com a da espécie. Ocorre na caatinga como planta invasora em habitats degradados, entre 400 e 600 m alt. Floração e frutificação: iv-x. Nomes vernaculares: pasto-rasteiro, erva-do-coração (Ipirá, BA, talvez alusão à forma geral da folha) Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21580 (CEPEC, K); �01 Caetité, L. R. Noblick 3795 (HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5265 (HUEFS); Feira de Santana, L. R. Noblick & K. B. Britto 2070 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 523 (BAH); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 63 (HUEFS); Senhor do Bonfim, T. S. Nunes et al. 561 (HUEFS); Vitória da Conquista, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi 2165 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1410 (EAC, HUEFS); Tianguá, L. Coradin et al. 7878 (CEN, HUEFS) Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro et al. MJ 52 (K). Pernambuco: s.l., G. Gardner 967 (K); Arcoverde, L. B. Oliveira et al. 101 (Hst, HUEFS); Buíque, L. B. Oliveira et al. 148 (Hst, HUEFS); Serra Talhada, L. P. Félix et al. 9340 (Hst, HUEFS). Piauí: Itacuruca, M. S. B. Nascimento 515 (Cpmn, HUEFS). Chamaecrista serpens (L.) GreeneGreene, Pittonia 4: 29. 1899. Cassia serpens L., Syst. Nat., ed. 10, 2: 1018. 1759.1759. var. serpens Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos; pubérulos e com tricomas setosos ca. 1 mm compr. Estípulas 3-5 x 1- 1,2 mm, lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 2-3 mm; raque 1,4-1,8 cm; segmentos interfoliolares 1,5-3 mm; nectário peciolar 1, delgadamente estipitado, localizado próximo ao meio do pecíolo; folíolos 6-8 pares, membranáceos, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente, os medianos 7-13 x 2-5 mm, oblongos, 2,6-4x mais longos do que largos, ápice arredondado e mucronado, glabros exceto esparsamente setosos na face abaxial sobre as nervuras de maior porte; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 17- 20 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores 0,7-0,9 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, ± eqüilongas, ca. 5 x 1,5 mm; pétalas amarelo-claras, obovadas, ca. 7 x 5 mm; estames 10, 5 maiores alternos a 5 menores. Legume 1,9-2,8 x 0,3- 0,4 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, pilosas a glabras. �0� Chamaecrista serpens é uma planta monocárpica invasora, distribuída desde o sul do México até a Argentina, geralmente ocorrendo em ambientes degradados. Irwin & Barneby (1982) reconhecem sete variedades das quais apenas a variedade serpens ocorre na caatinga, geralmente em áreas degradadas e sazonalmente inundadas, de 300 a 600 m alt. Floração e frutificação: ao longo do ano, provavelmente após as chuvas. No contexto das espécies de Chamaecrista do grupo 2, Ch. serpens assemelha- se bastante a Ch. tenuisepala, sendo relativamente fácil de ser diferenciada em campo pelo seu hábito delgado e prostrado (vs. subarbustos eretos). No entanto, espécimes de herbário sem boa indicação do hábito são facilmente confundíveis, embora um exame no tamanho das flores seja suficiente para separá-las, pois Ch. serpens tem flores menores (< 1 cm diâm vs. 1,5-2 cm diâm. em Ch. tenuisepala) com sépalas de ca. 5 mm compr. (vs. 10 mm em Ch. tenuisepala). Nome vernacular: carqueja (Ipirá, BA, um nome mais comumente associado a espécies do gênero Baccharis, Compositae). Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6814 (HUEFS); Piranhas, R. A. Silva et al. 276 (HUEFS, Xingo). Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz 4444 (HUEFS); Ipirá, E. de A. Dutra 3 (HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 61 (HUEFS); Jaguarari, L. M. C. Gonçalves 200 (HRB, K); Nova Soure, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4556 (HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4101 (HUEFS, K); Piauí: Campo Maior, M. S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1037 (Cpmn, HUEFS); Canabrava, G. Gardner 2128 (K). Rio Grande do Norte: Currais Novos, B. Pickersgill et al. RU 72-462 (K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D. Moura 996 (HUEFS, Xingo). Chamaecrista supplex (Benth.) Britton & Rose ex Britton & Killip, Ann. New York Acad. Sci. 35: 185. 1936. �0� Cassia supplex Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 164. 1870.Brasil. 15 (2): 164. 1870. Erva monocárpica,prostrada a decumbente formando pequenas moitas com ramos geralmente entrelaçados; ramos geralmente glabros mas margem das estípulas, eixo foliar, pedicelo e fruto densamente pilosos a híspidos com tricomas longos de ca. 1-1,5 mm compr. Estípulas 2,5-4 x 1,5-2 mm, ovais, acuminadas, base fortemente cordada. Pecíolo 3-4 mm; raque 0,7-1 cm; segmentos interfoliolares 2-2,5 mm; nectário peciolar 1, delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos 5-6 pares, membranáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 7-9 x 2,5-3 mm, oblongos, ca. 3x mais longos do que largos, ápice obtuso e mucronado, face adaxial glabra, face abaxial esparsa a densamente pilosa; nervação palminérvia, nervura principal excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 2-5 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 0,3 cm diâm.; sépalas estreitamente ovais, ± eqüilongas, 2,5-4 x 1-1,5 mm; pétalas amarelo-claras, rosadas quando secas, obovadas, 3-4 x 1-2 mm; estames 3-5, os 5 do ciclo interno ausentes. Legume 0,9-1 x 0,3 cm, oblongo, reflexo; valvas papiráceas, pilosas. Chamaecrista supplex é uma planta monocárpica de áreas abertas, distribuída principalmente no nordeste do Brasil, do Maranhão e Ceará até a Bahia e Goiás, com coletas esparsas no sul do Pará e no Rio de Janeiro (Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, ocorre principalmente de 300 a 500 m alt., sobre solo arenoso, em áreas sazonalmente inundadas, como em beira de rios e lagos temporários. É uma planta de ciclo rápido que cresce, floresce e frutifica em pouco tempo e, por isso, é possível que sua distribuição dentro da caatinga seja subestimada. Floração e frutificação: provavelmente após as chuvas, aparentemente concentrada de ii-vi. O hábito herbáceo delicado de Ch. supplex lembra o de Ch. serpens. Estas �0� espécies compartilham, ainda, o nectário sobre um estípite delgado. Ch. supplex pode ser diferenciada pelos folíolos, flores e frutos mais reduzidos e, principalmente, pela estípula com base fortemente cordada. Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21490 (CEPEC, K); Ibotirama, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1021 (ALCB, HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1877 (CEPEC, K); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6578 (HUEFS); Remanso, L. Coradin et al. 5932 (CEN, K); Xique Xique (Lagoa Itaparica), R. M. Harley et al. 19403 (CEPEC, K). Ceará: Aiuaba, M. A. Figueiredo et al. 589 (EAC); Crateús, F. S. Araújo 1526 (EAC, HUEFS); Morada Nova, J. E. R. Collares 168 (HRB, HUEFS). Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 701. 1982. Cassia swainsonii Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 167. 1870.Brasil. 15 (2): 167. 1870. Subarbusto ereto, 20-50 cm alt.; ramos abruptamente fractiflexos, quadrangulares, indumento constituído por tricomas híspidos sobre uma superfície densamente pubérula. Estípulas 11-18 x 9-15 mm, largamente ovais, acuminado-aristadas. Pecíolo 7-10 mm; raque 3-4,2 cm; segmentos interfoliolares 5-6 mm; nectário peciolar 1, subséssil; folíolos 4-7(-9) pares, coriáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 17-26 x 4-8 mm, oblongo-lineares, 3-3,5x mais longos do que largos, ápice cuspidado e espinescente por ca. 1-1,5 mm, pubescentes ou curtamente pubescentes em ambas as faces; nervura principal excêntrica, submarginal, nervura primária adjacente igualmente saliente e paralela, as duas anastomosadas no ápice definindo uma aréola sem nervuras e continuando no cúspide. Pedicelos axilares, isolados, 20-26 mm, ascendentes, na frutificação reflexos; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, agudas, ± �0� eqüilongas, 10-11 x 2,5-3 mm; pétalas amarelas, irregulares, obovadas, 12 x 5-7 mm, o cuculo abaxial, reniforme; estames 10. Legume 4-5 x 0,4-0,5 cm, linear, ascendente; valvas cartáceas, castanhas, híspidas. Chamaecrista swainsonii é conhecida apenas do estado da Bahia, onde ocorre em restinga, caatinga e campos cerrados (gerais), sempre sobre solo arenoso. Na caatinga, distribui-se de 680 a 1000 m alt. Floração e frutificação: xii-ii(vi). Esta espécie apresenta maior afinidade a Ch. flexuosa mas pode ser facilmente diferenciada pelo menor número de folíolos, pelo hábito mais robusto, além de folhas e estípulas maiores (ver comentários em Ch. flexuosa). Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6040 (CEN, K); Castro Alves, Scardino in G° Pedra do Cavalo 285 (ALCB, HUEFS); Castro Alves, L. P. Queiroz et al. 5269 (HUEFS); Jacobina, G. P. Lewis et al. CFCR 7495 (K, SPF); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 32631 (K). Chamaecrista tenuisepala (Benth.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 707. 1982. Cassia tenuisepala Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 164. 1870.Brasil. 15 (2): 164. 1870. Subarbusto ereto 30-100 cm alt.; ramos cilíndricos, finamente pubérulos. Estípulas 5-6 x 1-2 mm, ovais a lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 1,5-3 mm; raque 0,5-1,2 cm; segmentos interfoliolares ca. 2-3 mm; nectário peciolar 1, delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos 4-5 pares, membranáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 7-13 x 2,5-5 mm, oblongo-lineares, ca. 3-3,6x mais longos do que largos, ápice arredondado e mucronado, glabros exceto por ocasionalmente esparsamente pubérulos sobre as nervuras maiores; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente �0� excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 20-22 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 1,5-2 cm diâm.; sépalas oblongas, agudas, ± eqüilongas, 8-10 x 2-4 mm; pétalas amarelas, obovadas, 15-18 x 8-9 mm; estames 10, 5 maiores alternando com 5 menores. Legume 4,3-4,5 x 0,3 cm, linear; valvas pubérulas. Chamaecrista tenuisepala é uma planta conhecida apenas do nordeste do Brasil, distribuindo-se do sul do Maranhão e Piauí até o oeste de Pernambuco e Paraíba (Irwin & Barneby 1982), principalmente em formas típicas de caatinga mas também em carrasco e serras. Floração e frutificação: i-iii. Esta espécie parece representar uma forma mais robusta e perene de Ch. serpens, apresentando maiores dimensões em caracteres vegetativos e florais (ver discussão em Ch. serpens). Material exaMinado: Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1390 (EAC, HUEFS); Paraíba: Princesa Isabel, J. E. R. Collares & J. A. da Silva 197 (HRB, K). Pernambuco: Santa Maria da Boa Vista, E.P.Heringer 408 (IPA); Taquritinga do Norte, D.Andrade-Lima et al. 66-4470 (IPA). Piauí: Oeiras, G. Gardner 2125 (lectótipo de Cassia tenuisepala: K); Serra Branca, E. Ule 7435 (K, foto HUEFS). Chamaecrista viscosa (Kunth) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia viscosa Kunth., Nov. Gen. & Sp. Pl. 6: 360. 1823. var. major (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia viscosa var. major Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 132. 1870.Brasil. 15 (2): 132. 1870. Arbusto ramificado, 1-2 m alt.; indumento curta e densamente pubérulo e, adicionalmente, com tricomas glanduloso-setosos densos sobre os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, ramos mais velhos longitudinalmente �0� estriados. Estípulas subuladas, 1-1,5 x 0,5 mm. Folhas patentes; pecíolo 6-20 mm, mais curto a até um pouco mais longo do que os folíolos proximais; raque 5-8 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 10-20 x 8-12 mm, obcordados, 1,3-1,6x mais longos do que largos, ápicetruncado a emarginado, mucronado, base cuneada, margem revoluta, face adaxial glabra, face abaxial víscido-setulosa; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, nervuras secundárias ligeiramente salientes na face abaxial, as de menor porte inconspícuas. Racemos terminais e axilares nas folhas distais, corimbosos, 4,5-6 cm compr., geralmente imersos na folhagem; pedicelo 11-14 mm. Botões ovóides a elipsóides, obtusos. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas amareladas, oblongas, obtusas, ± eqüilongas, 7-9 x 2- 2,5 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto campanulado), obovais, 12-15 x 6-7 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 2-3 x 0,5 cm, linear-oblongo; valvas vilosas e viscosas. Chamaecrista viscosa é uma espécie com ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo desde a Venezuela e Colômbia até o Paraguai e, disjunta, no México, geralmente em hábitats abertos e savanóides. Irwin & Barneby (1978, 1982) reconheceram três variedades das quais apenas a variedade major ocorre na área de domínio das caatingas. Mesmo assim, essa planta foi incluída neste trabalho após alguma hesitação pois os espécimes analisados não continham informações de hábitat e foram coletados em locais onde há transição entre caatinga e cerrado, como a Chapada do Araripe e o planalto do Ibiapaba, ambos no estado do Ceará. Esta planta pode ser diferenciada das demais espécies arbustivas e tetrafolioladas de Chamaecrista da caatinga pela forma peculiar de seus folíolos, com contorno inversamente triangular e obcordado e margem revoluta. �0� Material exaMinado: Ceará: Barbalha, A. Duarte & A. Castellanos 471 (K); Barra do Jardim, G. Gardner 2027 (K). Chamaecrista zygophylloides (Taub.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982. Cassia zygophylloides Taub., Flora 75: 79. 1892.1892. Arbusto profusamente ramificado, 1-3,5 m alt.; ramos glabros a densamente pubérulos, adicionalmente com tricomas glanduloso-setosos densos sobre os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, ramos mais velhos longitudinalmente estriados. Estípulas subuladas, 1-1,5 x 0,5 mm. Pecíolo (6-)10-32 mm, ca. 1,5x maior do que os folíolos proximais na maioria das folhas; raque 2-7 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais (7-) 12-22 x (6-) 9-15 mm, largamente obovais a suborbiculares, 1,2-1,5x mais longos do que largos, ápice arredondado a emarginado, margem plana a, raramente, revoluta, glabros até densamente pubérulos em ambas as faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e as nervuras de menor porte salientes e abertamente reticuladas em ambas ou apenas na face abaxial. Racemos terminais não corimbosos, 5-12 cm compr., curta ou longamente exsertos da folhagem, não agrupados em panículas terminais; pedicelo 8-15 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas verde-claras, elípticas, obtusas, ± eqüilongas, 4-6 x 1,5-2 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto campanulado), obovais, 7-10 x 4-6 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 2,7-3,8 x 0,5-0,7 cm, linear-oblongo, ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas. Chamaecrista zygophylloides distribui-se descontinuamente no México e América Central, norte da América do Sul (Guianas e Venezuela) e no �0� leste do Brasil, do Ceará a Minas Gerais (Irwin & Barneby 1978). No contexto das espécies de Chamaecrista de caatinga, Ch. zygophylloides pode ser diagnosticada pelos pecíolo proporcionalmente longo, ca. 1,5x o comprimento dos folíolos basais, os dois pares de folíolos congestos no ápice da curta raque e pelas flores relativamente pequenas, ca. 1 cm diâm., com pétalas de até 10 mm compr. As folhas variam bastante em dimensão e indumento e plantas desta espécie podem ser facilmente confundidas com outras espécies arbustivas e tetrafolioladas, sendo, algumas vezes, de difícil separação. Abaixo são relacionados alguns caracteres que podem auxiliar no reconhecimento desta espécie em relação a outras semelhantes: Chamaecrista acosmifolia e Ch. belemii – pecíolo proporcionalmente mais longo (embora algumas populações depauperadas de Ch. zygophylloides var. colligans possam ter o pecíolo proporcionalmente mais curto) e pelas flores menores (em Ch. belemii as pétalas medem 14-16 mm compr.). Chamaecrista barbata e Ch. brevicalyx– pecíolo proporcionalmente mais longo (ver observação acima), epiderme dos ramos não ficando pálida e descamando precocemente, flores menores, além dos folíolos menores com a forma predominantemente obovada dos folíolos (nestas espécies os folíolos se apresentam suborbiculares, elípticos ou oval-lanceolados). Chamaecrista viscosa – folíolos largamente obovais a suborbiculares, não obtriangulares com ápice emarginado. Irwin & Barneby (1978, 1982) reconhecem quatro variedades para Ch. zygophylloides, duas das quais ocorrem na caatinga e são diferenciadas pelos caracteres abaixo. 1. Ovário e fruto vilosos e víscido-setosos; racemo não corimboso, os botões em pré-antese não se posicionando ± na mesma altura das �10 flores em antese .........................................................var. zygophylloides 1. Ovário e fruto glabros; racemo ± corimbosos, os pedicelos dos botões em pré-antese se alongando e se posicionando ± na mesma altura das flores em antese, no ápice da inflorescência .................. var. colligans Chamaecrista zygophylloides var. colligans (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982. Cassia zygophylloides var. colligans H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 254. 1978. Pecíolo 3-8 mm; raque 2-7 mm; folíolos 7-22 x 6-15 mm. Racemo corimboso, 1-6 cm compr. Ovário glabro. Fruto com valvas glabras. Planta de caatinga, onde ocorre principalmente associada a serras do Ceará até a Bahia (Irwin & Barneby 1978), de 600 a 900 m alt. Floração e frutificação: i-iii. Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2702 (HUEFS, K, SPF); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5283 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18952 (CEPEC, K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16772 (CEPEC, K); Milagres, R. M. Harley et al. 20520 (CEPEC, K); Mirangaba, R. P. Orlandi 353 (HRB, HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30731 (isótipo de Cassia zygophylloides var. colligans: K, foto HUEFS); Santa Terezinha, F. França et al. 1107 (HUEFS). Chamaecrista zygophylloides (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby var. zygophylloides Pecíolo 13-21 mm; raque 2-6 mm; folíolos 12-20 x 9-15 mm. Racemo com raque alongada, 7-12 cm compr. Ovário viloso. Fruto com valvas vilosas e víscido-setosas. Caatinga, cerrado e campo rupestres, geralmente com distribuição associada �11 à Cadeia do Espinhaço. Na área de domínio da caatinga, distribui-se principalmente ao sul da Chapada Diamantina e no planalto de Maracás, em altitudes de 580 a 900 m. Floração: xii-iv. Frutificação: ii-iv. Material selecionado: Bahia: Livramento do Brumado, R. M. Harley & N. Taylor 27073 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1577 (CEPEC, K). Notas adicionais sobre Chamaecrista Chamaecrista coradinii foi inexplicavelmente descrita como nova espécie duas vezes por Barneby (1992, 1996). Esse autor a refere, seguindo as informações constantes no material examinado (L. Coradin et al. 6655) como procedente da caatinga de Ibotirama (Bahia). No entanto, as coordenadas geográficas associadas a esta amostra, indicam que ela foi coletada a 45°48’W, ou seja, a oeste da cidade de Barreiras na estrada para Brasília, a mais de 150 km de Ibotirama e fora da área de domínio da caatinga. Assim, esta espécie não foi incluída no presente trabalho. Barneby(1992, 1996) incluiu Ch. coradinii na série Setosae, um grupo confinado aos cerrados do planalto central do Brasil, exceto por uma espécie das savanas da Venezuela (Irwin & Barneby 1978), de modo que considerar Ch. coradinii como uma planta de cerrado do oeste da Bahia está mais de acordo como esperado para o conjunto das espécies relacionadas. Chamaecrista compitalis é uma conhecida por apenas uma coleta da região de Encruzilhada. Nesta região predominam florestas estacionais localmente conhecidas por matas de cipó e, por esse motivo, essa espécie não foi incluída neste trabalho. Ela pertence à seção Apoucouita e pode ser diferenciada de Ch. eitenorum (a única espécie da mesma seção com ocorrência confirmada para a caatinga) pelas suas estípulas persistentes e conspícuas (até 8 mm compr.). �1� Senna Mill. Arbustos ou arvoretas, menos freqüentemente ervas a subarbustos anuais, inermes. Folhas paripinadas com 2 a muitos pares de folíolos opostos; nectários extraflorais presentes ou ausentes, quando presentes sésseis ou estipitados, claviformes a elipsóides, com superfície secretora sempre convexa, localizados entre os pares de folíolos ou na base do pecíolo. Inflorescências em racemos axilares, freqüentemente corimbosos e/ou agrupados em panículas amplas terminais; bractéolas ausentes. Flores pentâmeras, zigomorfas (pela corola e/ou pelo androceu) ou assimétricas; hipanto geralmente indistinto; sépalas livres, em geral fortemente graduadas, as intermas maiores do que as externas; pétalas amarelas, a vexilar em geral um pouco mais larga do que as demais, às vezes com uma das pétalas abaxiais fortemente assimétrica, ± reniforme e oposta ao pistilo que, neste caso, é lateralmente deslocado; estames 10, os 3 adaxiais curtos e estaminoidais, (6-) 7 estames férteis diferenciados em um conjunto de 4 estames centrais e (2-) 3 abaxiais maiores ou do mesmo comprimeto dos 4 centrais; anteras deiscentes por 2 poros ou pequenas fendas apicais, glabras ou pubescentes mas nunca ciliadas ao longo das suturas laterais; ovário cêntrico ou enantiostílico, 5-∞(+200)-ovulado. Fruto deiscente ou indeiscente, quando indeiscente (ou tardiamente deiscente) geralmente carnoso e ± cilíndrico, quando deiscente nunca com deiscência elástica e então com valvas papiráceas a cartáceas abrindo-se inertemente para liberar as sementes. Senna é um gênero pantropical, com 295 a 300 espécies, cerca de 200 das quais ocorrem nas Américas (Irwin & Barneby 1982). Em muitos tratamentos florísticos, incluindo a Flora Brasiliensis (Bentham 1870), as espécies referidas para Senna estão incluídas em Cassia. O conceito apresentado por Irwin & Barneby (1982) tem se mostrado relativamente �1� estável, pelo menos para os táxons do Novo Mundo, e estudos recentes de filogenia das Leguminosae (embora com uma amostragem limitada para as Cassiinae) tem apoiado a segregação de Senna como um gênero monofilético. O gênero é floristicamente importante na caatinga e muitas de suas espécies estão entre as plantas mais conspícuas e as que mais contribuem para constituir a paisagem característica da caatinga. São relativamente fáceis de reconhecer pelas suas flores relativamente grandes com pétalas amarelo- brilhantes e anteras amareladas, rígidas e deicentes por poros apicais. Estes caracteres são encontrados também nos gêneros Cassia e Chamaecrista. De Cassia, as espécies de Senna de caatinga podem ser diferenciadas por uma combinação de caracteres diagnóstica para Cassia mas que, em geral, não é encontrada nas suas espécies: folhas sem nectários extraflorais com fruto cilíndrico e carnoso. A única exceção é S. spectabilis que pode ser diferenciada de Cassia pela ausência de bractéolas na base do pedicelo (sempre com um par presente em Cassia) e os 3 estames abaxiais nunca curvados em forma de “S”. Além disso, as espécies de Senna da caatinga têm inflorescências eretas ou patentes enquanto na única espécie de Cassia da caatinga a inflorescência é pêndula. Em relação a Chamaecrista, podem ser diferenciadas pelo fruto, cilíndrico ou plano-compresso mas então com deiscência inerte. Em Chamaecrista os frutos são sempre plano-compressos e com deiscência elástica, as valvas tornando-se espiraladas durante a deiscência. Na ausência de frutos, as espécies de Senna podem ser diferenciadas pela ausência de bractéolas no pedicelo (em Chamaecrista o pedicelo tem duas bractéolas ± alternas pouco acima do meio) e pelo androceu zigomorfo, com os 3 estames abaxiais geralmente deslocados em relação ao eixo mediano da flor. Além disso, em Chamaecrista, os nectários extraflorais quando presentes são em forma �1� de disco ou de cálice e, quando ausentes, a planta é revestida por tricomas glandulares. Em Senna, as únicas espécies de caatinga que apresentam tricomas glandulares também possuem nectários extrflorais e estes são sempre convexos, claviformes a piramidais. As 19 espécies encontradas na área de domínio da caatinga podem ser agrupadas de acordo com o diagrama abaixo. Chaves auxiliares: Grupo 1: 1. Folhas com 17-23 pares de folíolos, cada folíolo oblíquo, oblongo, agudo, com 11-18 mm larg.................................................. S. martiana 1. Folhas com 8-9 pares de folíolos, cada folíolo simétrico, largamente oblongo, ápice obtuso a arredondado, com 33-50 mm larg. 2. tamanho do pecíolo, fruto + indumento das folhas ................ S. alata 2. tamanho do pecíolo, fruto + indumento das folhas ......... S. reticulata Folhas sem nectários Nectários extrflorais presentes 1 só nectário Mais de um nectário localizado entre os pares de folíolos Flores > 2 cm diâm Senna Fruto seco com valvas planas Fruto carnoso, cilíndrico Nectário no pecíolo próximo ao pulvino Nectário entre o primeiro par de folíolos Estípula subulada Estípula ± reniforme Flores 1,5 cm diâm. Grupo 2 Fr ut o se co , pl an o- co m pr es so S. harleyi Fo lío lo s em 2 p ar es Fr ut o ca rn os o, ci lín dr ic o S. gardneri S. macranthera S. rizzinii S. splendida Grupo 1 B rá ct ea s pe ta ló id es , am ar el as S. alata S. martiana S. reticulata Grupo 4 Grupo 3 Grupo 5 M ai s de 2 fl or es S. spectabilis S. occidentalis S. pendula S. cana S. cearensis S. lechriosperma S. obtusifolia S. uniflora Grupo 6 S em tr ic om as g la nd ul ar es B rá ct ea s he rb ác ea s R ac em os bi flo ro s S. aversiflora M ai s de d oi s pa re s de fo lío lo s Tr ic om as gl an du la re s no p ec ío lo e na ra qu e S. acuruensis S. aristiguietae S. catingae S. trachypus �1� Grupo �: 1. Frutos plano compressos, secos; óvulos 30-42; flores relativamente pequenas, as pétalas medindo 10-15 mm compr.; brácteas linear- lanceoladas .............................................................................. S. harleyi 1. Frutos cilíndricos, ± carnosos; óvulos 80-240; flores maiores, as pétalas medindo geralmente mais de 20 mm compr. (se pétalas menores e óvulos 44-58 então as brácteas são suborbiculares) 2. Folíolos simétricos na base, glabros, com margem discolor, geralmente avermelhada 3. Nervuras laterais estendendo-se até a margem dos folíolos e anastomosando-se com uma nervura marginal (nervação camptódroma); folíolos obovados com ápice arredondado .................................................................S. gardneri 3. Nervuras laterais formando arcos e anastomosando-se entre si antes de alcançar a margem (nervaçãobroquidódroma); folíolos elípticos a lanceolados com ápice agudo ou obtuso ........................................................................ S. splendida 2. Folíolos com base assimétrica devido ao posicionamento excêntrico da nervura principal, pilosos a vilosos; margem concolor 4. Brácteas suborbiculares, pelo menos algumas persistindo até a maturação dos frutos; flores ca. 3,5 cm diâm.; estames pouco diferenciados em tamanho, as anteras dos 7 estames alcançando ± a mesma altura ......................................... S. rizzini 4. Brácteas setáceas a lanceoladas, caducas logo após a antese; flores ca. 4,5 cm diâm.; filetes dos 3 estames abaxiais mais longos do que os dos estames centrais resultando em que suas �1� anteras ficam posicionadas mais altas em 1/3 ou mais do que a dos estames centrais ........................................... S. macranthera Grupo �: 1. Nectário faltando entre o par de folíolos basal; folíolos em 5 a 7 pares, os distais medindo 3,1 a 4,6 cm compr., 2,5-3 x mais longos do que largos; estípulas de até 10 mm compr.; flores menores, ca. 3 cm diâm., com pétalas de 16 a 20 mm compr. .............................S. cana 1. Nectário presente entre todos os pares de folíolos; folíolos em 3 a 4 pares, os distais medindo 4,5 a 8 cm compr., 1,5-2 x mais longos do que largos; estípulas 10-25 mm compr.; flores ca. 5 cm diâm., com pétalas de 25 a 30 mm compr. 2. Fruto ca. 5 mm larg., valvas fortemente costadas a ca. 2 mm da sutura deixando o fruto com uma seção tranvsersal cruciforme S. cearensis 2. Fruto 9-10 mm larg., plano-compresso; valvas discretamente costadas ....................................................................S. lechriosperma Grupo �: 1. Nectário localizado na base do pecíolo, próximo ao pulvino; inflorescência muito mais curta do que a folha subjacente; fruto seco, plano compresso .....................................................S. occidentalis 1. Nectário localizado entre o par basal de folíolos; folíolos obovados com ápice arredondado; inflorescência mais longa e exserta da folhagem; fruto cilíndrico e carnoso.......................................S. pendula Grupo �: 1. Ramos e folhas revestidos por tricomas setosos, de 1-2 mm compr., amarelos a avermelhados; estilete curto, 1,5-2 mm; fruto curto (até 4 cm compr.), reto, ereto, com valvas tranversalmente sulcadas �1� simulando um lomento ..........................................................S. uniflora 1. Ramos e folhas glabros a glabrescentes (esparsamente pilosos); estilete 2-4 mm compr.; fruto significativamente mais longo (10-13 cm compr.), arqueado, com superfície das valvas planas .....S. obtusifolia Grupo �: 1. Cada racemo com exatamente duas flores; ramos e estípulas híspidos, revestidos por tricomas longos (3-7 mm) e eretos; tricomas glandulares ausentes; nectário 1, séssil, obpiriforme; pedicelo apresentando na base uma glândula fusiforme .................. S. aversiflora 1. Racemos 3-∞-floros; ramos e estípulas nunca híspidos; tricomas víscido-glandulares presentes pelo menos no eixo foliar; mais de 1 nectário, estipitado, oblongo-clavados; base do pedicelo não glandular 2. Todas as sépalas densa e curtamente pubérulas na face dorsal; estilete 5-7 mm compr.; raque do racemo < 2 mm .... S. aristeguietae 2. Sépalas glabras ou as externas esparsamente pilosas (as internas, maiores, sempre glabras); estilete 1,5-3 mm compr.; raque do racemo ≥ 3 mm 3. Margem do legume estreitamente alada (ala ca. 1 mm larg.); folíolos 5-9 pares; pedúnculos víscido-setosos; planta do Piauí, Ceará, Paraíba e extremo noroeste da Bahia .............. S. trachypus 3. Margem do legume não alada; folíolos 4-20 pares mas se 4-9 pares então pedúnculo não víscido-setoso; planta de Pernambuco e da Bahia a leste do rio São Francisco 4. Folíolos 14-20 pares, concolores, 10-18 x 4-8 mm ......................................................................S. acuruensis 4. Folíolos 4-7 pares, discolores, 15-37 x 12-18 mm ... S. catingae �1� Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 506. 1982. Cassia acuruensis Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 122. 1870.Brasil. 15 (2): 122. 1870. Arbusto a pequena árvore de 2-3(-5) m alt.; indumento dos ramos, estípulas, eixo foliar e eixos da inflorescência densamente víscido- setulosos. Estípulas 4-8 x 0,3-0,5 mm, setosas, subuladas. Pecíolo 0,9- 1,6 mm; raque 9-13.5 cm; segmentos interfoliolares 4-5 mm; nectários oblongo-claviformes, estipitados, localizados entre os pares basais de folíolos e, freqüentemente, entre todos os pares; folíolos 14-20 pares, concolores, papiráceos, discretamente decrescentes em cada extremidade da raque, 10-18 x 4-8 mm, 1,8-3x mais longos que largos, oblongos a oblongo-obovais, ápice obtuso a truncado, mucronado, face adaxial glabra, curtamente pilosos em ambas as faces; nervura principal mediana. Racemos 3-5 cm, patentes, axilares nas folhas distais, às vezes tornando- se paniculados pela não expansão das folhas; pedicelos 2,5-4,5 cm. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas glabras, esverdeadas com margem amarelada, muito desiguais em forma e tamanho, as internas suborbiculares, 7-11 mm compr., ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, muito desiguais, as adaxiais reduzidas e mais longamente ungüiculadas, as abaxiais maiores uma das quais assimétrica, subreniforme. Fruto 6-11 x 0,9-1,4 cm, patente ou pêndulo, oblongo-linear, plano-compresso; estípite 5-8 mm; valvas papiráceas, nigrescentes. Ocorre principalmente na caatinga meridional, inclusive em alguns vales secos na Chapada Diamantina, em diferentes tipos de solos e a altitudes de 400 a 1000 m. Floração: xii-iii (-iv). Frutificação: xii-v (-vii). Irwin & Barneby (1982) reduziram Cassia catingae Harms a variedade dessa espécie e descreveram uma nova variedade. No entanto, S. acuruensis apresenta número e dimensões dos folíolos e indumento distintos de C. �1� catingae. Além disso, dados moleculares indicam que S. acuruensis pode ser mais relacionada a S. multijuga do que a C. catingae (Marazzi et al. 2006) a qual é, aqui, excluída da circusncrição de S. acuruensis. No seu limite sul de distribuição, S. acuruensis ocorre simpatricamente com S. aristeguietae da qual se diferencia pelas sépalas glabras e estilete mais curto (1,8-3 mm em S. acuruensis e 5-7 mm em S. aristeguietae). Nomes vernaculares: são-joão, são-joãozinho (gerais), pau-de-besouro (Glória, BA), canela-de-velho (Campo Alegre de Lurdes, BA). Material selecionado: Bahia: Abaíra, L. P. Queiroz 2609 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21538 ICEPEC, K); Boninal, L. Coradin et al. 6559 (CEN, K); Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2647 (CEPEC, K); Cetité, G. Hatschbach et al. 65841 (MBM); Campo Alegre de Lurdes, A. M. Miranda et al. 3968 (Hst, HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz et al. 7168 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16144 (CEPEC, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley 18933 (CEPEC, K); Glória, H. P. Bautista 473 (HRB, K); Iaçu, L. R. Noblick 3625 (HUEFS); Ipupiara, E. Saar et al. 59 (ALCB, HUEFS); Jequié, S. A. Mori & T. S. dos Santos 11830 (CEPEC, K); Jeremoabo, L. P. Queiroz et al. 3724 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1911 (CEPEC, K); Mirangaba, W. N. da Fonseca 409 (HRB, K); Morro do Chapéu, F. França et al. 4679 (HUEFS); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2851 (holótipo de Cassia acuruensis Benth.: K, foto HUEFS); Tucano, A. M. de Carvalho et al. 3864 (CEPEC, HUEFS); Urandi, R. Mello-Silva et al. 1414 (HUEFS, SPF). Pernambuco: Belo Jardim (serra do Genipapo): A. Chase 7695 (K). Senna alata (L.) Roxb., Fl. Indica 2: 349. 1824. Cassia alata L., Sp. Plant.: 378. 1753.Plant.: 378.1753. Cassia bracteata L. f. , Suppl. Pl. Syst. Veg.: 232. 1781.1781. Arbusto pequeno de crescimento rápido, 0,6-2 m alt.; ramos jovens densa e curtamente pubérulos e finamente pilosos. Estípulas ca. 7-10 x 5-6 mm, ��0 obliquamente lanceoladas, acuminadas, dilatadas e auriculadas no lado oposto ao pecíolo, quase amplexicaules. Pecíolo 9-10 mm (7 dos quais correspondendo ao pulvino); raque 20-22 cm; segmentos interfoliolares 20-22 mm; nectário ausente; folíolos em 9 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, os distais 8,2-8,8 x 5-5,5 cm, ca. 1,8x mais longos que largos, oblongos, tornando-se obovais no ápice da raque, ápice obtuso a arredondado, face adaxial glabra, face abaxial curta e densamente pubérula e reticulada; nervura principal mediana, nervuras secundárias salientes na face abaxial. Racemos 19-30 cm, robustos, eretos ou curvados para cima, axilares; pedicelos 0,7-0,9 cm; brácteas 1,7-2,5 x 0,9-1,2 cm, petalóides, amarelas, côncavas, recobrindo totalmente o botão e formando um cone no ápice do racemo. Botões obovóides. Flores ca. 2,5 cm diâm., o perianto ± globoso na antese; sépalas petalóides, amarelo-alaranjadas, 12-15 mm compr.; pétalas amarelo-ouro, 1,6-2 x 0,9-1 cm, obovadas, a vexilar diferenciada, subquadrada. Fruto 12-14 x 2-2,3 cm, ascendente, em contorno largamente linear, plano-compresso, cada sutura carenada e valvas papiráceas aladas de modo que o fruto apresenta uma seção tetragonal. Senna alata é uma espécie amplamente distribuída na América tropical e cultivada em várias partes do mundo como ornamental ou medicinal, tornando-se espontânea em algumas regiões do sul dos Estados Unidos e nos trópicos da África, Ásia e Austrália (Irwin & Barneby 1982). Pode ser considerada como uma espécie invasora, especialmente em áreas úmidas ou sazonalmente inundáveis, devendo ter sido através da colonização de terrenos antropizados que esta espécie penetrou na caatinga, onde ocorre principalmente em brejos e em áreas transicionais caatinga-cerrado. Floração e frutificação: vi (mal documentada, provavelmante ao longo do ano). Esta espécie apresenta grande semelhança morfológica em caracteres ��1 vegetativos e florais com S. reticulata, embora o fruto permita uma rápida distinção pois os de S. alata apresentam uma ala conspícua ± no meio da valva, a qual está ausente nos frutos de S. reticulata. Além disso, as folhas de S. alata apresentam o pecíolo muito curto, quase obsoleto, medindo apenas 1 ou 2 mm além do pulvino, característica não apresentada por S. reticulata. Nomes vernaculares: mata-pastão (geral), canafistão (Campo Alegre de Lurdes, BA). Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 7374 (HUEFS); Itaberaba, F. França et al. 1216 (HUEFS, K); Santo Inácio, T. S. Nunes et al. 976 (HUEFS).. Piauí: Gilbués, L. Coradin et al. 5839 (CEN, K). Senna aristeguietae H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:New York Bot. Gard. 35: 502. 1982. Arvoreta ca. 5 m alt. x 2 cm DAP, tronco com casca lisa e amarronzada; indumento dos ramos, estípulas, eixo foliar e eixos da inflorescência constituído por tricomas víscido-setulosos densos e tricomas tectores curtos. Estípulas 6-7 x ca. 0,3 mm, setosas, subuladas. Pecíolo ca. 11 mm; raque 7,3-7,5 cm; segmentos interfoliolares 7-9 mm; nectários oblongo- claviformes, curtamente estipitados, localizados entre os dois primeiros pares de folíolos; folíolos 7-11 pares, papiráceos, discolores, discretamente decrescentes em cada extremidade da raque, os medianos 2,2-2,4 x 0,8- 0,9 cm, 2,4-3x mais longos que largos, oblongos, tornando-se oblongo- obovados no ápice da raque, ápice truncado a arredondado, face adaxial esparsamente pilosa, quase glabra, curtamente pubérula; nervura principal mediana, nervuras secundárias e terciárias inconspícuas. Racemos 3,3-4 cm, subumbeliformes (eixo florífero < 2mm), patentes, axilares nas folhas ��� distais; pedicelos ca. 2 cm. Botões globosos. Flores ca. 5 cm diâm.; sépalas minutamente pubérulas dorsalmente, muito desiguais em forma e tamanho, as internas obovadas, ca. 14 mm compr., ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, 4 largamente obovadas e uma abaxial assimétrica, subreniforme. Fruto não visto. Senna aristeguietae apresenta uma distribuição disjunta entre o leste do Brasil (sudeste da Bahia e nordeste de Minas Gerais) e a costa NW da Venezuela (próximo ao lago Maracaibo). Irwin & Barneby (1982) especulam que ela talvez tenha sido introduzida na Venezuela. Esta planta é conhecida de poucas coletas de Minas Gerais e foi pela primeira vez coletada na Bahia por G. P. Lewis, próximo a Livramento do Brumado, onde ocorre em área transicional entre caatinga e cerrado (“campos gerais”). Floração: iv. Frutificação: ? Evidentemente afim a S. acuruensis (especialmente a S. acuruensis var. interjecta) da qual se diferencia pelo estilete mais alongado (5-7 mm x 1,8- 3 mm) e pelas sépalas dorsalmente pubescentes (glabras em S. acuruensis). Material exaMinado: Bahia: Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1992 (CEPEC, K). Senna aversiflora (Herbert) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 529. 1982. Cassia aversiflora Herbert, Bot. Mag. 53, t. 2638. 1826.1826. Arbusto virgado 1,5-2 m alt.; ramos esparsa ou densamente híspidos com tricomas setosos eretos e longos, ca. 3-7 mm compr. Estípulas 5-13 x ca. 0,3 mm, setosas. Pecíolo 15-22 mm; raque 2,7-4,5 cm; segmentos interfoliolares 5-6 mm; nectário robusto, obpiriforme, séssil, alaranjado, localizado entre os primeiro par de folíolos; folíolos 5-8 pares, papiráceos, ��� concolores, fortemente acrescentes distalmente, os distais 1,7-2,8 x 0,5- 1,2 cm, 2,2-3x mais longos que largos, obovais a oblanceolados, ápice arredondado a ligeiramente emarginado, base cuneada, facialmente glabros, a margem ocasionalmente ciliada; nervura principal mediana, nervuras secundárias e terciárias inconspícuas. Racemos 2-4 cm, no ápice dicotômicos e bifloros, patentes, axilares nas folhas subterminais; pedicelos 1,7-2 cm, biglandulares na base. Botões globosos. Flores 4,5-5 cm diâm.; sépalas glabras, largamente obovais, desiguais em tamanho, as internas 7-10 mm compr., ca. 1,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, 4 largamente obovadas e uma abaxial assimétrica, subreniforme. Legume 9-15 x 0,4-0,5 cm, estreitamente linear, reto, plano-compresso; estípite 4- 10 mm; valvas amarronzadas, papiráceas formando elevações piramidais em forma de X sobre cada semente. Senna aversiflora é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se principalmente na depressão sertaneja meridional, no estado da Bahia a leste do rio São Francisco e em Pernambuco, apenas alcançando o estado da Paraíba (Areias, fide Irwin & Barneby 1982). É uma planta mais freqüente em bancos de rios sobre solos arenosos, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: xi-vii. Frutificação: ii-vii. No contexto das espécies de caatinga, S. aversiflora é prontamente reconhecida pelas inflorescências bifloras, as duas flores surgindo do mesmo ponto no ápice do pedúnculo. Além disso, apresenta os folíolos claramente acrescentes em direção ao ápice da raque (com os folíolos distais visivelmente maiores do que os proximais) e o caule híspido, revestido por tricomas setosos, eretos e muito longos (ca. 3-7 mm), embora alguma cautela seja necessária em relação a este caráter pois existem alguns raros indivíduos com caule glabro. Esta espécie foi descrita de plantas cultivadas em estufas na Europa a partir ��� de sementes levadas do Brasil e nenhum tipo foi preservado. O epíteto aversiflora foi dado a esta planta pelo deão Herbert em alusão à forma singular com que as flores de cada par parecem se afastar pela curvaturadas pétalas, sendo esta, talvez, a primeira alusão a enantiostilia em Senna (Irwin & Barneby 1982). Nome vernacular: são-joão. Material selecionado: Bahia: Brumado, F. França et al. 4195 (HUEFS); Cansansão, R. M. Harley et al. 16481 (CEPEC, K); Conceição de Feira, L. R. Noblick 1976 (HUEFS); Don Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 301 (CEPEC, K); Ipirá, B. C. Bastos 527 (BAH, HUEFS); Ituaçu, G. Hatschbach & J. M. Silva 50166 (K, MBM); Jequié, A. Duarte & A. Castellanos 351 (K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1934 (CEPEC, K); Miguel Calmon, L. R. Noblick 3927 (HUEFS, K); Monte Santo, E. Saar et al. 22 (ALCB, HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30712 (K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S Lemos 4104 (HUEFS, K); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4221 (HUEFS, K). Pernambuco: Bezerros, A. M. Miranda et al. 2570 (Hst, HUEFS); Brejão, A. M. Miranda et al. 2559 (Hst, HUEFS); Pesqueira, E. A. Shimabukuro et al. 278 (HUEFS). Senna cana (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 226. 1982. Cassia cana Nees & Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat. Cur. 12: 34. 1825.1825. var. cana Arbusto 2-3 m alt. a arvoreta ca. 4 m; ramos longitudinalmente costados, densamente pubérulos, tricomas curtos, acinzentados. Estípulas persistentes, 6-10 x 4-6 mm, foliáceas, ± reniformes, ápice acuminado a ��� caudado. Pecíolo 5-10 mm; raque 4,9-7 cm; segmentos interfoliolares 10- 18 mm; nectários fusiformes a subulados, estipitados, localizados entre todos os pares de folíolos exceto no basal e, freqüentemente, ausentes também no distal; folíolos 5-7 pares, coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 3,1-4,6 x 1,2-1,5 cm, 2,6-3,1x mais longos que largos, estreitamente elípticos a oblanceolados, ápice acuminado a agudo, margem revoluta, fortemente discolores, face adaxial rugosa, glabra a, raramente, esparsamente pilosa, face abaxial tomentosa, cinérea; nervura principal central exceto muito próximo da base, nervuras secundárias salientes e discolores na face abaxial. Racemos 7-13 cm, ± corimbosos, patentes, axilares nas folhas distais; pedicelos 2,1-2,2 cm, geralmente desprovidos de glândula na base ou glândula caduca. Botões globosos. Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas internas 8-11 mm compr., largamente obovadas, ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovais, aproximadamente do mesmo tamanho, 16-20 x 12 mm. Legume 8,5-13,5 x 0,5 cm, estreitamente linear, ligeiramente curvo, compresso mas cada valva apresentando uma nervura saliente próximo à sutura ventral (seção transversal então semelhante a um “†” invertido); estípite 3-5 mm; valvas amarronzadas, cartáceas. Senna cana é uma espécie distribuída principalmente em cerrado e campo rupestre, referida por Irwin & Barneby (1982) para os estados da Bahia, Goiás, Minas Gerais e Espírito Santo. É uma espécie polimórfica nos caracteres vegetativos e, baseado nestes caracteres, esses autores reconheceram cinco variedades. Na caatinga, apenas a variedade cana ocorre ocasionalmente, geralmente em regiões de transição caatinga/cerrado ou nas montanhas da Chapada Diamantina, sobre solo arenoso, em altitudes de 400 a 1000 m. Floração e frutificação ± concomitantes: i-vii. Esta planta pode ser diferenciada de S. lechriosperma principalmente pelas dimensões menores das flores, estípulas e folíolos, como pode ser observado ��� na chave para as espécies desse grupo. Além disso, nas plantas de caatinga de S. cana var. cana, não há nectário entre o primeiro par de folíolos e, freqüentemente, também entre o par distal, enquanto em S. lechriosperma un nectário está sempre presente entre o par proximal. Irwin & Barneby (1982) não referem esta espécie para o estado de Pernambuco mas pelo menos três espécimes coletados em Buíque e Rio Branco apresentam os caracteres acima referidos para essa espécie, não deixando dúvida de que se tratam de espécimes de S. cana. Nomes vernaculares: são-joão (geral), candieiro-preto (Buíque, PE). Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2808 (HUEFS, K, SPF); Caetité, G. Hatschbach & J. M. Silva 50467 (K, MBM); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6071 (CEN, K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6616 (CEN, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3374 (HUEFS, K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16713 (CEPEC, K); Mirangaba, W. N. da Fonseca 395 (HRB, K); Morro do Chapéu, L. R. Noblick 3492 (HUEFS); Urandi, T. Jost et al. 507 (HRB, HUEFS). Pernambuco: Buíque, Vasconcellos Sobrinho s. n. i.1940 (K); Rio Branco, Vasconcellos Sobrinho s. n. vi.1937 (K). Senna catingae (Harms) L.P.Queiroz, comb. nov. Cassia catingae Harms. Bot. Jahrb. 42: 210. 1908. Senna acuruensis var. catingae (Harms) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New YorkNew York Bot. Gard. 35: 509. 1982. Senna acuruensis var. interjecta H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.New York Bot. Gard. 35: 508. 1982. Arbusto 2-3 m alt.; ramos e eixos da inflorescência glabros, tricomas glandulares apenas no eixo foliar. Estípulas 4-8 x 0,3-0,5 mm, setosas, subuladas. Pecíolo 7,5-13,5 cm; raque 3-5 cm; segmentos interfoliolares ca. 10 mm; nectários oblongo-claviformes, estipitados, localizados entre os ��� pares basais de folíolos e, freqüentemente, entre todos os pares; folíolos 4-7 pares, papiráceos, fortemente discolores, discretamente decrescentes em cada extremidade da raque, 15-37 x 12-18 mm, 1,5-2x mais longos que largos, oblongo-obovais, ápice obtuso a truncado, mucronado, glabros exceto ocasionalmente pilosos ao longo da nervure principal na face abaxial; nervura principal mediana. Racemos 3-5 cm, patentes, axilares nas folhas distais, às vezes tornando-se paniculados pela não expansão das folhas; pedicelos 2,5-4,5 cm. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas glabras, esverdeadas com margem amarelada, muito desiguais em forma e tamanho, as internas suborbiculares, 7-11 mm compr., ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, muito desiguais, as adaxiais reduzidas e mais longamente ungüiculadas, as abaxiais maiores uma das quais assimétrica, subreniforme. Fruto 6-11 x 0,9-1,4 cm, patente ou pêndulo, oblongo-linear, plano-compresso; estipe 5-8 mm; valvas papiráceas, nigrescentes. Distribui-se na região sudeste do estado da Bahia, do planalto de Vitória da Conquista até a região de Itaberaba. Ocorre tanto em caatinga arbustiva quanto em mata de cipó, geralmente sobre solos argilosos, a altitudes de 500-800 m. Floração: x-iii (vi). Frutificação: ? Diferencia-se de S. acuruensis pelos folíolos maiores e em menor número (ver comentários sob essa espécie). Nome vernacular: canjuão. Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1171 (HUEFS, K, SPF); Anajé, G. Hatschbach & F. J. Zelma 50432 (K, MBM); Aracatu, R. M. Harley et al. 15022 (CEPEC, K); Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3875 (HUEFS); “Caldeirão”, E. Ule 7250 (isótipo de Cassia catingae Harms: K, foto HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 521 (BAH, HUEFS); Itaberaba, R. M. Harley et al. 20525 (CEPEC, K); Jacobina, B. C. Bastos ��� 429 (BAH, HUEFS); Jequié, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1587 (CEPEC, K); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. Fraga (HUEFS); Nova Itarana, F. França et al. 3491 (HUEFS); Piritiba, L. R. Noblick 1836 (HUEFS); Santa Inês, D. A. Lima 58-2914 (K); Tremandal, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3699 (HUEFS, K); Vitória da Conquista, E. Pereira & G. Pabst 9752 (K). Senna cearensis Afr.Fern., Albertoa n.s. 7: 6. 2000. Senna barnebyana Afr.Fern., Bradea 6: 282. 1994 (non Senna barnebyana Lass., Brittonia 33: 513. 1981).1981). Arbusto 1-2 m; ramos jovens vilosos. Estípulas persistentes, 15-20 x 5-12 mm, foliáceas, ± reniformes, ápice longamentecaudado. Pecíolo 8-20 mm; raque 3-6 cm; segmentos interfoliolares 10-20 mm; nectários fusiformes, estipitados, localizados entre todos os pares de folíolos; folíolos 3-4 pares, discolores, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 5- 9 x 2,5-4 cm, 1,4-1,8x mais longos que largos, obovais a oblongo-obovais, ápice arredondado, mucronado; face adaxial pilosa, face abaxial vilosa; nervura principal excêntrica na base, a partir daí mediana, nervuras secundárias salientes na face abaxial. Racemos 7-9 cm, patentes, axilares nas folhas distais; pedicelos 1,5-2,2 cm, ladeados na base por uma glândula fusiforme. Botões obovóides. Flores ca. 5 cm diâm.; sépalas internas ca. 10-15 mm compr., suborbiculares, ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, largamente obovais, aproximadamente do mesmo tamanho, ca. 27-31 x 11-23 mm, a vexilar ligeiramente mais larga. Legume 10,5-14 x ca. 0,5 cm, linear, encurvado, cada valva apresentando uma nervura saliente excêntrica, seção transversal então em forma de “²”; estípite 3-4 mm; valvas castanhas, cartáceas. Senna cearensis é uma conhecida do estado do Ceará e norte de Pernambuco, especialmente nas Chapadas do Araripe e do Planalto da Ibiapaba, sobre ��� solos arenosos. Floração: ii-iv. Frutificação: iii-vi. Apresenta maior afinidade com S. lechriosperma, ambas ocorrendo simpatricamente no Ceará. A principal diferença de S. cearensis em relação a essa espécie reside no fruto que em S. cearensis apresenta-se linear, com ca. 5 mm de largura e seção transversal cruciforme enquanto em S. lechriosperma apresenta-se linear-oblongo, com 9-10 mm de largura e seção transversal plano-compressa. Fernandes (1994) descreveu S. barnebyana para chapadas arenosas no Ceará e Piauí. Este nome já estava ocupado por S. barnebyana Lass., uma espécie não relacionada do Peru. Posteriormente, Fernandes (2000) corrigiu este nome para S. cearensis. Material selecionado: Ceará: Barabalha, F.R.Costa s.n. EAC 32765 (EAC); Novo Oriente, F.S.Araújo et al. s.n. EAC 16253 (EAC); Pindoré, F.S.Cavalcanti s.n. EAC 18515 (EAC); Ubajara, A. Fernandes & Matos s. n. 22.iii.1980 (holótipo de S. barnebyana A. Fernandes e de S. cearensis A. Fernandes: EAC). Pernambuco: s.l., campos da Serra do Araripe, D. A. Lima & M. Magalhães 52-1136 (K). Senna gardneri (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 192. 1982. Cassia gardneri Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 120. 1870.Brasil. 15 (2): 120. 1870. Arbusto virgado, pouco ramificado, 1,5-2,5 m alt.; ramos glabros, quando jovens fractiflexos. Estípulas ca. 2-3 mm, linear-oblanceoladas. Pecíolo 18-23 mm; raque 4-6 mm; nectário robusto, piriforme, localizado entre o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriáceos, glaucos, acrescentes distalmente, os distais, 2,2-2,6 x 1,7-2 cm, 1,3- 1,5x mais longos que largos, obovados a largamente elípticos, obtusos a arredondados, glabros; nervura principal mediana, nervuras secundárias divergindo da central em um ângulo de ca. 45° e anastomosadas com ��0 uma nervura marginal conspícua. Racemos 1-5,5 cm, axilares em poucas folhas distais, às vezes agrupados em panículas; pedicelos 1,1-2,5 cm; brácteas subuladas, inconspícuas. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas verdes com dorso acastanhado, as maiores internas ca. 10- 12 mm compr.; pétalas amarelo-alaranjadas, 2-2,3 x 1,2-1,3 cm, obovadas; estames 7, anteras contraídas no ápice em um bico biporoso. Fruto ca. 6,1-0,9 x 1,2-1,7 cm, cilíndrico, carnoso, base contraída em estípite de ca. 9 mm; pericarpo glabro, nigrescente na maturação. Senna gardneri é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo do centro- sul do Piauí ao norte da Bahia, estendendo-se mais para o sul pela bacia do rio São Francisco até a altura de Bom Jesus da Lapa. Esta espécie ocorre principalmente em solo arenoso, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: ii-vii. Frutificação: vi-vii. Dentre as espécies de Senna com folha tetrafoliolada, S. gardneri é facilmente reconhecível pelos folíolos com nervuras secundárias camptódromas, ou seja, as nervuras secundárias estendem-se em direção à margem e anastomosam- se a uma nervura marginal conspícua. Além disso, esta espécie apresenta folíolos obovados e glabros enquanto as demais espécies tetrafolioladas de Senna possuem folíolos pubescentes. Nomes vernaculares: são-joão (Casa Nova, BA), são-joão-da-caatinga (Ibiraba, BA) Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21537 (CEPEC, K); Casa Nova, L. M. C. Gonçalves 210 (HRB, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18906 (CEPEC, K); Ibiraba, L. P. Queiroz 4803 (HUEFS); Ibotirama, L. Coradin et al. 6315 (CEN, K); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6599 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al. 7866 (HUEFS); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2890 (K); Uibaí, B. Stannard et al. PCD 2498 (ALCB, HUEFS, K); Xique Xique, H. S. Brito et al. 317 (CEPEC, K). Piauí: Cristiano Castro, L. Coradin et al. 5911 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2123 (lectótipo de S. gardneri: ��1 K, foto HUEFS). Senna harleyi H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 209.New York Bot. Gard. 35: 209. 1982. Arbusto virgado, 1-2 m alt.; ramos sulcados, densamente pubérulos, tricomas patentes a adpressos. Estípulas ca. 3-7 mm, setiformes, eretas. Pecíolo 12-16 mm; raque 6-7 mm; nectário fusiforme, estipitado, localizado entre o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais, 2,3-3,2 x 1,2-1,6 cm, 1,9- 2,3x mais longos que largos, obovados a largamente elípticos, obtusos a arredondados, margem ligeiramente revoluta, face adaxial minutamente pubérula, face abaxial pilosa até densamente pilosa, subvelutina; nervura principal excêntrica na base, nervuras secundárias ligeiramente proeminentes na face abaxial. Racemos 2,5-4 cm, corimbosos, axilares nas folhas distais, congestos no ápice dos ramos; pedicelos 1,2-1,5 cm; brácteas linear-lanceoladas, 5-8 mm compr. Flores ca. 1,8-2,2 cm diâm.; sépalas maiores internas ca. 8-12 mm compr.; pétalas amarelo- pálidas, 1-1,5 x 0,5-0,8 cm, oblanceoladas, a vexilar flabelada; estames 7, os 4 centrais e os 3 abaxiais ± do mesmo comprimento, estes com anteras contraídas no ápice em um tubo. Fruto ca. 10-14 x 0,7-0,9 cm, plano-compresso, linear, base contraída em estípite de ca. 3 mm; valvas papiráceas, pubérulas, nigrescentes. Senna harleyi é uma espécie endêmica da caatinga, tendo sido registrada apenas para a Bahia a leste do rio São Francisco, especialmente na região sudeste do estado, no planalto de Vitória da Conquista e no vale do rio de Contas bem como na região de Morro do Chapéu. Ocorre tanto em caatinga arbustiva quanto em mata de cipó, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: xii-iv. Frutificação: iii-iv. ��� Figura 18 A: Senna aversiflora (1 - hábito; 2 - estípulas; 3 - nectário foliar); B: Senna acuruensis (1 - folha; 2 - folíolo; 3 - fruto); C: Senna pendula var. glabrata (1 - hábito; 2 - folha; 3 - fruto); D: Senna alata (1 - folha; 2 - fruto); E: Senna cana var. cana (1 - hábito; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - flor; 4 - fruto); F: Senna macranthera var. micans (1 - flor; 2 - fruto); G: Senna oc- ��� Senna harleyi é uma espécie taxonomicamente isolada, combinando as folhas bijugas, o perianto relativamente pouco especializado e o tipo de androceu da série Bacillares (que, adicionalmente, apresenta frutos cilíndricos) com um fruto plano-compresso. Por esta razão, Irwin & Barneby (1982) a colocaram em um grupo monoespecífico (série Harleyanae). No entanto, vegetativamente ela apresenta forte paralelismo com S. rizzinii e S. macranthera var. pudibunda, todas elas possuindo folhas assimétricas com