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QUEIROZ 2009 Leguminosas Da Caatinga

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Ricardo Brito

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�
O bioma caatinga ocupa uma extensa área, estimada em cerca de 850.000km2, correspondendo à maior parte da região semi-ári-
da do Nordeste brasileiro, estendendo-se desde ca. 02°50’S em seu limite 
norte, nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, a ca. 17°20’S no norte 
do estado de Minas Gerais. A deficiência de água durante uma grande 
parte do ano e a irregularidade temporal na distribuição das chuvas são os 
principais fatores que determinam a existência da caatinga. Essa deficiência 
hídrica ocorre por uma combinação de elevada evapotranspiração potencial 
(1500-2000 mm.ano-1) com precipitações baixas (300-1000 mm.ano-1) e 
concentradas em 3-5 meses.
O nome caatinga deriva da língua Tupi, significando “mata clara” [ca’a: 
planta ou floresta; tî: branco, em forma contraída de morotî; ’ngá: semel-
hante a], fazendo referência ao aspecto acinzentado e claro na estação seca, 
quando a maioria das árvores e arbustos encontram-se sem folhas e a luz 
pode penetrar até o nível do solo. Na classificação fitogeográfica de Mar-
tius, a caatinga foi denominada de “Hamadryades” e descrita como “silva 
aestu aphylla”, referindo-se à ausência de folhas no “verão”, ou ainda como 
“silva horrida”, demonstrando a forte impressão que o ambiente hostil da 
INTRODUÇÃO
O BIOMA 
CAATINGA
RICARDO
Texto digitado
RICARDO
Nota
pesquisado e realçado termos : forrage bovino pasteja
�
caatinga deve ter provocado em um naturalista europeu.
Existe alguma confusão, especialmente nos meios de comunicação, en-
tre caatinga e semi-árido. Algumas vezes o termo caatinga é usado para 
designar uma região e o termo semi-árido o é para um tipo de vegetação. 
O semi-árido corresponde à região do Nordeste do Brasil e norte de Minas 
Gerais incluída em um polígono delimitado pela isoieta de 1000mm.ano-
1 de precipitação pluvial média. Essa delimitação coincide com a adotada 
pelo governo brasileiro para a região do “polígono das secas”. Assim, o ter-
mo semi-árido pode ter uma conotação geográfica, a região onde predomi-
na o clima semi-árido, ou política, coincidindo, nesse caso, com o polígono 
das secas. Os limites externos da caatinga podem ser considerados como 
coincidentes com os da região semi-árida mas é importante ressaltar que 
dentro desses limites há ambientes mais úmidos com vegetação diferente 
da caatinga tanto em fisionomia quanto em composição florística.
Outro termo comumente utilizado para se referir à caatinga é sertão. 
Alguns autores chegaram a usar este termo para designar a vegetação das 
áreas mais secas no bioma caatinga (Vasconcelos-Sobrinho 1941, An-
drade-Lima 1954). No entanto, sertão é uma palavra que tem sido usada 
com diferentes significados, sendo o mais comum deles o que designa o 
interior inóspito do Brasil. Isso é exemplarmente ilustrado pelo grande es-
critor Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas ao dizer que “O sertão 
aceita todos os nomes: aqui é o Gerais, lá é o Chapadão, lá acolá é a caatinga.” 
Assim, o uso de sertão para se referir à caatinga como um todo ou a parte 
dela é mais aceitável de um ponto de vista literário ou cultural mas deve ser 
evitado de um ponto de vista científico pois introduz mais imprecisão na 
nomenclatura fitogeográfica.
A vegetação incluída no semi-árido, longe de ser homogênea, apresen-
ta uma grande variação fisionômica e florística. Essa variação reflete uma 
grande heterogeneidade de condições ambientais e fatores históricos que 
�
alteraram a distribuição das biotas provavelmente desde o Terciário (Quei-
roz 2006). Dentre as primeiras podemos citar o relevo e o solo; dentre as 
segundas, flutuações climáticas e eventos tectônicos. Resulta disso que a 
vegetação do semi-árido nordestino é uma das mais complexas e difíceis de 
classificar dentre os grandes domínios morfoclimáticos brasileiros.
Meio Físico
Geologia e geomorfologia
Do ponto de vista geomorfológico, a região incluída no semi-árido está 
longe de ser uma região homogênea (Fig. 1). A interação dos fatores do 
clima e do solo com a geomorfologia local permite reconhecer diferentes 
unidades de paisagem, das quais as principais são apresentadas a seguir.
Figura 1 - Aspectos geomorfológicos do Nordeste do Brasil e sua relação com a vegetação do Bioma Caatinga: 
CT: Caatinga em áreas de depressão; CA: Carrasco em superfícies sedimentares residuais; FS: Florestas serranas 
(”brejos”); FC: florestas ciliares; FE: Florestas estacionais e caatinga arbórea na encosta das serras; CE: Cerrados 
e campos rupestres sobre serras; FT: Florestas pluviais litorâneas (Mata Atlântica); TB: superfícies de tabuleiros 
costeiros com vegetação semelhante à do cerrado (modificado de Coe 1960).
�
A principal feição geomorfológica onde se encontra a vegetação da 
caatinga corresponde à das grandes depressões, também conhecida como 
depressão sertaneja. As depressões constituem a unidade de paisagem mais 
típica do bioma caatinga, caracterizando-se por extensas superfícies aplain-
adas, totalizando cerca de 368.216km2 (ca. 43,3% da superfície total do 
bioma). As principais áreas de depressão são conhecidas como Depressão 
Sanfranciscana, situada ao longo do percurso do rio São Francisco; a De-
pressão Cearense, limitada pela Chapada do Araripe (a sul), pelo Planalto 
da Borborema (a leste) e pelas cuestas da Serra do Ibiapaba (a oeste); a De-
pressão do Meio-Norte, localizada no Nordeste Ocidental, tem sua área de 
caatinga incluída no estado do Piauí.
Nesta grande área aflora, na sua maior parte, o embasamento cristalino 
pré-cambriano, na forma de granitos, gnaisses e xistos. Essa exposição do 
embasamento cristalino é resultado de um grande processo de pediplanação 
que vem ocorrendo desde o Terciário superior (Ab’Sáber 1974). Relevos re-
siduais na forma de inselbergs, serras ou chapadas, ocorrem ao longo de toda 
a área de depressão, testemunhando estes ciclos de erosão intensa. Prev-
elecem solos rasos e pedregosos que, no entanto, variam bastante em estru-
tura, granulometria, fertilidade e salinidade. Nessa região predominam dois 
regimes de chuvas distintos. O primeiro, mais característico das áreas mais 
secas, tem as chuvas concentradas entre outubro e abril enquanto as áreas 
localizadas mais à leste, na região denominada de agreste, possui o período 
chuvoso entre janeiro e junho (Sá et al. 2004). A precipitação média anual 
em toda a área é da ordem de 500 a 800mm.
As chapadas altas são regiões onde predominam platôs com altitudes 
superiores a 800m. Somam cerca de 147.059km2, o que corresponde a cer-
ca de 17,3% da área do bioma.
Associadas a relevos residuais encontram-se superfícies sedimentares, 
sendo as mais extensas encontradas na Chapada do Araripe (estados do 
�
Ceará, Pernambuco e Piauí), na serra Serra do Ibiapaba (limites dos esta-
dos do Ceará e Paiuí) e nas bacias sedimentares do Tucano-Jatobá. Essas 
áreas apresentam solos predominantemente arenosos e profundos, em geral 
distróficos.
A Chapada Diamantina constitui o principal maciço montanhoso 
inserido no semi-árido, ocupando a porção central do estado da Bahia. 
Apresenta serras com altitudes médias superiores a 1.000m, alcançando 
até 2.033m no Pico do Barbado, circundada pela caatinga nas terras mais 
baixas. As condições climáticas são distintas das áreas de depressão, ap-
resentando índices de pluviosidade mais elevados e, em conseqüência da 
interação de fatores climáticos, de solo e de relevo muito especiais, apre-
sentam mosaicos de tipos de vegetação adaptadas a condições de maior 
umidade, incluindo campos rupestres, cerrados de altitude e diferentes ti-
pos de florestas de altitude (Harley 1995, Juncá et al. 2005). No entanto, 
há extensas áreas de caatinga na Chapada Diamantina, especialmente nas 
suas porções setentrionais e nos vales encaixados entre as principais serras 
(Queiroz et al. 2005).
O Planalto da Borborema ocupa uma área de em formade arco na 
porção oriental dos estados do Rio Grande Norte até Alagoas, constituído 
por serras e platôs com altitude variando de 600 a 1.000m. Há uma grande 
variação de clima e solos, predominando solos de fertilidade média a alta. A 
precipitação pluvial média varia de 400 a 600mm.ano-1, mas apresentando 
áreas úmidas com até 1.300mm.ano-1, até algumas das áreas mais secas do 
Nordeste, como as regiões dos Cariris e do Curimataú, ambos no estado 
da Paraíba.
Duas outras feições geomorfológicas merecem destaque, apesar de 
serem reduzidas em áres. A primeira é a das superfícies cársticas, áreas 
relacionadas a afloramentos calcários. Essas superfícies ocorrem de forma 
descontínua e as áreas suas maiores extensões encontram-se na Chapada 
�
do Apodi (Rio Grande do Norte), chapadão de Irecê (centro-norte da Ba-
hia) e encostas orientais dos Gerais (Bahia) e borda oriental do planalto do 
São Francisco (Minas Gerais), entre Bom Jesus da Lapa (Bahia) e Januária 
(norte de Minas Gerais). Essas áreas geralmente apresentam solos de ferti-
lidade elevada que suportam formas mais arbóreas de caatinga, com dossel 
a ca. 15-20m de altura. A segunda corresponde às áreas de dunas continen-
tais, encontradas principalmente na região do baixo-médio São Francisco, 
em Barra, Pilão Arcado e Casa Nova, no estado da Bahia. Essas dunas 
constituem depósitos eólicos, com até 100m de altura, de areias quartzo-
sas distróficas e vegetação característica em moitas. Nos vales interdunares 
ocorrem veredas com solos hidromórficos e ocorrência característica da 
carnaubeira (Copernicia prunifera (Mill.) H.E.Moore).
Clima
A área do biom a caatinga apresenta um clima megatérmico semi-árido. 
As temperaturas médias anuais estão dentre as mais elevadas do Brasil, var-
iando entre 26 e 28°C, embora as médias das temperaturas máximas rara-
mente ultrapassem 40°C (Nimer 1972). No entanto, dentre os parâmetros 
meteorológicos, os que mais caracterizam o clima do bioma caatinga são as 
precipitações pluviais baixas e irregulares, limitadas, na maior parte da área, 
a um período muito curto do ano. A delimitação do bioma caatinga, coin-
cide, a grosso modo, com uma isoieta de 1.000mm.ano-1 de precipitação 
pluvial média (Nimer 1972, Reis 1976). Cerca da metade da área do bioma 
recebe menos de 750mm.ano-1 (Nimer 1972) havendo núcleos onde essas 
taxas são menores do que 500mm.ano-1, estes localizados principalmente 
em uma faixa que se estende do nordeste de Alagoas ao sul do Rio Grande 
do Norte, incluindo a maior parte dos estados de Pernambuco e Paraíba, 
associada à sombra de chuvas do Planalto da Borborema (Fig. 2B).
No entanto, dois outros fatores relacionados aos regimes de chuvas têm 
�
grande influência na vegetação. Um diz respeito à distribuição das chuvas 
ao longo do ano. Em quase toda a área do bioma caatinga, 50 a 70% da pre-
cipitação anual estão concentrados em três meses consecutivos (Fig. 2A), 
Figura 2 - Aspectos relacionados ao clima na região do Bioma Caatinga. A: número de meses secos por ano; B: isoietas 
de precipitação média anual (em cor, áreas com até 1000mm.ano); C: percentual de precipitação nos três meses mais 
chuvosos; D: percentual anual de desvio das médias (A e C de Velloso et al. 2002; B e D de Nimer 1972).
�
caracterizando um clima marcadamente sazonal com estação seca muito 
longa, via de regra variando de seis a nove meses, chegando, em alguns 
núcleos mais secos, a dez ou onze meses (Fig. 2C), como é o caso do Raso 
da Catarina, na Bahia, e da região dos Cariris Velhos, na Paraíba (Nimer 
1972). Assim, mais do que a precipitação pluvial total, é a concentração 
das chuvas em curtos períodos intercalados por longos períodos secos, que 
exerce efeito mais acentuado sobre as características morfofuncionais das 
plantas que ocorrem nesta área. Além da concentração do total de chu-
vas de um ano em uma estação muito curta, o clima do bioma caatinga 
caracteriza-se, também, pela grande irregularidade das chuvas de um ano 
para outro. Esse desvio da moda pode ser superior a 50%, com alguns anos 
praticamente sem chuvas, caracterizando períodos de secas mais prolonga-
das do que os usuais (Fig. 2D).
As principais massas atmosféricas que influenciam o clima da caatinga 
encontram-se descritas em Reis (1976).
Solos
Os solos encontrados na região do bioma caatinga são extremamente di-
versos mesmo em escalas locais, produzindo um mosaico de tipos de difícil 
caracterização em uma escala mais ampla. De modo geral, os solos sobre 
o embasamento cristalino tendem a ser rasos, argilosos e pedregosos, com 
a rocha-mãe pouco intemperizada e localizada a pequenas profundidades, 
freqüentemente aflorando na forma de lajedos (Tricart 1961, Ab’Sáber 
1974); estes solos são geralmente classificados como litossolos, regossolos e 
brunos não-cálcicos. Os localizados sobre as superfícies sedimentares ten-
dem a ser profundos e arenosos, geralmente classificados como latossolos, 
podzólicos e areias quartzosas (Sampaio 1995).
Montmorilonita é o tipo de argila predominante nos solos da caat-
inga (Tricart 1972). Esse fato pode ser relacionado ao regime de chuvas 
10
da região pois a formação de caolinita ou montmorilonita dependem do 
pH do solo em formação. Em uma área de clima úmido, com chuvas bem 
distribuídas, há uma contínua lixiviação de sais que produzem pH alcalino 
resultando em meio ácido e formação de caolinita. No caso dos solos da 
caatinga, filmes de sal acumulam-se no solo indicando a lixiviação incipi-
ente desses sais, resultando em um pH alcalino e a conseqüente formação 
de montmorilonita. A presença desse tipo de argila determina a existência 
de tipos particulares de solo, especialmente grumissolos e vertissolos.
Vegetação do bioma caatinga
Pela predominância de um estrato arbóreo ou aubustivo-arbóreo e 
características morfofuncionais das plantas, a vegetação da caatinga pode 
ser conceituada como um tipo de floresta de porte baixo, com dossel geral-
mente descontínuo, folhagem decídua na estação seca e árvores com rami-
ficação profusa, comumente armadas com espinhos ou acúleos. Microfilia e 
características xeromorfas são, também, freqüentes.
No entanto, ao longo da extensão do bioma, há uma grande variação 
na vegetação, variação essa observada tanto do ponto de vista fisionômico, 
quanto do ponto de vista florístico e de aspectos morfofuncionais. Essa 
diversidade de tipos vegetacionais responde primariamente às grandes uni-
dades geomorfológicas e, secundariamente, à variação na intensidade do 
déficit hídrico, topografia e condições físicas e químicas do solo em escala 
local. De um modo geral, a vegetação de caatinga é encontrada nas grandes 
depressões, em parte das chapadas sedimentares, nas superfícies cársticas 
e nos campos de dunas. Na maior parte das chapadas altas predomina 
vegetação de cerrado, as quais se encontram disjuntas de sua área-core no 
Brasil Central enquanto no alto de serras isoladas encontramos florestas 
montanas (Fig. 1), denominadas de ‘brejos’ nos estados de Pernambuco e 
Paraíba. Na Chapada Diamantina verifica-se uma situação particular, com 
11
os campos rupestres predominando acima de 900m.s.n.m., cerrados de al-
titude recobrindo os platôs arenosos, diferentes tipos de florestas nas áreas 
mais úmidas e com solos mais profundos e férteis, e caatinga nos vales 
encaixados e áreas de menor altitude.
Caracterização da vegetação
Rodal & Sampaio (2002) propuseram três critérios para reconhecimen-
to e delimitação do bioma caatinga. O primeiro critério é geográfico, ou 
seja, a vegetação que recobre uma área mais ou menos contínua sob clima 
quente e semi-árido, circundada por áreas de clima mais úmido. O segundo 
critério é referente a características estruturais e adaptativas à deficiência 
hídrica: caducifolia, herbáceas anuais, suculência, armamento, predom-
inância de arbustose árvores de pequeno porte e cobertura descontínua 
das copas. O terceiro é florístico: presença de espécies endêmicas e outras 
que ocorrem na caatinga e outras áreas secas mais ou menos distantes, mas 
não ocorrem nas áreas úmidas que fazem limite com a caatinga. O critério 
florístico será discutido mais adiante, enfatizando a família Leguminosae 
(ver seção Tipos de Vegetação, pág. xx) de modo que, nesta seção, serão trata-
dos com mais detalhe os aspectos estruturais e adaptativos relacionados aos 
critérios morfofuncionais da vegetação.
Formas de vida
Árvores e arbustos predominam na caatinga. De modo geral, estas plan-
tas caatinga apresentam porte mais baixo e formato de copa distinto do de 
plantas de florestas. Na maior parte das áreas de caatinga, a altura das copas 
está em torno de 4 a 7m. Algumas emergentes podem alcançar até 10m 
como, por exemplo, Anadenanthera colubrina e Pseudobombax simplicifolius 
A.Robyns (Bombacaceae). A maioria das espécies apresenta uma ramifi-
cação muito intensa e uma lignificação precoce que resultam, no conjunto, 
1�
em uma profusão de galhos em copas abertas, geralmente tomando a forma 
de uma pirâmide invertida. Em geral, as copas não chegam a formar um 
dossel contínuo, como nas florestas. Muitas espécies têm os ramos arma-
dos por espinhos ou acúleos ou, não raramente, apresentam tricomas urti-
cantes.
Um aspecto freqüentemente mencionado para a caatinga, relacionado 
com características morfológicas das plantas, é a redução da superfície fo-
liar. Esta se dá pela ausência de folhas ou sua transformação em espinhos, 
como em cactáceas e eufórbias cactiformes, como pela presença de folhas 
compostas com folíolos reduzidos. Esta situação ocorre em muitas espécies 
de Leguminosae, Anacardiaceae, Burseraceae e Rutaceae. É importante 
ressaltar que algumas espécies lenhosas possuem uma entrecasca clorofi-
lada e, com isso, apresentam o potencial de manter um certo nível de ativi-
dade fotossintética mesmo quando desprovidas de folhas na estação seca. 
Um exemplo notável deste fato é o da umburana, Commiphora leptophloeos 
(Mart.) J.B.Gillet (Burseraceae) mas o mesmo pode ser obervado em Am-
burana cearensis, assim como em espécies de Jatropha ( J. mollissima Baill. 
e J. mutabilis (Pohl) Baill., Euphorbiaceae), em Cissus decidua Lombardi 
(Vitaceae) e em espécies de Pseudobombax (Malvaceae). Estas espécies ap-
resentam em comum, além da entrecasca verde, a casca muito fina, lisa e 
descamante.
Há, no entanto, uma grande heterogeneidade estrutural que pode estar 
relacionada a variações locais no déficit hídrico, ao relevo e ao tipo de sub-
strato. Nas áreas onde o déficit hídrico é menor e os solos mais profundos 
há uma predominância do estrato arbóreo, o qual atinge um porte mais el-
evado. Em outros casos pode haver adensamento do estrato arbustivo com 
diminuição do número de árvores ou, em outros, diminuição do número de 
espécies armadas. Estas características tem sido usadas para definir tipos e 
subtipos de caatinga.
1�
Suculentas podem ser observadas tanto no estrato arbustivo-arbóreo 
quanto no herbáceo-subarbustivo. Dentre as herbáceas, destacam-se várias 
espécies de Potulacca (Portulaccaceae), além de espécies de Bromeliaceae 
(especialmente dos gêneros Bromelia e Neoglaziovia) e de Cactaceae, par-
ticularmente do gênero Melocactus e, nas áreas mais arenosas, Tacinga in-
amoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy. No estrato arbóreo-arbustivo 
as suculentas são principalmente da família Cactaceae, com espécies de 
muitos gêneros presentes, destacando-se Pilosocereus, Tacinga, Cereus, Arro-
jadoa, dentre outros (Taylor & Zappi 2004). Algumas espécies cactiformes 
de Euphorbiaceae também estão presentes, destacando-se Euphorbia phos-
phorea Mart.
Além da existência de espécies suculentas, órgãos armazenadores de 
água ocorrem com freqüência em espécies não suculentas, como pode 
ser observado, por exemplo, nos troncos bojudos de Cavanillesia arborea 
(Willd.) K.Schum. e Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. (ambas da sub-
família Bombacoideae da família Malvaceae, denominadas de barriguda-
lisa e barriguda-de-espinho, respectivamente), pelos ramos dilatados de 
Jatropha mollissima e J. mutabilis (Euphorbiaceae) e nas raízes tuberosas 
de Spondia tuberosa Arr.-Câmara (Anacardiaceae) e de muitas espécies de 
Manihot (Euphorbiaceae).
Lianas não são muito freqüentes e são representadas, principalmente, 
por espécies de Bignoniaceae. Dentre as leguminosas, espécies de Dioclea 
e de Phanera estão entre os poucos exemplos. Trepadeiras são, no entanto, 
relativamente freqüentes na estação chuvosa, particularmente da família 
Convolvulaceae (espécies de Ipomoea, Jacquemontia e Merremia) e da 
subfamília Papilionoideae (espécies de Canavalia, Chaetocalyx, Galactia, 
Macroptilium e Rhynchosia).
Palmeiras são relativamente raras embora em algumas áreas arenosas 
Syagrus coronata (Mart.) Becc., conhecida como licurizeiro ou ouricurizei-
1�
ro, seja uma das espécies dominantes.
Epífitas são praticamente ausentes. Na caatinga, as epífitas ocorrem 
principalmente nas bainhas foliares do licurizeiro (Syagrus coronata) e, por-
tanto, a distribuição de muitas espécies é limitada às áreas onde ocorre esta 
palmeira. São exemplos destas espécies Billbergia porteana Beer., B. fosteri-
ana L.B.Sm. (Bromeliaceae), Catasetum luridum Lindl. e Cyrtopodium gi-
gas (Vell.) Hoehne (Orchidaceae). Em algumas áreas de caatinga arbórea 
ocorre Oncidium cebolleta ( Jacq.) Sw. (Orchidaceae).
Ritmos fenológicos
A caducifolia marcante do estrato arbóreo-arbustivo é, provavelmente, 
a característica adaptativa mais marcante da vegetação da caatinga, em-
bora também haja sincronia na atividade reprodutiva. O contraste entre o 
aspecto exuberante no período chuvoso e a desolação no auge da estação 
seca é impressionante. Euclides da Cunha, em Os Sertões, sintetizou esta 
impressão com maestria em uma única frase: “Barbaramente estéreis; mar-
avilhosamente exuberantes...” O nome caatinga ressalta esse aspecto aberto 
da vegetação quando, na estação seca, as copas estão sem folhas e a luz pode 
penetrar até o nível do solo. Poucas espécies mantém as folhas na estação 
seca. Exemplos que são freqüentemente citados são o juazeiro (na verdade 
duas espécies de Rhamnaceae do gênero Ziziphus: Z. joazeiro Mart. e Z. 
cotinifolia Reiss.), a oiticica (Licania rigida Benth., Chrysobalanaceae) e o 
icó (Capparis yco (Mart.) Eichl., Capparaceae). Deve-se ressaltar, no en-
tanto, que, com exceção do icó, as espécies com folhagem perene ocorrem 
com mais freqüência em margem de rios que, mesmo temporários, podem 
apresentar maior reserva de água próximo ao solo, possível de ser explorada 
pelo sistema radicular destas plantas. As espécies de leguminosas arbóreas e 
arbustivas são, quase todas, caducifolias. Uma exceção notável é Parkinsonia 
aculeata mas, da mesma forma que as citadas acima, ela habita preferencial-
1�
mente margem de rios e riachos temporários.
Contrastando com o aspecto desolador da estação seca, após as primei-
ras chuvas as plantas arbóreas reverdessem quase que instantaneamente. 
No caso das leguminosas, isso parece estar associado à ocorrência de gemas 
peruladas que, à semelhança de plantas das florestas temperadas, apresen-
tam folhas pré-formadas que se expandem rapidamente quando há água 
disponível.
O estrato herbáceo-subarbustivo na caatinga está presente, em geral, 
apenas na estação chuvosa. A maioria das espécies herbáceas cresce ap-
enas neste período, quer a partir de sementes (espécies anuais), quer por 
brotamento a partir de órgãos subterrâneos (geófitas). Dentre as anuais 
destacam-se várias espécies de gramíneas (p.ex., Aristida longifolia Trin. e 
A. setifolia Kunth), Convolvulaceae (Evolvulus spp.) e plantas que crescem 
em brejos temporários como, por exemplo, Anamaria heterophylla (Giul. &V.C.Souza) V.C.Souza (Scrophulariaceae) e Heterantia decipiens Ness & 
Mart. (Solanaceae). Espécies anuais de leguminosas podem ser encontra-
das nos gêneros Crotalaria, Macroptilium, Stylosanthes e Zornia. As plantas 
geófitas passam a estação seca na forma de bulbos ou rizomas e rebrotam 
rapidamente no início da estação chuvosa. Esta estratégia pode ser obser-
vada em várias espécies de monocotiledôneas, especialmente nos gêneros 
Habranthus e Zephiranthes (Amaryllidaceae), e em poucas dicotiledôneas, 
como algumas espécies de Oxalis (Oxalidaceae). Entre as leguminosas de 
caatinga são desconhecidas espécies geófitas.
Outro aspecto que pode ser influenciado pelos ritmos fenológicos da 
vegetação são as estratégias reprodutivas. Durante a estação seca, a maioria 
das plantas não está apenas sem folhas, está também sem flores. Assim, du-
rante a curta estação chuvosa, as plantas devem investir tanto na produção de 
folhas quanto no esforço reprodutivo. Uma estratégia relativamente comum 
em árvores e arbustos da caatinga é a floração concomitante à expansão das 
1�
novas folhas, no início do período chuvoso (Bullock 1995, Machado et al. 
1997), como ocorre em muitas espécies de leguminosas. Menos freqüente é 
a floração maciça antes da expansão das folhas; exemplos notáveis ocorrem 
em espécies de Ptilochaeta (Malpighiaceae), Pterogyne nitens e Chloroleucon 
foliolosum (Leguminosae). Em ambos os casos a floração é muito conspícua 
pois se dá quando há relativamente poucas folhas na vegetação como um 
todo. A influência destas estratégias no aspecto geral da paisagem fica bem 
visível quando se comparam anos “típicos”, ou seja aqueles com estação 
seca prolongada, com alguns anos “atípicos”, quando ocorrem chuvas prati-
camente todo o ano. Enquanto naqueles anos o início da estação chuvosa 
é marcado por uma explosão da floração, quase apoteótica, nestes as flores 
são muito menos visíveis, encobertas que estão pela folhagem viçosa, e não 
concentradas em um curto período do ano.
Nas áreas sedimentares, especialmente nas que ocorrem sobre areias 
quartzosas, os ritmos fenológicos não mostram a sazonalidade marcante 
apresentada pelas áreas situadas sobre o cristalino. Um estudo realizado por 
Rocha et al. (2004) em um campo de dunas na região do Baixo-Médio São 
Francisco demonstrou que a vegetação apresenta uma caducifolia relativa-
mente baixa com cerca de 50% dos indivíduos lenhosos produzindo folhas 
ao longo do ano. A floração não é sincronizada entre as espécies e não 
apresenta dependência das chuvas. Assim, além da composição florística, 
a fenologia da vegetação também sugere a existência de biotas distintas no 
bioma caatinga.
Classificação da vegetação
A classificação da vegetação do bioma caatinga tem sido muito contro-
versa. Isso reflete, por um lado, a heterogeneidade de padrões fisionômicos 
e florísticos e, por outro, a carência de informações para muitas das áreas 
incluídas no bioma caatinga.
1�
Numa escala mais ampla, a caatinga pode ser reconhecida como uma 
unidade por apresentar um conjunto da características florísticas, estruturais 
e morfofuncionais distintas dos biomas circundantes. Estas características 
incluem uma vegetação lenhosa, geralmente de porte baixo, 
Rodal & Sampaio (2002) ressaltaram que a informação florística, as 
características morfofuncionais das plantas e os fatores ambientais que 
condicionam sua distribuição tem sido substituídos “pelo conhecimento sub-
jetivo de alguns poucos estudiosos, com experiência suficiente para definir alguns 
conjuntos coerentes mas imprecisamente caracterizados”. 
Apesar de distintas, as vegetações do cristalino e das superfícies sedi-
mentares mostram um certo grau de paralelismo na variação da fisionomia, 
o qual pode representar modificações locais determinadas por variações 
menores na topografia, regime de chuvas e solo. Os principais atributos 
da vegetação que podem refletir essas variações do meio físico são a altura 
do dossel, densidade do estrato arbustivo, grau de cobertura do solo por 
bromélias e plantas suculentas e freqüência de grupos com hábitos par-
ticulares como cactáceas e palmeiras. O reconhecimento dessas variações 
locais resulta em classificações fisionômicas que, embora pouco informa-
tivas quanto a aspectos históricos e da composição taxonômica, podem ser 
bons indicadores dos fatores ambientais determinantes. Um exemplo desse 
tipo de classificação é a proposta por Eiten (1983), baseado na densidade 
relativa dos estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo, reconhecendo as seg-
uintes categorias: (1) caatinga arbórea aberta com estrato arbustivo aberto, (2) 
caatinga arbóreo-arbustiva com estrato arbustivo fechado, (3) caatinga arbus-
tiva espinhosa fechada com árvores baixas espalhadas, (4) caatinga arbustiva 
espinhosa fechada, (5) caatinga arbustiva aberta, savana arbustiva com camada 
de gramíneas (‘seridó’) e (6) palmares de Copernicia.
Outros autores propuseram sistemas de classificação florístico-ecológi-
cos, enfatizando a relação entre a composição florística e possíveis fatores 
1�
ecológicos condicionantes, como as classificações propostas por Luetzel-
burg (1922-23) e Andrade-Lima (1981). No entanto, os essas propostas 
foram baseadas em um conhecimento muito fragmentado da flora o que, 
por um lado, resultou no reconhecimento de muitos tipos e subtipos e, 
por outro, limitou o reconhecimento de relações entre eles. Além disso, 
os critérios para reconhecimento de tipos e subtipos não são claramente 
explicitados nem eles são mapeados, o que dificulta sua aplicação. Prado 
(2003) adotou a classificação proposta por Andrade-Lima acrescentando 
um novo tipo, mas sem corrigir os problemas aqui apontados (Tabela 1).
Velloso et al. (2002) utilizaram outro tipo de abordagem, combinando 
dados de distribuição da biota com os principais fatores abióticos, recon-
hecendo oito ecorregiões para o bioma caatinga (Fig. 3). A delimitação 
dessas ecorregiões representa um avanço importante para o conhecimento 
da espacialização da biota do bioma caatinga permitindo testar tais limites 
com informações biogeográficas de diferentes grupos de organismos.
Queiroz (2006), baseado no estudo dos padrões fitogeográficos da 
família Leguminosae, reconheceu dois conjuntos florísticos distintos no bi-
oma caatinga, esses associados às superfícies expostas do embasamento cris-
talino ou aos solos arenosos das superfícies sedimentares. Essa proposição 
reforça dados que demonstram a distinção dessas duas biotas (Rodal & 
Sampaio 2002, Rodrigues 2003, Araújo et al. 2005). Esses dois conjuntos, 
além de ocorrer sobre solos distintos, apresentam diferentes características 
fenológicas e morfofuncionais e são, provavelmente, derivados de difer-
entes estoques florísticos. Assim, Queiroz (2006) propôs a hipótese de que 
a vegetação das superfícies arenosas poderia ter tido uma distribuição mais 
ampla no Terciário superior, quando o intenso processo de pediplanação 
(Ab’Sáber 1974) acabou por isolar sua biota nas superfícies sedimenta-
res residuais e, ao mesmo tempo, abrir caminho para a “invasão” da flora 
das florestas sazonalmente secas do Neotrópico que passou a dominar a 
1�
vegetação das superfícies do cristalino. Essa hipótese é reforçada pela con-
statação de que as vegetações das áreas do cristalino e sedimentares diferem, 
não apenas em composição, mas também em estrutura, ritmos fenológicos 
e grau de escleromorfismo (Tabela 2).
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Figura 3 – Ecorregiões propostas para o bioma caatinga, de acordo com Velloso et al. (2002).
�0
Tabela 1. Unidades e tipos de vegetação encontrados no bioma caatinga 
propostos por Andrade-Lima (1981) e modificado por Prado (2005).
Unidade Tipo de Vegetação Fisionomia e distribuição Substrato
I 1
Tabebuia-
Anadenanthera-
Myracrodruon-
Cavanillesia-Schinopsis
Floresta de caatinga alta 
(caatinga arbórea). Norte 
da Minas Gerais e 
Centro-Sul da Bahia 
Rochas calcárias da 
formação Bambuí ou 
rochas cristalinas do 
Pré-Cambriano 
2 Myracrodruon-Schinopsis-Caesalpinia
Floresta de caatinga 
média. Maior parte do 
centro do bioma 
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
3
Caesalpinia-Spondias-
Commiphora-
Aspidosperma
Floresta de caatinga 
média. Áreas mais secas 
do que as do tipo 
anterior
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
4 Mimosa-Syagrus-Spondias-Cereus
Floresta de caatinga 
baixa. Centro-norte da 
Bahia
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
6 Cnidoscolus-Commiphora-Caesalpinia
Caatinga arbórea aberta. 
Sudoeste do Ceará e 
áreas medianamente 
secas com solos soltos e 
ácidos
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
II
13 Auxemma-Mimosa-Luetzelburgia-Thiloa 
Floresta de caatinga 
média. Oeste do Rio 
Grande do Norte e 
centro do Ceará 
Principalmente solos 
aluviais
III 5 Pilosocereus-Poeppigia-Dalbergia-PiptadeniaFloresta de caatinga 
baixa. Solos arenosos da 
série Cipó 
Arenitos da série Cipó 
7 Caesalpinia-Aspidosperma-Jatropha
Caatinga arbustiva. 
Áreas mais secas do vale 
do rio São Francisco 
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
8 Caesalpinia-Aspidosperma
Caatinga arbustiva 
aberta. Cariris Velhos, 
Paraíba
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
9 Mimosa-Caesalpinia-Aristida
Caatinga arbustiva 
aberta (seridó). Rio 
Grande do Norte e 
Paraíba
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
IV
10 Aspidoseprma-Pilosocereus 
Caatinga arbustiva 
aberta. Cabaceiras, 
Paraíba
Principalmente rochas 
cristalinas do Pré-
Cambriano 
V 11 Calliandra-Pilosocereus 
Caatinga arbustiva 
aberta. Pequenas áreas 
restritas e espalhadas 
com solos ricos em 
cascalhos 
Principalmente rochas 
metamórficas do Pré-
Cambriano 
VI 12 Copernicia-Geofforoea-Licania
Floresta de galeria. 
Vales dos rios do Ceará 
e Rio Grande do Norte 
Principalmente solos 
aluviais ao longo dos 
vales dos rios 
�1
Tipos de vegetação 
Os principais tipos de vegetação encontrados no bioma caatinga são 
condicionados pela interação de fatores abióticos atuais e da história da 
sua biota. Enquanto os primeiros influenciam fortemente a fisionomia e 
respostas adaptativas, a história tem uma influência mais direta na com-
posição de espécies de uma dada área.
Foram excluídos os tipos de vegetação que, apesar de estarem incluí-
dos na área delimitada para o bioma caatinga, claramente representam dis-
junções de outros conjuntos florísticos, como é o caso dos cerrados, que 
ocorrem nos platôs de algumas serras com complementos florísticos rela-
cionados à flora do Brasil Central. Também os campos rupestres não foram 
tratados como um tipo vegetacional do bioma caatinga; dentro da área do 
bioma, eles ocorrem apenas na Chapada Diamantina, em altitudes acima 
de 900m, e apresentam uma composição florística muito distinta da encon-
trada na caatinga.
Assim, os tipos de vegetação reconhecidos como parte do bioma caat-
inga são a caatinga s.s., o carrasco e as florestas estacionais e serranas.
Caatinga s.s. – corresponde ao tipo de vegetação mais característico 
do bioma caatinga. Pode ser diagnosticado pelo estrato arbóreo de porte 
baixo (3-7m de altura), geralmente sem formar um dossel contínuo; ár-
vores e arbustos geralmente com troncos finos e perfilhos ao nível do solo, 
freqüentemente com folhas pequenas ou compostas, decíduas na estação 
seca, e muitas vezes armadas com espinhos ou acúleos; cactáceas coluna-
res e bromélias terrestres são comuns; estrato herbáceo efêmero, presente 
apenas na estação chuvosa, constituído principalmente por ervas anuais e 
algumas geófitas.
Algumas espécies características desse tipo de vegetação são Poin-
cianella pyramidalis, Anadenanthera colubrina, Senegalia langsdorffii, Chloro-
leucon foliolosum (Leguminosae), Cereus jamacaru DC., Pilosocereus gounel-
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lei (F.A.C.Webber) Byles & G.D.Rowley (Cactaceae), Croton sonderianus 
Müll.Arg., Cnidoscolus obtusifolius Pohl ex Baill. (Euphorbiaceae), Spondias 
tuberosa Arruda (Anacardiaceae).
Florestas estacionais e serranas – ocorrem principalmente próximas aos 
limites orientais do bioma e em áreas centrais onde as condições climáticas 
são mais amenas, geralmente também associadas a solos mais férteis. Essas 
florestas apresentam uma gradação de formas que variam desde florestas 
serranas perenifólias até florestas estacionais deciduais pouco diferenciadas 
de formas arbóreas de caatinga. As florestas serranas (‘brejos’) mostram-
se muito variáveis em composição florística e provavelmente não formam 
uma unidade distinta das florestas estacionais ou da Mata Atlântica. Santos 
(2002) mostrou que as florestas serranas de Pernambuco mais próximas do 
litoral apresentam composição florística semelhante à da Mata Atlântica 
enquanto as localizadas mais para o interior apresentam muitas espécies 
típicas das florestas estacionais.
As florestas estacionais possuem um porte mais elevado do que a caat-
inga (10-20m de altura), dossel contínuo; presença de sub-bosque; cactá-
ceas colunares raras; lianas e epífitas freqüentes. As árvores são predomi-
nantemente caducifólias na estação seca, mas o grau de deciduidade da 
folhagem depende da intensidade da seca. Espécies características do dos-
sel são Piptadenia viridiflora, Anadenanthera colubrina, Poincianella bracteosa 
(Leguminosae), Myracrodruon urundeuva Allemão, Schinopsis brasiliensis 
Engl. (Anacardiaceae), Brasiliopuntia brasiliensis (Willd.) Haw. (Cactaceae), 
Ruprechtia laxiflora Meisn. (Polygonaceae), Cavanillesia arborea (Willd.) 
K.Schum. (Malvaceae). No sub-bosque, são comuns espécies de Myrta-
ceae (p.ex. Myrcia rostrata DC.) e Rubiaceae (p.ex. Psychotria carthagenensis 
Jacq.).
Carrasco – o termo carrasco tem sido usado para designar diferentes 
tipos vegetacionais. No entanto, tem se fixado um conceito de carrasco 
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como um tipo de vegetação do semi-árido, uniestratificado, com estrato 
arbóreo-arbustivo muito denso constituído por plantas com troncos finos, 
baixa representatividade de plantas armadas e quase ausência de cactáceas e 
bromélias terrestres que cresce sobre areias quartzosas da serra do Ibiapaba, 
no estado do Ceará (Fernandes 1990, Fernandes & Bezerra 1990, Araújo 
et al 1999). Mais recentemente, Queiroz (2006) demonstrou que existe 
uma unidade florística entre diferentes superfícies sedimentares com solos 
arenosos, no caso os da serra do Ibiapaba, do Raso da Catarina, das dunas 
do rio São Francisco e das baixadas inundáveis do norte da Bahia, sul do 
Piauí e sudoeste de Pernambuco. Assim, o termo carrasco está sendo usado, 
nesse trabalho, em um sentido mais amplo, incluindo a vegetação de todas 
as citadas superfícies sedimentares.
Essa unidade florística pode ser demonstrada pela presença de espécies 
características e que ocorrem disjuntas entre essas diferentes áreas como, 
por exemplo, Lonchocarpus araripensis, Trischidium molle, Cratylia mollis 
(Leguminosae), Harpochilus neesianus Mart.ex Nees (Acanthaceae) e Tac-
inga inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (Cactaceae).
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SUBFAMILIA
LEGUMINOSAE
As leguminosas estão entre as plantas mais familiares para as pes-soas de diversas partes do mundo. Muitas são as plantas que 
usamos como alimento, como feijão, fava, soja, amendoim, ervilhas, grão-
de-bico, entre outras. Outras são cultivadas na arborização de ruas como o 
flamboyant (Delonix regia (Bpjer ex Hook.) Raf.), a sibipiruna (Caesalpi-
nia [Poincianella] pluviosa) e várias espécies de Erythrina, Acacia, Bauhinia, 
dentre outras.
 Para a população do meio rural da caatinga, as leguminosas são mais do 
que plantas alimentícias e ornamentais. Além de apresentar um sistema de 
produção baseado em feijão e milho, os sertanejos apresentam uma relação 
íntima com as plantas da caatinga e as leguminosas estão entre elas, forne-
cendo-lhes alimento, pastagens naturais, lenha, material para construção, 
produtos medicinais e até mesmo fazendo parte de seu folclore e rituais 
religiosos.
 Leguminosae é a terceira maior família de plantas. Tem distribuição 
cosmopolita e inclui 727 gêneros e 19.327 espécies. Em importância eco-
nômica é superada apenas pelas gramíneas (a família do arroz, milho, trigo 
e outros cereais). Espécies de leguminosas são encontradas em praticamen-
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te todos os ambientes terrestres, desde a beira do mar até o alto das monta-
nhas. Podem ocorrer desde florestas pluviais luxuriantes até desertos, desde 
de áreas quentes equatoriais até próximo aos pólos. Variam desde pequenas 
ervas efêmeras e anuais, até árvores emergentes em florestas tropicais úmi-
das, como a Dinizia excelsa Ducke da floresta amazônica, reputada como 
uma das maiores árvores do Brasil.
 Partedo sucesso das Leguminosas pode ser explicado pela associação 
com bactérias fixadoras de Nitrogênio que habitam nódulos nas suas raízes. 
Isso ocorre em outras famílias de plantas, em especial no chamado clado 
fixador de Nitrogênio que inclui as ordens Fabales (onde se encontram 
as Leguminosas), Rosales, Cucurbitales e Fagales. Mas em nenhum ou-
tro grupo essa associação é tão desenvolvida nem tão eficente como nas 
Leguminosas. Graças a isso, elas podem colonizar ambientes pobres em 
Nitrogênio e estocar maior quatidade de compostos nitrogenados em suas 
sementes.
 As Leguminosas apresentam uma grande diversidade morfológica, 
como pode ser visto a seguir. De modo geral, a família pode ser caracteriza-
da pela seguinte combinação de características: folhas alternas, compostas, 
com estípulas; flores pentâmeras, períginas ou hipóginas, diclamídeas, di-
plostêmones, apresentando um ovário súpero, unicarpelar, unilocular, com 
os óvulos inseridos de forma alterna em uma placenta marginal. No entan-
to, existem exceções para praticamente todas essas características.
 A seguir são apresentados alguns aspectos relacionados à morfologia, 
filogenia e classificação das Leguminosas, dando-se ênfase aos grupos en-
contrados na caatinga.
MORFOLOGIA COM ÊNFASE NOS GRUPOS DE CAATINGA
Hábito
 As leguminosas da caatinga apresentam praticamente toda a diversi-
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dade de hábitos encontrada na família, desde árvores de grande porte até 
ervas anuais ou perenes ou ainda trepadeiras ou lianas.
As espécies arbóreas apresentam porte muito variável a depender das con-
dições locais. Freqüentemente uma mesma espécie pode ser encontrada 
como uma árvore de grande porte, com 15 a 20m de altura, em áreas com 
estação seca mais curta e solos de maior fertilidade, ou como plantas mais 
baixas, com cerca de 3m de altura, onde clima é mais árido ou os solos são 
mais rasos e de menor fertilidade. Isso pode ser observado em muitas es-
pécies como, por exemplo, Anadenanthera colubrina, Pterogyne nitens e Ge-
offroea spinosa.
 O hábito arbustivo é o mais comumente encontrado em espécies da 
caatinga. Muitas leguminosas arbustivas apresentam-se ramificadas no ní-
vel do solo, com vários perfilhos, copa aberta e ramificação profusa. De 
modo semelhante ao observado para as árvores, há uma grande variação 
intraespecífica no porte e no grau de ramificação, provavelmente também 
dependente das condições ambientais. No entanto, algumas espécies apa-
recem consistentemente como arbustos anões, apresentando-se extrema-
mente ramificadas e ramos fortemente lenhosos mas com altura inferior a 
1m, como pode ser observado em espécies como Calliandra depauperata e 
Calliandra leptopoda.
 Praticamente todas as leguminosas arbóreas e arbustivas da caatinga 
perdem as folhas na estação seca. Um aspecto morfológico importante que 
pode influenciar na fenologia dessas espécies é a ocorrência de gemas axi-
lares dormentes. Elas são chamadas de gemas peruladas pelo fato de se-
rem revestidas por profilos imbricados conspícuos (pérulas) e permanecem 
dormentes durante todo o estio. No início da estação chuvosa, essas gemas 
retomam o crescimento e rapidamente as folhas, que se encontravam pré-
formadas no interior da gema, expandem-se e a planta rapidamente cobre-
se de novas folhas. Esse é um tipo de adaptação observado também em 
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plantas de florestas temperadas decíduas na qual há uma forte restrição de 
água para as plantas durante o inverno. Nas plantas da caatinga, isso pode 
ser observado em grupos não relacionados como, por exemplo, em espécies 
de Poincianella (Caesalpinioideae), Chloroleucon, Enterolobium (Mimosoi-
deae) e Luetzelburgia (Papilionoideae).
 Subarbustos e ervas aparecem principalmente em grupos de Papilio-
noideae, embora ocorram em gêneros de outras subfamílias como Chama-
ecrista (Caesalpinioideae) e Mimosa (Mimosoideae). As espécies herbáceas 
e subarbustivas da caatinga fenecem na estação seca. Algumas dessas es-
pécies são anuais, ou seja, os indivíduos que nascem no início do período 
chuvoso apresentam crescimento rápido e completam o ciclo reprodutivo 
em um período curto, produzindo novas sementes antes da estação seca 
seguinte. Essas plantas não apresentam estruturas de reserva e podem ser 
exemplificadas por espécies do gênero Zornia e Stylosanthes. Em outros ca-
sos, a parte aérea fenece estação seca mas a planta rebrota após as primeiras 
chuvas, como ocorre, por exemplo, em Mimosa xiquexiquensis.
 Trepadeiras herbáceas (aqui simplesmente referidas como trepadei-
ras) e lianas (trepadeiras lenhosas) também ocorrem dentre as espécies 
de caatinga. A grande maioria delas apresenta o caule volúvel; apenas no 
gênero Phanera são observadas espécies de lianas com gavinhas. As trepa-
deiras apresentam comportamento fenológico semelhante ao das ervas e 
subarbustos, fenecendo durante a seca e crescendo vigorosamente durante 
a estação chuvosa, algumas se comportando como pioneiras ou invasoras, 
como é o caso de Macroptilium martii e Chaetocalyx scandens var. pubescens. 
As lianas, por sua vez, têm um comportamento fenológico semelhante ao 
das árvores e arbustos, possuindo folhagem decídua na estação seca como, 
por exemplo, Dioclea grandiflora e Phanera microstachya.
Armamento – um aspecto importante do hábito das leguminosas da caa-
tinga diz respeito ao armamento dos ramos. Muitas espécies são inermes, 
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mas é comum encontrarmos espécies armadas com espinhos ou acúleos. 
Espinhos são órgãos modificados com ápice pungente e função de pro-
teção. Nas leguminosas os espinhos ocorrem associados ao nó. A origem 
mais comum dos espinhos é a modificação das estípulas. Nesse caso, os es-
pinhos aparecem aos pares em posição lateral às folhas, como, por exemplo, 
em Parkinsonia aculeata, Piptadenia viridiflora e Vachellia farnesiana. Em 
Chloroleucon os espinhos são derivados da modificação de ramos jovens e, 
portanto, eles aparecem isolados em posição axilar às folhas.
 Diferentemente dos espinhos, acúleos não são órgãos modificados e sim 
especializações da epiderme. Portanto, os acúleos não guardam uma posi-
ção constante e bem definida em relação aos demais órgãos aéreos, sendo 
encontrados principalmente nos entrenós. Freqüentemente os acúleos que 
ocorrem nos ramos estendam-se até as folhas. Os acúleos freqüentemente 
apresentam número indefinido e ocorrem em diferentes posições nos en-
trenós, tendo sido aqui denominados de acúleos dispersos. Isso pode ser 
observado, por exemplo, em espécies de Senegalia e Mimosa. Em outras es-
pécies, os acúleos estão organizados em fileiras longitudinais sobre costelas 
do entrenó, geralmente se continuando pela superfície inferior do pecíolo e 
da raque foliar. Esse tipo de acúleo ocorre, por exemplo, em Senegalia mar-
tiusiana e Mimosa invisa; são aqui denominados de acúleos seriais. Em al-
gumas espécies de Mimosa (p.ex. M. pudica, M. ursina), os acúleos formam 
um complexo infranodal, geralmente aparecendo em grupos de três abaixo 
da folha e são aqui denominados de acúleos infranodais.
Folhas
 As leguminosas apresentam, caracteristicamente, folhas alternas, com-
postas, estipuladas, com base dilatada e modificada em pulvino. Folhas 
opostas ocorrem apenas no gênero Platymiscium.
 As estípulas são freqüentemente caducas e, portanto, são visíveis ape-
nas nas partes jovens dos ramos. Apresentam grande variação morfológica, 
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ocorrendo desde setáceas e inconspícuas até foliáceas, às vezes chegando a 
obscurecer a folha adjacente. Em alguns gêneros são modificadas em espi-
nhos (ver armamento). A posição das estípulas é, geralmente, lateral com 
exceção dos representantes da tribo Detarieae que apresentam estípulas 
intrapeciolares. Em alguns gêneros, as estípulas podem apresentar-se sol-
dadas ao pecíolo, condição observada nos gêneros Arachis e Stylosanthes. 
Em outros casos, pode estar soldada a parte do entrenó,ficando decurrente 
sobre o caule, como em algumas espécies de Crotalaria. Em geral as estí-
pulas estão presas ao caule pela sua base. No entanto, em algumas espécies 
de Aeschynomene, Dioclea e Vigna e no gênero Zornia, as estípulas tem a 
base prolongada abaixo do seu ponto de inserção, sendo denominadas de 
estípulas peltadas.
 No caso das folhas compostas, podem existir pequenos apêndices na 
raque, associados aos pontos de inserção dos folíolos, chamados de estipe-
las. Essas estruturas estão presentes principalmente em representantes da 
subfamília Papilionoideae.
 O pulvino é uma dilatação da base do pecíolo, freqüentemente res-
ponsável pelos movimentos foliares. Além dos pulvinos, os folíolos podem 
apresentar pulvínulos, que também promovem movimentos dos folíolos 
em relação à raque.
 Nectários extraflorais podem estar presentes no pecíolo e/ou na ra-
que. Tais nectários são comuns nos representantes das Mimosoideae que 
podem, então, ser reconhecidos pela combinação de folhas bipinadas com 
nectários (fazem exceção todas as espécies de Calliandra e a maioria das 
espécies de Mimosa que têm folhas bipinadas sem nectários, e Inga vera que 
tem folhas paripinadas com nectários). Além das Mimosoideae, nectários 
foliares podem ser observados em espécies de Senna e Chamaecrista, tendo 
a superfície secretora convexa no primeiro e côncava no segundo.
 Uma das principais características das leguminosas é a folha composta, 
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ou seja, com o limbo dividido em folíolos. Entre as espécies de caatinga, há 
poucos exemplos de plantas com folhas simples, como é o caso de Zoller-
nia ilicifolia e Pterocarpus monophyllus. Nesse caso, as partes constituintes da 
folha são o pecíolo e a lâmina foliar.
 O tipo de folha composta mais comum nas espécies de caatinga é o pi-
nado. Nesse caso a folha apresenta um eixo constituído pelo pecíolo e pela 
raque. Quando for necessário fazer referência conjunta ao pecíolo e à raque, 
será utilizado o termo eixo foliar. Os folíolos estão inseridos ao longo da 
raque podendo se dispor de forma oposta ou alterna. Folhas paripinadas 
terminam por um par de folíolos e são comuns nas Caesalpinioideae e no 
gênero Inga (Mimosoideae). Folhas imparipinadas terminam por um único 
folíolo e são comuns nas Papilionoideae. Há no entanto exceções como é o 
caso dos gêneros Apuleia, Martiodendron e Melanoxylon, das Caesalpinioi-
deae, que apresentam folhas imparipinadas, e dos gêneros Arachis, Poiretia, 
Sesbania e Coursetia, das Papilionoideae, que apresentam folhas paripina-
das.
 Folhas bipinadas possuem pinas ao longo da raque, em lugar de folío-
los. Neste caso, os folíolos inserem-se nas pinas. De modo geral as pinas são 
opostas enquanto os folíolos podem ser alternos ou opostos em cada pina. 
Esse tipo de folha ocorre em todas as espécies de Mimosoideae da caatin-
ga exceto em Inga vera. Nas Caesalpinioideae estão presentes em alguns 
gêneros da tribo Caesalpinieae (Erythrostemon, Poincianella, Libidibia, Pel-
tophorum e Parkinsonia). Estão ausentes nas Papilionoideae. Geralmente as 
folhas bipinadas terminam em um par de pinas. No entanto, em Erythros-
temon, Libidibia e Poincianella as folhas podem apresentar uma única pina 
terminal (folhas impari-bipinadas).
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 Folhas palmadas (ou digitadas) são caracterizadas pela presença de 
três ou mais folíolos e ausência de raque, ficando os folíolos inseridos dire-
tamente no ápice do pecíolo. Ocorrem em alguns gêneros de Papilionoide-
ae como em espécies tetrafolioladas de Zornia e em espécies trifolioladas 
de Crotalaria.
 Alguns grupos podem ser caracterizados pelo número constante de 
folíolos na folha. Folhas trifolioladas ocorrem apenas na subfamília Pa-
pilionoideae. Podem apresentar uma raque foliar (pinado-trifolioladas), 
condição comum nos gêneros da tribo Phaseoleae além dos gêneros Des-
modium e Stylosanthes. No gênero Crotalaria a raque está ausente (folhas 
palmado-trifolioladas). Folhas bifolioladas caracterizam alguns gêneros 
de Caesalpinioideae como Hymenaea, Peltogyne e Guibourtia. Ocorrem 
também em algumas espécies de Phanera e Chamaecrista, da mesma subfa-
mília, e em espécies de Zornia (Papilionoideae).
 Com relação às folhas dos gêneros Bauhinia e Phanera, existe muita 
discussão na literatura em considerá-las como (i) folhas bifolioladas unidas 
lateralmente, (ii) folhas simples com limbo bilobado ou (iii) folhas unifo-
lioladas com folíolo lobado. A terminologia utilizada varia, também, de 
acordo com o conceito adotado. Nesse trabalho, as folhas das espécies des-
ses gêneros são tratadas como simples com nervação palminérvia e limbo 
inteiro ou bilobado. A presença de um pulvino na base do limbo e a exis-
tência de variação intraespecífica, em algumas plantas, de folhas bifoliola-
das a bilobadas, indica sua derivação das folhas simples a partir da fusão 
dos dois folíolos de uma folha bifoliolada.
Inflorescência
 A maioria das espécies de leguminosas de caatinga apresenta flores 
agrupadas em inflorescências. Flores isoladas são relativamente raras, 
ocorrendo, por exemplo, nas espécies de Arachis. Racemo é o tipo de inflo-
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rescência mais comum; é caracterizado pelas flores pedicleadas dispostas 
ao longo de um eixo alongado (raque). Brácteas podem estar presentes 
na raque, nos pontos de inserção das flores. Bractéolas, quando presentes, 
ocorrem em um par, opostas ou alternas, ao longo do pedicelo. Nas Papilio-
noideae é comum que as duas bractéolas sejam opostas e estejam no ápice 
do pedicelo aparecendo, portanto, lateralmente ao cálice.
 O pseudoracemo é uma modificação do racemo ocorre em algumas 
Papilionoideae (tribos Millettieae, Phaseoleae e Desmodieae) e algumas 
espécies do gênero Bauhinia. Esse tipo de inflorescência apresenta um eixo 
racemoso mas de cada bráctea parte um fascículo de duas ou mais flores 
em vez de apenas uma flor, como nos racemos. O ponto de inserção dos 
fascículos pode ser indiferenciado (pseudoracemo não nodoso) ou pode 
apresentar ramos curtos e espessados, denominados de braquiblastos, e, 
então, a inflorescência é denominada de pseudoracemo nodoso.
 Panículas ocorrem em diferentes grupos de Caesalpinioideae e Papi-
lionoideae como, por exemplo, nos gêneros Melanoxylon e Andira. Inflores-
cências cimosas ocorrem em grupos não relacionados como, por exemplo, 
nos gêneros Apuleia e Hymenaea, das Caesalpinioideae, e em espécies de 
Dalbergia, Machaerium e Aeschynomene, das Papilionoideae.
 Nas Mimosoideae as inflorescências apresentam uma grande condensa-
ção, aparecendo geralmente como espigas ou glomérulos, menos freqüen-
temente como umbelas. As espigas assemelham-se aos racemos pela pre-
sença da raque mas as flores são sésseis. Glomérulos e umbelas não têm 
raque e diferenciam-se pelos pedicelos, ausentes nas primeiras e presentes 
nas segundas. Espigas são encontradas também em algumas Papilionoide-
ae como, por exemplo, no gênero Zornia.
Flor
 A flor das leguminosas pode ser caracterizada como pentâmera, com 
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dois verticilos protetores distintos (cálice e corola), hermafrodita, diplostê-
mone, com um pistilo apresentando um ovário monômero. Um hipanto de 
natureza receptacular está geralmente presente, podendo estar ausente em 
grupos das três subfamílias. As flores são, portanto, períginas ou hipóginas. 
A forma do hipanto, quando presente, é muito variável, em geral ocorrendo 
de campanulado a oblongo. Em Arachis e Stylosanthes, o hipanto é linear 
e muito alongado, simulando um pedicelo, especialmente no primeiro, no 
qual pode alcançar até 7 cm de comprimento. O ovário pode ser séssil ou 
estar no ápice de um estípite (ovário estipitado). 
 Há, no entanto, uma imensa diversidade de variações nesse padrão floral 
que definem grupos de diferentes níveis hierárquicos, as quais são breve-
mente apresentadas abaixo. Duas características florais são, entretanto, mais 
constantese podem caracterizar a flor da família. A primeira é a orientação 
da flor em relação ao eixo da inflorescência, deixando a pétala adaxial em 
posição mediana (situação que pode ser alterada em caso de flores ressupi-
nadas). O segundo caráter floral diagnóstico da família é o ovário súpero, 
monômero (unicarpelar), unilocular, com dois ou mais óvulos formando 
duas fileiras alternas em uma placenta marginal (ou sutural).
 Em alguns grupos, especialmente em algumas Papilionoideae herbáce-
as, podem existir flores menores do que as flores ‘normais’ e que se mantêm 
fechadas e produzem frutos por processos de autogamia. Essas flores são 
chamadas de cleistógamas e ocorrem ao mesmo tempo que as flores cas-
mógamas. Exemplos podem ser encontrados em espécies de Centrosema e 
Arachis.
 Dada a diversidade de tipos florais encontrados nas leguminosas, aspec-
tos da morfologia floral são apresentados por subfamília.
Flor das Mimosoideae – as Mimosoideae apresentam a organização floral 
mais simples e mais conservada. O cálice é gamossépalo e a corola é ge-
ralmente gamopétala com simetria actinomorfa e pré-floração valvar. O 
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perianto é relativamente curto e inconspícuo em relação aos estames, que 
são longamente exsertos e constituem o elemento atrativo da flor.
 O androceu é diplostêmone na maioria dos gêneros da tribo Mimoseae. 
No entanto, no gênero Mimosa pode haver perda de um verticilo de esta-
mes e a flor ser isostêmone. Também nesse gênero pode ocorrer variação do 
nível de meria e as flores serem tetrâmeras ou trímeras. Nas demais tribos 
(Acacieae e Ingeae) ocorre um aumento do número de estames e flores, 
portanto, polistêmones. Em Acacieae os estames são livres e em Ingeae 
concrescidos em tubo.
 O pólen nessa subfamília tende a ser liberado de forma agrupada. Em 
muitos grupos é liberado na forma de tétrades mas é comum o agrupa-
mento em massas com maior número de células, denominadas de polía-
des.
 Em alguns gêneros da tribo Mimoseae, as anteras apresentam uma pe-
quena glândula apical, caduca após a antese. Essa estrutura está presente 
em Plathymenia, Prosopis, Pseudipiptadenia, Piptadenia, Parapiptadenia e 
em Anadenanthera colubrina.
 Dimorfismo floral ocorre em alguns gêneros com inflorescências con-
gestas (glomérulos ou umbelas). Um dimorfismo discreto ocorre em al-
gumas espécies de Mimosa nas quais as flores periféricas são masculinas e 
as demais hermafroditas. Em Neptunia e Desmanthus esse dimorfismo é 
muito acentuado, com as flores periféricas estéreis com estaminódios pe-
talóides e flores centrais hermafroditas. Em outros gêneros, a flor central 
pode se diferenciar das demais apresentando um perianto maior, um tubo 
estaminal mais longo ou mais largo ou ambos; isso pode ser observado em 
espécies de Calliandra, Blanchetiodendron, Chloroleucon, Samanea e Albizia.
Flor das Caesalpinioideae – a estrutura floral das Caesalpinioideae é muito 
variável, o que é esperado pelo fato do grupo não ser monofilético.
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 O cálice está sempre presente nas espécies de caatinga (embora possa 
estar ausente em outras espécies) e é geralmente dialissépalo. Cálice ga-
mossépalo é observado em Poeppigia e em espécies de Bauhinia que pode 
se abrir irregularmente ou como uma espata (cálice espatáceo).
 A corola é dialipétala, estando ausente em Copaifera e Guibourtia. A 
pré-floração é imbricativa com a pétala adaxial (“estandarte”) ocupando 
posição interna no botão sendo, então, chamada de imbricativa ascenden-
te ou carenal.
 O androceu é, geralmente diplostêmone, apresentando os estames li-
vres. Nas Cassiinae (Cassia, Senna e Chamaecrista) o androceu mostra-se 
mais especializado: as anteras são poricidas ou se abrem por pequenas fen-
das apicais; alguns estames (geralmente os três adaxiais) são modificados 
em estaminódios em Senna e Cassia; os três estames abaxiais em Cassia 
têm os filetes sigmóides. Freqüentemente os poros apontam para as pétalas 
e não para o centro da flor e Westerkamp (2004) demonstrou que essa é 
uma estratégia para colocar o pólen sobre o corpo das abelhas visitantes em 
uma posição inacessível para elas por meio de ricohetes (polinização por 
ricochete). Anteras poricidas podem ser, também, encontradas em Martio-
dendron.
Flor das Papilionoideae – esta subfamília apresenta as flores mais especia-
lizadas das leguminosas, a flor papilionóide. Esse tipo de flor é caracteri-
zado pela simetria fortemente zigomorfa, por um tipo peculiar de pré-flo-
ração e por uma organização particular dos elementos da corola, androceu 
e gineceu. A pré-floração típica das Papilionoideae é imbricativa mas, ao 
contrário das Caesalpinioideae, tem a pétala adaxial mais externa no botão, 
sendo, portanto, denominada de imbricativa descendente ou vexilar.
 O cálice é gamossépalo. As pétalas apresentam uma forte diferencia-
ção dorsiventral. A pétala adaxial é denominada de estandarte (ou vexilo); 
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é geralmente maior do que as demais e na antese fica reflexa e oposta às 
outras pétalas as quais são mantidas, em conjunto, em posição horizontal. 
Há duas pétalas laterais, denominadas de alas (ou asas). As duas pétalas 
mais internas podem ser livres entre si ou, mais freqüentemente, soldadas 
próximo ao ápice constituindo a carena (ou quilha). Pela disposição das 
alas e das pétalas da carena, os elementos reprodutivos da flor geralmente 
não ficam expostos.
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 O androceu é constituído por dez estames. Raramente há um núme-
ro maior de estames, como no gênero Trischidium. Os estames são livres 
apenas em Trischidium e nos gêneros da tribo Sophoreae (Amburana, Zol-
lernia e Luetzelburgia); nas demais Papilionoideae, os estames apresentam 
os filetes concrescidos de diferentes maneiras ao redor do pistilo. Os dez 
estames podem estar concrescidos em um tubo, sendo nesse caso, denomi-
nado de monadelfo. Às vezes o tubo é inteiro, outras vezes apresenta duas 
aberturas na base sendo, então, chamado de pseudomonadelfo. Androceu 
diadelfo ocorre quando os estames organizam-se em dois conjuntos. Fre-
qüentemente o androceu apresenta nove estames soldados em uma bainha 
e o estame adaxial (“vexilar”) livre. Outras vezes os estames são soldados 
em duas falanges de cinco estames cada, como acontece em espécies de 
Dalbergia e Aeschynomene.
 As anteras são geralmente uniformes. Porém, há casos de anteras di-
mórficas, ou seja, estames com anteras maiores (férteis) alternando com es-
tames com anteras menores (geralmente estéreis). Isso pode ser observado 
nos gêneros Dioclea, Stylosanthes, Crotalaria e Poecilanthe.
 A carena pode ser constituída por pétalas levemente conadas apenas 
próximo ao ápice, ao longo da margem inferior. No entanto, há grupos 
em que as pétalas da carena são soldadas dos dois lados exceto pelo ápice, 
deixando um orifício através do qual passam as anteras e o estilete por oca-
sião da visita de polinizadores. Essa situação está geralmente relacionada à 
ocorrência de anteras dimórficas, com as anteras menores formando uma 
barreira que impede o refluxo do pólen para dentro da flor, como pode ser 
observado em espécies de Dioclea e Stylosanthes. Em outros gêneros, essa 
morfologia da carena está associada a modificações do estilete, que se torna 
dilatado e piloso, funcionando como uma escova que “varre” para o exterior 
o pólen do tubo formado pelo ápice da carena.
 Outro tipo de especialização na estrutura floral ocorre, por exemplo, 
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em Desmodium e Indigofera. Nesses gêneros, as pétalas da carena são total-
mente fusionadas e unidas, ainda, às alas. Esse conjunto de pétalas cresce 
em direção oposta à do conjunto androceu-gineceu de modo que, na flor 
adulta, as pétalas ficam submetidas a uma forte tensão. Quando um visitan-
te pousa na flor, seu peso provoca a abertura da carena que, devido à tensão 
a que estava submetida, rompe-se de modo explosivo. Os estames liberam, 
então, uma nuvemde pólen sobre o polinizador.
 Flores menos especializadas ocorrem nos gêneros de Swartzieae e So-
phoreae. Trischidium tem flores abertas com apenas uma pétala (o estan-
darte). Nas Sophoreae, Amburana também tem flores em que o estandarte 
é a única pétala presente mas possui um hipanto alongado. Myrocarpus e 
Acosmium possuem flores quase actinomorfas com pétalas pouco diferen-
ciadas entre si. Luetzelburgia apresenta uma flor semelhante à papilionóide, 
com o estandarte bem diferenciado e ereto mas as demais pétalas livres 
entre si.
Fruto
 O fruto típico das leguminosas é o legume, um fruto derivado de um 
ovário monômero, seco, deiscente pelas duas margens: a margem superior, 
correspondendo à sutura, e a margem inferior, correspondendo à costa 
(nervura principal) da folha carpelar. Esse tipo de deiscência resulta na for-
mação de duas valvas que, geralmente, se torcem e expulsam as sementes.
 Há, no entanto, uma grande variação de tipos de fruto na família. Fru-
tos deiscentes do tipo folículo ocorrem em alguns gêneros de Mimosoide-
ae como, por exemplo, Anadenanthera e Pseudopiptadenia.
 Frutos indeiscentes são também comuns. Nos gêneros Arachis (Papi-
lionoideae), Hymenaea (Caesalpinioideae), Vachellia e Samanea (Mimosoi-
deae) ocorrem legumes indeiscentes. Esse tipo de fruto pode ser definido 
como um fruto seco, indeiscente, derivado de um ovário monômero, com 
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as sementes não aderidas ao pericarpo. Às vezes o pericarpo pode se tor-
nar carnoso e o fruto pode ser definido como um legume bacáceo; esse 
tipo é encontrado, por exemplo, no gênero Enterolobium (Mimosoideae) e 
em algumas espécies de Senna (Caesalpinioideae). Drupas caracterizam-se 
pelo endocarpo aderido ao tegumento da semente formando um pireno 
(“caroço”) e podem ser encontradas nos gêneros Andira e Geoffroea.
 Frutos alados ou sâmaras ocorrem em gêneros de diferentes subfamí-
lias. Sâmaras com núcleo seminífero basal e ala cultriforme distal ocor-
rem nos gêneros Machaerium, Luetzelburgia, Centrolobium (Papilionoideae) 
e Pterogyne (Caesalpinioideae). Em Machaerium e Pterogyne os núcleos se-
miníferos são achatados, planos ou quase planos; em Petrogyne apresenta 
um pequeno bico excêntrico que representa um resquício do estilete. Em 
Luetzelburgia e Centrolobium o núcleo seminífero é dilatado, sendo qua-
se orbicular em seção tranversal; no primeiro ele é ladeado por uma ala 
acessória e no secundo revestido por longos acúleos. Sâmaras com núcleo 
seminífero distal e ala cultriforme basal ocorre no gênero Platypodium.
 Outros gêneros apresentam sâmaras com núcleo seminífero central e 
ala marginal. Esse tipo de fruto ocorrem em gêneros das seguintes tribos: 
Dalbergieae (Dalbergia, Platymiscium, Pterocarpus, Riedeliella), Sophoreae 
(Myrocarpus e Acosmium), Caesalpinieae (Peltophorum), Cassieae (Martio-
dendron) e Cercideae (Phanera).
 Diferentes tipos de frutos articulados também ocorrem nas legumino-
sas. Lomento é um tipo de fruto que se quebra em artículos monospérmi-
cos sem deixar replo. Aparece em Desmodium, Aeschynomene, Chaetocalyx, 
Poiretia e Zornia. Em Discolobium o lomento apresenta apenas três artícu-
los suborbiculares dos quais apenas o mediano é fértil. Em Mimosa o fruto 
é semelhante ao lomento mas as margens do fruto persistem após a queda 
dos artículos constituindo um replo. O fruto é, então, denominado de cras-
pédio.
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 Algumas modificações do fruto afetam apenas o endocarpo. Em Pla-
thymenia, Melanoxylon e em Albizia inundata, o fruto é deiscente mas o 
endocarpo fragmenta-se em envelopes paleáceos que são dispersos pelo 
vento como artículos monospérmicos. Podem ser, então, denominados de 
criptolomentos. Por sua vez, o fruto de Amburana cearensis apresenta o en-
dosperma formando uma ala basal e possuindo uma dilatação distal onde 
se aloja a semente; pode ser definido como uma criptosâmara.
Sementes
 As leguminosas apresentam sementes com embrião conspícuo e prati-
camente sem endosperma. O funículo pode se espessar e tornar-se carnoso 
formando um arilo, como, por exemplo, em Copaifera, Peltogyne e Pithe-
cellobium. A testa pode não se diferenciar, situação em que as sementes 
ficam revestidas por um tecido membranáceo e não tem forma definida; 
são denominadas de overgrown seeds e podem ser observadas em Inga e 
Arachis.
 Nas Caesalpinioideae e Mimosoideae as sementes apresentam um hilo 
diminuto e terminal, ou seja, localizado na extremidade da semente. O em-
brião é reto nestas subfamílias. Na maioria das Mimosoideae a superfície 
da semente é marcada por uma linha translúcida chamada de pleurogra-
ma, geralmente em forma de “U”, com a abertura voltada para a região do 
hilo.
 As Papilionoideae apresentam sementes com morfologia mais dife-
renciada. Elas são, comumente, reniformes com hilo alongado, localizado 
na porção mediana. Abaixo do hilo encontra-se a micrópila. O embrião é 
curvo com eixo hipocótilo-radicular infletido em relação aos cotilédones. 
Sementes de alguns grupos apresentam o hilo ainda mais alongado, cir-
cundando de ½ a ¾ da circunferência da semente. Sementes com tais hilos 
lineares são encontrados, por exemplo, em Dioclea e Canavalia.
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FILOGENIA
 Estudos de filogenia, desenvolvidos princialmente a partir da década 
de 1980, produziram mudanças substanciais na compreensão das relações 
evolutivas entre os grupos de Leguminosae e seu relacionamento com ou-
tros grupos de plantas.
 Sistemas taxonômicos pré-cladísticos incluiam a família nas Rosidae 
e diferentes famílias foram consideradas como mais afins às Legumino-
sae como, por exemplo, Connaraceae, Chrysobalanaceae, Krameriaceae e 
Sapindaceae (ver revisões em Dickison 1981 e Thorne 1992). Um estudo 
clássico de filogenia das angiospermas realizado por Chase et al. (1993) 
com base no gene de cloroplasto rbcL revelou, no entanto, que as Legu-
minosas formam um clado com as Polygalaceae e Surianaceae. Estudos 
subseqüentes utilizando várias outras regiões do genoma nuclear ou dos 
plastídios (Soltis et al. 1995, 2000, Källersjö et al. 1998, Savolainen et al. 
2000, Steele et al. 2000) deram grande suporte a essa hipótese e mostra-
ram, ainda, que o gênero Quillaja (antes classificado na família Rosaceae) 
é relacionado a essas famílias. Nos sistemas de classificação mais modernos 
para as Angiospermas (APG 1998, APG II 2003) a família Leguminosae 
está posicionada na ordem Fabales que inclui, também, as Polygalaceae, 
Surianaceae e Quillajaceae.
 Um outro aspecto interessante revelado pelos estudos filogenéticos é o 
fato de que as ordens nas quais se encontram plantas que fazem associa-
ção com bactérias fixadoras de Nitrogênio aparecem juntas em um grupo 
monofilético denominado de clado fixador de Nitrogênio. Este inclui, além 
das Fabales, as ordens Rosales, Cucurbitales e Fagales e uma sinapomorfia 
não molecular dessa ordem é exatamente a habilidade de desenvolver asso-
ciações com organismos fixadores de Nitrogênio.
 A família Leguminosae tem sido sustentada como monofilética com 
base em diferentes marcadores moleculares (rbcL, trnL, matK; ver revisão 
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em Wojciechowsky 2004).
Várias possíveis sinapomorfias não moleculares também sustentam o mo-
nofiletismo das Leguminosae (Chappill 1995, Doyle et al. 2000). Destas, a 
mais evidente é o gineceu monômero que dá origem ao fruto legume. Ou-
tras sinapomorfias morfológicas incluem a pré-floração imbricativa com o 
par de pétalas abaxiais (‘pétalas da carena) interna às laterais (‘alas’), pétala 
adaxial em posição mediana, óvulos dispostos em placentação marginal, es-
pessamento das paredes das células do endotécio das anteras espessamento 
com menos de seis costelas e espassamento entre as costelas menor do que 
o dobro do comprimento das costelas. Além destas, potenciais sinapomor-
fias das Leguminosae são a presença de células-ampulheta e de umacama-
da de mucilagem na testa da semente.A classificação tradicional das Leguminosae reconhece três subfamí-
lias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. Trabalhos de filo-
genia baseados tanto em dados morfológicos quanto em dados molecula-
res apoiam o monofiletismo da família. As Papilionoideae e Mimosoideae 
(com a possível exclusão de Dinizia) são apoiadas como monofiléticas mas 
aninhadas na subfamília Caesalpinioideae que é, portanto, parafilética.
 A tribo Cercideae (incluindo os gêneros Cercis, Bauhinia e Phanera) 
aparece consistentemente como a principal divergência basal. As flores de 
Cercis são fortemente zigomorfas, um caráter mais associado às Papilionoi-
deae, o que contradiz as idéias tradicionais de que as flores primitivas nas 
Leguminosae seriam actinomorfas. Por outro lado, isso pode estar mais de 
acordo com as hipóteses atuais que colocam as Polygalaceae, que também 
possui flores zigomorfas, como um possível grupo irmão das Legumino-
sae.
 Dentre os próximos clados a divergir está o clado Detarieae s.l. Este 
clado corresponde às tribos Detarieae e Amherstieae, é mais diverso na 
África tropical e é representado na caatinga por gêneros como Goniorhachis, 
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Copaifera, Guibourtia e Hymenaea. Esse clado é marcado por uma altera-
ção nas estípulas para uma posição intrapeciolar e muitas modificações na 
morfologia floral, como perda de pétalas, de sépalas ou de estames, muitas 
vezes determinada pela formação de um meristema floral em anel (Tucker 
2001, 2003).
Figura 8 – Cladograma representando a filogenia das Leguminosae, ressaltando o parafiletismo das Caesalpinioideae 
em relação às Mimosoideae e às Papilionoideae
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 As tribos Cassieae e Caesalpinieae aparecem como polifiléticas. Um 
clado incluindo Poeppigia (tribo Caesalpinieae) e as Dialiinae (tribo Cas-
sieae, do qual o gênero Martiodendron é representado na caatinga) aparece 
como grupo irmão do restante das Leguminosae, as quais incluem parte 
dos gêneros tradicionalmente classificados em Cassieae e Caesalpinieae 
além de todas as Mimosoideae e Papilionoideae. Assim, a circunscrição 
das Dialiinae foi ampliada para incluir o gênero Poeppigia e uma possível 
sinapomorfia para esse clado é a inflorescência cimosa.
 O grupo irmão das Dialiinae inclui dois grandes clados: as Papilionoi-
deae e o clado Cesalpinióide (o qual também abrange as Mimosoideae; 
Wojciechowski et al. 2004). Dentro desse clado Cesalpinióide, um subcla-
do, denominado de clado Umtiza (Herendeen et al. 2003a, b), diverge do 
restante do clado Cesalpinióide e inclui gêneros geográfica e morfologi-
camente isolados, antes classificados nas tribos Caesalpinieae (Acrocarpus, 
Gleditsia, Gymnocladus e Tetrapterocarpon), Cassieae (Ceratonia) e Detarie-
ae (Umtiza).
 A relação filogenética entre os demais grupos do clado Cesalpinióide 
apresenta conflitos entre diferentes estudos. A subtribo Cassiinae, que in-
clui os gêneros Cassia, Senna e Chamaecrista, é apoiada como monofilética 
mas a relação entre esses gêneros não é muito clara. Alguns estudos apoiam 
Cassia como grupo irmão de Senna e esse clado não relacionado com Cha-
maecrista (Bruneau et al. 2001). Outros apoiam Senna como grupo irmão de 
Chamaecrista mas não relacionado a Cassia (Herendeen et al. 2003a). Outra 
relação suportada por alguns estudos mas não por outros inclui a observa-
da entre o gênero Pterogyne (tribo Caesalpinieae) e o grupo Caesalpinia. 
Este último grupo corresponde aos gêneros afins a Caesalpinia, o qual não 
é apoiado como monofilético. Do grupo Caesalpinia estão representados 
na caatinga os gêneros Libidibia, Poincianella, Erythrostemon e Cenostigma. 
O gênero Pakinsonia, considerado por Polhill & Vidal (1981) como parte 
�0
do grupo Caesalpinia parece ser mais relacionado ao grupo Peltophorum. 
Gêneros do grupo Peltophorum representados na caatinga incluem, além de 
Parkinsonia, Melanoxylon e Peltophorum.
 O grupo Dimorphandra inclui gêneros considerados transicionais entre 
as Casalpinioideae e as Mimosoideae. Esse grupo aparece como um grado 
parafilético que inclui a subfamília Mimosoideae (Herendeen et al. 2003a) 
ou com o gênero Dinizia (Mimosoideae) como irmão de Erythrophleum 
(Caesalpinioideae; Lucow et al. 2003).
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A subfamília Mimosoideae é sustentada como monofilética com a possí-
vel exceção de Dinizia, que aparece como grupo irmão de Erythrophleum 
(Casalpinioideae). O clado das Mimosoideae mostra relacionamentos mal 
resolvidos ou ramos internos mais curtos do que os observados em outros 
clados de Leguminosae, sugerindo uma taxa baixa de substituição de nu-
cletídeos ou uma diversificação relativamente recente (Wojciechowski et 
al. 2004). Possíveis sinapomorfias morfológicas do grupo incluem a pétala 
mediana em posição abaxial, pré-floração da corola valvar, estames proemi-
nentemente exsertos, pólen agrupado em políades tetracelulares e semen-
tes com pleurograma (Chappill 1995) Outras sinapomorfias potenciais são 
a presença de filamentos protéicos nos plastídios dos elementos de tubo 
crivado, placa basal do endotécio ausente e espessamentos costelares do 
endotécio mais de seis, colunaes e não ramificadas (Doyle et al. 2000). No 
entanto, esses caracteres do floema e do endotécio não foram investigados 
para os grupos Dimorphandra e Sclerolobium e, portanto, podem definir um 
grupo maior do que apenas a subfamília Mimosoideae. Folhas bipinadas 
podem ser uma sinapomorfia do clado que inclui as Mimosoideae e o gru-
po Dimorphandra das Caesalpinioideae.
SUBFAMÍLIA
 MIMOSOIDEAE
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 A classificação das Mimosoideae em tribos leva em consideração prin-
cipalmente caracteres florais. As tribos Parkieae e Mimozygantheae são 
Figura 9 – Sumário de hipóteses de filogenia das Mimosoideae. Nenhuma das tribos reconhecidas por Polhill (1994) 
são sustentadas como monofiléticas (a tribo monogenéica Mimozyganthae não está respresentada). O gênero Dinizia 
aparece como mais relacionado às Caesalpinioideae. Os subgêneros representados de Acacia são denominados de Vachel-
lia (subgn. Acacia), Senegalia (subgn. Aculeiferum) e Acacia (subgn. Phyllodinae) (ver discussão no texto).
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definidas pelo cálice com pré-floração imbricativa (com sépalas livres em 
Mimozygantheae e conadas em Parkieae) enquanto nas demais tribos a 
pré-floração do cálice é valvar. A tribo Mimoseae é definida pelo andro-
ceu diplostêmone (ou secundariamente isostêmene) enquanto Acacieae e 
Ingeae possuem androceu polistêmone, sendo diferenciadas pelos estames 
livres em Acacieae e conados em tubo em Ingeae. Mimozygantheae inclui 
apenas Mimozyganthus carinatus (Griseb.) Burkart. Nenhuma das demais 
tribos de Mimosoideae é sustentada como monofilética.
 No nível genérico, os dados publicados por Lucow et al. (2003) rejeitam 
o monofiletismo de Piptadenia já que P. viridiflora aparece mais relacionado 
ao gênero Anadenanthera mas com baixo suporte de bootstrap, indicando a 
necessidade de mais estudos. O monofiletismo de Acacia também é rejeita-
do (Miller & Bayer 2001, Lucow et al. 2003) e uma proposta de conserva-
ção de um novo tipo de Acacia para uma planta do subgênero Phyllodinae, 
aceita pelo comitê de nomenclatura, obrigará renomear todas as espécies 
americanas, incluindo as apresentadas neste livro, para os gêneros Senegalia 
e Vachellia.
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 As Papilionoideae aparecem como um grupo sustentado por diferentes 
seqüências de DNA. Estes estudos permitem rejeitar algumas classificações 
anteriores que excluíam os gêneros da tribo Swartzieae das Papilionoideae 
e os classificavam nas Caesalpinioideae. Possíveis sinapomorfias do grupo 
incluem as folhas imparipinadas, pétalas ungüiculadas, sementes com hilo 
lateral, sulco hilar e barra de traqueídios, embrião com radicula curva, xi-
lema com pontuações guarnecidas e sépalas com iniciação unidirecional 
(Doyle et al. 2000).
 Um grupo que inclui elementos das tribos Swartzieae, Sophoreaee 
Dipterygeae é resolvido como grupo irmão das demais Papilionoidae ba-
seado em dados de matK (Wojciechowski et al. 2004), aqui denominado 
de clado Swartzióide. Esse clado Swartzióide é fortemente concentrado 
no Neotrópico e apresenta dois subclados.Um dos subclados deste clado 
basal corresponde às core-Swartzióides (clado Swartzióide de Ireland et 
al. 2000, Pennington et al. 2001), que inclui, além de Swartzia e Bocoa, o 
gênero Trischidium, representado na caatinga. Os membros desse subclado 
apresentam um meristema floral em anel e produzem nódulos radiculares. 
O outro subclado inclui Amburana, Myrocarpus e gêneros afins e a tribo 
SUBFAMÍLIA
PAPILIONOIDEAE
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Dipterygeae (Dipteryx e Pterodon), gêneros que aparentemente não têm 
habilidade em nodular (Sprent 2000, 2001).
 No restante das Papilionoideae ocorre a divergência de linhagens tradi-
Figura 10 – Filogenia das Papilionoideae mostrando os grandes grupos sustentados por dados moleculares, dos quais 
os clados Swartzióide, Genistóide, Dalbergióide e o clado acumulador de canavanina estão representados na caatinga. 
Uma sinapomorfia molecular para um grupo que inclui a grande maiorias das Papilionoideae é uma inversão de 50 
kbases no genoma do cloproplasto, indicada por uma seta.
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cionalmente classificadas na tribo Sophoreae, caracterizadas pela condição 
plesiomórfica de estames livres. Dentro desse grado Sophoróide, apenas o 
clado Vataireóide apresenta represententes na caatinga. Esse grupo foi ini-
cialmente reconhecido em análises de trnL (Ireland et al. 2000, Pennington 
et al. 2001) e confirmado em análises de matK (Wojciechowski et al. 2004) 
e inclui gêneros neotropicais antes classificados nas tribos Swartzieae e So-
phoreae dos quais Luetzelburgia é representado na caatinga.
 Um grande clado das Papilionoideae é marcado por uma inversão de 
50 kb no genoma do cloroplasto. A maior parte das linhagens consideradas 
primitivas das Papilionoideae não apresentam essa inversão. Dentro des-
te grande grupo, evidências crescentes tem apoiado a resolução de quatro 
grandes clados:
(1) clado Genistóide – a definição aqui adotada corresponde às Genis-
tóides s.l. (Wojciechowski et al. 2004) que também inclui as Brongniar-
tieae. Além de dados de seqüências de DNA, esse clado é apoiado pela 
presença de alcalóides quinolizidínicos. Abriga um clado bem sustentado 
que inclui linhagens principalmente africanas e eurasiáticas das tribos Ge-
nisteae, Crotalarieae, Thermopsideae, Podalyrieae [incluindo Liparieae] e 
Sophoreae s.s. [incluindo Euchresteae], denominadas de core-Genistóides 
(Crisp et al. 2000, Wojciechowski et al. 2004). Esse clado core-Genistóide 
encontra-se aninhado em um grado basal do qual derivam dois subclados: 
(a) as Brongniartieae, um grupo predominantemente americano mas com 
um representante australiano (o gênero Hovea) que, na circunscrição atual, 
inclui também os gêneros Cycloclobium e Poecilanthe, antes classificados na 
tribo Millettieae; (b) um clado que reúne gêneros arbóreos sulamericanos 
tradicionalmente classificados na tribo Sophoreae, como os gêneros Acos-
mium, Bowdichia e Diplotropis.
(2) clado Dalbergióide – compreende as tribos Adesmieae, Aeschynome-
neae, a subtribo Bryinae da tribo Desmodieae e a tribo Dalbergieae (ex-
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ceto pelos gêneros Andira, Hymenolobium, Vatairea e Vataireopsis) (Lavin 
et al. 2001). Esse grupo é predominantemente tropical com 44 gêneros 
e ca. 1.100 espécies. Além de caracteres moleculares, esse grupo pode ser 
caracterizado pela não acumulação de canavanina, nódulos radiculares aes-
chynomenóides e inflorescências cimosas. Além disso, possuem frutos in-
deiscentes do tipo lomento ou sâmara.
Figura 11 – Filogenia do grupo Dalbergióide, ressaltando a inclusão de gêneros antes classificados nas tribos Dalber-
gieae, Aeschynomeneae e Desmodieae.
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(3) clado Millettióide (ou Millettióide-Phaseolóide) – inclui as tribos Mil-
lettieae, Phaseoleae, Abreae, Psoraleeae e as subtribos Desmodiinae e Les-
pedezinae da tribo Desmodieae (Lavin et al. 1998, Hu et al. 2000, Kajita et 
al. 2001). A tribo Indigofereae aparece como grupo irmão desse clado com 
suporte moderado (Wojciechowski et al. 2004). Uma possível sinapomor-
fia desse clado é a inflorescência pseudoracemosa. A maioria dos gêneros 
Figura 12 – Filogenia do clado acumulador de canavamina, caracterizado pelo acúmulo desse aminoácido nãoprotéico 
na semente. Esse clado é mais representado no Velho Mundo e inclui dois grandes grupos. Um desses grupos é definidos 
pela inflorescência em pseudoracemo (Indigofereae + clado Millettióide). O segundo, o clado Hologalegina, é mais 
diversificado em
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estão agrupados em dois clados principais. O primeiro compreende princi-
palmente gêneros classificados na tribo Millettieae além de representantes 
das subtribos Diocleinae e Ophrestiinae (Phaseoleae), incluindo os gêne-
ros Lonchocarpus, Tephrosia, Dioclea, Canavalia e Galactia, representados na 
caatinga. O segundo corresponde principalmente a tribo Phaseoleae ani-
nhando os gêneros das tribos Desmodieae e Psoraleeae. Outros grupos de 
Millettieae são relacionados às Brongniartieae (Cycloclobium e Poecilanthe) 
ou ao clado Hologalegina (Wisteria e gêneros relacionados).
(4) clado Hologalegina – esse clado compreende dois subclados principais: 
o clado IRL e as Robinióides. O clado IRL é assim denominado pois uma 
de suas pricipais sinapomorfias é a ausência de uma das duas cópias da 
seqüência invertida-repetida do genoma do cloroplasto, com 25 kb (em 
inglês: inverted-repeat-lacking clade ou IRLC; Lavin et al. 1990). Corres-
ponde ao grupo herbáceo temperado de Polhill (1981), compreendendo 
todos os membros das tribos Carmichaelieae, Cicereae, Hedysareae, Tri-
folieae, Vicieae e Galegeae, além dos gêneros Afgekia, Callerya e Wisteria 
(Millettieae). É definido por várias sinapomorfias como o hábito herbáceo, 
folhas compostas sem pulvinos, número cromossômico básico n = 7 ou n 
= 8. O grupo irmão do clado IRL é o clado Robinióide, primariamente 
distribuído no hemisfério norte do Novo Mundo, Europa e África (Lavin 
& Sousa 1995). Corresponde às tribos Robinieae e Loteae. Todo o clado 
Hologalegina é mal representado na caatinga, apresentando poucas espé-
cies de Coursetia e Sesbania.
CLASSIFICAÇÃO
 A classificação atual das Leguminosae ainda sofre grande influência 
das propostas taxonômicas de Bentham (1865) e Polhill (1994). Alguns 
grupos não monofiléticos continuam sendo aceitos, principalmente por-
que hipóteses sobre a filogenia de alguns grupos críticos ainda apresentam 
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pequeno suporte. Assim, a classificação apresentada aqui (seguindo Lewis 
et al. 2005) deve sofrer grandes alterações em um futuro próximo, especial-
mente com a subdivisão das Caesalpinioideae em quatro ou cinco novas 
subfamílias e reorganização das tribos.
 Atualmente, são reconhecidas três subfamílias e 36 tribos de Legumi-
nosae (Lewis et al. 2005). Os gêneros nativos da caatinga distribuem-se em 
18 tribos das três subfamílias.
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Tabela 2. Classificação dos gêneros de Leguminosae nativos da caatinga 
(de acordo com Lewis et al. 2005).
1. Subfamília CAESALPINIOIDEAE
Tribo Cercideae
Bauhinia L. 
Phanera Lour. 
Tribo Detarieae
Goniorhachis Taub. 
Peltogyne Vogel 
Hymenaea L. 
Guibourtia Benn. 
Copaifera L. 
Tribo Cassieae
Poeppigia C.Presl 
Apuleia Mart. 
Martiodendron Gleason 
Chamaecrista Moench 
Senna Mill. 
Cassia L. 
Tribo Caesalpinieae
Pterogyne Tul. 
Erythrostemon Cav. 
Poincianella Britton & Rose 
Cenostigma Tul. 
Libidibia (DC.) Schltdl. 
Melanoxylon Schott 
Peltophorum (Vogel) Benth. 
Parkinsonia L. 
Diptychandra Tul. 
2. Subfamíla MIMOSOIDEAE
Tribo Mimoseae
Plathymenia Benth. 
Prosopis L. 
Neptunia Lour. 
Desmanthus Willd. 
Anadenanthera Speg. 
Pseudopiptadenia Rauschert 
Piptadenia Benth. 
ParapiptadeniaBrenan 
Mimosa L. 
Tribo Acacieae
Senegalia Raf. 
Vachellia Wight & Arn. 
Tribo Ingeae
Zapoteca H.M.Hern. 
Calliandra Benth. 
Inga Mill. 
Zygia P.Browne 
Blanchetiodendron Barbenby & 
J.W.Grimes 
Leucochloron Barbenby & 
J.W.Grimes
Chloroleucon (Benth.) Britton & 
Rose
Pithecellobium Mart. 
Samanea (Benth.) Merr. 
Albizia Durazz. 
Enterolobium Mart. 
3. Subfamília PAPILIONOIDEAE
Tribo Swartzieae
Trischidium Tul. 
Amburana Schwacke & Taub. 
Zollernia Wied.-Neuw. & Nees 
Tribo Sophoreae
Luetzelburgia Harms 
Acosmium Schott 
Tribo Brongniartieae
Poecilanthe Benth. 
Tribo Crotalarieae
Crotalaria L. 
Tribo Dalbergieae
Andira Lam. 
Zornia J.F.Gmel. 
Poiretia Vent. 
Chaetocalyx DC. 
Riedeliella Harms. 
Discolobium Benth. 
Platymiscium Vogel 
Platypodium Vogel 
Centrolobium Mart. ex Benth. 
Pterocarpus Jacq. 
Geoffroea Jacq. 
Stylosanthes Sw. 
Arachis L. 
Dalbergia L.f. 
Machaerium Pers. 
Aeschynomene L. 
Tribo Indigofereae
Indigofera L. 
Tribo Millettieae
Lonchocarpus Kunth 
Tephrosia Pers. 
Tribo Phaseoleae
Dioclea Kunth 
Canavalia DC. 
Cratylia Mart. ex Benth. 
Galactia P.Browne 
Centrosema (DC.) Benth. 
Periandra Mart. ex Benth. 
Rhynchosia Lour. 
Erythrina L. 
Calopogonium Desv. 
Vigna Savi 
Macroptilium (Benth.) Urb. 
Mysanthus G.P.Lewis & A.Delgado 
Tribo Desmodieae
Desmodium Desv. 
Tribo Sesbanieae
Sesbania Adans. 
Tribo Robinieae
Coursetia DC. 
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FORMATO E
CRITÉRIOS
Critérios de inclusão
 Uma dificuldade enfrentada na elaboração desse trabalho foi delimitar 
uma área a ser considerada como “caatinga”, o que depende de um conceito 
a ser empregado. Por um lado, a aplicação de um conceito restritivo, como 
o de Luetzelburg (1922-23), resultaria na perda de informação relevante 
para muitos grupos. Por outro, considerar os limites externos do bioma 
sem excluir as áreas recobertas por outros tipos vegetacionais nos levaria 
a inclusão de elementos típicos de cerrado e de campos rupestres os quais 
não são relacionados à flora da caatinga.
 Nesse trabalho, foi adotado uma delimitação de área pelos limites 
externos do semi-árido, definidos por uma isoieta de 1.000mm.ano-1, o que 
corresponde a uma área de quase 900.000 km2. Diferentes fisionomias de 
caatinga e florestas estacionais presentes nessa grande área foram, então, 
cobertas nesse trabalho. No entanto, foram excluídas áreas de cerrado e 
campos rupestres que se encontravam dentro desses limites como, por 
exemplo, grande parte das áreas mais elevadas da Chapada Diamantina, na 
Bahia, e da Chapada do Araripe, no sul do Ceará e norte de Pernambuco.
 Outra dificuldade diz respeito às áreas limítrofes do Bioma Caatinga. 
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A leste, a caatinga faz limite com a Mata Atlântica, que penetra mais para 
o interior ao longo dos vales de alguns rios ou em algumas áreas de serras. 
Espécies presentes na apenas nessas áreas úmidas e na Mata Atlântica 
foram consideradas como parte desse bioma e não foram incluídas nesse 
trabalho. Esse mesmo critério foi adotado para muitas plantas das ‘matas 
de cipó’ do Planalto de Vitória da Conquista que ocorriam apenas na Mata 
Atlântica e nessas matas mais baixas e densas.
 Situação semelhante ocorre a oeste, onde a caatinga faz fronteira com 
o cerrado. Plantas típicas do cerrado que foram encontradas apenas nessa 
áreas limítrofes do Bioma Caatinga foram consideradas como elementos 
do Bioma Cerrado e não foram incluídas nesse trabalho. Situação mais 
complicada foi encontrada para plantas coletadas no sul do Piauí e noroesta 
da Bahia, onde manchas de cerrado e caatinga ocorrem lado a lado. Em 
casos de hesitação, optei por incluir a espécie e fazer um breve comentário 
no texto.
Apresentação dos gêneros
 Os gêneros são apresentados por subfamília de acordo com a classificação 
proposta por Lewis et al. (2005). Gêneros que não têm sido sustentados 
como monofiléticos aparecem, na classificação desses autores, divididos 
em gêneros menores e mais naturais. No caso dos grupos de caatinga isso 
afeta os gêneros Bauhinia e Caesalpinia. No caso do primeiro, ocorrem na 
caatinga representantes dos gêneros Bauhinia (s.s.) e Phanera. No caso de 
Caesalpinia, as espécies de caatinga pertencem aos gêneros Erythrostemon, 
Libidibia e Poincianella e o gênero Caesalpinia (s.s.), nesse novo conceito, 
não mais ocorre na caatinga. Por outro lado, no caso do gênero Acacia 
optei por um tratamento diferente do de Lewis et al. (2005). Esses autores 
reconheceram Acacia no seu sentido tradicional, contendo os subgêneros 
Acacia, Aculeiferum e Phyllodinae. No entanto, há forte suporte para a 
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hipótese de que Acacia é um grupo polifilético. Assim, aqui são reconhecidos 
os gêneros Vachellia e Senegalia, segregados de Acacia de acordo com a 
proposta de Orchard & Maslin (2003) de conservação de um novo tipo 
para Acacia. Essa proposta foi aprovada na Sessão de Nomenclatura no 
Congresso Internacional de Botânica de Viena em 2005 e o nome Acacia 
hoje é aplicado apenas ao subgênero Phyllodinae, concentrado no continente 
australiano, não representado na caatinga.
 Para gêneros com mais de uma espécie é apresentada uma descrição 
baseada nas espécies de caatinga, seguida de uma chave para identificação 
das espécies da caatinga. Gêneros representados na caatinga por apenas 
uma espécie não apresentam uma descrição do gênero.
Apresentação das espécies
 Cada espécie apresenta uma referência completa do protólogo e os 
sinônimos principais, aqui considerados como os nomes presentes na 
Flora Brasiliensis, em Legumes of Bahia (Lewis 1987), em monografias 
taxonômicas e em catálogos agronômicos como, por exemplo, o de espécies 
forrageiras do CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical, Cali, 
Colômbia) e do USDA (United States Department of Agriculture).
 As descrições das espécies levam em consideração apenas a variação 
observada nos espécimes de caatinga. Quando necessário, as descrições 
foram complementadas com informações de espécimes de outras localidades 
e isso está indicado no texto. Há uma boa dose de assimetria nas descrições. 
Quando a espécie é a única representante de um gênero na caatinga, sua 
descrição é mais completa. No caso de gêneros representados por mais 
de uma espécie, as descrições de suas espécies em geral complementam 
a descrição do gênero. Algumas exceções foram feitas para gêneros de 
maior complexidade taxonômica ou para gêneros cujas espécies são mal 
conhecidas, quando se optou por descrições mais competas. As descrições 
RICARDO
Realce
��
são complementadas com comentários taxonômicos que objetivam auxiliar 
o leitor na sua identificação, dando-se ênfase na comparação com espécies 
com as quais ela pode ser confundida.
 Além da descrição, é apresentado um mapa de distribuição de cada 
espécie no Bioma Caatinga. Os pontos presentes no mapa representam 
principalmente espécimes depositados em herbários cujas etiquetas 
contêm coordenadas geográficas. Em grande parte, essas informações 
foram baseadas nos bancos de dados do herbário HUEFS e do projeto 
“Instituto do Milênio do Semi-árido” (IMSEAR), que reúne dados de 
coletas recentes dos principais herbários do Nordeste. Além disso, foram 
complementados com pontos de um banco de dados elaborado por mim 
com base em espécimes depositados nos herbários analisados (ver Apêndice 
1, pág. xxx).
 Alguns comentários sobre a distribuição e aspectos da ecologia da 
planta são apresentados. Dados da distribuição geral da planta foram 
retirados da literatura mas sua distribuição no Bioma Caatinga é baseada 
em informações de exsicatas. Finalmente, há uma lista de materiais 
examinados ou selecionados. Em geral, um espécime é referido por 
município ou grande área (p.ex., Raso da Catarina). Tipos nomenclaturais 
analisados, coletados no Bioma Caatinga, são indicados dentro do material 
examinado.
 Nomes vernaculares,se presentes, foram baseados em informações de 
exsicatas. Alguns nomes adicionais foram extraídos de Lewis (1987) se eu 
estivesse seguro de que se tratava de um nome usado na área da caatinga. 
Alguns comentários foram feitos sobre esses nomes baseados em minha 
própria experiência.
Chaves de identificação
 Nesse livro são usados dois tipos de chaves de identificação. A primeira 
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é uma chave dicotômica tradicional. A segunda é uma chave multientrada 
na forma de uma matriz.
Às vezes os dois tipos de chave estão presentes para o mesmo grupo. Essa 
estratégia objetivou oferecer maiores recursos para o leitor proceder a 
identificação dos táxons. Em geral, as matrizes de identificação permitem 
identificar grupos de táxons mais semelhantes e reduz, assim, o número de 
escolhas possíveis. No caso de uma determinada célula da matriz conter um 
grupo de táxons, ela remete a uma chave auxiliar onde a identificação final 
pode ser feita.
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CHAVE PARA AS 
SUBFAMÍLIAS
1. Folhas bipinadas
2. Flores actinomorfas, pequenas, em espigas, glomérulos ou umbelas; 
corola com pré-floração valvar; sementes com pleurograma em 
forma de ‘U’ .............................................................. Mimosoideae
2. Flores zigomorfas, em racemos ou panículas; corola com pré-floração 
imbricativa; sementes sem pleurograma ..............Caesalpinioideae
1. Folhas não bipinadas
3. Folhas simples ou unifolioladas
4. Folhas 3-multinervadas, bilobadas ou inteiras ...Caesalpinioideae
4. Folhas peninérvias, com apenas uma nervura 
 principal ............................................................ Papilionoideae
3. Folhas compostas com mais de um folíolo
5. Folhas com dois folíolos
6. Árvores, arbustos ou lianas; pétalas brancas, rosa ou 
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 vermelhas ...................................................Caesalpinioideae
6. Ervas ou subarbustos; pétalas amarelas
7. Flores isoladas, axilares; corola não papilionóide; fruto 
legume...................................................Caesalpinioideae
7. Flores em espigas; corola papilionóide; fruto lomento .........
Papilionoideae
5. Folhas com três ou mais folíolos
8. Folhas palmadas (raque foliar ausente) ........ Papilionoideae
8. Folhas pinadas (raque foliar presente)
9. Folhas terminando em um folíolo (imparipinadas)
10. Corola papilionóide, com pétalas diferenciadas em 
estandarte, alas e carena ou corola reduzida a uma 
pétala .............................................. Papilionoideae
10. Corola não papilionóide, sempre com cinco 
 pétalas ..........................................Caesalpinioideae
9. Folhas terminando em dois folíolos (paripinadas)
11. Flores actinomorfas; corola com pré-floração valvar; 
estames numerosos concrescidos em 
 tubo .................................................. Mimosoideae
11. Flores zigomorfas ou assimétricas; corola com pré-
floração imbricativa; estames 10 ou menos
12. Flores papilionóides, com pétalas diferenciadas em 
estandarte, alas e carena; androceu monadelfo.....
Papilionoideae
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12. Flores não papilionóides ou sem pétalas; estames 
livres ........................................Caesalpinioideae
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Subfamília Caesalpinioideae
1. Folhas simples com ápice bilobado a inteiro e 5 a 9 nervuras principais
2. Arbustos ou árvores; gavinhas ausentes; flores com hipanto longo, 
estreitamente cilíndrico; sépalas formando um cálice espatáceo 
ou irregularmente conadas .............................................. Bauhinia
2. Lianas com gavinhas; flores com hipanto curto; sépalas conadas 
em cálice campanulado a urceolado ...................................Phanera
1. Folhas compostas por 2 ou mais folíolos
3. Folhas bipinadas
4. Ramos com espinhos nodais; folhas com um par de pinas, 
pecíolo subnulo e raque das pinas achatado; fruto 
moniliforme.............................................................Parkinsonia
4. Ramos inermes; folhas pecioladas; raque das pinas cilíndrica; 
fruto plano
5. Folhas terminado em um par de pinas; estandarte 
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não difernciado das demais pétalas em coloração ou 
consistência; fruto sâmara com uma semente ....Peltophorum
5. Folhas terminando em uma pina, raramente em um par; 
estandarte carnoso, geralmente também diferenciado em 
coloração das demais pétalas membranáceas; fruto legume 
deiscente ou indeiscente, com mais de uma semente
6. Folíolos alternos na raque da pina, ± rombóides com 
base fortemente assimétrica ...........................Poincianella
6. Folíolos opostos na raque da pina, elípticos a oblongos 
com base simétrica
7. Inflorescência panícula; frutos inflados, indeiscentes; 
árvores, tronco com casca fina e descamante 
revelando a entrcasca verde ............................ Libidibia
7. Inflorescência racemo; frutos plano-compressos, 
deiscentes; arbustos, tronco com casca não 
descamante ........................................... Erythrostemon
3. Folhas bifolioladas ou pinadas, nunca bipinadas
8. Flores bifolioladas
9. Ervas ou subarbustos prostrados a decumbentes; pétalas 
amarelas ........................................................... Chamaecrista
9. Árvores, arbustos ou lianas; pétalas brancas
10. Lianas com gavinhas ........................................... Bauhinia
10. Árvores ou arbustos
11. Folíolos com pontuações glandulares translúcidas; 
flores apétalas ............................................. Guibourtia
��
11. Folíolos sem pontuações translúcidas; flores com 
pétalas
12. Inflorescência com ramos robustos, ca. 5 mm 
diâm.; frutos indeiscentes, cilíndricos, lenhosos, 
com mais de uma semente ......................Hymenaea
12. Inflorescência com ramos delgados; frutos 
deiscentes, suborbiculares a triangulares, com 
valvas coriáceas e apenas uma semente .....Peltogyne
8. Folhas pinadas com mais de dois folíolos 
13. Folhas terminando por um folíolo
14. Flores 3-5 mm diâm. em inflorescências curtas e 
pêndulas; fruto sâmara com núcleo seminífero 
basal ..................................................................Pterogyne
14. Flores maiores (> 5 mm diâm.); inflorescências dicásios 
ou panículas; fruto samaróide com núcleo seminífero 
central ou fruto deiscente
15. Flores ca. 1 cm diâm.; pétalas 3, brancas; fruto 
samaróide, alado apenas na margem superior ...Apuleia
15. Flores maiores do que 1 cm diâm.; pétalas 5, 
amarelas; fruto sâmara com alas nas duas margens 
ou fruto deiscente
16. Estames (3-)4 com anteras longas e deiscentes 
por pequenas fendas apicias (“poricidas”); fruto 
sâmara .............................................Martiodendron
16. Estames 10 com anteras curtas e rimosas; 
fruto deiscente, bivalvar, internamente 
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septado, liberando as sementes em 
envelopes monospérmicos do endocarpo 
(criptolomento) ................................... Melanoxylon
13. Folhas terminando por um par de folíolos
17. Folhas com nectários no pecíolo ou na raque
18. Nectários clavados, com superfície secretora convexa; 
pedicelo não bracteolado; frutos indeiscentes ou 
deiscentes mas com valvas não espiraladas após a 
deiscência ........................................................... Senna
18. Nectários discóides, com superfície secretora 
côncava; pedicelo com duas bractéolas alternas; 
frutos deiscentes com valvas espiraladas após a 
deiscência ............................................... Chamaecrista
17. Folhas desprovidas de nectários
19. Estípulas intrapeciolares, caducas; flores apétalas ou 
com pétalas brancas
20. Flores apétalas, sésseis, apresentando disposição 
dística nos ramos da inflorescência; frutos 
suborbiculares a triangulares; semente 1, 
elipsóide, arilada....................................... Copaifera
20. Flores com pétalas, dispostas em panículas 
obpiramidais; frutos oblongos a oblongo-
lineares,compressos; sementes 1-3, compressas, 
não ariladas ........................................Goniorrhachis
19. Estípulas laterais ou ausentes; flores com pétalas 
amarelas
��
21. Flores sem hipanto com anteras deiscentes por 
poros ou pequenas fendas apicais
22. Inflorescência pêndula; pedicelo apresentando 
duas bractéolas na base; filetes dos três 
estames abaxiais sigmóides ........................Cassia
22. Inflorescência patente ou ereta; pedicelo sem 
bractéolas ou com duas bractéolas a partir do 
meio; filetes não sigmóides
23. Bractéolas ausentes; fruto cilíndrico e 
indeiscente ou compresso e deiscente, 
então com valvas não espiraladas após a 
deiscência ............................................. Senna
23. Duas bractéolas presentes do meio para 
o ápice do pedicelo; fruto compresso e 
deiscente, valvas tornando-se espiraladas 
após a deiscência ....................... Chamaecrista
21. Flores com hipanto; anteras deiscentes por fendas 
laterais
24. Indumento de tricomas ramificados, 
arborescentes; flores ca. 3 cm diâm.; fruto 
com uma crista basal na margem superior e 
valvas lenhosas ................................. Cenostigma
24. Indumento de tricomas simples; flores com 
menos de 1 cm diâm.; fruto sem crista basal, 
com valvas coriáceas
25. Folhas dísticas com mais de 8 pares de 
��
folíolos; flores zigomorfas com estandarte 
ereto e as demais pétalas retas, simulando 
uma corola papilionóide; fruto indeiscente 
com menos de 5 cm compr. e margem 
superior com uma ala estreita; sementes 
não aladas ....................................... Poeppigia
25. Folhas espiraladas com 2 pares de folíolos; 
flores actinomorfas com corola não 
pseudopapilionóide; fruto deiscente com 
mais de 8 cm compr. e margens não aladas; 
sementes aladas ........................ Diptychandra
Matriz para identificação dos gêneros e chaves auxiliares:
Folhas compostas 
Folhas pinadas Caesalpinioideae Folhas simples Folhas 
bipinadas 
Folhas 
bifolioladas Folhas 
paripinadas 
Folhas 
imparipinadas 
Grupo 3 
Flores brancas Bauhinia
Grupo 2 
Bauhinia
Guibourtia
Hymenaea 
Peltogyne 
Copaifera 
Goniorrhachis 
Apuleia
Á
rv
or
es
 o
u 
ar
bu
st
os
 
Flores 
amarelas 
Grupo 1 
Parkinsonia 
Peltophorum 
Erythrostemon 
Libidibia
Poincianella
Grupo 4 
Cassia 
Cenostigma 
Chamaecrista 
Diptychandra 
Poeppigia 
Senna
Grupo 6
Pterogyne 
Martiodendron 
Melanoxylon 
Lianas Phanera Phanera 
Ervas ou subarbustos Chamaecrista 
Grupo 5 
Chamaecrista 
Senna
��
Chaves auxiliares
Grupo 1:
1. Ramos armados por espinhos nodais pareados; folhas com pecíolo 
curto ou ausente; raque das pinas achatada, verde, com folíolos 
reduzidos e esparsos; fruto moniliforme ...........................Parkinsonia
1. Ramos inermes; folhas pecioladas; raque cilíndrica; folíolos 
desenvolvidos; fruto não moniliforme
2. Folhas terminando por um par de pinas; estandarte não 
diferenciado em cor e consistência das demais pétalas; fruto 
sâmara com núcleo seminífero central ........................Peltophorum
2. Folhas terminando em uma pina; estandarte carnoso, diferenciado 
em consistência das demais pétalas membranáceas, geralmente 
também diferenciado em cor; fruto legume deiscente ou 
indeiscente
3. Folíolos alternos na raque da pina, ± rombóides com base 
fortemente assimétrica ............................................Poincianella
3. Folíolos opostos na raque da pina, elípticos a oblongos com 
base simétrica
4. Inflorescência panícula; frutos inflados, indeiscentes; 
árvores, tronco com casca fina e descamante revelando a 
entrcasca verde ........................................................ Libidibia
4. Inflorescência racemo; frutos plano-compressos, deiscentes; 
arbustos, tronco com casca não descamante ... Erythrostemon
��
Grupo �:
1. Ramos armados com um par de espinhos em cada nó ............. Bauhinia
1. Plantas inermess
2. Flores apétalas; folíolos apresentando pontuações translúcidas ........
Guibourtia
2. Flores com pétalas; folíolos sem pontuações translúcidas
3. Eixos da inflorescência robustos, ca. 5 mm diâm. ou mais 
espessos; fruto indeiscente, cilíndrico, com 2 ou mais sementes; 
sementes sem arilo .......................................................Hymenaea
3. Eixos da inflorescência delgados; fruto deiscente, suborbicular 
a triangular, com apenas 1 semente; semente com arilo .Peltogyne
Grupo �:
1. Flores dísticas nos ramos da inflorescências; pétalas ausentes; fruto 
suborbicular a triangular com apenas 1 semente; semente com 
arilo ..................................................................................... Copaifera
1. Flores dispostas de modo espiralado nos eixos da inflorescência; 
pétalas presentes; fruto oblongo a oblongo-linear, com 2 ou mais 
sementes; sementes sem arilo .........................................Goniorrhachis
Grupo �:
1. Folhas com nectários no pecíolo ou na raque
2. Nectários clavados, superfície secretora convexa; pedicelos não 
bracteolados; frutos cilíndricos e indeiscentes ou compressos 
e deiscentes mas, então, com valvas não espiraladas após a 
��
deiscência .............................................................................. Senna
2. Nectários discóides, superfície secretora côncava; pedicelos com 
duas bractéolas; frutos compressos, discentes, com valvas 
espiraladas após a deiscência ..................................... Chamaecrista
1. Folhas sem nectários 
3. Frutos cilíndricos, indeiscentes, com pericarpo lenhoso ou carnoso
4. Pedicelo com um par de bractéolas na base; 3 estames abaxiais 
com filetes sigmóides ........................................................Cassia
4. Pedicelo não bracteolado; filetes não sigmóides ................... Senna
3. Frutos compressos, deiscentes ou indeiscentes, se indeiscentes 
com pericarpo seco e coriáceo
5. Anteras poricidas
6. Pedicelo com duas bractéolas; frutos com deiscência elástica, 
valvas espiraladas após a deiscência .................. Chamaecrista
6. Pedicelo sem bractéolas; frutos com deiscência inerte, valvas 
não espiraladas após a deiscência ................................. Senna
6. Anteras rimosas
7. Indumento de tricomas ramificados, arborescentes; flores 
com sépala abaxial maior, cimbiforme; fruto deiscente, 
com valvas lenhosas; sementes não aladas ........... Cenostigma
7. Indumento de tricomas simples; sépala abaxial não 
cimbiforme; fruto indeiscente ou deiscente mas então 
com valvas coriáceas e sementes aladas
8. Folhas dísticas com mais de 8 pares de folíolos; flores 
zigomorfas com estandarte ereto e as demais pétalas 
��
retas, simulando uma corola papilionóide; fruto 
indeiscente com menos de 5 cm compr. e margem 
superior com uma ala estreita; sementes não 
aladas ................................................................ Poeppigia
8. Folhas espiraladas com 2 pares de folíolos; flores 
actinomorfas com corola não pseudopapilionóide; 
fruto deiscente com mais de 8 cm compr. e margens 
não aladas; sementes aladas ......................... Diptychandra
Grupo �:
1. Nectários clavados, superfície secretora convexa; pedicelos não 
bracteolados; frutos cilíndricos e indeiscentes ou compressos 
e deiscentes mas, então, com valvas não espiraladas após a 
deiscência ................................................................................... Senna
1. Nectários discóides, superfície secretora côncava; pedicelos com duas 
bractéolas; frutos compressos, discentes, com valvas espiraladas 
após a deiscência ............................................................ Chamaecrista
Grupo �:
1. Flores pequenas, menores do que 5 mm diâm., agrupadas em 
inflorescências pêndulas, curtas; fruto sâmara com núcleo 
seminíferobasal ...................................................................Pterogyne
1. Flores grandes, maiores do que 10 mm diâm., agrupadas em panículas 
terminais; fruto deiscente ou sâmara com núcleo seminífero central
2. Estames 4 com anteras deiscentes por pequenas fendas apicais; 
fruto sâmara com núcleo seminífero central ...........Martiodendron
�0
2. Estames 10 com anteras rimosas; fruto deiscente, internamente 
septado, com sementes liberadas em um envelope do 
endocarpo .................................................................. Melanoxylon
Bauhinia L.
Arbustos ou lianas, menos freqüentemente pequenas árvores, inermes 
ou armadas com espinhos estipulares ou acúleos infranodais. Folhas 
geralmente simples, bilobadas ou inteiras, 5-11-nervadas, mais raramente 
divididas em dois folíolos. Inflorescências em pseudoracemos a 
espigas terminais ou em fascículos opositifólios ou supra-axilares. 
Flores pentâmeras; hipanto longo e tubular até obsoleto; sépalas livres 
ou concrescidas; pétalas brancas ou róseas; androceu diplostêmone, 
com os 10 estames férteis ou, mais raramente, com 5 estames férteis 
alternos a 5 estames estéreis; ovário estipitado, pluriovulado. Fruto linear, 
elasticamente deiscente, valvas lenhosas.
Bauhinia, na circunscrição atual, inclui 150-160 espécies com distribuição 
pantropical concentradas principalmente no Neotrópico. O gênero 
homenageia os irmãos Jean e Gaspar Bauhin, médicos e botânicos suíços 
do século XVII, representados pelas folhas geminadas de suas espécies.
Diferentes circunscrições têm sido utilizadas para Bauhinia, na mais ampla 
sendo quase coincidente com a subtribe Bauhiniinae da tribo Cercideae 
(Wunderlin et al. 1987), mais comumente segregado em vários gêneros. 
Atualmente são aceitos seis gêneros que estiveram na circusncrição mais 
ampla do gênero (Lewis et al. 2005), dos quais Bauhinia s.s. e Phanera estão 
representados na caatinga.
Bauhinia é facilmente reconhecível pela combinação do hábito com 
caracteres foliares e florais. As folhas são tecnicamente folhas simples 
�1
embora devam ter resultado de um processo de fusão lateral de dois folíolos, 
o que pode ser parcialmente justificado pela presença de um pulvino na base 
da lâmina que possibilita o movimento de fechamento da folha ao longo da 
nervura mediana. O grau de fusão entre os “folíolos” varia e a folha pode se 
apresentar tanto inteira quanto lobada. O tamanho dos lobos em relação ao 
comprimento da folha, assim como o número de nervuras e o indumento 
são caracteres importantes na taxonomia das espécies de caatinga. Phanera 
também apresenta folhas lobadas, semelhantes às observadas em Bauhinia. 
Estes gêneros podem ser diferenciados pelo hábito (arbustos ou árvores em 
Bauhinia vs. lianas com gavinhas em Phanera), pelo hipanto (estreitamente 
cilíndrico vs. obsoleto, respectivamente) e pelo cálice (sépalas soldadas 
irregularmente ou formando um cálice espatáceo vs. sépalas soldadas 
formando um cálice campanulado com lacínias livres no ápice).
A taxonomia das espécies neotropicais é bastante confusa devido, talvez, à 
ênfase em caracteres vegetativos quantitativos, os quais podem estar sujeitos 
a certa plasticidade ambiental e a possíveis paralelismos. O tratamento dado 
às espécies de caatinga foi extremamente pragmático e alguns espécimes 
permanecem não identificados. Recentemente, um avanço significativo foi 
dado pelo trabalho de Vaz & Tozzi (2003).
Bauhinia ungulata L., uma espécie amplamente distribuída no Neotrópico, 
ocorre dentro da área de domínio de caatinga, nos estados do Ceará e 
Piauí, mas os espécimes examinados foram coletados em cerrado e florestas 
serranas, não sendo, então, incluída neste trabalho.
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Chaves auxiliares:
Grupo 1:
1. Folhas ovais, mais longas do que largas, inteiras ou divididas menos 
de 1/4 do seu comprimento, os lobos resultantes agudos
2. Folhas divididas por 1/5-1/4 do seu comprimento em lobos 
agudos, (7-) 9-nervadas; nervuras secundárias muito numerosas, 
quase perpendiculares às principais e não ramificadas ......B. brevipes
2. Folhas inteiras, 5-7-nervadas, com nervuras secundárias formando 
um ângulo de ca. 45° com as principais
3. Folhas com ápice arredondado ou emarginado, face abaxial 
pubescente; botões clavados .......................................B. acuruana
3. Folhas com ápice acuminado, glabras; botões cilíndricos ..B. dubia
1. Folhas largo-ovais a orbiculares, tão ou mais largas do que longas, 
divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, os lobos resultantes 
Bauhinia 
Folhas com 
comprimento maior do que 
a largura 
Folhas tão ou mais 
largas do que longas 
Grupo 1:
P
la
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B. acuruana 
B. brevipes 
B. dubia 
B. cheilantha 
B. dumosa 
B. pulchella 
B. subclavata
Grupo 2
P
la
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lia
s 
B. aculeata 
B. forficata 
B. pentandra 
B. aculeata 
B. bauhinioides 
B. cacovia 
��
arredondados, raramente inteiras (então folhas suborbiculares ca. 8-
9 x 7-8 cm)
4. Folhas grandes, com pelo menos 6 cm de comprimento e 6 cm de 
largura; botões florais clavados, dilatados no ápice
5. Folhas divididas por 1/3 a 1/2 do seu comprimento, com 11-13 
nervuras; pétalas obovais com ca. 20 mm larg.; botões florais 
não estriados no ápice ...............................................B. cheilantha
5. Folhas divididas por até 1/4 do seu comprimento ou quase 
inteiras, com 9 nervuras; pétalas lineares com ca. 1 mm 
larg.; botões florais com ápice 5-costado a estreitamente 
5-alado ..................................................................... B. subclavata
4. Folhas com até 4 cm de comprimento e 4 cm de largura (em geral 
bem menores); botões florais cilíndricos, não dilatados no ápice
6. Folhas tomentosas na face abaxial, não glaucas; nervuras 
secundárias salientes, numerosas e ± perpendiculares às 
primárias .......................................................................B. dumosa
6. Folhas glaucas com face abaxial glabra exceto por 
tricomas esparsos sobre as nervuras; nervuras secundárias 
inconspícuas ................................................................B. pulchella
Grupo �:
1. Folhas divididas por mais da metade do seu comprimento ou 
bifolioladas; armamento constituído por apenas um par de espinhos 
nodais; estames férteis 5 alternos a 5 estaminódios; pétalas lineares, 
até 1 mm larg.
2. Folhas glaucas, grandes, de pelo menos 5 cm compr., divididas 
��
por ca. 2/3 do seu comprimento, os lobos resultantes oblongos 
e fortemente divergentes; cálice no botão costado até 
alado .............................................................................B. pentandra
2. Folhas menores, de até 2,5 cm compr., não glaucas, bifolioladas; 
cálice não costado nem alado no botão ......................B. bauhinioides
1. Folhas divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento; acúleo infranodal 
presente logo abaixo da base do pecíolo; estames férteis 10; pétalas 
obovais, 6-10 mm larg.
3. Folhas grandes, com pelo menos 7,5 cm de comprimento e 5 
cm de largura, dividida por até 1/4 do seu comprimento; lobos 
resultantes agudos; árvores copadas; frutos de 20 cm compr. ou 
maiores .............................................................................B. forficata
3. Folhas menores, divididas por 1/3-1/2 do seu comprimento; lobos 
obtusos a arredondados (se alcançando as dimensões acima então 
folhas divididas por ca. 1/3 e lobos nunca agudos); arbustos; 
frutos de até 15 cm compr.
4. Folhas pubescentes em ambas as faces, na face abaxial tomentosas 
com tricomas longose flexuosos; lobos arredondados e 
paralelos; gemas axilares ovais, conspícuas ...................B. aculeata
4. Folhas glabras, às vezes esparsamente pubérula na face abaxial; 
lobos obtusos; gemas axilares inconspícuas ou ausentes
5. Folhas glaucas com face abaxial glabra exceto por 
tricomas esparsos sobre as nervuras; nervuras secundárias 
inconspícuas ...........................................................B. pulchella
5. Folhas não glaucas, com face abaxial esparsamente pubérula, 
tricomas curtos e retos.............................................. B. cacovia
��
Bauhinia aculeata L., Sp. Pl.: 374. 1753.1753.
Bauhinia catingae Harms, Bot. Jahrb. 42: 109. 1908.42: 109. 1908.
Arbusto 1-3 m alt., ± virgado, copado; ramos jovens fractiflexos, 
densamente pubérulos, armados com um acúleo infranodal cônico, 
ligeiramente recurvado, às vezes muito pequeno ou ausente; gemas 
axilares conspícuas, ovóides. Pecíolo 4-5(-17) mm; lâmina cartácea, 1,8-
3,5(-6) x 1,4-3,1(-4,1) cm, contorno elíptico a oval, 1,1-1,5x mais longa 
do que larga, dividida no ápice por ca. 1/4 do seu comprimento, lobos 
arredondados, paralelos, base cordada, nervuras 7, salientes na face 
abaxial, nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial curtamente 
pubérula, face abaxial tomentosa, tricomas glandulares esparsos na 
face abaxial. Botões estreitamente elipsóides, 5-costados, ligeiramente 
constritos no ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 3,5 cm compr. 
Flores isoladas, opositifolias; hipanto cilíndrico, ca. 6-7 mm compr.; cálice 
verde, 17-26 x 8-10 mm, espatáceo, oval; pétalas brancas, 35-40 x 10-
16 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 25 mm compr., recurvados no 
ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro mas com 
tricomas glandulares densos. Legume 8-9,5 x 1,6-1,7 cm, linear-obovado, 
apiculado, elasticamente deiscente; estípite 0,5-1,2 cm; valvas lenhosas, 
glabras, nigrescentes.
Espécie de caatinga, ocorrendo na região Nordeste do estado do Ceará ao 
estado da Bahia, em altitudes de 400 a 600 m. Floração: x-xii. Frutificação: 
xii.
Apresenta maior afinidade a B. forficata e B. cacovia das quais se diferencia 
pelas folhas pubescentes, menores e com lobos arredondados. Esta espécie 
apresenta gemas axilares dormente conspícuas e revestidas por vários 
catáfilos, as quais persistem na estação seca, quando as folhas caem, e 
permitem uma rápida expansão de nova folhagem no início da estação 
��
chuvosa.
Nomes vernaculars: mororó ou miriró (geral), unha-de-vaca (Ceará), 
mororozinho, coração-de-cágado (ambos em Tucano, BA).
Material selecionado: Bahia: Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2653 (CEPEC, K); 
Conceição do Coité, L. P. Queiroz et al. 1109 (HUEFS, K); Euclides da Cunha, C. Correia 
et al. 244 (HUEFS); Iaçu, L. P. Queiroz et al. 9162 (HUEFS); Ichu, A. S. Carneiro 11 
(HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & C. Correia 25 (HUEFS); Jussara, H. P. Bautista & O. 
A. Salgado 923 (HRB, HUEFS); Livramento do Brumado, R. M. Harley & N. Taylor 27069 
(CEPEC, K); Manoel Vitorino, A. M. de Carvalho et al. 2653 (CEPEC, K); Maracás, M. M. 
Silva et al. 285 (HUEFS); Marcionílio Souza (“Tamburi“), E. Ule 7277 (isótipo de B. catingae: 
K, foto HUEFS); Ponto Novo, T. S. Nunes et al. 594 (HUEFS); Retirolândia, R. P. Oliveira 
et al. 274 (HUEFS); Santa Bárbara, L. P. Queiroz et al. 3034 (HUEFS, K); Serrinha, G. L. 
Webster et al. 25693 (HUEFS, K); Tucano, D. Cardoso 98 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et 
al. 397 (HRB, HUEFS). Ceará: Pereiro, A. Sarmento & J. A. de Assis 737 (HRB, K). Minas 
Gerais: Januária, J. A. Lombardi & L. G. Temponi 2206 (HUEFS). Pernambuco: Inajá, A. 
M. Miranda 1233 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, L. M. Cordeiro 45 
(HUEFS, Xingo).
Bauhinia acuruana Moric., Pl. nouv. Amér. 6: 77, tab. 5. 1840.
Bauhinia acuruana var. nitida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 187. 1870.15 (2): 187. 1870.
Bauhinia lamprophylla Harms, Bot. Jahrb. 33 (72): 22. 1903.33 (72): 22. 1903.
Arbusto de 2-4 m alt., pouco ramificado, ramos ± virgados, ramos jovens 
densamente pubérulos, ferrugíneos. Pecíolo 2-6 mm; lâmina coriácea, 
4,5-7,4(-9,8) x 2,7-3,9(-6) cm, oval, 1,5-2x mais longa do que larga, inteira 
ou ligeiramente emarginada no ápice, base cordada, nervuras 5, salientes 
na face abaxial, nervuras secundárias numerosas, ± perpendiculares às 
principais, face adaxial glabra ou glabrescente e rugosa, face abaxial 
��
densamente pubescente, principalmente sobre as nervuras, tricomas 
esbranquiçados ou amarelados e tricomas glandulares muito esparsos. 
Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, ligeiramente dilatados 
e estriados no ápice, encurvados para cima, na pre-antese ca. 45 mm 
compr. Flores com hipanto cilíndrico, 15-21 mm compr., sépalas 30-40 
x 1-1,5 mm, lineares, espiraladas e torcidas na antese; pétalas brancas, 
20-30 x 0,5 mm, lineares; estames férteis 10, ca. 35 mm compr.; ovário 
estipitado, tomentoso. Legume 14-17,5 x 1-1,4 cm, linear, elasticamente 
deiscente; estípite 2,5-4 cm; valvas lenhosas glabras a pubérulas.
Ocorre nos estados de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, geralmente 
associada a áreas de caatinga arenosa em serras com embasamento de 
quartzito do complexo do Espinhaço, em altitudes de 790 a 1000 m. 
Floração: xii-ii. Frutificação: ii-v.
Apresenta grande semelhança a B. brevipes, ambas apresentando folhas 
de forma e tamanho similares. B. acuruana diferencia-se de B. brevipes 
principalmente pelas folhas inteiras (vs. lobadas) e com menor número 
de nervuras primárias (5 em B. acuruana vs. 9, ocasionalmente 7, em B. 
brevipes). Além disso, B. acuruana possui o botão floral estriado, condição 
não observada nos botões de B. brevipes.
Nomes vernaculars: miroró, mororó (comuns na Bahia e Piauí), unha-de-
vaca (local em Morro do Chapéu, BA).
Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3934 (HUEFS); Bom 
Jesus da Lapa, L. P. Queiroz et al. 5824 (HUEFS); Brotas de Macaúbas, M. L. S. Guedes 
& D. P. Filho 7939 (ALCB, HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6231 
(HUEFS); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 9108 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley 
et al. 180948 (CEPEC, K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6621 (CEN, K); Ipupiara, E. Saar 
et al. 68 (ALCB, HUEFS); Morpará, M. L. S. Guedes et al. 7794 (ALCB, HUEFS); Morro 
do Chapéu, A. M. Giulietti et al. PCD 2286 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, T. S. Nunes 
��
et al. 1074 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. Queiroz et al. 7274 (HUEFS); Remanso, 
E. Ule 7380 (K); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2825 (isótipo de B. acuruana: K, foto 
HUEFS). Minas Gerais: Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7512 (HUEFS). 
Pernambuco: Buíque, A. Laurênio et al. 23 (K, PEUFR); Ibimirim, L. B. Oliveira et al. 
53 (Hst, HUEFS). Piauí: Caracol, R. Barros et al. 1412 (HUEFS, TEPB); Floresta, L. P. 
Queiroz et al. 10139 (HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2152 (K); Padre Marcos, M. E. Alencar 
245 (HUEFS, TEPB); São Braz do Piauí, L. P. Queiroz 10124 (HUEFS).
Bauhinia bauhinioides (Mart.) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22. 
1919.
Perlebia bauhinioides Mart., Reise Bras. 1: 555. 1823.
Bauhinia microphylla Vogel, Linnaea 13: 301. 1839.
Arbusto ca. 1,8 m alt.; ramos glabrescentes armados em cada nó por 
um par de espinhos estipulares cônico-subulados, retos ou ligeiramente 
curvos para cima, acúleo infranodal ausente; gemas axilares inconspícuas. 
Folha bifoliolada; pecíolo 8-12 mm; folíolos papiráceos, 2,3-2,5 x 1,6-1,8 
cm, largamente elípticos, ca. 1,4x mais longos do que largos, ápice e base 
arredondados, nervuras 3, salientes na face abaxial, nervuras secundárias 
inconspícuas, face adaxial glabra, face abaxial revestida por tricomas 
muito curtos e adpressos. Botões cilíndricos, não costados, em pré-antese 
ligeiramentedilatados no ápice, curvados para cima e medindo ca. 3 cm 
compr. Flores pareadas, supra-axilares; hipanto cilíndrico, estriado, ca. 12 
x 5 mm, cálice ca. 20 x 9 mm, espatáceo, oval; pétalas esverdeadas (seg. 
material do Paraguai), ca. 20 x 1 mm, lineares, densamente barbadas; 
androceu dimórfico, filetes soldados na base em tubo viloso, estames 
férteis 5, ca. 22 mm compr., curvados para cima no ápice; estaminódios 5, 
pouco desenvolvidos além da base soldada; ovário longamente estipitado, 
exserto do hipanto, curtamente tomentoso. Legume 10,5-12 x 0,9-1,2 
��
cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,8-3 cm; valvas lenhosas, 
glabras, nigrescentes.
Espécie relativamente pouco coletada, ocorrendo esporadicamente no leste-
nordeste do Brasil, no Paraguai-Mato Grosso do Sul e em Cuba. Parece ser 
uma espécie localmente rara e aparentemente possui uma preferência por 
bancos inundáveis de rios. Floração e frutificação: viii.
Bauhinia bauhinioides apresenta redução do número de estames férteis a 5, 
semelhante ao observado em B. pentandra. No entanto, estas duas espécies 
podem ser facilmente diferenciadas pelo tamanho e forma das folhas, como 
pode ser notado na chave de identificação. Além disso, B. bauhinioides possui 
a folha completamente dividida em dois folíolos, sendo a única espécie 
arbustiva do gênero a apresentar esse caráter.
Material exaMinado: Bahia:Jacobina, A. M. Amorim et al. 1789 (CEPEC, K); Xique Xique, 
L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3919 (HUEFS). Piauí: local exato não especificado, 
“banks Gurgeia”, G. Gardner 2352 (K).
Bauhinia brevipes Vogel, Linnaea 13: 307. 1839.
Bauhinia bongardii Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 191. 1840.
Arbusto ca. 2-3 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos. 
Pecíolo 3-5 mm; lâmina coriácea, 3.1-4,4 x 1,8-2,7 cm, oval, 1,5-1,8x mais 
longa do que larga, dividida no ápice menos de 1/4 do seu comprimento, 
lobos agudos, paralelos, base cordada, nervuras (7-) 9, salientes na face 
abaxial, nervuras secundárias numerosas, ± perpendiculares às principais, 
face adaxial glabra a esparsamente pubérula, rugosa, face abaxial 
densamente pubescente sobre as nervuras, tricomas ferrugíneos, tricomas 
glandulares numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos terminais. 
Botões cilíndricos, ligeiramente dilatados no ápice, não estriados, retos, 
�0
na pre-antese ca. 38-40 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 9-13 
mm compr., sépalas 24-32 x 2 mm, lineares, espiraladas e torcidas na 
antese; pétalas brancas, 20-23 x 1-2,5 mm, lineares; estames férteis 10, 
ca. 25-28 mm compr.; ovário estipitado, tomentoso. Legume 10-11 x 0,9 
cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 2,4-3,2 cm; valvas lenhosas 
velutinas.
Bauhinia brevipes é caracteristicamente uma espécie do cerrado, ocorrendo 
no Brasil central (estados de Mato Grosso e Goiás) e leste e nordeste do 
Brasil (estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Minas Gerais). Na caatinga, 
ocorre principalmente em áreas de contato caatinga-cerrado na Bahia e 
no Piauí, em altitudes de 500 a 1000 m. Floração: vi-viii. Frutificação: vii-
viii.
Esta espécie apresenta grande semelhança e pode ser facilmente confundida 
com B. acuruana. Os caracteres diferenciais entre estas plantas estão 
mencionados na discussão de B. acuruana. Dentro do domínio da caatinga, 
as áreas de distribuição destas duas espécies apresentam pouca sobreposição 
pois, enquanto B. brevipes distribui-se principalmente a oeste do rio São 
Francisco com apenas uma coleta em Bom Jesus da Lapa, próximo ao limite 
meridional da caatinga, B. acuruana distribui-se principalmente a leste do 
rio São Francisco, próximo aos limites dos estados da Bahia, Pernambuco 
e Piauí.
É uma planta referida como apreciada por caprinos (fide L. Coradin 5749 
in sched.).
Nome vernacular: miroró (Riachão das Neves, BA).
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6351 (CEN, HUEFS, 
K); Malhada, T. R. S. Silva et al. 152 (HUEFS); Riachão das Neves, L. P. Queiroz & N. 
S. Nascimento 4119 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, L. Coradin et al. 5749 (CEN, K); 
Urandi, T. Ribeiro et al. 421 (HRB, HUEFS). Piauí: Cristiano Castro, L. P. Félix 7928 (Hst, 
�1
HUEFS); vale do rio Gurguéia, G. Gardner 2530 (K).
Bauhinia cacovia R.Wunderlin subsp. blanchetiana R.Wunderlin, sp. e 
subsp. ined.
Arbusto até pequena árvore de 2-3,5 m alt.; ramos jovens ± fractiflexos, 
curtamente pubérulos; armamento constituído por um par de espinhos 
nodais curtos e curvados para cima, aparentemente derivados da base 
da estípula, e por um acúleo (espinho ?) infranodal conspícuo, cônico, 
ligeiramente recurvado; gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 10-16 mm; 
lâmina papirácea, 5,4-7,8 x 4,1-7,2 cm, contorno subquadrado a largo-
oval, 1,1-1,3x mais longa do que larga, dividida no ápice por ca. 1/3 do 
seu comprimento, lobos obtusos, divergentes (ângulo ca. 30°-45°), base 
cordada; nervuras (7-)9, salientes na face abaxial, nervuras secundárias 
inconspícuas, face adaxial glabra, face abaxial curta e esparsamente 
pubérula, tricomas glandulares esparsos na face abaxial. Botões 
estreitamente elipsóides, não costados, constritos no ápice, em pré-antese 
retos e medindo ca. 4,5 cm compr. Flores pareadas, supra-axilares; 
hipanto estreitamente infundibuliforme, ca. 7-9 mm compr.; cálice 27-35 x 
11-16 mm, na antese espatáceo, oval-lanceolado; pétalas brancas, 35-40 
x 7-10 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 40 mm compr., recurvados 
no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, densamente 
pubérulo. Legume (não completamente maduro) ca. 15 x 1,1 cm, linear, 
apiculado; estípite ca. 2 cm; valvas lenhosas, castanho-nigrescentes, 
curtamente pubérula.
Bauhinia cacovia é um nome usado por Wunderlin para espécimes 
relacionados a B. forficata e B. aculeata mas, infelizmente, ainda não 
publicado. Apesar disso, tem sido usado em trabalhos florísticos, como é 
o caso das leguminosas da Bahia (Lewis, 1987) e deste trabalho. Baseado 
��
nos espécimes identificados por Wunderlin, duas subespécies podem ser 
reconhecidas, a subsp. cacovia distribuída no litoral sul da Bahia (região 
da mata atlântica sul-baiana) e a subsp. blanchetiana, distribuída apenas na 
Bahia, em caatinga e floresta estacional (“mata de cipó”). Floração: ii-iii(vi). 
Frutificação: iv.
Intermediária entre B. aculeata e B. forficata em caracteres vegetativos, 
apresentando folhas maiores do que as de B. aculeata (1,8-3,5 cm compr. 
em B. aculeata vs. 5,4-7,8 cm compr. em B. cacovia), com indumento mais 
esparso (face adaxial glabra e abaxial glabrescente) e lobos mais obtusos do 
que arredondados. As flores aprecem em pares opositifolios mas em posição 
supra-axilar. O armamento é constituído por uma tríade de espinhos, dois 
laterais e um terceiro logo abaixo da folha. Os dois laterais poderiam ser 
interpretados como estípulas modificadas mas o exame de alguns espécimes 
revela que a lâmina da estípula e o acúleo podem estar presentes ao 
mesmo tempo, derivando do mesmo ponto do nó e representando, talvez, 
uma especialização da base da estípula. Estudos ontogenéticos seriam 
extremamente importantes para elucidar a natureza destas estruturas.
Material selecionado: Bahia: Anagé, L. P. Félix 5204 (Hst, HUEFS); Iraquara, S. A .Mori 
et al. 14434 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1871 (CEPEC, HUEFS, K); 
Poções, S. A. Mori et al. 9510 (CEPEC, K); Santa Inês, D. A. Lima 58-2913 (K). Minas 
Gerais: Janaúba, L. P. Queiroz et al. 7482 (HUEFS).
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 191. 1840.
Pauletia cheilantha Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math.Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 
4 (2): 120. 1836.
Bauhinia aromatica Ducke, An. Acad. Brasil. Ciênc. 31: 295. 1959.
Arbusto 1,5-3,5 m alt.;ramos jovens densamente pubérulos, tricomas 
��
curtos e amarelados. Pecíolo 15-25 mm; lâmina cartácea, 6-14 x 6,2-13 
cm, suborbicular, ± tão longa quanto larga, dividida no ápice por 1/3 a 
1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados, ligeiramente 
divergentes (ângulo < 30°), base cordada, nervuras 11 (-13), salientes 
na face abaxial, nervuras secundárias salientes e ± perpendiculares às 
primárias, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa, 
tricomas glandulares esparsos a numerosos nas áreas intervenais. 
Pseudoracemos terminais. Botões clavados, não estriados, retos, na 
pré-antese ca. 28-35 mm compr. Flores com hipanto cilíndrico, 14-15 
mm compr., sépalas 20-22 x 3-5 mm, lineares, reflexas na antese; pétalas 
brancas, ca. 45 x 20 mm, obovais; estames férteis 10, ca. 30 mm compr.; 
ovário estipitado, tomentoso. Legume 11-13 x 1,5 cm, linear, elasticamente 
desicente; estípite ca. 1,5 cm; valvas lenhosas, pubérulas.
Bauhinia cheilantha tem uma distribuição bicêntrica, ocorrendo no nordeste 
do Brasil, do Piauí e Ceará à Bahia, e do Mato Grosso ao Paraguai, 
geralmente associada a florestas estacionais. Na caatinga, B. cheilantha 
ocorre principalmente em formações mais abertas, vegetando bem sobre 
solos pobres e pedregosos, em altitudes de 350 a 560 m. Floração: i, viii. 
Frutificação: i-vii
Diferencia-se das demais espécies de Bauhinia da caatinga pelas suas 
pétalas largas e obovais. No entanto, assemelha-se muito a B. dumosa e B. 
subclavata em caracteres vegetativos, todas elas apresentando folhas com 
lobos arredondados e revestidas por indumento tomentoso acinzentado. 
Em geral, B. cheilantha apresenta folhas maiores do que B. dumosa (6-14 x 
6,2-13 cm em B. cheilantha e 2-3,7 x 3,2-4 cm em B. dumosa) e folhas com 
indumento mais denso e lobos mais profundos do que B. subclavata.
Esta espécie é reputada como boa forrageira para bovinos.
Nomes vernaculars: miroró, mororó, mão-de-vaca, pata-de-vaca, unha-de-
RICARDO
Realce
RICARDO
Realce
RICARDO
Realce
��
vaca (todos usados comumente na area de distribuição da espécie), mororó-
de-boi (Canudos, BA), merosa (São José dos Cordeiros, PB).
Material selecionado: Alagoas: Piranhas, L. M. Cordeiro 105 (HUEFS, Xingo). Bahia: 
Bendegó, A. M. Giulietti & R. M. Harley 1776 (HUEFS); Campo Alegre de Lourdes, L. P. 
Queiroz et al. 6222 (HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz et al. 9054 (HUEFS); Casa Nova, L. 
P. Queiroz et al. 9061 (HUEFS); Ipirá, E. A. Dutra 39 (HUEFS, K); Iraquara, L. P. Queiroz 
& N. S. Nascimento 3391 (HUEFS, K); Juazeiro, M. R. Fonseca et al. 1334 (ALCB, 
HUEFS); Marcionílio Souza, L. P. Queiroz 5704 (HUEFS); Monte Santo, L. P. Queiroz & 
N. S. Nascimento 4615 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al. 10063 (HUEFS); Serra 
Preta, H. C. de Lima et al. 3878 (K); Xique Xique, E. Ule 7542 (K). Ceará: Aiuaba, J. R. 
Lemos 178 (HUEFS, Uva); Quixeré, E. de O. Barros et al. 136 (EAC, HUEFS). Paraíba: 
Camalau, J. E. R. Collare et al. 201 (HRB, HUEFS); São José dos Cordeiros, M. R. 
Barbosa et al. 2351 (HUEFS). Pernambuco: Betânia, E. L. Araújo et al. 434 (PEUFR); 
Pombos, L. Coradin et al. 2449 (CEN, HUEFS); Serra Talhada, R. M. Harley & A. M. 
Giulietti 54118 (HUEFS); Sertânia, R. M. Harley & A. M. Giulietti 54176 (HUEFS). Piauí: 
Boa Esperança, G. Gardner 2i55 (K); Picada Grande, Ph. von Luetzelburg 362A (K); São 
Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1105 (K). Sergipe: Canindé do São 
Francisco, R. M. Harley et al. 54288 (HUEFS).
Bauhinia dubia G.Don, Gen. Syst. 2: 463. 1832.
Bauhinia nitida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 184. 1870.Brasil. 15(2): 184. 1870.
Bauhinia viridiflora Ducke, Arch. Jard. Bot. Rio de Janeiro 3: 105. 1922.
Arbusto; ramos jovens glabros a glabrescentes. Pecíolo 5-15 mm; lâmina 
papirácea, 6-14 x 3,2-8 cm, inteira, oval, ca. 2x mais longa do que larga, 
ápice acuminado, base cordada a truncada, nervuras 5-7, salientes na 
face abaxial, nervuras secundárias salientes, face adaxial glabra, face 
abaxial glabra, às vezes com tricomas glandulares esparsos nas áreas 
intervenais. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, não estriados, 
RICARDO
Realce
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retos, na pré-antese ca. 70 mm compr. Flores com hipanto curto-cilíndrico, 
10 mm compr.; sépalas 35-40 x 2 mm, lineares, retorcidas e espiraladas na 
antese; pétalas brancas, ca. 20 x 1 mm, lineares; estames férteis 10, 34-40 
mm compr.; ovário estipitado, glabro, com tricomas glandulares esparsos. 
Fruto ca. 14 x 1,2 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite ca. 3,5 cm; 
valvas lenhosas, glabras.
Ocorre principalmente na região meio-norte, do leste do Pará ao Ceará e, 
para o sul, ao oeste de Pernambuco, sudeste do Piauí e norte de Tocantins. 
É principalmente uma espécie de cerrado e florestas estacionais, apenas 
ocasionalmente ocorrendo em caatinga sobre solo arenoso, em altitudes de 
350 a 560 m. Floração: i-iii. Frutificação: v. 
Bauhinia dubia é uma espécie de reconhecimento relativamente fácil pelas 
suas folhas papiráceas, glabras, mais longas do que largas e com ápice inteiro 
e acuminado.
Nome vernacular: mororó-da-folha-inteira (Crateús, CE, fide F.S.Araújo 
1397)
Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, M. L. S. Guedes et al. 6796 (ALCB, 
HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1397 (EAC, HUEFS). Piauí: Piracuruca, A. Carvalho 
& C. G. Lopes 101 (HUEFS, TEPB).
Bauhinia dumosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 194. 1870.Brasil. 15(2): 194. 1870.
var. dumosa
Arbusto 1,5-1,7 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, tricomas 
curtos, acinzentados. Pecíolo 7-20 mm; lâmina cartácea, 2-3,7 x 3,2-4 
cm, largamente oval a suborbicular, ± tão longa quanto larga, dividida no 
ápice por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, lobos largamente arredondados, 
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divergentes (ângulo ca. 30°), base cordada, nervuras 7-9, salientes 
na face abaxial, nervuras secundárias salientes e ± perpendiculares às 
primárias, face adaxial esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa, 
tricomas glandulares numerosos nas áreas intervenais. Pseudoracemos 
terminais. Botões cilíndricos, discretamente estriados. Flores com hipanto 
cilíndrico, ca. 16 mm compr.; sépalas ca. 26 x 2-4 mm, lineares, na antese 
espiraladas e torcidas; pétalas brancas, lineares; estames férteis 10, 22-
30 mm compr.; ovário estipitado, densamente pubérulo. Legume (descrito 
a partir de material de Goiás) 10-11,6 x 0,9 cm, linear, elasticamente 
deiscente; estípite 2-2,2 cm; valvas lenhosas, velutinas.
Bauhinia dumosa ocorre esporadicamente em Goiás e na Bahia. 
Aparentemente é sempre uma planta rara, ocorrendo sempre em pequenas 
populações em cerrado e caatinga. Floração: vii-viii. Frutificação: ?
Esta espécie parece ser mais relacionada a B. subclavata e B. pulchella, 
apresentando as folhas com tamanho e forma semelhantes às da segunda 
mas com o indumento mais característico da primeira. É possível que se 
trate de um híbrido natural entre estas espécies.
Material selecionado: Bahia: Juazeiro, K. F. P. von Martius s. n., s. d. (“in sylvis ad fl. S. 
Franc. prope Juazeiro in Prov. Bahia, inundatis”; foto do síntipo de M: K); Queimadas, K. F. 
P. von Martius s. n., s. d. (“Habitat in sylvis catingas interiores Prov. Bahia ad Queimadas” 
foto do síntipo de M: K); Piritiba, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3469 (HUEFS, K); 
Remanso, T. S. Nunes et al. 677 (HUEFS).
Bauhinia forficata Link, Enum. Pl. Hort. Berol. 1: 404. 1821.
Árvore de 3-7 m alt., copada; ramos jovens não fractiflexos, glabros; 
armamento constituído por um par de espinhos nodais curtos e curvados 
para cima, aparentemente derivados da base da estípula, e por um 
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espinho infranodal conspícuo, cônico, ligeiramente recurvado; gemas 
axilares inconspícuas. Pecíolo 8-16 mm; lâmina papirácea, 7,5-13 x 5-7,8 cm, contorno elíptico, 1,5-1,8x mais longa do que larga, dividida no 
ápice até 1/4 do seu comprimento, lobos agudos, paralelos, base truncada 
a ligeiramente cordada, nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras 
secundárias ramificadas, formando um ângulo de ca. 45° com as principais, 
face adaxial glabra, face abaxial glabra exceto por tricomas esparsos sobre 
as nervuras. Botões estreitamente elipsóides, 5-costados, constritos no 
ápice, em pré-antese retos e medindo ca. 5 cm compr. Flores pareadas, 
supra-axilares; hipanto estreitamente infundibuliforme, 8-9 mm compr.; 
cálice verde-amarelado, 45-48 x 14-16 mm, espatáceo, oval-lanceolado; 
pétalas brancas, ca. 60 x 6 mm, oblanceoladas; estames férteis 10, ca. 77 
mm compr., recurvados no ápice; ovário longamente estipitado, exserto do 
hipanto, glabro mas com tricomas glandulares densos. Legume 22-24 x 3-
4,5 cm, linear; estípite 3-4,5 cm; valvas lenhosas, nigrescentes, glabras.
Espécie arbórea relativamente bem distribuída em mata atlântica e florestas 
estacionais do leste do Brasil. Na caatinga tem sido raramente coletada, 
especialmente na região sudeste da Bahia, próximo à cidade de Jequié, e no 
Piauí, em altitude de ca. 320 m. Floração: x-xii. Frutificação: x-iii.
Pode ser diferenciada das demais espécies de Bauhinia da caatinga pelos 
lobos das folhas agudos e relativamente curtos (geralmente menores do que 
1/4 do comprimento total da lâmina). Das espécies mais afins (B. aculeata e 
B. cacovia), pode ser diferenciada por, além dos caracteres já mencionados, 
apresentar folhas, flores e frutos significativamente maiores.
Nome vernacular: miroró ( Jequié, BA).
Material selecionado: Bahia: Itaberaba, L. P. Queiroz et al. 9815 (HUEFS); Jequié, G. P. 
Lewis el al. 984 (CEPEC, K). Piauí: Esperantina, E. A. Franco 170 (HUEFS, TEPB).
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Bauhinia pentandra (Bong.) Vogel ex Steud., Nom. Bot. ed. 2, 1: 992. 1840.
Pauletia pentandra Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 
4 (2): 126. 1836.
Bauhinia heterandra Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 196. 1870.
Arbusto ca. 2-3 m alt., virgado, às vezes escandente; ramos jovens 
curtamente pubérulos, armados em cada nó por um par de espinhos 
estipulares cônicos, ligeiramente recurvos, acúleo infranodal ausente; 
gemas axilares inconspícuas. Pecíolo 11-20 mm; lâmina cartácea a 
coriácea, verde-azulada, 5-10,5 x 2,5-6,4 cm, o contorno geralmente 
obtrapezoidal com 1/3 inferior ligeiramente pandurado, largamente 
elípticos, ca. 1,5-2x mais longos do que largos, dividida por ca. 2/3-3/4 
do seu comprimento, lobos oblongos, estreitamente arredondados no 
ápice, divergentes (ângulo ca. 60°), base truncada a ligeiramente cordada, 
nervuras 9, discolores na face adaxial, salientes na face abaxial, nervuras 
secundárias salientes, fortemente ramificadas, deixando a face abaxial 
reticulada, face adaxial glabra, face abaxial glabra, raramente pubérula. 
Botões subclavados, 5-costados a 5-alados, em pré-antese dilatados no 
ápice, curvados para cima e medindo ca. 6,5 cm compr. Flores pareadas, 
supra-axilares, geralmente aparecendo no meio do internó; hipanto 
cilíndrico, estriado, 21-25 x 6 mm; cálice 37-45 mm, na antese dividido 
em 2-4 segmentos, sépalas individuais geralmente corniculadas no dorso 
próximo ao ápice; pétalas verde-esbranquiçadas, ca. 22 x 0,5 mm, lineares, 
esparsamente barbadas na base; androceu dimórfico, estames férteis 5, 
ca. 40 mm compr., curvados para cima no ápice; estaminódios 5, ca. 2/3 
do comprimento dos estames, sem anteras ou com anteras atrofiadas; 
ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, glabro. Legume 15-16,5 
x 1,5-1,7 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 3,5-4 cm; valvas 
lenhosas, glabras, nigrescentes.
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Distribuída principalmente no nordeste do Brasil, dos estados do Piauí a 
Ceará até a Bahia e norte de Minas Gerais, no Brasil central (Mato Grosso 
e Goiás) até o estado de São Paulo. É uma planta encontrada associada a 
vegetação sujeita a secas sazonais, como é o caso da caatinga e de florestas 
estacionais, mas comumente ocorre em áreas alagáveis dentro destes 
ambientes. No domínio da caatinga, ocorre em diferentes fisionomias tanto 
sobre solo arenoso quanto argiloso, a altitudes de 220 a 45o m. Floração: 
i-ii. Frutificação: i-iv.
Bauhinia pentandra é relativamente fácil de ser reconhecida dentre as espécies 
arbustivas pelas suas folhas glaucas relativamente grandes, profundamente 
divididas com lobos oblongos e divergentes, além das flores com androceu 
dimórfico apresentando 5 estames férteis alternos a 5 estaminódios com 
filetes mais curtos e anteras ausentes ou atrofiadas.
Esta planta é referida como boa forrageira para caprinos e bovinos que 
pastam suas folhas e frutos jovens (fide Nascimento 425 in sched.).
Nomes vernaculares: mororó-de-bode, pé-de-bode, embira-de-bode (todos 
registrados no Piauí).
Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6710 (HUEFS, MAC). 
Bahia: Barra do Mendes, M. V. O. Moraes 172 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, R. M. 
Harley et al. 21548 (CEPEC, K); Casa Nova, K. R. B. Leite et al. 395 (HUEFS); Ibiraba, L. 
P. Queiroz 4892 (HUEFS, SPF); Ipupiara, M. L. S. Guedes et al. 7942 (ALCB, HUEFS); 
Morpará, M. L. S. Guedes et al. 7775 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 
6596 (HUEFS); Santana, L. P. Queiroz et al. 6018 (HUEFS); Serra do Ramalho, J. G. 
Jardim et al. 3446 (CEPEC, HUEFS); Sobradinho, L. Coradin et al. 5984 (CEN, HUEFS, 
K). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1411 (EAC, HUEFS); Icó, G. Gardner 1565 (lectótipo 
de Bauhinia heterandra Benth.: K); Quixadá, A. Gentry et al. 50211 (K). Minas Gerais: 
Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7518 (HUEFS). Pernambuco: Buíque, E. 
Inácio et al. 48 (K, PEUFR). Piauí: Oeiras, g. Gardner 2156 (K); Picos, G. Eiten & L. T. 
RICARDO
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Eiten 10837 (K); São João do Piauí, M. S. B. Nascimento 425 (K); São Raimundo Nonato, 
G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 1158 (CEPEC, K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. 
Silva 1469 (HUEFS, Xingo).
Bauhinia pulchella Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 190, tab. 49. 1870.Brasil. 15(2): 190, tab. 49. 1870.
Bauhinia pulchella var. parvifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 190. 1870.Brasil. 15(2): 190. 1870.
Arbusto 1,5-3 m alt., ± virgado, ramificação aberta; ramos jovens glabros, 
geralmente cerosos. Pecíolo 4-10 mm; lâmina cartácea, 2-3,5(-4,1) x 3,2-
3,9 cm, suborbicular a depressamente suborbicular, tão ou mais larga 
do que longa, dividida no ápice por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, lobos 
largamente arredondados, divergentes (ângulo ca. 30°), base cordada; 
nervuras 7, discolores na face adaxial, pouco salientes na face abaxial, 
nervuras secundárias inconspícuas, face adaxial glabra, glauca, face 
abaxial glabra exceto ocasionalmente por tricomas curtos, esparsos e 
ferrugíneos sobre as nervuras, tricomas glandulares numerosos na face 
abaxial. Pseudoracemos terminais. Botões cilíndricos, discretamente 
estriados, em pre-antese com ápice curvado para cima, medindo ca. 
3,5-5,5 cm compr. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 12-15 mm compr.; 
sépalas ca. 36-55 x 1,5 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas; 
pétalas brancas, ca. da metade do comprimento das sépalas, ca. 0,5 mm 
larg., lineares; estames férteis 10, 40-70 mm compr.; ovário longamente 
estipitado, exserto do hipanto, glabrescente mas com tricomas glandulares 
densos. Legume 7-8,5 x 0,8 cm, linear, elasticamente deiscente; estípite 
3,5 cm; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes.
Bauhinia pulchella ocorre principalmente em cerrado, campos e campos 
rupestres do Brasil Central, Pará, Rondônia e Nordeste até Minas Gerais. 
Na caatinga ocorre principalmente sobre serras e em áreas de contato com 
cerrado nos estados da Bahiae do Piauí, em altitudes de 500 a 1000 m. 
RICARDO
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Floração: ii-viii. Frutificação: iii-vi.
Esta espécie é facilmente diferenciada das demais espécies arbustivas 
e inermes da caatinga pelas suas folhas glabras e glaucas, relativamente 
pequenas, nervuras secundárias inconspícuas, flores relativamente maiores 
e frutos mais estreitos.
Planta referida como pastejada por asininos, caprinos, bovinos e ovinos que 
comem as folhas e frutos jovens tanto na estação seca quanto na chuvosa 
(fide Nascimento 1080 in sched.).
Nomes vernaculares: mororó-de-bode (Ceará e Piauí), miroró, pata-de-
cabra (ambos em Campo Alegre de Lourdes, BA), pata-de-bode (Gentio 
do Ouro, BA), catingueira (Crateús, CE)
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 3087 (HUEFS, K, SPF); Campo Alegre de 
Lourdes, L. P. Queiroz et al. 6178 (HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6064 (CEN, 
HUEFS); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16858 (CEPEC, K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. 
P. Filho 7864 (ALCB, HUEFS); Remanso, L. Coradin et al. 5942 (CEN, K); Rio de Contas, 
A. M. Giulietti et al. 2020 (HUEFS); Santo Inácio, E. Ule 7209 (K); Serra do Açuruá, S. J. 
Blanchet 2897 (K); Umburanas, L. P. Queiroz et al. 5243 (HUEFS); Urandi, T. Ribeiro et al. 
416 (HRB, HUEFS). Ceará: Aiuaba, L. W. Lima-Verde et al. 220 (EAC, HUEFS); Crateús, 
F. S. Araújo 1563 (EAC, HUEFS); Serra da Meruoca, A. Fenandes s.n. (EAC, HUEFS 
80711). Piauí: Correntes, L. Coradin et al. 5813 (CEN, HUEFS, K); Oeiras, G. Gardner 
2150 (K).
Bauhinia subclavata Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15(2): 188. 1870.Brasil. 15(2): 188. 1870.
Arbusto 1,5-3 m alt.; ramos jovens pubérulos, raramente glabros. Pecíolo 
20-33 mm; lâmina cartácea, 8-13 x 7-10 cm, suborbicular, ± tão ou larga 
quanto longa, dividida no ápice por ca. 1/4 do seu comprimento até quase 
inteira, lobos largamente arredondados, pouco divergentes (ângulo < 
RICARDO
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RICARDO
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10�
30°), base truncada e ligeiramente cordada, nervuras 9, salientes na face 
abaxial, nervuras secundárias salientes e geralmente perpendiculares 
às principais, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, face abaxial 
curtamente tomentosa até glabrescente. Pseudoracemos terminais 
longamente exsertos. Botões cilíndricos, no ápice dilatados e 5-costados 
até 5-alados. Flores com hipanto cilíndrico, ca. 11 mm compr.; sépalas ca. 
25 x 2 mm, lineares, na antese espiraladas e torcidas; pétalas brancas, ca. 
da metade do comprimento das sépalas, ca. 1 mm larg., lineares; estames 
férteis 10, 30 mm compr.; ovário longamente estipitado, exserto do hipanto, 
pubérulo. Legume 11-19 x 1,1-1,7 cm, linear, elasticamente deiscente; 
estípite 2,6-4,5 cm; valvas lenhosas, pubérulas a glabras, nigrescentes a 
castanhas.
Conhecida principalmente na caatinga setentrional, distribuindo-se 
do Piauí até o Rio Grande do Norte e, para o sul, até a região limítrofe 
entre os estados de Pernambuco e Alagoas, estendendo-se para oeste até 
o Maranhão. Na Bahia é conhecida por poucas coletas na região do médio 
São Francisco (Bom Jesus da Lapa a Ibotirama). Ocorre em caatinga sobre 
solo arenoso e área de contato caatinga-cerrado, em altitudes de 200-250 
m. O material abaixo referido para o estado da Bahia necessita ser melhor 
estudado e pode pertencer a outro táxon afim a esta espécie. Floração: iv-vi 
(-viii). Frutificação: iv-viii.
Bauhinia subclavata é reconhecida principalmente pelos botões florais 
dilatados no ápice, fortemente costados até estreitamente alados no ápice. 
Na ausência de flores é difícil separá-la de B. cheilantha (ver discussão sob 
essa espécie). Por outro lado, apresenta grande variação nos atributos foliares, 
especialmente no indumento e na extensão dos lobos. É possível que um 
estudo mais detalhado das plantas de caatinga resulte no reconhecimento 
de mais de uma espécie. Wunderlin (in sched.) identificou um espécime 
relacionado a B. subclavata (R. M. Harley et al. 16521) como B. bonfimensis, 
10�
Figura 13 A: Bauhinia pulchella (1 - hábito; 2 - flor; 3 - corte longitudinal 
10�
um táxon ainda inédito.
Planta referida como boa forrageira para diferentes tipos de animais (fide 
M. S. B. Nascimento in sched.).
Nomes vernaculares: miroró (geral), mororó-de-boi, mororó-da-chapada, 
embira-de-bode (todos no Piauí), pata-de-vaca (Itatim, BA).
Material selecionado: Bahia: Ibotirama, L. Coradin et al. 6594 (CEN, HUEFS, K); Itatim, 
E. Melo et al. 1560 (HUEFS); Pilão Arcado, L. Passos et al. 400 (ALCB, HUEFS); 
Senhor do Bonfim, K. R. B. Leite et al. 410 (HUEFS); Tucano, D. Cardoso 158 (HUEFS). 
Pernambuco: Pesqueira, M. Correia 436 (HUEFS). Piauí: Castelo do Piauí, M. E. Alencar 
1089 (K); Colônia do Piauí, F. G. Alcoforado f. (K); Corrente, M. S. B. Nascimento 528 (K); 
Gilbués, L. Coradin et al. 5854 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2154 (tipo de B. subclavata: 
K, foto HUEFS); Padre Marcos, M. E. Alencar 244 (HUEFS, TEPB); São Braz do Piauí, L. 
P. Queiroz et al. 10090 (HUEFS); Serra Branca, E. Ule 7162 (K).
Phanera Lour.
Lianas inermes, gavinhas axilares ou na base da inflorescência. Folhas 
geralmente simples, bilobadas ou inteiras, 5-11-nervadas, mais raramente 
divididas em dois folíolos. Inflorescências espigas ou racemes terminais. 
Flores pentâmeras; hipanto curto; cálice campanulado a urceolado, 
lacínias mais curtas do que o tubo; pétalas brancas ou róseas, estandate 
indiferenciado ou diferenciado; androceu diplostêmone, 10 estames férteis; 
ovário séssil, 1-5-ovulado. Fruto oblongo a elíptico, indeiscente ou com 
deiscência elástica, valvas coriáceas a lenhosas.
Phanera inclui 120-130 espécies distribuídas no Novo Mundo, sul da Ásia e 
Malásia. Foi tratado como um subgênero de Bauhinia por Wunderlin et al. 
(1987) e na maioria dos herbários e trabalhos florísticos tem suas espécies 
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tratadas como Bauhinia. É possível que estudos filogenéticos que incluam 
uma maior representatividade de táxons do Novo Mundo revelem que as 
espécies de Phanera deste hemisfério devam ser classificadas no gênero 
Schnella, atualmente considerado como sinônimo de Phanera (Lewis et al. 
2005).
Phanera assemelha-se a Bauhinia pelas folhas bilobadas com nervação 
palminérvia podendo ser diferenciado pelo hábito de liana com gavinhas 
(vs. arbustos ou árvores) e pelas flores com hipanto predominantemente 
campanulado (vs. estreitamente cilíndrico).
Chave para as espécies de Phanera da caatinga
1. Botões florais com 3-5 mm compr., ovóides, terminando em ápice 
inteiro e obtuso; frutos achatados, papiráceos, com uma só semente
2. Flores sésseis; folhas divididas por 1/4 a 1/2 do seu comprimento, 
com indumento denso e ferrugíneo na face abaxial ... P. microstachya
2. Flores pediceladas; folhas divididas por mais de 2/3 do seu 
comprimento até bifolioladas, glabras ...............................P. flexuosa
1. Botões florais com 8-12 mm compr., obcônicos, abruptamente 
constritos em uma coroa de 5 lacínias; frutos lenhosos a papiráceos 
com mais de 2 sementes
3. Folhas divididas por até 1/3 do seu comprimento, os lobos 
resultantes largamente arredondados e face abaxial glabra exceto 
sobre as nervuras de maior porte; pétalas rosa-choque P. trichosepala
3. Folhas divididas por mais da metade do seu comprimento até 
bifolioladas, o ápice dos lobos (ou dos folíolos) acuminados e 
face abaxial densamente seríceo-ferrugínea; pétalas brancas ..............
P. outimouta
10�
Phanera flexuosa (Moric.) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 6. 2006.
Bauhinia flexuosa Moric., Pl. nouv. Amér. 6: 80, tab. 53. 1840.
Schnella flexuosa (Moric.) Walp.Walp., Repert. Bot. Syst. (Walpers) 5: 572. 1846.1846.
Liana escandendo a 3,5-5 m; ramos glabros; gavinhas geralmente axilares 
nas folhas da base da inflorescência. Pecíolo 6-15 mm; lâmina coriácea, 
1,7-4,2x 1,9-5,1 cm, ligeiramente mais largas do que longas, profundamente 
bilobadas por mais da metade do comprimento até bifolioladas, lobos 
arredondados, paralelos ou divergentes; base profundamente cordada; 
nervuras 7, discolores em ambas as faces, nervação de menor porte 
reticulada. Racemos laxos, axilares ou terminais; pedicelo 3-7 mm compr. 
Botões ovóides, obtusos. Flores com cálice campanulado, tubo ca. 1,5 
mm, lacínias 1,5-3,5 mm compr; pétalas brancas, 3-5 x 3-4 mm, obovais; 
estames férteis 10, brancos; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 1-
ovulado. Fruto indeiscente (ou tardiamente deiscente ?), séssil, oblongo-
elíptico, 1,7-2,5 x 0,9-1,3 cm, glabro, papiráceo.
Phanera flexuosa é conhecida principalmente de caatinga e florestas 
estacionais no nordeste do Brasil e de algumas coletas antigas (final do 
século XIX) do Rio de Janeiro. Ocorre principalmente em caatinga arbórea 
do Piauí ao sul da Bahia, sendo mais comum nos limites meridionais 
da caatinga, entre Bom Jesus da Lapa e Brumado (estado da Bahia), em 
altitudes de 300 a 450 m. Floração: xii-iii. Frutificação: i-iv.
Dentre as espécies de Phanera, P. flexuosa é de fácil reconhecimento pela 
combinação de flores pequenas, alcançando no máximo 5 mm compr., 
pediceladas e frutos também relativamente pequenos (até 2,5 cm compr.). 
Apresenta maior afinidade com P. microstachya da qual se distingue 
pelos folíolos glabros e profundamente divididos, lobos amplamente 
arredondados, além das características já referidas.
10�
As flores são referidas como fortemente perfumadas e visitadas por abelhas 
e borboletas (fide Lewis 1148 in sched.).
Nomes vernaculares: escada-de-macaco-da-catinga (Bahia), cipó-de-mixla 
(Piauí), miroró (Boquira, BA, nome comumente usado para várias espécies 
de Bauhinia).
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21551 (CEPEC, 
K); Boquira, H.P.Bautista et al. 861 (HRB, HUEFS); Brumado, A. M. de Carvalho et 
al. 2645 (CEPEC, K); Caetité, B.L.Stannard et al. PCD 5313 (ALCB, HUEFS, K); Don 
Basílio, L.P.Queiroz et al. 7070 (HUEFS); Formosa do Rio Preto, E.B.Miranda et al. 329 
(HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1878 (CEPEC, 
K); Morpará, M.L.S.Guedes & D.P.Filho 7843 (ALCB, HUEFS); Remanso, T.S.Nunes et 
al. 676 (HUEFS); Serra do Açuruá, S. J. Blanchet 2853 (síntipo de Bauhinia flexuosa: K, 
foto HUEFS). Piauí: s.l., entre Boa Esperança e Santana das Mercês, G. Gardner 2157 
(síntipo de Bauhinia flexuosa: K, foto HUEFS); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. 
P. N. Pearson 1148 (K).
Phanera microstachya (Raddi) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 6. 2006.
Schnella microstachya Raddi, Mem. Mat. Fis. Soc. Ital. Sci. Modena, Pt. Mem. Fis. 
18: 411. 1820.
Bauhinia langsdorffiana Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. 
Math. 4 (2): 109. 1836.1836.
Bauhinia bahiensis Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 
4 (2): 114. 1836.
Bauhinia langsdorffiana var. bahiensis (Bong.) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2):Brasil. 15 (2): 
204. 1870.
Bauhinia microstachya (Raddi) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 22. 1919.
Bauhinia microstachya var. bahiensis (Bong.) Macbr., Contrib. Gray Herb., n.s. 59: 
22. 1919.
10�
Liana, ramos jovens longitudinalmente estriados, densamente velutinos, 
ferrugíneos; gavinhas localizadas próximo ou acima do meio do pedúnculo 
da inflorescência. Pecíolo 1,5-10 mm; lâmina coriácea, 2,4-5,4 x 2,6-3 cm, 
muito variáveis em forma e grau de divisão dos lobos, o contorno desde 
oval, ca. 2x mais longo do que largo, até sub-retangular, ca. 1,5x mais longo 
do que largo, lobos de 1/5 a ca. 1/2 do comprimento da lâmina, obtusos a 
estreitamente arredondados, paralelos ou ligeiramente divergentes; base 
ligeiramente cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial, nervuras de 
menor porte inconspícuas; face adaxial glabrescente, nítida e rugosa, face 
abaxial velutina, tricomas ferrugíneos. Espigas laxas terminais, tendendo 
a se agrupar em panículas no ápice dos ramos. Botões ovóides, obtusos. 
Flores com cálice campanulado, tubo ca. 2 mm, lacínias ca. 3 mm compr; 
pétalas brancas, ca. 6 mm compr., obovais; estames férteis 10; ovário 
séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 1-ovulado. Fruto indeiscente, séssil, 
oblongo, 4-4,5 x 1,5 cm, papiráceo, indumento velutino, ferrugíneo.
Phanera microstachya ocorre principalmente de florestas úmidas, presente 
tanto na Amazônia quanto na mata atlântica. Na região de domínio da 
caatinga, é encontrada em áreas de transição com as florestas litorâneas, em 
formações conhecidas como matas de cipó e, mais raramente, em algumas 
áreas de caatinga arbórea, em altitudes próximas a 900 m. Floração: ii-v. 
Frutificação: v.
Esta espécie é muito variável na forma e dimensões das folhas e é possível 
que um estudo mais detalhado de sua variação revele que mais de uma 
espécie esteja camuflada em sua variação. No contexto das espécies de 
Phanera da caatinga, apresenta maior afinidade com P. flexuosa da qual 
difere principalmente pelas flores sésseis e folhas com indumento velutino 
e ferrugíneo na face abaxial. Além disso, as folhas são lobadas a até metade 
do seu comprimento enquanto B. flexuosa tem folhas com lobos alcançando 
2/3 ou mais do comprimento total da folha.
10�
Material selecionado: Bahia: s.l., S. J. Blanchet 1721 (K); Encruzilhada, A. M. de Carvalho 
et al. 6962 (CEPEC, HUEFS); Itiruçu, J. A. de Jesus & T. S. dos Santos 438 (CEPEC, K); 
Lajedo do Tabocal, L. C. Sena et al. 14 (HUEFS); Maracás, S. A. Mori & T. S. dos Santos 
11787 (CEPEC, K); Seabra, H. S. Irwin et al. 31164 (K). Paraíba: Itapororoca, L. P. Félix 
7122 (Hst, HUEFS).
Phanera outimouta (Aubl.) L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 7. 2006.
Bauhinia outimouta Aubl., Hist. Pl. Guiane 1: 375, t. 144. 1775.
Bauhinia rubiginosa Bong., Mem. Acad. Imp. Sci. Estame. Petersb., ser. 6, Sci. Math. 
4 (2): 112. 1836.
Liana, ramos jovens densamente pubérulos, ferrugíneos. Estípulas 
reniformes, 6-8 x 7-10 mm. Pecíolo 25-42 mm; lâmina coriácea, largamente 
oval, um pouco mais longa do que larga, dividida por mais da metade de seu 
comprimento até bifoliolada, medindo 8-8,5 x 7-7,2 cm, quando bifoliolada 
os folíolos medindo 7,5-9 x 3-3,5 cm; lobos acuminados, divergentes 
(ângulo ca. 30°); base cordada; nervuras 9, salientes na face abaxial, 
nervuras de menor porte inconspícuas; face adaxial glabra e nítida, face 
abaxial serícea, ferrugínea. Espigas densas axilares ou terminais. Botões 
obcônicos, constritos e 5-apendiculados no ápice. Flores com cálice ± 
urceolado, estriado, truncado, 6-7 mm compr., lacínios 3-4 mm compr; 
pétalas brancas, 10-14 x 5-8 mm, obovais, unguiculadas; estames férteis 
10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 4-5-ovulados. Legume 
elasticamente deiscente, séssil, oblongo-linear, ca. 8 x 2,4 cm; valvas 
lenhosas revestidas por indumento pubérulo e ferrugíneo.
Phanera outimouta é uma espécie mais característica de florestas úmidas, 
ocorrendo desde a região amazônica até a mata atlântica e em matas 
ciliares do Brasil central. Na região de domínio da caatinga é encontrada 
principalmente em matas ciliares e áreas de contato com vegetação florestal 
110
de condições mais úmidas, especialmente nos estados do Ceará e Paraíba, 
em altitudes de ca. 600 m. Floração: ix-x. Frutificação: ix.
No contexto das espécies de caatinga, P. outimouta possui maior afinidade 
com P. trichosepala, da qual se diferencia pelas folhas mais profundamente 
lobadas com lobos acuminados e face abaxial serícea e ferrugínea, além 
das flores com pétalas brancas. Ambas essas espécies apresentam a pétala 
adaxial bem diferenciada, com consistência carnosa e ungüículo dobrado 
formando um canal que pode representar um guia de néctar. Dessa forma, 
essapétala pode desempenhar um papel no posicionamento de visitantes 
florais que podem atuar como polinizadores efetivos.
Nome vernacular: cipó-de-escada (Mulungu, CE).
Material selecionado: Bahia: Brotas de Macaúbas, L. Coradin et al. 8545 (CEN, HUEFS). 
Ceará: Crato, G. Gardner 1566 (K); Mulungu, A. S. F. Castro s.n. (EAC, HUEFS 80692). 
Serra do Baturité, E. Ule 9052 (K). Paraíba: Areias, V. P. B. Fevereiro M57 (K).
Phanera trichosepala L.P.Queiroz, Neodiversity 1 (1): 7. 2006.
Liana, alcançando ca. 7-10 m alt.; ramos jovens densamente pubérulos, 
ferrugíneos; gavinhas axilares nas folhas da base da inflorescência. 
Estípulas setáceas. Pecíolo (6-) 21-26 mm; lâmina 4,4-6 x 5,4-8 cm, 
cartácea, suborbicular, um pouco mais larga do que longa, dividida por 1/4 
- 1/3 de seu comprimento; lobos amplamente arredondados, divergentes 
(ângulo ca. 30°); base fortemente cordada; nervuras 9, salientes na face 
abaxial, nervuras de menor porte ± reticuladas, face adaxial glabrescente e 
rugosa, face abaxial glabrescente exceto tricomas velutinos e ferrugíneos 
sobre as nervuras maiores. Espigas densas, terminais. Botões obcônicos, 
constritos e 5-apendiculados no ápice. Flores com cálice largamente 
cilíndrico, estriado, truncado, ca. 6 mm compr., lacínias ca. 2 mm compr; 
111
pétalas rosa-choque, ca. 25 x 10 mm, obovais, unguiculadas; estames 
férteis 10; ovário séssil, viloso, tricomas ferrugíneos, 4-5-ovulado. Legume 
indeiscente, estipitado, elíptico-linear, ca. 16 x 4,6 cm, coriáceo, glabro e 
nigrescente.
Phanera trichosepala ocorre em caatinga arbórea e matas estacionais, 
principalmente sobre solos mais ricos, muitas vezes associada a regiões 
próximas a afloramentos calcáreos e altitudes de 800 a 1000 m. Floração: 
iii-v. Frutificação: iv-vii.
O nome Bauhinia trichosepala foi proposto por Wunderlin mas nunca 
publicado. Esse nome tem sido usado desde a década de 1980 em 
espécimes de herbário e trabalhos florísticos (e.g. Lewis 1987). É uma 
planta extremamente decorativa, especialmente pelas suas belas flores de 
coloração rosa brilhante. A cor da flor já permite reconhecer esta espécie 
dentre as demais de Phanera da caatinga, pois todas as demais tem pétalas 
brancas.
Plantas do sudoeste da Bahia tem as flores visitadas por várias espécies de 
borboletas (Queiroz 5990 in sched.).
Nomes vernaculares: escada-de-macaco (Itaberaba, BA), mororó (Casa 
Nova, BA)
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1754 (HUEFS, K, SPF); Andaraí, A. M. 
Giulietti & R. M. Harley 2082 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, L. Coradin et al. 6353 (CEN, 
K); Casa Nova, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS 1506); Encruzilhada, R. P. Belém 
3625 (K); Formosa do Rio Preto, R. M. Harley et al. 53782 (HUEFS); Ibotirama, T. S. dos 
Santos 1592 (CEPEC, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3045 (HUEFS, 
K); Itaberaba, L. P. Queiroz et al. 10725 (HUEFS); Morro do Chapéu, R. M. Harley et 
al. 19397 (CEPEC, K); Ruy Barbosa, D. Cardoso 281 (HUEFS); Santa Maria da Vitória, 
L. P. Queiroz et al. 5948 (HUEFS); Santa Rita de Cássia, E. Melo et al. 2743 (HUEFS); 
Santana, L. P. Queiroz et al. 5990 (HUEFS); Saúde, M. L. S. Guedes et al. PCD 2901 
11�
(ALCB, HUEFS); Utinga, G. P. Silva et al. 3618 (CEN, HUEFS). Minas Gerais: s.l., BR 
122 próx. trevo para Coronel Enéas, G. Hatschbach et al. 61845 (HUEFS, MBM).
Goniorrhachis Taub.
Gênero monoespecífico, conhecido apenas da Bahia e norte de Minas 
Gerais, em caatinga e florestas estacionais.
Goniorrhachis tem um relacionamento ainda mal resolvido com outros 
gêneros da subfamília Caesalpinioideae mas, morfologicamente, parece 
muito relacionado ao gênero Brodriguesia (da mata atlântica do sul da 
Bahia), com o qual compartilha as flores com hipanto alongado, cálice 
com 4 sépalas e ovário adnado à porção lateral do hipanto. É possível que 
estudos futuros revelem que são co-genéricos.
Goniorrhachis marginata Taub., Flora 75: 77. 1892.
Goniorrhachis marginata var. bahiana R.S.Cowan, Brittonia 33: 14. 1981, syn. nov.
Árvore 9-15(-30) m alt., copada; tronco 10-50 cm DAP, com casca lisa, 
cinza-escura; ramos geralmente aparecendo anualmente a partir de gemas 
terminais ou subterminais peruladas, os profilos persistentes na base dos 
rebrotos, ramos floríferos então marcadamente diferenciados em uma 
parte distal folhosa, acastanhada, pubescente, com lenticelas brancas, e 
uma porção proximal acinzentada, glabra, geralmente áfila, com lenticelas 
amarrozadas. Estípulas não observadas. Folhas dísticas, sem nectários 
extraflorais; pecíolo 12-14 mm compr.; raque 1,7-2,6 cm; folíolos 2 pares, 
opostos, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente ou eqüilongos, 
os distais 49-85 x 22-35 mm, 2-2,5x mais longos que largos, falcadamente 
ovais a lanceolados, ápice obtuso, base fortemente ineqüilateral, fortemente 
cordada no lado externo, obtusa no interno, margens crenadas e onduladas, 
11�
glabros, nervura principal fortemente excêntrica, saliente em ambas as 
faces, nervuras secundárias e terciárias salientes e reticuladas em ambas 
as faces, pontuações translúcidas ausentes. Panículas terminais, 8-11 cm, 
às vezes com folhas reduzidas nos nós, o eixo principal fractiflexo, com 4-7 
espigas dispostas disticamente, as espigas basais com 3-5,5 cm, também 
com eixo fractiflexo e 5-9 flores com disposição dística; flores sésseis com 
brácteas e bractéolas persistentes na base da flor formando uma estrutura 
caliciforme, às vezes parecendo pediceladas pela redução dos eixos da 
espiga a 1 flor na base da panícula. Botão claviforme, ca. 10 x 4 mm na pré-
antese. Flores perfumadas, pentâmeras, actinomorfas, ca. 15 mm diâm.; 
hipanto infundibuliforme, ca. 5 x 3 mm; sépalas 4, reflexas na antese, 5-6 
x 3-4 mm, externamente puberulentas, internamente glabras, fortemente 
imbricadas; pétalas brancas, 9-11 x 3-6 mm, obovais a oblanceoladas; 
estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos 
com filetes glabros de ca. 11 mm compr., anteras deiscentes por fendas 
laterais, oblongas, ca. 2 mm compr.; disco ausente; ovário 10-13-ovulado, 
posicionado lateralmente no ápice do hipanto pela adnação do estípite 
ao hipanto, cilíndrico, ca. 4-5 mm compr., viloso em toda a superfície ou 
apenas nas mergens, tricomas brancos. Legume 5,5-8,5 x 2,2-2,7 cm, 
oblongo, oblongo-linear ou largamente elíptico, fortemente compresso, 
sutura espessada, costada, ápice mucronado, estipitado, estípite 3-5 
mm; valvas rígido-coriáceas, pubescentes, marrons. Sementes 1-3, ± 
triangulares, planas, fortemente compressas, 21-23 x 20 mm.
Goniorhachis marginata é conhecida da região centro-sul da Bahia e norte 
de Minas Gerais. Ocorre em florestas estacionais e caatinga, especialmente 
caatinga arbórea sobre solos mais ricos e na margem de rios temporários, 
em altitudes de 240-670 m. Floração: ii-iii. Frutificação: iv-vi(-ix).
É uma espécie taxonomicamente isolada e bem distinta das demais 
Caesalpinioideae de caatinga, principalmente pelo seu hipanto longo 
11�
e infundibuliforme com o ovário lateralmente posicionado no seu ápice 
pela adnação do estípite, dando à flor um aspecto semelhante ao de muitas 
Connaraceae.
O tipo de G. marginata foi citado por Taubert (1892) como procedente 
do Rio de Janeiro e é esta a localidade que consta no espécime (Glaziou 
13726). No entanto, em sua lista, Glaziou faz referência ao local de coleta 
desta planta como Serra da Babilônia, em Minas Gerais, de onde é mais 
provável que este material seja originado dada a distribuição modernamente 
conhecida. Cowan (1981) publicou uma nova variedade (var. bahiana) 
baseado em diferenças no porte e no indumento do ovário, caracteres que 
apresentam muita variação local, razão pela qual optamos por tratá-las 
como sinônimos.
Esta planta é potencialmente uma grandeárvore e um dos remanescentes 
da flora de caatinga arbórea, hoje muito degradada. As plantas coletadas em 
caatinga florescem massivamente após as chuvas e suas flores perfumadas 
são visitadas por abelhas dos gêneros Centris e Apis (fide Lewis 1909 in 
sched.).
Nomes vernaculares: itapicuru, itapicuru-preto.
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, G. Hatschbach & J. M. Silva 50495 
(K, MBM); Castro Alves, Scardino in Grupo Pedra do Cavalo 1129 (ALCB, K); Itatim, F. 
França et al. 1855 (HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 
1909 (CEPEC, K); Paratinga, G. Hatschbach et al. 61892 (K, MBM); Santa Terezinha, L. 
P. Queiroz & N. S. Nascimento 3857 (HUEFS). Minas Gerais: Januária, J. A. Ratter et 
al. 3237 (K); Monte Azul, G. Hatschbach et al. 64990 (HUEFS, MBM); Serra da Babilônia 
(como “environs of Rio de Janeiro”), A. Glaziou 13726 (tipo de G. marginata; isótipo: K).
Peltogyne Vogel
11�
Gênero americano com 23 espécies distribuídas do México e Antilhas até 
o sudeste do Brasil, a maioria na Amazônia (Silva 1976).
Peltogyne é representado na caatinga por apenas uma espécie, P. pauciflora. 
Silva (1976: 12) indica duas espécies para a caatinga, P. catingae Ducke e 
P. pauciflora. No entanto, ao fazer esta afirmação a autora está igualando 
dois tipos de vegetação completamente diferentes, as caatingas do nordeste 
brasileiro, onde ocorre P. pauciflora, e as catingas amazônicas, onde ocorre P. 
catingae. P. confertiflora (Hayne) Benth. é uma espécie que ocorre no oeste 
da Bahia e sul do Piauí, mas sempre associada ao bioma cerrado, não sendo, 
portanto, incluída neste trabalho.
Peltogyne pauciflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 234. 1870.Brasil. 15 (2): 234. 1870.
Cynometra glaziovii Taub., Flora 75: 76. 1892.1892.
Peltogyne glaziovii (Taub.) Dwyer, Ann. Missouri Bot. Gard. 45: 342. 1958.Missouri Bot. Gard. 45: 342. 1958.
Arbusto ou arvoreta (1-)3-6 m alt., ramificado desde a base; ramos 
geralmente aparecendo anualmente a partir de gemas terminais ou 
subterminais peruladas, os profilos persistentes na base dos rebrotos, 
então densamente velutinos com tricomas ferrugíneos. Estípulas ca. 6 
x 1,5 mm, oblongo-lineares, precocemente caducas. Folhas bifolioladas, 
dísticas, sem nectários extraflorais; pecíolo 4-10 mm compr.; folíolos 1 
par, opostos, cartáceos a coriáceos, 31-51 (-75) x 10-21 (-40) mm, 2,5-
3x mais longos que largos, falcadamente lanceolados, ápice obtuso, base 
fortemente ineqüilateral, cordada a arredondada no lado externo, cuneada 
no interno, face adaxial glabra, face abaxial esparsamente pubérula 
(glabrescente) até pilosa, nervura principal fortemente excêntrica e muito 
saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias salientes 
e reticuladas na face abaxial, inconspícuas na adaxial, pontuações 
glandulares translúcidas presentes. Panículas terminais curtas, 3-6 cm 
11�
compr., constituída de racemos curtos, os basais 1,5-2,5 cm; pedicelo 2-4 
mm. Botão globoso, ca. 2 mm diâm. na pré-antese. Flores pentâmeras, 
actinomorfas, ca. 4-5 mm diâm.; sépalas 5, ca. 3,5-4 x 2,5-3 mm, obovais, 
obtusas, externamente puberulentas, internamente glabras, fortemente 
imbricadas; pétalas brancas, ca. 4 x 1 mm, oblanceoladas; estames 10, 
alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos com filetes 
glabros de ca. 5 mm compr., anteras deiscentes por fendas laterais, 
elípticas, ca. 1,2 mm compr.; disco inconspícuo; ovário 6-8-ovulado, 
compresso, largamente elíptico, ca. 2,5 x 1,25 mm, glabro. Legume ca. 
3,2 x 3,1 cm, suborbicular, fortemente compresso, sutura não alada, ápice 
mucronado, estipitado, estípite ca. 1,5 mm; deiscência passiva ao longo da 
sutura ventral; valvas lenhosas, glabras, nigrescentes. Semente elíptica, 
compressa, 11-13 x 7 x 2 mm; testa óssea, lisa, castanho-escura.
Peltogyne pauciflora é uma espécie característica da caatinga, distribuindo-
se do Ceará ao norte de Minas Gerais (Silva 1976). Cresce principalmente 
sobre areia, em dunas interiores, bancos arenosos de rios e ‘caatingas de 
areia’, em altitudes de 250 a 400 m. Floração: x-ii. Frutificação: iii-ix.
Esta espécie pode ser diagnosticada, no contexto das plantas de caatinga, 
pelas folhas bifolioladas com folíolos pontuados, flores pequenas (ca. 5 
mm diâm.) com pétalas e frutos monospérmicos fortemente compressos. 
Os outros gêneros da tribo Detarieae que incluem espécies com folhas 
bifolioladas são Guibourtia e Hymenaea. De Guibourtia esta espécie pode 
ser separada pelas flores com pétalas e de Hymenaea pelas flores muito 
menores e frutos compressos (em Hymenaea as flores medem mais de 10 
mm e os frutos são robustos, indeiscentes, com 2 ou mais sementes).
Nomes vernaculares: buranhê, imburanhê (gerais na Bahia), coração-de-
negro (Glória, BA).
Material selecionado: Bahia: s.l. (“Jacobina” ou “Villa da Barra”), J. S. Blanchet 3150 (tipo 
11�
de P. pauciflora; holótipo: K, foto HUEFS); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6065 (CEN, 
K); Cansanção, R. M. Harley et al. 16400 (CEPEC, K); Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 
7920 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16146 (CEPEC, K); Glória, F. P. Bandeira 
132 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3644 (HUEFS, K); Itaberaba, G. C. P. Pinto 97-84 
(HRB, HUEFS); Itatim, F. França et al. 1481 (HUEFS); Pilão Arcado, A. M. Miranda et al. 
3025 (Hst, HUEFS); Rio de Contas, A. M. Giulietti et al. 2009 (HUEFS); Serra do Açuruá, 
H. C. de Lima et al. 3948 (K, RB); Xique Xique, A. M. Giulietti et al. PCD 2977 (ALCB, 
HUEFS). Paraíba: Serra Branca, M. R. Barbosa et al. 2208 (HUEFS). Pernambuco: 
Buíque, K. Andrade et al. 49 (K, PEUFR). Segipe: Canindé do São Francisco, R. Silva & 
D. Moura 1736 (HUEFS, Xingo).
Hymenaea L.
Árvores grandes, copadas, menos freqüentemente arbustos, inermes; 
tronco com exsudado resinoso. Folhas bifolioladas, dísticas, sem nectários 
extraflorais; folíolos, sem pontuações glandulares translúcidas (pelo 
menos não visíveis nas espécies de caatinga). Inflorescências panículas, 
as unidades da inflorescência racemos, cada um com flores disticamente 
dispostas; botões globosos. Flores pentâmeras, actinomorfas; hipanto 
campanulado; sépalas 4, carnosas, fortemente imbricadas, pubescentes 
externa e internamente; pétalas 5, brancas a creme, obovadas, sésseis 
ou ungüiculadas; estames 10; anteras deiscentes por fendas laterais, 
oblongas; disco intraestaminal presente; ovário 5-10-ovulado, estipitado, 
compresso, glabro ou viloso, às vezes com apenas um tufo de tricomas 
na base. Fruto indeiscente, lenhoso, oblongo a ± rombóide, cilíndrico 
a ligeiramente compresso, a superfície rugosa devido à presença de 
lenticelas e bolsas resinosas. Sementes 3-6, elipsóides a ± cuboidais, 
envolvidas por endocarpo farináceo.
Hymenaea inclui cerca de 14 espécies, 13 das quais ocorrem no Neotrópico, 
11�
do México ao norte da Argentina, e uma espécie na costa oriental da África 
(Lee & Langenheim 1975).
O gênero pode ser reconhecido pela combinação das folhas bifolioladas 
com as flores relativamente grandes, com pétalas, e frutos robustos, lenhosos 
e indeiscentes. As flores são relativamente maciças com antese noturna, 
período no qual libera um forte odor frutífero. Estes caracteres podem ser 
associados à polinização por morcegos, o que tem sido confirmado por 
estudos de ecologia da polinização de diferentes espécies do gênero.
Hymenaea maranhensis Y.-T. Lee & Langenheim não foi incluída neste 
trabalho. Ela é conhecida do sudeste do Maranhão, em área de cerrado, 
sobre solo arenoso. Uma coleta feita sobre afloramentos rochosos em 
Serra Branca (provavelmente sul do Piauí, Ule 7149) pode pertencer a esta 
espécie, apresentando o mesmo tipo de indumento do ovário descrito por 
Lee & Langenheim (1975), viloso na base e ao longo de uma das margens,mas não apresenta os demais caracteres diagnósticos referidos por estes 
autores. Estranhamente, este espécime não foi referido na monografia do 
gênero, apesar de ter sido visto pelos autores.
1. Ovário viloso em toda sua extensão; pecíolo curto, com 2-5 mm 
compr. ..................................................................................H. eriogyne
1. Ovário glabro ou com um tufo de tricomas apenas na base; pecíolo 
com pelo menos 10 mm compr.
2. Folíolos com face abaxial pubérula até densamente 
tomentosa ...................................................................... H. martiana
2. Folíolos glabros nas duas faces
3. Folíolos com base bastante prolongada e amplamente cordada 
11�
no lado externo; ápice arredondado a emarginado ......H. velutina
3. Folíolos falcados, com a base arredondada ou ligeiramente 
cordada no lado externo; ápice agudo a obtuso ..........H. courbaril
Hymenaea courbaril L., Sp. Pl.: 1192. 1753.1753.
Árvore 8-15 m alt., tronco 25-50 cm DAP; ramos jovens glabros. Folhas 
dísticas; pecíolo 13-17 mm compr.; folíolos coriáceos, 40-120 x 25-70 
mm, ca. 1,5-2x mais longos que largos (ver variedades), falcadamente 
lanceolados a elítpicos, ápice agudo a truncado e atenuado em ponta 
aguda (ver variedades), base fortemente assimétrica, arredondada a 
fortemente cordada no lado externo, cuneada a arredondada no interno, 
glabros, nervura principal fortemente excêntrica, saliente na face abaxial; 
pontuações translúcidas ausentes. Panícula terminal, 10-15 cm, eixos 
glabros; pedicelo 6-10 mm compr. Botão obovóide, ca. 15 x 10 mm na 
pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 6 x 5 mm; sépalas 18-
22 x 8-18 mm, obovais, externamente pubescentes, tricomas ferrugíneos, 
internamente seríceas, tricomas amarelos; pétalas brancas, 20-21 x 9-
10 mm, obovais; estames 35-40 mm compr.; ovário compresso, glabro, 
estipitado, estípite 4-10 mm compr.; estilete ca. 25-30 mm. Fruto maduro 8-
15 x 4-6 x 2-5,5 cm, oblongo, cilíndrico, ligeiramente compresso, superfície 
marrom-escura, lenticelosa.
Hymenaea courbaril é a espécie de Hymenaea com distribuição mais ampla, 
ocorrendo do sul do México e Antilhas ao sudeste do Brasil (Lee & 
Langenheim 1975). É, também, uma espécie muito variável em caracteres 
morfológicos e seis variedades foram reconhecidas por Lee & Langenheim, 
duas das quais ocorrem na caatinga (abaixo referidas).
No contexto das plantas de caatinga, H. courbaril pode ser facilmente 
1�0
reconhecida pela combinação dos folíolos glabros e predominantemente 
lanceolados a oblongos, com ápice agudo e obtuso.
Chave para as variedades
1. Folíolos elípticos com ápice arredondado atenuado em ponta obtusa, 
de 8 a 12 cm compr. e 4 a 7 cm larg. ................................ var. longifolia
1. Folíolos falcadamente lanceolados, agudos, de 5 a 7 cm compr. e 2,5-
3 cm larg. .................................................................. var. courbaril
Hymenaea courbaril L. var. courbaril
Planta com ampla distribuição geográfica, coincidente com a referida para 
a espécie. É mais característica de ambientes florestais.
Nome vernacular: jatobá.
Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 6244 (HUEFS); 
Quixaba, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7928 (ALCB).
Hymenaea courbaril var. longifolia (Benth.) Y.-T.Lee & D.A.Lima, J. 
Arn. Arb. 55: 448. 1974.1974.
Hymenaea splendida var. longifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 237. 1870.
Esta planta apresenta uma distribuição relativamente restrita, sendo 
conhecida do sul do Caerá (Serra do Araripe) à Bahia, referida por Blanchet 
(in sched.) como “Villa da Barra”. Infelizmente as amostras existentes não 
têm boas indicações do habitat e as áreas onde esta espécie ocorre contêm 
transições entre caatinga, cerrado e florestas estacionais. Floração: xi-xii. 
Frutificação: ix.
Nomes vernaculares: jatobá (geral), jatobá-de-porco (Brasileira, PI).
1�1
Material selecionado: Bahia: s.l. (“Villa da Barra”), J. S. Blanchet 3135 (tipo de H. splendida 
var. longifolia; holótipo: K, isótipo: R); Gentio do Ouro, R. Tourinho et al. 28 (HRB, HUEFS). 
Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1938 (K); Chapada do Araripe, Y.-T. Lee & D. A. Lima 
110 (IPA, K). Piauí: Brasileira, M. E. Alencar et al. 812 (HUEFS, TEPB).
Hymenaea eriogyne Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 237. 1870.Brasil. 15 (2): 237. 1870.
Árvore de 3-8 (-12) m alt., tronco com ca. 20 cm DAP, casca lisa e 
acinzentada; ramos jovens glabros até vilosos. Folhas dísticas; pecíolo 
2-4 mm compr.; folíolos coriáceos, 20-55 x 25-34 mm, ca. 1,5x mais 
longos que largos, largamente oblongos a obovais, ápice arredondado 
a emarginado, base fortemente assimétrica, cordada no lado externo, 
cuneada no interno, margem espessa, revoluta, face adaxial glabra, 
nítida, face abaxial pubérula até glabra, nervura principal fortemente 
excêntrica, juntamente com os 6-7 pares de nervuras seundárias salientes 
na face abaxial e imersas na adaxial, pontuações translúcidas ausentes. 
Racemo ou panícula paucirramosa terminal, 7-15 cm; pedicelo 2-3 mm 
compr. Botão elipsóide, ca. 26 x 14 mm na pré-antese. Flores ca. 2,6 
cm diâm.; hipanto campanulado ca. 7 x 7 mm; sépalas 15-25 x 12-15 
mm, obovais, externamente velutinas, tricomas ferrugíneos, internamente 
seríceas, tricomas branco-amarelados; pétalas brancas, 18-22 x 8-12 mm, 
oblanceoladas; estames 24-28 mm compr.; ovário compresso, oblongo, ca. 
9 x 4 mm, densamente canescente-lanoso; estilete ca. 21-25 mm. Fruto 
maduro 9-14 x 3-4,5 x ca. 3 cm (quando coletado imaturo freqüentemente 
compresso), oblongo, subcilíndrico, superfície marrom revestida por 
numerosas lenticelas.
Hymenaea eriogyne é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se 
pelos estados do Ceará, Piauí, Pernambuco e Bahia. Ocorre com freqüência 
em áreas de solo arenoso e/ou pedregoso, em altitudes de 300 a 500 m, 
1��
alcançando ca. 850 m na serra do Curral Feio (centro-norte da Bahia). 
Floração: ii-iv. Frutificação: vi-ix.
Esta espécie é relativamente distinta das demais de caatinga pelas suas 
folhas relativamente pequenas, com pecíolo e folíolos mais curtos do que 
os das demais espécies. Além disso, é a única espécie de caatinga que 
apresenta o ovário tomentoso em toda sua extensão. Quando apresentando 
folhas novas, H. martiana pode ser confundida com H. eriogyne, pois ambas 
apresentam folíolos obovais com ápice arredondado mas H. martiana tem 
folhas, mesmo jovens, com pecíolo de pelo menos 10 mm compr., associado 
ao ovário glabro ou com um tufo de tricomas na base.
Nomes vernaculares: jatobá (geral), jatobá-batinga (Crateús, CE).
Material selecionado: Bahia: s.l. (como “Villa da Barra” ou “Jacobina”), J. S. Blanchet 
3096 (tipo de H. eriogyne; holótipo: K, foto HUEFS); Gentio do Ouro, E. Melo et al. 2701 
(HUEFS); Juazeiro, H. S. Curran 250 (US); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16782 (CEPEC, 
K); Morpará, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7901 (ALCB, HUEFS); Pilão Arcado, A. M. 
Miranda et al. 3019 (Hst, HUEFS); Quixaba, M. L. S. Guedes & D. P. Filho 7929 (ALCB, 
HUEFS); Santo Inácio, R. M. Harley at al. 19016 (CEPEC, K); Serra do Açuruá, H. C. de 
Lima et al. 3947 (K, RB); Xique Xique, H. S. Brito et al. 316 (CEPEC, K). Ceará: s.l., Ph. 
von Luetzelburg 26320 (M); Crateús, F. S. Araújo 1383 (EAC, HUEFS). Pernambuco: 
Araripina, D. A. Lima & M. Magalhães 52-1094 (IPA). Piauí: Bom Jesus, L. Coradin et al. 
5873 (CEN, K).
Hymenaea martiana Hayne, Arzneik. gebräuchl. 11, pl. 15. 1830.
Hymenaea sellowiana Hayne, Arzneik. gebräuchl. 11, p. 16. 1830.11, p. 16. 1830.
Árvore de 5-12 (-30) m alt., tronco 20-40 (-50) cm DAP, casca lisa, cinza, 
com algumas faixas horizontais mais claras; ramos jovens pubérulos. 
Folhas dísticas; pecíolo 10-18 mm compr.; folíoloscoriáceos, 48-78 x 27-
1��
Figura 14 A: Goniorrhachis marginata (1 - hábito; 2 - botão floral; 3 - flor 
aberta; 4 - estame); B: Hymenaea courbaril (1 - hábito; 2 - estame no botão 
1��
41 mm, ca. 1,8-2,3x mais longos que largos, obliquamente lanceolados 
a elípticos, ápice arredondado, freqüentemente com uma ponta adicional 
obtusa, base fortemente assimétrica, arredondada no lado externo, cuneada 
no interno, margem espessa mas plana, face adaxial glabra, nítida, face 
abaxial densamente tomentosa, raramente com indumento mais esparso 
e pubérulo, nervura principal fortemente excêntrica, juntamente com os 
7-8 pares de nervuras seundárias salientes na face abaxial e planas na 
adaxial, pontuações translúcidas ausentes. Panícula curta, compacta, 
multiflora, terminal, 8-9 cm; pedicelo 4-7 mm compr. Botão elipsóide, ca. 
24 x 12 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 7 x 7 
mm; sépalas 12-14 x 8-10 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas 
ocráceos, internamente seríceas, tricomas esbranquiçados; pétalas 
brancas, 15-17 x 6-8 mm, oboval-oblanceoladas; estames 24-26 mm 
compr.; ovário compresso, oblongo, ca. 5 x 2,5-3 mm, totalmente glabro 
ou, mais freqüentemente, com um tufo de pêlos longos na base; estilete 
ca. 18 mm. Fruto maduro 9-12 x 3-4,5 x 2,5-3 cm, oblongo, cilíndrico ou ± 
compresso, superfície marrom a nigrescente, lisa a lenticelosa.
Hymenaea martiana distribui-se no leste da América do Sul, do sul do 
Ceará ao norte da Argentina, sendo encontrada principalmente em 
cerrado e caatinga (Lee & Langenheim 1975). No bioma caatinga, ocorre 
principalmente em áreas de contato com cerrado e com florestas estacionais 
ou em margens arenosas de riachos temporários. Floração: xii. Frutificação: 
i-iii.
Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação do ovário glabro ou 
com um tufo de tricomas na base e folíolos predominantemente obovais 
e pubescentes na face abaxial. Alguns espécimes com folhas jovens podem 
ser confundidos com H. eriogyne, podendo ser distinguidos principalmente 
pelo comprimento do pecíolo e indumento do ovário (ver discussão de H. 
eriogyne).
1��
Nome vernacular: jatobá.
Material selecionado: Bahia: Barro Alto, T. S. Nunes et al. 922 (HUEFS); Bom Jesus da 
Lapa, R. M. Harley et al. 21570 (CEPEC, K); Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 
7833 (HUEFS); Canudos, F. H. F. Nascimento et al. 346 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 
2648 (K); Gentio do Ouro, E. R. Souza et al. 283 (HUEFS); Livramento do Brumado, L. 
P. Queiroz & N. S. Nascimento 3658 (HUEFS, K); Pernambuco: Parnamirim, Y.-T. Lee 
& D. A. Lima 125 (IPA, K). Piauí: Paranaguá, G. Gardner 2533 (K, foto HUEFS, material 
impropriamente designado como neótipo de H. martiana); São Raimundo Nonato, G. P. 
Lewis & H. P. N. Pearson 1123 (K).
Hymenaea velutina Ducke, Archiv. Jard. Bot. Rio de Janeiro 4: 48. 1925.Rio de Janeiro 4: 48. 1925.
Árvore de 2-5 m alt., tronco com casca lisa, acinzentada; ramos jovens 
glabros, acastanhados, revestidos por lenticelas oblongas, esbranquiçadas. 
Folhas dísticas; pecíolo 13-25 mm compr.; folíolos coriáceos, 40-98 x 
20-52 mm, ca. 1,5-2x mais longos que largos, obliquamente oblongos a 
obovais, ápice arredondado, freqüentemente com uma ponta adicional 
obtusa, base fortemente assimétrica, fortemente cordada no lado externo, 
obtusa a arredondada no interno, margem plana, glabros, nervura 
principal fortemente excêntrica, apenas saliente na face abaxial, as 
demais inconspícuas, incluindo os 7-8 pares de nervuras secundárias, 
pontuações translúcidas ausentes. Panícula terminal paucirramosa, 9-13 
cm, eixos velutinos, ferrugíneos; pedicelo 6-8 mm compr. Botão obovóide, 
ca. 30 x 10 mm na pré-antese. Flores com hipanto campanulado ca. 8 x 7 
mm; sépalas 18-20 x 9-12 mm, obovais, externamente velutinas, tricomas 
ocráceos, internamente seríceas, tricomas amarelos; pétalas brancas, 20-
23 x 13-15 mm, obovais; estames 24-26 mm compr.; ovário compresso, 
glabro, estipitado, estípite ca. 6 mm compr.; estilete ca. 18 mm. Fruto 
maduro 6,5-11 x 2,5-5 x 1,7-3 cm, oblongo, cilíndrico, superfície marrom-
1��
clara a escura, lenticelosa e densamente reticulada.
Endêmica do nordeste do Brasil (Lee & Langenheim 1975), distribuindo-
se do norte dos estados do Maranhão e Piauí ao centro-norte e oeste da 
Bahia, a oeste do rio São Francisco. Os habitats desta planta no bioma 
caatinga são pobremente registrados. Registros confiáveis indicam sua 
presença sobre areia (tanto em áreas tabulares quanto em dunas interiores). 
Floração: ix.xii. Frutificação: xii.
Hymenaea velutina apresenta alguma semelhança na forma dos folíolos 
com H. eriogyne e H. martiana, todas elas possuindo folíolos ovais ou 
obovais com ápice arredondado. No entanto, os folíolos de H. velutina 
são completamente glabros e apresentam a base bastante prolongada 
e auriculada do lado externo, condições não observadas nos folíolos das 
outras espécies citadas. Folíolos glabros são também encontrados em H. 
courbaril mas esta espécie possui folíolos predominantemente lanceolados 
a oblongos com ápice agudo a obtuso, nunca com ápice arredondado como 
em H. velutina.
Nomes vernaculares: jatobá-da-casca-fina, jatobá-da-catinga (ambos na 
Bahia), jatobá-de-porco, jatobá-de-véia (ambos no Ceará).
Material selecionado: Bahia: Casa Nova, L. P. Queiroz et al. 7404 (HUEFS); Gentio do 
Ouro, A. M. de Carvalho & J. Saunders 2900 (CEPEC, K); Santa Rita de Cássia (como 
“Santa Rita”), L. Zehntner 375 (R). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1489 (EAC, HUEFS). 
Piauí: Bom Jesus da Gurguéia, L. P. Félix 7943 (Hst, HUEFS); Parnaíba, D. A. Lima 54-
2091 (IPA); Picos, Y.-T. Lee & D. A. Lima 115 (IPA, K).
Guibourtia J.J.Benn.
Pequeno gênero tropical, com cerca de 14 espécies, a maioria da África e 
apenas uma espécie nas Américas.
1��
Guibourtia pode ser diagnosticado pelas folhas bifolioladas com folíolos 
falcados e pontuados por glândulas translúcidas, racemos axilares, flores 
apétalas com as 5 sépalas formando um cálice cruciforme, fruto folículo 
e sementes com arilo carnoso. O gênero é claramente afim a Copaifera, 
compartilhando os folíolos pontuados e as flores apétalas com cálice 
cruciforme. Os caracteres que permitem distinguir os dois gêneros estão 
referidos na discussão de Copaifera.
No contexto das plantas de caatinga, é possível confundir Guibourtia com 
espécies de Hymenaea e Peltogyne, todos apresentando folhas bifolioladas 
com folíolos falcados. Guibourtia é facilamente diferenciado de Hymenaea 
pelos folíolos pontuados, pelas flores apétalas e pelo fruto compresso, 
monospérmico e deiscente (em Hymenaea o fruto é cilíndrico, indeiscente 
e com 3 ou mais sementes). De Peltogyne é diferenciado pelas flores 
apétalas.
As espécies Copaifera com folhas unijugas foram reconhecidas como 
distintas deste gênero quando Britton & Wilson (1929) criaram o 
gênero Pseudocopaiva para acomodá-las. Posteriormente, Léonard (1949) 
reconheceu a identidade de Pseudocopaiva com o gênero Guibourtia, até 
então exclusivamente africano, e transferiu para Guibourtia as quatro 
espécies americanas de Copaifera com folhas unijugas. Barneby (1996) 
reuniu todas estas espécies em G. hymenaeifolia que, no conceito atual, é a 
única para as Américas.
Guibourtia hymenaeifolia (Moric.) J.Léonard, Bull. Jard. Bot. État 19: 401. 
1949.
Copaifera hymenaeifolia Moric., Mém. Soc. Phys. Genéve 6: 529, tab. 1. 1833.
Copaifera confertiflora Benth. in Mart., Fl. Bras. 15 (2): 241. 1870 (erroneamenteBras. 15 (2): 241. 1870 (erroneamente 
grafado como ‘confertifolia’ por Dwyer 1951).
1��
Pseudocopaiva hymenaeifolia (Moric.) Britton & Wilson, Trop. Woods. 20: 28. 
1929.
Guibourtia confertiflora (Benth.) J.Léonard, Bull. Jard. Bot. État 19: 401. 1949.Jard. Bot. État 19: 401. 1949.
Arbustoou arvoreta, inerme; ramos jovens pubérulos. Estípulas lineares, 
ca. 5 x 1 mm. Folhas bifolioladas, espiraladas, sem nectários extraflorais; 
pecíolo 4-22 mm compr.; folíolos 1 par, opostos, papiráceos, 55-75 x 
24-32 mm, ca. 2,3x mais longos que largos, falcadamente lanceolados, 
agudos a obtusos, base fortemente ineqüilateral, cordada a arredondada 
no lado externo, cuneada no interno, glabros nas duas faces; nervura 
principal fortemente excêntrica, saliente na face abaxial, nervuras 
secundárias e terciárias apenas ligeiramente salientes e reticuladas nas 
duas faces; pontuações glandulares translúcidas presentes. Racemos 
axilares, isolados ou geminados, 2,5-4,5 cm, mais curtos do que as folhas 
subjacentes, flores dispostas congesta e espiraladamente no ápice do eixo 
reto. Botão globoso, ca. 2 mm diâm. na pré-antese. Flores pentâmeras, 
actinomorfas, ca. 9 mm diâm.; sépalas 5, brancas, 2 das quais coniventes 
e côncavas no ápice, resultando em um cálice cruciforme, ca. 4 x 1,8 mm, 
oval-lanceoladas, agudas, externamente puberulentas, internamente curta 
e densamente pubescentes, fortemente imbricadas; pétalas ausentes; 
estames 10, alternadamente mais longos e mais curtos, os mais longos 
com filetes glabros de ca. 8 mm compr., anteras deiscentes por fendas 
laterais, elípticas, ca. 1,5 mm compr.; disco inconspícuo; ovário 2-ovulado, 
compresso, suborbicular, ca. 1,5 x 1,2 mm, margens hirsutas. Folículo 1,7-
2,5 x 1,3-1,4 x 0,5 cm, hemi-orbicular a largamente oblongo, compresso, 
muito assimétrico no ápice e na base, apiculado, estipitado, estípite 1-
3 mm; deiscência passiva ao longo da sutura ventral; valvas lenhosas, 
glabras, nigrescentes. Semente 1, elipsóide, ca. 11 x 7 x 4 mm; testa lisa, 
castanha; arilo laranja, carnoso, ca. ¼ do comprimento da semente.
1��
Guibourtia hymenaeifolia é uma espécie descontinuamente distribuída nas 
Antilhas e América do Sul, ocorrendo em três áreas principais: Cuba e ilha 
de Hispaniola, leste da Bolívia, norte do Paraguai e estado do Mato Grosso 
do Sul (Brasil), e leste do Brasil, onde é conhecida por poucas coletas no 
norte de Minas Gerais e sul do Piauí. Esta espécie foi incluída com alguma 
hesitação pois não há indicação positiva de que ocorra no bioma caatinga. 
Os materiais do norte de Minas Gerais foram coletados em áreas onde há 
caatinga, cerrados e matas ciliares ( Jacinto, Januária e Pedra Azul), o mesmo 
podendo ser verificado no sul do Piauí. Optei por incluí-la neste trabalho 
a fim de chamar a atenção para a necessidade de novas coletas que possam 
melhorar o conhecimento sobre essa planta. Floração: ?. Frutificação: ii-iv.
Dwyer (1951) estranhamente aceitou esta planta como uma espécie de 
Copaifera (erroneamente grafada como ‘confertifolia’), apesar de aceitar 
o gênero Pseudocopaia (Dwyer 1951: 149) praticamente na mesma 
circunscrição moderna de Guibourtia.
Material selecionado: Bahia: Senhor do Bonfim, D. Cardoso 727 (HUEFS); Minas Gerais: 
Jacinto, G. Hatschbach & J. Cordeiro 52720 (K, MBM); Januária, W. R. Anderson 9115 
(K). Piauí: s.l. (provavelmente próximo a Oeiras), K. F. Ph. von Martius s. n., s. d. (M).
Copaifera L.
Árvores ou arvoretas, menos freqüentemente arbustos, inermes; 
tronco com exsudado claro mas avermelhado quando oxidado, casca 
freqüentemente aromática. Folhas paripinadas, dísticas, sem nectários 
extraflorais; folíolos (sub-) opostos até alternos, 1-5 pares, com ou sem 
pontuações glandulares translúcidas. Inflorescências panículas, as 
unidades da inflorescência espigas dispostas disticamente, cada espiga 
com flores dísticas; botões globosos. Flores pentâmeras, actinomorfas; 
1�0
sépalas 5, 2 das quais coniventes e côncavas no ápice, resultando em um 
cálice cruciforme, apenas ligeiramente imbricadas, subvalvares, geralmente 
brancas na face interna; pétalas ausentes; estames 10, alternadamente 
mais longos e mais curtos, anteras deiscentes por fendas laterais, 
oblongas a elípticas; disco conspícuo intraestaminal, carnoso; ovário 1-
2-ovulado, curtamente estipitado, compresso, glabro ou com margens 
hirsutas, estilete recurvado em gancho no ápice. Fruto ± suborbicular, 
passivamente deiscente; valvas lenhosas a rígido-coriáceas, ± carnosas. 
Semente 1, elipsóide, nigrescente; arilo carnoso, amarelo ou branco.
Copaifera é um gênero com cerca de 25-35 espécies, a maioria do Novo 
Mundo e 4 espécies na África.
É um grupo com taxonomia complexa, apresentando limites imprecisos 
em relação a outros gêneros da tribo Detarieae (p.ex. Guibourtia). No nível 
intragenérico também apresenta uma taxonomia confusa, especialmente na 
delimitação de suas espécies. O trabalho mais recente sobre a taxonomia 
das espécies neotropicais (Dwyer 1951) apresenta muitos problemas, desde 
uma má delimitação dos táxons até uma chave que é quase impossível de 
ser utilizada por conta de erros cometidos pelo autor (ver, por exemplo, 
comentários sobre C. coriacea). Necessita de uma urgente revisão, 
combinando um intenso trabalho de herbário com trabalhos de campo 
e dados moleculares a fim de estabelecer limites interespecíficos mais 
precisos. Estudos de biologia de suas espécies também são extremamente 
necessários pois nas zonas de contato entre diferentes táxons parece haver 
formação de enxames de híbridos que podem ter como conseqüência uma 
grande sobreposição em caracteres diagnósticos.
As espécies de caatinga pertencem a três complexos, cada um dos quais 
com espécies muito semelhantes entre si e com caracteres diagnósticos 
que podem ser interpretados como resultantes de diferentes condições 
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ecológicas às quais diferentes populações encontram-se submetidas. Um 
destes complexos inclui C. langsdorffii, caracterizado pelo porte arbóreo 
robusto e folhas multijugas com folíolos pontuados e arredondados no ápice. 
Um segundo envolve C. cearensis e é caracterizado pelas folhas paucijugas 
(2-3 pares de folíolos) com folíolos pontuados e atenuados no ápice. Este 
complexo inclui ainda espécies como C. duckei, C. guianensis e C. officinalis 
cuja separação de C. cearensis é muito tênue. O terceiro complexo inclui as 
espécies semelhantes a C. coriacea e C. rigida, particularmente C. martii e C. 
luetzelburgii, sendo caracterizado pelas folíolos coriáceos e não pontuados.
Um cuidado que se deve ter ao usar quaisquer dos trabalhos disponíveis 
(inclusive este) para identificar espécies de Copaifera é a observação das 
pontuações. Em geral este caráter é geralmente de fácil observação mas 
pode ser dependente mais da espessura do limbo do que da presença ou não 
de estruturas secretoras. Em material fresco, as glândulas, quando presentes, 
em geral são facilmente visíveis quando os folíolo são observados contra a 
luz. O mesmo é verdade para materiais secos embora, neste caso, materiais 
herborizados com álcool possam ter as glândulas escuras e confundidas 
com o mesofilo.
No contexto dos gêneros de caatinga, as espécies de Copaifea podem ser 
facilmente reconhecidas pelas flores apétalas e inflorescências com ramos 
dísticos. Os frutos também são bem característicos, apresentando forma ± 
orbicular e são deiscentes com apenas uma semente, esta apresentando um 
arilo conspícuo branco ou amarelo. Os caracteres das flores e dos frutos 
podem também ser encontrados no gênero Guibourtia do qual Copaifera se 
diferencia pelas folhas com 2 ou mais pares de folíolos (em Guibourtia as 
folhas têm, sempre, exatamente 1 par de folíolos), pela filotaxia dística tanto 
das folhas quanto dos eixos secundários da panícula (em Guibourtia ambos 
são espiralados), pelas flores sésseis (vs. pediceladas) e pela deiscência do 
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fruto (legume bivalvar em Copaifera e folículo em Guibourtia.
1. Folíolos pontuados por glândulas translúcidas
2. Folíolos em 2-3 pares, ovais, com ápice atenuado e obtuso...............C. cearensis
2. Folíolos em (3-) 4-5 pares, oblongos a elípticos, com ápice 
arredondado e emarginado ..........................................C. langsdorffii
1. Folíolos sem pontuações translúcidas
3. Folíolos em 4-5 pares com até 25 mm compr. e 15 mm larg.; 
raque foliar com segmentos interfoliolares de 9-11 mm ... C. coriacea
3. Folíolos em 2-3 pares com pelo menos 40 mm compr. e 20 mm larg. 
(geralmente maiores); raque foliar com segmentos interfoliolares 
de 17-26 mm .......................................................................C. rigida
Copaifera cearensis J.Huber ex Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 291. 1959.
Árvore 5-7 m alt., copada, copa densa, ca. 5 m diâm., às vezes florescendo 
com ca. 1,5 m alt., tronco com casca lisa e acastanhada, essencialmente 
glabra. Pecíolo 15-20 mm compr.; raque 2,1-5,5 cm; segmentos 
interfoliolares 15-35 mm; folíolos 2-3 pares, (sub-) opostos, coriáceos, 
acrescentes distalmente, os distais 48-66(-73) x 29-45 mm, 1,5-1,8(-2,2)x 
mais longos que largos, largamente-ovais a, raramente, oval-elípticos, 
atenuados em ápice obtuso a acuminado e ligeiramente retuso, base 
cordada, menos freqüentemente arredondada, glabros, nervura principal 
ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 10-19 pares, divergindo na 
principal em ângulo de ca. 60°, todas as nervuras, incluindo as de menor 
porte salientes e fortemente reticuladas em ambas as faces, definindo 
1��
aréolas ± quadradas de ca. 1 mm diâm., pontuações pequenas (ca. 1/5 
mm) ocupando o centro da aréola, amarelo-amarronzadas. Panícula 
axilar, 6-8 cm, ± do mesmo comprimento da folha subjacente, com eixo 
fractiflexo e 6-9 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo 
de ca. 45°; espigas basais 2-3 cm compr., 6-9-floras; brácteas ca. 1 x 1 
mm, largamente oval, precocemente caduca. Botão globoso, ca. 4 mm 
diâm. na pré-antese. Flores ca. 9 mm diâm.; sépalas ca. 4 x 1,5 mm, 
lanceoladas, acuminadas, externamente glabras, internamente hirsutas 
com tricomas branco-amarelados; estames 10, filetes glabros, 5-6 mm, 
anteras dorsifixas, oblongas, ca. 2 mm, com conectivo muito espesso 
separando as duas tecas; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 
1,8 x 1,2 mm, margens hirsutas; estilete geniculado na base e recurvado 
em gancho no ápice. Legume 2,4-2,6 (-3,5) x 1,7-2,1 (-2,4) x 1-1,3 cm, 
obliquamente oblongo, em seção transversal elíptico, assimétrico no ápice 
e na base, apiculado, séssil ou estipitado, estípite 2-4 mm; valvas lenhosas, 
± suculentas, glabras, castanhas. Semente elipsóide, ca. 19 x 10 x 8 mm; 
testa nigrescente; arilo cupuliforme ântero-lateral, amarelo.
Copaifera cearensis é uma espécie aparentemente endêmica do nordeste do 
Brasil, distribuída nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia 
(Ducke 1959), ocorrendo em caatinga florestas plúvio-nebulares, assim 
como em dunas litorâneas.
Dwyer (1951) incluiu as plantas da região da serra do Baturité em C. duckei 
Dwyer. O material estudado de C. duckei, proveniente do Pará, mostra 
folíolos mais delgados e inflorescências mais longas com ramos mais 
delicados do que o observado em C. cearensis. É possível que após um estudo 
mais amplo da variação neste grupo se conclua que se tratam, realmente, de 
uma só espécie. Até então, estou mantendo C. cearensis como uma espécie 
boa diferenciada de C. duckei pelos seus folíolos mais coriáceos, ramos da 
inflorescência mais robustos e botões florais maiores.
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Esta espécie pode ser reconhecida pelos seus folíolos pontuados, ovais, 
atenuados em ápice obtuso, em 2 a 3 pares. A forma e dimensões dos 
folíolos são semelhantes aos de C. martii, espécie que, diferentemente de 
C. cearensis, apresenta os folíolos desprovidos de pontuações. C. langsdorfii, 
da mesma forma que C. cearensis, apresenta os folíolos pontuados mas estes 
ocorrem em maior número (3 a 5 pares, em plantas de caatinga) e tem a 
forma predominantemente oblonga com ápice arredondado (não atenuado). 
Além disso, as pontuações em C. langsdorffii são muito mais conspícuas, ca. 
0,5-1 mm compr.
Ducke (1959) reconheceu duas variedades, as duas ocorrendo na caatinga, 
as quais são diferenciadas principalmente pelo número de folíolos, como 
pode ser visto na chave abaixo. Além do número de folíolos, a var. arenicola 
tende a apresentar folíolos proporcionalmente mais largos e mais rígidos 
do que na var. cearensis.
1. Folíolos em 2 pares com margem espessa e revoluta .......... var. arenicola
1. Folíolos em 3 pares com margem espessa mas plana ...........var. cearensis
Copaifera cearensis var. arenicola Ducke, An. Acad. Brasil. Ci. 31: 293. 1959.
Raque foliar 1,5-2,4 cm; folíolos em 2 pares, largamente ovais, os distais 
50-60-63 x 29-35-34 mm, ca. 1,7-1,9x mais longos do que largos, margem 
espessa e revoluta; nervuras secundárias 10-13 pares.
Ocorre em dunas litorâneas e em caatinga, sempre em solos muito arenosos, 
no Ceará e Rio Grande do Norte, reaparecendo na Bahia na região do Raso 
da Catarina, em altitudes de até 300 m. Floração: xi-xii. Frutificação: v-vi.
Nome vernacular: pau-d’óleo (Bahia).
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Material selecionado: Bahia: Canudos, L. P. Queiroz et al. 7186 (HUEFS); Raso da 
Catarina, C. C. Bichara f. s. n. 17.xii.1982 (ALCB, K); Tucano, L. M. Gonçalves 107 (HRB, 
K). Ceará: Fortaleza, A. Ducke 2368 (K; material de dunas litorâneas).
Copaifera cearensis J.Huber ex Ducke var. cearensis
Raque foliar 4,6-6,5 cm; folíolos em 3 pares, oval-elípticos, os distais 5-5,5 
x 2,1-2,7, ca. 1,8-2,2x mais longos do que largos, raramente largamente 
ovais, margem espessa mas plana; nervuras secundárias 17-19 pares.
Planta de caatinga e florestas estacionais sobre serras, sendo particularmente 
comum na serra do Baturité (estado do Ceará). É referida por Ducke 
(1959) para os estados do Ceará e Bahia mas eu só consegui confirmar sua 
presença no Ceará, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: vi. Frutificação: 
vi-ix.
Nome vernacular: pau-d’óleo (Ceará).
Material selecionado: Ceará: Alcântara, A. Fernandes s.n. EAC 17048 (EAC, HUEFS); 
Alto da Jibóia, A. Ducke 2446 (tipo de C. cearensis: K, foto HUEFS); Crato, P. Botelho s. 
n. viii.1955 (K); Guaramiranga, F. Linhares s. n. ix.1955 (K); Serra da Aratanha, P. Bezerra 
s. n. viii.1955 (K).
Copaifera coriacea Mart., Reise Bras. 1: 285. 1823.
Copaifera cordifolia Hayne, Arzneyk. Gebräu. 10: 21. 1825.
Arvoreta ou árvore de 1-5 m alt.; ramos jovens glabrescentes ou 
curtamente pubérulos, tricomas amarronzados. Pecíolo 6-9 mm compr.; 
raque 2,9-3,3 cm; segmentos interfoliolares curtos, 9-11 mm, deixando os 
folíolos ± sobrepostos; folíolos (4-) 5 pares, opostos, fortemente coriáceos, 
ligeiramente decrescentes em cada extremidade da raque, os distais 19-
25 x 12-15 mm, 1,6-1,8x mais longos que largos, elíptico-obovais, ápice 
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arredondado, emarginado, base arredondada a ligeiramente cordada, 
face adaxial glabra, face abaxial curtamente pubérula, nervura principal 
ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 8-10 pares, divergindo da 
principal em ângulo de ca. 60°, nervuras salientes e fortemente reticuladas 
na face adaxial, menos evidentes na abaxial, aréolas ± quadradas, muito 
densas, ca. 0,3 mm diâm., pontuações ausentes. Panícula axilar ou 
terminal, 9-11 cm, mais longa do que a folha subjacente, com eixo fractiflexo 
e 9-11 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo de ca. 
60°; espigas basais 3,5-4,5 cm compr., 12-14-floras; brácteas ca. 2 x 1,5 
mm, suborbiculares, caducas. Botão globoso, ca. 3,5 mm diâm. na pré-
antese. Flores ca. 6 mm diâm.; sépalas ca. 3 x 1,5 mm, oval-lanceoladas, 
agudas, externamente glabras ou esparsamente pubérulas, internamente 
hirsutas com tricomas branco-amarelados; filetes glabros, 3-4 mm, anteras 
dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm;ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, 
ca. 1,3 x 1 mm, margens hirsutas. Legume 1,7 x 1,4 x 0,8 cm, obliquamente 
suborbicular, assimétrico no ápice e na base, mucronado, curtamente 
estipitado, estípite ca. 1 mm; valvas rígido-coriáceas, ± suculentas, glabras, 
avermelhadas. Semente elipsóide, ca. 12 x 9 mm; testa nigrescente; arilo 
cobrindo ca. ¼ do comprimento da semente.
Copaifera coriacea é uma espécie de caatinga, ocorrendo ao norte da Chapada 
Diamantina e no sul do Piauí, especialmente em solo arenoso, sendo 
particularmente comum na região do baixo-médio São Francisco e na serra 
do Açuruá (Bahia), de 500 a 700 m alt. Floração: ii-iv, ix Frutificação: iv-
vi.
Esta espécie representa a forma mais reduzida das espécies de Copaifera com 
folíolos não pontuados. Pode ser reconhecida pelos seus folíolos pequenos 
e geralmente sobrepostos, pubérulos na face abaxial. Dwyer (1959) indicou 
para esta espécie 8-10 pares de folíolos mas, analisando o mesmo material 
citado por este autor encontramos 4 a 5 pares (8 a 10 folíolos).
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Nome vernacular: sapucaia (Ibiraba, BA), cacuricabra (Casa Nova, BA), 
podói-mirim (Piracuruca, PI).
Material selecionado: Bahia: Barra, J. S. Blanchet 3091 (BR, K, W); Casa Nova, L. P. 
Queiroz et al. 7419 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 19147 (CEPEC, K); 
Ibiraba, L. P. Queiroz 4789 (HUEFS, SPF); Juazeiro, K. F. Ph. von Martius 2888 (tipo de 
C. coriacea: M); Serra de Santo Inácio, E. Ule 7525 (K). Piauí: Campo Maior, C. G. Lopes 
et al. 152 (HUEFS, TEPB); Oeiras, G. Gardner 2090 (K); Piaracuruca, M. E. Alencar 1261 
(TEPB).
Copaifera langsdorffii Desf., Mem. Mus. Paris 7: 377. 1821.
Árvore 4-12 m alt., copada, às vezes florescendo com ca. 2 m alt., 
tronco com ca. 22-40 cm DAP, casca rugosa, amarronzada, fissurada, 
a entrecasca alaranjada, com exsudado translúcido quando cortada; 
ramos jovens e eixos da inflorescência densa e curtamente pubérulos, 
tricomas acastanhados. Pecíolo 5-10 (-18) mm compr.; raque 3,1-3,7 
(-7) cm; segmentos interfoliolares 14-25 mm; folíolos 3-5 pares, (sub-) 
opostos a alternos, coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os 
distais 33-57 x 16-29 mm, 2-2,2x mais longos que largos, elípticos, ápice 
arredondado a obliquamente obtuso, emarginado, base arredondada a 
cuneada, margem nerviforme, discolor, avermelhada, glabros, às vezes 
esparsa e muito curtamente pubérulos sobre a nervura principal, nervura 
principal ligeiramente excêntrica, nervuras secundárias 11-12 pares, 
divergindo na principal em ângulo de ca. 60°, todas as nervuras incluindo 
as de menor porte salientes e fortemente reticuladas em ambas as faces 
definindo aréolas ± quadradas de ca. 1 mm diâm., pontuações numerosas, 
conspícuas (ca. 0,5-1 mm compr.), translúcidas, amarelo-claras. Panícula 
axilar, 9,5 cm, ± do mesmo comprimento da folha subjacente, com eixo 
fractiflexo e 9-15 eixos laterais espiciformes dísticos, divergindo em ângulo 
1��
de ca. 45°; espigas basais 1,5-1,8 cm compr., 5-10-floras; brácteas < 0,5 
mm compr. Botão globoso, ca. 2,5 mm diâm. na pré-antese. Flores ca. 
7 mm diâm.; sépalas creme-esverdeadas, 3-3,5 x 1-1,5 mm, lineares a 
lanceoladas, agudas, externamente glabras, internamente hirsutas com 
tricomas branco-amarelados; estames 10, filetes glabros, 5 mm, anteras 
dorsifixas, oblongas, ca. 1 mm, apiculadas, com conectivo não espessado; 
disco verde-escuro, quase preto; ovário 2-ovulado, compresso, suborbicular, 
ca. 1-1,5 x 0,8-1 mm, margens hirsutas; estilete reto na base e recurvado 
em gancho no ápice. Legume 2,1-2,8 x 1,5-1,9 x 0,6 cm, largamente 
elíptico, ligeiramente compresso, em seção transversal estreitamente 
elíptico, assimétrico no ápice e na base, mucronado, estipitado, estípite ca. 
2 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, avermelhadas. Semente 
elipsóide, ca. 18 x 10 x 8 mm; testa nigrescente; arilo alcançando ca. ¾ do 
comprimento da semente, avermelhado.
Copaifera langsdorffii é amplamente distribuída na América do Sul, das 
Guianas até o Paraguai, sendo uma espécie relativamente comum em 
florestas decíduas e cerradão. Não é uma planta muito característica da 
caatinga e é provável que sua presença neste domínio ocorra apenas em 
áreas de contato com estas outras formações, pois é coletada pricipalmente 
em áreas de serras, de 600 a 950 m alt. Floração: xii-i. Frutificação: ii-iv.
É uma espécie taxonomicamente complexa e extremamente variável. 
Bentham (1870) reconheceu quatro variedades que foram também aceitas 
por Dwyer (1951), que ainda acrescentou uma variedade para a região 
amazônica. É possível que, aplicando os conceitos de Bentham e Dwyer, as 
plantas de caatinga se enquadrem nas variedades langsdorffii e grandifolia. 
No entanto é necessário um bom estudo da variação desta espécie, inclusive 
com o estabelecimento de limites mais naturais em relação a outras espécies, 
pois muitos dos caracteres citados como diagnósticos por estes autores se 
sobrepõem amplamente.
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O conceito adotado neste trabalho de C. langsdorffii e que permite separá-
la das demais espécies de caatinga é o de plantas com 3-4 pares de folíolos, 
pontuados, glabros, predominantemente oblongos a oblongo-elípticos e 
com o cálice externamente glabro e internamente hirsuto. Infelizmente 
esta circunscrição é insuficiente para diagnosticar essa espécie ao longo de 
toda a sua área de distribuição.
No contexto das plantas de caatinga, alguns espécimes depauperados de C. 
langsdorffii podem ser confundidos com C. coriacea mas esta espécie tem 
folíolos mais espessos, fortemente coriáceos e sem pontuações glandulares.
Nomes vernaculares: copaíba, pau-d’óleo, podói (gerais).
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1507 (HUEFS, K, SPF); Barra, J. S. 
Blanchet 3113 (síntipo de C. langsdorffii var. grandifolia Benth.: K, foto HUEFS); Brotas 
de Macaúbas, G. Hatschbach et al. 67695 (HUEFS, MBM); Caetité, A. M. de Carvalho et 
al. 1741 (CEPEC, K); Ipupiara, E. Saar et al. 54 (ALCB); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. 
Nascimento 3403 (HUEFS, K); Jacobina, A. M. Amorim et al. 992 (CEPEC, K); Lagoinha, 
R. M. Harley et al. 16854 (CEPEC, K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de 
Andrade 1907 (CEPEC, K); Maracás, S. A. Mori et al. 10047 (CEPEC, K); Rio de Contas, 
R. M. Harley et al. 27718 (CEPEC, K). Urandi, J. G. Jardim et al. 3340 (CEPEC, HUEFS). 
Ceará: Barra do Jardim, G. Gardner 1929 (K); Crato, A. H. Gentry et al. 50032 (K); Crato, 
A. M. Miranda & D. Lima 3100 (Hst, HUEFS). Minas Gerais: Januária, J. Costa 359 
(HUEFS); Pedras de Maria da Cruz, L. P. Queiroz et al. 7515 (HUEFS). Pernambuco: 
Brejo da Madre de Deus, L. M. Nascimento & A. G. da Silva 519 (HUEFS, PEUFR) Piauí: 
Castelo do Piauí, J. M. Costa et al. 91 (HUEFS, TEPB).
Copaifera rigida Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 243. 1870, excl. syn.Brasil. 15 (2): 243. 1870, excl. syn. 
Copaifera martii Hayne.
Arbusto ou arvoreta 1,5-3 m alt.; ramos jovens curta e densamente 
1�0
pubérulos, tricomas amarronzados a ferrugíneos. Pecíolo 6-17 mm compr., 
raramente ausente; raque 2,5-5,5 cm; segmentos interfoliolares 17-26 
mm; folíolos 2-3 pares, (sub-) opostos, fortemente coriáceos, ligeiramente 
acrescentes distalmente, os distais (40-) 42-53 x (20-) 25-34 mm, 1,5-1,7 
(-2)x mais longos que largos, largamente elípticos a largamente obovais, 
ápice arredondado, emarginado, base arredondada, face adaxial glabra, 
face abaxial curtamente pubérula, às vezes pilosa sobre a nervura principal, 
margens revolutas, nervura principal ligeiramente excêntrica, muito mais 
saliente do que as demais na face abaxial, nervuras secundárias 13-15 
pares, divergindo da principal em ângulo de quase 90°, pouco evidentes 
mas as nervuras de menor porte salientes e fortemente reticuladas 
nas duasfaces, aréolas ± quadradas, muito densas, ca. 0,3 mm diâm., 
pontuações ausentes. Panícula axilar ou terminal, 11-17 cm, mais longa 
do que a folha subjacente, com eixo reto ou ligeiramente sinuoso; espigas 
15-21, divergindo em ângulo de ca. 45°; as basais 4-5,5 cm compr., 23-31-
floras; brácteas ca. 2-3 x 1,5-2 mm, largamente ovais, obtusas, caducas. 
Botão globoso, ca. 3,5 mm diâm. na pré-antese. Flores ca. 7 mm diâm.; 
sépalas ca. 3,5 x 2 mm, oval-lanceoladas, agudas, externamente glabras 
ou esparsamente pubérulas no ápice, internamente hirsutas com tricomas 
amarelados; filetes glabros, ca. 4 mm, anteras dorsifixas, oblongas, ca. 1 
mm; ovário 1-2-ovulado, compresso, suborbicular, ca. 2,5 x 2 mm, margens 
hirsutas. Legume ca. 1,7-1,9 x 1,2-1,3 x 1,1 cm, obliquamente elíptico, 
muito assimétrico no ápice e na base, mucronado, curtamente estipitado, 
estípite ca. 2 mm; valvas lenhosas, ± suculentas, glabras, avermelhadas. 
Semente elipsóide, ca. 10 x 7 mm; testa nigrescente; arilo cobrindo ca. ¼ 
do comprimento da semente.
Copaifera rigida ocorre no nordeste do Brasil, no sul dos estados do Ceará 
e Piauí e norte e noroeste da Bahia, onde ocorre em caatingas arbustivas, 
geralmente sobre solos pedregosos. Floração: iii-vi. Frutificação: vi-ix (-
1�1
xii).
Copaifera rigida foi considerada por Ducke (1959) como uma variedade 
de C. martii Hayne, e por Dwyer (1951) como um sinônimo desta espécie. 
Analisando vários espécimes destes dois táxons, verifica-se que C. rigida 
distingue-se de C. martii pelos folíolos largamente elípticos com ápice 
arredondado e emarginado, com margem revoluta (em C. martii os folíolos 
são ovais com ápice atenuado e obtuso e margem plana). Além disso, os 
morfos associados a C. martii ocorrem na região amazônica enquanto os 
relacionados a C. rigida são procedentes de caatinga e, talvez, de cerrado. É 
possível que após um estudo mais aprofundado deste complexo se conclua 
que estes táxons são realmente co-específicos mas, até lá, prefiro manter C. 
rigida como uma espécie distinta.
Por outro lado, é possível que C. rigida seja co-específica com C. luetzelburgii, 
um táxon mais característico de cerrado e com morfologia muito 
semelhante à de C. rugida. Harms (1924) distinguiu C. luetzelburgii de C. 
rigida principalmente pelas brácteas maiores e folíolos mais pubescentes, 
caracteres variáveis em C. rigida, embora populações mais típicas de 
cerrado apresentem, em geral, brácteas maiores. Os espécimes-tipo de 
C. luetzelburgii não foram vistos de modo que estou mantendo C. rigida 
como uma espécie distinta de C. luetzelburgii, a primeira sendo encontrada 
proncipalmente na caatinga e a segunda no Brasil Central em cerrado e 
matas ciliares.
Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4070 (HUEFS, K); 
Gentio do Ouro, R. T. Pennington & H. S Britto 255 (K) Ceará: Aracati, F. J. Mattos s. n. 
iii.1956 (K); Crato, P. Botelho s. n. ix.1955 (K). Piauí: Correntes, L. Coradin et al. 5825 
(CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2089 (tipo de C. rigida; holótipo: K, foto HUEFS).
1��
Poeppigia C.Presl
Gênero neotropical com apenas uma espécie, distribuída em três grandes 
centros (ver discussão da espécie). Poeppigia é um gênero relativamente 
isolado na subfamília Caesalpinioideae, sendo caracterizado pela corola 
pseudopapilionóide, com a pétala adaxial ereta, simulando um estandarte, 
e as demais quatro pétalas ± encurvadas, as abaxiais ladeando o androceu 
de modo semelhante às pétalas da carena. Os frutos são indeiscentes, 
fortemente compressos, com uma estreita ala dorsal. Estes caracteres, 
associados aos numerosos e relativamente pequenos folíolos oblongos, 
podem diferenciar prontamente Poeppigia dos demais grupos de caatinga.
Poeppigia procera C.Presl, Symb. Bot. 1: 16. 1830.
var. conferta Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 54. 1870.Brasil. 15 (2): 54. 1870.
Poeppigia densiflora Tul., Ann. Sc. Nat. 4: 122. 1844.
Árvore (3-) 4-12 m alt., copada, DAP 8-15 cm, inerme, tronco com casca 
lisa e acinzentada; ramos jovens pubérulos, precocemente lenhosos; 
gemas ovóides, revestidas por profilos imbricados, presentes na axila 
de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação, às vezes 
visíveis na base dos ramos em expansão. Estípulas lineares, ca. 3 x 0,5 
mm, caducas. Folhas dísticas, paripinadas, sem nectários extraflorais; 
pecíolo 4-6 mm; raque 4,5-6,5 cm; segmentos interfoliolares 3-5 mm; 
folíolos opostos, (8-)12-17 pares, papiráceos, ligeiramente decrescentes 
nas duas extremidades da raque, os medianos 10-13 x 3,5-5 mm, ca. 2,6-
3,3x mais longos que largos, oblongos, ápice arredondado a truncado, face 
adaxial glabra, face abaxial glabra a pubérula; nervura principal mediana, 
juntamente com as secundárias saliente na face adaxial. Inflorescências 
em dicásios axilares nas folhas distais dos ramos, com 3-4 ordens de 
1��
ramificação, 3,5-4 cm compr., mais curtos do que a folha sujacente e 
imersos na folhagem; pedicelo 4-5 mm. Botões oblongóides. Flores 
ca. 0,8 cm diâm., zigomorfas; hipanto campanulado, 2,5-3 mm compr.; 
sépalas verde-amareladas, 0,8-1 x 0,5-1,2 mm, deltóides, agudas, eretas; 
pétalas amarelas, ca. 9-10 x 2-3 mm, elípticas, ungüiculadas, a vexilar 
ereta simulando um estandarte, as demais retas simulando alas e carena, 
o perianto assim pseudo-papilionóide; estames 10, 8-10 mm compr., 
alternadamente mais longos e mais curtos, anteras curtas deiscentes por 
2 fendas introrsas; ovário estipitado, exserto do hipanto, 8-10-ovulado, 
tomentoso. Fruto indeiscente, 3,5-4,5 x 1,1-1,4 cm, oblongo, fortemente 
compresso, margem dorsal com ala estreita de 1-1,5 mm larg.; pericarpo 
papiráceo, glabro, verde-amarronzado.
Poeppigia procera é uma espécie com três áreas principais de distribuição, do 
sul do México, Antilhas e América Central até o Paraguai, na parte sul da 
Amazônia brasileira e no nordeste do Brasil até Minas Gerais (Prado 1991). 
Não existe um estudo taxonômico recente de sua variação mas Bentham 
(1870) reconheceu duas variedades, as plantas de caatinga correspondendo 
à var. conferta. Na caatinga, esta planta ocorre do sul do Ceará e sudeste 
do Piauí até o centro sul da Bahia (provavelmente também no norte de 
Minas Gerais), principalmente em caatinga arbórea e sobre solos arenosos, 
argilosos ou pedregosos, em altitudes de 320 a 925 m. Floração: xi-iii. 
Frutificação: xii-vi.
Esta espécie pode ser reconhecida pela sua corola pseudopapilionóide 
associada aos folíolos pequenos, oblongos e numerosos (12-17 pares) e aos 
frutos papipráceos, fortemente compressos, com estreita ala dorsal.
Alguns dos nomes vernaculares sugerem que esta planta possui madeira 
dura. A casca, quando cortada, apresenta odor semelhante ao de ervilha-de-
jardim, segundo alguns coletores ingleses. Provavelmente isso está associado 
1��
a substâncias presentes na casca que, em contato com a água, produz espuma 
e, por isso, é usada como shampoo para lavagem de cabelo.
Nomes vernaculares: sabão, sabonete, saboeiro (Bahia), coração-de-negro 
(Piauí), lava-cabeça (Caetité, BA), pau-branco (Glória, BA), sussarana 
(Canudos, BA), pau-de-machado, pau-liso, cabo-enchó (São Raimundo 
Nonato, PI).
Material exaMinado: Bahia: Abaíra, R. M. Harley et al. 50497 (HUEFS, K, SPF); Araci, A. M. 
Giulietti & R. M. Harley 1714 (HUEFS); Boninal, G. Hatschbach & J. M. Silva 50159 (KM, 
MBM); Caetité, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3641 (HUEFS); Canudos, F. H. M. Silva 
et al. 301 (HUEFS); Glória, F. P. Bandeira 115 (ALCB, HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick 3610 
(HUEFS); Itatim, F. França et al. 1955 (HUEFS); Jacobina, J. S. Blanchet 2667 (síntipo 
de P. procera var. conferta: K); Jequié, A. M. de Carvalho 138 (CEPEC, K); Jeremoabo, 
R. P. Orlandi 428 (HRB, K); Jussiape, G. P. Lewis et al. CFCR 6940 (K, SPF); Milagres,R. M. Harley 19414 (CEPEC, K); Paramirim, R. M. Harley & N. Taylor 27027 (CEPEC, K); 
Remanso, T. S. Nunes et al. 683 (HUEFS); Santa Terezinha, L. P. Queiroz 3850 (HUEFS); 
Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2796 (síntipo de P. procera var. conferta: K); Tucano, A. M. 
de Carvalho & D. J. N. Hind 3866 (CEPEC, HUEFS). Ceará: Campos Sales, A. H. Gentry 
et al. 50126 (K). Pernambuco: Araripina, A. M. Miranda et al. 2943 (Hst, HUEFS). Piauí: 
Jaicós, G. P. Lewis et al. 1338 (K); São Raimundo Nonato, G. P. Lewis & H. P. N. Pearson 
1125 (K);s.l., entre Boa Esperança e Santana das Mercês, G. Gardner 2142 (síntipo de P. 
procera var. conferta: K).
Apuleia Mart.
Árvores inermes, copadas, florescendo precocemente antes da expansão 
das folhas a partir de gemas dormentes, estas protegidas por profilos 
imbricados. Estípulas ovais, cedo caducas Folhas sem nectários 
extraflorais, imparipinadas; folíolos alternos, nervação peninévia, 
1��
broquidódroma. Inflorescências dicásios com 3-4 ordens de ramificação, 
geralmente agrupados em fascículos, geralmente partindo de braquiblastos 
laterais ou de ramos áfilos em início de expansão. Flores pequenas, < 1 
cm compr.; hipanto campanulado. sépalas fortemente reflexas na antese; 
pétalas 3, brancas ou amareladas; estames 3(-4) com filetes espessados, 
anteras basifixas deiscentes por 2 pequenas fendas apicais; ovário 
curtamente estipitado, 1-4-ovulado, estilete espessado, estigma truncado 
e oblíquo. Fruto indeiscente, plano-compresso, estipitado, largamente 
elíptico a suborbicular, margem dorsal estreitamente alada.
Pequeno gênero da América do Sul, com duas a três espécies distribuídas 
da Amazônia peruana e brasileira ao Paraguai passando pelo Nordeste do 
Brasil e matas ciliares do Brasil Central.
O padrão de variação apresentado por diferentes populações de Apuleia 
sugerem a existência de uma variação clinal no número, tamanho e 
indumento dos folíolos assim como no tamanho dos frutos, caracteres 
tradicionalmente usados para diagnosticar espécies neste gênero. Há, 
portanto, desacordo entre diferentes autores quanto ao número de espécies 
a serem reconhecidas em Apuleia e o gênero mereceria um bom estudo 
morfométrico a fim de se avaliar com mais objetividade a sua problemática 
taxonômica.
As duas espécies existentes na área de domínio da caatinga podem ser 
separadas pelos seguintes caracteres:
1. Fruto com ápice cuspidado e corpo medindo 4-4,5 cm compr.; 
sépalas densamente pubérulas; restrita à Chapada do Ibiapaba 
(Ceará) ............................................................................ A. grazielanae
1. Frutos com ápice mucronado, o corpo medindo até 3 cm 
1��
compr.; sépalas esparsamente pubérulas; centro-sul e sudeste da 
Bahia ....................................................................................A. leiocarpa
Apuleia grazielanae Afr.Fern., Bradaea 6 (33): 284. 1994.
Árvore ca. 5 m alt.; ramos jovens pubérulos, castanho-escuros, lenticelosos. 
Pecíolo 8-10 mm; raque 4-4,7 cm; segmentos interfoliolares 11-14 mm; 
folíolos 5-7, cartáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 28-
35 x 15-19 mm, ca. 2x mais longos que largos, elípticos a oblongos, ápice 
arredondado a ligeiramente retuso, face adaxial curtamente pubérula, face 
abaxial pubérula; nervura principal mediana, muito saliente na face abaxial, 
nervuras secundárias e terciárias discolores na face adaxial, salientes e 
reticuladas em ambas as faces. Dicásios (poucos vistos) com eixo ca. 
25 mm compr., congestos; pedicelos ca. 9 mm compr. Hipanto ca. 1 mm 
compr.; sépalas ca. 4 x 1,5 mm, oblongo-lineares, densamente pubérulas 
na face externa; pétalas (não vistas, descritas a partir de Fernandes 1994) 
amarelas, menores do que as sépalas, obovais ou oblongas. Fruto 4-
4,5 x 2,4-4,8 cm, suborbicular a largamente elíptico, atenuado na base 
em estípite de 12-13 mm, ápice cuspidado por 10-13 mm, ala dorsal ca. 
1,5-2 mm larg.; valvas rígido-coriáceas, densamente seríceas, tricomas 
dourados.
Apuleia grazielanae é uma espécie endêmica da área de domínio da 
caatinga, ocorrendo apenas na Chapada do Ibiapaba sobre solos arenosos, 
em vegetação localmente denominada de carrasco, em altitudes de ca. 700 
m (fide Fernandes 1994). Floração e frutificação: xii (?).
Os caracteres diferencias entre A. leiocarpa (+ A. molaris) e A grazielanae 
são relativamente instáveis em A. leiocarpa (forma, ápice e indumento 
dos folíolos, forma dos dos frutos) exceto o ápice do fruto que nunca 
1��
se apresenta cuspidado como em A. grazielanae, sendo este o caráter 
usado neste trabalho para separar estas duas espécies. Outro caráter que 
pode auxiliar o reconhecimento desta espécie são as sépalas densamente 
pubérulas, condição não observada em A. leiocarpa. Como foram observados 
poucos espécimes desta planta de caatinga, este caráter deve ser usado com 
precaução. De qualquer modo, A. grazielanae tem distribuição restrita à 
Chapada do Ibiapaba, no Ceará, portanto alopátrica em relação a A. 
leiocarpa.
Material exaMinado: Ceará: Viçosa do Ceará, A. Fernandes & Matos s. n. 14.xii.1985 (K).
Apuleia leiocarpa (Vogel) Macbride, Contr. Gray Herb. 59: 23. 1919.
Leptolobium ? leiocarpum Vogel, Linnaea 11: 393. 1837.
Apuleia praecox Mart., Herb. Fl. Bras.: 123. 1837.
Árvore 4-6 m alt.; tronco ca. 15 cm DAP, casca lisa, descamante 
em placas irregulares, caducifolia, geralmente florescendo antes da 
expansão das folhas e, portanto, as folhas adultas encontradas apenas 
no espécimes com frutos; ramos esparsamente pubérulos, castanho-
escuros, lenticelosos. Pecíolo 10-14 mm; raque 3,8-5,2 cm; segmentos 
interfoliolares 9-12 mm; folíolos 7-9, cartáceos, ligeiramente acrescentes 
distalmente, os distais 28-40 x 13-19 mm, ca. 2x mais longos que largos, 
elípticos a elíptico-oblongos, ápice arredondado a ligeiramente retuso, 
face adaxial curtamente pubérula, face abaxial pubérula; nervura principal 
mediana, muito saliente na face abaxial, nervuras secundárias e terciárias 
discolores na face adaxial e salientes na abaxial, reticuladas. Dicásios 
curtos, eixo 5-14 mm compr., congestos; pedicelos 6-7 mm compr. Hipanto 
ca. 1 mm compr.; sépalas esverdeadas, ca. 4 x 1 mm, oblanceoladas, 
esparsamente pubérulas, reflexas na antese; pétalas brancas, ca. 4 x 2 
mm, elípticas a obovais, reflexas a patentes na antese. Fruto 2,8-3 x 2,2-
1��
2,4 largamente elíptico a suborbicular, atenuado na base em estípite de 
10-15 mm, ápice mucronado, ala dorsal ca. 1,5-2 mm larg.; valvas rígido-
coriáceas, densamente seríceas, tricomas dourados.
Apuleia leiocarpa é uma espécie amplamente distribuída no leste do Brasil até 
a Argentina e Paraguai, ocorrendo em mata atlântica e florestas estacionais. 
É provavelmente co-específica com A. mollaris Spruce ex Benth., o que 
aumenta sua área de distribuição à região amazônica. Na caatinga pode 
ser encontrada em caatinga arbórea em área de transição com florestas 
estacionais (“matas de cipó”) no centro-sul e sudeste do estado da Bahia, 
em altitudes de 600-750 m alt. Floração: ix (baseado em poucos espécimes). 
Frutificação: i-iii.
Os caracteres diferencias entre A. leiocarpa e A grazielanae estão referidos 
na discussão desta espécie.
Nomes vernaculares: garapa (geral), pau-de-rato (Boquira, BA), mulateira 
(Tanque Novo, BA), jitaí-amarelo (Gentio do Ouro, BA).
Material exaMinado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1178 (HUEFS, K, SPF); Boquira, H. P. 
Bautista & O. S. Salgado 846 (HRB, HUEFS); Caetité, B. B. Klitgaard & F. C. P. Garcia 66 
(AAU, K, RB); Livramento do Brumado, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3650 (HUEFS); 
Poções, S. A. Mori et al. 9523 (CEPEC, K); Tanque Novo, S. B. da Silva 198 (HUEFS).
Martiodendron Gleason
Pequeno gênero com quatro espécies, distribuído no norte e leste daAmérica do Sul, principalmente na Amazônia (Koeppen & Iltis, 1962). 
Apenas uma espécie ocorre na caatinga (ver descrição abaixo).
Martiodendron é um gênero bem diferenciado dos demais da subfamília 
Caesalpinioideae principalmente pela redução dos estames a 4, filetes 
muito curtos e anteras muito longas e deiscentes por 2 pequenas fendas 
1��
apicais, dispostas formando um cone em volta do ovário, lembrando, 
superficialmente, uma flor de Solanum. Além disso, apresenta fruto do tipo 
sâmara e folhas imparipinadas com folíolos alternos.
Martiodendron mediterraneum (Benth.) Koeppen, Brittonia 14: 203. 1962.
Amphymenium mediterraneum Mart. ex Benth., Comm. Leg. Gen.: 31. 1837.
Martiusia parvifolia Benth., J. Bot. (Hooker) 2: 103. 1840.
Martia parvifolia (Benth.) Benth. , J. Bot. (Hooker) 2: 146. 1840.
Martiodendron parvifolium (Benth.) Gleason, Phytologia 1: 141. 1935.1935.
Árvore 3-7 m alt., às vezes florescendo como arbusto de 2 m alt., inermes; 
ramos jovens densa e curtamente pubérulos, precocemente lenhosos; 
gemas ovóides, revestidas por profilos estriados e imbricados, presentes 
na axila de algumas folhas antes da floração ou no final da frutificação. 
Estípulas ca. 8 x 5 mm, ovais, carenadas, caducas. Folhas imparipinadas, 
espiraladas, sem nectários extraflorais; pecíolo 5-16 mm; raque 4,5-8,5 
cm; segmentos interfoliolares 17-25 mm; folíolos alternos, 7-9, cartáceos 
a coriáceos, ligeiramente acrescentes distalmente, o terminal 42-65 x 21-
30 mm, ca. 2x mais longos que largos, oblongos a oblongo-lanceolados, 
obtusos e ligeiramente emarginados, cordados, face adaxial glabra, face 
abaxial esparsa e curtamente pubérula; nervura principal mediana, saliente 
na face abaxial, as secundárias e terciárias inconspícuas mas a face 
abaxial finamente reticulada. Inflorescência consistindo de uma série de 
dicásios agrupados em tirsos terminais amplos e abertos, 9-15 cm compr., 
exsertos da folhagem. Botões lanceolados, acuminados, geralmente 
com ápice encurvado. Flores ca. 4,5 cm diâm., ligeiramente zigomorfas; 
sépalas 20-21 x 2,5 mm, lineares, acuminadas, reflexas na antese, externa 
e internamente densamente pubescentes, tricomas marrom-amarelados; 
pétalas amarelo-alaranjadas, 23 x 10 mm, obovais, a vexilar ligeiramente 
1�0
Figura 15 A: Martiodendron mediterraneum (1 - hábito; 2 - fruto); B: Apuleia 
leiocarpa (1 - hábito, ramos vegetativos e floríferos; 2 - flor); C: Poeppigia 
1�1
mais larga; estames (3-) 4, com filetes muito curtos, ca 1,5 mm compr., 
e anteras muito longas, bege, linear-lanceoladas, alternadamente 2 mais 
longas, ca. 15 mm compr., e 2 mais curtas, ca. 10 mm compr., todas 
deiscentes por 2 fendas curtas distais; ovário séssil, 1-ovulado, densa 
e curtamente pubérulo, afilando gradualmente até o estilete glabro e 
reflexo. Fruto sâmara, castanho-avermelhado, indeiscente, 8-10 x 3,4 cm, 
oblongo, fortemente compresso, alado a partir das duas suturas, ala dorsal 
10-14 mm larg., ala ventral 5-7 mm larg.; pericarpo coriáceo, esparsa e 
curtamente pubérulo.
Martiodendron mediterraneum ocorre no leste do Maranhão ao sul-sudeste 
do Piauí, sendo conhecida por apenas uma coleta do século XIX do estado 
da Bahia (serra de Itiúba, grafado como “Tiuba”) feita por Martius. Até o 
presente nunca foi recoletada na Bahia. As poucas informações disponíveis 
sobre esta espécie indicam que ela ocorre principalmente em caatinga 
arbórea e florestas estacionais. Floração:iii-iv. Frutificação: iii-vii.
Esta espécie é facilmente diagnosticada pelas folhas imparipinadas com 
folíolos alternos em combinação com as flores relativamente grandes 
(ca. 4,5 cm diâm.) com apenas 4 estames e anteras muito mais longas do 
que os filetes, deiscentes por duas pequenas fendas apicais, além do fruto 
sâmara com as duas margens aladas. As folhas imparipinadas com folíolos 
alternos e os frutos alados são caracteres que poderiam, em uma análise 
pouco cuidadosa, levar a confundir esta espécie com grupos da subfamília 
Papilionoideae mas a flor não papilionóide com número reduzido de estames, 
as anteras “poricidas” são caracteres não encontrados nas Papilionoideae. 
Além disso, a sâmara em Martiodendron tem forma muito característica, 
além de apresentar duas nervuras conspícuas na base de cada ala.
Nomes vernaculares: quebra-machado (Irati, PI), violeta, violete (Piracuruca, 
PI).
1��
Material exaMinado: Bahia: Itiuba (como “Serra da Tiuba”), K. F. Ph. von Martius 73 
(lectótipo de Amphymenium mediterraneum: M, foto K); Piauí: Irati, M. S. B. Nascimento 
256 (Cpmn, HUEFS); Oeiras, G. Gardner 2149 (tipo de Martiusia parvifolia; holótipo: K); 
L.P.Queiroz et al. 10188 (HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar et al. 637 (HUEFS, TEPB); 
Teresina, F. C. e Silva 63 (K).
Chamaecrista Moench
Arbustos, ervas ou subarbustos eretos ou prostrados, raramente árvores, 
quando ervas freqüentemente monocárpicas e invasoras, inermes; tricomas 
víscido-setosos presentes ou ausentes nos ramos, pecíolo e/ou eixos 
da inflorescência. Folhas paripinadas com 1 a muitos pares de folíolos 
opostos; nectários extraflorais presentes ou ausentes, quando ausentes as 
plantas apresentam tricomas víscido-setosos, quando presentes sésseis 
e discóides a crateriformes ou estipitados e caliciformes a cilíndricos, 
com superfície secretora sempre côncava, localizados no pecíolo ou 
raramente, na raque entre os pares de folíolos. Inflorescências em (1) 
racemos terminais, corimbosos ou não, (2) racemos curtos, ramifloros 
ou (3) fascículos axilares ou supra-axilares; bractéolas alternas sempre 
presentes próximo ou acima do meio do pedicelo. Flores pentâmeras, 
assimétricas; hipanto geralmente indistinto; sépalas livres, eqüilongas ou 
fortemente graduadas, as intermas maiores do que as externas; pétalas 
amarelas, laranja ou rosa, uma das pétalas abaxiais, o cuculo, geralmente 
diferenciada e oblíqua; estames 5-10; anteras deiscentes por 2 pequenas 
fendas apicais, ciliadas ao longo das suturas laterais. Fruto legume, plano-
compresso, elasticamente deiscente, as valvas papiráceas, cartáceas ou 
lenhosas tornando-se espiraladas após a liberação das sementes.
Chamaecrista é um gênero pantropical, com cerca de 330 espécies, tendo 
seu centro de diversidade na América tropical onde ocorrem cerca de 266 
1��
(Irwin & Barneby 1982). Em muitos tratamentos florísticos, incluindo a 
Flora Brasiliensis (Bentham 1870), as espécies referidas para Chamaecrista 
estão incluídas em Cassia.
Apesar de ser um gênero bem representado na caatinga (27 espécies), 
muitas delas são plantas invasoras com ampla distribuição nas Américas, 
especialmente as espécies herbáceas. Um grupo bem diversificado na 
caatinga é o dos arbustos com folhas 4-folioladas e sem nectários extraflorais 
(seção Absus série Absoideae, Irwin & Barneby 1978, 1982).
O gênero tem taxonomia complexa, especialmente na seção Xerocalyx, que 
tem sofrido dramáticos rearranjos taxonômicos. Por exemplo, Irwin (1964) 
classificou a variação observada nesse grupo em 16 espécies, posteriormente 
reduzidas a três espécies (Chamaecrista desvauxii, C. ramosa e C. diphylla)e 
17 variedades por Irwin & Barneby (1982). Os limites entre essas espécies 
é reconhecidamente artificial. Fernandes & Nunes (2005) assumem uma 
posição intermediária e reconhecem dez espécies. Apesar desse estudo 
não representar uma posição definitiva, as conclusões taxonômicas desses 
autores são utilizadas neste trabalho. Assim, Chamaecrista langsdorfii e 
C. ramosa são reconhecidas como espécies distintas de C. desvauxii, e C. 
curvifolia como distinta de C. ramosa, diferentemente de Irwin & Barneby 
(1982).
As flores lembram superficialmente as de espécies dos gêneros Cassia e 
Senna. Destes gêneos, as espécies de caatinga de Chamaecrista podem ser 
diferenciadas por algumascombinações de caracteres diagnósticos:
- ervas ou subarbustos com nectários extraflorais discóides ou calicióides, 
sésseis ou estipitados localizados no pecíolo (em Senna, as poucas 
espécies herbáceas tem nectários clavados localizados entre o par basal 
de folíolos);
1��
- ervas ou subarbustos prostrados, sem nectários extraflorais mas com 
tricomas glandulosos deixando a planta viscosa;
- arbustos com folhas 4-folioladas, desprovidos de nectários extraflorais e 
fruto plano-compresso elasticamente deiscente (em Senna são comuns 
espécies 4-folioladas mas, neste caso, todas têm folhas com nectários 
extra-florais entre o par basal de folíolos);
- árvores com inflorescências ramifloras.
As 27 espécies encontradas na área de domínio da caatinga podem ser 
agrupadas de acordo com o diagrama abaixo.
Chaves auxiliares
Grupo 1:
Este grupo corresponde à seção Xerocalyx. As espécies nele incluídas são 
muito polimórficas e os limites propostos por Irwin & Barneby (1982) 
Nectários foliares ausentes Nectários foliares presentes 
Folíolos em 2 pares Folíolos em mais de 2 pares Chamaecrista
Folíolos em 1 par 
Folíolos peninérvios Folíolos palminérvios 
Grupo 2 Grupo 1 
In
flo
re
sc
ên
ci
a 
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ila
r 
Ch. rotundifolia Ch. curvifolia 
Ch. desvauxii 
Ch. langsdorffii 
Ch. linearis 
Ch. ramosa 
Ch. calycioides 
Ch. duckeana 
Ch. flexuosa 
Ch. serpens 
Ch. supplex 
Ch. swainsonii 
Ch. tenuisepala 
Grupo 3 
Fl
or
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 is
ol
ad
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em
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In
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su
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a-
ax
ila
r 
Ch. cuprea 
Ch. duckeana 
Ch. nictitans 
Ch. pascuorum 
Ch. repens 
Grupo 4 
Er
va
s 
ou
 s
ub
ar
bu
st
os
 
Ch. absus 
Ch. amiciella 
Ch. carobinha 
Ch. fagonioides 
Ch. hispidula 
Grupo 5 
In
flo
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sc
ên
ci
a 
te
rm
in
al
 
Ch. acosmifolia 
Ch. barbata 
Ch. belemii 
Ch. brevicalyx 
Ch. viscosa 
Ch. zygophylloides 
A
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o 
In
fl.
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or
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Ch. eitenorum Ch. eitenorum 
1��
parecem bastante artificiais. Mesmo no contexto das plantas de caatinga é 
difícil estabelecer critérios naturais para diferenciá-las. Assim, duas chaves 
são apresentadas, uma para as duas espécies de caatinga, usando os critérios 
quantitativos de Irwin & Barneby (1982) e uma outra reunindo o conjunto 
de variedades presentes na caatinga para as duas espécies que ocorrem neste 
bioma.
Chave para as espécies do Grupo 1
1. Folíolos com pelo menos 10 mm compr.
2. Nectários extraflorais estipitados; estípulas ca. 8-9 mm compr., 
recobrindo 2/3 a todo o internó; pedicelo 15-18 mm, maior ou 
igual à folha subjacente e às sépalas ............................. Ch. desvauxii
2. Nectários extraflorais sésseis; estípulas com até 5 mm compr., 
mais curtas do que 1/3 do internó; pedicelo 3-4 mm, menor do 
que a folha subjacente e do que as sépalas
3. Folíolos lineares, acuminados a agudos, com até 2,5 mm 
larg. ..................................................................................Ch. linearis
3. Folíolos obovais a oblanceolados, ápice obtuso a arredondado, ca. 
6 mm larg. .................................................................Ch. langsdorffii
1. Folíolos com até 7 mm compr.
1. Folíolos obovados com nervura principal reta; nectário extrafloral 
estipitado ........................................................................ Ch. ramosa
1. Folíolos falcadamente obovados, com nervura principal encurvada; 
nectário extrafloral séssil .............................................. Ch. curvifolia
Chave para as espécies e variedades do Grupo 1
1��
1. Nectários extraflorais estipitados
2. Estípulas maiores ca. 9 x 5 mm, recobrindo todo ou mais da metade 
do internó; folíolos maiores ca. 13 x 7 mm; ramos, pecíolo e face 
abaxial dos folíolos pubérulos ...................Ch. desvauxii var. latifolia
2. Estípulas maiores ca. 4 x 1,5 mm, menores do que 1/3 do 
comprimento do internó; folíolos maiores ca. 7 x 4 mm; planta 
essencialmente glabra ....................................Ch. ramosa var. ramosa
1. Nectários extraflorais sésseis
3. Nervura principal dos folíolos encurvadas, os folíolos 
então falcadamente obovados e medindo ca. 3 mm 
compr. ........................................................Ch. ramosa var. curvifolia
3. Nervura principal e folíolos retos, os folíolos medindo 13-25 mm 
compr.
4. Folíolos lineares com ápice acuminado e com até 2,5 mm 
larg. ...................................................... Ch. desvauxii var. linearis
4. Folíolos obovais a oblanceolados, ≥ 6 mm larg., com ápice 
obtuso a arredondado.......................... Ch. desvauxii var. brevipes
Grupo �:
1. Sépalas multiestriadas com muitas nervuras salientes e paralelas
2. Ervas prostradas; estípulas 3-5 mm compr.; folíolos em 6-7 
pares .............................................................................Ch. calyciodes
2. Subarbustos eretos, mais de 1 m alt.; estípulas 8-17 mm; folíolos 
12-24 pares ................................................................... Ch. duckeana
1. Sépalas não estriadas, as nervuras inconspícuas e reticuladas
1��
3. Ramos fortemente fractiflexos; folíolos com duas nervuras 
conspícuas definindo uma aréola sem nervuras
4. Folhas com 3 a 9 pares de folíolos; folíolos com ápice cuspidado 
e espinescente; estípulas largamente ovais, com 9-15 mm 
larg. ........................................................................Ch. swainsonii
4. Folhas com 25 a 60 pares de folíolos; folíolos com ápice 
mucronado; estípulas oval-lanceoladas com 3-5 mm 
larg. ............................................................................ Ch. flexuosa
3. Ramos não fractiflexos; nervuras dos folíolos não formando aréola 
sem nervuras
5. Estípulas com base cordada; estames 3-5; fruto 9-10 mm 
compr.; pedicelo curto, 2-5 mm compr.; flores pequenas, com 
ca. 3 mm diâm.............................................................Ch. supplex
5. Estípulas com base obtusa a arredondada, não cordada; 
estames 10; fruto 19-45 mm compr.; pedicelo maior, 17-22 
mm compr.; flores maiores, com pelo menos 7 mm diâm.
6. Subarbustos ou pequenos arbustos eretos, pelo menos com 
a base do caule lenhosa; folhas com 4(-5) pares de folíolos; 
flores 15-20 mm diâm. .....................................Ch. tenuisepala
6. Ervas prostradas com caule delgado, herbáceo; folhas com 
6-8 pares de folíolos; flores 7-9 mm diâm. ............. Ch. serpens
Grupo �:
1. Sépalas multiestriadas com muitas nervuras salientes e 
paralelas ............................................................................Ch. duckeana
1��
1. Sépalas não estriadas, as nervuras inconspícuas e/ou reticuladas
2. Folíolos em 9 a 20 pares; raque foliar com pelo menos 4 cm compr.
3. Subarbustos com base lenhosa; folíolos com nervura principal 
fortemente excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção 
de > 1:2,5; nectário peciolar séssil ou elevado em uma coluna 
tão ou mais larga quanto seu diâmetro ..........................Ch. repens
3. Ervas anuais; folíolos com nervura principal apenas ligeiramente 
excêntrica, dividindo a lâmina em uma proporção de ca. 1:1,5; 
nectário peciolar estipitado, o estípite claramente mais estreito 
do que o diâmetro da cabeça ..................................... Ch. nictitans
2. Folíolos em 3 a 7 pares; raque foliar com até 3 cm compr.
4. Estípulas 6-10 mm compr.; folíolos 10-17 mm compr., 
pubescentes em ambas as faces, em 4 a 7 pares nas folhas 
maiores ..................................................................Ch. pascuorum
4. Estípulas 1,5-2,5 mm compr.; folíolos 2,5-7 mm compr.,glabros na face adaxial, glabros ou esparsamente pubérulos na 
abaxial, em 2-4 pares (3 pares na maioria das folhas) ... Ch. cuprea
Grupo �:
1. Folhas dísticas apresentando na raque, entre cada par de folíolos, 
um apêndice lingüiforme; flores pequenas, 6-7 mm diâm.; cuculo 
não diferenciado; estames 2 a 7; estilete curto, 1,5-2 mm compr., 
dilatado e reflexo ..................................................................... Ch. absus
1. Folhas espiraladas, sem apêndices na raque; flores maiores ca. 15-20 
mm diâm.; uma das pétalas abaxiais diferenciadas, ± reniforme e 
dobrada sobre os estames (cuculo); estames 10; estilete não dilatado 
1��
nem reflexo
2. Pecíolo proporcionalmente longo, ca. 2x ou mais o comprimento 
dos folíolos proximais
3. Botões florais obtusos; folíolos 4-10 mm compr.; sépalas 
com ápice obtuso, até 5 mm compr.; pétalas até 10 mm 
compr.; folíolos concolores verdes ou com margem 
avermelhada ..............................................................Ch. amiciella
3. Botões florais agudos; folíolos 20-23 mm compr.; sépalas 
com ápice agudo 8-11 mm compr.; pétalas 14-16 mm 
compr.; folíolos freqüentemente discolores na face adaxial 
com padrões de púpura ao lado das nervuras (só visíveis em 
material fresco) ........................................................ Ch. hispidula
2. Pecíolo mais curto ou até 1,4x mais longo do que os folíolos 
proximais 
3. Botões florais e sépalas agudos; pétalas amarelas ..... Ch. carobinha
3. Botões florais e sépalas obtusos; pétalas laranja ou 
rosa ....................................................................... Ch. fagonioides
Grupo �:
1. Epiderme dos ramos jovens tornando-se precocemente pálida (quase 
branca em plantas secas) e exfoliante
2. Pecíolo proporcionalmente longo, pelo menos 1,5x mais longo do 
que os folíolos proximais ............................................ Ch. brevicalyx
2. Pecíolo proporcionalmente mais curto, pouco menor ou pouco 
maior do que os folíolos proximais
1�0
3. Folíolos oval-lanceolados, 2,5-3x mais longos que largos, os 
distais com pelo menos 55 mm compr.; racemos não corimbosos, 
alongados, longamente exsertos da folhagem ........ Ch. barbata
3. Folíolos elíptico-obovados, 1,4-1,7x mais longos do que largos, 
com até 24 mm compr.; racemos corimbosos, curtamente 
exsertos da folhagem ................................................... Ch. belemii
1. Epiderme dos ramos jovens não se tornando pálida e exfoliante, às 
vezes longitudinalmente estriada
4. Folíolos obdeltóides com ápice obcordado ........................Ch. viscosa
4. Folíolos elípticos a obovados com ápice obtuso a arredondado
5. Folíolos distais 27-45 cm compr.; arbusto delgado com caule ± 
sarmentoso e virgado ............................................ Ch. acosmifolia
5. Folíolos distais 5-22 cm compr.; arbustos eretos com caule 
muito ramificado
6. Flores com ca. 2 cm diâm.; pétalas 14-16 mm compr.; 
pecíolo um pouco mais curto ou um pouco mais longo do 
que os folíolos proximais ........................................ Ch. belemii
6. Flores com ca. 1 cm diâm.; pétalas 7-10 mm compr.; pecíolo 
proporcionalmente mais longo, ca. 1,5x maior do que os 
folíolos proximais ........................................ Ch. zygophylloides
Chamaecrista absus (L.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 664. 1982.
Cassia absus L., Sp. Pl..: 376. 1753.1753.
var. absus
1�1
Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos, 
esparsamente pubérulos e com tricomas setosos glandulares. Estípulas 
2-3 x 1 mm, estreitamente triangulares, acuminadas. Pecíolo 15-45 mm, 
ca. 1-2x o comprimento dos folíolos proximais; raque 6-11 mm; nectários 
extraflorais ausentes; apêndices foliáceos presentes na raque entre cada 
par de folíolos; folíolos 2 pares, fortemente acrescentes distalmente, os 
distais 30-45 x 15-25 mm, obliquamente largo-obovais, 2-3x mais longos 
do que largos, ápice obtuso, curtamente mucronado, adpresso-pilosos nas 
duas faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana. Racemo 
terminal, curto, imerso na folhagem, 1-3 cm compr.; pedicelo 2-3 mm. 
Botões ovóides, obtusos. Flores 0,6-0,7 cm diâm.; sépalas estreitamente 
oblongas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 3,5 x 1 mm; pétalas amarelas, eretas 
(perianto ± campanulado), oboval-oblanceoladas, ca. 6 x 4 mm; estames 
2-7. Legumes 3,7-4 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongos, patentes; valvas 
papiráceas, híspido-setosas e com tricomas glandulares.
Erva monocárpica invasora, pantropical, amplamente distribuída nas 
Américas. Apesar de Irwin & Barneby (1978) considerarem sua possível 
ausência no nordeste do Brasil, esta planta é conhecida da área de caatinga 
por uma coleta relativamente recente (1993), em áreas degradadas e 
sazonalmente úmidas, transicionais entre caatinga e floresta estacional. 
Floração e frutificação: viii.
Chamaecrista absus é uma espécie taxonomicamente isolada, combinando 
o indumento glandular das demais espécies da seção Absus (grupos 4 e 
5), com o comportamento monocárpico e flores reduzidas e possivelmente 
cleistógamas encontrados em algumas espécies da seção Chamaecrista 
(grupos 2 e 3). No contexto das espécies de caatinga, pode ser superficialmente 
confundida com Ch. hispidula e Ch. amiciella, todas combinando o hábito 
herbáceo prostrado com as folhas 4-folioladas. No entanto, estas duas 
espécies apresentam flores significativamente maiores, com 1,5 mm diâm. 
1��
ou mais, androceu com 10 estames e cuculo bem diferenciado. Ch. hispidula, 
por sua vez, comumente apresenta os folíolos com a região adjacente às 
nervuras de maior porte discolores, verde-prateadas.
Material exaMinado: Bahia: Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimanto 3555 (HUEFS, K).
Chamaecrista acosmifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New 
York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia acosmifolia Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 133. 1870.15 (2): 133. 1870.
var. acosmifolia
Arbusto delgado até 2 m alt., ramos virgados e ± flexuosos, velutinos e 
com tricomas setosos glandulares densos. Estípulas subuladas, 3-4 x 0,5 
mm. Pecíolo 30-34 mm, um pouco mais curto ou um pouco mais longo do 
que os folíolos proximais; raque 10-16 mm; nectários extraflorais ausentes; 
folíolos 2 pares, cartáceos, acrescentes distalmente, os distais 27-45 x 11-
22 mm, elípticos, 2-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, curtamente 
mucronado, margem revoluta, face adaxial esparsamente pubérula, face 
abaxial pilosa; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana. Racemos 
terminais não corimbosos, 1-3 cm compr., 6,5-8 cm, exserto da folhagem, 
freqüentemente agrupados em panículas; pedicelo 12-21 mm. Botões 
ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas estreitamente ovais a 
obovais, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8-9 x 3-4 mm; pétalas amarelas, 4 
eretas (perianto ± campanulado), obovais, 13-15 x 8-9 mm, cuculo hemi-
oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,4-4,5 x 0,5-0,6 
cm, linear-oblongo; valvas cartáceas, pubérulas e viscosas.
Chamaecrista acosmifolia ocorre em caatinga e cerrado no nordeste do Brasil 
até Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso (Irwin & Barneby 1978). Das três 
variedades reconhecidas por estes autores, apenas a variedade acosmifolia 
1��
ocorre na caatinga, sendo registrada para os estados da Bahia e do Piauí, em 
altitudes de 500-600 m. Floração: i-iii. Frutificação: i-v.
Esta espécie assemelha-se a Ch. barbata da qual pode ser diferenciada pela 
epiderme dos ramos não se tornando pálida (em Ch. barbata os ramos ficam 
quase brancos nas plantas secas) e pelas flores distribuídas em panículas de 
racemos relativamente curtos (vs. racemo simples, terminal, muito longo 
em Ch. barbata).
Os espécimes do Piauí citados na Flora Brasiliensis (Bentham 1870)como Cassia desertorum correspondem a esta espécie.
Material selecionado: Bahia: Andaraí, A. M. Giulietti & R. M. Harley 2080 (HUEFS); 
Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18902 (CEPEC, K); Jacobina, L. P. Queiroz et al. 2444 
(HUEFS); Morro do Chapéu, F. França et al. 2855 (HUEFS); Seabra, L. C. de Oliveira f. & 
J. C. A. Lima 102 (K, MBM). Piauí, Paranaguá, G. Gardner 2547 (K).
Chamaecrista amiciella (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, 
Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia amiciella H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 267. 1978.New York Bot. Gard. 30: 267. 1978.
Erva prostrada a procumbente, até 30 cm alt.; ramos delgados, herbáceos, 
indumento pubérulo associado a tricomas víscido-setosos e setas < 1 mm 
compr. Estípulas setáceas, 1-1,5 x 0,5 mm. Pecíolo 12-15 mm, ca. 2x mais 
longo do que os folíolos proximais; raque 1-4 mm; nectários extraflorais 
ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, eqüilongos ou ligeiramente 
acrescentes distalmente, os distais 4-10 x 2-6 mm, obovais, 1,7-2x mais 
longos do que largos, ápice obtuso e apiculado ou emarginado, margem 
plana, cuneados na base, glabros ou curta e esparsamente pubérulos 
em ambas as faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, 
juntamente com as secundárias inconspícuas. Racemos terminais ± 
1��
corimbosos, 2-12 cm compr.; pedicelo 14-18 mm. Botões globosos, 
obtusos e discretamente apiculados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas 
esverdeadas, estreitamente elípticas, obtusas, ± eqüilongas, 4,5-5 x 1,5-2 
mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 
9-10 x 4-6 mm, cuculo hemi-oval, falcado, dobrado sobre o androceu; 
estames 10. Legume 1,5-3 x 0,3-0,4 cm, linear-oblongo; valvas cartáceas, 
víscido-setosas.
Chamaecrista amiciella é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida do 
sul do Ceará e oeste da Paraíba e norte da Bahia (Irwin & Barneby 1978). 
Ocorre principalmente sobre solo arenoso em altitudes de 150 a 500 m. 
Floração e frutificação: ii-vi.
Esta espécie é relativamente mal representada nos herbários devido, 
provavelmente, ao seu ciclo rápido de crescimento, floração e produção 
de sementes. É possível, portanto, que tenha distribuição mais ampla do 
que a indicada acima. Vegetativamente, Ch. amiciella assemelha-se a Ch. 
hispidula da qual se diferencia pelos tricomas setosos menores (< 1 mm em 
Ch. amiciella e > 1 mm em Ch. hispidula) e, principalmente, pelos botões 
florais obtusos (agudos em Ch. hispidula) e pelas flores menores, com 
sépalas de até 5 mm compr. (vs. ≥ 7,5 mm compr. em Ch. hispidula). Estas 
características do botão e das flores a aproxima de Ch. fagonioides, da qual 
se diferencia facilmente pelo pecíolo proporcionalmente mais longo, ca. 
2x o comprimento dos folíolos proximais (em Ch. fagonioides o pecíolo é 
aproximadamente do mesmo comprimento dos folíolos proximais).
Material selecionado: Bahia: Ibotirama, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Itatim, E. Melo 
& F. França 1175 (HUEFS); Jacobina, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Queimadas, 
Rose & Russell 19837 (isótipo de Cassia amicilella: NY). Pernambuco: entre Ouricuri e 
Parnamirim, E.P.Heringer et al. 632 (IPA).
1��
Figura 16 A: Chamaecrista acosmifolia (hábito); B: Chamaecrista eitenorum 
(1 - folha; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - fruto); C: Chamaecrista belemii 
(1 - hábito; 2 - folíolo; 3 - inflorescência); D: Chamaecrista zygophylloides ( 1 
folha; 2 - detalhe de um folíolo); E: Chamaecrista barbata (1 - folha; 2 - fruto); 
1��
Chamaecrista barbata (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New 
York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia barbata Nees & Mart., Nov. Act. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat. Cur. 12: 32. 
1823.
Cassia barbata var. mollis Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 133. 1870.Brasil. 15 (2): 133. 1870.
Arbusto delgado, pouco ramificado, 1,5-2 m alt.; ramos vilosos e víscido-
setulosos, a epiderme tornando-se precocemente pálida e exfoliante. 
Estípulas setosas, 2,5-3,5 x 0,5 mm. Pecíolo 35-50 mm, um pouco 
mais curto ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais; raque 
15-20 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, 
acrescentes distalmente, os distais 55-85 x 21-37 mm, oval-lanceolados, 
2,5-3x mais longos do que largos, ápice obtuso, às vezes também 
longamente mucronado, margem revoluta, face adaxial glabra, reticulada, 
raramente rugosa, face abaxial esparsa ou densamente pilosa, setosa 
sobre as nervuras; nervação peninérvia, nervura principal mediana, 
nervuras de menor porte fortemente reticuladas formando uma rede de 
aréolas fechadas ca. 1 mm diâm. Racemos terminais não corimbosos, 
8-36 cm compr., longamente exsertos da folhagem, não agrupados em 
panículas; pedicelo 10-16 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm 
diâm.; sépalas verdes, às vezes tingidas de vermelho, elípticas, obtusas, 
± eqüilongas, ca. 6-12 x 2-3 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto 
± campanulado), oblanceoladas, 16-18 x 9-10 mm, cuculo hemi-oval, 
dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 5,2-6 x 0,8-0,9 cm, 
linear-oblongo, ascendente; valvas pubérulas e setosas, viscosas.
Chamaecrista barbata ocorre principalmente na caatinga da Bahia, a 
leste do rio São Francisco, e oeste de Pernambuco (Irwin & Barneby 
1978), podendo também ocorrer em áreas de transição caatinga-cerrado 
na Chapada Diamantina, em altitudes de 650 a 1000m. Floração: x-iii. 
1��
Frutificação: x-iii.
Esta espécie é relativamente fácil de ser reconhecida pela síndrome de 
folíolos oval-lanceolados, revolutos na margem e densamente reticulados e 
racemos longos e densamente multifloros.
Material selecionado: Alagoas: Arapiraca, D.Andrade-Lima 62-4069 (IPA). Bahia: Andaraí, 
L. P. Queiroz et al. 1880 (HUEFS); Caetité, G. Hatschbach et al. 65844 (HUEFS, MBM); 
Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3550 (HUEFS);Ituaçu, L. P. Queiroz 1652 (HUEFS); 
Lagoinha, R. M. Harley et al. 16763 (CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho et al. 1996 
(CEPEC, K); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30724; Senhor do Bonfim, R. Mello-Silva 
et al. CFCR 7593 (K, SPF). Pernambuco: Taquaritinga, D.Andrade-Lima 66-4452 (IPA).
Chamaecrista belemii (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, 
Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia belemii H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 241. 1978.New York Bot. Gard. 30: 241. 1978.
Arbusto profusamente ramificado, 1,5-3 m alt.; ramos pubérulos e víscido-
setulosos, a epiderme tornando-se precocemente pálida e exfoliante. 
Estípulas setosas, ca. 2 x 0,5 mm. Pecíolo 6-14 mm, um pouco mais curto 
ou um pouco mais longo do que os folíolos proximais (ver variedades); 
raque 4-5 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos 
a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais 9-24 x 5-13 mm, elíptico-
obovados, 1,4-1,7x mais longos do que largos, ápice arredondado a 
ligeiramente emarginado, margem plana, geralmente glabros exceto por 
um tufo de tricomas lateralmente na base da nervura principal, raramente 
pubérulos nas duas faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, 
mediana, nervuras de menor porte salientes e reticuladas em ambas 
as faces. Racemos terminais ± corimbosos, 2,5-5 cm compr., apenas 
curtamente exsertos da folhagem, às vezes agrupados em panículas 
1��
curtas; pedicelo 15-21 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 2 cm 
diâm.; sépalas verdes, elípticas a oblongas, obtusas, ± eqüilongas, 6-9 x 3-
4 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto ± campanulado), obovais, 
14-16 x 6-9 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. 
Legume 3-4,2 x 0,6-0,7 cm, linear-oblongo, ascendente; valvas glabras a 
pubérulas e viscosas.
Chamaecrista belemii poderepresentar a forma mais xeromórfica das 
espécies de Chamaecrista de caatinga, com o hábito arbustivo profusamente 
ramificado e precocemente lenhoso, além dos folíolos menores e mais 
consistentes do que o das demais espécies 4-folioladas. As folhas lembram 
as de Ch. zygophylloides que, no entanto, pode ser diferenciada pelos folíolos 
maiores. Por outro lado, a epiderme dos ramos torna-se pálida e precocemente 
exfoliante, de modo semelhante ao observado em Ch. barbata, embora estas 
duas espécies sejam difíceis de confundir pois Ch. belemii apresenta folíolos 
elíptico-obovados (não oval-lanceolados) e significativamente menores (9-
24 mm vs. 55-85 mm), além de possuir racemos mais curtos (2,5-5 cm 
vs. 8-36 cm) e ± corimbosos, com os botões em pré-antese ficando ± na 
mesma altura das flores abertas.
Aparentemente endêmica da caatinga do estado da Bahia a leste do rio São 
Francisco. Irwin & Barneby (1978, 1982), reconhecem duas variedades, 
ambas ocorrendo na caatinga e diferenciadas pela chave apresentada abaixo. 
Os caracteres apresentados são relativamente instáveis e é possível que uma 
análise mais cuidadosa revele que tratam-se de pequenas variações locais 
sem muito significado taxonômico.
1.Superfície dos folíolos e dos frutos glabras ou quase glabras; pedicelos 
bracteolados abaixo do meio; folhas com raque de 3-6 mm .var. belemii
1. Superfície dos folíolos e dos frutos pubérulas; pedicelos bracteolados 
1��
acima do meio; folhas com raque de 1,5-2,5 (-3)mm ..... var. paludicola
Chamaecrista belemii (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby 
var. belemii
Planta de caatinga, distribuída principalmente no centro-leste da Bahia, 
especialmente sobre solos arenosos, em altitudes de 200 a 600 m. Floração: 
i-iii. Frutificação: i-v.
Nome vernacular: flor-de-são-joão.
Material selecionado: Bahia: s.l., BR-4 220 km S de Salvador, R. P. Belém & J. M. Mendes 
316 (tipo de Cassia belemii; holótipo UB, isótipo: K, foto HUEFS); Casa Nova, L. P. 
Queiroz et al. 7908 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3552 (HUEFS, K); 
Itatim, E. Melo et al. 1880 (HUEFS); Jeremoabo, L. P. Queiroz 3725 (HUEFS); Milagres, 
R. M. Harley et al. 19439 (CEPEC, K); Ruy Barbosa, F. França et al. 2666 (HUEFS); Santa 
Brígida, L. P. Queiroz 385 (ALCB, HUEFS). Pernambuco: Arcoverde, L. P. Félix et al. 
5663 (Hst, HUEFS). Sergipe: Canindé do São Francisco, D. M. Coelho & R. A. Silva 148 
(HUEFS, Xingo).
Chamaecrista belemii var. paludicola (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin 
& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia belemii var. paludicola H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30:Gard. 30: 
243. 1978.
Em caatinga, sendo freqüentemente encontrada sobre afloramentos 
graníticos, a 300-600 m alt. Floração: iii. Frutificação: iii-v.
Material selecionado: Bahia: s.l., “marais de Tapira”, J. S. Blanchet 3093 (tipo de Cassia 
belemii var. paludicola; isótipo: K, foto HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19417 
(CEPEC, K); Raso da Catarina, H. P. Bautista et al. 459 (HRB, K).
Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York 
1�0
Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia brevicalyx Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 134. 1870.Brasil. 15 (2): 134. 1870.
Arbusto ramificado, 1-3 m alt.; tricomas glanduloso-setosos densos sobre 
os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, a epiderme tornando-se 
precocemente pálida (quase branca em material seco) e exfoliante. 
Estípulas lineares, ca. 1-2 x 0,5-0,8 mm. Pecíolo longo, 30-55 mm, 
pelo menos 1,5x maior do que os folíolos proximais; raque 4-8 mm; 
nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, papiráceos, ligeiramente 
acrescentes distalmente, os distais 22-38 x 12-20 mm, largamente ovais 
a suborbiculares, ca. 1,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a 
arredondado ou elípticos com ápice agudo (ver variedades), margem 
plana, glabros ou pubérulos em ambas as faces; nervação peninérvia, 
nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e as 
nervuras de menor porte salientes e abertamente reticuladas em ambas 
as faces. Racemos terminais não corimbosos, longos, 9-28 cm compr., 
longamente exsertos da folhagem, raramente agrupados em panículas 
terminais; pedicelo 15-30 mm. Botões ovóides, obtusos. Flores ca. 3 cm 
diâm.; sépalas verde-amareladas, elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8-
11 x 3-5 mm, reflexas na antese; pétalas amarelas, ascendentes (perianto 
amplamente campanulado), obovais, 17-21 x 11-14 mm, cuculo hemi-oval, 
dobrado sobre o androceu; estames 10. Legume 3,7-6 x 0,6-0,7 cm, linear-
oblongo, ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas.
Chamaecrista brevicalyx ocorre principalmente em cerrado e caatinga no 
leste do Brasil, da região central do Piauí até o norte de Minas Gerais 
passando pelos estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia.
A descamação precoce da epiderme dos ramos, deixando-os pálidos, 
associada aos racemos longos e multifloros e às flores relativamente grandes 
aproximam esta espécie de Ch. barbata, da qual pode ser diferenciada pelo 
1�1
pecíolo proporcionalmente mais longo, ca. 1,5-2x mais longo do que 
o primeiro par de folíolos. Os folíolos proporcionalmente mais largos 
(largamente ovais a suborbiculares, não oval-lanceolados) também podem 
servir para diferenciar estas espécies exceto pela rara variedade elliptica (ver 
características abaixo).
O comprimento relativo do pecíolo a aproxima de Ch. zygophylloides, da 
qual pode ser diferenciada pelas flores significativamente maiores (ca. 3 
cm diâm. com pétalas de 17-21 mm compr. em Ch. barbata vs. ca. 1 cm de 
diâm. com pétalas de 8-15 mm compr. em Ch. zygophylloides), além da já 
referida peculiaridade da epiderme dos ramos.
Irwin & Barneby (1978, 1982) reconhecem duas variedades, as duas 
ocorrendo na caatinga, podendo ser diferenciadas pela seguinte chave.
1. Folíolos largamente ovais a suborbiculares, glabros ..........var. brevicalyx
1. Folíolos elípticos, pubérulos em ambas as faces ....................var. elliptica
Chamaecrista brevicalyx (Benth.) H.S.Irwin & Barneby var. brevicalyx
Planta de caatinga e cerrado, com distribuição coincidente com a da espécie. 
Na caatinga ocorre principalmente sobre solo arenoso, de 400 a 1000 m alt. 
Floração: xi-iii. Frutificação: i-iii.
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2818 (HUEFS, K, SPF); Boninal, G. 
Hatschbach & J. M. Silva 50158 (K, MBM); Caetité, G. Hatschbach et al. 65878 (HUEFS, 
MBM); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7642 (HUEFS); Raso da Catarina, L. P. 
Queiroz 456 (ALCB, HUEFS, K); Santa Brígida, L. P. Queiroz et al. 7290 (HUEFS). Paraíba: 
J. C. Moraes 1979 (K). Pernambuco: Buíque, L. P. Félix et al. 7444 (Hst, HUEFS). Piauí: 
Oeiras, G. Gardner 2122 (holótipo de Cassia brevicalyx: K, foto HUEFS); Piracuruca, A. 
Carvalho & C. G. Lopes 118 (HUEFS, TEPB).
1��
Chamaecrista brevicalyx var. elliptica (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin 
& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia brevicalyx var. elliptica H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.New York Bot. Gard. 
30: 252. 1978.
Conhecida por apenas uma coleta em área de transição caatinga-cerrado 
no norte da Bahia. Como afirmado por Irwin & Barneby (1978), é possível 
que se trate de uma espécie distinta mas mais material seria necessário para 
avaliar seu padrão de variação.Planta de caatinga e cerrado, com distribuição 
coincidente com a da espécie. Na cattinga ocorre principalmente sobre solo 
arenoso, de 400 a 1000 m alt. Floração e frutificação: ii.
Material exaMinado: Bahia: Lagoinha, R. M. Harley et al. 16785 (tipo de Cassia brevicalyx 
var. elliptica; isótipo: K, foto HUEFS).
Chamaecrista calycioides (Collad.) Greene, Pittonia 4: 32. 1899.
Cassia calyciodes Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 125, t. 120, fig. B. 1816.Casses: 125, t. 120, fig. B.1816.
var. calyciodes
Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos, pubérulos 
e com tricomas setosos ca. 1,5 mm compr. Estípulas 3-4 x 1,5-2 mm, 
oval-lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 2,5-3,5 mm; 
raque 1,2-1,6 cm; segmentos interfoliolares 1 mm; nectário peciolar 1, 
delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par proximal de folíolos; 
folíolos 8-10 pares, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente, os 
medianos 7-8 x 1,5-2 mm, oblongo-lineares, 3,5-5x mais longos do que 
largos, ápice obtuso, às vezes adicionalmente mucronado, glabros nas 
duas faces ou face abaxial esparsamente pubérula; nervura principal 
fortemente excêntrica, submarginal. Pedicelo axilar, isolado, 0,5-1 mm. 
Botões ovóides, acuminados. Flores 0,8-1 cm diâm.; sépalas lanceoladas, 
1��
acuminadas, ± eqüilongas, ca. 9 x 1,3 mm, nervuras paralelas, salientes; 
pétalas amarelas, obovadas, ca. 6 x 5 mm. Legume 2,1-3,4 x 0,4 cm, 
linear, reflexo; valvas papiráceas, pilosas.
Planta monocárpica invasora, amplamente distribuída na América tropical, 
desde o Texas (U.S.A.) até a Argentina (Irwin & Barneby 1982). Das duas 
variedades reconhecidas por estes autores, apenas a variedade calyciodes 
ocorre na caatinga, geralmente em áreas degradadas e sazonalmente 
inundadas. Floração e frutificação: provavelmente após as chuvas.
No seu aspecto geral, Ch. calyciodes assemelha-se a Ch. serpens, compartilhando 
o hábito delicado e prostrado e os nectários delgadamente estipitados. Um 
exame das sépalas permite separá-las com facilidade pois Ch. calycioides 
apresenta sépalas multi-estriadas, com várias nervuras paralelas e salientes. 
Além disso, o pedicelo das flores de Ch. calycioides é muito mais curto do que 
o de Ch. serpens (0,5-1 mm vs. 17-20 mm, respectivamente). Este caráter a 
aproxima de Ch. supplex, da qual difere pelo número maior de folíolos (8 a 
10 pares em Ch. calyciodes vs. 5-6 pares em Ch. supplex).
Material exaMinado: Alagoas: Pão de Açúcar¸R.P.Lyra-Lemos 4850 (MAC). Bahia: 
Remanso, L. Coradin et al. 5937 (CEN, K). Paraíba: Esperança, J.C.de Moraes s.n. IPA 
13095 (IPA). Pernambuco: Lajedo, L. B. Oliveira & A. M. Miranda 142 (Hst, HUEFS); 
Sertânia, A. M. Miranda et al. 2616 (Hst, HUEFS). Piauí: Colônia do Gurguéia, L. P. 
Félix 7749 (Hst, HUEFS); Irati, M. S. B. Nascimento 229 (Cpmn, HUEFS); Oeiras, G. 
Gardner 2130 (K); Palmas, M. S. B. Nascimento et al. 429 (Cpmn); São Sebastião, M. S. 
B. Nascimento 147 (Cpmn, HUEFS). 
Chamaecrista carobinha (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, 
Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia carobinha H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 30: 270. 1978.New York Bot. Gard. 30: 270. 1978.
1��
Erva prostrada a procumbente, às vezes sarmentosa e ascendente até 
1-1,5 m; ramos delgados, herbáceos, indumento pubérulo associado a 
tricomas víscido-setosos ca. 0,5 mm compr. Estípulas setáceas, 1-2,5 
x 0,5 mm. Pecíolo 13-32 mm, um pouco mais longo ou mais curto do 
que os folíolos proximais; raque 5-17 mm; nectários extraflorais ausentes; 
folíolos 2 pares, papiráceos, acrescentes distalmente, os distais 10-40 x 
5-17 mm, oval-elípticos, ca. 2x mais longos do que largos, ápice obtuso 
ou emarginado, margem revoluta, densamente pubérulos em ambas 
as faces e, adicionalmente, esparsamente setosos sobre as nervuras; 
nervura principal mediana, peninérvia, juntamente com as secundárias 
inconspícuas. Racemos terminais não corimbosos, laxos, 10-30 cm compr.; 
pedicelo delgado, 14-22 mm. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 2 cm 
diâm.; sépalas verde-avermelhadas, lanceoladas, agudas, ± eqüilongas, 
8-9 x 2-3 mm; pétalas amarelas, eretas (perianto ± campanulado), obovais 
a oblanceoladas, 13-14 x 5-8 mm, cuculo falcado-elíptico, dobrado sobre 
o androceu; estames 10. Legume ca. 3 x 0,5 cm, linear-oblongo, pêndulo; 
valvas cartáceas, pubérulas e esparsamente víscido-setosas.
Chamaecrista carobinha é uma espécie endêmica da caatinga, conhecida 
apenas do sul do Piauí e norte da Bahia, de Juazeiro até o extremo 
setentrional da Chapada Diamantina. Floração: iii-v. Frutificação: ?
Esta espécie combina os botões florais agudos, semelhantes aos de Ch. 
hispidula, com o pecíolo proporcionalmente curto, como o de Ch. fagonioides. 
A combinação destes dois caracteres diagnostica esta espécie e permite 
separá-la tanto de Ch. hispidula (que tem pecíolo proporcionalmente muito 
longo) como de Ch. fagonioides (que tem o botão obtuso e, adicionalmente, 
pétalas laranja, não amarelas como em Ch. carobinha).
Material exaMinado: Bahia: Juazeiro, Löfgren 891 (holótipo de Cassia carobinha: RB); 
Morro do Chapéu, G. Hatschbach & O. Guimarães 42346 (MBM). Piauí, Paranaguá, Ph. 
1��
von Luetzelburg 1490 (M).
Chamaecrista cuprea H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 
35: 749. 1982.
Pequeno subarbusto 10-20 cm alt., formando pequenas moitas com 
ramos encurvados e ascendentes, esparsamente pubérulos. Estípulas 
1,5-2,5 x 0,5-1 mm, ovais a triangulares. Pecíolo 1,5-3,5 mm; raque 
0,2-0,7 cm; segmentos interfoliolares 2,5-3 mm; nectário peciolar 1, 
estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos 3 (-
4) pares, glaucos, ligeiramente suculentos, discretamente decrescentes 
proximal e distalmente, os medianos 2,5-7 x 1-4,5 mm, oblongo-obovados, 
ca. 1,5-2,5x mais longos do que largos, ápice obtuso e mucronado, face 
adaxial glabra, face abaxial glabra a esparsamente pubérula; nervação 
palminérvia, nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelos supra-
axilares, deslocados por 1,5-6 mm, isolados ou pareados, 5-11 mm; 
bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. 
Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, ± eqüilongas, 7-10 x 2,5-3 
mm; pétalas laranja-avermelhadas com margens amarelas, heteromórficas 
com a adaxial e uma adjacente oblanceoladas, menores (ca. 8-11 mm 
compr.), duas obovadas maiores (ca. 12-14 mm) e o cuculo em forma de 
bumerangue; estames 10, com filetes alternadamente mais longos e mais 
curtos. Legume 2,5-3,5 x 0,4 cm, linear, ascendente; valvas papiráceas.
Chamaecrista cuprea é conhecida apenas do espécime-tipo, procedente de 
áreas arenosas sazonalmente inundadas no médio São Francisco, a ca. 300-
400 m alt. Floração e frutificação (mal documentada): ii.
Esta espécie é claramente afim a Ch. pascuorum, da qual difere mais por 
caracteres quantitativos, mostrando-se em geral reduzida em estatura e 
dimensões das estípulas e das folhas em relação a esta espécie (ver chave). 
1��
Ch. pascuorum, como ressaltado por Irwin & Barneby (1982), é uma espécie 
muito variável mas se mostra consistentemente mais robusta, embora não 
se possa descartar a possibilidade de que Ch. cuprea represente um extremo 
da variação de Ch. pascuorum.
Material exaMinado: Bahia: Xique Xique (Lagoa Itaparica), R. M. Harley et al. 19123 (tipo 
de Ch. pascuorum: holótipo: RB; isótipos: CEPEC, K [foto HUEFS]).
Chamaecrista curvifolia (Vogel) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref. Tax. 
Chamaecrista: 41. 2005.
Cassia curvifolia Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837.
Chamaecrista ramosa var. curvifolia (Vogel) G.P.Lewis, Legumes of Bahia: 84. 1987.
var. curvifolia
Subarbusto virgado a procumbente, 10-60 cm alt.; ramos jovens glabros 
a pubérulos. Estípulas ovais, cordadas, ca. 2,5 x 1,5 mm, recobrindo 
menos de 1/3 do internó. Pecíolo 0,5-2 mm; raque 0,5-1 mm; nectário 
séssil localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 
pares, cartáceos a coriácos, acrescentes distalmente, 3-7 x 1,5-4 mm, 
folíolos 2,5-3,5 x 1,5 mm, falcadamente obovais; nervura principal e, 
freqüentemente, também uma segunda nervura basal encurvadas; 
nervação palmi-peninérvia com 3-5 nervuras salientes em ambas e faces e 
nervura principal mediana,reta a encurvada, ramificada (ver variedades). 
Pedicelos axilares, isolados, 6-7 mm; bractéolas localizadas próximo ao 
ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; sépalas 
lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais 
em tamanho, as internas 7-11 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as 
externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-11 x 6 mm, obovadas, o cuculo 
adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume 
1��
2,4-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-
escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas.
Planta de hábitats abertos, em campos, restingas ou sobre rochas, distribuída 
principalmente na costa leste do Brasil, do Amapá e Pará até o estado do 
Paraná, penetrando para o interior nos estados do Ceará, Bahia e Minas 
Gerais, onde ocorre principalmente associada a serras. É relativamente pouco 
coletada dentro da área de domínio da caatinga embora algumas coletas 
recentes confirmem sua ocorrência neste bioma, principalmente sobre solo 
arenoso em áreas transicionais para cerrado. Floração e frutificação: ix.
Esta espécie corresponde ao morfo mais reduzido e xeromórfico do complexo 
de táxons afins a Ch. ramosa, com a folhagem diminuta e ± ericóide, na 
delimitação adotada por Irwin & Barneby (1982, como Ch. ramosa var. 
mollissima). Fernandes & Nunes (2005) reconheceram Ch. curvifolia como 
distinta de Ch. ramosa. É facilmente reconhecida pelos folíolos oblíquos e 
falcados, acompanhando a curvatura da nervura principal ou das nervuras 
de maior porte.
Material selecionado: Bahia: Formosa do Rio Preto, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 
4147 (HUEFS); Umburanas, E. Melo et al. 2825 (HUEFS). Piauí: .
Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip, Brittonia 3 (2): 165. 1939.
Cassia desvauxii Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 131. 1816.
var. latifolia (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 873. 1982.
Cassia uniflora var. latifolia Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 158. 1870.Brasil. 15 (2): 158. 1870.
Cassia piauhiensis H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 61. 1964.
Subarbusto prostrado a procumbente, ca. 30 cm alt.; ramos jovens 
1��
pubérulos. Estípulas persistentes, ovais, cordadas, 8-9 x 5 mm, recobrindo 
de 2/3 a todo o internó. Pecíolo 4-5 mm; raque ca. 2 mm; nectário estipitado, 
ca. 1 mm compr.localizado logo abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 
pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 10-13 x 6-7 mm, 
glaucos, densa e curtamente pubérulos nas duas fabes ou só na abaxial, 
nervação palmi-peninérvia com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces 
e nervura principal mediana e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 
15-18 mm compr., tão ou mais longo do que a folha subjacente e do que 
as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, 
acuminados. Flores ca. 2,5 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, 
externamente multiestriadas, muito desiguais em tamanho, as internas 8-
12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, 
obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo adaxial, ± semilunar e 
dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 2,2 x 1 cm, oblongo-
linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a nigrescentes, 
glabras a pubérulas.
Chamaecrista desvauxii é uma espécie amplamente distribuída nas Américas, 
com exceção das Antilhas. Nas circunscrições adotadas por Irwin & Barneby 
(1982) e por Fenandes & Nunes (2005) é uma espécie polirracial com 
padrão de variação complexo. A var. latifolia é uma planta essencialmente 
de caatinga, conhecida principalmente do estado da Bahia e sul do Piauí, e 
por uma coleta no norte de Minas Gerais (Serra do Calixto, fide Irwin & 
Barneby 1982). Ocorre sobre solo arenoso em altitudes de ca. 200 a 500 m. 
Floração e frutificação: i-ii(v).
Material selecionado: Bahia: Conceição de Feira (referida como ‘Feira de Conceição’), K. 
P. F. von Martius 2210 (holótipo de Cassia uniflora var. latifolia: M, foto K); Gentio do Ouro, 
R. M. Harley et al. 19137 (CEPEC, K); Remanso, E. Ule 7379 (K). Piauí: Campo Grande, 
Ph. von Luetzelburg 366 (holótipo de Cassia piauhiensis: NY); Irati, M. S. B. Nascimento 
242 (Cpmn, HUEFS).
1��
Chamaecrista duckeana (P.Bezerra & Afr.Fern.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, 
Mem. New York Bot. Gard. 35: 861. 1982.
Cassia duckeana P.Bezerra & Afr.Fern.., Bradaea 2 (50): 337. 1979.1979.
Subarbusto ereto, 1-1,5 m alt.; ramos pilosos. Estípulas 8-17 mm 
compr., estreitamente lanceoladas. Eixo foliar 3-9 cm; nectário peciolar 1, 
estipitado, localizado logo abaixo do par proximal de folíolos; folíolos 14-24 
pares, 8-20 x 3-4 mm, oblongo-lineares, agudos ou obtusos, mucronados, 
glabros ou pilósulos; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente 
excêntrica. Pedicelo discretamente supra-axilar, fasciculados, 5-15 mm. 
Sépalas 12-14 mm compr., nervuras paralelas, salientes; pétalas ca. 25 
mm. Legume 4-8 x 0,4-0,5 cm, linear; valvas papiráceas, glabrescentes.
Esta planta foi incluída com hesitação pois é conhecida por apenas duas 
amostras procedentes da serra da Meruoca (Bezerra & Fernandes 1979) e 
na Chapada do Apodi, no estado do Ceará, em habitat não registrado.
Chamaecrista duckeana parece representar uma forma mais robusta de Ch. 
calyciodes, as duas constituindo um grupo taxonomicamente isolado dentro 
do gênero Chamaecrista (seção Caliciopsis), combinando caracteres da seção 
Chamaecrista (folíolos peninérvios, flores não ressupinadas e sépalas ± 
eqüilongas) com as sépalas multi-estriadas com várias nervuras paralelas e 
salientes, típicas da seção Xerocalyx. Os caracteres diferenciais entre estas 
espécies estão referidos na discussão de Ch. calycioides.
Material exaMinado: Ceará: Quixeré, L. W. Lima-Verde et al. 268 (EAC, HUEFS). 
Chamaecrista eitenorum (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, 
Mem. New York Bot. Gard. 35: 642. 1982.
Cassia eitenorum H.S.Irwin & Barneby, Brittonia 29: 285. 1977.1977.
1�0
Árvores 3-8 m alt., tronco até 20 cm DAP, casca lisa com faixas horizontais 
de várias tonalidades de cinza; ramos glabros. Estípulas obsoletas ou 
caducas. Pecíolo 20-25 mm; raque variando de acordo com as variedades; 
nectário discóide, séssil ou curtamente estipitado, localizado entre os dois 
primeiros pares de folíolos; folíolos 2-4 pares (ver variedades), ligeiramente 
acrescentes distalmente, os distais 5-9 x 2-5 cm, ca. 2x mais longos do 
que largos, elípticos, ápice arredondado e, às vezes, também curtamente 
acuminado, base ligeiramente cordada, glabros; nervação peninérvia, 
nervura primária 1, mediana. Racemos ramifloros, 1-3-fasciculados, 1-3 
cm compr.; pedicelos 1-2 cm; bractéolas localizadas próximo ou abaixo 
do meio. Botões globosos. Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas ca. 5 x 2 mm, 
ovais, agudas; pétalas amarelas, pouco heteromórficas, as 3 adaxiais 
oblanceoladas, uma abaxial obovada e o cuculo ligeiramente falcado; 
estames 10. Legume 16,5-17,5 x 1,7-1,8 cm, linear; valvas lenhosas, 
glabras.
Espécie do nordeste do Brasil, ocorrendo no Maranhão, Piauí, Bahia e 
Minas Gerais. Ch. eitenorum é facilmente diferenciada das demais espécies 
de Chamaecrista de caatinga pela combinação do hábito arbóreo, racemos 
nascendo nos ramos, abaixo das folhas, nectários localizados na raque entre 
os pares de folíolos e frutos grandes e lenhosos. A forma dos folíolos e a 
posição dos nectários lembra superficialmente espécies do gênero Inga, da 
subfamília Mimosoideae.
Irwin & Barneby (1977, 1982) reconhecem duas variedades para esta 
espécie, as quais podem ser diferenciadas pelos seguintes caracteres:
1. Folhas com exatamente 2 pares de folíolos; nectário entre o primeiro 
par de folíolos estipitado, estreito, não ou ligeiramente mais largo do 
que o pecíolo................................................................... var. eitenorum
1�1
1. Folhas com 3-4 pares de folíolos; nectário entre o primeiro par 
diferenciado, discóide, séssil, mais largo do que o pecíolo .... var. regana
Chamaecrista eitenorum (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby 
var. eitenorum
Planta conhecida da caatinga no estado do Piauí, penetrando para oeste 
até o leste do Maranhão em florestas decíduas, ocorrendo ainda disjunta 
na caatinga do norte de Minas Gerais. Ocorre principalmente em caatinga 
arbustiva e em transição caatinga-cerrado a 300-450 m alt. Floração: i-iii. 
Frutificação: ?
Nomes vernaculares: birro-preto, catingueiro (ambos no Piauí).
Material selecionado: Minas Gerais: Jacinto, G. Hatschbach & J. Cordeiro 52718 (K, 
MBM). Piauí: Campo Largo, F. G. Alcoforado & J. H. de Carvalho 304 (HUEFS, TEPB); 
Picos, G. Eiten & L. T. Eiten 10839 (tipo de Cassia eitenorum; isótipo: K, foto HUEFS); 
São José do Piauí, M. R. A. Mendes et al. 300 (HUEFS, TEPB); Serra Branca, E. Ule 7189 
(K); Valença do Piauí, G. P. Lewis et al. 1347 (K).
Chamaecrista eitenorum var. regana (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin 
& Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 642. 1982.Gard. 35: 642. 1982.
Cassia eitenorum var. regana H.S.Irwin & Barneby, Brittonia 29: 287. 1977.
Planta conhecida de caatinga arbórea e florestas estacionais na Chapada 
Diamantina (estado da Bahia, em altitudes de ca. 1000 m. Floração: ii. 
Frutificação: v-vii.
Nome vernacular: sem nome registrado para área de caatinga mas conhecida 
por sena na região de Lençóis (BA).
Material selecionado: Bahia: Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3395 (HUEFS); 
Seabra, H. S. Irwin et al. 31244 (tipo de Cassia eitenorum var. regana; holótipo: UB, 
isótipos: K [foto HUEFS], RB).
1��
Chamaecrista fagonioides (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York 
Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia fagonioides Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 50. 1837.
Cassia hispidula var. fagonioides (Vogel) Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 131. 
1970.
var. macrocalyx (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & Barneby, Mem. 
New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia fagonioides var. macrocalyx H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot.New York Bot. 
Gard. 30: 276, 1978.
Erva prostrada a procumbente, às vezes sarmentosa e ascendente até 
1,5 m; muito viscosa, ramos delgados, herbáceos, indumento víscido-
setuloso associado a setas ≥ 1 mm compr. Estípulas setáceas, 2-3 x 0,5 
mm. Pecíolo 11-17 mm, um pouco mais curto a até ca. 1,4x mais longo do 
que os folíolos proximais; raque 5-8 mm; nectários extraflorais ausentes; 
folíolos 2 pares, papiráceos, verde-azulados, às vezes com manchas 
esbranquiçadas na base, acrescentes distalmente, os distais 10-21 x 7-14 
mm, elíptico-obovados, ca. 1,5x mais longos do que largos, ápice obtuso a 
arredondado, curtamente mucronado, margem plana a revoluta, pubérulos 
em ambas as faces e víscido-ciliados nas margens; nervação peninérvia, 
nervura principal 1, mediana, juntamente com as secundárias e terciárias 
salientes na face abaxial. Racemos terminais não corimbosos, laxos, 7,5-
12 cm compr.; pedicelo delgado, 15-28 mm. Botões globosos, obtusos. 
Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, estreitamente 
elípticas, obtusas, ± eqüilongas, ca. 8 x 3 mm; pétalas laranja ou rosa com 
ápice laranja, eretas (perianto ± campanulado), oblanceoladas, 15-16 x 
6-7 mm, cuculo falcado-elíptico, dobrado sobre o androceu; estames 10. 
Legume 3-3,5 x 0,5-0,6 cm, linear-oblongo, pêndulo; valvas densamente 
híspidas e glandulosas.
1��
Chamaecrista fagonioides é uma espécie invasora que, segundo Irwin & 
Barneby (1978) está amplamente distribuída na costa atlântica e caribenha 
da América do Sul e América Central (var. fagonioides), conhecida no 
interior apenas no nordeste do Brasil até Minas Gerais e Mato Grosso 
(var. macrocalyx). Na caatinga, ocorre apenas a var. macrocalyx, um táxon 
mais característico de cerrados que, na área de domínio da caatinga, 
encontra-se principalmente em áreas degradadas, geralmente sobre solos 
arenosos periodicamente inundados, em altitudes de ca. 500 m. Floração e 
frutificação: iv-v.
Esta planta é muito semelhante na morfologia vegetativa a Ch. hispidula, 
ao ponto em que ela foi tratada como variedade desta espécie na Flora 
Brasiliensis (Bentham 1870). Ch. fagonioides pode ser diferenciada pelas suas 
pétalas de cores vivas, laranja (não amarelas), pecíolos proporcionalmente 
mais curtos (0,9-1,4x o comprimento dos folíolos proximais em Ch. 
fagonioides e ca. 2x em Ch. hispidula) , folíolos com nervação saliente na face 
abaxial e sépalas obtusas que resultam em um botão globoso (não agudo 
como em Ch. hispidula).
Material selecionado: Bahia: Ibitiara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3414 (HUEFS); 
Rio de Contas, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1944 (CEPEC, K). Piauí: Oeiras, G. 
Gardner 2126 (K).
Chamaecrista flexuosa (L.) Greene, Pittonia 4: 27. 1899.
Cassia flexuosa L., Sp. Pl.: 379. 1753.
var. flexuosa
Cassia flexuosa var. pubescens Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 169. 1870.
Erva ou subarbusto, ereta, 10-30 cm alt.; ramos fractiflexos, quadrangulares, 
quando jovens glabrescentes até densamente pubérulos. Estípulas 6-15 x 
1��
3-5 mm, oval-lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 4-7 mm; raque 6,5-8,1 cm; 
segmentos interfoliolares 1,5-2 mm; nectários peciolares 2-3, sésseis ou 
curtamente estipitados; folíolos em 25-60 pares, coriáceos, decrescentes 
proximal e distalmente, os medianos 5-8,5 x 1-2 mm, lineares, 4,5-5x 
mais longos do que largos, mucronados a curtamente aristados, glabros 
ou pubescentes em ambas as faces; nervação palminérvia; nervura 
principal excêntrica, submarginal, nervura primária adjacente igualmente 
saliente e paralela, as duas anastomosadas no ápice definindo uma aréola 
sem nervuras e continuando no mucro. Pedicelos axilares, isolados ou 
pareados, 10-21 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões 
ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, 
agudas, ± eqüilongas, 10-16 x 4-4,5 mm; pétalas amarelo-pálidas, 
obovadas, 14-20 x 8 mm, o cuculo abaxial, obliquamente oval; estames 
10. Legume 4-5 x 0,4 cm, linear, ascendente; valvas cartáceas, castanhas, 
glabras a pubérulas.
Espécie invasora distribuída desde o sul do México até a Argentina, 
geralmente ocorrendo em ambientes degradados e áreas de cultivo, sendo 
freqüente em gramados e plantações. Das duas variedades reconhecidas 
por Irwin & Barneby (1982), apenas a variedade típica ocorre na área 
do bioma caatinga, onde também cresce nos citados tipos de ambientes, 
sobre diferentes tipos de solos, em altitudes de 150 a 700 m. Floração e 
frutificação: ao longo do ano, mais concentrada em x-iv.
Chamaecrista flexuosa é uma espécie relativamente fácil de ser reconhecida no 
campo pela combinação dos ramos 4-costados e fractiflexos com o número 
elevado de folíolos (25 a 60 pares) e com o padrão peculiar de nervação 
dos folíolos, com duas nervuras primárias anastomosadas circundando 
uma aréola sem nervuras. Os ramos fractiflexos e a nervação dos folíolos a 
aproxima de Ch. swainsonii de quem se diferencia pelo maior número de 
folíolos e pelas estípulas menores pelo ápice dos folíolos não cuspidado e 
1��
espinescente, característico de Ch. swainsonii.
Nome vernacular: rapa-canela (Piauí).
Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6043 (CEN, K); Feira 
de Santana, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 2630 (HUEFS); Gentio do Ouro, E. Ule 
7527 (K); Itatim, F. França et al. 1469 (HUEFS); Maracás, L. P. Queiroz & V. L. Fraga 
3289 (HUEFS); Milagres, R. M. Harley et al. 19415 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, R. M. 
Harley et al. 19301 (CEPEC, K); Seabra, E. R. Souza et al. 318 (HUEFS). Pernambuco: 
s.l., Serra daMandioca, G. Gardner 989 (K); Buíque, A. M. Miranda et al. 2808 (Hst, 
HUEFS). Piauí: Demerval Lobão, G. P. Lewis 1361 (CEPEC, K); Oeiras, G. Gardner 2131 
(holótipo de Cassia flexuosa var. pubescens: K, foto HUEFS); Piracuruca, M. E. Alencar 
567 (HUEFS, TEPB).
Chamaecrista hispidula (Vahl) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York 
Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia hispidula Vahl, Eclog. Amer. 3: 10. 1807.
Cassia tetraphylla Martyn in Mill., Gard. Dict., ed. 8,Dict., ed. 8, Cassia n° 20. 1768.
Cassia pauciflora Kunth, Nov. Gen. & Sp. 6: 360. 1824.
Erva prostrada a procumbente; ramos delgados, herbáceos, indumento 
curtamente pubérulo associado a tricomas víscido-setulosos curtos e, nas 
parte mais jovens, a setas híspidas ≥ 1 mm compr., estas mais freqüentes 
sobre o pecíolo. Estípulas subuladas, 1-2 x 0,5 mm. Pecíolo 25-35 mm, 
ca. 2x mais longo do que os folíolos proximais; raque 5-10 mm; nectários 
extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, cartáceos, verde-escuros na face 
adaxial com margem avermelhada e padrões de púrpura ao lado das 
nervuras de maior porte, face abaxial glauca, acrescentes distalmente, 
os distais 20-23 x 12-20 mm, elípticos a suborbiculares, 1-1,7x mais 
longos do que largos, ápice obtuso a arredondado, às vezes ligeiramente 
1��
emarginado, margem plana, glabros exceto por ocasionalmente pubérulos 
sobre a nervura principal na face abaxial e víscido-ciliados nas margens; 
nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com as 
secundárias pouco salientes na face abaxial, as terciárias não visíveis. 
Racemos terminais ou opositifolios, não corimbosos, laxos, 5,6-12,5 cm 
compr.; pedicelo delgado, 14-20 mm. Botões globosos, agudos. Flores ca. 
2 cm diâm.; sépalas verde-avermelhadas, oblongas, agudas, ± eqüilongas, 
8-11 x 2-3 mm; pétalas amarelo-ouro, eretas (perianto ± campanulado), 
oblanceoladas, 14-16 x 6-7 mm, cuculo falcadamente hemi-oval, dobrado 
sobre o androceu; estames 10. Legume 3,7-4 x 0,7 cm, linear-oblongo, 
patente; valvas castanhas, glutinosas, esparsamente pubérulas associada 
com tricomas híspidos muito esparsos.
Chamaecrista hispidula é uma planta de áreas abertas, comportando-se 
freqüentemente como invasora e apresentando uma ampla distribuição 
na costa atlântica da América do Sul, desde Trinidad até a Bahia e 
ocorrendo em manchas isoladas no interior do continente (para detalhes 
da distribuição da espécie ver Irwin & Barneby 1978). Na caatinga, ocorre 
principalmente em áreas degradadas, geralmente sobre solos arenosos e, 
menos freqüentemente, sobre afloramentos graníticos, de 200 a 650 m alt. 
Floração e frutificação: ii-vii.
Esta espécie pode ser diagnosticada pela combinação do pecíolo 
proporcionalmente muito longo (ca. 2x mais longo do que os folíolos 
proximais), com as pétalas amarelas (não laranja) e, principalmente, botões 
florais e sépalas agudos no ápice. O pecíolo longo associado à raque curta, 
os 4 folíolos parecendo agrupados no ápice do folíolo, são caracteres 
compartilhados com Ch. amiciella embora estas espécies sejam dificilmente 
confundíveis dada a diferença significativa de tamanho nas folhas (folíolos 
4-10 mm compr. em Ch. amiciella vs. 20-23 mm em Ch. hispidula) e flores 
(pétalas com 9-10 mm compr. em Ch. amiciella vs. 14-16 mm em Ch. 
1��
hispidula). Na morfologia vegetativa, especialmente nas dimensões dos 
folíolos, assemelha-se a Ch. fagonioides, embora uma análise cuidadosa 
permita diferenciá-las com certa facilidade (ver caracteres diferenciais na 
discussão de Ch. fagonioides var. macrocalyx).
Nome vernacular: mundubim-brabo (Pernambuco, provavelmente por 
confusão ou semelhança com espécies de Arachis).
Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, W. W. Thomas et al. 9686 (CEPEC, 
HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4333 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 526 (BAH, 
HUEFS); Jacobina, H. P. Bautista et al. 3084 (HRB); Monte Santo, R. M. Harley et al. 
16405 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, L. P. Queiroz et al. 7641 (HUEFS). Paraíba: s.l. 
(“região do agreste”), J. C. Moraes 1998 (K). Pernambuco: Inajá, A. M. Miranda 1236 
(Hst, HUEFS); Itacuruca, R. P. Orlandi 849 (HRB, HUEFS); Piauí: Campo Maior, R. R. 
Farias & M. R. A. Mendes 492 (HUEFS, TEPB); Lagoa Comprida, G. Gardner 2121 (K).
Chamaecrista langsdorffii (Vogel) Britton ex Pittier, Third Conf. Interamer. 
Agric. Caracas: 373. 1945.
Cassia langsdorffii Kunth ex Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837.
var. brevipes (H.S.Irwin & Barneby) Afr.Fern. & E.P.Nunes, Ref. 
Tax. Chamaecrista: 41. 2005.Chamaecrista: 41. 2005.
Cassia brevipes DC. ex Collad., Hist. Nat. Méd. Casses: 119, t. 9, fig. A. 1816.
Cassia desvauxii var. brevipes Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 157. 1870.
Subarbusto virgado, 30-50 cm alt.; ramos jovens pubérulos. Estípulas 
persistentes, ovais, cordadas, 4-5 x 2 mm, recobrindo menos de 1/3 do 
internó. Pecíolo 4-5 mm; raque ca. 2 mm; nectário séssil, localizado logo 
abaixo do par basal de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos, acrescentes 
distalmente, folíolos distais 21-22 x 6-7 mm, 3-3,5x mais longos do que 
1��
largos, esparsamente pubérulos na face abaxial, nervação palmi-peninérvia 
com 4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana 
e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 3-4 mm, mais curto do que a 
folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo ao 
ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. ca. 1,5 cm diâm.; sépalas 
lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais 
em tamanho, as internas 8-12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que as 
externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo 
adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 
2,2 x 1 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a 
nigrescentes, glabras a pubérulas.
Planta principalmente de habitats campestres, bicentricamente distribuída 
desde a América Central (Honduras e Nicarágua) até as Guianas e norte 
do Brasil (Amapá e Roraima) e do sul do Ceará ao Mato Grosso, leste 
da Bolívia e norte do Paraguai (Irwin & Barneby 1982). Esta planta 
foi incluída neste trabalho com alguma hesitação pois o único material 
disponível proveniente da área de domínio da caatinga não tinha detalhes 
do ambiente e foi coletado em uma região onde ocorre transição entre 
a caatinga e áreas disjuntas de cerrado, na Chapada do Araripe (Ceará). 
Coletas mais recentes nesta região podem estabelecer com mais clareza a 
presença deste táxon na caatinga.
Material exaMinado: Ceará: s.l., entre Crato e Brejo Grande, G. Gardner 2412 (K).
Chamaecrista linearis (H.S.Irwin & Barneby) Afr.Fern. & E.P.Nunes, 
Ref. Tax. Chamaecrista: 41. 2005.
var. linearis
Cassia tetraphylla var. linearis H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 194. 
1��
1964.
Chamaecrista desvauxii var. linearis (H.S.Irwin) H.S.Irwin & Barneby, Mem. 
New York Bot. Gard. 35: 878. 1982.
Subarbusto virgado 40-50 cm alt.; ramos jovens pubérulos. Estípulas 
persistentes, ovais, cordadas, 4-5 x 1,5 mm, recobrindo menos de 1/3 do 
internó. Pecíolo 2-4 mm; raque ca. 2 mm; nectário séssil; folíolos em 2 
pares, cartáceos, acrescentes distalmente, folíolos distais 17-25 x 1,5-2,5 
mm, ca. 10x mais longos do que largos, lineares, agudos a acuminados, 
glabros ou pubérulos na face abaxial; nervação palmi-peninérvia com 
4-5 nervuras salientes em ambas e faces e nervura principal mediana 
e ramificada. Pedicelos axilares, isolados, 3-4 mm, mais curto do que 
a folha subjacente e do que as sépalas; bractéolas localizadas próximo 
ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas 
lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito desiguais 
em tamanho, as internas 8-12 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do que asexternas; pétalas amarelas, obovadas, 10-16 x 5-7 mm, obovadas, o cuculo 
adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. Legume ca. 
2,2 x 1 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, castanho-escuras a 
nigrescentes, glabras a pubérulas.
Planta conhecida por poucas coletas, ocorrendo no interior de Pernambuco 
e no oeste da Bahia (Espigão Mestre). Esta variedade também foi incluída 
com alguma hesitação pois não há referência ao hábitat no único material 
disponível proveniente da área de domínio da caatinga. Este material foi 
referido por Gardner como proveniente de Pernambuco (“banks of the Rio 
Preto”) mas é provável que a procedência exata seja no extremo noroeste da 
Bahia, na região de Formosa do Rio Preto, e que concorda com a distribuição 
mais moderna desta veriedade.
Material exaMinado: Bahia: s.l., banks of the Rio Preto (citado como de Pernambuco), G. 
1�0
Gardner 2828 (K, foto HUEFS).
Chamaecrista nictitans (L.) Moench, Methodus (Moench): 272. 1794.1794.
Cassia nictitans L., Sp. Pl.: 380. 1753.
Erva monocárpica, decumbente, 30-40 cm alt.; ramos cilíndricos, 
pubérulos e com tricomas hirsutos de 1-2 mm. Estípulas 6-7 x 1,5-2 mm, 
lanceoladas, acuminadas. Pecíolo 3-4 mm; raque 4-4,3 cm; segmentos 
interfoliolares ca. 2,5 mm; nectário peciolar 1-2, estipitado, localizado logo 
abaixo do par basal de folíolos e próximo ao meio do pecíolo; folíolos 
18-20 pares, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 10-12 
x 2-3 mm, linear-oblongos, ca. 5-5,5x mais longos do que largos, ápice 
obtuso a arredondado, mucronado, esparsamente pilosos em ambas as 
faces; nervação palminérvias, nervuras primárias 4-5, nervura principal 
mediana a ligeiramente excêntrica, ramificada. Pedicelos supra-axilares, 
deslocados por 4-8 mm, isolados ou pareados, 6-9 mm; bractéolas 
localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1 
cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, ± eqüilongas, 5-8 x 2,5-3 mm; pétalas 
amarelas, heteromórficas, as três adaxiais oblanceoladas, menores (ca. 
7-9 mm compr.), uma abaxial obovada, maior (ca. 9-10 mm) e o cuculo 
reniforme; estames 10, com 2-3 maiores do que o restante. Legume 4,2-
4,5 x 0,3-0,4 cm, linear, ascendente; valvas papiráceas, pilosas.
Chamaecrista nictitans é uma espécie invasora separada de Ch. fasciculata 
(Michx.) Greene pelo comportamento monocárpico. Distribui-se 
amplamente nas Américas, dos Estados Unidos até a Argentina. Irwin 
& Barneby (1982) classificam a variação observada nesta espécie em 4 
subspécies e 11 variedades, das quais, apenas as variedades disadena e pilosa 
ocorrem na caatinga. São plantas muito semelhantes mas que parecem 
representar morfos braquistilos e dolicostilos, diferenciados, portanto, 
1�1
basicamente pelo comprimento do estilete (ver chave abaixo).
No contexto das plantas de caatinga, esta espécie aproxima-se de Ch. repens 
var. multijuga pela combinação das folhas mutifolioladas (+ 10 pares de 
folíolos) com as inflorescências supra-axilares. Estas duas espécies podem 
ser diferenciadas pela forma do nectário peciolar (séssil ou com estípite 
robusta em Ch. repens vs. delgadamente estipitado em Ch. nictitans), pela 
posição da nervura principal dos folíolos (fortemente excêntrica em Ch. 
repens vs. mediana a ligeiramente excêntrica em Ch. nictitans) e pelo número 
de folíolos (8-16 pares nas folhas maiores de Ch. repens vs. 20-24 em Ch. 
nictitans).
1. Estilete linear, 3-6 mm compr.; pétalas 8-10 mm compr. ... var. disadena
1. Estilete dilatado no ápice com até 2 mm compr.; pétalas 5-7 mm 
compr. .................................................................................... var. pilosa
Chamaecrista nictitans var. disadena (Steud.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, 
Mem. New York Bot. Gard. 35: 826. 1982.
Cassia disadena Steud., Flora 26: 760. 1843.
Cassia stenocarpa Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 68. 1837.Gen. Cassiae: 68. 1837.
Planta invasora, crescendo em terrenos degradados, ocorrendo do sul do 
México ao norte da América do Sul e no leste do Brasil, do Ceará a Minas 
Gerais(Irwin & Barneby, 1982). Na caatinga, ocorre em áreas antropizadas, 
especialmente como invasora de pastagens e áreas cultivadas, florescendo 
e produzindo sementes pouco tempo após o início do período chuvoso. 
Floração e frutificação ao longo do ano, provavelmente em seguida ao 
período chuvoso.
1��
Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6674 (HUEFS). Bahia: 
Caen, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3554 (HUEFS); Caetité, T. Ribeiro et al. 230 (HRB, 
HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5228 (HUEFS); Iaçu, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 
3659 (CEPEC, HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1496 (ALCB, HUEFS); Santa Brígida, 
L. P. Queiroz 295 (ALCB, HUEFS); Vitória da Conquista, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi 
2163 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1368 (EAC). Minas Gerais: Januária, W. R. 
Anderson 9193 (K).
Chamaecrista nictitans var. pilosa (Steud.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, Mem. 
New York Bot. Gard. 35: 829. 1982.
Cassia riparia var. pilosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 174. 1870.Brasil. 15 (2): 174. 1870.
Planta invasora, monocárpica mas de ciclo mais longo que a var. disadena, 
tornando-se então subarbustiva, com padrão de distribuição semelhante 
ao da variedade precedente (Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, foi 
observado material apenas do estado da Bahia mas é provável que tenha 
uma maior distribuição na área deste bioma. Floração e frutificação ao 
longo do ano, provavelmente em seguida ao período chuvoso.
Material selecionado: Bahia: Don Macedo Costa, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3966 
(HUEFS, K); Feira de Santana, M. L. S. Matos et al. 5 (HUEFS); Ipecaetá, L. R. Noblick 
& C. G. Lobo 4300 (HUEFS, K); Ipirá, E. L. P. G. Oliveira et al. 706 (BAH, HUEFS); Serra 
Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4146 (HUEFS, K).
Chamaecrista pascuorum (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New 
York Bot. Gard. 35: 747. 1982.
Cassia pascuorum Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 165. 1870.15 (2): 165. 1870.
Cassia aristulifera Harms, Bot. Jahrb. 42: 209. 1908.
Erva a subarbusto perene, 20-70 cm alt., formando pequenas moitas, 
ramos encurvados densamente pubérulos e com tricomas hípidos ca. 
1��
1-2 mm. Estípulas 6-10 x ca. 1 mm, linear-lanceoladas, acuminadas. 
Pecíolo 3-7 mm; raque 2-2,8 cm; segmentos interfoliolares 5-7 mm; 
nectário peciolar 1, curtamente estipitado, localizado logo abaixo ou até 
o meio do pecíolo; folíolos 4-7 pares, cartáceos, decrescentes proximal 
e distalmente, os medianos 2,5-7 x 1-4,5 mm, largamente obongos a 
oblongo-obovados, 2,3-3,2x mais longos do que largos, ápice arredondado 
a obtuso, cuspidado, face adaxial densa e curtamente pubérula até glabra, 
face abaxial variando de velutina a pilosa até, raramente, glabra com as 
margens ciliadas; nervação palminérvia, nervura primárias 5-7, a principal 
ligeiramente excêntrica, ramificada, nervuras secundárias anastomosadas 
com uma nervura marginal. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 2-
5 mm, isolados ou pareados, 11-15 mm; bractéolas localizadas próximo 
ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas 
lanceoladas, ± eqüilongas, 11-15 x 2-2,5 mm; pétalas amarelas, quatro 
obovais ou oblanceoladas 15-20 x 9-10 mm, o cuculo reniforme; estames 
10, com filetes alternadamente mais longos e mais curtos. Legume 5,5-6 x 
0,4 cm, linear, ereto; valvas papiráceas, nigrescentes, pubérulas.
Chamaecrista pascuorum ocorre em formações vegetacionais abertas no 
nordeste do Brasil, do sul do Maranhão ao sul da Bahia, às vezes se tornando 
± ruderal à beira de estradas em áreas onde ela é nativa. Na caatinga, ocorre 
principalmente sobre solos arenosos entre 500 e 700 m alt., ascendendo 
até ca. 1000 m alt. naChapada Diamantina (estado da Bahia). Floração e 
frutificação: principalmente xii-iii.
Esta espécie é relacionada a Ch. repens, que apresenta hábito e indumento 
geral semelhante mas que se diferencia facilmente pelo número maior de 
folíolos (9-16 pares em Ch. repens vs. 4-7 pares em Ch. pascuorum), pela 
nervura principal mais excêntrica (em Ch. pascuorum a nervura principal 
divide o folíolo em uma proporção de ca. 1:1,5 e não 1:2 ou mais como em 
Ch. repens) e pelo nectário séssil ou com estípite robusta, mais larga do que 
1��
o diâmetro da cebeça. Também se relaciona com Ch. cuprea e os caracteres 
diferencias entre elas encontram-se referidos na discussão de Ch. cuprea.
Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6840 (HUEFS). Bahia: 
Brumado, A. M. de Carvalho et al. 2621 (CEPEC, K); Caetité, N. Roque et al. 629 (HRB, 
HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5142 (HUEFS); Feira de Santana, L. P. Queiroz 4437 
(HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1883 (CEPEC, 
K); Monte Santo, C. M. L. Aguiar 24 (HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30666 
(K); Poções, S. A. Mori et al. 9513 (CEPEC, K); Remanso, G. Cavalcanti et al. 16 (ALCB); 
Santa Terezinha, A. A. Ribeiro-Filho 176 (HUEFS); Santo Inácio, E. Ule 7526 (parátipo 
de Cassia aristulifera Harms: K). Ceará: Aiuaba, M. I. Bezerra-Loiola et al. 180 (EAC). 
Pernambuco: Gravatá, A. M. Miranda et al. 5274 (Hst, HUEFS); Serra da Russa, A. M. 
Miranda et al. 2972 (Hst, HUEFS). Piauí: Floriano, L. P. Félix et al. 7871 (Hst).
Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 884. 1982.
Cassia ramosa Vogel, Syn. Gen. Cassiae: 55. 1837.
var. ramosa
Cassia uniflora var. ramosa Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 158. 1870.
Cassia ramosa var. maritma H.S.Irwin, Mem. New York Bot. Gard. 12: 77. 1964.
Subarbusto ereto, profusamente ramificado, ca. 20 cm alt.; ramos jovens 
glabros a pubérulos. Estípulas ovais, cordadas, ca. 4 x 1,5 mm, recobrindo 
menos de 1/3 do internó. Pecíolo 0,5-2 mm; raque 0,5-1 mm; nectário 
estipitado, ca. 1 mm compr.localizado logo abaixo do par basal de folíolos; 
folíolos em 2 pares, cartáceos a coriácos, acrescentes distalmente, 3-7 x 
1,5-4 mm, folíolos distais 5-7 x 2,5-4 mm, obovais, retos; nervura principal 
reta; nervação palmi-peninérvia com 3-5 nervuras salientes em ambas 
1��
e faces e nervura principal mediana, reta a encurvada, ramificada (ver 
variedades). Pedicelos axilares, isolados, 6-7 mm; bractéolas localizadas 
próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 1,5 cm diâm.; 
sépalas lanceoladas, acuminadas, externamente multiestriadas, muito 
desiguais em tamanho, as internas 7-11 x 2-2,5 mm, ca. 2,5x maiores do 
que as externas; pétalas amarelas, obovadas, 10-11 x 6 mm, obovadas, 
o cuculo adaxial, ± semilunar e dobrado sobre as anteras; estames 10. 
Legume 2,4-2,5 x 0,4-0,5 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, 
castanho-escuras a nigrescentes, glabras a pubérulas.
Chamaecrista ramosa é uma espécie polirracial distribuída na América do 
Sul, da Venezuela ao sudeste do Brasil (Irwin & Barneby 1982, Fernandes & 
Nunes 2005). A var. ramosa ocorre do norte da América do Sul (Venezuela, 
Guianas e norte do Brasil) ao leste do Brasil onde ocorre principalmente 
no litoral mas com disjunções nas serras da Chapada Diamantina (estado 
da Bahia). Dentro da área de domínio da caatinga, é conhecida apenas 
de áreas de contato caatinga-cerrado na Chapada Diamantina, sobre solo 
arenoso.
Nome vernacular: vassourinha.
Material selecionado: Bahia: Barra, L. P. Queiroz 4783 (HUEFS, SPF); Gentio do Ouro, R. 
M. Harley et al. 18997 (CEPEC, K); Morro do Chapéu, W. N. Fonseca 334 (HRB, HUEFS); 
Rodelas, R. P. Orlandi 835 (HRB, HUEFS). Pernambuco: Arcoverde, P. Montouchet 2212 
(HUEFS).
Chamaecrista repens (Vogel) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 742. 1982.
Cassia repens Vogel, Syn. Gen. Casses: 60. 1837.
var. multijuga (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
1��
Figura 17 A: Chamaecrista rotundifolia (1 - hábito; 2 - folha); B: Chamaecrista 
supplex (1 - hábito; 2 - folha; 3 - fruto); C: Chamaecrista swainsonii (1 - folío-
1��
Gard. 35: 745. 1982.
Cassia brachypoda (?) var. multijuga Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 172. 1870.
Cassia drepanophylla Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 170. 1870.Brasil. 15 (2): 170. 1870.
Cassia subtriflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 176. 1870.
Subarbusto perene, 30-100 cm alt., ereto ou ascendente, ramificado, 
ramos densamente pubérulos, quando jovens os tricomas freqüentemente 
amarelados. Estípulas 4-7 x 1,5-2 mm, linear-lanceoladas, acuminadas. 
Pecíolo 5-8 mm; raque 45-40 cm; segmentos interfoliolares 7-9 mm; 
nectário peciolar 1, massivo, séssil ou curtamente estipitado, estípite 
robusto tão ou mais largo do que a cabeça, localizado próximo ao meio 
do pecíolo; folíolos (8-) 9-16 pares, cartáceos, decrescentes proximal e 
distalmente, os medianos 14-23 x 3-5 mm, linear-obongos, 3,5-4,5x mais 
longos do que largos, ápice obtuso, mucronado a cuspidado, densamente 
pilosos nas duas faces; nervação palminérvia, nervuras primárias 4-5, a 
principal ramificada, fortemente excêntrica, dividindo a lâmina em uma 
proporção de 1:2-2,25 na base. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 
5-10 mm, isolados ou 2-3-fasciculados, 9-10 mm; bractéolas localizadas 
próximo ao ápice. Botões ovóides, acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; 
sépalas lanceoladas, acuminadas, ± eqüilongas, 13-14 x 2,5-3 mm; pétalas 
amarelas, 3 adaxiais oblanceoladas menores (11-12 mm compr.), uma 
abaxial largamente oboval (ca. 14-15 mm compr.) e o cuculo reniforme 
(ca. 19 mm compr.); estames 10, com filetes alternadamente mais longos 
e mais curtos. Legume 3,6-5 x 0,3-0,4 cm, linear, ereto ou ascendente; 
valvas papiráceas, esparsamente pubérulas.
Chamaecrista repens é uma planta campestre, às vezes tornando-se ruderal, 
com distribuição disjunta associada às duas variedades reconhecidas por 
Irwin & Barneby (1982): a var. repens ocorrendo em área extratopical da 
Argentina, Uruguai, Paraguai e sul do Brasil e a var. multijuga no nordeste 
1��
do Brasil até Minas Gerais. Apenas esta variedade ocorre na caatinga, 
sobre diferentes tipos de solos e em altitudes de 500 a 1000 m. Floração e 
frutificação: x-iii.
Dentre as espécies herbáceas e subarbustivas, Ch. repens destaca-se pelo 
seu porte robusto e ereto, pela presença de um nectário peciolar robusto 
e nervura principal fortemente excêntrica. As características de hábito e o 
indumento são parcialmente compartilhadas com Ch. pascuorum da qual 
ela se diferencia, além das características já citadas, pelo maior número de 
folíolos (ver comentários em Ch. pascuorum).
Nome vernacular: angiquinho.
Material selecionado: Bahia: Caetité, R. M. Harley et al. 21111 (CEPEC, K); Canudos, 
L. P. Queiroz et al. 7198 (HUEFS); Feira de Santana, M. J. S. Lemos 15 (HUEFS); Iaçu, 
L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 3596 (HUEFS, K); Itaberaba, L. R. Noblick et al. 3136 
(HUEFS); Lagedo do Tabocal, R. P. Oliveira et al. 333 (HUEFS); Maracás, L. C. Senra 
et al. 5 (HUEFS); Morpará, H. P. Bautista & O. A. Salgado 900 (HRB, HUEFS); Morro do 
Chapéu, L. P. Queiroz 3538 (HUEFS); Poções, S. A. Mori et al. 9514 (CEPEC, K); Rio de 
Contas, R. M. Harley et al. 27716 (CEPEC, K); Vitória da Conquista, D. A. Lima 58-2927 
(K); Xique Xique, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3948 (HUEFS). Ceará: Crateús, F. 
S. Araújo 1484 (EAC, HUEFS); Serra do Araripe, G. Gardner 1572 (lectótipo de Cassia 
drepanophylla: K, foto HUEFS). Paraíba: Teixeira, M. F. Agra et al. 5924 (HUEFS). Piauí: 
Oeiras, G. Gardner 2127 (síntipo de Cassia subtriflora: K, foto HUEFS); Piracuruca, M. E. 
Alencar et al. 633 (HUEFS, TEPB).Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene, Pittonia 4: 31. 1899.
Cassia rotundifolia Pers., Syn. Pl. (Persoon) 1: 456. 1805.
Erva prostrada ou subarbusto ascendente, ramos glabros a densamente 
pubérulos e, adicionalmente, híspido-setosos. Estípulas 6-12 x 2,5-4 mm, 
1��
ovais a lanceoladas, adpressas aos ramos. Pecíolo 3-6 mm; nectário 
peciolar ausente; folíolos 1 par, 19-40 x 11-25 mm, obliquamente obovados, 
ca. 1,3-1,7x mais longos do que largos, ápice arredondadp, truncado a 
emarginado, pubérulos em ambas as faces ou facialmente glabros com 
margens ciliadas; nervção palminérvia, nervuras primárias 4-5, a principal 
excêntrica. Pedicelos supra-axilares, deslocados por 1-3 mm, isolados, 
raramente pareados, 12-26 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. 
Botões deflexos, ovóides, acuminados. Flores com dimensões variáveis 
(ver variedades); sépalas oval-lanceoladas, ± eqüilongas; pétalas 
amarelas, obovadas, ± homomórficas, o cuculo pouco diferenciado das 
demais; estames 5, às vezes com 2-3 estaminódios. Legume 3,5-4 x 0,4-
0,6 cm, linear; valvas papiráceas esparsamente pubérulas.
Chamaecrista rotundifolia é uma espécie amplamente distribuída no 
Neotrópico, desde a Flórida (U.S.A.) e México até a Argentina, ocorrendo 
em áreas abertas e, principalmente, antropizadas, onde se comporta como 
planta invasora. Irwin & Barneby (1982) reconhecem duas variedades, 
diferenciadas basicamente pelo tamanho das flores. No contexto das plantas 
de caatinga, há, também, diferenças significativas no hábito, como pode ser 
verificado na chave a seguir.
1. Flores relativamente pequenas, 5-7 mm diâm.; sépalas 3,5-4 mm 
compr.; pétalas 3-5 mm compr.; ervas prostradas ......... var. rotundifolia
1. Flores maiores, 13-18 mm diâm.; sépalas 10-12 mm compr.; 
pétalas 14-15 mm compr.; subarbustos ou pequenos arbustos 
eretos ..............................................................................var. grandiflora
Chamaecrista rotundifolia var. grandiflora (Benth.) H.S.Irwin &H.S.Irwin & 
Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 732. 1982.
Cassia rotundifolia var. grandiflora Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 162. 1870.Brasil. 15 (2): 162. 1870.
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Subarbustos ascendentes, formando touceiras, lenhosos na base, 30-70 
(-100) cm alt. Flores 1,3-1,8 cm diâm.; sépalas lanceoladas, 10-12 x 2-3 
mm; pétalas 14-15 x 6-7 mm.
Esta planta encontra-se descontinuamente distribuída dentro da área de 
distribuição geral da espécie, ocorrendo em pontos isolados na América 
Central e norte da América do Sul, planalto central do Brasil e, no leste 
do Brasil, na Bahia e Espírito Santo (para mais detalhes da distribuição 
desta variedade ver Irwin & Barneby 1982). Na caatinga, esta planta ocorre 
como subarbusto ascendente e formando touceiras, comumente encontrada 
sobre afloramentos graníticos, em altitudes de 400 a 900 m. Floração e 
frutificação: ii-iv.
Nomes vernaculares: mata-pasto ( Jacobina, BA, talvez confusão com Senna 
obtusifolia).
Material selecionado: Bahia: Itaberaba, L. R. Noblick & A. Carvalho 3158 (HUEFS); 
Lagoinha, R. M. Harley et al. 16945 (CEPEC, K); Maracás, L. A. Mattos-Silva et al. 252 
(CEPEC, K); Monte Santo, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 4591 (HUEFS); Ruy Barbosa, 
G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS).
Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene var. rotundifolia
Ervas prostradas, ramos delicados, herbáceos. Flores 0,5-0,7 cm diâm.; 
sépalas oval-lanceoladas, 3,5-4 x 1 mm; pétalas 3-5 x 2-3 mm.
Distribuição coincidente com a da espécie. Ocorre na caatinga como 
planta invasora em habitats degradados, entre 400 e 600 m alt. Floração e 
frutificação: iv-x.
Nomes vernaculares: pasto-rasteiro, erva-do-coração (Ipirá, BA, talvez 
alusão à forma geral da folha)
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21580 (CEPEC, K); 
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Caetité, L. R. Noblick 3795 (HUEFS); Delfino, L. P. Queiroz et al. 5265 (HUEFS); Feira 
de Santana, L. R. Noblick & K. B. Britto 2070 (HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 523 (BAH); 
Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 63 (HUEFS); Senhor do Bonfim, T. S. Nunes et al. 
561 (HUEFS); Vitória da Conquista, L. P. Queiroz & I. C. Crepaldi 2165 (HUEFS). Ceará: 
Crateús, F. S. Araújo 1410 (EAC, HUEFS); Tianguá, L. Coradin et al. 7878 (CEN, HUEFS) 
Paraíba: Areia, V. P. B. Fevereiro et al. MJ 52 (K). Pernambuco: s.l., G. Gardner 967 (K); 
Arcoverde, L. B. Oliveira et al. 101 (Hst, HUEFS); Buíque, L. B. Oliveira et al. 148 (Hst, 
HUEFS); Serra Talhada, L. P. Félix et al. 9340 (Hst, HUEFS). Piauí: Itacuruca, M. S. B. 
Nascimento 515 (Cpmn, HUEFS).
Chamaecrista serpens (L.) GreeneGreene, Pittonia 4: 29. 1899.
Cassia serpens L., Syst. Nat., ed. 10, 2: 1018. 1759.1759.
var. serpens
Erva monocárpica, prostrada, com ramos delgados e herbáceos; 
pubérulos e com tricomas setosos ca. 1 mm compr. Estípulas 3-5 x 1-
1,2 mm, lanceoladas, acuminadas, base arredondada. Pecíolo 2-3 mm; 
raque 1,4-1,8 cm; segmentos interfoliolares 1,5-3 mm; nectário peciolar 1, 
delgadamente estipitado, localizado próximo ao meio do pecíolo; folíolos 6-8 
pares, membranáceos, ligeiramente decrescentes proximal e distalmente, 
os medianos 7-13 x 2-5 mm, oblongos, 2,6-4x mais longos do que largos, 
ápice arredondado e mucronado, glabros exceto esparsamente setosos 
na face abaxial sobre as nervuras de maior porte; nervação palminérvia, 
nervura principal ligeiramente excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 17-
20 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, 
acuminados. Flores 0,7-0,9 cm diâm.; sépalas lanceoladas, acuminadas, 
± eqüilongas, ca. 5 x 1,5 mm; pétalas amarelo-claras, obovadas, ca. 7 x 5 
mm; estames 10, 5 maiores alternos a 5 menores. Legume 1,9-2,8 x 0,3-
0,4 cm, oblongo-linear, reflexo; valvas papiráceas, pilosas a glabras.
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Chamaecrista serpens é uma planta monocárpica invasora, distribuída desde 
o sul do México até a Argentina, geralmente ocorrendo em ambientes 
degradados. Irwin & Barneby (1982) reconhecem sete variedades das 
quais apenas a variedade serpens ocorre na caatinga, geralmente em áreas 
degradadas e sazonalmente inundadas, de 300 a 600 m alt. Floração e 
frutificação: ao longo do ano, provavelmente após as chuvas.
No contexto das espécies de Chamaecrista do grupo 2, Ch. serpens assemelha-
se bastante a Ch. tenuisepala, sendo relativamente fácil de ser diferenciada 
em campo pelo seu hábito delgado e prostrado (vs. subarbustos eretos). No 
entanto, espécimes de herbário sem boa indicação do hábito são facilmente 
confundíveis, embora um exame no tamanho das flores seja suficiente para 
separá-las, pois Ch. serpens tem flores menores (< 1 cm diâm vs. 1,5-2 cm 
diâm. em Ch. tenuisepala) com sépalas de ca. 5 mm compr. (vs. 10 mm em 
Ch. tenuisepala).
Nome vernacular: carqueja (Ipirá, BA, um nome mais comumente associado 
a espécies do gênero Baccharis, Compositae).
Material selecionado: Alagoas: Pão de Açúcar, R. Lemos et al. 6814 (HUEFS); Piranhas, 
R. A. Silva et al. 276 (HUEFS, Xingo). Bahia: Feira de Santana, L. P. Queiroz 4444 
(HUEFS); Ipirá, E. de A. Dutra 3 (HUEFS); Itiúba, J. G. Nascimento & T. S. Nunes 61 
(HUEFS); Jaguarari, L. M. C. Gonçalves 200 (HRB, K); Nova Soure, L. P. Queiroz & N. 
S. Nascimento 4556 (HUEFS); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4101 
(HUEFS, K); Piauí: Campo Maior, M. S. B. Nascimento & M. E. Alencar 1037 (Cpmn, 
HUEFS); Canabrava, G. Gardner 2128 (K). Rio Grande do Norte: Currais Novos, B. 
Pickersgill et al. RU 72-462 (K). Sergipe: Canindé do São Francisco, R. A. Silva & D. 
Moura 996 (HUEFS, Xingo).
Chamaecrista supplex (Benth.) Britton & Rose ex Britton & Killip, Ann. 
New York Acad. Sci. 35: 185. 1936.
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Cassia supplex Mart. ex Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 164. 1870.Brasil. 15 (2): 164. 1870.
Erva monocárpica,prostrada a decumbente formando pequenas moitas 
com ramos geralmente entrelaçados; ramos geralmente glabros mas 
margem das estípulas, eixo foliar, pedicelo e fruto densamente pilosos a 
híspidos com tricomas longos de ca. 1-1,5 mm compr. Estípulas 2,5-4 x 
1,5-2 mm, ovais, acuminadas, base fortemente cordada. Pecíolo 3-4 mm; 
raque 0,7-1 cm; segmentos interfoliolares 2-2,5 mm; nectário peciolar 1, 
delgadamente estipitado, localizado logo abaixo do par basal de folíolos; 
folíolos 5-6 pares, membranáceos, decrescentes proximal e distalmente, 
os medianos 7-9 x 2,5-3 mm, oblongos, ca. 3x mais longos do que largos, 
ápice obtuso e mucronado, face adaxial glabra, face abaxial esparsa a 
densamente pilosa; nervação palminérvia, nervura principal excêntrica. 
Pedicelo axilar, isolado, 2-5 mm; bractéolas localizadas próximo ao ápice. 
Botões ovóides, agudos. Flores ca. 0,3 cm diâm.; sépalas estreitamente 
ovais, ± eqüilongas, 2,5-4 x 1-1,5 mm; pétalas amarelo-claras, rosadas 
quando secas, obovadas, 3-4 x 1-2 mm; estames 3-5, os 5 do ciclo interno 
ausentes. Legume 0,9-1 x 0,3 cm, oblongo, reflexo; valvas papiráceas, 
pilosas.
Chamaecrista supplex é uma planta monocárpica de áreas abertas, distribuída 
principalmente no nordeste do Brasil, do Maranhão e Ceará até a Bahia e 
Goiás, com coletas esparsas no sul do Pará e no Rio de Janeiro (Irwin & 
Barneby 1982). Na caatinga, ocorre principalmente de 300 a 500 m alt., 
sobre solo arenoso, em áreas sazonalmente inundadas, como em beira de 
rios e lagos temporários. É uma planta de ciclo rápido que cresce, floresce e 
frutifica em pouco tempo e, por isso, é possível que sua distribuição dentro 
da caatinga seja subestimada. Floração e frutificação: provavelmente após 
as chuvas, aparentemente concentrada de ii-vi.
O hábito herbáceo delicado de Ch. supplex lembra o de Ch. serpens. Estas 
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espécies compartilham, ainda, o nectário sobre um estípite delgado. Ch. 
supplex pode ser diferenciada pelos folíolos, flores e frutos mais reduzidos 
e, principalmente, pela estípula com base fortemente cordada.
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21490 (CEPEC, 
K); Ibotirama, G. C. P. Pinto s.n. (ALCB, HUEFS); Juazeiro, A. L. Costa 1021 (ALCB, 
HUEFS); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1877 (CEPEC, K); 
Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6578 (HUEFS); Remanso, L. Coradin et al. 5932 (CEN, 
K); Xique Xique (Lagoa Itaparica), R. M. Harley et al. 19403 (CEPEC, K). Ceará: Aiuaba, 
M. A. Figueiredo et al. 589 (EAC); Crateús, F. S. Araújo 1526 (EAC, HUEFS); Morada 
Nova, J. E. R. Collares 168 (HRB, HUEFS).
Chamaecrista swainsonii (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New 
York Bot. Gard. 35: 701. 1982.
Cassia swainsonii Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 167. 1870.Brasil. 15 (2): 167. 1870.
Subarbusto ereto, 20-50 cm alt.; ramos abruptamente fractiflexos, 
quadrangulares, indumento constituído por tricomas híspidos sobre uma 
superfície densamente pubérula. Estípulas 11-18 x 9-15 mm, largamente 
ovais, acuminado-aristadas. Pecíolo 7-10 mm; raque 3-4,2 cm; segmentos 
interfoliolares 5-6 mm; nectário peciolar 1, subséssil; folíolos 4-7(-9) pares, 
coriáceos, decrescentes proximal e distalmente, os medianos 17-26 x 4-8 
mm, oblongo-lineares, 3-3,5x mais longos do que largos, ápice cuspidado 
e espinescente por ca. 1-1,5 mm, pubescentes ou curtamente pubescentes 
em ambas as faces; nervura principal excêntrica, submarginal, nervura 
primária adjacente igualmente saliente e paralela, as duas anastomosadas 
no ápice definindo uma aréola sem nervuras e continuando no cúspide. 
Pedicelos axilares, isolados, 20-26 mm, ascendentes, na frutificação 
reflexos; bractéolas localizadas próximo ao ápice. Botões ovóides, 
acuminados. Flores ca. 2 cm diâm.; sépalas oval-lanceoladas, agudas, ± 
�0�
eqüilongas, 10-11 x 2,5-3 mm; pétalas amarelas, irregulares, obovadas, 12 
x 5-7 mm, o cuculo abaxial, reniforme; estames 10. Legume 4-5 x 0,4-0,5 
cm, linear, ascendente; valvas cartáceas, castanhas, híspidas.
Chamaecrista swainsonii é conhecida apenas do estado da Bahia, onde 
ocorre em restinga, caatinga e campos cerrados (gerais), sempre sobre 
solo arenoso. Na caatinga, distribui-se de 680 a 1000 m alt. Floração e 
frutificação: xii-ii(vi).
Esta espécie apresenta maior afinidade a Ch. flexuosa mas pode ser facilmente 
diferenciada pelo menor número de folíolos, pelo hábito mais robusto, além 
de folhas e estípulas maiores (ver comentários em Ch. flexuosa).
Material selecionado: Bahia: Campo Formoso, L. Coradin et al. 6040 (CEN, K); Castro 
Alves, Scardino in G° Pedra do Cavalo 285 (ALCB, HUEFS); Castro Alves, L. P. Queiroz 
et al. 5269 (HUEFS); Jacobina, G. P. Lewis et al. CFCR 7495 (K, SPF); Morro do Chapéu, 
H. S. Irwin et al. 32631 (K).
Chamaecrista tenuisepala (Benth.) H.S.Irwin & BarnebyH.S.Irwin & Barneby, Mem. New 
York Bot. Gard. 35: 707. 1982.
Cassia tenuisepala Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 164. 1870.Brasil. 15 (2): 164. 1870.
Subarbusto ereto 30-100 cm alt.; ramos cilíndricos, finamente pubérulos. 
Estípulas 5-6 x 1-2 mm, ovais a lanceoladas, acuminadas, base arredondada. 
Pecíolo 1,5-3 mm; raque 0,5-1,2 cm; segmentos interfoliolares ca. 2-3 
mm; nectário peciolar 1, delgadamente estipitado, localizado logo abaixo 
do par basal de folíolos; folíolos 4-5 pares, membranáceos, decrescentes 
proximal e distalmente, os medianos 7-13 x 2,5-5 mm, oblongo-lineares, 
ca. 3-3,6x mais longos do que largos, ápice arredondado e mucronado, 
glabros exceto por ocasionalmente esparsamente pubérulos sobre as 
nervuras maiores; nervação palminérvia, nervura principal ligeiramente 
�0�
excêntrica. Pedicelo axilar, isolado, 20-22 mm; bractéolas localizadas 
próximo ao ápice. Botões ovóides, agudos. Flores ca. 1,5-2 cm diâm.; 
sépalas oblongas, agudas, ± eqüilongas, 8-10 x 2-4 mm; pétalas amarelas, 
obovadas, 15-18 x 8-9 mm; estames 10, 5 maiores alternando com 5 
menores. Legume 4,3-4,5 x 0,3 cm, linear; valvas pubérulas.
Chamaecrista tenuisepala é uma planta conhecida apenas do nordeste do 
Brasil, distribuindo-se do sul do Maranhão e Piauí até o oeste de Pernambuco 
e Paraíba (Irwin & Barneby 1982), principalmente em formas típicas de 
caatinga mas também em carrasco e serras. Floração e frutificação: i-iii.
Esta espécie parece representar uma forma mais robusta e perene de Ch. 
serpens, apresentando maiores dimensões em caracteres vegetativos e florais 
(ver discussão em Ch. serpens).
Material exaMinado: Ceará: Crateús, F. S. Araújo 1390 (EAC, HUEFS); Paraíba: Princesa 
Isabel, J. E. R. Collares & J. A. da Silva 197 (HRB, K). Pernambuco: Santa Maria da Boa 
Vista, E.P.Heringer 408 (IPA); Taquritinga do Norte, D.Andrade-Lima et al. 66-4470 (IPA). 
Piauí: Oeiras, G. Gardner 2125 (lectótipo de Cassia tenuisepala: K); Serra Branca, E. Ule 
7435 (K, foto HUEFS).
Chamaecrista viscosa (Kunth) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York 
Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia viscosa Kunth., Nov. Gen. & Sp. Pl. 6: 360. 1823.
var. major (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 
35: 661. 1982.
Cassia viscosa var. major Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 132. 1870.Brasil. 15 (2): 132. 1870.
Arbusto ramificado, 1-2 m alt.; indumento curta e densamente pubérulo e, 
adicionalmente, com tricomas glanduloso-setosos densos sobre os ramos, 
eixo foliar e eixos da inflorescência, ramos mais velhos longitudinalmente 
�0�
estriados. Estípulas subuladas, 1-1,5 x 0,5 mm. Folhas patentes; pecíolo 
6-20 mm, mais curto a até um pouco mais longo do que os folíolos 
proximais; raque 5-8 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 2 pares, 
papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 10-20 x 8-12 
mm, obcordados, 1,3-1,6x mais longos do que largos, ápicetruncado a 
emarginado, mucronado, base cuneada, margem revoluta, face adaxial 
glabra, face abaxial víscido-setulosa; nervação peninérvia, nervura principal 
1, mediana, nervuras secundárias ligeiramente salientes na face abaxial, 
as de menor porte inconspícuas. Racemos terminais e axilares nas folhas 
distais, corimbosos, 4,5-6 cm compr., geralmente imersos na folhagem; 
pedicelo 11-14 mm. Botões ovóides a elipsóides, obtusos. Flores ca. 1,5 
cm diâm.; sépalas amareladas, oblongas, obtusas, ± eqüilongas, 7-9 x 2-
2,5 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto campanulado), obovais, 
12-15 x 6-7 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre o androceu; estames 10. 
Legume 2-3 x 0,5 cm, linear-oblongo; valvas vilosas e viscosas.
Chamaecrista viscosa é uma espécie com ampla distribuição na América do 
Sul, ocorrendo desde a Venezuela e Colômbia até o Paraguai e, disjunta, 
no México, geralmente em hábitats abertos e savanóides. Irwin & Barneby 
(1978, 1982) reconheceram três variedades das quais apenas a variedade 
major ocorre na área de domínio das caatingas. Mesmo assim, essa planta foi 
incluída neste trabalho após alguma hesitação pois os espécimes analisados 
não continham informações de hábitat e foram coletados em locais onde 
há transição entre caatinga e cerrado, como a Chapada do Araripe e o 
planalto do Ibiapaba, ambos no estado do Ceará.
Esta planta pode ser diferenciada das demais espécies arbustivas e 
tetrafolioladas de Chamaecrista da caatinga pela forma peculiar de seus 
folíolos, com contorno inversamente triangular e obcordado e margem 
revoluta.
�0�
Material exaMinado: Ceará: Barbalha, A. Duarte & A. Castellanos 471 (K); Barra do Jardim, 
G. Gardner 2027 (K).
Chamaecrista zygophylloides (Taub.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New 
York Bot. Gard. 35: 660. 1982.
Cassia zygophylloides Taub., Flora 75: 79. 1892.1892.
Arbusto profusamente ramificado, 1-3,5 m alt.; ramos glabros a 
densamente pubérulos, adicionalmente com tricomas glanduloso-setosos 
densos sobre os ramos, eixo foliar e eixos da inflorescência, ramos mais 
velhos longitudinalmente estriados. Estípulas subuladas, 1-1,5 x 0,5 mm. 
Pecíolo (6-)10-32 mm, ca. 1,5x maior do que os folíolos proximais na 
maioria das folhas; raque 2-7 mm; nectários extraflorais ausentes; folíolos 
2 pares, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais (7-) 
12-22 x (6-) 9-15 mm, largamente obovais a suborbiculares, 1,2-1,5x mais 
longos do que largos, ápice arredondado a emarginado, margem plana 
a, raramente, revoluta, glabros até densamente pubérulos em ambas as 
faces; nervação peninérvia, nervura principal 1, mediana, juntamente com 
as secundárias e as nervuras de menor porte salientes e abertamente 
reticuladas em ambas ou apenas na face abaxial. Racemos terminais não 
corimbosos, 5-12 cm compr., curta ou longamente exsertos da folhagem, 
não agrupados em panículas terminais; pedicelo 8-15 mm. Botões ovóides, 
obtusos. Flores ca. 1 cm diâm.; sépalas verde-claras, elípticas, obtusas, 
± eqüilongas, 4-6 x 1,5-2 mm; pétalas amarelas, ascendentes (perianto 
campanulado), obovais, 7-10 x 4-6 mm, cuculo hemi-oval, dobrado sobre 
o androceu; estames 10. Legume 2,7-3,8 x 0,5-0,7 cm, linear-oblongo, 
ascendente; valvas glabras a pubérulas e viscosas.
Chamaecrista zygophylloides distribui-se descontinuamente no México e 
América Central, norte da América do Sul (Guianas e Venezuela) e no 
�0�
leste do Brasil, do Ceará a Minas Gerais (Irwin & Barneby 1978).
No contexto das espécies de Chamaecrista de caatinga, Ch. zygophylloides 
pode ser diagnosticada pelos pecíolo proporcionalmente longo, ca. 1,5x o 
comprimento dos folíolos basais, os dois pares de folíolos congestos no 
ápice da curta raque e pelas flores relativamente pequenas, ca. 1 cm diâm., 
com pétalas de até 10 mm compr. As folhas variam bastante em dimensão e 
indumento e plantas desta espécie podem ser facilmente confundidas com 
outras espécies arbustivas e tetrafolioladas, sendo, algumas vezes, de difícil 
separação. Abaixo são relacionados alguns caracteres que podem auxiliar no 
reconhecimento desta espécie em relação a outras semelhantes:
Chamaecrista acosmifolia e Ch. belemii – pecíolo proporcionalmente mais 
longo (embora algumas populações depauperadas de Ch. zygophylloides var. 
colligans possam ter o pecíolo proporcionalmente mais curto) e pelas flores 
menores (em Ch. belemii as pétalas medem 14-16 mm compr.).
Chamaecrista barbata e Ch. brevicalyx– pecíolo proporcionalmente mais 
longo (ver observação acima), epiderme dos ramos não ficando pálida e 
descamando precocemente, flores menores, além dos folíolos menores 
com a forma predominantemente obovada dos folíolos (nestas espécies os 
folíolos se apresentam suborbiculares, elípticos ou oval-lanceolados).
Chamaecrista viscosa – folíolos largamente obovais a suborbiculares, não 
obtriangulares com ápice emarginado.
Irwin & Barneby (1978, 1982) reconhecem quatro variedades para Ch. 
zygophylloides, duas das quais ocorrem na caatinga e são diferenciadas pelos 
caracteres abaixo.
1. Ovário e fruto vilosos e víscido-setosos; racemo não corimboso, os 
botões em pré-antese não se posicionando ± na mesma altura das 
�10
flores em antese .........................................................var. zygophylloides
1. Ovário e fruto glabros; racemo ± corimbosos, os pedicelos dos botões 
em pré-antese se alongando e se posicionando ± na mesma altura 
das flores em antese, no ápice da inflorescência .................. var. colligans
Chamaecrista zygophylloides var. colligans (H.S.Irwin & Barneby) 
H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 661. 1982.
Cassia zygophylloides var. colligans H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 30: 254. 1978.
Pecíolo 3-8 mm; raque 2-7 mm; folíolos 7-22 x 6-15 mm. Racemo 
corimboso, 1-6 cm compr. Ovário glabro. Fruto com valvas glabras.
Planta de caatinga, onde ocorre principalmente associada a serras do 
Ceará até a Bahia (Irwin & Barneby 1978), de 600 a 900 m alt. Floração e 
frutificação: i-iii.
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2702 (HUEFS, K, SPF); Delfino, L. P. 
Queiroz et al. 5283 (HUEFS); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 18952 (CEPEC, K); 
Lagoinha, R. M. Harley et al. 16772 (CEPEC, K); Milagres, R. M. Harley et al. 20520 
(CEPEC, K); Mirangaba, R. P. Orlandi 353 (HRB, HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin 
et al. 30731 (isótipo de Cassia zygophylloides var. colligans: K, foto HUEFS); Santa 
Terezinha, F. França et al. 1107 (HUEFS).
Chamaecrista zygophylloides (H.S.Irwin & Barneby) H.S.Irwin & 
Barneby var. zygophylloides
Pecíolo 13-21 mm; raque 2-6 mm; folíolos 12-20 x 9-15 mm. Racemo com 
raque alongada, 7-12 cm compr. Ovário viloso. Fruto com valvas vilosas 
e víscido-setosas.
Caatinga, cerrado e campo rupestres, geralmente com distribuição associada 
�11
à Cadeia do Espinhaço. Na área de domínio da caatinga, distribui-se 
principalmente ao sul da Chapada Diamantina e no planalto de Maracás, 
em altitudes de 580 a 900 m. Floração: xii-iv. Frutificação: ii-iv.
Material selecionado: Bahia: Livramento do Brumado, R. M. Harley & N. Taylor 27073 
(CEPEC, K); Maracás, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1577 (CEPEC, K).
Notas adicionais sobre Chamaecrista
Chamaecrista coradinii foi inexplicavelmente descrita como nova espécie 
duas vezes por Barneby (1992, 1996). Esse autor a refere, seguindo as 
informações constantes no material examinado (L. Coradin et al. 6655) como 
procedente da caatinga de Ibotirama (Bahia). No entanto, as coordenadas 
geográficas associadas a esta amostra, indicam que ela foi coletada a 
45°48’W, ou seja, a oeste da cidade de Barreiras na estrada para Brasília, a 
mais de 150 km de Ibotirama e fora da área de domínio da caatinga. Assim, 
esta espécie não foi incluída no presente trabalho. Barneby(1992, 1996) 
incluiu Ch. coradinii na série Setosae, um grupo confinado aos cerrados do 
planalto central do Brasil, exceto por uma espécie das savanas da Venezuela 
(Irwin & Barneby 1978), de modo que considerar Ch. coradinii como uma 
planta de cerrado do oeste da Bahia está mais de acordo como esperado 
para o conjunto das espécies relacionadas.
Chamaecrista compitalis é uma conhecida por apenas uma coleta da região 
de Encruzilhada. Nesta região predominam florestas estacionais localmente 
conhecidas por matas de cipó e, por esse motivo, essa espécie não foi incluída 
neste trabalho. Ela pertence à seção Apoucouita e pode ser diferenciada de 
Ch. eitenorum (a única espécie da mesma seção com ocorrência confirmada 
para a caatinga) pelas suas estípulas persistentes e conspícuas (até 8 mm 
compr.).
�1�
Senna Mill.
Arbustos ou arvoretas, menos freqüentemente ervas a subarbustos anuais, 
inermes. Folhas paripinadas com 2 a muitos pares de folíolos opostos; 
nectários extraflorais presentes ou ausentes, quando presentes sésseis 
ou estipitados, claviformes a elipsóides, com superfície secretora sempre 
convexa, localizados entre os pares de folíolos ou na base do pecíolo. 
Inflorescências em racemos axilares, freqüentemente corimbosos e/ou 
agrupados em panículas amplas terminais; bractéolas ausentes. Flores 
pentâmeras, zigomorfas (pela corola e/ou pelo androceu) ou assimétricas; 
hipanto geralmente indistinto; sépalas livres, em geral fortemente 
graduadas, as intermas maiores do que as externas; pétalas amarelas, 
a vexilar em geral um pouco mais larga do que as demais, às vezes com 
uma das pétalas abaxiais fortemente assimétrica, ± reniforme e oposta 
ao pistilo que, neste caso, é lateralmente deslocado; estames 10, os 3 
adaxiais curtos e estaminoidais, (6-) 7 estames férteis diferenciados em 
um conjunto de 4 estames centrais e (2-) 3 abaxiais maiores ou do mesmo 
comprimeto dos 4 centrais; anteras deiscentes por 2 poros ou pequenas 
fendas apicais, glabras ou pubescentes mas nunca ciliadas ao longo das 
suturas laterais; ovário cêntrico ou enantiostílico, 5-∞(+200)-ovulado. 
Fruto deiscente ou indeiscente, quando indeiscente (ou tardiamente 
deiscente) geralmente carnoso e ± cilíndrico, quando deiscente nunca com 
deiscência elástica e então com valvas papiráceas a cartáceas abrindo-se 
inertemente para liberar as sementes.
Senna é um gênero pantropical, com 295 a 300 espécies, cerca de 200 
das quais ocorrem nas Américas (Irwin & Barneby 1982). Em muitos 
tratamentos florísticos, incluindo a Flora Brasiliensis (Bentham 1870), 
as espécies referidas para Senna estão incluídas em Cassia. O conceito 
apresentado por Irwin & Barneby (1982) tem se mostrado relativamente 
�1�
estável, pelo menos para os táxons do Novo Mundo, e estudos recentes 
de filogenia das Leguminosae (embora com uma amostragem limitada 
para as Cassiinae) tem apoiado a segregação de Senna como um gênero 
monofilético.
O gênero é floristicamente importante na caatinga e muitas de suas espécies 
estão entre as plantas mais conspícuas e as que mais contribuem para 
constituir a paisagem característica da caatinga. São relativamente fáceis 
de reconhecer pelas suas flores relativamente grandes com pétalas amarelo-
brilhantes e anteras amareladas, rígidas e deicentes por poros apicais. Estes 
caracteres são encontrados também nos gêneros Cassia e Chamaecrista.
De Cassia, as espécies de Senna de caatinga podem ser diferenciadas por 
uma combinação de caracteres diagnóstica para Cassia mas que, em geral, 
não é encontrada nas suas espécies: folhas sem nectários extraflorais com 
fruto cilíndrico e carnoso. A única exceção é S. spectabilis que pode ser 
diferenciada de Cassia pela ausência de bractéolas na base do pedicelo 
(sempre com um par presente em Cassia) e os 3 estames abaxiais nunca 
curvados em forma de “S”. Além disso, as espécies de Senna da caatinga 
têm inflorescências eretas ou patentes enquanto na única espécie de Cassia 
da caatinga a inflorescência é pêndula.
Em relação a Chamaecrista, podem ser diferenciadas pelo fruto, cilíndrico 
ou plano-compresso mas então com deiscência inerte. Em Chamaecrista 
os frutos são sempre plano-compressos e com deiscência elástica, as valvas 
tornando-se espiraladas durante a deiscência. Na ausência de frutos, as 
espécies de Senna podem ser diferenciadas pela ausência de bractéolas no 
pedicelo (em Chamaecrista o pedicelo tem duas bractéolas ± alternas pouco 
acima do meio) e pelo androceu zigomorfo, com os 3 estames abaxiais 
geralmente deslocados em relação ao eixo mediano da flor. Além disso, 
em Chamaecrista, os nectários extraflorais quando presentes são em forma 
�1�
de disco ou de cálice e, quando ausentes, a planta é revestida por tricomas 
glandulares. Em Senna, as únicas espécies de caatinga que apresentam 
tricomas glandulares também possuem nectários extrflorais e estes são 
sempre convexos, claviformes a piramidais.
As 19 espécies encontradas na área de domínio da caatinga podem ser 
agrupadas de acordo com o diagrama abaixo.
Chaves auxiliares:
Grupo 1:
1. Folhas com 17-23 pares de folíolos, cada folíolo oblíquo, oblongo, 
agudo, com 11-18 mm larg.................................................. S. martiana
1. Folhas com 8-9 pares de folíolos, cada folíolo simétrico, largamente 
oblongo, ápice obtuso a arredondado, com 33-50 mm larg.
2. tamanho do pecíolo, fruto + indumento das folhas ................ S. alata
2. tamanho do pecíolo, fruto + indumento das folhas ......... S. reticulata
Folhas sem nectários Nectários extrflorais presentes 
1 só nectário Mais de um nectário localizado entre os pares de folíolos 
Flores > 2 cm diâm 
Senna
Fruto seco com 
valvas planas 
Fruto carnoso, 
cilíndrico Nectário no 
pecíolo próximo 
ao pulvino 
Nectário entre o 
primeiro par de 
folíolos
Estípula
subulada 
Estípula ± 
reniforme 
Flores ” 1,5 cm 
diâm.
Grupo 2 
Fr
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S. harleyi
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S. macranthera 
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S. alata 
S. martiana 
S. reticulata
Grupo 4 Grupo 3 Grupo 5 
M
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or
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S. spectabilis 
S. occidentalis S. pendula 
S. cana 
S. cearensis 
S. lechriosperma 
S. obtusifolia 
S. uniflora 
Grupo 6 
S
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qu
e S. acuruensis 
S. aristiguietae 
S. catingae 
S. trachypus 
�1�
Grupo �:
1. Frutos plano compressos, secos; óvulos 30-42; flores relativamente 
pequenas, as pétalas medindo 10-15 mm compr.; brácteas linear-
lanceoladas .............................................................................. S. harleyi
1. Frutos cilíndricos, ± carnosos; óvulos 80-240; flores maiores, as 
pétalas medindo geralmente mais de 20 mm compr. (se pétalas 
menores e óvulos 44-58 então as brácteas são suborbiculares)
2. Folíolos simétricos na base, glabros, com margem discolor, 
geralmente avermelhada
3. Nervuras laterais estendendo-se até a margem dos 
folíolos e anastomosando-se com uma nervura marginal 
(nervação camptódroma); folíolos obovados com ápice 
arredondado .................................................................S. gardneri
3. Nervuras laterais formando arcos e anastomosando-se entre 
si antes de alcançar a margem (nervaçãobroquidódroma); 
folíolos elípticos a lanceolados com ápice agudo ou 
obtuso ........................................................................ S. splendida
2. Folíolos com base assimétrica devido ao posicionamento excêntrico 
da nervura principal, pilosos a vilosos; margem concolor
4. Brácteas suborbiculares, pelo menos algumas persistindo 
até a maturação dos frutos; flores ca. 3,5 cm diâm.; estames 
pouco diferenciados em tamanho, as anteras dos 7 estames 
alcançando ± a mesma altura ......................................... S. rizzini
4. Brácteas setáceas a lanceoladas, caducas logo após a antese; 
flores ca. 4,5 cm diâm.; filetes dos 3 estames abaxiais mais 
longos do que os dos estames centrais resultando em que suas 
�1�
anteras ficam posicionadas mais altas em 1/3 ou mais do que 
a dos estames centrais ........................................... S. macranthera
Grupo �:
1. Nectário faltando entre o par de folíolos basal; folíolos em 5 a 7 
pares, os distais medindo 3,1 a 4,6 cm compr., 2,5-3 x mais longos 
do que largos; estípulas de até 10 mm compr.; flores menores, ca. 3 
cm diâm., com pétalas de 16 a 20 mm compr. .............................S. cana
1. Nectário presente entre todos os pares de folíolos; folíolos em 3 a 4 
pares, os distais medindo 4,5 a 8 cm compr., 1,5-2 x mais longos do 
que largos; estípulas 10-25 mm compr.; flores ca. 5 cm diâm., com 
pétalas de 25 a 30 mm compr.
2. Fruto ca. 5 mm larg., valvas fortemente costadas a ca. 2 mm da sutura 
deixando o fruto com uma seção tranvsersal cruciforme S. cearensis
2. Fruto 9-10 mm larg., plano-compresso; valvas discretamente 
costadas ....................................................................S. lechriosperma
Grupo �:
1. Nectário localizado na base do pecíolo, próximo ao pulvino; 
inflorescência muito mais curta do que a folha subjacente; fruto 
seco, plano compresso .....................................................S. occidentalis
1. Nectário localizado entre o par basal de folíolos; folíolos obovados 
com ápice arredondado; inflorescência mais longa e exserta da 
folhagem; fruto cilíndrico e carnoso.......................................S. pendula
Grupo �:
1. Ramos e folhas revestidos por tricomas setosos, de 1-2 mm compr., 
amarelos a avermelhados; estilete curto, 1,5-2 mm; fruto curto 
(até 4 cm compr.), reto, ereto, com valvas tranversalmente sulcadas 
�1�
simulando um lomento ..........................................................S. uniflora
1. Ramos e folhas glabros a glabrescentes (esparsamente pilosos); 
estilete 2-4 mm compr.; fruto significativamente mais longo (10-13 
cm compr.), arqueado, com superfície das valvas planas .....S. obtusifolia
Grupo �:
1. Cada racemo com exatamente duas flores; ramos e estípulas 
híspidos, revestidos por tricomas longos (3-7 mm) e eretos; tricomas 
glandulares ausentes; nectário 1, séssil, obpiriforme; pedicelo 
apresentando na base uma glândula fusiforme .................. S. aversiflora
1. Racemos 3-∞-floros; ramos e estípulas nunca híspidos; tricomas 
víscido-glandulares presentes pelo menos no eixo foliar; mais de 1 
nectário, estipitado, oblongo-clavados; base do pedicelo não glandular
2. Todas as sépalas densa e curtamente pubérulas na face dorsal; 
estilete 5-7 mm compr.; raque do racemo < 2 mm .... S. aristeguietae
2. Sépalas glabras ou as externas esparsamente pilosas (as internas, 
maiores, sempre glabras); estilete 1,5-3 mm compr.; raque do 
racemo ≥ 3 mm
3. Margem do legume estreitamente alada (ala ca. 1 mm larg.); 
folíolos 5-9 pares; pedúnculos víscido-setosos; planta do Piauí, 
Ceará, Paraíba e extremo noroeste da Bahia .............. S. trachypus
3. Margem do legume não alada; folíolos 4-20 pares mas se 
4-9 pares então pedúnculo não víscido-setoso; planta de 
Pernambuco e da Bahia a leste do rio São Francisco
4. Folíolos 14-20 pares, concolores, 10-18 x 4-8 
mm ......................................................................S. acuruensis
4. Folíolos 4-7 pares, discolores, 15-37 x 12-18 mm ... S. catingae
�1�
Senna acuruensis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 506. 1982.
Cassia acuruensis Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 122. 1870.Brasil. 15 (2): 122. 1870.
Arbusto a pequena árvore de 2-3(-5) m alt.; indumento dos ramos, 
estípulas, eixo foliar e eixos da inflorescência densamente víscido-
setulosos. Estípulas 4-8 x 0,3-0,5 mm, setosas, subuladas. Pecíolo 0,9-
1,6 mm; raque 9-13.5 cm; segmentos interfoliolares 4-5 mm; nectários 
oblongo-claviformes, estipitados, localizados entre os pares basais de 
folíolos e, freqüentemente, entre todos os pares; folíolos 14-20 pares, 
concolores, papiráceos, discretamente decrescentes em cada extremidade 
da raque, 10-18 x 4-8 mm, 1,8-3x mais longos que largos, oblongos a 
oblongo-obovais, ápice obtuso a truncado, mucronado, face adaxial 
glabra, curtamente pilosos em ambas as faces; nervura principal mediana. 
Racemos 3-5 cm, patentes, axilares nas folhas distais, às vezes tornando-
se paniculados pela não expansão das folhas; pedicelos 2,5-4,5 cm. 
Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas glabras, esverdeadas 
com margem amarelada, muito desiguais em forma e tamanho, as 
internas suborbiculares, 7-11 mm compr., ca. 2x maiores do que as 
externas; pétalas amarelas, muito desiguais, as adaxiais reduzidas e mais 
longamente ungüiculadas, as abaxiais maiores uma das quais assimétrica, 
subreniforme. Fruto 6-11 x 0,9-1,4 cm, patente ou pêndulo, oblongo-linear, 
plano-compresso; estípite 5-8 mm; valvas papiráceas, nigrescentes.
Ocorre principalmente na caatinga meridional, inclusive em alguns vales 
secos na Chapada Diamantina, em diferentes tipos de solos e a altitudes de 
400 a 1000 m. Floração: xii-iii (-iv). Frutificação: xii-v (-vii).
Irwin & Barneby (1982) reduziram Cassia catingae Harms a variedade 
dessa espécie e descreveram uma nova variedade. No entanto, S. acuruensis 
apresenta número e dimensões dos folíolos e indumento distintos de C. 
�1�
catingae. Além disso, dados moleculares indicam que S. acuruensis pode ser 
mais relacionada a S. multijuga do que a C. catingae (Marazzi et al. 2006) a 
qual é, aqui, excluída da circusncrição de S. acuruensis.
No seu limite sul de distribuição, S. acuruensis ocorre simpatricamente com 
S. aristeguietae da qual se diferencia pelas sépalas glabras e estilete mais 
curto (1,8-3 mm em S. acuruensis e 5-7 mm em S. aristeguietae).
Nomes vernaculares: são-joão, são-joãozinho (gerais), pau-de-besouro 
(Glória, BA), canela-de-velho (Campo Alegre de Lurdes, BA).
Material selecionado: Bahia: Abaíra, L. P. Queiroz 2609 (HUEFS); Bom Jesus da Lapa, 
R. M. Harley et al. 21538 ICEPEC, K); Boninal, L. Coradin et al. 6559 (CEN, K); Brumado, 
A. M. de Carvalho et al. 2647 (CEPEC, K); Cetité, G. Hatschbach et al. 65841 (MBM); 
Campo Alegre de Lurdes, A. M. Miranda et al. 3968 (Hst, HUEFS); Canudos, L. P. Queiroz 
et al. 7168 (HUEFS); Filadélfia, R. M. Harley et al. 16144 (CEPEC, K); Gentio do Ouro, 
R. M. Harley 18933 (CEPEC, K); Glória, H. P. Bautista 473 (HRB, K); Iaçu, L. R. Noblick 
3625 (HUEFS); Ipupiara, E. Saar et al. 59 (ALCB, HUEFS); Jequié, S. A. Mori & T. S. dos 
Santos 11830 (CEPEC, K); Jeremoabo, L. P. Queiroz et al. 3724 (HUEFS); Livramento 
do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1911 (CEPEC, K); Mirangaba, W. N. da 
Fonseca 409 (HRB, K); Morro do Chapéu, F. França et al. 4679 (HUEFS); Serra do Açuruá, 
J. S. Blanchet 2851 (holótipo de Cassia acuruensis Benth.: K, foto HUEFS); Tucano, A. 
M. de Carvalho et al. 3864 (CEPEC, HUEFS); Urandi, R. Mello-Silva et al. 1414 (HUEFS, 
SPF). Pernambuco: Belo Jardim (serra do Genipapo): A. Chase 7695 (K).
Senna alata (L.) Roxb., Fl. Indica 2: 349. 1824.
Cassia alata L., Sp. Plant.: 378. 1753.Plant.: 378.1753.
Cassia bracteata L. f. , Suppl. Pl. Syst. Veg.: 232. 1781.1781.
Arbusto pequeno de crescimento rápido, 0,6-2 m alt.; ramos jovens densa 
e curtamente pubérulos e finamente pilosos. Estípulas ca. 7-10 x 5-6 mm, 
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obliquamente lanceoladas, acuminadas, dilatadas e auriculadas no lado 
oposto ao pecíolo, quase amplexicaules. Pecíolo 9-10 mm (7 dos quais 
correspondendo ao pulvino); raque 20-22 cm; segmentos interfoliolares 
20-22 mm; nectário ausente; folíolos em 9 pares, cartáceos, acrescentes 
distalmente, os distais 8,2-8,8 x 5-5,5 cm, ca. 1,8x mais longos que 
largos, oblongos, tornando-se obovais no ápice da raque, ápice obtuso 
a arredondado, face adaxial glabra, face abaxial curta e densamente 
pubérula e reticulada; nervura principal mediana, nervuras secundárias 
salientes na face abaxial. Racemos 19-30 cm, robustos, eretos ou curvados 
para cima, axilares; pedicelos 0,7-0,9 cm; brácteas 1,7-2,5 x 0,9-1,2 cm, 
petalóides, amarelas, côncavas, recobrindo totalmente o botão e formando 
um cone no ápice do racemo. Botões obovóides. Flores ca. 2,5 cm diâm., 
o perianto ± globoso na antese; sépalas petalóides, amarelo-alaranjadas, 
12-15 mm compr.; pétalas amarelo-ouro, 1,6-2 x 0,9-1 cm, obovadas, a 
vexilar diferenciada, subquadrada. Fruto 12-14 x 2-2,3 cm, ascendente, 
em contorno largamente linear, plano-compresso, cada sutura carenada 
e valvas papiráceas aladas de modo que o fruto apresenta uma seção 
tetragonal.
Senna alata é uma espécie amplamente distribuída na América tropical 
e cultivada em várias partes do mundo como ornamental ou medicinal, 
tornando-se espontânea em algumas regiões do sul dos Estados Unidos e 
nos trópicos da África, Ásia e Austrália (Irwin & Barneby 1982). Pode ser 
considerada como uma espécie invasora, especialmente em áreas úmidas 
ou sazonalmente inundáveis, devendo ter sido através da colonização de 
terrenos antropizados que esta espécie penetrou na caatinga, onde ocorre 
principalmente em brejos e em áreas transicionais caatinga-cerrado. 
Floração e frutificação: vi (mal documentada, provavelmante ao longo do 
ano).
Esta espécie apresenta grande semelhança morfológica em caracteres 
��1
vegetativos e florais com S. reticulata, embora o fruto permita uma rápida 
distinção pois os de S. alata apresentam uma ala conspícua ± no meio da 
valva, a qual está ausente nos frutos de S. reticulata. Além disso, as folhas 
de S. alata apresentam o pecíolo muito curto, quase obsoleto, medindo 
apenas 1 ou 2 mm além do pulvino, característica não apresentada por S. 
reticulata.
Nomes vernaculares: mata-pastão (geral), canafistão (Campo Alegre de 
Lurdes, BA).
Material selecionado: Bahia: Campo Alegre de Lurdes, L. P. Queiroz et al. 7374 (HUEFS); 
Itaberaba, F. França et al. 1216 (HUEFS, K); Santo Inácio, T. S. Nunes et al. 976 (HUEFS).. 
Piauí: Gilbués, L. Coradin et al. 5839 (CEN, K).
Senna aristeguietae H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35:New York Bot. Gard. 35: 
502. 1982.
Arvoreta ca. 5 m alt. x 2 cm DAP, tronco com casca lisa e amarronzada; 
indumento dos ramos, estípulas, eixo foliar e eixos da inflorescência 
constituído por tricomas víscido-setulosos densos e tricomas tectores 
curtos. Estípulas 6-7 x ca. 0,3 mm, setosas, subuladas. Pecíolo ca. 11 mm; 
raque 7,3-7,5 cm; segmentos interfoliolares 7-9 mm; nectários oblongo-
claviformes, curtamente estipitados, localizados entre os dois primeiros 
pares de folíolos; folíolos 7-11 pares, papiráceos, discolores, discretamente 
decrescentes em cada extremidade da raque, os medianos 2,2-2,4 x 0,8-
0,9 cm, 2,4-3x mais longos que largos, oblongos, tornando-se oblongo-
obovados no ápice da raque, ápice truncado a arredondado, face adaxial 
esparsamente pilosa, quase glabra, curtamente pubérula; nervura principal 
mediana, nervuras secundárias e terciárias inconspícuas. Racemos 3,3-4 
cm, subumbeliformes (eixo florífero < 2mm), patentes, axilares nas folhas 
���
distais; pedicelos ca. 2 cm. Botões globosos. Flores ca. 5 cm diâm.; 
sépalas minutamente pubérulas dorsalmente, muito desiguais em forma 
e tamanho, as internas obovadas, ca. 14 mm compr., ca. 2x maiores do 
que as externas; pétalas amarelas, 4 largamente obovadas e uma abaxial 
assimétrica, subreniforme. Fruto não visto.
Senna aristeguietae apresenta uma distribuição disjunta entre o leste do Brasil 
(sudeste da Bahia e nordeste de Minas Gerais) e a costa NW da Venezuela 
(próximo ao lago Maracaibo). Irwin & Barneby (1982) especulam que ela 
talvez tenha sido introduzida na Venezuela. Esta planta é conhecida de 
poucas coletas de Minas Gerais e foi pela primeira vez coletada na Bahia 
por G. P. Lewis, próximo a Livramento do Brumado, onde ocorre em 
área transicional entre caatinga e cerrado (“campos gerais”). Floração: iv. 
Frutificação: ?
Evidentemente afim a S. acuruensis (especialmente a S. acuruensis var. 
interjecta) da qual se diferencia pelo estilete mais alongado (5-7 mm x 1,8-
3 mm) e pelas sépalas dorsalmente pubescentes (glabras em S. acuruensis).
Material exaMinado: Bahia: Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 
1992 (CEPEC, K).
Senna aversiflora (Herbert) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 529. 1982.
Cassia aversiflora Herbert, Bot. Mag. 53, t. 2638. 1826.1826.
Arbusto virgado 1,5-2 m alt.; ramos esparsa ou densamente híspidos com 
tricomas setosos eretos e longos, ca. 3-7 mm compr. Estípulas 5-13 x 
ca. 0,3 mm, setosas. Pecíolo 15-22 mm; raque 2,7-4,5 cm; segmentos 
interfoliolares 5-6 mm; nectário robusto, obpiriforme, séssil, alaranjado, 
localizado entre os primeiro par de folíolos; folíolos 5-8 pares, papiráceos, 
���
concolores, fortemente acrescentes distalmente, os distais 1,7-2,8 x 0,5-
1,2 cm, 2,2-3x mais longos que largos, obovais a oblanceolados, ápice 
arredondado a ligeiramente emarginado, base cuneada, facialmente 
glabros, a margem ocasionalmente ciliada; nervura principal mediana, 
nervuras secundárias e terciárias inconspícuas. Racemos 2-4 cm, no ápice 
dicotômicos e bifloros, patentes, axilares nas folhas subterminais; pedicelos 
1,7-2 cm, biglandulares na base. Botões globosos. Flores 4,5-5 cm diâm.; 
sépalas glabras, largamente obovais, desiguais em tamanho, as internas 
7-10 mm compr., ca. 1,5x maiores do que as externas; pétalas amarelas, 
4 largamente obovadas e uma abaxial assimétrica, subreniforme. Legume 
9-15 x 0,4-0,5 cm, estreitamente linear, reto, plano-compresso; estípite 4-
10 mm; valvas amarronzadas, papiráceas formando elevações piramidais 
em forma de X sobre cada semente.
Senna aversiflora é uma espécie endêmica da caatinga, distribuindo-se 
principalmente na depressão sertaneja meridional, no estado da Bahia a 
leste do rio São Francisco e em Pernambuco, apenas alcançando o estado da 
Paraíba (Areias, fide Irwin & Barneby 1982). É uma planta mais freqüente 
em bancos de rios sobre solos arenosos, em altitudes de 300 a 700 m. 
Floração: xi-vii. Frutificação: ii-vii.
No contexto das espécies de caatinga, S. aversiflora é prontamente 
reconhecida pelas inflorescências bifloras, as duas flores surgindo do 
mesmo ponto no ápice do pedúnculo. Além disso, apresenta os folíolos 
claramente acrescentes em direção ao ápice da raque (com os folíolos distais 
visivelmente maiores do que os proximais) e o caule híspido, revestido por 
tricomas setosos, eretos e muito longos (ca. 3-7 mm), embora alguma 
cautela seja necessária em relação a este caráter pois existem alguns raros 
indivíduos com caule glabro.
Esta espécie foi descrita de plantas cultivadas em estufas na Europa a partir 
���
de sementes levadas do Brasil e nenhum tipo foi preservado. O epíteto 
aversiflora foi dado a esta planta pelo deão Herbert em alusão à forma 
singular com que as flores de cada par parecem se afastar pela curvaturadas 
pétalas, sendo esta, talvez, a primeira alusão a enantiostilia em Senna (Irwin 
& Barneby 1982).
Nome vernacular: são-joão.
Material selecionado: Bahia: Brumado, F. França et al. 4195 (HUEFS); Cansansão, R. M. 
Harley et al. 16481 (CEPEC, K); Conceição de Feira, L. R. Noblick 1976 (HUEFS); Don 
Basílio, H. S. Brito & G. P. Lewis 301 (CEPEC, K); Ipirá, B. C. Bastos 527 (BAH, HUEFS); 
Ituaçu, G. Hatschbach & J. M. Silva 50166 (K, MBM); Jequié, A. Duarte & A. Castellanos 
351 (K); Livramento do Brumado, G. P. Lewis & S. M. M. de Andrade 1934 (CEPEC, K); 
Miguel Calmon, L. R. Noblick 3927 (HUEFS, K); Monte Santo, E. Saar et al. 22 (ALCB, 
HUEFS); Morro do Chapéu, H. S. Irwin et al. 30712 (K); Riachão do Jacuípe, L. R. Noblick 
& M. J. S Lemos 4104 (HUEFS, K); Serra Preta, L. R. Noblick & M. J. S. Lemos 4221 
(HUEFS, K). Pernambuco: Bezerros, A. M. Miranda et al. 2570 (Hst, HUEFS); Brejão, A. 
M. Miranda et al. 2559 (Hst, HUEFS); Pesqueira, E. A. Shimabukuro et al. 278 (HUEFS).
Senna cana (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 226. 1982.
Cassia cana Nees & Mart., Nova Acta Phys.-Med. Acad. Caes. Leop.-Carol. Nat. 
Cur. 12: 34. 1825.1825.
var. cana
Arbusto 2-3 m alt. a arvoreta ca. 4 m; ramos longitudinalmente costados, 
densamente pubérulos, tricomas curtos, acinzentados. Estípulas 
persistentes, 6-10 x 4-6 mm, foliáceas, ± reniformes, ápice acuminado a 
���
caudado. Pecíolo 5-10 mm; raque 4,9-7 cm; segmentos interfoliolares 10-
18 mm; nectários fusiformes a subulados, estipitados, localizados entre 
todos os pares de folíolos exceto no basal e, freqüentemente, ausentes 
também no distal; folíolos 5-7 pares, coriáceos, ligeiramente acrescentes 
distalmente, os distais 3,1-4,6 x 1,2-1,5 cm, 2,6-3,1x mais longos que 
largos, estreitamente elípticos a oblanceolados, ápice acuminado a agudo, 
margem revoluta, fortemente discolores, face adaxial rugosa, glabra a, 
raramente, esparsamente pilosa, face abaxial tomentosa, cinérea; nervura 
principal central exceto muito próximo da base, nervuras secundárias 
salientes e discolores na face abaxial. Racemos 7-13 cm, ± corimbosos, 
patentes, axilares nas folhas distais; pedicelos 2,1-2,2 cm, geralmente 
desprovidos de glândula na base ou glândula caduca. Botões globosos. 
Flores ca. 3 cm diâm.; sépalas internas 8-11 mm compr., largamente 
obovadas, ca. 2x maiores do que as externas; pétalas amarelas, obovais, 
aproximadamente do mesmo tamanho, 16-20 x 12 mm. Legume 8,5-13,5 
x 0,5 cm, estreitamente linear, ligeiramente curvo, compresso mas cada 
valva apresentando uma nervura saliente próximo à sutura ventral (seção 
transversal então semelhante a um “†” invertido); estípite 3-5 mm; valvas 
amarronzadas, cartáceas.
Senna cana é uma espécie distribuída principalmente em cerrado e campo 
rupestre, referida por Irwin & Barneby (1982) para os estados da Bahia, Goiás, 
Minas Gerais e Espírito Santo. É uma espécie polimórfica nos caracteres 
vegetativos e, baseado nestes caracteres, esses autores reconheceram cinco 
variedades. Na caatinga, apenas a variedade cana ocorre ocasionalmente, 
geralmente em regiões de transição caatinga/cerrado ou nas montanhas da 
Chapada Diamantina, sobre solo arenoso, em altitudes de 400 a 1000 m. 
Floração e frutificação ± concomitantes: i-vii.
Esta planta pode ser diferenciada de S. lechriosperma principalmente pelas 
dimensões menores das flores, estípulas e folíolos, como pode ser observado 
���
na chave para as espécies desse grupo. Além disso, nas plantas de caatinga 
de S. cana var. cana, não há nectário entre o primeiro par de folíolos e, 
freqüentemente, também entre o par distal, enquanto em S. lechriosperma 
un nectário está sempre presente entre o par proximal.
Irwin & Barneby (1982) não referem esta espécie para o estado de 
Pernambuco mas pelo menos três espécimes coletados em Buíque e Rio 
Branco apresentam os caracteres acima referidos para essa espécie, não 
deixando dúvida de que se tratam de espécimes de S. cana.
Nomes vernaculares: são-joão (geral), candieiro-preto (Buíque, PE).
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 2808 (HUEFS, K, SPF); Caetité, G. 
Hatschbach & J. M. Silva 50467 (K, MBM); Campo Formoso, L. Coradin et al. 6071 (CEN, 
K); Ibotirama, L. Coradin et al. 6616 (CEN, K); Iraquara, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 
3374 (HUEFS, K); Lagoinha, R. M. Harley et al. 16713 (CEPEC, K); Mirangaba, W. N. da 
Fonseca 395 (HRB, K); Morro do Chapéu, L. R. Noblick 3492 (HUEFS); Urandi, T. Jost et 
al. 507 (HRB, HUEFS). Pernambuco: Buíque, Vasconcellos Sobrinho s. n. i.1940 (K); Rio 
Branco, Vasconcellos Sobrinho s. n. vi.1937 (K).
Senna catingae (Harms) L.P.Queiroz, comb. nov.
Cassia catingae Harms. Bot. Jahrb. 42: 210. 1908.
Senna acuruensis var. catingae (Harms) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New YorkNew York 
Bot. Gard. 35: 509. 1982.
Senna acuruensis var. interjecta H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard.New York Bot. Gard. 
35: 508. 1982.
Arbusto 2-3 m alt.; ramos e eixos da inflorescência glabros, tricomas 
glandulares apenas no eixo foliar. Estípulas 4-8 x 0,3-0,5 mm, setosas, 
subuladas. Pecíolo 7,5-13,5 cm; raque 3-5 cm; segmentos interfoliolares 
ca. 10 mm; nectários oblongo-claviformes, estipitados, localizados entre os 
���
pares basais de folíolos e, freqüentemente, entre todos os pares; folíolos 
4-7 pares, papiráceos, fortemente discolores, discretamente decrescentes 
em cada extremidade da raque, 15-37 x 12-18 mm, 1,5-2x mais longos 
que largos, oblongo-obovais, ápice obtuso a truncado, mucronado, glabros 
exceto ocasionalmente pilosos ao longo da nervure principal na face abaxial; 
nervura principal mediana. Racemos 3-5 cm, patentes, axilares nas folhas 
distais, às vezes tornando-se paniculados pela não expansão das folhas; 
pedicelos 2,5-4,5 cm. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm diâm.; sépalas 
glabras, esverdeadas com margem amarelada, muito desiguais em forma 
e tamanho, as internas suborbiculares, 7-11 mm compr., ca. 2x maiores do 
que as externas; pétalas amarelas, muito desiguais, as adaxiais reduzidas 
e mais longamente ungüiculadas, as abaxiais maiores uma das quais 
assimétrica, subreniforme. Fruto 6-11 x 0,9-1,4 cm, patente ou pêndulo, 
oblongo-linear, plano-compresso; estipe 5-8 mm; valvas papiráceas, 
nigrescentes.
Distribui-se na região sudeste do estado da Bahia, do planalto de Vitória 
da Conquista até a região de Itaberaba. Ocorre tanto em caatinga arbustiva 
quanto em mata de cipó, geralmente sobre solos argilosos, a altitudes de 
500-800 m. Floração: x-iii (vi). Frutificação: ?
Diferencia-se de S. acuruensis pelos folíolos maiores e em menor número 
(ver comentários sob essa espécie).
Nome vernacular: canjuão.
Material selecionado: Bahia: Abaíra, W. Ganev 1171 (HUEFS, K, SPF); Anajé, G. 
Hatschbach & F. J. Zelma 50432 (K, MBM); Aracatu, R. M. Harley et al. 15022 (CEPEC, 
K); Boa Vista do Tupim, L. P. Queiroz & N. S. Nascimento 3875 (HUEFS); “Caldeirão”, 
E. Ule 7250 (isótipo de Cassia catingae Harms: K, foto HUEFS); Ipirá, B. C. Bastos 521 
(BAH, HUEFS); Itaberaba, R. M. Harley et al. 20525 (CEPEC, K); Jacobina, B. C. Bastos 
���
429 (BAH, HUEFS); Jequié, A. M. de Carvalho & T. Plowman 1587 (CEPEC, K); Maracás, 
L. P. Queiroz & V. L. Fraga (HUEFS); Nova Itarana, F. França et al. 3491 (HUEFS); Piritiba, 
L. R. Noblick 1836 (HUEFS); Santa Inês, D. A. Lima 58-2914 (K); Tremandal, L. P. Queiroz 
& N. S. Nascimento 3699 (HUEFS, K); Vitória da Conquista, E. Pereira & G. Pabst 9752 
(K).
Senna cearensis Afr.Fern., Albertoa n.s. 7: 6. 2000.
Senna barnebyana Afr.Fern., Bradea 6: 282. 1994 (non Senna barnebyana Lass., 
Brittonia 33: 513. 1981).1981).
Arbusto 1-2 m; ramos jovens vilosos. Estípulas persistentes, 15-20 x 5-12 
mm, foliáceas, ± reniformes, ápice longamentecaudado. Pecíolo 8-20 mm; 
raque 3-6 cm; segmentos interfoliolares 10-20 mm; nectários fusiformes, 
estipitados, localizados entre todos os pares de folíolos; folíolos 3-4 pares, 
discolores, papiráceos, ligeiramente acrescentes distalmente, os distais 5-
9 x 2,5-4 cm, 1,4-1,8x mais longos que largos, obovais a oblongo-obovais, 
ápice arredondado, mucronado; face adaxial pilosa, face abaxial vilosa; 
nervura principal excêntrica na base, a partir daí mediana, nervuras 
secundárias salientes na face abaxial. Racemos 7-9 cm, patentes, axilares 
nas folhas distais; pedicelos 1,5-2,2 cm, ladeados na base por uma 
glândula fusiforme. Botões obovóides. Flores ca. 5 cm diâm.; sépalas 
internas ca. 10-15 mm compr., suborbiculares, ca. 2x maiores do que as 
externas; pétalas amarelas, largamente obovais, aproximadamente do 
mesmo tamanho, ca. 27-31 x 11-23 mm, a vexilar ligeiramente mais larga. 
Legume 10,5-14 x ca. 0,5 cm, linear, encurvado, cada valva apresentando 
uma nervura saliente excêntrica, seção transversal então em forma de “²”; 
estípite 3-4 mm; valvas castanhas, cartáceas.
Senna cearensis é uma conhecida do estado do Ceará e norte de Pernambuco, 
especialmente nas Chapadas do Araripe e do Planalto da Ibiapaba, sobre 
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solos arenosos. Floração: ii-iv. Frutificação: iii-vi.
Apresenta maior afinidade com S. lechriosperma, ambas ocorrendo 
simpatricamente no Ceará. A principal diferença de S. cearensis em relação 
a essa espécie reside no fruto que em S. cearensis apresenta-se linear, com ca. 
5 mm de largura e seção transversal cruciforme enquanto em S. lechriosperma 
apresenta-se linear-oblongo, com 9-10 mm de largura e seção transversal 
plano-compressa. Fernandes (1994) descreveu S. barnebyana para chapadas 
arenosas no Ceará e Piauí. Este nome já estava ocupado por S. barnebyana 
Lass., uma espécie não relacionada do Peru. Posteriormente, Fernandes 
(2000) corrigiu este nome para S. cearensis.
Material selecionado: Ceará: Barabalha, F.R.Costa s.n. EAC 32765 (EAC); Novo Oriente, 
F.S.Araújo et al. s.n. EAC 16253 (EAC); Pindoré, F.S.Cavalcanti s.n. EAC 18515 (EAC); 
Ubajara, A. Fernandes & Matos s. n. 22.iii.1980 (holótipo de S. barnebyana A. Fernandes 
e de S. cearensis A. Fernandes: EAC). Pernambuco: s.l., campos da Serra do Araripe, D. 
A. Lima & M. Magalhães 52-1136 (K).
Senna gardneri (Benth.) H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. 
Gard. 35: 192. 1982.
Cassia gardneri Benth. in Mart., Fl. Brasil. 15 (2): 120. 1870.Brasil. 15 (2): 120. 1870.
Arbusto virgado, pouco ramificado, 1,5-2,5 m alt.; ramos glabros, quando 
jovens fractiflexos. Estípulas ca. 2-3 mm, linear-oblanceoladas. Pecíolo 
18-23 mm; raque 4-6 mm; nectário robusto, piriforme, localizado entre 
o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos a coriáceos, 
glaucos, acrescentes distalmente, os distais, 2,2-2,6 x 1,7-2 cm, 1,3-
1,5x mais longos que largos, obovados a largamente elípticos, obtusos a 
arredondados, glabros; nervura principal mediana, nervuras secundárias 
divergindo da central em um ângulo de ca. 45° e anastomosadas com 
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uma nervura marginal conspícua. Racemos 1-5,5 cm, axilares em poucas 
folhas distais, às vezes agrupados em panículas; pedicelos 1,1-2,5 cm; 
brácteas subuladas, inconspícuas. Botões globosos. Flores ca. 4,5 cm 
diâm.; sépalas verdes com dorso acastanhado, as maiores internas ca. 10-
12 mm compr.; pétalas amarelo-alaranjadas, 2-2,3 x 1,2-1,3 cm, obovadas; 
estames 7, anteras contraídas no ápice em um bico biporoso. Fruto ca. 
6,1-0,9 x 1,2-1,7 cm, cilíndrico, carnoso, base contraída em estípite de ca. 
9 mm; pericarpo glabro, nigrescente na maturação.
Senna gardneri é uma espécie endêmica da caatinga, ocorrendo do centro-
sul do Piauí ao norte da Bahia, estendendo-se mais para o sul pela bacia do 
rio São Francisco até a altura de Bom Jesus da Lapa. Esta espécie ocorre 
principalmente em solo arenoso, em altitudes de 300 a 700 m. Floração: 
ii-vii. Frutificação: vi-vii.
Dentre as espécies de Senna com folha tetrafoliolada, S. gardneri é facilmente 
reconhecível pelos folíolos com nervuras secundárias camptódromas, ou seja, 
as nervuras secundárias estendem-se em direção à margem e anastomosam-
se a uma nervura marginal conspícua. Além disso, esta espécie apresenta 
folíolos obovados e glabros enquanto as demais espécies tetrafolioladas de 
Senna possuem folíolos pubescentes.
Nomes vernaculares: são-joão (Casa Nova, BA), são-joão-da-caatinga 
(Ibiraba, BA)
Material selecionado: Bahia: Bom Jesus da Lapa, R. M. Harley et al. 21537 (CEPEC, 
K); Casa Nova, L. M. C. Gonçalves 210 (HRB, K); Gentio do Ouro, R. M. Harley et al. 
18906 (CEPEC, K); Ibiraba, L. P. Queiroz 4803 (HUEFS); Ibotirama, L. Coradin et al. 6315 
(CEN, K); Pilão Arcado, L. P. Queiroz et al. 6599 (HUEFS); Remanso, L. P. Queiroz et al. 
7866 (HUEFS); Serra do Açuruá, J. S. Blanchet 2890 (K); Uibaí, B. Stannard et al. PCD 
2498 (ALCB, HUEFS, K); Xique Xique, H. S. Brito et al. 317 (CEPEC, K). Piauí: Cristiano 
Castro, L. Coradin et al. 5911 (CEN, K); Oeiras, G. Gardner 2123 (lectótipo de S. gardneri: 
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K, foto HUEFS).
Senna harleyi H.S.Irwin & Barneby, Mem. New York Bot. Gard. 35: 209.New York Bot. Gard. 35: 209. 
1982.
Arbusto virgado, 1-2 m alt.; ramos sulcados, densamente pubérulos, 
tricomas patentes a adpressos. Estípulas ca. 3-7 mm, setiformes, 
eretas. Pecíolo 12-16 mm; raque 6-7 mm; nectário fusiforme, estipitado, 
localizado entre o primeiro par de folíolos; folíolos em 2 pares, cartáceos 
a coriáceos, acrescentes distalmente, os distais, 2,3-3,2 x 1,2-1,6 cm, 1,9-
2,3x mais longos que largos, obovados a largamente elípticos, obtusos a 
arredondados, margem ligeiramente revoluta, face adaxial minutamente 
pubérula, face abaxial pilosa até densamente pilosa, subvelutina; 
nervura principal excêntrica na base, nervuras secundárias ligeiramente 
proeminentes na face abaxial. Racemos 2,5-4 cm, corimbosos, axilares 
nas folhas distais, congestos no ápice dos ramos; pedicelos 1,2-1,5 
cm; brácteas linear-lanceoladas, 5-8 mm compr. Flores ca. 1,8-2,2 cm 
diâm.; sépalas maiores internas ca. 8-12 mm compr.; pétalas amarelo-
pálidas, 1-1,5 x 0,5-0,8 cm, oblanceoladas, a vexilar flabelada; estames 
7, os 4 centrais e os 3 abaxiais ± do mesmo comprimento, estes com 
anteras contraídas no ápice em um tubo. Fruto ca. 10-14 x 0,7-0,9 cm, 
plano-compresso, linear, base contraída em estípite de ca. 3 mm; valvas 
papiráceas, pubérulas, nigrescentes.
Senna harleyi é uma espécie endêmica da caatinga, tendo sido registrada 
apenas para a Bahia a leste do rio São Francisco, especialmente na região 
sudeste do estado, no planalto de Vitória da Conquista e no vale do rio 
de Contas bem como na região de Morro do Chapéu. Ocorre tanto em 
caatinga arbustiva quanto em mata de cipó, em altitudes de 300 a 700 m. 
Floração: xii-iv. Frutificação: iii-iv.
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Figura 18 A: Senna aversiflora (1 - hábito; 2 - estípulas; 3 - nectário foliar); 
B: Senna acuruensis (1 - folha; 2 - folíolo; 3 - fruto); C: Senna pendula var. 
glabrata (1 - hábito; 2 - folha; 3 - fruto); D: Senna alata (1 - folha; 2 - fruto); 
E: Senna cana var. cana (1 - hábito; 2 - detalhe do nectário foliar; 3 - flor; 4 
- fruto); F: Senna macranthera var. micans (1 - flor; 2 - fruto); G: Senna oc-
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Senna harleyi é uma espécie taxonomicamente isolada, combinando as folhas 
bijugas, o perianto relativamente pouco especializado e o tipo de androceu 
da série Bacillares (que, adicionalmente, apresenta frutos cilíndricos) com 
um fruto plano-compresso. Por esta razão, Irwin & Barneby (1982) a 
colocaram em um grupo monoespecífico (série Harleyanae). No entanto, 
vegetativamente ela apresenta forte paralelismo com S. rizzinii e S. 
macranthera var. pudibunda, todas elas possuindo folhas assimétricas com

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